Revista Universidade & Sociedade n. 56

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Homenagem

Eduardo

Galeano Este número de Universidade e Sociedade homena-

quando Julio María Sanguinetti assumiu a presidên-

geia o escritor e jornalista uruguaio Eduardo Galeano.

cia do país através de eleições democráticas. Funda

Nascido em 3 de setembro de 1940, em Montevi-

e dirige sua própria editora (El Chanchito), publi-

deo, Galeano se transformaria, anos mais tarde, em

cando, com outros escritores, o semanário “Brecha”,

um dos principais nomes referenciais da luta latino-

além de uma coluna semanal no diário mexicano “La

-americana contra as desigualdades promovidas pelo

Jornada”. Reconhecido, premiado e investido como

avanço do capital no hemisfério e no mundo, con-

Doutor Honoris Causa pela Universidade de Havana,

tribuindo de modo significativo para o pensamento

de El Salvador, pela Universidade Veracruzana e Uni-

crítico da esquerda. Suas obras escritas e sua atuação

versidade de Guadalajara, do México, pela Universi-

política influenciaram muitos políticos e lutadores

dade Nacional de Córdoba e de Buenos Aires, ambas

sociais, indo além do continente sul-americano.

da Argentina, Galeano foi qualificado pela crítica es-

Da criança religiosa que abandonou a fé aos 14 anos, quando então começa a trabalhar no semanário

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pecializada como um dos mais ousados e talentosos escritores da América Latina.

socialista “El Sol” fazendo desenhos e charges políti-

Sua morte física, ocorrida em 13 de abril de 2015,

cas, passando pela ação jornalística na mítica revista

se deu após uma batalha demorada contra um câncer

“Marcha” no final dos anos 1960, ao pensador crítico

de pulmão, travada desde 2007. Suas obras perma-

da América Latina perseguido pelo governo ditato-

necem vivas, sempre comprometidas com o propó-

rial instituído em 1973, Galeano vagou por diversos

sito de chamar o leitor à reflexão. Além de “As Veias

países em busca de espaço e ar para respirar liber-

Abertas...”, “Vagamundo”, “Dias e Noites de Amor e de

dade, sem, contudo, encontrá-lo. Refugiando-se na

Guerra”, “Memórias do Fogo”, “O Livro dos Abraços”,

Argentina, funda a revista cultural “Crisis” e escreve

“De Pernas Pro Ar: a Escola do Mundo ao Avesso”

aquela que seria sua obra mais conhecida e influente:

(1998 e 2008) e “Mulheres”, antologia de 2015, cons-

“As Veias Abertas da América Latina”. Igualmente fu-

tituem algumas de suas 40 obras que nos chamam a

gindo do cerco do governo militar de Videla, transita

estabelecer uma frente ampla contra a pobreza, a mi-

entre o Brasil e a Espanha, onde escreve “Memórias

séria moral e material. Seus trabalhos transcendem

do Fogo”, trilogia que combina elementos da poesia,

gêneros ortodoxos, combinando ficção, jornalismo,

da história e do conto. Retorna ao Uruguai em 1985,

análise política e história.

UNIVERSIDADE E SOCIEDADE #56


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