2011 10 outubro

Page 1

INSS 2178-5481

Ano XIII # 196 | Outubro 2011 9912263550

Balde Cheio Programa auxilia pequenos produtores a alcançarem melhores resultados

Importação de leite Produtores cobram agilidade do Governo para limitar a importação do produto

Rebanho fechado Goiás se destaca como um dos maiores confinadores País. Estado confinadores.do Estado abate 40 milhões de cabeças/ano

SUCESSÃO FAMILIAR Produtores preparam os filhos para assumirem as rédeas da propriedade e, assim, dar continuidade ao trabalho da família no campo e evitar o êxodo rural. CAMPO | 1 www.senargo.org.br

Outubro/2011


2 | CAMPO

Outubro/2011

www.sistemafaeg.com.br


PALAVRA DO PRESIDENTE

CAMPO A revista Campo é uma publicação da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (FAEG) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR Goiás), produzida pela Gerên-

Continuidade garantida

cia de Comunicação Integrada do Sistema FAEG/SENAR, com distribuição gratuita aos seus associados.Os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores.

Conselho editorial Bartolomeu Braz Pereira; Claudinei Rigonatto; Eurípedes Bassamurfo da Costa Editores: Francila Calica (01996/GO) e Rhudy Crysthian (02080/GO) Reportagem: Karine Rodrigues (01585/GO) e Rhudy Crysthian (02080/GO) Fotografia: Jana Tomazelli Techio, Mendel Cortizo e Raphaela Boghi Revisão: Cleiber Di Ribeiro (2227/GO) Diagramação: Rowan Marketing

A

procura pela sustentabilidade e pelo aumento da produtividade são alguns dos principais objetivos dos produtores rurais. Outra preocupação do homem do campo é garantir sua continuidade no segmento e manter a propriedade nas mãos da família por gerações seguidas. Precisamos estimular em nossos herdeiros o interesse para os trabalhos na zona rural. Dessa forma, garantimos uma sucessão harmoniosa e tranquila.

Impressão: Gráfica Talento Tiragem: 12.500 Comercial: (62) 3096-2200 revistacampo@faeg.com.br

DIRETORIA FAEG Presidente: José Mário Schreiner Vice-presidentes: Mozart Carvalho de Assis; José Manoel Caixeta Haun. Diretores-Secretários: Bartolomeu Braz Pereira, Estrogildo Ferreira dos Anjos. Diretores-Tesoureiros: Eurípedes Bassamurfo da Costa, Nelcy Palhares. Suplentes: Wanderley Rodrigues de Siqueira, Flávio Faedo, Daniel Klüppel Carrara, Justino Felício Perius, Antônio Anselmo de Freitas, Arthur Barros Filhos, Osvaldo Moreira Guimarães.

Muitos pais já iniciaram esse trabalho de despertar nos filhos, ainda pequenos, o gosto pela atividade agrícola. Trabalho este que rende resultados extraordinários. Os herdeiros, quando chegada a hora de assumir a administração da propriedade, se mostram em alguns casos, ainda mais tecnificados e preparados para alcançar resultados melhores no ganho de produtividade e transferência de tecnologia.

Conselho Fiscal: Rômulo Pereira da Costa, Vilmar Rodrigues da Rocha, Antônio Roque da Silva Prates Filho, César Savini Neto, Leonardo Ribeiro. Suplentes: Arno Bruno Weis, Pedro da Conceição Gontijo Santos, Margareth Alves Irineu Luciano, Wagner Marchesi, Jânio Erasmo Vicente. Delegados representantes: Alécio Maróstica, Dirceu Cortez. Suplentes: Lauro Sampaio Xavier de Oliveira, Walter Vieira de Rezende.

CONSELHO ADMINISTRATIVO SENAR Presidente: José Mário Schreiner

É importante que o produtor pai perpetue no filho algumas características de sua gestão na propriedade como credibilidade, perseverança, carisma e liderança, mas é imprescindível respeitar as características e vocação de cada herdeiro. Dessa forma, os filhos garantem a continuidade dos trabalhos desenvolvidos na propriedade aplicando um novo estilo de gestão rural ainda mais inovador e produtivo.

Titulares: Daniel Klüppel Carrara, Elias D’Ângelo Borges, Osvaldo Moreira Guimarães, Tiago Freitas de Mendonça. Suplentes: Bartolomeu Braz Pereira, Silvano José da Silva, Alair Luiz dos Santos, Elias Mourão Junior, Joaquim Saêta Filho. Conselho Fiscal: Maria das Graças Borges Silva, Edmar Duarte Vilela, Sandra Pereira Faria do Carmo. Suplentes: Henrique Marques de Almeida, Wanessa Parreira Carvalho Serafim, Antônio Borges Moreira. Conselho Consultivo: Bairon Pereira Araújo, Maria José Del Peloso, Heberson Alcântara, José Manoel Caixeta Haun, Sônia Maria Domingos Fernandes. Suplentes: Theldo Emrich, Carlos Magri Ferreira, Valdivino Vieira da Silva, Antônio Sêneca do Nascimento, Glauce Mônica Vilela Souza. Superintendente: Marcelo Martins

FAEG - SENAR Rua 87 nº 662, Setor Sul CEP: 74.093-300 Goiânia - Goiás Fone: (62) 3096-2200 Fax: (62) 3096-2222 Site: www.faeg.com.br E-mail: faeg@faeg.com.br Fone: (62) 3545-2600- Fax: (62) 3545-2601

José Mário Schreiner Presidente do Sistema FAEG/SENAR

Site: www.senargo.org.br

Para receber a Campo envie o endereço de entrega para o e-mail: revistacampo@faeg.com.br. Para falar com a redação ligue: (62) 3096-2208 - (62) 3096-2248 (62) 3096-2115.

www.senargo.org.br

Outubro/2011

CAMPO | 3

Alexandre Cerqueira

E-mail: senar@senargo.org.br


PAINEL CENTRAL

Herdeiros de sucesso 21 Filhos assumem o lugar dos pais, melhoram a rentabilidade e aumentam a produtividade no campo

36 Processamento caseiro de milho Carlos Costa

Visando o processamento industrial do grão, o Senar em Goiás oferece diversos treinamentos que exploram a versatilidade do milho.

Prosa Rural

Paulo Costa/Flickr

“Nosso sonho é poder atender 1,3 milhão de produtores de leite. Pelo menos dar a oportunidade para escolherem o caminho”

08

Artur Chinelato, pesquisador da Embrapa Sudoeste, destaca os benefícios para o produtor que participa do Programa Balde Cheio.

4 | CAMPO

Outubro/2011

www.sistemafaeg.com.br


Mendel Cortizo

Mendel Cortizo

Balde Cheio

16

Pequenos produtores contam com o programa Balde Cheio para gerar renda e aumentar a produtividade do gado

13

Perto do fim Comissão de Ciência e Tecnologia do Senado aprova, por 17 x 5, texto substitutivo do Código Florestal. Matéria segue para outras comissões da Casa.

20

Engorda fechada

06

Fique Sabendo

07

Cartão Produtor

12

Campo Responde

32

Delícias do Campo

33

Campo Aberto

38

INSS 2178-5481

Goiás se destaca como um dos maiores confinadores do País. Mercado pode crescer ainda mais.

Agenda Rural

Ano XIII # 196 | Outubro 2011 9912263550

Balde Cheio Programa auxilia pequenos produtores a alcançarem melhores resultados

Importação de leite Produtores cobram agilidade do Governo para limitar a importação do produto

Rebanho fechado Goiás se destaca como um dos maiores confinadores País. Estado confinadores.do Estado abate 40 milhões de cabeças/ano

SUCESSÃO FAMILIAR

O produtor de leite Sinval de Carvalho, de Bela Vista de Goiás, já repassa ao filho de dois anos o interesse pela vida no campo. Foto produzida por Mendel Cortizo.

Produtores preparam os filhos para assumirem as rédeas da propriedade e, assim, dar continuidade ao trabalho da família no campo e evitar o êxodo rural.

www.senargo.org.br

Outubro/2011

CAMPO | 5


AGENDA RURAL

Outubro

19

0

VI Feilac (Feira do APLácteo), no Sindicato Rural de São Luiz de Montes Belos.

11

1

Informações: (64) 3671-1407

Início do recebimento dos trabalhos

4ª Etapa do PER, no Sindicato Rural

para o Concurso Agrinho 2011 – sede

de Anápolis.

4ª Etapa do PER Sindical, no Sindicato

do Senar, em Goiânia.

Informações: (62) 3311-5055

Rural de Itapaci.

Informações: (62) 3545-2600

Informações: (62) 3361-2849 4ª Etapa do PER Sindical, no Sindicato

20

Dia de Campo do Projeto Jardim do

Rural de Cocalzinho.

Aprender, em Alexânia.

Informações: (62) 3339-1126

Informações: (62) 3336-2248

4a8

Seminário Regional de Legislação Trabalhista e Previdenciária Rural, no

13

Sindicato Rural de Goianésia.

4ª Etapa do PER Sindical, no Sindicato

Congresso Brasileiro de Buiatria, em

Rural de Alexânia.

Goiânia.

Informações: (62) 3336-2248

Informações: (62) 3521-1000

Informações: (62) 3353-2559

24 4ª Etapa do PER Sindical, no Sindicato

4ª Etapa do PER Sindical, no Sindicato

Rural de Minaçu.

Audiência Pública de Aquicultura

Rural de Hidrolândia.

Informações: (62) 9972-4533

e Pesca com o deputado Hélio de

Informações: (62) 3553-1186

Sousa – Assembleia Legislativa de Goiás, em Goiânia Informações: (62) 3221-3106 Reunião da Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas – sede da CNA, em Brasília. Informações: (61) 2109-1490

25

14

4ª Etapa do PER Sindical, no Sindicato

Seleção dos trabalhos enviados para o

Rural de Trombas.

Concurso Agrinho 2011, em Goiânia.

Informações: (62) 3374-3074

Informações: (62) 3096-2200 4ª Etapa do PER Sindical, no Sindicato

17

Rural de Porangatu.

Debate sobre mudanças climáticas

Informações: (62) 3362-4246

- Semana Nacional de Ciência e

6

Tecnologia, auditório da Faeg, em

27

XIV Seminário de Pecuária de Leite

Goiânia.

4ª Etapa do PER Sindical, no Sindicato

de Goiás - Goiás Mais Leite, Oliveira’s

Informações: (62) 3096-2200

Rural de Inhumas.

Place, em Goiânia. Informações: (62) 3096-2200

7 1ª Conferência Estadual sobre Transparência e Controle Social

Informações: (62) 3511-1143 4ª Etapa do PER Sindical, no Sindicato Rural de Niquelândia.

Prêmio Goiás Gestão Ambiental,

Informações: (62) 3354-4265

auditório da Faeg, em Goiânia. Informações: (62) 3210-1410

18

(Regiões Centro e Norte), no Sindicato

4ª Etapa do PER Sindical, no Sindicato

4ª Etapa do PER Sindical, no Sindicato

Rural de Rialma.

Rural de Crixás.

Rural de Nerópolis.

Informações: (62) 3323-1527

Informações: (62) 3365-2386

Informações: (62) 3513-3062

9

4ª Etapa do PER Sindical, no Sindicato

28

3ª Exposição Agropecuária de

Rural de Gouvelândia.

Final das Inscrições do 3º Prêmio

Nerópolis.

Informações: (64) 3653-1200

Faeg/Senar de Jornalismo, em Goiânia.

Informações: (62) 3513-3062

Informações: (62) 3096-2200

Aos interessados em participar dos eventos, recomendamos confirmar as informações com os organizadores. 6 | CAMPO

Outubro/2011

www.sistemafaeg.com.br


FIQUE SABENDO Sebastião Araujo/Embrapa Arroz e Feijão

pesquisa

Divulgação

Armazém

Sensoriamento remoto e a expansão agrícola Organizado por Bernardo Rudorff, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o livro mostra quanto o sensoriamento remoto é uma ferramenta importante para avaliar a expansão agrícola e o uso da terra. A obra é dirigida a estudantes, professores, pesquisadores e profissionais que utilizam as técnicas de sensoriamento remoto para o monitoramento regional e global de ecossistemas terrestres, oceanografia e atmosfera. O organizador da obra expõe a experiência de diversos autores adquirida ao longo do desenvolvimento de projetos de pesquisa interdisciplinares que utilizaram os dados do Modis em diversas aplicações ambientais no Brasil. A obra pode ser adquirida em livrarias pelo País ou pelo site da editora: www.parentese.com.br. Ele custa em média R$ 75.

CTNBio aprova feijão transgênico Em setembro, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança aprovou a liberação para cultivo comercial do feijão geneticamente modificado desenvolvido pela Embrapa. O feijão é resistente ao vírus do mosaico dourado, pior inimigo dessa cultura agrícola no Brasil e na América do Sul. A decisão foi um marco para a ciência nacional, pois tratase da primeira planta transgênica totalmente produzida por instituições públicas de pesquisa

Carga pesada Jana Tomazelli

registro

www.senargo.org.br

brasileiras. A variedade é resultado de mais de dez anos de pesquisa e foi desenvolvida em parceria por duas unidades da Embrapa: Recursos Genéticos e Biotecnologia (Brasília, DF) e Arroz e Feijão (Goiânia, GO). Batizadas de Embrapa 5.1, a nova variedade garante vantagens econômicas e ambientais, com a diminuição das perdas, garantia das colheitas e redução da aplicação de produtos químicos no ambiente.

A Faeg participou, no último dia 9 de setembro, do projeto Carga Pesada, realizado pelo Fórum de Jovens Lideranças Empresariais de Goiás, em um posto de combustíveis da Avenida Pio XII, em Goiânia. O Carga Pesada, em sua quinta edição, comercializou cinco mil litros de gasolina sem impostos, num protesto especial que chamou a atenção da sociedade para a carga tributária inserida no preço final do produto. O litro que é comercializado a um preço médio de R$ 2,68, estava sendo vendido, durante o protesto, a R$ 1,26. Uma redução de 53,3%. A Faeg integra o Fórum Empresarial de Goiás, apoiador do evento que foi coordenado nacionalmente pela Confederação Nacional dos Jovens Empresário (Conaje).

Outubro/2011

CAMPO | 7


PROSA RURAL

Artur Chinelato Carlos Costa

Coordenador nacional do Programa Balde Cheio

“Balde Cheio” de leite Karine Rodrigues | karine@faeg.com.br 8 | CAMPO

Outubro/2011

www.sistemafaeg.com.br


O

pesquisador da Embrapa Sudoeste não mede o entusiasmo ao falar do programa Balde Cheio. Programa criado por ele e sua equipe em 1998, hoje chama a atenção de todo o País ao promover uma verdadeira transformação na produção de leite nas pequenas propriedades brasileiras. De jeito simples e direto, ele explica que a metodologia transforma uma propriedade em sala de aula é exigir que o participante do programa tenha empenho, passe por evoluções, ajustes e melhorias. O programa hoje atende produtores de todos os tamanhos, mas a atenção especial é concentrada nos pequenos. Trata-se de um modelo criado para estimular o pecuarista a buscar soluções que o tire da exclusão, gere renda e melhore a qualidade de vida.

www.senargo.org.br

Revista Campo: Como a metodologia do Balde Cheio foi criada? Artur Chinelato: Nós inventamos essa metodologia de utilizar a propriedade como uma sala de aula prática. Nesses 13 anos, fomos adaptando e assim foi feito o trabalho. No começo havia muitos erros, mas aprimoramos. E continuamos melhorando até hoje. Pois não se trata de um método estático. Revista Campo: Quantos Estados do País trabalham com o programa Balde Cheio? Artur Chinelato: Hoje, o Balde Cheio só não é executado em Roraima. O sucesso do Programa nos outros Estados é relativo. Há lugares onde há mais apoio e o trabalho anda mais rápido, mas há lugares onde se tem menos ajuda e o trabalho segue mais devagar. Porém, todos com resultados. O projeto se desenvolve mais significativamente em Minas Gerais, onde 180 municípios fazem parte do trabalho. Trata-se de um dos estados onde a pecuária de leite é forte. O apoio da Federação da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg) tem sido essencial para o desenvolvimento do trabalho no Estado. O que é feito em Minas é parecido com o trabalho executado em Goiás. Entretanto, o trabalho em terras goianas é mais recente, que também é coordenado pela Faeg, mas tem menos de um ano. Em Minas o Projeto já registra mais de quatro anos. Revista Campo: Qual o tamanho do Balde Cheio no Brasil?

Artur Chinelato: Hoje, mais de 550 municípios participam do Programa, cerca de 3,8 mil propriedades. Só em Minas Gerais são mais de duas mil propriedades e 600 extensionistas de entidades públicas, privadas, autônomos e em treinamento. É uma multidão de gente, mas quase nada se pensarmos que no Brasil há 1,3 milhão de produtores de leite. Porém, nosso sonho é poder atender a 1,3 milhão de produtores de leite. Pelo menos dar a oportunidade para escolherem o caminho mais vantajoso a seguir. Cada produtor que atingirmos é um a mais que tiramos da zona de exclusão.

Nosso sonho é poder atender 1,3 milhão de produtores de leite. Pelo menos dar a oportunidade para escolherem o caminho”

Revista Campo: Nos estados onde a pecuária de leite não é uma das principais atividades econômicas do segmento rural, como tem sido fazer essas parceiras? Artur Chinelato: É um pouco mais difícil, principalmente quando não se tem o apoio de uma Federação como a Faeg, Faemg ou Faerj, mas o trabalho

Outubro/2011

CAMPO | 9


é feito do mesmo jeito. Mas isso não nos assusta, porque trabalhar sem dificuldade é quase impossível. O problema é que o trabalho fica um pouco mais lento. Revista Campo: Ao fazer parte do programa Balde Cheio, a propriedade passa a ser monitorada por quatro anos. Esse tempo pode ser aumentado ou reduzido? Artur Chinelato: Não pode ser reduzido de maneira nenhuma, não tem jeito. O monitoramente continuará para sempre, desde que o produtor queira continuar no trabalho. O treinamento do técnico é que dura quatro anos. Ou seja, nesses quatro anos o técnico repassará informações sobre gerenciamento da propriedade, técnicas de manejo e controle zootécnico. É uma faculdade na prática. Mesmo com o término do treinamento, a propriedade pode continuar inserida no Programa. Há o caso de uma propriedade que está com conosco desde 2001. Para o proprietário, o programa não tem fim, para o técnico tem. Revista Campo: O Balde Cheio atende somente pequenos produtores? Artur Chinelato: Não, todo mundo. É que a propriedade em que as aulas práticas são ministradas precisa ser pequena, familiar, com dificuldade financeira, por exemplo, para refletir a realidade de quem está participando do curso. Se a propriedade que abriga as aulas for uma grande e bem-sucedida, a hora que formos levar proprietários pequenos até lá, eles irão falar que só deu certo porque o pecuarista tinha dinheiro. Então perderíamos o exemplo. Queremos que a sala de aula seja familiar para não haver interferência no aprendizado. Se houver uma propriedade onde o dono não mora nela, o técnico 10 | CAMPO

Outubro/2011

também não mora e o instrutor também não, tudo irá ficar a cargo de uma quarta pessoa para executar o trabalho. Pode haver ruído na comunicação e na execução do trabalho e aquele efeito do aprendizado não vai acontecer. Por isso, a propriedade que é a sala de aula, deve ter menos de 20 hectares e ter dificuldade financeira. Há propriedades, hoje, que produzem 3,5 mil litros/dia que fazem parte do projeto. Tem várias propriedades que produzem dois mil ou mil litros/dia que estão no Balde Cheio.

Temos que mostrar para este produtor que é possível gerar renda, ele ainda vai cumprir a legislação ambiental e ter uma vida melhor”

Revista Campo: Nesses 13 anos de Balde Cheio, quais foram as melhorias incorporadas à metodologia do Programa? Artur Chinelato: No começo, agiamos como um professor que passa a tarefa ao aluno, ao final aula, recolhia o caderno, leva tudo para casa, e definia a nota. Era neste momento que errávamos. Pegávamos todas as análises de solo, divisão de pastagens em piquetes de autocad e entregávamos tudo pronto para o

produtor. Estava errado, porque os próprios produtores deviam fazer este trabalho. Foi uma mudança importante da metodologia. Revista Campo: Havia outros erros? Artur Chinelato: Outro erro que cometemos era ter várias salas de aula, não sabíamos o que fazer com cada uma delas. Concentramos em uma só. Outro erro era de ir a cada dois a três meses na propriedade. Isso tirava a iniciativa do técnico que ficava esperando a equipe voltar. O técnico se omitia e não queremos que ele se omita. Queremos que o técnico tome a decisão, esteja ela certa ou errada, mas queremos que ele tome uma iniciativa. Alteramos a frequência para quatro meses. Durante esse período, o técnico terá que tomar algumas atitudes, não poderá deixar as decisões paradas por quatro meses. Revista Campo: O principal objetivo do Balde Cheio é tirar o produtor da zona de exclusão e fazer com que ele seja autosuficiente? Artur Chinelato: Do ponto de vista do produtor isso é geração de renda, perceber que a propriedade é capaz de produzir muito mais cumprindo a legislação ambiental. Temos que mostrar que o cultivo em áreas como na região amazônica, onde 80% da propriedade deve ser preservada, com o uso de tecnologia adequada e conhecimento específico, é possível multiplicar em seis, sete e até oito vezes a produção. Dessa forma, o produtor irá cumprir a legislação ambiental e ter uma vida melhor. Do ponto de vista técnico, o objetivo é capacitar os profissionais, treiná-los dentro da nossa metodologia para que possam entender o que é produzir leite de uma forma intensiva e sustentável. www.sistemafaeg.com.br


MERCADO E PRODUTO

Milho: A estrela da safra 2011/12 O Brasil deverá semear na safra 2011/12 uma área de 1ª safra de milho acima dos oito milhões de hectares. Estima-se um crescimento de 5% em relação à safra passada, ganhando área das principais culturas de verão no País neste período. A safrinha, da mesma forma, deverá registrar um ganho de 5,4% na área plantada, ultrapassando o valor de seis milhões de hectares. Esses crescimentos configuram a maior área plantada do grão. Diante de previsões tão otimistas, o milho se torna um forte candidato a ser um dos principais destaques da próxima safra. Altos preços e uma elevada liquidez são as molas impulsionadoras deste segmento. Fundamentos de mercado interno e externo devem assegurar este cenário, pelo menos, em curto prazo. Nos EUA, a realidade, é de produtividade reduzida e estoques apertados. No principal país norte-americano, a colheita avança nas regiões produtoras e a baixa produtividade, tão falada nas estimativas de safra, já se confirmou. De acordo com o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA, sigla em inglês) a produtividade média americana para a cultura do milho deverá ser de 166 Sc/há, 3% inferior à safra passada e 11% menos que na safra 2009/10. Tal redução na produção de milho no “corn belt” americano vem de encontro a uma demanda constante, tanto interna como externa. O resultado desta conta é um estoque de passagem de milho apertado, que reflete na menor relação estoque/ consumo dos últimos 15 anos, de 5,3%, o bastante para suprir apenas 20 dias de consumo nos EUA. Diante deste cenário, o mercado responde com elevadas cotações nos principais vencimentos do grão na bolsa de Chicago (CBOT, sigla em inglês). No entanto, a crise econômica mundial continua latente, o que deve proporcionar um fim de ano com certa volatilidade neste mercado. Este cenário externo propicia um importante www.senargo.org.br

fluxo de exportação do milho brasileiro, o que torna o nosso mercado ainda mais aquecido. De acordo com dados do Ministério de Indústria e Comércio (MDIC), em setembro, o Brasil exportou um total de 1,93 milhões de toneladas, recorde mensal. As expectativas para setembro rondam a casa dos 1,5 milhão de toneladas. Não obstante, o mercado interno também vem registrando aumento no consumo, principalmente, no que diz respeito ao aumento do confinamento e nas produções de aves. Diante deste panorama de forte demanda, o risco de escassez do cereal é uma constante em algumas regiões do País, já que o estoques governamentais não vêm sendo suficientes para atender toda esta demanda. Sendo assim, com o início da colheita esperada para o fim de fevereiro de 2012, a forte demanda interna e um aquecido do fluxo de exportação mantêm os preços cada vez mais elevados. Com isso, parte dos produtores tem aproveitado para comercializar a produção antecipadamente, tanto a safra de verão como a safrinha. A antecipação da comercialização da safra de milho é também um fundamento positivo de mercado, já que o produto não deve pressionar o mercado no momento de colheita. A expectativa do setor se mostra cada vez mais favorável para o milho. As condições de alta no mercado externo, o que sustenta o fluxo de exportação constante, o aquecimento do consumo interno e o grande volume de comercialização antecipada do grão devem registrar um mercado firme, incentivando os números impressionantes da próxima safra. Devemos ficar atentos ao ambiente econômico mundial, já que tais fatores são fundamentais para a manutenção dos altos preços. As condições econômicas da Itália e da Grécia podem reduzir o movimento de fundos de investimento no mercado de commodities, causando um fluxo de venda em Chicago e refletindo em preços menores no Brasil.

Carlos Costa

Leonardo Machado | leomachado@faeg.com.br

Leonardo Machado é assessor técnico da Faeg para a área de cereais, fibras e oleaginosas.

Outubro/2011

CAMPO | 11


Descontos para cuidar da

Eudison/SXC.UH

saúde bucal

A coluna deste mês vem com descontos em produtos e serviços na área de odontologia para produtores rurais portadores do Cartão Produtor. Aproveite! ESPAÇO ODONTOLÓGICO O consultório oferece descontos e preços especiais para titulares do Cartão Produtor. End.: Av. D, esq. com Rua 13 nº 544, St. Oeste – Goiânia (GO) Recepção: (62) 3215-2708 Consultório: (62) 3214-3153 BELO DENTE ODONTOLOGIA A clínica Belo Dente também oferece preços diferenciados para os pacientes portadores do Cartão Produtor. End.: Av. Pará n° 321, Sobreloja, St. Campinas – Goiânia (GO) Fone: (62) 3233-5134 CLÍNICA ODONTOLOGICA BORGES E TAVARES Na clínica Borges e Tavares os descontos também são garantidos. End.: Rua 9 nº 186, sala 7, St. Oeste Goiânia – GO Fone: (62) 3223-6313 ODONTÓLOGA – Marina de Lourdes S. Caixeta Haun O titular do Cartão Produtor encontrará bons descontos com a odontóloga Marina Caixeta Haun. End.: Av. C-255 nº 270, sala 418, Centro Comercial Sebba, St. Nova Suiça, Goiânia (GO) Fone: (62) 3942-3223 ODONTÓLOGO – Alexandre Veiga Caixeta O dentista Alexandre Veiga proporciona a seus pacientes portadores do Cartão Produtor descontos especiais em diversos tratamentos. End.: Rua Alameda dos Buritis nº 408, Sala 303, Ed. Buriti Center – Goiânia (GO) Fone: (62) 3212-3399 ODONTÓLOGOS - André Luis Linhares e Heliana Daher Os dentistas André e Heliana

12 | CAMPO

Outubro/2011

também oferecem boas opções de descontos para produtores rurais portadores do Cartão Produtor. End.: Rua da Lavoura nº 27, Qd 61, Lt H, Sala 106, St. Santa Genoveva – Goiânia (GO) Fone: (62) 3204-1704 VIA ORAL O dentista Alex Cruvinel oferece descontos para seus pacientes que apresentarem o Cartão produtor na clínica Via Oral. End.: Rua Nossa Sra. Aparecida n°30, Centro - Bom Jardim de Goiás (GO) Fone: (64) 3657-1097

em Piranhas. End.: Av. Brasil Central n° 1.214, Centro - Piranhas (GO) FONE: (64) 3665-1601

ODONTO ARTE Os responsáveis pela Odonto Arte oferecem boas opções de descontos para os titulares do Cartão Produtor. End.: Av. Antônio Carlos Paniago nº 288, Centro – Doverlândia – GO Fone: (64) 3664–1379

CONSULTÓRIO ODONTOLÓGICO – Elvi Jesus de Sousa O dentista Elvi, de Piranhas, garante descontos para os portadores do Cartão Produtor em seu consultório. End.: Rua Boa ventura nº 420, Centro – Piranhas (GO) Fone: (64) 3665-1410

CONSULTÓRIO ODONTOLÓGICO Sandra Toledo Vieira Mourão A especialista em periodontia, Sandra Toledo garante descontos nos serviços oferecidos por ela para os portadores do Cartão Produtor. End.: Rua Dr. Abild Ponciano Dias, Qd. 05 Lt. 11, Galeria Santa Terezinha - Jussara (GO) Fone: (62) 3373-2496

CONSULTÓRIO ODONTOLÓGICO Em Porangatu, o dentista Gustavo de Assis oferece descontos para os titulares do Cartão produtor. End.: Rua 03 nº 06, Centro Porangatu (GO) Fone: (62)3367-2029

ORTODONTISTA O ortodontista Guilherme Lino de Andrade também é parceiro do Cartão Produtor e oferece descontos. Ele atende no consultório do Sindicato Rural de Palmeiras de Goiás, uma vez por mês. Fone: (62) 3474-1464 e (62) 9625-0583 CONSULTÓRIO ODONTOLÓGICO – Nilzanete Leite Dutra Os descontos também são garantidos no consultório da dentista Nilzanete

PREVCLINT-CLÍNICA ODONTOLÓGICA Outra opção no interior do Estado é a Prevclint, em Quirinópolis. Na Clínica, o titular do Cartão Produtor consegue fazer vários tipos de tratamento dentários com preços diferenciados. End.: Av. José Vicente de Paula nº 93, Centro – Quirinópolis (GO) Fones: (64) 3651-1028 / 3651-2044

Informações sobre como ser um beneficiário do Cartão do Produtor podem ser obtidas no site: www. cartaodoprodutor.com.br, na sede do Sindicato Rural mais próximo ou pelo telefone: (62) 3096-2200

www.sistemafaeg.com.br


Igo Estrela/ CNA

CÓDIGO FLORESTAL

Senadora Kátia Abreu apresenta aos senadores detalhes no texto do Código Florestal durante votação da Casa

Código Florestal Por 17 a cinco, senadores dão parecer favorável ao texto na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania Francila Calica | francila@faeg.com.br Os senadores membros da Comissão de Constituição, Justiça E Cidadania (CCJ) do Senado Federal votaram em setembro a favor do projeto de reforma do Código Florestal Brasileiro (PLC 30/2011), de relatoria do senador Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC). Foram 17 votos a favor do projeto e cinco contra. Agora, o projeto segue para as Comissões de Ciência e Tecnologia, Meio Ambiente e Agricultura do Senado. Ao se pronunciar na abertura da sessão, o senador Luiz Henrique da Silveira, pediu aos demais colegas parlamentares que dessem a ele uma prova de confiança, retivessem seus destaques e votassem a matéria ainda durante a sessão. Em resposta à confiança, o relator prometeu que irá debater pessoalmente com cada um dos proponentes de emendas apresentadas e destacadas, e buscará a melhor forma de abrigar as sugestões dos parlamentawww.senargo.org.br

res no parecer final. Produtores rurais goianos e membros da diretoria da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) acompanharam a votação no Senado. Segundo a previsão do senador Eduardo Braga (PMDB-AM), presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia, e de que analisado pela Comissão, o texto já esteja com as contribuições para o aperfeiçoamento da matéria. “Tenho a convicção de que vamos avançar”, frisou ao ressaltar entendimentos para inclusão de incentivos econômicos e financeiros visando à manutenção e recomposição de florestas. Novas sugestões A proposta poderá receber outras emendas, uma vez que se abre um novo período para apresentação de sugestões sempre que o projeto é enviado a uma comissão. O próprio Eduardo Bra-

ga informou que apresentará 12 emendas, a maioria tratando de incentivos econômicos e financeiros para estimular a preservação de áreas florestadas. Entre as sugestões do senador está um conjunto de fontes de recursos para remunerar agricultores que mantêm matas nativas em Áreas de Preservação Permanente (APPs) e de Reserva Legal (RL) e para financiar a recomposição dessas áreas. Ele também quer inserir no novo Código um sistema de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação, conhecido como (REDD). Também estão entre as emendas a serem oferecidas por Eduardo Braga a criação de programa para pagamento por serviços ambientais, voltado especialmente para propriedades rurais familiares, e a oferta de crédito com juros reduzidos para esse segmento. (Com informações da Agência Senado) Outubro/2011

CAMPO | 13


AÇÃO SINDICAL Adalberto Ruchele

LUTO

Nota de falecimento Faleceu no dia 9 de setembro o pecuarista de leite e extensionista rural em Orizona, José Geraldo da Silva. O corpo foi velado na Câmara Municipal, onde recebeu homenagens pelo trabalho incansável na área de extensão rural. Técnico agrícola, Zé Geraldo também era formado em medicina veterinária pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Era aposentado pela Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária (Emater), onde trabalhou por, praticamente, toda a vida. O pecuarista e extensionista deixou a esposa Sara Soares da Silva e três filhos.

CATALÃO Sindicato Rural/Orizona

Curso de informática O Sindicato Rural de Catalão ofereceu um curso gratuito de informática básica para produtores e trabalhadores rurais da região. As aulas foram realizadas nos dias 26 e 27 de setembro, na sede do Sindicato do município.

PARAÚNA

Festa do Leite

Posse de titulares e suplentes

Orizona realizou em setembro a Festa do Leite 2011. Neste ano, o torneio leiteiro, pela terceira vez realizado fora das propriedades, alcançou índices de produtividade bem acima do ano passado. A prova para escolha da maior produção e produtividade individual foi realizada em nove ordenhas. O produtor vencedor foi o proprietário da vaca veruska (foto). O animal produziu uma média de 79.150 kg/dia. A produção total nos três dias de evento foi de 237.450 kg. (Colaborou: Walquíria Caixeta)

A nova diretoria do Sindicato Rural de Paraúna foi empossada em agosto. A solenidade foi realizada na sede do Sindicato e contou com a presença dos eleitos para o conselho fiscal e delegados representantes. Flávio Augusto Negrão de Moraes foi reeleito presidente da entidade, Pedro Hugo Moraes Rezende é o secretário e Felismar Martins Caetano o atual tesoureiro. (Colaborou: Sônia Gomes Lemes)

ORIZONA

Sindicato Rural/Arenópolis

ARENÓPOLIS

Campeã do torneio leiteiro A vaca veruska também foi a campeã de ordenha do II Torneio Leiteiro e II Encontro e Exposição dos Produtores Rurais de Arenópolis e Região. O animal produziu 79.150 litros/dia. A media geral do torneio foi de 56.676 litros/dia. Os eventos foram promovidos em agosto pelo Sindicato Rural de Arenópolis, Associação de Produtores Zé Manoel, Associação de Produtores (APRRA), Agrodefesa e Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária (Emater), com o apoio da Faeg e da CNA 14 | CAMPO

Outubro/2011

www.sistemafaeg.com.br


Marcus Vinicius

CROMÍNIA

Comemoração ao Dia do Produtor

JOVIÂNIA

Homenagem aos antigos presidentes Os ex-presidentes do Sindicato Rural de Joviânia foram homenageados pela atual diretoria da Casa. A solenidade foi realizada em setembro no Salão Paroquial Dom Miguel Pedro Mundo. Os antigos presidentes receberam uma placa e assistiram a um vídeo institucional do Sindicato. O evento foi em comemoração aos 25 anos da entidade. (Colaborou: Sheyla Silva Passos)

ITUMBIARA

Segurança no campo Produtores rurais de Itumbiara e da região Sul do Estado se reuniram para pedir socorro às autoridades judiciais devido ao aumento de roubos e furtos nas fazendas. Representantes do Judiciário, da Policia Militar, Civil, Florestal e autoridades políticas ouviram do presidente do Sindicato Rural de Itumbiara, Rogério de Oliveira, o projeto de segurança que a entidade preparou para dar proteção às áreas rurais. Todas as autoridades se prontificaram a ajudar a solucionar o problema que assola os produtores da região. A meta agora é promover outras reuniões para colocar as ideias do projeto em prática. (Colaborou: Tom de Oliveira) www.senargo.org.br

CAIAPÔNIA

Mega Leilão de Gado de Corte Caiapônia foi palco mais uma vez de um mega leilão de gado de corte. A 9° edição do leilão na cidade foi realizado no final de setembro e contou com a participação de produtores rurais interessados em comercializar seu rebanho. Durante as negociações, o produtor teve a oportunidade de vender ou arrematar animais com preços de mercado. O evento foi no Tatersal do Parque de Exposições José Abreu.

CEZARINA

Nova diretoria O Sindicato Rural de Cezarina também está com nova diretoria para o triênio 2011/14. O presidente João Batista Franco encabeça a o grupo que vai defender os interesses dos produtores da região. A posse foi no dia 12 de setembro.

CERES

Fachada renovada O Sindicato Rural de Ceres está de cara nova. A diretoria da entidade reformou toda a fachada e o interior do imóvel onde funciona o Sindicato. Ceres é um dos primeiros municípios a contar com Sindicato na região Norte de Goiás. A entidade é uma importante ferramenta de defesa e apoio dos produtores daquela faixa do Estado.

Outubro/2011

CAMPO | 15

Sindicato Rural/Ceres

O Sindicato Rural de Cromínia realizou em setembro um encontro com produtores rurais. O evento comemorou também o Dia do Produtor Rural. Na ocasião, a diretoria do Sindicato apresentou uma prestação de contas do andamento das obras da nova sede da entidade. O novo prédio está previsto para ser inaugurado em janeiro de 2012, juntamente com a posse da nova diretoria. (Colaborou: Mábia Regina da Cunha).


BALDE CHEIO

Renda que vem do leite Programa do Sistema Faeg/Senar e Embrapa promove a sustentabilidade no campo, fomenta o conhecimento, gera renda e aumenta a produtividade do gado Karine Rodrigues | karine@faeg.com 16 | CAMPO

Outubro/2011

www.sistemafaeg.com.br


Mendel Cortizo

O pecuarista, Antônio Sobrinho está satisfeito com os resultados obtidos na propriedade depois de entrar no programa Balde Cheio

www.senargo.org.br

C

om objetivo de tornar a produção de leite, mais viável e rentável, pesquisadores da Embrapa Sudeste criaram o programa Balde Cheio. O programa visa dar sustentabilidade ao pecuarista de leite e fazer com que ele permaneça na propriedade, se mantenha na atividade e, até mesmo, dar condições para que as novas gerações se identifiquem com o trabalho e se mantenham na zona rural. Tudo feito respeitando a legislação ambiental e preservando o meio ambiente. O produtor rural, Antônio Eduardo Sobrinho, proprietário do Sítio Primavera, no município de Morrinhos, era um tímido pecuarista de leite que tentava produzir para o consumo e o pouco que sobrava era destinado à venda. Há 11 meses, ele passou a fazer parte do seleto grupo de 172 pecuaristas de leite que integram o programa Balde Cheio em Goiás. Antônio era motorista de caminhão e voltou para as origens rurais há sete anos quando retomou a atividade de produzir leite. Há oito meses, o Sítio Primavera foi alçado à unidade demonstrativa do Programa. Devido ao empenho do produtor em seguir todas as orientações técnicas do Balde Cheio, a produção passou de 110 litros/dia para até 200 litros diários, ordenhando 12 vacas, Girolando e Holandesa. A meta é alcançar 500 litros/dia. O número de animais também já aumentou, passou para 17 cabeças. A propriedade possui 22 hectares, destes, somente 17 hectares são utilizados na atividade, os demais são reserva. Como a quantidade de gado é pequena, somente 0,8 hectare é irrigado para produção do capim. Uma parcela importante do trabalho na propriedade é realizada por Maria Aparecida Mendes Eduardo, esposa de Antônio. É ela quem faz a ordenha dos animais e os conduz para o pasto. A participação da fa-

mília é fundamental para atender às regras do Balde Cheio. As melhorias nas finanças de Antônio ocorreram rapidamente. Na mesma intensidade, aumentou o trabalho, a atenção no manejo do gado e cuidado com o pasto. Todas as benfeitorias feitas na área foram sem financiamento externo, só com capital do pecuarista. A renda da família passou de R$ 2,6 mil por mês – quando aderiram ao programa -, para R$ 4.560 mil, em agosto deste ano. Alimentação Antes, as vacas eram alimentadas com capim e ração. O produtor reformou o pasto, mudou o capim comum para mombaça e passou a utilizar irrigação na área. Ele faz registros diários do clima como anotações de pluviometria e temperaturas máxima e mínima. Também anota os eventos para controle zootécnico como parição, período de cio e cobertura, e controle leiteiro – quanto cada vaca produz por dia. O plano é intensificar a área de pastagem e diminuir o número de animais no cocho. A meta é ousada, mas o Engenheiro Agrônomo e Técnico Especialista (Consultor) do programa Balde Cheio do Sistema Faeg/Senar, Carlos Eduardo Freitas de Carvalho afirma ser possível e explica que a ideia é utilizar ao máximo as áreas pequenas com vacas boas, viabilizando o pasto produtivo. A média é de dez vacas por hectare, mas já houve experiências de colocar até mais de 12 animais neste mesmo espaço. Em cada hectare de mombaça se faz até 26 piquetes. Os animais ficam um dia em cada piquete. Hoje, o produtor Antônio está satisfeito e entusiasmado com os resultados que já obteve e se prepara para alcançar novas metas. “Está valendo à pena. Faria tudo de novo e quanto às anotações, elas acabam virando rotina, são fonte de observação constante e aprendizado”, ressalta. Outubro/2011

CAMPO | 17


BALDE CHEIO

Antônio Sobrinho e Carlos Eduardo de Carvalho no pasto irrigado para manutenção dos animais

Sem derramar O Balde Cheio consiste na adoção de técnicas de manejo de pastagem, controle zootécnico e gestão da propriedade, aplicadas com a orientação de um técnico. Ele foi criado em 1998 pelos pesquisadores da Embrapa Sudeste, Artur Chinelato e Luiz Monteiro Novo, e pelo professor Vidal Pedroso de Faria, da Escola Superior de Agricultura Luiz Alves de Queiroz (Esalq), para dar condições ao produtor de ser mais autossuficiente, melhorar a renda e assim sair da zona de exclusão da atividade. (leia mais sobre o Balde Cheio em entrevista com o criador o Programa,

18 | CAMPO

Outubro/2011

Artur Chinelato, à página 8). Do ponto de vista técnico, o programa leva novos conceitos ao pecuarista de leite unindo pesquisa e extensão. Em Goiás, o Balde Cheio começou a ser executado em novembro de 2010, para dar continuidade ao trabalho dos produtores que estavam no Programa Gestão da Pecuária Leiteira do Sistema Faeg/Senar. Hoje, já são 11 grupos de produtores participantes. Estes grupos estão situados nos municípios de Bela Vista de Goiás, Mossâmedes, Morrinhos, Jataí, Itaberaí, Firminópolis, Rio Verde, Alexânia, São João da Pa-

raúna e Santa Helena de Goiás. Em cada município, a parceria do Sistema Faeg/Senar para contratação do técnico treinado na metodologia do Balde Cheio é feita com a prefeitura municipal, cooperativas e universidade. Os primeiros grupos do Balde Cheio foram formados nos municípios de Mossâmedes, Niquelândia e Morrinhos. A previsão para 2012 é de formar 30 grupos. Participação Segundo o coordenador do Programa Balde Cheio do Sistema Faeg/Senar, Marcos Bragança, não é qualquer produtor que pode fazer

www.sistemafaeg.com.br


Mendel Cortizo

parte do programa. “É preciso ter engajamento, ser comprometido e consciente de que precisa seguir os processos e orientações para melhorar”, explica. A escolha do pecuarista e da propriedade tem que atender critérios estabelecidos pelo programa criado pela Embrapa Sudeste. A prioridade é atender as propriedades familiares de baixa renda que não têm acesso à assistência técnica e com menos de 20 hectares produtivos. O que não exclui grandes e médias

ENTIDADES PARCEIRAS COOPERATIVAS, ASSOCIAÇÕES, SINDICATO RURAL, PREFEITURA

propriedades de participarem do Programa, conforme o pesquisador Artur Chinelato, um dos criadores do programa. O técnico especialista do Sistema Faeg/Senar, Carlos Eduardo, quem capacita os extensionistas diz que para entrar e permanecer no programa, o produtor precisa cumprir algumas obrigações de trabalho como abrir a propriedade para visitação, fazer no mínimo uma vez por ano os exames de brucelose e tuberculose nos animais, fazer o descarte de animais em

caso positivo de uma das doenças e respeitar os acertos combinados com o técnico responsável pelo grupo. Em Morrinhos, o técnico responsável pelos grupos da região é o médico veterinário Wesley de Melo. Ele acompanha os produtores mensalmente monitorando e orientando conforme a metodologia do programa. A cada três meses é a vez de Carlos Eduardo visitar os grupos e as propriedades, também como determinam as regras do programa.

CONVITES A TÉCNICOS E PRODUTORES DA REGIÃO

UNIDADE ASSISTIDA

E TÉCNICOS VINCULADOS

SISTEMA

UNIDADE

CAPACITAÇÃO DE TÉCNICOS

DEMONSTRATIVA

ASSISTÊNCIA TÉCNICA E GERENCIAL

DE QUALIDADE

UNIDADE ASSISTIDA

COORDENAÇÃO GERAL

COORDENADOR

TÉCNICO

SUPERVISORES

REGIONAIS

COORDENADOR

VISITA ANUAL SUPERVISOR

VISITAS

UNIDADE ASSISTIDA

TRIMETRAIS

Fonte: Faemg

Para Participar Para formar uma nova parceria, a entidade interessada deve entrar em contato com a coordenação do programa no Sistema Faeg/Senar, que avalia a possibilidade de adesão; Feito isso, um técnico especialista do Sistema capacita o técnico extensionista disponibilizado pelo parceiro; Entidade, técnico treinado e o grupo formado por produtores escolhem juntos a propriedade que servirá como unidade demonstrativa e sala de aula e assinam um termo de compromisso.

www.senargo.org.br

Outubro/2011

CAMPO | 19


Carlos Costa

CONFINAMENTO

Goiás é líder em rebanho fechado para engorda Na medida que a busca por melhores pastos se intensifica, confinadores ganham mercado com o uso de pouco espaço. Estado é o maior confinador do País Rhudy Crysthian | rhudy@faeg.com.br 20 | CAMPO

Outubro/2011

Produtor de uma qualidade melhor de carne bovina e com animal mais pesado, a engorda de gado em sistema de confinamento abre um nicho que gira em torno de US$ 3 bilhões ao ano. O Brasil produz cerca de dois millhões de cabeças em sistema fechado ao ano. No total, abate mais de 40 milhões de cabeças anualmente. Nesse “mar” de boiada, Goiás se destaca como líder na produção de bovinos confinados. Com 800 mil cabeças neste sistema, o Estado possui também os melhores resultados em controle e rastreabilidade dos rebanhos que entram e saem das fronteiras. Goiás abriga ainda o quarto maior rebanho bovino do País, com aproximadamente 21 milhões de cabeças. Os números são da Associação Nacional de Confinadores (Assocon) e mostram ainda que os Estados Unidos confinam mais de 95% do gado abatido, enquanto a Argentina, que já chegou a alimentar sua boiada apenas com o capim, hoje confina cerca de 60% das reses que vão para o abate. De acordo com o diretor da Assocon, Dante Pazzanese Lanna, tanto os EUA como a Argentina não vão ter mais espaço para incrementar a oferta de carne diante do consumo que irá crescer nos próximos anos, impulsionado pela melhoria de renda nos países emergentes. Dessa forma, a entidade estima que o confinamento de bois no Brasil deve se estabilizar no curto prazo e crescer em um horizonte mais longo. Interconf 2011 O analista técnico da Assocon, Bruno de Andrade mostra que segundo uma simulação feita pela Associação em Goiás, o custo operacional efetivo de um confinamento é em média de R$ 1.637 mil/animal. Sua rentabilidade, ainda segundo a simulação, gira em torno de 3,69%. Preocupados em melhorar a rentabilidade do setor e tratar de temas relacionados à gestão integrada na propriedade, a Assocon realizou, em setembo, em Goiânia, a 4ª Conferência Internacional de Confinadores (Interconf). O evento teve, entre os assuntos principais das plenárias, palestras sobre a experiência bem sucedida de Goiás com o uso da GTA Eletrônica. www.sistemafaeg.com.br


Mendel Cortizo

SUCESSÃO FAMILIAR

De pai para filho… Pais, preocupados com a continuidade da atividade agrícola e a permanência das propriedades em posse das famílias, despertam nos filhos o interesse pelo trabalho no campo Rhudy Crysthian | rhudy@faeg.com.br www.senargo.org.br

Outubro/2011

CAMPO | 21


SUCESSÃO FAMILIAR

G

arantir a continuidade de um negócio rural é muitas vezes um assunto delicado, pois geralmente alguns herdeiros vêem dificuldades em dar sequência aos trabalhos dos pais. Em segmentos específicos como o agronegócio, os filhos encontram mais dificuldades em assumir as rédeas da propriedade devido a sua forma de educação aplicada ao longo da constituição familiar. Geralmente, os filhos vão estudar em grandes centros, fazem universidade e estágios e, dificilmente, retornam à vida no campo. Para alguns herdeiros, os atrativos da vida profissional na cidade se mostram mais chamativos que os trabalhos na zona rural. A vida na fazenda requer dedicação exclusiva e integral, muitas vezes, com pouco tempo para família ou para outras atividades. Atentos a esse êxodo dos filhos para a cidade, muitos pais começam a despertar nos herdeiros o interesse e compromisso com o trabalho no campo. Seja em propriedades pequenas

ou grandes, quando a questão é sucessão familiar, a preocupação é a mesma: como preparar os filhos de maneira mais apropriada para assumirem o controle dos negócios. “Primeiramente, deve-se saber se os filhos possuem o mesmo sonho do fundador. Caso tenham, é preciso manter a cultura que o pai possui e implantou em seu negócio”, orienta o especialista em sucessão familiar da DS Consultoria Empresarial e Educacional, Domingos Ricca. Preocupado com o futuro dos filhos e com a permanência da propriedade na família, o produtor de soja, milho e sorgo do Sudoeste goiano, José Roberto Brucceli, despertou nos filhos, desde crianças, o gosto e interesse pelo trabalho no campo. Ele conta que colocava as crianças nos tratores e colheitadeiras enquanto trabalhava, aplicava atividades lúdicas e até usava de métodos pedagógicos, mesmo sem orientação profissional sobre o assunto, para despertar nos filhos o gosto pelas atividades desenvolvidas na propriedade.

O empenho do produtor deu certo, hoje, três dos quatro herdeiros da família trabalham com ele na propriedade. Brucceli só enxerga vantagens em manter a fazenda em posse dos herdeiros. “Dessa forma, mantemos nosso patrimônio histórico e financeiro na família. O produtor tem conhecimento para transferir para os filhos e sabe a melhor forma de não deixar essa história acabar em apenas uma geração”, diz. As raízes da família na agricultura são ainda mais profundas. Os avôs de Brucceli eram cafeicultores em São Paulo e, desde então, os herdeiros mantêm a família no campo. “Quando os filhos, na ocasião da morte dos pais, vendem a propriedade, interrompem a continuidade da atividade no campo e dificilmente conseguem resgatar futuramente”, acredita. O especialista em sucessão familiar, Domingos Ricca, completa que o produtor pai deve perpetuar no filho algumas características na gestão da fazenda como credibilidade, perseverança, carisma e liderança. “Indepen-

Mendel Cortizo

A família Brucceli trabalha unida para manter a propriedade nas mãos dos futuros herdeiros. Pai carregava os filhos nos tratores quando eram crianças

22 | CAMPO

Outubro/2011

www.sistemafaeg.com.br


Filhos Para um dos filhos do Brucceli, Ivan Bruccelli, os herdeiros devem se ater para outras nuances da vida no campo. “Para trabalhar com agricultura devemos entender que não se trata apenas de herdar um pedaço de terra e esperar o lucro em toda safra. O novo empreendedor rural precisa estudar e se preparar para manter a atividade viva e sustentável. Dessa forma, conseguimos inclusive aumentar a produtividade que nossos pais conseguiam nas propriedades”, ensina. Ele conta que quando o patriarca implanta uma cultura individualista na família, buscando apenas o resultado financeiro da atividade, os filhos acabam por optar por outra profissão, mesmo porque nem sempre a atividade é lucrativa a todo momento, já que o agronegócio passa por constantes variações na economia. Outro fator que pode desestimular a perpetuação da propriedade por parte dos descendentes é a maneira como o pai conduz o dia a dia da família. Segundo ele, os pais que trabalham no campo têm uma carga horária extremamente exaustiva e o filho não pode se assustar. “Nossos pais trabalham quase 20 horas por dia e muitas vezes deixam de investir na propriedade para levar a família para a cidade e formar os filhos”. Ivan afirma que, dessa forma, os filhos acabam se distanciando da realidade da fazenda e se desinteressando pelo segmento. “Eu acredito mais na união da família, os filhos podem e devem estudar

www.senargo.org.br

para garantir melhores resultados no campo, aprimorarem a utilização de novas tecnologias na propriedade, mas os pais não podem deixar isso se transformar em distanciamento e desinteresse”, completa. Hoje, com dois filhos, de quatro e seis anos, Ivan tenta adotar as mesmas técnicas utilizadas pelo seu pai para estimular nos pequenos o interesse e

gosto pelo trabalho na fazenda. “Eu faço as mesmas coisas que meu pai fazia comigo e com meus irmãos quando éramos crianças, levo os meninos para andar de colheitadeira, passear no trator, explico como é a vida de um produtor rural, deixo a criançada solta para brincar à vontade e, assim, eles vão conhecendo aos poucos como é a vida de um trabalhador rural”, declara.

Herdeiros juntos potencializam resultados Mendel Cortizo

dente do ramo de atividade, todo e qualquer sucessor, seja filho ou filha, terá que conhecer bem seu próprio negócio e possuir liderança. O herdeiro não deve se tornar sucessor apenas por possuir o mesmo sobrenome que o fundador. Ele precisa ter o sonho de seguir o negócio, além de estar capacitado para assumir o lugar do pai, perpetuando sua personalidade e cultura”, destaca.

Os irmãos Sinval e Valdivino administram a propriedade que herdaram do pai, em Bela Vista de Goiás. Eles afirmam dever ao patriarca o gosto pelo trabalho no campo

Na visão do especialista em sucessão familiar da DS Consultoria Empresarial e Educacional, Domingos Ricca, todo fundador, seja de uma empresa rural ou de qualquer outro segmento que tenha sua família trabalhando junto, deseja que seu negócio seja perpetuado. “Dessa forma, a família deve tentar manter a propriedade após sua ausência, com o mínimo de conflitos

ou brigas. A vantagem está em um trabalho consolidado, no qual já se conhece a cultura e a forma de administrar do fundador, sendo mais fácil levar adiante seu carisma e sua liderança”, orienta. Para ele, quando a família possui mais de um herdeiro, o ideal é não repartir o patrimônio. “Juntos, os filhos são mais fortes. Com a separação da propriedade, os filhos

Outubro/2011

CAMPO | 23


SUCESSÃO FAMILIAR podem fazer concorrência entre si. Sem a repartição, eles irão tomar decisões em conjunto, fortificando o empreendimento. A divisão dos lucros deve ser clara e levar em consideração a participação de cada um”, acredita. Os irmãos, Sinval Vilson de Carvalho e Valdivino Joarez de Carvalho, herdeiros da fazenda São José, em Bela Vista de Goiás, região Central do Estado, tomaram uma decisão quando o patriarca da família faleceu em 1986, não dividir a propriedade. Os dois trabalham juntos e ajudavam a família desde crianças. “Sempre moramos na fazenda. Nosso pai nos ensinava a cuidar do gado e dos animais des-

de pequenos. Não sabemos se ele se preocupava com a continuidade da atividade, mas os ensinamentos dele despertaram em nós o gosto pela atividade”, garantem. Hoje, Sinval já carrega o filho de dois anos para os trabalhos no curral e no pasto. A forma de ensinar os filhos ativou não só o interesse dos irmãos, mas também o lado empreendedor e estratégico de Sinval e Valdivino. Depois que assumiram a propriedade, os dois praticamente deram um novo fôlego à atividade. Lá, eles produzem leite. Quando o patriarca da família era vivo, eram produzidos diariamente 25 litros de leite com um rebanho de 17 animais em lactação. Hoje, com 36 vacas, os

irmão conseguem uma margem de 500 litros/dia. “Devemos ao nosso pai toda afinidade adquirida pelo trabalho rural, mas procuramos sempre melhorar e modernizar nosso trabalho”, destaca Sinval. Ele conta que até tentou desistir da vida no campo, mas logo percebeu que, manter a propriedade ativa seria muito mais lucrativo que trabalhar de empregado na zona urbana. “Em 2002 o cenário para o produtor de leite estava muito desfavorável. Então eu me mudei para a cidade e deixei meu irmão sozinho, mas logo vi que o melhor mesmo era cuidar da propriedade”, lembra. Sinval é casado e pai de uma criança, ele pretende estimular no filho o gosto pelo trabalho.

Jana Tomazelli

À frente da propriedade dos pais filhos inovam

Danilo e seu pai, José Altamiro, trabalham juntos na pequena propriedade em Firminópolis

O produtor de Firminópolis, região Central de Goiás, Danilo Tomazelo, fez o caminho inverso de muitas famílias oriundas do campo. Ele despertou no pai o interesse pelo agronegócio e agora se prepara para 24 | CAMPO

Outubro/2011

assumir a direção da pequena propriedade. No local, são produzido leite, suínos e avicultura de subsistência. Em 1999, o patriarca da família, José Altamiro Auwww.sistemafaeg.com.br


gusto, adquiriu uma pequena propriedade. Quando viu a possibilidade de se firmar no segmento Danilo começou a estimular no pai a ideia de usar o espaço para gerar renda. “Meu pai não acreditava que tínhamos espaço para trabalhar, ele usava a terra apenas como uma opção de lazer”, lembra. Aos 17 anos, Danilo iniciou um curso de zootecnia já de olho em fazer a área render lucro para a família. Logo o pai de Danilo, que tinha um emprego na cidade, percebeu a iniciativa do filho, aumentou a propriedade e se tornou um pequeno produtor. Hoje, os dois juntos tocam a pequena propriedade e Danilo também presta consultoria para outros produtores. “Eu acredito que os filhos devem aproveitar a juventude para se especializar e se informar sobre a atividade que pretendem se dedicar, tanto para ajudar os

pais quanto para assumir a propriedade”, aconselha. Com conhecimento técnico e inovação, Danilo conseguiu melhorar os resultados da fazenda e aumentar a produtividade do leite. Antes, eram produzidos 20 litros de leite por dia, com um pequeno rebanho de sete cabeças. Hoje, o jovem produtor extrai até 140 litros de leite/dia, com apenas seis vacas em lactação. Segundo ele, os herdeiros precisam se informar e não limitar sua margem de inovação na propriedade para melhorar os resultados obtidos pelos pais e manter a propriedade sustentável por outras gerações. “Nós jovens precisamos ficar atentos também para não cairmos em erros do passado, muitas vezes cometidos pelos nossos pais por falta de conhecimento. É importante buscar a sustentabilidade contínua no campo”,

sentencia. Faeg Jovem Com o objetivo de promover o desenvolvimento de novas lideranças rurais no Estado, tanto para atuarem à frente das propriedades agrícolas quanto para assumirem postos de lideranças do segmento, a Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) criou um novo braço na entidade, a Faeg Jovem. A novidade está estimulando e apoiando o surgimento e a formação de novos empreendedores rurais, fortalecendo a cultura empreendedora dentro do meio agrícola. A idéia também é desenvolver competências em jovens produtores e possíveis sucessores da gestão dos negócios em empresas rurais familiares. Para assim, contribuir para a inovação, melhoria da gestão e aumento da competitividade das propriedades rurais.

GRAFICA TALENTO

www.senargo.org.br

Outubro/2011

CAMPO | 25


IMPORTAÇÃO

Jana Tomazelli

Gilson Costa diz que importações desestimulam o pecuarista a aumentar a produção

Leite estrangeiro Brasileiros querem limitar a entrada de leite em pó argentino e uruguaio no Brasil para evitar surto de importação e desequilíbrio no mercado interno Karine Rodrigues | karine@faeg.com

26 | CAMPO

Outubro/2011

www.sistemafaeg.com.br


O

impasse sobre a importação de leite da Argentina e do Uruguai deve chegar ao fim neste mês. Em abril deste ano, terminou o acordo comercial firmado entre Brasil e Argentina para importação do produto, que previa a compra mensal de 3,3 mil toneladas de leite em pó. Desde então, os acertos estão sendo feitos a cada seis meses. Nos primeiros oito meses de 2011, a Argentina exportou para o Brasil 56 mil toneladas do produto e superou as 52 mil toneladas recebidas durante todo o ano de 2010. No caso dos queijos ocorreu o mesmo, foram importadas 21 mil toneladas ano passado, ante as 20 mil toneladas nos oito primeiros meses deste ano. O governo brasileiro tem pressa em acertar a situação para evitar surtos de importação e para que haja um fluxo regular da oferta de matéria-prima. Segundo informações do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa), o setor privado brasileiro está incomodado devido ao forte aumento no volume dos importados. O novo acordo com a Argentina vai acertar o limite de importação até o final do primeiro semestre de 2012. O trabalho se estende também para inclusão de queijos no acordo. A importação de leite em pó gera

problemas econômicos e sociais, não apenas para os produtores. O superintendente do Senar Goiás, Marcelo Martins, explica que a restrição da Argentina a produtos brasileiros se estende aos 577 itens. “Queremos reciprocidade da Argentina e do Uruguai em relação às exportações”, explica. O presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da CNA, Rodrigo Alvim, que participa das reuniões de negociação com a Argentina, diz que os argentinos estão insistindo para fazer o acordo. “A reclamação deles é que perderam espaço para os uruguaios uma vez que aumentaram o volume de exportações para o Brasil, no espaço deixado pelos portenhos”, ressalta Alvim. Tanto os uruguaios quanto os argentinos estão dispostos a negociar cotas de importação de leite, porém, reclamam que as licenças de importação não foram liberadas. Alvim explica que essa liberação está inviável, pois se somadas somente as exportações do Uruguai para o Brasil de leite e queijo, por mês, chegam a 1,6 mil toneladas. Juntos ambos os países sulamericanos têm vendido para o Brasil quase cinco mil toneladas de leite e queijo todo mês. No caso da Argentina, o acordo feito até abril desse ano considerou a

média das exportações de cinco anos anteriores ao contrato. A média era de 1,5 mil tonelada mês e na negociação foram autorizadas 3,3 mil toneladas, ou seja mais que o dobro do que eles haviam vendido para os brasileiros até a formalização do acordo. O volume médio importado da Argentina no período de setembro 2010 a agosto de 2011 foi de 3.685 mil toneladas. A Comissão Nacional de Pecuária de Leite da CNA está tratando do assunto em conjunto com o Ministério das Relações Exteriores (MRE) e com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Fixado O acordo antigo feito com a Argentina previa a importação de 3,3 mil toneladas de leite em pó com valor de importação indexado com o preço praticado na Oceania, cuja divulgação das informações de preços ocorrem a cada 15 dias e balizam os preços do leite em pó no mundo inteiro. De acordo com Martins, os preços praticados na Oceania são muito próximos do adotados pelo Mercosul. As discussões estão sendo conduzidas pela CNA e Ministério da Indústria e Comércio (MDIC). Conforme Marcelo Martins, o Bra-

Importação de leite em pó:

Período Jan/10 Fev/10 Mar/10 Abr/10 Mai/10 Jun/10 Jul/10 Ago/10 Set/10 Out/10 Nov/10 Dez/10 Total / 10 Média/10 www.senargo.org.br

2010

Fonte: Secex/MDIC/Elaboração: CNA

Argentina

Mundo Mil US$ 14.292 12.700 6.868 18.082 13.162 15.969 14.862 8.843 8.867 8.477 18.697 32.105 172.923 14.410

Tonelada 4.490 3.922 2.080 5.720 4.145 4.839 4.658 2.456 2.538 2.379 5.706 9.168 52.102 4.342

Mil US$ 10.463 8.066 5.728 14.356 8.290 6.106 9.375 7.706 7.419 6.555 12.829 12.928 109.821 9.152

Uruguai Tonelada 3.165 2.347 1.680 4.570 2.670 1.864 2.825 2.106 2.088 1.829 3.956 3.818 32.919 2.743

Mil US$ 3.829 744 0 3.455 4.795 8.341 1.854 492 1.265 1.740 5.686 18.671 50.871 4.239

Tonelada 1.325 275 0 1.050 1.450 2.475 500 150 400 500 1.700 5.200 15.025 1.252

Outubro/2011

CAMPO | 27


sil tem um grande mercado consumidor de leite, fator que torna recorrente a condição de importador de lácteos. A produção e o consumo brasileiro são da ordem de 30 bilhões de litros/ano. A valorização do real ante o dólar e o peso favorecem o incremento das importações argentinas, cujo surto ocorreu em 2009. Diante desse quadro foi necessário fazer um acordo de cotas e preços com Argentina para conter a expansão das importações. Com o Uruguai, não há acordo de cotas, somente limitação informal. Essas importações deprimem o preço do leite para o produtor gerando instabilidade de preço e de produção, no segundo momento gera elevação de preços aos consumidores. “Não podemos receber todo excedente de produção da Argentina e do Uruguai”, explica Martins. Goiás tem 60 mil produtores de leite, o Brasil tem 1,3 milhão de produtores e a maioria são de pequenas propriedades que vivem da atividade, a principal fonte de renda da família. Na ponta Quem mais sofre com essas importações são produtores que se sentem desestimulados a produzir para concorrer com o leite importado. Produtor rural há 33 anos, Gilson Costa, também engenheiro agrônomo, afirma que as importações atrapalham muito os produtores. O impedimento

Jana Tomazelli

IMPORTAÇÃO

Marcelo Martins acredita que as importações de leite deprimem o preço do produto no Brasil. Para ele, o País não pode absortver todo o excedente de produção do leite da Argentina e do Uruguai

não é direto, mas existem gargalos como leis ambientais e trabalhistas que oneram em demasia o produtor que fica sem ter condições de fazer mais cortes nos gastos e, assim, poder competir com o produto estrangeiro. Ele explica que a mão de obra para trabalhar com leite é muito especializada e que está cada vez mais difícil encontrar quem queira lidar com o produto. Trata-se de um serviço pesado que precisa ser feito todos os dias, inclusive finais de semana e feriados. Os produtores afirmam que mesmo oferecendo qualificação e benefícios, muitos desistem do ofício. Gilson explica que apenas 15% dos produtores produzem 80% do leite consumido em Goiás e o pequeno

produtor não consegue abastecer o País. “É necessário mudar o foco de ação e partir para o médio e grande produtor. O preço do leite não está ruim, o custo Brasil é que está muito alto e a margem muito baixa”, relata. O produtor acrescenta que quando se fala em gado leiteiro o foco é só no leite, mas as pessoas se esquecem que o pecuarista precisa manter outras estruturas, como a casa, o caminhão, formar pasto, plantar para fazer silagem, arborizar a fazenda para cumprir a legislação ambiental, além de fazer cerca e curral. “Se continuar assim, de que os produtores vão viver? Tudo vai parar no Brasil e vamos em breve ver nas gôndolas caixa de leite “made in Argentina e made in Uruguai”, destaca Gilson.

Importação de leite em pó:

Período

2011

Fonte: Secex/MDIC/Elaboração: CNA

Argentina

Mundo

Uruguai

Jan/11 Fev/11 Mar/11 Abr/11 Mai/11 Jun/11 Jul/11 Ago/11

Mil US$ 32.886 33.451 18.237 29.529 31.411 23.788 23.077 23.217

Tonelada 9.213 9.267 5.002 7.869 7.727 5.772 5.565 5.626

Mil US$ 18.846 20.150 13.062 14.648 14.438 16.166 13.354 15.474

Tonelada 5.353 5.546 3.527 3.821 3.476 3.806 3.226 6.776

Mil US$ 13.693 12.051 5.176 13.492 12.405 4.057 6.878 4.945

Tonelada 3.750 3.325 1.475 3.650 3.075 1.050 1.621 1.221

Total/11 Média/11

215.596 26.950

56.041 7.005

126.135 15.767

32.532 4.066

72.697 9.087

19.167 2.396

28 | CAMPO

Outubro/2011

www.sistemafaeg.com.br


Jana Tomazelli

SISTEMA EM AÇÃO

Conselheiros e alunos do treinamento de casqueamento de bovinos na Fazenda Vitória em Bela Vista de Goiás

Aperfeiçoamento da atividade agropecuária Conselheiros do Senar Central visitam Bela Vista de Goiás e conhecem ações desenvolvidas pelo Senar no interior do Estado Karine Rodrigues | karine@faeg.com

O

presidente do Conselho Fiscal do Senar Central, Ryan Carlo Rodrigues dos Santos e outros quatro componentes estiveram em Goiás para presenciar os cursos e as atividades promovidas pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), em Goiás. Durante a visita, acompanhados do Superintendente do Senar Goiás, Marcelo Martins e da equipe técnica, o grupo de conselheiros que veio de Brasília

www.senargo.org.br

e Tocantins visitou o Sindicato Rural de Bela Vista de Goiás, a fazenda Vitória, também situada no mesmo município, e o Centro de Treinamento do Laticínio Piracanjuba – o Pró Campo. Segundo Marcelo Martins, a ideia era trazer os conselheiros ao campo para que pudessem conhecer a estrutura de trabalho do Sindicato Rural e vissem como é feito o planejamento quadrimestral das ações do Senar, no Estado. Um dos objetivos da visi-

ta também foi apresentar como são ministrados os treinamentos da entidade. Em Goiás, o Senar não possui um centro de treinamento próprio, fato que segundo martins, faz com que a proximidade com o produtor aumente. “Assim vamos conhecendo melhor a realidade de cada região e desenvolvendo cursos adaptados à realidade de cada lugar”, explicou. Ainda na sede do Sindicato Rural de Bela Vista, o grupo conheceu Outubro/2011

CAMPO | 29


Jana Tomazelli

SISMETA EM AÇÃO

Visita do Conselho Fiscal do Senar Central ao centro de treinamentos Pró-Campo

produtoras rurais que fazem parte do programa Com Licença Vou à Luta. As seis mulheres apresentaram o trabalho de artesanato que começaram a produzir depois de participarem dos treinamentos de Promoção Social do Senar Goiás. Elas produzem tapetes, colchas, toalhas de mesa, peças decorativas e doces, tudo garante e aumenta a renda da família. De acordo com Martins, o programa 30 | CAMPO

Outubro/2011

Com Licença Vou à Luta foi um divisor de águas nas propriedades goianas, onde as mulheres participaram, pois contribuiu decisivamente no processo de gerenciamento de todas as atividades da propriedade. O presidente do Sindicato Rural de Bela Vista de Goiás Wanderley Rodrigues de Siqueira, explicou que o Sindicato é uma entidade simples, não tem muitos recursos, mas que se bem

aproveitadas as oportunidades que o Senar oferece, é possível movimentar a região. “O Senar é uma pedra preciosa que temos nas mãos e que representa muito para o Sindicato”, ressaltou. O segmento rural de Bela Vista é composto, prioritariamente, por pequenos produtores e a pecuária de leite é forte na região. A mobilizadora do Senar Goiás em Bela Vista de Goiás, Auriluce da Cruz, diz que o trabalho de reunir e motivar os produtores a participarem do curso não é fácil, porém, muito gratificante, segundo ela. A mobilizadora explicou que os treinamentos são agendados sob demanda, mas é feita uma triagem de quem realmente tem o perfil e interesse na atividade. “O melhor salário do mobilizador é quando ele volta ao lugar onde foi feito o treinamento e vê que o sucesso foi alcançado,” explica. Comitiva O presidente da Federação do Amapá e conselheiro fiscal do Senar Central, Iraçú Colares, disse que a ideia de propiciar aos membros do conselho uma visita o trabalho executado pelo Senar nos municípios foi formidável. Iraçú acredita que há um descompasso na legislação brasileira que impede os jovens menores de 18 anos de serem treinados, para dar continuidade na atividade desenvolvida pelos pais. “Isso evitaria que muitos filhos de produtores abandonassem o trabalho no campo, pois teriam conhecimento técnico para lidar na propriedade. Creio que nós do Senar temos que tentar promover mudanças na legislação”, sugeriu. O coordenador orçamentário do MAPA e representante do Ministério no Conselho, Alberto Bellinello, explicou que o aparelho público tem que ir onde o povo está. Ele ressaltou também que não há necessidade de o Senar Goiás ter um centro de treinamento, uma vez que as parcerias são bem sucedidas e os treinamentos atendem o público-alvo. www.sistemafaeg.com.br


Os conselheiros do Senar Central participaram de algumas lições do treinamento de Casqueamento Preventivo de Bovinos. A turma de oito alunos, sob a instrutoria de Gaspar Belarmino de Oliveira Júnior, aprendeu durante as 24 horas de curso, a controlar e eliminar as perdas decorrentes das afecções de casco, a dominar as técnicas de casqueamento em peças anatômicas, avaliar aprumos e os defeitos nos bovinos, conter e casquear os bovinos. Questionados sobre os motivos que os levaram a fazer o curso de casqueamento, seis alunos são produtores e trabalhadores rurais que estavam à procura de aprimoramento da técnica de casqueamento e dois alunos estavam em busca de novos conhecimentos para mudar de profissão. Um aluno é empresário e dono de restaurante, quer deixar o estresse da cidade e ir morar no campo. Outro aluno trabalha na construção civil e pretende alcançar mais qualidade de vida, por isso, busca no campo essa tranquilidade. No centro de treinamento Pró-Campo do Laticínio Piracanjuba, a comitiva foi recebida pelo diretor-geral do Laticínio Luiz Magno de Carvalho, que apresentou o histórico do centro que possui apenas um ano e meio de existência. A unidade que possui um total 18 hectares, destes, 14 hectares são produtivos. No local já foram realizados 703 treinamentos de produtores e são captados diariamente mil litros de leite. De acordo com Luiz Magno, a parceria com o Senar Goiás é muito forte e essencial para manter os treinamentos do centro. A mobilização dos produtores para os cursos é compartilhada entre a equipe do centro de treinamento e a mobilizadora do Sindicato Rural de Bela Vista. Outro serviço prestado pelo Pró-Campo aos produtores rurais da região e egressos dos cursos é exame de carrapatos realizado pela equipe de médicos veterinários que lauda e receita o medicamento adequado. Tudo feito gratuitamente.

www.senargo.org.br

Jana Tomazelli

Treinamento garante qualificação

Instrutores do Senar, em Goiás, fazem demonstração prática de treinamentos oferecidos para produtores

Outubro/2011

CAMPO | 31


CAMPO RESPONDE Há possibilidade de produção de soja na região Nordeste do Estado, especificamente no município de Flores de Goiás? Wagner Gualberto de Brito

Existe sim a possibilidade do cultivo da soja nesta região. Porém, alguns cuidados devem ser tomados. Primeiramente, as exigências hídricas devem ser observadas, a soja necessita entre 450 e 800 mm/ ciclo de água, dependendo das condições climáticas, do manejo da cultura e da duração do ciclo. Esta disponibilidade é importante, principalmente, em dois períodos de desenvolvimento da soja: germinação-emergência e floração-enchimento de grãos. Posteriormente, as condições de temperatura do local a ser cultivado devem ser observadas, é recomendável temperaturas do ar entre 20° C e 30° C. Em sua região devemos ter cuidado com temperaturas acima de 40° C. Consultor: LEONARDO MACHADO, assessor Eudison/SXC.HU

técnico da Faeg para a área de cereais, fibras e oleaginosas.

João Faria

Preciso saber se é legal condenarem minha área, registrada antes da Lei de 1965, como uma APP. Será que eu posso reflorestar com cultura de eucaliptos grandes? Esta área confronta-se com um rio onde a metragem de APP é de 100 metros. A terra mencionada sempre foi de lavoura e nunca avancei às margens do rio. Só que pelos anos 1980 foi construída uma barragem. Isto elevou a lâmina d’água em vários metros e está provocando o desbarrancamento contínuo das margens. Só em minha área frontal se perderam pelo menos 20 metros. Paulo Renato Ruschel

A legislação ambiental não permite recompor Áreas de Preservação Permanente (APPs) com espécies exógenas como o eucalipto. Em relação à barragem construída, deve solicitar formalmente ao órgão ambiental providências e informação do procedimento que deve adotar para não ser prejudicado. Se for o caso, ser indenizado de alguma forma pela empresa que construiu a barragem. Pelo adiantado do problema o ideal é contratar um advogado. Consultora: MARCELO LESSA, assessor técnico da Faeg para a área de meio ambiente. Envie suas dúvidas para revistacampo@faeg.com.br. Não se esqueça de colocar seu nome completo, a região onde mora e a cultura que produz. Envie-nos também fotos do assunto que pretende obter resposta. 32 | CAMPO

Outubro/2011

www.sistemafaeg.com.br


Ângelo Armando de Paula

DELÍCIAS DO CAMPO

Rendimento

20 FATIAS

Receita elaborada por Ângelo Armando de Paula, instrutor de Cozinha Rural do Senar, em Goiás.

Torta de abacate, abacaxi e morangos Ingredientes:

Modo de fazer:

1 abacate inteiro ou 1 xícara de chá de abacate picado 300 mls de leite ou água 1 xícara de chá de óleo 1 e 1/2 xícara de chá de açúcar 2 xícaras de chá de farinha de trigo 3 ovos inteiros 2 colheres de sopa de fermento em pó Rodelas de abacaxi Morangos para decorar

Para a calda, coloque o açúcar e a água em uma panela e leve ao fogo até engrossar. Despeje na forma e disponha as rodelas de abacaxi e reserve. Bata no liquidificador o abacate, o óleo, o açúcar, os ovos e o leite. Acrescente a farinha de trigo e, por último, o fermento em pó. Despeje sobre a calda com o abacaxi e leve ao forno até assar. Retire do forno, desenforme e decore com os morangos.

Ingredientes para Calda:

Dica:

1 e 1/2 xícara de chá de açúcar 1/2 xícara de chá de água

O abacaxi e o morango podem ser substituídos por outras frutas de sua preferência.

Envie sua sugestão de receita para revistacampo@faeg.com.br ou ligue (62) 3096-2200. www.senargo.org.br

Outubro/2011

CAMPO | 33


Jana Tomazelli

CASO DE SUCESSO

“O

curso sobre piscicultura salvou minha propriedade”. O alívio estampado no rosto do produtor rural e pai de três filhos, Justiniano Nunes Neto, 49, de São Miguel do Araguaia, revela uma falha crucial que muitos produtores cometem na hora de definir estratégias de plantio, mudança de cultura ou mesmo diversificação da atividade: a falta de planejamento. Este ano, ele começou a trabalhar com peixes e cometia vários tipos de erros como exceder a quantidade de animais por tanque, tratamento inapropriado para água, mistura inefi-

34 | CAMPO

Outubro/2011

ciente de ração, entre outros. Quando passou a perceber que os peixes começavam a morrer, fato que estava minando os lucros futuros da propriedade, Justiniano tratou logo de pedir auxílio ao Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), em Goiás. O Sindicato Rural de São Miguel do Araguaia levou o treinamento de piscicultura para a região e capacitou uma turma inteira de produtores rurais que tinha interesse em trabalhar com peixes. Ele trabalhava inicialmente com fabricação caseira de doces, mas a produção estava tomando muito o tempo

e o trabalho da família e não estava mais tão vantajosa. “Eu sempre quis trabalhar com cria e comercialização de peixes, mas comecei da forma errada. Ainda bem que o Senar me ajudou a reverter as falhas a tempo”, comemora. Acertos Corrigidos os erros, o produtor começou a contabilizar os acertos. Adequou a quantidade ideal de peixes por tanque, fez as correções nutricionais na água e passou a observar onde eram as minas de nascente de água. “Começamos a trabalhar com peixe

www.sistemafaeg.com.br


Peixe fresco o ano todo Sem conhecimento técnico, produtor rural do município de São Miguel do Araguaia quase perdeu todo o investimento por se aventurar em uma cultura sem estar preparado. Treinamento do Senar garantiu a renda da família e a sustentabilidade da propriedade

sem orientação alguma. Com a ajuda do Senar pudemos definir melhor os rumos da cultura em nossa região”, destaca. Justiniano vive em um assentamento com outras 122 famílias em áreas de sete alqueires cada. Alunos Ao todo, 16 pessoas participaram do treinamento oferecido pelo Senar na região. “Os resultados do curso foram tão satisfatórios que queremos trazê-lo novamente, porque têm mais pessoas querendo participar e alunos do curso anterior que pretendem repetir as aulas para dis-

www.senargo.org.br

Rhudy Crysthian | rhudy@faeg.com.br

cutir com os instrutores do Senar os problemas que estamos enfrentando com a criação de peixe”, disse. Ele pretende começar a comercializar os peixes até o fim do ano. Dessa forma, Justiniano quer incrementar, e com o tempo substituir, a renda do doce pelo peixe. Justiniano conta que há um grupo de chineses interessados em firmar uma parceria comercial entre os produtores da região. “Eles têm uma demanda de 100 mil quilos do produto todo mês. Se alcançarmos essa produção podemos nos tornar fornecedores fixos deste grupo”.

Como participar Os interessados em treinamentos e cursos do Senar Goiás no município de São Miguel do Araguaia devem entrar em contato com o Sindicato Rural pelo telefone: (62) 3364-11102.

Outubro/2011

CAMPO | 35

Paulo Costa/Flickr

Justiniano Nunes Neto, do município de São Miguel do Araguaia, aprendeu no Senar a trabalhar com peixe. A cultura é hoje a principal renda da família.


CURSOS E TREINAMENTOS

Sua majestade: O MILHO *Cristiano Ferreira da Silveira | cristianofsilveira@yahoo.com

EM SETEMBRO, O SENAR PROMOVEU

227

CURSOS E TREINAMENTOS DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL RURAL

23

67

Na área de agricultura

36 | CAMPO

6

Em atividaNa área de de de apoio silvicultura agrossilvipastoril

Outubro/2011

4

4

Na área de Na área de agroindústria aquicultura

93 Na área de pecuária

30 Em atividades relativas à prestação de serviços www.sistemafaeg.com.br


Jhon/sxc.uc

O

milho se tornou importante no Brasil ao virar complemento da base alimentar indígena, ao lado da mandioca. Hoje, sua produção é voltada para a indústria alimentícia e de ração animal. Visando o beneficiamento deste cereal tão popular e consumido, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), em Goiás, oferece o treinamento de Processamento Caseiro do Milho. Além de trabalhar com todos os subprodutos do grão como fubá, amido, milharina entre outros, beneficia a matéria-prima seca para a fabricação da verdadeira farinha de milho, um resgate da utilização do produto por povos antigos, aliando às técnicas do novo processamento de moagem, lavagem e torração da farinha. O treinamento foca também essa versatilidade do grão, transformando-o em inúmeras receitas doces e salgadas, algumas até consideradas ícones da culinária goiana. Do milho verde temos a pamonha, o curau, o sorvete, o bolo e a “xica doida”. Do fubá, surgem pratos como o pão, a polenta e as broas. Do amido são produzidos os deliciosos sequilhos. Dos flocos de milho a milharina e o cuscuz. Da farinha também são produzidos o cuscuz paulista, o mungunzá, um cozido de feijão e canjica amarela, uma iguaria da culinária brasileira.

Para mais informações sobre os treinamentos e cursos oferecidos pelo Senar, em Goiás, o contato é pelo telefone (62) 3545-2600 ou pelo site www.senargo.org.br

*Cristiano Ferreira da Silveira é tecnólogo em gastronomia e instrutor de Cozinha Rural do Senar, em Goiás.

70 30 Alimentação e nutrição

www.senargo.org.br

CURSOS E TREINAMENTOS NA ÁREA DE PROMOÇÃO SOCIAL

6 Organização Comunitária

6 Saúde e Alimentação

6 Prevenção de acidentes

22 Artesanato

3433 PRODUTORES E TRABALHADORES RURAIS CAPACITADOS

Outubro/2011

CAMPO | 37


CAMPO ABERTO

Cuidado! Águas de cacimbas podem transmitir botulismo

Mendel Cortizo

Aires Manoel de Souza | airesvet@gmail.com

Aires Manoel de Souza é veterinário e professor associado da Escola de Veterinária da Universidade Federal de Goiás (UFG)

38 | CAMPO

Com um rebanho bovino em torno de dez milhões de cabeças, a pecuária de corte de alto padrão genético é a principal atividade econômica na região do Vale do Araguaia (GO). Solo arenoso, vegetação do tipo Cerrado, pastagens do gênero brachiaria, topografia plana e condições climáticas favoráveis, quente e úmida, predominam na região. Essas características viabilizam a criação de bovinos, principalmente, da raça nelore. Uma característica marcante do local é a existência de poucos mananciais hídricos, na forma de rios e córregos, impondo assim restrições iniciais na destinação da área à bovinocultura extensiva. Com o constante aumento do rebanho bovino, essa situação foi superada pela prática de construir bebedouros artificiais denominados de cacimbas, poços cavados no solo, geralmente em baixadas úmidas, nos quais a água se acumula. No período das águas, de novembro a abril, as cacimbas enchem com águas da chuva e do lençol freático. Em época de seca, de maio a outubro, com aumento da temperatura, a consequente redução do volume de água e o acumulo de matéria orgânica provocam a diminuição

Outubro/2011

de oxigênio e favorecem o desenvolvimento do Clostridium botulinum, com formação de toxinas, que ao serem ingeridas pelos animais, causam botulismo de origem hídrica, denominado vulgarmente como “Mal das Cacimbas”. Uma pesquisa realizada no período da seca de 1997 a 2001, em 300 cacimbas de 130 propriedades, em 12 municípios da região do Vale do Araguaia, revelou a presença de toxina botulínica. O estudo que desenvolvemos se enquadrou dentro das linhas de pesquisas prioritárias da Escola de Veterinária da Universidade Federal de Goiás (UFG). O trabalho foi realizado em curso de Pós-Graduação, em nível de doutorado, junto ao Departamento de Medicina Veterinária Preventiva e Saúde Animal da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo, São Paulo - SP. A pesquisa permitiu chegarmos a algumas conclusões como: em amostras de sedimentos de 300 cacimbas, foi possível detectar toxinas botulínicas C ou D ou pertencentes ao complexo CD. Caso não sejam adotadas providências cabíveis, tais como vacinar o gado contra

o botulismo ou modificar o sistema de bebedouro dos animais, a tendência é que haja, possivelmente, um incremento da mortalidade dos animais provocada pela intoxicação botulínica. Considerando os resultados obtidos na pesquisa, é recomendável que os pecuaristas tomem providências como vacinar os bovinos e cremar os animais mortos pela doença. As cacimbas devem, preferencialmente, serem substituídas por depósitos d’água ligeiramente superiores ao nível do solo, de modo que os animais sejam impedidos de entrarem na água, a qual deverá ser obtida de poços artesianos. Caso não seja possível essa substituição, deve haver um controle mais eficiente das cacimbas, que precisam ser limpas constantemente, dentre outras práticas. Se os pecuaristas optarem pela continuidade do uso das cacimbas, é mais indicado que elas sejam construídas de forma circular, de maneira a compactar o solo em sua periferia, evitando assoreamento e impedindo que os animais fiquem atolados e, dessa forma, facilitando a sua distribuição ao redor das cacimbas. www.sistemafaeg.com.br


www.senargo.org.br

Outubro/2011

CAMPO | 39


40 | CAMPO

Outubro/2011

www.sistemafaeg.com.br


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.