A Fé defendida

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Alessandro lima

1ª edição Brasília - DF Alessandro Lima Em defesa da Fé Católica nas questões mais difíceis 2 Capa: Parte da Obra de Frank Soltesz – Paulo no Aerópago. Arte de Carlos Eduardo Campos dos Anjos. Editoração: Alessandro Lima. Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, especialmente por sistemas gráficos, micro fílmicos, fotográficas, reprográficos, fonográficos, videográficos, internet, ebooks. Vedada a memorização, recuperação total ou parcial em qualquer


sistema de processamento de dados e a inclusão de qualquer parte da obra em qualquer programa jus cibernético. Essas proibições aplicam-se também às características gráficas da obra e a sua editoração. A violação dos direitos autorais é punível como crime (artigo 184 e parágrafo, do Código Penal, cf. Lei nº 6.895, de 17/12/80) com pena de prisão e multa, conjuntamente com busca e apreensão e indenizações diversas (artigo 102, 103 parágrafos únicos, 104, 105, 106 e 107 itens 1, 2 e 3 da Lei nº 9.610, de 19/06/98, Lei dos Direitos Autorais). Lima, Alessandro Em defesa da Fé Católica nas questões mais difíceis / Alessandro Lima – Brasília – DF: Clube dos Autores 2012 483 páginas ISBN: A registrar 1. Religião. 2. Igreja Católica Apostólica Romana. 3. Catequese. 4. Doutrina Católica. 5. Apologética Alessandro Lima 3 “E quem vos há de fazer mal, se sois zelosos do bem? Mas se sofreis por causa da justiça, bem-aventurados sois! Não tenhais medo nenhum deles, nem fiqueis conturbados, antes, santificai a Cristo, o Senhor, em vosso corações, estando sempre prontos a dar razão da vossa esperança a todo aquele que vo-la pede; fazei-o porém, com mansidão e respeito, conservando a vossa boa consciência, para que, se em alguma coisa sois difamados, sejam confundidos aqueles que ultrajam o vosso bom comportamento em Cristo, pois será melhor que sofrais – se esta é a vontade de Deus – por praticardes o bem do que praticando o mal.” (1 Pedro 3,13-17). Em defesa da Fé Católica nas questões mais difíceis 4 Alessandro Lima 5 DEDICATÓRIA Ao Deus Uno e Trino: Criador, Salvador e Santificador,


À Maria Santíssima minha mãe querida, Aos meus pais José Estélio (in memorian) e Zilda, A D. Estêvão Bettencourt (in memorian) pelo seu exemplo e zelo na defesa da Fé, A todos os ex-membros do Veritatis Splendor, Aos meus alunos, ex-alunos e leitores. Em defesa da Fé Católica nas questões mais difíceis 6 Alessandro Lima 7 Índice Prefácio ............................................................................................... 11 Apresentação ...................................................................................... 18 Introdução .......................................................................................... 22 Somente a Bíblia? ............................................................................... 28 O Problema da Autoridade na “Sola Scriptura” ................................. 31 Examinando a “Sola Scriptura” ........................................................... 36 A Sagrada Escritura e a Escola de Atenas ........................................... 50 Leia a Bíblia? ....................................................................................... 53 Sola Scriptura: Silogismo ou Sofisma? ................................................ 57 Tradição e tradição ............................................................................. 63 A Sagrada Tradição e os Protestantes ................................................ 74 A Sagrada Tradição é igual à Sagrada Escritura? ................................ 85 O protestantismo e a fé no Cristo das Sagradas Escrituras ................ 93 A Fé e a Autoridade da Igreja ............................................................. 97 A Igreja por ser formada por homens é falível? ............................... 105 A Origem da Bíblia ............................................................................ 109


O Cânon de Jâmnia ........................................................................... 112 Uma Breve Análise Sobre os Deuterocanônicos do AT .................... 122 Apócrifos, um cristianismo escondido?............................................ 130 Existiram citações de Jesus dos livros deuterocanônicos? .............. 136 Em defesa da Fé Católica nas questões mais difíceis 8 A Fé Responsável .............................................................................. 140 A Eclesiologia Protestante ................................................................ 144 O Protestantismo não quer ser protestante .................................... 146 A Igreja Primitiva era Católica ou Protestante? ............................... 170 O que é Igreja Apostólica? ................................................................ 181 Como o Protestantismo pode ser um retorno às origens da fé? ..... 196 O Nome da Igreja .............................................................................. 229 Com a Sé Romana devem estar em comunhão os cristãos do mundo inteiro ............................................................................................... 232 A Igreja Católica é a prostituta do Apocalipse? ................................ 237 A Igreja Católica e o Paganismo ....................................................... 243 A Igreja Católica Paganizou a Fé Cristã? ........................................... 250 A Igreja Católica foi fundada por Constantino? ............................... 258 Breve Análise sobre os Deuterocanônicos do Antigo Testamento .. 265 O Cânon de Jamnia ........................................................................... 274 Protestante pergunta sobre a “venda de indulgências” .................. 285


Pregação, Martírio e Espiscopado de São Pedro em Roma ............. 290 Protestante pergunta sobre Infalibilidade Papal ............................. 295 Colaboramos ou não para nossa salvação? ...................................... 304 Leitora pergunta se devemos ter certeza da salvação ..................... 313 Dia do Senhor: Sábado ou Domingo? ............................................... 316 Dia do Senhor: refutando os adventistas ......................................... 330 Alessandro Lima 9 Dia do Senhor: origem pagã? ........................................................... 336 São Paulo contra o Adventismo do Sétimo Dia ................................ 352 A Doutrina Luterana da Salvação ..................................................... 361 A Igreja tem o poder de perdoar pecados? ...................................... 366 Qual a base bíblica para a doutrina do Purgatório? ......................... 372 Deus proíbe a confecção de imagens? ............................................. 378 Os católicos adoram os santos? ....................................................... 382 Defesa da veneração dos santos pelos primeiros cristãos ............... 390 A Intercessão dos Santos .................................................................. 392 A Intercessão dos Santos na Sagrada Escritura ................................ 403 Mais reflexões sobre a intercessão dos santos ................................ 406 Onde se encontra a canonização dos santos na Bíblia? ................... 414 Santa Maria, Mãe de Deus ............................................................... 416 A Imaculada Conceição .................................................................... 423


Mais reflexões sobre a Imaculada Conceição .................................. 429 Santa Maria, Sempre Virgem............................................................ 437 Quem são os "irmãos" de Jesus? ...................................................... 443 O Batismo de Crianças ...................................................................... 456 A Indissolubilidade do Matrimônio .................................................. 461 Deus proíbe o consumo de bebidas alcoólicas? ............................... 469 Bibliografia ........................................................................................ 481 Em defesa da Fé Católica nas questões mais difíceis 10 Alessandro Lima 11 Prefácio O dia 22 de junho de 2002 marca a fundação oficial de um dos maiores Apostolados católicos dedicados à defesa e disseminação desta Fé na Internet de língua portuguesa: o "Veritatis Splendor". Até então o que normalmente se encontrava na rede mundial de computadores era uma multiplicidade de pequenos e médios sites católicos, mantidos por este ou aquele leigo engajado no seu respectivo projeto de apostolado pessoal. Entre esses sites, destacavam-se até então o "Agnus Dei" (o mais antigo e o maior em número de seções e artigos), mantido por este Prefaciante; o "Firmes na Fé", de Cledson Ramos Bezerra; o "JesusCristo.KitNet", de Wellington Campos Pinho, atual mantenedor do "Bíblia Católica"; o "Apologética Católica", de Jaime Francisco de Moura; o "Sou Católico, Sou Igreja", de Toni Lopes; e, por fim, o "Servi Dei", de Rogério Silva. Além destes, outros apostolados pequenos e médios eram bem acessados, como "A Hora de São Jerônimo", de Carlos Ramalhete; “Frente Universitária Lepanto”, de Frederico Viotti; e "Associação Cultural Montfort", de Orlando Fedeli, mas somente este último contava com artigos de colaboradores realmente associados ao fundador. Poucos sabem, mas o real ponto de origem do Veritatis Splendor ocorreu alguns anos antes da sua fundação


oficial; pode ser exatamente colocado em 1999, quando "mais um" protestante resolve escrever para dois desses apostolados pessoais - mais precisamente para o "Agnus Em defesa da Fé Católica nas questões mais difíceis 12 Dei" e para "A Hora de São Jerônimo"1 - inconformado e descontente com o teor das defesas que encontrara nesses sites acerca dos privilégios de Nossa Senhora. Por outro lado, como sempre, os "dois Carlos" - o Nabeto e o Ramalhete - respondem aos questionamentos, tentando fazê-lo enxergar a legitimidade de tais atributos marianos, bem como de outras matérias apontadas por reflexo, já que, como todo bom protestante, sabia manusear muito bem a "metralhadora giratória" de temáticas anticatólicas. A troca de e-mails foi intensa, até que em 2000, Alessandro reconhece a firmeza da doutrina católica e resolve, finalmente, se converter à Fé Católica, não obstante parte de sua família também não ser católica. Assim, pouco tempo depois, lança também o seu site, denominado "Ictis", visando auxiliar outros não-católicos a se decidirem conscientemente pelo Catolicismo, "a atravessarem o Tibre", como costumamos a dizer em Apologética. Surgia então mais um bom apostolado católico pessoal na Internet. E assim foi até o ínicio de 2002: cada pequeno ou médio apostolado por sua própria conta, isto é, por conta do seu respectivo fundador... Cada fundador redigia, traduzia, selecionava artigos, respondia a inúmeros emails, arcava com as despesas de hospedagem e, ainda, programava - literalmente - as páginas (na grande maioria das vezes, uma a uma, em linguagem HTML pura, já que a tecnologia de páginas dinâmicas empregando de banco de dados (PHP / ASP), ainda engatinhava). 1 http://www.hsjonline.com. Alessandro Lima 13 Em razão de toda essa multiplicidade de tarefas, que demandava muito tempo, dois apostolados começaram a dar mostras de que não poderiam seguir adiante: o "Agnus Dei", o pioneiro, existente desde 1997, em razão deste Prefaciante estar concluindo a graduação em Direito e se preparando para os Exames da Ordem dos Advogados; e o "Firmes na Fé", praticamente pelos mesmas razões... Essa situação preocupava bastante não apenas os


donos destes dois sites, mas também outros apostolados pessoais, pois a defesa da Fé não podia parar e a atenção dedicada aos leitores e visitantes destes sites, já na ordem de milhares, também não. Porém, a situação ficou insustentável... Com efeito, o fundador do "Firmes na Fé" doa o conteúdo do seu site para ser migrado para o "Agnus Dei"; mas a tarefa de migração seria impossível naquele momento, em que o próprio "Agnus Dei" estava com muitas dificuldades em continuar. Após muito pensar e rezar, este Prefaciante, com a concordância do fundador do "Firmes na Fé", resolveu doar todo o conteúdo do "Agnus Dei" e do "Firmes na Fé" para o fundador do "Ictis", isto é, para o Alessandro, o qual já começava a empregar tecnologia de banco de dados e podia, portanto, proceder a toda migração de um modo muito mais rápido e eficaz. Apesar de inicialmente ter ficado apavorado com a oferta de doação, Alessandro a aceitou, mas em razão da enorme quantidade de artigos do "Agnus Dei", resolveu mantê-lo em paralelo com o seu “Ictis”. Mas, decorridos ainda poucos meses, esta decisão revelou-se difícil de ser sustentada na prática, em razão do imenso trabalho que os Em defesa da Fé Católica nas questões mais difíceis 14 dois sites separados demandavam, cada qual contando já centenas e mais centenas de artigos e dezenas de áreas e sub-áreas. Os dois sites foram, então, reunidos e houve a ideia de convidar outros apostolados católicos a se unirem num esforço colaborativo único. Aceitaram o convite de união os seguintes apostolados: "JesusCristo.KitNet", "Apologética Católica", "Sou Católico, Sou Igreja" e "Servi Dei", que tiveram seu conteúdo totalmente migrado para o mesmo banco de dados. Faltava, porém, "dar o nome" para este Apostolado: adotar-se-ia o nome de algum dos sites integrados ou um novo nome? Resolveu-se que o nome seria "Veritatis Splendor", o "esplendor da verdade", que era o nome de uma lista de discussão, criada entre 1999 e 2000, e que já reunia, de alguma forma, todos os apologistas que agora vinham juntar forças em um Apostolado maior, visando atender exigências maiores. E a estes se juntaram outros apologistas e colaboradores, que também ajudariam o Veritatis a se tornar referência na Internet de língua portuguesa,


firmando-se cada vez mais ano após ano. Em razão de tudo isso, mas ainda por causa da solidez de suas posições alinhadas com o legítimo Magistério da Igreja, o Apostolado Veritatis Splendor pôde sempre contar - nestes anos que já se passaram - com o apoio maciço e incondicional de seus milhares de leitores assíduos e visitantes, colaborando na formação de opiniões autenticamente católicas, como, por exemplo, em 2008, quando o Apostolado protagonizou um forte movimento contra a colocação de depoimentos pró-aborto no DVD oficial da Campanha da Fraternidade daquele ano; e embora a CNBB, em um primeiro momento, não tenha removido do Alessandro Lima 15 referido DVD os depoimentos que eram contrários à fé católica - como requeria o Apostolado - algum tempo depois, mas ainda tempestivamente, procedeu ao recolhimento dos DVDs distribuídos em todo o Brasil, substituindoos por outros sem tais depoimentos, logo após o Veritatis Splendor publicar uma Carta Aberta e remetê-la às autoridades competentes no Vaticano, instruída com uma cópia daquele DVD contrário à moral católica. Destaca-se ainda, como que uma "coroação pelo bom trabalho" desenvolvido pelo Veritatis, a autorização dada pelo saudoso Dom Estêvão Tavares Bettencourt, em 2003, para que, através do site do Apostolado, qualquer interessado pudesse acessar gratuitamente ao acervo digital completo da sua obra prima mais conhecida e respeitada: a revista "Pergunte e Responderemos". E, para tornar isso possível, os próprios membros do Apostolado contribuíram entre si com vistas à aquisição de um scanner automático e de todo o acervo da revista. A difícil e longa tarefa de separação, preparação e digitalização das 555 revistas levou meses, sendo apenas concluída em 2009. Ainda assim, o Apostolado continua a fomentar outros projetos de fôlego, sendo o último deles a "Wikatólica" 2, já no presente ano de 2012. Mesmo assim, uma das coisas que mais impressiona no site do Apostolado, sem sombra de dúvidas, é o seu imenso banco de artigos, que ultrapassa a casa dos 6 mil artigos já publicados, dos mais simples aos mais profundos, abrangendo praticamente todas as áreas de interesse 2 http://wikatolica.com.br


Em defesa da Fé Católica nas questões mais difíceis 16 do Cristianismo e não apenas a Apologética em si. E é de se fazer notar que até mesmo muitos dos artigos encontrados em outros sites católicos (e até mesmo nãocatólicos!) têm como ponto de partida autores e tradutores do Veritatis Splendor, responsáveis pelo lançamento dos artigos inéditos ou das traduções livres ou oficiais, também inéditas em língua portuguesa; isto porque, desde sempre, o Veritatis permitiu a livre difusão sem cortes de seus artigos e traduções, visando ampliar ao máximo o conhecimento e edificar a fé dos seus leitores, católicos ou não, na mais estrita aplicação desta grande ordem de Jesus: "O que de graça recebestes, de graça dai" (Mateus 10,8). Pois bem. O livro que você, caro leitor, tem agora em mãos representa tão somente uma singela parte desse enorme banco de artigos; ele é composto por cerca de 50 artigos, todos da autoria do meu caríssimo irmão em Cristo, Alessandro Ricardo Lima, redigidos de uma maneira bastante clara, direta e didática - como excelente professor que ele é - mas sem deixar de prover ainda informações sólidas, profundas e, sobretudo, confiáveis - como excelente apologista católico que ele também é. E, por se tratar de um livro de Apologética Católica, reflexo de uma das principais e mais reconhecidas qualidades deste Apostolado, o Autor nos reúne aqui um leque bem abrangente de temas, abordando, desde o mais básico e fundamental - a Palavra de Deus (=Sagrada Escritura, Sagrada Tradição e Sagrado Magistério) - ao mais avançado, mas não menos importante, uma vez que costuma ser alvo frequente de ataques e distorções por parte dos nãocatólicos - a Eclesiologia e a Justificação do homem. Alessandro Lima 17 Esta obra é, portanto, um "must" para todo cristão, seja ele católico ou não, pois: Diante dos "desafios" a que todo fiel católico está sempre sujeito hoje, em nossa sociedade "laica e pluralista", deve ele se preparar com um conhecimento superior à média, para estar sempre "pronto a dar, a todos que a pedirem, a razão da sua Fé" (cf. 1Pedro 3,15); Em face de tantas acusações contra a Fé e a Prática


Católicas, deve o não-cristão de boa vontade, saber exatamente o que ensina esta Igreja - e não simplesmente confiar naquilo que ouve dizer de outros não-católicos -, para que então formar imparcialmente o seu próprio juízo de valor, atentando-se ainda para o fato de que muitos dos membros e ex-membros deste Apostolado um dia também já foram não-católicos. Brilhe então sobre todos o Esplendor da Verdade! Boa leitura! São Vicente-SP, aos 22 dias de junho de 2012, memória litúrgica de São Tomás More (+1535). Carlos Martins Nabeto Em defesa da Fé Católica nas questões mais difíceis 18 Apresentação A presente obra foi pensada por mim para comemorar os dez anos do Apostolado Veritatis Splendor, fundado por mim e por Carlos Martins Nabeto no dia 22 de Junho de 2002. Nosso trabalho ganhou destaque na internet por causa da forma clara e objetiva como apresentávamos a razão de nossa fé (cf. 1Pd 3,15). E o desafio era enorme! A maioria das pessoas combate uma caricatura da doutrina católica e da própria Igreja Católica. Sei bem disto porque foi esta caricatura que me apresentaram quando eu era protestante e depois tive a Graça de saber que a Verdade era bem outra. Este livro não reúne artigos em defesa da Igreja Católica, mas em defesa de seus ensinamentos, de sua doutrina que, aliás, não é sua, é de Deus. A Igreja é apenas a sua fiel depositária. Ao contrário do que ocorre no mundo protestante onde a doutrina muda conforme a cabeça das pessoas e do fundador3, o Catolicismo possui uma doutrina perene, que pode ser encontrada já nos tempos apostólicos. A Fé Cristã não nasceu nem apareceu com Lutero, Calvino, John Wesley, Ellen White, Davi Miranda ou Edir Macedo. Ela tem pelo menos 2000 mil anos de existência e durante todo este tempo aqueles que amaram o Senhor antes de nós deixaram por escrito o testemunho de sua fé, da fé que receberam dos Apóstolos e seus legítimos sucessores. E é exatamente nesta vasta e 3 Infelizmente temos visto que a doutrina no protestantismo é algo que pouco importa...


Alessandro Lima 19 riquíssima documentação que encontramos a prova material da veracidade e legitimidade da doutrina católica. Eu costumo dizer que a descoberta da Fé Católica é como uma descoberta arqueológica e histórica. E foi acreditando nisto que desenvolvemos o nosso trabalho esclarecendo tanto católicos quanto protestantes sobre a Verdadeira Fé Cristã. Já ouvi pessoas muito inteligentes me dizerem que trabalhar na converssão de protestantes para o catolicismo ou vice-serva é como pescar em aquário. Penso que este pensamento seja bastante equivado. Se partirmos do princípio que a Verdade é única e imutável e que não pode contradizer-se consigo mesma, a relativização doutrinária, ou se pensar que a doutrina não é importante, é algo totalmente equivocado. Desde os tempos dos patriarcas Deus foi conduzindo os seus através de instruções doutrinárias e que não poderiam ser rejeitadas, sem desagradar a Deus. Logo apresentar a Verdade a alguém que pensa estar seguindo Jesus, não é pescar em aquário, mas uma obrigação a que todo batizado tem para com o Senhor, pois ser cristão é ser missionário. Ajudei na converssão de muitos protestantes ao catolicismo. Também é verdade que muitos católicos se convertem ao protestantismo, porém é importante notar que normalmente um “católico” se converte ao protestantismo por não conhecer a Igreja Católica e sua Doutrina. Normalmente são pessoas que só foram batizadas, até participavam da Missa, mas não conheciam as razões da sua fé. Já o que faz um protestante se tornar católico é a informação, é saber que a Fé Cristã tem berço, tem história, é perene e não uma filosofia cristã, que se Em defesa da Fé Católica nas questões mais difíceis 20 aplica segundo nossas vontades pessoais, mas Verdade. Sobre este assunto específico eu recomendo muito a obra do meu querido amigo Jaime Francisco de Moura intitulada “Por que estes ex-protestantes se tornaram católicos” editado pela COMDEUS. Rui Barbosa dizia que um povo sem memória é um provo sem futuro. O que era crido ontem, praticado e recebido como legítima Palavra de Deus, não pode de uma


hora para outra, com base em elocubrações bíblicas e pessoais deixar de ser o que é: Verdade. A presente obra pode assustar inicialmente pela quantidade de páginas, mas é bom lembrar que ela não é um romance, mas apenas uma coletânea de artigos revistos e até reescritos. Desta forma, o prezado(a) leitor(a) poderá acompanhá-la com calma e sem se cansar. Pela própria natureza que o trabalho possui, algumas referências a textos da igreja primtiva e até da Sagrada Escritura poderão se repetir, assim como, o desenvolvimento de algum racionício ou solução específicos. Como disse anteriormente, este livro não aborda questões em defesa da Igreja Católica, como questões históricas sobre Papas imorais, Inquisição, Galileu-Galilei entre outras, embora já tenhamos escrito em nosso site sobre todas elas. Demos atenção aqui à questão principal que é a questão doutrinária, visto que todo cristão realmente sincero deseja conhecer a Verdade e agradar a Deus. Quero aproveitar para agradecer aos meus irmãos em Cristo Carlos Ramalhete e Carlos Martins Nabeto, por Alessandro Lima 21 me conduzirem à Fé Católica. A este último especialmente por me ensinar a fazer apologética, por me acompanhar nessa empresa durante oito anos e é claro por prefaciar a presente obra. Agradeço também meus irmãos exprotestantes que também me acompanharam no Veritatis Splendor: Marcos Monteiro Grillo, Rondinelly Ribeiro, Pedro Ravazzano, Juliana Fragetti Ribeiro Lima e Maria Thereza Tosta Camilo. Um abraço muito especial ao Cledson Ramos que tantas vezes nos ajudou financeiramente, ao Rafael Cresci que nos forneceu todos os recursos tecnológicos numa época em que eles não eram tão comuns e custavam muito caro. Um abraço bem apertado em meu amigo Jaime Francisco de Moura, pelas suas preciosas obras e sua amizade. Ao Prof. Felipe Aquino que cuja colaboração sempre foi fundamental para a divulgação de nosso trabalho. Não poderia me esquecer de Rafael Vitola Brodbeck que ao meu lado e de Carlos Nabeto foi uma das colunas do Veritatis Splendor e nem de D. Fernando Arêas Rifan, Bisdo da Administração


Apostólica Pessoal S. João Maria Vianney, a quem considero um pai espiritual. Brasília, 01 julho de 2012. Solenidade de São Pedro e São Paulo. O Autor.

Somente a Bíblia? "Assim, pois, irmãos, permanecei firmes, e conservai as tradições que vos foram ensinadas, seja por palavra, seja por epístola nossa." (2 Ts 2,15) Para os protestantes, a Bíblia é a única regra de fé, ou melhor, a Bíblia é a autoridade máxima da igreja. Mas será que esta também era a fé dos primeiros cristãos? (Por Cristãos, entenda-se Católicos) A Doutrina da Igreja vem do ensino oral que Cristo deixou para os Apóstolos. Note que nos primeiros quatro séculos, muitos cristãos nasceram, viveram e morreram, sem mesmo saber quais eram os livros que deveriam compor a Bíblia. Nos primeiros quatro séculos a Igreja vivia somente da Tradição e do Magistério. Foi com base na Tradição Apostólica, é que o Magistério Católico definiu o catálogo sagrado. Isto mostra claramente que a Bíblia é filha da Igreja e não sua mãe. Como diz meu amigo Professor Carlos Ramalhete: "pode algo maior sair de algo menor?", é claro que não. A própria Bíblia declara que "A Igreja é a Coluna e o Fundamento da Verdade" (1TM 3,15).A Igreja é tão anterior à Bíblia que a própria Igreja é citada na Bíblia.


A doutrina protestante "Sola Scriptura", isto é, "Somente as Escrituras", não encontra amparo na Tradição Apostólica, no Magistério da Igreja e nem nas próprias Escrituras. Vamos utilizar a própria Bíblia para desmentir tal doutrina: 

A Bíblia não contém toda revelação "Jesus fez muitas outras coisas. Se cada uma delas fosse escrita, cuido que nem ainda o mundo todo poderia conter os livros que seriam escritos." (Jo 21,25) - o testemunho do apóstolo fala tudo, nem tudo que Jesus ensinou e realizou foi escrito, mas ficou mantido na Tradição Apostólica.

"[Jesus] depois de ter padecido, se apresentou vivo, com muitas e infalíveis provas, sendo visto por eles por espaço de quarenta dias e falando do que respeita ao reino de Deus." (At 1,3) - o que Jesus ensinou aos apóstolos nestes quarenta dias após sua ressurreição não foi importante? Será que Jesus esteve com eles à toa? A Bíblia não nos relata o que Jesus ensinou neste período, mas a Tradição Apostólica sim.

"Tenho muito a vos escrever, mas não quero fazê-lo com papel e tinta. Antes, espero ir ter convosco e falar face a face, para que nossa alegria seja completa" (2Jo 1,12)."Tenho muitas coisas que te escrever, mas não quero fazê-lo com tinta e pena. Espero, porém, ver-te brevemente, e falaremos face a face" (3Jo 1,13-14) São João ensinou muitas coisas oralmente.

"E a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará; e se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados." (Tg 5,10) - São Tiago Menor recebeu tal instrução da Tradição Apostólica, já que em nenhum lugar da Bíblia, Nosso Senhor Jesus Cristo ensina tal coisa. A Tradição Apostólica tem autoridade "Assim, pois irmãos, permanceis firmes, e conservai as tradições que vos foram ensinadas, seja por palavra, seja por epístola nossa." (2Ts 2,15)

"E o que de mim, através de muitas testemunhas ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para ensinarem outros." (2Tm 2,2)

"Ó Timóteo, guarda o depósito [a tradição] que te foi confiado, tendo horror aos clamores vãos e profanos e às oposições da falsamente


chamada ciência [gnose]." (1Tm 6,20) 

"E [os cristãos] perseveravam na doutrina dos apóstolos, na comunhão, no partir do pão e nas orações." (At 2,42)

"E, quando [Paulo, Timóteo e Silas] iam passando pelas cidades, lhes entregavam, para serem observados, os decretos que haviam sido estabelecidos pelos apóstolos e anciãos em Jerusalém." (At 16,4) - forte testemunho da ação do Magistério da Igreja no cristianismo primitivo. Este é o testemunho da própria Bíblia sobre a doutrina protestante da "Sola Scriptura".

O problema da Autoridade na Sola Scriptura

A Reforma Protestante iniciada pelo monge agostiniano Martinho Lutero promoveu no cristianismo o falso princípio da Sola Scriptura (Somente a Escritura). Segundo este falso princípio a Igreja deve ter como doutrina somente o que estiver fundamentado na Escritura.

É injusto dizer que Lutero tenha inventado a Sola Scriptura, estudos mostram que antes de Lutero outros teólogos já defendiam tal princípio, como é o caso de John Wicliff.

Este pilar da doutrina protestante apresenta vários problemas de sustentação, o que tem resultado na divisão do protestantismo em cada vez mais seitas com doutrinas cada vez mais divergentes.


Este artigo vem tratar especificamente de um destes problemas que é o problema da Autoridade. Até o séc XVI (quando surgiu a Reforma) comumente se cria que a Igreja Católica possuía autoridade para definir questões de moral e fé. A Igreja era tida como Mãe e Mestra dos Cristãos. Lutero vem no caminho contrário exatamente questionando esta autoridade. Para ele somente a Sagrada Escritura é a única autoridade em questões de fé e moral para o Cristão. Basicamente a doutrina Luterana da Sola Scriptura é composta pelos seguintes princípios: - somente a Escritura deve ser usada como fundamento da Fé cristã; - somente a Escritura é a autoridade única e última para o cristão. Embora o primeiro princípio tenha deixado lacunas enormes quanto ao que é a Palavra de Deus no Protestantismo, o segundo princípio é a fonte das contínuas divisões no protestantismo. Toda Lei possui a sua autoridade, pois foi criada para ser respeitada e tem como objetivo algum bem comum. Tal é o caso das Constituições Nacionais, das leis de trânsito, das leis penais e etc. No entanto toda lei (em qualquer lugar que seja) necessita de uma autoridade que a interprete e a faça cumprir. Na verdade toda Lei, por mais autoridade que possua, não possui autoridade sozinha, depende de uma outra autoridade para que os benefícios que foram objetos da Lei sejam alcançados. Por exemplo: como se resolveriam os casos penais sem a autoridade dos Juízes que analisam os casos, interpretam a Lei e dizem quem está certo e quem está errado? Provavelmente estes casos não se resolveriam nunca, pois as partes envolvidas dariam a interpretação da Lei segundo o seu entendimento. Para exemplificar melhor imaginem uma batida no trânsito entre um carro e uma moto em um cruzamento. Sem a autoridade competente que vai avaliar a quem está correto e quem está errado, provavelmente cada um dos motoristas pegaria seu código de trânsito e começaria a dizer que ele está certo e o outro errado baseado no artigo ?tal e tal?. Onde chegaríamos se o mundo funcionasse desta forma? Em lugar algum claro... Viveríamos num verdadeiro faroeste, com cada um aplicando o seu entendimento da Lei vigente, porque não existe nenhuma autoridade que tenha a autoridade de ?ligar ou desligar? (cf. Mt 16,18-19).


É exatamente este problema que o Protestantismo vive. Como não existe uma autoridade que interprete oficialmente a Escritura, cada confissão protestante interpreta a Escritura conforme entende (ou convém) e a unidade doutrinária que é uma característica da verdadeira fé Cristã (cf. Ef 4,5) torna-se algo impossível. É claro que todo cristão deve ter acesso à Escritura e pode lê-la, no entanto sem um Magistério Oficial, é impossível chegar à unidade em questões de moral e fé. O sr. Krogh Tonning famoso teólogo protestante norueguês, convertido ao catolicismo, no século passado já afirmava: "Quem trará à nossa presença uma comunidade protestante que está de acordo sobre um corpo de doutrina bem determinado ? Portanto uma confusão (é a regra ) mesmo dentre as matérias mais essenciais" ( Le protest. Contemp., Ruine constitutionalle, p. 43 In I.R.C., Franca, L., pg 255. 7ª ed, 1953). Curiosamente o Protestantismo que se diz herdeiro da verdadeira fé primitiva, repugna a autoridade do Magistério da Igreja Católica, que é a autoridade que a Igreja Antiga se servia para chegar à unidade da fé. A realização dos inúmeros Concílios Regionais e Gerais (ou Ecumênicos) são a prova desta realidade; inclusive a palavra ?Concílio? vem de ?Conciliar?, que aplicado à realidade da Igreja Antiga, era a reunião dos Bispos do mundo inteiro que tinha o objetivo de acabar com a dúvida e alcançar a unidade doutrinária. Felizmente o Pai da Sola Scriptura viveu o bastante para testemunhar e confessar os malefícios de sua doutrina: "Este não quer o batismo, aquele nega os sacramentos; há quem admita outro mundo entre este e o juízo final, quem ensina que Cristo não é Deus; uns dizem isto, outros aquilo, em breve serão tantas as seitas e tantas as religiões quantas são as cabeças" ( Luthers M. In. Weimar, XVIII, 547 ; De Wett III, 6l ). Martinho Lutero percebeu que a autoridade da Sagrada Escritura não poderia se confundir com a autoridade de um Magistério Oficial que a interprete. Os anos que se passaram após a instituição da Reforma Protestante testificam bem que Lutero ao atacar a autoridade da Igreja como Mãe e Mestra de todos os cristãos, abalou grandemente os fundamentos doutrinários do Cristianismo. Ora, se abalamos o fundamento de uma casa acabamos por comprometer toda a sua estrutura. Não é à toa que São Paulo afirmava que "A Igreja é a Coluna e o Fundamento da Verdade"(1Tm 3,15).


Lutero que fez germinar no Cristianismo a semente da Sola Scriptura também deixou para a posteridade a solução do problema que causara: "Se o mundo durar mais tempo, será necessário receber de novo os decretos dos concílios (católicos) a fim de conservar a unidade da fé contra as diversas interpretações da Escritura que por aí correm" (Carta de Lutero à Zwinglio In Bougard, Le Christianisme et les temps presents, tomo IV (7), p. 289). A conclusão de Lutero ecoa até hoje. Infelizmente continuamos constatando que a grande maioria dos protestantes continua dormindo com um barulho desses... Examinando a "Sola Scriptura" SEG, 30 DE AGOSTO DE 2010 13:59 ALESSANDRO LIMA

Hoje em dia ainda é muito comum vermos protestantes acusando católicos de idólatras, adoradores de imagens e acusando a Igreja Católica a ensinar tais práticas. Quem conhece o Catolicismo sabe quão absurdas são estas acusações. É bem verdade que a religiosidade popular comete muitos abusos que infelizmente contam com o apoio de seus padres e bispos. É certo acusar uma mãe de ladra, aliciadora de crianças se por acaso seu filho pequeno for pego com um brinquedo de seu amiguinho? Neste caso, pensaríamos que é a Mãe uma ladra e aliciadora de crianças ou pensaríamos que foi a criança que não correspondeu à educação dada pela mãe? O mesmo caso aplica-se à Igreja Católica. Da mesma forma que nem sempre vemos pessoas que se dizem cristãs possuindo atitudes cristãs, isso leva a crer que é o Cristianismo o incentivador dos erros de seus filhos?

O mesmo engano cometeu o monge angostiniano Martinho Lutero. Em seu tempo alguns bispos distorceram a disciplina das


Indulgências. Isto levou Lutero a crer que era a doutrina da Igreja que estava errada. Para ele, era a tradição que havia errado, por isso ele supos que se a Igreja utilizasse somente a Bíblia ("Sola Scriptura") como norma de fé e prática, Ela jamais cairia no erro. Uma suposição é algo que concebemos no início, normalmente sem consciência. Quando a suposição é válida, tudo acaba bem, mas uma suposição errada conduz inevitavelmente às falsas conclusões. A pessoa que tem esperança de chegar a uma conclusão utilizando uma suposição falsa, deve perguntar a si mesmo onde está o erro. Os protestantes que estão dispostos a avaliar o estado do atual mundo protestante de maneira honesta, devem perguntar se a Sola Scriptura, ensinamento fundamental do Protestantismo vêm de Deus, pois esta suposição resultou em mais de vinte mil grupos discrepantes que não concordam em assuntos básicos da Bíblia, ou o que significa ser um Cristão? Por que (se somente a Bíblia é suficiente, sem a Santa Tradição) batistas, testemunhas de Jeová e metodistas reivindicam que acreditam no que a Bíblia diz, mas nenhum deles concorda em o que a Bíblia diz? Obviamente, aqui está uma situação na qual os protestantes devem achar que estão errados. Infelizmente, a maioria dos protestantes estão dispostos a colocar a culpa deste problema em qualquer cosia — qualquer coisa menos no problema que é a raiz. A idéia da Sola Scriptura é fundamental para o Protestantismo tanto que para eles nega-la é questionar Deus, como disse Nosso Senhor: "Toda árvore boa dá bons frutos; toda árvore má dá maus frutos" (Mateus 7:17). Se julgarmos a Sola Scriptura pelos seus frutos, chegaremos a conclusão de que esta árvore deve ser cortada, e lançada ao fogo (Mateus 7:19). Vejamos agora as falsas suposições sobre as quais está fundamentada a Sola Scriptura: 1º Falsa Suposição: A Bíblia deve ser entendida como última palavra sobre a fé, piedade e louvação. a) É o ensinamento da Escritura "totalmente suficiente"? A suposição mais óbvia pôr de trás da doutrina da Sola Scriptura, é a de que a bíblia possui tudo o que é preciso para a vida do Cristão — tudo o que é necessário para a verdadeira fé, prática, devoção e louvação. O trecho mais citado para apoiar esta suposição é: "… e desde a infância conheces as Sagradas Escrituras e sabes que elas têm o condão de te proporcionar a sabedoria que conduz à salvação, pela fé em Jesus Cristo. Toda a Escritura é inspirada por


Deus, e útil para ensinar, para repreender, para corrigir e para formar na justiça. Por ela, o homem de Deus se torna perfeito, capacitado para toda boa obra" (II Timóteo 3:15-17). Os que usam esta passagem para defender a Sola Scriptura, afirmam toda a "auto-suficiência" da Bíblia, porque "Somente a Bíblia Sagrada pode fazer o homem piedoso e perfeito... a perfeição pode ser atingida sem a necessidade da tradição." Mas o que pode ser realmente dito baseando-se nesta passagem? Para os iniciantes, devemos perguntar sobre o que o apóstolo Paulo está falando quando ele fala a Timóteo sobre ele conhecer a Bíblia desde criança. Devemos estar seguros de que Paulo não está falando sobre o Novo Testamento, pois o Novo Testamento ainda não havia sido escrito quando Timóteo ainda era uma criança — na realidade, ele ainda não estava pronto quando Paulo escreveu esta Epístola a Timóteo, e muitos menos o Cânon do Novo Testamento como o que conhecemos hoje. Obviamente, na maioria das referências da Bíblia encontrada no Novo Testamento, vemos que Paulo está falando do Velho Testamento, assim, se esta passagem for usada para fixar os limites da autoridade inspirada, não só a Tradição fica excluída, mas também todo o Novo Testamento. Em segundo lugar, se Paulo pretendesse excluir a tradição por ser algo não benéfico, deveríamos saber por qual motivo Paulo utilizou no mesmo capítulo tradições orais que não estavam na Bíblia. Os nomes de Janes e Jambres não aparecem no Velho Testamento, contudo, em II Timóteo 3:8 Paulo os chama de adversários de Moisés. Paulo utiliza a tradição oral para falar o nome dos dois mágicos mais proeminentes do Egito, que aparecem durante o Êxodo (7:8). [2] E este não é a única fonte não-bíblica utilizada no Novo Testamento — outro exemplo mais conhecido aparece na Epístola de São Judas que cita o Livro de Enoque (Judas 14:15 c.f. Enoque 1:9). Quando a Igreja canonizou os livros da Bíblia oficialmente, o principal propósito era estabelecer uma lista de livros autorizados, para proteger a Igreja dos livros espúrios que reivindicavam autoria apostólica, mas que eram na verdade, trabalhos de hereges (v.g. o Evangelho de Tomé). Os grupos heréticos não conseguiam basear seus ensinamentos na Santa Tradição, pois seus ensinamentos eram criados fora da Igreja, então a única maneira que possuíam para autorizar suas heresias era distorcendo o significado da Bíblia, além de forjar novos livros, apóstolos, ou santos do Velho


Testamento. A Igreja sempre se defendeu contra os ensinamentos heréticos reivindicando as origens apostólicas da Santa Tradição (provando-as pela Sucessão Apostólica, c.f. o fato de que seus bispos e professores possuem uma descendência histórica e direta dos Apóstolos), e também reivindicando a universalidade da Fé Católica (c.f. o fato de que a Fé Católlica é a mesma fé que os Cristãos católicos sempre aceitaram ao longo da história e do mundo). A Igreja se defendeu contra os livros espúrios e heréticos estabelecendo uma lista autorizada de Livros Sagrados, que foram recebidos pela Igreja como Divinamente inspirados, tanto os do Velho Testamento como os de origem apostólica. Estabelecendo a lista canônica da Bíblia Sagrada, a Igreja não pretende insinuar que toda a Fé Cristã e toda a informação necessária para a louvação e regra da Igreja está contida apenas na Bíblia. [3] Uma coisa que está além dos debates sérios é sobre a questão de quando a Igreja conclui os Cânones dos Livros Sagrados em fé e louvação, assim como a discussão se a fé a louvação atual é a mesma da do período primitivo — isto é uma verdade histórica. Como na estrutura da autoridade da Igreja, os bispos católicos em vários Concílios resolveram a questão do Cânon — e na Igreja Católica é assim até hoje quando qualquer pergunta sobre a doutrina ou a disciplina deve ser resolvida. b) Qual o propósito dos escritos do Novo Testamento? É ensinado nos estudos bíblicos protestantes (e penso que neste caso eles ensinam corretamente) que quando você estuda a Bíblia, entre muitas outras considerações, você deve primeiro considerar o gênero (ou tipo literário) de literatura que você está lendo em uma passagem particular, pois gêneros diferentes possuem gêneros diferentes. Outra consideração a ser tomada é sobre qual o assunto ou o propósito do livro que está sendo estudado. No Novo Testamento temos quatro tipos de gêneros literários: evangelho, narração histórica (Atos), epístola e apocalíptica ou profética (Revelação). Os Evangelhos foram escritos para testemunhar a vida de Cristo, sua morte e ressurreição. As narrativas contam a história de pessoas e figuras significativas e mostra a magnífica providência Divina agindo em tudo. Diversas epístolas foram escritas para responder perguntas específicas que surgiram em várias Igrejas, assim, muitos problemas não foram relatados com detalhes. Assuntos doutrinais eram discutidos para resolver problemas doutrinais e assuntos sobre louvação só eram discutidos quando aparecia algum problema relacionado (c.f. Coríntios 11:14). Os


escritos apocalípticos (Revelação) foram escritos para mostrar o triunfo de Deus na história. Notamos que não há referências literárias à louvação no Novo Testamento, e nem detalhes de como era a louvação na Igreja. No Velho Testamento há detalhes (e até exaustivos) sobre a louvação do povo de Israel (v.g. Levítico e Salmos) — no Novo Testamento há apenas sugestões escassas sobre a louvação dos cristãos primitivos. Mas qual o motivo? Certamente que não foi por não existir ordem em seus serviços religiosos — os historiadores litúrgicos afirmam que os cristãos primitivos continuavam firmemente na mesma louvação judaica herdada dos Apóstolos. Porém, até mesmo as parcas referências do Novo Testamento em relação à louvação da Igreja primitiva, nos mostra que eles estavam bem longe dos selvagens grupos "Carismáticos," os cristãos do Novo Testamento possuíam as mesmas louvações litúrgicas de seus pais: observavam as horas de oração (Atos 3:1), louvavam no Templo (Atos 2:46; 3:1; 21:26), além da louvação nas Sinagogas (Atos 18:4). Nós também precisamos notar que nenhum dos tipos presentes da literatura do Novo Testamento tem o propósito de dar uma instrução doutrinal inclusiva — não há um catecismo ou uma teologia sistemática. Se a Bíblia é tudo que precisamos como cristãos, por que não há nenhuma declaração doutrinária inclusiva nela? Imagine como todas as controvérsias pudessem ter sido resolvidas se a Bíblia responde-se todas estas perguntas doutrinais claramente. Isso seria muito conveniente, mas tais coisas não são encontradas nos livros da Bíblia. Que ninguém entenda mal a observação feita aqui. Nada disso deprecia a importância da Bíblia Sagrada — Deus proíbe tal coisa! Na Igreja Católica, a Bíblia é tida como totalmente inspirada por Deus, inerrante e autoritária, mas o fato é que a Bíblia não contém o ensinamento para todo assunto importante da Igreja. Como já declaramos, o Novo Testamento dá apenas um breve detalhe sobre como louvar — e isto não é de pequena importância. Além de que, a mesma Igreja que nos passou a Bíblia Sagrada, é a mesma que preservou os padrões de louvação que recebemos. Se nós desconfiamos da fidelidade desta Igreja em preservar a adoração Apostólica, também temos que desconfiar de sua fidelidade em preservar a Bíblia.


c) É a Bíblia, na prática, "totalmente suficiente" para os protestantes? Os protestantes freqüentemente reivindicam que "acreditam apenas na Bíblia," mas várias perguntas aparecem quando a pessoa tenta examinar o atual uso que eles fazem da Bíblia. Por exemplo, por que os protestantes escrevem tantos livros sobre doutrina e a vida Cristã, se eles necessitam apenas da Bíblia? Se a Bíblia fosse o suficiente para entendê-la, por que eles simplesmente não utilizam apenas a Bíblia? E se ela é "totalmente suficiente," por quê isto não produz resultados suficientes, por exemplo: por quê os protestantes não acreditam na mesma coisa? Por que há tantos estudos bíblicos protestantes, se eles precisam apenas da Bíblia? Por que eles buscam outras áreas e materiais? Por que eles ensinam a bíblia ao povo — ao invés de apenas ler as Escrituras para as pessoas? A resposta eles nunca admitirão, mas os protestantes sabem que a Bíblia não pode ser entendida por si só. E na verdade, toda seita protestante possui seu corpo de tradições, mas nunca admitem ou a chama disso. Não é por acaso que as Testemunhas de Jeová acreditam nas mesmas coisas que os Batistas do Sul, mas não é por acaso que eles não acreditam nas mesmas coisas enfaticamente. Os Testemunhas de Jeová e os Batistas do Sul não propõem individualmente cada uma de suas idéias sobre a Bíblia, mas ensinam a crença de um certo modo — com uma tradição. Então a questão não é em acreditar ou não na tradição — a pergunta correta é qual a tradição que devermos usar para interpretar a Bíblia? Em qual tradição podemos confiar, na Tradição Apostólica da Igreja, ou na confusa e moderna tradição do Protestantismo, que não possui nenhuma raiz além do advento da Reforma Protestante? 2º Falsa Suposição: A Bíblia era a base da Igreja primitiva, e que a Tradição é apenas uma "corrupção" humana muito posterior. É especialmente entre Evangélicos e Carismáticos que a palavra "tradição" é considerada um termo depreciativo, a tradição é rotulada como algo "carnal," "espiritualmente morta," "destrutiva," "legalista." Para o protestante que lê o Novo Testamento, a Bíblia condena a tradição como algo oposto à Bíblia. A imagem que eles têm dos cristãos primitivos é de que eles eram como os Evangélicos ou Carismáticos do século XX! Para eles é inconcebível que os cristãos primitivos possuíam uma louvação litúrgica, ou que eles tinham adquirido qualquer tradição — acreditam que isso ocorreu


somente após a Igreja ter sido "corrompida," é assim que imaginam que tais coisas entraram na Igreja. É um sopro de vida para estes protestantes (assim como para mim) quando eles estudam a Igreja primitiva e os escritos dos primeiros Padres, e começam a sentir algo diferente do que sempre imaginaram ou foram conduzidos a sentir. Por exemplo, os cristãos primitivos não levavam suas Bíblias para a Igreja em cada domingo de estudo da Bíblia, devido ao longo tempo para se fazer uma cópia, e poucos possuíam suas próprias cópias da Bíblia. Ao invés disso, as cópias da Bíblia eram mantidas por pessoas designadas pela Igreja, que ficavam num local da Igreja destinado à louvação. Além de que, os cristãos não possuíam cópias do Velho Testamento, e muito menos do Novo Testamento (que não foi terminado antes do final do Primeiro Século, e não em sua forma canônica até o Quarto Século). Isto não é o mesmo que dizer que os cristãos primitivos não estudavam a Bíblia — eles estudavam, mas como um grupo, e não individualmente. E em grande parte do Primeiro Século, os cristãos estavam limitados em estudar apenas o Velho Testamento. Assim, como eles sabiam dos Evangelhos, dos ensinamentos de Cristo, de como louvar, em que acreditar sobre a natureza de Cristo, etc? Eles possuíam apenas a Tradição Oral dos Apóstolos, ensinamentos dos Apóstolos, especialmente durante a virada do primeiro século. Depois as gerações futuras tiveram acesso às Escrituras dos Apóstolos pelo Novo Testamento, mas a Igreja primitiva foi totalmente dependente da Tradição Oral para ter conhecimento da Fé Cristã. Esta dependência da Tradição é descrita em vários lugares do Novo Testamento. Por exemplo, quando São Paulo exorta os Tessalonicenses: "Assim, pois, irmãos, ficai firmes e conservai as tradições que de nós aprendestes, seja por palavras, seja por carta nossa" (II Tessalonicenses 2:15). A palavra traduzida como "tradição" é a palavra grega "paradosis" — que é traduzida de maneira diferente em algumas Bíblias protestantes, mas é a mesma palavra que os Ortodoxos Gregos usam para falar da Tradição, e poucos estudantes competentes da Bíblia discutiram seu significado. A própria palavra significa literalmente "meio por qual algo é transmitido," e é a mesma palavra utilizada negativamente para os falsos ensinamentos dos Fariseus (Marcos 7:3-8), e referida também para a autoridade de um Cristão para ensinar (I Coríntios 11:2. II Tessalonicenses 2:15). Qual a diferença entre a tradição dos Fariseus e a Tradição aprovada pela Igreja? A Fonte! Cristo deixou bem claro qual era a fonte das tradições dos Fariseus, quando a chamou de "tradição dos homens"


(Marcos 7:8). São Paulo faz outras referências às tradições: "Eu vos felicito, porque em tudo vos lembrais de mim, e guardais as minhas tradições (paradoseis), tais como eu vo-las transmiti" (I Coríntios 11:2), mas onde ele adquiriu estas tradições anteriores? "Eu recebi do Senhor o que vos transmiti (paredoka): que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão" (I Coríntios 11:23). Assim a Igreja Católica recorre ao falar da Tradição Apostólica: "entregue (paradotheise) de uma vez para sempre aos santos" (Judas 3). Sua fonte é o Cristo, que a entregou diretamente aos Apóstolos, com tudo aquilo que Ele disse fez, como o que está escrito: "nem o mundo inteiro poderia conter os livros que se deveriam escrever" (João 21:25). Os Apóstolos entregaram este conhecimento para toda a Igreja, e a Igreja, tornou-se a "coluna e sustentáculo da verdade" (I Timóteo 3:15). O testemunho do Novo Testamento é claro neste ponto: os cristãos primitivos receberam as Tradições escritas e orais pelos Apóstolos de Cristo. Da Tradição escrita eles possuíam apenas fragmentos — uma igreja local possuía uma Epístola, outra um Evangelho. Os escritos foram reunidos gradualmente, e colocados no livro que se tornou o Novo Testamento. E como os cristãos primitivos sabiam quais eram os livros autênticos e quais não eram — já que havia numerosas epístolas e evangelhos espúrios reivindicados por hereges como escritos dos Apóstolos? Foi a Tradição Apostólica oral que os ajudou a Igreja nesta tarefa. Se a Igreja perder a pura Tradição Apostólica, a Verdade deixa de ser a Verdade — pois a Igreja é a coluna e o sustentáculo da Verdade (I Timóteo 3:15). A crença protestante sobre a história da Igreja, de que a Igreja caiu em apostasia durante o período de Constantino até a Reforma, deixou estes e muitos outros trechos da Bíblia sem sentido. Se a Igreja deixa de existir, mesmo que por um dia, os portões do inferno a venceram naquele dia. Se o caso fosse este, Cristo teria descrito de maneira diferente a Igreja na parábola da semente de mostarda (Mateus 13:31-32), Ele deveria ter falado que no lugar da semente uma nova semente teria brotado mais tarde — mas ao invés disso, Ele usou a figura de uma semente de mostarda que começa pequena, mas cresce continuamente e se torna a maior planta do jardim. Sobre esta posição, deveria ter existido algum grupo verdadeiro de fiéis protestantes, que sobreviveram durante mil anos nas cavernas, mas onde está a evidência deles? Os Waldensianos, que são apontados como seus precursores por todas as seitas dos


Pentecostais às Testemunhas de Jeová, não existiam antes do século XII. Eles dizem que estes verdadeiros fiéis sofreram valentemente as ferozes perseguições dos romanos, e que se esconderam nas colinas até quando o Cristianismo tornou-se uma religião legal. E isso pode até parecer possível, quando comparada com a noção de que um grupo tenha sobrevivido por mil anos sem deixar nenhum rastro de evidência histórica sobre sua existência. A Sola Scriptura é uma grande avalanche iniciada pela Reforma Protestante e que ao longo do tempo por onde passa (onde é aceita) vai destruindo os principais fundamentos do Cristianismo Apostólico. Ela caminha para a destruição total da Fé. Para atestar isso basta compararmos a grande diferença entre a fé Reformada e a fé Pentecostal, por exemplo. Os Reformadores tinham catecismos, criam na necessidade dos sacramentos, batizavam as crianças, reconheciam Santa Maria como Mãe de Deus. E hoje será que é possível econtrar tal credo entre os Pentecostais? O protestantismo ao abandonar a Eclesiologia Apostólica (conceito que crê que a Igreja de Cristo é Visível, possui Governo, que é Mãe e Mestra dos Cristãos, que surge de Deus e vem até os fiéis, etc) colocou em seu lugar o relativismo. Não é sem motivo que muitos protestantes estão a caminho do fenômeno então chamado por "A Fé sem Religião" ou "Deus sem Religião". Você pode imaginar que o sistema de crenças Protestante tem como sua principal doutrina a teoria de que somente a Bíblia possui autoridade em assuntos de Fé, buscando provar que esta doutrina tem seus próprios critérios. A pessoa provavelmente espera que os protestantes mostrem diversos textos da Bíblia que prove esta doutrina — que é a base de toda a doutrina protestante. A pessoa espera dois ou três textos sólidos, que apresentam claramente esta doutrina — dizem eles da Bíblia: "Pelo depoimento de duas ou três testemunhas se resolve toda a questão" (II Coríntios 13:1). Contudo, como o menino da fábula que teve que mostrar que o Imperador estava nu, tenho que mostrar que não há um único verso na Bíblia em sua totalidade que comprove a doutrina da Sola Scriptura. Não há nada que comprove isso. Ah sim, há inúmeros lugares da Bíblia que falam de sua inspiração, autoridade e utilidade — mas não há um lugar da Bíblia que ensine que somente a Bíblia é autorizada a seus fiéis. Se tal ensinamento estivesse pelo menos implícito, os Pais da Igreja teriam seguramente ensinado esta doutrina, mas qual Santo Padre ensinou tal coisa? Por isso que o ensinamento fundamental do Protestantismo é autodestrutivo, contradiz a si mesmo. Mas a doutrina da Sola Scriptura não é


apenas não ensinada pela Bíblia — ela contradiz a Bíblia especificamente (já discutimos isso), que ensina que a Santa Tradição também está ligada ao Cristianismo (II Tessalonicenses 2:15; I Coríntios 11:2). Talvez a Bíblia Sagrada seja o ápice da Santa Tradição da Igreja, mas a grandiosidade da elevada altura em que a Bíblia subiu depende da grande montanha em que ela está firmada. Retirada de seu contexto, da Santa Tradição, a pedra sólida da Bíblia torna-se uma mera bola de barro, que pode ser moldada facilmente por qualquer modelador que assim desejar. Não é nada honroso distorcer e abusar da Bíblia, mesmo que isso seja feito em nome de sua autoridade. A Sagrada Escritura e a Escola de Atenas Rafael, famoso artista italiano do período da renascença, é o responsável por um dos quadros mais fantásticos da arte universal: A Escola de Atenas. Sua obra constitui um verdadeiro estudo da maneira pela qual os gregos antigos concebiam e representavam o mundo. É quase impossível olhar para esta obra e não perceber o senso estético de harmonia que salta do conjunto de tanto quanto dos detalhes. Podemos identificar os diversos personagens históricos e suas respectivas idéias expressas da maneira pela qual se postam e nos gestos que denotam. No centro da obra vemos Platão e Aristóteles lado a lado. O primeiro gesticula com a mão apontando para cima - sinal de sua metafísica, de sua filosofia centrada no ideal. O segundo aponta para frente - sinal de sua física, sua ética da conveniência, seu mundo filosófico baseado na experiência. A famosa teoria do mundo das idéias - que fundamenta a filosofia platônica - ensina que o mundo é a representação diminuída e prejudicada do mundo superior, que é mais belo e perfeito, onde a perfeição e a beleza expressão pontencialmente seus atributos. Segundo esta teoria a alma desenvolve os conceitos perfeitos acerca de toda a Verdade. No entanto, uma vez inserida no mundo das coisas observa nele a expressão deturpada do mundo superior, e à sua volta restam apenas meras figuras da realidade luminosa (cf. 1Cor 13,12).


O mundo para Aristóteles é lógico, onde a experiência possui lugar para desenvolver conceitos e classes, relações e dimensões. Constratou com a metafísica suas proposições que pareciam derivar do conjunto de experiências reais, catalogadas e classificadas para dar origem a uma visão teórica do mundo em que se vive, isto é, um modelo. Em sua obra "Ética a Nicômaco", pode-se verificar que a Ética é uma adaptação do indivíduo ao meio em que vive, que define suas regras de comportamento baseadas no modelo que percebe de sua realidade, passando então a guiar-se por elas: o bom é o adequado. Rafael de forma brilhante capturou detalhes destas idéias e expessou-as em sua obra. No composto harmônico de sua pintura é possível identificar a noção do perfeito vindo das idéias para a visão e da visão para as idéias. Assim como as idéias de Platão e Aristóteles, a obra de Rafael é a expressão de um modelo pelo qual o artista se palpava para entender o mundo. Muito antes de Rafael na pintura, antes de Platão e de Aristóteles, antes dos mitos de explicação do mundo e das coisas o homem usava modelos como formas de interferir na realidade. Muitas pinturas rupestres demonstrando cenas de caça, identificadas no período paleolítico-superior, têm sido concebidas como modelos que o homem pré-histórico usava para planejar, avaliar ou comunicar a sua sabedoria. Entretanto é preciso reconhecer que os modelos apenas refletem parte das realidades. A obra de Rafael, a Escola de Atenas é uma obra rara, pefeita em cores e métrias; genial na interpretação da tradição dos gregos. No entanto é preciso conhecimento para apreciar tal obra em sua totalidade. Quem não possui o conhecimento adequado terá sérios problemas para entender o quadro, e muito possivelmente será conduzido a idéias falsas do que o autor da obra realmente quis expressar. O mesmo acontece com a Sagrada Escritura. Ela é a Escola de Atenas que Deus nos entregou através da Igreja, porém muito mais


complexa, sintuosa e encantadora que a obra de Rafael, e por isso também muito mais suscetível a ser entendida de forma errada se o leitor não possui o conhecimento adequado. Para entender a Sagrada Escritura, não basta saber a cultura helênica como na Escola de Atenas, mas é preciso conhecer o seu berço, isto é, o corpo doutrinário onde ela surgiu, que é a Tradição dos Apóstolos. Foi da Tradição dos Apóstolos que a Igreja escreveu e usou critérios para discernir quais livros a formariam. Todo aquele que quiser se deliciar nas letras sagradas deve procurar conhecer com amor a Tradição dos Apóstolos, que está presente na obra dos Santos Padres da Igreja. Querer entender a Sagrada Escritura por ela mesma é como querer entender a Escola de Atenas sem o conhecimento adequado Leia a Bíblia? "Nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação." (2Pd 1,21)

A Bíblia ainda é o livro mais vendido do mundo. Muitos se dedicam ao estudo da Bíblia. Mas será que todos podem entender a Bíblia?

Os cristãos protestantes são famosos pela seu eslogan "Leia a Bíblia". Chegam até mesmo recomedar a sua leitura, como algo necessário para a salvação. Mas será que a Bíblia pode ser lida por todos? Se a Bíblia é um livro, por que não pode ser lida? A Bíblia deve ser lida e ensinada por pessoas autorizadas, pois a própria Bíblia nos ensina que: "A Glória de Deus está em encobrir a palavra e a glória dos Reis é investigar o discurso" (Prov 25,2). Por que Deus deseja encobrir a palavra? Por que o Senhor a envolveu em mistério? Porque a palavra de Deus embora deve ser


comunicada a todos, não deve ser comunicada a qualquer hora, para que alguns por seus pecados e dureza de coração, não venham a profanarem. Estes não devem receber a revelação senão veladamente, para que a palavra do Senhor, não lhes sejam motivo para agravar ainda mais sua culpa. Sobre isto os apóstolos perguntaram a Nosso Senhor Jesus Cristo: "Por que razão lhes falas por meio de parábolas? Ele, respondendo, disse-lhes: 'Porque a vós é concedido conhecer os mistérios do Reino dos céus, mas a eles não lhes é concedido. [...] Por isto lhes falo em parábolas, porque, vendo, não vêem, e ouvindo, não ouvem, nem entendem" (Mt 13,10-13). Por esta razão o Senhor instituiu um Magistério que deve ensinar a Verdade ao povo. Desde os tempos antigos, a Sagrada Escritura era lida e ensinada por este Magistério; ao povo cabia apenas ouvir e aprender. Móisés, os sacerdotes e anciãos, que iniciaram este Magistério legítimo instituído por Deus, liam e ensinavam as Escrituras ao povo, que os ouvia: "Escreveu, pois, Moisés, esta lei, e a entregou aos sacerdotes filhos de Levi, que levavam a arca da Aliança do Senhor, e a todos os anciãos de Israel. E ordenou-lhes, dizendo: 'todos os sete, no ano da remissão, na solenidade dos tabernáculos, quando todos os filhos de Israel se juntarem para aparecer diante do Senhor, teu Deus, no lugar que o Senhor tiver escolhido, LERÁS as palavras desta lei diante do povo, o qual OUVIRÁ, estando congregado todo o povo num mesmo lugar, tanto homens como mulheres, meninos e estrangeiros, que estão dentro de tuas portas, para que OUVINDO, aprendam e temam o Senhor vosso Deus, e guardem e cumpram todas as palavras desta lei; e para que também seus filhos, que agora ignoram, as possam OUVIR, e temam o Senhor seu Deus durante todos os dias que viverem na terra, da qual, passando o Jordão, ides tomar posse" (Deut 31,9-13). Josué que sucedeu Moisés neste Magistério, também lia e ensinava as Escrituras ao povo, que o ouvia: "E primeiramente Josué abençoou o povo de Israel. Depois disso, LEU todas as palavras da benção e da maldição e tudo o que estava escrito no livro da lei" (Jos 8,34). Os Reis de Israel e os profetas que herdaram este Magistério, também liam e ensinavam as Escrituras ao povo, que somente ouvia: "e estando eles [o povo] a OUVIR na casa do Senhor, o Rei LEU todas as palavras do livro" (2 Cr 34,30), e ainda: "O


Sacerdote Esdras levou pois, a lei para diante da multidão dos homens e das mulheres, e de todos os que podiam entender, no primeiro dia do sétimo mês. LEUnaquele livro claramente, no meio da praça que fica diante da porta das águas, desde manhã até o meio dia, na presença dos homens, das mulheres e dos sábios. Todo o povo tinha os OUVIDOS atentos" (Ne 8,2-3). Note que no Sermão da Montanha, Nosso Senhor Jesus Cristo declara muitas vezes: "Ouviste o que foi dito aos antigos" (Mt 5,21), o que mais uma vez confirma o costume judaico de aprender a doutrina através de um Magistério. No tempo de Cristo, este Magistério se cumpria nas pessoas dos Escribas, Fariseus e Doutores da Lei, que ensivam ao povo aos sábados nas sinagogas. Isto pode ser confirmado nas próprias palavras de Nosso Senhor: "Na cadeira de Moisés estão assentados os escribas e fariseus. Observai, pois, tudo o que vos disserem;" (Mt 23,2-3). Com a morte e ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo, este Magistério passou a ser cumprido nas pessoas dos apóstolos, isto é na Igreja que Ele fundou. É impossível compreender a Bíblia, sem que o Magistério instituído por Deus a ensine. Além dos testenhumos bíblicos já relatados aqui, temos ainda muitos outros exemplos como o encontro do Apóstolo Filipe com o mordomo da rainha de Candance: "Correndo Filipe, ouviu que [o mordomo] lia o Profeta Isaías e disse: 'Compreendes o que lê? Ele disse: 'Como poderei entender, se não houver alguém que me explique?" (At 8,30-31). O Magistério verdadeiro tem por princípio o Verbo, isto é, a Palavra de Deus (Jo 1,1). Cabe aos que crêem, que formam o povo de Deus, ouvir esta palavra, pois "a fé vem pelo ouvido", pelo olho vem a letra que mata (2 Cor 3,6). Deste modo, fica claro que não cabia ao povo ler as Escrituras, mas ouvir a doutrina ensinada pelo Magistério; pois "Assim como o espinheiro está na mão do bêbado, assim está a parábola na boca dos ignorantes" (Prov 26,9). São Pedro ensinando isto escreveu "em todas as suas epístolas [de Paulo], entre as quais há pontos difíceis de entender, que os indoutos e inconstantes torcem, e igualmente as outras Escrituras, para sua própria perdição" (2 Pd 3,16). Sola Scriptura: Silogismo ou Sofisma? DOM, 18 DE JUNHO DE 2006 23:22 ALESSANDRO LIMA


Introdução

O fundamento principal da fé protestante chamado "Sola Scriptura" (somente as Escrituras) é muitas vezes apresentado às pessoas cristãs como um Axioma (1), isto é, como algo que se tem como verdadeiro sem a necessidade de prova. Existe um ditado da sabedoria popular que diz: "gota mole em pedra dura tanto bate até que fura"; e, portanto não é difícil encontrar o aceite da Sola Scriptura também em meios católicos.

Muitas vezes assumimos algo como verdadeiro sem a necessidade de uma análise crítico-científica, mas tão somente pelo fato de fazer sentido ao nosso raciocínio dedutivo. Nosso raciocínio dedutivo pode ser construído de forma certa levando-nos à deduções corretas (silogismo) ou o contrário (sofisma). Neste artigo analisaremos a Sola Scriptura por este prisma, verificando se suas deduções são resultado de silogismos ou sofismas. O que são Silogismos e Sofismas? Aristóteles elaborou uma teoria do raciocínio como inferência. Inferir é tirar uma proposição como conclusão de uma outra ou de várias outras proposições que a antecedem e são sua explicação ou sua causa. O raciocínio é uma operação do pensamento realizada por meio de juízos e enunciada lingüística e logicamente pelas proposições encadeadas, formando um silogismo. O silogismo é uma forma de raciocínio dedutiva. Na sua forma padronizada é constituído por três proposições: As duas primeiras denominam-se premissas e a terceira conclusão. O silogismo só é verdadeiro se as premissas forem verdadeiras e levarem à uma conclusão também verdadeira segundo certas regras de inferência.


O sofisma, é um falso silogismo, é a mentira que parece verdade. Por definição, o sofisma tem o objetivo de dissimular uma ilusão de verdade, apresentado-a sob esquemas que parecem seguir as regras da lógica. Normalmente é resultado de um raciocínio viciado -utilizado intencionalmente para induzir ao erro- resultante da não observância das regras de inferência (sofisma formal) ou quando suas premissas são falsas (sofisma material). Analisando a proposição da Sola Scriptura Vejamos a proposição abaixo: 1a. proposição "Arão é um Levita. Somente os Levitas podiam servir no Templo de Deus. Logo, somente Arão podia servir no Templo de Deus." Veja que a estrutura desta proposição obedece fielmente a estrutura do raciocínio dedutivo: duas premissas e uma conclusão. A primeira premissa é: "Arão é um Levita". Sabemos que esta premissa é verdadeira conforme (Êxodo 4,14). A segunda premissa é: "Somente os Levitas podem servir no Templo de Deus". Também sabemos que esta premissa é verdadeira conforme Nm 8,24 . No entanto a conclusão "Logo, somente Arão pode servir no Templo de Deus" é uma conclusão falsa, embora as premissas sejam verdadeiras. Temos aí um caso clássico de um falso silogismo, ou melhor, sofisma. O que levou então à conclusão errada? O Tipo de sofisma que encontramos nesta primeira proposição chama-se "sofisma da falsa analogia". Consiste em tirar conclusões baseadas apenas em analogias (comparações) parciais ou simples, transferindo inconsistentemente conclusões de um contexto para o outro. Ora, o fato de Arão ser Levita, não exclui o fato de outras pessoas também o serem (cf. Nm 8,24 1 Cr24,5 2Cr 20,14), o que invalidada a conclusão tomada, já que estas pessoas também podiam servir no Templo de Deus. Exposto isso, vejamos a segunda proposição.


2a. proposição "A Bíblia é Palavra de Deus. A Palavra de Deus é a única regra de fé para o Cristão. Logo, a Bíblia é a única regra de fé para o Cristão." A estrutura desta proposição também está em conformidade com a as regras do raciocínio dedutivo: duas premissas e uma conclusão. A primeira premissa é: "A Bíblia é Palavra de Deus". Premissa verdadeira, aceita tanto por católicos quanto por protestantes. A segunda premissa é: "A Palavra de Deus é a única regra de fé para o Cristão". Premissa também verdadeira e aceita também por católicos e protestantes. No entanto a conclusão "Logo, a Bíblia é a única regra de fé para o Cristão" é tão falsa quanto à conclusão da primeira proposição, embora não seja tão evidente. O caso que encontramos aqui é o mesmo da primeira proposição: sofisma da falsa analogia. O fato de a Bíblia Sagrada ser Palavra de Deus, não exclui o fato de a Sagrada Tradição e o Sagrado Magistério também o serem, invalidando a conclusão de que somente a Bíblia é a norma de fé e prática para o Cristão. Alguém poderia objetar: "Você está analisando a segunda proposição com base em uma outra que é bem questionável: que a Sagrada Tradição e o Sagrado Magistério são Palavra de Deus". Ao contrário da apologética protestante, a apologética católica não se baseia em suposições, mas em Verdades que podem ser verificadas na história da Igreja e na própria Bíblia. Um fato é um evento que realmente ocorreu e que pode ser objetivamente verificado através de uma análise científica (histórica, arqueológica, etc) sem depender de suposições ou conjecturas. Da mesma maneira como estudos em sítios arqueológicos, a verificação de documentos históricos e até mesmo uma investigação na Bíblia confirmam que existiam outros Levitas além de Arão, transformando isto em um fato, em uma verdade; os mesmos meios confirmam que a Sagrada Tradição e o Sagrado Magistério também são Palavra de Deus ao lado da Sagrada Escritura.


Conclusão Quantas vezes, não fomos levados à reflexão e à emoção estudando as Letras Sagradas? A Sagrada Escritura é Luz, é Verdade e tem aproximado muitas pessoas do Amor à Jesus Nosso Senhor. Deve o Cristão amá-la e tê-la em alta estima. No entanto é um grande perigo transformar o amor à Sagrada Escritura em Sola Scriptura. A Sola Scriptura é um paradigma que falta com a Verdade, não pode ser encontrada na fé dos cristãos primitivos e nem na própria Bíblia. É uma grande mentira com aparência de Verdade, que sobrevive ainda em nossos dias devido à falta de memória cristã existente entre os cristãos auxiliada pelo ódio ao Catolicismo que é cultivado pelas seitas pentecostais e neo-pentecostais. (1) Axioma: O termo axioma é originado da palavra grega αξιωμα (axioma), que significa algo que é considerado ajustado ou adequado, ou que tem um significado evidente. A palavra axioma vem de αξιοειν (axioein), significando considerar digno, que por sua vez vem de αξιος (axios), significando digno. Entre os filósofos dos gregos antigos, um axioma era uma reivindicação que podia ser vista para ser verdade sem nenhuma necessidade de prova. Tradição e tradição "Assim, pois, irmãos, permanecei firmes, e conservai as tradições que vos foram ensinadas, seja por palavra, seja por epístola nossa." (2 Ts 2,15)

Os protestantes costumam criticar os católicos por guardarem além da Sagrada Escritura, também a Sagrada Tradição como palavras de Deus. Eles se esquecem que a imprensa foi iventada somente no século XV. Toda verdade revelada por Deus aconteceu sem o concurso da escrita. Raramente alguma coisa era escrita, pois era um trabalho


árduo e dispendioso. Por isto a Revelação era transmitida na grande maioria das vezes por via oral. O Primeiro livro da Bíblia é o livro da Gênesis, escrito por Moisés. A Revelação de Deus iniciou-se com o patriarca Abraão. Entre Abraão e Moisés há um espaço de tempo de mais ou menos 600 anos. Como é que os hebreus guardaram a Revelação Divina durante todo teste tempo? Através da transmissão oral de geração em geração. Este depósito oral revelado por Deus é a Tradição Divina, que neste tempo estava apenas se desenvolvendo, vindo a terminar com a Ascenção Gloriosa de Cristo aos céus. Esta mesma Tradição ensina que Moisés não escreveu tudo o que a ele foi revelado por Deus. E isto pode ser facilmente confirmado por qualquer judeu. Baseados em um estudo realizado pelo Professor Carlos Ramalhete, podemos notar alguns sinais da Tradição Divina relatados na Sagrada Escritura: 

Em 1Cor 10,4, São Paulo nos conta uma interessante história que mostra como a Tradição Oral e a Escrita estavam situadas no mesmo nível: escrevendo sobre os sentidos figurados do Antigo Testamento, tomou um exemplo que não está escrito nele: a rocha da qual manava água (Ex 17,1-7; Num 20,2-13) e que acompanhava os Judeus no deserto. Não há nada nas Escrituras sobre uma pedra andando junto com os judeus! E o que é muito mais importante: o Novo Testamento faz uma prefiguração nessa exposição, pois ela prefigura Nosso Senhor! Também quando São Judas nos diz que São Miguel não quis julgar a blasfêmia de Satanás, quando estavam lutando pelo corpo de Moisés, mas deixou-o ao Julgamento de Deus, não ousou julgar a blasfêmia, mas disse: Cabe a Ti, Senhor, ele estava também citando a Tradição Oral. Ou alguém consegue encontrar esta passagem na Bíblia? Também São Paulo, em 2Tim 3,8, informa-nos os nomes daqueles que resistiram a Moisés em Ex 7,8-10 (Iannes e Mambres), que ele poderia ter tomado conhecimento somente da Tradição Oral. Além disto a plenitude da revelação das Sagradas Escrituras, está na Sagrada Tradição. Foi da Sagrada Tradição que os escritores sagrados tiraram o conteúdo para escrever, escrevendo parte do que foi revelado.


É a própria Bíblia que revela que nem toda doutrina que Jesus confiou aos apóstolos foi escrita (cf. Jo 20:30-31; 21:25; At 1:3; 2Jo 1:12; 3Jo 1:13-14; 2Tm 2:2; 2Ts 2,15). E que devemos guardar toda a Revelação Divina, seja oral ou escrita (cf. 2Ts 2,15; 2Tm 2:2; 1Tm 6:20; At 2:42; At 16:4). Os protestantes para defenderem sua posição de abandono à Tradição Apostólica, costumam sitar as passagens abaixo, onde Jesus repreende os Fariseus: 

"Porque, deixando o mandamento de Deus, retendes a tradição dos homens, como o lavar dos jarros e dos copos, e fazeis muitas coisas semelhantes a estas. E dizia-lhes: Bem invalideis o mandamento de Deus para guardardes a vossa própria tradição." (Mc 7:8-9) "Invalidando, assim, a palavra de Deus pela vossa tradição, que vós ordenastes. E muita coisa fazeis semelhantes a estas." (Mc 7:13) Os protestantes exatamente por não conhecerem a Tradição, não sabem que os Fariseus guardavam duas tradições: a Tradição Divina (revelada por Deus através dos Patriarcas, Juízes e Profetas) e a tradição humana (desenvolvida secretamente nos círculos farisaicos, chamada de "tradição dos antigos"). E o que era a tradição humana que os Fariseus guardavam? Era um conjunto de regras, que tinha como objetivo o rigor no cumprimento da Lei, para evitar que o povo a transgradisse. Por exemplo: a Tradição Divina ensinava que a carne de um animal não poderia ser cozida em seu próprio leite. Para evitar que o povo transgredisse esta lei, os Fariseus criaram uma outra que ensinava que nenhuma carne deveria ser cozida em leite. Com isto colocavam uma "cerca" em torno da Lei. Coisa parecida fazem os protestantes ao proibirem o consumo de álcool e em outros casos o uso da Televisão. Jesus, no referido episódio narrado por São Marcos, estava condenando a atitude de substituir a Tradição (dada por Deus seja oral ou escrita) pela tradição (dada pelos homens). Este erro foi cometido também pelos primeiros hereges cristãos que abandonaram a Tradição Apostólica para seguirem a tradição de Pelágio, Ario, Nestório e etc. No século XVI trocaram a Tradição Apostólica pela tradição de Lutero, Calvino, John Knox, etc. E este erro permanece até os dias atuais.]


A Sagrada Tradição e os Protestantes

Os protestantes que se dizem voltar ao cristianismo primitivo, que se dizem conhecedores da Palavra de Deus e seus fiéis seguidores, renegam duas parcelas importantíssimas da Palavra de Deus: A Sagrada Tradição e o Sagrado Magistério.

O escopo de nosso artigo está na Sagrada Tradição, em outra oportunidade trataremos do Sagrado Magistério. A Ordem Apostólica

Os adeptos da "Sola Scriptura" (Somente as Escrituras), na verdade são adeptos da "Sola alguns versículos da Scriptura". Negam verdades bem explícitas da Sagrada Escritura como a real presença do Senhor no pão e no vinho da Eucaristia (cf. Jo 6,51-56), negam também que a autoridade apostólica não se encerrou com a geração dos apóstolos, mas se perpetuou em seus legítimos sucessores (cf. At 1,15-26; 1Tm 5,1.19-20; Tt 1,5; 2,9-10.15), negam o preço que o Senhor e São Paulo possuiam pelos celibatários (cf.Mt 19,12; 1Cor 7,1.26-27) e entre outras coisas. Mas se tratando da Sagrada Tradição, fecham seus olhos para a seguinte instrução de São Paulo: "Assim, ficai firmes e conservai os ensinamentos que de nós aprendestes, seja por palavra, seja por carta nossa" (2Tes 2,15). Verter por escrito a Revelação era uma preocupação secundária


Vejam que São Paulo nos manda guardar toda doutrina apostólica, seja ela oral ou escrita. A Sagrada Tradição é maior que a Escritura, pois foi ela que deu origem à Escritura. A ordem do Senhor foi: "Ide, e pregai o Evangelho a toda criatura" (cf. Mt 28,19-20) e não "Ide e imprimi as Escrituras". A preocupação da Igreja era anunciar o Evangelho. E fizeram isto de viva voz. Somente em circunstância especiais é que os apóstolos se viram obrigados a colocar algo por escrito. Mas de forma alguma se preocuparam em colocar tudo por escrito (cf. Jo 21,25; 1Cor 11,12; 2Jo 1,12; 3; 3Jo 1,13-14). Veja o testemunho de Eusébio, Bispo de Cesaréia e historiador da Igreja nos tempos primitivos: "[Os Apóstolos] Anunciaram o reino dos céus a todo orbe habitado, sem a menor preocupação de escrever livros. Assim procediam porque lhes cabia prestar um serviço maior e sobre-humano. Até Paulo, o mais potente de todos na preparação dos discursos, o mais dotado relativamente aos conceitos, só transmitiu por escrito breves cartas, apesar de ter realidades inúmeras e inefáveis a contar [...] Outros seguidores de nosso Salvador, os primeiros apóstolos, os setenta discípulos e mil outros mais não eram inexperientes das mesmas realidades. Entretanto, dentre eles todos, somente Mateus e João deixaram memória dos entretenimentos do Salvador. E a Tradição refere que estes escreveram forçados pela necessidade. [...] Quanto a João [o Apóstolo], diz-se que sempre utilizava o anúncio oral. Por fim, também ele pôs-se a escrever pelo seguinte motivo. Quando os três evangelhos precedentes já se haviam propagado entre todos os fiéis e chegaram até ele, recebeu-os, atestando sua veracidade. Somente careciam da história das primeiras ações de Cristo e do anúncio primordial da palavra. E trata-se de verdadeiro motivo." (História Eclesiástica Livro III, 24,3-7. Eusébio de Cesaréia, + ou 317 d.C) Pois o Cristianismo não é baseado num manual de instruções, mas sim no Magistério Vivo da Igreja. E é disto que as Sagradas Escrituras (cf. 2Cor 3,6) e os antigos deram testemunho. Motivos que os protestantes alegam para abandonar a Sagrada Tradição


Os protestantes normalmente apresentam 3 motivos para justificar seu abandono à Sagrada Tradição: 1) O que está na Bíblia é suficiente Normalmente citam 2Tm 3,16. Mas o referido versículo não diz que a Escritura é suficiente, diz apenas que é útil, para ensinar, e redargüir o homem para toda boa obra. Isto é claro pois na Sagrada Escritura só existe Verdade, mas nem toda Verdade está na Sagrada Escritura. 2) Que Jesus condenou o uso da Tradição Alguns protestantes alegam que as palavras do Senhor registradas em Mc 7,9 justificam o abandono à Sagrada Tradição. Se isto fosse verdade São Paulo não nos deixaria a ordem que também guardar o ensino oral dos apóstolos. O problema que é os Fariseus ensinavam informalmente sua própria tradição em vez da Tradição que foi comunicada desde Abraão até os Profetas. É isso mesmo que o leitor leu, ensinavam informalmente sua doutrina, pois ensino formal, isto é, o ministério da Palavra era feito nas Sinagogas aos Sábados. Se os Fariseus ensinassem sua doutrina formalmente, o Senhor não teria dito ao povo que os ouvisse quando estes estivessem ensinando da Cadeira de Moisés, isto é, ensinando formalmente como legítimos sucessores de Moisés (cf. Mt 23,2). É por isto que todo católico deve observar apenas o que a Igreja ensina oficialmente. A opinião do Padre Zezinho, do Frei Beto, do Padre Marcelo, ou até mesmo do Santo Padre João Paulo segundo, de forma alguma é norma de fé e prática para católico. 3) A Tradição pode ser muito bem deturpada com o tempo como a brincadeira do telefone-sem-fio Outro motivo apresentado pelos protestantes para negarem a Tradição Apostólica, é de que o ensino oral pode ser deturpado com o tempo. Se São Paulo não confiasse na fidelidade da Igreja em guardar toda doutrina apostólica, seja oral ou escrita, não teria dito a Timóteo: "E o que de mim, através de muitas testemunhas ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros." (2 Tm 2,2). São Paulo disse isto pq sabia que a Igreja é a Coluna e o Fundamento da Verdade (cf. 1Tm 3,15) e que ela guardaria fielmente a doutrina revelada (cf. Mt 16,18-19)


Fora este fato, não só protestantes, mas o que muitos católicos também não sabem, é que a Sagrada Tradição não foi conservada pela Igreja apenas oralmente, mas também foi sendo vertida por escrito pelas gerações que sucederam os santos apóstolos. Mesmo durante a era apostólica, muitos já queriam se separar da Igreja, pregando um Evangelho diferente. Mas todas estas heresias caíram por terra, por causa do testemunho vivo dos Apóstolos. Coma morte dos Apóstolos, seus legítimos sucessores se preocuparam em escrever aquilo que os Apóstolos não deixaram por Escrito, para combater heresias nascentes, e para deixar para a posteridade a memória cristã. Vejam os testemunhos primitivos: "Em primeiro lugar [Inácio de Antioquia], acautelava-se a conservar firmemente a tradição dos apóstolos que, por segurança, julgou necessário fixar ainda por escrito. Estava já prestes a ser martirizado." (História Eclesiástica Livro III, 36,4. Eusébio de Cesaréia, + ou - 317 d.C). "Em teu favor, não hesitarei em aditar às minhas explanações que aprendi outrora dos presbíteros e cuja lembrança guardei fielmente, a fim de corroborar a manifestação da verdade." (Pápias Bispo de Hierápolis, - ou - 120 d.C). "Pápias, de quem nos ocupamos agora, reconhece ter recebido as palavras dos apóstolos por meio dos que com eles conviveram; declara, além disso, ter sido ele mesmo ouvinte de Aristion e do presbítero João. De fato, cita-os com freqüência nominalmente em seus escritos, referindo as palavras que transmitiram.Não foi ocioso ter dito tais coisas. É justo acrescentar às palavras supramencionadas de Pápias umas narrações ainda de fatos extraordinários e outras que chegaram até ele por meio da tradição." (História Eclesiástica Livro III, 39,7-8. Eusébio de Cesaréia, + ou - 317 d.C). "Floresciam nesta época na Igreja [tempo do Imperador Vero, por volta de 140 d.C], Hegesipo, já conhecido pelas narrações precedentes; Dionísio, bispo de Corinto; Pintos, bispo de Creta. Além disso, Filipe, Apolinário, Melitão, Musano e Modesto, e sobretudo Ireneu. Através de todos eles, chegou até nós por escrito a ortodoxia da tradição apostólica, a verdadeira fé." (História Eclesiástica Livro IV, 21. Eusébio de Cesaréia, + ou - 317 d.C).


"Ora, sob [o episcopado de] Clemente, grave divergência surgiu entre os irmãos de Corinto. A Igreja de Roma enviou aos coríntios importante carta, exortando-os à paz e procurando reavivar-lhes a fé, assim como a tradição que, há pouco tempo, ela havia recebido dos apóstolos." (História Eclesiástica Livro IV, 6,3. Eusébio de Cesaréia, + ou - 317 d.C). "Esses mestres [Policarpo, Ireneu, Pápias, Justino, Clemente de Roma, Clemente de Alexandria, entre outros pois a lista é grande], que guardaram a verdadeira tradição da feliz doutrina recebida, como que transmitida de pai a filho, oriunda imediatamente dos santos Apóstolos Pedro e Tiago, João e Paulo (poucos são, contudo os filhos semelhantes aos pais), chegaram até nossos dias, por dom de Deus, a fim de lançar as sementes de seus antepassados e dos apóstolos em nossos corações" (História Eclesiástica Livro V, 11,5. Eusébio de Cesaréia, + ou - 317 d.C). "Impossível enumerar nominalmente todos os que então, desde a primeira sucessão dos Apóstolos, tornaram-se pastores ou evangelistas nas Igrejas pelo mundo. Nominalmente confiamos a um escrito apenas a lembrança daqueles cujas obras ainda agora representam a tradição da doutrina apostólica" (História Eclesiástica Livro III, 37,4. Eusébio de Cesaréia, + ou - 317 d.C). Onde a verdadeira Tradição dos Apóstolos pode ser encontrada

Eusébio não só é testemunha que os sucessores dos apóstolos deixaram por escrito a legítima Tradição Apostólica, como dá testemunho que a genuína Tradição Apostólica só pode ser encontrada na Igreja Apostólica, isto é, na Igreja que possui sua origem na legítima sucessão dos bispos. Para combater o erro de ontem e de hoje, os antigos sempre apontavam para as Igrejas Apostólicas, isto é, para aquelas que tinham bispos legitimamente instituídos pelos Apóstolos e seus sucessores, pois segundo eles eram elas que guardavam a legítima Tradição Cristã. Para eles somente na Igreja Apostólica é se pode encontrar a Verdade. Da mesma forma como a pregação paulina foi confiada a Timóteo (cf 2 Tm 1,13-14) e este confiou a seus sucessores, da mesma


forma Tradição Apostólica foi conservada pela Igreja, através da legítima sucessão dos bispos. Veja os testemunhos primitivos: "Mas a Igreja de Éfeso, fundada por Paulo e onde João permaneceu até o tempo de Trajano, é também testemunha genuína da tradição dos apóstolos" (Contra as Heresias, Santo Ireneu Bispo de Lião, + ou - 202 d.C). "Nesta ocasião [tempo do Imperador Vero. Meados do segundo século e início do terceiro], muitos homens da Igreja lutaram em prol da verdade com eloqüência e defenderam as proposições apostólicas e eclesiásticas. Alguns até, com seus escritos, deixaram aos pósteros uma profilaxia contra as heresias que acabamos de citar" (História Eclesiástica Livro IV, 7,5. Eusébio de Cesaréia, + ou - 317 d.C). Depois Eusébio nos remete a uma imensa lista de autores e seus respectivos livros, pelos quais deixaram para a memória cristã a autêntica pregação Apostólica. "A Clemente [3º sucessor de São Pedro na Cáthedra de Roma] sucedeu Evaristo; a Evaristo, Alexandre, depois, em sexto lugar desde os apóstolos, foi estabelecido Xisto; logo, Telésforo, que prestou glorioso testemunho; em seguida, Higino; após este, Pio, e depois, Aniceto. Tendo sido Sotero o sucessor de Aniceto, agora detém o múnus espiscopal Eleutério, que ocupa o duodécimo lugar na sucessão apostólica. Em idêntica ordem e idêntico ensinamento na Igreja, a tradição proveniente dos apóstolos e o anúncio da verdade chegaram até nós." (História Eclesiástica Livro V, 6,4-5. Eusébio de Cesaréia, + ou - 317 d.C). "E quando, por nossa vez, os levamos [os hereges] à Tradição que vem dos apóstolos e que é conservada nas várias igrejas, pela sucessão dos presbíteros, então se opõe à Tradição, dizendo que, sendo eles mais sábios do que os presbíteros, não somente, mas até dos apóstolos, foram os únicos capazes de encontrar a pura verdade." (Contra as Heresias, III,2,1, Santo Ireneu Bispo de Lião, + ou - 202 d.C) "Portanto, a tradição dos apóstolos, que foi manifestada no mundo inteiro, pode ser descoberta e toda igreja por todos os que queiram ver a verdade. Poderíamos enumerar aqui os bispos que foram estabelecidos nas igrejas pelos apóstolos e seus sucessores até nós; e eles nunca ensinaram nem conheceram nada que se parecesse com o que essa gente [os hereges] vai delirando. [...]


Mas visto que seria coisa bastante longa elencar numa obrar como esta, as sucessões de todas as igrejas, limitar-nos-emos à maior e mais antiga e conhecida por todos, à igreja fundada e constituída em Roma, pelos dois gloriosíssimos apóstolos, Pedro e Paulo, e, indicando a sua tradição recebida dos apóstolos e a fé anunciada aos homens, que chegou até nós pelas sucessões dos bispos, refutaremos todos os que de alguma forma, quer por enfatuação ou vanglória, que por cegueira ou por doutrina errada, se reúnem prescindindo de qualquer legitimidade. Com efeito, deve necessariamente estar de acordo com ela, por causa da sua origem mais excelente, toda a igreja, isto é, os fiéis de todos os lugares, porque nela sempre foi conservada, de maneira especial, a tradição que deriva dos apóstolos." (Contra as Heresias, III,3,1-2, Santo Ireneu Bispo de Lião, + ou - 202 d.C) Acho também interessante citar a observância de Eusébio quanto à degeneração doutrinária das seitas, assim como acontece no Protestantismo: "Extinguiram-se, pois rapidamente as maquinações dos inimigos, confundidas pela atuação da Verdade. As heresias, uma após outras, apresentavam inovações; as mais antigas continuamente desvaneciam e desvirtuavam-se, de diferentes modos, para dar lugar a idéias diversas e variadas. Ao invés, ia aumentando e crescendo o brilho da única verdadeira Igreja católica, sempre com a mesma identidade, e irradiando sobre gregos e bárbaros o que há de respeitável, puro, livre, sábio, casto em sua divina conduta e filosofia. [...] Além do mais, na época de que tratamos, a verdade podia apresentar numerosos defensores, em luta contra as heresias atéias, não somente através de refutações orais, mas também por meio de demonstrações escritas." (História Eclesiástica Livro IV, 7,13.15. Eusébio de Cesaréia, + ou - 317 d.C). Conclusão

Pois é esta mesma memória cristã que nós Católicos Romanos, Gregos, Russos, Orientais, Coptas, Nestorianos e Maronitas, guardamos. E é por causa dela é que apesar de separados por um cisma de 1000 anos (com exceção dos Católicos Maronitas que até hoje estão em plena comunhão com a Igreja Católica Romana), possuímos praticamente a mesma fé e doutrina. Divergimos mais em questões disciplinares. E é esta mesma memória que um dia


colocou por terra as heresias do passado, é que eu nós que congregamos nas legítimas Igrejas Apostólicas (aquelas que guardam a legítima sucessão dos bispos), trazemos à luz para combater as heresias de hoje também. E como se pode ver o Protestantismo ao se ao abandonar a Tradição Apostólica, berço das Sagradas Escrituras, comete o mesmo erro as primeiras seitas, e identificamos nele o mesmo diagnóstico delas. Acabam pregando sua própria tradição em vez da Tradição Divina, erro que Jesus condenou dos Fariseus. Com qual o quê você vai ficar? Com a Tradição dos Apóstolos ou com a tradição de Lutero, Calvino, John Knox, Ellen White, Tasse Russel, Edir Macedo, David Miranda, etc? A Sagrada Tradição é igual à Sagrada Escritura?

Temos escritos vários artigos falando sobre a Sagrada Tradição, que é o veículo oral da Revelação de Cristo. Os Santos Apóstolos receberam a pregação do Senhor Jesus e depois foram difundindo esta pregação por todo o mundo conhecido. A pregação dos Apóstolos, foi transmitida na Igreja de Deus de duas formas: por via oral e por escrito. Temos também publicado vários testemunhos primitivos(1) que mostram que tanto a Sagrada Escritura quanto a Sagrada Tradição sempre foram guardados pela Igreja de Deus como verdadeira Palavra de Deus. No séc. XVI com o movimento da "Reforma Protestante", os "reformadores" pregavam que a Palavra de Deus é somente a Sagrada Escritura, contrariando é claro a fé antiga que a Igreja recebeu dos apóstolos.


Nossos artigos têm provacado verdadeiro tumulto no mundo protestante, pois a maioria das pessoas que estão em suas fileiras não sabiam da existência da Sagrada Tradição. Em contra-partida os apologistas protestantes têm afirmado que a Tradição a que se refere os primitivos cristãos não se refere a algo que está fora das Sagradas Escrituras. Dos muitos artigos que se encontram na Internet defendendo esta tese, transcrevo abaixo o trecho de um que muito bem apresenta tal argumento: "A Tradição de Que Paulo Trata Não É Extrabíblica Em Gálatas 1: 13 e 14 Paulo fala que perseguia os cristãos seguindo a tradição de seus pais pela qual tinha grande zelo. Em Colossenses 2:8 ele recomenda cuidar-se contra os que ensinavam 'sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens'. E quando o apóstolo dos gentios refere-se à tradição cristã, ele de modo algum está falando de algo derivado do pensamento popular mas do que ele mesmo ensinou: 'Assim, pois, irmãos, permanecei firmes e guardai as tradições que vos foram ensinadas, seja por palavra, seja por epístola nossa'. Certos autores católicos citam esta passagem para dar a entender que além do texto escrito, haveria tradições relevantes não registradas nas páginas sagradas. Contudo, a própria passagem ressalta aos leitores primários do apóstolo a importância de se aterem ao que lhes fora ensinado, 'seja por palavra, seja por epístola nossa'. Que o 'seja por palavra' não difere do que foi dado 'por epístola' é a conclusão mais lógica a se tirar. Ou será que algum tema fundamental, básico para a fé e prática cristãs, ficaria sem registro? Iria Paulo ser tão omisso em suas 13 ou 14 epístolas, deixando de fora de seu repertório de ensinos teológicos, práticos e admoestações individuais ou coletivas algum tema de fato vital para a comunidade cristã? O que ele expressou 'por palavra' certamente não destoaria do que fez 'por epístola'." (Artigo "A fonte de verdade e salvação: Sola Scriptura ou Bíblia e Tradição?". Autor:Azenilto G. Brito. Fonte: http://www.azenilto.com/34dVERDSALVA.html) O autor das linhas acima conclui que quando São Paulo se refere ao que ele ensinou "seja por palavra" o Santo Apóstolo está se referindo ao que ele ensinou "por epístola nossa.". Para ele essa "é a conclusão mais lógica a se tirar", pois "Iria Paulo ser tão omisso em suas 13 ou 14 epístolas, deixando de fora de seu repertório de ensinos teológicos, práticos e admoestações individuais ou coletivas algum tema de fato vital para a comunidade cristã?".


Desta forma, o apologista protestante defende a Sola Scriptura alegando que o que São Paulo ensinou por palavra não vai além daquilo que ele ensinou por Escrito. E como ele chega a esta "conclusão mais lógica a se tirar"? Partindo do princípio de que o Apóstolo escreveu tuda a sua doutrina. Ora, mas não é exatamente isto que se quer provar? Como pode ele defender a Veracidade da Sola Scritpura assumindo como premissa exatamente aquilo que está sendo questionado? Aqui está o problema da "petição de princípio". Ora, quando se quer provar a veracidade de um argumento, não se pode assumir como premissa aquilo que se quer provar. E esse é exatamente o recurso da "brilhante" apologética protestante que infelizmente consegue atrair para o erro os mais simples. O que ensina a Sagrada Escritura? A Sagrada Escritura dá testemunho de que os Apóstolos não deixaram por escrito toda a sua teologia. "Tenho muito a vos escrever, mas não quero fazê-lo com papel e tinta. Antes, espero ir ter convosco e falar face a face, para que nossa alegria seja completa" (2Jo 1,12). "Tenho muitas coisas que te escrever, mas não quero fazê-lo com tinta e pena. Espero, porém, ver-te brevemente, e falaremos face a face" (3Jo 1,13-14) Os dois trechos acima mostram que o Apóstolo São João não deixou por escrito tudo aquilo que comunicou aos crentes, tendo comunicado outras coisas somente de viva vóz. "[Jesus] depois de ter padecido, se apresentou vivo, com muitas e infalíveis provas, sendo visto por eles por espaço de quarenta dias e falando do que respeita ao reino de Deus." (At 1,3) Veja que o que o Senhor Ressucitado comunicou aos Apóstolos durante os 40 dias em que permaneceu ainda na terra antes de ir ao Céu, não foi colocado por escrito por nenhum dos Apóstolos. Outro fato interessante é que a grande maioria dos apóstolos nada escreveu, não deixou nada por escrito, tramitindo sua teologia somente por via oral. A Sagrada Escritura dá testemunho de instruções que foram transmitidas somente por via oral


"E a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará; e se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados." (Tg 5,10). Aqui São Tiago faz referência a uma das instruções que não se encontram nos Evangelhos ou nas espístolas dos Apóstolos. "Em tudo vos tenho mostrado que assim, trabalhando, convém acudir os fracos e lembrar-se das palavras do Senhor Jesus, porquanto ele mesmo disse: É maior felicidade dar que receber!" (At 20,35). Aqui o Santo Apóstolo faz referência a palavras de Cristo que não se encontram em nenhum dos Evangelhos. Testemunhos dos Primitivos Cristãos Mostramos acima que a Sagrada Escritura dá testemunho da existência de outro "veículo" da Revelação Divina, que trasmitiu esta Revelação por via meramente oral. A este "veículo" os antigos chamavam de Sagrada Tradição, que ao contrário do que imagina a apologética protestante, é algo bem distinto da Sagrada Escritura. Transcreveremos abaixo alguns trechos de uma famosa e grandiosa obra do Período Patrístico, obra muito estimada na antiguidade Cristã e que serviu como referência para a Igreja Antiga definir no Concílio de Constantinopla o dogma da Divindade do Espírito Santo. Vejamos agora o testemunho que ela dá do pensamento primitivo quanto à Verdade Revelada que não constra na Sagrada Escritura: "Entre as verdades conservadas e anunciadas na Igreja, umas nós as recebemos por escrito e outras nos foram transmitidas nos mistérios, pela Tradição apostólica. Ambas as formas são igualmente válidas relativamente à piedade. Ninguém que tiver, por pouco que seja, experiência das instituições eclesiásticas, há de contradizer. De fato, se tentássemos rejeitar os costumes não escritos, como desprovidos de maior valor, prejudicaríamos imperceptivelmente o evangelho, em questões essenciais. Antes, transformaríamos o anúncio em palavras ocas. " (Tratado sobre o Espírito Santo. Cap 66. São Basílio de Cesaréia (Bispo). 380 D.C.). "Um dia inteiro nao nos bastaria se quiséssemos expor os mistérios da Igreja que não constam das Escrituras. Deixando de lado tudo mais, pergunto de quais passagens retiramos a profissão de fé no Pai e no Filho e no Espírito Santo. Se a extraímos da tradição batismal, de acordo com a piedade (pois devemos crer segundo a maneira como fomos batizados), para entregarmos uma profissão batismal, essencial ao batismo, conseqüentemente nos seja


permitido também glorificar conforme nossa fé. Mas, se esta forma de dar glória nos é recusada, por não constar das Escrituras, sejamnos mostradas provas escritas da profissão de fé e de todo o restante, que enumeramos. Desde que há tantas coisas que não foram escritas, e coisas tão importantes para o mistério da piedade, ser-nos-á recusada uma só palavra, proveniente dos Pais, que nós vemos persistir por um uso espontâneo nas Igrejas isentas de desvios, uma palavra muito razoável, e que muito contribui para a força do mistério?" (Tratado sobre o Espírito Santo. Cap 67. São Basílio de Cesaréia (Bispo). 380 D.C.). Outra obra célebre da Antiga Igreja que é bem anterior a obra de São Basílio de Cesaréia, também dá testemunho da distinção que há entre a Sagrada Tradição e a Sagrada Escritura: "Quando são [os gnósticos] vencidos pelos argumentos tirados das Escrituras retorcem a acusação contra as próprias Escrituras, (...) E quando, por nossa vez, os levamos à Tradição que vem dos apóstolos e que é conservada nas várias igrejas, pela sucessão dos presbíteros, então se opõem à tradição." (Contra as Heresias 2,1-2 Livro III. Santo Ireneu de Lião (Bispo). 220 D.C). Portanto, o nosso argumento de que São Paulo ao se referir às tradições ensinadas "por palavra" refere-se a algo distinto daquilo que fora ensinado "por epístola", não vem de nossa imaginação, mas da Antiga Fé que a Igreja recebeu dos Apóstolos. Se a Sagrada Tradição não fosse algo distinto da Sagrada Escritura, São Paulo em sua epístola aos Tessalonicenses não precisaria fazer referência "às tradições que foram transmitidas por palavra". No entanto ele faz referência a ambas tradições, tanto as "ensinadas seja por palavra, seja epístola nossa", exatamente por se tratar de algo distinto um do outro, conforme dá testemunho dos antigos Cristãos. Esta é a doutrina que está no ceio da Igreja Católica desde os tempos apostólicos. Tendo Ela recebido este Evangelho jamais poderá aliar-se a um Evangelho diferente daquele recebido dos Apóstolos (Gl 1,8). Mas infelizmente muitos por falta de conhecimento e fé no Magistério da Igreja (cf. 1Tm 3,15) acabam de bom grado acolhendo outro "evangelho" (cf. 1Cor 11,3-4). Já nos tempos mais remotos a Igreja combatia aqueles que incentivavam o esquecimento da Sagrada Tradição, conforme podemos a testar no testemunho de São Basílio de Cesaréia (o Magno):


"Meta comum de todos os adversários, inimigos da sã doutrina, é abalar o fundamento da fé em Cristo, arrasando, fazendo desaparecer a Tradição apostólica. Por isso, eles, aparentando ser detentores de bons sentimentos, recorrem a provas extraídas das Escrituras, e lançam para bem longe, como se fossem objetos vis, os testemunhos orais dos Padres." (Tratado sobre o Espírito Santo, Cap 25). Como vemos o incentivo de se esquecer a Sagrada Tradição de forma alguma é algo que surgiu com a Reforma Protestante. Na verdade os antigos erros surgidos na Cristantade cada qual em seu próprio tempo e que a Igreja de Deus tanto lutou para combater e enterrar; depois de muitos séculos esquecidos em suas tumbas, foram ressucitados de uma só vez com o movimento da Reforma Protestante. Este fato me parece ser o cumprimento da seguinte visão profética do Santo Apóstolo: "Vi, então, descer do céu um anjo que tinha na mão a chave do abismo e uma grande algema. Ele apanhou o Dragão, a primitiva Serpente, que é o Demônio e Satanás, e o acorrentou por mil anos. Atirou-o no abismo, que fechou e selou por cima, para que já não seduzisse as nações, até que se completassem mil anos. Depois disso, ele deve ser solto por um pouco de tempo." (Ap 20,1-3) O Protestantismo e a fé no Cristo das Sagradas EscriturasTenho um amado irmão em Cristo que é protestante, sempre trocamos muitos emails e creio que aprendemos sempre juntos. Numa destas nossas trocas de email ele me disse que cria no "Cristo Vivo que está presente nas Sagradas Escrituras". Sei que ele é uma pessoa sincera (diferente de outros...) e que ama a Cristo de todo coração e que como eu deseja seguir a Verdade. Mas tendo contanto com o que ele entende do Evangelho e o que vejo de outros protestantes, eu não me parece que o Cristo em que ele crê seja o Cristo das Escrituras.


Não tenho direito de julgar, mas tenho o deve de exortar os irmãos para a Verdade. - O Cristo das Sagradas Escrituas instituiu o Sacramento da Penitência, dando poder à Igreja de perdoar os pecados dos Crentes: "Depois dessas palavras, soprou sobre eles dizendo-lhes: Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos." (Jo 20,22-23) - O Cristo das Sagradas Escrituras ensinou que quem rejeita a Palavra da Igreja rejeita a Ele próprio: "Quem vos ouve, a mim ouve; e quem vos rejeita, a mim rejeita; e quem me rejeita, rejeita aquele que me enviou." (Lc 10,16) - O Cristo das Sagradas Escrituras ensinou que só teremos vida se comermos a sua carne e bebermos o seu sangue: "Então Jesus lhes disse: Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós mesmos." (Jo 6,53) - O Cristo das Sagradas Escrituras ensinou que aquele que come a Sua carne e bebe o Seu sangue ressuscitará: "Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia." (Jo 6,54) - O Cristo das Sagradas Escrituras não deixou dúvida que o Seu corpo e o Seu sangue são bebida e comida no sentido próprio: "Pois a minha carne é verdadeiramente uma comida e o meu sangue, verdadeiramente uma bebida." (Jo 6,55) - O Cristo das Sagradas Escrituras ensinou que quem come o seu corpo o bebe o seu sangue estará unido à Ele: "Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele. Assim como o Pai que me enviou vive, e eu vivo pelo Pai, assim também aquele que comer a minha carne viverá por mim." (Jo 6,56-57)


- O Cristo das Sagradas Escrituras ensinou que a sua carne e o seu sangue devem ser comidos e bebidos durante a celebração Eucarística: "Durante a refeição, Jesus tomou o pão, benzeu-o, partiu-o e o deu aos discípulos, dizendo: Tomai e comei, isto é meu corpo. Tomou depois o cálice, rendeu graças e deu-lho, dizendo: Bebei dele todos, porque isto é meu sangue, o sangue da Nova Aliança, derramado por muitos homens em remissão dos pecados. (Mt 10,26-28) - O Cristo das Sagradas Escrituras deu-nos como filhos de Sua Mãe e a Sua Mãe como nossa Mãe: "Quando Jesus viu sua mãe e perto dela o discípulo que amava, disse à sua mãe: Mulher, eis aí teu filho. Depois disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. E dessa hora em diante o discípulo a levou para a sua casa." (Jo 19,26-27) - O Cristo das Sagradas Escrituras atende o pedido de Sua Santa Mãe: "Como viesse a faltar vinho, a mãe de Jesus disse-lhe: Eles já não têm vinho. Respondeu-lhe Jesus: Mulher, isso compete a nós? Minha hora ainda não chegou. Disse, então, sua mãe aos serventes: Fazei o que ele vos disser. Ora, achavam-se ali seis talhas de pedra para as purificações dos judeus, que continham cada qual duas ou três medidas. Jesus ordena-lhes: Enchei as talhas de água. Eles encheram-nas até em cima. Tirai agora , disse-lhes Jesus, e levai ao chefe dos serventes. E levaram." (Jo 2,3-8) - O Cristo das Sagradas Escrituras colocou Pedro como Pedra da Sua Igreja: "E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela." (Mt 16,18) - O Cristo das Sagradas Escrituras deu a Pedro o poder de governar a Sua Igreja: "Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus." (Mt 16,19)


- O Cristo das Sagradas Escrituras deixou suas ovelhas (os cristãos) aos cuidados de Pedro: "Tendo eles comido, Jesus perguntou a Simão Pedro: Simão, filho de João, amas-me mais do que estes? Respondeu ele: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta os meus cordeiros. Perguntou-lhe outra vez: Simão, filho de João, amas-me? Respondeu-lhe: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta os meus cordeiros. Perguntou-lhe pela terceira vez: Simão, filho de João, amas-me? Pedro entristeceu-se porque lhe perguntou pela terceira vez: Amas-me?, e respondeu-lhe: Senhor, sabes tudo, tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta as minhas ovelhas." (Jo 21,15-17) - O Cristo das Sagradas Escrituras deu a Pedro o dever de confirmar toda a Igreja na fé Verdadeira, e por este motivo orou por ele: "Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos peneirar como o trigo; mas eu roguei por ti, para que a tua confiança não desfaleça; e tu, por tua vez, confirma os teus irmãos." (Lc 22,31-32) - O Cristo das Sagradas Escrituras ensinou que para cada pecado há uma tipo de pena (e não que pecado é tudo igual): "O servo que, apesar de conhecer a vontade de seu senhor, nada preparou e lhe desobedeceu será açoitado com numerosos golpes. Mas aquele que, ignorando a vontade de seu senhor, fizer coisas repreensíveis será açoitado com poucos golpes. Porque, a quem muito se deu, muito se exigirá. Quanto mais se confiar a alguém, dele mais se há de exigir." (Lc 12,47-48)

A Fé e a Autoridade da Igreja "Porque nele [no Evangelho] se revela a justiça de Deus, que se obtém pela fé e conduz à fé, como está escrito: O justo viverá pela fé" (Rm 1,17). Introdução Nós somos dotados de duas faculdades: inteligência e vontade. A primeira orienta-se a todos os raios da Verdade, a segunda orienta-se às atrações do Bem. No


casamento entre estas duplas conjugações, o homem encontra a solução para os enigmas e a regra definitiva de sua atividade moral. Este casamento chama-se Fé.

A Fé como instrumento do desenvolvimento humano A própria família é edificada pelo ato de Fé. Uma mãe diz a seu filho: sou uma mãe; o Pai diz: sou seu pai. No lar o menino cresce recebendo educação dos pais, ora isso mais nada é do que o exercício contínuo da Fé. Na instituição familiar entra em ação de um lado a autoridade dos pais e do outro a confiança dos filhos. Neste dois elementos que a natureza fez instintivos e complementares, constituem os pólos nos quais gravita a primeira formação do homem. Depois vem a escola, e o exercício da Fé aí é mais uma vez continuado. Fé na Geografia, na Matemática, na História, na Língua Portuguesa. E mais uma vez somos formados entre a autoridade do Professor e o nosso livre assentimento. Nas universidades não é diferente. Qual sábio não desenvolveu seu trabalho fundamentado em estudo de outros mestres? Ora, por um processo inevitável de economia intelectual, toma-se o atalho da fé evitando os longos percursos da demonstração. Com efeito, a verificação pessoal é sempre possível, entretanto, o motivo que determina a adesão da inteligência, na maioria dos casos, não é a prova da ciência, mas a aceitação fiduciária da ciência alheia, logo um ato de Fé. Também é a Fé que dá dinamismo à vida social. Relações de serviços, comércio, trabalho, trânsito e etc. Nisto tudo encontramos o justo exercício entre a afirmação da Autoridade e o assentimento dos cidadãos. Cremos também no Jornal que nos instrui dos acontecimentos recentes, cremos no médico que nos dá o diagnóstico, no farmacêutico que nos receita um remédio, nas Agências que regulamentam os vários serviços, nos Institutos que garantem a qualidade de vários produtos. É inegável que “em todos os conhecimentos indispensáveis à orientação de nossa vida, o que adquirimos por observação individual e averiguação própria é uma insignificância em comparação do muito, do quase tudo, que, por via de autoridade, entra no patrimônio dos nossos havares intelectuais” (1, pg. 25).


É mister reconhecer que a Fé é um ato de assentimento intrínseco ao homem, que condiciona toda sua existência e eleva à perfeição suas manifestações intelectuais e sociais. Logo, verifica-se que a Fé não está restrita ao âmbito religioso, porém em nenhum outro domínio, encontra a Fé sua necessidade mais evidente e sua importância mais inestimável. A Fé religiosa O homem é dotado de natureza material (corpo) e espiritual (alma). Esta realidade se demonstra com o uso da razão e se verifica com a Ciência livre do dogmatismo racionalista (como é o caso da Parapsicologia, que identifica a pré-cognição como uma das faculdades da alma). A correria cotidiana em estudar, trabalhar, cuidar de si e da família, normalmente impede que possamos nos dedicar à investigação pessoal das grandes questões filosóficas e espirituais. Como acontece em relação às realidades naturais, as realidades espirituais também dependem da autoridade e do assentimento de Fé para que o homem tome delas todo benefício. Por isso, nos explica Pe. Leonel Franca, “E Deus não faltou a mais esta exigência de nossa natureza. Ele, que, fazendo do respeito à verdade um dever de consciência e dando-nos instintos e inclinações sociais, facilitou o exercício da fé exigido para o desenvolvimento e perfeição da nossa vida terrena, instituiu uma sociedade espiritual a quem confiou o patrimônio das verdades indispensáveis à nossa atividade moral e à expansão segura das nossas aspirações religiosas. Fez mais. Nas relações sociais e científicas, um erro não tem conseqüências irreparáveis; basta neste domínio a fé humana sujeita às tristes contingências da nossa falibilidade. A Vida religiosa, essa tem repercussões eternas. Com ela orientamo-nos para os destinos definitivos de além-túmulo; acertar nesta orientação é assegurar a posse da perfeição e da felicidade; errar culpadamente equivale a uma catástrofe irremediável” (Ibidem, pg. 27). A Autoridade religiosa A Fé por ser o instrumento necessário ao desenvolvimento do homem e vida religiosa por ser a prática que nos orienta ao nosso destino eterno, Deus em seu imenso amor por nós deu-nos a garantia de que a Autoridade pela qual recebemos as Verdades Relevadas de Sua Vontade, tivesse a garantia da infabilidade, já


que “errar culpadamente [em matéria religiosa] equivale a uma catástrofe irremediável”. Ora e que autoridade é essa? É o Magistério Divino, que teve início com os Patriarcas do AT, desenvolveu-se sob a autoridade de Moisés, dos Reis e Profetas e que culminou na Igreja. Toda autoridade que as Escrituras possuem, derivam desta autoridade e não o contrário. Por exemplo: a autoridade do Pentateuco para os judeus do AT derivou da autoridade de Moisés, e não o contrário, como se Moisés tivesse autoridade porque escreveu o Pentateuco, ou porque o Pentateuco lhe fazia referência. Conforme já dissemos o ato de livre assentimento a um ensinamento dado, não por ser evidente a Verdade naquilo que se ensina, mas por causa da Autoridade que o transmite constitui ato de Fé. Em matéria religiosa constitui no livre assentimento devido às Verdades reveladas pela Igreja. Magistral é a definição de Fé dada pela Doutrina Católica: “A Fé [...] é uma virtude sobrenatural, pela qual, prevenidos e auxiliados pela graça de Deus, cremos como verdadeiro o conteúdo da revelação, não em virtude de sua verdade intrínseca, vista pela luz natural da razão, mas por causa da autoridade de Deus que não pode enganar-se ou enganar-nos” (2). Isso também pode ser constatado na Escritura. Jesus disse: “Ide pelo mundo; pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; quem não crer será condenado” (Mc 16,15-16). É certo que crer é dar assentimento a uma revelação, não por sua veracidade ser evidente, mas pela autoridade de quem a revela (cf. Mt 28,14-20). Alguns do Sinédrio, vendo como muitos criam no Evangelho, se indagavam ao Senhor: "[...] Com que direito fazes isso? Quem te deu esta autoridade?" (Mt 21,23). Encontramos aí a utilidade dos milagres do Senhor. Cristo fazia milagres para demonstrar a Sua Autoridade. Quando os fariseus se negavam em crer Nele, o Senhor lhes dizia "[...] Crede-o ao menos por causa destas obras" (Jo 14,11). Ver também Jo 10,25.37-38. Os milagres do Senhor davam testemunho de Sua Autoridade. Por causa dela muitos creram e não por ser evidente a Verdade no que lhes era revelado. S. João Batista creu no Cristo por causa da Sua Autoridade: "Tendo João, em sua prisão, ouvido falar das obras de Cristo, mandou-lhe dizer pelos seus discípulos: Sois vós aquele que deve


vir, ou devemos esperar por outro? Respondeu-lhes Jesus: Ide e contai a João o que ouvistes e o que vistes: os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos são limpos, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam, o Evangelho é anunciado aos pobres..." (Mt 11,2-5) (grifos meus). E não foi diferente com o povo, pois "Com efeito, ele a ensinava como quem tinha autoridade e não como os seus escribas" (Mt 7,29). Foi o próprio Deus que Se fez presente no meio dos homens, revelando-lhes Sua Vontade, cuja Fé estes Lhe devem mediante o exercício de Sua Autoridade. Porém, sabendo que Cristo deveria pregar somente para os judeus (cf. Mt 15,24) e que deveria voltar para o Pai, quem exerceria Sua Autoridade para a manutenção da Fé dos homens do resto do mundo e dos futuros fiéis? A Autoridade da Igreja A resposta à pergunta anterior encontra-se no final do Evangelho de S. Mateus: "Mas Jesus, aproximando-se [dos apóstolos], lhes disse: Toda autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.Ensinai-as a observar tudo o que vos prescrevi. Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo" (Mt 28,1820) (grifos meus). Nosso Senhor pede aos apóstolos para que preguem o Evangelho. Ora, isto confirma mais uma vez que a Fé é um assentimento à Verdade Revelada e não uma experiência, um sentimento, como ensinava Lutero. Ora, se Cristo pede aos seus apóstolos que revelem o que Ele prescreveu, era preciso que eles o fizessem com a mesma autoridade Dele, caso contrário, o mundo não iria crer. Da mesma forma como um Vice-Presidente no exercício interino da Presidência (se o Presidente por razões de força maior não puder fazê-lo) tem o mesmo poder e autoridade do Presidente eleito, por razões de necessidade, também os Apóstolos foram investidos pelo Divino Mestre com Sua própria Autoridade. A Escritura dá testemunho de que a Autoridade da Igreja deriva da autoridade do Divino Redentor: "Reunindo Jesus os doze apóstolos, deu-lhes poder e autoridade sobre todos os demônios, e para curar enfermidades" (Lc 9,1) (grifos meus). Percebam que a Autoridade com que Cristo investiu Sua Igreja, não deriva da


Escritura. Foi o próprio Cristo que a deu. A Igreja é tão anterior à Escritura que a Escritura fala da Igreja. A Infabilidade da Igreja, cuja necessidade já demonstramos no início deste trabalho, é manifestada nas palavras do Cristo a S. Pedro: "E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja;as portas do inferno não prevalecerão contra ela" (Mt 16,18) (grifos meus). A que instituição Nosso Senhor se refere de forma tão carinhosa como “minha Igreja?” Jesus se refere à Igreja fundada por Ele e edificada sob a autoridade de S. Pedro (cf. Mt 16,16-19) e dos apóstolos (cf. 1Cor 3,10; Gl 2,6; 1Ts 2,7; Fl 1,8). Essa Igreja possui uma só doutrina (Ef 4,4-5), é apascentada pela autoridade de S. Pedro (cf. Lc 22,31-32), guarda não só a Sagrada Escritura como autoridade de Fé, mas também a Sagrada Tradição (cf. 2Ts 2,15) e o Sagrado Magistério (cf. At 16,4), tem Fé de que a Eucaristia é verdadeiramente o Corpo e Sangue do Senhor (cf. Jo 6,5; 1Cor 11,29), venera a Mãe do Salvador (cf. Lc 1,48), crê que ela é Rainha no Céu (cf. Ap 12,1-5), seus Bispos são sucessores dos Apóstolos (cf. At 1,21-26), seus presbíteros são instituídos pelo Sacramento da Ordem (cf 1Tm 4,14) e observa o Santo Domingo do Senhor (At 20,7; 1Cor 16,2;Cl 2,16). Todo espírito sincero após verificar o testemunho da Escritura e da Memória Cristã há de reconhecer que esta Igreja é a Igreja Católica com Sé em Roma. Conclusão Se a Fé nas Autoridades humanas que são suscetíveis às falhas, já nos traz grande benefício, o que dizer sobre a Fé na Autoridade da Igreja Infalível? Por isso S. Paulo ensinou que o “justo viverá pela Fé” (cf. Rm 1,13). Mas que Fé? A Fé no Naturalismo, no Racionalismo, no Marxismo, no Agnosticismo e nas falsas religiões e igrejas? Esta Fé é inútil ao homem, é impossível salvar-se por ela. O justo, isto é, aquele que se fez amigo de Deus pelo arrependimento de seus pecados e pelo Batismo, este só se salvará se fizer assentimento à Verdade revelada pela Igreja Verdadeira. É a Igreja fundada por Jesus a Autoridade querida por Deus para nos dar Sua Revelação e nos guiar até que Cristo venha. Por isso S. Paulo ensinou que “A Igreja é a Coluna e o Fundamento da Verdade” (cf. Tm 1Tm 3,15).


Foi a Fé na Revelação dada pela Igreja que possibilitou nações bárbaras se transformarem em verdadeiros Estados civilizados. Também foi ela quem afastou o perigo da heresia durante tantos séculos, possibilitando que a Verdade proclamada ontem chegasse a nós hoje. A Igreja por ser formada por homens é falível? "...E as portas do Inferno não prevalecerão sobre Ela"(Mt 16,18) Não é difícil encontrar pessoas que dizem que a Igreja, por ser formada por homens, é falível, pois o homem pode errar e é falho. E com este tipo de argumento, abandonam a fé em Deus ou procuram seguir uma "doutrina pronta", isto é, uma doutrina em que qualquer pessoa pode ser o seu próprio guia e alcançar a Verdade. É o que fazem por exemplo os protestantes ao colocarem a infalibilidade do Cristianismo somente na Bíblia, desprezando a autoridade do Papa. Isto também acontece com o Hinduísmo, Xintoísmo, Budismo, Espiritismo, Islamismo, Judaísmo e etc; pois todas estas religiões depositam a infalibilidade de sua doutrina em um ou mais livros, sem possuírem um chefe visível. O problema é que estas pessoas negam a Assistência Divina à sua Igreja. Todas as religiões acima citadas possuem suas divisões doutrinárias, dispersando totalmente a doutrina original. Um exemplo muito próximo da nossa realidade brasileira é o protestantismo, que possui hoje mais de 15.000 igrejas, todas com doutrinas diferentes e até mesmo contraditórias entre si, e todas com a mesma Bíblia na mão. Isto mostra que este tipo de magistério é falível pois está ao bel prazer do homem, que entende a doutrina como lhe convém. Deus, em sua perfeição infinita, jamais poderia ter confiado a Verdade a um magistério falho, pois Ele quer que o homem conheça a Verdade, que é única e imutável, como Ele É. No Antigo Testamento, o povo de Israel, quando foi liberto da escravidão no Egito para chegar à terra prometida, era guiado de dia por uma coluna de nuvem e de noite por uma coluna de fogo, que não eram Deus (Ex 13,21-22). Nisto consiste o Magistério


infalível de Deus; precisamos de uma referência visível, que não é Deus, mas que guia o seu povo em nome de Deus. Moisés foi escolhido pelo Senhor para ensinar a Verdade ao povo, e a ele confiou a Lei e os Mandamentos, bem como a autoridade de legislar sobre o povo, definir o que é certo e errado, permitir ou proibir. A Lei, apesar de ter sido escrita, não era um manual de instruções da Verdade, que todo mundo podia ler e executar, mas era ensinada através do Magistério exercido por Moisés. Moisés, apesar de ter sido um homem falho e pecador, quando ensinava e legislava como líder do povo de Deus, isto é ex-Cathedra, jamais cometia o erro. Este Magistério de Moisés ficou conhecido como a "Cátedra de Moisés", isto é, a Cadeira de Moisés. Com a Morte de Moisés, esta autoridade foi confiada a Josué, que exerceu penamente este Magistério, que depois, o confiou a outro e assim por diante. Nos tempos de Cristo, este Magistério era exercido pelos fariseus e doutores da lei. Cristo atacou duramente a moral deles e por várias vezes os chamou de hipócritas. Já que eles eram pessoas de má conduta, será que eles eram capazes de ensinar o erro ao povo? Sobre isto o Evangelho nos relata que "Então falou Jesus à multidão e a seus discípulos, dizendo: Na Cadeira de Moisés, estão assentados os escribas e fariseus. Observai, pois, e praticai tudo o que vos disserem; mas não procedais em conformidade com as suas obras, porque dizem e não praticam" (Mt 23,2). Notem que Cristo se refere ao Magistério Divino como "Cadeira de Moisés", termo conhecido por todo o povo. Vejam que apesar dos escribas e fariseus possuírem uma conduta lamentável, quando falavam ao povo ex-Cathedra, isto é, da Cadeira de Moisés, como legítimos sucessores dele, eles eram incapazes de ensinar o erro. Esta é uma forte evidência da Assistência Divina. Cristo então, preparando a Nova Aliança que já havia sido pregada pelos profetas e que teria início após sua Ressurreição Gloriosa, anuncia a São Pedro que ele iria "sentar na Cadeira de Moisés", dizendo: "Tu és Pedro, e sobre esta pedra eu edificarei a Minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do reino dos céus, e tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus" (Mt 16,18-19). Para entendermos melhor a autoridade que Cristo conferiu a São Pedro:


1. "Tu és Pedro, e sobre esta pedra eu edificarei a minha Igreja" "Edificar" significa "construir, sustentar, crescer, manter". Sem um chefe a Igreja jamais poderia manter a unidade de doutrina. No protestantismo, por exemplo, por não haver um chefe, há uma diversidade estrondosa de doutrina, ridicularizando o Cristianismo; cada um cria um Cristo à sua imagem e semelhança, sem que possamos ser realmente imagem e semelhança do Cristo. 2. "e as portas do inferno não prevalecerão contra ela" - Não adianta existir um chefe se a Assistência Divina não estivesse presente na Igreja. Cristo aqui garante que a Igreja jamais pregará o erro, isto é, que independentemente de quem seja o seu chefe, este jamais conseguirá trabalhar contra a Igreja. E podemos constatar o cumprimento da promessa de Cristo ao observarmos que homens ruins, que já assumiram o comando da Igreja, jamais conseguiram pregar o erro aos cristãos. 3. "Eu te darei as chaves do reino dos céus, e tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus" - Isto significa que o chefe da Igreja tem o poder de legislar sobre Ela, isto é, permitir e proibir, conceder ou retirar. Pois a Igreja é o Povo de Deus da nova aliança, e assim como antes Moisés legislava sobre o povo de Deus da antiga aliança, o Papa legisla sobre o povo de Deus da nova aliança. Aqui demonstramos que Deus desde o princípio cuidou para que as pessoas conhecessem a Verdade. Dizer que a Igreja, por ser humana, é falível, é dizer que Deus não auxilia a sua Igreja, é dizer que Ele não cumpre suas promessas, é dizer que Cristo é mentiroso. O Magistério ex-Cathedra, é o recurso que Deus utiliza para que todo o homem conheça a Verdade imutável e plena. E neste recurso está fundamentado o dogma da Infalibilidade Papal. A Origem da Bíblia

Muitas pessoas se surpreendem ao saber que a Bíblia utilizada pelos protestanes é diferente da Bíblia utilizada pelos católicos. Mas qual é a diferença? Como já escrevemos, o catálogo sagrado foi começou a ser definido pela Igreja Católica em 393 durante o Concílio Regional de


Hipona (África). A Igreja desde os tempos apostólicos, utilizou a versão grega dos livros sagrados, chamada Septuaginta. Desde o séc. IV até o séc. XVI, a Bíblia era a mesma para todos os cristãos. A diferença ocorreu durante a Reforma Protestante, quando Martinho Lutero renegou 7 livros do antigo testamento (Tobias, Judite, 1 Macabeus, 2 Macabeus, Sabedoria, Eclesiástico, Baruc, trechos de Daniel e Ester) e a carta de Tiago do Novo Testamento. Lutero renegou tais livros porque eram fortemente contrários à sua doutrina. Por causa de uma das colunas de sua doutrina a "Sola Fide" ou Somente a fé, Lutero alterou o famoso versículo "Mas o justo viverá da fé" (Rm 1,17) para "Mas o justo viverá somente pela fé", e renegava a Carta de Tiago, que ensina que somente a fé não basta, é preciso as obras. Devido ao prestígio que a Carta de Tiago tinha, Lutero não obteve sucesso ao excluir tal livro. Quanto ao Antigo Testamento, os protestantes então revolveram ficar com o catálogo definido pelos Judeus da Palestina. Este catálogo Judaico foi definido por volta de 100 DC na cidade de Jâmnia, e estes foram os critérios estabelecidos pelos judeus para formarem seu cânon bíblico:    

O livro não poderia ter sido escrito fora do território de Israel; O livro teria que ser totalmente redigido em Hebraico; O livro teria que ser redigido até o tempo de Esdras (458-428 AC); O livro não poderia contradizer a Torah de Moisés (os 5 livros de Moisés).

Devido à enorme conversão de judeus ao cristianismo, principalmente os judeus de língua grega, é que os judeus que não aceitaram a Cristo, desenvolveram um judaísmo rabínico, isto é, um judaísmo ultra-nacionalista, para frear a conversão das comunidades judaicas ao cristianismo. Com este cânon bíblico, era proibida pelo menos a leitura de todo o Novo Testamento, que mostra fortemente o cumprimento da promessa do Messias na pessoa de Cristo. Muitos dos originais hebraicos de alguns livros foram perdidos, existindo somente a versão grega na época da definição do cânon judaico. Isto significa que livros como Eclesiástico e Sabedoria,


escritos por Salomão, não foram reconhecidos pelos judeus de Jâmnia, além de outros livros que foram escritos em aramaico durante o domínio caldeu e persa. Recentemente os arqueólogos encontraram em Qruman no Mar Morto, o original hebraico do livro Eclesiástico. Estes livros do Antigo Testamento que não foram unânimimente aceitos são chamados técnicamente de deuterocanônicos. Os protestantes entram então em grande contradição, pois aceitam a autoridade dos Judeus da Palestina para o Antigo Testamento e não aceitam a mesma autoridade para o Novo Testamento. Aceitam a autoridade da Igreja Cátólica para o Novo Testamento e não aceitam a mesma autoridade para o Antigo Testamento. Os apóstolos em suas pregações utilizavam a versão grega dos livros antigos, note que das 350 citações que o Novo Testamento faz dos livros do Antigo Testamento, 300 também se referem aos livros deuterocanônicos. O Cânon de Jâmnia QUA, 23 DE NOVEMBRO DE 2011 23:22 ALESSANDRO LIMA o tempo do Imperador Romano Nero, desencadeou-se a primeira revolta aberta dos judeus da Palestina contra Roma (66-70). N Tito, na primavera de 70, sitiou Jerusalém, a cidade inteira foi saqueada, arrasada e o Templo foi destruído no dia 10 do mês de agosto do mesmo ano. Os fariseus de Jerusalém16 se transferiram para a cidade de Jâmnia, onde formaram próspera escola rabínica. Aproximadamente no ano 90, este grupo de rabinos define uma lista dos livros que deveriam ser considerados sagrados pelos Judeus. O Cânon de Jâmnia (como ficou conhecida esta lista) deu origem à atual Bíblia Hebraica. O Cânon de Jâmnia excluiu os sete livros deuterocanônicos [do AT] e os acréscimos de Daniel e Ester. No tempo do Imperador Romano Nero, desencadeou-se a primeira revolta aberta dos judeus da Palestina contra Roma (66-70). Tito, na primavera de 70, sitiou Jerusalém, a cidade inteira foi saqueada, arrasada e o Templo foi destruído no dia 10 do mês de


agosto do mesmo ano. Os fariseus de Jerusalém (16) se transferiram para a cidade de Jâmnia, onde formaram próspera escola rabínica. Aproximadamente no ano 90, este grupo de rabinos define uma lista dos livros que deveriam ser considerados sagrados pelos Judeus. O Cânon de Jâmnia (como ficou conhecida esta lista) deu origem à atual Bíblia Hebraica. O Cânon de Jâmnia excluiu os sete livros deuterocanônicos [do AT] e os acréscimos de Daniel e Ester. Um cânon sagrado pré-existente? Alguns afirmam que o Cânon de Jâmnia foi a confirmação de um Cânon Sagrado anterior e definido pela autêntica Tradição judaica. Segundo esta tese, o fato de Jesus e os Apóstolos se referirem às Escrituras Sagradas disponíveis em seu tempo de forma geral (“Escrituras”), mostra que eles tinham em mente uma quantidade precisa de livros que estavam incluídos sob aqueles títulos gerais. Apresenta-se como prova o registro do Evangelista Lucas ao diálogo entre Jesus e os discípulos na estrada de Emaús: ‘E começando por Moisés e por todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras.”(Lc 24,27). A expressão “todas as Escrituras” demonstraria que já no tempo de Cristo, uma lista de livros canônicos já estava fixada. Cita-se ainda João 5,39, quando Jesus manda os Fariseus, que eram os legítimos intérpretes da Lei (cf. Mt 23,1), verificarem que Nele se cumpriram todas as profecias messiânicas. Jesus ao utilizar a expressão “Escrituras” estaria se referindo a um conjunto de livros bem conhecido, tanto por Ele quanto pelos Fariseus. Chama-se ainda a atenção à expressão “Moisés e os Profetas” (cf. Lc 24,27). “Moisés e os Profetas” ou “A Lei e os Profetas” seria a estrutura de como este cânon judeu estaria organizado, sendo que na seção “Lei”, estariam contidos também os Salmos (cf. João 10,34). Assim, se quer defender a existência de um cânon bíblico, organizado em uma tríplice estrutura: a Lei, os Profetas e os Salmos. Também se costuma fazer referência a Lc 24,44, onde Jesus ao aparecer aos apóstolos e discípulos lhes disse: “(...) era necessário que se cumprisse tudo o que de mim está escrito na Lei de Moisés, nos profetas e nos Salmos”.


Estes argumentos são bastante frágeis, pois em todas as referências apresentadas, Jesus está tentando demonstrar que Nele se cumprem todas as profecias messiânicas. E onde estão estas profecias? Estão justamente nos livros de Moisés, nos Profetas e nos Salmos. Desta forma, dentro do contexto em questão, é bem mais certo que Jesus esteja referenciando esta triplica estrutura, porque nela se encontram as profecias messiânicas, do que Ele esteja fazendo referência a um cânon sagrado existente em seu tempo. Há também quem apresente como prova do suposto cânon, então confirmado pelo Cânon de Jâmnia, os testemunhos históricos de Flávio Josefo e Áquila (o qual criou uma nova versão grega das Escrituras hebraicas, que leva o seu nome). O testemunho de Áquila é reconhecidamente posterior ao Cânon de Jâmnia, e por isso, também não pode ser aceito como prova; muito pelo contrário... Por outro lado, reproduziremos abaixo o texto de Josefo, conforme consta em sua obra “Contra Apion”: “38. É, pois natural, ou melhor dizendo, necessário, que não exista entre nós uma multiplicidade de livros em contradição entre si, senão somente vinte e dois (17) que contém os registros de toda história e que com toda justiça são dignos de confiança. 39. Deles, existem cinco de Moisés, os quais contêm as leis e a tradição desde a criação do homem até a morte de Moisés. Compreende, mais ou menos, um período de três mil anos. 40. Desde a morte de Moisés até Artaxerxes (18), sucessor de Xerxes (19) como rei dos persas, aos profetas posteriores a Moisés foram deixados os feitos do seu tempo em treze livros, os quatro restantes contém hinos a Deus e conselhos morais aos homens. 41. Também desde Artaxerxes [tempo do Profeta Esdras] até nossos dias cada acontecimento tem sido registrado; embora estes não sejam dignos da mesma confiança dos anteriores, porque não havia uma sucessão rigorosa de profetas. 42. Os feitos provam com claridade como nós nos acercamos das nossas próprias escrituras: havendo já transcorrido tanto tempo, ninguém se atreveu a adicionar, tirar ou trocar nada nelas “ (JOSEFO, 2006, p. 21-22). Não é possível precisar se o testemunho de Josefo é anterior ou posterior ao Cânon de Jâmnia, devido à incerteza entre as datas do Cânon e seu testemunho.


Costuma-se dizer que “Contra Apion” foi terminada pelo ano 94; e o Cânon de Jâmnia, normalmente é referido pelos especialistas como sendo do ano 90. Entretanto, nenhuma destas datas é conclusiva; sabemos apenas que ambos são os últimos anos do séc I d.C. Com efeito, não é possível precisar se o testemunho de Josefo é anterior ou não ao Cânon de Jâmnia, devido à incerteza entre as datas do Cânon e seu testemunho. Esta incerteza compromete por completo o testemunho de Josefo, pois não se sabe com certeza se o mesmo foi influenciado ou não pelo Cânon de Jâmnia. Porém, há indícios que sim. Josefo era fariseu e os rabinos de Jâmnia também, assim possivelmente ele esteja simplesmente defendendo a posição de sua facção religiosa. O prólogo da tradução Grega do Eclesiástico (ou Sabedoria de Sirac), livro escrito por volta de 130 a.C., portanto anterior ao testemunho de Josefo, parece contradizê-lo. Nele lemos: “Pela Lei, pelos Profetas e por outros escritores que os sucederam, recebemos inúmeros ensinamentos importantes (...) Foi assim que após entregar-se particularmente ao estudo atento da Lei, dos Profetas e dos outros Escritos, transmitidos por nossos antepassados [...]”. Enquanto o testemunho de Josefo procura restringir o Cânon Sagrado ao tempo de Esdras, “porque [depois de Esdras] não houve uma sucessão precisa de profetas”, o Eclesiástico parece ser mais amplo e fiel à História ao afirmar que “por outros escritores que os sucederam [os profetas], recebemos inúmeros ensinamentos importantes”. O testemunho do Eclesiástico refere-se a livros posteriores ao tempo dos Profetas. Veja o que estudioso protestante Leonard Rost tem a dizer sobre isso: “Vê-se, pelo prólogo de Sirac [Eclesiástico ou Sabedoria de Sirac], que, além dos escritos assumidos no Cânon hebraico, traduziram-se também outros que parecem ter gozado de bastente estima como obras religiosas de edificação, em círculos mais ou menos amplos, até o final do século I d.C” (ROST, 1980, p.19).


Há ainda em Josefo um trecho bem polêmico, vejamos: “havendo já transcorrido tanto tempo, ninguém se atreveu a adicionar, tirar ou trocar nada nelas [nas Escrituras]”. Alguns entendem que neste trecho Josefo confirma que os livros escritos depois do tempo de Esdras não estavam dispostos num mesmo volume com os livros que foram escritos antes deste mesmo período (protocanônicos), pois isto configuraria um acréscimo nos primeiros. Ora, ele está dizendo que nada foi alterado nos textos presentes nestes livros, nenhuma sílaba a mais, nenhuma a menos. Josefo não está se referindo à adição ou retirada de livros a um conjunto pré-estabelecido de outros livros. A tese do Cânon pré-existente apresenta sérios problemas. Primeiro, se este suposto cânon correspondia ao Cânon de Jâmnia, por que era comumente usada a Septuaginta com um catálogo bem maior, conforme é comprovado pelo testemunho do NT e as descobertas do Mar Morto e Massada? Segundo, se este suposto cânon correspondesse aos livros da Septuaginta, logo não seria permitida a definição de qualquer outro cânon bíblico; então por que foi estabelecido o Cânon de Jâmnia? Terceiro, os judeus alexandrinos e etíopes recusaram o Cânon de Jâmnia e até hoje guardam como sagrados os livros da Septuaginta. Se realmente este suposto cânon bíblico existisse, não haveria disputas entre os judeus sobre este tema; todos adotariam o mesmo conjunto de livros sagrados definidos pela Tradição Judaica. Fílon de Alexandria, historiador e filósofo judeu, viveu entre os anos de 20 a 50 d.C. Em sua obra “Exposições sobre a Lei”, onde faz comentários sobre a doutrina da Torah (20), as referências ao Pentateuco são todas da Septuaginta, que possuía os livros deuterocanônicos e as partes deuterocanônicas de Daniel e Ester, não aceitas posteriormente pelos Judeus de Jâmnia. Um dos especialistas sobre a vida de Fílon de Alexandria, o Prof. Ritter, quanto ao uso da Septuaginta pelo filósofo escreve: “A princípio o texto que ele [Fílon] comenta é o da tradução grega dos Setenta; algumas diferenças que se assinalou com razão


entre seu texto e aquele que possuímos atualmente dos Setenta se explicam de uma maneira satisfatória não pela leitura do texto hebraico, mas pelo fato de que nossa recensão é de origem posterior à da que ele usava” (RITTER, 1979). Antes que alguém objete afirmando que a Tradição dos judeus palestinenses era diferente da Tradição dos judeus alexandrinos, devo lembrá-los que ambos os grupos manuseavam a versão grega da Septuaginta, portanto, possuíam a mesma Tradição Judaica. A correspondência entre a Tradição Judaica Alexandrina e a Palestina é atestada pelo estudioso Wolfson: “O judaísmo alexandrino, no tempo de Fílon, era do mesmo tronco do judaísmo farisaico, que então prosperava na Palestina, ambos tendo brotado daquele judaísmo macabeu [c. 165 a.C.] que fora moldado pelas atividades dos escribas” (WOLFSON, 1982). Ainda segundo o estudioso Werner Jaeger: “O grego era falado nas synagogai (21) por todo o Mediterrâneo, como se torna evidente pelo exemplo de Fílon de Alexandria, que não escreveu o seu grego literário para um público de gentios, mas para os seus compatriotas judeus altamente educados” (JAEGER, 1991). Fílon de Alexandria, falava grego como era costume em seu tempo e utilizava as escrituras hebraicas através da Septuaginta. Isto era muito comum até entre os judeus da Palestina. Josefo defende os judeus de Alexandria de diversas calúnias, mostrando haver identidade entre eles e os judeus da palestina (JOSEFO, 2006, p. 96-102). Se o cânon das Escrituras Hebraicas já estivesse fechado no tempo de Jesus, todos os judeus hoje (palestinos ou alexandrinos) observariam o mesmo conjunto de livros sagrados, e os fariseus de Jâmnia não precisariam se preocupar com isto no final do séc. I d.C. Interessante é a constatação do estudioso Fedeli Pasquero: “Na realidade, seguramente os judeus alexandrino no séc. I d.C. reconheciam como sagrados os livros deuterocanônicos [do AT]; não obstante a isso, eles estavam em plena comunhão de fé com os judeus da Palestina, coisa que não teria sido possível se


houvesse divergências em relação aos livros sagrados. Com efeito, os doutores hebreus faziam uso de pelo menos alguns dos livros deuterocanônicos [do AT]; de modo especial, encontramos frequentemente citados Baruc, o Sirácida [Sabedoria de Siarc ou Eclesiástico], Tobias” (PASQUERO, 1986). Sobre a possibilidade de um cânon de Escrituras hebraicas prédefinido, assim se manifesta Rost: “[...] não havia um cânon oficial, ou, como diz a Mixná Yaddyim IV 6, não havia Ktby qds’, Escrituras sagradas, como grupo fechado. Mesmo na época em que se fixou a Mixná, por volta de 100 d.C., reinava ampla discussão entre os eruditos a respeito de saber se o Cântico dos Cântico ou o Eclesiastes de Salomão (Qohelet) faziam ou não parte do grupo, discussão esta que foi aplainada por uma sentença arbitral em favor da inclusão destes livros entre os escritos sagrados (Mixná Yadvim III 5 cd). As descobertas dos manuscritos do Mar Morto, provenientes do período que vai de 150 antes de Cristo até 70 da era cristã, em particular os que foram encontrados nas cavernas de Qumran, mostram-nos claramente que naquela época ainda não havia uma distinção rigorosa entre Escritura sagrada e menos sagrada [...] Mas o fato de um fragmento bastante extenso do Sirac hebraico, copiado em escrita esticométrica, vale dizer, executado com capricho e dispêndio de tempo, constituir um dos poucos restos de manuscritos descobertos em Masada, é prova da estiva que este escrito desfrutava no círculo dos zelotes, no correr do século I d.C” (ROST, 1980, p.13-14). Durante a formação do Cânon Hebreu, alguns rabinos se opuseram também à inclusão do livro de Ester, conforme atesta o Prof. Samuel Sandmel (22): “O livro de Ester, segundo os antigos rabinos, é o livro mais novo da Escritura. Houve, entre estes rabinos, quem não quisesse que ele fosse incluído na Escritura” (BIBLIA, 1974, Introduções Aos Livros Históricos, verb. Ester, xxiii). Ainda conforme o Prof. Sandmel, a tradição rabínica quase excluiu do Cânon das Escritura Hebraicas, o livro do Profeta Ezequiel: “O livro de Ezequiel foi julgado desapropriado para o cânon porque regulações dos capítulos 40 – 48 parecem contradizer regulações similares do Pentateuco. Como o sábio rabínico Hananias ben Ezequias foi capaz de resolver estas contradições com uma


apurada interpretação, o livro salvou-se de ser abandonado juntamente com outros livros que não podiam circular publicamente” (Ibid.; Introduções Aos Livros Proféticos, xliii). Além destes, também foram inicialmente contestados pelos rabinos, Jó (Ibid., xvii), Provérbios, Cântico dos Cânticos e Eclesiastes (Ibid., xxxi), concordando assim com o parecer de Rost. Tudo isto mostra que realmente houve em Jâmnia um acordo entre os fariseus sobre os livros que deveriam ser considerados canônicos pelos judeus. Note o leitor que alguns livros do AT considerados canônicos por todos os cristãos, quase ficaram fora do Cânon Hebreu; livros estes que foram amplamente usados pelos antigos judeus. E se tivessem sido excluídos do Cânon Hebreu, isto significaria que jamais foram considerados canônicos antes? E os livros que os fariseus rejeitaram [os deuterocanônicos], será mesmo que não eram canônicos?

Notas (16) Alguns autores identificam a Escola Rabínica em Jâmnia como o antigo Sinédrio (BERARDINO, 2002, verb. Jerusalém, p. 750). Entretanto há controvérsias entre os especialistas, já que o Sinédrio era predominantemente formado por Saduceus, que neste tempo foram desimados. (17) Os judeus organizavam suas Escrituras conforme o número de letras de seu alfabeto. (18) Na tradução original está Artajerjes (“j” no lugar do “x”), o que difere do uso comum em outras traduções. Por motivo de unidade textual mantive conforme o uso comum. (19) Mesma razão da nota anterior. (20) É como os Judeus chamam a Lei de Moisés. (21) Sinagogas, onde os judeus se reuniam para o estudo das Sagradas Escrituras. (22) Prof. de Bíblia e Literatura Helenística na Hebrew Union College, Cincinnati, Ohio - EUA. Bibliografia


JOSEFO, Flávio. Antiguidades dos Judeus - Contra Apion. 1ª. Ed. Tradução de A. C Godoy. Curitiba: Juruá, 2006.

ROST, Leonard. Introdução aos Livros Apócrifos e PseudoEpígrafos do Antigo Testamento. São Paulo: Paulinas, 1980.

RITTER, B. Philo und die Halacha, eine vergleichende Studie unter steter Berücksichtigung des Joseph, Leipzig, 1879.

PASQUERO, Fedele. O Mundo da Bíblia, Autores Vários. São Paulo: Paulinas, 1986.

BIBLIA. Português. Bíblia Sagrada. Tradução de Padre Antônio Pereira de Figueiredo. Edição Ecumênica, 1974. Este artigo é fragmento da obra "O Cânon Bíblico - A Origem da Lista dos Livros Sagrados" de autoria de Alessandro Lima*, Ed. ComDeus, 2007. São Paulo. Pgs 27-34. * O autor é arquiteto de software, professor, escritor, articulista e fundador do Apostolado Veritatis Splendor. Uma Breve Análise Sobre os Deuterocanônicos do AT TER, 29 DE NOVEMBRO DE 2011 22:38 ALESSANDRO LIMA uitos protestantes através de livros, folhetos e sítios na Internet, procuram defender sua posição contra os livros deu- M terocanônicos do AT, afirmando que estes livros contêm heresias. Segundo eles, estes livros (que eles chamam de apócrifos) não são livros canônicos porque ensinam as seguintes heresias: Muitos protestantes através de livros, folhetos e sítios na Internet, procuram defender sua posição contra os livros deuterocanônicos do AT, afirmando que estes livros contêm heresias. Segundo eles, (que eles chamam de apócrifos) não são livros canônicos porque ensinam as seguintes heresias:


1. perdão do pecado mediante esmolas: Dizem que Tobias 12,9; 4,10; Eclesiástico 3,33 e 2 Macabeus 43-47 ensinam que as esmolas apagam os pecados, negando então a redenção do sacrifício de Cristo e por isso não podem ser considerados canônicos. Primeiro estas referências são do AT, portanto não podem ter qualquer relação com o sacrifício de Cristo. Segundo, elas estão em plena conformidade com o AT, que ensina que o bem feito ao próximo será considerado em nosso julgamento. Este é o princípio das esmolas. E esta mesma doutrina se encontra em Prov 10, 12, por exemplo. Será que o Livro dos Provérbios não é canônico também? Em terceiro lugar, esta mesma doutrina é confirmada no NT, basta verificar Mc 9,41; Lc 11,41. Jesus confirma até mesmo o valor da esmola juntamente com outras formas de piedade (cf. Mt 6,2-18), veja também 1 Pd 4,8; At 10,3-4; 10,31. 2. a vingança e a prática do ódio contra os inimigos: Dizem que isto está em Eclo 12,6 e Judite 9,4 e contradiz ferozmente Mt 5,4448. Mais uma vez Eclo diz respeito ao AT, onde valia a lei do retalião. Se o Livro do Eclesiástico não é canônico por esta razão, também não são Êxodo, Deuteronômio e Levítico, veja Ex 21,24; Lv 24,20; Dt 19,19-21. 3. prática do suicídio: Dizem que o ensino sobre a prática do suicido está em 2 Macabeus 14,41-42. Entretanto em Jz 16,28.30 Sansão se suicida e sua morte é tida como grandiosa pelo autor do Livro de Juízes. A Bíblia possui diversos casos de suicídio - principalmente entre guerreiros -basta ver: Jz 9,54; 16,28-29; 1Sm 31,4-5; 2Sm 17,23; 1Rs 16,18. 4. ensino de artes mágicas: Dizem que Tobias 6,8-9 favorece a prática de artes mágicas. Ora, em Tobias 8,3 vemos que não é Tobias quem expulsa o demônio, mas sim o Anjo Rafael. O interesse era ocultar a ação do Anjo para Tobias. Em Jo 9,6 vemos que Jesus reconstituiu os olhos de um cego com saliva e logo em Tg 5,14 há instruções para usar óleo na cura de enfermos; será que por isso estes livros também deixaram de ser canônicos? 5. prática da mentira: Dizem que Judite 11,13-17 e Tob 5,15-19 favorecem a prática de mentiras. Abrão disse ao rei Abimelec que Sara era sua irmã, e na verdade era sua esposa (Gn 20,2). Jacó, auxiliado pela mãe, mente ao pai cego, dizendo que era o filho mais velho e no entanto era o mais novo (cf. Gn 27,19), além de também enganar o sogro (cf. Gn 31,20). Será que o livro de Gênesis também não é canônico? 6. erros históricos e cronológicos: Dizem ainda que os livros de Baruc e Judite são cheios de contradições em relação


aos protocanônicos do AT. Devemos nos lembrar que a Sagrada Escritura não é um livro histórico ou geográfico, nela Deus através das limitações humanas comunicou seus desígnios. Veja que II Reis 8,26 se contradiz com II Cro 22,2; II Reis 23,8 também se contradiz com I Cro 11,11. Isto também faz deles livros não canônicos? Há citações dos deuterocanônicos do AT no NT? Um grande motivo de disputa entre católicos e protestantes em relação ao Cânon Bíblico diz respeito a um conjunto de sete livros disponíveis na Septuaginta, além de acréscimos nos Livros de Daniel e Ester; e que se encontram no AT católico e ortodoxo e não no protestante. Estes livros são considerados apócrifos pelas confissões protestantes e deuterocanônicos pelas confissões católica e ortodoxa. São eles: Judite, Baruc, Sabedoria de Sirac, Eclesiástico, 1o. Macabeus, 2o. Macabeus e Tobias. As confissões protestantes acreditam que este conjunto de livros apresenta erros doutrinários e até mesmo heresias; por isso seriam contrários à Fé Cristã. Porém, o fato do NT possuir tantas referências à versão da Septuaginta, que continha esses livros, pode ser um indício de que nem os judeus de Alexandria, nem os da Palestina, nem Jesus e nem os Apóstolos, tiveram qualquer restrição a esses livros, ou então por que usariam uma versão bíblica que continham livros heréticos? Há ainda objeções que afirmam que nem Jesus e os Apóstolos citaram os deuterocanônicos. Ora, se este fosse um critério verdadeiro para determinar a conformidade de um livro com a Fé Cristã, estariam em não conformidade pelo menos os livros Juizes, Crônicas, Ester, Cântico dos Cânticos, que também não são citados por eles. Entretanto, não é verdade que falta no NT referências aos deuterocanônicos do AT. Por exemplo, em Hebreus 11, somos animados a imitar os heróis do AT, “as mulheres [que] receberam a seus mortos pela ressurreição. Alguns foram torturados, recusando aceitar ser libertados, para poder levantar-se novamente a uma vida melhor” (Hb 11,35). Nos protocanônicos do AT (que corresponderia ao AT Protestante), encontramos vários exemplos de mulheres recebendo a seus mortos mediante ressurreição. Encontraremos Elias ressuscitando o filho da viúva de Sarepta em 1 Reis 17, encontraremos seu sucessor Eliseu ressuscitando o filho da mulher sunamita em 2 Reis 4. Mas jamais encontraremos (desde Gênesis


até Malaquias) algum exemplo de alguém sendo torturado e recusando aceitar ser liberto, por causa de uma melhor ressurreição. A história, cuja referência é feita em Hebreus, se encontra em um dos livros deuterocanônicos, a saber, em 2 Macabeus. Vejamos:

“[durante a perseguição dos Macabeus] Também foram detidos sete irmãos, junto com sua mãe. O rei, flagelando-os com açoites e feixes de couro de boi, tratou de obrigá-los a comer carne de porco, proibida pela Lei. [...] Os outros irmãos e a mãe se animavam mutuamente a morrer com generosidade, dizendo: ‘o Senhor Deus está nos vendo e tem compaixão de nós...’ Uma vez que o primeiro morreu [...] levaram o suplicio ao segundo [...] também ele sofreu a mesma tortura que o primeiro. E quando estava por dar o último suspiro, disse: ‘Tu, malvado, nos privas da vida presente, mas o Rei do universo nos ressuscitará a uma vida eterna, se morrermos por fidelidade às suas leis’” (2 Mac 7,1.5-9) Um após outro os filhos morrem, proclamando que serão recuperados na ressurreição. Vejamos ainda: “Incomparavelmente admirável e digna da mais gloriosa lembrança foi aquela mãe que, vendo morrer a seus sete filhos em um só dia, suportou tudo valorosamente, graças à esperança que tinha posto no Senhor. Exortava a cada um deles, [dizendo] ‘Eu não sei como vocês apareceram em minhas entranhas; não fui eu que lhes dei o espírito e a vida nem fui eu que ordenou harmoniosamente os membros de seu corpo. Por conseguinte, é o Criador do universo, o que formou o homem em seu nascimento e determinou a origem de todas as coisas, quem lhes devolverá misericordiosamente o espírito e a vida, já que vocês se esquecem agora de si mesmos por amor à suas leis’, dizendo ao último: ‘Não temas a este verdugo: mostra-te digno de seus irmãos e aceita a morte, para que eu volte a encontrá-lo com eles no tempo da misericórdia’” (2 Mac 7,20-23.29). Perceba o leitor que em Hb 11,35, o escritor sagrado, ao ensinar um artigo de Fé refere-se a um exemplo de testemunho, que se encontra somente em um dos livros deuterocanônicos. Ora, se por isto o livro dos Macabeus contivesse alguma doutrina estranha à fé, com toda certeza o autor da Carta aos Hebreus, evitaria mencioná-lo em sua pregação.


Esta informação possui mais um detalhe muito importante: a Carta aos Hebreus foi escrita para os judeus da Palestina, demonstrando mais uma vez que a versão da Septuaginta foi também aceita por eles; caso contrário, não faria sentido o escritor sagrado fazer referência a uma história que não era conhecida por seus destinatários. Também é importante saber que em alguns dos livros deuterocanônicos do AT, há revelações divinas confirmadas no NT. Por exemplo: “Quando tu oravas com lágrimas e enterravas os mortos, quando deixavas a tua refeição e ias ocultar os mortos em tua casa durante o dia, para sepultá-los quando viesse a noite, eu apresentava as tuas orações ao Senhor. Mas porque eras agradável ao Senhor, foi preciso que a tentação te provasse. Agora o Senhor enviou-me para curar-te e livrar do demônio Sara, mulher de teu filho. Eu sou o anjo Rafael, um dos sete que assistimos na presença do Senhor” (Tobias 12,12-15) (grifos meus). Em nenhum lugar nos livros protocanônicos do AT, há alguma revelação dos 7 anjos que assistem na presença do Senhor e que Lhe entregam as orações dos justos. Esta revelação é confirmada no livro do Apocalipse: “Eu vi os sete Anjos que assistem diante de Deus. Foramlhes dadas sete trombetas. Adiantou-se outro anjo e pôs-se junto ao altar, com um turíbulo de ouro na mão. Foram-lhe dados muitos perfumes, para que os oferecesse com as orações de todos os santos no altar de ouro, que está adiante do trono. A fumaça dos perfumes subiu da mão do anjo com as orações dos santos, diante de Deus. Depois disso, o anjo tomou o turíbulo, encheu-o de brasas do altar e lançou-o por terra; e houve trovões, vozes, relâmpagos e terremotos” (Ap 8,2-5) (grifos meus). Um outro caso intressante está no livro da Sabedoria: “Ele se gaba de conhecer a Deus, e se chama a si mesmo filho do Senhor! Sua existência é uma censura às nossas idéias; basta sua vista para nos importunar. Sua vida, com efeito, não se parece com as outras, e os seus caminhos são muito diferentes. Ele nos tem por uma moeda de mau quilate, e afasta-se de nossos caminhos como de manchas. Julga feliz a morte do justo, e gloria-se de ter Deus por pai. Vejamos, pois, se suas palavras são verdadeiras, e experimentemos o que acontecerá quando da sua morte, porque,


se o justo é filho de Deus, Deus o defenderá, e o tirará das mãos dos seus adversários. Provemo-lo por ultrajes e torturas, a fim de conhecer a sua doçura e estarmos cientes de sua paciência. Condenemo-lo a uma morte infame. Porque, conforme ele, Deus deve intervir” (Sabedoria 2,13-21). A profecia acima se refere ao escárnio promovido pelo Sinédrio contra o Senhor Jesus. Veja o testemunho do NT sobre o seu cumprimento: “A multidão conservava-se lá e observava. Os príncipes dos sacerdotes escarneciam de Jesus, dizendo: Salvou a outros, que se salve a si próprio, se é o Cristo, o escolhido de Deus! [...] Se és o rei dos judeus, salva-te a ti mesmo. [...] Um dos malfeitores, ali crucificados, blasfemava contra ele: Se és o Cristo, salva-te a ti mesmo e salva-nos a nós!” (Lc 23,35.37.39). “Mas Jesus se calava e nada respondia. O sumo sacerdote tornou a perguntar-lhe: És tu o Cristo, o Filho de Deus bendito? [...] Alguns começaram a cuspir nele, a tapar-lhe o rosto, a dar-lhe socos e a dizer-lhe: Adivinha! Os servos igualmente davam-lhe bofetadas” (Mc 14,61.65) “Querendo Pilatos satisfazer o povo, soltou-lhes Barrabás e entregou Jesus, depois de açoitado, para que fosse crucificado. [...] Davam-lhe na cabeça com uma vara, cuspiam nele e punhamse de joelhos como para homenageá-lo. Depois de terem escarnecido dele, tiraram-lhe a púrpura, deram-lhe de novo as vestes e conduziram-no fora para o crucificar” (Mc 15,15.19-20). “salva-te a ti mesmo! Desce da cruz! Desta maneira, escarneciam dele também os sumos sacerdotes e os escribas, dizendo uns para os outros: Salvou a outros e a si mesmo não pode salvar! Que o Cristo, rei de Israel, desça agora da cruz, para que vejamos e creiamos! Também os que haviam sido crucificados com ele o insultavam” (Mc 15,30-31). É importante dizer que nos protocanônicos do AT, há registro de coisas muito reprováveis, como as filhas de Lot engravidaram dele, depois de o embebedar (Gn 19,30-36). O Rei Saul consultou uma espírita (I Reis 28,8), Abraão arrumou um filho fora de seu casamento (Gn 16), e o Patriarca Jacó vários (Gn 30,4-5.7.910.12). Davi planejou a morte de um de seus soldados para ficar com sua esposa (cf. 2 Sm 11). Alguém poderia dizer ainda que o Livro de Gênesis promove a poligamia (cf. Gn 29,28-30) e todos os cristãos sobre a terra ainda o consideram canônico apesar disso. Portanto, se não é o juízo subjetivo e pessoal que coloca ou retira


livros no Cânon Bíblico, o que é? Qual foi o juízo adotado pelos primeiros cristãos para receber ou não um livro como canônico? O critério deles foi o mesmo dos cristãos que viveram na era apostólica quando aceitaram que a Lei de Moisés não era necessária para alcançar a Justiça (cf. At 15): o discernimento da Única e Verdadeira Igreja de Cristo. Apócrifos, um cristianismo escondido? TER, 11 DE MAIO DE 2010 22:34 ALESSANDRO LIMA Introdução Os livros apócrifos são livros que a Igreja Católica rejeitou ao determinar o cânon bíblico, isto é, ao definir quais livros fariam ou não parte da Bíblia, processo este que durou pelo menos 5 séculos. Alguns teólogos "católicos" têm publicado obras sobre estes livros, afirmando haver neles um cristianismo autêntico que a Igreja Católica resolveu esconder das pessoas. Mais lamentável que esta resolução de alguns filhos da Igreja, é o apoio que eles têm de editoras ditas "católicas" que editam suas obras. Nosso artigo não pretende atacar tais teólogos, mas sim o erro que propagam, por isso não lhes daremos a honra de serem citados em um dos nossos artigos. Nosso artigo, procurará mostrar o erro que existe no trabalho destas pessoas. Há alguma verdade nos escritos apócrifos? Sim, há. Escritos apócrifos como o proto Evangelho de Tiago, a Didaqué e a Carta de Barnabé, têm em seu conteúdo doutrinas verdadeiras, transcritas da Tradição Apostólica. A Tradição Apostólica é a doutrina que os Apóstolos ensinaram e que foi transmitida oralmente aos primeiros cristãos. A Tradição Apostólica deu origem aos livros que hoje compõem o Novo Testamento e também deu origem a alguns livros que não entraram no catálogo bíblico, por não serem considerados inspirados por Deus. Podemos confiar nos escritos apócrifos?


Podemos confiar à medida que seu conteúdo se harmoniza com a Tradição recebida dos apóstolos. No entanto, nem todo livro apócrifo teve origem na Tradição Apostólica. Conforme veremos a seguir, à medida que suscitavam as heresias no seio da Igreja, estas heresias davam origem á doutrinas heterodoxas (ortodoxas misturadas com heresia), que por sua vez deram origem a muitos livros apócrifos. Um exemplo disto é o Evangelho segundo Pedro. Este evangelho surgiu em meados do séc II, pela cercania da cidade de Antioquia. Nesta época Serapião, era Bispo desta cidade. Este sucessor do Bispo Inácio de Antioquia (discípulo do Apóstolo Paulo), conhecedor e guardião fiel do depósito da fé, escreve uma obra combatendo o uso deste evangelho. O Bispo Eusébio de Cesaréia (historiador da Igreja, séc IV), em sua obra "A Historia Eclesiástica" faz referência a este fato: "mais uma obra, composta por ele [Serapião]: Sobre o evangelho dito segundo Pedro, para refutar as mentiras contidas neste evangelho, em vista de determinados fiéis da comunidade de Rossos, que baseando-se nessa pretensa Escritura, haviam-se desgarrado por doutrinas heterodoxas." (HE VI, 12,2) Transcreveremos o trecho desta obra transcrito pelo Bispo Eusébio: "Efetivamente, nós, irmãos, acolhemos Pedro, e aos outros Apóstolos como se fossem o próprio Cristo; mas enquanto homens experientes, cônscios de nada de semelhante termos recebido, rejeitamos os pseudo-epígrafos, com estes nomes. Eu também, quando ao vosso lado, supunha que estáveis todos apegados à fé verdadeira, e sem ter lido o evangelho apresentado por eles sob o nome de Pedro, eu dizia: Se for somente isso que vos parece contrário, pode ser lido. Mas agora soube que dissimulava certo sendo herético; ao menos assim me foi comunicado. Voltarei, portanto, depressa para junto de vós. Por isso, irmãos, aguardem-me dentro em breve. Nós, porém, irmãos, tendo sabido que a heresia pertencia a Marcião, o qual se contradiz a si mesmo, desconhecendo o que afirma conforme podeis verificar por aquilo que vos foi escrito, pudemos efetivamente, por meio de outros adeptos deste evangelho [segundo Pedro], isto é, os sucessores de seus primeiros introdutores ? que denominamos docetas, pois a maioria de suas


idéias pertence a esta doutrina ? pudemos, digo, por este meio, obter de empréstimo o livro, percorrê-lo e encontrar ali, junto da verdadeira doutrina do Salvador, alguns acréscimos, que submetemos a vosso juízo" (HE VI, 12,3-6) Vimos então, que o tal pretenso Evangelho de Pedro, nada mais foi que um produto da heresia Marcionita ou doceta, oriundo de meados do séc II. O que os antigos dizem sobre os apócrifos? A Igreja Católica viu a necessidade de formar um catálogo bíblico (definir a lista de livros que poderiam ser considerados divinos e seguros) à medida que pretensos escritos atribuídos aos apóstolos foram surgindo e foram sendo adotados pelos cristãos. Como as heresias não surgiram de uma só vez, isso explica porque a Bíblia demorou séculos para surgir. Vejamos outros testemunhos dos sucessores dos apóstolos sobre os escritos apócrifos: Sobre os apócrifos de Pedro "Com efeito, de Pedro apenas uma carta, classificada como primeira, é reconhecida por autêntica e os próprios antigos presbíteros utilizaram-na, citando em seus escritos como genuína. Quanto àquela enumerada como segunda, tivemos notícia de que não é testamentária, todavia muitos a consideravam útil e foi tomada em consideração com as demais Escrituras. Relativamente aos Atos que trazem seu nome, ao Evangelho dito segundo Pedro, ao Kerygma e ao suposto Apocalipse de Pedro, sabemos que não foram de modo algum transmitidos entre os escritos católicos e que nenhum escritor eclesiástico, nem dentre os antigos, nem dos atuais, utilizou testemunhos destas obras" (HE III,3,1-2) Sobre os apócrifos atribuídos aos demais apóstolos "Achamos necessário fazer igualmente o catálogo dessas últimas obras, separando-as das Escrituras que segundo a tradição da Igreja, são verdadeiras, autênticas e reconhecidas, dos livros que, ao invés, não são testamentários, mas contestados, apesar de serem conhecidos pela maior parte dos escritores eclesiásticos. Assim, poderemos conhecer esses livros e os que, entre os hereges, são apresentados sob o nome dos apóstolos, que se trate


dos Evangelhos de Pedro, de Tomé, de Matias, ou dos Atos de André, de João e dos outros apóstolos. Jamais entre os escritores eclesiásticos que se sucederam, houve quem julgasse conveniente relembrá-los. Aliás, o estilo se aparta do costumeiro modo de falar dos apóstolos; o pensamento e a doutrina que encerra acham-se quanto possível em contraste com a verdadeira ortodoxia. Prova evidente de que esses livros são produtos heréticos. Em conseqüência, não merecem nem mesmo ser colocados entre os apócrifos, mas sejam rejeitados como inteiramente absurdos e ímpios." (HE III,25,6-7) Conclusão Vemos aqui, que a Igreja fiel guardiã do depósito da fé que recebeu dos apóstolos, através do Magistério dos legítimos sucessores dos Apóstolos, sempre procurou preservar os cristãos do erro e da mentira. Nosso Senhor Jesus Cristo, prometeu infabilidade (cf. Mt 16,18-19) e auxílio à Sua Igreja até o final dos tempos (cf. Mt 20,28). E a história mostra, através do testemunho dos antigos bispos e presbíteros, que Ela sempre foi porto seguro para todo aquele que deseja conhecer a Verdade (cf. 1Tm 3,15). Os pretensos teólogos da doutrina apócrifa, ditos ?católicos?, sem obediência à Santa Igreja, acabam cometendo o erro de seus predecessores; que no dizer do Bispo Eusébio de Caséria (séc IV): "baseando-se nessa pretensa Escritura, haviam-se desgarrado por doutrinas heterodoxas." Existiram citações de Jesus dos livros deuterocanônicos? Nome do Leitor: J. Religião: Católica Olá! Estou mais uma vez entrando em contato com vocês para obter uma resposta à dúvida de um colega. Ele é pastor e, perguntou-me se existia alguma citação bíblica por parte de Cristo a respeito dos 7 livros do antigo testamento negados por nosso irmãos protestantes.Lembro-me que ja lí algo a respeito no verittatis mas, não consigo acha-lo. Prezado J., a Santa Paz! Não existem citações dos livros deuterocanônicos feitas por Cristo, assim como também não existem citações de Cristo dos livros de Ester, Cântico dos Cânticos, Juízes e Crônicas, por exemplo.


Isto se explica pelo simples fato de que Nosso Senhor usava as Escritura para demonstrar que Nele se cumpriam os anúncios feitos outrora pelos Santos Profetas. Por esta razão, Jesus normalmente citava os livros proféticos e os sapienciais, pois tratavam da vinda do Messias. Em ocasiões muito especiais, quando era preciso fazer alguma exposição da Lei, Ele citava algum dos livros de Moisés. Dito isto, é importante saber que os Judeus classificavam as Escrituras em 3 categorias: Livros proféticos, sapienciais e hagiógrafos; estes últimos chamados por alguns de “outros escritos”. É nesta última categoria que se encontram os deuterocanônicos. No entanto muitos ensinamentos do Senhor que não se encontram nos protocanônicos, estão presentes exclusivamente nos deuterocanônicos, assim como o NT confirma muitas revelações que só se encontram nos deuterocanônicos. Para saber mais, adquira meu livro . Não sei qual é o objetivo desta consulta, especulo eu que seja para estudar o Cânon Bíblico. É importante dizer que nem os judeus antes de Cristo, nem Jesus e os Apóstolos, fixaram o Cânon Bíblico. Os Judeus fixaram o seu cânon mais ou menos pelo ano 90, e a razão para esta fixação foi impedir a pregação cristã. Agora que responda você: que autoridade tinham os rabinos de Jâmnia para determinarem o que era e o que não era Escritura Sagrada em pela Era Cristã? Sítios protestantes como do CACP (Centro Apologético Cristão de Pesquisas), enganam seus leitores ao afirmar que o cânon do AT já estava fixo no tempo de Esdras. Ora, se o cânon do AT já estava fixo no tempo de Esdras, como então livros que foram escritos depois do tempo do profeta entraram para o cânon, como é o caso do livro de Daniel? A Verdade é que Esdras catalogou os livros que deveriam ser considerados proféticos. Mas não incluiu entre eles o livro do Profeta Daniel. Por que? Pelo simples fato de que este livro ainda não existia no tempo do profeta, tanto que os judeus não consideram este livro um livro profético. Por que razão então um cânon foi definido no ano 90 d.C., se já havia um outro anterior? Por que então nos primeiros séculos da Igreja não havia consenso entre os cristãos sobre os livros canônicos do AT, se já havia um cânon anterior observado por Cristo e os Apóstolos? Ora qualquer pesquisador que possui acesso aos escritos deixados pela Igreja dos primeiros séculos sabe que a definição do cânon bíblico para os cristãos, seja ele para o AT ou NT, dependeu da


ação do Espírito Santo no Magistério da Igreja Católica. Mas os “pesquisadores” do CACP escondem esta informação de seus leitores. Para convencerem seus leitores de que os livros deuterocanônicos são apócrifos (conforme a crença tradicional do Protestantismo), dizem que os Pais da Igreja recusaram estes livros. Ora, isto é uma meia-verdade. Com efeito, alguns recusaram, mas outros os recebiam como canônicos. E mesmo aqueles que os rejeitavam como canônicos, não os recebiam como heréticos, mas eclesiásticos, isto é, não inspirados por Deus, porém não contrários ao Depósito da Fé. Também é importante dizer que muitos dos Pais da Igreja que recebiam os deuterocanônicos como livros eclesiásticos, tinham como apócrifos livros como Ester, Apocalipse, a Epístola de Tiago, 2 Pedro, 2 e 3 João e etc. Tudo isto, corrobora com a verdade histórica de que não existia um cânon bíblico definido nos primeiros séculos da Igreja, mas os “pesquisadores” do CACP escondem a Verdade, pois isso é necessário para a fundamentação da mentira, na qual querem que seus leitores continuem acreditando. Até me pergunto se estes líderes de “ministérios” ou denominações protestantes são mesmo pessoas de Fé. Pelas ações que constato de alguns, me parece que são ateus, "homens de coração corrompido e privados da verdade, que só vêem na piedade uma fonte de lucro." (cf. 1 Tm 6,5). Aí querido J., veja o verdadeiro interesse destes sítios ditos “Centro de Pesquisa”, que se aproveitando da falta de conhecimento que as pessoas têm da Memória Cristã, apresentam a meia-verdade para enganar e arrancar dinheiro delas enquanto as envia para o Inferno. Em Cristo, A Fé responsável Algumas pessoas vêm conversar comigo a respeito dos artigos apologéticos que escrevemos e normalmente me dizem: "Olha, eu entendi seus argumentos, mas eu não gosto da Igreja Católica e portanto vou continuar sendo protestante." Assim como digo a essas pessoas com as quais converso, eu gostaria de escrever para os leitores protestantes que visitam nosso site: qualquer espécie de resistência à Igreja Católica, não vai mudar a verdade histórica e teológica que


sempre existiu no cristianismo e muito menos nos autoriza a aceitar um fundamento diferente daquele que foi estabelecido pelos Santos Apóstolos: a Igreja Apostólica é a Palavra Viva de Deus, palavra esta que é transimitida através da Sagrada Tradição (o ensino oral dos Apóstolos), a Sagrada Escritura, e o Sagrado Magistério (que é o ensino Oficial da Igreja que se sustenta tanto na Sagrada Tradição quanto na Sagrada Escritura).

O que eu quero dizer com isso? O que quero dizer é que gostando da Igreja Católica ou não, todo cristão sincero deve seguir a fé que foi transmitida pelos Santos Apóstolos, e isto concerne ao governo da Igreja, à sua hierarquia, ao seu Ministério, ao que é Palavra de Deus, etc. Por exemplo, isso significa que mesmo que não gostemos da Igreja Católica, isso não nos autoriza a seguir a Sola Scriptura, pois esta doutrina continuará sendo uma grande mentira, porque pura e simplesmente não foi ensinada pelos Apóstolos, os cristãos primitivos a desconhecem, ela é intrusa no cristianismo e nem se encontra na Bíblia! A atitude atual daqueles que continuam protestantes porque simplesmente não gostam da Igreja Católica, é como não seguir as leis de trânsito porque não se gosta do Detran ou ainda é como desobedecer as normas e os padrões de qualidade porque não se gosta do InMetro. Ora, tanto as regras de trânsito quanto as normas e os padrões de qualidade são especificações legitimamente instituídas e transmitidas através de entidades também legítimas. Gostar ou não destas entidades não nos autoriza a criar nossas próprias normas ou seguir normas alheias a estas. É irresponsável aquele que assim procede, e se tratando da fé, é algo gravíssimo! Este problema tem sua causa principal na inversão da importância (natural e real) que os juízos de valor possuem sobre os juízos de fato para algumas pessoas. O juízo de fato é aquele que diz o que as coisas são, como são e por que são, são juízos auxiliados pela inteligência. Um exemplo de juízo de fato é: "Está chovendo". Quando digo "está chovendo" estou proferindo um juízo baseando-me na percepção da minha inteligência que ao ver a chuva cair, constata logicamente: "está chovendo".


O Juízo de valor é aquele juízo proferido sobre algo em relação ao que sentimos sobre ele. Um exemplo de juízo de valor é: "A chuva é boa.". Quando digo "a chuva é boa" estou proferindo um juízo baseando-me no meu sentimento em relação à chuva que está caindo. O que se constata é que o juízo de valor é muito mais importante para o protestante do que o juízo de fato. Esta percepção e concepção distorcidas da realidade têm raízes na concepção do que é Religião para o Protestantismo: um sentimento. O Protestantismo, na sua concepção de religião, toma empréstimo de Schleiermacher e W. Hermann. Schleiermacher define a religião não como doutrina, mas um sentimento de coexistência do finito no Infinito (Discursos sobre a Religião - Ueber an die Religion; Reden au dei Gebildeten unter ihren Verächtern, Berlim 1799). Ainda segundo Schleiermacher, a experiência religiosa é o conteúdo da fé. Para W. Hermann a função da religião é elaborar juízos de valor (que não nos dizem o que são as coisas em si), pois o importante é a ação que em nós exercem ou o que despertam em nossa alma. Assim é mais importante se sentir bem acreditando em Deus do que saber se Ele existe. Não é sem motivo que Lutero na sua concepção da justificação, substitui a crença na justificação, pela confiança nela. Um ato de inteligência pela emoção de um sentimento. E com isso o Protestantismo desterrou de todo da vida religiosa a função primordial da inteligência para deixá-la afundar-se sobre a areia movediça do sentimentalismo. Trancafiaram a vivência da fé nos domínios do coração negando-a os domínios da inteligência. Como se pudesse ter um valor real e profundo de vida o que pela inteligência se declara uma grande mentira. Que o leitor não me entenda mal, não estou negando que na experiência religiosa não deva haver sentimentos. É claro que deve haver, pois a vivência da fé consiste na vivência de nossa relação com Deus, uma relação de Amor, e amar envolve sentimento. No entanto, a fé que abraçamos para viver nossa experiência com Deus, deve ter sido conduzida pela nossa inteligência, caso contrário, é bem possível que estejamos vivendo uma falsa relação com Deus, ainda que nos sintamos muito bem com ela. A Fé verdadeira consiste na adesão da inteligência à Verdade Revelada. Sócrates abandonou o culto aos deuses pagãos, depois


de perceber a ordem, harmonia e sabedoria que existem no universo. Sua inteligência levou-o a constatar a existência de Deus, que o levou à fé, e a fé o levou ao amor a Deus. E seu amor a Deus foi tanto que morreu por Ele. Fiquemos com uma lição do Apóstolo Paulo sobre o perigo do juízo de valor sobre o juízo de fato. Os Cristãos de Corinto, já se antecipando aos erros de hoje, davam mais importância às emoções experimentadas pelo coração do que à inteligência. São Paulo escreve sua primeira carta à esta comunidade exortando-os a regressar à fé apostólica. Depois dá um belo recado àqueles que se julgavam estar vivendo uma real experiência com Deus: "Se alguém se julga profeta ou agraciado com dons espirituais, reconheça que as coisas que vos escrevo são um mandamento do Senhor. Mas se alguém quiser ignorá-lo, que o ignore!" (1Cor 14,37-38). Fica claro que os coríntios estavam delegando ao coração a função que somente pertence à inteligência: ser o guia seguro do discernimento. Temos o direito de crer ou não crer no que quisermos, mas temos o dever de possuir uma fé responsável, isto é, a fé embasada no correto discernimento das coisas, a fé embasada em juízos de fato. A Eclesiologia Protestante "Um só Senhor, uma só fé, um só batismo" (Ef 4,5)

A palavra eclesiologia vem do grego eclesia (=igreja) e logia(=estudo), sendo assim eclesiologia o estudo da Igreja.

Em debate com um pastor protestante, ele me afirmara que "A Igreja Coluna da Verdade é composta por todos os salvos pelo sangue de Jesus, independente das divisões doutrinárias". O protestantismo prega uma Igreja invisível, que abriga várias doutrinas até mesmo contraditórias entre si; que o importante é


"aceitar Jesus". Mas será que há verdade na eclesiologia protestante? O Santo Apóstolo Paulo nos ensina que Deus ressucitou Cristo dos Mortos "pondo-o à sua direita nos céus" (Ef 1,20) e "o constituiu como cabeça da Igreja. Que é o seu corpo, a plenitude daquele que cumpre tudo em todos" (Ef 1,22-23). E como uma Igreja invisível que abriga verdades até mesmo excludentes, pode ser "corpo, a plenitude daquele que cumpre tudo em todos", o reflexo perfeito da verdade única (Jo 14,6) que é Cristo? A Igreja ensinada pelos protestantes é falsa, formada de baixo para cima, formada por homens, e não por Cristo; invisível, sem governo e hirarquia. E com é a Igreja verdadeira? 1. É visível. Cristo fundou uma Igreja visível, "que não pode se esconder" e a compara a "uma cidade edificada sobre um monte" (Mt 5,14), portanto bem visível a todos. A visibilidade da Igreja não está em seus prédios, mas em seu governo, sua hierarquia. 2. É única. A Igreja de Cristo confessa "Um só Senhor, uma só fé, um só batismo" (Ef 4,5). 3. É Católica. Católica quer dizer universal. Ela é universal pois está no mundo inteiro, em todas as nações, como ordenou nosso Senhor: "Portanto, ide, ensinai a todas as nações, batizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo" (Mt 28,19). 4. É Apostólica. Pois guarda a tradição dos apóstolos (At 2,42) e a sucessão regular dos bispos, dos apóstolos até os bispos atuais. 5. É Romana. Foi necessário para o desenvolvimento do Cristianismo a transferência da sede de Jerusalém para Roma. São Pedro escreve sua primeira epístola como Bispo de Roma; o pseudônimo para Roma é Babilônia (1Pd 5,13). O Protestantismo não quer ser protestante O protestantismo hoje não quer ser protestante. Isto se deve pelo fato da apologética católica estar sempre


mostrando aos cristãos em geral a origem da fé protestante, que não é uma fé legitimamente cristã, mas uma dissidência da Igreja fundada e instituída por Nosso Senhor Jesus Cristo. Quando a genelogia protestante é mostrada às claras, isto gera um grande incômodo no meio protestante, já que arrogam guardarem o Verdadeiro Cristianismo. Lembro-me bem quando era adoleceste e congregava na Igreja Luterana, mensalmente recebíamos um livrinho bem pequeno intitulado "Castelo Forte". Num destes exemplares, li sobre a "apostasia" da Igreja Católica, e que os Cristãos que desejavam permanecer fiéis a Cristo tiveram que sair da Igreja Apostólica. Não só este periódico Luterano, mas ainda outros que li na mesma época, se referiam à Igreja Católica como a Igreja Apostólica. O protestantismo histórico sempre reconheceu a Raiz Apótolica da Igreja Católica. Com o Protestantismo Pentecostal oriundo do início do séc XX, o discurso mudou (sejamos francos, muita coisa mudou no protestantismo depois deste movimento....). Agora a Igreja Católica não era mais a Igreja Apostólica, mas sim oriunda do séc IV, através de Constantino. Mas este argumento absurdo não é o foco deste meu artigo. Agora o Protestantismo tem dito que não é protestante. Isto é, que não tem origem nas sucessivas dissidências após a ruptura com a Igreja Católica; mas que, sempre existiu, até mesmo na era apostólica. Os principais defensores desta tese são os Batistas. O argumento defensivo protestante mudou, mas a forma de implementá-lo não. Como diz o ditado "papel aceita tudo". É muito fácil afirmar isso ou aquilo, difícil mesmo é provar. Novamente nossos irmãos separados apresentam uma enchurrada de argumentos subjetivos, que não podem provar. Seria muito bom se pudessem apresentar algum escrito patrístico (obra cristã antiga que os primeiros cristãos nos deixaram como testemunho de sua fé) em que encontrássemos a fé Batista, ou Luterana, ou de qualquer outra denominação, demostrando objetivamente o que dizem.


Fazem isso? NÃO. E sabem por que? Porque não podem, já que até o séc XVI, nenhum cristão professava a fé Protestante. A apresentação de provas é um procedimento legítimo daquele que está com a Verdade, para demonstrar que está de posse dela. Nenhum mentiroso pode apresentar provas da Mentira, já que não exite registro de algo que não aconteceu. Ao contrário dos protestantes, nós Católicos podemos apresentar provas do que dizemos. Como estamos com a Verdade Única e Imutável, temos plenas condições de apresentar provas, isto é, de apresentar testemunhos dos primeiros cristãos que corroboram com a fé Católica, mostrando a legitimidade da Igreja Católica e a antiguidade de Sua Existência e Sua Doutrina, vejam alguns exemplos: Sobre o nome da Igreja "Onde quer que se apresente o Bispo, ali esteja também a comunidade, assim como a presença de Cristo Jesus nos assegura a presença da Igreja Católica"(Santo Inácio aos Esmirniotas 107 DC) Sobre o Primado de Pedro "Depois da ressurreição, diz o Senhor: 'Apascenta as minhas ovelhas'. Assim o Senhor edifica sobre Pedro a Igreja e lhe confia as suas ovelhas para apascentá-las. Se bem que dê igual poder a todos os Apóstolos, constitui uma só cátedra e dispõe, por sua autoridade, a origem e o motivo da unidade. Por certo os demais Apóstolos eram como Pedro, mas o primado é dado a Pedro e a unidade da Igreja e da cátedra é assim demonstrada. Todos são pastores mas, como se vê, um só é o rebanho apascentado pelo consenso unânime de todos os Apóstolos. Julga conservar a fé aquele que não conserva esta unidade recomendada por Paulo? Confia estar na Igreja aquele que abandona a cátedra de Pedro sobre a qual está fundada a Igreja?" (Cipriano, +258, Sobre a Unidade da Igreja cap. 4) São Pedro foi Bispo de Roma "[...]quanto a Lino, cuja presença junto dele [do Apóstolo Paulo] em Roma foi registrada na 2ª carta a Timóteo [cf. 2Tm 4,21], depois de Pedro foi o primeiro a obter ali o episcopado, conforme mencionamos mais acima." (Eusébio Bispo de Cesaréia - HE,IV,8 - 317 d.C).


"[...]Alexandre recebeu o episcopado em Roma, sendo o quinto na sucessão de Pedro e Paulo" (Eusébio Bispo de Cesaréia - HE,IV,1 - 317 d.C). São Pedro sofreu o martírio em Roma "Tendo vindo ambos a Corinto, os dois apóstolos Pedro e Paulo nos formaram na doutrina evangélica. A seguir, indo para a Itália, eles vos transmitiram os mesmos ensinamentos e, por fim, sofreram o martírio simultaneamente" (Dionísio de Corinto, ano 170, extrato de uma de suas cartas aos Romanos conforme fragmento conservado na HE II,25,8). "Eu, porém, posso mostrar o troféu dos Apóstolos [Pedro e Paulo]. Se, pois, quereis ir ao Vaticano ou à Via Ostiense, encontrarás os troféus dos fundadores desta Igreja" (Discurso contra Probo Caio presbítero de Roma, + ou - 199 d.C). Eusébio também trata deste escrito em HE II,25,7. "Pedro, finalmente tendo ido para Roma, lá foi crucificado de cabeça para baixo" (Orígenes, +253, conforme fragmento conservado na HE, III,1). "Quando Nero viu consolidado seu poder, começou a empreender ações ímpias e muniu-se contra o culto do Deus do universo. [...] Foi também ele, o primeiro de todos os figadais inimigos de Deus, que teve a presunção de matar os apóstolos. Com efeito, conta-se que sob seu reinado Paulo foi decapitado em Roma. E ali igualmente Pedro foi crucificado [cf. Jo 21,18-19; 2Pd 1,14]. Confirmam tal asserção os nomes de Pedro e de Paulo, até hoje atribuídos aos cemitérios da cidade." (Eusébio Bispo de Cesaréia - HE,II,25,1-5 - 317 d.C). "Pedro, contudo, parece ter pregado aos judeus da Diáspora, no Ponto, na Galácia, na Bitínia, na Capadócia e na Ásia [cf. 1Pd 1,1), e finalmente foi para Roma, onde foi crucificado de cabeça para baixo, conforme ele mesmo desejara sofrer." (Eusébio Bispo de Cesaréia - HE III,2 - 317 d.C) Sobre o Primado da Igreja de Roma sobre as Demais "Já que seria demasiado longo enumerar os sucessores dos Apóstolos em todas as comunidades, nos ocuparemos somente com uma destas: a maior e a mais antiga, conhecida por todos, fundada e constituída pelos dois gloriosíssimos apóstolos Pedro e Paulo. Mostraremos que a tradição apostólica que ela guarda e a fé que ela comunicou aos homens chegaram até nós através da sucessão regular dos bispos, confundindo assim todos aqueles que


querem procurar a verdade onde ela não pode ser encontrada. Com esta comunidade, de fato, dada a sua autoridade superior, é necessário que esteja de acordo toda comunidade, isto é, os fiéis do mundo inteiro; nela sempre foi conservada a tradição dos apóstolos" (Ireneu de Lião, +202, Contra as Heresias III,3,2). " Após termos discutido sobre os Escritos dos profetas e as Escrituras evangélicas e apostólicas acima, sobre os quais a Igreja Católica está fundada pela graça de Deus, também achamos necessário dizer, embora a Igreja Católica universalmente esteja difundida sobre todo o mundo, sendo a única noiva de Cristo, que à Santa Igreja romana é dado o primeiro lugar sobre as demais igrejas, não por decisão sinoidal, mas sim pela voz do Senhor, nosso Salvador, pois no Evangelho obteve a primazia: "Tu és Pedro" - Ele disse - "e sobre esta pedra edificarei a Minha Igreja e as portas do Inferno não prevalecerão contra ela; e te darei as chaves do Reino dos Céus e tudo o que ligardes sobre a Terra será também ligado no Céu, e tudo o que desligardes sobre a Terra será também desligado no Céu"."(Decreto Gelasiano, 384 d.C) ". Portanto, primeira é a cátedra da Igreja romana, do apóstolo Pedro, por não haver qualquer mancha, ruga ou qualquer outro [defeito]. Porém, o segundo lugar foi concedido, em nome do bemaventurado Pedro, a Marcos, seu discípulo e autor do Evangelho, para Alexandria. Ele mesmo escreveu a Palavra da Verdade, no Egito, conforme [ouvira do] apóstolo Pedro; lá foi gloriosamente consumada [sua vida] no martírio. O terceiro lugar é guardado por Antioquia, do bem-aventurado e venerável apóstolo Pedro, que ali viveu antes de vir à Roma e onde pela primeira vez foi ouvido o nome da nova raça: ?cristãos?." (Decreto Gelasiano, 384 d.C) A Igreja de Cristo é Una e Visível "A Igreja é uma só, embora abranja uma multidão pelo contínuo aumento de sua fecundidade. Assim como há uma só luz nos muitos raios do sol, uma só árvore em muitos ramos, um só tronco fundamentado em raízes tenazes, muitos rios em uma única fonte, assim também esta multidão guarda a unidade da origem, se bem que pareça dividida por causa da inumerável profusão dos que nascem. A unidade da luz não comporta que se separe um raio do centro solar; um ramo quebrado da árvore não cresce; cortado da fonte, o rio seca imediatamente. Do mesmo modo, a Igreja do Senhor, como luz derramada, estende seus raios em todo o mundo e é uma única luz que se difunde sem perder a própria unidade. Ela desdobra os ramos por toda a terra com grande fecundidade; estende-se ao longo dos rios com toda a liberalidade e, no entanto,


é uma na cabeça, uma pela origem, uma só mão imensamente fecunda. Nascemos todos do seu ventre, somos nutridos com seu leite e animados por seu Espírito" (Cipriano, +258, Sobre a Unidade da Igreja cap. 4)

"Quem é tão ímpio e perverso, tão enlouquecido pelo delírio da discórdia que julgue poder ou que ouse dividir a unidade de Deus, a veste do Senhor, a Igreja de Cristo? O próprio Senhor adverte e ensina no Evangelho: 'Haverá um só pastor e um só rebanho'. Pensa alguém que em um só lugar poderá haver muitos rebanhos e muitos pastores? Também o Apóstolo Paulo, insinuando esta mesma unidade, suplica, exorta e recomenda: 'Rogo-vos, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que digais a mesma coisa e não haja cisões entre vós. Sede propensos no mesmo espírito e à mesma sentença'. Ainda outra vez: 'Suportai-vos mutuamente no amor da paz, fazendo tudo para conservar a unidade do espírito no vínculo da paz'. Acreditas que podes subsistir afastado da Igreja, procurando para ti outras moradas? Disseram a Raab, que prefigurava a Igreja: 'Reune contigo, em casa, teu pai, tua mãe, teus irmãos, toda a tua família. E quem ultrapassar a porta de tua casa, responderá por si'. Do mesmo modo como o mistério da Páscoa significa, na lei do Êxodo, a mesma unidade, o cordeiro que é morto, figurando a Cristo, deve ser comido numa só casa. Deus disse: 'Será comido em uma só casa. Não lanceis a carne fora de casa'. A carne de Cristo, do Santo do Senhor, não pode ser lançada fora. E não há para os fiéis outra casa senão a Igreja." (Cipriano, +258, Sobre a Unidade da Igreja cap. 4) Sobre a Sucessão Apostólica "Os apóstolos receberam do Senhor Jesus Cristo o Evangelho que nos pregaram. Jesus Cristo foi enviado por Deus. Cristo, portanto, vem de Deus, e os apóstolos vêm de Cristo. As duas coisas, em ordem, provêm, da vontade de Deus. Eles receberam instruções e, repletos de certeza, por causa da ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo, fortificados pela palavra de Deus e com plena certeza dada pelo Espírito Santo, saíram anunciando que o Reino de Deus estava para chegar. Pregavam pelos campos e cidades, e aí produziam sua primícias, provando-as pelo Espírito, a fim de instituir com elas bispos e diáconos dos futuros fiéis. Isso não era algo novo: desde há muito tempo, a Escritura falava dos bispos e dos diáconos. Com efeito, em algum lugar está escrito: "Estabelecerei


seus bispos na justiça e seus diáconos na fé." (São Clemente, + 90, Primeira Carta aos Corínitos,42) "Nossos apóstolos conheciam, da parte do Senhor Jesus Cristo, que haveria disputas por causa da função episcopal. Por este motivo, prevendo exatamente o futuro, instituíram aqueles de quem falávamos antes, e ordenaram que, por ocasião de morte desses, outros homens provados lhes sucedessem no ministério. Os que foram estabelecidos por eles ou por outros homens eminentes, com a aprovação de toda a Igreja, e que serviram irrepreensivelmente ao rebanho de Cristo, com humildade, calma e dignidade, e que durante muito tempo receberam o testemunho de todos, achamos que não é justo demiti-los de sua funções. Para nós, não seria culpa leve se exonerássemos do episcopado aqueles que apresentaram os dons de maneira irrepreensível e santa. Felizes os presbíteros que percorreram seu caminho e cuja vida terminou de modo fecundo e perfeito. Eles não precisam temer que alguém os afaste do lugar que lhes foi designado. E nós vemos que, apesar da ótima conduta deles, removestes alguns da funções que exerciam de modo irrepreensível e honrado." (São Clemente, + 90, Primeira Carta aos Corínitos,44) "Já que seria demasiado longo enumerar os sucessores dos Apóstolos em todas as comunidades, nos ocuparemos somente com uma destas: a maior e a mais antiga, conhecida por todos, fundada e constituída pelos dois gloriosíssimos apóstolos Pedro e Paulo. " (Ireneu de Lião, +202, Contra as Heresias III,3,2). "Depois de ter assim fundado e edificado a Igreja, os bemaventurados Apóstolos transmitiram a Lino o cargo do episcopado... Anacleto lhe sucede. Depois, em terceiro lugar a partir dos Apóstolos, é a Clemente que cabe o episcopado... A Clemente sucedem Evaristo, Alexandre; em seguida, em sexto lugar a partir dos Apóstolos, é instituído Sixto, depois Telésforo, também glorioso por seu martírio; depois Higino, Pio, Aniceto, Sotero, sucessor de Aniceto; e, agora, Eleutério detém o episcopado em décimo segundo lugar a partir dos Apóstolos" (Ireneu de Lião, +202, Contra as Heresias III,2,1s). "Foi primeiramente na Judéia que eles (os Apóstolos escolhidos e enviados por Jesus Cristo) implantaram a fé em Jesus Cristo e estabeleceram comunidades. Depois partiram pelo mundo afora e anunciaram às nações a mesma doutrina e a mesma fé. Em cada cidade fundaram Igrejas, às quais, desde aquele momento, as outras Igrejas emprestam a estaca da fé e a semente da doutrina; aliás, diariamente emprestam-nas, para que se tornem elas mesmas Igrejas. A este título mesmo são consideradas


comunidades apostólicas, na medida em que são filhas das Igrejas apostólicas. Cada coisa é necessariamente definida pela sua origem. Eis por que tais comunidades, por mais numerosas e densas que sejam, não são senão a primitiva Igreja apostólica, da qual todas procedem... Assim faz-se uma única tradição de um mesmo Mistério" (Tertuliano, + 202, De Praescriptione Haereticorum 2, 4-7.9). "Depois do martírio de Pedro e Paulo, o primeiro a obter o episcopado na Igreja de Roma foi Lino. Paulo, ao escrever de Roma a Timóteo, cita-o na saudação final da carta [cf. 2Tm 4,21]." (Eusébio Bispo de Cesaréia - HE,III,2 - 317 d.C). "[...]Alexandre recebeu o episcopado em Roma, sendo o quinto na sucessão de Pedro e Paulo" (Eusébio Bispo de Cesaréia - HE,IV,1 - 317 d.C). "A Clemente [3º sucessor de São Pedro na Cáthedra de Roma] sucedeu Evaristo; a Evaristo, Alexandre, depois, em sexto lugar desde os apóstolos, foi estabelecido Xisto; logo, Telésforo, que prestou glorioso testemunho; em seguida, Higino; após este, Pio, e depois, Aniceto. Tendo sido Sotero o sucessor de Aniceto, agora detém o múnus espiscopal Eleutério, que ocupa o duodécimo lugar na sucessão apostólica. Em idêntica ordem e idêntico ensinamento na Igreja, a tradição proveniente dos apóstolos e o anúncio da verdade chegaram até nós." (História Eclesiástica Livro V, 6,4-5. Eusébio de Cesaréia, + ou - 317 d.C).

Sobre a Eucaristia "Não me agradam comida passageira, nem prazeres desta vida. Quero pão de Deus que é carne de Jesus Cristo, da descendência de Davi, e como bebida quero o sangue d'Ele, que é Amor incorruptível". (Carta aos Romanos, parágrafo 7, cerca de 80-110 d.C.) "Apartai-vos das ervas daninhas que Jesus Cristo não cultiva, por não serem plantação do Pai.Não que tenha encontrado em vosso meio discórdias, pelo contrário encontrei um povo purificado. Na verdade, o que são propriedade de Deus e de Jesus Cristo estão com o Bispo, e todos os que se converterem e voltarem à unidade da Igreja, pertencerão também a Deus, par terem uma vida segundo Jesus Cristo. Não vos deixeis iludir, meus irmãos. Se alguém seguir a um cismático, não herdará o reino de Deus se alguém se guiar por doutrina alheia, não se conforma com a Paixão de Cristo. Sede solícitos em tomar parte numa só Eucaristia,


porquanto uma é a carne de Nosso Senhor Jesus Cristo, um o cálice para a união com Seu sangue; um o altar, assim como também um é o Bispo, junto com seu presbitério e diáconos, aliás meus colegas de serviço. E isso, para fazerdes segundo Deus o que fizerdes" . (Santo Inácio de Antioquia,Carta aos Filadelfienses,3 e 4, + 110 d.C.) "Esta comida nós chamamos Eucaristia, da qual ninguém é permitido participar, exceto o que creia que as coisas nós ensinamos são verdadeiras, e tenha recebido o batismo para perdão de pecados e renascimento, e que vive como Cristo nos ordenou. Nós não recebemos essas espécies como pão comum ou bebida comum; mas como Cristo Jesus nosso Salvador, que se encarnou pela Palavra de Deus, se fez carne e sangue para nossa salvação, assim também nós temos ensinado que o alimento consagrado pela Palavra da oração que vem dele, de que a carne e o sangue são, por transformação, a carne e sangue daquele Jesus Encarnado." - (São Justino, I Apologia, Cap. 66, cerca de 148155 d.C.) "Deus tem portanto anunciado que todos os sacrifícios oferecidos em Seu Nome, por Jesus Cristo, que está, na Eucaristia do Pão e do Cálice, que são oferecidos por nós cristãos em toda parte do mundo, são agradáveis a Ele." - (São Justino,Diálogo com Trifão, Cap. 117, 130-160 d.C.) "Outrossim, como eu disse antes, concernente os sacrifícios que vocês, naquele tempo, ofereciam, Deus fala através de Malaquias, um dos doze, como segue: 'Eu não tenho nenhum prazer em você, diz o Senhor; e Eu não aceitarei os sacrifícios de suas mãos; do nascer do sol até seu ocaso, meu Nome tem sido glorificado dentre os gentios; e em todo o lugar incenso é oferecido em meu Nome, e uma oferta pura: Grande tem sido meu nome dentre os gentios, diz o Senhor; mas você O profana.' Assim são os sacrifícios oferecidos a Ele, em todo lugar, por nós os gentios, que são o Pão da Eucaristia e igualmente a taça da Eucaristia, que Ele falou naquele tempo; e Ele diz que nós glorificamos Seu nome, enquanto vocês O profanam." (São Justino,Diálogo com Trifão, [41, 8-10], 130-160 d.C.) "[Cristo] declarou o cálice, uma parte de criação, por ser seu próprio Sangue, pelo qual faz nosso sangue fluir; e o pão, uma parte de criação, ele estabeleceu como seu próprio Corpo, pelo qual Ele completa nossos corpos." (Santo Irineu de Lião, Contra Heresias, 180 d.C.) "Assim então, se a taça misturada e o pão fabricado recebem a Palavra de Deus e tornam-se Eucaristia, que é dizer, o Sangue e


Corpo de Cristo, que fortifica e reconstrói a substância de nossa carne, como podem essas pessoas dizer que a carne é incapaz de receber o presente de Deus que é a vida eterna, quando isto é feito pelo Sangue e Corpo de Cristo, que são Seu membro? Como o apóstolo abençoado diz em sua carta aos Efésios, 'Nós somos membros de Seu Corpo, de sua carne e de seus ossos' (Ef 5,30). Ele não está falando de forma 'espiritual' e de ' homem invisível', 'um espírito não tem carne e ossos' (Lc 24,39). Não, ele está falando do organismo possuído por um ser humano real, composto de carne e nervos e esqueleto. Isto é este que é nutrido pela taça que é Seu Sangue, e é fortificado pelo pão que é Seu Corpo. O talo da vinha toma raiz na terra e futuramente dá frutos, e 'o grão de trigo cai na terra' (Jo 12,24), dissolve, ascende outra vez, multiplicado pelo Espírito de Deus, e finalmente depois é processando, é colocado para uso humano. Esses dois então recebe a Palavra de Deus e torna-se Eucaristia, que é o Corpo e Sangue de Cristo." (Cinco Livros = Desmascarando e Refutando a Falsidade) "Somente como o pão que vem da terra, tendo recebido a invocação de Deus, não é mais pão comum, mas Eucaristia, consistindo de duas realidades, divina e terrestre, assim nossos corpos, tendo recebidos a Eucaristia, não são mais corruptíveis, porque eles têm a esperança da ressurreição." - "Cinco Livros = Desmascarando e Refutando a Falsidade - especificamente a Gnose". Livro 4,18; 4-5, cerca de 180 d.C. "O Sangue do Senhor, realmente, é duplo. Há Seu Sangue corpóreo, por que nós somos redimidos da corrupção; e Seu Sangue espiritual, com que nós somos ungido. Que significa: beber o Sangue de Jesus é compartilhar sua imortalidade. O vigor da Palavra é o Espírito somente como o sangue é o vigor do corpo. Do mesmo modo, como vinho é misturado com água, assim é o Espírito com o homem. O Único, o Vinho e Água nutrido na fé, enquanto o outro, o Espírito, conduzindo-nos para a imortalidade. A união de ambos, entretanto, - da bebida e da Palavra, - é chamada Eucaristia, digna de louvor e presente excelente. Aqueles que partilham disto na fé são santificados no corpo e na alma. Pela vontade do Pai, a mistura divina, homem, está misticamente unida ao Espírito e à Palavra." (São Clemente de Alexandria, O Instrutor das Crianças". [2,2,19,4] + - 202.) "A Palavra é tudo para uma criança: ambos Pai e Mãe, ambos Instrutor e Enfermeira. 'Comam minha Carne,' Ele diz, 'e Bebam meu Sangue.' O Senhor nos nutre com esses nutrientes íntimos. Ele nos entrega Sua Carne, e nos dá Seu Sangue; e nada é


escasso para o crescimento de Suas crianças. Oh mistério incrível!". (São Clemente de Alexandria, O Instrutor das Crianças [1,6,41,3] + - 202.) Sobre o Batismo de Crianças "Ele (Jesus) veio para salvar a todos através dele mesmo, isto é, a todos que através dele são renascidos em Deus: bebês, crianças, jovens e adultos. Portanto, ele passa através de toda idade, torna-se um bebê para um bebê, santificando os bebês; uma criança para as crianças, santificando-as nessa idade...(e assim por diante); ele pode ser o mestre perfeito em todas as coisas, perfeito não somente manifestando a verdade, perfeito também com respeito a cada idade"(Santo Irineu, 202 dC - Contra Heresias II,22,4). "Onde não há escassez de água, a água corrente deve passar pela fonte batismal ou ser derramada por cima; mas se a água é escassa, seja em situação constante, seja em determinadas ocasiões, então se use qualquer água disponível. Dispa-se-lhes de suas roupas, batize-se primeiro as crianças, e se elas podem falar, deixe-as falar. Se não, que seus pais ou outros parentes falem por elas" (Hipólito, 215 dC, Tradição Apostólica 21,16). "A Igreja recebeu dos apóstolos a tradição de dar Batismo mesmo às crianças. Os apóstolos, aos quais foi dado os segredos dos divinos sacramentos sabiam que havia em cada pessoa inclinações inatas do pecado (original), que deviam ser lavadas pela água e pelo Espírito" (Orígenes, ano 248 - Comentários sobre a Epístola aos Romanos 5,9) "Do batismo e da graça não devemos afastar as crianças" (São Cipriano, ano 248 - Carta a Fido). A Tradição dos Apóstolos foi fielmente conservada "Em primeiro lugar [Inácio de Antioquia], acautelava-se a conservar firmemente a tradição dos apóstolos que, por segurança, julgou necessário fixar ainda por escrito. Estava já prestes a ser martirizado." (História Eclesiástica Livro III, 36,4. Eusébio de Cesaréia, + ou - 317 d.C). "Em teu favor, não hesitarei em aditar às minhas explanações que aprendi outrora dos presbíteros e cuja lembrança guardei fielmente, a fim de corroborar a manifestação da verdade." (Pápias Bispo de Hierápolis, - ou - 120 d.C). "Pápias, de quem nos ocupamos agora, reconhece ter recebido as palavras dos apóstolos por meio dos que com eles conviveram;


declara, além disso, ter sido ele mesmo ouvinte de Aristion e do presbítero João. De fato, cita-os com freqüência nominalmente em seus escritos, referindo as palavras que transmitiram.Não foi ocioso ter dito tais coisas. É justo acrescentar às palavras supramencionadas de Pápias umas narrações ainda de fatos extraordinários e outras que chegaram até ele por meio da tradição." (História Eclesiástica Livro III, 39,7-8. Eusébio de Cesaréia, + ou - 317 d.C). "Floresciam nesta época na Igreja [tempo do Imperador Vero, por volta de 140 d.C], Hegesipo, já conhecido pelas narrações precedentes; Dionísio, bispo de Corinto; Pintos, bispo de Creta. Além disso, Filipe, Apolinário, Melitão, Musano e Modesto, e sobretudo Ireneu. Através de todos eles, chegou até nós por escrito a ortodoxia da tradição apostólica, a verdadeira fé." (História Eclesiástica Livro IV, 21. Eusébio de Cesaréia, + ou - 317 d.C). "Ora, sob [o episcopado de] Clemente, grave divergência surgiu entre os irmãos de Corinto. A Igreja de Roma enviou aos coríntios importante carta, exortando-os à paz e procurando reavivar-lhes a fé, assim como a tradição que, há pouco tempo, ela havia recebido dos apóstolos." (História Eclesiástica Livro IV, 6,3. Eusébio de Cesaréia, + ou - 317 d.C). "Esses mestres [Policarpo, Ireneu, Pápias, Justino, Clemente de Roma, Clemente de Alexandria, entre outros pois a lista é grande], que guardaram a verdadeira tradição da feliz doutrina recebida, como que transmitida de pai a filho, oriunda imediatamente dos santos Apóstolos Pedro e Tiago, João e Paulo (poucos são, contudo os filhos semelhantes aos pais), chegaram até nossos dias, por dom de Deus, a fim de lançar as sementes de seus antepassados e dos apóstolos em nossos corações" (História Eclesiástica Livro V, 11,5. Eusébio de Cesaréia, + ou - 317 d.C). "Impossível enumerar nominalmente todos os que então, desde a primeira sucessão dos Apóstolos, tornaram-se pastores ou evangelistas nas Igrejas pelo mundo. Nominalmente confiamos a um escrito apenas a lembrança daqueles cujas obras ainda agora representam a tradição da doutrina apostólica" (História Eclesiástica Livro III, 37,4. Eusébio de Cesaréia, + ou - 317 d.C). Veneração dos Santos "Ignoravam eles que não poderíamos jamais abandonar Cristo, que sofreu pela salvação de todos aqueles que são salvos no mundo, como inocente em favor dos pecadores, nem prestamos culto a outro. Nós o adoramos porque é o Filho de Deus. Quanto aos mártires, nós os amamos justamente como discípulos e


imitadores do Senhor, por causa da incomparável devoção que tinham para com seu rei e mestre. Pudéssemos nós também ser seus companheiros e condiscípulos!" (Martírio de Policarpo 17:2, +- 160 D.C). "Vendo a rixa suscitada pelos judeus, o centurião colocou o corpo no meio e o fez queimar, como era costume. Desse modo, pudemos mais tarde recolher seus ossos [de Policarpo], mais preciosos do que pedras preciosas e mais valiosos do que o ouro, para colocá-lo em lugar conveniente. Quando possível, é aí que o Senhor nos permitirá reunir-nos, na alegria e contentamento, para celebrar o aniversário de seu martírio, em memória daqueles que combateram antes de nós, e para exercitar e preparar aqueles que deverão combater no futuro." (Martírio de Policarpo 18, +- 160 D.C) Cânon Bíblico "Cânon 36 - Parece-nos bom que, fora das Escrituras canônicas, nada deva ser lido na Igreja sob o nome 'Divinas Escrituras'. E as Escrituras canônicas são as seguintes: Gênese, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio, Josué, Juízes, Rute, quatro livros dos Reinos1, dois livros dos Paralipômenos2, Jó, Saltério de Davi, cinco livros de Salomão3, doze livros dos Profetas4, Isaías, Jeremias5, Daniel, Ezequiel, Tobias, Judite, Ester, dois livros de Esdras6 e dois [livros] dos Macabeus. E do Novo Testamento: quatro livros dos Evangelhos7, um [livro de] Atos dos Apóstolos, treze epístolas de Paulo8, uma do mesmo aos Hebreus9, duas de Pedro, três de João, uma de Tiago, uma de Judas e o Apocalipse de João.10 Sobre a confirmação deste cânon se consultará a Igreja do outro lado do mar11. É também permitida a leitura das Paixões dos mártires na celebração de seus respectivos aniversários12" (Concílio de Hipona, 08.Out.393). "Parece-nos bom que, fora das Escrituras canônicas, nada deva ser lido na Igreja sob o nome 'Divinas Escrituras'. E as Escrituras canônicas são as seguintes: Gênese, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio, Josué, Juízes, Rute, quatro livros dos Reinos, dois livros dos Paralipômenos, Jó, Saltério de Davi, cinco livros de Salomão, doze livros dos Profetas, Isaías, Jeremias, Daniel, Ezequiel, Tobias, Judite, Ester, dois livros de Esdras e dois [livros] dos Macabeus. E do Novo Testamento: quatro livros dos Evangelhos, um [livro de] Atos dos Apóstolos, treze epístolas de Paulo, uma do mesmo aos Hebreus, duas de Pedro, três de João, uma de Tiago, uma de Judas e o Apocalipse de João12. Isto se fará saber também ao nosso santo irmão e sacerdote, Bonifácio, bispo


da cidade de Roma, ou a outros bispos daquela região, para que este cânon seja confirmado, pois foi isto que recebemos dos Padres como lícito para ler na Igreja" (Concílio de Cartago III (397) e Concílio de Cartago IV (419)). "Tratemos agora sobre o que sente a Igreja Católica universal, bem como o que se dever ter como Sagradas Escrituras: um livro do Gênese, um livro do Êxodo, um livro do Levítico, um livro dos números, um livro do Deuteronômio; um livro de Josué, um livro dos Juízes, um livro de Rute; quatro livros dos Reis13, dois dos Paralipômenos; um livro do Saltério; três livros de Salomão: um dos Provérbios, um do Eclesiastes e um do Cântico dos Cânticos; outros: um da Sabedoria, um do Eclesiástico. Um de Isaías, um de Jeremias com um de Baruc e mais suas Lamentações, um de Ezequiel, um de Daniel; um de Joel, um de Abdias, um de Oséias, um de Amós, um de Miquéias, um de Jonas, um de Naum, um de Habacuc, um de Sofonias, um de Ageu, um de Zacarias, um de Malaquias. Um de Jó, um de Tobias, um de Judite, um de Ester, dois de Esdras, dois dos Macabeus. Um evangelho segundo Mateus, um segundo Marcos, um segundo Lucas, um segundo João. [Epístolas:] a dos Romanos, uma; a dos Coríntios, duas; a dos Efésios, uma; a dos Tessalonicenses, duas; a dos Gálatas, uma; a dos Filipenses, uma; a dos Colossences, uma; a Timóteo, duas; a Tito, uma; a Filemon, uma; aos Hebreus, uma. Apocalipse de João apóstolo; um, Atos dos Apóstolos, um. [Outras epístolas:] de Pedro apóstolo, duas; de Tiago apóstolo, uma; de João apóstolo, uma; do outro João presbítero, duas14; de Judas, o zelota, uma. (Catálogo dos livros sagrados, composto durante o pontificado de São Dâmaso [366-384], no Concílio de Roma de 382) "Quais os livros aceitos no cânon das Escrituras, o breve apêndice o mostra: Cinco livros de Moisés, isto é, Gênese, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Um livro de Josué, filho de Num; um livro dos Juízes; quatro livros dos Reinos; e Rute. Dezesseis livros dos Profetas; cinco livros de Salomão; o Saltério. Livros históricos: um de Jó, um de Tobias, um de Ester, um de Judite, dois dos Macabeus, dois de Esdras, dois dos Paralipômenos. Do Novo Testamento: quatro livros dos Evangelhos; quatorze epístolas do apóstolo Paulo, três de João, duas de Pedro, uma de Judas, uma de Tiago; os Atos dos Apóstolos; e o Apocalipse de João" (Papa Inocêncio I, 20.02.405; Carta "Consulenti Tibi" a Exupério, bispo de Tolosa).


"Devemos agora tratar das Escrituras Divinas. Vejamos o que a Igreja Católica universalmente aceita e o que deve ser evitado: (1) Começa a ordem do Antigo Testamento: um livro da Gênese, um do Êxodo, um do Levítico, um dos Números, um do Deuteronômio, um de Josué (filho de Nun), um dos Juízes, um de Rute, quatro livros dos Reis, dois dos Paralipômenos, um livro de 150 Salmos, três livros de Salomão (um dos Provérbios, um do Eclesiastes, e um do Cântico dos Cânticos). Ainda um livro da Sabedoria e um do Eclesiástico. (2) A ordem dos Profetas: um livro de Isaías, um de Jeremias com Cinoth (isto é, as suas Lamentações), um livro de Ezequiel, um de Daniel, um de Oséias, um de Amós, um de Miquéias, um de Joel, um de Abdias, um de Jonas, um de Naum, um de Habacuc, um de Sofonias, um de Ageu, um de Zacarias e um de Malaquias. (3) A ordem dos livros históricos: um de Jó, um de Tobias, dois de Esdras, um de Ester, um de Judite e dois dos Macabeus. (4)A ordem das escrituras do Novo Testamento, que a Santa e Católica Igreja Romana aceita e venera são: quatro livros dos Evangelhos (um segundo Mateus, um segundo Marcos, um segundo Lucas e um segundo João). Ainda um livro dos Atos dos Apóstolos. As 14 epístolas de Paulo Apóstolo: uma aos Romanos, duas aos Coríntios, uma aos Efésios, duas aos Tessalonicenses, uma aos Gálatas, uma aos Filipenses, uma aos Colossenses, duas a Timóteo, uma a Tito, uma a Filemon e uma aos Hebreus. Ainda um livro do Apocalipse de João. Ainda sete epístolas canônicas: duas do Apóstolo Pedro, uma do Apóstolo Tiago, uma de João Apóstolo, duas epístolas do outro João (presbítero) e uma de Judas Apóstolo (o zelota)" (Papa S. Gelásio, 384; Decreto Gelasiano; repetido em 520 pelo papa S. Hormisdas. Seguido também pelo Concílio Ecumênico de Florença15 [1438-1445], e novamente ratificado pelos Concílio de Trento16 [1546-1563] e Vaticano I [1870])). Para colocar todos os pingos nos "ís" seria necessário escrever uma obra bem mais extensa que este artigo. No entanto, espero que os testemunhos antigos aqui relatados sirvam para uma melhor reflexão daqueles que buscam a Verdade. Para finalizar vejam na opinião dos primeiros Cristãos onde está a Verdade Onde está a Verdadeira Doutrina Cristã "Mas a Igreja de Éfeso, fundada por Paulo e onde João permaneceu até o tempo de Trajano, é também testemunha


genuína da tradição dos apóstolos" (Contra as Heresias, Santo Ireneu Bispo de Lião, + ou - 202 d.C). "Nesta ocasião [tempo do Imperador Vero. Meados do segundo século e início do terceiro], muitos homens da Igreja lutaram em prol da verdade com eloqüência e defenderam as proposições apostólicas e eclesiásticas. Alguns até, com seus escritos, deixaram aos pósteros uma profilaxia contra as heresias que acabamos de citar" (História Eclesiástica Livro IV, 7,5. Eusébio de Cesaréia, + ou - 317 d.C). "A Clemente [3º sucessor de São Pedro na Cáthedra de Roma] sucedeu Evaristo; a Evaristo, Alexandre, depois, em sexto lugar desde os apóstolos, foi estabelecido Xisto; logo, Telésforo, que prestou glorioso testemunho; em seguida, Higino; após este, Pio, e depois, Aniceto. Tendo sido Sotero o sucessor de Aniceto, agora detém o múnus espiscopal Eleutério, que ocupa o duodécimo lugar na sucessão apostólica. Em idêntica ordem e idêntico ensinamento na Igreja, a tradição proveniente dos apóstolos e o anúncio da verdade chegaram até nós." (História Eclesiástica Livro V, 6,4-5. Eusébio de Cesaréia, + ou - 317 d.C). "E quando, por nossa vez, os levamos [os hereges] à Tradição que vem dos apóstolos e que é conservada nas várias igrejas, pela sucessão dos presbíteros, então se opõe à Tradição, dizendo que, sendo eles mais sábios do que os presbíteros, não somente, mas até dos apóstolos, foram os únicos capazes de encontrar a pura verdade." (Contra as Heresias, III,2,1, Santo Ireneu Bispo de Lião, + ou - 202 d.C) "Portanto, a tradição dos apóstolos, que foi manifestada no mundo inteiro, pode ser descoberta e toda igreja por todos os que queiram ver a verdade. Poderíamos enumerar aqui os bispos que foram estabelecidos nas igrejas pelos apóstolos e seus sucessores até nós; e eles nunca ensinaram nem conheceram nada que se parecesse com o que essa gente [os hereges] vai delirando. [...] Mas visto que seria coisa bastante longa elencar numa obrar como esta, as sucessões de todas as igrejas, limitar-nos-emos à maior e mais antiga e conhecida por todos, à igreja fundada e constituída em Roma, pelos dois gloriosíssimos apóstolos, Pedro e Paulo, e, indicando a sua tradição recebida dos apóstolos e a fé anunciada aos homens, que chegou até nós pelas sucessões dos bispos, refutaremos todos os que de alguma forma, quer por enfatuação ou vanglória, que por cegueira ou por doutrina errada, se reúnem prescindindo de qualquer legitimidade. Com efeito, deve necessariamente estar de acordo com ela, por causa da sua origem mais excelente, toda a igreja, isto é, os fiéis de todos os lugares,


porque nela sempre foi conservada, de maneira especial, a tradição que deriva dos apóstolos." (Contra as Heresias, III,3,1-2, Santo Ireneu Bispo de Lião, + ou - 202 d.C) A Igreja Primitiva era Católica ou Protestante?

É interessante notar como o Protestantismo alega ser o retorno às origens da fé, ao Verdadeiro Cristianismo, enfim o verdadeiro confessor da fé legítima dos Primeiros séculos. Aliás, diga-se de passagem, se existe uma constante entre as religiões não-católicas é a chamada "teoria do resgate". A imensa maioria delas (a quase totalidade) afirma que o cristianismo primitivo foi puro e limpo de todo erro, mas que, com o tempo, os homens acabaram por perverter a verdade cristã, amontoando sobre ela uma enormidade de enganos.

O verdadeiro cristão, sob este prisma, seria aquele que, superando tais enganos, redescobre o "verdadeiro cristianismo', com toda a sua pureza e singeleza.

Para estas religiões, o responsável pelos erros que se acumularam no decorrer dos séculos é, quase sempre, o catolicismo. Já a religião que "resgatou a verdade" varia de acordo com o gosto do freguês: luteranismo, calvinismo, pentecostalismo, espiritismo, etc.

De uma certa forma, mesmo as religiões esotéricas, a Teologia da


Libertação, a maçonaria e (pasmen!) o próprio islamismo bebe desta "teoria do resgate".

O motivo do universal acatamento desta "teoria" é o fato de que, para o homem, é muito difícil, diante dos ensinamentos de Jesus Cristo, e da santidade fulgurante dos primeiros cristãos, negar, seja a validade daqueles ensinamentos, seja a beleza desta santidade. Portanto, as pessoas precisam acreditar que, de uma certa forma, se vinculam a Jesus Cristo e às primeiras comunidades cristãs, ainda que não diretamente.

Mas igualmente, é muito difícil para o orgulho humano aceitar que este genuíno cristianismo existe, intocado, dentro do catolicismo. Aceitá-lo, para todos os grupos não católicos, seria aceitar que estão errados e que, muitas vezes, combateram contra o verdadeiro cristianismo. Desta forma, a "teoria do resgate" é a maneira mais fácil para que um não-católico possa considerar-se um "verdadeiro discípulo de Cristo" sem ter que reconhecer os erros e heresias que professa.

O problema básico de todos estes grupos é que existem inúmeros escritos dos cristãos primitivos e, por meio de tais escritos é que alguém, afinal de contas, pode saber em que criam e em que não criam os cristãos primitivos. E estes escritos são uma devastadora bomba a implodir todos os grupos que ousaram a se afastar da barca de Pedro. Eles solenemente atestam que o cristianismo primitivo permanece intacto dentro do catolicismo. Assim (ironia das ironias), os adeptos da "teoria do resgate", freqüentemente, para defender o que julgam ser a fé dos cristãos primitivos, são obrigados a desconsiderar todo o legado destes primitivos cristãos.

O protestantismo é o mais solene exemplo de tudo o quanto acima dissemos.

Em nosso artigo "Como o protestantismo pode ser um retorno às


origens da fé?", já expusemos como o protestantismo não confessa a fé que os primeiros cristãos confessaram, fé esta que receberam dos Santos Apóstolos. Quem estuda com seriedade as origens da fé e a história da Igreja, insistimos, sabe que a tão referida Igreja Primitiva, é na verdade a Igreja Católica dos primeiros séculos.

Neste presente artigo, gostaríamos de lançar a seguinte pergunta: teria sido o cristianismo primitivo uma união de confissões protestantes ou uma única confissão católica?

Sabemos que o Protestantismo ensina que todos os crentes em Jesus formam a Igreja de Cristo. Desta forma, não interessa se o crente é da Assembléia de Deus, se é Luterano e etc; são crentes em Jesus e fazem parte da Igreja Invisível de Cristo, mesmo confessando doutrinas diferentes. Curiosamente (e este é um paradoxo insuperável desta "eclesiologia" chã e rastaqüera), apenas os católicos é que não fazem parte deste "corpo invisível", ainda que confessemos que Jesus Cristo é o Senhor do Universo.

O protestantismo, como percebe o leitor, é algo bastante curioso...

Aqui é importante que o leitor não confunda doutrina com disciplina. O fato de na Assembléia de Deus os homens sentarem em lugar distinto das mulheres em suas assembléias, e o fato dos Luteranos não adotarem esta prática, não é divergência de doutrina entre estas confissões, mas de disciplina. A divergência de doutrina notase pelo fato dos primeiros não aceitarem o batismo infantil e os segundos aceitarem. Isto é para citar um exemplo.

A doutrina é a Verdade Revelada, é o núcleo da fé, é o que nunca pode mudar. A disciplina é a forma como a doutrina é vivida, e é o que pode mudar, desde que não fira a doutrina.


Uma análise completa de como seria o passado do Cristianismo se ele tivesse sido protestante exigiria a escrita de um livro. Então, neste artigo vamos apenas verificar a questão das resoluções tomadas pela Igreja Primitiva a fim de combater o erro, isto é, as heresias.

Ao longo da história, a Igreja se deparou com sérios problemas doutrinários. Muitos cristãos confessavam algo que não estava de acordo com a fé recebida pelos apóstolos. A primeira heresia que a Igreja teve que combater a fim de conservar a reta fé foi a heresia judaizante.

Os primeiros convertidos á fé Cristã eram Judeus, que criam que a observância da Lei era necessária para a Salvação. Quando os gentios (pagãos) se convertiam a Cristo, eram constrangidos por estes cristãos-judeus a observarem a Lei de Moisés. Os apóstolos se reúnem em Concílio para decidir o que deveria ser feito sobre esta questão.

Em At 15, o NT dá testemunho que os apóstolos acordaram que a Lei não deveria ser mais observada. E escreveram um decreto obrigando toda a Igreja a observar as disposições do Concílio.

Veja-se este Concílio de uma maneira mais pormenorizada. Haviam dois lados muito bem definidos em disputa, cada qual contando com um líder de enorme expressão. O primeiro destes lados era o já citado "partido dos judaizantes", que tinha, como sua cabeça, ninguém menos do que São Tiago, primo de Jesus Cristo e a quem foi dado o privilégio de ser Bispo da Igreja Mãe de Jerusalém. Contrário a este partido, havia o que advogava que, ao cristão, não se poderia impor a Lei de Moisés, visto que o sacrifício de Jesus Cristo era suficiente e bastante para a salvação de quem crê. Como cabeça deste grupo, estava São Paulo, o mais influente apóstolo de então, a quem Deus havia dado o privilégio de "visitar o terceiro


céu", e de conhecer coisas que, a nenhum outro ser humano, foi dado conhecer.

Dois grupos muito fortes, com líderes extremamente influentes. Realiza-se o Concílio num clima de muita discussão. Estavam em jogo a ortodoxia e a salvação da alma de todos nós. No concílio, foram estabelecidas duas coisas muito importantes, de naturezas diversas.

Em primeiro lugar, São Pedro afirmou que os cristãos não estavam obrigados à observância da lei, definindo um ponto de doutrina imutável e observado por todos os cristãos até hoje (At 15, 7-8). Aliás, a liberdade cristã, vitoriosa neste Concílio, é o ponto de partida de toda a teologia protestante. Não deixa de ser curioso o fato de que este núcleo teológico acatado por todos eles foi definido, solenemente, pelo primeiro Papa, muito embora eles afirmem que o Papa não tem poder para definir coisa alguma...

Pouco depois, São Tiago sugeriu, juntamente com a proibição de uniões ilegítimas, a adoção de normas pastorais (a saber: a abstinência de carne imolada aos ídolos, e de tudo o que por eles estivesse contaminado),o que foi aceito por todos e imposto aos cristãos. Tais normas, hoje não são seguidas. Por que? Nós católicos temos o argumento de que tais normas eram disciplinares e não doutrinárias, e que a Igreja Católica que foi a Igreja de ontem com o tempo as revogou; assim como uma mãe que aplica normas disciplinares a um filho quando é criança e não as utiliza mais quando o filho se torna um adulto.

E qual o argumento dos protestantes por não observarem tais normas. Não deixa de ser curioso o fato de que não existe uma revogação bíblica destas normas, e, portanto, os protestantes (adeptos da ?sola scriptura?) deveriam observá-las. No entanto, não as observam. Revogaram-nas por conta própria. E, ainda por cima, nos acusam de "doutrinas antibíblicas"...


Nada mais antibíblico, dentro do tenebroso mundo da ?sola scriptura", do que não seguir as normas de At 15, 19-21...

Bem, prossigamos. Este Concílio, portanto, foi exemplar por três motivos:

a) narra uma intervenção solene de São Pedro, acatada por todos e obedecida até pelos protestantes hodiernos, ilustrando a infalibilidade papal;

b) narra a instituição de uma norma de fé por todo o concílio (qual seja: a abstenção de uniões ilegítimas), igualmente seguida por todos até hoje, o que ilustra a infalibilidade conciliar;

c) narra a instituição de normas pastorais, que se impuseram aos cristãos e que deixaram, com o tempo de serem seguidas, muito embora constem da Bíblia sem jamais terem sido, biblicamente, revogadas (o que, por óbvio, não cabe dentro do "sola scriptura").

Ao fim do Concílio, portanto, e de uma certa forma, os dois lados estavam profundamente desgostosos. Em primeiro lugar, o grupo dos judaizantes teve que aceitar a tese de São Paulo como sendo ortodoxa. Afinal, São Pedro em pessoa o afirmara e, diante das palavras dele, a opinião de São Tiago não tinha lá grande importância. Como católicos que eram, curvaram-se, assim como o próprio São Tiago se curvou.

Imaginemos se fossem protestantes. Afirmariam que não há base escriturística para a afirmação de São Pedro. Que, sem versículos bíblicos (do cânon de Jerusalém, ainda por cima!), não acatariam aquela solene definição dogmática. Que São Pedro, sendo uma


mera "pedrinha", não tinha poder de ligar e de desligar coisa nenhuma, muito embora Jesus houvesse dito que ele o tinha. Afirmariam, ainda, que todos os cristãos são iguais, e que, portanto, São Tiago era tão confiável quanto São Pedro, pelo que a palavra deste não poderia prevalecer sobre a daquele, principalmente quando todas as Escrituras diziam o contrário.

Por fim, criariam uma nova Igreja. A Igreja do Apóstolo Tiago, verdadeiramente cristã, alheia aos erros do papado desde o princípio.

Imaginemos, agora, o lado dos discípulos de São Paulo. É verdade que sua tese saiu vitoriosa do Concílio, mas, em compensação, tiveram que acatar as normas pastorais de cunho nitidamente judaizante. Como bons católicos que eram, entenderam que a Igreja foi constituída pastora de nossas almas e que, portanto, tais normas eram de cumprimento obrigatório.

Imaginemos, agora, se fossem protestantes. Afirmariam que São Paulo teve uma "experiência pessoal" com Jesus e que, nesta experiência, o Senhor lhe dissera que ninguém deveria se preocupar com o que come ou com o que bebe. Além disto, a experiência cristã é, eminentemente, espiritual e não pode sem conspurcada ou auxiliada por coisas tão baixas como a matéria (muitos protestantes, na mais pura linha gnóstica, têm horror a tudo o que é material). Portanto, este Concílio estava negando a verdade cristã, pelo que não se sentiriam obrigados a coisa alguma nele definida.

Acabariam, finalmente, fundando uma nova Igreja. A "Igreja Em Cristo, Somos Mais do que Livres", ou "Igreja Deus é Liberdade."

Este foi o primeiro concílio da Igreja. Realizado por volta do ano 59 d.C., e narrado na Bíblia. Portanto, é "cristianismo primitivo" para protestante nenhum botar defeito!


Neste ponto, perguntamos: os protestantes realizam concílios para resolverem divergências doutrinárias? Sabemos que não. Então, como os protestantes podem avocar um pretenso retorno ao "cristianismo primitivo" se não resolvem suas pendências como os primitivos cristãos? Somente por aí já se percebe que a "teoria do resgate" não passa de uma desculpa de quem, orgulhosamente, não quer aderir à Verdade.

Portanto, se a Igreja Primitiva tivesse sido protestante, como defendem alguns, este concílio não se realizaria. Primeiro que não se incomodariam se alguns cristãos confessam algo diferente, pois para os protestantes, o que importa é a fé em Cristo. A doutrina não importa, o que importa é a fé. Se você tem fé e foi batizado está salvo. Não é assim no protestantismo?

Em segundo lugar, supondo a realização do concílio, como já se viu acima, nem os cristãos judaizantes nem os discípulos de São Paulo não adotariam as disposições do Concílio em sua inteireza. E então não haveria de forma alguma uma só fé na Igreja.

Verificamos que então que a fé primitiva não era protestante, era católica; por isto eles sabiam que deveriam obedecer a Igreja pois criam que Cristo a fundou para os guiar na Verdade (cf. 1Tm 3,15), assim como nós católicos cremos. Tanto é assim que, nos séculos que se seguiram, os "cristãos primitivos" continuaram resolvendo suas pendências doutrinárias segundo o modelo de At 15. Concílios ecumênicos e regionais se sucederam por toda a história da cristandade, sempre acatados e respeitados. Alguns deles (vá entender!) são acatados e respeitados até pelos protestantes.

Depois da heresia judaizante, a ortodoxia (reta doutirna) cristã teve que combater as seguintes heresias: gnosticismo, montanismo, sabelianismo, arianismo, pelagianismo, nestorianismo, monifisismo, iconoclatismo, catarismo, etc. Para saber mais sobre estas heresias


ler artigo "Grandes Heresias". Este mesmo artigo nos mostra como muitas destas heresias se revitalizaram nas seitas protestantes, que, assim, embora aleguem um retorno ao "crsitianismo primitivo", acabam por encampar doutrinas anematizadas por estes mesmos cristãos primitivos.

Como costumamos dizer, a coerência não é o forte do protestantismo...

O fato é que graças á realização dos Concílios Ecumênicos ou Regionais, graças aos decretos Papais, e à submissão dos primeiros cristãos aos ensinamentos do Magistério da Igreja, é que foi possível que houvesse uma só fé na Igreja antes do século XVI (antes da Reforma). Foi pelo fato da Igreja antiga ser Católica, que as palavras de São Paulo ("uma só fé" cf. Ef 4,5) puderam se cumprir.

Se a Igreja Antiga fosse protestante, simplesmente, o combate às heresias não teria acontecido, e com toda certeza nem saberíamos no que crer hoje. O mundo protestante só não e mais confuso porque recebeu da Igreja Católica a base de sua teologia.

Como ensinou São Paulo: "A Igreja é a Coluna e o Fundamento da Verdade" (cf. 1Tm 3,15). Foi assim para os primeiros cristãos e assim continua para nós católicos.

Assim como no passado, continuamos obedecendo aos apóstolos (hoje são os bispos da Igreja, legítimos sucessores dos apóstolos) pois continuamos crendo que Jesus fundou sua Igreja nos ensinar a Verdade através dela.

Se isto foi verdade no passado, necessariamente é verdade agora e continuará sendo sempre.


Estude as origens da fé, procure saber sobre os Escritos patrísticos e descubra a Verdade, assim como nós do Veritatis Splendor, que somos ex-protestantes (em sua maioria) descobrimos.

Não rotulem, conheçam.

"Conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará". O que é Igreja Apostólica? DOM, 09 DE MAIO DE 2010 17:37 ALESSANDRO LIMA Introdução

Hoje em dia está na moda as novas seitas protestantes adicionarem o adjetivo "apostólica" ao seus nomes. Como por exemplo: Igreja Nova Apostólica, Igreja Evangélica Apostólica das Águas Vivas, Igreja Apostólica Ministério Comunidade Cristã, Igreja Apostólica do Avivamento, Igreja Apostólica Renascer em Cristo, Igreja Apostólica Cristã, Igreja Apostólica Ministério Resgate, Igreja Apostólica Batista Viva e etc. Mas será que toda igreja é apostólica? Será que toda igreja tem que ser apostólica? Será toda "igreja" pode adotar para si o adjetivo "apostólica", sem detrimento de seu real significado? O Ensinamento da Igreja Católica O Catecismo da Igreja Católica ensina: §861 "Para que a missão a eles [aos apóstolos] confiada fosse continuada após sua morte [de Jesus], confiaram a seus cooperadores imediatos, como que por testamento, o múnus de


completar e confirmar a obra iniciada por eles, recomendando-lhes que atendessem a todo o rebanho no qual o Espírito Santo os instituíra para apascentar a Igreja de Deus. Constituíram, pois, tais varões e administraram-lhes, depois, a ordenação a fim de que, quando eles morressem outros homens íntegros assumissem seu ministério." §862 "Assim como permanece o múnus que o Senhor concedeu singularmente a Pedro, o primeiro dos apóstolos, a ser transmitido a seus sucessores, da mesma forma permanece todos Apóstolos de apascentar a Igreja, o qual deve ser exercido para sempre pela sagrada ordem dos Bispos." Eis por que a Igreja ensina que "os bispos, por instituição divina, sucederam aos apóstolos como pastores da Igreja, de sorte quem os ouve, ouve a Cristo, e quem os despreza, despreza a (aquele por quem Cristo foi enviado". Os protestantes em contrapartida alegam que nunca houve sucessão apostólica, e que a Igreja Apostólica é simplesmente aquela fiel á doutrina bíblica. Afirmam ainda que a reunião dos fiéis constitui a Igreja. O que ensina a Bíblia? A Bíblia ensina que Nosso Senhor Jesus Cristo, deu o governo da Igreja aos Santos Apóstolos: "Quem vos ouve, a mim ouve; e quem vos rejeita, a mim rejeita; e, quem me rejeita, rejeita aquele que me enviou" (Lc 10, 16). Aqui vemos o testemunho da autoridade dos apóstolos sobre toda a Igreja dada pelo próprio Cristo. A Bíblia dá testemunho de que os apóstolos claramente escolheram sucessores que, por sua vez, possuíram a mesma autoridade de ligar e desligar. A substituição de Judas Iscariotes por Matias (cf. At 1,15-26) e a transmissão da autoridade apostólica de Paulo a Timóteo e Tito (cf. 2 Tm 1,6; Tt 1,5) são exemplos de sucessão apostólica. Além destes exemplos claros há também os implícitos como o caso de Apolo. Apolo era um Judeu natural de Alexandria que conhece o verdadeiro Evangelho em Éfeso (cf. At 18,24-28). A Bíblia diz que Apolo foi levado aos discípulos de Cristo que se encontravam em Corinto (cf. At 19,1). São Paulo ao escrever sua primeira carta aos cristãos de Corinto faz menção de Apolo, vejam: "Pois acerca de vós, irmãos meus, fui informado pelos que são da casa de Cloé, que há contendas entre vós. Refiro-me ao fato de que


entre vós se usa esta linguagem: ?Eu sou discípulo de Paulo; eu, de Apolo, eu, de Cefas; eu, de Cristo" (1Cor 1,11-12). Bem, sabemos de onde surgiu Apolo e que ele foi enviado a Corinto, mas o que ele está fazendo na Igreja de Corinto? São Paulo continua: "Pois quem é Apolo E quem é Paulo? Simples servos, por cujo intermédio abraçastes a fé, e isto conforme a medida que o Senhor repartiu a cada um deles: eu plantei, Apolo regou, mas Deus é quem faz crescer" (1 Cor 3,5-6). Notaram? São Paulo fundou a Igreja em Corinto, mas quem cuidava desta Igreja era Apolo, era ele que no dizer no Apóstolo, regava, isto é cuidava da Igreja. Apolo era então o Bispo de Corinto, instituído pelos apóstolos. Apesar das palavras do apóstolo serem claras, isso explica porque os cristãos dissensores de Corinto, ao criar um partido, escolheram o nome de Apolo, que era o líder daquela comunidade, isto é, o Bispo. O episcopado de Apolo fica ainda mais claro, nas seguintes palavras de São Paulo: "Portanto, ninguém ponha sua glória nos homens. Tudo é vosso: Paulo, Apolo, Cefas (Pedro), o mundo, a vida, a morte, o presente e o futuro. Tudo é vosso! Mas vós sois de Cristo, e Cristo é de Deus. Que os homens nos considerem, pois, como simples operários de Cristo e administradores dos mistérios de Deus" (1Cor 3,21-22; 4,1). Veja como São Paulo coloca o ministério de Apolo em igualdade com o seu próprio. Ver também (1Cor 4,6). Vimos que a Sagrada Escritura ao contrário do que ensinam os "entendedores da Bíblia" não nega a existência da Sucessão dos Apóstolos, como meio de perpertuar de forma segura o ministério dos Apóstolos, ao contrário, ela confirma isso. O que diz a história da Igreja? Se estamos falando a verdade, devemos obrigatoriamente encontrar na história da Igreja, provas de que a Sucessão Apostólica realmente existia. Caso contrário estaremos somente especulando sobre o que realmente existia na Igreja primitiva, como faz atualmente o protestantismo.


Vamos ver agora se encontramos na história da Igreja alguma prova da existência da sucessão dos apóstolos: Clemente de Roma, o 4º Bispo de Roma na sucessão de São Pedro, em sua primeira carta aos Coríntios (90 D.C) escreve: "42. Os apóstolos receberam do Senhor Jesus Cristo o Evangelho que nos pregaram. Jesus Cristo foi enviado por Deus. Cristo, portanto vem de Deus, e os apóstolos vêm de Cristo. As duas coisas, em ordem, provêm da vontade de Deus. Eles receberam instruções e, repletos de certeza, por causa da ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo, fortificados pela palavra de Deus e com plena certeza dada pelo Espírito Santo, saíram anunciando que o Reino de Deus estava para chegar. Pregavam pelos campos e cidades, e aí produziam suas primícias, provando-as pelo Espírito, a fim de instituir com elas bispos e diáconos dos futuros fiéis. Isso não era algo novo: desde há muito tempo, a Escritura falava dos bispos e dos diáconos. Com efeito, em algum lugar está escrito: ?Estabelecerei seus bispos na justiça e seus diáconos na fé" (Is 60,17)" "44. Nossos apóstolos conheciam, da parte do Senhor Jesus Cristo, que haveria disputas por causa da função episcopal. Por esse motivo, prevendo exatamente o futuro, instituíram aqueles de quem falávamos antes, e ordenaram que, por ocasião da morte desses, outros homens provados lhes sucedessem no ministério." Vejam que desde o início do Cristianismo já se sabia que os Bispos da Igreja são os sucessores dos Apóstolos. Temos uma prova clara de que a Sucessão dos Apóstolos tinha como objetivo perpetuar o ministério dos Apóstolos, já que a Igreja deveria permanecer ainda na terra durante séculos. Portanto, ninguém pode ser intitular Bispo, se não tiver recebido as sagradas ordens através da legítima sucessão dos Apóstolos; e ninguém pode se intitular pastor da Igreja se não tiver recebido a sagrada ordem pelas mãos de um legítimo Bispo. A Igreja Apostólica é como um Rio, que possui sua nascente na sucessão dos Apóstolos. É do Colégio dos Apóstolos que a Igreja possui a sua origem, segundo designo do próprio Cristo. A Sucessão dos Apóstolos foi algo tão real na vida da Igreja, que muitas destas sucessões foram registradas por alguns historiadores como Hegesipo e Eusébio de Cesaréia.


Veremos algumas das sucessões dos apóstolos registradas pelo Bispo Eusébio de Cesaréia (Séc IV), historiador da Igreja, em sua obra ?A História Eclesiástica? (HE): Sucessão Apostólica em Roma "No atinente a seus outros companheiros, Paulo testemunha ter sido Clemente enviado às Gálias (2Tm 4,10); quanto a Lino, cuja presença junto dele em Roma foi registrada na 2ª carta a Timóteo (2Tm 4,21), depois de Pedro foi o primeiro a obter ali o episcopado" (HE III,4,8). "A Vespasiano, depois de ter reinado 10 anos, sucedeu Tito, seu filho, como imperador. No segundo ano de seu reinado, o bispo Lino, depois de ter exercido durante doze anos o ministério da Igreja de Roma, transmitiu-o a Anacleto." (HE III,13) "No décimo segundo ano do mesmo império [de Domiciano, irmão de Tito], Anacleto que foi bispo da Igreja de Roma durante doze anos, foi substituído por Clemente, que o Apóstolo [Paulo], na carta aos Filipenses, informa ter sido seu colaborador, nesses termos: 'Em companhia de Clemente e dos demais auxiliadores meus, cujos nomes estão no livro da vida'" (Fl 4,3) "Relativamente aos bispos de Roma, no terceiro ano do reinado do supracitado imperador [Trajano], Clemente terminou a vida, passando seu múnus a Evaristo. No total, durante nove anos exercera o magistério da palavra de Deus." (HE III,34) "Cerca do duodécimo ano do reinado de Trajano (...) Evaristo completado seu oitavo ano, Alexandre recebeu o episcopado em Roma, sendo o quinto na sucessão de Pedro e Paulo." (HE IV,1) "No terceiro ano do mesmo governo [do imperador Aélio Adriano, sucessor de Trajano], Alexandre, bispo de Roma morreu, tendo completado o décimo ano de sua administração. Teve Xisto como sucessor." (HE IV,4). "Ao atingir o império de Adriano já o duodécimo ano, Xisto, tendo completado o décimo ao de episcopado em Roma, teve Telésforo por sucessor, o sétimo depois dos apóstolos." (HE IV,5,5) "Tendo ele [Aélio Adriano] cumprido sua incumbência, após vinte e um anos de reinado, sucedeu-lhe no governo do império romano Antonino, o Pio. No primeiro ano deste, Telésforo deixou a presente vida, no undécio ano de seu múnus e coube a Higino a herança do episcopado em Roma." (HE IV,10) "Tendo Higino falecido após o quarto ano de episcopado, Pio tomou em mãos o ministério em Roma." (HE IV,11,6) "E na cidade de Roma, tendo morrido Pio no décimo quinto ano de episcopado, Aniceto presidiu aos fiéis desta cidade." (HE IV,11,7)


"Já atingira o oitavo ano o império de que tratamos [Antonino Vero], quando Sotero sucedeu a Aniceto, que completara onze anos de episcopado na Igreja de Roma."(HE IV,19) "Sotero, bispo da Igreja de Roma, chegou ao termo de sua vida no decurso do oitavo ano de episcopado. Sucedeu-lhe Eleutério, o décimo segundo a contar dos Apóstolos, no décimo sétimo ano do imperador Antonino Vero" (HE V,Introdução,1) "No décimo ano do império de Cômodo, Vítor sucedeu a Eleutério, que havia exercido o episcopado durante treze anos.(...)" (HE V,22) Sucessão Apostólica em Jerusalém "Após o martírio de Tiago e a destruição de Jerusalém, ocorrida logo depois, conta-se que os sobreviventes dos Apóstolos e discípulos do Senhor vindos de todas as partes se congregaram e com os consangüíneos do Senhor ' havia um grande número deles ainda vivos ' reuniram-se em conselho para verificar quem julgariam digno de suceder a Tiago. Todos unanimemente consideraram idôneo para ocupar a sede desta Igreja Simeão, filho de Cléofas, de quem se faz memória no livro do Evangelho (Lc 24,18; Jô 19,25). Diz-se que era primo do Salvador. Efetivamente, Hegesipo [historiador antigo] declara que Cléofas era irmão de José." (HE III,11) "Por sua vez, tendo Simeão morrido segundo relatamos, um judeu, chamado Justo, ocupou em Jerusalém a sé episcopal. Havia um grande número de circuncisos que acreditavam em Cristo e ele era deste número." (HE III,35) "Certifiquei-me, contudo, por documentos escritos, que, até o assédio dos judeus sob Adriano, sucederam-se em Jerusalém quinze bispos. Diz-se que eram todos hebreus por origem e terem acolhido genuinamente o conhecimento de Cristo. Em conseqüência, aqueles que ali podiam decidir, julgaram-nos dignos do múnus episcopal. Com efeito, a Igreja toda de Jerusalém se compunha então de hebreus fiéis. Assim sucedeu desde o tempo dos apóstolos até o cerco que sofreram então, quando os judeus se contrapuseram aos romanos e foram aniquilados em fortes guerras. Uma vez que terminaram nessa ocasião os bispos oriundos da circuncisão, convém levantar agora sua lista, desde o primeiro. Com efeito, o primeiro foi Tiago, denominado irmão do Senhor, depois dele, o segundo foi Simeão; o terceiro, Justo; o quarto, Zaqueu; o quinto, Tobias; o sexto, Benjamim; o sétimo, João; o oitavo, Matias; o nono Filipe; o décimo, Sêneca, o undécimo, Justo; o duodécimo, Levi; o décimo terceiro, Efrém; o décimo quarto, José; finalmente, o décimo quinto, Judas.


Estes foram os bispos da cidade de Jerusalém, desde os apóstolos até o tempo a que nos referimos. Todos dentre os circuncisos." (HE IV, 5,2-4) "[Durante a perseguição aos Judeus sob o imperador Adriano] a cidade [de Jerusalém] foi reduzida a ser totalmente desertada pelo povo e a perder seus habitantes de outrora. Foi povoada uma raça estrangeira. A cidade romana que a substitui recebeu outro nome, e foi denominada Aélia, em honra do imperador Aélio Adriano. A Igreja da cidade foi composta também de gentios, e após os da circuncisão o primeiro dos bispos a receber a múnus foi Marcos." (HE IV,6,4) "Nesta época [do imperador Cômodo, sucessor de Antonino Vero], era famoso o bispo da Igreja de Jerusalém Narciso, até hoje muito conhecido. Foi o décimo quinto sucessor, após a guerra judaica, sob Adriano. Mostramos que, desde então, a Igreja local constava de gentios, substitutos dos membros da circuncisão e que Marcos foi o seu primeiro bispo proveniente dos gentios. Depois dele, as listas dos sucessivos bispos desta região registram Cassiano; em seguida Públio, depois Máximo; após estes, Juliano, e em seguida Caio; depois dele Símaco, outro Caio, e ainda Juliano, após Capitão, a seguir Valente e Doliguiano; por fim Narciso, o trigésimo a contar dos apóstolos, na sucessão regular dos bispos." (HE V,12) A Sucessão Apostólica em Antioquia "Evódio foi o primeiro bispo estabelecido em Antioquia; depois ilustrou-se o segundo, Inácio, nessa mesma ocasião." (HE III,22) "Após [Inácio], Heros foi seu sucessor no episcopado em Antioquia" (HE III,36,15) "É sabido que, na Igreja de Antioquia, Teófilo foi sexto bispo a contar dos apóstolos, pois Cornélio foi instalado como quarto depois de Heros, nesta cidade, e após, em quinto lugar, Eros recebeu o episcopado." (HE IV,20). A Sucessão Apostólica em Alexandria "No quarto ano de Domiciano, Aniano, o primeiro bispo da Igreja de Alexandria, após vinte e dois anos completos de episcopado, morreu. Seu sucessor, como segundo bispo, foi Abíblio" (HE III,14) "Nerva [imperador, sucessor de Domiciano] reinou pouco mais de um ano e Trajano lhe sucedeu. No decurso de seu primeiro ano, Abílio, tendo dirigido por treze anos a Igreja de Alexandria, foi substituído por Cerdão. Se contarmos desde o primeiro, Aniano, este foi o terceiro chefe. Nesta ocasião, Clemente estava à frente da Igreja de Roma, e foi o terceiro a ocupar a sé episcopal, depois


de Paulo e de Pedro. Lino foi o primeiro, e em seguida Anacleto." (HE III,21) "Cerca do duodécimo ano do reinado de Trajano, bispo de Alexandria, de que falamos um pouco mais acima [Cerdão], deixou a presente vida. Primo foi o quarto, depois dos apóstolos, a assumir o múnus da Igreja de Alexandria." (HE IV,1) "No terceiro ano do mesmo governo [do imperador Aélio Adriano, sucessor de Trajano] (...) na Igreja de Alexandria, Primo morreu no décimo ano em que presidia e sucedeu-lhe Justo." (HE IV,4). "Decorridos um ano e alguns meses [depois do duodécimo ano do império de Adriano], Eumenes teve a presidência na Igreja de Alexandria, em sexto lugar. Seu predecessor [Justo] permaneceu durante onze anos." (HE IV,5,5) "[durante o tempo de imperador Antonino], em Alexandria, Marcos foi nomeado pastor, depois que Eumenes completou treze anos; e tendo Marcos morrido após dez anos de ministério, Celadião assumiu o múnus da Igreja de Alexandria." (HE IV,11,6). "Já atingira o oitavo ano o império de que tratamos [Antonino Vero] (...) Na Igreja de Alexandria, depois que Celadião a presidira durante catorze anos, Agripino assumiu a sucessão" (HE IV,19). "Depois que Antonino esteve dezenove anos no governo, Cômodo obteve o poder. No primeiro ano de seu reinado, Juliano assumiu o episcopado das Igrejas de Alexandria, depois de ter Agripino desempenhado suas funções durante doze anos." (HE V,9) "No décimo ano do império de Cômodo, (...) tendo Juliano completado o décimo ano de seu múnus, Demétrio tomou em mãos o ministério das comunidades de Alexandria (...)" (HE V,22) Sucessão apostólica em outras localidades "Não é fácil dizer quantos discípulos houve e quais se tornaram verdadeiramente zelosos a ponto de serem considerados capazes, depois de comprovados, de apascentar as Igrejas fundadas pelos apóstolos, exceto aquelas cujos nomes é possível recolher dos escritos de Paulo. (...)Relata-se ter sido Timóteo o primeiro a exercer o episcopado na Igreja de Éfeso (1Tm 1,3), enquanto o primeiro nas Igrejas de Creta foi Tito (Tt 1,5)" (HE III,4,3-5). "Acrescente-se que acerca do areopagita, de nome Dionísio, do qual afirma Lucas nos Atos que, em seguida ao discurso de Paulo aos atenienses no Areópago, foi o primeiro a crer (At 17,34), outro Dionísio, um ancião, pastor da Igreja de Corinto, assevera que ele se tornou o primeiro bispo da Igreja de Atenas" (HE III, 4,10). "Policarpo, não somente foi discípulo dos apóstolos e conviveu com muitos dos que haviam visto o Senhor, mas ainda foi estabelecido


pelos apóstolos bispo da Igreja de Esmirna, na Ásia. Nós o vimos na infância." (Melitão de Sardes em apologia ao imperador Vero, conforme HE IV,14,3). "(..)Havendo Potino consumado sua vida aos 90 anos em companhia dos mártires da Gália, Ireneu recebeu a sucessão no episcopado da comunidade cristã de Lião, que era dirigida por Potino. Tivemos notícia de que na juventude ele [Ireneu] foi ouvinte de Policarpo" (HE V,5,8) Enfim, citamos estes poucos casos porque apresentar todos os testemunhos dos antigos sobre a sucessão dos apóstolos seria demasiadamente trabalhoso. Os exemplos aqui transcritos já são suficientes para provar a existência da sucessão dos apóstolos na história da Igreja de Cristo. Conclusão Jesus revestiu aos apóstolos da Sua autoridade. A Bíblia em local algum indica que esta autoridade dentro da Igreja iria cessar com a morte dos apóstolos e em lugar algum diz que uma vez morto o último apóstolo, a Palavra de Deus escrita tornar-se-ia a autoridade final. Não há fidelidade à Bíblia, sem fidelidade à Igreja de Cristo. A Igreja sempre foi "a coluna e o fundamento da verdade" (cf. 1Tm 3,15) para os cristãos. Quem conhece a memória cristã sabe, que a Bíblia demorou séculos para ser discernida pela Igreja, e que os ensinamentos sucessores dos apóstolos eram recebidos como ensinamentos dos próprios apóstolos: "Impossível enumerar nominalmente todos os que então, desde a primeira sucessão dos Apóstolos, tornaram-se pastores ou evangelistas nas Igrejas pelo mundo. Nominalmente confiamos a um escrito apenas a lembrança daqueles cujas obras agora representam a tradição da doutrina apostólica" (HE III,37,4). É exatamente através da sucessão apostólica, que podemos identificar onde está a Igreja de Cristo. O colégio dos apóstolos é o que faz visível a Igreja Espiritual. Sem o ministério dos apóstolos não há Igreja; e a perpetuação deste ministério está no ministério dos sucessores dos apóstolos. Como vimos é isto que ensina a Bíblia e é este o testemunho da história do Cristianismo. E em conformidade com toda a Verdade, este é o ensinamento do Santo Padre o Papa João Paulo II, legítimo sucessão de São Pedro (príncipe e líder dos Apóstolos, cf. Lc 22,31s e Mt. 16,18-19):


"28. Por último, a Igreja é apostólica enquanto ?continua a ser ensinada, santificada e dirigida pelos Apóstolos até ao regresso de Cristo, graças àqueles que lhes sucedem no ofício pastoral: o Colégio dos Bispos, assistido pelos presbíteros, em união com o Sucessor de Pedro, Pastor supremo da Igreja?. Para suceder aos Apóstolos na missão pastoral é necessário o sacramento da Ordem, graças a uma série ininterrupta, desde as origens, de Ordenações episcopais válidas. Esta sucessão é essencial, para que exista a Igreja em sentido próprio e pleno." (Encíclica ECCLESIA DE EUCHARISTIA). Como o protestantismo pode ser um retorno às origens da fé? SÁB, 17 DE ABRIL DE 2010 16:36 ALESSANDRO LIMA Introdução Segundo ensinam os protestantes, a Reforma Protestante foi um movimento de retorno ao Cristianismo primitivo, este que fora totalmente esquecido pela Igreja Católica. Acusam a Igreja de alterar de adulterar o cristianismo professado nos primeiros séculos. Um estudo sincero dos testemunhos de fé deixados pelos primeiros cristãos prova exatamente o contrário.

O retorno á fé verdadeira que os protestantes dizem confessar, é na verdade uma grande ilusão, uma grande mentira. Na prática, o cristianismo primitivo deles é o entendimento que conseguem retirar da Bíblia, isto é, eles plasmam um cristianismo primitivo a partir da leitura que fazem da Bíblia. Os luteranos e anglicanos, por exemplo, lendo a Bíblia entendem que o batismo deve ser ministrado também às crianças. Assim, eles crêem que desde o início do cristianismo, as crianças eram batizadas. Já os fiéis da Assembléia de Deus, por exemplo, lendo a Bíblia entendem que o batismo deve ser ministrado apenas aos adultos. Assim, eles crêem que desde o início do cristianismo, somente os adultos eram batizados.


Os cristãos adventistas, por exemplo, lendo a Bíblia entendem que o dia Santo do Senhor é o sábado e não o domingo. Assim, eles crêem que desde o início do cristianismo, o sábado nunca deixou de ser o dia Santo do Senhor. Além dos adventistas, as Testemunhas de Jeová lendo a Bíblia também entendem que a Santíssima Trindade não existe, então crêem que desde o início do Cristianismo nunca houve a fé na Santíssima Trindade. Desta forma, cada confissão protestante que surge, vai modificando a história do Cristianismo, pregando que no passado era assim ou assado, conforme o que entendem das Sagradas Escrituras. É lógico que duas ou mais teses contraditórias não podem ser igualmente válidas e verdadeiras, logo o conjunto de idéias que as confissões protestantes possuem do cristianismo antigo, necessariamente não corresponde ao que realmente foi o cristianismo antigo. Isto acontece porque os protestantes ao longo dos séculos foram cada vez mais se esquecendo da memória cristã, à medida que se enveredaram nos labirintos do Livre Exame e da Sola Scriptura. Adotaram fundamentos que criam ser possível levá-los ao conhecimento da Verdade, mas que na prática cobriram seus olhos como um véu. No entanto, os primeiros cristãos nos deixaram o testemunho da sua fé (os escritos patrísticos), para que jamais nos esquecêssemos da doutrina que receberam dos Santos Apóstolos. Já que a proposta dos protestantes é o retorno ao Cristianismo Primitivo, procuraremos neste artigo apresentar alguns poucos exemplos o que o próprio Cristianismo primitivo diz de si mesmo. O que o Cristianismo primitivo diz de si mesmo? 1. Como o protestantismo pode ser um retorno ás origens da fé, se a Igreja Primitiva cria que na Eucaristia (Santa Ceia para os protestantes) estava presente o verdadeiro sangue e corpo de Nosso Senhor, o que é negado pela fé protestante e ensinado pela Igreja Católica? "Não me agradam comida passageira, nem prazeres desta vida. Quero pão de Deus que é carne de Jesus Cristo, da descendência de Davi, e como bebida quero o sangue d'Ele, que é Amor


incorruptível". (Santo Inácio de Antioquia, Carta aos Romanos, parágrafo 7, cerca de 80-110 d.C. "Apartai-vos das ervas daninhas que Jesus Cristo não cultiva, por não serem plantação do Pai.Não que tenha encontrado em vosso meio discórdias, pelo contrário encontrei um povo purificado. Na verdade, o que são propriedade de Deus e de Jesus Cristo estão com o Bispo, e todos os que se converterem e voltarem à unidade da Igreja, pertencerão também a Deus, par terem uma vida segundo Jesus Cristo. Não vos deixeis iludir, meus irmãos. Se alguém seguir a um cismático, não herdará o reino de Deus se alguém se guiar por doutrina alheia, não se conforma com a Paixão de Cristo. Sede solícitos em tomar parte numa só Eucaristia, porquanto uma é a carne de Nosso Senhor Jesus Cristo, um o cálice para a união com Seu sangue; um o altar, assim como também um é o Bispo, junto com seu presbitério e diáconos, aliás meus colegas de serviço. E isso, para fazerdes segundo Deus o que fizerdes" . (Santo Inácio de Antioquia,Carta aos Filadelfienses,3 e 4, + 110 d.C.) "Esta comida nós chamamos Eucaristia, da qual ninguém é permitido participar, exceto o que creia que as coisas nós ensinamos são verdadeiras, e tenha recebido o batismo para perdão de pecados e renascimento, e que vive como Cristo nos ordenou. Nós não recebemos essas espécies como pão comum ou bebida comum; mas como Cristo Jesus nosso Salvador, que se encarnou pela Palavra de Deus, se fez carne e sangue para nossa salvação, assim também nós temos ensinado que o alimento consagrado pela Palavra da oração que vem dele, de que a carne e o sangue são, por transformação, a carne e sangue daquele Jesus Encarnado." - (São Justino, I Apologia, Cap. 66, cerca de 148-155 d.C.) "Deus tem portanto anunciado que todos os sacrifícios oferecidos em Seu Nome, por Jesus Cristo, que está, na Eucaristia do Pão e do Cálice, que são oferecidos por nós cristãos em toda parte do mundo, são agradáveis a Ele." - (São Justino,Diálogo com Trifão, Cap. 117, 130-160 d.C.) "Outrossim, como eu disse antes, concernente os sacrifícios que vocês, naquele tempo, ofereciam, Deus fala através de Malaquias, um dos doze, como segue: 'Eu não tenho nenhum prazer em você, diz o Senhor; e Eu não aceitarei os sacrifícios de suas mãos; do nascer do sol até seu ocaso, meu Nome tem sido glorificado dentre


os gentios; e em todo o lugar incenso é oferecido em meu Nome, e uma oferta pura: Grande tem sido meu nome dentre os gentios, diz o Senhor; mas você O profana.' Assim são os sacrifícios oferecidos a Ele, em todo lugar, por nós os gentios, que são o Pão da Eucaristia e igualmente a taça da Eucaristia, que Ele falou naquele tempo; e Ele diz que nós glorificamos Seu nome, enquanto vocês O profanam." (São Justino,Diálogo com Trifão, [41, 8-10], 130-160 d.C.) "[Cristo] declarou o cálice, uma parte de criação, por ser seu próprio Sangue, pelo qual faz nosso sangue fluir; e o pão, uma parte de criação, ele estabeleceu como seu próprio Corpo, pelo qual Ele completa nossos corpos." (Santo Irineu de Lião, Contra Heresias, 180 d.C.) "Assim então, se a taça misturada e o pão fabricado recebem a Palavra de Deus e tornam-se Eucaristia, que é dizer, o Sangue e Corpo de Cristo, que fortifica e reconstrói a substância de nossa carne, como podem essas pessoas dizer que a carne é incapaz de receber o presente de Deus que é a vida eterna, quando isto é feito pelo Sangue e Corpo de Cristo, que são Seu membro? Como o apóstolo abençoado diz em sua carta aos Efésios, 'Nós somos membros de Seu Corpo, de sua carne e de seus ossos' (Ef 5,30). Ele não está falando de forma 'espiritual' e de ' homem invisível', 'um espírito não tem carne e ossos' (Lc 24,39). Não, ele está falando do organismo possuído por um ser humano real, composto de carne e nervos e esqueleto. Isto é este que é nutrido pela taça que é Seu Sangue, e é fortificado pelo pão que é Seu Corpo. O talo da vinha toma raiz na terra e futuramente dá frutos, e 'o grão de trigo cai na terra' (Jo 12,24), dissolve, ascende outra vez, multiplicado pelo Espírito de Deus, e finalmente depois é processando, é colocado para uso humano. Esses dois então recebe a Palavra de Deus e torna-se Eucaristia, que é o Corpo e Sangue de Cristo." (Cinco Livros = Desmascarando e Refutando a Falsidade) "Somente como o pão que vem da terra, tendo recebido a invocação de Deus, não é mais pão comum, mas Eucaristia, consistindo de duas realidades, divina e terrestre, assim nossos corpos, tendo recebidos a Eucaristia, não são mais corruptíveis, porque eles têm a esperança da ressurreição." - "Cinco Livros = Desmascarando e Refutando a Falsidade - especificamente a Gnose". Livro 4,18; 4-5, cerca de 180 d.C.


"O Sangue do Senhor, realmente, é duplo. Há Seu Sangue corpóreo, por que nós somos redimidos da corrupção; e Seu Sangue espiritual, com que nós somos ungido. Que significa: beber o Sangue de Jesus é compartilhar sua imortalidade. O vigor da Palavra é o Espírito somente como o sangue é o vigor do corpo. Do mesmo modo, como vinho é misturado com água, assim é o Espírito com o homem. O Único, o Vinho e Água nutrido na fé, enquanto o outro, o Espírito, conduzindo-nos para a imortalidade. A união de ambos, entretanto, - da bebida e da Palavra, - é chamada Eucaristia, digna de louvor e presente excelente. Aqueles que partilham disto na fé são santificados no corpo e na alma. Pela vontade do Pai, a mistura divina, homem, está misticamente unida ao Espírito e à Palavra." (São Clemente de Alexandria, O Instrutor das Crianças". [2,2,19,4] + - 202.) "A Palavra é tudo para uma criança: ambos Pai e Mãe, ambos Instrutor e Enfermeira. 'Comam minha Carne,' Ele diz, 'e Bebam meu Sangue.' O Senhor nos nutre com esses nutrientes íntimos. Ele nos entrega Sua Carne, e nos dá Seu Sangue; e nada é escasso para o crescimento de Suas crianças. Oh mistério incrível!". (São Clemente de Alexandria, O Instrutor das Crianças [1,6,41,3] + - 202.) 2. Como o protestantismo pode ser um retorno ás origens da fé, se a Igreja Primitiva cria que o batismo pode ser ministrado também às crianças, o que é negado pela grande maioria da fé protestante e ensinado pela Igreja Católica? "Ele (Jesus) veio para salvar a todos através dele mesmo, isto é, a todos que através dele são renascidos em Deus: bebês, crianças, jovens e adultos. Portanto, ele passa através de toda idade, tornase um bebê para um bebê, santificando os bebês; uma criança para as crianças, santificando-as nessa idade...(e assim por diante); ele pode ser o mestre perfeito em todas as coisas, perfeito não somente manifestando a verdade, perfeito também com respeito a cada idade" (Santo Irineu, ano 189 - Contra Heresias II,22,4). "Onde não há escassez de água, a água corrente deve passar pela fonte batismal ou ser derramada por cima; mas se a água é escassa, seja em situação constante, seja em determinadas ocasiões, então se use qualquer água disponível. Dispa-se-lhes de suas roupas, batize-se primeiro as crianças, e se elas podem falar, deixe-as falar. Se não, que seus pais ou outros parentes falem por elas" (Hipólito, ano 215 - Tradição Apostólica 21,16).


"A Igreja recebeu dos apóstolos a tradição de dar Batismo mesmo às crianças. Os apóstolos, aos quais foi dado os segredos dos divinos sacramentos sabiam que havia em cada pessoa inclinações inatas do pecado (original), que deviam ser lavadas pela água e pelo Espírito" (Orígenes, ano 248 - Comentários sobre a Epístola aos Romanos 5:9) "Do batismo e da graça não devemos afastar as crianças" (São Cipriano, ano 248 - Carta a Fido). 3. Como o protestantismo pode ser um retorno ás origens da fé, se a Igreja Primitiva cria que os santos podem ser venerados (não adorados!), o que é negado pela fé protestante e ensinado pela Igreja Católica? "Ignoravam eles que não poderíamos jamais abandonar Cristo, que sofreu pela salvação de todos aqueles que são salvos no mundo, como inocente em favor dos pecadores, nem prestamos culto a outro. Nós o adoramos porque é o Filho de Deus. Quanto aos mártires, nós os amamos justamente como discípulos e imitadores do Senhor, por causa da incomparável devoção que tinham para com seu rei e mestre. Pudéssemos nós também ser seus companheiros e condiscípulos!" (Martírio de Policarpo 17:2, +- 160 D.C). "Vendo a rixa suscitada pelos judeus, o centurião colocou o corpo no meio e o fez queimar, como era costume. Desse modo, pudemos mais tarde recolher seus ossos [de Policarpo], mais preciosos do que pedras preciosas e mais valiosos do que o ouro, para colocá-lo em lugar conveniente. Quando possível, é aí que o Senhor nos permitirá reunir-nos, na alegria e contentamento, para celebrar o aniversário de seu martírio, em memória daqueles que combateram antes de nós, e para exercitar e preparar aqueles que deverão combater no futuro." (Martírio de Policarpo 18, +- 160 D.C) 4. Como o protestantismo pode ser um retorno às origens da fé, se a Igreja Primitiva cria ser possível erguer imagens em honras dos Santos, que não eram ídolos mas memória dos amigos de Deus, o que é negado pela fé protestante e ensinado pela Igreja Católica? "Uma vez que evoquei a lembrança desta cidade [Paneas], não considero justo omitir uma narrativa digna de memória até para os pósteros. Com efeito, diz-se ter sido oriunda deste lugar a hemorroíssa que, conforme narram os santos evangelhos encontrou


junto do Senhor a cura de seus males(cf. Mt 9,20ss; Mc 5,25; Lc 8,43). Mostra-se na cidade sua casa, e subsistem admiráveis monumentos da beneficência do Salvador para com ela. Com efeito, sobre um rochedo elevado, diante das portas da casa, ergue-se uma estátua feminina de bronze. Ela tem os joelhos dobrados, as mãos estendidas para a frente, em atitude suplicante. Diante dela há outra estátua da mesma matéria, representando um homem de pé, sobre uma coluna, parece brotar uma planta estranha que se eleva até as franjas do manto de bronze; é o antídoto de doenças de toda espécie. Assegurava-se que a estátua é imagem de Jesus; ela subsiste ainda até hoje, de sorte que nós a vimos ao visitarmos a cidade" (Eusébio de Cesaréia, HE VII,18,1-3. 375 DC) "Não é de admirar que outrora pagãos beneficiados por nosso Salvador, a tenham erguido [a imagem do relato anterior], quando sabemos terem sido preservados ícones pintados em cores dos apóstolos Pedro e Paulo e do próprio Cristo. É natural, pois os antigos, segundo um uso pagão entre eles observado, tinham o costume de honrá-los desta maneira sem preconceitos, quais salvadores." (Eusébio de Cesaréia, HE VII,18,4. 375 DC) "Igualmente o trono de Tiago, o primeiro a receber do Salvador e dos apóstolos o episcopado da Igreja de Jerusalém e freqüentemente nas Escrituras é designado como irmão de Cristo (Gl 1,19; 1Cor 15,7; Mt 13,55), foi conservado até hoje e os irmãos da região sucessivamente o cercaram de cuidados. Deste modo realmente demonstram a todos a veneração que os homens de outrora e os atuais dedicavam e ainda dedicam aos homens santos, porque amados de Deus. Eis o referente a esta questão." (Eusébio de Cesaréia, HE VII,19. 375 DC) 5. Como o protestantismo pode ser um retorno às origens da fé, se a Igreja Primitiva cria que o Bispo de Roma é o chefe de toda a Igreja de Cristo, que é única e visível, o que é negado pela fé protestante e ensinado pela Igreja Católica? "Depois da ressurreição, diz o Senhor: 'Apascenta as minhas ovelhas'. Assim o Senhor edifica sobre Pedro a Igreja e lhe confia as suas ovelhas para apascentá-las. Se bem que dê igual poder a todos os Apóstolos, constitui uma só cátedra e dispõe, por sua autoridade, a origem e o motivo da unidade. Por certo os demais Apóstolos eram como Pedro, mas o primado é dado a Pedro e a


unidade da Igreja e da cátedra é assim demonstrada. Todos são pastores mas, como se vê, um só é o rebanho apascentado pelo consenso unânime de todos os Apóstolos. Julga conservar a fé aquele que não conserva esta unidade recomendada por Paulo? Confia estar na Igreja aquele que abandona a cátedra de Pedro sobre a qual está fundada a Igreja?" (Cipriano, +258, Sobre a Unidade da Igreja cap. 4) 6. Como o protestantismo pode ser um retorno às origens da fé, se a Igreja Primitiva cria que a Igreja de Roma era considerada a sede da Igreja de Cristo, o que é negado pela fé protestante e ensinado pela Igreja Católica? "Já que seria demasiado longo enumerar os sucessores dos Apóstolos em todas as comunidades, nos ocuparemos somente com uma destas: a maior e a mais antiga, conhecida por todos, fundada e constituída pelos dois gloriosíssimos apóstolos Pedro e Paulo. Mostraremos que a tradição apostólica que ela guarda e a fé que ela comunicou aos homens chegaram até nós através da sucessão regular dos bispos, confundindo assim todos aqueles que querem procurar a verdade onde ela não pode ser encontrada. Com esta comunidade, de fato, dada a sua autoridade superior, é necessário que esteja de acordo toda comunidade, isto é, os fiéis do mundo inteiro; nela sempre foi conservada a tradição dos apóstolos" (Ireneu de Lião, +202, Contra as Heresias III,3,2). "Ora, sob [o episcopado de] Clemente, grave divergência surgiu entre os irmãos de Corinto. A Igreja de Roma enviou aos coríntios importante carta, exortando-os à paz e procurando reavivar-lhes a fé, assim como a tradição que, há pouco tempo, ela havia recebido dos apóstolos." (História Eclesiástica Livro IV, 6,3. Eusébio de Cesaréia, + ou - 317 d.C). 7. Como o protestantismo pode ser um retorno às origens da fé, se a Igreja Primitiva não cria na Sola Scriptura e cria que a Sagrada Tradição dos Apóstolos e o Sagrado Magistério da Igreja, eram Palavra de Deus ao lado das Sagradas Escrituras, o que é negado pela fé protestante e ensinado pela Igreja Católica? "Suponhamos que se levante uma questão sobre algum importante ponto entre nós, e não possamos recorrer às mais primitivas comunidades com as quais os apóstolos mantiveram constante relacionamento, as quais aprenderam deles o que é certo e claro a respeito dessa questão. O que aconteceria se os próprios apóstolos


não nos tivessem deixado escritos? Não seria necessário (nesse caso) seguir o curso da tradição que transmitiram àqueles aos quais entregaram às Igrejas?" (Santo Ireneu Bispo de Lião (180), Contra as Heresias III,4,1.). "E quando, por nossa vez, os levamos [os hereges] à Tradição que vem dos apóstolos e que é conservada nas várias igrejas, pela sucessão dos presbíteros, então se opõe à Tradição, dizendo que, sendo eles mais sábios do que os presbíteros, não somente, mas até dos apóstolos, foram os únicos capazes de encontrar a pura verdade." (Santo Ireneu Bispo de Lião (180), Contra as Heresias, III,2,1) "Pois é suficiente para provar nossa afirmação de que a Tradição veio até nós por nossos pais, transmitida como uma herança, por sucessão dos apóstolos e dos santos que os sucederam. Aqueles, por outro lado, que mudaram suas doutrinas com novidades, necessitariam do suporte de abundantes argumentos, se quisessem mostrar seus pontos de vista, não à luz de homens controversos e instáveis, mas de homens de peso e firmeza. Mas já que suas posições se apresentam sem fundamentos e sem provas, quem é tão louco e tão ignorante para considerar os ensinamentos dos evangelistas e apóstolos, e daqueles que sucessivamente brilharam como luzes nas igrejas de menos força do que tais coisas sem sentido e sem provas?" (São Gregório de Nissa (335-394), Contra Eunômio, 4,6). "Sobre os dogmas e querigmas preservados pela Igreja, alguns de nós possuímos ensinamento escrito e outros recebemos da tradição dos Apóstolos, transmitidos pelo mistério. Com respeito à observância, ambos são da mesma força. Ninguém que seja versado mesmo um pouco no proceder eclesiástico, deverá contradizer qualquer um deles, em nada. Na verdade, se tentarmos rejeitar os costumes não escritos como não tendo grande autoridade, estaríamos inconscientemente danificando os Evangelhos em seus pontos vitais; ou, mais ainda, estaríamos reduzindo o querigma a uma única expressão" (São Basílio Magno (329-379), O Espírito Santo, 27,36). "Perguntando eu com toda a atenção e diligência a numerosos varões, eminentes em santidade e doutrina, que norma poderia achar segura para distinguir a verdade da fé católica da falsidade da heresia, eis a resposta constante de todos eles: quem quiser descobrir as fraudes dos hereges nascentes, evitar seus laços e


permanecer íntegro na sadia fé, há de resguardá-la, sob o duplo auxílio divino: primeiro, com a autoridade da lei divina e segundo com a tradição da Igreja católica. Ao chegar a este ponto, talvez pergunte alguém: sendo perfeito como é o cânon das Escrituras e suficientíssimo por si só para todos os casos, que necessidade há de se acrescentar a autoridade da interpretação da Igreja? A razão é que, devido à sublimidade da Sagrada Escritura, nem todos a entendem no mesmo sentido, mas cada qual interpreta à sua maneira as mesmas sentenças, de modo a se poder dizer que há tantas opiniões quantos intérpretes. De uma maneira a expõe Novaciano, diversamente Sabélio, Donato, Ário, Eunômio, Macedônio; de outra forma Fotino, Apolinário, Prisciliano; de outra, ainda, Joviniano, Pelágio, Celéstio ou Nestório. Portanto, é necessário que, em meio a tais encruzilhadas do erro, seja o sentido católico e eclesiástico o que assinale a linha diretriz na interpretação da doutrina dos profetas e apóstolos. E na própria Igreja Católica deve-se procurar a todo custo que nos atenhamos ao que, em toda a parte, sempre e por todos foi professado como de fé, pois isto é próprio e verdadeiramente católico, como o diz a índole mesma do vocábulo, que abarca a globalidade das coisas. Ora obte-lo-emos se seguirmos a universalidade, a antigüidade e o consentimento. Pois bem: seguiremos a universalidade se professarmos como única fé a que é professada em todo o orbe da terra pela Igreja inteira; a antigüidade, se não nos afastarmos do sentir manifesto de nossos santos pais e antepassados; enfim, o consentimento, se na mesma antigüidade recorrermos às sentenças e resoluções de todos ou quase todos os sacerdotes e mestres" (Vicente de Lérins, +450, Comonitório). 8. Como o protestantismo pode ser um retorno às origens da fé, se a Igreja Primitiva cria que a Igreja é única e visível e não formada por todos os crentes, o que é negado pela fé protestante e ensinado pela Igreja Católica? "A Igreja é uma só, embora abranja uma multidão pelo contínuo aumento de sua fecundidade. Assim como há uma só luz nos muitos raios do sol, uma só árvore em muitos ramos, um só tronco fundamentado em raízes tenazes, muitos rios em uma única fonte, assim também esta multidão guarda a unidade da origem, se bem que pareça dividida por causa da inumerável profusão dos que nascem. A unidade da luz não comporta que se separe um raio do centro solar; um ramo quebrado da árvore não cresce; cortado da fonte, o rio seca imediatamente. Do mesmo modo, a Igreja do Senhor, como luz derramada, estende seus raios em todo o mundo


e é uma única luz que se difunde sem perder a própria unidade. Ela desdobra os ramos por toda a terra com grande fecundidade; estende-se ao longo dos rios com toda a liberalidade e, no entanto, é uma na cabeça, uma pela origem, uma só mão imensamente fecunda. Nascemos todos do seu ventre, somos nutridos com seu leite e animados por seu Espírito" (Cipriano, +258, Sobre a Unidade da Igreja cap. 4) "A esposa de Cristo não pode ser adulterada: ela é incorrupta e pura, não conhece mais que uma só casa, guarda com casto pudor a santidade do único tálamo. Ela nos conserva para Deus e entrega ao Reino os filhos que gerou. Quem se afasta da Igreja e se junta a uma adúltera, separa-se das promessas da Igreja. Quem deixa a Igreja de Cristo não alcançará os prêmios de Cristo. É um estranho, um profano, um inimigo. Não pode ter Deus por Pai quem não tem a Igreja por mãe. Se alguém se pôde salvar, dos que figuram fora da arca de Noé, também se salvará o que estiver fora da Igreja 1... Torna-se adversário de Cristo quem rompe a paz e a concórdia de Cristo... O Senhor diz: 'Eu e o Pai somos um'; está ainda escrito do Pai e do Filho e do Espírito Santo: 'E estes três são um'2. Quem crê nesta verdade fundada na certeza divina e adere aos mistérios celestiais, não abandona a Igreja nem dela se afasta por causa da diversidade de vontades que se entrechocam. Quem não mantém esta unidade também não mantém a lei de Deus, a fé no Pai e no Filho. Não conserva a vida, nem a salvação" (Cipriano, +258, Sobre a Unidade da Igreja cap. 4) "Este sacramento da unidade, este vínculo da concórdia que une inseparavelmente, está indicado no Evangelho pela túnica de nosso Senhor Jesus Cristo, que não foi dividida nem rasgada. Dentre os que disputavam por sorteio a veste de Cristo, vestiria o Cristo quem a recebesse íntegra e a possuísse como túnica incorruptível e indivisível. A Escritura divina declara: 'Quanto à túnica, como era sem costura, tecida numa só peça, disseram entre si: «Não a rasguemos, decidamos de quem será por sorteio»'. Ela trazia a unidade vinda do alto, isto é, do céu, do Pai, e que não pode ser quebrada por quem a recebe ou a possui, sendo ganha por inteira... Quem rasga ou divide a Igreja de Cristo não pode possuir a veste de Cristo. Por outro lado, enfim, quando Salomão estava para morrer e seu reino havia de ser dividido, o profeta Aquias dirigiu-se no campo ao rei Jeroboão com as vestes cindidas em doze trapos, dizendo: 'Tira para ti dez destes trapos pois diz o Senhor: «Eis que divido o reino nas mãos de Salomão. Dar-te-ei dez cetros; dois ficarão com ele em vista de Davi, meu servo, e de Jerusalém,


cidade santa, onde colocarei o meu nome»'. O profeta Aquias rasgou sua veste porque deviam ser divididas as doze tribos de Israel. Como, porém, o povo de Cristo não pode ser dividido, sua túnica, tecida e coerente, não é dividida pelos que a possuem. Íntegra, conjunta e indivisível, mostra a concórdia do povo que vestiu o Cristo. No mistério e no sinal da veste, a unidade da Igreja foi manifestada" (Cipriano, +258, Sobre a Unidade da Igreja cap. 4) "Quem é tão ímpio e perverso, tão enlouquecido pelo delírio da discórdia que julgue poder ou que ouse dividir a unidade de Deus, a veste do Senhor, a Igreja de Cristo? O próprio Senhor adverte e ensina no Evangelho: 'Haverá um só pastor e um só rebanho'. Pensa alguém que em um só lugar poderá haver muitos rebanhos e muitos pastores? Também o Apóstolo Paulo, insinuando esta mesma unidade, suplica, exorta e recomenda: 'Rogo-vos, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que digais a mesma coisa e não haja cisões entre vós. Sede propensos no mesmo espírito e à mesma sentença'. Ainda outra vez: 'Suportai-vos mutuamente no amor da paz, fazendo tudo para conservar a unidade do espírito no vínculo da paz'. Acreditas que podes subsistir afastado da Igreja, procurando para ti outras moradas? Disseram a Raab, que prefigurava a Igreja: 'Reune contigo, em casa, teu pai, tua mãe, teus irmãos, toda a tua família. E quem ultrapassar a porta de tua casa, responderá por si'. Do mesmo modo como o mistério da Páscoa significa, na lei do Êxodo, a mesma unidade, o cordeiro que é morto, figurando a Cristo, deve ser comido numa só casa. Deus disse: 'Será comido em uma só casa. Não lanceis a carne fora de casa'. A carne de Cristo, do Santo do Senhor, não pode ser lançada fora. E não há para os fiéis outra casa senão a Igreja." (Cipriano, +258, Sobre a Unidade da Igreja cap. 4) 9. Como o protestantismo pode ser um retorno às origens da fé, se a Igreja Primitiva cria que uma igreja só poderia ser considerada Igreja, se fosse apostólica, isto é, gerada através da sucessão dos apóstolos, o que é negado pela fé protestante e ensinado pela Igreja Católica? "Os apóstolos receberam do Senhor Jesus Cristo o Evangelho que nos pregaram. Jesus Cristo foi enviado por Deus. Cristo, portanto, vem de Deus, e os apóstolos vêm de Cristo. As duas coisas, em ordem, provêm, da vontade de Deus. Eles receberam instruções e, repletos de certeza, por causa da ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo, fortificados pela palavra de Deus e com plena certeza


dada pelo Espírito Santo, saíram anunciando que o Reino de Deus estava para chegar. Pregavam pelos campos e cidades, e aí produziam sua primícias, provando-as pelo Espírito, a fim de instituir com elas bispos e diáconos dos futuros fiéis. Isso não era algo novo: desde há muito tempo, a Escritura falava dos bispos e dos diáconos. Com efeito, em algum lugar está escrito: "Estabelecerei seus bispos na justiça e seus diáconos na fé." (São Clemente (+ 90), Primeira Carta aos Corínitos,42) "Nossos apóstolos conheciam, da parte do Senhor Jesus Cristo, que haveria disputas por causa da função episcopal. Por este motivo, prevendo exatamente o futuro, instituíram aqueles de quem falávamos antes, e ordenaram que, por ocasião de morte desses, outros homens provados lhes sucedessem no ministério. Os que foram estabelecidos por eles ou por outros homens eminentes, com a aprovação de toda a Igreja, e que serviram irrepreensivelmente ao rebanho de Cristo, com humildade, calma e dignidade, e que durante muito tempo receberam o testemunho de todos, achamos que não é justo demiti-los de suas funções. Para nós, não seria culpa leve se exonerássemos do episcopado aqueles que apresentaram os dons de maneira irrepreensível e santa. Felizes os presbíteros que percorreram seu caminho e cuja vida terminou de modo fecundo e perfeito. Eles não precisam temer que alguém os afaste do lugar que lhes foi designado. E nós vemos que, apesar da ótima conduta deles, removestes alguns da funções que exerciam de modo irrepreensível e honrado." (São Clemente (+ 90), Primeira Carta aos Corínitos,44) "Depois de ter assim fundado e edificado a Igreja, os bemaventurados Apóstolos transmitiram a Lino o cargo do episcopado... Anacleto lhe sucede. Depois, em terceiro lugar a partir dos Apóstolos, é a Clemente que cabe o episcopado... A Clemente sucedem Evaristo, Alexandre; em seguida, em sexto lugar a partir dos Apóstolos, é instituído Sixto, depois Telésforo, também glorioso por seu martírio; depois Higino, Pio, Aniceto, Sotero, sucessor de Aniceto; e, agora, Eleutério detém o episcopado em décimo segundo lugar a partir dos Apóstolos" (Ireneu de Lião, +202, Contra as Heresias III,2,1s). "[Os Apóstolos] logo foram pelo mundo e pregaram a mesma doutrina da mesma fé às nações. Eles, portanto, de modo semelhante, andaram pelas igrejas em cada cidade, e dessas para todas as igrejas, uma após outra, e transmitiram a tradição da fé e as sementes da doutrina, e a cada dia as passavam adiante para


constituírem igrejas. Certamente, é por causa disso somente que foram capazes elas próprias de se considerarem apostólicas, tendo sua origem nas igrejas apostólicas. Cada espécie de coisa deve necessariamente voltar às suas origens para sua adequação. Daí, as igrejas, embora sejam tantas e tão grandes, são ligadas a uma única igreja primitiva [fundada] pelos apóstolos, delas todas [fonte]. Dessa maneira todas são primitivas e todas apostólicas, enquanto são todas confirmadas por uma, [indissolúvel] unidade, por sua comunhão pacífica, por característica de irmandade e por laço de hospitalidade, privilégios que nenhuma outra norma determina senão que uma única tradição do mesmo mistério." (Tertuliano, Prescrição Contra os Hereges, 20). "A Clemente [3º sucessor de São Pedro na Cáthedra de Roma] sucedeu Evaristo; a Evaristo, Alexandre, depois, em sexto lugar desde os apóstolos, foi estabelecido Xisto; logo, Telésforo, que prestou glorioso testemunho; em seguida, Higino; após este, Pio, e depois, Aniceto. Tendo sido Sotero o sucessor de Aniceto, agora detém o múnus espiscopal Eleutério, que ocupa o duodécimo lugar na sucessão apostólica. Em idêntica ordem e idêntico ensinamento na Igreja, a tradição proveniente dos apóstolos e o anúncio da verdade chegaram até nós." (História Eclesiástica Livro V, 6,4-5. Eusébio de Cesaréia, + ou - 317 d.C). "Esses mestres [Policarpo, Ireneu, Pápias, Justino, Clemente de Roma, Clemente de Alexandria, entre outros pois a lista é grande], que guardaram a verdadeira tradição da feliz doutrina recebida, como que transmitida de pai a filho, oriunda imediatamente dos santos Apóstolos Pedro e Tiago, João e Paulo (poucos são, contudo os filhos semelhantes aos pais), chegaram até nossos dias, por dom de Deus, a fim de lançar as sementes de seus antepassados e dos apóstolos em nossos corações" (História Eclesiástica Livro V, 11,5. Eusébio de Cesaréia, + ou - 317 d.C). 10. Como o protestantismo pode ser um retorno às origens da fé, se a Igreja Primitiva cria que só poderia ser pastor da Igreja de Deus aquele que recebesse este ministério através da ordenação sacerdotal das mãos de um legítimo Bispo, o que é negado pela fé protestante e ensinado pela Igreja Católica? "Origines para atender a urgentes negócios eclesiásticos, foi à Grécia, e ao atravessar a Palestina, em Cesaréia, recebeu dos bispos da região a ordenação sacerdotal." (Eusébio de Cesaréia, HE VI,23,4. 317 DC)


11. Como o protestantismo pode ser um retorno às origens da fé, se a Igreja Primitiva cria que o perdão dos pecados só poderia ser obtido através da confissão a um sacerdote, o que é negado pela fé protestante e ensinado pela Igreja Católica? "Dizem eles [os hereges novacianos], porém, que prestam reverência ao Senhor, o único a quem reservam o poder de remir os crimes. Pelo contrário, ninguém lhe faz maior injúria do que aqueles que querem anular seus mandamentos, rejeitar o encargo que lhes foi confiado. Pois se o próprio Senhor Jesus diz em seu Evangelho: 'Recebei o Espírito Santo, e a quem perdoardes os pecados, serlhe-ão perdoados, e a quem os retiverdes, ser-lhe-ão retidos'(Jô 20,22-23). Quem é que o honra mais: aquele que obedece a seus mandamentos ou aquele que resiste a eles?" (Santo Ambrósio de Milão, Sobre a Penitência 2,6. 370 DC) "Considera também o seguinte: quem recebe o Espírito Santo, recebe o poder de desligar e ligar pecados. Pois assim está escrito: 'Recebei o Espírito Santo, e a quem perdoardes os pecados, serlhe-ão perdoados, e a quem os retiverdes, ser-lhe-ão retidos'(Jô 20,22-23). Portanto, quem não pode desligar o pecado, não tem o Espírito Santo. Com efeito, é um dom do Espírito Santo a função do sacerdote; por outro lado, há um direito do Espírito Santo no fato de desligar e ligar os crimes. Como, pois, reivindicam os novacianos o dom daquele cujo direito e poder não reconhecem?" (Santo Ambrósio de Milão, Sobre a Penitência 2,8. 370 DC) "Porém Deus não faz distinção; Ele prometeu sua misericórdia a todos e deu permissão de perdoar a seus sacerdotes, sem uma única exceção." (Santo Ambrósio de Milão, Sobre a Penitência 3,10. 370 DC) "Que sociedade podem então ter contigo [Jesus] estes que não aceitam as chaves do Reino (cf. Mt 16,19), ao negarem que devem perdoar os pecados?" (Santo Ambrósio de Milão, Sobre a Penitência 7,32. 370 DC) "É certamente isto que eles [os novacianos] confessam a seu próprio respeito e com razão; de fato, não podem ter a herança de Pedro aqueles que não tem a cátedra de Pedro, a qual despedaçam com uma ímpia divisão. Contudo, é sem razão que negam também que na Igreja os pecados possam ser perdoados." (Santo Ambrósio de Milão, Sobre a Penitência 7,33. 370 DC)


12. Como o protestantismo pode ser um retorno às origens da fé, se a Igreja Primitiva cria que a Virgem Maria foi concebida sem pecado (Imaculada Conceição), o que é negado pela fé protestante e ensinado pela Igreja Católica? "Ele (=Jesus) era a arca composta por madeira incorruptível. Com efeito, o seu tabernáculo (=Maria) era isento da podridão e corrupção" (Santo Hipólito de Roma, Orat. Inillud. 220 DC). "Esta Virgem Mãe do Unigênito de Deus chama-se Maria, digna de Deus, imaculada das imaculadas, sem par" (Origines, Homilia 1. 280 DC). "Somente Vós (=Cristo) e vossa Mãe sois mais belos do que qualquer outro ser. Em ti, Senhor, não há mancha alguma; na tua Mãe nada de feio existe" (Éfrem da Síria, Garmina Nisibena 27,8.). "Que arquiteto, erguendo uma casa de moradia, consentiria que seu inimigo a possuísse inteiramente e habitasse?" (São Cirilo de Jerusalém, 208 DC). "Maria, uma virgem não profanada, Virgem tornada inviolável pela graça, livre de toda mancha do pecado" (Santo Ambrósio de Milão, Sermão 22,30. 317 DC). "Nem se deve tocar na palavra 'pecado' em se tratando de Maria; e isto em respeito Àquele de quem mereceu ser a Mãe, que a preservou de todo pecado por sua graça" (Santo Agostinho, Sermão 215,3. 325 DC). "Não entregamos Maria ao diabo por condição original pois afirmamos que sua própria condição original se anula pela graça da redenção." (Santo Agostinho, Contra Juliano 4. 325 DC). "Exceto a Santa Virgem Maria, da qual não quero, por honra do que é devido ao Senhor, suscitar qualquer questão ao se tratar de pecados, pois sabemos que lhe foi concedida a graça para vencer por todos os flancos o pecado, porque mereceu ela conceber e dar à luz a quem não teve pecado algum. Exceto, digo a esta Virgem, se tivéssemos podido congregar todos os santos e santas que aqui viviam e perguntássemos se jamais tinham pecado, o que teriam respondido? (...) Não é verdade que teriam unanimemente exclamado: 'Se dissermos que não pecamos, enganamo-nos, e a verdade não está em nós'?" (Santo Agostinho, De Natura et Gratia 36,42. 325 DC).


13. Como o protestantismo pode ser um retorno às origens da fé, se a Igreja Primitiva honrava Santa Maria como a Mãe de Deus, o que é negado pela fé protestante e ensinado pela Igreja Católica? "Maria, a Santa Mãe de Deus e imaculada Virgem (...) concebeu do Espírito Santo, sem semente viril, o próprio Deus Verbo; deu-O à luz sem perder a sua integridade e, também depois do parto, conservou inalterada a sua virgindade". (Concílio Regional de Latrão) "[O Verbo de Deus,] tendo-se encarnado da santa gloriosa Mãe de Deus e sempre virgem Maria, nasceu dela" (II Concílio de Constantinopla, DS 422). "Sob a vossa proteção procuramos refúgio, santa Mãe de Deus: não desprezeis as nossas súplicas, pois estamos sendo provados, mas livrai-nos de todo o perigo, ó Virgem gloriosa e bendita" (Oração Egípcia. 211 DC). "[Jesus] não teve apenas a aparência, mas tinha carne de verdade recebida de Maria, Mãe de Deus" (Alexandre de Alexandria, Epístola a Alexandre de Constantinopla 12). "A Sagrada Escritura, como tantas vezes fizemos notar, tem por finalidade e característica afirmar de Cristo Salvador estas duas coisas: que Ele é Deus e nunca deixou de o ser, visto que é a Palavra do Pai, seu esplendor e sabedoria; e também que nestes últimos tempos, por causa de nós, se fez homem, assumindo um corpo da Virgem Maria, Mãe de Deus" (Santo Atanásio de Alexandria, Da Trindade. 318 DC). "Ó Filho único e Verbo de Deus: sendo imortal, vos dignaste, pela nossa salvação, encarnar-vos da Santa Mãe de Deus e sempre virgem Maria, vós que sem mudança vos tornaste homem e foste crucificado, ó Cristo Deus, que pela vossa morte esmagaste a morte; sois Um na Trindade, glorificado com o Pai e o Espírito Santo. Salvai-nos!" (São João Crisóstomo, O Monoghenis.). 14. Como o protestantismo pode ser um retorno às origens da fé, se a Igreja Primitiva cria que o matrimônio era indissolúvel e orientado à geração de filhos, o que é negado pela fé protestante e ensinado pela Igreja Católica?


"Nós, ou nos casamos desde o princípio para a única finalidade de gerar filhos, ou renunciamos ao matrimônio, permanecendo absolutamente castos. Para vos mostrar que a união promíscua não é um mistério que celebramos, houve o caso que um dos nossos apresentou um memorial ao prefeito Félix em Alexandria, pedindolhe que autorizasse seu médico para cortar-lhe os testículos, pois os médicos daquele lugar diziam que tal operação não podia ser feita sem permissão do governador. Félix negou-se absolutamente a assinar o pedido e o jovem permaneceu solteiro, contentando-se com o testemunho de sua consciência e o de seus companheiros na fé." (São Justino de Roma, I Apologia Cap 29, cerca de 148-155 d.C.) 15. Como o protestantismo pode ser um retorno às origens da fé, se a Igreja Primitiva cria que o dia para a adoração do Senhor era o domingo, o que é negado pelos adventistas e ensinado pela a Igreja Católica? "Depois dessa primeira iniciação, recordamos constantemente entre nós essas coisas e aqueles de nós que possuem alguma coisa socorrem todos os necessitados e sempre nos ajudamos mutuamente. 2Por tudo o que comemos, bendizemos sempre ao Criador de todas as coisas, por meio de seu Filho Jesus Cristo e do Espírito Santo. 3No dia que se chama do sol, celebra-se uma reunião de todos os que moram nas cidades ou nos campos, e aí se lêem, enquanto o tempo o permite, as Memórias dos apóstolos ou os escritos dos profetas. Quando o leitor termina, o presidente faz uma exortação e convite para imitarmos esses belos exemplos. 5Em seguida, levantamo-nos todos juntos e elevamos nossas preces. Depois de terminadas, como já dissemos, oferece-se pão, vinho e água, e o presidente, conforme suas forças, faz igualmente subir a Deus suas preces e ações de graças e todo o povo exclama, dizendo: ?Amém?. Vem depois a distribuição e participação feita a cada um dos alimentos consagrados pela ação de graças e seu envio aos ausentes pelos diáconos. 6Os que possuem alguma coisa e queiram, cada um conforme sua livre vontade, dá o que bem lhe parece, e o que foi recolhido se entrega ao presidente. Ele o distribui a órfãos e viúvas, aos que por necessidade ou outra causa estão necessitados, aos que estão nas prisões, aos forasteiros de passagem, numa palavra, ele se torna o provedor de todos os que se encontram em necessidade. Celebramos essa reunião geral no dia do sol, porque foi o primeiro dia em que Deus, transformando as trevas e a matéria, fez o mundo, e também o dia em que Jesus Cristo, nosso Salvador, ressuscitou dos mortos. Com


efeito, sabe-se que o crucificaram um dia antes do dia de Saturno e no dia seguinte ao de Saturno, que é o dia do Sol, ele apareceu a seus apóstolos e discípulos, e nos ensinou essas mesmas doutrinas que estamos expondo para vosso exame." (São Justino de Roma, I Apologia cap 67, cerca de 148-155 d.C.) 16. Como o protestantismo pode ser um retorno às origens da fé, se a Igreja Primitiva cria que os livros deuterocanônicos (I e II Macabeus, Judite, Tobias, Eclesiástico Sabedoria de Sirácida) eram canônicos, o que é negado pela fé protestante e ensinado pela Igreja Católica? "Cânon 36 - Parece-nos bom que, fora das Escrituras canônicas, nada deva ser lido na Igreja sob o nome 'Divinas Escrituras'. E as Escrituras canônicas são as seguintes: Gênese, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio, Josué, Juízes, Rute, quatro livros dos Reinos1, dois livros dos Paralipômenos2, Jó, Saltério de Davi, cinco livros de Salomão3, doze livros dos Profetas4, Isaías, Jeremias5, Daniel, Ezequiel, Tobias, Judite, Ester, dois livros de Esdras6 e dois [livros] dos Macabeus. E do Novo Testamento: quatro livros dos Evangelhos7, um [livro de] Atos dos Apóstolos, treze epístolas de Paulo8, uma do mesmo aos Hebreus9, duas de Pedro, três de João, uma de Tiago, uma de Judas e o Apocalipse de João.10 Sobre a confirmação deste cânon se consultará a Igreja do outro lado do mar11. É também permitida a leitura das Paixões dos mártires na celebração de seus respectivos aniversários12" (Concílio de Hipona, 08.Out.393). "Parece-nos bom que, fora das Escrituras canônicas, nada deva ser lido na Igreja sob o nome 'Divinas Escrituras'. E as Escrituras canônicas são as seguintes: Gênese, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio, Josué, Juízes, Rute, quatro livros dos Reinos, dois livros dos Paralipômenos, Jó, Saltério de Davi, cinco livros de Salomão, doze livros dos Profetas, Isaías, Jeremias, Daniel, Ezequiel, Tobias, Judite, Ester, dois livros de Esdras e dois [livros] dos Macabeus. E do Novo Testamento: quatro livros dos Evangelhos, um [livro de] Atos dos Apóstolos, treze epístolas de Paulo, uma do mesmo aos Hebreus, duas de Pedro, três de João, uma de Tiago, uma de Judas e o Apocalipse de João12. Isto se fará saber também ao nosso santo irmão e sacerdote, Bonifácio, bispo da cidade de Roma, ou a outros bispos daquela região, para que este cânon seja confirmado, pois foi isto que recebemos dos Padres como lícito para ler na Igreja" (Concílio de Cartago III (397) e Concílio de Cartago IV (419)).


"Tratemos agora sobre o que sente a Igreja Católica universal, bem como o que se dever ter como Sagradas Escrituras: um livro do Gênese, um livro do Êxodo, um livro do Levítico, um livro dos números, um livro do Deuteronômio; um livro de Josué, um livro dos Juízes, um livro de Rute; quatro livros dos Reis13, dois dos Paralipômenos; um livro do Saltério; três livros de Salomão: um dos Provérbios, um do Eclesiastes e um do Cântico dos Cânticos; outros: um da Sabedoria, um do Eclesiástico. Um de Isaías, um de Jeremias com um de Baruc e mais suas Lamentações, um de Ezequiel, um de Daniel; um de Joel, um de Abdias, um de Oséias, um de Amós, um de Miquéias, um de Jonas, um de Naum, um de Habacuc, um de Sofonias, um de Ageu, um de Zacarias, um de Malaquias. Um de Jó, um de Tobias, um de Judite, um de Ester, dois de Esdras, dois dos Macabeus. Um evangelho segundo Mateus, um segundo Marcos, um segundo Lucas, um segundo João. [Epístolas:] a dos Romanos, uma; a dos Coríntios, duas; a dos Efésios, uma; a dos Tessalonicenses, duas; a dos Gálatas, uma; a dos Filipenses, uma; a dos Colossences, uma; a Timóteo, duas; a Tito, uma; a Filemon, uma; aos Hebreus, uma. Apocalipse de João apóstolo; um, Atos dos Apóstolos, um. [Outras epístolas:] de Pedro apóstolo, duas; de Tiago apóstolo, uma; de João apóstolo, uma; do outro João presbítero, duas14; de Judas, o zelota, uma. (Catálogo dos livros sagrados, composto durante o pontificado de São Dâmaso [366-384], no Concílio de Roma de 382) "Quais os livros aceitos no cânon das Escrituras, o breve apêndice o mostra: Cinco livros de Moisés, isto é, Gênese, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Um livro de Josué, filho de Num; um livro dos Juízes; quatro livros dos Reinos; e Rute. Dezesseis livros dos Profetas; cinco livros de Salomão; o Saltério. Livros históricos: um de Jó, um de Tobias, um de Ester, um de Judite, dois dos Macabeus, dois de Esdras, dois dos Paralipômenos. Do Novo Testamento: quatro livros dos Evangelhos; quatorze epístolas do apóstolo Paulo, três de João, duas de Pedro, uma de Judas, uma de Tiago; os Atos dos Apóstolos; e o Apocalipse de João" (papa Inocêncio I, 20.02.405; Carta "Consulenti Tibi" a Exupério, bispo de Tolosa). 17. Como o protestantismo pode ser um retorno às origens da fé, se a Igreja Primitiva cria que a Igreja de Cristo se perpetua na terra através da sucessão dos apóstolos, o que é negado pela fé protestante e ensinado pela Igreja Católica?


"Nossos apóstolos conheciam, da parte do Senhor Jesus Cristo, que haveria disputas por causa da função episcopal. Por este motivo, prevendo exatamente o futuro, instituíram aqueles de quem falávamos antes, e ordenaram que, por ocasião de morte desses, outros homens provados lhes sucedessem no ministério. Os que foram estabelecidos por eles ou por outros homens eminentes, com a aprovação de toda a Igreja, e que serviram irrepreensivelmente ao rebanho de Cristo, com humildade, calma e dignidade, e que durante muito tempo receberam o testemunho de todos, achamos que não é justo demiti-los de sua funções. Para nós, não seria culpa leve se exonerássemos do episcopado aqueles que apresentaram os dons de maneira irrepreensível e santa. Felizes os presbíteros que percorreram seu caminho e cuja vida terminou de modo fecundo e perfeito. Eles não precisam temer que alguém os afaste do lugar que lhes foi designado. E nós vemos que, apesar da ótima conduta deles, removestes alguns da funções que exerciam de modo irrepreensível e honrado." (São Clemente, + 90, Primeira Carta aos Corínitos,44) "Depois de ter assim fundado e edificado a Igreja, os bemaventurados Apóstolos transmitiram a Lino o cargo do episcopado... Anacleto lhe sucede. Depois, em terceiro lugar a partir dos Apóstolos, é a Clemente que cabe o episcopado... A Clemente sucedem Evaristo, Alexandre; em seguida, em sexto lugar a partir dos Apóstolos, é instituído Sixto, depois Telésforo, também glorioso por seu martírio; depois Higino, Pio, Aniceto, Sotero, sucessor de Aniceto; e, agora, Eleutério detém o episcopado em décimo segundo lugar a partir dos Apóstolos" (Ireneu de Lião, +202, Contra as Heresias III,2,1s). "E quando, por nossa vez, os levamos [os hereges] à Tradição que vem dos apóstolos e que é conservada nas várias igrejas, pela sucessão dos presbíteros, então se opõe à Tradição, dizendo que, sendo eles mais sábios do que os presbíteros, não somente, mas até dos apóstolos, foram os únicos capazes de encontrar a pura verdade." (Contra as Heresias, III,2,1, Santo Ireneu Bispo de Lião, + ou - 202 d.C) "Foi primeiramente na Judéia que eles (os Apóstolos escolhidos e enviados por Jesus Cristo) implantaram a fé em Jesus Cristo e estabeleceram comunidades. Depois partiram pelo mundo afora e anunciaram às nações a mesma doutrina e a mesma fé. Em cada cidade fundaram Igrejas, às quais, desde aquele momento, as outras Igrejas emprestam a estaca da fé e a semente da doutrina;


aliás, diariamente emprestam-nas, para que se tornem elas mesmas Igrejas. A este título mesmo são consideradas comunidades apostólicas, na medida em que são filhas das Igrejas apostólicas. Cada coisa é necessariamente definida pela sua origem. Eis por que tais comunidades, por mais numerosas e densas que sejam, não são senão a primitiva Igreja apostólica, da qual todas procedem... Assim faz-se uma única tradição de um mesmo Mistério" (Tertuliano, + 202, De Praescriptione Haereticorum 2, 4-7.9). 18. Enfim, como o protestantismo pode ser um retorno às origens da fé, se a Igreja Primitiva cria que a Igreja de Cristo não era invisível, mas visível, e que se chama Igreja Católica, o que é negado pela fé protestante e ensinado pela Igreja Católica? "Onde quer que se apresente o Bispo, ali esteja também a comunidade, assim como a presença de Cristo Jesus nos assegura a presença da Igreja Católica"(Santo Inácio aos Esmirniotas - 107 DC) "Creio na Igreja una, santa, católica e apostólica" (Concílios Ecumênicos de Nicéia (325) e Constantinopla (381), Símbolo Niceno-Constantinopolitano) "Extinguiram-se, pois rapidamente as maquinações dos inimigos, confundidas pela atuação da Verdade. As heresias, uma após outras, apresentavam inovações; as mais antigas continuamente desvaneciam e desvirtuavam-se, de diferentes modos, para dar lugar a idéias diversas e variadas. Ao invés, ia aumentando e crescendo o brilho da única verdadeira Igreja católica, sempre com a mesma identidade, e irradiando sobre gregos e bárbaros o que há de respeitável, puro, livre, sábio, casto em sua divina conduta e filosofia. [...] Além do mais, na época de que tratamos, a verdade podia apresentar numerosos defensores, em luta contra as heresias atéias, não somente através de refutações orais, mas também por meio de demonstrações escritas." (História Eclesiástica IV, 7,13.15. Eusébio de Cesaréia, + ou - 317 d.C). "Tendo se reunido um último concílio com o maior número possível de bispos, o chefe da heresia de Antioquia [Paulo de Samósata] foi plenamente desmascarado e por todos evidentemente inculpado de heterodoxia. Foi excomungado da Igreja Católica espalhada sob o céu." (Eusébio de Cesaréia, HE VII,29,1. 317 DC)


"A Dionisio, a Máximo e a todos os que, pela terra habitada, exercem conosco o ministério, aos bispos, aos sacerdotes, aos diáconos e a toda a Igreja Católica, que há sob os céus" (Fragmento da Carta que os Bispos da Palestina enviaram aos Bispos de Roma e Alexandria depois da realização do Concílio Regional mencionado acima. 280 DC) Conclusão Como pudemos ver o Protestantismo não é o retorno às origens da fé como diz ser. A Igreja primitiva nada mais é do Igreja Católica no passado. Os bispos da Igreja primitiva eram os bispos católicos, e hoje os bispos da Igreja Católica são seus legítimos sucessores. O Protestantismo vive de suas próprias fantasias, que são fruto de seu subjetivismo bíblico e ignorância da memória deixada pelos primeiros cristãos. O Nome da Igreja Algumas pessoas me perguntam qual era a Igreja, o ou nome da Igreja fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo. Sabemos que Nosso Senhor ao fundar a Igreja não lhe deu um nome, mas apenas a chamou de "minha Igreja "(ecclesiam mean) (cf. Mt 16,18). Os Apóstolos e os primeiros cristãos sabiam que esta empresa de Cristo era para todo gênero humano. Não foi à toa que Cristo mandou pregrar o Evangelho à toda criatura (cf. Mt 28,19). Assim a Igreja de Cristo é a Igreja de todos, portanto Católica. O adjetivo "Católica" aplicado à Igreja deriva do adjetivo grego "katholiká" que significa geral, em oposição ao específico. Por isso a Igreja é Católica, porque é a Igreja de Todos e para todos. O primeiro registro histórico do uso da expressão "Igreja Católica" (Ekklesia Katholiká) é ainda no início do segundo século. Santo Inácio de Antioquia ao escrever aos cristão de Esmirna - que estávam aos cuidados do Bispo Policarpo (discípulo pessoal de São João Apóstolo e Evangelista) - usa esta expressão: "Onde quer que se apresente o Bispo, ali esteja também a comunidade, assim como a presença de Cristo Jesus nos assegura a presença da Igreja Católica" (Aos Esmirnenses 8,2). A expessão "Igreja Católica" também é encontrada e outros escritos do séc II, como em outras


cartas de Santo Inácio, "Martírio de Policarpo de Esmirna" e entre outros. Esta expressão foi consagrada durante o Concílio de Nicéia (325 DC), onde está escrito no credo "Creio na Igreja, Una, Santa, Católica e Apostólica" (Credo Niceno). No entanto frente às crescentes heresias dos primeiros séculos foi necessário discernir que a Igreja além de Católica é também Apostólica. Os primeiros cristãos entendiam que somente nas Igreja que tinham origem na legítima sucessão dos apóstolos é que se conservava fielmente a Doutrina Apostólica. O Registro mais antigo desta ortodoxia também é do início do séc III: "E quando, por nossa vez, os levamos [os hereges] à Tradição que vem dos apóstolos e que é conservada nas várias igrejas, pela sucessão dos presbíteros, então se opõe à Tradição, dizendo que, sendo eles mais sábios do que os presbíteros, não somente, mas até dos apóstolos, foram os únicos capazes de encontrar a pura verdade." (Contra as Heresias, III,2,1, Santo Ireneu Bispo de Lião, + ou - 202 d.C) "Portanto, a tradição dos apóstolos, que foi manifestada no mundo inteiro, pode ser descoberta e toda igreja por todos os que queiram ver a verdade. Poderíamos enumerar aqui os bispos que foram estabelecidos nas igrejas pelos apóstolos e seus sucessores até nós; e eles nunca ensinaram nem conheceram nada que se parecesse com o que essa gente [os hereges] vai delirando. [...] Mas visto que seria coisa bastante longa elencar numa obrar como esta, as sucessões de todas as igrejas, limitar-nos-emos à maior e mais antiga e conhecida por todos, à igreja fundada e constituída em Roma, pelos dois gloriosíssimos apóstolos, Pedro e Paulo, e, indicando a sua tradição recebida dos apóstolos e a fé anunciada aos homens, que chegou até nós pelas sucessões dos bispos, refutaremos todos os que de alguma forma, quer por enfatuação ou vanglória, que por cegueira ou por doutrina errada, se reúnem prescindindo de qualquer legitimidade. Com efeito, deve necessariamente estar de acordo com ela, por causa da sua origem mais excelente, toda a igreja, isto é, os fiéis de todos os lugares, porque nela sempre foi conservada, de maneira especial, a tradição que deriva dos apóstolos." (Contra as Heresias, III,3,1-2, Santo Ireneu Bispo de Lião, + ou - 202 d.C) Assim a Igreja estabelecida por Cristo, fundamentada na confissão dos Apóstolos era identificada como Igreja Católica e Apostólica.


O registro mais antigo (creio eu) da expressão "Igreja Católica Apostólica Romana" é do Decreto Gelasiano, datado do final do século IV. Neste decreto o Papa Gelásio, além de confirmar o Cânon das Sagradas Escrituras - já estabelecidos nos sínodos de Hipona, Cartado e outros - confirma também a primazia da Igreja Romana sobre as demais Igrejas. Conforme vc mesmo viu no testemunho de Santo Ireneu, esta primazia não foi inventada por Gelásio, em por Constatino e nem pelo Papa Leão como pensam alguns. Com a Sé Romana devem estar em comunhão os cristãos do mundo inteiro O Papa Bento XVI na Audiência Geral celebrada na Praça de São Pedro no dia 28/03/2007 (1) deu continuidade à sua catequese sobre os Padres Apostólicos, apresentando na oportunidade Santo Ireneu, Bispo de Lião (França).

Santo Ireneu (2), foi discípulo pessoal de São Policarpo, Bispo de Esmirna (Turquia), que por sua vez foi discípulo pessoal de São João Apóstolo e Evangelista. Desta forma, Santo Ireneu recebeu de São Policarpo o Depósito da Fé que lhe fora confiado por São João Apóstolo.

Por que o Papa tem falado em suas conferências sobre os Padres Apostólicos? Ora, a razão é muito simples. Foram eles que receberam a Doutrina do Evangelho dos próprios apóstolos ou de seus sucessores diretos; e o receberam de viva voz. Daí a importância de seus ensinamentos e testemunhos. Este é o mesmo Depósito da Fé (Depositum Fidei) que São Paulo confiou a seu discípulo Timóteo (cf. 2Tm 2,12-14), já que os Apóstolos não pregavam uma doutrina pessoal, mas a Verdade única ensinada por Cristo Nosso Senhor.

Assim, a Revelação é a comunicação da Verdade, oriunda não do próprio homem, mas de Deus que se revela extrinsecamente. E a


Fé é a adesão do intelecto humano a esta Verdade Revelada. Os Santos Profetas não comunicaram experiências pessoais, e nem as mandaram praticar. Comunicaram a Verdade que Deus lhes manifestou e mandaram que o povo lha desse obsequioso assentimento. Da mesma foram agiram os Santos Apóstolos e foi através da inteligência que os cristãos chegaram à Fé.

Doutrina pessoal ensinaram os hereges (gnósticos, donatistas, montanistas, jansenistas, milenaristas, arianos, cátaros e etc). Para eles a Revelação é fruto de uma manifestação de Deus no interior de cada homem e esta não comunica a Verdade, mas o próprio Deus. A doutrina que ensinavam, não vinha da Igreja, não vinha do Depósito da Fé, mas de suas “experiências”, pois só elas podiam comunicar a Verdade. Por esta concepção da Revelação, não aceitavam o ensino da Igreja, tinham uma exegese própria das Escrituras e negavam a Tradição dos Apóstolos (Depósito da Fé).

A História da Fé registra como eram discordantes doutrinariamente as Heresias e como rogavam para si serem a Voz autêntica da Verdade. Como poderiam ter unidade de doutrina (cf. Ef 4,5) se seus ensinamentos vinham de uma “experiência pessoal?”. Como poderiam ser a Voz da Verdade, se o que ensinavam não vinha da Revelação?

Como os Padres Apostólicos combatiam as doutrinas heréticas? Combatiam-nas mostrando o Depósito da Fé que a eles foi confiado pelos próprios Apóstolos. Mostravam que o Evangelho que foi espalhado por todo o mundo era diverso daquela doutrina pregada pelos os hereges. Estes grandes defensores da ortodoxia (=fé ou doutrina verdadeira) cristã combatiam as heresias relembrando os cristãos a Memória, o Legado, o Depósito da Fé que os Apóstolos deixaram.

Ora, não vivemos tempos igualmente difíceis? Nesta época de surgimento constante de doutrinas divergentes oriundas de toda sorte de profetismo e subjetivismo bíblico, negação dos


ensinamentos orais dos apóstolos (cf. 2Ts 2,15), e das dúvidas que o mundo naturalista/materialista impõe à Fé, o remédio não pode ser outro daquele já aplicado no passado e cuja eficácia foi registrada na História da Fé: o retorno dos cristãos ao Depósito da Fé.

Santo Ireneu, que foi o primeiro teólogo da Igreja da Era pósapostólica, em seu tempo (séc. II) combateu o perigo da Gnose (3), já denuncia pelo Apóstolo Paulo (1Tm 6,20). Ele depois de relembrar a doutrina ensinada por Policarpo, Pápias, Inácio, Clemente e outros discípulos diretos dos apóstolos, sabiamente conclui que somente na Sucessão dos Apóstolos é que o Depósito da Fé foi conservado fielmente pela Graça do Espírito Santo, cumprindo a promessa de Cristo de que as portas do inferno jamais prevalecerão contra a Igreja (cf. Mt 16,18).

A promessa do Senhor vem logo após Ele ter mudado o nome de Simão para Kepha (4), que no aramaico é pedra ou rocha, cuja variante grega é Petrus. Simão era agora o chefe visível de toda Igreja (cf. Jo 21,15-17;) e dos Apóstolos (cf. Lc 22,31-32), a autoridade firme (=rocha) que não podia balançar ao sabor dos ventos de qualquer doutrina (cf. Ef 4,14).

Por esta razão Santo Ireneu, um dos guardiões do Depósito dos Apóstolos, na defesa da Verdadeira Fé contra os erros dos hereges, de forma magistral conclui aos cristãos de sua época:

"Portanto, a tradição dos apóstolos [=depósito da fé], que foi manifestada no mundo inteiro, pode ser descoberta e toda igreja por todos os que queiram ver a verdade. Poderíamos enumerar aqui os bispos que foram estabelecidos nas igrejas pelos apóstolos e seus sucessores até nós; e eles nunca ensinaram nem conheceram nada que se parecesse com o que essa gente [os hereges] vai delirando. [...] Mas visto que seria coisa bastante longa elencar numa obrar como esta, as sucessões de todas as igrejas, limitar-nos-emos à maior e mais antiga e conhecida por todos, à igreja fundada e


constituída em Roma, pelos dois gloriosíssimos apóstolos, Pedro e Paulo, e, indicando a sua tradição recebida dos apóstolos e a fé anunciada aos homens, que chegou até nós pelas sucessões dos bispos, refutaremos todos os que de alguma forma, quer por enfatuação ou vanglória, que por cegueira ou por doutrina errada, se reúnem prescindindo de qualquer legitimidade. Com efeito, deve necessariamente estar de acordo com ela, por causa da sua origem mais excelente, toda a igreja, isto é, os fiéis de todos os lugares, porque nela sempre foi conservada, de maneira especial, a tradição que deriva dos apóstolos" (Contra as Heresias, III,3,1-2, Santo Ireneu Bispo de Lião, + ou - 202 d.C).

Onde estavam os cristãos ortodoxos antes do Cisma de 1054? Onde estavam os protestantes antes de surgirem no séc. XVI? Por acaso não estavam todos na casa paterna, em Roma, de acordo e em comunhão com o Papa? Bem sabeis que sim!

Grande insensato é aquele que diz retornar à Fé primitiva sem confessar a Fé dos primeiros cristãos e que toma para si mestres que não foram instituídos através da Sucessão regular dos Santos Apóstolos.

Feliz o filho pródigo que reconhecendo seu erro voltou à casa do Pai enquanto era tempo. A Igreja Católica é a prostituta do Apocallipse? "Agora, porém, deixai de lado todas estas coisas: ira, animosidade, maledicência, maldade, palavras torpes da vossa boca, nem vos enganeis uns aos outros" (Cl 3,8-9) Introdução Conforme as palavras de São Paulo aos Colossenses, não deve o Cristão possuir sentimento de animosidade, ira e nem praticar a maledicência para enganar as pessoas. Mas infelizmente alguns pastores protestantes e até mesmo denominações, ignorando este ensinamento apostólico, aliciam fiéis católicos e


propagam um sentimento anti-católico, difamando a Igreja Católica com mentiras torpes e grosseiras, como por exemplo afirmar que a Igreja Católica é a Prostituta referida no Apocalipse de São João, ou acusando o Papa de Anti-Cristo. O objetivo deste nosso trabalho é desmascarar estas falsas doutrinas denunciando aqueles que com aparência de ovelhas são verdadeiros lobos.

A Prostituta referida no Apocalipse O texto que os lobos com pele de cordeiro se utilizam para maldizer a Igreja Católica está em Ap 17, cujos primeiros versículos transcrevemos abaixo: "Veio, então, um dos sete Anjos que tinham as sete taças e falou comigo: Vem, e eu te mostrarei a condenação da grande meretriz, que se assenta à beira das muitas águas, com a qual se contaminaram os reis da terra. Ela inebriou os habitantes da terra com o vinho da sua luxúria. Transportou-me, então, em espírito ao deserto. Eu vi uma mulher assentada em cima de uma fera escarlate, cheia de nomes blasfematórios, com sete cabeças e dez chifres. A mulher estava vestida de púrpura e escarlate, adornada de ouro, pedras preciosas e pérolas. Tinha na mão uma taça de ouro, cheia de abominação e de imundície de sua prostituição. Na sua fronte estava escrito um nome simbólico: Babilônia, a Grande, a mãe da prostituição e das abominações da terra. Vi que a mulher estava ébria do sangue dos santos e do sangue dos mártires de Jesus; e esta visão encheu-me de espanto" (Ap 17,1-6). Revelação do Apocalipse utiliza vários símbolos para que os soldados romanos não conseguissem entender o que estava escrito, caso viessem colocar as mãos nos manuscritos. Um destes símbolos é o nome Babilônia, que queria referir-se à Roma Pagã. Todos sabem que a Roma Pagã por sua devassidão moral era comparada à antiga Babilônia, por isso, o codinome Babilônia era utilizado para referir-se à Roma. Antes do Apocalipse, São Pedro em sua primeira epístola utiliza este mesmo codinome para referir-se à Roma (cf. 1Pd 5,13). A primeira associação que os falsos cristãos fazem da "Babilônia" com a Igreja Católica, é por causa do versículo 6, onde lemos: "Vi


que a mulher estava ébria do sangue dos santos e do sangue dos mártires de Jesus; e esta visão encheu-me de espanto". Primeiro, dizem eles, que este versículo encaixa-se na Igreja Católica, pois a mesma tem sede no Vaticano que fica em Roma e que durante a Inquisição muitos cristãos foram mortos pelo Tribunal do Santo Ofício. Gerar acusações arbitrárias sem o devido conhecimento histórico do tema é muito fácil e também irresponsável. Quem afirma que a Igreja matou milhares (até milhões) de pessoas durante a Inquisição mostra-se um profundo ignorante do tema. Ademais, no antigo ocidente a única confissão de Fé que existia era a Católica. Desta forma, todos os atos bons ou ruins executados por homens cristãos, conseqüentemente estariam associados à Igreja Católica. Assim fica fácil acusar a Igreja Católica por qualquer erro cometido por cristãos nos tempos de outrora. Muito diferente de hoje, tempo reinante da Babel confessional, onde temos sanguessugas e mensaleiros das mais variadas confissões e matizes. Interessante notar que estes criadores de lendas urbanas anticatólicas, não mencionam as Inquisições protestantes lideradas por Lutero e Calvino e nem as várias pessoas que foram mortas em solo protestante acusadas de bruxaria, especialmente nos EUA. Voltando ao tema, o Anjo que dá a Revelação a São João está se referindo aos mártires que foram mortos sob a perseguição dos Imperadores Romanos; perseguição esta que só cessou com o Edito de Milão em 313, decreto pelo qual o Imperador Teodósio deu liberdade de culto aos cristãos. Também é importante dizer que todos estes mártires que foram mortos durante os quatro primeiros séculos eram todos católicos, entre eles Inácio de Antioquia, Pápias de Hierápolis, Justino de Roma, Ireneu de Lião, Policarpo de Esmirna, Melitão de Sardes; até mesmo Papas como Aniceto, Eleutério, Clemente e etc. Vários escritos antigos que se conservaram até o nosso tempo registraram o martírio destes verdadeiros heróis da Fé. Toda esta coletânea de obras é estudada por um ramo da Patrística chamada Hagiografia, isto é, a História dos Santos. Mais informações sobre a Prostituta


Como Deus não é um Deus de confusão, o Anjo do Senhor fornece mais detalhes que facilitam a identificação da Prostituta, a inimiga de Deus. É exatamente com estas informações que pessoas inspiradas por espíritos enganadores, criaram o principal pilar do embuste anticatólico. Vejamos o restante a Revelação dada a São João: "Mas o anjo me disse: Por que te admiras? Eu mesmo te vou dizer o simbolismo da mulher e da Fera de sete cabeças e dez chifres que a carrega. A Fera que tu viste era, mas já não é; ela deve subir do abismo, mas irá à perdição. Admirar-se-ão os habitantes da terra, cujos nomes não estão escritos no livro da vida, desde o começo do mundo, vendo reaparecer a Fera que era e já não é mais. Aqui se requer uma inteligência penetrante. As sete cabeças são sete montanhas sobre as quais se assenta a mulher" (Ap 17,7-9). As referidas montanhas ou montes da "Babilônia" são Quirinal, Viminal, Esquilino, Caélio, Aventino, Paladino e Capitolino. Os embusteiros pegam esta precisa informação do Anjo e dizem que ela se refere à Igreja Católica. Ora, como ela pode se referir à Igreja Católica se o Estado do Vaticano não se situa nos referidos montes? Estes montes se situam no lado Leste de Roma, enquanto o Vaticano se situa em um único monte, a saber, o Monte Vaticano, situado no lado oeste de Roma. O embuste é tão grosseiro, que os tais "pesquisadores" tiveram que ignorar a geografia de Roma, mudando o Monte Vaticano de lugar e dividindo-o em 7 outros montes. Os sete montes que a pouco citei, eram sobre os quais estava situada a Roma Pagã. Esta informação pode ser confirmada em qualquer livro de história antiga. Os livros especializados normalmente se referem à Antiga Roma como a "Cidade das Sete Montanhas". Assim, tanto a Hagiografia quanto a Geografia confirmam que a Prostituta referida na Revelação do Apocalipse não é a Igreja Católica, mas a Roma Pagã. Conclusão


É muito triste constatar como falsos cristãos se utilizam da boa fé das pessoas para mentir e enganar. Mais triste ainda é testificar que embustes como este são utilizados e autorizados por denominações protestantes para aliciar fiéis. É o caso da Igreja Adventista do Sétimo Dia, que em seu conjunto de "estudos bíblicos" que visam converter pessoas para suas fileiras (principalmente católicos), utilizam engodos como o que apresentamos neste trabalho. É compreensível que muitas pessoas não concordem com a doutrina católica e então apresentem argumentos que se prestem a refutá-la. O que não é compreensível é pessoas e denominações que se dizem cristãs utilizarem de maledicência e falso testemunho contra o Catolicismo. Semelhante à grosseira mentira que denunciamos, há também quem afirme que o Papa é o Anti-Cristo. Mas este é um tema para um segundo trabalho. O Cânon de Jâmnia QUA, 23 DE NOVEMBRO DE 2011 23:22 ALESSANDRO LIMA o tempo do Imperador Romano Nero, desencadeou-se a primeira revolta aberta dos judeus da Palestina contra Roma (66-70). N Tito, na primavera de 70, sitiou Jerusalém, a cidade inteira foi saqueada, arrasada e o Templo foi destruído no dia 10 do mês de agosto do mesmo ano. Os fariseus de Jerusalém16 se transferiram para a cidade de Jâmnia, onde formaram próspera escola rabínica. Aproximadamente no ano 90, este grupo de rabinos define uma lista dos livros que deveriam ser considerados sagrados pelos Judeus. O Cânon de Jâmnia (como ficou conhecida esta lista) deu origem à atual Bíblia Hebraica. O Cânon de Jâmnia excluiu os sete livros deuterocanônicos [do AT] e os acréscimos de Daniel e Ester. No tempo do Imperador Romano Nero, desencadeou-se a primeira revolta aberta dos judeus da Palestina contra Roma (66-70). Tito, na primavera de 70, sitiou Jerusalém, a cidade inteira foi saqueada, arrasada e o Templo foi destruído no dia 10 do mês de agosto do mesmo ano. Os fariseus de Jerusalém (16) se transferiram para a cidade de Jâmnia, onde


formaram próspera escola rabínica. Aproximadamente no ano 90, este grupo de rabinos define uma lista dos livros que deveriam ser considerados sagrados pelos Judeus. O Cânon de Jâmnia (como ficou conhecida esta lista) deu origem à atual Bíblia Hebraica. O Cânon de Jâmnia excluiu os sete livros deuterocanônicos [do AT] e os acréscimos de Daniel e Ester. Um cânon sagrado pré-existente? Alguns afirmam que o Cânon de Jâmnia foi a confirmação de um Cânon Sagrado anterior e definido pela autêntica Tradição judaica. Segundo esta tese, o fato de Jesus e os Apóstolos se referirem às Escrituras Sagradas disponíveis em seu tempo de forma geral (“Escrituras”), mostra que eles tinham em mente uma quantidade precisa de livros que estavam incluídos sob aqueles títulos gerais. Apresenta-se como prova o registro do Evangelista Lucas ao diálogo entre Jesus e os discípulos na estrada de Emaús: ‘E começando por Moisés e por todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras.”(Lc 24,27). A expressão “todas as Escrituras” demonstraria que já no tempo de Cristo, uma lista de livros canônicos já estava fixada. Cita-se ainda João 5,39, quando Jesus manda os Fariseus, que eram os legítimos intérpretes da Lei (cf. Mt 23,1), verificarem que Nele se cumpriram todas as profecias messiânicas. Jesus ao utilizar a expressão “Escrituras” estaria se referindo a um conjunto de livros bem conhecido, tanto por Ele quanto pelos Fariseus. Chama-se ainda a atenção à expressão “Moisés e os Profetas” (cf. Lc 24,27). “Moisés e os Profetas” ou “A Lei e os Profetas” seria a estrutura de como este cânon judeu estaria organizado, sendo que na seção “Lei”, estariam contidos também os Salmos (cf. João 10,34). Assim, se quer defender a existência de um cânon bíblico, organizado em uma tríplice estrutura: a Lei, os Profetas e os Salmos. Também se costuma fazer referência a Lc 24,44, onde Jesus ao aparecer aos apóstolos e discípulos lhes disse: “(...) era necessário que se cumprisse tudo o que de mim está escrito na Lei de Moisés, nos profetas e nos Salmos”. Estes argumentos são bastante frágeis, pois em todas as referências apresentadas, Jesus está tentando demonstrar que Nele se cumprem todas as profecias messiânicas. E onde estão


estas profecias? Estão justamente nos livros de Moisés, nos Profetas e nos Salmos. Desta forma, dentro do contexto em questão, é bem mais certo que Jesus esteja referenciando esta triplica estrutura, porque nela se encontram as profecias messiânicas, do que Ele esteja fazendo referência a um cânon sagrado existente em seu tempo. Há também quem apresente como prova do suposto cânon, então confirmado pelo Cânon de Jâmnia, os testemunhos históricos de Flávio Josefo e Áquila (o qual criou uma nova versão grega das Escrituras hebraicas, que leva o seu nome). O testemunho de Áquila é reconhecidamente posterior ao Cânon de Jâmnia, e por isso, também não pode ser aceito como prova; muito pelo contrário... Por outro lado, reproduziremos abaixo o texto de Josefo, conforme consta em sua obra “Contra Apion”: “38. É, pois natural, ou melhor dizendo, necessário, que não exista entre nós uma multiplicidade de livros em contradição entre si, senão somente vinte e dois (17) que contém os registros de toda história e que com toda justiça são dignos de confiança. 39. Deles, existem cinco de Moisés, os quais contêm as leis e a tradição desde a criação do homem até a morte de Moisés. Compreende, mais ou menos, um período de três mil anos. 40. Desde a morte de Moisés até Artaxerxes (18), sucessor de Xerxes (19) como rei dos persas, aos profetas posteriores a Moisés foram deixados os feitos do seu tempo em treze livros, os quatro restantes contém hinos a Deus e conselhos morais aos homens. 41. Também desde Artaxerxes [tempo do Profeta Esdras] até nossos dias cada acontecimento tem sido registrado; embora estes não sejam dignos da mesma confiança dos anteriores, porque não havia uma sucessão rigorosa de profetas. 42. Os feitos provam com claridade como nós nos acercamos das nossas próprias escrituras: havendo já transcorrido tanto tempo, ninguém se atreveu a adicionar, tirar ou trocar nada nelas “ (JOSEFO, 2006, p. 21-22). Não é possível precisar se o testemunho de Josefo é anterior ou posterior ao Cânon de Jâmnia, devido à incerteza entre as datas do Cânon e seu testemunho. Costuma-se dizer que “Contra Apion” foi terminada pelo ano 94; e o Cânon de Jâmnia, normalmente é referido pelos especialistas como sendo do ano 90. Entretanto, nenhuma destas datas é


conclusiva; sabemos apenas que ambos são os últimos anos do séc I d.C. Com efeito, não é possível precisar se o testemunho de Josefo é anterior ou não ao Cânon de Jâmnia, devido à incerteza entre as datas do Cânon e seu testemunho. Esta incerteza compromete por completo o testemunho de Josefo, pois não se sabe com certeza se o mesmo foi influenciado ou não pelo Cânon de Jâmnia. Porém, há indícios que sim. Josefo era fariseu e os rabinos de Jâmnia também, assim possivelmente ele esteja simplesmente defendendo a posição de sua facção religiosa. O prólogo da tradução Grega do Eclesiástico (ou Sabedoria de Sirac), livro escrito por volta de 130 a.C., portanto anterior ao testemunho de Josefo, parece contradizê-lo. Nele lemos: “Pela Lei, pelos Profetas e por outros escritores que os sucederam, recebemos inúmeros ensinamentos importantes (...) Foi assim que após entregar-se particularmente ao estudo atento da Lei, dos Profetas e dos outros Escritos, transmitidos por nossos antepassados [...]”. Enquanto o testemunho de Josefo procura restringir o Cânon Sagrado ao tempo de Esdras, “porque [depois de Esdras] não houve uma sucessão precisa de profetas”, o Eclesiástico parece ser mais amplo e fiel à História ao afirmar que “por outros escritores que os sucederam [os profetas], recebemos inúmeros ensinamentos importantes”. O testemunho do Eclesiástico refere-se a livros posteriores ao tempo dos Profetas. Veja o que estudioso protestante Leonard Rost tem a dizer sobre isso: “Vê-se, pelo prólogo de Sirac [Eclesiástico ou Sabedoria de Sirac], que, além dos escritos assumidos no Cânon hebraico, traduziram-se também outros que parecem ter gozado de bastente estima como obras religiosas de edificação, em círculos mais ou menos amplos, até o final do século I d.C” (ROST, 1980, p.19). Há ainda em Josefo um trecho bem polêmico, vejamos:


“havendo já transcorrido tanto tempo, ninguém se atreveu a adicionar, tirar ou trocar nada nelas [nas Escrituras]”. Alguns entendem que neste trecho Josefo confirma que os livros escritos depois do tempo de Esdras não estavam dispostos num mesmo volume com os livros que foram escritos antes deste mesmo período (protocanônicos), pois isto configuraria um acréscimo nos primeiros. Ora, ele está dizendo que nada foi alterado nos textos presentes nestes livros, nenhuma sílaba a mais, nenhuma a menos. Josefo não está se referindo à adição ou retirada de livros a um conjunto pré-estabelecido de outros livros. A tese do Cânon pré-existente apresenta sérios problemas. Primeiro, se este suposto cânon correspondia ao Cânon de Jâmnia, por que era comumente usada a Septuaginta com um catálogo bem maior, conforme é comprovado pelo testemunho do NT e as descobertas do Mar Morto e Massada? Segundo, se este suposto cânon correspondesse aos livros da Septuaginta, logo não seria permitida a definição de qualquer outro cânon bíblico; então por que foi estabelecido o Cânon de Jâmnia? Terceiro, os judeus alexandrinos e etíopes recusaram o Cânon de Jâmnia e até hoje guardam como sagrados os livros da Septuaginta. Se realmente este suposto cânon bíblico existisse, não haveria disputas entre os judeus sobre este tema; todos adotariam o mesmo conjunto de livros sagrados definidos pela Tradição Judaica. Fílon de Alexandria, historiador e filósofo judeu, viveu entre os anos de 20 a 50 d.C. Em sua obra “Exposições sobre a Lei”, onde faz comentários sobre a doutrina da Torah (20), as referências ao Pentateuco são todas da Septuaginta, que possuía os livros deuterocanônicos e as partes deuterocanônicas de Daniel e Ester, não aceitas posteriormente pelos Judeus de Jâmnia. Um dos especialistas sobre a vida de Fílon de Alexandria, o Prof. Ritter, quanto ao uso da Septuaginta pelo filósofo escreve: “A princípio o texto que ele [Fílon] comenta é o da tradução grega dos Setenta; algumas diferenças que se assinalou com razão entre seu texto e aquele que possuímos atualmente dos Setenta se


explicam de uma maneira satisfatória não pela leitura do texto hebraico, mas pelo fato de que nossa recensão é de origem posterior à da que ele usava” (RITTER, 1979). Antes que alguém objete afirmando que a Tradição dos judeus palestinenses era diferente da Tradição dos judeus alexandrinos, devo lembrá-los que ambos os grupos manuseavam a versão grega da Septuaginta, portanto, possuíam a mesma Tradição Judaica. A correspondência entre a Tradição Judaica Alexandrina e a Palestina é atestada pelo estudioso Wolfson: “O judaísmo alexandrino, no tempo de Fílon, era do mesmo tronco do judaísmo farisaico, que então prosperava na Palestina, ambos tendo brotado daquele judaísmo macabeu [c. 165 a.C.] que fora moldado pelas atividades dos escribas” (WOLFSON, 1982). Ainda segundo o estudioso Werner Jaeger: “O grego era falado nas synagogai (21) por todo o Mediterrâneo, como se torna evidente pelo exemplo de Fílon de Alexandria, que não escreveu o seu grego literário para um público de gentios, mas para os seus compatriotas judeus altamente educados” (JAEGER, 1991). Fílon de Alexandria, falava grego como era costume em seu tempo e utilizava as escrituras hebraicas através da Septuaginta. Isto era muito comum até entre os judeus da Palestina. Josefo defende os judeus de Alexandria de diversas calúnias, mostrando haver identidade entre eles e os judeus da palestina (JOSEFO, 2006, p. 96-102). Se o cânon das Escrituras Hebraicas já estivesse fechado no tempo de Jesus, todos os judeus hoje (palestinos ou alexandrinos) observariam o mesmo conjunto de livros sagrados, e os fariseus de Jâmnia não precisariam se preocupar com isto no final do séc. I d.C. Interessante é a constatação do estudioso Fedeli Pasquero: “Na realidade, seguramente os judeus alexandrino no séc. I d.C. reconheciam como sagrados os livros deuterocanônicos [do AT]; não obstante a isso, eles estavam em plena comunhão de fé com os judeus da Palestina, coisa que não teria sido possível se houvesse divergências em relação aos livros sagrados. Com efeito,


os doutores hebreus faziam uso de pelo menos alguns dos livros deuterocanônicos [do AT]; de modo especial, encontramos frequentemente citados Baruc, o Sirácida [Sabedoria de Siarc ou Eclesiástico], Tobias” (PASQUERO, 1986). Sobre a possibilidade de um cânon de Escrituras hebraicas prédefinido, assim se manifesta Rost: “[...] não havia um cânon oficial, ou, como diz a Mixná Yaddyim IV 6, não havia Ktby qds’, Escrituras sagradas, como grupo fechado. Mesmo na época em que se fixou a Mixná, por volta de 100 d.C., reinava ampla discussão entre os eruditos a respeito de saber se o Cântico dos Cântico ou o Eclesiastes de Salomão (Qohelet) faziam ou não parte do grupo, discussão esta que foi aplainada por uma sentença arbitral em favor da inclusão destes livros entre os escritos sagrados (Mixná Yadvim III 5 cd). As descobertas dos manuscritos do Mar Morto, provenientes do período que vai de 150 antes de Cristo até 70 da era cristã, em particular os que foram encontrados nas cavernas de Qumran, mostram-nos claramente que naquela época ainda não havia uma distinção rigorosa entre Escritura sagrada e menos sagrada [...] Mas o fato de um fragmento bastante extenso do Sirac hebraico, copiado em escrita esticométrica, vale dizer, executado com capricho e dispêndio de tempo, constituir um dos poucos restos de manuscritos descobertos em Masada, é prova da estiva que este escrito desfrutava no círculo dos zelotes, no correr do século I d.C” (ROST, 1980, p.13-14). Durante a formação do Cânon Hebreu, alguns rabinos se opuseram também à inclusão do livro de Ester, conforme atesta o Prof. Samuel Sandmel (22): “O livro de Ester, segundo os antigos rabinos, é o livro mais novo da Escritura. Houve, entre estes rabinos, quem não quisesse que ele fosse incluído na Escritura” (BIBLIA, 1974, Introduções Aos Livros Históricos, verb. Ester, xxiii). Ainda conforme o Prof. Sandmel, a tradição rabínica quase excluiu do Cânon das Escritura Hebraicas, o livro do Profeta Ezequiel: “O livro de Ezequiel foi julgado desapropriado para o cânon porque regulações dos capítulos 40 – 48 parecem contradizer regulações similares do Pentateuco. Como o sábio rabínico Hananias ben Ezequias foi capaz de resolver estas contradições com uma apurada interpretação, o livro salvou-se de ser abandonado


juntamente com outros livros que não podiam circular publicamente” (Ibid.; Introduções Aos Livros Proféticos, xliii). Além destes, também foram inicialmente contestados pelos rabinos, Jó (Ibid., xvii), Provérbios, Cântico dos Cânticos e Eclesiastes (Ibid., xxxi), concordando assim com o parecer de Rost. Tudo isto mostra que realmente houve em Jâmnia um acordo entre os fariseus sobre os livros que deveriam ser considerados canônicos pelos judeus. Note o leitor que alguns livros do AT considerados canônicos por todos os cristãos, quase ficaram fora do Cânon Hebreu; livros estes que foram amplamente usados pelos antigos judeus. E se tivessem sido excluídos do Cânon Hebreu, isto significaria que jamais foram considerados canônicos antes? E os livros que os fariseus rejeitaram [os deuterocanônicos], será mesmo que não eram canônicos?

Notas (16) Alguns autores identificam a Escola Rabínica em Jâmnia como o antigo Sinédrio (BERARDINO, 2002, verb. Jerusalém, p. 750). Entretanto há controvérsias entre os especialistas, já que o Sinédrio era predominantemente formado por Saduceus, que neste tempo foram desimados. (17) Os judeus organizavam suas Escrituras conforme o número de letras de seu alfabeto. (18) Na tradução original está Artajerjes (“j” no lugar do “x”), o que difere do uso comum em outras traduções. Por motivo de unidade textual mantive conforme o uso comum. (19) Mesma razão da nota anterior. (20) É como os Judeus chamam a Lei de Moisés. (21) Sinagogas, onde os judeus se reuniam para o estudo das Sagradas Escrituras. (22) Prof. de Bíblia e Literatura Helenística na Hebrew Union College, Cincinnati, Ohio - EUA. Bibliografia


JOSEFO, Flávio. Antiguidades dos Judeus - Contra Apion. 1ª. Ed. Tradução de A. C Godoy. Curitiba: Juruá, 2006.

ROST, Leonard. Introdução aos Livros Apócrifos e PseudoEpígrafos do Antigo Testamento. São Paulo: Paulinas, 1980.

RITTER, B. Philo und die Halacha, eine vergleichende Studie unter steter Berücksichtigung des Joseph, Leipzig, 1879.

PASQUERO, Fedele. O Mundo da Bíblia, Autores Vários. São Paulo: Paulinas, 1986.

BIBLIA. Português. Bíblia Sagrada. Tradução de Padre Antônio Pereira de Figueiredo. Edição Ecumênica, 1974. Este artigo é fragmento da obra "O Cânon Bíblico - A Origem da Lista dos Livros Sagrados" de autoria de Alessandro Lima*, Ed. ComDeus, 2007. São Paulo. Pgs 27-34. * O autor é arquiteto de software, professor, escritor, articulista e fundador do Apostolado Veritatis Splendor Protestante pergunta sobre a "venda de indulgências" QUA, 19 DE SETEMBRO DE 2007 00:00 ALESSANDRO LIMA Protestante pergunta: Início da venda de indulgências pela "igreja" católica começa em 1190. Para que não sabe o que são indulgências, são "Graça concedida pela "Igreja" Católica aos seus membros, perdoando total ou parcialmente a pena devida a um pecado. Perdão de pecados. A venda de indulgências pelo Papado foi a principal causa da Reforma. A "igreja" Católica cobrava para o Católico obter a Salvação". Qual a base bíblia para tal cobrança se a salvação é DOM GRATUITO DE DEUS? Cristo deu à Sua Igreja (e não as seitas) o poder de ligar e desligar e o fez especialmente na pessoa de S. Pedro (cf. Mt 16,19), pois a sua autoridade serviria como fonte (cf. Lc 22,31-32) da unidade da fé (cf. Ef 4,5).


O que é ter o poder de “ligar e desligar”. É definir o que é certo, como fizeram os apóstolos em Jerusalém (cf. At 15) e cujos decretos lá determinados foram levados aos demais cristãos para serem observados (cf. At 16,4). Como os apóstolos poderiam determinar o que os cristãos deveriam ou não crer se não tivessem o poder de “ligar e desligar”? A autoridade dos apóstolos é semelhante à autoridade de Moisés, dos Juízes e Reis, que tinham o poder de dizer o que era certo e errado, poder de julgar, isto é, definir quem está certo e quem está errado. Porém, autoridade do AT encontra toda sua plenitude no Novo, na autoridade dos apóstolos. O próprio apóstolo S. Paulo ameaça expulsar da Igreja algumas pessoas, fazendo uso de sua autoridade (cf. 2Cor 10,2.8). Por isso, Cristo conferiu também aos apóstolos o poder de perdoar ou reter os pecados (cf. Jo 20,23). Logo, a Igreja que possui legítimos sucessores dos apóstolos, também tem o poder de perdoar pecados e de “ligar e desligar”. Dizer que a autoridade dos apóstolos morreu com ele é negar o testemunho da própria Escritura (cf. At 1,1-26; 1Tm 4,14). O pecado possui dupla conseqüência ou penas: a eterna e a temporal. O pecado grave (aquele cometido pelo pecador que tem plena consciência do erro que comete e o faz de forma voluntária) gera conseqüências eternas, torna o pecador privado da vida eterna. Esta distinção está muito presente nas palavras de S. João: "Se alguém vê seu irmão cometer um pecado que não o conduza à morte, reze, e Deus lhe dará a vida; isto para aqueles que não pecam para a morte. Há pecado que é para morte; não digo que se reze por este. Toda iniqüidade é pecado, mas há pecado que não leva à morte" (1Jo 5,16-17) (grifos meus). Como se vê a doutrina protestante que afirma que pecado é tudo igual, além de não ter base na Escritura (que dizem seguir somente) é desmentida pelo próprio apóstolo. Como disse S. João “há pecado que não leva à morte”, isto é, que não é grave. Este tipo de pecado a Igreja chama de venial. O pecado venial não priva o pecador da vida eterna, pois “não leva à morte”, porém ele gera um apego ao pecado, o que é algo prejudicial. A este apego todos nós devemos ficar livres, pois no céu não entra o pecado (Ap 3,5; 7,9.13-14; 21,10-11.27; 22,14).


Se o pecado venial não priva o pecador da vida eterna (não o condena ao inferno), porém no céu só entra quem estiver com a alma perfeita (cf. Hb 12,21-24; Sl 14(13)), significa que a pena associada ao pecado venial é temporária, isto é quem morre tendo o perdão dos pecados graves poderá ir para o céu, porém, terá que pagar a pena temporal de seus pecados veniais e pagará esta pena até o último centavo (cf. Mt 5,25-26). A pena temporal do pecado normalmente é paga após a morte (cf. Mt 12,32) no estado de purgatório (1Cor 3,10-15) (1). Porém, o justo poderá estar livre de tais penas através do que a Igreja chama de indulgências. A Escritura ensina que Deus é indulgente com os homens (cf Jl 2,13). As indulgências nada mais são do que o perdão da pena temporal do pecado. Logo, só pode receber indulgências quem JÁ ESTÁ SALVO, isto é, quem não estiver privado da vida eterna. Conseqüentemente é um erro grave dizer que indulgência é salvação. Se as penas temporais do pecado servem para terminar a obra de reparação do velho homem no novo homem, estará isento de tais penas aquele que na vida terrena já procurar tal reparação, que só pode se dar através de obras de piedade. Com efeito, lemos no provérbio “O ódio desperta rixas; a caridade, porém, supre todas as faltas” (Pr 10,12). Cristo também confirma o valor que as obras de piedade possuem para suprir “todas as faltas” (cf. Mt 6,2-18; Mc 9,41; Lc 11,41). Ver ainda 1Pd 4,8; At 10,3-4; 10,31. Por isso que na antiguidade cristã, depois que o fiel confessava o seu pecado ao sacerdote, este lhe conferia alguma penitência, isto é, uma prática que serviria para reparar a pena temporal do pecado, já que a pena eterna já havia sido concedida pelo sacramento da confissão. Depois de cumprida a penitência, a indulgência era concedida pela Igreja, pois ela dispõe de todos os tesouros espirituais de Cristo e dos Santos, podendo dispensá-lo aos demais fiéis, já que todos somos membros uns dos outros e o bem feito a um afeta o outro (cf. Ef 4,25; 1Cor 6,15; 12,12.26). O problema é que nem todas as pessoas eram capazes de praticar uma penitência, principalmente os deficientes físicos e os idosos. Por isso, a Igreja a partir do séc. XI (e não XII como sugere o autor da pergunta) permitiu que estas pessoas pudessem receber indulgências. Para isso, deveriam como todas as outras confessar


seus pecados, depois a indulgência seria concedida mediante ajuda financeira para obras da Igreja ou para os pobres, visto que tal ajuda também era obra de caridade. Como se vê isso é bem diverso do que vender salvação ou vender perdão dos pecados. Claro que tal prática sofreu diversos abusos não queridos pela Igreja. Tal modalidade de concessão de indulgência foi cancelada pelo Concílio de Trento no séc. XVI, por causa dos abusos. Como é bem sabido, é próprio do homem distorcer algo que foi estabelecido para o bem de muitos. Será que um protestante acha que está comprando sua salvação quando ajuda financeiramente a sua seita? Claro que não, ao contrário, pensará que está colaborando com a obra de Deus e que isso lhe será imputado como justiça. Então por que distorcer as coisas quando se trata do Catolicismo? Dizer que a Igreja vendeu indulgências é o mesmo que dizer que Deus também as vendeu mediante o pagamento de esmolas aos pobres ou o financiamento de outras obras de caridade. Para saber mais sobre a doutrina das indulgências, recomendamos a leitura da Encíclica Indulgentiarum Doctrina, do Papa Paulo VI (2). Pregação, Martírio e Espiscopado de São Pedro em Roma


Como a verdade é única e imutável, assim como ninguém pode apagar a história, afim de desmentir aqueles que negam a vida do Santo Apóstolo Pedro em Roma, seu episcopado e martírio nesta cidade, vale a pena sempre recordar a memória cristã afim de combater o erro.

São Pedro pregou em Roma

"Lancemos os olhos sobre os excelentes apóstolos: Pedro foi para a glória que lhe era devida; e foi em razão da inveja e da discórdia que Paulo mostrou o preço da paciência: depois de ter ensinado a justiça ao mundo inteiro e ter atingido os confins do Ocidente, deu testemunho perante aqueles que governavam e, desta forma, deixou o mundo e foi para o lugar santo. A esses homens [...] juntou-se grande multidão de eleitos que, em conseqüência da inveja, padeceram muitos ultrajes e torturas, deixando entre nós magnífico exemplo." (São Clemente Bispo de Roma, ano 96, Carta aos Coríntios, 5,3-7; 6,1). Clemente o 3º Bispo de Roma após Pedro, dá testemunho do belíssimo exemplo que o Apóstolo deixou entre os cidadãos Romanos.

"Não é como Pedro e Paulo que eu vos dou ordens; eles foram apóstolos, eu não sou senão um condenado" (Santo Inácio Bispo de Antioquia - Carta aos Romanos 4,3 - 107 d.C). Se Pedro não esteve em Roma, qual é o sentido destas palavras de Inácio de Antioquia?

"Assim, Mateus publicou entre os hebreus, na língua deles, o escrito dos Evangelhos, quando Pedro e Paulo evangelizavam em Roma e aí fundavam a Igreja." (Santo Ireneu Bispo de Lião - Contra as Heresias,III,1,1 - 180 d.C).


"Logo depois, o supracitado mágico [Simão], com os olhos do espírito impressionados por uma luz divina e extraordinária, após ter sido convencido de suas insídias [cf. At 8,18-23] pelo apóstolo Pedro, na Judéia, empreendeu uma longa viagem além-mar. Fugiu do Oriente para o Ocidente, julgando que, somente ali, poderia viver de acordo com suas convicções. Veio para Roma, onde fo bastante coadjuvado pela potëncia ali bem estabelecida [cf. Ap 17], e em pouco tempo sua iniciativas tiveram êxito, pois foi honrado como um deus pelo povo da região, com a ereção de uma estátua. Mas estas coisas pouco duraram. Imediatamente depois, ainda no começo do império de Cláudio, a Providência universal, boníssima e cheia de amor aos homens, conduziu mão a Roma, qual adversário deste destruidor da vida, o valoroso e grande apóstolo Pedro, o primeiro dentre todos pela virtude. Autêntico general de Deus, munido de armas divinas [cf. Ef 6,14-17; 1Ts 5,8], trazia do Oriente ao Ocidente a preciosa mercadoria da luz inteligível, e anunciava, como a própria luz [cf. Jo 1,9] e palavra da salvação para as almas, a boa nova do reino dos céus" (Eusébio de Cesaréia - HE,III,14,4-6 - 317 d.C)

"Sob Cláudio [Imperador], Fílon [quande estoriador judeu] em Roma relacionou-se com Pedro, que então pregava aos seus habitantes." (Eusébio de Cesaréia - HE II,17,1 - 317 d.C)

São Pedro foi Bispo de Roma

Eusébio de Cesaréia, narrando sobre a primeira sucessão Apostólica em Roma escreve: "Depois do martírio de Pedro e Paulo, o primeiro a obter o episcopado na Igreja de Roma foi Lino. Paulo, ao escrever de Roma a Timóteo, cita-o na saudação final da carta [cf. 2Tm 4,21]." (Eusébio Bispo de Cesaréia - HE,III,2 - 317 d.C).

"[...]quanto a Lino, cuja presença junto dele [do Apóstolo Paulo] em Roma foi registrada na 2ª carta a Timóteo [cf. 2Tm 4,21], depois de Pedro foi o primeiro a obter ali o episcopado, conforme


mencionamos mais acima." (Eusébio Bispo de Cesaréia - HE,IV,8 317 d.C).

"[...]Alexandre recebeu o episcopado em Roma, sendo o quinto na sucessão de Pedro e Paulo" (Eusébio Bispo de Cesaréia - HE,IV,1 317 d.C).

São Pedro sofreu o martírio em Roma

"Tendo vindo ambos a Corinto, os dois apóstolos Pedro e Paulo nos formaram na doutrina evangélica. A seguir, indo para a Itália, eles vos transmitiram os mesmos ensinamentos e, por fim, sofreram o martírio simultaneamente" (Dionísio de Corinto, ano 170, extrato de uma de suas cartas aos Romanos conforme fragmento conservado na HE II,25,8).

"Eu, porém, posso mostrar o troféu dos Apóstolos [Pedro e Paulo]. Se, pois, quereis ir ao Vaticano ou à Via Ostiense, encontrarás os troféus dos fundadores desta Igreja" (Discurso contra Probo - Caio presbítero de Roma, + ou - 199 d.C). Eusébio também trata deste escrito em HE II,25,7. "Pedro, finalmente tendo ido para Roma, lá foi crucificado de cabeça para baixo" (Orígenes, +253, conforme fragmento conservado na HE, III,1).

"Quando Nero viu consolidado seu poder, começou a empreender ações ímpias e muniu-se contra o culto do Deus do universo. [...] Foi também ele, o primeiro de todos os figadais inimigos de Deus, que teve a presunção de matar os apóstolos. Com efeito, conta-se que sob seu reinado Paulo foi decapitado em Roma. E ali igualmente Pedro foi crucificado [cf. Jo 21,18-19; 2Pd 1,14]. Confirmam tal asserção os nomes de Pedro e de Paulo, até hoje atribuídos aos cemitérios da cidade." (Eusébio Bispo de Cesaréia HE,II,25,1-5 - 317 d.C).

"Pedro, contudo, parece ter pregado aos judeus da Diáspora, no Ponto, na Galácia, na Bitínia, na Capadócia e na Ásia [cf. 1Pd 1,1),


e finalmente foi para Roma, onde foi crucificado de cabeça para baixo, conforme ele mesmo desejara sofrer." (Eusébio Bispo de Cesaréia - HE III,2 - 317 d.C).

Conclusão

Como podemos ver na grande maioria das vezes, é a falta de memória cristã o grande nascedouro das heresias cristãs. Pedro não só esteve em Roma, como foi Bispo daquela cidade e lá juntamente com São Paulo recebe a coroa do martírio. E é de Roma que ele escreve sua primeira epístola (cf. 1Pd 5,13), onde Babilônia é o codinome para a cidade de Roma, devido à grande semelhança entre as duas cidades quanto à idolatria e perversão. Protestante pergunta sobre Infabilidade Papal QUA, 03 DE OUTUBRO DE 2007 00:00 ALESSANDRO LIMA Sabemos que "todos pecaram" conforme diz as escrituras. De que local da palavra de Deus se obtém a infabilidade papal. Ora, se todos pecaram, os papas também pecam, se pecam, logo são falhos! Explica-nos "Infalibilidade dos Papas, 1870 D.C." usando a palavra de Deus. Juízo temerário é falar e proferir opiniões sobre algo que não se conhece. Infelizmente os protestantes são mestres nesta prática que não vem de Deus. infalibilidade Papal não é sinônimo de Impecabilidade Papal. Dizer que o Papa não erra quando ensina sobre Fé e Moral a toda Igreja, não é dizer que ele não peca. Deus quer que todos conheçam a Verdade, que é anunciada aos homens pela pregação e pelo ensino. Logo, quem prega e quem ensina a Verdade não pode errar, não pode ensinar o erro, pois então já não ensinaria a Verdade mas a Mentira. Por isso Deus desde tempos remotos instituiu Seu Magistério através de pessoas autorizadas, que gozando de um carisma especial, anunciariam a Verdade sem defeito, sem mancha, sem ruga, sem mácula. A autoridade do Magistério foi dada primeiro a Moisés, depois aos Levitas e anciãos de Israel (cf. Deut 31,9-13). Também foi dada aos Reis (cf. 2 Cr 34,30). Como se vê não cabia ao povo ler e pedir a


Deus entendimento da Escritura, pois seu autoridade não há unidade. No tempo de Cristo, o Magistério era exercido pelos escribas e fariseus: "Dirigindo-se, então, Jesus à multidão e aos seus discípulos, disse: Os escribas e os fariseus sentaram-se na cadeira de Moisés. Observai e fazei tudo o que eles dizem, mas não façais como eles, pois dizem e não fazem" (Mt 23,1-3). Em Mt 15,1-9, Cristo ensina que os fariseus adulteravam a doutrina de Deus. Estaria Cristo entrando em contradição? Claro que não. Os fariseus não ensinavam sua própria tradição na sinagoga, mas em círculos mais amistosos, como nas casas das viúvas (cf. Mt 23,14). Era Moisés impecável? Não pecaram também os levitas e anciãos? E também os Reis? Não pecavam também os fariseus e escribas? Entretanto, todos eles, como exerciam o legítimo Magistério de Deus, eram mestres da Fé, e como tal não ensinavam o erro. Pois Deus, não se engana e nem pode nos enganar. Ora, se tal proteção divina era garantida desde o Antigo Testamento, será que esta infalibilidade não será mais plena no Novo Testamento? Jesus prometeu que Sua Igreja jamais ensinaria o erro, afirmando que as portas do inferno jamais prevaleceriam sobre Ela (cf Mt 16,18). O Salvador disse isto após conferir a S. Pedro as Chaves do Reino do Céu, o poder de ligar e desligar, o poder de definir e julgar o que é certo e errado. Vejamos a citação completa: "E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus" (Mt 16,18-19). Como é claro no testemunho bíblico Jesus não deu esta autoridade a todos os crentes, mas somente a Pedro, pois Ele como chefe de toda Igreja deveria confirmar seus irmãos na Verdade: "Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos peneirar como o trigo; mas eu roguei por ti, para que a tua confiança não desfaleça; e tu, por tua vez, confirma os teus irmãos" (Lc 22,31-32). Logo, a autoridade Petrina é fonte de toda autoridade e unidade na Igreja de Deus. Pois a Pedro foi dado o poder de dar a última palavra (“confirma os teus irmãos”). Logo, quando Pedro se pronuncia não há mais um ou duas palavras na Igreja, mas uma só. Ora, sem autoridade não há unidade. Por isso que no protestantismo existem mais de 50.000 doutrinas diferentes, todos se dizendo guiados pelo Espírito Santo, com a mesma Bíblia incompleta e ninguém se entende. Cada denominação protestante


tem sua própria doutrina, contrariado a característica da Verdadeira Igreja: "Sede solícitos em conservar a unidade do Espírito no vínculo da paz. Sede um só corpo e um só espírito, assim como fostes chamados pela vossa vocação a uma só esperança. Há um só Senhor, uma só fé, um só batismo" (Ef 4,3-5). Conseqüentemente Pedro não pode ensinar o erro aos fiéis. Quando ensina sobre Fé e Moral a toda Igreja, goza de um carisma especial dado por Cristo, pois a Igreja sendo coluna e fundamento da Verdade (cf. 1Tm 3,15), não pode ensinar o erro jamais. No protestantismo, cada crente é seu próprio mestre da Fé. Cada crente é infalível, pois crê que lendo a Escritura a entende perfeitamente. Ora, se há tantos infalíveis no protestantismo, porque não concordam nas questões mais simples? Por quê cada denominação protestante tem sua própria doutrina totalmente diversa de outra denominação? Ora, uma igreja que suporta vários “infalíveis” que não se entendem, não possui “um só Senhor, uma só fé, um só batismo" (Ef 4,5); nem pode ser “coluna e fundamento da verdade” (cf. 1Tm 3,15). As Chaves do Reino foram dadas a S. Pedro e não aos fundadores de denominações protestantes. O dogma da infalibilidade papal que foi declarado no Concílio do Vatiano I (1869-1870), não é uma invenção do século XIX, mas apenas uma confirmação do que sempre foi crido na Igreja. Desde os tempos da Igreja nascente, os Papas eram considerados mestres da Fé, cuja doutrina deveria era confiável e deveria ser acatada. Em 90 d.C S. Clemente de Roma, o quarto Papa da Igreja, escreve uma carta aos cristãos de Corinto, intervindo no caso de deposição do Bispo e dos presbíteros. A paz voltou àquela comunidade após o recebimento da carta do Papa com exortações e ordens (1). Em 108 d.C S. Inácio de Antioquia (discípulo pessoal de S. Pedro e S. Paulo) escrevendo uma carta à Igreja de Roma declara: "Nunca tiveste inveja de ninguém; ensinastes a outros. Quanto a mim, desejo guardar aquilo que ensinais e preceituais" (2). Em 202 d.C S. Ireneu (discípulo pessoal de S. Policarpo, este discípulo pessoal de S. João) escreveu: "Já que seria demasiado longo enumerar os sucessores dos Apóstolos em todas as comunidades, nos ocuparemos somente com uma destas: a maior e a mais antiga, conhecida por todos, fundada e constituída pelos dois gloriosíssimos apóstolos Pedro e Paulo. Mostraremos que a tradição apostólica que ela guarda e a fé que ela comunicou aos homens chegaram até nós através da sucessão regular dos bispos,


confundindo assim todos aqueles que querem procurar a verdade onde ela não pode ser encontrada. Com esta comunidade, de fato, dada a sua autoridade superior, é necessário que esteja de acordo toda comunidade, isto é, os fiéis do mundo inteiro; nela sempre foi conservada a tradição dos apóstolos" (3). Em 258 d.C S. Cripriano escreve: "A cátedra de Roma é a cátedra de Pedro, a Igreja principal, de onde se origina a unidade sacerdotal" (Cipriano, +258, Epístola 55,14). Em 347 o Papa Júlio I envia uma carta aos cristãos de Antioquia onde lemos: “Se de todo, como dizeis, houve uma certa falta em relação a eles [bispos de Alexandria], o juízo deveria acontecer segundo o cânon eclesiástico e não desse modo. Deveria haver-se escrito a todos nós, para que fosse assim estabelecido por todos o que é justo. Os afetados, na verdade eram bispos, e as Igrejas afetadas não eram quaisquer, mas aquelas que os próprios apóstolos dirigiram pessoalmente. Por que motivo, principalmente no tocante à Igreja de Alexandria, não foi escrito a nós? Por acaso ignorais que o costume era este: que se escreva primeiro a nós e daí venha a ser estabelecido o que é justo? Se portanto se suspeitava alguma coisa do gênero a respeito do bispo de lá, deveria haver-se escrito à Igreja daqui” (4). Se o Papa não fosse considerado conforme o antigo costume, Mestre da Fé, infalível e com primado de jurisdição sobre toda Igreja, sua carta aos cristãos de Antioquia não faria o menor sentido. Um Concílio regional realizado em 343 na Sérdica, também faz referência à autoridade infalível do Papa Júlio I: “Se porém, aparecer que um dos bispos em determinada causa tenha sido condenado, e ele estiver convencido de ter não uma causa débil, porém justa, de modo que o veredicto possa ainda ser renovado, se parecer bem à vossa caridade, honremos a memória do Apóstolo Pedro, e escreva-se por parte daqueles que julgaram, a Júlio, o bispo de Roma, para que, se necessário, os bispos vizinhos daquela província renovem o julgamento, e que ele designe os árbitros” (5). Em 385 o Papa Siríco envia uma carta ao bispo Himério de Tarragona, onde lemos: “(Proêmio,1) Não negamos a resposta correspondente à tua consulta, já que, em consideração ao nosso ministério, não podemos dissimular nem temos liberdade de calar, pois que nos incumbe, mais do que a todos, o zelo pela religião cristã. Levamos o peso de todos os que estão sobrecarregados; mais ainda, leva-o conosco o bem-aventurado apóstolo Pedro, que em tudo, conforme acreditamos, nos protege e defende enquanto herdeiros de seu ministério...


(Cap 15,20) Agora sempre mais estimulamos a disposição de ânimo de Tua Fraternidade a observar os cânones e a manter os decretos estabelecidos, no sentido, de que, quanto temos dado por resposta á tua consulta, tu o faças chegar ao conhecimento de todos os nossos coepíscopos, e não só dos que estão constituídos em tua diocese; mas também a todos os bispos cartagineses e béticos, lusitanos e galícios, ou seja, aos bispos das províncias vizinhas da tua, seja mandado, acompanhando uma carta tua, tudo quanto por Nós em salutar disposição foi estabelecido. E, se bem que a nenhum sacerdote do Senhor seja permitido ignorar as decisões da Sé Apostólica ou as veneráveis disposições dos cânones, todavia poderá ser bastante útil e, em consideração à longevidade do teu sacerdócio, rica fonte de glória para teu amor, se aquelas coisas de natureza geral que foram escritas particularmente para ti, por causa de tua solicitude pela unidade, sejam levadas ao conhecimento de todos os nossos irmãos: obtemos assim, de um lado, que permaneçam incorruptas aquelas coisas que, não desconsideradamente, mas com previsão, com máxima prudência e ponderação, foram salutarmente estabelecidas por Nós; de outro, que a todas as futuras escusas se feche o acesso que, junto a Nós, a ninguém mais poderá ficar aberto” (6). Além do Papa ser sempre procurado como mestre da Fé para toda a Igreja, um outro fato interessante que confirma a Fé na infalibilidade papal pelos primeiros cristãs é que nenhum concílio poderia ter seus decretos ensinados aos fiéis, antes que fossem aprovados pelo Papa. Os testemunhos primitivos sobre a infalibilidade e o primado do Papa são inúmeros. Só não conhece a Verdade quem não quer. Antes de farem júizos sobre o dogma da infalibilidade Papal, deveriam estudar a matéria (7). Se desconhecem doutrinas simples como esta, como podem se julgar sábios em relação ao que ensina a Escritura? Enquanto das comunidades protestantes defendem o aborto, o divórcio, o sexo antes do casamento e outras aberrações, a Igreja Católica é atacada pela mídia por defender os valores morais, principalmente aqueles ligados à família e à dignidade humana. E nem poderia ser diferente, pois Jesus prometeu que as portas do inferno jamais prevaleceriam contra a Sua Igreja (cf. Mt 16,18). Fico eu com a Doutrina de Sempre, conforme sempre foi crida pelos primeiros cristãos a ficar com a metamorfose ambulante da doutrina dos “infalíveis” protestantes. Nota


(1) Primeira Carta de S. Clemente aos coríntios. Disponível emhttp://cocp.veritatis.com.br/fixas/1corintios.htm. (2) S. Inácio aos Romanos 3,1. Disponível emhttp://cocp.veritatis.com.br/fixas/epistroma.htm. (3) IRENEU, Santo, Bispo de Lião. Contra as Heresias. Tradução Lourenço Costa. São Paulo: Paulus, 1998 (Patrística, 4). Pg 249250. (4) DEZINGER, 132. Compêndio dos símbolos, definições e declarações de fé e moral. Traduzido, com base na 40ª edição alemã (2005), aos cuidados de Peter Hünermann, por José Marino Luz e Johan Koning. São Paulo: Paulinas e Editora Loyola, 2007. Pg 53. (5) Ibidem, 133. Pg 55. (6) Ibidem, 181-182. Pg 72-73. Colaboramos ou não para nossa salvação? QUI, 17 DE NOVEMBRO DE 2011 13:11 ALESSANDRO LIMA Vimos que Deus nos salva, isto é, nos recupera para sermos santos, fiéis cumpridores de Sua vontade. É para esta santificação que a Sua Graça nos é concedia por meio da Fé em Jesus Cristo. Esta ação da Graça de Deus O faz real salvador do homem. Vimos que Deus nos salva, isto é, nos recupera para sermos santos,fiéis cumpridores de Sua vontade. É para esta santificação que a Sua Graça nos é concedia por meio da Fé em Jesus Cristo. Esta ação da Graça de Deus O faz real salvador do homem.

Um médico que aceita receber um doente e diz a ele “você não está mais doente” sem tê-lo curado realmente não foi médico para aquele doente. Ainda, um mecânico que aceite receber um carro cheio de problemas, não foi mecânico se não tiver concertado o que havia de errado no carro.

O médico que cura o doente o faz esperando que ele viva uma vida saudável. Nenhum médico visa a plena saúde do enfermo para que este se entregue a uma vida desregrada. Também o mecânico quando concerta um carro, visa o seu bom funcionamento na mão


de seu dono. Por isso que S. Paulo disse que o justo é obra de Deus para as boas obras (cf. Ef 2,10).

Conseqüentemente aquele que tem fé em Jesus Cristo e recebeu a Graça de Deus para cumprir as boas obras da Lei e não as cumpre, não pode ser considerado justo, mas culpado. Isso podemos testificar na carta de S. Paulo aos Romanos: "Porque diante de Deus não são justos os que ouvem a lei, mas serão tidos por justos os que praticam a lei" (Rm 2,13).

A Graça de Deus não tolhe o livre-arbítrio do homem, isto é, ela não age no homem de forma imperativa. A ação regeneradora da Graça, isto é, santificante, ajuda a vontade humana a cumprir a vontade de Deus, para que o homem querendo fazer o bem possa realmente fazê-lo, mas pelo ato livre de sua vontade. Por isso dizemos que a Graça não elimina a liberdade da vontade, mas a torna realmente livre.

Portanto, se o cumprimento da Lei depende da livre vontade do homem (ajudada pela Graça), este pode ou não colaborar para a sua justificação (6).

Justo é aquele que cumpre a Lei Nesta disposição das coisas percebemos a sabedoria de Deus. Se a justificação dependesse somente do homem e não também da Graça que é concedida mediante a Fé em Jesus Cristo, o homem poderia gloriar-se de si mesmo e Deus não seria seu salvador. Se a Graça age de forma imperativa no homem, aqueles que não creram poderiam dizer que não são culpados, pois Deus não lhes concedeu a Graça de crer e cumprir a Sua justiça. Porém, a Sua Graça Deus concede a todos e esta respeita a livre escolha de cada um.

Devemos lembrar que a Graça não santifica totalmente o homem de uma ora para outra, esta regeneração é gradativa, “nosso interior renova-se de dia para dia" (cf. 2Cor 4,16).


Como vimos é justo aquele que cumpre a Lei (cf. Rm 2,13), não somente aquele que crê. A colaboração do homem para a sua justificação é ainda mais clara aqui:

"A circuncisão, em verdade, é proveitosa se guardares a lei. Mas, se fores transgressor da lei, serás, com tua circuncisão, um mero incircunciso. Se, portanto, o incircunciso observa os preceitos da lei, não será ele considerado como circunciso, apesar de sua incircuncisão? Ainda mais, o incircunciso de nascimento, cumprindo a lei, te julgará que, com a letra e com a circuncisão, és transgressor da lei. Não é verdadeiro judeu o que o é exteriormente, nem verdadeira circuncisão a que aparece exteriormente na carne. Mas é judeu o que o é interiormente, e verdadeira circuncisão é a do coração, segundo o espírito da lei, e não segundo a letra. Tal judeu recebe o louvor não dos homens, e sim de Deus" (Rm 2,2529)

Lembremos que esta colaboração só se dá com verdadeira liberdade da vontade, o que depende da Graça de Deus e não dos méritos próprios do homem (para que este não se glorie).

A Graça nos regenera e renova pela ação do Espírito Santo. É através do Espírito Santo que somos revestidos pela Glória de Deus, ação esta que nos devolve a dignidade perdida no Éden. É isto que S. Paulo ensina a seu discípulo Tito:

"[Somos justificados] E, não por causa de obras de justiça que tivéssemos praticado, mas unicamente em virtude de sua misericórdia, ele [Cristo] nos salvou mediante o batismo da regeneração e renovação, pelo Espírito Santo" (Tito 3,5).


Alguém poderia pensar que S. Paulo esteja eliminando até mesmo as obras realizadas com a ajuda da Graça. Veja que o Apóstolo usa o verbo no passado (“tivéssemos praticado”), fazendo referência às obras praticadas antes da Fé. Devemos lembrar que o próprio apóstolo diz que ninguém é justo se não praticar as obras da Lei (cf. Rm 2,13.25-29). Vejamos agora um interessante trecho da carta de S. Tiago:

“Crês que há um só Deus. Fazes bem. Também os demônios crêem e tremem. Queres ver, ó homem vão, como a fé sem obras é estéril? Abraão, nosso pai, não foi justificado pelas obras, oferecendo o seu filho Isaac sobre o altar? Vês como a fé cooperava com as suas obras e era completada por elas. Assim se cumpriu a Escritura, que diz: Abraão creu em Deus e isto lhe foi tido em conta de justiça, e foi chamado amigo de Deus (Gn 15,6)". (Tg 2,19-22) (grifos meus).

Aqui também as obras a que S. Tiago se refere são as obras motivadas pela fé, e não as obras antes da fé. Isto atestamos nas palavras “vês como a fé cooperava com as SUAS OBRAS e era completada por elas”.

A mesma catequese é confirmada por S. João: "Mas aquele que pratica a verdade, vem para a luz. Torna-se assim claro que as suas obras são feitas em Deus" (Jo 3,21).

A Graça nos encaminha à salvação na Fé em Jesus Cristo concedendo à natureza humana o poder de cumprir a Lei. Por isso mais uma vez ensinou S. Paulo: "Poderoso é Deus para cumularvos com toda a espécie de benefícios, para que tendo sempre e em todas as coisas o necessário, vos sobre ainda muito para toda espécie de boas obras" (2Cor 9,8). Ainda em Hebreus: "Olhemos


uns pelos outros para estímulo à caridade e às boas obras" (Hb 10,24).

Por isso Cristo se manifestou, porque sem Ele a Graça não viria e as obras da carne não seriam destruídas. É o que nos ensina S. João: "Aquele que peca é do demônio, porque o demônio peca desde o princípio. Eis por que o Filho de Deus se manifestou: para destruir as obras do demônio" (1Jo 3,8).

Vê-se desta forma que as obras da Fé fortalecem a Fé, colaborando para a salvação. Não que tenhamos que completar alguma coisa ao Sacrifício de Cristo, mas a porta do céu aberta pela morte e ressurreição do Senhor, espera que o homem por sua livre-vontade e colaboração (auxiliadas pela Graça) queira nela adentrar. É desta forma que a nossa salvação também depende de nós.

Ora, se somos obras de Deus criados para a prática das boas obras (Ef 2,10) e só é justo quem for cumpridor da Lei (cf. Rm 2,13.2529), conseqüentemente Deus nos julgará por nossas obras na fé, pois são elas que dão testemunho de nossa fé em Jesus Cristo (cf. Tg 2,19-22).

O Juízo de Deus Certa vez Nosso Senhor disse: "Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor. Todo ramo que não der fruto em mim, ele o cortará; e podará todo o que der fruto, para que produza mais fruto" (Jo 15,1-2).

As palavras acima são fabulosas, pois nelas se encontra o centro da teologia da Graça e da Justificação. Elas ensinam que os cristãos dão frutos por estarem ligados a Cristo. Como já vimos é a Graça do Espírito Santo que possibilita


esta ligação, pois sem ela ninguém é cumpridor da vontade de Deus. Também ensinam que “todo ramo que não der fruto [em Cristo][...] ele o cortará”.

Ainda: "O machado já está posto à raiz das árvores. E toda árvore que não der fruto bom será cortada e lançada ao fogo" (Lc 3,9).

Ora, isto mostra o que é avaliado por Deus para condenar ou salvar alguém: as suas obras motivadas pela Fé em Cristo.

Como se vê isto não tem nada a ver com uma “doutrina do galardão” (cf. Lc 6,23), muito difundida entre os protestantes, onde Deus recompensará uns e outros conforme o que receberam e fizeram. Com efeito, os salvos serão recompensados segundo suas obras (cf. Mt 16,27; Ap 22,12). Porém, TODOS serão julgados conforme as obras que fizeram (cf. Mt 25; Lc 12,36-59).

Neste contexto Deus agirá como alguém que premia atletas. Nem todos os competidores serão considerados vencedores, tudo dependerá da forma como correram. Porém, os vencedores são premiados conforme sua vitória (medalha de ouro, prata ou bronze).

O fato do organizador da prova recompensar na justa medida os vencedores (galardão), não significa que todos que aceitaram correr serão vencedores (salvação).

Por isso S. Paulo ensinou: "Assim, eu corro, mas não sem rumo certo. Dou golpes, mas não no ar. Ao contrário, castigo o meu corpo


e o mantenho em servidão, de medo de vir eu mesmo a ser excluído depois de eu ter pregado aos outros" (1Cor 9,26-27) (7).

O Apóstolo também sabia que o juízo de Deus se daria conforme as obras na fé em Cristo:

"Mas, pela tua obstinação e coração impenitente, vais acumulando ira contra ti, para o dia da cólera e da revelação do justo juízo de Deus, que retribuirá a cada um segundo as suas obras: a vida eterna aos que, perseverando em fazer o bem, buscam a glória, a honra e a imortalidade; mas ira e indignação aos contumazes, rebeldes à verdade e seguidores do mal" (Rm 2,5-8) (grifos meus). S. João também confirma este ensinamento:

"Se invocais como Pai aquele que, sem distinção de pessoas, julga cada um segundo as suas obras, vivei com temor durante o tempo da vossa peregrinação" (1Pd 1,17) (grifos meus). O próprio Senhor confirma no Apocalipse:

"Vi os mortos, grandes e pequenos, de pé, diante do trono. Abriramse livros, e ainda outro livro, que é o livro da vida. E os mortos foram julgados conforme o que estava escrito nesse livro,segundo as suas obras. O mar restituiu os mortos que nele estavam. Do mesmo modo, a morte e a morada subterrânea. Cada um foi julgado segundo as suas obras" (Ap 20,12-13) (grifos meus).

"Farei perecer pela peste os seus filhos, e todas as igrejas hão de saber que eu sou aquele que sonda os rins e os corações, porque darei a cada um de vós segundo as suas obras" (Ap 2,23) (grifos meus).


Como se vê é claríssimo na Escritura a catequese sobre o juízo de Deus, que avalia as obras de cada um.

Logo a única garantia que podemos ter de nossa salvação é a perseverança na Graça de Deus. Com efeito, também disse o Senhor: "Então ao vencedor, ao que praticar minhas obras até o fim, dar-lhe-ei poder sobre as nações pagãs" (Ap 2,26) (grifos meus).

Desta forma, “Vedes como o homem é justificado pelas obras e não somente pela fé? Do mesmo modo Raab, a meretriz, não foi ela justificada pelas obras, por ter recebido os mensageiros e os ter feito sair por outro caminho? Assim como o corpo sem a alma é morto, assim também a fé sem obras é morta" (Tg 2,19-26) (grifos meus).

Penso que já termos repostas suficientes às últimas perguntas: 2) a salvação do crente depende ou não de seu testemunho de vida? 3) o crente pode ou não perder a sua salvação?

Se você ainda tem dúvida, S. Tiago ainda tem uma palavra para você: "De que aproveitará, irmãos, a alguém dizer que tem fé, se não tiver obras? Acaso esta fé poderá salvá-lo?" (Tg 2,14).

Notas (6) O termo “justificação” pode ser usado em dois sentidos. O primeiro é quando Deus perdoando os pecados do homem o declara seu amigo, isto é, justo. O outro é quando o homem já se


encontra salvo, isto é, quando a justiça de Deus lhe alcançou. É neste último sentido que o termo é aqui empregado.

(7) Alguns dizem que S. Paulo se refere aqui não à sua salvação, mas ao seu ministério. Porém no verso 25 ele mostra o alvo da corrida - "uma coroa incorruptível" – forte alusão à salvação, conforme atestamos também em Ap 2,10.

Fragmento da obra "A Fé, a Graça, as Obras e a Salvação" publicada como ebook pelo Apostolado Veritatis Splendor, de autoria de Alessandro Lima*.

* O autor é arquiteto de software, professor, escritor, articulista e fundador do Apostolado Veritatis Splendor. Leitora pergunta se devemos ter certeza da salvação Pergunta Gostaria por meio desta de esclarecer uma dúvida surgida de uma conversa com uma conhecida da Igreja Batista. Ela perguntou-me se eu tinha certeza da minha salvação, quando eu morresse. Respondi que nao tinha certeza da salvação, pois em minha opinião nós dependemos da misericórdia de Deus. Então ela me leu Efésios 2,8: " Porque e pela graca que fostes SALVO ". Não consegui explicar se nós estamos ou não salvos, porque segundo os protestantes basta aceitar JESUS que os pecados estão perdoados. E viver a santificaçao e os pecados futuros como fica? Não são mais levados em conta? Agradeço a ajuda, C. Resposta Prezada C. a Paz de Cristo! Essa doutrina protestante de que "uma vez salvo sempre salvo" não está de acordo com a Sagrada Escritura que eles tanto dizem que seguem. Temos que dar testemunho de nossa fé com as nossas obras. São elas que mostram se realmente nos convertemos, se realmente


estamos nos esforçando para levar uma vida santa. Por isso São Tiago dizia que a fé sem obras é morta em si mesma: "Queres ver, ó homem vão, como a fé sem obras é estéril? Abraão, nosso pai, não foi justificado pelas obras, oferecendo o seu filho Isaac sobre o altar? Vês como a fé cooperava com as suas obras e era completada por elas." (Tg 2,20-22). Isso não quer dizer que somos salvos pelas nossas obras, esta é a grande confusão que os protestantes fazem quando se deparam com a doutrina Católica sobre as obras. Nem o Apóstolo Paulo estava seguro de sua salvação veja: "Ao contrário, castigo o meu corpo e o mantenho em servidão, de medo de vir eu mesmo a ser excluído depois de eu ter pregado aos outros" (1 coríntios 9,27) "Com a esperança de conseguir a ressurreição dentre os mortos não pretendo dizer que já alcancei (esta meta) e que cheguei à perfeição. Não. Mas eu me empenho em conquistá-la, uma vez que também eu fui conquistado por Jesus Cristo. Consciente de não têla ainda conquistado, só procuro isto: prescindindo do passado e atirando-me ao que resta para frente. Persigo o alvo, rumo ao prêmio celeste, ao qual Deus nos chama, em Jesus Cristo" (Filipenses 3,11-14) Como pode então os protestantes terem tanta certeza de sua salvação se nem o Grande Apóstolo Paulo o tinha e as Sagradas Escrituras dão testemunho disto? Paulo também ensinava que as pessoas não deveriam ter tanta certeza de sua salvação: "Considera, pois, a bondade e a severidade de Deus: severidade para com aqueles que caíram, bondade para contigo, suposto que permaneça fiel a essa bondade; do contrário, também tu serás cortada" (Romanos 11,22) "Não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo colheremos, se não relaxarmos" (Gálatas 6,9) Veja ainda estes outros exemplos da Sagrada Escritura:


"Enquanto, pois, subsiste a promessa de entrar no seu descanso, tenhamos cuidado em que ninguém de nós corra o risco de ser excluído" (Hebreus 4,1) Cristo nos ensina a sermos vigilantes veja Mt 25,1-13. Para que ser vigilantes se já estamos salvos? Para aqueles que acham que já estão salvos, muito cuidado!!! Termino aqui com as palavras de São Paulo: "Portanto, quem pensa estar de pé veja que não caia" (1 coríntios 10,12) Espero ter ajudado. Dia do Senhor: Sábado ou Domingo? Introdução Pelo fato dos primeiros cristãos terem vindo do judaísmo, desde os tempos apostólicos houve uma certa controvérsia no seio da Igreja Antiga, sobre quais normas dadas por Deus no AT deveriam ou não ser abolidas. A questão torna-se ainda mais grave pelo fato de que os cristãos oriundos do paganismo (gentilidade) são evangelizados sem tomarem conhecimento das observâncias mosaicas. Os primeiros conflitos tornaram-se inevitáveis, obrigando os apóstolos a se reunirem em Jerusalém para tratar de tal questão (At 15). Neste contexto qual deveria ser o Dia de Adoração a Deus? O Sábado conforme fora transmitido por Moisés e os Profetas, ou o Domingo, dia da Ressurreição? A Instituição do Dia de Adoração Todos sabem que no AT, o Senhor instituiu o Sábado como o Seu dia de adoração. Mas resta a pergunta: por que? Para entendermos o motivo deste mandamento divino, devemos responder às seguintes perguntas: 1) Por que Deus instituiu um dia para o Seu culto? 2) Por que o Sábado (Shabath) foi escolhido para ser este dia? A resposta para a primeira pergunta encontramos no livro do Deuteronômio, onde lemos: "Lembra-te de que foste escravo no


Egito, de onde a mão forte e o braço poderoso do teu Senhor te tirou. É por isso que o Senhor, teu Deus, te ordenou observasses o dia do sábado" (Dt 5,15). Como vemos a observância de um dia de adoração está relacionada à libertação que o Senhor proporcionou ao povo Hebreu, quando o tirou do cativeiro no Egito. Deus manifesta-se como o libertador de Seu povo, manifestando todo o Seu Poder e Glória, como verificamos no envio das pragas (cf. Ex 8;9;10;11) e depois ao separar o Mar Vermelho (cf. Ex 14,21-31) para que Israel pudesse finalmente se ver livre do julgo do Faraó. O Deus libertador é aquele que guia o Seu Povo à Terra Prometida. Devemos perceber aqui que a libertação promovida pelo Senhor da escravidão do Egito é prenúncio da libertação que Cristo posteriormente promoverá da escravidão do pecado, nos conduzindo à Jerusalém Celestial. Quanto à segunda pergunta, a resposta encontramos no livro do Êxodo: "Porque em seis dias o Senhor fez o céu, a terra, o mar e tudo o que contêm, e repousou no sétimo dia; e por isso o Senhor abençoou o dia de sábado e o consagrou" (Ex 20,11; cf. Gn 2,3). Por esta razão no dia da libertação, o homem também deveria livrar-se do trabalho secular (cf. Am 8,5; Ex 34,21; 35,3; Ez 22,8; Jr 17,19-27; Dt 5,12-14); no dia em que Deus manifestou o Seu Amor pelo povo, o povo também manifestaria o seu amor por Ele (Lv 23,3; Lv 24,8; 1Cr 9,32; Nm 28,9-10; Is 1,12s). Isto lembra as palavras de São João: ?Nós amamos, porque Deus nos amou primeiro? (1 Jo 4,19). Depois do que foi exposto, podemos identificar a dupla raiz da instituição do Dia de Adoração: 1) O dia da salvação do povo de Deus conforme Dt 5,15; 2) O dia da plenitude da criação cf. Ex 20,11; pois o Senhor cessou o seu trabalho (a criação do mundo) no sétimo dia, por que ele foi terminado no sexto dia. Deus não se cansa, caso contrário não seria Deus. O "descanso" ou "repouso" de Deus refere-se à cessão do Seu Divino trabalho. Shabath(Sábado) significa "cessão", "término de alguma atividade". Por isso, o Sétimo Dia também é o dia da Plenitude da Criação e não do "descanso" de Deus. Jesus, o Sábado e o Domingo


Com o passar do tempo, os Judeus deturparam a observância do Sábado. Eles se esqueceram das raízes espirituais desta divina observância, e se prenderam apenas à letra. Na época de Jesus, 39 tipos de trabalho eram proibidos. Entre eles colher espigas (cf. Mt 12,2), carregar fardos (Jo 5,10), etc. Os doentes só podiam ser atendidos em perigo iminente de morte, motivo pelo qual se opuseram a Jesus, que curava aos sábados (cf. Mt 12,9-13; Mc 3,1-5; Lc 6,6-10; 13,10-17; 14,1-6; Jo 5,1-16; 9,1416). O Senhor contra os fariseus afirmou: "O sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado" (Mc 2,27). Por isso, declarou que era o Senhor do Sábado (Mc 2,28) e foi incriminado pelos doutores da Lei (Jo 5,9), ao que respondeu que nada mais fazia senão imitar o Pai que, mesmo tendo cessado a criação do mundo, continuou a governá-lo e também aos homens (Jo 5,17). Alguns cristãos acreditam que neste momento Jesus estava abolindo a observância do Sábado. Os sabatistas contraargumentam dizendo que não; que Jesus estava era resgatando o sentido espiritual (a verdadeira raiz) desta divina observância. E neste ponto eles estão com toda razão. Entretanto, os sabatistas enganam-se em pensar que a divina observância do Dia de Adoração, estaria para sempre fixada no Sábado. Eles argumentam que o Sábado é perpétuo. Se isto fosse verdade, significaria que toda Lei Levítica (circuncisão, páscoa, incenso, sacerdócio, etc) também seria perpétua. Por exemplo, em Ex.12:14 está declarado que a páscoa terá de ser observada "por suas gerações" e "para sempre", exatamente como é dito sobre o Sábado. A oferta de incenso também é dita como perpétua (Ex.29:42). Lavagem de mãos e pés também (Ex.30:21). Quando o Senhor afirma que o Sábado é perpétuo, não está se referindo à fixação do sétimo dia como dia de Adoração, mas refere-se ao Seu acordo, à Sua fidelidade para com a humanidade. É o próprio Deus que através dos Profetas do AT anuncia que Seu Acordo se dará de uma nova forma: "Eis que os dias vêm, diz o Senhor, em que farei um pacto novo com a casa de Israel e com a casa de Judá, não conforme o pacto que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito, esse


meu pacto que eles invalidaram, apesar de eu os haver desposado, diz o Senhor. Mas este é o pacto que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei a minha lei no seu interior, e a escreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. E não ensinarão mais cada um a seu próximo, nem cada um a seu irmão, dizendo: Conhecei ao Senhor; porque todos me conhecerão, desde o menor deles até o maior, diz o Senhor; pois lhes perdoarei a sua iniqüidade, e não me lembrarei mais dos seus pecados" (Jr.31:31-34) (grifos meus). O pacto da Antiga Aliança seria substituído por um Novo, onde o primeiro foi apenas uma figura do segundo que é Eterno (cf. Hb 9 ). Neste Novo pacto, o Senhor instituiria um novo dia para Sua Adoração, pois em um novo dia Ele iria salvar o seu Povo para sempre, conforme profetizou Oséias:"Farei em favor dela [Sua nova nação, a Igreja], naquele dia, uma aliança, com os animais selvagens, com as aves do céu e com os répteis da terra: farei desaparecer da terra o arco, a espada e a guerra e os farei repousar em segurança. Então te desposarei para sempre; desposar-te-ei conforme a justiça e o direito, com misericórdia e amor. Desposar-te-ei com fidelidade, e tu conhecerás o Senhor" (OS 2,20-22) (grifos meus). O Senhor Jesus não aboliu a observância do Sábado em seu debate com os fariseus. Ele o fez após cumprir o anúncio dos Profetas, morrendo na Cruz e ressuscitando no primeiro dia da semana: Domingo. Na Antiga Aliança, o Sábado foi estabelecido como o Dia de Adoração, pois foi o Dia da Libertação (cf. Deut 5,15) e o Dia da Plenitude da Criação (cf. Ex 20,11). Na Nova e Eterna Aliança, o Domingo é estabelecido como o Novo Dia de Adoração, pelas mesmas razões: é o Dia em que o Senhor nos salvou do cativeiro do pecado e o Dia em que ressurgindo da Mansão dos Mortos, cessou o trabalho em Sua nova Criação (a natureza humana incorruptível). Desta forma, o Domingo também é o Dia da Libertação e da Plenitude da Criação. A própria carta aos Hebreus acentua a índole figurativa do sábado, afirmando que o repouso do sétimo dia era apenas uma imagem do verdadeiro repouso que fluiremos na presença de Deus (cf. Hb 4,311). Onde no Sábado estava a figura (o prenúncio), no Domingo está a concretização. O Domingo é o Sábado eterno. O Testemunho de Cristo, dos Apóstolos e do Espírito Santo


Jesus aparece à primeira vez aos Apóstolos no domingo, no dia da Ressurreição. Imaginem a alegria que os Apóstolos sentiram ao ver o Senhor Ressuscitado! Sobre isto escreveu o Salmista: "A pedra que os edificadores rejeitaram tornou-se cabeça da esquina. Foi o Senhor que fez isto, e é coisa maravilhosa aos nossos olhos. Este é o dia que fez o Senhor; regozijem-nos e alegremo-nos nele" (Sl 118,22-24). Ora, Jesus se tornou a Pedra Angular no dia em que Ressucitou, o dia da Ressurreição "foi o Dia que o Senhor fez". Conforme o Profeta Jeremias, em Seu novo pacto, o Senhor promete escrever a Sua Lei no interior e no coração dos homens. E conforme Ozéias, no dia em que isto acontecer, os homens O conhecerão. Ora, isto se cumpre exatamente num Domingo, quando o Espírito Santo é dado aos Apóstolos (cf. Jo 20,19-23; At 2,1-4); pois é o Espírito Santo que nos convence da vontade de Deus. A segunda aparição do Senhor aos discípulos não é no Sábado, mas no novo "dia que o Senhor fez" (cf. Sl 118,24), isto é, no Domingo (cf. Jo 20,26), dia em que Tomé o adora como Deus (cf. Jo 20,29). Talvez temos aqui a primeira adoração cristã a Deus no dia de Domingo. O Culto Cristão acontece no domingo (cf. At 20,7; 1Cor 16,2). Os Sabatistas alegam que a "Ceia do Senhor" não era uma reunião de culto. A Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios mostra claramente que a reunião da "Ceia do Senhor" era uma reunião de culto. Basta verificar os capítulos 11 a 16. No entanto muitos cristãos se viam tentados a judaizar, isto é, a observar as prescrições da Lei Mosaica. Os Gálatas era um exemplo e por causa deles São Paulo dirige-lhes uma epístola exatamente para tratar desta questão. E vejam a bronca que o Apóstolo dá neles: "Ó insensatos gálatas! Quem vos fascinou a vós, ante cujos olhos foi apresentada a imagem de Jesus Cristo crucificado? Apenas isto quero saber de vós: recebestes o Espírito pelas práticas da lei ou pela aceitação da fé? Sois assim tão levianos? Depois de terdes começado pelo Espírito, quereis agora acabar pela carne?" (Gl 3,1-3). Quem ainda duvidar de que São Paulo também estava se referindo à observância do Sábado, então veja o que ele escreveu aos Colossenses: "Que ninguém vos critique por questões de comida ou bebida, pelas festas, luas novas ou sábados. Tudo isso nada mais


é que uma sombra do que haveria de vir, pois a realidade é Cristo" (Cl 2,16-17) (grifos meus). São Paulo confirma que o Antigo acordo (que incluía a observância do Sábado) foi substituído pelo Novo acordo cumprido pela Morte e Ressurreição do Senhor Jesus (que inclui agora o Domingo como o Dia do Senhor). Mais uma confirmação Bíblica de que o Domingo é o Dia do Senhor, está no Livro do Apocalipse. Em Ap 1,10 São João escreve: "Num domingo, fui arrebatado em êxtase, e ouvi, por trás de mim, voz forte como de trombeta". A expressão que no português está como "num domingo" no original grego está "té kyriaké hémerà", que significa "No Dia do Senhor". Ora, aqui São João está dizendo que no Domingo, que é Dia do Senhor, Deus lhe deu uma revelação. Se o Domingo não é o Dia do Senhor, por que São João assim o indicou no Livro do Apocalipse? Testemunhos dos primeiros cristãos A Igreja do período pós-Apostólico, também confirmou a doutrina do Novo Dia de Adoração que recebeu dos Apóstolos. Vejamos alguns exemplos: "Reúnam-se no dia do Senhor [= dominica dies = domingo] para partir o pão e agradecer, depois de ter confessado os pecados, para que o sacrifício de vocês seja puro" (Didaqué 14,1 - primeiro catecismo cristão, escrito no séc. I, mais precisamente no ano 96 dC) (grifos meus). Santo Inácio, Bispo de Antioquia, que segundo a Tradição foi a criança que Cristo pegou no colo em Mc 3,36, também confirma a Doutrina Apostólica do Domingo: "9. Aqueles que viviam na antiga ordem de coisas chegaram à nova esperança, e não observam mais o sábado, mas o dia do Senhor, em que a nossa vida se levantou por meio dele e da sua morte. Alguns negam isso, mas é por meio desse mistério que recebemos a fé e no qual perseveramos para ser discípulos de Jesus Cristo, nosso único Mestre. Como podemos viver sem aquele que até os profetas, seus discípulos no espírito, esperavam como Mestre? Foi precisamente aquele que justamente esperavam, que ao chegar, os ressuscitou dos mortos. 10. Portanto, não sejamos insensíveis à sua bondade. Se ele nos imitasse na maneira como agimos, já não existiríamos. Contudo, tornando-nos seus discípulos, abraçamos a vida segundo o cristianismo. Quem é chamado com o nome diferente desse, não é de Deus. Jogai fora o mau fermento, velho e ácido, e transformai-


vos no fermento novo, que é Jesus Cristo. Deixai-vos salgar por ele, a fim de que nenhum de vós se corrompa, pois é pelo odor que sereis julgados. É absurdo falar de Jesus Cristo e, ao mesmo tempo judaizar. Não foi o cristianismo que acreditou no judaísmo, e sim o judaísmo no cristianismo, pois nele se reuniu toda língua que acredita em Deus " (Carta de Santo Inácio de Antioquia aos Magnésios. 101 d.C.) (grifos meus). Como se vê o discípulo pessoal de São Paulo confirma a doutrina que recebeu do Mestre, conforme este mesmo expôs aos Gálatas (Gl 1;3) e aos Colossenses (Cl 2,16-17). Outro testemunho do séc II sobre o Domingo é de Justino de Roma, vejamos: "67. Depois dessa primeira iniciação, recordamos constantemente entre nós essas coisas e aqueles de nós que possuem alguma coisa socorrem todos os necessitados e sempre nos ajudamos mutuamente. Por tudo o que comemos, bendizemos sempre ao Criador de todas as coisas, por meio de seu Filho Jesus Cristo e do Espírito Santo. No dia que se chama do sol, celebra-se uma reunião de todos os que moram nas cidades ou nos campos, e aí se lêem, enquanto o tempo o permite, as Memórias dos apóstolos ou os escritos dos profetas. Quando o leitor termina, o presidente faz uma exortação e convite para imitarmos esses belos exemplos. Em seguida, levantamo-nos todos juntos e elevamos nossas preces. Depois de terminadas, como já dissemos, oferece-se pão, vinho e água, e o presidente, conforme suas forças, faz igualmente subir a Deus suas preces e ações de graças e todo o povo exclama, dizendo: ?Amém?. Vem depois a distribuição e participação feita a cada um dos alimentos consagrados pela ação de graças e seu envio aos ausentes pelos diáconos. Os que possuem alguma coisa e queiram, cada um conforme sua livre vontade, dá o que bem lhe parece, e o que foi recolhido se entrega ao presidente. Ele o distribui a órfãos e viúvas, aos que por necessidade ou outra causa estão necessitados, aos que estão nas prisões, aos forasteiros de passagem, numa palavra, ele se torna o provedor de todos os que se encontram em necessidade. Celebramos essa reunião geral no dia do sol, porque foi o primeiro dia em que Deus, transformando as trevas e a matéria, fez o mundo, e também o dia em que Jesus Cristo, nosso Salvador, ressuscitou dos mortos. Com efeito, sabe-se que o crucificaram um dia antes do dia de Saturno e no dia seguinte ao de Saturno, que é o dia do Sol, ele apareceu a seus apóstolos e discípulos, e nos ensinou essas mesmas doutrinas


que estamos expondo para vosso exame" (Justino de Roma 155 d.C, I Apologia cap 67) (grifos meus). No tempo de Justino os cristãos eram ferozmente perseguidos e acusados das mais variadas calúnias. Justino que era responsável por uma escola de estudos bíblicos, escreve uma apologia (defesa) ao Imperador em favor dos cristãos. Por isso, ele ao se referir ao domingo utiliza a expressão "dia do sol", pois era no primeiro dia da semana que os pagãos adoravam o sol. Podemos verificar aqui mais uma vez que a "Ceia do Senhor" não era uma mera reunião de confraternização, mas uma celebração de culto a Deus. Ainda do segundo século temos o testemunho do advogado cristão Tertuliano, que escreveu muitas obras para as autoridades romanas em defesa dos cristãos perseguidos: "Outros, de novo, certamente com mais informação e maior veracidade, acreditam que o sol é nosso deus. Somos confundidos com os persas, talvez, embora não adoremos o astro do dia pintado numa peça de linho, tendo-o sempre em sua própria órbita. A idéia, não há dúvidas, originou-se de nosso conhecido costume de nos virarmos para o nascente em nossas preces. Mas, vós, muitos de vós, no propósito às vezes de adorar os corpos celestes moveis vossos lábios em direção ao oriente. Da mesma maneira, se dedicamos o dia do sol para nossas celebrações, é por uma razão muito diferente da dos adoradores do sol. Temos alguma semelhança convosco que dedicais o dia de Saturno (Sábado) para repouso e prazer, embora também estejais muito distantes dos costumes judeus, os quais certamente ignorais" (Tertuliano 197 d.C. Apologia part.IV cap. 16) (grifos meus). Tertuliano como escreve para os pagãos, também se refere ao primeiro dia da semana como "o dia do sol". Ele é testemunha que nestes dia os cristãos não adoravam o sol, mas a Cristo. Do terceiro século temos o testemunho de Hipólito de Roma, que também confirma a Tradição Apostólica de celebrar o culto cristão no Domingo: "No domingo pela manhã, o bispo distribuirá a comunhão, se puder, a todo o povo com as próprias mãos, cabendo aos diáconos o partir do pão; os presbíteros também poderão partilo. Quando o diácono apresentar a eucaristia ao presbítero, estenderá o vaso e o próprio presbítero o tomará e distribuirá ao povo pessoalmente. Nos outros dias, os fiéis receberão a eucaristia


de acordo com as ordens do bispo" (Hipólito de Roma 220 d.C Tradição Apostólica part III) (grifos meus). Conclusão A fundadora do Adventismo do Sétimo Dia, a senhora Ellen G. White, afirmava em seus escritos que a instituição do Domingo como dia do Senhor, era invenção do Papado, e quem observasse este dia com Dia do Senhor receberia a marca da Besta. Por esta razão alguns Adventistas (acreditando mais na senhora White do que na Bíblia, nos Apóstolos, no Espírito Santo e nos cristãos dos primeiros séculos) têm procurado fundamentar esta afirmação pesquisando onde o Papado teria feito tal instituição. O melhor que fizeram até agora foi afirmar que o Papado substituiu o Dia do Senhor de Sábado para Domingo durante o Concílio de Laodicéia na Frigia, realizado em 360. O Concílio de Laodicéia apenas confirmou a doutrina apostólica da observância do Domingo contra os cristãos judaizantes. Este Concílio não foi Geral, mas Local, e por esta razão, não envolveu o Bispo de Roma e nem tinha o poder de alcançar a Igreja inteira espalhada pelo mundo. Devemos lembrar que os decretos contra os cristãos judaizantes foram instituídos pelos Apóstolos durante o Concílio de Jerusalém (cf. At 15). Conforme já expomos, estes decretos não favoreciam a observância do Sábado como Dia do Senhor. Os Bispos de Jerusalém sempre foram fiéis a estes decretos, conforme podemos observar no testemunho de São Cirilo, Bispo de Jerusalém: "Não ceda de forma alguma ao partido dos Samaritanos, ou aos Judaizantes: por Jesus Cristo de agora em diante foste resgatado. Mantenha-se afastado de toda observância de Sábados, sobre o que comer ou como se purificar. Mas abonime especialmente todas as assembléias dos perversos heréticos" (São Cirilo de Jerusalém. Carta 4, 37) (grifos meus). Então, devemos ficar com o testemunho de Ellen G. White ou com o testemunho de Jeremias, Oséias, Jesus, Espírito Santo, dos Apóstolos e dos primeiros cristãos? Dia do Senhor: refutando os adventistas QUI, 04 DE SETEMBRO DE 2008 20:49 ALESSANDRO LIMA Introdução Em nosso artigo anterior expusemos o testemunho Bíblico e Patrístico sobre a


guarda do Domingo como o Dia do Senhor. Entretanto, os sabatistas apresentam uma série de objeções sobre os argumentos apresentados e o esclarecimento sobre tais questões é a motivação deste segundo trabalho. A Carta de São Paulo aos Colossenses e o Sabbath Em nosso artigo anterior dissemos que São Paulo coibiu a observância do Sábado como dia de adoração ao Senhor, apresentamos como prova Cl 2,16-17, onde lemos: "Que ninguém vos critique por questões de comida ou bebida, pelas festas, luas novas ou sábados. Tudo isso nada mais é que uma sombra do que haveria de vir, pois a realidade é Cristo" (Cl 2,16-17) (grifos meus).

Os sabatistas contra-argumentam dizendo que São Paulo estava se referindo ao Sábado cerimonial e não ao Sábado moral, onde o primeiro foi abolido na cruz, mas o segundo é eterno. Eles dividem a Lei Mosaica em "Lei Moral" e "Lei Cerimonial" onde a primeira foi colocada dentro da Arca da Aliança e a segunda fora. Desta forma, a primeira é eterna e a segunda passageira. Embora não concordemos com esta tese não é escopo deste trabalho refutá-la. Em Cl 2,16-17, a palavra "sábados" utilizada por São Paulo, não diz respeito aos Sábados comemorativos ou cerimoniais, mas sim ao "Sabbath", dia em que os judeus adoravam a Deus. No original foi utilizada a palavra "sabbaton", que é plural e por isto, os sabatistas alegam que estes "sábados" são referências às festas cerimoniais ou "sábados cerimoniais" (cf. Lv 23). Entretanto, esta teoria não corrobora com as outras passagens do NT, onde "sabbatton" indica o Sábado semanal (cf. Mt 12, 5-12; Mc 1,21; Lc 4,31; 6,2-9; At 13,27; 17,2; 18,4). Ora, "Sabbaton" é uma das palavras gregas que é plural na forma, mas em muitas vezes singular no significado. No Judaísmo, o Sábado era observado anualmente, mensalmente e semanalmente. Veja: "E para cada oferecimento dos holocaustos do Senhor, nos sábados [semanais], nas luas novas [mensais] e nas solenidades [anuais] por conta, segundo o seu costume, continuamente" (1 Cr 23,31). Ver ainda 2 Cr 2,4; 2 Cr 8,13; 2 Cr 31,3; Ez 45,17.


A fórmula utilizada por São Paulo "dias de festa, luas novas e sábados" corresponde exatamente à fórmula consagrada para indicar os dias os sábados cerimoniais ou festivos (mensais e anuais) e o semanal que corresponde ao "Sabbath" ou dia de adoração. Três observâncias principais separavam os judeus dos povos pagãos: a circuncisão, o sábado e a alimentação. Exatamente estas três coisas foram assunto das cartas de São Paulo: aos romanos, aos gálatas e aos colossenses; e nas três estas observâncias são desencorajadas. Um dos sabatistas mais célebres da atualidade, o sr. Samuele Bacchiocchi reconhece que a palavra grega "sabbaton" não se refere aos sábados cerimoniais: "O sábado em Colossenses 2.16: O tempo sagrado prescrito por falsos mestres referem-se como sendo 'um sábado festival' ou a lua nova ou um sábado. - 'eortes e neomnia o sabbaton.' (2.16). O consenso unânime de comentaristas é que estas três expressões representam uma lógica e progressiva seqüência (anual, mensal e semanal). Este ponto de vista é válido pela ocorrência desses termos... Um outro significativo argumento contra os sábados cerimoniais ou anuais é o fato de que estes já estão incluídos nas palavras 'dias de festa...'Esta indicação positivamente mostra que a palavra SABBATON como é usada em Cl 2,16 não pode se referir aos sábados festivais, anuais ou cerimoniais [...] Determinar o sentido de uma palavra baseando-se exclusivamente em conceitos teológicos em prejuízo de evidências línguísticas e contextuais é estar contra as regras de hermenêuticas bíblicas. Ademais, a interpretação que o Comentário Adventista dá à palavra 'sábados' de Cl 2.16 é difícil de ser sustentada, desde que temos visto que o sábado pode legitimamente ser tido como 'sombra' ou símbolos preparatórios de bênçãos da salvação presente e futura" (BACCHIOCCHI, 2000) Embora o sr. Bachiocchi reconheça que "sabbaton" refere-se aos sábados semanais (referentes aos dias de adoração e não festivos), ele afirma que São Paulo não está condenando a observância dos "sabatton", mas está alertando sobre uma "heresia colossense", onde os líderes dos heréticos pervertiam o respeito aos dias sagrados. Ora, se esta nova tese adventista fosse verdadeira, deveríamos estar observando não só os "sabatton", mas também "eortes" (dias de festa) e "neomnia" (luas novas). Isto é o mesmo


que declarar que a antiga fórmula "dias de festa, luas novas e sábados" (cf. 1 Cr 23,31) ainda estaria em vigor para os cristãos. O Domingo e o Apocalipse de São João Em nosso trabalho anterior também foi dito que em Apocalipse 1,10, São João utiliza a expressão "kyriake hemera" que significa "dia do Senhor", que para as línguas latinas foi traduzida pelos antigos como "domingo". Os sabatistas alegam que a tradução da expressão grega foi arbitrariamente traduzida como "domingo", pois em muitos lugares na Sagrada Escritura, a expressão "dia do Senhor" refere-se à volta de Cristo (Parusia). Como defesa deste argumento apresentam os seguintes versículos: "O sol se converterá em trevas, e a lua, em sangue, antes de chegar o grande e glorioso Dia do Senhor" (At 2,20) (grifos meus). "[...] Seja entregue para destruição da carne, para que o espírito seja salvo no Dia do Senhor" (1 Cor 5,5) (grifos meus). "Porque vós mesmos sabeis que o Dia do Senhor virá como o ladrão de noite" (2 Pd 3,10) (grifos meus). "Mas o Dia do Senhor virá como o ladrão de noite" (1 Ts 5,2) (grifos meus). A questão é que a expressão utilizada nos versículos acima é bem distinta da utilizada no Apocalipse. A expressão "Dia do Senhor" referente à Parusia no grego é "‛hmera tou Kuriou" ( "hemera tou kyriou"). São João inventa uma nova expressão ao escrever "Kuriakh ‛hmera" ( "kyriake hemera"). A categoria gramatical da primeira ("hemera tou kyriou") é substantivo genitivo ("Dia do Senhor"), enquanto a segunda ("kyriake hemera") é adjetivo dativo ("Dia Senhorial ). Note ainda, que a expressão "kyriake hemera", inventada por S. João, não se encontra em nenhum lugar na Septuaginta (célebre tradução grega das Escrituras Sagradas do AT). São João elabora essa nova expressão para deixar bem claro que está se referindo ao dia da Ressurreição e não à volta do Salvador. Nas primeiras traduções do Apocalipse para outras línguas, traduções datadas como do início do séc. II d.C (o Apocalipse foi escrito no final do séc. I d.C.), a expressão joanina foi traduzida como "Dia da Ressurreição" ou "Dia Senhorial".


São Jerônimo (séc. IV), um dos maiores lingüistas bíblicos da antiguidade, na sua tradução das Escrituras para o Latim, verteu "kyriake hemera" para "Dominica die" e não "dia Domini" (parusia): "Fui in spiritu in dominica die et audivi post me vocem magnam tamquam tubae" (Ap 1,10) (grifos meus). O português é uma língua neolatina, então a expressão joanina corresponde a "Dia Dominical" ou "Domingo". "Domingo" é a tradução literal de "Kuriakh ‛hmera" ("kyriake hemera") vertida para o latim como: "Dominica die", e corretamente traduzida para as línguas neolatinas, como: dominu lui, domingo, mingo, domenica, dimanche. Por causa da Ressurreição, da celebração Eucarística, da descida do Espírito Santo, tudo isto relacionado ao primeiro dia da Semana, é que este dia foi então chamado pelos primeiros cristãos de "Dia Dominical", isto é "Domingo". Domingo não é um nome importado do paganismo, como Saturday, (dia de Saturno) ou Sunday (dia do sol).

Conclusão Interessante notar que a observância do Domingo como o Dia do Senhor nos tempos primitivos, não é reprovada em nenhum momento; o mesmo não acontece com a observância do Sábado. O Domingo está em pleno acordo com os Profetas, os Salmos, as Epístolas e o testemunho dos primeiros cristãos, que já expusemos em nosso trabalho anterior. Na Igreja Cristã cumpriu-se apenas o desejo que o Senhor profetizou através de Oséias: "E farei cessar todo o seu gozo, as suas festas, as suas luas novas e os seus sábados [semanais]; e todas as suas festividades" (Os 2,11). Dia do Senhor: origem pagã? Introdução Depois que publicamos nossos artigos anteriores (parte I e parte II) sobre a questão do Dia do Senhor, muitos amados irmãos adventistas nos enviaram mensagens, ora procurando mais esclarecimento sobre as questões, ora


procurando defender a tese sabatista da guarda do Sábado. Desta forma, a motivação deste terceiro opúsculo sobre o tema é colocar mais luz sobre este assunto, procurando esclarecer suas objeções.

A Carta de São Paulo ao Colossenses O grande espinho (cf. Pr 26,9) que se encontra na boca dos sabatistas está os seguintes versículos da carta de São Paulo aos colossenses: "Ninguém, pois, vos critique por causa de comida ou bebida, ou espécies de festas ou de luas novas ou de sábados. Tudo isto não é mais que sombra do que devia vir. A realidade é Cristo" (Cl 2,1617). Os sabatistas alegam São Paulo ao usar a palavra "sábados" não está se referindo ao sétimo dia, mas aos "sábados cerimoniais". Como já dissemos em nosso trabalho anterior, São Paulo escreveu esta carta no grego, onde a palavra" sábados" corresponde a "sabbaton". Excluindo a carta de São Paulo aos colossenses, a palavra grega "sabbaton" parece no NT 67 vezes e em 61 versículos. Nestas 67 vezes ela possui apenas dois significados: 1) Em 9 delas a palavra significa "semana", como por exemplo, em Mt 28,1. A expressão "primeiro dia da semana" é escrita em grego como "mia sabbaton". No grego toda vez que "sabbaton" é precedida de um numeral ordinal, ela tem o significado de semana; 2) Em TODAS as 58 vezes, "sabbaton" significa o sétimo dia, isto é, o dia de descanso (cf. Mt 12,1; Mc 1,21; Lc 4,16; Jo 5,9; At 1,12). Na Carta de São Paulo aos Colossenses "sabbaton" se enquadra no segundo caso, isto é, significa o sétimo dia da semana, o sábado semanal. Ora, se em 58 referências a palavra "sabbaton" refere-se à observância do sábado semanal, por que em Cl 2,16 não? A teologia sabatista simplesmente fere todas as regras de exegese e hermenêutica bíblicas em favor de um argumento teológico. Isto é distorcer as Escrituras. Os chamados "sábados cerimoniais" eram os dias de festa ("heorte", as comemorações mensais) e as luas novas ("noumenia",


as comemorações anuais). "Sabbaton" não tem nada haver com tudo isto, e nem com os sacrifícios no Templo, mas com o dia de Sábado, o dia semanal, o dia de descanso. Ora, se São Paulo não está ser referindo à observância do sétimo dia, por que então relacionou "sabbaton" à lista das observâncias judaicas que deveriam ser esquecidas pelos Cristãos? Mas qual é o argumento teológico o qual os sabatistas tanto se prendem para aplicar à palavra "sabbaton" de Cl 2,16 um sentido que ela não tem? A suposta divisão da Lei mosaica em lei cerimonial e lei moral Os sabatistas dividiram a Antiga Lei dos Judeus em duas: cerimonial e moral. Onde a lei moral foi proferida por Deus, escrita pelo dedo Deus em tábuas de pedra e colocada dentro da Arca da Aliança; por isso deverá permanecer firme para sempre, não foi destruída por Cristo na Cruz. Ainda segundo eles, a lei cerimonial foi ditada por Moisés, escrita por Moisés num livro, nada aperfeiçoou, foi posta ao lado da Arca; por isso é revogável, foi cravada na cruz. Eles referem-se aos Dez Mandamentos como lei moral e ao restante como lei cerimonial. A resistência deles quanto ao ensino de Paulo em Cl 2,16, deve-se por acreditarem que nenhuma letra dos dez mandamentos foi revogada por Cristo, onde a observância do Sábado é o quarto. Não negamos que em todas as observâncias divinas existe uma Lei Moral, que tem seu núcleo dos Dez Mandamentos. O problema apresentado pela teologia sabatista é que esta faz uma divisão arbitrária da letra, como se não houvesse moral nos ensinamentos mosaicos ou dos profetas. Todo cerne desta questão se deve a duas coisas: 1) a falsa não distinção entre as observâncias divinas: decálogo, lei mosaica e os profetas 2) a verdadeira distinção entre a letra e o espírito destas observâncias. Sobre o primeiro item, dizemos que todas as observâncias judaicas foram dadas por Deus, e por isso, todas elas foram recebidas com igual reverência, como um único conjunto coeso. Isso é testificado no Êxodo: "O Senhor disse a Moisés: 'Sobe para mim no monte. Ficarás ali para que eu te dê as tábuas de pedra [10 mandamentos],


a lei [Torah escrita] e as ordenações [Torah oral] que escrevi para sua instrução'" (Ex 24,12). A distinção que os sabatistas forçam entre o Decálogo (os Dez Mandamentos) e a Torah (Lei de Moisés), não é fruto do pensamento judaico comum: "O Talmude, a propósito de um ponto em discussão, lembra: 'A lei mandava recitar todos os dias os dez mandamentos. Por que não os recitam mais, hoje? Por causa das maledicências dos minim [os dissidentes]; para que estes não possam dizer: 'Estes somente foram dados a Moisés, no Sinal' (Talmud Jer. Berakot 1 ,3c). Segundo estes minim, Deus só pronunciou os dez mandamentos (Dt 5,22); as outras leis são atribuídas a Moisés. A recitação diária do decálogo, na oração comunitária, favorecia indiretamente esta idéia de que provocava certo desprezo pelas outras leis. A fim de evitar este mal-estar,o judaísmo ortodoxo - talvez nos círculos de Iabne [ou Jâmnia], no fim do século 1 d.C. -suprimiu do serviço sinagogal cotidiano a recitação do decálogo" (LOPES, 1995). Conforme lemos, a distinção proposta pelos sabatistas foi condenada pelos próprios judeus. Mas os sabatistas ensinam que Jesus revogou a lei na cruz, porque esta estava fora da Arca da Aliança. Note que quando o jovem rico perguntou a Cristo "Mestre, qual é o grande mandamento na lei?" (Mt 22,36), Jesus não lhe perguntou: "qual lei" A moral ou cerimonial?; tão pouco lhe disse: "você está falando dos Dez mandamentos ou da Lei de Moisés ou dos Profetas?". Ao contrário, o Evangelista nos relata que "Respondeu Jesus: Amarás o Senhor teu Deus de todo teu coração, de toda tua alma e de todo teu espírito. Este é o maior e o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás teu próximo como a ti mesmo. Nesses dois mandamentos se resumem toda a lei e os profetas" (Mt 22,37-40). Ora, foi o próprio Cristo que resumiu todo o ensinamento do AT nas palavras acima. Perceberam isso? Toda a lei e os profetas, o Senhor resumiu em duas grandes ordenanças. A primeira delas encontramos no Deuteronômio: "Amarás, pois, o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças" (Dt 6,5). A segunda está no Levítico: "Não te vingarás nem guardarás ira contra os filhos do teu povo: mas amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor" (Lv 19,18).


Com efeito, estas duas ordenanças fazem parte do Livro que foi colocado do lado de fora da Arca da Aliança: "Tomai este livro da lei, e ponde-o ao lado da arca da aliança do SENHOR vosso Deus, para que ali esteja por testemunha contra ti" (Dt 31.26). Entretanto, se a tese dos sabatistas estivesse correta, Jesus ao responder ao jovem rico, escolheria dois itens do decálogo e não da Lei Mosaica; ou ainda; poderia dizer ao Jovem que o que importava eram os Dez Mandamentos porque estavam dentro da Arca. O próprio Cristo ensinou que não veio revogar a lei ou os profetas (cf. Mt 5,17-18). Com efeito, nos capítulos 5 a 7 do Evangelho segundo São Mateus, encontramos a catequese do Senhor sobre a Lei, isto é, o que a Lei realmente ensina. Aí, o Senhor, restaura o verdadeiro sentido de todas as observâncias dadas no AT. Esta sim é a verdadeira Lei Moral, que na belíssima exposição do Senhor se resume nos dois grandes mandamentos recomendados ao jovem rico (cf. Mt 22,37-40). É esta Lei Moral que não foi revogada na Cruz, que possui seu núcleo no Decálogo, não na letra, mas no que Deus queria por ele ensinar. Conforme lemos no Êxodo: "O Senhor disse a Moisés: 'Escreve estas palavras, pois são elas a base da aliança que faço contigo e com Israel'. Moisés ficou junto do Senhor quarenta dias e quarenta noites, sem comer pão nem beber água. E o Senhor escreveu nas tábuas o texto da aliança, as dez palavras" (Ex 34,27-28) (grifos meus). Sendo a Arca o símbolo do Acordo de Deus e Seu Povo, e o Decálogo o núcleo de todo o ensinamento moral que Deus queria transmitir aos judeus, quis o Senhor que as tábuas com "as dez palavras" fossem postas dentro da Arca da Aliança, simbolizando assim a alma do pacto dentre o Senhor e Seu povo: o amor a Deus e ao nosso semelhante (cf. Mt 5,17-18). O que Jesus revogou na Cruz? Os sabatistas adoram dizer para nós que observamos o Domingo:" Onde Jesus diz que mudará o Sábado para o Domingo? Onde Ele autorizou tal mudança?". Aí eu respondo: "no mesmo lugar onde Ele diz que revogará a Lei de Moisés". Nossos contendores dizem que o Decálogo é irrevogável pelas razões que já apresentamos -, e por isso o Sábado é irrevogável. Ora, ordenanças como os sacrifícios do Templo, as observâncias dos dias de festa e luas novas e o Grande Dia da Expiação, por exemplo, foram dadas pelo próprio Deus como irrevogáveis (cf. Lv


23,14; Lv 16,29-34; Ez 46,14; 2Cr 2,4). Então por que os sabatistas não as observam? Com efeito, o Profeta Isaías testemunha que toda Lei é irrevogável: "A terra foi profanada por seus habitantes, porque transgrediram as leis, violaram as regras e romperam a aliança eterna" (Is 24,5). Antes que alguém se confunda, achando que estamos defendendo para os nossos dias, a observância da Lei de Moisés, a questão será esclarecida pelas palavras de São Paulo: "Não há dúvida de que vós sois uma carta de Cristo, redigida por nosso ministério e escrita, não com tinta, mas com o Espírito de Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, isto é, em vossos corações" (2 Cor 3,3) (grifos meus). Aqui São Paulo ensina que a lei que os fiéis trazem em seu coração é mais excelente que a lei que foi escrita em "tábuas de pedra". Ora, que lei mais excelente é esta? É o Santo Evangelho pregado pelos apóstolos ("sois uma carta de Cristo, redigida por nosso ministério") confirmado pela ação do Espírito Santo ("escrita, não com tinta, mas com o Espírito de Deus vivo"). Não é este um belo ensino para os guardadores das tábuas de pedra? Então São Paulo continua: "Tal é a convicção que temos em Deus por Cristo. Não que sejamos capazes por nós mesmos de ter algum pensamento, como de nós mesmos. Nossa capacidade vem de Deus. Ele é que nos fez aptos para ser ministros da Nova Aliança, não a da letra, e sim a do Espírito. Porque a letra mata, mas o Espírito vivifica" (2 Cor 3,46) (grifos meus). Percebam, amados no Senhor, que o que foi revogado na Cruz foi a letra da Lei e não o seu espírito, isto é, o que a Lei queria ensinar. Por isso Jesus, disse que não veio revogar a Lei, mas dar-lhe seu fiel cumprimento (cf. Mt 5,17-18). Por isso, o Cristianismo é o fiel cumprimento do Judaísmo, não segundo a letra, mas segundo o Espírito. São Paulo ainda tem outro recado os observadores das tábuas de pedra: "Ora, se o ministério da morte, gravado com letras em pedras, se revestiu de tal glória que os filhos de Israel não podiam fitar os olhos no rosto de Moisés, por causa do resplendor de sua


face (embora transitório), quanto mais glorioso não será o ministério do Espírito! Se o ministério da condenação já foi glorioso, muito mais o há de sobrepujar em glória o ministério da justificação! Aliás, sob esse aspecto e em comparação desta glória eminentemente superior, empalidece a glória do primeiro ministério. Se o transitório era glorioso, muito mais glorioso é o que permanece!" (2 Cor 3,7-11). Não é este evento referido por São Paulo que encontramos no livro do Êxodo? Vamos conferir: "Moisés ficou junto do Senhor quarenta dias e quarenta noites, sem comer pão nem beber água. E o Senhor escreveu nas tábuas o texto da aliança, as dez palavras. Moisés desceu do monte Sinai, tendo nas mãos as duas tábuas da lei. Descendo do monte, Moisés não sabia que a pele de seu rosto se tornara brilhante, durante a sua conversa com o Senhor. E, tendo-o visto Aarão e todos os israelitas, notaram que a pele de seu rosto se tornara brilhante e não ousaram aproximar-se dele" (Ex 34,28-30) (grifos meus). Vejam, amados do Senhor, São Paulo chama as ordenanças do Decálogo de "ministério da morte", "transitório", "ministério da condenação", este que "em comparação desta glória eminentemente superior, empalidece a glória do primeiro ministério". Por acaso São Paulo está ensinando que o Decálogo é irrevogável como crêem os sabatistas? Desta forma, o que o Senhor Jesus aboliu na Cruz do Calvário (cf. Cl 2,14) foi a letra de todas as ordenanças do AT e não seu espírito, o que incliu o Decálogo. A verdadeira Lei Moral, conforme ensinada por Cristo (cf. Mt 5-7) tem seu fiel cumprimento e excelência na Fé Cristã, na pregação dos Apóstolos, corroborando com as Santas Palavras do Salvador, que afirmou que traria a Lei à perfeição (cf. Mt 5,17). Permita também a Misericórdia Divina que nossos contendores percebam que o "descanso Sabático"referido na carta aos Hebreus, não se trata da observância do Sábado semanal, mas do descanso do Justos que morreram na amizade do Senhor. Ceia do Senhor, cerimônia de adoração a Deus Todos os sabatistas reconhecem que a "Ceia do Senhor" era observada no primeiro dia da Semana, isto é, Domingo. Eles imaginam que esta ceia era uma mera reunião gastronômica, uma espécie de refeição comunitária entre os fiéis.


Ora, a advertência paulina contra este tipo de pensamento é exatamente o tema do Capítulo 11 de sua primeira carta aos Coríntios: "Desse modo, quando vos reunis, já não é para comer a ceia do Senhor" (1 Cor 11,20). Muitos cristãos iam só para comer e beber, e São Paulo os repreende ensinando que a "Ceia do Senhor" não é uma mera refeição, conforme atestamos nos versículos abaixo: "porquanto, mal vos pondes à mesa, cada um se apressa a tomar sua própria refeição; e enquanto uns têm fome, outros se fartam. Porventura não tendes casa onde comer e beber? Ou menosprezais a Igreja de Deus, e quereis envergonhar aqueles que nada têm? Que vos direi? Devo louvar-vos? Não! Nisto não vos louvo..." (1 Cor 11,21-22) (grifos meus). Toda vez que participamos de um almoço comunitário o objetivo é comermos e bebermos na presença dos irmãos. Mas São Paulo deixa muito claro que a "Ceia do Senhor" não é um almoço comunitário. Com efeito, antes destes versículos, São Paulo dá várias instruções de como os fiéis devem se portar na celebração cristã de Culto ao Senhor. Após os versículos 20 a 22 fica mais que claro que o Apóstolo fala da celebração Eucarística, isto é, o oferecimento do Sacrifício de Cristo sob as espécies do pão e do vinho e a comunhão destas espécies entre os fiéis, tal como Jesus ensinou: "Então Jesus lhes disse: Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós mesmos. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia. Pois a minha carne é verdadeiramente uma comida e o meu sangue, verdadeiramente uma bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele. Assim como o Pai que me enviou vive, e eu vivo pelo Pai, assim também aquele que comer a minha carne viverá por mim. Este é o pão que desceu do céu. Não como o maná que vossos pais comeram e morreram. Quem come deste pão viverá eternamente. Tal foi o ensinamento de Jesus na sinagoga de Cafarnaum" (Jo 6, 53-59) (grifos meus). Uma reunião entre fiéis, que possui ministro, manifestação do Espírito Santo, cânticos, leituras, comunhão do Corpo e Sangue do Senhor, isso por acaso se parece com um almoço comunitário?


A associação da "Ceia do Senhor" como celebração de culto de adoração a Deus é mais que evidente na primeira carta paulina aos Coríntios. Mas para isto os sabatistas fazem vistas grossas. É ponto pacífico entre todos os cristãos, imagino - que a "Ceia do Senhor" se dava no primeiro dia da semana. O Testemunho dos Santos Mártires Os sabatistas dizem antes do Concílio de Nicéia (325 d.C.) a Igreja Cristã era pura e sem mácula e que Constantino paganizou a Igreja, começando pela institucionalização do domingo como dia de Culto. A tese deles é desmascarada quanto trazemos ao conhecimento público, textos anteriores a este período que testificam a associação comprovada nas cartas paulinas: Ceia do Senhor + Culto de Adoração + Primeiro dia da semana (ver a parte I deste artigo). Note o leitor que os textos trazidos à tona, não são casos isolados, mas são textos escritos pelo punho dos próprios discípulos diretos dos Apóstolos: Inácio de Antioquia, Policarpo de Esmirna, Pápias de Hierápolis, Clemente de Roma e etc. Quando apresentamos seus textos, os sabatistas alegam que eles traíram seus mestres e adotaram doutrinas pagãs. Ora, todos eles foram homens célebres e amados pela cristandade antiga, devido à sua grande fidelidade à Doutrina que receberam dos apóstolos, todos eles, sem exceção foram mortos por causa do Evangelho, exatamente porque não queriam confessar a doutrina do Império Romano. Como pode então, os sabatistas imputarem a estes heróis da Fé, a adoção de doutrina pagã? Os sabatistas não conseguem apresentar nenhuma prova material de suas teses. Não conseguem trazer a público um único texto dos quatro primeiros séculos, de autoria de um dos discípulos dos apóstolos ou dos discípulos de seus discípulos, que corrobore seus argumentos. Com efeito, uma maneira de provar que os mártires acima citados traíram seus mestres (os apóstolos) é apresentando textos de outros discípulos dos apóstolos, que testifiquem a guarda do Sábado. Mas os sabatistas são incapazes de fazê-lo. Primitivos cristãos: sabatistas ou judaizantes? Quanto ao texto dos antigos cristãos, o máximo que os sabatistas fizeram até hoje é referir-se a textos de Epifánio de Salaminca (séc. III) e Santo Agostinho (séc. V), onde os mesmos referem-se a existência de cristãos que guardavam o Sábado.


Com efeito, não só eles, mas outros célebres cristãos da antiguidade (Cipriano de Cartago, Atanásio de Alexandria, São Jerônimo, Fílon de Alexandria, Orígines, etc), fizeram tal referência, nos informando também que estes cristãos também guardavam a Lei Mosaica. Estamos falando de cristãos judaizantes e não de cristãos sabatistas. Este grupo tem origem naqueles "da parte de Tiago" (cf. Gl 2,12) que não aceitaram as determinações do Concílio de Jerusalém (cf. At 15-16). Como podem ser eles a verdadeira Igreja, os verdadeiros cristãos, os remanescentes? A falsa associação do Domingo cristão com o paganismo Teimam em insistir que o Domingo tem origem pagã, só porque este era o dia do deus Sol, dos pagãos. É mesma coisa se eu afirmasse que o Sábado em origem na adoração de Saturno, embora muitas provas mostrem o contrário. Contra os sabatistas, traremos o testemunho do advogado cristão Tertuliano, que viveu a mais de cem anos antes do Concílio de Nicéia: "Outros, de novo, certamente com mais informação e maior veracidade, acreditam que o sol é nosso deus. Somos confundidos com os persas, talvez, embora não adoremos o astro do dia pintado numa peça de linho, tendo-o sempre em sua própria órbita. A idéia, não há dúvidas, originou-se de nosso conhecido costume de nos virarmos para o nascente em nossas preces. Mas, vós, muitos de vós, no propósito às vezes de adorar os corpos celestes moveis vossos lábios em direção ao oriente. Da mesma maneira, se dedicamos o dia do sol para nossas celebrações, é por uma razão muito diferente da dos adoradores do sol. Temos alguma semelhança convosco que dedicais o dia de Saturno (Sábado) para repouso e prazer, embora também estejais muito distantes dos costumes judeus, os quais certamente ignorais" (Tertuliano 197 d.C. Apologia part.IV cap. 16). Como vimos, Tertuliano testifica que a da guarda do primeiro dia da semana pelos cristãos, possui motivo próprio e muito diverso dos pagãos: "Da mesma maneira, se dedicamos o dia do sol para nossas celebrações, é por uma razão muito diferente da dos adoradores do sol". Não é estranho que a mesma Igreja que deu mártires a Deus, exatamente porque não se curvou à religião do Império, tenha aceitado "sem piscar os olhos" uma observância pagã? Será mesmo que a Igreja no MUNDO INTEIRO tenha traído tão


facilmente a doutrina dos apóstolos, como alegam nossos contendores? Conclusão Acredito que este terceiro opúsculo, juntamente com os outros dois anteriores, tenha tratado sobre o Dia do Senhor de forma satisfatória. Muito simples é a apresentação de um argumento teológico com aparente suporte bíblico, até os Espíritas fazem isso em seu "Evangelho segundo o Espiritismo". Ora, pode haver fonte mais segura sobre a pregação dos apóstolos do que o testemunho de seus discípulos pessoais, aqueles que ouviram a pregação de sua própria boca? Homens estes que devido à tamanha fidelidade à doutrina recebida de seus mestres, morreram por amor a Cristo? Eu creio que não e cada um faça seu próprio juízo. Esta é a diferença entre a apologética objetiva e sóbria daquela baseada em faltas conjecturas, atropelamento das regras de hermenêutica e exegese bíblicas associado a uma total falta de prova material que corroborem suas teses. São Paulo contra o Adventismo do Sétimo Dia “Assim a lei se nos tornou pedagogo encarregado de levar-nos a Cristo, para sermos justificados pela fé. Mas, depois que veio a fé, já não dependemos de pedagogo, porque todos sois filhos de Deus pela fé em Jesus Cristo”. (Gl 2,24-26). Introdução Um ramo bem particular do Protestantismo é o Adventismo do Sétimo Dia, principalmente pelo seu sincretismo entre os princípios da Reforma e a Lei judaica. Como toda denominação protestante dizem que sua doutrina se baseia única e exclusivamente na Bíblia, mas, no entanto é a própria Bíblia que os desmentem. Como seria demasiado longo escrever sobre todos os pontos em que a doutrina adventista se choca com a Sagrada Escritura e sobre os ensinamentos dela que são totalmente desprezados, neste trabalho trataremos somente da doutrina


paulina. Com efeito, ninguém foi mais duro com os judaizantes do que S. Paulo. A autoridade do AT e do NT Para os adventistas o AT e o NT possuem a mesma autoridade. Defendem esta tese com as seguintes palavras de S. Paulo: "Toda a Escritura é inspirada por Deus, e útil para ensinar, para repreender, para corrigir e para formar na justiça" (2 Tm 3,16). Dizem eles “Toda é Toda”, concluindo que não se pode ter preferência pelo NT em detrimento ao AT. Com efeito, de forma alguma negamos a inspiração divina do AT, nem tampouco dizemos que dele não se deve tirar proveito. Entretanto é o próprio Apóstolo que diz que a Lei não vale mais com o advento de Cristo: “Irmãos, vou apresentar-vos uma comparação de ordem humana. Se um testamento for feito em boa e devida forma, por quem quer que seja, ninguém o pode anular ou acrescentar-lhe alguma coisa. Ora, as promessas foram feitas a Abraão e à sua descendência. Não diz: aos seus descendentes, como se fossem muitos, mas fala de um só: e a tua descendência, isto é, a Cristo. Afirmo, portanto: a lei, que veio quatrocentos e trinta anos mais tarde, não pode anular o testamento feito por Deus em boa e devida forma e não pode tornar sem efeito a promessa. Porque, se a herança se obtivesse pela lei, já não proviria da promessa. Ora, pela promessa é que Deus deu o seu favor a Abraão. Então que é a lei? É um complemento ajuntado em vista das transgressões, até que viesse a descendência a quem fora feita a promessa; foi promulgada por anjos, passando por um intermediário. Mas não há intermediário, tratando-se de uma só pessoa, e Deus é um só. Portanto, é a lei contrária às promessas de Deus? De nenhum modo. Se fosse dada uma lei que pudesse vivificar, em verdade a justiça viria pela lei; mas a Escritura encerrou tudo sob o império do pecado, para que a promessa mediante a fé em Jesus Cristo fosse dada aos que crêem. Antes que viesse a fé, estávamos encerrados sob a vigilância de uma lei, esperando a revelação da fé. Assim a lei se nos tornou pedagogo encarregado de levar-nos a Cristo, para sermos justificados pela fé. Mas, depois que veio a fé, já não dependemos de pedagogo, porque todos sois filhos de Deus pela fé em Jesus Cristo”. (Gl 2,1526) (grifos meus).


Aqui S. Paulo expõe muito bem a distinção de autoridade entre o AT e o NT. O Primeiro é o ministério da Lei através de Moisés, o segundo é ministério da Graça através de Cristo. O primeiro teve sua utilidade, mas pela Fé em Cristo não dependemos mais dele. Para S. Paulo o AT não é igual ao NT, nem tem a mesma autoridade. Interessante, pois aqui S. Paulo mostra que o NT é mais antigo que o AT. Ainda: “Sepultados com ele [Cristo] no batismo, com ele também ressuscitastes por vossa fé no poder de Deus, que o ressuscitou dos mortos. Mortos pelos vossos pecados e pela incircuncisão da vossa carne, chamou-vos novamente à vida em companhia com ele. É ele que nos perdoou todos os pecados,cancelando o documento escrito contra nós, cujas prescrições nos condenavam. Aboliu-o definitivamente, ao encravá-lo na cruz" (Cl 2,12-14) (grifos meus). S. Paulo mais uma esclarece que o AT foi abolido por Cristo na Cruz. Para os sabatistas o Apóstolo está se referindo apenas às observâncias cerimoniais. Ora, desde quando estas observâncias acusavam os judeus? O que os acusavam eram as prescrições morais da Lei (cf. Tg 2,10-11). Mas os sabatistas que dizem ter a Bíblia como única regra de Fé e prática dizem que tais prescrições ainda valem para nós cristãos. A doutrina Paulina entre os Testamentos também é expressa de forma clara em Hebreus 9. Sobre os Dez Mandamentos Para os sabatistas dos Dez Mandamentos conforme constam na letra do AT são irrevogáveis. Daí concluem que os cristãos ainda estão obrigados à observância do Sábado dos judeus. Vejamos o que S. Paulo diz sobre os Dez Mandamentos: "Ora, se o ministério da morte, gravado com letras em pedras, se revestiu de tal glória que os filhos de Israel não podiam fitar os olhos no rosto de Moisés, por causa do resplendor de sua face (embora transitório), quanto mais glorioso não será o ministério do Espírito! Se o ministério da condenação já foi glorioso, muito mais o há de sobrepujar em glória o ministério da justificação! Aliás, sob esse aspecto e em comparação desta glória eminentemente superior, empalidece a glória do primeiro ministério. Se


o transitório era glorioso, muito mais glorioso é o que permanece!" (2Cor 3,7-11) (grifos meus). A Escritura não deixa dúvidas de que o Apóstolo estava se referindo aos Dez Mandamentos. S. Paulo se refere a um evento registrado no Êxodo: "Moisés ficou junto do Senhor quarenta dias e quarenta noites, sem comer pão nem beber água. E o Senhor escreveu nas tábuas o texto da aliança, as dez palavras. Moisés desceu do monte Sinai, tendo nas mãos as duas tábuas da lei. Descendo do monte, Moisés não sabia que a pele de seu rosto se tornara brilhante, durante a sua conversa com o Senhor. E, tendo-o visto Aarão e todos os israelitas, notaram que a pele de seu rosto se tornara brilhante e não ousaram aproximar-se dele" (Ex 34,28-30) (grifos meus). Para S. Paulo o Decálogo era transitório e tornou-se pálido com o advento de Cristo. Enquanto para os sabatistas ele é eterno e vivo. Ver ainda 2Cor 3,2-3. Sobre o Sábado e comidas Os adventistas crêem que os cristãos devem guardar o Sábado e que devem se abster de carne de porco. Porém, S. Paulo escreveu aos Colossenses: "Ninguém, pois, vos critique por causa de comida ou bebida, ou espécies de festas ou de luas novas ou de sábados. Tudo isto não é mais quesombra do que devia vir. A realidade é Cristo" (Col 2,16-17) (grifos meus). Dizem os adventistas que S. Paulo estava se referindo aos sábados festivos e comemorativos. Porém, S. Paulo utiliza aqui a palavra grega Sabbaton, que quando utilizada na forma como empregou o Apóstolo (sem ser precedida de numeral ordinal: primeiro, segundo e etc) significa Sétimo Dia. No NT TODAS AS VEZES em que este ela aparece nesta forma refere-se ao Sétimo Dia. Por quê só em Col 2,16 não? Os sábados comemorativos são as festas e as luas novas (cf. Nm 10,10; 1Cr 23,31; Jt 8,9; Is 1,13-14; Os 2,13). Se S. Paulo estivesse referindo-se somente aos sábados comemorativos não relacionaria do Sétimo Dia ao lado das festas e luas novas. S. Paulo ensina aos Colossenses que os cristãos não devem ser incomodados por causa de comida e bebida, entretanto Ellen White prescreveu uma série de restrições alimentares.


No Domingo acontecia a Ceia do Senhor, reunião de adoração a Deus Em 1Cor 11 S. Paulo dá instruções sobre como os fiéis devem se comportar nas reuniões de Culto a Deus. Os versículos 20 e diante tratam exatamente da Ceia do Senhor que era ordinariamente celebrada no primeiro dia da semana, isto é, Domingo (cf. At 20,7). Ainda em 1Cor 16,2 há instruções sobre as coletas. Isso prova que a Ceia do Senhor não era uma mera reunião de refeição como ensina Ellen White. Prova também que o Domingo desde os tempos apostólicos já era observado como dia de culto. O Juízo Investigativo Ellen White ensina que Jesus em 22 de Outubro de 1844 entrou no Santuário Celeste para espiar os pecados dos homens. Porém em Hebreus lemos: "[...] [Cristo] Depois de ter realizado a purificação dos pecados, está sentado à direita da Majestade no mais alto dos céus" (Hb 1,3). Logo Jesus não realizou a expiação dos pecados em 1844, mas com seu sacrifício na Cruz. Também consta em Hebreus: "Porém, já veio Cristo, Sumo Sacerdote dos bens vindouros. [...] sem levar consigo o sangue de carneiros ou novilhos, mas com seu próprio sangue, entrou de uma vez por todas no santuário, adquirindo-nos uma redenção eterna" (Hb 9,11-12) (grifos meus). A Escritura ensina que Cristo entrou no santuário celeste logo após sua morte e não em 22 de Outubro de 1844. Jesus tinha pecado? Ellen White ensina que Jesus era tudo semelhante a nós, inclusive no pecado. Como pode Deus ser inimigo de Si mesmo, já que o pecado é uma ofensa a Ele? É claro que a Escritura rechaça tamanho absurdo. Veremos qual é o ensino Paulino sobre esta matéria: "E esta aliança da qual Jesus é o Senhor, é-lhe muito superior. Além disso, os primeiros sacerdotes deviam suceder-se em grande número, porquanto a morte não permitia que permanecessem sempre. Este, porque vive para sempre, possui um sacerdócio eterno. É por isso que lhe é possível levar a termo a salvação daqueles que por ele vão a Deus, porque vive sempre para interceder em seu favor. Tal é, com efeito, o Pontífice que nos convinha: santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores e elevado além dos céus, que não tem necessidade, como os outros sumos sacerdotes, de oferecer todos os dias


sacrifícios, primeiro pelos pecados próprios, depois pelos do povo; pois isto o fez de uma só vez para sempre, oferecendo-se a si mesmo" (Hb 7,22-27) (grifos meus). É a própria Escritura na qual os adventistas dizem ser sua regra única de Fé que afirma que Jesus não tinha necessidade de oferecer sacrifícios por seus pecados, pois eles eram inexistentes, pois era “santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores”. É um absurdo que tamanha heresia seja ensinada como doutrina cristã autêntica. Quem obterá vitória sobre o Demônio? Ellen White ensina que a “Igreja Remanescente”, isto é, a Igreja Adventista, obterá a vitória final contra o Demônio. Entretanto lemos na carta aos Romanos: "a todos os que estão em Roma, queridos de Deus, chamados a serem santos: a vós, graça e paz da parte de Deus, nosso Pai, e da parte do Senhor Jesus Cristo! Primeiramente, dou graças a meu Deus, por meio de Jesus Cristo, por todos vós,porque em todo o mundo é preconizada a vossa fé [...] O Deus da paz em breve não tardará a esmagar Satanás debaixo dos vossos pés. A graça de nosso Senhor Jesus Cristo esteja convosco!" (Rm 1,7-8.20) (grifos meus). S. Paulo não só ensina como também profetisa que a vitória será da Igreja Romana. Conclusão Seria necessário escrever um livro para apresentar todas as contradições da doutrina adventista em relação à Bíblia. Tais contradições são gritantes e bradam até aos céus! Aos seguidores de Ellen White valem ainda as palavras de S. Paulo: "Purificai-vos do velho fermento, para que sejais massa nova, porque sois pães ázimos, porquanto Cristo, nossa Páscoa, foi imolado" (1 Cor 5,7). Com efeito, ainda estão ligados ao velho fermento dos fariseus (cf. Mt 16,6), por isso possuem tanta dificuldade em aceitar toda a Graça de Cristo. Também sobre isso S. Paulo ensinou: "Não fazemos como Moisés, que cobria o rosto com um véu para que os filhos de Israel não fixassem os olhos no fim daquilo que era transitório [o Decálogo]. Em conseqüência, a inteligência deles permaneceu obscurecida. Ainda agora, quando lêem o Antigo Testamento, esse mesmo véu permanece abaixado, porque é só em Cristo que ele deve ser levantado. Por isso, até o dia de hoje, quando lêem Moisés, um, véu cobre-lhes o coração.


Esse véu só será tirado quando se converterem ao Senhor" (2 Cor 2,13-16). Dizem os adventistas que as obras de Ellen White são uma “luz menor” que explica a “luz maior” que é a Bíblia. Entretanto a prática é bem outra: os livros de Ellen White são a verdadeira Regra da Fé para os adventistas. Para que a doutrina adventista tivesse coerência com seus próprios princípios deveria fazer como os ebionitas que recusaram como Escritura todas as cartas de S. Paulo. A Doutrina Luterana da Salvação TER, 15 DE NOVEMBRO DE 2011 00:12 ALESSANDRO LIMA artinho Lutero era um monge católico da Ordem de Santo Agostinho, também conhecida com Ordem dos Agostinianos. Muito se tenta combater os ensinamentos de Lutero com base numa análise de sua vida e temperamento. Não faremos isso neste trabalho, pois acreditamos que os próprios ensinamentos do Pai da Reforma já dizem muito sobre si mesmos. Lutero não compreendia a Doutrina Católica acerca da salvação, a qual ensinava que as obras na fé em Cristo colaboram com a Graça que nos salva. Martinho Lutero era um monge católico da Ordem de Santo Agostinho,também conhecida com Ordem dos Agostinianos. Muito se tenta combateros ensinamentos de Lutero com base numa análise de sua vida etemperamento. Não faremos isso neste trabalho, pois acreditamos que ospróprios ensinamentos do Pai da Reforma já dizem muito sobre si mesmos.Lutero não compreendia a Doutrina Católica acerca da salvação, a qualensinava que as obras na fé em Cristo colaboram com a Graça que nos salva.


Transcreveremos esta doutrina conforme consta no Catecismo Tridentino, pelo fato deste estar mais próximo da catequese católica dos tempos de Lutero: “[...] Tudo atribuindo à Sua bondade [de Deus], agradecemos sem cessar Áquele que nos comunicou o Seu Espírito, por cuja valia nos encorajamos a chamar ‘Abba, Pai!’ Depois, consideraremos, seriamente, o que nos toca fazer, e o que nos toca evitar, a fim de conseguirmos o Reino do céu. Com efeito, Deus não nos chamou para a inércia e preguiça, porquanto chegou até a dizer: ‘O Reino do céu cede à violência, e são os esforçados que o arrebatam’ [Mt 11,12]. E noutra ocasião: ‘Se queres entrar para a vida, observa os Mandamentos’ [Mt 19,17] Por conseguinte, aos homens não lhes basta pedirem o Reino de Deus, se de sua parte não houver zelo e diligência para o alcançar; precisam pois, colaborar vigorosamente com a graça de Deus [1Cor 3,9], e manter-se no caminho que conduz ao céu” (1)

Lutero tinha muito medo de não ser aceito por Deus, e não via nas obras de piedade que praticava qualquer ajuda em vencer as próprias inclinações pecaminosas. Sabemos ainda que ele foi levado ao convento não por vocação, mas para cumprir uma promessa que havia feito. Esta situação colaborava ainda mais para agravar sua vivência na religiosidade católica.

Por isso ele achava que as obras eram inúteis. Com efeito, úteis são somente as obras motivadas pela Graça mediante a fé em Cristo, conforme já vimos.

Sua situação lhe desmotivava cada vez mais, causando sérias angústias, até que um grande alento lhe veio quando leu Rm 1,17. A expressão paulina “o justo viverá pela fé” lhe foi suficiente para conceber que a salvação vem somente pela fé, e não depende das obras motivadas por ela.

A partir de então Lutero ensinava que bastava a Fé para que alguém estivesse salvo. Para ele Deus decretava a salvação do crente mediante a sua confissão de Fé em Jesus Cristo. Pelo fato


de outros jovens estarem na mesma condição que ele, não foram poucos os adeptos de sua doutrina.

Já fora da Igreja Católica, Lutero na sua tradução da Bíblia para o alemão, adulterou Rm 1,17 adicionando o advérbio “somente” à expressão “o justo viverá pela fé”, ficando assim “o justo viverásomente pela fé”.

Estava lançada então a base da doutrina luterana da salvação, de forte caráter forense, pois nela Deus salva o homem por decreto e não por ação da Graça do Espírito Santo. Daí deriva a doutrina protestante pentecostal de que basta “aceitar” Jesus para estar (não ser) salvo. Para o protestante a Fé no Senhor não o levará à salvação, ela já salva, isto é, o crente não será salvo, mas já está salvo por causa de sua fé.

Lutero chegava mesmo a ensinar: “Se és um pregador da graça, então pregue uma graça verdadeira, e não uma falsa; se a graça existe, então deves cometer um pecado real, não fictício. Deus não salva falsos pecadores. Seja um pecador e peque fortemente, mas creia e se alegre em Cristo mais fortemente ainda…Se estamos aqui (neste mundo) devemos pecar…Pecado algum nos separará do Cordeiro, mesmo praticando fornicação e assassinatos milhares de vezes ao dia” (2).

Claro que Deus quando começa a nos salvar por ação de Sua Graça, nos aceita do jeito que somos, com todas as nossas falhas e pecados. Pois só se salva o que precisa de salvação, se fôssemos perfeitos não precisaríamos de sermos recuperados por Deus. Com efeito, disse o Senhor: "Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores" (cf. Mt 9,13).

Aqui se encontrava mais um equívoco do ex-monge católico derivado da leitura de Rm 5,20: "Sobreveio a lei para que


abundasse o pecado [pois sem lei não há transgressão]. Mas onde abundou o pecado, superabundou a graça".

Ora, no trecho acima S. Paulo não está ensinando que quanto à salvação Deus será indiferente aos pecados de quem confessou Jesus como Senhor e Salvador, mas que quanto maior for o pecado de alguém maior será a ação da Graça do Espírito Santo nele.

São Paulo está se referindo à ação santificante da Graça de Deus. O mesmo faria um médico ao se referir à ação curativa de um tratamento, dizendo: “onde abundou a doença, superabundou o remédio”. É o mesmo que dizer: a eficácia de um remédio depende do grau do mal que cura.

O proprio S. Paulo refuta Lutero em Rm 6. Porém, este capitulo da carta aos Romanos Lutero preferiu ignorar, como também ignorava a Epístola de S. Tiago, chamando-a de “epístola de palha” (3), pois ela era frontalmente contra sua doutrina de justificação somente pela fé.

Na sua tradução da Bíblia para o alemão, Lutero renegou esta carta a um apêndice, juntamente com os deuterocanônicos (4).

Mais tarde, na versão bíblica protestante KJV (King James Version) ou Versão do Rei Tiago, edição de 1611. A adição do “somente” em Rm 1,17 foi retirada, e a Carta de S Tiago, bem como os deuterocanônicos (5) voltaram à bíblia protestante.

Mesmo assim a “hermenêutica” luterana do “somente pela fé” ainda é a tradição na qual o protestantismo se fundamenta na sua elaboração da doutrina da salvação.

Notas


(1) Catecismo Romano. Edições Serviço de Animação Eucarística Mariana. Tradução de Frei Leopoldo Pires Martins, O. F. M. Pg 526527. (2) Carta a Melanchthon, 1 de agosto de 1521 (American Edition, Luther’s Works, vol. 48, pp. 281-82, editado por H. Lehmann, Fortress, 1963). (3) 'Preface to the New Testament,' ed. Dillenberger, p. 19. (4) Sete livros do AT rejeitados por Lutero. São eles Tobias, Judite, 1 e 2 Macabeus, Baruc, Sabedoria e Eclesiástico. Além dos acréscimos gregos de Daniel e Estér. (5) Porém, no início do século XVIII os deuterocanônicos foram finalmente retirados das edições protestantes da Bíblia Sagrada. Fragmento do ebook "A Graça, a Fé, as Obras e a Salvação" de autoria de Alessandro Lima*, Cap 3, pgs 25-27. * O autor é arquiteto de software, professor, escritor, articulista e fundador do Apostolado Veritatis Splendor.

A Igreja tem o poder de perdoar pecados? Introdução "Recebei o Espírito Santo. Aqueles a quem perdoardes os pecados, lhe serão perdoados; aqueles a quem os retiverdes, lhes serão retidos" (Jo 20,22-23).

Sabemos que o batismo é o primeiro grande sacramento do perdão dos pecados. Através do batismo somos inseridos na família de Deus (a Igreja) e temos nossas culpas perdoadas.


Mas se o Cristão que no ato do batismo recebeu a imagem de Cristo, vier a pecar e então manchar esta imagem? Como ele obterá o perdão do pecado se não pode ser rebatizado? A graça do batismo embora seja regenerativa, não livra a natureza humana de cometer pecados. O batismo é na verdade a porta de entrada para a Graça do Senhor e não a única e exlcusiva opção. No combate contra a inclinação para o mal, nem todas as batalhas o homem é vencerá; nem sempre conseguirá evitar a ferida do pecado. É necessário então que haja uma outra chance para que o batizado possa se reconciliar com Deus e a Santa Igreja. Foi para este caso que Nosso Senhor instituiu em Sua Igreja, o Sacramento da Confissão. Objeção Protestante Os protestantes afirmam que o perdão dos pecados deve ser pedido diretamente a Deus. Afirmam que a Igreja Católica pregra contra o Evangelho porque ensina que os fiéis católicos devem confessar seu pecado ao padre, e que isto seria errado pois o padre é um homem pecador como qualquer outro e como poderia um homem pecador perdoar o pecado de outro pecador? Se o padre pode batizar porque não pode perdoar pecados? Não é pelo batismo que obtemos o primeiro perdão dos pecados? Se podemos obter o perdão dos pecados quando o padre batiza, por que não podemos obter este mesmo perdão pelo sacramento da penitência (ou confissão)? Para sermos coerentes, ou deveríammos ser batizados diretamente por Deus ou o padre também pode perdoar pecados. Por que que a Graça que opera no ato do Batismo não pode operar também no ato do confissão ao sacerdote? Qual será o ensinamento que Cristo deixou sobre o perdão dos pecados após o batismo? Antes, veremos como Ele instituiu a confissão dos pecados na Antiga Aliança. O perdão dos pecados na Antiga Aliança


Na Antiga Aliança os pecados não eram perdoados com a confissão direta a Deus. O pecado era confessado no Templo perante o sacerdote e o pecador tinha que oferecer um sacrifício especifico para obter o perdão de seu pecado (cf. Lv 4). Esta regra estabelecida por Deus era figura do Sacramento da Confissão. Como Ele mesmo disse, o Senhor não veio abolir a Lei, mas dar o seu correto cumprimento. Cristo vem para realizar aquilo que antes era anunciado em figura. O que Ele fez com a antigra regra de Moisés quanto à confissão e perdão dos pecados? Veremos agora como a confissão dos pecados deveria ser na Nova e Eterna Aliança. O perdão dos pecados na Nova e Eterna Aliança A Igreja foi fundada para que seja o Cristo na terra, isto é, para que opere na terra tudo que Cristo operava, já que Ele deveria ir para o Pai. Como dizia Santo Ambrósio de Milão: "O Senhor quer que seus discípulos tenham um poder imenso: quer que seus pobres servidores realizem em Seu nome tudo o que havia feito quando estava na terra" (Sobre a Penitência, 370 DC). O Senhor desejou que as coisas que Ele realizava fossem agora realizadas por meio de Sua Igreja. Por isso Nosso Senhor primeiramente confere aos apóstolos o poder de batizar e autoridade de pregar o Evangelho, já que sem a fé Nele e sem o batismo ninguém pode se salvar (cf. Mt 16,15-16). Depois Nosso Redentor confere aos Apóstolos o poder de perdoar pecados: "Recebei o Espírito Santo. Aqueles a quem perdoardes os pecados, lhe serão perdoados; aqueles a quem os retiverdes, lhes serão retidos" (Jo 20,22-23). O desejo de Cristo de que o perdão dos pecados deve ser obtido através da Igreja é bem claro. É um grande erro crer que o pecado pode ser confessado diretamente a Deus. Não foi este o desejo de Nosso Senhor. Da mesma forma que sem Cristo não há perdão, sem a Igreja também não há, já que ela é o Cristo na terra. Precedentes contra o Sacramento da Confissão No início do século III, Novato - um sacerdote da Igreja em Roma ensinava que não haveria mais esperança para aquele que viesse a


pecar depois do batismo. Para ele era inútil o poder da Igreja de perdoar pecados. Novato consegue influenciar muitos membros do clero em Roma. Seus ensinamentos provocaram grande turbulência na Igreja Católica em Roma e então um Concílio regional é convocado para tratar da questão. Segundo o historiador da Igreja Primitiva, o Bispo Eusébio de Cesaréira, este Concílio "Contava com sessenta bispos e ainda um número maior de presbíteros e diáconos; nas províncias, os pastores examiraram em particular, conforme cada região, o que importava fazer. Foi tomada uma decisão geral. Fossem considerados fora da comunhão da Igreja, Novato, simultaneamente com os que se rebelaram com ele, e adotaram a opinião antifraterna e inteiramente desumana de Novato. Relativamente aos irmãos que haviam caído na infelicidade, era preciso tratá-los e curá-los pelos remédios da penitência" (História Eclesiástica VI, 43,2). Em normas gerais, a heresia Novaciana negava o perdão dos pecados aos que caíram em pecado após o Batismo. Os sacerdotes novacianos, negavam ministrar o Sacramento da Confissão aos fiéis da Igreja. Embora o Concílio Reginal de Roma tivesse condenado as teses novacianas, além de outros Concílios Regionais na próprio Itália, no Egito e na África, a heresia Novaciana ganhou grande terreno na Igreja Antiga. Em meados do século IV, o Bispo Ambrósio de Milão (pai espiritual de Santo Agostinho) publica importante obra contra a heresia novaciana entitulada "Sobre a Penitência". A obra reafirmava a ortodoxia da Tradição recebida dos Apóstolos, de que a Igreja não poderia negar o perdão dos pecados aos fiéis e que recebera especial poder de Cristo exatamente para este fim. "Sobre a Penitência" foi definitiva para varrer as teses de Novato do seio da Santa Igreja. Conclusão O catecismo da Igreja Católica quanto ao Sacramento da Confissão, é fé antiga do Cristianismo. A Igreja Católica não modificou o Evangelho ( como acusam os homens de má fé ou ignorantes da memória Cristã), ao contrário ensina o Evangelho de sempre, assim como Cristo comunicou aos Apóstolos e estes nos deixaram através da Sagrada Tradição. Vimos que a própria Bíblia dá testemunho de que Cristo deu aos seus apóstolos o poder de perdoar pecados (cf. Jo, 20,22-23).


A tese que nega que a Igreja tenha o poder de perdoar os pecados, sempre foi tida como heresia nos primeiros séculos. Como pode ser agora aceita como fé legítima? A Verdade é verdade sempre: ontém e hoje. A falta de memória cristã é arrasta e tem arrastados muitos a professarem o erro, achando que estão agradando a Deus. Ficamos aqui com a reflexão de Santo Ambósio de Milão sobre aqueles que, como os novacianos, negam que a Igreja tenha o poder de perdoar pecados: "Dizem eles [os hereges novacianos], porém, que prestam reverência ao Senhor, o único a quem reservam o poder de remir os crimes. Pelo contrário, ninguém lhe faz maior injúria do que aqueles que querem anular seus mandamentos, rejeitar o encargo que lhes foi confiado. Pois se o próprio Senhor Jesus diz em seu Evangelho: 'Recebei o Espírito Santo, e a quem perdoardes os pecados, serlhe-ão perdoados, e a quem os retiverdes, ser-lhe-ão retidos'(Jô 20,22-23). Quem é que o honra mais: aquele que obedece a seus mandamentos ou aquele que resiste a eles?"(Santo Ambrósio de Milão, Sobre a Penitência 2,6. 370 DC) "Que sociedade podem então ter contigo [Jesus] estes que não aceitam as chaves do Reino (cf. Mt 16,19), ao negarem que devem perdoar os pecados?" (Santo Ambrósio de Milão, Sobre a Penitência 7,32. 370 DC) "É certamente isto que eles [os novacianos] confessam a seu próprio respeito e com razão; de fato, não podem ter a herança de Pedro aqueles que não tem a cátedra de Pedro, a qual despedaçam com uma ímpia divisão. Contudo, é sem razão que negam também que na Igreja os pecados possam ser perdoados."(Santo Ambrósio de Milão, Sobre a Penitência 7,33. 370 DC) Qual a base bíblica para a doutrina do Purgatório? Deus nos manda sermos santos: "Dirás a toda a assembléia de Israel o seguinte: sede santos, porque eu, o Senhor, vosso Deus, sou santo" (Lv 19,2). A Bíblia ensina em diversas oportunidades que na morada de Deus não entra o pecado. Vejamos por exemplo Hebreus:


"E tão terrível era o espetáculo, que Moisés exclamou: Eu tremo de pavor. Vós, ao contrário, vos aproximastes da montanha de Sião, da cidade do Deus vivo, da Jerusalém celestial, das miríades de anjos, da assembléia festiva dos primeiros inscritos no livro dos céus, e de Deus, juiz universal, e das almas dos justos que chegaram à perfeição, enfim, de Jesus, o mediador da Nova Aliança, e do sangue da aspersão, que fala com mais eloqüência que o sangue de Abel" (Hb 12,21-24) (grifos meus). O Apocalipse confirma que na “cidade do Deus vivo, da Jerusalém celestial” só entrarão as “almas dos justos que chegaram à perfeição”, veja: "Levou-me em espírito a um grande e alto monte e mostrou-me a Cidade Santa, Jerusalém, que descia do céu, de junto de Deus, revestida da glória de Deus. Assemelhava-se seu esplendor a uma pedra muito preciosa, tal como o jaspe cristalino [...] Nela não entrará nada de profano nem ninguém que pratique abominações e mentiras, mas unicamente aqueles cujos nomes estão inscritos no livro da vida do Cordeiro" (Ap 21,10-11.27) (grifos meus). O próprio livro do Apocalipse é rico em referências ao necessário estado de santidade em que se encontram aqueles que JÁ ESTÃO no Céu, veja em Ap 3,5; 7,9.13-14; 22,14. Por isso é que sabendo de tudo isso exclamou Davi: "Senhor, quem há de morar em vosso tabernáculo? Quem habitará em vossa montanha santa? O que vive na inocência e pratica a justiça, o que pensa o que é reto no seu coração, cuja língua não calunia; o que não faz mal a seu próximo, e não ultraja seu semelhante. O que tem por desprezível o malvado, mas sabe honrar os que temem a Deus; o que não retrata juramento mesmo com dano seu, não empresta dinheiro com usura, nem recebe presente para condenar o inocente. Aquele que assim proceder jamais será abalado" (Sl 14). Depois de todos estes exemplos, é evidente que a santidade exigida por Deus desde o Levítico (Lv 19,2) é necessária ao justo para entrar no céu (Ap 21,10-11.27). Precisamos entender que o pecado não é só o ato de pecar, mas a própria vontade desejosa de pecar já é pecado pelo Senhor, antes mesmo que o pecado se concretize em atos. Com efeito, Ele disse: "Eu, porém, vos digo: todo aquele que lançar um olhar de cobiça para uma mulher, já adulterou com ela em seu coração" (Mt 5,28)


(grifos meus). O mesmo se confirma, por exemplo, em Hebreus: "Eu me indignei contra aquela geração, porque andavam sempre extraviados em seu coração e não compreendiam absolutamente nada dos meus desígnios" (Hb 3,10). Acontece que o justo (aquele que se reconciliou com Deus) na maioria das vezes morre sem estar em estado de santidade, isto é, sua alma não se encontra entre as “almas dos justos que chegaram à perfeição” (cf. Hb 12,21-24). Se sua alma ainda não chegou à perfeição, significa que ele ainda possui vontade de pecar. Então como ele irá entrar no céu? Como irá entrar na “cidade do Deus vivo, da Jerusalém celestial”? Claro que ele por ser justo não foi condenado ao inferno, porém pelo fato de ainda possuir inclinações ao pecado não pode entrar no Céu. Ele precisa então ser purificado de suas inclinações pecaminosas, este estado de purificação após a morte é que chamamos de Purgatório, pois purga, cura, o justo naquilo que ainda ele tiver de impuro. O estado de purgatório não é uma substituição do sacrifício de Cristo na cruz, mas é uma continuação da Graça dispensada por Deus devido ao Sacrifício na Cruz. Ora, sabemos que a Graça do Espírito Santo nos foi dada por causa do Sacrifício de Cristo na Cruz. Esta Graça opera no homem santificando-o progressivamente, conforme muitas vezes ensinou S. Paulo: "É por isso que não desfalecemos. Ainda que exteriormente se desconjunte nosso homem exterior, nosso interior renova-se de dia para dia" (2Cor 4,16). Ver também Cl 3,9-10. Dizer que o purgatório substitui a salvação de Cristo é o mesmo que dizer que a ação da Graça pelo Espírito Santo faz o mesmo. As duas coisas são ações da Graça de Deus, para nossa salvação por meio de Cristo. Porém, por uma falta de maior colaboração do homem com a Graça, esta renovação do homem velho para o homem novo, muitas vezes não se completa na vida terrena, e precisa ser completada após a morte. Sobre isso Jesus ensinou: "Todo o que tiver falado contra o Filho do homem será perdoado. Se, porém, falar contra o Espírito Santo, não alcançará perdão nem neste mundo, nem no mundo vindouro" (Mt 12,32). Ora, que tipos de pecados podem ser perdoados “no mundo vindouro”? Estes pecados são as inclinações pecaminosas que ainda subsistem na alma que morre na imperfeição. A expressão


“no mundo vindouro” utilizada pelo Senhor é referência ao mundo pós-mortem. Jesus ainda disse: "Entra em acordo sem demora com o teu adversário, enquanto estás em caminho com ele, para que não suceda que te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao seu ministro e sejas posto em prisão. Em verdade te digo: dali não sairás antes de teres pago o último centavo" (Mt 5,25-26) (grifos meus). Aqui há uma alusão do Senhor de que devemos colaborar com a Graça em vida, pois mesmo que o juiz nos ache justo, não teremos liberdade (morar no céu) até que todo pecado seja purgado (“teres pago o último centavo”), pois na “cidade do Deus vivo, da Jerusalém celestial” só entrarão as “almas dos justos que chegaram à perfeição” (cf. Hb 12,21-24). Veja ainda Mt 18,23-35; Lc 12,58-59. S. Paulo também ensinou sobre o estado de purgatório das almas: "Quanto ao fundamento, ninguém, pode pôr outro diverso daquele que já foi posto: Jesus Cristo. Agora, se alguém edifica sobre este fundamento, com ouro, ou com prata, ou com pedras preciosas, com madeira, ou com feno, ou com palha, a obra de cada um aparecerá. O dia (do julgamento) demonstra-lo-á. Será descoberto pelo fogo; o fogo provará o que vale o trabalho de cada um. Se a construção resistir, o construtor receberá a recompensa. Se pegar fogo, arcará com os danos. Ele será salvo, porém passando de alguma maneira através do fogo" (1Cor 3,10-15) (grifos meus). Assim como o as impurezas do ferro são tiradas no fogo, as impurezas da alma são sanadas no fogo do purtagório. Na pergunta que tratamos de responder, o autor coloca o ano de 593 d.C sugerindo que nesta data tenha sido inventada a doutrina do purgatório. Quem consulta as fontes primitivas da Fé e faz uma coisa destas age com notória falta com a Verdade. Talvez o autor da questão tenha copiado o ano de outra fonte, de qualquer forma é preciso investigar, agindo com toda honestidade. Muito antes de 593 d.c já encontramos entre os primeiros cristãos a fé no estado de purgatório. Tertuliano em meados do séc. II em sua obra “De an. 58” dá testemunho da fé primitiva na crença em que os justos que não morriam em estado total de perfeição, purgavam o restante de suas inclinações ao pecado, num estado intermediário entre o inferno e o céu, normalmente referido por sheol. (1).


Na virada dos entre os séc. II e III, Orígenes também testifica a doutrina do purgatório em sua obraNum. Hom. 15. O mesmo se dá em Clemente de Alexandria em Edsman 1-4. (ibidem). No século III, Cipriano de Cartago reafirma a crença antiga no purgatório na sua Epístola 55,22. O mesmo o faz Ambrósio de Milão em In. Ps. 36,36. (ibidem) Já no século IV é a vez de Gregório de Nissa em Or. De mort. e Cesário de Arles em Serm. 167 e 179. (ibidem). Na virada do século IV para o V, Agostinho escreve amplamente sobre o tema em sua obras “O cuidado devido aos mortos” e “Cidade de Deus”. O Papa Gregório que foi referenciado na pergunta, no séc V (e não em 593) em sua obra Dial 4,39 escreveu: "Desta afirmação (Mt 12,31), podemos deduzir que certas faltas podem ser perdoadas no século presente, ao passo que outras no século futuro". Conforme já o demonstramos, a doutrina ensinada pelo Papa não é novidade de seu tempo, mas uma reiteração da perene doutrina do estado de purgatório, logo que SEMPRE FOI CRIDA pelos primeiros Cristãos. Somente a Verdadeira Fé pode ser demonstrada sem dificuldades pela Bíblia e encontrada no testemunho dos primeiros cristãos. Notem que nem foi preciso utilizar qualquer um dos sete livros deuterocanônicos que Lutero arrancou da Bíblia. As obras dos Pais da Igreja podem ser encontradas online em: no sítio da Enciclopédia Católica dos EUA (http://www.newadvent.org/fathers). - em português na seção “Patrística” de nosso sítio ou na Central de Obras do Cristianismo Primitivo (COCP) em http://www.nabeto.ihshost.com/cocp/. Notas (1) BERARDINO, Angelo Di. Dicionário Patrístico e de Antiguidades Cristãs. Tradução de Cristina Andrade; organizado por Angelo Di Berardino. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002. Verbete Purgatório, pg. 1203. Deus proíbe a confecção de imagens? SEG, 05 DE NOVEMBRO DE 2001 23:23 ALESSANDRO LIMA "Farás também dois querubins de ouro; de ouro batido os farás, nas duas extremidades do propiciatório." (Ex 25,18)


Muitas vezes andando nas ruas encontramos pessoas vestidas com ternos e com uma Bíblia na mão, ensinando que usar imagens em igrejas é idolatria. Por este motivo costumam chamar os católicos de idólatras, isto é, adoradores de ídolos, que quer dizer adoradores de falsos deuses. E ainda acusam a Igreja Católica de ensinar a adoração destas imagens.

Os protestantes encaram o uso das imagens sacras como um insulto ao mandamento divino que consta em Ex 20,4 que proíbe a confecção delas. A Igreja Católica sempre defendeu o uso das imagens. Estaria a Igreja Católica desobedecendo a ordem divina em Ex 20,4? A Igreja Católica é a única Igreja que tem ligação direta com os apóstolos de Cristo, sendo ela a guardiã da doutrina ensinada por eles e por Cristo, sem lhe inculcar qualquer mudança. Se ela quisesse mesmo agir contra a ordem divina, teria adulterado a Bíblia nas passagens em que há a condenação das imagens. Na Bíblia católica - pois a Bíblia protestante não contém sete livros relativos ao Velho Testamento- o Livro da Sabedoria condena como nenhum outro a idolatria (Sb 13-15). Não poderia a Igreja repudiar o livro como fizeram os protestantes? Na Sagrada Escritura há outras passagens que condenam a confecção de imagens como por exemplo:Lv 26,1; Dt 7,25; Sl 97,7 e etc. Mas também há outras passagens que defendem sua confecção como:Ex 25,17-22; 37,7-9; 41,18; Nm 21,8-9; 1Rs 6,2329.32; 7,26-29.36; 8,7; 1Cr 28,18-19; 2Cr 3,7,10-14; 5,8; 1Sm 4,4 e etc. Pode Deus infinitamente perfeito entrar em contradição consigo mesmo? É claro que não. E como podemos explicar esta aparente contradição na Bíblia? Isto é muito simples de ser explicado. Deus condena a idolatria e não a confecção de imagens. Quando o objetivo da imagem é representar, ou ser um ídolo que vai roubar a adoração devida a somente a Deus, ela é abominável. Porém quando é utilizada ao


serviço de Deus, no auxílio à adoração a Deus, ela é uma benção. Vejamos os textos abaixo: "Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem embaixo da terra, nem nas àguas debaixo da terra. Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque Eu, o Senhor teu Deus, sou zeloso, que visito a maldade dos pais nos filhos até a terceira geração daqueles que me aborrecem."(Ex 20,4-5) Note que nesta passagem a função da imagem é roubar a adoração devida somente a Deus. O texto bíblico condena a confecção da imagem porque ela está roubando o culto de adoração ao Senhor. A existência deste mandamento se deve pelo fato do povo judeu ser inclinado à idolatria, por ter vivido no Egito que era uma nação idólatra e por estar cercado de nações pagãs, que não adoravam a Deus, e que construíam seus próprios deuses. Deus quer dizer aqui "não construam deuses para vocês, pois Eu Sou o Deus Único e Verdadeiro". "Farás também dois querubins de ouro; de ouro batido os farás, nas duas extremidades do propiciatório. Farás um querubin na extremidade de uma parte, e outro querubin na extremidade de outra parte; de uma só peça com o propiciatório fareis os querubins nas duas extremidades dele." (Ex 25,18-19) Neste versículo, Deus ordena a Moisés que construa duas imagens de querubins que serão colocadas em cima da arca-da-aliança, onde estavam as tábuas da lei, dos dez mandamentos. Veja que os querubins aqui não são objetos de adoração, mas de ornamentação da arca. Salomão também manda construir dois querubins de madeira, que serão colocados no altar para enfeitar o templo (1Rs 6,23-29). Para deixar mais claro ainda a proibição e a permissão do uso das imagens sacras, vejamos os próximos versículos: "E disse o Senhor a Moisés: Faze uma serpente ardente e põe-na sobre uma haste; e será que viverá todo mordido que olhar para ela. E Moisés fez uma serpente de metal e pô-la sobre uma haste; e era que, mordendo alguma serpente a alguém, olhava para a serpente de metal e ficava vivo." (Nm 21,8-9) "Este [Ezequias] tirou os altos, e quebrou as estátuas, e deitou abaixo os bosques e fez em pedaços a serpente de metal que


Moisés fizera, porquanto até aquele dia os filhos de Israel lhe queimavam incenso e lhe chamavam Neustã."(2Rs 18,4) Note que no primeiro texto de Nm 21,8-9, Deus não só permitiu o uso da imagem, como também a utiliza para o seu serviço; e a transforma em objeto de benção para seu povo, sinal de Seu amor por Israel. E no segundo texto de 2Rs 18,4 a mesma serpente de metal que outrora foi construída por Moisés, é repudiada por Deus. Tornou-se objeto de adoração pois "os filhos de Israel lhe queimavam insenso". Deram a ela o culto devido somente a Deus. A Serpente de metal perdeu como nos mostra o texto, o seu sentido original, porque os filhos de Israel "não obedeceram à voz do Senhor, seu Deus; antes, tranpassaram seu concerto; e tudo quanto Moisés, servo do Senhor, tinha ordenado, nem o ouviram nem o fizeram."(2Rs 18,12) Aí fica mais que claro que Deus não condena o uso das imagens sacras e sim a idolatria. É importante lembrarmos que há muitas outras formas de idolatria, como o amor ao dinheiro, aos bens materias, etc; que substituem o amor que devemos ter somente por Deus. Os católicos adoram os santos? "Pela tarde chegaram os dois anjos a Sodoma. Lot, que estava assentado à porta da cidade, ao vê-los, levantou-se e foi-lhes ao encontro e prostrou-se com o rosto por terra" (Gn 19,1). Todo católico já deve ter sido interpelado por um protestante a respeito do uso das imagens na Igreja Católica. Suas perguntas nesta matéria sempre vêm com a acusação de que nós católicos somos idólatras porque fazemos uso das imagens. O mais interessante e também triste é que normalmente essas pessoas se dizem ex-católicas. E não me surpreendo em sempre verificar que foram “católicos” muito mal formados ou totalmente ignorantes da doutrina que dizem ter professado. Será que esses ex-“católicos” já leram no Catecismo da Igreja Católica o ensino da Igreja sobre o uso das imagens? Lá encontramos:


2131. Com base no mistério do Verbo encarnado, o sétimo Concílio ecuménico, de Niceia (ano de 787) justificou, contra os iconoclastas, o culto dos ícones: dos de Cristo, e também dos da Mãe de Deus, dos anjos e de todos os santos. Encarnando, o Filho de Deus inaugurou uma nova «economia» das imagens. 2132. O culto cristão das imagens não é contrário ao primeiro mandamento, que proíbe os ídolos. Com efeito, «a honra prestada a uma imagem remonta (63) ao modelo original» e «quem venera uma imagem venera nela a pessoa representada» (64). A honra prestada às santas imagens é uma «veneração respeitosa», e não uma adoração, que só a Deus se deve: «O culto da religião não se dirige às imagens em si mesmas como realidades, mas olha-as sob o seu aspecto próprio de imagens que nos conduzem ao Deus encarnado. Ora, o movimento que se dirige à imagem enquanto tal não se detém nela, mas orienta-se para a realidade de que ela é imagem» (65).” (Catecismo da Igreja Católica, 2131-2132.) Na Sagrada Escritura há outras passagens que condenam a confecção de imagens como, por exemplo: Lv 26,1; Dt 7,25; Sl 97,7 e etc. Mas também há outras passagens que defendem sua confecção como: Ex 25,17-22; 37,7-9; 41,18; Nm 21,8-9; 1Rs 6,2329.32; 7,26-29.36; 8,7; 1Cr 28,18-19; 2Cr 3,7,10-14; 5,8; 1Sm 4,4 e etc. Pode Deus infinitamente perfeito entrar em contradição consigo mesmo? É claro que não. E como podemos explicar esta aparente contradição na Bíblia? Isto é muito simples de ser explicado. Deus condena a idolatria e não a confecção de imagens. Quando o objetivo da imagem é representar um ídolo que vai roubar a adoração devida somente a Deus, ela é abominável. Porém quando é utilizada ao serviço de Deus, no auxílio à adoração a Deus, ela é uma benção. "Farás também dois querubins de ouro; de ouro batido os farás, nas duas extremidades do propiciatório. Farás um querubin na extremidade de uma parte, e outro querubin na extremidade de outra parte; de uma só peça com o propiciatório fareis os querubins nas duas extremidades dele." (Ex 25,18-19) "E disse o Senhor a Moisés: Faze uma serpente ardente e põe-na sobre uma haste; e será que viverá todo mordido que olhar para ela. E Moisés fez uma serpente de metal e pô-la sobre uma haste; e era que, mordendo alguma serpente a alguém, olhava para a serpente de metal e ficava vivo." (Nm 21,8-9)


"Este [Ezequias] tirou os altos, e quebrou as estátuas, e deitou abaixo os bosques e fez em pedaços a serpente de metal que Moisés fizera, porquanto até aquele dia os filhos de Israel lhe queimavam incenso e lhe chamavam Neustã."(2Rs 18,4). Embora a Bíblia mostre claramente em quais casos a confecção das imagens é permitida, os “leitores da bíblia” proíbem o uso das imagens em qualquer caso, desta forma extrapolando indevidamente o mandamento de Deus.

Ajoelhar-se e prostar-se é sempre adoração ou idolatria? Dizem ainda que nós católicos somos idólatras porque nos ajoelhamos diante das imagens dos santos e lhe fazemos pedidos. Esta acusação demonstra uma tremenda ignorância por parte dos protestantes entre o culto de adoração (latria) e o culto de veneração (dulia). A própria Escritura que eles dizem conhecer e seguir dá testemunho da distinção entre as duas coisas. Ajoelhar-se também é um sinal de reverência e veneração. Os súbitos devem prestar veneração pelos Reis, ou por uma autoridade suprema. O filho pelos pais, os alunos pelos professores e os discípulos pelo mestre. Tudo isso está em conformidade com a ordem estabelecida por Deus. Vejamos alguns exemplos na Sagrada Escritura: "Pela terceira vez, mandou o rei [Ocozias da Samaria] um chefe com os seus cinqüenta homens, o qual, chegando aonde estava Elias, pôs-se de joelhos e suplicou-lhe, dizendo: Peço-te, ó homem de Deus, que a minha vida tenha algum valor aos teus olhos e a destes cinqüenta homens teus servos " (2Rs 1,13). Na passagem acima um mensageiro do Rei Ocozias da Samaria põe-se de joelhos diante do Profeta Elias. Por que faz isso? Para suplicar-lhe que permita viver com seus cinqüenta companheiros de viagem, pois antes Elias mandou vir fogo do céu sobre duas equipes anteriores. O ato de súplica não é um ato de adoração, mas de humildade, de rebaixamento, onde se reconhece no outro sua superioridade ou seu poder de atender-lhe um pedido. Nós católicos quando nos ajoelhamos diante das imagens dos santos e lhe fazemos pedidos, não estamos adorando ídolos, mas dirigindo nossa súplica aos nossos irmãos na fé que representados


por suas imagens já se encontram na presença de Deus. O ajoelhar-se do católico aí é um ato de súplica e não de adoração. Com efeito, ensina o Catecismo da Igreja Católica” 956. A intercessão do santos. “Pelo fato de os habitantes do Céu estarem unidos mais intimamente com Cristo, consolidam com mais firmeza na santidade toda a Igreja. Eles não deixam de interceder por nós ao Pai, apresentando os méritos que alcançaram na terra pelo único mediador de Deus e dos homens, Cristo Jesus. Por conseguinte, pela fraterna solicitude deles, nossa fraqueza recebe o mais valioso auxílio” (Lumen Gentium 49) Será que os ex-“católicos” alguma vez leram este parágrafo do Catecismo? Sinceramente, eu duvido... Vejamos outro interessante testemunho da Escritura Sagrada: "Abraão levantou os olhos e viu três homens de pé diante dele. Levantou-se no mesmo instante da entrada de sua tenda, veio-lhes ao encontro e prostrou-se por terra" (Gn 18,2). O texto sagrado testemunha que Abraão prostra-se ao ver os três anjos do Senhor. Devemos acusar o Patriarca de idolatria? Obviamente que Abraão não estava adorando os anjos, pois se fosse este o caso eles o teriam repreendido, como fez o anjo que revelava o apocalipse a S. João (cf. Ap 22,8-9). Entretanto, Abraão estava prestando-lhes culto de reverência, reconhecendo a condição superior dos anjos de Deus. "Aquele que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e ensinar assim aos homens, será declarado o menor no Reino dos céus. Mas aquele que os guardar e os ensinar será declarado grande no Reino dos céus" (Mt 5,19). Ora, por acaso não são os santos exatamente aquelas pessoas que venceram na fé e que agora podem ser consideradas grandes no Reino dos Céus como ensinou Nosso Senhor? Cabe ainda lembrar que para o Senhor o menor no Reino do Céu é maior do que qualquer um que esteja vivendo na terra (cf. Mt 11,11). Embora os atos de veneração e súplica sejam externamente iguais à reverência que se deve somente a Deus, internamente são coisas bem distintas e a própria Escritura Sagrada distingue bem as duas coisas. Mais alguns exemplos interessantes:


"Moisés saiu ao encontro de seu sogro, prostrou-se e beijou-o. Informaram-se mutuamente sobre a sua saúde e entraram na tenda" (Ex 18,7). "Quando Abigail avistou Davi, desceu prontamente do jumento e prostrou-se com o rosto por terra diante dele" (1Sm 25,23). Porém, alguém poderia levantar a seguinte objeção: “mas, os exemplos dados são de pessoas vivas venerando pessoas vivas e não mortas”. Primeiramente, isso não é totalmente verdade já que os anjos do Senhor não podem ser considerados “pessoas vivas”, mas seres espirituais. Em segundo lugar, os santos que estão no céu também são seres espirituais. Em terceiro, a Escritura dá testemunho da veneração do rei Saul ao profeta Samuel já falecido: "Qual é o seu aspecto? É um ancião, envolto num manto. Saul compreendeu que era Samuel, e prostrou-se com o rosto por terra" (1Sm 28,14). Mais sobre atos de veneração podem ser encontrados em Gn 23,12; Gn 33,3; Ex 18,7; 1Sm 25,41; 2Sm 9,6; 14,4. Adorar é reconhecer a divindade e oferecer sacrifício Deus condena a confecção de ídolos, pois o ídolo leva as pessoas a prestarem a ele o culto que só se deve a Deus: o culto de adoração. Adorar um ato de reconhecimento da divindade e oferecimento de sacrifício. Os pagãos realmente adoravam seus ídolos, pois lhes reconheciam a divindade e lhes ofereciam sacrifício: "Habitando os israelitas em Setim, entregaram-se à libertinagem com as filhas de Moab. Estas convidaram o povo aos sacrifícios de seus deuses, e o povo comeu e prostrou-se diante dos seus deuses" (Nm 25,1-2). "Em vão Acaz tinha despojado o templo do Senhor, o palácio real e os príncipes para fazer presentes ao rei da Assíria. Tudo isso de nada lhe valeu. Embora estivesse angustiado, o rei Acaz continuou seus crimes contra o Senhor. Oferecia sacrifícios aos deuses de Damasco, que o tinham derrotado: São, dizia ele, os deuses dos reis da Síria que lhes vêm em auxílio; oferecer-lhes-ei, portanto, sacrifíciospara que me ajudem igualmente. Mas foram a causa de sua queda e de todo o Israel" (2Cr 28,21-23).


No segundo livro dos Reis encontramos o conceito completo de idolatria por meio de sua condenação: "O Senhor tinha feito com eles uma aliança e lhes tinha dado a seguinte ordem: Não adorareis outros deuses, nem vos prostrareis diante deles; não lhes prestareis culto, e não lhes oferecereis sacrifícios" (2Rs 17,35). Os pagãos prostravam-se diante de seus ídolos não para reconhecerem neles instrumentos e servos de Deus de condição superior a nossa e que são capazes de interceder por nós junto a Deus, mas crendo que eram deuses verdadeiros e portanto capazes de eles mesmos realizarem milagres. Em 2Rs 17,35 Deus apresenta a doutrina em sentido negativo. No versículo seguinte encontramos o conceito da verdadeira adoração: "Mas temei ao Senhor que vos tirou do Egito com o poder de seu braço. A ele temereis, diante dele vos prostrareis e a ele oferecereis os vossos sacrifícios" (2Rs 17,36). Somente a Deus devemos nos prostrar reconhecendo-lhe a divindade e oferecendo-lhe o sacrifício devido. Os verdadeiros idólatras de nosso tempo são aqueles que oferecem sacrifício de animais (geralmente galinhas e carneiros) aos seus falsos deuses. Os protestantes não adoram a Deus, apenas o louvam. Seu culto é apenas um culto de louvor e não de adoração. Só no catolicismo se adora a Deus, pois na Santa Missa é oferecido a Deus o cordeiro imaculado que é Nosso Senhor Jesus Cristo, conforme sua própria prescrição (cf. Mt 14,22-25; Lc 22,17-20; 1Cor 11,23-29). Defesa da veneração dos santos pelos primeiros cristãos Como os católicos hoje, os cristãos dos primeiros séculos eram acusados de idolatria por venerarem os Santos. Mas, em vez dos grupos heréticos (que tanto se difundiram após o século XVI), quem propagava esta mentira era o rabinismo judaico, isto é, os judeus que não abraçaram a fé cristã. Talvez o primeiro texto que dá testemunho da veneração dos santos como ainda nós católicos praticamos hoje, com honra,


homenagem, celebração dos heróis e modelos da fé, seja a Carta que a Igreja de Esmirna enviou à Igreja de Filomélio, narrando o Martírio de São Policarpo (Bispo de Esmirna e discípulo do Apóstolo São João). Este documento de meados do segundo século é o texto hagiográfico mais antigo que se tem notícia. A Carta nos dá testemunho que após o martírio de São Policarpo, os cristãos de Esmirna tentaram conseguir a posse de seu corpo, para dar ao mártir um sepultamento adequado. Mas, foram impedidos pelas autoridades que eram influenciadas pelos judeus rabínicos, que diziam que os cristãos queriam o corpo de São Policarpo para adorá-lo como faziam com Cristo. Na carta é interessante o comentário que os cristãos de Esmirna fazem por causa da ignorância que os judeus tinham sobre a diferença da adoração que os cristãos prestavam somente a Nosso Senhor Jesus Cristo e a veneração prestada aos Santos. Semelhantes a nós católicos dos últimos séculos, os católicos do passado escreveram: "Ignoravam eles que não poderíamos jamais abandonar Cristo, que sofreu pela salvação de todos aqueles que são salvos no mundo, como inocente em favor dos pecadores, nem prestamos culto a outro. Nós o adoramos porque é o Filho de Deus. Quanto aos mártires, nós os amamos justamente como discípulos e imitadores do Senhor, por causa da incomparável devoção que tinham para com seu rei e mestre. Pudéssemos nós também ser seus companheiros e condiscípulos!" (Martírio de Policarpo 17:2 +- 160 D.C). E mais adiante esta importantíssima prova da fé primitiva, dá testemunho do costume que a Igreja tinha em guardar uma data, para celebrar a memória dos Santos, como Ela faz até hoje: "Vendo a rixa suscitada pelos judeus, o centurião colocou o corpo no meio e o fez queimar, como era costume. Desse modo, pudemos mais tarde recolher seus ossos [de Policarpo], mais preciosos do que pedras preciosas e mais valiosos do que o ouro, para colocá-lo em lugar conveniente. Quando possível, é aí que o Senhor nos permitirá reunir-nos, na alegria e contentamento, para celebrar o aniversário de seu martírio, em memória daqueles que combateram antes de nós, e para exercitar e preparar aqueles que deverão combater no futuro." (Martírio de Policarpo 18 +- 160 D.C)


Portanto, a Veneração dos Santos, não é idolatria e sim uma legítima e piedosa doutrina cristã que tem berço na Tradição da Igreja nascente.

A Intercessão dos Santos Desde os tempos apostólicos a Igreja ensina que os que morreram na amizade do Senhor, não só podem como estão orando pela salvação daqueles que ainda se encontram na terra. Tal conceito é conhecido como a intercessão dos santos. A Doutrina Sobre a doutrina da intercessão dos santos, o Catecismo da Igreja Católica ensina: "Pelo fato que os do céu estão mais intimamente unidos com Cristo, consolidam mais firmemente a toda a Igreja na santidade... Não deixam de interceder por nós ante o Pai. Apresentam por meio do único Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, os méritos que adquiriram na terra... Sua solicitude fraterna ajuda, pois, muito a nossa debilidade." (CIC 956) Por tanto para a Igreja Católica, os santos intercedem por nós junto ao Pai, não pelos seus méritos, mas pelos méritos de Cristo Nosso Senhor, o único Mediador entre Deus e os homens. Objeções Os adeptos do fundamentalismo bíblico normalmente apresentam uma série de objeções à doutrina da intercessão dos santos. Neste artigo iremos confrontar as principais: 1a. objeção: Cristo é o único mediador entre Deus e os homens. Esta é a principal objeção à doutrina da intercessão dos Santos. Os adeptos desta objeção fundamentam sua posição em 1 Tim 2,5 onde lemos: "Pois há um só Deus, e um só mediador entre Deus e os homens, um homem, Cristo Jesus". Para eles, a Sagrada Escritura não deixa dúvidas de que só Jesus pode interceder pelos homens junto a Deus.


Se isto é verdade, por que São Paulo ensinaria que nós cristãos devemos dirigir orações a Deus em favor de outras pessoas? Vejam 1Tim 2,1: "Acima de tudo, recomendo que se façam súplicas, pedidos e intercessões, ações de graças por todos os homens, pelos reis e por todos os que estão constituídos em autoridade, para que possamos viver uma vida calma e tranqüila, com toda a piedade e honestidade." No exposto acima não está São Paulo nos pedindo para que sejamos intercessores (mediadores) junto a Deus por todas as pessoas da terra? Estaria então o Santo apóstolo se contradizendo? É claro que não. A questão é que a natureza da mediação tratada no versículo 1 é diferente da do versículo 5. A mediação tratada em 1Tm 2,5 refere-se à Nova e Eterna Aliança. No AT a mediação entre Deus e os homens se dava através da prática da Lei. No NT, é Cristo que nos reconcilia com Deus, através de seu sacrifício na cruz. É neste sentido que Ele é nosso único mediador, pois foi somente através Dele que recuperamos para sempre a amizade com Deus, como bem foi exposto por São Paulo: "Assim como pela desobediência de um só homem foram todos constituídos pecadores, assim pela obediência de um só todos se tornarão justos." (Rom 5,19) Por tanto, a exclusividade da medição de Cristo refere-se à justificação dos homens. A mediação da intercessão dos santos é de outra natureza, referindo-se à providência de Deus em favor do nosso semelhante. Desta forma, o texto de 1Tm 2,5 dentro de seu contexto não oferece qualquer obstáculo à doutrina da intercessão dos santos. 2a. objeção: os santos não podem interceder por que após a morte não há consciência Os defensores desta objeção usam como fundamento as palavras do Eclesiastes: "Com efeito, os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem mais nada; para eles não há mais recompensa, porque sua lembrança está esquecida" (Ecl. 9,5) e ainda "Tudo que tua mão encontra para fazer, faze-o com todas as tuas faculdades, pois que na região dos mortos, para onde vais, não há mais trabalho, nem ciência, nem inteligência, nem sabedoria" (Ecl. 9,10). Já que a Bíblia é um conjunto coeso de livros, não podemos aceitar a doutrina da ?dormição? ou ?inconsciência? dos mortos simplesmente pelo fato de que há versículos claros na Sagrada


Escritura que mostram que os mortos não estão nem "dormindo" e nem "inconscientes" (cf. Is 14, 9-10; 1Pd 3,19; Mt 17,3; Ap 5,8; Ap 7,10; Ap 6,10); o que faria alguém pensar que há contradições na Bíblia. A questão é que os versículos citados do Eclesiastes não fazem referência a um estado mental dos mortos, mas sim ao infortúnio espiritual em que se encontram por causa do lugar onde estão. Os mortos os quais os textos se referem são aqueles que morreram na inimizade de Deus, e não a qualquer pessoa que morreu. Vejamos os versículos abaixo: "Ignora ele que ali há sombras e que os convidados [da senhora Loucura] jazem nas profundezas da região dos mortos" (Prov 9,18) "O sábio escala o caminho da vida, para evitar a descida à morada dos mortos" (Prov 15,24) Os versículos acima mostram que a região dos mortos é um lugar de desgraça, onde são encaminhados os inimigos de Deus. Isto é ainda mais evidente em Prov 15,24. O sábio é aquele que guarda a ciência de Deus, este quando morrer não vai para a "morada dos mortos?. As expressões ?morada dos mortos? ou ?região dos mortos? fazem alusão a um lugar de desgraça, onde os inimigos de Deus estão privados da Sua Graça. Voltando aos versículos do Eclesiastes, o escritor sagrado ao escrever que para os mortos ?não há mais recompensa?, ?não há mais trabalho, nem ciência, nem inteligência, nem sabedoria?, refere-se unicamente ao infortúnio que existe ?na região dos mortos, para onde? eles vão. Eles quem? Os que estão mortos para Deus. Por tanto, dentro de seu contexto, os versículos do Eclesiastes também não oferecem qualquer imposição à doutrina da intercessão dos santos. 3a. objeção: os santos não podem ouvir as orações dos que estão na terra porque não são oniscientes e nem onipresentes São Paulo nos ensina que a Igreja é o corpo de Cristo . Desta forma, os que estão unidos a Cristo através de seu ingresso na Igreja, são membros do Seu corpo. Isso quer dizer que tantos nós que estamos na terra, quanto os que já morreram na amizade do Senhor, todos somos membros do Corpo Místico de Cristo, onde Ele é a cabeça. Vejam: Ø São Paulo ensina que a Igreja é corpo de Cristo: "Agora me alegro nos sofrimentos suportados por vós. O que falta às tribulações de Cristo, completo na minha carne, por seu corpo que é a Igreja" (Col 1,24)


Ø São Paulo ensina que somos membros do corpo de Cristo e por isto os cristãos estamos ligados uns aos outros: "assim nós, embora sejamos muitos, formamos um só corpo em Cristo, e cada um de nós é membro um do outro" (Rom 12,5) Ø São Paulo ensina que Cristo é a cabeça do seu corpo que é a Igreja: "Ele é a Cabeça do corpo, da Igreja" (Col 1,18) Isso quer dizer que nós e os santos (que estão na presença de Deus) estamos ligados, pois somos membros de um mesmo corpo, o corpo de Cristo, que é a Igreja. Assim como minha mão direita não pode se comunicar com a esquerda sem que esse comando tenha sido coordenado pela minha cabeça (caso contrário seria um movimento involuntário), da mesma forma, no Corpo de Cristo os membros não podem se comunicar sem que essa comunicação aconteça através da cabeça que é Cristo. Desta forma, quando nós pedimos para que os santos intercedam por nós junto a Deus (comunicação de um membro com o outro no corpo de Cristo), isso acontece através de Cristo. Assim como a nossa cabeça pode coordenar movimentos simultâneos entre os vários membros de nosso corpo, Cristo que é a cabeça da Igreja e é onisciente e onipresente possibilita a comunicação entre os membros do Seu corpo. Por tanto, a falta de onipresença e onisciência dos santos não apresenta qualquer impedimento para que eles conheçam ou recebam nossos pedidos e então possam interceder por nós junto a Deus. 4a. objeção: nós não podemos dirigir nossa orações aos santos pois isto caracteriza evocação dos mortos que é severamente proibida na Bíblia. Esta objeção baseia-se principalmente nos versículos abaixo: "Não se ache no meio de ti quem pratique a adivinhação, o sortilégio, a magia, o espiritismo, aevocação dos mortos: porque todo homem que fizer tais coisas constitui uma abominação para o Senhor" (Dt 18, 9-14) (grifos nossos). "Se uma pessoa recorrer aos espíritos, adivinhos, para andar atrás deles, voltarei minha face contra essa pessoa e a exterminarei do meio do meu povo. (...) Qualquer mulher ou homem que evocar espíritos, será punido de morte" (Lev 20, 6 - 27). (grifos nossos). Conforme vimos, Deus abomina a evocação dos mortos. No entanto, há uma diferença tremenda entre evocar os mortos e dirigir nossos pedidos de orações aos santos. A evocação dos mortos é caracterizada pelo pedido de que o espírito do defunto se apresente e então se comunique com os vivos como se ainda estivesse na terra. Esta prática é condenada


por Deus, pois em vez de confiarmos na Providência Divina quanto ao futuro e às coisas que necessitamos, deseja-se confiar nas instruções dos espíritos. Conforme a Sagrada Escritura dá testemunho em I Samuel 28. Na intercessão dos santos, não estamos pedindo que o santo se apresente para ?bater um papo? a fim obter qualquer tipo de informação, mas sim, dirigimos a eles nossos pedidos de oração, como se estivéssemos enviando uma carta solicitando algo (o que é bem diferente de evocar mortos). Na intercessão dos santos continuamos confiando na Providência Divina, pois os santos são apenas mediadores, logo, quem atende aos nossos pedidos é Deus. Desta forma, as proibições divinas quanto à prática de espiritismo não se aplicam à doutrina da intercessão dos santos. 5a. objeção: não há sequer uma única referência bíblica em relação à intercessão dos santos Há diversos versículos bíblicos que mostram que os santos oram na presença de Deus. Vejamos: "Quando abriu o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos homens imolados por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho de que eram depositários. E clamavam em alta voz, dizendo: Até quando tu, que és o Senhor, o Santo, o Verdadeiro, ficarás sem fazer justiça e sem vingar o nosso sangue contra os habitantes da terra? Foi então dada a cada um deles uma veste branca, e foi-lhes dito que aguardassem ainda um pouco, até que se completasse o número dos companheiros de serviço e irmãos que estavam com eles para ser mortos" (Ap 6,9-11). No trecho acima, os santos estão clamando a Deus por Justiça. Alguém poderia dizer: ?mas eles estão intercedendo por eles mesmos e não pelos que ficaram na terra?. Ora, e o que impede que o façam pelos que estão na terra? São Paulo mesmo não recomenda que oremos pelos outros? (cf. 1Tm 2,1). Por alguma razão estariam os santos incapazes de continuarem orando pelos que estão na terra? Ora, alguém que esteja no seu juízo perfeito, há de convir que, o fato dos santos estarem na presença de Deus, não é motivo impeditivo para que intercedam pelos outros, muito pelo contrário, não há melhor lugar e momento para fazê-lo. Veja ainda: "Os quatro viventes e os vinte e quatro anciões se prostraram diante do Cordeiro. Tinha cada um uma cítara e taças de ouro cheias de perfumes, que são as orações dos santos" (Ap 5,8). "A fumaça dos perfumes subiu da mão do anjo com as orações dos santos, diante de Deus.? (Ap 8,4).


Nos versículos acima os santos oram para Deus. Por que estariam orando, já que estão salvos e gozando da presença do Senhor? Oram em nosso favor, para que os que estão na terra também possam um dia estar com eles na presença do Senhor. No livro do profeta Jeremias lemos: "Disse-me, então, o Senhor: Mesmo que Moisés e Samuel se apresentassem diante de mim, meu coração não se voltaria para esse povo. Expulsai-o para longe de minha presença! Que se afaste de mim!? (Jr 15,1). No tempo do profeta, ambos Moisés e Samuel estavam mortos. Que sentido teria este versículo caso não fosse possível que os dois intercedessem por Israel? O Testemunho dos primeiros cristãos Vejamos agora o que professava os cristãos no tempo em que não havia divisão na Cristandade, em relação à doutrina da intercessão dos santos: "O Pontífice [o Papa] não é o único a se unir aos orantes. Os anjos e as almas dos juntos também se unem a eles na oração" (Orígenes, 185-254 d.C. Da Oração). "Se um de nós partir primeiro deste mundo, não cessem as nossa orações pelos irmãos" (Cipriano de Cartago, 200-258 d.C. Epístola 57) "Aos que fizeram tudo o que tiveram ao seu alcance para permanecer fiéis, não lhes faltará, nem a guarda dos anjos nem a proteção dos santos". (Santo Hilário de Poitiers, 310-367 d.C). "Comemoramos os que adormeceram no Senhor antes de nós: patriarcas, profetas, Apóstolos e mártires, para que Deus, por suas intercessões e orações, se digne receber as nossas." (São Cirilo de Jerusalém, 315-386 d.C. Catequeses Mistagógicas). "Em seguida (na Oração Eucarística), mencionamos os que já partiram: primeiro os patricarcas, profetas, apóstolos e mártires, para que Deus, em virtude de suas preces e intercessões, receba nossa oração" (São Cirilo de Jerusalém, 315-386 d.C. Catequeses Mistagógicas). "Se os Apóstolos e mártires, enquanto estavam em sua carne mortal, e ainda necessitados de cuidar de si, ainda podiam orar pelos outros, muito mais agora que já receberam a coroa de suas vitórias e triunfos. Moisés, um só homem, alcançou de Deus o perdão para 600 mil homens armados; e Estevão, para seus perseguidores. Serão menos poderosos agora que reinam com Cristo? São Paulo diz que com suas orações salvara a vida de 276 homens, que seguiam com ele no navio [naufrágio na ilha de Malta]. E depois de sua morte, cessará sua boca e não pronunciará uma só


palavra em favor daqueles que no mundo, por seu intermédio, creram no Evangelho?" (São Jerônimo, 340-420 d.C, Adv. Vigil. 6). "Portanto, como bem sabem os fiéis, a disciplina eclesiástica prescreve que, quando se mencionam os mártires nesse lugar durante a celebração eucarística, não se reza por eles, mas pelos outros defuntos que também aí se comemoram. Não é conveniente orar por um mátir, pois somos nós que devemos encomendar suas orações" (Santo Agostinho, 391-430 d.C. Sermão 159,1) "Não deixemos parecer para nós pouca coisa; que sejamos membros do mesmo corpo que elas (Santa Perpétua e Santa Felicidade) (...) Nós nos maravilhamos com elas, elas sentem compaixão de nós. Nós nos alegramos por elas, elas oram por nós (...) Contudo, nós todos servimos um só Senhor, seguimos um só Mestre, atendemos um só Rei. Estamos unidos a uma Cabeça; nos dirigimos a uma Jerusalém; seguimos após um amor, envolvendo uma unidade" (Santo Agostinho, 391-430 d.C. Sermão 280,6) "Por vezes, é a intercessão dos santos que alcança o perdão das nossas faltas [1Jo 5,16; Tg 5,14-15] ou ainda a misericórdia e a fé" (São João Cassiano. 360-435 d.C. conferência 20). Conclusão Como pudemos ver, a doutrina da intercessão do santos, não é invenção do catolicismo (como pensam alguns), mas sim, uma legítima doutrina cristã, embasa tanto nas Sagradas Escrituras, quanto na Tradição Apostólica. Os primeiros cristãos jamais tiverem dúvidas quanto a ela (note que este tema jamais foi centro de disputas conciliares). Esta doutrina confirma o Amor de Deus para conosco e Seu plano de que sejamos uns para outros instrumentos deste Amor.

Mais reflexões sobre a intercessao dos santos

Antes de explorar o título da única mediação de Cristo, seria prudente definir os termo. A palavra mediador geralmente possui dois significados. Em um estrito e primário sentido, refere-se à


figura que se interpõe entre duas partes opostas para reconciliá-las. Há 4 componentes para esta definição: 1- intervenção pessoal; 2de um princípio; 3- a intenção de efetivar uma reconciliação; 4entre duas ou mais partes alienadas. Em relação à nossa redenção a única pessoa que se adequa à definição estrita é Jesus Cristo. Somente Jesus se interpõe efetivamente entre as duas partes, Deus e todo o gênero humano. Somente Jesus foi capaz de alcançar a reconciliação com Deus. Como escreve São Paulo Porque há um só Deus e há um só mediador entre Deus e os homens: Jesus Cristo, homem(1Tm 2,5). Esta é a fé da maioria dos cristãos e o ensino oficial da Igreja Católica. Há, entretanto, um sentido menor que os cristãos sempre compreenderam sobre a idéia de mediação. É a idéia de uma mediação subordinada na qual participamos da mediação de Jesus Cristo. É uma mediação que é feita através, com e em Cristo. O mediador subordinado nunca está isolado, mas sempre dependente de Jesus. Examinemos as fundamentações bíblicas deste entendimento, com especial referência a 1Tm 2,5. Devem sempre se aplicar alguns princípios quando se interpreta a Bíblia. Por exemplo, a Escritura tem um único divino autor, mas vários autores humanos diferentes. Por essa razão, cada livro canônico forma apenas uma harmonia, cada parte concordando com a anterior e a sucessora. Assim, por exemplo, um ensinamento em Gênesis não pode ser contraditório a um ensinamento do Evangelho de João, ou vice-versa. Em adição, o corpo completo da verdade revelada em toda a Bíblia freqüentemente lança uma luz no entendimento de um livro ou de um texto específico. Por isso livros adiante nos explicam e aumentam nosso conhecimento sobre o livro de Gênesis, por exemplo. Em segundo lugar, para tentar se entender um texto particular, deve-se acima de tudo considerar o seu contexto. Voltemos à primeira carta de Paulo a Timótio e ver como estes princípios se aplicam. Se considerarmos o versículo em questão Porque há um só Deus e há um só mediador entre Deus e os homens: Jesus Cristo, homem fora do contexto, facilmente iremos interpretá-la mal. Será que "um só mediador" não significa apenas um - sem exceção? Por isso pedir a intercessão dos santos pode parecer anti-bíblico se visto por esta perspectiva. Contudo, esta interpretação não é precisa. A passagem não está isolada, mas é um versículo em um livro maior, chamado Epístola. Qual é, então, o correto sentido do que Paulo está falando? Como esta passagem se adequa ao


contexto apresentado na Bíblia? Vamos considerar esta questão analisando o contexto imediato deste versículo. São Paulo está rejeitando a idéia de mediadores subordinados a Cristo? Não, muito pelo contrário! O capítulo 2 se inicia com a seguinte exortação: Acima de tudo, recomendo que se façam súplicas, pedidos e intercessões, ações de graças por todos os homens, pelos reis e por todos os que estão constituídos em autoridade, para que possamos viver uma vida calma e tranqüila, com toda a piedade e honestidade "Súplicas, pedidos e intercessões" são atos de mediação. Paulo está explicitamente instruindo Timótio para que os cristão assumam seu papel de mediadores subordinados entre Deus e aqueles que estão listados, todos os homens, pelos reis e por todos os que estão constituídos em autoridade. O princípio teológico que Paulo usa para dar apoio à este comando é a passagem já citada no versículo 5 - a mediação única, e primária, de Cristo. Assunto tão prático é o fato de os cristãos orarem uns pelos outros. Estabelecem grupos de orações exatamente para este propósito. Qual seria, então, a objeção de pedir aos cristão que estão no céu para orarem por nós na terra? Muitas pessoas são beneficiadas pelas orações fervorosas de muitos parentes e amigos. Uma vez no céu devemos supor que estes não mais se importam com nosso bem-estar, ou que Deus se ofenderia se nós pedíssemos que intercedessem por nós? Esta idéia certamente não encontra base em 1Tm 2,5. Indubitavelmente, a rejeição à intercessão dos santos se fundamenta no desejo de enfatizar a sublime e infinita capacidade da única mediação de Cristo. Esta louvável motivação leva, infelizmente, a um conhecimento inadequado da grandeza imensurável do poder mediador de Jesus. Em outras palavras, cai em conflito com importantes ensinos bíblicos. Um importante tema que cerca a maioria dos livros da Bíblia é a idéia da aliança. A aliança é o pacto da parte de Deus que faz do seu povo a sua família. Certamente, os vários exemplos bíblicos que mostram a imperfeição do homem e sua falha sucessivas vezes de cumprir a aliança em nada diminui o poder de Deus, mesmo que seja sempre Deus quem dê todo o auxílio ao seu povo. A bíblia amplamente mostra que nosso Deus quer incluir os seus fracos e pecadores filhos nos assuntos da família - a salvação das almas. Dessa forma, Paulo, seguindo seu apelo para "súplicas, pedidos e


intercessões" está instruindo Timótio que esta mediação é agradável a Deus. Isto é bom e agradável diante de Deus, nosso Salvador, o qual deseja que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade (1Tm 2,3-4) No Antigo Testamento somos apresentados ao exemplo de mediação de Abraão ao pelo podo de Sodoma, que Deus aprovou e correspondeu. Em relação à história de José, John Skinner escreve: A profunda convicção religiosa que reconhece a mão de Deus, não meramente em intervenções miraculosas, mas no trabalho dos fins divinos através da agência humana e pelo que podemos chamar de causas secundárias, é característica da narrativa de José [John Skinner, "Genesis," International Critical Commentary (Edinburgh: T. and T. Clarke, 1910), p. 487, sublinhado acrescentado] Moisés, Davi, os profetas e os sacerdotes levíticos claramente exerceram seu papel como mediadores. No Novo Testamento Jesus formou os seus apóstolos e os concedeu o papel de mediadores. Ele deu-os instruções para evangelizar e batizar (cf. Mt 28,18-20), perdoar pecados (Jo 20,23) e de celebrar a Eucaristia (1Cor 11,23-25) - todas essas são funções de mediadores. Paulo termina sua carta a Timótio conectando a única mediação de Cristo com o seu próprio apostolado, que também era uma missão de mediação subordinada: E deste fato - digo a verdade, não minto - fui constituído pregador, apóstolo e doutor dos gentios, na fé e na verdade (1Tm 2,7) A verdade dos cristãos participando na única mediação de Cristo é abundantemente clara na prática da Igreja primitiva. Isto encontrase afirmando inclusive por um dos maiores historiadores e patrologistas protestantes, JND Kelly. Ele diz: Um fenômeno de grande significação no período patrístico foi o surgimento e gradual desenvolvimento da veneração aos santos, mais particularmente à bem-aventurada virgem Maria...Logo após vinha o culto aos mártires, os heróis da fé que os primeiros cristãos afirmavam já estarem na presença de Deus e gloriosos em sua visão. Em primeiro lugar tomou forma de uma preservação das relíquias e da celebração anual de seu nascimento. A partir daí foi um pequeno passo, pois já estavam participando com Cristo da glória celeste, para que se buscassem suas orações, e já no terceiro século se acumulam as evidências da crença no poder da


intercessão dos santos [J.N.D. Kelly, Early Christian Doctrines, revised edition (San Francisco: Harper, c. 1979), p. 490] Um exemplo se encontra nos relatos antigos do Martírio de Policarpo, que morreu aos 86 anos: Quando [Policarpo] finalmente acabara suas orações, na qual relembrou cada um dos que havia encontrado, do pequeno ao maior, do famoso ao desconhecido, e de toda a Igreja Católica em todo o mundo, seu momento de partida havia chegado. Sentaramno em um jumento e partiram da cidade[William A. Jurgens, The Faith of the Early Fathers, 3 volumes (Collegeville: The Liturgical Press, c. 1970), Vol. I, # 79] Após seu martírio ouvimos falar da reverência que era prestada aos seus restos: Então, ao menos, conseguimos tomar os seus ossos, mais preciosos que uma jóia e mais puros que o ouro, e os pusemos em local adequado. Que o Senhor nos permita ser capaz de nos juntarmos a ele na alegria e no júbilo, e de celebrar o nascimento do seu martírio [Ibid., # 81a] São Cirilo de Jerusalém, em suas Leituras Catequéticas, compostas por volta do ano 350, escreveu: Façamos menção aos já falecidos; primeiro aos patriarcas, profetas, apóstolos e mártires, que por suas súplicas e orações Deus receberá nossos pedidos [Ibid., # 852] Santo Agostinho fazia pregações duas vezes por semana desde sua ordenação em 391 até sua morte em 430. Sobre nosso assunto ele tem a dizer: A oração, contudo, é oferecida em benefício de outros mortos de quem lembramos, pois é errado rezar por um mártir, a cujas orações nós devemos nos recomendar [Ibid., Vol. III, # 1513] Em sua obra Contra Fausto, escrito por volta do ano 400, escreve: O povo cristão celebra unidos em solenidade religiosa a memória dos mártires, tanto para encorajar que sejam imitados e para que possam repartir seus méritos e serem auxiliados pelas suas orações [Ibid., # 1603] A eficácia da mediação subordinada dos cristãos descansa solenemente na mediação única de Cristo:


Eu sou a videira; vós, os ramos. Quem permanecer em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer. Se alguém não permanecer em mim será lançado fora, como o ramo. Ele secará e hão de ajuntá-lo e lançá-lo ao fogo, e queimar-se-á. Se permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis tudo o que quiserdes e vos será feito (Jo 15,5-7) Os cristãos são criados em grande solidariedade uns com os outros por causa desta união com Cristo (cf. Cl 1,18; Gl 3,28; Rm 7,4; 12, 4-8; 1Cor 6,15; 10,16; 12,12.27; Ef 4,11-12.16; 5,23; Hb 10,10). É esta relação que garante a potência que torna nossa intercessão uns pelos os outros eficaz, estejamos na terra ou no céu. Onde se encontra a canonização dos santos na Bíblia? Biblicamente, onde encontramos "canonização de santos mortos", que desde o ano 995 D.C. faz parte da doutrina católica? A canonização dos santos é tão somente o reconhecimento por parte da Igreja de que uma pessoa está no céu. Ora, será que os apóstolos não criam que depois da morte e ressurreição de Cristo, os patriarcas e profetas estavam no céu, na presença de Deus? A própria Escritura dá testemunho de que Abraão foi considerado justo pelos apóstolos (cf. Rm 4,3-9; Gl 3,9; Hb 6,15; Tg 2,23). Este reconhecimento de que Abraão estava no céu com Deus é um exemplo de canonização na própria Escritura e já na era apostólica. Outro exemplo que podemos citar na própria Escritura é a canonização de Estevão. Diz a Escritura que era homem cheio do Espírito Santo (cf. At 6,8). Quando foi martirizado em nome da Fé em Cristo, viu a Glória do Cristo e pediu ao Senhor que recebesse o seu espírito (cf. At 7,55-59). Será que Estevão não foi para o céu? Claro que sim! E foi considerado santo pelo próprio apóstolo Paulo (cf. At 22,20), que assistiu a pregação de Estevão e corroborou com a sua morte. E o bom ladrão que reconheceu Cristo como seu Salvador e que o próprio Senhor lprometeu levá-lo ao paraíso (Lc 23,43), por acaso não é outro exemplo de canonização feita pela própria Escritura?


A canonização não faz parte da doutrina católica, mas da práxis católica. O que faz parte da doutrina católica é a Comunhão dos Santos, não confundir. A práxis católica de se canonizar santos não apareceu em 995 como sugere o autor da pergunta. Depois das provas bíblicas que mostramos, citaremos por exemplo as obras conhecidas na antiguidade como hagiógrafos (atas da vida dos santos). Os hagiógrafos testificavam o reconhecimento pela Igreja de que uma determinada pessoa ou grupo de pessoas era santo e que já gozava da presença de Deus. A Igreja desde os primeiros séculos reconhecia os mártires como santos (a exemplo de Estevão, considerado o primeiro mártir da Igreja). Ser um mártir da fé era um critério que não deixava dúvidas se uma pessoa devia ser considerada santa, isto é, um modelo na fé, um herói em Cristo e que estava no céu. Os hagiógrafos mais citados da antiguidade são as atas dos mártires de Lião (177 d.C) e do Martírio de S. Policarpo de Esmirna (250 d.C.), discípulo de S. João (1). Como se vê, a canonização dos santos, isto é, o reconhecimento de que uma pessoa venceu a corrida (cf. Cl 2,8) e que está com Deus, é uma prática que consta na Bíblia e que sempre foi observada pelos primeiros cristãos. Notas Santa Maria, Mãe de Deus SÁB, 24 DE ABRIL DE 2010 18:34 ALESSANDRO LIMA "Donde me vem a dita que a Mãe de meu Senhor venha visitarme?" (Lc 1,43) O título "Théotokos" (Mãe de Deus) foi dado à Maria durante o Concílio de Éfeso (431), na Ásia Menor. A heresia de negar a maternidade divina de Nossa Senhora é muito anterior aos protestantes. Ela nasceu com Nestório, então Bispo de Constantinopla. Os protestantes retomaram esta heresia já sepultada pela Igreja de Cristo. Este é um problema de Cristologia e não de Mariologia. Vamos demonstrar através dos exemplos abaixo a autencidade


da doutrina católica.

Maria é Mãe de Deus, porque é Mãe de Jesus que é Deus. Se perguntarmos a alguém se ele e filho de sua mãe, se esta verdadeiramente for a mãe dele, de certo nos lancará um olhar de espanto. E teria razão. O homem como sabemos é composto de corpo, alma e espírito. A minha mãe me deu meu corpo, a parte material deste conjunto trinitário que eu sou; sendo minha alma e espírito dados por Deus. E minha mãe que me deu a luz não é verdadeiramente minha mãe? Apliquemos, agora, estas noções de bom senso ao caso da Maternidade divina de Nossa Senhora. Há em Nosso Senhor Jesus Cristo duas naturezas: a humana e a divina, constituindo uma só pessoa, a pessoa de Jesus. Nossa Santa Mãe é mãe desta pessoa, dando a ela somente a parte material, como nosso mãe também o faz. O Espírito e Alma de Cristo também vieram de Deus. Nossa mãe não é mãe do nosso corpo, mas mãe de nossa pessoa. Assim também Maria é Mãe de Cristo. Ela não é a Mae da Divindade ou da Trindade, mas é mãe de Cristo a segunda pessoa da Santíssima Trindade, que também é Deus. Sendo Jesus Deus, Maria é Mãe de Deus. Basta um pequeno raciocínio para reconhecer como necessária a maternidade Divina da Santíssima Virgem. Nosso Senhor morreu como homem na Cruz (pois Deus não morre), mas nos redimiu como Deus, pelos seus méritos infinitos. Ora, a natureza humana de Nosso Senhor e a natureza divina não podem ser separadas, pois a Redenção não existiria se Nosso Senhor tivesse morrido apenas como homem. Logo, Nossa Santa Mãe, Mãe de Nosso Senhor, mesmo não sendo mãe da divindade é Mãe de Deus, pois Nosso Senhor é Deus. Se negarmos a maternidade de Nossa Senhora, negaremos a redenção do gênero humano. A negação da Maternidade divina de Nossa Senhora é uma negação à Verdade, uma negação ao ensino dos Apóstolos de Cristo. Provas da Sagrada Escritura A Igreja Católica sendo a única Igreja Fundada por Cristo, confirmada pelos Apóstolos e seus legítimos sucessores; sendo Ela


a escritora, legitimadora e guardiã da Bíblia, jamais poderia ensinar algo que estivesse contra o Ensino da Bíblia. Vejamos o que a Sagrada Escritura ensina sobre a Maternidade Divina de Nossa Senhora: 1. O profeta Isaías escreveu: "Portanto, o mesmo Senhor vos dará um sinal: eis que uma virgem conceberá, e dará à luz um filho, e será o seu nome Emanuel [Deus conosco]." (Is 7,14). Claramente o profeta declara que o filho da virgem será divino, portanto a maternidade da virgem também é divina, o que a faz ser Mãe de Deus. 2. O Arcanjo Gabriel disse: "O Santo que há de nascer de ti será chamado Filho de Deus" (Lc 1,35). Se ele é filho de Deus, ele tb é Deus e Maria é sua Mãe, portanto Mãe de Deus. Isaías também escreveu o mesmo em Is 7,14. 3. Cheia do Espírito Santo, Santa Izabel saudou Maria dizendo: "Donde a mim esta dita de que a mãe do meu Senhor venha ter comigo"? (Lc 1,43) E Mãe de meu Senhor quer dizer Mãe do meu Deus, portanto Mãe de Deus.. 4. São Paulo ainda escreveu: "Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei." (Gl. 4,4). São Paulo claramente afirma que uma mulher foi a Mãe do filho de Deus, portanto Mãe de Deus.

Tendo a Sagrada Escritura seu berço na Igreja - portanto sendo menor que Ela - , vemos como está de acordo com o ensino da mesma. A Doutrina dos Santos Padres Será que os Apóstolos de Cristo concordavam com a Maternidade Divina de Nossa Senhora? Pois segundo os protestantes, a Igreja Católica inventou a maternidade divina de Maria no séc V durante o Concílio de Éfeso. Vejamos o que diz o Apóstolo Santo André: "Maria é Mãe de Deus, resplandecente de tanta pureza, e radiante de tanta beleza, que, abaixo de Deus, é impossível imaginar maior, na terra ou no céu". (Sto Andreas Apost. in trasitu B. V., apud Amad.) Veja agora o testemunho de São João Apóstolo: "Maria, é verdadeiramente Mãe de Deus, pois concebeu e gerou um


verdadeiro Deus, deu a luz, não um simples homem como as outras mães, mas Deus unido a carne humana." (S. João Apost. Ibid) São Tiago: "Maria é Santíssima, a Imaculada, a gloriosíssima Mãe de Deus" (S. Jac. in Liturgia) São Dionísio Areopagita: "Maria é feita Mãe de Deus, para a salvação dos infelizes." (S. Dion. in revel. S. Brigit.) Orígenes escreveu: "Maria é Mãe de Deus, unigênito do Rei e criador de tudo o que existe" (Orig. Hom I, in divers. - Sec. II ) Santo Atanásio diz: "Maria é Mãe de Deus, completamente intacta e impoluta." (Sto. Ath. Or. in pur. B.V.) Santo Efrém: "Maria é Mãe de Deus sem culpa" (S. Ephre. in Thren. B.V.). São Jerônimo: "Maria é verdadeiramente Mãe de Deus". (S. Jerôn. in Serm. Ass. B.V.). Santo Agostinho: "Maria é Mãe de Deus, feita pela mão de Deus". (S. Agost. in orat. ad heres.). Todos os Santos Padres afirmaram em amor e veneração a maternidade divina por Nossa Senhora. Me cansaria em citar todos os testemunhos primitivos. Agora uma surpresa para os protestantes. Lutero e Calvino sempre veneraram a Santíssima Virgem. Veja abaixo a testemunho dos pais da Reforma: 1. "Quem são todas as mulheres, servos, senhores, príncipes, reis monarcas da Terra, comparados com a Virgem Maria que, nascida de descendência real (descendente do rei Davi) é, além disso,Mãe de Deus, a mulher mais sublime da Terra? Ela é, na cristandade inteira, o mais nobre tesouro depois de Cristo, a quem nunca poderemos exaltar o suficiente, a mais nobre imperatriz e rainha, exaltada e bendita acima de toda a nobreza, com sabedoria e santidade." (Martinho Lutero no comentário do Magnificat - cf. escritora evangélica M. Basilea Schlink, revista Jesus vive e é o Senhor). 2. "Não há honra, nem beatitude, que se aproxime sequer, por sua elevação, da incomparável prerrogativa, superior a todas as outras, de ser a única pessoa humana que teve um Filho em comum com o Pai Celeste" (Martinho Lutero - Deutsche Schriften, 14,250). 3. "Não podemos reconhecer as bênçãos que nos trouxe Jesus, sem reconhecer ao mesmo tempo quão imensamente Deus honrou e enriqueceu Maria, ao escolhê-la para Mãe de Deus." (Calvino - Comm. Sur I'Harm. Evang., 20)


A negação da Maternidade divina de Nossa Senhora é uma negação à Verdade, é negar a Divindade de Cristo, é negar o ensino dos Apóstolos de Cristo. O Concílio Ecumênico de Éfeso Quando o heresiarca Ario divulgou o seu erro, negando a divindade da pessoa de Jesus Cristo, a Providência Divina fez aparecer o intrépido Santo Atanásio para confundí-lo, assim como fez surgir Santo Agostinho para suplantar o herege Pelágio, e São Cirilo de Alexandria para refutar os erros de Nestório, que haviam semeado a pertubação e a indignação no Oriente. Em 430, o Papa São Celestino I, num concílio de Roma, examinou a doutrina de Nestório que lhe fora apresentada por São Cirilo e condenou-a anti-católica, herética. São Cirilo formulou a condenação em doze proposições, chamadas os doze anátemas, em que resumia toda a doutrina católica a este respeito. Pode-se resumí-la em três pontos: 1. Em Jesus Cristo, o Filho do homem não é pessoalmente distinto do Filho de Deus; 2. A Virgem Santíssima é verdadeiramente a Mãe de Deus, por ser a Mãe de Jesus Crito, que é Deus; 3. Em virtude da união hipostática, há comunicações de idiomas, isto é; denominações, propriedades e ações das duas naturazas em Jesus Cristo, que podem ser atribuidas à sua pessoa, de modo que se pode dizer: Deus morreu por nós, Deus salvou o mundo, Deus ressuscitou.

Para exterminar completamente o erro, e restringir a unidade de doutrina ao mundo, o Papa resolveu reunir o Concílio de Éfeso (na Ásia Menor), em 431, convidando todos os bispos do mundo. Perto de 200 bispos, vindos de todas as partes do orbe, reuniramse em Éfeso. São Cirilo presidiu a assembléia em nome do Papa. Nestório recusou comparecer perante aos bispos unidos.


Desde a primeira sessão a heresia foi condenada. Sobre um trono, no centro da assembléia, os bispos colocaram o Santo Evangelho, para representar a assistência de Jesus Cristo, que prometera estar com a sua Igreja até a consumação dos séculos, espetáculo santo e imponente que desde então foi adotado em todos os concílios. Os bispos cercando o Evangelho e o representante do Papa, pronunciaram unânime e simultaneamente a definição proclamando que Maria é verdadeiramente Mãe de Deus. Nestório deixou de ser, desde então, bispo de Constantinopla. Quando a multidão anciosa que rodeava a Igreja de Santa Maria Maior, onde se reunia o concílio, soube da definição que proclamava Maria Mãe de Deus, num imenso brado ecoou a exclamação: "Viva Maria, Mãe de Deus! Foi vencido o inimigo da Virgem! Viva a grande, a augusta, a gloriosa Mãe de Deus!" Em memória desta solene definição, o concílio juntou à saudação angélica estas palavras simples e expressivas: "Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós pecadores, agora e na hora de nossa morte".

A Imaculada Conceição "Ave, Cheia de Graça" (Lc 1,28) A Imaculada Conceição de Nossa Senhora é um verdade de fé, que consiste na Graça que Deus a concedeu para ser a mãe do Salvador. Mas, que Graça é esta? Deus no momento da conceição da Virgem Maria, isto é, no momento quem a alma inocente se une ao corpo escravo do pecado, preservou-a da mácula, da mancha do Pecado Original. Nosso Senhor concedeu à Maria Santíssima este favor, não por seu merecimento, mas pelos privilégios de Nosso Senhor Jesus Cristo, dando então a ela uma Imaculada Conceição. A Objeção Protestante Os protestantes negam esta verdade de fé professada desde o início do Cristianismo. Geralmente costumam citar a Lei Geral


"Todos pecaram" (cf. Rm 5,12), como argumento contra a Imaculada Conceição. Tal Lei é certa, e a ela está subordinada toda a humanidade. Mas, não será Deus capaz de antes que a alma e o corpo se unam, suspender um de seus efeitos, que é a mácula da alma, a transmissão do Pecado Original? Um exemplo destas intervenções Divinas às Leis Gerais, foi quando Deus atrasou a descida do Sol por quase um dia, para que os filhos de Israel vencessem a batalha contra os reis amorreus (cf. Jos 10,12-13). Outro exemplo foi quando "Moisés extendeu a mão" e o mar deixou livre seu leito, partindo as águas pelo meio. (Ex. 14,21-22) Também é uma Lei Geral, que os mortos aguardem à ressurreição geral, entretanto, Nosso Senhor Jesus Cristo, ressuscitou a Lázaro, estando seu cadáver já em putrefação (cf. Jo 11,41-43). Outro argumento protestante contra o dogma, são dos seguintes versos do cântico de Nossa Senhora: "A minha alma engrandece ao Senhor e meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador" (Lc 1,4647). Segundo eles, Maria reconhece que é pecadora, pois, somente um pecador é que precisa de salvador. Seria formidável se soubessem o que é pecar em adão e pecar pessoalmente. Nossa Senhora pertence a uma raça pecadora, pois é humana e filha de Adão e Eva, como todos nós, isto é pecar em Adão. No entanto, sua alma foi preservada da mácula do Pecado Original, não tendo então desejo pelo pecado, sendo incapaz de pecar, isto é, não pecou pessoalmente. É claro que Deus é o Salvador da Virgem, pois foi Ele que a livrou do poder da morte. Como diz meu amigo e irmão em Cristo, Professor Carlos Ramalhete : "uma coisa é Deus salvar alguém que caiu em um buraco, outra coisa é Ele impedir que alguém caia no buraco. Nas duas proposições o Senhor é o Salvador, sendo que a segunda se aplica ao caso de Nossa Senhora." Nem mesmo o Pai da Reforma, Martinho Lutero, negou a imaculada conceição da Virgem: "Era justo e conveniente, diz ele, fosse a pessoa de Maria preservada do Pecado Original, visto o filho de Deus tomar dela a carne que devia vencer todo o pecado" (Lut in postil. maj.).


Provas da Sagrada Tradição "Fazemos memória de nossa Santíssima, Imaculada, e gloriosíssima Senhora Maria, Mãe de Deus e sempre Virgem" (São Tiago Menor, S.jacob in Liturgia sua). "Prestemos homenagem, principalmente, a Nossa Senhora, a Santíssima, Imaculda, e abençoada acima de todas as criaturas, a gloriosíssima Mãe de Deus, sempre Virgem Maria" (São Tiago Menor, S.jacob in Liturgia sua). "Tendo sido o primeiro homem formado de uma terra imaculada, era necessário que o homem perfeito nascesse de uma Virgem igualmente imaculada, para que o Filho de Deus, que antes formara o homem, reparasse a vida eterna que os homens tinham perdido" (Santo André, Cartas dos Padres de Acaia). "O Cristo foi concebido e tomou o seu crescimento de Maria, a Mãe de Deus toda pura [...] Como o Salvador do mundo tinha decretado salvar o gênero humano, nasceu da Imaculada Virgem Maria" (Santo Hipólito +220). Provas da Sagrada Escritura "Ave, cheia de Graça" (Lc 1,28) - a saudação angélica mostra muito bem a Graça que Deus concedeu á Maria Santíssima. "Cheia de Graça" significa que a Virgem obtivera a graça que não existia, a graça perdida, a graça original, isto é, a Imaculada Conceição. A expressão "Cheia de Graça" em grego "Kecharitoménê", é empregada para designar a graça em seu sentido pleno. A tradução em latim "Gratia Plena", isto é, "Graça Plena" é mais perfeita do que a portuguesa "Cheia de Graça". O Arcanjo falando à Virgem que ela achara graça diante de Deus diz: Maria, sois imaculada, e por isto serás a mãe do Salvador. "O Senhor é Convosco" (Luc 1,28) - estas palavras angélicas, foram ditas antes da concepção pelo Espírito Santo, o que mostra que Deus está com a Nossa Senhora antes da encarnação do Verbo. E, onde está Deus não há pecado, ou seja, Maria não tinha o Pecado Original. "Mas, vindo Cristo, o sumo sacerdote dos bens futuros, por um maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, isto é, não desta criação" (Hb 9,11) - aqui São Paulo se expressa sobre o ventre que concebeu o menino-Deus, e o compara com um


tabernáculo perfeito. Lembremos que no Antigo Testamento, no tabernáculo existia o lugar chamado "Santo dos Santos" ou "Santíssimo Lugar", que tinha a presença de Deus. Este lugar era visitado pelo sacerdote um vez por ano, e se entrasse lá em pecado, morria fulminado pela presença santa do Senhor. Era comum que o sacerdote entrasse amarrado a uma corda, que era usada para que o povo o puxasse se tivesse morrido. Pois onde Deus está, pecado não há. A Necessidade da Imaculada Conceição Se Deus pode preservar Nossa Senhora do pecado original em um ventre escravo deste pecado, por que que Deus não pode também preservar seu Filho nas mesmas condições? Isto leva a crer que não era necessário que a Virgem fosse Imaculada. O Professor Carlos Ramalhete esclarece o caso: "É necessário para isso perceber como funciona a transmissão do Pecado Original. O Pecado Original é transmitido do corpo dos pais ao dos filhos (em termos modernos poderíamos dizer que geneticamente, com óvulo e espermatozóide sendo portadores), e infecta a alma no instante de sua infusão no corpo (ou seja, no instante da concepção). Assim, a Imaculada Concepção foi um ato divino em que Ele impediu que houvesse esta contaminação; São Joaquim e Sant'Ana tinham o Pecado Original, e normalmente o teriam transmitido a sua filha. Deus, no entanto, impediu que a alma que Ele criou fosse contaminada pelo pecado original que normalmente a contaminaria. Este ato divino ocorreu no instante da concepção. Assim, ela foi preservada das conseqüência do Pecado Original, e sua vontade era submissa a sua razão. Seu corpo e sua alma estavam livres desta inimizade com Deus, logo preparados para ceder seu material genético para a Encarnação do Verbo. Já o caso de seu Filho é bastante diferente. Ele foi concebido pelo Espírito Santo, usando apenas material genético de Nossa Senhora. Como o material genético dela foi preservado por Deus do Pecado, esta concepção foi possível. Depois dessa concepção, em que o próprio Deus uniu-se a um corpo e alma humanos criados especialmente (posto que Nosso Senhor tem corpo humano herdado da Virgem -, e alma humana - criada imediatamente por Deus, como todas as outras), não houve necessidade de fazer com


Ele o que foi feito com Nossa Senhora. Isso aliás seria impossível, pois uma alma imaculada poderia viver em um ventre marcado pelo Pecado Original (o de Sant'Ana), mas a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade não. Provavelmente a Mãe d'Ele teria morrido em meio a dores horríveis caso fosse marcada pelo Pecado Original e tentasse abrigar em seu ventre - que não seria imaculado - a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade. Há assim, duas respostas que se completam à pergunta: 1 - Deus preservou Nossa Senhora do Pecado Original para que ela pudesse ser aquela que cedeu seu material genético para a Encarnação do Verbo. Seu material genético deveria estar imaculado, ou teríamos o pior caso de incompatibilidade da história da Criação! 2 - Sua preservação, que teve o fim que acabo de expor, foi feita de maneira sumamente diferente do que ocorreu em seu ventre quando da Encarnação do Verbo. Ela não é Deus; ela é simplesmente alguém que não foi contaminado (por interferência divina direta), como por exemplo o filho não-aidético de uma grávida aidética. Não há uma contraposição, uma inimizade completa, mas apenas um corpo sadio abrigado em um corpo doente. Já Nosso Senhor é o contrário do Pecado por definição. O Pecado é Seu inimigo, o Pecado é a ofensa feita a Ele. Assim, seria como misturar matéria e antimatéria, vírus e anticorpo, se Ele tivesse que ser colocado em um ventre marcado pelo Pecado Original. Ele não poderia ser nutrido por este corpo, Ele não poderia ter o Seu código genético originado deste corpo... a gravidez seria na verdade uma ilusão, pois Sua mãe não seria Sua mãe, sim Sua inimiga. Deus teria que ter criado o corpo dele do nada, e o mantido sem contato real com o corpo de Sua Mãe, ou ela morreria imediatamente." A Imaculada Conceição da Virgem Maria QUI, 20 DE MAIO DE 2010 18:41 ALESSANDRO LIMA "Entrando, o anjo disse-lhe: Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo" (Lc 1,28) A Imaculada Conceição da Virgem Maria é uma Verdade, que a Igreja discerniu com o tempo, assim como o fez ao ensinar que


Cristo possui duas naturezas (a humana e a divina). Neste opúsculo, na medida que o Senhor nos permitir, procuraremos expor esta doutrina mostrando sua perfeita comunhão com as Sagradas Escrituras.

A Doutrina O credo na Imaculada Conceição da Virgem Maria consiste em que Deus no momento da conceição da Virgem (união da alma com o corpo) impediu que sua alma (criada por Deus) fosse manchada pelo corpo, que possuía o germe corrompido do pecado original. Deus fez isso pelos méritos de Cristo, a fim de preparar o tabernáculo onde Cristo entraria e chegaria ao mundo. O Testemunho de São Lucas Uma das provas da imaculada conceição da Virgem Maria está na saudação do Anjo Gabriel. São Lucas, ao registrar que a Maria é ?cheia de graça? utilizada a palavra grega ?charitoo?, que é utilizada na Sagrada Escritura para designar a Graça no sentido pleno ou em toda sua plenitude. Por esta razão, São Jerônimo, o maior especialista cristão nas línguas sagradas, no séc. IV ao traduzir as Escrituras para o latim (versão conhecida como Vulgata), traduziu a expressão grega como "gratia plena", que em português seria ?graça plena?. Que plenitude da Graça era essa que Maria alcançou? Era a Graça original, a Graça perdida no tempo em a nossa natureza humana não estava sujeita ao pecado, mas caiu nele por livre escolha. Deus ao preservar a Virgem da transmissão do pecado original, a transforma em uma Nova Eva, Mãe da Igreja e dos Cristãos. A Necessidade da Imaculada Conceição O pecado é a ofensa a Deus, ele O entristece, desta forma, a Segunda Pessoa da Trindade não poderia ser concebido em um ventre sujeito ao pecado. Ora, quando recebemos alguém em nossa casa procuramos deixar a casa em ordem, limpa, para que nossos convidados se sintam bem, se sintam acolhidos. Devemos entender a imaculada conceição da Virgem, como esta arrumação, providenciada pelo próprio Deus, pelos méritos de Cristo, para que Ele pudesse se encarnar.


Uma figura da Imaculada Conceição está no livro de Josué, onde lemos: "Eis que a arca da aliança do Senhor de toda a terra vai atravessar diante de vós o Jordão. Tomai doze homens, um de cada tribo de Israel. Logo que os sacerdotes que levam a arca de Javé, o Senhor de toda a terra, tiverem tocado com a planta dos seus pés as águas do Jordão,estas serão cortadas, e as águas que vêm de cima pararão, amontoando-se. O povo dobrou suas tendas e dispôs-se a passar o Jordão, tendo diante de si os sacerdotes que marchavam na frente do povo levando a arca. No momento em que os portadores da arca chegaram ao rio e os sacerdotes mergulharam os seus pés na beira do rio - o Jordão estava transbordante e inundava suas margens durante todo o tempo da ceifa -,as águas que vinham de cima detiveram-se e amontoaram-se em uma grande extensão, até perto de Adom, localidade situada nas proximidades de Sartã; e as águas que desciam para o mar da planície, o mar Salgado, foram completamente separadas. O povo atravessou defronte de Jericó" (Js 3,11-16) (grifos meus). Da mesma forma como nos tempos de Josué, o Senhor impediu que as águas do Jordão tocassem a Arca da Aliança, o Senhor também impediu que as torrentes do pecado original tocassem a alma da Virgem no momento de sua conceição, com o fim único de preparar o tabernáculo pelo qual Cristo viria. Por isso o escritor sagrado deixou registrado: "Porém, já veio Cristo, Sumo Sacerdote dos bens vindouros. E através de um tabernáculo mais excelente e mais perfeito, não construído por mãos humanas (isto é, não deste mundo)" (Hb 9,11) (grifos meus). Se a Virgem não foi preparada para ser a Mãe do Salvador, ela de forma alguma seria "um tabernáculo mais excelente e mais perfeito ". Respondendo às objeções 1 - A Bíblia afirma que todos pecaram Alguns apresentam como principal objeção à Imaculada Conceição, as seguintes palavras de São Paulo: "com efeito, todos pecaram e todos estão privados da glória de Deus" (Rm 3,23). Essa é uma lei geral, mas sabemos que existem exceções a leis gerais. Por exemplo, também está escrito: "Como está determinado que os homens morram uma só vez, e logo em seguida vem o juízo" (Hb 9,27).


No entanto o morto que Elizeu ressuscitou, Lázaro, a filha do Centurião, e tantos outros exemplos de pessoas que foram ressuscitadas, morreram duas vezes. Devemos nos lembrar que São Paulo escreveu em grego. Onde lemos "todos" ele utilizou a palavra "pas" que também possui sentido mais geral. Esta palavra designa cada indivíduo de um gênero ou grupo se precedida do mesmo, caso contrário ela tem sentido coletivo de forma geral. Por exemplo, em Mt 1,17 lemos: "Portanto, [todas] as gerações, desde Abraão até Davi, são quatorze. Desde Davi até o cativeiro de Babilônia, quatorze gerações. E, depois do cativeiro até Cristo, quatorze gerações" (Mt 1,17). No português, a palavra "todas" (que coloquei entre colchetes) não aparece, mas ela está presente no original grego, onde o versículo começa da seguinte forma: "oun pas genea". A expressão "pas genea" significa "todas as gerações". Assim o escritor sagrado quer deixar bem claro que de Abraão até Davi, TODAS as gerações sem exceção foram quatorze. "Sua fama espalhou-se por toda a Síria: traziam-lhe [todos] os doentes e os enfermos, os possessos, os lunáticos, os paralíticos. E ele curava a todos" (Mt 4,24). Assim como no exemplo anterior, a palavra "todos" que não aparece no português, está presente no original grego. A expressão "todos os doentes" foi escrita em grego como "pas kakos echo". Aqui também o escritor sagrado quer deixar bem claro que Jesus curou TODOS os doentes que lhe trouxeram, sem exceção. Já que demonstramos o uso de "pas" na totalidade, vamos demonstrar o uso de forma geral. Por exemplo, ainda em Mateus lemos: "Sereis odiados de todos por causa de meu nome, mas aquele que perseverar até o fim será salvo" (Mt 10,22). Em grego o versículo começa da seguinte forma: "kai esomai miseo hupo pas dia mou onouma". A expressão "hupo pas dia mou onouma" significa "por todos por causa do meu nome ". Aqui o evangelista está se referindo a "todos" de forma geral, não a todos sem exceção, pois, nem todos os homens odiaram os cristãos por causa de Cristo. O que queremos demonstrar é que "pas" como foi empregado por São Paulo, não tem o sentido de TODAS as pessoas sem exceção, mas significa as pessoas de forma geral. Além do mais, se quisermos dar a "pas" um emprego que o Apóstolo não deu e que pela exegese bíblica ela não tem, cairíamos em heresia, pois


deveríamos afirmar que Cristo também pecou, já que também era homem. Se "todos" são todos os homens, por conseqüência deveremos negaremos que Cristo é verdadeiro homem. Se Cristo foi exceção, por quê não poderá ter havido outras exceções? Estaria Deus limitado a operar tal milagre? Lamento muito, mas Rm 3,23 não pode ser usado para negar a Imaculada Conceição da Virgem Maria. 2 - Maria não pode ser imaculada, pois afirma que Deus é seu Salvador Outra tentativa para negar a Imaculada Conceição da Virgem, são as palavras dela mesma conforme o testemunho de São Lucas: "E Maria disse: Minha alma glorifica ao Senhor, meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador" (Lc 1,46-47). Sinceramente, eu não vejo como a Graça de Deus operada na Virgem possa negar que este mesmo Deus seja seu o Salvador. Seria o mesmo que dizer que Deus não é o salvador de Elias, por tê-lo arrebatado em vida. Um bombeiro que tira alguém soterrado em um buraco ou que impede que alguém caia e seja soterrado em um buraco, por acaso não foi o salvador de ambas as vidas? Muitos cristãos crêem que Moisés não morreu de fato, devido ao mistério que a Escritura coloca sobre sua morte. Se Deus realmente ressuscitou Moisés, por acaso deixou Ele de ser seu Salvador? São Paulo no ensina que "Se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé" (1 Cor 15,14) e ainda "E se Cristo não ressuscitou, é inútil a vossa fé, e ainda estais em vossos pecados" (1 Cor 15,17). Isso mostra que Jesus se tornou nosso Salvador após Sua morte e ressurreição. Então, como Deus poderia ter sido o Salvador da Virgem no momento da anunciação? A resposta é simples: da mesma forma como foi o Salvador de Elias e Moisés, isto é, através de uma operação extra-ordinária da Sua Graça. Desta forma, as palavras da Virgem Maria não negam o milagre nela operado, ao contrário, só o confirmam, pois ela declara que Deus é o seu Salvador, mesmo antes do mesmo ter nascido, morrido e ressuscitado.


3 - Jesus não necessitaria que Sua Mãe fosse imaculada, pois poderia operar na Sua própria conceição o milagre que os católicos crêem que foi operado na Virgem. Primeiramente, com exceção dos Adventistas, todos os cristãos concordam que Jesus era imaculado. E isto está mesmo presente no ensinamento Paulino, onde lemos: "Porque vós sabeis que não é por bens perecíveis, como a prata e o ouro, que tendes sido resgatados da vossa vã maneira de viver, recebida por tradição de vossos pais, mas pelo precioso sangue de Cristo, o Cordeiro imaculado e sem defeito algum, aquele que foi predestinado antes da criação do mundo e que nos últimos tempos foi manifestado por amor de vós" (1 Pd 18-20) (grifos meus). Uma coisa é ter pecado em Adão e outra coisa é pecar pessoalmente. Pecar em Adão é nascer com a mancha do pecado original. Pecar pessoalmente é cometer algum pecado. São Paulo quando afirma que Jesus era imaculado, testifica que Ele em sua natureza humana não possuía a mácula do pecado original, por isso chama o Senhor de "o Cordeiro imaculado". E para confirmar que Jesus não possuía o "defeito de fabricação" que a natureza humana herdou de Adão, complementando "e sem defeito algum". Então São Paulo nos ensina que Jesus é "o Cordeiro imaculado e sem defeito algum" do pecado de Adão. É verdade que o mesmo milagre que nós católicos cremos que Jesus operou em Sua Mãe, ele poderia ter operado na sua própria conceição. Mas como já expomos, e queremos lembrar, o pecado é a ofensa a Ele, por isso ele JAMAIS poderia ser concebido num ventre sujeito ao pecado. Também devemos lembrar que o "precioso sangue de Cristo" é o mesmo sangue de Maria. Os cromossomos do Senhor são 100% marianos. Por isto, Salomão inspirado pelo Espírito Santo profetizou sobre a encarnação do Verbo: "A Sabedoria não entrará na alma perversa, nem habitará no corpo sujeito ao pecado" (Sb 1,4). E por esta mesma razão o autor de Hebreus, chama o ventre de Maria de "um tabernáculo mais excelente e mais perfeito, não construído por mãos humanas (isto é, não deste mundo)" (cf. Hb 9,11). Santa Maria, Sempre Virgem


Desde o início do cristianismo Maria Santíssima é venerada como "Áiepartenon", isto é, "Sempre Virgem". A maioria dos cristãos acredita na virgindade da Mãe do Senhor antes de parto e durante o parto. Os cristãos protestantes negam que ela tenha permanecido virgem durante sua vida terrena. Demonstraremos abaixo as 3 situações de sua virgindade. Maria Santíssima era Virgem antes do Parto Este fato pode-se constatar na própria Bíblia: "O Anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma virgem desposada... e o nome da Virgem era Maria" (Lc 1,26). Nossa Senhora ainda dá testemunho de sua virgindade ao responder ao Anjo: "Como se fará isso, pois eu não conheço varão?" Maria Santíssima permaneceu Virgem durante o Parto O que é concebido por milagre deve nascer por milagre. O nascimento é uma conseqüência da concepção; sem o milagre do nascimento virginal, o milagre de se manter a virgindade da Mãe de Cristo estaria incompleto. Deus então teria operado um milagre incompleto. E isto está conforme à profecia "uma virgem conceberá e dará à luz". E a própria Bíblia confirma a profecia: "Ora, tudo aconteceu para que se cumprisse o que foi dito pelo Senhor, por meio do profeta."(Mt 1,22); ou seja, conceber e dar à luz, virginalmente. Nossa Senhora permaneceu Virgem durante sua vida terrena Segundo a Tradição, Santa Maria havia feito um voto de castidade perpétua e assim o manteve, mesmo vivendo com S. José, como fica clara pela própria afirmação dela : "Eu não conheço varão", quando já estava desposada de S. José. São Marcos, na mesma linha, chama Jesus "O filho de Maria" "uiós Marias" (Mc 6,3), e não um dos filhos de Maria, querendo mostrar que ele era o seu filho único. Os protestantes se utilizam da expressão "antes de coabitarem" para demonstrar que Santa Maria teve relações sexuais com São José. Vamos ao trecho em questão: "Maria, sua Mãe, estava desposada com José. Antes de coabitarem, ela concebeu por virtude do Espírito Santo" (Mt 1,18). Ora"antes de


coabitarem" significa apenas "antes de morarem juntos na mesma casa". Isso aconteceu quando "José fez como o anjo do Senhor lhe havia mandado e recebeu em sua casa sua esposa." (Mt 1,24). Nossos irmãos separados cometem outro engano acerca da expressão "filho primogênito", para continuar negando a Virgindade perpétua de Nossa Santa Mãe. Esta expressão é usada por São Lucas: "Maria deu à Luz o seu filho primogênito" (Lc 2,7). "Filho primogênito" significa somente "primeiro filho", podendo ele ser filho único ou não. A Lei de Moisés exige que todo primogênito seja consagrado a Deus, quer seja filho único ou não. É como observamos em: "Consagrar-me-ás todo o primogênito entre os israelitas, tanto homem como animal: ele é meu" (Ex. 13,2). Ainda no livro do Êxodo observamos: "Todo o primogênito na terra do Egito morrerá" (Ex. 11,5). E assim aconteceu: "Não havia casa em que não houvesse um morto" (Ex. 11,30). Como em todos os países, deveria haver casais de um só filho; como por exemplo, todos os que haviam se casado nos últimos anos. Em outro trecho da Bíblia, o Senhor ordena: "contar todos os primogênitos masculinos dos filhos de israel, da idade de um mês para cima" (Num 3,40). Se há primogênito de um mês de idade, como é que se pode exigir que, para haver primeiro, haja um segundo? O segundo texto bíblico preferido dos protestantes é este: "José não conheceu Maria [não teve relações com ela] até que ela desse à luz um filho." (Mt 1,25). Estaríamos certos em pensar que José "conheceu" Maria após ela "ter dado à luz um filho."; se o sentido bíblico da palavra "até" não fizesse referência apenas ao passado. Isto quer dize que é errado pensar que depois daquele "até", José deveria "conhecer" Maria. Observe os exemplos: "Micol, filha de Saul, não teve filhos até ao dia de sua morte" (II Sam 6,23). Será que após a sua morte Micol gerou filhos? Falando Deus a Jacó do alto da escada que este vira em sonhos, disse-lhe: "Não te abandonarei, enquanto[até] não se cumprir tudo o que disse." (Gen 28,15). Será que Deus está dizendo a Jacó que o abandonaria depois? E ainda Nosso Senhor depois de haver ressuscitado parece a seus discípulos e diz: "Eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos." (Mt 28,20). Estes exemplos deixam claro que a palavra "até" no texto de Mt 1,25 é um reforço do milagre operado, a saber, a encarnação do


Verbo por obra do Espírito Santo, e não por obra de homem [São José]. Outra forma dos protestantes negarem a virgindade perpétua de Nossa Mãe, é alegando que a Bíblia mostra que ela teve outros filhos, além de Jesus. Em diversos lugares, o Evangelho fala desses "irmãos" de Jesus: "estando Jesus a falar, disse-lhe alguém: eis que estão lá fora tua mãe e teus irmãos querem ver-te" (Mt 12, 46-47; Mc 3,31-32; Lc 8,19-20). O argumento protestante somente mostra um ignorância sem tamanho da própria Bíblia que eles dizem conhecer. As línguas hebraica e aramaica não possuem palavras que traduzem o nosso "primo" ou "prima", e serve-se da palavra "irmão" ou "irmã". A palavra hebraica "ha", e a aramaica "aha", são empregadas para designar irmãos e irmã do mesmo pai, e não da mesma mãe (Gn 37, 16; 42,15; 43,5; 12,8-14; 39-15), sobrinhos, primos irmãos (1 Par 23,21), primos segundos (Lv 10,4) e até parentes em geral (Jó 19,13-14; 42,11). Portanto a palavra "irmão" era um expressão genérica. Exitem muitos outros exemplos na Sagrada Escritura. Observamos no Gênesis que "Taré gerou Abraão, Naor e Harã; e Harã gerou a Ló" (Gn 11,27). E Ló então era sobrinho de Abraão. Contudo no mesmo Gênesis, mais adiante Abraão chama a Ló de irmão (Gn 13,8). E mais adiante ainda em Gn 14,12, o Evangelho nos relata a prisão de Ló; e no versículo 14 observamos "Ouvindo, pois Abraão que seu irmão estava preso, armou os seus criados, nascido em sua casa, trezentos e dezoito, e os perseguiu até Dã" Jacó se declara irmão de Labão, quando na verdade era filho de Rebeca, irmã de Labão (Gn 29,12-15). No Novo Testamento, fica claríssimo que os "irmãos de Jesus" não eram filhos de Nossa Senhora. Estes supostos "irmãos" são indicados por São Marcos: "Não é este o carpinteiro, filho de Maria e irmão de Tiago, e de José, e de Judas e de Simão e não estã aqui conosco suas irmãs?" Tiago e Judas, conforme afirma São Lucas eram filhos de Alfeu e Cleófas: "Chamou Tiago, filho de Alfeu... e Judas, irmão de Tiago" (Lc 6,15-16). E ainda: "Chamou Judas, irmão de Tiago" (Lc 6,16). São Mateus diz que José é irmão de Tiago: "Entre os quais estava...Maria, mãe de Tiago e de José" (Mt 27,56).


Em São Mateus se lê: "Estavam ali [no calvário], a observar de longe..., Maria Mágdala, Maria, mãe de Tiago e de José, e a mãe dos filhos de Zebedeu". Esta Maria, mãe de Tiago e José, não é a esposa de São José, mas de Cleofas, conforme São João (19,25). Era também irmã de Nossa Senhora, como se lê em São João (19,25): "Estavam junto à cruz de Jesus sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria [esposa] de Cleofas, e Maria de Mágdala". Simão, irmão dos outos três, "Tiago, José e Judas". Portanto estes quatro são verdadeiramente irmãos entre si, filhos do mesmo pai e da mesma mãe. Alfeu ou Cleofas é o pai deles. E ainda se Maria Santíssima tivesse outros filhos ela não teria ficado aos cuidados de São João, que não era da família, mas com seu filho mais velho, segundo ordenava a Lei de Moisés. Agora uma pequena pergunta aos protestantes: Por que nunca os evangelhos chamam os "irmãos de Jesus" de "filhos de Maria" ou "de José", como fazem em relação a Nosso Senhor? E como durante toda a vida da Sagrada Família, os números de seus membros são três? A fuga pra o Egito, a perda e o reencontro no templo, etc. Vejamos agora se os primeiros cristão compartilham dos pensamentos levantados pelos protestantes. São Tiago Menor que realizou o esquema da liturgia da Santa Missa escreveu: "Prestemos homenagem, principalmente, à Nossa Senhora, à Santíssima Imaculada, abençoada acima de todas as criaturas, a gloriosíssima Mãe de Deus, sempre Virgem Maria..." (S. jacob in Liturgia sua). São Marcos na liturgia que deixou às igrejas do Egito serve-se de expressões semelhantes:"Lembremo-nos, sobre tudo, da Santíssima, intermerata e bendita Senhora Nossa, a Mãe de Deus esempre Virgem Maria". E os testemunhos primitivos acerca da virgindade perpétua de Nossa Santa mãe não páram por ái...Quem são os "irmãos" de Jesus? Introdução Os cristãos protestantes costumam ensinar que Maria, Mãe de Jesus, teve outros filhos


além de Nosso Senhor. Que o Verdadeiro Espírito Santo nos permita mostrar aos nossos irmãos separados a verdade sobre os "irmãos" do Senhor. Jesus, o primogênito No Evangelho de São Lucas lemos: "Maria deu à Luz o seu filho primogênito" (Lc 2,7). Aqui os protestantes enxergam indícios de que o Senhor foi somente o primeiro filho de Maria. Ora, a palavra "primogênito" só significa primeiro filho, podendo ele ser filho único ou não. A própria Escritura Sagrada dá testemunho disto, vejamos: "O Senhor disse a Moisés: "Faze o recenseamento de todos os primogênitos varões entre os israelitas,da idade de um mês para cima, e faze o levantamento dos seus nomes." (Num 3,40) (grifos meus). Se para que seja primogênito é preciso que haja outros irmãos, como pode haver primogênitos "da idade de um mês para cima"? Um outro exemplo está no livro do Êxodo: "e morrerá todo primogênito na terra do Egito, desde o primogênito do faraó, que deveria assentar-se no seu trono, até o primogênito do escravo que faz girar a mó, assim como todo primogênito dos animais." (Ex. 11,5). E a promessa de Deus se cumpre, onde lemos: "Pelo meio da noite, o Senhor feriu todos os primogênitos no Egito, desde o primogênito do faraó, que devia assentar-se no trono, até o primogênito do cativo que estava no cárcere, e todos os primogênitos dos animais. O faraó levantou-se durante a noite, assim como todos os seus servos e todos os egípcios e fez-se um grande clamor no Egito, porque não havia casa em que não houvesse um morto" (Ex. 12,2930). A própria tradição ensina que o Faraó só tinha um único filho. Desta forma, a palavra "primogênito" em Lc 2,7 não prova que o Senhor teve outros irmãos. José "conheceu" Maria? No Evangelho de São Mateus lemos: "José não conheceu Maria [não teve relações com ela] até que ela desse à luz um filho." (Mt 1,25).


Neste trecho os protestantes entendem que depois do parto, José "conheceu" Maria. Quem entende o mínimo de exegese bíblia e cultura judaica, saberá que o Evangelho de Mateus é coberto de "aramaísmos", isto é, expressões típicas da língua aramaica e hebraica, que quando traduzidas para outra língua não possuem o mesmo significado. A expressão "até que", "até" ou "enquanto" na linguagem bíblica, diz respeito somente ao passado. Para que isso fique mais claro vejamos outros exemplos na própria Escritura: Ainda em Mateus, encontramos a promessa do Senhor à Igreja: "Eis que estou convosco todos os dias,até a consumação dos séculos." (Mt 28,20) (grifo meu). Será que o versículo quer dizer que após a consumação dos séculos, Jesus não estará mais com a Sua Igreja? "Micol, filha de Saul, não teve filhos até ao dia de sua morte" (2 Sam 6,23) (grifo meu). O escritor sagrado quer dizer que depois de sua morte, Micol teve filhos? Falando Deus a Jacó do alto da escada que este vira em sonhos, disse-lhe: "Não te abandonarei,enquanto não se cumprir tudo o que disse" (Gn 28,15) (grifo meu). Depois que se cumprir o que o Senhor disse, Ele então deveria abandonar Jacó? Em Gênesis lemos: "[Noé] Soltou o corvo que foi e não voltou até que as águas secassem sobre a terra" (Gn 8,7) (grifos meus). Aqui não significa que o corvo voltou após as águas secarem, o que se quer é dar ênfase ao fato de que ele não voltou, mostrando que as águas finalmente secaram. Desta forma, em Mt 1,15, não significa que depois do parto José deveria "conhecer" Maria. O Evangelista quer mostrar aqui o milagre da encarnação do Verbo, que aconteceu por obra do Espírito Santo, sem a intervenção do homem (cf. Is 7,14). A palavra "irmãos" na Escritura Sagrada Nossos irmãos protestantes alegam que em diversos lugares, o Evangelho fala dos "irmãos" de Jesus, como por exemplo: "estando Jesus a falar, disse-lhe alguém: eis que estão lá fora tua mãe e teus irmãos querem ver-te" (Mt 12, 46-47; Mc 3,31-32; Lc 8,19-20). É importante dizer que nas Sagradas Letras, as palavras "irmão", "irmã", "irmãos" e "irmãs" podem denotar qualquer grau de parentesco. Isto porque, as línguas hebraica e aramaica não possuem palavras que traduzem o nosso "primo" ou "prima", e serve-se da palavra "irmão" ou "irmã". A palavra hebraica "ha", e a


aramaica "aha", são empregadas para designar irmãos e irmã do mesmo pai, e não da mesma mãe (Gn 37, 16; 42,15; 43,5; 12,8-14; 39-15), sobrinhos, primos irmãos (1 Par 23,21), primos segundos (Lv 10,4) e até parentes em geral (Jó 19,13-14; 42,11). Existem muitos exemplos na Sagrada Escritura. Observamos no Gênesis que "Taré gerou Abraão, Naor e Harã; e Harã gerou a Ló" (Gn 11,27). E Ló então era sobrinho de Abraão. Contudo no mesmo Gênesis, mais adiante Abraão chama a Ló de irmão (Gn 13,8). Ainda em Gn 14,12, o Evangelho nos relata a prisão de Ló; e no versículo 14 observamos: "Ouvindo, pois Abraão que seu irmão estava preso, armou os seus criados, nascido em sua casa, trezentos e dezoito, e os perseguiu até Dã". Jacó se declara irmão de Labão, quando na verdade era filho de Rebeca, irmã de Labão (Gn 29,12-15). Assim a qualificação de alguém pela palavra "irmão" ou "irmã" em relação ao Senhor, não significa necessariamente que fossem irmãos de fato. A única certeza que se pode ter neste caso é que eram parentes do Senhor. A quem os Evangelhos chamam de "irmãos" do Senhor? Os Evangelhos qualificam algumas pessoas como "irmãos" do Senhor. A primeira referência que encontramos está em São Mateus, onde lemos: "Não é este o filho do carpinteiro? Não é Maria sua mãe? Não são seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas?" (Mt 13,55). Uma passagem correspondente encontramos em São Marcos: "Não é ele o carpinteiro, o filho de Maria, o irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? Não vivem aqui entre nós também suas irmãs? E ficaram perplexos a seu respeito" (Mc 6,3). 1. A importância da expressão "uiós Marias". Interessante notar que São Marcos usa a expressão grega "uiós Marias", em português "o filho de Maria". Considerando Mateus e Lucas, observe o leitor que apenas o "o filho do carpinteiro" é chamado de "o filho de Maria" e não "um dos filhos de Maria". Isso pode não fazer muita diferença em português, mas em grego é muito significativo.


Primeiramente pelo fato da mulher ser a última das criaturas no mundo antigo, normalmente a filiação de alguém sempre referenciava o pai. Por exemplo: "o filho de Jonas", "o filho de Alfeu", etc. Mas São Marcos ao falar da filiação de Cristo, não aponta para José, mas para Santa Maria, utilizando uma expressão que normalmente só era usada para designar filhos únicos. É claro que esta ocorrência incomum no Evangelho de Marcos não é sem propósito. O Evangelista que mostrar que Cristo era o único filho de Santa Maria. 2. A Carta de São Paulo aos Gálatas Segundo nossos irmãos protestantes, os supostos irmãos de sangue de Jesus seriam: Tiago, José, Simão e Judas. É o que o eles afirmam lendo Mt 13,55 e Mc 6,3, confiando que estão sendo guiados pelo Espírito Santo. Dizem ainda que São Paulo confirma isto, pois na carta aos Gálatas ele escreve: "Três anos depois subi a Jerusalém para conhecer Cefas [Pedro], e fiquei com ele quinze dias. E dos outros apóstolos [que estão em Jerusalém] não vi a nenhum, senão a Tiago, irmão do Senhor? (Gl 1,18-19). Segundo a referência paulina acima, este Tiago, "irmão do Senhor", é de fato um Apóstolo. Segundo as listas de Mateus, Marcos e Lucas, existiram dois apóstolos de nome Tiago. Vejamos: "Eis os nomes dos doze apóstolos: o primeiro, Simão, chamado Pedro; depois André, seu irmão. Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão. Filipe e Bartolomeu. Tomé e Mateus, o publicano. Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu. Simão, o cananeu, e Judas Iscariotes, que foi o traidor" (Mt 10, 2-4) (grifos meus). "Escolheu estes doze: Simão, a quem pôs o nome de Pedro; Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, aos quais pôs o nome de Boanerges, que quer dizer Filhos do Trovão. Ele escolheu também André, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu; Tadeu, Simão, o Zelador; e Judas Iscariotes, que o entregou" (Mc 3,16-19) (grifos meus). "Ao amanhecer, chamou os seus discípulos e escolheu doze dentre eles que chamou de apóstolos: Simão, a quem deu o sobrenome de Pedro; André, seu irmão; Tiago, João, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu; Simão, chamado Zelador; Judas, irmão de Tiago; e Judas Iscariotes, aquele que foi o traidor" (Lc 6,13-16) (grifos meus).


Conforme podemos observar, um Tiago era filho de Zebedeu e o outro filho de Alfeu. Agora eu pergunto aos meus irmãos protestantes: o que tem Zebedeu e Alfeu com Santa Maria, Mãe de Jesus" Ora, é ponto pacífico entre todos os cristãos que Santa Maria só foi casada com São José, e que não se casou depois. Portanto, este Tiago, o qual São Paulo se refere em sua carta aos Gálatas não era irmão de sangue do Senhor Jesus; logo, as palavras do Apóstolo não dão suporte à tese protestante. 3. Distinguindo os Tiagos Primeiro é preciso fazer uma distinção entre os dois "Tiagos" que foram apóstolos. O Tiago, filho de Alfeu (cf. Mt 10,3; Mc 3,18; Lc 6,15) era também chamado de "o menor", veja: "E também estavam ali algumas mulheres, olhando de longe. Entre elas estavam Maria Madalena e Maria, mãe de Tiago o menor e de José, e Salomé" (Mc 15,40) (grifos meus). Este Tiago que era irmão de José, não é filho de Zebedeu conforme vemos em São Mateus: "Havia ali também algumas mulheres que de longe olhavam; tinham seguido Jesus desde a Galiléia para o servir. Entre elas se achavam Maria Madalena e Maria, mãe de Tiago e de José, e a mãe dos filhos de Zebedeu" (Mt 27,55-56) (grifos meus). Como vemos acima, a Mãe de Tiago e José não é a mãe dos filhos de Zebedeu. Desta forma, o Tiago chamado "o menor" em Mc 15,40 era o filho de Alfeu. Com efeito, tanto São Marcos quanto São Lucas identificam este Tiago como irmão de José. Podemos então distinguir os dois "Tiagos" assim: Tiago, o Maior, é filho de Zebedeu e Tiago, o Menor, é filho de Alfeu. 4. Os irmãos dos Tiagos Na lista dos apóstolos de São Lucas, Judas era irmão do Tiago filho de Alfeu (cf. Lc 6,16), o que corrobora com o livro de Ato, onde encontramos: "Tendo entrado no cenáculo, subiram ao quarto de cima, onde costumavam permanecer. Eram eles: Pedro e João, Tiago, André, Filipe, Tomé, Bartolomeu, Mateus, Tiago, filho de Alfeu, Simão, o Zelador,e Judas, irmão de Tiago" (At 1,13) (grifos meus).


Segundo São Mateus e São Marcos este Judas era também chamado Tadeu (cf. Mt 10,3; Mc 3,18). Até aqui os filhos de Zebedeu são Tiago (o Maior) e João (cf. Mc 3,16; Mt 10,2). Os filhos de Alfeu são Tiago (o Menor), Judas Tadeu e José (cf. Mt 10,3; Mc 3,18; Lc 6,15; At 1,13). 5. Quem é o Tiago referido na carta aos Gálatas? São Paulo chama um dos "Tiagos" de "irmão do Senhor" (cf. Gl 1,19). Vimos ele ou é um dos filhos de Zebedeu ou Alfeu, e não de José, portanto, não é irmão de sangue do Senhor Jesus. Quem é este Tiago a quem o Santo Apóstolo se refere? O Maior (filho de Zebedeu e irmão de João) ou o Menor (filho de Alfeu e irmão de Judas)? Em Atos lemos que o Tiago, irmão de João foi morto após perseguição de Herodes: "Por aquele mesmo tempo, o rei Herodes mandou prender alguns membros da Igreja para os maltratar.Assim foi que matou à espada Tiago, irmão de João" (At 12,1-2) (grifos meus). Isto aconteceu depois que São Paulo esteve em Jerusalém para ver os Apóstolos, pois o seu relato em Gl 1,18-19 é o mesmo evento narrado por São Lucas em Atos 9: "Chegando a Jerusalém, [Paulo] tentava ajuntar-se aos discípulos, mas todos o temiam, não querendo crer que se tivesse tornado discípulo. Então Barnabé, levando-o consigo, apresentou-o aos apóstolos e contou-lhes como Saulo vira o Senhor no caminho, e que lhe havia falado, e como em Damasco pregara, com desassombro, o nome de Jesus. Daí por diante permaneceu com eles, saindo e entrando em Jerusalém, e pregando, destemidamente, o nome do Senhor" (At 9, 26-28). Assim, quando São Paulo esteve em Jerusalém para conhecer os apóstolos, os dois "Tiagos" estavam vivos, mas se prestarmos atenção na seqüência entre os capítulos 1 e 2 da carta aos Gálatas, veremos que o Tiago referido em Gl 2,9 parece ser o mesmo de Gl 1,19. O capítulo 2 da carta aos Gálatas se refere ao Concílio de Jerusalém, narrado em At 15, quando o Tiago, filho de Zebedeu já havia sido morto (cf. At 12,1-2).


Com efeito, Rufino ("Comentário ao Credo dos Apóstolos", 37) e Eusébio de Cesaréia ("História Eclesiástica", II,23), ambos historiadores da Igreja Antiga, registraram a Tradição Apostólica que identifica Tiago, autor da Epístola de Tiago, como irmão do Senhor. É sabido que o autor da Epístola a Tiago, é o Tiago filho de Alfeu, irmão de Judas Tadeu (cf. Jd 1,1), o autor da Epístola de Judas. 6. Identificando os "irmãos" de Jesus Vimos que São Paulo dá testemunho da Tradição Apostólica de identificar Tiago, filho de Alfeu, como irmão do Senhor Jesus. Lembremos que este Tiago tem com irmãos Judas Tadeu e José. Ora, exatamente os nomes Tiago, Judas e José que encabeçam a lista dos "irmãos" de Jesus na lista dos Evangelistas, lembremos: "Não é ele o carpinteiro, o filho de Maria, o irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? Não vivem aqui entre nós também suas irmãs? E ficaram perplexos a seu respeito" (Mc 6,3) (grifos meus). "Não é este o filho do carpinteiro? Não é Maria sua mãe? Não são seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas?" (Mt 13,55) (grifos meus). 7. Identificando a mãe dos "irmãos" de Jesus Para ficar ainda mais claro que Tiago, José e Judas são primos de Jesus, vamos identificar mãe deles. Os evangelistas relataram que além da Mãe de Jesus, outras mulheres estavam próximas ao calvário. Vejamos: "Havia ali [no Calvário] também algumas mulheres que de longe olhavam; tinham seguido Jesus desde a Galiléia para o servir. Entre elas se achavam Maria Madalena e Maria, mãe de Tiago e de José, e a mãe dos filhos de Zebedeu" (Mt 27,55-56) (grifos meus). Segundo São Mateus eram elas: Maria Madalena, Maria mãe de Tiago e José e a mãe dos filhos de Zebedeu. Com efeito, Tiago e José que também são irmãos de Judas Tadeu tem por mãe uma Maria que não é a mãe do Senhor. Os filhos de Zebedeu são Tiago Maior e São João, cuja mãe também estava na cena da crucificação.


"E também estavam ali algumas mulheres, olhando de longe. Entre elas estavam Maria Madalena e Maria, mãe de Tiago o menor e de José, e Salomé" (Mc 15,40). São Marcos eram elas: Maria Madalena, Maria mãe de Tiago e José que também são irmãos de Judas e Salomé. Em concordância com São Mateus, Salomé só pode ser a mãe dos filhos de Zebedeu, isto é, a mãe de Tiago Maior e São João. Novamente a Maria mãe de Tiago, Judas e José não é a Maria mãe de Jesus. Esta Maria tinha por marido Alfeu. "Estavam junto à cruz de Jesus sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria [esposa] de Cleofas, e Maria de Mágdala" (Jo 19,25). São João identifica Maria esposa de Cleofas como tia de Jesus, isto é, irmã de Santa Maria. Ora, sabemos que Tiago Maior e São João não são primos de Jesus, caso contrário seriam chamados "irmãos do Senhor"; assim, Salomé não é a Maria esposa de Cleofas. Esta Maria, esposa de Cleofas, é a mãe de Tiago, José e Judas. Portanto, estes "irmãos" de Jesus, são na verdade seus primos, filhos de Maria, tia de Jesus. Como na antiguidade os homens normalmente eram conhecidos por dois nomes, alguns acreditam que Cleofas é o outro nome de Alfeu. Outros sustentam a tese de que Cleofas é o marido de um segundo casamento de Maria, tia de Jesus. Com efeito, somente Tiago é referido como filho de Alfeu (ver item 2 deste artigo), enquanto se diz apenas que Judas e José são seus irmãos. Sendo Alfeu e Cleofas, a mesma pessoa ou não, isso não oferece qualquer problema, pois de fato Tiago, Judas e José, são filhos de Maria, tia de Jesus; não importando se Tiago Menor é filho de Alfeu e Judas e José filhos de Cleofas. 8. Quem é Simão? Em Mt 13,55 e Mc 6,3 encontramos o nome de Simão junto com os de Tiago, José e Judas. Quando São Mateus e São Marcos elencam os apóstolos, sempre colocam o nome dos irmãos em seqüência. Ex: Pedro e André, Tiago Maior e João, etc. Nestas mesmas listas, próximo aos nomes dos irmãos Tiago Menor e Judas Tadeu, os evangelistas citam um Simão: "Tiago, filho de


Alfeu, e Tadeu. Simão, o cananeu [...]" (Mt 10,3-4) e "[...] Tiago, filho de Alfeu; Tadeu, Simão, o Zelador" (Mc 3,18). Com efeito, Eusébio de Cesaréia em sua "História Eclesiástica" registra que este Simão era primo do Senhor e filho de Cleofas: "Após o martírio de Tiago [menor] e a destruição de Jerusalém, ocorrida logo depois, conta-se que os sobreviventes dos Apóstolos e discípulos do Senhor vindos de todas as partes se congregaram e com os consangüíneos do Senhor 'havia um grande número deles ainda vivos' reuniram-se em conselho para verificar quem julgariam digno de suceder a Tiago. Todos unanimemente consideraram idôneo para ocupar a sede desta Igreja Simeão, filho de Cléofas, de quem se faz memória no livro do Evangelho (Lc 24,18; Jô 19,25). Diz-se que era primo do Salvador. Efetivamente, Hegesipo [historiador antigo] declara que Cléofas era irmão de José" (HE III,11). Conclusão Os "irmãos" de Jesus são seus primos, filhos da irmã da Mãe do Senhor, cujo nome é também Maria; são eles Tiago, José, Judas Tadeu e Simão. Este é o testemunho da Sagrada Escritura e da Memória dos primeiros cristãos. O Batismo de Crianças "Deixai vir a mim as criancinhas e não as impeçais, porque o Reino de Deus é daqueles que se parecem com elas" (Lc 18,16). O Protestantismo durante a Reforma no século XV inventou que o Batismo não pode ser ministrado às crianças. Esta novidade foi introduzida pelos Anabatistas. Note que os primeros protestantes (Luteranos, Presbiterianos, Calvinista e Anglicanos), guardam até hoje o batismo de crianças.

A Sagrada Escritura A Sagrada Escritura cita vários exemplos de pagãos que professaram a fé cristã e que foram batizados "com toda a sua


casa". A palavra "casa" ("domus", em latim; "oikos", em grego) designava o chefe de família com todos os seus domésticos, inclusive as crianças:

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"Disse-lhes Pedro: 'Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados. E recebereis o dom do Espírito Santo. A promessa diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos que estão longe - a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar'." (Atos 2,38-39) "E uma certa mulher chamada Lídia, vendedora de púrpura, da cidade de Tiatira, e que servia a Deus, nos ouvia, e o Senhor lhe abriu o coração para que estivesse atenta ao que Paulo dizia. E, depois que foi batizada, ela e a sua casa rogou-nos dizendo: 'Se haveis julgado que eu seja fiel ao Senhor, entrai em minha casa, e ficai ali'. E nos constrangeu a isso." (At 16,14-15) "Tomando-os o carcereiro consigo naquela mesma noite, lavou-lhes os vergões; então logo foi batizado, ele e todos os seus." (At 16,33) "Crispo, principal da sinagoga, creu no Senhor, com toda a sua casa; e muitos dos coríntios, ouvindo-o, creram e foram batizados." (At 18,8) "Batizei também a família de Estéfanas; além destes, não sei se batizei algum outro." (1Cor 1,16) Argumentos Protestantes Os protestantes costumam argumentar dizendo que Jesus foi apresentado no tempo quando criança e somente foi batizado na idade adulta, e por isto eles apresentam suas crianças no altar e batizam os adultos. Só que se esquecem que o Batismo faz parte do ministério de Jesus, que se iniciou com 30 anos. Como Jesus poderia ser batizado quando criança se ainda seu ministério nem havia iniciado? Os ritos da lei mosaica só deixariam de valer após a ressurreição de Cristo (cf. Mt 26,61). Por isto, Jesus foi apresentado no tempo quando criança, pois a lei mosaica ainda valia e o batismo ainda não. A circuncisão que era o sinal da iniciação do Judeu na vida religiosa, era realizado também nas crianças. A circuncisão (sinal da Antiga Aliança), foi substituída pela Batismo (Sinal da Nova Aliança). Desta forma o batismo também pode ser ministrado às crianças: "Nele também fostes circuncidados com a circuncisão não feita por mãos no despojar do corpo da carne, a saber, a circuncisão de


Cristo, tendo sido sepultados com ele no batismo, nele também ressurgistes pela fé no poder de Deus, que o ressuscitou dentre os mortos." (Col 2,11-12) Através do batismo o Espírito Santo nos dá um novo nascimento, nos regenerando. Por isto, as crianças também devem ser batizadas, pois já nascem pecadores. "Todos pecaram" em razão do pecado de Adão, inclusive as crianças:  

"Pois todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus" (Rm 3,23) "Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram." (Rm 5,12) "Certamente em iniqüidade fui formado, e em pecado me concebeu a minha mãe." (Sl 51,5) Outro argumento protestante é que as crianças não podem crer, e que o batismo deve ser um ato consciente de quem está sendo batizado. Como já dissemos em artigo anterior, o batismo regenera o homem. Por acaso se um filho de um protestante estiver doente, seu pai vai esperar que ele cresça para escolher tomar a vacina, ou vai lhe dar a vacina? Todo bom pai faria daria logo a vacina. O mesmo acontece com o batismo. Mas de qualquer forma, vamos mostrar pela Sagrada Escritura que as crianças podem crer:

"E quem escandalizar a um destes pequeninos que crêem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma grande pedra de moinho, e fosse lançado ao mar" (Mc 9,42) "Ao ouvir Isabel a saudação de Maria, a criancinha saltou no seu ventre, e Isabel foi cheia do Espírito Santo. Exclamou ela em alta voz: 'Bendita és tu entre as mulheres, e bendito o fruto do teu ventre. De onde me provém que me venha visitar a mãe do meu Senhor? Ao chegar-me aos ouvidos a voz da tua saudação, a criancinha saltou de alegria no meu ventre.'" (Lc 1,41-44) "Contudo, tu me tiraste do ventre; tu me preservaste, estando eu ainda aos seios de minha mãe. Sobre ti fui lançado desde a madre; tu és o meu Deus desde o ventre da minha mãe." (Sl 22,9-10) Testemunhos Primitivos Nosso Senhor Jesus Cristo garantiu que a Igreja nunca pregaria o erro (cf. Mt 16,18), e garantiu a Sua Assistência Divina à Igreja todos os dias até o final dos tempos (cf. Mt 28,20). Para desmentir o


que os protestantes pregam, dizendo que a Igreja modificou a doutrina, ou apostatou, transcreveremos abaixo alguns dos testemunhos primitivos, que provam que a Igreja ensina hoje o mesmo que ensinava nos tempos mais remotos do cristianismo: "Ele (Jesus) veio para salvar a todos através dele mesmo, isto é, a todos que através dele são renascidos em Deus: bebês, crianças, jovens e adultos. Portanto, ele passa através de toda idade, torna-se um bebê para um bebê, santificando os bebês; uma criança para as crianças, santificando-as nessa idade...(e assim por diante); ele pode ser o mestre perfeito em todas as coisas, perfeito não somente manifestando a verdade, perfeito também com respeito a cada idade" (Santo Irineu, ano 189 Contra Heresias II,22,4). "Onde não há escassez de água, a água corrente deve passar pela fonte batismal ou ser derramada por cima; mas se a água é escassa, seja em situação constante, seja em determinadas ocasiões, então se use qualquer água disponível. Dispa-selhes de suas roupas, batize-se primeiro as crianças, e se elas podem falar, deixe-as falar. Se não, que seus pais ou outros parentes falem por elas" (Hipólito, ano 215 - Tradição Apostólica 21,16). "A Igreja recebeu dos apóstolos a tradição de dar Batismo mesmo às crianças. Os apóstolos, aos quais foi dado os segredos dos divinos sacramentos sabiam que havia em cada pessoa inclinações inatas do pecado (original), que deviam ser lavadas pela água e pelo Espírito" (Orígenes, ano 248 Comentários sobre a Epístola aos Romanos 5:9) "Do batismo e da graça não devemos afastar as crianças" (São Cipriano, ano 248 - Carta a Fido). Conclusão O batismo é uma graça regenerativa para a vida humana. Ninguém deve ser privado desta graça. O batismo deve ser principalmente ministrado para as crianças. E esta sempre foi a prática da Igreja. Somente o Papa possui a autoridade para ligar e desligar (na terra e no céu, cf. Mt 16,19). Fora isto, ninguém tem o direito de negar esta graça às crianças. É através do batismo que temos nossa primeira experiência com Jesus. Creio que Jesus está fazendo o seguinte apelo aos protestantes: "Deixai vir a mim as criancinhas e não as impeçais" (Lc 18,16). A indissolubilidade do Matrimônio


"Eu, porém, vos digo: todo aquele que rejeita sua mulher, a faz tornar-se adúltera, a não ser que se trate de matrimônio falso; e todo aquele que desposa uma mulher rejeitada comete um adultério" (Mt 5,32) Introdução Um grande pecado cometido por casais cristãos é o divórcio seguido por uma segunda união. Acreditam que tal prática esteja amparada pelas Escrituras. A fim de trazer mais luz sobre tão fundamental questão, que o Espírito Santo nos permita expor a perene doutrina da indissolubilidade do Matrimônio. A Natureza do Matrimônio "Os fariseus vieram perguntar-lhe para pô-lo à prova: É permitido a um homem rejeitar sua mulher por um motivo qualquer? Respondeu-lhes Jesus: Não lestes que o Criador, no começo, fez o homem e a mulher e disse: Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher; e os dois formarão uma só carne? Assim, já não são dois, mas uma só carne. Portanto, não separe o homem o que Deus uniu" (Mt 19,3-6) Note-se que muito antes do anúncio da Revelação e até mesmo da instituição de ordenanças religiosas por Deus, o matrimônio por natureza é indissolúvel, não por decreto, mas porque foi assim que Deus o concebeu: “Portanto, não separe o homem o que Deus uniu”. No entanto os judeus receberam de Moisés a autorização de dar carta de divórcio às suas esposas, contrariando então a própria natureza do matrimônio. "Disseram-lhe eles: Por que, então, Moisés ordenou dar um documento de divórcio à mulher, ao rejeitá-la? Jesus respondeulhes: É por causa da dureza de vosso coração que Moisés havia tolerado o repúdio das mulheres; mas no começo não foi assim. Ora, eu vos declaro que todo aquele que rejeita sua mulher, exceto no caso de matrimônio falso, e desposa uma outra, comete adultério. E aquele que desposa uma mulher rejeitada, comete também adultério. Seus discípulos disseram-lhe: Se tal é a condição do homem a respeito da mulher, é melhor não se casar! Respondeu


ele: Nem todos são capazes de compreender o sentido desta palavra, mas somente aqueles a quem foi dado" (Mt 19,7-11) Conforme vimos Jesus é bem claro sobre a natureza indissolúvel do matrimônio. Esta mesma doutrina foi exposta pelo Senhor no Sermão da Montanha (cf. Mt 5,32). São Paulo também ensinou a indissolubilidade do matrimônio quando escreveu aos coríntios: “A esposa está ligada ao marido durante todo tempo em que ele viver. Se o marido morrer, ela ficará livre para casar-se com quem quiser; mas apenas no Senhor” (1Cor 7,39). O divórcio dissolve o vínculo do matrimônio? Mesmo verificando que o matrimônio é indissolúvel, o Senhor parece considerar a dissolução do vínculo matrimonial em um caso específico: “exceto no caso de matrimônio falso”. Algumas versões em português (até mesmo a consagrada King James Version em inglês) trazem “exceto no caso de fornicação”. Isto se deve pelo fato da maioria das versões em português serem baseadas na tradução para o Latim, conhecida como Vulgata (realizada por São Jerônimo no séc. IV). Na Vulgata a palavra grega “porneia” foi traduzida por “fornicationem", isto é, fornicação. A versão protestante “Almeida Fiel e Corrigida” também traduziu “porneia” por “fornicação”. A exceção é a revisão desta versão, conhecida como “Almeida Atualizada e Corrigida”, onde “porneia” foi traduzida como “infidelidade” ou “adultério”. Estas divergências fazem muitas pessoas acreditarem que o adultério dissolve o matrimônio, o que é um ledo engano. Se assim fosse o vínculo matrimonial não seria indissolúvel. As versões que traduziram “porneia” por “matrimônio falso” (Ed. Ave-Maria, Bíblia de Jerusalém, Pe. Mato Soares, etc) são mais féis ao original, pois “porneia” tem significado de “falsa união”. As versões que trazem “fornicação” não estão erradas, pois fornicação também diz respeito a uniões ilícitas, no entanto esta palavra nos remete a um sentido mais sexual, o que suscita muitas dificuldades para entender o texto sagrado. Tudo isto explica a utilização da palavra “porneia” pelo copista grego (já que o Evangelho de Mateus foi escrito em Aramaico).


Na verdade não existe exceção alguma, pois onde não houve verdadeiro vínculo matrimonial, não houve matrimônio válido, e por esta razão o vínculo entre os “cônjuges” pode ser “desfeito”, pois na verdade nunca existiu. O que seria um falso matrimônio? O matrimônio falso ou inválido é aquele cujo vínculo matrimonial não existe por faltarem as condições que o tornem válido. Farei uma comparação com o batismo para facilitar o entendimento. Se alguém for batizado em nome do Pai, da Mãe e da Tia, não pode se considerar uma pessoa batizada. Isto porque um batismo válido só pode ser ministrado em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Algumas denominações protestantes dizem que o batismo só é válido se for num rio, a outra que a água tem que ser filtrada, e assim vai... Uma aceita o batismo por aspersão, enquanto outra só por imersão. Enfim, tudo isto são concepções de validade do batismo. O mesmo acontece com o matrimônio, sem as condições necessárias ele se torna falso, inválido, ou melhor, inexistente. O que torna o matrimônio válido ou inválido? A Antiga Lei se valia de algumas regras para determinar a validade do Matrimônio. Por exemplo, em Ezequiel: "Eles [os sacerdotes] não desposarão viúvas nem mulheres repudiadas, mas somente virgens de descendência israelita; poderão, entretanto, casar com a viúva de um sacerdote" (Ez 44,22). Um outro exemplo é a lei do Levirato: "Se alguns irmãos habitarem juntos, e um deles morrer sem deixar filhos, a mulher do defunto não se casará fora com um estranho: seu cunhado a desposará e se aproximará dela, observando o costume do levirato. Ao primeiro filho que ela tiver se porá o nome do irmão morto, a fim de que o seu nome não se extinga em Israel" (Dt 25,5-6). Quando estas regras não eram satisfeitas havia então um impedimento ao matrimônio.


Outros exemplos de impedimento são: Quando os noivos não têm a intenção de ter filhos (cf. Rt 1,1113; Tb 8,9-10); Quando os noivos não têm a intenção de viver juntos para sempre (cf. Tb 8,10); Quando se mata o cônjuge para se casar com quem ficou viúvo (cf. 2Sm 12,9-11); Alguns graus de parentesco invalidam o casamento (cf. Lv 18,6-15; Lv 20,17-20). A falta de impedimentos não é suficiente para validar o casamento. É preciso que os noivos estejam se entregando ao matrimônio de livre vontade, pois estão assumindo um compromisso onde se doarão de corpo e espírito um ao outro (cf. 1Cor 7,3-4). A importância do ato público e das testemunhas É um costume consagrado que as pessoas se casem em lugares públicos, ou na presença de muitas pessoas. A origem disto está no fato de que são os noivos os ministros do casamento e não o padre ou pastor, como pensam muitos. Se assim não fosse o casamento dos pagãos seria inválido. Até o séc IV, os cristãos se casavam seguindo o costume dos povos onde viviam, dando um sentido cristão ao seu casamento e abstendo-se das práticas que não estavam conforme a vida cristã, conforme atestamos nos testemunhos de Papa Calisto, Clemente de Alexandria, Tertuliano, Quadrato e outros. Entretanto, muitos casamentos ocorriam em segredo ou pelo uso da força, desta forma era difícil verificar se houve real vínculo matrimonial. Por esta razão, a partir do séc IV, a Igreja começa a participar das celebrações matrimoniais, exigindo que os noivos contraiam matrimônio na presença do presbítero e da comunidade. Também é costume consagrado que os noivos escolham pessoas queridas e próximas para serem padrinhos e madrinhas de casamento. A origem deste costume está na razão de que no passado não se sabia ao certo se os noivos estavam se entregando em matrimônio com mútuo consentimento e sem impedimentos. Desta forma, eram


escolhidas pessoas próximas ao casal para serem testemunhas de que o vínculo matrimonial era válido, isto é, que realmente o que estava sendo celebrado era um matrimônio de fato. Conclusão De forma alguma é permitido aos batizados desligar-se de sua esposa ou esposo, se contraíram um matrimônio válido e consumado. Da mesma forma, aquele que se une ao separado ou separada também peca gravemente. Da mesma forma como no poder civil o casamento não pode ser dissolvido sem o aval da autoridade competente, neste caso o Estado, também cabe não aos cônjuges, mas aos Tribunais da Igreja discernir se um vínculo matrimonial pode ou não ter sido válido. Principalmente porque Jesus não delegou ao Estado o múnus de arbitrar sobre o casamento entre batizados. Portanto, não é porque o Estado permite o “casa e descasa” que tal prática é lícita ao Povo de Deus. Há Estados que permitem a união civil entre homossexuais e por acaso isto torna lícita tal prática entre os Cristãos? Aos eleitos cabe viver seu matrimônio como vínculo indissolúvel (que só pode ser dissolvido com a morte de um dos cônjuges cf. 1Cor 7,39), como sacramento exigido na sua condição de batizado. Por isso, não pode um católico se divorciar e nem um protestante. Ambos são batizados. Grande engano comete um excatólico casado que deseja contrair novas núpcias achando que seu casamento anterior é falso porque foi celebrado na Igreja Católica. O mesmo acontece com um ex-protestante casado que acha que seu casamento anterior não é válido porque mudou de Fé. Tão grande é o mistério do vínculo matrimonial que São Paulo o comparou ao grande mistério da união de Cristo à Sua Igreja (cf. Ef 5,32). "Assim, já não são dois, mas uma só carne. Portanto, não separe o homem o que Deus uniu" (Mt 19,6). Deus proíbe o consumo de bebidas alcoólicas? DOM, 20 DE AGOSTO DE 2006 23:06 ALESSANDRO LIMA Introdução Depois do surgimento do Protestantismo histórico (Luteranismo, Presbiterianismo e Anglicanismo), as denominações


protestantes que surgiram após, começaram a pregar que consumir bebidas alcoólicas é pecado, pois não agrada a Deus. Devemos ter sempre em mente que na Revelação de Deus, o certo e o errado não está associado a um objeto em si, mas sim ao uso que fazemos dele. Devemos dispor de todas as coisas criadas (seja pelo homem ou por Deus) para a Glória Dele. Sobre isso São Paulo ensinou que "todas as coisas me são lícitas, mas nem todas me convêm" (cf. 1 Cor 6,12; ver também 1Cor 10,23). Desta forma, o consumo de bebidas alcoólicas deve obedecer este mesmo principio. Pretendemos mostrar o que Bíblia ensina sobre esta matéria. Orientações divinas sobre uso de bebidas fermentadas na liturgia e na vida dos judeus Talvez a primeira orientação que encontramos na Bíblia sobre o uso de bebidas fermentadas seja no livro de Números, onde lemos: "O Senhor disse a Moisés: Dirás aos israelitas o seguinte: quando um homem ou uma mulher fizer o voto de nazireu [nazareno], separando-se para se consagrar ao Senhor,abster-se-á de vinho e de bebida inebriante: não beberá vinagre de vinho, nem vinagre de uma outra bebida inebriante; não beberá suco de uva, não comerá nem uvas frescas, nem uvas secas" (grifos meus) (Num 6,1-3). Aqui está claro que o vinho que o narizeu deverá se abster é o vinho fermentado ou "outra bebida inebriante". Aqui Deus ordena que aqueles que fizerem votos de narizeu deverão se abster de vinho ou de qualquer "outra bebida inebriante". Entretanto, em determinada situação, o consumo de "bebida inebriante" é permitida a estas pessoas, conforme lemos: "O sacerdote os agitará diante do Senhor: é uma coisa santa que pertence ao sacerdote, como também o peito agitado e a coxa oferecida. Somente depois disso o nazireu poderá beber vinho" (Num 6,20). Ora se o consumo de vinho fermentado ou "outra bebida inebriante" fosse proibida por Deus, Ele não daria uma ordem a Moisés permitindo este consumo ao narizeu já consagrado. No livro do Profeta Ezequiel há uma outra restrição do Senhor quanto a vinho: "Nenhum sacerdote beberá vinho quando tiver de penetrar no átrio interior" (Ez 44,21; ver também Lv 10,9 e Deut 29,6). Esta proibição é da mesma natureza da que encontramos em Num 6,1-3. Há momento em que aqueles que foram consagrados


ou trabalham no serviço ao Senhor, devem se abster dos prazeres da vida, para que melhor prepararem seu espírito para Deus. Entretanto, esta restrição é momentânea, ocasional e não eterna. Da mesma forma que o Senhor manda os sacerdotes se absterem de vinho para penetrar no átrio interior (lugar conhecido como Santo dos Santos, onde Deus estava presente). Quando Deus proíbe o consumo de vinho e ou o permite, estabelece sempre uma relação com as coisas boas da vida, as quais o usufruto deve estar orientado para a Sua Glória. Esta divina relação é demonstrada também de outra forma, por exemplo, quando o usufruto das coisas materiais nos é concedido como recompensa do nosso trabalho. Vejamos: "Comprarás ali com esse dinheiro tudo o que te aprouver, bois, ovelhas, vinho, bebidas fermentadas, tudo o que desejares, e comerás tudo isso em presença do Senhor, teu Deus, alegrando-te com tua família" (grifos meus) (Deut 14,26). Ver também Salmo 103,14-15; Is 62,9. A dignidade do vinho fermentado sempre foi algo tão evidente, que seu uso foi autorizado pelo próprio Deus no trabalho dos sacerdotes no templo, na execução dos sacrifícios, vejamos: "A libação será de um quarto de hin para cada cordeiro; é no santuário que farás ao Senhor a libação [sacrifício] de vinho fermentado" (grifos meus) (Num 28,7). Em Daniel 5, o Rei Baltazar manda pegar o vinho que está no templo para uma festa. A Sagrada Escritura testemunha que todos já estavam bêbados quando o Rei dá esta ordem. É claro que o objetivo era continuar a farra; e o pedido do Rei não faria sentido se o vinho que estivesse sendo usado no templo não fosse fermentado. E como já vimos em Num 28,7, por uma ordenança divina, o vinho era mesmo fermentado. A questão da Embriaguez A embriaguez é uma alteração do estado de consciência devido a um aumento do volume de álcool no sangue, remetendo a um aumento do volume de álcool no cérebro (causa da embriaguez). A primeira referência que encontramos na Bíblia sobre a embriaguez está em Gn 9,21 onde lemos: "[Noé] Tendo bebido vinho, embriagou-se, e apareceu nu no meio de sua tenda". Nota-se aqui que o vinho que Noé bebeu era vinho fermentado, caso contrário não teria se embriagado.


Interessante notar que a embriaguez de Noé não é condenada na Sagrada Escritura, ao contrário da atitude de seu filho Cam que é amaldiçoado por expor a nudez de seu pai aos seus irmãos (cf. Gn 9,22-26). A embriaguez de Ló também não é reprovada, embora tenha sido planejada por suas filhas para que pudessem manter relações sexuais com seu pai (cf. Gn 19,33-34). Nem mesmo a atitude delas é reprovada, já que suas intenções não eram praticar pederastia com o pai, mas unicamente garantir-lhes uma posteridade; já tendo em vista a destruição da cidade onde moravam (cf. Gn 19,29), se estabeleceram em Segor (cf. Gn 19,30). Ló já era velho e na região não havia varões que pudessem coabitar com as moças (cf. Gn 19,31). Esta alteração da consciência (embriaguez) causada por "bebida inebriante" ou fermentada, é mencionada na Sagrada Escritura como uma "alegria". Vejamos alguns exemplos: "No sétimo dia, o rei cujo coração estava alegre pelo vinho, ordenou a Mauman, Bazata, Harbona, Bagata, Abgata, Zetar e Carcar - os sete eunucos a serviço, junto de Assuero" (grifos meus) (Ester 1,10). "Fazeis brotar a relva para o gado, e plantas úteis ao homem, para que da terra possa extrair o pão e o vinho que alegra o coração do homem, o óleo que lhe faz brilhar o rosto e o pão que lhe sustenta as forças" (grifos meus) (Salmo 103,14-15). "Faz-se festa para se divertir; o vinho alegra a vida, e o dinheiro serve para tudo" (Ecl 10,19). "Ora, Absalão dera aos seus criados a ordem seguinte: Ouvi! Quando Amnon tiver o coração alegre por causa do vinho, e eu vos disser: Feri Amnon!, então vós o matareis; não tenhais medo, porque sou eu quem vo-lo ordena. Coragem, e sede homens fortes!" (grifos meus) (2 Sam 13,28). "Arrasta-me após ti; corramos! O rei introduziu-me nos seus aposentos. Exultaremos de alegria e de júbilo em ti. Tuas carícias nos inebriarão mais que o vinho. Quanta razão há de te amar!" (grifos meus) (Ct 1,4). Se que alguém está pensando que a Sagrada Escritura incentiva a embriaguez, devo dizer que está redondamente enganado. A embriaguez que "alegra" o coração (no dizer das Sagradas Letras) não deve ser confundida com àquela que fomenta a desgraça. A primeira é resultado de um consumo ordenado e moderado,


enquanto a segunda é resultado do excesso da liberdade que Deus nos concedeu. A primeira não é pecado, enquanto a segunda sim. Vejamos: "Não é um pouco de vinho suficiente para um homem bemeducado? Assim não terás sono pesado, e não sentirás dor" (Eclo 31,22). "O vinho bebido sobriamente é como uma vida para os homens. Se o beberes moderadamente, serás sóbrio" (Eclo 31,32). "O vinho, bebido moderadamente, é a alegria da alma e do coração" (Eclo 31,36). O consumo de bebida fermentada, que não seja para a "alegria" do coração, é fortemente condenada na Sagrada Escritura, vejamos: "Mas também estes titubeiam sob o efeito do vinho, alucinados pela bebida; sacerdotes e profetas cambaleiam na bebedeira. Estão afogados no vinho, desnorteados pela bebida, perturbados em sua visão, vacilando em seus juízos" (Is 28,7). Interessante passagem do Profeta Isaías. Se o consumo de vinho fermentado fosse proibido por Deus (e já vimos que não é o caso), jamais os "sacerdotes e profetas" cambaleariam "na bebedeira", pois nem sequer o experimentariam. No entanto, o abuso da liberdade que Deus nos concede é o berço de grandes males (cf. Is 5,12; Is 5,22; Eclo 19,2; Eclo 31,30; Prov 31). "Pasmai-vos e maravilhai-vos, obstinai-vos, feridos de cegueira, embriagai-vos, mas não de vinho, cambaleai, mas não por causa da bebida" (Is 29,9). "Ai daqueles que desde a manhã procuram a bebida, e que se retardam à noite nas excitações do vinho!" (Is 5,11). "O operário dado ao vinho não se enriquecerá, e aquele que se descuida das pequenas coisas, cairá pouco a pouco" (Eclo 19,1). "Zombeteiro é o vinho e amotinadora a cerveja: quem quer que se apegue a isto não será sábio" (Prov 20,1). "O que ama os banquetes será um homem indigente; o que ama o vinho e o óleo não se enriquecerá" (Prov 21,17). Que tipo de vinho foi usado por Jesus e os Apóstolos?


Na Sagrada Escritura várias palavras são utilizadas para fazer referência ao vinho, cada uma refere-se a um tipo de vinho diferente (seja no grego ou no hebraico). A primeira classe de vinho refere-se um vinho mais forte. As palavras "sikera" (grego, cf. Lc 1,15) e "shêkar" (hebraico, cf. Prov 20,1; Is 5,1) referem-se a isto, e normalmente são traduzidas por "sidra" ou "bebida forte", devido ao elevado teor alcoólico que este tipo de vinho possuía. A segunda classe refere-se a um vinho novo mais adocicado. Palavras como "gleukos" (grego) e "tirôsh" (hebraico, cf. Prov 3,10; Os 9,2; Jl 1,10), aludem a este tipo de vinho. Em At 2,13 os Apóstolos foram acusados de estarem embriagados dele, por causa da ação do Espírito Santo sobre eles. A terceira classe é mencionada com maior freqüência tanto no AT quanto no NT. A palavra hebraica para este vinho é "yayin", que tem em sua raiz o significado de borbulhar, espumar ou ferver. A palavra referente no grego é "oinos", que em seu sentido mais geral refere-se simplesmente ao suco de uva. Normalmente a literatura judaica indica que o "yayin" é um vinho misturado. Normalmente é referenciado como um xarope grosso (produzido através do suco de uva fervido) misturado com água (cf. Sl 75,8; Prov 23,30), de baixo teor alcoólico. Embora em menor freqüência, pode também corresponder a um licor obtido pela fermentação. A Mishná Judaica que é a antiga coleção escrita de interpretações orais da lei mosaica e antecederam o Talmud, declara que os judeus utilizavam com certa regularidade o vinho fervido, ou seja, o suco de uva reduzido a uma consistência grossa mediante a ação do calor. Esta descrição corresponde à terceira classe de vinho. A palavra grega "oinos" portanto pode fazer referência tanto ao suco de uva, quanto ao vinho de baixo teor alcoólico. Algumas pessoas afirmam que o vinho resultado do milagre de Jesus nas bodas de Cana da Galiléia não era alcoólico ("oinos" como suco de uva). Este tipo de afirmação fundamenta-se na doutrina humana de que Deus proíbe o consumo de bebidas alcoólicas. De qualquer forma o milagre da transformação da água em vinho merece uma análise mais profunda.


Conforme vimos, o vinho fermentado era usado no templo para o oferecimento do sacrifício a Deus (cf. Num 28,7), seu consumo era tido como um prêmio resultado do trabalho (cf. Deut 14,26). Por esta razão, era tido em alta estima entre o povo Judeu, onde seu uso foi estendido às celebrações festivas, sejam religiosas ou não (cf. v. Unger's Bible Dictionary, verbete "Lord's Supper"). Jesus e Sua Santa Mãe estavam em uma festa de casamento onde tradicionalmente o vinho servido aos convidados era alcoólico. Isso pode ser atestado pela declaração do mestre de cerimônia quando provou o vinho que Jesus fez: "É costume servir primeiro o vinho bom e, depois, quando os convidados já estão quase embriagados, servir o menos bom" (grifos meus) (cf. Jo 2,10). Ora, ele fala mais que claramente que "é costume servir primeiro o vinho bom"; vinho este que se não fosse fermentado não deixaria os convidados "quase embriagados". Se o vinho que foi servido primeiramente aos convidados não fosse alcoólico, por que o mestre de cerimônia faria tal declaração? Ele se espanta exatamente porque o vinho melhor (o vinho resultado do milagre de Cristo), foi servido quando todos já estavam "quase embriagados", quando o costume era exatamente o contrário. Por isso ele depois de provar o vinho milagroso, se dirige a Jesus dizendo: "É costume servir primeiro o vinho bom e, depois, quando os convidados já estão quase embriagados, servir o menos bom. Mas tu guardaste o vinho melhor até agora" (Jo 2:10). Isto nos remete a confirmar que o vinho que Cristo fez também era alcoólico, pois não faria nenhum sentido Ele utilizar um tipo de vinho diferente do que era comumente usado. Não só isso, mas com toda certeza, Cristo desejou o melhor para aquele casal, cujas bodas estavam sendo realizadas. E assim providenciou um vinho excelente, um vinho conforme àquele que era usado no templo em honra Dele, um vinho com álcool (cf. Num 28,7). A primeira carta de São Paulo a Timóteo dá testemunho que o "oinos" usado entre os Judeus era alcoólico. A expressão "dado ao vinho" em 1 Tm 3,3 é a tradução da palavra grega "paroinos" cujo significado literal é "colocar-se ao lado do vinho", aludindo a prática de ficar bebendo o dia inteiro. São Paulo recomenda que quem for escolhido para tomar lugar no Ministério de Deus, não seja um beberrão, fazendo assim um uso não permitido do vinho. A passagem só faz sentido se o vinho for alcoólico. Ver também Tt 1,7.


Não só o presbítero deve consumir o vinho com sabedoria, mas também o leigo. Por isto o Apóstolo Paulo ensina aos Efésios: "Não sejais imprudentes, mas procurai compreender qual seja a vontade de Deus. Não vos embriagueis com vinho, que é uma fonte de devassidão, mas enchei-vos do Espírito" (Ef 5,17-18). Na Carta aos Efésios, São Paulo pede que as pessoas não se embriaguem (cf. Ef. 5,18). Provavelmente ele estava ser referindo à celebração da "Ceia do Senhor", devido às recomendações que são dadas exatamente no versículo seguinte: "Recitai entre vós salmos, hinos e cânticos espirituais. Cantai e celebrai de todo o coração os louvores do Senhor" (cf. Ef. 5,19). Tal exortação não faria o menor sentido se o vinho usado nas celebrações cristãs não fosse alcoólico. Os Cristãos até os tempos do Protestantismo histórico sempre celebraram a "Ceia do Senhor" com vinho alcoólico, costume herdado da era apostólica. Luteranos, Presbiterianos e Anglicanos até hoje utilizam vinho fermentado em suas celebrações. Conclusão Jesus condenou com veemência a prática de se anular a doutrina de Deus pela doutrina dos homens (cf. Mc 7,5-8). Esta prática é conhecida como "cerca em torno da lei", isto é, substitui-se um ensinamento divino por um humano mais severo, que tem com objetivo evitar que as pessoas pequem. Um exemplo da instituição do homem em detrimento de uma divina, por parte dos Fariseus, é denunciada por Jesus em Mc 7,9-13. Aqueles que adoram citar Mc 7,5-8 contra a Igreja Católica, além de não discernirem a diferença entre as Tradições que vem de Deus (com "T" maiúsculo, cuja observação é recomendada pelo Apóstolo Paulo em 2 Tes 2,15) e as tradições que vem dos homens (com "t" minúsculo), acabam tornando-se piores que os Fariseus, pelo fato de que estes nem sequer ousaram proibir o consumo de álcool ao povo. A doutrina da proibição de consumo de bebidas alcoólicas não é divina, mas humana. São Paulo nos ensinou: "Estai de sobreaviso, para que ninguém vos engane com filosofias e vãos sofismas baseados nas tradições humanas, nos rudimentos do mundo, em vez de se apoiar em Cristo" (Col 2,8). Ainda sobre a pena de São Paulo aprendemos que "Para os puros todas as coisas são puras.


Para os corruptos e descrentes nada é puro: até a sua mente e consciência são corrompidas" (Tito 1,15). O consumo de bebidas alcoólicas não é proibido ao cristão, entretanto este deve sempre ter em mente estas duas regras: "No princípio o vinho foi criado para a alegria não para a embriaguez" (Eclo 31,35) e "O vinho, bebido em demasia, é a aflição da alma" (Eclo 31,39).


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