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ISSN 2178-5781

Ano XIII | 213 | Março 2013

Cana a perder de vista Aumento do álcool anidro na gasolina eleva produção de etanol

Estudo da terra

Análise do solo auxilia produtores a aumentarem produtividade

Lagartas destruidoras Pragas modificam comportamento para devastar lavouras


FAEG/SENAR E SEBRAE GOIÁS: JUNTOS A GENTE CRESCE MAIS

E MELHOR.

O Sebrae Goiás e o Sistema FAEG/SENAR trabalham juntos pelo desenvolvimento sustentável dos pequenos produtores rurais. Projetos como o PER (Programa Empreendedor Rural) e o Negócio Certo Rural levam cada vez mais conhecimento e tecnologia para as famílias diretamente em suas propriedades, promovendo a autoconfiança do trabalhador rural e mais prosperidade para os negócios no campo. Unindo forças e somando experiências, a gente realiza juntos os sonhos de cada um e ajuda a construir um país cada vez melhor e mais justo a partir do nosso Estado. Participe você também de nossas atividades!

Cursos de capacitação, consultorias, treinamentos e muito mais... Tratamentos para trabalhadores rurais Técnicas de produção e fabricação de produtos lácteos Saúde e nutrição animal Tecnologias no manejo de animais Produção e tecnologias em alimentos

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PALAVRA DO PRESIDENTE

CAMPO A revista Campo é uma publicação da Federação da

Mais diversificação, menos problemas

Agricultura e Pecuária de Goiás (FAEG) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR Goiás), produzida pela Gerência de Comunicação Integrada do Sistema FAEG/SENAR, com distribuição gratuita aos seus associados. Os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores.

CONSELHO EDITORIAL Bartolomeu Braz Pereira; Claudinei Rigonatto; Eurípedes Bassamurfo da Costa; Marcelo Martins Editores: Francila Calica (01996/GO) e Rhudy Crysthian (02080/GO) Reportagem: Rhudy Crysthian (02080/GO) e Leydiane Alves Fotografia: Jana Tomazelli Techio, Gutiérisson Azidon Revisão: Cleiber Di Ribeiro (2227/GO) Diagramação: Rowan Marketing Impressão: Gráfica Talento Tiragem: 12.500 Comercial: (62) 3096-2200 revistacampo@faeg.com.br

DIRETORIA FAEG Presidente: José Mário Schreiner Vice-presidentes: Mozart Carvalho de Assis; José Manoel Caixeta Haun. Vice-Presidentes Institucionais: Bartolomeu Braz Pereira, Estrogildo Ferreira dos Anjos. Vice-Presidentes Administrativos: Eurípedes Bassamurfo da Costa, Nelcy Palhares Ribeiro. Suplentes: Wanderley Rodrigues de Siqueira, Flávio Faedo, Daniel Klüppel Carrara, Justino Felício Perius, Antônio Anselmo de Freitas, Arthur Barros Filhos, Osvaldo Moreira Guimarães. Conselho Fiscal: Rômulo Pereira da Costa, Vilmar Rodrigues da Rocha, Antônio Roque da Silva Prates Filho, César Savini Neto, Leonardo Ribeiro. Suplentes: Arno Bruno Weis, Pedro da Conceição Gontijo Santos, Margareth Alves Irineu Luciano, Wagner Marchesi, Jânio Erasmo Vicente. Delegados representantes: Alécio Maróstica, Dirceu Cortez. Suplentes: Lauro Sampaio Xavier de Oliveira, Walter Vieira de Rezende.

CONSELHO ADMINISTRATIVO SENAR Presidente: José Mário Schreiner Titulares: Daniel Klüppel Carrara, Elias D’Ângelo Borges, Osvaldo Moreira Guimarães, Tiago Freitas de Mendonça.

A produção de cana-de-açúcar da safra 2013/2014 deve chegar a 653,81 milhões de toneladas, com um aumento de 11% sobre as 588,92 milhões de toneladas da temporada passada, segundo o último levantamento nacional da Conab. A normalização climática que favoreceu os canaviais aqui da região Centro-Sul, a desoneração de tributos que incidem sobre o etanol e a confirmação do aumento da presença do álcool anidro como componente da gasolina sinaliza um cenário de boas expectativas para o setor. O grande problema ainda está relacionado a questões mercadológicas e à falta de políticas públicas inerentes ao bom andamento do setor sucroalcooleiro. Houve aumento da produção de açúcar das indústrias em detrimento da baixa margem de ganho do etanol, ocorrido em função da falta de competitividade do biocombustível em relação à gasolina, em quase todo o País. Além disso, há um excedente de cana-de-açúcar este ano, já que não houve a moagem integral da cultura. Portanto, a palavra de ordem é diversificação. O ideal é manter outras atividades integradas à cana-de-açúcar, como soja, gado de leite e corte. Ser um fornecedor de cana para usinas ao contrário de arrendar a terra também é o ideal. Caso seja um produtor que estiver começando na atividade, a recomendação é criar sistemas de parcerias com associações ou cooperativas próximas à região. Com aptidão para a lida com a terra, o produtor rural consegue aumentar em até 20% a produtividade se comparada à indústria.

Suplentes: Bartolomeu Braz Pereira, Silvano José da Silva, Alair Luiz dos Santos, Elias Mourão Junior, Joaquim Saêta Filho. Conselho Fiscal: Maria das Graças Borges Silva, Edmar Duarte Vilela, Sandra Pereira Faria do Carmo. Suplentes: Henrique Marques de Almeida, Wanessa Parreira Carvalho Serafim, Antônio Borges Moreira. Conselho Consultivo: Bairon Pereira Araújo, Maria José Del Peloso, Heberson Alcântara, José Manoel Caixeta Haun, Sônia Maria Domingos

Alexandre Cerqueira

Fernandes. Suplentes: Theldo Emrich, Carlos Magri Ferreira, Valdivino Vieira da Silva, Antônio Sêneca do Nascimento, Glauce Mônica Vilela Souza. Superintendente: Marcelo Martins FAEG - SENAR Rua 87 nº 662, Setor Sul CEP: 74.093-300 Goiânia - Goiás Fone: (62) 3096-2200 Fax: (62) 3096-2222 Site: www.sistemafaeg.com.br

José Mário Schreiner Presidente do Sistema FAEG/SENAR

E-mail: faeg@faeg.com.br Fone: (62) 3545-2600- Fax: (62) 3545-2601 Site: www.senargo.org.br E-mail: senar@senargo.org.br

Para receber a Campo envie o endereço de entrega para o e-mail: revistacampo@faeg.com.br. Para falar com a redação ligue: (62) 3096-2208 - (62) 3096-2248 (62) 3096-2115.

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Jana Tomazelli

PAINEL CENTRAL

Tecnologia na terra

16 GuƟérisson Azidon

Produtores como Givanildo Batista não dispensam análise do solo para melhorar produtividade.

Pragas quase invisíveis

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Lagartas mudam comportamento natural e intensificam ataques a culturas como soja, milho e algodão.

Empreender para crescer

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O produtor de Paraúna, Carlos Roberto, mudou a gestão da propriedade após participar do Programa Empreendedor Rural e hoje comemora os resultados.

Educação Rural

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Jovens como Luiz Antônio e Cleidson da Silva que concluíram o Pronatec do Senar esperam melhorar de vida com uma profissão.

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Jana Tomazelliv

Mais cana plantada

Agenda Rural

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Fique Sabendo

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Delícias do Campo

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Campo Aberto

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Treinamentos e cursos do Senar

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Apesar da alta produtividade e investimentos em renovações de canaviais, produtores de cana-de-açúcar, como Paulo Henrique, de Goiatuba, estão apreensivos.

O produtor fornecedor de cana-de-açúcar, Joaquim Sardinha aposta na cultura. Foto produzida por Jana Tomazelli.

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Empreender para crescer

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O produtor de Paraúna, Carlos Roberto, mudou a gestão da propriedade após participar do Programa Empreendedor Rural e hoje comemora os resultados.

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AGENDA RURAL

24 DE ABRIL Os 10 mais do PIB Hora: 9h Local: Sede da Faeg, Goiânia Informações: (62) 3096-2200

08 a 12/04

12 e 13/04

22 à 26/04

Tecnoshow Comigo 2013 Hora: das 8h às 18h Local: Centro Tecnológico Comigo, Rio Verde Informações: (64) 3611-1500

Seminário de atualização do programa Campo em Ordem Hora: A partir das 8h Local: sede da Faeg, Goiânia Informações: (62) 3096-2208

Formação da 2° turma de professores multiplicadores do Agrinho 2013 Hora: A partir das 8h Local: sede da Faeg, Goiânia Informações: (62) 3096-2208

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FIQUE SABENDO REGISTRO

Emater ganha veículos Jana Tomazelli

Divulgação

ARMAZÉM

Solo, planta e atmosfera

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O presidente da Faeg, José Mário Schreiner (à esquerda na foto), participou, no dia 06 de março da entrega de 172 veículos à Emater, realizada pelo governador do estado de Goiás, Marconi Perillo, em Goiânia. Além dos veículos, a Agência adquiriu 154 kits de mobiliários, 100 aparelhos de telefone fixos, 100 GPSs e 27 notebooks. “Essa ação do governo, propiciará a extensão rural a todo o estado de Goiás”, analisa.

O governador Marconi Perillo enalteceu a série de investimentos feitos para melhor equipar os órgãos essenciais para o desenvolvimento agrícola do Estado. Para o presidente da Emater, Luís Humberto de Oliveira Guimarães, a aquisição histórica anunciada representa uma vitória para o órgão, que tem se empenhado em ampliar a assistência técnica e extensão rural pelo Estado afora.

PESQUISA

Duas novas variedades de mandioca Depois de sete anos de estudo, pesquisadores do Paraná desenvolveram a variedade IPR União. Ela combina com clima seco e solo arenoso, é voltada para a indústria por ser ideal para a produção de farinha e fécula de mandioca. Tem 20% a mais de amido e, na prática, é mais lucrativa para o produtor. Outro lançamento é a IPR Upira. A versão é mais resistente à pragas, como a mosca do broto. Esta variedade leva menos tempo para cozinhar, em média 20 minutos, enquanto as tradicionais demoram meia hora, 40 minutos. Ou-

tra diferença é o sabor, mais adocicado, e a consistência é firme. Se frita, a mandioca fica mais sequinha, mais crocante. A raiz tem um tom amarelado porque tem mais betacaroteno. As duas cultivares estão em fase de registro no Ministério da Agricultura. A previsão é que sejam liberadas para comercialização até o fim do ano.

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ShuƩerstock

Em sua segunda edição a obra apresenta os conceitos mais importantes para a compreensão da dinâmica de funcionamento dos agroecossistemas. Aborda assuntos práticos, principalmente aqueles relacionados ao ciclo da água na agricultura, aspectos de nutrição de plantas, agrometeorologia e balanços de energia. O livro parte de uma base introdutória facilmente acessível e sem requerer muitos conceitos prévios sobre solos, plantas e atmosfera, e alcança um tratamento avançado do assunto, chegando à fronteira do conhecimento nas áreas de agronomia, ciência do solo e ecologia. Como os assuntos abordados evoluem no texto, a obra também passa a ser de interesse para a pós-graduação e para profissionais e especialistas que procuram uma síntese sobre aspectos concretos do sistema solo-planta-atmosfera. Vários assuntos científicos são levados até a fronteira da pesquisa agronômica. Com conteúdo compreensível e equilibrado, inclui índice temático sobre os principais conceitos e processos, além de extensa lista de referências bibliográficas, o que faz dele também uma eficiente obra de consulta. O livro pode ser encontrado em qualquer livraria e custa em média R$ 80.

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MERCADO E PRODUTO

Como sustentar o crescimento sem energia Bartolomeu Braz Pereira | bartolomeu@faeg.com.br

Jana Tomazelli

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Bartolomeu Braz Pereira é produtor rural e vice-presidente institucional da Faeg.

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m 2006, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou a segregação das atividades da Companhia Energética de Goiás (Celg), com a companhia de distribuição da Celg Distribuição S.A. e com a subsidiária de geração e transmissão a Celg Geração e Transmissão S.A, tornando-as subsidiárias da Companhia Celg de Participações - CELGPAR. A CELGPAR era uma sociedade de economia mista e de capital autorizado, cujos acionistas são o Estado de Goiás, que possui 99,70% do capital, a Eletrobrás, municípios e investidores privados. Em dezembro 2011, por meio da lei 17.495/11, o Governo de Goiás autorizou alienar 51% das ações integralizadas do capital social da Celg Distribuição (CELG D), que são controladas pela Eletrobrás. Em julho de 2012, a lei 12.688/12, fez com que o Governo Federal autorizasse a aquisição do controle acionário da Celg Distribuição, permitindo a Eletrobrás adquirir, no mínimo, 51% das ações ordinárias com direito a voto. Com esta aquisição, foi possível pagar todas as dívidas da Celg, porém, não houve investimento. Quando foi assinado o acordo entre os acionistas, foi prometido investimento de R$ 200 milhões em 2012 destinado à Companhia, e também ficou previsto que esse valor chegaria a R$ 1 bilhão dentro de cinco anos, mas não foi o

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que não aconteceu. O problema está na má distribuição de energia, pois o Estado gera em torno de 30 mil MWh, mas utiliza apenas 10.530 mil MWh, ou seja, pouco mais de 30%, destinando 14.644 mil MWh à exportação. Vale ressaltar que Goiás tem a quarta maior capacidade de geração de energia do Brasil, com 8% do total da produção deste país. O setor sucroenergético, por meio das agroindústrias dispõe de uma tecnologia que seria capaz de gerar energia da queima do bagaço da cana, se tivesse em sua infraestrutura uma rede de transmissão de energia. Com isso, é desperdiçada a produção de 600 MWh, 75 MWh abastece uma cidade de aproximadamente 500 mil habitantes. A maioria dos armazéns de grãos do Estado ou trabalham com geradores, ou deixam a produção estragando dentro dos caminhões, fazendo com que aumentem os custos para o produtor e para o consumidor, sempre os mais prejudicados. Até a irrigação que Goiás tem de melhor, só fica no empreendedorismo dos arrojados produtores, pois os mesmos usam suas infraestruturas privadas, fazendo com que a economia de seu município se tornem verdadeiras potências nacionais. Os produtores integrados de aves e suínos não conseguem energia para abastecer seus criadouros e, com isso, preciso

comprar geradores, que aumentam o custo da produção, fazem o produtor perder competitividade e traz riscos à sustentabilidade de seus investimentos. Na produção de leite o prejuízo é maior, porque a maioria dos produtores está vivendo com renda negativa e mal tem condições de investir em estruturas de geração de energia. Várias propriedades do Estado passam até oito dias sem luz elétrica, pela simples falta de manutenção nas linhas de transmissão. Hoje, os pequenos produtores não sonham mais com televisão, geladeira, máquina de lavar roupa e outros eletrodomésticos, mas sim com a aquisição de geradores de energia. Já a população urbana vive um conflito nos altos edifícios, pois com a falta de energia, os moradores precisam subir de escadas. O comércio também passa por verdadeiro caos, devido à grande quantidade de apagões ocorridos, que passaram de 22 horas em 2011 para 35 em 2012. Ao abrirmos as páginas de jornal, assistimos brigas de gestores defendendo com honras suas ações, mas os mesmos não se preocupam em solucionar o futuro da Celg. É preciso que se tenham investimentos para sustentar o crescimento que o Estado já alcançou que os gestores observem que se não agirem rápidos, seremos mais uma vez um Estado sem Homens de visão. www.sistemafaeg.com.br



AÇÃO SINDICAL FORMOSA

Tatersal ganha nome de líder classista

INDIARA

Jana Tomazelli

Sindicato reelege presidente O Sindicato Rural de Indiara realizou eleição para definir diretoria do triênio 2013-2015. A votação ocorreu no dia 21 de março, na sede da entidade. Para este pleito concorreu uma chapa única encabeçada pelo presidente atual do Sindicato, Henrique Marques de Almeida. O cargo de vice-presidente ficou para Antônio Maurício Montagno Faria. Para secretária e tesoureiro foram escolhidos, Joana Darc Rodrigues e Rander Vieira de Souza, respectivamente.

PIRACANJUBA

GuƟérisson Azidon

Balde Cheio capacita 27 novos técnicos

Jana Tomazelli

Foi inaugurado no dia 23 de fevereiro, em Formosa, tatersal de leilões em homenagem ao pecuarista e ex-presidente do Sindicato Rural de Formosa, William Nessralla. A solenidade recebeu a presença do vice-governador de Goiás, José Éliton (Foto); do presidente do Sistema Faeg/Senar, José Mário Schreiner e do prefeito do município, Itamar Barreto.

MORRINHOS

Seminário de Legislação Trabalhista O Sistema Faeg/Senar, em parceria com o Sindileite e suas afiliadas, realizou, no dia 18 de fevereiro, o encontro técnico do Programa Balde Cheio. A capacitação realizada no Centro de Treinamento Piracanjuba Pró-Campo, em Bela Vista de Goiás e contou com a participação de 27 novos técnicos. Segundo o chefe do departamento técnico do Senar, Flávio Henrique Silva, os participantes foram selecionados para desenvolver um modelo de assistência técnica, junto aos produtores de leite do Estado.

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O Sistema Faeg/Senar realizou, no dia 22 de fevereiro, em Morrinhos, a primeira rodada do Seminário Regional de Legislação Trabalhista. Ao longo do ano, serão realizados 13 encontros nos municípios goianos. O objetivo é detalhar a legislação e destacar como o Senar contribui para a capacitação de mão de obra gratuita aos trabalhadores e produtores rurais. Segundo a advogada da Faeg, Rosirene Curado, a intenção é levar aos participantes informações sobre seus direitos.

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INACIOLÂNDIA

GUAPÓ

sindicato tem reeleição Sindicato Rural de Guapó

Sindicato Rural de Inaciolândia

Fachada nova

O Sindicato Rural de Inaciolândia está de cara nova. A entidade está com a fachada dentro dos padrões recomendados pelo Sistema Faeg/Senar. Com uma fachada mais moderna e arrojada, a entidade espera estar mais próxima do produtor rural e se comunicar melhor visualmente com a comunidade do município.

CABECEIRAS

Sindicato Rural de Cabeceiras

Sindicato quer mais energia elétrica

Sindicato de Produtores Rurais de Guapó realizou cerimônia de posse da nova diretoria, no último dia 28 de fevereiro. Tomaram posse Maria das Graças Borges como presidente reeleita; seguido de Vanderley Fávero como vice-presidente; Marcos Bento vice-presidente institucional e Maria Zélia Carvalhaes como vice-presidente financeira. O Sistema Faeg/Senar foi representado pelo vicepresidente institucional, Bartolomeu Braz Pereira que falou da importância de se constituir uma diretoria forte e representativa. (Colaborou: Antelmo Teixeira)

RIO VERDE

Sindicato discute atrações da 55° Exposição Agropecuária O Sindicato Rural de Cabeceiras realizou no dia 21 de fevereiro, na sede da entidade, uma reunião com representantes da Celg para discutir assuntos relacionados a um acréscimo na capacidade de fornecimento de energia elétrica para a cidade. Alguns produtores da região afirmam já terem feito investimentos na construção de barragens e aguardam a maior oferta de energia para a viabilização do projeto.

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A diretoria do Sindicato Rural de Rio Verde tem se reunido constantemente para discutir e programar a 55ª Exposição Agropecuária de Rio Verde, que esse ano será realizada de 12 a 22 de julho. A Exposição Agropecuária de Rio Verde é destaque no país, tendo em sua programação grandes leilões, além de palestras técnicas, demonstrações de tecnologia e rodeio, que é recorde em premiações e considerado o “Melhor Rodeio em Touros do Brasil”. (Colaborou: Fabiana Sommer)

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Jana Tomazelli

PRONATEC Alunos do Pronatec do Senar da região de Silvânia comemoram término dos cursos

Salários no campo superam média da cidade Programa profissionaliza jovens de 15 a 18 anos. Com a maioridade, as oportunidades de ganhos podem chegar a cinco salários mínimos Leydiane Alves | leydiane@faeg.com.br

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onseguir o primeiro emprego e logo de início uma remuneração considerada excelente. Esse objetivo, que parece ser o sonho para muitos jovens, está se tornando realidade para os alunos que foram capacitados pelo Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) do Senar, em parceria com a Secretaria de Estado da Educação. Como no caso de Luiz An-

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tônio Eugênio, de 19 anos, que antes mesmo de terminar a capacitação, foi contratado para trabalhar como mecânico de tratores no município de Acreúna. O salário inicial do jovem será de R$ 1,2 mil ao mês, quantia que ele considera alta por se tratar do primeiro trabalho. “Antes de dar início ao curso de operador de máquinas agrícolas, não tinha expectativa de conseguir um

bom emprego, principalmente, pelo fato de residir no interior. Hoje, percebo que esse objetivo já faz parte da minha realidade”, acrescenta. Cleidson da Silva Freitas, de 17 anos, também é aluno do Pronatec e já almeja o mercado de trabalho. “Provavelmente com o término do ensino médio na rede pública estadual, estaria na lavoura ou no pasto. Agora, quero fazer faculdade. Aprendi que quando www.sistemafaeg.com.br


que, anteriormente, era de 12 e agora passou para 24”, conta.

se estuda antes de trabalhar, o jovem tem maiores chances de ingressar no mercado e conseguir uma boa remuneração”, avalia. O Pronatec do Senar capacitou 5.172 mil jovens em Goiás este ano que a partir de agora têm a oportunidade de ingressar no mercado de trabalho. As formaturas desses alunos foram realizadas em forma de encontros técnicos do Pronatec, no mês de março, nos municípios de Silvânia, Alexânia, Goianésia, Goiás e Mineiros. Segundo o presidente do Sistema Faeg/Senar, José Mário Schreiner, o Pronatec do Senar traz resultados expressivos, rápidos e práticos. “No ano passado conseguimos alcançar a nossa meta. Queremos agora aumentar esse número de alunos. E para conseguir o objetivo, já dobramos o número de cursos,

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GuƟérisson Azidon

Jovens José Mário destaca que pretende, com o Pronatec, oferecer aos jovens a oportunidade da qualificação técnica, fazendo com que os filhos de produtores voltem às suas propriedades ou consigam um emprego digno e que dê condições a eles de ter uma qualidade de vida. “Nós temos pesquisas que mostram que 58% dos filhos dos produtores não querem continuar no meio rural. E o Programa vem para mudar essa realidade. Dessa maneira queremos diminuir de forma significativa o êxodo rural”, garante. Para o presidente do Sistema Faeg/ Senar, essa é a maior oferta de vagas para a educação do campo no Brasil. “Trata-se de uma verdadeira revolução educacional na zona rural”, analisa. “Nossa preocupação é que esses alunos continuem com o trabalho no campo e possam estar qualificados

para a atividade que escolherem trabalhar”, diz. O Programa prova que trabalhar no interior pode ser muito mais atrativo do que na capital. Os salários são considerados altos, principalmente, por ser o primeiro para muitos jovens. Entre os cursos oferecidos, um dos que mais tem demandado mão de obra é o de Operador de Máquinas e Implementos Agrícolas. Em Acreúna, por exemplo, a empresa Casa do Pica Pau John Deere, contratou no último mês seis alunos que participaram da capacitação. O interesse por alunos do Pronatec não para por aí. Segundo dados do departamento técnico do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar Goiás), produtores rurais, empresas agropecuárias e revendedoras de máquinas agrícolas de todo o estado estão em busca desses alunos que participaram do Pronatec do Senar. São jovens que nunca tinham trabalhado e, agora, estão recebendo a oportunidade de começar em empresas grandes.

Os alunos do Pronatec do Senar, Luiz Antônio (à esq.) e Cleidson da Silva (à dir.) estão confiantes quanto ao seus futuros profissionais Março / 2013 CAMPO

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O Programa Com o objetivo de ensinar de forma gratuita uma profissão técnica aos estudantes do ensino médio da rede pública estadual de ensino que moram nas áreas urbanas e rurais de Goiás, foi criado o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) do Senar. As primeiras turmas formadas começaram as aulas no mês de

setembro de 2012. Ao total, já são 335 turmas, totalizando 5,2 mil alunos, em 158 municípios goianos. Esse número representa 98% das vagas oferecidas e 64% do estado profissionalizado. No Estado, o Pronatec para o campo está sendo coordenado pelo Senar Goiás, em parceria com a Secretaria de Estado da Educação. Sem deixar

de lado o estudo formal na escola regular, o Pronatec do Senar veio para oferecer qualificação profissional para os jovens oriundos do meio rural e também para aqueles que estão na cidade e vislumbram oportunidades de emprego e ganho real na agricultura e pecuária.

oferecidos 12, agora são 24 cursos disponibilizados aos alunos. O curso de suinocultor oferece 180 horas/aula e o equideocultor 240 horas, os demais têm uma carga horária de 160 horas. Os alunos da rede estadual de ensino interessados em participar do Pronatec devem procurar a direção da escola, que irá fazer a pré-inscrição

e repassar para Subsecretaria Regional de Educação. A Subsecretaria vai cadastrar esse aluno no sistema e o Senar será responsável por confirmar a inscrição. A partir desse ano, quem tiver interesse também pode se inscrever por meio do Centro de Referência de Assistência Social (Cras) do seu município.

Para participar A idade mínima para participar do Programa é de 15 anos e o aluno do ensino médio deve estar matriculado na escola de rede estadual. Somente os cursos de inseminador artificial e operador de máquina exigem idade mínima de 17 e 18 anos, respectivamente. Para o ano de 2013, o número de cursos dobrou. Anteriormente, eram

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TECNOLOGIA

Analisar o solo aumenta a produtividade ShuƩerstock

Especialistas defendem que conhecer bem a área que será trabalhada, como a disponibilidade de água e nutrientes no solo, é o primeiro passo para o sucesso da atividade Karina Ribeiro | revistacampo@faeg.com.br

Especial para Revista Campo

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onta pé inicial para o início de qualquer atividade agropecuária, a análise de solo está cada vez mais difundida entre produtores e o custo-benefício é satisfatório. A técnica pode ser considerada uma espécie de certificado que garante a utilização correta e precisa do solo. Sem essa análise, não se pode avaliar se um solo poderá suprir água e nutrientes necessários para o desenvolvimento da planta ou chegar a necessidade de suplementação dos nutrientes para a fertilização do solo. Enquanto alguns produtores não conseguem imaginar realizar qualquer tipo de trabalho agropecuário sem antes fazer a análise de solo, ainda existem aqueles que insistem em manter-se na atividade sem o emprego da tecnologia. Aos poucos, dizem

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técnicos e engenheiros, eles sucumbem aos resultados advindos do emprego da técnica. Para o engenheiro agrônomo e professor associado da Universidade Estadual Paulista (Unesp), José Eduardo Corá, a análise do solo é fundamental para o produtor rural alcançar elevada produtividade agrícola, com correta utilização dos fertilizantes, sem desperdício e agressão ao meio ambiente. “Ela é uma ferramenta fundamental que permite a utilização de práticas confiáveis de manejo de corretivos e de fertilizantes no processo de produção agrícola”, afirma. Ele ensina que quatro etapas compreendem a análise de solo: amostragem do solo, envio ao laboratório, análise do solo e interpretação dos resultados. Ele explica que a amostragem do solo é a www.sistemafaeg.com.br


Longe de riscos Para não correr risco de cometer quaisquer tipos de irregularidades, o produtor rural Givanildo Batista da Silva, prefere que a coleta de solo seja realizada por um técnico experiente. “É muito fácil levar problemas para o laboratório. A amostra correta é responsável por 95% do resultado”, afirma. O ideal, diz, é conhecer também os técnicos e o próprio laboratório. Ele planta 700 hectares de soja em propriedades localizadas em Senador Canedo e Piracanjuba. O produtor acredita que a utilização da análise de solo, ao longo dos últimos anos, permitiu aumento de produtividade de 20%. Com a utilização da análise de solo, a lavoura corresponde ano a ano. Saiu de uma produtividade média de 50 sacas por hectares e, paulatinamente, atinge hoje 60 sacas por hectare. “É considerada uma boa produtividade para a região”, explica. Ele acredita que a redução de custo no que tange à otimização de fertilizantes e nutrientes também chegue a casa dos 20%. “As vezes o produtor está investindo no elemento errado. E quando está equilibrado, qualquer cultura vai bem”, ensina. Diante de todas essas vantagens, Givanildo é categórico ao dizer que o custo-benefício é positivo. Ele calcula que uma amostragem que engloba 20 hectares custe, em média, R$ 55. “Dividin-

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do esse valor por cada hectare sai muito barato”, afirma. Outro produtor rural que não abre mão da análise de solo é José Queiroz da Silva Junior, conhecido na região de Bela Vista como Queiroz Junior. Ele conta que há 15 anos utiliza a técnica, na qual seria impossível obter sucesso no plantio da safrinha. Tipo de lavoura comum no Sudoeste do Estado, onde o clima favorece duas safras ao ano, a safrinha não é considerada comum na região de Bela Vista. Entretanto, conforme Queiroz Junior, há dez anos ele planta safrinha na região. “Não tem como imaginar nada disso sem análise de solo. Ela é como o tempero da comida para a agricultura. Não tem nem como começar a trabalhar sem ela”, ressalta. Ele explica que há três ou quatro anos, poucos produtores da região acreditavam ou mesmo arriscavam a plantar a safrinha. Atualmente, a prática está bem mais comum. “Ninguém aceitava antes, mas produtores da região estão tecnificando. Um começa a observar o resultado do outro e passa a querer também”, afirma. Em cinco anos, diz, a produtividade média da região quase triplicou. Ele afirma que alguns produtores ainda torcem o nariz para o emprego da tecnologia, em função da falta de conhecimento ou dos custos da produção. “Mas aos poucos isso vem diminuindo, diz.

deve ser realizada ao acaso, mas respeitando algumas restrições. “Evitar a coleta das amostras simples próximas de casas, brejos, voçorocas, árvores e sulcos de erosão, curvas de níveis, formigueiros, cupinzeiros ou qualquer outro local que não represente a condição real da gleba”, afirma.

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racterísticas físicas do solo como cor, textura e profundidade do perfil, além do histórico da área no que se refere ao emprego de corretivos e fertilizantes. “Como regra geral, a homogeneidade é o principal fator que determina a área de abrangência da amostra”, afirma. Corá ensina que coleta de amostras simples, dentro de uma gleba,

O produtor Givanildo Batista defende que 95% do resultado da análise do solo depende da correta amostragem

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primeira e mais crítica das etapas do programa. “Essa etapa é de responsabilidade do produtor rural”, afirma. Para tanto, o primeiro passo é dividir a propriedade em glebas de solos homogêneas, nunca superiores a 20 hectares, considerando: vegetação, posição topográfica e relevo (delimitados pelas mudanças de declividade), ca-

Em Bela Vista, o produtor José Queiroz afirma que somente com análise do solo foi possível o plantio da safrinha

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Análise do solo em 4 etapas Profundidade Já que a coleta da amostra é de total responsabilidade do produtor, ele deve ficar atento a outras particularidades importantes para que os resultados sejam positivos. O engenheiro agrônomo e professor associado da Unesp, José Eduardo Corá ensina que a profundidade da amostragem será definida de acordo com a cultura que está sendo ou será cultivada na gleba. Geralmente, diz, esse volume está associado à profundidade de preparo de solo. Para cultivos de culturas anuais como milho, soja e feijão, além de pastagens é recomendada amostragem de até 20 centímetros. Mas vale o alerta. Para pastagens, já estabelecidas, a amostragem pode ser de até 10 centímetros de profundidade.

Amostragem g do solo

Envio ao laboratório

Frequência A frequência a ser feita a análise de solo para avaliação de fertilidade pode variar de fatores como quantidade de adubação e do número de culturas anuais consecutivas. “Recomenda-se maior frequência em áreas com exploração com culturas anuais e solos arenosos”, explica. Ele lembra que a amostragem deve ser realizada com a maior antecedência possível, para garantir que os resultados estejam prontos para que se possa planejar a compra do calcário e adubos da próxima safra.

Análise do solo

Amplitude Corá garante que o papel da análise de solo pode ainda ser mais amplo. Ele explica que a técnica é fundamental para o futuro da produção agrícola global, ajudando a identificar novas áreas com potencial para serem incorporadas aos sistemas produtivos. “A avaliação da fertilidade do solo tem caráter indispensável em trabalhos de recuperação de áreas degradadas pela atividade humana, com áreas utilizadas pela mineração, construção de rodovias, entre outros”, analisa.

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Inteerpretação reta o dos d s resultados do Interpretação

Evitar a coleta das amostras próximas de: Casas, brejos, voçorocas, árvores e sulcos de erosão, curvas de níveis, formigueiros, cupinzeiros ou qualquer outro local que não represente a condição real da área. www.sistemafaeg.com.br


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CANA-DE-AÇÚCAR

Um mar de cana Apesar da alta produtividade e investimentos em renovações de canaviais, produtores de cana-de-açúcar não devem ter um ano muito positivo. Karina Ribeiro | revistacampo@faeg.com.br

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Devido a boas práticas de manejo, o produtor fornecedor de cana em Goiatuba, Paulo Henrique, espera uma produtividade superior à média nacional

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esmo com sinalizações do governo federal de desoneração de tributos que incidem sobre o etanol, a confirmação do aumento da presença do álcool anidro como componente da gasolina e a expectativa de uma safra de cana-de-açúcar 2013/2014 na Região Centro-Sul, superior a 2012/2013 - de 532,5 milhões de toneladas, este tende a ser um ano difícil para o setor. A explicação está relacionada a questões mercadológicas e falta de políticas públicas inerentes ao bom andamento do setor sucroalcooleiro. Houve aumento da produção de açúcar das indústrias em detrimento da baixa margem de ganho do etanol ocorrido em função da falta de competitividade do biocombustível em relação à gasolina em quase todo o País. Além disso, há um excedente de cana-de-açúcar este ano, já que não houve a moagem integral da cultura. O presidente da comissão de cana-de-açúcar da Faeg, Ênio Fernandes, ressalta ainda potencial de risco de inadimplência por parte das indústrias para com os produtores fornecedores. “Principalmente aquelas que estão com a situação mais debilitada”, diz. Ele afirma que é um ano de margens de lucro bastante estreitas.

Mesmo assim, diz, embora não haja números oficiais, já que o início da colheita começa em abril, fatores como renovações dos canaviais, crescimento de área plantada e investimentos em tecnologia apontam crescimento da produção da safra 2013/2014, especialmente na Região Centro-Sul, responsável por 90% da produção nacional. O assessor técnico da Faeg, Alexandro Alves afirma que há uma queda de braço antiga entre o governo federal e o setor sucroalcooleiro, o que leva o setor, historicamente, a viver momentos de incertezas. “É um jogo de empurra. O governo informa que vai imprimir recursos para o setor caso haja aumento de investimentos e produção, em contrapartida, o setor afirma que irá investir somente após os incentivos do governo”, resume. Alexandro conta que Goiás possui uma particularidade em relação a outros Estados produtores. “Os investimentos aqui foram diminuídos desde a crise de 2008, mas não estagnados”, explica. Ele diz que alguns incentivos do governo estadual voltaram os olhos dos investidores para Goiás. Para tanto, diz, a previsão é de que haja um crescimento da produção do Centro-Sul de 10% em relação à safra passada.

Mix balanceado Mas ele lembra que o mix do Estado não deve sofrer grandes alterações – permanecendo números próximos a 75% destinadoS ao etanol e 25% à produção de açúcar. “Já temos uma produção alta de etanol, esse mix deve alterar um pouco em outros Estados, afinal há um certo compromisso dos usineiros com o governo no intuito de aumentar a produção de etanol”, salienta. O produtor fornecedor de cana-de-açúcar, Paulo Henrique Cardoso, cuja plantação está localizada em Goiatuba, Região Sudoeste do Estado, explica que a expectativa

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de produtividade da safra 2013/2014 de sua lavoura é de 96 toneladas por hectare, bem superior à média nacional, 78 toneladas por hectare. Ele acredita que esse incremento está associado a técnicas de manejo, plantio de variedades adaptadas ao clima e ao emprego de maquinários, controle sanitário e diminuição da idade de corte da lavoura. Ele afirma que há reforma, anualmente, de cerca de 15% da área de plantio. Com isso, mantém uma média relativamente nova, atingindo 3,8 cortes. A média dos canaviais nacional é um pouco superior, quatro cortes.

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Outro fator importante, comenta, é a aplicação da técnica de salvamento nos meses de seca, junho, julho e agosto. “Quando é realizado o corte nesses períodos, a planta não brota ou quando brota tem a incidência de lagarta elasmo ou o nascimento de poucas plantas”. Ele diz que a busca por técnicas novas pesquisadas em universidades têm beneficiado o setor. Paulo Henrique aumentou para esta safra, 110 hectares de cana-de-açúcar, atingindo 920 hectares. “Aumentei para que compensassem os investimentos em maquinário”, diz. Ao contrário de outras usinas,

Joaquim, de Quirinópolis está tão otimista com a nova safra de cana que aumentou sua área em 40% este ano

ele explica que a empresa na qual ele fornece o produto o obriga a realizar o corte e o transporte. “Já entregamos tudo pronto para ela”, diz. A receita para contínuos investimentos estão vinculados à diversidade de culturas. Ele explica que aproveitou o bom momento da soja nos últimos anos para continuar investindo nas reformas de canaviais. “É um bom negócio, a rentabilidade é boa. Comparado com o Brasil estamos investindo 20% a mais”, afirma. Ênio Fernandes, da Faeg, explica que em momentos de crise, bons produtores fazem como Paulo Henrique. Investem em aumento de área

e manejo adequados para conseguir extrair o máximo de produtividade. “Dessa forma, o custo de produção fica mais barato e ele consegue ter maior lucratividade”, diz. Embora não seja considerado um ano muito promissor, Paulo Henrique explica que a formação de preços do setor sucroalcooleiro é bastante democrática. Ao longo do ano, os produtores fornecedores participam do preço final do produto. “Se existe aumento de preço, todos ganham, se há queda, todos perdem”, explica.

Produtores investem em reforma da lavoura O produtor de Quirinópolis, Sudoeste do Estado, Joaquim Sardinha, conta que, na região, houve reforma de até 30 mil hectares de cana-de-açúcar. Para ele, a vocação da região permitiu esses investimentos. “Aqui a cana-de-açúcar ainda tem uma rentabilidade razoável”, afirma. Prova disso é que o produtor aumentou sua área de cana-de-açúcar em 40%. Saiu do plantio de 1000 hectares para 1,4 mil hectares. A estimativa é de que a produtividade gire em média de 90 toneladas por hectare. A média de corte da lavoura também é positiva – 3,5 cortes. Joaquim lembra que, este ano, houve muito ataque da broca, cigarrinha e a presença de uma nova praga, a ferrugem alaranjada. “Não foi de difícil controle, mas não deixa de ser mais um problema para nos preocuparmos”, diz. Vantagens O produtor fornecedor de cana-de-açúcar e vice-presidente institucional da Faeg, Bartolomeu Braz, explica as vantagens de ser um fornecedor de cana-de-açúcar para

usinas ao contrário de arrendar a terra. “Quando você arrenda a terra, o produtor não pode realizar nenhum tipo de atividade no local. Fica refém da usina, mal podendo entrar na propriedade”, diz. Além disso, os contratos costumam ser longos, cerca de dez anos. Caso seja um produtor que estiver começando na atividade, a recomendação é criar sistemas de parcerias com associações ou cooperativas próximas à região. Isso permite a utilização de maquinários. “Outro fator primordial é a logística. Se o produtor estiver em uma boa localização ele ganha muito com isso”, diz. Bartolomeu calcula que o transporte é responsável por 40% dos gastos de produção. Para ele, a palavra de ordem é diversificação. O ideal, diz, é manter outras atividades integradas à cana-de-açúcar, como soja, gados de leite e corte. Com aptidão para a lida com a terra, o produtor rural consegue aumentar em até 20% a produtividade se comparada a indústria. “Tudo isso é benéfico para o produtor. Ele deve continuar na terra e terá uma renda maior”, diz.


De olho em boas oportunidades de negócio, em razão de um contrato fechado com uma usina, o produtor fornecedor de cana-de-açúcar, Fábio Souza, de Inaciolândia, dobrou a área de plantio. Agora são 900 hectares destinados à cana-de-açúcar. Ele comenta que, independente dos preços estarem um pouco abaixo do mercado estão acima dos valores praticados no mesmo período do ano passado. Ele acredita que é cedo para calcular a produtividade do canavial. “Vai depender do clima daqui pra frente. Mas temos boas perspectivas”, diz. Apesar dos investimentos dos produtores e das perspectivas de uma safra promissora, o presidente do Sindicato da Indústria de Fabricação de Álcool do Estado de Goiás (Sifaeg), André Rocha, critica a falta de um posicionamento efetivo do governo federal. Para ele, se não houver políticas públicas direcionadas para o setor, no próximo ano, não haverá investimentos. “Acreditávamos que as medidas seriam adotadas em 2012 e até agora nada ocorreu”, diz. Ele lembra que o aumento do anidro em 25% como componente da gasolina é mais para sanar déficits da Petrobrás que para beneficiar o setor. “A possível desoneração irá aliviar, mas não resolve. Ou o governo retira a tributação do etanol ou volta a da ga-

solina”, diz. Mesmo com o aumento de área e produção, Goiás deve permanecer com o mesmo número de usinas em funcionamento este ano, um total de 34 usinas. Manejo Considerada uma cultura rústica, a cana-de-açúcar não demanda tratos muito precisos e cuidadosos. Porém, Alexandro Alves, assessor técnico da Faeg para a área de cana-de-açúcar, frisa que a utilização do manejo varietal, implantação de diversas variedades dentro de uma propriedade, é importante para maximizar a potencialidade do canavial e diminuir a ploriferação de doenças. “São necessárias variedades que desenvolvam alta produtividade e tolerância a doenças”, diz. Alexandro conta que a agricultura de precisão também está, aos poucos, sendo inserida nos canaviais. O assessor técnico explica que os produtores de cana-de-açúcar devem ficar atentos a ferrugem alaranjada, doença que está voltando a atacar os canaviais do Estado, embora haja variedade tolerante a praga. Ele explica que a melhor forma de combater a praga é o monitoramento constante. “Se encontrar no início pode ser feito controle biológico, mas em estágios mais avançados não se faz mais o controle”, ensina.

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Preços melhores que no ano passado

Em Inaciolândia, Fábio Souza dobrou sua área plantada e está confiante com relação ao mercado


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LAGARTAS

Pequenas e vorazes As altas temperaturas, estiagens e mudança de comportamento das lagartas criaram um ambiente ideal para a intensificação das pragas nas lavouras este ano Karina Ribeiro | revistacampo@faeg.com.br Especial para Revista Campo 24 | CAMPO

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Lavoura de soja atacada por lagartas, prejuízos chega a R$ 50 por aplicação em cada hectare

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período de estiagem e as altas temperaturas que prevaleceram em boa parte do ciclo da soja nesta safra não são os únicos responsáveis pela elevada incidência de pragas nas lavouras de Goiás. A mudança de comportamento de algumas espécies como a lagarta da maça-do-algodão e da lagarta da espiga do milho, que se adaptaram à cultura da soja, também corroboram com esses intensos prejuízos. Embora não haja uma única resposta para os motivos que levaram a migração dessas pragas para a cultura da soja, os resultados são comuns aos produtores rurais: perda de produtividade e aumento de custo de produção. “Tivemos de tudo um pouco. A infestação de lagartas foi horrível”, resume o produtor rural de Paraúna, município localizado na Região Sudoeste do Estado, César de Melo Silva Ferro. César conta que a lagarta falsa-medideira foi a que mais atacou. O mesmo, explica, ocorreu nas lavouras adjacentes. A lagarta, que era considerada praga secundária da soja, passou a ser considerada principal nas duas últimas safras em todo o País, segundo informações da Embrapa. Veranicos e altas temperaturas condicionaram um ambiente ideal para a ploriferação dessa praga. O clima também dificulta o controle. Temperaturas acima de 30 graus e a umidade abaixo de 60% aumentam a evaporação dos produtos químicos. Entretanto, apesar de ser considerada uma praga importante da soja, a falsa-medideira pode ser controlada com adoção de manejo integrado de pragas. Segundo o pesquisador da Embrapa, Edson Hirose, é preciso salientar que o produtor, sempre que possível, deve optar por inseticidas seletivos. “Assim ele evita a morte dos inimi-

gos naturais (parasitÓides e predadores) que são importantes reguladores das populações de pragas”, diz. Lagarta da maçã Mas a maior dificuldade de César foi combater a lagarta-da-maçã. Tipicamente comum nas lavouras de algodão, a praga tem migrado com apetite para a cultura da soja. Segundo ele, a presença da praga foi identificada logo no início do ciclo da soja. Essa condição, embora primordial para a efetividade do controle da praga, não foi suficiente para o controle eficiente da lagarta-da-maçã. Acostumado a realizar cerca de duas aplicações de inseticidas, na última safra, diz, foram necessárias outras três. “Lembro de outros anos com grandes problemas com lagarta, mas não como este”, relembra. César explica que, cada aplicação, gerou um gasto de R$ 50 por hectare, ou seja, cerca de uma saca de soja. Calculando o custo das três aplicações adicionais, em cada um dos mil hectares de sua propriedade, foram investidos R$ 3 mil somente com o intuito de mitigar o ataque. “Foi um gasto alto”, afirma. Somado a isso, as pragas ainda resultaram em uma queda de produtividade. “Não sei mensurar qual a quebra de produtividade que elas me renderam, mas ao todo, como este ano tivemos muitos problemas com o clima, também, registrei uma quebra de 15% da produção”, explica. As explicações para a ineficiência e elevação do custo de produção estão no difícil controle por se tratar de uma espécie de maior dificuldade de combate em função da localização preferencial (baixeiro da planta), agressividade e baixa sensibilidade a alguns grupos químicos de inseticidas. O produtor, que sentiu a impo-

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Pragas do milho Segundo Leonardo Machado, assessor técnico da FAEG, os inseticidas convencionais não têm surtido efeito no combate às lagartas

tência do combate no bolso, afirma que na última aplicação mudou a metodologia para combater a praga. Como as altas temperaturas e baixa umidade do ar estavam evaporando os produtos químicos rapidamente, resolveu realizar a aplicação no período noturno. “Foi quando conseguimos melhores resultados”, diz. O assessor técnico da Faeg para a área de cereais, fibras e oleaginosas, Leonardo Machado, explica que os inseticidas convencionais não têm surtido efeito. “Elas atacam a vargem da soja ou nas axilas. O objetivo é conseguir reduzir os prejuízos que elas causam e não eliminá-las”, conta. “Temos problemas com lagartas todos os anos, mas não na comple-

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xidade dessa safra”, lamenta o produtor rural de Rio Verde, Sudoeste do Estado, Max Eugênio da Silva Arantes. Acostumado a realizar aplicações preventivas, diz que este ano a situação ficou fora do controle. “Foram duas aplicações a mais, a sensação é que os ativos químicos não eram suficientes para combater a praga”, explica. Max explica que a velocidade da ploriferação foi bastante rápida e as metodologias empregadas não surtiram efeito. Ele explica que mudou de princípio ativo, acrescentou água e ainda realizou aplicações no fim da tarde. “O combate girou em torno de 70%. Não conseguimos eliminar”, conta.

Leonardo explica que uma praga comum do milho também está atacando as lavouras de soja. “No milho elas estão incidindo pouco em função do controle da praga no grão transgênico, reduzindo muito a incidência”, diz. No entanto, a lagarta elasmo e a lagarta rosca estão infiltrando nas lavouras de soja. “Principalmente a lagarta elasmo que tem combate muito complicado, ela ataca o caule na fase inicial e a planta morre”, diz. Surpresa Max Eugênio explica que os 700 hectares destinados para a cultura do milho safrinha, não ficaram incólumes dos ataques da lagarta do cartucho. Mesmo utilizando semente transgênica, resistentes às pragas, a presença da praga o obrigou a realizar uma aplicação de inseticida. “Não era para ocorrer isso, mas a lagarta entrou na lavoura”, diz. www.sistemafaeg.com.br


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Qual lagarta: laga t Falsa-medideira Qual a principal cultura ela ataca: Soja Ataca cultura secundária: Maracujá-azedo Como combater: Inseticidas registrados para a falsamedideira, soluções biológicas e biotecnológicas

O monitoramento é o melhor caminho para combater o aumento das pragas

Lagarta da soja Já bastante conhecida dos produtores rurais, a lagarta da soja, é de difícil controle e causa bastante prejuízo. A rapidez da reprodução e o local de instalação, no baixeiro da planta, são os principais fatores que dificultam seu controle. Mas há inseticidas no mercado que atuam de forma eficaz, entretanto o produtor deve ficar atento a um constante monitoramento da área. Segundo o pesquisador da Embrapa, Edson Hirose, existem vários estudos em andamento com finalidade de propiciar

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um melhor manejo dessas pragas. “Existem soluções biológicas, como o uso de vírus que pode ser utilizado para causar doença na lagarta e reduzir a população da praga”, afirma. Para tanto, o produtor deve conhecer a espécie que está infestando para utilizá-los, já que são de alta especificidade. Ele conta que há também parasitóides de ovos de lagartas. Eles colocam seus ovos dentro dos ovos das lagartas. “Assim ao invés de nascer uma lagarta, nasce uma vespinha que irá disseminar pela lavoura, controlando

a população de lagarta”, afirma. O pesquisador ressalta que o monitoramento das pragas é imprescindível. É necessário que sejam realizadas amostragens semanais nas lavouras para se determinar a presença e a população das pragas. O monitoramento, afirma, permite que a decisão do controle químico possa ser tomada de forma mais segura, reduzindo custos e impactos ambientais desnecessários que podem causar o surgimento de resistência a inseticidas e a elevação de pragas antes consideradas secundárias.

Qual lagarta: Lagarta da soja Qual a principal cultura ela ataca: Soja Ataca cultura secundária: Não Como combater: Inseticidas registrados para a lagarta, soluções biológicas e biotecnológicas

Qual lagarta: Lagarta da maça Qual a principal cultura ela ataca: Algodão Ataca cultura secundária: Soja Como combater: Na soja não há inseticida registrado para a soja. No caso do algodão, há produtos específicos para combater a praga

Qual lagarta: Lagarta do cartucho Qual a principal cultura ela ataca: Milho Ataca cultura secundária: Não Como combater: Inseticida no interior do cartucho ou vespas

Qual lagarta: Lagarta elasmo Qual principal cultura ela ataca: Milho Ataca cultura secundária: Soja e algodão

Fonte: Especialistas

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Adriano Ad i Maciel M i l

DELÍCIAS DO CAMPO

Postas de peixe ao molho de tomate com leite de coco INGREDIENTES 02 kg de postas de peixe de couro (pintado, surubim ou filhote) 08 tomates médios bem maduros 02 cebolas grandes 06 batatinhas médias 04 cenouras médias 02 latas de creme de leite 02 vidros (200 ml) de leite de coco 01 cálice de vinho tinto suave Coentro, cebolinha ou alecrim picados Tempero a gosto (sal, alho, pimenta bode socados)

Acompa n arroz ha branco

Receita elaborada por Adriano Maciel educador de cozinha rural do Senar Goiás

MODO DE PREPARO Coloque as batatas (descascadas) e as cenouras (raspadas), cortadas em rodelas, em uma panela com água para dar uma pré-cozida. Pegue um escorredor, coloque o peixe, pode ser sem o couro ou com, e jogue água fervendo para enxaguá-lo. Passe o tempero nas postas do peixe e banhe com o cálice de vinho e reserve. Corte a cebola em rodelas ou picadas e reserve. Bata no liquidificador os tomates sem a pele e as sementes com um copo de água e reserve. Pegue uma panela e vá colocando camadas da batata e cenoura pré-cozida e as postas do peixe, junto com as cebolas, os tomates batidos e o leite de coco e deixe cozinhando até engrossar o caldo, não mexa para não desmanchar o peixe. Coloque o creme de leite e mexa bem devagar e deixa abrir a fervura novamente e desligue o fogo, salpique a folhas verdes por cima e sirva.

Envie sua sugestão de receita para revistacampo@faeg.com.br ou ligue (62) 3096-2200.

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CAMPO RESPONDE

Estou com dificuldades para limpar uma espécie de samambaia que cobre a água de alguns açudes em minha propriedade. O que pode ser feito? Edilson Rodrigues Marques Esse tipo de vegetação é muito trabalhosa de controlar. Isso ocorre pelo fato de os açudes serem em área com muita matéria orgânica que serve como nutriente para estes vegetais. Carpa Capim para reduzir um pouco da vegetação. Outra maneira é removê-la mecanicamente.

CONSULTOR: FABRÍCIO ROMÃO GALDINO, engenheiro de aquicultura da Aquatropic.

Como controlar os besouros que estão atacando meus coqueiros? Antônio da Costa Envie sua pergunta para revistacampo@faeg.com.br ou ligue (62) 3096-2200.

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Trata-se da broca do Tronco (Rhinostomus barbirostris). O inseto adulto é um besouro de cor preta e hábito noturno, ficando durante o dia na copa do coqueiro. Faz posturas dentro de pequenos furos feitos no tronco, após a eclosão do ovo a larva penetra no interior do tronco fazendo galerias que destróem os vasos que conduzem a seiva até as folhas e frutos. Em casos extremos podem derrubar a planta. Como medida de controle recomenda-se inspeções constantes no coqueiral, para localizar as posturas e destruí-las. Outra medida é a derrubada e queima dos coqueiros altamente atacados. Caso necessite de controle químico este pode ser feito com produtos à base de Parathion (Folidol), com a ingestão da solução feita diretamente dentro dos orifícios feitos pelas larvas. CONSULTOR: RICARDO PEREIRA, engenheiro agrônomo e instrutor de fruticultura do Senar Goiás.

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CASO DE SUCESSO Há três anos o produtor de Paraúna, Carlos Roberto participou de programa de empreendedorismo e , hoje, contabiliza os lucros

Empreendedorismo muda realidade de produtor Há três anos, Carlos Roberto produzia mil litros de leite ao mês. Após a capacitação, esse número saltou para 3,3 mil Leydiane Alves | leydiane@faeg.com.br

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te, Carlos ficou em terceiro lugar no encontro dos melhores projetos dos produtores rurais do PER. Carlos defende que todos os treinamentos do Senar são altamente válidos e com qualidade, mas para ele o PER é o que mais abre a mente para o empreendedorismo. “É oferecido ao produtor que participa da capacitação um leque de oportunidades que implica na melhoria da gestão da propriedade”, diz. E ele garante que essas conquistas estão apenas no começo. “Para melhorar ainda mais a gestão, toda a propriedade foi informatizada. Os meus cinco funcionários passaram por treinamentos do Senar para se capacitarem ainda mais. E, além disso, não fazemos nenhuma mudança ou damos um passo adiante sem antes estudar o que pode ser lucrativo”, diz. Sobre o PER O objetivo do Programa é desenvolver e estimular a competência pessoal dos empreendedores do agronegócio, de forma a ampliar os

conhecimentos e as práticas em relação à gestão do negócio agrícola, dentro de uma perspectiva de visão empresarial profissional apurada. Além de fortalecer a capacidade de liderança influenciadora voltada às transformações sociais, políticas e econômicas necessárias ao setor e à sociedade por meio da atuação estratégica das organizações rurais. O programa foi estruturado em Goiás pela importância do agronegócio no estado; pela necessidade de reconversão das propriedades rurais em relação à rentabilidade; formação de novas lideranças; aperfeiçoamento da visão empresarial e pela importância do aspecto motivacional onde o nível de consciência crítica fundamentado no protagonismo, iniciativa e autoestima contribuem para os resultados pessoais e coletivos. O eixo de aprendizado está baseado na elaboração de “projeto de investimento de capital” e desenvolvimento de temas importantes para uma compreensão crítica sobre o ambiente do agronegócio. Carlos conta que precisava melhorar a produção de leite na propriedade

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o ano de 2010, uma mobilização do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar Goiás, no município de Paraúna, mudou a realidade e deu novos rumos aos negócios do produtor, Carlos Roberto Dantas Ferro, de 25 anos. O mobilizador, Antônio Ferreira Ribeiro, apresentou aos produtores da região o Programa Empreendedor Rural (PER), que teve intermédio do Sindicato Rural de Paraúna, presidido por Flávio Augusto Negrão de Moraes. Carlos lembra que se interessou pelo programa, mas, assume que no início ficou com receio em relação à abordagem do PER. “Na época, eu não tinha muito contato com planilhas de custos e produção. Além de não saber atuar nessa área contábil.” Mas ele garante que após a fase de adaptação, foi só alegria. No Programa, ele explica que aprendeu a administrar sua propriedade. “É uma forma de gerenciar seu negócio, trabalhando cotações e sabendo o valor real de custo de produção.” Segundo Carlos, o PER é baseado em um projeto. “O proprietário elabora um projeto da atividade exercida e a partir dali passa a ter conhecimento do que pode ser melhorado”, conta. No caso de Carlos, a atividade escolhida para ser trabalhada foi a bovinocultura de leite. “Nós queríamos conhecer a fundo nosso trabalho e aumentar o número de litros produzidos”, afirma. Ele observa que quando deu início ao projeto, foi observado que a atividade leiteira não estava em situação precária, mas era necessário melhorar. “Produzíamos cerca de mil litros ao mês, e pretendíamos chegar, no ano de 2012, a dois mil litros.” Mas o resultado foi melhor que o esperado. O número saltou para 3,3 mil litros. “Conseguimos esse feito, graças à nova administração adquirida com os aprendizados do PER.” Com esse projeto, denominado Melhoramento Econômico na Bovinocultura de Lei-


ShuƩer

CURSOS E TREINAMENTOS

Mamão papaya é o mais cultivado Rhudy Crysthian | rhudy@faeg.com.br

EM JANEIRO, O SENAR PROMOVEU

274 CURSOS E TREINAMENTOS DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL RURAL 30

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Na área de agricultura

Em atividade de apoio agrossilvipastoril

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Na área de Na área de silvicultura agroindústria

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84

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Na área de aquicultura

Na área de pecuária

Em atividades relativas à prestação de serviços

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Brasil é o primeiro produtor mundial de mamão, com uma produção anual de 1,6 milãode tonelada por ano, situando-se entre os principais países exportadores, principalmente, para o mercado europeu. A espécie Carica papaya é o mamoeiro mais cultivado em todo mundo. O fruto pode não amadurecer normalmente se colhido muito imaturo. A depender da cultivar, o mamão completa a maturação na planta quatro a seis meses após a abertura da flor. Para comercialização e consumo, deve-se colher os frutos quando apresentarem estrias ou faixas com 50% de coloração amarela. O mamão possui uma casca muito fina, facilmente danificável, e pequenas lesões durante o manuseio são portas de entrada para microorganismos. Portanto, é necessário efetuar tratamento dos frutos após a colheita. Visando melhorar a renda das famílias que vivem no campo, o Senar Goiás, oferece o treinamento em fruticultura/mamão. Este treinamento introduz técnicas em sistema de produção, plantio, adubação, tratos culturais, controle de pragas e doenças, desbaste, desfolha, armazenamento até a comercialização. A carga horária é de 24 horas com turmas de 16 pessoas por grupo.

Para mais informações sobre os treinamentos e cursos oferecidos pelo Senar, em Goiás, o contato é pelo telefone: (62) 3545-2600 ou pelo site: www.senargo.org.br. Procure também o Sindicato Rural de seu município

71 CURSOS E TREINAMENTOS NA ÁREA DE PROMOÇÃO SOCIAL 32 Alimentação e nutrição

www.senargo.org.br

5 Organização comunitária

3 Saúde e alimentação

6 Prevenção de acidentes

22 Artesanato

3 Educação para consumo

3.685

PRODUTORES E TRABALHADORES RURAIS CAPACITADOS

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CAMPO ABERTO

Sucessão nas propriedades rurais: um caso a se pensar Alexandro Alves dos Santos | alexandro@faeg.com.br

Carlos Costa

U

Alexandro Alves dos Santos é assessor técnico da Faeg.

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ma das principais preocupações da agricultura na atualidade é a sucessão nas propriedades rurais, não somente aqui no Brasil, mas como em grandes países produtores como os Estados Unidos e partes da Europa. Esse assunto tem sido grandemente debatido, pois um dos motivos, para a ocorrência do êxodo rural é justamente a falta de interesse do produtor e su7a família na continuidade do negócio rural, seja ele pequeno, médio ou grande. Para tentar compreender esta questão é preciso levar em conta três aspectos: a saída dos pais do comando da atividade, a busca por outros interesses profissionais e a transferência do patrimônio. Temos observado que a sucessão na propriedade rural ocorre de forma lenta e gradual, e o que se nota, é a interrupção drástica desse processo motivado por algum desentendimento entre as partes envolvidas; no caso o sucessor e os que estão sendo sucedidos. Partilha de terras, inventários, desmembramentos, desinteresses de alguma parte pelo negócio rural, comodidade, insucessos, etc. O processo muitas vezes é realmente muito problemático, complexo e doloroso. Nem sempre os filhos querem seguir a atividade dos pais,

Março / 2013

e estes, embora desejem que algum filho ou filha continue a tradição familiar de produzir na terra, acabam de alguma forma, desestimulando-os. Aqui observamos outro fator importante nessa sucessão: o cultural. Vivemos um momento de grande evolução na agropecuária brasileira com tecnologia avançada presente no campo, melhoria considerável nas produtividades das culturas, geração de renda, exportações, melhora no nível de ensino da população rural, etc. Apesar dos aspectos tão positivos nesse setor, vemos notadamente, o êxodo rural em todas as partes do país. Vale ressaltar que o problema da sucessão no campo ocorre em todas as classes de produtores, dos menores aos maiores, cada um com suas particularidades. Não existe uma receita pronta para o êxito no processo de sucessão, mas alguns aspectos são relevantes e muito necessários. O sucessor, além do gosto pela atividade agrícola ou pecuária, precisa associar a atividade ao aumento da renda e assim se sentir recompensado diante de uma atividade tida, em muitas das vezes, como laboriosa. É preciso informar a esse futuro sucessor que existem ferramentas disponíveis para mudar uma realidade de um negócio que não vai bem, em uma reali-

dade de sucesso. É preciso mostrar a ele que a atividade, apesar de desgastante e trabalhosa, é recompensadora. Isso não é função apenas dos pais, já que pode ser uma decisão optativa, mas uma função também de todas as instituições envolvidas com o setor, tanto privadas como públicas, sob pena de termos problemas de ordem econômica e social. A agropecuária goiana e brasileira precisa de jovens no campo. Precisamos atualizar a cultura de nossos jovens ligados à agricultura, inserindo mais empreendedorismo, mais conhecimento, mais informações, tudo de forma clara e objetiva. Os futuros sucessores precisam ter a condição de tomarem suas decisões embasadas em prós e contras da atividade e não somente por aquilo que culturalmente se viu ao longo de tanto tempo. É nosso dever, para o bem de toda sociedade, mostrarmos a esse jovem o verdadeiro entendimento dos dois lados da agropecuária brasileira o lado prazeroso e recompensador da mesma, e que eles são importantes protagonistas no processo de mudança daquilo que atrapalha o desenvolvimento da agricultura, bem como o fazendo enxergar a oportunidade que tem de ser um dos grandes fomentadores do futuro do Planeta.

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