Bahia indústria nov dez baixa

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Bahia

indústria Federação das Indústrias do Estado da Bahia  Sistema FIEB Ano XXiv nº 251  2017

Segmentação aquece mercado de cosméticos Empresas do setor inovam produtos e modelos de negócio e apostam na retomada do crescimento em 2018

ISSN 1679-2645



editorial

Segmento de cosméticos se reinventa

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A indústria baiana tem como uma de suas características a resiliência, a capacidade de se transformar para superar adversidades. É o que acontece com o segmento de cosméticos e perfumaria. Depois de amargar queda nas vendas durante 2015-2016, o ano de 2017 trouxe a retomada dos investimentos e das vendas, com um crescimento estimado de 3%, segundo o Sindcosmetic-BA. O ano de 2018 promete ser ainda melhor. A recessão econômica, agudizada pela crise política, bem como a alta indiscriminada dos tributos (a mudança na cobrança de PIS/Cofins, que passou a incidir também sobre as distribuidoras, além da elevação de impostos estaduais sobre vários produtos) impactaram a indústria de cosméticos e perfumaria. A volta por cima começou a se desenhar quando a indústria percebeu a necessidade de se reinventar para atender a um consumidor que mudou seus hábitos com a crise, migrando para produtos de menor valor agregado. Grandes indústrias, principalmente, passaram a investir em linhas populares, substituindo margem por quantidade vendida. Mesmo o consumidor com maior poder aquisitivo passou a utilizar menos os serviços dos salões de beleza. Percebendo isso, várias empresas passaram a ofertar produtos profissionais, para que eles cuidem da aparência em casa. Este foi o caminho trilhado especialmente pelas empresas de menor porte, que precisam oferecer produtos de maior valor agregado, pois não vendem grandes quantidades. A solução, portanto, é focar em mercados específicos, especializando-se em nichos. Há uma preocupação, por parte dos empresários em inovar, investir na qualidade de produtos e em design de embalagem. As redes sociais também são um meio cada vez mais utilizado para campanhas de divulgação, com o uso, inclusive, de influenciadores digitais. As perspectivas desse mercado são altamente promissoras. O Brasil é o quarto maior mercado consumidor mundial de produtos de higiene pessoal, atrás apenas dos Estados Unidos, China e Japão. Além disso, é o segundo maior consumidor de perfumes, desodorantes, produtos de beleza masculinos e de protetor solar. O terceiro maior em artigos infantis e o quarto em itens para banho, cabelo e higiene oral. Isso mostra que, para o consumidor brasileiro, estes são itens essenciais ao seu bem-estar e autoestima. Regionalmente, a indústria baiana de cosméticos ocupa a sexta posição no ranking nacional e a primeira colocação no Nordeste. Se, até certo tempo atrás, a preocupação em geral das empresas locais era produzir muito e vender barato, hoje o foco maior é mirar em mercados específicos e se especializar neles. Com isso, várias empresas locais estão presentes em outros estados e algumas já estão de olho no mercado internacional. Para estas, o Sistema FIEB oferece apoio por meio do Centro Internacional de Negócios, em parceria com a Apex Brasil.

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Planta de uma indústria de cosméticos nº 251 nov/dez 2017

Indústrias investem na qualificação de produtos e em design de embalagem


Unidades do Sistema FIEB Informações sobre a atuação e os serviços oferecidos pelas entidades do Sistema FIEB, entre em contato FIEB – Federação das Indústrias do Estado da Bahia Sede: (71) 3343-1200 SESI – Serviço Social da Indústria Sede: (71) 3343-1543 @Barreiras: (77) 3611-8212 @Camaçari: (71) 3627-3489 @Candeias: (71) 3418-4700 @Eunápolis: (73) 3281-6670 @Feira de Santana: (75) 3602-9705 @Ilhéus: (73) 3222-7072 @Itapagipe: (71) 3254-9900 @Jequié: (73) 3526-5518 @Juazeiro: (74) 2102-7132 @Lucaia: (71) 3879-5390 @Luís Eduardo Magalhães: (77) 3628-2080 @Piatã: (71) 3503-7400 @Retiro: (71) 3234-8217 @Rio Vermelho: (71) 3616-7064 @Simões Filho: (71) 3296-9301 @Valença: (75) 3641-3040 @Vitória da Conquista: (77) 3201-5708 SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Sede: 71 3534-8090 @Alagoinhas: (75) 3182-3350/3356 @Barreiras: (77) 3612-2188 @Camaçari: (71) 3493-7070 @Cimatec: (71) 3534-8090 @Dendezeiros: (71) 3534-8090 @Feira de Santana: (75) 3229-9112 @Ilhéus: (73) 3222-7070 @Juazeiro: (74) 3614-0823 @Lauro de Freitas: (71) 3534-8090 @Luis Eduardo Magalhães: (77) 3628-6349 @Vitória da Conquista: (77) 3086-8300 IEL – Instituto Euvaldo Lodi Sede: 71 3343-1384/1328/1256 @Barreiras: (77) 3611-6136 @Camaçari: (71) 3621- 0774 @Eunápolis: (73) 3281- 7954 @Feira de Santana: (75) 3229- 9150 @Ilhéus: (73) 3639-1720 @Itabuna: 3613-5805 @Jacobina: (74) 3621-3502 @Juazeiro: (74) 2102-7114 @Teixeira de Freitas: (73) 3291-0621 @Vitória da Conquista (77) 3201-5720 @Guanambi (77) 3451-6070 @Jequié (73) 3527-2331 CIEB - Centro das Indústrias do Estado da Bahia Sede: (71) 3343-1214

sistema fieb nas mídias sociais

FIEB

VICE-PRESIDENTE Roberto Fiamenghi. DIRETORES

PRESIDENTE Antonio Ricardo Alvarez Alban. 1° VICE-

TITULARES Arlene Aparecida Vilpert;

Benedito

-PRESIDENTE Carlos Henrique Jorge Gantois. VICE-

Almeida Carneiro Filho; Cleber Guimarães Bastos;

-PRESIDENTES Josair Santos Bastos; Eduardo Catha-

Luis Fernando Galvão de Almeida; Luiz da Costa

rino Gordilho; Edison Virginio Nogueira Correia;

Neto; Marcelo Passos de Araújo; Mauricio Lass-

Alexi Pelagio Gonçalves Portela Junior. DIRETORES

mann; Paula Cristina Cánovas Amorin; Sudário

Bahia

indústria Editada pela Gerência de Comunicação Institucional do Sistema Fieb

TITULARES Alberto Cánovas Ruiz;Eduardo Meirelles

Martins da Costa; Thomas Campagna Kunrath;

Valente; Renata Lomanto Carneiro Müller; Fernando

Walter José Papi; Wesley Kelly Felix Carvalho.

Cleber Borges e Patrícia Moreira.

Luiz Fernandes; Juan José Rosario Lorenzo; Theofilo

DIRETORES SUPLENTES Antônio Fernando Suzart

de Menezes Neto; José Carlos Telles Soares; Angelo

Almeida; Carlos Antônio Unterberger Cerentini;

Calmon de Sa Junior; Jefferson Noya Costa Lima;

Décio Alves Barreto Junior; Jorge Robledo de Oli-

Coordenação editorial Cleber Borges. Editora Patrícia Moreira. reportagem Patrícia Moreira, Ca-

Luiz Fernando Kunrath; João Schaun Schnitman;

veira Chiachio; Fernando Elias Salamoni Cassis;

Antonio Geraldo Moraes Pires; Mauricio Toledo de

José Luiz Poças Leitão Filho; Mauricio Carvalho

Freitas; Waldomiro Vidal de Araújo Filho. DIRETORES

Campos. CONSELHO FISCAL – EFETIVOS Luiz Augusto

SUPLENTES Guilherme Moura Costa e Costa; Glads-

Gantois de Carvalho; Rafael C. Valente; Roberto

ton José Dantas Campêlo; Cléber Guimarães Bastos;

Ibrahim Uehbe. CONSELHO FISCAL – SUPLENTES Fe-

Jorge Catharino Gordilho; Marcelo Passos de Araú-

lipe Pôrto dos Anjos; Rodolpho Caribé de Araújo

jo; Roberto Mário Dantas de Farias

Pinho Neto; Thiago Motta da Costa

conselhos

SESI

Micro e Pequena Empresa Industrial Carlos Henri-

Presidente do Conselho e Diretor Regional

que Jorge Gantois; Assuntos Fiscais e Tributários

Antonio Ricardo Alvarez Alban.

Sérgio Pedreira de Oliveira Souza; Comércio Exte-

Superintendente Armando da Costa Neto

rior Angelo Calmon de Sá Junior; Economia e Desenvolvimento Industrial Antonio Sergio Alipio;

SENAI

Infraestrutura Marcos Galindo Pereira Lopes;

Presidente do Conselho Antonio Ricardo A. Alban.

Inovação e Tecnologia José Luis Gonçalves de Al-

Diretor Regional Luís Alberto Breda

meida; Meio Ambiente Jorge Emanuel Reis Cajazei-

Diretor de Tec. e Inovação

Leone Peter Andrade

Conselho Editorial Mônica Mello,

rolina Mendonça, Marta Erhardt, Iverton Bispo (estagiário), Luciane Vivas (colaboração). Projeto Gráfico e Diagramação Ana Clélia Rebouças. fotografia Coperphoto. Ilustração e Infografia Bamboo Editora. Impressão Gráfica Trio. FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DA BAHIA

Rua Edístio Pondé, 342 – Stiep, CEP.: 41770-395 / Fone: 71 3343-1280 w w w.f ieb.or g.br/ b ahia _ indu stria_online As opiniões contidas em artigos assinados não refletem necessariamente o pensamento da FIEB.

ra; Relações Trabalhistas Homero Ruben Rocha Arandas; Responsabilidade Social Empresarial

IEL

Marconi Andraos Oliveira; Jovens Lideranças In-

Presidente do Conselho e Diretor Regional

dustriais Nayana Carvalho Pedreira; Petróleo,

Antonio Ricardo Alvarez Alban.

Gás e naval Humberto Campos Rangel; Portos

Superintendente Evandro Mazo

Filiada à

Sérgio Fraga Santos Faria Diretor Executivo da FIEB

CIEB

Vladson Menezes

PRESIDENTE Jorge Emanuel Reis Cajazeira. 1° VICE-PRESIDENTE Hilton Moraes Lima. 2° VICE-PRESI-

Superintendente Executivo de Serviços

DENTE Carlos Antonio Borges Cohim da Silva. 3°

Corporativos Cid Vianna

Sindicatos filiados à FIEB Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado da Bahia, sindacucarba@fieb.org.br / Sindicato da Indústria de Fiação e Tecelagem no Estado da Bahia, sindifiteba@gmail.com / Sindicato da Indústria do tabaco no Estado da Bahia, sinditabaco@fieb.org. br / Sindicato da Indústria do Curtimento de Couros e Peles no Estado da Bahia, sindicouroba@fieb.org.br / Sindicato da Indústria do Vestuário de Salvador, Lauro de Freitas, Simões Filho, Candeias, Camaçari, Dias D’ávila e Santo Amaro, sindvest@fieb.org.br / Sindicato das Indústrias Gráficas do Estado da Bahia, sigeb@terra.com.br / Sindicato da Indústria de Extração de Óleos Vegetais e Animais e de Produtos de Cacau e Balas no Estado da Bahia, sindioleosba@fieb.org.br / Sindicato da Indústria da Cerveja e de Bebidas em Geral no Estado da Bahia, sindcerba@bol.com.br / Sindicato das Indústrias do Papel, Celulose, Papelão, Pasta de Madeira para Papel e Artefatos de Papel e Papelão no Estado da Bahia, sindpacel@hotmail.com / Sindicato das Indústrias do Trigo, Milho, Mandioca e de Massas Alimentícias e de Biscoitos no Estado da Bahia, sindtrigoba@fieb.org.br / Sindicato da Indústria de Mineração de Calcário, Cal e Gesso do Estado da Bahia, sindicalba@fieb.org.br / Sindicato da Indústria da Construção do Estado da Bahia, secretaria@sinduscon-ba.com.br / Sindicato da Indústria de Calçados, seus Componentes e Artefatos no Estado da Bahia, sindcalcadosba@fieb.org.br / Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico do Estado da Bahia, simmeb@uol.com.br / Sindicato das Indústrias de Cerâmica e Olaria do Estado da Bahia, sindicerba@gmail.com / Sindicato das Indústrias de Sabões, Detergentes e Produtos de Limpeza em geral e Velas do Estado da Bahia, sindisaboesba@fieb.org.br / Sindicato das Indústrias de Serrarias, Carpintarias, Tanoarias e Marcenarias de Salvador, Simões Filho, Lauro de Freitas, Camaçari, Dias D’ávila, Sto. Antônio de Jesus, Feira de Santana e Valença, sindiscamba@fieb.org.br / Sindicato das Indústrias de Fibras Vegetais no Estado da Bahia, sindifibrasba@fieb.org.br / Sindicato da Indústria de Produtos Químicos, Petroquímicos e Resinas Sintéticas do Estado da Bahia, sinpeq@coficpolo.com.br / Sindicato da Indústria de Material Plástico do Estado da Bahia, sindiplasba@sindiplasba.org.br / Sindicato da Indústria de Produtos de Cimento no Estado da Bahia, sinprocimba@fieb.org.br / Sindicato da Indústria de Mineração de Pedra Britada do Estado da Bahia, sindbrit@svn.com.br / Sindicato das Indústrias de Produtos Químicos para Fins Industriais e de Produtos Farmacêuticos do Estado da Bahia, adm@quimbahia.com.br / Sindicato da Indústria de Mármores, Granitos e Similares do Estado da Bahia, simagranba@fieb.org.br / Sindicato da Indústria Alimentar de Congelados, Sorvetes, Sucos, Concentrados e Liofilizados do Estado da Bahia, sindsucosba@fieb.org.br / Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Estado da Bahia, sincarba@fieb.org.br / Sindicato da Indústria do Vestuário da Região de Feira de Santana, sindvestfeira@fbter.org.br / Sindicato da Indústria do Mobiliário do Estado da Bahia, moveba@fieb.org.br / Sindicato da Indústria de Refrigeração, Aquecimento e Tratamento de Ar do Estado da Bahia, sindratar@gmail.com.br / Sindicato das Indústrias de Café do Estado da Bahia, sincafeba@fieb. org.br / Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados do Estado da Bahia, sindileite@fieb.org.br / Sindicato das Indústrias de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos, Computadores, Informática e Similares dos Municípios de Ilhéus e Itabuna, sinec@ sinec.org.br / Sindicato das Indústrias de Construção de Sistemas de Telecomunicações do Estado da Bahia, anaelisabete@telenge. com.br / Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Feira de Santana, simmefs@simmefs.com.br / Sindicato das Indústrias de Reparação de Veículos e Acessórios do Estado da Bahia, sindirepaba@sindirepabahia.com.br / Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores, sindipecas@sindipecas.org.br / Sindicato das Indústrias de Fibras Vegetais no Estado da Bahia, sindifibrasba@fieb.org.br / Sindicato das Indústrias de Cosméticos e de Perfumaria do Estado da Bahia, sindcosmetic@fieb.org.br / Sindicato das Indústrias de Artefatos de Plásticos, Borrachas, Têxteis, Produtos Médicos Hospitalares, sindiplast@gmail.com / Sindicato Patronal das Indústrias de Cerâmicas Vermelhas e Brancas para Construção e Olarias da Região Sudoeste e Oeste da Bahia sindiceso@gmail.com Sindicato da Indústria de Adubos e Corretivos Agrícolas do Nordeste (Siacan) siacan@veloxmail.com.br / Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval) sinaval@sinaval.org.br / Sindicato das Indústrias de Panificação e Confeitaria do Estado da Bahia, sipaceb@gmail.com

4 Bahia Indústria


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sumário

Mercado da beleza em alta

Indústria de cosméticos baiana aperfeiçoa práticas e ganha projeção no mercado

12 Empresas de olho nos influenciadores digitais

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Revolução digital modificou de forma profunda o perfil do formador de opinião e fez surgir uma legião de ícones da comunicação no universo on line

Marcelo Camargo/ABr

lúcio Távora/Coperphoto/Sistema FIEB

22 Esocial passa a valer em 2018

26 Portal do IEL potencializa negócios

Sistema que vai gerir os dados fiscais, tributários e previdenciários das empresas passa a ser obrigatório a partir de janeiro de 2018 e vai exigir que as organizações aperfeiçoem seus processos de gestão

Com mais de 60 empresas cadastradas, Portal de Negócios foi lançado em novembro pelo Instituto Euvaldo Lodi e vai aproximar empresas e fornecedores, além de dar mais visibilidade às empresas baianas


Arquivo Ag. ALBA

Código vai regular relação entre Fisco e contribuinte

Projeto de lei em tramitação na Assembleia Legislativa da Bahia busca mais transparência e segurança jurídica nas questões tributárias Por patrícia moreira

T Sessão da Comissão de Constituição e Justiça da Assembleia 6 Bahia Indústria

ramita na Assembleia Legislativa do Estado da Bahia projeto de lei que cria o Código de Direitos, Garantias e Obrigações do Contribuinte. Resultado de uma mobilização que envolve a Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado da Bahia (Fecomércio-BA), a Associação Comercial da Bahia (ACB) e o Fórum Empresarial da Bahia. O Projeto de Lei Complementar (PLC) 127/2017, que está na Comissão de Constituição e Justiça da Assembleia, é de autoria dos

deputados Nelson Leal (PSL) e Pablo Barrozo (DEM) e tem como relator o deputado Luciano Ribeiro (DEM), que apresentou parecer favorável à proposta, por considerá-la um avanço. “O Código chega traçando direitos e obrigações para as partes, consolidando a relação entre ambos. Entendo que as relações entre contribuinte e Fisco devem ser regulamentadas para que não haja surpresa.”, explica Ribeiro. Antes de ser aprovado em plenário, o projeto terá um longo caminho pela frente. Depois da CCJ, ele terá que ser aprovado em diversas comissões e, até lá, na avalia-

ção do deputado Nelson Leal, será necessário construir um bom diálogo. “O PLC 127/2017 é extremamente importante para a Bahia, pois dá segurança e tranquilidade a quem quer de fato investir, gerar emprego e renda. É uma evolução. Mas vamos ter que ter capacidade grande de articulação e de negociação”, pondera. Leal explica que é preciso ter flexibilidade para acatar as propostas de emendas dos deputados, negociando com todos os envolvidos, incluindo as entidades parceiras que ajudaram a elaborar a proposta do Código do Contribuinte. Apesar da necessária fle-


tam maiores dificuldades do que nos estados onde as regras já são claras. Em um momento de crise, qualquer descuido tem reflexos na manutenção das empresas e todo incentivo ou regulamentação para que a relação fique mais clara e transparente só vem a somar”, alerta o deputado. CONSOLIDAÇÃO O advogado tributarista Márcio Duarte, especialista, mestre e doutor em Direto Civil, lembra que em São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina e Ceará, onde o Código já existe, há reflexos na atração de investimentos e no desenvolvimento regional. Para ele, a proposta em tramitação na Assembleia visa estabelecer normas gerais com o objetivo de proteger o contribuinte e promover o entendimento entre as partes. O Direito Tributário, explica Duarte, “é um emaranhado de legislações esparsas e temos que juntá-las como se fosse uma colcha de retalhos. O Código dá regramento, sensação de justiça, auxilia o trabalho dos advogados. Além disso, uniformiza os entendimentos fiscais”. Ainda de acordo com o advogado, a exemplo do que aconteceu com o Código do Consumidor, a norma vai permitir uma interpretação da lei mais favorável ao contribuinte. “Tudo isso vem para ajudar as empresas a se desenvolverem. Quando se tem regras claras, isso facilita a entrada de capital no estado”, arremata. Márcio Duarte revela ainda que já houve tentativas anteriores de implantar o Código na Bahia, sem avanço. “Desta vez, o empresariado está mais unido e a proposta deve avançar”, conclui. 

fotos Arquivo Ag. ALBA

xibilidade, o deputado acredita que a proposta não enfrentará resistências além do que é natural na tramitação de um projeto legislativo. “Temos a flexibilidade de aceitar sugestões e tenho certeza absoluta de que ninguém é contra a proposta. Quem quiser poderá trazer alguma sugestão, desde que seja algo que não descaracterize o objetivo maior do projeto, que é garantir segurança jurídica”, ressalta o parlamentar. A expectativa de Nelson Leal é de que o projeto esteja apto a ser votado em plenário até o final do primeiro semestre de 2018. “Estamos fazendo tudo com tranquilidade, mostrando as vantagens do projeto e convencendo os deputados. Estamos abertos a dar todos os esclarecimentos”. Leal acredita ainda que o momento para aprovar o Código do Contribuinte é oportuno, pois a economia começa a sinalizar uma retomada. “A única forma de o país voltar a crescer é atraindo investimentos e, para isso, a gente tem que criar condições de tranquilidade para o empresário fazer investimentos e o Código vem justamente para isso”. Também autor do projeto de lei, o deputado Pablo Barrozo (DEM) destaca um ponto fundamental a ser levado em conta. Para ele, o código diminui a diferença entre Fisco e contribuinte, dando mais tempo para este último se defender e tornando o processo mais justo. “O prazo para o contribuinte, às vezes é muito exíguo”, justifica. Barrozo avalia que a Bahia está ficando para trás em relação a outros estados, que já adotaram a regulamentação, o que traz o risco de evasão de investimentos. “Na Bahia, as empresas enfren-

“PLC 127/2017 é extremamente importante para a Bahia, pois dá segurança e tranquilidade a quem quer de fato investir” Nelson Leal, deputado e um dos autores do projeto de lei

“O código diminui a diferença entre Fisco e contribuinte, dando mais tempo para este último se defender e tornando o processo mais justo” Pablo Barrozo, deputado e um dos autores do projeto de lei Bahia Indústria 7


Betto Jr. / Coperphoto / Sistema FIEB

Encontro realizado na Fieb debateu o cenário para a indústria do setor

Carne brasileira volta a conquistar mercados Sindicato promoveu encontro para discutir temas que preocupam a indústria de carne no Brasil

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» POSSE No dia 18 de outubro, o Sincar realizou a posse da sua diretoria. O presidente Júlio Farias segue à frente da entidade até 2020. 8 Bahia Indústria

oje, 95% das restrições à carne brasileira e seus derivados no mercado internacional, decorrentes da Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, já foram superadas. A avaliação é do presidente executivo da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), Péricles Pessoa Salazar, para quem essa recuperação de espaços foi decorrente do trabalho técnico altamente profissional do Ministério da Agricultura. Os principais países importadores de carne e derivados provenientes do Brasil são China, Irã, Chile, Rússia, Arábia Saudita e Argélia. “O ministro Blairo Maggi e sua equipe muniu-se de dados e argumentos técnicos e visitou nossos principais compradores para mostrar que as denúncias decorrentes da operação da Polícia Federal não comprometiam a qualidade da carne brasileira”, afirmou Salazar. Além disso, opinou, a partir da Operação Carne Fraca – deflagrada em março, para investigar denúncias de que empresas estariam

pagando propinas para evitar a fiscalização de seus produtos – o governo se viu obrigado a revisar a fiscalização e a ampliar seus controles de qualidade para preservar o acesso a mercados importantes. Já os produtores estão conscientes de que é preciso atender a todas as recomendações fitossanitárias. “Já passou o tempo em que se dava um jeitinho para tudo. Hoje, temos que trabalhar de forma ética, com responsabilidade, observando todas as negras fitossanitárias, ainda que isso signifique sofrer a concorrência desleal daqueles que teimam em burlar as regras, produzindo carne sem procedência”, afirmou Salazar. FUNRURAL Outro problema enfrentado pela indústria da carne no Brasil é a nova cobrança do Fundo de Assistência do Trabalhador Rural (Funrural). Desde que, por 6 votos a 5, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, no dia 30 de março, que é constitucional a União cobrar a contribuição ao Funrural sobre a

receita bruta da comercialização dos empregadores rurais pessoa física, o setor passou a arcar com um brutal aumento da carga tributária. O Funrural é usado para auxiliar no custeio da aposentadoria dos trabalhadores rurais, um benefício subsidiado pela União. Antes, o tributo incidia sobre a folha salarial do agronegócio. Agora, representa 2,3% de toda a receita das empresas do setor. De acordo com o presidente da Associação Nacional de Defesa dos Agricultores, Pecuaristas e Produtores de Terra (Andaterra), Sérgio Pitt, a nova sistemática faz com que o produtor pague, em média, quase cinco vezes mais de Funrural. A decisão ocorreu enquanto tramitavam na Justiça cerca de 15 mil processos aguardando decisão final do STF sobre o tema. Segundo Sérgio Pitt, a Andaterra propôs uma ação coletiva e obteve liminar, confirmada em tribunal de segunda instância, para deixar de recolher a referida cobrança, com provimento estendido a todos os associados. Sendo assim, afirma Sérgio Pitt, produtores rurais pessoas físicas, empregadores, pessoas jurídicas e agroindústrias que recolhem ou têm retida a contribuição no momento de comercializar sua produção, podem aderir a essa ação coletiva para suspender o recolhimento do Funrural e, após o trânsito em julgado, buscar a devolução do que pagaram indevidamente nos últimos cinco anos. Sérgio Pitt e Péricles Salazar estiveram em Salvador para o Seminário Cadeia Produtiva da Carne – Perspectivas para 2018, realizado pelo Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados, em outubro, na FIEB. 


circuito

por cleber borges

Bahia acima da média nacional Na Bahia, 66,8% dos trabalhadores da indústria têm pelo menos o ensino médio completo. O percentual está muito acima da média brasileira (61,9%) e coloca o estado em primeiro lugar neste quesito na região Nordeste e em terceiro lugar no Brasil, atrás apenas do Amazonas (82,1%) e de São Paulo (68,5%). A elevada participação de trabalhadores com escolaridade média do setor contribui para que a indústria da Bahia tenha o maior salário do Nordeste e o sétimo do Brasil. No ano passado, os industriários baianos receberam R$ 2.471,81 em média. O maior salário industrial, de R$ R$ 4.065,44, foi o do RJ, informa o Perfil da Indústria nos Estados, elaborado pela Confederação Nacional da Indústria.

“Não importa o quão sereno o dia pode ser, o amanhã é sempre incerto. Mas não deixe esta realidade assustar você.” Warren Buffet, considerado o mais bem sucedido investidor financeiro das últimas décadas

Emprego parou de cair A produção cresceu e o emprego na indústria brasileira parou de cair. O indicador de evolução da produção alcançou 52,6 pontos em outubro. Como ficou acima de 50 pontos, o índice mostra crescimento da produção industrial na passagem de setembro para outubro, diferentemente do que tinha ocorrido nos últimos dois anos. Por sua vez, o indicador de emprego no setor subiu para 49,7 pontos em outubro, o maior valor desde novembro de 2013. As informações são da Sondagem Industrial, divulgada pela Confederação Nacional da Indústria. Os indicadores da pesquisa variam de zero a cem pontos. Quando ficam acima de 50 pontos mostram aumento da produção e do emprego.

Empresário pretende investir Mesmo com a elevada ociosidade, a disposição dos empresários para investir continua crescendo. O indicador de intenção de investimentos subiu para 50,6 pontos em outubro. Foi o quinto mês consecutivo sem queda no índice que alcançou, em outubro, o maior valor desde fevereiro de 2015. O indicador varia de zero a cem pontos. Quanto maior o índice maior é a intenção de investimento dos empresários. O economista da CNI Marcelo Azevedo explica que o aumento na disposição para investir é resultado da melhora das condições da indústria em geral e das boas expectativas dos empresários para os próximos seis meses quanto à demanda e exportações.

Indústria voltará a crescer Após a crise dos últimos anos, a economia baiana pode voltar a crescer a partir de 2018. É o que a FIEB espera que aconteça, ao menos para o setor industrial, no qual os principais segmentos devem recuperar aos poucos a atividade. No segmento químico/petroquímico, por exemplo, a Braskem deve voltar à plena operação, após investimentos para o uso de gás etano como matéria-prima; a área de alimentos e bebidas será beneficiada com a recuperação do consumo; e o segmento de papel e celulose terá mercado global favorável para celulose de fibra de eucalipto. Outros segmentos, como refino de petróleo e construção civil também experimentarão crescimento.

Bahia Indústria 9


Lúcio Távora / Coperphoto / Sistema FIEB

sindicatos

Setor da construção civil debate insegurança jurídica Mais de 150 empresários e profissionais dos setores da construção civil e imobiliário participaram do II Seminário Jurídico CBIC, promovido pela CBIC, em parceria com Sinduscon-BA e Ademi. No evento, palestrantes discutiram como minimizar a insegurança jurídica. “Precisamos reduzir as incertezas para melhorar os negócios”, afirmou Carlos Henrique Passos, presidente do Sinduscon.

Em Salvador, costureiras foram atendidas no Condomínio Bahia Têxtil

Sindicatos estimulam prevenção de câncer de mama Cerca de 280 trabalhadoras do segmento de vestuário realizaram mamografia gratuita na ação Outubro Rosa, promovida pelos sindicatos das indústrias de vestuário de Salvador e de Feira de Santana, em parceria com o SESI. A iniciativa teve foco na prevenção e diagnóstico precoce do câncer de mama. “Muitas vezes, pelas dificuldades, as mulheres não fazem o exame e quando descobrem a doença já está em estágio avançado”, alerta a vice-presidente do Sindvest Salvador, Eunice Habibe. Em Feira de Santana, as colaboradoras foram atendidas na unidade do SESI. “Observamos a satisfação das colaboradoras por participar da campanha”, ressaltou o presidente do Sindvest Feira, Edison Nogueira. divulgação

Aplicativo facilita mobilização empresarial

» Minas Trend Preview Empresários conheceram as tendências para o inverno 2018 no Minas Trend Preview, um dos principais eventos de moda do país. A missão foi iniciativa dos sindicatos das indústrias de vestuário de Salvador e de Feira de Santana.

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Intercâmbio setorial foi realizado na sede da CNI, em Brasília

Lideranças da alimentação debatem desafios O presidente do Sindicato das Indústrias de Café do Estado da Bahia (Sincafé), Antônio Roberto Almeida, participou do 3º Intercâmbio de Lideranças do Setor da Alimentação e Laticínios, nos dias 9 e 10 de novembro, na CNI. A iniciativa do Programa de Desenvolvimento Associativo (PDA) reuniu líderes de sindicatos de indústrias dos segmentos de alimentação e laticínios para discutir os desafios da competitividade e promover a troca de experiências em gestão sindical.

Uma ferramenta que reúne informações sobre temas de interesse da indústria e facilita a comunicação entre sindicatos empresariais, federações estaduais e a CNI, além de ser um instrumento de mobilização acerca de assuntos relevantes para o setor produtivo. Assim é o aplicativo Rede Sindical da Indústria, lançado pela CNI. Gratuito, o app é voltado para líderes e executivos de sindicatos, além de representantes do Sistema Indústria. O app está disponível na Apple Store e no Play Store.


valter pontes/Coperphoto/Sistema FIEB

Fórum promovido pelo Sindpacel debate sustentabilidade Para discutir temas como Reforma Trabalhista, sustentabilidade e responsabilidade social, o Sindicato da Indústria de Papel e Celulose (Sindpacel) promoveu, dia 28.11, o II Fórum de Recursos Humanos e Sustentabilidade. O evento contou com palestras sobre o engajamento da indústria com a sustentabilidade, além de exemplos práticos de como lidar com a sustentabilidade em tempos de crise. O encontro também discutiu a Reforma Trabalhista e a cultura do engajamento nas empresas. Na abertura do evento, o presidente da FIEB, Ricardo Alban, destacou a importância da iniciativa do sindicato para as indústrias.

Sipaceb debate tendências de mercado

As indústrias de calcário comemoraram a ampliação da vigência, até 30.04.2019, do Convênio 100/97, que reduz a base de cálculo do ICMS nas saídas de alguns insumos agropecuários, entre eles o calcário corretivo de solos. A conquista foi publicada dia 05 de outubro pelo Conselho Nacional de Politica Fazendária (Confaz) e é resultado da mobilização dos Sindicatos de Calcário, a exemplo do Sindical-BA, além da FIEB, ABRACAL e CNI.

Tendências de mercado e estratégias inovadoras para alavancar negócios no setor de panificação foram apresentadas pelo empresário, mestre panificador e consultor técnico, Rogério Shimura, no III Encontro Técnico de Panificação do Estado da Bahia. Promovido pelo Sindicato da Indústria de Panificação (Sipaceb), nos dias 27 e 28.10, no SENAI de Feira de Santana, no evento também contou com oficinas técnicas.

Sindirepa capacita reparadores em novas tecnologias e gestão O Sindirepa, em parceria com a Ford, realizou em outubro o treinamento técnico Freios Avançados, em Salvador e Feira de Santana. Além disso, até o final de novembro, aconteceram os cursos in company, voltados para as áreas de gestão e produção, em Feira de Santana. As capacitações integram o Programa Ativos Estratégicos.

Sindileite participou da Fenagro O Sindileite-BA marcou presença na 30ª Fenagro, realizada entre os dias 25 de novembro e 03 de dezembro, no Parque de Exposições de Salvador. No estande do sindicato, visitantes conheceram e degustaram produtos lácteos de indústrias baianas. Já em outubro, o sindicato promoveu missão técnica empresarial aos Estados Unidos, com o objetivo de conhecer novas práticas e tecnologias, tendências e centros tecnológicos do setor leiteiro.

Festival destaca produtos de origem Valorizar a história e produção de produtos tipicamente baianos foi o objetivo do 1º Festival Origens, realizado em Cachoeira, entre os dias 30.11 e 02.12. A programação incluiu workshops de harmonização do charuto com chocolate, café e cachaça, conduzidos pelo sommelier Cesar Adames. Os participantes também visitaram fazendas que cultivam a folha do tabaco e fábricas produtoras de charuto situadas na região. O festival foi uma iniciativa do Sinditabaco.

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Lúcio Távora/Coperphoto/Sistema FIEB

Renovado benefício fiscal para corretivo agrícola


O poder do influenciador digital A cena digital ampliou o leque de possibilidades para divulgar produtos e fidelizar clientes

roberto abreu/coperphoto/sistema fieb

Por cleber borges

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á 13 anos no mercado, a empresa de cosméticos Amazun decidiu lançar uma nova linha profissional. Ao longo do seu desenvolvimento, fechou parceria com blogueiras baianas capazes de influenciar consumidores do segmento. “Levamos elas à fábrica para conhecer nosso processo produtivo, mostramos como é feito um shampoo, um creme e explicamos nossa intenção de lançar a linha nova”, conta a diretora da Amazun, Kelly Lima (leia na p. 18). No processo de criação da nova linha, as influencers foram testando as amostras e dando feedbacks sobre os novos produtos, auxiliando no seu desenvolvimento. Segundo Kelly Lima, o uso de influenciadoras digitais é uma tendência que veio para ficar. “Elas são hoje as principais formadoras de opinião em nosso segmento, um canal aberto entre a empresa e o consumidor final”, afirma. Ao propagar uma marca, in-

Gabriela Martinez tem mais de 100 mil seguidores nas redes sociais

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fluenciadores digitais usam o produto e o indicam aos seguidores, o que ajuda a ampliar mercados. “Com isso, passamos a receber demandas de fora da Bahia, de clientes que queriam saber como adquirir nossos produtos. O investimento necessário para ter essa parceria compensa”, avalia Kelly Lima. A estratégia dos departamentos de marketing das empresas, de utilizar influenciadores para vender produtos e serviços, é antiga. No passado, garotos-propaganda emprestavam voz e imagem para popularizar marcas. Este é um uso ainda comum – quem não assistiu às campanhas de duas empresas de carnes e derivados, feitas por um ator e uma apresentadora global? –, porém a revolução digital modificou profundamente o perfil do formador de opinião. CELEBRIDADES VIRTUAIS Hoje, as celebridades televisivas dividem espaço com as do mundo virtual – youtubers, instagrammers e outros influenciadores –, na glamorosa tarefa de divulgar marcas. Enquanto as celebridades “globais” costumam ser reconhecidas e tietadas nas ruas, os digital influencers podem até passar desapercebidos no universo físico, mas são ícones da comunicação no universo online. Boa parte dos grandes anunciantes brasileiros estão apostando forte em mídia online, abrindo um grande espaço para jovens de todas as tribos munidos de uma câmera e de uma boa ideia na cabeça. A internet deu voz e cara a jovens que viram celebridades instantâneas. Eles desenvolveram uma audiência cativa com a criação e veiculação de conteúdo próprio, tocando em assuntos sobre


30 %

Danilo Pestana cita pesquisa que aponta o crescente poder dos influenciadores

arquivo pessoal

em investimento. O primeiro desafio foi das pessoas levam mais em consideração a recomendação de um influenciador conquistar a confiandigital do que a de qualquer outra fonte ça do público. “Quem na hora de comprar um produto nos define como digital influencer é o público. Só Fonte: Danilo Pestana influenciamos de verdade as pessoas que confiam e se identificam com nosso perfil e opiniões. Com isso, trazemos credibilidade à os quais têm afinidade. Seus con- mensagem que as marcas querem teúdos são vistos e reproduzidos passar, seja por sermos especialistas em determinado tema, seja pepor milhares de internautas. Segundo Danilo Pestana, pla- lo interesse que despertamos, ou nejamento da agência de publici- mesmo pela simpatia”, afirma. Gabriela afirma que o macete é dade Morya, uma pesquisa recente divulgou que quase 1/3 das pes- sempre trazer informações úteis, soas levam mais em consideração variadas e de interesse dos seguia recomendação de um influencia- dores, com um toque de personalidor digital do que a de qualquer dade. “O retorno é geralmente pooutra fonte na hora de comprar um sitivo. Os haters (críticos) existem, produto. O que explica por que as mas são minoria”, explica. agências lançam mão do recurso. Mas, o que diferencia o garoto SEGMENTAÇÃO de propaganda tradicional do in- Paulatinamente, os jovens estão fluenciador digital? Para Pestana, migrando dos meios tradicionais é preciso diferenciar fama de in- de acesso à informação para as fluência. Uma pesquisa do Institu- mídias digitais. Quando se quer to Ipsos, com 2 mil brasileiros, re- atingir esse público, um bom cavelou que, das cinco celebridades minho é o uso dos influenciadores mais lembradas da TV, nem todas digitais. Foi o que levou o SENAI aparecem no top cinco de influên- Cimatec a desenvolver, em 2016, cia. Um influenciador digital pode uma campanha para mostrar a ser um garoto propaganda, mas estrutura da unidade, visando dinão necessariamente um garoto vulgar uma campanha de vestibupropaganda tem influência para lar. Os resultados foram positivos. Qual o segredo para que uma motivar a compra de um produto ou serviço. A explicação é que o in- marca se mantenha relevante fluencer geralmente é alguém com diante da revolução digital em autoridade sobre os assuntos de curso? A resposta não é simples, que trata e que possui seguidores. mas a capacidade de adaptação Gabriela Martinez, redatora pu- às mudanças de mercado e de atiblicitária, criou o blog Onde comer tudes é, sem dúvida, o primeiro em Salvador, com perfis no Face- passo. Outro aspecto é entender book e no Instagram, com mais de que um produto ou serviço nunca 100 mil seguidores. A ideia surgiu está pronto. Sua evolução é fundada afinidade com o mundo digital mental para acompanhar as transe do hábito de visitar restaurantes, formações de um mundo cada vez o que significou transformar gasto mais dinâmico e multifacetado. 

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Horizonte positivo para a indústria gráfica Consultor da ONU estima retomada de 10% a 12% para o segmento no próximo ano

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epois de registrar dois anos de queda, o setor gráfico deve apresentar recuperação de 10% a 12% em 2018. Esta é a avaliação do consultor da Organização das Nações Unidas (ONU) para a indústria gráfica da América Latina, Silvio Araújo Netto. Ele foi um dos palestrantes do XVI Seminário da Indústria Gráfica do Norte e Nordeste, realizado no auditório da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), que discutiu as perspectivas e desafios para o segmento industrial. O consultor apontou a necessidade de melhoria na gestão dos negócios nas áreas financeira, de produção e de mercado. “O empresário gráfico não tem uma vivência maior na área de gestão de produção, de melhora de proces-

sos. Por isso existem gargalos que precisam ser tratados”, pontuou. Um deles é relacionado ao processo produtivo. Silvio Araújo Netto observa que o tempo de acerto de máquina, que é o intervalo entre o término de um trabalho e o início de outro, ainda é lento. “Temos máquinas com velocidade excelente, porém o setup compromete a produtividade. Isso por falta de planejamento e treinamento. Esses pontos comprometem a rentabilidade do setor”, avalia o consultor. Segundo ele, um avanço que deve colaborar para reduzir o tempo de setup é a impressão digital. “A impressora digital comanda diretamente do computador para o papel. Este advento vai mudar profundamente o panorama de comunicação na mídia impressa,

“A impressora digital vai mudar o panorama de comunicação na mídia impressa, reduzindo custos e simplificando processos” Silvio Araújo Netto consultor da ONU para a indústria gráfica da América Latina

Angelo Pontes/Coperphoto/Sistema FIEB

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reduzindo custos e simplificando processos”, explica. Outras tendências para o setor foram apresentadas pelo consultor na área gráfica Hamilton Terni Costa, que falou sobre a necessidade de as gráficas incorporarem mais serviços, oferecendo algo além do produto impresso. Ele cita como exemplo uma empresa de São Paulo, voltada para a área de embalagens, que fornece um conjunto de serviços para o cliente, como logística e distribuição. “Além de fabricar, esta empresa distribui a embalagem do cliente em qualquer ponto do Brasil e tem também um sistema de previsão de demanda para os clientes”, conta, lembrando que este tipo de serviço será cada vez mais comum. “Ás vezes, os gráficos ficam preocupados essencialmente com aquilo que têm que produzir, mas é preciso começar a pensar em serviços que podem agregar aos materiais impressos”, alerta. ATUALIZAÇÃO Promovido pelo Sindicato das Indústrias Gráficas do Estado da Bahia (Sigeb), em parceria com o SENAI Cimatec e o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas da Bahia (Sebrae-BA), o evento encerrou o calendário de ações do Sigeb para 2017. “É uma oportunidade para que os empresários possam se atualizar sobre temas relevantes para o setor”, comentou o presidente do sindicato e vice-presidente da FIEB, Josair Bastos, na abertura do seminário, que também contou com a presença do gerente da área gráfica do SENAI, Sérgio Martins, do diretor técnico do Sebrae-BA, Franklin Santos, e do coordenador de Indústria do Sebrae, Tércio Calmon. 


Estudante do SESI vai representar o Brasil nos EUA em evento de iniciação à pesquisa Alunos da Escola Djalma Pessoa foram destaque em evento latino-americano de tecnologia, quando conquistaram vagas para feira científica internacional

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Programa de Iniciação Científica Júnior da Escola Djalma Pessoa, do SESI Bahia, conquistou um passaporte internacional na edição 2017 da Mostra Internacional de Ciências e Tecnologia (Mostratec), maior evento de iniciação científica internacional do país. A escola irá representar o Brasil na Intel-Isef 2018 - Feira Internacional de Ciências e Engenharia (International Science and Engineering Fair, na sigla em inglês), que acontecerá em Pittsburgh-Pensivâlnia, nos Estados Unidos, em maio de 2018. Este foi o principal resultado da participação da escola na Mostratec. O Programa de Iniciação Científica Júnior se qualificou dentre os quatro melhores nas áreas de Ciências Ambientais e Bioquímica e Química, concorrendo com 420 projetos de pesquisa de 20 países. A mostra internacional aconteceu em Novo Hamburgo (RS), no final do mês de outubro. Na linha de pesquisa Bioquímica e Química, o estudante Gabriel Negrão Morais conquistou o 2º lugar na classificação geral, além do Prêmio Destaque da Mostratec 2017, que o credenciou para representar o Brasil na Intel-Isef 2018, a maior feira de ciências pré-universitária do mundo. Ele também recebeu o Prêmio de Incentivo a Pesquisa em Ciência e Tecnologia Carlos Armando Koch, que garante passagens e hospedagem para participar da Intel-Isef. A feira é realizada desde 1950 e reúne os

betto jr/Coperphoto/Sistema FIEB

melhores projetos de 78 nações. Gabriel Negrão apresentou o “Estudo sobre a síntese orgânica assimétrica do álcool 1-feniletanol através de processos biocatalítico, utilizando-se casca de laranja (Citrus sinensis)”. Além de Negrão, também se destacaram na Mostratec 2017 os estudantes João Vitor Oliveira e Marcos Felipe Pereira com o projeto “Redução dos níveis do CO2 antrópico na atmosfera utilizando o metabolismo da microalga Dunaliella salina e aproveitamento de sua biomassa para produção de tensoativos”. O projeto conquistou o 4º lugar na categoria Ciências Ambientais e se credenciou para a Mocinn 2018 (Mostra de Ciência do Norte e Nordeste). O projeto desenvolvido por João Oliveira e Marcos Pereira também foi premiado este ano em 1º lugar no Desafio C02, evento científico nacional realizado pelo Instituto Akatu e Dow e também conquistou o 1º lugar no Encontro de Jovens Cientistas, promovido pela Universidade Federal da Bahia, de 21 a 24 de novembro.

João, Gabriel e Marcos: destaques na Mostratec 2017

JOVEM CIENTISTA No Encontro de Jovens Cientistas, o SESI conquistou todas as premiações na categoria ensino médio. Além do 1º lugar, ficou em 2º com o projeto Sexualidade e Currículo; em 3º lugar com o projeto PET’s em Horta & Teatro Científico e também recebeu menção honrosa com o projeto MOVIE & Quando elas se declaram mulher?.  Bahia Indústria 15


Setor de cosmético baiano se reinventa Retomada ocorre após dois anos de retração e uma leve retomada em 2017, que lança uma perspectiva positiva para o setor. Por Marta Erhardt

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Vitrine com produtos de indústrias baianas


ano de 2018 promete ser positivo para o setor de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos. Depois da queda nas vendas registrada em 2015 e 2016, entidades do setor têm boas perspectivas para o próximo ano. O Sindicato das Indústrias de Cosméticos e Perfumaria do Estado da Bahia (Sindcosmetic-BA) estima crescimento de até 3% em 2017, comparado ao ano anterior, e acredita que 2018 terá recuperação ainda maior. “Será um ano de crescimento tanto para a indústria de cosméticos, quanto para a indústria em geral. A empresa que estiver mais preparada vai aproveitar este momento”, avalia o presidente do sindicato, Raul Menezes. Já na visão da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), “existe boa perspectiva para as vendas em datas sazonais, mas ainda há incertezas quanto ao risco de impactos das turbulências políticas na confiança do consumidor”, destaca

seu presidente executivo, João Carlos Basílio. Ele enumera alguns fatores que contribuíram para a retração de 201516. “Nos dois últimos anos, o setor brasileiro de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos sofreu com a alta indiscriminada de tributos e com a recessão econômica. Além da queda no consumo, também houve elevação de carga tributária das empresas. Um exemplo é a mudança na cobrança de PIS/Cofins, que passou a incidir também sobre as distribuidoras, além de elevação de impostos estaduais sobre vários produtos”, pontuou. Apesar deste cenário, dados da Abihpec mostram a relevância do setor: o Brasil é o 4º maior mercado consumidor do mundo de produtos de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos, atrás dos Estados Unidos, China e Japão, com 19,1%, 11,3% e 8,3% do consumo mundial, respectivamente. O país também é o 2º maior consumidor de desodorantes, perfumes, produtos masculinos, protetor solar e depilatórios. O 3º em artigos infantis; o 4º em itens para banho, cabelo e higiene oral; e o 5º em maquiagem. Lúcio Távora/Coperphoto/Sistema FIEB

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O Boticário/divulgação

Tudo isso mostra como os artigos do setor são considerados essenciais. “O consumidor é fiel aos produtos de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos, por compreender a sua essencialidade em seu dia a dia, ou seja, as pessoas não vão deixar de cuidar da sua higiene e bem-estar”, avalia Basílio. Mas a crise levou o consumidor a mudar alguns hábitos, migrando, por exemplo, para produtos de menor valor agregado. Outra mudança foi em relação às idas ao salão de beleza. “Com a crise econômica, desde 2014, as consumidoras passaram a racionalizar esse tipo de gasto. A indústria, percebendo essa retração, vem aumentando a oferta de produtos profissionais ou ‘tipo salão de beleza’ para aproveitar essa demanda reprimida”, explica o gerente de contas da Kantar Worldpanel, empresa de pesquisa de mercado, Guilherme Machado. De olho nesta demanda, a empresa baiana Amazun lançou em 2017 a nova linha profissional Make Your Beuty (MYB). Há 13 anos no mercado, a microempresa atuava com preços mais competitivos, mas investiu em produtos de qualidade superior. “Identificamos que havia oportunidade no mercado para esta linha com maior valor agregado, com ativos de última geração, para atender a um público disposto a gastar um pouco mais para adquirir o produto”, conta a diretora da empresa, Kelly Lima. O caminho seguido pela Amazun é a alternativa para as indústrias de pequeno porte, na avaliação do presidente do Sindcosmetic-BA, Raul Menezes. “Se a indústria pequena focar no consumidor que busca preço, já sai em desvantagem. Oferecer produtos com mais qualidade e maior performance, mesmo que o preço seja mais elevado, é a única saída”, destaca. Menezes avalia que o momento atual da indústria baiana de cosmético é de reinvenção. “Antes, a pre-

Fábrica do Grupo O Boticário foi inaugurada na Bahia em 2014

Amazun investe em nova linha e e-commerce Além de lançar uma nova linha de produtos, a Amazun também investiu no e-commerce. Em novembro deste ano, entrou no ar o portal de vendas da empresa, desenvolvido em parceria com o Sebrae, através do Sebraetec. A expectativa é incrementar as vendas entre 5% e 10% até o final do primeiro semestre de 2018. “Vamos atender consumidores de outros estados que querem adquirir os nossos produtos, especialmente daqueles estados onde ainda não temos distribuidores”, conta a diretora da empresa, Kelly Lima. Ela explica que a demanda de consumidores de fora da Bahia foi percebida através das redes sociais, um canal de comunicação utilizado pela empresa para divulgar a marca no mercado.

Lúcio Távora/Coperphoto/Sistema FIEB

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ocupação era produzir muito e vender mais barato. Mas quem foi por este caminho está em dificuldade. Agora, as empresas estão focando em mercados específicos, procurando uma especialidade cosmética para oferecer ao público”, ressalta, sinalizando que os empresários também se preocuparam com inovação e investiram qualidade de produtos e embalagem.

Rafael Mamede e Nayana Pedreira, da empresa Acqua Aroma

internacionalização Na Bahia, o setor movimenta anualmente cerca de R$ 300 milhões, segundo estimativa do sindicato. A maior parte da produção é consumida aqui no estado, mas algumas empresas já estão de olho no mercado internacional. Uma delas é a Acqua Aroma, que iniciou operação nos Estados Unidos neste ano, com a abertura de uma distribuidora em Orlando, na Flórida. “Nossa expectativa é fechar o ano com mais de 500 pontos de venda no território americano”, revela a diretora administrativa Nayana Pedreira. Durante um ano, a empresa fez estudo de mercado, verificando as marcas e produtos de maior aceitação para definir o mix de exportação. Algumas fragrâncias também foram adaptadas para atender às preferências do consumidor americano. “Mesmo com planejamento, na prática, estamos aprendendo muito sobre hábitos e continuamos a fazer adaptações para melhor atender às necessidades daquele mercado”, conta. Para internacionalizar, a empresa contou com o apoio do Centro Internacional de Negócios (CIN) da

divulgação

Acqua Aroma busca expansão Com quatro lojas físicas em operação em Salvador e Região Metropolitana, a Acqua Aroma apresenta crescimento de 35% em 2017, frente ao ano de 2016. Além das lojas próprias, a empresa lançou o e-commerce no final do ano passado e, atualmente, está investindo no sistema de franquias. A primeira loja fora da Bahia será inaugurada no final deste ano em São Caetano do Sul, São Paulo. “Em nosso plano de expansão, pretendemos abrir 70 franquias Acqua Aroma nos próximos cinco anos e esse sem dúvida é o nosso maior desafio”, revela a diretora administrativa Nayana Pedreira. Os produtos Acqua Aroma também são vendidos em mais de mil pontos de venda multimarcas em todo o Brasil. A Acqua Aroma é um braço da Aromarketing, empresa de marketing olfativo que desenvolve fragrâncias exclusivas para marcas nacionais.

Amávia investe em franquias Além de investir em lojas próprias em shoppings da capital baiana, os sócios Emerson Ferreira e Carlos Nunes também estão estruturando um novo modelo de negócios, com franquias. “Acreditamos que 2018 será um ano melhor. Se todos os investimentos derem o retorno esperado, podemos crescer até 30%”, acredita Ferreira. A empresa entrou em operação em 2012, com uma linha de 20 itens direcionados aos cuidados dos cabelos, com produtos premium. “Focamos no público que busca um produto melhor, que dê resultado de tratamento para o fio de cabelo e que tenha um diferencial. É preciso entregar qualidade e benefício. Sem isso, você não permanece no mercado”, relata o sócio Emerson Ferreira. Atualmente, o portfólio conta com 120 itens, incluindo coloração, pó descolorante, linha de alisamento, tratamento de selagem gradativa. As vendas começaram no Rio de Janeiro e hoje o principal mercado é o baiano. A empresa também está presente em outros estados do Norte e Nordeste, como Pará, Maranhão, Ceará, Pernambuco e Paraíba. Lúcio Távora/Coperphoto/Sistema FIEB

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Avatim comemora 15 anos Situada em Ilhéus, a Avatim conta com mais de 120 lojas em 24 estados, 210 colaboradores diretos, além de mil revendedores porta a porta. A empresa, que comemora 15 anos em 2017, inicialmente focou no ramo do marketing olfativo, produzindo perfumes para ambientes e desenvolvendo fragrâncias exclusivas para lojas como Água de Coco e Ellus do Brasil, além do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. “Comemorar 15 anos de Avatim é como debutar. É o momento de celebração da passagem para uma nova etapa em que o propósito da marca e o compromisso com parceiros e consumidores se fortalece”, pontua a empresária Mônica Burgos. Atualmente o portfólio conta com mais de 450 produtos. Um deles é o perfume Gigi, que ganhou o troféu Atualidade Cosmética de melhor perfume feminino da América Latina em 2017. A empresa já cresceu 36% neste ano e almeja incremento de 40% para 2018. O mercado externo também está no foco da Avatim, que já começou a expandir para Espanha.

angelo pontes/Coperphoto/Sistema FIEB

em shoppings da capital baiana e também na ampliação da planta para fabricação de tintura capilar.

“Será um ano de crescimento para a indústria de cosméticos. A empresa que estiver mais preparada vai aproveitar este momento” Raul Menezes presidente Sindcosmetic

FIEB e a parceria da Apex Brasil. A internacionalização também está nos planos da Amávia. Depois de participarem como expositores da feira Expocosmética, na cidade do Porto, em Portugal, os diretores da empresa baiana fizeram pesquisa de mercado e abriram, com um sócio português, uma empresa de distribuição dos produtos Amávia em Portugal. “Estamos em processo de legalização dos produtos para iniciar a exportação”, detalha o sócio Emerson Ferreira. Para 2017, ele projeta crescimento de 10%, em comparação ao ano de 2016, resultado de investimentos em lojas próprias localizadas divulgação

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EMPREGOS A indústria baiana de cosméticos ocupa a 6ª posição no ranking nacional e a 1ª colocação no Nordeste quanto ao número de empregos e à quantidade de empresas instaladas. São 83 indústrias, a maior parte de micro e pequeno portes, que empregam mais de 1.400 trabalhadores, segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego (2015). Mais de 750 empregos diretos foram gerados com a chegada do Grupo O Boticário, presente no estado desde 2014, quando inaugurou uma fábrica de cosméticos e perfumes em Camaçari e um centro de distribuição em São Gonçalo dos Campos, com investimentos de R$ 732 milhões. A localização estratégica foi um dos fatores para a escolha da Bahia, segundo o gerente industrial da fábrica de Camaçari, Leandro Balena. “Com a fábrica em Camaçari, foi possível melhorar a vazão logística e agilizar o atendimento aos consumidores da região. Atualmente, as regiões Norte e Nordeste representam, juntas, 37,3% do consumo do mercado de cosméticos do Brasil e 47,6% do mercado de perfumaria”, explica. Em 2017, a fábrica de Camaçari completou três anos de operação, com mais de 125 milhões de frascos de perfume e quase 75 milhões de potes de cremes envasados. E ainda há condições de crescer. “A planta foi projetada para produzir até 150 milhões de itens/ano e expandir sua capacidade sem a necessidade de novos investimentos em obras e edificações”, destaca Balena. 


conselhos angelo pontes/ Coperphoto/Sistema FIEB

Sucessão familiar na pauta do CJLI Visando capacitar jovens para a sucessão familiar em empresas, o Conselho de Jovens Lideranças da Indústria, em parceria com a Câmara Portuguesa de Comércio da Bahia e a Fecomércio, realizou, em novembro, um Talk Show sobre o tema. No evento, cases de sucesso foram apresentados por Thiago Andrade, diretor da Petrobahia, e Claudio Carvalho, presidente da Morya Comunicação. “Esta iniciativa contempla um pilar estratégico do CJLI, que é o de preparar sucessores de indústrias baianas. Porém, as discussões foram muito ricas e o evento superou nossas expectativas”, contou Braulio Barreto, coordenador do Conselho.

Mudanças disruptivas movimentam cenário industrial O homem levou milênios para avançar do estágio de caçador para o de agricultor; levou centenas de anos para avançar da produção artesanal para a industrial. Mas, bastaram pouco mais de 30 anos, desde a introdução da internet, para que a evolução do conhecimento e o surgimento de inovações na área industrial tomassem uma nova dinâmica, avaliou Luciano Coutinho, executivo da Dow, no Fórum Técnico Desenvolvimento Sustentável: Desafios da Gestão e da Indústria Disruptiva, que aconteceu em novembro, na FIEB. O executivo citou a aposta no uso de dados da internet em novos negócios por grandes empresas, como Uber e AirBNB. Já Herman Lepikson, pesquisador do SENAI Cimatec, afirmou que as novas tecnologias estão revolucionando os modelos de negócios. Segundo observou, nas manufaturas avançadas, 30% dos empregos atuais não existiam há dez anos. A gerente de Meio Ambiente e Responsabilidade Social da FIEB, Arlinda Coelho, lembrou que em um cenário marcado por mudanças disruptivas, é imperativo atentar para a questão da sustentabilidade: atenção às oportunidades; aos requisitos legais; buscar formas de integração com as partes interessadas no negócio; e agregar valor à marca. O evento foi realizado pelo Conselho de Responsabilidade Social da FIEB, coordenado por Marcone Andraos.

Investimentos em Portugal

Evento reuniu especialistas no auditório da FIEB

O programa de incentivos Portugal 2020 foi apresentado a jovens empresários em palestra realizada na FIEB, em novembro, numa iniciativa do Conselho de Comércio Exterior (Comex), em parceria com o Conselho de Jovens Lideranças da Indústria e a Câmara Portuguesa de Comércio da Bahia. O programa dispõe de cinco Fundos Europeus Estruturais e de Investimento até 2020, no valor de € 25 bilhões de euros. De acordo com Alexandre Jaleco, CEO da Warmhole - Partner Globalseven, empresa que dá consultoria a interessados em se submeter aos apoios financeiros da UE, é mais fácil uma empresa sediada em Portugal exportar para a Itália e a Polônia, por exemplo, do que vender um produto da Bahia para São Paulo, dadas a burocracia a os impostos exigidos no Brasil.

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Marcelo Camargo / Agência Brasil

Empresas ingressam numa nova era com o eSocial Sistema passa a ser obrigatório a partir de janeiro de 2018 e exigirá que as empresas adaptem seus processos de gestão Por patrícia moreira

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diada a entrada em vigor em pelo menos duas ocasiões, a implantação do Sistema de Escrituração Digital das Obrigações Fiscais, Previdenciárias e Trabalhistas, mais conhecido como eSocial, agora será para valer. O cronograma de implantação, que ocorrerá em cinco fases a partir do primeiro semestre de 2018, foi anunciado no final do mês de novembro pelo Governo Federal. Em um primeiro momento, as empresas com faturamento superior a R$ 78 milhões anuais passam a ser obrigadas a utilizar o programa a partir de 8 de janeiro de 2018. Esse grupo representa 13.707 empresas e cerca de 15 milhões de trabalhadores, o que equivale a aproximadamente um terço do total de trabalhadores do país.


O QUE É Plataforma digital em que haverá o registro contínuo do que acontece com o trabalhador – desde sua admissão até seu desligamento. Determina a integração de informações de diversas áreas – em especial da Segurança e Saúde no Trabalho, da Folha e dos Recursos Humanos

foi lançada pelo Governo Federal. “Temos o compromisso de prover soluções completas em Segurança e Saúde no Trabalho (SST) para a indústria”, frisa Maria Fernanda Faiçal, engenheira de segurança e gerente de Negócio no SESI Bahia.

A implantação em cinco fases também será adotada para as demais empresas de capital privado, incluindo micros e pequenas empresas e MEIs que possuam empregados. Para estes, o eSocial torna-se obrigatório a partir de 16 de julho do ano que vem. Já para os órgãos públicos, a obrigatoriedade será a partir de 14 de janeiro de 2019. Quando estiver consolidado na sua implantação, o eSocial reunirá informações de mais de 44 milhões de trabalhadores do setor público e privado do país em um único sistema. Com o papel de oferecer informações e soluções qualificadas para a indústria, o Serviço Social da Indústria (SESI) vem fazendo o seu dever de casa desde que a proposta de mudanças dos procedimentos

orientação Somente em 2017, o SESI realizou mais de seis eventos, na capital e no interior, levando especialistas para orientar as indústrias para o novo cenário com relação às obrigações fiscais, previdenciárias e trabalhistas. Apesar disso, Maria Fernanda explica que ainda há muito a ser feito. “Ainda há um caminho a percorrer e será necessário que as indústrias adotem vários aperfeiçoamentos para a implantação completa do eSocial, pela abrangência e impacto que ele representa nos processos da empresa”, reforça a engenheira. Maria Fernanda Lins esclarece que o eSocial não traz nenhuma mudança de legislação, porém requer um melhor gerenciamento das informações pelas empresas. Neste sentido, o SESI disponibiliza uma consultoria para ajudar as organizações no atendimento ao programa nas questões de SST, bem como fez adaptações no seu portfólio para estar afinado com as novas diretrizes. Para o gerente de Saúde e Segu-

rança na Indústria do SESI Bahia, Amélio Miranda, o eSocial deve ser visto como oportunidade e não como entrave. “É uma oportunidade para as empresas reverem seus processos e se ajustarem às exigências em SST, proporcionando um ambiente de trabalho produtivo, seguro e saudável. O eSocial deve ser visto como investimento para que as empresas evitem problemas judiciais no futuro, servindo como evidência no cumprimento das obrigações legais”, acrescenta. As empresas que descumprirem o envio de informações por meio do eSocial estarão sujeitas à aplicação de penalidades e multa. Do ponto de vista da administração pública, o programa amplia a capacidade de fiscalização do Estado. Para conhecer melhor o programa, a Confederação Nacional da Indústria, o SESI e o IEL elaboraram uma cartilha que está disponível para consulta no Portal da Indústria. A cartilha detalha as obrigações que poderão ser substituídas pelo novo sistema, a qualificação cadastral exigida, como funciona e os pontos que as empresas devem ficar atentas em relação ao eSocial. O documento também contextualiza os principais desafios que as empresas terão pela frente e dá dicas de como fazer a adaptação para o novo sistema. 

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De olho nos mercados estrangeiros Investimento em ações para a internacionalização de produtos brasileiros gera negócios imediatos e futuros Por Carolina mendonça

C Encontro com traders estrangeiros realizado na FIEB

onhecer mercados de consumo de outros países e preparar-se para exportar contribui para a melhoria dos produtos e processos e aumenta a competitividade das empresas. É o que o Centro Internacional de Negócios (CIN) da FIEB constata a cada participação de empresários em missões, rodadas de negócios e outros eventos de promoção comercial. Além de resultar em vendas, estas ações ajudam a se adaptar às “intempéries”, principalmente em tempos de incerteza no cenário nacional. “Participar destas ações faz com que o empresário profissionalize mais o seu negócio, passando a ter maior abrangência de atuação, o que amplia as possibilidades de sucesso”, afirma a gerente do CIN, Patrícia Orrico. Os números confirmam a avaliação de Patrícia. De agosto e dezembro, as atividades promovidas pelo CIN e parceiros geraram U$ 6,3 milhões em negócios já concretizados e quase U$ 30 milhões em vendas para os próximos 12 meses (ver quadro na página ao lado). Mas a experiência vai além do que se pode contabilizar. Para Bráulio Barreto, proprietário da marca de pipocas gourmet Las Palomitas, que participou do

Encontro Internacional de Negócios (Projeto Comprador), em novembro, estar com compradores e traders internacionais foi uma oportunidade de aprendizado. “Aqui, numa manhã, ainda que não feche negócio, você recebe muita informação valiosa, passando a conhecer mercados, a realidade daquele país. Você fica sabendo o que precisa fazer para adequar o produto àquele mercado”, definiu. Este foi o segundo encontro do ano realizado pela rede de parceiros (CNI – Confederação Nacional da Indústria, Rede CIN – Rede Brasileira de Centros Internacionais de Negócios e APEX Brasil - Agencia Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) com o objetivo de estimular a internacionalização de empresas. O primeiro foi a Rodada de Negócios Brasil Trade, que aconteceu em agosto, na Federação, e gerou mais de US$ 3 milhões em vendas. “Tivemos (no Encontro Internacional) compradores da Espanha, Suriname, Equador, Guatemala, Costa Rica, Guianas e Colômbia. Eles foram selecionados a partir de indicações das empresas dos segmentos escolhidos e também dos sindicatos filiados à Federação”, conta a analista de Comércio Exterior da FIEB, Lila Ribeiro. Ruben Mantilla, trader da distribuidora de produtos Fhalconfood, do Equador, viu no evento a chance de concretizar boas compras para o seu país. “Já estivemos no Brasil, em 2016, participando deste tipo de evento. Nossa expectativa é conhecer novos produtos para introduzir no mercado equatoriano”, disse. SUPORTE A fabricante de granola e biscoitos Tia Sônia, de Vitória da Conquista, – que ficou em 6º lugar do ranking no Nordeste e o 59º no Brasil na12a. edição da pesquisa As Pequenas e Médias Empresas Que Mais Crescem, realizada pela consultoria Deloitte em parceria com EXAME – também aposta em ações de promoção

Betto Jr./Coperphoto/Sistema FIEB

24 Bahia Indústria


Ações do CIN Rodada Brasil Trade Participação de 25 empresas da Bahia, 5 Tradings e 3 compradores internacionais

Estimativa de negócios para os próximos 12 meses

Betto Jr./Coperphoto/Sistema FIEB

3,5

u$ milhões

Encontro Internacional de Negócios (Projeto Comprador) Participaram 20 empresas baianas e traders, e compradores do Equador, Guatemala, Guiana, Costa Rica, Panamá, Angola e Espanha

5

u$ milhões

FIHAV/Cuba A ação contou com 20 empresas e 32 participantes do Brasil; não houve participantes da Bahia

8,3

u$ milhões

Salon du Chocolat Paris, França Participaram da missão 33 empresas, das quais 16 baianas. A ação já gerou U$ 6,3 milhões em negócios

u$

12,6 milhões

Produtos baianos têm mais chances no exterior participando de rodadas

comercial voltadas para a internacionalização. Representantes da empresa estiveram na Rodada Brasil Trade, realizada, em agosto, na FIEB, e que teve como objetivo promover a cultura exportadora nas empresas. “Para a Tia Sônia foi de extrema importância a participação, pois foi nosso primeiro contato, desde o momento em que decidimos iniciar o Projeto de Exportação. Pudemos observar as diferenças entre as culturas e as tendências de cada país”, conta Tatiane Moraes, responsável pela área de Exportação. Na visão de Rogério Kamei, proprietário da Mestiço Chocolates, que esteve presente no Salon du Chocolat, na França, o suporte da equipe do CIN fez diferença na prospecção de parceiros comerciais. “Desde a organização do stand até a articulação com os traders para as rodadas de negócios, o apoio de pessoas especializadas na área foi fundamental para criar oportunidades”, disse. O CIN ainda vem atuando em visitas, como a da delegação de embaixadores e cônsules europeus, realizada em outubro, para os quais foi organizada uma agenda de encontro com empresários baianos, além de palestra sobre as possibilidades de cooperação econômica e investimentos. Bahia Indústria 25


Negócios entre empresas Lançado em novembro, portal busca aproximar compradores e fornecedores

U » QUALIFICAR Com o Programa de Qualificação de Fornecedores (PQF), o IEL qualifica micro, pequenas e médias empresas baianas, auxiliando na implantação de práticas de excelência. Neste ano, 14 empresas participantes do PQF foram certificadas.

m ambiente virtual voltado para o setor industrial, onde é possível identificar clientes e fornecedores. Assim é o Portal de Negócios da Indústria (www.portaldenegociosbahia. com.br), iniciativa da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), em parceria com o IEL, desenvolvida para aproximar compradores e fornecedores. Na nova plataforma é possível anunciar o produto ou serviço que se deseja comprar ou contratar. Os usuários também podem localizar fornecedores no estado, entrar em contato, solicitar orçamento, cadastrar cotações e se informar sobre eventos de negócios realizados pelo IEL e entidades parceiras. Além disso, o portal também dará visibilidade para as empresas baianas. Mais de 80 empresas estão cadastradas no Portal de Negócios da Indústria. O perfil delas conta

com portfólio, serviços ofertados e também as demandas para fornecimento. “A ideia é que as empresas se conectem com mais agilidade”, destaca a gerente de Desenvolvimento Empresarial do IEL, Fabiana Carvalho, ressaltando que o portal atende a uma demanda de empresários. ENCONTRO O portal foi lançado em novembro no VII Encontro de Compradores e Fornecedores, que contou com rodada de negócios envolvendo 73 empresas e tem expectativa de movimentação de mais de R$ 15 milhões em negócios futuros. O encontro foi Promovido pelo IEL, em parceria com o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas da Bahia (Sebrae-BA). O superintendente do IEL, Evandro Mazo, alertou que as empresas precisam estar atentas aos desafios que a digitalização dos Lúcio Távora / Coperphoto / Sistema FIEB

Fabiana Carvalho, do IEL, apresenta a nova ferramenta 26 Bahia Indústria

modelos de negócios apresenta. “A tendência é que o fornecedor entregue cada vez mais valor e mais serviços. Para isso, a competitividade e a busca pela eficiência são fundamentais”, destacou. Já o diretor técnico do Sebrae, Franklin Santos, falou sobre a importância do encontro para a aproximação comercial. “Estamos felizes por apoiar ações como esta, que viabilizam o contato entre empresários, promovendo a aproximação comercial”, disse, reforçando a necessidade de as micro e pequenas empresas se adequarem aos pré-requisitos das grandes corporações instaladas no estado. INOVAÇÃO A programação do evento também incluiu palestra sobre inovação e competitividade, com o consultor Cláudio Forner, especialista em varejo internacional e empreendedorismo. Segundo ele, o Brasil passa por uma crise de envelhecimento dos modelos de negócios que implica na queda da competitividade. Ele destacou que as empresas precisam modernizar seus processos, com foco nas tendências de mercado. “É preciso estar atento às oportunidades, ter flexibilidade e estar aberto para as mudanças”, aconselhou. O encontro também contou com experiências de sucesso na área de suprimentos, apresentadas pelo diretor de Suprimentos do Grupo Boticário, Fábio Miguel, e pelo diretor da planta da Faurecia na Bahia, Leandro Perroni. 


TheoPrax garante formação diferenciada para o mercado Metodologia adotada nos cursos técnicos do SENAI Bahia está entre as 10 melhores práticas do Sistema Indústria

A

metodologia alemã TheoPrax, adotada pelo SENAI Bahia há 11 anos, foi escolhida uma das 10 práticas do Sistema Indústria. A seleção, feita por consultores e dirigentes do SENAI Nacional, analisou mais de 800 práticas enviadas, considerando suas contribuições para os desafios do plano estratégico integrado SESI/SENAI/IEL. Pelo método, que alia teoria e prática e é aplicado para todos os estudantes dos cursos técnicos do SENAI Bahia, o aluno precisa desenvolver soluções criativas para produtos ou processos da indústria. Com isso, ele aprende a desenvolver projetos, de forma estruturada, no mundo real. “Soluções que, muitas vezes, são inviáveis para as indústrias, principalmente as micro e pequenas, tornam-se possíveis, por meio do TheoPrax. A metodologia permite a execução de projetos muito baratos, que geram impacto nas empresas”, afirma o gerente do SENAI Bahia, Luís Breda Mascarenhas. A qualidade dos projetos vem aumentando e já tem o reconhecimento dos criadores do método. Em novembro, o coordenador do TheoPrax no SENAI-BA, Augusto Araújo, e a técnica em Automação Industrial, Joilma Batista, formada pelo SENAI Cetind, em Lauro de Freitas, estiveram na sede do Instituto Fraunhofer de Química (Fraunhofer ICT), na Alemanha, para receber o Prêmio TheoPrax Internacional 2017, um feito inédito no Brasil. O projeto Medição Assertiva da Vazão do Processo do Refino Eletrolítico do Cobre, elaborado para a empresa Paranapanema S.A., levou o segundo lugar. “Foi muito importante para nós, é o indicativo de que estamos no caminho certo” diz Araújo. O “pai” e a “mãe” da metodologia, os representantes do Instituto Fraunhofer, Peter Eyerer e Doerthe Krause, também estiveram em Salvador para uma semana de imersão durante ações de planejamento e escolha de projetos com as equipes do SENAI Bahia. “Para nós, é fantástico ver como Theoprax se desenvolveu na Bahia e, agora, começa a ser disseminado em outras partes do Brasil. É um exemplo para a Alemanha”, disse Peter Eyerer.

Ângelo Pontes/Coperphoto/Sistema FIEB

Eyerer e Doerthe participaram ainda da premiação anual que escolhe três entre os 20 melhores projetos dos alunos baianos, selecionados nas dez unidades do SENAI no estado. Eles se surpreenderam com a variedade de trabalhos, que revelaram soluções inovadores, de impacto na indústria e na sociedade. “Como o nível de todos os projetos finalistas é alto, a disputa é acirrada, fica difícil escolher”, orgulha-se Mascarenhas. Os trabalhos apresentados pelos estudantes, entre os quais uma tabela periódica interativa, uma mão mecânica feita em impressora 3D e uma máquina descascadora de amêndoa de cacau 60% mais barata que as disponíveis no mercado, têm critérios exigentes de avaliação, como caráter inovador e viabilidade econômica. Conheça e solicite projetos no portal http://www.fieb.org.br/senai. 

Equipe vencedora do Prêmio Theoprax posa com a "mãe" da metodologia, Doerthe Krause (dir.)

“Soluções que, muitas vezes, são inviáveis para as indústrias, principalmente as micro e pequenas, tornam-se possíveis por meio do método TheoPrax” Luís Breda Mascarenhas, diretor regional do SENAI Bahia Bahia Indústria  27


indicadores

Números da Indústria

Produção cai, mas o tombo é menor Queda na produção física alcançou 3,8% em 12 meses até setembro

A

indústria de transformação da Bahia apresentou queda de 3,8% da produção física no acumulado de 12 meses até setembro de 2017 (uma evolução, comparando-se com o resultado negativo de 4,7% do mês anterior), ocupando a penúltima posição no ranking dos 14 estados que participam da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física, à frente somente do Pará. Além da Bahia, registraram resultados negativos os seguintes estados: Pará (-4,8%), Minas Gerais (-1,3%), Goiás (-0,6%), Mato Grosso (-0,3%) e Pernambuco (-0,1%). Os estados que apresentaram crescimento foram: Paraná (4,6%), Santa Catarina (2,5%), Amazonas (2,3%), Rio de Janeiro (1,7%), Espírito Santo (1,4%), São Paulo (0,9%), Ceará (0,5%) e Rio Grande do Sul (0,4%). Na média, a indústria de transformação nacional apresentou ligeira queda de 0,2% no período em análise. Em relação à indústria de transformação baiana, cinco dos 11 segmentos analisados apresentaram crescimento em termos anualizados: Veículos automotores (19,5;Couro e Calçados (10,7%); Borracha e Plástico (3,2%); Celulose e Papel (2,5%) e Alimentos (1,2%). Por outro lado, os seis segmentos restantes reduziram a produção: Equipamentos de Informática (-49,7%); Metalurgia (-27,4%, em virtude de uma parada para manutenção da Paranapanema iniciada no fim de março); Refino de petróleo e biocombustíveis, setor que representa 29,0% do VTI da indústria de transformação (-10,8%, devido a uma parada programada nos meses de janeiro e fevereiro, nas unidades U-09 e U-18 da RLAM, além do crescimento da concorrência dos combustíveis importados); Minerais não metálicos (-4,1%); Bebidas (-3,8%) e Produtos Químicos (-1,9%). No acumulado do ano até setembro de 2017, a produção física da indústria de transformação baiana apresentou retração de 3,0% (ante -3,9% no mês passado), enquanto a indústria nacional contabilizou

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bahia: pim-pf de setembro 2017

Variação (%)

Setores set17/set16 Jan-set17/ out16-set17/ Jan-set16 out15-set16

Indústria de Transformação Refino de petróleo e biocombustíveis Produtos químicos Veículos automotores Alimentos Celulose e papel Borracha e plástico Metalurgia Couro e Calçados Minerais não metálicos Equipamentos de Informática Bebidas Extrativa Mineral

4,2 -3,0 -3,8 2,8 -7,8 -10,8 -7,2 -1,4 -1,9 30,6 19,2 19,5 2,6 1,4 1,2 -4,8 0,6 2,5 8,9 6,0 3,2 19,7 -30,5 -27,4 -5,6 9,3 10,7 -5,2 -0,5 -4,1 -73,1 -67,8 -49,7 10,7 -2,7 -3,8 14,0 -2,5 -9,8

Fonte: IBGE; Elaboração FIEB/SDI

BAHIA - PRODUÇÃO FÍSICA DA INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO (2015-2017) 115 110 105 100 2015

2017

95 90 85

2016

80 75

FONTE: IBGE; Elaboração FIEB/SDI. NOTA: Exclusive a EXTRATIVA IndústriaMINERAL; Extrativa Mineral; BASE = 100 (Média 2012) FONTE: IBGE; ELABORAÇÃO FIEB/SDI. NOTA: EXCLUSIVE A INDÚSTRIA BASE = 100 (MÉDIA 2012)

crescimento de 0,9%. Seis segmentos industriais da Bahia apresentaram queda: Equipamentos de Informática (-67,8%); Metalurgia (-30,5%, menor fabricação de barras, perfis e vergalhões de cobre e de ligas de cobre); Refino de Petróleo e Biocombustíveis (-7,8%, redução na produção de óleo diesel, naftas para petroquímica e óleos combustíveis); Bebidas (-2,7%); Produtos Químicos (-1,4%) e Minerais não Metálicos (-0,5%). Por outro lado, cinco segmentos apresentaram crescimento: Veículos Automotores (19,2%, aumento na produção de automóveis); Couro e Calçados (9,3%); Borracha e

Plástico (6,0%); Alimentos (1,4%) e Celulose e Papel (0,6%). ALTA EM SETEMBRO Na comparação de setembro de 2017 com igual mês do ano anterior, a produção física da indústria de transformação baiana cresceu 4,2%, enquanto a indústria nacional registrou alta de 2,7%. Seis segmentos apresentaram incremento: Veículos Automotores (30,6%, maior produção de automóveis e painéis para instrumentos dos veículos automotores); Metalurgia (19,7%, num possível sinal de recuperação); Bebidas (10,7%); Borracha e Plástico

DEZ

NOV

OUT

SET

AGO

JUL

JUN

MAI

ABR

MAR

FEV

JAN

70

(8,9%, crescimento da produção pneus novos usados em automóveis, ônibus e caminhões e filmes de material plástico para embalagem); Refino de petróleo e biocombustíveis (2,8%, maior produção de gasolina automotiva e óleo diesel) e Alimentos (2,6%). Em sentido contrário, cinco segmentos registraram queda: Equipamentos de Informática (-73,1%, menor produção de gravador ou reprodutor de sinais de áudio e vídeo (DVDs)); Produtos Químicos (-7,2%); Couro e Calçados (-5,6%, menor produção de calçados de material sintético e de couro femininos); Minerais não metálicos (-5,2%) e Celulose e Papel (-4,8%). A indústria baiana registra sinais de lenta recuperação de sua produção no ranking nacional anualizado. A produção industrial local tem sido bastante impactada pelos resultados do setor de refino, já que detém 29% do VTI da indústria; e o de Metalurgia (4,3% do VTI). Ambos têm registrado expressivas quedas na produção. A indústria nacional vem se recuperando a passos mais céleres e a expectativa é positiva para o fechamento de 2017. O aspecto político vem dificultando a retomada efetiva da economia brasileira e, especialmente, o cumprimento de toda uma agenda de competitividade e reformas estruturais até então previstas. De acordo com as informações do Banco Central (relatório Focus, 03 de novembro), as perspectivas para 2017 são: (i) inflação (IPCA) de 3,08%; (ii) crescimento de 2,0% na produção industrial; (iii) queda da taxa Selic para 7,00% no final do ano; e (iv) crescimento de 0,73% no PIB brasileiro.  Bahia Indústria 29


painel betto jr./Coperphoto/Sistema FIEB

Investimentos para o Nordeste

Roadshow divulgou instrumentos de fomento produtivo

Com o objetivo de divulgar incentivos fiscais, linhas de financiamento e outros instrumentos de fomento ao setor produtivo, a Sudene e Associação Nordeste Forte (que reúne as federações das indústrias do Nordeste) realizaram, em novembro, o Roadshow “Investimento e Desenvolvimento do Nordeste”. O evento, que aconteceu na FIEB, contou com a presença do vice-governador da Bahia, João Leão, e de dirigentes da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), Sebrae, Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Banco do Nordeste do Brasil (BNB), Confederação nacional da Indústria (CNI), Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte, Desenbahia e Frente Parlamentar da Indústria da Alba.

Licenciamento Ambiental Com o objetivo de disseminar informações sobre as etapas do Licenciamento Ambiental na Bahia, a FIEB - por meio da sua gerência de Meio Ambiente e Responsabilidade Social (Gmars) – promoveu um workshop, em outubro. No evento, especialistas do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) realizaram palestras sobre os procedimentos e atos administrativos exigidos pelo órgão. Para a gerente da Gmars, Arlinda Coelho, o workshop “configurou-se como excelente estratégia de defesa de Interesses, pois otimizou o atendimento de 19 demandas levantadas pelas empresas participantes, as quais foram discutidas diretamente com os técnicos do Inema”.

Bahia recebe Advogados do Sistema Indústria A capital baiana sediou o 15° Encontro Nacional dos Advogados do Sistema Indústria (Enasi). O evento reuniu especialistas em relações do trabalho para tratar de temas como o futuro dos sindicatos, negociação coletiva, processos do trabalho e terceirização. Entre os palestrantes, o professor da Universidade de São Paulo (USP) José Pastore, o presidente do Conselho de Relações do Trabalho da CNI, Alexandre Furlan, e o juiz do Trabalho Rodolfo Pamplona. Na abertura do encontro, o presidente da FIEB, Ricardo Alban, criticou o excesso de processos jurídicos. “Num país onde a judicialização virou a primeira opção, temos que ter proatividade. E temos a convicção que nós, do Sistema Indústria, realizamos um bom serviço”, disse. Miguel Ângelo/CNI

Encontro foi aberto pelo presidente da FIEB, Ricardo Alban

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Campanha incentiva associativismo Para estimular a união dos empresários, por meio da participação nos sindicatos empresariais da indústria, a Confederação Nacional da Indústria (CNI), em parceria com as Federações de Indústrias, lançou uma campanha que destaca a importância dos sindicatos empresariais para o fortalecimento do setor. A campanha tem como foco mostrar a importância do empresário para a sociedade e os benefícios de participar de um sindicato empresarial. O site www. industriaforte.com.br reúne mais informações.

Bahia está entre vencedores do Prêmio IEL de Estágio A empresa Kordsa Brasil, multinacional do ramo têxtil sediada em Camaçari/BA, foi vencedora da etapa nacional do Prêmio IEL de Estágio 2017, na categoria média empresa. Também se destacaram na premiação as empresas Tecon Salvador e Lacerta Consultoria Projetos e Assessoria Ambiental Ltda, que ficaram em terceiro lugar nas categorias grande e micro/pequena empresa, respectivamente. Já a instituição de ensino Sete Serviços Empresariais Trabalho e Educação ficou na terceira colocação entre as instituições de ensino técnico. A cerimônia de entrega da premiação foi realizada em outubro, em Curitiba.

Homenagem às letras no Circo Literário

Rede de Prevenção da Incapacidade se reuniu em Salvador Representantes de 22 Departamentos Regionais do Serviço Social da Indústria (SESI) de todo o país, além de médicos do trabalho e gestores de Recursos Humanos de indústrias parceiras, participaram, no dia 27 de novembro, de Reunião Presencial da Rede SESI de Prevenção da Incapacidade. O encontro foi uma iniciativa do Centro de Inovação SESI, que visa desenvolver e oferecer à indústria brasileira novas soluções para gerir o afastamento e a incapacidade de seus funcionários no ambiente laboral. O diretor do Instituto Finlandês de Saúde Ocupacional, Kari-Pekka Martimo fez a palestra de abertura e chamou a atenção para a importância de uma nova abordagem na gestão dos afastamentos. Para ele, é necessário envolver todos os atores, incluindo o médico do trabalho, equipe de recursos humanos e os supervisores. Kari-Pekka destaca que investir na saúde ocupacional do trabalhador aumenta a produtividade, dando mais robustez à economia.

Espetáculo uniu dança, literatura, e música

Os estudantes da Escola SESI Reitor Miguel Calmon, localizada no bairro do Retiro, encerraram o ano letivo com um espetáculo emocionante, apresentado no Teatro Jorge Amado.Eles revisitaram grandes nomes da literatura de língua portuguesa em O Grande Circo Literário, como José de Alencar, Jorge Amado, Monteiro Lobato, Carlos Drummond de Andrade, mas sem deixar de contemplar poetas da Música Popular Brasileira, como Chico Buarque e Cazuza, dentre muitos outros. No programa do espetáculo, as diversas expressões artísticas – dança, teatro, música e canto – reafirmaram o sucesso da 5ª edição do Multart. Como fio condutor, a narrativa do espetáculo ficou a cargo da bailarina da história do Soldadinho de Chumbo, interpretada pela estudante Catarina Leite. fotos lúcio távora/Coperphoto/Sistema FIEB

Bahia Indústria 31


jurídico Governo regulamenta o sistema de logistica reversa

Programa de conversão de multas ambientais é instituído

Foi publicado, em 24.10.17, o Decreto Federal nº 9.177, que, dentre outros, regulamenta o art. 33 da Lei nº 12.305, de 02.08.10, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos. O Decreto estabelece normas para assegurar a isonomia na fiscalização e no cumprimento das obrigações imputadas aos fabricantes, aos importadores, aos distribuidores e aos comerciantes de produtos, seus resíduos e suas embalagens sujeitos à logística reversa obrigatória.

Através do Decreto Federal nº 9.179, publicado em 24.10.17, foi alterado o Decreto nº 6.514/08, o qual dispõe sobre as infrações e sanções administrativas ao meio ambiente e estabelece o processo administrativo federal para apuração destas infrações. Dentre as alterações, foi instituído o Programa de Conversão de Multas Ambientais emitidas por órgãos e entidades da União integrantes do Sisnama, que possibilita a conversão da multa simples em serviços de preservação, melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente.

A Reforma Trabalhista entrou em vigor. E agora? Por Namir Mangabeira

Namir Mangabeira integra a equipe da Gerência Jurídica da FIEB 32 Bahia Indústria

No dia 11/11/2017 a Reforma Trabalhista entrou em vigor. A modernização das leis trabalhistas representa importante avanço, seja pela adequação da lei à realidade social, seja pela valorização da negociação coletiva ou pela aclamada segurança jurídica, que visa reestabelecer a confiabilidade no ordenamento jurídico. O Poder Executivo editou a Medida Provisória 808/2017, que passou a valer na data da sua publicação (14/11/2017), para alterar e esclarecer pontos da Reforma. Dentre outras modificações, estabeleceu que a Lei nº 13.467/17 se aplica, na integralidade, aos contratos de trabalho vigentes. A discussão sobre a aplicabilidade da nova Lei, mesmo após a publicação da MP, permanece acirrada em razão da resistência daqueles que insistem em afirmar que a nova legislação é inconstitucional e se configura como um retrocesso social.

Diante desse cenário, o certo é que muitos se perguntam, de forma genérica, o que será possível modificar nos processos judiciais e contratos de trabalho em curso. Os questionamentos são pertinentes, mas carecem de análise em concreto. Avaliar abstratamente o que foi alterado nas leis trabalhistas para concluir quais mudanças possuem ou não aplicabilidade imediata é uma tarefa árdua e pouco segura, além de resultar em trabalho desnecessário, já que muito do que foi modificado não necessariamente se aplicará à realidade de todas as empresas. E agora, o que fazer? Adotar uma postura conservadora e não aplicar as melhorias trazidas pela Reforma, decerto, não é a solução. Não se pode permitir que a nova legislação se torne “letra morta” e a modernização não produza os efeitos positivos na retomada do crescimento econômico e desenvolvimento social do país. A Lei nº 13.467/17 deve ser apli-

cada, inclusive aos contratos em curso, de forma responsável, observada a realidade/necessidade de cada empresa, cada segmento. Não cabe analisar as mudanças de forma geral. É preciso se perguntar quais alterações impactam no seu negócio e auxiliam no crescimento econômico, competitividade e geração de emprego. Após esse filtro, caberá verificar se a alteração não fere direito adquirido, ato jurídico perfeito e coisa julgada, bem como se não gera prejuízo ao trabalhador, vez que o art. 468 da CLT, que proíbe alteração contratual lesiva, não foi revogado. A modernização das leis trabalhistas representa significativo avanço para as relações de trabalho e, com efeito, se aplicada com seriedade, figura como importante marco na superação da crise e retomada do desenvolvimento econômico e social, afinal, confere maior previsibilidade às relações, privilegia o diálogo e valoriza a negociação em detrimento do conflito judicial.


ideias

A instigante relação entre a Economia e o Direito da empresa] que a empresa passa a representar uma atividade comercial e social e não apenas uma entidade destinada somente à obtenção O gênio de Orlando Gomes já pro- de lucros”. A empresa é o fenômeno mais importante do breve século XX, a era clamou que a “Economia é a matéria prima do Direito”. De fato, tem das (in)certezas e do extremo, um tema que, apesar de muito visitado, razão o Mestre Orlando já que a ainda merece algumas incursões – uma roupagem nova em um velho Economia exerce uma forte e ins- artista. Deste modo, ainda é possível construir um novo figurino, afitigante relação no campo jurídico, nal, o direito se cria e se regenera, não é dádiva natural. Assim, a Ecoa ponto de dizer que os influxos nomia “full time” contribui para a formação e mudanças do Direito. Mas, por outro lado, como numa relação de retroalimentação, o Dieconômicos têm um papel de formação e o Direito exerce um logos reito não legisla tudo, portanto, não absorve tudo que vem da econode conformação, ou seja, recorren- mia, exercendo aí o papel de uma espécie de “esponja” para amortecer os excessos que vêm do campo econômico. É aí que o Direito tem a ver A empresa é o fenômeno mais importante com que o doutrinador francês Lado breve século XX, a era das (in)certezas e chance chama de sua face protetora, do extremo, um tema que, apesar de muito de evitar o arbítrio e de proteger os mais fracos frente ao mercado. visitado, ainda merece algumas incursões – Com efeito, segundo o ministro uma roupagem nova em um velho artista Eros Roberto Grau, “ordem econômica”, aliás, deve ser entendida codo a uma metáfora, a economia é o mo parcela da ordem jurídica. Grau chama ainda a atenção para o fato quadro, a tela, e o direito é a mol- de que, no pretérito, já se encontrava nas Constituições escritas, no bodura dessa tela, o direito, como jo de suas ordens jurídicas (como parcelas delas), “normas instituciodito, exerce aí um papel de (con) nalizadoras das ordens econômicas (mundo do ser) nelas praticadas”. Ou seja, a economia define a ação (ser) e o direito institucionaliza tal formar o que vem do mercado. Não podemos esquecer que proposta (mundo do ser), daí que segundo citado autor a ordem jurídium importante princípio jurídico ca está voltada à regulação da ordem econômica (mundo do ser). Portanto, o direito ocupa o papel relevante de acomodação do munno mundo moderno é o da função social da empresa, na medida do do ser econômico, ou, como prefere Grau, a conformação do procesem que os empresários, princi- so econômico. Para ele, o direito é a instância de um todo complexo palmente os pequenos e médios, (estrutura social global), daí ser um equívoco entender que o papel do exercem relevante função social, direito é reduzido ao “conformar” o processo econômico, já que este é ao pagarem tributos de variadas elemento constitutivo do modo de produção. Assim, tais relações não ordens, que contribuem para sus- se reproduzem sem a atuação do direito. Desta forma, fica evidente a importância do direito na instituciotentar a pesada máquina estatal. Também, essas empresas pagam nalização (conformação) da ordem econômica, devendo também ese remuneram os seus empregados/ te ser entendido como “técnica de acomodação pacífica socialmente colaboradores. Nesse sentido, já sentida”, naquele clássico conceito do saudoso professor Washington afirmou Grazielle Benediti Santos, Trindade, percebendo-se, assim, a imbricação entre o ser e o dever-ser para quem: “(...) é indubitável a (sein/sollen), daí reafirmarmos, não por outro motivo, a lição de Orlanpartir desse prisma[função social do Gomes no sentido que “a economia é a matéria prima do direito”. Por Agenor Sampaio Neto

Agenor Sampaio Neto é consultor jurídico e professor de Direito do Consumidor e Teoria do Direito da Uefs Bahia Indústria 33


leitura&entretenimento livros livros

teatro música

História em cartas

Cartas Brasileiras, Sérgio Rodrigues (org), Companhia das Letras, 232 p. R$ 99,90

Por trás da H Stern Ao articular pesquisa histórica profunda a fotos, cartas e documentos inéditos, a jornalista Consuelo Dieguez capta o espírito dos tempos, as dúvidas, anseios e desafios de Hans Stern desde a fuga da Alemanha nazista até seus últimos dias no Brasil, onde construiu o que viria a se tornar uma das empresas brasileiras mais bem-sucedidas. Além da valorização das pedras brasileiras e das estratégias inovadoras no treinamento dos vendedores e no trato com os clientes, ele fez da H.Stern uma companhia de prestígio internacional.

H Stern: A história do homem e da empresa, Consuelo Dieguez, Record 272 p. R$ 77,90

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Divulgação

BIT: experimentando a arte do improviso A Batalha de Improvisação Teatral - “BIT", está em nova temporada na programação do Teatro SESI Rio Vermelho, às quintas-feiras de dezembro e aos domingos do mês de janeiro, sempre às 20 horas. Tendo como mote principal a arte do improviso, o espetáculo/batalha explora dos atores a capacidade de prontidão, inventividade e sagacidade. No palco, jogos e participações especiais de atores renomados da cena baiana levam o improviso ao seu mais alto grau, com a performance de duas equipes. Juntas, elas criam cenas a partir da provocação vinda do público, deixando para a plateia o poder de decidir “o baba”, votando no grupo que teve o melhor desempenho.

Não perca Teatro SESI Rio Vermelho, às quintas, 20h. R$ 20 e R$ 10 (meia). Informações (71) 3616-7064 João Alvarez/Coperphoto/Sistema FIEB

Intrigas, confissões, ameaças, estratégias, declarações de amor. O livro traz a correspondência de personagens marcantes da história do Brasil, em uma seleção espirituosa e diversificada de oitenta cartas brasileiras inesquecíveis, fartamente ilustrada por fac-símiles das cartas originais e dezenas de fotos. São mensagens recebidas ou enviadas por escritores, artistas e políticos, que conduzem o leitor por um deleitoso passeio pelos grandes momentos de nossa trajetória.

música

Matita Perê reverencia ritmos da terra O grupo Matita Perê apresenta o show do disco Reino dos Encourados, lançado em abril deste ano. Formado pelos músicos e compositores Borega, Rafael Galeffi e Luciano Aguiar, o grupo traz no repertório canções autorais. A obra é uma reverência aos ritmos de grande apreço ao nordestino e a Feira de Santana, antigamente conhecida como Santana dos Olhos d’Água, por conta das lagoas que abasteciam tropeiros e boiadas. O disco também é uma homenagem ao artista Giberval Melo (1939-2006).

Não perca Teatro SESI Rio Vermelho, 17.1, às 20h. R$ 30 e R$ 15 (meia). Informações 3616-7064




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