Revista Bahia Indústria - Janeiro/Fevereiro/Março - 2013

Page 1

Bahia Federação das Indústrias do Estado da Bahia Sistema FIEB

ISSN 1679-2645

Ano XVIII nº 224 jan/fev/mar 2013

o desafio de crescer Empresários avaliam cenários e apontam entraves ao bom desempenho da indústria baiana


OS PROFISSIONAIS QUE AS INDÚSTRIAS MAIS PROCURAM ESTÃO AQUI FACULDADE SENAI CIMATEC, A MELHOR INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR DO NORTE/NORDESTE Cursos adequados às principais demandas do mercado, com infraestrutura completa, laboratórios modernos, professores altamente qualificados e as garantias de uma formação reconhecida pelo MEC. O que você tanto procura, as indústrias também querem encontrar. E todos estão com sorte. A Faculdade SENAI Cimatec tem tudo isso e ainda conquistou a média de 3,69 no Índice Geral de Cursos, a melhor entre universidades, centros universitários e faculdades públicas e privadas do Norte/Nordeste.

Pós-Graduação com inscrições abertas. Acesse www.fieb.org.br/senai, conheça os cursos e busque agora novos desafios.

71.3534-8090

www.fieb.org.br/senai


EDITORIAL

Em meio ao vai-vém da economia, o desafio de crescer Projetar o desempenho futuro da indústria face a tantas incertezas na economia global, que pode incluir ser surpreendido a qualquer momento por fatores como a Grécia, ou, para tomar um exemplo mais recente, como Chipre – que deixou os mercados em polvorosa com o anúncio de que o país estava à beira de um colapso financeiro – pode parecer uma temeridade. As mudanças de rumo no mercado são rápidas e surpreendentes e a nossa economia não pode fugir ao princípio de que, definitivamente, não está imune às turbulências. Se a economia do Brasil está intimamente vinculada aos humores econômicos que circulam pelo mundo, é no campo interno que residem os maiores desafios a serem vencidos pela indústria nacional. Por aqui, o mercado produtivo vive assombrado com a escorchante carga tributária, infraestrutura e logística carentes de investimentos mais maciços. Como reflexo, os efeitos da concorrência externa, que deságua seus produtos importados a preços bem mais competitivos em relação ao equivalente nacional, e a desaceleração no ritmo da produção, provocando, assim, redução no ritmo das contratações e da geração de emprego e renda. Mas em meio a tantas adversidades, o empresário não arrefece os ânimos. Como diz Mauro Pereira, superintendente do Comitê de Fomento Industrial de Camaçari (Cofic), é próprio ao perfil do empreendedor não alimentar pessimismos. Ou, como afirma o presidente do Sistema FIEB, José de Freitas Mascarenhas, fazer indústria no Brasil é ter paixão. Com uma dose de paixão e outra de otimismo, a indústria brasileira traça seus rumos para 2013 e, em vez de se limitar a queixas, prefere alimentar boas expectativas. Uns, olham para o horizonte e anteveem um futuro de bons negócios. A indústria de plásticos trabalha com uma projeção de crescimento da ordem de 6% este ano. Outros, que dependem de conjunturas mais favoráveis e de outros segmentos, como é o caso da indústria metal-mecânica, que fornece à Petrobras – que por sua vez está vivenciando uma de suas maiores crises dos últimos anos –, assistem à escalada da inadimplência em escala jamais vista nos últimos 10 anos. Contrastes de um país que também assistiu ao desempenho positivo da indústria automotiva, ancorada na redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para veículos automotivos, e que agora refaz suas contas e projeções para 2013, com o fim do benefício a partir de junho. Na reportagem de capa desta edição da Bahia Indústria, um painel do cenário econômico e do desempenho de alguns dos principais setores da economia baiana, baseado nas expectativas do empresariado industrial.

Indústria automotiva foi um dos setores que mais cresceram no país em 2012, com índice de 6,1%

Com uma dose de paixão e outra de otimismo, a indústria brasileira traça seus rumos para o futuro e, em vez de se limitar a queixas, prefere alimentar boas expectativas


Unidades do Sistema FIEB Para informações sobre a atuação e os serviços oferecidos pelas entidades do Sistema FIEB, entre em contato SESI – Serviço Social da Indústria Sede: 3343-1301

@Educação de Jovens e Adultos – RMS: (71) 3343-1429

@Responsabilidade Social: (71) 3343-1490 @Camaçari: (71) 3205 1801 / 3205 1805 @Candeias: (71) 3601-2013 / 3601-1513 @Itapagipe: (71) 3254-9930 @Itaigara: (71) 3444-4250 / 4251 / 4253 @Lucaia: (71) 3205-1801 @Piatã: (71) 3503 7401 @Retiro: (71) 3234 8200 / 3234 8221 @Rio Vermelho: (71) 3616 7080 / 3616 7081 @Simões Filho: (71) 3296-9300 / 3296-9330 @Eunápolis: (73) 8822-1125 @Feira de Santana: (75) 3602 9762 @Sul: (73) 3639 9331 / 3639 9326 @Jequié: (73) 3526-5518 @Norte: (74) 2102-7114 / 2102 7133 @Valença: (75) 3641 3040 @Sudoeste: (77) 3422-2939 @Oeste: (77) 3628-2080

SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Sede: 71 3343-8090

@Cimatec: (71) 3534-8090 @Dendezeiros: (71) 3534-8090 @Cetind: (71) 3534-8090 @Feira de Santana: (73) 3639-9302 @Ilhéus: (73) 3639-9302 @Luís Eduardo Magalhães: (77) 3628-5609 @Barreiras: (77) 3612-2188

IEL – Instituto Euvaldo Lodi Sede: 71 3343-1384/1328/1256 @Barreiras: (77) 3611-6136 @Camaçari: (71) 3621- 0774 @Eunápolis: (73) 3281- 7954 @Feira de Santana: (75) 3229- 9150 @Ilhéus: (73) 3639-1720 @Itabuna: 3613-5805 @Jacobina: (74) 3621-3502 @Juazeiro: (74) 3611-0155 @Teixeira de Freitas: (73) 3291-0621 @Vitória da Conquista: (77) 3424-2558

CIEB - Centro das Indústrias do Estado da Bahia Sede: (71) 3343-1214 sistema fieb nas mídias sociais

4  Bahia Indústria

FIEB

CIEB

Presidente José de Freitas Mascarenhas. 1º Vice-

Diretor-Presidente José de Freitas Mascarenhas.

presidente: Victor Fernando Ollero Ventin. Vice-

Vice-Presidentes José Carlos Boulhosa Baqueiro;

presidentes Carlos Gilberto Cavalcante Farias;

Irundi Sampaio Edelweiss; Carlos Antônio Borges Cohim Silva. Diretores Titulares Clovis Torres Junior; Fernando Elias Salamoni Cassis; João de Teive e Argollo; João Ricardo Aquino; Luís Fernando Galvão de Almeida; Luiz Antunes Athayde Andrade Nery; Marconi Andraos Oliveira; Roberto Fiamenghi; Rogelio Golfarb; Ronaldo Marquez Alcântara; Diretores Suplentes Davidson de Magalhães Santos; Erwin Reis Coelho de Araujo; Givaldo Alves Sobrinho; Heitor Morais Lima; Jorge Robledo de Oliveira Chiachio; José Luiz Poças Leitão Filho; Mauricio Lassmann Diretor regional oeste Pedro Ovídio Tassi

Emmanuel Silva Maluf; Reinaldo Dantas Sampaio; Vicente Mário Visco Mattos. Diretores Titulares Alberto Cânovas Ruiz; Antonio Ricardo Alvarez Alban; André Régis Andrade; Carlos Henrique Jorge Gantois; Claudio Murilo Micheli Xavier; Eduardo Catharino Gordilho; Josair Santos Bastos; Leovegildo Oliveira De Souza; Luiz Antonio de Oliveira; Manuel Ventin Ventin; Maria Eunice de Souza Habibe; Reginaldo Rossi; Sérgio Pedreira de Oliveira Souza; Wilson Galvão Andrade. Diretores Suplentes Adalberto de Souza Coelho; Alexi Pelagio Gonçalves Portela Júnior; Carlos Alberto Matos Vieira Lima; Juan José Rosário Lorenzo; Marcos Galindo Pereira Lopes; Mário Augusto Rocha Pithon; Noêmia Pinto de Almeida Daltro; Paulo José Cintra Santos; Ricardo de Agostini Lagoeiro

SESI Presidente do Conselho e Diretor Regional José

Bahia

Editada pela Superintendência de Comunicação Institucional do Sistema Fieb Conselho Editorial Irundi Edelweiss, Adriana Mira, Cleber Borges e Patrícia Moreira. Coordenação editorial Cleber Borges. Editora Patrícia Moreira. reportagem Patrícia Moreira, Carolina Mendonça, Marta Erhardt. colaboração Luciane Vivas e Milena Marques. fotografia João Alvarez. Projeto Gráfico e Diagramação Ana Clélia Rebouças. Ilustração e Infografia Bamboo Editora.

de Freitas Mascarenhas. Superintendente José Wagner Fernandes

conselhos Conselho de Economia e desenvolvimento indus-

SENAI

trial Antônio Sérgio Alípio; Conselho de Assun-

Presidente do Conselho José de Freitas

tos Fiscais e Tributários Cláudio Murilo Micheli

Mascarenhas. Diretor Regional: Leone Peter Andrade

Xavier; Conselho de Comércio Exterior Reinaldo Dantas Sampaio; Conselho da Micro e Pequena Empresa Industrial Carlos Henrique Jorge Gantois; Conselho de Infraestrutura Marcos Galindo Pereira Lopes; Conselho de Meio Ambiente Irundi Sampaio Edelweiss; Comitê de Petróleo e Gás Eduardo Rappel; Conselho de inovação e Tecnologia José Luís Gonçalves de Almeida; Conselho de Responsabilidade Social Empresarial Marconi Andraos Oliveira; Conselho de Relações Trabalhistas Homero Ruben Rocha Arandas; Comitê de Portos Reinaldo Dantas Sampaio Comitê de Jovens Lideranças Industriais Eduardo Faria Daltro

IEL

FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DA BAHIA Rua Edístio Pondé, 342 – Stiep, CEP.: 41770-395 / Fone: 71 3343-1280 / w w w.f ieb.or g.br/ b ahia _ indu stria_online

Presidente do Conselho e Diretor Regional

José de Freitas Mascarenhas. Superintendente Armando da Costa Neto

As opiniões contidas em artigos assinados não refletem necessariamente o pensamento da FIEB.

Diretor Executivo do Sistema FIEB

Alexandre Beduschi

Filiada à

Sindicatos filiados à FIEB Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado da Bahia, sindacucarba@fieb.org.br / Sindicato da Indústria de Fiação e Tecelagem no Estado da Bahia, sindfiacaoba@fieb.org.br / Sindicato da Indústria do tabaco no Estado da Bahia, sinditabaco@ fieb.org.br / Sindicato da Indústria do Curtimento de Couros e Peles no Estado da Bahia,sindicouroba@fieb.org.br / Sindicato da Indústria do Vestuário de Salvador, Lauro de Freitas, Simões Filho, Candeias, Camaçari, Dias D’ávila e Santo Amaro, sindvest@ fieb.org.br / Sindicato das Indústrias Gráficas do Estado da Bahia, sigeb@terra.com.br / Sindicato da Indústria de Extração de Óleos Vegetais e Animais e de Produtos de Cacau e Balas no Estado da Bahia, sindioleosba@fieb.org.br / Sindicato da Indústria da Cerveja e de Bebidas em Geral no Estado da Bahia, sindcerbe@bol.com.br / Sindicato das Indústrias do Papel, Celulose, Papelão, Pasta de Madeira para Papel e Artefatos de Papel e Papelão no Estado da Bahia, sindpacel@hotmail.com / Sindicato das Indústrias do Trigo, Milho, Mandioca e de Massas Alimentícias e de Biscoitos no Estado da Bahia, sindtrigoba@fieb.org.br / Sindicato da Indústria de Mineração de Calcário, Cal e Gesso do Estado da Bahia, sindicalba@fieb.org.br / Sindicato da Indústria da Construção do Estado da Bahia, secretaria@sinduscon-ba.com.br / Sindicato da Indústria de Calçados, seus Componentes e Artefatos no Estado da Bahia, sindcalcadosba@fieb.org.br / Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico do Estado da Bahia, simmeb@uol.com.br / Sindicato das Indústrias de Cerâmica e Olaria do Estado da Bahia, sindicerba@ig.com.br / Sindicato das Indústrias de Sabões, Detergentes e Produtos de Limpeza em geral e Velas do Estado da Bahia, sindisaboesba@ fieb.org.br / Sindicato das Indústrias de Serrarias, Carpintarias, Tanoarias e Marcenarias de Salvador, Simões Filho, Lauro de Freitas, Camaçari, Dias D’ávila, Sto. Antônio de Jesus, Feira de Santana e Valença, sindiscamba@fieb.org.br / Sindicato das Indústrias de Fibras Vegetais no Estado da Bahia, sindifibrasba@fieb.org.br / Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria da Cidade do Salvador, sindpanssa@uol.com.br / Sindicato da Indústria de Produtos Químicos, Petroquímicos e Resinas Sintéticas do Estado da Bahia, sinpeq@coficpolo.com.br / Sindicato da Indústria de Material Plástico do Estado da Bahia, sindiplasba@ sindiplasba.org.br / Sindicato da Indústria de Produtos de Cimento no Estado da Bahia, sinprocimba@fieb.org.br / Sindicato da Indústria de Mineração de Pedra Britada do Estado da Bahia, sindbrit@svn.com.br / Sindicato das Indústrias de Produtos Químicos para Fins Industriais e de Produtos Farmacêuticos do Estado da Bahia, adm@quimbahia.com.br / Sindicato da Indústria de Mármores, Granitos e Similares do Estado da Bahia, simagranba@fieb.org.br / Sindicato da Indústria Alimentar de Congelados, Sorvetes, Sucos, Concentrados e Liofilizados do Estado da Bahia, sindsucosba@fieb.org.br / Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Estado da Bahia, sincarba@fieb.org.br / Sindicato da Indústria do Vestuário da Região de Feira de Santana, sindvestfeira@fbter.org.br / Sindicato da Indústria do Mobiliário do Estado da Bahia, moveba@fieb.org.br / Sindicato da Indústria de Refrigeração, Aquecimento e Tratamento de Ar do Estado da Bahia, sindratar@gmail.com.br / Sindicato das Indústrias de Construção Civil de Itabuna e Ilhéus, valmirsb@yahoo.com.br / Sindicato das Indústrias de Café do Estado da Bahia, sincafeba@ fieb.org.br / Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados do Estado da Bahia, sindileite@fieb.org.br / Sindicato das Indústrias de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos, Computadores, Informática e Similares dos Municípios de Ilhéus e Itabuna, sinec@sinec.org.br / Sindicato das Indústrias de Construção de Sistemas de Telecomunicações do Estado da Bahia, anaelisabete@telenge.com.br / Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Feira de Santana, simmefs@simmefs.com.br / Sindicato das Indústrias de Reparação de Veículos e Acessórios do Estado da Bahia, sindirepaba@ sindirepabahia.com.br / Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores, sindipecas@sindipecas. org.br / Sindicato das Indústrias de Fibras Vegetais no Estado da Bahia, sindifibrasba@fieb.org.br / Sindicato das Indústrias de Cosméticos e de Perfumaria do Estado da Bahia, sindcosmetic@fieb.org.br / Sindicato das Indústrias de Artefatos de Plásticos, Borrachas, Têxteis, Produtos Médicos Hospitalares, sindiplast@gmail.com


sumário jan/fev/mar 2013 Mateus Pereira/Coperphoto/Sistema FIEB

16 Cenários e tendências A Bahia desponta como um dos estados em que a indústria mais vem crescendo; empresários do setor avaliam este desempenho

Ilustração Gentil

12

6

28

30

fotos João alvarez

valter pontes/Coperphoto/Sistema FIEB

Micro e Pequenas indústrias debatem aplicação da NR 12

IEL e SENAI ampliam foco de ação com novas estratégias

O desafio de gerir a cidade

Capacitação em SMS

Programa de Melhoria da Competitividade para Micro e Pequenas Indústrias, desenvolvido pela FIEB em parceria com o Sebrae, promoveu seminário sobre a NR 12.

Desenvolvimento de carreiras e de empresas ganha espaço no portfólio de negócios do Instituto Euvaldo Lodi na Bahia, enquanto o SENAI vai investir mais em pesquisa e inovação.

Rosemma Maluf fala dos desafios que tem à frente da Secretaria de Ordem Pública.

Fornecedoras da Petrobras concluem curso ministrado pelo SESI Bahia.


SESI e SENAI desenvolvem soluções em segurança

Fotos: Valter Pontes/Coperphoto/Sistema FIEB

Seminário apresentou metodologia para reduzir impacto da implantação da NR 12 nas pequenas e médias empresas por Marta Erhardt

E

m vigor desde 1978, a Norma Regulamentadora 12 (NR 12), que trata da segurança no trabalho com máquinas e equipamentos, foi reformulada ao longo do tempo. Os prazos para que as empresas se adequassem à sua última atualização, realizada em 2010, já expiraram e o não atendimento às exigências da norma tem provocado a interdição de diversas organizações em todo o país. O instrumento normativo foi discutido durante o seminário NR 12: Impactos e Soluções para Micro e 6  Bahia Indústria

Pequenas Empresas, realizado pela Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), por iniciativa da Superintendência de Relações Institucionais (SRI), com o apoio do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas da Bahia (Sebrae-BA) e do Conselho de Micro e Pequenas Empresas da FIEB (Compem). “Estamos trabalhando para que as micro e pequenas empresas possam compreender a norma, que é complexa, e, com esse entendimento, possam se adequar às novas exigências”, destacou o supe-

Cid Vianna destaca a importância de discutir a norma com os empresários


rintendente da SRI da FIEB, Cid Vianna. Para auxiliar as empresas no cumprimento da norma e minimizar seus impactos, SESI e SENAI desenvolveram uma metodologia que engloba um levantamento das máquinas e equipamentos das empresas, um diagnóstico e a elaboração de um Plano de Adequação com cronograma de ações. “Nesta primeira etapa, serão verificados os perigos mecânicos, que são responsáveis pelo maior índice de acidentes e lesões. Mas precisamos lembrar que este é o primeiro passo para a adequação à norma”, salientou a engenheira de saúde e segurança do trabalho, Maria Fernanda Lins, que apresentou a metodologia. O programa foi desenvolvido pelo SESI-RJ em parceria com a Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE) do Rio de Janeiro. "Os afastamentos por problemas de saúde interferem na competitividade das empresas. Emprestamos nosso conhecimento técnico em busca de um processo que possa auxiliar na implementação da norma e reduzir o número

Seminário reuniu empresários, representantes do Sebrae e dos Conselhos da FIEB

de acidentes de trabalho", destacou o superintendente do SESI-BA, Wagner Fernandes. O seminário reuniu empresários e dirigentes de sindicatos de diversos segmentos industriais para discutir os impactos do marco regulatório. O diretor operacional do Sebrae-BA, Lauro Ramos, salientou que este diálogo “é o melhor caminho para que o setor produtivo atenda com louvor às exigências que esse instrumento normativo requer”. A necessidade de adequação da norma à realidade das micro e pequenas empresas foi defendida pelo coordenador do Conselho de Micro e Pequenas Empresas da FIEB (Compem), Carlos Gantois. “É preciso que se tenha um prazo diferenciado para que as micro e pequenas empresas, que têm grande representatividade na economia do estado, possam cumprir as exigências”, pontuou. A ideia também foi defendida pelos empresários, que questionaram alguns pontos do marco regulatório. “Alguns trechos da norma tratam de aspectos técnicos dos equipamentos, que deveriam ser exigidos dos fabricantes. Como é que o estado deixa que esses equipamentos sejam vendidos se não estão adequados?”, interrogou o empresário Mário Pithon, presidente do Sindicato das Indústrias de Panificação e Confeitaria de Salvador (Sindpan). Diante dos pleitos, o superintendente Cid Vianna, ressaltou que a FIEB tem trabalhado junto ao Governo Federal, por intermédio da CNI, para propor uma revisão da NR 12. “Mas, enquanto isso, a norma está em vigor e é preciso que as empresas atendam às exigências”, pontuou.

Já o auditor fiscal e chefe do setor de Segurança e Saúde do Trabalho, Flávio Nunes, que representou a Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE), lembrou que o atual texto da NR 12 foi aprovado em dezembro de 2010, por uma comissão tripartite, que envolveu representantes do governo federal, dos trabalhadores e dos empresários. “O auditor tem que cumprir o que prevê a norma. Caso sejam identificadas condições de trabalho que podem gerar riscos graves, é preciso interditar o equipamento”, explicou, ressaltando que “a proposta é que as empresas continuem gerando riqueza, mas com um ambiente de trabalho seguro”.

COMPETITIVIDADE Voltado para micro e pequenos empresários, o seminário integra as ações do novo Programa de Melhoria da Competitividade para Micro e Pequenas Indústrias do Estado da Bahia. Desenvolvido em parceria entre a FIEB e o Sebrae, o programa foi reestruturado e passou a contar com os sindicatos como elo entre as duas instituições e o empresariado. O programa tem como principais objetivos estratégicos a ampliação do atendimento das duas instituições, o fortalecimento do associativismo e a interiorização das ações. A meta é sensibilizar 2 mil empresas até 2016 em todo o estado. Para isso, FIEB e Sebrae vão atuar conjuntamente e, em parceria com os sindicatos patronais industriais, vão identificar as necessidades setoriais, em áreas como acesso a mercado, tecnologia e inovação, gestão empresarial e saúde e segurança no trabalho. [bi] Bahia Indústria  7


Programa ViraVida será implantado no extremo-sul Com a presença do presidente do Conselho Nacional do SESI, Jair Meneguelli, foi anunciada a parceria da Veracel para implantação da iniciativa em Porto Seguro

O

programa ViraVida, iniciativa do Serviço Social da Indústria (SESI), vai passar a atender às vítimas de exploração sexual do extremo-sul do estado. Ele chega à região por iniciativa da Veracel, que decidiu adotar o programa em razão das estatísticas, que apontam alta incidência de casos de abuso sexual contra crianças e adolescentes, em Porto Seguro. Implantado na Bahia em 2010, o ViraVida já atendeu 333 jovens no estado e, atualmente, tem 175 jovens matriculados em Salvador. Com a expansão para o extremo-sul baiano, o programa, incialmente, acolherá 50 jovens.

Wagner Fernandes e Jair Meneguelli conversam com jovens do ViraVida em Salvador

A reunião durante a qual foi anunciado o interesse do novo parceiro em aderir ao programa ocorreu no dia 5 de março, na sede da FIEB. Na ocasião, o presidente do Conselho Nacional do SESI, Jair Meneguelli, visitou a nova sede do ViraVida, em Salvador. Ele esteve acompanhado do superintendente do SESI Bahia, Wagner Fernandes, e conversou com os adolescentes que participam do programa. Com a parceria da Veracel, o ViraVida vai oferecer a estes jovens a oportunidade de se inserir em um programa de capacitação no mercado de trabalho. A empresa vai atuar como agente articulador e também com aporte de recursos fiFoto Roberto Abreu / Coperphoto / Sistema FIEB

8  Bahia Indústria

nanceiros, reforçando sua função social e reafirmando sua parceria com o SESI Bahia. Para o presidente do Conselho Nacional do SESI, a parceria de grandes empresas como a Veracel é importante para expandir o programa, não só na capital, mas também em outras cidades do estado. “Há um interesse grande da empresa, há um interesse grande da comunidade, há um interesse grande da rede de enfrentamento de Porto Seguro, portanto, é absolutamente certo que implantaremos (o programa)”, afirmou. Essa parceria não somente amplia a atuação do VivaVida na Bahia, como traz um novo componente, que é atender à comunidade indígena, que também sofre com o problema. Será uma turma de testagem, mas a ideia é articular, junto com a Veracel, outros parceiros para dar continuidade ao programa na região. “Será um marco para a região e para o programa”, ressaltou Wagner Fernandes. Segundo o coordenador do projeto na Bahia, Jeandro Ribeiro, a previsão das novas instalações em Porto Seguro será para o segundo semestre deste ano. “Eu costumo dizer que uma das palavras de ordem do projeto é parceria, e o projeto só existe por conta da parceria do Sistema S, e agora a Veracel vem se somar”, acrescentou Ribeiro. [bi]


circuito

por patrícia moreira

Mineração em compasso de espera Caso o novo código de mineração saia do papel, a previsão é que até 2017 a indústria mineradora receba o correspondente a US$ 75 bilhões em investimentos. A estimativa é do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). Mas à vera, o setor encontra-se paralisado e a insegurança jurídica gerada pelo atraso na aprovação do novo marco legal da mineração tem levado as empresas a refrearem os investimentos. O governo vem realizando consultas a diversos segmentos para a elaboração do texto final do novo código para ser enviado ao Congresso. Mas o clima de insegurança jurídica e o fato de pedidos de pesquisa e lavra mineral estarem congelados no Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), órgão responsável pela administração do setor, podem comprometer o ritmo dos aportes financeiros. O ministro das Minas e Energia, Edison Lobão admite que o governo tem retido as licenças de pesquisa e lavra, mas argumenta que há um "número excessivo de concessões circulando", e a decisão de reter novos pedidos "não deve prejudicar a produção nacional". O novo código, que está sendo discutido há quatro anos, contém questões polêmicas, a exemplo da possível mudança no processo de concessão de lavra.

Empresas na mira da Receita O Leão anda com as garras bem afiadas e promete fechar o cerco contra as empresas sonegadoras ou devedoras de impostos federais em 2013. Além de implantar a malha fina para as empresas, que já foi testada em São Paulo, a Receita Federal vai implantar uma ação de cobrança direcionada a grandes contribuintes. Foram selecionados pelo órgão 184 grandes companhias de diversos setores que devem R$ 6,8 bilhões em tributos atrasados e que serão objeto de ações especiais por meio da intensificação da cobrança. Em relação ao sistema de malha fina, será feita uma análise diária dos documentos obrigatórios de arrecadação de impostos das companhias com o objetivo de detectar tributos que foram declarados e não foram pagos. Quando inconsistências forem detectadas, a malha fina emitirá e enviará automaticamente um extrato ao contribuinte, alertando-o do ocorrido.

“Fala-se muito que os portos estão congestionados, mas isso é uma visão errada. O problema não está dentro dos portos, está no acesso” Paulo Fleury, professor da UFRJ e diretor do Instituto de Logística e Supply Chain

Proposta para modernizar as leis trabalhistas Os altos custos do emprego formal são, na avaliação da Confederação Nacional da Indústria (CNI), um dos mais graves gargalos de competitividade para as empresas brasileiras. Visando contribuir para a redução destes custos, a CNI elaborou o documento 101 Propostas para Modernização Trabalhista, que lista 101 "irracionalidades" da CLT e as sugestões para eliminá-las. Fiat Chrysler, Hering e ThyssenKrupp são empresas que apoiam o documento. Na opinião do diretor de Relações Humanas do grupo ThyssenKrupp, Adilson Sigarini, o excesso de proteção ao trabalhador podia ser justificado em 1943, quando surgiu a legislação, em um país de industrialização incipiente. Mas hoje, estaria ignorando o fortalecimento dos sindicatos, a ampliação do diálogo entre patrões e empregados e as novas formas de organização da produção. A CNI diz existir um ambiente antiemprego no país, provocado pela rigidez da legislação trabalhista, a burocracia e a insegurança jurídica crescentes.

Bahia Indústria 9


sindicatos Luiz Oliveira foi reconduzido à presidência do sindicato

Sindifiação-BA faz balanço anual Um balanço das ações desenvolvidas pelo Sindicato de Fiação e Tecelagem foi realizado em janeiro, durante um jantar de confraternização promovido pela instituição. O evento, que contou com a participação de empresários e representantes baianos do segmento, aconteceu no Restaurante Boi Preto, em Salvador. Durante o encontro, o presidente do sindicato, Eduardo Catharino Gordilho, fez um breve relato sobre as ações da entidade, reforçando a importância do espírito associativo. Outro aspecto ressaltado foi a importância do processo de negociação com o sindicato laboral, finalizado em janeiro, que culminou com a assinatura da convenção coletiva de trabalho, com vigência para 1º de setembro de 2012 a 31 de agosto de 2013, e data-base em 1º de setembro. Márcio Caetano / Divulgação

Sindiplasba empossa diretoria A nova diretoria do Sindicato da Indústria de Material Plástico no Estado da Bahia (Sindiplasba), eleita para o triênio 2013/2015, tomou posse em janeiro. De acordo com o presidente reeleito, o empresário Luiz Antônio de Oliveira, a atuação do sindicato continuará voltada para a busca de políticas tributárias que beneficiem o setor. “A dilatação do prazo do programa Desenvolve, em 2012, foi uma conquista em nível estadual. Em 2013, estaremos focados na redução de tributos, em nível federal, para os produtos fabricados com materiais reciclados”, destaca.

Eleita diretoria do sindicato de sucos A nova diretoria do Sindicato da Indústria Alimentar de Congelados, Sorvetes, Sucos Concentrados e Liofilizados do Estado da Bahia foi eleita em novembro para o triênio 2013/2015. Presidente reeleito, o empresário Luiz Joaquim de Carvalho ressalta a importância do trabalho que vem sendo realizado pela instituição na busca pelo reconhecimento do setor. “O sindicato continuará firme na busca por novos investimentos, incentivos fiscais e tecnológicos visando o desenvolvimento do agronegócio de citros e de frutas tropicais, que representa uma oportunidade de aumento da oferta de empregos, fixação do homem no campo e fortalecimento da agricultura familiar”, destacou. A Bahia ocupa o segundo lugar no ranking nacional dos estados brasileiros produtores de citros.

10

Bahia Indústria

Alberto Cánovas e Emmanuel Maluf, na inauguração da nova sede

Nova gestão do Simmeb toma posse Responsável por representar parte relevante do PIB baiano, o Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico do Estado da Bahia (Simmeb), deu posse em dezembro à nova diretoria, eleita para o triênio 2013/2015, composta por Alberto Cánovas (Acolpa), diretor-presidente; Marta Fernandes Teixeira Barroso (Ferbasa), diretora-tesoureira; e Ricardo Franco (Papaiz), diretor secretário. A posse aconteceu durante a inauguração da nova sede do sindicato, no Edifício Salvador Prime, salas 417/420, Avenida Tancredo Neves. Estiveram presentes os vice-presidentes da FIEB, Emmanuel Maluf e Carlos Gilberto Farias. São empresas filiadas ao Simmeb a ABB, Acopla, Aliston, Autometal, Cia. Vale, Cia. Ferroligas, Ferbasa, Ford, Gerdau, Latapack, Paranapanema, Papaiz, Semp Toshiba e Siemens.


Divulgação

Indústria de cerâmica tem novo sindicato na Bahia A Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB) passou a contar com 41 sindicatos, em seu quadro de filiados, com a chegada do Sindicato Patronal das Indústrias de Cerâmicas Vermelhas e Brancas para Construção e Olaria da Região Sudoeste e Oeste da Bahia (Sindiceso). Com dois anos de criação, o novo integrante da FIEB representa as indústrias de cerâmica localizadas nas regiões sudoeste e oeste. O registro sindical do Sindiceso foi concedido pelo Ministério do Trabalho e Emprego em março de 2012, decorrente do desmembramento das regiões sudoeste e oeste da Bahia da base territorial do Sindicer. O desmembramento foi embasado na jurisprudência, hoje dominante, da prevalência da representação municipal, em detrimento da representação estadual das entidades sindicais. O sindicato já inicia com um significativo número de indústrias em seu quadro de associados, 42, de uma base de 85 empresas localizadas na região. Presidente da entidade, o empresário Dirceu Alves da Cruz, reconhece a importância da filiação. “O

Sinduscon tem proposta para resíduos O Sinduscon/BA indicou dois representantes para a Comissão de Meio Ambiente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). A comissão tem como objetivo elaborar propostas que contribuam na formulação do Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção, que será entregue ao Ministério do Meio Ambiente ainda este ano. O vice-presidente do Sinduscon/BA, Carlos Henrique Passos, e a assessora técnica, Natasha Thomas, estão inseridos nos grupos de trabalho que irão apontar os procedimentos a serem adotados, a partir de um mapeamento de boas ações do que se pratica hoje nesta área na construção civil.

Dirceu Cruz destaca o papel do Sistema FIEB para o desenvolvimento das indústrias no estado

Sistema FIEB contribui para o desenvolvimento das indústrias do estado de forma responsável, comprometida e bem organizada e o Sindiceso não poderia estar de fora. Além disso, a parceria é necessária para o enfrentamento dos desafios específicos do nosso segmento industrial”, afirmou.

Sindirepa participou do Conarem O Sindicato das Indústrias da Reparação de Veículos e Acessórios do Estado da Bahia (Sindirepa-BA) participou, em janeiro, da reunião do Conselho Nacional de Retíficas de Motores (Conarem). O encontro, que ocorreu em Joinville-SC e contou com a presença de diretores de todo o Brasil, teve como objetivo debater questões relevantes do setor e apresentar os projetos da entidade para o exercício de 2013 em parceria com diversos fabricantes de motores e autopeças. Para representar o sindicato, foi designado o vice-presidente da entidade, o empresário Maurício Toledo de Freitas, que também faz parte do conselho e responde pelo segmento de retífica no estado. “A participação no Conarem é fundamental para estarmos alinhados com o restante do país no que tange a inovações tecnológicas e ações de estímulo ao associativismo. Devemos trazer, ainda este ano, uma central de negócios para compras coletivas, que já ocorre no sul do país”, destacou Freitas. A participação do Sindirepa contou com o apoio da FIEB.

Bahia Indústria  11


IEL define linhas de atuação Instituto vai concentrar sua atuação no desenvolvimento de carreiras e de empresas, adotando novas estratégias e produtos por Marta Erhardt

Fotos João Alvarez

A

pós 44 anos de atuação na Bahia, o Instituto Euvaldo Lodi (IEL-BA) decidiu mudar o seu posicionamento no mercado. A partir deste ano, a instituição passa a trabalhar com duas linhas de atuação: Desenvolvimento de Carreiras e Desenvolvimento Empresarial. Esses eixos englobam todos os serviços oferecidos pelo IEL-BA, sendo que a área de Desenvolvimento de Carreiras reúne as soluções de capacitação de profissionais, como o estágio e o programa de trainee, enquanto a de Desenvolvimento Empresarial abarca assessorias e consultorias in company, além dos programas voltados para coletivos empresariais. “Organizamos nosso portfólio de serviços em uma nova linguagem, de forma a facilitar o entendimento da nossa atuação e, consequentemente, a venda dos nossos serviços”, ressalta o superintendente do IEL-BA, Armando Neto. Ele explica, ainda, que, nos

12  Bahia Indústria

Armando Neto explica que o portfólio de ações da instituição foi reformulado

próximos anos a meta da entidade é aprimorar ainda mais os produtos oferecidos e intensificar o atendimento a pequenas e médias empresas, oferecendo produtos que as auxiliem no aprimoramento da gestão das organizações e as capacitem na área de inovação. Para atingir este objetivo, estão em fase de desenvolvimento novos projetos nas duas áreas de atuação do IEL-BA. Na linha de Desenvolvimento Empresarial, um dos destaques é o Jogo da Inovação. “É um projeto desafiador. Estamos desenvolvendo uma metodologia

própria, com uma linguagem lúdica, que é o grande diferencial. A ideia é fazer com que as empresas pensem em inovação de forma sistêmica”, explica Armando Neto. Os recursos para o projeto, na ordem de R$ 2,3 milhões, foram captados junto à Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). Participam do programa 20 bolsistas de diversas áreas, como comunicação, design, tecnologia da informação, economia, engenharia e pedagogia.

QUALIFICAÇÃO Ainda para este ano, dois projetos de qualificação e desenvolvimento de fornecedores merecem destaque: um da cadeia de Petróleo e Gás e Indústria Naval e outro da cadeia Automotiva. Empreendimentos nas duas áreas vão impulsionar a demanda por fornecedores qualificados. Na indústria naval, o Estaleiro Enseada do Paraguaçu vai demandar produtos e serviços. Já na área automotiva, as


O IEL está desenvolvendo novas tecnologias para atender aos seus clientes

Bahia Indústria  13


empresas fornecedoras terão que atender às necessidades de empresas que atuam no estado. “Os programas vão capacitar empresas destas cadeias, com o objetivo de fortalecer a competitividade. As empresas que têm potencial para atender a esses empreendimentos, mas que, por algum motivo, não possuem algum procedimento desenvolvido, serão capacitadas para se credenciar como fornecedoras”, destacou Armando Neto. Os dois projetos são financiados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), por meio de editais vencidos pelo IEL-BA. Há novidades também na linha de Desenvolvimento de Carreira, na qual será implementado o Programa Trainee de Engenharia, que surge em um cenário de escassez de mão de obra para a área. Dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais - Inep (2008) apontam que, apesar de a indústria brasileira apresentar uma crescente demanda por profissionais de engenharia, na Bahia, apenas 8% dos cursos de ensino superior oferecidos são voltados para essa área, enquanto 32% estão relacionados à área de Educação e 30% a de Ciências Sociais Aplicadas. Orçado em R$ 29 milhões, o projeto do IEL Nacional será replicado na Bahia com o objetivo de melhorar a formação de novos profissionais, a partir de uma vivência corporativa. Para isso, a meta é oferecer, em todo o Brasil, mil bolsas para estudantes recém-formados ou no último ano de graduação. As bolsas serão disponibilizadas para projetos que promovam a inovação nas empresas. 14  Bahia Indústria

Uma década premiando a excelência na formação profissional Reconhecer as boas práticas de estágio desenvolvidas por empresas baianas e auxiliar as organizações a aprimorar seus programas de treinamento e formação profissional. Com esse objetivo, o Instituto Euvaldo Lodi (IEL-BA) criou, em parceria com o Fórum de Estágio da Bahia, o Prêmio Melhores Práticas de Estágio. A premiação, que completa 10 anos em 2013, foi criada em 2004, a partir das discussões do Fórum de Estágio, que apontavam a necessidade de se desenvolver ações para conscientizar empresas e estudantes sobre a verdadeira essência do estágio, que é contribuir para a formação dos jovens. “Na época, enxergavam-se os estudantes como mão de obra barata e muitos deles desenvolviam tarefas consideradas menores. Além disso, muitos estudantes viam a oportunidade de estágio apenas como uma forma de ganhar dinheiro”, recorda a gerente de Estágio e Formação de Talentos do IEL-BA, Edneide Lima. A décima edição do prêmio foi destacada durante a primeira reunião do Fórum de Estágio em 2013, realizada no dia 6 de março, no auditório da sede da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB). Representantes de empresas e instituições de ensino participaram do encontro e puderam se informar sobre a premiação, que ao longo dos 10 anos de existência tem contribuído para a mudança da cultura de estágio nas empresas.

As organizações que avançam para a fase de avaliação recebem um relatório que sinaliza os pontos nos quais seus programas de estágio podem ser incrementados. O relatório é elaborado por representantes da comissão julgadora, que visitam as organizações e analisam pontos como a integração dos estagiários com os projetos, o acompanhamento do estágio pela empresa e o processo de seleção, treinamento e desenvolvimento de estagiários. “É uma consultoria para que as empresas melhorem ainda mais suas práticas”, destaca Edneide Lima. O sucesso da iniciativa do IEL foi tamanho que, dois anos depois de criado, o projeto foi adotado pelo IEL nacional, que replicou a ideia nos demais estados do país. Desta forma, foi criada, em 2006, a edição nacional do prêmio, que reúne os vencedores estaduais de cada categoria (pequena, média e grande empresa). Com três organizações finalistas, a Bahia ganhou destaque na premiação nacional de 2011, realizada na sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI), em Brasília. As empresas Lacerta Ambiental e Petrobras foram vencedoras das categorias Micro e Pequenas Empresas e Grande Empresa, respectivamente. Já a Portugal Telecom Inovação Brasil ficou com o segundo lugar na categoria Média Empresa. “Todos os anos, pelo menos uma empresa baiana fica entre as finalistas”, pontua Edneide.


Indicadores de Estágio na Bahia Principais destaques ao longo destes 44 anos de atuação do IEL no estado

» Mais de 180 mil estudantes alocados em estágio nas organizações baianas

» Cerca de 400 mil estudantes cadastrados

» Parceria com mais de 10 mil organizações para alocação de estagiários

» Cerca de 60 mil estudantes capacitados por meio de cursos e oficinas

» Criação do Fórum de Estágio da Bahia

A gerente de estágio do IEL-BA ressalta que, com a participação no Prêmio Melhores Práticas, as organizações trocam experiências, ampliam suas redes de relacionamento e têm a chance de divulgar, na Bahia e nacionalmente, seus programas de estágio.

INOVAÇÃO A premiação contribui, ainda, para o esforço de incorporar a inovação nos processos produtivos das empresas baianas. Os projetos vencedores reduzem custos, melhoram os processos de produção e aumentam a competitividade das organizações. Foi o que aconteceu na Cromex S/A, vencedora na categoria média empresa, na edição 2012. A analista de Recursos Humanos,

Luciana Andrade, responsável pelo programa de estágio da organização, conta que, motivados pela ideia de vencer a premiação e conquistar reconhecimento, muitos estagiários se engajaram em projetos de suas áreas e apresentaram ideias que resultaram em melhorias nos processos produtivos e trouxeram rentabilidade para a empresa. Entre os projetos, estava o de Leonardo Correia, na época estagiário da área de engenharia, que venceu a edição da premiação 2012 na categoria média empresa. “A Cromex dá espaço para a inovação e busca conscientizar os estagiários sobre a importância de aplicarem o conhecimento adquirido na faculdade em sua prática profissional. O estágio

Edneide Lima no lançamento do Prêmio Melhores Práticas 2013

é a oportunidade para que eles criem, ousem, errem e acertem”, salienta Luciana Andrade.

INSCRIÇÕES As inscrições para a edição 2013 do prêmio iniciaram no dia 6 de março e seguem até 10 de abril. As empresas podem se inscrever pela internet, no site www.fieb.or.br/iel/ melhorespraticas. Ao se cadastrar, a empresa tem que preencher um questionário de autoavaliação, que norteia a pontuação e classificação das finalistas. O IEL-BA garante a confidencialidade das informações fornecidas. Apenas o nome das empresas finalistas é divulgado. Mais informações podem ser obtidas por telefone no número 3343-1365 ou pelo e-mail praticas@fieb.org.br. [bi] Bahia Indústria  15


Desafio estratégico SENAI investe em atuação mais complexa, voltada para a inovação industrial POR carolina mendonça Fotos João Alvarez

C

om uma longa experiência em formação e qualificação profissional, o SENAI-BA consolidou-se pela qualidade educacional voltada para o mercado de trabalho na indústria. Há mais de uma década, no entanto, a instituição vem sendo reconhecida também pelos serviços técnicos e tecnológicos que oferece ao setor e pelos projetos de desenvolvimento de produtos e processos como solução às demandas dos empresários. O crescimento acelerado no número e valor desses projetos impôs à casa o seu maior desafio estratégico: transformar uma atuação predominantemente educacional em um portfólio mais complexo de suporte à inovação industrial no estado. A escolha da unidade mais avançada do SENAI, o Centro Integrado de Manufatura e Tecnologia (Cimatec), como uma das três instituições de referência para o desenvolvimento de projetos da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) reforçou esta mudança de visão de futuro e apontou o centro como local ideal para a concentração das atividades de pesquisa e inovação. “A operacionalização da Embrapii envolve grandes empresas como montado16  Bahia Indústria

ras, empresas químicas, petroquímicas, da área de alimentos, dentre outras, e seus projetos de inovação precisavam de um ambiente propício às apostas no principal ativo das empresas: seus produtos, processos e imagem”, conta o gerente do Núcleo Estratégico do SENAI, Luis Alberto Brêda Mascarenhas. Desde a sua criação, em 2002, o Cimatec vem confirmando sua vocação de centro difusor de conhecimento e inovação na produção de soluções para a indústria. Em 2007, a unidade ganhou novas áreas de competência com a inauguração do prédio II, passando a atender demandas com um aprofundamento maior em algumas

O SENAI-BA continuará inovando em uma velocidade compatível com a nossa indústria e esta visão é compartilhada com toda a força de trabalho Luis Alberto Breda Mascarenhas, gerente do Senai

áreas de interesse do estado, como automotiva, transformação de plástico, mecânica de precisão e microeletrônica e eletrônica embarcada. Já em 2010, abrigou os novos programas de mestrado e doutorado, que já estão bem avaliados pela Capes. Em 2012, iniciou-se a mudança dos núcleos de projetos de outras unidades para lá. O centro também recebeu o Escritório de Projetos do SENAI, um núcleo que criou uma metodologia para acompanhar desenvolvimento e resultados e, em abril deste ano, deve inaugurar uma incubadora com o objetivo de estimular o surgimento de empresas que aplicam conhecimento no aperfeiçoamento ou desenvolvimento de novos produtos, processos e serviços tecnológicos. “A implantação da incubadora vai reforçar a cadeia produtiva, garantindo que serviços de alto valor agregado, normalmente feitos fora do país ou no eixo Rio-São Paulo, possam ser realizados e internalizados pela indústria baiana”, avalia Mascarenhas.

NOVAS DEMANDAS O investimento intensificado nessas atividades, que envolvem estudos, pesquisa aplicada, tes-

Laboratórios do SENAI desenvolvem atividades de pesquisa e inovação


tes, projeções, desenvolvimento de novos processos e protótipos de produtos eleva o SENAI a outro patamar no atendimento às solicitações da indústria baiana com o objetivo de ganhar mais competitividade: o de centro tecnológico. Apesar da concentração no Cimatec, esta função de propulsor do conhecimento se estende às sete unidades da instituição (duas em Salvador, e uma em Lauro de Freitas, Feira de Santana, Ilhéus, Barreiras e Luís Eduardo), além das cinco agências de apoio nos municípios de Camaçari, Vitória da Conquista, Itabuna, Jequié e Teixeira de Freitas. Esta nova realidade, que começou a ser construída há mais de

uma década, porém, não faz com que a instituição abandone sua missão de preparar pessoas para o mercado de trabalho por meio de cursos e capacitações de alta qualidade. Uma prova disso é a criação de novas graduações, cursos de pós-graduação e ampliação de vagas ofertadas por meio do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). “O SENAI-BA continuará inovando em uma velocidade compatível com a nossa indústria e esta visão é compartilhada com toda a força de trabalho, que está comprometida e motivada com este processo de contínua mudança e transformação”, confirma Luis Alberto Breda Mascarenhas. [bi] Bahia Indústria  17


Cenário e expectativas O empresariado baiano está cauteloso e em alerta em relação ao sobe e desce dos números que monitoram a atividade econômica POR Patrícia moreira Fotos João Alvarez

manutenção do Indicador de Confiança do Empresário da Indústria (Icei), na casa de 57,3 pontos, nos últimos meses, indica que os empresários ainda não estão seguros da retomada do crescimento da indústria. O índice, divulgado em 18 de março pela Confederação nacional da Indústria (CNI), caiu em todas as regiões do país, em todos os portes e segmentos do setor, sendo que a maior queda foi registrada na indústria extrativa, onde houve retração de 3,9 pontos em relação a fevereiro. A expectativa dos empresários industriais baianos, medida pela Sondagem Industrial – Bahia, pela Superintendência de Desenvolvimento Industrial (SDI) da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), reflete os números nacionais. O índice de fevereiro deste ano, em relação à demanda, é de 57,8 pontos percentuais, 54% em relação à projeção de exportações, 53,4% em relação à compra de matéria-prima. Apenas o índice de expectativa quanto ao número de empregados ficou negativo: 49,3 pontos. Outro indicador que chama a atenção é o que mede a capacidade instalada (UCI). Os empresários baianos relataram ociosidade da indústria baiana em fevereiro, com UCI efetiva abaixo do usual para o período analisado: 41,9 pontos. A ociosidade é reflexo da queda de produção industrial, registrada nos três primeiros meses de 2013, situando-se na casa dos 45%, que afetou, especialmente, as pequenas e médias empresas.

LOGÍSTICA E TRIBUTOS Os levantamentos traduzem uma preocupação do presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB) e vice presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), José de Freitas Masca-

18  Bahia Indústria


Mateus Pereira / Coperphoto /Sistema FIEB

Luiz de Oliveira, do Sindiplasba: “Indústria de plástico vive cenário chinês”

Bahia Indústria  19


renhas, sobre a perda de competitividade da indústria. Para Mascarenhas, que também preside o Conselho Permanente de Infraestrutura da CNI, os gargalos econômicos e logísticos insistem em minar a produtividade e a competitividade da indústria brasileira. Segundo ele, a redução do crescimento e a baixa produtividade industrial são reflexos do excesso de encargos, carência de infraestrutura logística, guerra fiscal e redução da demanda internacional. “O Brasil vem perdendo substância na indústria de transformação, por isso afirmo que fazer indústria é ter paixão, pois o desempenho não é estimulante para os investidores”, declarou durante coletiva à imprensa baiana, em janeiro. Um dos segmentos que vêm experimentando mais de perto os efeitos destas variantes é a indústria metalúrgica e mecânica, que está à margem dos pacotes de incentivos oficiais distribuídos pelo governo para desonerar os investimentos e reduzir a carga tributária do setor produtivo. De acordo com o presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e Mecânicas da Bahia (Simmeb), Alberto Cánovas, para beneficiar o setor, é preciso reduzir a carga tributária para os ativos imobilizados, que, segundo ele, é uma cobrança que existe apenas no Brasil. “Se o governo dá incentivos à Ford, por exemplo, eles não atingem quem fabrica os bens imobilizados para fornecer à indústria automobilística. Com isso, as empresas nacionais ficam sem condições de concorrer com as fabricantes estrangeiras, que vendem os mesmos equipamentos importados por 20  Bahia Indústria

um custo menor. Sai mais barato importar da China ou da Turquia do que comprar um produto onerado pela incidência de PIS, Confins e outros tributos. Isso enfraquece a indústria nacional”, analisa. Os reflexos se fazem sentir no aumento da inadimplência por parte das empresas do ramo, que está na casa dos 30%, índice que Cánovas considera elevado, considerando o histórico do setor.

CENÁRIO CHINÊS

As empresas nacionais ficam sem condições de concorrer com as estrangeiras, que vendem os mesmos equipamentos importados por um custo menor. Sai mais barato importar do que comprar um produto onerado pela tributação. Isso enfraquece a indústria nacional

Alberto Cánovas, presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e Mecânicas da Bahia (Simmeb)

A indústria de plásticos, que juntamente com a de artigos em borracha, cresceu 12,1% no volume de produção física da indústria de transformação, medido mensalmente pelo IBGE (janeiro 2013), projeta um crescimento entre 5% e 6% para este ano. “Levantamentos internos revelam que entre 2011 e 2012 tivemos um crescimento de 6% e para este ano a perspectiva é boa. Temos o que se convencionou chamar um cenário chinês”, ilustrou Luiz Antonio de Oliveira, presidente do Sindicato das Indústrias de Plástico da Bahia (Sindiplasba). No geral, na pesquisa que monitora a indústria de transformação, a Bahia registrou um crescimento de 4,5% em 2012, enquanto no plano nacional houve uma desaceleração de 2,8%. Os setores que atingiram melhores resultados foram os de produtos químicos e petroquímicos, refino e borracha e plástico, que registraram aumento da produção entre 5% e 10%. Em seguida, vêm os setores de produção de veículos automotores (1,2%), minerais não-metálicos (3,4%) e alimentos e bebidas (1%). O desempenho negativo ficou por conta da indústria de metalurgia básica, que registrou queda de 9,9%.


Indústria de alimentos e bebidas vem tendo desempenho positivo

INVESTIMENTOS Mauro Pereira, superintendente do Comitê de Fomento Industrial de Camaçari (Cofic), reitera que os empresários do Polo de Camaçari, que concentra o parque automotivo e a indústria química e petroquímica, mantêm uma postura cuidadosa em relação ao cenário econômico. Mas como também faz parte do perfil do empreendedor não alimentar o pessimismo, e apesar de toda a conjuntura de desaceleração econômica internacional e estagnação de algumas economias de peso, ele revela que a perspectiva de atração de novos investimentos para o Polo é uma realidade e serve de termômetro para medir o clima de expectativa da indústria. O interesse pela Bahia é forte e isso se revela pela grande procura por parte das indústrias nacionais e estrangeiras. No início de março, por exemplo, o Cofic recebeu representação de uma indústria alemã, interessada em expandir seus negócios com uma unida-

de na Bahia. No ano passado, a Jac Motors confirmou seus investimentos em uma fábrica em Camaçari, gerando novas oportunidades e empregos e fortalecimento da cadeia automotiva. “O Polo continua sendo bastante procurado pois a área de Camaçari tem um grande apelo que é a vanguarda em relação à questão ambiental, não só gerenciamento, mas de estrutura, criada pela Cetrel”, explica Pereira. Outro segmento que vem dando uma nova configuração ao complexo industrial é o de energia eólica, que promete ser um dos novos vetores de crescimento do polo. Mas Mauro Pereira faz questão de reafirmar que a indústria vem perdendo competitividade em razão da infraestrutura inadequada e do excesso de carga tributária, que podem ter reflexos no longo prazo.

CELULOSE O setor de celulose é um dos que podem ter seus investimentos comprometidos em razão das dificulBahia Indústria  21


dades de logística do estado. O presidente do Sindicato da Indústria de Papel e Celulose e Papelão (Sindpacel), Jorge Cajazeira, considera que a atual infraestrutura viária e portuária da Bahia pode dificultar a realização de novos investimentos. Em 2012, o setor fechou o ano registrando um aumento de 3,2% na produção na Bahia (PIM-BA/IBGE). A Suzano, por exemplo, cresceu em torno de 2% em 2012 em relação a 2011. Com as recentes mudanças nos planos de expansão da companhia, anunciados no último dia 13 de março, pelo presidente Walter Schalka, que determinou a suspensão de R$ 4,3 bilhões em investimentos previstos para este ano, a fabricante de papel e celulose deverá se dedicar a aplicar recursos na melhoria operacional das fábricas já instaladas. Um exemplo é a implantação de uma caldeira de biomassa, na unidade de Mucuri, no extremo-sul da Bahia, que visa a redução de gargalos. Apesar do freio nos investimentos anunciado pela Suzano, o setor de celulose vive uma boa fase. Em abril, está previsto o início das atividades da unidade da Kimberly-Clark em Camaçari, que recebeu R$ 100 milhões em investimentos. Em relação à produção brasileira de celulose e papel em 2012, o volume se manteve estável, na comparação com 2011. De janeiro a dezembro foram produzidas 13,8 milhões de toneladas de celulose (-0,2%) e 10,1 milhões de toneladas de papel (0,2%),

22  Bahia Indústria

conforme pesquisa da Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa). Na exportação, houve uma queda de 7,4% em relação ao valor de 2011. Foram exportadas 8,5 milhões de toneladas de celulose e 1,8 milhão de toneladas de papel, principalmente para a Europa, China e América do Norte.

AUTOMOTIVO O setor automotivo, que fechou o ano de 2012 com crescimento de 6,11%, em especial na comercialização de automóveis e veículos comerciais leves, espera por resultados um pouco mais modestos em 2013. As vendas devem sofrer os efeitos da suspensão da isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), que a partir de junho volta a ser cobrado sem desconto na alíquota. A Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores (Fenarave) trabalha com uma projeção de crescimento da ordem de 2,8%. Isso, levando em consideração o crescimento do PIB em 3%, conduzindo a uma retomada positiva do ritmo da economia e melhoria da renda familiar e manutenção do emprego. Em investimentos, a Bahia soma US$ 2,5 bilhões para o setor nos próximos anos, incluindo a ampliação e instalação da JAC Motors, que produzirá 100.000 carros/ano, em 2014, e de fabricantes de componentes e autopeças. [bi]

Setor automotivo deve sofrer efeitos do fim da isenção do IPI


conselhos

Encontro analisa impacto das tarifas de água e saneamento na indústria Os preços das tarifas de água e esgoto são apontados como um entrave à competitividade da indústria brasileira e baiana. Para discutir o tema, a Superintendência de Desenvolvimento Industrial da FIEB convidou a Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa) para participar da Reunião Conjunta dos Conselhos de Infraestrutura (Coinfra), Responsabilidade Social (Cores), Desenvolvimento Industrial (Cedin), de Meio Ambiente (Comam) e de Assuntos Fiscais e Tributários (Caft), realizada em janeiro. O encontro teve como tema a Água como Fator de Competitividade Industrial e discutiu os aumentos das tarifas dos serviços. Em 10 anos (2002-2012), os reajustes representaram um aumento médio de 230%, muito acima dos praticados pelas suas congêneres, que foi de 90,81%, enquanto a inflação foi de 34,89%. A FIEB reconhece que a oferta de abastecimento de água e esgotamento sanitário foi ampliada, seguindo o objetivo do governo estadual de universalização dos serviços na Bahia até 2040. Esta “conta”, porém, está sendo paga pelos atuais usuários do sistema e a expansão da rede demandará um esforço concentrado de investimentos e de manutenção da operação pelos cidadãos e empresas. Na visão da Federação, a Embasa deve contar com subsídios do estado para fazer os investimentos.

Novas lideranças Evandro Mazo (sentado, D) e os integrantes do novo conselho

Representantes da Embasa e dos conselhos discutiram impacto da tarifa de água na indústria

Os conselhos e comitês temáticos da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB) ganharam uma nova representação. Trata-se do Comitê de Jovens Lideranças Industriais (CJLI), que realizou sua primeira reunião oficial no dia 20 de fevereiro. Ele é composto por Eduardo Faria Daltro (coordenador), Hilton Barbosa Lima Filho, Lizi Pessoa Buzanelli, Murilo Vilpert, Nayana Carvalho Pedreira, Ricardo Cohim e Rodrigo Barbosa Paolilo. Na primeira reunião, o superintendente de Desenvolvimento Industrial, João Marcelo Alves, apresentou a Diretoria Executiva do Sistema FIEB e a estrutura funcional dos Conselhos Temáticos. Também foram elencadas as prioridades a serem trabalhadas no Programa de Ação de 2013, dentre outras deliberações.

FIEB colabora para a Agenda Legislativa A Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB) é uma das 27 federações que participaram, por meio de seus conselhos temáticos, da elaboração da Agenda Legislativa da Indústria – 2013, publicada anualmente pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Com previsão de ser publicada em abril, a 18ª edição reflete os anseios da indústria em relação aos projetos que tramitam no Congresso, levando os conceitos, posicionamentos e temas que são prioridade para o setor e que também vão servir como respaldo para ações em defesa de seus interesses. Além das 27 federações, a elaboração da agenda contou com a contribuição de 60 associações de empresas. Juntas, elas opinaram sobre 4 mil projetos que tramitam em Brasília. Foto: Valter Pontes/Coperphoto/Sistema FIEB

Bahia Indústria  23


Empresários baianos conhecem chances de negócios com Estaleiro do Paraguaçu Por Marta Erhardt

Divulgação

C Oportunidades para a

indústria

24  Bahia Indústria

naval

om obras em fase de terraplenagem e de dragagem de aprofundamento para construção do cais de atracamento e do dique-seco, o Estaleiro Enseada do Paraguaçu (EEP) movimenta o Recôncavo baiano. Formado por um consórcio das empresas Odebrecht, OAS, UTC e a KHI (Kawasaki Heavy Industries Ltd.), o estaleiro representa investimentos de R$ 2,6 bilhões e produzirá navios, sondas de perfuração e plataformas, processando até 36 mil toneladas de aço por ano. O início das atividades em Maragogipe está previsto para 2014. No estaleiro serão construídos seis navios-sonda, contratados pela empresa Sete Brasil, com vistas à exploração do pré-sal. De acordo com o diretor de Relações Institucionais do EEP, Humberto Rangel, a última entrega está prevista para 2015. Cada plataforma terá capacidade de produzir até 150 mil barris de petróleo por dia e comprimir 7 milhões de metros cúbicos de gás natural diariamente. As oportunidades de negócios para as empresas interessadas em fornecer produtos e serviços para o empreendimento foram apresentadas durante evento


realizado no auditório da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB). “Este encontro é uma convocatória para que os empresários aqui presentes se unam a nós nesse desafio, que envolve o fornecimento de produtos e serviços, além da qualificação de mão de obra”, afirmou Rangel. Os empresários assistiram a um ciclo de palestras ministrado por executivos do EEP. O diretor de implantação do estaleiro, João Cândido, enumerou as demandas de produtos e serviços terceirizados para o empreendimento, como o serviço de manutenção predial, produtos e assessórios de aço, como escotilhões, passarelas, escadas de acesso; além de produtos de tubulação e voltados para a parte elétrica. Na abertura do evento, o presidente da FIEB, José de Freitas Mascarenhas, destacou a importância da instalação do estaleiro na Bahia. “Com o desenvolvimento da indústria naval, precisamos discutir a instalação de uma cadeia de fornecedores. Este é um empreendimento chave para que possamos desenvolver um polo de metal mecânica no nosso estado”, pontuou. Ele ressaltou que existem, no momento, vários projetos na área de offshore no país, muitos dos quais não terão capacidade de se manter. Mas segundo ele, o EEP, da forma como foi concebido, tem tudo para ser um empreendimento duradouro. "Todos nós temos que colaborar para que o estaleiro do Paraguaçu seja eficiente e competitivo", afirmou. O presidente da FIEB disse, ainda, que o SENAI-BA tem compromisso

para treinamento de mão de obra destinada ao empreendimento, que deve gerar 5 mil empregos diretos e 10 mil indiretos. Já o secretário da Indústria Naval e Portuária do Estado da Bahia, Carlos Costa, ressaltou que o EEP é um dos maiores projetos privados em andamento no país e representa um momento de revitalização da indústria naval brasileira.

QUALIFICAÇÃO Na oportunidade, o superintendente do IEL-BA, Armando Neto, apresentou aos empresários o Programa de Qualificação de Fornecedores (PQF), desenvolvido pelo IEL com o objetivo de fortalecer a cadeia produtiva, atendendo às exigências das empresas compradoras. O programa é dividido em quatro etapas, que incluem treinamento e consultoria em áreas como gestão da qualidade, saúde e segurança no trabalho e gestão da inovação. Entre as empresas patrocinadoras do PQF estão a Petrobras, Bahia Mineração, Veracel, Vale e Deten Química. O superintendente do IEL destacou, ainda, o Programa de Fortalecimento da Cadeia de Fornecedores da Indústria de Petróleo e Gás Naval da Bahia, que deve ser lançado ainda no primeiro semestre de 2012. “Esse programa vai subsidiar a capacitação de empresas desta cadeia, com o objetivo de fortalecer a competitividade, principalmente das pequenas e médias empresas”, destacou. [bi]

Área onde está sendo implantado o Estaleiro Enseada do Paraguaçu, na região de Maragogipe

Bahia Indústria  25


indicadores  Números da Indústria

Desempenho da indústria baiana é destaque nacional

A

produção da indústria de transformação da Bahia apresentou em janeiro, de acordo com a taxa anualizada, crescimento de 4,5%, o mesmo percentual registrado em dezembro de 2012. Dessa forma, mantém a trajetória de recuperação da atividade industrial, conforme levantamento feito pela Superintendência de Desenvolvimento Industrial da FIEB, a partir de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No ranking dos 13 estados pesquisados pelo IBGE, seis deles apresentaram desempenho positivo: Bahia, Minas Gerais (2,5%), Goiás (2,1%), Pernambuco (0,6%), Ceará (0,4%) e Pará (0,2%). Os demais estados registraram desempenho negativo: São Paulo (-3,0%), Rio de Janeiro (3,5%), Paraná (-5,5%), Rio Grande do Sul (-4,8%), Santa Catarina (-1,9%), Amazonas (-7,4%) e Espírito Santo (-10,5%). Dos oito segmentos pesquisados na Bahia, nada menos que sete apresentaram resultados positivos: Borracha e Plástico (12,1%), Produtos Químicos/Petroquímicos (7,7%), Celulose e Papel (7,4%), Refino de Petróleo e Produção de Álcool (5,7%), Veículos Automotores (4,5%), Minerais Não-Metálicos (3,0%) e Alimentos e Bebidas (0,3%). Apenas o segmento de Metalurgia Básica registrou queda na produção (-9,1%),

26  Bahia Indústria

O crescimento de 4,5% registrado em janeiro, na taxa anualizada, superou a média nacional, que ficou negativa em 2,1%


devido à parada programada para modernização e ampliação da Paranapanema, de 21 de maio a 6 de agosto de 2012. Na comparação de janeiro de 2013 com igual mês do ano passado, a produção física da indústria de transformação baiana apresentou crescimento de 7,8%, superando a média Brasil (5,9%). Naquele mês, seis dos oito segmentos pesquisados registraram crescimento da atividade: Veículos Automotores (45%, influenciado pela base de comparação deprimida de 2012), Celulose e Papel (32,3%, por conta da expansão na produção de celulose e papel não revestido para usos na escrita e impressão), Borracha e Plástico (22,4%, em razão do incremento na produção de garrafões, garrafas e frascos de plástico), Refino de Petróleo e Produção de Álcool (13,8%, pela maior fabricação de óleo diesel, outros óleos combustíveis e gasolina automotiva), Metalurgia Básica (8,8%, com incremento na produção de barras, perfis e vergalhões de cobre) e Produtos Químicos/Petroquímicos (0,2%). Por outro lado, verificou-se que-

produção física por estados: indústria de transformação Estados

Variação (%)

jan13/jan12 Fev12-Jan13/ Fev11-Jan12

São Paulo 5,3 -3,0 Minas Gerais 10,2 2,5 Rio de Janeiro 18,7 -3,5 Paraná -3,9 -5,5 Rio Grande do Sul 1,9 -4,8 Bahia 7,8 4,5 Santa Catarina 3,1 -1,9 Amazonas -2,2 -7,4 Espírito Santo -16,4 -10,5 Pará -3,7 0,2 Goiás -3,5 2,1 Pernambuco 1,6 0,6 Ceará 15,4 0,4 Brasil 5,9 -2,1 Fonte IBGE; elaboração Fieb/SDI

da na produção de Alimentos e Bebidas (-3,9%, com recuo da produção de refrigerantes, leite em pó, óleo de soja bruto, farinhas e “pellets” da extração de óleo de soja e tortas, bagaços e farelos da extração do óleo de soja) e Minerais Não-Metálicos -3,9%, por conta da menor produção de ladrilhos e placas de cerâmica para revestimento). Já em dezembro de 2012, a taxa anualizada da produção física

da indústria de transformação da Bahia alcançou 4,5%, após ter registrado queda de 4,5% em dezembro de 2011, mantendo a trajetória de recuperação da atividade industrial. No ranking dos 13 estados que participam da pesquisa, cinco estados apresentaram desempenho positivo: Bahia, Goiás, Minas Gerais, Pernambuco e Pará. Os outros oito estados que registraram resultados negativos foram: Espírito Santo, Amazonas, Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo, Santa Catarina e Ceará. Na Bahia, dos oito segmentos pesquisados, apenas um apresentou desempenho negativo: Metalurgia Básica (-9,9%, em função, sobretudo, da parada programada de modernização e ampliação da Paranapanema). Por outro lado, apresentaram resultados positivos os segmentos: Borracha e Plástico (10,8%), Produtos Químicos/ Petroquímicos (9,9%), Refino de Petróleo e Produção de Álcool (5,2%), Minerais Não-Metálicos (3,4%), Celulose e Papel (3,2%), Veículos Automotores (1,2%) e Alimentos e Bebidas (1%). [bi]

BAHIA - PRODUÇÃO FÍSICA DA INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO (2011 - 2013) 140

2013

135 130 125 120 115

2012

110 105

2011

100

DEZ

NOV

OUT

SET

AGO

JUL

JUN

MAI

ABR

MAR

FEV

JAN

95

Fonte: IBGE; elaboração Fieb/SDI. Nota: Exclusive a indústria extrativa mineral (CNAE 10, 11, 13 e 14); base = 100 (média 2002)

Bahia Indústria  27


Entrevista  Rosemma Maluf

“Salvador tem que voltar a ser boa para morar e fazer negócios” Empresária que comanda a Secretaria da Ordem Pública de Salvador revela o que a motivou a aceitar o desafio e como vem conduzindo a gestão da pasta POR carolina mendonça Fotos João Alvarez

C

om uma longa experiência em gestão empresarial e atuação ativa em entidades representativas, como a Associação Comercial da Bahia e o Conselho da Micro e Pequena Empresa Industrial (Compem) da FIEB, Rosema Maluf não pensava em assumir um cargo no setor público até ser convidada para dirigir a Secretaria Municipal de Ordem Pública. Nesta entrevista, ela conta quais os principais desafios que tem pela frente.

28  Bahia Indústria

Como surgiu o convite para a Secretaria Municipal de Ordem Pública (Semop), a antiga Sesp? Eu não tinha uma vivência na política, não sou filiada a qualquer partido político. Meu nome surgiu por indicação da classe empresarial baiana e foi levado a ACM Neto pelo deputado federal Jutahy Magalhães Jr. Reuni-me com o prefeito para conversar e logo depois fui chamada a assumir o cargo. Percebi que o cargo era um desafio e que tinha condições de me afastar das minhas atividades empresariais para contribuir com minha experiência em gestão. Assumi com o compromisso de ajudar a fazer da

cidade um bom lugar para se viver e fazer negócios, baseada no tripé do desenvolvimento formado pela sociedade civil organizada, empresariado e governo. Venho com muito entusiasmo. Aliás, o empresário só vem para o setor público por este motivo, porque todo mundo sabe que a área não remunera bem. Estou colocando à disposição minha capacidade empreendedora, visando melhorias na infraestrutura, no bem-estar, no lucro social. Quais as principais dificuldades enfrentadas nesses primeiros meses à frente do órgão?


Para quem, como eu, vem da iniciativa privada, o maior impacto é na gestão. Encontramos a secretaria sem infraestrutura para exercer a sua missão, que é basicamente fiscalizar e ordenar a cidade. Não temos um sistema de Tecnologia da Informação, equipamentos, nem pessoal suficiente para fazermos uma gestão integrada. E, sob o nosso guarda chuva, estão os serviços de coleta de lixo, iluminação, a administração de dez cemitérios, feiras e mercados, a Salvamar, a Guarda Municipal e a Codecon. A insegurança jurídica, o acúmulo de lixo e a sensação de desordem em Salvador foram alvo de duras críticas na gestão passada. Como estas questões estão sendo tratadas agora? A insegurança jurídica gerada em relação ao uso do solo não é objeto de trabalho direto da nossa secretaria, mas como empresária vejo que os negócios precisam de um ambiente propício para prosperar,

com estabilidade, critérios claros e a garantia de que as regras não vão mudar a cada governo. O empresário quer segurança para investir. Em relação à coleta de resíduos, encontramos a cidade com 60 mil toneladas de lixo acumulado do período de agosto a dezembro de 2012. Fizemos um plano de ação junto com os consórcios responsáveis pela coleta e já estamos regularizando o serviço. Outra questão grave era o descarte de entulho, que estava sendo feito de forma irregular por falta de fiscalização. Para se ter uma ideia, tínhamos apenas uma fiscal que atuava sem veículo. Agora, contamos com 20 equipes organizadas e pretendemos aumentar o número de Pontos de Descarte de Entulho (PDE), pois hoje só temos dois: um no Itaigara e outro no Vale das Muriçocas. E sobre a situação de desordem? Este é um dos nossos grandes desafios. Estimamos que Salvador tenha hoje mais de 40 mil ambu-

lantes informais sem licença. Legalizados, há oficialmente cerca de 11.500. Nos pontos críticos – Av. Sete, passarela do Iguatemi-Rodoviária, Calçada, etc. – o pedestre perdeu seu lugar de direito, o passeio, e disputa espaço com os carros na rua. Mas isso vai mudar. Estamos estruturando projetos com a Fundação Mário Leal Ferreira e parcerias com o Sebrae para qualificar os trabalhadores e adequá-los à legislação. Foram oito anos em que tudo era permitido. Acho que era uma decisão política não fiscalizar ambulante. Há pontos críticos onde o passeio não é mais do pedestre, como Av. Sete, as passarelas (Iguatemi), o Relógio de São Pedro, Rótula da Feira, em Cajazeiras. Temos poucos agentes de fiscalização, apenas 150 para todo o uso do espaço público, e um orçamento insuficiente (R$ 378 milhões para este ano), mas vamos fazer ações para orientar e ordenar. A secretaria vem também com a missão de mudar a cultura, de estimular a população a cuidar do que é público, do que é seu e de todos.

“ Estou colocando à disposição do município minha capacidade empreendedora, visando melhorias na infraestrutura

Durante a campanha eleitoral, ACM Neto defendeu a municipalização do Porto de Salvador. Qual a sua opinião? Eu defendo a municipalização ou estadualização do Porto. A gestão deve estar próxima de quem o utiliza. Quando a gestão fica distante, como hoje, feita pelo governo federal, esses gestores nem sempre têm o sentimento da realidade e as decisões são muito demoradas. Além disso, o governo administra vários portos, então há questões político-partidárias que interferem nos investimentos. Os grandes portos do mundo têm administração municipal ou estadual; é uma tendência mundial, que acredito ser a mais adequada. [bi] Bahia Indústria  29


Programa conclui curso de capacitação Petrobras, Prominp e SESI qualificaram fornecedores da Petrobras na área de gestão em segurança, saúde e meio ambiente Por Patrícia Moreira

P

ara a Setel Serviços de Terraplenagem e Empreendimentos Ltda., adequar a empresa às exigências da ISO 14001 e OHSAS 18001 era um desafio. A empresa já havia tentado colocar em prática, por duas vezes, as normas de Saúde, Meio Ambiente e Segurança (SMS), sem sucesso. A AMG Engenharia Ltda., do Espírito Santo, já detinha toda a documentação necessária para certificação nestas normas, mas

30  Bahia Indústria

faltava o comprometimento dos colaboradores para que as orientações passassem a fazer parte da rotina da empresa. Para estas duas empresas e outras 11, este problema somente foi sanado após a capacitação oferecida pela Petrobras no Programa de Desenvolvimento de Fornecedores da Engenharia (PDFE). Resultado de uma parceria entre o Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (Prominp) e o Serviço Social da Indústria (SESI Bahia). A diplomação e a premiação das empresas que mais se destacaram ocorreram no dia 21 de fevereiro, na sede da Federação das Indústrias do Estado da Bahia

(FIEB). Estiveram presentes o coordenador executivo do Prominp, Paulo Sérgio Rodrigues Alonso, a gerente executiva de Engenharia, Tecnologia e Materiais Corporativos da Petrobras, Renata Baruzzi Lopes, e o superintendente do SESI Bahia, Wagner Fernandes. Os resultados positivos do curso de capacitação dos fornecedores da Petrobras em SMS habilitaram a experiência a figurar como modelo a ser adotado em outros


estados, conforme avaliou Paulo Alonso. Já Renata Baruzzi comemorou a melhoria do desempenho dos fornecedores: “Agora, eles estão habilitados a participar de processos licitatórios que requerem um desempenho de SMS mais elevado. Para a Petrobras é bom, porque aumenta a competitividade de nossas estações.” O superintendente do Serviço Social da Indústria, Wagner Fernandes, observou que o programa está alinhado com a missão do SESI de promover a qualidade de vida e o ambiente saudável para o trabalhador da indústria. Os resultados foram atestados pelos alunos do curso e empresários. Para Leonardo Cortizo, gerente de SMS da Terrabras, o curso foi um diferencial. “Nós não tínhamos conhecimento técnico com a habilidade necessária para implantar o sistema de SMS”, explica. Tatiana Azevedo Olivaes, diretora da empresa e também aluna

do curso, apresentou a experiência da Setel, destacando que o treinamento da equipe e a supervisão feita pela Petrobras e SESI permitiram os resultados alcançados. “A Petrobras acertou no alvo”, sintetizou. Também na avaliação da empresária Maria da Graça Kelher Pesca, da AMG, a parceria entre as instituições e as empresas foi a chave do sucesso do programa, em especial, em razão das auditorias presenciais. A AMG, a AP Consultoria e Projetos Ltda. e a Terrabras foram homenageadas por obterem as melhores avaliações de desempenho. O diretor da AP, Alfredo Americano, ressaltou os ganhos obtidos; em especial, a melhoria na satisfação dos trabalhadores, redução de riscos e aumento da produtividade.

CAPACITAÇÃO Participaram do programa as empresas que integram o Cadastro

Turma de profissionais qualificados no curso e os representantes da Petrobras, Prominp e SESI

Corporativo da Petrobras, mas não detinham os requisitos técnicos em SMS. Para participar da capacitação, as empresas convidadas se submeteram a três avaliações presenciais realizadas pela Petrobras e pelo SESI e arcaram com 50% dos custos. Das 13 empresas da primeira turma, nove foram da Bahia, uma do Rio de Janeiro, duas do Espírito Santo e uma de Sergipe. Com a adaptação de seus ambientes de produção às normas ISO 14001 e OHSAS 18001, as empresas se habilitaram a participar das licitações da Petrobras e já estão recebendo convites para novos contratos, ampliando seus portfólios de negócios com a companhia. As demais empresas participantes foram: AF Engenharia, BNG Metalmecanica, Construtora Lucaia, CPL Construtora, Ebrae, Lomater Locações e Serviços LTDA, Padrão Engenharia e Montagens, Pelir Engenharia e Minercon Mineração e Construções SA. [bi] Fotos Valter Pontes / Coperphoto / Sistema FIEB

Bahia Indústria  31


Roberto Abreu / Coperphoto /Sistema FIEB

painel

Programa discute temas relevantes para a indústria O vice-presidente da FIEB, Victor Ventin, e o diretor e coordenador do Conselho de Assuntos Fiscais e Tributários da instituição, Murilo Xavier, foram os entrevistados do programa Indústria em Foco, no Canal Assembleia, de março, sobre a competitividade da economia baiana, discutindo a carga tributária. No ar desde junho de 2012, o programa, elaborado em parceria com a Fundação Paulo Jackson, é uma iniciativa da Superintendência de Relações Institucionais (SRI) com o apoio da Superintendência de Comunicação Institucional (SCI) da FIEB. Os programas podem ser vistos no site www. canalassembleia.ba.gov.br e no portal da FIEB (www.fieb.org.br).

SENAI-BA oferece cursos no Japão

Medvedovsky apresentou oportunidades empresariais

Perspectivas de negócios com a Rússia Com o objetivo de estreitar as relações comerciais com a Bahia, 17 dirigentes de empresas e representantes do governo da Rússia participaram, dia 18 de fevereiro, na FIEB, do 1° Encontro de Negócios entre a Bahia e aquele país. Reunidos com secretários de estado e industriais baianos, eles conheceram o perfil da economia local e as oportunidades de comércio bilateral. Esta foi a primeira vez que um encontro com a finalidade de ampliar as relações comerciais entre os dois países foi realizado fora do eixo Rio-São Paulo. De acordo com o representante do Conselho Empresarial Rússia-Brasil, Aleksander Medvedovsky, este é um esforço do governo russo para que o empresariado brasileiro conheça seu mercado e proponha parcerias de interesse.

32  Bahia Indústria

O SENAI-BA vai oferecer, ainda neste semestre, cursos a distância para brasileiros que vivem no Japão. Uma parceria firmada, no dia 18 de janeiro, em Tóquio, com o grupo educacional Kurazemi, administrador da Escola Alegria de Saber (EAS), vai viabilizar a realização dos cursos técnicos em Manutenção de Computadores e Redes de Computadores. De acordo com o gerente das áreas de Tecnologia da Informação e Desenvolvimento de Software do SENAI-BA, Adhvan Novais, os cursos técnicos vão atender à demanda reprimida por formação de brasileiros que vivem no Japão. Outro objetivo do curso é dar oportunidade para que eles possam voltar ao Brasil melhor capacitados para atuar na indústria nacional. As primeiras duas turmas terão até 20 alunos cada uma e a duração dos cursos é de 18 meses. Mais informações, acesse http://www.fieb.org.br/senai/ead/.

Linha de produtos com couro ecológico A criação de uma linha de produtos em couro sustentável e socialmente responsável é um dos resultados da parceria entre SESI, SENAI e a indústria, que foi apresentada, nos dias 22 e 23 de fevereiro, na cidade de Ipirá, no interior da Bahia. Trata-se da linha Dominus Eco, desenvolvida por meio do Edital SESI/SENAI de Inovação 2011, dentro do Projeto Design Inovador. O projeto incluiu a capacitação de fornecedores em responsabilidade social e sustentabilidade para adoção de boas práticas e de processos de produção mais limpa (P+L).


ideias

Duas notícias e o futuro Por Reinaldo Sampaio

A primeira é que a presidente Dilma Rousseff anunciará um novo sistema de financiamento a empresas e instituições, orientado para a inovação e desenvolvimento tecnológico. Recursos da ordem de R$ 30 bilhões para crédito, recursos não reembolsáveis e cooperação entre institutos, universidades e empresas. A outra notícia é que, em janeiro, a balança comercial brasileira registrou o seu maior déficit mensal dos últimos 20 anos. Mesmo retirando o efeito das compras da Petrobras em 2012, lançadas em janeiro, o resultado é preocupante. Essa última evidencia a fragilidade de ter nas commodities a sustentação do comércio internacional; não pode ser seguro aquilo que, além de não incorporar elevado conteúdo tecnológico, não determinamos o preço de venda, salvo em específicas circunstâncias. A primeira notícia trata de uma ação para a construção do futuro, que se associa a outras, destacando-se: os novos marcos regulatórios da infraestrutura, a criação da EPL (logística), o Programa Ciências sem Fronteiras, o Pronatec, o Prouni, os Institutos de Inovação e P&D do Sistema Indústria e a Embrapii. Ainda falta viabilizar a qualidade da educação básica, o desenvolvimento regional, a reforma tributária e a desburocratização do Estado, além da criação de novas “engenharias sociais” capazes de mobilizar o potencial criativo e produtivo de parcela importante da sociedade.

É preciso romper com a barreira da polarização modernização-marginalização, diagnosticada por Celso Furtado como um dos obstáculos ao desenvolvimento nacional, dado que “o desenvolvimento em inovação e tecnologia está associado a um sistema educacional conectado com a infraestrutura científica, permitindo a associação e adaptação das novas técnicas; o que requer um sistema de bem-estar social resultante da melhor distribuição da renda nacional que diversifique os padrões de consumo da maioria da população”. Portanto, não se trata de um processo quantitativo, onde mais instituições e mais recursos promoveriam o desenvolvimento. Há aspectos qualitativos relacionados à estrutura econômica, indispensáveis à obtenção e disseminação de conhecimentos científicos, necessários para operar novas tecnologias capazes de promover a destruição criadora decorrente de novos paradigmas tecnológicos, presentes em processo de catching up da economia. Na ciência e tecnologia, o Brasil se encontra em um estágio intermediário, caracterizado por certa capacidade de geração de conhecimento científico, mas, com produção tecnológica insuficiente para retroalimentar a produção científica (Albuquerque, 2009). A estratégia de desenvolvimento requer ações que superem essa armadilha do subdesenvolvimento, como definiu Furtado, de modo a tornar a ciência e a tecnologia determinantes do crescimento econômico. Vivemos uma era de oportuni-

Vivemos uma era de oportunidades baseada no conhecimento e isso exige uma profunda transformação na sua produção e disseminação em todos os segmentos da sociedade

Reinaldo Sampaio é economista e vice-presidente da FIEB

dades baseada no conhecimento e isso exige uma profunda transformação na sua produção e disseminação em todos os segmentos da sociedade, para tornar o Brasil um país de alto conteúdo de desenvolvimento humano, interagindo com a inovação e a tecnologia. Nesse sentido, melhor que pulverizar os futuros recursos do pré-sal, seria usá-los para transformar a sociedade e a economia, privilegiando segmentos estratégicos como a indústria de bens de capital, engenharias elétrica, eletrônica e ambiental, robótica, nano e biotecnologia, biociência, novos materiais e aeronáutica, conforme proposto pelo Fórum Nacional do Instituto Nacional de Altos Estudos. Cada nação escolhe seu próprio caminho para o desenvolvimento, mas há algo em comum em todas aquelas que tiveram êxito: 1) Clima de confiança mútua entre o setor público e privado; 2) Quantidade e qualidade da mão de obra e do estoque de capital e 3) O avançado estágio tecnológico em que ambos são operados. Quando esses fatores se associam, o “espírito animal” dos empresários se manifesta e os investimentos crescem. [bi] Bahia Indústria  33


leitura&entretenimento fotos Márzia Lima/divulgação

exposição 50 Anos de Arte na Bahia Baseado em publicações da crítica de arte Matilde Matos, 50 Anos de Arte na Bahia é composta por 60 obras de artistas baianos, exibindo um panorama de cinco décadas e seis gerações da arte visual na Bahia, a partir da introdução do Modernismo, com a chamada “Geração 45”. Seguindo uma linha de tempo, a exposição passa pelos anos 1950 a 1990, revelando nomes como Floriano Teixeira, Maria Adair, Márcia Magno, Bel Borba e Carybé.

não perca Caixa Cultural, ter. a dom., das 9h às 19h, até 28/4. Gratuito. Av. Carlos Gomes, 57. Informações: (71) 3421-4200 divulgação

vídeo Mostra intinerante no MAM O MAM Bahia recebe um recorte da mostra itinerante VideoBrasil, na Galeria 3 e na Capela. São obras premiadas da exposição Panoramas do Sul 2012-2013, como o vídeo As Aventuras de Paulo Bruscky (foto), de Gabriel Mascaro. A proposta da mostra é ampliar a visibilidade das obras do Festival Internacional de Arte Contemporânea, que premiou vídeos, pinturas e instalações. A mostra tem uma proposta educativa.

não perca MAM, ter. a dom., das 13h às 19h, sáb, 13 às 21h, 11/4 a 12/5. Gratuito. Av. Contorno, Solar do Unhão. Informações (71) 3117-6139

livros

Empreendedorismo Paulo Sertek – IBPEX, 240 p. R$ 25

34 Bahia Indústria

Gestão e gerenciamento

Sustentabilidade

O consultor em gestão e professor Paulo Sertek apresenta os passos e as habilidades para empreender com a propriedade de quem vivencia o empreendedorismo na prática. Ele estabelece um diálogo centrado em dez pontos fundamentais para a gestão e o gerenciamento de uma empresa. O livro traz ferramentas como estudos de caso, indicações bibliográficas, além de questões para revisar os conceitos abordados e temas para reflexão.

O livro incorpora a sensibilidade e a cultura dos diferentes grupos de interesse, reunindo autores do universo acadêmico, do setor produtivo, do mundo político e das organizações não governamentais. A proposta é oferecer uma abordagem ampla, que cobre desde a visão global até os aspectos nacionais e locais dos temas. O objetivo é apresentar a importância da criação de valor econômico de forma que também atenda às demandas da sociedade.

Desenvolvimento Sustentável 2012-2050 - Visão, Rumos e Contradições Fernando Almeida, Elsevier-Campus, 288 p. R$ 95


Bahia Indústria  35



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.