Indústria 4.0 é realidade no SENAI

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Indústria 4.0 é realidade no SENAI Projetos de inovação para a indústria, com alta conectividade entre várias tecnologias, são desenvolvidos no Cimatec Por Carolina Mendonça

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Manufatura avançada prevê sistemas inteligentes e conectados a favor da produtividade

onsiderada por muitos como a quarta revolução industrial, uma nova fase de produção da manufatura começa a ganhar contornos do que antes eram apenas cenas de ficção científica. Máquinas que se comunicam com máquinas, com componentes, com trabalhadores e todos eles se interconectando com a internet. Este é o cenário da Indústria 4.0, no qual está previsto o uso de tecnologias como: Internet das Coisas (IoT), big data, sistemas cyber-físicos, entre outros. Se a indústria brasileira ainda está se familiarizando com a digitalização e com os impactos que ela pode ter sobre a competitividade, na Bahia a maior parte dos segmentos está longe das formas “inteligentes” de produzir. Porém, a realização de projetos ousados, com o apoio do SENAI Cimatec, mostra que este novo “chão de fábrica” já é realidade para quem está investindo nas novas tecnologias e modelos de negócio. Depois de ver o pai passar por perdas na lavoura de café, o engenheiro mecânico Matheus Ladeia resolveu iniciar a criação de um dispositivo que coleta e envia informações ao produtor ajudando-o a tomar decisões sobre irrigação, podas e adubações, além de fornecer indicativos de pragas e doenças no talhão. O projeto foi selecionado pelo Startup Brasil – Programa Nacional de Aceleração de Startups, o que possibilitou o desenvolvimento de parte das tecnologias no Cimatec, assim como o acompanhamento do modelo de negócio pelo Núcleo de Empreendedorismo do Centro Tecnológico do SENAI. Com o apoio de um fundo de investimentos, o Dr Farm abriu para

Elementos-chave da Indústria 4.0 » Uso, em escala industrial, de sistemas de automação associados a sistemas cyber-físicos (elementos computacionais aplicados a controles de objetos físicos) » Uso das tecnologias de automação digital com ou sem sensores, manufatura aditiva (3D) e coleta, processamento e análise de grandes quantidades de dados (big data)

» Internet das Coisas (combinação de bens físicos e tecnologias digitais) em todos os campos da economia

pré-vendas e deve estar disponível no mercado no início de 2017. O Dr Farm está baseado em quatro elementos: os dados são coletados por cápsulas com sensores, codificados e transmitidos por um gateway de processamento e enviados para um sistema web e mobile direto da fazenda, utilizando sinal de telefone ou de internet. Estes podem ser acessados por um aplicativo no smartphone. “O sistema também emite alertas de onde irão surgir focos de pragas e doenças. Desta forma, o produtor tem um panorama geral das necessidades, aumentando a produtividade com menos custos”, conta Ladeia, um dos sócios do negócio. pequenas empresas Para o gerente do Instituto SENAI de Inovação (ISI) em Automação, Herman Lepikson, o projeto é um bom exemplo de que produtos desafiadores podem ser criados na Bahia, sem altos investimentos financeiros. “As empresas de pequeno porte podem participar de editais de fomento e programas

para acelerar suas ideias inovadoras. E os grandes empresários precisam enxergar que, sem investimento em novas tecnologias e processos, irão ficar para trás”, afirma. Na opinão de Lepikson, a ideia de que as indústrias serão ambientes “inabitados”, funcionando sem trabalhadores, é uma utopia. Mas ele acredita que será possível dar autonomia a uma série de processos liderados pela inteligência computacional e a capacidade de interação entre as tecnologias utilizadas. A CNI lançou, em abril deste ano, o relatório da primeira pesquisa nacional sobre a adoção de tecnologias digitais relacionadas à era da manufatura avançada, a chamada Indústria 4.0. A Sondagem Especial Indústria 4.0 foi realizada com 2.225 empresas de todos os portes e trouxe dados sobre a integração digital das diferentes etapas da cadeia de valor dos produtos industriais, desde o desenvolvimento até o uso. A pesquisa revelou que 48% das empresas consultadas utilizam, pelo menos, uma das dez tecnologias digitais listadas no estudo, como automação digital sem sensores; prototipagem rápida ou impressão 3D; utilização de serviços em nuvem associados ao produto ou incorporação de serviços digitais nos produtos. O estudo aponta que o Brasil, apesar de atrasado nesta “revolução”, pode alcançar um bom patamar de competitividade desde que se acelere os investimentos. “O esforço de digitalização precisa ser realizado, simultaneamente, em todas as dimensões”, afirma o gerente de Pesquisa e Competitividade da CNI, Renato da Fonseca. [bi] Bahia Indústria  13

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