morar e trabalhar compartilhar e viver NO BAIRRO DA LIBERDADE EM SĂƒO PAULO
silvana zhu chen tfg | fau-mack 2018
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SILVANA ZHU CHEN
MORAR E TRABALHAR, COMPARTILHAR E VIVER No bairro da Liberdade em São Paulo
Trabalho final de Graduação apresentado à Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo. Orientadora: Profª. Drª. Luciana Monzillo de Oliveira
SÃO PAULO 2018 3
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AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente aos meus pais, Zhu Lixi e Chen Minghui, que batalharam tanto para que eu pudesse ter a chance de estudar o que eu sempre sonhei, agradeço por sempre me apoiarem. Ao meu namorado, Henrique, por estar ao meu lado desde o começo, por todo o apoio incondicional, por aguentar meus momentos de estresse, ansiedade e alegria, e por toda a compreensão e ajuda quando eu precisava. Aos meus sogros e minha cunhada pelo apoio e por todo o carinho. Aos novos amigos, por todas as aventuras, entregas de projeto, trabalhos em grupo e companhia em inúmeras noites mal dormidas. Obrigada por todo o apoio, conhecimento e por estarmos juntos nos confortando. Aos amigos de longa data, por torcerem pelo meu sucesso e por compreenderem minha ausência em datas especiais. Aos meus chefes e os arquitetos do escritório com quem tive a oportunidade de estagiar por dois anos, no qual obtive muita experiência, ajuda e apoio para finalizar o curso. A minha orientadora Luciana, pelo carinho, dedicação e paciência no decorrer do ano. E aos grandes mestres e professores da FAU-Mackenzie que tiveram grande importância para a minha formação profissional, por acreditarem em mim e por transmitirem seus conhecimentos para que eu pudesse ser uma boa profissional.
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RESUMO Esse trabalho tem como objetivo estudar como um espaço público bem estruturado e qualificado, voltado para as pessoas, propicia espaços e situações de lazer e permanência que instigam as relações humanas através da habitação e do trabalho coletivo, tendo como premissa o compartilhamento e a colaboração como modo de conceber maior harmonia entre as pessoas e o ambiente em que elas vivem. Palavras-chave: habitação compartilhada, trabalho compartilhado, espaço público, compartilhar
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ABSTRACT This thesis aims to study how a well-stuctured and qualified public space geared towards people provides spaces and situations of leisure and permanence that instigate human relations through housing and collective work, based on the premise of sharing and collaboration as tactics to create greater harmony between people and the environment in which they live. Keywords: shared housing, shared working, public place, to share
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“ Acima de tudo, nunca perca a vontade de caminhar. Todos os dias, eu caminho até alcançar um estado de bem-estar e me afasto de qualquer doença. Caminho em direção aos meus melhores pensamentos e não conheço pensamento algum que, por mais difícil que pareça, não possa ser afastado ao caminhar. “ Soren Aabye Dierkgaard Filósofo dinamarquês, 1813-1855
SUMÁRIO 15
Introdução
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Capítulo 01| As cidades e as pessoas na era da globalização
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1.1 A cidade do carro
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1.2 A cidade do cinza
24 27
2.1 Aspiração por mais lazer
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2.2 Bons espaços públicos
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Capítulo 03| Novos modos de viver, novas interações
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3.1 O morar atual
37
3.1.1 Morar e compartilhar
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3.1.2 Cohousing
43
3.2 O trabalhar atual
46
3.2.1 Novos modos de trabalho
47
3.2.2 Coworking
53
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Capítulo 02| Retomada dos espaços públicos
Capítulo 04| Projetos de referência
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4.1 Sesc 24 de Maio | Paulo Mendes da Rocha + MMBB
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4.2 Japan House | Kengo Kuma + FGMF Arquitetos
63
4.3 HIT3 | Alejandro Gawianski
69
Capítulo 05| O território
69
5.1 O bairro da Liberdade
74
5.2 História do bairro
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5.3 Territórios de interesse da Cultura e da Paisagem (TCIP)
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5.4 Centro Aberto - experiências na escala humana
84
Capítulo 06| Projeto: Cobuilding - complexo de uso compartilhado + Praça Pública
84
6.1 Intervenção no bairro
88
6.2 Implantação e partido
91
6.3 Desenhos
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Considerações finais
114
Lista de figuras
120
Bibliografia
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INTRODUÇÃO
Figura 01 - Vista do centro de São Paulo. Fonte: Flavio Veloso, 2011.
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INTRODUÇÃO Hoje, a maior parte da população mundial vive em zonas urbanas, ou seja, cidades. Há uma estimativa de que 54,5% da população vive em zonas urbanas, chegando ao índice dos 60% em 2030 (ONU, 2016). Desde tempos remotos, as cidades eram e continuam sendo palcos de grandes transformações, encontros, novos pensamentos e palco do progresso humano. A cidade atrai as pessoas para trabalho, moradias, melhores condições de vida, serviços e lazer, mas a principal atração das cidades, são as pessoas. Encontrar, conhecer, trocar ideias, experiências, informações entre outros, são as possibilidades que a cidade proporciona para todos, em seus espaços públicos, em suas ruas e edifícios. Desde sempre as cidades sofrem mudanças, tanto na política, como em sua conformação. Atualmente, elas são bem diferentes do que era na Grécia antiga, ou no modernismo, e estão mudando constantemente. Com essas mudanças, a população também vem se transformando. E hoje, percebe-se uma maior movimentação da população, dos profissionais e do governo em relação ao espaço urbano.
Movimentos de ocupação, reapropriação e reinvenção dos espaços públicos, novos planos urbanísticos, novas políticas administrativas estão dando cada vez mais consistência à possibilidade de transformações efetivas nas grandes metrópoles. Essa aspiração por mudanças vem ocorrendo aos poucos, a sociedade está redescobrindo a cidade progressivamente. As pessoas estão querendo mais espaços, retomar o contato humano e retomar os encontros entre elas em meio à toda a globalização e tecnologia que os rodeia hoje em dia. Exemplos dessas mudanças estão ocorrendo em várias partes do mundo e inclusive em São Paulo, com seus eventos culturais nas ruas, blocos de carnaval, ruas fechadas para pedestres nos finais de semana, etc. Os espaços públicos na cidade são de vital importância para uma vida urbana com mais lazer, para melhorar as condições de vida da população, conferir melhor qualidade nos projetos urbanos e maior integração entre todos, visando o contato humano, as trocas de ideias e informações, compartilhando experiência, ambiente e espaço.
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Capítulo 01
AS CIDADES E AS PESSOAS NA ERA DA GLOBALIZAÇÃO
“A cidade sempre foi um lugar de encontro, de diferença e de interação criativa, um lugar onde a desordem tem seus usos e onde visões, formas culturais e desejos individuais concorrentes se chocam”. (HARVEY, 2014) Figura 02 - Avenida Paulista e MASP em São Paulo. Fonte: Pure Viagem, 2015.
As cidades e as pessoas na era da globalização Antigamente nas cidades da Grécia, os ambientes públicos estavam sempre ligados à política da cidade - a ágora - que era o nome que se dava às praças públicas, onde se reuniam para discutir assuntos sobre a vida na cidade, sobre justiça, obras públicas, leis, cultura, etc. A ágora também era utilizada pela população grega para debates, cerimônias, eventos e negociações. Ou seja, eram praças de encontro do povo, centros de convivência, debate e reuniões, lá se reuniam e discutiam as questões mais importantes para eles e para a cidade em que viviam. E com o passar do tempo essas formas de ambiente foram desaparecendo, passando de lugares para discutir política, a lugares de permanência, encontro e lazer. Com o passar do tempo, as coisas foram mudando e depois do período entre guerras, o modelo de construção e apropriação das cidades despertou uma corrida em busca de novas alternativas para que a população pudesse usufruir do espaço urbano, pois as cidades grandes estavam acarretando efeitos violentos na qualidade de vida das pessoas. Foi se perdendo o contato, a convivência entre as pessoas nas ruas, nos espaços públicos, etc.
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1.1 A cidade do carro Em meados do século XX, as cidades cresceram de forma exponencial devido aos processos de industrialização, dos avanços e transformações influenciadas pela Revolução Industrial na Europa que ocorreu entre o século XVIII e XIX, com isso a infraestrutura das cidades cresceu e expandiu extraordinariamente para a implantação da circulação urbana motorizada. Estavam substituindo o passeio de pedestres por carros, incentivando o uso de veículos e não mais o caminhar a pé, como era antigamente. A política de fazer cidades para carros, provoca e ocasiona segregação, exclusão, poluição e congestionamentos na urbe, fomentando nos vários problemas que ocorrem nas grandes metrópoles do século XX até hoje. Os principais problemas atualmente devido à circulação motorizada é a disseminação urbana, segregação dos espaços, níveis alarmantes de emissão de poluentes que impactam diretamente na saúde pública e no clima, longas e exaustivas jornadas casatrabalho que geram cansaço, depressão, desperdício de tempo e energia. Antigamente, até mais ou menos 1960, as cidades se desenvolviam com base nos seus anos de experiência, a
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À esquerda Figura 03 - Mott Street em Nova York, entre 1800 e 1900, rua disputada entre pessoas e carroças. Fonte: History Daily, s/d. À direita Figura 04 - Mott Street em 2012, atual Chinatown, rua com carros e calçadas apertadas para os pedestres. Fonte: NYClovesNYC, 2012.
vida no espaço público era importante para as cidades e para as pessoas. A partir do momento da expansão urbana, o desenvolvimento das cidades passou a ser responsabilidade dos profissionais da área, onde começou a surgir teorias e ideais sobre como planejar uma cidade. Segundo Gehl (2015), o desenvolvimento das cidades, especialmente no modernismo, visava a construção da circulação urbana para veículos. Pois a maior influência dessa época é a visão de cidades como máquinas, com suas partes separadas por função, e com isso começaram a surgir ideias de como garantir as melhores condições para o tráfego de veículos. E, com isso ocorreu a canalização de córregos e rios pelas cidades, construção de viadutos que cruzam a paisagem urbana, a disseminação de lugares e espaços ociosos ao redor dos grandes viadutos que acabam se tornando barreiras para os pedestres, e se tornam lugares vazios, monótonos e sem vida. É comum, hoje em dia, ver áreas que são prioritárias para os carros e perigosos para as pessoas, mas isso está mudando aos poucos, pois esse modelo frustrado de mobilidade motorizada têm sido e está sendo questionado há décadas por pesquisadores e pensadores como Jane Jacobs e Jan Gehl, e as cidades ao redor do mundo estão revendo os seus conceitos e modelos de mobilidade, estão apoiando o renascer dos espaços para os pedestres, progredindo e buscando soluções e métodos para a melhoria da qualidade de vida de seus habitantes. 19
1.2 A cidade do cinza Na mesma época da Revolução Industrial, houve o crescimento populacional nos centros urbanos devido aos bairros industriais e houve também altas taxas de êxodo rural, no qual muitos agricultores passaram a trocar os campos pela vida na cidade em busca dos avanços tecnológicos e à necessidade de mão de obra humana. O rápido crescimento populacional e das cidades acarretou drásticas mudanças, começaram a surgir vários problemas como pobreza, poluição, desorganização, degradação do meio ambiente, falta de políticas e medidas para acomodar toda a população que não parava de crescer e continua crescendo até hoje. As cidades passaram a abrigar um número de pessoas superior à sua capacidade, houve então um processo de urbanização desorganizado e descontrolado, que desencadeou em construções de habitações irregulares, o crescimento das periferias, aos “sem-teto”, à poluição e à violência, mesmo nas cidades mais ricas do mundo. A paisagem de cidades como São Paulo, Nova York, Mumbai, Shanghai e Tóquio mudou bastante e está em constante mudança. Foi se construindo edifícios atrás de outros, houve demolição, restauração e reconstrução que foram dando forma ao skyline1 dessas grandes cidades. São incontáveis prédios que transmitem a sensação de uma cidade cinza, sem cor e monótona em relação a escala humana. 20
1 - Palavra inglesa que se refere ao horizonte que uma cidade gera, é como um panorama urbano.
Na página ao lado, à esquerda Figura 05 - Favela da Rocinha, Rio de Janeiro. Fonte: Rocinha ORG, 2011. à direita Figura 06 - Poluição na cidade de Pequim, China. Fonte: G1 Globo, 2015. Nesta página, de cima para baixo, Figura 07 - Skyline de Shanghai - China em 1990. Fonte: Mega Curioso, s/d. Figura 08 - Skyline de Shanghai - China em 2014. Fonte: Mega Curioso, s/d. Figura 09 - Skyline de Tóquio Japão em 1945. Fonte: Mega Curioso, s/d. Figura 10 - Skyline de Tóquio Japão em 2013. Fonte: Mega Curioso, s/d. 21
Capítulo 02
RETOMADA DOS ESPAÇOS PÚBLICOS
Como vimos, o espaço público é importante para a identidade não só do homem urbano como da própria cidade contemporânea. Mas quais seriam as características de um bom ou de um mau espaço público? A resposta está ligada à qualidade do espaço público em relação à qualidade da experiência humana que nele se dá: os encontros, as trocas entre as pessoas, a prática da urbanidade. A “régua” a ser usada nessa medição é a capacidade dos espaços públicos de proporcionar o encontro e estimular as pessoas a permanecer por mais tempo nele. (CALLIARI, 2016, p.57) Figura 11 - Avenida Paulista cheia em um domingo com a rua fechada para pedestre. Fonte: G1 Globo, 2016.
Retomada dos espaços públicos Espaço público hoje em dia, pode ter vários significados. Ele se refere ao ambiente físico, ou a lugares e construções de posse do poder público, mas o espaço público definido aqui, é aquele em que os habitantes de uma cidade se encontram, será aquele espaço conectado às pessoas, aos edifícios e à cidade, espaço no qual as pessoas andam, correm, conversam, brincam, se exercitam, etc. São aqueles espaços em que as relações humanas serão essenciais para completar o cenário das atuais cidades em que se quer um lugar melhor para se viver. E claro, serão espaços em que assuntos como transporte, saneamento, emprego, habitação, lazer, segurança e inclusão social estarão sempre vinculadas entre si e com a cidade. Os ambientes públicos devem ser retomados e readaptados à atualidade. A cidade hoje, deve pensar esses espaços e propor mais medidas de mudanças, para recuperar os espaços vazios e ociosos, revitalizar áreas descuidadas e aproveitar melhor os espaços. São muitos os teóricos que estudam a cidade através da essência dos espaços públicos, que pensam na cidade do flâneur2 de Baudelaire, e querem contradizer as metrópoles de hoje, que ainda são marcadas
2 - Flâneur, adjetivo derivado do verbo francês flâner, significa passear no sentido de passar o tempo, vagar. O flâneur é um observador da vida urbana. Caminhar, observar e imaginar: são as três palavras que melhor definem a atividade do flâneur, segundo a lógica de Baudelaire. (SOCIEDADE DE INFORMAÇÃO E TECNOLOGIAS, 2011) Figura 12 - Plinth em uma rua de Plaka, em Atenas, conexão entre espaço público e privado, maior sensação de segurança. Fonte: Dreamstime, 2015.
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À esquerda Figura 13 - Uma rua da cidade de Denver, nos Estados Unidos, que possui projetos para tranformar e tornar a cidade mais caminhável. A rua é propicia para caminhar, por causa da sua largura, mesas de restaurantes, lojas abertas, arborizada, etc. Fonte: Walk Denver Org, 2013. À direita Figura 14 - Vista do caminho da Esplanada dos Ministérios em Brasília, em um dia de protesto. Na foto: ruas largas e prédios distantes, nada propício para andar a pé. Fonte: G1 Globo, 2009.
3 - Do inglês , significa “lista de verificações”, consiste em uma lista de controle, com itens ou tarefas que devem ser lembradas e/ou seguidas. 4 - Segundo o livro “A cidade ao nível dos olhos”, o plinth é o andar térreo de um prédio, é a parte mais crucial do prédio para a cidade ao nível dos olhos. (KARSSENBERG, 2015, p.14) 5 - Palavra de origem inglesa, significa caminhabilidade, esse tema define atributos, no ambiente construído, convidativos ao caminhar, tais como acessibilidade, conforto ambiental, atratividade de usos, permeabilidade do tecido urbano, entre outros. (ANDRADE; LINKE, 2017, p.06)
pela ausência de relações humanas e pela ausência de interações entre o pedestre, o edifício e a cidade. É inevitável não encontrar um autor que não fale sobre bons espaços públicos, e que não enfatize a importância desses espaços de convivência, a vivência entre pessoas diferentes no mesmo espaço e sobre como resgatar a urbanidade nas grandes metrópoles. Antes esses espaços possuíam um papel secundário e hoje são cruciais para o desenvolvimento das cidades. Mas afinal, o que seria um bom espaço público? Hoje existem alguns checklists3 de grandes autores, que oferecem um apoio para aqueles que buscam uma aplicação mais prática sobre bons espaços. Os manuais sempre citam questões sobre projetar lugares para que as pessoas andem tranquilas, que tenham um certo conforto físico, qualidades atrativas, transparência, manutenção, qualidade de construção, proteção contra o tráfego, espaços de permanência, locais para se exercitar, correr, conversar, etc. Discutir sobre esses recintos gerou novos termos como os plinths4 que são espaços que conectam o público e o privado e walkability5 termo utilizado para “caminhabilidade”, que são recomendações sobre as melhores maneiras de se andar e caminhar pela cidade mantendo a integridade física das pessoas para que seja um momento agradável e seguro. 25
Precisamos voltar a concentrar mais as nossas atenções nas cidades, isto é, em unidades menores que podemos mudar sanando as suas condições sociais e devolvendo-lhes vitalidade. (NEGT, 2002, p.23)
Segundo Oskar Negt (2002), as cidades devem ser pensadas como unidades menores, subunidades, que sejam espaços transparentes, que sanam as condições sociais e básicas de convivência e sobrevivência e lhe devolvam vitalidade, espaços menores que ao serem bem resolvidos, o conjunto todo se resolve sozinho. Seguindo a mesma linha de raciocínio, muitos teóricos acreditam que a solução para as metrópoles hoje em dia, sejam as cidades compactas, onde se compacta os usos, diminuindo assim a distância entre os edifícios, e se retira os carros das ruas, para que as pessoas utilizem a cidade na escala do pedestre, sem ter que se deslocar para uma distância muito grande, fortalecendo assim subcentros e novas centralidades, ocupando vazios urbanos e limitar as áreas de expansão urbana. A compactação das cidades não é uma teoria em si, mas são várias diretrizes urbanísticas que visam melhorar a cidade e o solo urbano. Essas duas linhas de raciocínio propõem que as cidades serão melhores se resolvidas em uma área menor, induzindo a pensar que cidade grande gera problema e é mais complicada ao resolver os problemas pois tudo se dispersa na imensidão e na escala da cidade. Além das teorias de resolver e melhorar a cidade, há também várias linhas de estudos que visam os espaços públicos, na melhoria desses espaços, através de plinths, espaços que conectam o público com o privado, parklets6, planos diretores, etc. São muitas teorias que envolvem os espaços públicos, e isso enfatiza mais ainda a importância desses espaços para a cidade. A importância de políticas que reestruturem e revitalizem os es26
6 - Parklets são extensões da calçada, são estruturas que criam espaços de lazer, convívio, atividades, etc. É uma intervenção física na rua e ocupam as vagas que antes eram destinadas ao carro. Na página ao lado, de cima para baixo Figura 15 - Perspectiva ilustrativa de parklet em São Paulo. Fonte: Gestão Urbana, s/d. Figura 16 - Viaduto antes do projeto de revitalização do córrego Cheonggyecheon, em Seoul. Fonte: Conen, 2017. Figura 17 - Projeto finalizado, valorização da cidade, da cultura, do espaço e da natureza. Fonte: Conen, 2017. Figura 18 - Imagem do High Line, em Nova York, em uma sexta-feira. Projeto que propicia espaços para atividades humanas, permanência e lazer. Fonte: New York Times, 2011.
paços, tirando os vazios urbanos e os lugares ociosos que acaba se criando na cidade por falta de políticas administrativas, ou por falta de integração entre o pedestre, o edifício e a cidade. Um dos assuntos que Negt também aborda é sobre a questão de que hoje em dia, tudo se administra pensando como empresas administrativas, visando o lucro e nunca pensando realmente na população. Os administradores de empresas ou políticos não pensam mais na cidade como um organismo voltado para as pessoas, em suas reais necessidades, e isso cabe ao arquiteto pensar e projetar espaços que integrem todas as esferas envolvidas na cidade. 2.1 Aspiração por mais lazer Em grandes cidades do mundo, os viadutos estão cedendo seus espaços para as pessoas. Grandes cidades como Seoul, que derrubaram o viaduto de Cheonggyecheon com duas pistas sobrepostas, no qual passavam diariamente 170 mil carros, foi implodido, para dar lugar à um espaço público para a população sul-coreana ao lado de um fio de água que está sendo tratado, e hoje é um grande ponto de encontro agradável para que os habitantes passeiem e desfrutam do novo lugar em sua capital. Em outras cidades como Madrid, São Francisco, Portland, Boston e Nova York com o projeto High Line, são grandes exemplos de mudanças que estão migrando da cidade do carro para a cidade das pessoas e dos seus espaços. Em São Paulo, o cenário não é muito diferente, apesar de ainda não ter viaduto demolido, ou parques suspensos, a população paulistana está tomando as ruas, são blocos de carnaval de rua lotados, multidões passeando pela Avenida Paulista e pelo Minhocão que são fechados para carros nos finais de sema-
na, parques como o Ibirapuera, Villa-Lobos e Parque do Carmo lotados de pessoas caminhando e fazendo piquenique, são bares lotados à noite, parklets e food trucks7 nas ruas do centro, grupos de ciclistas nas ciclovias e ciclofaixas, etc. São essas pessoas que perceberam que a cidade não serve apenas como um trajeto para ir trabalhar, estudar ou voltar para casa, perceberam que a cidade abriga muito mais coisas que elas podem usufruir e aproveitar. As pessoas estão em busca da reapropriação do espaço público como lugar de encontro, de diversão, de lazer, de passeio e etc, e não só a população paulistana, mas a população mundial está mudando seus conceitos e querendo novas modificações, novos modos de morar e viver nas cidades, nas grandes metrópoles. 2.2 Bons espaços públicos Para qualificar um espaço público de bom ou ruim, autores como Jan Gehl e Mauro Calliari, determinaram que o fator crucial desses espaços, são as experiências humanas que nele se dá, são os encontros, as trocas entre as pessoas, a capacidade de proporcionar o encontro e estimular as pessoas a permanecerem por mais tempo nele. Segundo Calliari (2016), o significado, a legibilidade, a diversidade e a escala humana são as variáveis que podem contribuir para a
7 - Food truck, palavra do inglês, significa caminhão de comida. O nome também se destina as áreas que reunem vários food trucks, gerando áreas de alimentação em um ambiente mais descolado. Figura 19 - Rambla, em Barcelona. Fonte: Barcelonas, s/d. 28
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qualidade da experiência nesses espaços. A diversidade pode ser obtida através de usos combinados, quadras curtas, prédios antigos e concentração (densidade). Segundo Gehl (2012), os aspectos essenciais a serem levados em conta, são: andar, permanecer em pé, sentar, ver, ouvir, falar, espaços agradáveis, soft edges8, árvores e contato, o ponto crucial é pensar na escala do pedestre, lugares muito grandes, dispersam, lugares muito pequenos, são apertados. Três exemplos de bons espaços públicos, citados no livro do Mauro Calliari, são: Rambla em Barcelona; Piazza del Campo, em Siena; e, Jardim de Luxemburgo, em Paris. Rambla foi eleita pela sua vitalidade dia e noite,
8 - Termo utilizado por Gehl para descrever a região fronteiriça entre os imóveis e a rua. Fachadas, grades, muros, escadas, entradas, etc., que influenciam nos espaços públicos. (CALLIARI, 2016, p.75) Ao lado Figura 20 - Vista do Jardim de Luxemburgo, em Paris. Fonte: Viajar em família, 2015. Abaixo Figura 21 - Vista panorâmica da Piazza del Campo, em Siena. Fonte: Tuscany Pictures, s/d. 29
a escala dos imóveis, a proteção contra o trânsito, lojas, organização espacial, suas fileiras de árvores, sendo considerada uma das ruas mais famosas e convidativas do mundo. A Piazza del Campo, por sua vez, é convidativa por si só, segundo Gehl, a sua proporção, significado histórico, os soft edges, as lojas e o entorno são um convite ao desfrute. O Jardim de Luxemburgo, como um parque, é agradável pelo paisagismo, a existência do castelo, as cadeiras que podem ser realocadas, a presença da água, tudo isso proporciona e estimula uma proximidade com o espaço público. Em São Paulo não há registros de bons exemplos de espaços públicos e harmônicos, como as grandes praças da Europa, mas existem pequenas demonstrações de áreas que são um respiro para essa correria da grande metrópole. A Avenida Paulista nos domingos, onde é possível passear pela avenida sem os carros, possibilitou a permanência de vários grupos de pessoas realizando diversas atividades, como: grupos de danças, vendedores ambulantes, pessoas andando de skate, bicicleta, patins e afins, é uma mistura de pessoas que deixam o ambiente agradável no domingo. A Praça Matarazzo, parte do projeto do Shopping Cidade São Paulo, do Aflalo/Gasperini Arquitetos, é outro refúgio no meio dos prédios de escritórios na Avenida Paulista, é comum encontrar pessoas sentadas nos bancos da praça de manhã, tarde ou noite, pessoas conversando ou tomando um café comprado na parte interna do shopping. Outro exemplo é o térreo do Conjunto Nacional, que serve como lugar de permanência, passagem, serve como lugar para exposições, manifestações culturais de dança, artesanato, artes, etc. São exemplos de lugares de manifestações que estimulam o contato humano, as trocas e a vivência. 30
Na página ao lado Figura 22 - Pessoas dançando em um domingo na Avenida Paulista. Fonte: Acervo pessoal, 2018. Figura 23 - Térreo do Conjunto Nacional com diversos usos, em um dia de semana à tarde, pessoas sentadas, andando e ao fundo, uma exposição. Fonte: Acervo pessoal, 2018. Figura 24 - Avenida Paulista fechada em um domingo, rua mais caminhável e cheia de interações. Fonte: Acervo pessoal, 2018.
Capítulo 03
NOVOS MODOS DE VIVER, NOVAS INTERAÇÕES
Figura 25 - Parque Ibirapuera cheio em um domingo. Fonte: Último segundo, 2013.
Novos modos de viver, novas interações Com todas as mudanças ocorridas a partir do crescimento das cidades e com o advento do carro, a vida da população também foi mudando e adaptando-se de acordo com os tipos de edifícios que se erguem pela paisagem, a economia e o avanço da tecnologia, que influenciam no estilo de vida. De um modo geral, as pessoas estão mais solitárias, depressivas, workaholics9, sedentárias e adotando um modelo de vida cada vez mais voltado para os interesses individuais. Devido a diversos fatores (cultural e social), hoje a qualidade da vida urbana depende muito do consumismo que se tem acesso. Shoppings centers, cinemas, restaurantes, bares, cultura de comprar em lojas de boutiques e condomínios fechados são apenas alguns exemplos de um modo de vida exacerbado como o sonho de uma vida urbana idealizada, é um mundo que não pode ser adquirido por todos e isso acaba gerando um impacto na vida social e no comportamento humano, gerando cidades mais propensas a conflitos e à violência. Com as cidades divididas e as crises sociais, as pessoas que estão gradativamente à procura da concretização dos próprios sonhos, e uma melhor condição de vida, submetem-se a horas exaustivas de trabalho, a um salário baixo, horas perdidas no trajeto casa-trabalho, cansaço mental e físico, e diversos fatores que estão acabando com a saúde da população nessa luta cotidiana pela sobrevivência. Segundo o Bauman (2001), a modernização, apesar da sua grande influência, hoje ela é considerada compulsiva, obsessiva, contínua e irrefreável por causa da produtividade ou da competitividade. De acordo com o autor, a sociedade está cada vez mais individualizada, e essa individualização dos problemas e dos processos sociais é como uma corrosão da cidadania, onde o interesse coletivo é apenas um “sindicato de egoísmos”, no qual a individualidade hoje, é uma marca registrada 34
9 - Workaholics é uma gíria do inglês, usado para denominar pessoas viciadas em trabalhar e dependente do trabalho.
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da sociedade moderna, e o interesse privado aparece até mesmo dentro do espaço público, e faz uma ligação até com o processo das divisões de classes. Bauman também afirma que “comunidade” é uma relíquia das utopias de uma boa sociedade. Pois hoje viver em comunidade, é viver em um território cheio de guardiões armados que controlam a entrada, no qual os assaltantes e vagabundos são os inimigos número um da sociedade, e as áreas públicas são compartimentadas em enclaves “defensáveis” com acesso seletivo, onde há separação no lugar da vida comum, e essas são as principais dimensões da evolução corrente da vida urbana. A civilidade, como a linguagem, não pode ser “privada”. Antes de se tornar a arte individualmente aprendida e privadamente praticada, a civilidade deve ser uma característica da situação social. É o entorno urbano que deve ser “civil”, a fim de que seus habitantes possam aprender as difíceis habilidades da civilidade. (BAUMAN, 2001, p. 122)
Dizer que o meio urbano é “civil”, segundo Bauman, significa uma cidade que se apresenta a seus residentes como um bem comum, que não pode ser reduzido a um território agregado de iniciativas individuais, manifestando o dese-
jo de ser deixado só e continuar só. 3.1 O morar atual O padrão familiar e de moradia já não é o mesmo desde a época medieval, onde a sociedade era vista como uma unidade de produção, e diferencia-se também da época industrial, no qual as pessoas habitavam em seu local de trabalho e constitui-se como uma unidade de consumo. De acordo com Tramontano (1997), a partir de 1945, o modo de viver e a imagem da família ideal são marcados de acordo com a cultura norte americana, onde o padrão familiar exemplar é aquele no qual o homem trabalha e a mulher é dependente e dona de casa. Isso muda, a partir do momento em que as mulheres passam a se inserir no mercado de trabalho, e possuem o livre arbítrio sobre suas escolhas de constituir ou não uma família. ...o marido no papel do forte, inteligente, lógico, consistente e bem-humorado provedor, e a esposa, no da intuitiva, dependente, sentimental, auto-sacrificada mas sempre satisfeita gerenciadora de uma habitação impecavelmente limpa, agora elevada à categoria de bem de consumo. (TRAMONTANO, 1997, p. 02)
35
Apenas a partir do século XVI em diante, aparece o modo de viver moderno, que se trata de novos grupos domésticos que coabitam sem laços conjugais ou de parentesco, apenas para dividir o espaço, ou então sozinhos. São famílias monoparentais, casais DINKs - Double Income No Kids1⁰ -, uniões livres - incluindo casais homossexuais -, que passam a formar uma família nuclear renovada. De acordo com o autor, toda essa mudança indica apenas um novo padrão social: pessoas vivendo a sós. Tramontano explica que as cidades de São Paulo, Paris e Tóquio estão passando pelo efeito doughnut, que significa o decréscimo de densidade populacional nas áreas centrais e o aumento da população além de suas fronteiras administrativas. Além disso, em anos recentes, esta tendência vem sendo acompanhada por uma alteração no perfil dos habitantes das cidades: mais e mais pessoas solteiras, jovens profissionais, trabalhadores de escritório e estudantes preferem gastar maiores somas com o aluguel de um apartamento - cuja área é cada vez menor - situado nas áreas centrais das cidades, ao invés de submeterem-se a longos deslocamentos diários em transportes coletivos, vivendo em bairros e subúrbios distantes, longe da vida noturna e do lazer urbano. (TRAMONTANO, 1997, p. 04)
A configuração dos atuais modelos de habitar refletem a crescente independência das pessoas, e a falta da necessidade de interagir pessoalmente, quando há a presença de se relacionar virtualmente com um número maior de pessoas. Esses elementos de comunicação acentuam o espaço cada vez mais individual, e um conjunto de ambientes onde cada membro da família procura contato com o mundo exterior individualmente. 36
10 - Sigla em inglês para definir novos padrões familiares, no caso, os casais sem filhos. Também se usa DINC (Double Income, No Children).
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No entanto, estudiosos de diferentes horizontes têm apontado na mesma direção quando o assunto é a metrópole do século 21: seu habitante parece ser um indivíduo que vive, principalmente, sozinho, que se agrupa eventualmente em formatos familiares diversos, que se comunica à distância com as redes às quais pertence, que trabalha em casa mas exige equipamentos públicos para o encontro com o outro, que busca sua identidade através do contato com a informação. (TRAMONTANO, 1997, p. 08)
Em contraposição às formas tradicionais e individualizadas de habitat, existem outros modelos de moradia como as favelas, cortiços, HIS e os condomínios privados que possuem uma premissa de compartilhamento, de viver em comunidade, mas são diferentes em relação a outras formas de moradia, como as moradias estudantis, ecovilas, kibbutzim, e cohousings, no qual é o foco de estudo desse capítulo. 3.1.1 Morar e compartilhar Atualmente, o padrão de habitação tradicional, em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, comprova que o senso de comunidade já é quase inexistente. É perceptível pela paisagem dessas cidades, que entre os edifícios
de escritórios, serviços, hospitais e outros, a mistura das favelas com os condomínios privados, os HIS e os cortiços, caracterizam o modo de viver dessas metrópoles. Apesar do mundo cada vez mais individualizado, nessas moradias existentes de hoje (favelas, cortiços, condomínios fechados), há um certo tipo de compartilhamento entre os moradores, eles compartilham o lugar, se utilizam da mesma infraestrutura urbana e compartilham a mesma situação de pobreza que os obrigam a escolher morar em certos lugares. A favela, é um conjunto de habitações construídas precariamente e desprovidas de infraestrutura urbana, são casas irregulares em uma área densamente povoada nos subúrbios das cidades e elas expressam a desigualdade social, a marginalização e a exclusão social de grande parte da população de algumas grandes cidades. Apesar de viverem em uma situação difícil, essas pessoas criaram um senso de comunidade, obtiveram uma sensibilidade mais humana entre eles, e compartilham entre si os poucos recursos que possuem, isso foi comprovado em uma tese de doutorado intitulada “Lições da Favela: As economias de compartihamento de bens e serviços na Barreira do Vasco – RJ” da antropóloga Hilaine Yaccoub. De fato, há um valor por trás dessas práti-
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cas: a empatia. Para eles, os “favelados” (como costumavam se autodenominar), esse valor é “colocar-se no lugar do outro” constantemente. Isso fica evidente nos discursos e nas explicações que meus interlocutores me deram, pois todos me responderam que, dependendo das circunstâncias, todas aquelas situações ou pedidos de ajuda poderiam partir deles próprios, sendo assim “obrigatório” ajudar, emprestar e se doar – formas de valorização do coletivo que se sobrepõe ao indivíduo. (YACCOUB, 2015)
No cortiço, a situação não é diferente, é um conjunto de habitação coletiva, porém é insalubre e com dimensões mínimas para viver, são casas que rodeiam um pátio central, onde o uso é coletivo dos moradores ou usuários eventuais, e é uma área usada como espaço de lazer, que abriga pontos de água para uso pessoal, sendo a lavagem de roupas e instalações sanitárias coletivas. É uma forma alternativa para as famílias que não querem morar em favelas, pois se encontram longe dos centros das cidades, e não possuem recursos para um lugar melhor para viver. Pensando nas pessoas que moram nas ruas, em favelas e cortiços, nas pessoas que não possuem a renda necessária para ter acesso à moradia digna através dos mecanismos dos 38
mercados imobiliários, existem empreendimentos habitacionais, geralmente de iniciativa pública que oferecem imóveis de baixo custo, mas dotados de infraestrutura voltados para essa população. São as habitações de interesse social (HIS), que aparecem nas cidades como prédios de apartamentos ou condomínios de casas e lotes urbanizados. A premissa do HIS é a mesma dos condomínios privados que existem hoje, são apartamentos individualizados e cada vez menores, com muros altos que exclui e nega totalmente a rua e sua vizinhança, áreas de lazer cada vez mais extensas e utilizadas individualmente sem agregar formas colaborativas de morar. É o morar entre muros de hoje em dia, apesar de viverem em áreas fechadas, as relações com os vizinhos são mínimas e acontecem apenas em situação necessárias, como os encontros inesperados nos elevadores, que geralmente não passam de palavras como bom dia, boa tarde e boa noite. Pela lei brasileira, um condomínio exprime o conceito de um direito exercido de maneira simultânea por muitos sobre um mesmo objeto ou bem. Ou seja, a mesma coisa pertence a mais de uma pessoa; todas partilham direitos, convivem e contribuem nas despesas necessárias para a manutenção de
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parcelas que são, necessariamente, usadas e administradas em comum. (DUNKER, 2015, p.49)
Essa cultura de morar em condomínios fechados, segundo Dunker (2015), surge depois do caso modelo de Alphaville, que depois de Brasília, é um signo maior da capacidade de planejamento e construção de novas formas de vida. É um bairro artificial, formado por uma série de condomínios, com centro empresarial e comercial, esses condomínios enalteciam a ideia de que a segurança e o acesso aos serviços seriam resolvidos, associando esse tipo de moradia com a imagem da felicidade. Segundo o autor, o condomínio brasileiro, provém do conceito de defesa, cujo modelo é o forte de ocupação, com muros de defesa, no qual o objetivo militar é impedir a entrada, ocultar a presença de recursos estratégicos e facilitar a observação do inimigo. A lógica do condomínio tem por premissa excluir o que está fora de seus muros, excluir o resto da cidade, as ruas, a vizinhança, etc. Sem contar que é um separador de classes e de raça, que separam as classes médias e ricas, das classes pobres que vivem no exterior dos muros. Apesar do conceito de que um condomínio deve possuir essencialmente uma rede de espaços e serviços de convivência, as únicas áreas
que são realmente comuns são os playgrounds, onde as crianças se reúnem para brincar entre si. As outras áreas, como churrasqueira e salão de festas, apesar de serem áreas comuns, possuem o uso controlado por hora marcada e etc, onde a utilização é feita por apartamento, e não pelos moradores como um todo, viver entre muros não implica em ter mais relações humanas com os outros moradores, e sim em se isolar da cidade, seguro dentro do condomínio, e por fim dentro do próprio apartamento, dentro do quarto. A forma de vida em condomínios vem sendo retratada, de forma sistemática, como repleta de mau gosto, investida de artificialidade, superficialidade e esvaziamento. (DUNKER, 2015, p.51)
Outro tipo de moradia com o conceito de coletivo, são as moradias estudantis, ou repúblicas, como geralmente são conhecidas. É um tipo de moradia onde os espaços de convivência e coabitação entre os estudantes é comum, onde cada um possui o próprio quarto, eles compartilham o espaço, as experiências, despesas e tarefas, o objetivo principal desse tipo de moradia é oferecer estrutura física e condições de permanência para os alunos residirem enquanto cursam os cursos de graduação. 39
Existem também as chamadas ecovilas, que são comunidades com a intenção de resposta a necessidade de mobilizar o planeta e a sociedade em direção a um estilo de vida autossustentável. Outros exemplos são as chamadas Kibbutzim11 que são comunidades judias igualitárias orientadas pelos princípios Marxistas, eles compartilham de valores como a distribuição igualitária de renda, adoção de um estatuto próprio, produção comunitária e a não utilização de mão de obra externa. Esses exemplos de moradias, são para exemplificar o panorama de mudanças ocorrendo no mundo hoje. São pequenos grupos que por opção política, religiosa ou humanitária decidiram viver de um jeito diferente de como a maioria das pessoas vivem. O que há em comum entre eles, é o compartilhar, esse é o essencial para se viver nessas comunidades, tanto como as moradias estudantis, os kibbutzim, os condomínios fechados, as favelas ou cortiços, a essência entre eles está no viver em coletivo. 3.1.2 Cohousing Cohousing é um modo alternativo de moradia que surgiu durante a década do ano de 1970, a principal intenção é viver de uma forma colaborativa com seus vizinhos, a essência é compartilhar algo e interagir com eles, é resgatar o verdadeiro sentido de bairro e coabitar em comunidade. É um grupo de pessoas que decidiram viver juntas com o intuito de compartilhar um estilo de vida que reflitam seus valores fundamentais. A primeira cohousing foi construída em 1972 em Copenhagen, na Dinamarca. O grupo era composto por 27 famílias que almejavam uma vizinhança que oferecesse um senso de comunidade, que era inexistente nos subúrbios da região ou em apartamentos. A palavra em dinamarquês, bofælleesskaber, significa “vida em co40
11 - Plural de Kibbutz
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munidade”, que foi traduzido para o inglês como cohousing, nome que é conhecido pelo mundo. Segundo McCamant e Durret (2011), esse tipo de habitação está espalhado em vários países como os Estados Unidos, Canada, Austrália, Dinamarca, França e Inglaterra. De acordo com os autores, essas comunidades compartilham alguns elementos arquitetônicos e sociais em comum. Todos os moradores devem participar do planejamento da concepção das cohousings, e depois dessa fase, todos são responsáveis pela manutenção e gestão, sem hierarquia, e todos com direitos e deveres iguais. A ideia do compartilhamento está na relação entre as áreas privadas e coletivas que se complementam. A área comum conta com inúmeras áreas e serviços, ela é conhecida como a common house (casa comum, traduzida do inglês), nela se encontra o refeitório, cozinha, lavanderia, biblioteca, sala de leitura, salas de oficinas, quarto de hóspedes e etc., variando de acordo com a necessidade específica de cada comunidade. Além da common house, existem as áreas externas que contam com piscina, campo de futebol, parques, jardim comunitário, pontos de encontro, entre outras coisas que aumentam a possibilidade de socialização e atividades ao ar livre. Além disso, McCamant e Durret (2011) aconselham que toda cohousing deve possuir um ponto de encontro principal,
uma praça ou terraço comum, geralmente situado próximo à casa comum para as pessoas verem e serem vistas. Já o jardim comunitário oferece a oportunidade para outras vivências, experimentos, aprendizados e isso também estimula uma alimentação mais saudável para todos. Outro ponto importante é que os moradores costumam partilhar de algumas refeições durante a semana, revezando os afazeres da cozinha com os vizinhos, além disso eles fazem atividades básicas para a manutenção física e social da comunidade, como cuidar das crianças, apoio domiciliar aos idosos, serviços de limpeza e jardinagem, entre outros. Os exemplos conhecidos de cohousing atualmente, são em formatos de vila, e variam de 10 e no máximo de 35 a 40 unidades, para não ser muito pequena e nem muito grande, para que não percam o senso de comunidade, e não enfrentem problemas financeiros e de manutenção. Não é foco do estudo os tipos de moradias existentes de cohousing, mas a maioria delas, são compostas por casas individuais que rodeiam a common house, sempre com um pátio, praça no meio de tudo, de forma acolhedora e propícia para a interação entre os moradores. Cohousing também não precisa ser exclusivamente residencial, podem apresentar, 41
muitas vezes, diversidade de usos, como áreas comerciais, serviços, cafés, lojas, etc., que oferecem dinamicidade para a área e a torna mais atraente para as outras pessoas (McCamant e Durret, 2011). De acordo com os autores, as cohousings podem variar em tamanho, características dos moradores, programas de necessidades, etc., porém todas elas compartilham de seis princípios invariáveis, que são: processo participativo, processo de habitat comunitário, instalações comuns, autogestão, ausência de autoridade e rendimentos separados. Segundo Scotthanson e Scotthanson (2004), as principais vantagens de se morar em uma cohousing, são: ambiente seguro, interação social, contribuição, compartilhar instalações, sustentabilidade, preservação dos espaços verdes, diminuição do custo de vida, economia de tempo, participação ativa na comunidade e comunidade intergeracional. Além do assunto principal que rodeia esse modo alternativo de morar, que é a sustentabilidade e compartilhar, a arquiteta Grace Kim (2017), apontou outro item de extrema importância para a vida das pessoas e que assola muita gente, o isolamento e a solidão, que, segundo ela, um antídoto para esse problema, poderia ser viver em uma cohousing. Em 2015, a Universidade Brigham Young completou um estudo que mostrou um aumento significativo do risco de morte prematura naqueles que estavam vivendo em isolamento. O cirurgião-geral dos EUA declarou o isolamento como uma epidemia À esquerda Figura 26 - Moradores de uma cohousing na hora da refeição em conjunto. Fonte: Arboretum Cohousing Org, s/d. À direita Figura 27 - Exemplo de uma implantação de cohousing, com o pátio central. Fonte: SãoPaulo São, 2017. 42
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de saúde pública. Esta epidemia não se restringe apenas aos EUA. Então, quando eu disse anteriormente que a cohousing é um antídoto para o isolamento, o que eu deveria ter dito era que a cohousing pode salvar nossa vida. (KIM in TedTalk, 2017)
No Brasil, ainda não existem cohousings construídas, mas existe um projeto para a cidade de Piracicaba em São Paulo, a sete quilômetros do centro da cidade. O projeto está sendo elaborado pelo arquiteto Rodrigo Munhoz do escritório Guaxo Projetos Sustentáveis. A proposta é uma habitação coletiva que privilegia a convivência entre os residentes e que incentive a sustentabilidade na vivência cotidiana dos seus moradores. O tema ainda é novo no país, mas está ganhando adeptos e admiradores que falam sobre o assunto em rodas de discussão sobre modos de morar sustentáveis e o resgate de comunidade.
12 -Palavra em inglês, designada aos nascidos após a Segunda Guerra Mundial, quando houve uma explosão da taxa de natalidade nos Estados Unidos. 13 - Palavra que se refere aos sistemas de produção em massa e gestão idealizados por Henry Ford (1863-1947).
3.2 O trabalhar atual Hoje em dia, tudo é rodeado pela tecnologia, ela transformou e continua transformando o modo de viver da humanidade. Junto com a tecnologia, o mercado de trabalho também foi evoluindo e se modificando à medida que novas gerações foram surgindo. Ao passar brevemente no passado, em busca dos modos de trabalho, percebe-se que na década de 1930, o trabalho era fabril e irregular, e com a revolução industrial, houve uma produção em larga escala, popularizando o uso de máquinas de escrever, telefones e o uso da energia elétrica. Nos anos de 1940, houve uma explosão demográfica conhecida como Baby Boomer12, década na qual os escritórios no centro das cidades foram ocupados pelos veteranos de guerra que voltavam para as suas casas, e na mesma época estava ocorrendo o fordismo13, modelo de gestão que tornou acessível ao mercado consumidor em 43
massa, os automóveis produzidos em larga escala. Após a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos tiveram acesso à tecnologia usada pelos cientistas alemães, e na década de 1980, os trabalhadores tiveram o primeiro contato com os microcomputadores (tecnologia acessível apenas pelas instituições de tecnologia, e grandes laboratórios como a NASA). Foi a partir desse momento que o trabalho passou a ser algo imponente, como um meio de busca de títulos, posses e bens pessoais que refletem o esforço e a dedicação no trabalho, esse modo de trabalho gerou até um termo chamado de yuppies1⁴, que é usado de modo pejorativo e estereotipado para jovens profissionais com uma situação financeira abastada. A popularização da internet surgiu nos anos 1990, e nesse período uma geração nova de trabalhadores surgiu com um outro pensamento sobre o modo de trabalhar, que passou a ser algo prazeroso e de realização pessoal, objetivando o lucro como consequência e não como objetivo de trabalho. Foi se mudando então as relações no ambiente corporativo, a participação dos funcionários dentro da empresa, etc. Nos anos 2000, com uma nova geração, os pensamentos evoluíram e com isso surgiu a ideia de compartilhar informações, antes as empresas buscavam coletar informações como estratégia de mercado e hoje, o mais importante é a forma de utilização dessas informações, que passaram a ser compartilhadas e mais integradas, como ocorre com a empresa Google, que desenvolve e oferece seus produtos de uma forma mais integrada, onde os funcionários podem trabalhar se comunicando e produzindo ao mesmo tempo. Essa cultura de compartilhamento e colaboração pode ser enfatizada pela teoria dos seis graus de separação, segundo essa teoria, todas as pessoas são interligadas por um pequeno número de conexões, devido aos avanços tecnológicos, aos transportes e os círcu44
14 - Yuppies, palavra do inglês que significa Young Urban Professional (jovem profissional urbano), e se refere aos jovens entre 20 e 40 anos que possuem uma boa situação financeira.
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los sociais cada vez maiores, apesar das distâncias entre as pessoas. A partir disso, o psicólogo americano Stanley Milgram realizou um teste no ano de 1960 para enfatizar a teoria. O teste consistia em verificar a quantidade de laços existentes entre duas pessoas, para isso, ele enviou cartas para algumas pessoas nos Estados Unidos, com instruções para que cada pessoa reenvie a carta caso conheça o próximo, no final do teste, Milgram verificou que as cartas que chegaram ao destino, passaram pela mão de seis pessoas. Com o passar do tempo, essa teoria continua sendo comprovada, mas o grau de separação diminui cada vez mais, devido a tecnologia e redes sociais como o Facebook, Instagram, etc. Isso mostra que em um mundo contemporâneo, é inevitável não manter contato com as pessoas, e o compartilhamento e a colaboração são itens primordiais para o funcionamento do mundo contemporâneo. ‘Colaboração’ tornou-se a palavra de ordem de economistas, filósofos, analista de negócios, identificadores de tendências, comerciantes e empresários – e com razão. [...] Quanto mais examinamos estas tendências, mais convencidos ficamos de que todos esses comportamentos, estas histórias pessoais, teorias sociais e exem-
plos de negócio apontam para uma onda socioeconômica emergente, os velhos C’s estigmatizados associados ao ato de juntar e ‘compartilhar’ – cooperativas, bens coletivos, comunas – estão sendo renovados e transformados em formas atraentes e valiosas de colaboração e comunidade. (BOTSMAN; ROGERS, 2011 p.8)
O modelo de trabalho tradicional consiste em funcionários dispostos em longos corredores, divididos por salas, que passaram a ser cubículos, enquanto os chefes possuem escritórios individuais e espaçosos que representam o seu poder na empresa. Esse modelo está sendo modificado ao longo do tempo, os escritórios estão pensando cada vez mais nos funcionários, em proporcionar momentos de lazer e descontração, diminuir o estresse no trabalho e aumentar o rendimento. Hoje há uma busca constante por métodos colaborativos entre as pessoas e as empresas, principalmente entre indivíduos e iniciativas de pequeno porte. A procura por mecanismos de coesão entre os profissionais ante a incerteza envolvida nos processos de trabalho - descrita por Bauman (2001) como uma força individualizadora que torna os meios nebulosos, causando a perda dos interesses comuns 45
– é uma alternativa que vem sendo explorada cada vez mais e de diversas formas. De maneira simples, as pessoas estão compartilhando novamente com sua comunidade – seja ela um escritório, um bairro, um edifício de apartamentos, uma escola ou uma rede no Facebook. Mas o compartilhamento e a colaboração estão acontecendo de maneiras, e em uma escala, que nunca tinha sido possível anteriormente, criando uma cultura e economia em que o que é meu é seu. (BOTSMAN; ROGERS, 2011 p.8)
Para fugir um pouco do tradicional, as empresas estão se reinventando, com isso começou a surgir modos de trabalho como as startups, o home office, o freelancer e o coworking. Esses modos de trabalho surgiram a partir de novas ideias e flexibilidades, são pessoas que buscam uma melhor qualidade de vida dentro e fora do ambiente de trabalho. 3.2.1 Novos modos de trabalho Startup é o conceito utilizado para as pequenas empresas que são montadas em casa ou em faculdades, elas recebem pequenos financiamentos de capital e exploram áreas inovadoras de determinado setor. O ambiente de trabalho nessas empresas, geralmente é descontraído e descolado, trabalham em open spaces1⁵, não possuem dresscode1⁶ ou armários, gostam da informalidade das relações, conexões e são flexíveis em relação ao horário. É um ambiente mais atrativo para os jovens das novas gerações, que valorizam a criação e a dinâmica no trabalho. Home office, palavra original do inglês, é um termo utilizado para as pessoas que optaram por trabalhar em casa, no conforto que a própria casa oferece. Geralmente algumas grandes empresas oferecem alguns 46
15 - Tradução do inglês como espaço aberto, é uma área onde as pessoas trabalham em conferência ou encontro, de uma forma mais descontraída. 16 - Traduzindo do inglês significa "código de vestimenta", geralmente usado para definir um estilo de traje para o trabalho, eventos, festas, etc.
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dias de home office para os funcionários que não precisam ou não podem trabalhar no escritório. Esse modo de trabalho também é utilizado pelos trabalhadores independentes que também são conhecidos como freelancers (profissional autônomo que se auto emprega em diferentes lugares ou em casa).
Figura 28 - Startup Kurgo, em Massachusetts nos Estados Unidos, produz brinquedos caninos e equipamentos de viagem. O ambiente do escritório possui áreas para os animais de estimação ficarem, permitindo um ambiente descontraído e confortável. Fonte: Kurgo, s/d.
3.2.2 Coworking Coworking é um novo modo de trabalho, trata-se de um lugar onde diversas empresas, coletivos ou profissionais liberais dividem um mesmo espaço, que buscam compartilhar os gastos com um local bem estruturado com os itens necessários de um escritório. As despesas fixas como energia elétrica, condomínio, telefonia, internet, etc, são divididas por todos e isso gera uma redução de custo. Visando essa divisão de um espaço comum, o coworking possibilita diversas proximidades, trocas de experiência e informações que podem acontecer em um ambiente 47
de trabalho. De acordo com Moriset (2014), as primeiras reminiscências de coworking foram os chamados caffés littéraires (café literários), como o Cabaret Voltaire em Zurique, na Suiça, que é conhecido como o local de nascimento do Dadaísmo e funcionava como ponto de encontro e de estudos junto com os serviços de um café, segundo o autor, esses cafés eram palcos de reuniões que levaram a idealização de alguns movimentos e vanguardas artísticas importantes para a história. O termo coworking surgiu no ano de 1999, por Bernie Dekoven, que descrevia um método de trabalho colaborativo e de encontros empresariais coordenados por computadores. Segundo o site SpaceJob (2015), o espaço físico surgiu em 2005, quando Brad Neuberg criou o Hat Factory, em São Francisco, Estados Unidos, que era um apartamento onde três profissionais de tecnologia trabalhavam, mas tinha as portas abertas em dois dias por semana para as pessoas que precisavam de um lugar para trabalhar e queriam compartilhar experiências enquanto ofereciam almoços, meditação, massagens e tours de bicicleta. Em 2007 o coworking começou a ganhar uma página de explicação no Wikipedia, teve um artigo publicado no New York Times, e em 2009, foi lançado o primeiro liv48
ro sobre o tema. Há uma estimativa de que hoje existem 6 mil espaços de coworking pelo mundo, onde a maioria foi fundada por empreendedores “nômades” da tecnologia, que buscavam locais diferentes aos cafés e home office para se trabalhar. O Brasil conta com 100 espaços voltados para esse modo de trabalho, ainda é um assunto recente no país, mas a busca por profissionais de diversos setores é grande. O coworking também é uma alternativa para enfrentar outro problema que assola muitas pessoas, que já foi mencionado anteriormente, o isolamento. Trabalhar em um ambiente descolado, pode ser um método divertido, prazeroso e de grande aprendizado para as pessoas que trocam experiência e informação. Ao contrário de quem trabalha isolado em sua baia, sala ou em sua própria casa. Os valores fundamentais nesses espaços são: abertura, colaboração, acessibilidade e comunidade. Coworking e cohousing são espaços criados por pessoas que estão à procura de novas formas de morar e trabalhar, visando a colaboração entre todos como um meio de harmonia nesse mundo, são novas formas de viver e ter uma melhor qualidade de vida em casa ou no trabalho, para que possam também usufruir dos espaços livres e públicos nas cidades.
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Figura 29 - Espaรงo de coworking gratuito inaugurado pelo Google, em Sรฃo Paulo. Fonte: Guia da Semana, 2016. 49
Capítulo 04
Projetos de referência
"...a vida urbana, de um modo geral, é a coisa mais livre que pode existir para um homem hoje, no mundo. É viver nas áreas centrais das cidades. Tanto que você pode dormir na rua. Este dito medo das áreas centrais é justamente de quem tem medo da liberdade. Tem gente que tem pavor desta liberdade." (ROCHA, 2017) Figura 30 - Centro de São Paulo, Viaduto do Chá. Fonte: Guia viagens Brasil, s/d.
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Projetos de referência Para a concepção do projeto, foi necessário a escolha de três estudos de caso como referência projetual e teórica. A escolha foi feita através de uma seleção de edifícios que se aproximassem das ideias e propostas para o projeto e do programa. A escolha do Sesc 24 de Maio e da Japan House é devido ao fato de serem novos polos culturais, inaugurados recentemente na cidade de São Paulo, são projetos que possuem o programa cultural público e são edifícios que estão localizados na região central, onde o movimento de pessoas é grande. Além disso, fazem parte da área de TCIP Paulista/Luz (p. 76), que é uma área central e polo de arte e cultura da cidade, definido no novo Plano Diretor. O projeto HIT3 foi escolhido por ser um edifício feito para um coworking, e é de grande importância para o programa do projeto. Trata-se do primeiro edifício com esse programa na América do Sul e é considerado um projeto inovador.
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4.1 Sesc 24 de Maio | Paulo Mendes da Rocha + MMBB Local: São Paulo – Brasil Ano de projeto: 2005 Ano de construção: 2017 Área construída: 27.905m² Área do terreno: 2.203m²
Na página ao lado, de cima para baixo à esquerda Figura 31 - Esquina do Sesc 24 de Maio. Relação com a rua e o entorno. Fonte: Archdaily, 2017. à direita Figura 32 - Vista do térreo da Rua Dom José de Barros. Fonte: Archdaily, 2017. Figura 33 - Térreo da Rua 24 de Maio, fachada com transparência que reflete o entorno e mostra o programa interno. Fonte: Archdaily, 2017.
O projeto do Sesc 24 de Maio é uma reestruturação e readequação do prédio onde funcionava a loja de departamentos Mesbla, aberta até meados de 1998 no centro de São Paulo. O projeto é uma proposta de transformação e de um novo uso para um edifício abandonado, ele faz parte de uma grande revitalização do centro, e se encontra ao lado de grandes ícones arquitetônicos e culturais como o Teatro Municipal, a Praça das Artes, a Galeria do Rock, a Biblioteca Mário de Andrade, entre outros. O projeto de Paulo Mendes da Rocha em parceria com o escritório MMBB Arquitetos Associados é um centro cultural e esportivo localizado na esquina entre a Rua 24 de Maio com a Rua Dom José de Barros. A proposta, segundo os arquitetos, é proporcionar ao público do centro, para os moradores e comerciantes, um novo universo com novas experiências, atividades e novos valores. O que interessa mesmo na arquitetura é amparar a imprevisibilidade da vida. Eu vejo, por exemplo, uma criança pulando dentro da água de um lugar que não era para pular, mas tudo isso tem sua graça. (ROCHA, 2018)
A escolha desse estudo de caso, se dá pelo interessante fato do projeto propiciar experiências imprevistas que ocorrem no edifício, como 55
disse Paulo Mendes da Rocha na citação acima, o espelho d’água localizado no décimo primeiro andar do edifício também permite que a pessoa caminhe pela água e tenha um visual incrível do centro da cidade, outra imprevisibilidade do projeto está no terceiro pavimento, que possui o andar inteiro voltado para uma área de convivência, como se fosse um terraço no meio do edifício, e de novo, permite uma visão das ruas que circundam o projeto, como uma aproximação da cidade e do seu entorno. Além da piscina, o mirante na cobertura do edifício, é um dos pontos que também mais chamam a atenção para o Sesc, pois é como algo inédito para a cidade, pois permite uma vista quase geral do centro e possui uma piscina, totalmente inesperada. Nessa página Figura 34 - Foto do espelho d’água, e ao fundo o centro da cidade. Fonte: Acervo pessoal, 2017. Na página ao lado em cima, à esquerda Figura 35 - Foto do terceiro pavimento do Sesc, voltado para a Rua Dom José de Barros, o edifício se abre para a cidade, sem negar o seu vizinho. Fonte: Acervo pessoal, 2017. à direita Figura 36 - Foto da rampa que conecta todos os pavimentos, induz o visitante a andar e passar por todos os andares, podendo conferir todas as atividades que o Sesc dispõe ao público. Fonte: Acervo pessoal, 2017. em baixo Figura 37 - Vista de quem anda pelo espelho d'água até o guarda-corpo e consegue ter uma vista gratificante de como é o centro de São Paulo. Fonte: Acervo pessoal, 2017.
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4.2 Japan House | Kengo Kuma + FGMF Arquitetos Local: São Paulo - SP Ano de projeto: 2015 Ano de construção: 2017 Área construída: 2.500m²
Na página ao lado, de cima para baixo em cima Figura 38 - Vista do Japan House do outro lado da Avenida Paulista, em um domingo. Fonte: Acervo pessoal, 2018. em baixo, à esquerda Figura 39 - Vista da entrada, relação com o pedestre, entrada convidativa. Fonte: Acervo pessoal, 2018. Figura 40 - Fachada do projeto com a luz artificial. Detalhe das ripas de madeira. Fonte: Bunkyo Org, 2018.
Obra construída em uma das avenidas mais movimentadas de São Paulo, a Japan House é um marco da cultura japonesa com suas nuances modernas na Avenida Paulista. O projeto foi inaugurado ano passado, quase ao mesmo tempo que o IMS (Instituto Moreira Salles), que também está localizado na Paulista, mais recentemente foi inaugurado também o Sesc Paulista, do outro lado da rua, quase de frente para a Japan House. Junto com os edifícios do Centro Cultural Fiesp, Itaú Cultural, MASP, IMS, e Sesc Paulista, eles formam uma linha de cultura na avenida, que passou a ser um ícone cultural pra cidade inteira, em meio aos edifícios comerciais, de serviços e escritórios, esses projetos passaram a dar uma característica mais forte para a região. Nos finais de semana, a avenida está sempre lotada, o que se torna atrativo para esses projetos. O projeto no Brasil é uma iniciativa global do governo japonês, o objetivo é combinar arte, tecnologia e negócios para oferecer aos visitantes e turistas, uma tradução do Japão do século XXI. O Japan House chama atenção de quem passa na rua, pela sua fachada. Ela tem uma permanência marcante na rua, com as suas lâminas de madeira, que tem a função estética e de brise na fachada, além da madeira, um painel branco que está na lateral do edifício, também chama atenção pela sua forma de cobogó que está em harmonia com as lâminas. O programa é dividido em três pavimentos, conta com salas de exposições, biblioteca multimídia, café, restaurante e duas lojas com produtos japoneses. Por ser um projeto de porte razoavelmente pequeno, 59
o programa foi dividido de maneira flexível e neutra para ter destaque apenas as exposições. Internamente, utiliza-se divisórias retráteis e portas de correr. A escolha desse estudo de caso é por causa dessa química que o projeto traz com o novo e o velho. Foi a combinação da fachada de madeira de tábuas de hinoki1⁷, feita através de uma técnica artesanal japonesa, junto com o cobogó, típico da arquitetura brasileira, e é composto de um material mais avançado tecnologicamente, o concreto de ultra alto desempenho, criando essa dinâmica do velho no contemporâneo, como uma grande harmonia também entre a cultura japonesa e brasileira. Isso também se percebe nas divisórias internas, o arquiteto fez uma mistura do antigo com a tecnologia, utilizando se o papel washi1⁸ nas divisórias retráteis, nas portas de correr e no revestimento das placas metálicas na área de seminários, ele deu um novo uso para os materiais naturais e ainda se utilizando da técnica artesanal da sua própria cultura. Outro motivo pela escolha desse projeto, é devido ao seu propósito de trazer um pouco mais da cultura japonesa ao ocidente, trazer um pouco do seu conhecimento das técnicas artesanais que podem ser utilizadas de maneiras diferentes, dependendo da criatividade, e pela sua importância cultural na Avenida Paulista, que atrai os olhares das pessoas que por ali passam. É uma grande inspiração e é enriquecedora tanto arquitetonicamente, quanto culturalmente.
17 - Madeira extraída de uma espécie de pinheiro nativo do Japão, plantados na província de Gifu, muito usado na contrução de templos. 18 - Papel produzido a partir das fibras da casca de amoreira, o papel surgiu há mais de mil anos e suas técnicas são passadas de geração em geração até hoje. É utilizado para origamis, papel de presente, é usado na arquitetura, entre outros. Figura 41 - Detalhe da fachada de madeira e a relação criada com o cobogó, harmonia entre o antigo e a tecnologia. Fonte: AECweb, s/d.
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Figura 42 - Vista do jardim da parte interna do projeto, ao fundo uso do bambu como vegetação lateral e uso de pedra branca no piso, que remete ao jardim japonês. Fonte: Acervo pessoal, 2018. Figura 43 - Fachada lateral, cobogó de concreto de alto desempenho. Fonte: Arco Web, s/d.
4.3 HIT3 | Alejandro Gawianski Local: Buenos Aires - Argentina Ano de projeto: 2014 Área construída: 2.300 m² O Hotel da Indústria e do Trabalho é o primeiro edifício da América do Sul voltado para o coworking, ele chama atenção pela sua pele inclinada que gera um efeito ondulante no edifício todo e por esse conceito de trabalho compartilhado. Depois de uma certa pesquisa sobre coworkings no Brasil, principalmente em São Paulo, verifica-se a existência de espaços já existentes que foram acomodados para esse modo de trabalho, mas não existe um projeto voltado para esse programa. A escolha desse projeto, é para estudar a elaboração do programa e como ele é disposto entre os andares do edifício, verificar como foi feita a fachada e como é feita a iluminação do projeto, para usar como base, posteriormente, na concepção do projeto dessa monografia. O programa do HIT3, se divide em oito pavimentos mais o térreo, os blocos de apoio como escada e elevador se encontram na esquina do interior do lote, deixando todo o perímetro solto e livre para acomodar o programa na parte da fachada, conseguindo assim uma maior flexibilidade espacial.
Na página ao lado Figura 44 - Imagem do projeto. Fonte: Archdaily, 2015. Nessa página Figura 45 - Vista da varanda no último pavimento, relação com o seu entorno. Fonte: Archdaily, 2015.
O programa é todo composto basicamente por escritórios para trabalho coletivo, e todos os pavimentos possuem varanda/ terraço compartilhados para descanso, lazer, dividir ideias, etc., e é dividido em: Térreo
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Subsolo 1o pav
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3o pav ao 6o pav | 7o pav | 8o pav |
Recepção Bar/ Restaurante Monta carga automotivo Estacionamento Escritórios compartilhados Sala de estar Escritórios com apoio Escritórios compartilhados Auditório flexível Sala de reunião Sala de videoconferência
1o pav
3o pav ao 6o pav
7o pav N sem escala
Térreo
Legenda Apoio | Circulação vertical | Sanitários Varandas | Terraço 64
8o pav
Na página ao lado à esquerda Figura 46 - Planta do térreo. Fonte: Modificado a partir de imagem do Archdaily, 2015. à direita, de cima para baixo Figura 47 - Planta do primeiro pavimento. Fonte: Modificado a partir de imagem do Archdaily, 2015. Figura 48 - Planta típica, terceiro ao sexto pavimento. Fonte: Modificado a partir de imagem do Archdaily, 2015. Figura 49 - Planta do sétimo pavimento. Fonte: Modificado a partir de imagem do Archdaily, 2015. Figura 50 - Planta do oitavo pavimento. Fonte: Modificado a partir de imagem do Archdaily, 2015. Nessa página à esquerda Figura 51 - Detalhe ao efeito ondulante da fachada, na parte interna do projeto, em um dos pavimentos. Fonte: Archdaily, 2015. Figura 52 - Detalhe da fachada externamente, ripas colocadas em diferentes ângulos, criando um efeito de movimento e jogo de luz e sombra ao decorrer do dia. Fonte: Archdaily, 2015.
Em relação a arquitetura, os principais materiais utilizados nesse projeto são concreto e alumínio. Para a estrutura do edifício foi utilizado o concreto armado e as colunas respeitam uma modulação que sustentam um sistema de lajes sem vigas. Já a fluidez ondulante da fachada é composta por tubos de alumínio pintados de branco e são fixadas nas varandas dando esse efeito de ondas para o projeto. Esse efeito óptico foi gerado através da conexão dos tubos entre vários pontos no mesmo eixo vertical entre os pavimentos. Através do detalhamento da fachada e pelo jogo de ondas e da distribuição dos tubos metálicos, o percurso do sol no decorrer do dia acaba provocando jogos de luz e sombra nos ambientes, e o projeto visa uma iluminação natural para as pessoas que utilizam o espaço para trabalhar, a fachada também cria um jogo cinético conforme a pessoa se desloca ou se move, fazendo com que ela participe ativamente do jogo de luz e sombra.
Capítulo 05
O TERRITÓRIO
“O imigrante oriental, além de reforçar a composição étnica e cultural do bairro da Liberdade, introduz no quotidiano novas técnicas laborativas, novas formas de relacionamento empresarial. O vestuário, as artes, as fachadas dos prédios e as próprias ruas ganham novos delineamentos e materiais. O bairro da Liberdade se orientaliza diuturnamente, trazendo para ali, para seu ambiente de vida, um pouco do Japão, da China e da Coréia. “ (GUIMARÃES, 1979, p.24) Figura 53 - Praça da Liberdade com as feiras e evento de fim de ano. Fonte: Revista Embarque, 2016.
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O território
Na página ao lado Figura 54 - Localização do distrito, do bairro segundo o Google Maps e da área que as pessoas definem como bairro da Liberdade. Fonte: Modificado a partir de mapa do Google Earth, 2017. Legenda Subprefeitura da Sé Distrito da Liberdade Bairro da Liberdade Bairro da Liberdade definido pelas pessoas
5.1 O bairro da Liberdade O local escolhido para intervenção é o bairro da Liberdade (Figura 54), que se encontra dentro do distrito da Liberdade, localizado no centro da cidade de São Paulo. O distrito da Liberdade faz parte da Subprefeitura da Sé, atualmente conta com uma área de 3,70km², uma densidade demográfica de 18,674 hab/km² e uma população de 69.092 habitantes (PMSP, 2017) o distrito também é composto pelos bairros da Aclimação, Morro da Aclimação e Várzea do Glicério. Apesar de ser um bairro famoso de São Paulo, muitas pessoas que frequentam o local para passeios, compras e lazer, subentendem como o bairro da Liberdade, apenas o território demarcado na Figura 54, que é a área mais frequentada e acessada. Essa área está delimitada entre a Praça Dr. João Mendes, a Avenida da Liberdade e a Rua São Joaquim até a Rua Conselheiro Furtado (Figura 55, p.70), o popular bairro da Liberdade não está contido apenas no distrito da Liberdade e passa a ocupar uma área do distrito vizinho, no caso, o distrito da Sé. Apesar de ser a área mais conhecida, as pessoas exploram apenas uma parcela dessa área, que são as ruas que se encontram no entorno da Praça da Liberdade, elas se aglomeram na Rua Galvão Bueno até a Rua Thomaz Gonzaga e na Rua dos Estudantes até a Rua da Glória (Figura 55, p.70), que será o local de maior aprofundamento para um estudo mais denso, e o resto do bairro é explorado apenas por moradores ou por poucas pessoas que conhecem e frequentam mais o bairro. As principais ruas que circundam o bairro são a Avenida da Liberdade, Rua Galvão Bueno, Rua da Glória, Rua Conselheiro Furtado, Rua São Joaquim, Rua Glicério, Rua Vergueiro, entre outros. Pelo bairro também passa a Avenida 23 de Maio e a Radial Leste, que dão acessos para a Zona Sul e Zona Leste da cidade (Figura 56, p.71). As principais linhas de ônibus que passam pelo bairro dão acesso as 69
Figura 55 - Área mais conhecida e acessada do bairro. Fonte: Modificado a partir de mapa do Google Earth, 2017.
regiões Norte, Oeste, Sul, Sudeste e Leste de São Paulo (Figura 56, p71). Não há corredores de ônibus, mas a Avenida da Liberdade e a Rua Barão de Iguape possuem faixas exclusivas. A única linha de metrô que existe na Liberdade é a linha azul, e as estações presentes no bairro são a Estação da Liberdade e a Estação São Joaquim (Figura 56), que juntas somam uma demanda média de 83 mil pessoas nos dias úteis (30 mil na Liberdade e 53 mil na São Joaquim), segundo o Portal da Transparência do metrô (2017). A Liberdade é um típico bairro turístico e oriental cheio de faculdades, escolas e pequenos comércios espalhados por suas ruas. As faculdades, todas privadas, se concentram ao redor da estação São Joaquim, na região também se encontram algumas escolas tanto 70
Legenda Área mais acessada do bairro Limites distritos Bairro da Liberdade definido pelas pessoas
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Figura 56 - Faixas exclusivas de ônibus, linha azul do metrô, estações de metrô e principais ruas. Fonte: Modificado a partir de mapa do Google Earth, 2017.
Legenda Estações de metrô Faixa exclusiva de ônibus Linha azul do metrô Bairro da Liberdade definido pelas pessoas
públicas como particulares, e alguns cursinhos pré-vestibulares, no qual resulta na grande demanda de pessoas na estação, que é maior que a demanda na estação Liberdade. Também se encontram pequenos comércios como lanchonetes e restaurantes e edifícios residenciais ao redor. Já na região da estação da Liberdade, se concentram pequenos comércios de varejo, a maioria voltada para produtos orientais, como mercearias japonesas e chinesas, lojas de presentes, maquiagens e materiais escolares, etc. Há também uma grande concentração de restaurantes orientais, alguns edifícios residenciais espalhados pela região e dois hospitais próximos, sendo eles o Hospital Bandeirantes, que no ano de 2017 passou a se chamar Leforte Liberdade, e o Hospital Glória. No bairro há a presença de alguns terrenos ociosos e vazios sem 71
utilidade, que ocupam áreas relativamente grandes e geram uma sensação de insegurança aos pedestres, ou servem apenas como locais de passagem, como a Praça Almeida Júnior (Figura 57), que hoje se encontra degradada e sem vida. Apesar de ter um grande fluxo de pessoas na Liberdade, como em toda metrópole, as ruas dão prioridade para os carros, e existem partes do bairro que são ociosos e perigosos, principalmente no período noturno, onde as ruas ficam vazias e sem vida, pois o comércio fecha cedo, geralmente entre ás 18 e 19 horas (Figura 58), com exceção de alguns lugares que ficam abertos até o mais tardar, ou por 24 horas. Muitas ruas ainda estão degradadas e são poucas as áreas públicas destinadas ao pedestre, para lazer, sentar e permanecer. Nos finais de semana, o bairro é conhecido por sua feira de comidas típicas e artesanatos, as ruas ficam lotadas e percebe-se a falta de uma área pública maior, para as pessoas comerem, sentarem, permanecerem, etc. Os únicos lugares disponíveis que as pessoas ocupam, são os arredores da estação da Liberdade, como na Figura 59, no qual as pessoas se acomodam como podem, além dessa área do metrô, hoje em dia as pessoas também ficam nos bancos que foram implantados na Rua Galvão Bueno (Figura 60), através do projeto da Prefeitura de 72
São Paulo chamado Centro Aberto: Experiências na escala humana (p. 78). Hoje, após a implantação do projeto Centro Aberto (p. 78), a disputa por espaço na Galvão Bueno é menor apenas nos dias de semana, pois nos finais de semana, a disputa por espaço continua grande, cerca de 64 mil pessoas circulam a pé na rua em um domingo normal de compras e passeios (SECRETARIA, 2016), essas pessoas se aglomeram na Estação da Liberdade, na Rua Galvão Bueno e na Rua dos Estudantes (área mostrada anteriormente na Figura 2, p. 70) gerando um grande tráfego entre pedestres de passagem e os pedestres de permanência, sendo quase impossível de andar pelas ruas em certas datas do ano, e apesar do projeto de melhorias no bairro, a falta de espaço público de lazer e permanência continua perceptível. A escolha do bairro para a intervenção do projeto é devido ao fato do bairro estar aberto a novas mudanças, e por ser um bairro repleto de culturas e descendentes de diferentes etnias como os japoneses, chineses e coreanos que já estão no bairro por mais tempo, e os africanos, haitianos e refugiados que estão chegando aos poucos e se aglomeram na região da Rua do Glicério. E devido à sua localização no centro de São Paulo, região que está passando
De cima para baixo Figura 57 – Praça Almeida Júnior, serve apenas de passagem para pedestres. Fonte: Acervo pessoal, 2017. Figura 58 – Comércio fechando na Galvão Bueno, às 18 horas, horário de verão. Fonte: Acervo pessoal, 2017. Figura 59- Arredores da Estação da Liberdade em dias de semana. Fonte: Acervo pessoal, 2017. Figura 60 - Bancos na Galvão Bueno em dias de semana. Fonte: Acervo pessoal, 2017.
por um processo de mudanças e de revitalização, pois passou a ser apenas um lugar de passagem ao longo da metade do século XX, devido a expansão da mancha urbana e o surgimento de novas regiões com características de um centro. A região passou por um processo de desvalorização e degradação, mas hoje, está sendo transformada para diminuir a sensação de segurança, e ter características de um lugar de permanência e estar, além de promover o sentido de pertencimento e identificação da população com o centro. O bairro também se encontra no Território Cultural Paulista/Luz (p. 76) e faz parte do projeto Centro Aberto (p. 78), o que faz dele um polo de interesse cultural, social e artístico. No bairro há uma mistura de jovens, adultos e idosos. Os idosos que fazem exercícios na praça toda manhã, que fazem suas compras diárias nas mercearias espalhadas pelas ruas, os jovens que ficam na praça para conversar, dançar e se divertir com os amigos, os adultos que se divertem com as lojas de produtos orientais, ou as comidas típicas que vendem nas feiras todo final de semana, e nas festas anuais
que acontecem como o Tanabata Matsuri, Ano Novo Chinês, Hanamatsuri, Toyo Matsuri e o Moti Tsuki que atraem multidões de pessoas para o bairro. 5.2 História do bairro O bairro da Liberdade é muito conhecido internacionalmente por ser um bairro tradicional da cultura oriental, principalmente a japonesa, e por possuir um comércio cheio de produtos orientais, além das suas ruas e luminárias que deixam o bairro bem caracterizado culturalmente. Porém, antes do bairro ser conhecido pela sua cultura, ele foi marcado por alguns fatos obscuros que fazem parte da sua história. Segundo Ghedine (s/d), no século XVII, a região que compreende o bairro era uma área cheia de chácaras, e lá era local de passagem que ligava o centro à Zona Sul da cidade, o caminho era conhecido como “caminho de Ibirapuera” ou “caminho de carro para Santo Amaro”, caminho no qual compreendia a atual Avenida da Liberdade, a Rua Vergueiro e a extinta linha de bondes para Santo Amaro. Até o século XIX, a região era conhecida como Bairro da Pólvora, devido à Casa de Pólvora que foi construída em 1754. E a partir de 1810, houve uma concessão de terras, vendas e partilhas dos lotes das chácaras, até 74
que em 1850 as autoridades pressionaram os proprietários dos terrenos da cidade para o melhor aproveitamento dos lotes, e começaram então a abrir ruas, alamedas e largos, estruturando assim as ruas do bairro da Liberdade. Já na época colonial, a área passou a ser conhecida como Largo da Forca ou Campo de Forca (atual Praça da Liberdade), e recebeu essa denominação por ser um local de execuções e enforcamentos de criminosos e escravos condenados à pena de morte. Próximo ao Largo da Forca, foi aberto o primeiro cemitério público de São Paulo em 1779, e o local era destinado ao enterro dos condenados à forca até 1858, quando foi construído o Cemitério da Consolação. Segundo o Portal NippoBrasil (1999), uma das cenas mais cruéis ocorridas no Largo da Forca foi em 1821 com a condenação dos soldados Francisco José das Chagas (conhecido como Chaguinhas), e o Joaquim José Cotindiba. O motivo do enforcamento dos soldados era devido a tentativa do Governo Provisório de abafar um levante militar. O soldado Cotindiba morreu rapidamente, e o Chaguinhas não, pois as cordas que o enforcariam arrebentaram três vezes seguidas. Enquanto o público pedia por clemência e gritava: “Liberdade, Liberdade!” O ato foi consumado através de pauladas.
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Chaguinhas então passou a ser conhecido como um herói. Em memória a Chaguinhas foi erguida a capela de Santa Cruz dos Enforcados, hoje conhecida como a Igreja de Santa Cruz das Almas dos Enforcados ou Igreja das Almas, nessa Igreja era feita a missa aos condenados, enquanto na Igreja dos Aflitos as pessoas aguardavam a execução e eram velados na Igreja dos Enforcados. O Largo da Forca passou a se chamar Largo da Liberdade apenas quando houve a abolição da pena de morte do Brasil. Segundo Guimarães (1979), antes de ser nomeado como distrito, o bairro era conhecido como Distrito Sul da Sé, e passou a ser nomeado Distrito da Liberdade no dia 20 de dezembro de 1905. Durante o século XIX, o bairro era habitado por imigrantes portugueses e italianos e foram embora do local na primeira década do século, foram eles que construíram casarões, sobrados e palacetes que mais tarde se transformariam em pensões para os imigrantes japoneses. Os primeiros imigrantes japoneses chegaram em 1908, com o navio Kasatu Maru no porto de Santos. O objetivo deles era trabalhar nas lavouras de café no interior do estado de São Paulo e mais tarde acabaram migrando para a capital. As primeiras características orientais do bairro começaram em 1912, quando os imigrantes passaram a se
fixar na Rua Conde de Sarzedas, nas pensões e nos porões dos imóveis situados na rua. Nas décadas seguintes começaram a chegar dezenas de navios japoneses, que foram ocupando as ruas adjacentes do bairro, como a Rua Tabatinguera, e começaram a surgir então as primeiras atividades comerciais no bairro, formando assim a “Rua dos Japoneses”. Apenas mais tarde na década de 50 que começaram a surgir os imigrantes chineses e coreanos, que foram lotando a população oriental no bairro. No ano de 1968-1969 começou a se construir a ligação leste-oeste, com esse projeto, muitos comércios da Praça da Liberdade foram demolidos, e junto, foi demolido o Teatro São Paulo, que se localizava na Praça Almeida Júnior, dando lugar ao viaduto Mie Ken e a atual configuração da Praça Almeida Júnior. Outro edifício demolido foi o antigo Cine Niterói, que foi o marco dos imigrantes japoneses no bairro, sendo adquirido posteriormente uma nova propriedade na Avenida da Liberdade. O bairro que já possuía características orientais, passou por um plano de reurbanização dentro do processo de expansão da Linha 1 – azul do metrô, e no ano de 1974 ocorreu a criação do Bairro Oriental com a decoração das ruas e praças com as lanternas suzurano, os jardins japoneses e suas festas típicas que caracterizam o bairro como uma cidade japonesa, que atrai 75
uma multidão de pessoas todo final de semana e principalmente nos dias de festas. 5.3 Territórios de interesse da Cultura e da Paisagem (TCIP) A ideia de Território de Interesse de Cultura e da Paisagem, estabelecido no Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo de 2014, é definir algumas áreas como polos singulares de atratividade social, cultural e artística. À princípio apenas duas áreas foram delimitadas no PDE, mas outras poderão ser criadas através de leis específicas ou Planos Regionais. São eles: TCIP Jaguaré/Perus e TCIP Paulista/Luz (Figura 61). O território cultural Jaguaré/Perus não possui perímetro e objetivos específicos, pois deverão ser revistos no Plano Regional Estratégico de Perus, mas o território cultural Paulista/luz abrange o centro histórico da cidade e o centro cultural metropolitano, definido no mapa abaixo (Figura 62). Dentro desse território também inclui o bairro da Liberdade e seus arredores. As principais ruas que delimitam a área do TCIP Paulista/ Luz são: Al. Nothmann, R. Ribeiro de Lima, Av. do Estado, Av. Radial Leste, R. Vergueiro, Al. Santos e R. Dona Veridiana.
À direita Figura 61 – Áreas de TCIP delimitadas no PDE 2014. Fonte: Gestão Urbana, 2014. à esquerda Figura 62 – Território de cultura Paulista/Luz. Fonte: Gestão Urbana, 2014.
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Segundo os Art. 314 e Art. 315 da Seção III (Dos territórios de Interesse da Cultura e da Paisagem – TCIP) da Lei nº 16.050, de 31 de julho de 2014: Art. 314. Fica instituído o Território de Interesse da Cultura e da Paisagem, designação atribuída a áreas que concentram grande número de espaços, atividades ou instituições culturais, assim como elementos urbanos materiais, imateriais e de paisagem significativos para a memória e a identidade da cidade, formando polos singulares de atratividade social, cultural e turística de interesse para a cidadania cultural e o desenvolvimento sustentável, cuja longevidade e vitalidade dependem de ações articuladas do Poder Público. § 1º Os TICP devem ser constituídos por sua importância para a cidade como um território simbólico que abriga áreas ou um conjunto de áreas naturais ou culturais protegidas, lugares significativos para a memória da cidade e dos cidadãos e instituições de relevância cultural e científica. Art. 315. São objetivos do Território de Interesse da Cultura e da Paisagem: I - Estimular iniciativas locais no âmbito da cultura, educação e meio ambiente, através de processos solidários e colaborativos; II - Ampliar a abrangência do princípio do direito à cidade, garantindo a cidadania cultural, a tolerância e o respeito à diversidade cultural, social, étnica e sexual por meio do acesso à cultura, à educação e à arte; III - Valorizar a memória e a identidade da cidade, nos âmbitos local e regional; IV - Promover o entendimento dos processos urbanos e ambientais de transformação e conservação das paisagens e a fruição de seu patrimônio material e imaterial; V - Proporcionar, em especial nos TICP localizados em regiões de maior vulnerabilidade social, o desenvolvimento de coletivos culturais autônomos, estimulando sua articulação com instituições de ensino, pesquisa, cultura e outras, que permitam a compreensão dos processos históricos, ambientais e culturais locais e regionais; VI - Definir instrumentos de incentivos e apoio às atividades ligadas à cultura, educação, arte e meio ambiente, visando a geração de renda e o desenvolvimento local e regional sustentável; VII - Criar meios de articulação entre os diferentes TICP, visando proporcionar o intercâmbio de saberes e experiências entre seus agentes culturais e estimular programas educativos e criativos que favoreçam a compreensão mútua da estruturação e história urbana de cada Território e de seus valores simbólicos e afetivos. (PDE Ilustrado, 2014, p. 139-140) 77
5.4 Centro Aberto - experiências na escala humana O projeto Centro Aberto, é uma iniciativa da Prefeitura de São Paulo, têm o papel de articular políticas públicas municipais voltadas para o espaço público, buscar a ativação desses espaços através da renovação das suas formas de uso, promover a diversificação das atividades, melhorar a percepção de segurança e a construção do domínio público sobre esses espaços. O projeto não busca construir novos espaços e sim transformar o preexistente, ele busca reativar o espaço público do centro, revitalizar e renovar. Os principais objetivos do projeto são:
Figura 63 – Áreas de intervenção do projeto Centro Aberto. Fonte: Centro Aberto, 2016. 78
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1. Proteção e priorização de pedestres e ciclistas O principal objetivo é melhorar a acessibilidade e segurança de pedestres e ciclistas para acesso e passagem, além de assegurar boa sinalização. Em áreas movimentadas como o Centro de São Paulo é importante garantir esse espaço, com atribuições espaciais de acordo com as necessidades dos usuários. A introdução de ciclovias promove vínculo seguro e direto entre o centro da cidade, os principais pontos de transporte público e os bairros. É um passo em direção a uma cidade mais amigável e mais humana, testando novas soluções que possam servir para outras áreas da cidade. 2. Suporte à permanência nos espaços públicos Melhorar as condições de permanência em espaços públicos é fundamental para promover a vida urbana e segurança na cidade. A criação de pontos de encontro e locais para descanso e lazer, a partir de mudanças qualitativas nos espaços, promove o convívio e intercâmbio entre os usuários locais e recém-chegados, estudantes, residentes, trabalhadores de escritórios, comerciantes, entre outros. A permanência também diversifica os programas e atividades e serve aos diversos grupos presentes no entorno. Também incentiva o senso de comunidade e de pertencimento com o lugar, enriquecendo o debate sobre os processos de mudança e apropriação da cidade. A permanência deve ser incentivada em horários estendidos, especialmente em regiões que se esvaziam à noite, como o Centro de São Paulo. A presença de pessoas no espaço público nesse período torna o local mais atraente e seguro. 3. Novos usos e atividades As ações estratégicas de ativação do espaço público se dividem em 3 tipos: comercial, cultural e de atividades físicas. As ações comerciais – como comida de rua, floriculturas e feiras – são um incentivo ao uso do espaço público. Além de garantir presença de pessoas, possibilita o comer ao ar livre e o encontro em locais públicos, medidas para um convívio social rico e de trocas com a cidade. As ações culturais dão oportunidade para permanência no espaço público ao longo do dia. Atividades como cinema ao ar livre, por exemplo, garantem permanência noturna e acesso gratuito à cultura. A presença de artistas de rua é também benéfica neste sentido, pois mobiliza grupos de espectadores e incentiva a permanência e a participação na cidade. O mesmo ocorre com as atividades físicas e esportivas. Além de incentivarem um modo de vida saudável, os esportes e brincadeiras são motivadores do encontro de pessoas e da convivência mútua entre participantes e espectadores. (CENTRO ABERTO, 2016, p. 22-27) 79
Para o projeto, foram escolhidos quatro lugares para intervenções estratégicas que foram transformadas em projetos piloto, sendo eles: o Largo Paissandu e Avenida São João; o Largo São Francisco e Praça do Ouvidor Pacheco e Silva; o Largo São Bento e a Rua Galvão Bueno (Figura 63, p.78). A Rua Galvão Bueno é uma rua comercial estreita e de mão única, contava com uma faixa de rolamento e uma faixa de estacionamento dividida entre vagas de Zona Azul, motos, carga e descarga e idosos (Figura 65). Nos horários de pico, os pedestres utilizavam muito o leito carroçável da rua, devido à falta de espaço nas calçadas estreitas no qual os pedestres disputavam espaços também entre os vendedores ambulantes. O projeto do Centro Aberto, em parceria com a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) e a SP Urbanismo, foi embasado nas contagens de pedestres e de veículos realizadas no local em dias úteis e finais de semana. Com os dados da pesquisa em campo, foi constatado que em um domingo de
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compras, entre as 9:00 e 19:00 horas, cerca de 64 mil pessoas circulam a pé pela Rua Galvão Bueno, contra menos de 4 mil que passam de carro ou de moto, ou seja, enquanto 95% dos passantes são pedestres, contraditoriamente, 56% do espaço estava destinado à circulação de automóveis que transportam apenas 5% das pessoas. (CENTRO ABERTO, 2017, p. 03) O projeto na Rua Galvão Bueno (Figura 64), buscou qualificar a área destinada ao passeio dos pedestres, com isso foi restringido o estacionamento de veículos na rua, e foi criado áreas para permanência, através de uma faixa exclusiva de pedestres, ao lado par da via, e implantação de bancos de madeira em locais que não comprometem a circulação de pedestres, permitindo que as pessoas usem o espaço para conversar, descansar (Figura 66).
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Na página ao lado Figura 64 – Implantação do projeto Centro Aberto na Rua Galvão Bueno. Fonte: Centro aberto, 2017. Nessa página, cima para baixo Figura 65 – Rua Galvão Bueno antes do Centro Aberto. Fonte: Passear e fotografar, 2014. Figura 66 – Rua Galvão Bueno após o projeto Centro aberto e faixa de pedestre, em uma sexta feira. Fonte: Acervo pessoal, 2017.
Legenda Centro aberto 1 - Bancos 2 - Ampliação calçada Entorno 3 - Rua Galvão Bueno 4 - Rua Américo de Campos 5 - Radial Leste 6 - Jardim Oriental 7 - Rua dos Estudantes 8 - Estação Liberdade/ Praça da Liberdade
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Capítulo 06
Projeto: Cobuilding - complexo de uso compartilhado + Praça Pública
Figura 67 - Perspectiva geral do projeto. Fonte: Acervo pessoal, 2017.
Projeto: Cobuilding - complexo de uso compartilhado + Praça Pública 6.1 Intervenção no bairro e terreno A base primordial para a concepção do projeto, está no conceito de Acupuntura Urbana, do arquiteto Jaime Lerner. O autor cita que a cidade é como um organismo vivo, cuja pulsação deve mexer com a nossa sensibilidade (LERNER, s/d in Grupo Editorial Record, s/d). Para o autor, uma pequena mudança em determinada área, pode ajudar a curar, melhorar, criar reações positivas e novas pulsações, revitalizando assim pontos enfraquecidos e criando novos estímulos, cutucando a cidade como um todo para ela reagir em cadeia, e melhorar como um todo aos poucos. São intervenções urbanas pontuais que se comparam à acupuntura, são como as agulhas que quando aplicadas em determinadas regiões do corpo, são capazes de tratar diversas doenças físicas ou emocionais, estimulando as terminações nervosas e enviando mensagens até o cérebro, que desencadeia diferentes efeitos no corpo humano. E isso pode ser aplicado na cidade, como pequenos pontos que criam reações em cadeia, que podem trazer mais vida, atrair mais pessoas, estimular novos empreendimentos e melhores espaços para todos os que vivem nela. O projeto é a proposta de Acupuntura Urbana para o bairro e para a quadra que será implantado. Junto com essa ideia, será proposto que o projeto fique aberto 24 horas por dia, funcionando como um estímulo para a cidade 84
até de noite, como um ponto luminoso no meio da madrugada, aproveitando o movimento noturno que já é gerado pelo hospital e pelos bares que ficam abertos até tarde, além de trazer uma maior sensação de segurança, como os postos de gasolina que nos trazem mais tranquilidade quando andamos por uma rua vazia a noite e encontramos esse pequeno ponto luminoso no fim da rua, com a sua pequena loja de conveniência. A proposta na escala do bairro (Figura 68) é valorizar mais as ruas do entorno, principalmente as que tem o maior fluxo de pedestres, foram escolhidas áreas vazias ou de edifícios degradados e abandonados para dar lugar a novos projetos, criando vários pontos de acupuntura. Propor mais iluminação nas calçadas e criar mais pontos luminosos a noite (Figura 69, p.86). O objetivo é trazer vida para o bairro, tanto de dia como de noite, propor novos espaços que valorizem o pedestre e os espaços públicos, equipamentos para a comunidade oriental e a população que vive na região. O projeto desenvolvido se localiza na quadra entre as ruas Galvão Bueno, Rua da Glória, Rua Barão de Iguape e a Rua Américo de Campos. Atualmente a quadra é ocupada pelo Hospital Leforte (antigo Hospital Bandeirante), que fica na esquina com a Rua Galvão Bueno e Barão de Iguape, na outra esquina com a Glória se encontra
N sem escala
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Figura 68 - Mapa da proposta para o bairro. Fonte: Acervo pessoal, 2017. Legenda Área de intervenção Terreno projeto Terrenos ociosos para novos usos Faculdades e escolas Cultura Hospitais Revitalizar Prioridade para pedestres Arborizar Novos usos 01 - Terreno projeto 02 - Praça pública Área de food truck Espaços livres para atividades corporais Áreas de contemplação 03 - Padaria / Deli store 04 - Academia e energia interativa 05 - Centro esportivo 06 - Moradia estudantil 07 - Hotel escola
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Figura 69 - Mapa pontos de luz noturno. Fonte: Acervo pessoal, 2017. Legenda Pontos de luz/ 24 horas 01 - Terreno projeto 02 - Praça pública Área de food truck Espaços livres para atividades corporais Áreas de contemplação 03 - Padaria / Deli store 04 - Academia e energia interativa 05 - Centro esportivo 06 - Moradia estudantil 07 - Hotel escola Pontos noturnos/24 horas A - Hospital Bandeirantes B - Hospital da Glória C - Praça da Liberdade D - Farmácia
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um edifício abandonado, e por fim no resto da quadra estão localizados pequenos comércios, restaurantes e lojas. Optou-se por demolir as edificações existentes na quadra, com exceção do Hospital, que é um potencial para a área e bem movimentado 24 horas por dia. A escolha do terreno partiu da proximidade com a estação de metrô da Liberdade e por ser um local onde a aglomeração de pessoas é pouca, como visto
anteriormente. O bairro fica lotado de pessoas apenas em uma pequena área concentrada na região da Praça da Liberdade, e o objetivo é propor um projeto que entre mais no bairro e traga mais vida para o local, além de dispersar um pouco a concentração em torno da praça. No entorno da quadra se encontram lojas de comércios espalhados pela Galvão Bueno, o 1° Distrito Policial da Sé, alguns bares e karaokê e a Praça Almeida Júnior.
mpos
Figura 70 - Mapa usos no térreo do entorno imediato. Fonte: Acervo pessoal, 2018. Legenda Área terreno de projeto Edifícios à demolir Comércios Hospital Serviços Terrenos vazios/estacionamentos
Rua Galvão Bu
eno
Rua da Glória
Rua Américo de Ca
Rua Barão de Iguape
N sem escala 87
6.2 Implantação e partido Para a concepção do projeto, o térreo teve vital importância para deixar os espaços livres para que a população possa usufruir do espaço para fazer exercícios, dançar, sentar, comer, correr, permanecer, etc. A proposta é ter o térreo livre com o programa acontecendo acima dele. O edifício proposto é composto por um centro cultural (bloco 01) com o programa voltado para a cultura oriental, um cohousing (bloco 02) e um coworking (bloco 03). Para o projeto foi feita a separação dos três usos, para isso, colocou-se o centro cultural no embasamento do edifício, enquanto o cohousing e coworking ocupam as torres acima. Para a concepção do partido, as esquinas eram
muito importantes, e optou-se por deixar livre a esquina da Rua Galvão Bueno com a Américo de Campos, e a esquina da Barão de Iguape com a Rua da Glória, e com isso restou a área que seria implantada o projeto. A horizontalidade do embasamento (bloco 01) foi devido à disposição do programa em três pavimentos, o primeiro, segundo e terceiro pavimento que conta como um terraço aberto; o bloco 02 está localizado no projeto em relação ao sol, do sentido leste e oeste, enquanto o coworking (bloco 03) ficou com o bloco acima do embasamento do centro cultural. Pensando nas conexões entre cada uso, optou-se por deixar as circulações verticais externas em relação ao edifício, e com isso houve a implantação dos Bloco 03
Bloco 02
Bloco B
Bloco 01 Bloco A
Bloco C
88
Bloco 01
Figura 71 - Vista esquemática do projeto. Fonte: Acervo pessoal, 2018. Legenda Edifício Bloco 01 - Centro cultural Bloco 02 - Cohousing Bloco 03 - Coworking Circulação vertical Bloco A - Acesso centro cultural e auditório no subsolo Bloco B - Acesso cohousing e coworking, com escada de emergência Bloco C - Escada de emergência cohousing e centro cultural
MORAR E TRABALHAR, COMPARTILHAR E VIVER|
blocos localizados na imagem abaixo (a fazer), gerando o volume final de projeto. Térreo A praça do térreo é toda voltada para atividades livres, como danças, brincadeiras, exercícios, etc. Ela é o ponto de encontro da cidade, das pessoas que frequentam o bairro, que vão ao centro cultural, das pessoas que vão trabalhar no coworking, e dos moradores do cohousing, é o grande jardim que unifica tudo como um uso compartilhado e uma proposta de refúgio para a cidade. Ela é a peça central dessa mistura de programas que acontecem no projeto, ou seja, é a praça pública da cidade e o quintal dos moradores e trabalhadores. Para a praça (Figura 72, p.90), foi proposta grandes áreas como a escada arquibancada, que serve como palco para atividades variadas e livres; área verde com árvores, arbustos e bambu; área com o piso de cascalho, que é composto por blocos quadrados de pedra, como um caminho entre o piso, e é destinado para alguns brinquedos de playground, como balanço e escorregador; outra área com o piso de pedras brancas, que é uma área destinada para bancos e um deck de madeira que serve como palco de uso livre; e um grande espelho d’água, como um dos principais fatores de integração e imaginação que a água estimula nas pessoas, e
é composto por blocos quadrados de diferentes alturas e criam um jogo de caminhos que possibilitam a passagem e a permanência. A água tem o curioso poder de estimular a imaginação e de nos conscientizar sobre as possibilidades da vida. É uma matéria monocromática, aparentemente pigmentada, mas de fato incolor: um mundo monocromático em que se distinguem gradações infinitas de cor que a própria água reflete, fazendo as vezes de espelho. Acredito que exista uma ligação profunda entre a água e o espírito humano. (ANDO,2011 in FOLHA DE SÃO PAULO (JORNAL) p.72)
No térreo também está localizado os acessos para os andares superiores; o bloco A é composto por elevadores e uma escada de passeio que dão acesso ao auditório no subsolo e aos pavimentos do centro cultural; o bloco B é o acesso para os moradores e trabalhadores do cohousing e coworking, com uma torre de elevadores, escada de emergência e passarela que conectam os dois usos; e por último o bloco C é composto apenas por uma escada de emergência que atende todos os pavimentos do edifício.
89
RUA GALVÃO BUENO
01
A
02 10.80
03 10.80
04 10.80
10.80
RUA BARÃO DE IGUAPE
HOSPITAL BANDEIRANTES
05 10.80
D
6
B
10.80
PROJEÇÃO COHOUSING
C
1
D 13.60
10.80
B
8 0.00
7 10.80
E
A
2 3
1
3
F PROJEÇÃO CENTRO CULTURAL
5 D
90
RUA DA GLÓRIA
MORAR E TRABALHAR, COMPARTILHAR E VIVER| D
2
Figura 72 - Implantação. Fonte: Acervo pessoal, 2018.
5.00
Legenda 1 - Acesso Centro Cultural 2 - Área verde 3 - Deck de madeira 4 - Escada Arquibancada 5 - Espelho d'água 6 - Piso de cascalho 7 - Piso com pedras brancas 8 - Recepção cohousing e coworking
4.50
07
09 15.84
RUA AMÉRICO DE CAMPOS
PROJEÇÃO COWORKING
3.50
2 2.50
4
B
1.50 A
0.50
D
IMPLANTAÇÃO TÉRREO | 0.00 0m
5m
10m
20m
91
Edifício O programa do centro cultural é composto por salas de danças, músicas, oficinas, práticas recreativas, exercícios de meditação, área de exposição, auditório, restaurante e café, divididos em três pavimentos, o primeiro, segundo e o terceiro pavimento que é um grande terraço com vistas livres para o bairro e o entorno. O coworking tem o programa dividido entre escritórios compartilhados e individuais, com laboratórios, salas de reunião e café, distribuído em dois pavimentos, o quarto e quinto. Todo o programa está contido na parte interna das plantas, pois todos os ambientes possuem varanda fechada com vidro internamente e brise externamente. O cohousing possui apartamentos de um a três dormitórios, todos com varanda, o programa está contido no quarto e quinto pavimento também, porém, metade do quarto pavimento tem o uso compartilhado, composto apenas por uma cozinha comunitária, que pode ser usada como salão de festas, e é onde realizam as refeições em comunidade, uma lavanderia e brinquedoteca, pois a intenção é compartilhar o uso do edifício todo, então os moradores podem usufruir do centro cultural e da praça, mantendo uma relação colaborativa. A cobertura, exclusiva dos moradores e 92
trabalhadores do coworking, é destinado a horta comunitária, para estimular mais relações entre eles, e uma alimentação mais saudável. A estrutura do edifício é em concreto, as torres de escada de emergência e elevadores também são em concreto, já as passarelas e a escada de passeio é de estrutura metálica. Os blocos de circulação vertical são fechados com o sistema spider glass, que os diferencia do edifício, criando blocos de cheios e vazios na volumetria. Para a fachada do centro cultural, foi utilizado vidro translúcido branco em formatos triangulares, como um partido projetual, a escolha do vidro foi devido à intenção de não deixar tudo transparente e opaco, a sensação do vidro translúcido branco remete ao papel washi, muito utilizado na cultura oriental. As fachadas do coworking e cohousing são compostas por brises metálicos de madeira de correr, que geram uma mobilidade na fachada, e faz com que as pessoas participem ativamente do controle da iluminação e ventilação do ambiente.
MORAR E TRABALHAR, COMPARTILHAR E VIVER|
N
01
02
03
10.80
10.80
04
05
10.80
06
10.80
21.60
D
9
14 14 14 14
C
13.60
14 14 B
E
12 10.80
9 A
5 7
F
2
1
13
6 6
11
6 6
B
14 14
9
4
3
10
10
A
8 D
Figura 73 - Planta subsolo. Fonte: Acervo pessoal, 2018.
PLANTA SUBSOLO | -6.10 0m
5m
10m
20m
Legenda 1 - Área de carga e descarga 2 - Área de coleta de lixo 3 - Área técnica 4 - Auditório
5 - Cabine de força 6 - Camarim 7 - Centro de medição 8 - Depósito 9 - Estacionamento
10 - Foyer + Café 11 - Palco 12 - Sala do gerador 13 - Sanitários 14 - Reservatório inferior 93
N
01
02
03
10.80
04
10.80
05
10.80
10.80
06
08 10.80
10 10.80
10.80
A
4
B 10.80
D
2
C
2
1
3
3
13.60
10.80
D
3 3
11
B
B
7
10
E
5
11
5
13
10.80
8 A
6
F
9
A
D
Figura 74 - Planta primeiro pavimento. Fonte: Acervo pessoal, 2018.
PLANTA PRIMEIRO PAVIMENTO | +7.70 0m
5m
10m
20m
Legenda 1 - Convivência 2 - Depósito 3 - Sanitário 4 - Arquibancada uso livre 94
5 - Dança livre 6 - Dança tradicional chinesa 7 - Dança tradicional coreana 8 - Dança tradicional japonesa 9 - Exposições/Multiuso
10 - Sala geral de dança e expressões corporais 11 - Sala de kung fu 12 - Sala multifuncional 13 - Sala de tai chi chuan
MORAR E TRABALHAR, COMPARTILHAR E VIVER|
N
01
02
03
10.80
04
10.80
05
10.80
10.80
06
08 10.80
10 10.80
10.80
A
B 10.80
D
2
C
14 13.60
10.80
D
2
3 3
10
1
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15 3
B
B
19
9
17 8
E 10.80
20 A
6
12 7
F
17
4
11 5
13
16 13
18
A
1 D
Figura 75 - Planta segundo pavimento. Fonte: Acervo pessoal, 2018.
PLANTA SEGUNDO PAVIMENTO | +11.90 0m
5m
10m
Legenda 1 - Convivência 2 - Depósito 3 - Sanitário 4 - Administração 5 - Biwa 6 - Bonsai
20m
7 - Cerâmica 8 - Cerimônia do chá 9 - Ikebana 10 - Kirigami 11 - Koto 12 - Mangá 13 - Oficina de culinária
14 - Origami 15 - Restaurante 16 - Sala geral de música 17 - Sala multifuncional 18 - Shamisen 19 - Shodô 20 - Sumiê 95
N
01
02
03
10.80
04
10.80
10.80
05 10.80
06
08 10.80
10
C
10.80
10.80
A
B
D 10.80
4 2
C
2
3 3
13.60
10.80
D
B
3
9
13
8
6
3 B
5
12
E
7
10.80
7 A
7
11
10
7
A
F
D
Figura 76 - Planta terceiro pavimento. Fonte: Acervo pessoal, 2018.
PLANTA TERCEIRO PAVIMENTO | +16.10 0m
5m
10m
Legenda 1 - Convivência 2 - Depósito 3 - Sanitário 4 - Biblioteca 5 - Café 96
C
20m
6 - Chi kung 7 - Deck de madeira práticas ao ar livre 8 - Lian gong 9 - Meditação 10 - Sala de board game
e card game 11 - Sala de práticas recreativas 12 - Sala de vídeo game 13 - Yoga
MORAR E TRABALHAR, COMPARTILHAR E VIVER|
N
01
02
03
10.80
04
10.80
05
10.80
06
08
10.80
A
10.80
11
6
7
10.80
10 6
B
D 10.80
8 13.60
D
5 7
10
6
11
C
10.80
10
10.80
10 9
3
11
6
10
B
B
2
E
2
2
2
2
2
2
2
6
6 10
10.80
11 1
A F
11
4
A
11
D
Figura 77 - Planta quarto pavimento. Fonte: Acervo pessoal, 2018.
PLANTA QUARTO PAVIMENTO | +20.40 0m
5m
10m
Legenda 1 - Administração 2 - Apartamentos 3 - Brinquedoteca
20m
4 - Café 5 - Despensa 6 - Laboratórios 7 - Lab. de culinária
8 - Lavanderia 9 - Salão/ Cozinha comunitária 10 - Reunião 11 - Varandas 97
N
01
02
03
10.80
04
10.80
05
10.80
06
08
10.80
10.80
11
A
10.80
7 7
7 7 7
B
D
11 10.80
11 1
C
1
11 1
1
1
1
1
13.60
10.80
7
7
6
10
11
4 3
2
D
B
B
1
E
1
1
1
1
1
1
8
1
11
5
11
10.80
11
9
A F
A
11 D
0m
5m
10m
20m
Legenda 1 - Apartamentos 2 - Apoio/ DML 3 - Arquivo/ almoxarifado
C
Figura 78 - Planta terceiro pavimento. Fonte: Acervo pessoal, 2018.
PLANTA QUINTO PAVIMENTO | +24.20
98
10
C
10.80
4 - Central de impressão 5 - Copa 6 - Copeira 7 - Escritórios individuais
8 - Estar 9 - Estúdio compartilhado 10 - Sala de estar compartilhada 11 - Varandas
MORAR E TRABALHAR, COMPARTILHAR E VIVER|
N
C
D
1 1 B
B
A
A
D
PLANTA COBERTURA | +28.00 0m
5m
10m
20m
C
Figura 79 - Planta cobertura. Fonte: Acervo pessoal, 2018.
Legenda 1 - Horta comunitรกria 99
01
02 10.80
03 10.80
04 10.80
05
06 07
10.80
10.80
08 15.84
10.80
09
10
3.80
28.00
3.80
24.20
Ampliação 01
4.30
20.40
4.20
16.10
7.70
7.70
4.20
11.90
6.10
0.00
-9.15
3.05
-6.10
Figura 80 - Corte A. Fonte: Acervo pessoal, 2018.
CORTE A-A 0m
5m
10m
20m
01
02 10.80
03 10.80
04 10.80
05 10.80
06 07
10.80
08 15.84
10.80
09
10
3.80
28.00
3.80
24.20
4.30
20.40
4.20
16.10
7.70
7.70
4.20
11.90
6.10
0.00
-9.15
3.05
-6.10
CORTE B-B 0m
100
5m
10m
20m
Figura 81 - Corte B. Fonte: Acervo pessoal, 2018.
MORAR E TRABALHAR, COMPARTILHAR E VIVER|
F
E 10.80
D 10.80
B 10.80
A 10.80
3.80
28.00
3.80
24.20
4.30
20.40
4.20
16.10
7.70
7.70
4.20
11.90
0.00
Figura 82 - Corte C. Fonte: Acervo pessoal, 2018.
CORTE C-C 0m
5m
10m
20m
01
02 10.80
03 13.60
3.80
28.00
3.80
24.20
4.30
20.40
4.20
16.10
7.70
7.70
4.20
11.90
6.10
0.00
-6.10
CORTE D-D 0m
5m
10m
20m
Figura 83 - Corte D. Fonte: Acervo pessoal, 2018. 101
ELEVAÇÃO RUA BARÃO DE IGUAPE 0m
5m
10m
20m
ELEVAÇÃO RUA DA GLÓRIA 0m
5m
10m
20m
ELEVAÇÃO RUA AMÉRICO DE CAMPOS 0m
102
5m
10m
20m
Figura 84 - Elevação Barão de Iguape. Fonte: Acervo pessoal, 2018.
Figura 85 - Elevação Rua da Glória. Fonte: Acervo pessoal, 2018.
Figura 86 - Elevação Américo de Campos. Fonte: Acervo pessoal, 2018.
MORAR E TRABALHAR, COMPARTILHAR E VIVER| Viga metálica 20cm x 40 cm Laje de concreto Pilar metálico 40cm x 40cm Sistema spider glass Tirante cabo de aço Vidro temperado laminado 10mm
Guarda-corpo em aço Estrutura metálica com piso em madeira
Figura 87 - Ampliação 01. Fonte: Acervo pessoal, 2018. 103
104
Figura 88 - Perspectiva do espelho d'Ă gua. Fonte: Acervo pessoal, 2018.
105
106
Figura 89 - Perspectiva da Rua GalvĂŁo Bueno. Fonte: Acervo pessoal, 2018.
107
108
Figura 90 - Perspectiva da Rua BarĂŁo de Iguape. Fonte: Acervo pessoal, 2018.
109
110
Figura 91 - Perspectiva da Rua da Glรณria. Fonte: Acervo pessoal, 2018.
111
MORAR E TRABALHAR, COMPARTILHAR E VIVER|
CONSIDERAÇÕES FINAIS O projeto faz parte de uma nova experiência de usos no bairro da Liberdade, é proposto o uso misto de moradia, trabalho e cultura, que juntos, fazem uma integração com o bairro, a população e seus espaços. A intenção foi compartilhar tudo; a praça, a estrutura, as circulações e os programas como unificadores do conjunto todo. Para a inserção do cohousing, foi utilizado apenas os ideias de moradia visto no capítulo 03, o objetivo era ter uma moradia fora dos padrões encontrados hoje em dia na cidade, como os condomínios privados, para que se crie maiores inspirações e a população perca o medo de
viver fora dos muros, para que derrubem essas barreiras e se unifiquem com a cidade. A intenção é acabar com a solidão das pessoas, diminuir o isolamento que as pessoas se submetem, e instigar relações humanas e duradouras, para que possam usufruir dos momentos e do lazer que uma boa cidade, um bom espaço público e uma arquitetura qualitativa podem oferecer. Além do programa público, voltado para toda a comunidade que vive no bairro, e possam ter mais espaços e maiores, para realizar todas as atividades que já praticam e enriquecem culturalmente o bairro da Liberdade.
113
LISTA DE FIGURAS
114
Figura 01 - Paisagem do Centro de São Paulo.
Figura 07 - Skyline de Shanghai - China em 1990.
Fonte: Flavio Veloso, 2011. Disponível em: <https://
Fonte: Mega Curioso, s/d. Disponível em: <https://www.
www.flickr.com/photos/flavioveloso/7296609260/in/
megacurioso.com.br/historia-e-geografia/71476-confira-
album-72157629955886146/>. Acesso em: 27 de ago.
27-imagens-impressionantes-de-cidades-antes-e-depois.
2017
htm>. Acesso em: 21 de maio 2018.
Figura 02 - Avenida Paulista e MASP em São Paulo.
Figura 08 - Skyline de Shanghai - China em 2014.
Fonte: Pure Viagem, 2015. Disponível em: <http://
Fonte: Mega Curioso, s/d. Disponível em: <https://www.
www.pureviagem.com.br/noticia/sao-paulo-onde-se-
megacurioso.com.br/historia-e-geografia/71476-confira-
hospedar-na-regiao-da-avenida-paulista_a6176/1>.
27-imagens-impressionantes-de-cidades-antes-e-depois.
Acesso em: 27 de ago. 2017
htm>. Acesso em: 21 de maio 2018.
Figura 03 - Mott Street em Nova York, entre 1800 e 1900,
Figura 09 - Skyline de Tóquio - Japão em 1945.
rua disputada entre pessoas e carroças.
Fonte: Mega Curioso, s/d. Disponível em: <https://www.
Fonte: History Daily, s/d. Disponível em: < http://
megacurioso.com.br/historia-e-geografia/71476-confira-
historydaily.org/america-streets-before-cars?utm_
27-imagens-impressionantes-de-cidades-antes-e-depois.
content=buffera41c5&utm_medium=social&utm_
htm>. Acesso em: 21 de maio 2018.
source=twitter.com&utm_campaign=buffer>. Acesso em:
Figura 10 - Skyline de Tóquio - Japão em 2013.
21 de maio 2018.
Fonte: Mega Curioso, s/d. Disponível em: <https://www.
Figura 04 - Mott Street em 2012, atual Chinatown, rua com
megacurioso.com.br/historia-e-geografia/71476-confira-
carros e calçadas apertadas para os pedestres.
27-imagens-impressionantes-de-cidades-antes-e-depois.
Fonte: NYClovesNYC, 2012. Disponível em: <http://
htm>. Acesso em: 21 de maio 2018.
nyclovesnyc.blogspot.com.br/2012/07/mott-street-
Figura 11 - Avenida Paulista cheia em um domingo com a
chinatown.html>. Acesso em: 21 de maio 2018.
rua fechada para pedestres.
Figura 05 - Favela da Rocinha, Rio de Janeiro.
Fonte: G1 Globo, 2016. Disponível em: <http://g1.globo.
Fonte: Rocinha ORG, 2011. Disponível em: <http://www.
com/sao-paulo/noticia/2016/06/prefeitura-de-sp-
rocinha.org/rocinhanarede/view.asp?id=181>.
oficializa-fechamento-da-av-paulista-aos-domingos.
Acesso
em: 21 de maio 2018.
html>. Acesso em: 21 de maio 2018.
Figura 06 - Poluição na cidade de Pequim, China.
Figura 12 - Plinth em uma rua de Plaka, em Atenas,
Fonte: G1 Globo, 2015. Disponível em: <http://
conexão entre espaço público e privado, maior sensação
g1.globo.com/natureza/noticia/2015/12/pequim-
de segurança.
decreta-segundo-alerta-vermelho-por-poluicao-do-
Fonte: Dreamstime, 2015. Disponível em: <https://
ar-20151218141503535170.html>. Acesso em: 21 de maio
www.dreamstime.com/editorial-photo-athens-greece-
2018.
september-tourists-enjoying-their-time-famous-paka-
MORAR E TRABALHAR, COMPARTILHAR E VIVER|
coffee-shops-image59597151>. Acesso em: 22 de maio
Figura 18 - Imagem do High Line, em Nova York, em uma
2018.
sexta-feira. Projeto que propicia espaços para atividades
Figura 13 - Uma rua da cidade de Denver, nos Estados
humanas, permanência e lazer.
Unidos, que possui projetos para tranformar e tornar a
Fonte: New York Times, 2011. Disponível em: <https://
cidade mais caminhável. A rua é propicia para caminhar,
www.nytimes.com/2011/08/28/fashion/the-high-line-by-
por causa da sua largura, mesas de restaurantes, lojas
day-and-night-nyc.html>. Acesso em: 22 de maio 2018.
abertas, arborizada, etc.
Figura 19 - Rambla, em Barcelona.
Fonte: Walk Denver Org, 2013. Disponível em: <http://
Fonte:
www.walkdenver.org/walkdenver-announces-vision-to-
www.barcelonas.com/barcelona-ramblas-museums.
make-denver-the-most-walkable-city-in-the-country/>.
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Figura 14 - Vista do caminho da Esplanada dos Ministérios
Figura 20 - Vista do Jardim de Luxemburgo, em Paris.
em Brasília, em um dia de protesto. Na foto: ruas largas e
Fonte: Viajar em família, 2015. Disponível em: <https://
prédios distantes, nada propício para andar a pé.
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Figura 15 - Perspectiva ilustrativa de parklet em São Paulo.
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Figura 22 - Pessoas dançando em um domingo na Avenida
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Fonte: Acervo pessoal, 2018.
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Figura 23 - Térreo do Conjunto Nacional com diversos
Figura 16 - Viaduto antes do projeto de revitalização do
usos, em um dia de semana à tarde, pessoas sentadas,
córrego Cheonggyecheon, em Seoul.
andando e ao fundo, uma exposição.
Fonte: Conen, 2017. Disponível em: <https://conen.com.
Fonte: Acervo pessoal, 2018.
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Figura 24 - Avenida Paulista fechada em um domingo, rua
Acesso em: 22 de maio 2018.
mais caminhável e cheia de interações.
Figura 17 - Projeto finalizado, valorização da cidade, da
Fonte: Acervo pessoal, 2018.
cultura, do espaço e da natureza.
Figura 25 - Parque Ibirapuera cheio em um domingo.
Fonte: Conen, 2017. Disponível em: <https://conen.com.
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Figura 26 - Moradores de uma cohousing na hora da
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refeição em conjunto.
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Fonte: Archdaily, 2017. Disponível em: <https://www.
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mendes-da-rocha-e-mmbb-e-inaugurado-em-sao-
Figura 27 - Exemplo de uma implantação de cohousing,
paulo>. Acesso em: 13 de dez. 2017.
com o pátio central.
Figura 33 - Térreo da Rua 24 de Maio, fachada com
Fonte: SãoPaulo São, 2017. Disponível em: <https://
transparência que reflete o entorno e mostra o programa
saopaulosao.com.br/nossos-caminhos/3350-cohousing-
interno.
tambem-pode-ser-a-solucao-para-a-moradia-de-idosos.
Fonte: Archdaily, 2017. Disponível em: <https://www.
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Figura 28 - Startup Kurgo, em Massachusetts nos Estados
mendes-da-rocha-e-mmbb-e-inaugurado-em-sao-
Unidos, produz brinquedos caninos e equipamentos de
paulo>. Acesso em: 13 de dez. 2017.
viagem. O ambiente do escritório possui áreas para os
Figura 34 - Foto do espelho d’água, e ao fundo o centro
animais de estimação ficarem, permitindo um ambiente
da cidade.
descontraído e confortável.
Fonte: Acervo pessoal, 2017.
Fonte: Kurgo, s/d. Disponível em: <https://www.kurgo.
Figura 35 - Foto do terceiro pavimento do Sesc, voltado
com/kurgo-2015-office-redesign/>. Acesso em: 22 de
para a Rua Dom José de Barros, o edifício se abre para a
maio 2018.
cidade, sem negar o seu vizinho.
Figura 29 - Espaço de coworking gratuito inaugurado pelo
Fonte: Acervo pessoal, 2017.
Google, em São Paulo.
Figura 36 - Foto da rampa que conecta todos os
Fonte: Guia da Semana, 2016. Disponível em: <https://
pavimentos, induz o visitante a andar e passar por todos
www.guiadasemana.com.br/turismo/noticia/google-
os andares, podendo conferir todas as atividades que o
inaugura-espaco-gratuito-de-coworking-em-sp>. Acesso
Sesc dispõe ao público.
em: 17 de mai. de 2018.
Fonte: Acervo pessoal, 2017.
Figura 30 - Centro de São Paulo, Viaduto do Chá.
Figura 37 - Vista de quem anda pelo espelho d'água até
Fonte: Guia viagens Brasil, s/d. Disponível em: <https://
o guarda-corpo e consegue ter uma vista gratificante de
www.guiaviagensbrasil.com/galerias/sp/fotos-do-
como é o centro de São Paulo.
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Fonte: Acervo pessoal, 2017.
Figura 31 - Esquina do Sesc 24 de Maio. Relação com a rua
Figura 38 - Vista do Japan House do outro lado da Avenida
e o entorno.
Paulista, em um domingo.
Fonte: Archdaily, 2017. Disponível em: <https://www.
Fonte: Acervo pessoal, 2018.
MORAR E TRABALHAR, COMPARTILHAR E VIVER|
Figura 39 - Vista da entrada, relação com o pedestre,
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entrada convidativa.
Acesso em: 27 de ago. de 2018.
Fonte: Acervo pessoal, 2018.
Figura 46 - Planta do térreo.
Figura 40 - Fachada do projeto com a luz artificial. Detalhe
Fonte: Modificado a partir de imagem do Archdaily,
das ripas de madeira.
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Fonte: Bunkyo Org, 2018. Disponível em: <http://
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Figura 47 - Planta do primeiro pavimento.
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Fonte: Modificado a partir de imagem do Archdaily,
Acesso em: 23 de maio 2018.
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Figura 41 - Detalhe da fachada de madeira e a relação
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criada com o cobogó, harmonia entre o antigo e a
ago. de 2018.
tecnologia.
Figura 48 - Planta típica, terceiro ao sexto pavimento.
Fonte: AECweb, s/d. Disponível em: <https://www.
Fonte: Modificado a partir de imagem do Archdaily,
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ago. de 2018.
Figura 42 - Vista do jardim da parte interna do projeto,
Figura 49 - Planta do sétimo pavimento.
ao fundo uso do bambu como vegetação lateral e uso de
Fonte: Modificado a partir de imagem do Archdaily,
pedra branca no piso, que remete ao jardim japonês.
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Fonte: Acervo pessoal, 2018.
br/768985/hit3-alejandro-gawianski>. Acesso em: 27 de
Figura 43 - Fachada lateral, cobogó de concreto de alto
ago. de 2018.
desempenho.
Figura 50 - Planta do oitavo pavimento.
Fonte: Arco Web, s/d. Disponível em: <https://www.
Fonte: Modificado a partir de imagem do Archdaily,
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br/768985/hit3-alejandro-gawianski>. Acesso em: 27 de
maio 2018.
ago. de 2018.
Figura 44 - Imagem do projeto.
Figura 51 - Detalhe ao efeito ondulante da fachada, na
Fonte: Archdaily, 2015. Disponível em: < https://www.
parte interna do projeto, em um dos pavimentos.
archdaily.com.br/br/768985/hit3-alejandro-gawianski>.
Fonte: Archdaily, 2015. Disponível em: <https://www.
Acesso em: 27 de ago. de 2018.
archdaily.com.br/br/768985/hit3-alejandro-gawianski>.
Figura 45 - Vista da varanda no último pavimento, relação
Acesso em: 27 de ago. de 2018.
com o seu entorno.
Figura 52 - Detalhe da fachada externamente, ripas
Fonte: Archdaily, 2015. Disponível em: <https://www.
colocadas em diferentes ângulos, criando um efeito de
117
118
movimento e jogo de luz e sombra ao decorrer do dia.
mar. de 2018.
Fonte: Archdaily, 2015. Disponível em: <https://www.
Figura 62 - Território de cultura Paulista/Luz.
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Figura 54 - Localização do distrito, do bairro segundo
Figura 64 - Implantação do projeto Centro Aberto na Rua
o Google Maps e da área que as pessoas definem como
Galvão Bueno.
bairro da Liberdade.
Fonte: Centro aberto, 2017.
Fonte: Modificado a partir de mapa do Google Earth, 2017.
Figura 65 - Rua Galvão Bueno antes do Centro Aberto.
Figura 55 - Área mais conhecida e acessada do bairro.
Fonte: Passear e fotografar, 2014. Disponível em: <http://
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estações de metrô e principais ruas.
Figura 66 - Rua Galvão Bueno após o projeto Centro aberto
Fonte: Modificado a partir de mapa do Google Earth, 2017.
e faixa de pedestre, em uma sexta feira.
Figura 57 - Praça Almeida Júnior, serve apenas de
Fonte: Acervo pessoal, 2017.
passagem para pedestres.
Figura 67 - Perspectiva geral do projeto.
Fonte: Acervo pessoal, 2017.
Fonte: Acervo pessoal, 2017.
Figura 58 - Comércio fechando na Galvão Bueno, às 18
Figura 68 - Mapa da proposta para o bairro.
horas, horário de verão.
Fonte: Acervo pessoal, 2017.
Fonte: Acervo pessoal, 2017.
Figura 69 - Mapa pontos de luz noturno.
Figura 59 - Arredores da Estação da Liberdade em dias de
Fonte: Acervo pessoal, 2017.
semana.
Figura 70 - Mapa usos no térreo do entorno imediato.
Fonte: Acervo pessoal, 2017.
Fonte: Acervo pessoal, 2018.
Figura 60 - Bancos na Galvão Bueno em dias de semana.
Figura 71 - Vista esquemática do projeto.
Fonte: Acervo pessoal, 2017.
Fonte: Acervo pessoal, 2018.
Figura 61 - Áreas de TCIP delimitadas no PDE 2014.
Figura 72 - Implantação.
Fonte: Gestão Urbana, 2014. Disponível em: < http://
Fonte: Acervo pessoal, 2018.
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Fonte: Acervo pessoal, 2018.
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Figura 74 - Planta primeiro pavimento.
Figura 91 - Perspectiva da Rua da Glória.
Fonte: Acervo pessoal, 2018.
Fonte: Acervo pessoal, 2018.
Figura 75 - Planta segundo pavimento. Fonte: Acervo pessoal, 2018. Figura 76 - Planta terceiro pavimento. Fonte: Acervo pessoal, 2018. Figura 77 - Planta quarto pavimento. Fonte: Acervo pessoal, 2018. Figura 78 - Planta quinto pavimento. Fonte: Acervo pessoal, 2018. Figura 79 - Planta cobertura. Fonte: Acervo pessoal, 2018. Figura 80 - Corte A. Fonte: Acervo pessoal, 2018. Figura 81 - Corte B. Fonte: Acervo pessoal, 2018. Figura 82 - Corte C. Fonte: Acervo pessoal, 2018. Figura 83 - Corte D. Fonte: Acervo pessoal, 2018. Figura 84 - Elevação Barão de Iguape. Fonte: Acervo pessoal, 2018. Figura 85 - Elevação Rua da Glória. Fonte: Acervo pessoal, 2018. Figura 86 - Elevação Américo de Campos. Fonte: Acervo pessoal, 2018. Figura 87 - Ampliação 01. Fonte: Acervo pessoal, 2018. Figura 88 - Perspectiva do espelho d'água. Fonte: Acervo pessoal, 2018. Figura 89 - Perspectiva da Rua Galvão Bueno. Fonte: Acervo pessoal, 2018. Figura 90 - Perspectiva da Rua Barão de Iguape. Fonte: Acervo pessoal, 2018.
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