Relatório SENAR-PR 2012

Page 1



SENAR-PR 20 ANOS

Construin o futuro!


SENAR-PR 20 ANOS

Construin o futuro!



01 |

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!


Saber e Fazer Constatar, duas décadas depois, os resultados alcançados pelo SENAR-PR me gratifica e seguramente também a todos que colaboraram nessa trajetória criativa e transformadora. Mas, ao mesmo tempo, nos desafia a olhar adiante, evoluir, buscar na educação abrangente exemplificada pelos 17 anos do nosso Agrinho, nos 10 anos do Empreendedor Rural, no Jovem Agricultor Aprendiz e nos milhares de cursos a incessante meta de levar os avanços da tecnologia ao campo. Este trinômio – educação, empreendedorismo, tecnologia – resulta em maior renda e consequentemente bem-estar e qualidade de vida aos nossos produtores, trabalhadores e suas famílias. Cidadania, enfim. Com esse lastro os últimos 20 anos foram vitoriosos e devem servir de alavanca às inevitáveis inovações que estão ao nosso alcance e que fatalmente ainda acontecerão. O SENAR-PR teve e terá sua história vinculada ao desenvolvimento do Paraná e do Brasil. A economia do nosso estado se sustenta pelas atividades do agronegócio, e em cada um dos 399 municípios paranaenses, de uma forma ou outra, o Sistema FAEP está presente mobilizando, treinando, capacitando nossa gente. Quero agradecer pelo trabalho incessante dos nossos sindicatos rurais que atuam em conjunto com o SENAR-PR, bem como a todos os nossos colaboradores, do anônimo mobilizador ao pessoal gerencial e supervisores, sem esquecer nossos parceiros nos diversos cursos e programas. É preciso saber, mas também fazer.

Um abraço a todos Ágide Meneguette Presidente do Sistema FAEP

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!

| 05



expediente

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL

Elcio Chagas da Silva Gerência-Técnica

Administração Regional do Estado do Paraná

Henrique de Salles Gonçalves Gerência de Planejamento

Conselho Administrativo

Reportagem José Maschio Cadeias Produtivas

Presidente Ágide Meneguette Membros Efetivos Rosanne Curi Zarattini Wilson Thiesen Darci Piana Ademir Mueller Membros Suplentes João Luiz Rodrigues Biscaia Nelson Costa Ari Faria Bittencourt Marcos Junior Brambilla Conselho Fiscal Sebastião Olímpio Santaroza Paulo José Buso Junior Jairo Correa de Almeida

Pesquisa histórica Rita de Cássia Teixeira Gusso Edição deTextos Hélio Teixeira Cynthia Calderon Fotografias Milton Dória ( Fotos Cadeias Produtivas ) Fernando Santos Lineu Filho Arquivo Sistema FAEP/SENAR-PR Case New Holland pág. 28

Membros Suplentes Ciro Tadeu Alcântara Lauro Lopes Mario Plefk

Revisão Douglas Furiatti Hélio Teixeira Cynthia Calderon José Carlos Gabardo Gerência Técnica

Superintendente Ronei Volpi

Projeto Gráfico e Diagramação Diogo Figuel

Gerentes Denize L. B. de Souza Gerência-Administrativo-Financeiro

Coordenação de Comunicação Social Cynthia Calderon Jornalista Responsável - 4796 DRT-PR

Realização: Comunicação Social Sistema FAEP


SENAR PARANÁ 20 ANOS, CONSTRUINDO O FUTURO. AUTOR

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL. ADMINISTRAÇÃO REGIONAL DO ESTADO DO PARANÁ. CURITIBA SENAR-PR 2012

Depósito legal na CENAGRI, conforme Portaria Interministerial n.164, datada de 22 julho 1994, junto à Biblioteca Nacional e SENAR-PR. Esta publicação poderá ser reproduzida, por qualquer meio, desde que citada a fonte. Catalogação no Centro de Editoração, Documentação e Informação Técnica do Senar-Pr S462 Serviço Nacional de Aprendizagem Rural. Administração Regional do Estado do Paraná. Senar Paraná 20 anos, construindo o futuro / Serviço Nacional de Aprendizagem. Administração Regional do Estado do Paraná. – Curitiba : SENAR - Pr., 2012. – 144 p. 1. Relatório de atividades. 2. Agricultura-Paraná. 3. Formação profissional rural. 4. Promoção social. 5. Senar-Pr.-História. I. Título. CDU633/635 CDD630 IMPRESSO NO BRASIL – DISTRIBUIÇÃO GRATUITA




índice O Zé do SENAR

12

Cadeias produtivas

42

A orquestra afinada

13

Grãos - soja, milho e trigo

45

Os pioneiros 15

Leite 53

Luiz Antônio Fayet 16

Cana-de-açúcar 61 Avicultura e suinocultura

69

16

Café 75

Ronei Volpi 16

Madeira 87

José Carlos Gabardo

17

Feijão 91

Luiz Antonio Sperancetta

17

Fumo 99

Carlos Augusto C. Albuquerque

Fruticultura 81

Olericultura 95

Osvaldo de Bassi 17

Tilápia

105

Ovinos e caprinos

111

Albari José Mielke 18

Equinos

117

Patrícia Torres 18

Números do SENAR (1993/2012)

120

Denize Souza 18

SENAR-PR em números

122

Elcio Chagas 19

Promoção social

123

Vida de Supervisor 19

Formação profissional rural

124

Quadro quantitativo

125

Primeiro Certificado 20

Regionais 128

Educação, promoção social e o futuro 21 O programa Renascer

24

Colheitadeiras e parabólicas

25

Nossa história 26 O ínicio 29 1993/1994 31 1995/1996 32 1997/1998 33 1999/2000 34 2001/2002 35 2003/2004 36 2005/2006 37 2007/2008 38 2009/2010 39 2011/2012 41

Vida de repórter 133

SENAR-PR 20 ANOS

Construin o futuro!

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!

| 11


O Zé do SENAR Por conhecer com quem lidar, José Eduardo de Andrade Vieira deu ao Bamerindus o codinome de "o banco da nossa terra", fez os negócios transbordarem e o tornou um dos três maiores bancos do país. Ficou conhecido como o "Zé do Chapéu" na campanha eleitoral que o levou ao Senado. E foi lá que tirou da gaveta, depois de cinco anos, um projeto que criava o SENAR (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural). Oficialmente o SENAR foi criado pela Lei 8.319, de 23 de dezembro de 1991. Hoje retirado em sua fazenda em Joaquim Távora, no Norte Pioneiro, o ex-banqueiro, ex-senador e ex-ministro faz o que mais gosta: lidar com a agropecuária, abrindo as portas de sua fazenda para cursos do SENAR-PR. Na verdade ele é, além do "Zé do Chapéu", também o "Zé do Boné", do SENAR-PR.

12 |

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!


A orquestra afinada A orquestra entraria em cena e não poderia desafinar. Com origem no campo, formado pela UFPR em agronomia, Ágide Meneguette estava na presidência da FAEP e enxergou numa instituição assemelhada às existentes, como o Senai e Senac, mas dedicada ao produtor e trabalhador rural, a grande ferramenta transformadora do meio rural. No início da década de 90, o então senador José Eduardo de Andrade Vieira conseguiu desengavetar a criação do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), vinculado à (CNA) Confederação Nacional da Agricultura e às suas Federações, entre elas a FAEP, que tinha o maestro, mas faltava a orquestra. Profissionais respeitados foram os responsáveis por transformar o Banco de Desenvolvimento Econômico do Paraná (BADEP), na principal mola mestra do desenvolvimento do estado. Lá estavam os solistas - e disponíveis - porque o banco inexplicavelmente havia sido extinto no governo Álvaro Dias (1987-1990). O ex-presidente do Badep Luiz Antonio Fayet foi o primeiro escolhido como superintendente do SENAR-PR, substituído temporariamente pelo jornalista, advogado e economista Carlos Augusto Cavalcanti Albuquerque, e em seguida pelo veterinário Ronei Volpi, com sólida experiência adquirida na Secretaria de Agricultura e Abastecimento. Nesses últimos 20 anos a orquestra foi consolidada, ampliada e afinada, vem se apresentando em todos os municípios do Paraná. Já reuniu um público de mais de 1 milhão e 100 mil produtores e trabalhadores rurais não em concertos, mas em seus cursos. O alicerce foi fundamental, e solistas pioneiros e ainda ativos merecem ser lembrados.

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!

| 13



Os pioneiros Entre os técnicos do Badep que vieram para os primórdios do SENAR-PR estava o contador Manoel Ignácio Gomes, o administrador e economista Luiz Antônio Sperancetta e, seis meses depois, o engenheiro-civil Ozvaldo de Bassi, junto com o agrônomo e professor da UFPR José Carlos Gabardo, que respondia pelo departamento técnico, estruturaram o sistema de normas e procedimentos de funcionamento do SENAR-PR vigentes até hoje. Gabardo participou da elaboração dos três projetos que foram encaminhados a Brasília para liberação de recursos que permitiriam a realização dos primeiros cursos: agrotóxico, regulagem de colheitadeira e tratorista agrícola. Os tempos eram outros. Só existia uma escola de agronomia e veterinária em Curitiba. Como professor, isso permitia a Gabardo conhecer praticamente todos os agrônomos do estado, seus ex-alunos. Esse contato com os técnicos e com os agricultores fez toda a diferença quando saiu a campo para acompanhar os treinamentos do SENAR-PR. Na capacitação de agrotóxico, veio o pessoal da Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef) e ministraram o primeiro curso realizado no país, na Associação dos Engenheiros Agrônomos de Maringá, em maio de 1993. Os cursos iam surgindo de acordo com a necessidade apresentada pelos produtores. "Os coordenadores que demandavam as transformações", relembra Gabardo. Além da capacitação, o SENAR-PR trouxe uma mudança ideológica, ao produzir, por exemplo, a primeira cartilha sobre agrotóxicos. O primeiro problema foi de nomenclatura: agrotóxico, veneno ou produto fitossanitário? As fotos da cartilha foram produzidas na horta da antiga Penitenciária de Piraquara, em Curitiba. O pulverizador cheio de leite substituindo o defensivo rendeu boas imagens. Quem comandou a sessão de fotos foi de Bassi "O homem do campo não estava habituado a receber informação", lembra. Essas são algumas lembranças do trio que ajudou a construir as estruturas que fizeram do SENAR-PR uma referência nacional. De Bassi na área administrativa, Gabardo no departamento técnico e Sperancetta no Planejamento. "Hoje o Senar-Central dispõe de vários relatórios que são distribuídos para todo o Brasil e que nasceram da nossa necessidade", orgulha-se Sperancetta. De Bassi completou, no dia 4 de dezembro de 2012, 80 anos de idade e continua na ativa. Um exemplo.

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!

| 15


Luiz Antônio Fayet Luiz Antônio Fayet foi o primeiro superintendente do SENAR-PR. Assumiu em 1993 a convite do presidente da FAEP, Ágide Meneguette. O economista viu na proposta uma oportunidade de promover a melhoria técnico-operacional dos produtores rurais paranaenses. O primeiro passo foi definir que a função institucional do SENAR-PR de capacitar os produtores e seus familiares para o trabalho no campo. Buscou a estratégia da pirâmide social para modificar a realidade das famílias por meio da educação das crianças - ao se levantar a base (filhos), também se ergueria o topo (pais). Isso contribuiu e muito, por exemplo, para a extinção dos casos de morte por aplicação de defensivos. "No Paraná, os produtos passaram a ser instrumentos de aumento da produtividade sem riscos", disse Fayet.

Carlos Augusto C. Albuquerque De gestos e hábitos calmos, o jornalista, professor universitário, advogado e economista Carlos Augusto Albuquerque foi o segundo superintendente do SENAR-PR, substituindo a Luiz Antônio Fayet, em 1992. Ele é testemunha privilegiada da contribuição que os cursos do SENAR-PR ofereceram ao desenvolvimento e modernidade do agronegócio paranaense. Não esconde o orgulho em revelar que atualmente esses cursos somam 243, todos voltados ao aumento da produtividade, redução de custos, maior renda do produtor. Hoje é o superintendente-adjunto da instituição e incentiva novos horizontes como treinamentos na área da agricultura de precisão, por exemplo.

Ronei Volpi O gaúcho de Passo Fundo Ronei Volpi, formou-se em medicina veterinária pela Universidade Federal de Santa Maria (RS), em 1972, mas construiu sua trajetória profissional buscando o desenvolvimento da agropecuária do Paraná. Em 1995, assumiu o SENAR-PR, substituindo Carlos Augusto Cavalcanti Albuquerque. Ampliou o número de cursos e as supervisões regionais saltaram de cinco em 1996 para as atuais quinze, que atendem os 399 municípios do estado. Considera que há dois marcos na história do SENAR-PR: os Programas Agrinho (1996) e Empreendedor (2003) e a palavra de ordem é sustentabilidade, com base no tripé viabilidade econômica, social e ambiental."Os avanços ocorridos no SENAR-PR nessas duas últimas décadas, reconheça-se, só ocorreram pelo apoio do presidente do Conselho, Ágide Meneguette", afirma.

16 |

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!


José Carlos Gabardo Na Faculdade de Agronomia da UFPR, José Carlos Gabardo, o "professor Gabardo", tomou os rumos da entomologia (estudos dos insetos) e mais especificamente da mirmecologia (estudo das formigas). Participou da equipe que criou o primeiro formigueiro artificial no Paraná para estudar o comportamento das saúvas. A experiência, a capacidade didática conquistada no magistério superior, a convivência com alunos que se tornariam profissionais da agronomia e o entendimento da vida no campo lhe deram um formidável lastro para enfrentar os desafios que o SENAR-PR impunha. Os dividendos desse perfil fundamentaram seu trabalho na instituição onde exerceu a gerência técnica . Hoje atua na FAEP, no Departamento Sindical, onde é preciso didática...e jeito.

Luiz Antônio Sperancetta O sonho de Luiz Antônio Sperancetta era ser piloto, mas seu vôo o levaria aos caminhos da contabilidade, das finanças, do planejamento. Formado em Ciências Contábeis e pós-graduado em Finanças pela Faculdade de Administração e Economia (FAE), Sperancetta, ex-funcionário do extinto Badep, foi um dos pioneiros em 1992 do SENAR-PR . Na estruturação da instituição foi o condutor do desenvolvimento de sistemas de controle, arrecadação e modelagem de treinamentos, num período em que era necessário multiplicar atividades em razão do pequeno time que trabalhava. É hoje assessor técnico do SENAR-PR.

Osvaldo de Bassi Nunca alguém o viu levantar a voz, decano do SENAR-PR, respeitado e admirado por todos que compõem o Sistema FAEP, tem uma história de vida baseada na simplicidade, extravasada tempos atrás no laboratório fotográfico mantido na garagem ou no reflexivo "O Processo", do escritor tcheco Franz Kafka. Osvaldo de Bassi, formado e instruído em escolas públicas, queria ser médico, acabou engenheiro civil. Habituado a trabalhar, nos anos de faculdade se manteve como professor de cursinho pré-vestibular. Este pioneiro foi o primeiro gerente administrativo-financeiro e presidente da Comissão de Licitações na qual por boas razões, se mantém até hoje. Reconhece que é uma área sensível, sempre sob lupas fiscais e define: "Ser honesto não é opção, é obrigação".

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!

| 17


Albari José Mielke Albari José Mielke, também originário do Badep, tornou-se em 1995 responsável pela distribuição de material, prestação de contas, e da tão disputada certificação do SENAR-PR. Mesmo assim, Albari viu de perto programas como o Renascer e o Mutirão da Cidadania acontecerem. "Vi pessoas chegando molhadas, descalças, algumas com mais de 60 anos de idade e querendo estudar", lembra. Testemunhou a evolução dos cursos que transformaram a vida de milhares de pessoas no interior paranaense. "Até hoje encontramos pessoas que colocaram em prática o que aprenderam e melhoraram de vida", diz. Em 2006, assumiu a coordenação do Centro de Distribuição responsável pelo envio/recebimento, controle e armazenagem de todos os materiais dos cursos. É ele o responsável pela preservação da documentação histórica do SENAR-PR.

Patrícia Torres Pedagogia de sucesso Patrícia Lupion Torres é pedagoga do SENAR-PR há 20 anos, desde a época em que estava em estruturação a proposta pedagógica do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural nos estados em 1993. Coube a ela a responsabilidade de estruturar esta proposta no Paraná, a partir da matriz nacional. Era uma equipe pequena, mas empenhada em construir um modelo eficiente baseado em parâmetros de instituições de ensino superior às quais os profissionais estavam ligados. Com isso, os projetos foram se desenvolvendo com um norte certo e parcerias eficientes. As ações de formação dos instrutores e dos cursos eram acompanhadas de perto e avaliadas antes de levadas aos produtores. "Trabalhavamos com planejamento e muita prática, centrados nessa metodologia: ‘aprender fazer, fazendo", contou Patrícia.

Denize Souza Registro Número 1 Contam-se nos dedos das mãos quantos trabalhadores fizeram e assinaram o próprio registro na Carteira de Trabalho, mas Denize Souza teve esse privilégio e o fez em 7 de março de 1993. Com justos motivos se orgulha porque "eu vi o SENAR-PR tomar forma e crescer". Em 1979 foi admitida na FAEP, passando pelo Departamento Sindical e Secretaria Geral, de onde saiu para o recém-nascido SENAR-PR. E teve que se virar. Protocolo, contabilidade, logomarca, emissão de cheques, certificados de cursos. Não havia enrosco. Formada em Direito, sempre atuou na área administrativa-financeira, assumindo a gerência em 2008. Teve a oportunidade de viajar para vários municípios e conhecer in loco as ações do SENAR-PR em 2010. "Foi gratificante ouvir depoimentos de como o SENAR-PR contribuiu para melhorar a vida das pessoas", afirma.

18 |

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!


Elcio Chagas Seguindo a máxima do "aprender a fazer, fazendo", Elcio Chagas, em 1994, entrou no SENAR-PR e foi tourear o curso de formação de Instrutores de Alto Nível destinado ao monitoramento de aplicação de defensivos. Começava a sua trajetória na instituição. Seguindo a máxima do "aprender a fazer, fazendo" foi ao interior. Não esquece a "técnica do paninho" usada para limpar o úbere de vacas por produtores de leite e constatou alfabetização feita à luz de velas, retratos de que havia muito por fazer. Fácil comunicação para cativar, conquistar o produtor e atraí-lo para os cursos do SENAR-PR. Deu resultado. "Hoje o pessoal acostumou, mas até 1995 a chegada do Senar parava as cidades", recorda. Chagas acompanhou toda a evolução dos cursos e programas do SENAR-PR e hoje é seu gerente técnico.

Francisco Pelição de Oliveira Salvador José Morales Stefano

Vida de Supervisor Panelão, assadeiras, uma dúzia de pratos, garfos e facas, um fardo de arroz, linguiça e ingredientes para criar um prato de última hora num fogareiro de duas bocas. Esse era o "kit" que durante algum tempo os coordenadores (atuais supervisores) transportavam no porta-malas de velhos fuscas e corcel nos primórdios do SENAR-PR. Desconfiados com "esse tar" de SENAR-PR, o processo de conquista para os treinamento inlcuia entre outros meios, o estômago. Por isso, ser bom cozinheiro era um atrativo. Galinhada e arroz carreteiro eram os pratos mais famosos, que não exigiam muitos utensílios para o seu preparo. E garantiam presenças. Foi assim que os pioneiros nas supervisões do SENAR-PR, Salvador José Morales Stefano (Mandaguaçu) e Francisco Pelição de Oliveira (Matelândia) ganharam suas regionais. Eles viram "in loco" o nascimento de uma série de cursos e programas do SENAR-PR, desde o primeiro curso em 1993. Supervisor também era motivador, "a gente tinha que ter um discurso bonito", lembram Salvador e Pelição. A convivência próxima com a comunidade foi fundamental para o entendimento das necessidades locais e o desenvolvimento da grade de cursos. . "O supervisor pode ser definido como um agente de desenvolvimento do município. Tem que conhecer as lideranças que podem contribuir para as parcerias", completam.

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!

| 19


Primeiro certificado O eldorado que estava se desenhando no Norte do Paraná no início dos anos 50, atraindo entre tantos outros os ancestrais de Antônio Claudinê Russo. Ele nasceu em Cambé há 58 anos, e o Cartório esqueceu - como chama a atenção - de grafar o "i" em seu nome e ficou o "ê" de Claudinê. Também como muitos, Russo encontrou trabalho já aos 15 anos nas culturas de café e algodão, exigentes de mão de obra, e em seguida nos ainda incipientes canaviais. Uma rápida busca de novos trabalhos em Leme, interior de São Paulo, o encaminhou para a área de segurança do trabalho, ofício que o conduziria à Usina Santa Terezinha em 1982, em Iguatemi, cercanias de Maringá. Foi então que ganhou o apelido de "Toninho da CIPA" (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) da usina. "Durante muitos anos fui supervisor de Segurança do Trabalho na parte industrial, adorava ser cipeiro", lembra ele. A vida profissional voltada à prevenção levou-o a ser indicado, em 1993, para se tornar o primeiro profissional a receber o Certificado Número 1 do primeiro curso do então recém-criado SENAR-PR. "Fiz o curso sobre defensivos agrícolas para multiplicar o aprendizado entre o pessoal que atuava no campo, e esses também informariam aos amigos e companheiros de trabalho. Foi fundamental na região", conta Russo. Outros cursos do SENAR-PR como Direção Defensiva e Transporte o acompanhariam na sua trajetória de profissional de segurança do trabalho na unidade de Iguatemi, do Grupo Santa Terezinha. Russo se aposentou há três anos e curte os netos de quatro filhos que teve com D. Anaíde, morando ainda em Iguatemi. Confessa que nas conversas com amigos tem, pela ordem, três temas: "Primeiro falo de meu Corinthians, depois da Santa Terezinha e como o SENAR me ajudou".

20 |

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!


Educação, promoção social e o futuro A responsabilidade do SENAR-PR em seu início foi estruturar a capacitação, a partir da matriz nacional. O trabalho começou com uma equipe pequena, mas empenhada em construir um modelo eficiente com parâmetros obtidos por profissionais ligados à educação. Os projetos foram sendo desenvolvidos com um norte certo e parcerias eficientes. As ações de formação dos instrutores e dos cursos eram e são acompanhadas de perto e avaliadas antes de levadas aos produtores. O trabalho é realizado desde aquela época com planejamento e muita prática, inicialmente centrados na metodologia “aprender a fazer, fazendo”. O SENAR-PR desde seu nascimento se preocupou com a formação do instrutor capacitando-o tecnicamente e pedagogicamente. Hoje esse cenário é outro diante dos instrumentos e características que exigem detalhamento de como e por que fazer. Toda a estrutura do SENAR-PR foi pensada para comportar a multiplicação dos cursos. A equipe multidisciplinar também foi um fator decisivo, porque as experiências de cada profissional se somaram para compor o diferencial paranaense. No início de suas atividades na década de 90, o SENAR-PR se viu diante da constatação de que em algumas áreas os produtores sequer sabiam ler e escrever. A partir disso foram elaborados os projetos Renascer e Escola Aberta, de alfabetização, com foco na educação, e com características de promoção social. Os resultados foram tão positivos que o Renascer foi incorporado pela Secretaria de Estado da Educação do Paraná. Também se percebeu no convívio com os produtores que havia a necessidade de aproveitar as próprias atividades e até matérias-primas existentes nas propriedades para a promoção social. O artesanato, as compotas, as receitas, o corte e costura, por exemplo, foram também utilizados para não só criar uma renda suplementar, mas também como instrumento de mensagens sobre noções de higiene, proteção no uso de agrotóxicos e mesmo gestão da propriedade. Até hoje se repetem episódios em que a produtora fez o curso de compotas e leva para sua casa - a filhos e marido - convites aos novos caminhos oferecidos pelo SENAR-PR em outros campos de capacitação, como o Empreendedor Rural. Outro momento marcante na trajetória do SENAR-PR foi a adoção da educação à distância. Pioneiro nessa metodologia com vistas a facilitar o contato com universidades e instituições parceiras e auxiliar no desenvolvimento de programas. O primeiro curso foi Especialização em Engenharia de Produção, destinado a supervisores, instrutores e produtores. A boa receptividade e os resultados positivos deram origem às salas do produtor em alguns sindicatos rurais. Sobre o futuro, a tendência é de fortalecer as modalidades de ensino existentes e de desenvolver outras e na Educação à Distância implantar o conceito de objeto educacional aberto, que disponibiliza conhecimento aos interessados de forma livre como já ocorre em instituições mundialmente reconhecidas, como a Universidade de Harvard, nos Estados Unidos.

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!

| 21




O Programa Renascer Uma das primeiras percepções no contexto histórico dessas duas décadas do SENAR-PR ocorreram já nas primeiras investidas pelo interior do estado. Uma parcela dos participantes nas capacitações tinha dificuldade em absorver os treinamentos técnicos. Em 1996 o Paraná registrava 271 mil pessoas na área rural, que ainda não sabiam ler e escrever. Assim, o SENAR-PR investiu na educação básica vinculando o aprendizado com a lida do produtor rural, por meio do programa Renascer – Alfabetizar para Qualificar. Foi a grande explosão do SENAR-PR, tornando-o conhecido. O piloto do Renascer foi iniciado em 25 municípios e deu as diretrizes para o plano estadual. O crescimento no número de participantes de cursos estava diretamente vinculado à alfabetização. As regiões que tiveram maior número de turmas também conseguiram maior presença nos cursos de formação profissional. Mas era difícil convencer as pessoas, elas se excluíam, envergonhadas de ser analfabetas. A solução para quebrar a barreira foi descobrir alguém de dentro da comunidade para ser mobilizador.

24 |

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!


Colheitadeiras e parabólicas Era uma época em que não se falava em gestão, um período de migração e de outras atividades como os grãos, culturas que exigiam um grau de tecnologia diferenciado como regulagem de trator e de colheitadeira. Foi o boom da mecanização. Houve gente que comprava colheitadeira sem nunca ter visto uma. Outro momento histórico para a clientela do SENAR-PR foi quando surgiu a antena parabólica, permitindo a chegada da televisão à propriedade rural. Um marco que ditou moda. Alguns produtores viam uma notícia sobre determinada cultura ou equipamento e queriam experimentar. A informação ao vivo e a cores levou o Brasil para o interior e junto as novas tecnologias e conhecimentos. Os cursos de qualificação dos trabalhadores do setor sucroalcooleiro, que tinha um alto índice de acidentes, também foram algo que marcou a história. "Ensinávamos a pessoa a cortar a cana e tínhamos que brigar e obrigar o trabalhador a usar a luva", lembram supervisores. Distribuídos em 15 Regionais, os supervisores, instrutores e mobilizadores, junto com os Sindicatos Rurais, formam uma rede com capilaridade em todo o Paraná. Esse trabalho é gratificante, porque é um processo permanente de interatividade e conquista, no qual se espalham amigos em todos os lugares. Muitos deles treinados e capacitados em duas décadas pelo SENAR-PR, ajudando a mudar para melhor a vida no campo.

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!

| 25


26 |

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!


S O N A 0 2 R P R A N E a i S r 贸 t s Hi

Nossa

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!

| 27



histórico

O início O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) – Administração Central é criado pela Lei Federal nº 8.315, de 23 de dezembro de 1991, e regulamentado pelo Decreto nº 566/92, de 10 de junho de 1992, com o objetivo de organizar, administrar e executar no território brasileiro o ensino da formação profissional rural e a promoção social do trabalhador rural. Em caráter provisório, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Administração Regional do Estado do Paraná (SENAR-PR) inicia suas atividades em 1993, por meio de convênio entre a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e a Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP).

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!

| 29


hist贸rico


histórico

1993 Em junho desse ano o SENAR-PR inícia suas atividades. Desde o início, o objetivo é a melhoria da condição de vida no campo. Dados da época, da Secretaria da Saúde, mostram que anualmente são registrados mais de mil casos de intoxicação por defensivos em função da forma errônea como são utilizados. O SENAR treina dezenas de agrônomos para disseminarem informações sobre o uso correto de agrotóxicos, com apoio da Andef. 1º. Curso de Aplicador de defensivos agrícolas realizado na Associação dos Engenheiros Agrônomos de MaringáPR, nos dias 5 e 6 de maio de 1993 com 49 participantes. O encerramento teve a presença de vereadores e autoridades do município.

1994 É atualizado o Manual Como Contribuir para o SENAR-PR, publicação que explica o que é a entidade. É publicada cartilha sobre aplicação de defensivos. O ano encerra com o total de 150 instrutores treinados, quatro mil aplicadores de defensivos agrícolas treinados, e mais de 260 cursos ministrados. Com pouco mais de um ano, o SENAR-PR comemora o milésimo curso e o total de 12 mil trabalhadores e produtores rurais capacitados. Mais de 100 técnicos estiveram em Curitiba durante o 1º. Encontro de Avaliação para Instrutores e de Coordenação que teve o apoio da Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef) e da empresa de máquinas agrícolas Jacto. Eles são avaliados e participam do planejamento pedagógico dos cursos.

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!

| 31


histórico

1995

1996

Pecuarista e médico veterinário Ronei Volpi assume a superintendência

Nesse ano, o SENAR-PR já atua com formação à distância. Em

do SENAR-PR com a proposta de desenvolver mais opções de

setembro, passa de sete para nove o número de regionais e

aperfeiçoamento no campo. A nova etapa compreende também uma

se torna mais rigoroso na seleção dos prestadores de serviços.

programação voltada à promoção social do trabalhador rural e sua

Supervisores: Edson Limper (Norte Pioneiro), Neri Munaro

família.

(Sudoeste), Vilmar Busanello (Centro/Sul), Salvador Stefano (Noroeste), Elcio Chagas (Leste), Francisco Pelição de Oliveira

SENAR-PR é considerado exemplo de eficiência entre as demais

(Oeste), Raul Vicente Cavallari (Campos Gerais) e Salvador

unidades do país. Também é escolhido como modelo brasileiro pela

Porfirio Pereira.

Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef) nos cursos de melhoria da mão de obra rural na área de aplicação de defensivos.

Paraná tem em torno de 271 mil pessoas na área rural que ainda não sabem ler e escrever. Após constatar a dificuldade

Criado o Programa Agrinho. Em parceria com a Secretaria de Meio

de uma parcela da mão de obra para absorver os treinamentos

Ambiente, da Educação e da empresa Zêneca, o piloto sai em defesa

técnicos, o SENAR-PR investe na educação básica, vinculando

da natureza em sete municípios (Contenda, Lapa, Araucária, Santa

o aprendizado à lida do produtor rural por meio do Programa

Terezinha de Itaipu, Palotina, Toledo e Maripá), atendendo 13 mil

Renascer – Alfabetizar para Qualificar. O piloto inicia em 25

alunos.

municípios e dá as diretrizes para o plano estadual. Em quatro anos, alfabetiza 21 mil trabalhadores rurais acima de 14 anos.

32 |

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!


histórico

1997

1998

Boneco Agrinho ganha uma irmã, a Aninha, e juntos eles passam

Programa Agrinho é apresentado como modelo de educação

a tratar também de saúde e prevenção de cáries. O SENAR-PR é

ambiental para os países da América Latina. Trinta e quatro

destaque no Congresso Internacional de Educação de Jovens e

executivos de vários países e membros da Global Protection

Adultos. Sua contribuição no processo de alfabetização de jovens e

Federation, que reúne os grandes fabricantes mundiais de

adultos coloca o Paraná como modelo em educação.

defensivos, são unânimes na avaliação de que não existe em nenhum outro país latino-americano iniciativa semelhante. SENAR-PR lança o Projeto Escola Aberta, inédito no país. Micro e pequenos empresários rurais têm a oportunidade de melhorar a qualificação profissional e, ao mesmo tempo, obter conhecimentos em matemática, português e ciências.

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!

| 33


histórico

1999

2000

Implantado o sistema on-line na agricultura do Paraná. O Programa

Lançados dois cursos de pós-graduação para a área rural,

Tecnologias On-Line é uma rede de informações agrícolas criada pelo

e realizado primeiro curso de especialização à distância em

SENAR-PR, em parceria com a FAEP, Sebrae e CNA. Simultaneamente

Engenharia de Produção, Gestão Rural e Agroindustrial, em

são inauguradas 150 Salas do Produtor em todo o Paraná, com

parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina. Durante

computadores ligados à internet.

dez meses, 50 profissionais têm aulas pela internet.

Criação do Programa Família Qualidade de Vida com o objetivo

Ministério da Educação recomenda a criação de temas

de orientar mulheres da área rural sobre nutrição, saúde, higiene,

transversais às disciplinas lecionadas em sala de aula. Agrinho é

prevenção de acidentes e odontologia preventiva. Dois anos depois

o primeiro programa a trabalhar os temas com quatro anos de

entra o tema economia doméstica.

antecedência aos parâmetros curriculares do ministério.

34 |

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!


histórico

2001

2002

Ao completar dez anos de existência, o SENAR-PR registra mais de seis

Inicia-se o processo de certificação ISO 9001/2000 com reunião de

milhões de capacitações em formação profissional e promoção social

sensibilização dos funcionários. O certificado é recebido durante a

no meio rural. Para medir a qualidade dos serviços prestados, investe

comemoração dos dez anos.

em pesquisas. O SENAR-PR participa do curso de Avaliação de Impacto da Formação Profissional, no Centro Internacional de Formação da

Programa Rio Limpo envolve quase todas as escolas de ensino

Organização Internacional do Trabalho (OIT), em Turim, na Itália.

fundamental e médio do estado, durante o decorrer de 2002. Uma expedição percorre 1.320 quilômetros do rio Iguaçu.

Lançado o projeto de recuperação de mata ciliar em parceria com as Secretarias Estaduais de Meio Ambiente e Agricultura, IAP, Emater, Ocepar e sindicatos rurais.

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!

| 35


histórico

2003

2004

Criado, no dia 18 de agosto, o Empreendedor Rural, em parceria

Empreendedor Rural é apresentado à equipe de agrônomos

com o Sebrae, para trabalhar o poder pessoal dos empreendedores

do Banco do Brasil. O intuito é aperfeiçoar o atendimento aos

do agronegócio, de forma a ampliar sua capacidade influenciadora

participantes do programa que procuram as agências bancárias.

nas transformações da sociedade. SENAR-PR e FAEP atuam para fazer a pecuária paranaense Estima-se que existam 400 mil pessoas sem documentos no Paraná.

atingir a evolução que culturas como soja e milho conseguiram.

O SENAR-PR retoma a organização dos Mutirões da Cidadania para

O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural realiza treinamentos

levar a prestação de serviços públicos a diversos municípios. Entre

em informática a técnicos da Seab para operação do sistema de

1998 e 2000, os mutirões visitam dez cidades e totalizam 21 mil

rastreabilidade.

novos documentos emitidos. Acordo com o INSS marca início do Projeto Cidadania Rural no estado. O acordo prevê 38 cursos para empregados rurais, empresários, contabilistas e profissionais de recursos humanos.

36 |

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!


histórico

2005 Paraná participa do Sistema de Avaliação de Desempenho do SENAR-PR nacional. Em torno de 400 participantes dos cursos na área de Formação Profissional Rural respondem o questionário da primeira etapa. Numa segunda fase, a situação profissional do

2006 SENAR-PR realiza o curso de número 80 mil no Paraná: Operação e Manutenção de Colhedoras Automotrizes. Nesse ano também conquista a recertificação ISO 9001/2000, por parte do Instituto de Tecnologia do Paraná.

egresso é avaliada.

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!

| 37


histórico

2007

2008

SENAR-PR pretende levar o Empreendedor Rural para todo o Brasil.

Profissionais do SENAR-PR validam o piloto de treinamento para

Representantes de 17 administrações regionais definem a adesão ao

mobilizadores, formado de acordo com a proposta do Plano

programa em reunião na sede do Sebrae.

Estratégico de Mobilização.

Site do SENAR-PR é reformulado buscando maior interatividade com

Criado o site do Programa Agrinho, que permite a avaliação e o

os usuários.

acompanhamento das atividades desenvolvidas. A página também tem uma série de atrações para educadores e crianças. SENAR-PR prepara planejamento estratégico para os próximos cinco anos que tem como principais linhas de atuação: atendimento ao público-alvo, formação continuada e empreendedorismo. Também é realizada pesquisa junto aos produtores e trabalhadores, presidentes de sindicatos rurais, mobilizadores e instrutores para conhecer melhor o público.

38 |

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!


histórico

2009

2010

SENAR-PR elabora o novo material do Empreendedor Rural,

Ano em que o SENAR-PR comemora o curso de número mil em

revisado e atualizado pelos seus técnicos e profissionais do Sebrae.

parceria com a Coamo. Comemoração é realizada na associação

Atualização se faz necessária porque o programa se torna nacional.

dos funcionários da cooperativa em Mamborê. Dos mil, 339 foram Aplicação de Agrotóxicos. Planejamento Estratégico de Mobilização do SENAR-PR completa um ano. São traçadas as prioridades necessárias ao desenvolvimento anual de cursos para cada um dos 399 municípios do Paraná. Técnicos e agrônomos de países africanos conhecem a capacitação rural e as técnicas de produção. Visita ao Brasil é a primeira etapa do acordo de cooperação.

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!

| 39


hist贸rico


histórico

2011 Criado o caderno “Preparando-se para Empreender”, no Programa Jovem Agricultor Aprendiz (JAA), para estimular o empreendedorismo no negócio rural. Convênio com a Secretaria de Estado da Educação transforma o JAA em atividade extracurricular nas escolas da rede pública com menor Índice de Desenvolvimento da Educação Básica do estado. Mais de 2,7 mil professores das redes pública e privada de ensino do Paraná participam do projeto de educação à distância, desenvolvido dentro do Agrinho. SENAR também disponibiliza outros dois cursos na modalidade à distância: Planejamento Estratégico para egressos do Empreendedor Rural e formação pedagógica para instrutores. Técnicos brasileiros visitam a África, entre eles o gerente de Planejamento do SENAR-PR Henrique de Salles Gonçalves. A parceria resulta em intercâmbio de informações e capacitação entre os países.

2012 O SENAR-PR capacitou 325 engenheiros agrônomos de várias instituições para a assistência técnica na elaboração dos projetos do programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC), específicos de financiamento e acompanhamento desses projetos. O SENAR-PR com a FAEP realizou o “Dia de Campo” em 11 municípios, para difusão de estratégias sobre a Integração Lavoura, Pecuária e Floresta (ILPF), no Paraná. Os eventos serviram como preparação para o lançamento em 2013 do novo Programa Empreendedor Rural. Foram capacitados os primeiros 14 instrutores dos dois tipos de cursos de Agricultura de Precisão que serão oferecidos a partir de 2013. O primeiro voltado para os produtores rurais e gestores das propriedades, e outro para os operadores das máquinas agrícolas. O SENAR-PR treina mais de 200 mobilizadores vinculados a 150 Sindicatos Rurais. Educadores e gestores do SENAR do Rio Grande do Norte participaram do treinamento para trabalhar a metodologia utilizada pelo SENAR-PR no Programa Jovem Agricultor Aprendiz (JAA).

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!

| 41


42 |

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!


S O N A 0 2 R P R s a v i SENA t rodu

P s a i e Cad

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!

| 43



grãos Nos últimos 20 anos, a agropecuária paranaense deu um salto de qualidade, em que o avanço da produção se deveu muito mais ao aumento da produtividade por área do que a expansão territorial da área cultivada. A cultura de grãos teve o impacto da pesquisa, modernização, uso de defensivos e, principalmente, uma nova mentalidade do produtor rural. Um caso exemplar foi o trabalho do pesquisador Romeu Kiihl, hoje aposentado da Embrapa- Soja, de Londrina (387 km de Curitiba), que domou o "ciclo juvenil da soja".

Grãos soja, milho e trigo

O trabalho coordenado por Kiihl possibilitou a adaptação da soja para o plantio da leguminosa acima do Paralelo 22, o que significou plantar soja, com sucesso, no Nordeste (Bahia, Maranhão e Piauí) e nos cerrados do Centro-Oeste brasileiro. Paralelamente a esse avanço tecnológico, a expansão de área de cultivo pelas novas fronteiras agrícolas se estabilizou no final dos anos 80 no Paraná. A partir da última década do século passado, a produtividade por área é que tem determinado o crescimento da agricultura nacional. Em nosso estado esse esforço pela produtividade é ainda mais evidente. Produzir cada vez mais e melhor passou a ser a palavra de ordem do produtor paranaense de grãos.

CURSOS OFERTADOS PELO SENAR-PR PARA ESTA CADEIA

E aí surge um fator determinante para essa busca.

tratorista agrícola / semeadora e adubadora / aplicação de agrotóxicos

Seja por transição natural na sucessão familiar ou

colhedora automotriz / manejo e conservação de solos / sistema de plantio

pelo ingresso de novos profissionais, a agricultura

direto / manejo integrado de pragas / manejo de plantas daninhas / manejo

paranaense - notadamente na produção de grãos-

integrado de doenças / classificação de grãos / armazenista e administração

vive uma nova "revolução", quase silenciosa, mas

rural.

cada vez mais efetiva: um novo perfil do produtor.

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!

| 45


grãos

Processo de aprendizado Com a aposentadoria do patriarca da família, Archile Martini, 72, quatro dos seis filhos decidiram, em 2005, administrar os 411 hectares da Fazenda Nossa Senhora Aparecida, em Santa Tereza do Oeste (514 km de Curitiba). Adeptos de uma agricultura de ponta, os irmãos Martini buscam no SENAR- PR cursos que complementam suas formações específicas. O engenheiro agrícola Renato Archile Martini, 41, é quem explica: "Na vida, aquele que não continua o processo de aprendizado fica para trás. Estamos sempre em busca de novos conhecimentos". Segundo ele, o dia a dia na produção de soja e milho no verão, e milho safrinha e trigo no inverno, é coordenado pelo irmão envolvido na atividade. "Mas sempre para se fazer um investimento em máquinas ou infraestrutura, nos reunimos e decidimos no coletivo", diz. A bióloga Márcia Martini Staum, 48, Denise Adriana Martini de Meda, 47, formada em Gestão Financeira, e Eduardo Vinício Martini, 29, em Agronegócio, concordam. Apesar do trabalho coletivo, os irmãos buscam por alternativas individuais. As irmãs Denise e Márcia trabalham com 25 colmeias nas áreas de reserva da propriedade. "A apicultura ainda não é em escala comercial, mas é fruto de um curso SENAR", conta Denise. Foi também após um curso do SENAR que Márcia se prepara para investir, desta vez isoladamente, na pecuária de leite. "Eu e meu marido temos planos de morar na propriedade e gostamos da atividade. Estou na fase de projetos e estudo de viabilidade", afirma.

46 |

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!


gr達os

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!

| 47


grãos

Negócio complexo Antônio Cláudio Teodoro de Oliveira, 32, de Campo Mourão (456 km de Curitiba), no Centro-Oeste do Estado, é engenheiro agrônomo. Após formado foi trabalhar como extensionista no setor cooperativo, para só depois assumir as propriedades da família, nos municípios de Campo Mourão e Luziânia (433 km de Curitiba). "Perdi meu pai no início da faculdade. Minha mãe achou melhor arrendar as terras enquanto eu estudava", conta Oliveira. Depois de quatro anos como extensionista a campo, ele decidiu, em 2007, que podia retomar os 677,6 hectares antes arrendados. Produtor de soja, milho no verão e milho safrinha no inverno, ele não se descuida do aprimoramento técnico e pessoal com cursos de qualificação do SENAR-PR. "A agricultura é hoje um negócio complexo, temos que buscar novos conhecimentos todos os dias, e os cursos do SENAR possibilitam isso", afirma.

48 |

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!


grãos

Operação e incentivo

Na suinocultura ele é integrado à C. Vale em uma ULP (Unidade Produtora de Leitão), com 250 matrizes. Vice- presidente do Sindicato Rural de Mamborê, além de participar dos cursos dos SENAR- PR, atua como incentivador para que agricultores e funcionários participem dos cursos de qualificação.

Em Mamborê (452 km de Curitiba), Iranei Donizete Machado, 52, se divide entre a produção de grãos e a suinocultura. Dono de 53 hectares, ele arrenda outros 48 hectares para suas lavouras de soja e milho no verão e milho safrinha.

"Incentivo meus quatro funcionários fixos a participarem de todos os cursos, mesmo aqueles que nada tem a ver com o trabalho deles, assim como procuramos aglutinar cada vez um número maior de produtores nos cursos", diz.

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!

| 49


grãos

Agricultura de precisão Márcio Soares, 43, e Marsal Pontel Soares, 42, são irmãos e sócios em 2.662 hectares na região de Ubiratã (497 km de Curitiba). Os irmãos praticam uma agricultura de precisão e estão atentos às novas tecnologias, sem esquecer os cursos de qualificação do SENAR-PR. Segundo Márcio, não só os irmãos usam os cursos do SENAR como qualificação. Os cinco funcionários fixos e trabalhadores

50 |

temporários são incentivados a frequentar os cursos. "Cada vez o trabalho agrícola exige conhecimento. É nossa função estar atento a isso", afirma. O pequeno produtor Danilo Petek Alencar, 22, ainda estudante de Administração de Empresas, já trabalha com o pai nos 108 hectares da família, também em Ubiratã. Ele planta soja e milho e busca no SENARPR "ajuda para dúvidas que surgem". Segundo ele, tudo começou após frequentar o curso Jovem Agricultor Aprendiz - o JAA. "Descobri o SENAR com o jovem aprendiz, e agora faço todos os cursos que posso, não só os técnicos, como aqueles que ajudam a melhorar a atividade".

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!


grãos

Estímulo paterno Em Ubiratã, Aldo Antônio Salvetti, 53, trabalha com o filho, Bruno, 23, no cultivo de soja e milho no verão e milho safrinha no inverno. "A gente deixou o trigo um pouco de lado, pois fica difícil produzir com a falta de apoio oficial, virou lavoura de risco", afirma. Se ainda não está preocupado com a transição familiar na condução da propriedade, de 104 hectares, Salvetii estimula o filho a participar dos cursos e treinamentos do SENAR-PR, para aprimoramento na condução das lavouras. Bruno, que fez vários cursos desde operação a regulagem de máquinas e implementos, é o responsável pelos equipamentos, enquanto Aldo cuida mais do gerenciamento das lavouras.

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!

| 51



leite Espalhado pelo Paraná há um exército de quase 115 mil produtores em

114,5 mil propriedades, produzindo três bilhões e 800 milhões de litros anuais de leite, o que torna o

estado o terceiro maior produtor do país. A atividade leiteira no Paraná

movimentou em 2011 mais de R$ 3,2

bilhões (fonte Deral), num crescimento de 21% em relação ao ano anterior.

Para acompanhar e dar assistência e

capacitação a esse formidável exército

Leite

há um batalhão de mobilizadores

e instrutores do SENAR-PR, sob o

comando de supervisores, que levam o desenvolvimento tecnológico e

social da pecuária leiteira paranaense. A atividade oferece um diversificado perfil, dos pequenos produtores familiares com pouco mais de

uma dezena de vacas aos grandes

com centenas de animais e muitos

empregados. Independentemente de tamanho da propriedade, o

SENAR-PR busca permanentemente

qualificar os produtores de leite e seus funcionários. CURSOS OFERTADOS PELO SENAR-PR PARA ESTA CADEIA

A lida com as vacas e com o leite

Trabalhador na Bovinocultura de Leite

familiares ancestrais, gradualmente

avaliação da conformação ideal de vacas leiteiras / casqueamento de bovinos de leite / inseminação artificial na bovinocultura de leite / manejo de bovino de leite / manejo de gado de leite - CTP / ordenha manual / ordenha mecânica / preparo de animais para exposição / seminário sobre qualidade do leite Trabalhador na Operação e na Manutenção de Ordenhadeira Mecânica avançado em manutenção / avançado em ordenhadeira mecânica / básico de ordenhadeira mecânica

estavam enraizadas em culturas modificadas pelos avanços da

sociedade. A melhoria da sanidade tornou-se imperiosa, os métodos

de ordenha, o manejo dos animais, a inseminação se modernizaram.

O SENAR-PR foi um dos grandes

instrumentos dos avanços na cadeia do leite, com 12 cursos dedicados diretamente aos produtores.

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!

| 53


leite

Os Grzeca A família Grzeca, de Capanema, a 557 km de Curitiba, no Sudoeste do Estado, produz leite e soja em 21,1 hectares. Eles viram a genética e a produtividade de suas vacas melhorarem

uma visão mais geral da atividade. Aprendemos a selecionar melhor, cuidar melhor de cada detalhe da atividade. O resultado é que avançamos", afirma Gilson Grzeca. Os demais familiares seguiram seu caminho e hoje, o pai, Felipe, 68, e a mulher, Marli Fernandes de Lima, 29, são "clientes" SENAR

depois que Gilson, 34, começou a participar dos cursos do

convictos. "Sempre a gente aprende algo novo. Mas o importante

SENAR-PR, em 1997.

é que o que se aprende pode ser aplicado na propriedade", diz Felipe. Os Grzeca, com 23 vacas Jersey em lactação, tiram 330

"Foi uma mudança da água para o vinho, começamos a ter

54 |

litros diários de leite.

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!


leite

Fim do mês garantido Em Realeza, a 528 km de Curitiba, também no Sudoeste, a engenheira agrônoma Ildete Dal Pizzol Leite, 52, utiliza os cursos "para dar uma chacoalhada nas ideias". Com um plantel de 97 animais, 48 em lactação, ela trabalha ainda com avicultura e, há um ano, começou no negócio de venda de novilhas prenhas, em fase de préparto, para produtores de leite. No leite, sua principal atividade, consegue um faturamento mensal de R$ 24 mil, em média. "Esse é o grande segredo da atividade leiteira, a renumeração mensal, que ajuda muito na organização do produtor", afirma Ildete.

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!

| 55


leite

De volta ao lar A zootecnista Franciele Dors, 36, é um exemplo do retorno ao lar. Depois de se formar em Zootecnia, Franciele passou por vários empregos, inclusive como professora em um colégio agrícola. Em 2008, convenceu o pai, Valter Dors, 67, a ceder uma área da propriedade da família, em Ampére, a 547 km de Curitiba, para um projeto de pecuária leiteira. Hoje, ela utiliza parte da propriedade, de 193 hectares, para seu projeto. Com 25 vacas em lactação, num plantel de 45 vacas, Franciele produz, em média, 17 mil litros de leite por mês. "Estamos em fase de ampliação de plantel e da infraestrutura do negócio, mas estou muito satisfeita", afirma. Franciele conta que, durante a faculdade de Zootecnia, não tinha interesse na bovinocultura de leite e, após decidir ingressar na atividade, foi buscar no SENAR-PR a qualificação necessária. "Além dos cursos técnicos, da qualificação, outra contribuição dos cursos do SENAR-PR é a troca de experiências com outros produtores. É muito bom", afirma.

56 |

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!


leite

Pós-Graduação Margareth Schmitk Koller, 44, é uma entusiasta da bovinocultura de leite e dos cursos do SENAR-PR. "Faço todos os cursos que o SENAR-PR disponibiliza em Castro. Sou uma pós-graduada em SENAR-PR", brinca. Margareth cuida da atividade leiteira da família em 35 hectares no município de Castro, a 159 km de Curitiba, e conta que depois de fazer o curso de inseminação artificial do SENAR passou ela própria a inseminar suas vacas. "Não sei se é o fato de a gente ser mulher e ser mais caprichosa, mas o índice de vacas prenhas melhorou depois que assumi a tarefa na propriedade". Margareth é caprichosa e exigente na propriedade. No Sindicato Rural de Castro, do qual ela é frequentadora assídua, existe uma lenda - não desmentida por ela, que demonstra bem seu nível de exigência. Insatisfeita como um funcionário tratava suas vacas, Margareth resolveu radicalizar. Na hora do almoço fez questão de servir o empregado. Encheu bastante o prato. O funcionário protestou, era muita comida. Ela, direta no ponto, argumentou, "mas não é assim que o senhor trata minhas vacas? O que sobrar o senhor come depois". Ela dá sua versão. "Eu queria mostrar a ele que eu estava certa toda vez que pedia para ele tratar as vacas várias vezes ao dia e não colocar toda a ração pela manhã, para evitar trabalho". O empregado acabou pedindo demissão. Com esse nível de exigência e "com ajuda dos cursos do SENAR-PR", segundo ela, consegue uma média diária de 27 litros/ animal de suas 65 vacas em lactação. ´´ Pecuária de leite é um negócio que se paga, mas o segredo para isso é se qualificar sempre, pois surgem novidades a cada dia``, ensina ela.

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!

| 57


leite

Excelência na produção Ainda em Castro, a Fazenda Fini - uma homenagem do produtor Hans Jan Groenwold, 60, à sua mãe - é um exemplo de "excelência" na produção leiteira. Com 538 vacas em lactação, Groenwold consegue níveis superiores aos tecnificados europeus. Em três ordenhas, a Fazenda Fini produz 22.300 litros diariamente. Destes, 20.000 são comercializados e o restante é usado na alimentação da bezerrada destinada a ser comercializada como matrizes e reprodutores. Tudo isso transforma a fazenda em uma verdadeira "indústria do leite", mas não significa que Groenwold dispense o apoio dos cursos do SENAR-PR. Ao contrário, é em uma parceria constante com o SENAR-PR que ele busca a qualificação de seus funcionários. Só na leiteria são 18 funcionários fixos, todos com cursos SENAR-PR."Trabalhamos setorizados, com equipes para alimentação, ordenha, inseminação, e todos precisam de qualificação", explica.

58 |

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!


leite

Não está morto quem peleia A história dos Kaipers, de Francisco Beltrão, a 500 quilômetros de Curitiba, no Sudoeste do estado, tem ingredientes de um romance ficcional, em que não faltam frustrações, percalços no caminho, superação das dificuldades e, enfim, a felicidade. Mas é vida real, e o SENAR–PR teve participação direta neste processo de "redenção" da família. Há 10 anos, o casal Valdemar Kaipers, 48, e Marlene Catarina Copini Kaipers, 46, deixava uma experiência, frustrada, de produção coletiva no Assentamento Missões, na Linha Fazendinha, no município de Francisco Beltrão. Os Kaipers se viram em uma encruzilhada. O que restava da aventura coletivista eram 12,3 hectares de terra, dos quais apenas cinco aproveitáveis para a exploração agropecuária.

"Uma tentativa com suinocultura se mostrou um desastre", afirma Valdemar. O casal partiu para a produção de leite. Novo desastre, agora sanitário. As quatro vacas que sobraram da experiência no Assentamento Missões estavam doentes. Tiveram de ser descartadas. "Não está morto quem peleia", diz um ditado gaúcho, e os Kaipers foram à luta: trocaram quatro porcas por uma vaca. E, nova decepção, a vaca tinha tuberculose. Mas não desistiram. Buscaram ajuda junto à Secretaria Municipal de Agricultura de Francisco Beltrão e se depararam com os cursos do SENAR-PR. Nove anos depois desse encontro, o resultado é animador. Em quatro hectares utilizados na pecuária leiteira, os Kaipers produzem 10 mil litros de leite por mês, com um plantel de 27 vacas Jerseis e Holandesas, sendo 14 delas em lactação. "Os cursos do SENAR foram tudo para nós, hoje o Valdemar acha tempo para ajudar os outros produtores com sua experiência", afirma uma orgulhosa Marlene Kaipers.

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!

| 59



cana-de-açúcar A cana-de-açúcar tem sido fiel companheira da história brasileira. O primeiro governador-geral Martim Afonso de Souza, em 1532, foi o responsável pelo primeiro engenho de açúcar no país. Cultivada no Nordeste a cana viveu um período áureo nos séculos 16 e 17. No século seguinte perdeu a corrida para o açúcar de beterraba na Europa, entrando em decadência. Empurrada pela depressão econômica de 1929 que colocou o mercado de café

Cana-de-açúcar

(e a economia brasileira à beira do caos), a cana-de-açúcar abriu os espaços dos cafeeiros no eixo Rio-São Paulo e foi descendo o mapa brasileiro. O mesmo café provocaria uma profunda mudança no mapa agrícola, no Paraná, principalmente a partir da geada negra de 1975. Sua erradicação trouxe o binômio soja-trigo e, quem?... ela, a cana-de-açúcar. O solo fértil, com o clima propício do Norte paranaense, acima do Paralelo 24, foi gradualmente sendo ocupado por canaviais. Os 180 mil hectares de 1993 saltaram para 587 mil hectares em 2011, e a previsão nesta safra no Centro-Sul do Brasil alcança mais de 550 milhões de toneladas, oferecendo fartura de açúcar e, esperase, também de álcool. Coincidentemente essas duas

CURSOS OFERTADOS PELO SENAR-PR PARA ESTA CADEIA

décadas de evolução do cultivo da cana coincidem com o início e o 20º aniversário do SENAR-PR. E esta

tratorista agrícola / aplicação de agrotóxicos / cana-de-açúcar - apontamento / cana-de-

instituição soube acompanhar a

açúcar - corte - básico / cana-de-açúcar - fertirrigação / cana-de-açúcar - plantio / cana-de-

evolução e modernização desse setor,

açúcar - queima / colhedora de cana / patroleiro - motoniveladora avançado / tratores de esteira

no qual boias-frias se transformaram em

pá carregadora (carregadora sobre rodas) / carregadora de cana-de-açúcar / inclusão digital /

operadores de máquinas informatizadas,

desenvolvimento comportamental / aprendizagem em mecânica

e donas de casa agem hoje na boleia de tratores.

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!

| 61


cana-de-açúcar

Mobilidade social Mobilidade social ascendente é a definição de cientistas sociais que num bom "caboclês" significa crescimento profissional, melhoria na remuneração e qualidade de vida. São incontáveis na cadeia de cana os exemplos dessa situação proporcionada pelos cursos do SENAR-PR. Suas histórias:

Degrau em degrau Entre os anos de 1991 e 1994, Paulo Roberto Monteiro, hoje com 38 anos, foi boia-fria no corte de cana-de-açúcar. Jovem, ele não via "futuro" no corte de cana e procurou trabalho na cidade. Foi açougueiro em Cruzeiro do Sul e Paranacity (495 km de Curitiba), no Noroeste paranaense. Em 2003 voltou a trabalhar com cana de açúcar, agora como ajudante geral no setor de transportes da unidade de Paranacity da Usina Santa Terezinha. Dois anos depois, em 2005, um curso de tratorista, com 80 horas, abriu caminho para seu desenvolvimento profissional. Hoje Monteiro é operador de colhedora de cana, o topo profissional no trabalho a campo dentro da usina. Sua meta é chegar a encarregado de setor. Esse crescimento profissional, ele atribui aos diversos cursos do SENAR-PR após o de tratorista em 2003. "A cada curso eu subia um degrau dentro da empresa. Depois do curso de tratorista, fiz o de operador de carregadeira e em 2008 de operador de colhedora, que é hoje o meu trabalho", afirma.

62 |

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!


cana-de-açúcar

"Bituqueiro", "barreiro", operador Altemir Ferreira de Almeida, 35, começou a trabalhar na unidade de Paranacity em 1991, com 15 anos, como bituqueiro (o encarregado de recolher os pedaços de cana que são deixados de lado, quando são carregados os caminhões). Com os cursos do SENAR-PR foi promovido para barreiro (o ajudante do tratorista na pulverização da cana), operador de carregadeira de cana e, desde 2007, operador de colhedora. Laércio de Oliveira Silva, 36, há 22 anos na unidade de Tapejara, também começou como bituqueiro, passou para barreiro e, ao invés de continuar no campo, optou pela área administrativa. Hoje é o encarregado de treinamento na unidade de Tapejara da Santa Terezinha. "Aqui o treinamento é constante, tanto para aquele que ingressa na empresa como quem já trabalha há anos. A qualificação é contínua, afirma Silva.

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!

| 63


cana-de-açúcar

De olho no emprego No Programa Aprendizagem Rural do SENAR-PR, jovens de 17 a 18 anos, são contratados como aprendizes das usinas ao mesmo tempo em que ingressam no Ensino Médio, tendo a possibilidade de fazer um curso de qualificação e desenvolver a prática profissional nas empresas. Karim Mayara de Oliveira, 17, moradora de Tapejara, é uma das beneficiárias. De março a dezembro de 2012, ela estudou mecânica de tratores. Eu sempre gostei de montar e desmontar coisas, o curso de mecânica está sendo maravilhoso e espero ser contratada ao final do curso, afirma Karim, estudante do terceiro ano do Ensino Médio. Também estudante do terceiro ano do Ensino Médio, Igor Roberto Furlan Bonano, 16, viajava 20 quilômetros de Tuneiras do Oeste, onde mora, para frequentar o curso na unidade da Santa Terezinha em Tapejara."Vale a pena, se a gente acabar não sendo aproveitado na empresa, tem pelo menos uma profissão", diz.

64 |

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!


cana-de-açúcar

Ascensão profissional O agrônomo Moacir Francisco Pintinha, 46, há 17 anos na Santa Terezinha, é hoje gerente-agrícola da unidade de Tapejara, mas ainda participa dos cursos de qualificação do SENAR-PR. Ele lembra que participou do primeiro curso de especialização na cultura de canade-açúcar, organizado pelo SENAR-PR. "Como sou responsável pelo treinamento, acabo participando de vários cursos, que me ajudam na hora da seleção de pessoal para determinado setor", reforça Rodrigo Paschoal Belusci, 35, psicólogo e coordenador de Treinamento na unidade de Paranacity. Desde 2009 responsável pelo setor administrativo da unidade de Paranacity, Jarbas Garcia Monteiro, 32, é outro exemplo de ascensão profissional a partir dos cursos do SENAR- PR. Ele ingressou na empresa em março de 1999, como apontador de serviços na oficina mecânica da unidade. "O meu trabalho, aos 19 anos, era anotar o que cada mecânico fazia e o tempo que demorava na execução dos serviços, por isso apontador", lembra Jarbas. "Meu primeiro curso do SENAR-PR foi em 2000 e me levou a escolher a área administrativa, num curso relacionado a controle de almoxarifado. Daí foi uma sequência enorme de cursos, como Gestão de Pessoas, Empreendedor, sempre buscando o aperfeiçoamento profissional, afirma.

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!

| 65


cana-de-açúcar

Mulheres na boleia Ainda rende matéria nos telejornais, mas o trabalho não é mais incomum: mulheres ao volante de ônibus ou caminhões nas usinas de açúcar e álcool. Valdirene Soares Drigo, 38, foi uma pioneira no serviço, há cinco anos, na unidade de Tapejara da Santa Terezinha. "Comecei direto na boleia do ônibus que faz o

66 |

transporte dos funcionários. É um serviço agradável, de muita camaradagem com o pessoal dos diversos turnos", diz. Lurdinei da Silva, 31, começou há três anos na empresa como motorista de caminhão, seis meses depois assumiu um dos ônibus, no transporte de funcionários também na unidade de Tapejara. Para isso, passou por cursos de qualificação e treinamento. "É interessante que nesses cursos você vai se reciclando e descobrindo coisas que achava que sabia, mas que pode melhorar".

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!


cana-de-açúcar

A tratorista O sonho de assumir a boleia de um trator veio com o casamento. O marido, João da Silva Araújo, 40, trabalha na unidade da Santa Terezinha em Tapejara e fez um curso de tratorista do SENAR-PR. "Foi nos livros que ele levou para casa que eu comecei a estudar", afirma Aparecida Blasqui Costa, 28. Ao estudar a cartilha do curso de tratorista do SENARPR, ela teve a certeza: queria ser tratorista na usina. "Quando entrei na Santa Terezinha, há cinco anos, a primeira coisa que pedi foi o curso do SENAR-PR", diz Aparecida, que fez o curso de operação de máquinas e tratores. Mãe de um menino de seis anos, Aparecida opera um trator no setor industrial da unidade de Tapejara e pretende fazer o curso de operador de colhedora de cana e seguir os passos do marido, que hoje trabalha com uma colhedora no setor agrícola da unidade. "A gente tem que ter planos de crescimento profissional, e operar uma colhedora de cana é agora o meu próximo objetivo", afirma.

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!

| 67



Avicultura e Suinocultura Segundo produtor nacional de suínos e primeiro em frango

essas duas cadeias produtivas somam R$ 7,7 bilhões do

VBP (Valor Bruto de Produção Paranaense). Em ambas as atividades os sistemas de

produção estão baseados nos processos de integração com os frigoríficos e os criadores

Avicultura e Suinocultura

independentes.

A renda do produtor paranaense sofre interferência direta do

cenário econômico mundial,

pela queda das exportações

ou no aumento dos custos de insumos baseados na soja e

milho, e suas variações de preço na Bolsa de Chicago.

Esse quadro exige do produtor um grau de profissionalização e qualificação muito maior

como gestor e empreendedor em suas propriedades. E aí entra o SENAR-PR, que há

20 anos trabalha junto com produtores e integradoras,

seja no treinamento a campo dos produtores, ou no apoio à qualificação no setor agroindustrial.

CURSOS OFERTADOS PELO SENAR-PR PARA ESTA CADEIA Cadeia produtiva Avicultura

O testemunho de produtores

retrata a presença do SENAR-PR nessas duas cadeias.

manejo de frango de corte Cadeia produtiva Suinocultura básico em suinocultura / inseminação artificial de suínos / manejo com inseminação artificial de suínos

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!

| 69


avicultura

Tudo se transforma Há nove anos, Edivan Vanzella, hoje com 28 anos, vivia um dilema. Havia terminado o segundo grau e não queria deixar a pequena São João, no Sudoeste paranaense. As perspectivas de emprego, no entanto, não eram animadoras. A família tinha apenas um hectare. Em um passeio por Santa Catarina, ele percebeu que existiam pessoas especializadas em limpeza de aviários "Se lá dava certo, podia dar certo aqui, mas eu não tinha a menor noção de como começar um negócio", lembra. O curso de Empreendedor Rural do SENAR-PR foi uma luz no fim do túnel. "Fiz o curso, percebi que podia ir além da limpeza de aviários, e o resultado é a indústria de hoje", afirma. No início montou uma empresa prestadora de serviços. Fazia a limpeza dos aviários na região, usava o antigo barracão de frangos para fazer a compostagem, e vendia o composto a granel para agricultores. Com uma análise do mercado de adubos, resolveu investir em uma pequena indústria para produzir adubo peletizado a partir da cama de frango. O resultado é hoje a Terra Fértil Fertilizantes com uma clientela espalhada pelo no Norte do Paraná e interior de São Paulo. "Posso dizer que o curso de Empreendedor do SENAR-PR foi a guinada certeira na minha vida", afirma Vanzella, que tem planos para expansão da indústria.

70 |

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!


avicultura

Canan e os Venturini Em São João (419 km de Curitiba), no Sudoeste paranaense, a ideia de aumentar os investimentos em avicultura de corte de Vanderlei Canan, 41, foi a partir de cursos de Gestão Rural e Empreendedor Rural do SENAR-PR. "Os cursos deram segurança para seguir e investir mais no negócio", afirma. Em 70 hectares, Canan não foge à tradição regional de produzir soja, milho e feijão em um esquema de diversificação da propriedade, mas com o frango como atividade principal. Com capacidade de alojamento de 80 mil aves em um ciclo de 45 dias, ele finaliza um novo aviário para aumentar a capacidade de lotação em mais 54 mil aves. O casal Atílio Venturini, 65, e Maria Salete Odoni Venturini, 60, de Itapejara D`Oeste (440 km de Curitiba), por exemplo, é cliente assíduo. Os Venturini possuem três aviários, com capacidade de alojamento, a cada 45 dias, de 56,5 mil aves, em sistema integrado de produção. É a atividade principal do casal, que produz ainda soja, milho e feijão em uma propriedade de 216 hectares. "Nossa presença nos cursos do SENAR-PR acontece porque percebemos que os cursos são uma mão na roda para nós produtores, e procuramos incentivar também nossos amigos por esse caminho", diz Maria Salete.

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!

| 71


suinocultura

A “vilinha” dos Maraschin Em Toledo (555 km de Curitiba), no Oeste do estado, a família Maraschin (Pedro, 46, o pai, Rosinei, 43, a mãe e dos filhos Jean, 26, Dione, 24), além dos 14 funcionários fixos, são frequentadores assíduos dos cursos do SENAR-PR. Dezenove dos 72 hectares são destinados à suinocultura, e ainda produzem milho e soja. A única da família a ficar de fora dos cursos SENAR-PR é a caçula, Kauna Karolina, 15, por razões óbvias: "não

72 |

Segundo Rosinei Maraschin, a matriarca da família, os cursos técnicos são importantes. "Mas, no nosso caso, cursos como o DC (Desenvolvimento Comportamental) foram essenciais para o nosso convívio em comunidade". Convém explicar que comunidade "começa em casa" com os filhos, noras e os funcionários e familiares destes, totalizando 42 pessoas que moram na propriedade, onde possuem uma UPL (Unidade Produtora de Leitões), em sistema de integração. "São pessoas diferentes, convivendo diariamente, o desenvolvimento comportamental ajudou nesse

tenho idade para os cursos, mas quero entrar logo no

relacionamento", afirma Rosinei. Não por acaso o núcleo

Jovem Agricultor, podia abrir mais cursos para minha

de moradias, na propriedade, é chamado de "vilinha", por

idade".

Pedro Maraschin.

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!


suinocultura

Ciclo completo Nos 120 hectares da família, em Itapejara D’Oeste, Jacir José Dariva, 51, como a maioria dos vizinhos, investe na suinocultura e produz milho, soja e feijão. Uma UPL (Unidade Produtora de Leitões), com 1.700 matrizes é, no entanto, a atividade principal. Paralelo à UPL, integrada a uma grande integradora nacional, para quem produz leitões com 23 quilos (em um ciclo de 65 dias), ele investe também como independente, mediante 40 fêmeas e ciclo completo na criação de suínos (maternidade, creche e terminação). Mesmo com dois cursos superiores completos - Ciências Contábeis e Agronegócio - Dariva não dispensa os cursos do SENAR-PR para ele ou para os seus 22 funcionários. "É fundamental o aprendizado constante para o sucesso da atividade", afirma. Já Reny Gerardi de Lima, 57, faz o ciclo completo na suinocultura, com 350 matrizes nos 45,6 hectares da propriedade, na divisa com os municípios de Mariópolis e Clevelândia, onde ainda cria gado de corte. Mas é a suinocultura sua principal fonte de renda. Com sete funcionários fixos, Lima reclama da rotatividade da mão de obra. "Com a oferta de emprego na zona urbana, a rotatividade é grande, mas o treinamento do SENAR-PR ajuda a segurar o funcionário".

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!

| 73



café

O Paraná é hoje o quarto maior produtor de café (depois de Minas Gerais, Espírito

Santo e São Paulo) e a maior concentração das plantações está no norte pioneiro. Liquidado pela geada negra de 1975, o parque cafeeiro paranaense busca

a melhor alternativa de produção na

qualidade e não mais na quantidade, por meio dos chamados cafés especiais.

O SENAR- PR, em parceria com o SEBRAE, a Emater e a COCENPP (Cooperativa

Café

de Produtores de Cafés Certificados e

Especiais do Norte do Paraná) atua para

melhorar a qualidade do café paranaense. No início de 2012, a COCENPP

comemorou a primeira venda direta para uma torrefadora americana, no esquema "fair trade" - sistema que procura fixar

preços justos, dentro de um sistema de

padrões sociais e ambientais equilibrados na cadeia produtiva.

O ingresso no seleto mundo da

exportação qualificada só foi possível a

partir da união das entidades e produtores. O SENAR-PR, com cursos de qualificação e a Emater com a assistência técnica, cuidam da parte de produção. A COCENPP e o

SEBRAE ficam com a responsabilidade de auxiliar na comercialização. CURSOS OFERTADOS PELO SENAR-PR PARA ESTA CADEIA tratorista agrícola / operação de implementos / aplicação de agrotóxicos / plantas industriais – café adensado / café – podas e desbrotas / café – pragas e doenças

Grandes, médios, pequenos produtores e até arrendatários estão envolvidos nessa estratégia.

café – colheita mecanizada / café – colheita manual / café – processamento e secagem / classificação e degustação de café

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!

| 75


café

Retorno Seguro Sérgio Alberto Luz, 45, possui 16,3 hectares em Abatiá, Norte Pioneiro, a 407 km de Curitiba, onde, com a mulher Leonice Batista de Luz, 44, e o filho, Luciano da Luz, 19, plantam milho, criam gado de leite e, em 2,4 hectares, cultivam café. Ele já havia desistido da vida do campo, foi em busca de trabalho na zona urbana, mas retornou há cinco anos para a propriedade. Segundo ele, as mudanças na sua propriedade começaram há três anos, quando a família resolveu ingressar nos cursos de qualificação profissional do SENAR-PR. "A gente é nascido e criado na roça, pensa que sabe tudo, mas tem muito que aprender. Eu posso dizer que antes trabalhava no escuro, hoje sei o que devo fazer para dar certo", afirma.

76 |

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!


café

Impeditivo escolar Dono de uma média propriedade (58 hectares), Ronaldo Casado Figueiredo, 41, possui 24 hectares em café e alia a atividade com o exercício da presidência do Sindicato Rural de Abatiá. Afirma que uma das maiores dificuldades encontradas no processo de organização dos produtores foi "um impeditivo de escolaridade". Figueiredo explica: "Tínhamos um problema, devido às características dos produtores, na maioria sem o segundo grau. Foi preciso acionar o sistema FAEP e o SENAR-PR para reduzir a exigência de escolaridade e permitir o ingresso em cursos como Empreendedorismo Rural, por exemplo". A sensibilidade do SENAR-PR em aceitar reduzir a exigência possibilitou que todos os produtores envolvidos na produção de cafés certificados e especiais fizessem o curso, "fundamental para o processo de crescimento tanto na produção como na questão social dos envolvidos", diz Figueiredo.

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!

| 77


café

Café na Brachiaria Engenheiro-agrônomo formado pela Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), Luiz Roberto Saldanha Rodrigues, 32, produz café em 280 dos 1.467 hectares da Fazenda Califórnia, em Jacarezinho, no Norte Pioneiro a 392 km de Curitiba. Não sabia trabalhar com café e buscou nos cursos do SENAR-PR informações para ele, a mulher Flávia Garcia Mureb, e para a qualificação dos funcionários. Em 2006 renovou a lavoura cafeeira e introduziu uma novidade desconhecida pelos produtores paranaenses: o consórcio com brachiaria. "Não foi uma ideia minha. Isso eu devo ao senhor José Peres Romero, de Ouro Fino (MG). Lá eles precisam cortar os morros para plantar café, com o corte a terra fica infértil e usam a brachiaria para recomposição biológica e física do solo", conta. Reduziu a erosão, aumentou a umidade do solo e a reciclagem de nutrientes."Com a brachiaria reduzi pela metade o uso de potássio no café", afirma. A parceria com a Fazenda Califórnia e o SENARPR rende até 16 cursos por ano, ministrados na propriedade, "com uma avaliação interna do aproveitamento de cada um no curso. Isso baliza o planejamento. Os cursos do SENAR estão promovendo uma mudança fantástica dentro do agronegócio", diz ele. Além de café, a fazenda Califórnia produz ainda soja e milho em 800 hectares.

78 |

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!


café

Do solúvel ao especial Em 2002, ano em que o Brasil foi pentacampeão mundial de futebol, em uma Copa do Mundo disputada no Japão e Coréia do Sul, ela estava em terras japonesas. Marilda Leiko Kawasaki Yamamoto era uma entre milhares de brasileiros que tentavam, como dekassegui (como os japoneses chamam o descendente que volta à pátria dos pais), ganhar a sobrevivência longe de casa. Urbana, criada em colégio interno no Brasil, nunca entrara em uma cozinha - só conhecia café na xícara. "Ainda assim só o café solúvel, que é basicamente o que se bebe no Japão", lembra. Um ano depois essa realidade iria mudar. Ela teve de deixar a vida de imigrante para retornar ao Brasil e cuidar de um propriedade de 24,2 hectares da família em Carlópolis, Norte Pioneiro ( 364 km de Curitiba). Nove anos depois de assumir a propriedade, Marilda Yamamoto é uma expert em café e, junto com outros 18 produtores de Carlópolis, produz cafés certificados e especiais para exportação na modalidade "fair trade". Como seu deu essa transformação? Marilda responde: "cursos, muitos cursos do SENAR-PR, não houve milagre nenhum, apenas qualificação profissional".

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!

| 79



fruticultura A agricultura do Paraná é baseada na produção de

grãos, cereais e carnes, mas o cultivo de frutas vem se desenvolvendo em várias

regiões do estado. Cultivam-se espécies de clima temperado em regiões do estado com temperaturas mais baixas,

assim como, em microclimas mais quentes, encontramos fruteiras tropicais e subtropicais .

Fruticultura

A laranja, banana, tangerinas, melancia, uvas, abacaxi e

maracujá, num universo de 34

frutas, respondem por cerca de 90% da produção paranaense. O desenvolvimento da

fruticultura no Brasil tem seu maior gargalo no mercado interno. O aumento do

consumo de frutas e hortaliças CURSOS OFERTADOS PELO SENAR-PR PARA ESTA CADEIA

é fundamental à medida

Citros

Geografia e Estatística - IBGE

tratorista agrícola / operação de implementos / aplicação de agrotóxicos / fruticultura básico / fruticultura – citros / manejo ecológico de pragas / colheita manual de laranja Tropical tratorista agrícola / operação de implementos / aplicação de agrotóxicos / fruticultura básico / fruticultura – maracujá, abacaxi, banana, uva, goiaba, acerola e mamão / classificação de frutas abacaxi e uva Temperada tratorista agrícola / operação de implementos / aplicação de agrotóxicos / fruticultura básico / fruticultura – caqui, kiwi, morango, maçã, pêra, pêssego, nectarina, ameixa e uva / classificação de frutas - maçã e uva

que o Instituto Brasileiro de

aponta que as frutas, verduras e legumes correspondem

a apenas 2,3% das calorias ingeridas pelos brasileiros. Além de sete cursos nesta cadeia dedicados aos

produtores, o SENAR-PR e a FAEP estão atuando na

modernização da Ceasa, em

Curitiba, para o emprego de tecnologias de pós-colheita, classificação, embalagem,

transporte, armazenagem a frio.

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!

| 81


fruticultura Neste mapa é possível verificar na geografia do Paraná onde se localizam algumas das principais culturas de frutas no estado.

Os abacaxis de S. Isabel do Ivaí Essa alternativa como atividade e boa fonte de renda tem um grande exemplo em Santa Isabel do Ivaí, no Noroeste paranaense, onde os cursos do SENAR-PR ajudaram a mudar o perfil econômico do município. A cidade de nove

A descoberta do abacaxi - inicialmente como opção para renovação de pastagens e depois como um negócio lucrativo - não foi por acaso. Demandou estudos e pesquisas, nos quais os produtores tiveram apoio decisivo da EMATER-PR e do SENAR-PR no estudo de uma alternativa viável. Pioneiro na produção de abacaxi em Santa Isabel do Ivaí, Luiz de Jesus Patrão, 50, da Comissão Técnica de Fruticultura da FAEP, lembra que várias alternativas foram estudadas

mil habitantes é conhecida como a Capital do Abacaxi.

pelos produtores.

São 30 produtores com uma produção média de 23,7

"Tudo começou em 1994, e depois de várias tentativas, a

toneladas por hectare e uma renda que chega a ser até

opção pelo abacaxi se deu pelas condições climáticas e de

carne, a pasto, no mesmo espaço.

relembra Patrão.

15 vezes por hectare/ano, maior do que a produção de

82 |

solo (região do arenito Caiuá) que favoreciam a cultura",

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!


fruticultura

O novo agroindustrial Foi a partir do Programa Empreendedor Rural do SENAR-PR que o jovem Fernando Henrique dos Santos Guedes, 30, decidiu ampliar sua participação no negócio abacaxi. De produtor do fruto, em sociedade com o pai, Manoel Guedes, 52, Fernando Henrique começará, em 2013, na atividade agroindustrial. Ele investe em uma pequena processadora da polpa de abacaxi. "A ideia é começar com cautela, mas agregar valor à produção e progredir", afirma Fernando Henrique. A família produz ainda mandioca e investe na atividade de gado de corte e leite em uma área de 121 hectares. Ele resolveu investir na agroindústria depois que fez cursos no SENAR-PR. "Os cursos do SENAR-PR foram fundamentais. Fiz o de Administração Rural e o Rural Pró, além do curso de empreendedor (Empreendedorismo Rural). Eles (os cursos) me fizeram pensar na atividade como um todo, desde os custos de produção, gerenciamento das atividades até pensar na comercialização, que é a famosa "da porteira para fora", em qualquer atividade rural", explica Guedes. O processo de industrialização do abacaxi, com a produção de polpa para comercialização na região, atende a dois interesses básicos dos Guedes: aproveitar e agregar valor aos frutos de menor qualidade para a venda in natura e utilizar o subproduto da polpa para a alimentação do gado leiteiro da família. "Cada vez mais devemos evitar qualquer desperdício na atividade rural, integrar a produção como um todo significa economia e, é claro, uma rentabilidade maior ao final do processo", afirma. Ele disse que a processadora de polpa de abacaxi irá atender ainda produtores vizinhos que terão opção de renda com os frutos que não atingem o padrão de qualidade para a venda in natura.

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!

| 83


fruticultura

Orientação Após a etapa de consolidação do abacaxi como negócio em Santa Isabel do Ivaí veio o amparo técnico aos produtores que ingressam na atividade, segundo Dionísio Roberto Torrezan, mobilizador do SENAR-PR na região. "Muitos produtores observam o sucesso do vizinho na atividade e querem entrar no ramo também. É aí que entramos, para ajudar na qualificação desses novos produtores, para que não se decepcionem por falta de capacitação técnica", diz ele. Luiz Guandalin, 65, proprietário de 12 hectares no município, investiu na produção de abacaxi pela primeira vez ao plantar três mil pés em uma área de menos de dois hectares. "Tivemos (ele produz com um filho) dificuldades na comercialização, pois não sabíamos que o SENAR-PR poderia nos orientar no momento da comercialização, com cursos como o de Empreendedor Rural", diz.

84 |

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!


fruticultura

Produção consolidada O casal Sérgio Kiotaka Kawamo, 46, e Janete Kiyomi Nishi Kawamo, 44, sempre teve a cria e engorda de bovinos de corte como atividade principal em 91,9 hectares em Santa Isabel do Ivaí. Eles produzem ainda mandioca como alternativa e, há dois anos, resolveram investir também no abacaxi. "Usamos, inicialmente, uma área degradada onde havia cana-deaçúcar, e o resultado foi surpreendente, com um rendimento muito além do esperado", disse Sérgio Kawamo. O bom desempenho fez com que os produtores voltassem a investir no abacaxi, agora em uma área maior e com a adubação recomendada pela pesquisa. "Estamos bastante otimistas nesta segunda lavoura, já que seguimos todas as orientações técnicas. O abacaxi deixou, para nós, de ser uma opção de renovação das pastagens, mas um novo negócio dentro da ideia de diversificação de culturas", afirma Janete. Segundo ela, o marido é um exemplo de mudanças após os cursos do SENAR-PR . "Hoje ele controla tudo, não deixa nada fora. Desde os custos de produção, mão de obra, até aquele valor que você acha pequeno, mas acumula se deixado de lado". A revolução, no entanto, na vida do casal se deu após os cursos de DC (Desenvolvimento Comportamental), feito pelo casal, e o Mulher Atual, do qual Janete participou. Sérgio Kawamo brinca: "Depois do curso de Mulher Atual eu tenho outra mulher em casa, foi um diferencial muito grande". É Janete, no entanto, quem sintetiza essa transformação. "Eu era muito tímida, não saía de casa para nada. Tinha poucas amizades, vivia basicamente reclusa com minha família (o casal tem dois filhos). Hoje tudo mudou. Tenho vida social ativa e tenho tempo até para as ações sociais que organizamos aqui na cidade".

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!

| 85



madeira

Se o Brasil leva esse nome em virtude do pau-brasil, árvore

extremamente valorizada na época do descobrimento, o Paraná foi caracterizado como "terra dos

pinheirais". E não é de hoje, tanto

que em 1765 D. João V de Portugal autorizou o corte de pinheiros em Curitiba, para construir a nau São

Sebastião, que navegou entre o Brasil e o Reino por mais de meio século. O ciclo da madeira, que marcou a

economia do Paraná desde o final do século XIX até a década de 30 no século passado, foi marcado

pelo extrativismo e a exportação

Madeira

de madeira. O extrativismo, porém, começou a entrar em decadência após a colonização do Norte

paranaense e em seguida do Oeste e Sudoeste do estado. E também, com muita força, pela pressão da opinião pública e de legislação rigorosa,

impedindo a devastação do que restava.

A madeira, contudo, é vital em qualquer economia, por servir

de matéria-prima a indústrias de

porte como a de papel e celulose, construção civil e moveleira. Seu uso racional foi gradualmente se expandindo, seja por grandes

reflorestamentos, mas também

como forma de diversificação da

produção em pequenas e médias

propriedades. O Paraná possui hoje

mais de um milhão e 300 mil hectares de reflorestamentos e proporciona

na sua exploração e industrialização

um contingente de cerca de 500 mil

pessoas. Por isso foi e é um dos alvos do SENAR-PR.

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!

| 87


madeira

De "machadeiros" a mecanização Ao surgir, há 15 anos, os cursos do SENAR-PR dedicados ao setor madeireiro estavam mais concentrados na formação de "machadeiros" e operadores de motosserra. Os machados ainda são usados por algumas empresas florestais, particularmente no desgalhamento de árvores abatidas e na movimentação de toras e toretes. Já as motosserras, ainda são muito utilizadas por empresas de base florestal, particularmente em áreas acidentadas, onde a colheita mecanizada (com uso de Harvesters, Feller Bunchers e Forwarders) sofre limitações em função da declividade acentuada. As transformações desse setor foram acompanhadas pelo SENAR-PR e nessa trajetória ofereceu também treinamento na operação de máquinas, como carregadoras florestais, tratores e caminhões munck. Luiz Carlos Gibson, um pioneiro em parcerias com o SENAR em Telêmaco Borba, a 237 km de Curitiba, na região dos Campos Gerais, lembra que o machadeiro tinha e incumbência de desgalhar as árvores derrubadas pelos motosserristas nas florestas da Klabin: "Hoje com a mecanização, as próprias máquinas fazem isto". Desde meados da década de 90, ele trabalhou como prestador de serviços na área de colheita florestal, para a Klabin, unidade Monte Alegre, de Telêmaco Borba. Hoje ainda presta serviços à empresa, mas no de transporte das toras de madeira dentro dos talhões. "Atualmente a nossa demanda por cursos do SENAR-PR é em nível de operações de máquinas carregadoras, de escavadoras, enfim, tudo mecanizado", diz. De prestador de serviços para a Klabin, Gibson se prepara também para ser fornecedor de madeira. Proprietário de 1,4 mil hectar em fazendas nos municípios de Ortigueira e Tibagi, além da produção de milho, soja e feijão, investe em eucalipto. Segundo ele, a primeira colheita de eucalipto em suas propriedades irá acontecer em 2015, não por caso ano em que a nova fábrica da Klabin entra em operação.

88 |

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!


madeira

Proximidade com a indústria Os cursos do SENAR-PR na cadeia da madeira se concentram naturalmente em torno da de empresas voltadas ao aproveitamento da madeira, com destaque para as regiões do Vale do Ribeira, dos Campos Gerais e do Centro-Sul paranaense. São os casos da Arauco (Arapoti, Campo do Tenente e Tunas do Paraná); Guararapes (Palmas); Vale do Corisco (Sengés, Jaguariaíva e Arapoti); Vale do Tibagi (Tibagi); Remasa (Bituruna e Palmas) e a Masisa (Ponta Grossa). O múltiplo uso da madeira como matéria-prima tem estimulado produtores a diversificarem suas propriedades.

Diversificação Como comprova Francisco Joalmir Pucci, coordenador da Agência de Desenvolvimento da Cadeia da Madeira do Médio Rio Tibagi. "O produtor tem várias alternativas no uso industrial da madeira, ao optar pela diversificação com o reflorestamento, a partir do corte aos seis anos", diz Pucci, "seja qual for a escolha, é renda, já que a ideia é utilizar áreas não usadas nas propriedades", afirma. Na região há uma mobilização de prefeituras, órgãos públicos estaduais, o SEBRAE e o SENAR-PR na tarefa de expansão da cadeia da madeira. "Os cursos do SENAR-PR serão fundamentais na qualificação dos produtores para essa nova realidade para a região central do Paraná", diz Pucci. A avaliação que se faz é que uma "propriedade modelo" naquela ou outra região, terá, necessariamente, uma diversificação com leite, hortigranjeiros e florestas plantadas de pinus ou eucalipto. A integração pecuária de corte e florestas está se tornando realidade nas propriedades maiores, "mas queremos mobilizar os pequenos e médios nesse projeto", finaliza.

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!

| 89



feijão O Paraná é o maior

produtor nacional de feijão, responsável por 22% da

produção brasileira que,

segundo números da Conab (Companhia Nacional de

Abastecimento), ficou em

3,7 milhões de toneladas em 2011.

Quarta maior cultura em área plantada no Paraná, o feijão é alternativa importante

de renda para a agricultura

familiar no estado. E é ainda

Feijão

um importante componente do VBP (Valor Bruto de

Produção Paranaense) na agropecuária.

Dados levantados pelo

pesquisador Carlos Alberto

Salvador, agrônomo do Deral (Departamento de Economia Rural) , em análise publicada

em outubro de 2011, mostram que o feijão respondeu por

2,8% do VBP da agropecuária paranaense entre os anos

de 2005 a 2010. Atrás, em

termos de comparação com os outros grãos, apenas da

soja, milho e trigo. A média CURSOS OFERTADOS PELO SENAR-PR PARA ESTA CADEIA

do VBP do Paraná, entre os

anos de 2005 e 2010, foi de R$ 34,6 bilhões anuais.

tratorista agrícola / semeadora e adubadora / aplicação de agrotóxicos colhedora automotriz / manejo e conservação de solos / sistema de plantio direto / manejo integrado de pragas / manejo de plantas daninhas / manejo

A média do feijão, neste período, foi de R$ 954 milhões anuais.

integrado de doenças / classificação de grãos / armazenista.

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!

| 91


feijão

O tropeiro chega à mesa A Cooperativa Agropecuária Castrolanda, em Castro, nos Campos Gerais, a 159 km de Curitiba, está investindo R$ 14 milhões para conferir ao feijão um status não atingido no mercado. Seu projeto envolve uma área de 45 mil metros quadrados – a maior iniciativa de uma cooperativa brasileira nessa cultura – para mudar o cenário da produção e comercialização do feijão. A cooperativa pretende criar uma unidade de negócios específica para o feijão, com a profissionalização dos produtores e a eliminação dos intermediários, que hoje dominam a comercialização. Everson Orlando Lugarezi, gerente do negócio feijão na Castrolanda, aposta nesta nova fase para a cultura, a partir de a união entre produtores e cooperativa. "Vamos ter uma marca própria e capacidade de armazenamento. Mas não queremos ficar por aí, vamos avançar no processo de industrialização do feijão, em uma segunda etapa", explica. Por que Castro? A escolha de Castro para sediar a unidade não foi por acaso. O município, apesar de ser o quarto no Paraná em área plantada (17 mil hectares), é o primeiro do estado em produtividade, com uma média de 2.493 quilos por hectare. Prudentópolis (203 km de Curitiba), conhecida como a "Capital do Feijão Preto", com 37.400 hectares, é o município com a maior área plantada em feijão no Paraná. Os cooperados da Castrolanda entraram com uma parceria pelo sistema de cotas no investimento. Lugarezi, no entanto, afirma que os trabalhos da unidade não estarão restritos aos cooperados. A ideia é estabelecer parcerias com produtores de outras regiões, para a prestação de serviços de secagem, armazenamento e empacotamento para terceiros. A marca própria para o feijão da Castrolanda é uma homenagem aos fundadores de Castro: "Tropeiro".

92 |

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!


feijão

Operação e incentivo Eduardo de Medeiros Gomes, vice-presidente do Sindicato Rural de Castro, e produtor de feijão - planta 200 hectares da cultura - acredita que a unidade de beneficiamento veio para "consolidar e modernizar a cadeia do feijão". Segundo Gomes, um dos reflexos dessa nova visão para a cultura é a volta, prevista para 2013, dos encontros sobre feijão no município. A ideia é promover o Encontro do Feijão , do campo à mesa, como ocorreu nos anos de 2009 e 2010. "O apoio do SENAR e do SENAC para um festival gastronômico do feijão é importante para avançarmos ainda mais na produção e comercialização do produto", afirma. O produtor ressalta ainda a importância do SENAR-PR nos cursos de qualificação dos produtores, a maioria de pequenos produtores, e trabalhadores do negócio feijão, especialmente os cursos de mecanização e manutenção de máquinas agrícolas. "O feijão é muito importante para o pequeno produtor, mas também é uma alternativa muito boa para complementação de renda do grande produtor", diz Gomes. Segundo ele, o grande problema do feijão é que o produtor não pode entrar na atividade sem um planejamento a longo prazo. "O ciclo do feijão é curto, mas a atividade deve ser pensada a longo prazo. Um exemplo é que 2012 foi um ano de recuperação de preços, depois de três anos de preços ruins. Se o produtor pensa a curto prazo, pode ter prejuízos, mas se faz um planejamento adequado, é uma lavoura importante no processo de diversificação de uma propriedade rural", ensina Gomes.

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!

| 93



olericultura Levantamento da

Secretaria Municipal de

Desenvolvimento Rural, de Campo Largo, na

região metropolitana de

Curitiba, contabilizou 600 produtores enquadrados

como agricultores familiares e diagnosticou que a

comercialização é o maior problema enfrentado por esse pequeno exército.

Para solucioná-lo, desde

2009, o trabalho tem sido

Olericultura

aglutinar esses produtores na Cooperativa de Agricultura Familiar de Campo Largo. Com a cooperativa os

produtores passaram a

fornecer produtos para a merenda escolar.

"Ainda há muito o que se

fazer, mas a venda direta para

a merenda escolar é resultado do trabalho em cooperação. Fica difícil um produtor,

isoladamente, fornecer para

as compras governamentais. A cooperativa auxiliou

também o fornecimento de

treinamento aos agricultores.

E aí entrou o SENAR-PR, com cursos para a qualificação da CURSOS OFERTADOS PELO SENAR-PR PARA ESTA CADEIA

mão de obra na agricultura familiar", explica Selma Aparecida dos Santos,

tratorista agrícola / operação de implementos / aplicação de agrotóxicos / olericultura - básica olerícolas – frutos e sementes / olerícolas – raizes, bulbos e tubérculos / olerícolas – talos, folhas e

agrônoma da Prefeitura de Campo Largo.

flores / classificação de hortaliças - alface, cheiro verde e repolho

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!

| 95


olericultura

Os Sedoski e o Maeski O casal Henrique Sedoski, 63, e Bárbara Kula Sedoski, 59, proprietários de 16,9 hectares em Campo Largo, é um exemplo de como os cursos do SENAR-PR auxiliam na renda familiar. Além de fornecer produtos para a merenda escolar, os Sedoski vendem seus produtos em uma feira. Na propriedade mantida apenas pelo casal, eles plantam batata, cebola, tomate, couveflor, brócolis, alface e milho verde. O grosso da produção abastece a merenda escolar e o restante é vendido nas feiras livres de sábado. Praticamente o mesmo ocorre com Augusto Maeski, 56, que utiliza 2,5 hectares de seus 5 hectares para a produção de cheiro verde (salsinha e cebolinha), pimentão, berinjela, cenoura, couve-flor, beterraba, alface, repolho e acelga. A produção é vendida a uma sacolão de Campo Largo e fornecida para a merenda escolar. Segundo Maeski, os cursos de qualificação feitos pelo SENAR-PR o auxiliaram a pensar em novas formas de comercialização, assim como a aumentar a oferta de produtos para a venda. Ele afirma ter projetos para a produção de pêssegos e melancia. "A busca é aumentar a diversificação e melhorar os ganhos. E isso eu aprendi no curso Negócio Certo", diz.

96 |

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!


olericultura

Eo Biernaski Vice-presidente do Conselho Fiscal da Cooperativa de Agricultura Familiar de Campo Largo, Valdir Biernaski, 28, utiliza 2 hectares da propriedade da família para o cultivo de cebola e, depois dos cursos do SENAR-PR, investe em tomate em um área de 2,5 mil metros quadrados. Ao todo, a família Biernaski possui 19,3 hectares, onde o milho e o feijão são as principais culturas comerciais. "Os cursos do SENAR-PR são bons porque auxiliam a gente a pensar melhor a produção. Não perdemos mais tempo se debatendo atrás de conhecimento técnico", afirma. Bienarski aponta ainda à qualificação do SENAR-PR o fato de ampliar seus horizontes no momento da comercialização. "Hoje entrego parte da minha produção para um sacolão e consigo também bons preços para o tomate em Paranaguá, o que não acontecia antes dos cursos".

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!

| 97



fumo Cultura de grande importância econômica para os três

estados do Sul do Brasil, a

produção de tabaco enfrenta o estigma de ser agressiva ao ambiente, pelo uso de

agrotóxicos. Essa realidade tem sido transformada através de

inovações tecnológicas, rotação de cultura e, principalmente, da qualificação dos produtores. A Souza Cruz aponta que

hoje, nos estados do Paraná,

Fumo

Santa Catarina e Rio Grande

do Sul, as lavouras de fumo se estendem por 704 municípios, envolvendo 187 mil pequenos produtores, com uma média

de 2, 4 hectares de tabaco por

produtor. Um negócio que, em 2011, gerou R$ 4,4 bilhões de receita aos produtores.

No Paraná, com os cursos de

qualificação do SENAR-PR, os

produtores estão deixando de

lado esse estigma e investindo na produção sustentável e na diversificação. Em parceria

com a unidade da Souza Cruz em Rio Negro (117 km de

Curitiba) e com o objetivo de

melhorar as condições de vida dos produtores, o SENAR-PR CURSOS OFERTADOS PELO SENAR-PR PARA ESTA CADEIA

criou um programa específico

tratorista agrícola / operação de implementos / aplicação de agrotóxicos

o SOL Rural. O SOL, no caso,

manejo conservacionista de solos / Sol rural

para os plantadores de fumo:

deve ser traduzido por Saúde, Organização e Limpeza.

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!

| 99


fumo

Mola da pequena propriedade Idalino Filhakoski, analista de Sustentabilidade na Produção Agrícola da Souza Cruz em Rio Negro, defende a cultura. "Somos o segundo maior exportador de tabaco do mundo, a importância econômica para o pequeno produtor é inegável. O tabaco é a mola propulsora que mantém a pequena propriedade", afirma. Filhakoski busca números para sustentar sua tese. No Paraná, os 8,5 mil produtores integrados à Souza Cruz possuem, em média, propriedades de 16,4 hectares, com apenas 16% da área ocupada por fumo. Mas 56% da renda dos produtores vêm do fumo, garante ele. Sobre outro calcanhar de Aquiles da cultura, a utilização de mão de obra infantil - que sustenta as campanhas dos antitabagistas contra o plantio de fumo - Filhakoski afirma estar erradicada desde 2008. "Mas não é só isso, hoje o tabaco é uma das culturas que menos usa agroquímicos, graças ao desenvolvimento de técnicas, como o plantio das mudas no sistema Float (que usa bandejas flutuantes), eliminando o uso do gás brometo de metila, além de reduzir a aplicação de fungicida".

100 |

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!


fumo

Diversificação Paralelo à produção de fumo, existe o incentivo à diversificação da propriedade, com plantio de eucalipto (para fornecimento de lenha para as estufas), rotação de culturas, com o plantio de milho ou feijão após o ciclo do tabaco e o desenvolvimento da pecuária leiteira, como alternativa mensal de renda ao pequeno produtor. O trabalho do SENAR-PR junto aos produtores de fumo não fica só no SOL Rural, em parceria com a Souza Cruz. Cursos de Aplicação de Agrotóxicos, Administração Rural, de Inclusão Digital e o JAA (Jovem Agricultor Aprendiz) estão entre aqueles que visam manter os jovens junto com os pais no campo.

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!

| 101


fumo

A família Luz Em Irati (153 km de Curitiba) a família Luz é usuária habitual dos cursos SENAR-PR. Os irmãos Hélio Alves, Edson Luiz, Edilson Santos e Elizeu Santos enumeram cursos desde NR 31, Operação e Manutenção de Máquinas e Implementos até o Empreendedorismo Rural que já participaram. "E vamos continuar a fazer novos cursos, assim como aqueles de reciclagem, pois sempre tem novidade", avisa Edson. Os irmãos plantam soja, milho e feijão na propriedade de 38,4 hectares, que possui 9,6 hectares reservados à cultura de tabaco. Edilson explica que o fumo é a principal atividade econômica da família. "Dá bem mais dinheiro que as outras atividades, logo é a base da nossa produção", afirma. A mulher de Edson, Cláudia Olinda Machado da Luz, destaca. "Entre os cursos que participei o SOL Rural e, principalmente, o Mulher Atual, que ajuda muito na nossa relação social". Segundo o presidente do Sindicato Rural de Irati, Mesaque Kecot Veres, as características das propriedades na região, média de 16 hectares, tornam o tabaco a principal atividade econômica do município. "O tabaco permite a viabilidade da pequena propriedade, uma das únicas que remunera a mão de obra do agricultor".

102 |

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!


fumo

Os Marinski O casal Valdomiro Marinski e Marilus Schornei Marinski, também em Irati, possui uma propriedade de 7,5 hectares. Além de 2,7 hectares em fumo, com uma produção neste ano de nove toneladas, eles produzem ainda feijão, soja e milho como alternativas de renda. Os dois, além do SOL Rural, lembram a importância do curso NR-31 (Norma Regulamentadora 31, que trata da segurança e da saúde no trabalho) sobre a aplicação segura de agrotóxicos como um dos principais cursos. "Saber como e quando aplicar e garantir segurança no uso de defensivos ajudou bastante", afirma Valdomiro. Celso Schimidt, e a mulher, Valdiliana Pereira Schimidt arrendam 10,1 hectares da mãe dela em Irati. Na propriedade, 3,6 hectares são ocupados por fumo, a principal atividade econômica do casal. Eles produzem ainda feijão e utilizam a técnica de rotação de culturas. Com o bom rendimento na cultura de tabaco, Celso planeja ampliar a área plantada no próximo ano. Valdiliana é só elogios para os cursos SOL Rural e Mulher Atual. Segundo ela, "a propriedade tem muita coisa ainda para ser melhorada, mas o SOL nos abriu os olhos para um monte de práticas incorretas", afirma. O casal reforça a importância do curso do NR31. "O curso é muito bom, a gente aprende que não se deve brincar com coisa séria, como é a aplicação de defensivos agrícolas", diz Celso, que foi aluno SENAR-PR ainda no curso de Operação e Manutenção de Máquinas e Implementos Agrícolas.

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!

| 103



tilápia A tilápia é um peixe antigo. Tão antigo que

seus registros datam do período paleolítico, muito antes da formação do que hoje é o Egito, mas no Brasil a sua introdução

comercial surgiu apenas na década de 70, com as espécies nilótica e hornorum. Foi a partir do cruzamento dessas espécies que chegamos à tilápia hoje explorada

comercialmente. Só uns poucos visionários acreditavam no futuro dessa cadeia, entre eles Robert Gordon Hickson, 56 anos.

Nascido em Recife (Pernambuco), filho de

Tilápia

pai inglês e mãe brasileira, Hickson, ou

"Bob" como mais é conhecido, chegou ao Paraná em 1981, contratado pelo governo do Estado. Engenheiro de pesca por

formação, sua incumbência era implantar a

piscicultura comercial a partir da estação de

pesquisa do governo paranaense em Toledo (555 km a oeste de Curitiba).

O início não foi fácil. Trazidos do Nordeste o trabalho começou com 84 fêmeas de tilápias nilótica e 79 machos hornorum.

Logo no primeiro inverno, sobraram umas

poucas fêmeas nilóticas e apenas um macho hornorum. "Tivemos que recomeçar todo o trabalho a partir deste único macho", lembra Hickson.

Paralelo ao trabalho de multiplicação dos

peixes, o Paraná investiu na formação de profissionais para o setor. Em 1982 surgia em Toledo o primeiro curso técnico de CURSOS OFERTADOS PELO SENAR-PR PARA ESTA CADEIA

piscicultura do Brasil, embrião do curso

sistemas de cultivo

(Universidade Estadual do Oeste do

de Engenharia de Pesca da Unioeste Paraná).

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!

| 105


tilápia

Os primeiros instrutores Havia dois gargalos para que a criação de tilápia, em escala comercial, se transformasse em uma cadeia produtiva: a qualificação do produtor e a popularização do filé de tilápia como alimento para a população. Em 1995, Robert Gordon Hickson, o "Bob", preparou um curso, materiais e a formação de instrutores em piscicultura, a pedido do SENAR-PR. No ano seguinte a primeira turma de instrutores saiu a campo, para ministrar cursos de Piscicultura para produtores rurais. Através de festivais da tilápia, como o que ocorreu em Curitiba em 2012, e uma campanha de divulgação, em âmbito dos municípios do Oeste, o segundo gargalo foi vencido. Hoje a tilápia faz parte até do cardápio escolar naquela região. "O processo de filetagem permitiu a presença do peixe na merenda escolar", diz Bob. Consolidado como cadeia produtiva, o peixe histórico do Nilo (o segundo maior rio do mundo, depois do Amazonas) foi responsável pelo surgimento de frigoríficos especializados em seu abate no estado. Só em Toledo, hoje existem cinco deles. A profissionalização se deu através de um programa de integração da Copacol (Cooperativa Agroindustrial Consolata), de Cafelândia (537 km de Curitiba). Pioneira na integração de tilápias, a Copacol tem um complexo industrial em Nova Aurora (532 km de Curitiba) com capacidade de abate de 24 toneladas de peixe por dia. A projeção da cooperativa é chegar a 40 toneladas/ dia em 2015.

106 |

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!


tilápia

Um frigorífico Carlos Stuani, 48, de Toledo, começou com tanques para terminação e, aproveitando a proximidade de sua propriedade com a cidade, cinco quilômetros, migrou de atividade para um pesque-pague. Logo teve de abrir um restaurante na propriedade e começou a abater peixes para o consumo dos clientes. Em 2010, os Stuani, donos de 13 hectares de terra, decidiram por uma única atividade. Montaram um frigorífico. "Produzir, ter pesque-pague e restaurante dava muito trabalho. Eu e a mulher ( Inês Stuani ) não tínhamos finais de semana livres", justifica a opção. Segundo ele, o curso de Empreendedor Rural, do SENAR-PR, ajudou na decisão. O abatedouro da família, com SIM (Serviço de Inspeção Municipal), tem capacidade para o abate de 2.000 quilos por dia. Toda a produção é comercializada em mercados e restaurantes de Toledo. Stuani continua a produzir tilápias em dois hectares de lâmina d’água, mas 85% dos peixes necessários ela compra de produtores que trabalham com a terminação (engorda).

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!

| 107


tilápia

Glovacki e Czerniej Lucas Junior Glovacki, 21, cuida de 60 açudes na propriedade de Ego Pudel, em Toledo, onde estão alojados 1,685 milhão de tilápias, no ciclo juvenil (fase posterior à de alevino, em que o peixe já tem todas as características da tilápia adulta) e engorda. Ele é o responsável pela alimentação dos peixes nos tanques. Para se manter no emprego, fez o curso de Piscicultura do SENAR-PR. "Depois do curso, que foi excelente, aprendi a fazer a coisa da maneira certa", explica. Ampliação das opções de diversificação foi o que levou Romano Czerniej, 76, a investir na criação de tilápias. Na propriedade, de 380 hectares em Cafelândia, ele produz soja, milho, aveia e cria gado de corte em 138,6 hectares de pastagens e produz 24 mil ovos galados para as incubadoras da Copacol. O plantel de aves é de 27 mil galinhas e três mil galos. "O peixe surgiu como uma alternativa natural, depois que a Copacol entrou na cadeia. E compensa", afirma Czerniej. Seu braço-direito na atividade é Valdocir José Brandalize, 36, que cuida de 40 mil peixes em regime de engorda nos 12 mil metros de lâmina d’água na propriedade. As tarefas de Brandalize não se restringem à Piscicultura na fazenda. Ele tem também cuida dos bovinos de corte e com a agricultura. "Nada mais natural que ir buscar vários cursos do SENAR-PR para se aperfeiçoar, além do curso de Piscicultura", afirma.

108 |

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!


tilápia

Sem depressão Maria Inez Balensiefer, 61, vive com o marido, Aloísio Egon,78, em 30 hectares no município de Cafelândia. Dinâmica, sempre foi frequentadora dos cursos SENAR-PR. Mas há cinco anos uma forte depressão - causada principalmente pela ausência dos filhos, que foram para novas fronteiras agrícolas - acabou com a sua motivação. Incentivada pelo filho que ainda vive com o casal, Aloísio, 26, acabou,contra a vontade, em mais um curso do SENAR-PR, o Desenvolvimento Comportamental (DC). Segundo ela, o curso operou "um verdadeiro milagre" ao perceber que tinha muito ainda para viver. "A primeira coisa depois do curso foi procurar investir em uma atividade em que eu tivesse autonomia", diz ela. Mais uma vez o filho Aloísio veio em sua ajuda e sugeriu a criação de tilápias. Daí, depois de novo curso SENAR-PR, optou por Piscicultura. E um novo mundo surgiu para Maria Inez. "Eu falo sempre que a criação de tilápias é uma atividade terapêutica, hoje nem preciso mais de remédios para depressão. Eu nunca imaginava que conseguiria a autonomia pessoal que tenho hoje", afirma ela. E faz questão de mostrar o talão de cheques, com conta pessoal própria conseguida depois de investir em quatro tanques com tilápias. Está aí mais uma transformação operada pelo peixe pré-histórico, que virou cadeia produtiva no Paraná.

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!

| 109



ovinos e caprinos A criação de ovinos no Paraná se deu, tradicionalmente,

em pequena escala para o consumo familiar ou dos

peões em propriedades de bovinocultura.

Com relação aos caprinos a

criação se restringia a alguns abnegados, na produção

de leite com a raça Saanen,

em empreendimentos quase sempre inviabilizados pela

Ovinos e Caprinos

falta de estrutura da cadeia produtiva.

Além disso, o abate de

animais velhos, com mau

desenvolvimento de carcaça, criou rejeição na população urbana. Esse quadro, no

entanto, é passado. Hoje o

melhoramento genético dos rebanhos, aliado a um outro conceito de produção de

carne de cordeiro e caprino,

mostra um novo tempo para o segmento no Paraná.

Em tempo de demanda, em que a procura por cordeiros e caprinos supera a oferta no estado, os produtores

estão sabendo aproveitar a maré positiva. Seja através CURSOS OFERTADOS PELO SENAR-PR PARA ESTA CADEIA manejo de ovino de corte / manejo de caprino de corte

de cooperativas, como nos ovinos, ou em associações,

como nos caprinos, a palavrachave é organização.

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!

| 111


ovinos e caprinos

Manejo de ovinos Uma organização que leva a Cooperaliança (Cooperativa Agroindustrial Aliança de Carnes Nobres Vale do Jordão), de Guarapuava, a 257 km de Curitiba, no Centro-Oeste do estado, a exigir - como pré-requisito para o produtor se associar - o curso do SENAR-PR de manejo de ovinos. A presidenta da Cooperaliança, Adriane Araújo Azevedo, 40, é quem explica essa exigência para novos associados."Observamos que, sem o curso de manejo de ovinos do SENAR-PR, o criador não conseguia visualizar todos os processos da produção". Para isso, a Cooperaliança e o SENAR-PR agendam pelo menos um curso de manejo de ovinos por semestre na área de atuação da cooperativa. Além de apoio técnico, a cooperativa trabalha com os associados na busca pela produção de cordeiros de qualidade, prontos para o abate aos cinco meses, com uma média de 35 a 40 quilos de peso vivo.

112 |

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!


ovinos e caprinos

Cordeiros precoces Vânia Elisabeth Cherem Fabrício de Melo, 63, é um caso de produtora tradicional de ovinos da região de Guarapuava, que se rendeu à necessidade de produzir cordeiros precoces, dentro dos padrões exigidos pelo mercado. E foi buscar nos cursos do SENAR-PR o embasamento para essa mudança. "A diferença, com a nova dinâmica estabelecida na propriedade, é gritante em relação a quando comecei na criação, há muito tempo", relata. Segundo Vânia, o controle de verminose no rebanho hoje é estabelecido dentro dos parâmetros técnicos que aprendeu nos cursos de manejo de ovinos do SENAR-PR. ´´Reduziu o número de aplicações vermífugas apenas com a observância do momento de aplicar", conta. Na propriedade de 1.100 hectares em Candói (320 km de Curitiba), Vânia destina 163 hectares para a ovinocultura. Hoje, a maioria do plantel de 800 animais (592 matrizes) é de fêmeas Ille de France e machos Texel. "A Ile é boa leiteira, já o Texel dá boa conformação de carcaça e consigo ótimos cordeiros com esse cruzamento", diz.

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!

| 113


ovinos e caprinos

Condomínios Em Virmond (364 km de Curitiba) ao em vez do cooperativismo, a Associação dos Criadores de Caprinos de Virmond e região foi buscar nos condomínios a fórmula para o crescimento da criação de caprinos. Segundo Daniel Pilarski, 39, presidente da associação, um condomínio municipal com 15 matrizes e três bodes ajuda a fomentar a caprinocultura em Virmond. O sistema funciona da seguinte forma. Os bodes, puros da raça Boer, são emprestados aos produtores em sistema de rodízio, para melhoria genética do plantel. As fêmeas que nascem no criatório municipal são entregues, com seis meses, para os produtores. "É feito sorteio entre os associados que se candidatam a receber as fêmeas, afirma Pilarski. Com o mercado regional de borregos ainda não estruturado, toda a produção de Virmond é escoada para um frigorífico de Bandeirantes (MS). "Toda produção é vendida para o Mato Grosso do Sul, para abate e abastecimento do estado de São Paulo", explica. Os borregos são enviados para abate aos cinco meses, com um peso médio entre 25 e 30 quilos de peso vivo. "Os cursos de manejo do SENAR e a ajuda da EMATER, no dia a dia, têm resolvido, mas queremos nos articular para abater os borregos na própria região", afirma Eder Oleinik, 29, também produtor, com um plantel de 60 matrizes.

114 |

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!


ovinos e caprinos

Casamento perfeito Os Lange, de Candói, "casam" projetos elaborados a partir do Empreendedor Rural do SENAR-PR. Em 2004, Soeli Pereira Lange não tinha terminado o Ensino Médio quando, incentivada pelo marido, Éros Lange, ingressou no programa. Hoje, ela, aos 40 anos, ostenta uma pós em Ovinocultura, um MBA em Administração e presta assistência técnica a produtores de grãos na região de Candói. O grande legado obtido foi "casar" um projeto familiar na propriedade.

Baseados nos projetos de Soeli sobre ovinos e de Éros, 42, sobre pecuária de leite, eles resolveram colocá-los em prática. Éros fez o curso de empreendedor rural em 2007, três anos depois da mulher. "Vamos atingir o nível de equilíbrio em 2013, quando estaremos com 200 matrizes de ovelhas e uma produção de 250 cordeiros de corte. No leite o projeto prevê dois mil litros por dia como ponto de equilíbrio", diz Soeli. E o empreendimento do casal é mesmo familiar, os filhos Érik Tacius Lange, 18, e Astrydt Karina, 15, estão envolvidos em todas as etapas da produção. A menina Astrydt até já decidiu: vai cursar Medicina Veterinária após concluir o Ensino Médio.

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!

| 115



equinos Os primeiros cavalos a

percorrerem o Sul do Brasil

fizeram parte de uma expedição em 1541, liderada pelo mítico

Cabeça de Vaca (D. Alvar Nuñes Cabeza de Vaca), conquistador

espanhol e o primeiro europeu a

descrever as Cataratas do Iguaçu. Ele saiu de Mendoza, na

Argentina, e entrou no território

Equinos

brasileiro, cruzando o Paraná e Santa Catarina.

Ou seja, nos primórdios da nossa história esses animais estavam

presentes. E desempenhariam um importante papel na formação

econômica, social e política do nosso país. Como na chamada função de sela (do vaqueiro e

peão, na pecuária); de carga (nos comboios ou comitivas); e de

tração ("motor" de veículos de carga e de moendas).

Animal de porte, bonito, na

sociedade ele ainda exerce, dependendo do seu dono,

o exibicionismo, a vaidade, o

orgulho e a diferenciação social, e de quebra é ator nos esportes, no CURSOS OFERTADOS PELO SENAR-PR PARA ESTA CADEIA

lazer e na equiterapia.

Pelo seu uso na pecuária, o avaliação de aprumos, casqueamento e ferrageamento equino / rédeas / doma racional

SENAR-PR desenvolveu cursos dedicados a produtores que lidam com cavalos, como o

Trabalhador na Doma Racional de Equídeos e Trabalhador na Equideocultura.

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!

| 117


equinos

Doma racional "A doma racional é um adestramento consentido do animal, já na doma tradicional o cavalo apenas se submete, não consente", explica o criador de cavalos Crioulos Rodolpho Luiz Werneck Botelho, presidente do Sindicato Rural de Guarapuava (257 km de Curitiba). O que sintetiza as razões da procura cada vez maior de criadores e peões paranaenses pelos cursos de Doma Racional do SENAR-PR. Botelho é proprietário de duas fazendas na região de Guarapuava. Na mais próxima do município, a Rio das Pedras, de 169 hectares, ele mantém um plantel de cavalos Crioulos para venda. Os clientes são pecuaristas que procuram essa rústica raça para as lidas do campo ou aficionados de esportes como as provas de laço e rédeas - cada vez mais populares no país - em busca de cavalos treinados para as competições. "Como é mais próxima de Guarapuava, uso a Rio das Pedras para amostragem dos Crioulos aos interessados", afirma.

118 |

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!


equinos

Bom para os dois É na Rio das Pedras que Juarez de Souza Santos, 38, dá os últimos repasses nos animais domados dentro da técnica racional. "A doma racional é boa para os dois. Para o cavalo, que vai confiando aos poucos na gente. E para o peão, pois fazer a doma tradicional, que é bruta, exige esforço do camarada", afirma Santos. Funcionário na Rio das Pedras, além do curso de doma racional, ele disse ter aproveitado o SENARPR para também fazer cursos de Pastagens e sobre Gado de Corte. "Alguns cursos são só para a gente se atualizar, mas sempre acontece algo novo", afirma. Na Fazenda Capão Redondo, de 2.014 hectares, entre os municípios de Guarapuava e Candói, Botelho mantém seu plantel de matrizes e reprodutores Crioulos, além de bovinos Angus para corte, ovinos e caprinos. "Na Capão Redondo temos ainda a agricultura, com o plantio de soja e milho", diz. Ele afirma que cada vez mais tem compradores para seus cavalos entre os apreciadores de provas de laço, especialmente o laço comprido. Já para as provas de laço curto, uma outra raça tem se destacado entre os esportistas: a Quarto de Milha.

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!

| 119


120 |

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!


SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!

| 121


resultados

SENAR-PR em números Durante os últimos 20 anos o SENAR-PR construiu uma curva ascendente, e seus números demonstram o crescimento da instituição. A quantidade de títulos de cursos oferecidos cresceu, a carga horária dos cursos aumentou, assim como o número de participantes e de eventos. Nesses 20 anos foram 2.364.894 participantes em 118.642 cursos. O mais importante foi e será a preocupação com a qualidade de seus programas e cursos, buscando se antecipar às necessidades do produtor e do trabalhador rural.

EVENTOS (1993 a 2012) - FPR/PS (Formação Profissional Rural / Promoção Social) 7.962 5.107

9.077

9.408

8.989

10.705

10.444

10.780

10.996

TOTAL

5.917

118.642

3.011

1993

1998

EVENTOS

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

PARTICIPANTES (1993 a 2012) - FPR/PS (Formação Profissional Rural / Promoção Social)

166.903

171.754

202.719

226.225 188.312 184.607

203.215 212.408

215.180

TOTAL

2.364.894

102.467

PARTICIPANTES

66.727 537 1993

1998

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

CARGA HORÁRIA (1993 a 2012) - FPR/PS (Formação Profissional Rural / Promoção Social)

196.578 212.895 214.882 217.076 93.261

113.829

243.400

265.770

288.724

2012

309.234

TOTAL

145.795

2.886.698 HORAS

1.173 1993

122 |

1998

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!


resultados

PROMOÇÃO SOCIAL CURSOS MAIOR DEMANDA - 1993 a 2012 Classif.

Atividades

Eventos

Participantes

Carga Horária

FAMÍLIA QUALIDADE DE VIDA E CONTR. ORÇAM. FAMILIAR

3.099

69.761

18.188

1

Conscientização de mulheres

2.556

55.898

13.844

2

Idosos

543

13.863

4.344

12.939

159.336

218.208

ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO

3

Derivados do leite

3.989

49.310

64.480

4

Conservas vegetais, compotas, frutos cristalizados e desidratados

3.786

45.615

71.104

5

Panificação básico

2.689

34.464

43.024

6

Beneficiamento e transformação caseira de mandioca

1.096

13.375

17.536

7

Culinária Básica

901

11.070

14.416

8

Beneficiamento e transformação caseira de oleaginosa

478

5.502

7.648

ARTESANATO

2.554

28.064

213.968

Artesanato em tecido (corte e costura)

2.554

28.064

213.968

678

13.858

54.240

18.727

257.156

500.260

728.376

20.593.712

26.221.536

9

PROGRAMAS ESPECIAIS - PS

10

Mulher Atual

TOTAL

11

Agrinho

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!

| 123


resultados

FORMAÇÃO PROFISSIONAL RURAL CURSOS MAIOR DEMANDA - 1993 a 2012 Classificação

Ocupação

Eventos

Concluintes

Carga Horária

1

Trabalhador no cultivo de plantas industriais

12.004

225.700

107.200

2

Trabalhador na aplicação de agrotóxicos

10.643

127.565

141.397

3

Trabalhador na operação e manutencão de tratores agrícolas (tratorista agrícola)

7.954

97.637

170.960

4

Trabalhador na administração de empresas agrossilvipastoris

7.559

181.657

360.955

5

Trabalhador na bovinocultura de leite

7.134

128.700

164.978

6

Trabalhador na administração de propriedades em regime de economia familiar

3.186

215.032

38.791

7

Trabalhador na administração de associações e sindicatos rurais

3.110

194.174

42.416

8

Trabalhador na operação e manutenção de colhedoras automotrizes

2.737

33.602

57.208

9

Trabalhador em turismo rural

2.242

25.699

52.648

10

Trabalhador na operação e manutenção de motosserra

2.036

10.447

91.800

11

Trabalhador na fruticultura básica

1.827

30.656

20.259

12

Trabalhador na agricultura orgânica

1.698

22.852

34.584

13

Trabalhador na bovinocultura de corte

1.580

40.161

27.446

14

Trabalhador no cultivo de grãos e oleaginosas

1.490

25.015

21.033

15

Trabalhador na piscicultura

1.423

16.855

18.552

66.623

1.375.752

1.350.227

TOTAL

124 |

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!


resultados LINHAS DE AÇÃO AGRICULTURA

Eventos

Participantes

Carga Horária

1.444

20.602

22.440

Grandes Culturas Anuais

190

2.211

3.888

Grandes Culturas Perenes/Semiperenes

557

10.223

5.024

Olericultura

210

2.428

4.256

Fruticultura

142

1.657

1.576

59

671

1.344

Plantas Medicinais e Especiarias

178

2.129

4.272

Produção Orgânica

108

1.283

2.080

PECUÁRIA

949

12.732

27.866

Pecuária de Grande Porte

770

10.716

22.602

Pecuária de Médio Porte

47

572

752

Pecuária Animais Pequeno Porte

132

1.444

4.512

SILVICULTURA

237

2.764

3.024

Florestamento e Reflorestamento

237

2.764

3.024

AQUICULTURA

61

756

992

Criação de Animais Aquáticos

61

756

992

AGROINDÚSTRIA

23

286

596

Benef.Transf.Prim.Prods.Orig.Agrossilvipastoris

23

286

596

ATIVIDADES DE APOIO AGROSSILVIPASTORIL

4.648

123.785

127.041

Administração Rural

2.532

98.122

69.413

Mecanização Agrícola

2.116

25.663

57.628

ATIVIDADES RELATIVAS À PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS

482

5.603

11.507

Classif.Armazen.Preserv.Prod.Orig.Agrossilvipastoril

181

2.148

3.424

Construção Rural

44

468

1.419

Montagem e Reparo de Máquinas Agrícolas e Motores

33

349

1.320

143

1.690

3.432

81

948

1.912

373

7.923

49.668

8.217

174.451

243.134

Floricultura e Plantas Ornamentais

Prest.Serv.Áreas Saúde, Vest.Art.Domést.,Agrop.e Extrativ. Turismo Rural APRENDIZAGEM RURAL TOTAL GERAL

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!

| 125




regionais

SENAR-PR - Administração Regional do Estado do Paraná:

Regional - 4: Guarapuava

R. Marechal Deodoro, 450, 14º andar

Aparecido Ademir Grosse / grosse@senarpr.org.br

Fone: (41) 2169-7988 / 2106-0401 - Fax: (41) 3323-2124 CEP: 80010-010 - Curitiba - PR Centro de Distribuição: Responsável:

Albari José Mielke / albari@senarpr.org.br

Fone/Fax: (41) 2106-0495 / (41) 3333-5186 Apoio Operacional:

Simoni Linessio / simoni@senarpr.org.br Rua Iapó, n. 1130

CEP 80215-020 – Curitiba-PR

Supervisor:

Fone/Fax: (42) 3626-4789 / Celular: (42) 9977-2799 Apoio Operacional: Cleide Cardoso Breda / cleide.cardoso@senarpr.org.br (42) 9911-1717 Rua Afonso Botelho, 58 CEP: 85070-165 - Guarapuava - PR / Caixa Postal 3504 Regional - 5: Pato Branco Supervisor:

Sidnei Éverton Andric / sidnei@senarpr.org.br

Regional - 1: Curitiba

Fone/Fax: (46) 3225-9096 / Celular: (46) 9976-5000

Luis Guilherme P. B. Lemes / luislemes@senarpr.org.br

Simone Rezena / simone@senarpr.org.br

Apoio Operacional:

Rua Osvaldo Aranha, 377

Supervisor:

Apoio Operacional:

Fone: (41) 3362-0166 / Celular: (41) 9976-1449

(46) 9911-0907

Eydicler Araujo / eydicler@senarpr.org.br / (41) 9678-9201

CEP: 85501-310 - Pato Branco - PR

CEP: 80060-160 - Curitiba - PR

Regional - 6: Francisco Beltrão

Rua da Paz, 608 - Mercado Municipal

Regional - 2: Ponta Grossa Supervisor:

Eduardo Gomes de Oliveira / eduardo@senarpr.org.br Fone: (42) 3225-8915 / Celular: (42) 9972-4522 Apoio Operacional:

Lenita Aparecida da Luz / lenita.luz@senarpr.org.br (42) 9904-0008

Rua Theodoro Rosas, 1381 - Fundos CEP: 84010-180 - Ponta Grossa - PR Regional - 3: Irati

Supervisor:

Eduardo Antonio Marcante / eduardo.marcante@senarpr.org.br Fone/Fax: (46) 3524-6014 / Celular: (46) 9975-2099 Apoio Operacional: Eliane de Fátima Strello / eliane.strello@senarpr.org.br (46) 9919-3333 Rua Ponta Grossa, 2089 sala 03 - Centro CEP: 85601-600 - Francisco Beltrão - PR Regional - 7: Matelândia Supervisor:

Supervisor:

Francisco Pelição de Oliveira / pelicao@senarpr.org.br

Fone/Fax: (42) 3422-5301 / Celular: (42) 9904-0505

Apoio Operacional:

Lorena Tillie Caminski / lorena@senarpr.org.br

(45) 9911-0607

Rua 19 de Dezembro, 154 - Centro

CEP: 85887-000 - Matelândia - PR

Eduardo Figueiredo Mercado / eduardo.mercado@senarpr.org.br

Fone/Fax: (45) 3262-2774 / Celular: (45) 9972-4710

Apoio Operacional:

Michelle Schwaab / michelle@senarpr.org.br

(42) 9904-0660

Av. Paraná, 930 - 1º piso - sala 30 - Centro

CEP: 84500-000 - Irati - PR

Caixa Postal - 87

128 |

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!


regionais

Regional - 8: Assis Chateaubriand

Regional - 12: Londrina

Luiz Angelo Fillus / luiz.fillus@senarpr.org.br

Arthur Piazza Bergamini / arthur@senarpr.org.br

Fone/Fax: (44) 3528–7722 / Celular: (44) 9916-8888

Fone/Fax: (43) 3357-1481 / Celular: (43) 9961-0602

Apoio Operacional:

Apoio Operacional:

Ana Paula Sampaio / anapaula.sampaio@senarpr.org.br

Silvia Aparecida da Silva / silvia@senarpr.org.br

(44) 9916-7367

(43) 9601-0008

CTA - Assis Chateaubriand

Parque de Exposições Gov. Ney Braga

Av. Sesquicentenário, s/n.

Av. Tiradentes, 6355

CEP: 85935-000 - Assis Chateaubriand - PR

CEP: 86072-000 - Londrina - PR

Regional - 9: Pitanga

Regional - 13: Umuarama

Davi Andre Martins Claro / davi@senarpr.org.br

Jean Carlo Gonçalves Carraro / carraro@senarpr.org.br

Fone/Fax: (42) 3646-1949 / Celular: (42) 9904-0440

Fone: (44) 3624-3552 / Celular: (44) 9976-1547

Apoio Operacional:

Apoio Operacional:

Simoni Staradub / simoni.staradub@senarpr.org.br

Viviane Beitum da Silva / viviane@senarpr.org.br

(42) 9904-0707

(44) 9906-1111

Av. Brasil, 341 - Centro

R. Ministro Oliveira Salazar, 4835 - Ed. Portinari – sl. 02 – Térreo

CEP: 85200-000 - Pitanga - PR

CEP: 87502-070 - Umuarama - PR

Regional - 10: Campo Mourão

Regional - 14: Mandaguaçu

Josiel do Nascimento / josiel@senarpr.org.br

Salvador José Morales Stefano / salvador@senarpr.org.br

Fone/Fax: (44) 3529-1463 / Celular: (44) 9978-0922

Fone: (44) 3245-2055 / Celular: (44) 9973-8502

Apoio Operacional:

Apoio Operacional:

Caroline Fogaça Kitaiski / caroline.fogaca@senarpr.org.br

Caroline Lorena Neia / caroline.lorena@senarpr.org.br

(44) 9906-2000

(44) 9906-2299

Av. Irmãos Pereira, 963 - 2º andar Sala 10

Av. Munhoz da Rocha, 800 - 2º andar - sala 34

CEP: 87301-010 - Campo Mourão - PR

CEP: 87160-000 - Mandaguaçu - PR

Regional - 11: Santo Antônio da Platina

Regional - 15: Paranavaí

regional11@senarpr.org.br

Reverson Ferreira Ribas Camargo / reverson@senarpr.org.br

Fone: (43) 3534-7139 / Celular: (43) 9976-0219

Fone/Fax: (44) 3423-1892 / Celular: (44) 9916-4444

Apoio Operacional:

Apoio Operacional:

Silmara Aparecida Pinto / silmara.aparecida@senarpr.org.br

Dayane Albuquerque Ficher / dayane@senarpr.org.br

(43) 9600-0007

(44) 9926-7777

Av. Oliveira Motta, 671

R. Mal. Cândido Rondon, 1545 - Centro

CEP: 86430-000 - Santo Antônio da Platina - PR

CEP: 87704-120 - Paranavaí - PR

Supervisor:

Supervisor:

Supervisor:

Supervisor:

Supervisor:

Supervisor:

Supervisor:

Supervisor:

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!

| 129





Vida de repórter

A alta quilometragem de dois repórteres As histórias e personagens das cadeias produtivas destas páginas foram produzidas por dois repórteres que têm no lombo andanças e conhecimentos dos viventes dos quatro cantos paranaenses. Por isso foram convidados a fazer esse trabalho. Foram onze semanas a campo, dezesseis cadeias produtivas e 11.213 quilômetros rodados por todas as regiões do Paraná. A tarefa era traçar um diagnóstico da agropecuária paranaense no ano em que o SENAR-PR completa vinte anos de atividades na qualificação do homem do campo. O repórter José Maschio e o fotógrafo Milton Dória fizeram tal quilometragem do Paranazão ao Iguaçu, por planaltos e planícies. Maschio é mais conhecido pelo apelido "Ganchão", recebido pela sua mania de ver em tudo "um gancho" - justificativa, matéria que se sustenta na linguagem jornalística. Nascido em Echaporã (SP), mas criado no arenito de Paranavaí, é jornalista há 30 anos, dos quais 25 como repórter na Folha de S.Paulo. Milton Dória foi repórter-fotográfico e editor de fotografia do Jornal Folha de Londrina e tem trabalhos publicados nos principais jornais e revistas do país. "Testemunhamos que hoje tudo é empreendedorismo e mesmo o desperdício se transformou em negócio. Negócio que foi impulsionado por cursos como o Empreendedor Rural do SENAR-PR", afirmou "Ganchão". Somente a curiosidade, a capacidade de comunicação e a sensibilidade dos bons repórteres garantem o "gancho" a um texto, uma matéria. Eles cumpriram a tarefa. Cynthia Calderon e Hélio Teixeira

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!

| 133




Nossa Visão Ser reconhecida como uma instituição de referência pelo dinamismo, pela criatividade e qualidade de suas ações de formação.

Nossa Missão Desenvolver ações de formação profissional e atividades de promoção social voltadas para a família rural, contribuindo com sua profissionalização, integração na sociedade, melhoria da qualidade de vida e pleno exercício da cidadania.

01 |

SENAR-PR 20 ANOS CONSTRUINDO O FUTURO!




Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.