ISSN 2178-5781
Ano XIII | 233 | Novembro 2014
Sem soja, mas com girassóis Comissão de grãos da Faeg se reúne para debater vazio sanitário
Escola Ambiental do Gongomé Povoado se especializa para transformar realidade local
Ameaças à fruticultura goiana Falta de mão de obra e investimento em pesquisa são apontados como vilões
Š Syngenta, 2013.
PALAVRA DO PRESIDENTE
CAMPO A revista Campo é uma publicação da Federação da
Busca constante por melhorais
de Aprendizagem Rural (SENAR Goiás), produzida pela Gerência de Comunicação Integrada do Sistema FAEG com distribuição gratuita aos seus associados. Os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores.
CONSELHO EDITORIAL Bartolomeu Braz Pereira, Claudinei Rigonatto e Eurípedes Bassamurfo da Costa. Editora: Denise N. Oliveira (331/TO) Reportagem: Catherine Moraes, Michelle Rabelo e Luiz Fernando Rodrigues (estagiário) Fotografia: Larissa Melo e Fredox Carvalho Revisão: Denise N.Oliveira Diagramação: Rowan Marketing Impressão: Gráfica Amazonas Tiragem: 12.500 Comercial: (62) 3096-2123 revistacampo@faeg.com.br
DIRETORIA FAEG Presidente: Leonardo Ribeiro Vice-presidente: Antônio Flávio Camilo de Lima. Vice-presidentes Institucionais: Bartolomeu Braz Pereira, Wanderley Rodrigues de Siqueira. Vice-presidentes Administrativos: Eurípedes Bassamurfo da Costa, Nelcy Palhares Ribeiro de Góis. Suplentes: Flávio Augusto Negrão de Moraes, Flávio Faedo, Vanderlan Moura, Ricardo Assis Peres, Adelcir Ferreira da Silva, José Vitor Caixeta Ramo, Wagner Marchesi. Conselho Fiscal: Rômulo Pereira da Costa, Estrogildo Ferreira dos Anjos, Eduardo de Souza Iwasse, Hélio dos Remédios dos Santos, José Carlos de Oliveira. Suplentes: Joaquim Vilela de Moraes, Dermison Ferreira da Silva, Oswaldo Augusto Curado Fleury Filho, Joaquim Saeta Filho, Henrique Marques de Almeida. Delegados Representantes: Walter Vieira de Rezende, Alécio Maróstica. Suplentes: Antônio Roque da Silva Prates Filho, Vilmar Rodrigues da Rocha.
CONSELHO ADMINISTRATIVO SENAR Presidente: Leonardo Ribeiro Titulares: Daniel Klüppel Carrara, Alair Luiz dos Santos, Osvaldo Moreira Guimarães e Tiago Freitas de Mendonça. Suplentes: Bartolomeu Braz Pereira, Silvano José da Silva, Eleandro Borges da Silva, Bruno Heuser Higino da Costa e Tiago de Castro Raynaud de Faria. Conselho Fiscal: Maria das Graças Borges Silva, Elson Freitas e Sandra Maria Pereira do Carmo. Suplentes: Rômulo Divino Gonzaga de Menezes, Marco Antônio do Nascimento Guerra e Sandra Alves Lemes. Conselho Consultivo: Arno Bruno Weis, Alcido Elenor Wander, Arquivaldo Bites Leão Leite, Juarez Patrício de Oliveira Júnior, José Manoel Caixeta Haun e Glauce Mônica Vilela Souza. Suplentes: Cacildo Alves da Silva, Michela Okada Chaves, Luzia Carolina de Souza, Robson Maia Geraldin, Antônio Sêneca do Nascimento e Marcelo Borges Amorim. Superintendente: Eurípedes Bassamurfo Costa
Nem só de grãos vive a agricultura. Depois de quatro meses licenciado da presidência da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás volto com essa certeza ainda mais latente. Não existem produtores de grãos, frutas ou hortaliças...existem produtores que precisam estar em constante busca por melhorias e para isso é indispensável o apoio das entidades representativas que brigam por mais investimentos em pesquisas, mão de obra cada vez mais capacitada e qualificada, políticas públicas para fazer jus a quem responde por uma parcela generosa do PIB brasileiro, entre outras coisas. Para ilustrar a importância desta diversidade de produção, trazemos nesta edição a história de fruticultores como Antônio Leonel, um produtor de banana-maçã do município de Itaguarú, que apesar da dificuldade em conseguir assistência técnica especializada, mostra que é possível viver do campo. Ele cultiva 200 hectares da fruta e conta que entre os três primeiros anos de produção da planta, a produtividade média mensal é de 70 caixas por hectare. Mesmo diante do lado positivo da história de Leonel, nos vem à tona a diminuição do potencial produtivo da fruticultura de Goiás devido as dificuldades do setor. Você poderá conferir nas matéria principal desta edição que a cadeia produtiva carece de mão de obra capacitada, sofre com os gargalos logísticos e de comercialização e padece com o déficit assistência técnica especializada. No mais, há pouco interesse de pesquisadores pelo setor. São fruticultores como Leonel que colocam Goiás no ranking de produção. Para isso é preciso mais do que vontade. É preciso criatividade, apoio, garra e estratégias para superar o tempo de vacas magras, quando as precárias condições de infraestrutura parecem ser maiores do que as caraterísticas favoráveis do nosso estado. Aqui temos clima e solo favoráveis à fruticultura, amplitude térmica, altitude, terra plana e disponibilidade de água. Temos a consciência de que vai demorar um tempo para que os pesquisadores descubram maneiras de potencializar nossa produção, mas o início destas pesquisas é urgente. Quanto ao meu retorno à presidência da Faeg, depois de receber mais de 71 mil votos na disputa por uma vaga na Câmara Federal, só tenho a agradecer a cada um que acreditou no projeto que não é meu, e sim de quem vive no campo e do campo. De quem tira da terra o sustento da casa e constrói sobre ela os sonhos de uma vida melhor. Ah, para finalizar com gostinho de quero mais, essa edição traz a receita de um delicioso suspiro de limão. É anotar, preparar e lamber os dedos. Boa leitura.
FAEG - SENAR Rua 87 nº 662, Setor Sul CEP: 74.093-300 Goiânia - Goiás Fone: (62) 3096-2200 Fax: (62) 3096-2222 Site: www.sistemafaeg.com.br E-mail: faeg@faeg.com.br Fone: (62) 3412-2700 e Fax: (62) 3412-2702 Site: www.senargo.org.br E-mail: senar@senargo.org.br Para receber a Campo envie o endereço de entrega para o e-mail: revistacampo@faeg.com.br. Para falar com a redação ligue: (62) 3096-2114 – (62) 3096-2226.
José Mário Schreiner Presidente do Sistema Faeg
Larissa Melo
Agricultura e Pecuária de Goiás (FAEG) e do Serviço Nacional
Fredox Carvalho
PAINEL CENTRAL Caso de Sucesso
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Fredox Carvalho
De Luziânia, a história da artesã Ayla Maria, que começou tímida com um curso do Senar Goiás e já planeja abrir seu próprio negócio
Prosa
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Em meio à discussão do uso intermodal de movimentação de cargas – o diretor de logística do Grupo Caramuru, Antônio Ismael Ballan, é o entrevistado da Revista Campo neste mês de novembro
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Fruticultura na terra do pequi
Larissa Melo
Apesar de características favoráveis ao cultivo de frutas, produtores goianos esbarram na falta de mão de obra e investimento em pesquisa
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Larissa Melo
Permissão e proibição no plantio de soja e girassol 14 Fredox Carvalho
Vazio sanitário, pesquisa científica e especificidades do plantio foram debatidos durante reunião
Rebanho saudável, lucro certo
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Médico veterinário fala sobre a importância do planejamento sanitário
Agenda Rural
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Fique Sabendo
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Um 12 de outubro mais feliz
Delícias do Campo
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Faeg e Senar Goiás arrecadam brinquedos e comemoram o Dia das Crianças no Abrigo Sol Nascente
Treinamentos e cursos do Senar
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Campo Aberto
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Mesmo com 23 anos de experiência, produtor de bananamaçã em Itaguarú, Antônio Leonel, afirma que a dificuldades do setor são inúmeras Foto: Fredox Carvalho
Fredox Carvalho
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Sem soja, mas com girassóis Comissão de grãos da Faeg se reúne para debater vazio sanitário
Escola Ambiental do Gongomé Povoado se especializa para transformar realidade local
Ameaças à fruticultura goiana
Escola Ambiental do Gongomé
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Com cursos do Senar Goiás, povoado se especializa para transformar realidade local
Falta de mão de obra e investimento em pesquisa são apontados como vilões
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AGENDA RURAL
ENCONTRO DOS TÉCNICOS GOIÁS MAIS LEITE METODOLOGIA BALDE CHEIO SENAR GOIÁS - 2014
17 a 20 de novembro de 2014 Vivence Suítes Hotel Goiânia - GO Informações: (62) 3412-2733
12 de novembro
28 de novembro
Seminário Regional de Contabilidade Rural Local: Sindicato Rural de Rio Verde Horário: Das 8h às 17h Informações: (62) 3412-2750
18ª Rodada Goiana Tecnologia em Manejo de Suínos Local: Parque Agropecuário Pedro Ludovico Teixeira - Goiânia Horário: Das 8h às 18h Informações: (62) 3203-1666
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FIQUE SABENDO REGISTRO
Faeg sedia abertura da Semana de Veterinária e Zootecnia Larissa Melo
Embrapa e Unicamp
ARMAZÉM
Preservando a produtividade dos solos agrícolas Buscando oferecer ao leitor um conjunto de informações sobre a importância de preservar a produtividade dos solos agrícolas, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) firmou uma parceria com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e lançou o livro “Adubação Verde e Plantas de Cobertura no Brasil: Fundamentos e Prática”, em seus volumes 1 e 2. A obra traz, entre seus temas, a história do uso da adubação verde no Brasil, a situação atual e perspectivas futuras da técnica, os cuidados com as espécies, os exemplos de rotação de culturas, o melhoramento genético e os aspectos ecofisiológlcos. Apresenta, ainda, informações técnicas e práticas sobre semeadura e manejo.
No mês de novembro a sede da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) sediou a abertura da XXVI Semana de Veterinária e V Semana de Zootecnia da Universidade Federal de Goiás (UFG). A solenidade contou com a presença do presidente Leonardo Ribeiro, do superintendente do Senar Goiás Eurípedes Bassamurfo e do vice-presidente institucional da Faeg, Bartolomeu Braz, além de outras autoridades. No total, cerca de 200 estudantes estiveram presentes.
Superintendente do Senar Goiás, Eurípedes Bassamurfo explicou aos alunos presentes o trabalho desenvolvido pelo Senar Goiás, que, apenas em 2013 realizou 4.846 ações envolvendo, aproximadamente 97 mil pessoas. “Programas como o Pronatec e o EaD reforçam nossa missão de educar e aprimorar as pessoas do meio rural, contribuindo não só para a qualidade de vida, mas também para o desenvolvimento sustentável do país”, finalizou.
Shutter
PESQUISA
Pesquisa em defesa da Amazônia Chamar atenção para os danos do fogo e da exploração madeireira sobre a Amazônia. Com esse objetivo, a revista Global Change Biology divulgou um estudo resultante da coleta de amostras de plantas e solos em 225 pontos da região. O documento, que é o maior já realizado para as florestas tropicais degradadas, aponta a perda de carbono em florestas que passam por perturbações, como extração madeireira e fogo acidental. A pesquisa foi iniciada em 2009, com integrantes da Embrapa, do Museu Paraense Emilio Goeldi e da Universidade de Lancaster (Reino Unido). Ao longo www.senargo.org.br
desses anos foram levantados dados de campo em duas regiões da Amazônia Oriental: os municípios paraenses de Belterra e Santarém, oeste, e Paragominas, nordeste do Pará. Nesses locais foram estudadas 87 mil amostras de plantas e 5 mil de solo. A referência para a coleta de amostras tem como base as diretrizes para inventários nacionais de gases de efeito estufa, estabelecidas no Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), que recomenda que as avaliações em áreas florestais devem quantificar cinco reservatórios de carbono. Novembro / 2014 CAMPO
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PROSA RURAL
Não adianta falarmos em milhares de Km de ferrovia ou de hidrovia se não definirmos
Fredox Carvalho
prioridades
Antônio Ismael Ballan é diretor de logística do Grupo Caramuru
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Os vários caminhos para o escoamento da produção Michelle Rabelo | michelle.rabelo@faeg.com.br
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ecnologia para quem te quero”, diriam os produtores adeptos a um bom trocadilho. No caso da agropecuária a brincadeira ganha ar de realidade, já que a exclamação ilustra bem a corrida de quem não quer ficar para trás. Porém, mesmo com passos largos e tecnologia de ponta, muitos produtores tem ficado de mãos atadas diante da última etapa da produção: o escoamento. Quase um perito na área de transportes, o diretor de logística do Grupo Caramuru, Antônio Ismael Ballan, é o entrevistado da Revista Campo neste mês de novem-
Revista Campo: Na sua opinião, quais os principais problemas que o setor brasileiro de transporte enfrenta na área de infraestrutura? Falta investimento ou planejamento? Antônio Ballan: A produção brasileira de grãos tem crescido muito nos últimos anos. Já chegamos a 190 milhões de toneladas, graças a produtividade da porteira para dentro, mais da porteira para fora não somos eficientes no mesmo ritmo. Se perde muito dinheiro e o produtor acaba pawww.senargo.org.br
bro. Nas páginas a seguir ele fala sobre o impacto causado da porteira para fora – principalmente pela falta de infraestrutura - no transporte de cargas, mesmo com investimentos por parte dos empresários da porteira para dentro. Integrando o Caramuru, que se destaca pelo uso intermodal de movimentação de produtos e grãos, com fortes investimentos no Porto de Santos e Tubarão, em ferrovias e na Hidrovia Tietê-Paraná, Ballan é defensor da utilização de transportes multimodais, o que diminuiria os custos operacionais.
gando grande parte dessa conta, por falta de uma infraestrutura adequada e competitiva. Exemplo disso é a pequena quantidade de rodovias pavimentas, principalmente nas fronteiras agrícolas, e outras tantas rodovias pavimentadas em situação ruim. Nossas ferrovias são pouco abrangentes e focadas em transporte de granéis agrícolas e minério de ferro. Algumas têm problemas de conservação da via e falta material rodante adequados para graneis
agrícolas. Já as hidrovias navegáveis são ainda hoje pouco aproveitadas e pouco conservadas, além disso as vezes não são respeitadas com relação ao uso múltiplo das água, tudo por falta de um bom planejamento e de investimentos. Revista Campo: A maiorias das cargas em Goiás, assim como no Brasil, são transportadas pelas rodovias, o que além de provocar um grande desgaste nas estradas, poluição ambiental Novembro / 2014 CAMPO
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Respeitar o uso múltiplo das águas é o primeiro passo para termos uma utilização sensata desse recurso e uma maior demora na entrega do produto, é o segmento de maior custo. Qual o motivo de ainda insistirmos neste modal? Antônio Ballan: Excessiva demora na implantação de outros modais de transporte e falta de planejamento em relação à utilização de outros modos de transporte. Exemplo disso é a Ferrovia Norte Sul, que está sendo implantada a quantos anos. Eu acho que alguns projetos precisam ser priorizado/definido. Não adianta falarmos em milhares de Km de ferrovia ou de hidrovia, sabemos que todos são importantes, se não definirmos prioridades e executá-las vamos continuar transportando por rodovias. Revista Campo: Enquanto isso, seguimos com ferrovias em estado precário, aeroportos com pequena capacidade para transporte de cargas e terminais portuários ineficientes. Quais as soluções à curto, médio e longo prazo? Antônio Ballan: A questão de aeroportos parece estar sendo equacionada com a construção de novos terminais, ampliação dos existentes e, principalmente, com a privatização desses serviços. A questão das fer-
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rovias é bem mais complicada: uma solução de curto prazo poderá ser a implantação da figura dos operadores ferroviários independentes. No médio prazo outra alternativa é renegociar os atuais contratos de concessão, antecipando a sua renovação com o compromisso de expansão das linhas e adequado atendimento da demanda existente. Também será importante o desenvolvimento de projetos de novas ferrovias empresarialmente viáveis. Isso poderá ser conseguido, com o Governo dando mais liberdade para a iniciativa privada planejar, implantar e operá-las. Na questão dos Portos, a Lei 12.815 abriu caminho para novas licitações, agora é colocá-las em prática. Revista Campo: A falta de investimento no setor hidroviário foi debatido na Faeg. Como o senhor avalia o momento atual pelo qual as hidrovias estão passando por causa da estiagem? Antônio Ballan: A estiagem é um fenômeno da natureza sob o qual não temos controle, mas podemos disciplinar a utilização dos recursos hídricos por meio de Leis já existentes. Respeitar o uso múltiplo das águas é o primeiro passo para termos uma utilização sensata desse imprescindível recurso, que é a água, e também precisamos de mais investimentos para eliminação de gargalos existentes. Revista Campo: Dados apontam que o custo do transporte por água é mais barato e ambientalmente mais correto. Além disso, os países que investem no transporte hidroviário reduzem seu custo logístico. Porque ainda não existem investimentos de fato no setor? Antônio Ballan: Realmente o custo por hidrovia é bem mais competitivo quando comparado com outros modais,
além disso é o que menos polui e no qual praticamente não se registra nenhum acidente. O Brasil é privilegiado com uma bacia hidrografia muito grande, porém pouco utilizado, e isso talvez seja por falta de planejamento, de foco e de incentivo por parte do Governo – que precisa querer realmente desenvolver esse modal. Revista Campo: Recentemente, foi apresentado o Plano de Melhoramentos da Hidrovia Paraná-Tietê. Qual sua impressão sobre o documento? Antônio Ballan: Bastante positivo, necessário para o crescimento e desenvolvimento do modal, porém precisamos também discutir o cumprimento/respeito do uso múltiplo das águas.
A estiagem é um fenômeno da natureza sob o qual não temos controle, mas podemos disciplinar a utilização dos recursos hídricos por meio de Leis já existentes www.sistemafaeg.com.br
MERCADO E PRODUTO
Revisão no vazio sanitário da soja em Goiás Cristiano Palavro | cristiano.palavro@faeg.com.br
normativa que rege o vazio sa-
lhoramento genético recebem
nitário da soja aqui no estado.
autorização especial para cul-
O principal foco das alterações
tivo dentro dos períodos de
vimento da agricultura, aliando
foi a implementação de medi-
vazio sanitário, prática que
um clima favorável à dispo-
das que reduzam o número de
tem prejudicado os funda-
nibilidade de terras e água.
inóculos da doença dentro das
mentos de restrição de plan-
Frente a isso, nos últimos anos
regiões produtoras.
tas
temos visto um grande cresci-
Dentre as principais alte-
hospedeiras,
causando
prejuízos severos as áreas ad-
mento e intensificação da nos-
rações
podemos
jacentes a estes cultivos e au-
sa produção agrícola, o que
destacar a criação de um ca-
mentando o inóculo inicial da
gerou grandes oportunidades,
lendário de plantio, de 01 de
doença dentro das regiões de
mas nos remete a importantes
outubro à 31 de dezembro
produção. Por este motivo, foi
desafios para sua manutenção.
de cada, visando finalizar a
também proposta a definição
propostas,
Além dos problemas estru-
prática de plantio de soja em
de áreas específicas para o
turais enfrentados por nossos
sucessão no período de safri-
desenvolvimento destas pes-
produtores “fora da porteira”,
nha, o que evita a ampliação
quisas, em projetos já existen-
com infraestrutura e legislação
da “ponte verde” para a sobre-
tes de irrigação por inundação
deficitárias no país e que one-
vivência do fungo e diminui o
no Norte do estado.
ram nossa produção, os desa-
uso de defensivos, reduzindo a
É importante salientar que
fios dentro das propriedades na
chance de perda de eficiência
todas as propostas apre-
condução das lavouras também
destes produtos. Também vi-
sentadas foram frutos de
se agravaram nos últimos anos.
sando a diminuição da ocor-
um amplo debate, que mais
O aparecimento de novas mo-
rência de plantas hospedeiras
do que alinhar as intenções
léstias e a perda de eficiência
na entressafra, manteve-se o
de todo o setor imbuído no
no combate de nossos tradicio-
artigo que define a eliminação
combate aos problemas que
nais problemas fitossanitários,
de “tigueras” 30 dias após a
enfrenta, coloca “às claras”
como por exemplo a ferrugem
emergência, ampliando o rigor
as responsabilidades de cada
asiática, têm exigido ações de
das penalidades aplicadas aos
elo. Estas ações sinalizam a
forma ampla e unificada de
descumpridores. Para diminui-
maturidade do setor produti-
todo o setor produtivo.
ção deste problema em beiras
vo ao pensar à frente, atuan-
Em Goiás, a última safra teve
de estrada e áreas públicas,
do junto aos órgãos fiscali-
um dos piores desempenhos
estabeleceu-se também a apli-
zadores no sentido de educar
em produtividade nos últimos
cação de multas aos transpor-
e proteger a nossa produção,
anos, tendo como grande vilã
tadores que não realizarem o
utilizando o caráter puniti-
junto aos períodos de estia-
correto acondicionamento das
vo com rigor, mas em última
gem, o aparecimento precoce
cargas de soja, com perdas no
instância, no intuito de de-
de ferrugem em sua principal
processo de transporte.
fender a produção de nosso
região produtora, o que levou
Normalmente as empresas
o estado a rever a instrução
que realizam pesquisa e me-
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estado e os produtores que realizam as boas práticas.
Larissa Melo
O
Brasil é um país que possui ótimas condições para o desenvol-
Cristiano Palavro é engenheiro agrônomo e consultor técnico do Senar Goiás para a área de cereais, fibras, e oleaginosas
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AÇÃO SINDICAL INDIARA
Sindicato Rural de Santa Helena
Entrega de alimentos
O Sindicato Rural (SR) de Santa Helena realizou campanha para arrecadar alimentos que foram doados a sete instituições da cidade. A iniciativa, que partiu do presidente do SR, Arcino Braz Vieira, contou com o apoio da diretoria sindical e conseguiu mais de três toneladas de alimentos. A doação foi realizada durante a 20º Exposição Agropecuária de Santa Helena e compuseram a lista de beneficiados as creches Eni Alves e Amiguinhos de Jesus, as Casas do Oleiro, das Crianças e de Recuperação Montesião, o Abrigo Maria Madalena e o Lar dos Idosos São Vicente de Paula.
ARAGUAPAZ Sindicato Rural de Araguapaz
Trançado em couro
O Sindicato Rural de Araguapaz, em parceria com o Senar Goiás, realizou entre os dias 30 de setembro e 04 de outubro o treinamento de Trançados em Couro (FPR), no Assentamento Serra Verde. Com o instrutor, Luiz Rodrigues, os participantes aprenderam a secar e esticar o couro, além de confeccionar pinholas e demais artigos. 12 | CAMPO
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Dia de Campo na Fazenda Água Branca Sindicato Rural de Indiara
SANTA HELENA
O município de Indiara recebeu no dia 21 de junho o Dia de Campo, realizado na fazenda Água Branca. Os proprietários do local, e produtores rurais, Derly Cardoso e Cleide Aparecida Marins, abriram as porteiras da fazenda para alunos da Universidade Estadual de Goiás (UEG) - campus de Edéia, que puderam conhecer de perto a rotina de uma propriedade rural. Na ocasião 60 estudantes das três turmas do curso de Tecnologia em Agronegócio participaram de palestras e tiraram dúvidas. O presidente do Sindicato Rural de Indiara, Henrique Marques de Almeida, falou sobre a importância da cooperativa e do associativismo no meio rural e enfatizou que os acadêmicos são de suma importância para a economia brasileira, onde o agronegócio gira em torno de 67% do PIB nacional.
INDIARA
Operando máquinas agrícolas O Sindicato Rural de Indiara realizou - em parceria com a Federação da Agricultura e Pecuária (Faeg), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) Goiás e prefeitura - o primeiro Pronatec / Operador de Maquinas Agrícolas. Um total de duas turmas, cada uma com 15 alunos, participaram dos treinamentos. As aulas, com carga horária de 04 horas/aula/dia, aconteceram na sede do Sindicato Rural e na escola municipal Olavo Bilac.
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ITABERAÍ
Associação reativada
Fredox Carvalho
Parcerias para Equoterapia
Fredox Carvalho
ITABERAÍ
de outubro, o Curralinho Centro do Equoterapia. Ainda no papel, o projeto começa a ganhar forma e a lista de possíveis participantes já existe. Entre os parceiros: prefeitura, Poder Judiciário, empresariado, voluntários, produtores rurais e moradores da cidade. Presente em 46 cidades e multiplicado por 49 grupos, o Programa Equoterapia é desenvolvido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) Goiás em parceria com prefeituras, empresas e a sociedade de forma geral.
CORUMBAÍBA
Processamento de peixes Rafael Albernaz
Um sonho coletivo e muitas mãos à obra! Foi assim que o Sindicato Rural de Itaberaí lançou, no início do mês
Produtores interessados em reativar a Associação dos Produtores de Uva e Derivados da Região Noroeste do Estado de Goiás (Apuderneg) devem procurar o produtor Danilo Razia, do município de Itaberaí ou informações no Sindicato Rural da cidade. A Associação, que não está em funcionamento, quer voltar a unir forças para garantir produtividade, representatividade e força no mercado.
A ideia de levar o programa ao município surgiu por meio do Sindicato Rural da cidade e do Senar Goiás, mas, para ser colocado em prática, o projeto precisava de cavalos, um local adequado, mão de obra e uma infinidade de parceiros. Pouco a pouco eles foram chegando e a busca continua. Entre as formas de contribuir, doação de 6% do Imposto de Renda para ser deduzido. Com doação de um terreno por parte da prefeitura, o Parque de Exposições começa a ser construído e uma parte dele será destinada ao Centro de Equoterapia. Até lá, uma propriedade rural cedida será utilizada para dar início imediato ao projeto. A prefeitura, por meio da Secretaria de Saúde também foi parceira cedendo os profissionais de saúde para trabalharem em função do programa. Para minimizar os gastos, o Senar Goiás vai disponibilizar, por meio de cursos e treinamentos, mão de obra para cerca do local e casqueamento dos animais. Apenas nesse quesito, a economia proporcionada chega à casa dos R$ 40 mil.
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O município de Corumbaíba recebeu entre os das 6 e 8 de outubro o treinamento de Processamento de Peixes, ministrado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) Goiás. O curso, que contou com a parceria do Sindicato Rural (SR) da cidade, abordou informações sobre abate, escamação, evisceração, retirada de peles, filetagem e cortes especiais dos peixes, além da produção de derivados e aproveitamento de resíduos dos animais. Todas essas informações visam estimular os piscicultores da região a fornecer ao mercado produtos de melhor qualidade e com maior valor agregado, garantindo melhor retorno financeiro e consequentemente melhor qualidade de vida à família rural.
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COMBATE ÀS PRAGAS
Comissão define alterações no vazio da soja Cultivo do girassol também foi debatido
Fredox Carvalho
Michelle Rabelo | michelle.rabelo@faeg.com.br Catherine Moraes | catherine.moraes@faeg.com.br
Bartolomeu Braz, vice-presidente institucional da Faeg e Flávio Faedo, presidente da Comissão coordenaram reunião
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C
om o objetivo de definir os critérios para realização do vazio sanitário da soja em Goiás, a Comissão de Cereais, Fibras e Oleaginosas da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) se reuniu com toda a cadeia produtiva no último mês. O principal ponto de discussão diz respeito à permissão de plantio para pesquisa científica e melhoramento genético durante o período de vazio sanitário e a necessidade de o girassol seguir o
período sem plantio. Isto porque a prática tem aumentado o número de inóculo da ferrugem em algumas regiões do estado. Além de diretores e técnicos da Federação, participaram também do encontro representantes da Aprosoja Goiás, dos Sindicatos Rurais, Caramur u Alimentos, Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa), Monsanto, Monsoy, Nidera Sementes, Agro Safra, Ouro Branco Agronegócios, Dupont Pioneer, Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Irrigação (Seagro), Aprosoja Goiás, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Fundo de Incentivo à Cultura do Algodão (Fialgo) e Ministério da Agricultura e Pecuária e Abastecimento (Mapa). A reunião foi conduzida por Bartolomeu Braz, vice-presidente institucional da Faeg e presidente da Aprosoja Goiás e o produtor rural Flávio Faedo, presidente da Comissão. A finalidade maior era encontrar um consenso em relação às propostas apresentadas, com a finalidade única de eliminar a ferrugem asiática das plantações e garantir maior segurança aos produtores. Para Flávio Faedo é preciso ponderar todas as necessidades e ele defende que, neste momento, avan-
çar com cautela pode ser a melhor opção. “Sabemos da necessidade de novas variedades, mas o sistema atual tem causado prejuízos. Precisamos encontrar uma forma de aliar o desenvolvimento de novas cultivares com a preservação do vazio sanitário. De que adianta novas variedades se não conseguimos acabar com a resistência da ferr ugem”, questiona. Prejuízos elevados A ferr ugem asiática, mesmo sendo uma doença já tradicional nos cultivos em nosso estado, teve seus prejuízos agravados nas últimas safras. Isto se deve principalmente ao fato de que os produtos químicos utilizados no controle desta doença estão perdendo eficiência, o que exige um manejo cultural da doença durante todo o ano. Além do debate sobre as áreas de pesquisa que estão sendo plantadas no período de vazio, as alterações na instrução normativa também abordam importantes pontos que visam a mitigação dos efeitos negativos da ferrugem. Entre eles podemos destacar a eliminação de plantas “tigueras”, a proibição de plantio de soja na safrinha, o controle de “tigueras” em beiras de rodovias e o transporte de soja após a colheita.
Principais Alterações Estabelecimento de calendário de plantio de 01 de outubro à 31 de dezembro. Deslocamento de áreas de pesquisa e melhoramento genético plantadas dentro do vazio sanitário para áreas dos Projetos de Irrigação no Norte do estado (São Miguel do Araguaia e Flores de Goiás). www.senargo.org.br
Estabelecimento de penalidades e multas para caminhões que apresentarem derramamento de carga nas rodovias.
Proibição de plantio de soja no período de safrinha, tanto para grãos como para sementes (excessão para sementes genéticas).
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Pesquisa e melhoramento genético deverão se adequar Cláudio Godoi, gerente de pesquisa da Nidera Sementes e Ênio Duarte, supervisor de regulação da Dupont Pionner também concordaram com o posicionamento. Fredox Carvalho
O maior impasse entre as novas propostas foi a de deslocamento dos programas de melhoramento genético para o Norte do estado. Os produtores rurais acreditam que esta medida contribuirá para diminuir os inóculos nas principais regiões produtoras, mas as empresas de pesquisa alegam que inviável transferir os projetos para esta região. Isto porque toda a estrutura destas empresas já está estabelecida no Sul do estado e não plantar no vazio sanitário interrompe o ciclo de cultivo, diminuindo a velocidade de avanço de gerações de novas cultivares. “Hoje somos a terceira ou quarta empresa que mais lança cultivares de soja do Rio Grande do Sul ao Maranhão. Alguns chegam a aumentar a produtividade em até 50%. Não queremos, de forma alguma, retirar a empresa de Goiás. Mas não é possível seguir o vazio e assim, não vemos outra forma”, completou Claudiomir Abatti, da Monsoy.
Claudiomir Abatti, da Monsoy afirma que medida torna pesquisa inviável
Cultura de Girassol também deverá seguir vazio sanitário
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rassol, o controle fica praticamente impossível. “Na prática, a folha do girassol mata a soja tiguera antes de 40 dias. Não existe no mundo um produto registrado para a folha larga e girassol é plantado sobre a soja, não tem outra forma. O ideal é mesmo podermos ter plantio até 30 de junho e respeitarmos o vazio da soja. Caso contrário, acabaremos com o investimento do Girassol que é uma ótima opção inclusive para o produtor de soja”, explicou Alexandre Barros, da Atlântica Sementes. Em busca de uma solução para o problema, foi estudado um modelo de plano de manejo para implementação na próxima atualização na normativa do vazio sanitário, que deve ocorrer nas próximas semanas. “Precisamos de produtos alternativos para o plantio em nossa safrinha. O girassol, além de ser uma excelente alternativa para a rotação de culturas, também se mostra viável economicamente e merece maior atenção de todo o setor”, afirma Bartolomeu Braz, vice-presidente institucional da Faeg. Shutter
Atualmente, grande parte do girassol utilizado para a produção de óleo no Brasil é importado, principalmente do Paraguai e da Argentina. Goiás já chegou a ser o maior estado produtor de girassol no passado, mas atualmente a cultura é plantada em pequena escala, sendo cultivados em cerca de 8 mil hectares da cultura na última safra. A expectativa da Caramuru é de ampliação desta área, podendo chegar aos 15 mil hectares já em 2015. O girassol é plantado na segunda safra do Centro-Oeste brasileiro, entre os meses de fevereiro e março, podendo ser uma ótima alternativa para cultivo neste período. O problema é que, como o girassol é uma cultura plantada em sucessão a soja, uma das principais dificuldades enfrentadas pelos produtores é o controle de plantas tigueras de soja em meio aos cultivos. Como não existem herbicidas seletivos para a eliminação destas plantas de soja em meio ao gi-
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INDÚSTRIA
Colheita do tomate industrial é tema de reunião Possibilidade de perda da produção e necessidade de pesquisa na área também foram pautados na discussão Luiz Lemes | luiz.lemes@faeg.com.br Catherine Moraes | catherine.moraes@faeg.com.br
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era moer mais de 3.600 toneladas. O problema é que o tomate deveria ser colhido em 115 dias, já está em 150 e a empresa colheu apenas 2.600”, afirmou (fonte). Necessidade de pesquisa Na ocasião, o presidente do Sindicato Rural de Cristalina, Alécio Maróstica, falou sobre o cadastro que foi realizado e custeado por irrigantes. Ele afirma que o investimento por parte dos produtores contribui para o crescimento da
produção amparada em dados. “Os produtores precisam reconhecer a realidade da própria irrigação, do município e do Estado. Temos que formar um grupo e propor um Plano de Ação”, finalizou. A pauta da reunião contou ainda com a ideia de realização de um seminário para 2015 com o objetivo de tratar os principais pontos da irrigação de forma que os produtores possam se capacitar ainda mais e discutir determinados assuntos relacionados à atividade. Fredox Carvalho
C
om o objetivo de discutir os problemas relacionados à produção de tomates industriais no estado e a necessidade de pesquisas na área, a Comissão de Irrigação da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) se reuniu no dia 15 de outubro, na sede da Faeg. Um dos principais tópicos da pauta foi a produção de tomates, que ainda não foi completamente colhida e pode causar perdas significativas à cadeia produtiva. A reunião foi comandada pelo presidente da Comissão, Eduardo Veras; pelo gerente de assuntos técnicos e econômicos, Edson Alves e pela consultora técnica do Senar Goiás para a área de Irrigação e Meio Ambiente, Jordana Sara. Durante o encontro, foi ressaltado que antes do plantio do tomate industrial, as empresas já fecham contrato com os produtores e preveem o total a ser colhido. Apesar disso, os produtores alegam que algumas não conseguiram colher a expectativa em tempo hábil. Um dos principais problemas refere-se ao fato do tomate ser perecível e a alta possibilidade de perda da produção. “A expectativa de uma empresa para a qual comercializo
Presidente da Comissão, Eduardo Veras conduziu a reunião
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Fredox Carvalho
AÇÃO SOCIAL Vanessa Benevides e Linara Ferreira auxiliam crianças em abrigo
Solidariedade
multiplicada Faeg e Senar realizam campanha do Dia das Crianças em prol de abrigo infantil Catherine Moraes | catherine.moraes@faeg.com.br
U
ma faxina no guarda-roupa, nos sapatos, livros e caixas de brinquedos. Esta foi a ideia inicial da Campanha do Dia das Crianças desenvolvida pela Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) e pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em Goiás (Senar Goiás). Os filhos dos funcionários das duas casas foram responsáveis por arrecadar as doações, destinadas ao Condomínio Sol Nascente, que hoje abriga 39 crianças em situação de abandono ou disponibilizadas para adoção.
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A primeira festinha foi realizada na sede das entidades e o ingresso de entrada era trocado por doações. No total foram arrecadadas 135 peças de roupas; 208 brinquedos; 130 livros e 22 pares de sapatos. Durante a festa, as crianças se divertiram com o Circo Lahetô e do Grupo de Dança Épicus Cia de Dança. A ação completa o seu terceiro ano e, a cada edição, escolhe uma entidade ou grupo para entrega das arrecadações. Em 2013, o destino foi o Lixão de Aparecida de Goiânia e as famílias que lá residem.
Os olhares do abrigo foram os mais curiosos. As crianças, de 0 a 12 anos, aproveitaram o dia para brincar, ganhar presentes, comer bastante doce e compartilhar afeto. Em cada olhar um pedido de colo, de companheiros para as brincadeiras e até mesmo de uma conversa. E assim, teve adulto empurrando balanço, brincando no chão e distribuindo cachorro quente, sorvete e muito doce! Jornalista e assessora de comunicação do Sistema, Michelle Rabelo afirwww.sistemafaeg.com.br
Fredox Carvalho
ma que o contato com as crianças que vivem afastadas de sua família, independente do motivo, faz com que “a gente olhe para o lado, mesmo com a correria, e se comova. Faz com que a gente vista a camisa da luta em prol da causa, incentive amigos a adotarem e, acima de tudo, entenda o papel dessa atitude”. E completa: “todo adulto tinha que ter um Dia das Crianças como esse. Amolece o coração da gente e resgata na memória aquela sensação boa de ser pequeno e ter um lar, se sentir protegido. No final da tarde todos voltamos no tempo e nos encantamos com o parquinho. Paramos o tempo para nos emocionar com um sorriso todo feito com dentes de leite”, finaliza. Importância Social Gestora de Recursos Humanos da Faeg, Vanessa Benevides afirma que ações como estas têm o objetivo de trabalhar o lado solidário dos funcionários. “Me emocionei muito ao www.senargo.org.br
ver aquelas crianças arrumadinhas e perfumadas para nos receber. Em cada olhar carência de afeto, atenção. Contribuir, ainda que de forma simples, para a vida destas crianças é contribuir com a nossa. É servir, para assim tornar a vida melhor”, finaliza. Assessora de Gestão de Pessoas do Senar Goiás, Rejane Alves se emociona ao falar do evento e diz que ações como estas farão, cada vez mais, parte da instituição. “Foi maravilhoso o empenho de todos, na arrecadação e nas festas. Uma menina de 11 anos me disse, enquanto segurava uma sacola de presentes no abrigo que era o dia mais feliz da vida dela. Engoli seco, perdi a fala e gostaria de ter respondido a mesma frase, mas não consegui falar nada”, conclui. Novembro / 2014 CAMPO
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QUALIDADE
Sanidade: peça chave para o sucesso do curral Médico veterinário defende planejamento
Larissa Mello
Michelle Rabelo | michelle.rabelo@faeg.com.br
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D
esde que o mundo é mundo,
ou parasitária - são, muitas vezes, os
a dupla bom e barato faz su-
empecilhos para uma boa fecundação,
cesso. Com o tempo, o bom
pois afetam o aparelho reprodutivo de
ganhou uma alta exigência de qualida-
machos e fêmeas, causando abortos,
de e o barato passou a ser baseado na
repetições de cio e nascimento de ani-
competitividade do mercado. Na pecu-
mais com porte inferior à média.
Manejo da sanidade no confinamento
ária de corte não é diferente: para ser
“Precisamos colocar o planejamen-
Que a rentabilidade do criador
bem comercializado, o animal precisa
to sanitário na cultura do pecuarista.
dep ende diretamente do estado
ter características excelentes e um pre-
Ele precisa entender que disso depen-
de saúde dos animais não é se-
ço competitivo. Para o médico veteri-
de a saúde do animal e do seu bol-
gredo para nenhum p ecuarista,
nário e técnico na Zoetis, Elci Rincon
so”, pontua o veterinário, emendando
mas o fato de os prejuízos p o-
Ferreira, assim como para um grupo
um alerta: “Muita gente pensa que
derem ser drasticamente redu-
extenso de profissionais da área, a pri-
no confinamento o animal está mais
meira condição é fundamental para o
seguro. E não é bem assim. No con-
zidos com práticas simples de
sucesso do curral, mesmo quando ele é
finamento, devido ao grande número
um confinamento dos melhores.
de bovinos, há uma maior interação
Elci, que defende o planejamento sanitário como investimento na qualidade
entre os animais e os riscos do aparecimento de doenças aumentam”.
do animal, aponta como principais de-
Apesar de escoar cerca de 20% da
safios do criador de gado corte os cui-
produção nacional de carne, a expor-
dados com a sanidade, com a nutrição
tação é de extrema importância para
adequada, com o manejo correto e com
o país e com a intenção de aumentar
questões genéticas que também podem
as cifras resultantes dos bovinos que
influenciar na saúde bovina. O veteriná-
deixam o Brasil, profissionais como
rio destaca as doenças infeccionas dos
Elci apostam fortemente na medicina
sistemas digestivo, locomotor e respira-
veterinária preventiva, que inclui lim-
tório como as grandes vilãs do curral –
peza e desinfecção do curral, além de
mesmo em um país que se consolidou
vacinação, quarentena e manejo cor-
na última década como potência na ex-
reto dos animais. Tudo feito duran-
portação de carne bovina. As doenças
te 365 dias no ano, e não só quando
infecciosas - de origem bacteriana, viral
um dos animais apresenta-se doente.
manejo, ainda é novidade para muita gente. O manejo correto da sanidade tem influência direta e indireta na sanidade das diversas categorias do rebanho. Estes procedimentos de manejo sanitário devem se iniciar antes mesmo do nascimento, para garantir um b om desenvolvimento da cria e assegurar uma adequada vida produtiva e reprodutiva p osterior. • Treinamento da equipe, que deve contar com alguns profissionais especializados; • D esenho e implementação
Larissa Mello
de um calendário sanitário específico; • R ealização diária de ronda sanitária; • A tenção aos hábitos dos animais quanto à alimentação, porte cor poral, respiração e perda/ganho excessivo de peso; • Identificação precoce do animal doente, que deve ter Elci aposta fortemente na medicina veterinária preventiva
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sua evolução (melhora/piora) acompanhada de perto.
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FRUTICULTURA
Fredox Carvalho
Antônio Leonel conta que dificuldade de assistência técnica especializada no setor é latente
Ameaça à fruticultura goiana Dificuldades do setor preocupam mesmo quem tem tudo para dar certo no ramo Karina Ribeiro | revistacampo@faeg.com.br Especial para Revista Campo
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C
aracterísticas climáticas e de
res que vendem a fruta em
solo favoráveis à fruticultura,
São Paulo e Goiás. Apesar
Goiás tem de sobra: ampli-
de reconhecer o problema,
tude térmica, altitude, terra plana e
não vislumbra outra forma de
disponibilidade de água. Mas esse po-
repassar a produção.
tencial perde um pouco de cor quan-
Outro gargalo é a falta de
do encara as dificuldades do setor. A
mão de obra qualificada. Ele
cadeia produtiva carece de mão de
conta que precisa de 13 fun-
obra capacitada, sofre com os garga-
cionários para o manejo
los logísticos e de comercialização e
e colheita da fruta.
padece com o déficit assistência téc-
Em função da ex-
nica especializada. No mais, há pouco
periência, já pos-
incentivo para pesquisadores do setor.
sui essa mão de
Mesmo com todos esses desafios,
obra disponível,
Goiás ainda consegue despontar na
mas admite que
produção de banana, melancia e la-
muitos
ranja. Já alguns pioneiros encaram a
sofrem com a escassez.
produção de frutas nunca vistas por essas bandas do País.
produtores
Esses entraves podem atingir
uma
quantidade
O produtor de banana-maçã do mu-
vultosa de produtores de
nicípio de Itaguarú, Antônio Leonel,
banana em Goiás. São
afirma que a dificuldade de assistência
2.085 produtores insta-
técnica especializada no setor é latente.
lados principalmente nos
Embora tenha experiência de 23 anos
municípios de Uruana, Ita-
na bananicultura, afirma que ainda sofre
guarú, Jaraguá e Pirenópo-
para combater doenças relacionadas à
lis. Segundo informações do
cultura, principalmente, o mal-do-Pana-
Instituto Brasileiro de Geografia
má. Durante alguns períodos, a doença
e Estatística (IBGE), Goiás é o décimo
pode ser responsável pela perda de até
maior produtor de banana do País (veja
40% da produção. “Se tivesse acesso a
quadro na próxima página).
deria somar a minha experiência e me-
Melancia: exportando mão de obra
lhorar a produção”, lamenta. Ele explica
e perdendo no preço
Shutter
um técnico especializado em banana poMas ele conta depois de passar por
que, eventualmente, recebe visitas de
Já o produtor de melancia de Uruana,
um período de preços do quilo da fru-
técnicos, mas afirma que não são espe-
João Neto, conta que não sente
ta excepcional, a cerca de R$ 0,90, os
cializados na produção de banana.
problema de mão de obra capacitada.
produtores da região estão passando
Leonel cultiva 200 hectares da fruta.
Isso porque Uruana contribui, e muito,
por um período de vacas magras. O
Entre os três primeiros anos de pro-
para que Goiás seja o segundo maior
preço do quilo da fruta está a R$ 0,25.
dução da planta, a produtividade mé-
produtor da fruta do País. “Na verdade,
“Abaixo de R$ 0,30 centavos não dá
dia mensal é de 70 caixas por hectare.
a cidade acompanha o ciclo da melancia.
para ter lucro”, diz.
Atualmente, a caixa de 20 quilos é
E exportamos mão de obra para o Sul
Ele diz que toda a produção do mu-
comercializada a R$ 30. Parte da lu-
do País, Tocantins e São Paulo”, diz.
nicípio é vendida para atravessadores
cratividade, entretanto, escorre pelas
João Neto também afirma que não há
e, embora admita que essa forma de
mãos dos atravessadores.
Ele conta
dificuldades com assistência técnica
comercialização possa espremer os lu-
que vende parte do que é colhido para
especializada. Técnicos da Emater, diz,
cros, não enxerga outra saída. Questio-
o Ceasa e outra parte para atravessado-
visitam regularmente a região.
nado sobre a possibilidade da criação
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Em Goiás Número de produtores
Total bruto (R$)
%
Número de produtores
Total bruto (R$)
37,14%
2.085
141.232.720,00
3,06%
155
7.193.053,4 4
23,43%
310
52.279.605,00
1,53%
59
1.614.778,00
16,97%
360
82.962.225,00
0,75%
402
6.977.082,00
11,29%
105
71.593.138,00
0,71%
8
11.601.975,00
3,43%
149
3.953.065,20
0,45%
8
11.508.000,00
Fruta
Larissa Melo
%
Larissa Melo
Fruta
Wagner defende a criação de uma associação ou cooperativa
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Alexandro Alves cita a importância da diversificação da produção
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de uma associação ou cooperativa,
amento é a rodoviária, cujas estradas,
Com isso, o produtor está mais cons-
João Neto é taxativo. “Já fizemos isso
principalmente vicinais, geram demora
ciente em aceitar inovações, monitora-
uma vez e não deu certo. Não tem ou-
na viagem e danificam produtos.
mento de áreas, tratamento, preventivo e análise de solo. “A qualidade da
tra forma de escoar a produção”, diz. Associação e organização empresarial
Laranja: potencial pode ser mais
fruta melhorou”, diz. Mas ele acredita
explorado
que o potencial de Goiás ainda é pou-
Segundo o presidente da comissão de
Há 12 anos, o produtor de laranjas de
co explorado por falta de informação.
fruticultura da Federação da Agricultura
Palmeiras de Goiás e Pontalina, Almir
“O clima é favorável, a terra é plana e
e Pecuária do Estado de Goiás (Faeg),
Cavalcante Bastos Filho, observa evolu-
temos água para irrigar”, diz. Mas a
Wagner de Barros Filho, a criação de
ção no setor. “Hoje os produtores estão
logística, para ele, é o ponto mais fra-
associação ou cooperativa é o primeiro
mais abertos a investir em consultoria”,
co. “Antes de planejar é fundamental
passo para fortalecer a classe produtora.
diz. Principalmente após o setor citros so-
que o produtor observe as estradas e
“Tudo o que é feito de maneira isolada
frer uma crise de alta produção em 2002.
pontos de acesso ao mercado”, diz.
perde força”, resume. Para ele, precisa haver profissionalização e organização empresarial.
João Neto não sente problema de mão de obra capacitada
Essa iniciativa permite que ele tenha uma visão mais ampla e acompanhe os preços nos mercados regional, nacional e internacional. Wagner admite que, no passado, muitos produtores foram vítimas de associações e cooperativas que fracassaram e carregam essa má experiência até hoje. “Estamos trabalhando essa questão com os produtores”, afirma. Essa preocupação está relacionada também à sazonalidade da produção aliada a um produto altamente perecível e sensível. “Ele tem que colher e negociar. Sabendo desse momento de comercialização, entram as mãos pesadas dos atravessadores”, diz. “O mercado não é livre como a gente imagina. Há uma forte pressão de distribuidores e atacadistas, o produtor acaba assumindo uma perda de remuneração das atividades, descapitalizando o produtor”, arremata. O assessor técnico da Faeg, Alexandro Alves, explica que a Federação está incentivando, mesmo em áreas menores, a Fredox Carvalho
diversificação da produção. “Assim ele produz o ano todo e não ficam reféns de oscilações do mercado”, pondera. Wagner ressalta que há uma carência de alternativas logísticas e de distribuição dos produtos. A rota de escowww.senargo.org.br
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Shutter
Concorrência e sazonalidade dificultam mão de obra Pelo menos dois motivos levam produtores rurais sofrerem com a escassez de mão de obra: a concorrência com outras atividades de trabalho no campo (grãos) e a sazonalidade da colheita. Segundo o coordenador dos treinamentos de Fruticultura do Senar Goiás, Leonnardo Cruvinel, ações dos fruticultores podem minimizar essa carência. Ele afirma que enquanto a mão de obra masculina migra para outras atividades rurais, os fruticultores devem aproveitar a mão de obra feminina. “É um trabalho que não exige fisicamente e a
atenção e delicadeza femininas são fundamentais para algumas práticas culturais, identificação de pragas e doenças e colheita de frutas”, diz. Em 2012, dos 102 treinamentos realizados pelo Senar, as mulheres corresponderam a 48% dos participantes. Leonnardo afirma que em relação ao capital humano, o produtor precisa ofertar trabalho ao empregado o ano todo. Para tanto, o produtor deve fazer uma programação estratégica, diversificando a produção e ampliando o calendário produtivo. “Esse calendário depende muito das condições ambientais da região e do mercado demandante”, ressalta. O Senar Goiás atua em treinamentos de Formação Profissional Rural (FPR) na área de fruticultura desde 2002. Foram 1699 ações realizadas e, deste contingente, os cursos de ‘formação e condução de pomar caseiro’, ‘fruticultura de banana’ e ‘fruticultura de maracujá’ foram os treinamentos mais solicitados. Ao longo dos anos, foram treinadas 17.490 pessoas, sendo 61% homens e 39% mulheres.
“A qualidade da fruta melhorou. O clima é favorável, a terra é plana e temos água para irrigar, mas antes de planejar é fundamental que o produtor observe as estradas e pontos de acesso ao mercado”, produtor de laranjas, Almir Cavalcante.
Falta de assistência técnica, problemas na energia e comercialização Jorge explica que a diversificação é boa e que agora buscam criar polos de produção para ajudar no transporte e logística de escoamento. Mas salienta que a falta de assistência técnica reflete até na comercialização. “Os produtores têm dificuldades em planejamento de produção, sem saber o volume temos problemas para fechar contrato com empresas”, diz. A região também esbarra na carência de mão de obra especializada, especialmente na colheita de frutas mais exigentes como maracujá e morango. “Um trabalhador mais qualificado pode até perceber se existe alguma doença está entrando na cultura”, diz. Larissa Melo
Larissa Melo
Segundo o vice-presidente da Associação da Central de Associações de Pequenos Produtores Rurais de Luziânia (Caprul) e da Comissão de Fruticultura da Faeg, Jorge Meireles, aliado a falta de mão de obra está o fator falta de assistência técnica. Ele aponta como problemas déficit de assistência técnica especializada (70%), baixa qualidade da energia elétrica e comercialização. São 130 produtores de banana e citros (maracujá, laranja, limão, tangerina e acerola), além do início do plantio de morango e graviola.
Para Jorge Meireles, a falta de assistência técnica reflete até na comercialização 26 | CAMPO
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FRUTICULTURA
Falta de pesquisa trava desenvolvimento Recursos são mais voltados para outras culturas Karina Ribeiro | revistacampo@faeg.com.br Michelle Rabelo | michelle.rabelo@faeg.com.br Especial para Revista Campo
E
m meio aos muitos desafios en-
parada - mesmo com as características
da solicitação emergencial, quando a
frentados pela fruticultura goia-
climáticas e solo favoráveis encontradas
plantação já está comprometida.
na, a falta de investimentos em
na terra da banana e da melancia. Falta de projetos robustos
pesquisas e a pouca disponibilidade de
Em contrapartida, empresas de pes-
assistência técnica atrapalha, de manei-
quisa alegam que o setor precisa se
Segundo Alexandre Alves, assessor
ra especial, o sono dos produtores. Para
mobilizar e pensar projetos de forma
técnico da Faeg para área de Fruticultu-
eles, assim como para o setor agrope-
organizada. Os responsáveis pela assis-
ra, pesquisas voltadas para o setor são
cuário de forma geral, a necessidade da
tência técnica goiana também dividem
praticamente inexistentes em Goiás.
pesquisa é urgente e a falta dela pode
a responsabilidade com os produtores,
“Os recursos são voltados
travar o desenvolvimento da atividade.
pontuando a necessidade de um pedido
Além disso, os passos lentos com os
precoce de acompanhamento/orien-
quais se disponibiliza assistência técnica
tação em detrimento
em Goiás deve levá-los a seguir com a
Shutter
atividade de forma amadora e despre-
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portância econômica. Percebo que à fruticultura não é dada a mesma importância”, acentua.. A presidente da Fundação de Amparo à
Fredox Carvalho
para as culturas agrícolas de maior im-
Maria Zaira explica que desde 2011 foram empregados mais de R$ 200 milhões em pesquisas e editais universais
Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg), Maria Zaira Turchi, afirma que o setor agropecuário tem sido bastante contemplado nos editais da fundação. Mas em relação à fruticultura, são pesquisadores individuais, sobretudo de frutos tipicamente do Cerrado. “Mas não recebemos projetos mais robustos, com ações estratégicas dessa área. Caso o setor se mobilize e organize, serão bem acolhidos”, afirma. Ela explica que desde 2011 foram empregados mais
co técnicos com especialização em fru-
assistência técnica, onde muitas vezes já
de R$ 200 milhões em pesquisas e editais
ticultura e admite que este contingente
não há o que fazer”, afirma. Ele orien-
universais (que abrange várias áreas).
é insuficiente para atender a demanda
ta produtores a monitorar diariamente
Ela admite que nos primeiros anos de
de Goiás. “Estamos aguardando autori-
a lavoura para observar algum tipo de
Fundação, foram realizados poucos edi-
zação do Governo Federal para realizar
enfermidade ou deficiência.
tais em função da falta de recursos. Por
concurso público para contratação de
isso, houve uma demanda reprimida.
técnicos, mas a instituição tem promovi-
“Mas hoje o cenário está melhor”, diz.
do cursos de capacitação”, afirma.
Experimento em parceria Depois de analisar todas as dificulda-
Ela explica que esse continuísmo de in-
Vagner diz que a assistência técnica
des do setor, o produtor e sócio proprie-
vestimentos deve contribuir também para
prestada pela Emater em fruticultura é
tário da empresa Brava, Edson Carlos
melhorar as condições de infraestrutura
basicamente para agricultores familiares.
da Silva, explica que em parceria com
dos laboratórios de pesquisa no Estado.
Ele explica que, em geral, a maioria pra-
o consultor em fruticultura, Theodorus
tica atividade de forma amadora. “Eles
Daamen, resolveu desenvolver um grupo
Técnicos da Emater são insuficientes
conduzem seus pomares até apresenta-
de estudo para mitigar os problemas da
O engenheiro agrônomo da Emater,
rem algum tipo de dano significativo e
fruticultura e explorar o potencial do se-
Vagner Silva, afirma que são apenas cin-
nessa fase eles lembram e recorrem à
tor no município de Cristalina. Para tan-
Fredox Carvalho
to, trabalham em uma área experimental Vagner explica que a assistência técnica prestada pela Emater em fruticultura é basicamente para agricultores familiares
de 10 hectares, do proprietário Edilson Daniele. No local, existem pés de pêssego, maçã, nectarina, caqui, ameixa, laranja, limão, abacate, uva e tangerina. No projeto foram feitas análises do processo inicial, produção e finalização
(comercialização).
“Primei-
ro foi o preparo do solo, viabilidade econômica e mão de obra”, diz Edson Carlos. Para sanar a carência de trabalhadores, o grupo realizou convênios com escolas técnicas não só para treinar o profissional, mas também para descobrir a aptidão de cada um. Durante o processo de 28 | CAMPO
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produção, eles primam pela consul-
do consumidor e assumimos parte
e pêssego. Em breve, com a conso-
toria de 40 anos de experiência de
da comercialização. Tudo decidido
lidação das chuvas, inicia o plantio
Daamen. Para a comercialização, já
em grupo”, afirma. O foco é vender
de uva e maçã. Edson admite que o
estão construindo um local de clas-
a produção em Brasília.
investimento inicial é alto, entre R$ 20 mil e R$ 25 mil por hectare. O
Ele explica que a comercializa-
Tanto que Edson já investiu em uma
retorno começa após três anos. “O
ção foi a maior discussão do grupo.
área própria de 15 hectares – com
retorno de um hectare de fruta equi-
“Procuramos saber se existia merca-
o plantio direto de atemóia, goiaba
vale a 30 hectares de soja”, calcula.
Larissa Melo
As perspectivas são favoráveis.
Larissa Melo
sificação de frutas.
Edson Carlos desenvolveu um grupo de estudo para mitigar os problemas da fruticultura
Diversificação de produção pode ser viável Para o assessor técnico da Faeg, Alexandro Alves,
de Estados do Nordeste que nem sempre é qualificada.
toda essa preocupação e análise são pertinentes. Isso
Ele ressalta que essa é uma situação perigosa. “Muitos
porque, além do investimento alto, as áreas de produ-
aliciadores de mão de obra disponibilizam trabalhado-
tores de frutas em Goiás costumam ser pequenas. “Ele
res para os fruticultores e depois os levam à justiça”,
fica por muitos anos com a área instalada porque o in-
afirma. Além disso, esse tipo de profissional pode gerar
vestimento é alto e ele precisa tocar o negócio”, diz. Ele
perda de produção e qualidade do produto.
explica que a Federação está incentivando, mesmo em
Ele explica que a Faeg trabalha para que os produtores
áreas menores, a diversificação da produção. “Assim
criem associações e cooperativas, além de buscar que
ele produz o ano todo e não ficam reféns de oscilações
a Lei Estadual 17.041, de incentivo à fruticultura saia
do mercado”, pondera.
do papel. A matéria visa fomentar a produção, indus-
A iniciativa do grupo de Cristalina deve impedir pro-
trialização, comercialização e o consumo de frutas em
blemas futuros entre os produtores da região. Em geral,
Goiás. “O escopo da lei atende per feitamente o setor,
Alexandro conta que há uma importação de mão de obra
mas não foi efetivada em Goiás”, lamenta.
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CAPACITAÇÃO RURAL
Os filhos do Gongomé Comunidade rural de Itaberaí sobrevive de produção local e almeja criar Escola Ambiental Catherine Moraes | catherine.moraes@faeg.com.br
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Fredox Carvalho
a época em que as salas de aula ainda misturavam alunos de diversas idades, e que o mobral ainda estudava à luz de lamparina, começava a se formar o povoado Gongomé. No início, com uma igreja e uma escola rural, o local era visto apenas como moradia para trabalhadores das propriedades vizinhas. Hoje, o Gongomé é um lar. São dez famílias que vivem da agricultura de subsistência e cultivam um sonho, amparado pelo Senar Goiás: criar uma Escola Ambiental. Antes de 1950, quando os produtores deixaram de abrigar os trabalhadores dentro de suas propriedades, um dos fazendeiros doou parte das terras para que, no local, fosse formada uma comunidade. A data de início é incerta, mas a escritura foi assinada em 1948. A primeira construção foi a igreja de São João Batista, que ainda permanece de pé e é usada não só para os pedidos, mas para os agradecimentos de graças recebidas. Filha de uma das primeiras professoras, Anésia Rodrigues de Carvalho hoje com 44 anos, dá continuidade ao projeto da família. “Minha mãe era merendeira de uma escola e morava no povoado de Santa Rita aqui ao lado. Em 1967 ela passou em um concurso e começou a trabalhar como professora do Grupo Escolar do Gongomé. A lista de chamada tinha mais de 30 pessoas e a faixa etária variava entre pré-alfabetização e quarta-série, todos na mesma sala. À noite era hora do mobral para os adultos da comunidade. Ela lecionou até 1985, à luz de lampião quando tinha gás e lamparina quando não tinha”, afirma.
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das de árvores nativas, ele mesmo ajudou a plantar há mais de 20 anos e, com orgulho, mostra as árvores de ipê, cedro, jatobá, mogno. “Tem até a madeira Teca, usada para fazer navios e a pata-de-vaca, que ajuda no tratamento da Diabetes”, sorri. A perda de um irmão Jornalista, Salomão Wenceslau construiu carreira em Tocantins, mas não abandonou o povoado do Gongomé. Ajudava financeiramente e lutava pelo projeto da
dele. A própria senadora Kátia Abreu o elogiou e pediu que a gente procurasse o Senar Goiás. E foi aí que eu tive a certeza: não ia deixar esse projeto acabar”, Conta Anésia, emocionada ao lembrar do irmão. Morador da comunidade há 11 anos, Juarez Bastos, 79, afirma que ficou com dó de Salomão e que o jornalista era amado e respeitado na comunidade. “Fiquei 33 anos em uma fazenda e a idade não permitia mais. Aqui, fui acolhido”.
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Anésia, a mais nova de cinco irmãos, lembra que a merenda, nesta época, já era plantada pela comunidade. Isto porque, segundo ela, o Gongomé ficava isolado e se o alimento viesse de outro município chegava estragado. “Eu me lembro que meu pai plantava arroz na lavoura do Estado e muitos alunos vinham de longe para almoçar com a gente”, se emociona. O tempo passou e o grupo escolar foi desativado. O pai de Anésia faleceu, a mãe se aposentou e mudou-se para a
cidade. Os irmãos já estudavam, tinham casa e voltavam para o Gongomé no final de semana. Apesar disso, Anésia e o irmão Salomão Wenceslau tinham outros planos. Eles queriam ajudar a comunidade local e tiveram a ideia de fundar uma Escola Ambiental. Com isso, além de garantir mais qualidade de vida à população, escolas de municípios vizinhos poderão visitar as propriedades e conhecer a vida do campo. Mão na terra Em 2008 o terreno foi preparado e a correção do solo feita. Coroamento, adubação e aplicação de inseticida vieram depois. No total, mais de 4 mil mudas de 42 espécies de frutas foram plantadas. Entre os cultivos: abacate, sidra, laranja, limão, araçá, murici, cajá, ingá, jabuticaba, pitanga, pequi, jaca e caju. Adriano da Silva, de 57 anos, conta que nasceu e foi criado no Gongomé. As muwww.senargo.org.br
Escola Ambiental. Em setembro passado (2013), a irmã Anésia decidiu fazer uma grande festa e reunir amigos de infância, familiares e possíveis parceiros do programa para o lançamento oficial do local. As obras ainda estão no início, mas o objetivo era mostrar o que ainda será feito. A data foi marcada, os convites entregues, e em 20 de setembro de 2013 mais de 200 pessoas se reuniram no Gongomé. “A data era uma forma de fazê-lo comemorar o aniversário em Goiás. Salomão morava em Tocantins desde 1989. Vieram até repórteres”, conta Anésia. A notícia triste, entretanto, veio em seguida. Salomão passou o dia 20 com os amigos e no dia seguinte passou em Goiânia para fazer uns exames. Ele voltou para o Tocantins e morreu no dia 25, aos 54 anos, após um enfarte. “No mesmo ano fomos ao Tocantins para o Prêmio de Jornalismo da Federação de Agricultura e Pecuária que teve o nome
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Mulheres moradoras do Gongomé participaram de curso de produção de doces
Juarez e Adriano, moradores do povoado, se orgulham de árvores plantadas Novembro / 2014 CAMPO
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Anésia fala, com carinho, sobre a comunidade
Marta afirma que cursos possibilitam renda
Senar Goiás e a capacitação Depois da morte do irmão, Anésia que já mora na capital decidiu procurar o Sindicato Rural de Itaberaí para conhecer um pouco mais sobre o trabalho do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em Goiás (Senar Goiás). “O Senar, a Faeg e a CNA são uma família. Eu não conhecia o Senar ou o Sindicato Rural, achava que eles eram somente para os grandes produtores. Eu fui ao Sindicato e a mobilizadora Liliane nos recebeu de braços abertos”, diz. O primeiro curso realizado foi o de Administração Rural em regime de economia familiar. O segundo, doces, incluindo compotas e cristalizados. “Na comunidade tem muita gente com algumas vaquinhas, produzem leite, vão se virando com o susten32 | CAMPO
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to e muitos dependem do Bolsa Família e não querem permanecer assim pra sempre”, afirma Anésia. Uma das participantes, Marta Alves Braz, de 50 anos, afirma que o aprendizado foi muito valioso e vai ajudá-la a alimentar a família. “Na minha casa hoje produzimos diversas coisas. Tiramos uma média de 50 litros de leite por dia, fazemos doce, queijo e eu também faço crochê. Tenho câncer e não tenho mais intestino. O uso da bolsa dificultou o trabalho e eu sempre vendia na feira. Agora tive que pensar em outra forma de me manter. Crio frango caipira melhorado, e com o curso de doces, vejo uma nova opção de renda”, completa. O próximo curso será o de processamento de peixes e os moradores já esperam ansiosos por mais conhecimento. www.sistemafaeg.com.br
DELÍCIAS DO CAMPO
Suspiros Caseiros INGREDIENTES:
PREPARO:
1 copo de claras de ovos 500 gramas de açúcar 1 colher de sopa de caldo de limão
Leve em banho-maria sem parar de misturar a clara com o açúcar, deixe derreter até virar um caldo mole. (Cuidado para não cozinhar as claras). Bata as claras até que dobrem de volume (neve) e depois adicione o caldo do limão coado. Deixe bater bem.
Dica: O segredo é retirar da forma quando estiver firme. * Receita elaborada instrutora de
Unte uma forma com óleo, coloque o suspiro em um saco de confeitar e faça pitangas na forma untada. Asse em forno médio (150ºC) por uns 5 minutos para dourar levemente.
Produção de Doces, Eva Machado.
Larissa Melo
Envie sua sugestão de receita para revistacampo@faeg.com.br ou ligue (62) 3096-2200
CASO DE SUCESSO “Quando alguém acredita no seu sucesso, te dá um voto de confiança e você se esforça, você vence. Eu já fazia artesanato, mas não era como hoje, tão real. Depois do Senar mudou muito. Eu sabia que tinha talento, mas alguém precisava confiar em mim. Deus nos dá o apoio, mas ele usa alguém. O Senar fez isso comigo, ouviu a voz de Deus”. Ayla Maria de Carvalho
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Agora, Ayla Maria pretende abrir uma loja
Transformação que passa de mãe para filho Artesã se profissionaliza em técnica e administração Catherine Moraes | catherine.moraes@faeg.com.br
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uma oportunidade assim e abracei com todas as forças. Eu subi um degrau na minha vida e hoje tenho meu sustento. O primeiro curso foi de artesanato com palha de milho, mas agora faço também sobre empreendedorismo, para dar preço aos meus produtos”, completa. As mãos que se uniram Miriam Carvalho é funcionária da prefeitura, atua como coordenadora do Pronatec em Luziânia, mas o trabalho realizado por ela ultrapassa as fronteiras do cargo. Querida na cidade, ela informa aos moradores sobre as possibilidades quando o assunto é a cartela de cursos ofertada pelo Senar Goiás em parceria com o Sindicato. “Sou funcionária da prefeitura, mas apaixonada pelo Senar. A Ayla foi uma dessas conquistas e dá orgulho vê-la trabalhando e testemunhando seu sucesso”, pontua. Depois de convencida a participar do curso foi a hora de conhecer Marcilene de Souza Suriano, instrutora do Senar Goiás na área de artesanato. “Eu sou uma história de sucesso do Senar Goiás. Eu era assentada e um mobilizador ‘chato’ insistiu para que eu participasse de um curso de artesanato. Eu andava todos os dias 30 km a pé para fazer o curso e há seis anos sou instrutora, tenho um emprego e multiplico sucesso”, se alegra.
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A
yla Maria era artesã, trabalhava em casa, não sabia quais critérios usar para dar preço aos seus produtos e faltava-lhe um pouquinho de técnica. Por meio do Sindicato Rural e da prefeitura de Luziânia ela soube dos cursos realizados em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) Goiás e a vida foi se transformando, pouco a pouco. O primeiro deles envolvia a fabricação de flores com palhas de milho, depois palhas de bananeira e os materiais utilizados foram se multiplicando: isopor, tecido, papel, materiais recicláveis... Hoje, com pretensão de abrir uma loja, ela domina administração e vira madrugadas para conseguir entregar as encomendas. Moradora de Luziânia, Ayla é casada e mãe de dois filhos: Queren Hapuque, 9 anos e Ezequiel, 11 anos, para quem repassa o aprendizado adquirido por meio dos cursos do Senar. Além de ajudar na fabricação das encomendas, os dois almejam ganhar o próprio dinheiro e surpreendem a mãe. “Outro dia Ezequiel me disse que tinha pegado uma encomenda e que ele mesmo ia fazer. No último dia das mães meu filho fez uma caixinha usando papel e tecido. Ele mesmo criou. Se eu tivesse ganhado um carro não tinha ficado tão feliz, não teria tanto valor”, sorri a mãe orgulhosa. “Fazer o curso do Senar Goiás foi muito especial porque eu nunca tinha tido
Marcilene também se emociona ao falar de Ayla e afirma que “ela despertou para o artesanato e aperfeiçoou o que ela já sabia. Tem muito degrau ainda para subir”, finaliza. Próximo passo: a loja A artesã conta que às vezes chega a ser parada na rua para receber encomendas. As ocasiões, diversas, incluem casamento, aniversários de 15 anos, batizados, chás de panela e o que mais houver demanda. Satisfeita e de peito cheio ela afirma que abraçou a oportunidade e que teve o prazer de conhecer o Sindicato Rural e a Miriam Carvalho, servidora municipal que fez com que o elo acontecesse. “Hoje eu tenho muitas ideias, planejo montar minha lojinha. Meu esposo também me apoia e agora consigo ajudar em casa. A capacitação é preciso sempre. Não quero deixar a oportunidade passar. Não desista dos seus sonhos. Eu tive coragem de dizer que eu era capaz, que posso vencer e ter sucesso. Abrace com garra as oportunidades que a vida te dá. Se você não começou, dê o primeiro passo!”, finaliza Ayla. Os interessados em treinamentos e cursos do Senar, em Goiás, no município de Luziânia devem entrar em contato com o Sindicato Rural pelo telefone: (61) 3621-1060.
www.senargo.org.br
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FRUTICULTURA
Fruticultura do Cerrado: opção de trabalho e renda
Shutter
Luiz Fernando Rodrigues | luiz.lemes@faeg.com.br
EM OUTUBRO, O SENAR GOIÁS PROMOVEU CURSOS E TREINAMENTOS DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL RURAL*
42 Na área de agricultura
139
07
Em atividade Na área de de apoio silvicultura agrossilvipastoril
00 Na área de extrativismo
11
14
Em na área de agroindústria aquicultura
111
31
na área de pecuária
Em atividades relativas à prestação de serviços
A
produção de frutos no Brasil tem se tornado cada vez mais importante sob os aspectos econômicos e sociais, principalmente por representar uma riquíssima fonte de nutrientes para os consumidores. Para desenvolver ainda mais o setor, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) Goiás disponibiliza para produtores, trabalhadores rurais e demais interessados o treinamento de Formação Profissional Rural de Fruticultura do Cerrado. Criado em 2010, o curso incentiva o reflorestamento e a utilização do extrativismo sustentável, além de proporcionar o cultivo de produtos variados na propriedade, diminuindo a dependência de apenas um setor produtivo. Durante o treinamento, os interessados devem adquirir conhecimentos referentes ao cultivo, semeadura, tratos culturais, manejo de pragas e doenças, colheita, embalagem, ar-
mazenagem e a comercialização das frutas. Além disso, o treinamento proporciona a realização de um planejamento para o cultivo das fruteiras do Cerrado mais produtivas e comerciais e como poderá ser feita a formação e a aquisição de mudas. Segundo o coordenador do curso, Leonnardo Cr uvinel, mais de 90 0 p essoas já participaram do t reinamento e 53% desse total são do sexo feminino. “Isso demonst ra o interesse das mulheres do camp o no cultivo de fr utas do bioma Cerrado, promovendo maior opção de t rabalho e renda pra família r ural”, comenta. Os eventos p ossuem cargas horárias de 24 horas e tem o máx imo de 16 vagas p or curso. Os t reinamentos são certif icados e, para isso, o aluno deve ter, no mínimo, 80% de frequência e apresentar uma média satisfatória.
Para outras informações sobre treinamentos e cursos oferecidos pelo Senar Goiás entre em contato pelo telefone (62) 3412-2700 ou pelo site www.senargo.org.br
*Cursos promovidos entre os dias 26 de setembro a 25 de outubro
CURSOS E TREINAMENTOS NA ÁREA DE PROMOÇÃO SOCIAL*
27
11
02
09
32
0
Alimentação e nutrição
Organização comunitária
Saúde e alimentação
Prevenção de acidentes
Artesanato
Educação para consumo
4.353
PRODUTORES E TRABALHADORES RURAIS CAPACITADOS
CAMPO ABERTO
Sanidade animal: área da Medicina Veterinária que cuida da saúde do rebanho Thiago Souza | tsabvet@gmail.com
O
Brasil é um país com proporções con-
Estados Unidos da América erradicou o carrapa-
tinentais. Nosso rebanho já ultrapassa
to do bovino e o mesmo pode ser dito com re-
a marca de 200 milhões de cabeças, o
lação à brucelose na Grã-Bretanha, Dinamarca,
maior rebanho comercial de bovinos do mun-
Finlândia, Suécia, Noruega, Áustria, Alemanha,
do. Somos líderes nas exportações e vendas em
Holanda e Luxemburgo entre outros.
mais de 180 países. Agora, o objetivo da pe-
Contudo, além de programas governamentais
cuária brasileira está sendo trabalhar por uma
que orientam o sistema de produção, também há
melhor qualidade de nosso produto ofertado.
formação profissional voltada à prática da Medicina
Tamanha globalização atual disponibiliza
Veterinária Preventiva. Estes profissionais podem
cada vez mais conhecimento para a sociedade
orientar produtores a reduzirem o prejuízo econô-
que, consequentemente, exigem produtos com
mico causado por enfermidades como cisticercose,
padrões superiores qualidade. Vivenciamos in-
brucelose, tuberculose, leptospirose, ectoparasitos,
cessantes embargos sobre o produto brasileiro,
raiva, diarreia dos bezerros, helmintoses, tristeza
hora por questões sanitárias, hora por resíduos
parasitária bovina e outras ainda hoje existentes
de medicamentos. Muito se perde financeira-
em grande parte dos rebanhos, onde mesmo após
mente para contornar cada evento deste.
realizar tratamento medicamentoso, a enfermidade
Haroldo Cardoso
No entanto, alguns embargos poderiam ser evitados se o produtor brasileiro atentasse mais
se mantém prevalente por falta da adoção de medidas preventivas.
à Sanidade Animal. Existem normas e regras
Por fim, a Organização Mundial de Sanidade
que estabelecem a adoção de medidas preven-
Animal (OIE) promoveu em 2011, juntamente
tivas no sistema produtivo. Estas foram estabe-
com outras organizações internacionais (FAO,
lecidas após exaustivos trabalhos de pesquisa
OMS e Unesco) a campanha “Um mundo, uma
científica. O Programa Nacional de Controle e
saúde”, que leva seguinte mensagem: Para as
instrutor do Senar
Erradicação da Brucelose e Tuberculose (PNCE-
doenças, não há separação entre o homem, os
Goiás para turmas
BT), Programa Nacional de Controle da Raiva
animais e o meio ambiente. Desta forma, re-
Inseminação Artificial,
dos Herbívoros (PNCRH) e o Programa Nacio-
alizar investimentos em Medicina Veterinária
mestre em Sanidade
nal de Erradicação da Febre Aftosa (PNEFA) são
Preventiva para os nossos animais, não visa
exemplos disso.
apenas beneficiá-los com melhores condições.
Thiago Souza é médico veterinário,
do Pronatec e
Animal, Higiene e Tecnologia de Alimentos e possui especialista em Sanidade Animal pela UFG.
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Foi utilizando-se ferramentas semelhantes a
Tal atitude reflete em nossa própria saúde, pois
estas que conseguimos erradicar a peste bovina
dividimos o mesmo espaço, compartilhamos os
no globo terrestre. Portugal erradicou a raiva, os
mesmos recursos e vivemos no mesmo planeta.
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