Revista Bahia Indústria - outubro/novembro 2011 - Ano XVII nº 216

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Bahia Federação das Indústrias do Estado da Bahia Sistema FIEB

ISSN 1679-2645

Ano XVII nº 216 outubro/novembro 2011

Qualidade reconhecida pelo MEC Cursos superiores do SENAI Bahia obtêm avaliação máxima de Ministério


Bahia Indústria


EDITORIAL

Em solenidade na qual lançou o Pronatec, em Brasília, a presidente Dilma Rousseff elogiou a qualidade do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), destacando seu papel estratégico na formação de mão de obra qualificada em todo o país. Foi justamente esse trabalho, executado com qualidade há mais de seis décadas, que serviu de inspiração ao governo federal ao implantar o programa, cuja ambiciosa meta é superar um importante gargalo na competitividade da indústria brasileira, a escassez de trabalhadores em áreas técnicas. O depoimento da presidente não chega a surpreender. Afinal, nos últimos anos o SENAI tem colecionado boas notícias. O Departamento Regional da Bahia, por exemplo, acaba de receber um importante reconhecimento: quatro de seus cursos conseguiram nota máxima do Ministério da Educação (MEC). São os Cursos Superiores de Tecnologia (CST) nas áreas de Polímeros, Tecnologia da Gestão da Produção Industrial, Inspeção de Equipamentos e de Soldagem e Processos Gerenciais. Os quatro obtiveram nota cinco. Dentre os aspectos avaliados pelo MEC e que justificam o excelente resultado podem ser citados o corpo docente da unidade SENAI Cimatec, responsável pelos cursos, atualmente formado por 106 professores, dos quais 33 doutores, 46 mestres e 27 especialistas; sua infraestrutura, que inclui 56 laboratórios; e o projeto pedagógico, com a matriz curricular considerada adequada pelo MEC. Alguns dos cursos oferecidos pelo SENAI são tão inéditos que dificultam o julgamento do MEC. É o caso, por exemplo, do CST de Inspeção de Equipamentos e de Soldagem, oferecido desde 2005 pelo SENAI Bahia, mas que somente no último mês de agosto foi avaliado com nota máxima. É que existe no país um número tão pequeno de profissionais especializados na área que o ministério demorou a encontrar especialistas para a tarefa. Com a avaliação positiva, os quatro cursos vão constar do Catálogo Nacional de Cursos Superiores de Tecnologia do MEC, o que facilitará o trabalho das empresas de encontrar e contratar profissionais qualificados. Cabe destacar que todos os cursos, incluindo básicos, de graduação e de pós-graduação são formatados pelo SENAI Bahia com estrita aderência às demandas de mão de obra do setor industrial. Essa característica e mais a qualidade os tornam diferenciados no mercado da qualificação profissional.

joão alvarez

MEC dá nota cinco a cursos do SENAI Bahia

Conteúdos didáticos voltados para aspectos práticos caracterizam os Cursos

Avaliação máxima do MEC para os quatro cursos do Senai Bahia comprova a qualidade alcançada pela unidade do Sistema Fieb


Unidades do Sistema Fieb Para informações sobre a atuação e os serviços oferecidos pelas entidades do Sistema Fieb, entre em contato SESI – Serviço Social da Indústria Sede: 3343-1301

@Educação de Jovens e Adultos – RMS - (71)

3343-1429 @Responsabilidade Social - (71) 3343-1490 @Camaçari – (71) 3205 1801 / 3205 1805 @Candeias - (71) 3601-2013 / 3601-1513 @Itapagipe - (71) 3254-9930 @Itaigara - (71) 3444-4250 / 4251 / 4253 @Lucaia - (71) 3205-1801 @Piatã - (71) 3503 7401 @Retiro - (71) 3234 8200 / 3234 8221 @Rio Vermelho - (71) 3616 7080 / 3616 7081 @Simões Filho - (71) 3296-9300 / 3296-9330 @Eunápolis - (73) 8822-1125 @Feira de Santana - (75) 3602 9762 @Sul - (73) 3639 9331 / 3639 9326 @Jequié - (73) 3526-5518 @Norte - (74) 2102-7114 / 2102 7133 @Valença- (75) 3641 3040 @Sudoeste - (77) 3422-2939

SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Sede- 71 3343-1351

@Cimatec - (71) 3462-9500 @Dendezeiros - (71) 3310-9900 @Cetind - (71) 3287-8200 @Feira de Santana - (73)3639-9302 @Ilhéus - (73) 3639-9302 @Luís Eduardo Magalhães - (77) 3628-5609 @Barreiras - (77) 3612-2188

IEL – Instituto Euvaldo Lodi Sede - 71 3343-1384/1328/1256 @Barreiras -77 3611-6136 @Camaçari – 71 3621- 0774 @Eunápolis - 73 3281- 7954 @Feira de Santana - 75 3229- 9150 @Ilhéus – 73 3639-1720 @Itabuna – 3613-5805 @Jacobina - 74 3621-3502 @Juazeiro -74 3611-0155 @Teixeira de Freitas -733291-0621 @Vitória da Conquista - 77 3424-2558

CIEB - Centro das Indústrias do Estado da Bahia Sede - 71 3343-1214

Bahia Indústria

FIEB

lhistas Homero Ruben Rocha Arandas; Comitê de

Presidente José de Freitas Mascarenhas. 1º Vice-

Portos Reinaldo Dantas Sampaio

Bahia

presidente: Victor Fernando Ollero Ventin. Vicepresidentes Carlos Gilberto Cavalcante Farias;

CIEB

Emmanuel Silva Maluf; Reinaldo Dantas Sampaio; Vicente Mário Visco Mattos. Diretores Titulares Alberto Cânovas Ruiz; Antonio Ricardo Alvarez Alban; André Régis Andrade; Carlos Henrique Jorge Gantois; Claudio Murilo Micheli Xavier; Eduardo Catharino Gordilho; Josair Santos Bastos; Leovegildo Oliveira De Souza; Luiz Antonio de Oliveira; Manuel Ventin Ventin; Maria Eunice de Souza Habibe; Reginaldo Rossi; Sérgio Pedreira de Oliveira Souza; Wilson Galvão Andrade. Diretores Suplentes Adalberto de Souza Coelho; Alexi Pelagio Gonçalves Portela Júnior; Carlos Alberto Matos Vieira Lima; Juan José Rosário Lorenzo; Marcos Galindo Pereira Lopes; Mário Augusto Rocha Pithon; Noêmia Pinto de Almeida Daltro; Paulo José Cintra Santos; Ricardo de Agostini Lagoeiro

Diretor-Presidente José de Freitas Mascarenhas. Vice-Presidentes José Carlos Boulhosa Baqueiro;

Irundi Sampaio Edelweiss; Marco Aurélio Luiz Martins. Diretores Titulares Carlos Antônio Borges Cohim Silva; Clovis Torres Junior; Fernando Elias Salamoni Cassis; João de Teive e Argollo; Luís Fernando Galvão de Almeida; Luiz Antunes Athayde Andrade Nery; Marconi Andraos Oliveira; Roberto Fiamenghi; Rogelio Golfarb; Ronaldo Marquez Alcântara; Diretores Suplentes Davidson de Magalhães Santos; Erwin Reis Coelho de Araujo; Givaldo Alves Sobrinho; Heitor Morais Lima; Jorge Robledo de Oliveira Chiachio; José Luiz Poças Leitão Filho; Mauricio Lassmann Diretor regional oeste Pedro Ovídio Tassi

SESI conselhos

Presidente do Conselho e Diretor Regional José

Conselho de Economia e desenvolvimento in-

de Freitas Mascarenhas. Superintendente José Wagner Fernandes

dustrial Antônio Sérgio Alípio; Conselho para o

Desenvolvimento

Empresarial

Estratégico

Clóvis Torres Júnior; Conselho de Assuntos Fiscais e Tributários Cláudio Murilo Micheli Xavier; Conselho de Comércio Exterior Reinaldo Dantas Sampaio; Conselho da Micro e Pequena Empresa Industrial Carlos Henrique Jorge Gantois; Conselho de Infraestrutura Marcos Galindo Pereira Lopes; Conselho de Meio Ambiente Irundi Sampaio Edelweiss; Comitê de Petróleo e Gás Eduardo Rappel; Conselho de inovação e Tecnologia José Luís Gonçalves de Almeida; Conselho de Responsabilidade Social Empresarial Marconi Andraos Oliveira; Conselho de Relações Traba-

SENAI

Editada pela Superintendência de Comunicação Institucional do Sistema Fieb Conselho Editorial Irundi Edelweiss, Maurício Castro, Cleber Borges e Mônica Mello. Editor Cleber Borges. Estagiário Fábio Araujo. Projeto Gráfico e Diagramação Ana Clélia Rebouças. Ilustração Gentil. Infografia Bamboo Editora. Tratamento de imagem Marcelo Campos. Impressão Stilo Gráfica e Editora

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renhas. Diretor Regional: Leone Peter

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sumário OUT/NOV 2011 joão alvarez

16 Qualidade aprovada MEC reconhece com nota máxima os cursos da Faculdade de Tecnologia SENAI Cimatec avaliados

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joão alvarez

joão alvarez

Aluna no Laboratório de logística do SENAI Cimatec. Foto de João Alvarez

mais Investimento

Bahia ganha mais uma hora no dia

Compra coletiva

Investidores nipônicos reunidos no Brasil

Presidente da Fieb defende mudanças na lei das PPP. Bahia já utiliza modelo

Retomada do horário de verão no estado oferece benefícios econômicos e sociais. A mobilização do Fórum Empresarial da Bahia, presidido por Victor Ventin, contribuiu para a decisão do governo

FIEB e CNI lançam site de compras coletivas para indústrias baianas

Pela primeira vez na Bahia, encontro reuniu empresários japoneses e brasileiros para discutir novas parcerias. Executivos acreditam no fortalecimento da relação entre os dois países


Lei das PPP deve mudar para ampliar investimento Brasil investe 2,5% do PIB em infraestrutura, enquanto a China investe 7,3% e a Índia 5,6%

A

Confederação Nacional da Indústria (CNI) quer aumentar o limite de 3% da receita corrente líquida dos estados e municípios para aportes da União às parcerias Público-Privadas estaduais e municipais, as PPP, como medida para ampliar os investimentos em infraestrutura. A proposta foi apresentada no dia 4 de outubro pelo presidente do Conselho de Infraestrutura da CNI e

Para José Mascarenhas, projetos são mal-elaborados

presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), José Mascarenhas, em seminário, em Brasília, promovido pela Frente Parlamentar Mista em Defesa da Infraestrutura Nacional. O artigo 28 da lei das PPPs proíbe repasses do governo federal às parcerias dos estados e municípios cuja contratação exceder 3% da receita líquida corrente, um dos fatores que, na visão de Mascarenhas, impede a ampliação das PPP. Outros entraves às PPPs citados por ele são a falta de um marco regulatório e de uma área de inteligência do governo para atrair investidores privados, a resistência de órgãos públicos, que vêem na PPP mera privatização de serviços públicos, e ainda má avaliação dos prazos para a realização das obras. “O país investe em torno de 2,5% do PIB, o Produto Interno Bruto, em infraestrutura, enquanto a China investe 7,3%, e a Índia, 5,6%, muito mais do que nós. O desempenho ruim do Brasil começa na elaboração de projetos. Precisamos montar no governo a mesma estrutura que se montou na área de energia quando houve o racionamento”, defendeu Mascarenhas. O país investe cerca de R$ 73 bilhões anuais em infraestrutura, quando deveria aplicar no mínimo R$ 184 bilhões por ano, cerca de 5% do PIB, enfatizou. Levantamento da CNI, apresentado por Mascarenhas no seminário, revela haver 17 projetos de PPPs contratados pelos estados, no valor de R$ 7,4 bilhões, e 21 em estudo. No governo federal há apenas sete projetos, nenhum deles em execução, mas em fase de licitação e análise. agência CNI

Bahia Indústria


Alternativa para infraestrutura Uma relação em que a iniciativa privada entra com a capacidade de investir e com a competência gerencial, enquanto o setor público assegura a satisfação do interesse público. Em linhas gerais, esta é a definição para uma PPP (Parceria Público-Privada), modelo que surgiu na Inglaterra da primeira-ministra Margareth Thatcher, na década de 80, e vem sendo adotado em alguns países nos últimos anos. No Brasil, a Lei 11.079/2004 instituiu a PPP, definindo-a como um contrato de concessão que pode ser patrocinada ou administrativa. No primeiro modelo, a concessão está relacionada à prestação de um serviço público. Já o segundo modelo tem como característica a disponibilização de um bem ou de um serviço, no qual o usuário direto ou indireto é o Poder Público. Em sete anos, o modelo avançou muito pouco no país, pois há entraves ao desenvolvimento, segundo o estudo realizado pela Confederação Nacional da Indústria. “Falta pessoal qualificado, principalmente na área da engenharia financeira, e falta planejamento para a seleção dos projetos”, aponta o presidente da FIEB e vice-presidente da CNI, José Mascarenhas.

joão alvarez

Bahia tem projetos em execução

Fundo de garantia Mascarenhas aponta ainda como entraves ao desenvolvimento das PPP no país os seguintes fatores: receio das implicações na higidez das contas públicas; avaliação inadequada sobre o tempo de realização das obras; interesses corporativos enraizados no privilégio das outras soluções; e visão ideológica que suspeita da “privatização do serviço público”. “A indústria brasileira precisa urgentemente aumentar a sua competitividade, mas a baixa qualidade da infraestrutura é um obstáculo. As PPP constituem a forma mais sofisticada de realização de um investimento, pois exigem competência na sua montagem, mas são uma alternativa concreta para aumentar os investimentos na infraestrutura do Brasil”, explica Mascarenhas. Para acelerar a utilização das PPP, o economista Gesner Oliveira, da GO Associados, sugere que o modelo necessita de um fundo de garantia para os aportes privados e da ampliação do limite de 3% da receita corrente líquida dos estados e municípios para investimentos.

A ênfase no modal rodoviário piora quando se mantêm estradas malconservadas

Na Bahia, um dos primeiros estados a utilizar o modelo PPP, há três projetos em execução e um em estudo. No primeiro caso, o governo compartilha com a iniciativa privada as PPP do emissário submarino de Salvador, do Hospital do Subúrbio e da Arena Fonte Nova. Em estudo, está a Plataforma Logística do São Francisco, que visa dotar a região de Juazeiro de um conjunto de equipamentos integrados no qual serão desenvolvidas atividades relacionadas ao transporte, à logística e à distribuição de mercadorias, tanto para o mercado interno, como para outros países. Recentemente, o governo do Estado anunciou o resultado do Procedimento de Manifestação de Interesse do Sistema Viário Oeste, que compreende a Ponte Salvador-Itaparica. Segundo anunciou o governo, as obras de construção da ponte de 11,7 km têm início em 2014. Nesse caso, a PPP será bancada por um fundo imobiliário, que deve atrair investidores privados. Em contrapartida, eles terão o direito de edificar e explorar empreendimentos em áreas da Ilha de Itaparica. [bi] Bahia Indústria


Sistema FIEB lança seu Código de Conduta Ética Novo sistema define com transparência regras de conduta no relacionamento com parceiros, clientes, fornecedores e colaboradores

C

riar um sistema com regras de conduta ética confiável para a sociedade facilita o dia a dia de qualquer organização, especialmente no relacionamento com seus colaboradores, parceiros, clientes, fornecedores e mantenedores. Esse é um dos benefícios aguardados do Código de Conduta Ética do Sistema FIEB, lançado na sede da organização no dia 17 de outubro. Na abertura do evento, o presidente José de Freitas Mascarenhas apresentou a publicação e destacou o reforço que o material trará para a proposta já posta em prática de transparência das ações da FIEB, do CIEB, SESI, SENAI e IEL. José Mascarenhas ainda ressaltou a questão dos valores que aprendemos ao longo de nossas vidas, que nos dão a noção de até onde podemos avançar em nossa conduta em casa, na escola, nas empresas, na sociedade. “Os limites, todos nós conhecemos. Os valores éticos são indispensáveis nas interações sociais; sem eles, nos tornamos antissociais, o que exige correção de conduta. Somente uma instituição com valores morais e éticos consegue sobreviver”, disse. No evento de lançamento do código, o advogado especializado em Direito Empresarial e conselheiro do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, Joaquim Manhães, proferiu palestra sobre a Ética nas Organizações, quando destacou o texto do Código de Conduta Ética do Sistema FIEB como exemplar. E lembrou que a publicação é um orga   Bahia Indústria

fábio araujo

Mascarenhas: valores éticos são indispensáveis nas relações sociais

nismo vivo, sujeito a modificações a partir do momento de sua implantação. “Por mais completa que seja (a publicação), não poderá cobrir todas as situações que podem ocorrer, o que exigirá melhorias constantes.” No mesmo dia, foi entregue o primeiro exemplar do código ao diretor executivo do Sistema FIEB, Roberto Musser, e os demais exemplares estão sendo entregues aos colaboradores da organização até dezembro, em eventos de disseminação nas unidades. Também foram empossados os membros (e suplentes) do Comitê de Ética, que passarão a receber, tratar e encaminhar as questões de ética que cheguem de fora ou de dentro do Sistema FIEB. O Sistema de Ética já está disponível em formato PDF no portal da organização (www.fieb.org.br/codigodeetica), onde o visitante pode fazer sugestões, críticas ou buscar esclarecimento de dúvidas a respeito da conduta ética nas entidades FIEB, CIEB, SESI, SENAI e IEL. [bi]


circuito

por cleber borges

Internacionalização até 2015

Menos investimentos

A Braskem pretende investir US$ 4 bilhões em projetos de internacionalização até 2015. Conforme o jornal Valor apurou, nesse prazo, a companhia passará a produzir em outros países cerca de 5 milhões de toneladas de resinas termoplásticas. Se for bem-sucedida, a Braskem será uma das cinco maiores petroquímicas do mundo. Hoje, a empresa estaria ocupando a oitava posição.

As expectativas de menor crescimento da economia em 2011 atingem intensamente, também, os investimentos. Segundo prevê a Confederação Nacional da Indústria, eles devem crescer 5,5% este ano, contra uma estimativa de 8,5% feita no segundo trimestre. A inflação deve ficar no limite superior da meta de 6,5%, em 2011, enquanto a taxa nominal de juros será de 11% em dezembro, contra 12,5% na estimativa que a CNI fizera em julho. A redução dos juros, no entanto, não será suficiente para reverter a situação de desaceleração do crédito. A contaminação da economia brasileira pela piora do cenário internacional pode levar a uma menor demanda por crédito, dada a maior aversão ao risco, pontua a CNI.

Crise leva CNI a reduzir previsão do PIB O agravamento da crise econômica internacional levou a Confederação Nacional da Indústria (CNI) a rever para baixo o crescimento do PIB em 2011. A previsão de crescimento caiu de 3,8%, na estimativa feita no segundo trimestre, para 3,4%. Já a produção industrial deve cair um ponto percentual – de 3,2% para 2,2%. A indústria de transformação é o setor mais afetado da economia, por três fatores: a forte valorização cambial registrada em grande parte do ano; a fraca demanda mundial por produtos manufaturados, devido à crise econômica; e dificuldades em competir com os importados no mercado interno. Tal quadro, diz a entidade, faz com que a expectativa de crescimento do PIB da indústria de transformação seja de 1,2% este ano. A trajetória de desaceleração do PIB deverá reverter-se no início de 2012, pelo aumento do consumo interno e dos investimentos.

“Se você faz algo de bom e tudo dá certo, acho que é hora de pensar em outra coisa e tentar adivinhar o que vem pela frente” Steve Jobs (1955-2011), em entrevista datada de 2006, revelando a forma de pensar novas soluções, antecipando demandas.

R$ 558 bilhões em infraestrutura Aos poucos, as obras pensadas para melhorar a infraestrutura do país começam a deixar o reino das abstrações. Conforme levantamento do Anuário Exame, das 50 maiores obras hoje em andamento no mundo, 14 estão no Brasil. São exemplos a usina hidrelétrica de Belo Monte e a Ferrovia Norte-Sul. O país só fica atrás da China no quesito investimentos em infraestrutura. Um total de 1010 obras de médio e grande portes estão em andamento, orçadas em R$ 558 bilhões.

Bahia é oitava em investimentos Desses R$ 558 bilhões, R$ 19,6 bilhões estão previstos para a Bahia, dos quais apenas 19% já investidos. O estado fica na 8ª posição no ranking dos estados com mais investimentos do PAC. Na frente estão, por ordem decrescente: Rio de Janeiro (R$ 89 bi); São Paulo (R$ 62 bi); Pará (R$ 51 bi); Pernambuco (R$ 45 bi); Maranhão (R$ 42 bi); Ceará (R$ 33 bi); Rondônia (R$ 30 bi). Algumas obras de destaque: construção de duas plataformas de petróleo (R$ 660 milhões); estádio multiuso Arena Fonte Nova (R$ 591 milhões); Perímetro de Irrigação Salitre e Baixio do Irecê (R$ 1,568 bilhão) e a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (R$ 5,3 bilhões).

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sindicatos

Menos taxa para o café Empresários do setor de café aguardam a adoção da Medida Provisória 545, prevista para entrar em vigor em 30 de novembro, que isenta a tributação do Programa de Integração Social (PIS) e a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) na comercialização dos grãos crus. A medida prevê ainda a concessão do crédito presumido de 80% do crédito de 9,25% para o café adquirido nas operações do mercado interno, viabilizando também a exportação dos grãos industrializados. O presidente do Sindicato das Indústrias do Café do Estado da Bahia, Antônio Roberto Rodrigues, aprovou a mobilização da Fieb para que o texto da MP coincidisse com o sugerido pelos órgãos relacionados aos setores do café. 10

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Haroldo Abrantes


Sincar no combate ao abate clandestino

Reuniões itinerantes do Sindileite Empresários das indústrias de leite do município de Feira de Santana participam no mês de novembro da reunião ordinária do Sindicato das Indústrias de Leite e Derivados do Estado da Bahia. O encontro integra as reuniões itinerantes promovidas pelo Sindileite, que tem por objetivo discutir os assuntos referentes ao setor, aproximando as indústrias do interior do estado. De acordo com Paulo Cintra, presidente do Sindileite, a intenção é compactuar com o Programa de Interiorização desenvolvido pelo Sistema Fieb. As reuniões são realizadas nas unidades do Senai e já aconteceram nos municípios de Vitória da Conquista e Itabuna.

Sindcosmetic na Feira do Empreendedor O Sindicato das Indústrias de Cosméticos e de Perfumaria do Estado da Bahia marcou presença na Feira do Empreendedor 2011. Esta edição contou com a presença de três indústrias locais que colocaram em exposição produções baiana que integram o segundo maior mercado de cosmético do país. De acordo com Denise Sefrin, presidente do Sindcosmetic, a participação em feiras e rodadas de negócios integra as ações do Planejamento Estratégico do setor, que, associados à capacitação da direção e do corpo técnico, adesão aos Projetos de Exportação, Produção mais Limpa e aos projetos do Sebrae e do IEL/ Procompi, contribuem para o fortalecimento de seus associados, tornando-os cada dez mais competitivos.

Abate clandestino de animais é prática comum no interior do estado

Condições precárias de higiene para o abate de animais e a comercialização clandestina de carnes sem a devida fiscalização dos órgãos de inspeção tem sido tema de discussão entre os empresários que compõem o Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Estado da Bahia. O Sincar vem sugerindo políticas para combater o abate ilegal de animais, prática recorrente no estado da Bahia, com objetivo de inibir a clandestinidade e comercialização ilegal de carnes. Há registros que no estado existem 39 matadouros públicos municipais sem inspeção e 30 inspecionados. Para Júlio Farias, presidente do Sincar, a omissão das prefeituras municipais, principalmente do interior do estado, que pela lei são obrigadas a inspecionar por meio

da Vigilância Sanitária, agrava o problema e compromete as indústrias que atendem às normas legais para atuar. “No interior, o abate clandestino compromete a sustentabilidade das empresas de carnes formais, que atendem à legislação e oferecem produtos de qualidade para a população”, comenta o presidente do Sincar. Mesmo considerando o Programa de Entrepostos Frigoríficos, lançado pelo Governo do Estado, um avanço na estruturação das cadeias produtivas, as ações propostas pelo mesmo não solucionam os problemas existentes. Para os empresários, a solução efetiva está na fiscalização do governo e conscientização da sociedade sobre os problemas ambientais e de saúde causados pelo consumo de carnes sem o devido registro legal. Luiz Tito/Ag. A Tarde/Sucursal Feira de Santana

Reeleição no Sinduscon-BA Carlos Alberto Vieira Lima irá comandar a direção do Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Estado da Bahia por mais dois anos (2011-2013). A eleição, realizada dia 31 de outubro na sede do Sinduscon-Bahia, definiu a nova diretoria do sindicato. A chapa única intitulada Desenvolvimento com Competitividade, elegeu conselheiros, diretores fiscais e delegados suplentes, representantes da Fieb. Carlos Henrique Passos é o vice-presidente.

Bahia Indústria 11


Mais tempo para lazer e negócios Fórum Empresarial da Bahia, formado por 20 entidades patronais, comemora a inclusão da Bahia no horário de verão Por Cleber borges Foto joão alvarez

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ualidade de vida, produtividade e alinhamento da vida financeira em relação aos grandes centros financeiros do Brasil são alguns dos benefícios que podem ser proporcionados à sociedade com a adesão da Bahia ao horário de verão. O horário especial começou no último dia 16 de outubro e terminará dia 26 de fevereiro. Desde 2003 a Bahia estava fora do horário de verão e a decisão do governador Jaques Wagner de fazer com que o estado aderisse a ele foi comemorada pelo Fórum Empresarial da Bahia. A entidade foi responsável pela campanha que mobilizou a sociedade, mostrando as vantagens de adiantar o relógio em uma hora Com o intuito demonstrar a importância dessa medida, o Fórum Empresarial da Bahia realizou uma pesquisa com 800 pessoas em Salvador, Região Metropolitana e interior, sobre o impacto do adian12  Bahia Indústria

tamento do horário no dia a dia das pessoas. Para 49% dos entrevistados, o horário de verão pouco influenciaria na rotina; 68% associaram o maior tempo de claridade à possibilidade de lazer; e 57% dos entrevistados avaliaram positivamente o alinhamento dos horários bancários e atividades de turismo.

ADESÃO DE 81% DO PIB Presidente do Fórum Empresarial e vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia, Victor Ventin destacou que foi um desafio estimular a percepção positiva da sociedade sobre a mudança. “A Bahia não podia ficar de fora. Um fato importante a ser considerado é que estados que representam 81% do PIB brasileiro (das regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste) seguem o horário de Brasília, que participa do horário de verão, o que reflete diretamente nas transações financeiras e comerciais”. Ele destaca como exemplos negativos

da desconecção de horários, o descasamento das operações bancárias, dos programas em rede da imprensa nacional e das escalas de vôos. “Eu quero + 1 hora no meu dia” foi o mote da campanha que apresentou os benefícios do horário de verão relatados na pesquisa. Dados expressaram com bom humor o ganho que a população baiana teria com a inclusão de mais uma hora para o lazer e a produtividade. Segundo informações do site timeanddate (www.timeanddate.com), o sol no verão nasce uma hora antes em relação ao inverno. Por exemplo, no dia 15 de julho de 2011, o sol nasceu às 05h57min; em 15 de novembro de 2011, ele nascerá às 04h57min. Ou seja: o sol surge até uma hora mais cedo no verão. Como o relógio biológico tende a se adaptar à luz solar, na prática as pessoas costumam acordar mais cedo no verão. Esses números contradizem a crença de alguns de que, no horário de verão, “se acorda no escuro”. Outro aspecto importante desmente o ponto de vista de que o horário de verão afeta a segurança.


Uma semana a mais

Pesquisa realizada pela Prefeitura de Lauro em Freitas, entre 2006 e 2010, mostra que 50% dos entrevistados se sentiam “muito ou totalmente inseguros” quando andam sozinhos após o anoitecer, enquanto apenas 28% demonstraram a mesma sensação ao andar sozinhos no início do dia. Além disso, na análise das ocorrências policiais com uso de violência, a pesquisa constatou que 27% ocorrem entre 16 horas e 20 horas, enquanto que apenas 9% foram registradas entre 4 horas e 8 horas. Portanto, para cada ocorrência policial no início do dia, foram registradas três ao final do dia. Logo, o horário de verão contribui para aumentar a segurança do trabalhador.

AGRADECIMENTO Após conhecer a decisão de incluir a Bahia no novo horário, o Fórum Empresarial da Bahia, entidade que congrega 20 entidades representativas dos vários segmentos da economia estadual, parabenizou Jaques Wagner pela decisão. “Estamos absolutamente certos de que ganha a sociedade, com o aumento do emprego e por dispor de mais horas para o lazer e o convívio familiar. Mas ganham também o comércio, o turismo e o próprio setor público, com o aumento da arrecadação”. Para o fórum, o governador do estado deu “uma demonstração de equilíbrio e de respeito aos interesses da sociedade.”

Ao aproveitar a maior claridade dos dias de verão, pessoas ganham em qualidade de vida

O horário de verão, que começou em 16 de outubro (um domingo), vai terminar uma semana mais tarde no ano que vem. Isso porque na data prevista para o fim do horário, o terceiro domingo de fevereiro, será feriado de Carnaval. De acordo com o decreto que instituiu o horário de verão, quando há coincidência entre o dia previsto para o término da hora de verão e o domingo de Carnaval, o encerramento deve ser no domingo seguinte, que cairá no dia 26 de fevereiro. O objetivo é evitar que, em meio a um feriado, a população acabe se esquecendo de ajustar os relógios. “O pessoal estará em festa e uma mudança de horário teria reflexo negativo”, explicou o secretário de Energia Elétrica do Ministério de Minas e Energia, Ildo Grüdtner. Segundo ele, a previsão do governo é que haja no país uma redução entre 4,5% e 5% da demanda de energia no horário de pico, entre o fim da tarde e o início da noite, semelhante ao que foi registrado no ano passado (4,4%). A redução total de consumo deve ficar em torno de 0,5%. O horário de verão é adotado todos os anos nesta época por causa do aumento na demanda de energia, motivado pelo calor e pelo crescimento da produção industrial às vésperas do Natal. No verão, os dias são mais longos por causa da posição da Terra em relação ao sol e a luminosidade natural pode ser mais bem aproveitada, adiantando a rotina das cidades em uma hora. [bi] Bahia Indústria  13


Clube Indústria de Benefícios estadual é lançado na Bahia Iniciativa da Confederação Nacional da Indústria e do Sistema FIEB, site trará uma economia estimada em R$ 1,2 bilhão para a indústria joão alvarez

Emmanuel Lacerda e Uirá Menezes no lançamento do novo site

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Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB) e a Confederação Nacional da Indústria (CNI) lançaram, no dia 18 de outubro, a primeira página estadual do Clube Indústria de Benefícios, com conteúdo exclusivo voltado para as indústrias baianas. A página da Bahia (www.clubeindustria.com. br/ba), entrou no ambiente virtual já com o apoio da Agência de Fomento do Estado da Bahia-Desenbahia e com muitos outros parceiros, como o Walmart. Mais 14  Bahia Indústria

de 60 empresas estão em negociação com a CNI e FIEB para serem anunciantes do site Primeiro portal de negócios e relacionamento voltado para a indústria brasileira, o Clube Indústria de Benefícios funciona no modelo conhecido como B2B (business to business), que põe em contato fornecedores e indústrias, e tem como objetivo reduzir custos na aquisição de produtos e serviços para as mais de 600 mil empresas industriais instaladas no país, principalmente micro e pequenas. “Nossa projeção é que, se 20% das nossas indústrias (120 mil) conseguirem uma redução média de R$10 mil ao logo de ano, o Clube irá gerar uma economia de R$1,2 bilhões ao segmento. Na Bahia, acreditamos que esta economia poderá ser de R$ 10 a 40 milhões”, explica o coordenador do Clube Indústria da CNI, Uirá Menezes. “Esta é uma grande oportunidade, especialmente para micro e pequenas empresas, de obter benefícios junto aos fornecedores, o que pode contribuir bastante para a competitividade da indústria da Bahia”, afirmou o Superintendente de Relações Institucionais da FIEB, Emmanuel Lacerda. Quando a indústria acessa o portal, encontra diversos anúncios de ofertas, inclusive por categorias. Ao encontrar um anúncio de seu interesse e clicar nele, será informada do beneficio oferecido e das regras de aquisição. Após confirmar que aceita as condições, a empresa terá acesso ao cupom que informa o contato do fornecedor e o passo necessário para a compra, que é feita diretamente com o fornecedor. Para utilizar o portal, basta se cadastrar de forma simples e rápida. Em âmbito nacional, o site reúne ofertas de empresas de grande porte, como Amil, Totvs, Ticket, Unidas Aluguel de Carros, Serasa Experian, Dell Computadores. A página estadual também vai funcionar como ponte entre grandes empresas e as cerca de 23 mil indústrias baianas. [bi]


ViraVida forma primeira turma de jovens na Bahia Projeto leva adolescentes a explorar o próprio potencial e a conquistar autonomia, com a inserção no mercado de trabalho

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eintegrar jovens entre 16 e 21 anos à sociedade, por meio de aprendizado e empregabilidade, é o propósito do projeto ViraVida, que formou em setembro a primeira turma na Bahia, composta por 36 jovens. Formados no curso de auxiliar administrativo, eles viviam em risco social e hoje trabalham em médias e grandes empresas, por meio de programas como o Jovem Aprendiz. O ViraVira, criado pelo Conselho Nacional do SESI, já matriculou 190 jovens na Bahia e mais de 1,8 mil no país. A formanda T.H.S., 18 anos, vê o ViraVida como um impulso para seu futuro profissional. “O SESI me ajudou a subir os primeiros degraus, me capacitando para a vida lá fora. A partir daqui será por minha conta, mas sei que estou no caminho certo.”, disse a jovem. Na ocasião, foi realizada também a terceira aula inaugural do projeto, voltada para 55 novos alunos. O novo aluno, J.M., de 16 anos, afirma que vai se dedicar ao curso, pois sua vontade é a de se formar, como os colegas, e começar a vida profissional. “Mais que ações pontuais, nosso objetivo é formar uma rede do bem. Em três anos de projeto, nós não recebemos um não sequer das empresas que procuramos. Todas estavam dispostas a apoiar os jovens talentos”, disse Jair Meneguelli, presidente do Conselho Nacional do SESI e idealizador do ViraVida. Ele ressaltou que aquele momento representa uma virada na vida de todos os envolvidos no projeto. O Programa do SESI é realizado em parceria com instituições do Sistema S, incluindo Senai, Sesc, Senac, Sebrae, Sescoop e Sest/Senat. O programa ViraVida busca promover a elevação da auto-estima dos adolescentes, para que desvendem o próprio potencial e conquistem autonomia. Os jovens são acompanhados em tempo integral, recebem bolsa de R$ 500, alimentação e transporte, além de encaminhamentos para consultas médicas, psicológicas e para emissão de documentos. [bi]

haroldo abrantes

Jair Meneguelli, presidente do Conselho Nacional do SESI e idealizador do projeto, considera o momento como uma virada na vida de todos Bahia Indústria  15


Nota

máxima

Quatro cursos da Faculdade de Tecnologia SENAI Cimatec obtiveram nota 5 na avaliação de reconhecimento do Ministério da Educação

POR Marta Brito Erhardt FOTOS joão alvarez

ualidade de ensino reconhecida com nota máxima pelo Ministério da Educação. Essa é a situação de quatro cursos superiores de tecnologia (CST) ministrados nas Faculdades de Tecnologia Senai. Os cursos de Polímeros, Tecnologia em Gestão da Produção Industrial, Processos Gerenciais e Inspeção de Equipamentos e de Soldagem obtiveram nota cinco na avaliação de reconhecimento do ministério. Os resultados foram publicados no sistema e-MEC, ferramenta que permite que as instituições de ensino superior acompanhem a tramitação do processo de avaliação. A instituição de ensino aguarda a publicação do resultado no Diário Oficial da União (DOU), ainda sem data definida. “Foi importante para acenar ao mercado que o ensino superior do Senai-BA vai manter o mesmo padrão de qualidade internacionalmente reconhecido da educação profissional”, avalia o diretor regional do Senai-BA, Leone Peter. Entre os pontos analisados na avaliação do ministé16  Bahia Indústria

rio, foi observado o corpo docente da instituição, atualmente formado por 106 professores, sendo 33 doutores, 46 mestres e 27 especialistas. A análise também observou o projeto pedagógico dos cursos, como a matriz curricular e o perfil do egresso, além da infraestrutura da faculdade, que conta com 56 laboratórios.

no catálogo O primeiro curso a obter nota cinco do MEC foi o CST de Inspeção de Equipamentos e de Soldagem, pioneiro no Brasil. E foi justamente por isso que, apesar de fazer parte da primeira leva de cursos oferecida pela Faculdade de Tecnologia Senai Cimatec, em 2005, o CST demorou para ser reconhecido pelo MEC. Somente em agosto deste ano ele foi avaliado com nota máxima. “Como temos no país poucos profissionais especializados nessa área, foi muito difícil encontrar um professor para fazer a avaliação do curso”, pontua Tarso Nogueira, coordenador de graduação da Faculdade de Tecnologia Senai Cimatec. Agora, depois da avaliação, o curso vai passar a constar no Catálogo Nacional de Cursos Superiores


Estudante manipula material em laboratório do curso de polímeros Bahia Indústria  17


de Tecnologia, uma publicação do MEC. “Espero que com o reconhecimento, as empresas abram mais vagas para os profissionais vindos de cursos de graduação tecnológica”, afirma Jucimar Setúbal, aluno do quarto semestre. Incentivado pelo pai, que é industriário, o estudante já fazia curso técnico. Sabendo da demanda do mercado por esse tipo de profissional, apostou no curso superior e foi recompensado: desde maio deste ano Jucimar foi contratado para atuar na área, em uma empresa de planejamento e montagem industrial. O jovem confessa que não esperava ser contratado rapidamente e acredita que fazer um curso superior foi um diferencial. “A graduação tecnológica é focada na área e agrega mais conhecimento que o curso técnico”, defende. O conhecimento aprofundado é uma vantagem apontada também pelos professores. No curso de Gestão da Produção Industrial, avaliado pelo MEC em setembro, além do conhecimento da gestão da produção, os alunos também aprendem a parte técnica de áreas que são necessárias para a produção, como polímeros, soldagem e automação, por exemplo. “Nossos alunos conhecem toda a cadeia de produção e seus insumos. São profissionais completos”, avalia Vivian Manuela Conceição, coordenadora do curso, que teve início em 2009 e vai formar a primeira turma no primeiro semestre do ano que vem. Aluno do sexto semestre, o estudante Edésio Ferreira verificou na prática a importância do curso. Trabalhando há seis anos e meio na indústria, ele percebeu a demanda do setor produtivo por profissionais desta área. Com a experiência de mercado, optou por fazer parte da primeira turma. Para isso, avaliou a grade curricular, que considerou bem estruturada. “Nós temos uma formação acadêmica rápida, mas com conhecimento técnico mais aprofundado do que os cursos normais de engenharia”, destaca, acrescentando que este é um fator que pode auxiliar os estudantes a entrar no mercado de trabalho mais rápido.

UMA VITÓRIA Quem também apostou em uma graduação do Senai foi Gisele Silva. Recém-formada no curso de Polímeros, a jovem fazia curso técnico no Senai-BA quando a graduação em Polímeros surgiu. Ela sabia que o setor estava em crescimento e, ciente da credibilidade da entidade, resolveu inscrever-se na primeira turma do curso. 18  Bahia Indústria

Hoje, a jovem avalia que fez a escolha correta. Desde que cursava o terceiro semestre, ela passou a atuar na área e, em 2009, foi contrata por uma empresa de embalagens de Camaçari, onde trabalha como assistente de desenvolvimento de produto. “O reconhecimento com nota máxima mostra que valeu a pena. É muito bom ter o reconhecimento do mercado e do MEC. Para a gente é uma vitória”, comemora. Profissionais como Gisele, formados pelo CST em Polímeros, são preparados para atender à indústria de transformação de plástico, como empresas do setor automotivo, de brinquedos e de embalagens. “O profissional já sai formado para atender a essa demanda específica, sem que seja necessário se espe-

cializar”, ressalta Zora Ionara dos Santos, coordenadora do curso. A professora destaca que os alunos do CST cursam disciplinas específicas voltadas para as necessidades do mercado, como Processos de Transformação de Plástico, onde aprendem sobre o processo de extrusão de plásticos, e Reologia, em que estudam as propriedades do plástico fundido. Outra área de atuação apontada pela coordenadora do curso de Polímeros é a acadêmica, onde atualmente 12 alunos trabalham. Com bolsas de estudo da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), os alunos são encaminhados para a iniciação científica e atuam em projetos desenvolvidos em parceria com empresas.


Número de cursos será ampliado

Entre os projetos desenvolvidos, destacam-se o Aquaviário I e o Aquaviário II. O primeiro em parceria com a Marinha Brasileira e o segundo com uma empresa de beneficiamento de arroz situada no Rio Grande do Sul. “Nos dois projetos trabalhamos no desenvolvimento de compósitos com fibras naturais. Ou seja, misturamos ao polímero, resíduos como pó de serra e casca de arroz, que seriam jogados no meio ambiente”, explica Zora dos Santos. A professora ressalta, ainda, que além de ecologicamente corretos, por usarem na composição menos polímero, material que não é biodegradável, os projetos também barateiam os custos das empresas.

HISTÓRICO Os recentes reconhecimentos pelo MEC, com nota cinco, coroam o trabalho desenvolvido pelo SENAI Bahia desde 2005, quando começaram as primeiras turmas dos cursos de Mecatrônica, Inspeção de Equipamentos e de Soldagem e Logística. Na época, depois

Professores capazes e instalações adequadas permitem ao aluno bom aproveitamento

Com inscrições abertas até o dia 25 de novembro, o vestibular 2012 das Faculdades de Tecnologia do Senai traz duas novas opções de cursos: Eletrônica Industrial e Sistemas Elétricos, duas sub-áreas da Engenharia Elétrica. O curso de Sistemas Elétricos é voltado para a área de potência, como por exemplo a geração, transmissão e distribuição de energia elétrica. Já o de Eletrônica Industrial vai formar profissionais específicos para a área de microeletrônica, que vai desde projetos de placas eletrônicas até o conhecimento sobre a fabricação de microchips. O coordenador de graduação da Faculdade de Tecnologia Senai Cimatec, Tarso Nogueira, revela que o curso de Tecnologia de Alimentos também seria iniciado no primeiro semestre do ano que vem, mas como sua autorização ainda não foi publicada pelo Ministério da Educação no Diário Oficial da União, o início deve ser adiado para o começo do segundo semestre de 2012. Para 2013, estão previstos mais quatro cursos: bacharelados em Engenharia Elétrica, Engenharia de Materiais, Engenharia de Automação e Controle e Engenharia de Produção. Para 2014, o coordenador levanta a possibilidade de lançar um curso de Engenharia Automotiva. “A gente sempre vai ter essa visão de acompanhar o que está acontecendo no mercado, as novas demandas da indústria e, a partir daí, vamos decidir por lançar novos cursos ou não”, revela. É justamente pelo contato próximo com a indústria, que as Faculdades SENAI identificam o perfil do profissional em falta no mercado. Como o SenaiBA presta serviços para o setor produtivo, como ensaios, consultorias e cursos de outra natureza, é possível identificar mais facilmente os vazios de formação. Quando uma possível demanda de curso é identificada, forma-se um Comitê Técnico Setorial com representantes de diversos setores: especialistas em educação, o futuro coordenador do curso, convidados do setor produtivo, acadêmicos de outras faculdades, representantes de sindicatos dos trabalhadores e patronais, além de representantes de órgãos de classe. Bahia Indústria  19


de mais de 60 anos de experiência em educação para a indústria, o Senai-BA decidiu investir no ensino superior. “A gente acreditava que era preciso ter um ciclo completo de formação profissional e que, desta forma, pudesse oferecer uma solução mais completa para a indústria”, explica Nogueira. Outro fator que motivou o ingresso do Senai-BA no ensino superior foi a carência de profissionais no mercado. Um dos motivos para isso, apontado pelo coordenador de graduação da Faculdade Senai Cimatec, é que a área de engenharia perdeu status durante a década de 80. “Poucos alunos do ensino médio querem fazer cursos nessa área e também há bastante evasão durante o curso superior”, esclarece. Para atender a essa demanda, atualmente as Faculdades de Tecnologia Senai oferecem nove cursos superiores de graduação tecnológica e um bacharelado. Este último, o curso de Engenharia Mecânica, teve início no primeiro semestre deste ano. E para que a qualificação dos profissionais seja completa, a atuação das Faculdades de Tecnologia Senai também se estende para cursos de pós-graduação. São oferecidos 19 cursos de pós-graduação Lato Sensu, entre MBA e especializações, com duração média de 18 meses. Além disso, são duas linhas de pós-graduações Stricto Sensu: mestrado em Gestão e Tecnologia Industrial (PPG-Getec) e mestrado e doutorado em Modelagem Computacional e Tecnologia Industrial (MCTI). As duas linhas de pesquisa são credenciadas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). 20  Bahia Indústria

Metodologia alemã aproxima aluno e indústria Alunos em curso no laboratório de logística

Um grande diferencial dos cursos das Faculdades Senai de Tecnologia é o programa TheoPrax. Tratase de uma metodologia alemã de trabalho em que o aluno atua com demandas específicas da indústria. O projeto dura um ano, dividido em duas etapas: os primeiros seis meses são dedicados ao planejamento e à elaboração da proposta para as empresas, e nos seis meses finais os estudantes o executam. Os projetos são desenvolvidos por formandos, que visitam a empresa, analisam o problema e apresentam uma proposta de solução. “Ao final do curso, para ser aprovado, além de passar por uma banca examinadora, o projeto precisa ser validado pela empresa envolvida”, explica Alexandre Ribeiro, que coordenou a implantação do Theoprax no Senai Cimatec. A metodologia alemã foi desenvolvida nos institutos Fraunhofer e no Brasil é aplicada somente no Senai-Bahia. Uma equipe da Alemanha visitou o Cimatec em três momentos: para capacitar professores e alunos, acompanhar os primeiros projetos e para uma avaliação final depois de concluídos. O programa foi trazido para

o Brasil em 2007 para projetos pilotos, voltados para os cursos técnicos do Senai-BA. Em 2009, foi estendido aos cursos de graduação, cujos projetos pilotos foram concluídos no primeiro semestre deste ano. No total, 15 foram concluídos, seis deles de cursos superiores. Um dos trabalhos realizados foi um protótipo de sistema que compõe o ciclo de refrigeração industrial, elaborado por cinco estudantes do curso de Manutenção Industrial para o Senai-BA. “Nosso projeto foi inovador porque a gente nacionalizou a tecnologia de chiller (máquina que arrefece a temperatura da água) por absorção de vapor utilizando água mais brometo de lítio, que já existia, mas só internacionalmente”, ressalta Sheila de Alcântara, uma das estudantes envolvidas no trabalho. O programa é proveitoso para todos os envolvidos. Com o TheoPrax, as indústrias conseguem soluções inovadoras para seus problemas e, além disso, identificam novos talentos. Já para os alunos, é um atalho para entrar em contato com o mercado de trabalho. [bi]


Empresa desenvolve panetone com embalagem comestível A ideia foi iniciativa de duas alunas do curso de Aprendizagem Industrial em Alimentos do Senai e foi adotada por empresa baiana

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magine provar o tradicional panetone de frutas cristalizadas de todo Natal e, ao final, morder um pedacinho da embalagem do produto, com sabor menta. Em um futuro próximo, é possível que os consumidores baianos possam vivenciar experiências gastronômicas como esta, graças a um projeto aprovado no edital Senai Sesi de Inovação 2011. O projeto – que tem como objetivo desenvolver embalagens comestíveis para produtos de panificação – é resultado de uma combinação de ideia inovadora, conhecimento técnico e empreendedorismo que integra indústria, estudantes e pesquisadores do Senai. A história do projeto – que contará com recursos de cerca de R$ 660 mil – começou com a proposta de duas alunas do curso de aprendizagem industrial em Alimentos do Senai. Com a orientação da professora Luana Naponucena, Rafaela Martins e Taiza Araújo conquistaram o segundo lugar da Mostra Inova Senai 2010, competição de projetos inovadores criados por alunos. A ideia chamou a atenção do coordenador do Núcleo de Pesquisa Aplicada do Senai Dendezeiros, Silmar Nunes, que em março deste ano comentou o assunto com o empresário Natanael Bittencourt, sócio da Panure Indústria e Comércio de Massas Ltda, atual

haroldo Abrantes

parceira do Senai no projeto. “Sou um apaixonado por panetone e já tinha pensado em como seria perfeito um com embalagem comestível. Logo percebi que um produto como este teria um potencial comercial fantástico”, conta Natanael. Além do panetone, a embalagem comestível poderá ser utilizada para acondicionar muffins, pães, bolos e outros produtos alimentícios. “Vai ser um produto inovador não só no Brasil, mas internacionalmente”, acredita Silmar, lembrando que hoje na literatura científica as pesquisas sobre embalagens comestíveis se concentram no ramo dos produtos de origem vegetal, minimamente processados. “Nos ramo da panificação, esta é uma área ainda pouco

Inovação foi desenvolvida no Senai Dendezeiros

explorada”, conta o pesquisador. Com duração prevista de 20 meses, o projeto prevê desde o levantamento de informações bibliográficas para a definição de matérias primas, equipamentos e processos até a solicitação do privilégio de registro de propriedade industrial para a tecnologia a ser desenvolvida. Enquanto isso, a Panure iniciou testes de mercado, apresentando aos clientes de estabelecimentos de bairro uma versão caseira do produto, que teve ótima receptividade. “Nossa meta é colocar o novo panetone no mercado para o Natal de 2012”, conta Natanael, que não descarta também a parceria com grandes indústrias para que a tecnologia possa ser adotada também em outros produtos. [bi] Bahia Indústria  21


Integração, chave para o desenvolvimento

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arceria. Esta foi a palavra que permeou os debates suscitados durante Simpósio Academia-Empresa para o Nordeste, realizado no dia 6, no auditório da FIEB. O evento, promovido pela Academia Brasileira de Ciências, com apoio da Federação, da Academia de Ciências da Bahia e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado (Fapesb), teve como objetivo discutir a integração da ciência com o setor produtivo.

“O entrosamento dos cientistas com as empresas é essencial para o país e bom para as duas partes. O Brasil precisa ser muito mais agressivo para agregar tecnologia e inovação a seus produtos”, defendeu Jacob Palis, presidente da Academia Brasileira de Ciências. O presidente da FIEB, José de Freitas Mascarenhas, destacou o empenho da organização para promover na Bahia um ambiente favorável ao desenvolvimento da

Especialistas destacaram no simpósio a necessidade de integrar empresa e academia

Simpósio realizado na FIEB discutiu os desafios da aproximação entre a academia e as empresas por Carolina Mendonça

inovação. “Essa é a ferramenta essencial para o desempenho mais competitivo da indústria”, disse. Mascarenhas enumerou as ações desenvolvidas pela FIEB com foco na integração entre a academia e as empresas, como o Fórum de Inovação, a criação de um núcleo de inovação dentro do Instituto Euvaldo Lodi (IEL) e a elaboração de um novo plano estratégico para o SENAI-BA. A necessidade de investir em lulli castro

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inovação, transformando conhecimento em aplicação prática, foi a mensagem deixada pelo presidente da Academia de Ciências da Bahia e ex-governador do estado, Roberto Santos (leia o discurso completo no Portal Fieb: www.fieb.org.br), que lembrou: “enquanto a produção científica brasileira cresceu, colocando o país em 13° lugar no mundo, ainda não passamos da 47ª posição na capacidade de inovar em matéria de Ciência e Tecnologia”. Mas como transformar a produção científica em inovação? As empresas desempenham papel fundamental por meio de um trabalho conjunto que envolve o projeto, investimentos e comercialização de novos produtos e processos. Resultados desta parceria de sucesso foram apresentados por empresários durante o simpósio. O diretor industrial da Oxiteno, Flávio Cavalcanti, contou que pesquisas desenvolvidas com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) produziram tensoativos menos agressivos às pessoas e ao meio ambiente para xampus e detergentes. Os representantes da indústria, porém, chamaram a atenção para as dificuldades enfrentadas pelo setor na aproximação com a academia. Burocracia na realização de convênios, divergências referentes à propriedade intelectual e à exploração comercial, além de conflitos na divulgação de resultados foram alguns dos problemas apontados. “Os convênios com as universidades e instituições de pesquisa exigem equipes especializadas para lidar com tantos formulários e documentos. Só as grandes empresas conseguem firmar este tipo de parceria”, criticou o diretor industrial da Oxiteno, Flávio Cavalcanti. Outro fator que representa um entrave às empresas que desejam investir em inovação foi citado pelo gerente de tecnologia da Fibria, produtora de madeira, celulose e papel. Fernando Bertolucci destacou que parte do que se gasta com impostos e taxas poderia ser utilizado em Pesquisa e Desenvolvimento. “Se não tivéssemos tantos custos com estas taxas, o aporte em inovação seria muito maior”, garantiu. Ao apresentar o Plano Estratégico da Petrobras até 2020, o geólogo e assessor da Gerência Geral Bahia da empresa, Nilson Cunha, assegurou que ainda não há soluções para as demandas ao crescimento previsto pela petrolífera. “Precisaremos de novos equipamentos, peças e modos de fazer em toda a cadeia produtiva para que este planejamento seja cumprido. Inovação é uma questão de sobrevivência e a academia é parte fundamental nesse processo”, afirmou Cunha.

Roberto Santos e Jacob Palis destacaram a importância da inovação na sociedade lulli castro

Ciência deve ouvir as demandas da indústria Convidado do Simpósio, o presidente da Academia Brasileira de Ciências, o matemático Jacob Palis defendeu a aproximação entre indústria e produção científica como essencial para o surgimento de grandes inovações. Por Mônica Mello

Bahia Indústria – Não obstante os avanços, o distanciamento entre academia e indústria persiste. Por que? Jacob Palis – A ciência no Brasil toma força a partir da II Guerra Mundial, ou seja, é muito jovem, recente. A prioridade da primeira linha de cientistas foi tornar mais sólida a comunidade científica. Tivemos sucesso. Agora, está na hora de se juntar com o setor produtivo e enfrentar o desafio de agregar valor aos nossos produtos. Esse é o momento para a inovação. BI - Que ganhos podemos esperar da melhoria no relacionamento entre universidade e empresa? JP – Os ganhos serão enormes, a partir do momento em que essa parceria se concretizar. Eu acho que é importante para o pesquisador e é importante para a indústria. Muitos desses pesquisadores não publicarão apenas trabalhos em revistas, mas também servirão à sociedade de maneira importantíssima, agregando conhecimento aos produtos nacionais. E para a indústria será fundamental, porque ela cresce e se internacionaliza com produtos de grande criatividade. [bi] Bahia Indústria  23


painel miguel ângelo/ag. cni

José de Freitas Mascarenhas propôs flexibilidade nas regras para o licenciamento ambiental

CNI diz que empresários precisam ser ouvidos “É necessário agir, falar, se fazer ouvido”, declarou o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, ao pregar como essencial a participação dos empresários nas decisões do Congresso Nacional e do governo. “Os empresários precisam estar presentes em Brasília”, conclamou, no dia 26 de outubro, na abertura do 6º Encontro Nacional da Indústria (Enai), em São Paulo. A CNI monitora, hoje, mais de 130 políticas públicas e mais de 4.500 projetos de lei. “Foi difundida no Brasil a ideia de que o trabalho do Congresso é produzir projetos e Brasília se tornou uma verdadeira fábrica de projetos de lei. O problema vem do fato de que uma parte importante deles é puro combustível para a indústria do Custo Brasil”, criticou. Regras para licenciamento - José de Freitas Mascarenhas, presidente da FIEB e do Conselho de Infraestrutura da CNI, propôs durante o 6º Encontro Nacional da Indústria, que o governo determine novas regras de licenciamento ambiental em obras sem potencial de poluição. A sugestão é que o governo permita que a obra seja tocada e, depois, faça a fiscalização, desde que o previsto em contrato esteja sendo realizado.

Estudos de Impacto Ambiental Novidades referentes à legislação ambiental e os critérios para a elaboração de estudos e relatórios nesta área foram abordados no Curso de Elaboração de Estudos de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/Rima), oferecido pelo IEL Bahia por meio do Projeto Aliança. O curso reuniu empresários e profissionais nos meses de setembro e outubro e discutiu aspectos importantes para elaboração do estudo, a exemplo da adequação do termo de referência, documentos necessários e exigências ambientais.

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SESI destaca-se em edital de Inovação Na edição 2011 do Edital de Inovação, a Bahia obteve o melhor resultado entre os departamentos regionais do Sesi. Foram oito projetos aprovados, um dos quais em parceria com o departamento regional do Senai, que obteve ainda aprovação de outras duas ideias inovadoras. Cada projeto individual receberá até R$ 300 mil, enquanto os realizados em conjunto, R$ 400 mil. Todos são implementados em parceria com indústrias e os recursos podem ser aplicados na compra de equipamentos, contratação de terceiros, despesas com viagens ou em material de consumo.

Jogos do SESI Etapa Estadual 2011 A Etapa Estadual dos Jogos do SESI 2011 foi realizada entre os dias 28 e 30 de outubro, no SESI Simões Filho. Participaram 750 atletas de 70 empresas industriais, concorrendo em dez modalidades diferentes. Os melhores participarão da etapa regional, que acontecerá em novembro, em Pernambuco. De lá sairão os que irão competir na etapa nacional, prevista para 2012 em Goiás. A competição tem como objetivo estimular as relações de trabalho e contribuir para a qualidade de vida dos trabalhadores.


fábio araujo

Márcia Rocha destacou a importância de investir na economia de recursos naturais

Produções Ecoeficientes Micro, pequenas e médias empresas baianas das cadeias da construção civil, automotiva e petroquímica podem participar gratuitamente da 1ª etapa do Programa Indústria Ecoeficiente, lançado pelo Instituto Euvaldo Lodi (IEL/BA) com objetivo de aumentar a competitividade e oportunidades de mercado, tendo em vista a redução dos desperdícios e melhoria da capacidade produtiva. O início das atividades foi anunciado por Fabiana Carvalho, gerente de Inovação e Projetos Especiais do IEL Bahia, durante o Seminário Tecnologias Ecoeficientes, realizado no auditório da FIEB. No seminário, foi apresentada a expertise da Modell Hohenlohe, organização alemã que reúne empresas daquele país, de diversos segmentos, que desenvolvem soluções eficientes e contribuem para a melhoria do meio ambiente e das condições técnicas e econômicas de suas instalações. Segundo a gerente da organização, Márcia Rocha, uma Rede de Inteligência prevê soluções integradas que geram eficiência energética, gestão ambiental e economia de recursos. “O trabalho de associação com grupos de trabalho das empresas associadas é o segredo do sucesso da organização”, concluiu.

Embaixador fala de colaboração bilateral O embaixador do Canadá, Jamal Khokhar, esteve na sede da FIEB, acompanhado do comissário do escritório comercial do governo canadense no Nordeste, TIM Hopkins. Khokhar foi recebido, no dia 24 de outubro, pelo vicepresidente da Federação, Reinaldo Sampaio, além do superintendente de Desenvolvimento Industrial, João Marcelo Alves, e da gerente do Centro Internacional de Negócios, Patrícia Orrico. No encontro, foram discutidas formas de colaboração entre o país norteamericano e a Bahia em relação à transferência de tecnologia e às possibilidades de parcerias comerciais. joão alvarez

SENAI Feira reconhecido por práticas sustentáveis As boas práticas em prol da sustentabilidade ambiental do SENAI Feira de Santana foram premiadas pela Câmara de Vereadores da cidade. No dia 23 de setembro, a unidade recebeu daquela casa legislativa a Medalha de Meio Ambiente, um reconhecimento ao trabalho desenvolvido pela equipe local. Entre as ações, iniciadas em abril deste ano, estão o treinamento de multiplicadores do Programa de Gerenciamento de Resíduos Sólidos para funcionários e alunos, a implantação do Sistema de Gestão Integrada na unidade e a realização da I Semana de Meio Ambiente.

O canadense Jamal Khokhar visitou a FIEB Bahia Indústria  25


indicadores  da Indústria  Números 

Cai a atividade  industrial na Bahia  O fraco desempenho decorreu, principalmente, de  quedas verificadas nos segmentos petroquímico, de refino de petróleo e da metalurgia básica

E

m  agosto,  a taxa  anuali zada da produção    da  in dústria de transformação    da Bahia apresentou que da de 3,9%, superando aredução  verificada em julho (-2,0%), reto- mando  a trajetória  descendente  iniciada  no  último  trimestre  do  ano passado. Com isso,  oestado  manteve-se  em  penúltimo  lugar  no ranking dos 13 estados que par ticipam  da  PIMPF-R,  acima  ape nas do Ceará.  Tal resultado pode  ser  atribu ído à retração de cinco dos       oito 

26  Indústria  Bahia 

segmentos  pesquisados  pelo  IB GE: Produtos Químicos/ Petroquí micos (-12,2%), Metalurgia Básica  (-9,9%), Refino de Petróleo e Prod. de Álcool (-3,1%), Celulose e Papel  (-2,9%)  e Veículos  Automotores  (1,2%). Por outro lado, os segmen tos de Alimentos e Bebidas (11,3%),  Minerais  não-metálicos  (7,2%)  e Borracha  e Plástico  (6,9%)  apre sentaram resultados positivos.  Na comparação do acumulado  de  janeiro  a agosto  de  2011  com  igual  período  do  ano  anterior,  a produção  física  da  indústria  de 

transformação registrou  baiana   queda de 4,5% (contra uma alta       de 1,3% da média nacional), refle- tindo, principalmente, a interrup ção de  energia  do  fornecimento   elétrica que atingiu o Nordeste no  início de fevereiro, com maior im pacto  sobre  o Polo  Petroquímico  de Camaçari. 

MAIORES QUEDAS  Apresentaram  resultados  ne gativos quatro dos oito segmentos  pesquisados: Metalurgia Básica     (-13,4%, queda na produção de     


alumínio não ligado em formas brutas, por conta do fechamento da planta da Novelis, no final de 2010; e de ouro em barras), Produtos Químicos/Petroquímicos (-11,4%, menor fabricação de etileno não-saturado, polietileno de alta e baixa densidade e polipropileno, ainda influenciado pela paralização técnica provocada pelo desligamento do sistema elétrico da Região Nordeste em fevereiro), Refino de Petróleo (-6,1%, menor fabricação de óleo diesel e naftas para petroquímica), e Celulose e Papel (-3,6%). Por outro lado, registraram resultados positivos: Alimentos e Bebidas (12,3%, aumento na fabricação de café torrado e moído, refrigerantes, cerveja e chope), Minerais nãometálicos (8,2%), Veículos Automotores (6,1%, segmento continua apresentando resultado positivo a despeito das medidas de contenção ao crédito) e Borracha e Plástico (5,8%).

Na comparação de agosto de 2011 com igual mês do ano anterior, a produção física da indústria de transformação baiana apresentou queda de 1,1% (contra uma expansão de 1,9% da média nacional). Cinco dos nove segmentos registraram crescimento da atividade, como segue: Alimentos e Bebidas (13,8%, em função da maior produção de café torrado e moído e refrigerantes), Celulose e

produção física por estados: indústria de transformação Estados

ago11/ Jan-ago11/ ago10 Jan-ago10

Brasil Amazonas Pará Ceará Pernambuco Bahia Minas Gerais Espírito Santo Rio de Janeiro São Paulo Paraná Santa Catarina Rio Grande do Sul Goiás

1,9 8,3 -0,5 -13,8 4,5 -1,1 -0,5 -15,0 4,5 1,5 24,0 -1,6 3,6 4,8

Fonte IBGE; elaboração Fieb/SDI

1,3 2,1 -2,7 -14,4 -2,4 -4,5 1,6 -3,3 4,1 2,3 4,8 -4,6 1,7 5,4

Variação (%)

set10-ago11/ set09-ago10

2,1 2,7 -2,3 -10,3 -0,7 -3,9 2,9 -3,2 5,3 2,9 5,8 -2,7 1,4 8,6

Papel (3,5%), Borracha e Plástico (0,9%), Minerais não-metálicos (0,5%) e Produtos Químicos/Petroquímicos (0,3%). No entanto, três segmentos registraram queda na atividade: Metalurgia Básica (-23,3%, redução na fabricação de alumínio não ligado em formas brutas e ouro em barras), Refino de Petróleo e Prod. de Álcool (-5,3%, maior fabricação de gasolina, gás liquefeito e óleo diesel) e Veículos Automotores (-1,3%). Como esperado, mesmo após a normalização da produção de petroquímicos, a interrupção do fornecimento de energia elétrica verificada em fevereiro comprometeu o resultado do agregado da indústria de transformação baiana no 1º semestre de 2011. Por outro lado, a atividade dos segmentos produtores de bens de consumo tem-se mantido aquecida, apesar da elevação dos juros e das medidas de contenção do crédito adotadas pelo governo, restando aguardar os possíveis impactos da crise internacional sobre o desempenho dos segmentos da indústria baiana produtores de bens intermediários/commodities. [bi] Bahia Indústria  27


Público conferiu a atualidade de palestras e paineis na segunda edição do evento, realizado na sede da Fieb

Desenvolvimento econômico e social no Agenda Bahia Infraestrutura, sustentabilidade com foco em inovação, agronegócios e turismo foram os temas deste ano

Governador Jaques Wagner antecipou notícia do metrô na Paralela 28  Bahia Indústria

Carlos Tadeu Costa Fraga, da Petrobras, defendeu tecnologia nacional

POR Carolina Mendonça FOTOS joão alvarez

E

xecutivos, autoridades públicas, especialistas e empresários reunidos para discutir e pensar ações de desenvolvimento para o estado. Assim foi o Agenda Bahia 2011, realizado nos dias 04 e 24 de agosto, 14 e 27 de setembro na sede da Federação das indústrias do Estado da Bahia. O evento promovido pela Rede Bahia teve, nesta segunda edição, quatro temas focais: Infraestrutura; Sustentabilidade; Economia Climática e Industrialização no Agronegócio e; Turismo na Copa de 2014. No primeiro seminário do evento, que debateu questões relativas à infraestrutura, um dos maiores desafios para quem precisa se movimentar em Salvador e Região Metropolitana: a mobilidade urbana. A discussão sobre o modal que será adotado na Avenida Paralela foi o destaque do debate. Depois de defender um sistema de transpor-


Carlos Calmanovici: inovação é chave para desenvolvimento

Para Cláudio Rocha, Copa pode ter como legado infraestrutura

Charles Bezerra lembrou que inovação é sinônimo de risco

te integrado para a capital, o governador da Bahia posicionou-se favorável ao metrô, antecipando o anúncio oficial do governo sobre o assunto feito dias depois. A situação dos portos e o atual sistema de escoamento da produção industrial baiana também dominaram os debates. “É preciso acelerar a modernização dos portos e construir ferrovias e hidrovias para aumentar a capacidade de crescimento”, defendeu o presidente da Rede Bahia, Antônio Carlos Magalhães Júnior. No dia 24 de agosto, o evento teve como tema principal a sustentabilidade, mas as questões relativas a inovação predominaram nas palestras e debates. Os participantes “desenharam” um painel de como estão os incentivos à pesquisa no estado e do que precisa ser feito para aumentar o desenvolvimento tecnológico no país. Em sua apresentação, o gerente executivo do Cenpes - Centro de Pesquisas e Desenvolvimento da Petrobras, Carlos Tadeu Costa Fraga, disse que a petrolífera quer atrair para o Brasil a construção de centros de pesquisa das empresas interessadas em parceria na exploração do pré-sal. “Ao contrá-

rio do que ocorreu na década de 70, queremos agora que essas novas tecnologias sejam desenvolvidas no Brasil”, frisou.

Bahia tem potencial para ser uma das melhores origens de chocolate do mundo. “Se investirmos R$ 1 bilhão no setor, podemos gerar 100 mil empregos e recuperar 100 mil hectares de floresta”, ressaltou. Para o diretor da Paradigma Soluções e Gestão Ambiental, Cláudio Langone, a Economia Verde não só atende à agenda ambiental, mas representa um bom negócio para as empresas. “A reutilização de entulho na construção de estádios de futebol para a Copa de 2014, por exemplo, é uma alternativa assertiva neste novo paradigma de preservação ambiental”, disse. O último simpósio da edição 2011 teve a participação de especialistas que chamaram a atenção para os problemas que a Copa 2014 pode trazer às cidades-sede. O presidente da Trip Linhas Aéreas, José Mario Capriolli, afirmou que os investimentos de R$ 5,5 bilhões na reestruturação dos aeroportos para o evento esportivo são baixos. “Em 2004, 31 milhões de passageiros eram transportados no Brasil, número que saltou para 65 milhões em 2010. O mercado vai ampliar muito mais e os recursos previstos são apenas para a manutenção”, avaliou. [bi]

contexto propício Focar na competitividade mantendo os princípios e as práticas de sustentabilidade foi a discussão suscitada pelo presidente da Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento de Empresas Inovadoras (Anpei), Carlos Eduardo Calmanovici. “Estas são forças divergentes, mas precisam atuar juntas, por isso exigem empenho em inovação”, afirmou. O presidente da Braskem, Carlos Fadigas, corroborou com a necessidade do Brasil ampliar investimentos em inovação e avaliou que, atualmente, o país tem um contexto social mais propício ao desenvolvimento de pesquisa por conta das parcerias firmadas com as universidades e das políticas públicas nacionais de incentivo. Já o presidente do Instituto Ethos, Jorge Abrahão, propôs uma reflexão sobre o modelo de consumo dos brasileiros e a responsabilidade social das empresas. Para ele, as organizações devem atuar baseadas nos princípios de sustentabilidade ambiental e da diminuição das desigualdades sociais. Economia Climática e Industrialização no Agronegócio foi o tema do terceiro encontro do Agenda, realizado no dia 14 de setembro. O economista Alexandre Barros, sócio da MB Associados, afirmou que o Brasil precisa de logística para atender à demanda por alimentos, decorrente da mudança de hábitos da população e do investimento em biocombustíveis. O sócio da AMMA Chocolates, Diego Badaró, traçou um panorama do mercado do cacau e afirmou que a

Bahia Indústria  29


Brasil e Japão estreitam laços Encontro na FIEB é o primeiro realizado no Brasil fora de São Paulo Por Marta Erhardt Fotos joão alvarez

R

ealizada pela primeira vez fora do eixo RioSão Paulo, a XIV Reunião do Comitê de Cooperação Econômica Brasil Japão trouxe para Salvador, nos dias 9 e 10 de agosto, executivos e representantes dos governos dos dois países. Entre os participantes do evento, que aconteceu na sede da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), estavam o governador do estado Jaques Wagner, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel o embaixador do Japão no Brasil, Akira Miwa o embaixador do Brasil em Tóquio, Marcos Galvão; e o presidente da Confederação Nacional da Indústria, Robson Andrade. Com mais de 120 participantes, a delegação japonesa sinalizou o aumento do interesse dos investidores nipônicos no Brasil. O número de integrantes foi superior ao registrado na última edição do encontro em São Paulo, que contou com cerca de 100 participantes do país asiático. “Historicamente é a maior delegação japonesa que participa do encontro. Isso mostra que a confiança e o interesse que os investidores têm no Brasil estão em crescimento”, destacou o presidente, pelo lado japonês, do Comitê de Cooperação Econômica 30  Bahia Indústria


Brasil-Japão, Masami Ijima. Esse aumento de interesse foi comprovado com dados do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) que foram apresentados durante a reunião. Segundo Sérgio Foldes, superintendente da área internacional do BNDES, os investimentos diretos japoneses no Brasil devem crescer 20% em 2011, atingindo US$ 12 bilhões, com destaque nos segmentos automotivo, siderúrgico, eletroeletrônico e farmacêutico. Também deve contribuir para esse resultado a linha de crédito de até US$ 3 bilhões, para financiar projetos de infraestrutura no Brasil, fruto de acordo entre o BNDES e o Japan Bank For International Cooperation, que poderá atrair empreendimentos japoneses nas áreas de petróleo e gás e energia elétrica. Diante deste cenário animador, a reunião do comitê na capital baiana foi uma boa oportunidade para auxiliar na identificação de novas áreas para investimentos no Brasil. “O crescimento econômico brasileiro tem chamado a atenção do Japão. Precisamos identificar possíveis áreas de in-

Autoridades brasileiras e japoneses prestigiaram evento do Comitê de Cooperação Econômica

vestimento e, a Bahia é uma das opções, principalmente na área da indústria de manufaturados”, ressaltou o embaixador do Japão no Brasil, Akira Miwa.

Saldo Positivo Durante o encontro, foram debatidos temas como infraestrutura, tecnologias inovadoras, agricultura e florestas, além da atuação nas áreas de tecnologia ambiental e etanol. Oportunidades de cooperação em todas as áreas permearam as sessões temáticas. Nas discussões, executivos brasileiros destacaram que mesmo com os avanços registrados nas últimas décadas, a relação bilateral ainda pode ser fortalecida na área de negócios. Para tanto, defenderam a necessidade de se remover as dificuldades ao acesso das empresas do Brasil ao mercado japonês. O presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), José Mascarenhas, ressaltou que é fundamental trabalhar conjuntamente para eliminar as barreiras ao comércio e aos investimentos nos dois países, para estabelecer um ambiente de negócios

favorável, capaz de se traduzir em incremento comercial. “O Brasil continuará a ser ator importante no mundo, na produção de bens primários, mas se reserva o direito de desenvolver sua indústria, o que cria muitas oportunidades para investidores estrangeiros”, afirmou José Mascarenhas, presidente da Fieb, que também preside, pelo lado brasileiro, o Comitê de Cooperação Econômica Brasil-Japão. Os empresários orientais ressaltaram que as altas taxas de juros praticadas no Brasil afugentam a demanda das empresas por empréstimos. Além disso, também criticaram o sistema tributário brasileiro e a precariedade da nossa infraestrutura. Apesar das reivindicações, o encontro foi avaliado positivamente pelo presidente, pelo lado japonês, do Comitê de Cooperação Econômica Brasil-Japão, Masami Iijima. Segundo ele, o Brasil se tornará em breve “uma potência econômica” e a presidente Dilma Rousseff, a quem chamou de “mãe do PAC”, terá importante papel na eliminação de obstáculos ao desenvolvimento do país. [bi] Bahia Indústria  31


ideias

Desequilíbrio exige política regional por reinaldo sampaio

A Política Nacional de Desenvolvimento Regional – PNDR tem sido condenada ao esquecimento, tanto pelas autoridades governamentais, quanto pelas lideranças empresariais, laborais, a Academia e a própria sociedade. Estranho, porque, quando observadas as regiões menos desenvolvidas do país, bem como aquelas áreas estagnadas ou em decadência situadas nas regiões mais desenvolvidas, evidencia-se que suas respectivas posições relativas no contexto nacional não melhoraram ou até mesmo declinaram ao longo do tempo. Refiro-me ao PIB relativo, renda per capita, IDH etc, cujas estatísticas seriam ainda mais dramáticas, não fossem as transferências públicas, como o Bolsa Família, que impactam a renda das regiões, mas, do ponto de vista estrutural, não representam uma ação transformadora da realidade socioeconômica. As regiões que apresentam baixa competitividade sistêmica não são capazes de superar suas deficiências de forma endógena, de modo a participar, satisfatória e competitivamente, da produção de riquezas. Cabe à política de desenvolvimento regional, através de eficazes instrumentos e da disponibilidade de fundos específicos, promover a superação dos obstáculos, liberando o potencial de desenvolvimento desses espaços geográficos. Essa realidade é regida por uma lógica que fortalece os mecanismos de concentração e de desigualdade, fazendo com 32  Bahia Indústria

que, mesmo nas ações positivas, como o Plano Brasil Maior, cerca de 80% dos benefícios previstos serão retidos pelos estados do Sul e Sudeste. O processo de construção da União Européia, cuja estratégia foi enredada por uma ampla e vigorosa política de desenvolvimento regional, permitiu a superação das grandes desigualdades regionais, condição indispensável para viabilizar o projeto de unidade alcançado. Vale ressaltar que os problemas que hoje a afligem não contestam a validade desse esforço, dado que seus percalços econômicos decorrem de desequilíbrios sistêmicos, ampliados pelo desregramento do sistema financeiro mundial e por regras macroeconômicas regionais de difícil consecução. Conquistar o equilibrado desenvolvimento regional produzirá o crescimento acelerado das relações interindustriais e comerciais interregionais, reproduzindo, de modo mais substantivo, o processo de integração econômica nacional. O papel da PNDR é elevar os níveis de produção e de produtividade da economia, ampliando a sua dinâmica. Mas, para isto, é necessária a superação dos mecanismos tradicionais, que se mostraram insuficientes para promover o desenvolvimento equilibrado. É imperioso introduzir novas e inovadoras experiências, promover as rupturas necessárias e adotar formas criativas de cooperação, através de uma nova “práxis” socioeconômica regional. Superar

Regiões com baixa competitividade sistêmica não são capazes de superar suas deficiências de forma endógena

Reinaldo Sampaio é vicepresidente da Fieb e coordena o Comitê de Portos da

estratégias de desenvolvimento centradas em atividades associadas à base de recursos naturais, que não devem substituir ou mesmo secundar o desenvolvimento de atividades industriais de maior densidade tecnológica. Portanto, a PNDR deve trazer, dentre seus instrumentos, incentivos à instalação de plantas industriais de grande porte, capitalintensivas, assim como às plantas de transformação de bens de consumo durável e de não-duráveis, evitando a tendência de concentração nas regiões mais desenvolvidas. Deve-se em especial estabelecer diretrizes, metas e disponibilizar fundos específicos orientados para P&D e Inovação, participação societária, financiamentos, aval, infraestrutura e educação. Deve-se também considerar as externalidades de natureza social


como fator importante para o desenvolvimento, reconhecendo a relevância da cultura, do padrão de comportamento, dos aspectos etnológicos etc, como forças para a adoção de uma agenda positiva de mobilização dos entes e agentes socioeconômicos, objetivando a atuação sinérgica entre eles. Ser ainda formadora de uma cultura empreendedora, hoje, em geral, de baixa intensidade nas regiões menos desenvolvidas. Por fim, para contrapor-se à tendência ao desequilíbrio oriundo das forças de mercado que fortalece a acumulação concentrada do capital, a PNDR emerge como instrumento voltado para permitir que vastos recursos locais se tornem riquezas, submetidos

a processos tecnológicos inovadores e competitivos, elevando a produtividade da sociedade, incorporando camadas expressivas da população aos frutos do desenvolvimento e assim contribuindo, de forma mais eficaz e em base ética, para a reprodução ampliada do capital em escala nacional. À dimensão econômica, relacionada às desigualdades interregionais, é necessário incorporar uma dimensão política, relacionada aos indivíduos, objetivando a redução das disparidades interpessoais de renda, de conhecimento e de qualidade de vida, assegurando a criação de riqueza material e moral para a sociedade, base do desenvolvimento harmonioso da nação. A política de desenvolvimen-

to regional deve estar orientada para a coesão e a produtividade, lastreando-se em instrumentos e fundos sob a liderança do Governo Federal, interagindo de forma compartilhada com os agentes econômicos e com os poderes estaduais e municipais, por meio de uma adequada estrutura de governança. É uma construção baseada em cumprimento de metas e sujeita à (reti)ratificação das ações. A consagração de instrumentos, regras, metas e mecanismos transparentes de acompanhamento e validação da PNDR, substituirão as formas políticas anacrônicas do atendimento dos interesses locais, fortalecendo novas práticas políticas democráticas e republicanas. [bi] Bahia Indústria  33


leitura&entretenimento Ricardo Konká/divulgação

teatro Onde as palavras se revelam inadequadas Baseada no livro Diário do Farol, de João Ubaldo Ribeiro, a história acontece na ilhota de Água Santa, onde um ex-padre de 60 anos, que não tem seu nome revelado, coloca a plateia frente a frente com atos inescrupulosos cujo intuito é confirmar a sua existência. Ao relembrar a infância na fazenda, o personagem descreve surras e humilhações cometidas pelo pai. A partir da morte da mãe, ele passa a ouvir a voz materna, sussurrando-lhe vingança. Mandado para o seminário, ele passa a criar intrigas e prestar favores sexuais para sobreviver no ambiente permeado de corrupção.

não perca Teatro Molière (Aliança Francesa), de sexta a domingo, sempre às 20h. Classificação 18 anos. R$ 20 (inteira). Mais informações: (71) 3336-1599 ou 3336-8259 divulgação

exposição Década de fotografia Em cartaz no Museu de Arte Moderna, a exposição Dez Anos de Fotografia Espanhola Contemporânea – Coleção Fundação Coca-Cola apresenta 33 obras, entre fotografias e vídeos, de 26 artistas. A exposição é um recorte da produção espanhola e uma evidência das relações com as produções brasileiras, apesar das mais óbvias diferenças entre as duas realidades. Segundo a curadora da mostra, Lorena Martínez, “não se trata de mostrar características próprias de um país, mas sim de confrontar diferentes interpretações forjadas nos universos dos próprios artistas com as interpretações dos espectadores e suas diferentes realidades”. não perca De terça a sexta, domingos e feriados, das 12h30 às 19h. Sábados das 12h30 às 21h, até 20/11, no Museu de Arte Moderna. Entrada franca. Mais informações: (71) 3117-6139

livros Psicologia para administradores

Psicologia para Administradores – Integrando Teoria e Prática José Osmir Fiorelli, Editora Atlas, 356p. R$ 66,00

Na busca de informações sobre o assunto, administradores deparam-se com textos excessivamente teóricos, distantes do seu cotidiano. Nesta obra, o autor limita a teoria ao imprescindível, enquanto apresenta casos práticos na realidade brasileira, permitindo que o leitor se identifique com o conteúdo. Efeitos emocionais de movimentos de impacto (fusões de empresas, planos de demissão, terceirizações, tantos outros) transparecem nos exemplos do autor.

Redes sociais na internet A obra de Raquel Recuero expõe como atores sociais criam conexões e aumento seu capital social e como as redes sociais servem de ferramenta para tal. Além de entender o que é popularidade, Redes Sociais na autoridade e reputação, como flui a Internet Organização, informação nessas redes e como elas se Sistemas e Métodos diferenciam dos tradicionais meios de e as Tecnologias de comunicação. Para Recuero, a internet é Gestão Organizacional uma rede de redes, que dá abrigo a Raquel Recuero. Editora Sulina, 191p. agrupamentos sociais, sendo um fator de reestruturação da vida social. R$ 35

Bahia Indústria 34


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36  Bahia Indústria


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