Revista Bahia Indústria - Ano XXIII N 247

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Bahia

ISSN 1679-2645

Federação das Indústrias do Estado da Bahia  Sistema FIEB

Ano XXIII nº 247  2016

Menos regras, mais negociação

Pesquisa revela que o trabalhador quer mais flexibilidade para negociar jornada e local de trabalho, incluindo horário de entrada, almoço e saída


Trabalhador

vacinado,

indústria

fortalecida.

A gripe é facilmente transmitida e tornou-se uma das maiores vilãs da produtividade industrial. Por isso, aproveite a Campanha de Imunização do SESI e promova a vacinação em sua empresa. Prevenir é a melhor forma de proteger a saúde dos trabalhadores e da sua indústria.

Participe da Campanha de Imunização Contra a Gripe. Acesse: www.fieb.org.br/sesi ou procure a unidade do SESI mais próxima.


EDITORIAL

Mais liberdade nas relações de trabalho shutterstock

Em 1º de maio de 1943, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) foi sancionada pelo presidente Getúlio Vargas, no período do Estado Novo. Ela unificou toda a legislação trabalhista então existente no Brasil e, por essa razão, representou um marco jurídico. No entanto, 74 anos depois, a CLT já não atende todos os requisitos das complexas relações do trabalho no mundo regido pelos avanços digitais. Novas formas de trabalho, surgidas a partir das tecnologias digitais, não conseguem abrigo na CLT. Exemplos são o home-office, o trabalho em casa, modalidade que tem crescido em todo o mundo, sendo comum em atividades como jornalismo, TI e em pesquisa; e o trabalho coletivo usado cada vez mais por médicos em procedimentos complexos, como cirurgias, com a participação de colegas à distância, graças às ferramentas de videoconferência. Recente pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria, com trabalhadores de vários setores, revela que 71% dos entrevistados gostariam de escolher o horário de chegar e sair do trabalho; 73% desejariam trabalhar em casa ou em locais alternativos ao da empresa, quando preciso; e 64% reduziriam o horário de almoço para, em contrapartida, sair mais cedo do trabalho e poder evitar o horário de pico no trânsito. Modernizar e desburocratizar as relações do trabalho no Brasil são uma necessidade a cada dia mais forte. Portanto, soa como importante avanço o Projeto de Lei nº 6.787/16, apresentado pelo governo federal no final do ano passado, estabelecendo pontos que, se aprovados, poderão ser negociados entre patrões e empregados. A intenção é permitir que o que for negociado entre os legítimos representantes das duas partes prevaleça ante o legislado. Essa possibilidade de flexibilizar as leis do trabalho pode contribuir para a melhoria do ambiente e negócios, dando a trabalhadores e empresários segurança jurídica para a tomada de decisões que atendam os interesses de ambos. Adicionalmente, isso reduziria o número de processos na Justiça do Trabalho. Hoje, consta que existem mais de 8 milhões de ações tramitando nessa esfera, um grande passivo com forte componente de insegurança para a empresas. A flexibilização das leis do trabalho também trará, como consequência, o estímulo à criação de empregos.

Novas tecnologias criam expectativa de flexibilização na jornada

Leis do trabalho, contidas na CLT, datam de mais de sete décadas e já não atendem às necessidade do mundo moderno


Unidades do Sistema FIEB Informações sobre a atuação e os serviços oferecidos pelas entidades do Sistema FIEB, entre em contato FIEB – Federação das Indústrias do Estado da Bahia Sede: (71) 3343-1200 SESI – Serviço Social da Indústria Sede: 3343-1301

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Bahia FIEB PRESIDENTE Antonio Ricardo Alvarez Alban. 1° VICE-PRESIDENTE Carlos Henrique Jorge Gantois. VICE-PRESIDENTES Josair Santos Bastos; Eduardo Catha-

rino Gordilho; Edison Virginio Nogueira Correia; Alexi Pelagio Gonçalves Portela Junior. DIRETORES TITULARES Alberto Cánovas Ruiz;Eduardo Meirelles Valente; Renata Lomanto Carneiro Müller; Fernando Luiz Fernandes; Juan José Rosario Lorenzo; Theofilo de Menezes Neto; José Carlos Telles Soares; Angelo Calmon de Sa Junior; Jefferson Noya Costa Lima; Luiz Fernando Kunrath; João Schaun Schnitman; Antonio Geraldo Moraes Pires; Mauricio Toledo de Freitas; Waldomiro Vidal de Araújo Filho. DIRETORES SUPLENTES Guilherme Moura Costa e Costa; Gladston José Dantas Campêlo; Cléber Guimarães Bastos; Jorge Catharino Gordilho; Marcelo Passos de Araújo; Roberto Mário Dantas de Farias

Antonio B. Cohim da Silva. 3º VICE-PRESIDENTE Roberto Fiamenghi. DIRETORES TITULARES Arlene A. Vilpert; Benedito A. Carneiro Filho; Cleber G. Bastos; Luiz da Costa Neto; Luis Fernando Galvão de Almeida; Marcelo Passos de Araújo; Mauricio Lassmann; Paula Cristina Cánovas Amorim; Hilton Moraes Lima; Thomas Campagna Kunrath; Walter José Papi; Wesley K. F. Carvalho. DIRETORES SUPLENTES Antonio Fernando S. Almeida; Carlos Antônio Unterberger Cerentini; Décio Alves Barreto Junior; Jorge R. de O. Chiachio; Fernando Elias Salamoni Cassis; José Luiz Poças Leitão Filho; Mauricio Carvalho Campos; Sudário M. da Costa; CONSELHO FISCAL - EFETIVOS Luiz Augusto Gantois de Carvalho; Rafael C. Valente; Roberto Ibrahim Uehbe. CONSELHO FISCAL – SUPLENTES Felipe Pôrto dos Anjos; Rodolpho Caribé de Araújo Pinho Neto; Thiago Motta da Costa

Editada pela Gerência de Comunicação Institucional do Sistema Fieb Editorial Mônica Mello, Cleber Borges e Patrícia Moreira. Coordenação editorial Cleber Borges. Editora Patrícia Moreira. reportagem Patrícia Moreira, Carolina Mendonça, Marta Erhardt, Luciane Vivas (colaboração). Projeto Gráfico e Diagramação Ana Clélia Rebouças. fotografia Coperphoto. Ilustração e Infografia Bamboo Editora. Impressão Gráfica Trio. Conselho

SESI conselhos

Presidente do Conselho e Diretor Regional

Micro e Pequena Empresa Industrial Carlos Henri-

Antonio Ricardo Alvarez Alban. Superintendente Armando da Costa Neto

que Jorge Gantois; Assuntos Fiscais e Tributários Sérgio Pedreira de Oliveira Souza; Comércio Exterior Angelo Calmon de Sá Junior; Economia e Desenvolvimento Industrial Antonio Sergio Alipio; Infraestrutura Marcos Galindo Pereira Lopes; Inovação e Tecnologia José Luis Gonçalves de Almeida; Meio Ambiente Jorge Emanuel Reis Cajazeira; Relações Trabalhistas Homero Ruben Rocha Arandas; Responsabilidade Social Empresarial Marconi Andraos Oliveira; Jovens Lideranças Industriais Nayana Carvalho Pedreira; Petróleo, Gás e naval Humberto Campos Rangel; Portos Sérgio Fraga Santos Faria

SENAI Presidente do Conselho Antonio Ricardo A. Alban. Diretor Regional Luís Alberto Breda Diretor de Tec. e Inovação

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FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DA BAHIA

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As opiniões contidas em artigos assinados não refletem necessariamente o pensamento da FIEB.

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SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Sede: 71 3534-8090

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sistema fieb nas mídias sociais

Sindicatos filiados à FIEB Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado da Bahia, sindacucarba@fieb.org.br / Sindicato da Indústria de Fiação e Tecelagem no Estado da Bahia, sindifiteba@gmail.com / Sindicato da Indústria do tabaco no Estado da Bahia, sinditabaco@fieb.org. br / Sindicato da Indústria do Curtimento de Couros e Peles no Estado da Bahia, sindicouroba@fieb.org.br / Sindicato da Indústria do Vestuário de Salvador, Lauro de Freitas, Simões Filho, Candeias, Camaçari, Dias D’ávila e Santo Amaro, sindvest@fieb.org.br / Sindicato das Indústrias Gráficas do Estado da Bahia, sigeb@terra.com.br / Sindicato da Indústria de Extração de Óleos Vegetais e Animais e de Produtos de Cacau e Balas no Estado da Bahia, sindioleosba@fieb.org.br / Sindicato da Indústria da Cerveja e de Bebidas em Geral no Estado da Bahia, sindcerba@bol.com.br / Sindicato das Indústrias do Papel, Celulose, Papelão, Pasta de Madeira para Papel e Artefatos de Papel e Papelão no Estado da Bahia, sindpacel@hotmail.com / Sindicato das Indústrias do Trigo, Milho, Mandioca e de Massas Alimentícias e de Biscoitos no Estado da Bahia, sindtrigoba@fieb.org.br / Sindicato da Indústria de Mineração de Calcário, Cal e Gesso do Estado da Bahia, sindicalba@fieb.org.br / Sindicato da Indústria da Construção do Estado da Bahia, secretaria@sinduscon-ba.com.br / Sindicato da Indústria de Calçados, seus Componentes e Artefatos no Estado da Bahia, sindcalcadosba@fieb.org.br / Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico do Estado da Bahia, simmeb@uol.com.br / Sindicato das Indústrias de Cerâmica e Olaria do Estado da Bahia, sindicerba@gmail.com / Sindicato das Indústrias de Sabões, Detergentes e Produtos de Limpeza em geral e Velas do Estado da Bahia, sindisaboesba@fieb.org.br / Sindicato das Indústrias de Serrarias, Carpintarias, Tanoarias e Marcenarias de Salvador, Simões Filho, Lauro de Freitas, Camaçari, Dias D’ávila, Sto. Antônio de Jesus, Feira de Santana e Valença, sindiscamba@fieb.org.br / Sindicato das Indústrias de Fibras Vegetais no Estado da Bahia, sindifibrasba@fieb.org.br / Sindicato da Indústria de Produtos Químicos, Petroquímicos e Resinas Sintéticas do Estado da Bahia, sinpeq@coficpolo.com.br / Sindicato da Indústria de Material Plástico do Estado da Bahia, sindiplasba@sindiplasba.org.br / Sindicato da Indústria de Produtos de Cimento no Estado da Bahia, sinprocimba@fieb.org.br / Sindicato da Indústria de Mineração de Pedra Britada do Estado da Bahia, sindbrit@svn.com.br / Sindicato das Indústrias de Produtos Químicos para Fins Industriais e de Produtos Farmacêuticos do Estado da Bahia, adm@quimbahia.com.br / Sindicato da Indústria de Mármores, Granitos e Similares do Estado da Bahia, simagranba@fieb.org.br / Sindicato da Indústria Alimentar de Congelados, Sorvetes, Sucos, Concentrados e Liofilizados do Estado da Bahia, sindsucosba@fieb.org.br / Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Estado da Bahia, sincarba@fieb.org.br / Sindicato da Indústria do Vestuário da Região de Feira de Santana, sindvestfeira@fbter.org.br / Sindicato da Indústria do Mobiliário do Estado da Bahia, moveba@fieb.org.br / Sindicato da Indústria de Refrigeração, Aquecimento e Tratamento de Ar do Estado da Bahia, sindratar@gmail.com.br / Sindicato das Indústrias de Café do Estado da Bahia, sincafeba@fieb. org.br / Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados do Estado da Bahia, sindileite@fieb.org.br / Sindicato das Indústrias de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos, Computadores, Informática e Similares dos Municípios de Ilhéus e Itabuna, sinec@ sinec.org.br / Sindicato das Indústrias de Construção de Sistemas de Telecomunicações do Estado da Bahia, anaelisabete@telenge. com.br / Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Feira de Santana, simmefs@simmefs.com.br / Sindicato das Indústrias de Reparação de Veículos e Acessórios do Estado da Bahia, sindirepaba@sindirepabahia.com.br / Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores, sindipecas@sindipecas.org.br / Sindicato das Indústrias de Fibras Vegetais no Estado da Bahia, sindifibrasba@fieb.org.br / Sindicato das Indústrias de Cosméticos e de Perfumaria do Estado da Bahia, sindcosmetic@fieb.org.br / Sindicato das Indústrias de Artefatos de Plásticos, Borrachas, Têxteis, Produtos Médicos Hospitalares, sindiplast@gmail.com / Sindicato Patronal das Indústrias de Cerâmicas Vermelhas e Brancas para Construção e Olarias da Região Sudoeste e Oeste da Bahia sindiceso@gmail.com Sindicato da Indústria de Adubos e Corretivos Agrícolas do Nordeste (Siacan) siacan@veloxmail.com.br / Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval) sinaval@sinaval.org.br / Sindicato das Indústrias de Panificação e Confeitaria do Estado da Bahia, sipaceb@gmail.com

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sumário

16 Projeto de Lei no Congresso Iniciativa privada espera avanços na tramitação do PL no Legislativo Luis Macedo /Câmara dos Deputados

nº 247 jan/fev 2017

26 angelo pontes/Sistema FIEB

beto júnior/Sistema FIEB

Ilustração Gentil

14 joão alvarez/sistema fieb

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Sucesso no Enem

Theoprax: o caminho para prover soluções a baixo custo

IEL Bahia qualifica e certifica empresas fornecedoras

Ex-aluno do SESI, Igor Esquivel Souza passou em 1º lugar para o curso de Medicina na Ufba

Método adotado pelo SENAI Bahia é alternativa para prover consultoria para micro e pequenas empresas, servindo ao mesmo tempo ao aprendizado de alunos de cursos técnicos

Programa desenvolvido há dez anos qualifica, prepara e certifica micro, pequenas e médias empresas para atuarem como fornecedoras de grandes empresas industriais na Bahia


EJA abre oportunidades para jovens e adultos Projeto de ensino médio a distância é oportunidade para a retomada dos estudos e uma nova qualificação Por patrícia moreira

C

om uma proposta pedagógica inédita no país, o Serviço Social da Indústria (SESI) iniciou o ano de 2017 oferecendo uma nova experiência de educação a distância. Trata-se do programa de Educação de Jovens e Adultos Profissionalizante a Distância (EJA/EAD Profissionalizante), realizado em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI). A gerente de educação do SESI Bahia, Cléssia Lobo, explica que a proposta está em fase experimental. Além da Bahia, Santa Catarina e Pará também oferecem o curso como experiência piloto. Os resultados vão validar a expansão do modelo para todo o país. O processo de preparação dos alunos foi iniciado em novembro de 2016, com a aplicação da Metodologia SESI de Reconhecimento de Saberes, que reconhece a experiência de vida e conhecimentos acumulados. Assim, é possível identificar as competências já adquiridas pelo estudante para encaminhamento do programa curricular. As aulas propriamente ditas iniciaram dia 13 de fevereiro, no SESI e, no SENAI, responsável pela formação técnica, iniciam-se em maio. A primeira turma do projeto foi apresentada no dia 12 de janeiro, na Escola Reitor Miguel Calmon, onde está sediado o polo de Educação a Distância do SESI Bahia. O objetivo é promover a elevação da escolaridade de jovens e adultos, oferecendo, ainda, a oportunidade de aquisição de uma formação técnica em elétrica, hidráulica e reparação de microcomputadores. O diferencial deste curso é que as aulas são ministradas a distância, com um encontro presencial por semana.

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Para o superintendente do SESI, Armando Neto, a expertise na educação de jovens e adultos habilitou à Bahia a ser uma das três unidades da federação a sediar o projeto de EJA Profissional. “Oferecemos o EJA/EaD, desde 2013, com resultados positivos, e isso contribuiu para que o Departamento Nacional escolhesse a Bahia parta testar a nova metodologia”, ressaltou. Patrícia Evangelista, gerente de Educação Profissional do SENAI Bahia, destacou os benefícios da parceria na articulação da qualificação profissional com educação de jovens e adultos para o ensino médio. Ela lembrou que o SENAI passou a oferecer qualificação técnica a distância em 2016 com sucesso, com 800 alunos matriculados. “Estamos à disposição da comunidade como uma oportunidade de assegurar o processo de formação técnica com os cursos presenciais e a distância que são oferecidos pela instituição”, recomendou. EXPANSÃO Para 2017, o SESI também ampliou a oferta do ensino médio a distância para jovens e adultos. Foram realizadas mais de cinco mil inscrições, superando a meta inicial de 2016, que era de três mil matrículas. Até 2015, explicou a assessora de EJA do SESI, Gisele Freitas, o serviço era oferecido apenas às indústrias, mas foi ampliado para a comunidade. A meta é fechar 2017 com 5.500 matrículas. A primeira turma de EJA Profissionalizante ofereceu apenas 105 vagas. Entre os alunos matriculados, está José Antonio Bispo dos Santos, de 46 anos. In-

Milena está em busca de nova alternativa profissional, e José Antonio elogia a metodologia do SESI


Fotos: Marcelo Gandra/Coperphoto/Sistema FIEB

dustriário, ele é gerente em uma empresa terceirizada da Ford, na área de alimentação, no Complexo Industrial de Camaçari. Com um curso de técnico em nutrição concluído, ele não conseguiu obter o diploma porque não tem o ensino médio. Ciente do problema, sua esposa, ao navegar pela internet, ficou sabendo do programa de educação a distância do SESI. José Antonio optou pelo EJA Profissionalizante de Montador e Reparador de Microcomputadores para agregar mais esta formação ao seu currículo. “Para ampliar conhecimento e me qualificar”, justificou, enxergando novas oportunidades profissionais. Ele elogiou a metodologia adotada, que leva em conta os conhecimentos prévios. “Fiz várias avaliações e vai faltar muito pouco para concluir o ensino médio”, explica José Antonio, que já cursou o CPA e pode eliminar algumas disciplinas. Como explica Gisele Freitas, a Metodologia de Reconhecimento de Saberes (MRS) permite reconhecer, validar e certificar as competências desenvolvidas por jovens e adultos ao longo de sua vida. “É concebida no contexto da educação ao longo da vida, constituindo um mecanismo que possibilita a redefinição de projetos de educação”, acrescenta. O momento para voltar a estudar é oportuno, na avaliação de José Antonio: “Antes, não conseguia dar continuidade”, explica, destacando os benefícios do ensino a distância. Para o futuro ele pensa em outras investidas. Pretende cursar uma faculdade. “Não tem idade para adquirir conhecimento e o mercado exige que as pessoas estejam sempre atualizadas”. Milena Paixão Rocha Guimarães, de 25 anos, também pensa assim. Quando viu a reportagem que anunciava a oportunidade de concluir o ensino médio e ainda agregar uma formação profissional ela não hesitou. Também inscrita para o curso de montagem de computadores, Milena explica que quer se especializar nesta área e, após concluir a formação do EJA Profissionalizante, vai buscar cursos complementares. Ela elogia a iniciativa do SESI de oferecer esta modalidade de ensino. “A maioria das pessoas trabalha e não teria esta facilidade e disposição para estar todos os dias em sala de aula. O modelo a distância facilita bastante”, justifica. Milena parou de estudar há sete anos, quando engravidou. Na época, estava cursando o 1º ano do ensino médio. O modelo adotado e a flexibilidade de horários é outro ponto positivo, na avaliação dela. [bi] Bahia Indústria  7


Medicina em 1º lugar Estudante do SESI foi o melhor aluno selecionado para o curso de Medicina da Ufba

A

divulgação do resultado final do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) de 2017 teve um gosto especial para o estudante Igor Esquivel de Souza. Ao abrir o portal e lançar sua senha, ficou sabendo que foi o estudante classificado em 1º lugar para o curso de Medicina da Universidade Federal da Bahia (Ufba). Ele obteve 814 pontos na média geral, na disputa por uma das 32 vagas de ampla concorrência, em que a nota de corte foi de 784 pontos. Aos 19 anos, 16 deles passados nas salas de aula das escolas do SESI Bahia, onde entrou com 2 anos e saiu com 18, Igor procura explicar o que fez dele um aluno brilhante: “Curiosidade me define”, afirma, para justificar seu gosto pelos estudos e seu desempenho. Mas não é só. Com nota de 900 pontos em redação e 934 em matemática, Igor reconhece que além de curioso, também teve que estudar muito para alcançar o resultado. “Quando penso no quanto tive que estudar pra conseguir este resultado, posso dizer que quando a gente se esforça com dedicação, acaba recebendo o que espera”. Igor começou sua formação escolar na Escola Bernardo Martins Catharino, no SESI Itapagipe, e encerrou na Escola Djalma Pessoa, onde cursou o EBEP, o ensino médio do SESI articulado com educação profissional do SENAI. Com uma trajetória marcada por conquistas, Igor Esquivel

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beto júnior/Coperphoto/Sistema FIEB

foi medalha de ouro, em 2015, na Olimpíada Baiana de Química, promovida pela UFBA, e medalha de bronze na Olimpíada Brasileira de Química, na qual disputou com alunos de estados do Nordeste. RECONHECIMENTO Depois de comemorar com a família, a conquista de Igor Esquivel foi destaque na primeira reunião do Conselho do SESI de 2017, dia 16 de fevereiro, quando ele foi homenageado. A reunião foi aberta pelo presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), Ricardo Alban, que parabenizou o estudante por suas conquistas. A homenagem foi conduzida pelo superintendente Armando Neto. Participaram ainda a gerente de Educação Cléssia Lobo, a diretora da Escola Djalma Pessoa, Cristina Andrade, e o conselheiro Djalma Pessoa, que dá nome à escola onde Igor fez o ensino médio. Igor Esquivel é filho de industriário do setor químico e revela que encontrou no SESI o incentivo que precisava para se dedicar aos estudos. “Sempre fui incentivado a buscar voos mais altos, inclusive dando suporte técnico. No ensino médio, tive professores excelentes, que foram importantes para eu decidir o trajeto da minha vida”, ressalta Igor. A mãe de Igor, Gilbene Souza, credita o desempenho do filho a um esforço que envolve a família e a escola trabalhando juntas.

O meu conhecimento será para melhorar a vida das pessoas. Desejo fazer a diferença Igor Esquivel, 1º lugar em Medicina da Ufba


circuito

por cleber borges

Indústrias investem cada vez menos A crise econômica reduziu os investimentos da indústria. Apenas 67% das grandes indústrias instaladas no Brasil investiram no ano passado, e só 40% delas conseguiram tocar os projetos como haviam planejado. O percentual de empresas que pretendem investir em 2017 também é de 67%, informa a pesquisa divulgada pela Confederação Nacional da Indústria. O percentual de empresas que investem cai ano a ano. Chegou a 93% em 2010, quando começou a pesquisa. Em 2016, ficou 7 pontos percentuais abaixo dos 74% registrados em 2015. Entre as empresas que investiram no ano passado, 36% aplicaram recursos em novos empreendimentos.

Venda de veículos cai, estoques sobem A venda de veículos novos no Brasil alcançou 147.219 unidades em janeiro, queda de 5,2% em comparação com igual mês do ano passado e tombo de 28% sobre o resultado de dezembro, conforme a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Por segmento, os automóveis e comerciais leves, juntos, somaram 143.768 vendas em janeiro, retração de 4% em relação a janeiro de 2016. Entre os pesados, foram 2.947 caminhões, baixa de 33,3% ante igual mês do ano passado. Nos pátios das montadoras e das concessionárias o estoque é suficiente para 38 dias de venda, comparado a janeiro. O ideal é que durem 30 dias.

“Nos próximos anos, tudo que puder ser conectado à internet será conectado. Não adianta tentar lutar contra isso”. Chris O’Neill, executivo canadense, presidente do Evernote, app com 200 milhões de usuários no mundo, que funciona como um bloco de notas inteligente.

Acordo entre blocos pode beneficiar brasileiros O lançamento oficial das negociações entre o Mercosul e a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA) pode criar oportunidades para a exportação de 322 produtos brasileiros – incluindo sucos, carnes, automóveis e petroquímicos – muitos deles produzidos na Bahia. Um acordo com o bloco europeu, que se situa fora da União Europeia, dará acesso a um amplo mercado consumidor, cujas importações somaram US$ 294 bilhões em 2016. O EFTA é formado por Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein.

Exportação impulsiona a produção Apesar da retração no mercado interno, a produção das montadoras instaladas no Brasil cresceu 17,1% em janeiro deste ano ante janeiro de 2016, mas caiu 12,9% em comparação com dezembro, informou a Anfavea. No primeiro mês do ano, foram produzidas 174.064 unidades, entre automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus. De acordo com a Anfavea, as exportações em valores de veículos e máquinas agrícolas impulsionaram a produção em janeiro, com alta de 47,9% na comparação com janeiro do ano passado, mas queda de 13,2% ante dezembro.

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sindicatos angelo pontes/Coperphoto/Sistema FIEB

Júri popular avaliou oito lotes de cafés

Baianos selecionam melhores cafés Dez consumidores baianos integraram o júri popular que ajudou na escolha dos melhores grãos de café do Brasil e na seleção do produtor que venceu o 13º Concurso Nacional ABIC de Qualidade do Café. Este ano, foram oito lotes finalistas de quatro estados produtores: Bahia, São Paulo, Paraná e Espírito Santo, que teve o café campeão. Na Bahia, a avaliação foi realizada na FIEB, em parceria com o Sincafé. Além do júri popular, a avaliação conta com análise de júri técnico, composto por especialistas, e inclui ainda avaliação das práticas sustentáveis da propriedade cafeeira.

Evento apresenta tendências da moda Com o apoio do Sindvest Feira, foi realizado, em dezembro, o Inova Moda Verão 2018, parceria entre o Sebrae e SENAI que aponta as tendências mundiais da moda. O evento ocorreu no Polimoda, centro que reúne lojas de fábricas de confecções em Feira de Santana, e contou com palestra da consultora de design, Ana Luiza Guimarães. “A ação busca levar informação atualizada aos empresários”, afirmou Edison Nogueira, presidente do Sindvest Feira.

Planejamento estratégico Mapear as demandas do segmento para traçar um planejamento estratégico que possibilite o crescimento do setor de cosméticos foi o objetivo da Imersão Sindicosmetic. “É preciso compartilhar expertise e tomar iniciativas coletivas em busca do crescimento do setor”, destacou o presidente do sindicato, Raul Menezes, lembrando que é preciso enxergar oportunidades mesmo diante do atual cenário político-econômico do país. Esta também foi a mensagem do psicólogo Alessandro Marimpietri. Ele pontuou que, diante da crise, é preciso analisar a situação por diversos ângulos para traçar a melhor estratégia de enfrentamento. O evento contou com palestra sobre o Simples Nacional e com o case de sucesso da Avatim.

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Bahia Indústria

PDA define ações para 2017 Cursos sobre leis trabalhistas, fiscalização do trabalho, NRs, eSocial e regimes tributários estão entre as ações do Programa de Desenvolvimento Associativo para 2017. Coordenado pela CNI, o programa é executado na Bahia pela FIEB. Serão 12 turmas de cursos para empresários, em Salvador e no interior. Também estão programadas duas oficinas para líderes e executivos sindicais e um Bate-papo Sindical.

Charuto baiano recebe reconhecimento da Seagri A história de mais de 450 anos de plantio de tabaco no Recôncavo da Bahia foi coroada com a assinatura do termo de delimitação geográfica de origem pela Seagri. O documento reconhece oficialmente a área como detentora de características exclusivas para produção de charutos com qualidade. A ação foi um dos passos finais em busca do registro de Indicação Geográfica de Denominação de Origem para o charuto baiano. valter pontes/Coperphoto/Sistema FIEB

Alessandro Marimpietri ministrou palestra


Com foco na busca e implantação de novas tecnologias e soluções inovadoras nos processos produtivos do setor, o Simagran-BA lançou o Inovasim – Núcleo de Inovação e Tecnologia do Simagran-BA. O setor de rochas ornamentais na Bahia tem um grande potencial a ser explorado, o que levou o sindicato a formar o Núcleo, que busca identificar problemas do setor e desenvolver soluções, além de atrair investimentos para financiar os projetos. “Os empresários, muitas vezes, não têm tempo para buscar novas tecnologias de processos produtivos, bem como novas formas de utilização dos seus produtos e rejeitos”, afirmou o presidente do Simagran-BA, Marcos Régis, destacando, ainda, que o Núcleo também tem o propósito de fomentar a sinergia entre as instituições e o mercado, diminuindo as distâncias entre os órgãos fomentadores, universidades e o setor produtivo.

Carga tributária é desafio para Sindicouro Empossada em dezembro, a diretoria do Sindicouro tem mandato até 2019. Presidente da entidade, o empresário Sérgio Aloys Heeger afirma que ser reeleito demonstra a união entre os associados em busca de melhorias para o setor. Entre as dificuldades, ele destaca a complexa e alta carga tributária brasileira. “Chegamos a um nível insustentável. A redução do poder aquisitivo do consumidor reflete diretamente na competitividade do setor industrial. Precisamos cobrar do governo a simplificação ou a redução dos impostos. Para tanto, o sindicato conta com o apoio da FIEB nas ações de defesa de interesses”, afirmou Heeger.

angelo pontes/Coperphoto/Sistema FIEB

Simagran lança Núcleo de Inovação e Tecnologia

Documento foi apresentado no I Ciclo de Palestras, realizado na FIEB

Sinprocim lança portfólio de produtos do segmento O portfólio de produtos das indústrias de cimento e gesso foi apresentado no I Ciclo de Palestras Sinprocim-BA, na FIEB. “O portfólio surge a partir das tratativas com o Governo do Estado, para promover os produtos das empresas do nosso setor e fomentar sua utilização nas obras públicas. Além dos produtos, o portfólio traz informações com relação à normatização”, pontuou o presidente do Sinprocim-BA, José Carlos Telles Soares. O 1º vice-presidente da FIEB, Carlos Gantois, ressaltou a importância do evento para a qualificação das empresas do setor, sobretudo as de menor porte. Ele destacou, ainda, a relevância do segmento para o setor da construção civil. angelo pontes/Coperphoto/Sistema FIEB

Sindirepa capacita em temáticas comportamentais O Sindirepa-BA realizou, de outubro a dezembro de 2016, seis turmas de cursos comportamentais, como parte do projeto Trilha do Comportamento. O projeto tem o propósito de atender à demanda de empresas do setor para a formação de equipes capacitadas nos aspectos comportamentais. “Esta questão tem preocupado os reparadores tanto quanto os aspectos ligados à capacitação técnica”, avaliou o presidente do sindicato, Maurício Freitas.

29ª Feira Internacional da Agropecuária • O Sindileite marcou presença na 29ª Fenagro, no Parque de Exposições de Salvador. No estande do sindicato, visitantes degustaram produtos lácteos de indústrias baianas. “É uma oportunidade de nos aproximar dos produtores de leite de todo o estado, além de favorecer o networking e a troca de experiências entre empresários”, explica Lutz Vianna, presidente do sindicato.

Bahia Indústria  11


FIEB quer ampliar alcance de medida provisória O presidente Ricardo Alban participou da reunião com o ministro da Fazenda, em que se discutiu também sobre os incentivos fiscais do ICMS Por cleber borges

N

o final de janeiro, seis presidentes de federações da indústria, dentre os quais o presidente da FIEB, Ricardo Alban, e membros da CNI, entregaram ao ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, em Brasília, um documento com 21 propostas para aperfeiçoar o Programa de Regularização Tributária (PRT), enviado pelo governo federal ao Congresso Nacional, no final de 2016, por meio da Medida Provisória 766. O PRT prevê a quitação de débitos de natureza tributária ou não tributária, contraídos por pessoas físicas ou jurídicas junto à Receita Federal ou à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional. A MP 766, a ser tratada no âmbito de uma comissão mista, formada por deputados e senadores, faz parte de um pacote de medidas, anunciadas pelo governo Temer, para a retomada do crescimento. “A reunião

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com Meirelles teve como objetivo buscar uma melhor compreensão da Fazenda sobre as propostas de emenda da Medida Provisória 766, que serão discutidas no Congresso”, explicou Ricardo Alban. Dias depois do encontro em Brasília, no dia 5 de fevereiro, a FIEB juntou-se à Federação do Comércio de Bens e Serviços da Bahia (Fecomércio) e à Federação da Agricultura do Estado da Bahia (Faeb) e, juntas, divulgaram uma nota pública na qual afirmam que, se o texto da MP 766 permanecer como está “não será capaz de reduzir pendências da grande maioria das empresas brasileiras quanto às suas obrigações tributárias e não tributárias junto ao Fisco nacional”. Para que seja efetivo e atinja seus propósitos, diz a nota, o programa precisa ser aperfeiçoado. Entre as propostas elaboradas pela CNI e federações de indús-

trias estão a redução de multas, juros e encargos legais. Inclui também a possibilidade de liquidação do débito consolidado com a compensação de outros créditos que não exclusivamente os próprios, exigência de notificações com prova de seu recebimento para o contribuinte, no caso de exclusão do PRT, entre outras.

Documento com 21 propostas de melhorias no texto do PRT foi entregue ao ministro Meirelles

boa iniciativa No documento entregue às autoridades federais, as entidades destacam que o programa representa uma boa iniciativa por colocar em pauta a necessidade de se facilitar o pagamento de obrigações tributárias e não-tributárias com o Estado. No entanto, o acúmulo de juros e multas agravado pela recessão econômica sufocam as empresas, que se encontram em “endividamento crescente”, sendo necessário repensar tais cobranças. Para elas, o cenário


miguel angelo/cni

exige “criar condições para normalizar a situação fiscal das empresas para que o objetivo do Governo Federal, que é a retomada do crescimento econômico, seja alcançado”. FIEB, Faeb e Fecomércio vão além. As três entidades representativas do empresariado baiano afirmam que, se não for aperfeiçoado, o Programa de Regularização Tributária, lançado pelo Governo Federal, não irá atingir seus propósitos. Ainda segundo o documento, em razão do momento econômico do país, que passa por uma de suas piores recessões, com o fechamento de elevado número de empresas em todos os setores da economia e a consequente perda de milhões de postos de trabalho, o sucesso do Programa de Regularização Tributária depende do seu aperfeiçoamento, via emendas, no âmbito do Congresso. Uma delas será a ampliação do seu alcance, para incluir todos os créditos da União, inclusive aqueles administrados pelos demais órgãos da administração pública direta e indireta, incluindo fundações e autarquias. PONTOS IMPORTANTES Outros pontos são: Utilização da Taxa de Juros de Longo Prazo – TJLP por ocasião do pagamento da prestação mensal, em vez da Selic; redução de mul-

tas e encargos legais na consolidação da dívida parcelada; possibilidade de que os depósitos judiciais referentes a débitos incluídos no PRT sejam resgatados pelas empresas; possibilidade de liquidação, total ou parcial, do débito consolidado com a compensação de créditos de terceiros relativos a tributos administrados pela Receita Federal. Para FIEB, Faeb e Fecomércio é preciso compreender que o crédito é essencial à realização de investimentos e o PRT precisa colaborar de maneira mais efetiva para criar um cenário favorável à expansão da atividade econômica no país. “Emendas importantes foram apresentadas e o setor empresarial baiano está disposto a discuti-las, na certeza de que nossos deputados e senadores atuarão de maneira decisiva para aperfeiçoar a Medida Provisória 766”, afirma o documento. [bi]

Principais Propostas Elaboradas pela CNI e Federações de Indústrias »Redução de multas »Redução de juros e encargos legais »Possibilidade de liquidação do débito consolidado com a compensação de outros créditos que não exclusivamente os próprios »Exigência de notificações com prova de seu recebimento para o contribuinte, no caso de exclusão do PRT

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Soluções para a indústria TheoPrax se consolida no SENAI-BA como metodologia e, ao mesmo tempo, oferta de consultoria para a indústria Por Carolina Mendonça

C

om quase 2.500 projetos realizados por estudantes de cursos técnicos, o método TheoPrax, adotado pelo SENAI-BA desde 2007, estabeleceu-se como forma de aprender e também de propor soluções para problemas enfrentados pelas empresas industriais, principalmente as de pequeno porte. A metodologia, que alia a teoria à prática, possibilita que alunos do terceiro semestre ofereçam consultoria técnica, supervisionada por profissionais experientes, por um custo baixo, em valores que vão de R$ 100 a R$ 2.500 por projeto. Desenvolvida pelo Instituto Fraunhofer de Tecnologia Química, na Alemanha, a metodologia TheoPrax é executada de forma pioneira pelo SENAI-BA, que “colhe” resultados positivos. Inicialmente implantado nos cursos técnicos presenciais, o método co14  Bahia Indústria

meça, este ano, a ser aplicado também entre os alunos que estudam a distância e vai ganhar, até 2018, uma adaptação para os cursos de Aprendizagem Básica (CAI), com dois meses de duração, em média. Gestores de outros SENAI pelo país, a exemplo de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro já demonstram interesse em replicar o modelo em seus estados. A estrutura do método vem se mostrando vantajosa para estudantes, empresários e para a própria entidade, como analisa o coordenador do Centro TheoPrax, Augusto Araújo. “Ao aluno é apresentado um desafio real, fazendo com que ele ponha em prática o que aprendeu no curso e pise os pés no mercado. As empresas têm a oportunidade de contratar uma consultoria técnica de qualidade por um valor muito baixo, e a instituição estabelece um diferencial,

Estudantes são preparados para desenvolver soluções práticas, como o carrinho elétrico (acima, à esq)

porque este aluno sai daqui com uma experiência profissional”, diz. Empresas de todos os portes já foram contempladas com a metodologia. Um dos clientes dos alunos, em 2015, foi a maior produtora nacional não integrada de cobre primário, a Paranapanema, que procurou a instituição buscando melhorar a medição da vazão no processo do refino do metal, que era totalmente manual, o que induzia ao erro. Dois estudantes do Curso Técnico em Automação da unidade Lauro de Freitas desenvolveram um sensor ultrassônico que, associado a um microcomputador, faz os cálculos da vazão, apresentando o valor mensurado no display LCD, o que garante uma medição precisa. “Os estudantes mostraram ter conhecimento do assunto e desenvolveram um protótipo de medidor que, com alguns ajustes, aten-


tes, e os resultados foram bastante proveitosos pois, reduzindo o tempo e os percursos, diminuímos os custos”, explica Antônio Neto.

fotos: João Alvarez/Coperphoto/Sistema FIEB

deu satisfatoriamente à necessidade da área”, conta o coordenador de produção da Divisão de Cátodos (eletrodos negativos) da Paranapanema, Roberto Müller. O projeto foi um dos destaques do Prêmio TheoPrax 2016, ficando em 3° lugar na competição. Uma das responsáveis pela solução, a ex-aluna Joilma Batista, conta por que a experiência foi interessante. “O contato direto com a empresa e o fato de termos que resolver um problema real nos deu a vivência de um verdadeiro profissional da área”. “Os alunos se relacionam diretamente com a empresa sob a supervisão de professores e coordenadores. São eles que apresentam a proposta, o plano de trabalho, com prazos e custos, e a solução final, sendo esta um protótipo ou a melhoria de um processo”, explica Augusto Araújo. Ele afirma que a experiência, em 20% a 30% dos casos, resulta em contratação de novos empregados. Para as empresas de pequeno porte, o retorno deste tipo de consultoria pode ser ainda maior. O empresário Antônio Neto, sócio da Gallu’s, especializada em frangos congelados, viu o negócio de sua família crescer sem ter como contratar mais gente para fazer as entregas. Ele entrou em contato com o SENAI, que enviou alunos do curso Técnico em Logística para a “missão”.

Vantagens do Theoprax para as empresas » Baixo custo » Otimização de recursos » Solução de problemas/ melhoria de processos » Foco na demanda da empresa » Identificação de talentos » Estudantes e profissionais experientes » Inovação

Depois de um diagnóstico, os estudantes desenvolveram um quadro de gerenciamento de entregas e um mapa de roteirização virtual, reduzindo o tempo em 8,34% e a distância dos percursos em 24,49%. “O investimento que fizemos foi irrisório, demos apoio para o transporte e a alimentação dos estudan-

CARRO ELÉTRICO Os projetos são prospectados pelo Centro TheoPrax, que identifica possíveis desafios para os alunos da instituição e atua na formação das equipes. E assim se formou o grupo que construiu o carro ecológico, um veículo que funciona com força humana e energia elétrica e chamou a atenção do público na 9ª edição da Olimpíada do Conhecimento 2016, em Brasília. Desenvolvido por alunos e professores dos cursos técnicos de Mecânica, Mecatrônica e TI de Salvador e Feira de Santana, o carro, que transporta uma pessoa de até 90 kg e altura de 1,80m, foi escolhido embaixador na ocupação Tecnologia de Manufatura e Engenharias da maior competição de educação profissional das Américas. O veículo tem como proposta a autonomia e a integração com o transporte público coletivo das grandes cidades e centros urbanos, podendo ser acionado pelo celular, via bluetooth. Para um dos integrantes da equipe do carro, o aluno do Curso Técnico em Mecatrônica do SENAI Feira de Santana, Carlos Hermon Peixoto, 22, a elaboração do projeto foi uma oportunidade de ampliar os horizontes do conhecimento. “Tivemos que estudar assuntos que a gente não conhecia, trocar ideias, buscar a internet, livros, foi gratificante”, conta. Já o coordenador do curso e do projeto, Edeilson Brito Santos, enfatiza que este tipo de desafio contribui para o processo de amadurecimento dos estudantes. [bi] Bahia Indústria  15


Brasileiro quer negociar flexibilidade no trabalho Leis criadas há mais de sete décadas não atendem mais às necessidades do mundo contemporâneo, ditado pelas novas tecnologias Por Cleber borges

ito em cada dez brasileiros têm o desejo de trabalhar em casa ou em locais alternativos à empresa, conforme sua necessidade. Além disso, 73% dos trabalhadores querem ter mais flexibilidade na jornada de trabalho, adequando horários de entrada, de almoço e de saída do trabalho. É o que mostra a pesquisa Flexibilidade no Mercado de Trabalho, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), feita em parceria com o Ibope. Segundo a pesquisa, o brasileiro gostaria de ter mais espaço para negociar com a empresa opções para suas rotinas de trabalho, mesmo que isso signifique flexibilizar regras trabalhistas. O levantamento mostra, ainda, que além do chamado home office ou da possibilidade de uma jornada flexível, cresceu o interesse do brasileiro por alternativas para o seu dia a dia, que permitam adequações na rotina de trabalho de acordo com suas necessidades pessoais (ver quadro ao lado). Por exemplo, 64% dos entrevistados – ante 58% 16  Bahia Indústria

O que já pode mudar Entre 2015 e 2016 aumentou o percentual dos que desejam liberdade para negociar

rotinas

Set/15

Set/16

Horário de trabalho Poder escolher horário de chegar e sair do trabalho

71% 73%

Local de trabalho Trabalhar de casa ou em locais alternativos quando preciso

73% 81%

Intervalo/Sair mais cedo Redução do horário de almoço para sair mais cedo do trabalho

58%

64%

Fracionamento de férias Poder dividir os 30 dias de férias em mais vezes

53%

60%

Horas e folgas Trabalhar mais horas por dia em troca de folgas

63%

67%

Fonte: Retratos da Sociedade Brasileira: Flexibilidade no mercado de trabalho 2016 (CNI/Ibope)


Bahia Indústria  17


Marcelo Gandra/Coperphoto/Sistema FIEB

em 2015 – gostariam de reduzir o intervalo de almoço para, em contrapartida, sair mais cedo do trabalho e poder evitar o horário de pico de trânsito. A pesquisa indica também que o trabalhador gostaria de poder dividir os 30 dias anuais de férias em mais de dois períodos e com períodos mais curtos: 60% dos entrevistados se mostraram favoráveis a esta possibilidade, em relação a 53% da pesquisa anterior. MODERNIZAÇÃO Hoje, existem no Brasil 12 milhões de desempregados, de acordo com o IBGE. Também existem 8 milhões de ações transitando na Justiça do Trabalho. Ambas são estatísticas que expõem os efeitos no mundo real de uma legislação trabalhista dissociada da realidade. Modernizar e desburocratizar as relações do trabalho no Brasil são uma necessidade a cada dia mais premente. As leis trabalhistas estão definidas na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), publicada em 1943. À época, ela representou um importante avanço na proteção do trabalhador. Mas, com os avanços da tecnologia e a evolução nas formas de se produzir, a CLT se tornou obsoleta sob diversos aspectos, sobretudo em relação às novas formas de trabalho, realizado à distância e com rotinas flexíveis – incompatível com o obrigatório cartão de ponto. Um exemplo de adaptação necessária é quanto ao desejo do trabalhador negociar a redução do horário de almoço com a contrapartida de sair mais cedo do trabalho, que tem respaldo na Constituição de 1988, a qual reconhece a negociação coletiva como um direito de todo trabalhador (art. 7º, XXVI). No entanto, as empresas que avançam 18  Bahia Indústria

A proposta, caso aprovada no Congresso, dará mais segurança jurídica aos empresários e trabalhadores e garantirá a retomada das contratações de recuperação da economia

Ricardo Alban presidente da fieb

nesse sentido correm o risco de responderem ações trabalhistas, uma vez que a Justiça do Trabalho entende que o intervalo mínimo de uma hora é questão de saúde e segurança do trabalho e não pode ser objeto de negociação coletiva. Nesse sentido, soa como um avanço o Projeto de Lei nº 6.787/16, anunciado pelo governo federal, no final do ano passado, estabelecendo pontos que poderão ser negociados entre patrões e empregados e que, em caso de acordo, passarão a ter força de lei (veja a lista de pontos a seguir). Um dos pontos em que o “negociado” prevale-

ce sobre o “legislado” é o da jornada semanal (que pode ter além das 44 horas da jornada padrão mais quatro horas extras). Por exemplo, em caso de acordo entre a empresa e os trabalhadores, a jornada em um único dia pode chegar a até 12 horas (oito horas normais mais quatro horas extras), respeitado o limite de 48 horas semanais (o trabalhador não poderá fazer mais nenhuma hora extra no restante da semana). Essa possibilidade de flexibilizar a jornada proporcionará mais segurança jurídica para empresas e trabalhadores. Para o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, as modificações na legislação trabalhista propostas pelo governo são importantes, pois a negociação coletiva é a forma pela qual empresas e trabalhadores, por meio de sindicatos, assumem o "protagonismo" ao formularem condições e rotinas de trabalho, sempre de acordo com as garantias da Constituição. Para Andrade, o próximo passo do governo deveria ser regulamentar o trabalho terceirizado, que abrange 13 milhões de brasileiros. Por sua vez, o presidente da FIEB, Ricardo Alban, afirma que "a proposta, caso aprovada no Congresso, dará mais segurança jurídica aos empresários e trabalhadores e garantirá a retomada das contratações com a perspectiva de recuperação da economia". Para o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, a proposta de reforma trabalhista "significa valorizar a negociação entre trabalhador, sindicato e empresa". Segundo ele, isso diminuirá o número de processos na Justiça trabalhista.


PRINCIPAIS PONTOS DA

REFORMA TRABALHISTA NEGOCIADO PREVALECE SOBRE O LEGISLADO

O que for negociado pelos trabalhadores com as empresas, prevalece sobre o legislado. Com isso, acordos fechados pelas categorias terão peso legal, evitando a judicialização. Pontos que poderão vir a ser negociados: ▸ Parcelamento das férias em até três vezes, com pelo menos duas semanas consecutivas de trabalho entre uma dessas parcelas. ▸ Limite de 220 horas na jornada mensal, incluindo horas extras. ▸ O direito à participação nos lucros e resultados da empresa. ▸ Formação de banco de horas, sendo

garantida a conversão da hora que exceder a jornada normal com um acréscimo mínimo de 50%. ▸ O tempo gasto no percurso para se chegar ao local de trabalho e no retorno para casa. ▸ Intervalo para almoço com, no mínimo, 30 minutos. ▸ Trabalho remoto. ▸ Remuneração por produtividade.

TRABALHO TEMPORÁRIO

Aumento do prazo de contratação de 90 dias prorrogáveis por mais 90 dias para um período de 120 dias com possibilidade de prorrogação por mais 120 dias. São assegurados ao trabalhador temporário os mesmos direitos previstos na CLT relativos aos contratados por prazo determinado (FGTS, adicionais, horas-extras etc).

JORNADA DE TRABALHO

A proposta do governo mantém a jornada padrão de trabalho de 44 horas semanais com mais quatro horas extras, podendo chegar a até 48 horas por semana.

INSPEÇÃO DO TRABALHO E TRABALHO INFORMAL

Para combater a informalidade no mercado de trabalho, o empregador que mantiver empregado não registrado ficará sujeito a multa no valor de R$ 6 mil por empregado não registrado, acrescido de igual valor em cada reincidência. O valor da multa será de R$ 1 mil por empregado não registrado, quando se tratar de microempresa ou empresa de pequeno porte.

REGIME PARCIAL

No regime parcial de trabalho haverá ampliação do prazo de até 25 horas semanais para até 26 horas semanais, com 6 horas extras, ou 30 horas semanais sem horas extras.

PROTEÇÃO AO EMPREGO

Será prorrogado o Programa de Proteção ao Emprego (PPE), criado em julho de 2015, pelo qual o trabalhador tem a jornada e o salário reduzidos em até 30%, mas com manutenção do emprego. A redução da jornada de trabalho, que deve ter duração de até seis meses, poderá ser prorrogada por períodos de seis meses - desde que o período total não ultrapasse vinte e quatro meses.

Bahia Indústria  19


artigo

Homero Arandas

A quem interessa esse cenário trabalhista? O rígido sistema trabalhista, construído na época de uma economia agrária, tem como premissa a hipossuficiência do trabalhador. Esse sistema legal se mostra distanciado do mundo moderno, de uma economia globalizada que exige novas formas de trabalho. E traz uma consequência indesejada: existem, no Brasil, quase 8 milhões de ações na área trabalhista. A crescente insegurança jurídica que caracteriza o sistema trabalhista brasileiro, acentuada pela mudança constante de interpretações dos tribunais e de órgãos de fiscalização, surpreende o empreendedor com passivos imprevisíveis. O que provoca a fuga de investimentos produtivos inibindo a criação de empregos. É preciso desideologizar o debate e adotar soluções óbvias. Não precisamos discutir toda uma reforma trabalhista, vamos começar com ações simples e, à medida dos seus efetivos resultados, aprofundarmos novas ações. Não defendemos a revisão e descarte de toda a legislação trabalhista, apenas afirmamos que ela não está adequada à realidade produtiva e do trabalho, em plena era da revolução digital, marcada pelo altíssimo grau de interconexão do mundo. Surge, em países como a Alemanha, a chamada Indústria 4.0, que se caracteriza pelo alto grau tecnológico, atendimento quase personalizado ao cliente e uma forte conectividade na produção. Isso muda tudo. Que tal começarmos no Brasil: • Estimulando e prestigiando a negociação coletiva entre categorias organizadas e representadas por sindicatos legal e legitimamente constituídos? Que tal assegurarmos que aquilo que foi negociado por representantes dos empregados e dos empregadores tenha a mesma força de Lei, estando assim o Judiciário e o Ministério Público desautorizados a modificá-los. O STF começa a se posicionar nessa direção. Aliás, a Constituição Federal já assegura isso: ... “reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho” e adiante: ... “é obrigatória a participação do sindicato nas negociações coletivas de trabalho” • Estabelecendo no país uma legislação sobre terceirização que proteja os quase 13 milhões de trabalhadores que hoje trabalham nessa condição em empresas de serviços. Terceirização não se confunde com a contratação de mão de obra através de interposta pessoa. A terceirização é um fato do mundo atual, uma 20  Bahia Indústria

realidade presente em todas as cadeias produtivas e responsável por milhões de empregos formais. A Súmula 331, do TST, que trata do tema, traz a contestada divisão da atividade produtiva em atividades-fim e atividades-meio, permitindo a terceirização apenas na última hipótese. A Constituição Federal, dentre suas cláusulas pétreas, garante que “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude da lei”; estabelece, ainda, que a ordem econômica deve ser fundada na valorização do trabalho e na livre iniciativa, tendo por finalidade assegurar a todos uma existência digna, observados os princípios da livre concorrência, a busca do pleno emprego, assegurando a todos o livre exercício da atividade econômica, independentemente da autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei. O STF julga, no momento, a constitucionalidade da Sumula do TST. Enfim, não interessa a empresários e trabalhadores brasileiros a manutenção e agravamento do cenário que ora o país enfrenta. Para alcançar e manter o desenvolvimento social e o crescimento econômico é fundamental encarar o desafio da produtividade, e a variável trabalhista é essencial. Estudos sugerem que estaríamos iniciando uma quarta revolução industrial. Precisaremos de profissionais cada vez mais capacitados e uma legislação moderna, capaz de atender, de forma dinâmica, necessidades e interesses dos trabalhadores e das empresas. A França, citada como exemplo de uma sociedade socialmente evoluída, com legislação trabalhista excessivamente protetiva, constatou ser menos competitiva que os demais países europeus. Vive hoje um déficit de crescimento e de empregos (desemprego de 10% da PEA, em 2015). Buscou nesse cenário a motivação, mesmo sob protestos, com racionalidade e determinação, para modernizar o seu sistema trabalhista, adotando uma legislação menos complexa, centrada em princípios fundamentais, com o intuito de proteger os trabalhadores, incentivar a contratação e reforçar o diálogo nas relações trabalhistas. O ponto central da reforma está no privilégio dado às negociações coletivas (especialmente aos Acordos Coletivos) e em ajustes de alguns direitos via negociação, tornando aquele país mais competitivo e atrativo a investimentos. [bi]

Homero Arandas é coordenador do Conselho de Relações Trabalhistas da FIEB


conselhos Parceria internacional capacita em Gestão Portuária Por meio de uma parceria firmada entre o SENAI Cimatec e o Porto de Antuérpia (APEC), com apoio do Conselho de Portos da FIEB, foi realizado, em dezembro, o Curso Internacional de Gestão Portuária. O objetivo foi qualificar profissionais de ponta da área, aperfeiçoando-os na operacionalização de portos e terminais. A ação é o primeiro resultado do acordo de cooperação firmado entre as instituições quando da ida do presidente FIEB, Ricardo Alban, à Antuérpia, Bélgica, com o diretor de Tecnologia e Inovação do Cimatec, Leone Andrade. Além de cursos de qualificação de alto nível, a parceria prevê outras possibilidades como: um módulo internacional do MBA Executivo em Gestão Portuária, oferecido pelo SENAI Cimatec, missões internacionais, e atuação conjunta em projetos de PD&I.

Angelo Pontes/Coperphoto/Sistema FIEB

Secretário marca presença na primeira reunião do Comam

Bancos Sociais fecham o ano com balanço positivo Com 16 indústrias cadastradas e 15 parceiros, os Bancos de Articulações Sociais FIEB, iniciativa do Conselho de Responsabilidade Social (Cores), fecharam o primeiro ano de atividades, com resultados positivos. Os bancos de Vestuário, Material de Informática e de Projetos Sociais, que buscam estimular práticas sustentáveis nas indústrias baianas, foram responsáveis pela doação de 9,7 toneladas de tecidos para instituições que trabalham com artesanato e projetos sociais; 1.218 materiais de resíduo eletrônicos (computadores e notebooks), para instituições do terceiro setor que reutilizam, reciclam ou realizam o descarte correto; e 2,5 toneladas de papeis e papelão. Entre as ações do Banco de Projetos Sociais, a indústria da Construção Civil contribuiu com resíduos de obras e fardamentos para o Projeto Passport0342, que reutiliza os materiais para reformar casas de famílias carentes e transformar fardamentos em uniformes escolares.

José Geraldo dos Reis teve encontro com lideranças empresariais na FIEB

O novo Secretário de Meio Ambiente do Estado da Bahia, o sociólogo e professor José Geraldo dos Reis Santos foi o convidado da primeira reunião de 2017 do Conselho de Meio Ambiente (Comam), realizada dia 9 de fevereiro de 2017. Geraldo Reis, que foi diretor-geral da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI) do governo Jaques Wagner e secretário de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SJDHDS) do governo Rui Costa, substitui Eugênio Spengler na pasta. Ele foi recebido com uma apresentação da Gerência de Meio Ambiente e Responsabilidade Social da FIEB, que demonstrou as ações realizadas pela área no acompanhamento da questão ambiental e orientação às indústrias para atendimento à legislação. O novo gestor deu a tônica da sua gestão, que irá priorizar a modernização do sistema de fiscalização e de licenciamento ambientais. Reis falou ainda que assumirá o papel mediador dos diversos interesses que envolvem a questão ambiental. “Chego com o propósito de atuar como mediador e apaziguador de conflitos, de forma a evitar que eles venham a travar o desenvolvimento da Bahia”, sintetizou.

Bahia Indústria  21


Apaixonados por robótica Equipes da Bahia, Alagoas e Sergipe disputaram a etapa regional do Torneio de Robótica FLL em Salvador

M

inions, vaqueiros estilizados, Mario Brothers, toucas coloridas de bichos bem esquisitos e até um rei Midas. Parecia um Carnaval antecipado, mas na verdade cada time vestiu a fantasia para participar da 4ª edição da etapa Regional Nordeste do Torneio de Robótica First Lego League (FLL). Promovido pelo SESI, Lego Education e First, o torneio de robótica educacional aconteceu nos dias 17 e 18 de fevereiro, na Escola Reitor Miguel Calmon, em Salvador. Foram 23 equipes da Bahia, Alagoas e Sergipe concorrendo a uma das seis vagas para a etapa nacional, que será realizada nos dias 17 a 19 de março, em Brasília. A disputa na Capital Federal, por sua vez, é classificatória para o campeonato internacional do FLL que conta com a participação de 80 países. Na festa de encerramento do

Torneio de Robótica First Lego League, a coordenação do torneio regional anunciou uma novidade que fez vibrar os participantes: a ampliação do número de equipes classificadas para a etapa nacional, que passou de quatro para seis este ano. “A nossa competição vem crescendo ano a ano e isso nos habilitou a pleitear a ampliação de vagas para a etapa nacional”, explicou Fernando Didier, coordenador do programa de robótica educacional do SESI Bahia e organizador do Festival. Os Champion's Award da quarta edição foram as equipes Tecmade (AL), que ficou em 1º lugar, Atabótica (AL), em 2º, e Dynasty (SESI-BA), na 3ª colocação. Além dos três primeiros colocados, Tecnomaníacos (SESI-BA), Robocoe (SE) e RoboCamb (AL) também vão representar o Nordeste em Brasília. Além da categoria Champion’s Award, que classifica para o torneio nacional, o Torneio de Robótica FLL premiou os participantes em outras 11 categorias (ver quadro), valorizando itens como desempenho de robôs, programação, solução inovadora e processo de pesquisa. O tema do Torneio FLL deste ano foi Animal Allies, que estimulou os competidores a buscar soluções inovadoras para resolver problemas de cooperação entre seres humanos e animais. [bi] Beto Júnior/Coperphoto/Sistema FIEB

PREMIAÇÃO DO TORNEIO FLL 2017 – REGIONAL BAHIA Equipes classificadas para o Torneio Nacional 1º – Tecmade (AL) 2º - Atabótica (AL) 3º – Dynasty (SESI-BA) Tecnomaníacos (SESI-BA) Robocoe (SE) RoboCamb (AL) Outras Categorias Champion's Award 1º lugar Tecmade 2º lugar - Atabótica 3º lugar - Dynasty Campeão das Finais Robolife (SESI-BA) Desempenho de Robô Tecmade (AL) Design Mecânico Techcoe (SE) Programação Autobot (BA) Estratégia e Inovação Robolife (SESI-BA) Processo de Pesquisa Midas (SESI-BA) Solução Inovadora Allego (AL) Apresentação da pesquisa Invictus Lego Team (SESI-BA) Inspiração Robocamb (AL) Trabalho em equipe Tecnomaníacos (SESI-BA) Gracious Prefessionalism Robocoe (SE)

Equipes de vários estados participaram da competição em Salvador 22

Bahia Indústria

»Veja fotos no Flickr/sistemafieb


Inserção no mercado Serviço oferecido pelo Instituto Euvaldo Lodi apoia empresas baianas no recrutamento de profissionais

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valiar as competências técnicas, as qualidades comportamentais e identificar se há alinhamento dos profissionais aos valores da empresa são alguns dos principais pontos de um processo de recrutamento e seleção de pessoal. Com expertise de dez anos na área, o Instituto Euvaldo Lodi (IEL-BA) tem apoiado empresas baianas neste desafio com o Serviço de Seleção de Profissionais, que recruta funcionários, trainees, terceiros e consultores para empresas de todos os ramos. “Com a inclusão deste serviço no portfólio, o IEL busca se consolidar no mercado como provedor de soluções na área de Desenvolvimento de Carreiras. Oferecemos serviços para as diferentes etapas da trajetória profissional, iniciando com jovem aprendiz, passando pelo estágio até a seleção de profissionais”, ressalta a gerente de Desenvolvimento de Carreiras do IEL, Edneide Lima. Ela explica que o processo seletivo é personalizado de acordo com as necessidades de cada empresa. Além do banco de currículos qualificado, um diferencial do serviço é a equipe composta por profissionais de Recursos Humanos e psicólogos, que identificam profissionais com o perfil mais aderente às demandas das empresas. No último ano, quase 100 profissionais foram inseridos no mercado de trabalho através do IEL. Uma das empresas que solicitou apoio nesta área foi a Soft Line Sistemas de Informação, que há sete anos atua com desenvolvimento e implantação de software. A empresa contratou dois colaboradores. “O processo é rápido e recebemos um relatório detalhado com o perfil dos candidatos, indicando os mais adequados”, relata o sócio administrador da empresa, Sandro Lisboa. Ele destaca que os profissionais selecionados pelo IEL estão na empresa até hoje. “Isso demonstra a assertividade do IEL na seleção dos profissionais, identificando aqueles com perfis adequados à nossa necessidade”, acredita. Uma das funcionárias contratadas foi a gerente de contas Jéssica Silva, que ficou bem impressionada com os retornos a cada etapa do processo. “Vi que

Valter Pontes / Coperphoto / Sistema FIEB

Sandro Lisboa, da Soft Line, contratou Jéssica Silva e Lucas Soares

existe uma preocupação de acompanhamento em relação ao processo seletivo. Participei de outras seleções e sentia dificuldade em ter esse retorno, sendo ele positivo ou não. Esse feedback é importante porque o candidato não fica na expectativa”, avalia. Outro colaborador selecionado para a Soft Line foi Lucas Soares, da área comercial. “O processo foi rápido. Participei da dinâmica de grupo, da entrevista e fui selecionado para entrevista com o diretor. Até então não sabia que o IEL oferecia esse serviço. Hoje sei que a atuação do instituto é mais ampla, incluindo apoio à gestão empresarial”, pontua. O gerente administrativo e financeiro da Assiste Administradora de Benefícios, Marcelo Bastos, esteve dos dois lados no processo: participou da seleção como candidato e como contratante. A primeira contratação realizada com o apoio do IEL foi em 2014, quando a empresa de benefícios de saúde e odontológico precisou de reforço na área administrativa. “Sabia da qualidade do processo seletivo do IEL, pois já havia participado de uma seleção como candidato. Na parte técnica, as etapas são feitas com cuidado e profissionalismo. A gente se sente amparado pelo IEL em todo o processo”, conta. As empresas interessadas no serviço de Seleção de Profissionais podem entrar em contato pelo telefone 3343-1441 ou pelo e-mail ielcarreiras@fieb.org.br. [bi] Bahia Indústria  23


Injeção de ânimo Lançamento de programa de incentivo à produção em campos terrestres cria expectativas entre empresários baianos Por Carolina Mendonça

T Ministro Fernando Coelho Filho apresentou o Reate

riplicar a produção onshore (terrestre) no país até 2030. Esta é a meta do Programa para Revitalização da Atividade de Exploração e Produção de Petróleo e Gás Natural em Áreas Terrestres (Reate), do governo federal, lançado em 27 de janeiro, no SENAI Cimatec, em Salvador, com a presença do ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho. O anúncio animou empresários e representantes de entidades ligadas ao setor, especialmente os baianos, já que o estado já foi o maior produtor de petróleo, principalmente em terra, e hoje produz não mais do que 40 mil barris/dia. A produção atual em terra no Brasil é de 143 mil barris diários de óleo e 26 milhões m3/dia, em 8 estados. “Com o território que temos, nós produzimos (em terra) metade do que a Argentina e Equador produzem. O governo quer dinamizar o setor ouvindo a indústria e todos os interessados em nos subsidiar para criar políticas que aumentem a competitividade e gerem divisas, emprego e renda”, disse o ministro na ocasião.

Com três frentes estratégicas de atuação, o Reate terá foco na consolidação, atração e diversificação de operadores; adequação regulatória e disponibilidade de bens e serviços no Brasil. Para o coordenador do Conselho de Petróleo, Gás e Naval da FIEB, Humberto Rangel, o lançamento do programa coroou um esforço que a Federação vem fazendo em parceria com outras instituições do setor, notadamente a Abpip, e encerra uma etapa de estabelecimento de condições institucionais para que haja uma retomada da produção on shore na Bahia. “A partir de agora é o desafio de colocar isso em prática. Nós vamos ter, no ano que vem, novas licitações, está em andamento o projeto Topázio da Petrobras, que implica na transferência de áreas de produção para o setor privado, mas o resultado tem que ser medido em termos da produção, de interiorização das oportunidades de trabalho, principalmente no Recôncavo”, disse o secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado, Jaques Wagner. João Alvarez/Coperphoto/Sistema FIEB

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Bahia Indústria


Frentes Estratégicas do Reate Consolidação, » Road-show das Rodadas de Atração e Licitação; Diversificação » Sinergia com programa de de Operadores

“Para a Petrobras, que tem um custo fixo maior e interesse por áreas que têm uma produtividade muito maior, pode não ser tão interessante explorar esses poços. Mas temos todo um conjunto de pequenas e médias empresas que podem gerar um volume de emprego significativo, gerar ICMS pela extração. É uma riqueza que está parada”, acrescentou o novo gestor da SDE. GERAÇÃO DE EMPREGOS A ideia é concentrar esforços, a partir também de consultas públicas, trabalhando para propiciar o desenvolvimento regional e estimular a competitividade nacional. De acordo com o MME, a iniciativa pode gerar mais de 10 mil novos empregos diretos e indiretos e movimentar a economia de centenas de municípios. Também é uma meta do programa dinamizar o mercado produtivo de gás natural, dando suporte a um desenvolvimento industrial regional, notadamente nas regiões Nordeste, Centro-Oeste e Norte do Brasil. O governo pretende aprovar as medidas elencadas no programa até 8 de junho, para quando está prevista uma reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). Para o presidente da Associação Brasileira de Produtores

Independentes de Petróleo e Gás (Abpip), Marcelo Magalhães, essa é a oportunidade de reconstruir a indústria onshore. “A produção da Bahia caiu mais de 24% nos últimos dois anos, e a gente acredita que isso pode ser revertido, gerando empregos e desenvolvendo a atividade econômica. Esperamos que as medidas que serão tomadas possam promover o desenvolvimento da indústria do petróleo no estado”, contou o presidente da Abpip. Durante a solenidade, o diretor geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Décio Oddone, também anunciou novidades: a aprovação pela agência da primeira renovação de concessão da rodada zero de campo baiano de Araçás e a criação de um comitê permanente para aprimoramento e acompanhamento dos contratos, tanto de concessão, quanto de partilha e de campos menores. “Criamos um comitê permanente de aprimoramento dos contratos das rodadas de concessão, partilha e campos marginais. E atendemos uma velha reivindicação da indústria, criando uma coordenadoria responsável pelos campos terrestres”, acrescentou Oddone. SENAI CIMATEC O presidente da FIEB, Ricardo Alban, lembrou que a área de óleo

desinvestimento da Petrobras; » Definição de um calendário de oferta de novas áreas com mix apropriado de áreas a serem ofertadas; » Comercialização do óleo e do gás; » Alternativas de financiamento.

Adequação » Exigências compatíveis ao nível Regulatória de complexidade dos ativos

terrestres; » Fomentar sinergias no processo de licenciamento ambiental dos Estados; » Questões tributárias. Disponibilidade de Bens e Serviços no Brasil

» Levantamento da demanda e oferta de bens e serviços; » Atração de novos fornecedores; » Desenvolvimento tecnológico; » Questões tributárias

e gás é um dos focos de atuação do Cimatec, que já desenvolve uma série de projetos para o setor. Ele enfatizou que a instituição pode contribuir com o Reate por meio de capacitação profissional e inovação. “Temos uma equipe extremamente comprometida em contribuir para criar novos vetores de crescimento industrial e estamos buscando dar suporte tecnológico para várias cadeias produtivas, pois o nosso objetivo maior é ver a Bahia voltar a ser protagonista de desenvolvimento no Nordeste”, afirmou. Na oportunidade, o diretor de Tecnologia e Inovação do SENAI Cimatec, Leone Andrade, fez uma breve apresentação sobre a trajetória da instituição e destacou os principais projetos desenvolvidos no Campus, como o Flatfish, veículo autônomo para inspeção na exploração de petróleo e gás em águas profundas, a implantação de um dos mais potentes supercomputadores da América Latina em operação, o Cimatec Yemoja, além de ressaltar o Cimatec Industrial, grande projeto de expansão para implantação de um complexo tecnológico e industrial. Ele citou, ainda, o hub Cimatec Oil & Gas. “O hub de soluções inovadoras vai atuar seguindo nossa estratégia macro, que é integrar competências para atender esta indústria”, disse Leone. [bi] Bahia Indústria  25


beto júnior/Coperphoto/Sistema FIEB

encontro discute Desenvolvimento de fornecedores Iniciativa estimulou geração de negócios e networking entre empresas baianas Por Marta Erhardt

A

importância do desenvolvimento do mercado fornecedor local para o encadeamento produtivo e o desenvolvimento regional foi discutida no VI Encontro de Compradores e Fornecedores, realizado no Gran Hotel Stella Maris. Preço, prazo, qualidade, aspectos técnicos, atendimento de requisitos de segurança e sustentabilidade foram apontados por representantes 26  Bahia Indústria

de empresas como pontos observados no processo de seleção de fornecedores. Promovido pelo Instituto Euvaldo Lodi (IEL), em parceria com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e com o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas da Bahia (Sebrae-BA), o evento também estimula a geração de negócios e fomenta o networking entre

SDE, MDIC, IEL e Sebrae participaram da mesa de abertura

grandes empresas compradoras e fornecedoras baianas. “Esse encontro é uma oportunidade para conhecer pessoas, aproximar empresas e gerar negócios”, destacou o superintendente do IEL, Evandro Mazo, lembrando, ainda, a importância de as empresas inovarem sistematicamente para permanecer no mercado. A iniciativa marcou o encerramento das ações do Projeto de Fortalecimento da Cadeia Produtiva de Petróleo, Gás e Naval da Bahia. O coordenador-geral da área de Petróleo Gás e Naval do MDIC, Luiz Miguel Calmon, ressaltou a importância do desenvolvimento de fornecedores para gerar ganhos de eficiência e produtividade, além de melhorias em processos de gestão e aumento da competitividade. A mesa de abertura também contou com a participação do coordenador de Indústria do Sebrae-BA,


Tercio Calmon, e de Jean Freitas, da Secretaria de Desenvolvimento Empresarial (SDE). As expectativas das empresas compradoras e suas políticas de relacionamento com os fornecedores foram apresentadas por representantes das empresas Deten Química, Cristal, Veracel e Monsanto do Brasil, âncoras do Programa de Qualificação de Fornecedores (PQF). “Precisamos desenvolver parcerias que utilizem inovação e tecnologia para aumentar a eficiência e a produtividade, com menores custos”, pontuou o diretor-geral da Deten Química, José Luis Almeida, durante o painel. O diretor financeiro da Veracel, Anderson Souza, também destacou a importância de compradores e fornecedores atuarem em parceria. “Temos que estar juntos para vencer a crise. Essa aproximação é importante, pois o meu fornecedor tem que saber o que estou pensando, onde quero chegar”, disse. Também participaram do painel o gerente de supply chain da Cristal, Alejandro Tochilovcky, e a procurement operations Brazil da Monsanto do Brasil, Daniela Dell`Aglio, que falou sobre o Fórum Empresarial de Suprimentos

de Camaçari, criado em 2014 e que reúne 15 empresas do polo industrial de Camaçari para compartilhar boas práticas na gestão de suprimentos e desenvolver ações em parceria para identificar, atrair e preparar fornecedores.

Rodada teve R$ 17,5 milhões em negócios

CERTIFICAÇÃO A programação do VI Encontro de Compradores e Fornecedores também incluiu a cerimônia de certificação das empresas participantes do PQF. O programa, que há mais de 10 anos qualifica e prepara micro, pequenas e médias empresas, foi apresentado pela gerente de Desenvolvimento Empresarial do IEL, Fabiana Carvalho. O PQF auxilia empresas fornecedoras na implantação de 92 práticas de excelência, distribuídas em 10 critérios. As empresas participantes são certificadas nas categorias Diamante, Rubi e Topázio. Participante de programa desde 2013, a empresa MEC-Q, do ramo de metrologia, conseguiu dobrar o faturamento e ampliar a base de clientes. “Isso só foi possível com o auxílio do PQF, com os diagnósticos e capacitações necessários para que a empresa atingisse seus objetivos”, explicou o gerente Leonardo Cerqueira.

Com volume de negócios estimado em mais de R$ 17,5 milhões, a rodada de negócios promovida no VI Encontro de Compradores e Fornecedores envolveu 59 empresas, entre compradores e fornecedores de produtos e serviços para a indústria. Há mais de 20 anos no mercado, a AJ Manutenção teve cinco encontros de negócios na rodada e tem perspectiva de fechar novos acordos. “Alguns contratos que temos atualmente foram firmados por conta da participação em rodadas de negócios. O encontro promovido pelo IEL foi bem organizado e tivemos condições de trocar informações com as empresas participantes”, avalia Elmo Fontes, gerente da AJ Manutenção. Fontes também ressalta que participar do Programa de Qualificação de Fornecedores (PQF) é um diferencial. “As empresas compradoras já sabem que as fornecedoras certificadas pelo PQF precisam atingir um padrão de qualidade em diversas áreas. Por isso a credibilidade é maior, o que facilita no momento da negociação”, destaca. Entre as empresas compradoras que participaram da Rodada de Negócios estão O Boticário, Bridgestone, BSC, Continental, Cristal, Kordsa, Deten, Magnesita, Monsanto, Tama, Tenda, Unigel, Sertenge e Construtora Gráfico. [bi]

Empresas baianas participantes do PQF receberam certificado

angelo pontes/Coperphoto/Sistema FIEB

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indicadores  Números da Indústria

Produção industrial baiana cai 4,2% em 2016 No Brasil, a indústria de transformação apresentou queda de 6,1%, com todos os estados registrando resultado negativo

A

produção física da indústria de transformação da Bahia apresentou queda de 4,2% em 2016, na comparação com 2015. A Bahia caiu três posições, obtendo o 6º lugar no ranking dos 14 estados que participam da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física, no ano passado. No Brasil, a indústria de transformação nacional apresentou queda de 6,1% em 2016. Todos os estados registraram resultados negativos: Espírito Santo (-1,6%); Mato Grosso (-1,8%); Santa Catarina (-3,3%); Rio Grande do Sul (-3,9%); Paraná (-4,0%); Bahia (-4,2%); Minas Gerais (-4,3%); Pará (-5,1%); Ceará (-5,2%); São Paulo (-5,2%); Rio de Janeiro (-6,2%); Goiás (-6,5%); Pernambuco (-9,5%) e Amazonas (-11,2%). Na Bahia, cinco dos 11 segmentos pesquisados apresentaram queda: Equipamentos de informática (-20,3%); Minerais não metálicos (redução de 18,4% na produção de cimentos “Portland”, de massa de

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concreto preparada para construção, argamassas e ladrilhos, placas e azulejos de cerâmica para pavimentação ou revestimento); Refino de petróleo e biocombustíveis (-11,0%, devido a uma parada não programada da unidade de craqueamento catalítico de resíduos U-39 durante todo o mês de julho); Veículos automotores (-8,5%, automóveis e painéis para instrumentos dos veículos automotores); e Borracha e Plástico (-4,9%, pneus novos de borracha para ônibus e caminhões, reservatórios, caixas d’água e artefatos semelhantes de plástico e filmes de material plástico para embalagem).

NOVEMBRO Já na comparação da produção

bahia: pim-pf de dezembro 2016 Variação (%) Setores dez16/ Jan-dez16/ dez15 Jan-dez15

Indústria de Transformação Refino de petróleo e biocombustíveis Produtos químicos Veículos automotores Alimentos Celulose e papel Borracha e plástico Metalurgia Couro e Calçados Minerais não metálicos Equipamentos de Informática Bebidas Extrativa Mineral

-8,3

-4,2

-24,1 -11,0 0,4 1,6 19,5 -8,5 -1,1 3,3 -0,6 1,9 0,1 -4,9 -19,4 1,5 20,0 5,2 -11,3 -18,4 25,0 -20,3 8,7 8,6 -26,7 -21,1

física dos últimos 12 meses, terminados em novembro, com igual período anterior, a indústria de transformação da Bahia apresentou queda de 3,7%. Na pesquisa, divulgada pelo IBGE, todos os estados registraram naquele períodoresultados negativos: Mato Grosso (-0,1%), Espírito Santo (-1,1%), Bahia (-3,7%), Santa Catarina (-4,5%), Minas Gerais (-4,8%), Rio Grande do Sul (-4,8%), Ceará (-5,6%), Paraná (-5,9%), São Paulo (-6,1%), Pará (-7,0%), Rio de Janeiro (-7,4%), Goiás (-8,2%), Pernambuco (-11,1%), Amazonas (-13,8%). A indústria de transformação nacional apresentou queda de 7,0% nos 12 meses. Na Bahia, seis dos onze segmentos pesquisados registraram crescimento: Bebidas (7,7%), Metalurgia (5,8%), Alimentos (3,2%), Couro e Calçados (3,1%), Celulose e Papel (3,0%) e Produtos Químicos (1,1%). Apresentaram resultados negativos: Minerais não metálicos (-18,3%), Equipamentos de Informática (-14,3%), Veículos automotores (-11,4%), Refino de petróleo e biocombustíveis (-9,2%, devido a uma parada não programada da unidade de craqueamento catalítico de resíduos U-39 durante todo o mês de julho) e Borracha e plástico (-5,3%). [bi]

Fonte: IBGE; elaboração FIEB/SDI

BAHIA - PRODUÇÃO FÍSICA DA INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO (2014-2016) 2014

115 110 105 100

2015

95 90 85

2016

80 75

DEZ

NOV

OUT

SET

AGO

JUL

JUN

MAI

ABR

MAR

FEV

70 JAN

CRESCIMENTO Os segmentos que apresentaram crescimento, foram: Bebidas (8,6%); Couro e Calçados (5,2%); Alimentos (3,3%, açúcar cristal, leite em pó, carnes de bovinos frescas ou refrigeradas e massas alimentícias secas); Celulose e Papel (1,9%); Produtos Químicos (1,6% amoníaco (amônia), ureia e policloreto de vinila); e Metalurgia (1,5%). Na comparação de dezembro de 2016 com igual mês de 2015, a produção física da indústria de transformação baiana apresentou queda de 8,3%, enquanto a nacional fechou com retração de 1,2%. Seis dos 11 segmentos industriais da Bahia apresentaram resultados negativos: Refino de Petróleo e Biocombustíveis (-24,1%, óleo diesel, gasolina automotiva e óleos combustíveis); Metalurgia (-19,4%, barras, perfis e vergalhões de cobre e de ligas de cobre e fios de cobre refinado ou de ligas de cobre); Minerais não metálicos (-11,3%, cimentos “Portland”,

massa de concreto preparada para construção e elementos pré-fabricados para construção civil de cimento ou concreto); Alimentos (-1,1%,); e Celulose e papel (-0,6%). Apresentaram resultados positivos: Equipamentos de informática (25,0%); Couro e calçados (20,0%, com maior produção de tênis feito em material sintético); Veículos automotores (19,5%, maior produção de automóveis); Bebidas (8,7%, maior produção de refrigerantes); Produtos químicos (0,4%), e Borracha e plástico (0,1%).

Fonte: IBGE; elaboração Fieb/SDI. Nota: Exclusive a indústria extrativa mineral; base = 100 (média 2012)

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painel João Alvarez/Arquivo Sistema FIEB

Porto de Salvador: canal para exportações

Certificado simplifica os processos de exportação e importação de produtos A Federação das Indústrias do Estado da Bahia está habilitada a emitir, desde o final do ano passado, o Ata Carnet, documento aduaneiro que permite exportar e importar bens temporariamente sem a incidência de impostos em 75 países. Com isso, é possível reduzir a burocracia e estimular a participação de empresas brasileiras no mercado internacional, além de favorecer a atração de grandes eventos ao país. No primeiro semestre de 2016, em todo o mundo, foram emitidos 95.846 documentos, amparando mais de US$ 11 bilhões em bens. Os países que mais usam o instrumento são Suíça, Alemanha, Estados Unidos, França, Itália e Japão. O Brasil é o primeiro país do Mercosul a aderir ao sistema. A CNI venceu o edital público para ser a instituição garantidora e emissora do ATA Carnet durante cinco anos. A perspectiva é que ainda no início deste ano todas as 27 federações de indústria estaduais stejam capacitadas pela CNI para operar o sistema de emissão do documento. Desde julho de 2016, a Receita Federal Brasileira passou a reconhecer o Ata Carnet emitido pelos demais países para a entrada de bens no Brasil. Um único documento reúne todas as informações que devem ser apresentadas na aduana de saída e de entrada, tornando mais rápidos os trâmites aduaneiros e pode ser usado tanto por pessoa física quanto jurídica. Também é possível solicitar o ATA pela internet, no site: www.ata.cni.org.br.

Conselho de Consumidores de Energia da Coelba tem representante da classe industrial como presidente Reforçar a atuação do Conselho de Consumidores de Energia da Coelba, intermediando os pleitos das classes de consumidor junto à concessionária do setor de energia é o objetivo do novo presidente do órgão, Max Muniz, eleito para o quadriênio 20172021. “Nosso objetivo é fazer com que o conselho seja cada vez mais atuante e defenda os interesses de cada classe que representa, solucionando os pleitos apresentados”, destaca Max Muniz, que desde 2012 faz parte do conselho como representante da classe industrial. O Conselho de Consumidores da Coelba é um

órgão de caráter consultivo, constituído por representantes das classes residencial, comercial, industrial, rural e do poder público. O vice-presidente da FIEB, Josair Bastos, é suplente de Max Muniz no órgão.

Com inscrições abertas, Prêmio IEL de Estágio tem novidades

Max Muniz (C) presidirá conselho até 2021

Angelo Pontes/Coperphoto/Sistema FIEB

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Reconhecer a atuação de todos os agentes envolvidos no processo de estágio é o objetivo do Prêmio IEL de Estágio, que está com inscrições abertas. A edição 2017 incluiu três novas subcategorias na premiação: na categoria Instituições de Ensino Destaque, agora podem participar instituições de ensino médio; na categoria Estágio, podem se inscrever estudantes de ensino médio; e a categoria Empresa Destaque abriu espaço aos órgãos públicos. As inscrições podem ser feitas até 30 de abril. Informações: www. premioieldeestagio.org.br.


Valter Pontes/Coperphoto/Sistema FIEB

IEL oferece capacitação para líderes Aprimorar competências em gestão e liderança, qualificando executivos de modo a estimular o crescimento da competitividade empresarial, é o objetivo do curso de Gestão de Negócios, promovido pelo Instituto Euvaldo Lodi (IEL/BA), em parceria com a Fundação Dom Cabral. Com inscrições abertas, o curso é destinado a empresários e executivos que ocupam cargos de liderança em médias e grandes empresas. A capacitação terá carga horária de 96 horas e duração de cinco meses. O início das aulas está previsto para abril de 2017, em Salvador. Com módulos teóricos e práticos, a capacitação integra o Programa de Educação Empresarial do IEL e vai abordar temas como cenários macroeconômicos, gestão estratégica, proatividade de mercado, liderança e gestão de pessoas. Os interessados podem realizar a pré-inscrição pela internet, no endereço www.fieb.org.br/ gestaodenegocios, onde também há mais informações sobre o curso. O IEL fará processo de seleção dos candidatos.

Teatro SESI comemora 20 anos com arte e música

Fachada do teatro, no coração do Rio Vermelho

Uma programação especial vai marcar os 20 anos do Teatro SESI Rio Vermelho, em 2017. A casa faz aniversário em 6 de março e a gerência do SESI Cultura organizou uma programação festiva, que vai envolver os espaços do teatro e da Varanda para marcar a data. A ideia, como explicam a gerente do SESI Cultura, Angélica Ribeiro, e a diretora do Teatro, Rosa Villas-Boas, é reafirmar o papel de catalizador da cultura do bairro do Rio Vermelho que o espaço cultural simboliza. A programação do Teatro SESI 20 anos será anunciada em março e prevê atividades a serem realizadas ao longo do ano.

Governo atendeu pleito da indústria e do comércio Resultado de mobilização das federações do Comércio e da Indústria da Bahia – Fecomércio e FIEB –, a taxa de prestação de serviços nos distritos industriais retornou aos valores praticados antes do reajuste aplicado pelo governo estadual no final de 2016. A redução foi formalizada com a publicação, no dia 1º de fevereiro, do Decreto nº 17.380. A taxa, que havia sofrido reajuste de 11,1%, passando a valer R$ 0,10 por m², voltou a ser de R$ 0,09/m2. Também retornaram aos limites de pagamento vigentes no ano passado o teto mensal de R$ 50 mil para empresas localizadas no Distrito Industrial de Camaçari ou no CIA; de R$ 10 mil para as instaladas no Centro Industrial do Subaé; e de até R$ 5 mil para a dos demais distritos geridos pela Sudic. A ação foi conduzida pela Gerência de Relações Governamentais da FIEB, que questionou o aumento, argumentando o percentual acima da inflação e o momento de crise da economia nacional.

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jurídico

Refis, remédio sintomático, amargo e paliativo Por Daniel Moreno Castillo

Em meio à tentativa de retomada do crescimento econômico e social, o Governo Federal administra remédio amargo e paliativo, enquanto a reforma tributária não alça voo para aliviar o setor produtivo. Assim foi editada a MP 766, que instituiu o novo programa de parcelamento de débitos Federais de natureza tributária e não-tributária, cujos vencimentos tenham ocorrido até 30 de novembro de 2016. O prazo de adesão encontra-se aberto, havendo possibilidade de inclusão dos parcelamentos em andamento e já rescindidos. Entre as modalidades de regularização está utilização dos créditos decorrentes de prejuízo fiscal e base negativa da CSLL. Infelizmente, o programa limita, de forma equivocada, a utilização destes créditos. Manteve o Fisco o seu perfil histórico de restrição à autorização para que os contribuintes usem seus créditos para saldar débitos junto ao governo. Para que se tenha ideia, até a edição da MP, este uso limitava-se a 30% do lucro real apurado. Cabe a lembrança de que os prejuízos fiscais decorrem da sistemática de apuração do lucro real, constituindo base de incidência tributária artificiosamente elevada e no mais das vezes díspar do resultado contábil. Outro entrave para a utilização destes créditos está na impossibilidade do seu uso para a liquidação de débitos já inscritos em dívi32  Bahia Indústria

da ativa. Para que se tenha noção do tamanho da restrição, nesta categoria estão todos os débitos já em execução fiscal. Isto equivocadamente limita o aproveitamento dos créditos que as empresas detêm de forma declarada frente ao Fisco, ainda que pendente de homologação. Os prazos de parcelamento vão de 96 a 120 meses, sendo permitido o uso de créditos de empresas coligadas, certo que o critério de verificação da coligação residirá na capacidade de controle e gestão e não no número de ações ou quotas. Pecou a MP ao não abarcar os honorários processuais da Procuradoria, quando a desistência das ações é indispensável para gozo do programa. Estes honorários chegam a elevar em 20% o débito a parcelar. Não custa lembrar que muitas vezes o setor industrial se vê obrigado a prestar caução através de medidas cautelares, visando sair da berlinda a que é submetido com a negativa de certidões fiscais, durante o período que vai da inscrição em dívida ativa, até a efetiva garantia da futura execução fiscal. Nesta fase, o Fisco costuma “atrasar um pouco” a execução para valer-se da coerção que a negativa de certidão constitui. A despeito destas incongruências, o programa melhora a situação das empresas em débito com o Governo Federal, e desafoga, ainda que em parte, o setor produtivo, incentivando o tão indispensável crescimento econômico, sem deixar de reforçar o caixa da União.

MP altera lei que favorece marinha mercante A Medida Provisória nº 762, publicada em 23.12.16, alterou a Lei Federal nº 11.482/07, que prorrogou o prazo de vigência da não incidência do Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante – AFRMM para as regiões Norte e Nordeste, por dois anos. O AFRMM destina-se a atender aos encargos da intervenção da União no apoio ao desenvolvimento da marinha mercante e da indústria de construção e reparação naval brasileira. Tal benefício é de grande importância para o desenvolvimento do Nordeste, pois possibilita que a região continue sendo rota de importação de insumos e mercadorias de baixo valor agregado, o que assegura a manutenção de empregos e o desenvolvimento e diversificação da sua economia.

Lei Complementar 157/2016 altera as regras do ISS

Daniel Moreno Castillo é sócio do Lapa Góes e Góes Advogados

Foi publicada, em 30.12.2016, a Lei Complementar – LC nº 157 que, dentre as principais mudanças, estabeleceu a alíquota mínima de 2% para o Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISS e ampliou a lista de serviços constante do anexo desta LC.


houve Menção Honrosa nas duas categorias e em cada nível escolar, onde os citados receberam um kit contendo 50 livros.

Ascom/FPC

Poesia premiada Escola SESI Candeias comemora premiação de estudante em concurso estadual

M

al saído da primeira infância, Sanderson Teixeira teve que lidar com o bullying e o racismo. Ele poderia ter transformado a experiência em revolta, mágoa, isolamento ou agressividade. Em vez disso, fez das palavras que um dia o machucaram, matéria-prima para rimas da poesia “Querida gente branca”, que conquistou o 1º lugar, na categoria Poesia Fundamental II, no III Concurso de Escritores Escolares – Redação e Poesia. O concurso foi destinado a estudantes do ensino fundamental e médio de escolas públicas e particulares da Bahia. Com “Querida gente branca”, Sanderson, que é aluno da Escola SESI, em Candeias, conta como transformou seus sentimentos em versos. “Tudo o que eu sofri na minha vida – as meninas me chamavam de ‘angola’, ‘macaco’ – resolvi pegar e jogar na caneta”, revelou,

após receber a premiação. Ele, que ficou incrédulo quando soube que tinha tido seu poema escolhido, conta que a experiência despertou ainda mais seu gosto pela escrita. Promete participar de concursos literários e se preparar para, no futuro, fazer faculdade de Letras e se tornar escritor. O III Concurso de Escritores Escolares, coordenado pela Diretoria do Livro e da Leitura da Fundação Pedro Calmon, teve recorde de candidatos, com mais de 580 inscrições de todo o estado. A premiação ocorreu no dia 18 de dezembro, no Teatro Castro Alves. Os selecionados para os três primeiros lugares dos três níveis – Ensino Fundamental I, Ensino Fundamental II e Ensino Médio – receberam uma bicicleta e um kit com 100 livros; em segundo lugar, uma câmera fotográfica e um kit com 100 livros; e em terceiro lugar, um kit com 100 livros. Também

Sanderson recebe prêmio escritores escolares

estímulo Presente à premiação, o secretário da Educação, Jorge Portugal, falou da importância dos professores na sua formação profissional. “Lembro até hoje dos meus professores da infância, lá de Santo Amaro e tenho certeza que o mesmo ocorrerá com estes jovens”, disse. O diretor da Fundação Pedro Calmon, Zulu Araújo, falou da importância do estímulo à leitura e escrita para os jovens e do resultado surpreendente da premiação, com textos que trazem temas contemporâneos, como as causas ecológicas, sociais, raciais e de gênero. No SESI Candeias, a notícia da premiação foi recebida com entusiasmo pela comunidade escolar. O vice-diretor Luiz Luz explicou que a premiação “simboliza o empenho e esforço da equipe que vem adotando uma prática pedagógica consolidada, que visa preparar o aluno de forma crítica e consciente a entender, interagir e colaborar com o crescimento social”. Luiz Luz revela que estas iniciativas contribuem para os estudantes valorizarem suas potencialidades, elevarem a autoestima, além da capacidade de se reconhecer como ser crítico, reflexivo e participante ativo e produtivamente da vida social. Ele destaca, ainda, que práticas como esta fazem parte dos projetos pedagógicos das mais diversas áreas do conhecimento a exemplo de robótica, teatro, matemática, música, língua portuguesa, dança dentre outros que compõem a matriz curricular da escola.[bi] Bahia Indústria  33


leitura&entretenimento Ana Romero/Divulgação

exposição Um passeio diferente por Salvador O Museu Pierre Verger apresenta um ângulo diferenciado da capital baiana por meio da exposição Salvador por dentro. A obra reúne trabalhos de 36 fotógrafos, entre eles Ana Romero, que abordam 12 bairros de Salvador. A belíssima exposição amplia a temática Paisagens Urbanas, exposição já presente no espaço, sob a coordenação do fotógrafo e também autor do livro Fazenda Grande do Retiro – Um passeio pelo bairro, João Alvarez. Na exposição, visitantes têm a chance de navegar pela cidade por meio de uma tela touchscreen, que apresenta informações detalhadas do ponto de vista em que a foto foi feita.

Não perca Fundação Pierre Verger, seg. a sex., 8h às 19h, Forte de Santa Maria, Porto da Barra. Tel. 71 3203 8400 – Gratuito Divulgação

show Teatro SESI sedia Prêmio Caymmi de Música O Teatro SESI Rio Vermelho, reafirmando o seu papel de apoiar novos artistas, e enquanto parceiro da iniciativa, acolhe na sua programação o Prêmio Caymmi de Música, de 14 a 31 de março. Com o tema A música em movimento, a premiação é dedicada a fomentar, reconhecer e revelar a nova produção musical baiana. Na programação, artistas de estilos diversos como Rebeca Tárique, com o show Obiriin (14.3), Igor Gnomo Group (15.3), Jú Tavares, com o show À Flor da Pele (16.3), Patrícia Hita, com Panapaná – O Show (28.3), Alex Mesquita, com o show Trezena (29.3) e Janela Brasileira, com Vista da Casa (30 e 31.3). Não perca Teatro SESI, 14 a 31 de março, às 20h. Ingressos: R$ 30 a R$ 15 (meia). Rua Borges dos Reis, 9, Rio Vermelho

livros

Mindset – A nova psicologia do sucesso, Carol S. Dweck, Objetiva, 328 p. R$ 44,90

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Atitude para o sucesso

Livro como remédio

Com mais de 1,5 milhão de exemplares vendidos, Mindset ganha edição revista e atualizada. O livro traz o conceito desenvolvido pela especialista internacional em sucesso e motivação, Carol Dweck, para quem a atitude mental com que encaramos a vida, o “mindset”, é decisiva para o sucesso. Ela explica por que somos otimistas ou pessimistas, bemsucedidos ou não e define nossa relação com o trabalho, as pessoas e a maneira como educamos nossos filhos.

Uma declaração de amor aos livros, o romance conta a história do parisiense Jean Perdu que, em seu barco livraria, vende romances como se fossem remédios. Ele sabe que livro cada cliente deve ler para amenizar os sofrimentos da alma. Menos uma desilusão amorosa que o atormenta há 21 anos, desde que a bela Manon partiu. Tudo o que ela deixou foi uma carta que Perdu não teve coragem de ler. Até um determinado verão em que ele embarca numa jornada que o levará de volta ao mundo dos vivos.

A livraria mágica de Paris, Nina George, 308 p., Record, R$ 34,90




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