P!ATD Design – As referências visuais da banda Panic! At The Disco

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© 2017 P!ATD Design — As referências visuais da banda Panic! At The Disco Produzido por: Si Flores Este livro foi desenvolvido durante o Trabalho de Conclusão do Curso Superior em Tecnologia em Produção Multimídia da Faculdade Senac Porto Alegre / RS. Mais informações: behance.net/siflores


As referĂŞncias visuais da banda Panic! At The Disco



design no mundo da música Expressar uma identidade, pensamento e conceito através do design é uma prática muito antiga. Desde o século XIX já é possível notar a criação de sistemas que tornassem um produto, marca ou empresa reconhecível, seja através de emblemas, bandeiras, uniformes ou brasões. E provavelmente tudo isso já era utilizado há muito mais tempo, afinal, o design é visto como uma base de diferenciação, agregando inovação, qualidade, identidade e uma melhor forma de comunicação entre quem faz e quem compra. Na sociedade moderna, o design está presente em praticamente todas as coisas ao nosso redor, seja em marcas, livros, produtos, embalagens ou qualquer outra coisa que você conseguir pensar. E é claro que no mundo da música isso não seria diferente. A indústria musical utiliza os conceitos de design há muito mais tempo que você imagina. Entre os anos 1960 e 1970, as gravadoras e seus produtores viram nas capas dos famosos discos de vinil, uma ótima alternativa para à publicidade tradicional, criando assim uma nova forma para os músicos apresentarem os seus novos trabalhos para o público. Com o tempo, a forma de fazer capas foi evoluindo e virando uma verdadeira vitrine de personalidade, onde a linguagem utilizada era um ponto determinante para o disco atingir seu público-alvo ou não. Com a chegada do videoclipe, o design se torna ainda mais importante para a música, pois era uma forma ainda maior e melhor de os artistas se expressarem. E a partir de então, diversas bandas ganham destaque não só por suas composições, mas também pela forma como transmitem suas músicas para os olhos dos fãs.


panic! at the disco De uma simples banda de amigos de escola a um sucesso mundial explosivo, a banda Panic! At The Disco conquistou o cenário musical com seu estilo original e único. Formada no ano de 2004, em Las Vegas, o grupo composto na época por Ryan Ross, Spencer Smith, Brent Wilson e Brendon Urie, teve o seu primeiro álbum lançado sem ao menos terem feito um show sequer. Como uma aposta de Pete Wentz, baixista da banda Fall Out Boy, o P!ATD surge em 2005 com um álbum surpreendente, fazendo a banda se tornar um dos maiores sucessos de sua gravadora. E junto com suas músicas e letras polêmicas, a banda ganha destaque também pelo seu forte apelo visual. Ganhando fama de “banda teatral de cabaré”, o Panic! tinha em seus shows (e vídeos) figurinos e cenários altamente trabalhados e bem produzidos, tornando as suas apresentações uma verdadeira experiência para quem vê. Essa forte característica visual fez com que o Panic! At The Disco não passasse despercebido e acabasse se tornando uma banda única. Além de conquistar os críticos de música, a banda também conquistou uma verdadeira legião de fãs, que são apaixonados por todas essas influências visuais. O Panic! carregou e explorou essa identidade durante os seus três primeiros álbuns: A Fever You Can’t Sweat Out (2005), Pretty. Odd. (2008) e Vices & Virtues (2011), e é por isso que eles serão explorados neste livro, para que seja possível apreciar ainda mais essa fase tão marcante e épica da banda.



Lançado em 27 de setembro de 2005, A Fever You Can’t Sweat Out é o álbum de estreia da banda Panic! At The Disco. Misturando músicas com sintetizadores, batidas eletrônicas, pianos e violinos, com letras polêmicas sobre casamento, adultério, alcoolismo, religião e prostituição, AFYCSO já vendeu mais de 2,5 milhões de cópias pelo mundo e é considerado até hoje o maior sucesso comercial da banda.


As apresentações da banda na era A Fever eram um verdadeiro teatro Vaudeville, com fortes influências circenses e do francês Moulin Rouge. Os shows contavam com apresentações de contorcionistas, malabaristas, palhaços e bailarinos, exageradamente maquiados e vestidos a caráter, incluindo os membros da banda. Essa atmosfera teatral contava também com toques de um vintage clássico e elegante, tornando tudo uma experiência rica e única. Essas características teatrais também foram levadas para os materiais de divulgação e vídeos da banda. Os clipes de I Write Sins Not Tragedies e But It’s Better If You Do são os principais exemplos. O primeiro se passa durante um casamento mal sucedido, imerso em um visual digno de circo, que acabou dando a banda o prêmio de melhor clipe de 2006 e também o melhor da década de 2000, segundo premiações da MTV americana. Já o segundo clipe lançado pelo Panic! At The Disco, traz as influências burlescas dos cabarés e bordéis de Las Vegas. Para apreciarmos ainda mais o estilo do álbum A Fever You Can’t Sweat Out, vamos explorar o famoso cabaré Moulin Rouge, os gêneros teatrais Vaudeville e Burlesco e também todas as principais características da Arte Circense.


Moulin Rouge é um famoso cabaré situado na capital da França, inaugurado em 1889 e em atividade até os dias de hoje. É um dos grandes símbolos da vida boêmia de Paris e parada obrigatória para os turistas que visitam a cidade. Durante os anos 20, o “moinho vermelho” era palco de diversos tipos de espetáculos, desde ventríloquos, acrobatas e animais de circo, até apresentações de cantores e artistas renomados. Conhecido como o “pai dos cabarés”, o local serve de inspiração para o mundo inteiro. É considerado um dos grandes acontecimentos da Belle Époque, a era de ouro da cultura que a Europa vivenciou durante o final do século XIX e início do século XX.


O Moulin Rouge não serviu de inspiração apenas para outros cabarés, mas também para filmes e diversos tipos de produções. Uma das produções mais conhecidas é o filme Moulin Rouge! – Amor em Vermelho, lançado em 2001. O filme ganhou dois Oscars: melhor figurino e melhor direção de arte. Uma das músicas presentes no filme, chamada Lady Marmalade, ganhou um clipe que é considerado um dos vídeos mais marcantes dos anos 2000, justamente por sua temática inspirada no famoso cabaré. Lady Marmalade também foi o vídeo do ano de acordo com a premiação da MTV americana, VMA, em 2001. Plumas, paetês e muita sensualidade sempre foram o símbolo do Moulin Rouge. As cores quentes são bastante presentes nos materiais que o utilizam como referência, como tons de vermelho e dourado, pois representam paixão, luxúria e poder. O moinho vermelho, elemento presente na fachada do local até hoje (fazendo menção ao nome do cabaré), também é um dos grandes símbolos. Molduras, arabescos e formas curvilíneas são outras características do estilo, pois o auge do cabaré foi durante a época em que o movimento Art Nouveau ainda era fortemente utilizado.


O Vaudeville foi um gênero de teatro de variedades com a característica de satirizar algum determinado tema. Seu público-alvo era abrangente, atingindo pessoas de todas as idades (até mesmo crianças), entre eles homens e mulheres. Tony Pastor, um cantor famoso na época, foi o grande responsável pela popularização do Vaudeville. Esse gênero ficou famoso nos Estados Unidos e Canadá entre os anos 1880 e 1930, tendo diversas apresentações como circo de horrores, músicos e cantores populares, literatura grotesca, operetas e espetáculos humorísticos e de curiosidades. Na década de 1930, o Vaudeville foi perdendo seu espaço para o início da era do cinema e da televisão, onde muitos artistas migraram do teatro para o cinema como, por exemplo, Charlie Chaplin. Os materiais de divulgação focam no conceito “freak-show” das apresentações e alguns contam com ilustrações e cores em tons saturados.


O Burlesco possui sua origem datada por volta dos anos 1840 e, assim como o Vaudeville, é um gênero de teatro com características satíricas. Porém, o gênero Burlesco tem como sua principal influência os cabarés, tendo suas apresentações carregadas de erotismo. A versão do Burlesco conhecida nos dias de hoje é considerada um casamento do humor do Vaudeville e do strip-tease, e popularizou-se no início dos anos 1990. Recheado de fantasias, danças, teatro e sensualidade, o gênero Burlesco é explosivo, colocando em pauta assuntos considerados tabu (como política de gênero, sexualidade e nudez). As referências visuais do gênero Burlesco remetem bastante ao Moulin Rouge: contando sempre com a presença de tons quentes de vermelho, plumas e rendas. Um dos grandes nomes atuais do Burlesco é o de Dita Von Teese. Em 2005, a artista lançou um livro onde fala sobre sua carreira e a arte do gênero burlesco.


O circo como conhecemos hoje surgiu somente no século XVIII, quando o inglês Philip Astley teve a primeira ideia de “sistematizar” o circo como um show de variedades e entretenimento lúdico, assistido por um público pagante. Antes disso, vários artistas vagueavam pela cidade com suas apresentações em troca de pequenas contribuições. Em 1768, Astley criou um espaço semelhante a uma arena coberta, onde apresentava um número de acrobacia com cavalos. Logo ele percebeu o interesse do público no espetáculo e então promoveu uma grande expansão, passando a contar com diversos outros tipos de apresentações artísticas. Outro nome importante na história circense é o de Joseph Grimaldi. Ele foi o grande responsável pela criação da figura do palhaço como conhecemos hoje, colocando toda sua experiência como arlequim e mímico no personagem.


Por ser uma expressão artística extremamente criativa e chamativa, devido ao grande uso de cores (principalmente tons quentes como amarelo, laranja e vermelho), a arte circense é utilizada como referência em diversas ocasiões e produtos, como filmes, clipes, livros, novelas, festas, etc. Além das cores vibrantes, também é possível identificar a presença de arabescos, faixas e linhas, molduras de diversos tipos e figuras representativas de animais como características fortes desse estilo. O circo faz parte da cultura popular de diversos países, por isso suas referências são sempre tão utilizadas. Diversos artistas da música já utilizaram a arte circense em seus trabalhos, como por exemplo as cantoras P!ink, Christina Aguilera e Britney Spears (que inclusive nomeou um de seus álbuns como “Circus”). A banda Fall Out Boy também já utilizou o circo em um de seus clipes (America’s Suitehearts). No Brasil, a banda Teatro Mágico faz de seus shows um grande picadeiro contando com apresentações de diversos artistas circenses.




Lançado em 25 de março de 2008, Pretty. Odd. é o segundo álbum lançado pela banda Panic! At The Disco. Diferente de seu antecessor, P.O. conta com músicas mais calmas e orgânicas, sendo um disco com influências fortes dos gêneros folk rock e pop barroco. Suas letras mais românticas, alegres e poéticas surpreendeu os fãs e divide opiniões até hoje. Considerado pela mídia como uma aproximação ao som dos Beatles, o álbum vendeu mais de 1,3 milhões de cópias.


Em seu segundo álbum, o Panic At The Disco (agora sem o ponto de exclamação em seu nome) abandonou o estilo teatral circense, dando lugar a uma atmosfera mais colorida, leve, feliz, apaixonada e lúdica. Com um estilo quase hippie, Pretty. Odd. impressionou a todos pela drástica mudança no estilo, tanto visual quanto musical. Os clipes da era Pretty. Odd. são extremamente coloridos e espirituosos. Sendo Nine In The Afternoon o ponto alto dessas características. Além de possuir diversos relógios que fazem alusão ao nome da música, o clipe conta com um desfile de rua com pessoas de bigodes, máscaras de animais, margaridas e cenários que parecem ter saído direto de um sonho louco. Já o clipe de That Green Gentleman, e também as fotos oficiais presentes no encarte do álbum, contam com um clima mais ligado a natureza com fortes toques britânicos, lembrando bastante o conceito da história de Alice no País das Maravilhas. Essa conexão com a natureza foi levada para os palcos durante os shows do segundo álbum, onde os pedestais dos microfones eram sempre envoltos de flores. Para apreciarmos ainda mais todo esse conceito espirituoso típico de Pretty. Odd., vamos explorar os movimentos Art Nouveau, Arts and Crafts (que remete bastante aos detalhes manuais do encarte do álbum), Arte Provençal e também o conceito lúdico presente em Alice no País das Maravilhas.


O movimento artístico Art Nouveau surgiu na França no final do século XIX e viveu seu auge entre os anos 1890 e 1918. Decorativo por essência, caminhava junto com a revolução industrial e os avanços tecnológicos da época. O movimento teve um grande destaque no setor da arquitetura e imobiliário, mas também nas artes gráficas e decorativas. Surgiu com o intuito de diminuir o peso industrial, vestindo os produtos de adornos floridos e formas orgânicas, para que ficassem mais “naturais” aos olhos. O movimento Art Nouveau perdeu sua força com o início da Primeira Guerra Mundial.


Também conhecido como Estilo Floral, o Art Nouveau é bastante característico, com forte presença de linhas curvas assimétricas, arabescos, formas orgânicas, flores e folhagens, figuras femininas e traços alongados e graciosos. Criado essencialmente para decorar os novos produtos industrializados, ficou conhecido pela sua manifestação elaborada e exótica, sugerindo o contato com a natureza pela sua originalidade e qualidade, lembrando bastante as características dos trabalhos artesanais. Em Barcelona, o Palácio da Música Catalã possui detalhes que demonstram a imponência desse movimento artístico. No Brasil, um bom exemplo de utilização do Art Nouveau são as embalagens dos produtos da marca Granado. A marca que é contemporânea do movimento (fundada em 1870), manteve a tradição de utilizar o estilo até os dias de hoje. Suas embalagens possuem diversos elementos decorativos, como arabescos, tipografias com formas orgânicas e a presença de figuras femininas.


O movimento Arts and Crafts surgiu na Inglaterra como uma forma de protesto a produção em massa e valorizava o trabalho artesanal e os artesãos. A principal ideia do movimento era restabelecer o contato com a natureza. O grande nome, e fundador, do movimento foi William Morris. Outro nome importante na história do movimento foi o de John Ruskin. O objetivo do movimento era criar somente objetos desenhados e produzidos por artesãos. Porém, esses objetos acabavam se tornando muito caros e de difícil acesso para a população inglesa. Além das figuras presentes na natureza, o Arts & Crafts também caracterizava-se pelas referências góticas e medievais. O movimento durou pouco tempo mas é considerado a raiz do Art Nouveau, do modernismo e da arquitetura.


A Arte Provençal é um estilo de decoração que surgiu na França entre os séculos XVI e XVIII. Os camponeses da área de Provença desejavam ter móveis e decorações parecidos com os da corte francesa, porém, devido ao seu baixo poder aquisitivo, eles criaram um estilo rústico com os materiais e recursos que tinham à disposição. Os móveis são feitos de madeira, com aparência antiga e/ou desgastadas, muitas vezes pintados de branco ou cores suaves e os objetos e tecidos decorativos possuem imagens de flores. Também conhecido como “French Country Style”, é comum encontrar imagens de campos associadas a esse estilo, já que a região de Provença, ao sul da França, possui extensos campos de lavandas e belas paisagens naturais. Atualmente, a Arte Provençal é considerado um estilo luxuoso de decoração.


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Alice no País das Maravilhas foi publicada em 1865 por Lewis Carroll e é considerada uma das maiores e icônicas histórias de literatura infantil. O livro conta a história de Alice, uma menina que acaba caindo em uma toca de coelho e é transportada para um lugar fantástico onde várias criaturas peculiares vivem. Essencialmente britânico, o País das Maravilhas tem uma rainha, festas e chás, jogos de croquê e empregados domésticos, o que atribui um ambiente nostálgico da Era Vitoriana para a história. A obra de Carroll possui diversas interpretações, desde um sonho maluco, o uso de drogas e até algumas metáforas sobre o crescimento interior. Todas essas teorias fizeram com que a história se tornasse cativante, atingindo um público muito maior do que as crianças do século XIX. Nas imagens abaixo, é possível ver algumas ilustrações criadas pelo inglês John Tenniel para a primeira publicação do livro.


Mesmo após um século e meio de vida, a história de Alice serve até hoje como inspiração para diversas releituras, remakes e também como referência para novos projetos e produtos. As produções cinematográficas mais famosas são as versões dos Estúdios Disney, lançada em 1951, e a de Tim Burton, de 2010. Considerado um estilo mais romântico, é repleto de cores e conceitos lúdicos, e os elementos mais conhecidos da história são: o relógio do Coelho, o chapéu do Chapeleiro Maluco, as cartas de baralho da Rainha de Copas, jogos de chás com xícaras e bules, listras e o padrão xadrez. Outra característica bastante presente são os tamanhos desproporcionais dos objetos. As cores mais presentes são o azul, fazendo menção ao vestido de Alice, e o vermelho, referindo-se a Rainha de Copas. Formas curvilíneas e irregulares, porém delicadas, também fazem parte do conceito “Alice”. Algumas características da Era Vitoriana também são bastante utilizadas, já que a história é contemporânea ao reinado da rainha Vitória. A cantora P!nk lançou um clipe totalmente inspirado em Alice para a música “Just Like Fire”, que faz parte da trilha sonora de “Alice Através do Espelho”, filme lançado em 2016.




Lançado em 22 de março de 2011, Vices & Virtues é o terceiro álbum da banda Panic! At The Disco e o primeiro após a separação da banda. Com somente dois integrantes remanescentes, V&V possui uma grande variedade de estilos em suas músicas e letras que falam sobre superação, amor, arrependimentos, orgulho e vaidade, justificando o nome do disco (vícios e virtudes). O álbum vendeu mais de 152 mil cópias no seu ano de lançamento, ficando entre os 50 álbuns de rock mais vendidos de 2011 nos Estados Unidos.


O terceiro álbum de estúdio da banda é marcado por diversas mudanças. Primeiro, a volta do ponto de exclamação no nome. Já a segunda mudança, a mais impactante, é a saída de dois dos quatro membros da banda. O Panic! At The Disco agora como uma dupla, passa por diversos desafios para escrever as novas músicas e se encontrar nessa nova etapa. A era Vices & Virtues é marcada por um visual mais sóbrio e com músicas que remetem ao estilo do primeiro álbum. V&V foi o último álbum onde a fama de banda visualmente apelativa foi verdadeiramente utilizada. Apesar de os shows nessa época serem com visuais bem mais simples, os clipes e vídeos promocionais ainda contavam com altas produções. O primeiro vídeo lançado foi The Ballad Of Mona Lisa, um clipe que se passa em meio a um velório, recheado de elementos do gênero Steampunk. Outra característica bastante presente durante o terceiro álbum foi o estilo clássico e rico em detalhes da Era Vitoriana. As fotos promocionais do álbum e o vídeo de divulgação, chamado The Overture, mostram bastante esse estilo do século XIX. Para apreciarmos ainda mais as influências visuais presentes no Vices & Virtues, iremos explorar a Era Vitoriana, o gênero literário Steampunk e também os letterings presentes no encarte do álbum.


A Era Vitoriana corresponde ao reinado da Rainha Vitória, no Reino Unido, durante os anos 1837 e 1901. Foi um longo período de prosperidade, paz e grandes avanços para o Império Britânico. Foi durante a Era Vitoriana que se construíram e desenvolveram as primeiras linhas do metrô de Londres e também os principais pontos turísticos da cidade, como por exemplo a famosa torre do relógio Big Ben. Os valores vitorianos podiam classificar-se como “puritanos”, e na época a poupança, a dedicação ao trabalho, a defesa da moral, os deveres da fé e o descanso dominical eram considerados valores de grande importância. A literatura e a arquitetura também tiveram grandes avanços durante esse período.


Rico em detalhes e exagerado no excesso de elementos, o estilo vitoriano se estendia aos objetos, móveis, roupas, tecidos, artes gráficas, arquitetura, paisagismo e design de interiores. Ornamentos, acessórios, enfeites, traços realistas, ambientes lotados de objetos e móveis são outras características da Era Vitoriana. Móveis de madeira e cores em tons escuros, principalmente nas cores marrom e dourado, complementam o estilo. Todas essas suas características não se limitaram somente a Inglaterra, sua influência chegou a muitos outros continentes e ainda é utilizada até hoje. A ornamentação e a criação de tipos foram as principais manifestações artísticas da Era Vitoriana. Baseada em convicções fortes de moral e otimismo, é comum ver a presença de figuras de crianças, donzelas, flores e animais de estimação nas artes vitorianas. Na tipografia, o estilo gótico associado a temas naturais cobertos de folhas e linhas entrelaçadas, tornaram as letras extremamente decoradas e poluídas (principalmente as iniciais), fazendo com que o resultado não fosse tão promissor, pois eram quase impossíveis de serem lidas.


O Steampunk é um gênero literário originado do cyberpunk, uma ramificação da ficção científica. Surgiu por volta do anos 1980, e suas histórias se passam durante a Era Vitoriana, em uma realidade alternativa onde a sociedade possui máquinas e utensílios futuristas que são construídas com a tecnologia da época, como madeira, engrenagens, motores a vapor, couro e metal. Um dos grandes nomes do gênero é o de Júlio Verne, considerado o inventor da ficção científica. É possível encontrar o estilo Steampunk não só na literatura, mas também em filmes, músicas, quadrinhos, animes, artes e jogos.


As principais características do Steampunk são os maquinários e engrenagens em composições inusitadas e até mesmo grotescas. As cores remetem muito a Era Vitoriana, sempre em tons escuros e objetos que lembram madeira, bronze, couro e elementos movidos a vapor. Os personagens geralmente são caracterizados com cartolas, corsets, vestidos longos, relógios de bolso e óculos. No cinema, diversos filmes já adotaram o estilo Steampunk, como: As Loucas Aventuras de James West, A Bússola de Ouro, A Invenção de Hugo Cabret, Sherlock Holmes e a animação japonesa Steamboy.


Os cartazes tipográficos, ou letterings (como são mais conhecidos atualmente), é uma forte característica da Era Vitoriana. Naquela época, os impressos comerciais prezavam mais pela economia de espaço (e, portanto, mais espaço para a venda de produtos) do que pela estética, e por isso eram repletos de textos. Com o tempo, os vitorianos buscaram inspirações em movimentos antigos, e acabaram encontrando no estilo gótico e medieval uma boa solução. A partir desse momento, os cartazes começaram a ser tomados por ornamentos e detalhes decorativos, com a função de destacar as informações e designar uma melhor estética e organização. Esses cartazes também misturavam pequenas ilustrações junto ao seus textos, assim como o encarte do álbum Vices & Virtues.



BASTIDORES DO PROJETO


A ideia do P!ATD Design surgiu em meados de 2015, como um possível projeto para o trabalho de conclusão do curso de Produção Multimídia, da faculdade Senac de Porto Alegre/RS. Até chegar ao que é hoje, a ideia passou por diversas mudanças e reformulações, para poder melhor se adequar tanto ao curso, quanto às necessidades dos fãs da banda. Como o visual do Panic! At The Disco sempre foi algo muito marcante para todos, se viu a possibilidade de explorar isso. Inicialmente o projeto abordaria todos os álbuns já lançados, mas, devido a algumas limitações, resolveu-se focar somente nos três primeiros. Sendo assim, em 2017 iniciou-se as pesquisas das referências visuais e a produção de todo o conteúdo presente neste livro. O objetivo do P!ATD Design é poder mostrar (e também de certa forma ensinar) aos fãs toda essa riqueza artística que existia por trás dos primeiros shows, vídeos e álbuns da banda. O projeto foi desenvolvido no 5° semestre do curso de Produção Multimídia, durante os meses de março a junho de 2017. Junto com o livro, também foi desenvolvido uma landing page para a divulgação do projeto. Durante todo o processo foram utilizados os softwares InDesign (para a diagramação do livro), Illustrator (para ilustrações e elementos presentes nas páginas) e Photoshop (para tratamento das imagens e construção do layout da landing page).


Os cards que estão anexados neste livro contém o nome das músicas de cada álbum, e fazem referência​ao estilo de cada um. Os cards do A Fever You Can’t Sweat Out possuem elementos que remetem a arte circense, suas cores quentes lembram o Moulin Rouge e sua imagem de fundo conta com um estilo vintage. Os cards do álbum Pretty. Odd. possuem um padrão de flores ao fundo, remetendo bastante ao Art Nouveau, assim como a sua moldura lateral. A tipografia remete ao lúdico de Alice No País das Maravilhas e a ilustração da flor é uma alusão aos shows da banda nessa época. Já os cards de Vices & Virtues foram feitos em tons mais sóbrios, remetendo às características da Era Vitoriana e a tipografia utilizada lembra o estilo presente no gênero literário Steampunk. XII

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As pequenas ilustrações presentes nas folhas de guarda foram desenvolvidas a partir das principais músicas do Panic! At The Disco, presentes nos três primeiros álbuns. São elas: I Write Sins Not Tragedies, But It’s Better If You Do, Nine In The Afternoon, Northern Downpour, Mad As Rabbits, The Ballad Of Mona Lisa e Ready To Go. Foram utilizadas referências dos vídeos e também das letras das músicas. VI

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Tipografias utilizadas: Source Sans Pro (corpo de texto) | Docktrin (AFYCSO) | Sexsmith (Moulin Rouge) | Quickstyle (Vaudeville) | Betty Noir (Burlesco) | Sancreek (Arte Circense) | Longdon Decorative (P.O.) | Legrand (Art Nouveau) | Preciosa (Arts and Crafts) | Ambrosia (Arte Provençal) | FoglihtenNo07 (Alice no País das Maravilhas) | Victorian Parlor Vintage Alternate (V&V) | Phalyn (Era Vitoriana) | Steamwreck (Steampunk) | Vinque (Letterings Vitorianos). Imagens utilizadas: Capas dos álbuns do mosaico e álbuns do Panic! At The Disco: Divulgação Fotos da banda: patdbr.com Imagens dos vídeos da banda: Youtube Moulin Rouge: Wikimedia, Filmes Cult, Adoro Cinema e Game Cover Vaudeville: Blog Vintage Pri Burlesco: Divulgação Dita Von teese e Fruit de La Passion Arte Circense: Georgian Gentleman, The Public Domain Review e Divulgação Art Nouveau: Inkind Design, Site Granado Arts and Crafts: VAM, Blog UFU, Design is History e Morris & CO. Arte Provençal: Blog Casa e Decor Alice no País das Maravilhas: John Tenniel e Divulgação Era Vitoriana: Wikimedia, NCP e Mundo Avulso Steampunk: Delta Nerds, Uma vez um Sonho, Go! Explore, Divulgação Letterings Vitorianos: Encarte Vices & Virtues Elementos Gráficos: Freepik, Vecteezy, The Noun Project e Flat Icon.



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