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É daqui!
Primeiro barco-fábrica construído no Brasil é modelo para a pesca industrial
Independente do ramo, existe um princípio mercadológico que não muda nunca: quanto maior a qualidade do produto, maior é o valor agregado. Há muitos anos o armador de pesca Manoel Cordeiro entendeu que primar pela excelência rende não apenas mais recursos, como também gera inovação e exclusividade no mercado. É dele o único barco-fábrica que captura camarão-carabineiro (Aristaeopsis edwardsiana) em operação no Brasil. A embarcação associada ao SINDIPI foi construída em Itajaí, Santa Catarina, a partir de um projeto holandês. Com tecnologia e tripulação altamente capacitada, a pesca é realizada nos 700 metros de profundidade. A manipulação e o congelamento dos crustáceos acontece a bordo e o produto chega no cais já embalado, etiquetado e pronto para a exportação. Destaque da gastronomia, hoje toda a produção é absorvida pelo mercado nacional. Como em outras modalidades, a pescaria do carabineiro precisa de gestão. Ainda assim, o capricho em cada detalhe e a eficiência já comprovada da embarcação Cordeiro de Deus E, evidenciam a evolução da pesca industrial brasileira.
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Natural de Penha, Manoel Cordeiro embarcou pela primeira vez aos 17 anos. Iniciou como tripulante, foi mestre e passou por quase todas as modalidades de pesca antes de se tornar armador em 2002, quando concluiu a construção do seu primeiro barco industrial. “Lá fora eu desenhava onde seria feita a casaria, a divisão interna e como o barco seria feito”, conta. Duas décadas depois, o armador associado ao SINDIPI colocou na água o único barco-fábrica em atividade produzido totalmente no Brasil. Inicialmente projetado para ter o peixe-sapo como alvo, o barco começou a ser idealizado em 2016, quando o empresário aproveitou o fechamento de estaleiros para comprar matéria prima a um custo mais baixo. Vendeu um barco e três imóveis para concluir seu sonho. “Todo mundo me chamava de louco. Eu tive proposta para colocar o barco em outras espécies que já estavam sobrecarregadas, mas nunca me guiei pelo pensamento dos outros. Queria uma pesca nova e que fosse exclusiva, por isso decidi pelo carabineiro”, conta Cordeiro.
Um vídeo publicado nas redes sociais foi decisivo para o armador. As imagens mostravam a captura de uma pequena quantidade da espécie feita por outra embarcação de pesca, também associada ao SINDIPI, numa profundidade de aproximadamente 500 metros na região próxima ao Farol de Santa Marta. A publicação foi feita por José Roberto Amaral, o Éto, que acabou contratado como mestre do Cordeiro de Deus E.
“Eu nem conhecia ele ainda e depois fiquei sabendo que meu vídeo fez ele mudar de ideia com relação ao barco. Penso que isso traz um peso de responsabilidade, por conta de todo o investimento. Depois ele me convidou para trabalhar aqui e graças a Deus deu certo”, conta o mestre Éto.