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Congresso do Sismmac
caderno de teses
2018
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Congresso do Sismmac Caderno de Teses
APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................................ 5 Tese I - Tese do XII Congresso do SISMMAC – Direção ....................................................... 6 Eixo I: Análise de Conjuntura ............................................................................................................... 7 Eixo II: Análise do Movimento Sindical ........................................................................................ 11 Eixo III: Programa de Trabalho do Sindicato ........................................................................ 20 Tese ii - Contribuição ao debate do 12º congresso do sismmac ...... 32 Eixo I: Análise de Conjuntura ............................................................................................................. 33 Eixo II: Análise do Movimento Sindical ..................................................................................... 45 Eixo III: Plano de Trabalho do Sindicato ................................................................................... 47 Tese iii - Movimento Luta e Resistência – Oposição CUTista ................... 48 Eixo I: Análise de Conjuntura Conjuntura Internacional/Nacional ............................................................................................. 49 Conjuntura Estadual ............................................................................................................................... 52 Conjuntura Municipal ............................................................................................................................ 53 Eixo II: Análise do Movimento Sindical................................................................................ 59 Eixo III: Programa de Trabalho do Sindicato .................................................................. 66 RegIMENTO | XII CONGRESSO DO SISMMAC .................................................................... 72
EXPEDIENTE
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Congresso do Sismmac
SISMMAC
Sindicato dos Servidores do Magistério Municipal de Curitiba
Rua Nunes Machado, 1577, Rebouças – Curitiba/PR, CEP. 80.220-070 | Telefone: (41) 3225-6729 Gestão “Fortes com a Base - Só a Luta Muda a Vida” (2017-2020)
Direção liberada | Adriano Vieira, Dulce Chaves, Liliane Tsumanuma, Luana Crestani, Luciana Kopsch, Mariana Navarro, Rafael Alencar Furtado, Solange Taurino, Viviane Bastos Pampu, Wagner Argenton Direção que permanece nas escolas | Ana Claudia Xavier de Morais, Ariane Lopes, Arthur Zwolinski Prats, Cristiane Bianchini, Cristiane Marques de Souza, Francielly Costa, Gabriel Conte, Gabriela Dallago, Gislaine Franco Silvério, Juliana Zeni Ostroski, Maria das Graças dos Santos, Marilu do Rocio Schwanke, Marisa Tchorney Guimarães, Raquel Soares, Rosana Almeida, Sheila Simonsen, Thayana Ribeiro da Cruz, Wagner Batista Equipe de Comunicação | Thaíse Mendonça (DRT 8696/PR), Dalane Santos (DRT 10051/PR) e Júlia Trindade Projeto gráfico, ilustração e diagramação Ctrl S Comunicação (www.ctrlscomunicacao.com.br)
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apresentação
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Além dos muros da escola: a força do magistério na reorganização da classe trabalhadora!
N
osso XII Congresso será rea-
A partir das decisões dos últimos dois
lizado no ano em que o SIS-
congressos, o magistério avançou em sua
MMAC completa três décadas
organização, definiu princípios que orien-
de história. A transformação
tam nossas estratégias de luta e aprovou
da Associação do Magistério Municipal
uma política financeira que ampliou a es-
de Curitiba (AMMC), criada em 1979, em
trutura do SISMMAC.
sindicato ocorreu em outubro de 1988 e só foi possível por causa das lutas pela re-
Vivemos nos últimos anos um período de
democratização do país que garantiram o
desmonte da educação pública e de graves
direito de sindicalização que até então era
ataques aos direitos dos trabalhadores. E a
proibido para os servidores públicos.
ascensão de um modelo de presidência que defende abertamente a tortura e a ditadura
Nesses 30 anos de luta, o magistério pas-
coloca em risco o direito de nos organizar-
sou por quatro planos de carreira, enfren-
mos para resistir e combater esses ataques.
tou a truculência de diferentes governos e não abandonou a luta por valorização e melhores condições de trabalho.
São tempos difíceis que só podem ser enfrentados com união e com o fortalecimento da nossa reorganização en-
Aprender com a nossa história nos
quanto classe trabalhadora.
permite enxergar mais longe e planejar como devemos enfrentar os desafios
Além da Tese 1 elaborada pela direção do
atuais. Os congressos do SISMMAC existem
SISMMAC, dois grupos inscreveram textos
para que essas lições não caiam no esque-
com posições divergentes que compõem esse
cimento, para garantir que a nossa catego-
Caderno de Teses. Leia o material, informe-
ria pare para analisar, debater e definir cole-
se sobre as diferentes análises e propostas
tivamente os seus rumos.
e não deixe de participar dos debates!
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Tese I Tese do XII Congresso do SISMMAC – Direção 6 caderno de teses |
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Eixo I
Análise de Conjuntura
Mais alta fase de desenvolvimento do capitalismo 01. São tempos difíceis esses que atraves-
trole de territórios e suas riquezas.
samos como trabalhadoras e trabalhadores.
03. Os acidentes de trabalho, provocados
Nunca se produziu tanta riqueza no mundo
pelas péssimas condições às quais a grande
e ela nunca foi tão concentrada como agora:
maioria das trabalhadoras e trabalhadores
apenas 1% da população tem 50% da riqueza
está submetida, matam e ferem ainda mais
mundial, as 85 pessoas mais ricas do mundo
do que as guerras capitalistas. Segundo a pró-
têm a mesma riqueza do que as 3,5 bilhões de
pria Organização Internacional do Trabalho
pessoas mais pobres (dados Oxfam). Se olhar-
(OIT), morreram mais de 2,3 milhões de traba-
mos para os 10% mais ricos hoje, eles acumu-
lhadores vítimas de acidentes de trabalho no
lam 87,70% da riqueza mundial. Nunca na his-
ano passado. O mesmo relatório admite que
tória do capitalismo, a concentração de rique-
a cada dia mais de 860 mil trabalhadores são
zas nas mãos de tão poucos foi tão grande.
feridos no mundo em decorrência do trabalho
02. Essa expansão mundial do capitalis-
sob a forma capitalista de produção. Nessa fase
mo como forma de produção e reprodução
mais alta do desenvolvimento do capitalismo,
da vida avança e com isso suas consequên-
suas contradições também chegam a fases
cias de aumento da barbárie social também
cada vez mais agudas e mais insolúveis a cur-
avançam mundialmente. As disputas territo-
to, médio e longo prazo. Pois, o capitalismo não
riais, necessárias nas disputas internacionais
produz a paz e a harmonia social, produz, sim,
dos capitalistas e seus Estados, produzem
o aumento da barbárie nas relações humanas
atualmente o maior número de refugiados
como nos tem provado a sua própria história.
que já vimos no mundo: 68 milhões de tra-
04. Essa fase atual da luta de classes se
balhadores, 30 milhões a mais do que o re-
deve também ao fato de termos tido uma
gistrado em 2005 (relatório da ONU). Traba-
derrota mundial no que diz respeito à cons-
lhadores e suas famílias fogem das guerras
trução de um projeto socialista de socieda-
promovidas e financiadas pela disputa inter-
de. O marco final dessa derrota, a queda do
capitalista das grandes potências pelo con-
muro de Berlim, completa 29 anos agora em
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2018. A derrota do bloco soviético, de inspira-
e com ela o processo de conciliação de clas-
ção socialista revolucionária, colocou em uma
ses virou a base dominante dos programas da
fase defensiva os socialistas revolucionários do
social-democracia pelo mundo afora. Aqui no
mundo inteiro. Muitos foram os erros cometi-
Brasil, seguiu-se a mesma regra.
dos nesses processos e devemos reconhecê
05. Mas a história insiste em mostrar dia-
-los e superá-los, mas o princípio de igualdade
riamente o óbvio: sob esse sistema, a grande
social construído através de um processo re-
maioria dos trabalhadores e suas famílias te-
volucionário permanece cada vez mais atual e
rão péssimas condições de vida e a desigual-
necessário de se reconstruir. Com essa derrota
dade social se aprofundará. Os capitalistas e
mundial, a luta pelo fim da exploração capita-
seus Estados seguirão cobrando maiores es-
lista não saiu fortalecida desse enfrentamento.
forços da classe trabalhadora, o que implica-
As tendências de humanização do capitalismo
rá na piora das condições de vida, de trabalho
– como se isso fosse possível – ganharam força
e no agravamento das contradições sociais.
Resistência e reorganização da classe trabalhadora brasileira 06. Resistir torna-se ainda mais necessá-
nas lutas de nossa classe, voltaram-se con-
rio nesse cenário de defensiva, em que os
tra nós, trabalhadores. Ao colocar a conquis-
ataques aos direitos dos trabalhadores se
ta e manutenção do poder do Estado dentro
ampliam e se aprofundam em nosso país.
dos limites da ordem burguesa como obje-
Nesse momento, as lutas de resistência são,
tivo das organizações e da atuação de seus
em grande medida, lutas para não sermos
militantes, PT e CUT contribuíram na gestão
ainda mais explorados, para não perdermos
do governo federal e na amortização das
mais direitos. Isso é saldo dessa conjuntura
lutas sindicais e políticas para o aprofunda-
mundial e nacional. É nesse processo de re-
mento do capitalismo no Brasil. Agora, em
sistência que podemos avançar no proces-
plena crise desse projeto de conciliação de
so de reorganização da classe trabalhadora
classes, tentam empurrar para debaixo do
pelo fim da exploração capitalista. Mas nos-
tapete seus erros e culpabilizar unicamente
sa pressa não apressa a história.
os “golpistas” e traidores da direita tradicio-
07. Olhando para a correlação de forças
nal – aos quais se aliaram por mais de uma
atual, vemos que os principais instrumentos
década – pelos ataques violentos que es-
políticos construídos nesse último período,
tamos presenciando contra os direitos dos
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trabalhadores. Ataques que eles mesmos
dades do partido e de seus parlamentares no
apresentaram na tentativa de não serem re-
projeto de conciliação de classes. Com a elei-
tirados do governo federal.
ção de Lula em 2002, o papel de braço sindical
08. A Reforma da Previdência; a Reforma
do governo para aplicação de suas políticas
Trabalhista com a ampliação do PPE (Pla-
fica cada vez mais consolidado internamente,
no de Proteção ao Emprego, na verdade de
como ocorreu na Reforma da Previdência de
proteção ao empresariado); a proposta que
2003. De um instrumento nascido das lutas
o negociado se sobreponha ao legislado; o
da classe, a CUT passou a se organizar para
PL 257 que renegocia as dívidas dos estados
amortizar e esvaziar essas lutas, centrando
desde que se faça o desmonte do serviço
suas principais ações nos espaços da insti-
público; a terceirização de todos os ramos
tucionalidade burguesa.
de atividades, inclusive nas atividades-fim; a
11. As práticas do PT no governo federal
privatização de empresas públicas; a lei an-
se assemelharam cada vez mais aos parti-
titerrorismo que criminaliza ainda mais os
dos e parlamentares da direita tradicional
movimentos sociais e suas ações são medi-
(DEM, PSDB, PMDB). A enxurrada de denún-
das apresentadas ou gestadas pelo próprio
cias de corrupção do governo petista, prática
governo Dilma como forma de acenar à bur-
comum a governantes desses partidos e do
guesia que cumpriria com os ataques aos
funcionamento do Estado democrático bur-
nossos direitos para se manter no governo
guês, nivelaram o PT e seus representantes
federal. Não adiantou.
ainda mais por baixo. Pior ainda, o Capital e
09. Esses instrumentos, nascidos e forja-
seus meios de propaganda apresentam e re-
dos nas lutas de nossa classe, transforma-
forçam no senso comum que esse é o exem-
ram-se em instrumentos para potencializar a
plo de socialismo. Toda a degeneração des-
conciliação de classes ao longo de sua histó-
ses instrumentos, junto e fundamentalmen-
ria de mais de três décadas, além de se bu-
te com o aprofundamento do capitalismo e
rocratizarem, invertendo o trabalho de base
de suas necessidades de exploração fizeram
como eixo organizativo para avançar na luta
surgir aqui no Brasil um crescimento da ex-
de classes e na construção do processo re-
trema direita. Crescimento que tem grandes
volucionário. Também se dedicaram a um
chances de levar à presidência do país seu
trabalho de base de ampliação eleitoral, cada
representante do momento: Jair Bolsonaro.
vez mais superficial e baseado em figuras
12. No momento de escrita desta tese, as
públicas, condição fundamental para quem
pesquisas apontam que ele se encontra à
opta pelo caminho da disputa da institucio-
frente nas intenções de votos, contra o can-
nalidade democrática burguesa como eixo
didato do PT, Fernando Haddad (Datafolha).
central de sua organização.
Essa vitória se efetivando representará uma
10. A CUT, por sua vez, tornou-se uma cor-
grande derrota para nós trabalhadores, pois
reia de transmissão dos interesses e necessi-
se aprofundarão ainda mais os ataques aos
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nossos direitos e a repressão às nossas lu-
candidatura da extrema direita no proces-
tas. Esse crescimento da extrema direita no
so eleitoral. Teremos que combater ainda
poder do Estado tem acontecido também
com mais firmeza e segurança um prová-
mundialmente e antes até do que aqui no
vel governo autoritário e fascista. Se tiver-
Brasil. A eleição de Trump, em 2016, nos EUA,
mos mais um governo PT, com certeza os
centro do sistema, e o crescimento eleitoral
ataques não vão parar, porém as condições
dos partidos de extrema direita em toda Eu-
para combater esse governo serão menos
ropa, principalmente na Alemanha e França,
desfavoráveis do que um governo aberta-
mostram que, com o aprofundamento do
mente fascista. Por isso, independente-
capitalismo e o fracasso de uma alternativa
mente do resultado das eleições, temos
revolucionária, o que está colocado para os
certeza que devemos intensificar nossa
trabalhadores do mundo inteiro é uma in-
participação ativa no processo de reorgani-
tensificação de nossa exploração.
zação de nossa classe, a trabalhadora. Pois,
13. Para combater essa realidade, o cami-
o aprofundamento do capitalismo em nos-
nho é o de intensificação de nossa organi-
so país e no mundo exigirão processos de
zação e de nossas lutas. Combatemos essa
lutas cada vez maiores e mais amplos.
PROPOSTAS Intensificar o trabalho de formação política nos Conselhos de Representantes e em nossos materiais sobre a conjuntura mundial e nacional. Reafirmar o posicionamento contrário sempre que necessário e lutar, articulado com movimentos nacionais, pela revogação dos grandes ataques à classe trabalhadora: Reforma Trabalhista, terceirização irrestrita, PEC do congelamento de gastos por 20 anos nos serviços públicos. Reafirmar o posicionamento sempre que necessário e lutar, articulado com movimentos nacionais, contra qualquer privatização/concessão das estatais e pela reestatização das que já foram privatizadas.
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Eixo iI
Análise do Movimento Sindical
CONTRIBUIR NA REORGANIZAÇÃO DE NOSSA CLASSE, A TRABALHADORA 14. Desde 2012, após a assembleia em que
trânsito), Sindsaúde-PR (servidores da saú-
a grande maioria da categoria votou pela
de), Sindserv-Santos (servidores de Santos),
desfiliação da CUT, o SISMMAC saiu da Cen-
Sindagua-DF (trabalhadores do saneamen-
tral que iniciou sua história com as trabalha-
to básico do Distrito Federal) e Sinasefe (ser-
doras e trabalhadores e já há algum tempo
vidores das instituições de ensino superior)
atua contra a nossa classe. Nós, professoras
e das oposições (APP-Sindicato, Servidores
e professores do magistério municipal de
Municipais de Campinas, do Sintep-MT).
Curitiba, saímos da CUT, mas não saímos
Além desses, também contribuímos com os
da luta. Pelo contrário, aprovamos no mes-
sindicatos do ramo produtivo: Sindicato de
mo Congresso a necessidade de contribuir
Metalúrgicos de Ipatinga, Limeira, Santos,
política e financeiramente para o processo
Campinas, oposição metalúrgica de Grava-
necessário de reorganização de nossa clas-
taí, Sindicato dos Sapateiros de Franca, Sin-
se, a trabalhadora. Por isso, foi aprovado
dicato dos Químicos de Vinhedos, Sindicato
que os 6,2% de nosso orçamento que iam
dos Têxteis de Blumenau, oposição bancária
para burocracia da CUT seriam destinados
do Distrito Federal e da grande Florianópo-
para as lutas de diversas categorias. Assim,
lis. Apoiamos também movimentos de es-
conseguimos contribuir nos processos de
tudantes, como nas ocupações das escolas
reorganização de trabalhadoras e trabalha-
em 2016, no Paraná, e com o Coletivo Outros
dores como, por exemplo, do serviço públi-
Outubros Virão, que atua principalmente no
co: Sintcon-PR (trabalhadores dos Correios),
movimento estudantil universitário.
Sifar (servidores de Araucária), Sismmar
15. Os critérios para a destinação dessa
(magistério de Araucária), Sismuc (servido-
verba, do consequente apoio e acompanha-
res de Curitiba), Sinsep (servidores de São
mento político também foram aprovados em
José dos Pinhais), Sinetran-MT (agentes de
nosso X Congresso:
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1) Independência frente a patrões e governos;
16. Esses são os mesmos princípios que
2) Autonomia frente aos partidos políticos;
fundamentam o trabalho sindical do SIS-
3) Formação política;
MMAC nas gestões Novos Rumos (2011-
4) Prioridade no trabalho de base, a partir
2014/2014-2017) e na gestão Fortes com a
dos locais de trabalho e para além dele.
Base - Só a Luta muda a Vida (2017/2020).
DA CONTESTAÇÃO À CONFORMAÇÃO: A TRAJETÓRIA DA CUT E DA CNTE 17. Os princípios que fundamentam as
de transformar essa sociedade e esse Estado,
ajudas oferecidas pelo SISMMAC são os
o centro da política é administrá-lo dentro da
mesmos da fundação do maior instrumento
desigualdade social que ele regulamenta e
sindical já construído em nosso país: a CUT.
aprofunda. A maior central sindical da Améri-
Esses princípios visavam um sindicalismo
ca Latina1, nesse sentido, perde a independên-
classista e combativo. A CUT abandonou esses
cia política diante dos partidos e governos e se
princípios e esse foi um dos principais motivos
burocratiza cada vez mais, o que se contrapõe
que fez com que se tornasse essa central sin-
drasticamente ao que defendia no início de
dical afastada das lutas da classe trabalhadora.
sua história: construir pela base um sindicalis-
Após a efervescente década de 1980, período
mo classista e contra o Estado capitalista.
de muitas lutas e greves contra o arrocho sala-
18. Diante disso, o magistério municipal
rial, a atuação da CUT se dá cada vez mais no
aprovou no X Congresso a desfiliação da CUT
campo propositivo e menos no campo con-
e permaneceu filiado à Confederação Nacional
testador do Estado. Elegem como seu foco
dos Trabalhadores de Educação (CNTE). Isso
principal a garantia de representar a classe,
ocorreu por já termos amadurecido a discussão
mas não de construir junto com ela sua or-
com elementos concretos no caso da CUT, de
ganização e suas lutas. Assim, conformam-se
seu distanciamento, burocratização e atuação
cada vez mais na política de conciliação e dis-
contra a classe trabalhadora. Porém, naquele
puta por dentro do Estado. Ou seja, ao invés
momento, não tínhamos elementos suficien-
1. Conforme o site da CUT, acesso em março 2018: “Presente em todos os ramos de atividade econômica do país, a CUT se consolida como a maior central sindical do Brasil, da América Latina e a 5ª maior do mundo, com 3. 806 entidades filiadas, 7.847.077 trabalhadoras e trabalhadores associados e 23.981.044 trabalhadoras e trabalhadores na base. Disponível em: https://www.cut.org.br/conteudo/breve-historico
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tes para avaliar a desfiliação ou não da CNTE. Já
sentantes da base e também dos dois últimos
no XI Congresso do SISMMAC, em 2015, aprova-
congressos: o 31º, em 2014, e o 32º, em 2017.
mos reavaliar a nossa relação com a CNTE dian-
A partir dessa participação, confrontamos a
te do balanço feito nesses três anos de partici-
prática da Confederação com os princípios
pação efetiva nos trabalhos da entidade.
que defendemos e praticamos como direção do SISMMAC, que foram aprovados por una-
Por dentro da CNTE
nimidade em nossos últimos dois congressos.
19. Em 1989, esta confederação nasce já filia-
Vejamos, então, quais são esses princípios e se
da à CUT e se torna um dos maiores ramos da
são ou não praticados.
Central, representando os trabalhadores da sindicatos e federações filiadas e representa
Independência de patrões e governos
cerca de 1 milhão de trabalhadores em edu-
21. Independência política dos trabalhado-
cação . É uma das maiores confederações
res como classe porque patrões e governos
também em termos financeiros, chegando a
exercem em conjunto a exploração capitalis-
arrecadar mais de R$ 14 milhões em um ano
ta todos os dias sobre a classe trabalhadora
. Tudo isso faz com que seja através da Con-
através da exploração direta nos locais de tra-
federação que as principais políticas cutistas
balho e através de seu Estado. Entendemos
para a educação são construídas.
que a atuação sindical se constrói coletiva-
educação do país. Hoje, a entidade possui 50
20. Entendemos que não basta apenas
mente com propostas de resistência, luta
participar, precisamos, assim como em todas
e de políticas educacionais com indepen-
as nossas intervenções políticas, avaliar, pro-
dência frente a qualquer governo, por mais
por e construir algo que esteja de acordo com
progressistas que eles possam parecer.
nossos princípios. Estaria a CNTE seguindo
Pois existe um limite para mudanças reais
o princípio de independência de patrões e
dentro do Estado capitalista, e as políticas
governos, autonomia frente aos partidos e
públicas devem ser um meio para contestar
organização pela base? Para construir essa
esta ordem que nos é imposta, de conquis-
resposta é importante dizer que participamos
tar avanços parciais, de acumular forças para
ativamente nos últimos sete anos dos espaços
um processo maior e mais profundo de mu-
e instâncias construídas pela Confederação.
danças, mas não podem ser consideradas
Participamos dos Conselhos Nacionais de En-
um fim em si mesmo. Senão estaremos limi-
tidades (CNEs), de mais de 25 reuniões nacio-
tando a nossa organização e luta dentro dos
nais enviando diretores do SISMMAC e repre-
limites dessa sociedade injusta e desigual.
2. Informações de acordo com a página oficial da entidade. Acesso em outubro/2018 3. Conforme demonstração do resultado econômico de 2016, a CNTE teve um total de receitas de R$14.032.360,50
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22. A atuação da CNTE trata essa dispu-
da pauta dos 50% de hora-atividade e propu-
ta de políticas públicas como um fim em
seram meritocracia nos planos de carreira Bra-
si mesmo. Como se por essas ações fosse
sil afora. A disputa da Lei do Piso aprovada em
possível conquistarmos nossas pautas histó-
2011 é tratada pela entidade muito mais como
ricas da educação. Exemplo disso é a grande
disputa institucional junto ao MEC para atuali-
campanha da entidade em defesa do Plano
zação dos índices do piso do que, na prática, na
Nacional da Educação (PNE), em que a apro-
organização da resistência nos diferentes sin-
vação pelo governo Dilma da Lei 13005/2014
dicatos por melhores salários e hora-atividade.
foi apresentada como grande vitória, após 13 anos de governo PT. Uma lei que prevê uma
Autonomia frente aos partidos
série de metas, mas não prevê nenhuma
25. A direção do SISMMAC entende a neces-
obrigatoriedade de cumpri-las e muito me-
sidade e importância da organização dos tra-
nos punição se não forem efetivadas. Uma lei
balhadores e o direito democrático de cons-
que em seu conteúdo possibilita que a verba
trução das organizações partidárias, porém
pública vá para a educação privada.
tem como princípio autonomia frente aos
23. Na atuação da CNTE vemos poucas
partidos no sindicato. Essa autonomia se efe-
críticas às políticas de meritocracia impos-
tiva na prática por não termos rabo preso e
tas por diferentes governos e intensificada
muito menos sermos subordinados à políti-
através dos programas educacionais. Como
ca de um partido ou de seus parlamentares.
exemplo, o Todos Pela Educação, que propõe
Em sete anos de participação nos espaços da
o IDEB e demais avaliações em larga esca-
Confederação, comprovamos a falta de auto-
la. É proposta do ex-deputado Carlos Abca-
nomia da entidade. Vamos aos fatos.
lil (PT) a avaliação dos professores do ensino
26. No 31º Congresso da CNTE, em 2014, nos
fundamental, projeto tomado pela extrema
deparamos com uma grande e luxuosa estru-
direita no Congresso Nacional e que deve ser
tura, para pouca luta. A principal política apro-
implementado em breve, trazendo consigo
vada no encontro foi a campanha para a elei-
toda a lógica de disputa e ranqueamento dos
ção de Dilma Roussef. Para participar desse
professores. Vale ressaltar que Abcalil foi pre-
encontro, o SISMMAC – além de pagar todos
sidente da CNTE por três gestões.
os meses os 3,8% da arrecadação (R$10.742,00)
24. A CNTE tem sido na prática a correia
para a entidade – teve que desembolsar
de transmissão das políticas do governo do
R$21.173,08 para pagar as passagens, hospe-
PT e consequentemente dos organismos
dagens e também parte da estrutura cara do
internacionais para os países periféricos.
evento. Esses congressos não são a realidade
Foram capazes de comemorar como grande
de vida da maioria de nossa classe e deveriam
conquista a destinação de 10% do PIB para a
ser a expressão de nossas lutas, já que para or-
educação só para 2020. Além disso, na Plenária
ganizar nossa mobilização não precisamos de
Intercongressual de 2015, registraram o recuo
grandes painéis e salas VIP. Precisamos ape-
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Congresso do Sismmac
nas de uma estrutura que dê conta com o mí-
do, a pauta passou a ser a defesa sobre o golpe,
nimo de conforto para o debate.
como se muito do que estava sendo execu-
27. No 32º Congresso, em 2017, as organi-
tado por Temer não tivesse sido gestado pelo
zações políticas presentes no Congresso tive-
governo de conciliação do PT. De nada adianta
ram apenas dez minutos para sua análise de
as defesas mirabolantes de melhorias na edu-
conjuntura. Por outro lado, a mesa de abertu-
cação se o viés privado pode tomar conta da
ra foi feita pelo ex-presidente Lula que se ins-
nossa educação. Qualquer questionamento
creveu para defender que a principal luta da
da política petista de conciliação neste espaço
entidade deveria ser contra o golpe dado ao
foi muito difícil, exigiu um dispêndio de ener-
PT, ignorando que o próprio partido também
gia grande e saber lidar com a hostilização por
golpeou os trabalhadores quando estava no
parte da militância messiânica.
governo e se aliou por mais de uma década
29. No último CNE em que estivemos, em
aos ‘golpistas’ – e nessas eleições de 2018 se-
Salvador/BA, o evento culminou em um ato
guiram se aliando em várias regiões – colo-
do Fórum Social Mundial, no qual muitos re-
cando indiretamente Temer na presidência.
presentantes sindicais comemoravam as suas
Neste mesmo evento, após aprovar todas as
candidaturas a deputado e a governador, e co-
mudanças do estatuto, foram destinados os
locavam como saída para a conjuntura a eleição
últimos trinta minutos do evento para prepa-
de um representante no poder do Estado em
rar a greve do dia 15 de março de 2017, que foi
detrimento da mobilização dos trabalhadores.
muito importante para construir o enfrenta-
30. Mais um exemplo do aparelhamento é a
mento à Reforma da Previdência. Imagine se
composição da diretoria da entidade, na qual os
tivéssemos destinado mais tempo e energia
principais cargos se mantêm nas mãos do Par-
para o debate sobre as lutas necessárias?
tido dos Trabalhadores, da sua corrente majori-
28. As reuniões do Conselho Nacional de
tária e em grande parte das mesmas pessoas.
Entidades foram, em resumo, pautadas pelas
Essa falta de rotatividade demonstra o distan-
políticas do governo federal petista, enquanto
ciamento da base e a política de perpetuação
estavam no governo, até 2016. Após esse perío-
das mesmas pessoas nos cargos da entidade.
Número de pessoas que se mantiveram na direção da CNTE
Principais cargos (presidência, vice-presidência, secretário de finanças e secretário geral)
Diretoria
Número de cargos
2011/2014
21 secretarias + 8 suplentes
2011/2014 para 2014/2017
31 secretarias +11 suplentes
18 pessoas se mantiveram e se criaram 13 novos cargos.
3 dos 4 cargos são da corrente majoritária do PT.
2014/2017 para 2017/2021
31 Secretarias + diretoria adjunta com 11 pessoas.
18 se mantiveram em geral nos cargos principais.
3 dos 4 cargos são da corrente majoritária do PT.
3 dos 4 cargos são da corrente majoritária do PT.
Fonte: Materiais impressos da CNTE que indicam os nomes dos diretores da entidade.
caderno de teses |
xii
Congresso do Sismmac
15
31. No 30º Congresso da CNTE, em 2008, foi
pode e deve ser direcionada para a base e para
aprovada uma medida que exige que a oposi-
sua organização autônoma. Independente-
ção tenha pelo menos 20% dos votos dos dele-
mente de estarem os diretores da CNTE pre-
gados para conseguir uma vaga na direção da
sentes nas atividades, devem ser encaminha-
entidade. Esse percentual anteriormente era
das ações e espaços coletivos para debater o
de 10%, o que fez com que nos próximos dois
cotidiano dos locais de trabalho, como a saúde
Congressos as forças de oposição ao campo da
do trabalhador. Fazer isso é muito mais do que
CUT na CNTE nunca mais conseguissem ter
imprimir uma cartilha ou revista, é realmen-
sequer um nome na diretoria da instituição.
te se desvencilhar da lógica da representação e conclamar os trabalhadores da educação a
Organização pela base
pensar e se envolver nas lutas diretas da sua
32. Para uma entidade nacional, sabemos que
categoria. Síntese desse descolamento da base
não é simples sua contribuição para a mobi-
fica claro quando olhamos para o demonstra-
lização das bases. Porém, entendemos que a
tivo financeiro da entidade:
política gestada por uma entidade desse por-
33. Nos últimos quatro anos, a CNTE decla-
te, que reúne os trabalhadores de todo o país,
ra em seu Demonstrativo de Resultado Eco-
Ano
Gastos Com Diretoria e Conselho Fiscal
Gastos com Mobilizações e Atos
2014
R$1.989.220,02
R$1.430,60
2015
R$2.586.926,94
R$180.854,60
2016
R$806.555,13
R$317.492,15
2017
R$874.032,20
* valor não declarado nesse item
Total
R$6.256.734,29
R$499.777,35
Fonte: Demonstrativo de Resultados da CNTE de 2014 à 2017.
nômico (DRE) ter gasto 12 vezes mais com
incoerente com nossos princípios continuar
despesas com a diretoria e conselho fiscal
contribuindo e participando dessa entidade
do que com atos e mobilizações. Isso em um
que não dá espaço para o diálogo para quem
momento em que tivemos intensos ataques
não segue a cartilha do PT e que está cada
a nossa classe como a Reforma Trabalhista,
vez mais afastada do chão de nossas esco-
PEC do Teto e outros, o que nos mostra a cla-
las. Entendemos que o caminho é continuar
ra burocratização da entidade.
mobilizando os locais de trabalho pela base e fomentar a discussão nacional em espaços in-
Tudo Novo de Novo
dependentes, construídos entre os diferentes
34. Diante desse cenário acreditamos que é
sindicatos da educação que se proponham a
16 caderno de teses |
xii
Congresso do Sismmac
seguir esse mesmo caminho. Propomos as-
Vamos mergulhar do alto onde subimos
sim a desfiliação do SISMMAC da CNTE.
Vamos celebrar Nossa própria maneira de ser
“Vamos começar
Essa luz que acabou de nascer
Colocando um ponto final
Quando aquela de trás apagou
Pelo menos já é um sinal
E vamos terminar
De que tudo na vida tem fim
Inventando uma nova canção
Vamos acordar
Nem que seja uma outra versão
Hoje tem um sol diferente no céu
Pra tentar entender que acabou
Gargalhando no seu carrossel
Mas é tudo novo de novo
Gritando nada é tão triste assim
Vamos nos jogar onde já caímos
É tudo novo de novo
Tudo novo de novo
Vamos nos jogar onde já caímos
Vamos mergulhar do alto onde subimos”
Tudo novo de novo
Paulinho Moska
SISMMAC E A INTERSINDICAL: UMA RELAÇÃO CONSTRUÍDA PELA EFETIVAÇÃO DE PRINCÍPIOS 35. Em 2006, dezenas de sindicatos, opo-
ações estão a solidariedade ativa e internacio-
sições sindicais e coletivos rompem com a
nal da classe trabalhadora, a formação políti-
Central Única dos Trabalhadores e decidem
ca como ferramenta potencializadora da luta
construir um novo Instrumento que retome o
e a construção – no futuro, com os trabalha-
processo de organização e luta abandonado
dores e não em seu nome – de uma nova cen-
pela CUT. Assim nasce a Intersindical – Ins-
tral sindical classista e combativa.
trumento de Luta e Organização da Classe
36. A Intersindical não é uma central, por-
Trabalhadora, tendo como princípios fun-
tanto não recebe imposto sindical e não de-
damentais: a independência em relação ao
pende de governo. É uma organização sin-
Capital e seu Estado, autonomia em relação
dical que se propõe a aprender com os erros
aos partidos políticos, e tendo a organização
do passado, a avançar em sua organização
pela base como um instrumento fundamen-
sem autoproclamações para contribuir de-
tal para a luta de classes. Entre as principais
cisivamente na reconstrução do movimento
caderno de teses |
xii
Congresso do Sismmac
17
pela base e de enfrentamento direto com
aliava aos empresários para vender direitos
o Capital e seu Estado. Está presente em
dos trabalhadores e que tentou fraudar a
diferentes regiões e em diferentes ramos:
eleição em 2015 para se manter no poder.
têxteis, metalúrgicos, sapateiros, químicos,
Logo no primeiro ano de gestão, em Franca,
professores, trabalhadores da saúde, da pre-
uma forte mobilização da base para a cam-
vidência dentre outros.
panha salarial garantiu para os sapateiros
37. A gestão Fortes com a Base – Só a Luta
um aumento salarial acima da inflação. Em
muda a vida foi eleita com mais de 55% dos
Blumenau, o Sindicato dos têxteis garantiu
votos em 2017 como chapa da Intersindical.
o fim do trabalho aos sábados em várias fá-
No XI Congresso do SISMMAC, em 2015, pro-
bricas após muita mobilização. Em Cubatão/
pusemos aprofundar essa relação e nesses
SP e Ipatinga/MG, a Intersindical enfrenta
últimos três anos estamos fazendo isso na
a Usiminas junto com os sindicatos contra
prática, trazendo para a categoria os debates,
o arrocho salarial, as demissões e luta por
materiais de luta e a construção de um novo
melhores condições de vida e trabalho. No
movimento sindical. Muito antes de sermos
Sindicato dos Servidores de Araucária (Sifar),
gestão no SISMMAC, os camaradas da Inter-
os militantes da Intersindical atuaram forte-
sindical que romperam com a burocracia da
mente na mobilização da greve das educa-
CUT em 2006 construíam um novo caminho,
doras que garantiu o compromisso de hora
para errar novos erros e não repetir os velhos.
-atividade e na mobilização vitoriosa contra
Esse movimento foi decisivo inclusive para
o fechamento da UPA. Em 2016, em Campi-
retomar o Sindicato para as lutas em 2011 e
nas, o Sindicato dos Metalúrgicos, que cons-
continua sendo hoje para enfrentar o Capital
trói a Intersindical, mobilizou e sustentou a
e seu Estado e buscar junto de nossa classe
ocupação da Mabe, empresa responsável
uma sociedade mais justa! Desde o início da
por fabricar os fogões Dako, e garantiu que
mudança em nosso Sindicato, nosso grupo
a empresa pagasse todos os direitos dos
tem militantes da Intersindical que contri-
trabalhadores antes de seu fechamento. Na
buem diariamente para as mudanças que
greve do pacotaço, em 2017, os militantes da
construímos na atuação sindical do SISMMAC.
Intersindical do Paraná estiveram firmes e
38. Para além disso, a militância da Inter-
fortes nos enfrentamentos ao governo Gre-
sindical vem se fortalecendo cada dia mais,
ca, nos momentos de ocupação da Câmara
dirigindo movimentos, ocupações e greves
Municipal, no enfrentamento na Ópera de
em sindicatos e oposições sindicais. Está em
Arame e em diferentes atos e mobilizações.
luta contra o Capital e seu Estado em Franca,
É por esses e muitos outros exemplos que
no principal polo calçadista do país. O Sindi-
acreditamos que é a hora de qualificar e
cato dos Sapateiros de Franca foi retomado
aprofundar ainda mais essa relação com
para os trabalhadores em 2016. Antes disso,
o movimento sindical geral e com a Inter-
era comandado pela Força Sindical que se
sindical. Isso tem ficado mais claro com a
18 caderno de teses |
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Congresso do Sismmac
conjuntura municipal atual, na qual para
a necessidade de abrir o debate sobre a unida-
enfrentar Greca, por exemplo, não basta só
de sindical na base dos municipais de Curitiba.
o magistério, é preciso construir com os ou-
Pelo Brasil afora, os servidores municipais en-
tros 20 mil servidores da base do Sismuc.
frentaram “pacotaços” de diferentes governos.
Isso fez com que apoiássemos a Chapa 2 -
Em Porto Alegre e Florianópolis, onde o sindi-
Sindicato é pra Lutar que recentemente se
cato é unificado, a possibilidade de resistên-
elegeu com 55,23% dos votos como uma al-
cia foi maior, pois mobilizou massivamente o
ternativa de mudança e retomada do Sindi-
conjunto dos servidores. No último Congresso,
cato para os trabalhadores.
propusemos o debate sobre um sindicato único de trabalhadores da educação. Hoje, avalia-
União dos trabalhadores do serviço público de Curitiba
mos que é importante ir além, gerando atra-
39. Essa análise nos faz refletir também sobre
institucional de todos os servidores.
vés da união na prática a possível unificação
PROPOSTAS Desfiliação da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) e em contraposição apoiar diretamente sindicatos e oposições da educação e do serviço público que atendam os nossos princípios de: independência de patrões e governos, autonomia frente aos partidos e organização pela base. Construção política da Intersindical – Instrumento de Luta e Organização da Classe Trabalhadora e participação em suas instâncias nacionais: coordenação, encontros e plenárias. Realizar o debate com a nossa categoria sobre a necessidade de unificação dos sindicatos do serviço público municipal.
caderno de teses |
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Congresso do Sismmac
19
Eixo iiI
Programa de Trabalho do Sindicato
40. O XII Congresso do SISMMAC acontece
vendo é de grandes ataques aos direitos da
no mesmo ano em que o Sindicato completa
classe trabalhadora e o desmonte do servi-
30 anos. Sua fundação, no final dos anos 80,
ço público avançam cada dia mais. Após 30
ocorreu no bojo das grandes lutas que marca-
anos de existência do sindicato, hoje vivemos
ram o período de redemocratização no Bra-
a ameaça de liberdades democráticas no país,
sil. A Constituição Federal de 1988 permitiu a
com a ascensão do apelo popular por um can-
criação de sindicatos no serviço público. Aqui
didato à presidência que faz menção ao uso de
em Curitiba, foram fundados dois sindica-
armas e declarou defender a tortura e a dita-
tos separadamente: o SISMMAC, que englo-
dura. Nesse sentido, o programa de trabalho
ba as professoras e professores, e o SISMUC,
do Sindicato deve estar voltado para o for-
que passava a representar todos os demais
talecimento da luta da classe trabalhadora
servidores. Nas décadas seguintes, foram
e fundamentado no direito de organização
fundados outros sindicatos de segmentos es-
política e respeito à liberdade de expressão
pecíficos, antes representados pelo SISMUC,
e manifestações desse caráter. O programa
como a guarda municipal e os auditores fis-
de trabalho do SISMMAC deve buscar forta-
cais. Nessas três décadas, foram muitas lutas
lecer o trabalho conjunto entre os sindica-
e conquistas dos servidores municipais e, no
tos. Diante da gestão Greca, percebemos na
que diz respeito ao magistério, conquistamos
prática que é preciso mobilizar para além do
avanços importantes na carreira, na hora-ati-
magistério municipal e envolver todos os de-
vidade e condições de trabalho, mas também
mais servidores na resistência. Portanto, nesse
houveram períodos de retrocesso em nossos
programa de trabalho abordaremos também
direitos conquistados através de muita luta.
a possibilidade de iniciar o debate sobre a uni-
41. Infelizmente, o período que estamos vi-
ficação dos sindicatos municipais da cidade.
1. ORGANIZAÇÃO POR LOCAL DE TRABALHO 42. A organização por local de trabalho
20 caderno de teses |
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Congresso do Sismmac
(OLT) e o trabalho de base estão entre os prin-
cípios que orientam as ações do SISMMAC. É
ações organizadas por professoras e profes-
nos locais de trabalho que sentimos na pele
sores em seus locais de trabalho, e apoiadas
o descaso da administração pública com a
pelo Sindicato:
educação. São salas lotadas, falta de verbas,
A reforma completa da Escola Municipal
falta de profissionais do magistério, inspeto-
CEI Érico Veríssimo (BQ) após três anos
res e demais trabalhadores, o que vem des-
de mobilizações, passeatas e greves;
motivando e gerando um quadro cada vez
A Escola Municipal Pedro Viriato Parigot de
maior de adoecimento. Mas é ali, nos locais
Souza (BN) que conquistou a contratação
de trabalho, que devemos nos organizar para
de 11 profissionais que estavam faltando na
os necessários enfrentamentos. As lutas ge-
unidade, através do envolvimento da co-
rais como greves e atos acontecem em mo-
munidade por meio de assembleias, abaixo
mentos de maior mobilização como o da
-assinados e protestos em frente à escola;
campanha salarial pela data-base. Mas é na
A Escola Municipal CEI Augusto César
escola que nos deparamos com problemas
Sandino (BV) enfrentou a perseguição
específicos que prejudicam todos os traba-
da Prefeitura por meio de assembleia de
lhadores e a comunidade.
pais, mobilização com abaixo-assinado e
43. A organização por local de trabalho é
panfletos distribuídos pelos próprios pais.
um instrumento que nos permite dialogar
Com isso, conseguiram combater e impe-
com a comunidade mostrando a falta de in-
dir o assédio da chefia de núcleo;
vestimento e estrutura para atender a popu-
O CAIC Cândido Portinari (CIC) realizou
lação. É o antídoto para combater o assédio
assembleia de pais, um ato público com
moral, as perseguições existentes e também
a comunidade e conseguiu resolver a fal-
as propagandas enganosas promovidas pela
ta de quatro professores que a adminis-
mantenedora. Mobilizar o local de trabalho e
tração há meses negligenciava;
criar um diálogo aberto com a comunidade
A Escola Municipal CEI Maestro Bento
são forma de nos unirmos com toda a classe
Mossurunga (BQ) mobilizou os pais e a
trabalhadora e assim mostrar que juntos so-
comunidade em denúncias sobre a es-
mos mais fortes. É limitado enfrentar a pre-
trutura precária da escola e conquistou a
carização do trabalho somente com mobili-
reforma do telhado da unidade;
zações gerais, é muito mais efetivo construir
A Escola Municipal CEI Prof.ª Tereza
a união interna nas unidades, agregando
Matsumoto (BQ) organizou por meio do
servidoras e servidores que sofrem juntos os
Conselho de Escola a resistência contra
mesmos problemas para organizar o enfren-
a retirada dos professores de educação
tamento à administração.
física da educação integral;
44. Nestes últimos anos, o SISMMAC tem
O CAIC Bairro Novo (BN) mobilizou a es-
se colocado à disposição para fomentar essas
cola em torno das demandas por segu-
ações. Podemos citar alguns exemplos de
rança e melhorias na estrutura da unida-
caderno de teses |
xii
Congresso do Sismmac
21
de, realizaram abaixo-assinado e mostra-
munidade para denunciar o vandalismo
ram para a comunidade a real situação
na unidade e conseguiu que a Prefeitura
em que se encontram as escolas de 6º ao
garantisse reparos mínimos para a escola
9º ano do município;
funcionar. Seguem aguardando e pressio-
A Escola Municipal Maria Neide Gabardo
nando pela reforma completa da unidade.
Betiatto (BN) mobilizou a comunidade pela segurança e conseguiu garantir a pre-
45. São essas ações que garantem me-
sença da guarda municipal na unidade;
lhorias nas condições de trabalho e possibi-
A Escola Municipal Dona Pompília (TQ)
litam maior cumplicidade e fortalecimento
tem feito constante mobilização com a co-
dos trabalhadores.
PROPOSTAS Realizar formação sobre a importância da mobilização por local de trabalho, incluindo os mecanismos existentes de gestão democrática como instrumentos a serem usados na resistência. Continuar fomentando e apoiando a organização direta dos trabalhadores em seu local de trabalho, organizando espaços de troca de experiências no Conselho de Representantes.
2. TRABALHO DE BASE 46. Nesses últimos sete anos, a direção
cada dois meses. Consideramos muito im-
do SISMMAC buscou retomar o trabalho de
portante essas visitas feitas pelos dirigen-
base no magistério municipal. Hoje temos
tes sindicais, mas é fundamental o papel
em nossa cidade dez regionais da educa-
do representante para ajudar nessa tarefa
ção, 185 escolas e mais de 200 CMEIs. Em
de levar informações e criar um elo entre
média, a direção do SISMMAC tem con-
Sindicato e categoria. Nos últimos anos,
seguido visitar a maioria das unidades a
tivemos uma boa participação destes nos
22 caderno de teses |
xii
Congresso do Sismmac
espaços promovidos pelo Sindicato, como
tagens, espaços de formação, assembleias,
Conselho de Representantes, atos, panfle-
entre outros.
Média de escolas representadas nas reuniões do Conselho de Representantes
99,0 60,3
64,4
2011
2012
77,0
68,9
2013
2014
2015
83,1
2016
88,1
2017
71,75
2018
47. Esses dados nos mostram o cresci-
te, o SISMMAC possui 7.827 professoras e
mento de participação da categoria, porém
professores filiados. No ano de 2017, após
também indicam a necessidade de buscar-
a intensa luta contra o pacotaço de Greca,
mos cada vez mais envolver a totalidade
realizamos uma campanha de filiação que
das unidades. Com este trabalho de base,
conquistou 122 novas filiações em três me-
temos aumentado o número de filiações
ses. Confira o aumento das filiações nos úl-
mesmo em momento de crise. Atualmen-
timos sete anos:
Número de sindicalizados cresceu mais de 40% desde 2011
7.827 5.468
2011
40
%
2018
caderno de teses |
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Congresso do Sismmac
23
Crescimento das sindicalizações a cada ano
622
133 2009
697 521 342
285
185
223
219 67
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
A Categoria mais perto do Sindicato
da sociedade em que vivemos.
48. Também relacionado ao trabalho de
entregues no Conselho de Representantes
base estão os materiais de comunicação
acompanhou um processo de avanço na
que o SISMMAC produz. Nesse ano de 2018,
estruturação de uma política de comuni-
f izemos uma avaliação de que o jornal im-
cação ágil e dinâmica voltada para a inter-
presso com 12 páginas estava sendo des-
net e as redes sociais. Em 2015, reformula-
perdiçado e que muitas matérias produzi-
mos o site para facilitar a navegação pelo
das poderiam ser otimizadas se disponibili-
celular, meio que já corresponde a mais de
zadas em materiais online. Essa também foi
80% dos acessos ao site. Em 2016, inova-
a avaliação feita a respeito da revista Chão
mos com a criação de uma lista de trans-
da Escola, que em sua edição de 2018 pas-
missão para o envio de notícias pelo What-
sou a ser publicada online, com impressão
sApp, que nos permitiu criar um canal ágil
de apenas duas cópias por unidade. Diante
de comunicação com a categoria. Também
dessa percepção, apostamos em um jornal
aumentamos a produção de campanhas e
mais curto, de quatro páginas, com textos
vídeos voltados para redes sociais e para a
voltados para a análise e reflexão sobre a
nossa página no Facebook, que hoje conta
realidade de Curitiba, sobre questões pe-
com 10,6 mil seguidores. Além do alcance
dagógicas que afetam o chão da escola e
junto à categoria, essa produção tem ob-
sobre temas políticos e sociais. Para o deba-
tido destaque nacionalmente, como ocor-
te da conjuntura, criamos um Jornal Mural
reu em 2016 com o vídeo sobre a Reforma
que já está na sua 7ª edição. A partir dele,
da Previdência: o vídeo viralizou e chegou
conseguimos expor questões importantes
até a reunião da Comissão de Direitos Hu-
relacionadas à política do país e à realidade
manos do Senado.
24 caderno de teses |
xii
Congresso do Sismmac
49. A mudança nos materiais impressos
PROPOSTAS Fortalecer a atuação das e dos representantes através de formações e trocas de experiências. Manter campanha constante para eleição de representantes em todas as unidades escolares. Promover maior envolvimento da comunidade em nossas lutas. Manter as visitas da direção periodicamente nos locais de trabalho.
3. COLETIVO DE APOSENTADOS 50. O Coletivo de Aposentados do SIS-
zados. Em 2018, o Coletivo de Aposentados do
MMAC é um espaço de convivência, lutas, ne-
SISMMAC completou 16 anos. No decorrer do
gociação e conquistas. Criado em 2002 por
tempo, o Coletivo foi se estruturando e abran-
um grupo de professoras e professores apo-
gendo mais e mais professoras e professores
sentados, visa atender a demanda dos profes-
aposentados para participar desse tão impor-
sores que, após a aposentadoria, têm maior
tante espaço. Atualmente contamos com um
expectativa de vida. Compõem esse coletivo
grupo bem maior, o que se pode comprovar
todos os profissionais do magistério sindicali-
por meio dos dados da planilha a seguir:
Média de participação nas reuniões mensais do Coletivo de Aposentados
61,2
21,54
2011
16,5
17
2012
2013
45,2
44
2016
2017
38
19,88
2014
2015
caderno de teses |
2018
xii
Congresso do Sismmac
25
51. As reuniões ocorrem regularmente
política, educacional e social. Em todos es-
uma vez por mês, sempre na última quinta-
ses anos de existência, o Coletivo manteve-se
feira do mês. As atividades dos encontros são
fiel ao lema: APOSENTADOS SIM, INATIVOS
bem diversificadas, contemplando as áreas:
NUNCA, EDUCADORES SEMPRE!
PROPOSTAS Manter a realização anual do Seminário dos Aposentados e Pré-Aposentados do SISMMAC. Manter as reuniões mensais do Coletivo de Aposentados na última quinta-feira do mês. A programação das atividades dos encontros deve ser planejada anualmente e aprovada no primeiro encontro do ano. Garantir ampla divulgação do coletivo nos canais de comunicação do SISMMAC. Manter o envio de informações do SISMMAC pelos Correios. Incluir no Estatuto a realização mensal do Coletivo de Aposentados do SISMMAC, quando este for reformulado. Manter campanha de sindicalização após a aposentadoria e campanha para que os aposentados permaneçam sindicalizados.
4. formação 52. São nos espaços de formação política
ra, saber como ela vem se organizando e se
e sindical que podemos nos apropriar de ins-
mobilizando por seus direitos. Os espaços de
trumentos teóricos para entender e transfor-
formação organizados pelo Sindicato devem
mar a realidade. Através destes estudos, po-
ser atividades permanentes que envolvam
demos conhecer a história de lutas da nossa
desde o debate de temas específicos relacio-
categoria e do conjunto da classe trabalhado-
nados à carreira, à docência e à educação de
26 caderno de teses |
xii
Congresso do Sismmac
forma geral, como também temas amplos
de e indicar um caminho para a resistên-
que englobam as relações sociais típicas do
cia, que deve ser política, mas também pe-
modo de produção capitalistas, relações es-
dagógica em cada local de trabalho.
tas que nos atingem enquanto classe trabalhadora. Assim, devem estar fundamentados
Cursos de Extensão
em teorias comprometidas com essas lutas e
54. Propomos buscar parcerias com uni-
acompanhando o movimento em que a con-
versidades públicas para promover cursos
juntura se encontra.
de extensão que possam garantir formação crítica sobre as políticas educacionais im-
Construir a Semana Pedagógica do SISMMAC
postas pelo Estado, o debate sobre as dife-
53. Nesse ano de 2018, construímos a Se-
gicos e envolver também o debate de pau-
mana Pedagógica do SISMMAC, junto com
tas mais gerais da conjuntura. Um exem-
professores da base que se propuseram a
plo desse tipo de iniciativa foi o curso de
ministrar as of icinas e fomentar os deba-
pedagogas que ocorreu em 2016 e obteve
tes. Entendemos que essa prática deve ser
sucesso em seus objetivos de aproximar a
cada vez mais incentivada, com o objetivo
categoria do Sindicato, estudar temas que
de garantir um espaço de formação e refle-
realmente interessem e fazem a diferença
xão aos professores participantes e um vín-
no dia a dia. A partir disso, pensar na pos-
culo maior com o Sindicato. E assim criar
sibilidade de construção de materiais e de
condições para que os envolvidos cada
trocas de experiências.
rentes áreas do currículo e saberes pedagó-
vez mais se organizem em torno de conescola, partindo do princípio que esta prá-
A questão de Gênero, LGBT e Racial na luta de classes
tica pedagógica seja emancipadora e leve
55. Estamos vivendo um momento em que
em conta a realidade social em que a esco-
é urgente falarmos sobre as questões de gê-
la está inserida, as condições de trabalho
nero, preconceito, realidade da mulher, sobre
e a valorização dos professores. É preciso
a questão LGBT e também a questão racial.
buscar também relacionar as boas práti-
Para que o debate ultrapasse as datas de luta
cas pedagógicas com a luta por fortalecer
e os textos e materiais informativos, propo-
a escola pública, a liberdade de expressão
mos a formação de um grupo de estudos e
e necessidade de lutar por melhorias na
debate para falarmos sobre isso, que se en-
educação, def inindo assim melhor o papel
contre no mínimo mensalmente. A proposta
do professor no processo de ensino-apren-
é buscar relacionar essas opressões sentidas
dizagem de nossa classe. O Sindicato deve
cotidianamente com a questão da explora-
organizar essa atividade com f requência
ção de uma classe pela outra, que é a contra-
como forma de problematizar essa realida-
dição que mantém a sociedade capitalista.
cepções críticas de educação, sociedade e
caderno de teses |
xii
Congresso do Sismmac
27
PROPOSTAS Fazer anualmente a SEP do SISMMAC. Criar grupo de debate e estudo sobre opressões. Fomentar cursos de extensão em parceria com universidades públicas. Continuar as formações políticas no Conselho de Representantes. Continuar promovendo seminários e debates a respeito de questões político-pedagógicas.
5. ESTATUTO 56. O estatuto do SISMMAC é o mesmo
importante tarefa. Por isso sugerimos um
desde a sua fundação em 1988. A falta de
caminho de organização junto à categoria
atualização deste instrumento da parte das
para realizar a necessária revisão do estatuto:
últimas três gestões do Sindicato se deu pela
organizarmos a partir do XII Congresso uma
priorização das mobilizações. Tivemos gran-
agenda fixa de reuniões para avaliar os pon-
des assembleias que tinham como objetivo
tos de mudança, finalizando com uma gran-
a mobilização da base para grandes ações,
de assembleia específica mobilizada com
como atos ou greves. Podemos dizer que a
determinada antecedência para que consi-
presença de um quórum de 5% dos filiados
gamos atingir a porcentagem de 5% dos fi-
para conseguir realizar as alterações tem
liados, o que significa hoje perto de 400 pro-
sido um grande entrave para executar essa
fessoras e professores filiados.
PROPOSTAS Calendário para debater as alterações do estatuto do SISMMAC: debates nos Conselhos de Representantes e encontros regionais em maio, junho e julho de 2019. Realizar assembleia para mudança do estatuto em agosto de 2019.
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Congresso do Sismmac
6. política financeira 57. Sabemos que uma boa política finan-
própria. O X Congresso também foi marcado
ceira no Sindicato contribui para a amplia-
pela criação de um Fundo de Greve. Hoje re-
ção da nossa capacidade de organização e
servamos 9,09% do orçamento para o Fundo
luta. Para isso, a atual direção do SISMMAC
de Greve, que possui R$1.325.072,84. Essa re-
preza pela responsabilidade e transparên-
serva foi fundamental na greve do pacotaço,
cia nas contas. Conseguimos recentemente
momento em que foi necessário utilizarmos
aprovar a compra da sede própria, uma con-
R$521.740,00 para complementar a estrutura
quista que foi possível graças a uma resolu-
dos 14 dias de greve.
ção do X Congresso, realizado em 2012, que
58. Hoje, o Sindicato realiza ajudas finan-
debateu a necessidade de destinar um per-
ceiras para diferentes movimentos e insti-
centual da contribuição dos sindicalizados
tuições que fazem a luta de forma indepen-
para um fundo específico para esse fim. No
dente, autônoma e pela base. Destinamos os
final deste mesmo ano, foi aprovado reservar
6,2% que eram enviados anteriormente para
8% da arrecadação para a aquisição de sede
a CUT para este fim.
Percentual da arrecadação do SISMMAC usado para apoiar a reorganização da classe trabalhadora a cada ano
Ano
Percentual das ajudas em relação aos 6,2%
2012
1,25
2013
4,5
2014
4,76
2015
4,66
2016
3,68
2017
2,44
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Congresso do Sismmac
29
59. No mês de setembro de 2018, apro-
de Trabalho (RIT) e ao vir trabalhar na libe-
vamos a possibilidade de pagamento de
ração sindical perdem a oportunidade de
verba indenizatória para a diretoria que tra-
realizar tal contrato, reduzindo, assim, seus
balha 40h na direção liberada, mas tem so-
proventos.
mente um padrão na Prefeitura de Curitiba.
60. Uma política financeira transparente e
Essa possibilidade vai garantir a dedicação
responsável vem garantindo uma estrutura
efetiva dos dirigentes sindicais nos traba-
cada vez melhor para as nossas lutas e pos-
lhos junto à categoria, uma vez que muitos
sibilitando ainda contribuir com outras cate-
professores da rede fazem Regime Integral
gorias de trabalhadores em resistência.
30 caderno de teses |
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Congresso do Sismmac
PROPOSTAS Manter constantemente a campanha de filiação, visando ultrapassar 8 mil filiados no SISMMAC. Continuar contribuindo, política e financeiramente, com a reorganização dos trabalhadores, ampliando de 6,2% para 8% do orçamento a verba destinada para este fim. Manter os critérios definidos no X Congresso do Sismmac para que essas contribuições ajudem aqueles que estejam ou queiram se organizar sindicalmente, em movimentos sociais de trabalhadores ou até em movimento de trabalhadores em formação (estudantes) desde que se pautem, em sua organização, pelos seguintes princípios: Trabalho de Base, Organização por Local de Trabalho, Formação Política, Autonomia e Independência frente aos partidos, governos e patrões. Manter também a regra de que a verba desta cota não utilizada para este fim seja obrigatoriamente destinada ao nosso Fundo de Greve. Manter o fundo de manutenção e ampliação da sede e bens imóveis/ estrutura, com o percentual de 8% para este fim. Aumentar o depósito mensal em nosso Fundo de Greve para 10% do orçamento. Manter a prestação de contas mensal online, disponível no site do SISMMAC.
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Tese Ii Contribuição ao debate do 12º congresso do sismmac 32 caderno de teses |
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Congresso do Sismmac
Eixo I
Análise de Conjuntura
SITUAÇÃO INTERNACIONAL Dez anos depois da crise
de em um esforço desesperado para fazer a economia avançar (o que não conseguiram)
01. Passaram-se dez anos desde o colapso financeiro de 2008. Um daqueles mo-
prepararam explosões sociais de um caráter absolutamente sem precedentes.
mentos decisivos na história mundial que
04. Lenin disse que a política é economia
marcam uma mudança fundamental na si-
concentrada. O marxismo explica que o se-
tuação, como em 1914, 1917, 1929 e 1939-45.
gredo da viabilidade de qualquer sistema eco-
Portanto, é o momento apropriado para se
nômico é o alcance da máxima economia do
fazer um balanço da última década.
tempo de trabalho. Um dos elementos mais
02. Essa crise foi qualitativamente dife-
importantes no desenvolvimento do capitalis-
rente de qualquer outra no passado. Não
mo foi precisamente o crescimento da produ-
foi uma crise cíclica normal, mas um reflexo
tividade do trabalho. Durante 200 anos, o capi-
da crise orgânica do capitalismo. Uma dé-
talismo elevou a produtividade da força de tra-
cada após o colapso de 2008, a burguesia
balho a um nível jamais sonhado no passado.
ainda está tratando de sair, a duras penas,
Mas esse progresso alcança seus limites.
da crise que destruiu o equilíbrio do sistema
05. Um estudo sobre a produtividade re-
capitalista. No grau muito limitado em que
alizado pelo Centro de Investigação Econô-
se pode falar de recuperação, esta é muito
mica e Política em setembro de 2015 reve-
parcial. Na verdade, trata-se da recuperação
lou que, entre 2007 e 2012, a produtividade
econômica mais débil da história. Até mes-
mundial cresceu a uma taxa anual de 0,5%,
mo na década de 1930 houve uma recupe-
metade do que no período de 1996 a 2006.
ração maior. E certas coisas decorrem disso.
No entanto, no período mais recente de
03. Todas as tentativas da burguesia para
2012 a 2014, ela chegou à estagnação ab-
restabelecer o equilíbrio econômico des-
soluta de 0%. Na verdade, em países como
truiriam o equilíbrio político e social. Isso foi
Brasil e México ela foi negativa. Como disse
confirmado agora pelos acontecimentos em
o informe: “este é um dos fenômenos mais
escala mundial. De um país a outro, as ten-
inquietantes e, sem dúvida, mais importan-
tativas dos governos de impor a austerida-
tes que afetam a economia mundial” (http://
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Congresso do Sismmac
33
voxeu.org/article/global-productivity-slump).
a quantidade de ativos líquidos das “empre-
06. Essas cifras são uma indicação segu-
sas não financeiras”, incluindo moeda for-
ra de que o capitalismo se encontra agora
te, depósitos externos, mercado monetário
em uma crise sistêmica. O crescimento lento
e ações de fundos mútuos, em “um recorde
da produtividade do trabalho – e em alguns
de US$ 2,4 trilhões no terceiro trimestre” de
casos sua queda – é um sintoma gritante do
2017
beco sem saída do capitalismo.
cles/-2017-12-07/corporate-america-is-flush-
07. A fonte do problema enraíza-se nos ní-
(http://www.bloomberg.com/news/arti-
-with-record-2-4-trillion-in-cash)
veis historicamente baixos de investimento: a
10. O sistema está literalmente se afogan-
formação de capital bruto na União Europeia
do em excesso de riqueza. É como o aprendiz
e nos Estados Unidos caiu abaixo dos 20% do
de feiticeiro que conjura forças que não pode
PIB pela primeira vez desde a década de 1960,
controlar. As forças produtivas têm o potencial
enquanto que o consumo e a depreciação do
de produzir uma massa de mercadorias que
capital estão aumentando. No antigo mundo
não podem ser absorvidas pelos mercados.
colonial, o auge dos preços das matérias-pri-
11. Essa incapacidade de fazer uso pro-
mas provocou um breve aumento do investi-
dutivo da quantidade colossal de mais-valia
mento, mas ele voltou a cair nos últimos anos.
extraída do suor e do sangue dos trabalha-
08. Essa falta de investimento na produ-
dores é a condenação final do capitalismo. A
ção não é resultado da falta de dinheiro. Pelo
superprodução se reflete em uma crise geral
contrário, as gigantescas corporações estão
da economia mundial, que se encontra em
nadando em dinheiro. Adam Davidson, escre-
situação muito frágil. O crédito barato já não
vendo no The New York Times em janeiro de
serve mais para estimular o investimento.
2016, afirmou que “as empresas americanas
12. Todos os dias, a imprensa proclama uma
têm atualmente R$1,9 trilhão em caixa que
recuperação. No melhor dos casos, há uma leve
estão simplesmente inertes”. Esse “estado
recuperação do PIB dentro de um contexto ge-
de coisas não tem paralelo na história eco-
neralizado de estagnação no longo prazo. Para
nômica...”. O autor do artigo considera isso
os marxistas não há surpresa nisso. Mesmo em
um “mistério”, mas o que se revela é que os
períodos de declínio, o sistema continua se mo-
capitalistas não têm campos de investimen-
vendo em ciclos, e depois de um longo período
to rentáveis na situação atual da economia
de declínio ou de estagnação é de se esperar
mundial. (“Por que as empresas estão acumu-
uma recuperação. No entanto, ela é de nature-
lando trilhões?”, New York Times, 20 de janeiro
za tão débil que não implica em qualquer recu-
de 2016. Disponível em: http://www.nytimes.
peração substancial e não durará.
com/2016/01/24/magazine/why-are-corporations-hoarding-trillions.html?mcubz=0).
13. O crescimento limitado se produz em um contexto de política monetária altamen-
09. Dados mais recentes do Sistema de Re-
te flexível. O Sistema de Reserva Federal dos
serva Federal dos Estados Unidos apontam
Estados Unidos manteve a taxa básica um
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Congresso do Sismmac
pouco acima do zero desde a segunda me-
rante o período limitado de algumas décadas,
tade de 2008 até princípios de 2017. O Ban-
permitiu-lhe contornar a outra contradição
co Central Europeu também baixou sua taxa
fundamental: as limitações do estado-nação.
para um pouco acima de zero.
Mas ambas as soluções têm efeitos limitados e
14. Existem bolhas imobiliárias nos mer-
agora se converteram em seu contrário.
cados da Grã-Bretanha, Canadá, China e
17. Historicamente, os EUA tiveram uma dí-
Escandinávia. Os mercados de ações não
vida total (pública e privada) em torno de 100
somente se recuperaram, mas também ex-
e 180% do PIB. No entanto, ao final da década
cederam seus valores de 2007. O índice Dow
de 1980 a dívida total chegou a 200% e con-
Jones conseguiu não somente superar, mas
tinuou crescendo até 2009, alcançando seu
também aumentar sua valorização em 36%.
máximo em torno de 300%. O Japão, a Grã-
A relação “preço/lucro” (isto é, o preço que
-Bretanha, a Espanha, a França, a Itália e a Co-
um investidor paga por US$ 1 dos lucros ou
reia do Sul têm dívidas que superam os 300%.
benefícios de uma empresa) alcançou o seu
A dívida mundial é agora de US$ 217 trilhões,
terceiro pico mais alto na história (os dois
ou 327% do PIB, a mais alta da história.
anteriores foram em 1929 e 2000). Tudo isso
18. Marx assinalou em “O Manifesto Co-
é indicativo não de uma recuperação saudá-
munista” que a burguesia resolve as crises
vel, mas de outra crise emergente. Também
de hoje somente preparando o terreno para
tem o efeito de transferir grandes quantida-
crises maiores no futuro. Que obtiveram na
des de dinheiro à classe capitalista, cujos ati-
última década com toda a dor, a austerida-
vos aumentaram em termos de valor com a
de e o sofrimento? Seu objetivo era reduzir o
afluência de novos créditos.
déficit e a enorme montanha de dívidas sem
15. A razão do atoleiro atual é que, nas décadas anteriores a 2008, o capitalismo não só
precedentes que havia se acumulado como resultado do período anterior.
alcançou seus limites, como também supe-
19. Tudo o que fizeram foi converter o que
rou amplamente seus limites “naturais”. A ex-
era um gigantesco buraco negro nos bancos
pansão sem precedentes do crédito e da dívi-
privados em um grande buraco negro nas fi-
da é, em parte, o que permitiu ao capitalismo
nanças públicas. Os bancos estavam à beira
superar as limitações do mercado e da super-
de um abismo e somente foram salvos pela
produção. Por outro lado, tivemos a enorme
intervenção do Estado, que os salvou ao dar-
expansão do comércio mundial e a intensifi-
-lhes trilhões do erário. O problema é que o
cação da divisão internacional do trabalho.
Estado não tem dinheiro, exceto o que pode
16. Marx explicou que uma das formas pelas
extrair dos contribuintes.
quais o capitalismo supera os limites do mer-
20. Portanto, a questão é: quem paga?
cado e da tendência à queda da taxa de lucro
Sabe-se muito bem que os ricos não pagam
é a expansão massiva do crédito e o aumento
muito em impostos. Dispõem de milhares de
do comércio mundial, que, parcialmente e du-
formas de evitar essa dolorosa necessidade.
caderno de teses |
xii
Congresso do Sismmac
35
A classe trabalhadora deve pagar, a classe
2005 e 2014. Países como a Itália viram afetados
média deve pagar, os desempregados de-
todos os segmentos de renda (“Mais pobres
vem pagar, os enfermos devem pagar, as es-
que seus pais”, McKinsey Global Institute).
colas devem pagar. Todos devem pagar, ex-
24. No país capitalista mais rico e podero-
ceto os ricos, que se tornaram cada vez mais
so que jamais existiu não houve um aumen-
ricos neste período de “austeridade”.
to real dos níveis de vida durante quase 40
21. Tudo isto solucionou algo? Sete das dez
anos. Na verdade, para a maioria dos ameri-
maiores economias do mundo têm um défi-
canos, os padrões de vida estiveram caindo. E
cit público anual superior a 3% do PIB, e so-
isso não é uma exceção. Em todos os países a
mente a Alemanha tem um déficit inferior a
atual geração jovem é a primeira desde 1945
2%. A dívida aumenta por toda parte. Não há
que não pode esperar um padrão de vida
como sair da crise a menos e até que estas
melhor que o dos seus pais.
dívidas tenham desaparecido de uma forma
25. A polarização da riqueza nos EUA conti-
ou outra. E como se elimina a dívida pública?
nua sem cessar. De 2000 a 2010, os lucros au-
Naturalmente, coloca-se todo o peso sobre
mentaram cerca de 80% e os salários cerca de
os ombros dos setores mais pobres e vulne-
8%, enquanto que a renda familiar média di-
ráveis da sociedade.
minuiu cerca de 5%. Essas cifras mostram que
22. O cenário que estamos presenciando
os aumentos massivos de lucros se obtiveram
internacionalmente não tem precedentes. E
à custa da classe trabalhadora (The Econo-
aqui estamos falando apenas dos países ca-
mist, “Que se passa com os trabalhadores?”,
pitalistas avançados. A situação no chamado
25 de maio de 2011. Disponível em: http://www.
“Terceiro Mundo”, países coloniais e semico-
economist.com/blog/buttonwood/2011/05/
loniais, é outro assunto. Aqui a imagem é de
profit_margins_and_wages).
miséria ininterrupta, sofrimento inimaginá-
26. As cifras das rendas antes e depois
vel, inanição e degradação para bilhões de
dos impostos subestimam o problema. Não
homens, mulheres e crianças.
levam em conta outros fatores, como o aumento das horas de trabalho e o aumento do
O CRESCIMENTO DA DESIGUALDADE
número de trabalhadores intermitentes, seja
23. Os burgueses estão cada vez mais alarma-
devido aos contratos de 0 hora ou ao empre-
dos pelas consequências políticas da crise. Lon-
go temporário, nem aos cortes dos serviços
ge de sentir os benefícios da chamada recupe-
sociais. Tudo isso se soma à pressão total so-
ração, a maioria da classe trabalhadora está em
bre as famílias dos trabalhadores.
situação pior do que estava antes da queda. O
27. A crise tem seus efeitos mais dolorosos e
McKinsey Global Institute descobriu que entre
diretos nos jovens. Pela primeira vez em muitas
65% e 70% dos “segmentos de renda” das eco-
décadas, a nova geração não terá os mesmos
nomias avançadas experimentaram um estan-
padrões de vida de seus pais. Isso tem graves
camento ou uma queda em sua renda entre
consequências políticas. Em todos os países, a
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Congresso do Sismmac
intolerável pressão sobre a juventude se expres-
dos socialdemocratas e dos sindicatos se des-
sa em forte aumento da radicalização política.
moralizou no período anterior. Estão desiludidos, desorientados e profundamente céticos.
Mudança na consciência
Estão completamente fora de contato com o
28. No período de auge capitalista foi possível
estado de ânimo real e não refletem a classe.
fazer concessões à classe trabalhadora, parti-
30. Este é um período de choques e mu-
cularmente nos países capitalistas avançados
danças repentinas na situação, que afetam
da América do Norte, Europa e Japão. Mas, em
todos os países, sem exceção. O centro políti-
um período de crise profunda, os burgueses
co está sendo derrubado por todas as partes
dizem que já não podem se permitir reformas.
e isto é um reflexo da crescente polarização
Pelo contrário, exigem a liquidação das refor-
de classes. Onde antes havia estabilidade
mas que foram conquistadas a partir de 1945.
política, há uma crescente instabilidade. As
Para as massas, o reformismo com reformas
eleições provocam um choque depois do ou-
tem sentido. Mas o reformismo sem reformas,
tro: oscilações bruscas à direita e à esquerda.
ou melhor, o reformismo com contrarreformas,
Coisas que se supunha que não iam aconte-
não tem o menor sentido, em absoluto.
cer, agora estão acontecendo. Portanto, de-
29. O longo período de crescimento capita-
vemos estar preparados para grandes mu-
lista que se seguiu ao final da Segunda Guerra
danças, que podem ocorrer mais rápido do
Mundial decretou definitivamente a degene-
que pensamos. Se a esquerda defraudar as
ração da socialdemocracia. Esta degeneração
aspirações das massas, pode haver um mo-
penetrou profundamente em suas fileiras. A
vimento à direita que, por sua vez, preparará
maioria dos ativistas mais antigos dos parti-
grandes oscilações à esquerda.
brasil Economia, produtividade e o custo da força de trabalho
de 1,0% em 2017 é mais uma expressão de estagnação do que de recuperação econômica.
31. Nesta situação convulsiva mundial insere-se
32. O desemprego continua alto. A taxa
o Brasil. A crise econômica teve aqui seus im-
oficial de 12,9% não contabiliza a brutal eleva-
pactos mais fortes a partir de 2014. A dita recu-
ção do trabalho informal. Segundo dados do
peração propagandeada pelo governo Temer é
próprio governo, o país fechou 20,8 mil postos
uma ilusão. Em três anos a economia do país
de trabalho formal em 2017. Entre 2015 e 2017
afundou mais de 8%. Embora tenha saído dos
foram 2,88 milhões de postos de trabalho fe-
índices negativos dos últimos anos, a expansão
chados. Soma-se a isso uma dívida pública
caderno de teses |
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Congresso do Sismmac
37
que continua subindo e chegou a R$ 3,55 tri-
36. A situação é grave para a burguesia
lhões no fim de 2017. Se somarmos as dívidas
porque o Brasil é hoje, numa lista de 25 paí-
de estados e municípios a dívida pública al-
ses, o campeão em custo unitário do trabalho
cança 5 trilhões de reais ou 80% do PIB
(Índice utilizado pelos economistas que mede
33. A burguesia brasileira precisa desespera-
o custo da produção em relação a salários e
damente baixar o custo da força do trabalho no
encargos de manufaturas). O custo unitário
Brasil. Após a vitória de Lula em 2002, o prole-
do trabalho no Brasil é de US$ 1,98, na Argen-
tariado do setor privado brasileiro sentiu-se for-
tina é de US$ 1,87. Já na China o custo unitá-
te o suficiente para lançar-se em grandes lutas
rio do trabalho é de apenas US$ 0,17. Os EUA
salariais e conquistou, durante cerca de 12 anos,
têm um custo unitário do trabalho no valor de
reajustes sempre superiores à inflação. Isso sem
US$ 0,41, o Japão de US$ 0,44, e a Indonésia e
nenhuma ajuda do governo que não moveu
o México de US$ 0,48. Esses dados, de baixo
uma palha para que isso acontecesse. Ao con-
custo unitário do trabalho, são o resultado da
trário, endureceu e deu exemplo para os em-
combinação da ultra exploração da Mais Valia
presários endurecerem. Tanto é que a exceção
Absoluta com uma indústria com alta produ-
foi para os servidores públicos federais, estadu-
tividade técnica (Mais Valia Relativa). Assim,
ais e municipais que amargam perdas salariais
quanto mais baixo o custo unitário do traba-
significativas. Mas, ao mesmo tempo, a produti-
lho, mais competitiva é a indústria ou o país.
vidade do trabalho também aumentou. Agora, isso atingiu um limite e tem que parar.
37.
Internacionalmente,
considerando
um patamar de base 100, entre 2001 e 2010 o
34. Apesar de que desde 2003 a classe tra-
custo unitário do trabalho no Brasil cresceu
balhadora vinha conquistando aumentos reais
112%, enquanto que, no Japão, no mesmo pe-
de salário, os capitalistas puderam compensar
ríodo, subiu apenas 9%, próximo do patamar
isso pelo aumento da produtividade através de
de 2001. Nos Estados Unidos, o mesmo custo
melhorias técnicas, reestruturações no proces-
caiu 14% em dez anos.
so de produção, etc. Quando essas duas pos-
38. Se a burguesia brasileira não conseguir
sibilidades estancaram, com a vinda da crise
inverter isso imediatamente, ela está liquida-
mundial de superprodução (não havia mais
da no mercado capitalista, e seu lugar de sócia
para quem vender e a dívida asfixia todo mun-
menor e submissa do imperialismo vai ser di-
do) os ganhos reais da classe trabalhadora se
minuído para muito menos do que já é hoje.
tornaram insuportáveis para eles.
Mas, isso é também o resultado de uma eco-
35. Por isso concluem que “O Brasil convive
nomia que nas últimas décadas aprofundou
com uma legislação trabalhista que tem mais
sua dependência da exportação de matérias
de 70 anos e não é adequada à realidade do
primas e abriu as fronteiras para a pilhagem
mercado de trabalho atual”. (Guilherme Mer-
imperialista como nunca se havia visto antes.
cês, gerente de Economia e Estatística da Fede-
O Brasil tem assim uma economia cada vez
ração das Indústrias do Rio de Janeiro, Firjan).
mais controlada pelo capital internacional.
38 caderno de teses |
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Congresso do Sismmac
Do Impeachment ao governo Temer
reformas que estão sintetizadas na aprova-
39. A burguesia nativa, pressionada por seus re-
os investimentos por 20 anos, na reforma do
presentantes políticos no interior do parlamen-
ensino médio, na nova lei de terceirizações, na
to, contrariando as recomendações da burgue-
Reforma Trabalhista que abre caminho para o
sia imperialista, foi aos poucos aderindo ao ca-
aumento da exploração da classe trabalhado-
minho do impeachment de Dilma, pondo em
ra, corte de verbas e sucateamento da saúde e
marcha a retomada do controle direto do apa-
da educação públicas, além de novos ataques
relho de Estado. O concreto é que, para a bur-
à previdência no horizonte.
ção do teto dos gastos públicos que congela
guesia, o governo Dilma/Lula não tinha a capa-
42. A aplicação integral da política exigida
cidade de imprimir com suficiente velocidade
pela burguesia nativa brasileira, que está pren-
e profundidade todas as medidas que julgava
sada entre as conquistas da classe trabalha-
necessárias para enfrentar a atual crise inter-
dora nos últimos anos, de um lado, e de outro,
nacional. Os dirigentes petistas também já não
pela baixa produtividade brasileira e a pressão
controlavam as massas, como ficou cabalmen-
do mercado internacional, é de tal magnitude
te demonstrado em junho/2013, o que os torna-
que provocaria um choque de classe que este
va inúteis para a classe dominante. Isso tudo se
governo não tem condições de controlar.
concretizou no impeachment e na constituição do governo bastardo de Temer/PMDB/PSDB.
43. O que impediu, bloqueou o desenvolvimento desse movimento em direção à derru-
40. O governo Temer conta com uma equi-
bada do governo e a revogação dos ataques
pe econômica composta por executivos saídos
– o que poderia abrir a via para a derrubada
diretamente do mercado financeiro interna-
do conjunto das instituições desmoralizadas
cional e um ministério quase todo acusado, ou
– foram as direções sindicais conciliadoras,
já réu, em casos de corrupção. É um governo
em especial a direção da CUT. A burocracia
extremamente frágil e não tem nenhuma base
sindical desmontou a greve geral de 30 de ju-
social real de massa. Mal começou a governar
nho, o que permitiu a aprovação da Reforma
e teve que demitir vários ministros implicados
Trabalhista quase sem resistência, e depois
em casos de corrupção e outros crimes. Outros
levaram uma campanha pela anulação da
ministros são também acusados de corrupção.
reforma sem mobilizar a base. Eles preparam
41. É um governo cujo objetivo assinalado é
o fracasso e depois culpam os trabalhadores
rebaixar o custo da força do trabalho (aumen-
de apatia e conservadorismo.
tar a produtividade da economia brasileira am-
44. Apesar da aparente calmaria na su-
pliando a exploração), ou seja, atacar em regra
perfície, por baixo acumulam-se elementos
direitos e conquistas da classe trabalhadora e
para uma explosão. Com um governo de 6%
abrir ainda mais o mercado e a entrega das ri-
de apoio popular que ataca os trabalhadores,
quezas nacionais ao grande capital financeiro
cresce a desmoralização do conjunto das ins-
internacional. Seu centro é fazer as contrar-
tituições. A Nova República fundada com o
caderno de teses |
xii
Congresso do Sismmac
39
pacto da Constituição de 1988 se fragmenta.
imperialistas, buscam os pontos de contato com os economistas e assessores de ambos
Eleições em meio à crise
os candidatos “melhores posicionados”, Bol-
45. A imprensa burguesa fez o possível e o im-
sonaro e Haddad. Querem garantir a manu-
possível para enterrar as manifestações que
tenção de tudo como dantes após as eleições.
ocorreram em 29 de setembro e a disposição
48. Tentam, ao mesmo tempo, enterrar
de luta que lá se expressou. Realizam com-
a “polarização”. Só que isso não é possível e
parações descabidas com os atos “pró-Bolso-
seus melhores representantes nos jornais e
naro” do dia seguinte, que foram dezenas de
TVs suspiram inertes com a agudização da
vezes inferiores, e omitem fatos como as ma-
luta de classes.
nifestações espontâneas que foram realizadas no transporte público antes e depois das
Quem é Bolsonaro?
manifestações. Sem contar suas “pesquisas”
49. Bolsonaro, um demagogo reacionário e
de intenção de voto e a análise delas, usadas
ultraliberal, e seu economista Paulo Guedes
para mostrar que as manifestações “ajuda-
são claros em representar os interesses de
ram” Bolsonaro ao invés de combatê-lo. Bem
uma classe: a burguesia.
afinado com todas as ideias da burguesia, Ciro Gomes repercutiu isso em suas declarações.
50. Bolsonaro afirma que o salário é pouco para quem recebe e muito para quem paga
46. O problema da burguesia é um só:
e a solução que ele encontra está em como
como combater a polarização que ameaça
se coloca como porta-voz dos patrões, dizen-
fazer vir à tona a velha luta de classes, bur-
do que ‘‘uma hora os trabalhadores vão pre-
guesia versus proletariado? E isso num am-
cisar escolher entre direitos ou emprego’’.
biente tal que o seu mais fiel servidor (Alck-
51. Colocando uma “faca” no pescoço dos
min) não conseguiu decolar nas “pesquisas”
trabalhadores, o que ele está dizendo é ‘es-
e os que teoricamente dariam sustentação à
colham entre desemprego ou trabalhos pre-
sua candidatura nos Estados, para consegui-
cário’. A posição de ataque aos trabalhado-
rem manter seus postos, aderem com armas
res ficou clara em como votou o deputado
e bagagens, com declarações públicas, “coli-
para aprovação da Reforma Trabalhista e da
nhas eleitorais” e panfletos, a Bolsonaro.
Emenda Constitucional 95, do teto dos gastos,
47. Tudo isso acontece no momento em
reduzindo a oferta de serviços públicos inclu-
que o sobe/desce nas pesquisas vira motivo
sive para aqueles que pensam que serão de-
de uma intensa especulação financeira na
fendidos por ele, como é o caso dos militares.
bolsa de valores e no comércio do dólar e de
52. No PL da terceirização, Bolsonaro cini-
outras moedas. A média e a pequena burgue-
camente se absteve, mas quando ocorreu a
sia procuram em Bolsonaro o seu salvador,
votação do projeto de lei para regulamenta-
enquanto a grande burguesia, os que mane-
ção do trabalho doméstico, o mesmo votou
jam os fios da economia, no Brasil e nos países
contra, negando o direito de milhões de tra-
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Congresso do Sismmac
balhadores brasileiros que prestam tal serviço.
para todos impossível e empurrou os filhos da
53. Paulo Guedes, em entrevista ao Globo
classe trabalhadora para as mensalidades das
News, disse abertamente que é necessário
universidades privadas.
uma Reforma da Previdência como a do Chile
55. Além disso, a universidade privada se tor-
de 1981, na ditadura de Pinochet. Vale a pena
nou uma ‘opção’ apenas pelo descaso do Esta-
explicar que tal reforma privatizou a previdên-
do brasileiro para com a educação e pesquisa,
cia, colocando o dinheiro dos trabalhadores
que um governo Bolsonaro pretende continu-
em um fundo administrado por capitalistas,
ar, como se pôde ver em sua declaração sobre
que investiram no mercado financeiro. O re-
o incêndio do Museu Nacional: “já está feito, já
sultado para a primeira geração que se apo-
pegou fogo, quer que faça o quê?”.
sentou nesse modelo é uma redução brutal
56. Paulo Guedes, economista de Bolso-
do nível de vida e poder de compra. Segundo
naro, defende uma agenda ultraliberal para
dados de artigo publicado pela BBC, 90,9%
o Brasil, o que envolve, em termos bem cla-
dos aposentados recebem menos do equi-
ros, entregar as empresas estatais como meio
valente de 149.435 pesos, algo em torno de
rápido de gerar divisas para o pagamento da
R$694,08, enquanto o salário mínimo no Chi-
dívida pública; aumentar a exploração direta
le é 264 mil pesos, equivalente a R$1.226,20.
da força de trabalho, reduzindo direitos traba-
54. Bolsonaro e seu economista apresen-
lhistas e previdenciários e o alcance das con-
tam também um programa de privatizações
venções coletivas de trabalho. A sua propos-
que vai desde as empresas estatais federais,
ta de Carteira Verde-Amarela significa fazer
passando pelas estaduais e chega até a edu-
prevalecer o negociado sobre o legislado em
cação, com a possibilidade de ‘escolha’ por
toda a regra, com os patrões “negociando di-
parte do estudante, se quer estudar numa
retamente” com os trabalhadores.
escola pública ou privada. Mas é bom expli-
57. Bolsonaro quer se eleger para atacar o
car à juventude que a massificação do ensino
conjunto da classe trabalhadora e sua juven-
superior privado no Brasil se deu pela falta de
tude. E por isso nos contrapomos a ele, expli-
investimentos nas universidades públicas. Isso
cando que o nosso combate é pelos interes-
tornou o ensino desde o básico até o superior
ses da classe trabalhadora em seu conjunto.
PARANÁ 58. Muito ainda está por ser dito sobre a cri-
estado apenas começa a ser decifrado. É evi-
se econômica e política do governo estadual.
dente que a conjuntura da crise econômica
O obscurantismo da prestação de contas do
mundial faz seu pano de fundo. Havia fortes
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Congresso do Sismmac
41
indícios das dificuldades orçamentárias ainda
tas. O governo Beto Richa, nos primeiros qua-
no primeiro mandato de Beto Richa. Em 2012,
tro anos, se empenhou em garantir a reeleição,
o governador não cumpriu a obrigação consti-
distribuindo recursos para sua base de apoio,
tucional de destinar 12% da arrecadação para a
beneficiando setores empresariais e evitando
saúde. No final de 2013, uma dívida de R$ 1,1 bi-
fortes atritos com o funcionalismo. Mas em seu
lhão com fornecedores e prestadores de servi-
segundo mandato, as políticas de austeridade
ços deixou parada parte das viaturas de polícia
se impuseram: o estado reduziu os custos da
sem combustível ou à espera de manutenção.
força de trabalho, cortou os “gastos sociais” e
Telefone e internet também foram cortados.
desencadeou um vigoroso processo de perse-
Faltaram alimentos nos quartéis e ração para
guições e criminalização dos que ousaram re-
os cachorros da PM. A situação teria sido sana-
sistir. Não é simplesmente um “desgoverno” ou
da com a liberação de empréstimos do gover-
uma “má gestão”. É o estado cumprindo seu
no federal, créditos internacionais e saque dos
papel: garantir a acumulação do Capital.
depósitos judiciais. Não foi. No começo de 2015,
Trabalhadores e juventude que o Paraná fechou o ano de 2014 com o se- paranaense: resistência e gundo maior déficit no orçamento público da perseguições levantamento da Folha de São Paulo mostrou
União, com um rombo de R$ 4,6 bilhões.
61. No último período, educadores e estudan-
59. A Gazeta do Povo, maior jornal pa-
tes da rede pública do Paraná enfrentaram
ranaense, se apressou em fazer coro com a
corajosamente os ataques contra a educação
equipe econômica do governo, explicando
pública promovidos pelos governos estadual e
a razão do problema: a “generosidade” com
federal. Os educadores vêm realizando greves
que o funcionalismo público foi tratado no
e mobilizações desde 2014, com destaque para
último período, com aumentos salariais e be-
a luta contra o saque do fundo previdenciário
nefícios nas carreiras. Segundo a tese, mes-
promovido pelo governo Beto Richa, que cul-
mo o comemorado PIB do Paraná – que teria
minou, no dia 29 de abril de 2015, no “Massacre
crescido 12,53% entre 2011 e 2013, o dobro do
do Centro Cívico”, quando uma intensa repres-
“pibinho nacional” –, não conseguiu acom-
são policial deixou centenas de manifestantes
panhar o aumento do “gasto com pessoal e
feridos. Já os estudantes, em 2016, realizaram o
encargos sociais”, que foi de 24% entre 2010 e
maior movimento de ocupação de escolas do
2013. Mas essa é a interpretação que agrada
país, com mais de 850 instituições ocupadas,
ao governo e à burguesia local.
em protesto contra a reforma do Ensino Médio
60. Não podemos nos enganar: em momen-
e a PEC do teto dos gastos do Governo Federal.
tos de crise, na luta entre Capital e Trabalho, o
62. Em meio a uma crise sem precedentes
estado toma para si a tarefa de reduzir os cus-
do capitalismo no Brasil, não basta querer jogar
tos da força de trabalho e restabelecer as taxas
todos os custos nas costas da classe trabalha-
de lucro que interessam aos grandes capitalis-
dora. É preciso também silenciá-la. Por isso a
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Congresso do Sismmac
emergência dos projetos de lei do tipo “Escola
to do Magistério, cria-se um clima de coação.
Sem Partido”. A intenção é cercear e criminalica gratuita, laica, de qualidade e para todos. Fa-
Prisão de Beto Richa, o governo Cida e as eleições
zendo eco a essas práticas reacionárias, eis que
66. O candidato ao senado e ex-governador
mais uma ação foi instaurada na rede estadual
pelo PSDB Beto Richa foi preso na manhã
do Paraná: a perseguição a educadores por su-
de terça-feira, dia 11/09. O tucano é alvo de
posta participação nas ocupações das escolas e
uma operação do Ministério Público do Pa-
de outras manifestações a partir de 2016.
raná (MP-PR) e da Polícia Federal (PF). Junto
zar os que lutam em defesa da educação públi-
63. Professores e funcionários das escolas
ao ex-governador também o acompanham
ocupadas foram chamados pelos Núcleos Re-
em sua “nova residência”, na prisão, a esposa
gionais de Educação para prestarem depoi-
Fernanda Richa e parte do staff do governo,
mentos sobre as ocupações. Na instauração
como Ezequias Moreira, ex-secretário de ce-
dessas sindicâncias, assistentes de áreas e
rimonial, e Edson Casagrande, ex-secretário
pedagogos dos setores intimaram os educa-
de assuntos estratégicos.
dores em seus horários de trabalho para um
67. Os mandados de prisão incluem diversos
processo inquisitório que podia chegar até a 4
figurões da política paranaense, entre eles o
horas de depoimento. Diretores também fo-
empresário Joel Malucelli, que é suplente do se-
ram colocados na linha de frente e responsa-
nador Álvaro Dias, o grande defensor da Opera-
bilizados pelas ocupações, sendo citados por
ção Lava Jato; é sogro de João Arruda (PMDB),
terem “permitido” tal movimento. O governo
candidato ao governo e sobrinho de Roberto
ignora completamente a independência e a
Requião (PMDB); Joel ainda é primo do Coronel
autonomia de um movimento legítimo, orga-
Malucelli, vice na chapa de Cida Borguetti (PP),
nizado pelos próprios estudantes.
candidata ao governo do Estado e vice-gover-
64. Educadores que cederam aulas, fize-
nadora. O fato atinge em maior ou menor pro-
ram doações ou simplesmente se colocaram
porção o conjunto das famílias que governam,
a favor do movimento em redes sociais, es-
historicamente, o estado do Paraná!
tão sendo responsabilizados por incitação
68. Além disso, Beto Richa é investigado por
às ocupações. Ou seja, manifestar posição é
outros escândalos como os desvios de dinheiro
crime! A mordaça está estampada no rosto
das escolas públicas (Operação Quadro Negro)
dos professores, funcionários e estudantes
e corrupção da Receita Estadual (Publicano).
da rede estadual do Paraná.
69. Após a prisão, Cida Borguetti, atual go-
65. No Paraná são mais de 3.500 casos do
vernadora do estado que segue a mesma po-
funcionalismo sofrendo essa perseguição po-
lítica de Beto Richa, abandona seu “antigo”
lítica. Sem provas, através de ouvidorias anôni-
aliado, afirmando que não possui relações
mas, sindicâncias, processos administrativos e
com o que ocorreu. Ratinho Junior que foi
do uso de entulhos autoritários como o Estatu-
secretário do governo Beto Richa e que em
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Congresso do Sismmac
43
determinado momento declarou “fidelidade
de votos nulos, brancos e abstenções nas últi-
canina” ao ex-governador também finge não
mas eleições e que se repete agora.
saber de nada. Fazem isso, com o objetivo de
71. Não temos nenhuma ilusão no Poder
vencer a eleição e apresentarem-se como re-
Judiciário que fundamentalmente serve aos
presentantes da “nova política”.
interesses da classe dominante. A prova dis-
70. As prisões e o comportamento de Cida e
so foi a soltura de Beto Richa decretada, al-
Ratinho demonstram o estado de putrefação
guns dias depois da prisão, pelo juiz Gilmar
do atual regime político. A raiva e descrença
Mendes do STF. A corrupção e os poderosos
dos trabalhadores se expressa, eleitoralmente
só podem ser varridos pela ação direta dos
e de forma distorcida, na quantidade enorme
trabalhadores e da juventude.
CONJUNTURA MUNICIPAL 72. Para Rafael Greca (PMN) e seus secre-
centro da cidade; cancelou a oficina de música;
tários a prefeitura não passa de um balcão de
aplicou um aumento absurdo na tarifa do trans-
negócios para gerir os interesses dos grandes
porte engordando os cofres das empresas de
empresários da cidade. Para isso, aplica uma po-
ônibus; recebeu os representantes das escolas
lítica que alivia o “andar de cima” (empresários)
particulares enquanto o magistério municipal
e arrocha o “andar de baixo” (servidores e popu-
fazia greve; e aprovou, utilizando forte repressão
lação trabalhadora da cidade). Já no início do
policial, o pacote de maldades que prejudicou a
mandato, fechou o guarda volume dos morado-
população trabalhadora da cidade e atacou os
res de rua; reprimiu vendedores ambulantes no
direitos e a previdência dos servidores públicos.
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Congresso do Sismmac
Eixo iI
Análise do Movimento Sindical
73. Infelizmente, na atualidade, a maioria dos sindicatos é dirigida por tendências
se, que só pode ser desenvolvido em uma luta contra a burguesia e seu estado.
que defendem a colaboração de classes e
O papel dos sindicatos na trão, trabalhadores e governos). Abando- luta contra o pacotaço o tripartismo (conselhos formados por panaram a independência de classe.
76. Por duas vezes os servidores em gre-
74. Entretanto, a convulsiva situação
ve, em 13 e 20 de junho, através de ação de
política, faz com que as bases “atropelem”
massas, enfrentaram a polícia e ocuparam
as direções pelegas ou as forcem a entrar
o Legislativo, impedindo a votação do “pa-
em movimento. Segundo dados do DIES-
cotaço”. Diante da dificuldade imposta pela
SE, em 2012 o Brasil teve o maior número
luta da categoria, o prefeito, através dos ve-
de greves registrado desde 1996. De 2011
readores de sua base de sustentação e a
para 2012 houve um aumento de 58% na
polícia militar do estado, decidiu modificar
quantidade de greves realizadas. Dados
o local de votação para Opera de Arame.
apontam que em 2013 e 2014 o número de
77. Além das limitações impostas pela
greves dobrou em relação a 2012, chegan-
geograf ia do ambiente, um poderoso apa-
do a patamares semelhantes ao momento
rato policial foi montado para reprimir
em que CUT e PT surgiram. Tendência que
com força uma nova ocupação do espaço
permaneceu nos anos seguintes registran-
de votação. Na terceira oportunidade, os
do 2096 greves em 2016 e 1566 em 2017.
servidores foram brutalmente reprimidos
Além do aumento do número, as greves
e impedidos de entrar no espaço de vota-
ganham características de ação de massa.
ção. A tropa de choque e a cavalaria foram
Ou seja, os trabalhadores não fazem “greve
utilizadas para garantir a votação do paco-
de pijama” e/ou f icam restritos às pautas
te de maldades do prefeito Rafael Greca.
econômicas (salários e condições de traba-
Assim repetiu, lamentavelmente, o com-
lho), mas passam a ter uma ação política
portamento do governador Beto Richa no
contra os governos e as instituições.
dia 29 de abril de 2015 e do ex-governador
75. A situação econômica e política exi-
Álvaro Dias em 30 de agosto de 1988.
ge a retomada dos sindicatos para luta,
78. A luta dos servidores públicos de Curi-
sob o principio da independência de clas-
tiba nos ensina que, para enfrentar e der-
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Congresso do Sismmac
45
rotar ataques dessa magnitude, é neces-
precisar entrar em um patamar superior, de
sário construir um vigoroso movimento de
luta política, que envolva o conjunto da clas-
greve geral por tempo indeterminado que
se trabalhadora da cidade contra o prefeito
ultrapasse os limites da luta sindical eco-
e sua política. Concentrar a luta em ações de
nomicista. Foi assim que os servidores de
ocupação nos dias de votação demonstrou-
Florianópolis conseguiram derrotar o gover-
-se insuficiente, diante do patamar que a
no daquela cidade em 2017. Esse combate
luta de classes assume atualmente.
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Congresso do Sismmac
Eixo iiI
Programa de Trabalho do Sindicato
79. O SISMMAC deve manter em seu progra-
SISMMAC nos Conselhos da Prefeitura.
ma de trabalho, independente da gestão que
Manter e aprofundar o CR como espa-
esteja à frente do sindicato, os princípios de:
ço de formação política (debate sobre
a) Independência de classe frente a patrões e
conjuntura, por exemplo) e não apenas
governos. b) Autonomia em relação a partidos
de repasse ou discussão das pautas da
políticos. c) Trabalho de base e organização no
categoria.
local de trabalho. d) formação política. e) Unida-
Constituir grupos de estudo e formação
de de ação e solidariedade com os demais tra-
política regulares no SISMMAC.
balhadores em luta. Além de aprimorar, perma-
Promover módulos de formação, semi-
nentemente, a aplicação desses princípios.
nários e palestras com temas gerais e es-
80. No último congresso do SISMMAC
pecíficos regularmente.
uma série de resoluções foi aprovada, sendo
Realizar durante as gestões do SISMMAC
algumas integralmente cumpridas e outras
uma Conferência de Educação para que
não. Apresentamos abaixo algumas propos-
o sindicato possa formular de forma con-
tas de resolução para o programa de traba-
sistente suas posições relativas às políti-
lho da direção do SISMMAC.
cas públicas de Educação com tamanho
Elaborar uma proposta de alteração no
e estrutura semelhante ao congresso.
Estatuto vigente.
Voltar a prestar contas mensalmente em
Reavaliar a necessidade de participação do
jornal impresso.
Assinam a Tese: Francis Madlener de Lima (EM Jardim Europa), Renato Pizzatto Vivan (EM Francisco Derosso), Andrea Regina Bochnia Ferraz (EM Jardim Europa e EM Maria Clara Brandão Tesserolli), Patricia Lohmann de Almeida Fernandes Cicarello (EM CEI Profª Tereza Matsumoto), Fabiana Barcheky de Camargo (EM CEI Profª Tereza Matsumoto), Patricia Mara Portillo Ribeiro (EM CEI Profª Tereza Matsumoto), Melanie Bordignon da Cruz (EM CEI Profª Tereza Matsumoto), Robson Costa Correia da Silva (EM Paranavaí), Suzana Pivato (EM Paranavaí), Patricia Alves dos Santos (EM Profº Ricardo Krieger), Rosangela de Souza Santos (Aposentada e CMEI Urano), Patrícia Giovana de Morais (EM Moradias do Ribeirão), Izabel Cristina Oliveira (aposentada), Edenilson José Lorenzi (EM Profª Maria Neide Gabardo Betiatto), Dulcinéia Zucyzyn (EM Francisco Derosso), Erik Jason Madlener de Lima (EM Castro), Thays Teixeira de Oliveira (E.M. Raul Gelbeck), Ilene Rocio Machado da Silva dos Passos (aposentada), Clarice Pante (aposentada) e Joslaine Rodrigues (EM Profª Maria Neide Gabardo Betiatto). caderno de teses |
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Tese III Movimento Luta e Resistência – Oposição CUTista xii
48 caderno de teses |
Congresso do Sismmac
Eixo I
Análise de Conjuntura
Conjuntura Internacional/Nacional 01. Após o processo de impeachment so-
sofrimento é resultado da política de “tole-
frido pela presidenta eleita Dilma Rousseff
rância zero” contra os imigrantes aprovada
em abril de 2016, todo o sistema de direitos
por Donald Trump em abril, que determi-
e garantias conquistados no século XX e XXI
na a prisão das pessoas que entram ilegal-
com muita luta e resistência dos trabalha-
mente pela fronteira, relegando crianças
dores passam a ser atacados sistematica-
a ficarem detidas em “abrigos”, separados
mente. A política do governo ilegítimo de
de seus responsáveis.
Michel Temer tem materializado um projeto
03. Por mais que os dois lados da polí-
ultra neoliberal em relação à economia, em
tica partidária estadunidense, Democratas
relação à cultura e neoconservador no que
e Republicanos, tenham aprovado medi-
diz respeito à ideologia cultural. Nestes ter-
das que atacam os imigrantes, o patamar
mos, o estado e suas instituições implemen-
que esse discurso alcançou com a posse
tam no país medidas que coadunam com a
de Trump não deve ser desprezado. Toda
crescente extrema direita no mundo todo.
a campanha eleitoral dele foi pautada em
Tal projeto pode ser verificado com a elei-
promessas xenófobas e nacionalistas. De-
ção de Donald Trump nos Estados Unidos,
pois de eleito, várias ações tomadas, além
claramente ao mesmo tempo esse projeto
dessa discutida aqui, foram nesse sentido,
caracteriza-se pela redução dos valores de-
como chamar de “países de merda” nações
mocráticos, ou seja, mesmo a democracia
da América Latina e da África, ao se referir
burguesa já não serve mais, uma vez que
aos imigrantes dessas duas, e proibir a en-
coloca em campos opostos os direitos so-
trada nos Estados Unidos de pessoas pro-
ciais e a acumulação do capital.
venientes de sete países de maioria muçul-
02. Nesse contexto, o primeiro semes-
mana, entre eles Síria e Irã.
tre de 2018 foi conturbado em relação ao
04. Além disso, no meio de toda polêmi-
tema das imigrações nos Estados Unidos,
ca da separação das famílias, Trump decre-
com imagens que chocaram o mundo. O
tou a saída do país do Conselho de Direitos
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Congresso do Sismmac
49
Humanos da Organização das Nações Uni-
perspectiva imperialista de um país ou grupos
das (ONU). Esse órgão foi criado em 2006
de países, contra a integração latino-america-
para ocupar o lugar da Comissão de Direi-
na e caribenha e a soberania dos países de
tos Humanos, nessa ocasião, foi boicotado
nosso continente pretendendo enfraquecer
por outro presidente republicano, George
o Mercado Comum do Sul (MERCOSUL).
W. Bush que, à época, tinha como represen-
08. No Brasil, para levar a efeito seu progra-
tante na ONU John Bolton, atual assessor de
ma antinacional e antipopular, o governo ile-
segurança nacional.
gítimo ataca frontalmente a Constituição de
05. Do outro lado do Oceano Atlântico, a
1988, buscando destruir a maioria dos direitos
Europa também possui governos que apro-
nela estabelecidos. Essa destruição tem algu-
vam medidas que atacam os imigrantes. O
mas frentes: Entrega do Pré-sal para multina-
maior exemplo disso atualmente é a Itália, go-
cionais estrangeiras, acabando com o regime
vernada pela aliança formada pelos partidos
de partilha; Aprovação da Emenda Constitu-
nacionalistas e eurocéticos Liga Norte e Movi-
cional 95 que estabelece um teto para os gas-
mento 5 Estrelas (MS5), que somente fecham
tos primários (políticas sociais); Liberação por
os portos do país para duas embarcações
parte do Supremo Tribunal Federal das tercei-
contendo imigrantes. Percebe-se o fascismo e
rizações das atividades fins incluindo a ativi-
intolerância crescendo em termos mundiais.
dade docente como passível de ser entregue
06. A crise mundial de acumulação do ca-
à iniciativa privada; e destruição dos direitos
pital de 2014, a crise política e institucional in-
trabalhistas consagrados na Consolidação das
terna no Brasil levam à imediata redução da
Leis do Trabalho (CLT) desde 1943, revogando
renda dos trabalhadores, ao desemprego, à
mais de 100 itens da CLT, o que se caracteriza
exclusão social e racial, são necessários à lógi-
pelo desmonte do Direito do Trabalho, e uma
ca de acumulação e concentração do capital
ameaça clara aos direitos trabalhistas e sindi-
em nosso tempo, isto é, são funcionais a ne-
cais conquistados com tanta luta.
cessidade dos mais ricos. Isso significa que a
09. No Brasil, as principais forças políticas
desigualdade é uma condição admitida e as-
partidárias que atuam no processo de impea-
similada pela lógica dos economistas neolibe-
chment não conseguem consolidar-se como
rais, no governo e fora dele, e pelos partidos
alternativa para o capital financeiro, e como
que sustentam o governo dos sem voto.
ao grande capital a democracia torna-se em
07. A decisão dos golpistas, de colocar o Es-
muitos casos um impedimento para sua acu-
tado e os agentes públicos a serviço do gran-
mulação, amplos setores da classe dominante
de capital, não se restringe apenas às frontei-
incluindo empresários, conglomerados midi-
ras nacionais. O golpe se erigiu contra a cons-
áticos, alguns grupos religiosos e setores do
tituição do G20; dos BRICS; do Novo Banco de
próprio judiciário acenam perigosamente à
Desenvolvimento (Banco dos BRICs) e uma
extrema direita.
ordem internacional multipolar que supere a
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Congresso do Sismmac
10. Assim, na eleição brasileira o candidato
melhor colocado nas pesquisas é Jair Bolsona-
de governo petista, especialmente por con-
ro (PSL), seu partido foi o mais fiel às reformas
cessões ao capital, mas não é isto que mo-
antipopulares e antinacionalistas de Temer e,
tiva o antipetismo, inclusive orquestrada por
numa leitura mais aprofundada, compreen-
setores da esquerda. A extrema direita ataca
de-se que este fenômeno político definitiva-
especialmente onde houve mais avanço no
mente não se formou neste ano eleitoral. Sua
governo, ou seja, nas políticas sociais e de in-
preferência reside muito antes em seu caráter
clusão. Atacam o ciclo progressista, embora
antissistêmico do que em sua agenda e dis-
contraditório, por apresentar uma agenda
curso protofascista. Há muitos apoiadores que
em contraposição às políticas neoliberais de
não concordam com suas posições a respeito
redução de direitos sociais e trabalhistas e
das mulheres, negros ou homossexuais, por
ampliação das desigualdades.
exemplo, mas que seguem apoiando-o em
13. Considera-se que o golpe no Brasil foi o
sua suposta luta contra o “sistema”. Por ou-
sintoma de um impasse do projeto e de uma
tro lado, verificamos que no processo eleitoral
ofensiva conversadora que pode ser identifi-
de 2018 o tema da “moral” é deslocado para o
cada nos reveses de vários países da região
centro das atenções ao passo que a agenda
(Golpe no Paraguai, Vitória da direita no go-
social e econômica que mais afeta a vida dos
verno da Argentina e no parlamento da Vene-
trabalhadores é posta em segundo plano.
zuela, recusa em plebiscito a um novo man-
11. Assim, seguir “denunciando” sua retó-
dato de Evo na Bolívia, etc.). O resultado da
rica autoritária, de conteúdo neofacista, não
eleição de 2018 representará a contradição
apenas não é capaz de bloquear seu cresci-
deste período. Ou fazemos uma guinada para
mento e retirar-lhe votos, como também faci-
a direita fascista, ou elegemos o candidato
lita a agregação em torno dele de novos elei-
que representa o projeto democrático po-
tores que não se sentem representados pelo
pular, que ascende em outros patamares de
atual sistema político. Percebe-se que, após o
alianças e compromissos.
ato organizado em 29/09 por milhões de mu-
14. Entende-se que a ofensiva conser-
lheres, com a agenda #elenão# em todo país,
vadora tem seu ponto de unidade na reto-
resultou no aumento das intenções de voto
mada do programa neoliberal e no alinha-
nesta candidatura.
mento e submissão aos Estados Unidos, que
12. O segundo turno entre Bolsonaro e Ha-
voltam novamente seus olhos para América
ddad representa a polarização entre aqueles
Latina e atua explicita ou veladamente no
que defendem a democracia e aqueles que
patrocínio financeiro e ideológico, materia-
estariam convencidos de que há uma pos-
lizados em partidos de direita e instituições
tura antissistema na proposta da extrema
de promoção do neoliberalismo, na mídia
direita, quando na verdade ela já anuncia
oligopolizada e até no aparelho de Estado,
reformas ultraneoliberais na economia. A po-
especialmente no judiciário.
larização também é resultado de equívocos
15. O golpe consolidou uma enorme recom-
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Congresso do Sismmac
51
posição da direita, patrocinada por um conluio
em construir uma bandeira democrática ra-
jurídico-midiático com estreitos laços com o
dical que unifique as frentes Brasil Popular e
imperialismo norte-americano e coesão pro-
Povo Sem Medo e tenha como objetivo colo-
gramática em torno de uma agenda ultralibe-
car o povo como sujeito da decisão política. A
ral. É justamente a falta de legitimidade social
experiência acumulada até aqui na luta orga-
desta agenda, assim como do governo que
nizada pelas Frentes é riquíssima. O esforço
poderá se erguer em torno dela, que desafia
coletivo de unidade na ação não deve ser me-
a conclusão dos planos golpistas e organiza a
nosprezado. Ampliar essa unidade e as inicia-
resistência democrática e popular.
tivas que mantenham coesa a base social do
16. Aprofundar o caráter popular e classista dessa luta é o desafio dos movimentos
nosso projeto são ainda mais fundamentais para a resistência que se avizinha.
sociais e da CUT, Central Única dos Trabalha-
18. Movimentos contra o avanço da ultra-
dores, maior central da América Latina, sen-
direita conservadora com resistência das mu-
do necessário constante aumento e o enga-
lheres ao candidato Bolsonaro e aqueles que
jamento das suas bases, explicitando que a
representam a continuidade das políticas e
luta contra a agenda ultraconservadora e a
reformas do governo Temer eclodem pelo
luta pelos direitos da classe trabalhadora são
país. Especialmente o movimento de mulhe-
urgentes diante de retrocessos que podem
res avança e apresenta para todo o Brasil não
ser catastróficos para os trabalhadores e para
aceitando o retrocesso contra seus direitos e
o movimento sindical.
sobre a democracia, no maior movimento po-
17. Essa linha de enfrentamento implica
lítico eleitoral da história brasileira “Ele Não!”.
Conjuntura Estadual 19. Em termos estaduais, as políticas con-
Servidores (as) Estaduais, e outras medidas de
servadoras e de desmonte dos serviços públi-
desmonte das condições de vida e trabalho,
cos são levadas a cabo pelo governo Beto Ri-
embora a resistência conseguiu garantir a
cha (PSDB), levando o serviço público estadu-
continuidade do Plano de Carreira.
al a 84 dias de greve em 2015, com o desfecho
20. Mais recentemente apresenta um novo
emblemático de ataque pela polícia militar
pacote de ajuste fiscal enviado pelo governa-
em 29 de abril, mas a resistência permane-
dor Beto Richa (PSDB). Entre as medidas po-
ceu, mesmo assim o governo aprovou um sa-
lêmicas, está a que estabelece novas restri-
que milionário do Instituto de Previdência dos
ções para a concessão de gratificações para
52 caderno de teses |
xii
Congresso do Sismmac
servidores (as) que atuam em áreas de risco e
22. O serviço público estadual, e mais efe-
em contato com apenados (as) ou adolescen-
tivamente os (as) professores (as) através da
tes em privação de liberdade. De acordo com
APP/Sindicato, permanece em movimento
a proposta, essas gratificações serão limita-
contra a violência ao longo do tempo, simbóli-
das em R$ 1.955,67 para professores (as) e R$
ca e física, como 29 de abril de 2015 e, mais re-
1.576,51 para funcionários (as). O projeto tam-
centemente, contra retirada de direitos, pois o
bém traz alteração na licença especial remu-
pacotaço permanece em curso e ataca a socio-
nerada para fins de aposentadoria, que só será
educação e na defesa que o Estado valorize e
concedida após 60 dias do trâmite do pedido –
trate a educação e o serviço público de direito,
desde 2004 ela é concedida após 30 dias. Além
e denunciando que no plano federal, estadual
da redução dos salários dos professores PSS.
e na maioria dos municípios sofrem ataques.
21. Recentemente o governo envolveu-
23. Os escândalos envolvendo o governo
-se em denúncias de corrupção conhecida
tucano de Richa (PSDB) não conseguem mais
como A Operação Quadro Negro, que apre-
passar desapercebidos pela sociedade e Ga-
senta diversos nomes de supostos envolvidos
eco e, devido, em grande parcela, ao grande
com o esquema de corrupção e investigação
clamor dos servidores estaduais denuncian-
de desvios de quase R$ 30 milhões, que de-
do frequentemente os casos de corrupção,
veriam ter sido destinados para a infraestru-
especialmente levado para a sociedade para-
tura escolar (ao menos, 14 escolas públicas
naense em 30 de agosto de 2018, o Ministé-
estaduais). Entre os nomes citados por Edu-
rio Público e Gaeco realizam operação inédi-
ardo Lopes, dono da Construtora Valor, está
ta em início de setembro sobre os desvios e
o do então deputado estadual Valdir Rossoni
corrupção no governo de estado, e prendem
(PSDB), atual chefe da Casa Civil. Além disso,
o ex-governador e vários integrantes do seu
o delator afirma que parte dos desvios de di-
mandato, o que faz com que a candidatura ao
nheiro serviram para bancar as campanhas
senado de Richa não resista e caia no ostracis-
do governador Beto Richa (PSDB).
mo, seguido de denúncia junto ao MP.
Conjuntura Municipal 24. Na Prefeitura de Curitiba, o governo
direitos. O plano de carreira permanece sus-
Greca por meio de seus aliados na Câmara de
penso e, embora não tenha revogado o direito
Vereadores através do famigerado pacotaço
ao terço de hora-atividade, a ausência de pro-
acabou com trinta anos de luta e conquista de
fessores para cobrir as licenças e afastamentos
caderno de teses |
xii
Congresso do Sismmac
53
impede, muitas vezes, a garantia da totalida-
de sua construção e do triste reconhecimento
de da hora-atividade no cotidiano da unidade
que o Magistério estava disposto a parar so-
educacional. Rafael Greca repete seu primeiro
mente nos momentos de votação para “ten-
governo. Desavisados foram aqueles que, sem
tar barrar”. A condução deixou o sentimento
perceber as categorias da dialética, conside-
não da construção de um movimento que
ram que todos os governos fossem iguais.
efetivamente derrotasse o Pacotaço, “mas
25. A direção do Sismmac organizou no
que tínhamos que fazer alguma coisa”.
primeiro trimestre de 2017 uma greve de
28. Dessa forma, em conformidade com
cinco dias com a principal reivindicação que
a gestão municipal, a maioria no parla-
a última etapa do plano de carreira fosse
mento construiu uma Sessão histórica na
cumprida, prevista para dezembro do ano
Ópera de Arame, contando com milhares
anterior e não cumprida pelo governo Fruet.
de policiais e bombas de gás lacrimogênio,
Cerca de 800 profissionais do magistério
impedindo a aproximação dos manifestan-
aderiram e resistiram diariamente a este
tes na ocupação da Sessão, resultando na
movimento que finalizou no retorno aos lo-
perda de direitos duramente conquistados
cais de trabalho sem garantias da implanta-
em período grande de lutas.
ção do plano de carreira.
29. Faz-se necessário o Sismmac retomar
26. No mês de junho marcou-se a vota-
em suas ações a solidariedade e o sentido
ção na Câmara de Vereadores do Pacotaço,
da unidade dos trabalhadores, que preci-
os sindicatos municipais organizaram uma
sam estar juntos numa central sindical para
greve do serviço público para barrar a vota-
defender seus direitos. É nesse sentido que
ção. Buscou-se negociação com os verea-
nasceu e existe a CUT, a maior central sindi-
dores, ocupação da Câmara, mas o máximo
cal do Brasil com quase 10 mil entidades fi-
que se avançou foi na suspensão temporária
liadas e organizando mais de 25 milhões de
da Sessão de votação. Pode-se considerar al-
trabalhadores e quem tem estado na linha
guns equívocos na condução deste período
de frente das lutas em defesa do direito dos
de luta: a greve marcada anterior ao pacota-
trabalhadores, como a defesa do Pré-Sal
ço já engessou o magistério com cinco dias
para a educação e saúde e a defesa da Lei
de reposição, a ausência de negociação com
do Piso (através de suas federações filiadas,
o governo municipal, a suspensão das ses-
como a FUP, a CNQ e a nossa CNTE), com-
sões de votação se davam por ocupação da
bate a BNCC.
Sessão, resultando ao governo mostrar uma
30. Devemos lutar por nossos direitos, sem
força maior. Afinal como já nos ensinou a te-
fechar os olhos para o que acontece à nossa
oria sociológica, o Estado tem o monopólio
volta. Nesse sentido o sindicato deve lutar,
da violência legal.
sempre junto com a categoria, que deve ser
27. Outra dificuldade no processo de greve refere-se a suspensão do movimento no meio
54 caderno de teses |
xii
Congresso do Sismmac
ouvida e ter poder de decisão. Nossa democracia interna é nossa maior arma.
Política Educacional 31. A publicação no Diário Oficial da União
dos compromissos com a educação demo-
do Decreto Executivo de 26 de abril de 2017
crática e para todos, as entidades reuniram-
e da Portaria nº. 577 de 27 de abril de 2017,
-se em um espaço de resistência e defesa da
que, respectivamente, desconstrói o calen-
participação popular na construção das polí-
dário da Conferência Nacional de Educação
ticas públicas que denominamos Fórum Na-
de 2018 (Conae - 2018) e desfigura o Fórum
cional Popular de Educação (FNPE). O FNPE
Nacional de Educação (FNE), estabelecido
decidiu convocar a Conferência Nacional
pela Lei 13.005/2014 (Lei do Plano Nacional de
Popular de Educação (CONAPE 2018) como
Educação), leva entidades preocupadas com
forma de organizar e manter a mobilização
a defesa e promoção do direito à educação
em torno da defesa do PNE, seu monitora-
pública, gratuita, laica e de qualidade a se re-
mento e análise crítica das medidas que têm
tirarem coletivamente do FNE.
inviabilizado a efetivação do Plano, em espe-
32. A não participação no Fórum Nacional
cial, a aprovação da Emenda Constitucional
de Educação, após tanto esforço para construí-
95/2016, que estabelece um teto para gastos
-lo, demonstra que a sociedade civil não tolera
públicos federais por 20 anos, inviabilizando
intervenções unilaterais e autoritárias em es-
a consagração plena de todos os direitos so-
paços participativos de construção, monitora-
ciais, especialmente a educação.
mento e avaliação de políticas educacionais,
34. A Emenda Constitucional 95/2016 tem
sob pena do enfraquecimento irreversível da
um impacto devastador sobre Plano Nacio-
democracia brasileira. O Governo Temer re-
nal de Educação. Isso se justifica à medida
legou, ao Ministro de Estado da Educação, a
que, para garantir o direito à educação em
palavra final sobre quem participa ou não do
todos os níveis, etapas e modalidades, os
Fórum Nacional de Educação, especialmente
padrões de investimentos do estado brasi-
porque cabe ao FNE e às Conaes monitorar
leiro deveriam aumentar progressivamente
e avaliar o cumprimento do PNE 2014-2024,
para acompanhar as expectativas estabeleci-
além de propor o conteúdo do PNE vindouro,
das em suas metas e estratégias. A referida
2025-2035 – conforme disposto nos artigos 5º e
emenda fere de morte o PNE quando con-
6º da Lei 13.005/2014. Dessa forma, desrespei-
gela os investimentos em MDE, ao congelar
tam a institucionalidade democrática constru-
o investimento público por 20 exercícios fi-
ída com participação popular, desde a criação
nanceiros. Ao aplicar as regras da EC 95 aos
da Conferência Nacional de Educação Básica
investimentos executados entre os anos de
de 2008 e das Conaes de 2010 e 2014.
1998 a 2016, vemos que, aplicado o IPCA, os
33. Para manter a mobilização em torno
investimentos seriam rebaixados:
caderno de teses |
xii
Congresso do Sismmac
55
Gráfico - Comparação entre as variações percentuais dos recursos
60 50 40 30 20 10 0 -10
Variação MDE
IPCA
2016
2015
2014
2013
2012
2011
2010
2009
2008
2007
2006
2005
2004
2003
2002
2001
2000
1999
1998
-20
Fonte: AMARAL 2016
35. Considera-se como implicações decor-
de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
rentes das reformas em curso: congelamen-
(CNPq) cujo orçamento se esgotará também
to de carreiras, remuneração e vencimentos.
em setembro de 2017, comprometendo os
Políticas de dimensionamento aumentando
investimentos em ciência e tecnologia para
a relação aluno/professor. Criminalização da
o presente e o futuro.
atividade docente e pedagógica, através do
37. No ano de 2014 tivemos a aprovação
Escola sem Partido. Destruição de princípios
do novo Plano Nacional de Educação - PNE,
constitucionais: como a laicidade e o concei-
através da lei 13.005/14. O plano apontava vin-
to de público e gratuito.
te metas para educação nacional no próximo
36. Paralisação de programas como Proinfância, Ciência sem Fronteiras e Pronatec; etc.
decênio ao mesmo tempo que estabelece 10% do PIB para educação.
Esgotamento dos recursos para custeio das
38. A valorização profissional no PNE é tra-
Universidades Públicas. Risco de interrupção
zida na forma de garantia de um aumento
do pagamento de bolsas de 90 mil bolsistas
do rendimento médio, equiparado a outros
e 20 mil pesquisadores do Conselho Nacional
profissionais, a planos de carreira, a assistên-
56 caderno de teses |
xii
Congresso do Sismmac
cia financeira da União para garantir o Piso
zação dos profissionais da educação acaba-
Salarial Profissional Nacional em todo o país,
ram criando espaço para sucessivos ataques
enfim o plano relaciona carreira, piso e for-
dos gestores aos planos de carreira da cate-
mação. (HYPOLITO, 2015, p. 529).
goria, em especial do magistério, onde, não
39. Entende-se que a lei do piso do magis-
raro, o “piso” tem se transformado em “teto
tério signifique importante conquista para
salarial” – desvirtuando por completo os ob-
os/as trabalhadores/as em educação, porém
jetivos da Lei Federal.
atendeu somente parte da categoria (excluin-
41. A Rede Municipal de Curitiba apresen-
do os funcionários) e não assegurou completa
tou diversificação de atendimento e expan-
valorização profissional, uma vez que serviu
são do quadro de profissionais de educação
de referência apenas para o vencimento bá-
ao passo que demonstrou pequena amplia-
sico dos/as professores/as com formação de
ção no total de matrículas. Frente a este qua-
nível médio na modalidade normal.
dro cabe considerar como o orçamento para
40. A limitação de alcance da Lei do Piso e as lacunas institucionais da política de valori-
educação se comportou no período, para tanto observaremos a Tabela 1:
Tabela 1: Informações orçamentárias de Curitiba, 2006-2014, valores atualizados pelo INPC (dezembro/2014)
Variáveis
Total da receita de impostos
Total da despesa em Educação
Recursos do FUNDEB (recebidos)
Ganho do FUNDEF/ FUNDEB
Valor por aluno FUNDEF/ FUNDEB
Valor por aluno MDE efetivo na EB
2006
2.157.293.716
669.627.109
211.470.824
110.959.104
1.572
4.978
2007
2.339.094.361
636.664.691
223.742.583
81.710.256
1.701
4.841
2008
2.517.650.690
718.100.439
284.103.696
91.939.590
2.086
5.272
2009
2.641.771.506
753.638.522
300.112.934
74.967.520
2.234
5.611
2010
2.764.728.509
849.912.738
324.241.318
92.416.408
2.443
6.403
2011
2.953.190.014
888.189.987
361.919.376
119.803.674
2.756
6.763
2012
3.254.913.221
991.441.315
386.597.568
127.489.563
2.930
7.514
2013
3.392.112.274
1.050.921.459
414.550.311
138.565.822
3.137
7.953
2014
3.419.350.083
1.066.270.800
439.236.562
162.295.482
3.437
8.344
Cresc. %
58,5%
59,2%
107,7%
46,3%
102,0%
67,6%
Fonte: CURITIBA. Relatório Resumido de Execução Financeira. Demonstrativo de Receitas e Despesas com MDE (2006-2014).
42. Se as políticas educacionais no municí-
profissionais da educação, como podemos
pio apresentam avanços em relação à garan-
verificar nas políticas de carreira adotadas no
tia do direito à educação e à valorização dos
município através da tabela 2:
caderno de teses |
xii
Congresso do Sismmac
57
Tabela 2. Remuneração média dos Profissionais do Magistério, Estatutários, segundo tempo na carreira e jornada de 4 horas diárias, Curitiba – 2006-2013 – Folha de Pagamento. Vínculo empregatício
Estatutário
Tempo de carreira (anos)
até 4
5a9
10 a 14
15 a 19
20 a 24
25 ou mais
out/06
N
3.235
1.065
1.613
1.140
108
148
Rem Média R$ - indexado
1.800
1.421
1.753
1.944
2.471
2.508
Rem. Média R$
1.131
893
1.102
1.222
1.553
1.576
CV*
51%
33%
40%
44%
50%
87%
N
3.057
1.934
1.298
1.461
154
156
Rem Média R$ - indexado
1.927
1.721
1.832
2.181
2.621
2.604
Rem. Média R$
1.271
1.135
1.208
1.438
1.728
1.717
CV*
51%
36%
36%
44%
43%
78%
N
2.698
2.558
682
2.036
289
172
Rem Média R$ - indexado
2.091
1.915
1.874
2.355
2.655
3.008
Rem. Média R$
1.476
1.352
1.323
1.662
1.874
2.123
CV*
54%
37%
32%
44%
47%
87%
N
2.770
2.883
803
1.985
529
203
Rem Média R$ - indexado
2.204
2.138
2.102
2.589
2.587
3.387
Rem. Média R$
1.625
1.576
1.550
1.909
1.907
2.497
CV*
53%
38%
33%
43%
40%
83%
N
1.782
4.022
476
2.082
729
232
Rem Média R$ - indexado
2.468
2.448
2.129
2.750
2.848
4.017
Rem. Média R$
1.905
1.889
1.643
2.122
2.198
3.100
CV*
51%
37%
29%
42%
41%
90%
N
1.561
4.012
1.110
1.708
1.185
263
Rem Média R$ - indexado
2.509
2.523
2.244
2.712
2.984
4.282
Rem. Média R$
2.078
2.089
1.858
2.246
2.471
3.546
CV*
51,40%
37,20%
33,60%
38,90%
43,90%
79,80%
N
2.583
3.525
2.034
1.350
1.500
316
Rem Média R$ - indexado
2.663
2.697
2.736
2.905
3.382
4.489
Rem. Média R$
2.328
2.358
2.392
2.540
2.957
3.925
CV*
48%
38%
39%
38%
45%
77%
out/07
out/08
out/09
out/10
out/11
out/12
1. Na qual valores indexados pelo INPC/IBGE para dezembro de 2014. O coeficiente de variação foi calculado a partir dos valores nominais/originais da folha de pagamento.
58 caderno de teses |
xii
Congresso do Sismmac
out/13
N
2.651
3.206
2.661
694
2.020
449
Rem Média R$ - indexado
2.730
2.687
2.919
2.880
3.559
4.545
Rem. Média R$
2.522
2.483
2.697
2.661
3.288
4.199
CV*
48%
39%
39%
35%
45%
72%
Variação média total indexado
52
89
66
48
44
81
Variação média total nominal
123
178
145
118
112
166
Fonte: Microdados da folha de pagamento da Secretaria Municipal de Educação de Curitiba dos meses de outubro dos anos de 2006 a 2013.
43. Reconhecer nosso passado nos permite
necessitam de aporte federal. Obviamente as lu-
não viver no escuro. Saber o que temos, reco-
tas locais vão direcionando esses investimentos
nhecer as lutas históricas nos permite maior
para atendimento da pauta específica da cate-
mobilização e qualificação para enfrentar os
goria, mas o localismo e o esquerdismo sectário
desmontes, durante muito tempo políticas
nos aprisiona num mundo sem mediações com
importantes para a valorização do magistério
a pauta nacional. Nesse sentido, em contraparti-
eram desqualificadas pelos opositores ao gover-
da, especialmente a partir do golpe de 2016 es-
no federal. Pela estrutura do financiamento da
tados e municípios passam por desmontes de
educação nacional, os municípios muitas vezes
uma educação pública e de qualidade.
Eixo iI
Análise do Movimento Sindical
ANÁLISE DO MOVIMENTO SINDICAL 44. Os primeiros processos de organização
dos processos de produção nas indústrias.
da classe trabalhadora na sociedade contem-
45. Tal processo, que até então acontecia
porânea, tendo como ponto de partida a revolu-
basicamente a partir do trabalho manual
ção industrial que ocorreu na Europa ainda no
do homem e o uso de ferramentas, pouco
século XVIII e foi responsável pelo refinamento
a pouco passou a ser substituído pela ma-
caderno de teses |
xii
Congresso do Sismmac
59
quinaria, é nessa transição que se efetiva a
jornadas e mínimas condições de trabalho.
segregação entre o trabalho assalariado e o
47. A população assalariada, dessa ma-
capital, de tal forma que as máquinas con-
neira, passou a ocupar os trabalhos nas fá-
sideradas meios de produção passam a se
bricas e era, em grande parte, advinda dos
concentrar nas mãos de poucos (burguesia)
campos, passando, portanto, a ocupar maci-
e o trabalho assalariado (proletariado) torna-
çamente os espaços urbanos. 48. Desta maneira, com o “inchaço” des-
-se uma realidade.
ses espaços, além das péssimas condições A maquinaria também revoluciona
de trabalho, também, por consequência, ti-
radicalmente a mediação formal das
nham péssimas condições de vida. Cabe sa-
relações do capital, o contrato entre
lientar que a massa trabalhadora era com-
trabalhador e capitalista. Com base
posta de homens, mulheres e até mesmo
no intercâmbio de mercadorias, o
crianças, e todos eles expostos as condições
pressuposto inicial era que capitalista
de trabalho antes descritas.
e trabalhador se confrontariam como pessoas livres, como possuidores inde-
À medida que a maquinaria torna a for-
pendentes de mercadorias: um, pos-
ça muscular dispensável, ela se torna o
suidor de dinheiro e de meios de pro-
meio de utilizar trabalhadores sem for-
dução; o outro, possuidor de força de
ça muscular ou com desenvolvimento
trabalho. Mas, agora, o capital com-
corporal imaturo, mas com membros
pra menores ou semi dependentes.
de maior flexibilidade. Por isso, o traba-
O trabalhador vendia anteriormente
lho de mulheres e de crianças foi a pri-
sua própria força de trabalho, da qual
meira palavra-de-ordem da aplicação
dispunha como pessoa formalmente
capitalista da maquinaria! Com isso,
livre. Agora vende mulher e filho. Tor-
esse poderoso meio de substituir tra-
na-se mercador de escravos. A procu-
balho e trabalhadores transformou-se
ra por trabalho infantil assemelha-se,
rapidamente num meio de aumentar
frequentemente também na forma, à
o número de assalariados, colocan-
procura de escravos negros, como se
do todos os membros da família dos
costumava ler em anúncios de jornais
trabalhadores, sem distinção de sexo
americanos. (MARX, 1996, p.28)
nem idade, sob o comando imediato do capital. O trabalho forçado para o
46. Essa relação entre burguesia e proleta-
capitalista usurpou não apenas o lu-
riado não ocorre de maneira amistosa, pois,
gar do folguedo infantil, mas também
mesmo que assalariados, esses trabalhado-
o trabalho livre no círculo doméstico,
res eram explorados em suas condições físi-
dentro de limites decentes, para a pró-
cas e de trabalho, ficando a mercê de longas
pria família. (MARX, 1996, p.27)
60 caderno de teses |
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Congresso do Sismmac
49. É nesse contexto, de convívio com a
50. No Brasil, o surgimento do operariado
miséria, que os trabalhadores europeus pas-
é tardio, em comparação com o modelo eu-
sam a se rebelar com a exploração promo-
ropeu e, para explicar a formação da socieda-
vida pelo sistema capitalista e pela ausên-
de do trabalho no Brasil, em especial, o início
cia de direitos sociais, e começam a realizar
do processo de industrialização na República
greves, revoltas, organizados em torno de
Velha e suas marcas na organização da classe
movimentos e aparelhamentos que fizeram
operária em busca de direitos, utilizaremos
brotar os primeiros sindicatos, como instru-
como referência principal CARDOSO (2010).2
mentos de coordenação e fortalecimento
51. O processo de industrialização na Velha
da luta da classe trabalhadora em prol de
República se deu na transição do século XIX
melhorias em suas condições gerais.
para o século XX e uma de suas características principais, no enredo do trabalho assalariado,
É neste momento que surgem os sin-
foi o grande fluxo imigratório na contratação
dicatos; estes nasceram dos esforços
de mão de obra para o mercado de trabalho,
da classe operária na sua luta contra
mesmo o país tendo um grande contingente
o despotismo e da dominação do capi-
de negros alforriados, os trabalhadores imi-
tal. Os sindicatos têm como finalidade
grantes eram vistos, pelos empresários, como
primeira impedir que os níveis salariais
mão-de-obra mais qualificada em detrimen-
coloquem-se abaixo do mínimo ne-
to da população negra, desprezada e vista
cessário para manutenção e sobrevi-
como “preguiçosa” e “não confiável”.
vência do trabalhador e sua família.
52. Dessa maneira, é possível afirmar que
Os operários unidos em seu sindicato
o fim do tráfico negreiro e a abolição não fo-
colocam-se de alguma maneira em pé
ram capazes de inserir a maior parte da po-
de igualdade com o patronato no mo-
pulação negra no mercado de trabalho as-
mento da venda de sua força de tra-
salariado, ficando expostos às margens da
balho, evitando que o capitalista trate
sociedade e na consequente marginalização.
isoladamente com cada operário. Esta
53. Nessa época, os trabalhadores, tanto
é a função primeira dos sindicatos: im-
aqueles que ainda estavam no meio rural,
pedir que o operário se veja obrigado
como aqueles que se concentravam nos
a aceitar um salário inferior ao mínimo
centros urbanos nas grandes indústrias,
indispensável para seu sustento e o da
tanto os imigrantes, quanto à reduzida par-
sua família. (ANTUNES, 1980, p.12)
cela negra inserida no mercado de trabalho
2. Cabe destacar que, mesmo com o início do processo de industrialização da economia, principalmente no Rio de Janeiro e São Paulo, a produção desenvolvida no setor agropecuário também ocorria, inclusive com contratação de mão de obra de imigrante. Até 1930 (crise do café) esse setor teve grande influência na economia nacional. caderno de teses |
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Congresso do Sismmac
61
sofriam, tanto com ausência de condições
sencadeando revoltas e greves, principalmen-
de trabalho, como com as mazelas sociais
te nos grandes centros industriais.
urbanas, conforme nos relata SIMÃO apud
56. De maneira geral, a década de 1920 foi
BANDEIRA JR. (1981, p.61) sobre as condições
repleta de manifestações e movimentos de
de vida nas vilas operárias:
contestação; os trabalhadores eram influenciados em boa parte pelo movimento anar-
Nenhum conforto tem o proletário
quista e pela Revolução Russa. O operariado,
nesta opulenta e formosa capital. Os
sobretudo imigrante, influenciado pelo movi-
bairros em que mais se concentram,
mento anarquista, organizou os sindicatos e
por serem os que contêm maior nú-
uma onda de greves a fim de obter algumas
mero de fábricas, são os do Brás e do
leis que os protegessem. (ARANHA, 2006).
Bom Retiro. As casas são infectas, as
57. Essa circunstância foi fundamental
ruas, na quase totalidade, não são cal-
para a organização da classe trabalhadora
çadas, há falta de água para os mais
em redor de associações e entidades, a fim
necessários misteres, escassez de luz e
de fazer frentes combativas aos processos de
de esgotos. O mesmo se dá em Água
exploração e ausência de direitos, criando-se
Branca, Lapa, Ipiranga, São Caetano,
então os primeiros sindicatos de trabalhado-
e outros pontos um pouco afastados.
res no Brasil, como podemos observar:
54. Cabe dizer, também, que no contexto
Foi dentro deste quadro que nasceram
das relações econômicas e sociais, o merca-
os sindicatos no Brasil, cujo o principal
do convivia ao mesmo tempo com a produ-
objetivo era conquistar direitos funda-
ção agrícola e o início do processo industrial,
mentais do trabalho. Nos vários congres-
entre uma era senhorial e uma era burgue-
sos sindicais e operários e nas inúmeras
sa. Nesse sentido, o papel do Estado brasi-
manifestações grevistas tornaram-se
leiro era resultado da convivência entre o
constantes as reivindicações visando a
arcaico e o moderno, consolidando o poder
melhoria salarial, a redução da jornada
e a dominação das elites, justificando uma
de trabalho etc. (ANTUNES, 1980, p. 49).
ordem que continuou a produzir a desigualdade social. (FERNANDES, 2006).
58. Quanto à organização e trajetória his-
55. Dessa forma, é possível afirmar que a he-
tórica dos trabalhadores docentes no Brasil,
rança escravista foi o padrão para modelo de
destaca-se que desde o final do século XIX
Estado e da sociedade, incapazes de instituir
existiam associações (não sindicais) docen-
medidas de proteção às desigualdades sociais.
tes; porém de forma mais estruturadas so-
Diante disso, foi consequente o surgimento de
mente a partir da organização das redes de
movimento dos trabalhadores descontentes
ensino público, isto é, de 1930 em diante.
com suas condições trabalhistas e sociais, de-
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Congresso do Sismmac
59. A sindicalização propriamente dita
ocorre na transição democrática ocorrida
lhadores em Educação, em um Congresso
durante a ditadura militar, principalmente
extraordinário cujo objetivo foi unificar vá-
porque, sendo a maioria do professorado
rias Federações setoriais da educação numa
composta pelo funcionalismo público, este
mesma entidade nacional. Com a unificação
esteve impedido de criar sindicatos até a
da luta dos Trabalhadores em Educação e o
promulgação da Constituição de 1988. No
surgimento de novas regras de organização
entanto, mesmo com tal impeditivo, essas
sindical, a CNTE ganha força com a filiação
entidades atuaram de modo combativo,
de 29 entidades e quase 700 sindicalizados
ainda no processo de redemocratização, es-
em todo o país. Atualmente, a CNTE conta
pecialmente após a configuração do “novo
com 50 entidades filiadas e mais de um mi-
sindicalismo” (FERREIRA, 2010).
lhão de sindicalizados.
60. A CUT – Central Única dos Trabalhado-
64. Entende-se que os trabalhadores deste
res – foi fundada em 28 de agosto de 1983, na
país passam por um dos momentos mais difí-
cidade de São Bernardo do Campo, em São
ceis da história. Conforme destacado anterior-
Paulo, durante o 1º Congresso Nacional da
mente, desde o golpe que afastou uma pre-
Classe Trabalhadora (CONCLAT), que é uma
sidente legitimamente eleita, não param de
organização sindical brasileira de massas, de
chover ataques aos nossos direitos. “Reforma”
caráter classista, autônomo e democrático,
trabalhista, “Reforma” da Previdência, terceiri-
cujo compromisso é a defesa dos interesses
zações... Tudo isso é contra os trabalhadores.
imediatos e históricos da classe trabalhadora.
65. Na estrutura sindical temos: os Sin-
61. Reconhece a existência de um cenário
dicatos, as Federações e as Confederações.
de configuração e constituição histórica das
Essas entidades reúnem sindicatos da mes-
entidades de classe dos professores brasilei-
ma categoria ou Federações. O SISMMAC é
ros que se constrói as relações econômicas e
um sindicato filiado à CNTE – Confederação
de trabalho, o sistema educacional e a orga-
Nacional dos Trabalhadores em Educação.
nização classista dos professores.
Se nossa entidade não possuir, por exemplo,
62. Em 1948 teve início a luta pela escola
representação jurídica como certidão sindi-
pública e gratuita, com o envio do primeiro
cal, a CNTE poderá nos representar em acor-
projeto de Lei de Diretrizes e Bases da Edu-
dos coletivos e processos.
cação (LDB) ao Congresso Nacional. Em 1959,
66. A Central Única dos Trabalhadores re-
já somavam 11 estados brasileiros com seus
presenta sindicatos, entre eles, bancários, me-
professores primários organizados em asso-
talúrgicos, professores, federações e confede-
ciações. No ano de 1960, em Recife, foi funda-
rações. Inclusive a CNTE. Tanto Centrais como
da a primeira Confederação: a CPPB – Confe-
federações e confederações devem contribuir
deração dos Professores Primários do Brasil.
com seus sindicatos filiados e vice-versa.
63. Em 1990 a CPB passou a se chamar
67. Nesse contexto sabe-se que o SISM-
CNTE – Confederação Nacional dos Traba-
MAC é f iliado à CNTE e participa do con-
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63
gresso e das lutas propostas pela entidade.
cial para pedagogos (as) e diretores (as),
Mas não somos f iliados a nenhuma CEN-
aplicação da emenda 47 ao Magistério,
TRAL, considera-se um prejuízo para a ca-
entre outras conquistas, parte duramente
tegoria, pois perdemos a visão de conjunto
perdida com o Pacotaço.
da classe. Em outras palavras, nos aparta-
69. Apoia-se as lutas dirigidas pela CUT, por
mos das lutas gerais e, assim, nos enf ra-
entender que congrega mais de 3000 sindi-
quecemos dos ataques dos atuais gover-
catos das diversas áreas do setor produtivo e
nos, que não são apenas dirigidos aos pro-
serviços públicos e conta com princípios de
fessores, mas ao conjunto da classe, vide
independência, autonomia e solidariedade
reforma da previdência, flexibilização das
sindical que ampliam a visão e fortalecem o
leis trabalhistas, terceirização das ativida-
conjunto da classe trabalhadora.
des f ins, entre outros ataques.
70. Em 2017 com o Pacotaço do Governo
68. O Sismmac no contexto de f iliação
Greca perdeu-se direitos duramente con-
da CUT realizou conquistas importantes
quistados nos últimos 30 anos, os retroces-
para o Magistério e conjunto da classe tra-
sos se estendem para além das condições
balhadora. Pode-se destacar: Plano de Car-
de carreira e salário, passam pelo desmonte
reira em 2001, derrubada da necessidade
de nosso sistema previdenciário e de saúde,
de concurso para avançar verticalmente,
IPMC e ICS, respectivamente. Devido às per-
igualdade das docências, recomposição da
das faz-se necessário a construção de uma
Carreira da docência II, Projeto de Lei para
assembleia e mobilização significativa para
recomposição de todo o passivo do IPMC,
retomada do combustível de luta aos/as ser-
garantia do direito à aposentadoria espe-
vidores/as públicos municipais.
Política para Aposentados (as) 71. A expectativa de vida aumentou. Há
Aprendizagem durante toda a vida e edu-
também uma diminuição no índice de nata-
cação continuada é uma necessidade num
lidade. Deve-se isto à melhoria das condições
mundo em transformação.
sócio econômicas de vida, à progressão da
72. O empoderamento do(a) idoso(a) passa
medicina moderna e também a um novo es-
primeiro por saúde, depois por seu psíquico e
tilo de vida. Na Rede Municipal de Curitiba, o
serenidade para que possa conhecer suas po-
número de professores(as) aposentados(as)
tencialidades e limites. Hoje as oportunidades
cresce a cada dia. Precisa-se não aumentar
de trabalho e renda consideram “essa gente”
anos de vida, como também vida aos anos.
que acumula conhecimento e experiência.
64 caderno de teses |
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Políticas permanentes 73. O período que se apresenta é bastante
em votação do texto base da MP nº 696/2015,
desafiador, nos governos que antecederam o
articulou a retirada dos termos da perspectiva
golpe tivemos conquistas de ampliação de di-
de gênero do contexto das atribuições do Mi-
reitos sociais para diversos segmentos da so-
nistério das Mulheres, da igualdade Racial, da
ciedade que estavam a margem, a população
Juventude e dos Direitos Humanos pois, para
negra, indígenas, mulheres e população LGBT.
os conservadores da sociedade e do Congresso,
Após o golpe de 2016 setores burgueses e con-
termos ligados à noção de identidade de gê-
servadores com forte influência nos governos
nero e orientação sexual incomodam quando
resgatam o projeto neoliberal com toda sua
aparecem em documentos oficiais sobre Edu-
perversidade na destruição desses direitos. Nes-
cação. O termo Gênero foi substituído por “erra-
te cenário caótico, as leis autoritárias tentam re-
dicação de todas as formas de discriminação”,
troceder os avanços de políticas públicas para o
sem citar quais eram os tipos de discriminação.
combate da exclusão e a desigualdade.
Entretanto, a antropóloga Michele Escoura, pes-
74. A situação de pobreza no Brasil cresce
quisadora do Núcleo de Marcadores Sociais da
com a recessão econômica, com o Estado de-
Diferença da Universidade de São Paulo (USP) e
sarticulado e uma sociedade fragmentada, fru-
do Núcleo de Estudos de Gênero Pagu da Uni-
to do golpe de 2016. Cada vez mais pessoas es-
camp, explica que a ausência dessas expressões
tão morando na rua, crianças com direitos bá-
leva a uma visão redutora do assunto. “Pode
sicos negados, imensa quantidade de desem-
acontecer de equipes pedagógicas entende-
pregados. Uma pesquisa feita pela Síntese de
rem que trabalhar gênero só diz respeito a falar
Indicadores Sociais (SIS) e divulgada pelo Insti-
sobre violência contra a mulher”. Em síntese,
tuto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
omitindo as discussões de identidade de gêne-
em 2016 e 2017 aponta que 52,1 milhões de bra-
ro e de orientação sexual.
sileiros, isto é, um quarto da população, vivem
76. Em se tratando da população negra,
em situação de pobreza e que são os negros e
essa é a mais afetada pela desigualdade e pela
as mulheres os que mais sofrem com a pobreza
violência no Brasil. É o que alerta a Organiza-
no Brasil. Bastam estas constatações para veri-
ção das Nações Unidas (ONU). No mercado de
ficarmos que quando há uma crise econômica
trabalho, a população negra enfrenta mais di-
estabelecida, seja qual for o caminho que levou
ficuldades na progressão da carreira, na igual-
a ela, as mulheres e a população negra são as
dade salarial e são mais vulneráveis ao assédio
que mais sofrem as consequências.
moral, afirma o Ministério Público do Trabalho.
75. Atualmente a palavra gênero foi retirada
Quando se trata da educação também não é
do Plano Nacional de Educação e dos planos es-
diferente, os brancos frequentam a escola por
taduais e municipais. A Câmara dos Deputados,
mais tempo, enquanto os negros e negras têm
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65
11.645/08 que altera a Lei nº 9.394/06 das Di-
acesso à escola de pior qualidade.. 77. Ao falarmos da educação étnico-ra-
retrizes e Bases da Educação Nacional, acres-
cial, precisamos encarar os desafios de uma
centando os artigos 26ª, 79A e 79 B e das “Dire-
educação antirracista no combate às práti-
trizes Curriculares Nacionais para a Educação
cas discriminatórias, da intolerância à diver-
das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de
sidade racial e étnica.
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana”.
78. O silêncio sobre o racismo, o preconcei-
80. Esses documentos representam uma
to e a discriminação no âmbito escolar, além
conquista das reivindicações do movimento
de serem subsídios para a histórica orientação
negro, porém sua homologação não signi-
eurocêntrica da educação brasileira, também
fica uma mudança radical nas relações so-
impedem que os seres humanos se formem
ciais, pois limita o ensino de história e cul-
em sua plenitude, livres de preconceitos e es-
tura africana às áreas de educação artística,
tereótipos. “O silêncio oculta o racismo bra-
literatura e história brasileira.
sileiro. Silêncio a que nos habituamos, con-
81. O estatuto da igualdade racial tam-
vencidos por vezes, da pretensa cordialidade
bém foi um marco na luta racial, instituído
nacional ou do elegante mito da “democracia
em 2010 pela Lei nº 12.288, ele é o suporte
racial”. (HENRIQUES, 2003, p.13).
jurídico para que as políticas de igualdade
79. Deste modo se faz necessário romper
racial sejam cumpridas pelo poder público.
com o silêncio sobre o racismo nas instituições
82. Por reconhecer a diversidade e a luta
educacionais. Utilizando instrumentos efica-
dos movimentos sociais em combater as
zes de promoção da igualdade racial, como as
estruturas racistas, machistas, classistas da
políticas de implementação da lei 10.639/03 e
nossa sociedade.
Eixo iII
Programa de Trabalho do Sindicato
Lutas Gerais: Greve Geral contra as Reformas Trabalhistas;
fissionais do Magistério Público. Contra o
Defesa da Lei do Piso Nacional dos Pro-
PLS 409/16; Petrobras 100% estatal!
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Congresso do Sismmac
Defesa do Pré-Sal! Anulação de todos os
lação das terras quilombolas;
leilões do petróleo; convocação de uma As-
Revogação da Emenda Constitucional 95
sembleia Constituinte Soberana para dar
que limita os gastos com serviços públi-
voz ao povo e vazão às Reformas Populares;
cos durante 20 anos; contra as terceiriza-
Reforma do Sistema Político, com fim
ções e OS;
do Senado, respeito à proporcionalidade
Contra as privatizações e concessões de
(um eleitor: um voto) com votação em
empresas públicas.
lista pré-ordenada e financiamento pú-
Reestatização do que foi privatizado;
blico exclusivo;
Revogação da lei de responsabilidade
Democratização dos Meios de Comuni-
fiscal e fim do superávit primário; contra
cação: novo marco regulatório da mídia;
o negociado sobre o legislado e qualquer
Reforma agrária já para os acampados!
flexibilização nas Leis Trabalhistas;
Atualização do índice de produtividade e
Apoio à luta dos trabalhadores na Vene-
limites de propriedade de terra;
zuela, em defesa da soberania nacional;
Reforma urbana: pelo direito à cidade;
Contra o imposto sindical. Em defesa da in-
Auditoria das dívidas públicas;
dependência e autonomia dos sindicatos;
Reforma tributária com a taxação das
Em defesa da CNTE e da unidade dos tra-
grandes fortunas;
balhadores em educação e manter rela-
Demarcação das terras indígenas e titu-
ção orgânica com a mesma.
Pauta Pedagógica: Contra o Projeto Escola Sem Partido: por
apoio à inclusão em detrimento da con-
uma Educação Plural e Democrática;
tratação de estagiários;
Discussão democrática da Base Nacional
Debate sobre os índices de rendimento
Comum Curricular;
escolar, tais como IDEB e Prova Curitiba;
Luta pela educação Pública, Laica, Uni-
Revisão e debate sobre os pareceres tri-
versal e de Qualidade;
mestrais de resultados dos estudantes;
Lutar pela garantia de tempo integral
Debate sobre o Ciclo de aprendizagem e
nos CMEIs;
regime de organização por série;
Pela manutenção do atendimento dos
Defesa do Plano Municipal de Educação
anos finais do Ensino Fundamental das
de Curitiba;
matrículas existentes;
Redução do número de estudantes
Contratação imediata de profissionais de
por turma;
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Congresso do Sismmac
67
Ampliação e revisão do porte das escolas;
e Educação Especial;
Manutenção do terço de hora-atividade;
Por reformas e construções de novos
Manutenção da licença-prêmio;
prédios escolares;
Política concreta de apoio à inclusão;
Descongelamento de plano carreira e
Ampliação das vagas nos CMAEES, AEE’s
data-base dos servidores;
FORMAÇÃO: Retomada do debate da pauta pedagó-
espaços deliberativos sobre os movi-
gica pelo SISMMAC;
mentos sociais que estamos contribuin-
Lutar por condições concretas de traba-
do financeiramente;
lho pedagógico, como formação e orga-
Organizar visitas sistemáticas e qualifica-
nização da categoria;
das aos locais de trabalho,
Promoção de seminários para debate de
Valorizar o representante da categoria
Propostas Pedagógicas que possam con-
por local de trabalho, dando autonomia
tribuir na qualidade da educação pública;
e formação para ampliar o debate e diá-
Criação de um grupo de estudos de pes-
logo com a base;
quisa e análise sobre as Políticas Educa-
Compromisso com a liberdade e a auto-
cionais;
nomia sindical frente aos governos, ao
Participação do Sismmac na CONAPE –
Estado e aos partidos;
Conferência Nacional Popular de Educa-
Garantia de plena expressão das corren-
ção; Educação Inclusiva com responsabi-
tes de pensamento que compõem o ma-
lidade e qualidade;
gistério municipal;
Combate a perseguição política, o assédio
Formação continuada em horários al
moral e sexual em qualquer instância;
ternativos sobre o plano de carreira que
Defender a EJA como direito e com con-
será revisto em 2019;
dições adequadas à permanência do
Promover o diálogo com os outros sindi-
educando;
catos presentes no município, unifican-
Discutir periodicamente sobre as centrais
do as lutas gerais;
sindicais e futuramente a filiação a uma
Publicação de jornais, revistas, mídias di-
central sindical, criando uma política de
gitais e outros materiais de divulgação
formação sindical para toda a categoria;
das ações do Sismmac e da categoria,
Ampliar a discussão com a categoria no
com regularidade e distribuição efetiva
conselho de representantes e demais
nos locais de trabalho;
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Congresso do Sismmac
Participar e dar apoio à participação da
Fomentar junto a PMC programas de
categoria no CME (Conselho Municipal
preparo físico e mental, aprendizagem
de Educação), Conselho do FUNDEB,
de língua estrangeira;
CAE (Conselho de Alimentação Escolar),
Promover palestras, discussões de temas
Conselho do IPMC e ICS;
diversos que desenvolvam a capacidade
Realização constante de Assembleias da
de análise e crítica, propondo situações
categoria para dar voz à base nas deci-
de mudança e para o coletivo;
sões do Sindicato;
Buscar junto a PMC programas que edu-
Defender que o IPMC, na retomada de
quem o aposentado/a para uma vida in-
composição de receitas para garantir as
dependente, capacitando-o para a longe-
aposentadorias e Conselho Paritário; par-
vidade que não deve ser vista como um
ticipar regularmente do seu Conselho.
problema, mas como uma oportunidade,
Garantir um jurídico forte e organizado
desafio e ciclo de vida para todos/as;
para dar continuidade às ações judiciais;
Contra qualquer tipo de discriminação (ét-
Criar uma política de formação sindical
nica, gênero, religiosa ou orientação sexual);
para toda a categoria;
Apoio à luta do movimento negro;
Contratação permanente dos serviços
Contribuir para que o Município fortale-
do DIEESE;
ça políticas para igualar a escolaridade
Garantir e fortalecer o coletivo dos/as
média entre negros e não negros decla-
aposentados/as
rados à Fundação Instituto Brasileiro de
Reformular o Estatuto do Sismmac,
Geografia e Estatística (IBGE);
criando a Secretaria dos/as Aposentados/
Realizar um diagnóstico para levantar o
as e a Secretaria de Assuntos Previdenci-
número de negros no Município;
ários, IPMC e ICS;
Fomentar uma política pública de per-
Participação efetiva no Conselho Muni-
manência, fortalecimento e garantia de
cipal do Idoso, para amparo aos profes-
aprendizagem da população negra na
sores/as aposentados/as em situação de
Educação Básica do Município;
risco ou abandono;
Implementação e fiscalização do estudo
Formação política e diversificada consi-
da lei nº 10.639/03 e 11.645/08;
derando as necessidades dos/as aposen-
Lutar pelo combate de todas as formas
tados/as. Exemplo: Novas tecnologias, re-
de discriminação nos diversos documen-
des sociais, entre outras.
tos e equipamentos municipais.
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referências: ANTUNES, R. C.; O que é sindicalismo? 6ª Ed. São Paulo: Brasiliense, 1980. ARANHA, M. L. A.; História da Educação e da Pedagogia. 3ª Ed. São Paulo: Moderna, 2006. AZEVEDO, Sérgio de; Políticas públicas: discutindo modelos e alguns problemas de implementação. In: SANTOS JÚNIOR, Orlando A. Dos (et. al.). Políticas públicas e gestão local: programa interdisciplinar de capacitação de conselheiros municipais. Rio de Janeiro: FASE, 2003. BRASIL. Lei 10.639, de 9 de janeiro de 2003. D.O.U. DE 10/01/2003. BRASIL, MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Parecer CNE/CP 3/2004, de 10 demarco de 2004. BRASIL. Lei n.13.005, de 25 de junho de 2014. Aprova o Plano Nacional de Educação – PNE e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF., 26 jun 2014. BRASIL. LDB: Diretrizes e Bases da Educação Nacional: Lei 9.394, de 1996 que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. 2. ed. Brasília: Câmara dos Deputados: Coordenação de Publicação, 1996. BRASIL. Lei Nº 9.424, de 24 de dezembro de 1996. Dispõe sobre o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério, na forma prevista no art. 60 do ADCT, e dá outras providências. BRASIL. Congresso Nacional. Lei nº 11.738, de 16 de julho de 2008. Regulamenta a alínea “e” do inciso III do caput do art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, para instituir o piso salarial profissional nacional para os profissionais do magistério público da educação básica. Brasília: DF, 2008 CARDOSO, A.; A construção da sociedade do trabalho no Brasil. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2010. ESCOURA, Michele. Diferentes Não Desiguais. A questão de gênero na escola. Grupo Companhia das letras,2016
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FERREIRA, JR. A.; O novo sindicalismo e os Docentes; In: OLIVEIRA, D.A.; DUARTE, A. C.; FRAGA, L. V.; Dicionário: Trabalho, profissão e condição docente; GESTRADO: UFMG, 2010. FERNANDES, F.; A Revolução Burguesa no Brasil; 5ª Ed. São Paulo: Globo, 2006 HENRIQUES, R. Silêncio- O canto da desigualdade racial. In RUFINO, A. Et alli. Racismos contemporâneos. Rio de Janeiro: Takano, 2003. HYPÒLITO. A, L, M; Trabalho docente e o novo Plano Nacional de Educação: Valorização, Formação e Condições de trabalho. Cad. Cedes, Campinas, v. 35, n. 97, p. 517-534, set.-dez., 2015 disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ccedes/v35n97/1678-7110-ccedes-35-97-00517.pdf; LIBÂNEO, J. C.; OLIVEIRA, J. F.; TOSCHI, M. S. Educação Escolar: políticas, Ministério da Educação/ Secretaria da Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade.- Orientações e Ações para a Educação das Relações Étnico-Raciais.-Brasília:SECAD,2006. MARX, K.; O capital: crítica da economia política; livro primeiro o processo de produção do capital São Paulo: Nova Cultural, 1996. SIMÃO, A.; Sindicato e Estado; São Paulo: Ática, 1981.
Assinam a Tese: Adaisi do Rocio de Paula Cordeir (professora aposentada da EM Papa João XXIII), Adevaldo Francisco da Silva (CAIC BN), Alda Monteiro Sampaio (Câmara de Vereadores), Aline Chalaus Vernick Carissimi (Escola Municipal Rio Negro), Ana Denise de Oliveira (Escola Municipal Papa João XXIII), André Batista dos Santos (Escola Municipal João Amazonas), Andréa dos Reis Ramos (EM Piratini), Angela Maria de Castro (Escola Municipal Dona Pompília), Aramilda do Rocio de Antonio Martins (professora aposentada), Beatriz Schelbauer do Padro Gabardo (EM Germano Paciornik), Clarice Maria Raimundo (EM Albert Schweitzer), Claudia Senra Caramez (EM Papa João XXIII), Doniasol Vanessa Sloboda (CAIC Bairro Novo), Douglas Danilo Ditrich (EM Nivaldo Braga), Edna Ap de Almeida Kikina (EM Newton Borges), Elecy Maria Luvizon (professora aposentada – CEI José Lamartine), Ivete Maria Zanette (professora aposentada CEI José Lamartine e EM Herley Mehl), Janaina Rocha dos Santos Laforce (EM D Manuel da Silveira D’ Elboux), Jucelia de Jesus Seixa (professora aposentada do CEI Francisco Frichmann), Karine Simone Becker (EM Rio Bonito), Lorici Kuhn Corsi (CEI Monteiro Lobato), Patrícia Tavares (EM Newton Borges), Patrick Leandro Baptista (EM Alber Schweitzer), Kathleen Schmidlin Marczynski (EM Joaquim Távora), Maria José de Souza (EM CEI Jose Lamartine), Marilu Lúcia César Ferreira (professora aposentada EM Durival de Brito), Marina Godoy (EM Prof Erasmo Piloto), Miguel Angel A. Baez (CEI Francisco Klemtz), Marcela Alves Bonfim (EM Professor Brandão), Maria Cecília Alves Simões Ferreira (EM São Luiz), Maristela Meira Goinski (EM João Amazonas), Maria Luciana dos Reis Ramos (EM Professor Francisco Hubert), Mirian Bialli (EM Papa João XXIII), Monica França (EM Professor Guilherme Butler), Rosana Silva Pereira (EM Otto Bracarense Costa), Rosemari Ribas Bertaia (professora aposentada – CEI Monteiro Lobato), Sandra Godoy Maestrelli (EM Joana Raksa), Sandra Regina Tissot do Herval Silva (professora Aposentada – Escola Papa João XXIII), Simeri de Fatima Ribas Calisto (EM Rio Bonito), Silvane dos Santos (EM João Amazonas), Tania Izolina Chupel Zene Ribeiro (EM Vila Torres), Vilma Aparecida Ramos (CEI José Cavallin), Vilma dos Santos Costa (EM Professor Erasmo Piloto).
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Regimento do XII Congresso do SISMMAC Artigo ciparão
1º - No XII Congresso particongressistas
delegados(as)
e
ria e/ou comissão organizadora com direito à voz e sem direito a voto.
observadores(as), na forma do Regulamento
Artigo 5º - A identificação do(a) congres-
do XII Congresso credenciados até as 13h30
sista e dos(as) observadores(as), durante os
do dia 30 de novembro de 2018.
trabalhos do XII Congresso, será feita me-
§ Único: Os suplentes serão credenciados em substituição aos delegados(as) efetivos(as) 2º
-
São
Artigo 6º - O XII Congresso contará com plenária de abertura, mesa de debate, gru-
até às 11h do dia 30 de novembro de 2018. Artigo
diante crachá de identificação.
congressistas
pos de trabalho e plenária final.
delegados(as), conforme o Regulamento do
Artigo 7º - As mesas de debate e as plená-
XII Congresso, com direito à voz e voto nos
rias terão uma mesa coordenadora indicada
trabalhos do Congresso, os profissionais do
pela comissão organizadora e será compos-
magistério eleitos(as):
ta por um(a) coordenador(a) e no máximo
I – Nas assembleias nos locais de trabalho
dois(duas) secretários(as). Artigo 8º - Aos coordenadores da mesa
até o dia 7 de novembro de 2018; de
dos trabalhos caberá conduzir os debates e
aposentados(as) ou licenciados(as) do dia 7
cumprir e fazer cumprir o Regulamento do
de novembro de 2018, nos termos do pará-
XII Congresso e este Regimento.
II
–
Nas
assembleias
específicas
grafo 4º do artigo 5º do Regulamento do XII
§ Único: Quando o coordenador(a) desejar debater qualquer assunto, deverá passar
Congresso do SISMMAC; III – membros da diretoria executiva, suplentes da executiva e conselho fiscal.
a coordenação dos trabalhos a um dos componentes da mesa.
congressistas
Artigo 9º - Após a instalação dos grupos
observadores(as) os profissionais do magistério
de trabalho seus membros elegerão um
do município de Curitiba, credenciados junto à
relator(a) que comporá a mesa dos trabalhos
comissão organizadora, com direito à voz nos
dos grupos, junto ao coordenador indicado
trabalhos do Congresso e sem direito a voto.
pela comissão organizadora.
Artigo
3º
-
São
Artigo 4º - No XII Congresso poderão par-
Artigo 10º – Os eixos Análise de Conjun-
ticipar como observadores(as) outros(as)
tura e Análise do Movimento Sindical serão
trabalhadores(as) convidados(as) pela direto-
debatidos na plenária de abertura, ficando
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os encaminhamentos a serem apreciados na
alização do debate das exposições. A abertura
plenária final.
de novas inscrições poderá ser reavaliada na
Artigo 11º – O eixo de Programa de Trabalho do Sindicato será debatido na Mesa de Debate e nos Grupos de Trabalho.
própria plenária. Artigo 16º - As propostas realizadas nos grupos ou na plenária final terão uma inter-
§ Único: Os grupos de trabalho deverão
venção a favor e uma contra. As questões
debater sobre o eixo Programa de Trabalho
consideradas polêmicas pela maioria dos
do Sindicato com base nos encaminhamen-
congressistas deverão ter duas intervenções
tos contidos nas teses inscritas para o XII
a favor e duas contra.
Congresso SISMMAC.
§ 1º - A sistemática no momento das de-
Artigo 12º – A comissão de sistematização
fesas será a seguinte: em primeiro lugar fala
receberá propostas para a plenária final du-
aquele(a) que propõe a mudança na pro-
rante o trabalho dos grupos até às 11h30 do
posta, na sequência fala aquele(a) que quer
dia 1º de dezembro de 2018.
manter o texto original.
Artigo 13º – Os trabalhos da plenária final
§ 2º - Quando o(a) coordenador(a) dos
serão baseados no caderno de emendas, que
grupos ou da plenária final abrir espaço para
conterá as propostas apresentadas no Ca-
intervenção de defesa, e não houver inscri-
derno de Teses e as demais aprovadas nos
ção contrária, a proposta deve ser colocada
respectivos grupos de trabalho por pelo me-
em votação.
nos 20% (vinte por cento) dos votos. Artigo 14º – O tempo de intervenção nas plenárias e nos grupos é de três minutos prorrogáveis por mais um. Artigo 15º - A plenária de abertura, que
Artigo 17º - As votações, nos GTs e na plenária final, dar-se-ão da seguinte forma: a) Cada delegado(a) terá direito a 01 (um) voto, nos termos do artigo 12º do Regulamento do Congresso;
abarcará os eixos Análise de Conjuntura e
b) As votações serão feitas mediante o le-
Análise do Movimento Sindical, e a mesa
vantamento dos cartões de votação dos(as)
de debate, que tratará do eixo Programa de
delegados(as);
Trabalho do Sindicato, funcionarão da seguinte forma:
c) A aprovação de proposta será por maioria simples dos votos;
a) Uma hora e meia para apresentação
d) O delegado que desejar fazer declara-
das teses. Cada fala poderá ser feita por
ção de voto deverá se abster da votação e
um ou mais debatedores, dentro do tem-
apresentar o crachá para a mesa coordena-
po estipulado.
dora após a votação. O delegado terá 1 (um)
b) Após todas as falas, serão abertas ins-
minuto para fazer a declaração de voto;
crições para delegados(as) e observadores(as)
e) Em caso de dúvidas, a mesa refará a vo-
com o tempo de três minutos prorrogáveis por
tação. Se a dúvida persistir, a mesa procederá
mais um. Garantindo uma hora e meia para re-
a contagem de votos;
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f) Não serão aceitas questões de ordem,
nária final apenas as moções que obtive-
esclarecimentos ou encaminhamentos du-
rem no mínimo a assinatura de 10% dos(as)
rante o regime de votação;
delegados(as) do Congresso.
g) Em caso de empate, será aberta mais
§ 2º - Serão consideradas aprovadas as
uma fala para cada posição e posteriormente
moções que obtiverem maioria simples de
será refeita a votação;
votos dos(as) delegados(as) na plenária final.
Artigo 18º - As moções deverão ser apre-
Artigo 19º - Os casos omissos serão resolvi-
sentadas para a comissão organizadora até
dos pela comissão organizadora e, em última
as 11h30 do dia 1º de dezembro de 2018.
instância, pela plenária final do Congresso.
§ 1º Serão submetidas à aprovação na ple-
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SISMMAC SINDICATO DOS SERVIDORES DO MAGISTร RIO MUNICIPAL DE CURITIBA Rua Nunes Machado, 1577 | Rebouรงas | Curitiba/PR Fone: (41) 3225-6729 | www.sismmac.org.br