Design: Aplicação Pratica e Teórica no Desenvolvimento Sustentável Tatiana Rita de Lima Nascimento (UFPB) tatirln@hotmail.com Diogenes Miranda Leão Bisneto (UFPB) athenanosaynt@gmail.com Shirley Belém Gonçalvez (UFPB) shirleybelem@gmail.com Robson da Silva Carlos (UEPB) robson.geo.mar@gmail.com
RESUMO Este trabalho vem com a proposta de descrever atribuições do profissional de design, destacando para isso os aspectos históricos desta ciência que contribui para melhorar a qualidade de vida da sociedade, utilizando ferramentas no campo do Eco design, Marketing ambiental e Responsabilidade social. como suporte pratico e embasamento teórico de educar ambientalmente as pessoas e a partir deste criar produtos com geração de renda para comunidades indígenas fazendo uso do Projeto de Extensão Ecodesign Alternativas Sustentáveis,e conseqüentemente cidades da região do litoral norte paraibano. Por isso, essa perspectiva contribui integralmente para a compreensão das várias áreas de atuação do design e do profissional de design nos aspectos que as envolve, como: processos sociais, políticos e culturais por meio da análise da ação dos diversos atores. . Neste sentido, o Eco design (vertente do design) tem se tornado uma perspectiva fundamental no projeto do produto, visando diminuir o impacto ambiental provocado pelo uso de recursos naturais. A principal abordagem é que com a explicitação da atuação do design e do profissional de design e elucidação dos campos abrangidos por ele, possibilite ao leitor a compreensão do espaço em que atua no âmbito social, sua contribuição para o meio social e ambiental, de forma a influenciar comportamentos, diretrizes políticas, econômicas e culturais. Em termos gerais, o Eco design cresce surpreendentemente, pela interação da própria comunidade com a Universidade e espera-se que em alguns nos ele atinja uma grande parte da população com uma significativa produção, geração de renda para as comunidades e uma maior vivência para os estudantes que interessam por esta area, visto que esta vertente proporciona a sociedade um profissional mais humanizado. PALAVRAS CHAVE: Design, Sustentabilidade, Embalagem, Marketing Ambiental e Responsabilidade Social.
INTRODUÇÃO No século XVIII, o mundo passou por grandes transformações em virtude da Revolução Industrial iniciada na Inglaterra, a área industrial sofreu um grande avanço tecnológico nas áreas de transportes e máquinas. Essa Revolução afetou todos os seguimentos sociais da época, pois a gradativa substituição da mão-de-obra do homem pela máquina
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causou milhares de desempregos originando o interesse e preocupação de outros campos da ciência a fim de entender e se adaptar às mudanças do novo tempo. Se por um lado a máquina substituiu o homem, gerando milhares de desempregados, em contrapartida baixou o preço de mercadorias e acelerou o ritmo de produção, obrigando assim economias de subsistência como as feudais a migrar para a economia de massa. A Revolução Industrial se expandiu rapidamente alcançando proporções enormes, principalmente em países europeus como Inglaterra e Alemanha. O consumo desenfreado em virtude da massificação da produção industrial causou uma demanda desorganizada e avassaladora em busca de matérias-primas minerais e vegetais para alimentar as indústrias, o que causou um grande impacto ambiental, em muitos casos dizimando áreas inteiras de florestas de países ou com o descarte incorreto dos resíduos pósconsumo. Nesse contexto, como a preocupação situava-se apenas na esfera econômica, surgiu à necessidade de se produzir peças únicas, exclusivas e com significados simbólicos, que diferenciasse uma classe social da outra. E como conseguir essa diferenciação sem regredir ao recém abolido processo artesanal, haja vista que a produção industrial era alicerçada na produção em série dos mesmos produtos? Nessa época, o Design começou a despontar como diferencial na busca por produtos diferenciados, ainda que não houvesse um pensamento e uma preocupação voltados para questões ambientais. A definição de designer está ligada diretamente à ciência design, por isso designer é o sujeito que exerce o design. Muitos autores renomados têm definições diferentes para o design. Segundo Tedeschi (1977, p.10): “[...] o design é o estudo prévio da forma, em seus três significados – cor, imagem e textura – de objetos [...] e concorrem em proporção relativa variável nos distintos casos, fatores antropométricos, tecnológicos, econômicos, psicológicos, sociais para conciliar as exigências funcionais com a estética do produto e para levar em conta as relações entre o produto e o homem, em sua condição de comprador e usuário.” explica a importância do design na relação com o consumidor final atuando como o elo das expectativas do homem em relação ao bem adquirido enquanto consumidor, por isso, destaca a importância da diversificação dos agentes atuantes como fatores econômicos, tecnológicos e semânticos entre outros. Design é a melhoria dos aspectos funcionais, estéticos e ergonômicos que compreendem um produto, por isso engloba vários outros aspectos como fatores de ordem interdisciplinar, científica, cultural, econômica, tecnológica e principalmente ambiental, de modo a interagir com o consumidor final. De acordo com Tedeschi (1968),
1.1 A IDADE MODERNA E O DESENVOLVIMENTO
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A idade moderna trouxe um grande desenvolvimento para o mundo através da industrialização, no entanto as consequências ambientais se agravaram na medida em que novos produtos eram criados, o consumo aumentava, as fábricas produziam mais e como consequência consumiam cada vez mais matérias-prima. Esse ciclo produtivo do desenvolvimento no mundo iniciou uma vertente da poluição, “o lixo”. Sem planejamento projetual e sem a devida preocupação com o ciclo de vida, descarte e reaproveitamento dos produtos industrializados a Revolução Industrial contribuiu muito para o agravamento do problema. Esse período da história contribuiu para o mau design, cujo aspecto era projetar visando atender a demanda de consumo sem se preocupar com a renovação das fontes de matéria-prima e com o pós-uso do produto industrializado. Em meados dos anos 60, o mundo começou a sentir os efeitos da exploração inconsequente dos recursos naturais, a escassez de recursos, mudanças climáticas são algumas das consequências, com isso, o processo de conscientização ambiental começa a tomar forma e a preocupação com a origem e renovação dos recursos naturais, reaproveitamento e descarte dos resíduos causados pela industrialização passou a ser uma prioridade, ainda que com pouca intensidade e que algumas nações se recusassem a assumir a sua parcela de culpa, esse processo ganhou força no fim da década de 80 com a criação de vários movimentos, ONG’s e cúpulas de nações. Paralelo a essas mudanças, no decorrer das décadas o design se aperfeiçoou buscando alternativas, com isso fortaleceu sua estrutura e importância no contexto socio ambiental e estabeleceu diretrizes. O design surgiu no início do século XX com o advento da produção em massa e sua função era de possibilitar bom acabamento e funcionalidade, características ausentes nas peças industrializadas, com o design surgiu à idéia de que “a forma segue a função”, ou seja, melhorando o aspecto estético e funcional do produto, as chances de atrair o cliente aumentam. No processo metamorfósico do design vários pensadores contribuíram para o seu desenvolvimento, principalmente como agentes embrionários desta ciência, provocando discussões e criando tendências. Percussores do design como Ruskin e Morris prezavam pelos aspectos criativos e estéticos do design, valorizando a criação do objeto, portanto preocupavam-se com os aspectos sociais. Contrapunham-se à alienação do trabalho, segundo Ruskin, essa alienação escravizava o design na mecanização, cada vez mais o homem era escravo da máquina, na verdade, era uma crítica velada à mecanização do homem. Morris idealizou o movimento Arts & Crafts, um dos mais importantes movimentos do design mundial, segundo a doutrina desse movimento a forma era pensada, cada objeto tinha alma própria e seguiam referências e inspirações. Já nesse movimento artístico evidencia-se uma revolução interna no design, buscando integrar a arte com o social, o design como modo influenciador da vida das pessoas. Coexistia uma relação de prazer, gozo e admiração pela forma. O processo de evolução do design torna-se entusiástico e rico na medida em que pensadores opostos pela doutrina do design confrontam idéias contrárias a sua linha de pensamento, o que indubitavelmente contribui para o desenvolvimento e avanço desta ciência, provocando novas linhas de pensamentos, bem como a adesão de novos pensadores ao âmbito
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do design. Com isso, Frank Lloyd Wright criou o movimento Reforma Estética para as Máquinas, que se caracterizava pela apologia a mecanização sistemática, que dinamiza a produção, diminui o tempo de produção e possibilita o avanço do consumo e novos mercados, o que inegavelmente encontra apoio entre a classe governamental, é um movimento que anda em comunhão com o Capitalismo de Marx, e que em relação ao movimento idealizado por Morris se contrapõe pela mecanização da arte e escravização do homem pela máquina. O Fordismo introduziu a racionalização no processo industrial, não haviam conceitos ligados ao social, isso esvaziava o sentido do objeto, consistia na linha de produção instalada nas fábricas de automóveis, a relação é objetiva, o processo de repetição, conformidade, uniformização e um rígido controle eram características desse processo. O Taylorismo baseiase na redução de custo de trabalho e o consequente aumento da produtividade. Esse contexto dos movimentos do design foi um período de inquietude, de dúvidas para a profissão, percebe-se claramente as parcelas de contribuição dada por tais movimentos na evolução do design, conceitos que perduram ou influenciam outros movimentos decorrentes dos pioneiros e que mais tarde sofreram adaptações ou evoluções de modo a atender conciliando as necessidades mercadológicas e socio ambientais da era moderna. 1.2 ATUAÇÃO DO DESIGNER No decorrer histórico a função do designer surgiu antes da sua palavra propriamente dita apenas no século XVII no Oxford English Dictionary. A sua atuação causa debates em que apenas designers formados em ensino superior são dignos de atuar na área sendo ainda estes não regulamentados corretamente pela legislação vigente brasileira. Do idioma latim “designare” significa designar, desenhar. Sendo do inglês “design” que define a palavra como desenho, projeto e tradicionalmente conhecido no Brasil como Desenho Industrial é muitas vezes comparada com outras profissões como o artesanato, artes plásticas, arquitetura e até mesmo a engenharia. Esclarecer a profissão do designer, desenhista industrial ou projetista não é algo lacônico, pois este subdividir-se em varias vertentes distintas, mas com o objetivo comum a todas quanto à criação, desenvolvimento projetual com aplicação de técnicas específicas e concepção de produtos padronizados que serão produzidos em série, sejam estas criações embalagens, jóias, vestuário, objetos decorativos, tecnologias, veículos, arranjos físicos, entre outras. O profissional da área desenvolve desenhos e esboços podendo indicar o material, sistemas de encaixe, processos de fabricação e comunicação visual do produto. Preocupa-se com a segurança, acessibilidade, clareza visual da embalagem, estética, funcionalidade, ergonomia, economia e praticidade. Realiza varias analises referente ao mercado concorrente, como os similares do pressuposto já atuante. Fazem estudos epistemológicos em favor das características peculiares dos usuários como diferentes idades, etnias, culturas, alturas, capacidade física e motora, instrução e observação psicológica da maneira subjetiva de viver de cada grupo analisado para que ele possa se sentir seduzido e o produto se tornem um objeto de desejo. “Design é a aplicação sucessiva de restrição até que reste apenas um produto incomparável” (RICHARD W. PEW, 1985).
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1.3 PROCESSO DE PRODUÇÃO DA EMBALAGEM X POLUIÇÃO AMBIENTAL No projeto de embalagem a escolha da matéria prima é fator fundamental no processo de fabricação, pois através dela são definidas as tecnologias, custos, descarte, impactos ambientais e etc. Os materiais mais utilizados nesta produção são o vidro, o metal, a madeira, o papel e o plástico, onde estes podem ser originados de recursos renováveis e não renováveis. O uso indevido destes materiais tem provocado gradativamente a sua escassez, pois inúmeras vezes estes recursos são mal administrados. O descarte da embalagem no meio ambiente pode provocar consideráveis impactos ambientais, pois muitas delas ao serem incineradas liberam gases tóxicos que contaminam a camada atmosférica, como é o caso dos papéis que sofreram branqueamento, o PVC e poliuretano. Além disto, muitas embalagens são jogadas em locais indevidos, aumentando assim a incidência dos lixões. Este hábito negativo provoca em longo prazo a contaminação dos lençóis freáticos. Situações deste tipo são solucionadas através da produção de embalagens biodegradáveis. No tocante a reciclagem, esta tem se mostrado uma solução bastante importante, entretanto, a combinação de diversos materiais em uma única embalagem tem provocado a inviabilização da mesma. 1.4 BREVE HISTÓRICO DA EMBALAGEM Desde tempos remotos a humanidade sentiu necessidade de armazenar e transportar os seus alimentos, baseado nisto há mais de 10.000 anos foram criadas as primeiras embalagens. Onde estas eram feitas principalmente de cascas de coco, conchas do mar, chifres de animais ou folhas de plantas, entretanto estes materiais eram utilizados sem quaisquer benefícios. Com o decorrer do tempo, estes materiais foram sendo substituídos devido ao aumento da habilidade manual do homem. E a partir de então, as embalagens foram fabricadas em madeiras, fibras naturais, argila e peles de animais. A Segunda Guerra Mundial foi propulsora de novos materiais para embalagens, como por exemplo, o alumínio, que foi o substituto das latas de estanho, além do surgimento das resinas plásticas, como o Polietileno e o Poliéster. Além de novos materiais, estas novas embalagens permitiam um maior período de estocagem, facilidade de empilhamento, transporte, e se tornaram mais higiênicas. No tocante a indústria brasileira de embalages, desde a década de 70, o Brasil acompanha as tendências mundiais de processamento e materiais.() 1.5 IMPORTÂNCIA DA EMBALAGEM PARA O PRODUTO “O produto e a embalagem estão se tornando tão inter-relacionados que já não podemos considerar um sem o outro. O produto não pode ser planejado separado da embalagem, que por sua vez, não deve ser definida apenas com base de engenharia, marketing, comunicação,
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legislação e economia.”. (BARBOSA & DIAS apud MOURA & BANZATO, 1990) De acordo com esta citação, pode-se concluir que as funções da embalagem têm evoluído ao longo dos séculos. Pois a priori, esta tinha como função principal o armazenamento de alimentos, sendo agora associada à persuasão do consumidor, uma vez que a embalagem é o único meio de comunicação na hora da compra. Para ratificar esta afirmação, a POPAI Brasil - The Global Association for Marketing at Retail – divulgou uma pesquisa, onde “81% da decisão de compra – especificamente a escolha entre uma marca ou outra - são tomadas pelo consumidor no local de venda”. (BARBOSA, 2009) É notório que a embalagem é uma poderosa ferramenta de marketing, e no desenvolvimento desta é fundamental a observação de três funções básicas, são elas, “quantificação, proteção e qualificação” (PINHO apud SOUSA, 1976). A função de quantificação diz respeito à quantidade de produto, sendo relacionada com o volume da embalagem. A de proteção é dada pelo acondicionamento, recebimento e uso pelo consumidor, sendo importante à prevenção de riscos biológicos, climáticos e de roubos. E por último, cita-se a função de qualificação, cujo objetivo é identificar a embalagem em seus vários aspectos – instrução de uso, fabricante, quantidade e manipulação durante o percurso. 2 O DESIGN COMO ALTERNATIVA VIÁVEL PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Com a crise do petróleo em 1973, as empresas reconheceram que o aumento da produção em série e o consumo excessivo de produtos, esgotaria os recursos naturais. Isto gerou mobilizações de eventos como o Green Peace e Friends of the Earth, lançamentos de livros e escritos comprovando a degradação ambiental e protestando em contraposição do desenfreado processo de extradição da matéria-prima. Por outro lado a mídia não adotou esta iniciativa o que atrapalhou a disseminação da educação ambiental e as vendas das publicações citadas. Em 1969, os designers começaram a aderir a este pensamento direcionando os estudos da produção visando o apelo ao meio ambiente, ou seja, a consciência ecológica resultando uma a melhoria da qualidade de vida, segundo a ICSID (Internacional Council of Societies of Industrial Design ou Conselho Internacional da Sociedade de Designers Industriais). Por conseqüência a este fato, houve grande repercussão positiva ao ponto de consumidores pagarem o custo acima do previsto pelos produtos projetados ecologicamente, ou seja, sustentáveis. Tais produtos a partir desta iniciativa recebiam um selo do ISO 14000 da International Standarts Organization por minimizar os danos ao meio. O designer quando projeta um objeto se baseia em alguma necessidade de mercado, uma oportunidade de inovação. A preocupação social pelo meio ambiente acaba se tornando uma alternativa de criar embalagens que tenham esse diferencial de questão ecológica. Há muito tempo que o equilíbrio e harmonia do meio ambiente foram quebrados e isto foi percebido tardiamente pela sociedade. No entanto, há uma crescente preocupação ecológica que está sendo disseminada por meio de mídias e desenvolvimento de produtos sustentáveis na atualidade.
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Novas tecnologias surgem para reciclagem de materiais como papel, plástico, metal e vidros, mas algumas indústrias ainda se opõem a este método de produção intuindo-o como um ponto negativo de investimento sem retorno financeiro. O início de todo este ciclo começa na atribuição do designer, em que tudo que é criado e concebido por ele tem finalidade de reutilização ou não. A responsabilidade deste aumenta quando o assunto é desenvolver um produto sustentável, com materiais que possam ser transformados fisicamente ou manualmente sem agredir o manipulante e sem gerar gastos superiores a produção existente de maneira que se tornem ícones indispensável as indústrias. 2.1 ECO DESIGN O eco design consiste na Aplicação dos conceitos de pensamentos ecológicos no Design de Produtos dentro da filosofia de preservação do meio ambiente e dos paradigmas de sustentabilidade e de atitudes politicamente corretas. Adota como filosofia básica projetual e conceitos dos 4 Rs: Repensar/ Reduzir/ Reutilizar/ Reciclar, ou seja, projetar embalagens que possam diminuir o impacto ambiental gerada desde a retirada da matéria-prima até o seu descarte. O eco designer procura formas de que o ciclo do material possa ser cíclico, ou seja, que tenha um retorno à indústria para reaproveitamento do material. Antes de criar o projetista tem que pensar nos seguintes itens: Diminuição do excesso de material utilizado na produção do produto, fazendo um estudo da forma e dimensões, acarretando a minimização do transporte e gases poluentes pelo automóvel; Escolher material atóxico, reciclável ou biodegradável, durável e de baixo consumo de energia e que gere menos poluição; Minimização da sobras na produção e podem ser reutilizadas para uma nova remessa de embalagens ou serem recicladas em indústrias secundárias; Reutilização ou reciclagem no descarte; Com isso designer e indústria devem contribuir para que no desenvolvimento da embalagem adote-se a solução mais sustentável. Nem todos os projetos se encaixam fielmente a todos os requisitos citados, pois seus conceitos se diferem entre si. O eco design não é um alarmismo ou moda é um ideal de melhoria de vida, é a parte mais decisiva do desenvolvimento da embalagem. “De 60 a 80% de todos os impactos ambientais causados ao longo de todas as fases da vida de um produto são determinados na fase de seu projeto”. (GREDEL E ALLENBY, 1995). O eco design já está presente de forma lenta, mas ativa mesmo que os consumidores não percebam a alteração, a vida deles está mudando e de modo positivo. 2.2 MARKETING AMBIENTAL O marketing ambiental é a área da administração que intermédia às relações da empresa com o mercado quando agregado a este, políticas que beneficiam o meio ambiente. Utilizam-se marketing ambiental ou marketing verde, instituições de mercado ou empresas
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que buscam atingir o consumidor de maneira social, ou seja, valorizar o produto com a finalidade de alcançar os objetivos da organização, segundo Churchill e Peter (OP.CIT, 2000), os produtos possuem apelo quanto à preservação ambiental e embalagens que reduzam a degradação do meio ambiente. O marketing ambiental age diretamente na melhoria da imagem da corporação perante os consumidores que se identifiquem com a causa e estratégias por estas defendidas. Propagandas publicitárias são na prática muito importantes neste caso, pois têm função de mostrar para o publico alvo a nova política adotada pela corporação, outro exemplo pratico são as ações sociais realizadas pelas empresas como a reutilização e a reciclagem, isto é, o reprocessamento da matéria-prima e a reutilização de embalagem ou até mesmo de produtos com outros fins. Há normas estabelecidas pelo IMETRO (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial), que fizeram pressão sobre as empresas e estas geraram uma serie de certificados sendo a mais importante o ISO 14000 já mencionado acima, segundo Ministério do Meio Ambiente. Na edição 96 da revista Eco 21, Goldemberg, José et Barbosa, afirma que na década de 1960 o país precursor das questões ambientais foram os Estados Unidos através de uma intervenção regulamentadora de preservação ambiental, a AIA (Avaliação dos Impactos Ambientais). Já o Brasil, após a Conferência de Estocolmo em 1972, sofreu grande pressão para a criação de uma legislação de políticas ambientais, mas apenas em 1990 foi criado o decreto 99.274 que regulamentou a lei 6938/81 que davam a órgãos competentes a responsabilidades de fiscalização de empresas que adotariam esta política, segundo CARVALHO, P.G (1987. p 206). Com relação ao comportamento do consumidor e os parâmetros estruturais ambiente de mercado, ou seja, o consumidor não pode exercer uma atitude ecologicamente correta se não dispor de uma estrutura social propícia, como por exemplo, programas de reciclagem, instituições que viabilizem os processos pertinentes a essa atividade (cf. PRAKASH, 2002; WALLEY; WHITEHEAD, 1994). Argumenta Prakash (2002) que frente a este desafio o profissional de marketing deve estar ciente de que: “O marketing verde pode ser conceituado como um exercício de três vertentes. Consumidores podem ser motivados a (reduzir o impacto sobre o ambiente, modificando padrões de vida existentes), a manutenção (manter equipamentos em bom estado de funcionamento) e ser eficiente (empreender mudanças estruturais, tais como a compra de equipamentos ambiente amigável)”. (PRAKASH, 2002, p. 292). 2.2.1 INTERESSE DAS PESSOAS PELOS PRODUTOS COM APELO AMBIENTAL Os resultados mostrados na tabela 1 abaixo indicam que os consumidores geralmente se interessam pelas questões ambientais, isso apóia a argumentação de Prakash (2002) que declara a existência de uma força social que impele os indivíduos a uma crescente
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preocupação com o meio ambiente. Ampliando as variáveis em nível de concordância e discordância, visualizou-se relativa preponderância do valor médio 3,15 em relação à afirmativa de busca de informação sobre os problemas ambientais que um produto pode causar. Na segunda afirmativa, percebesse similar correspondência, com média de 3,42 referentes à preferência por produtos verdes sob os produtos tradicionais. Na terceira sentença, a preponderância é substancial, onde 3,78 de média refletem um posicionamento favorável às empresas que demonstram preocupações ambientais.
Variável 1. Sempre me informo antes da comprar de qualquer produto sobre os problemas ambientais que ele pode causar; 2. Vejo as alternativas disponíveis do produto e opto pela que menos faz mal ao meio ambiente; 3. Prefiro empresas que apóiem a causa da natureza
Média
D.P.*
3,15
1, 514
3,42
1, 423
3,78
1, 382
Nota. Fonte: Pesquisa de campo realizada em novembro de 2009. Por Marconi Freitas da Costa Universidade Federal De Pernambuco * Desvio-padrão Tabela 1 - Interesse por Produtos com marketing ambiental
2.3 RESPONSABILIDADES SOCIAIS CORPORATIVA A responsabilidade social corporativa vem sendo abordada juntamente com a responsabilidade econômica desde a revolução industrial, inspirando os designers a criar produtos com a finalidade de estimular o consumo excessivo para aumentar a lucratividade da organização, segundo Adam Smith em a “Riqueza das Nações”. Cooper na revista design em foco (ano II, pp. 79-85) diz que Henry Ford desde o ano de 69 passou a ver os valores humanos e com isto, desenvolver produtos que suprissem à necessidade destes valores, sendo alguns movimentos importantes para o aumentando da pressão na política e influenciando na economia, o feminismo, anti-racismo, apartheid, campanha para os deficientes físicos e mentais, os menos favorecidos e os em favor das causas ambientas. Então as empresas para atender tais necessidades de publico alvo deveriam proporcionar uma mudança na organização que fossem de encontro com esses fatos. Neste contexto surgiram as características filantrópicas nas corporações, com objetivo de gerar retorno financeiro para a mesma, pois a empresa agrega valor aos produtos por beneficiar a satisfação do consumidor. A responsabilidade social corporativa subdivide-se em três partes: A Ética que busca desenvolver uma empresa com decisões seguindo a ética do “politicamente correto”, tem a moral como parâmetro obrigatório; A Altruísta que corresponde à filantropia, indo além
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das contribuições para aliviar as deficiências do bem estar publico, podendo beneficiar ou não os negócios. Já na Estratégica tem o papel de melhoria da imagem da organização por meio de publicidade positiva em favor dos benefícios filantrópicos. (Conselho Mundial de Negócios para o Desenvolvimento Sustentável). Em paises desenvolvidos começa-se nas escolas a conscientização das crianças, quanto o consumo apenas de produtos e serviços que beneficiem o meio ambiente, por isso no Brasil as empresas que mais investem em (RSC) são organizações multinacionais. (Ambiente Brasil) Cerca de 50 por cento da classe media em todo o mundo utilizam produtos com valores ecológicos de reutilização e reciclagem de produtos, sendo assim a vantagem lucrativa de organizações investirem em produtos com essas características. 2.4 A CONTRIBUIÇÃO DO DESIGN PARA A MELHORIA DE VIDA DAS PESSOAS A responsabilidade social no campo do design tem sido um tema frequentemente abordado sobre vários seguimentos, segundo Rachel Cooper, os designers atuam em diversas áreas de melhoria na qualidade de vida. Por isso essa área emergiu junto à sociedade para o design verde e consumismo, design responsável e consumo ético. Algumas pesquisas contribuíram para essa evolução no âmbito do design com materiais sustentáveis, também campanha publicitária na conscientização por meio da educação ambiental quanto o beneficia dos produtos e serviços “ecologicamente corretos” de reutilização e reciclagem. Há exemplos de empresas que admitiram a RSC no âmbito do design e tiveram êxito. Como é o caso da NIKE que ver o investimento como proteção e fortalecimento da marca, além da lucratividade e da contribuição sustentável, segundo pesquisa realizada pela Universidade Estadual da Bahia. A Johnson & Johnson, diz que não esta preocupada diretamente com a lucratividade e acredita que a (RSC) deve ser de forma justa e honesta com o consumidor. A Volkswagen adotou essa política pelo fato de atender as necessidades do consumidor desenvolvendo soluções de cunho social e econômico. (Revista design em foco, ano II). Já a Renault é um exemplo prático, trabalha em parceria com empresas de reciclagem onde rejeitos podem ser transformados em matéria-prima ou até mesmo em produtos para comercialização, “são reciclados, por ano 30 mil toneladas de resíduos, o que equivale a cerca de 95% dos materiais gerados que vão de madeira à bloco de motor. (Carvalho, 2003) 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS O Ecodesign tem se tornado uma ferramenta fundamental no projeto de produto, uma vez que pretende diminuir o impacto ambiental provocado pelo uso de recursos naturais. Um fator importante no Design ecológico é o ACV (Avaliação do Ciclo de Vida), onde o produto será submetido a um levantamento de informações, que parte desde a retirada de matéria-prima, até a finalização do produto. Devido a demanda crescente as empresas vêm adotando o Ecodesign como forma de se manter no mercado. Tal concorrência é necessária, pois através dela a consciência ambiental é propagada para uma parcela maior da sociedade.
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Outro exemplo de Ecodesign bastante utilizado é a reutilização, onde a mesma consiste no reaproveitamento de materiais descartados com o intuito de reduzir a quantidade de lixo produzido. Em termos gerais, o Ecodesign vem crescendo timidamente, e espera-se que em alguns anos ele atinja uma parcela significativa na produção. O curso de Design da UFPB através do Projeto de Extensão Ecodesign Alternativas Sustentáveis para o Litoral Norte-PB, vem favorecendo a participação dos alunos em trabalhos externos à universidade, se configurando como uma oportunidade única de aplicação de conceitos, técnicas e praticas do design de forma real e aplicada em um contexto ecológico.Do ponto de vista social, a participação dos alunos no projeto valoriza a humanização dos futuros profissionais através das vivencias experiências que colocam a sociedade e seus problemas como principal foco de atuação. O Projeto Ecodesign tem conseguido gradativamente alcançar seus objetivos, selecionando um grupo de jovens indígenas da região para passar tecnicas e praticas de design, desenvolvendo produtos como: bolsas, caixas, pastas, porta-lapis, lixeiras urbanas e para a praia de Bahia da Traição e esses gerando renda local. Necessitando de uma continuidade para que todos os esforços já empreendidos até hoje sirvam de estímulo à novas ações. A participação dos alunos, professores e da comunidade é determinante para o sucesso do projeto que até o final de 2010 deverá está com todos os seus objetivos alcançados e consolidados, ratificando assim o papel da universidade perante a sociedade. Informações sobre o projeto e ações realizadas estão documentadas no site: (http://www.ccae.ufpb.br/ecodesign/home.html). Este trabalho teve o importante papel de aprimorar os conhecimentos dos autores e co-autores para atetarem em favor da conscientização ambiental e a vivência destes, pondo em pratica não só os conceitos para a indústria, mas também para a comunidade. 4 REFERÊNCIAS TEDESCHI, Paolo. A GÊNESE DA FORMA E O DESENHO INDUSTRIAL. 10 p. São Paulo. Ed. Nobel. 1968. PINHO, J. B. COMUNICAÇÃO EM MARKETING. 5ª ed ver. E ampli. [S.l.]: Papirus, 2001. BARBOSA, Patrícia Regina Lobo; DIAS, Ricardo Guedes Carlos. A EMBALAGEM COMO DIFERENCIAL COMPETITIVO NAS ORGANIZAÇÕES. Disponível em: <http://www.fa7.edu.br/rea7/artigos/volume1/artigos/embalagem.doc>. Acesso em: 29 de nov, 2009. BAHIANA. Carlos. A Importância do Design Para Sua Empresa/Cartilha CNI - COMPI, SENAI/DR-RJ. Disponível em: <http://sites.uol.com.br/sobre_design.htm> Acesso em: 18 de Nov, 2009. WIKIPÉDIA. Design de Embalagem. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Design_de_embalagem>. Acesso em: 29 de nov, 2009.
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