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Muitas fugiam

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Serão sempre

Serão sempre

130 anos da abolição da escravidão Poesia

Muitas fugiam ao me ver...

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Muitas fugiam ao me ver Pensando que eu não percebia Outras pediam pra ler Os versos que eu escrevia Era papel que eu catava Para custear o meu viver E no lixo eu encontrava livros para ler Quantas coisas eu quis fazer Fui tolhida pelo preconceito Se eu extinguir, quero renascer Num país que predomina o preto Adeus! Adeus, eu vou morrer! E deixo esses versos ao meu país Se é que temos o direito de renascer Quero um lugar onde o preto é feliz.

Carolina Maria de Jesus Escritora brasileira, bastante conhecida por seu livro “Quarto de despejo: diário de uma favelada”, publicado em 1960. Nasceu no estado de Minas Gerais, na cidade de Sacramento, em 14 de março de 1914. Faleceu na cidade de São Paulo, em 13 de fevereiro de 1977.

Fonte do poema: Carolina Maria de Jesus, em “Antologia pessoal”. (Organização José Carlos Sebe Bom Meihy). Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1996.

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