Revista Signis Brasil Edição 61

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SIGNIS BRASIL

ANO 16 - Nº 61

Eles podem ser vistos em escolas rurais, aldeias indígenas, salas de universidades, ruas de uma metrópole, ambientes de convivência, trabalho ou mídias digitais


Ao Leitor

AA Rádio Rádio Aparecida Aparecida inova inova para para chegar chegar mais mais perto perto de de você! você! Levar LevaraaBoa BoaNova Novaééoocompromisso compromissoda daRádio RádioAparecida, Aparecida,que que possui possuiuma umaabrangência abrangêncianacional. nacional.Com Comisso, isso,cada cadavez vezmais, mais, famílias famíliassão sãoabençoadas. abençoadas.Nesse Nesseintuito intuitoevangelizador, evangelizador,aaRádio Rádio Aparecida Aparecidaquer querampliar ampliarooseu seusinal sinaleefazer fazercom comque queele elechegue chegue aamais maislugares, lugares,com comqualidade. qualidade.Por Porisso, isso,ela elavai vaiadquirir adquirirnovos novos transmissores transmissorespara paraas asOndas OndasCurtas CurtaseeTropicais: Tropicais:25m, 25m,49m, 49m, 31m 31mee60m. 60m. Como Comoapoio apoioaaesse esseprojeto, projeto,ooClube Clubedos dosSócios Sócios(Instituição (Instituiçãoda da Rádio RádioAparecida) Aparecida)está estápromovendo promovendoaacampanha campanha“Transmitir “Transmitir Mais”. Mais”. Venha Venhaparticipar participardessa dessacampanha campanhaabençoada abençoadaeecheia cheiade dealegria! alegria! Seja Sejaum umconsagrado consagradode deNossa NossaSenhora! Senhora!

Mais Maisinformações: informações:

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Fundação FundaçãoNossa NossaSenhora SenhoraAparecida Aparecida Avenida AvenidaGetúlio GetúlioVargas, Vargas,185. 185.Caixa Caixapostal postal02. 02. 2 signisBrasil MAIO DE 2013 Cep: 12570-970 Aparecida-SP Cep: 12570-970 - Aparecida-SP clube@radioaparecida.com.br clube@radioaparecida.com.br

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Ao Leitor

O DIREITO DE COMUNICAR Eles utilizam todas as linguagens conhecidas e ocupam todos os espaços disponíveis e imagináveis, do teatro mais improvisado às mídias sociais mais modernas, passando pelo jornalismo impresso: são os jovens retratados nesta edição especial sobre a próxima Jornada Mundial da Juventude (JMJ). Preocupados, sobretudo, em se comunicarem e expressarem seus pensamentos, dando testemunho de uma época nem sempre fácil de ser vivida, esses jovens não se prendem a modelos ou esquemas preconcebidos. E como poderiam, se vivem em um mundo de cultura pós-moderna, onde tudo pode ser contestado e, ao mesmo tempo, permitido? A exemplo de camaleões ou da água e do ar, eles podem tomar as cores e as formas do ambiente onde estão. Ou, como lagartas, criar asas e voar feito as borboletas. Como a Metamorfose Ambulante inventada por Raul Seixas, são, ao mesmo tempo, peixes na água, pássaros no ar e seres humanos pela terra. E tudo sem preconceito nem rejeição, contaminados que estão pelo vírus da alegria de viver, da necessidade de experimentar e de não aceitar o conformismo. Eles podem ser vistos em escolas rurais, aldeias indígenas, salas das universidades, nas ruas de uma metrópole e em qualquer ambiente de convivência, estudo ou trabalho. Ou, dependendo da distância, apenas percebidos através de uma tela de computador. E não se engane o leitor, nesses casos, se tiver a impressão de que a virtualidade os torna mais frios – distantes, talvez, mas ausentes, nunca. A exemplo das telas mais modernas, essa geração de comunicadores também é sensível, e muito, ao toque. Porque, através da comunicação, as palavras e as ideias vencem limites humanos, geográficos e políticos. Graças a isso, os muros, os preconceitos, as distâncias, as diferenças e, em alguns casos, as indiferenças também apresentam sinais de rachadura. Os que não caíram, um dia cairão. Às vezes, basta alguém mais esperançoso se atrever a enfrentá-los. Ou nem isso, apenas discuti-los. E isso, os jovens antenados da contemporaneidade parecem saber fazer como ninguém! Para eles, a cultura da comunicação é um direito que absorve e abraça todos os outros. Nada, afinal, pode escapar a um mundo onde todos vivem em rede. E em permanente – e vigilante – comunicação.

Revista informativa das emissoras e entidades associadas à Signis Brasil e à Rede Católica de Rádio http://www.signisbrasil.org.br http://www.rcr.org.br Distribuição gratuita Periodicidade: trimestral Signis Brasil Presidente: Ir. Helena Corazza helena.corazza@paulinas.com.br RCR – Rede Católica de Rádio Presidente: Frei João Carlos Romanini romanini@redesul.am.br Signis Brasil e RCR Av. Jabaquara, 2.400, conj. 03 Mirandópolis CEP 04046-400 – São Paulo – SP Fone/Fax: (11) 2578-4866 signisbrasil@signisbrasil.org.br rcr@rcr.org.br Editora Helena Corazza MTB 16.888 Contato comercial da RCR Mosaico Publi. Marketing Fone/fax: (42) 3252-6953 (11) 2578-4866 mosaico@mosaicopalmeira.com.br Diagramação Revista Família Cristã familia@paulinas.com.br Capa: Mateus Leal/ Família Cristã Impressão: Intergraf Notícias e sugestão de pauta podem ser enviadas para a revista.

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Sumário

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JOVENS E CULTURA

Um lugar por excelência

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JOVENS E SOCIEDADE Um jeito de fazer a diferença

JOVENS E FÉ Uma multidão de santos

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18 JOVENS E O PAPA Um encontro no Brasil

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JOVENS E COMUNICAÇÃO Um novo caminho para a evangelização

24 JOVENS E BOTE FÉ Uma peregrinaMAIO DE 2013pelo signisBrasil 5 ção Brasil


Jovem e cultura

Osnilda Lima, fsp, Rosangela Barboza, Rodrigo Apolinário, Revista Família Cristã

NA CULTURA LEONARDO SILVA

Jovens de diversas regiões do Brasil expressam sua manifestação cultural em formas diferentes

A

cultura é o lugar por excelência no qual o jovem imprime a sua marca e manifesta o que pensa e sente com um jeito próprio e muita criatividade. Música, teatro, dança, literatura, artes plásticas são formas de o jovem mostrar como ele vê e pode mudar o mundo que o cerca. Teatro do Oprimido O ator e jornalista Marcos Moraes, de 27 anos, acompanhado da namorada, Samantha Pimentel, de 22 anos, atriz e também jornalista, são multiplicadores do Teatro do Oprimido (TO) e formam uma dupla pensante e atuante, que, enquanto jovens, tem modificado a história de outros jovens nordestinos. Naturais e moradores de Campina Grande, cidade do agreste da Paraíba, localizada a cerca de 120 quilômetros da capital João Pessoa, Marcos e Samantha descobriram o TO há pouco mais de quatro anos. Membros da Pastoral da Juventude da Diocese de Campina Grande e donos de personalidade ousada, eles fundaram o Núcleo de Estudos e Práticas do Teatro do Oprimido da Paraíba (Neto-PB) e encontraram nessa manifestação teatral uma maneira de chegar ao coração das pessoas, em especial dos jovens. Dentre as atividades de maior destaque que o casal já liderou está o Projeto Estética do Oprimido e Teatro Legislativo contra a Violência Doméstica na Paraíba, promovido no ano passado, resultado de uma parceria entre o Neto-PB, o Centro de Teatro do Oprimido (CTO) e a Companhia de Dança Raízes. Durante três meses, vários multiplicadores do TO visitaram entidades formadas por mulheres, buscando questionar os problemas vividos por elas e estimulá-las a encontrar soluções. “Apenas em Campina Grande, visitamos instituições como a Associação das Empregadas Domésticas, a Casa da Mulher e o Presídio Feminino. Lembro que em uma delas uma mulher estava muito tímida, pas-

Marcos Moraes e Samantha Pimentel são multiplicadores do Teatro do Oprimido 6 signisBrasil MAIO DE 2013


REINALDO MENEGUIM/ DIVULGAÇÃO/ ABAÇAÍ CULTURA E ARTE/ REVISTA FAMÍLIA CRISTÃ

Passamos a ter consciência de um mundo totalmente diferente daquele em que vivemos e deixamos de ter preconceito

Alysson Bruno dos Santos Souza é maestro de uma orquestra de tambores

samos um exercício para que em duplas vivenciassem o papel de marido e mulher, e a que estava retraída conseguiu liberar vários sentimentos, como o de se sentir submissa, escrava do esposo”, diz Samantha. “Lidar com mulheres excluídas é importante. Primeiro porque reconheço que são mulheres, seres humanos que merecem respeito. Em seguida, vejo no rosto delas quanto sofrem, mas consigo através da arte fazer com que superem esses sentimentos e possam viver melhor”, ressalta a atriz. Ritmo africano Um coral lírico e uma orquestra interpretando Ode à alegria (Hino à alegria), da

9a Sinfonia de Beethoven, acompanhados por tambores. Ao seu comando, na percussão, crianças e adolescentes do Grupo Juruá, um programa de ação social e cultural desenvolvido pelo Abaçaí Cultura e Arte − Organização Social de Cultura, em São Paulo (SP), com o objetivo de oferecer formação cidadã a crianças e jovens através da música e da dança tradicionais brasileiras. Com 22 anos, Alysson Bruno dos Santos Souza foi um dos destaques na apresentação do Revelando São Paulo, Festival da Cultura Paulista Tradicional, na última edição. “Eu tinha que orquestrar exatamente o momento no qual todos os tambores iam tocar, sincronizados com a orquestra e o coral”, conta.

Alysson tinha apenas 10 anos quando assistiu a um ensaio do Juruá, no Parque da Água Branca, em São Paulo. “Entrei e nunca mais saí”, conta. No Abaçaí, aprendeu tudo o que sabe sobre percussão e desenvolveu um trabalho que definiu a sua trajetória profissional como músico e o seu amor pela cultura popular brasileira. “Hoje, tenho uma vida profissional como artista, músico e bailarino.” E não é só. “Recebi ainda uma formação cidadã que me ajuda a me relacionar melhor com o mundo ao meu redor”, revela o jovem. Atualmente, Alysson, além de assistente musical, é dançarino do Balé Folclórico, outro importante núcleo do Abaçaí, focado num trabalho mais profissional. Também é professor de cerca de 30 crianças e adolescentes, entre 5 e 16 anos, que estão no Grupo Juruá. “Passamos a ter consciência de um mundo totalmente diferente daquele em que vivemos e deixamos de ter preconceito”, conta. “Aprendemos que, antes de julgar, é preciso conhecer”, afirma o jovem. Na balada A pista está lotada. A batida dá ritmo ao coração em cada timbre, em cada beat, em cada bassline. A juventude vibra. Adrenalina total. Agitação pura. Mas se engana quem pensa que o som forte é uma comum curtição. De repente, o grito: “Eu sou livre! Você é livre! Nós somos livres! Declare que você é livre, faça barulho e tire o pé do chãããão. Declare Deus centro de sua vida, boraaaaaaaaaaaaa!”. MAIO DE 2013 signisBrasil 7


DIVULGAÇÃO

Jovem e cultura É nessa animação, feita de batidas repetitivas e progressivas, que os DJs Léo Guimarães e Daniel Bassani, do Electrocristo, interagem com jovens na pista. E, em meio ao agito, o DJ Léo Guimarães reforça: “Aqui não é um puts, puts (imitando o som de bate-estaca), ou uma galera boba, pulando. Tá na hora de se levantar e fazer a diferença na sua casa, no seu trabalho, na sua paróquia, na sua cidade. Chega! Tá na hora de ser livre! Saia da escravidão das drogas!”. “Não é fácil falar para jovens. Ainda mais para o jovem que não quer ouvir uma proposta de vida diferente. Normalmente, nos grandes eventos que realizamos, o jovem ‘tá armado’, ele sabe que é um evento da Igreja, sabe que o pessoal vai falar de Deus, por isso, ele já chega ‘armado’. Então a gente precisa atingir o ponto fraco

FOTOS: ARQUIVO PESSOAL/FC

Os DJs Daniel Bassani e Léo Guimarães usam a música eletrônica para evangelizar

dele, que normalmente está ligado ao uso de entorpecente. E por que ele usa entorpecente? Uma carência? Falta algo. Então é a hora que a gente toca o ponto certo e consegue desarmar esse jovem. Neste momento, a gente percebe que ele se abre para ouvir a nossa proposta”, ressalta Léo. “Somos conscientes de que fazemos pouco, mas acreditamos que podemos fazer a diferença na vida desses jovens. Em nossas apresentações, temos claro que não queremos ver a juventude somente se divertindo e tirando o pé do chão para curtição, mas sim provocar esse jovem à mudança.” A literatura viva “Eu já nasci no ‘meio’ da literatura. Minha mãe e meus irmãos liam bastante para mim. Eu cresci gostando muito de ler e, a partir da leitura, me descobri escritora”, conta Victória Silva, 15 anos, estudante do Ensino Médio no município de Fagundes, agresteparaibano,acercade100quilômetros da capital, João Pessoa. Autora de 18 romances escritos de próprio punho, a adolescente supera os desafios financeiros ou o fato de morar na zona rural e descobre na literatura a forma concreta de expressar os sentimentos. Experiência digna de quem traz o nome Vitória no registro de nascimento e na capa dos livros. “Eu sempre estudei em escola pública e, hoje, encontro nela o incentivo para continuar escrevendo, seja através dos meus professores que estimulam e veem em que eu preciso melhorar, seja devido Victória Silva, autora de 18 romances escritos à mão

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Se até então os meus livros eram escritos à mão, com a chegada do computador, comecei a me adaptar a uma nova rotina

às amigas que estudam comigo. Elas ficam acompanhando cada capítulo dos meus livros, são leitoras assíduas”, diz a autora. A primeira obra de Victória Silva foi Um romance impossível, concluído em 2009, quando a escritora tinha apenas 12 anos. Desde 2011, a história de Victória vem alçando novos voos. Ela foi a vencedora do Concurso de Redação, que comemorou os 50 anos do município de Fagundes, e recebeu como prêmio um notebook. “Se até então os meus livros eram escritos à mão, com a chegada do computador, comecei a me adaptar a uma nova rotina. O 19o romance já está a caminho e, agora, com a ajuda das novas tecnologias. A sensação que eu tenho é a de que a literatura está fora do contexto brasileiro. As pessoas estão se esquecendo de ler e isso traz prejuízos à nossa sociedade”, diz. Mas a jovem cultiva a esperança. “Se você tem incentivo, deve persistir e é isso que eu quero fazer”, conta, entusiasmada.


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Jovens e sociedade

FOTOS: ARQUIVO PESSOAL/FC FOTOS: ARQUIVO PESSOAL/FC

Fernando Geronazzo, Osnilda Lima, fsp, Revista Família Cristã

Comunidade da Transparência Hacker percorre o Brasil para ajudar a fazer política

JEITO JOVEM DE MUDAR O MUNDO

E

m diferentes gerações, os jovens sempre lutaram pela transformação da sociedade. Assim como os desafios do mundo mudam, também as formas de engajamento social e político ganham novas formas. Alguns fazem a diferença pela educação, seja para favorecer os mais necessitados, seja para preservarem suas raízes e identidades. Interessados em questões políticas, esses rapazes e essas moças colocam a mão na massa e reivindicam seus direitos e ajudam a formar consciências.

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Hackeando a política Com o objetivo de tornar a política mais transparente e resgatar a possibilidade de o indivíduo poder atuar politicamente na sociedade, um grupo de jovens especializados em tecnologia e informação, entre desenvolvedores, jornalistas, acadêmicos, designers e profissionais de informática, criou em 2009 uma comunidade chamada Transparência Hacker. “Quando nós pensamos a política a partir da internet e das tecnologias digitais, começamos a eliminar os intermediários da política e passamos a atuar diretamente nas questões de interesse públi-

Atentosàs àsquestões questões Atentos políticaseeeducacionais, educacionais, políticas jovensreivindicam reivindicam jovens direitoseeajudam ajudam direitos formarconsciências consciências aaformar

co”, explica o hacker Pedro Markun, de 26 anos, um dos idealizadores da comunidade, que começou com 120 pessoas e agora conta com mais de mil em todo o Brasil. A Transparência Hacker realizou uma série de iniciativas, desde o desenvolvimento de aplicativos digitais, websites, até a participação do projeto da lei de acesso à informação (Lei 12.527, de 18 de novembro de 2011), que obriga órgãos públicos a prestarem informações sobre suas atividades a qualquer cidadão interessado, válidas para todo o país. Outra grande iniciativa foi a criação de um


ônibus hacker, que percorre o País para compartilhar os conhecimentos do grupo, a fim de que mais pessoas possam desempenhar seu papel de agente político, como ensinarem crianças a elaborar projetos de lei. “Quando usamos a palavra hacker para representar o que fazemos, estamos questionando esse conceito preconcebido. Para mim, ser hacker é ser alguém curioso, que quer entender tão profundamente de alguma coisa, sendo capaz de transformar isso para que funcione a seu favor. Na política, o hacker é alguém que quer entender tão profundamente o sistema político que seja capaz então de hackear a política, ou seja, transformá-la, atuar melhor”, diz Pedro Markun. Na estrada da educação Os primos, Izabel Lima, 25 anos, e Alessandro Onyszko, 18, lecionam em uma escola da zona rural no município de Boa Ventura de São Roque (PR) a 314 quilômetros da capital, Curitiba. Sob chuva e sol, no verão ou no inverno, eles percorrem todos os dias 12 quilômetros de estrada de chão para lecionar o dia todo. Quando chega ao fim do dia, outra maratona. Izabel e Alessandro percorrem mais 32 quilômetros de estrada de chão para chegar à faculdade, onde Izabel estuda Pedagogia, curso a distancia. Já Alessandro, a partir desse trecho, percorre mais 65 quilômetros de ônibus até a universidade, onde cursa Geografia. À meia-noite, os primos se encontram, para, de moto, retornarem. Chegam a casa por volta da 1 hora da madrugada

FOTOS: ARQUIVO PESSOAL/FC

Procuro pensar que o ensino seja integrado com a vida da criança e da comunidade

Alessandro Onyszko e Izabel Lima são professores na zona rural, no interior do Paraná MAIO DE 2013 signisBrasil 11


ARQUIVO PESSOAL/FC

Jovens e sociedade

Muitos pensam que o índio ainda é aquele que está lá no mato de tanguinha, pintado e de cocar. Índio é índio em qualquer lugar. Não é porque estudou, tem carro, celular, que vai deixar de ser índio.

O jovem indígena Orowao Paradran Canoé Urumbone é estudante de Gestão Ambiental

para descansar e às 7 horas já estão prontos para iniciar a maratona. “Passo muito mais tempo fora de casa, mas tudo o que estou buscando é para o meu crescimento pessoal, intelectual e profissional. Num mundo repleto de tanta informação, preciso me ater na questão que temos de formar valores de solidariedade e fraternidade, sobretudo, na comunidade onde atuo, como professora, que é muito pobre”, relata Izabel. “Minha busca é de uma educação que esteja unindo a teoria com a prática, busco educar os sentidos. Ensinar a ver, ouvir, sentir, saborear, tocar, tudo isso é tão indispensável, possível e importante. Procuro pensar que o ensino seja integrado com a vida da criança e da comunidade”, destaca com esperança no olhar a estudante e professora. “O que estou fazendo para melhorar o lugar onde eu moro é estudar e repassar aos meus alunos a aprendizagem que eu estou tendo, conscientizando-os para uma visão crítica e social. Procuro des12 signisBrasil MAIO DE 2013

pertar neles valores como amizade, respeito, dignidade e amor ao próximo e tornar a sociedade, em especial a nossa comunidade, mais justa e fraterna”, ressalta com entusiamo o jovem professor. Da aldeia para a universidade Embora ainda não seja uma realidade predominante, é possível ver cada vez mais jovens indígenas nos bancos das universidades do Brasil em busca não apenas de uma carreira, mas de aprofundarem seus conhecimentos para a preservação da cultura de seus povos. Este é o caso de Orowao Paradran Canoé Urumbone, 26 anos, de origem Orowari e Canoé, que estuda Gestão Ambiental na Universidade Federal de Rondônia. O jovem garante que seu povo se orgulha por ter um universitário em sua família indígena. “Todos me apoiam mesmo que de longe, de certa forma não é só o Orowao que está na faculdade e sim a aldeia se sente representada. Sempre ouço as pessoas dizerem para eu não desistir”, afirma

o jovem. E ele já tem se engajado nas lutas de seu povo. “Já tive a oportunidade de participar, por exemplo, do Acampamento Terra Livre, em Brasília (DF), que é a maior mobilização indígena do País. É preciso estar preparado para as bruscas mudanças que vêm junto com o chamado ‘progresso’, lutar para que os direitos que estão na Constituição Federal sejam respeitados e cumpridos. Mas, claro, sem esquecer os deveres como cidadãos.” Orowao acrescenta que muitas pessoas desconhecem que o Brasil é o único país no mundo a possuir uma diversidade de povos indígenas com 220 etnias, 180 línguas diferentes. “Muitos pensam que o índio ainda é aquele que está lá no mato de tanguinha, pintado e de cocar. Índio é índio em qualquer lugar. Não é porque estudou, tem carro, celular, que vai deixar de ser índio. Ser índio está na essência, bem como o brasileiro que mora e trabalha em outros países e fala outras línguas não vai deixar de ser brasileiro.”


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Jovens e fé

Ana Carolina Wolf, Daniel Fassa e Thiago Borges Revista Cidade Nova

UMA MULTIDÃO DE SANTOS Não só de grandes nomes é feita a Igreja, há muitos que no cotidiano da vida dão testemunho da vivência de sua fé, em especial os jovens que professam a fé católica

C

cado ao Nobel da Paz por seu trabalho voltado à defesa dos direitos humanos. Mas não só de grandes nomes é feita a Igreja Católica no Brasil. Existem muitos “santos do cotidiano”, que não terão seus nomes expostos nos altares. Estas são pessoas simples, capazes de entender o sofrimento dos outros e consolá-los, de FOTOS: ARQUIVO PESSOAL

onsiderado o país com maior número de católicos no mundo, o Brasil sofre influência da religião não somente nos aspectos ligados ao sagrado, mas também na política, economia e cultura. Exemplo disso é o legado deixado por dom Helder Câmara, único brasileiro quatro vezes indi-

esquecer um pouco de si próprias para solidarizar-se. Como escreveu São Paulo (1Cor 9,19-23), “Ainda que seja livre em relação a todos, fiz-me o servo de todos, a fim de ganhar o maior número possível. (...) Tornei-me tudo para todos (...) Tudo isso eu o faço por causa do Evangelho”. Sem dúvida, a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) está repleta destes jovens capazes de transportar o Evangelho ao dia a dia, de torná-lo vida nos mais variados ambientes. Aqui, damos voz a alguns deles, nas mais diferentes situações cotidianas. Larissa Panzarini, 24 anos, Ponta Grossa (PR) Namoramos há três anos. Desde o início com muito respeito e cumplicidade. Morávamos na mesma cidade e nos visitávamos todos os dias. O apego era muito grande. Porém, em 2012, surgiu a oportunidade de trabalhar em cidades diferentes. Com a distância, a saudade apertou. Foi muito difícil, mas rezávamos sempre pedindo a Deus que nos desse força também nesse momento de provação. E sempre que nos encontramos, ainda que rapidamente, participamos da comunidade e renovamos a fé e o propósito do amor a Deus acima de tudo. A confiança entre nós aumentou, assim como a certeza de que Deus tem um plano muito bonito para nosso futuro. Larissa Panzarini, com seu namorado, vive a experiência do namoro a distância

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Tornei-me tudo para todos (...) Tudo isso eu o faço por causa do Evangelho (1Cor 9,19-23)

Anna Gabriella Gois e a família viveram a experiência da perda do filho e irmão, João Víctor, vítima de câncer, a fé os consolou

Anna Gabriella Gois, 21 anos, Aracaju (SE) Em 2010, meu irmão, João Victor, de 14 anos, descobriu que estava com um tipo de câncer. Nesse momento, pedimos a intercessão de Chiara Luce, uma jovem que enfrentou o mesmo tipo de câncer e que foi beatificada em 2010. Acreditávamos fortemente no amor de Deus por nós e em todo momento ele se manifestava. Percebíamos que, quando realmente vivíamos o Evangelho, Deus nos dava o cêntuplo. Em dezembro de 2011, recebemos a notícia de que o câncer havia se espalhado e que já não havia mais tratamento ou cirurgia.

O médico que acompanhava o tratamento foi quem deu a notícia a João em uma linda conversa e lhe perguntou se ele sabia que, assim como Chiara Luce, ele tinha sido escolhido dentre tantos jovens para ser um exemplo de vida. Ele disse que sim. Naquela noite, depois de derramar algumas lágrimas, vi João sorrir, como se tivesse dado o seu sim a essa situação. No dia 20 de dezembro, após receber Jesus na Eucaristia, João nos chamou em seu quarto para se despedir. Era um clima muito emocionante e especial e assim também foi no velório. Com essa experiência, pudemos aprofundar nossa

fé no amor de Deus por nós, inclusive nas situações de dor, e acreditar que Ele sempre nos dá a graça para tudo! Neucy Barreto, Belém (PA) Em outubro do ano passado, durante as eleições, eu fui chamada a trabalhar como voluntária para o Comitê de Combate à Corrupção Eleitoral. Minha tarefa seria atender às ligações que a população faria para denunciar os crimes eleitorais cometidos antes, durante e depois das eleições. Como eu não tinha a possibilidade de ajudar com às ligações naquele momento, decidi ajudá-los de outra forma. Fiquei sabendo que o CoMAIO DE 2013 signisBrasil 15


Jovens e fé

mitê não recebia nada para fazer esse trabalho, até os lanches dos voluntários tinham que ser doados. Por isso, peguei as economias que tinha e comprei algumas coisas para os voluntários fazerem os lanches durante aqueles dias. Eu fiquei superfeliz quando cheguei lá e a religiosa que me recebeu disse que aquela ajuda era tão importante quanto as ligações. Como houve segundo turno na minha cidade, pude ajudá-los também com as ligações. Foi uma ótima experiência, percebi que a população realmente está tentando fiscalizar nossos políticos contra a corrupção.

No entanto, dois dias depois de recomeçar o trabalho, descobri que, mesmo não tendo que trabalhar diretamente com as células embrionárias, eu deveria pesquisar um vírus que só é produzido nelas. Foi um período escuro para mim, pois não sabia o que fazer. Conversando com muitos amigos e também estudiosos da Igreja, entendi que eu não poderia trabalhar com es-

Luciana Maria Dorneles mudou de emprego por acreditar que o mesmo era contra os seus princípios de fé 16 signisBrasil MAIO DE 2013

ARQUIVO PESSOAL

Luciana Maria Dorneles, 28 anos, Brasília (DF) No laboratório onde eu trabalhava, em Cingapura, estava tudo às mil maravilhas até que me foi dado um novo projeto em que seriam usadas células-tronco embrionárias humanas. Expliquei ao professor responsável que, pelo conceito que tenho da vida humana e por minha crença, eu não poderia trabalhar com essas células. Ele me disse que nossas crenças não poderiam atrapalhar o trabalho e que eu tinha duas opções: ou aceitava ou saía do laboratório. Foi como se ele estivesse perguntando: Deus ou a ciência? Não tive dúvidas: Deus! Depois de dividir essa dificuldade com pessoas de confiança, que compartilham da minha fé, resolvi procurar outro laboratório e escrevi para um possível novo orientador. Sua resposta foi imediata e marcamos uma entrevista. Porém, no dia seguinte, meu antigo professor me escreveu dizendo que, devido ao meu excelente trabalho, ele havia mudado de ideia: eu poderia continuar, sem ter que trabalhar com células-tronco embrionárias humanas. Foi incrível, parecia um milagre.

ses vírus, pois ali havia uma vida e um plano de Deus para aquela criança que foi abortada. Por isso mudei para um laboratório que trabalha com uma área de pesquisa totalmente diferente. Estava com muito medo do desafio, mas conversei com Jesus: se o Senhor fez Moisés abrir o Mar Vermelho, me ajudará a abrir a cabeça para essa nova área, porque para Ti nada é impossível.


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Jovens e o papa

Padre Judinei Vanzeto, sac, e Carlos Alberto Veit Revista Rainha dos Apóstolos

OS JOVENS E OS PAPAS O papa Francisco será o terceiro dos sucessores de Pedro a visitar o Brasil, e carrega consigo as esperanças do continente que abriga o maior número de católicos do mundo

A

FELIPE RODRIGUES/ JOVENS CONECTADOS

visita do papa Francisco será uma nova oportunidade para os jovens brasileiros verem o sumo pontífice em seu próprio país. O papa Francisco visita o Brasil na ocasião da Jornada Mundial da Juventude (JMJ). O primeiro desses grandes eventos foi oportunizado pelo saudoso e beato papa João Paulo II. Isso ocorreu em 30 de junho de 1980 e a estada dele durou 12 dias. Ele voltou a visitar o País em outras duas ocasiões: de 12 a 21 de outubro de 1991 e de 2 a 6 de outubro de 1997. Com seu grande carisma, João Paulo II atraiu multidões por onde passou. “Lembro como se fosse

hoje, julho de 1980. Eu estava em uma sacada do primeiro andar no centro de Porto Alegre (RS), quando passou em carro aberto o papa João Paulo II em direção à Catedral Metropolitana. A sensação foi transcendental, ainda mais que ele passou bem perto de mim, cerca de 4 metros. A rua estava apinhada de gente que o aclamava com euforia. Essa experiência se tornou inesquecível, fortificou minha fé e me trouxe um grande conforto espiritual. Espero que outros tenham a oportunidade de conhecer um sumo pontífice visitando o nosso país”, conta José Mário Arrieta. O segundo papa a visitar o Brasil foi Bento XVI, que esteve entre nós de 9 a 13 de maio de 2007 e participou da abertura da 5a Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, ocorrida em Apare-

José Mário Arrieta lembra a visita do papa João Paulo II a Porto Alegre (RS)

cida (SP). “Em 2007, tivemos a alegria de acompanhar a visita de Bento XVI ao Brasil, por ocasião da canonização do Frei Galvão. Marcou-nos profundamente as palavras do papa no encontro com a juventude na linda reflexão que fez sobre o Jovem Rico. Foi um incentivo para continuarmos vivendo com coragem nossa vocação de leigos consagrados neste mundo. Agora, seis anos depois, nosso

Eduardo Lorenzetti e Michelle Arype Girardi Lorenzetti se lembram com emoção da JMJ na Espanha 18 signisBrasil MAIO DE 2013


FOTOS: ARQUIVO PESSOAL

Nosso coração está ansioso pelos dias da JMJ, quando encontraremos Pedro novamente em nosso país

Ricardo e Michelle Martins aguardam ansiosos a visita do papa Francisco na JMJ

coração está ansioso pelos dias da JMJ, quando encontraremos Pedro novamente em nosso país, na pessoa do papa Francisco”, testemunham Ricardo e Michelle Martins, casados e membros da Comunidade Nos Passos do Mestre.

“A JMJ em Madri no ano de 2011 foi maravilhosa. Eram muitos jovens circulando pelas ruas, metrôs, em shows, Igrejas, museus. Por onde passávamos, escutávamos algum grupo gritando: ‘Esta es la juventud del papa!’, ‘Esta é a juven-

tude do papa’. A Vigília, o encontro com o papa Bento XVI, foi outro momento especial. Aproximadamente 3 milhões de jovens em silêncio absoluto diante do Santíssimo Sacramento é algo para ficar gravado na memória. Queremos acolher com muito carinho em nosso país os jovens do mundo inteiro, bem como nosso amado papa Francisco. Viva a Igreja, viva a juventude do papa!”, vibram Michelle Arype Girardi Lorenzetti e Eduardo Lorenzetti, casados.

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Jovens e comunicação Eduardo Gois e Alexandre Santos Jornal Santuário De Aparecida

INTERNET, CAMINHO PARA A EVANGELIZAÇÃO A Igreja Católica, que passa por um tempo ímpar, precisa dar espaço aos jovens neste mundo em constante renovação, e isso pede, sem dúvida, inovação

FELIPE RODRIGUES/ JOVENS CONECTADOS

Caio Lima, assessor de redes sociais do Jovens Conectados

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O jovem católico do Brasil está antenado e sempre disposto a participar

São os jovens voluntários de todas as regiões do Brasil que se comunicam com a juventude de um modo diferente, sério, equilibrado, responsável, mas sem deixar de falar a linguagem dos jovens. Jovens de Maria O Santuário Nacional de Aparecida, por meio do Portal A12.COM, também se preocupou com a juventude e criou o canal Jovens de Maria, que ultimamente

tem se destacado entre o público jovem da Igreja Católica no Brasil como um espaço atrativo de evangelização. Com uma equipe composta exclusivamente por jovens, o canal é o espaço oficial de comunicação do Santuário Nacional de Aparecida com a juventude, trazendo um moderno espaço de informação, formação e interatividade. Responsável pelo conteúdo do canal, Vanessa Espíndola explica que o primeiro

REPRODUÇÃO

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evagar, isso já está acontecendo, pois tem gente preocupada em trazer temáticas que envolvem interação, discussão e debate, como, por exemplo, Igreja, mercado de trabalho, relacionamento, comportamento. O desafio é fazer algo que prenda a atenção da juventude, com jovens falando para jovens. “O jovem católico do Brasil está antenado e sempre disposto a participar”, a afirmação é do jovem publicitário Caio Lima, assessor de redes sociais do Jovens Conectados, um portal na internet com dados precisos e atualizados sobre a Igreja no Brasil com relação ao trabalho voltado à juventude. O Portal Jovens Conectados é hoje uma referência da atuação da Igreja no Brasil entre a juventude católica no País. O projeto surgiu como fruto da conscientização de uma equipe montada em 2009 para comunicar os trabalhos juvenis ligados à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). A ideia começou a ser trabalhada, quando cerca de 20 voluntários ligados à área de Comunicação e Tecnologia da Informação se reuniram. “Identificamos que a internet seria o melhor meio para começar esse trabalho e que era preciso criar uma identidade jovem para o espaço”, explica Caio Lima. Ao longo daquele ano, foi formada uma equipe de comunicação, definiu-se o nome e o site foi lançado no mês de dezembro. Além dos 30 mil acessos por mês, o Jovens Conectados conta atualmente com quase 13 mil seguidores no Twitter e mais de 30 mil no Facebook.

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Jovens e comunicação Eduardo Gois e Alexandre Santos Jornal Santuário De Aparecida

embrião nasceu com a 2a Romaria Nacional da Juventude, em 2010. Na época, a intenção era apenas publicar artigos que pudessem fazer o jovem refletir a respeito da realidade atual, além de ser um canal para a realização de cadastros para participação na romaria da juventude e também de informações sobre o evento, porém a ideia se ampliou e ganhou rumos ainda maiores, especialmente em 2012. “Tomou o atual formato com entrevistas, artigos, vídeos e reportagens, a partir de 2012, quando faltava um ano para o início da Jornada Mundial da Juventude”, detalha. O desafio é fazer algo que prenda a atenção da juventude, com uma equipe de jovens falando para jovens. “O canal prepara conteúdos para o jovem que reza, acredita em Deus, acredita em Maria, que abraça uma missão, assim como Maria abraçou e teve coragem de dizer o sim, mas que também trabalha e critica a sociedade em que vive. É esse o jovem protagonista”, pontua Vanessa. Segundo o diretor-executivo do Portal A12.COM, padre Evaldo César de Souza, a preocupação da Igreja, desde o Concílio Vaticano II, foi o trabalho com a juventude. Ele também afirma que os jovens sempre são uma espécie de pérola, porque afinal são eles a dinâmica de uma nova Igreja e de um movimento que pode trazer sempre a renovação, as ideias novas, um novo jeito para a vivência da fé. Padre Evaldo também conta que não faria sentido ter um portal de internet em Aparecida falando de devoção a Nossa Senhora, das notícias do Brasil e do mundo, se não houvesse um espaço dedicado aos jovens. 22 signisBrasil MAIO DE 2013

FOTOS: EDUARDO GOIS/ JS

Vanessa Espíndola é responsável pelos conteúdos postados no Portal A12.com

Participação concreta Colaborador do canal Jovens de Maria, o estudante Marco Antônio Silva Júnior, 19 anos, conta que a experiência de colaborar no canal agrega importantes valores em sua vida. “É tendo experiências com a juventude que descubra elementos que podem melhorar minha vida religiosa, pessoal e profissional”, conta. O jovem também afirma que enxerga nessas iniciativas do Santuário Nacional uma atitude de aproximação da juventude com os ambientes que cercam a Campanha da Fraternidade de 2013 e a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), por exemplo. “Para a Igreja, todos esses tipos de mobilização ainda são um desafio. É o fruto que ajudo a colher, colaborando com esse caminho e com esse processo”, explica. A fé e a vida musicada Dizer o que pensa, pensar o que canta, cantar a vida em todas as suas nuances. Essa é a proposta da banda católica Beatrix, uma das primeiras bandas a

mergulhar de cabeça nas novas mídias e construir o seu público através das redes sociais. Hoje em dia, relacionar música e novas tecnologias é natural. Na época, eles tiveram que desbravar esses novos meios e descobrir formas de se comunicar com o público. O baterista do grupo, Thiago Augustini, lembra de quando a banda começou. “Usávamos o Orkut para nos relacionar com os fãs. O Myspace e o Purevolume eram plataformas de audição de nossas primeiras músicas. Quando lançamos o primeiro CD, em 2007, já tínhamos construído uma legião de fãs na internet”, recorda. Para o músico, o segredo, provavelmente, foi essa estratégia de aproximação com as pessoas. “Fizemos com que as pessoas se sentissem parte da banda. Com isso, ganhamos grandes divulgadores na internet”, afirma. Hoje a banda continua colhendo frutos, só que as ferramentas agora são outras. “O Facebook é a bola da vez. Se a gente deixa de postar na Fanpage, o


O canal prepara conteúdos para o jovem que reza, acredita em Deus, acredita em Maria, que abraça uma missão

Marco Júnior colabora com o Jovens de Maria, em especial nos vídeos. Segundo ele, a facilidade que tem de se comunicar dá bastante habilidade para exercer o trabalho

BANDA BEATRIX O nome da banda foi inspirado na história de Santa Beatriz, uma religiosa portuguesa, que, por um milagre, teve sua beleza de 20 anos de idade conservada até os 60 anos. A palavra Beatrix é o nome da santa em latim e significa “Aquela que traz alegria”. Em suas canções cheias de ideologia e fé, a banda fala das dores, incertezas e buscas próprias da juventude e resgatam a beleza e a alegria perdidas por uma sociedade aprisionada pela ansiedade do ter.

DIVULGAÇÃO

pessoal reclama e faz questão de cobrar novidades”, afirma Thiago. Segundo ele, outra ferramenta importante é o YouTube, que se transformou numa espécie de canal de vídeo democrático. “O futuro nos pede cada vez mais estratégias integradas de comunicação. Não dá para fazer ações pontuais, precisamos pensar no todo. O desafio é entender e, principalmente, saber onde nos encaixamos nesse contexto”, projeta. O advento da internet possibilitou a difusão da arte, sobretudo a música, de maneira mais rápida. Responsável pela comunicação da banda na rede, Thiago concorda que hoje em dia a internet tem apontado onde as gravadoras devem investir. “Se há interesse da massa, com certeza as gravadoras vão atender a essa demanda. Porém, ainda existe essa coisa de se determinar quem faz sucesso, isso não deve morrer tão cedo, mas tende a diminuir com o tempo”, afirma. Thiago ressalta a importância do uso da internet na evangelização, mas faz uma advertência: “É maravilhoso e, hoje em dia, é imprescindível. A internet colocou o microfone na boca de todo mundo. Contudo, isso aumenta a responsabilidade sobre aquilo que falamos”, adverte. A máxima para todo artista, especialmente os que evangelizam, continua a mesma: ir onde o povo está. Só que agora as pessoas estão na rede. “Com certeza surgirão novos meios de divulgação na internet, o segredo é estar atento e estar onde seu público está”, conclui o músico.

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Jovens e bote fé

Maria Carreiro Padre Judinei Vanzeto, sac, eCarla Carlos Alberto Veit Revista Maria Revista Rainha dosAve Apóstolos

PEREGRINAÇÃO DOS SÍMBOLOS ANTECIPA A JORNADA NO BRASIL A travessia pelo país da Cruz Peregrina e do Ícone de Nossa Senhora mobilizou milhões de brasileiros e pôs em evidência a força da fé entre os jovens católicos

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FOTOS: JOVENS CONECTADOS

m cada uma das mais de 250 dioceses brasileiras, o gesto repetiuse como um rito: mãos afoitas abriam caminho entre a multidão para tocar, ao menos por alguns segundos, os símbolos do maior evento católico voltado aos jovens, a Jornada Mundial da Juventude (JMJ). Durante os 46 meses de travessia pelo território brasileiro, a Cruz Peregrina e o Ícone de Nosssa Senhora foram guiados por dezenas de milhões de jovens, testemunhas vivas do Emanuel, Deus Conosco, que vai ao encontro dos seus filhos. Nos milhares de quilômetros percorridos em solo verde-amarelo, os símbolos da JMJ presenciaram o contraste de sotaques, culturas e realidades sociais que formam o maior país católico do mundo, unido em um mesmo propósito: declarar seu amor a Cristo e ser testemunha do amor de Cristo por nós.

Unidade na diversidade − Símbolo mais forte do sacrifício de Cristo pela humanidade, a Cruz de 3,8 metros de comprimento foi carregada por mãos tingidas de urucum nas comunidades indígenas de Humaitá (AM) e Barra do Garças (MT). Navegou pelas águas dos rios Negro e Solimões, no Amazonas, e testemunhou a batalha pela sobrevivência das comunidades ribeirinhas em meio às ameaças predatórias à floresta. Peregrinou lado a lado com Nossa Senhora de Nazaré, às vésperas da maior festa religiosa do Brasil – o Círio de Nazaré, em Belém (PA). Levou a paz de Cristo àquelas pessoas cujos antepassados lutaram para ser livres, nas comunidades quilombolas das cinco regiões brasileiras, e àquelas que sonham com a liberdade, nas penitenciárias de Picos (PI), Maringá (PR) e Itamaracá (PE), entre outras. Disseminou a esperança nos centros de recuperação de dependentes químicos e em locais onde a droga ainda é uma triste realidade, como a Cracolândia, em São Paulo (SP). Cruzou as fronteiras do País e chegou aos braços dos hermanos em Cristo, no Uruguai e no Paraguai. Foi exaltada com música e oração nas diversas manifestações culturais dos eventos conhecidos como Bote Fé e também no Hallel Internacional de Aparecida (SP), festival que reuniu louvor, música, juventude e evangelização. Finalmente, foi recebida pelo Cristo Redentor na cidade-sede da JMJ, o Rio de Janeiro (RJ).

Os símbolos da Jornada Mundial da Juventude, na Região Sul, cidade de Criciúma (SC)

Como se zelasse pelo filho, o Ícone de Maria acompanhou a Cruz Peregrina durante todo o trajeto e recebeu pedidos de intercessão, representados por fitas coloridas, amarradas ao andor do Ícone, de milhares de jovens brasileiros e latino-americanos. Segundo dom Eduardo Pinheiro da Silva, presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), “a Peregrinação da Cruz e do Ícone de Nossa Senhora revelou que a Cruz não é algo repulsivo aos jovens. Há uma força natural de atração nesses

A Cruz e o Ícone de Nossa Senhora, símbolos da Jornada Mundial da Juventude, foram recebidos na Aldeia Meruri dos índio Bororo, em Barra do Garças (MT). 24 signisBrasil MAIO DE 2013


A Região Norte do Brasil, e os símbolos da JMJ

No Nordeste do Brasil, em Fortaleza (CE), os símbolos da JMJ são recebidos

símbolos. Quando o trabalho do Bote Fé é bem conduzido, os jovens aderem de maneira impressionante às inúmeras atividades”. O cearense Guilherme Azevedo comprova a teoria de dom Eduardo. Com apenas 16 anos, Guilherme trabalhou na equipe de comunicação do Bote Fé de Fortaleza e acompanhou todo o processo de organização do evento. “Foram três dias de peregrinação pela cidade, culminando num grande show, que reuniu mais de 110 mil jovens das várias expressões de juventude da nossa Arquidiocese. Foi lindo!”. Assim como em Fortaleza, a peregrinação dos símbolos da Jornada mobilizou vários jovens católicos ao redor do País. Segundo o padre Antônio Ramos do Prado, assessor nacional da Comissão

Episcopal para a Juventude, “os jovens Os símbolos da JMJ nas ruas da Região Sudeste, na cidade de São Paulo (SP) do Setor Juventude, com suas mais variadas expressões espirituais, uniram-se em torno de preparar a chegada dos ícones. Esse passo de unidade fez com que os “Após um ano de recuperação, não pude jovens se encontrassem e descobrissem a ser indiferente ao imenso amor de Deus riqueza que existe no diferente”. por mim e decidi dar de graça o que de Para Vinicius Gomes, membro da Pas- graça recebi. Esse sentimento de gratidão toral da Juventude da Diocese de Oliveira a Deus ressurgiu fortemente quando re(MG), a passagem da Cruz e do Ícone de cebemos a réplica dos símbolos da JorMaria pelos municípios da Diocese onde nada Mundial da Juventude 2013. Peratua foi importante porque reuniu todos cebemos que, por meio da Cruz de Jesus, os movimentos e pastorais para celebrar nossas vidas perpassam na recuperação a fé católica. “A mensagem ressoa: é por das drogas, e que Nossa Senhora nos amessa fé que devemos nos unir em prol das para neste caminho de calvário.” causas do Reino. Os símbolos nos ajudam A Cruz Peregrina e o Ícone de Nossa a pensar nos próximos passos da opção Senhora permanecerão no Rio de Jacristã, de fazer um mundo mais justo para neiro até o fim da Jornada Mundial da todas as juventudes.” Juventude Rio 2013, em 28 de julho. Nas unidades brasileiras da Fazenda da Após o evento, os símbolos devem reEsperança, centro de recuperação de de- tornar ao Vaticano. pendentes químicos fundado pelo frade franciscano Hans Stapel e pelo leigo consagrado Nelson Giovanelli dos Santos, a A mensagem visita dos símbolos da JMJ representou o encontro de muitos jovens com a esperessoa: é por essa rança de um futuro melhor. Responsável fé que devemos nos pela Fazenda da Esperança de Guarará (MG), Ítalo Marcio dos Santos foi inunir em prol das terno da unidade de Teresópolis (RJ), causas do Reino local onde “nasceu de novo” depois de vivenciar o vício da cocaína e do álcool. MAIO DE 2013 signisBrasil 25


Jovens e comunicação Eduardo Gois e Alexandre Santos Jornal Santuário De Aparecida

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