ISSN 2178-5781
Ano XIII | 203 | Maio 2012 9912263550
Defensivos genéricos A liberação de insumos genéricos pode Goiás baratear despontaos na preferência custos de por produção europeia carne bovina
Piscicultura Qualidade e abundância das águas goianas favorecem a produção de pescados
Intrusas na lavoura Incidência de pragas migratórias preocupa produtores e chama a atenção para métodos de combate
PALAVRA DO PRESIDENTE
CAMPO A revista Campo é uma publicação da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (FAEG) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR Goiás), produzida pela Gerência de Comunicação Integrada do Sistema FAEG/SENAR, com distribuição gratuita aos seus associados. Os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores.
Conselho editorial
Pragas invasoras
Bartolomeu Braz Pereira; Claudinei Rigonatto; Eurípedes Bassamurfo da Costa Editores: Francila Calica (01996/GO) e Rhudy Crysthian (02080/GO) Reportagem: Rhudy Crysthian (02080/GO) e Leydiane Alves Fotografia: Jana Tomazelli Techio, Larissa Melo Revisão: Cleiber Di Ribeiro (2227/GO) Diagramação: Rowan Marketing Impressão: Gráfica Talento Tiragem: 12.500 Comercial: (62) 3096-2200 revistacampo@faeg.com.br
DIRETORIA FAEG Presidente: José Mário Schreiner Vice-presidentes: Mozart Carvalho de Assis; José Manoel Caixeta Haun. Vice-Presidentes Institucionais: Bartolomeu Braz Pereira, Estrogildo Ferreira dos Anjos. Vice-Presidentes Administrativos: Eurípedes Bassamurfo da Costa, Nelcy Palhares Ribeiro. Suplentes: Wanderley Rodrigues de Siqueira, Flávio Faedo, Daniel Klüppel Carrara, Justino Felício Perius, Antônio Anselmo de Freitas, Arthur Barros Filhos, Osvaldo Moreira Guimarães. Conselho Fiscal: Rômulo Pereira da Costa, Vilmar Rodrigues da Rocha, Antônio Roque da Silva Prates Filho, César Savini Neto, Leonardo Ribeiro. Suplentes: Arno Bruno Weis, Pedro da Conceição Gontijo Santos, Margareth Alves Irineu Luciano, Wagner Marchesi, Jânio Erasmo Vicente. Delegados representantes: Alécio Maróstica, Dirceu Cortez. Suplentes: Lauro Sampaio Xavier de Oliveira, Walter Vieira de Rezende.
CONSELHO ADMINISTRATIVO SENAR Presidente: José Mário Schreiner
O surto de determinadas espécies nocivas ao desenvolvimento agrícola, como pragas, perturbam os ecossistemas e provocam doenças nas lavouras. Como se não bastasse, o produtor ter que combater as pragas já originárias de cada cultura, agora elas começaram a migrar de uma lavoura para outra. Essa invasão de pragas às lavouras goianas causa um desequilíbrio no manejo. Esta migração está quase sempre ligada à necessidade de sobrevivência da espécie e seu combate mina o lucro do produtor que passa a ter um custo de produção ainda mais elevado. A necessidade de mudança nas datas de plantio, geralmente ocasionada por alterações climáticas; as rotações de culturas e as frequentes pulverizações, ações necessárias e perfeitamente comuns no manejo das culturas, favorecem essa interação das pestes migratórias. Neste cenário alarmante, o respeito aos vazios sanitários das principais culturas cultivadas no Estado se torna uma das armas mais poderosas para deter a disseminação de pragas e doenças. O cultivo de mudas longe dos locais onde serão plantadas, ou em estufas adequadas, quando possível, também se destacam como ferramentas poderosas nessa queda de braço entre produtor e pragas.
Titulares: Daniel Klüppel Carrara, Elias D’Ângelo Borges, Osvaldo Moreira Guimarães, Tiago Freitas de Mendonça. Suplentes: Bartolomeu Braz Pereira, Silvano José da Silva, Alair Luiz dos Santos, Elias Mourão Junior, Joaquim Saêta Filho. Conselho Fiscal: Maria das Graças Borges Silva, Edmar Duarte Vilela, Sandra Pereira Faria do Carmo. Suplentes: Henrique Marques de Almeida, Wanessa Parreira Carvalho Serafim, Antônio Borges Moreira. Conselho Consultivo: Bairon Pereira Araújo, Maria José Del Peloso, Heberson Alcântara, José Manoel Caixeta Haun, Sônia Maria Domingos Fernandes. Suplentes: Theldo Emrich, Carlos Magri Ferreira, Valdivino Vieira da Silva, Antônio Sêneca do Nascimento, Glauce Mônica Vilela Souza. Superintendente: Marcelo Martins FAEG - SENAR Rua 87 nº 662, Setor Sul CEP: 74.093-300 Goiânia - Goiás Fone: (62) 3096-2200 Fax: (62) 3096-2222
José Mário Schreiner Presidente do Sistema FAEG/SENAR
Site: www.sistemafaeg.com.br E-mail: faeg@faeg.com.br
Alexandre Cerqueira
Fone: (62) 3545-2600- Fax: (62) 3545-2601 Site: www.senargo.org.br E-mail: senar@senargo.org.br Para receber a Campo envie o endereço de entrega para o e-mail: revistacampo@faeg.com.br. Para falar com a redação ligue: (62) 3096-2208 - (62) 3096-2248 (62) 3096-2115.
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Larissa Melo
PAINEL CENTRAL
Pragas migratórias
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Agenda Rural
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Fique Sabendo
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Cartão Produtor
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Campo Responde
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Delícias do Campo
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Campo Aberto
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Jana Tomazelli
Entomologista, Paulo Marçal, afirma que cultivar as mudas longe dos campos onde serão produzidas ajuda a proteger as plantas contra pragas originárias de outras culturas.
Lucro rápido
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Tendência é de crescimento da piscicultora em Goiás. Produtores definem atividade como promissora.
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Larissa Melo
Larissa Melo
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O consultor na área de integração comercial, Mauro Lopes, acredita que para minimizar a pressão da concentração das grandes empresas do segmento do agronegócio os produtores rurais devem se unir em associações ou por meio de cooperativas locais.
Fórum de desenvolvimento
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Defensivos mais baratos
Produtores cobram a liberação de insumos genéricos. A medida estimularia a produção e implicaria na queda dos preços dos alimentos no País.
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Jana Tomazelli
Prosa Rural
Setor produtivo se reúne para tratar de pontos estratégicos para o crescimento do CentroOeste. Mudanças na Lei Kandir são aguardadas.
Goiás contra aftosa
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Lançada a primeira campanha contra a doença no Estado.
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Defensivos genéricos A liberação de insumos genéricos pode Goiás baratear despontaos na preferência custos de por produção europeia carne bovina
Piscicultura Qualidade e abundancia das águas goianas favorecem a produção de pescados
Intrusas na lavoura
Leonardo Mundim destaca os prejuízos que pragas migradas de outras culturas causam à lavoura de feijão em Cristalina, Entorno do Distrito Federal. Foto produzida por Larissa Melo.
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Lucro 263% a mais José Cláudio participou de treinamento para confecção de selaria no Senar, em Goiás, e mudou a realidade da família. O trabalhador rural abriu uma pequena empresa.
Incidência de pragas migratórias preocupa produtores e chama a atenção para métodos de combate
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AGENDA RURAL
MAIO/JUNHO
CNA/FAEG/SENAR CNA/FAEG/SENAR EM CAMPO 2012 EM CAMPO 2012 Realização:
Data: 31 de maio de 2012.conosco: Venha debater Horário: 8h30 às 16 horas
Novo Código Florestal Local: Atlanta Music Hall, Os pilares da nova Política Agrícola Brasileira Projeto Biomas e Goiânia APP mundial Plataforma de Gestão da Agropecuária (PGA) (BR-153, saída para São Paulo) Cartão do Produtor Pronacampo Informações: Programa Minha Casa Minha Vida Rural (62) 3096-2200 ou Empreendedorismo e Oportunidades
Com a presença da Senadora Kátia Abreu, presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
www.sistemafaeg.com.br Fortalecimento da Representação Data: 31 de maio de 2012. Horário:presidente 8h30 às 16 da horas Política da Classe Com a presença da Senadora Kátia Abreu, Local: Atlanta Music Hall,
Confederação da Agricultura do Brasil (CNA). Goiânia Programas de Capacitação e Formação Profissionale Pecuária (BR-153, saída para São Paulo) Agricultura de Baixo Carbono (ABC) Informações: Estratégias da Extensão Rural e Meritocracia (62) 3096-2200 ou Silvicultura www.sistemafaeg.com.br Educação sanitária e segurança alimentar Realização:
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29/05
31/05
4 a 6/6
Capacitação do Programa Agrinho para professores novatos Local: Centro Pastoral Dom Fernando, Goiânia Fone: (62) 3545-2600
Reunião Comissão Nacional do Meio Ambiente Local: Sede da CNA, em Brasília Informações: (61) 2109-1400
CNA vai às universidades Local: Auditório da Faculdade de Direito da PUC - Goiás Informação: (62) 3096-2200
19° Congresso Mundial da Carne Local: Palais des Congrès, Paris
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12/06
11 a 15
11 a 15
Programa Inclusão Digital Local: Augustu’s Hotel, em Goiânia Informações: 3545-2600
Seminário Regional de Legislação Previdenciária Rural Local: Sindicato Rural de Iporá Informações: (64) 3674-1318
Encontro de Jovens Empreendedores de Goiás Local: Auditório da Faeg, em Goiânia Informações: (62) 3096-2200
Encontro de Formação Continuada de Mobilizadores do Senar Local: Augustu’s Hotel, em Goiânia Informações: (62) 3545-2600
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FIQUE SABENDO Armazém
REGISTRO
Divulgação
Cleiber Di Ribeiro
Faeg e OAB Goiás unidas em projetos
Pragas da pimenta De autoria da pesquisadora Madelaine Venzon, doutora em Biologia Populacional, a publicação “Identificação e manejo ecológico de pragas da cultura da pimenta” é um guia de uso prático que aborda de forma ilustrada as pragas da pimenta e as estratégias para combatê-
O presidente do Sistema Faeg/Senar, José Mário Schreiner, se reuniu no último dia 14 de maio com o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), seção de Goiás, Henrique Tibúrcio, para explicar o funcionamento do projeto “O Que Esperamos do Próximo Prefeito”. Ele também entregou ao presidente da OAB o documento “Agenda de Desenvolvimento Municipal - Expectativas do Setor Produtivo Rural em relação à próxima Gestão Pública Municipal 2013-2016”, que serve de texto
base para as discussões em todos os municípios participantes do Projeto. O presidente do Sistema ainda reiterou o apoio da Faeg à OAB, e suas subseções, e pediu a colaboração da entidade na realização dos próximos encontros do Projeto. Henrique Tibúrcio destacou a importância desses seminários que também serão divulgados pela entidade e suas 16 subseções. Ele apresentou o projeto Ficha Limpa Goiás para os cargos comissionados do Estado e pediu apoio da Faeg na divulgação do Projeto.
-las. O conteúdo do livro serve de base para que
pesquisa
os produtores possam
Novas variedades de abacaxi
campo da cultura. A obra trata ainda da carência de suporte fitossanitário à cultura, apesar de tão difundida em Goiás e outros estados da região Centro-Oeste. A publicação poderá ser adquirida por R$ 20 pelo portal da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) www.epamig.br (sistema e-commerce) e na Unidade Regional Zona da Mata, em Viçosa: (31) 3891-2646.
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Além da tradicional variedade Pérola, agora estão disponíveis para plantio as cultivares Vitória e Jupi. O lançamento foi publicado pela Empresa Matogrossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer) que mostrou as características produtivas e a qualidade do fruto de cada espécie. Segundo a Empaer, as pesquisas mostraram que as variedades são resistentes a doenças, como a fusariose que causa a morte da planta. Apesar das duas variedades serem destinadas para a indústria e para o consumo in natura, a Jupi é mais interessante para o setor industrial, porque há um maior aproveitamento do fruto. A cultivar Vitória possui um custo menor de produção. As pesquisas apontam que essa variedade tem maior resistência à fusariose, desta forma, não é necessária a aplicação de agroquímicos para controlar a doença.
João de Melo/Empaer
acompanhar a dinâmica de
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PROSA RURAL
Mauro Lopes é consultor na área de integração comercial
A união “P faz a força
ara minimizar a pressão da concentração das
grandes empresas do segmento
Leydiane Alves | leydiane@faeg.com.br
do agronegócio os produtores rurais devem procurar associações em consórcios e condomínios
Larissa Melo
agrários, alianças mercadológicas, associações com grandes cooperativas de comercialização de insumos, por meio de pequenas cooperativas locais, ou quaisquer formas de arranjos societários”, declara o pesquisador e membro do Conselho Consultivo do Instituto Brasileiro de Economia (FGV-RJ), Mauro de Rezende Lopes. Para ele, há muitos casos bem sucedidos desse tipo de organização dos negócios no campo. Mauro Lopes é pós-doutorado no Centro de Estudos da Negociação Internacional de Genebra, e é PhD pela Purdue University (EUA). Trabalhou como consultor na área de integração comercial e blocos regionais de diversos países do Mercosul onde desenvolveu estudos de integração a partir do desenvolvimento de infraestrutura e complementaridade. 8 | CAMPO
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Revista Campo: Vimos em todo o
hoje soma 790 mil estabelecimentos,
Brasil fusões e aquisições de grandes
para as classes A e B.
frigoríficos menores. Revista Campo: A concentração
corporações ligadas ao agronegócio. Em sua opinião, há alguma chance de
Revista Campo: O Governo pode
em grande parte reflete em uma
conter esse processo de concentração
adotar alguma política para conter
política para racionalizar custos e
no segmento?
essa concentração? O Conselho
ganhar competitividade, principal-
Mauro Lopes: Não, porque a
Administrativo de Defesa Eco-
mente em função do aumento de
agricultura tornou-se um ramo de
nômica (Cade) pode ajudar ou é
escala? Como o produtor pode se
negócios muito complexo. Para o pro-
mero coadjuvante nesse processo?
inserir neste contexto?
dutor ter escala de produção precisa
Mauro Lopes: Essa concentra-
Mauro Lopes: Não há dados que
ter de cinco mil a 15 mil hectares.
ção é fruto da tecnologia e da
comprovem racionalização de cus-
Isso porque hoje, além da equipe de
regulamentação no campo. Hoje a
tos e ganho de competitividade.
campo, você tem que ter funcionários
agricultura é um dos setores mais
para gerir as partes das legislações
regulados do Brasil. Se algum pro-
Revista Campo: Essa concentração
ambiental e trabalhista. A tendência é
dutor identificar uma negociação
representa um dos principais aspec-
de formação de Fazendas Corporati-
ilícita que esteja tipificado como
tos de mais de 60% dos produtores
vas, como é no mundo.
crime na legislação da defesa da
brasileiros estarem inseridos nas
concorrência, ele pode fazer uma
classes D e E?
petição ao Cade.
Mauro Lopes: As razões são muitas.
Revista Campo: O que os produtores rurais brasileiros podem fazer para minimizar a pressão da concentração das grandes empresas do segmento do agronegócio? Mauro Lopes: O caminho é a associação em consórcios e condomínios agrários, alianças mercadológicas, associações com grandes cooperativas de comercialização de insumos, por meio de pequenas cooperativas locais, ou quaisquer formas de arranjos societários. Há muitos casos bem sucedidos desse tipo de organização dos negócios no campo. Revista Campo: Quais são os principais impactos e consequências desse
Desde a tecnologia biológica (semen-
Para o produtor ter escala de produção precisa ter de cinco mil a 15 mil hectares. A tendência é de formação de Fazendas Corporativas, como é no mundo
tes, fertilizantes e defensivos) que não é eficiente a não ser em grande escala, até a tecnologia mecânica (tratores e colheitadeiras), que também requer escala. Em grãos, cereais, fibras e oleaginosas, a escala é tudo. Revista Campo: Existem alternativas para os produtores driblarem esse cenário de concentração de grupos do setor agrícola? Mauro Lopes: O problema é muito complexo. As formas associativas são uma saída, pois pode-se concentrar poder de barganha na compra de insumos e venda de produtos.
processo de concentração no segmen-
Revista Campo: O apoio dado
to da agroindústria brasileira?
pelo Banco Nacional do Desen-
Revista Campo: Governo, enti-
Mauro Lopes: Não se pode dizer
volvimento (BNDES) a um gran-
dades representativas do setor ou
ao certo. Haverá algo muito similar
de frigorífico, hoje, detentor da
produtores, quem seria o maior
ao que existe hoje, com um número
maior parte do mercado de abate
responsável por possíveis soluções da
maior de estabelecimentos rurais nas
no Brasil foi acertado?
problemática?
classes de renda A e B, onde hoje há
Mauro Lopes: Não tenho evidên-
Mauro Lopes: Hoje estamos na era
290 mil estabelecimentos rurais no
cia de que essa concentração tenha
do conhecimento. Para os produtores,
Brasil, uma ascensão de um grande
sido adequada. Essa pergunta deve
quanto mais informados melhor para
número de produtores na classe C, que
ser feita a muitos dirigentes de
evitar que tomem decisões erradas.
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MERCADO E PRODUTO
Agricultura: uma indústria a céu aberto ou atividade primária? Pedro Arantes | pedro@faeg.com.br
Marcus Vinícius
P
Pedro Arantes economista e analista de mercado da Faeg.
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ara facilitar a análise econômica, os especialistas A. Fisher e C. Clark, segmentaram a economia em três setores distintos vinculados à forma de produção; o setor primário, constituído por toda a produção procedente da extração direta de recursos naturais, como a agricultura e o extrativismo vegetal, animal e mineral; o setor secundário, constituído pela produção baseada na transformação de bens, o industrial; e o setor terciário, constituído pelos serviços. Eles estabeleceram ainda que o nível de desenvolvimento da economia de um país seria caracterizado pela predominância de uma destas fases. Países menos desenvolvidos teriam sua produção, Produto Interno Bruto (PIB), mais concentrada no setor primário, daí avançariam para os estágios seguintes, industrial e de serviços. Suas ideias fundamentaram os estudos econômicos a partir dos anos 1930, até o início dos anos 1980. Porém, são conceitos já superados atualmente. Esta linha de pensamento criou uma verdadeira ideologia desenvolvimentista, principalmente entre as décadas de 1950 até 1980. Baseada exaustivamente na industrialização e concentração urbana e serviços. Os países com predominância agropecuária eram considerados subdesenvolvidos. Assim, o setor rural representava atraso para o país. A partir da década de 1980, com o nível de complexidade atingido pelos processos produtivos, somados à interação na utilização de matérias-primas e novas tecnologias, surge o conceito de cadeias produtivas e finda, nos estudos e análises econômicas, a ideia segmentada por setores. Com relação ao setor produtivo agropecuário, muitos ainda insistem naquela classificação de setor primário, predominando a visão urbanística/industrial. Entretanto, a partir da década de 1960, com a “Revolução Verde”, que introduziu o uso de produtos químicos e ampliou a mecanização, esta produção criou um grande mercado para os produtos industrializados, e tornou-se uma grande absorvedora de tecnologia de ponta, como a biotecnologia e engenharia genética.
Atualmente, o processo produtivo rural, seja agrícola ou pecuário, se constitui em uma “indústria a céu aberto” produzindo matérias-primas e produtos para consumo direto de elevado valor agregado, muito mais sofisticados do que muitos segmentos industriais urbanos, agregando valor e multiplicando várias vezes o volume produzido. Hoje, 20 quilos de semente de milho produzem cerca de 10 toneladas de grãos, 60 quilos de semente de soja são transformados em três toneladas da oleaginosa. Também no setor agropecuário temos a transformação de um pintinho em um frango de 1,7 quilo vivo em apenas 41 dias, mais espetacular ainda é a transformação de pastagem em proteína animal, leite e carne, de elevado valor agregado e fundamental na alimentação humana Nestas condições de produção, os recursos que a natureza oferece diretamente como o uso do solo, constitui no máximo em 15% do custo da produção, os outros 85% são pela mão de obra qualificada e insumos industrializados; invertendo totalmente as condições de produção quando Fisher desenvolveu sua teoria. Mais ainda, a produção rural moderna, transforma recursos naturais improdutivos, como os solos pouco produtivos do Cerrado, em terras de elevada produtividade, situação que provocou admiração do próprio Bourlong (2004), considerado um dos pais da “Revolução Verde”. O especialista expressou que a agricultura foi reinventada com a utilização de alta tecnologia nos cerrados do Brasil, pois “transforma terras quase improdutivas em produtividade crescente, enquanto a agricultura tradicional extrai do solo a capacidade de produzir, empobrecendo-os e perdendo produtividade”. O processo produtivo rural, atualmente, constitui um segmento de tecnologia de ponta, absorvendo as mais avançadas técnicas da biotecnologia e engenharia genética, com o uso de sementes e mudas híbridas e geneticamente modificas. O mesmo acontece na pecuária por meio da adoção de novas técnicas na genética, nutrição, manejo e gestão. Consequentemente, elevando os níveis de produtividade, agregando valor e poupando os dois fatores de produção mais escassos, terra e água. www.sistemafaeg.com.br
AÇÃO SINDICAL ITUMBIARA
SANTA HELENA DE GOIÁS
Sindicato solidário
Diretoria de cara nova
Com o objetivo de colaborar para oferecer esperança a quem necessita de atendimentos hospitalares, o Sindicato Rural de Itumbiara realizou, no dia 20 de maio, o 2° Leilão Direito de Viver em prol do Hospital do Câncer de Barretos. O evento ocorreu no Parque de Exposições Dr. Valdivino Vaz, sede do Sindicato. Segmentos organizados da sociedade, poder público, empresas, sindicalizados e a população de Itumbiara e regiões vizinhas foram parceiras no ato. (Colaborou: Carla Andrea Arantes)
O Sindicato Rural de Santa Helena de Goiás realizou, no dia 22 de abril, as eleições para o triênio 2012/15. Foi reeleito por chapa única, o presidente Arcino Braz Vieira, como vice ficou Adair Marques dos Santos. O novo secretário passa a ser Luciano Garcia e cargo de tesoureiro fica na responsabilidade de Welder Ricardo Rodrigues. Segundo a nova diretoria, entre os desafios, está a preparação e execução da XVIII Exposição Agropecuária de Santa Helena de Goiás, confirmada para ser realizada entre os dias 1° e 10 de junho. (Colaborou: Nilson Pequeno)
agrinho
CRISTALINA
Educação valorizada
Região é exemplo para alunos
ZOOTECNIA
Profissão em debate O gerente sindical da Faeg, Antelmo Teixeira, participou no mês de maio, do II Seminário Nacional de Ensino de Zootecnia, em Cuiabá (MT). Ele participou de um debate com o tema “O ensino da zootecnia frente aos desafios do mercado de
Alunos do curso de agronomia do Instituto Federal Goiano (IFG), Campus Urutaí, visitaram Cristalina, no dia 24 de abril, para conhecer melhor a agricultura desenvolvida na região. Na ocasião, os estudantes puderam ver o que há de mais atual em relação à produção agrícola. Lavouras de batata, cebola, sorgo, café, milho e trigo foram visitadas pelos alunos. Segundo o secretário do Sindicato Rural de Cristalina, Daniel Sabino Vaz, pela importância econômica de Cristalina para Goiás, a cidade deveria ter escolas técnicas ou de nível superior com cursos voltados para a agricultura. (Colaborou: Luiz Carlos Cenci) Luiz Carlos Cenci
Sindicato Rural de Itumbiara
O Sindicato Rural de Itumbiara fez a entrega, no dia 30 de março, no Centro de Treinamento Segismário Moreira Miranda, de mais de 60 certificados de Formação Profissional e Promoção Social de treinamentos realizados pela entidade em parceria com o Sistema Faeg/Senar e CNA. Também foram entregues 25 medalhas para os alunos e 18 medalhas para professores que participaram do Projeto Agrinho 2011. Estiveram presentes no evento toda a diretoria do Sindicato, associados, autoridades políticas locais e representantes da sociedade civil. (Colaborou: Carla Correa Arantes)
trabalho”. O moderador foi o zootecnista Elis Bento, vice-presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV-GO) e os debatedores, também zootecnistas, Altivo José de Castro (Vale FertilizantesPR) e o Professor Pedro Veiga Rodrigues Paulino (UFV). Este seminário fez parte da programação do XXII Congresso Brasileiro de Zootecnia, XIV Congresso Internacional de Zootecnia (Zootec).
COCALZINHO
Cavalgada pelo meio ambiente
Encontro de produtores Sindicato Rural de Indiara
Sindicato Rural de Cocalzinho
INDIARA
O Sindicato Rural de Cocalzinho, juntamente com a Agrodefesa (unidade local) e a Secretaria Municipal de Agricultura, realizaram no dia 19 de maio de 2012, o 1° Dia de Campo do município, na Fazenda Hotel Tabapuã dos Pirineus. Cerca de 200 pessoas participaram do evento. Dentre o público presente, estiveram produtores rurais, comerciantes e autoridades locais e dos municípios vizinhos. (Colaborou: Tatiana Leite)
Uma parceria da prefeitura municipal de Indiara e o Sindicato Rural daquele município resultou na realização, no dia 12 de maio, de mais uma Cavalgada Ecológica. Cerca de 50 pessoas participaram da ação, que passou pelas principais ruas e avenidas da cidade. Na ocasião foi plantada uma árvore, próximo ao hospital municipal, com o objetivo de conscientizar a população de Indiara sobre os cuidados necessários que todos devem ter com o meio ambiente. (Colaborou: Thersy Oliveira)
solidariedade
Sindicato Rural de Cabeceiras
Dia de Campo
Estrogildo Ferreira dos Anjos
Sindicato doa bebedouro
CABECEIRAS
Foi realizado, no dia 15 de maio, na fazenda Salto Trier o Dia de Campo do Sindicato Rural de Cabeceiras. Cento e vinte produtores rurais e alunos participaram da ação, que teve palestras durante toda a manhã. Estiveram presentes o vicepresidente institucional da Faeg, Bartolomeu Braz, o presidente do Sindicato Rural de Cabeceiras, Arno Bruno Weis, o secretário estadual de agricultura, pecuária e irrigação de Goiás, Antônio Flávio Camilo, entre outras autoridades. (Colaborou: Vilma Ferreira dos Santos) www.senargo.org.br
O Sindicato Rural de Niquelândia doou esse ano um bebedouro que atende aos dois pavilhões da Escola Municipal São José. De acordo com o ex-presidente da entidade, Estrogildo Ferreira dos Anjos, o equipamento tem capacidade para armazenar 400 litros de água, com duplo sistema de filtragem, contendo duas torneiras de água fria e natural. “Nós percebemos que tínhamos uma obrigação de beneficiar esses 450 alunos daquela escola que não tinham água filtrada para beber”, justifica.
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DEFENSIVOS
Silomar Cabral, aguarda a liberação de defensivos genéricos e culpa a burocracia pela demora da chegada do produto ao mercado
Longe da liberação Foram registradas 470 marcas de defensivos comerciais nos últimos três anos, mas os genéricos ficaram de fora Tacilda Aquino | revistacampo@faeg.com.br Especial para a Revista Campo
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www.sistemafaeg.com.br
Larissa Melo
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anter uma produção agrícola rentável exige grande investimento de produtores em defensivos agrícolas, a fim de se combater o crescente e constante número de pragas e doenças. O governo também faz sua parte e promove utilização de defensivos agrícolas genéricos, como uma tentativa de amenizar gastos e proporcionar o crescimento no mercado. Em maio de 2011, a Comissão de Agricultura do Senado aprovou, em caráter terminativo, o projeto de lei do ex-senador Heráclito Fortes (DEM-PI) que regulamenta a produção de agrotóxicos genéricos no país. O relator da matéria, senador Waldemir Moka (PMDB-MS), argumentou que a proposta estimularia a produção e implicaria na queda dos preços dos alimentos, além de fortalecer a competitividade do setor. No relatório, Waldemir explicou que o projeto impõe a adoção da nomenclatura do princípio ativo do produto no receituário agronômico e, nas compras feitas pelo Poder Público, deverá ser dada preferência ao defensivo agrícola genérico, quando houver igualdade de preços. Um ano depois da aprovação, no entanto, pouca coisa mudou e nenhum defensivo agrícola teve sua versão genérica liberada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Na avaliação de Leonardo Machado, assessor técnico da Faeg para a área de cereais, fibras e oleaginosas, essa demora é resultado do caro, burocrático e moroso sistema de registro brasileiro. Segundo o especialista, trata-se de um rigoroso processo, envolvendo avaliação
pelos Ministérios da Agricultura (Mapa), Saúde (MS) e Meio Ambiente (MMA). “O tempo médio para registro de um defensivo agrícola no Brasil é de 33 meses, embora a legislação fixe em quatro meses. O custo de registro de um novo defensivo gira em torno de US$ 50 milhões. Grande parte da demora e da burocracia se encontra na avaliação da Anvisa”, analisa Leonardo. O ritmo do registro de produtos para grãos, sobretudo aqueles usados nas lavouras de soja, melhorou. Mas a situação ainda é crítica para alguns segmentos, sobretudo as chamadas “minor crops”, culturas menores. Dados do Comitê Técnico de Agrotóxicos, composto por dirigentes de três Ministérios, informam que o sistema de avaliação e controle de defensivos nunca autorizou tantos registros comerciais para produtos químicos usados nas lavouras brasileiras. Ao todo, 470 marcas comerciais foram registradas nos últimos três anos. Embaladas pelas novas concessões, as vendas das indústrias do segmento saltaram de US$ 5,3 bilhões, em 2007, para US$ 7,12 bilhões no ano passado. Mas os genéricos ficaram de fora. Silomar Cabral Faria, produtor de soja na região de Jataí, também acredita que a demora seja resultado da burocracia. Ele aponta ainda a ação das empresas multinacionais que dominam o mercado, uma vez que a entrada do genérico implica no produtor deixar de comprar aquela marca. “Se os produtos genéricos tiverem a mesma qualidade e menor preço, eles poderão dominar o mercado”, afirma.
PRINCIPAIS CONSUMIDORES DE INSUMOS
7% 4%
3% CITRUS
Minas Gerais
8%
CAFÉ
11%
ALGODÃO
9%
CANA
Rio Grande do Sul
10%
MILHO
Paraná
São Paulo
11%
Mato Grosso
CULTURAS
48%
14%
Goiás
15%
SOJA
ESTADOS
20%
Fonte: FAEG
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Sandro acredita que, pelo preço mais baixo, produtores irão preferir produtos genéricos
Produtores reclamam da lentidão Para Sandro Henkes, produtor em Rio Verde, Sudoeste goiano, os agricultores precisam dos defensivos agrícolas para conseguirem altas produtividades e combater pragas e doenças que vêm aumentando ano após ano. Se o produto é registrado e tem preço mais acessível que o de marcas patenteadas, a opção será pelo genérico. O que pesa na hora da compra é o preço”, garante. Ele ressalta que as novas moléculas, por outro lado, geralmen-
te são desenvolvidas por grandes empresas e não se pode desprezar sua importância no mercado. “Os agricultores estão se profissionalizando e os defensivos estão sendo usados com mais critérios. As novas moléculas também estão menos tóxicas”. Silomar Cabral Faria e Sandro Henkes também defendem o registro de genérico como forma de coibir o uso de defensivos piratas. Para Henkes não há porque usar
produtos piratas quando se pode usar genéricos com procedência. “Eles eram usados antes da quebra de patentes e falta de opção por parte dos agricultores. Os genéricos são importantes pelos melhores preços”, resume. Silomar garante que não há motivos para se usar produtos piratas, uma vez que, segundo ele, a cultura de soja goiana passa por uma fase de boa rentabilidade e só tem a ganhar com os genéricos.
Domínio público e patente Nos últimos cinco anos, a participação dos defensivos genéricos passou de praticamente zero para 48,7% da receita total do mercado brasileiro. Segundo pesquisa realizada pela Associação Brasileira dos Defensivos Genéricos (AENDA), os produtos genéricos representaram em 2009 pouco mais de 80% das 725,5 mil toneladas de produto comercial negociada no Brasil. Responsáveis por movimentar cerca de US$ 3,2 bilhões, ante os US$ 3,4 bilhões dos produtos “con-
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vencionais”, também conhecidos no mercado como “especialidades”. Presidente do Sindicato Rural de Cristalina, Alécio Maróstica, lembra que o comércio de defensivos agrícolas é hoje disputado por dois grupos de produtos: os sob patente e os de domínio público. Os definidos sob patente, segundo a AENDA são protegidos por períodos de exclusividade, que no Brasil significa cerca de 20 anos, ou seja, durante duas décadas o produtor não pode adquirir tal produto por segundos ou terceiros ofer-
tantes. Os produtores rurais ficam sujeitos a um instrumento monopolista. Portanto, a produção e comercialização de genéricos, defensivos de domínio público, só são autorizadas após o período de exclusividade. Só assim, os defensivos genéricos podem ser produzidos e comercializados por diferentes empresas, proporcionando a concorrência no mercado e a consequente queda de valores, que proporciona um favorecimento e desenvolvimento da produção agrícola ao produtor.
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VACINAÇÃO
Ao lado do governador do Estado, Marconi Perillo (PSDB), o proprietário da Unicom, Luiz César, abre a primeira etapa da campanha
Aftosa na mira dos produtores Vacinação garante qualidade da carne bovina e mantém mercados de portas abertas para o produto goiano Leydiane Alves | leydiane@faeg.com.br
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eve início, no começo de maio, a primeira etapa da campanha de vacinação contra a febre aftosa em Goiás. O lançamento foi na Fazenda Unicom, no município de Corumbá. Nessa etapa, o prazo para vacinar todo rebanho se estende até o dia 31 de maio. A Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa) tem a meta de imunizar mais de 21 milhões de cabeças de gado, número que representa 99% do total do rebanho bovino e bubalino de Goiás. Durante o lançamento, o governador Marconi Perillo (PSDB), destacou a importância da campanha para desenvolver a agropecuária goiana. “Essa ação iniciada em 1999 garante a qualidade da nossa carne”, argumen-
tou. Goiás tem o quarto maior rebanho do País e é o terceiro em exportação, o que corresponde a 20% das exportações brasileiras. O presidente da Faeg, José Mário Schreiner, lembrou que Goiás está livre da aftosa desde 1995. “Neste cenário mundial de crescimento da demanda por carne e da responsabilidade brasileira em abastecer o mundo, Goiás se projeta com uma produção anual de 67,5 mil toneladas de carne.” O secretário de Agricultura do Estado, Antônio Flávio Camilo de Lima, explicou que o fato de Goiás ser livre da aftosa criou uma condição bastante favorável aos pecuaristas para que agregasse valor e aumentasse a sua produção.
Agrodefesa Segundo o presidente da Agrodefesa, Antenor Nogeuira, tem se cumprido todas as regras de vacinação, para Goiás se tornar livre da aftosa. O proprietário da Unicom, Luiz César Cunha Sales, ressaltou que a Agrodefesa está realizando um trabalho muito importante. “Só não vacinar, quem não quer.” A multa por cada animal não vacinado é de R$ 7. No caso de reincidência, o valor dobra. Além da multa, a propriedade é interditada. Os altos índices de vacinação, somado a medidas rigorosas de fiscalização podem levar Goiás a obter o certificado de zona livre da doença em 2015. O único estado do país que possui o selo é Santa Catarina.
PRAGAS MIGRATÓRIAS
Novos invasores na lavoura Vazio sanitário é a principal arma na luta contra a dispersão de pragas entre diferentes culturas Tacilda Aquino | revistacampo@faeg.com.br Especial para a Revista Campo
F
errugem asiática, mosca branca, lagarta medideira, corós, mosaico dourado do feijoeiro e broca grande. As pragas que atacam as lavouras brasileiras são inúmeras e se tornaram uma das maiores preocupações dos produtores rurais. Elas impedem o desenvolvimento das plantas e, se não controladas, trazem muitos prejuízos financeiros. Além
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da preocupação com as pragas naturais de cada cultura, os produtores têm de estar atentos à incidência de pragas migrando de lavouras. Um dos maiores agentes de combate às pragas migratórias ou dispersivas é o vazio sanitário, adotado em nove estados brasileiros como uma estratégia adicional no manejo da ferrugem asiática da soja e, poste-
riormente, de outras pragas. Implantado em Goiás em 2006 pela Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa), as instruções normativas que regulamentam o vazio sanitário impõem que em um período de 90 dias não pode haver plantas vivas nem mesmo grãos de soja derramados nas rodovias nessas unidades da Federação. Este ano o vazio sanitário www.sistemafaeg.com.br
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A vaquinha é uma praga que migra entre as culturas de feijão, soja e milho
afirma ele, lembrando que a desobediência ao período de “descanso” da lavoura resulta em autuação, multas e em casos mais extremos, destruição da lavoura. No caso da soja, o produtor que descumprir a norma estará sujeito a multas que podem chegar a R$ 100 mil. Paulo Marçal, professor de entomologia da Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos da Universidade Federal de Goiás (UFG), afirma que a proximidade das lavouras, o descumprimento de regras de vazio sanitário, distância muito pequenas entre as áreas de diferentes cultivos e condições climáticas são fatores que influenciam na interação das pragas com as outras culturas. “Geralmente devemos considerar tam-
O entomologista Paulo defende o cultivo das mudas longe do local do plantio para evitar contaminação por pragas
da soja em Goiás vai de primeiro de junho a 30 de setembro. Desde quando foi adotado, o vazio sanitário em Goiás tem se mostrado eficiente, afirma o agrônomo Samuel Esteves, coordenador do Programa de Prevenção e Controle de Praga do Tomate da Agrodefesa. “Pelos acompanhamentos da Agrodefesa, quem realiza o trabalho ganha em economia”, www.senargo.org.br
A vaquinha é uma praga que migra entre as culturas de feijão, soja e milho
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bém a adaptação das pragas a uma adequação dos manejos realizados pelo produtor, como as alterações ou prolongamentos das datas de plantio, os diferentes sistemas de cultivo, as rotações de culturas e as frequentes pulverizações”, afirma. O entomologista acredita que a maior ou menor ocorrência de uma praga em um cultivo está relacionada
a um conjunto de fatores como o controle cultural, biológico ou químico. Ele explica que o controle cultural, quando não utilizado, promove a migração das pragas por períodos prolongados devido à constante eclosão de adultos. Já o controle biológico pode ocorrer de maneira natural, quando a evolução de doenças e de insetos
benéficos ocorre durante o período de desenvolvimento de pragas, ou induzida, quando não se aplica produtos químicos intencionalmente durante o período de maturação da cultura em questão. O controle químico influencia nas ocorrências futuras das pragas tanto no cultivo tratado como nos cultivos vizinhos ou a serem plantados.
Atenção aos cuidados
Larissa Melo
Questionado sobre a importância de se evitar a dispersão de pragas entre as lavouras, o agrônomo Leonardo Mundim Nogueira, gerente de campo da Fazenda Capão Grande, em Cristalina, aponta a falta do controle cultural e o desrespeito às regras do vazio sanitário como alguns dos maiores responsáveis pela dispersão de pragas. “Cultivamos trigo, café, alho, cebola e milho na propriedade. Já aconteceu de perdemos toda uma lavoura de feijão por conta das moscas brancas vindas de propriedades vizinhas”. Como é impossível prever quando as pragas vão atacar, o entomologista Paulo Marçal recomenda o emprego de práticas agrícolas rotineiras para criar um agroecossistema menos favorável ao desenvolvimento
e à sobrevivência dos insetos. Segundo ele, quanto mais cedo ocorrer a infecção das plantas pelo vírus transmitido pela mosca branca, mais danos serão observados, com consequente redução da produção. Uma forma de evitar a contaminação da lavoura, segundo Paulo é produzir as mudas longe de campos contaminados pelo geminivírus e da mosca branca e longe do local definitivo de plantio. “É preciso proteger as mudas desde a sementeira até os primeiros 30 dias após o
transplante, com inseticidas registrados para a cultura; aplicar inseticida nas mudas, antes do transplante; selecionar mudas sadias e vigorosas e não transplantar antes dos 21 dias”. Outra medida importante é a limpeza da lavoura. É necessário eliminar as plantas daninhas hospedeiras de viroses antes do plantio e nos primeiros dias do estabelecimento da lavoura. “Restos de plantas não colhidas devem ser incorporados ao solo para impedir a formação de um nicho de sobrevivência para ovos, ninfas e adultos de mosca branca. É importante que os vizinhos da propriedade façam o mesmo. ’’
O agrônomo Leonardo Mundim destaca a importância de evitar a dispersão das pragas entra as lavouras
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Maurício Bakalarczyk é gerente agrícola da Agropecuária Sorgatto, em Luziânia. Responsável pelos 670 hectares de tomate da empresa, ele reconhece a importância do vazio sanitário para a eficácia do controle das pragas, principalmente da mosca branca que, vinda da soja, transformou-se na principal inimiga dos tomateiros. O vazio sanitário sozinho não resolve os problemas da lavoura. Ele lembra ainda que o Distrito Federal não tem vazio sanitário e isso é prejudicial. “É mais ou menos com a história da dengue. Não adianta manter meu quintal limpo e saneado se o vizinho não cuidar do dele. O mosquito, assim como as pragas, não conhece barreiras ou avisos de proibido ultrapassar.” Na avaliação do coordenador do Programa de Prevenção e Controle de Pragas na Cultura do Tomate,
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Vazio sanitário sozinho não é suficiente
Samuel Esteves Pereira, para que o Estado se mantenha no topo da produção brasileira de tomate, é muito importante que, além dos investimentos em tecnologia, os tomaticultores estejam atentos às principais normas estabelecidas pela Agrodefesa, como é o caso do calendário de transplantio, que tem início 1º de fevereiro e termina em 30 de junho. Segundo Samuel, neste período, nota-se considerável aumento da dis-
O gerente agrícola Maurício mostra armadilhas na lavoura de tomate para capturar mosca branca, praga tradicional da soja
seminação da mosca branca (Bemisia tabaci biótipo B), hospedeira do Geminivirus, e a principal praga do tomate e que traz danos também à soja e ao feijão. “Com a colheita da soja precoce e do feijão de primeira safra, a mosca branca tende a migrar dessas lavouras para o tomate. O inseto pode adquirir o vírus em 15 minutos e após 16 horas já inicia a transmissão para as plantas sadias”, conta o coordenador do programa.
FÓRUM
Centro-Oeste unido para crescer Fórum para desenvolvimento da região discute pontos estratégicos ao crescimento dos estados Rhudy Crysthian | rhudy@faeg.com.br
C
om o objetivo de integrar as entidades representativas dos principais setores econômicos, para ampliar o desenvolvimento da região Centro-Oeste do País, as federações da agricultura, comércio e indústria da região, se reuniram, no início de maio, para o sexto encontro do Fórum da Produção da região. Durante a reunião, representantes dos estados do Centro-Oeste discutiram um substitutivo ao projeto de lei complementar que assegura a fixação de um valor que permita comp ensação da União aos estados pelas perdas de receita provocadas pela Lei Kandir. De autoria do deputado federal goiano, Sandro Mabel (PMDB), a previsão é que o substitutivo seja apresentado o quanto antes à Frente Parlamentar da Agropecuária da Câmara Federal, para discussão. O parlamentar explica que a ideia é que uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) e um projeto de lei complementar tramitem simultaneamente na Casa. A primeira terá a indicação da fonte dos recursos e o projeto terá a recomendação de como será feita a distribuição. E recursos é o que mais pesa nessa discussão. A retomada do projeto foi defendida pelo presidente da Faeg, José Mário Schreiner, que afirmou que os estados, entre eles Goiás, perderam parcela da arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) desde a criação da Lei Kandir. “Sabemos que essa Lei é uma das principais respon-
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sáveis pelas desigualdades geradas nos últimos 16 anos nos estados brasileiros. Precisamos apoiar medidas que se propõem a sanar esse gargalo”, defendeu. O presidente da Faeg ressaltou que o modelo atual, no qual a União resiste em ressarcir os estados e reduz paulatinamente o montante da indenização, dificulta tributariamente a agropecuária, em razão da contenção de créditos fiscais, burocracia ao investimento produtivo e exportações e redução da capacidade de investimento estadual em infraestrutura.
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Lei Kandir Criada em 1996, a Lei Kandir desonerou o Imposto sobre ICMS dos produtos destinados à exportação. Na época, houve compromisso do governo de ressarcir os estados e municípios para compensar as perdas de receitas. No entanto, desde 2004, os repasses passaram a depender de acordos entre governadores e o Ministério da Fazenda.
A proposta O projeto de lei complementar de Sandro Mabel prevê o ressarcimento de 50% do total de perdas às unidades da Federação. Com isso, o montante de indenização anual aos estados e ao Distrito Federal seria elevado de R$ 3,9 bilhões para R$ 14 bilhões. As perdas somam R$ 22 bilhões ao ano. Só em Goiás, essas perdas alcançam R$ 800 milhões ao ano. A proposta prevê ainda critérios de prazo e condições para esse ressarcimento.
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Produtores reclamam da concentração de frigoríficos A concentração de plantas frigoríficas e a falta de valorização da carne bovina brasileira também é uma preocupação das entidades envolvidas nas discussões do Fórum. A preocupação dos produtores e empresários é com a concentração da indústria frigorífica nas mãos de poucos e, principalmente, as novas aquisições feitas por grandes grupos, que atacam a concorrência, o que já vem causando desequilíbrio no mercado pecuário.
O superintendente do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA), Otávio Lemos de Melo disse que mais de 16% da indústria frigorífica brasileira está concentrada nas mãos de um grande grupo. O especialista afirma que o setor precisa cavar novos mercados para aumentar a demanda prevendo uma possível crise no setor nos anos de 2014 e 2015. Segundo o diretor de relações com o investidor de um grande gru-
Cooperativas querem mais recursos para FCO Durante o encontro, as principais cooperativas de crédito do País reivindicaram a redefinição dos critérios para a distribuição dos recursos disponibilizados no orçamento anual do Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO), em cada estado. As cooperativas querem uma maior fatia para disponibilização desses recursos. As instituições propõem adotar como base o market share de crédito total de cada empresa. Segundo o superintendente do Sicoob de Goiás, Pedro Ivo Santana Gomes, os limites fixados são baixos e desproporcionais à atuação do Sicoob e do Sicredi Centro-Oeste em outros Programas. “As linhas disponíveis estão praticamente todas aplicadas. Os baixos limites inviabilizam a divulgação dos Programas junto aos tomadores de crédito”, res-
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saltou o superintendente. Ele reclamou ainda que os limites de recursos fixados impedem o levantamento de demanda. O presidente do Sicredi de Mato Grosso, João Carlos Spenthof, afirmou que as cooperativas de crédito e bancos cooperativos estão perfeitamente aptas a trabalharem com limites maiores de crédito do FCO. “Com toda essa estrutura nosso limite atual definido pelo Banco do Brasil para recursos do FCO é de R$ 40 milhões apenas”, compara. O presidente da Faeg, José Mário Schreiner, defendeu a prerrogativa e destacou a necessidade de uma maior disponibilização das linhas oferecidas pelo FCO por meio dessas instituições. “Nada melhor que as cooperativas, que conhecem os produtores, para serem agentes repassadores de recursos como o FCO”, disse.
po de frigoríficos brasileiro, Jeremiah O’Callaghan, o fortalecimento da cadeia da carne bovina é uma tarefa de todos os setores envolvidos. Ele afirmou ainda que os frigoríficos são parceiros dos produtores no processo valorização da carne bovina. O presidente da Faeg, José Mário Schreiner, destacou que o setor precisa se organizar para garantir uma melhor valorização da carne bovina. A exemplo do que é feito em outros países da América do Sul.
Entenda o FCO A linha de crédito do FCO para o financiamento de investimentos fixos e semifixos, de custeio está associada a projeto de investimento e de custeio para mini e pequenos produtores rurais.
A proposta As instituições querem uma fatia de 2,92% da distribuição de recursos do FCO proporcional ao market share da instituição na carteira de crédito total, o que saltaria de R$ 40 milhões para R$ 1,391 bilhão.
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Gostaria de receber informações comparativas entre os dois tipos de feijão para plantio na região de Unaí (MG) em lavoura mecanizada e irrigada. Mauro Mandeli
De acordo com informações de produtores de Unaí (MG), há dois tipos de feijão do grupo carioquinha sendo cultivados na sua região: o pérola e o carioca precoce. Os dois tipos são semeados na mesma época e possuem praticamente as mesmas características, uma das únicas diferenças está no hábito de crescimento I (crescimento determinado), de porte pequeno. No entanto, por ser de hábito I, o período de florescimento do carioca é curto, em torno de uma semana, sendo sugerido,
desse modo, plantio em sistema de irrigação. O ciclo deste tipo de feijão é de 70 a 75 dias, enquanto o feijão pérola possui o ciclo de 90 dias. Desta forma, haverá colheitas em épocas diferentes, o que irá gerar uma vantagem operacional. Por fim, de acordo com informações da Coordenadoria e Assistência Técnica Integrada de São Paulo (CATI) o carioca precoce, quando semeado ao lado de outras cultivares, é mais tolerante ao ataque do vírus do mosaico-dourado.
Gostaria de saber como faço para negociar bois na bolsa, sendo que eu moro na Paraíba. Qual a garantia que terei? Eduardo Luceno
Para adquirir bois pela Bolsa de Mercadorias é necessário buscar informações junto à uma corretora de sua confiança. Esta, por sua vez, após lhe cadastrar, lançará a sua necessidade, especificando os detalhes e quantidade dos animais que precisa. Então, o produtor interessado, também via corretora, faz a oferta. Se houver concordância com os preços, o negócio é fechado. Há uma taxa de corretagem para ambos. Mais informações podem ser obtidos no site www.bbmnet.com.br, inclusive a lista de corretoras filiadas. CONSULTORa: CHRISTIANE ROSSI, assessora técnica da Faeg para a área pecuária de corte.
Envie suas dúvidas para revistacampo@faeg.com.br. Não se esqueça de colocar nome completo, a região onde mora e a cultura que produz. Envie-nos também fotos do assunto que pretende obter resposta.
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CONSULTOR: LEONARDO MACHADO, assessor técnico da Faeg para a área de cereais, fibras e oleaginosas.
Produtor de Uruaçu, Getúlio Fernandes acredita que lucro pode chegar a 30% em dois anos
Atividade Promissora Abundância das águas goianas e estabilidade da temperatura favorecem a criação de pescados
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PEIXES
O
Brasil é um País rico em recursos hídricos. Além de ter em seu território grande parte de um dos maiores rios do planeta, o Amazonas, pertencente à maior bacia hidrográfica do Mundo. No entanto, a atividade de aquicultura ainda é considerada secundária apesar do crescimento. Segundo o presidente da Comissão de Piscicultura da Faeg, Luiz Humberto Ribeiro, a exploração da atividade está se organizando através de órgãos especializados no setor e, principalmente, nas parcerias público-privada, com construções de frigoríficos, organização do setor, especialização da atividade, uma vez que a demanda está crescendo, o que viabiliza o lucro na atividade. Luiz Humberto explica que mesmo o potencial hídrico de Goiás sendo um dos melhores do País, a piscicultura ainda não é a principal atividade do Estado, porém, a tendência da produção é crescente, principalmente pela preferência da carne do pescado pela população. “Essa alavancada se dá por fortes políticas públicas voltadas ao setor, e trabalho do segmento produtivo que descobriu o potencial desta produção. Falta ainda o enquadramento da atividade na legislação, principalmente no que se refere aos licenciamentos ambientais.” Ele afirma que o setor pesqueiro marítimo está estabilizado. A pesca extrativa continental depende, principalmente, da organização ribeiri-
nha quanto aos métodos adotados, à preservação das espécies, o manejo sustentável e o cumprimento das legislações. “O potencial de crescimento está focado na aquicultura.” Segundo Luiz Humberto, desde 2002, a produção de pescado no Brasil, somando aquicultura marinha e continental, já ultrapassou a quantidade de pescado continental, no entanto, esta produção está em torno de 50% do pescado marinho. “Como a atividade pesqueira não é uma atividade sustentável, ela já se encontra estabilizada.” Ele afirma que por outro lado, a aquicultura apresenta crescimento em torno de 6% ao ano, com ampla margem de evolução, principalmente com a futura liberação de águas públicas para as atividades em tanque-rede, onde futuramente ultrapassará a atividade pesqueira. O presidente explica que na comparação do crescimento da produção das atividades zootécnicas no período de 2007 a 2009, observa-se que a aquicultura registrou expressiva evolução; com crescimento relativo de 43,8%, ao passo que as principais criações da pecuária nacional, aves e suínos, registraram apenas 12,9% e 9,2% respectivamente, e a de bovinos uma retração na ordem de 8,6%. “Em Goiás, o crescimento da produção de pescado foi de 15%, ficando abaixo do nacional que registrou 40%. O Estado produz, hoje, em torno de 19 mil toneladas de pescado com destaque para Tilápia, Pacu, Pi-
rapitinga e híbridos como Tambacu, Tabatinga, Pacutinga e Surubim.” Retorno rápido O produtor Getúlio Fernandes, de Uruaçu, atua na piscicultura há quatro anos. Ele comercializa mensalmente 12 toneladas de tilápia. O produtor conta que enxerga a atividade como promissora, por conta da quantidade e qualidade das águas no Estado. “Nós temos um grande potencial porque não temos grandes variações de temperatura como outros estados. E esse e um diferencial para o crescimento dos peixes.” Para ele, a piscicultura tem se desenvolvido, devido ao crescimento da procura por alimentos mais saudáveis. “Isso faz com que a atividade se desenvolva tanto na quantidade, como na tecnologia de produção.” Mesmo crescendo, ele define que a piscicultura enfrenta uma grande dificuldade, que é a comercialização. “Em Goiás, não temos grandes frigoríficos, e para vender para outros estados os impostos chegam a 12%”, conta. Ainda assim, ele destaca que o ponto positivo da atividade está na localização do Estado. “Nós temos potencial para estarmos entre os maiores do País por conta da qualidade de nossas águas.” Ele ainda acrescenta que para quem deseja entrar na atividade, o lucro pode vir em até dois anos. “Dependendo do tamanho do investimento, o produtor pode obter um lucro de 30%, em um período de 24 meses”, diz.
R$ (Peso vivo/kg)
R$ Beneficiado (filé, posta, costela, etc) / kg
Tilápia
4,15
15,00
Redondos (Tambacu, Pacu Caranha, Pirapitinga, Tabatinga)
6,50
16,50
Surubim
9,20
17,20
Matrinchã
8,00
Pirarucu
18,50
32,50
Rã Touro
25,00
55,50
ESPÉCIE
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Lucro vem com especialização do produtor cos destes estados, e 40% restante é absorvido pelo mercado interno. Luiz Humberto relata que, em Goiás essa demanda é pressionada, principalmente, pelo eixo Goiânia - Anápolis – Brasília, contemplando 6,5 milhões de habitantes, puxados principalmente pela Capital Federal por ter alto poder aquisitivo, tendo fácil acesso a informações dos benefícios dos peixes na alimentação urbana. De acordo com Luiz Humberto, recentemente foi realizada pesquisa de consumo de pescado no Distrito Federal aonde chegou a proporção de 14 kg/per capta. “A balança comercial brasileira de pescado no ano de 2010 apresentou exportações de US$ 263 milhões e importações de US$ 1.011 milhão, ou seja, um déficit de
US$ 748 milhões, representando uma elevação de US$ 273 milhões em relação ao déficit computado em 2009”, explica. Luiz Humberto destaca que, com as políticas públicas voltadas à piscicultura no Estado de Goiás, possa-se organizar a cadeia produtiva, intermunicipal, e assim girar a produção no Estado que tanto se espera. “Apesar de promissor, o mercado necessita de fortalecimento, o governo precisa consolidar as políticas públicas iniciadas, validações e fomentações dos territórios de aquicultura e pesca, liberação das águas públicas para produção em forma de parques aquícolas e licenciamentos ambientais para captação de recursos em instituições públicas e privadas.”
Jana Tomazelli
A atividade passa a ser lucrativa, segundo o presidente da Comissão de Piscicultura da Faeg, Luiz Humberto Ribeiro, assim que o produtor se especializa. O peixe tem a capacidade de conversão alimentar acima de todas as espécies exploradas comercialmente. Quando a aquicultura é explorada pela economia familiar e pequenas cooperativas apresentam uma boa margem de lucro para o pequeno produtor. “Outro método de exploração da aquicultura que apresenta lucratividade é quando toda a cadeia é explorada, desde a carne aos subprodutos.” Sessenta por cento do pescado produzido em Goiás, são para o Distrito Federal, Minas Gerais, Mato Grosso e Tocantins, adquiridos por frigorífi-
Área destinada à criação de peixes no Norte do Estado
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Cristiano Ferreira
DELÍCIAS DO CAMPO
Pão com castanha de Baru Ingredientes:
Preparo:
2 copos de leite 1 copo de água 2 envelopes de fermento seco para pão 6 colheres de sopa de açúcar 2 colheres de sopa de margarina 2 ovos ½ copo de óleo 1 copo de castanha de baru torrada e triturada 1 colher de sobremesa de sal 1 quilo de farinha de trigo ou até dar o ponto
Em uma bacia coloque o leite com a água, o fermento, o açúcar, a margarina, os ovos, o óleo e a castanha. Vá colocando a farinha de trigo e o sal até o ponto de enrolar. Deixe a massa crescer no mínimo 40 minutos. Modele os pães espere dobrar de volume. Leve para assar em forno médio pré-aquecido, por 30 minutos ou até dourar. Receita elaborada por Cristiano Ferreira da Silveira, tecnólogo em gastronomia e instrutor de processamento caseiro dos frutos do Cerrado do Senar, em Goiás.
Envie sua sugestão de receita para revistacampo@faeg.com.br ou ligue (62) 3096-2200.
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INTERCÂMBIO
Produtores buscam novidades no Mercosul Missão técnica à Argentina e ao Uruguai promove intercâmbio de conhecimento Rhudy Crysthian | rhudy@faeg.com.br
A
produção brasileira vai muito bem. A constatação é do grupo de produtores que viajou para a Argentina e o Uruguai, no fim de abril, em uma missão técnica com a tarefa de conhecer novos métodos de produção para as culturas de grãos e pecuária de corte. O objetivo da missão foi promover o intercâmbio e buscar modelos produtivos que possam ser implementados em Goiás, melhorando a gestão da atividade rural. A comitiva formada por produtores rurais, lideranças empresariais,
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deputados estaduais ligados ao setor da agropecuária e dirigentes sindicais foi formada graças a uma parceria entre o Sistema Faeg/Senar e o Sebrae Goiás. A comitiva visitou centros de comercialização e de pesquisa, entidades representativas, órgãos governamentais, cooperativas e propriedades rurais. Os participantes puderam conhecer de perto a estrutura do agronegócio argentino e uruguaio; se inteiraram da política agrícola desenvolvida nos dois países; conheceram a logística de exportação e a
estrutura de representação sindical. Inte grantes da comitiva também identificaram oportunidades de incorporação de novas tecnologias nas áreas de produção sustentável, rastreamento e certificação e debateram as tendências e expectativas do mercado mundial de grãos e carnes para os próximos anos. O presidente do Sistema Faeg/Senar, José Mário Schreiner, reforçou que o Mercosul é o celeiro do mundo. Segundo ele, nos últimos 20 anos, o bloco econômico triplicou a produção de soja, www.sistemafaeg.com.br
Na Argentina, na propriedade La Lucila, o grupo de brasileiros conheceu como é um sistema de produção terceirizado
Produtores relatam experiência Para o produtor rural de Acreúna, Afonso Henrique Pires, participar da missão internacional foi importante, porque permitiu a ele obter um parâmetro do que é feito no Brasil e em outros países. “Comparamos o segmento agrícola brasileiro com o de outros lugares e, apesar de a carne ser melhor, o país sofre com falta de políticas públicas”, diz. Ele afirma que o Uruguai está à frente da Argentina em termos de organização e de apoio. Ele comenta que a diferença entre o Brasil e os países visitados é que
o Brasil cresce horizontalmente e o Uruguai verticalmente, porque não há novas áreas a serem exploradas. O produtor de grãos, Adeíres Ferreira Marques, acredita que os participantes puderam copiar pontos importantes da produção argentina e uruguaia. Segundo ele, a troca de informação entre os empresários foi muito importante. Adeíres destaca os serviços de maquinários agrícolas que na Argentina são terceirizados, enquanto no Brasil, os produtores têm suas próprias máquinas.
Produtores goianos visitam Ministério da Agricultura argentino e conhecem atuação do governo junto à classe produtiva daquele país
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Missão visita propriedade Refúgio dos Grupos CREA, um tipo de associação formada por proprietários do mesmo segmento produtivo
Rhudy Crysthian
Rhudy Crysthian
Francila Calica
Argentina x Uruguai O grande desafio da Argentina é aumentar a produtividade sem ocupar mais terras. O governo quer aumentar a produção e, para isso, atua em três frentes: redução do preço de produção, estímulo à tecnologia e oferta de crédito subsidiado. De acordo com o superintendente do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em (Senar), em Goiás, Marcelo Martins, o Brasil vai muito bem se comparado com Argentina e Uruguai. De acordo com o Instituto Nacional de Investigação Agropecuária (Inia), apenas 2% de população uruguaia vive no campo e 70% das propriedades são arrendadas. O Inia é semelhante à Embrapa no Brasil, gera conhecimento e tecnologia para o desenvolvimento do setor agropecuário daquele país.
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alcançando 130 milhões de toneladas. Para o presidente, a ida desses produtores a campo foi uma oportunidade de ver na prática a metodologia de trabalho dos produtores vizinhos. Segundo José Mário, a missão possibilitou ao grupo a oportunidade de adquirir ainda mais informações do setor, desde o básico da produção agrícola à comercialização e taxação. Para o superintendente do Se brae Goiás, Manoel Xavier Ferreira Filho, a missão possibilitou que os integrantes da comitiva tivessem um contato com outras realidades de mercado. “O roteiro montado foi estratégico, buscando atender o produtor rural”, conta.
No distrito de Castelli, Argentina, produtores goianos aprendem com o especialista em mercado agropecuário e produtor rural, Ignacio Iriarte, técnicas para aumentar produtividade do rebanho bovino Maio/2012 CAMPO
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Larissa Melo
CASO DE SUCESSO
Como aumentar a renda em 263% O pequeno empresário José Cláudio conseguiu quase triplicar seus rendimentos após o curso de selaria. O negócio já lhe rendeu um carro novo Leydiane Alves | leydiane@faeg.com.br
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José Cláudio quase triplicou renda com curso do Senar, em Goiás
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lizar os serviços nos finais de semana. “Sempre que eu tinha uma folga no trabalho eu voltava minha atenção para a atividade”, destaca. Foi depois de muita insistência da filha que ele decidiu abrir a loja no Centro do município de Jaupaci. “Ela me falava que eu tinha que largar o serviço na fazenda e começar com meu próprio negócio. E foi isso que eu decidi fazer.” Há quase um ano, ele seguiu os conselhos da filha e abriu a Selaria Pantaneira. Olhando de longe a sala, onde funciona a loja, parece ser apenas um pequeno negócio. Mas basta conversar com José Cláudio para perceber que ali se trata do sustento da família e o aumento de renda em 263%. “Quando trabalhava na propriedade rural, eu ganhava por mês R$ 950. Atualmente, eu estou tirando um valor equivalente a R$ 2.5 mil, uma quantia que melhorou a qualidade de vida da minha família.” O trabalho na Selaria Pantaneira continua intenso. José Cláudio realiza as atividades sozinho e garante que não tem dado conta do recado. “Meu serviço acabou ficando conhecido em Jaupaci e as pessoas me procuram querendo que eu faça os materiais. É
tanto serviço que, sozinho, não estou conseguindo mais.” E para atender a tantos clientes ele optou por não confeccionar peças para venda. “Atendo somente encomenda, senão, é impossível dar conta de tanto trabalho.” O esforço e empenho de José Cláudio já lhe renderam bons frutos. Durante o tempo que está na selaria, ele trocou o carro da família. “Eu já tinha um automóvel, mas consegui comprar um mais novo.” E os planos não param por aí. Ele conta que, ainda esse ano, vai reformar a casa em que reside. “Quero aproveitar que os negócios estão indo muito bem para melhorar minha casa.” No curso de selaria oferecido pelo Senar, José Cláudio teve acesso à identificação das peças com seus respectivos nomes e suas utilidades, planejamento para utilização do material disponível, material e ferramentas necessárias para trabalho, qualidade e produtividade, identificação de defeitos do arreio ou sela, montagem e desmontagem, reparo de defeitos, correção de ferragem, substituição de peças (látego, loro, suador), confecção de barrigueira (trançado), confecção de cabeçada, confecção de bainha.
Larissa Melo
pós 11 meses administrando o próprio negócio, José Cláudio Cândido de Queiroz, do município de Jaupaci, considera que sua vida está totalmente organizada financeiramente. Há cerca de um ano, ele participou do curso de selaria, oferecido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), em Goiás, em parceria com o Sindicato Rural do município e, desde então, tem colocado em prática as técnicas ensinadas nas aulas. “Tudo melhorou 100%, graças ao curso, que deu um novo rumo em minha vida”, relata. José Cláudio, 41 anos, conta que sempre trabalhou em propriedades rurais, cuidando de ordenhas e serviços braçais. Durante esse tempo, ele mostrava que tinha facilidade para trabalhar com materiais voltados para a selaria. “Meus amigos perceberam a minha facilidade e me aconselharam a fazer o curso de selaria oferecido pelo Senar, por meio do Sindicato Rural de Jaupaci.” Foi aí que o pequeno empresário decidiu que seria o momento de aprender as técnicas necessárias para dar início à atividade. “Procurei o Sindicato e me inscrevi para o curso”, lembra. José Cláudio começou a rea-
Os interessados em treinamentos e cursos do Senar , em Goiás, no município de Jaupaci devem entrar em contato com o Sindicato Rural pelo telefone: (64) 3688-1459. www.senargo.org.br
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CURSOS E TREINAMENTOS
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Frutos que dão lucro
EM ABRIL, O SENAR PROMOVEU
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Na área de agricultura
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CURSOS E TREINAMENTOS DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL RURAL
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Em atividaNa área de de de apoio silvicultura agrossilvipastoril
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Na área de Na área de agroindústria aquicultura
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31 Em atividades relativas à prestação de serviços www.sistemafaeg.com.br
Cristiano Ferreira da Silveira cfsilveira@hotmail.com Goiás tem como vegetação típica o Cerrado, esse bioma ocupa uma área de cerca de 240 milhões de hectares e p ossui uma diversidade de esp écies fr utíferas que dão sab ores, cores e aromas esp eciais à culinária goiana. Dentre as esp écies fr utíferas estão: amora, ananás, araticum, bar u, buriti, cagaita, cajuzinho- do- cerrado, gabiroba, guariroba, jatobá, jenipap o, mangaba, maracujá- do- camp o, murici, p equi e a pitanga. Com essa diversidade de fr utos constatamos que o material comestível constitui fontes de fibra, proteína, vitaminas, sais minerais, ácidos saturados e insaturados. Utilizados in natura ou processados artesanalmente, p odem ser consumidos como: conservas, doces, geleias, p olpas, pães, b olos, tortas, paço quinhas, picolés, barra de cereais, sorvetes, além de pratos salgados e doces. Com isso, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), em Goiás, lançou o Treinamento em Processamento Caseiro dos Fr utos do Cerrado, para a família r ural aprender a identificar, processar, consumir e comercializar estes fr utos p ouco aproveitados de nossas matas e de nossos quintais
Para mais informações sobre os treinamentos e cursos oferecidos pelo Senar, em Goiás, o contato é pelo telefone: (62) 3545-2600 ou pelo site: www.senargo.org.br
86 33 Alimentação e nutrição
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CURSOS E TREINAMENTOS NA ÁREA DE PROMOÇÃO SOCIAL
5 Organização Comunitária
3 Saúde e Alimentação
15 Prevenção de acidentes
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3992 PRODUTORES E TRABALHADORES RURAIS CAPACITADOS
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CAMPO ABERTO
Bem-estar animal na suinocultura Wanessa Neves de Faria wanessa@senar-go.com.br
Comunicação/Faeg
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Wanessa Neves é zootecnista e supervisora do Senar em Goiás.
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atenção ao assunto b em- estar animal teve início em 1964, quando uma ativista britânica publicou o liv ro “Máquinas Animais”, onde denunciava os métodos de produção animal no Reino Unido e como a qualidade da car ne é afetada. Em consequência, houve um interesse maior da sociedade nas questões voltadas para o b em- estar animal. A rep ercussão em tor no da publicação foi tão grande que foi estab elecida a “Comissão de b em- estar de animais de produção”, que originou em 1979 o “Conselho de b em–estar dos animais de produção”, que ficou conhecido ao div ulgar as chamadas “Cinco Lib erdades”. Liv res de Fome, Sede e Desnutrição; Liv res de Desconforto; Liv res de Dor, Injúrias e Do enças; Liv res para expressar um Comportamento natural e Liv re de medo e Estresse Negativo. Tudo indica que no futuro próximo essas exigências serão condições essenciais para a continuidade de nossas exportações, esp ecialmente para os países da comunidade Europ eia e Estados Unidos. Na Europa, o gover no está definindo melhor o que realmente significa maior conforto e b em- estar para os animais e inicia-se um processo de estab elecimento de prazos para que os produtores de suíno se adequem para que possam continuar na atividade. Já nos Estados Unidos, processadores de car ne, restaurantes e as grandes redes
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de fast food estão exigindo dos suinocultores o cumprimento de nor mas mínimas relativas ao b em- estar na produção de suínos, como requisitos básicos para continuar usando a car ne suína em seus estab elecimentos. Em todos os setores da suinocultura a gestação tem se mostrado como o primeiro grande desafio dos granjeiros para encontrar novas alter nativas de alojamento e manejo em instalações mais amplas e confortáveis. Entre as nor mas relativas ao conforto e b em- estar das fêmeas em gestação, alguns asp ectos básicos devem ser levados em consideração como a fêmea deve possuir condições de deitar sem que o aparelho mamário fique em contato contra paredes, barras de ferro ou outros tipos de barreiras; a cab eça da fêmea gestante não pode ficar apoiada sobre o comedouro frontal da cela e a fêmea gestante deve ter condições de levantar sem nenhum tipo de imp edimento. Em função dessas exigências, fica claro que o setor de gestação tende a sofrer grandes transfor mações, onde o sistema confinado atual em celas individuais deverá ser, aos poucos, substituídas por baias coletivas, proporcionando maior conforto e espaço com maior movimentação das fêmeas. Alguns países já estipularam data limite para que essas alterações sejam feitas, caso não seja ob edecido o prazo, a comercialização da car ne suína ficará prejudicada não somente
no mercado exter no, mas também no mercado inter no. No Brasil, a grande maioria dos suinocultores confinam totalmente as fêmeas, fazendo um rodízio entre mater nidade e gestação. Esse sistema é utilizado até o descarte dessas fêmeas. É justamente esse manejo que imp ede a lib erdade de expressão e movimentação das fêmeas durante toda a sua vida produtiva, e é justamente esse tipo de instalação e manejo que está sendo questionado por uma parcela muito grande da população daqueles países que poderão, no futuro próximo, transfor mar-se em emp ecilho para exportação da nossa car ne. Um sistema misto com substituição parcial do atual sistema e confinamento total em celas individuais por baias coletivas poderá ser uma ótima solução e parece ter boa aceitação por parte dos legisladores da área de conforto e b em- estar animal. Este sistema já vem sendo utilizado por uma p equena parcela de suinocultores brasileiros, e poderá ser ampliado como for ma de enquadrar com baixo custo a nossa suinocultura às exigências dos países importadores. Podemos observar que temos um longo caminho a p ercorrer para tentar definir um sistema de gestação coletivo que consiga reunir os asp ectos produtivos e de b em- estar e que, ao mesmo tempo, consiga contemplar as necessidades de toda cadeia produtiva da suinocultura brasileira. www.sistemafaeg.com.br