Livro Proposta Pedagócia Agrinho 2016

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PROPOSTA PEDAGÓGICA Educação Infantil Ensino Fundamental (1o ao 9o ano) Ensino Médio e Educação de Jovens e Adultos Egressos (com ensino médio) de ações e programas do SENAR Goiás

Maria da Luz Santos Ramos Goiânia 2016


SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL – SENAR Goiás Administração Regional de Goiás José Mário Schreiner Presidente do Conselho Administrativo do SENAR Goiás Eurípedes Bassamurfo da Costa Superintendente do SENAR/Goiás Rosilene Jaber Alves Gestora do Departamento de Projetos de Inovação do SENAR/Goiás

PROPOSTA PEDAGÓGICA Água: Preservaçâo e uso no campo e na cidade Coordenação do Programa Agrinho Maria de Fátima Araújo de Farias Autora: Maria da Luz Santos Ramos Colaboração: Maria do Disterro Santos Revisão: Jaime Ricardo Ferreira Diagramação: Marcus Lisita Rotoli Capa: Rui Benevides

RAMOS, Maria da Luz Santos. R144a Água : preservação e uso no campo e na cidade: proposta : proposta pegagógica / Maria da Luz Santos Ramos. - Goiânia: SENAR, 2016.

84 p.: il. Programa Agrinho ISBN: 978-85-64232-18-1 1. Água - Preservação 2. Meio ambiente 3. Educação ambiental 5. Educação - Ensino I. Titulo CDU: 556.18(81) Informações: www.senargo.org.br email: agrinho@senar-go.com.br


O Programa Agrinho entra em sua 9ª edição em 2016 com a mesma expectativa das edições anteriores: mais qualidade de vida e saúde em inúmeros projetos que transformem vidas e comunidades. A cada ano, o programa se aperfeiçoa e mobiliza mais municípios, escolas, professores e alunos. Tudo isso com o único propósito – gerar melhoria na educação. Em 2015, um ano difícil para o nosso país, onde a economia, política e ética sofreram uma grave crise, o Agrinho superou as adversidades e bateu recordes e cresceu grandiosamente deixando o legado de um trabalho coeso e comprometido com a qualidade de vida, saúde e meio ambiente. Estamos em um momento de análise, compreensão e resiliência. A instabilidade prevista para 2016 não pode e não vai nos parar. Devemos acreditar que, assim como em outras situações a agropecuária sustentou a economia do Brasil, ela continuará a ser a mola propulsora do país. E por esse motivo daremos continuidade ao nosso trabalho. O Agrinho faz parte de um rico portfólio

Foto: SENAR Goiás/2015

Caros(as) Professores(as),


do Sistema FAEG/SENAR que preza pela qualidade de vida, melhoria da educação e desenvolvimento sustentável do estado de Goiás. Com o lema: “Saber e atuar para melhorar o mundo” e tema “Água: preservação e uso no campo e na cidade” esperamos que os projetos e trabalhos desenvolvidos possam contribuir sobremaneira para que esses objetivos se cumpram. Nos orgulha muito fazer parte desse programa. A cada ano ele se supera, cresce, avança e nos surpreende. Nosso desejo a todos os professores do Estado de Goiás é de que esse ano seja cheio de saúde, sucesso profissional e familiar e muita qualidade de vida. Um grande e afetuoso abraço a cada um de vocês!

José Mário Schreiner

Foto: SENAR Goiás/2015

Presidente do Conselho Administrativo do SENAR/GO


CARTA DA AUTORA .............................................................................................................................. 7 1. INTRODUÇÃO..................................................................................................................................... 9 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO-METODOLÓGICA...................................................... 15 2.1. Concepções sobre Aluno, seu Desenvolvimento e Aprendizagem............................................................................................................. 15 3. FINALIDADES E OBJETIVOS EDUCACIONAIS ............................................................ 22 4. MARCO CURRICULAR ................................................................................................................ 26 5. MATRIZ CURRICULAR ................................................................................................................ 31 6. CONTEÚDOS ................................................................................................................................................ 32 7. PROJETOS DE ESTUDO ............................................................................................................. 34 7.1. Justificativa ........................................................................................................................ 34 7.2. Estrutura para Elaboração do Projeto de Estudo da Categoria Agrinho ........................................................................................................ 38 7.2.1. Capa ...................................................................................................................... 39 7.2.2. Folha de rosto ................................................................................................. 40 7.2.3. Identificação ..................................................................................................... 40 7.2.4. Justificativa ........................................................................................................ 41


7.2.5. Objetivos ............................................................................................................ 42

- Conceituais .................................................................................................... 42

- Procedimentais ........................................................................................... 42

- Atitudinais ...................................................................................................... 42

7.2.6. Disciplinas e Conteúdo ............................................................................. 42 7.2.7. Metodologia .................................................................................................... 43 7.2.8. Recursos Materiais ........................................................................................ 44 7.2.9. Orientações Didáticas ................................................................................ 44 7.2.10. Público Beneficiado ..................................................................................... 44 7.2.11. Cronograma ..................................................................................................... 45 7.2.12. Avaliação ............................................................................................................ 45 7.2.13. Produção Final ................................................................................................ 46 7.2.14. Conclusão .......................................................................................................... 46 7.2.15. Referências Bibliográficas ........................................................................ 47 7.3. Sugestões de verbos usados para formular objetivos referentes aos conteúdos: Conceituais, Procedimentais e Atitudinais ................ 47 7.3.1. Objetivos Relacionados aos Conteúdos Conceituais ............ 47 7.3.2. Objetivos Relacionados aos Conteúdos Procedimentais ��� 49 7.3.3. Objetivos Relacionados aos Conteúdos Atitudinais................ 50 7.4. Por que é Importante Trabalhar com Projetos de Estudo na Escola?............................................................................................................................ 52 7.4.1. Função do Projeto ........................................................................................ 52 7.4.2. Organização de um Projeto..................................................................... 52 7.4.3. Vantagens da Pedagogia de Projetos .............................................. 53 8. os gêneros textuais e o programa agrinho 2016 ........................... 56 9. A ARTE COMO PAPEL FUNDAMENTAL NA FORMAÇÃO DA CRIANÇA E O PROGRAMA AGRINHO 2016 ..................................................... 63 10. agrinho JOVEM 2016 ........................................................................................................ 69 REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................... 82


Caros colegas, Há nove anos o Sistema FAEG/SENAR deu início à caminhada de parceria com as instituições formais de ensino em nosso Estado com a implantação do Programa Agrinho. De lá para cá o programa só tem evoluído com números bastante significativos de adesões pelos municípios goianos. Milhares de professores já foram capacitados para dar sequência a nossa proposta de trabalho. O Programa Agrinho é uma ação de Promoção Social e de Educação do Sistema FAEG/SENAR-AR/GO e hoje mobiliza todos os seus colaboradores na sua execução. É um programa que nasceu no Paraná em 1995, iniciou suas atividades em Goiás em 2008 e nos enche de orgulho pela sua abrangência, importância e comprometimento com as causas ambientais e sociais. Os projetos apresentados pelos profissionais de educação ao longo desses anos mostram o quanto o Programa Agrinho já modificou a realidade dos municípios goianos, tendo inclusive, transformado algumas de suas ações em Leis Municipais que beneficiam toda a comunidade e não só as escolas em que surgiram tais ações. Contribuindo assim, para uma nova postura e mentalidade frente às questões socioambientais. Assim, para auxiliar o trabalho do professor em sala de aula foi que elaboramos a Proposta Pedagógica e esperamos que ela possa contribuir

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Proposta Pedagógica


Foto: Acervo pessoal. Maria da Luz

de forma significativa e eficiente nos seus projetos de trabalho com vistas a alcançar o objetivo desejado por todos nós. Participar de toda essa evolução do Programa Agrinho e fazer parte de tamanho sucesso nos enche de orgulho e satisfação. Queremos agradecer a todos aqueles que acreditam, que contribuem e que fazem da família Agrinho uma família feliz e de muito êxito.

Grata pela oportunidade, bom trabalho e sucesso! A Autora

Profa. Dra. Maria da Luz S. Ramos1

1. Pedagoga, Psicopedagoga, Sociopsicomotricista Ramain Thiers, Mestre e Doutora em Educação. Atualmente é concursada na SME de Goiânia e PUC Goiás, professora do Curso de Pedagogia e Coordenadora do Curso de especialização em Educação Infantil/PUC Goiás e Coordenadora Adjunta do Pacto Nacional Pela Alfabetização na Idade Certa - PNAIC.

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A natureza do conhecimento humano é inventiva, construtiva, histórica e social. Nela, as informações não são pré-fixadas, mas funcionam como âncoras que geram transformações e, desse modo, novos conhecimentos. A imagem que temos do mundo é fruto da criação e combinação de esquemas do nosso pensamento, das nossas formas de representá-lo. Quando conseguimos operar mentalmente sobre o mundo, isto é, refletir com autonomia a respeito de suas conformações, então possuímos as condições necessárias para a elaboração do saber e temos a possibilidade de transformá-lo. A aquisição de conhecimentos processa-se na troca, na interação do aluno com o objeto a conhecer e se efetua no processo de internalização que resulta dessa experiência. Justifica-se assim a intencionalidade educativa de trazer para o convívio íntimo dos alunos e adolescentes, elementos essenciais sobre diferentes temas como: ética, cidadania, saúde, responsabilidade social e meio ambiente, a partir dos quais os alunos poderão estruturar ideias transformadoras sobre o mundo em que vivem, uma vez que a aprendizagem não é um fruto de geração espontânea, mas depende de informações e intervenções pedagógicas adequadas, e que façam sentido para o aluno num processo contínuo de mediação. O desenvolvimento do Programa Agrinho se fará por meio de atividades e Projetos de Estudos buscando garantir

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Foto: Núbia Martins Costa Lemes/2014

1. Introdução

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a transversalidade e a interdisciplinaridade dos saberes. Os Projetos de Estudo estão ancorados nas seguintes Áreas de Conhecimento: Códigos e Linguagens, Ciências da Natureza e Matemática e Ciências Humanas. Eles são desenvolvidos a partir de temas pertinentes a um determinado eixo de trabalho, podendo ainda haver outros eixos de trabalho a serviço de um mesmo Projeto de Estudo. Os Projetos de Estudos têm a função de garantir a todos os alunos a participação em diferentes situações de interação com os objetos do conhecimento, considerando não só a interdisciplinaridade como também a transversalidade dos saberes. Os Projetos de Estudos que forem desenvolvidos devem estar – assim como as atividades que compõem o Programa Agrinho 2016 – fundados nas seguintes premissas:

 Garantir à linguagem oral e escrita o caráter de objeto social. Isso traz inúmeras implicações, por exemplo, usa-se a língua escrita em contextos diversificados, com toda espécie de materiais escritos – jornais, revistas, livros, panfletos, encartes etc. – para o aluno descobrir onde há algo escrito, perguntar por que foi escrito, inferir o que está escrito e, por último, ler.  Estimular a interação dos alunos com a língua escrita nos mais variados contextos, participando de atos de leitura e escrita significativos a partir de seu uso social. Proposta Pedagógica

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Foto: Ana Paula Ferreira/2014

 Participação de atividades de produção e compreensão da linguagem oral no sentido de incrementar a competência linguística oral dos alunos, ampliando o vocabulário e favorecendo a comunicação nas diversas situações de interação presentes no cotidiano.


 Participação em atividades de alfabetização que não se restrinjam apenas ao seu sentido estrito, mas que tenham como objetivo central e fundante o letramento.  Consideração ao gesto como linguagem do aluno e ajudá-lo a expressar-se, tendo também o gesto como comunicador dos desejos, das necessidades e dos conhecimentos.  Promoção de brincadeiras de faz-de-conta e todas as iniciativas que os alunos tomam em conjunto, ou sozinhas, para lidar com o mundo de uma forma imaginária, tendo o brinquedo como fundamental para o desenvolvimento da criança.  Promoção de atividades de desenho para que o aluno se organize no espaço e no tempo. Desenhar é representar através de símbolos e essa é uma capacidade humana formadora da consciência e independe da idade.

Foto: Cintia de Cássia R. Silva/2014

 Promoção de atividades escritas, tendo a narrativa como estímulo ao desenvolvimento da argumentação, à sequenciação lógica e à reflexão, também como maneira de conhecer muito mais sobre o mundo, sobre as pessoas e sobre si mesmas. A atividade escrita deve fazer parte da vida do aluno, do cotidiano escolar como forma de organização no tempo (passado, presente e futuro).

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 Formação de conceitos matemáticos por meio do levantamento de hipóteses para saber lidar com o mundo e aprender a classificar, comparar, ordenar, incluir, tirar, pôr, acrescentar, diminuir, multiplicar, dividir, medir, construir etc. Foto: http://www.corbisimages.com

 Formação da consciência corporal, dos movimentos, da força, do equilíbrio, dos jogos corporais, das atividades grupais e ajudas mútuas, condições necessárias para o desenvolvimento. A linguagem corporal é comunicação e atuação do aluno no mundo.  Abordagem das artes visuais em três dimensões: a histórica, a do fazer artístico e a da apreciação das manifestações e produções artísticas e estéticas. As artes plásticas e dramáticas são bens culturais que precisam ser apropriados pelos alunos, e também construídos por eles.

A aprendizagem não é um fruto de geração espontânea, mas depende de informações e intervenções pedagógicas adequadas.

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Foto: Warnner Julles Theodoro/2014

 Criação de oportunidades para se obter os conhecimentos do mundo físico e social. Desde cedo os alunos necessitam conhecer as descobertas da humanidade, os valores sociais de sua cultura e as diferentes maneiras de vida das pessoas.  Observação dos valores culturais e sua influência na qualidade das produções concretas de vida. Os alunos precisam aprender como as coisas funcionam, por que são de uma forma e não de outra, e como poderiam ser.  Implementação de uma rotina na sala de aula a partir da observação dos interesses dos alunos e das necessidades da aprendizagem. Essa rotina não deve engessar o desenvolvimento da aula, mas organizar o fazer pedagógico e dar segurança aos alunos.  Apropriação das regras colocadas pelos alunos e por outras pessoas. O fazer pedagógico deve oportunizar situações que envolvam a elaboração e o cumprimento dessas regras.

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São os projetos de estudos que devem garantir a todos os alunos a participação em diferentes situações de interação com os objetos de conhecimento, considerando não só a interdisciplinaridade, como também a transversalidade dos saberes.

Foto: http://www.corbisimages.com

Quanto ao desenvolvimento dos Projetos de Estudo, entendemos que cabe à professora e ao professor assegurar que organização do tempo e dos espaços priorize o desenvolvimento integral do aluno considerando suas necessidades básicas psicomotoras, cognitivas, afetivas, de higiene e de segurança.

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2. Fundamentação Teórico-Metodológica A rotina da sala de aula deve ser estabelecida a partir da observação dos interesses dos alunos e das necessidades da aprendizagem. - BRAIDOTTI; RAMOS, 2013 –

A Educação Infantil é entendida nesta proposta pedagógica como uma das fases da educação formal dos sujeitos e não se restringe à temática assistencialista, recreativa e preparatória que norteou a organização da educação infantil durante várias décadas. O Ensino Fundamental – assim como a Educação Infantil – inclui as fases escolares compreendidas como aquelas que contribuem de maneira decisiva para a formação da consciência que o aluno terá de si mesmo, de suas capacidades, de seus limites e de seus desejos. Cabe à instituição de ensino favorecer e valorizar a autonomia do aluno concebido nesta proposta como sujeito histórico, social, cultural e, portanto, sujeito do conhecimento. O fazer pedagógico colaborativo traz para a discussão com os alunos

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Foto: Rosana Macedo/2014

2.1. Concepções de Aluno, Desenvolvimento e Aprendizagem

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Todas as funções psíquicas superiores são relações interiorizadas de ordem social, são o fundamento da estrutura social da personalidade. Sua composição, estrutura genética e modo de ação, numa palavra, toda sua natureza é social (VYGOTSKY, 1995, p. 151).

Essa concepção rompe com o estigma de aluno inacabado e, consequentemente, de uma escola ocupada em preparar para o conhecimento e não de agir com e sobre o conhecimento. É importante considerar os alunos como seres em formação, mas que nascem em uma sociedade, com direitos e deveres já institucionalizados, fazem parte da 1. As funções psicológicas superiores são operações psicológicas qualitativamente novas e mais elevadas, como, por exemplo: linguagem, memória lógica, atenção voluntária, formação de conceitos, pensamento verbal etc.

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Foto: http://www.corbisimages.com

diferentes temas como ética, cidadania, saúde, responsabilidade social e meio ambiente, tais pontos devem dentro das grandes áreas do conhecimento – Códigos e Linguagens, Ciências da Natureza e Matemática e as Ciências Humanas –, uma vez que é a escola, junto com a família, que inicia o aluno no mundo do conhecimento sistematizado pelo homem ao longo da história. Como sujeito histórico, social e cultural, o aluno, ao mesmo tempo em que constitui o mundo, torna-se constituído por ele. Isso quer dizer que, enquanto age no meio, causando transformações a partir das suas experiências, dialeticamente sofre interferências dele. É, portanto, alguém que interage com o conhecimento de forma dinâmica e intensa, desenvolvendo funções psicológicas superiores1, constituindo-se enquanto cidadão e sujeito do saber. O desenvolvimento dessas funções se dá sempre pelo processo de mediação semiótica, no interior das relações sociais, apresentando uma natureza histórica de origem sócio-cultural. Isso quer dizer que


comunidade dos homens e, por isso, precisam ser respeitados em seu desenvolvimento físico, motor, afetivo, cognitivo, social e artístico. Esta proposta pedagógica propõe-se a desenvolver um trabalho educacional que considere as diferenças individuais, a diversidade e as peculiaridades dos alunos de cada faixa etária atendida favorecendo o processo de internalização bem como a integralidade do processo de elaboração conceitual – um dos modos superiores de ação consciente – apreendida e objetivada na interação social, nas condições concretas de produção humana. É, portanto, considerada [...] como um modo culturalmente desenvolvido de os indivíduos refletirem cognitivamente suas experiências, resultante de um processo de análise (abstração) e de síntese (generalização) dos dados sensoriais, que é mediado pela palavra e nela materializado (FONTANA, 2003, p. 120).

Foto: http://www.corbisimages.com

O aluno, desde seus primeiros momentos de vida, está imerso em um sistema de significações sociais. Cabe à escola incorporá-lo ativamente à reserva de ações e significados produzidos e acumulados historicamente. Pela mediação do outro, revestida de gestos, atos e palavras, o aluno vai se apropriando e elaborando as formas de atividade prática e mental

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consolidadas de sua cultura, num processo em que pensamento e linguagem articulam-se dinamicamente. A linguagem, com suas funções designativa, analítica e generalizadora, mediatiza todo o processo de elaboração conceitual da aluno, objetivando-o, integrando e direcionando as operações mentais envolvidas.

A criança começa a fazer sentido do mundo interagindo nele com os outros: no curso de seu desenvolvimento, o universo de suas experiências se amplia, possibilitando uma crescente capacidade de conceitualização, de verbalização e de comunicação dessas experiências; concomitantemente, aumenta a possibilidade de elaboração do pensamento e de construção conjunta do conhecimento, o que, por sua vez conduz a um nível cada vez maior de conscientização e participação efetiva da sociedade. (SMOLKA, 2008, p. 02)

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Foto: Sônia Menezes/2014

Do ponto de vista da abordagem histórico-cultural que fundamenta esta proposta, a aprendizagem antecede o desenvolvimento. Segundo Cruz e Fontana (1997:63) a aprendizagem e o desenvolvimento são processos que “[...] caminham juntos desde o primeiro dia da vida da criança e o primeiro – o aprendizado – suscita e impulsiona o segundo – o desenvolvimento.”

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O processo de desenvolvimento, na perspectiva histórico-cultural, é compreendido como o processo por meio do qual o sujeito internaliza os modos culturalmente construídos de pensar e agir no mundo. Este processo constrói-se nas relações com o outro, indo do social para o individual.

Desse modo, o papel do professor toma uma dimensão crucial no processo ao lado da interação com os colegas seus mais variados níveis de desenvolvimento. A heterogeneidade de níveis transforma-se em vantagem em vez de ser vista como um empecilho, pois, segundo Vygotsky (1995), é na interação com os pares em diferentes momentos de aprendizagem que se criam as novas possibilidades de desenvolvimento. Vygotsky (1995) nomeou essas possibilidades de Zonas de Desenvolvimento Proximal e é exatamente nessas zonas que o professor deve intervir mediando o contato com o conhecimento. De acordo com o autor, há um plano de desenvolvimento real que corresponde às funções já estabelecidas, àquilo que o sujeito é capaz de realizar por si só. Há ainda outro plano, que se

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Foto: http://www.corbisimages.com

O caminho do objeto do conhecimento até o aluno e deste até o objeto passa através de uma outra pessoa. Essa estrutura humana complexa é o produto de um processo de desenvolvimento profundamente enraizado nas ligações entre história individual e história social (VYGOTSKY, 1991, p. 37).

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refere às possibilidades de desenvolvimento. A ZDP é definida por Vygotsky como sendo:

A ZDP pode ser compreendida pela observação de que um sujeito em desenvolvimento pode resolver tarefas, levantar hipóteses, encontrar soluções para problemas em colaboração com o adulto ou companheiros mais velhos ou mais experientes. A ZDP não pode ser percebida pela idade, pelo sexo, pelas diferenças que segregam, pelas deficiências ou pelo nível de desempenho escolar. Ela mostra-se na dinâmica da evolução mental durante o processo de instrução e no relativo êxito dela. “A Zona de Desenvolvimento Próximo

Pela mediação do outro, revestida de gestos, atos e palavras, o aluno vai se apropriando e elaborando as formas de atividade prática e mental consolidadas de sua cultura, num processo em que pensamento e linguagem articulam-se dinamicamente

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Foto: Sônia Menezes/2014

[...] a distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar através da solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais capazes (VYGOTSKY, 1991, p. 97).


tem um valor mais direto para a dinâmica da evolução intelectual e para o êxito da instrução que o nível atual de seu desenvolvimento.” (VYGOTSKY, 1995, p. 239). Como vimos, o ato de aprender não é natural e, tampouco, espontâneo: requer investigação, averiguação, questionamento, mudança, resistência, criação, dúvida, ebulição, enfim, transgressão. Todos estes atributos do ato de aprender estão concatenados com o ato de planejar.

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Nesta proposta o planejamento é, acima de tudo, hipótese, parâmetro e, portanto, flexão, não rigidez.

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3. Finalidades e Objetivos Educacionais

Foto: Sônia Menezes/2014

Ao estabelecermos as finalidades educacionais, não podemos perder de vista que elas se constituem na base da construção dos objetivos inerentes à prática pedagógica. Tais finalidades devem garantir a coerência dos objetivos em relação à base filosófica e teórico-metodológica. Esta Proposta Pedagógica está centrada no aluno e no adolescente como sujeito do conhecimento e suas interações com o contexto histórico, cultural e social. Assim, assumimos que os alunos vão se constituindo historicamente como sujeitos no interior das relações escolarizadas, por meio da mediação do outro (professor, material pedagógico, colegas etc) quando os conhecimentos de cunho científico além dos modos de pensar, de agir e de sentir, socialmente elaborados, vão sendo internalizados. Este estudo tem como finalidade mais abrangente fomentar a transformação dos conhecimentos espontâneos em conhecimentos científicos, promovendo um trabalho em que os alunos desenvolvam atividades em grupo, incitando discussões acerca de suas impressões sobre os fatos, levantando hipóteses a partir de seus conhecimentos prévios e, con-

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Foto: Sônia Menezes/2014

comitantemente, constituindo-se enquanto sujeito cooperativo. Os conceitos espontâneos ou cotidianos transformam-se em conceitos sistematizados nas interações de orientação sistematizada e intencional, nas interações escolarizadas, mediadas pelo professor em primeiro lugar e, depois, por meio da mediação de todos os outros elementos envolvidos neste espaço de relações. Apresentamos ainda como finalidade promover o desenvolvimento e a aprendizagem dos alunos no que se refere ao tema “Água: preservação e uso no campo e na cidade”, colocando-os em contato dinâmico, ativo e participativo com os elementos culturais da vida em sociedade por meio dos seguintes eixos de trabalho: Linguagem oral e escrita, Matemática, Natureza e Sociedade, Artes Visuais, Movimento e Música. Segundo os Referenciais Curriculares Nacionais (1998), elegemos como norteadores desta Proposta Pedagógica os seguintes objetivos gerais: a. Desenvolver uma imagem positiva de si, atuando de forma cada vez mais independente, com a confiança em suas capacidades e percepção de suas limitações; b. Descobrir e conhecer progressivamente seu próprio corpo, suas potencialidades e seus limites, desenvolvendo e valorizando hábitos de cuidado com a própria saúde e bem-estar; c. Estabelecer vínculos afetivos e de troca com adultos e alunos, fortalecendo positivamente os sentidos que elabora sobre

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si mesma, ampliando gradativamente as possibilidades de comunicação e interação social; d. Estabelecer e ampliar cada vez mais as relações sociais, aprendendo aos poucos a articular os interesses e pontos de vista com os demais, respeitando a diversidade e desenvolvendo atitudes de ajuda e colaboração; e. Observar e explorar o ambiente com atitude de curiosidade, percebendo-se cada vez mais como integrante, dependente e agente transformador do meio ambiente, valorizando atitudes que contribuam para a conservação; f. Brincar, expressando emoções, sentimentos, pensamentos, desejos e necessidades;

Foto: Cintia de Cássia R. Silva/2014

g. Conhecer algumas manifestações culturais, demonstrando atitudes de interesse, respeito e participação frente a elas, valorizando a diversidade.

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Foto: http://www.corbisimages.com

h. Utilizar as diferentes linguagens (corporal, musical, plástica, oral e escrita) ajustadas às diferentes intenções e situações de comunicação, de forma a compreender e ser compreendido, expressar suas ideias, sentimentos, necessidades e desejos, bem como avançar no processo de construção de significados, enriquecendo simultaneamente a capacidade expressiva.

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4. Marco Curricular O marco curricular contém os pressupostos conceituais que fornecem o lastro imprescindível para a compreensão dos fenômenos envolvidos nas relações de ensino-aprendizagem e os elementos que tornam observáveis a prática pedagógica. No currículo estão implícitas as funções da escola e as formas de enfocá-las, num recorte histórico-social do tempo e do espaço. Embora aqui não se trate de uma proposta pedagógica estritamente escolar, ela destina-se ao espaço escolar e dele se sustenta. Para definir o marco curricular que norteará as opções e as decisões pedagógicas é necessário conhecer as bases epistemológicas do processo de ensino-aprendizagem, fato somente possível a partir da análise das concepções de desenvolvimento e aprendizagem. Apenas ao conhecêlas podemos fazer opções conscientes, pois cada uma das concepções subsidia práticas pedagógicas diferentes.

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A proposta pedagógica aqui apresentada está fundada na concepção histórico-cultural de desenvolvimento e aprendizagem, que tem como premissas básicas a compreensão de que a aprendizagem antecede o desenvolvimento e a linguagem é constitutiva do pensamento.

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Caracterizada pela ênfase nos determinantes culturais, históricos e sociais da condição humana, a concepção histórico-cultural orienta a proposta pedagógica a partir do princípio de que os indivíduos aprendem na interação, pela linguagem, de forma sistematizada e organizada, de modo intencional e planejado.

Assim, como o aluno não é concebido por esta Proposta Pedagógica como um ser dicotomizado, também o conhecimento não pode ser entendido enquanto fragmentos de conceitos produzidos pelo homem, ao contrário. Ao conhecimento é compreendido a partir da sua totalidade numa relação interdisciplinar e transdisciplinar.

Foto: http://www.corbisimages.com

A abordagem proposta por este documento possibilita, ainda, uma nova leitura da unidade formada pelas dimensões cognitiva e afetiva do ser humano, sinalizando na direção de uma interpretação monista de homem.

A divisão do conhecimento em eixos de trabalho, enquanto recurso pedagógico, permite que o aluno tenha acesso à forma como o conhecimento circula na sociedade, favorecendo também a eleição de objetivos específicos e de conteúdos no planejamento das aulas ou projetos de estudo. Para Coll (1997), é insuficiente considerar como conteúdo escolar apenas aquilo que diz respeito a fatos e conceitos. Segundo o autor, é preciso considerar juntamente com fatos e conceitos, os procedimentos e as atitudes.

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Fundado nessa premissa, o desenvolvimento de cada um dos eixos de trabalho está estruturado em grupos de conteúdos que se dividem em três categorias: conceitos, procedimentos e atitudes. Considerar os procedimentos e as atitudes, os valores e as normas como conteúdos no mesmo nível que os fatos e conceitos, requer chamar a atenção sobre o fato de que podem e devem ser objeto de ensino e aprendizagem na escola. Isto “[...] pressupõe aceitar até as suas últimas consequências o princípio de que tudo o que pode ser aprendido pelos alunos pode e deve ser ensinado pelos professores.” (COLL, 2000, p. 15). Explicitamos abaixo a que se referem cada uma das categorias citadas anteriormente:  Conteúdos relacionados a fatos, conceitos e princípios – correspondem ao compromisso científico da escola: transmitir o conhecimento socialmente produzido.  Conteúdos relacionados a procedimentos – são os objetivos, resultados e meios para alcançá-los, articulados por ações, passos ou procedimentos a serem implementados e aprendidos.

Foto: http://www.corbisimages.com

 Conteúdos relacionados a atitudes, normas e valores – referemse ao compromisso filosófico da escola: promover aspectos que nos completam como seres humanos, conferem uma dimensão maior, imprimindo razão e sentido para o conhecimento científico.

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Essa distinção não significa que devem ser planejadas atividades de ensino e de aprendizagem diferenciadas para trabalhar com cada um dos três tipos de conteúdos. Ao contrário, o que se busca é planejar e desenvolver atividades que permitam trabalhar de forma inter-relacionada todas as dimensões propostas. A opção metodológica adotada por esta Proposta possibilita uma visão integralizadora do saber e do homem na medida em que trata o objeto do conhecimento não só conceitualmente, como também as diferentes formas de abordá-lo e valorizá-lo. As atividades que compõem o trabalho educacional desta Proposta buscam garantir a todos os alunos a participação em diferentes situações de interação com os objetos do conhecimento, considerando não só a interdisciplinaridade como também a transversalidade dos saberes.

Foto: Lara Braga/2014

A interdisciplinaridade perpassa todos os elementos do conhecimento, pressupondo a integração entre eles. Porém, é errado concluir que ela é só isso, uma vez que está marcada por um movimento ininterrupto, criando ou recriando outros pontos para a discussão. Apesar de não possuir definição estanque, a interdisciplinaridade precisa ser compreendida para não haver desvio na sua prática. O elemento caracterizador de uma prática interdisciplinar é o sentimento intencional que ela carrega. Não há interdisciplinaridade se não há intenção consciente, clara e objetiva por parte daqueles que a praticam. Finalmente, podemos dizer que não se defende na prática interdisciplinar uma “unificação”, na qual, a partir de uma axiomática geral, romperiam-se definitivamente as fronteiras disciplinares (e isto hoje está fora de cogitação).

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Foto: Sônia Menezes/2014

A interdisciplinaridade não nega as especialidades, e respeita o território de cada campo do conhecimento e, nesse sentido, intenta superar a “separação extrema” entre as disciplinas, ou seja, a separação entre disciplinas do mesmo domínio e a separação da reflexão filosófica; superar a “hiperespecialização” e trabalhar o conhecimento por meio de interdependências e de conexões recíprocas. Isso fica claro ao se reafirmar a questão da “complementaridade”, onde os especialistas trabalham conscientes de seus limites, acolhendo as contribuições de outras disciplinas. É uma alternativa de organização dos conhecimentos múltiplos vinculados aos saberes globais em contraposição aos saberes eminentemente escolares, possibilitando o diálogo, a pesquisa, a crítica, o autoconhecimento, o exercício da alteridade e a reflexão de valores e atitudes.

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5. Matriz Curricular O desenvolvimento da Proposta Pedagógica será feita por meio de projetos de estudo buscando garantir a transversalidade e a interdisciplinaridade dos saberes. Cada projeto de estudo deverá estar ancorado em um eixo de trabalho, não deixando de lançar mão das especificidades de outros eixos que podem estar a serviço do estudo e da pesquisa em andamento. A matriz curricular organiza-se para efeitos didáticos da seguinte forma:

 Códigos e Linguagens  Ciências da Natureza e Matemática  Ciências Humanas

Foto: Lara Braga/2014

I – Áreas de Conhecimento:

II - Eixos de Trabalho:  Linguagem oral e escrita,  Matemática,  Natureza e Sociedade,  Artes Visuais,  Movimento  Música

Os eixos de trabalho estão desmembrados em unidades de conteúdos relacionados aos objetivos conceituais, procedimentais e atitudinais, respeitando as necessidades e interesses da faixa etária do grupo de alunos a que se destina.

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Proposta Pedagógica


6. Conteúdos Os conteúdos abordados nesta Proposta Pedagógica não se limitam a fatos e conceitos. Procedimentos, atitudes, valores e normas são entendidos como conteúdos imprescindíveis no mesmo nível que os fatos e conceitos. Esse fator “[...] pressupõe aceitar até as suas últimas conseqüências o princípio de que tudo o que pode ser aprendido pelos alunos pode e deve ser ensinado pelos professores.” (COLL, 2000:15)

a) Conteúdos Relacionados a Fatos, Conceitos e Princípios – correspondem ao compromisso científico da escola: transmitir o conhecimento socialmente produzido.

b) Conteúdos Relacionados a Procedimentos

c) Conteúdos relacionados a atitudes, normas e valores – correspondem ao compromisso filosófico da escola: promover aspectos que nos completam como seres humanos, que dão uma dimensão maior, que dão razão e sentido para o conhecimento científico.

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Foto: Frederico Dourado/2015

– que são os objetivos, resultados e meios para alcançá-los, articulados por ações, passos ou procedimentos a serem implementados e aprendidos.


Foto: http://www.corbisimages.com

A distinção entre conteúdos relacionados a fatos, conceitos e princípios, procedimentos, atitudes, normas e valores não significa que devem ser planejadas atividades de ensino e de aprendizagem diferenciadas para trabalhar com cada um dos três tipos de conteúdos. Ao contrário, o que se busca é planejar e desenvolver atividades que permitam trabalhar de forma inter-relacionada todas as dimensões propostas.

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7. Projetos de Estudo O Projeto de Estudo é a forma de ação pedagógica por meio da qual serão desenvolvidos os conteúdos – conceituais, procedimentais e atitudinais – na educação infantil e no ensino fundamental. Para colocála em prática, é preciso ter um planejamento pedagógico, fazer escolhas sobre o que será ensinado, como se dará esse processo e como será a avaliação. Ressaltamos que o importante é o processo, se os alunos pensaram sobre o assunto, como pesquisaram, se tomaram decisões, se aprenderam. Não é relevante se o produto final ficou bonito ou o resultado bem apresentado. Entretanto, é preciso deixar claro porque é importante realizar o projeto e quem se beneficiará dele. O Projeto de Estudo não deve ser confundido com temas geradores ou outros tipos de projetos em que os alunos não compartilham das decisões que serão tomadas. Nesse modelo de ação pedagógica há decisões a serem compartilhadas com os alunos, sob a orientação do professor. Ao planejar, o professor busca garantir etapas em que as opiniões dos alunos sejam ouvidas e discutidas. O projeto didático envolve um conceito mais amplo do que a ideia de tema gerador. O principal é que os alunos tenham a oportunidade de planejar uma ação, traçar uma conduta para torná-la real num tempo Proposta Pedagógica

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Foto: http://www.corbisimages.com

7.1. Justificativa


predeterminado, realizar esse plano, controlar o processo, responder aos acontecimentos imprevistos e chegar ao resultado projetado. “Do ponto de vista didático-pedagógico, o projeto, uma vez realizado, foi bom se os alunos aprenderam muito, não se o produto ficou bonito ou o resultado bem apresentado.” (SIGNORELLI, 2010) Esses momentos dos Projetos de Estudo abrigam um espaço extremamente rico de aprendizagem e exercício da autonomia, do respeito e da capacidade de argumentação. É ainda um ambiente de interação intencionalmente planejado e mediado. Não se pode esquecer de citar também as atividades e as propostas que serão desenvolvidas com o objetivo de incluir todos os alunos, sobretudo os que são portadores de necessidades especiais. O conhecimento é construído a partir da interação mediada pelo outro. Nessa direção, tomamos o conceito de “Zona de Desenvolvimento Proximal” (ZPD), articulada com as categorias “desenvolvimento real” e “desenvolvimento potencial” para justificar a opção pelos Projetos de Estudo. O desenvolvimento real indica o nível de desenvolvimento das funções mentais da aluno, caracterizado pelo que ela consegue realizar por si própria, sem auxílio dos adultos ou de alunos mais experientes. É o que caracteriza retrospectivamente o nível de desenvolvimento alcançado. O desenvolvimento potencial é tudo aquilo que um aluno ainda não consegue realizar de forma independente, mas realiza quando em colaboração com outras pessoas mais experientes. Os Projetos de Estudo possibilitam tanto a interação quanto a criação de novas ZDPs, pois se iniciam no levantamento dos conhecimentos espontâneos que os alunos possuem sobre determinado assunto e passam por diFoto: Maíra Dourado/2015 ferentes propostas intencionais no

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Foto: Aglestania Loures/2015

favorecimento da elaboração conceitual. Para o aluno atingir o desenvolvimento potencial, é necessário instaurar um processo de colaboração e ajuda mútua com outros sujeitos, por intermédio de ações partilhadas na Zona de Desenvolvimento Proximal. Partindo dessa premissa, os Projetos de Estudo tal como são propostos neste Plano de Curso, constituem-se em boas situações de aprendizagem, pois possibilitam que aos alunos colocarem em jogo suas concepções espontâneas ou conhecimentos cotidianos, elaborarem hipóteses para solução de problemas, confrontarem essas mesmas hipóteses com o saber culturalmente constituído, num processo contínuo de interação. Esse processo é mediado pelos objetos do conhecimento, pelos professores e pelos colegas, com toda a sua diversidade cognitiva, afetiva e cultural. O desenvolvimento decorre de um processo de internalização em que atividades externas são modificadas [aprendizagem], tornando-se atividades internas. É um processo interpessoal que se torna, posteriormente, intrapessoal. Trata-se, portanto, de um processo que caminha do plano social – relações interpessoais, para o plano individual interno – relações intrapessoais. O Projeto de Estudos é um lugar privilegiado de intervenção pedagógica intencional, favorecendo a mediação nos processos de internalização, aprendizagem e desenvolvimento dos alunos na Educação Infantil. Na educação infantil, o aluno empreende esforço no sentido de compreender tanto o mundo do cotidiano quanto a maneira de investigação do conhecimento formal; aprender para que servem instrumentos como o lápis, os livros, os brinquedos, a tinta, o pincel etc., assim como investigar sobre o sol, a luz, as sombras ou porque a água vira gelo ou evapora, são propostas específicas da cultura escolar em que os grupos de alunos vão construindo


significados à medida que dialogam entre si, com os professores e com os diferentes instrumentos culturais disponíveis. Para apreender esses significados, os alunos trabalham com o movimento, com as imagens e com a linguagem, utilizando-se das funções mentais disponíveis, num esforço contínuo envolvendo os processos de aprendizagem, de interação e mediação amplamente favorecidos pelos Projetos de Estudo.

Resumindo...

Foto: Acervo SENAR Goiás

Consoante Krolikowski S. Oller (2009), um projeto caracteriza-se por sugerir um conjunto de situações de ensino/aprendizagem altamente contextualizadas, num processo de elaboração coletiva que envolve alunos e professores. Trata-se de uma série de situações unificadas por uma finalidade conhecida e compartilhada pelo grupo classe. É um empreendimento que levará à elaboração de um produto final – uma revista, um recital, a construção de uma maquete, um relato científico, uma exposição, um evento… Uma vez que o projeto é proposto e compartilhado pelos alunos com uma finalidade consciente para todos, planejam-se as situações para consegui-lo. Essas situações de ensino serão pensadas e organizadas

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7.2. Estrutura para Elaboração do Projeto de Estudo da Categoria Escola Agrinho O projeto de estudo da Escola Agrinho é uma determinada prática, vivência, experimento ou tentativa realizada entre o professor e seus alunos e toda a comunidade escolar, uma vez que se situa na relação dialética do ensino e da aprendizagem e que deve ser realizada com clareza para que todos os envolvidos entendam a razão, os objetivos, as metas previstas, o cronograma desenvolvido, a metodologia utilizada e os resultados que foram atingidos com essa prática. A banca que avaliará esse projeto não tem conhecimento do que foi realizado e tampouco de que maneira foram concretizadas as ações. É preciso que fiquem claros todos os passos do projeto, desde a sua exposição para os alunos, a forma como atuaram na decisão dos trabalhos, como aconteceu a adesão da escola – professores, alunos e funcionários – até a participação da família e da comunidade e o que de interessante e produtivo o projeto trouxe para a sala de aula. Proposta Pedagógica

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Foto: Frederico Dourado/2015

para apoiar os alunos a enfrentar os desafios impostos pela tarefa. Transpor essas dificuldades significará o sucesso do empreendimento e, também, a construção dos novos conhecimentos, pois cada uma das situações de ensino que fazem parte de um projeto não são meros exercícios ou tarefas que os alunos têm de realizar para cumprir com a “obrigação escolar”. As atividades nas quais estarão envolvidos colocarão em jogo conteúdos funcionais e significativos pelo fato de não terem sido estabelecidos por necessidades alheias à própria realização do projeto.


Foto: Aline Martins/2015

Os recursos e metodologias utilizados nas práticas em questão requerem como objetivo principal a construção do conhecimento pelo aluno para que possa aprender a aprender e sentir satisfação nesse processo. O papel do professor nesse contexto não é o de transmissor dos conhecimentos, mas o de incentivador, orientador, mediador e avaliador do processo de aprendizagem do aluno. Propor estratégias diversificadas e deixar que o aluno se sinta coparticipante e corresponsável pelo projeto o estimulará cognitivamente, além de promover a interação dos alunos com o professor e com seus pares, em um processo colaborativo de aprendizagem que tem, entre outros benefícios, o de promover a autonomia e a criatividade do educando, o que pode ser um diferencial ao longo de sua vida. Durante todo o percurso de desenvolvimento do projeto é importante pontuar as transformações pelas quais passaram os envolvidos, pois esse é o maior objetivo do Programa Agrinho: incentivar a prática pedagógica através de projetos que contemplem a construção do conhecimento, proporcionando a inserção de temas de relevância social, cultural, econômica, política e ambiental, visando melhorias constantes de hábitos e atitudes. Para que o projeto da Escola Agrinho do programa possa retratar as ações implementadas pelo professor e seus alunos, é importante seguir a estrutura desta Proposta Pedagógica, embora ele também possa inovar, caso queira.

7.2.1. Capa - Lema do Programa Agrinho: Saber para atuar para melhorar o mundo.

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7.2.2. Folha de rosto Seguir as instruções do Regulamento do Concurso do Programa Agrinho 2016.

7.2.3. Identificação Nome da Escola  Município  Título do Projeto  Equipe autora ou Comitê autor.  Equipe responsável pelo Projeto (nomes e funções)  Série inscrita e quantidade de alunos (exemplo: 7o ano, 28 alunos).  Modalidade de ensino oferecida pela escola.  Número de alunos da escola.  Área do conhecimento 1. Códigos e Linguagens 2. Ciências da natureza e Matemática 3. Ciências humanas 

o projeto poderá focar uma única área ou as três simultaneamente. É interessante que haja um trabalho inter e transdisciplinar. Quanto mais áreas estiverem presentes, mais rico será o resultado. OBS:

Eixos que fundamentam o trabalho 1. Linguagem oral e escrita, 2. Matemática 3. Natureza e sociedade 4. Artes visuais 5. Movimento 6. Música

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- Tema do ano: Água: preservação e uso no campo e na cidade. - Título do projeto:


o projeto pode conter mais de um eixo ou todos eles, no entanto, devem ficar bem especificadas as ações de cada eixo. OBS:

Público beneficiado (para quem, quantas pessoas e quais as características do público a ser beneficiado pelo projeto). Nesta etapa, especificar para quem, quantas pessoas e quais são as características do público beneficiado pelo projeto. Pode-se ainda quantificar tais pessoas. É importante listar e nomear as pessoas que fazem parte do projeto: gestor, coordenadores, professores, alunos, funcionários e participantes externos à escola, inclusive os parceiros que abraçam e apóiam o projeto. 

Duração prevista.

7.2.4. Justificativa Apresentar argumentos que fundamentem e justifiquem a escolha do tema do projeto, os conteúdos selecionados e sua adequação à faixa etária a que se destina. A justificativa de um projeto trata de destacar a relevância e por que tais ações foram realizadas. Para deixar claras as razões que levaram o professor a abordar o tema escolhido, pode-se responder em formato dissertativo- argumentativo às seguintes questões: “Quais motivos justificam a realização do meu projeto?”; “Que contribuições para a escola e para a comunidade este projeto pode trazer?” Também é interessante que o projeto explicite como contribuirá para as mudanças de hábitos e atitudes da comunidade escolar; em que pontos ele encontra-se com o Projeto Político Pedagógico da unidade escolar; em que tempo e espaço da escola será desenvolvido.

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Foto: Aline Martins/2015

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7.2.5. Objetivos 1. Geral: é o mais amplo, são as metas de longo alcance, as contribuições que se deseja atingir. Comumente o objetivo geral é de se obter uma resposta satisfatória a um problema colocado; 2. Específicos: os objetivos específicos devem detalhar e contribuir para o sucesso do objetivo geral, especificam os passos necessários para alcançá-lo e podem apresentar os resultados e benefícios quantificáveis do projeto; 3. Relacionados aos conteúdos - conceituais, procedimentais e atitudinais.

Apresentar os fatos, conceitos ou princípios que serão abordados durante o desenvolvimento do trabalho.

- Procedimentais Apresentar os procedimentos que serão desenvolvidos durante a realização do trabalho.

- Atitudinais Apresentar valores e atitudes cuja vivência será possibilitada durante o desenvolvimento do projeto de estudo.

7.2.6. Disciplinas e Conteúdo 1. Especificar quais disciplinas e conteúdos fazem parte do projeto e de que forma entrelaçam-se e embasam as ações do projeto. Proposta Pedagógica

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Foto: Aline Martins/2015

- Conceituais


7.2.7. Metodologia Atenção especial precisa ser dada à metodologia adotada para a execução do projeto. É necessário que ela seja: 1. Colaborativa, equilibrando os esforços de todos os componentes do grupo; 2. Integrativa, envolvendo todos os alunos, professores, equipe gestora e, se possível, funcionários e membros externos à escola, como os pais, por exemplo; 3. Multidisciplinar, com profissionais e disciplinas de outras áreas; 4. Abrangente, contemplando pessoas de várias faixas etárias, como, por exemplo, alunos de outros anos e níveis escolares.

a) O quê? Especificar que atividades serão realizadas;

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Etapa importante do projeto, a metodologia deve responder às seguintes questões:

b) Com que fim? Esclarecer quais habilidades e competências devem ser desenvolvidas;

c) Como? Especificar quais os métodos utilizados;

d) Quando? Esclarecer em que período do ano letivo o projeto é executado;

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f) Quem? Identificar as pessoas que estão envolvidas no projeto.

7.2.8. Recursos Materiais Listar todos os materiais necessários ao desenvolvimento do projeto (incluindo livros, textos, cópias, suportes e meios). Nessa etapa é importante a participação da coordenação pedagógica da escola para que ela ajude no que for necessário, estabelecendo a mediação entre o professor e a equipe gestora da unidade escolar. Muitos projetos acabam não saindo do papel devido à falta de estímulo da coordenação para com o projeto do professor.

7.2.9. Orientações Didáticas - Prever as ações didático-pedagógicas norteadoras de cada etapa do projeto e o modo de condução das atividades previstas. Embora o projeto da experiência pedagógica do Programa Agrinho trate da prática e da vivência do professor, é imprescindível que aponte as linhas teóricas embasadoras de suas ações.

7.2.10. Público Beneficiado - Nesta etapa, especificar para quem, quantas pessoas e quais são as características do público beneficiado pelo projeto. Pode-se ainda quantificar tais pessoas. É importante listar e nomear as pessoas que fazem Proposta Pedagógica

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Delimitar em que espaços da escola e/ ou fora dela acontecem as atividades;

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e) Onde?


parte do projeto: gestor, coordenadores, professores, alunos, funcionários e participantes externos à escola, inclusive os parceiros que abraçam e apóiam o projeto que é destinado a toda a comunidade escolar.

- Especificar qual é a duração prevista ao desenvolvimento de todas as etapas do projeto e distribuí-las com o objetivo de garantir tempo suficiente para a sua realização. Equalizar os diferentes projetos que eventualmente estejam sendo desenvolvidos em paralelo, integrando-os à rotina da sala de aula. - Neste item é importante e adequado elaborar um quadro contendo o cronograma de todas as atividades que o projeto requer. Essas etapas devem ser detalhadamente discutidas com os alunos e merecem uma atenção especial do professor, pois há que se cuidar para que essas atividades sejam exequíveis, ou, do contrário, após criar expectativas e não ser possível realizá-las, o sentimento de frustração pode tomar conta da turma.

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7.2.11. Cronograma

7.2.12. Avaliação - O processo avaliativo deverá seguir as orientações do Projeto Pedagógico que entende a avaliação como processo contínuo, sistemático e intencional. A dimensão formativa da avaliação processa-se de maneira contínua e sistematizada, baseada nas observações do professor quanto aos aspectos referentes às atitudes, comportamentos e produções dos alunos desde o início do projeto até a sua etapa final.

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7.2.13. Produção Final

7.2.14. Conclusão - Esta é uma parte muito importante do projeto e que merece especial atenção do educador. Este item contém as impressões do professor como mediador da aprendizagem, os avanços dos alunos durante a execução do projeto, um balanço das atividades desenvolvidas - o que foi bom e ruim. Talvez seja o momento de maior contribuição do projeto para a escola, pois ele pode apontar para futuras propostas pedagógicas da unidade escolar. Proposta Pedagógica

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- O projeto precisa ter como meta uma produção final, configurada em algo útil, sendo construída pelos alunos, sob orientação do comitê gestor do projeto, a partir dos estudos, pesquisas e atividades empreendidas. Ex.: livros, álbuns, portfólios, peças teatrais, vídeo etc. - A produção final deve ser valorizada e compartilhada com a comunidade escolar e familiar, divulgando a sua finalidade. Isso pode ser feito por meio do lançamento de um livro, uma sessão de cinema, recital, exposição, mostra ou um show, por exemplo. - Uma das formas de maior valorização do trabalho dos alunos e que marca a culminância de todos os esforços da comunidade educativa é, sem dúvida, promover uma apresentação para os pais de todos os trabalhos desenvolvidos ao longo da execução do projeto de estudo. Neste momento, pode-se lançar mão de todos os recursos possíveis que a escola possa oferecer: convites, cartazes, folders, apresentações teatrais, tudo elaborado pelos alunos, sob a orientação sistematizada do professor. - Essas produções devem estar devidamente comprovadas no projeto elaborado pelo professor, seja com fotos, vídeos, exemplares de livros ou qualquer outro resultado obtido.


- Muitos projetos de experiências pedagógicas do Programa Agrinho que foram muito bem desenvolvidos pecaram na sua conclusão, mostrando grande fragilidade do professor com relação ao fechamento das suas atividades. Embora seja a etapa final do projeto, não se deve deixar para escrevê-la no final. Pode-se ir elaborando a conclusão aos poucos, até mesmo no início do projeto para que ela não se apresente frágil e incompleta.

- A utilização das normas técnicas na elaboração de qualquer trabalho acadêmico e fundamental para facilitar a comunicação. No Brasil, a Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT1 – é o órgão responsável pela elaboração de todas as normas técnicas no país. Esta é uma etapa que exige atenção e organização por parte do professor e revela o seu cuidado para com o projeto. Toda citação deve ser apontada, inclusive os sítios visitados, apontando a data de seu acesso.

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7.2.15. Referências Bibliográficas

7.3. Sugestões de verbos usados para formular objetivos referentes aos conteúdos Conceituais, Procedimentais e Atitudinais. 7.3.1. Objetivos relacionados aos conteúdos Conceituais

- O que é preciso “saber” 1. Site da ABNT: http://www.abnt.org.br/

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O conhecimento em qualquer área requer informação. Para aprender um conceito, é necessário estabelecer relações significativas com outros conceitos.  Os objetivos referentes a fatos, conceitos e princípios frequentemente são formulados mediante os seguintes verbos: - IDENTIFICAR, - RECONHECER, - CLASSIFICAR, - DESCREVER, - COMPARAR, - CONHECER, - EXPLICAR, - RELACIONAR, - SITUAR (no espaço ou no tempo), Foto: http://www.corbisimages.com

- LEMBRAR, - ANALISAR, - INFERIR, - GENERALIZAR, - COMENTAR, - INTERPRETAR, - CONCLUIR, - ESBOÇAR, - INDICAR, - ENUMERAR, - RESUMIR, - DISTINGUIR... Proposta Pedagógica

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7.3.2. Objetivos relacionados aos conteúdos Procedimentais

“Saber Fazer” O que implica aprender um conteúdo procedimental provém de seu caráter de “saber fazer”. A característica do saber fazer refere-se à realização de ações e de exercícios de reflexivos sobre a própria atividade e de aplicação em contextos diferenciados, tornando claro o caráter necessariamente significativo e funcional que deve ter a contribuição desse conteúdo.  Os objetivos referentes a procedimentos frequentemente são formulados mediante os seguintes verbos: - LER, - ESCREVER, - MANEJAR, Foto: Adriana Marcondes/2015

- ILUSTRAR, - DESENHAR - CONFECCIONAR, - UTILIZAR, - CONSTRUIR, - APLICAR, - COLETAR, - REPRESENTAR, - OBSERVAR, - EXPERIMENTAR,

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- TESTAR, - ELABORAR, - SIMULAR, - DEMONSTRAR, - RECONSTRUIR, - EXECUTAR, - COMPOR...

7.3.3. Objetivos relacionados aos conteúdos Atitudinais

“Ser” Tendências ou disposições adquiridas e relativamente duradouras para avaliar de um modo determinado, um objeto, uma pessoa, um acontecimento ou situação e atuar de acordo com essa avaliação. A formação e a mudança de atitudes opera sempre com três componentes: - Componente cognitivo (conhecimentos e crenças); - Componente afetivo (sentimentos e preferências); - Componente de conduta (ações manifestas e declaração de intenções). Os objetivos referentes a valores, normas e atitudes frequentemente são formulados mediante os seguintes verbos: 

- COMPORTAR-SE (de acordo com), - RESPEITAR, - TOLERAR, - APRECIAR, Proposta Pedagógica

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- PONDERAR

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- ACEITAR,

Foto: http://

- PRATICAR, - SER CONSCIENTE DE, - REAGIR A, - AGIR, - SENSIBILIZAR-SE, - SENTIR, - PRESTAR ATENÇÃO À, - INTERESSAR-SE POR, - OBEDECER, - PERMITIR, - PREOCUPAR-SE COM, - DELEITAR-SE COM, - RECREAR-SE,

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- PREFERIR, - INCLINAR-SE A, - TER AUTONOMIA...

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7.4. Por que é Importante Trabalhar com Projetos de Estudo na Escola? O Projeto de Estudos tem dois grandes objetivos: o primeiro é o de colocar o aluno na posição de estudioso, pesquisador de um determinado assunto dando a ele oportunidades para exercitar suas categorias de pensamento – funções psicológicas superiores, tais como: análise, síntese, comparação etc... o segundo grande objetivo do Projeto de Estudos, é o de tornar a aprendizagem mais significativa, interessante, real e participativa para o educando. A partir do momento em que o professor lança a ideia e estimula os alunos a participarem de todas as etapas do projeto, esses passarão a formular hipóteses, buscarão as fontes de informação, procurarão soluções para seus conflitos cognitivos e passarão a construir suas próprias estruturas do pensamento. Além disso, a aprendizagem por meio de projetos proporciona ao aprendiz a oportunidade de crescer por meio da vivência de experiências positivas de confrontos com os colegas, permitindo que ele decida e se comprometa com as suas escolhas, construindo, ele próprio, o seu conhecimento.

7.4.2. Organização de um Projeto Dewey (1952) formula as condições para um bom projeto por meio das seguintes premissas: Proposta Pedagógica

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7.4.1. Função do Projeto


Um projeto prova ser bom quanto mais variedades de respostas e contribuições os alunos trouxerem para o debate; O projeto deve procurar sempre a solução para um problema amplo da aprendizagem; O projeto precisa conter o tema a ser discutido de acordo com a escolha de toda a classe; O que não pode ser mudado no projeto são os seus objetivos e metas, os demais itens podem sofrer alterações ao longo de sua execução; Quanto mais diversificadas forem as estratégias e as ações do projeto mais rapidamente os objetivos serão alcançados e mais estímulos à aprendizagem os alunos apresentarão; O educador deve desenvolver o seu lado técnico e afetivo, construindo com os alunos o contrato didático e dando total importância à sua observação.

7.4.3. Vantagens da Pedagogia de Projetos São muitas as vantagens de se realizar o processo de ensino aprendizagem por meio da pedagogia de projetos. Citaremos algumas delas: Proporciona uma aprendizagem mais viva e significativa; As ações propostas com início, meio e fim tornam o fazer pedagógico mais organizado; A participação efetiva dos alunos possibilitam uma melhor compreensão do contexto social em que vivem, além de proporcionar noções de coletividade, solidariedade e cooperação;

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O aluno compreende com mais agilidade o que faz e para que o faz; Consegue encontrar as soluções para os problemas com maior rapidez; Ajuda na disciplina e na concentração em sala de aula, embora os trabalhos em grupo tenham a aparência de desorganização, mas de fato os alunos estão trabalhando; Possibilita um diálogo maior entre as disciplinas e os professores da escola quando estes estão imbuídos de um mesmo objetivo; Ajuda o aluno a planejar, organizar-se e executar com maior autonomia as tarefas que lhe são delegadas; Insere de maneira mais consciente o aluno na vida social e cultural em que ele vive; Desperta o desejo de aprender, emprestando maior iniciativa, ação e criatividade ao educando;

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Aumenta o senso de responsabilidade do aluno;

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Prepara o aprendiz para o pensamento divergente e para o enfrentamento desse conflito; Habitua o aluno ao esforço e à perseverança para a resolução dos seus problemas.

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A relação entre os alunos deve ser valorizada e maximizada com o intuito de proporcionar as discussões e análises de pontos de vista diferentes. Faz parte do papel do educador a mediação dos conflitos que por acaso, possam surgir ao longo da execução do projeto; O educador jamais poderá ensinar respostas “certas”, nem tampouco corrigir as “erradas”. Ele deverá incentivar o aluno a ter sua própria opinião e deixá-lo decidir por outra resposta, quando esta lhe parecer mais adequada. As ideias “erradas”, para César Cool, não podem ser eliminadas pelo educador O educador precisa desenvolver a capacidade de observar e pesquisar a própria prática, anotar com sistemática frequência as atividades, fazer um balanço com certa regularidade das etapas do projeto a fim de não se perder durante a execução dos trabalhos. As tarefas do cotidiano não lhe permitem exercer tais hábitos com maior disciplina, mas é importante que ele o faça, pois essa prática em muito o auxiliará ao longo do processo de desenvolvimento e execução do projeto.

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8. Os Gêneros Textuais e o Programa Agrinho 2016 Com o objetivo de melhorar o ensino da língua materna e promover a inserção do aluno em uma sociedade letrada, os Parâmetros Curriculares Nacionais (1998) dão ênfase ao estudo e utilização dos gêneros textuais, pois “Todo texto se organiza dentro de um determinado gênero em função das intenções comunicativas, como parte das condições de produção dos discursos, as quais geram usos sociais que o determinam” (1998, p. 21). Em todas as situações de comunicação, sejam elas formais ou informais, temos o uso de algum tipo de gênero textual, portanto, quanto mais gêneros forem oferecidos, trabalhados e dominados pelo aluno, maior será a sua capacidade comunicativa, seu desenvolvimento pessoal, cognitivo e social e, consequentemente, a capacidade de exercer sua cidadania plena. No estudo de Reorientação Curricular do 1º ao 9º ano do ensino fundamental, elaborado e publicado em 2009 pelos professores da rede estadual de ensino de Goiás, é possível observar a importância do trabalho com os gêneros textuais em sala de aula. O trabalho com gêneros textuais faz parte do mundo dos estudantes em todas as faixas etárias. Em outro viés de justificativa, destaca-se a importância de ensinar aos estudantes o processo de passagem do texto oral para o escrito, tarefa central do ensino de língua portuguesa na escola, uma vez que a escrita que o estudante desenvolve é marcada pela fala, tornando-se, assim, necessária a intervenção do

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Sendo o texto o lugar de interação entre sujeitos sociais - o que escreve e o que lê - em uma relação de construção de sentidos, é importante que o texto elaborado esteja bem escrito para que, de fato, a produção de significados ocorra, ou, do contrário, o texto será apenas uma amontoado de palavras que não se conectam ou traduzem alguma mensagem. Nesse sentido, escrever um texto, a partir da escolha de um determinado gênero textual, demanda mais que o simples conhecimento linguístico, porém é necessário fazer uso de inúmeras estratégias que se encontram à disposição do sujeito leitor/escritor, o que podem ser orquestradas e oferecidas pelo professor. Nessa perspectiva, o trabalho com os gêneros textuais proposto pelo Programa Agrinho visa contribuir para que o professor que adere às diretrizes do programa possa ser o facilitador ou o promotor de diferentes estratégias em sala de aula, para trabalhar com textos de diversos gêneros, procurando especificar as peculiaridades de cada um deles, bem como chamar a atenção para as diferentes manifestações da linguagem, seja no seu aspecto

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professor no processo, por meio do trabalho de retextualização, para que os estudantes identifiquem as marcas de oralidade em seus textos e deem conta de substituí-las por elementos próprios do mundo da escrita [...] A escola é um lugar de comunicação e as situações escolares, ocasiões de produção/recepção de textos. Portanto, no ambiente escolar, a produção de textos deve inserir-se num processo de interlocução, o que implica a realização de uma série de atividades mentais - de planejamento e de execução - que não são lineares nem estanques, mas recursivas e interdependentes. Os gêneros textuais se constituem como ações sociodiscursivas para agir sobre o mundo e dizer o mundo, constituindo-o de algum modo. O trabalho com gêneros textuais é uma excelente oportunidade de se lidar com a língua em seus mais diversos usos no dia-a-dia (2009, p. 231-232).

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oral ou escrito. A prática da leitura e da escrita, habilidades que não se dissociam, pode se tornar prazerosa dentro da escola se for pensada, planejada e realizada partindo-se do que o aluno já conhece com vistas a atingir seu processo de letramento pleno. Letramento aqui é entendido como Magda Soares conceitua: “[...] o resultado da ação de ensinar ou de aprender a ler e escrever: o estado ou a condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como consequência de ter-se apropriado da escrita” (2003, p. 18). Feitas as considerações sobre a importância de se trabalhar com os gêneros textuais, pode-se verificar a diversidade de gêneros textuais e suas possíveis conexões, por meio de um mapa conceitual elaborado por Marriot e Torres (2014, p.179), como uma forma de mapear o conhecimento visualmente e de forma organizada. Esse estudo trata da observação de como os mapas conceituais podem colaborar com o professor no processo de aprendizagem, contribuindo para que o ensino seja mais significativo, despertando o aluno para a pesquisa, a análise, instigando-o a fazer questionamentos e buscar ele próprio as respostas pois, como explica Novak (apud Marriot e Torres, p. 177): “Quanto mais nós aprendemos e organizamos nosso conhecimento num determinado domínio, mais fácil é adquirir e usar o novo conhecimento naquele domínio” (1998, p. 24). MAPA CONCEITUAL DOS GêNEROS TExTUAIS

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Situando o trabalho do professor com relação aos gêneros textuais escolhidos para o concurso do Programa Agrinho de 2015, conforme encontra-se no Regulamento, os gêneros a serem trabalhados são os seguintes:

 3º

ao 5º ano: poema, diário pessoal e carta familiar.

1. Carta Familiar

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Embora os recursos tecnológicos já tenham atingido grande parte da população brasileira, proporcionando a possibilidade de comunicação em tempo real de pessoas que se encontram distantes, ainda há uma boa parcela da população que não tem acesso a esses recursos tecnológicos e utilizam a carta como meio de comunicação. Ao elaborarmos uma carta, é importante atentarmos para os seguintes elementos: • Local e data: geralmente as partes iniciais, podem vir à direita ou à esquerda da folha; • Vocativo: a quem se endereça a carta, se é formal ou informal, deve-se observar os pronomes de tratamento; • Texto: trata-se do discurso propriamente dito, a ser desenvolvido de acordo com a finalidade a que ela se destina; • Despedida e assinatura: dependendo do grau de intimidade entre o remetente e o destinatário, a despedida tende a variar, podendo ser formal ou informal.

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2. Diário Pessoal Trata-se de um gênero textual narrativo em que o autor conta os acontecimentos do seu dia a dia, como o próprio nome revela, em uma conversa informal, com início, meio e fim, ainda que seja um texto curto. É o registro de ideias, opiniões e sentimentos acerca da realidade de quem escreve e tem cunho sigiloso, pessoal. Geralmente o tempo verbal utilizado nessas narrativas é o pretérito perfeito (conversei, vi, assisti, acordei, fui etc) para marcar o tempo passado, visto que no momento da escrita o autor relata os fatos acontecidos. Tem como característica ser um segredo guardado entre o autor e possui algumas especificidades: • Vocativo: como não se escreve para uma pessoa específica, geralmente se começa com “Meu querido diário”...; • Data: como se trata de um registro diário, a data é imprescindível para marcar a cronologia dos fatos; • Desenvolvimento: é o registro narrativo das informações, fatos, sentimentos de quem escreve; • Assinatura: identificação do autor do texto.

Gênero textual escrito em versos em que geralmente se encontra a rima – palavras que apresentam mesmo som na sílaba final e, às vezes, a métrica – contagem do número de sílabas no verso podendo ter o mesmo número de sílabas ou não. Também não podem faltar a sonoridade, a cadência, o uso de imagens, como as metáforas ou comparações e outros recursos que, em conjunto, transmitem as impressões do poeta. O objetivo do poema, assim como da música e de qualquer outra forma de arte, é despertar sentimentos, Proposta Pedagógica

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3. Poema


provocar emoções e o senso estético, a apreciação do belo. O poema pode também divertir, convencer e fazer pensar o mundo de uma forma diferente, de um jeito novo, original, único.

 6º

ao 9º ano: artigo de opinião, conto e crônica

Gênero textual que se vale da argumentação para analisar, avaliar e opinar sobre um tema ou uma questão controversa. Ele expõe a opinião do autor, mesmo que não seja uma autoridade no assunto. Geralmente o assunto a ser tratado aborda um tema atual de ordem social, econômica, política ou cultural relevante na atualidade. O que mais importa no artigo de opinião é a exposição e o posicionamento do autor. Trata-se de um gênero bastante recorrente nos processos seletivos.

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1. Artigo de Opinião

2. Conto Gênero textual bastante antigo que remonta aos tempos medievais, o conto é a narrativa curta de uma história com encadeamento de fatos que conferem sentido ao enredo, envolvendo o interlocutor mediante a sua leitura. Apresenta alguns aspectos constitutivos, tais como: • introdução ou apresentação: geralmente no início do conto o narrador já apresenta os fatos iniciais, revela os personagens e demarca o tempo e o espaço. Trata-se de um momento importante do conto, pois a intenção é atrair a atenção do leitor para a história a ser contada, situando-o em um determinado contexto;

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• clímax: é o momento culminante da narrativa, o de maior tensão, em que o conflito atinge seu ponto máximo e pende para o desfecho. • desfecho: trata-se da solução do conflito, é o momento de impactar o leitor com finais surpreendentes e inesperados, muitas vezes revelando o conto como sendo trágico, cômico, otimista, triste, entre outras possibilidades. É um gênero textual que geralmente revela em que nível de leitura está o narrador do conto.

3. Crônica A palavra crônica em sua origem está relacionada ao tempo cronológico. É um gênero bastante antigo e, na atualidade, está associado ao registro da vida social, política, dos costumes e de fatos corriqueiros que acontecem no cotidiano e o cronista os relata a partir da observação de seu olhar atento. Geralmente a crônica é veiculada em jornais, revistas, folhetins e é escrito a partir de um ponto de vista pessoal buscando atingir a sensibilidade dos leitores. A crônica pode ser construída de modo mais literário, jornalístico ou informativo, dependendo do perfil do escritor.

Na elaboração de todos esses gêneros textuais devem ser observadas as regras de participação no Concurso do Programa Agrinho que se encontram no Regulamento, em uma publicação a parte. Proposta Pedagógica

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• conflito: é a trama, a razão de existir de todo o enredo. É o conflito que empresta a motivação ao leitor/ouvinte despertando o interesse pelo fim da história. Entretanto, para que isso aconteça, é preciso que os fatos estejam muito bem encadeados, articulados;


A palavra “Arte” vem do latim Ars que significa habilidade. O ensino da arte tem um papel fundamental na formação da criança, uma vez que contribui sobremaneira para o desenvolvimento de suas habilidades expressivas, para a construção de valores estéticos e criativos, tornando-a mais sensível para ver o mundo com outros olhos. Buoro (2003), diz que a arte é uma forma do homem entender o contexto ao seu redor e relacionarse com ele. O homem interferiu, manipulou e transformou a natureza para que esta pudesse atender as suas necessidades. Dotados de criatividade, os seres humanos possuem a capacidade de aprender e de ensinar e é durante a infância que a criatividade e as diferentes habilidades da criança precisam ser trabalhadas e desenvolvidas. Nesse sentido, a escola é peça essencial no processo de aprendizagem, desenvolvimento e valorização do sentimento estético, incentivando o trabalho artístico em todas as oportunidades possíveis, pois, nas palavras de Buoro (2003) “Arte se ensina, Arte se aprende”. Entretanto, muitas vezes, ainda se nota a desvalorização da arte nas escolas quando se coloca o seu ensino apenas como “momento

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9. A Arte como Papel Fundamental na Formação da Criança e o Programa Agrinho 2016

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de repouso” das outras disciplinas que são consideradas mais importantes, ou ainda como recurso para enfeitarem o espaço físico escolar para as datas comemorativas, como nos relata os Parâmetros Curriculares Nacionais – Artes (1997), que destaca o ensino de Artes na escola nas quatro linguagens: Artes Visuais, Dança, Música e Teatro. Além disso, nota-se também que existem professores que intervém no processo de construção do aluno, tentando impor suas técnicas ou o que acham correto, desestimulando assim os alunos e impedindo que desenvolvam sua própria expressão artística, seu próprio estilo. Nessa perspectiva, o Programa Agrinho estimula, desde a sua origem, o ensino da Arte nas escolas em suas quatro diferentes linguagens, priorizando as artes visuais, por meio do concurso de desenho para o ensino especial, a educação infantil (4 e 5 anos) e o ensino fundamental (1º e 2º anos). O programa entende que ao criar o seu próprio desenho, o participante é estimulado a se comunicar, a mostrar a sua visão de mundo e a relação entre o homem e o seu meio, a expressar os seus sentimentos e sua criatividade, favorecendo a socialização e estimulando o desenvolvimento psicomotor das crianças, com ou sem deficiência, contribuindo para a sua aprendizagem escolar. Desenhando a criança cria, recria, elabora genuinamente os seus conceitos, usa a imaginação, reflete e é capaz de compreender o seu lugar no mundo e a sua responsabilidade diante dele. O aluno organiza as suas ideias, seus conceitos e anseios e pode até mudar certos comportamentos, como o medo do escuro, por exemplo, e o seu conceito de sustentabilidade, uma vez que o Programa Agrinho leva em consideração fundamental a relação do cidadão com as questões socioambientais. Pode-se concluir, portanto, que a arte é importante para a criança, pois enquanto cria, desenha, canta, dança ou representa uma cena ela experimenta um

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sentimento genuíno de liberdade que lhe possibilita expressar suas ideias e seus sentimentos. A criatividade é uma ação, é um comportamento em que a criança produz e constrói continuamente e o trabalho do professor como mediador nesse processo ajuda no desenvolvimento da capacidade de criação da criança. Por meio de suas orientações o professor motiva seus alunos, incentivando-os a perguntar, colocando-lhes situações problemas, propondo novos projetos, partindo sempre das necessidades dos alunos e do que lhes desperta o interesse, ampliando seus conhecimentos e seu senso de criticidade. A partir do exposto, passemos a analisar quais são os critérios de avaliação que o Regulamento do Programa Agrinho estabelece para a classificação e premiação dos desenhos que melhor expressam a visão dos alunos sobre o tema anual do programa.

Uma questão que gera desconforto e incomoda a maioria da população e para qual ainda não estamos preparados para enfrentar é o racionamento de água. No nosso cotidiano, necessitamos da água o tempo inteiro, seja para o nosso corpo, cujo organismo é composto de 70% desse líquido, seja fora dele, para os mais diferentes fins. Caso não nos conscientizemos da importância da água e as formas de preservá-la, mantendo nossos mananciais saudáveis e longe de qualquer tipo de contaminação, em breve teremos – o que em muitas regiões já se apresenta – uma escassez significativa desse benefício vital que a natureza nos proporciona.

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1. Pertinência ao tema: “Saber e atuar para melhorar o mundo: Água – preservação e uso no campo e na cidade”, considerando os conteúdos apresentados pelo Programa Agrinho 2016.

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2. Vivacidade/Traçado/Colorido. A vivacidade é a qualidade de quem é ativo e cheio de energia, tem força e vigor. Se transportarmos esse conceito para as artes visuais, especificamente para o desenho, categoria em questão, podemos dizer que a vivacidade do desenho está na sua expressividade, no entusiasmo que transmite ao observador, no brilho e vitalidade que apresentam. Proposta Pedagógica

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Diante do problema que se avizinha, deve-se discutir com as crianças sobre a importância da água para a vida humana, qual é a quantidade e como se encontra a qualidade dos recursos hídricos existentes no planeta Terra, pois sabemos que não basta que a água exista, mas é preciso que ela esteja disponível. O professor pode solicitar dos alunos que façam uma pesquisa em casa e na sua região para saber como estão os níveis de poluição dos mananciais e como se pode evitar que continuemos desperdiçando esse precioso bem e degradando o meio ambiente. É interessante também debater sobre como e quais são as necessidades da água no campo e na cidade e como essas duas populações lidam com a sua utilização e o quê o aluno, a sua família e as populações do campo e da cidade têm feito para evitar o desperdício de água em suas vidas. Após todo esse processo preparatório, então os alunos participantes do Programa Agrinho de 2016, na categoria “Desenho”, estarão aptos a colocar no papel toda a sua criatividade, habilidade e conhecimento adquiridos, desenhando a síntese do que foi trabalhado em sala de aula. É muito comum, durante o processo de análise e classificação dos desenhos, os avaliadores, especialistas em artes visuais, ficarem diante de um impasse no momento final da escolha em razão de tamanha habilidade, sensibilidade e pertinência ao tema demonstradas pelos concorrentes em verdadeiras obras de arte.


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O desenho é a tradução da realidade, é a comunicação de um fato por meio de imagens que muitas vezes as palavras não conseguem interpretar. Quanto mais envolvente e expressivo for o desenho, tanto melhor ele será conceituado. O traçado do desenho é o processo pelo qual uma superfície, objetos, imagens e cenas são delimitados, definidos por pontos, linhas e formas planas. O desenho envolve uma atitude do desenhista com relação à realidade, a sua criatividade e imaginação, pois seu criador pode desejar imitar a realidade, transformá-la ou mesmo subvertê-la com características próprias, lançando mão da bidimensionalidade – formada por duas dimensões, altura e largura, sendo plano na sua essência – da tridimensionalidade – um objeto ou cena pode ser caracterizado como sendo tridimensional se tiver o encontro de três linhas, a vertical, a horizontal e a diagonal – ou de uma perspectiva diferente. Tudo depende da inspiração do artista. No traçado o avaliador também vai observar se ele está de acordo com a idade da criança que criou o desenho. O colorido é outro aspecto interessante a ser observado no desenho, pois nesse critério não se leva em consideração se as árvores, rios, objetos e paisagens têm o colorido que lhes são peculiares, mas se o jogo de cores da cena representada torna sua visão agradável, se o aluno foi capaz de inovar fazendo outras leituras de sua realidade. A vivacidade e o colorido caminham juntos.

3. Originalidade/Criatividade. A originalidade basicamente pode ser analisada a partir do fato de que o desenho apresente uma inspiração própria, uma leitura da realidade diferente da usual, do senso comum, que seja genuíno, autêntico e que mostre na sua criação que não foi meramente uma cópia ou imitação do

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que já existe. A criança mostra a sua criatividade artística ao colocar no papel a sua ideia singular.

4. Impacto Visual. O impacto visual de um desenho é a forte impressão da primeira vista do conjunto da obra. Em um só relance o colorido, o traçado, a vivacidade, a originalidade e a criatividade chamam ou não a atenção imediata de quem o vê, o observa. O efeito produzido por essa primeira visão pode ser negativo ou positivo, por isso a necessidade de uma análise cuidadosa de todos os critérios envolvidos na classificação dos desenhos.

5. Apresentação: o desenho (poderá ou não conter) um título, ser em folha de papel A4, sem rasuras e sem intervenção do professor ou familiares.

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Esse critério é passível de desclassificação, portanto é importante que o professor esteja atento. Os avaliadores conseguem identificar se o desenho sofreu ou não a interferência do professor ou de um adulto, seja na escrita do título ou na elaboração do desenho. Para cada idade e situação existem limites que a criança ainda não é capaz de ultrapassar.

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10. Agrinho Jovem 2016

Apostamos em uma nova geração, formada por jovens ávidos de vida para garantir a sustentabilidade do planeta. O ser humano sempre explorou o mundo e as marcas dessa ação reflete hoje um cenário ameaçador, exigindo consciência de nossa total dependência do meio. A juventude carrega em si a chama do idealismo, sonhos capazes de humanizar, sensibilizar, de gerar renovação, questionamentos, de adaptar a mudanças e de empreender. Embora seus sonhos sejam frustrados por falta de emprego, salário, formação e outras necessidades. Cruzar os braços diante de tantas contradições sociais não é um perfil do Serviço de Aprendizagem Rural – SENAR Goiás, por isso acrescentamos ao Programa Agrinho, uma categoria especial para os jovens goianos, onde terão a oportunidade de expor suas ideias empreendedoras e realizar o sonho do primeiro negócio. A efetivação da dignidade humana perpassa por educação, trabalho e qualidade de vida, uma tríade fundamental para se alcançar a felicidade, aspecto que faz parte também de nossas preocupações. Afinal um homem feliz promove paz, dissemina o amor e está apto a atuar na construção de um mundo mais justo, ético e sustentável. Entendemos que possibilidades para uma vida melhor só faz sentido se pudermos alcançar o futuro, que não tem sido promissor diante da saturação de nossos recursos naturais e do consumismo insano. Por isso, cuidar

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Maria do Disterro Santos1

1. Graduada em Letras e pós-graduada em Língua Portuguesa, Literatura e Psicopedagogia Institucional.

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participação é muito simples, basta que, de forma irreverente, dinâmica e responsável, o participante apresente uma ideia empreendedora para um negócio, pautada na sustentabilidade do planeta, geração de renda e realização pessoal.

Acreditar nos jovens é acreditar no presente! Agrinho Jovem: Empreendedorismo Sustentável Para expor uma ideia de negócio sustentável, o participante da categoria “Agrinho Jovem – Empreendedorismo sustentável” precisará fundamentar sua ideia buscando conhecimentos específicos na área com pesquisas, leituras, entrevistas e cursos na área pretendida. Proposta Pedagógica

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de nossa morada coletiva, a terra, passa a ser então, uma meta de sobrevivência que requer uma nova mentalidade, uma nova postura, um novo olhar, um novo homem. Estamos engajados da sensibilização desses novos homens, conscientes de sua cidadania, conhecedores da realidade onde vivem e atuantes, pois de nada vale o conhecimento sem ação. E aos mais moços, como dizia os antigos, imputamos nossa esperança; neles reside a força do movimento e da inovação. Agrinho Jovem: Empreendedorismo Sustentável é a nova categoria do Concurso do Programa Agrinho. Direcionada a jovens da rede pública e conveniada de ensino no Estado de Goiás, cursando a modalidade ensino médio e Educação de Jovens e Adultos (EJA), do ensino médio. A


Para tanto, o SENAR Goiás disponibilizará todo seu portifólio (presencial e a distância) de cursos e programas. A apresentação será feita por meio de vídeo com a ideia de negócio.

Produção do vídeo O vídeo deve conter o pitch2 da ideia de negócio pautado na sustentabilidade do planeta e que tenha relação com o tema do Programa Agrinho 2016 “Água: Preservação e uso no campo e na cidade”.

Seu video deve responder as seguintes questões 1. 2. 3. 4.

Que problema é que a sua ideia resolve? Qual é o seu modelo de negócio? Que necessidades dos clientes satisfaz? O que tem seu produto/negócio de verdadeiramente diferenciador? 5. Como vai convencer seus clientes a comprar?

Algumas dicas para produzir o vídeo perfeito - Seja criativo e inovador! - Não ultrapasse o tempo estabelecido. - Clareza e objetividade, não podem faltar! - Treine seu discurso e apresente-se para familiares e amigos - Faça várias gravações e escolha a melhor. Para o ano seguinte, este grupo participará de uma subcategoria que apresentará um “Plano de Negócio”, considerando a capacitação da qual participou em 2016.

2. PITCH é uma apresentação sumária de 3 a 5 minutos com objetivo de conquistar o interesse de investidor ou cliente pelo seu negócio. É uma ferramenta essencial para empreendedores conseguirem investimento.

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O plano de negócio é um documento que descreve por escrito o retrato fiel do mercado, do produto e das atitudes do empreendedor, apontando os objetivos do negócio e as metas para alcançá-los. Apenas com um bom plano de negócio você saberá, antes de se arriscar, quais as dificuldades que irá encontrar ao abrir o seu negócio. 30% das empresas que falem não seriam abertas se seus donos tivessem feito um plano de negócio. Outros 60% poderiam ter sobrevivido ao primeiro ano se um bom plano de negócio tivesse sido realizado. Muitas pessoas pensam que os planos de negócio irão deixar sua empresa “engessada” e sem nenhuma mobilidade. Mas isso é coisa do passado! Hoje, os planos de negócios são tão maleáveis que são usados por todo tipo de empresa, até mesmo aquelas que tem mudanças diárias. Segundo uma pesquisa recente, 58% das empresas estabelecidas (a mais de 3 anos abertas) poderiam estar tendo um lucro de até 40% a mais, se optassem pelo uso de planos de negócio. Apenas um planejamento pode elevar seus lucros em até 40%! http://negociosemprecerto.xpg.uol.com.br/ PlanoNegocio/index.htm

Estrutura para um Plano de Negócio simplificado ♦ CAPA (Tema central e do no do Programa Agrinho, nome da empresa e do autor/empreendedor) ♦ FOLHA DE ROSTO Identificação do autor/empreendedor com data de nascimento, RG, CPF, filiação, telefone, e-mail e endereço. Identificação do professor-orientador com RG, CPF, telefone, e-mail e endereço. Proposta Pedagógica

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Plano de Negócio


Identificação da escola com modalidade de ensino oferecido, número de alunos, nome do diretor, telefone, e-mail e endereço. ♦ INTRODUÇÃO Apresente sua ideia, motivação para o negócio e perspectivas futuras. ♦ PROBLEMA / OPORTUNIDADE Descreva qual é o problema que a sua ideia resolve ou a oportunidade que ela aproveita. Use informações e dados reais, citando fontes. ♦ DENIFIÇÃO DO NEGÓCIO - Qual é o negócio da empresa? (O motivo da sua criação) - Qual o ramo do negócio? - Quais são os clientes? Perfil. - Quais são as necessidades dos clientes? - Qual será a forma de atender às necessidades dos clientes? ♦ PLANO DE MARKETING - Descrição do Produto. - Qual o diferencial, a vantagem competitiva? - Definição do preço. - Propaganda. Escolha do ponto. Distribuição do produto. Previsão de vendas (unidades). ♦ CONCORRÊNCIA Quem são os concorrentes mais fortes. ♦ INVESTIMENTOS INICIAIS 1- Móveis e equipamentos 2 - Veículos (se for o caso) 3 - Reformas e adequações do imóvel 4 - Despesas pré-operacionais (abertura da empresa) 5 – Estoque inicial de produto/material 6 – Publicidade e propaganda 7 – Outros TOTAL DE INVESTIMENTOS

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♦ CONSIDERAÇÕES FINAIS ♦ REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Formatação para o Plano de Negócio Simplificado - Margem superior: 2,5 cm - Margem inferior: 2,5 cm - Margem direita: 2,5 cm - Margem esquerda: 3,5 cm - Espaço entre linhas: 1,5 cm - Fonte: times New Roman ou Arial - Tamanho da Fonte: 12 - Papel: A4 (210x297mm) - Preferencialmente encadernado em espiral

Sugestões de Leitura Investidor Anjo – Guia Prático Para Empreendedores e Investidores, de Cassio Spina (Editora Versos) Empreender é a saída, de José Mário Schreiner (Mundial Gráfica) Pioneiros e empreendedores: a saga do desenvolvimento no Brasil, de Jacques Marcovitch (Editora Saraiva) Desenhando negócios, de Dam Roam (Editora Campus) Como fazer uma empresa dar certo em um país incerto, do Instituto Endeavor (Elsevier Editora) Empreendedorismo sustentável, de Cândido Borges, Marcelo Ferreira Tete e Estela Najberg (Editora Saraiva) Empreendedorismo em negócios sustentáveis - Plano de Negócios como Ferramenta do Desenvolvimento, de Hans Dorrestejin, Maria José Gontijo e Marcelo Theoto Rocha (Editora Peirópolis) Reúso da água - Conceitos, Teorias e Práticas, de Dirceu D’ Alkmin Telles, Regina Helena Guimarães (Editora Edgard Blucher) Uso inteligente da água, de Aldo da C. Rebouças, (Editora Escrituras) Guerras por água - Privatização, Poluição e Lucro, de Vandana Shiva (Editora Radical Livro)

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Um bom empreendedor precisa ler muito...

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Paulo Freire (1987) afirmou que “ler não é caminhar sobre as letras, mas interpretar o mundo e poder lançar sua palavra sobre ele, interferir no mundo pela ação”. Seguindo essa linha, a leitura é indiscutivelmente o caminho mais curto para adquirir conhecimento e aflorar ideias. A nova categoria do Concurso Agrinho, “Agrinho Jovem: Empreendedorismo Sustentável” reconhece que a leitura é base que sustenta e fundamenta qualquer tese, e ao lançar o desafio: exposição de ideia para um negócio sustentável espera que o estudante alcance seus objetivos, sendo um fugaz pesquisador, incansável na busca de alternativas que possam harmonizar o homem e a natureza, preservar nossos recursos naturais e encontrar saída para minimizar os grandes problemas da atualidade. Nesse raciocínio, a leitura impõe a interpretação do mundo em várias visões. O conhecimento, de fato, é libertador, coloca o indivíduo em posição diferenciada e promove a inclusão, numa infinidade de contextos. Em consonância com as observações explicitas sobre a intencionalidade do Programa Agrinho, quanto a formação plena do educando, nossa proposta pedagógica contempla os quatro pilares da educação: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver e aprender a ser, uma vez que, a trajetória da aprendizagem cognitiva, alinha-se a possibilidade da ação, intimamente ligada a capacidade do indivíduo de conviver, resolver conflitos e apurar sua criticidade, tornando-se autônomo, consciente e proativo na sociedade.

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“Eles, cada um a seu modo, entregaram-se apaixonadamente aos seus negócios” Jacques Marcovitch, Pioneiros e empreendedores

“Não há maneira mais convicente de provar que conhecemos bem alguma coisa do que fazer um desenho simples do tema em questão. E não há modo mais impactante de enxergar soluções ocultas do que pegar uma caneta e desenhar algumas figuras relacionadas ao problema” Dam Roam, Desenhando negócios

“O processo de aprendizagem na alfabetização de adultos está envolvido na prática de ler, de interpretar o que leem, de escrever, de contar, de aumentar os conhecimentos que já têm e de conhecer o que ainda não conhecem, para melhor interpretar o que acontece na nossa realidade” Paulo Freire, A importância do ato de ler

Embora o Brasil ostente a maior descarga de água doce do mundo nos seus rios, quando estes secarem ou só transportarem esgotos não tratados das nossas cidades, já não será possível produzir alimentos, plantar árvores e o dinheiro do bolso de pouco valerá” Aldo da C. Rebouças, Uso inteligente da água

“...se as guerras do século XX foram disputas por petróleo, as guerras do século XXI serão travadas por água” Vandana Shiva, Guerras por água

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Algumas ideias de negócios para montar com pouco dinheiro É comum procurarmos negócios que exijam pouco dinheiro para ser montado, tanto em razão do baixo risco que se deseja correr quanto pelo fato de que muitas vezes não temos recursos para montar uma grande empresa. Existe, atualmente, inúmeras ideias de negócios para montar com pouco dinheiro, quer saber mais? Confira. Antes de tudo devemos ter em mente que “pouco dinheiro” é uma palavra subjetiva, ou seja, o que pode ser pouco para mim (por exemplo) pode ser bastante para você, então, entenderemos como pouco dinheiro o valor de (R$ 3.000,00 reais) aproximadamente. A seguir ideias de negócios para se montar com pouco dinheiro. Retiradas do site http://www.novonegocio.com.br/ideias-de-negocios, as ideias seguintes foram adaptadas e complementadas com opções sobre as quais o SENAR Goiás oferece treinamentos que qualificam a mão de obra, especialmente em se tratando de ações voltadas para a família rural. Lembre-se de que no início da planejamento de seu próprio negócio necessário se faz que seja feita pesquisa de mercado, inclusive em municípios vizinhos, analisando as possibilidades e preferências de potenciais clientes e, especialmente, analisar a concorrência. Importante frisar que um negócio jamais dá “errado” em razão de exigir pouco dinheiro para ser montado, mas sim porque foi mal administrado.

A seguir, lista de sugestões de negócios para montar com pouco dinheiro. Outras ideias poderão ser buscadas conforme seu interesse. A viabilização do negócio precisa ser planejada de forma consciente e real, de acordo com o orçamento disponível. Conhecimento técnico sobre a opção escolhida é um grande passo para o sucesso da atividade, mas não apenas istoe assistência técnica disponíveis.

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Criador de galinha caipira - Criar galinha (frango) caipira pode ser um bom negócio para quem está iniciando na atividade, além de poder contar com ajuda de familiares e contribuir para a sucessão familiar.

Criador de minhoca - Produzir húmus de minhoca pode ser uma opção de negócio com baixo custo de investimento. Sem falar do viés ambiental no que tange ao reaproveitamento de cascas e talos de vegetais, além de restos de culturas, caso seja do meio rural.

Produtor de lácteos - Se você faz parte de uma família rural que produz leite, este negócio já conta com matéria prima garantida. E, certamente, não faltará boa vontade dos pais em ajudar. Dentre as variedades, destaque para bebida láctea, queijo, iogurte, doce de leite. Questões sanitárias precisam ser encaradas como uma realidade necessária, mas que pode ser um dificultador para o negócio.

Produtor/Representante de Artesanato - Produzir artesanato, especialmente com fibras naturais, pode ser um negócio a ser pensado (e planejado!). Por que fibras naturais? Especialmente pelo valor agregado ao produto e pelo baixo custo da matéria prima. O extrativismo sustentável precisa ser levado em conta sempre. Mas e se você e sua família não tem o perfil de produzir artesanato? Neste caso, você poderá identificar os produzidos em seu município e comercializá-los. Em ambos os casos, a capacitação e o aperfeiçoamento precisam permear durante todo o processo. Sem falar que você pode formar grupo para produzir para você, na medida em que o negócio for se expandindo. Para todos os casos, o SENAR Goiás disponibiliza amplo portfólio de soluções de capacitação.

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Casqueador - Prestação de serviços em casqueamento preventivo de bovinos e equídeos pode se constituir como uma opção de negócio. Basta ter interesse pela atividade e se preparar tecnicamente. Para isto, o SENAR Goiás oferece cursos e treinamentos.

Construtor de cerca - Prestação de serviços em casqueamento preventivo de bovinos e equídeos pode se constituir como uma opção de negócio. Basta ter interesse pela atividade e se preparar tecnicamente. Para isto, o SENAR Goiás oferece cursos e treinamentos.

Customizador de roupas - Em tempos de crise, customizar roupas pode ser uma opção de negócio a ser pensada. E a pessoa com conhecimento e habilidade para este serviço pode ser da própria família (mãe, avó).

Vendedor de Espetinhos - Montar uma barraquinha ou comprar um carrinho de espetinhos é um negócio para montar com pouco dinheiro e muito lucrativo.

Vendedor de Bijuterias - Vender bijuterias é talvez um dos negócios para montar com pouco investimento mais baratos e a margem de lucro é alta, cerca de 100%. Ademais, é desnecessário montar um estabelecimento, gastar com aluguel, luz e outros custos, já que pode os produtos podem ser vendidos de “pessoa em pessoa”.

Cultivador de pimenta - Com um pedaço de terra e a devida orientação técnica, uma opção de negócio é cultivar, processar e vender pimenta. O SENAR Goiás poderá ser o capacitador da mão de obra.

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Loja de Artesanato - Montar uma loja de artesanato e expor os produtos em meio a uma via movimentada pode representar um lucro abundante. Os preços cobrados pelos artesanatos chegam a proporcionar lucros superiores a 200%. Claro, é preciso que você tenha uma prática artesanal, ou, no mínimo, faça um bom curso.

Vendedor de Doces - Vender quitutes é uma forma barata de se obter rendimentos consideráveis. Para montar o negócio será necessária uma caixa de isopor ou térmica de boa qualidade para manter a temperatura dos doces.

Jardineiro - Tornar-se um jardineiro e montar a sua própria empresa de jardinagem é uma boa forma de angariar bons lucros no final do mês, tudo isso com um custo acessível no início. Ademais, para tornar-se um jardineiro é preciso ter apenas um pouco de conhecimento sobre jardinagem e, é claro, ter as ferramentas certas.

Cultivador de mandioca - O consumo de produtos derivados de mandioca faz parte da cultura goiana. Isto pode sinalizar para que a produção e processamento de mandioca pode ser uma opção de rentável.

Construtor / Pedreiro - Talvez uma das melhores profissões na atualidade, representando um excelente negócio, seja tornar-se construtor/pedreiro.

Serviços Domésticos - Montar um negócio de serviços domésticos é estar em um mercado promissor. Ora, é bastante comum encontrar pessoas que precisam de um verdadeiro “faz tudo” em sua casa, por isso, seja ele e ganhe seu salário Proposta Pedagógica

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no final do mês. Para iniciar na carreira será necessário adquirir algumas ferramentas e fazer um bom cartão de visita.

Vendedor de Kreps - Vender kreps além de ser muito lucrativo é pouco trabalhoso, tendo uma demanda incrível. - É importante montar uma pequena creparia em um lugar com bastante movimento, por isso, caso more em um bom ponto, pode fazer na própria frente de casa.

Produtor/Vendedor de Salgados - Fazer salgados em casa mesmo é uma forma incrível de obter bons lucros. O custo é baixo, além do mais, o retorno é praticamente imediato. Importante lembrar que o custo será tão somente o vendido, desde que seja feito sob encomenda. Existem diversas formar de abrir negócio com pouco dinheiro, basta ter imaginação. É importante sempre minimizar os custos fixos, ou seja, luz, água, aluguel, telefone, entre outros. Por isso, tente fazer o possível para montar seu negócio em sua própria casa, fazendo uma fachada bonita e bem apresentável. Adaptado de: http://www.novonegocio.com.br/ideias-de-negocios/ 20-ideias-de-negocios-para-montar-com-pouco-dinheiro

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