LIVRO TEXTO
SABER E ATUAR PARA MELHORAR O MUNDO ÁGUA: PRESERVAÇÃO E USO NO CAMPO E NA CIDADE
LIVRO TEXTO
Fernando Couto de Araújo Maria de Fátima Araújo de Farias
Goiânia 2016 1
SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL – SENAR/AR-GO Administração Regional Goiás Presidente do Conselho Administrativo do SENAR Goiás José Mário Schreiner Superintendente do SENAR Goiás Eurípedes Bassamurfo da Costa Gestora do Departamento de Projetos de Inovação do SENAR Goiás Rosilene Jaber Alves ÁGUA: PRESERVAÇÃO E USO NO CAMPO E NA CIDADE Coordenação do Programa Agrinho Maria de Fátima Araújo de Farias Organização Fernando Couto de Araújo Maria de Fátima Araújo de Farias Conteudistas Cleber Sales Ramos Fernando Couto de Araújo Juliana Lourenço Nunes Guimarães Letícia Tiago Campos Maria do Disterro Santos Colaboração Thatiane Araújo Sena Capa, diagramação e arte Rui Benevides Santana Filho
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Água: preservação e uso no campo e na cidade - Livro texto / organizadores Fernando Couto de Araújo, Maria de Fátima Araújo de Farias. Goiânia: SENAR Goiás, 2016. 100 p.: il. Programa Agrinho: Livro Texto
ISBN: 978-85-64232-17-4
1. Água. 2. Preservação. 3. Meio ambiente. 4. Educação ambiental. Araújo, Fernando Couto de; Farias, Maria de Fátima Araújo de.
Informações: www.senargo.org.br E-mail: agrinho@senar-go.com.br
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CDU: 556.18(81)
PALAVRA DO PRESIDENTE O Programa Agrinho entra em sua 9ª edição em 2016 com a mesma expectativa das edições anteriores: mais qualidade de vida e saúde em inúmeros projetos que transformem vidas e comunidades. A cada ano, o programa se aperfeiçoa e mobiliza mais municípios, escolas, professores e alunos. Tudo isso com o único propósito – gerar melhoria na educação. Em 2015, um ano difícil para o nosso país, onde a economia, política e ética sofreram uma grave crise, o Agrinho superou as adversidades e bateu recordes e cresceu grandiosamente deixando o legado de um trabalho coeso e comprometido com a qualidade de vida, saúde e meio ambiente. Estamos em um momento de análise, compreensão e resiliência. A instabilidade prevista para 2016 não pode e não vai nos parar. Devemos acreditar que, assim como em outras situações a agropecuária sustentou a economia do Brasil, ela continuará a ser a mola propulsora do país. E por esse motivo daremos continuidade ao nosso trabalho. O Agrinho faz parte de um rico portfólio do Sistema Faeg Senar que preza pela qualidade de vida, melhoria da educação e desenvolvimento sustentável do estado de Goiás. Com o lema: “Saber e atuar para melhorar o mundo” e tema “Água: preservação e uso no campo e na cidade” esperamos que os projetos e trabalhos desenvolvidos possam contribuir sobremaneira para que esses objetivos se cumpram. Nos orgulha muito fazer parte desse programa. A cada ano ele se supera, cresce, avança e nos surpreende. Nosso desejo a todos os professores do Estado de Goiás é de que esse ano seja cheio de saúde, sucesso profissional e familiar e muita qualidade de vida. Um grande e afetuoso abraço a cada um de vocês!
José Mário Schreiner
Presidente do Conselho Administrativo do SENAR Goiás
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Natureza A natureza é linda A natureza é bela Foi Deus quem a fez assim Cheia de flores amarelas. A natureza é bela A natureza é linda Então prá que deixar Ela assim sem vida? A natureza é tudo Que o homem tem Que pena que ele ainda não sabe O mal que faz para esse bem. A natureza é um presente de Deus Se você cortar as árvores Destruir os rios e queimar as matas? Esse presente será sempre seu. Quando você ganha algo valioso Você fica muito vaidoso Porque tratar assim esse bem tão precioso? Natureza linda Natureza bela Não a trates assim Pode “não ser útil para você” Mas é indispensável pra mim. Autora: Glaucione Fernandes Dias Multiplicadora do Programa Agrinho 2015 em Teresina de Goiás
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SUMÁRIO Introdução
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Capítulo1 .......................................................................................................................................................................................................................................................................13 ÁGUA POTÁVEL, ONDE FICA NOSSO TESOURO? 1.1. A água potável e o futuro do planeta .......................................................................................................................................................................... 15 ................................................................................................................................................................ 16 1.2. Água um recurso cada vez mais escasso 1.3. Recursos hídricos brasileiros ............................................................................................................................................................................................... 18 1.4. As 12 regiões hidrográficas que formam o Brasil ...................................................................................................................................... 20 1.5. O potencial hídrico de Goiás ................................................................................................................................................................................................ 26 1.6. Hino do Estado de Goiás ............................................................................................................................................................................................................ 29 Capítulo 2 ................................................................................................................................................................................................................................................................. 31 PRESERVAÇÃO DE ÁGUA: RESPONSABILIDADE DE TODOS 2.1. Água, recurso renovável ameaçado ............................................................................................................................................................................. 33 2.2. Ideias sustentáveis para uma melhor gestão da água ............................................................................................................................. 40 2.3. Poluição da água e a saúde ...................................................................................................................................................................................................... 43 Capítulo 3 ................................................................................................................................................................................................................................................................. 53 PRODUÇÃO NO CAMPO: FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA RUMO AO USO RACIONAL E PRESERVAÇÃO DA ÁGUA 3.1. Ciclo da água ............................................................................................................................................................................................................................................. 55 3.2. A importância das florestas no ciclo da água ..................................................................................................................................................... 56 3.3. Uso da água na agricultura ........................................................................................................................................................................................................ 60 3.4. Nascentes d’água ................................................................................................................................................................................................................................ 64 3.5. Programas do SENAR Goiás relacionados ao uso e preservação da água .................................................................. 66 Capítulo 4 ................................................................................................................................................................................................................................................................... 71 EDUCAÇÃO AMBIENTAL E CIDADANIA 4.1. Lições Sustentáveis ............................................................................................................................................................................................................................. 73 4.2. Exemplos brasileiros de sustentabilidade ............................................................................................................................................................... 81 4.3. Dez dicas para economizar água ..................................................................................................................................................................................... 84 4.4. Educação Ambiental nas escolas ...................................................................................................................................................................................... 85 4.5. Músicas para refletir e sensibilizar ................................................................................................................................................................................. 86 4.6. Água: uma abordagem constante no Programa Agrinho ................................................................................................................... 92 4.7. Lei n° 9.433, a Lei das Águas ................................................................................................................................................................................................ 93 Referências bibliográficas
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INTRODUÇÃO Falar sobre o tema água como bem natural renovável faz parte da cultura escolar ao longo dos anos. O desafio da modernidade e que ora se propõe é tratar água potável como bem não renovável. É sabido que a cada ano a água própria para o consumo se torna mais escassa. Guimarães Rosa já dizia que “água de boa qualidade é como a saúde ou a liberdade: só tem valor quando acaba”. Neste cenário, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – SENAR Goiás empreende ações e programas que tem água como tema direto ou indireto. Em 2016 o Programa Agrinho trata do tema “Água: Preservação e uso no campo e na cidade”. Aliado a este, o lema “Saber e atuar para mudar o mundo” atribui caráter prático e aplicável rumo a um mundo melhor para se viver. Neste nono ano em que o programa foi desenvolvido em terras goianas, muito ele contribuiu para dinamizar a prática educativa rumo ao desenvolvimento de hábitos bons na formação de cidadãos conscientes de sua responsabilidade junto ao Planeta Terra. Contribuindo com a prática pedagógica dos agentes educacionais de escolas públicas e conveniadas em Goiás, o Livro Texto do Programa Agrinho divide-se em capítulos abordando assuntos inerentes à temática do ano. O capítulo 1, “Água potável: onde fica nosso tesouro?”, trata da água potável, considerando-a como um tesouro a ser preservado e merecedor de tratamento diferenciado, sob pena de extinção. Pode parecer exagero esta afirmativa, mas a escassez deste produto, em quantidade e qualidade suficientes sinaliza para esta cruel realidade. Em uma visão geral, nosso país se encontra em uma situação relativamente confortável, com abundância de cursos hídricos de forma distribuída em todo o território nacional, porém isso aumenta nossa responsabilidade na gestão desta água para garantir sua oferta futura. Apresenta ainda as doze regiões hidrográficas que formam nosso país, além de retratar o potencial hídrico de Goiás para os diversos fins, destacando os principais rios como o rio Vermelho e o Araguaia. O capítulo 2, “Preservação da água: responsabilidade de todos”, alerta ser de todos a responsabilidade de preservar o bem tão precioso de que trata este livro. Sinaliza para a necessidade de preservá-la e utilizá-la de maneira racional tanto no campo quanto na cidade. Como exemplo, sugere ideias sustentáveis para uma melhor gestão da água, especialmente evitando sua contaminação. Aborda de maneira breve as doenças provocadas pela contaminação da água, bem como aquelas que tem na água ambiente favorável para desenvolvimento de insetos transmissores como Aedes aegypti, por exemplo. O Capítulo 3, “Produção no campo: uso e conservação da água”, apresenta os diversos usos da água na agropecuária. Este uso tem a nobre finalidade de produção de alimentos, seja através do cultivo agrícola com a tecnologia de irrigação, o qual é responsável por possibilitar o aumento da produtividade, aumento da qualidade do produto final e possibilidade de oferta de alimentos durante todas as épocas do ano, ou para dessedentação animal na produção de carnes, a qual demanda água em boa qualidade e disponibilidade. Nas práticas de conservação da água, são apresentadas técnicas agrícolas que possibilitam menores perdas da água por escoamento superficial, permitindo maior infiltração no solo para abastecimento do lençol freático e, consequentemente, das nascentes e cursos d’água. Também são apresentadas práticas de 11
produção agrícola sustentável, ou seja, as formas de obter a maior eficiência técnica na produção agropecuária, garantindo viabilidade financeira na atividade, respeitando o meio ambiente e garantindo qualidade de vida aos trabalhadores e seus familiares, conseguindo assim boa produção de alimentos nas áreas agrícolas do país sem necessidade de abrir novas áreas. Ao final são apresentados alguns programas e cursos do SENAR Goiás onde o principal objetivo é ensinar técnicas de preservação e eficiência no uso da água. O Capítulo 4, “Educação ambiental e cidadania”, discute a importância de cuidarmos hoje dos recursos naturais existentes no Planeta Terra, especialmente da água, para disponibilidade em gerações futuras. São apresentadas práticas sustentáveis na utilização da água, adotadas por alguns países pelo mundo, e também alguns bons exemplos existentes no Brasil, mostrando como devemos ter esta preocupação no momento de construção e execução de determinados projetos e, com a implantação de práticas simples, aumentarmos a preservação e a eficiência no uso da água. Algumas destas práticas são apresentadas para mostrar como podemos fazer atividades comuns no nosso dia-a-dia economizando água e fazermos nossa parte na preservação deste recurso. Cuidar de nossos recursos naturais para garantir sua disponibilidade em gerações futuras é dever de todos nós e deve ser feito hoje, é só cada um dar sua contribuição. Desta forma, entende-se que este Livro Texto ora apresentado contribuirá com a prática pedagógica de agentes educacionais do Programa Agrinho e demais envolvidos no fazer educativo, contribuindo com a comunidade escolar a preservar e usar racionalmente este bem tão preciso: água!
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CAPÍTULO 1 ÁGUA POTÁVEL: ONDE FICA NOSSO TESOURO?
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CAPÍTULO 1 ÁGUA POTÁVEL: ONDE FICA NOSSO TESOURO?
Na primeira viagem do homem ao espaço no ano de 1961, ao ver o planeta Terra a milhares de quilômetros de distância, o astronauta Yuri Gagarin da antiga União Soviética afirmou: “A Terra é azul”. Esta coloração se deve à maior parte da superfície do planeta ser coberta por água. Recurso de grande importância, a água é encontrada no corpos dos animais, nas plantas, no ar, nos rios, lagos, aquíferos, calotas polares e nos imensos oceanos. 1.1. A água potável e o futuro do planeta
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O Planeta Terra bem poderia ser chamado Planeta Água, visto que 70% de sua superfície é coberta por água, apresentando de forma geral, o seguinte panorama: 97% oceanos e mares, 2% geleiras inacessíveis e 1% rios, lagos e fontes subterrâneas. Esse retrato garante a ideia que nossos recursos hídricos são infinitos. Estudiosos, como o engenheiro Léo Heller, da Universidade Federal de Minas Gerais, comprovaram que a quantidade de água no planeta é a mesma nos últimos milênios e não deve mudar no futuro, porém a de boa qualidade e disponível para o consumo humano está diminuindo. As mudanças no clima do planeta, ocasionadas por ações depredatórias, geram secas, enchentes e outros eventos que causam impactos na água doce, ou seja, na água potável essencial para a sobrevivência de todas as formas de vidas existentes.
A quantidade de água no planeta é a mesma nos últimos milênios e não deve mudar no futuro, porém a de boa qualidade e disponível para o consumo humano está diminuindo.
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Em muitas regiões do planeta a escassez de água é constante, provocando grandes conflitos que devem servir de alerta. “Se as guerras do século XX foram disputadas por petróleo, as guerras do século XXI serão travadas por água”, esse apontamento já tão visível hoje, foi registrado por Vandana Shilva no livro Guerras Por Água. Em meados dos anos 60, poucos acreditavam na crise hídrica vivida hoje, onde a falta de água compromete e coloca em risco o futuro do planeta. O pensamento conservado por séculos de que água é um recurso inesgotável abasteceu um modelo de consumo irracional, onde o desperdício, a poluição e o lucro estiveram acima do senso de sustentabilidade. Os conflitos por água apesar de pouco debatidos, já fazem parte da história da humanidade, lembrando que a motivação para a guerra dos seis dias entre Israel e Palestina, foi o controle das águas do rio Jordão. A Turquia, a Síria e até mesmo o Iraque brigaram por acesso a água. E revoltas urbanas, como a de Cochabamba, na Bolívia, em 2000, quando a privatização da água aumentou os preços do serviço de abastecimento, também revelam a crise. O Brasil, não está fora desse contexto, pois a polêmica em torno da transposição das águas do rio São Francisco é um exemplo dos múltiplos interesses envolvendo a gestão dos recursos hídricos. Essas evidências mostram nitidamente que o futuro do planeta está ameaçado pela falta de água. Muitos já percebem o fato, outros vivem o drama, existem os conscientes do problema, os que lutam por soluções e os que fecham os olhos, mantendo-se numa zona de conforto regada de irresponsabilidade. A problemática da água tem sido objeto de estudos, pesquisas e debates entre ambientalistas, cientistas, religiosos, políticos, educadores, empresários, produtores rurais, estudantes e diversas autoridades, todos preocupados com o futuro dessa e das próximas gerações. Embora alguns lutem por interesses particulares, o problema não deixa de ser coletivo é mais do que palavras, declarações e leis, exige atitudes e ações pontuais. 1.2. Água um recurso cada vez mais escasso A água não está distribuída de maneira uniforme na Terra, somente dez nações possuem cerca de 60% de toda a água doce disponível para abastecimento mundial, que são: Brasil, Rússia, China, Canadá, Indonésia, EUA, Índia, Colômbia, Peru e o Congo. Ainda assim, são relevantes as variações locais, dentro dos próprios países. No Brasil, a região Norte, mesmo sendo a menos populosa, é a que armazena a maior quantidade de água. A Sul e Sudeste têm as maiores concentrações populacionais e a menor quantidade de água disponível por habitante, semelhante às das regiões áridas do Nordeste brasileiro, destacando São Paulo, um caso extremamente crítico, pois vem utilizando água importada de outras bacias hidrográficas, agravando o conflito regional pelo aproveitamento do recurso. 1.2.1 Aquífero Guarani: Nosso maior tesouro Uma outra condição em que a água está disponível na natureza é em aquíferos que são uma formação ou grupo de formações geológicas que pode armazenar água subterrânea. São rochas porosas e permeáveis, capazes de reter água e de cedê-la, funcionando como reser-
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vatórios móveis que aos poucos abastecem rios e poços artesianos. Podem ser utilizadas pelo homem como fonte de água para consumo. Tal como ocorre com as águas superficiais, demandam cuidados para evitar a sua contaminação. O uso irracional da água pela indústria, agricultura e consumo humano ameaça os aquíferos e coloca esse assunto na agenda ambiental do mundo todo. Devido a grande extensão e capacidade ambiental, há uma enorme concentração de aquíferos no Brasil. Os principais aquíferos do país são: Guarani, Alter do Chão, Cabeças, Urucuia-Areado e Furnas¹. Em destaque por tamanho e importância para o país está o Aquífero Guarani, sendo este a maior reserva de água doce do mundo. Localiza-se no centro-leste do Continente Sulamericano, abrangendo uma área próxima de 1,2 milhão de km². É o único com água potável a 2 mil metros de profundidade, pois os aquíferos da Arábia Saudita, do Egito, da Líbia, da Austrália, da França e do Arizona, nos Estados Unidos, embora similares geologicamente, possuem altas taxas de salinidade, tornando-os impróprios para o consumo humano. A água do aquífero é potável em quase toda a sua extensão, sendo raros os pontos onde as suas águas apresentam teores de salinidade e enriquecimento em flúor acima do limite de potabilidade. Portanto é um tesouro que precisa ser preservado diante da demanda por água doce. O entendimento amplo do sistema hídrico Aquífero Guarani para gerenciar e defender este recurso demanda identificar as áreas mais frágeis que deverão ser protegidas. A publicação dessas informações é ferramenta substancial para a implementação de um sistema de gestão em nível nacional ou internacional, um desafio para todos os países contemplados pelo aquífero. Em seu trabalho publicado em 2002, Gomes descreve as condições para esta degradação²:
Observa-se forte expansão da fronteira agrícola sobre “áreas frágeis” (áreas de recarga de aquíferos – exemplo do Guarani). Áreas de recarga apresentam: a) solos arenosos: Neossolo Quartzarênico (Typic Quartzipsamment) e Latossolos de textura média (Quartzipsammentic Hplorthox); b) alta vulnerabilidade natural à contaminação por agrotóxicos (fontes difusas); c) alta susceptibilidade à erosão (solos muitos arenosos com relevo que varia de suave ondulado a ondulado). Este cenário remete à possibilidade de degradação das áreas de recarga, comprometendo o aquífero no longo prazo (Gomes et al., 2002). O ciclo de renovação das águas do aquífero é relativamente mais curto do que o calculado para as demais unidades geológicas correlacionáveis nos outros continentes do globo terrestre. Mas, apesar dessas peculiaridades, há muita preocupação entre os cientistas com relação às áreas de recarga, consideradas mais vulneráveis, devendo ser objeto de programas
1 (http://www.pensamentoverde.com.br/meio-ambiente/conheca-os-principais-aquiferos-brasileiros/) 2 (http://proclima.cetesb.sp.gov.br/wp-content/uploads/sites/28/2014/05/aquifero_guarani_mc.pdf).
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Distribuição especial do Aquífero Guarani
de planejamento e gestão ambiental permanentes para se evitar a contaminação da água subterrânea e sobre-exploração do aquífero com o consequente rebaixamento do lençol freático, impacto que comprometeria o desenvolvimento socioeconômico e ambiental das regiões de que faz parte. 1.3. Recursos hídricos brasileiros O Brasil possui um dos maiores complexos hidrográficos do mundo, apresentando rios extensos, largos e profundos. Grande parte dos rios brasileiros nasce em relevos com pouca altitude, exceto o rio Amazonas, que nasce na Cordilheira dos Andes. Os rios possuem aproveitamento econômico diversificado, irrigando terras agrícolas, abastecendo reservatórios de água urbanos, fornecendo alimentos e produzindo energia elétrica. A abundância hídrica faz do Brasil um país privilegiado, por concentrar 12% das águas do planeta, uma vez que a escassez assola muitos países. E mesmo conhecendo a crise mundial da água, grande parte da população brasileira ainda usa nossos recursos hídricos como se fossem inesgotáveis, pois diariamente são lançados esgotos, produtos químicos, lixo e muitos outros detritos nos mesmos. Estranhamente nem patrimônios históricos como o Riacho do Ipiranga em São Paulo, local onde foi declarada simbolicamente a Independência do Brasil tem sido poupado da ação humana. Assim como os demais rios metropolitanos, ele também sofre com a poluição, por receber altas quantidades de dejetos industriais e domésticos. Diante desse retrato, torna-se imprescindível ensinar nossas crianças e jovens a importância dos nossos recursos hídricos em aspectos históricos, culturais, econômicos e sociais. As águas brasileiras complementam nossas riquezas naturais cantadas no Hino Nacional, conforme vemos a seguir. 18
HINO NACIONAL BRASILEIRO
Letra: Joaquim Osório Duque Estrada Música: Francisco Manuel da Silva
Ouviram do Ipiranga as margens plácidas De um povo heroico o brado retumbante, E o sol da Liberdade, em raios fúlgidos, Brilhou no céu da Pátria nesse instante. Se o penhor dessa igualdade Conseguimos conquistar com braço forte, Em teu seio, ó Liberdade, Desafia o nosso peito a própria morte! Do que a terra mais garrida Teus risonhos, lindos campos têm mais flores; “Nossos bosques têm mais vida”, “Nossa vida” no teu seio “mais amores”.
Ó Pátria amada, Idolatrada, Salve! Salve! Brasil, um sonho intenso, um raio vívido De amor e de esperança à terra desce, Se em teu formoso céu, risonho e límpido, A imagem do Cruzeiro resplandece.
Ó Pátria amada, Idolatrada , Salve! Salve! Brasil, de amor eterno seja símbolo O lábaro que ostentas estrelado, E diga o verde-louro desta flâmula - Paz no futuro e glória no passado.
Gigante pela própria natureza, És belo, és forte, impávido colosso, E o teu futuro espelha essa grandeza Terra adorada, Entre outras mil, És tu, Brasil, Ó Pátria amada!
Mas, se ergues da justiça a clava forte, Verás que um filho teu não foge à luta, Nem teme, quem te adora, a própria morte. Terra adorada Entre outras mil, És tu, Brasil, Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil, Pátria amada, Brasil! Deitado eternamente em berço esplêndido, Ao som do mar e à luz do céu profundo, Fulguras, ó Brasil, florão da América, Iluminado ao sol do Novo Mundo!
Dos filhos deste solo és mãe gentil, Pátria amada, Brasil!
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1.4. As 12 regiões hidrográficas que formam o brasil
AS 12 REGIÕES HIDROGRÁFICAS BRASILEIRAS
Amazonas Tocantins-Araguaia Atlântico NE Ocidental Parnaíba Atlântico NE Oriental São Francisco Atlântico Leste Atlântico Sudeste Paraná Paraguai Uruguai Atlântico Sul Fonte: ANA - Agência Nacional das Águas, 2005
1.4.1 Região Hidrográfica Amazônica A Região Hidrográfica Amazônica possui uma área total de 6.925.674 km², no Brasil são 3.869.953 km², ocupando 42% da superfície nacional brasileira. Nessa região existem atualmente 32 usinas hidrelétricas e uma potência instalada de 597.606 kW que corresponde à cerca de 1% da capacidade instalada de geração de energia elétrica nacional (ANEEL, 2002). A exuberância dos recursos de flora e fauna aliadas a intensa rede hidrográfica compõem quadros paisagísticos de inegável beleza. O ecoturismo surge com uma potencialidade capaz de representar uma atividade econômica importante, colaborando para a preservação deste rico patrimônio ambiental. Incentivar a manutenção da faixa de vegetação das áreas que envolvem os corpos d’água e fiscalizar atividades de garimpo e mineração, são ações relevantes de proteção aos recursos hídricos da região. 1.4.2 Região Hidrográfica Atlântico Leste A área de abrangência da Região Hidrográfica Atlântico Leste é de 374.677 km², ocupando em sua totalidade 4% do país, nos Estados de Sergipe (4%), Bahia (69%), Minas Gerais (26%) e Espírito Santo (1%). Quanto a geração de energia, a potência instalada é de 113.429 kW, distribuídos em 6 empreendimentos hidrelétricos (ANEEL, 2002). 20
A pesca é uma atividade pouco explorada nas bacias costeiras, exercida apenas como atividade de subsistência familiar para a população ribeirinha. Enquanto o turismo e o lazer são mais desenvolvidos na orla marítima. Estabelecer estratégias de prevenção de cheias e proteção de áreas inundáveis com ênfase nos rios Paraguaçu, Contas, Pardo e Jequitinhonha e promover ações que induzam à implantação e o fortalecimento institucional são ações fundamentais para preservação da Região Hidrográfica Atlântico Leste. 1.4.3 Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Ocidental A área de abrangência da Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Ocidental é de 254.100 km², ocupando em sua totalidade 3% do país, nos Estados do Pará (9%) e Maranhão (91%). Entre as ações urgentes para preservar essa região, citamos, definir metas específicas para compatibilizar os usos múltiplos da água, principalmente em trechos específicos das unidades hidrográficas dos rios Mearim e Itapecuru e estabelecer práticas de melhor manejo do solo que minimizem os desmatamentos. 1.4.4 Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Oriental A Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Oriental tem uma área de abrangência de 287.348 km², ocupando em sua totalidade 3% do território brasileiro, nos Estados do Piauí, Ceará, Paraíba, Rio Grande do Norte, Alagoas e Pernambuco. Existem apenas 11 empreendimentos hidrelétricos na região, com uma potência total de 15.118 kW (ANEEL, 2002) e a possibilidade de navegação é extremamente reduzida e a pesca pouco explorada nas bacias costeiras. A preservação dessa região depende de muitas ações, entre elas, citamos: evitar a contaminação de mananciais e o comprometimento da balneabilidade de praias e definir metas específicas para compatibilizar os usos múltiplos da água, principalmente nas unidades hidrográficas a Oeste dos Estados da Paraíba e de Pernambuco, nas unidades hidrográficas Alagoanas e do Leste Potiguar. 1.4.5 Região Hidrográfica Atlântico Sudeste A área de abrangência da Região Hidrográfica Atlântico Sudeste é de 229.972 km², ocupando em sua totalidade 2,7% do território brasileiro, nos Estados de Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo (25% da região Sudeste) e 5,2% do Paraná. A geração de energia hidroelétrica na região é representada por 99 centrais hidrelétricas que totalizam uma potência de 3.788 MW (ANEEL, 2002). O combate ao impacto dos esgotos na área litorânea, para evitar a propagação de doenças de veiculação hídrica, faz-se necessário para garantia de qualidade de vida na região. 1.4.6 Região Hidrográfica Atlântico Sul A Região Hidrográfica Atlântico Sul tem uma área de abrangência de 185.856 km², ocu-
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pando em sua totalidade 2% do país, nos Estados do Paraná (3,6%), Santa Catarina (20,2%) e Rio Grande do Sul (76,2%). A maioria dos rios da região apresenta pequeno potencial para produção de energia. Em termos de obras hidráulicas, as maiores estão relacionadas a aproveitamentos hidrelétricos e irrigação, embora existam também obras para navegação e controle de cheias. É fundamental para preservar a região disciplinar o uso da água nas práticas agrícolas e manejo da irrigação e controlar as atividades mineradoras, com destaque para carvão, argila e ouro. 1.4.7 Região Hidrográfica do Paraguai A área de abrangência da Região Hidrográfica do Paraguai é de 363.445 km², ocupando em sua totalidade 4,6% do território nacional, nos Estados: Mato Grosso do Sul (51,8%) e Mato Grosso (48,2%). Pela sua configuração fisiográfica, a região hidrográfica não apresenta grande potencial para instalação de grandes usinas hidrelétricas. Atualmente existem 12 empreendimentos hidrelétricos instalados, totalizando 340.944 kW (0,05% do total do País) (ANEEL, 2002). O turismo está ligado à pesca esportiva e ao ecoturismo, que representa importante atividade econômica no Pantanal. Existem cerca de 260 espécies de peixes na região que dependem da manutenção da qualidade dos recursos hídricos. Como prioridade para manter o equilíbrio ambiental, é preciso estabelecer diretrizes e implementar ações destinadas à contenção de queimadas e desmatamentos descontrolados; fiscalizar e incentivar a manutenção da faixa de vegetação das áreas de proteção ambiental laterais aos corpos d’água; melhorar as condições de saneamento das capitais e principais núcleos urbanos, mediante a ampliação ou implementação de serviços de abastecimento de água, de coleta e tratamento de esgotos domésticos e industriais; e proteger as matas ciliares, barrancos e meandros do rio. 1.4.8 Região Hidrográfica do Paraná A Região Hidrográfica do Paraná tem uma área de abrangência de 879.860 km², ocupando em sua totalidade 10% do território nacional, nos Estados de São Paulo (25%), Paraná (21%), Mato Grosso do Sul (20%), Minas Gerais (18%), Goiás (14%), Santa Catarina (1,5%) e Distrito Federal (0,5). A região possui a maior capacidade instalada de energia do país (38.370.836 kW, 59,3% do total nacional) (ANEEL, 2002), assim como a maior demanda (75% do consumo nacional). Existem 176 usinas hidrelétricas na região, com destaque para Itaipu, Furnas, Porto Primavera e Marimbondo. Com relação à navegação fluvial, destaca-se a Hidrovia Tietê- Paraná que possibilita a navegação entre São Paulo, Goiás, Paraná, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul, em um total de 220 municípios, perfazendo cerca de 2.400 km de extensão. A pesca esportiva, o turismo e o lazer ocorrem principalmente nos reservatórios ao longo dos rios Tietê, Grande, Paranapanema e Paranaíba. Os aspectos mais relevantes para a preservação da região são: ampliar a coleta e o trata-
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mento dos esgotos domésticos nos principais centros urbanos; reavaliar as regras operacionais das hidrelétricas para permitir usos múltiplos; fomentar programa para uso e manejo adequado dos solos e controle de erosão visando a preservação dos mananciais e assoreamento dos rios; e racionalizar o uso da água na irrigação e na indústria, e diminuir as perdas nos sistemas de abastecimento. 1.4.9 Região Hidrográfica do Parnaíba
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A área de abrangência da Região Hidrográfica do Parnaíba é de 344.112 km², ocupando em sua totalidade 3,9% do território nacional, nos Estados do Piauí (99%), Maranhão (19%) e Ceará (10%). O potencial de geração de energia é da ordem de 237.300 kW, destacando-se a central hidrelétrica de Boa Esperança, (ANEEL, 2002). A possibilidade de navegação extremamente reduzida e a pesca pouco explorada. O turismo e o lazer são atividades mais desenvolvidas na área costeira (Delta do Parnaíba). A grande concentração de população flutuante nas cidades litorâneas e interiores configura uma grande demanda de água e de serviços de saneamento básico. Proteger manguezais e matas ciliares, combater o assoreamento e inundação de trechos do rio Parnaíba e de afluentes, em função de práticas agrícolas inadequadas e avançar no sistema de gestão de recursos hídricos, são algumas ações necessárias para preservação da região.
O rio Parnaíba possui 1.400 quilômetros de extensão e a maioria dos afluentes localizados à jusante de Teresina são perenes e supridos por águas pluviais e subterrâneas.
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1.4.10 Região Hidrográfica do São Francisco A área de abrangência da Região Hidrográfica do São Francisco é de 638.324 km², ocupando em sua totalidade 8% do país, nos Estados de Minas Gerais (36,8%), Distrito Federal (0,2%), Goiás (0,5%), Bahia (48,2%), Pernambuco (10,9%), Alagoas (2,3%) e Sergipe (1,1%). O potencial hidroenergético estimado é de 26.300 MW, e o potencial hidrelétrico instalado de 10.380 MW (16% do País), em 33 usinas em operação, das quais nove no próprio rio São Francisco (ANEEL, 2002). No que se refere ao transporte hidroviário, o rio São Francisco apresenta dois trechos principais: o primeiro de 1.312 km entre Pirapora (MG) e Juazeiro (BA); e o segundo, com 208 km, entre Piranhas (AL) e a Foz. É grande o potencial para o desenvolvimento da pesca, estimando-se em 600.000 a superfície do espelho d’água disponível. Neste total, estão incluídos o curso principal e os afluentes, os reservatórios das hidrelétricas e as barragens públicas e privadas. Na Região Hidrográfica do Rio São Franscisco o turismo e o lazer ainda são atividades incipientes, a despeito das possibilidades oferecidas por seus vários reservatórios, e do turismo ecológico e pesca no curso principal e afluentes. Nesse caso, o setor carece de definição de política e estratégia de uso racional dos lagos e dos reservatórios como possibilidade de ofertar lazer de baixo custo à sociedade. Em relação à preservação do meio ambiente e o uso da água, citamos como ações urgentes: definir metas para compatibilizar os usos múltiplos da água, prioritariamente no Alto Médio São Francisco; implementar sistemas de tratamento de esgotos domésticos e industriais, principalmente no Alto São Francisco; e implementar programas de revitalização para uso e manejo adequado dos solos, para controle de erosão e assoreamento na região metropolitana de Belo Horizonte, Serra do Espinhaço, Vale do rio Abaeté, no Alto São Francisco, ao longo da Serra da Mangabeira e na parte sul do reservatório de Sobradinho, no Médio São Francisco, e no vale do rio Pajeú e em pontos isolados do Baixo São Francisco.
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1.4.11 Região Hidrográfica do Tocantins-Araguaia
O Rio Araguaia nasce em Goiás e deságua no Pará. É considerado o rio mais importante do Cerrado e “Pode virar uma história”, segundo o biólogo Hélder Lúcio Silva, ressaltando o tempo que foi muito bom de peixe e teve uma fauna riquíssima. Hoje está muito depredado.
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A área de abrangência da Região Hidrográfica do Tocantins-Araguaia é de 967.059 km², ocupando em sua totalidade 11% do território nacional, nos Estados de Goiás (26,8%), Tocantins (34,2%), Pará (20,8%), Maranhão (3,8%), Mato Grosso (14,3%) e Distrito Federal (0,1%). O grande potencial hidrelétrico da região e sua localização frente aos mercados consumidores da Região Nordeste, colocam a Região Hidrográfica do Tocantins-Araguaia como prioritária para a implantação de aproveitamentos hidrelétricos. O potencial hidroelétrico instalado nas unidades da federação da região hidrográfica totaliza 6.575.782 kW, distribuídos em 28 centrais hidrelétricas (ANEEL, 2002). A navegação fluvial apresenta potencial, principalmente no rio Araguaia, que permitiria o escoamento de 3 milhões de toneladas de soja da região Centro-Oeste. Somente com a construção de eclusas, dragagens e outras obras, será possível a implantação da hidrovia em cerca de 2.000 km da calha principal e 1.600 km dos afluentes. Os impactos ambientais deste empreendimento são atualmente objeto de discussão. A região possui cerca de 300 espécies de peixes e apresenta uma grande expansão do turismo relacionada à pesca, principalmente no rio Araguaia, sendo uma tendência para o desenvolvimento econômico sustentável da região. Ações necessárias para preservação dos recursos hídricos da região são: fiscalizar atividades decorrentes do garimpo e da mineração e implementar programas para recuperação ambiental das áreas degradadas; definir e implementar um programa para controle da erosão e manejo adequado dos solos, minimizando a contaminação provocada por fontes difusas, principalmente nos mananciais; incentivar o desenvolvimento de práticas sustentáveis, adaptadas às peculiaridades ambientais da região, incluindo a agricultura familiar, a pecuária, a agroindústria, a piscicultura, o extrativismo e o ecoturismo. 1.4.12 Região Hidrográfica do Uruguai
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A Região Hidrográfica do Uruguai tem uma área de abrangência de 174.612 km², ocupando a totalidade 2,0% do país, nos Estados do Rio Grande do Sul (73%) e Santa Catarina (27%). No contexto do uso múltiplo dos recursos hídricos, a Região Hidrográfica do Uruguai apresenta um grande potencial hidrelétrico com uma capacidade total, considerando os lados brasileiro e argentino, de produção de 40,5 KW/km2, uma das maiores relações energia/km²
O rio Uruguai possui 2.200 quilômetros de extensão e se origina da confluência dos rios Pelotas e Canoas. Nesse trecho, o rio assume a direção Leste-Oeste, dividindo os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina
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do mundo. Atualmente existe na porção brasileira um potencial hidroenergético instalado de 2.878,64 MW, distribuído entre 39 empreendimentos, sendo três usinas hidrelétricas – destaque para as usinas de Passo Fundo e Itá – com potência de 2.816 MW (ANEEL, 2002). A navegação fluvial, de modo geral, não existe na região pelo relevo acidentado, as variações significativas de vazão dos rios e os problemas de assoreamento. A ampliação de programas de extensão rural baseado em um zoneamento agroclimático e na aplicação de melhores práticas agrícolas são necessários para controle dos problemas de erosão e degradação do solo; nesse sentido, cabe destacar a necessidade de racionalizar o uso de insumos agrícolas tendo em vista reduzir a poluição difusa nos recursos hídricos. 1.5. O potencial hídrico de Goiás
Rafael Tavares da Conceição Araújo
No coração do cerrado brasileiro, Goiás é privilegiado pela riqueza de seus recursos naturais. Em relação a água, o Estado é detentor de uma imensa quantidade de córregos, rios e aquíferos (águas subterrâneas), além de ser banhado por três importantes bacias hidrográficas, do Paraná, do Araguaia-Tocantins e a do São Francisco. Esse cenário exuberante, de águas sem fim, induziu um pecado global, o achismo de que o povo goiano jamais seria ameaçado pela escassez desse recurso imprescindível a qualquer ser vivo. Porém, os últimos períodos de estiagem prolongada trouxeram o alerta de racionamento de água a vários municípios do Estado de Goiás.
Rio Aporé
Esclarecendo, economizar água, é uma responsabilidade de todos, mas nos conforta saber que Goiás é um dos Estados pioneiros no desenvolvimento de políticas para contratação de serviços ambientais, a fim de promover crescimento sustentável. Segundo Bento de Godoy Neto, Superintendente de Recursos Hídricos da Secretaria do Meio Ambiente de Goiás, dispomos de uma excelente legislação de recursos hídricos, cujos princípios coincidem com Declaração Universal dos Direitos da Água, no entanto, estamos ainda longe de colocar em prática esses fundamentos. Tal colocação mostra o quanto é preciso eliminar ou reduzir a poluição de nossos cursos de água, recuperarmos matas ciliares, recompor áreas degradas e acima de tudo, usarmos esse recurso com responsabilidade, afinal esta e as futuras gerações colherão os frutos de atitudes e hábitos de hoje. 26
PRINCIPAIS RIOS DO ESTADO DE GOIÁS Rio Aporé Rio Araguaia Rio Claro Rio Corrente Rio Corumbá Rio Crixá Grande Rio Crixá Pequeno
Rio das Almas Rio dos Bois Rio Jacaré Rio Manoel Alves Rio Maranhão Rio Meia-Ponte Rio Paraná
Rio Paranaíba Rio dos Peixes Rio Santa Teresa Rio São Marcos Rio do Sono Rio Tocantins Rio Vermelho
Rio Vermelho
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As nascentes do Rio Vermelho, há algumas décadas atrás, foram em parte comprometidas pela atividade da mineração. Atualmente, cabe aos produtores rurais da região das nascentes e das margens do rio cumprir a legislação ambiental, preservando para que não ocorra um processo maior de degradação do rio.
Segundo a Agência Ambiental 80% das matas ciliares do rio, entre as nascentes e a cidade, foram derrubadas. O Governo do Estado de Goiás, já faz planos para a recomposição das matas ciliares e a despoluição, critérios essenciais para que a cidade de Goiás possa manter-se com como patrimônio da humanidade, declaração feita pela Unesco em 2001. Rio Araguaia - Nossa maior riqueza, nosso orgulho O Araguaia é o principal rio do Estado de Goiás e está entre os mais importantes do Brasil, sendo a divisa entre Goiás e Mato Grosso. Localiza-se numa importante bacia sedimentar, o que justifica as praias ao longo de seu percurso, responsáveis pelo fortalecimento do potencial turístico das regiões banhadas por suas águas turvas e encantadoras. 27
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E a poesia seria completa, se toda essa areia que forma nossas lindas praias goianas não fosse resultado da ocupação desordenada de sua bacia hidrográfica. Em nome do tão necessário desenvolvimento econômico, a pecuária, a agricultura, a pesca e o turismo tem buscado desenvolver suas atividades comprometendo o mínimo possível o leito do rio e o curso de suas águas.
Nascente do rio Araguaia em Mineiros-GO
Frear o progresso é impossível, dependemos dele para viver, mas planejar melhor as atividades econômicas dentro dos parâmetros cabíveis para garantir a sustentabilidade é o caminho para se evitar impactos ambientais. Em 2014, a Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente (Dema), após dados e imagens colhidas durante três meses, alertou sobre a situação do Rio Araguaia e sua notória depredação, apresentando uma estimativa assustadora. É preciso corrigir imediatamente as sequelas do desmatamento. Mas, existe uma luz no fim do túnel, segundo o biólogo Hélder Lúcio Silva, “o Rio Araguaia pode ser salvo, é questão de conscientização, de trabalho e de fiscalização”. Mineiros abriga a principal nascente do Rio Araguaia. A 420 quilômetros de Goiânia o município de Mineiros tem o privilégio de ter e, ao mesmo tempo, a missão de proteger a principal nascente do manancial do Araguaia. É em suas terras que brotam as águas e começam os mais de dois mil quilômetros do percurso do grande rio. 28
Rio Araguaia: uma das mais belas paisagens brasileiras, é reverenciado no hino oficial do Estado de Goiás. 1.6. Hino do Estado de Goiás Santuário da Serra Dourada Natureza dormindo no cio Anhanguera, malícia e magia, Bota fogo nas águas do rio.
Recanto da Paz. Cantemos aos céus, Regência de Deus, Louvor, louvor a Goiás!
Vermelho, de ouro assustado, Foge o índio na sua canoa. Anhanguera bateia o tempo: — Levanta, arraial Vila Boa!
Terra Querida Fruto da vida, Recanto da Paz. Cantemos aos céus, Regência de Deus, Louvor, louvor a Goiás!
Terra Querida Fruto da vida, Recanto da Paz. Cantemos aos céus, Regência de Deus, Louvor, louvor a Goiás!
A colheita nas mãos operárias, Benze a terra, minérios e mais: — O Araguaia dentro dos olhos, Eu me perco de amor por Goiás! Terra Querida Fruto da vida, Recanto da Paz. Cantemos aos céus, Regência de Deus, Louvor, louvor a Goiás!
Terra Querida Fruto da vida, Recanto da Paz. Cantemos aos céus, Regência de Deus, Louvor, louvor a Goiás!
Terra Querida Fruto da vida, Recanto da Paz. Cantemos aos céus, Regência de Deus, Louvor, louvor a Goiás!
A cortina se abre nos olhos, Outro tempo agora nos traz. É Goiânia, sonho e esperança, É Brasília pulsando em Goiás! O cerrado, os campos e as matas, A indústria, gado, cereais. Nossos jovens tecendo o futuro, Poesia maior de Goiás! Terra Querida Fruto da vida,
Compositor: Letra: José Mendonça Teles / Melodia: Joaquim Jayme Hino oficializado pela lei estadual nº 13.907, de 21 de setembro de 2001.
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CAPÍTULO 2 PRESERVAÇÃO DE ÁGUA: RESPONSABILIDADE DE TODOS
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CAPÍTULO 2
PRESERVAÇÃO DE ÁGUA: RESPONSABILIDADE DE TODOS
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Entende-se que dispensa justificar a importância da preservação da água, bem como que esta ação é de responsabilidade de todos e, de forma especial, dos docentes e demais agentes escolares. Desta forma, para embasar este trabalho, destaca-se alguns itens a seguir.
2.1. Água, recurso renovável ameaçado A seriedade da crise hídrica não é novidade, mas está sendo ignorada como se a água não fosse um recurso escasso. A forma como vem sendo utilizada, com desperdício e intenso nível de poluição, pode impor limites à sua disponibilidade futura. Em diversas regiões do país e do mundo o racionamento da água é uma dura realidade. Os longos períodos de estiagem, o aumento da temperatura e a seca de córregos, riachos e rios são fatores preponderantes para diminuição da qualidade e quantidade de água potável no planeta. A organização do consumo mundial da água doce, de acordo com as atividades humanas, estrutura-se do seguinte modo: 70% destinam-se às atividades agrícolas, 20% às indústrias e 10% às residências, apresentando variações de acordo com a realidade de cada região. Na agricultura, grande parte da água utilizada vai para a irrigação, cujo papel é relevante, pois a maior parte da produção de alimentos que consumimos é colhido nestas terras. Porém, a irrigação, quando utilizada de forma incorreta, pode provocar impactos ambientais irremediáveis, exemplo é o que ocorreu com o mar de Aral, na fronteira entre o Cazaquistão e o Uzbequistão, na Ásia. 33
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“O desaparecimento do Mar de Aral, na Ásia Central, é um das maiores catástrofes provocadas pelo homem do mundo. Para estimular o cultivo de algodão, políticas de irrigação agressivas implementadas pelos soviéticos transformaram 90% do que costumava ser o quarto maior lago do mundo em um deserto”. Rustam Qobilov Da BBC Uzbequistão
Já nas indústrias, os ramos petroquímico, siderúrgico e de papel são os grandes consumidores de água. A produção de uma tonelada de petróleo, requer 180 toneladas de água e para fabricar uma tonelada de papel, empregam-se 250 toneladas de água. Daí a importância do reaproveitamento da água pelas indústrias, sendo que no Japão as indústrias já reciclam 70% da água. Contudo, falta consciência do quanto a água doce é essencial e dos limites de sua capacidade de renovação. O desmatamento, a compactação do solo e a impermeabilização dos asfaltos e das edificações das cidades dificultam a infiltração da água das chuvas e, consequentemente, diminui seu volume nas fontes. Áreas de mananciais também são constantemente ocupadas e poluídas pelos esgotos domésticos, sendo lançado lixo de todo tipo nas águas dos rios. Além do mau uso da água, a demanda por recursos hídricos tem sido cada vez maior com a ampliação das atividades econômicas e o crescimento populacional. Se a busca por água tem crescido, o mesmo não ocorre no ambiente, onde se verifica a manutenção de sua quantidade ou mesmo sua redução. Portanto, apesar de renovável, a água é um recurso finito e muitos povos do mundo sofrem com a escassez deste recurso vital à sobrevivência humana. Segundo a ONU – Organização das Nações Unidas, nos próximos anos cerca de um terço da população mundial vai sofrer os efeitos da escassez hídrica. A análise do ciclo completo de uso e reuso da água aponta o desaparecimento de mananciais como poços, lagos e rios, e destaca a pouca atenção dada à diminuição das reservas subterrâneas. 34
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A cultura negligente com os recursos hídricos no Brasil se deu mediante sua abundância, aproximadamente 40% de toda água dos sistemas de abastecimento é desperdiçada por meio de vazamento ou transbordamento de reservatórios e a má utilização em nossas casas. Muitos cursos d’água sofrem com poluição por esgotos domésticos, dejetos industriais e agrícolas, faltando proteção para os principais mananciais. Reavaliar nosso modo de cuidar e tratar da água e do meio ambiente é uma necessidade. Precisamos nos conscientizar que os recursos naturais são finitos e que a água, apesar de ser renovável, precisa ser protegida e ter racionalizado seu uso; disso depende a sustentabilidade do planeta. Caso contrário, estaremos cada dia mais próximos de não termos água potável para todos.
Não importa o lugar, preservar a água, mais que uma atitude responsável e de respeito à biodiversidade do planeta é uma questão urgente de sobrevivência. Sua crescente escassez na forma de distribuição é um drama presente na atualidade e com indícios assustadores para o futuro. Já foi previsto pela ONU que em 2050 mais de 45% da população mundial não poderá contar com a porção mínima individual de água para necessidades básicas. A preocupação com nossos recursos hídricos não é recente. Há tempos que estudiosos, pesquisadores, biólogos e até mesmo artistas, como é o caso de Cândido Portinari em sua obra “Os retirantes” de 1944 e Luiz Gonzaga com a música “Asa branca” de 1947, vêm dando gritos de alerta, que embora tenham sido de certa forma ignorados, não titubearam em vir à tona. Hoje o problema com a água é tão visível e real, que ultrapassa o que foi representado 35
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pela arte. Tanto a pintura como a música fazem referência à região nordeste, ou seja, uma região específica, porém na atualidade a escassez da água assola várias regiões do Brasil, inclusive as que estavam distantes das previsões.
Os Retirantes, Cândido Portinari
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No quadro Os Retirantes, produzido em 1944, Portinari expõe o sofrimento dos migrantes, representados por pessoas magérrimas e com expressões que transmitem sentimentos de fome e miséria. Os retirantes fugiram dos problemas provocados pela seca, pela desnutrição e pelos altos índices de mortalidade infantil no Nordeste a procura de um lugar melhor para viver.
Asa Branca, Luiz Gonzaga Quando olhei a terra ardendo Com a fogueira de São João Eu perguntei a Deus do céu, ai Por que tamanha judiação Eu perguntei a Deus do céu, ai 36
Por que tamanha judiação Que braseiro, que fornaia Nem um pé de prantação Por falta d’água perdi meu gado Morreu de sede meu alazão
Por farta d’água perdi meu gado Morreu de sede meu alazão Inté mesmo a asa branca Bateu asas do sertão Então eu disse, adeus Rosinha Guarda contigo meu coração Então eu disse, adeus Rosinha Guarda contigo meu coração Hoje longe, muitas légua Numa triste solidão Espero a chuva cair de novo
Pra mim voltar pro meu sertão Espero a chuva cair de novo Pra mim voltar pro meu sertão Quando o verde dos teus óio Se espaiar na prantação Eu te asseguro não chore não, viu Que eu voltarei, viu Meu coração Eu te asseguro não chore não, viu Que eu voltarei, viu Meu coração
A música “Asa branca” de Luiz Gonzaga também fala do sofrimento do povo do sertão nordestino, onde a falta de chuva durante boa parte do ano leva muita gente a se mudar para tentar a vida em outro lugar, assim como as aves, a exemplo da asa branca que é um tipo de um pombo (Columba picazuno) que quando bate asa do sertão anuncia a seca.
O sonho das águas, Guimarães Rosa Há uma hora certa, no meio da noite, uma hora morta, em que a água dorme. Todas as águas dormem: no rio, na lagoa, no açude, no brejão, nos olhos d’água, nos grotões fundos E quem ficar acordado, na barranca, a noite inteira, há de ouvir a cachoeira parar a queda e o choro, que a água foi dormir… Águas claras, barrentas, sonolentas,
todas vão cochilar. Dormem gotas, caudais, seivas das plantas, fios brancos, torrentes. O orvalho sonha nas placas da folhagem e adormece. Até a água fervida, nos copos de cabeceira dos agonizantes… Mas nem todas dormem, nessa hora de torpor líquido e inocente. Muitos hão de estar vigiando, e chorando, a noite toda, porque a água dos olhos nunca tem sono…
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No campo ou na cidade a palavra de ordem é preservar! A responsabilidade é de todos! Na indústria, introduzir técnicas de reuso da água, tratamento de efluentes e reduzir o desperdício; Na agricultura, armazenar mais água da chuva e reduzir o desperdício ao irrigar as plantações. Na irrigação, utilizar equipamentos e métodos eficientes no uso da água. Utilizar de forma racional os fertilizantes e defensivos agrícolas. Implantar medidas de controle de erosão do solo; Prefira produtos orgânicos para estimular o cultivo de alimentos livres de defensivos agrícolas que podem poluir os recursos hídricos e podem prejudicar a sua saúde, se não utilizarem de forma correta; Organize um grupo para plantar árvores ao longo das margens de um córrego ou para limpar, recuperar e conserver solos degradados; No campo ou na cidade evitar a obstrução dos rios.
“Nas cidades, os problemas de abastecimento estão diretamente relacionados ao crescimento da demanda, ao desperdício e à urbanização descontrolada – que atinge regiões de mananciais. Na zona rural, os recursos hídricos também são explorados de forma irregular, além de parte da vegetação protetora da bacia (mata ciliar) ser destruída para a realização de atividades, como agricultura e pecuária. Não raramente, os defensivos agrícolas e dejetos utilizados nessas atividades também acabam por poluí-la”. (Naves, Jales. O pesadelo da falta de água, 2014)
Apesar das diversas oportunidades de emprego no campo, considera-se ser na cidade onde estão as opções de emprego, saúde, educação, cultura e lazer, por isso é natural ser o local preferido do ser humano para viver. Mas é nas áreas urbanas que temos também os maiores problemas, entre estes, a crise hídrica, que afeta obviamente a qualidade de vida. Conviver com o racionamento de água tem sido uma realidade cada vez mais recorrente em várias cidades brasileiras, sejam elas grandes ou pequenas. A distribuição de nossos recursos hídricos não é uniforme. Cerca de 72% das reservas encontram-se nos rios da Região Norte, que reúne menos de 5% da população nacional. Em 2013, por exemplo, os nordestinos pediam chuva e as populações ribeirinhas do Amazonas torciam para que parasse de chover. A abundância desse precioso líquido por si só também não garante ausência de problemas, visto que nem sempre a população desses lugares privilegiados hidricamente recebe água tratada. A solução para a questão é elucidada por vários especialistas, que citam como ações eficientes: o monitoramento constante do meio ambiente, o controle de uso das reservas, o planejamento urbano e de infraestrutura de distribuição de água tratada. Para o desenvolvimento sustentável, o uso consciente e a preservação da água são fundamentais. Confirmando tal evidência, o relatório Brundtland, elaborado pela Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento em 1987 explicita: “desenvolvimento sustentá38
vel é aquele que atende às necessidades do presente sem colocar em risco a possibilidade das gerações futuras”. Questão também contemplada no texto da Agenda 21. O princípio do desenvolvimento sustentável passou a ser um componente fundamental do desenvolvimento urbano, pelo qual as pessoas humanas são o centro das preocupações e tem o direito a uma vida saudável e produtiva, em harmonia com a natureza. (BRASIL, 2004) Não há dúvidas que por razões econômicas e sociais, o ideal seria manter as pessoas no campo para frear o crescimento das cidades e diminuir impactos ambientais. Mas diante das atrações urbanas é impossível realizar tal sonho, restando-nos apostar em boas práticas voltadas para a cidadania e preservação do meio ambiente para evitar um colapso. A migração para as zonas urbanas aumenta a demanda de água para atividades econômicas e faz crescer a busca por saneamento. No entanto, este ramo da infraestrutura não consegue acompanhar o ritmo de expansão das cidades.
CIDADE VERDE
PENSE VERDE
Equilíbrio entre o homem e o meio é a saída, entendendo que o consumo de SALVE AS ÁRVORES recursos renováveis deve sempre considerar a capacidade de reposição dos SALVE O PLANETA mesmos e a taxa de emissão de poluentes não pode superar o ritmo de absorção por parte do ar, da água e do solo.
POLUIÇÃO
ENERGIA VERDE
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Como cidadão e consumidor é sua responsabilidade exigir dos governantes:
Arquivo pessoal
Políticas públicas que impeçam a ocupação de áreas de preservação de mananciais; Combater a destruição das matas ciliares que protegem os cursos d’água e exigir o replantio de onde foram extintas; Investimentos em distribuição de água tratada e tratamento de esgoto. Além de poupar vidas, irão diminuir os gastos com saúde no país; Adotar um manejo adequado dos resíduos como: sistemas de coleta seletiva e reciclagem, aterros sanitários, estações de recebimento de resíduos tóxicos como restos de tinta e solventes.
O Programa Agrinho planta cidadania na sala de aula. Alunos de Silvânia – GO, da Escola Municipal José Eduardo Mendonça do Cruzeiro do Bom Jardim vão até a Assembleia Legislativa cobrar políticas públicas em prol do meio ambiente.
2.2. Ideias sustentáveis para uma melhor gestão da água
FIQUE ATENTO! Conheça alguns aspectos para melhorar a gestão da água: 2.2.1 Ocupação e uso do solo
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Não ocupar várzeas, encostas de morros e margens de rios e córregos é a condição número um para evitar tragédias durante os períodos chuvosos. Infelizmente, na maioria das cidades essa regra não é respeitada. Além de obviamente não construir nesses pontos, o cidadão pode fiscalizar e denunciar quem infringe o zoneamento do município.
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Outra medida importante diz respeito à impermeabilização excessiva do solo, que diminui a capacidade de absorção da água da chuva, sobrecarregando os sistemas de drenagem urbana – incluindo os rios, que assoreiam com o lixo e a terra carreados para seus leitos, transbordando. Deixar ao menos 25% do terreno do seu imóvel sem pavimentação ajuda a evitar alagamentos. Cobrar da prefeitura mais áreas verdes no seu bairro, também contribui para evitar alagamentos. Fonte: Oduvaldo Bessa Junior, geólogo (Ipardes)
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2.2.2 Coleta de esgoto
A maior parte da poluição é causada pela displicência de muitos cidadãos, que não ligam o imóvel à rede coletora. Pior é fazer da privada uma lixeira. Até fraldas e panos são atirados no vaso sanitário, obstruindo a rede, causando refluxo e podendo até rompê-la. O mesmo acontece quando não há caixa de gordura nas casas. Esse material se solidifica nas tubulações, entupindo tudo. Outro erro: canalizar a água da chuva para a rede de esgoto. Além de sobrecarregar o sistema, diminui a eficiência das estações de tratamento. Por fim, reduzir a quantidade de produtos de limpeza, dando preferência aos biodegradáveis, também contribui para melhorar a eficiência do sistema. Fontes: Péricles Weber, diretor de Meio Ambiente (Sanepar) e Maria Rosí Melo Rodrigues, engenheira sanitarista (Tegeve Ambiental)
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2.2.3 Desperdício de água
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Vai construir ou reformar? Então aproveite para economizar – água! A título de exemplo, a troca de um simples vaso sanitário que gasta de 12 a 18 litros por descarga por um vaso novo, com duplo acionamento, já reduz a demanda para três ou seis litros apenas. O consumo excessivo de água em privadas, torneiras e chuveiros ainda é elevado no país, mesmo se você é daqueles que fecha a torneira ao se barbear ou escovar os dentes. Outro drama são os vazamentos. Vistoriar os encanamentos de tempos em tempos é a solução.
Para melhorar a eficiência e evitar o desperdício de água potável, uma solução é aproveitar a água da chuva, seja para lavar o carro, as calçadas, molhar o jardim ou mesmo para utilizar na descarga. Fontes: Péricles Weber (Sanepar) e Paulo Costa (H2C consultoria)
2.2.4 Destinação do lixo Em 2009 foram geradas no Brasil 57 milhões de toneladas de resíduos urbanos. Desse total, sete milhões não foram coletadas e acabaram em rios, bueiros e terrenos baldios. Basta chover para esse material entupir galerias e tubulações, provocando alagamentos. E mesmo boa parte do que é recolhido acaba em lixões e outros locais inadequados, contaminando o solo e os lençóis freáticos. Com a recente regulamentação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, a responsabilidade do cidadão aumentou. A começar pela escolha dos produtos no supermercado. Já pensou, por exemplo, em dar preferência àqueles que geram menos lixo? Ou então aos que 42
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possuem um sistema de logística reversa, garantindo o retorno das embalagens à fábrica? Na hora de descartar os resíduos, é importante separar o lixo orgânico do reciclável, lembrando que baterias, pilhas, eletroeletrônicos, pneus e móveis velhos precisam ter destinação especial. A prefeitura ou os fabricantes desses produtos devem recolhê-los. Fonte: Carlos Roberto Vieira Silva Filho (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais – Abrelpe)
2.3 Poluição da água e a saúde
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Podemos ficar vários dias sem nos alimentarmos, porém, não conseguimos permanecer mais de quatro dias sem água. Ela representa cerca de 70% da massa do nosso corpo e seu consumo é fundamental para a sobrevivência, sendo sua poluição extremamente nociva ao ser humano, visto que somos totalmente dependentes deste recurso. A poluição das águas gera diversos problemas, entre eles, doenças como diarreia, esquistossomose, hepatite e febre tifoide, que matam mais de 5 milhões de pessoas por ano, principalmente crianças.
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Tais informações deveriam ser suficientes para um uso mais consciente da água e adoção de medidas que combatessem a poluição, estranhamente não são, e o homem é o grande causador desse prejuízo à natureza, com lixos, esgotos, dejetos químicos e mineração sem controle. Ao falar em poluição das águas, recentemente presenciamos um grande impacto ambiental que poluiu vários rios. Tal fato ocorreu em Mariana-MG, quando uma barragem com defeitos da mineradora Samarco se rompeu, causando uma grande enxurrada de lama.
O rompimento da barragem do Fundão liberou o equivalente a 25 mil piscinas olímpicas de resíduos. A enxurrada de lama atingiu o Rio Gualaxo – afluente do rio Carmo, que deságua no Rio Doce, que, por sua vez, segue em direção ao Oceano Atlântico, no Espírito Santo. O impacto mais perceptivo no ambiente aquático foi a morte de milhares de peixes, que sucumbiram em razão da falta de oxigênio na água e da obstrução de suas brânquias. Além da morte de peixes, micro-organismos e outros seres vivos também foram afetados, o que destruiu completamente a cadeia alimentar em alguns ambientes atingidos.
Somente quando for cortada a última árvore, poluído o último rio, pescado o último peixe, é que o homem vai perceber que não pode comer dinheiro! Greenpeace
Como mostrado anteriormente neste texto, artistas como Cândido Portinari e Luiz Gonzaga, através das obras “Os Retirantes” e “Asa Branca”, respectivamente, há décadas alertam sobre questões ambientais. Acerca das águas do universo, na música “Planeta Azul” Chitãozinho e Xororó conclamam para situação emergente, como pode se ver na letra a seguir. 44
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Planeta Azul, Chitãozinho e Xororó A vida e a natureza sempre à mercê da poluição Se invertem as estações do ano Faz calor no inverno e frio no verão Os peixes morrendo nos rios Estão se extinguindo espécies animais E tudo que se planta, colhe O tempo retribui o mal que a gente faz
Parece que chora um triste lamento das águas Ao ver devastada, a fauna e a flora É tempo de pensar no verde Regar a semente que ainda não nasceu Deixar em paz a Amazônia, preservar a vida Estar de bem com Deus
Onde a chuva caía quase todo dia Já não chove nada O sol abrasador rachando o leito dos rios secos Sem um pingo d’água Quanto ao futuro inseguro Será assim de Norte a Sul A Terra nua semelhante à Lua
Onde a chuva caía quase todo dia Já não chove nada O sol abrasador rachando o leito dos rios secos Sem um pingo d’água. Quanto ao futuro inseguro Será assim de Norte a Sul A Terra nua semelhante à Lua
O que será desse planeta azul? O que será desse planeta azul?
O que será desse planeta azul? O que será desse planeta azul? O que será desse planeta azul?
O rio que desse as encostas já quase sem vida
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Para que nosso planeta continue azul, ficam as dicas para diminuir a poluição das águas: Não jogue lixos em rios, praias e lagos; Não descarte óleo de fritura na rede de esgoto; Não utilize defensivos agrícolas em áreas próximas a fontes de água; Não lance esgoto doméstico em córregos; Não jogue produtos químicos, combustíveis ou detergentes nas águas; Evite o consumismo; Evite o desperdício. 2.3.1 Contaminação da água
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A água é considerada poluída quando está impregnada de antropogênicos (fatores causados pela ação do ser humano) não podendo ser utilizada para nenhum fim de consumo estritamente humano ou então quando sofre uma radical perda de capacidade de sustento de comunidades bióticas (capacidade de abrigar peixes, por exemplo). Um curso de água pode ser contaminado principalmente de três formas: química, quando a composição da água é alterada ao reagir com o componente químico; física, que ao contrário da química, não reage com a água, porém afeta negativamente a vida daquele ecossistema; biológica, que consiste na introdução de organismos ou micro-organismos estranhos àquele ecossistema, ou então no aumento danoso de determinado organismo ou micro-organismo já existente.
Complementando as formas de contaminação, temos duas categorias:
a) Contaminação localizada – a fonte de contaminação origina-se de um ponto específico, uma vala ou um cano. Exemplos mais comuns são o despejo de impurezas, por parte de uma extração de tratamentos residuais, de uma empresa ou por meio de um bueiro. b) Contaminação não localizada – Não possui origem numa única fonte; é uma contaminação difusa, ou seja, formada em área urbana ou rural a partir de diversos geradores de resíduos sólidos e de sedimentos. A água da chuva recolhida de áreas industriais,urbanas e de estradas, bem como sua consequente utilização, são exemplos dessa categoria. 46
2.3.2 Algumas doenças provocadas pela contaminação da água
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Das doenças causadas devido a contaminação da água, o texto seguinte destaca as mais comuns. Verifica-se, com isso, que a água, indispensável para a manutenção da vida, ao ser contaminda pode se tornar uma ameaça à vida. De igual maneira, dependendo das condições em que se apresenta, água parada, por exemplo, pode ser veículo de proliferação de vetor transmissor de doenças.
Amebíase Infecção causada por protozoário que se apresenta em duas formas: cisto e trofozoíto – Agente causador Entamoeba histolytica. O quadro clínico varia de uma forma branda, caracterizada por desconforto abdominal leve ou moderado, com sangue e/ou muco nas dejeções (fezes), a uma diarreia aguda e fulminante. Quando não diagnosticadas a tempo, podem levar o paciente a óbito. As principais fontes de infecção ocorrem por intermédio da ingestão de alimentos ou água contaminados por fezes contendo cistos amebianos maduros. Ocorre mais raramente na transmissão sexual, devido ao contato oral-anal. A falta de higiene domiciliar pode facilitar a disseminação de cistos nos componentes da família. Os portadores assintomáticos, que manipulam alimentos, são importantes disseminadores dessa protozoose. O período de incubação ocorre entre 2 a 4 semanas, podendo variar dias, meses ou anos. O período de transmissão da doença, quando não tratada, pode durar anos. Os sintomas das pessoas com amebíase vão desde a diarreia com cólicas e aumento dos sons intestinais até a diarreia mais intensa com perda de sangue nas fezes, febre e emagrecimento. Nestes casos ocorre invasão da parede do intestino grosso com inflamação mais intensa e os médicos chamam de colite. Podem ocorrer ulcerações no revestimento interno
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do intestino grosso, por esta razão o sangramento. Raramente a infecção causa perfuração do intestino, quando ocorre a manifestação é de doença abdominal grave com dor intensa, rigidez e aumento da sensibilidade da parede além de prostração extrema da pessoa afetada. A doença pode apresentar-se de forma mais branda com diarreia intermitente levando muitos anos até surgir um comprometimento do estado geral.
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Cólera Doença infecciosa intestinal aguda, causada pela enterotoxina do Víbrio cholerae, podendo se apresentar de forma grave, com diarreia aquosa e profusa, com ou sem vômitos, dor abdominal e câimbras. Esse quadro, quando não tratado prontamente, pode evoluir para desidratação, acidose, colapso circulatório, com choque hipovolêmico e insuficiência renal. A transmissão ocorre principalmente pela ingestão de água contaminada por fezes ou vômitos de doente ou portador. A contaminação de rios ocorre pelo tratamento inadequado de água e esgoto (com fezes e vômito de pessoas contaminadas). A contaminação pessoa a pessoa é possível, mas menos comum. Lavar bem as mãos, não ter contato com dejetos diretos da pessoa contaminada, tomar banho e não colocar a mão na boca ajuda a prevenir a transmissão.
Doenças diarréicas agudas Síndrome causada por vários agentes etiológicos (bactérias, vírus e parasitas), cuja manifestação predominante é o aumento do número de evacuações, com fezes aquosas ou de pouca consistência. Com frequência, é acompanhada de vômito, febre e dor abdominal. Em alguns casos, há presença de muco e sangue. No geral, é autolimitada, com duração entre 2 a 14 dias. As formas variam desde leves até graves, com desidratação e distúrbios eletrolíticos, principalmente quando associadas à desnutrição. 48
Esquistossomose Existem seis espécies de Schistosoma que podem causar a esquistossomose ao homem: S. hematobium, S. intercalatum, S. japonicum,S. malayensis, S. mansoni e S. mekongi. Destas, apenas S. mansoni é encontrada no continente americano. Esses vermes se reproduzem dentro de caramujo, seu hospedeiro intermediário, e suas metacercárias penetram na pele das pessoas que nadam em rios e lagos com caramujos. A fase de penetração é o nome dado a sintomas que podem ocorrer quando da penetração da cercária na pele, mas frequentemente é assintomática, exceto em indivíduos já infectados antes. Nestes casos é comum surgir eritema (vermelhidão), reação de sensibilidade com urticária (dermatite cercariana) e prurido e pele avermelhada ou pápulas na pele no local penetrado, que duram alguns dias. Na fase inicial ou aguda, geralmente aparece após três a nove semanas após a penetração das cercárias quando há disseminação das larvas pelo sangue. O ciclo da Esquistossomose
Fonte: https://accbarroso60.wordpress.com/2011/02/28/os-platelmintosas-tenias-e-a-teniase-eesquitossomos-e-a-esquistossomose/
Febre Tifoide Febre tifoide é uma doença infectocontagiosa causada pela ingestão da bactéria Salmonella typhi em alimentos ou água contaminada. Trata-se de uma forma de salmonelose restrita aos seres humanos e caracterizada por sintomas proeminentes, sendo endêmica em países subdesenvolvidos. Doença bacteriana aguda, também conhecida por febre entérica. A transmissão dá-se por meio de veiculação hídrica e alimentar, cuja transmissão pode ocorrer pela forma direta, pelo contato com as mãos do doente ou portador, ou forma indireta, guardando estreita relação com o consumo de água ou alimentos contaminados com fezes ou 49
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urina do doente ou portador. Os legumes irrigados com água contaminada, produtos do mar mal cozidos ou crus (moluscos e crustáceos), leite e derivados não pasteurizados, sorvetes, etc. podem veicular salmonelas. Geralmente é transmitida através da ingestão de alimentos ou água contaminada ou então pelo contato direto com a saliva do portador em um espirro, beijo ou pela partilha de talheres e copos. É importante, portanto separar talheres e copos para a pessoa infetada. Seu agente causador é classificado como uma bactéria de alta infetividade, baixa patogenicidade e alta virulência. Começa a ser transmissível na primeira semana de infeção e continua até ser tratado adequadamente. Cerca de 10% dos doentes continuam eliminando bacilos até 3 meses após o início da doença. A salmonela sobrevive 40 dias no esgoto, 2 semanas em laticínios e 4 semanas em ostras e mariscos contaminados, podendo ser encontrado também em algumas carnes, peixes e na água do mar. A bactéria geralmente é espalhada através das fezes e urina de pessoas contaminadas, sendo portanto comum apenas em locais sem tratamento de água e esgoto adequado como a região Norte e Nordeste do Brasil. Algumas pessoas infectadas podem não apresentar sintomas, ou apresentar apenas sintomas leves, mas continuam transmitindo a doença. Deixar os alimentos na geladeira ou no congelamento não é suficiente para matar a bactéria.
Giardíase Infecção por protozoários que atinge, principalmente, a porção superior do intestino delgado. A maioria das infecções são assintomáticas e ocorrem tanto em adultos quanto em crianças. A infecção sintomática pode apresentar diarreia, acompanhada de dor abdominal. O modo de transmissão é fecal-oral e pode ocorrer de forma direta, pela contaminação das mãos e consequente ingestão de cistos existentes em dejetos de pessoa infectada; ou indireta, através da ingestão de água ou alimento contaminado. 50
A maneira mais comum de se infectar com giardíase é depois de engolir água contaminada. Parasitas são encontrados em lagos, lagoas, rios e córregos em todo o mundo, bem como no abastecimento de água, poços, cisternas, piscinas, parques e spas de água municipais. Águas subterrâneas e superficiais podem ser contaminadas a partir do escoamento de dejetos residuais da criação animal ou de descarga de águas residuais domésticas. Crianças que usam fraldas e pessoas com diarreia podem acidentalmente contaminar piscinas e spas.
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Hepatite A A Hepatite A, também conhecida como hepatite infecciosa é uma doença aguda do fígado, causada pelo vírus da hepatite A (HAV), geralmente de curso benigno. A transmissão é feita por alimentos mal-preparados e água contaminada por fezes contendo o vírus (transmissão fecal-oral), além da possível presença de fômites no ciclo. Pode ocorrer em surtos epidêmicos (água contaminada), tendo relação com menores condições socioeconômico-educacionais. Geralmente acomete a população infantil. Os sintomas se dão tanto devido aos danos do vírus como à reação destrutiva para as células infectadas pelo sistema imunitário. Mais de metade dos doentes são assintomáticos, particularmente crianças. Os sintomas mais comuns são pele e olhos amarelados, febre, dor abdominal, naúseas e vômitos, falta de apetite, urina mais escura, fadiga (cansaço), dor nas articulações, diarréia que se mantém durante cerca de um mês.
Leptospirose Leptospirose, Mal de Adolf Weil ou, na sua forma mais grave, Síndrome de Weil é uma doença bacteriana causada pelo Leptospira spp que afeta seres humanos e animais, frequentemente transmitida por água ou alimentos infectados pela urina de animais. A leptospirose é uma doença infecciosa aguda causada por uma bactéria chamada Leptospira, presente na urina de animais infectados. Em áreas urbanas, o rato é o principal reservatório da doença, a qual é transmitida ao homem, mais frequentemente, pela água das enchentes. O homem se infecta pelo contato da pele ou mucosas (dos olhos e da boca) com a água ou lama contaminadas pela urina dos ratos. A leptospirose pode apresentar-se de várias formas, desde um quadro simples, parecido com uma gripe (febre, dor de cabeça e dores pelo corpo), até formas graves que podem levar à morte. 51
2.3.3 Água como veículo de proliferação de doenças Mesmo não sendo transmitidas pela água, as doenças seguintes têm na água o ambiente propício para desenvolvimento do veículo transmissor, uma vez que o mosquito Aedes Aegypti se desenvolve em água parada. Dengue É uma doença tropical infecciosa causada pelo vírus da dengue, um arbovírus da família Flaviviridae, gênero Flavivírus e que inclui quatro tipos imunológicos: DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4. Os sintomas incluem febre, dor de cabeça, dores musculares e articulares e uma erupção cutânea característica que é semelhante à causada pelo sarampo. Em uma pequena proporção de casos, a doença pode evoluir para a dengue hemorrágica com risco de morte, resultando em sangramento, baixos níveis de plaquetas sanguíneas, extravasamento de plasma no sangue ou até diminuição da pressão arterial a níveis perigosamente baixos. A dengue é transmitida por várias espécies de mosquito do gênero Aedes, principalmente o Aedes aegypti. Não há transmissão pelo contato direto com um doente ou suas secreções, nem por meio de fontes de água ou alimento. Zica vírus Trata-se de infecção causada pelo vírus ZIKV, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti. O vírus ZIKV não é transmitido de pessoa para pessoa. O contágio se dá pelo mosquito que, após picar alguém contaminado, pode transportar o ZIKV durante toda a sua vida, transmitindo a doença para uma população que não possui anticorpos contra ele. Os sintomas são febre baixa, coceira e comichão na pele, além de manchas avermelhadas. Febre Chikungunya Refere-se a doença parecida com a dengue, causada pelo vírus CHIKV, da família Togaviridae. Seu modo de transmissão é pela picada do mosquito Aedes aegypti infectado e, menos comumente, pelo mosquito Aedes albopictus. Embora a transmissão direta entre humanos não esteja demonstrada, há de se considerar a possibilidade da transmissão in utero da mãe para o feto. Os sintomas da febre chikungunya são característicos de uma virose, e portanto, inespecíficos. Os sintomas iniciais são febre acima de 39º, de início repentino, dores intensas nas articulações de pés e mãos, dedos, tornozelos e pulsos, dores de cabeça, dores musculares e manchas vermelhas na pele. O diagnóstico diferencial com a febre hemorrágica da dengue é extremamente importante, razão pela qual, ao aparecimento dos sintomas é fundamental buscar socorro médico. O capítulo seguinte abordará o uso e a preservação da água nas atividades produtivas no campo, perpassando pelo ciclo da água; bem precioso para a produção na agricultura e pecuária. Destacará também as soluções disponibilizadas pelo SENAR Goiás, especialmente para a família rural e que tem a ver diretamente com água, uma vez que, ainda que indiretamente, tudo que se faz na face da terra interfere no uso e preservação da água, tanto no campo quanto na cidade.
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CAPÍTULO 3 PRODUÇÃO NO CAMPO: FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA RUMO AO USO RACIONAL E PRESERVAÇÃO DA ÁGUA
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CAPÍTULO 3
PRODUÇÃO NO CAMPO: FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA RUMO AO USO RACIONAL E PRESERVAÇÃO DA ÁGUA
O capítulo anterior, ao tratar da preservação e uso da água como responsabilidade de todos, iniciou a temática que continua neste terceiro capítulo e que a abordará no âmbito da produção no campo. Neste sentido, a segunda parte deste texto apresentará algumas das soluções disponibilizadas pelo SENAR Goiás. Antes, porém, deve ressaltar que a produção no campo depende do ciclo da água, do qual se originam as chuvas e que interferem diretamente na produção. 3.1 O ciclo da água
Condensação Precipitação Precipitação
Transpiração
Evaporação
O CICLO DA ÁGUA
Infiltração
O ciclo da água é de fundamental importância para manutenção da vida no planeta terra. Um processo constante da transformação e circulação da água nos estados líquido, sólido ou gasoso, desenvolve-se por meio de evaporação, condensação, precipitação, infiltração e transpiração. Evaporação – ocorre ao passo que o calor irradiado pelo sol aquece a água dos rios, lagos, mares e oceanos, transformando a água do estado líquido para o gasoso, à medida que se desloca da superfície da Terra para a atmosfera. Condensação – acontece quando o vapor da água esfria e na atmosfera se condensa em gotículas, formando as nuvens ou nevoeiros. Com esse processo a água transforma-se do 55
estado gasoso para o líquido. Precipitação – é o processo no qual onde as gotículas suspensas no ar caem no solo na forma de chuva. Dependendo do clima das regiões a água condensada passa do estado gasoso para o líquido e rapidamente para o sólido, formando a neve ou o granizo. Infiltração – começa na medida em que o vapor de água condensado cai sobre a superfície terrestre. Uma parte dessa água vai alimentar os lençóis subterrâneos. Transpiração – processo no qual parte da água que se infiltrou no solo pode ser absorvida pelas plantas que, depois de utilizá-la a devolvem à atmosfera. 3.2 A importância das florestas no ciclo da água
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Desde o início de sua escolarização, a criança ouve seus professores falarem que as florestas são importantes no ciclo da água. E na prática, quais são as ações empreendidas pela escola rumo à preservação da mata ciliar dos rios e córregos locais? Refletindo sobre o assunto, de que forma as matas contribuem com as águas? Neste sentido, vejamos, portanto, alguns aspectos:
Formação das reservas de água no subsolo: No caso de uma cobertura florestal que se manteve intacta, a taxa de infiltração de água da chuva no solo é máxima. No interior de uma floresta qualquer, a copa das árvores e a camada de matéria orgânica que se encontra depositada sobre o solo, desempenham papel fundamental na manutenção das condições ideais para que ocorra o processo de infiltração da água. Em áreas compactadas, quer seja pelo preparo excessivo do solo, uso de máquinas pesadas, pé de arado ou micro pulverização das partículas do solo e mesmo pelo pisoteio de animais, a infiltração é bem menor que em áreas florestadas. É por essa razão que a Amazônia é a maior reserva de água do planeta. 56
Erosão e escoamento superficial: A presença de uma boa cobertura florestal é de grande importância para o controle do processo de erosão, que pode resultar em grandes acúmulos de sedimentos nos cursos d’água, assoreando os mesmos. No Brasil, a erosão carrega anualmente 500 milhões de toneladas de solo. Esse material arrastado pela erosão irá se depositar nas baixadas e nos rios, riachos e lagoas, causando uma elevação de seus leitos e favorecendo grandes enchentes. Floresta e a água subterrânea: Os solos sob florestas possuem as melhores condições de infiltração de água. Logo, as florestas são consideradas como fontes primordiais para o suprimento de água para os aquíferos. A presença da cobertura florestal irá proporcionar uma maior infiltração de água no solo, o que por sua vez irá resultar num maior abastecimento do lençol freático.
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Matas ciliares: As matas ciliares constituem um conjunto de vegetação florestal localizadas no entorno das nascentes e em ambos os lados de cursos d’água. Assim como nossos cílios, as matas ciliares desempenham um papel de proteção. Funcionam como filtro, evitando que impurezas que escorrem das partes mais altas atinjam os recursos hídricos e possibilitando a infiltração da água da chuva no solo, a qual abastecerá novamente os cursos d’água. O solo onde se desenvolvem as matas ciliares se torna mais protegido, evitando que ocorra processo de erosão e consequente assoreamento do leito de rios e de represas. Quando preservadas de forma adequada, as matas ciliares desempenham também um importante papel para o equilíbrio ambiental. Elas funcionam como corredores ecológicos de animais, permitindo o deslocamento da fauna de uma região para outra em busca de alimento e acasalamento, e contribuem para a preservação das espécies da fauna e da flora local. Desta forma, o equilíbrio ambiental e a oferta de água de qualidade se mostra dependente da preservação, dentre outras, das áreas próximas aos cursos d’água.
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Por fim, fica demonstrado que sem as florestas a manutenção dos recursos hídricos para abastecimento das cidades, onde vive a maioria da população, é impossível. O desmatamento incontrolado e insano está causando a desertificação e levará fatalmente ao desabastecimento de água e à formação de solo improdutivo para a produção de alimentos. A natureza trabalha e produz na forma cíclica, mostrando o caminho para a atuação do homem. Está bem clara a forma como a natureza trabalha, quando se observa, por exemplo, o modelo como ocorre a ciclagem dos nutrientes que são a fonte básica de produção dos ecossistemas. Através desse processo, as cadeias alimentares vão sendo abastecidas em todos os níveis, garantindo a vida dos seres vivos em todos os ecossistemas. Para essa produção contínua e permanente que a natureza realiza, a água exerce função importantíssima uma vez que se transforma no meio de transporte único dos nutrientes dentro dos seres vivos em qualquer tipo de ecossistema. É através da água que as plantas absorvem os nutrientes da solução do solo e conduzem os mesmos até o alto das copas onde ocorre a transformação pela fotossíntese, sendo novamente distribuídos pela água os elementos, agora elaborados, por todas as partes das plantas. Esta mesma água potável é que garante a vida dos animais e, inclusive, do homem na Terra, pois com sua ausência jamais existiriam condições de sobrevivência de qualquer ser vivo. Dessa maneira, pode-se considerar o planeta Terra como um gigantesco organismo vivo que se auto mantém pela sua capacidade de produzir, elaborar e distribuir esse produto para suprir todas suas necessidades. Considerando que o homem é parte integrante e principal elemento atuante desse organismo, pela sua ação se transforma no ser vivo mais perigoso para a manutenção da vida na Terra. Por isso, é importante que se conscientize da necessidade de mudar seu comportamento sob pena de decretar seu desaparecimento que pode não estar num futuro muito distante. Dentro da grande amplitude dos fatores que interagem para manter o equilíbrio ecológico da natureza, a água é um dos elementos vitais para que este processo ocorra, pois impulsiona os ciclos da produção de alimentos, sem os quais não existiria a vida. Daí a necessidade da séria consciência de preservação e manutenção de sua potabilidade. Na atualidade, é mais evidente o mau uso dos recursos naturais, daí as necessidades básicas continuarem não sendo satisfeitas. Toda essa realidade deve ser meditada e conduzida para decisões importantes no sentido de defender a manutenção da água, das nascentes e dos mananciais. As propriedades rurais têm papel importante no que diz respeito à água, pois é nelas que ainda estão preservadas as nascentes, riachos, rios e outros reservatórios deste líquido vital. Ao proprietário rural cabe o direito de defender seu potencial hídrico e o dever de preservar suas nascentes e as vegetações que as protegem. No aspecto da produção de água potável, a floresta e a vegetação ribeirinha exercem papéis fundamentais na filtragem dos poluentes que se dirigem para os leitos dos rios e mesmo na retenção do excesso de água que irá resultar em grandes enchentes, caso não exista barreira para conter sua velocidade antes de atingir os mananciais. Diante disso, o plantio de florestas e a preservação e correta administração das áreas florestadas nas propriedades passam a ser o elemento vital da manutenção das águas. Fonte: Ecolnews, 2015.
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A letra da música Planeta Água, de Guilherme Arantes – acrescentada a seguir - retrata artisticamente a importância da água para o planeta, bem como dos demais elementos.
Planeta Água, Guilherme Arantes Água que nasce na fonte serena do mundo E que abre um profundo grotão Água que faz inocente riacho e deságua na corrente do ribeirão Águas escuras dos rios que levam a fertilidade ao sertão Águas que banham aldeias e matam a sede da população Águas que caem das pedras no véu das cascatas, ronco de trovão E depois dormem tranquilas no leito dos lagos, no leito dos lagos. Água dos igarapés, onde Iara, a mãe d’água é misteriosa canção Água que o sol evapora, pro céu vai embora, virar nuvem de algodão Gotas de água da chuva, alegre arco-íris sobre a plantação Gotas de água da chuva, tão tristes, são lágrimas na inundação Águas que movem moinhos são as mesmas águas que encharcam o chão E sempre voltam humildes pro fundo da terra, pro fundo da terra. Terra, planeta água, Terra, planeta água, Terra, planeta água. Água que nasce na fonte serena do mundo E que abre um profundo grotão Água que faz inocente riacho e deságua na corrente do ribeirão Águas escuras dos rios que levam a fertilidade ao sertão Águas que banham aldeias e matam a sede da população Águas que movem moinhos são as mesmas águas que encharcam o chão E sempre voltam humildes pro fundo da terra, pro fundo da terra Terra, planeta água, Terra, planeta água, Terra, planeta água. 59
3.3 Uso da água na agricultura O mundo apresenta atualmente uma crescente demanda por alimentos, impulsionada pelo aumento de renda da população, aumento da expectativa de vida e o fato de que a cada dia nascem cerca de 120 mil crianças no mundo. Segundo dados da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), a expectativa é de que até o ano de 2050 o mundo chegue a 9,3 bilhões de habitantes. Para atender este acelerado crescimento na demanda de alimentos, a produção mundial deve crescer 70%, sendo o Brasil o responsável por 40% deste total. Nesse cenário, o Brasil tem um grande diferencial, pois é o país que apresenta as melhores condições e disponibilidade de solo, clima, água e tecnologia para aumento da produção e atendimento da demanda mundial por alimentos. Nos últimos 37 anos, a produção agrícola total teve um crescimento de 308%, sendo que a área cultivada aumentou apenas 55%. Isso foi possível graças ao aumento de produtividade, que cresceu 178% neste mesmo período. Desta forma, foi gerado uma poupança de 70 milhões de hectares, ou seja, graças a adoção de tecnologias e ao aumento da produtividade, evitamos utilizar novos 70 milhões de hectares para atingirmos a mesma produção agrícola que temos atualmente. E o potencial brasileiro na produção de alimentos não para por aí! Segundo dados do IBGE, o Brasil possui cerca de 100 milhões de hectares ocupados com pastagens nativas ou plantadas, sendo que a maior parte destas apresenta algum nível de degradação. Desta forma, nosso país pode aumentar a produção através da intensificação do uso de tecnologias nestas áreas, sem precisar abrir novas áreas para cultivo, mantendo preservada a mesma porção que temos hoje, cerca de 61% do território nacional. Se destacando, Goiás tem a maior parte de suas áreas produtivas consolidadas. O Estado aparece hoje como um dos principais produtores de diversos produtos agropecuários, sendo o maior produtor nacional de tomate industrial, tomate de mesa e sorgo; o segundo maior produtor nacional de cana-de-açúcar, ervilha e palmito; o terceiro na produção de algodão e melancia; e o quarto maior produtor de milho e soja, segundo a Conab em 2014. Este cenário promissor da agropecuária goiana, bem como brasileira, foi alcançado graças à adoção de tecnologias e práticas modernas de produção, adotadas pelo setor produtivo. A irrigação é uma destas tecnologias, responsável por aumentos significativos na produtividade, reduzindo perdas causadas pela má distribuição das chuvas, e possibilitando a produção durante todo o ano, contribuindo de forma significativa na segurança alimentar. Segundo Jordana Sara, consultora técnica do SENAR Goiás para a área de meio ambiente e irrigação, hoje o Brasil irriga apenas 8% de sua área cultivada e essa irrigação é responsável por 20% de toda a produção brasileira. Isto mostra a eficiência da produção e o ganho de produtividade em áreas irrigadas. Em Goiás, irrigamos apenas 5% do potencial do estado, correspondendo a aproximadamente 170 mil hectares, sendo o pivô central o sistema mais utilizado. Os pivôs apresentam eficiência média no uso da água de 85%, chegando a 95% se bem manejados. Outro método que vem crescendo é o gotejo, que apresenta eficiência média de 95%, mas que não é indicado para qualquer cultura. Desta forma, vemos que os sistemas são eficientes quando comparados, por exemplo, ao sistema de abastecimento público, que fechou 2014 com perdas médias de 37%, afirma Sara. Dentre as principais culturas irrigadas em Goiás temos: tomate, milho doce, feijão, trigo, 60
Marcus Vinicius
cevada, algodão, linhaça, alho, cebola, cenoura, batata, entre vários outros produtos, além de um enorme potencial para fruticultura irrigada, que ainda está sendo pouco explorado.
A irrigação proporciona vários benefícios, responsáveis por possibilitar ganhos de produtividade na agricultura, dentre os quais podemos citar: Maior garantia de produção, por reduzir a dependência das chuvas; Permite maior eficiência no uso dos fertilizantes; Permite a programação da época de plantio, ou seja, elaboração de uma escala de colheita; Possibilidade de alteração da época de colheita, resultando em melhores preços no mercado na entressafra; Permite o cultivo de mais de duas safras por ano em uma mesma área; Aumenta a demanda de mão-de-obra e fixa o homem no campo; Melhora as condições econômicas das comunidades rurais. Entre os grandes equívocos amplamente disseminados, está o mito de que a agricultura é responsável por 70% do consumo consuntivo de água (que retira a água de sua fonte natural), em que não há retorno. Esta ideia ignora os sistemas naturais de ciclo hidrológico e de mobilidade da água no solo. A água utilizada na irrigação não se perde. Parte volta aos lençóis freáticos, parte é evaporada ou transpirada pelas plantas e animais. Assim, o consumo real é apenas o que fica retido no corpo da planta ou do animal, percentual pouco expressivo.
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Jana Tomazelli
Além disso, dispomos hoje de técnicas e tecnologias que proporcionaram um salto de eficiência no uso da água pela agricultura, com automação e sistemas muito mais elaborados e desperdício praticamente zerado. Não existe um sistema de irrigação considerado ideal, isto é, capaz de atender da melhor maneira possível a todas as condições do meio físico e a grande variedade de culturas e interesses econômicos e sociais. Deve-se selecionar o sistema mais adequado para cada condição em particular. O processo de seleção baseia-se na análise criteriosa das condições existentes em função das características de cada sistema de irrigação e da análise econômica de cada alternativa. A escolha correta do método de irrigação, isto é, se por superfície, aspersão ou localizada irá depender de características locais de cada propriedade, devendo ter um acompanhamento de um técnico responsável para orientar na tomada de decisão quanto ao sistema que melhor atende à necessidade. Vários fatores afetam a viabilidade do sistema de irrigação, tais como o solo (capacidade de armazenamento de água, velocidade de infiltração, drenagem, topografia, presença de lençol freático, salinidade, etc.), o clima (ventos, umidade relativa do ar, temperatura, precipitação), a água (disponibilidade e qualidade), a cultura (grão, fruticultura, cafeicultura, forrageiras, etc.), de fatores humanos (formação tecnológica, hábitos, preferências, etc.) bem como dos aspectos econômicos. Os sistemas de irrigação mais utilizados se dividem em três métodos: irrigação por superfície, que são aqueles métodos que utilizam a inundação em área total ou em sulcos direcionados; irrigação por aspersão, que compreende o pivô central, a aspersão convencional ou em malha e o canhão autopropelido; e irrigação localizada, representada pelo método de gotejamento superficial ou subsuperficial.
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No quadro a seguir são apresentados os níveis de interferências dos fatores externos em cada um dos sistemas de irrigação. Método
Superfície
Aspersão
Localizada
Sensibilidade da Cultura ao Molhamento
Efeito do Vento
Área deve ser plana Não recomenou nivelada dado para artificialmente a solos com taxa um limite de 1%. de infiltração Maiores declividaacima de 60 des podem ser mm/h ou com empregadas tomantaxa de do-se cuidados no infiltração dimensionamento muito baixa
Adaptável à cultura do milho, especialmente o sistema de sulcos
Não é problema para o sistema de sulcos
Adaptável às mais diversas condições
Pode propiciar o desenvolvimento de doenças foliares
Pode afetar a uniformidade de distribuição e a eficiência
Declividade
Adaptável a diversas condições
Adaptável às mais diversas condições
Taxa de Infiltração
Todo tipo. Menor efeito de Pode ser usado doenças que a em casos Nenhum efeito aspersão. extremos, no caso de Permite umedecomo solos gotejamento cimento de muito arenoapenas parte da sos ou muito área pesados Fonte: Embrapa, 2015
Nos últimos anos é crescente a preocupação com a conservação e a utilização dos recursos naturais para a agricultura, principalmente no que diz respeito aos solos e aos cursos d’água, devendo estes recursos ter uma exploração realizada de forma adequada, visando manter a capacidade de produção e ao mesmo tempo diminuir os impactos ambientais causados pela ação antrópica (da ação humana). Atualmente existem técnicas de produção e práticas conservacionistas que diminuem sensivelmente os efeitos negativos provocados ao meio ambiente. O sistema de plantio direto, cordão de vegetação permanente, florestamento e reflorestamento, plantio em nível, o terraceamento, canal escoadouro de água são algumas técnicas utilizadas. O sistema de plantio direto consiste em preparar a terra em sulcos apenas na linha de plantio, formando na entrelinha uma camada de cobertura morta após aplicação de herbicidas nas plantas espontâneas. Essa forma de preparo evita o revolvimento desnecessário do solo, diminuído a erosão do solo e consequentemente, o assoreamento de lagos, córregos e rios. Os cordões de vegetação permanente são fileiras de plantas cultivadas em curva de nível, com uma largura de 2 metros. É eficiente no controle de erosão. Preferencialmente, devem-se empregar espécies que deem retorno econômico para o agricultor. Comumente são 63
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utilizados: cana-de-açúcar, capim elefante, capim-santo e colonião, etc. O florestamento e reflorestamento são plantios de florestas, repovoamento das florestas existentes e/ou florestas que foram esgotadas. Ajudam a conservar o solo, protegem as encostas e as beiras de rios contra as erosões. O plantio em nível é uma técnica utilizada para diminuir a erosão em áreas de mais declivosas. Como o nome indica, nessa prática, as linhas de plantio são feitas seguindo as curvas de nível, ou seja, locais com a mesma altitude. As linhas em nível servem como obstáculo aumentando a infiltração da água da chuva e diminuindo o escorrimento da água e consequentemente a erosão. O terraceamento é uma prática de combate à erosão fundamentada na construção de terraços com o propósito de disciplinar o volume de escoamento das águas das chuvas. O objetivo fundamental do terraceamento é reduzir riscos de erosão hídrica e proteger mananciais (rios, lagos, represas. etc.).
Canais escoadouros são canais de dimensões apropriadas, vegetados, capazes de transportar com segurança a água captada de vários sistemas de terraceamento ou outras estruturas. São, em geral, as depressões no terreno, rasas e largas, com declividades moderadas e estabelecidas com um leito resistente à erosão. 3.4 Nascentes d’água Nascentes são os conhecidos olhos-d’água ou minas existentes nas áreas urbanas e rurais e, além disso, contemplam também todo um sistema constituído pelo solo, vegetação, relevo e demais componentes da área situada acima dela, os quais contribuem para o equilíbrio da nascente como um todo. Em diversas propriedades rurais, as nascentes vêm diminuindo suas vazões ou, em muitos casos, até secando. Os córregos, rios e demais corpos d’água também sofrem os mesmos problemas, pois dependem das nascentes para sua manutenção e sobrevivência. 64
Proteção e recomposição de nascentes Para proteção e recomposição de nascentes são recomendadas medidas simples, de baixo custo e práticas. A primeira e principal medida é cercar a área no entorno da nascente ou olho-d’água, essa vegetação em torno da nascente é reconhecida com APP (Área de Preservação Permanente) que por lei é protegida e necessária sua recomposição e manutenção para a preservação dos corpos d’água. Caso exista vegetação nativa na APP da nascente, a cerca deverá contornar toda a área coberta por vegetação nativa, num raio mínimo de 50 metros do olho-d’água.
Representação esquemática das áreas de preservação permanente no entorno do curso d’água
Se a APP no entorno da nascente possui ocupação consolidada (exploração para fins agropecuários anterior a 22/07/2008), a cerca deverá contornar a área compreendida no raio mínimo de 15 metros do olho-d’água. A legislação florestal determina ainda que, assim como os demais corpos d’água e APPs existentes no imóvel rural, as nascentes, a vegetação nativa e as áreas rurais consolidadas no seu entorno (na APP das nascentes) devem ser informadas no Cadastro Ambiental Rural – CAR, por meio do mapa (planta ou croqui) de identificação do imóvel, a fim de permitir controle, monitoramento e planejamento ambiental dessas áreas de preservação permanente, bem como a sua recomposição, caso seja necessária. O CAR é um registro público eletrônico, obrigatório para todos os imóveis rurais. A inscrição no CAR só poderá ser feita por meio da internet, através do Sistema de Cadastro Ambiental Rural – SICAR (http://www.car.gov.br/#/). 65
3.5 Programas do SENAR Goiás relacionados ao uso e preservação da água Diante da importância da disponibilidade de água de boa qualidade e em quantidade suficiente para os diversos fins, o SENAR Goiás oferta soluções no formato de programas e treinamentos voltados para a capacitação das pessoas do meio rural e urbano quanto à conservação e uso racional da água no campo e na cidade. Estas capacitações contribuem para garantir a produção e oferta de alimentos sustentáveis, contribuindo para a qualidade de vida das pessoas e para o desenvolvimento sustentável do estado e do país, em consonância com a missão da istituição ofertante. Dentre os principais programas relacionados ao tema, a seguir cita-se alguns. Programa Agricultura Urbana A agricultura urbana e periurbana surge como um conceito que inclui a produção, a transformação e a prestação de serviços para gerar produtos agrícolas e pecuários voltados ao auto consumo, trocas e doações ou comercialização, (re)aproveitando-se, de forma eficiente e sustentável, os recursos e insumos locais. Essas atividades estão vinculadas às dinâmicas urbanas ou das regiões metropolitanas e articuladas com a gestão territorial e ambiental das cidades. A possibilidade de produção de hortifrutis em Goiás por meio da Agricultura Urbana é opção para áreas como lotes vagos, terrenos baldios, praças e parques, escolas, presídios e áreas inundáveis, que não possuem atividade produtiva e econômica presente, produzindo hortaliças e frutas que hoje são importadas de outros estados e fortalecendo a cadeia produtiva goiana, promovendo receita aos produtores rurais, qualidade de vida e sucessão familiar (Furquim, 2015).
Neste sentido, o SENAR Goiás oferece treinamentos nas áreas de fruticultura, horticultura orgânica e convencional, hidroponia, paisagismo e floricultura, trazendo soluções para cultivo destas espécies nas áreas urbanas e regiões anexas. Todos estes treinamentos divulgam as técnicas corretas de produção de alimento com sustentabilidade e estrategicamente dentro das regiões com maiores demandas. Programa Proteção de Nascentes Lidar com a escassez de água vai muito além do simples ato de fechar as torneiras. Por isso, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) criaram e lançaram em 2015 um programa nacional de proteção de nascentes. Foi um programa ambicioso, que visou proteger, inicialmente, 1.000 nascentes em áreas rurais do país, em 2015. Porém, a execução neste ano superou as expectativas. Somente no Estado de Goiás foram protegidas 665 nascentes, contribuindo para preservação da água em diversas bacias hidrográficas no Estado. No país foram protegidas o total de 1.782 nascentes 66
durante a realização do concurso. Ganhador do melhor prêmio no país, o SENAR Goiás reaplicará no Estado o concurso, inclusive repasando ao sindicato rural o prêmio recebido. No site do programa (http://protecaonascentes.strikingly.com/) você encontra um vídeo tutorial que mostra o passo-a-passo de como é simples proteger uma nascente. Vai encontrar, também, duas cartilhas que tratam do tema com profundidade e acompanhar a divulgação dos resultados obtidos com o Programa. O programa orienta como executar a proteção de uma nascente em 5 passos: 1 Identificar a nascente: As nascentes formam as represas ou os cursos d’água, tais como regatos, rios e ribeirões. Elas podem ser perenes ou temporárias. A identificação do tipo de nascente orienta o melhor caminho para sua proteção. 2 Cercar a nascente: Para impedir danos causados por animais, homens ou veículos, a área em torno da nascente deve ser cercada. Manter a nascente preservada minimiza os riscos de erosão, poluição ou outros acidentes naturais ou provocados pela intervenção humana. 3 Limpar a área: A nascente precisa estar limpa. Retire materiais que possam contaminar e/ ou obstruir o curso natural da água, como plástico, garrafa, resto de comida, plantas invasoras ou outros. A limpeza deve ser feita com cuidado para não prejudicar a fonte de água.
Anne Vilela
4 Controlar a erosão: Existem várias técnicas para controlar a erosão hídrica, impedindo que enxurradas soterrem a nascente ou a exagerada compactação do solo impeça a infiltração da água. O técnico do SENAR vai orientar você sobre a melhor forma de proteger a nascente contra a erosão. 5 Replantar espécies nativas: Preparar o terreno e adubar as covas onde serão plantadas as mudas de espécies nativas são medidas que garantem o sucesso da recuperação da área da nascente. Para distribuir as plantas, a melhor técnica é imitar a natureza, reproduzindo a vegetação original.
Um dia você vai ter que proteger uma nascente. E você pode fazê-lo em um dia! Faça isso hoje mesmo! Proteja as nascentes da sua propriedade rural! 67
Reúna os amigos e adote uma nascente na sua propriedade, em propriedades vizinhas ou em propriedades de amigos! Treinamentos em Irrigação A Formação Profissional Rural (FPR) é um processo educativo, sistematizado, que se integra aos diferentes níveis e modalidades da educação e às dimensões do trabalho, da ciência e da tecnologia. Desenvolve conhecimentos, habilidades e atitudes para a vida produtiva e social, promovendo a qualificação para o trabalho e elevando a condição socioprofissional do indivíduo. Pela FPR o SENAR Goiás oferta mais de 100 treinamentos, entre eles diversos na área de irrigação, tais como Operação e manutenção de sistemas de irrigação por aspersão; Operação de sistemas de irrigação por aspersão; Operação e manutenção de sistemas de irrigação localizada; e Operação e manutenção de sistema de irrigação por pivô central. Pelo Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego), criado pelo Governo Federal em 2011, com o objetivo de ampliar a oferta de cursos de educação profissional e tecnológica, o SENAR Goiás também oferta o curso de Operador de sistemas de irrigação, com 160 horas. Em todos estes treinamentos, com suas respectivas particularidades, o SENAR Goiás visa garantir a correta operação e manutenção dos diferentes sistemas de irrigação, fornecendo água para as culturas agrícolas em quantidade e qualidade suficientes e no momento correto, assegurando a produção sustentável de alimentos em diferentes épocas do ano. Entre os assuntos abordados nos cursos estão: avaliação da disponibilidade e qualidade da água; manejo do solo e da água; necessidade hídrica das culturas; planejamento da implantação do sistema de irrigação; identificação, operação e manutenção dos componentes dos sistemas de irrigação; avaliação da eficiência na aplicação da água; segurança no trabalho; e empreendedorismo. Recuperação de matas ciliares e áreas degradadas
Douglas Vila Verde
As matas ciliares em torno dos cursos d’água, bem como as demais áreas de preservação, são de grande importância para o meio ambiente. Esta vegetação reduz o impacto da água
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da chuva no solo, evitando os processos erosivos do solo e aumentando a infiltração de água no solo e o abastecimento do lençol freático e, consequentemente, das nascentes e cursos d’água. Também aumenta a estabilidade do solo, reduz a contaminação das águas e o assoreamento dos leitos dos rios e de represas, e diversifica e flora e a fauna local. Visto esta importância o SENAR Goiás oferta o treinamento de Recuperação de matas ciliares e áreas degradadas, visando contribuir para a recuperação e preservação do meio ambiente. Neste treinamento são abordados assuntos como a importância das matas ciliares; objetivo de sua recomposição; legislação ambiental; impactos causados ao meio ambiente; produção de mudas nativas; plantio e condução de espécies vegetais; e avaliação da recuperação do meio ambiente. Treinamentos em piscicultura
Larissa Melo
O fornecimento de água em boa qualidade e em quantidade adequada é de grande importância para o sucesso de qualquer produção animal. Porém, na piscicultura ela é matéria prima do processo de produção. As características da água podem afetar diretamente a reprodução, o desenvolvimento e a produção dos peixes. Portanto, o sucesso da criação de peixes depende de um bom planejamento e do conhecimento dos recursos hídricos e do manejo dos animais.
Pela FPR o SENAR Goiás oferta o curso de Piscicultura, e pelo Pronatec são ofertados os cursos de Piscicultor, de 160 horas, Criador de peixes em tanque rede, de 200 horas, e Criador de peixes em viveiro escavado, também com 200 horas. Estes treinamentos objetivam a produção sustentável de peixes para o consumo familiar, transformação primária e/ou comercialização. Entre os assuntos abordados nos cursos, com suas devidas particularidades, estão: panorama da piscicultura brasileira; aspectos legais da piscicultura; características dos diferentes sistemas de produção; avaliação dos recursos hídricos; manejo da qualidade da água; manejo e controle da produção de peixes; processamento e comercialização de pescado; análise econômica da atividade; e empreendedorismo, entre outros. Todas as soluções ofertadas pelo SENAR Goiás, sejam programas ou treinamentos são destinadas aos produtores e trabalhadores rurais e seus familiares, gratuitamente, e são organizados em parceria com os sindicatos dos produtores e de trabalhadores rurais de cada município em todo o Estado de Goiás. Por fim, a produção no campo, potencializada pela formação inicial e continuada oferecida pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, em sua Administração Regional de Goiás a cada ação realizada aproxima a família rural do uso racional e preservação da água. 69
CAPÍTULO 4 EDUCAÇÃO AMBIENTAL E CIDADANIA
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CAPÍTULO 4 EDUCAÇÃO AMBIENTAL E CIDADANIA
Propositadamente, o capítulo 4 deste livro texto traz educação ambiental e cidadania como tema específico. Lições sustentáveis ilustradas por meio de casos de sucesso de preservação ambiental e uso da água são destaque que reafirmam os termos tratados neste material de uso do professor participante do Programa Agrinho. 4.1 Lições Sustentáveis Desta forma, citaremos alguns casos onde a adversidade, a necessidade e a vontade foram responsáveis por verdadeiros exemplos de bom uso do nosso tesouro, a água. Iniciamos pelo melhor exemplo no mundo de reutilização da água, Israel. Caso de Israel Atualmente, Israel é o país com destaque mundial na gestão de tratamento e de reciclagem de água. Lá a coleta para a reutilização é captada de esgotos e serve para irrigar as plantações através de um sistema de irrigação por gotejamento, uma inovação tecnológica criada por Israel nos anos de 1960. A capacidade israelense para reutilizar água corresponde à maior taxa a 86% de seu esgoto doméstico e o recicla para uso na agricultura - cerca de 55% do total de água usado na agricultura. A Espanha fica em segundo lugar, reciclando 17%, enquanto os Estados Unidos reciclam apenas 1%, segundo dados da Autoridade de Águas. Fonte: http://www.jornal.ceiri.com.br/a-gestao-da-agua-em-israel-exemplo-para-o-brasil/
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A dessalinização despontou como um foco dos esforços do governo, com quatro grandes usinas entrando em operação ao longo da última década. Uma quinta deverá estar pronta para funcionar em breve. Juntas, elas produzirão um total de mais de 130 bilhões de galões de água potável por ano, com uma meta de 200 bilhões de galões até 2020.
UA ÁG ÍDUO RES
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DE DA R TRA A EN DO M UA ÁG
Planta de purificação / dessalinização de água por osmose reversa
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O governo israelense também começou a promover cortes nas cotas anuais de água para os produtores rurais, encerrando décadas de uso exagerado de água altamente subsidiada para agricultura. O imposto para uso excedente pelos lares foi reduzido no final de 2009 e um sistema tarifário de duas faixas foi introduzido. O uso regular de água pelos lares agora é subsidiado por uma taxa ligeiramente mais alta, paga por aqueles que consomem mais que a cota básica. Caso de Japão e outras ideias Exemplo que precisa ser compartilhado. Retirado do texto: Do Japão para o Brasil e o mundo, 10 lições sustentáveis, escrito por Clovis Akira, a seguir algumas experiências bem sucedidas a favor da água e do meio ambiente. Fonte: http://www.coletivoverde.com.br/10-licoes-sustentaveis-do-japao/
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1 Coleta seletiva de lixo
O lixo é corretamente separado, sendo um saco coletor de resíduos de cor diferente para cada tipo de lixo. Exemplo: branco – plástico; preto – lixo de cozinha; azul – latas e vidros. As crianças aprendem desde pequenas na escola a fazer a separação. O Japão é um dos países que mais recicla lixo no mundo. Dados da prefeitura de Tokyo dão conta que, no ano de 2007, o Japão reciclava em torno de 80% do seu lixo. A partir dessa data inicia-se uma campanha em todo o país intitulada “gomi zero” (lixo zero). O objetivo é diminuir todo o lixo que for possível, tanto doméstico como industrial. Os principais tópicos da campanha são: Não compre artigos que você acabará jogando fora mais tarde; Use artigos que podem ser reutilizados outras vezes; Separe seu lixo cuidadosamente e recicle artigos que são reutilizáveis. 74
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2 Destino correto do lixo
Não adianta separar direito o lixo se não existe um local adequado para o despejo. A separação correta do lixo facilita a destinação correta. O lixo é enviado para usinas de tratamento onde é separado por categoria e depois encaminhado para as indústrias onde será reaproveitado. O lixo que não é reciclado vai para os incineradores, produzindo monóxido de carbono (CO). O monóxido de carbono, por sua vez, apresenta poder calorifico, isto é, pode ser queimado para gerar energia.
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3 Utilização de fontes de energia renováveis
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As grandes empresas japonesas já utilizam em suas plantas equipamentos que fazem uso de energia eólica ou solar. E as residências que instalarem o sistema de energia solar terão subsídios do governo com prazos mais longos de pagamento do equipamento, que ainda é bem caro. Dependendo das condições da natureza, se a empresa ou residência captou mais energia que o seu consumo no mês, a empresa de energia local compra esse excedente, gerando lucro para quem tem o sistema instalado.
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4 Utilização de novas fontes de combustível automotivo
No Japão, há vários anos já se utiliza o veículo híbrido, movido à gasolina e energia elétrica. São veículos de luxo, espaçosos e com grande autonomia. A bateria é recarregada em uma tomada comum em casa. Como o carro elétrico ainda tem um custo mais elevado que o convencional, o governo concede subsídios atraentes para empresas que usam muito os automóveis, como vendedores e profissionais que prestam assistência técnica, por exemplo.
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5 Economia de água e energia
As crianças aprendem na escola a ter consciência do uso correto da água e energia 76
elétrica. É raro ver alguém lavando a calçada ou o carro com mangueira – isso é considerado desperdício. O carro é lavado nos postos de gasolina e nos lava-rápidos, e as ruas são tão limpas que nem é preciso lavar a calçada. Todas as lâmpadas de casa são fluorescentes, bem mais econômicas. Os lava-rápidos do Japão não têm nenhum funcionário, você coloca seu carro no box, põe algumas moedas, mais ou menos 5 reais, e a máquina lava o carro. No interior do lava-rápido existem grandes ralos onde toda água usada é captada e vai para reservatórios onde é tratada e reutilizada.
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6 Respeito ao meio ambiente
As ruas são impecavelmente limpas, não existem garis, pois todos respeitam e seguem as normas, não jogando lixo nas ruas. Um domingo por mês os moradores do condomínio ou do quarteirão fazem um mutirão de limpeza, fazendo uma faxina na rua onde moram. Os rios são todos limpos, e nos fins de semana as pessoas praticam esportes aquáticos e pescaria.
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7 Preferência pelo transporte coletivo
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As cidades japonesas são dotadas de um excelente sistema de transporte coletivo, com trens, metrôs, ônibus e, em algumas cidades do interior, o bondinho. Também se utiliza muito a bicicleta para quem trabalha ou estuda perto de casa. O carro é usado somente nos finais de semana. 8 Preocupação com a poluição
Nas grandes cidades, foi proibido o tráfego de veículos movidos a óleo diesel. Os caminhões não podem entrar nas áreas metropolitanas, somente veículos leves, elétricos ou movidos a gasolina.
http://pt.aliexpress.com/
9 Uso da tecnologia em favor do meio ambiente
O governo, preocupado com as questões ambientais, concede incentivo às indústrias para que desenvolvam produtos ou métodos de sustentabilidade. Um equipamento em destaque é um processador de lixo doméstico. Possui o tamanho e o formato de uma lixeira, e todos os restos de alimentos são depositados nesse aparelho. Depois que o processador está cheio, é adicionado um produto que faz o processo de transformação do lixo em adubo. O processo é bem rápido e em poucos dias se obtém um fertilizante de ótima qualidade, que é utilizado nos jardins, nas pequenas plantações e nas hortas de escolas e residências. 78
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10 Casas sustentáveis
As novas casas com arquitetura moderna são dotadas de sistemas de economia de energia elétrica, com sensores de presença, que fazem com que as luzes se apaguem quando não há ninguém no ambiente. Também são instalados reservatórios para captação de água da chuva, utilizada para regar as plantas e descarga para o banheiro. Mais lições de sustentabilidade pelo mundo
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Hotel oferece refeições de graça para quem estiver disposto a gerar eletricidade O Crown Plaza Hotel, em Copenhague, Dinamarca, oferece uma chance para quem quer fazer uma boa refeição sem deixar de cuidar do planeta. O hotel disponibiliza bicicletas ligadas a um gerador de eletricidade para os hóspedes voluntários. Cada um deles deve produzir pelo menos 10 Watts/hora de eletricidade – aproximadamente 15 minutos de pedalada para um adulto saudável. Após o exercício, o hóspede recebe um generoso vale-refeição: 26 euros, aproximadamente 60 reais.
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Bar capta energia produzida pela dança de seus frequentadores Todas as luzes e os sons de uma “balada” gastam uma quantia considerável de eletricidade. Pensando nisso, o dono do Bar Surya, em Londres, refez o chão da pista de dança de seu estabelecimento e o revestiu com placas que, ao serem pressionadas pelos frequentadores do lugar, produzem corrente elétrica. Essa energia é então usada para ajudar na carga elétrica necessária à casa. Andrew Charalambous, o visionário dono do bar, diz que a eletricidade produzida pela pista modificada representa 60% da necessidade energética do lugar.
Designer cria pia que utiliza água desperdiçada para regar planta Feita de concreto polido, a Pia batizada de Jardim Zen possui um canal que aproveita a água utilizada na lavagem das mãos para molhar uma planta. Criado pelo jovem designer Jean-Michel Montreal Gauvreau, a pia vem em bacia dupla ou modelo simples. Se você está preocupado em ensaboar toda a sua plantinha, relaxe. Uma peça no início do canal drena o liquido e só deixa água sem sabão escorrer até a planta.
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Designer cria carregador de iPhone alimentado por aperto de mão
Eis uma invenção que dará uma mão na economia de energia. Carregue seu iPhone com um aperto de mão! O conceito foi chamado de “You can work it out” – uma brincadeira entre encontrar uma solução (work it out) e exercitar-se (to work out) – e foi pensado por Mac Funamizu.
Fonte: http://hypescience.com/
4.2 Exemplos brasilieiros de sustentabilidade Cisternas para captação de chuva no sertão nordestino O que é uma cisterna? Também conhecida como algibe, é um reservatório que recolhe a água da chuva e a armazena para uso doméstico geral, ou seja, é um sistema de reaproveitamento de águas pluviais de baixo custo que faz a captação da água para usos restritos no ambiente doméstico. É considerada uma das melhores e mais eficazes alternativas quando o assunto é economizar água e pode ser instalada em casas, apartamentos e condomínios. FILTRO E SELETOR DE ÁGUAS
CALHA
RESERVATÓRIO DA ÁGUA DA CHUVA
CISTERNA
CLORADOR
REGISTRO
CISTERNA
LADRÃO ANTI REFLUXO
REDUTOR DE TURBULÊNCIA
Ela funciona da seguinte maneira: a água da chuva é levada pelas calhas a um filtro, que eliminará mecanicamente impurezas, como folhas ou pedaços de galhos. Um freio d’água impede que a entrada de água na cisterna agite seu conteúdo e suspenda partículas sólidas 81
depositadas no fundo. Por ser proveniente da chuva, a água obtida não é considerada potável (por poder conter desde partículas de poeira e fuligem, até sulfato, amônio e nitrato), portanto, não é adequada para consumo humano. Ainda assim, pode ser usada nas tarefas domésticas que mais consomem água, como lavar a calçada, o carro e até no vaso sanitário. Porém, tome muito cuidado na hora de instalar sua cisterna no encanamento de sua casa para que a água não chegue perto de uma torneira com água voltada para beber. fonte: http://www.ecycle.com.br
A cisterna é um reservatório coberto feito de placas de cimento ou de plástico, ligado à calha do telhado da casa por meio de tubos. São vistas ao lado ou na frente de quase toda residência na zona rural das cidades nordestinas. Nos últimos 12 anos, foram instalados mais de 1,1 milhão desses recipientes na região do semiárido, que engloba Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe, além do norte de Minas Gerais, segundo o MDS (Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome). Essas cisternas têm capacidade para acumular 16 mil litros de água; suficiente para atender à necessidade básica de uma família de cinco pessoas durante oito meses, de acordo com o ministério.
http://noticias.uol.com.br
Coletores residenciais de água da chuva O período de seca que atingiu São Paulo limitando o acesso a água, trouxe junto uma revolução no que se refere a capatção de água da chuva para pequenas residencias, como mostraremos abaixo:
A chuva bate no telhado da casa, escorre em direção à calha até chegar a uma cisterna. É assim que milhares de famílias do semiárido brasileiro conseguem água para beber, cozinhar, tomar banho. Essa tecnologia simples de captação de água da chuva é a grande aliada em meio à seca. 82
Fossa séptica biodigestora e clorador (Embrapa)
https://www.embrapa.br/
O sistema de Saneamento Básico na Área Rural era composto, inicialmente, por duas tecnologias, a “Fossa Séptica Biodigestora” e o “Clorador Embrapa”, desenvolvidas pelo pesquisador Antônio Pereira de Novaes (falecido). Essas tecnologias, devido ao alcance social e nacional, têm trazido grande retorno à sociedade brasileira.
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa Instrumentação tem feito esforços na divulgação do sistema em todo o território nacional, por meio de parcerias públicas e privadas. Entretanto, tem observado a necessidade da formação de parceiros capacitados dentro da própria instituição, nas diferentes regiões do Brasil, para que o trabalho de divulgação da tecnologia no território nacional seja otimizado em custos e tempo. O projeto teve como objetivo a capacitação de colaboradores da Embrapa, por meio de curso interno, além da capacitação de multiplicadores em eventos realizados em diferentes unidades da Embrapa no território nacional. Além disso, conseguiu suprir uma lacuna do saneamento básico rural, o tratamento da chamada “água cinza”, composta de esgoto que possui quantidade variável de sabões e detergentes (pias, chuveiros, tanques) com a utilização do chamado “Jardim Filtrante”, no qual plantas aquáticas macrófitas - em uma caixa de areia e brita - são utilizadas na depuração do esgoto. https://www.embrapa.br
Estação de Tratamento de Esgotos Uma ETE (Estação de Tratamento de Esgotos) trata os esgotos ditos como sanitários, que advém dos usos normais de uma casa ou empreendimento comercial. Esses esgotos têm na sua composição, dentre outros, matéria orgânica e microrganismos patogênicos. O destino desses esgotos não é controlado, podendo se infiltrar no solo ou correr a céu aberto e cujas consequências podem ser mau cheiro, contaminação do lençol freático e mesmo a proliferação de doenças. 83
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Assim, a população ao receber um sistema de esgotos sanitários completo, incluindo rede coletora e tratamento, se beneficia com a garantia de que seus esgotos estão sendo devidamente afastados do contato das pessoas e corretamente tratados, o que concorre para a melhoria do seu bem estar e saúde.
Estação de Tratamento de Esgotos
Com a implantação da ETE numa cidade, esta passa a ocupar posição privilegiada no cenário nacional, uma vez que, conforme dados do Ministério das Cidades - ano 2001, através do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento – SNIS, apenas 25,6% do volume dos esgotos gerados no país são tratados. Outro benefício da implantação de um sistema de esgotos sanitários com tratamento é a proteção dos recursos hídricos da região que, deixam de receber aleatoriamente em seus cursos d’água esgotos brutos, sem tratamento, passando a receber, em um ponto específico, o efluente da estação, devidamente tratado e controlado através de análises laboratorias de rotina. Há um indicador de referência para o qual, a cada R$1,00 aplicado em obras de saneamento - e neste caso a coleta e tratamento dos esgotos de uma cidade - são economizados R$ 5,00 em serviços hospitalares. Pode-se concluir então que a implantação, operação e controle de um sistema público de esgotos sanitários sendo responsavelmente executados converge para a prática da medicina preventiva, promovendo saúde ao evitar doenças. http://www.saneago.com.br/site/?id=esgoto7
4.3 Dez dicas para economizar água A seguir, algumas das inúmeras dicas para economizar água. Outras poderão ser buscadas e praticadas para que este precioso bem comum tenha seu uso otimizado, racionalizado. 84
1 Banho rápido: Se você demora no banho, você gasta de 95 a 180 litros de água limpa. Banhos rápidos (de no máximo 15 minutos) economizam água e energia. 2 Escovando os dentes e fazendo a barba: Se a torneira ficar aberta enquanto você escova os dentes e faz a barba, você gasta até 25 litros de água. Então, o melhor é primeiro escovar e depois abrir a torneira. 3 Torneira fechada: Torneira aberta é igual a desperdício. Com a torneira aberta, você gasta de 12 a 20 litros de água por minuto. Se deixar pingando, são desperdiçados 46 litros por dia, dependendo da intensidade do gotejamento. 4 Descarga: Uma descarga chega a utilizar 20 litros de água em um único aperto! Então, aperte a descarga apenas o tempo necessário. 5 Lavando louça: Ao lavar louças, não deixe a torneira aberta o tempo todo (assim você desperdiça até 105 litros). Primeiro passe a esponja e ensaboe e depois enxágue tudo de uma só vez. 6 Lavando o carro: Lavar o carro com uma mangueira gasta até 560 litros de água em 30 minutos. Quando precisar lavar o carro, use um balde! 7 Mangueira, vassoura e balde: Ao lavar a calçada não utilize a mangueira como se fosse vassoura. Utilize uma vassoura de verdade e depois jogue um balde d’água (assim você economiza até 250 litros de água). 8 Jardim: Regando plantas você gasta cerca de 186 litros de água limpa em 30 minutos. Para economizar, guarde a água da chuva e regue sempre de manhã cedo, evitando que a água evapore com o calor do dia. 9 Aquário: Quando for limpar o aquário, aproveite a água para regar as plantas. Esta água está enriquecida com nitrogênio e fósforo, o que faz muito bem para as plantas. 10 Pressão política: Não adianta só economizar: é preciso defender políticas que cuidem dos rios e lagos e garantam água potável para todos. 4.4 Educação ambiental nas escolas Diante da degradação do meio ambiente e dos impactos visíveis como falta de água, aquecimento global, calor e frio em excesso, enchentes, secas e muitos outros fenômenos contemporâneos, a escola precisa intensificar a transversalidade dos saberes referentes a questões ambientais e formar uma cultura de defesa do planeta, por ser ela a instituição responsável – depois da família - pela formação de cidadãos éticos, conscientes, críticos e responsáveis. Os problemas ambientais não serão resolvidos simplesmente com o reconhecimento da existência ou identificação dos impactos, são temáticas complexas de cunho histórico, social e cultural. O que requer nova mentalidade e novos hábitos, possíveis de se construir por meio da educação. Assim, embora seja lei que a educação ambiental esteja presente nos currículos escolares por meio de temas transversais explicitados pelos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs, necessário se faz que a abordagem seja acompanhada por ações, objetivando a mu85
dança de hábitos rumo à melhoria da qualidade de vida. Compreendendo que só a formação de sujeitos históricos suprirá as necessidades de transformar, de inovar e suplantar novos valores, Maranhão (2005), afirma que:
Ao divulgar os resultados do último Censo Escolar, o INEP deu destaque ao fato de que 65% das escolas de ensino fundamental inseriram a questão ambiental em suas práticas pedagógicas. Cumprem sua obrigação, já que se trata de um dos temas transversais ao currículo obrigatório. [...] No entanto, sabemos que, devido à precariedade da infraestrutura de nossos estabelecimentos, torna-se difícil para os professores abordar a questão de maneira adequada e com conhecimento de causa. Por isso temos que aplaudir aquelas escolas que se empenham em formar cidadãos e futuros profissionais segundo a ótica do desenvolvimento sustentável. É pouco e os poderes públicos precisam não só fornecer mais recursos humanos e financeiros a fim de que essas ações sejam multiplicadas, mas avaliar sua eficácia. (MARANHÃO, p.4). A mais de 30 anos tem se intensificado debates sobre os problemas ambientais. Quantas conferências? Quantos fóruns? Quantos movimentos foram realizados em prol da sustentabilidade do planeta? Muitos. Porém, os resultados ainda não se efetivaram em ações e políticas capazes de resolver ou controlar o problema. Embora o processo seja lento, por não se mudar hábitos do dia para a noite, é preciso sistematizar a educação ambiental, colocando de forma mais consistente nas escolas. Entendendo que a abordagem ao meio ambiente não deve se ater ao desenvolvimento de projetos esporádicos, mas fazer parte do cotidiano escolar, pois as perspectivas para o futuro estão arraigadas à preservação do mesmo. Neste rumo, os projetos desenvolvidos nas escolas participantes do Programa Agrinho tendem a formar hábitos saudáveis a favor do meio ambiente. 4.5 - Músicas para refletir e sensibilizar A metodologia que lança mão de música na sala de aula é envolvente, dinâmica e eficaz, amplia os discursos que vão bem além do “faça a sua parte”. Ao entrar em contato com os ritmos e melodias das canções reflexivas sobre o meio ambiente, o aluno é facilmente sensibilizado. Ferreira (2002) reforça essa ideia:
Nas diversas religiões, pelas diversas regiões da Terra e ao longo dos milênios de existência do homem, a prática de associar qualquer disciplina à música sempre foi bastante utilizada e demonstrou muitas potencialidades, como auxiliar no aprendizado. (FERREIRA, p.10). A música tem o poder de penetrar no íntimo do ser humano, possibilitando melhor memorização das mensagens e consequentemente uma aprendizagem mais significativa, expressando sempre retratos da realidade, pois tem uma intensa presença na vida cotidiana. 86
“A música pode mudar o mundo porque pode mudar as pessoas”. Bono Vox Absurdo, Vanessa da Mata Havia tanto pra lhe contar A natureza Mudava a forma o estado e o lugar Era absurdo Havia tanto pra lhe mostrar Era tão belo Mas olhe agora o estrago em que está Tapetes fartos de folhas e flores O chão do mundo se varre aqui Essa idéia do natural ser sujo Do inorgânico não se faz Destruição é reflexo do humano Se a ambição desumana o Ser Essa imagem infértil do deserto Nunca pensei que chegasse aqui Auto-destrutivos, Falsas vitimas nocivas? Havia tanto pra aproveitar Sem poderio Tantas histórias, tantos sabores
Capins dourados Havia tanto pra respirar Era tão fino Naqueles rios a gente banhava Desmatam tudo e reclamam do tempo Que ironia conflitante ser Desequilíbrio que alimenta as pragas Alterado grão, alterado pão Sujamos rios, dependemos das águas Tanto faz os meios violentos Luxúria é ética do perverso vivo Morto por dinheiro Cores, tantas cores Tais belezas Foram-se Versos e estrelas Tantas fadas que eu não vi Falsos bens, progresso? Com a mãe, ingratidão Deram o galinheiro Pra raposa vigiar
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O nome da música: ABSURDO, já traz uma prévia da visão do compositor sobre o comportamento autodestrutivo humano ao meio ambiente, esquecendo que faz parte do mesmo. Numa constante comparação entre como era e como está a natureza, a canção enfatiza que o progresso passou a explorar o valor da vida.
Xote Ecológico, Luiz Gonzaga Não posso respirar, não posso mais nadar A terra está morrendo, não dá mais pra plantar E se plantar não nasce, se nascer não dá Até pinga da boa é difícil de encontrar Não posso respirar, não posso mais nadar A terra está morrendo, não dá mais
pra plantar E se plantar não nasce, se nascer não dá Até pinga da boa é difícil de encontrar Cadê a flor que estava aqui? Poluição comeu E o peixe que é do mar? Poluição comeu E o verde onde é que está? Poluição comeu Nem o Chico Mendes sobreviveu
O tema da música Xote Ecológico é o meio ambiente e extrapola os limites de uma única ciência, pois envolve política, economia, história, ecologia e geografia, sendo um ótimo objeto interdisciplinar. Enfatiza na letra a destruição dos recursos naturais e seu impacto, fazendo uma crítica e ao mesmo tempo um questionamento sobre a agressão feita pelo homem à natureza.
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Sobradinho, Sá e Guarabyra O homem chega, já desfaz a natureza Tira gente, põe represa, diz que tudo vai mudar O São Francisco lá pra cima da Bahia Diz que dia menos dia vai subir bem devagar E passo a passo vai cumprindo a profecia do beato que dizia que o Sertão ia alagar
bém vire sertão
O sertão vai virar mar, dá no coração O medo que algum dia o mar tam-
Remanso, Casa Nova, Sento-Sé Pilão Arcado, Sobradinho Adeus, Adeus ...
Adeus Remanso, Casa Nova, Sento-Sé Adeus Pilão Arcado vem o rio te engolir Debaixo d’água lá se vai a vida inteira Por cima da cachoeira o gaiola vai subir Vai ter barragem no salto do Sobradinho E o povo vai-se embora com medo de se afogar.
Sobradinho é uma música de protesto contra a construção da usina de Sobradinho no interior da Bahia. A barragem construída no rio São Francisco deu origem a um imenso lago que inundou cidades que são citadas na música, expulsando da região seus moradores. Os compositores, principais nomes do rock rural, já começa a canção expondo essa situação “O homem chega e já desfaz a natureza/Tira a gente põe represa, diz que tudo vai mudar”. E para impactar mais a melodia, ainda utilizaram a profecia de Antônio Conselheiro de que o sertão vai virar mar e o mar vai virar sertão, mostrando de forma profética que a intervenção do homem na natureza pode provocar irreversíveis alterações no espaço geográfico.
Herdeiros do Futuro, Toquinho A vida é uma grande Amiga da gente Nos dá tudo de graça Pra viver
E pra esse futuro ser feliz Vamos ter que cuidar Somos os herdeiros do futuro Bem desse país
Sol e céu, luz e ar Rios e fontes, terra e mar
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Vamos ter que cuidar Bem desse país Será que no futuro Haverá flores? Será que os peixes Vão estar no mar? Será que os arco-íris Terão cores? E os passarinhos Vão poder voar? Será que a terra Vai seguir nos dando O fruto, a folha O caule e a raiz?
Será que a vida Acaba encontrando Um jeito bom Da gente ser feliz? Vamos ter que cuidar Bem desse país Vamos ter que cuidar Bem desse país Será que no futuro Haverá flores? Será que os peixes Vão estar no mar? Será que os arco-íris Terão cores?
E os passarinhos Vão poder voar? Será que a terra Vai seguir nos dando O fruto, a folha O caule e a raiz? Será que a vida Acaba encontrando Um jeito bom Da gente ser feliz? Vamos ter que cuidar Bem desse país Vamos ter que cuidar Bem desse país
A música do Toquinho apresenta uma preocupação com as gerações futuras frente ao nível de degradação ambiental, convidando os brasileiros a cuidar melhor desse país.
Amazônia, Roberto Carlos Tanto amor perdido no mundo Verdadeira selva de enganos A visão cruel e deserta De um futuro de poucos anos Sangue verde derramado O solo manchado Feridas na selva A lei do machado Avalanches de desatinos
Numa ambição desmedida Absurdos contra os destinos De tantas fontes de vida Quanta falta de juízo Tolices fatais Quem desmata, mata Não sabe o que faz Como dormir e sonhar Quando a fumaça no ar 90
Arde nos olhos de quem pode ver Terríveis sinais, de alerta, desperta Pra selva viver Amazônia, insônia do mundo Amazônia, insônia do mundo Todos os gigantes tombados Deram suas folhas ao vento Folhas são bilhetes deixados Aos homens do nosso tempo Quantos anjos queridos Guerreiros de fato De morte feridos Caídos no mato Como dormir e sonhar
Quando a fumaça no ar Arde nos olhos de quem pode ver Terríveis sinais, de alerta, desperta Pra selva viver Amazônia, insônia do mundo Amazônia, insônia do mundo Amazônia, insônia do mundo Amazônia, insônia do mundo Amazônia, insônia do mundo Amazônia, insônia do mundo Amazônia, insônia do mundo Amazônia, insônia do mundo
A Amazônia é uma região importante para todos os povos do planeta, porém também é vítima de degradação o que causa uma preocupação global, como mostra o refrão da canção analisada: “Amazônia, insônia do mundo”. Na letra ainda podemos perceber que os sinais de alerta são visíveis e devem ser considerados para a “pra selva viver”.
Aquecimento Global, Mercado Negro É urgente parar com tudo o que prejudica o planeta, é urgente parar pra evitar efeitos piores, incontornáveis e irreversíveis. Todos os dias nos jornais na televisão Notícias de deixar o coração entre as mãos Numa parte do globo, cheias inundações Noutra parte do globo, secas complicações O homem caminha fingindo, até quando? Como avestruz com a cabeça enterrada
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Enquanto alterações climáticas e ambientais Provocam desiquilíbrios à escala mundial Quem com fogo brinca, com fogo queima-se È preciso parar e encontrar a solução Quem com fogo brinca, com fogo queima-se Amanhã já é tarde, é urgente união É obrigatório agir, não enganam os relatórios Aos olhos de todos, como num miradouro Nosso planeta, é nosso tesouro Vamos dar um grito sonoro, todos em coro Tanta brutalidade, atrocidades Só trazem calamidade, debilidade É melhor emendar os costumes E viver com dignidade O Pior cego é aquele que olha e não quer ver Na música Aquecimento global fica explicito que somos alertados todos os dias sobre quão frágil está o planeta e da urgência de repensarmos nossos costumes poluidores e depredatórios. 4.6 - Água, uma abordagem constante no Programa Agrinho Em 2008 o Programa Agrinho ao ser implantado em terras goianas, trouxe como tema “Água, agrotóxicos, agricultura, seus valores e resíduos sólidos”, dando continuidade em 2009, retomou a temática “Meio ambiente: água, solo e agricultura, resíduos sólidos, agrotóxicos, mudanças climáticas e biodiversidade”. Nos anos subsequententes, por ser o meio ambiente o pano de fundo de todas as ações, direta ou indiretamente as discussões abarcaram o tema água nas ações cotidianas da escola. Em 2016 recorre novamente temática, sendo “Água: preservação e uso no campo e na cidade”. Como podemos perceber, a temática água não é novidade no Programa Agrinho, do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural / SENAR Goiás, mas é uma necessidade, uma vez que é um dos problemas mais preocupantes da atualidade, por ser um recurso essencial para a biodiversidade e a todas formas de produções, responsáveis pelo desenvolvimento econômico e social de qualquer país. O reconhecimento de que “a fonte está secando” causa pânico, impondo inciativas de responsabilidade social de diversas empresas, instituições governamentais e não-governamentais, enfim do ser humano em geral. E as escolas - que atuam na formação plena do cidadão - exercem papel fundamental no processo de conscientização e mudanças de hábitos. Em todos esses anos de Programa Agrinho, as escolas do Estado de Goiás têm dado verdadeiro show de cidadania, transformando realidades e plantando uma cultura de colocar o conhecimento a serviço do bem-estar e da vida em seus mais amplos contextos. A fidelidade ao lema “Saber e atuar para melhorar o mundo” está estampada nos trabalhos enviados para o Concurso Agrinho, que expressam a certeza de que a educação é o caminho certo para se promover a cidadania e preparar um presente e um futuro mais justos e sustentáveis. 92
Visando melhor orientar professores e demais participantes da escola quanto ao trabalho sobre a temática do ano, a seguir legislação específica; de modo que cada vez mais os projetos tenham maior impacto social na comunidade participante, levando em consideração a legislação vigente.
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4.7 – Lei n° 9.433, a Lei das Águas
A Lei das Águas, de nº 9.433, foi criada em 8 de janeiro de 1997, que instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos e criou o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. 93
Antes, a proteção legal das águas brasileiras se dava de forma indireta. Seu uso era determinado por normas de caráter econômico e sanitário, ou relativas ao direito de propriedade. Subsequente, tratada como um bem foi alvo de legislação própria, o Código das Águas de 1934. A necessidade de proteger as águas dentro da estrutura global ambiental, integrando os recursos hídricos ao meio ambiente, só foi possível a partir da Constituição de 1988 e, mais tarde a lei de 1997, entendendo que essa legalidade seria critério para desenvolvimento sustentável e manutenção do meio ambiente ecologicamente equilibrado. Entre tantas abordagens significativas, a lei elenca a compreensão de que a água é um bem público (não pode ser controlada por particulares) é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico, mas que deve priorizar o consumo humano e de animais, em especial em situações de escassez. A água deve ser gerida de forma a proporcionar usos múltiplos (abastecimento, energia, irrigação, indústria) e sustentáveis, e esta gestão deve se dar de forma descentralizada, com participação de usuários, da sociedade civil e do governo. Abaixo citamos alguns tópicos da lei:
Assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados. “Lei das águas” – Lei nº 9,433/1997 Lei Nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997 TÍTULO I DA POLÍTICA NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS CAPÍTULO I DOS FUNDAMENTOS Art. 1º A Política Nacional de Recursos Hídricos baseia-se nos seguintes fundamentos: I - a água é um bem de domínio público; II - a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico; III - em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo humano e a dessedentação de animais; IV - a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas; V - a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos; VI - a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades. CAPÍTULO II DOS OBJETIVOS Art. 2º São objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos: I - assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos; 94
II - a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte aquaviário, com vistas ao desenvolvimento sustentável; III - a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem natural ou decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais. CAPÍTULO III DAS DIRETRIZES GERAIS DE AÇÃO Art. 3º Constituem diretrizes gerais de ação para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos: I - a gestão sistemática dos recursos hídricos, sem dissociação dos aspectos de quantidade e qualidade; II - a adequação da gestão de recursos hídricos às diversidades físicas, bióticas, demográficas, econômicas, sociais e culturais das diversas regiões do País; III - a integração da gestão de recursos hídricos com a gestão ambiental; IV - a articulação do planejamento de recursos hídricos com o dos setores usuários e com os planejamentos regional, estadual e nacional; V - a articulação da gestão de recursos hídricos com a do uso do solo; VI - a integração da gestão das bacias hidrográficas com a dos sistemas estuarinos e zonas costeiras. Art. 4º A União articular-se-á com os Estados tendo em vista o gerenciamento dos recursos hídricos de interesse comum. CAPÍTULO IV DOS INSTRUMENTOS Art. 5º São instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos: I - os Planos de Recursos Hídricos; II - o enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos preponderantes da água; III - a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos; IV - a cobrança pelo uso de recursos hídricos; V - a compensação a municípios; VI - o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos. Referente às seções de que trata a lei, citamos: Planos de Recursos Hídricos: são planos diretores que visam a fundamentar e orientar a implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e o gerenciamento dos recursos hídricos. Enquadramento dos corpos de água em classes: segundo os usos preponderantes da água, visa a: assegurar às águas qualidade compatível com os usos mais exigentes a que forem destinadas; diminuir os custos de combate à poluição das águas, mediante ações preventivas permanentes. Outorga de direitos de uso de recursos hídricos: tem como objetivos assegurar o controle quantitativo e qualitativo dos usos da água e o efetivo exercício dos direitos de acesso à água. A outorga efetivar-se-á por ato da autoridade competente do Poder Executivo Federal, dos Estados ou do Distrito Federal. A outorga de direito de uso de recursos hídricos poderá ser 95
suspensa parcial ou totalmente. Toda outorga de direitos de uso de recursos hídricos far- se-á por prazo não excedente a trinta e cinco anos, renovável. A outorga não implica a alienação parcial das águas, que são inalienáveis, mas o simples direito de seu uso. Cobrança pelo uso de recursos hídricos objetiva: reconhecer a água como bem econômico e dar ao usuário uma indicação de seu real valor; incentivar a racionalização do uso da água; obter recursos financeiros para o financiamento dos programas e intervenções contemplados nos planos de recursos hídricos. Os valores arrecadados com a cobrança pelo uso de recursos hídricos serão aplicados prioritariamente na bacia hidrográfica em que foram gerados. Da composição do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos integram as instituições: CONSELHO NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS • Promover a articulação do planejamento de recursos hídricos com os planejamentos nacional, regional, estaduais e dos setores usuários; deliberar sobre os projetos de aproveitamento de recursos hídricos cujas repercussões extrapolem o âmbito dos Estados em que serão implantados; analisar propostas de alteração da legislação pertinente a recursos hídricos e à Política Nacional de Recursos Hídricos; acompanhar a execução e aprovar o Plano Nacional de Recursos Hídricos e determinar as providências necessárias ao cumprimento de suas metas; estabelecer critérios gerais para a outorga de direitos de uso de recursos hídricos e para a cobrança por seu uso. AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS • Implementar e coordenar a gestão compartilhada e integrada dos recursos hídricos e regular o acesso a água, promovendo o seu uso sustentável em benefício da atual e das futuras gerações. COMITÊ DE BACIA HIDROGRÁFICA • Promover o debate das questões relacionadas a recursos hídricos e articular a atuação das entidades intervenientes; arbitrar, em primeira instância administrativa, os conflitos relacionados aos recursos hídricos; aprovar o Plano de Recursos Hídricos da bacia; estabelecer critérios e promover o rateio de custo das obras de uso múltiplo, de interesse comum ou coletivo. DA SECRETARIA EXECUTIVA DO CONSELHO NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS A Secretaria Executiva do Conselho Nacional de Recursos Hídricos será exercida pelo órgão integrante da estrutura do Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal, responsável pela gestão dos recursos hídricos • DAS ORGANIZAÇÕES CIVIS DE RECURSOS HÍDRICOS São consideradas, para os efeitos desta Lei, organizações civis de recursos hídricos: • I - consórcios e associações intermunicipais de bacias hidrográficas; • II - associações regionais, locais ou setoriais de usuários de recursos hídricos; • III - organizações técnicas e de ensino e pesquisa com interesse na área de recursos hídricos; • IV - organizações não-governamentais com objetivos de defesa de interesses difusos e coletivos da sociedade; 96
• V - outras organizações reconhecidas pelo Conselho Nacional ou pelos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos. Como podemos perceber várias ações tem sido feitas, varios esforços empreendidos para preservar esse bem comum tão importante e essencial para a vida na Terra, e todo este esforço para alcançar o resultado esperado dependa da sua participação, seja participando, praticando, incentivando e ensinando. Por fim, sugerimos que a pesquisa seja constante no fazer pedagógico, tanto sobre o tema em comento, quanto em atividades cotidianas do professor e da escola. Neste sentido, bibliotecas e sites confiáveis de pesquisa poderão ser consultados para embasar o trabalho nas escolas. Ademais, esperamos que o material composto pelo livro ora concluído seja de relevante importância para o embasamento dos projetos realizados em cada escola e que estes estejam em consonância com proposta pedagógica do Programa Agrinho e com regulamento do concurso do citado programa.
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