Livreto Encontro Nordestino de Produção Cultural Independente

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ENCONTRO NORDESTINO DE PRODUCAO CULTURAL INDEPENDENTE

JOテグ PESSOA 07 DE NOVEMBRO DE 2015



APRESENTAÇÃO O projeto do Encontro Nordestino de Produção Independente, nasceu do olhar sob o rico universo cultural do Nordeste e suas possibilidades de conexões, intercâmbios e vivências – sobretudo sua forte identidade e diversidade cultural. Na Paraíba, através da Fundação Espaço Cultural da Paraíba e da Secretaria de Estado da Cultura, tiveram início os diálogos para a proposta de intercâmbio cultural entre Secretarias, Instituições e Fundações de Cultura do Nordeste, envolvendo também Universidades, Produtores e Artistas Independentes, a fim de criar e solidificar uma rede para difusão e fruição dos bens culturais da região. Numa região composta por nove estados, com uma população estimada em 54.000,00, terceira maior economia do país, com uma representação política de 09 nove governadores, 27 senadores e 150 deputados federais que se sensibilizados podem destinar suas emendas parlamentares para suporte às ações continuadas. A proposta do Encontro, além de debates sobre produção cultural e política pública é viabilizar nove (09) apresentações artísticas, que aconteçam simultaneamente durante nove fins de semana em todos os estados da Região Nordeste, já mobilizados durante as reuniões preparatórias e seguindo calendário de apresentações pré-estabelecido. Cada Secretaria, Fundação ou Instituição Cultural responsável pelas políticas públicas de seu Estado, fica responsável pelo pagamento dos nove cachês e passagens das atrações que circularão até o Estado que irá recebe-las. Ficando, assim cada Estado sede, responsável pela hospedagem e alimentação e produção local. A divulgação das ações da rede será responsabilidade coletiva dos envolvidos no intercâmbio. Confere como objetivos do Encontro Nordestino de Produção Cultural Independente, fomentar propostas culturais de caráter estruturante que promovam o fortalecimento das cadeias produtivas da cultura no âmbito Nordeste, dinamizando a economia da cultura, criando condições para a circulação de bens culturais por todas as capitais nordestinas, contribuindo com a economia macro, estabelecendo um cachê padrão, respeitando a realidade financeira das instituições financiadoras positivando a viabilidade do projeto.


CULTURA E IDENTIDADE O homem se revela pelo que pensa, mais o pensamento se reconhece e se materializa pela palavra escrita, oralizado ou pela construção de manifestações artisticas. A arte, por suas diversas formas é a expressão concreta da identidade de um ser produtivo e o conjunto dessas individualidades, a voz do povo, a identidade do povo, que se constitui na sua cultura, na identidade de uma nação. A cultura por seus objetos é o que identifica a gente de um pais, suas regiões e lhe dá características. Um boneco de barro na Feira de Caruaru, ja não é Vitalino, mas é Auto do Moura, é Caruaru, é Pernambuco. Um birinbau feito anonimamente em Salvador é Bahia, um Boi nos leva ao Maranhão e se tem nome, chama-se "Garantido" ou "gracioso" ,nos leva para a Amazônia. Uma jangada nos remete ao Nordeste litoral e aponta principalmente para o Ceará . O tocar do pífano de Zabé da Loca, a ciranda o côco-de-rosa, o cavalo marinho, trás a Paraíba. A culinária, o prato feito, é carteira de identidade regional. O rubacão, o sarapatel (picado) , a Peixada ao molho de Côco, a Carne de Sol, a pamonha, a cangica, etc. Sao testemunhos, inconfundíveis, da cultura nordestina. O Nordeste, como as outras regiões se identifica pelo que tradicionalmente produz o seu povo por seus artistas, artezões , populares intelectuais. Assim vamos identificando de forma diferenciada, os povos do mundo, as regiões desse imenso e único planeta. Se não fosse a cultura estava "tudo junto e misturado", sem identidade, sem fronteiras, pois a única fronteira real e duradoura é a construida pela cultura. Essa força criadora do homem foi, é e continuará , por vezes, controlada pelo Estado que desde que foi concebido


como ente político, organizador das relações sociais, busca controlar a producao cultural e usá-la em benefício dos seus interesses, sociais, politicos e economicos. Buscar apoiar os produtores independentes de cultura é uma ação inteligente no sentido de reconhecer essa produção, registrá-la e viabilizar que ela se exprima por si com sua liberdade de criação, produção e circulação . É um processo civilizatório do poder da cultura e o reconhecimento de sua liberdade. Nesse contexto o papel do Estado, dos órgãos públicos, o espírito e objetivos das politicas públicas é apoiar a organização dessa produção e dos seus produtores. O Nordeste é reconhecidamente a região do Brasil que tem a melhor identidade com a Nação por suas origens, pela misigenização de seus produtos e pela identidade de seus produtores. É imperioso organizar o fazer de sua circulação. Nao é válido e inteligente fazê-lo a partir das produções "oficiais" que são muito importantes e necessárias para que não percamos os valores brasileiros e universais da criação cultural, mas fazê-lo com a organização dos produtires independentes é uma ação democrática e republicana. A FUNESC esta empenhada em ser parceira do esforço dos que animam esse processo.

Márcia Lucena Presidente da Fundação Espaço Cultural da Paraíba


OS DIÁLOGOS DO FUTURO O Nordeste brasileiro aparece diante do mundo como uma região de grande expressividade cultural. É berço de grandes artistas, intelectuais renomados, mestres e segmentos expressivos da cultura popular. Desenvolve-se econômica e socialmente de forma acelerada na América do Sul. Mesmo com a acelerada diluição causada pela indústria do entretenimento, os grupos culturais e os artistas resistem bravamente. Entrementes, temos um problema comum. Na verdade, quase um tabu. Nossos povos dialogam permanentemente. No entanto as gestões culturais, não. As produções independentes dialogam um pouco mais, mas ainda com muita fragilidade. Trazer esse debate e, sobretudo, uma provocação para que esse diálogo se efetive dentro das políticas públicas desenvolvidas em cada estado é a razão do Encontro Nordestino de Produção Cultural Independentes. Reconhecemos que as fronteiras culturais têm uma feição diferenciada. Não obedecem aos limites do traçado da geopolítica. É assim permanentemente. O Cariri paraibano, particularmente, tem um diálogo natural com a região pernambucana do Pajeú. Catolé do Rocha e Caicó flertam naturalmente. Nãoé diferente nas fronteiras do Piauí como Maranhão ou de Alagoas com Sergipe e a Bahia. Trazer esse debate e começar a esboçar um diálogo cultural é uma das mais fortes reivindicações dos movimentos culturais. Desta forma, estamos propondo o início de um processo que nos permita sair do casulo, numa reengenharia de espaços. Num diálogo das artes e da cultura que fortaleça a perspectiva de um desenvolvimento da economia da cultura na região. Algo para se consolidar diante do país como proposta de política pública e que extrapole em visibilidade, favorecendo o desenvolvimento do turismo e dos processos criativos da economia. Desta forma, estamos dispostos ao debate e às atitudes necessárias para transbordar no oceano do mundo. Lau Siqueita Secretário de Cultura do Estado da Paraíba



ENCONTRO NORDESTINO DE PRODUCAO CULTURAL INDEPENDENTE no Espaço Cultural José Lins do Rego Rua Abdias Gomes de Almeida, 800, Tambauzinho João Pessoa - PB


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