A Galeria Projecto - ROOM I e II - República das Artes.V.N. Cerveira_2017

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Galeria Projecto 2017 República das Artes

Associação Projecto Núcleo de Desenvolvimento Cultural Largo 15 de Fevereiro, nº 21 Vila Nova de Cerveira


Galeria Projecto 2017 RepĂşblica das Artes

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Galeria Projecto 2017 República das Artes A Galeria Projecto - República das Artes afirma-se como um espaço expositivo com uma estratégia de apresentação de trabalhos em project room, que se pode cunhar como um laboratório das artes de carácter experimental. Neste campo de ação, a Galeria Projecto, assume-se como uma hipótese entre o espaço comprometido da galeria e o espaço criativo do atelier do artista. Valoriza-se assim um espaço expositivo intermédio, em que o artista pode experienciar e testar as suas ideias iniciais, sem ter de assumir uma atitude programática como o que os espaços convencionais normalmente requerem. Com esta atitude os promotores deste espaço, reconhecem a dificuldade para os artistas em acederem a espaços transitivos – between – onde o processo criativo desenvolve-se de uma forma espontânea e ainda não sujeito a uma formatação. No sentido de contrariar esta lacuna no panorama cultural, optou-se por desenvolver uma atitude que assume o processo criativo, como um elemento dinâmico da produção artística e, para isso, disponibilizou-se este espaço aos artistas para estes poderem correr riscos, confrontarem expectativas e aprenderem a partir delas.

DEZEMBRO JANEIRO

FEVEREIRO MARÇO ABRIL

Benedita Santos

Celeste Cerqueira

EXPOSIÇÃO

ARTISTAS

2017

SILVESTRE PESTANA / CELESTE CERQUEIRA

Insónia

Deixa passar

MARÇO ABRIL

JUNHO AGOSTO SETEMBRO

Colectiva:

XIX Bienal:

Inês Silva Tiago Loureiro Carolina Aguiam

Rita Roque Carolina Grilo Santos

Forma

Constelação Coração Newton’s Cradle

Residência artística:

NOVEMBRO

DEZEMBRO

Clara Não

Diana Geiroto Gonçalves

Carla Filipe Jérémy Pajeanc Jorge Lourenço Maria Trabulo Misha B. Golas Pedro Magalhães

COMO VIVIR XUNTOS? “las mamás son hodidas"

Fiz esta exposição para ti.

Mapas das sombras Internas

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BENEDITA SANTOS INSÓNIA

Curadoria Carolina Grilo Santos Insónia de Benedita Santos surge de uma problemática pessoal e ansiedade derivada da instabilidade causada pela privação de sono. Partindo deste conceito, desenvolve-se uma série narrativa visual, representativa das diversas emoções e fases recorrentes durante este processo psicológico de vulnerabilidade que o estado de dormência permite. Resultante de diversos momentos de inércia e movimento, consciente e inconsciente, revelando diversos padrões orgânicos criados como instrumento de desenho, assumindo o registo performativo do corpo é, consequentemente, uma sugestão de um acontecimento, permitindo ao espectador especular a situação retratada. Deste modo, insónia apresenta-se como um método quase terapêutico de explorar o íntimo de forma pública, transpondo esses momentos em registos visuais que provoquem uma imersão. Aqui está sempre presente a sensação de invasão dum momento privado e de voyerismo, devido ao recurso da representação ao invés da encenação do que é representado. Num ambiente cénico especulativo, ao ser retirada a figuração da representação visual, é criada a sensação de expectativa para quem o confronta, deixando ao imaginário toda a acção que possa ou não ter ocorrido. 5


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Benedita Santos nasceu em 1993. Vive e trabalha no Porto, Portugal. Benedita Santos é licenciada em Pintura pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, possui uma pós-graduação em Estudos Museológicos e Curadoriais e é estudante do 1o ano do Mestrado em Pintura, na mesma instituição. Expõe regularmente desde 2013, desenvolvendo trabalho em torno da identidade, o corpo humano e a percepção feminina, em específico sobre a figuração na pintura contemporânea.

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CELESTE CERQUEIRA DEIXA PASSAR

O trabalho artístico que tenho vindo a desenvolver reflecte sobre o exercício do poder político e a inscrição do sujeito na acção do social. Considero que presentemente o sujeito emerge de uterreno pantanoso delimitado pela comunicação social, em que a sua vontade é moldada pelos discursos de propaganda que, ultimamente, nomeiam-se como pós-verdade. Pois, esta dinâmica entre o sujeito / cidadão encontra-se enredada nas ilusões divulgadas pelo poder político, que apenas lhe concebe a individualidade enquanto a sua opinião coincidir com as premissas expressas pelo poder vigente. Deste modo, trata-se de remeter para o domínio da arte e para a sua capacidade de interpelação enquanto veículo de acção no mundo que a envolve.

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CAROLINA AGUIAM INÊS SILVA TIAGO LOUREIRO FORMA Curadoria Carolina Grilo Santos

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DE QUE FORMA? Uma exposição coletiva que propõe evidenciar e questionar o facto de a forma estar presente em tudo. Aliando a escultura com instalações, os artistas percorrem temas minimalistas, conceptuais e realistas. Os volumes visíveis e invisíveis da forma presentes em cada obra constroem uma imagem que ocupa um novo espaço. A forma é essencial para que consigamos identificar um objeto. Nestas obras apesar de existir simplicidade de matéria, somos confrontados com a dificuldade da forma se abstrair do seu estado natural e criar por si mesma um novo estado orgânico, livre e suscetível a novas interpretações.

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RITA ROQUE CONSTELAÇÃO CORAÇÃO

Para a sala com o número 22 do ROOM II na República das Artes sede da Associação Projecto, NDC integrada na XIX Bienal de Cerveira 2017; Rita Roque apresenta uma triangulação muito crua, da obra Constelação Coração, uma instalação em site specific, onde dá a conhecer um poema escrito à mão, uma ilustração original, e a reprodução desse mesmo desenho,- desse duplo, apresentado em lona. Escreveu Susan Sontag no ensaio "Notes on 'Camp'": "What is most beautiful in virile men is something feminine; what is most beautiful in feminine women is something masculine." Rita Roque guia-se por esse aparente paradoxo, onde o mais bonito no mais viril dos homens é o seu lado feminino — e vice-versa. Os seus retratos espelham-no e pintam um universo marcadamente livre de género, apresentando personagens que têm dois mundos, mulheres com resquícios de barba, ou homens com maquilhagem sem tempo. Constelação Coração, trabalho apresentado para a República das Artes inserido no programa da XIX Bienal de Cerveira 2017, apresenta um dos desenhos favoritos da autora, um desenho sem título criado em 2013, que funciona como uma espécie de alter ego, onde podemos ver a imagem de um performer ou de um actor de uma commedia dell'arte em tronco nú que questiona os seus sinais como se fossem a constelação do seu coração, desdobrando as suas formas e dando lugar ao amor.

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CAROLINA GRILO SANTOS NEWTON’S CRADLE

Parte da estruturação do dispositivo é a planificação da força exercida — um sistema de energia que coloca o movimento em cadeia num mesmo plano de acção e pensamento. Dando o nome a este projecto, Newton’s Cradle (ou Pêndulo de Newton) torna-se também o mote para pensar a composição e as relações entre objectos. Como num palco, todas as coisas se colocam no mesmo plano para contar a história em que cada espectador se revê ou interpreta, ainda que as imagens e as peças possam aproximar-se do pensamento do dispositivo, do instrumento, do mar e da viagem para lado algum. É nesta descoberta do corpo marítimo que se entende também a deslocação e a origem de tantas coisas em que se pensa: a expedição, a comunhão de pessoas e ofícios, o manuseamento e o transporte como dispositivo de acção. O ponto de partida dispõe-se então para uma nova viagem que é antes solitária, reflexiva e incerta - o que dizem as imagens?

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CARLA FILIPE JÉRÉMY PAJEANC JORJE LOURENÇO MARIA TRABULO MISHA B. GOLAS PEDRO MAGALHÃES COMO VIVIR XUNTOS as mamás son hodidas

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CLARA NÃO PARA TI

Curadoria Carolina Grilo Santos

Fiz esta exposição para ti, Mas não escrevo para ti, escrevo de mim, por mim, por ti, de ti. Tu és o vento, o meu cabelo avisou-me. ;

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Clara Não é ilustradora, artista plástica, escritora, artista urbana, e outras coisas também, às vezes. Actualmente, vive no Bonfim, Porto, onde está a realizar o seu mestrado em Desenho e Técnicas de Impressão, na Faculdade de Belas Artes da U. Porto. Na mesma instituição, licenciou-se em Design de Comunicação, em 2015. Além disso, Clara especializou-se em Escrita Criativa e Ilustração, na Willem de Kooning Academie, em Roterdão, Holanda. Desde 2012 que participa em exposições, quer colectivas, quer individuais, sendo as mais recentes "o meu coração é esquerdino", na Galeria Cozinha, e "Clara Não Está Online", no Maus Hábitos. Em paralelo, Não participa em feiras de arte, sendo igualmente possível adquirir os seus produtos online e em galerias como: Monstruário Projéctil (Braga, PT), Ó Galeria (Porto, PT), Circus Network (Porto, PT), and House of Illustration (Londres, EN). Com humor e amor, Clara trabalha a ligação entre escrita, desenho e ilustração. Começa por desenvolver um aforismo, trabalhando-o caligráfica e, ou, ilustrativamente.

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DIANA GEIROTO GONÇALVES MAPAS DAS SOMBRAS INTERNAS Curadoria Carolina Grilo Santos

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Mapas das sombras Internas é uma parcela e um momento, um ponto de cruzamento num projecto em construção desde 2016, ainda que o encontro com alguns dos objectos lhe seja anterior. As salas de exposição I e II são denominadas para esta exposição como Sala clara e Sala escura, respectivamente, uma dicotomia que propõe o exercício de visualidade enquanto exercício da atenção. Como é que damos a ver as pequenas coisas, o interior das coisas, qual o seu lugar e como é que o que vemos – ou não vemos – à sua volta pode accionar mecanismos relacionais? A Sala clara traduz esta atenção ao detalhe pela repetição gramática que indicia possíveis conexões entre objectos. É a partir do papel milimétrico enquanto rigor incisivo e da dobra enquanto secção e sobreposição que apareceram sucessivamente determinados nomes no processo de trabalho: primeiro Mapas, seguido de Desenho das sombras interiores e depois Mapa das sombras Internas. Estes nomes não se corrigem uns aos outros, mas definem circuitos, temporalidades específicas, ocasionalmente justapostas ou em loop. Estes mapas, que se apresentam em pequena dimensão (muitas vezes menores do que efectivamente são) apontam para a determinação do lugar de ocupação, que não será apenas esta Sala clara mas a extensão de uma outra, ou outras, a partir das quais vão sendo redefinidos. A Sala Escura é o lugar temporário do Tríptico Retabular, objecto que foi resgatado em 2014 pertencente a uma porta de um palácio em Lisboa, já solta e com as tábuas desencaixadas, prestes a ser deitada fora. Este objecto tem-se desenvolvido lenta e cautelosamente, adquirindo configurações distintas, numa relação quase-preciosista com que se tratariam relíquias históricas. No fundo, não é mais do que três pequenas tábuas de madeira - tão falsamente valiosas quanto as pinturas fingindo mármore dos interiores exuberantes dos palácios – mas às quais se quer tendenciosamente manter uma qualquer remanescência luminosa.

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Diana Geiroto Gonçalves (1991) graduou-se em Pintura pela faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa em 2013. Viveu nesta cidade até 2016, com uma passagem por Gent, (Bélgica) para intercâmbio na formação em Pintura na Faculdade KASK, Gent Universitait, em 2013. Desde 2016 vive e trabalha no Porto, onde frequenta actualmente o Mestrado em Práticas Artísticas Contemporâneas na Faculdade de Belas-Artes. Desde 2012 têm vindo a desenvolver e a integrar projectos de prática e produção artística, dos entre os quais o projecto em colaboração nas Residências Coop (2012, Lisboa) e respectiva exposição D’Avant Stradivarious em Dezembro de 2012; a colaboração entre 2014 e 2015 com o Carpe Diem Arte Pesquisa, enquanto artista residente e produtora e as subsequentes colaborações pontuais em produção com projectos como Temps D’Images, FotoEspanha ou SlowTrack Society Gallery (Madrid) . Em 2017, já no Porto, tem vindo a integrar exposições e projectos colectivos, entre os quais se destacam o Tiro no Espaço, do ciclo de exposições #ForaDentro no Gnration (Braga); e a exposição/residência/colectivo efémero The Missing Revolution, nos Maus Hábitos (Porto). 35


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