Revista Construir Mais - Junho de 2015

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CUB ABRIL

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REVISTA MENSAL DO SINDICATO DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO NO ESTADO DE GOIÁS - SINDUSCON-GO

ANO V, Nº 59 JUNHO/2015

ENTREVISTA COM O PRESIDENTE DA COMISSÃO DE MEIO AMBIENTE DA CÂMARA BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO (CMA/CBIC),

NILSON SARTI DA SILVA FILHO

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DITORIAL

Sociedade afetada por repasses em ATRASO Na agitação da correria diária o cidadão muitas vezes não percebe o quanto pode estar sendo prejudicado em seus direitos básicos a uma maior oferta de serviços instalados em prédios públicos, ao bom andamento de programas habitacionais ou a mais vias de acesso e estradas melhor conservadas, para um ir e vir ágil e seguro. Na prática, porém, atrasos nos repasses de pagamentos às empresas contratadas para executar obras públicas que respondem às necessidades da população, causam problemas de toda ordem, desde o comprometimento dos prazos das mesmas, sujeitas até ao encarecimento, abalando a saúde financeira das empresas envolvidas e desestruturando o próprio mercado de trabalho, com desemprego e fechamento de vagas nos canteiros. Uma autêntica bola de neve, que acaba por atropelar o desenvolvimento, freando o crescimento econômico da região. A imprensa nacional registra que várias obras espalhadas pelo País também estão sentindo os reflexos da falta de dinheiro do governo federal, pois as empresas não estão conseguindo absorver esses atrasos. Como no caso do Minha Casa Minha Vida, em que milhares de unidades habitacionais estão paradas por causa de atraso no pagamento às construtoras, embora o Ministério de Cidades não admita. O presidente da CBIC, José Carlos Martins, calcula que o governo virou o ano devendo R$ 1 bilhão ao programa MCMV, dos R$ 17,4 bilhões aplicados. Segundo a entidade, até a primeira quinzena de maio foram repassados R$ 4,8 bilhões para quitar o débito antigo e o corrente (do ano), e a expectativa é que os desembolsos sejam menores nos próximos quadrimestres, diante do corte orçamentário previsto. Uma situação preocupante para a indústria da construção, sem dúvida, uma vez que o setor convive com fatos agravantes, como o grande aumento de saques da caderneta de poupança no primeiro quadrimestre de 2015 e queda na oferta de crédito para a habitação. O leitor da Construir Mais poderá acompanhar nesta edição os reflexos da situação em Goiás na matéria de capa, que também traz o pensamento de um especialista orientando como o empresário do setor pode lidar com o problema do atraso de repasses, e até mesmo preveni-lo. No contexto de dificuldades, de preocupações e de falta de perspectivas de crescimento mais estimulantes, como no

momento atual, o Conselho Temático de Infraestrutura da Fieg aponta a necessidade do enfrentamento dos desafios pelo segmento produtivo como contribuição para encontrar as soluções que o País precisa. Esse é o tom do artigo assinado por seu presidente, Célio Eustáquio de Moura, colocando o Coinfra à disposição para fomentar esse debate. Já o artigo assinado pelo arquiteto Paulo Renato Alves aponta o planejamento de longo prazo como estratégia para diminuir riscos de queda na qualidade de vida, o que permite um adensamento urbano ordenado e uma mobilidade urbana viável, a exemplo da postura adotada historicamente em cidades que se tornaram referência em países desenvolvidos. Do interesse do setor também é o tema abordado pela engenheira Daniela Castro Silva na coluna Construção Sustentável, indagando sobre a realidade das obras da construção civil, dividida entre empresas que praticam o controle de processos produtivos e as que ainda não lidam apropriadamente com a questão do desperdício, gerando custos adicionais desnecessários. Na seção Inovar é Preciso, o leitor conhecerá detalhes sobre o Centro Regional para o Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (CRTI), localizado na Universidade Federal de Goiás, apresentados pelo seu coordenador geral, o professor Dr. Jesiel Freitas Carvalho. O CRTI foi concebido com o objetivo de suprir parte da crescente procura por pesquisa, desenvolvimento tecnológico e inovação (P&D&I) no Estado de Goiás, uma iniciativa que nasceu para atender a importantes setores da economia, como a indústria da construção, que demanda atendimento ágil e constante ação inovadora. É inegável que a crise propicia o surgimento de oportunidades. Compartilhamos do pensamento do presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga, ao defender que “a prosperidade do País depende de um esforço conjunto e de ações coordenadas entre os setores produtivo, acadêmico e público: é isso que fortalecerá a estratégia de inovação da indústria brasileira”. Boa leitura! CARLOS ALBERTO DE PAULA MOURA JÚNIOR Presidente do Sinduscon-GO

DIRETORIA EXECUTIVA DO SINDUSCON-GO (2013/2016) PRESIDENTE: Carlos Alberto de Paula Moura Júnior - 1º Vice-Presidente: Eduardo Bilemjian Filho - 2º Vice-Presidente: Guilherme Pinheiro de Lima - Diretor Administrativo: Manoel Garcia Filho Diretor Administrativo Adjunto: Luís Alberto Pereira - Diretor Financeiro e Patrimonial: José Rodrigues Peixoto Neto - Diretor Financeiro e Patrimonial Adjunto: Ricardo Silva Reis - Diretor da Comissão de Economia e Estatística: Ibsen Rosa - Diretor da Comissão de Economia e Estatística Adjunto: Maurício Figueiredo Menezes - Diretor da Comissão da Indústria Imobiliária: Mário Andrade Valois - Diretor da Comissão da Indústria Imobiliária Adjunto: Eduardo Bilemjian Neto - Diretor da Comissão de Habitação: Roberto Elias de Lima Fernandes - Diretor da Comissão de Habitação Adjunto: Cláudio Jesus Barbosa de Sousa - Diretor da Subcomissão de Legislação Municipal: Renato de Sousa Correia - Diretor de Materiais e Tecnologias: Sarkis Nabi Curi - Diretor de Materiais e Tecnologias Adjunto: Pedro Henrique Borela - Diretor da Comissão de Concessão, Privatização e Obras Públicas: João Geraldo Souza Maia - Diretor da Comissão de Concessão, Privatização e Obras Públicas Adjunto: Humberto Vasconcellos França - Diretora de Qualidade e Produtividade: Patrícia Garrote Carvalho - Diretora de Qualidade e Produtividade Adjunta: Aloma Cristina Schmaltz Rocha - Diretor de Construção Pesada: Sérgio Murilo Leandro Costa - Diretor de Construção Pesada Adjunto: Jadir Matsui - Diretor de Construção Metálica: Cezar Valmor Mortari - Diretor da Construção Metálica Adjunto: Joaquim Amazay Gomes Júnior - Diretor de Assuntos Jurídicos: Ricardo José Roriz Pontes - Diretora de Assuntos Jurídicos Adjunta: Selma Regina Palmeira Nassar de Miranda - Diretor da Subcomissão de Política e Relações Trabalhistas e Sindicais: Yuri Vaz de Paula - Diretor da Comissão de Saúde: Jorge Tadeu Abrão - Diretor da Comissão de Saúde Adjunto: Célio Eustáquio de Moura - Diretor da Comissão de Proteção ao Patrimônio Natural: Gustavo Veras Pinto Cordeiro - Diretor da Comissão de Proteção ao Patrimônio Natural Adjunto: Nelson Siqueira Neto - Diretor do Setor Elétrico e Telefônico: Ricardo Daniel Lopes - Diretor do Setor Elétrico e Telefônico Adjunto: Carlos Vicente Mendez Rodriguez - Diretor Social e de Comunicação: Paulo Henrique Rodrigues Ribeiro - Diretor Social e de Comunicação Adjunto: Ulisses Alcoforado Maranhão Sá - CONSELHO CONSULTIVO: Justo Oliveira d’Abreu Cordeiro, Paulo Afonso Ferreira, Mário Andrade Valois, Joviano Teixeira Jardim, Sarkis Nabi Curi, José Rodrigues Peixoto Neto, Roberto Elias de Lima Fernandes, Alan de Alvarenga Menezes, José Augusto Florenzano, José Carlos Gilberti - SUPLENTES: Bruno de Alvarenga Menezes, Marco Antônio de Castro Miranda, André Luiz Baptista Lins Rocha - CONSELHO FISCAL: Célio Eustáquio de Moura, Guilherme Pinheiro de Lima, Carlos Henrique Rosa Gilberti - SUPLENTES: Paulo Silas Ferreira, Ricardo de Sousa Correia, Paulo Henrique Rodrigues Ribeiro REPRESENTANTES JUNTO À FIEG: Carlos Alberto de Paula Moura Júnior, Roberto Elias de Lima Fernandes - SUPLENTES: Eduardo Bilemjian Filho, Justo Oliveira d’Abreu Cordeiro - REPRESENTANTE JUNTO À CBIC: Carlos Alberto de Paula Moura Júnior - SUPLENTES: Eduardo Bilemjian Filho, Guilherme Pinheiro de Lima.

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S UMÁRIO 6

Entrevista Entrevista com o presidente da Comissão de Meio Ambiente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CMA/CBIC), Nilson Sarti da Silva Filho.

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Artigo “Desafios e soluções na infraestrutura” é o tema do artigo do presidente do Sindcel e

18 MATÉRIA DE CAPA Pagamento. Cadê Você? Retração e indefinições na economia impactam receitas de Estados e Municípios, gerando atrasos na execução de obras públicas.

do Conselho Temático de Infraestrutura da Fieg (Coinfra), Célio Eustáquio de Moura.

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Artigo “Adensamento e qualidade de vida” é o tema do artigo do diretor executivo da Norden Arquitetura,

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Paulo Renato Alves.

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Construção Sustentável

Outplacement não é modismo, é prática de gestão.

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Registro de Eventos

Desperdício ou controle de processos.

Acompanhe o registro dos eventos realizados

Qual é a realidade da sua obra?

no Sinduscon-GO no mês de maio/2015.

Inovar é Preciso

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Indicadores Econômicos

Tecnologia e inovação para

Confira o valor do Custo Unitário Básico (CUB)

o desenvolvimento de Goiás.

referente ao mês de abril/2015.

REVISTA CONSTRUIR MAIS - Revista mensal do Sindicato da Indústria da Construção no Estado de Goiás (Sinduscon-GO) Sinduscon-GO - Filiado à CBIC e FIEG. Rua João de Abreu, n° 427, Setor Oeste, Goiânia-Goiás - CEP 74120-110. Telefone: (62) 3095-5155 / Fax: (62) 3095-5177 - Portal: www.sinduscongoias.com.br | Presidente: Carlos Alberto de Paula Moura Júnior | Diretor Social e de Comunicação: Paulo Henrique Rodrigues Ribeiro | Gerente Executiva: Sebastiana Santos | Edição: Joelma Pinheiro | Reportagem: Aymés Beatriz B. Gonçalves (beatriz@ sinduscongoias.com.br), Joelma Pinheiro (joelma@sinduscongoias.com.br) e Valdevane Rosa (valdevane@sinduscongoias.com.br) | Fotografia: Assessoria de Comunicação Social do Sinduscon-GO e Silvio Simões | Projeto Gráfico e Diagramação: Duart Studio | Publicidade: Sinduscon-GO - Telefone: (62) 3095-5155 | Impressão: Gráfica Art3 | Tiragem: 6.000 exemplares. Publicação dirigida e distribuição gratuita. *As opiniões contidas em artigos assinados são de responsabilidade de seus autores. Consciente das questões ambientais e sociais, o Sinduscon-GO trabalha em parceria com a gráfica Art3, que utiliza papéis com certificação FSC (Forest Stewardship Council) na impressão dos seus materiais.

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RH & Você

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Para informações entre em contato com o Departamento Comercial do Sinduscon-GO, telefone (62) 3095-5168, e-mail comercial@sinduscongoias.com.br.


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OT Í C I A S D O S PA R C E I RO S

ENCONTRO COM O MERCADO: DIRETORES DA RIZZO IMOBILIÁRIA PARTICIPAM DA 11ª EDIÇÃO DO SELETTO As experiências de 40 anos de atividades no segmento imobiliário e o novo modelo de gestão da Rizzo Imobiliária, implementado com a governança corporativa, foram apresentados ao Conselho de Administração e diretoria do Sicoob Engecred-GO, em nova edição do projeto de relacionamento da cooperativa, realizado no Castro’s Hotel, no dia 24 de abril. O empresário Leonardo Rizzo participou do encontro juntamente com o diretorgeral, Dalton Egídio que realizou apresentação institucional. Também participaram o diretor de controladoria e finanças da Rizzo Imobiliária, José Virgílio de Abreu; o diretor comercial, Gláucio Camargos e a assistente de comunicação, Nayara Giani. Leonardo Rizzo compartilhou com a diretoria e conselho do Sicoob Engecred-GO sua experiência no segmento

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO E DIRETORIA DO SICOOB ENGECRED-GO COM OS EXECUTIVOS DA RIZZO IMOBILIÁRIA

imobiliário e sua atuação na comercialização de lotes urbanos, e concluiu dizendo que o mercado imobiliário precisa de parcerias com instituições financeiras, porque a função do setor não é ser banco. “O papel do setor imobiliário é viabilizar moradias”, observou Leonardo. O evento foi encerrado com um almoço, após a fala do presidente do Conselho de Administração do Sicoob Engecred-GO, Luis Alberto Pereira, que ressaltou a importância do Seletto – programa da entidade de relacionamento com o mercado – para o planejamento de novos produtos e serviços para a base de atuação da cooperativa, visando atender novos segmentos de mercado cooperados. “Nosso objetivo é não perder de vista oportunidades de crescimento”, finalizou Luis Alerto.

ÁREA DE LAZER É GRANDE DIFERENCIAL DO MAIS NOVO EMPREENDIMENTO DO SETOR BUENO Localização privilegiada, comodidade e conforto são atributos indispensáveis por aqueles que procuram, além de uma nova morada, viver com qualidade de vida. Nesse contexto, os 450 futuros moradores do Like Bueno, no Setor Bueno, em Goiânia, estão cada vez mais próximos de atingirem esse objetivo. Em grande estilo, a festa de entrega aconteceu no dia 29 de abril, na grande área de lazer que conecta as duas torres do empreendimento, composto por 256 apartamentos cada uma. Na oportunidade, os convidados puderam conferir os dispositivos de lazer, como o ofurô, espaço mulher, pista de skate e xadrez humano em pleno funcionamento, enquanto apreciaram buffet preparado pelo Maison Florence ao som da DJ Sophia Dalla Voguet. Com 41.386,56 m² de área construída, o Like Bueno é um empreendimento da Consciente Construtora e Incorporadora e está localizado na Rua T-30. O residencial consiste em duas torres de 32 andares que abrigam quatro apartamentos por pavimento. As unidades têm plantas que variam entre 72,22 m² (três quartos e uma suíte) e 94,71m² (três suítes). O empreendimento ainda tem oito ambientes gourmets que são como extensões dos apartamentos. Aqueles que gostam de uma diversão mais reservada poderão frequentar os cinemas, pizzarias, salas de pôquer e restaurantes japoneses,

todos disponibilizados em dose dupla. Com área de lazer de 2.879,85 m² como grande diferencial, são 29 itens voltados para os públicos infantil e adulto, com opções variadas de diversão. Espaço mulher, ofurô, brinquedoteca, salão de festas, churrasqueira, pergolado, praça de fontes, playground, pista de skate, espaço zen, street ball, quadra de peteca, quadra poliesportiva, mini golf, praça de xadrez, piscina infantil, deck seco, piscina adulto, deck molhado, espelho d’água, piscina coberta, área de descanso, fitness, sauna e ducha estão entre os elementos que compõem a área comum.

PRESIDENTE DO SICOOB ENGECRED-GO É EMPOSSADO COMO VICE-PRESIDENTE NA CASA DO COOPERATIVISMO Com o objetivo de contribuir com o desenvolvimento do cooperativismo no Brasil, tomou posse no dia 04 de maio, os membros dos conselhos de Administração e Fiscal do Sistema OCB/Sescoop-GO. De acordo com o vice-presidente empossado, Luis Alberto Pereira, com sua participação na gestão da Casa do Cooperativismo, o Conselho de Administração do Sicoob Engecred-GO, que também preside, terá a oportunidade de promover a troca de experiências, que visa fortalecer o cooperativismo em todo o Estado. “De um lado, podemos levar as boas práticas do cooperativismo de crédito para o Sistema OCB/Sescoop-GO e o do outro enriquecemos a atuação do Sicoob Engecred-GO com a experiência de outras cooperativas”, explicou Luis Alberto. O Sistema OCB/SescoopGO será dirigido no quadriênio 2015/2019 pelo presidente Joaquim Guilherme Barbosa de Souza, da Complem.

DIRETOR EXECUTIVO DO SINDILEITE, ALFREDO LUIZ CORREIA; CHEFE DE GABINETE DA GOIÁS FOMENTO, LUIZ OTÁVIO NASCIMENTO; VICEPRESIDENTE DO SISTEMA OCB/SESCOOP-GO, LUIS ALBERTO PEREIRA (SICOOB ENGECRED-GO), E O PRESIDENTE DO SISTEMA OCB/SESCOOPGO, JOAQUIM GUILHERME BARBOSA DE SOUZA (COMPLEM), DURANTE SOLENIDADE NA CASA DO COOPERATIVISMO

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N T R E V I S TA

NILSON SARTI DA SILVA FILHO

Estruturar a legislação ambiental e estimular construções mais sustentáveis são os

PILARES DA CMA/CBIC Esta edição da Construir Mais traz entrevista com o presidente da Comissão de Meio Ambiente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CMA/CBIC), Nilson Sarti da Silva Filho, que desde agosto de 2014 assumiu os trabalhos desta importante área de atuação da CBIC. Graduado em Engenharia Civil pela Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Nilson Sarti possui MBA em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e é diretor da Akasa Incorporadora. Na Ademi-BA ocupou os cargos de diretor de Marketing, 2º vice-presidente em duas gestões consecutivas, vice-presidente e presidente da Ademi-BA nas gestões 2010/2012 e 2012/2014 e vice-presidente da CBIC no triênio 2011/2014. Atualmente é membro do Conselho Consultivo da Ademi-BA e da Comissão da Indústria Imobiliária (CII). Confira, a seguir, a entrevista. DESCREVA DETALHADAMENTE AS AÇÕES/METAS DE TRABALHO QUE A CMA/CBIC PRETENDE REALIZAR NESTA GESTÃO. A Comissão de Meio Ambiente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CMA/CBIC) tem como objetivos principais a estruturação da legislação ambiental e o estímulo às construções mais sustentáveis, tendo como principais eixos de atuação: energia, água e resíduos. O TEMA LICENCIAMENTO AMBIENTAL É COMPLEXO. O QUE A CMA/CBIC TEM FEITO NO SENTIDO DE ORIENTAR AS EMPRESAS A CUMPRIREM A LEGISLAÇÃO E AGILIZAR OS PROCESSOS? Avaliamos ser necessária uma uniformização das legislações das diferentes esferas de governo – federal, estadual e municipal, definindo claramente a competência de cada um. Além disso, a criação de legislação ambiental específica para áreas urbanas aumenta a segurança jurídica do ambiente de negócios e pode garantir um equilíbrio adequado entre preservação e desenvolvimento. Em breve, a CMA lançará um Guia de Orientação para o Licenciamento Ambiental, que terá a finalidade de alertar nossos associados, para os principais aspectos que antecedem o licenciamento ambiental e os possíveis entraves para o desenvolvimento célere do processo de licenciamento e orientar o empreendedor por meio de um passo-a-passo, em sua atuação nas diferentes etapas do licenciamento. A MAIORIA DOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS AINDA NÃO CONSEGUIU CUMPRIR COM AS METAS DA POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS, GERANDO IMPACTOS NEGATIVOS PARA A INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO. O QUE A CBIC TEM PROPOSTO PARA A SOLUÇÃO DESTE PROBLEMA? 6

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É importante acelerarmos o cumprimento das metas da Política Nacional de Resíduos Sólidos, garantir destinação adequada dos resíduos sólidos, criar incentivos para sua transformação e para a efetiva implantação da logística reversa. A proposta da Comissão é disseminar as boas iniciativas existentes nas cidades brasileiras, a exemplo do Sigor em São Paulo, a logística reversa no Estado do Paraná e estimular parcerias público-privadas para acelerar sua implementação, pois o poder público sozinho não terá condições de cumprir o que a lei determina. ATUALMENTE, A CMA POSSUI ALGUM ESTUDO/ TRABALHO JUNTO AO MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE (MMA)? COMO ANDA A RELAÇÃO INSTITUCIONAL ENTRE A CBIC E MMA? A CBIC mantem uma longa relação de parceria com o Ministério do Meio Ambiente e possui diversas ações em conjunto, como por exemplo, a participação da CBIC no GT 01, grupo de trabalho voltado para a revisão do Plano Nacional de Resíduos Sólidos, compondo o Comitê Interministerial da Política Nacional de Resíduos Sólidos. Participa também, juntamente com a CNI, como membro do Grupo de Trabalho sobre Produção e Consumo Sustentáveis e pensamos em desenvolver programas na área de energias renováveis, gestão da demanda de água, entre outros. O SENHOR PODE ADIANTAR ALGUM TEMA QUE SERÁ LEVADO À DISCUSSÃO NO 87º ENIC, EM SALVADOR, NO MÊS DE SETEMBRO? Iremos trabalhar nos três temas de atuação da Comissão: energia, água e resíduos, abordando assuntos como estímulo e desenvolvimento de programas que podem revolucionar o uso de energia renovável, incentivo à criação de políticas públicas para diminuição do desperdício de água e criação de incentivos para implantação de sistemas de captação de água de chuva. Levaremos ao ENIC em setembro experiências de boas práticas internacionais e nacionais no tema construção sustentável e respectivas tendências. DAS PROPOSIÇÕES LEGISLATIVAS DA ÁREA DE MEIO AMBIENTE QUE ESTÃO TRAMITANDO NO CONGRESSO NACIONAL, QUAIS IMPACTARÃO AS ATIVIDADES RELACIONADAS À INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO? A CMA, por meio da Assessoria Legislativa da CBIC, monitora permanentemente as proposições legislativas que tramitam no Congresso Nacional. Estamos atentos quanto às proposições que tratam da regulação do licenciamento ambiental, diretamente relacionados às atividades da Indústria da Construção, aquelas que propõem regular a gestão dos resíduos


NILSON SARTI DA SILVA FILHO, PRESIDENTE DA CMA/CBIC

sólidos, reutilização de água, eficiência energética e incentivos fiscais para utilização de ferramentas, sistemas e materiais voltadas à construção sustentável, dentre outros. A CMA/CBIC PARTICIPOU RECENTEMENTE DA REUNIÃO DO GRUPO DE TRABALHO SOBRE PRODUÇÃO E CONSUMO SUSTENTÁVEIS NO MMA. A PAUTA INCLUÍA A DISCUSSÃO DE PROPOSTA PARA IMPLEMENTAÇÃO DO CONCEITO DE PRODUÇÃO E CONSUMO SUSTENTÁVEIS NAS COMPRAS PÚBLICAS; CRIAÇÃO DO PLANO DE AÇÃO PARA PRODUÇÃO E CONSUMO SUSTENTÁVEIS (PCS) – CICLO 2015 A 2019; ESTUDOS SETORIAIS SOBRE CRITÉRIOS DE SUSTENTABILIDADE; E

A CONSTRUÇÃO DE AGENDA DE TRABALHO PARA 2015. QUE RESULTADOS FORAM OBTIDOS NESTE ENCONTRO? Neste encontro, foi aprovada a proposta para Implementação do Conceito de Produção e Consumo Sustentáveis nas Compras Públicas, foram expostos os temas prioritários para o próximo ciclo do Plano de Ação para Produção e Consumo Sustentáveis que serão definidos ao longo de 2015, foi apresentada a proposta de temas a serem tratados pelo grupo de trabalho: compras públicas sustentáveis; rotulagem ambiental; incentivos fiscais para a PCS; normas internacionais; análise de ciclo de vida; logística reversa; produção mais limpa, entre outros. Foi ressaltado durante o encontro que a definição da política industrial do Governo Federal, no segundo mandato, será fundamental para definirmos a forma como o GT PCS será formalizado e que ocorrerão novas reuniões sobre o Plano a partir do mês de fevereiro de 2015. QUANTO À APLICAÇÃO DO CÓDIGO FLORESTAL NO AMBIENTE URBANO, QUE AVANÇOS E RETROCESSOS ELE TROUXE PARA A INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO? A elaboração de legislação ambiental específica para a área urbana poderá acelerar o desenvolvimento sustentável das regiões. A legislação ambiental não diferencia áreas urbanas e rurais na definição de Áreas de Preservação Permanente (APPs), as restrições impostas dificilmente são cumpridas, resultando em construções ilegais e/ou não aproveitamento de áreas pela população. É importante o estabelecimento de diretrizes gerais nacionais aplicáveis a todos os Estados e Municípios, mantendo flexibilidade para adequação local quando necessário e definição clara dos níveis de competência para cada esfera de governo na definição de restrições, na aprovação de projetos e obtenção de licenças. A Comissão possui um projeto estratégico em sua lista de ações que é a proposição de um Código Ambiental Urbano, que tem como objetivo principal a elaboração de um roteiro de argumentos que possam integrar uma legislação ambiental urbana específica e entrega da minuta para os Poderes Legislativo e Executivo federal.

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Desafios e soluções na

INFRAESTRUTURA Vivemos um momento de dificuldades e de preocupações. Os números mais recentes do Instituto Mauro Borges, da Secretaria de Gestão e Planejamento de Goiás, que apurou um crescimento de não mais que 1,8% do Estado em 2014, prevê um resultado ainda pior para 2015. Objetivamente: Goiás nada crescerá neste ano. O setor produtivo, ente essencial no processo do desenvolvimento econômico, segue no seu eixo de atuação, mas nem tudo pode fazer – além de gerar emprego e produzir renda – se a atividade produtiva, em si, depende em alta escala de condições estruturais, desde que permeia os variados fatores que envolvem o bem-estar da população, onde se encontram referências vitais como saúde, educação, segurança, logística, mobilidade urbana, etc. A atuação do Coinfra se coloca exatamente nesse contexto. Por isso, sua determinação para avançar nas discussões em busca de soluções para os graves desafios que nos cercam. Este é o papel do empresário, vale dizer, do segmento produtivo: ter postura pública e postura cívica, contribuir com as soluções, provocar o debate, participar, interagir. O setor produtivo não é contra nada. É a favor do encontro das soluções adequadas ao País que temos – e que, todos sabemos – precisa ir longe, e andando a passos largos. O Coinfra (e de resto toda a Fieg) está imbuído desse propósito, e com esta determinação pretende fazer de 2015 um ano de conquistas, a partir da discussão objetiva e profunda dos nossos problemas. É agir de forma séria e responsável, numa postura de interação, com o foco em ações proveitosas e rentáveis que possam ser indutoras da virada que deve ser a meta de todos os setores responsáveis e preocupados com um país pujante e próspero. Bem na nossa cara está um desses desafios. Falo do Aeroporto Santa Genoveva, cujas obras de ampliação e modernização se arrastam há um tempo demasiadamente longo. A falta de estrutura de que o aeroporto se ressente, mais que outra coisa, é ponto inibidor para a atividade empresarial e produtiva – em síntese, um inibidor de negócios. Na linha da também necessária agilização das condições logísticas para Goiás continuar crescendo aparecem os embaraços na ligação ferroviária, com obras a se complementarem e com a efetiva definição da fonte operacional, como se dá hoje na Ferrovia Norte-Sul. Na mobilidade urbana, por que Goiânia desistir do velho projeto do Metrô? E temos mais problemas para que o Estado, que nos últimos anos vem crescendo acima da média nacional, continue avançando: a Celg, ainda envolvida em dívidas e sem gerar energia na intensidade reclamada e na qualidade que se deve requerer. Temos também a Saneago, igualmente com problemas financeiros e desta forma sem capacidade de investimen-

O SETOR PRODUTIVO NÃO É CONTRA NADA. É A FAVOR DO ENCONTRO DAS SOLUÇÕES ADEQUADAS AO PAÍS QUE TEMOS – E QUE, TODOS SABEMOS – PRECISA IR LONGE, E ANDANDO A PASSOS LARGOS”

to para atender na plenitude as demandas por água boa e de qualidade e sistemas de saneamento que atendam a toda a população. Discutir esses desafios, buscando solução para cada um desses problemas, é a pauta consequente para os nossos trabalhos no Coinfra este ano. Porque temos que ser parceiros no processo de construção – a mais acelerada possível – de um Estado de Goiás melhor para todos. CÉLIO EUSTÁQUIO DE MOURA, engenheiro eletricista, empresário (Constel Construções Elétricas Ltda.), presidente do Sindcel, vice-presidente do Seconci-GO, conselheiro da CNI, Fieg e AGE, e presidente do Coinfra (Conselho Temático de Infraestrutura da Fieg)

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ADENSAMENTO e qualidade de vida Vem sendo comum entre os goianienses o questionamento a respeito dos grandes prédios que vem surgindo nesse processo de verticalização que se intensificou na capital nos últimos anos. Acostumados ao clima bucólico em que foram criados, a grande dúvida é se vale a pena uma cidade ganhar forma de metrópole. A qualidade de vida estaria em risco? Nem sempre o adensamento urbano é reflexo de congestionamentos, alagamentos e filas nos grandes centros. Barcelona, na Espanha, possui 16 mil habitantes por quilômetro quadrado e, Nova York, nos Estados Unidos, tem 10 mil. Apesar disso, as cidades são listadas como centros invejáveis do ponto de vista de ordenamento urbano e qualidade de vida. Enquanto isso, Goiânia possui uma densidade populacional de apenas 1,8 mil habitantes por quilômetro quadrado e já preocupa a todos com o crescimento dos problemas. O grande questionamento é: onde estamos errando? A diferença está no planejamento concebido para longo prazo, geralmente adotado nessas cidades de países desenvolvidos. Quando os desafios do crescimento são calculados com antecedência, é possível dimensionar melhor os problemas e desenvolver soluções eficazes. Uma vez estabelecidos os rumos, eles normalmente são obedecidos pelos agentes públicos e privados. Correções, quando acontecem, são exceção; jamais regra. Em Paris e Londres, outros dois centros mundialmente respeitados pelos urbanistas, chegou-se à conclusão de que se alcançaria a viabilidade urbana a partir da implantação de microcentros que combinassem moradia, trabalho e lazer. Desde então, o ordenamento urbano passou a seguir esta diretriz. As pessoas passaram a ter uma rotina concentrada em um território restrito, sem que isso signifique desconforto. Um dos resultados da medida foi a redução do uso do automóvel, o que, de quebra, diminuiu a emissão de dióxido de carbono (CO²) lançado na atmosfera. Em Goiânia, alguns modelos aplicados nestas cidades estão sendo replicados pelo mercado imobiliário, como o mixed use, que significa empreendimentos de uso misto. É um único complexo que reúne lazer, trabalho, compras e moradia e, assim, contribui com a mobilidade urbana, uma vez que o usuário se desloca menos em seu dia-a-dia. As iniciativas são positivas. Contudo, a cidade de apenas 82 anos vem crescendo em ritmo acelerado, o que exige investimentos estruturais por parte do poder público para comportar a migração populacional que atrai. O principal deles é a mobilidade. Precisamos avançar e, mais uma vez, ideias desenvolvidas em outros países podem nos inspirar.

NEM SEMPRE O ADENSAMENTO URBANO É REFLEXO DE CONGESTIONAMENTOS, ALAGAMENTOS E FILAS NOS GRANDES CENTROS”

Goiânia é a segunda cidade do País que mais recebeu migrantes, segundo o Atlas do Censo Demográfico 2010, lançado em 2013 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Brasília está no topo. O governo de Tóquio desenvolveu uma estratégia de criação de subcentros, estruturados a partir de entroncamentos de grandes linhas de trem e metrô, a fim de evitar o super congestionamento da área central. Ao contrário do Brasil, na capital japonesa, a iniciativa privada participa do processo. A gestão do negócio é feita por uma concessionária, que vai adquirindo terrenos do entorno da área de interesse ao longo de décadas, enquanto os preços estão baixos e o projeto ainda não foi anunciado. Isso é planejamento e estratégia. Quando é chegada a hora de o projeto sair do papel, um fundo imobiliário é constituído, no qual os proprietários recebem imóveis construídos como pagamento, semelhantemente ao formato de negócio que as incorporadoras brasileiras fazem com os donos de terrenos. Essa é a cultura desenvolvida em um país com pouca extensão territorial. O Japão possui em torno de 128 milhões de habitantes para uma área de 377 mil km². Goiás tem uma população de quase 7 milhões de habitantes espalhados por uma área de 340 mil km². Enquanto nesses países houve a necessidade de se pensar meticulosamente para aproveitar cada pedacinho de seu território, vivemos no desperdício da abundância e pagamos o preço por isso. É preciso romper com este paradigma de que, quando se tem muito, não há razão para preocupar-se com o futuro. PAULO RENATO ALVES, diretor executivo da Norden Arquitetura

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S PA Ç O J U R Í D I C O

SEGURANÇA

na aquisição de imóveis Foi sancionada no dia 19 de janeiro a Lei 13.097, que simplifica e torna mais segura a aquisição de imóveis no País. No entanto, a eficácia plena de suas regras só se concretizará daqui a dois anos. A compra de imóveis no Brasil é extremamente complexa e insegura. Atualmente, o comprador que pretende fazer uma aquisição imobiliária com segurança deve promover uma complicada análise de documentos. Tal providência visa, principalmente, verificar se credores do vendedor ou de anteriores proprietários do imóvel podem, no futuro, alegar direitos sobre o bem que está sendo alienado. Isso porque a saída do imóvel do patrimônio do devedor pode torná-lo insolvente, ou seja, sem patrimônio que garanta o pagamento de seus credores. Nesse caso, independentemente da boa ou má-fé do comprador, tais credores podem anular a alienação promovida, penhorar o imóvel e vendê-lo judicialmente. Assim, devem ser analisadas as eventuais dívidas do vendedor e dos anteriores proprietários. Tanto se faz, especialmente, através de certidões que atestam a existência de processos em face de tais pessoas (certidões dos distribuidores cíveis). Não basta a mera análise da certidão do imóvel, expedida pelo Registro de Imóveis. Mesmo que esta não indique nenhum gravame sobre o bem, podem ocorrer problemas. Basta haver um processo correndo no Judiciário contra o vendedor, por exemplo. Ocorre que temos hoje no País mais de 5 mil municípios. As certidões dos distribuidores são emitidas por cada uma das comarcas. Não há um cadastro único de tais informações. Temos, ainda, as Justiças Federal e do Trabalho com seus cadastros próprios. Como se vê, a busca por uma aquisição completamente imune a discussões pode ser até mesmo impossível. Com a Lei 13.097, a lógica se inverte. Cabe ao credor do vendedor ou de anteriores proprietários do imóvel informar sobre seu processo na matrícula do bem, no Registro de Imóveis. Não havendo nenhum ônus nesta quando da aquisição, a transferência fica imune a futuros questionamentos e o imóvel não pode ser atingido por nenhuma ação de credores do vendedor. A Lei é um marco histórico no direito imobiliário pátrio. É uma tentativa de superar um modelo extremamente complexo e inseguro de aquisição imobiliária. Modelo no qual somente advogados especialistas na área conseguem dar segurança ao comprador. 12

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“ A COMPRA DE

IMÓVEIS NO BRASIL É EXTREMAMENTE COMPLEXA E INSEGURA. ATUALMENTE, O COMPRADOR QUE PRETENDE FAZER UMA AQUISIÇÃO IMOBILIÁRIA COM SEGURANÇA DEVE PROMOVER UMA COMPLICADA ANÁLISE DE DOCUMENTOS”

Apesar das questões técnico-jurídicas que só o tempo resolverá, a mencionada alteração legislativa certamente fomentará a atividade econômica imobiliária no País. Como o risco da operação será menor, o crédito deverá aumentar e os juros deverão baixar. Ressalta-se, no entanto, que a própria lei dá aos hoje credores o prazo de dois anos para informarem seus créditos no Registro Imobiliário. Logo, sua eficácia plena levará um tempo para se concretizar. Até lá, as cautelas necessárias para uma boa aquisição de imóveis permanecem as mesmas. ARTHUR RIOS JÚNIOR é advogado imobiliário e da construção


Justiça Entende

Perda das férias em decorrência de licença remunerada e o direito ao terço constitucional Quando o empregado perde o direito às férias por ter, no curso do respectivo período aquisitivo, gozado licença remunerada por mais de 30 dias, surge a dúvida sobre ser ou não devido o pagamento do terço constitucional sobre as férias perdidas, vez que a legislação é silente quanto a este tema. Contudo, a maioria das decisões judiciais entendem ser no sentido de pagamento do 1/3 constitucional, conforme se verifica nas ementas transcritas a seguir: LICENÇA REMUNERADA – PERÍODO DE TRINTA DIAS – SUBSTITUIÇÃO DAS FÉRIAS – ADMISSIBILIDADE – TERÇO CONSTITUCIONAL – PAGAMENTO DEVIDO – Em que pese o art. 133, inciso II, da CLT eximir o empregador de remunerar as férias na hipótese de licença remunerada por mais de trinta dias, o terço constitucional é direito do trabalhador, previsto no art. 7º, XIV, da Constituição Federal de 1988, sendo devido o pagamento, independente de estar o empregado de licença remunerada. (TST – RR 439.211/98.7 – 1ª Turma

– Rel. Juiz Conv. Aloysio Corrêa da Veiga – DJU 19.11.2004). TERÇO CONSTITUCIONAL – LICENÇA REMUNERADA – O terço constitucional é devido ao trabalhador ainda que não lhe seja assegurado o direito ao gozo de férias em razão de concessão de licença remunerada superior a trinta dias. (TST – RR 360606 – 2º T. – Rel. Min. Vantuil Abdala – DJU 28.04.2000). TERÇO CONSTITUCIONAL – LICENÇA REMUNERADA – É devido o pagamento do terço destinado às férias que deixaram de ser gozadas em razão da concessão da licença. Não se pode permitir que o disposto no artigo cento e trinta e três, inciso dois, da CLT seja utilizado com o fim de permitir aos empregadores que substituam a licença remunerada pelas férias e, com isso, isentar-se do pagamento do terço constitucional, burlando dessa forma o disposto na Carta Magna. Recurso conhecido e provido. (TST – RR 216589/1995 – 2º T. – Rel. Min. José Luciano de Castilho Pereira – DJU 30.04.1998).

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ONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL

DESPERDÍCIO ou controle de processos.

Qual é a realidade da sua obra? A evolução da indústria da construção tem etapas marcadas: na década de 50, quando a racionalização construtiva passou a ser discutida como meio de otimizar o uso de todos os recursos disponíveis em todas as fases do empreendimento; na década de 80, quando sustentabilidade foi tema de debate iniciado com o Relatório de Brundtland, impulsionando pesquiDANIELA sas em todo o mundo para que se tenha CASTRO SILVA construções sustentáveis nos parâmetros vigentes quanto às questões ambientais; na década de 90, quando iniciaram a adoção de sistemas de gestão da qualidade; e no ano de 2013, onde após anos de estudos, discussão e debates, entrou em vigor a Norma de Desempenho. No Brasil, não é difícil encontrar exemplos de edificações com projetos e processos fundamentados em conceitos de industrialização e racionalização, qualidade, desempenho e sustentabilidade. Mas, como sendo o lado oposto de uma mesma moeda, ainda pode ser facilmente observado na indústria da construção o desperdício físico (de materiais, de mão de obra e de equipamentos) em diferentes etapas do ciclo de vida de uma edificação. Pesquisas realizadas ao longo dos últimos anos apontam empresas tendo resultados de perdas extremamente baixos, em contraponto, é perceptível também a existência de outro extremo, de empresas que apresentam um alto nível de perdas detectadas. Para se ter uma referência, o Departamento de Engenharia de Construção Civil da EPUSP (PCC-USP) coordenou uma pesquisa nacional envolvendo 15 outras universidades brasileiras, onde se estudou dezenas de canteiros de obras de edifícios com o intuito de se avaliar as perdas reais de materiais. Tal estudo teve a indução do Instituto Brasileiro de Tecnologia e Qualidade na Construção Civil (ITQC) e o apoio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e do Programa Habitare, onde, dentre os índices levantados, os materiais simples (que podem ser utilizados diretamente no serviço) como no caso do concreto e aço, apresentaram perdas consideráveis (medianas respectivamente de 9% e 11%); embora tenham sido identificados desempenhos positivos (mínimos respectivamente de 2% e 4%), na pesquisa também foi possível detectar resultados preocupantes (máximos respectivamente de 23% e 16%). Na construção civil o conceito de perda é geralmente associado ao desperdício de materiais, no entanto, o pesquisador finlandês Lauri Koskela define perdas como tudo aquilo que consome recursos, mas não agrega valor, assim esse termo engloba tanto a ocorrência de consumo excessivo quanto a execução de tarefas desnecessárias e que geram custos adicionais. As perdas podem ser identificadas nas construções de forma aparente (entulho) e de maneira incorporada ao produto final. Por exemplo, ao se executar um revestimento de parede, a argamassa que cai no chão, não sendo reaproveitada, é descartada como entulho; todavia, esse mesmo revestimento sendo executado com uma sobrespessura apresentará uma perda incorporada, sendo identificada ainda como perda financeira. De acordo com o professor Alfredo Serpell (da Universidade Católica em Santiago, no Chile), na execução das obras de construção civil, os fatores que influenciam a produtividade e que, consequentemente, acarretam desperdícios, são identificados por: 14

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• Deficiências de projeto e planejamento que dificultam a construtibilidade da obra; • Ineficiência da gestão administrativa que enfatiza a correção dos problemas ao invés da prevenção dos mesmos; • Métodos ultrapassados e/ou inadequados de trabalho que não observam as experiências advindas de projetos anteriores; • Pouca vinculação da obra com as atividades denominadas de apoio, como: compras, estoques e manutenção; • Problemas com os recursos humanos decorrentes da pouca especialização da mão de obra e alta taxa de turnover do setor; • Problemas com a segurança dos trabalhadores gerados, principalmente, pelo não fornecimento e/ou uso dos equipamentos de proteção individual ou coletivo; • Deficiências dos métodos utilizados para o controle de custos projetados e executados. As perdas assumem formas variadas, com origem nas diversas etapas do processo da construção civil (planejamento, projeto, fabricação de materiais e componentes, execução e uso e manutenção) e é urgente que haja uma conscientização por parte das pessoas envolvidas desde a concepção à produção dos empreendimentos, visto que tanto o cenário econômico, como as legislações ambientais e a própria sociedade cada vez mais pressionam para que as empresas tomem iniciativas a fim de reduzirem seus índices. Intervenções simples podem ser adotadas, como por exemplo, a padronização das atividades alinhadas com as diversas etapas construtivas e com o projeto; a organização física e um planejamento logístico dos canteiros de obras; o monitoramento interno dos índices de perdas e de desempenho; a qualificação da mão de obra; e o uso de normas e técnicas na aquisição e no emprego de materiais, na contratação de serviços e na construção em geral. O fato é que muitas empresas de construção civil necessitam de uma reorganização em seus processos produtivos, pois, enquanto estas ainda desconhecem os benefícios da contratação adequada de um projeto básico (mesmo este sendo a peça chave para organizar e garantir o emprego eficiente da tecnologia), outras investem tempo e recursos para a integração e compatibilização entre os projetos essenciais (arquitetura, estrutura, instalações, etc.) e os projetos complementares (impermeabilização, forma/ escoramento, etc.), fator que colabora para mitigar o retrabalho nos canteiros de obras, diminui custo da obra, uso racional dos materiais, diminui o tempo de construção e geração de resíduos. Nesse cenário é possível concluir que a construção civil brasileira ainda convive com dois extremos: empresas arraigadas em sistemas de produção tradicionais, com pouca ou nenhuma cultura de gestão, e outras que investem em recursos humanos, suprimentos, documentação, controle de processos e projetos. Nos últimos 60 anos, novas normas técnicas, tecnologias construtivas e novos modelos de gestão surgiram para subsidiar as empresas construtoras nos seus processos construtivos, mas aquelas que adiarem as mudanças correrão o risco de não sobreviverem a um mercado tão competitivo e exigente. DANIELA CASTRO SILVA é engenheira civil pela PUC-GO, especialista em Gerenciamento de Obras, Tecnologia e Qualidade da Construção pelo IPOG e coordenadora na Comunidade da Construção de Goiânia


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S PA Ç O C B I C

VOTO e gestão planejada Vivemos um período histórico estável e democrático, em que governos se sucedem depois de eleitos pelo voto direto e secreto dos cidadãos. Mas a sociedade clama por gestão pública eficiente e transparente, capaz de oferecer serviços de qualidade em áreas prioritárias como transporte, saúde, educação e segurança. Quem elege cobra, imediatamente, eficiência dos governantes. Por que isso acontece? Por que não conseguimos criar um modelo de administração pública que atenda à expectativa da maioria dos brasileiros? Haverá diversas respostas para essas questões, e uma delas está, certamente, na ausência de planejamento estratégico nas ações dos diversos níveis de governança (federal, estadual e municipal). Tivemos, em nossa história recente, exemplos de governos que planejaram as ações, embora não tenham sido eficientes no resultado. Nos anos 1950, o presidente Juscelino Kubitschek reforçou a imagem de político moderno ao conciliar espírito público e gestão empreendedora. O plano de metas de JK, que contemplava investimentos maciços em obras de infraestrutura e produção de energia, além de Brasília, é considerado uma das primeiras experiências efetivas de planejamento governamental no Brasil. Mas o governo JK foi marcado também pela inflação alta, provocada pela emissão de moeda para alavancar investimentos, gerando desequilíbrio fiscal. Vieram depois os Planos Nacionais de Desenvolvimento (PND) do período militar, que, apesar de bem-intencionados, tiveram como lastro um regime autoritário e antidemocrático, que excluía a possibilidade de diálogo com os diversos segmentos da sociedade. Nos últimos anos, o Brasil evoluiu muito no plano institucional, com instituições cada vez mais sólidas e atuantes. No novo cenário, de amadurecimento político, precisamos aprender a planejar com equilíbrio e respeito aos princípios da responsabilidade fiscal. O momento histórico que vivemos não é trivial. As conquistas passadas criaram um cidadão e um consumidor que não aceitam mais conviver com problemas sem soluções. Exige-se nova atitude de governantes e políticos. Há muito que fazer para consolidarmos modelo de gestão pública eficiente, responsável e previsível. A política deve estar a serviço do cidadão e, portanto, precisa responder aos seus anseios e interesses. A democracia, importante conquista da sociedade brasileira, correrá sério risco se a população perder a confiança nos líderes. O discurso deve ser pautado em dados e em planejamento para não se tornar demagógico.

Devemos considerar que, hoje, há relação estreita entre o imediatismo do processo eleitoral e a ausência de planejamento de longo prazo na gestão pública. Falta vontade política para dar continuidade aos programas e para encarar os desafios, mesmo quando impopulares a curto prazo. A crise hídrica e energética, por exemplo, não poderia ter sido evitada se o planejado tivesse sido executado? Se tivéssemos feito planos com horizontes maiores do que o período de um mandato? Fica claro que, para responder satisfatoriamente a essas questões, devemos levar em conta a variável chamada eleitor. Só existirá planejamento de fato quando isso for necessário para vencer as eleições. Ou seja, só o eleitor pode mudar o quadro já angustiante, com cobrança e vigilância, antes e depois da hora do voto. A nova realidade começará a ganhar vulto quando houver mudança de cultura no país. Quando a nossa jovem democracia atingir níveis de evolução e maturidade que permitam ao cidadão optar, de forma consciente, entre a proposta séria e aquela que representa tão-somente a busca imediata de poder. Esse é o maior desafio a ser vencido para que os brasileiros possam sonhar, novamente, com processo sustentado de desenvolvimento econômico e social. Trabalhar para que isso aconteça deve ser responsabilidade de todos nós. JOSÉ CARLOS MARTINS, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC)

(Este artigo foi publicado no jornal Correio Braziliense, no dia 08/04/2015)

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EGURANÇA DO TRABALHO

Plano de RIGGING A expansão do setor imobiliário, a crescente demanda por obras de infraestrutura e grandes eventos (Copa de 2014 e Olimpíadas de 2016) propiciaram significativo aumento no cenário de movimentação de cargas no Brasil. Dois pontos de grande preocupação dos prevencionistas são o grande número de acidentes com vítimas de trabalhadores envolvendo movimentação de cargas e do fato de não haver legislação específica sobre o assunto. Na ausência de um padrão, cada empresa (locadoras e grandes construtoras) cria seu procedimento interno para mitigar os riscos na operação. Um importante item desses procedimentos internos consiste no Plano de Rigging, que hoje só é regulamentado para içamento de pessoas em cestos, de acordo com o anexo XII da NR 12. Plano de Rigging é um planejamento para movimentação de cargas, elaborado por profissional legalmente habilitado no Crea, incluindo memória de cálculo, projetos de dispositivos, desenhos e fases de içamento. Por se tratar de um planejamento, este plano deve ser elaborado e discutido antes de se movimentar a carga, pois nessa etapa irá ser definido qual guindaste será utilizado, bem como seus acessórios: contrapeso, jib (estrutura complementar que, instalado na ponta da lança, permite configurar ângulos com relação à lança), eslingas (amarrações feitas em cabos de aço ou cintas de fibras sintéticas), manilhas, dormentes e outros. O Plano de Rigging deverá conter as seguintes informações: • Configuração do guindaste – comprimento de lança, raio de operação, capacidade de carga bruta, contrapeso, abertura de sapatas, área de dormentes, tipos de moitão, jib, passadas de cabo (configuração do cabo de içamento entre o moitão e a ponta da lança a fim de aumentar a capacidade de carga do cabo); • Porcentagem de utilização do guindaste; • Força nas sapatas; • Layout da operação – desenho técnico contendo guindaste, carga e interferências; • Velocidade máxima do vento; • Resistência do solo; • Especificação técnica de eslingas, cabos, manilhas, detalhes de amarração. Compete ao contratante exigir o fiel cumprimento do Plano de Rigging, além de outras exigências como plano de manutenção, manual de operação e check list do guindaste, treinamento específico para operação da máquina e atestados de saúde ocupacional do operador de acordo com as Normas Regulamentadoras 7 e 12 do Ministério do Trabalho e Emprego. Segue alguns itens que devem ser conferidos antes de iniciar o içamento: • Verificar se o guindaste está nivelado. Se o guindaste não 16

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GUILHERME BERNARDES

possuir dispositivo indicador de nível, utilizar o cabo de içamento como prumo; • Verificar se o guindaste está patolado no exato lugar informado no layout, qualquer diferença irá alterar o comprimento de lança, raio de operação e até mesmo posição das sapatas em outro tipo de solo; • Confirmar se o contrapeso do guindaste está em conformidade com o especificado no planejamento. Importante lembrar que se o contrapeso estiver acima do especificado, você terá mais peso nas sapatas e se estiver abaixo, você perde capacidade de carga; • Verificar a abertura das sapatas e área dos dormentes abaixo destas; • Checar se os acessórios da operação como EPI’s, isolamento da área, rádios, manilhas, cintas e cabos estão em perfeitas condições e atendem as especificações técnicas definidas no Plano Rigging; • Confirmar se a velocidade do vento está abaixo da máxima permitida; • Confirmar se não existe nenhuma nova interferência (edificações, antenas, rede de energia, caixas d’água, para-raios, etc.), além das previstas no planejamento. Manilha

Eslingas

Contrapeso

Moitão

Guindaste com jib na ponta da lança

GUILHERME BERNARDES PINTO, engenheiro eletricista, engenheiro de segurança do trabalho e supervisor de Rigging – Instituto Opus/2014


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OMUNIDADE DA CONSTRUÇÃO

Bloco de Concreto Celular

AUTOCLAVADO Atualmente, a construção civil é uma das áreas que mais investe em tecnologias construtivas. Os processos têm sido otimizados por meio de materiais que propiciam economia, geram ganhos na produtividade, diminuição dos resíduos gerados pelo setor, além de adaptar-se às exigências dos usuários que estão contempladas na Norma de Desempenho (NBR 15.575). Entre as ações que vêm sendo implementadas nas obras, está o uso do Bloco de Concreto Celular Autoclavado (CCA). Esse bloco possui características interessantes aos apelos ambientais lançados no mercado. Além de atender as normas técnicas vigentes para a execução de alvenarias de vedação, o seu processo produtivo permite que o mesmo tenha características para melhorias quanto ao conforto térmico, acústico e resistência ao fogo. O bloco CCA é leve e seu processo industrial iniciase na moagem de areia quatzoza rica em sílica, que é misturada com cimento, cal, filler calcário, agente expansor e outros aditivos. Ele é incombustível, oferece resistência ao fogo superior aos blocos convencionais. Muitas das aplicações dos blocos de concreto celular autoclavado são em caixas de escada atendendo as exigências dos corpos de bombeiros, por se tratar de área de fuga. As caixas de escada podem ser facilmente executadas sem revestimentos de argamassa, permitindo pinturas diretamente no bloco. Por ser constituído de uma estrutura aerada, o bloco CCA permite melhor absorção das ondas sonoras dificultando a transmissão do som para outro ambiente. Assim, confere ao sistema de alvenaria com o bloco CCA um melhor desempenho acústico comparado aos sistemas convencionais, atendendo inclusive as exigências da NBR 15.575. Pode ser facilmente serrado, furado e escariado, sem prejudicar a integridade do produto, e evitando assim, excessos e acúmulo de resíduos na construção. É importante ressaltar que estrutura aerada, com células não conectadas, dificulta a migração de umidade de um ambiente para o outro, conferindo estanqueidade ao sistema de alvenaria com os blocos de CCA. Por ser leve, o Bloco de Concreto Celular Autoclavado gera uma economia em torno de 11% na taxa de armação das estruturas de concreto. No volume de concreto das fundações, a economia chega a 5%, podendo chegar a 25% nos produtos utilizados para assentamento e revestimento. As construções constituídas com alvenarias compostas

STEFANE VITORINO

por Blocos de Concreto Celular Autoclavado conferem maior estabilidade global da edificação. Uma construção de alvenaria externa pode chegar a uma carga total (considerando a argamassa assentamento/revestimento) de 154,0 kg/m², equivalente de 18% a 33% menor se comparado ao sistema convencional. O processo executivo das alvenarias de vedação com o bloco CCA é mais otimizado, chegando a um índice de produtividade em torno de 18% a mais, comparando-se com os sistemas convencionais. Esse índice se dá ao fato dos blocos terem dimensões maiores e serem facilmente cortados e modulados ao sistema. Importante ressaltar que a geração de resíduo durante a etapa de execução das alvenarias tende a ser zero. Além disso, o pouco resíduo gerado poderá ser 100% reaproveitado. Por ser um produto leve, muitos utilizam o resíduo para enchimento das áreas frias, entre outras finalidades. Os blocos CCA têm um baixo índice de condutibilidade térmica, sendo de 8 a 10 vezes mais eficiente do que os blocos convencionais, indicado para ambientes com variações de temperatura. Seu emprego propicia ambientes termicamente estáveis, com redução do consumo de energia para climatização. Na indústria dá maior proteção aos trabalhadores expostos a fontes quentes.

STEFANE VITORINO é engenheira e gerente de Produtos da Precon Material de Construção

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AT É R I A D E C A PA

ATRASO DE PAGAMENTOS DAS OBRAS PÚBLICAS PREJUDICA NEGÓCIOS E A POPULAÇÃO

A indústria da construção no Brasil vive momento delicado em virtude de atrasos nos pagamentos por execução de obras contratadas pelo ente público. O presidente da Comissão de Obras Públicas, Privatizações e Concessões da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (COP/CBIC), Carlos Eduardo Lima Jorge, explica que a situação dos atrasos nos pagamentos devidos começou a agravar-se em meados do segundo semestre de 2014. Em sua visão, nesta ocasião não se tratava ainda dos efeitos de medidas do ajuste fiscal, mas sim da necessidade de represamento dos recursos para que o governo federal tentasse reduzir seu déficit fiscal no final do exercício. “Já em 2015, com 18

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nova equipe econômica no comando federal, o que assistimos (ou melhor, vivenciamos) foi um significativo aperto na liberação dos recursos, limitados a 1/18 dos valores orçamentários, política que se estendeu por decreto até o final de maio”, afirmou. A queda do PIB e a retração da economia impactaram receitas de Estados e de Municípios, gerando sérias dificuldades para esses entes honrarem seus compromissos. Para aqueles que dependem de transferências federais – caso dos contratos e convênios do PAC e do Minha Casa Minha Vida – a situação tem sido pior e até a data de redação desta reportagem, os pagamentos ainda não haviam sido


CARLOS EDUARDO LIMA JORGE, PRESIDENTE DA COP/CBIC

questão, julga que não será conseguida a curto prazo: a mudança cultural entre as partes. “Enquanto contratantes, contratados e agentes de fiscalização e controle não entenderem que todos são parceiros nos empreendimentos, interessados na boa execução das obras, no respeito aos contratos e na garantia das melhores e mais justas condições para o desenvolvimento tecnológico e gerencial das empresas, conviveremos com a baixa responsabilidade e com a busca de vantagens – que, em última análise, prejudicam a sociedade brasileira”, destacou.

Consequências danosas A DEFINIÇÃO PRÉVIA E COMPLETA DO CONJUNTO DE OBRIGAÇÕES E DEVERES NOS CONTRATOS FIRMADOS ENTRE O PÚBLICO E O PRIVADO CONTRIBUIRÁ PARA O MELHOR ANDAMENTO DAS OBRAS E PARA O CONSEQUENTE ATENDIMENTO DAS CARÊNCIAS EM NOSSO PAÍS”

normalizados, conforme informou o presidente da COP. Ele lamentou o fato de essa ocorrência não ser isolada: “infelizmente a prática dos atrasos nos pagamentos é recorrente no Brasil. São considerados raros os casos em que os contratos são honrados e as quitações são feitas no prazo acordado”. O presidente da COP/CBIC destacou algumas possíveis razões para o problema: a contratação de obras sem que haja a correspondente garantia de recursos orçamentários disponíveis (orçamentos são considerados “peças de ficção”); licitações promovidas com base em projetos incompletos, gerando revisões e aditivos que não são suportados financeiramente pelos contratantes; e falta de dispositivo de aplicação imediata que implique no pagamento de multa e correção por atraso do poder público. Carlos Eduardo Lima Jorge pontua que, felizmente esses aspectos ganharam mais espaço para debate no processo de revisão da Lei de Licitações, em curso no Congresso Nacional. Para ele, a revisão do arcabouço legal que rege as licitações públicas tem destacado a importância de um maior equilíbrio na definição de deveres e de obrigações entre contratantes e contratados. A formulação da chamada Matriz de Riscos nos editais é um exemplo desse avanço. Mas a mudança que considera mais eficiente nessa

Na opinião do presidente da Comissão de Obras Públicas da CBIC, é evidente que uma obra, planejada, dimensionada e orçada para ser executada em 12 meses, terá seu custo elevado se o prazo de execução atingir 18 ou 24 meses. Há uma série de despesas que são fixas na administração das obras, na manutenção de pessoal e de equipamentos. E esses custos oneram mais ainda as empresas quando não computados pela administração que atrasa seus pagamentos. Na atual conjuntura econômica, as empresas não conseguem mais “financiar” esses atrasos e a consequência é a diminuição ou paralisação do ritmo de execução das obras e a crescente demissão de trabalhadores que vimos observando. Carlos Eduardo Jorge também pondera que a situação citada acima é a regra geral decorrente dos atrasos, mas não duvida que ainda existam administradores que “criem dificuldades para vender facilidades”. Ele critica a prática, “pois elas não interessam ao setor e, sobretudo, à sociedade”, e encoraja a realização de denúncias.

Transparência e responsabilidade

A transparência da gestão pública é o caminho eficaz para melhorar essa relação entre o público e o privado, acredita o presidente da COP/CBIC. Quanto mais instrumentos de demonstração pública da qualidade dos gastos, menor será o espaço para desvios de responsabilidades: “todo ente público deveria ter a obrigação de divulgar seus compromissos assumidos (contratos), os valores e prazos das medições das obras e a correspondente quitação desses valores, fazer uso de forma clara, inteligível, e não da forma como vemos hoje em alguns órgãos, que usam de artifícios para obscurecer as informações”. Ele também reforça que a definição prévia e completa do conjunto de obrigações e deveres nos contratos firmados entre o público e o privado contribuirá para o melhor andamento das obras e para o consequente atendimento das carências em nosso País. “Tenho a certeza de que os lamentáveis episódios que ocorreram na Petrobras colocarão a relação público/privado em um novo patamar, este de total responsabilidade pela boa gestão dos recursos públicos e pelo respeito aos contratos”, finalizou. Diante da insegurança do prestador de serviço em receber seus pagamentos nos prazos combinados e o risco da JUNHO 2015 • CONSTRUIR MAIS • SINDUSCON-GO

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AT É R I A D E C A PA

ANA CARLA ABRÃO COSTA, SECRETÁRIA ESTADUAL DA FAZENDA EM GOIÁS

prática de sobrepreço em obras públicas, a secretária estadual da Fazenda em Goiás, Ana Carla Abrão Costa afirma: “o nosso instrumento para evitar a possibilidade de sobrepreço, que provoca o encarecimento e o custo artificial, é o pagamento em dia ao prestador de serviço. Desde o início do ano, temos defendido o ajuste fiscal para garantir o equilíbrio das contas e, desse modo, permitir a continuidade dos serviços prestados pelo Estado. Nesse contexto, estão incluídas todas as obras públicas”. E detalhou que, entre as medidas de ajuste, “a Secretaria da Fazenda em conjunto com a Secretaria de Planejamento (Segplan) propuseram a revisão da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2015 com cortes de gastos em vários setores, principalmente no custeio da máquina pública”. Com isso, finalizou ela, “queremos garantir o cumprimento dos contratos já firmados. Considero que é tarefa do Estado trabalhar para inverter a situação de crise e garantir a boa qualidade dos serviços públicos”.

Situação desconfortável em Goiás

Segundo o presidente da Associação Goiana das Empresas de Engenharia (AGE), Oswaldo Ferreira, “a situação financeira das empresas que realizaram obras publicas em Goiás não está nada confortável. Podemos afirmar que 100% das empresas estão com faturas a receber com mais de 120 dias de atraso: essa situação gerou um desequilíbrio no fluxo de caixa que desencadeou um efeito cascata em todo o setor de infraestrutura afetando fornecedores, funcionários e instituições financeiras”. “Essa situação já está afetando a indústria da construção, com o desequilíbrio financeiro das empresas causando uma onda de demissões e afetando a população, que fica prejudicada porque está sem o benefício que as obras proporcionam para a sociedade”, opina Ferreira. Ele acredita que o caminho para enfrentar o problema 20

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está na capacidade gerencial da nova equipe econômica do governo estadual, a qual diz ter certeza do seu empenho em achar uma solução o mais breve possível, pois “o tempo, neste caso, é um inimigo cruel que deteriora o setor indiscriminadamente”. O Brasil, para ele, tem uma capacidade surpreendente de superar crises e a solução é só uma: o governo reestruturar suas despesas correntes para poder investir com planejamento e dar suporte as necessidades da população. O presidente da AGE vê como questão importante para a reflexão de todos os envolvidos na cadeia encontrar mecanismos de planejamento e proteção financeira para evitar situações criticas como a que vivencia hoje. Sobre os ajustes anunciados pelo governo federal, o dirigente afirma que todo corte de investimentos é prejudicial à cadeia produtiva. “Vivemos em um período de escassez; portanto, as empresas já reviram para baixo seus planos de expansão, reduzindo as previsões de receita de todo o setor, independentemente de ser público ou privado. Diante da inadimplência dos contratantes, seria preferível então o ente público reduzir o volume de obras para ajustar o cronograma conforme a disponibilidade dos recursos? “Sem dúvida, o mais prudente neste momento é adiar os projetos novos, lembrando que a manutenção do que já existe, como por exemplo a conservação rodoviária, não pode ser paralisada porque isso acarretaria custos muito maiores com uma restauração prematura das vias”.

Empresário deve conhecer o edital em detalhes

Para o consultor e economista Geldes Ronan Passos, é possível evitar que ganhar uma licitação acabe se tornando um pesadelo para a empreiteira vencedora, mas isto exige disposição e competência por parte do empreiteiro. Disposição de, por exemplo, se necessário, questionar exaus-

OSWALDO FERREIRA, PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO GOIANA DAS EMPRESAS DE ENGENHARIA (AGE)


tivamente cada edital, até que a sua versão final contenha todos os elementos necessários à perfeita composição de todos os custos relativos à obra ou serviço, bem como todas as cláusulas que confiram segurança quanto ao recebimento das faturas e penalizações por atrasos; disposição de manter dentro da mais estrita legalidade as suas relações com o poder público, recusando-se a executar qualquer serviço adicional sem que haja a correspondente cobertura de termo aditivo. “Quando falamos de competência, queremos dizer que os empresários precisam se capacitar exaustivamente em licitações e contratos, não deixando isto por conta apenas dos advogados. O conhecimento avançado da legislação é fundamental na tomada de decisões, e pode fazer a diferença entre o sucesso e o fracasso da empresa que contrata com o poder público”, afirma o professor Geldes Passos, que acumula vasta experiência ministrando cursos na área de licitações e contratos. No entendimento do especialista, havendo a certeza de que receberão sem problemas, mais empresas irão partici-

GELDES RONAN PASSOS, CONSULTOR E ECONOMISTA

O CONHECIMENTO AVANÇADO DA LEGISLAÇÃO É FUNDAMENTAL NA TOMADA DE DECISÕES, E PODE FAZER A DIFERENÇA ENTRE O SUCESSO E O FRACASSO DA EMPRESA QUE CONTRATA COM O PODER PÚBLICO”

par das licitações, ampliando a competição e reduzindo os preços. Além disso, os preços propostos deixarão de conter gorduras destinadas a cobrir os altos riscos de calote, além dos lamentáveis gastos com propinas, não raras vezes exigidas como condição para pagamento das faturas. Geldes Passos não concorda que exista uma ameaça velada entre os empresários no tocante ao não recebimento em dia das faturas: “essa ameaça é um mito e só se materializa na vida de quem ‘teme’. Outra ameaça velada, e que não pode prosperar, é de que, se não pagar propina, a empresa não mais terá sucesso em licitações. Falso. Ninguém está acima da lei. Em caso de inadimplência do ente público, a única saída é agir sempre dentro da lei, da licitação, até o fim do contrato. No curso Como Forçar o Pagamento de Faturas Devidas por Órgãos Públicos ensinamos, entre outros, os caminhos legais para se ‘enquadrar’ a autoridade responsável pelo pagamento. Nossas estratégias têm funcionado em cem por cento dos casos em que os empresários se mostraram dispostos a usar o rigor da lei. Em nenhum dos casos precisamos chegar aos tribunais, tudo se resolveu na esfera administrativa. E muito rapidamente”.

Construção de rodovias e obras civis

Com vistas a delimitar o universo de empresas com problemas de recebimento do ente público em Goiás e verificar a forma como o problema vem sendo tratado, a Construir Mais procurou o Tribunal de Contas do Estado de Goiás. A Assessoria de Imprensa do órgão esclareceu que: “o TCE-GO atua no âmbito do controle externo, na averiguação da legalidade, legitimidade, economicidade, em todos os seus aspectos. O atraso de uma obra e a consequente menor qualidade e maior preço em prejuízo da sociedade pode e deve ser objeto de averiguação do TCE, o que aliás vem ocorrendo rotineiramente. Quanto a garantir o pagamento das contratadas não é atribuição desta corte, devendo as prejudicadas buscar seus direitos junto ao Poder Judiciário”. A reportagem também foi informada que “o banco de dados do TCE-GO não detalha o motivo das paralisações”, sendo orientada a averiguar junto à Agetop, indicada como responsável pelo andamento das obras e pagamentos. Indagada sobre o volume ou percentual de obras com pagamentos em atraso e se as mesmas sofreram interrupção ou paralisações por esse motivo, a Assessoria de Imprensa da Agência Goiana de Transportes e Obras informou, no início do último mês de maio, que “até o momento não existe atraso nos pagamentos, que estão sendo realizados dentro do cronograma previsto”. A Agetop é responsável por todas as obras de construção e conservação executadas nas rodovias do Estado de Goiás. O órgão também executa as obras civis construídas pelo governo estadual, incluindo a edificação, reforma, manutenção, ampliação e conservação de prédios públicos. JUNHO 2015 • CONSTRUIR MAIS • SINDUSCON-GO

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I

N OVA R É P R E C I S O

TECNOLOGIA e inovação

para o desenvolvimento de Goiás

O Estado de Goiás passa por um importante processo de diversificação de suas atividades econômicas, com destaque para a industrialização crescente. Isso gera demandas tecnológicas crescentes e diversificadas, cujo atendimento é um fator que pode promover ou limitar o processo de desenvolvimento econômico. A capacidade de resposta a essas demandas passa por uma adequada combinação de recursos humanos qualificados com uma infraestrutura instrumental moderna e diversificada, em um arranjo institucional que seja ágil e eficaz. É nesse contexto que nasceu a iniciativa de implantação do Centro Regional para o Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (CRTI), concebido com o intuito de suprir parte da crescente demanda por pesquisa, desenvolvimento tecnológico e inovação (P&D&I) no Estado de Goiás. Para sua implantação, o CRTI contou com recursos provenientes da Finep, Fapeg, Sectec e UFG, tendo contado também com aportes de emendas parlamentares da bancada goiana no Congresso Nacional e, ainda, com as parcerias da UEG, do IFGoiano e da PUC Goiás.

JESIEL FREITAS CARVALHO

Organizado como um centro multiusuário e multi-institucional, o CRTI está instalado em edifício com aproximadamente 1.600 m², constituindo-se na primeira instalação do Parque Tecnológico Samambaia. Ele está organizado em quatro divisões – Divisão de Análise Química e Estrutural, Divisão de Imagens e Análise Pontual, Divisão de Infraestrutura Complementar e Divisão de Cromatografia Aplicada –, cada uma delas reunindo vários laboratórios, dotados de capacidade analítica diversificada. A atuação do CRTI inclui a prestação de serviços analíticos especializados por demanda direta e a articulação e execução de projetos, especialmente em tecnologia e inovação, podendo envolver empresas, governos, centros de pesquisa e instituições de ensino superior e pesquisa. Combinando as características de um centro aglutinador e mobilizador de competências técnicas e científicas com sua ampla disponibilidade instrumental, o CRTI será capaz de dar respostas a um amplo espectro de demandas em P&D&I dos setores econômicos mais representativos da região, como o agronegócio, mineração, construção civil, fabricação de medicamentos e cosméticos, indústria de alimentos e bebidas, entre outros. Sua ação contribuirá ainda para a formação de recursos humanos de alto nível, necessários para dar suporte ao desenvolvimento econômico em um ambiente de crescente sofisticação tecnológica, que demanda intensa ação inovadora. PROF. DR. JESIEL FREITAS CARVALHO, coordenador geral do Centro Regional para o Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (CRTI)

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V

I VA C O M S A Ú D E

BANCO DE EMPREGOS

DA CONSTRUÇÃO

Está precisando contratar colaboradores para sua empresa?

ALCOOLISMO NO TRABALHO: TRATAMENTO OU PUNIÇÃO?

Embriaguez habitual ou em serviço é falta grave reconhecida pelo art. 482, f, da Consolidação das Leis do Trabalho. No entanto, a jurisprudência brasileira tem evoluído no sentido de que o alcoolismo é uma doença e como tal deve ser tratada, não caracterizando portanto, justo motivo para despedimento do empregado. Tal entendimento firmou-se a partir do momento em que o alcoolismo crônico tornou-se formalmente reconhecido como doença pelo Código Internacional de Doenças (CID) da Organização Mundial de Saúde (OMS), que o classifica sob o título de Síndrome de Dependência do Álcool (referência F-10.2). Patologia essa que gera compulsão, impele o alcoolista a consumir descontroladamente a substância psicoativa e retira-lhe a capacidade de discernimento sobre seus atos. Não obstante, a embriaguez em serviço que não seja decorrente de embriaguez crônica ou habitual ainda é motivo para a dispensa por justa causa. Nesse sentido é o Projeto de Lei nº 83/2012 de autoria do senador Eduardo Lopes o qual visa disciplinar a demissão e estabelecer garantia provisória de emprego ao alcoolista. Para tanto propõe a alteração da redação da alínea f do art. 482 da Consolidação das Leis do Trabalho excluindo das situações que motivam a dispensa do empregado por justa causa a embriaguez habitual, mantendo-se a embriaguez em serviço. E acrescenta o § 2º ao mesmo artigo para determinar que, em relação ao alcoolista crônico, cuja condição seja comprovada clinicamente, no caso da embriaguez em serviço, a dispensa só poderá ocorrer se o empregado se recusar a se submeter a tratamento para sua condição. Estudos comprovam que a organização do trabalho pode ser responsável pelo desencadeamento do uso e/ou abuso de álcool e outras drogas, a exemplo de motoristas profissionais, trabalhadores em espaço aéreo, recolhedores de lixo, cortadores manuais de cana-de-açúcar, etc. Pressão psicológica, condições degradantes e agressivas, jornadas exaustivas e extenuantes, trabalho monótono e repetitivo, trabalho em altura ou em espaço confinado, dentre outros, são fatores psicossociais de risco que comprovadamente concorrem com o adoecimento físico e/ou mental do trabalhador. Prevenir é preciso! Recomenda-se, portanto, a percepção e atuação sobre as causas do alcoolismo, reduzindo-se ou eliminando-se possíveis riscos psicossociais ocupacionais, adotando-se de consequência, programa preventivo que vise à conscientização do trabalhador. É que, estudos comprovam também, que o meio ambiente do trabalho é o mais eficaz para atuação sobre o trabalhador dependente, já que sem o salário não lhe será possível sustentar o vício. CARLA MARIA SANTOS CARNEIRO é advogada trabalhista, especializada em Direito do Trabalho e Processual do Trabalho. Mestranda em Direito, Relações Internacionais e Desenvolvimento

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Por meio do Banco de Empregos da Construção, o Sinduscon-GO disponibiliza para as empresas associadas e filiadas, a preços abaixo dos praticados pelo mercado, cadastros de profissionais de várias categorias. Confira, a seguir, algumas opções de profissionais que poderão integrar a sua equipe de trabalho:

ENGENHEIRO CIVIL D. M. D. S. Formação: Faculdades Objetivo (2010). Experiência: Acompanhamento físico-financeiro, direcionamento e acompanhamento dos serviços, medições, contratações de empresas terceirizadas, gerenciamento de contratos, controle de custos e orçamento, acompanhamento SGQ e demais atividades pertinentes à função, orientação quanto ao cumprimento das NR’s, liberação de PT. L. P. L. Formação: Universidade Federal de Goiás – UFG (2006). Experiência: Elaborar o planejamento, treinar equipes, acompanhar o andamento das obras nos aspectos físico, econômico e financeiro e acompanhar as despesas administrativas da empresa. Tipos de obras: incorporação, usina hidrelétrica, shopping, complexo de lazer. M. J. S Formação: Universidade Federal de Goiás – UFG (2013). Experiência: Dimensionamento e distribuição de equipe. Realização de planejamentos mensais e trimestrais. Levantamento de quantitativos de projeto. Realização de contratos com empreiteiros e medições de seus serviços. Adequação de obra às normas de Segurança do Trabalho. Experiência com o uso do software Sienge. R. F. S. J. Formação: Pontifícia Universidade Católica de Goiás – PUC (2012). Experiência: Coordenação dos serviços de terceiros colaborando com o bom desenvolvimento da obra. Leitura de desenhos e projetos, controle de qualidade e elaboração de cronogramas e relatórios técnicos visando o acompanhamento dos trabalhos. Acompanhamento do cronograma objetivando a conclusão da obra, alcançando a meta no prazo determinado.

GERENTE FINANCEIRO H. L. S. A. Formação: Administração de Empresas – PUC (2008). Experiência: Rotinas financeiras. Contas a pagar/receber. Fluxo de caixa. Levantamento e gerenciamento de custos e centro de custos. Elaboração de indicadores de desempenho para a produção. J. D. F. Formação: Administração de Empresas – Universidade Salgado de Oliveira (2006). Experiência: Gerenciar as atividades de tesouraria, contas a pagar/ receber, faturamento e compras. Elaborar orçamento semestral e realizar o comparativo mensal de resultado. Realizar controle de resultado por contratos mensal. Relacionamento bancário, análise de financiamento e controle de endividamento. Suporte de informação para a diretoria. M. L. J. N. Formação: Gestão em Processos Gerenciais – Uni-Anhanguera (2011). Experiência: Responsável pela gestão de tributos, controle de contas a pagar/ receber, controle das aplicações financeiras, controle dos saldos bancários, administração do fluxo de caixa e análise das demonstrações financeiras. Responsável pelo planejamento e controle da gestão financeira. P. S. L. Formação: Pós-graduação em Controladoria e Finanças – UFG (2012). Experiência: Faturamento, contas a pagar, receber, lançamento de vendas e contas, controle de despesas, fluxo de caixa, geração de relatórios, alimentação e atualização do sistema, cálculo de comissões de vendedores, encargos bancários e conciliação bancária.

OBSERVAÇÃO: Também dispomos no Banco de Empregos cadastros de profissionais formados pelo Senai-GO em áreas operacionais. Para mais informações procure a Comissão de Qualidade e Produtividade/Desenvolvimento Humano do Sinduscon-GO, telefone (62) 3095-5170 (Paula Jacomini).


RH

& VOCÊ

OUTPLACEMENT não é modismo, é prática de gestão Com as constantes mudanças e demandas do mercado, a área de Gestão de Pessoas está cada vez mais em alta, isso porque tornou-se nítido que – como disse Bernardinho – “no final das contas, as pessoas é que fazem a diferença” nas empresas e são capazes de transformar os resultados empresariais. Com isso, muitas práticas ligadas a essa área tem se fortalecido nas últimas décadas com o intuito de auxiliar as empresas a gerenciarem melhor seu capital mais importante: os colaboradores. Muitas dessas práticas são trazidas de outros países e difundidas com seu termo de origem. Como exemplo temos o coaching, mentoring, couselling, headhunting, dentre tantos outros termos que têm se tornado comum em nosso vocabulário. Entre eles, encontramos o outplacement, que parece ser mais um que acabou de surgir no mercado. Mas isso não é realidade. Essa expressão indica uma prática de gestão que já existe há cerca de 50 anos. Também conhecida como demissão responsável, essa prática em alguns países é obrigatória por lei, por apresentar inúmeras vantagens para empresas e profissionais envolvidos. No Brasil, o processo de outplacement já está presente desde a década de 80 e tem se fortalecido e ganhado espaço nos últimos anos, sendo um grande aliado das empresas. O que significa essa expressão? Outplacement é uma técnica de gestão que visa auxiliar colaboradores que estão sendo desligados de uma empresa, tendo por objetivo apoiar e preparar esse profissional para sua recolocação profissional. Dessa forma, a própria empresa contrata um consultor em outplacement para realização desse processo com um colaborador que será desligado, por entender que o desligamento, além de trazer um forte impacto em âmbito profissional, também impactará diretamente sua vida pessoal. Sendo assim, desde a programação, planejamento e efetivação do desligamento, até a recolocação do profissional no mercado de trabalho, as ações de outplacement são pensadas de forma a fortalecê-lo nesse momento de transição em sua carreira. É uma prática fundamentada em um desligamento humanizado, baseado nas premissas do respeito e do ganha-ganha. O colaborador, ainda que esteja sendo desligado, ganhará em diferencial competitivo. Isso porque faz parte do processo de outplacement um acompanhamento aprofundado desse profissional, que envolve desde a reelaboração do currículo até o uso de ferramentas de autoconhecimento que vão auxiliá-lo a conhecer melhor suas forças e talentos naturais, possibilitando que ele invista em uma carreira mais alinhada ao seu potencial. É cada vez mais crescente o número de empresas que realizam esse investimento. Para elas, os ganhos são relacio-

POLIANA LANDIN

nados à minimização dos impactos dos desligamentos, visto que o outplacement é realizado comumente com os altos executivos das empresas, cujos desligamentos podem afetar um número maior de processos (internos e externos à instituição). Além do mais, as empresas que adotam essa prática terão a certeza que estão atuando de maneira socialmente responsável, alinhadas com as novas demandas do mercado e da gestão de pessoas, assim como fortalecendo sua imagem e a qualidade do clima corporativo. Por esse motivo, o outplacement é uma prática de gestão, pois o desligamento e seus impactos também precisam ser gerenciados e controlados. É um gerenciamento de pessoas, mas também gerenciamento da imagem que a empresa passa interna e externamente. Não é pura e simplesmente conseguir um novo trabalho para o colaborador que será desligado. Envolve um processo psicossocial de auxílio à empresa para realizar o desligamento da melhor maneira e com menos impacto possível e, ao colaborador, para análise e revisão da sua carreira e elaboração de estratégias para sua recolocação. POLIANA LANDIN, coordenadora da especialização em Avaliação Psicológica do IPOG. Mestranda em Avaliação Psicológica pela Universidade São Francisco (USF-SP). Pós-graduada em Gestão de Pessoas por Competência e Coaching pelo IPOG. Pós-graduanda em Psicodrama pela SOGEP. Graduada em Psicologia pela PUC/GO. Docente de cursos de pós-graduação do IPOG

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E G I S T RO D E E V E N TO S

FÓRUM DA HABITAÇÃO

discute Plano Diretor da Região Metropolitana

O Sinduscon-GO, O Secovi-GO e a Ademi-GO, unidos no Fórum Goiano da Habitação, realizaram workshop sobre o Plano Diretor, no dia 22 de abril, no auditório da Ademi-GO, quando reforçaram a cobrança de cumprimento de compromisso obtido junto ao governo estadual, ainda durante a campanha eleitoral do ano passado, de instituição do Plano Diretor da Região Metropolitana de Goiânia. Compareceram diversas autoridades políticas, empresariais e acadêmicas, que acompanharam palestras sobre o Plano Diretor de Goiânia, do arquiteto Luiz Fernando Cruvinel Teixeira (Xibiu) e de representante da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano Sustentável (Semdus); case do Plano Diretor de Itaboraí (RJ), apresentado pelos arquitetos André Lompreta e Rodrigo Rinaldi de Mattos; finalizando com os conceitos do Projeto do Plano Diretor de Aparecida de Goiânia expostos pelo secretário de Planejamento da Cidade, Afonso Boaventura. Na oportunidade, a professora doutora Celene Monteiro, da Universidade Federal de Goiás (UFG), informou que o projeto de diretrizes preliminares do Plano Diretor Metropolitano já foi encomendado pelo Governo de Goiás à UFG com foco no desenvolvimento integrado da RMG. Ela coordena o Projeto do Plano de Desenvolvimento Integrado da Região Metropolitana de Goiânia, ação 26

SINDUSCON-GO • CONSTRUIR MAIS • JUNHO 2015

que dá contorno ao cumprimento do compromisso do governo Marconi Perillo com o Fórum Goiano da Habitação. O secretário Vilmar Rocha, que se fez presente ao evento, adiantou que a UFG atua também, em parceria com a administração estadual, na elaboração do Plano Estadual de Logística, enquanto a Procuradoria Geral do Estado atua na elaboração das Novas Diretrizes de Referência (Institucional e Jurídica) do Estatuto da Metrópole, instituído por decreto em janeiro último. As 20 cidades da Região Metropolitana de Goiânia possuem 2,384 milhões de pessoas, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2014, o que correspondem a 35% da população do Estado, um terço de seus eleitores, cerca de 80% de seus estudantes universitários e aproximadamente 36,5% de seu Produto Interno Bruto (PIB). Entretanto, a conurbação de municípios ao redor da Capital não tem diretrizes que definam questões como o transporte público, o trânsito, entre outros problemas que afetam a qualidade de vida no conglomerado. O presidente da Ademi-GO, Renato Correia, afirmou que é preciso pensar em Aparecida de Goiânia, Senador Canedo, Trindade, Bela Vista e nas demais cidades do complexo metropolitano, pois as medidas adotadas em um dos municípios refletem nos demais. (Com informações Ademi News)


Sindicato passa por auditoria de

RECERTIFICAÇÃO DO SGQ O Sinduscon-GO passou nos dias 06, 07 e 08 de maio por auditoria de recertificação do Sistema de Gestão Qualidade (SGQ), conforme a norma NBR ISO 9001:2008. Realizada por auditor do Instituto de Certificação Qualidade Brasil (ICQ Brasil), a auditoria evidenciou que o SGQ implantado e mantido no Sinduscon-GO apresenta amadurecimento por fazer parte da cultura da entidade e ser entendido e considerado importante por todo seu corpo de colaboradores e diretoria. A auditoria, feita por amostragem, tendo em seu escopo Publicações, Realização de Eventos, Venda de Normas Técnicas, Treinamentos e Cursos, Assessoria Jurídica, Pesquisa de Índices Econômicos e Cálculo do CUB, Banco de Empregos e Contribuições Sindicais Obrigatórias, finalizou-se com a recomendação da renovação da certificação ao Sinduscon-GO.

Sabadão da FRATERNIDADE A equipe de colaboradores do Sinduscon-GO participou do Sabadão da Fraternidade, evento de integração promovido pela entidade no dia 09 de maio. O encontro foi realizado no Seminário Frei Leopoldo Mandic – Casa de Retiros e Eventos dos Frades Menores Capuchinhos (freis franciscanos que seguem o carisma de São Francisco de Assis) –, em Hidrolândia (GO). O Sabadão deu prosseguimento a uma série de realizações com o objetivo de promover a integração interpessoal dos colaboradores e também com o meio ambiente. Em um dia de temperatura amena, o clima do exuberante local, bem arborizado, com diversas espécies de árvores frutíferas; decoração rústica e atendimento familiar, valorizando a simplicidade, principal legado de São Francisco de Assis; ficou ainda mais agradável. O evento iniciou-se com um momento de relaxamento e contato com o próprio eu e a natureza, seguido de pequenos grupos de vivência, onde cada participante pode compartilhar seus valores pessoais, familiares e profissionais. A sustentabilidade teve destaque no evento, quando foram apresentados os resultados do Programa Edificar Um Mundo Melhor, implantado pelo Sinduscon-GO em junho de 2012, com foco em três áreas: Consumo Consciente, Gestão de Resíduos e Conscientização Socioambiental. Dentre os compromissos assumidos pela entidade quando da instituição do Edificar constam: utilizar, preferencialmente, papel reciclado; evitar o uso de materiais descartáveis, utilizando canecas de porcelana; separar os resíduos em papel, recicláveis, não recicláveis e perigosos; destinar pilhas, baterias e lâmpadas de forma adequada; conscientização da equipe interna, ações sociais e divulgação de boas práticas ambientais, etc. Com essas simples iniciativas, foi possível apresentar

o balanço ambiental de junho de 2012 a abril de 2015: redução de 69,53% no uso de copos descartáveis de 200 ml e de 80,19% no uso de copos descartáveis de 50 ml; uma economia real de 31.500 unidades de 200 ml e 8.100 unidades de 50 ml, o que corresponde, respectivamente, a 693 kg e 60,75 kg de copos que deixaram de ser descartados no aterro sanitário. Também alcançou redução de 10,49% no consumo total de papel, sendo que com o uso do papel reciclado, o nível de consumo do papel branco saiu de 162 resmas para 24 resmas por ano. Em três anos de Edificar, os benefícios ambientais desta ação corresponderam a uma economia de 8.500 folhas de papel, redução de geração de 39,69 kg de resíduos e economia de 85 mil litros de água que seriam utilizados na produção do papel. A equipe também levantou as metas que serão trabalhadas pelo programa a partir de agora, incluindo redução do consumo de água e energia. JUNHO 2015 • CONSTRUIR MAIS • SINDUSCON-GO

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E G I S T RO D E E V E N TO S

DARROT fala sobre projeções de investimentos em Trindade para diretores do Sinduscon-GO

A Diretoria do Sinduscon-GO recebeu, em sua sede, no dia 05 de maio, o prefeito de Trindade, Jânio Darrot, que falou sobre as projeções de investimentos, abordando as obras realizadas nos últimos dois anos, com foco na educação e saúde, privilegiando também o turismo religioso, vocação da cidade. Está em fase de construção a nova Basílica do município, que será a segunda maior do mundo, prevista para ser entregue em 2022, informou o prefeito. Ele relatou as obras de infraestrutura realizadas para promover a melhoria de condições a fim de receber novos investimentos, afirmando que 2015 e 2016 serão os anos da infraestrutura no município, com investimentos direcionados para a recuperação da malha viária e asfaltamento de vários bairros. Darrot reconheceu as dificuldades orçamentárias, mas destacou seu empenho em promover a industrialização do município, que já conta com Projeto de Lei encaminhado à Câmara de Vereadores para instalação de um polo empresarial de pequeno porte. Dentre os projetos já aprovados, ele ressaltou a construção de uma comunidade planejada que contará com toda a infraestrutura de comércio, lazer e educação para os moradores. Na área de mobilidade, destacou o projeto do Anel Viário da cidade, que já foi encaminhado à Agetop; e, na área estrutural,

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SINDUSCON-GO • CONSTRUIR MAIS • JUNHO 2015

destacou como maior desafio a questão da água, informando que está em busca de liberação do projeto encaminhado à Saneago para implantação de adutora na cidade. Finalizando, o prefeito convidou os empresários presentes a conhecer melhor o município, pois poderão desenvolver projetos de parceria público-privada proveitosos para a cidade e as companhias.


JUNHO 2015 • CONSTRUIR MAIS • SINDUSCON-GO

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AGENDA DE EVENTOS EVENTO

JUNHO

Cursos de Curta Duração do Ipog

DATA HORÁRIO

Excel Avançado Planilhas Inteligentes

Início em 09/06

18h45 às 22h45

Orçamento de Obras e Custos da Construção

19, 20 e 21/06

18h às 23h (sexta), 08h às 19h (sábado), 08h às 13h (domingo)

Apresentação de Alto Impacto e Oratória Inspiradora

26, 27 e 28/06

18h às 23h (sexta), 08h às 19h (sábado), 08h às 13h (domingo)

Light Design – Iluminação Comercial e Corporativa

26, 27 e 28/06

18h às 23h (sexta), 08h às 19h (sábado), 08h às 13h (domingo)

Gestão de Inadimplência e Formas de Pagamento

Início em 29/06

18h45 às 22h45

LOCAL

INFORMAÇÕES / INSCRIÇÕES

Unidade 1 do Ipog

(62) 3945-5050 / cap@ipog.edu.br Site: www.ipog.edu.br/cap/

(11) 3816-5145 / eventos@cte.com.br Site: www.eventoscte.com.br/

Oficina Temática Cradle to Cradle: Inspirando Novos Materiais e Empreendimentos Realização: CTE – Centro de Tecnologia de Edificações

09/06

08h às 16h

Milenium Centro de Convenções – São Paulo (SP)

4º ECOS - Encontro sobre Construção e Sustentabilidade

11/06

08h às 20h

Sinduscon-GO

(62) 3095-5189

Formação Estratégica em Governança Corporativa e Holding Familiar

11 a 13/06

08h às 17h

Sinduscon-GO

(62) 3933-2670 / 3933-2671 viviane@grupodestra.com.br; comercial@grupodestra.com.br Site: www.grupodestra.com.br/

Oficina da Norma de Desempenho – Módulo Segurança Contra Incêndio Realização: Comunidade da Construção de Goiânia

17/06

13h30 às 18h30

Sinduscon-GO

(62) 3095-5178

Adit Invest 2015 Realização: Associação para o Desenvolvimento Imobiliário e Turístico do Brasil – ADIT Brasil

18 e 19/06

08h às 18h (18/06) 09h às 13h (19/06)

Hotel Ouro Minas – Belo Horizonte (MG)

(82) 3327-3465 / 9444-1354 eventos@adit.com.br; nacional@adit.com.br. Site: http://adit.com.br/aditinvest/

Como lidar com as NR’s que mais impactam a Indústria?

24/06

09h às 18h

Sinduscon-GO

(62) 3095-5185

Construir Minas 2015 – Feira Internacional da Construção

24 a 27/06

13h às 22h

Expominas – Belo Horizonte (MG)

(21) 2241-9269

12º Encontro Unificado da Cadeia Produtiva da Indústria da Construção – Minascon 2015

24 a 26/06

12h às 21h (24/06) 08h às 21 (25 e 26/06)

Expominas – Belo Horizonte (MG)

feiraconstruir@fagga.com.br Site: www.construirminas.com.br

ENDEREÇOS: Unidade 1 do Ipog: Av.T-1 esquina com Rua T-55, n° 2.390, Qd. 105, Lts. 01/22, Setor Bueno, Goiânia-GO. Milenium Centro de Convenções: Rua Dr. Bacelar, nº 1.043,Vila Clementino, São Paulo-SP. Sinduscon-GO: Rua João de Abreu, nº 427, Setor Oeste, Goiânia-GO. Hotel Ouro Minas: Av. Cristiano Machado, nº 4.001, Ipiranga, Belo Horizonte-MG. Expominas: Av. Amazonas, nº 6.030, Gameleira, Belo Horizonte-MG.

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Índice de confiança do Empresário da Indústria da Construção ABRIL DE 2015 INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO MAIS ANIMADA

GOIÁS ICEI - ÍNDICE DE CONFIANÇA DO EMPRESÁRIO DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO

INDICADOR INDICADOR DE Revertendo a tendência verificada nos DE CONDIÇÕES EXPECTATIVA últimos dois meses, o ICEI da indústria da construção teve desempenho positivo, conABR / 2014 62,2 50,3 68,1 trário ao que se viu nos meses de fevereiro MAI / 2014 53,1 43,8 57,8 e março, quando registrou retração de 3,2 JUN / 2014 49,9 39,9 54,9 pontos e 5,0 pontos, respectivamente. JUL / 2014 45,2 38,9 48,4 Com o recuo de forma consecutiva o AGO / 2014 47,3 33,8 54,0 ICEI da Construção caiu de 50,8 pontos SET / 2014 39,3 31,3 43,3 para 42,6. O resultado de abril em relação OUT / 2014 43,0 31,5 48,7 a março foi de crescimento, de 5,5 pontos. NOV / 2014 45,8 27,6 55,0 Tal número foi o quinto melhor resultado DEZ / 2014 46,7 32,3 53,9 da série histórica da pesquisa, que se iniciou em janeiro/2012. Desta forma o ICEI JAN / 2015 50,8 29,3 61,5 de abril passou para 48,1 pontos. FEV / 2015 45,8 28,3 54,2 O indicador de expectativas voltou à MAR / 2015 42,6 28,5 49,3 casa dos 50 pontos com um avanço expresABR / 2015 48,1 34,6 55,8 sivo de 6,5 pontos. Desta forma o indicador saiu de 49,3 para 55,8 pontos. Sinal OBS: OS INDICADORES VARIAM NO INTERVALO DE 0 A 100. VALORES ACIMA DE 50 INDICAM EMPRESÁRIOS CONFIANTES - FONTE: FIEG positivo e que expressa uma melhora no humor dos empresários do segmento para os próximos caiu de 50,3 para 43,8 pontos. Em abril, houve avanço meses, situação que pode sinalizar recuperação do indicaem relação ao mês anterior, crescimento de 6,1 pontos. Desta forma o indicador saltou de 28,5 pontos, o segundo dor mantendo-o acima de 50 pontos, o que, pela metodopior resultado de toda a série histórica da pesquisa, para logia da pesquisa, é uma situação favorável e quanto mais 34,6. Um avanço importante e representativo que, se ao perto de 100 pontos é o ideal esperado. longo dos próximos meses se mantiver crescente, enseja O indicador de condições, aquele que expressa a atual uma melhora dos negócios e uma assimilação empresarial situação em comparação com os últimos seis meses, está em relação à situação econômica atual. abaixo de 50 pontos desde maio do ano passado, quando

ICEI DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO BRASIL E GOIÁS

Nota Metodológica: o Índice de Confiança do Empresário Industrial elaborado pela FIEG tem como base os resultados da Sondagem Industrial, e varia de 0 a 100. Valores acima de 50 indicam empresários confiantes. Para outras informações encaminhar e-mail para claudiohenrique@sistemafieg.org.br. FIEG – Av. Araguaia, n° 1.544, Ed. Albano Franco, Casa da Indústria, Vila Nova, Goiânia/GO - CEP: 74645-070 | E-mail: claudiohenrique@sistemafieg.org.br | Telefone (62) 3219-1325 | Site: www.sistemafieg.org.br

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CUB

CUSTOS UNITÁRIOS BÁSICOS DE CONSTRUÇÃO NBR 12.721:2006 – CUB 2006

PADRÃO RESIDENCIAL

PROJETOS

ANO 2015

ABRIL

0,106%

PADRÃO BAIXO

PADRÃO NORMAL

PADRÃO ALTO

R-1

R-1

1.292,77

R-1

1.545,01

1.062,96

PP-4

949,77

PP-4

1.216,29

R-8

1.238,89

R-8

903,54

R-8

1.055,75

R-16

1.336,97

PIS

700,93

R-16

1.016,75

PADRÃO COMERCIAL*

PROJETOS PADRÃO NORMAL

PADRÃO ALTO

CAL-8

1.209,57

CAL-8

1.279,58

CSL-8

1.061,47

CSL-8

1.153,20

CSL-16

1.412,27

CSL-16

1.530,74

PROJETOS PADRÃO RESIDÊNCIA POPULAR (RP1Q)

1.089,05

PADRÃO GALPÃO INDUSTRIAL (G1)

586,29

*CAL: Comercial Andares Livres - CSL: Comercial Salas e Lojas

VALOR REFERENCIAL (R$/m²) R-16A

VARIAÇÃO MÊS %

VARIAÇÃO ANO %

VARIAÇÃO 12 MESES %

1.336,97

0,106

0,826

6,463

MATERIAIS

MÃO DE OBRA

EQUIPAMENTO

DESPESAS ADMINISTRATIVAS

TOTAL

572,66

711,61

5,91

46,78

1.336,97

MÃO DE OBRA* PEDREIRO DE MASSA

*Custo médio R$/hora

h

6,96000

SERVENTE

h

4,97000

ENGENHEIRO

h

53,25000

PROJETOS-PADRÃO QUE COMPÕEM A NORMA NBR 12.721:2006 Padrão Baixo:

Residência Unifamiliar (RI)

Prédio Popular (PP)

Residência Multifamiliar (R8)

Projeto de Interesse Social (PIS)

Padrão Normal:

Residência Unifamiliar (RI)

Prédio Popular (PP)

Residência Multifamiliar (R8)

Residência Multifamiliar (R16)

Padrão Alto:

Residência Unifamiliar (RI)

Residência Multifamiliar (R8)

Residência Multifamiliar (R16)

Comercial Normal:

Comercial Andar Livre (CAL-8)

Comercial Salas e Lojas (CSL-8)

Comercial Salas e Lojas (CSL-16)

Comercial Alto:

Comercial Andar Livre (CAL-8)

Comercial Salas e Lojas (CSL-8)

Comercial Salas e Lojas (CSL-16)

Residência Popular (RP1Q) Galpão IndustriaL (GI)

Os valores acima referem-se aos Custos Unitários Básicos de Construção (CUB/m²), calculados de acordo com a Lei Fed. nº. 4.591, de 16/12/64 e com a Norma Técnica NBR 12.721:2006 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e são correspondentes ao mês de ABRIL DE 2015. “Estes custos unitários foram calculados conforme disposto na ABNT NBR 12.721:2006, com base em novos projetos, novos memoriais descritivos e novos critérios de orçamentação e, portanto, constituem nova série histórica de custos unitários, não comparáveis com a anterior, com a designação de CUB/2006”. “Na formação destes custos unitários básicos não foram considerados os seguintes itens, que devem ser levados em conta na determinação dos preços por metro quadrado de construção, de acordo com o estabelecido no projeto e especificações correspondentes a cada caso particular: fundações, submuramentos, paredes-diafragma, tirantes, rebaixamento de lençol freático; elevador(es); equipamentos e instalações, tais como: fogões, aquecedores, bombas de recalque, incineração, ar-condicionado, calefação, ventilação e exaustão, outros; playground (quando não classificado como área construída); obras e serviços complementares; urbanização, recreação (piscinas, campos de esporte), ajardinamento, instalação e regulamentação do condomínio; e outros serviços (que devem ser discriminados no Anexo A - quadro III); impostos, taxas e emolumentos cartoriais, projetos: projetos arquitetônicos, projeto estrutural, projeto de instalação, projetos especiais; remuneração do construtor; remuneração do incorporador”.

INDICADORES ECONÔMICOS ÍNDICES ECONÔMICOS

VARIAÇÃO

MÊS

ANO

INCC (FGV) / ABRIL

618,060

0,457

2,323

INPC (IBGE) / ABRIL

4.372,08

0,71

4,95

IGP-M (FGV) / ABRIL

576,175

1,166

3,218

12 MESES

6,889 8,34 3,550

INFORMAÇÕES: (62) 3095-5162 | www.sinduscongoias.com.br | e-mail: sebastiana@sinduscongoias.com.br (Comissão de Economia e Estatística)

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SINDUSCON-GO • CONSTRUIR MAIS • JUNHO 2015


CUB

CUSTOS UNITÁRIOS BÁSICOS DE CONSTRUÇÃO NBR 12.721:2006 – CUB 2006

PROJETOS

ANO 2015

ABRIL

0,114%

PADRÃO BAIXO

PADRÃO NORMAL

PADRÃO ALTO

R-1

992,59

R-1

1.195,22

R-1

1.439,16

PP-4

890,62

PP-4

1.130,02

R-8

1.156,97

R-8

847,93

R-8

978,21

R-16

1.244,93

PIS

652,99

R-16

942,17

PADRÃO NORMAL

PADRÃO ALTO

CAL-8

1.123,05

CAL-8

1.192,23

CSL-8

983,46

CSL-8

1.073,05

CSL-16

1.423,98

CSL-16

PADRÃO RESIDENCIAL

PADRÃO COMERCIAL*

PROJETOS

1.308,42

DESONERADO

PROJETOS PADRÃO RESIDÊNCIA POPULAR (RP1Q)

995,71

PADRÃO GALPÃO INDUSTRIAL (G1)

542,90

*CAL: Comercial Andares Livres - CSL: Comercial Salas e Lojas

VALOR REFERENCIAL (R$/m²) R-16A

VARIAÇÃO MÊS %

VARIAÇÃO ANO %

VARIAÇÃO 12 MESES %

1.244,93

0,114

0,887

3,836

MATERIAIS

MÃO DE OBRA

EQUIPAMENTO

DESPESAS ADMINISTRATIVAS

TOTAL

572,66

619,57

5,91

46,78

1.244,93

MÃO DE OBRA* PEDREIRO DE MASSA

*Custo médio R$/hora

h

6,96000

SERVENTE

h

4,97000

ENGENHEIRO

h

53,25000

PROJETOS-PADRÃO QUE COMPÕEM A NORMA NBR 12.721:2006 Padrão Baixo:

Residência Unifamiliar (RI)

Prédio Popular (PP)

Residência Multifamiliar (R8)

Projeto de Interesse Social (PIS)

Padrão Normal:

Residência Unifamiliar (RI)

Prédio Popular (PP)

Residência Multifamiliar (R8)

Residência Multifamiliar (R16)

Padrão Alto:

Residência Unifamiliar (RI)

Residência Multifamiliar (R8)

Residência Multifamiliar (R16)

Comercial Normal:

Comercial Andar Livre (CAL-8)

Comercial Salas e Lojas (CSL-8)

Comercial Salas e Lojas (CSL-16)

Comercial Alto:

Comercial Andar Livre (CAL-8)

Comercial Salas e Lojas (CSL-8)

Comercial Salas e Lojas (CSL-16)

Residência Popular (RP1Q) Galpão IndustriaL (GI)

Os valores acima referem-se aos Custos Unitários Básicos de Construção (CUB/m²), calculados de acordo com a Lei Fed. nº. 4.591, de 16/12/64 e com a Norma Técnica NBR 12.721:2006 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e são correspondentes ao mês de ABRIL DE 2015 - DESONERADO. “Estes custos unitários foram calculados conforme disposto na ABNT NBR 12.721:2006, com base em novos projetos, novos memoriais descritivos e novos critérios de orçamentação e, portanto, constituem nova série histórica de custos unitários, não comparáveis com a anterior, com a designação de CUB/2006”. “Na formação destes custos unitários básicos não foram considerados os seguintes itens, que devem ser levados em conta na determinação dos preços por metro quadrado de construção, de acordo com o estabelecido no projeto e especificações correspondentes a cada caso particular: fundações, submuramentos, paredes-diafragma, tirantes, rebaixamento de lençol freático; elevador(es); equipamentos e instalações, tais como: fogões, aquecedores, bombas de recalque, incineração, ar-condicionado, calefação, ventilação e exaustão, outros; playground (quando não classificado como área construída); obras e serviços complementares; urbanização, recreação (piscinas, campos de esporte), ajardinamento, instalação e regulamentação do condomínio; e outros serviços (que devem ser discriminados no Anexo A - quadro III); impostos, taxas e emolumentos cartoriais, projetos: projetos arquitetônicos, projeto estrutural, projeto de instalação, projetos especiais; remuneração do construtor; remuneração do incorporador.”

NOTA TÉCNICA – tabela do CUB/m² desonerado Os valores do Custo Unitário Básico (CUB/m²) presentes nesta tabela foram calculados e divulgados para atender ao disposto no artigo 7º da Lei 12.546/11, alterado pela Lei 12.844/13 que trata, entre outros, da desoneração da folha de pagamentos na construção civil. Eles somente podem ser utilizados pelas empresas do setor da construção civil cuja atividade principal (assim considerada aquela de maior receita auferida ou esperada) esteja enquadrada nos grupos 412, 432, 433 e 439 da CNAE 2.0. Salienta-se que eles não se aplicam às empresas do setor da construção civil cuja atividade principal esteja enquadrada no grupo 411 da CNAE 2.0 (incorporação de empreendimentos imobiliários). A metodologia de cálculo do CUB/m² desonerado é a mesma do CUB/m² e obedece ao disposto na Lei 4.591/64 e na ABNT NBR 12721:2006. A diferença diz respeito apenas ao percentual de encargos sociais incidentes sobre a mão de obra. O cálculo do CUB/m² desonerado não considera a incidência dos 20% referentes à previdência social, assim como as suas reincidências. Qualquer dúvida sobre o cálculo deste CUB/m² deve ser consultada junto ao Sinduscon-GO, com Sebastiana Santos, telefone (62) 3095-5162 (sebastiana@sinduscongoias.com.br).

JUNHO 2015 • CONSTRUIR MAIS • SINDUSCON-GO

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E

U RECOMENDO

TUDO COMEÇA EM CASA Vivemos um momento de muita confusão. Percebo dois movimentos opostos. Ou os pais estão ausentes, atarefados com os afazeres da vida moderna, ou superprotegem seus filhos, não deixando que eles cresçam de maneira natural. Os dois movimentos são formas de abandono, um abandono sofisticado. AbandoLUCIANE no porque desconsideram a crianCARNEIRO ça/adolescente, suas necessidades e suas potencialidades. A ausência dos pais pode ser compensada por um dar sem fim, podendo formar verdadeiros tiranos. Não podemos esquecer que limite é amor; superproteção é uma presença que não deixa o filho existir. São pais técnicos que cuidam do dia-a-dia do jovem de uma forma brilhante, mas esquecem de ouvi-los, de aceitar que eles não são uma “brastemp”, são simplesmente filhos! A exigência do mundo moderno nos força a fazer ajustes na forma como exercemos nossa função materna e paterna. São só ajustes. Ao invés disso, observo famílias terceirizando esse papel. Quem “deve” cuidar das crianças é a escola, a babá, o motorista, a vizinha... E isso está ocorrendo em todas as classes sociais. Não se pode mais ter tempo livre, enchem os jovens de atividades, como se isso fosse expressão de carinho. É uma forma de violência. Com isso, o jovem vai crescendo sem saber o que é intimidade, pois terceirizamos também nosso afeto. Percebo que essa falta de intimidade faz com que os pais se atrapalhem na hora de serem verdadeiros. O Pequeno Príncipe, de Saint Exupery, já dizia: “tu és responsável por aquilo que cativas”. Intimidade parece, também, ser uma palavra em desuso. As relações afetivas descartáveis estão mais frequentes. Acredito que tudo começa em casa. Há anos atrás existia o alpendre onde a família e amigos se reuniam para contar “causos”. 34

SINDUSCON-GO • CONSTRUIR MAIS • JUNHO 2015

As crianças e adolescentes participavam desse momento. Hoje cada um tem uma televisão no quarto; assistem a seus programas e sofrem suas angústias, muitas vezes sem dividir com ninguém, pois não se sentem no direito de incomodar. Nas mesas dos restaurantes, as pessoas não conversam. Ficam absorvidas pelas novidades do mundo cibernético. Intimidade não é algo que se ensina, se vive. E hoje as pessoas têm horror a intimidade. A falta de intimidade dentro de casa reflete essa relação descartável que observamos fora. Ter intimidade com o outro implica em primeiro ter intimidade consigo próprio. Vivemos em um mundo “fast”, nossos filhos têm que produzir, se transformando em pequenos executivos. Tem que falar várias línguas, ser bonito, esperto, não podem chorar, ter dúvidas, ser inseguros. O sonho de todo pai é ter um filho “fast”, perfeito, que não solicite, que não sinta dor ou desconforto. O mundo moderno exige muito. Cada um tem um tempo para se desenvolver e muitas vezes esse tempo não é respeitado. Percebo que a sociedade tenta nos colocar em uma forma, como se fôssemos todos iguais: temos que ter o mesmo ritmo, o mesmo corpo, temos que ser ambiciosos, sermos esportistas, sermos bonitos. Caso ele não se enquadre nesses requisitos, é ridicularizado, cobrado e rotulado. É muito sofrimento! Talvez essa seja uma das razões do aumento considerável do consumo de drogas lícitas como os antidepressivos e ansiolíticos. Muitos jovens adoecem entristecendo, desenvolvendo pânico, doenças psicossomáticas, indo mal na escola, isolando- se, não suportando tanta pressão. É importante que saibamos perceber nossos filhos, ouvir seus pedidos de socorro, por mais insignificantes que possam parecer. É importante lembrar que tudo começa em casa e é nesse ambiente que eles precisam confiar para pedir ajuda. LUCIANE GUELLI G. CARNEIRO é psicóloga-psicanalista, membro da Internacional Psychoanalytical Association (IPA) e membro do Grupo de Estudos Psicanalíticos de Goiânia (GEPG)


JUNHO 2015 • CONSTRUIR MAIS • SINDUSCON-GO

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