Novos Polos Industriais

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Novos polos industriais Bahia detém uma das principais cadeias de energia eólica do país e também aposta na fonte fotovoltaica Por Patrícia Moreira

om sete grandes empreendimentos instalados no estado – GE/Alstom, Gamesa, Torrebras, Acciona, Torres Eólicas do Nordeste (TEN), Wobben Windpower e Tecsis –, a Bahia consolidou-se como o principal polo nacional na fabricação de componentes para a cadeia produtiva de energia eólica do País. O próximo passo neste sentido é fomentar a indústria de geradores fotovoltaicos, principal equipamento usado na captação de energia solar, que oferece uma ampla gama de possibilidades para a consolidação de uma nova cadeia produtiva no estado. A Bahia também quer ser protagonista ao tornar-se centro de referência mundial na produção e certificação de equipamentos para a geração de energia com fontes renováveis. “As energias renováveis, além de trazerem consigo o conceito de sustentabilidade, apresentam grande potencial de desenvolvimento tecnológico, uma vez que a cadeia produtiva de equipamentos eólicos é uma indústria em franco desenvolvimento” justifica Jorge Hereda, secretário de De16  Bahia Indústria


manu dias/secom-ba

Bahia IndĂşstria  17


joão alvarez/Coperphoto/Sistema FIEB

senvolvimento Econômico do Estado da Bahia. O secretário também enxerga como oportunidade a possibilidade de parcerias com a academia e com institutos de ciência e tecnologia para a melhoria do desempenho desses equipamentos. “O objetivo da Bahia é consolidar-se como líder no setor de energias renováveis, tanto na geração, quanto na produção de equipamentos e desenvolvimento de tecnologia”, destaca. Um primeiro passo neste sentido já foi dado. Por intermédio da SDE e da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), o governo do estado está elaborando, em parceria com o SENAI/Cimatec e com o apoio do setor produtivo, a proposta de implantação do Instituto Tecnológico de Energias Renováveis (Inter). O equipamento englobará o Centro de Referência e Certificação de Equi18  Bahia Indústria

pamentos, bem como de desenvolvimento tecnológico e formação de recursos humanos qualificados para atuar neste segmento. Para o secretário, “a certificação é parte essencial da cadeia produtiva e permitirá que os equipamentos aqui produzidos obtenham os atestados necessários para o mercado nacional e internacional”. Além disso, Hereda lembra que na Bahia a implantação dos parques eólicos está concentrada no Semiárido, gerando benefícios socioeconômicos inegáveis para a região. “Seja pela geração de empregos locais, incremento da atividade econômica ou ampliação e melhoria da infraestrutura da região”, arremata. POTENCIAL De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), em termos de geração de energia, a Bahia é o segundo maior esta-

Galindo avalia como positiva a expansão das energias renováveis

do brasileiro em produção eólica, com 68 usinas em operação e potência de 1.71 GW. O estado fica atrás apenas do Rio Grande do Norte, que lidera com 104 usinas e 2,85 GW de potência instalada. Há ainda 41 empreendimentos em construção no estado e outros 118 projetos com previsão de início das obras nos próximos anos, conforme dados da SDE. Ao todo, o volume de investimentos projetados para a Bahia, considerando apenas os leilões de eólica, é de R$ 18,5 bilhões. Na área de energia solar fotovoltaica, a Bahia hoje conta com 32 empreendimentos com previsão de entrada em operação em 2017. O estado foi o principal destaque do leilão realizado pela Aneel, em outubro de 2014, quando 31 projetos solares foram vendidos, sendo 14 para Bahia, o que corresponde a um percentual de 50%. Perspectivas positivas Toda esta movimentação é vista como positiva pelo coordenador do Conselho de Infraestrutura da FIEB, Marcos Galindo. Ele destaca a oportunidade não apenas de diversificar a matriz energética do estado, como também a de atração de novos investimentos. Outro aspecto positivo é o impacto social favorável, já que a exploração de energia eólica ou solar acaba trazendo benefícios para regiões isoladas ou muito pobres do estado, como é o caso do Semiárido. O investimento também pode ser visto sob a ótica das demandas futuras. “As novas matrizes vêm reforçar o sistema elétrico brasileiro, que está todo interligado. Além disso, quando se olha para o futuro, considerando a projeção de crescimento da população,


ENERGIAS RENOVÁVEIS Bahia destaca-se na produção de energias alternativas

Projetos na Bahia:

Casa Nova Sobradinho Sento Sé

Indústrias de Energia eólica: Turbinas Blades

Jacobina

Torres

Morro do Chapéu

Cafarnaum

Brotas de Macaúbas

Tabocas do Brejo Velho

Energia solar

Umburanas

Itaguaçu da Bahia Gentio do Ouro

Energia eólica

Campo Formoso

Xique-Xique

Parques eólicos espalham-se por 22 municípios baianos do sudoeste até o norte do Vale do São Francisco.

Juazeiro

Mulungu do Morro

Bonito

Camaçari Simões Filho

Bom Jesus da Lapa Riacho de Igaporã Santana Caetité

Dom Basílio

Guanambi Brumado Pindaí

ENERGIA SOLAR

Licínio de Almeida

Mais de 45 mil unidades implantadas em parceria com a concessionária de distribuição, o maior volume de kits fotovoltaicos instalados do Brasil;

ENERGIA EÓLICA BAHIA

2º maior

produtor de energia eólica no país

68

usinas em operação

1.71 GW gerados

41

empreendimentos em construção

118

projetos para os próximos anos

INVESTIMENTOS EM EÓLICA NA BAHIA

32 empreendimentos em energia solar, com previsão de entrada em operação em 2017;

Contratos Públicos R$ 18,5 bilhões 185 usinas negociadas em leilões pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), do Ministério de Minas e Energia Capacidade de 4,6 GW de potência Mercado livre

(contratos privados)

232 empreendimentos Capacidade de 5,36 GW de potência

OPORTUNIDADES Investimento na expansão do mercado de aquecedores solares e painéis fotovoltaicos Fomento à indústria metalmecânica e eletroeletrônica Disponibilidade de matéria-prima para composição de painéis fotovoltaicos

Em leilão realizado em outubro de 2014, pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), 31 projetos solares foram vendidos, sendo 14 para Bahia; Os investimentos ultrapassam os R$ 4,2 bilhões em seis municípios, totalizando uma capacidade instalada de 893,8 MW.

Fonte:Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE)

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Manu Dias/GOVBA

geração de renda e o consumo de energia projetado para daqui a alguns anos, temos uma espécie de corrida para suprir esta demanda. A Bahia entra, então, com grande capacidade de contribuição para o plano nacional pelo seu potencial de geração de energia eólica”, afirma o coordenador. Na avaliação de Galindo, o maior desafio para o país é resolver os impasses estruturais. Ele cita como ponto crítico os primeiros parques eólicos, em razão da demora para implantação das linhas de transmissão. Recentemente, a exclusão da Bahia do leilão nos novos parques pela Aneel foi mais um capítulo deste processo que, acredita Galindo, o governo do estado está empenhado em reverter. Marcos Galindo também enxerga uma boa perspectiva para o crescimento da oferta de energia 20  Bahia Indústria

fotovoltaica no estado. A Bahia, além de deter longas extensões de terra propícias à exploração da energia solar, também oferece potencial elevado de exposição em termos de hora/sol por ano, uma das maiores do Brasil. escala Outro aspecto são as jazidas com materiais utilizados na produção de painéis de captação solar. “Isso pode facilitar à Bahia a implantação de indústria para produzir painéis solares. Já há estudos com esta expectativa”, lembra o coordenador do Coinfra. Ele acredita estar assistindo ao início do mesmo processo que ocorreu com a produção de energia eólica, que alcançou viabilidade e escala. O fato é que desde o apagão dos anos 2000, o país despertou para a necessidade de explorar novas

fontes de energia, além da hidrelétrica. Em 2002, com a criação, pelo Ministério de Minas e Energia, do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica, foi dada a partida para estimular o desenvolvimento de fontes alternativas no Brasil. O resultado foi que a energia eólica passou a representar, em 2015, 3,5% da energia gerada e a fotovoltaica, entrou pela primeira vez no balanço energético nacional, com participação de 0,1%. As projeções são entusiastas. Em 2050, 20% da matriz energética brasileira deverá ser de origem eólica e 9,26%, solar. Marcos Galindo lembrou que, se no passado a conjuntura internacional levou as grandes empresas do segmento eólico a expandirem seus territórios, vindo instalar-se no Brasil, hoje podemos dizer que elas vieram para ficar. [bi]

Fábrica da Acciona, que produz cubos eólicos, em Simões Filho


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