Bahia Indústria 254

Page 1

Bahia

indústria Federação das Indústrias do Estado da Bahia  Sistema FIEB Ano XXv nº 254  2018

eSocial bate à porta Plataforma do SESI permite às empresas atender exigências dos órgãos de fiscalização

ISSN 1679-2645



editorial

valter pontes/Sistema fieb

Desafios impostos pelo eSocial

Painel visual no lançamento do SESI Viva+ nº 254  2018

A partir de julho de 2019, dados sobre saúde e segurança no trabalho (SST) deverão obrigatoriamente ser informados ao eSocial. As empresas devem estar devidamente preparadas para atender às novas exigências de consolidação de informações nos prazos indicados e em uma única entrega. Para colaborar com as empresas, o Serviço Social da Indústria lançou na Bahia o SESI Viva+, que facilita a gestão e entrega de dados sobre SST. Criado em 2014, o eSocial será implantado até o final de 2021, quando reunirá informações sobre mais de 44 milhões de trabalhadores em um único sistema. Receita Federal, Ministério do Trabalho, INSS e Caixa Econômica Federal poderão compartilhar informações em tempo real. Uma vez implementado, o sistema permitirá que as informações sejam enviadas assim que os eventos acontecerem. Por conta do cruzamento de dados ele não permitirá a prestação de informações equivocadas ou incompletas. Isso exigirá das empresas um esforço de adaptação e investimentos, para transformar informações por vezes dispersas em processos integrados em um mesmo ambiente, de sorte a enviar dados precisos ao INSS. Não se preparar para o eSocial pode trazer sérios problemas financeiros e as empresas com maior registro de acidentes do trabalho serão as mais penalizadas. O próprio setor público estima que deva arrecadar R$ 20 bilhões nos próximos anos com multas relativas ao eSocial. Os dados encaminhados ao programa devem ser sustentados na rastreabilidade documental. Serão impactadas as mais diversas áreas de gestão da empresa, especialmente as relativas à segurança e saúde no trabalho. Os processos internos devem garantir que os eventos trabalhistas, previdenciários e fiscais sejam encaminhados com regularidade e pontualidade. Por trazer mudanças aos processos trabalhistas, fiscais, administrativos e financeiros da empresa, a rotina e a cultura internas precisam ser repensadas para que as informações antes disponíveis em diferentes departamentos possam ser integradas e geradas com precisão, seguindo as leis vigentes e dentro dos padrões e prazos do novo sistema. Em um primeiro momento, as empresas terão gastos adicionais com o programa, incluindo sistemas informatizados adequados para a transmissão, aumento do número de profissionais e contratação de consultoria. No médio e longo prazos, o eSocial tende a desburocratizar e evitar redundâncias de informações que as empresas fornecem aos órgãos fiscalizadores, o que certamente reduzirá custos. O SESI Viva+ foi criado para diminuir o impacto do eSocial na empresa não apenas neste primeiro momento, mas para evitar dissabores futuros e para garantir metas de redução do absenteísmo e de acidentes no trabalho.

Debate sobre o impacto do eSocial, realizado na Fieb


Unidades do Sistema FIEB Informações sobre a atuação e os serviços oferecidos pelas entidades do Sistema FIEB, entre em contato FIEB – Federação das Indústrias do Estado da Bahia Sede: (71) 3343-1200 SESI – Serviço Social da Indústria Sede: (71) 3343-1543 @Barreiras: (77) 3611-8212 @Camaçari: (71) 3627-3489 @Candeias: (71) 3418-4700 @Eunápolis: (73) 3281-6670 @Feira de Santana: (75) 3602-9705 @Ilhéus: (73) 3222-7072 @Itapagipe: (71) 3254-9900 @Jequié: (73) 3526-5518 @Juazeiro: (74) 2102-7132 @Lucaia: (71) 3879-5390 @Luís Eduardo Magalhães: (77) 3628-2080 @Piatã: (71) 3503-7400 @Retiro: (71) 3234-8217 @Rio Vermelho: (71) 3616-7064 @Simões Filho: (71) 3296-9301 @Valença: (75) 3641-3040 @Vitória da Conquista: (77) 3201-5708 SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Sede: 71 3534-8090 @Alagoinhas: (75) 3182-3350/3356 @Barreiras: (77) 3612-2188 @Camaçari: (71) 3493-7070 @Cimatec: (71) 3534-8090 @Dendezeiros: (71) 3534-8090 @Feira de Santana: (75) 3229-9112 @Ilhéus: (73) 3222-7070 @Juazeiro: (74) 3614-0823 @Lauro de Freitas: (71) 3534-8090 @Luis Eduardo Magalhães: (77) 3628-6349 @Vitória da Conquista: (77) 3086-8300

FIEB

VICE-PRESIDENTE - Hilton Morais Lima. 2º VICE-

PRESIDENTE Antonio Ricardo Alvarez Alban. VICE-

-PRESIDENTE - Marcondes Antônio Tavares de

-PRESIDENTES Alexi Pelagio Gonçalves Portela Jú-

Farias. 3º VICE-PRESIDENTE - Benedito Almeida Carneiro Filho. DIRETORES EFETIVOS Antonio Silva Novaes; Arlene Aparecida Vilpert; Benedito Rosa Ribeiro; Eduardo de Sá Martins da Costa; Fagner Ramos Ferreira; Givaldo Alves Sobrinho; Jorge Robledo de Oliveira Chiacchio; Luis Fernando Galvão de Almeida; Mauricio Lassmann; Rafael Cardoso Valente; Ronaldo Livingstone Bulhões Ferreira. DIRETORES SUPLENTES Carlos Antonio Unterberger Cerentini; Cleber Guimarães Bastos; Gustavo Brandino Secco; Heitor Morais Lima; José Carlos de Almeida; Paula Cristina Cánovas Amorin; Paulo Cesar Correia de Andrade; Renata Lomanto Carneiro Müller; Sudário Martins da Costa; Wesley Kelly Felix Carvalho. CONSELHO FISCAL - EFETIVOS Felipe Porto dos Anjos; Nilton Teixeira Sampaio Filho; Roberto Ibrahim Uehbe. CONSELHO FISCAL - SUPLENTES Lucas Lamego Flores de Oliveira; Luiz da Costa Neto; Marcia Cristina Ferreira Gomes.

nior; Angelo Calmon de Sa Jr.; Carlos Henrique de Oliveira Passos; Eduardo Catharino Gordilho; João Baptista Ferreira; Josair Santos Bastos; Juan Jose Rosario Lorenzo; Sérgio Pedreira de Oliveira Souza. DIRETORES TITULARES Ana Claudia Basilio Lima das Mercês; Cláudio Murilo Micheli Xavier; Edison Virginio Nogueira Correia; Jaime Lorenzo Piñeiro; Jamilton Nunes da Silva; João Augusto Tararan; João Schaun Schnitman; José Carlos Telles Soares; Julio César Melo de Farias; Luiz Antonio de Oliveira; Luiz Fernando Kunrath; Luiz Garcia Hermida; Paula Cristina Cánovas Amorin; Renata Lomanto Carneiro Müller; Rogério Lopes de Faria; Vicente Mário Visco Mattos; Waldomiro Vidal de Araújo Filho; Wilson Galvão Andrade. DIRETORES SUPLENTES Antonio Roberto Rodrigues Almeida; Arlene Aparecida Vilpert; Carlos Alberto Barduke; Christian Villela Dunce; Dirceu Alves da Cruz; Marcos Regis Andrade; Mauricio Toledo de Freitas; Paulo Guimarães Misk; Ricardo De Agostini Lagoeiro; Roberto Fiamenghi; Sergio Aloys Heeger; Tiago Motta da Costa

SESI Presidente do Conselho e Diretor Regional

conselhos

Antonio Ricardo Alvarez Alban.

Micro e Pequena Empresa Industrial Raul Costa

Superintendente Armando da Costa Neto

de Menezes; Assuntos Fiscais e Tributários Sérgio Pedreira de Oliveira Souza; Comércio Exterior Angelo Calmon de Sá Junior; Economia e Desenvolvimento Industrial Antonio Sergio Alipio; Infraestrutura Marcos Galindo Pereira Lopes; Inovação e Tecnologia José Luis Gonçalves de Almeida; Meio Ambiente Jorge Emanuel Reis Cajazeira; Relações Trabalhistas Homero Ruben Rocha Arandas; Responsabilidade Social Empresarial Marconi Andraos Oliveira; Jovens Lideranças Industriais Braulio Barreto Moreira de Oliveira; Petróleo, Gás e naval Humberto Campos Rangel; Portos Sérgio Fraga Santos Faria

SENAI Presidente do Conselho Antonio Ricardo A. Alban. Diretor Regional Rodrigo Vasconcelos Alves Diretor de Tec. e Inovação

Leone Peter Andrade

Bahia

indústria Editada pela Gerência de Comunicação Institucional do Sistema Fieb Conselho Editorial Mônica Mello,

Cleber Borges e Patrícia Moreira. editorial Cleber Borges. Editora Patrícia Moreira. reportagem Patrícia Moreira, Carolina Mendonça, Marta Erhardt, Íris Moreira Leandro (estagiária), Luciane Vivas (colaboração). Projeto Gráfico e Diagramação Ana Clélia Rebouças. fotografia Coperphoto. Ilustração e Infografia Bamboo Editora. Impressão Gráfica Trio. Coordenação

FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DA BAHIA

Rua Edístio Pondé, 342 – Stiep, CEP.: 41770-395 / Fone: 71 3343-1280 w w w.f ieb.or g.br/ b ahia _ indu stria_online As opiniões contidas em artigos assinados não refletem necessariamente o pensamento da FIEB.

IEL Presidente do Conselho e Diretor Regional

Antonio Ricardo Alvarez Alban. Superintendente Evandro Mazo

Filiada à

Diretor Executivo da FIEB

Vladson Menezes

CIEB

Superintendente Executivo de Serviços

PRESIDENTE Antonio Ricardo Alvarez Alban. 1º

Corporativos Cid Vianna

Sindicatos filiados à FIEB Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado da Bahia, sindacucarba@fieb.org.br / Sindicato da Indústria de Fiação e Tecelagem no Estado da Bahia, sindifiteba@gmail.com / Sindicato da Indústria do tabaco no Estado da Bahia, sinditabaco@fieb.org.br / Sindicato da Indústria do Curtimento de Couros e Peles no Estado da Bahia, sindicouroba@fieb.org.br / Sindicato da Indústria do Vestuário de Salvador, Lauro de Freitas, Simões Filho, Candeias, Camaçari, Dias D’ávila e Santo Amaro, sindvest@fieb.org.br / Sindicato das Indústrias Gráficas do Estado da Bahia, sigeb@terra.com.br / Sindicato da Indústria de Extração de Óleos Vegetais e Animais e de Produtos de Cacau e Balas no Estado da Bahia, sindioleosba@fieb.org.br / Sindicato da Indústria da Cerveja e de Bebidas em Geral no Estado da Bahia, sindcerba@bol.com.br / Sindicato das Indústrias

IEL – Instituto Euvaldo Lodi Sede: 71 3343-1384/1328/1256 @Barreiras: (77) 3611-6136 @Camaçari: (71) 3621- 0774 @Eunápolis: (73) 3281- 7954 @Feira de Santana: (75) 3229- 9150 @Ilhéus: (73) 3639-1720 @Itabuna: 3613-5805 @Jacobina: (74) 3621-3502 @Juazeiro: (74) 2102-7114 @Teixeira de Freitas: (73) 3291-0621 @Vitória da Conquista (77) 3201-5720 @Guanambi (77) 3451-6070 @Jequié (73) 3527-2331

do Papel, Celulose, Papelão, Pasta de Madeira para Papel e Artefatos de Papel e Papelão no Estado da Bahia, sindpacel@hotmail.com / Sindicato das Indústrias do Trigo, Milho, Mandioca e de Massas Alimentícias e de Biscoitos no Estado da Bahia, sindtrigoba@fieb.org.br / Sindicato da Indústria de Mineração de Calcário, Cal e Gesso do Estado da Bahia, sindicalba@fieb.org.br / Sindicato da Indústria da Construção do Estado da Bahia, secretaria@sinduscon-ba.com.br / Sindicato da Indústria de Calçados, seus Componentes e Artefatos no Estado da Bahia, sindcalcadosba@fieb.org.br / Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico do Estado da Bahia, simmeb@uol.com.br / Sindicato das Indústrias de Cerâmica e Olaria do Estado da Bahia, sindicerba@gmail.com / Sindicato das Indústrias de Sabões, Detergentes e Produtos de Limpeza em geral e Velas do Estado da Bahia, sindisaboesba@fieb.org.br / Sindicato das Indústrias de Serrarias, Carpintarias, Tanoarias e Marcenarias de Salvador, Simões Filho, Lauro de Freitas, Camaçari, Dias D’ávila, Sto. Antônio de Jesus, Feira de Santana e Valença, sindiscamba@fieb.org.br / Sindicato das Indústrias de Fibras Vegetais no Estado da Bahia, sindifibrasba@fieb.org.br / Sindicato da Indústria de Produtos Químicos, Petroquímicos e Resinas Sintéticas do Estado da Bahia, sinpeq@coficpolo.com.br / Sindicato da Indústria de Material Plástico do Estado da Bahia, sindiplasba@sindiplasba.org.br / Sindicato da Indústria de Produtos de Cimento no Estado da Bahia, sinprocimba@fieb.org.br / Sindicato da Indústria de Mineração de Pedra Britada do Estado da Bahia, sindbrit@svn.com.br / Sindicato das Indústrias de Produtos Químicos para Fins Industriais e de Produtos Farmacêuticos do Estado da Bahia, adm@quimbahia.com.br / Sindicato da Indústria de Mármores, Granitos e Similares do Estado da Bahia, simagranba@fieb.org.br / Sindicato da Indústria Alimentar de Congelados, Sorvetes, Sucos, Concentrados e Liofilizados do Estado da Bahia, sindsucosba@fieb.org.br / Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Estado da Bahia, sincarba@fieb.org. br / Sindicato da Indústria do Vestuário da Região de Feira de Santana, sindvestfeira@fbter.org.br / Sindicato da Indústria do Mobiliário do Estado da Bahia, moveba@fieb.org.br / Sindicato da Indústria de Refrigeração, Aquecimento e Tratamento de Ar do Estado da Bahia, sindratar@ gmail.com.br / Sindicato das Indústrias de Café do Estado da Bahia, sincafeba@fieb.org.br / Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos

CIEB - Centro das Indústrias do Estado da Bahia Sede: (71) 3343-1214

Derivados do Estado da Bahia, sindileite@fieb.org.br / Sindicato das Indústrias de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos, Computadores, Informática e Similares dos Municípios de Ilhéus e Itabuna, sinec@sinec.org.br / Sindicato das Indústrias de Construção de Sistemas de Telecomunicações do Estado da Bahia, anaelisabete@telenge.com.br / Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Feira de Santana, simmefs@simmefs.com.br / Sindicato das Indústrias de Reparação de Veículos e Acessórios do Estado da Bahia, sindirepaba@sindirepabahia.com.br / Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores, sindipecas@sindipecas.org.br / Sindicato das

sistema fieb nas mídias sociais

Indústrias de Fibras Vegetais no Estado da Bahia, sindifibrasba@fieb.org.br / Sindicato das Indústrias de Cosméticos e de Perfumaria do Estado da Bahia, sindcosmetic@fieb.org.br / Sindicato das Indústrias de Artefatos de Plásticos, Borrachas, Têxteis, Produtos Médicos Hospitalares, sindiplast@gmail.com / Sindicato Patronal das Indústrias de Cerâmicas Vermelhas e Brancas para Construção e Olarias da Região Sudoeste e Oeste da Bahia sindiceso@gmail.com Sindicato da Indústria de Adubos e Corretivos Agrícolas do Nordeste (Siacan) siacan@veloxmail.com.br / Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval) sinaval@sinaval.org.br / Sindicato das Indústrias de Panificação e Confeitaria do Estado da Bahia, sipaceb@gmail.com / SINDICATO DAS INDÚSTRIAS EXTRATIVAS DE MINERAIS METÁLICOS, METAIS NOBRES E PRECIOSOS, PEDRAS PRECIOSAS E SEMIPRECIOSAS E MAGNESITA NO ESTADO DA BAHIA , sindimiba@gmail.com

4 Bahia Indústria


sumário

16

Os desafios do eSocial Empresas que não atenderem exigências poderão arcar com pesadas multas

valter pontes/Coperphoto/Sistema FIEB grupo civil/divulgação

6 A educação No futuro da indústria Em conversa com a Bahia Indústria, durante seminário do Ibrapse, Renato Fonseca, da CNI, falou sobre os desafios para a qualificação da mão de obra valter pontes/Coperphoto/Sistema FIEB

22 Indústrias iniciam virada 4.0

28 Drones chamam a atenção de construtoras

Com investimentos de baixo custo, empresas baianas apostam em tecnologia e dão os primeiros passos para a transformação digital

Equipamento desenvolvido no fim da década de 1970 teve funções bélicas, virou opção de lazer e agora tem se mostrado útil para diversas operações na construção, manutenção e venda de imóveis André Santos/SENAI Cimatec


Entrevista

Renato da Fonseca

N

ão há dúvidas de que o futuro da indústria está na inovação. Empresas, governos e centros de pesquisa apostam cada vez mais em tecnologia de ponta e em soluções criativas para aumentar a competitividade dos negócios. Mas, fora das ilhas de excelência, como o SENAI Cimatec, o avanço da inovação no Brasil esbarra na baixa qualidade de ensino, que limita a quantidade de profissionais voltados para a inovação tecnológica e gera uma massa consumidora com dificuldades para adquirir e operar ferramentas mais sofisticadas. Para o economista Renato da Fonseca, gerente-executivo de Pesquisa e Competitividade da CNI, esse é um problema de solução a longo prazo. Afinal, ainda que o País passe a oferecer imediatamente uma educação de qualidade, os primeiros resultados positivos só seriam sentidos em uma geração, quando as atuais crianças de cinco anos que ingressam no sistema de ensino público deixariam a escola. Em visita a Salvador, onde participou, em setembro, do seminário Os efeitos nacionais da conjuntura mundial: o contexto mundial e seus impactos sobre a economia, promovido pela FIEB e pelo Ibrapse, Fonseca falou à Bahia Indústria sobre a importância de uma política de desenvolvimento para o país, que alinhe indústria, agronegócio e serviços, mas que envolva também benefícios fiscais para setores prioritários e, claro, investimento em educação.

O senhor afirma que hoje não há política industrial, que isso é quase um palavrão. Precisamos de uma política industrial ou, na verdade, de uma política de desenvolvimento? A política industrial não pode estar descolada do desenvolvimento do país. Quando a gente fala em uma estratégia de desenvolvimento, dentro dela tem o que se costuma chamar de política industrial, na qual eu vou estimular o crescimento de alguns setores. O grande desafio é: o que a gente quer estimular? Alguns economistas falam que você não tem que estimular nada. Deixa o país sozinho que as coisas vão se encaminhar. Só que isso não acontece no resto do mundo. Por que os Estados Unidos têm política industrial? Por que a Alemanha e os países europeus em geral têm política industrial? E por que os países que tiveram sucesso, como Coreia do Sul e China, em algum momento construíram uma política industrial? Mas eu concordo, não no sentido estrito da palavra, que é uma política de desenvolvimento. Você pode fazer uma política industrial com o seu poder de compra, como no caso da indústria bélica. Essa foi uma política forte nos Estados Unidos, que investiu pesado no segmento, gerou desenvolvimento e beneficiou outras indústrias: automobilística, alimentos... A coisa interessante da inovação é essa, você cria conhecimento que acaba sendo usado em outros lugares, mas que não existiria se o governo não atuasse. No cerne de uma política industrial tem que estar a inovação. É possível ter uma política de estimulo à inovação sem uma política capaz de melhorar a educação no país? Quase que impossível, eu diria. Em quase todos os países em que se 6 Bahia Indústria

Educar para inovar Economista da CNI fala da importância de o Brasil investir no ensino e ressalta papel do SENAI e do SESI Por Cleber Borges e Gilson Jorge

conseguiu fazer uma transição para o mundo desenvolvido, a base foi a educação. Os Estados Unidos, lá atrás, quando começaram a passar da fase agrária para a industrial, fizeram uma campanha para universalizar o ensino médio. Hoje, no Brasil estamos atrasados nisso. Tem também o exemplo da Coreia e de outros asiáticos, que seguiram esse caminho: primeiro, a educação. Sem uma população educada, você não consegue criar ou utilizar a inovação. Mas, infelizmente, não é uma coisa que vai se resolver em cinco, dez anos. Educação vai mudar com a geração. Vamos ter que capacitar professores, melhorar o ensino e fazer com que as crianças que estão entrando na escola hoje saiam aos 20 anos com uma educação melhor. O que a gente pode fazer para tentar cortar caminho, e aí entra o SENAI, é um esforço para capacitar as pessoas não educadas. Hoje, por exemplo, um dos grandes projetos do SENAI e SESI é a educação de jovens e adultos atrelada à educação profissional. Educar adulto é muito difícil, mas quando você joga com a educação profissional facilita porque a pessoa vê o resultado. É possível também ter uma política industrial, ou de desenvolvimento, em um país onde o setor financeiro é acusado de parasitar a economia? Onde o governo absorve a poupança que deveria ir para investimento?


valter pontes/Coperphoto/Sistema FIEB

Essa questão do setor financeiro precisa ser avaliada com cuidado. Por que no Brasil os juros são tão altos? Não é simplesmente porque os banqueiros querem os juros altos. Ele não ganha com os juros, e sim com a diferença do que ele paga a quem coloca dinheiro no banco e o que ele capta no mercado. A gente tem o spread alto porque o mercado de bancos é concentrado? É verdade, temos poucos bancos trabalhando. Porém, existem outros fatores que precisamos avaliar. O elevado custo tributário por exemplo. A sociedade precisa responder: vou tributar só os bancos? Nesse caso, você estará tributando exatamente o empréstimo que vai tentar tomar. Se eu tributar a energia elétrica, todo mundo estará pagando imposto, pois o preço da energia elétrica vai subir. Então, imagine o banqueiro. Pode emprestar dinheiro para mim ou para o governo. A quem ele prefere emprestar? Ao governo! É mais garantido. O governo, com o déficit que tem, vai aos bancos e vende títulos para ele. E como o déficit é muito grande, os bancos vão aumentando os juros. O banqueiro olha e diz, se eu emprestar dinheiro ao governo ganho 20%. Para você só vou emprestar por 25%, porque você traz mais risco. Temos que ter muito cuidado ao dizer que o setor A ou B é culpado. É igual a dizer que o setor de aço é culpado pelos preços de máquinas e equipamentos, porque teria um preço alto. Todos na economia têm seu preço. A gente tem que evitar tentar controlar o preço dos outros só porque é bom para a gente. Hoje, reclamamos muito do tabelamento de frete, que é uma tentativa de controlar preços. Vemos pessoas querendo controlar a taxa de juros, que é a mesma coisa. O próximo passo é querer controlar o preço do seu produto. A gente tem um problema no Brasil que é um sistema financeiro pouco desenvolvido, onde você tem poucas opções de conseguir recursos. O mercado de capitais, por

exemplo, é bem menos desenvolvido do que em outros países. Seria uma opção ao empréstimo via banco. Então, temos que trabalhar nisso. No caso do spread, o cadastro positivo é uma coisa importante. O banco sabe a história de crédito de cada um e vai separar o mau do bom pagador e este vai ter juros menores. Depois que a Justiça permitiu que o banco tomasse o automóvel que serve de garantia, o custo do financiamento de carros caiu. Do contrário, o juro maior de quem paga vai cobrir o de quem não paga. Nessa área, as soluções não são simples. Passam pela redução do déficit do governo. Passam por aumentar a competição, o que já se tentou no passado, quando alguns bancos estrangeiros entraram no país e depois foram embora.

“Há fatores dificultando o crescimento da indústria. Por exemplo, a educação. Não adianta estimular indústria de alta tecnologia se não estou provendo uma população educada para trabalhar nela” Bahia Indústria 7


Entrevista

Renato da Fonseca

O termo política industrial pode sugerir que interesses de um setor vão se sobrepor a outros? O que está na raiz disso? Em geral, quando se faz uma estratégia de política industrial é sempre reduzindo tributos de algum setor, dando subsídios, ou o governo emprestando mais barato pelo BNDES sem que, em muitos casos, tenha havido controle de retorno. Isso não significa que a estratégia esteja errada, pois há fatores dificultando o crescimento da indústria. Por exemplo, a educação. Não adianta querer estimular uma indústria de alta tecnologia se eu não estou provendo uma população educada que possa trabalhar nela. Não adianta trazer a Ford para a Bahia se eu não capacitar trabalhadores para trabalhar na Ford. Tem o incentivo de não pagar IPTU e o estado não cobrar ICMS, mas ela vai chegar aqui e dizer: tem meu fornecedor, que vai precisar do mesmo benefício, não tem trabalhador capacitado, vou ter que importar trabalhador de fora. A política industrial tem que ver o conjunto, não basta dar o incentivo de impostos. Como não há transparência no Brasil, isso gera desconfiança, assim como gera desconfiança o Bolsa-Família quando a fiscalização pega uma pessoa que burla o sistema e isso dá a falsa impressão de ser um problema geral. Tem muita gente na miséria que precisa do recurso. O projeto é muito bom, mas tem que ter transparência, mostrar resultados. É a mesma coisa na política industrial. Fala-se muito na área automobilística, que recebe benefícios desde que chegou aqui e precisa mostrar resultados. Quantos empregos foram gerados, quantos tributos foram gerados. Há um problema, então, de comunicação... Eu acho que há um problema de comunicação. E de escolhas, também. Porque não se pode dar benefícios para todo mundo. Aí o resultado não acontece. Para a CNI o setor produtivo não se desenvolve sem um bom ambiente de negócios. O que isso significa? Primeiro, segurança jurídica. É você saber que o que foi combinado vai ser respeitado. Por exemplo, eu invisto em um terreno dentro das regras atuais e depois, surge uma lei dizendo que nele não pode mais ter tal atividade. Você coloca um aeroporto onde não tem ninguém morando, ele atrai o comércio, traz fluxo. As pessoas começam a morar em volta. Depois, vem uma lei dizendo que é proibido os aviões decolarem à noite. O empresário faz um investimen8 Bahia Indústria

“Em quase todos os países em que se fez a transição para o mundo desenvolvido, a base foi a educação. Os EUA, na industrialização, universalizaram o ensino médio”

to, precisa que um avião funcione à noite para trazer cargas, que geralmente chegam nesse horário, mas se proíbe isso porque surgiu uma comunidade em volta. Na área trabalhista, quando eu contrato um trabalhador, caso ele seja demitido espero que não entre na Justiça contra mim por causas sem muito sentido. Isso acontecia muito no Brasil antes da Reforma Trabalhista. Nesses casos, o que as empresas têm que fazer? Provisionar. Separar uma parte do seu recurso para a possibilidade de ter causas trabalhistas, causas tributárias... A legislação tributária muda muito e eu posso preencher algo errado, ou colocar uma plaquinha no lugar errado e ser autuado pela fiscalização de um bombeiro. É importante respeitar as regras do jogo. Quando isso não acontece, para você investir precisa ter uma margem de lucro maior. Como eu vou fazer uma estrada e explorar o pedágio, se não tenho certeza de que não vão fazer uma outra estrada ao lado, ou a economia vai entrar em crise. Quando você tem estabilidade e um ambiente em que se pode ter certeza de que a inflação não vai disparar a qualquer mo-

mento, que a taxa de câmbio não vai ficar variando, que o governo não vai ficar mudando as regras, você consegue um resultado melhor. Um exemplo. Na década de 1980, começou a haver o leasing de automóvel baseado na taxa de câmbio. Todo mundo entrou porque era baixinho. Houve a desvalorização de 1999 e o câmbio foi lá em cima. A Justiça fez o quê? Os bancos não puderam cobrar os juros. Enquanto estava baixinho, todo mundo queria. O risco é só meu? Com o risco só dos bancos, eles jogaram os juros lá em cima. Desde quando o Brasil não tem uma política de desenvolvimento? Hoje, o Ministério da Fazenda estaria preocupado preponderantemente com a arrecadação? Depende. A Receita Federal, sim, pois é a função dela. Mas qual o peso que ela tem nas decisões? Quando eu faço uma política de desenvolvimento, posso não aumentar muito o tributo hoje para estimular o crescimento e, com isso, terá mais gente pagando amanhã. Mas temos que entender que há uma pressão. O mandato do presidente dura quatro anos. Ao nomear o ministro da Fazenda, ele sabe que vai precisar de recursos para fazer algumas coisas em quatro anos. Você precisa ter uma política que seja alinhada com todos os ministérios. Não é que a gente não tenha tido política industrial nos últimos anos, mas ela estava alinhada com o Ministério de Ciência e Tecnologia? Com a Câmara de Comércio Exterior, com a Agricultura? Com o Ministério da Educação? O que falta no Brasil é uma coordenação desse tipo. Que o presidente construa essa política e que decida para onde se quer ir.


circuito

por cleber borges

Direito à compensação tributária A FIEB e Sindicatos filiados se preparam para ajuizar ação visando possibilitar que empresas associadas possam assegurar o direito de utilizarem a compensação para quitar débitos de recolhimentos mensais por estimativa do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL).

Mudança para compensar perdas O problema surgiu quando o governo federal, com o intuito de compensar perdas decorrentes da redução de tributos sobre o óleo diesel e seus derivados publicou, em 30 de maio, a Lei nº 13.670/2018, que trouxe alterações na legislação tributária referentes à compensação de créditos tributários.

Lei cria insegurança jurídica A Lei nº 13.670/2018 vedou a possibilidade de compensação dos recolhimentos mensais por estimativa na apuração do IRPJ e da CSLL, sendo que tal alteração passou a viger a partir da data de sua publicação. O fato viola o princípio da segurança jurídica, ao alterar as regras de compensação durante o ano-calendário.

Principal desafio: ajustar contas Ajustar as contas públicas será o principal desafio do próximo governo. O alerta, da CNI, indica que é inexorável um ajuste que reponha a trajetória das contas do setor público “na linha da responsabilidade fiscal”, para que o país volte a crescer. Com despesas superiores às receitas, estima-se que o déficit fiscal fechará o ano em 1,9% do PIB, elevando a relação dívida pública/PIB para 77,1%. Caso essa relação ao menos se estabilize, em 2019 o Brasil poderá crescer até 3%, avalia a CNI.

"Há apenas uma maneira de matar o capitalismo: com impostos, impostos e mais impostos." Karl Marx, filósofo e sociólogo, autor de O Capital, obra que fundamentou o pensamento socialista.

Crescimento será menor A CNI revisou para baixo as estimativas para o PIB do país e do setor industrial. A previsão agora é de que a economia brasileira crescerá este ano 1,3%, menos do que os 1,6% estimados em junho. O PIB industrial também terá expansão de 1,3%, inferior os 1,8% previstos naquele mês. O consumo das famílias aumentará 1,9%, a taxa de desemprego fechará o ano com média anual de 12,2% da população economicamente ativa e os investimentos aumentarão apenas 2,2%.

Bahia Indústria 9


sindicatos Soraia Carvalho/Divulgação Sindileite

Cursos para líderes sindicais e empresários

Com 300 participantes, evento debateu perspectivas para o setor

Laticinistas baianos discutem mercado em encontro setorial As perspectivas para o mercado lácteo e desafios para o setor de laticínios na Bahia foram discutidos no 9º Encontro Baiano dos Laticinistas, promovido pelo Sindileite. Realizado com o apoio de diversas instituições, entre elas a FIEB, o encontro buscou estreitar o relacionamento entre as indústrias de laticínios e fornecedores do setor, fortalecendo a cadeia produtiva. SENAI Cimatec

valter pontes/Coperphoto/Sistema FIEB

» Missões empresariais em Blumenau Considerada a maior feira do segmento têxtil nas Américas, a Febratex foi o destino de missões empresariais do Sindvest Feira e do Sindifite. O evento apresentou inovações tecnológicas e lançamentos para o setor. 10 Bahia Indústria

Encontro foi promovido pelo Simagran em parceira com o SENAI Cimatec

Programa Bege Bahia Sustentável é apresentado no SENAI Cimatec Propostas para a reutilização dos estoques remanescentes não comercializáveis da lavra do Bege Bahia foram apresentadas no Encontro Bege Bahia Sustentável. O programa, desenvolvido em parceria pelo SENAI Cimatec e pelo Simagran, foi apresentado a representantes da Prefeitura de Ourolândia, Ministério Público, Secretaria do Desenvolvimento Econômico do Governo do Estado (SDE), Inema, entidades representativas do APL do Mármore Bege Bahia e Instituto Fábrica de Floresta. As propostas incluem soluções de reaproveitamento voltadas para o setor da construção civil e aplicação como corretivo para solo.

Sobreposição de leis e imprecisão quanto às normas são elementos do cenário de insegurança jurídica que atrapalham o ambiente de negócios. Para falar sobre o assunto e sugerir ações que minimizem os impactos nas empresas, a FIEB realizou palestra com a temática Redução de Riscos Empresariais: Segurança Jurídica. A iniciativa fez parte das ações do Programa de Desenvolvimento Associativo, que também promoveu uma oficina para orientar líderes e executivos sindicais para o processo de negociação coletiva e discutir os impactos da nova legislação trabalhista.

Sindipeças discute Indústria 4.0 Os desafios e oportunidades da quarta revolução industrial, suas principais técnicas e ferramentas foram apresentados no curso Indústria 4.0 – Conceitos e Aplicação de um Modelo de Gestão Estratégica, uma iniciativa do Sindipeças. “O que queremos é trazer conhecimento para que as empresas possam começar o processo de adequação”, destacou o diretor regional do sindicato, Roberto Rezende.

Ceramistas debatem oportunidades A importância da qualidade na fabricação de produtos para o enfretamento de um mercado cada vez mais exigente foi discutida na palestra Mercado da Construção Civil e Oportunidades para as Indústrias de Cerâmica Vermelha, realizada pelo Sindicer, em parceria com a Anicer, em Jacobina e Senhor do Bonfim.


Miguel Ângelo/CNI

Sindicer compartilha boa prática em Intercâmbio

Encontro reuniu presidentes de sindicatos da indústria cerâmica

Divulgação FIEC

Presidentes de sindicatos da indústria cerâmica de todo país estiveram reunidos, em outubro, na sede da CNI, para mais uma edição do Intercâmbio de Lideranças Setoriais. Nesta edição, o presidente do Sindicer-BA, Jamilton Nunes, foi convidado a compartilhar a boa prática do sindicato baiano, com a conquista da isenção da cobrança da anuidade do CREA-BA referente à atividade da Indústria Cerâmica. O evento integra as ações do Programa de Desenvolvimento Associativo. Em 2018, os presidentes dos sindicatos Sindplasf, Moveba, Sindcalçados, Sigeb, Simmefs, Sipaceb e Sindifite e Sindvest Feira também participaram de intercâmbios de seus respectivos setores.

Futuro dos saneantes e cosméticos é tema de workshop O Futuro da Indústria de Saneantes e Cosméticos foi o tema do workshop promovido pelo Sindisabões e Sindcosmetic, no SENAI Cimatec. A implementação das tecnologias avançadas já impostas pela indústria 4.0 é uma realidade, de acordo com o vice-presidente do Sindcosmetic, Gecê Macêdo: “A indústria de cosméticos é motivada essencialmente pela inovação”.

Charutos baianos em feira setorial na Alemanha Iniciativa da CNI promove visitas a sindicatos com boas práticas

Simagran participa de benchmarking em Fortaleza O presidente do Simagran, Carlos Lopes, participou do 3º Benchmarking Sindical, realizado em outubro na Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC). Nesta edição, o Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico no Estado do Ceará (Simec) foi escolhido para compartilhar com suas boas práticas. Com a iniciativa, a CNI promove visitas a sindicatos com boas práticas e com potencial de replicabilidade. Em agosto, o presidente do Sipaceb, Fred Rios, participou do evento em Campina Grande, juntamente com o vice-presidente, João Baptista Ferreira.

As empresas tabagistas baianas foram representadas pelo Sinditabaco na InterTabac, feira internacional de produtos de tabaco e acessórios para fumar, realizada em Dortmund. Considerado o principal ponto de encontro internacional do setor, o evento completou 40 anos em 2018 e reuniu mais de 600 expositores.

eleições Sindratar • Francisco Redondo estará à frente do sindicato até 2020.

Sindileite • Paulo Cintra assume a presidência do sindicato até 2021. Sindifibras • Wilson Andrade foi reeleito para mandato até 2021. Bahia Indústria 11


Aprendizado e inserção no mercado de trabalho Práticas de estágio adotadas na Bahia são destaque em premiação nacional do Instituto Euvaldo Lodi Por Marta Erhardt

S

etenta estudantes da instituição de ensino Sete Serviços Empresariais Trabalho e Educação foram encaminhados para processos seletivos de estágio e emprego em setembro deste ano. Vinte e cinco deles conseguiram uma vaga. A empregabilidade dos estudantes passou a ser foco no centro tecnológico há cerca de três anos. “Quando entendemos que o sonho do aluno não é apenas a formação técnica, mas sim a inserção no

ononono ononononon

12 Bahia Indústria

mercado de trabalho, reformulamos a nossa missão, baseada na humanização e empregabilidade”, explica o sócio-diretor da instituição de ensino, Daniel Adorno. Com a nova missão, a instituição mudou a estrutura pedagógica e a formatação dos cursos oferecidos, com inclusão de mais atividades práticas, e também criou o Núcleo de Acompanhamento Profissional (NAP). Para ampliar o ingresso dos estudantes no mercado de trabalho, buscou a apro-

ximação com empresas e firmou convênios de estágio para encaminhamento de profissionais. Além do acompanhamento dos egressos, a instituição de ensino profissionalizante oferece mensalmente cursos gratuitos para alunos e ex-alunos, incluindo temas comportamentais, como engajamento e inteligência emocional. “Seja com temática técnica ou comportamental, as capacitações são um diferencial”, destaca Matheus Elias Barreto, ex-aluno

Representantes da Bahia foram premiados em cerimônia realizada em Goiânia


Soraia Carvalho/Divulgação Sindileite

do curso técnico em Enfermagem, contratado neste ano por uma clínica de Salvador. A prática de estágio da Sete Serviços Empresariais Trabalho e Educação ficou em primeiro lugar entre as instituições de ensino de nível técnico que concorreram na etapa nacional do Prêmio IEL de Estágio em 2018. A Bahia também foi premiada com Mateus dos Santos de Meneses, estagiário do SENAI Cimatec, que ficou em segundo lugar entre os estagiários de destaque; e com a Cooperativa Central de Crédito da Bahia – Sicoob Central BA, terceira colocada entre as empresas de pequeno porte. “Todos os atores envolvidos no processo de estágio têm papel fundamental. A instituição de ensino, no incentivo e conscientização dos estudantes para a importância da prática; o estagiário, com sua visão inovadora, na implementação de melhorias; e as empresas, na formação de um futuro profissional e retenção de talentos”, ressalta a gerente de Desenvolvimento de Carreiras e Empresarial do IEL, Edneide Lima. Na empresa Sicoob Central BA o estágio é visto como ferramenta para identificar e desenvolver talentos. Lá, efetivação de estagiários é uma realidade. Prova disso é que 25% do quadro de pessoal efetivo e 40% do quadro de gestores da empresa são formados por ex-estagiários. “Acreditamos que a prática de estágio é o início de uma carreira que proporciona uma troca saudável entre o estudante e a instituição. Oferecemos a oportunidade prática, além do desenvolvimento na carreira, com a possibilidade de efetivação, enquanto os estudantes nos mostram novas formas de resolução de problemas

e tendências de mercado”, explica a gerente financeira e de desenvolvimento organizacional, Taíse Cersosimo. Como diferenciais do programa de estágio, ela destaca ações de integração, capacitação, acompanhamento do desenvolvimento profissional.

Estagiário no SENAI Cimatec, Mateus Meneses foi segundo colocado no Prêmio Nacional

“Todos os atores envolvidos no processo de estágio têm papel fundamental. A instituição de ensino, no incentivo e conscientização dos estudantes para a importância da prática; o estagiário, com sua visão inovadora, na implementação de melhorias; e as empresas, na formação de um futuro profissional e retenção de talentos” Edneide Lima, gerente de Desenvolvimento de Carreiras e Empresarial do IEL

DEDICAÇÃO Estagiário no Instituto Brasileiro de Robótica do SENAI Cimatec, o estudante do curso de Engenharia de Controle e Automação, Mateus Meneses, participou do desenvolvimento de um dispositivo robótico para inspeção 3D de cavidades, voltado para a área de mineração. “Minha principal função era desenvolver os sistemas eletrônicos embarcados e o desafio foi conseguir produzir placas eletrônicas que se ajustassem às restrições do projeto”, explica o estudante, que esteve envolvido desde a etapa conceitual do projeto até a entrega do dispositivo. O conhecimento adquirido neste processo contribuiu para que ele tivesse certeza do caminho profissional que deseja trilhar: trabalhar com desenvolvimento de produtos. Além de adquirir habilidade em diferentes áreas dentro da robótica, o estágio também contribuiu para o desenvolvimento comportamental do estudante, segundo avalia o professor Branilson Luiz Costa, orientador de estágio de Mateus. “Como o envolvimento em atividades nas quais ele precisava se expressar era constante, ele conseguiu superar a timidez”, relata, reforçando que, como orientador, busca envolver os estagiários em diversos tipos de atividades dentro da área de engenharia, como discussão conceitual, construção de propostas e realização de testes. Bahia Indústria 13


Muito além da montagem de robôs Competições de robótica abrem caminho para desenvolver o gosto pela tecnologia, experimentação e inovação Por Patrícia moreira

O

desafio foi lançado há dois meses e, nas escolas da rede SESI, a imaginação anda à solta. Inspirados em fantásticas aventuras interplanetárias e espaciais, os estudantes se preparam para o Torneio SESI First® Lego® League, que este ano tem como tema Into Orbit – Conquista do espaço. A etapa regional está marcada para os dias 22 e 24 de novembro. Além das disputas de robôs, que deverão cumprir missões espaciais em uma mesa especialmente projetada para o tema deste ano, meninos e meninas dos 9 aos 16 anos têm como uma das etapas da competição desenvolver e apresentar projetos de pesquisa. A ideia é estimular os estudantes a buscarem soluções para os problemas do dia a dia. Tendo o universo como limite, a criatividade dos competidores anda nas alturas. Na avaliação dos professores de robótica educacional, o fato de o

torneio trazer um tema novo a cada ano é uma forma de desafiar os meninos. “A mudança de tema a cada ano estimula os alunos a saírem da zona de conforto e a buscar o novo”, destaca o professor Luís Henrique Cardoso, da Escola SESI de Candeias, um dos técnicos da equipe Robolife. O professor conta que o maior desafio foi definir o tema que os alunos iriam pesquisar. A opção foi por estudar o impacto que a vida no espaço tem sobre o corpo dos astronautas e propor soluções. interdisciplinaridade O professor Robson Nunes, da Escola SESI Reitor Miguel Calmon, que está treinando as equipes Tecgold e Tecnomaníacos para duas competições de robótica – a etapa nacional da Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR) e o Torneio SESI FLL – lembra que o propósito da robótica é servir de “ferramenta de aprendizagem”, pois ajuda o estudante a desenvolver gosto e conhecimento em física, matemática e ciências humanas. “É uma ferramenta fantástica interdisciplinar, pois o aluno precisa saber escrever, pesquisar”, acrescenta o professor. A ideia, explica a coordenadora pedagógica de Robótica e Ciências Exatas da Escola SESI Reitor Miguel Calmon, Fernanda Santos, “é que as disciplinas trabalhem juntas para que o aluno saia sempre da

“Nosso propósito é trazer a reflexão para o dia a dia do estudante e associar a montagem dos robôs ao conteúdo” Fernanda Santos, coordenadora pedagógica de Robótica

14 Bahia Indústria

sala de robótica com conteúdo. Se não, é só montar um brinquedo, e nosso propósito é trazer a reflexão para o dia a dia do estudante e associar a montagem dos robôs ao conteúdo”, acrescenta. Para ela, o caminho entre a prática da robótica e a iniciação científica é tênue e um acaba levando ao outro. Foi o que aconteceu na Escola SESI Anísio Teixeira, de Vitória da Conquista onde um projeto fez exatamente esta trajetória. Usando o arduíno e mecanismos mecânicos e elétricos, os estudantes do 3° ano do Ensino Médio, Gabriel Almeida e Rodrigo Lima, desenvolveram um chuveiro que interrompe a liberação da água quando o sabonete é retirado da saboneteira. A ideia original surgiu nas aulas de iniciação científica. Rodrigo Lima conta que quando o torneio de robótica desafiou os estudantes a pensarem soluções para o uso da água, em uma edição anterior, ele levou a proposta do chuveiro inteligente para a equipe e deu certo. Foi assim que, em maio deste ano, o projeto conquistou no Campus Party, na edição realizada em Salvador, o 3° Lugar no Edital de Inovação Produtiva da Campus Future, que integra a programação


Estudantes das equipes de robótica da Escola SESI Reitor Miguel Calmon Fotos: Valter Andrade/Coperphoto/Sistema FIEB

paralela do evento. “Não imaginava que o chuveiro inteligente iria me levar tão longe”, conta Rodrigo, que se prepara para levar sua invenção para eventos científicos do país, a exemplo da Fenecit. Rodrigo Lima e Gabriel Almeida foram orientados pelo professor de robótica Rafael Machado Almeida, que também coordena, na escola SESI de Vitória da Conquista, a Feira Tecnológica de Ciências. Na edição deste ano, a feira reuniu estudantes de mais de 30 instituições de ensino médio e técnicas do município. tecnologia O evento foi uma forma encontrada pela escola para estimular a produção científica dos alunos e faz parte das atividades da disciplina Robótica. O mais interessante é que o evento mobiliza toda a comunidade acadêmica da cidade. Rafael conta que, este ano, orientou cerca de 30 projetos de estudantes do SESI. Um deles, venceu a premiação da feira em 1º lugar: um sistema para ser instalado nos hidrômetros das residências, capaz de detectar vazamentos de água. O SESI é hoje responsável pela organização das principais competições de robôs do estado: a etapa Bahia da Olimpíada Brasileira de Robótica e a seletiva regional do Torneio SESI de Robótica First® Lego® League, competição internacional que tem a entidade como organizadora no Brasil. A equipe da Escola SESI Reitor Miguel Calmon foi classificada, pelo segundo ano consecutivo, para a OBR nacional. No ano passado, o professor Robson Nunes conta que a bagagem voltou bastante rica da participação na competição: “trouxemos muito conhecimento”, frisa. Para ele, participar de dois campeonatos traz uma experiência nova para os alunos.

As competições são importantes, na avaliação da gerente de Educação do SESI Bahia, Cléssia Lobo, porque é o momento em que os estudantes exercitam outras habilidades para o seu desenvolvimento pessoal. “Em torneios, apesar do aspecto da competição, os estudantes exercitam capacidades sócio emocionais importantes para o seu desenvolvimento como autocontrole, cooperação, empatia e valores que, inclusive, são avaliados em uma etapa do torneio, são os chamados core values”. As equipes que Robson Nunes coordena, como professor e, nos campeonatos, como técnico, são formadas por alunos do ensino fundamental e médio, que estão se preparando para a OBR nacional, que acontece de 6 a 9 de novembro, em João Pessoa (PB). “É um trabalho muito intenso de preparação”, conta o professor, que informa que, para o Torneio SESI, os estudantes estão investindo, em paralelo, numa pesquisa sobre os aspectos psicológicos que afetam pessoas que passam um longo período embarcados e convivendo com pessoas de diferentes nacionalidades, detalha o professor Robson.

Professor Robson (E) e os estudantes que vão para a OBR nacional

Bahia Indústria 15


eSocial?

Sua empresa está preparada para o

Especialistas alertam para a necessidade de as empresas se prepararem para cumprir as exigências do eSocial e evitar prejuízos financeiros e penalidades dos órgãos fiscalizadores

Por cleber borges

partir de julho de 2019 dados sobre saúde e segurança no trabalho (SST) deverão obrigatoriamente ser informados ao eSocial. Para isso, as empresas devem estar devidamente preparadas para atender às novas exigências de consolidação de tais informações nos prazos indicados e em uma única entrega. Para colaborar com as empresas, o Serviço Social da Indústria lançou na Bahia o SESI Viva+ (ver matéria na página 20), que facilita a entrega de dados sobre SST. Criado com o Decreto 8.373/2014, o eSocial envolve a Receita Federal, o Ministério do Trabalho, o INSS e a Caixa Econômica Federal. Ele impacta na forma com que as empresas brasileiras lidam com suas obrigações fiscais, trabalhistas e tributárias. Sua principal finalidade é criar um banco 16 Bahia Indústria

de dados único, que sistematiza tanto o gerenciamento quanto a fiscalização das informações, possibilitando o compartilhamento delas, em tempo real, entre os órgãos envolvidos. Quando totalmente implementado – inclusive no setor público, cujo prazo é até 2021 – o programa reunirá informações de mais de 44 milhões de trabalhadores em um único sistema. Uma vez implementado, o sistema fará com que as informações sejam enviadas assim que os eventos acontecerem, para que os órgãos responsáveis verifiquem se a execução das regras está sendo feita de maneira adequada. Por


valter pontes/Coperphoto/Sistema FIEB

conta do cruzamento de dados, o programa não permitirá a prestação de informações errôneas – equivocadas ou incompletas. Com o eSocial, o empregador insere todas as informações do empregado, não importando a forma de contratação. Dados trabalhistas, previdenciários, tributários e fiscais, muitas vezes registrados em papel, ou comunicados separadamente, passam a ser integrados em um mesmo ambiente. MULTAS O médico do trabalho e mestrando em Saúde Ocupacional na Turin School ol Development (Itália), Gustavo Nicolai, consultor do SESI Bahia, alerta que a chegada do eSocial vai transformar as relações de trabalho, no tocante à saúde e segurança. As empresas terão que adotar uma plataforma específica (denominada XML), que exigirá mais rigor no envio de registros. Elas terão que se adaptar, transformando

informações em processos para enviar dados precisos ao INSS. “Não se preparar para o eSocial pode trazer sérios problemas financeiros. Empresas com maior registro de acidentes do trabalho serão as mais penalizadas. As obrigações acessórias, na prática, se transformarão em obrigações principais”, afirmou Gustavo Nicolai. Em função desse novo cenário, as empresas devem investir na forma com que lidam com as obrigações legais para evitar o risco de arcar com pesadas multas. Afinal, o próprio setor público estima que deva arrecadar R$ 20 bilhões nos próximos anos com multas relativas ao eSocial. Para a Confederação Nacional da Indústria (CNI) o eSocial precisa de aperfeiçoamentos, dada a sua abrangência e o seu impacto nas empresas. “É fundamental que as indústrias tenham clareza sobre as mudanças que serão requeridas na gestão das informações, para o atendimento da legislação e as áreas

Gustavo Nicolai diz que eSocial vai alterar as relações de trabalho

Bahia Indústria  17


CRONOGRAMA DE IMPLANTAÇÃO – eSOCIAL

Grandes Empresas*

Demais Optantes pelo Poder público/ empresas** Simples/Produtor Organização rural/Empregador internacional pessoa física***

CADASTROS DO EMPREGADOR E TABELAS

JAN 2018

16 JUL 2018

10 JAN 2019

JAN 2020

DADOS DOS TRABALHADORES E SEUS VÍNCULOS COM AS EMPRESAS (EVENTOS NÃO PERIÓDICOS)

MAR 2018

10 OUT 2018

10 ABR 2019

Resol. Específica

2020

FOLHA DE PAGAMENTO

MAI 2018

10 JAN 2019

10 JUL 2019

Resol. Específica

2020

SUBSTITUIÇÃO DO GFIP PARA RECOLHIMENTO DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS

AGO 2018

ABR 2019

OUT 2019

Instrução Normativa Específica

2020

SUBSTITUIÇÃO DA GFIP PARA RECOLHIMENTO DO FGTS

NOV 2018

ABR 2019

OUT 2019

Circular Caixa Específica

2020

DADOS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR

JUL 2019

JAN 2020

JUL 2020

*Com faturamento anual em 2016 maior que R$ 78 milhões ** Com faturamento anual em 2016 de até R$ 78 milhões exceto empregadores da 3ª coluna *** Exceto doméstico Fonte: Resolução CDES 05/2018

JAN 2021

Armando Neto, superintendente do SESI; Rafael Kieckbush, da CNI e Luisa Lima destacaram as mudanças que chegam com o eSocial

diretamente envolvidas nesse processo”, avalia o presidente da CNI, Robson Braga. Com o objetivo de apoiar as indústrias brasileiras no entendimento sobre o que é e como funciona o eSocial, a CNI, o Serviço Social da Indústria (SESI) e o Instituto Euvaldo Lodi (IEL) elaboraram uma cartilha, com informações e dicas de como fazer a transição do processo atual para o eSocial. Robson Braga lembra que o SESI e o IEL, entidades presentes em todos os estados brasileiros, estão à disposição das indústrias para apoiá-las no desafio de atender os requisitos do eSocial. Conforme destaca o superintendente do SESI Bahia, Armando Neto, por trazer mudanças aos processos trabalhistas, fiscais, administrativos e financeiros da empresa, a rotina e a cultura internas precisam ser repensadas para que as informações antes disponíveis em diferentes departamentos possam ser integradas e geradas com precisão, seguindo as leis vigentes e dentro dos padrões e prazos do novo sistema. O especialista em Política e Indústria da CNI, Rafael Kieckbusch, insiste nesse ponto. Ele recomenda atenção das empresas e dos fornecedores de tecnologia de informação quanto aos regramentos, ao período e à forma de adesão ao programa. Para ele, o principal risco envolve o preenchimento incorreto dos dados encaminhados ao eSocial, os quais devem ser sustentados na rastreabilidade documental da empresa, especialmente quanto aos de segurança e saúde no trabalho. Kieckbusch chama a atenção quanto aos processos internos, que devem garantir que os eventos trabalhistas, previdenciários e fiscais sejam encaminhados com regularidade e pontualidade. Em um primeiro momento, diz, as empresas terão


gastos adicionais com o programa, incluindo sistemas informatizados adequados para a transmissão, aumento do número de profissionais e contratação de consultoria. No médio e longo prazos, tende a desburocratizar e evitar redundâncias de informações que as empresas fornecem aos órgãos fiscalizadores, o que reduzirá custos. TECNOLOGIA O eSocial faz uma verdadeira revolução tecnológica nos atuais modelos de gestão das relações de trabalho, impactando diversas áreas das organizações. Haverá a integração das obrigações acessórias e os dados eletrônicos de todos os vínculos ficarão acessíveis aos agentes fiscalizatórios, não importando o tipo de vínculo ou mesmo sua ausência, ou o tipo de Regime Previdenciário: Geral ou Próprio. Além disso, todo processo de apuração e geração dos créditos e débitos tributários e previdenciários e também a geração dos Documentos de Arrecadação de Receitas Federais (DARFs) passam a ser realizados por um sistema externo denominado DCTF Web (Declaração de Débitos e Créditos Federais, Contribuições Previdenciárias e de Outras Entidades e Fundo e IRRF). Nesse ambiente acontecerá a consolidação das

“Não se preparar para o eSocial pode trazer sérios problemas financeiros. Empresas com maior registro de acidentes serão as mais penalizadas” Gustavo Nicolai, médico do trabalho e consultor do SESI-BA

informações prestadas ao eSocial e à EFD-Reinf (Escrituração Fiscal Digital de Retenções e Outras Informações Fiscais). A EFD-Reinf vai complementar as informações do eSocial e substituirá a GFIP/GPS e a Declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte (DIRF) quanto às informações tributárias prestadas nesses instrumentos e que não estejam contempladas no eSocial. A apuração da arrecadação do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) passa a ser feita pelo eSocial, com a respectiva geração do documento de arrecadação no site da Caixa Econômica Federal (CEF), devendo a empresa acessar o ambiente próprio da instituição para esse fim. Para construir o volume de informações necessário ao eSocial dentro dos prazos exigidos, os empregadores (empresas, ONGs, entes públicos, pessoas físicas, produtores rurais) necessitarão repensar as rotinas e os processos internos em que serão geradas tais informações. Alguns princípios devem ser observados para os processos que vão gerar dados para o eSocial: precisão (qualidade da informação), conformidade (legal e padrões do eSocial) e eficácia (cumprimento de prazos).

“O eSocial é apenas uma nova forma de receber informações do mundo do trabalho. Ele vai trazer mais rapidez, menor custo e mais eficiência na prestação de informações, ao padronizar a forma de prestação destes dados. O eSocial chega para garantir o direito dos trabalhadores, simplificar processos e permitir a atualização constante das informações“, destaca o coordenador do Grupo Governamental de Implantação do eSocial, José Maia. MELHORAR A GESTÃO O superintendente do SESI Bahia, Armando Neto, alertou as empresas para a importância do conhecimento dos eventos do eSocial e, também, para a adoção de práticas de gestão e prevenção na área de SST, como forma de evitar prejuízos. “Nosso objetivo é trazer as empresas, pois acreditamos que quanto mais estiverem preparadas, menos vão sofrer prejuízos e poderão colocar em prática uma gestão eficiente dos dados da sua força de trabalho”, afirmou Armando Neto. A gerente da área de Promoção de Saúde do SESI Bahia, Luísa Silva Lima, lembra que as Unidades do SESI Bahia estão à disposição para apoiar a indústria no desafio de atender aos Bahia Indústria 19


Mais de cem empresas já aderiram ao Viva+

requisitos do eSocial e na implantação de Soluções em Saúde e Segurança na Indústria. “O volume de dados e os procedimentos envolvidos para o cumprimento das determinações do eSocial exigem dos empregadores um grande esforço para adequação de processos de gestão, implicando integração de áreas, celebração de parcerias, investimentos em sistemas informatizados e contratação de fornecedores qualificados”, explicou a gerente Luísa Silva Lima, acrescentando: “É fundamental que as indústrias tenham clareza sobre as mudanças que serão requeridas na gestão das informações, os principais desafios para o atendimento da legislação e as áreas diretamente envolvidas nesse processo”. Números apresentados pelo gerente de Saúde e Segurança na Indústria do SESI Bahia, Amélio Miranda, dão uma dimensão da necessidade de avanços em SST no país. Quase 9% da folha das empresas correspondem a despesas decorrentes de doenças e acidentes no trabalho; 71% das indústrias querem e precisam investir em SST e também se adaptar ao eSocial; e 61% das empresas querem a precisam investir em promoção da saúde. Ele ressalta, no entanto, os avanços na área: o número de acidentes no trabalho teve queda de 20% nos últimos anos em todo o país. ETAPAS Segundo o INSS, a segunda fase do eSocial teve início em 10 de outubro, abrangendo entidades empresariais com faturamento entre R$ 4,8 até R$ 78 milhões no ano de 2016 e que não sejam optantes pelo Simples Nacional. Essa etapa envolve o envio de dados dos trabalhadores e seus vínculos empregatícios até 9 de janeiro de 2019. No tocante a micro e pequenas empresas optantes pelo Simples Nacional, inclusive o Microempreendedor Individual (MEI), destaca-se que não devem enviar eventos via sistema eSocial antes dos novos prazos estabelecidos para esse grupo. As informações que já foram enviadas permanecerão no ambiente do eSocial e poderão ser retificadas ou complementadas quando o sistema reabrir para essas empresas, em janeiro de 2019. Conforme Nota Orientativa nº 2018.007, publicada em 09/10/2018, as micro e pequenas empresas não optantes pelo Simples Nacional poderão enviar seus eventos de tabelas e eventos não-periódicos de forma cumulativa com os eventos periódicos, no prazo previsto para estes últimos: 10 de janeiro de 2019.

SESI fez o lançamento da plataforma na Bahia, colocando à disposição das empresas um novo serviço de apoio à gestão Por Patrícia moreira

Amélio Miranda apresentou aos empresários a plataforma de gestão desenvolvida pelo SESI

Pouco mais de um mês após o lançamento do SESI Viva+, a nova plataforma de gestão de segurança e saúde no trabalho (SST) e do e-Social, desenvolvida pelo departamento nacional do Serviço Social da Indústria, já teve a adesão de cerca de 100 indústrias baianas, que representam um universo de mais de 2.500 trabalhadores. Lançado em Salvador no dia 10 de setembro, os gestores do SESI estiveram em todas as unidades do interior apresentando o novo produto e formalizando a adesão de empresas. Em paralelo à apresentação da nova plataforma, nos últimos doze meses, a Gerência de Saúde e Segurança na Indústria (SSI) do SESI Bahia realizou cerca de 40 eventos e cursos sobre o Sistema de Escrituração Digital das Obrigações Fiscais, Previdenciárias e Trabalhistas (eSocial) voltados para empresários, líderes de sindicatos patronais, gestores de Recursos Humanos, profissionais de SST, contadores e jornalistas. Com

Valter Pontes/Coperphoto/Sistema FIEB

20  Bahia Indústria


Alfredo Filho/Coperphoto/Sistema FIEB

o apoio da FIEB, Confederação Nacional da Indústria (CNI), Sindicatos Patronais e do Conselho Regional de Contabilidade da Bahia CRC/BA, estes eventos tiveram o objetivo de informar e subsidiar as empresas no atendimento ao eSocial nos eventos de SST e também orientar e alertar os empresários para o novo desafio da obrigatoriedade de transmitir estas informações ao ambiente nacional. Os eventos foram realizados nos municípios de Salvador, Camaçari, Lauro de Freitas, Feira de Santana, Irecê, Jacobina, Juazeiro, Senhor do Bonfim, Jaguarari, Barreiras, Luís Eduardo Magalhães, Vitória da Conquista, Jequié, Ilhéus, Teixeira de Freitas, Eunápolis, Valença dentre outros. A necessidade de estar presente no maior número de municípios possível e de chegar mais perto do empresário se dá em razão da importância de alertar as empresas para a importância de se preparar para atender às exigências do sistema federal. O gerente de SSI do SESI Bahia, Amélio Miranda, destaca que os técnicos da entidade estão à disposição dos empresários para esclarecer suas dúvidas e até mesmo prestar consultoria sobre o que precisa ser feito para se preparar para a nova realidade trazida pelo eSocial. “O prazo para entrega das

informações em meio digital, via eSocial, foi postergada e isso se configura uma oportunidade para as empresas terem um maior tempo de se preparar para esta nova realidade e ajustar seus processos internos”, explica Miranda. Em relação ao SESI Viva+, Amélio Miranda destaca que a plataforma vem conseguindo a confiança do empresariado, que enxerga o SESI como um parceiro estratégico, inclusive com a adesão de empresas de médio e grande portes. solução integrada Para o coordenador de gestão de Pessoas do Grupo CCR, José Antonio Coelho Jr, que esteve presente ao lançamento, o SESI já auxilia a empresa prestando serviços de saúde e segurança no trabalho. “Agora traz uma solução integrada que a gente consegue não apenas sistematizar e qualificar os atendimentos, mas também encontrar as informações necessárias para uma política de saúde preventiva, atacando os focos necessários, trazendo longevidade, melhoria da qualidade de vida no trabalho e o melhor: monitorando e já adequando tudo isso às exigências do eSocial”, acrescenta. O superintendente do SESI Bahia, Armando Neto, explicou que a proposta do SESI ao desen-

volver a plataforma foi mitigar o risco de descumprimento pelas empresas das obrigações relativas à gestão de saúde e segurança no trabalho, que é uma expertise do SESI. Apesar de neste primeiro momento estar voltada para o eSocial, Armando Neto lembra que o SESI Viva + é muito mais do que um módulo de gestão voltado para o sistema oficial. “A plataforma traz uma ferramenta de gestão da saúde do trabalhador e a empresa poderá ter acesso aos dados epidemiológicos da saúde dos seus trabalhadores, principalmente para gerir melhor os gastos com saúde, que é um dos que mais aumentam”, acrescenta. Por ser uma plataforma multicanal, o SESI Viva+ apresenta várias interfaces que permitem a extração de dados em diversos níveis. Para a empresa, permite o cruzamento de dados epidemiológicos relativos à saúde dos seus trabalhadores, facilitando a adoção de programas de saúde e segurança e definição de políticas internas nestas áreas. Para o trabalhador, é uma forma de acesso aos seus dados de saúde, permitindo o controle do seus indicadores de saúde, como obesidade, pressão, colesterol, circunferência abdominal, além de ser um canal de comunicação direto entre empresa e trabalhador.

Na solenidade de lançamento, realizada em Salvador, 15 empresas formalizaram a adesão ao SESI Viva+

Bahia Indústria 21


A

Indústria 4.0 em andamento Pequenos, médios e grandes empresários baianos iniciam processo de transformação digital

André Santos/SENAI Cimatec

Por Carolina Mendonça e Gilson Jorge

22 Bahia Indústria

Com sensor e máquina da fábrica, Rose Fukuhara acompanhará produção

confluência das tecnologias digitais – Big Data, inteligência artificial, internet das coisas - vai mudar, em pouco tempo, a forma de produzir, gerar novos negócios e transformar o mercado de trabalho. Antenados às mudanças, empresários de todos os portes já iniciaram a transformação digital e miram as próximas etapas deste processo. Um dos exemplos é o da Japastel, que produz massas de pizza e pastel há 18 anos, em Simões Filho. A empresa é uma das duas baianas que participam do piloto do programa Indústria Mais Avançada, realizado pelo SENAI nacional, em 56 estados brasileiros. O objetivo da experiência é refinar um método de baixo custo, alto impacto e de rápida implementação. São testadas técnicas de internet das coisas, sensoriamento, computação em nuvem e analytics que permitam intervir nos processos produtivos com maior agilidade. A indústria já passou por consultoria em lean manufacturing, diminuindo perdas de insumos e aumentando sua produtividade. Agora, um coletor de dados eletrônico está sendo implantado para que a eficiência global da embaladora da fábrica seja monitorada por sensores. “Na prática, os dados de produção estarão na ‘palma do celular’, como a gente fala”, explica o consultor do SENAI Cimatec, Mauro Stefani. Rose Fukuhara, uma das sócias da Japastel, explica que, desde o diagnóstico feito pela consultoria do programa, foi possível identificar gargalos de produção e onde é mais importante investir em tecnologia. “No nosso caso,


André Santos/SENAI Cimatec

 PASSO A PASSO

DA INDÚSTRIA 4.0

O SENAI lançou um guia com cinco passos que as pequenas e médias empresas devem seguir para se inserir na indústria 4.0  ESTÁGIO 1 – OTIMIZAÇÃO Aumente a produtividade do chão de fábrica e dos seus funcionários, ao mesmo tempo em que o desperdício é reduzido, elevando a sua margem de lucro. Capacite as lideranças no tema indústria 4.0 e se prepare para a segunda etapa.

a embaladora é fundamental. Se a máquina apresentar algum problema técnico, ou se há falta de energia, por exemplo, poderemos tomar decisões rapidamente, mantendo a produtividade”, conta. De acordo com gerente de Tecnologia e Inovação do SENAI Cimatec, Flávio Marinho, o processo de transformação digital se dá em estágios de maturidade. “E os primeiros passos, além de serem fundamentais para a formulação da estratégia das empresas nesta direção, envolvem ações de otimização dos processos que exigem baixo investimento e alto retorno com os ganhos de eficiência e qualidade”, afirma. inteligência A consultoria SmartFlows, focada em Supply Chain Management, desenvolveu recentemente um projeto de Indústria 4.0 junto ao SENAI Cimatec para um operador logístico de cargas de importação e ex-

portação, além de distribuição de produtos. “Utilizamos a tecnologia para mapear o fluxo das empilhadeiras no pátio de contêineres e também antecipar informações para que as cargas cheguem ao terminal com uma inteligência que aponte onde ela vai ficar, como ela vai ser armazenada, como vai ser movimentada”, afirma Gustavo Barbosa, sócio da empresa. Ele diz que, com o projeto, foi possível obter ganhos de produtividade e de liberação de área, além de reduzir as movimentações desnecessárias das máquinas empilhadeiras que deslocam os contêineres. “O conceito é basicamente conseguir monitorar melhor os fluxos dos equipamentos e prever algumas ações”, diz Barbosa. O consultor, que começou a se interessar pelo assunto em função da Internet das Coisas (IOT), considera que essas novas tecnologias abrem “um mar de oportunidades”, com o conceito

Na Bahia, participantes testaram novas tecnologias no Desvendar 4.0

 ESTÁGIO 2 – SENSORIAMENTO E CONECTIVIDADE Agora que você já ajustou o seu processo produtivo, é necessário sensoriar suas principais linhas de produção. Seus técnicos serão capacitados para analisar dados em tempo real, aprender com o seu chão de fábrica e tomar rápidas decisões.  ESTÁGIO 3 – VISIBILIDADE E TRANSPARÊNCIA Como os dados do processo já estão sendo captados por sensores, é hora de torná-los visíveis em uma nuvem e integrados aos demais indicadores da empresa e de toda a sua cadeia de valor.  ESTÁGIO 4 – CAPACIDADE PREDITIVA É hora de introduzir tecnologias como big data e inteligência artificial para auxiliar em possíveis testes e prever diferentes cenários.  ESTÁGIO 5 – FLEXIBILIDADE E ADAPTABILIDADE Nesta fase, os sistemas e tecnologias implantados possuem capacidade de identificar e resolver problemas, além de responder de forma flexível às demandas dos clientes por novos produtos e serviços. Fonte: SENAI Nacional

Bahia Indústria 23


“Os primeiros passos, além de serem fundamentais para a formulação da estratégia das empresas, envolvem ações de otimização dos processos que exigem baixo investimento e alto retorno com os ganhos de eficiência e qualidade”

Cimatec apoia indústria com tecnologia

Flávio Marinho, gerente de Tecnologia e Inovação do SENAI Cimatec

de fazer dados virarem informação, que viram inteligência e se transformam em resultados. Desvendar 4.0 Com o objetivo de ajudar pequenos, médios e grandes empresários a entrar na quarta revolução industrial, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) realizou em suas unidades, em todo o Brasil, o evento Desvendar 4.0. “Empresas de todo o mundo estão iniciando esse processo. A indústria 4.0 deve ser vista como uma oportunidade para o Brasil dar um salto em produtividade e gerar mais desenvolvimento”, avalia o diretor-geral do SENAI, Rafael Lucchesi. Na Bahia, uma série de workshops foram realizados, explorando a transformação que está se dando nos diversos segmentos da indústria. Um destes encontros teve como foco a indústria de Vestuário, com a participação de empresários da confecção. Eunice Habbibe, vice-presidente do Sindicato da Indústria de Vestuário e Artefatos de Joalheria e Bijuteria da Bahia (Sindvest-BA), acredita que, diante das mudanças na produção, a indústria deve se adaptar. “É uma realidade que, em certos momentos, pode até nos assustar, mas é caminho sem volta e vamos precisar conhecer estes novos caminhos para continuarmos no mercado”, disse. Empresários interessados no tema também podem fazer um diagnóstico gratuito do estágio tecnológico de suas empresas na plataforma SENAI 4.0 (senai40. com.br), lançada este ano. A avaliação serve de base para elaboração de um plano individualizado de atualização tecnológica, também oferecido gratuitamente. Além disso, já está disponível, sem qualquer custo, o curso online Desvendando a Indústria 4.0.

Robô autônomo subaquático é projeto inédito desenvolvido no Cimatec

O SENAI Cimatec já é referência nacional e internacional no desenvolvimento tecnológico associado aos princípios da Indústria 4.0. Um dos cases mais impactantes é o FlatFish, um robô autônomo subaquático desenvolvido para inspeção de dutos de transmissão de petróleo e gás, em parceria com a DFKI (Centro Alemão de Pesquisa de Inteligência Artificial) e a Shell, e combinação de recursos da EMBRAPII (Associacão Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial) e da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis). O diretor de Tecnologia e Inovação do Cimatec, Leone Andrade, reforça que o SENAI já disponibiliza uma série de serviços e soluções tecnológicas, em diversas áreas de competência, com o intuito de agregar valor e aumentar a produtividade na indústria. Além de projetos de alta complexidade, há dezenas de outros em andamento no centro tecnológico. Um dos exemplos citados por ele é o da Deten Química, que atua no Complexo Industrial de Camaçari. Em parceria com a instituição, a empresa desenvolve uma forma de monitorar máquinas em tempo real, a fim de diminuir custos de manutenção preventiva, entre outras inovações. “O Cimatec apoia as indústrias neste processo com o que há de ponta em termos de tecnologia”, diz o diretor geral da Deten, José Luís Almeida.

Marcelo Grandra / Coperphoto / Sistema FIEB

24 Bahia Indústria


conhecimento destes entraves, o empresário acaba internalizando o valor da barreira nos seus custos ou desistindo e partindo para outros mercados”, sinalizou.

João Alvarez/Coperphoto/Sistema FIEB

Entraves à exportação CNI identifica barreiras comerciais que mais prejudicam produtos brasileiros no exterior e mobiliza empresários

E

m meio a tantas dificuldades, o setor produtivo do Brasil ainda perde, a cada ano, cerca de 14% de suas exportações em razão de barreiras técnicas e fitossanitárias. Em 2017, a perda ficou próxima de US$ 30,5 bilhões (cerca de R$ 113 bilhões), de acordo com estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), a pedido da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Os obstáculos atingem alguns dos principais produtos exportados pelo país, como açúcar, carnes e suco de laranja. O mamão, por exemplo, acaba estragando nos EUA por conta de alegações de autoridades americanas de que há pedaços de insetos nas cargas enviadas, sem embasamento técnico. Com o objetivo de capacitar empresas, sindicatos, associações setoriais, instituições e profissionais que operam no comércio internacional, a CNI e a FIEB, por meio do seu Centro

Internacional de Negócios (CIN) e do seu Conselho de Comércio Exterior (Comex), realizaram, em Salvador, o Roadshow Barreiras Comerciais e aos Investimentos. “Conhecer as barreiras é o primeiro passo para enfrentar as dificuldades no exterior”, salientou a gerente de Política Comercial da CNI, Constanza Biasutti, presente no evento. A especialista explicou que, de maneira ampla, as barreiras são técnicas e fitossanitárias, aplicadas por meio de tarifas, normas aduaneiras ou políticas, e afetam bens, serviços e investimentos brasileiros. “Sem

Países impõem barreiras a produtos brasileiros

Agenda positiva Com o intuito de divulgar estas informações, a CNI, em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), disponibiliza, via internet, um manual que auxilia as empresas brasileiras, inclusive as Micro, Pequenas e Médias Empresas (MPMEs). A publicação pode ser acessada em http://www.portaldaindustria.com. br/publicacoes/2017/8/manual-de-barreiras-comerciais-e-aos-investimentos. A organização também atua no sentido de fortalecer o programa OEA (Operador Econômico Autorizado), uma parceria entre a Receita Federal e a iniciativa privada, que visa reconhecer as empresas que cumprem as regras de segurança e de cumprimento da legislação tributária e aduaneira. “A certificação abre uma série de portas: redução da parametrização do Siscomex, que diminui a quantidade de importações verificadas, e o despacho sobre águas, com a carga ainda no navio”, explica o superintendente-adjunto da RFB na 5ª Região Fiscal em Salvador, Ricardo Machado.

"Sem conhecimento destes entraves comerciais, o empresário acaba internalizando o valor da barreira nos seus custos ou desistindo e partindo para outros mercados. Conhecer as barreiras é o primeiro passo para enfrentar as dificuldades no exterior" Constanza Biasutti, gerente de Política Comercial da CNI

Bahia Indústria 25


Próxima estação: esperança Programa ViraVida capacita e insere, no mercado de trabalho, jovens baianos em situação de risco social Valter Andrade / Coperphoto / Sistema FIEB

Por Gilson Jorge

B

ianca Barbosa, 19 anos, que tinha dificuldade para falar em público e se dirigir a estranhos, está se acostumando a ir às diferentes salas da sede da CCR Metrô Bahia, no bairro do Calabetão, para entregar correspondência e atender a quem chega ao balcão da recepção, onde começou a trabalhar este ano. No último dia 23 de fevereiro, a mãe de Bianca esteve nas instalações da empresa para conhecer o local de trabalho da filha. A visita faz parte do programa de ambientação. “Ela disse que valeu a pena o esforço para cuidar de mim”, disse Bianca, com lágrimas nos olhos, ao contar que, antes de chegar ao ViraVida, juntamente com a mãe, o irmão mais novo e a irmã, sofreu as agruras de uma vida pobre no bairro de São Caetano, principalmente, depois do difícil processo de divórcio dos pais. Foi uma psicóloga do Centro de Atenção Psicossocial (Caps), no Curuzu, quem recomendou o programa à menina, que ainda não sabia exatamente o que poderia fazer da sua vida. Brendon Copque, 19 anos, não chegou a conhecer o pai, que sumiu ainda durante a gravidez da então namorada. Foi criado na casa do avô materno, que não se relacionava bem com o neto. Da mãe, sempre recebeu todo o afeto. “Ela me dizia que só não queria que eu me envolvesse com drogas”, conta Brendon, que quando recebeu o primeiro salário como funcionário da CCR entregou a maior parte do dinheiro nas

26 Bahia Indústria


mãos da mãe. Queria pagar as contas de luz, telefone, ajudar nas despesas da casa. Curioso e, desde a infância, apegado aos estudos, assim que começou a trabalhar na empresa, Brendon buscou se informar sobre as possibilidades de crescimento. Aos 18 anos, tornou-se o mais jovem condutor de metrô da cidade. E, de quebra, ainda ficou atento quando surgiu uma vaga para caixa de bilheteria e conseguiu levar sua mãe para trabalhar lá. “A CCR Metrô é uma das empresas que mais contratam socioeducandos oriundos do programa, na condição de jovem aprendiz”, atesta o coordenador técnico do ViraVida, Jeandro Ribeiro. Oportunidades De acordo com a assessoria da empresa, mais de 20 jovens já foram contratados. “O Programa SESI ViraVida é uma oportunidade de transformar a vida de adolescentes e jovens por meio da capacitação. Os beneficiados pelo programa saem com formação pessoal e profissional, e toda a bagagem necessária para a sua primeira experiência no mercado de trabalho”, declara a gestora de Recursos Humanos da CCR Metrô Bahia, Cristiane Adad. Ela afirma não ter dúvidas de que o processo de aprendizado e vivência que tiveram no projeto foi fundamental para o sucesso deles. “Nós ganhamos e os jovens também”, destaca. Responsável pela construção do Corredor Rodoviário Avenida 29 de Março, a construtora OAS reser-

Brendon Copque é o mais jovem condutor de metrô de Salvador. Ao lado, a recepcionista Bianca Barbosa

"Os beneficiados saem com formação pessoal e profissional, e a bagagem necessária para a primeira experiência no mercado de trabalho" Cristiane Adad, gestora de RH da CCR Metrô Bahia

vou duas novas vagas no canteiro de obras para jovens do ViraVida. Uma vaga, profissional, é de apontador, o funcionário encarregado de fazer a integração entre o escritório da obra e o canteiro. A outra vaga, de ajudante de obras, destina-se a um aprendiz. Os dois vão se juntar a outros quatro jovens do programa que trabalham na construção da via, que terá 12 quilômetros e vai ligar os bairros de Paripe e Piatã. “Faz parte da nossa política investir no social e oferecer oportunidades aos jovens que representem mudança de vida”, afirma a assistente social Silvana Dias Lima. Jeandro Ribeiro, considera o programa uma oportunidade de crescimento. E não apenas para os alunos. “Nos permite uma reflexão e melhoria nas questões pessoais, sociais, profissionais”, afirma. No que diz respeito às empresas, ele ressalta que, além do cumprimento de cotas de aprendizagem, elas têm a possibilidade de contratação de colaboradores capacitados por instituições reconhecidas. Criado em 2010, o ViraVida já formou 1.196 jovens baianos, além de ter dado apoio a cerca de 900 familiares. Os estudantes selecionados têm entre 16 e 21 anos e recebem formação pessoal e profissional, além de serem contemplados com Educação Continuada, com cursos profissionalizantes oferecidos pelo SENAI e pelo Senac. “O SESI, junto com os parceiros formadores do programa ViraVida – SENAI, Sesc e Senac –, organiza uma intervenção educativa, com conteúdos que visam ao desenvolvimento de capacidades cognitivas e socioemocionais”, pontua a gerente de Educação e Cultura do SESI, Cléssia Lobo. Bahia Indústria 27


fotos Valter Pontes / Coperphoto / Sistema FIEB

Controle remoto, lucro efetivo O uso de drones por construtoras na Bahia traz soluções eficazes a baixo custo em diferentes áreas Por Gilson Jorge

I

Pedro Freire, da Civil, e o drone da empresa 28 Bahia Indústria

nventado no fim da década de 1970, pelo engenheiro israelita Abraham Karem, a partir de uma bomba de fabricação alemã, o drone foi utilizado inicialmente em missões militares em áreas de risco para os soldados. Em guerra contra os custos, o setor da construção civil na Bahia está descobrindo diversas outras utilidades, além da segurança humana, para esse objeto voador que parece diversão juvenil, mas que nos negócios é coisa de gente grande. Um dos pioneiros no uso do aparelho na Bahia, o Grupo Civil estima já ter economizado R$ 20 mil após a aquisição de um modelo que custou R$ 5.500,00. Equipado com câmera fotográfica e de vídeo, laser scanning, sensores e outros aparelhos, o artefato aéreo pode se tornar uma fonte importantíssima de informações que serão processadas posteriormente e ajudarão arquitetos, engenheiros e profissionais de marketing em suas tarefas para tornar o imóvel mais lucrativo. Amante de videogames, o analista de governança do Grupo Civil Pedro Vitor Freire Lara, 25 anos, precisou apenas de quatro sessões de treinamento, em uma área aberta de Simões Filho, para dominar os movimentos de um drone. Depois de alugar um equipamento para fazer a avaliação de terrenos com potencial para a construção, a empresa percebeu que o pequeno veículo não-tripulado poderia ter muitas utilidades em empreendimentos em construção ou prontos para a venda. Quatro meses depois, a construtora trocou o aluguel pela compra de seu próprio aparelho. Um drone pode atingir até 800 metros de altura e, por isso, para pilotar um equipamento desses é necessário obter certificação da Anac. Há quatro tipos de certificação, a depender do peso e das característi-


cas do Vant e se a finalidade é recreativa ou não: autorização especial de voo, certificado de autorização de voo especial (CAVE), certificado especial de aeronavegabilidade para RPA (sigla em inglês para aeronaves pilotadas por controle remoto) e o certificado especial de aeronavegabilidade. “É preciso ter cuidado para não invadir a área por onde circulam outras aeronaves, como helicópteros”, explica Pedro Vitor, responsável pela operação do aparelho. Por enquanto, o drone tem penetrado em espaços que tradicionalmente são ocupados por profissionais de diferentes setores da construção, desde serviços de alta periculosidade, como o operário que, preso a uma corda, vistoria a fachada, andar por andar, até empresas terceirizadas que são contratadas para produzir folders com imagens externas para o marketing. “Em três meses, o investimento se pagou”, calcula Rafael Valente, sócio do Grupo Civil, salientando que a empresa não precisa mais contratar terceirizadas para tarefas como vistoriar os detalhes de uma fachada no 13º andar, e ainda é possível usar as fotos tiradas do prédio a partir do alto para compor material promocional ou permitir que os potenciais compradores de imóveis sigam o andamento da obra. Seminário A Civil começou a usar drone este ano, em seu novo empreendimento, o Jazz, na Barra. Mas, desde 2015, o equipamento, cujo nome oficial é Veículo Aéreo Não Tripulado (Vant), é objeto de estudo e de práticas pelo Grupo de Pesquisa e Extensão em Gestão em Tecnologia da Ufba (Getec), coordenado pela professora Dayana Bastos Costa, que em outubro participou do seminário O Futuro da Construção, promovido pelo Sinduscon, na sede do Sistema FIEB. “Em três anos, já formamos 20 pessoas”, afirma a professora, que neste momento conta em seu grupo com uma doutoranda, dois mestrandos e quatro alunos de iniciação científica, tornando-se uma referência em construção digital, inclusive no uso de drones em canteiros de obras. O Getec apresenta anualmente pelo menos três artigos em congressos, publica regularmente em jornais acadêmicos e seus integrantes têm se revezado em palestras sobre o tema, em Recife, Feira de Santana e outras cidades do Nordeste. Uma das ações do Getec é a parceria com empresas do setor. No último dia 30 de outubro, o grupo apresentou à MRV Engenharia o relatório da utilização de um drone no empreendimento Parque dos

Coqueiros, do Minha Casa Minha Vida, em Camaçari. “Estamos animados com essas possibilidades e prevemos mais parcerias’, avaliou José Luís Esteves da Fonseca, gestor Executivo de Saúde, Segurança e Meio Ambiente da MRV. Novas aplicações O drone tem sido utilizado pelo Getec desde 2015, um ano depois que o professor Javier Irrizarry, do Georgia Institute of Technology (Estados Unidos), veio a Salvador ministrar um curso sobre tecnologias digitais emergentes, a convite da Ufba. “A gente agora está começando um estudo para automatizar o processo de inspeção de segurança”, afirma a professora Dayana. A foto que o drone vai tirar passa por uma rotina de programação e vai informar se as dimensões de altura, espessura e largura do imóvel estão corretas. “Outra aplicação que a gente está fazendo é na manutenção de edificações já entregues”, explica. Uma empresa pede uma vistoria de telhados, de valas, de canaletas e o Getec consegue ver com o drone todas as imagens externas. “Com o vant, a gente vai estar também apoiando as empresas para manutenções corretivas e planejar manutenções preventivas”, diz.

Obras da Civil registradas do alto pelo drone

grupo civil/divulgação

Bahia Indústria  29


valter pontes/Coperphoto/Sistema FIEB

painel

O Ogún amplia o parque de dados do Cimatec

SENAI Cimatec amplia capacidade em supercomputação Implantado em parceria com a Financiadora de Inovação e Pesquisa (Finep), o Cimatec Ògún executará o processamento de algoritmos complexos, com grande volume de dados. Com capacidade de realizar 104 trilhões de operações por segundo (TFlops), uma parte de sua arquitetura será utilizada pelo Sistema Nacional de Processamento de Alto Desempenho (Sinapad), uma rede de centros de computação implantada pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). Na solenidade de inauguração da máquina, o presidente da FIEB, Ricardo Alban, anunciou a aquisição de mais dois supercomputadores em até dois anos: “Teremos aqui o maior centro de supercomputação do Hemisfério Sul”, disse.

Espaço de ciência ocupou shopping de Salvador O Shopping Salvador, sediou durante um mês, o Espaço SESI Robótica Educacional, que ofereceu aos frequentadores do centro comercial uma programação variada com experimentações em robótica, tecnologia, artes e ciência. No dia 6 de outubro, os professores foram homenageados com uma programação especial, uma oficina de youtuber. A proposta foi compartilhar com o público algumas das experiências desenvolvidas no ambiente das escolas da rede SESI, com uso de novos recursos tecnológicos.

jefferson peixoto/Coperphoto/Sistema FIEB

30 Bahia Indústria

Nestlé e SENAI ofertam qualificação Cerca de 20 moradores da comunidade Rua de Palha, no bairro Centro Industrial, em Itabuna, no Sul do estado, realizaram curso de Panificação Básica em uma unidade móvel do SENAI. A iniciativa é da Nestlé, que tem uma unidade de Bebidas funcionando no município. Os participantes aprenderam técnicas para produção de pães diversos, utilizando tanto equipamentos profissionais de uma padaria como utensílios domésticos. A capacitação contempla ainda procedimentos de higiene, segurança alimentar, saúde e segurança do trabalho e conteúdos sobre empreendedorismo. “Os alunos estarão aptos a buscar emprego formal na área de panificação e também a começar uma produção doméstica, como forma de obter ou ampliar a renda familiar”, explica o gerente do SENAI Sul, Jurandir Hendler da Luz.

Lançado livro sobre Educação Corporativa O Serviço Social da Indústria (SESI Bahia) esteve presente no maior evento de gestão de pessoas do Norte e Nordeste: o 13º Congresso da Associação Brasileira de Recursos Humanos - seccional Bahia (ABRH-BA), em Salvador. Além de um estande do SESI Viva+, também foi lançado o livro Educação Corporativa em 7 Passos: Guia prático com a metodologia do SESI Bahia para programas de educação corporativa, organizado por Cléssia Lobo e Elisabete Mercadante, respectivamente, gerentes de Educação e de Educação Continuada do SESI Bahia. A gerente de SST do SESI Bahia, Maria Fernanda Lins Faiçal, também fez uma palestra sobre o Viva +.


Destaques na OBAQ • O estudante Álvaro Santos, 15, da Escola SESI Djalma Pessoa, ganhou medalha de ouro na XIII Olimpíada Baiana de Química (Obaq), categoria 1º ano do ensino médio. Também receberam menção honrosa os estudantes Eliseu Brandão da Silva, 1º ano, e João Victor Xavier, da Escola SESI Reitor Miguel Calmon, ambas de Salvador. valter pontes/Coperphoto/Sistema FIEB

Nordeste Forte propõe atuação em rede

IEL promove Rodada de Negócios

Complementar as competências de cada unidade do SENAI do Nordeste e, com isso, ampliar a oferta de serviços tecnológicos para apoiar o desenvolvimento das empresas industriais, especialmente as da região. A proposta de atuação em rede foi lançada durante a 15ª Reunião Ordinária da Associação Nordeste Forte, no SENAI Cimatec, em Salvador. Pensada por gestores de regionais do SENAI presentes na Reunião, a sugestão foi acolhida pelos presidentes das federações de indústria do Nordeste. O plano de trabalho da proposta será apresentado na próxima reunião da Associação, no dia 27 de novembro, em Brasília. Para o presidente da FIEB, Ricardo Alban, o trabalho exigirá das equipes e dos gestores “uma nova disciplina para que os serviços ofertados por cada SENAI sejam complementares”, disse.

O impacto da Indústria 4.0 na cadeia de suprimentos será discutido no VIII Encontro de Compradores e Fornecedores, que acontece no dia 21 de novembro, na FIEB. A programação do evento, promovido pelo IEL, conta com uma rodada de negócios que visa promover a aproximação comercial entre empresas do setor industrial. A Rodada de Negócios será restrita às empresas fornecedoras selecionadas. Mais informações pelo telefone (71) 3879-1677 ou pelo e-mail programa.fornecedores@fieb.org.br.

Camisas Polo Salvador obtém o selo IPTU Verde A Camisas Polo Salvador recebeu, em outubro, o selo IPTU Verde, concedido pela Secretaria Municipal da Cidade Sustentável (Secis) a empresas com boas práticas socioambientais. Isto foi possível, entre outros fatores, devido a uma alteração da legislação que regula o tema, proposta pelo Sindicato da Indústria de Vestuário da Bahia – Sindivest, com o apoio da FIEB. O selo é visto pelo empresário Hari Hartmann como um importante instrumento para conquista de mercado.

FIEB promove capacitações para empresários Representantes de indústrias da região Norte do estado participaram, em outubro, do curso de capacitação de prepostos promovido pela FIEB em Juazeiro. Realizado pelas gerências de Relações Sindicais e Jurídica da FIEB, o curso foi ministrado pela advogada Namir de Oliveira. A mesma capacitação também foi realizada em Vitória da Conquista, Luís Eduardo Magalhães e Barreiras.

Betto Jr. / Coperphoto / Sistema FIEB

Delegação baiana no Parlamento Jovem 2018

Estudantes do SESI no Parlamento Jovem 2018 Pela primeira vez, a Bahia ocupou duas das seis presidências de comissões no Parlamento Jovem Brasileiro. Alunas da Escola SESI Djalma Pessoa, Tamires Queiroz, que presidiu a Comissão de Saúde e Segurança Pública, e Jamile Lopes, que liderou a comissão de Cultura, Cidadania, Esporte e Turismo, estiveram em Brasília juntamente com outro colega, Pedro Oliveira, e o professor Leandro Passos. A cada ano, o PJB seleciona 78 estudantes de todo o país.

» Marketing digital. As oportunidades geradas com a comunicação digital orientada por dados foram discutidas no curso Marketing digital: impacte o público desejado. Os principais conceitos foram apresentados a representantes de indústrias baianas pelo executivo e estrategista de negócios digitais, Urbano Sampaio Neto. Bahia Indústria 31


jurídico

Lei federal traz desburocratização Por Luciana Dias Couto Silva

Luciana Dias Couto Silva integra a Gerência Jurídica da Fieb 32 Bahia Indústria

Foi publicada, em 09.10.18, a Lei Federal nº 13.726, a qual racionaliza atos e procedimentos administrativos no âmbito federal, estadual e municipal e institui o Selo de Desburocratização e Simplificação. A referida lei busca suprimir e simplificar formalidades e exigências desnecessárias ou superpostas, cujo custo econômico e social, tanto para o erário como para o cidadão, seja superior ao eventual risco de fraude. Dentre as principais alterações, destacamos a dispensa das seguintes exigências: • reconhecimento de firma, devendo o agente administrativo, confrontando a assinatura com aquela constante do documento de identidade do signatário, ou estando este presente e assinando o documento diante do agente, lavrar sua autenticidade no próprio documento; • autenticação de cópia de documento, cabendo ao agente administrativo, mediante a comparação entre o original e a cópia, atestar a autenticidade; • juntada de documento pessoal do usuário, que poderá ser substituído por cópia autenticada pelo próprio agente administrativo; • apresentação de certidão de nascimento, que poderá ser substituída por cédula de identidade, título de eleitor, identidade expedida por conselho regional de fiscalização profissional, carteira de trabalho, certificado de prestação ou de isenção do serviço militar,

passaporte ou identidade funcional expedida por órgão público; • apresentação de título de eleitor, exceto para votar ou para registrar candidatura; • apresentação de autorização com firma reconhecida para viagem de menor se os pais estiverem presentes no embarque; • apresentação de certidão ou documento expedido por outro órgão ou entidade do mesmo Poder, ressalvadas: certidão de antecedentes criminais; informações sobre pessoa jurídica; outras expressamente previstas em lei. • prova relativa a fato já comprovado pela apresentação de outro documento válido. De acordo com a Lei 13.726/18, quando, por motivo não imputável ao solicitante, não for possível obter diretamente do órgão ou entidade responsável documento comprobatório de regularidade, os fatos poderão ser comprovados mediante declaração escrita e assinada pelo cidadão, que, em caso de declaração falsa, ficará sujeito a sanções administrativas, civis e penais aplicáveis. Ademais, ressalvados os casos que impliquem imposição de deveres, ônus, sanções ou restrições ao exercício de direitos e atividades, a comunicação entre o Poder Público e o cidadão poderá ser feita por qualquer meio, inclusive comunicação verbal, direta ou telefônica, e correio eletrônico, devendo a circunstância ser registrada quando necessário. As novas regras passam a vigorar a partir de 23.11.18.

TAXA DISTRITOS INDUSTRIAIS Foi publicada, em 11.10.18, a Resolução Funedic 02, que dispõe sobre os procedimentos relativos ao acompanhamento do pagamento da taxa prevista pela Lei nº 13.462/15, devida pelas pessoas jurídicas instaladas em imóvel localizado em área sob administração da Sudic ou do Centro Industrial de Subaé - CIS.

CONVALIDAÇÃO DE INCENTIVOS FISCAIS Em 15.10.18, através do Decreto Estadual 18.617, foi publicada a relação dos atos normativos não vigentes relativos a incentivos e benefícios fiscais, nos moldes determinados pelo Convênio ICMS 190/17. A LC 160/17 permitiu aos Estados e ao Distrito Federal proceder à convalidação dos incentivos fiscais que foram concedidos por suas legislações próprias sem a autorização prévia do Confaz. Nesse contexto, foi publicado o Convênio ICMS nº 190, de 15.12.17, o qual estabeleceu, dentre outros, que as unidades federadas devem encaminhar os atos normativos não vigentes dos benefícios fiscais outorgados por cada Estado à Secretaria Executiva do Confaz, como condicionante para convalidação.


ideias

A importância da política de incentivos fiscais para a Bahia Por Ricardo Alban

O Brasil é um dos países mais desiguais do mundo - realidade que decorre da má distribuição da atividade econômica entre as regiões, com forte concentração no eixo sul-sudeste. O Nordeste está nas últimas posições no ranking do PIB per capita. Em alguns indicadores de competitividade, a situação da Bahia é ainda pior. Nossa ferrovia está envelhecida e o transporte de cargas caiu nos últimos anos. O porto de Aratu é um gargalo logístico e sua ineficiência implica custos estimados em quase US$ 100 milhões ao ano. Perdemos para portos dos estados vizinhos, como Pecém (CE), Suape (PE) e Itaqui (MA). Nesse quadro, diante da falta de uma política de desenvolvimento regional, o uso de mecanismos tributários e fiscais é uma alternativa. Na sua ausência a desigualdade econômica entre os estados será ampliada. Importante ressaltar que esse movimento na Bahia já se mostrou exitoso, a exemplo das indústrias calçadista e de transformação plástica e borracha. Os benefícios oferecidos às empresas calçadistas criaram um novo paradigma no estado. Em 1996, esse segmento empregava 1,4 mil trabalhadores e hoje, mesmo com toda a crise, emprega mais de 28

mil trabalhadores. A geração de salários, que em 1996 era de R$ 17 milhões (em valores de 2016), agora passa de R$ 400 milhões (2016). No caso do segmento de transformação plástica e borracha, os incentivos começaram em 1998 e mantêm-se até hoje. Aqui também temos um programa amplamente exitoso: em 1997, havia cerca de 4,2 mil empregados no setor, com geração de R$ 115 milhões em massa salarial. Atualmente, temos mais de 16 mil trabalhadores, gerando uma massa salarial de R$ 660 milhões. Inúmeros outros exemplos bem-sucedidos podem ser dados de atração de indústrias para a Bahia por meio de incentivos fiscais. Cumpre registrar que, particularmente para as pequenas e médias indústrias, esses incentivos podem significar a sobrevivência e o único modo de concorrer em um mercado competitivo. E a competição ocorre inclusive entre os estados da própria região Nordeste. O risco de perda de competitividade pode provocar a saída de indústrias e dificultar a atração de novos empreendimentos para esses estados. Assim, é preciso aproveitar o espaço ocasionado pela Lei Complementar 160/2017 - Lei de Convalidação dos Incentivos Fiscais. Trata-se de um instrumento essencial à manutenção dos atuais empregos e à geração de novos. Temos até final de 2032 para usufruir desse instrumento. Precisamos renovar incentivos e também copiar benefícios de estados vizinhos, adotando as condições mais vantajosas. Sejamos proativos, em conjunto com o Governo da Bahia, na garantia de preservação das nossas indústrias.

“particularmente para as pequenas e médias indústrias, esses incentivos podem significar a sobrevivência e o único modo de concorrer em um mercado competitivo”

Ricardo Alban Presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia Bahia Indústria 33


leitura&entretenimento livros livros

teatro música Divulgação

Os dois poderes O poder, antes associado a deliberação autoritária, hoje ganha outros contornos. No atual cenário dos cibermeios e hiperconectividade, todos podem ser produtores de informação. Nada passa despercebido. Todo conteúdo na rede tem escala de alcance global e mutável. Nessa nova forma de ser e existir, os autores Jeremy Heimans e Henry Timms perceberam que o “público” e o “privado”, antes separados, hoje se aproximam. O resultado disso é um confronto entre o “Antigo Poder”, autoritário e verticalizado, e o “Novo Poder”, horizontal e participativo.

» O Novo Poder – Como Disseminar ideias, engajar pessoas e estar sempre um passo à frente em um mundo hiperconectado, Jeremy Heimans e Henry Timms Editora: Intrínseca, 336 p. Livro R$ 44,90 E-book 29,90

Tratando do agora 21 lições para o século 21 é o enredo que faltava para compor a linha discursiva das últimas obras de Yuval Noah Harari, professor na Universidade Hebraica de Jerusalém e ph.D. em história, na Oxford. Em Sapiens: História Breve da Humanidade (2013), o autor trata de nossas origens, já em Homo Deus: História Breve do Amanhã (2017), o assunto é o futuro e as tecnologias. Agora, Harari volta-se ao presente. O que será de nós em meio a endemias, terrorismos e fake news?

» 21 Lições para o século 21, Yuval Noah Harari Editora: Companhia das Letras, 432 p. Livro R$ 54,90 E-book 29,90

34 Bahia Indústria

Diversão em cena com a Batalha do Improviso Dois times de atores se enfrentam no palco em uma competição de jogos de improviso. Esta é a proposta da Batalha de Improvisação Teatral – BIT, que fica em cartaz no Teatro SESI Rio Vermelho, todas as quartas-feiras do mês de novembro, sempre às 20h. Com jogos, cenas e músicas improvisadas a partir das sugestões do público, as duas equipes criam cenas breves e impactantes, disputando os risos e os votos da plateia, pois é o público que decide, ao final do espetáculo, o time mais criativo da noite. A Cia de Teatro Improviso Salvador traz para capital baiana a técnica que foi criada no Canadá e já é sucesso na Europa e América Latina. Não perca Batalha de Improvisação Teatral – BIT, às quartas, 20h. R$ 30 e R$ 15 (meia). » Teatro SESI Rio Vermelho, Rua Borges dos Reis, nº 9, Tel: 71 3616-7064

música

Do clássico ao popular Os amantes da música instrumental têm a oportunidade de conferir o show de um dos principais nomes deste estilo na Bahia. O violonista Mario Ulloa se apresenta no Teatro SESI Rio Vermelho acompanhado do grupo DNA Urbano, com repertório que alia o popular ao clássico. Os encontros semanais serão divididos em duas partes: primeiro, dentro do teatro, com perspectiva mais intimista; em seguida, na Varanda do SESI, que contará com a presença de aristas convidados. Natural da Costa Rica e radicado na Bahia há 28 anos, Ulloa já fez trabalhos com Armandinho Macêdo, Daniel Guedes, Xangai, Andrea Daltro, Divina Valéria e Duo Robatto.

Divulgação

Não Perca Mario Ulloa, 20 a 27 de novembro, terças-feiras, 20h (teatro) e 21h (varanda). R$ 20 e R$10 (meia). » Teatro SESI Rio Vermelho, Rua Borges dos Reis, nº 9, Tel: 71 3616-7064




Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.