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Mulher negra

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Vozes-mulheres

Vozes-mulheres

130 anos da abolição da escravidão Da África fui arrancada, escravizada, desumanizada Violentada pelo senhor Mulher negra Poesia Tiraram meu filho preu amamentar o filho do estuprador Trabalhando na lavoura e na agricultura Essa é a vida de negra, dura. Mas não me acomodei, resisti Com meus irmãos de cor Quilombo construí O que não tolero, não aceito Alguém cheio de preconceito Com tudo que tenho feito e vivido Dizer que quilombo é lugar de preto fugido Quilombo era espaço de resistência e luta Construído com muita labuta Onde negro, índio e branco pobre Viviam em comunhão Sem exploradores nem opressão. Dandara, Acotirene, Luisa Mahin E outras negras do passado Nos deixaram um grande legado A união e resistência do povo escravizado Minha inteligência, chamam de intuição Doméstica é o que nos resta de profissão Dondoca, sexo frágil não nos cabe não Nesta sociedade monocultural Minha luta pelo direito à igualdade social Não apagou minha diferença étnico-racial Sou muito mais que essa franzina aparência Eu sou pura resistência Minha arma é minha consciência.

Preta Nicinha Estudante de Pedagogia da UFMA e militante do Quilombo Urbano do Maranhão.

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