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º Conselheiro Liya Regina Mikami
falhas graves e que já poderíamos estar mais adiantados na imunização do que realmente estamos. O preço a ser pago por isso é a não ter, em sua totalidade, as atividades nas escolas, economia fechada e mortes. Não que isso não fosse existir, mas se as vacinas tivessem sido compradas antes, como houve a possibilidade, todo esse cenário poderia ter sido atenuado”, pontua. A situação da vacina, inclusive, é um grande exemplo de como o país precisa, cada vez mais, investir em ciência e tecnologia. Se a área fosse mais valorizada no país, se houvesse mais laboratórios, a essa altura já haveria vacinas 100% nacionais. “Sem educação de qualidade e sem investimento em pesquisas o país vai seguir sendo um grande celeiro, uma grande fazenda, mas nunca será um país verdadeiramente desenvolvido”, diz Guimarães. O papel do Poder Legislativo nesse ponto, afi rma o senador, é aprovar um orçamento que prestigie a pesquisa e a ciência, assim como leis e projetos de fomento à área, caso do novo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profi ssionais da Educação (Fundeb), cuja aprovação foi muito comemorada por Guimarães. Ele ressalta, contudo, que os legisladores não dão conta de fazer tudo isso sozinhos, sendo necessário que o Executivo também faça a sua parte e corte despesas que não são tão necessárias. “O Governo Federal tem onde economizar. Isso, porém, deve partir do Poder Executivo, do Ministério da Economia; tem que ter um planejamento. Aí, é claro, o papel do Poder Legislativo é aprovar – e nós vamos aprovar, com certeza”, fi naliza.
“Sem educação de qualidade e sem investilidade e sem investimento em pesquisas mento em pesquisas o país vai seguir seno país vai seguir sendo um grande celeiro, do um grande celeiro, uma grande fazenda, uma grande fazenda, mas nunca será um mas nunca será um país verdadeiramente país verdadeiramente desenvolvido” desenvolvido”
Reduzindo desigualdades
Trabalhar com o conceito de equidade é fundamental para superar os desafios deixados pela pandemia no âmbito educacional
A América Latina e o Caribe foram os locais onde as escolas permaneceram por mais tempo fechadas durante a pandemia de Sars-CoV-2. Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), três em cada cinco crianças que permaneceram ao menos um ano sem ensino presencial moram em algum dos países da região. A crise sanitária também fez crescer o abandono escolar no Brasil. Antes da chegada do novo coronavírus, 1,3 milhão de crianças e adolescentes estavam fora da escola. Agora, há mais de 5 milhões, o que fez a nação regredir cerca de duas décadas, de acordo com a organização, embasada em dados da edição de 2020 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), de 2020. Para o professor Eduardo Deschamps, ex-presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE), os dados são um indicativo da imensa desigualdade que há na região. Uma das principais dificuldades que se tem quando o assunto é atendimento educacional no Brasil diz respeito ao fato de se tratar de uma nação muito heterogênea em termos de classes e tratamento que é conferido aos cidadãos, além do próprio tamanho continental do país. Quando situações imprevisíveis acontecem, como a epidemia de Covid-19, as desigualdades que já existiam acabam sendo aprofundadas. “O que precisamos fazer para conseguir superar essas desigualdades no âmbito educacional é trabalhar com o conceito de equidade. Isso significa buscar resultados comuns, mas tratar as pessoas, durante o processo, de maneira diferente, de acordo com suas diferenças. Levaremos algum tempo para superar as dificuldades deixadas pela pandemia. Certamente não será coisa de um ano ou dois. Teremos um belo trabalho, em todas as etapas de educação, para fechar as lacunas decorrentes desse período”, pontua o especialista. No entendimento de Deschamps, também é preciso compreender que o ato de ensinar envolve não somente um contexto de aprendizagem específica de competências previstas em bases curriculares, mas outros aspectos, como os socioemocionais, que fazem parte da formação integral do indivíduo e estão ligados à capacidade de conhecer, conviver, trabalhar e ser.
Professor Dr. Eduardo Deschamps
A voz da experiência experiência
Atual vice-presidente do Conselho Estadual de Educação, Jacir Venturi tem décadas de experiência na arte de ensinar
Mais de 40 anos como diretor de escola, docente de diversas universidades e colégios em Curitiba (PR), tanto particulares quanto privados, autor de livros para o ensino superior, presidente do Sindicato das Escolas Particulares (Sinepe/PR) entre 2012 e 2016 e atual vice-presidente do Conselho Estadual de Educação (CEE). Essa é apenas parte do extenso currículo do professor Jacir José Venturi, matemático e engenheiro civil. Nesta conversa com a Escada, Venturi fala sobre a atuação e objetivos da atual diretoria do CEE, opina sobre as principais mudanças trazidas pelo Novo Ensino Médio e comenta as lições que a pandemia do novo coronavírus vai deixar para o ensino no Brasil. Na visão do professor, o ensino híbrido veio para ficar, mas é preciso que as escolas invistam na capacitação dos profissionais quanto às novas tecnologias. Essa capacitação, no entendimento de Venturi, demanda um processo contínuo, uma vez que as disciplinas e as metodologias são dinâmicas. Além disso, deve-se tomar cuidado com a faixa etária, vez que a etapa de alfabetização, por exemplo, deve ocorrer de forma presencial.
O senhor é membro do Conselho Estadual de Educação do Paraná desde 2019. Qual é a importância do órgão para a sociedade? Recentemente, fui eleito vice-presidente do Conselho Estadual de Educação. Fiquei bastante honrado, porque é a primeira vez que a escola privada, que eu represento, ocupa essa função. As escolas privadas correspondem a cerca de 17% das matrículas da Educação Básica do Paraná e 74% das matrículas do Ensino Superior. É um segmento que, em termos econômicos, representa, aproximadamente, 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB) paranaense. Estou no Conselho, contudo, com o compromisso primeiro e soberano de lutar pela qualidade de ensino – não importa se a escola é pública ou pri-
vada. Somos 19 membros, representando várias categorias da sociedade civil, como Assembleia Legislativa, municípios, professores. É um órgão bastante diversifi cado em termos de representação e ideologia. Nossa função é normatizar a educação do Paraná, ou seja, nós estabelecemos as normas e cabe à Secretaria Estadual de Educação e à rede de escolas privadas executar esses dispositivos. Também trabalhamos para autorizar a criação de novas escolas e novos cursos no estado. O objetivo maior da atual diretoria é diminuir os entraves burocráticos e tornar os processos mais ágeis.
Vamos falar sobre o Novo Ensino Médio. Quais mudanças o senhor destacaria? Vou citar, primeiro, a ampliação da carga horária. Vamos ter uma permanência maior de alunos em sala de aula. É um grande benefício. Em segundo lugar, destaco o ensino técnico como uma das possibilidades de escolha por parte do estudante. No Brasil, apenas 8% dos alunos do Ensino Médio fazem um curso profi ssionalizante, enquanto nações desenvolvidas, como Estados Unidos (EUA), Alemanha e Japão, têm uma média de 40%. A terceira vantagem é que no Novo Ensino Médio, nós teremos uma grade curricular mais acessível e seleta. Está comprovado que o Brasil oferta, principalmente em Química, Física, Biologia e Matemática, um currículo por demais complexo, exageradamente difícil, que desestimula e é uma causa de evasão. A matriz curricular dos EUA é bem mais simples
caria? Vou citar, primeiro, a ampliação da carga horária. Vamos ter uma permanência maior de alunos em sala de aula. É um grande benefício. Em segundo lugar, destaco o ensino técnico como uma das possibilidades de escolha por parte do estudante. No Brasil, apenas 8% dos alunos do En“Novo Ensino Médio, nós teremos uma grade curricular mais acessível e seleta. Está comprovado que o Brasil oferta, principalmente em Química, Física, Biologia e Matemática, um currículo por demais complexo, exageradamente difícil, que desestimula e é uma causa de evasão. ”
que a nossa, mas o aluno sai da escola aprendendo mais.
O Novo Ensino Médio fala muito em atuação interdisciplinar. Como promover isso? O que temos hoje na formação de licenciaturas no Brasil é uma formação muito específica e especializada. Qual seria o ideal? Que formássemos professores por áreas. Em alguns países já funciona assim. O acadêmico se forma em Ciências e pode ensinar, simultaneamente, a Química, Física e Matemática, por exemplo. Para o aluno, ao perceber a ligação entre essas três ciências, a aula seria muito mais motivadora. A grande necessidade que temos no Brasil atualmente, portanto, é a capacitação de professores, que ainda são muito especializados. Uma das maiores falhas da educação brasileira está, justamente, no preparo pífio e fraco de muitas licenciaturas. A escola, nesse cenário, precisa investir em capacitação para seus docentes e esse é um processo contínuo, porque as disciplinas e as metodologias de ensino são dinâmicas. É preciso, principalmente, capacitar na fluência digital, já que o ensino híbrido veio para ficar. O aluno de hoje já
é nativo digital, mas precisa ser estimulado e orientado.
A ideia do estudante como mero ouvinte já está ultrapassada. Como fazer os professores entenderem que precisam trazer os alunos para o protagonismo da sala de aula? O ensino ideal envolve o estudante ler em casa, aprender em casa e ir para a escola para debater com os docentes. A universidade, contudo, não ensina isso para os futuros professores. Como comentei, estamos com muita defi ciência em nossos cursos de licenciatura. As escolas, portanto, precisam fazer esse trabalho e preparar, capacitar esses profi ssionais. Há alunos que ses profi ssionais. Há alunos que fi cam restritos ao mínimo para fi cam restritos ao mínimo para passar de ano, mas tem aqueles passar de ano, mas tem aqueles que vão muito além, estudam que vão muito além, estudam com autonomia, procuram oporcom autonomia, procuram oportunidades. Esses é que serão tunidades. Esses é que serão grandes professores. grandes professores.
Que lições a pandemia do novo Que lições a pandemia do novo coronavírus deixa para o ensino no Brasil? Estamos enfrentando uma realidade na qual muitos docentes estão com difi culdade em se adaptar, porque precisam enfrentar uma tela de computador, com aplicativos, softwares. Por outro lado, tivemos professores que fi caram gigantes, montaram verdadeiros estúdios em casa e se adaptaram muito bem à nova realidade. Às vezes era um professor mediano e, de repente, com as novas tecnologias, transformou-se em um gigante do ensino. Houve, nesse sentido, uma mudança no conceito de ser um bom professor em comparação com o período antes, durante e pós-pandemia. E o ensino híbrido veio para fi car, é irreversível. Em um ano e meio as escolas incorporaram soluções que em tempos de normalidade talvez levassem cinco, dez anos. A difi culdade acaba sendo encontrar gente boa para lidar com essas novas tecnologias. Também é preciso considerar a faixa etária. Temos que ter muito cuidado do quinto ano para baixo, por exemplo. A alfabetização é essencialmente presencial.
Organização é a chave Planejamento e apoio são fundamentais para que estudantes mantenham o bom rendimento escolar em casa
No Paraná, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) autorizou, ainda em abril, o retorno às atividades presenciais nas escolas particulares no modelo híbrido. No ensino público, algumas instituições de ensino já estão seguindo o mesmo caminho e a expectativa do governo é de que, em breve, a retomada possa ser realizada em 100% dos colégios estaduais. A reabertura
das escolas é de extrema importância para que os impactos na aprendizagem, nutrição, saúde mental e socialização de crianças e adolescentes sejam suavizados. tes sejam suavizados. Mesmo assim, até o momento, não há previsão Mesmo assim, até o momento, não há previsão objetiva sobre um retorno integral às salas de objetiva sobre um retorno integral às salas de aula. Isso signifi ca que a mescla entre a presenaula. Isso signifi ca que a mescla entre a presencialidade e o ensino remoto deve permanecer cialidade e o ensino remoto deve permanecer por mais um tempo. É necessário, então, que por mais um tempo. É necessário, então, que os estudantes sigam se organizando para que os estudantes sigam se organizando para que o processo de ensino realizado em casa, a fi m o processo de ensino realizado em casa, a fi m de respeitar o distanciamento social para evitar de respeitar o distanciamento social para evitar a propagação do novo coronavírus, seja efetivo a propagação do novo coronavírus, seja efetivo – e é preciso que tanto a escola quanto a família – e é preciso que tanto a escola quanto a família do estudante, além dele próprio, empenhem-se do estudante, além dele próprio, empenhem-se nesse processo. nesse processo. “É fundamental que, dentro do possível, os “É fundamental que, dentro do possível, os pais consigam acompanhar os fi lhos, além de pais consigam acompanhar os fi lhos, além de conscientizá-los e ajudá-los a organizar as aticonscientizá-los e ajudá-los a organizar as atividades. Essa organização vai desde auxiliar a vidades. Essa organização vai desde auxiliar a utilizar os recursos tecnológicos a defi nir uma dá é de que se comportem em casa como se agenda de estudos e realização de tarefas. A fa- comportariam na escola, no sentido de respeimília tem que reforçar que é importante que o tar horários, não comer durante a aula, não utiestudante participe da aula como se ela fosse lizar o celular e até mesmo usar uniforme. Depresencial, que abra a câmera, interaja. A gente pois, minimizar as distrações ao máximo, como sabe que muitos alunos não abrem a câmera deixar aberta no computador apenas a aba da quando estão no remoto porque estão de pi- ferramenta que está sendo utilizada pela escojama, nem saíram direito da cama. Então, esse la. Ocasionalmente, é óbvio, quando o docente tipo de conscientização por parte dos pais é pede, pode ser realizado algum tipo de pesquimuito importante”, comenta o pedagogo João sa, mas as distrações precisam ser evitadas. Nascimento, coordenador de empreendedoris- Nascimento ainda diz que pais e estudantes mo do Colégio Bom Jesus. devem compreender que, assim como eles, os Para os estudantes, a dica que o profi ssional professores também têm família e vida pessoal.
João Nascimento
Melhor evitar enviar mensagens em aplicativos ou fazer ligações fora de horário, tarde da noite ou em finais de semana, portanto. Da parte dos educadores, cabe a eles entender que não têm a obrigação de responder a esses chamados assim que os recebem e definir horários para cuidar de si e dos seus.
ORGANIZAÇÃO O estudante do 3° ano do Ensino Médio Romulo Morselli Machado, 17 anos, sabe bem a importância da organização para que os estudos em casa possam fluir de forma satisfatória. O jovem conta que no início do ano letivo, junto de sua psicóloga, elaborou um cronograma de estudos. Para ele funciona da seguinte forma: o adolescente separou de três a quatro matérias por tarde para revisar o conteúdo por meio de exercícios e análise de textos teóricos. Romulo utiliza uma hora e meia para cada disciplina e, no meio da tarde, faz uma pausa de 20 minutos para lanchar. “Até então, esse foi o melhor método para mim que encontrei, pois o estudo não fica tão pesado e consigo render bem”, diz o estudante, que já decidiu que vai prestar vestibular para Medicina. Sobre o contato direto com os docentes, Romulo conta que cada professor tem um e-mail, por meio do qual podem ser tiradas dúvidas. Os educadores também avisaram que, caso necessário, os alunos podem agendar reuniões privadas para conversar no Google Meet por videochamada. Já a respeito do que lhe motiva durante as aulas remotas, o adolescente afirma que gosta muito quando os professores fazem dinâmicas envolvendo jogos, o que torna o processo de ensino e aprendizagem mais leve, mas muito produtivo. O pedagogo João Nascimento explica que é crucial que o professor não “discurse” muito durante a aula, para não transformar o encontro em palestra. É claro que há blocos de conteúdos que precisam ser passados, mas é interessante pensar em formas com que os estudantes consigam participar ativamente. “Essa fragmentação do conteúdo, fazer lacunas, dar espaços para o aluno interagir, puxar essa interação do aluno... Isso é sair da mesmice, deixar a aula interativa”, pontua.
17.jun.2021 | 19h 17.jun.2021 | 19h Live
112 simples maneiras para atrair, converter e fi delizar até 2x mais alunos no segundo semestre de 2021 até 2x mais alunos no segundo semestre de 2021
Palestrantes: Luis Henrique Rodbard Palestrantes: Luis Henrique Rodbard Local: Canal do Sinepe/PR no YouTube Local: Canal do Sinepe/PR no YouTube Palestrante: Dr. Augusto Cury
24.jun.2021 | 19h Live
O que é educação socioemocional e qual a importância da escola na formação emocional dos alunos neste novo cenário (em uma percepção remota e presencial)
Palestrante: Dr. Augusto Cury
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