TFG - Nicolas Silva

Page 1

1



Universidade SĂŁo Francisco Curso de Arquitetura e Urbanismo

Nicolas Rodrigues da Silva

Edificio Plug-in: Uma proposta para o CDHU Pe. Anchieta Orientadora: Barbara Puccinelli Perrone

Campinas 2020



Nicolas Rodrigues da Silva

Edificio Plug-in: Uma proposta para o CDHU Pe. Anchieta

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de arquitetura e urbanismo da Universidade São Francisco, Campus Campinas Swift, Como requisito para obtenção do Grau Bacharel em Arquitetura e Urbanismo.

Orientadora: Barbara Puccinelli Perrone

Campinas 2020



Dedicatória

Este trabalho é dedicado à minha família, amigos e minha noiva pelo apoio fornecido durante essa etapa de minha trajetória.



Agradecimentos

Agradeço a minha família por ter aceitado minha nova profissão, além da força e energia que sempre me ajudaram a seguir em frente. Agradeço aos professores do curso que contribuíram de forma significativa para a minha formação, através de diferentes visões e questionamentos, estimulando uma visão crítica acerca da construção histórica e social da arquitetura. Agradeço aos colegas de turma do grupo ROMAS, que por boa parte do curso esteve junto, criando em conjunto, com diversos projetos, discussões e questionamentos, promovendo o aprendizado técnico e pessoal, de forma coletiva e mútua. Agradeço a minha noiva e futura esposa, que me acompanhou 100% nessa caminhada, além de entender que na véspera de entrega tudo fica uma loucura. Com muita paciência, me auxiliou na composição do começo ao fim do presente trabalho.



Resumo

O presente trabalho de conclusão de curso propõe um projeto de melhoria para um conjunto habitacional da cidade de Campinas – SP, tal qual refletiu as políticas habitacionais repetitivas e ineficientes herdada do século passado. A sociedade é moldada em função do tempo, o que reflete nas necessidades familiares relacionadas a moradia e habitação. Tendo em vista a limitação do projeto original, é evidente que as construções não acompanham o dinamismo cotidiano presente nas famílias brasileiras, sendo necessárias intervenções de acordo com essa ótica. Para isso, a proposta deste TFG é criar um anexo de ampliação a construção original para que a construção se adapte a necessidade de cada família, e não fique estática ao tempo.






Introdução

1.Introdução

16

O

presente trabalho tem por mostrar um projeto de requalificação de uma Habitação de Interesse Social (HIS) através de melhorias construtivas a serem implantadas no edifício da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo do bairro Vila Padre Anchieta em Campinas (CDHU F), próximo ao parque empresarial Tecno Park. Segundo Peter José Schweizer, graduado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro “a palavra casa nos leva a uma idéia de estrutura física de uma construção material, à visão de paredes e teto”, já o conceito de moradia, “indica a realização de uma função humana, o ato de morar”, bem como, habitação, “conduz a uma visão mais dinâmica no uso da casa ou da moradia; indica a ação de habitar”. Tais conceitos possuem caráter

complementar e remetem a imprescindibilidade essencial do ser humano de dispor de um refúgio onde possa realizar suas ações básicas, no âmbito socio-cultural1. Em caráter legislativo, moradia é um direito garantido por lei descrito na constituição de 1988 título II capítulo 2 artigo 6º como2: “São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição”. De acordo com a pesquisa de 2015 da Fundação João Pinheiro (FJP) os números de habitações precárias no estado de São Paulo chegam a 77.325 unidades, nas quais, o Estado, por meio de programas sociais tenta produzir habitações para atender a constituição e quitar o déficit habitacional que impede vários Brasileiros de terem uma vida digna3.


Fonte: Fundação João Pinheiro. Gráfico elaborado pelo autor.

No gráfico apresentado acima, vemos que o problema de habitações irregulares no país é grave, e que existe uma grande concentração principalmente na região norte e nordeste, com o Maranhão liderando o número de habitações irregulares, chegando a 241.278 unidades. Na parte sudeste, São Paulo é o que apresentou o maior numero, um total de 77.325 unidades. Muitas políticas foram criadas distribuindo números de habitações, mas pouco se discutiu ou apresentou em qualidade de habitação. As diretrizes em questão financiavam o produtor de habitações, que a fim de minimizar gastos limitavam a qualidade dos materiais e recursos, o que Eleusina Lavôr Holanda de Freitas descreve como “divórcio entre arquitetura e moradia popular, com graves repercussões na qualidade do espaço urbano.”4

Muitas das tentativas do Estado acabaram por dificultar as questões urbanas e construtivas do projeto, conforme descreve Camila Moreno de Camargo Arquiteta e urbanista “a política habitacional desenvolvida a partir do BNH baseou-se na construção de grandes e distantes conjuntos periféricos, como tem sido corrente nas ações da COHAB e da CDHU.”5 Sendo assim, o objetivo desse trabalho é propor melhorias às famílias moradoras do CDHU F na tentativa de promover saúde e bem estar onde serão utilizados novas tecnologias e conhecimentos arquitetônicos para aprimorar o edifício como um todo. Isso se dará através da reforma dos moldes do CDHU, o qual se caracteriza atualmente como um projeto reducionista e repetitivo, com foco quantitativo e não qualitativo.

17




2. Justificativa

Justificativa

C

20

omo já visto anteriormente, o direito à moradia digna é garantido por lei, além de ser fundamental para as relações humanas, e o Estado, por meio de programas sociais, tem por função garantir esse direito. Ao analisar as políticas criadas, é observado que apesar de suprir parcialmente números de unidades habitacionais, não houve qualquer preocupação com a qualidade das instalações. O conjunto CDHU F, localizado no Bairro PE. Anchieta em Campinas - SP que contém 1680 unidades habitacionais, possui diversas problemáticas arquitetônicas em seu projeto, questões relacionadas a consequências de políticas ineficientes anteriores, desde o século passado. A fim de solucionar essas questões, esse projeto tem por objetivo principal trazer melhorias significativas para o projeto inicial do conjunto, auxiliando na qualidade de vida dos moradores ali presentes.

2.1 Tema: Habitação de interesse social (HIS)

A

habitação de interesse social ou HIS é definida por Susanna Moreira como: “aquela voltada à população de baixa renda que não possui acesso à moradia formal e nem condições para contratar os serviços de profissionais ligados à construção civil”6, ou seja, a moradia social tem por função garantir abrigo aos chamados “sem teto” e, controlar o crescimento desordenado da cidade, criado


por ocupações irregulares. A HIS teve seu surgimento na Europa, entre a primeira e a segunda guerra mundial, como consequência de um aumento da industrialização e do êxodo rural.7 No Brasil, ela chega no mesmo período onde as políticas sociais começam a ser desenvolvidas e implementadas. Dentro do tema de Habitação de interesse social no Brasil temos a chamada ZEIS, ou Zona Especial de Interesse Social, que é um instrumento urbanístico legal para definir áreas da cidade para construção de habitações de interesse social. De acordo com a Secretaria Nacional de Desenvolvimento Urbano a ZEIS “é uma categoria de zoneamento que permite o estabelecimento de um padrão urbanístico próprio com regras especiais, mais permissivas, para determinadas áreas da cidade”8 Existem duas definições de ZEIS , sendo a primeira ZEIS de regularização e a segunda ZEIS de indução. A ZEIS de regularização se trata de onde há ocupações irregulares de acordo com as leis vigentes, e que não há infraestrutura nem urbanização, e precisa ser regularizado pela prefeitura. A ZEIS de indução se trata de novas construções de HIS em lotes vazios subutilizados, o que normalmente provem de programas sociais para controlar o déficit habitacional ou promover habitação por remoções feitas pelo Estado. A habitação social no Brasil é um tema recorrente pois, ainda que existam muitos programas por parte do Estado, ainda é presente o alto nível de déficit habitacional no país. As políticas habitacionais criadas são desenvolvidas com o propósito de suprir a demanda esquecida da cidade urbanizada.

21


22

Justificativa


23


Justificativa

24

2.2.1 Programas sociais de habitação

O

s programas habitacionais sociais tem o objetivo de viabilizar o acesso a moradia adequada a uma população que possui dificuldades ou impedimentos para garantir uma moradia própria. Os programas que tiveram sua maior força no período da ditadura militar (1964 1985) tinham como diretriz subsidiar o construtor de habitação, onde massivamente foram financiadas muitas habitações no Brasil, chegando em algumas cidades a 40% das habitações financiadas pelo órgão estatal. Dado o quadro populacional da época, onde havia crescimento exponencial da população pobre, o BNH (Banco Nacional de Habitação) em conjunto com as construtoras, com o objetivo de suprir a demanda e conseguir financiar as moradias “optou por rebaixar a qualidade da construção e tamanho da unidade, financiando moradias cada vez

menores, mais precárias e distantes”9. Tal decisão impactou significamente a paisagem urbana, que além de criar conjuntos habitacionais com restrições construtivas, também ampliou a dificuldade de pessoas conseguirem o financiamento e criou um processo definitivo de autoempreendimento da casa popular, que não teve outra saída senão improvisar-se em loteamentos clandestinos e favelas.10

Fonte: IBGE. Gráfico elaborado pelo autor.


de reprodução de habitações, distanciamento do centro e plantas básicas e pequenas, problemas que foram refletidos no seu empreendimento referente ao bairro padre Anchieta.

Fonte: IBGE. Gráfico elaborado pelo autor. Após a extinção do BNH (que era o principal programa de habitação federal), surgiram diversos outros programas, tanto federais, como estaduais e municipais para atender a demanda da pasta de habitação social. Porém, mesmo com o fim do BNH, as políticas eram praticamente as mesmas e continuavam a reproduzir erros similares. A CDHU que tem por objetivo executar programas habitacionais, é uma consequência de vários outros projetos habitacionais anteriores do estado de SP como, Caixa Estadual de Casas para o Povo (CECAP), Companhia de Desenvolvimento Habitacional do Estado de São Paulo (CODESPAULO) e a Companhia de Desenvolvimento Habitacional (CDH), que permitiu a muitas famílias o acesso da moradia própria. A Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo segue com as políticas

25


Justificativa

26

2.3 Estudos de caso

O Projeto:

2.3.1 Estudo de caso: SEHAB Heliópolis uma outra arquitetura nas HIS

A

Ficha técnica: Escritório: Biselli e Katchborian Arquitetos associados Local: São Paulo - SP / Brasil Início do projeto: 2011 Conclusão do projeto: 2014 Área do terreno: 12.000 m2 Área construida: 31.329 m2 Tipo da obra: Habitação popular

construção do conjunto SEHAB Higienópolis é de um programa de reurbanização de favelas da Prefeitura municipal de São Paulo. Assim como as demais demandas de habitações de interesse social, o programa era restrito e exigia muitas unidades habitacionais (apartamentos), como também, as restrições projetuais e orçamentária. Para contornar essas adversidades, os arquitetos aproveitaram os desníveis presentes no terreno para criar diversos térreos, o que permitia, por exemplo, construir 05 habitações acima do térreo, e 03 abaixo do térreo, resultando em muitos apartamentos por blocos, com a ausência de elevadores. Os materiais empregados também eram limitados: os blocos habitacionais consistiam de alvenaria estrutural e o pórtico de entrada, que devido ao seu vão livre, foi construído em concreto.


Orçamento

O

conjunto habitacional, projetado por Biselli e Katchborian Arquitetos Associados, reverte alguns pontos do que é normalmente seguido pelos programas habitacionais. A dinâmica criada sem repetição, com o mesmo orçamento e material de outros conjuntos habitacionais construídos, é prova de que é possível construir boas habitações com o mínimo proposto. A tabela abaixo foi desenvolvida a fim de comparar as construções dos dois conjuntos habitacionais, o SEHAB higienópolis e o CDHU F Pe. Anchieta. Para saber o coeficiente de aproveitamento do terreno, a área construída foi dividida pela área do terreno, a qual resultou no entendimento do quão positivo foi o planejamento e o desenvolvimento das habitações do SEHAB.

disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/625377/sehab-heliopolisbiselli-katchborian-arquitetos

27

Tabela de comparativo de CA. Elaborado pelo autor.

Ao verificar os dados da tabela vemos que o coeficiente de aproveitamento do conjunto SEHAB chega a ser 88% maior do que o CDHU F. disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/625377/sehab-heliopolisbiselli-katchborian-arquitetos


Justificativa

28

2.3.2 Estudo de caso: Transformação de O Projeto: 530 habitações em Bordeaux

O

projeto consiste em uma requalificação de um edifício modernista, construído na década de 60, em Ficha técnica: Bordeaux na França. O conjunto é composto por 3 lâminas, Escritório: Lacaton & Vassal + Frédéric Druot + Christophe sendo 2 com 151,8 metros de comprimento e uma menor, possuindo 57 metros de comprimento contendo no total Hutin architecture 530 unidades habitacionais (apartamentos). Local: Bordeaux / França A requalificação é uma espécie de anexo ao projeto Início do projeto: 2011 original, onde o mínimo de alterações foram propostas, a Conclusão do projeto: 2016 fim de reduzir os gastos com a obra. As novas estruturas Área do terreno: anexas foram feitas de estruturas pré moldadas diminuindo Área construída: 68.000 m2 consideravelmente o prazo de finalização da obra. Tipo da obra: Reforma de habitação O anexo atual, é um jardim de inverno que funciona como coletor solar passivo, onde o sol é controlado, e substituiu, no projeto antigo, as pequenas janelas que se transformaram em grandes vãos de vidro e policarbonato.


O espaço social dos apartamentos é aumentado e pequenas intervenções são feitas no prédio original, como novas instalações elétricas, que atendem as normas dos bombeiros vigentes e a substituição do antigo elevador.

Orçamento

D

e modo abrangente, os arquitetos defendiam que: “Nunca demolir, nunca remover ou substituir, sempre adicionar, transformar e reutilizar”11, e que era possível outra solução. Porém, adiante desse projeto, surgiu um impasse: seria necessário demolir tudo como era proposto pelo governo francês ou seria possível uma reforma ou intervenção que ficasse mais barato e atenderia a população local? A intervenção custou cerca de 50 mil euros por apartamento, o que chegou a ser metade de um projeto novo, sendo que dos 50 mil, apenas a metade foi destinada a nova fachada, e o restante as pequenas intervenções no apartamento existente.

Disponível em: https://miesarch.com/work/3889

29

Disponível em: https://miesarch.com/work/3889


Justificativa

30

2.3.3 O Conjunto Habitacional Vila. Pe. O Projeto: Manoel de Nóbrega em Campinas Ficha técnica: Escritório: Joaquim Guedes e Liliana Guedes Local: Campinas - SP Início do projeto: 1972- 73 Conclusão do projeto: 1978 Área do terreno: 60.000 m² Área construída: Tipo da obra: Habitação popular

O

projeto consiste de uma construção de um conjunto habitacional do programa COHAB Campinas de 672 unidades, que seguiu os ideais modernistas vigentes da época. O projeto assim como os demais providos do BNH, possui uma planta restrita, e nesse caso, como solução arquitetônica os arquitetos propuseram a lavanderia coletivizada na cobertura dos blocos. O método construtivo adotado foi o padrão presente na época, como concreto moldado e tijolo furado. A região assim como o próprio conjunto habitacional foi se moldando dada às novas demandas do brasileiro, e com o decorrer do tempo diversas construções anexas foram surgindo.


Orçamento

N

o projeto “houve muitas limitações ao projeto desde o orçamento até o prazo para a realização da obra, de apenas três meses, a restrição das áreas mínimas para organização dos espaços [...]”12 o que acarretou futuramente em adaptações feitas pelos próprios moradores que “não gostaram de ter a cozinha na entrada da moradia, a localização das lavanderias era de dificultoso acesso, haviam alguns acessos dentro do terreno que só aconteciam através da escada13” A construção que seguiu com as diretrizes das construções das obras do BNH claramente não conseguiu atingir as necessidades e satisfação da população residente. Desde a sua construção até os dias de hoje é possível verificar diversas modificações nos apartamentos desde troca de esquadrias a “puxadinhos”. 31

Disponível em: https://miesarch.com/work/3889


2.4 Programas sociais governamentais de reforma habitacional

Justificativa

O

32

A cidade de campinas possui um fundo para dar suporte para implementações de políticas sociais no campo da habitação, destinada predominantemente a população de 0 a 3 salários mínimos, podendo ser ampliada até 06 salários. Os principais usos podemos citar: - Subsídio para construção e reforma; - Estudos urbanísticos, projetos e assistência; - Aquisição de novos lotes para HIS; - Nas ações necessárias à remoção de famílias de áreas impróprias e seu reassentamento.

Brasil além de possuir diversos programas para construção de HIS, também possui alguns programas para reforma habitacional. Com o objetivo de trazer melhorias para habitações existentes, os programas visam atender pequenas intervenções, como uma pintura, ou maiores com reforma de banheiro ou cozinha, acréscimo de dormitórios, com o objetivo de melhorar a condição básica de residências. Cartão reforma: A proposta do programa era conceder um credito 2.5 Legislação de até R$ 9.646,07 para pessoas com renda bruta de até R$ região onde se localiza o CDHU F Pe. Anchieta é 2.811,00, para que elas pudessem comprar material para definido pela prefeitura de Campinas como ZM2 ou reformar a casa, aumentar, ou finalizar a construção. As condições para participar do programa eram zona mista 2 a qual segue os seguintes parâmetros para famílias que possuíam apenas uma residência e morasse construções de habitação multifamiliar vertical (HMV): nela, e dentro do município listado para funcionar o programa. Para viabilizar a obra seria disponibilizado um profissional de arquitetura da prefeitura para verificar a possibilidade da execução da obra. A meta do governo Temer (2017) era atender até final 2018 um total de 182 mil famílias, porem o número atingiu apenas 3 famílias que era do proveniente do projeto piloto. Hoje o programa está cancelado por tempo indeterminável pelo governo atual devida a mudanças de gestão. Fundo de Apoio à População de SUB-HABITAÇÃO urbana ou FUNDAP:

A

Fonte:Zoneamento de Campinas 2020. Tabela elaborada pelo autor.


Porém por se tratar de uma habitação de interesse social inserido em uma ZEIS, as leis podem sofrer algumas alterações conforme descrito na lei complementar 208 de 20 de dezembro de 2018 Título III, Capítulo III, Art. 117:14 “Os Empreendimentos Habitacionais de Interesse Social - EHIS, nos termos dos arts. 58 a 62 do Plano Diretor Estratégico, poderão ser produzidos nas tipologias de ocupação habitacional, conforme o zoneamento em que se localizem, devendo respeitar ainda os parâmetros construtivos e urbanísticos previstos no Capítulo II desta Lei Complementar, respeitados os limites de verticalização do zoneamento e, ainda: I - a densidade máxima para habitação multifamiliar vertical e parte habitacional da ocupação mista, que será de: b) na ZM2: 528uh/ha (quinhentas e vinte e oito unidades habitacionais por hectare);” O CDHU F tem uma particularidade, pois apesar de ser construídos em terreno destinado a ZEIS, não foi regularizado e continua irregular perante a lei, sendo assim definido pela própria prefeitura como uma ZEIS de regularização. Então a Lei que se aplica a edificação do presente TFG é a lei complementar 208 de 20 de dezembro de 2018 Título III, Capítulo II, seção V Art. 89 15: Os lotes situados em núcleo urbano informal objeto de regularização fundiária de interesse social - REURB-S, nos termos do inciso I do art. 63 da Lei Complementar nº 189, de 8 de janeiro de 2018 - Plano Diretor Estratégico do Município, serão dispensados do cumprimento dos parâmetros de ocupação previstos nesta Lei Complementar, desde que enquadrados em uma das seguintes situações: I - Com edificação erigida anteriormente à regularização

fundiária; II - Nova construção prevista em lote com dimensionamento e testada inferior ao mínimo estabelecido para a tipologia de ocupação permitida no zoneamento vigente. Alguns objetivos das políticas de habitação que constam no plano diretor, são destinadas a esse tipo de intervenção, onde cabe a prefeitura estimular empreendimentos habitacionais junto aos órgãos regulamentadores como CAU, a promover programas de assistência técnica e trazer melhorias a edificações existentes como descrita na lei complementar 189 de 08 de janeiro de 2018 Título I, Capítulo IX, seção I Art. 56:16 IV - Incrementar a melhoria das unidades habitacionais nos núcleos urbanos informais de interesse social a fim de reduzir o déficit habitacional qualitativo; A própria legislação deixa a livre caráter a possibilidade de variações construtivas em relação às leis impostas a ZEIS e outros tipos de habitação. Por se tratar de uma regularização será aceito o existente, algo que ocorre no empreedimento do CDHU F.

33


Justificativa

34

2.6 Construir ou reformar? Como visto anteriormente, a quantidade de habitações precárias no estado de São Paulo chega a cerca de 78 mil unidades, as quais existe um critério que define residência inadequada por “alta densidade demográfica, sem banheiro ou compartilhando o banheiro com outras residências”17, ou seja, se considerarmos outras possibilidades de análise dentro desse valor, o número seria ainda maior. Christiano Romanholo Marques de Jesus e Mércia Maria Semensato Bottura de Barros ambos engenheiros civis, desenvolveram um critério onde é possível criar um orçamento através de estimativas para a reabilitação de edifícios. A partir desse método, foram desenvolvidos 05 experimentos com prédios na cidade de São Paulo, em sua totalidade, com resultados positivos: a diferença entre um

edifício reabilitado e um novo variou de 11,84 a 51,56%18 mais barato. Segundo a análise feita, vemos que é muito mais vantajoso uma reforma de adequação, do que uma construção nova. Além da vantagem financeira, podemos apontar a sustentabilidade como fator decisivo, uma vez que a construção nova empregará muita energia em sua demolição/construção.

2.6.1 O que a CDHU diz a respeito sobre reformas: A reforma é permitida apenas se tiver o respaldo técnico de um arquiteto ou engenheiro civil, que emitirá a Anotação de Responsabilidade Técnica (A.R.T.) ou Registro de Responsabilidade Técnica (R.R.T.). A partir disso toda a parte burocrática é tratada diretamente com a CDHU


com os postos de atendimento e com as documentações necessárias. Caso o apartamento foi averbado e com condomínio constituído, as tratativas legais deverão ser realizadas junto ao síndico.19 Apesar de permitir reformas ou ampliações no térreo, a CDHU se exime de responsabilidades quando a ampliação é em pavimentos superiores, informando que não é permitido a ampliação e que tal ação acarretará na perda do seguro do imóvel, uma vez que causará danos físicos ao imóvel.

CDHU Pe. Anchieta, inseridas na nova demanda do brasileiro, é possível concluir que tais intervenções são passíveis de serem executadas na prática, através do planejamento de recursos humanos e financeiros adequados. Com tudo, o objetivo do atual trabalho é mostrar que existe a possibilidade de melhoria do conjunto habitacional CDHU Pe Anchieta, através da união dos conhecimentos de profissionais da área de arquitetura baseados em leis e normas estabelecidas no poder legislativo.

2.6 Finalização do tema

A

o observar as referências tanto bibliográficas quanto as projetuais, percebemos que existe a possibilidade de modificar o consolidado e que, com ou sem a assessoria técnica, a intervenção pode acontecer. No caso analisado do conjunto da cidade de Bordeaux, ouve o auxílio de assistência técnica para a reforma, o que permitiu a união entre legislação, novas tecnologias e design para atender a nova demanda da população residente com objetivo de aumentar aréa útil. Buscando o mesmo resultado, o conjunto do Nóbrega de Campinas, passou por diversas intervenções, porém com origem e implementação executadas pela própria população, que através da autoconstrução e sem nenhum auxílio técnico, gerou uma série de modificações no projeto original, proporcionando grandes riscos para a estrutura do prédio. Ao relacionar os diferentes projetos propostos com as problemáticas projetuais do conjunto habitacional

35


Justificativa

36

2.7 Objetivos 2.7.1 Objetivo geral: Requalificar habitação de interesse social vertical.

2.7.2 Objetivos específicos: • Realizar análises de projetos arquitetônicos de programas habitacionais governamentais visando identificar problemas ou inadequações à sociedade contemporânea. • Revisar a área construída de unidades habitacionais • Propor a criação de anexos à edificação original • Construir equipamentos para controle bioclimático para melhora do controle térmico das residências.

2.8 O local

A

região Norte de Campinas abrange, entre outros bairros, o Padre Anchieta, o qual possui um misto entre uso industrial e residencial, definindo toda a sua dinâmica através das grandes vias que cortam a localidade: Rodovia Dom pedro, Rodovia Anhanguera e Bandeirantes. Localizada na periferia da cidade, o bairro se formou pela presença das grandes indústrias instaladas na década de 50, que na época, serviu de grande atrativo para inúmeros moradores que buscavam emprego e moradia. Na década de 80 foram construídos cerca de 3 mil novas residências habitacionais entregues pela COHAB20 e em 2004 e 2006 foram entregues mais dois empreendimentos pela CDHU, consolidando ainda mais o bairro21. As moradias de interesse social empregadas


na região, acabaram por repetir as problemáticas dos programas habitacionais do Brasil, sendo construído longe das centralidades, sem equipamentos e próximas a grandes vias, criando barreiras urbanísticas22.

37


2.9 Projeto integrado

Justificativa

F

38

oi incumbido ao grupo da matéria de Projeto integrado, do 9º semestre do curso de arquitetura e urbanismo, qual faço parte, o objetivo de diagnosticar as problemáticas de um recorte definido por todos os trabalhos de TFG dos integrantes. Cortadas por duas dos principais eixos viários de Campinas, a região é marcada pela forte presença de indústrias, como por exemplo o condomínio industrial Tecnopark. Dado o quadro do local foi observado que a área apresenta as seguintes fragilidades: Área 01: Área isolada das demais regiões do recorte e com a presença de comercio e residências em lotes irregulares provindos de ocupações. Área 02: Área isolada da centralidade com o mínimo de infraestrutura. Área 03: Área com a presença de ocupações a beira da ferrovia em área non-aedificandi, sendo assim não passiveis de regularização Área 04: Área mista de uso residencial com industrial, possuindo pouca diversidade.


Proposta final

P

ara solucionar as problemáticas apontadas, o projeto vem com o objetivo de criar um eixo cultural na região, de modo a unir todas as regiões apontadas. O eixo vem com intervenções ao longo do seu caminho, trazendo lazer e cultura aos diversos pontos, além de solucionar a ausência de arborização. Com um mobiliário padronizado, o objetivo é proporcionar uma identidade ao parque, perpassando por diversas regiões com inúmeras particularidades. 39




3. Levantamentos

Levantamentos

A

42

área envoltória do conjunto habitacional CDHU F Pe. Anchieta, se configura principalmente pelo uso industrial e as grandes vias que cortam a localidade. Devido a mescla de uso industrial/residencial o gabarito se mostra baixo entre 1 a 3 pavimentos, exceto aos conjuntos habitacionais verticais ali construídos. O transito é moldado em função da anhanguera que gera uma barreira física entre os bairros circundantes. A região possui pouca arborização e praças, tornando o passeio e o lazer um tanto quanto incomôdo. Há poucas linhas de ônibus que passam próximo ao CDHU, a quantidade maior de linhas passam pela via Anhanguera ou a parte noroeste do bairro onde se encontra o terminal PE. Anchieta.


43


44

Levantamentos


45


46

Levantamentos


47




Projeto

4.1 Referência projetual 4.1.2 Charlotte Garden Ficha técnica

50

Escritório: SLA Arquitetos Local: Copenhague / Dinamarca Início do projeto: 2003 Conclusão do projeto: 2004 Área construída: 13.000 m² Tipo da obra: Transformação de um Jardim

O projeto

O

projeto consiste em uma requalificação de um jardim que está cercado por um conjunto habitacional na cidade de Copenhague na Dinamarca. O jardim traz diversas experiências sensoriais devido as inúmeras formas e espécies utilizadas. O caminho orgânico proposto além de trazer movimento ao caminhar, permite uma maior interação visual aos moradores ao olhar pela janela. As espécies de plantas utilizadas trazem cores diferentes ao decorrer das estações do ano, proporcionando um jardim dinâmico.


Disponível em: https://www.sla.dk/en/projects/charlottehaven

51

Disponível em: https://www.sla.dk/en/projects/charlottehaven


Projeto

52

4.1.2 Escola Bernoulli

O projeto

Ficha técnica

O

Escritório: Studio dLux Local: Belo Horizonte - MG Início do projeto: 2018 Conclusão do projeto: 2019 Área construída: 3.700 m² Tipo da obra: Escola infantil

projeto consiste na transformação de uma antiga indústria com escritórios para ser uma escola lúdica e colorida. O projeto aproveitou a estrutura existente que era de concreto aparente, possuia um pé direito baixo e poucas aberturas. Para solucionar esses problemas, os arquitetos fizeram dois átrios centrais para que todas as salas pudessem aproveitar a iluminação natural. Na fachada utilizaram o brise como forma de identidade e fizeram o uso de cores que condizem ao programa pedagógico da escola.


Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/925414/escola-bernoulli-gostudio-dlux

53

Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/925414/escola-bernoulli-gostudio-dlux


4.2 Porque reformar?

Projeto

C

54

4.2.1 Tabela comparativa

ada vez mais vemos na faculdade de arquitetura e urbanismo a necessidade de um olhar mais solidário, mais crítico sobre a cidade. A motivação sobre esse TFG vem justamente nesse ponto, onde é observado uma falha nos projetos habitacionais no Brasil. Tendo em vista tais falhas, inclusive no projeto do CDHU F e dispensando todo o conceito de projeto de tabula rasa, a proposta deste TFG é uma tentativa de solucionar problemas desse conjunto habitacional específico, mas que sirva de exemplo de aplicação para os demais do Brasil inteiro. Com as pesquisas apresentadas é mostrado que uma reforma é mais barata do que a construção de novos edifícios e pode solucionar as diversas problemáticas do projeto original , sendo assim dispensando a construção de um novo. Uma vez observado a falha do projeto original e comprovado a não eficiência completa, pode-se tomar três caminhos: O primeiro seria ignorar esse fato e continuar a construir habitações repetitivas e de baixa qualidade, o segundo seria a demolição total desse projeto ineficiente e construir um novo e por ultimo a requalificação do projeto existente, no qual é o objetivo desse presente TFG. A tabela a seguir simula dois orçamentos considerando duas situações: Um edifício CDHU requalificado e um edificio CDHU totalmente novo seguindo padrões aceitaveis para ter uma boa habitação. Os cálculos são para fins comparativos e não incluem Com a tabela fica claro que a reforma de adequação fica cerca de 1/3 de uma obra completa. fundação nem os cálculos reais de obra.


4.3 Projeto 4.3.1 Conceito e Partido Conceito: Plug-in Plug-in é definido na informática como “todo programa, ferramenta ou extensão que se encaixa a outro programa principal para adicionar mais funções e recursos a ele”23, e na arquitetura abordado pelo arquiteto pós modernista Peter Cook na década de 60, com o projeto da Plug-in city “cujas unidades residenciais modulares se “conectam” a uma máquina central”24. Trazendo o conceito ao projeto da requalificação do projeto do CDHU F, o foco é criar novos dispositivos que agreguem funções e recursos, como aumentar a área útil nos apartamentos, novos cômodos e trazer controle bioclimático e sonoro.

Partido • Estrutura modular em aço: A utilização de estruturas em aço permite uma maior velocidade nas obras. As vigas e pilares são dimensionadas previamente e transportadas direto da fábrica para obra, minimizando o trabalho in-loco. • Uso de jardim vertical: Uso desse recurso permite que seja tratada as empenas cegas, criando um controle de insolação e ruído, além de criar identidades aos blocos utilizando as diversos desenhos e cores. • Uso do paisagismo para criação de áreas de lazer; Como visto nos levantamentos a área não possui uma praças ou áreas verdes no entorno do conjunto habitacional. Utilizando o paisagismo é possível criar novas áreas de lazer agradáveis.


4.4 Programa Plug-in

Em alguns blocos não se recebe o sol suficiente enquanto outros recebem além do necessário. A solução para essa programa plug-in consiste em uma série de proposta é propor soluções como jardim verticais e brises interveções a serem feitas em conjuntos habitacionais para controle da insolação. para promover bem estar e conforto aos moradores, tanto na escala individual quanto na coletiva. Desses plug-ins 4.4.4 Plug-in Paisagismo podemos citar quatro: O plug-in Paisagismo vem com a função de transformar espaços não edificados em objetos de 4.4.1 Plug-in Encontro paisagismo. Mesclando o uso com funcional com o uso O plug-in de encontro tem por objetivo criar novos ornamental, o principal conceito dos jardins é usar a caminhos e fluxos que integrem os moradores e promova sazonalidade de cada especie para criar um jardim orgânico encontros. Ele tem por função promover a escala coletiva. e que se transforma em cada estação do ano.

O

Projeto

4.4.2 Plug-in Anexo

56

O plug-in anexo cria uma estrutura adjacente ao edificio original. Essa intervenção só é possivel onde as estruturas originais permitem interveções. Estruturas do tipo viga pilar podem sofrer mais alterações e deve ser feito um estudo para a viabilização do projeto. Projetos executados com alvenaria estrutural de bloco de concreto não permitem tais intevenções e não tem a possibilidade de aplicação desse recurso.

4.4.3 Plug-in conforto Ao projetarem o conjunto CDHU F (e como acontece em outras situações) não se atentaram ao estudo bioclimático para posicionar as janelas dos apartamentos.


4.4.5 Implantação com o projeto plug-in aplicado

57


4.5 Planejamento da obra de reforma

Projeto

58


4.5.1 Localização projeto HOPE

59


4.6 Plug-in encontro

4.6.1 Analises dos fluxos

C

Projeto

60

omo apresentado no diagnóstico da área, os caminhos propostos pelo projeto inicial do CDHU acabam por segregar ainda mais o convívio entre os próprios moradores. Os caminhos são retos, curtos e “jogam” os moradores para dentro de suas casas. O plug-in caminhos vem com o objetivo de fortalecer os laços coletivos. A proposta é criar caminhos mais conectivos, orgânicos e que se encontram no centro da quadra. Desde o primórdio da arquitetura o uso do miolo de quadra é presente, às vezes como meio de privacidade do morador, área pública ou um pátio de conteúdo religioso. Com o avanço da industrialização e adensamento das cidades, esse uso ficou cada vez menos presentes nos projetos de arquitetura.25 Para o CDHU o pátio vem com a função de criar um ambiente interno mas que seja uma abertura para o externo, um espaço que se abre para fora26, uma maneira de sentir a escala humana com a mescla de natureza que antes estava totalmente distante dos moradores27, conseguindo separar o barulho da grande cidade, tornado um espaço de relaxamento e tranquilidade28. Ao mesmo tempo consegue conectar o convívio entre os moradores do bloco, tornando-se um espaço de uso coletivo de cultivo ao lazer e ao ócio.


4.6.2 Novo fluxo proposto

61

Figura 20 - Implantação geral


4.7 Plug-in conforto

4.7.1 Escolha do modelo do brise

o fazer o estudo bioclimático do local é constatado que algumas fachadas recebem muito a incidência solar, o que acaba sendo prejudicial, uma vez que essas fachadas são de quartos e área social. Devido ao Brasil ser um país tropical, situações como essa costumam ser bem inconvenientes, onde no verão mais quente a temperatura máxima pode chegar aos 38º C. Para isso são feitas duas intervenções por parte do plug-in de conforto: a criação de jardins verticais e brises.

Projeto

A

62

Com a aplicação do Jardim vertical ou fachada viva temos uma queda de cerca de 6ºC no verão e 3ºC no inverno29 dentro das habitações, onde é possível unir a beleza, conforto e bem estar com a aplicação do mesmo. O uso do brise nas fachadas noroeste reduz a quantidade de insolação direta recebida pelo sol. Para isso o brise é dimensionado para cobrir a maioria dos raios solares recebidos, deixando apenas o necessário para ter um ambiente saudável e insolação desejável nos períodos de tempo frio.


4.7.2 Calculo de brise

63


4.7.3 Projeto executivo do brise

Projeto

64


65


4.7.4 Projeto executivo do jardim vertical

Projeto

66


67


4.7.5 Detalhamento do jardim vertical

Projeto

68


4.7.6 Orรงamento final do plug-in conforto

69


4.8 Plug-in paisagismo

Projeto

D

70

e acordo com a tese apresentada por Eugênio Fernandes Queiroga arquiteto e urbanista, que se baseia na tese de Miranda Magnoli,30 todo espaço livre de edificação deve ser objeto de paisagismo, podendo assim, ser trabalhada em diversas escalas de projeto. Visto isso e a fim de atender a demanda de falta de praças no entorno do CDHU, o objetivo é atuar em todas as áreas não edificadas e transformar o passeio público e privado das quadras. As praças muitas vezes se tornam mais do que apenas uma área arborizada, “em várias situações a praça pode ser um dos elementos de identidade”31 trazendo personalidade e referência para os moradores da localidade. Atualmente os caminhos internos segregam e impossibilitam o encontro de pessoas, pouco lazer, e convívio. Com uma nova arborização, o objetivo principal é a criação de micro praças nos blocos. A fim de representar essa sociedade que evolui e que muda, o jardim é sazonal e se transforma ao decorrer das estações como se fossem organismos em mutação, e contrastando com as linhas retas dos conjuntos habitacionais. No centro do jardim será proposto um jardim de troca de conhecimentos, ou seja, as espécies plantadas são as que são de conhecimento dos mais antigos e são usados tanto para fins medicinais quando culinários. A ideia é promover trocas de conhecimento no local, um saber a ser passados dos mais velhos para os mais novos.


4.8.1 Diagrama de floração

71


4.8.2 EspĂŠcieis utilizadas

Projeto

72


73


Projeto

4.8.3 Implantação (bloco modelo)

74


4.8.4 Implantação (localização de espécies)

75

Figura 21 - Implantação ampliada


Projeto

4.8.5 Planta de plantio

76


4.8.6 Cortes

77


Projeto

4.9 Projeto Lumino-tĂŠcnico

78


4.9.1 Escolha das luminรกrias

79


Projeto

4.10 Fachadas

80


81


Projeto

4.11 Orรงamento final

82


4.11.1 Fomas de financiamento.

A

nalisado as formas disponíveis de financiamento no projeto, a mais possível para atender a essa reforma seria o Fundo de Apoio à População de SUB-HABITAÇÃO urbana ou FUNDAP, uma vez que a outra opção válida foi cancelada pelo governo atual (cartão reforma). O projeto completo de transformação dos blocos do projeto piloto totalizou em R$ 1.359.060,00, que divido pelo numero de unidades habitacionais (200) totaliza em R$ 6.795,30, podendo ser parcelado de acordo com estabelecido pelo programa da prefeitura. O projeto assim como o financiamento, é pensado no coletivo, devendo ter a participação de todos para o devido uso e aplicação do projeto. Como premissa básica o projeto deve conter melhorias em todos os aspectos, tanto micro quanto macro.

4.12 Imagens do projeto: Visão serial de Gordon Cullen

G

ordon cullen, arquiteto e urbanista, define a paisagem urbana como uma “sucessão de surpresas ou revelações súbitas”32 que tambem é chamado de visão serial. Cada imagem ou sequência de imagem pode provocar uma sensação diferente, sendo vista pode parecer mera coincidência, mas que se deve se colocar a serviço da “imaginação humana”33. A seguir veremos as imagens do projeto de transformação do CDHU F conforme sequência apresentada no mapa abaixo:

83


Projeto

4.12.1 Vistas: Vista 01

84


Vista 02

85


Projeto

Vista 03

86


Vista 04

87


Projeto

Vista 05

88


Vista 06

89




Apêndice

5.1 Plug-in inconcebível (um exercício para as próximas habitações) 92

O plug-in a ser descrito nas próximas páginas se trata de um crítica/exercício para as próximas habitações a serem construídas ou as que permitirem a intervenção. Devido ao sistema construtivo adotado pelo CDHU, não foi possível qualquer transformação no assunto layout ou ampliação. De acordo com o IBGE Censo 2010, a predominância de moradores no conjunto habitacional CDHU F está em torno de 3 a 5 moradores por domicílio, e a partir disso fica claro que o projeto já é ineficiente desde a sua concepção e ainda mais se imaginarmos um cenário que cada família possui uma necessidade diferente. Após a análise dos dados censitários e da planta tipo existente, fica claro que não temos um espaço suficiente

para uma família com mais de 4 integrantes. Para isso, a proposta do plug-in anexo é trazer uma estrutura que amplie a área construída para minimizar os problemas referentes ao espaço interno e trazer um maior conforto dentro dos apartamentos. Através do anexo proposto, o objetivo é criar um novo espaço para evitar a obsolescência dos apartamentos, que terão um aumento de cerca de 18 % de área útil, possibilitando diversas possibilidades de layout. A sociedade está se moldando, e a demanda atual pode se alterar daqui a 10 ou 20 anos. Para que o projeto não fique ultrapassado, a adequação conta com a substituição de paredes de alvenaria por paredes de gesso, utilizando o conceito de planta livre, para que a construção não fique estática no tempo. Então é proposto 04 tipologias de melhora de apartamento, divididos pela sua quantidade de intervenções. O conceito principal com essas intervenções


é proporcionar o máximo de possibilidades e atender as diferenças do ser humano. O anexo será composto de uma estrutura metálica de aço com laje em steel deck e gerando uma obra mais limpa e com maior velocidade de construção, uma vez que esse método permite a rápida montagem e já vem com as peças prontas de fábrica, sendo necessário somente a montagem e finalização.

5.3 Novas tipologias

5.2 Localização dos anexos

93


ApĂŞndice

5.3 PrĂŠ dimensionamento

94


5.3.1 Planta de formas

95


Apêndice

5.3.2 Pré laje Steel Deck

96


5.2.2 Finalização Devido ao metódo construtivo utilizado no CDHU F e em tantos outros conjuntos habicionais no Brasil ser de alvenaria estrutural, impossibilita ou dificulta modificações posteriores. Como a própria parede faz a função de vedação e estrutura, qualquer modificação pode abalar a estrutura e colocar em risco a edificação inteira. Se pensarmos em um cenário em que a sociedade se molda, se ajusta e se transforma com o tempo, porque temos que pensar em uma solução estática? O ponto desse TFG vem como uma tentativa de melhorar o bem estar dos moradores dos conjuntos habitacionais na extensão do território nacional , o CDHU é só mais um caso de políticas e diretrizes ineficientes de construição de HIS, a ideia é provar que é possível melhorar a vida dos moradores. 97


Referências 1 Schweizer, JP Junior, WP. Casa, moradia, habitação. Revista 9 Bonduki, N, Origens da Habitação Social no Brasil. de Administração pública RAP, 1997 Set./Out. 31 (5). 54-69. Arquitetura moderna, Lei do Inquilinato e difusão da casa própria. São Paulo, FAPESP;1998. 2 Brasil. Constituição (1988). Constituição da República 10 Freitas, ELP. Como qualificar conjuntos habitacionais Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal; 1988 populares; Brasilia, Caixa economica Federal; 2004 3 Banco de dados CBIC [homepage da internet]. Déficit Habitacional no Brasil [acesso 23 fev 2020] disponível em: 11 Slessor C. Grand Parc, Bordeaux review – a rush of light, air and views. Guardian News & Media Limited or its affiliated http://www.cbicdados.com.br/ companies; [periódico da interne]. 2019 May. [acesso em 4 Freitas, ELP. Como qualificar conjuntos habitacionais 02 mar 2020]. Disponível em: https://www.theguardian. com/artanddesign/2019/may/12/grand-parc-bordeauxpopulares; Brasilia, Caixa economica Federal; 2004 lacaton-vassal-mies-van-der-rohe-award 5 Camargo, CM. Habitação Coletiva Popular na Área central de Campinas (1980 – 2007): Formas, Usos e Conflitos. 12 – 13 Cavalcante, YA; Barros, RR. Tecnologia e cultura no projeto da habitação latino-americana: um olhar sobre o Revista Oculum Ensaios. 2008. 7 (8).90-109 conjunto Padre Manoel da Nóbrega, São Paulo, FAPESP; 6 - 7 Susanna Moreira. “O que é Habitação de Interesse 2016. Social?”. ArchDaily Brasil. [periódico da internet]. Out 2019 [acesso em 16 mar 2020]. Disponível em: https:// 14 15 Campinas (SP). Lei complementar municipal Nº www.archdaily.com.br/br/925932/o-que-e-habitacao-de- 208/2018. Dispõe sobre o parcelamento, ocupação e uso do solo no município de Campinas. Campinas, SP: interesse-social Prefeitura Municípal de Campinas; 2018 8 Dicionário do Ministério do desenvolvimento Regional. Ministério do desenvolvimento Regional. [homepage da internet]; site institucional [acesso em 08 jun. 2020]. Disponível em: http://www.capacidades.gov.br/ dicionario/index/letra/z

16 Campinas (SP). Lei complementar municipal Nº 189 /2018. Dispõe sobre o Plano Diretor Estratégico do município de Campinas. Campinas, SP: Prefeitura Municípal de Campinas; 2018


17 Assistência técnica para melhoria habitacional. vitruvius 24 The Plug-In City, 1964 / Peter Cook, Archigram. Archdaily arquitextos [periódico de internet]; 2013 jun. [acesso em Brasil [periódico de internet]; 2014 jan. [acesso em 18 mai 02 mar 2020]. Disponível em: https://www.vitruvius.com. 2020]. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/ br/revistas/read/arquitextos/14.157/4803 br/01-166703/the-plug-in-city-1964-slash-peter-cookarchigram 18 Jesus, CRM; Bottura MMS; Recomendações para elaboração de orçamento de obras de reabilitação de 25 26 27 28 Dias, FV; Campos, MM; Pátios: espaços de edifícios habitacionais; Ambiente Construído, 11(2), 57-72. introversão e captura de paisagem. Arquitetura e paisagem cultural; 2º colóquio Ibero-Americano, Espírito Santo, UFES; 19 CDHU Companhia de Desenvolvimento Habitacional e 2012 Urbano do Estado de São Paulo [homepage da internet]. Site institucional. [acesso 08 mar2020] disponível 29 Morelli, DDO; Matheus, C; Caetano, FDN; Labaki, LC; em: http://www.cdhu.sp.gov.br/web/guest/servicos- Desempenho térmico de envoltórias vegetadas em mutuario/reformas-em-apartamentos?inheritRedirect=tr edificações no sudeste brasileiro; São Paulo; UNICAMP; ue 2015. 20 COHAB Companhia de habitação popular de 30 Queiroga, EF; Sistemas de espaços livres e esfera pública Campinas[homepage da internet]. Site institucional. em metrópoles brasileiras Resgate: Revista Interdisciplinar [acesso 08 mar2020] disponível em: https://www.cohabcp. de Cultura, Campinas, SP, v. 19, n. 1, p. 25–35, 201. com.br/ 31 Queiroga, EF; Dimensões Públicas do espaço 21 - 22 Alves, RN, Diálogos entre os espaços livres de Contemporâneo: Resistência e transformações de Campinas: Da vizinhança ao município. Campinas,PUC- territórios, paisagens e lugares urbanos brasileiros. São Campinas;2007. Paulo: Universidade de São Paulo, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo; 2012 23 O que é Plugin?. Tecmundo [periódico de internet]; 2008 ago. [acesso em 18 mai 2020]. Disponível em: https:// 32 33 Cullen, G, Paisagem Urbana. Lisboa: Edições 70, 1996. www.tecmundo.com.br/hardware/210-o-que-e-plugin-. htm


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.