Nota Técnica PIB - 4º trimestre de 2016

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Contas Nacionais Trimestrais

Março de 2017

4º Trimestre de 2016

No 4º trimestre de 2016, a economia brasileira, segundo dados das Contas Nacionais Trimestrais do IBGE, registrou retração de 2,5% (com ajuste sazonal) em relação ao trimestre anterior. Na comparação com o 4º trimestre de 2015, a queda verificada foi de 0,9%. No acumulado de quatro trimestres (taxa anualizada), o PIB caiu 3,6% em relação ao período anterior, refletindo o ciclo de instabilidade. (Ver gráfico abaixo). No acumulado de 2015 e 2016 a economia brasileira encolheu 7,2%, reflexo da maior recessão enfrentada pelo país. Segundo o IBGE, está é a primeira vez que o país apresenta resultados negativos em dois anos consecutivos desde 1948, quando a instituição iniciou os cálculos do Produto Interno Bruto.

Sob a ótica da demanda, no acumulado do ano, todos os seus componentes apresentaram resultado negativo, exceto as exportações. O Consumo das Famílias (peso de 64% no PIB) caiu 4,2%, ante a redução de 3,9% em 2015, refletindo a continuidade da queda nos níveis de emprego e da massa salarial, e o maior endividamento das famílias. A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) apresentou queda pelo terceiro ano consecutivo (-10,2% em 2016, -13,9% em 2015 e -4,2% em 2014), influenciada pela redução da produção e importação de bens de capital e pelo desempenho negativo da construção civil. O setor industrial não

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conseguiu renovar o seu parque tecnológico, devido à falta de incentivo para investir. Importante destacar que a recuperação da taxa de investimento da economia é crucial para retomada do crescimento no Brasil. As Exportações de Bens e Serviços registraram o único resultado positivo, sob essa análise, com elevação de 1,9%, mas mesmo assim, crescimento bem menor que o registrado no ano anterior.

Do lado da oferta, a Agropecuária apresentou queda de 6,6%, em virtude, principalmente, de problemas climáticos enfrentados, como seca e geadas no campo. A Indústria apresentou queda de 3,8% no período. Entre as atividades industriais, apenas SIUP - Eletricidade, Gás, Água, Esgoto e Limpeza Urbana registrou crescimento (4,7%). Por outro lado, Extrativa Mineral (-2,9%), Construção Civil (-5,2%) e Indústria de Transformação (-5,2%) registraram queda em 2016. O resultado da Industria de Transformação foi influenciado pela retração nos segmentos: máquinas e equipamentos, indústria automotiva, metalurgia, alimentos e bebidas, móveis e produtos de metal, borracha e plástico. O setor de Serviços, com peso de 73,3% no PIB repetiu o decréscimo de 2,7% no ano. O Comércio caiu 6,3%, também reflexo da perda do poder de compra dos brasileiros nos últimos anos.

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O PIB em 2016 (a preços de mercado) alcançou R$ 6,266 bilhões, sendo R$ 5,414 bilhões referentes ao Valor Adicionado a preços básicos e R$ 852 bilhões aos Impostos sobre Produtos Líquidos de Subsídios. Considerando o valor adicionado a preços básicos, nota-se que a Agropecuária ganhou participação relativa no PIB, passando de 5,0%, em 2015, para 5,5% em 2016. A Indústria continua perdendo importância relativa, tendo sua participação no PIB caído de 22,3% para 21,2%, no período em análise. O setor de Serviços ganhou participação no PIB, passando de 72,7% para 73,3%, na mesma comparação intertemporal. Quanto ao desdobramento do PIB pelos componentes da demanda a preços de mercado (inclusive impostos), o Consumo das Famílias totalizou R$ 4.011 bilhões, o Consumo do Governo R$ 1,268 bilhões e a FBCF R$ 1,026 bilhões (16,3% do PIB, contra 18,1% em 2015). As Exportações e as Importações de Bens e Serviços alcançaram R$ 782 bilhões e R$ 759 bilhões, respectivamente, enquanto a Variação de Estoques foi negativa em R$ -58 bilhões. Na comparação internacional, a economia brasileira ficou em última posição no ranking entre os 39 países que divulgaram o PIB de 2016. De acordo com levantamento da agência de risco Austin Rating, o país ficou atrás de nações que enfrentaram graves crises, como Ucrânia (+2,0%) e Grécia (+0,3%). O único país a também apresentar desempenho negativo no ano passado foi a Rússia (-0,8%).

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Segundo a SEI – Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais, a economia da Bahia encerrou o ano de 2016 com retração de 4,9% no PIB, refletindo as quedas de 20,6% na agropecuária, 7,7% na indústria e 2,5% em serviços. Assim como no caso brasileiro, o resultado negativo da Bahia reflete o aumento do desemprego e a redução da renda e do consumo das famílias. A retração da produção agrícola baiana foi resultante da forte seca, com perdas verificadas nas principais lavouras do estado: soja (-28,8%), milho (-42,4%), algodão (-33,6%), feijão (-58,8%), cacau (-24%). No setor de serviços, as maiores variações negativas foram observadas nos segmentos de comércio (-8,1%), transportes (-7,3%) e alojamento e alimentação (-5,5%). A queda no setor industrial teve como grande destaque a retração de 18,5% na extração mineral, decorrente do fechamento de postos de petróleo com redução na produção de petróleo e gás. A queda 7,4% do setor de SIUP - Eletricidade, Gás, Água, Esgoto e Limpeza Urbana foi caudada, sobretudo, pela seca na Bahia, em virtude da redução na vazão do lago de Sobradinho, que reduziu a geração de energia elétrica no Estado. Os setores de Construção civil e Indústria de Transformação apresentaram, respectivamente, retração de 8,7% e 1,7% em 2016. No caso específico da Indústria de Transformação, o resultado negativo foi influenciado pelo segmento de “Refino de Petróleo e Biocombustíveis” (-11%), que registrou parada não programada da unidade de craqueamento catalítico de resíduos U-39 durante todo o mês de julho. Por outro lado, “Produtos Químicos” registrou crescimento de 1,6%, mesmo com a parada para modernização da planta da Braskem, ocorrida entre os meses de novembro e dezembro. A expectativa para 2017 é que a economia apresente uma branda melhora, uma vez que os níveis de atividade devem ser retomados de forma gradual e lenta. O ciclo de redução da taxa de juros, queda da inflação e melhora da confiança dos empresários e consumidores são os principais fatores para a retomada do crescimento. Importante a tomada de decisão quanto às medidas de ajuste fiscal e às reformas na Previdência e trabalhista, associada a investimentos em infraestrutura, para que o ciclo econômico ascendente seja constante e sustentado no longo prazo. O Relatório Focus (Banco Central) - 10 de março, aponta para um crescimento de 0,48% no PIB brasileiro este ano. A SEI projeta um crescimento de 1,6% no PIB baiano.

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