Revista Bahia Indústria - Março/Abril 2011 - Ano XVII Nº 214

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Bahia Federação das Indústrias do Estado da Bahia Sistema FIEB

Interiorizar para somar Sistema Fieb lança programa que reforça atuação nas principais regiões do estado

ISSN 1679-2645

Ano XVII nº 214 Mar/abr 2011


Bahia Indústria


EDITORIAL

Desconcentrar para crescer O presidente da Fieb ao mostrar o projeto para o empresariado do oeste: “Estamos juntos para o futuro”

cláudio Foleto

Os processos de industrialização promovem necessariamente concentração espacial da riqueza? No Brasil, esta lógica dominou os primeiros anos da industrialização, ampliando a distância entre o Sudeste e o restante do país. Nos anos 60, o governo federal apostou no planejamento para reverter um pouco a tendência, com iniciativas como a criação da Sudene. Foi graças a esta estratégia que a economia baiana pôde se dinamizar nas décadas seguintes. Na mesma medida, porém, em que a Bahia encontrava seu lugar no mapa da moderna indústria brasileira, novas desigualdades se afirmavam dentro do nosso estado. E mesmo hoje – com a diversificação proporcionada pelas políticas de atração de investimentos dos últimos anos – a geografia da nossa produção industrial ainda está longe de permitir a distribuição da riqueza que o Estado precisa. O cenário é confirmado pelas estatísticas. Atualmente, a Região Metropolitana de Salvador e o Recôncavo detêm, juntos, nada menos que 60% do PIB industrial do estado. Já a região 0este, por exemplo, abrange 23 municípios e ocupa 20% do território baiano, mas responde apenas por 5,4% do PIB. As consequências negativas da concentração são inúmeras. Sem investimentos que permitam a exploração de seu potencial, os municípios vêem seu crescimento estancar. Na ausência de centros urbanos de médio porte atraentes, a população migra de firma maciça para a capital e seu entorno; que sofrem os efeitos perversos do inchaço populacional. Equilibrar o ritmo de crescimento econômico entre as diferentes regiões do Estado é, portanto, uma meta essencial na busca pelo desenvolvimento sustentável. E foi este diagnóstico que levou o Sistema Fieb a lançar o Programa de Interiorização da Indústria. O objetivo é contribuir para tornar áreas estratégicas da Bahia mais atrativas e competitivas, estimulando as indústrias a permanecer e se perpetuar nestas regiões. O caminho para a interiorização tem grandes desafios a superar, que dependem necessariamente de ações do setor público. Mas o Sistema Fieb compreende que a iniciativa privada tem um papel importante a cumprir nesta tarefa. O recado dado pelo presidente da entidade aos empresários do oeste baiano é claro. “Não pretendemos trazer soluções prontas. O futuro é de quem se mostrar competente. E estamos juntos para o futuro.”

Hoje, a Região Metropolitana de Salvador e o Recôncavo detêm, juntos, nada menos que 60% do PIB industrial do estado. Já a região oeste, por exemplo, abrange 23 municípios e ocupa 20% do território baiano, mas responde apenas por 5,4% do PIB


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Indústria: 71 3343-1418 @Núcleo de Saúde e Segurança do Trabalho 71 3205-1887 @Retiro: 71 3234-8200 @Rio Vermelho Teatro SESI – 71 3334-6800 @Camaçari - Casa do Trabalhador -71 36217595 @Candeias: 71 3601-2013 @Feira de Santana – 75 3602-9700 @Ilhéus -73 3639-9332 @Juazeiro - 74 2102-7114 @Simões Filho - 71 3296-9300 @Valença - 75 3641-3040 @Vitória da Conquista - 77 3422-2939

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CIEB - Centro das Indústrias do Estado da Bahia Sede - 71 3343-1214

Bahia Indústria

FIEB

CIEB

Presidente José de Freitas Mascarenhas. 1º Vice-

Diretor-Presidente José de Freitas Mascarenhas.

presidente: Victor Fernando Ollero Ventin. Vice-

Vice-Presidentes Elio Luiz Regis de Sousa; Irundi Sampaio Edelweiss; Marco Aurélio Luiz Martins. Diretores Titulares Carlos Antônio Borges Cohim Silva; Clovis Torres Junior; Fernando Elias Salamoni Cassis; José Carlos Boulhosa Baqueiro; Luís Fernando Galvão de Almeida; Luiz Antunes Athayde Andrade Nery; Marconi Andraos Oliveira; Mauro Luiz Barbato; Roberto Fiamenghi; Rogelio Golfarb; Ronaldo Marquez Alcântara; Sergio Roberto Cardoso Porto Diretores Suplentes Davidson de Magalhães Santos; Erwin Reis Coelho de Araujo; Givaldo Alves Sobrinho; Heitor Morais Lima; João de Teive e Argollo; João Ricardo de Aquino; Jorge Robledo de Oliveira Chiachio; José Luiz Poças Leitão Filho; Maria Luiza de Sá Martins da Costa Cerqueira; Mauricio Lassmann

presidentes Carlos Gilberto Cavalcante Farias;

Emmanuel Silva Maluf; Reinaldo Dantas Sampaio; Vicente Mário Visco Mattos. Diretores Titulares Alberto Cânovas Ruiz; Antonio Ricardo Alvarez Alban; Carlos Henrique Jorge Gantois; Claudio Murilo Micheli Xavier; Eduardo Catharino Gordilho; Josair Santos Bastos; Leovegildo Oliveira De Souza; Luiz Antonio de Oliveira; Manuel Ventin Ventin; Maria Eunice de Souza Habibe; Reginaldo Rossi; Ricardo Mendes Prado; Sérgio Pedreira de Oliveira Souza; Wilson Galvão Andrade. Diretores Suplentes Adalberto de Souza Coelho; Alex Pelagio Gonçalves Portela Júnior; André Régis Andrade; Carlos Alberto Matos Vieira Lima; Ruan José Rosário Lorenzo; Marcos Galindo Pereira Lopes; Mário Augusto Rocha Pithon; Noêmia Pinto de Almeida Daltro; Paulo José Cintra Santos; Ricardo de Agostini Lagoeiro

SESI Presidente do Conselho e Diretor Regional José

conselhos Conselho de Economia Marcos de Meirelles Fon-

seca; Conselho para o Desenvolvimento Empresarial Estratégico Clóvis Torres Júnior; Conselho de Assuntos Fiscais e Tributários Cláudio Murilo Micheli Xavier; Conselho de Comércio Exterior Reinaldo Dantas Sampaio; Conselho da Micro e Pequena Empresa Industrial Carlos Henrique Jorge Gantois; Conselho de Infraestrutura Marcos Galindo Pereira Lopes; Conselho de Meio Ambiente Irundi Sampaio Edelweiss; Comitê de Petróleo e Gás Eduardo Rappel; Conselho de Tecnologia e Competitividade Antonio Hailton Miranda da Costa;

de Freitas Mascarenhas. Superintendente Manoelito Souza

SENAI

Bahia

Editada pela Superintendência de Comunicação Institucional do Sistema Fieb Conselho Editorial Irundi Edelweiss, Maurício Castro, Cleber Borges e Mônica Mello. Editor Cleber Borges. Estagiário Fábio Araújo. Projeto Gráfico e Diagramação Ana Clélia Rebouças. Ilustração Gentil. Infografia Bamboo Editora. Tratamento de imagem Marcelo Campos. Impressão Stilo Gráfica e Editora

FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DA BAHIA Rua Edístio Pondé, 342 – Stiep, CEP.: 41770-395 / Fone: 71 3343-1280 / www.fieb.org.br/ bahiaindustria

Presidente do Conselho José de Freitas Masca-

renhas. Diretor Regional: Gustavo Sales

As opiniões contidas em artigos assinados não refletem necessariamente o pensamento da FIEB.

IEL Presidente do Conselho e Diretor Regional José

de Freitas Mascarenhas. Superintendente Armando da Costa Neto

Filiada à

Conselho de Responsabilidade Social Empresarial Marconi Andraos Oliveira; Conselho de Rela-

Diretor Executivo do Sistema FIEB

ções Trabalhistas Homero Ruben Rocha Arandas

Roberto de Miranda Musser

Sindicatos filiados à FIEB Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado da Bahia, sindicatos@fieb.org.br / Sindicato da Indústria de Fiação e Tecelagem no Estado da Bahia, sindicatos@fieb.org.br / Sindicato da Indústria do Fumo no Estado da Bahia, sinditabaco@fieb.org. br / Sindicato da Indústria do Curtimento de Couros e Peles no Estado da Bahia, sindicatos@fieb.org.br / Sindicato da Indústria do Vestuário de Salvador, Lauro de Freitas, Simões Filho, Candeias, Camaçari, Dias D’ávila e Santo Amaro, sindvest@fieb.org. br / Sindicato das Indústrias Gráficas do Estado da Bahia, sigeb@terra.com.br / Sindicato da Indústria de Extração de Óleos Vegetais e Animais e de Produtos de Cacau e Balas no Estado da Bahia, sindicatos@fieb.org.br / Sindicato da Indústria da Cerveja e de Bebidas em Geral no Estado da Bahia, sindcerbe@bol.com.br / Sindicato das Indústrias do Papel, Celulose, Papelão, Pasta de Madeira para Papel e Artefatos de Papel e Papelão no Estado da Bahia, sindpacel@hotmail.com / Sindicato das Indústrias do Trigo, Milho, Mandioca e de Massas Alimentícias e de Biscoitos no Estado da Bahia, sindicatos@fieb.org.br / Sindicato da Indústria de Mineração de Calcário, Cal e Gesso do Estado da Bahia, sindicalba@fieb.org.br / Sindicato da Indústria da Construção do Estado da Bahia, secretaria@sinduscon-ba.com.br / Sindicato da Indústria de Calçados, seus Componentes e Artefatos no Estado da Bahia, sindicatos@fieb.org.br / Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico do Estado da Bahia, simmeb@uol.com.br / Sindicato das Indústrias de Cerâmica e Olaria do Estado da Bahia, sindicerba@ig.com.br / Sindicato das Indústrias de Sabões, Detergentes e Produtos de Limpeza em geral e Velas do Estado da Bahia, sindicatos@fieb.org.br / Sindicato das Indústrias de Serrarias, Carpintarias, Tanoarias e Marcenarias de Salvador, Simões Filho, Lauro de Freitas, Camaçari, Dias D’ávila, Sto. Antônio de Jesus, Feira de Santana e Valença, sindicatos@fieb.org.br / Sindicato das Indústrias de Fibras Vegetais no Estado da Bahia, sindicatos@fieb.org.br / Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria da Cidade do Salvador, sindpanssa@uol.com.br / Sindicato da Indústria de Produtos Químicos, Petroquímicos e Resinas Sintéticas do Estado da Bahia, sinpeq@coficpolo.com.br / Sindicato da Indústria de Material Plástico do Estado da Bahia, sindiplasba@sindiplasba.org.br / Sindicato da Indústria de Produtos de Cimento no Estado da Bahia, sinprocimba@fieb.org.br / Sindicato da Indústria de Mineração de Pedra Britada do Estado da Bahia, sindbrit@svn.com.br / Sindicato das Indústrias de Produtos Químicos para Fins Industriais e de Produtos Farmacêuticos do Estado da Bahia, adm@quimbahia.com.br / Sindicato da Indústria de Mármores, Granitos e Similares do Estado da Bahia, sindicatos@fieb.org.br / Sindicato da Indústria Alimentar de Congelados, Sorvetes, Sucos, Concentrados e Liofilizados do Estado da Bahia, sindicatos@fieb.org.br / Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Estado da Bahia, sindicatos@fieb.org.br / Sindicato da Indústria do Vestuário da Região de Feira de Santana, sindvest@sindvestbahia. com.br / Sindicato da Indústria do Mobiliário do Estado da Bahia, moveba@fieb.org.br / Sindicato da Indústria de Refrigeração, Aquecimento e Tratamento de Ar do Estado da Bahia, sindratar@veloxmail.com.br / Sindicato das Indústrias de Construção Civil de Itabuna e Ilhéus, valmirsb@yahoo.com.br / Sindicato das Indústrias de Café do Estado da Bahia, sindicatos@fieb.org.br / Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados do Estado da Bahia, sindileite@fieb.org.br / Sindicato das Indústrias de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos, Computadores, Informática e Similares dos Municípios de Ilhéus e Itabuna, sinec@sinec.org. br / Sindicato das Indústrias de Construção de Sistemas de Telecomunicações do Estado da Bahia, anaelisabete@telenge.com.br / Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Feira de Santana, simmefs@simmefs.com.br / Sindicato das Indústrias de Reparação de Veículos e Acessórios do Estado da Bahia, sindirepaba@sindirepabahia.com.br / Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores, sindipecas@sindipecas.org.br / Sindicato das Indústrias de Fibras Vegetais no Estado da Bahia, sindicatos@fieb.org.br / Sindicato das Indústrias de Cosméticos e de Perfumaria do Estado da Bahia, sindcosmetic@fieb.org.br / Sindicato das Indústrias de Artefatos de Plásticos, Borrachas, Têxteis, Produtos Médicos Hospitalares, sindiplasf@fieb.org.br


sumário mar/abr 2011

18 Rumo ao interior Oeste é a primeira região do estado a receber o Programa de Interiorização lançado pelo Sistema Fieb

Ilustração: Gentil

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Iracema chequer

16 haroldo abrantes

12 haroldo abrantes

artur ikishima

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Moisés Sales

Cimatec 2013

UMA PEDRA NO CAMINHO DA INDÚSTRIA DE PETRÓLEO E GÁS

QUANDO O TRABALHO É PASSAPORTE PARA A AUTOESTIMA

Uma conversa sobre energia com o diretorpresidente da Coelba

O futuro da unidade, com a retomada das obras de ampliação

Na esteira da descoberta do pré-sal, a Petrobras anuncia investimentos elevados para os próximos anos. Mas o mercado nacional sofre com a carência de pessoal qualificado

Como o projeto ViraVida – desenvolvido pelo Conselho Nacional do Sesi – está ajudando a mudar a realidade de 120 adolescentes vítimas de exploração sexual


Entrevista  Moisés Afonso Sales Filho

“As indústrias podem despreocupar-se” Diretor-presidente da Coelba garante disponibilidade de energia para a expansão da indústria baiana e explica as razões das altas tarifas do setor Por Bárbara Assis fotos Artur Ikishima

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atural do município baiano de Catu, o engenheiro eletricista Moisés Afonso Sales Filho, 55 anos, é diretor-presidente da Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia, onde ingressou em 1976, como estagiário, e assumiu a presidência em julho de 2003. Em 35 anos de empresa, atuou em diversas áreas, na capital e interior da Bahia. Gerenciou o Centro Regional de Feira de Santana e o Departamento de Produção e Transmissão de Energia e coordenou as gerências regionais. Moisés Sales desempenhou ainda a função de diretor de Engenharia. Em julho de 1997, após a privatização da empresa, assumiu a Diretoria de Gestão de Ativos e, em janeiro de 2001, a Vice-presidência.

A energia é um insumo importante para o setor industrial e fator decisivo na atração de novos empreendimentos. Quais são as prioridades do Plano de Ação da Coelba para 2011? A Coelba tem duas grandes prioridades no plano de investimentos. Uma é atender às novas demandas de energia; novas residências, indústrias, o boom da construção civil e a área rural. O segundo grande foco é a melhoria da qualidade do serviço. Nossa preocupação é fazer vários investimentos para, cada vez mais, melhorar a qualidade do serviço para quem já tem energia. Os investimentos da Coelba para 2011 atendem às áreas de expansão do estado, como o Oeste? A Coelba atende toda a Bahia, com exceção dos municípios de Jandaira e Rio Real, localizados no Nordeste do estado, na divisa com Sergipe. Os nossos investimentos estão orçados para atender toda a demanda de crescimento da Bahia. Temos obras em todo o estado e cada região com algumas demandas especificas. Em Salvador, sem dúvida, a maior demanda está concentrada na indústria da construção. Estamos construindo uma subestação nova no bairro de Patamares, que vai reforçar o crescimento da Avenida Paralela. Há naquela região duas subestações e vamos construir uma terceira. Ainda em Salvador, está sendo construída

Bahia Indústria


Bahia Indústria


Entrevista  Moisés Afonso Sales Filho uma subestação no Retiro, tendo em vista o crescimento da construção civil e grandes empreendimentos que estão chegando ao Acesso Norte. No oeste baiano, nos preocupamos com a agroindústria. Temos novas subestações em Luís Eduardo Magalhaes, São Desidério, e vamos começar uma grande obra, especificamente um investimento de mais de R$ 40 milhões na região de Formosa do Rio Preto, passando pela fronteira com Tocantins, onde há um grande crescimento agrícola. Serão construídas diversas linhas e subestações naquela região. A Agência Nacional de Energia Elétrica Aneel estipula limite de investimento para as concessionárias. O total de R$ 1,3 bilhão é suficiente para atender à demanda de expansão no estado? Para atender à demanda, sim. Nós não vamos deixar de atender nenhuma nova grande demanda por causa da limitação. Este limite estabelece um período mais longo para o atendimento de determinadas demandas, a exemplo da eletrificação rural. Na zona rural, temos uma demanda muito grande. Já ligamos em torno de 430 mil domicílios e devemos chegar este ano a 500 mil. Ainda há um excedente de mais de 250 mil domicílios a ligar. Na eletrificação rural, estimamos investir R$ 2,5 bilhões aproximadamente, ou mais, e não dá para fazer isso de uma vez. Primeiro porque não temos capacidade de execução e para que se fizesse de uma vez, ao tempo em que a carga é pequena, a pressão na tarifa seria muito alta. Dessa forma, a Aneel estabelece um prazo mais longo e limita os recursos a serem aplicados para execução naquele período. Não existe limitação de investimento por parte da Coelba para atendimento às demandas da indústria, desde que sejamos procurados com antecedência. O industrial não pode tomar a decisão de fazer um empreendimento, não avisar à Coelba e pedir ligação elétrica no dia em que ele estiver pronto, pois   Bahia Indústria

pode ser que não tenhamos uma reserva para atender e, desta forma, seja necessário a concessionária fazer uma obra. Eu não tenho problema de recursos e investimentos, mas vou precisar de prazo. Na Paralela, todos veem a quantidade de novas construções que estão acontecendo e muitos dos construtores nos procuraram. Estamos ampliando algumas subestações, fazendo uma subestação nova e pensando em uma outra na região do Imbuí. Isso ocorre porque o pessoal nos procurou com antecedência. Nós conseguimos planejar e fazer.

Não existe limitação de investimento por parte da Coelba para atendimento à indústria, desde que esta nos procure com antecedência

Em quanto tempo a Coelba consegue se planejar para atender a um pedido de instalação ou ampliação de rede elétrica? Dependendo do tamanho da indústria, posso falar em um ano e meio, dois anos, até porque ninguém monta uma indústria da uma hora para outra. Podemos citar o caso da Ferrovia Oeste-Leste. Com o projeto da ferrovia, já há indústrias que se preparam para se instalar naquela região, a exemplo da Bahia Mineração, com a qual já estamos conversando há mais de um ano. A Bamin começou a planejar sua instalação, pois vai demandar muita energia. Estamos discutindo as alternativas e soluções para que a instalação se dê paralelamente à nossa atuação. Ela vai montar o canteiro de obras, a primeira fase da indústria, e vai ter energia. Nós sabemos que a Ferrovia Oeste-Leste vai chegar a Ilhéus; ninguém nos procurou até o momento para falar de uma demanda de energia especifica, mas a própria notícia da construção da ferrovia e do Porto Sul vai atrair uma série de indústrias para aquela localidade. Entendemos que haverá uma grande demanda, iniciamos o projeto de licenciamento ambiental para construir a segunda linha de transmissão que vai chegar a Ilhéus. Quando ficamos sabendo que o governo da Bahia decidiu melhorar o acesso para Itacaré, fizemos uma segunda linha e uma subestação na região de Barra Grande. Quando a estrada ficou pronta, nós estávamos com a subestação e a linha, porque não era uma indústria específica, um hotel específico, sabíamos que a estrada por si só atrairia muito mais turistas e investimentos na região. Mas isso não invalida que as pessoas procurem a Coelba. Um estudo revelou a elevação do custo da energia entre 2001 e 2009 para as indústrias. Por que o custo da energia é tão alto no Brasil? Uma das questões que podem diferenciar o Brasil dos outros países é a carga tributária. Aqui, metade da conta de energia é de impostos e encargos. Acho que isso, por si só, já explica uma boa diferença de custo entre o Brasil e outros países. Além disso, muitos dos países do primeiro mundo já estão com a rede elétrica estabelecida e, assim, não demandam tanto investimento. Em especial na zona rural, faz-se muito investimento com pouco consumo. À medida em que os investimentos vão diminuindo


e o consumo aumenta, eu vou ter mais kW/h para dividir a tarifa. Ela não vai parar de crescer, mas tende a crescer menos. Em dezembro de 2010, foi decidido pela permanência de dois grandes encargos previstos para serem extintos: RGR (Reserva Global de Reversão) e a CCC (Conta de Consumo de Combustível), que impulsionam a tarifa. Exemplificando, a Coelba fica com 30% do valor da conta de energia, 50% são destinados aos impostos e encargos, 20% à geração e transmissão da energia. A Bahia não participa do horário de verão e um dos motivos alegados é a pouca economia que consegue na região Nordeste. Como a Coelba vê essa decisão? A rede da Coelba consegue atender com ou sem horário de verão. Essa é uma decisão do governo federal e a Coelba não tem problema quanto à decisão. Eu considero bom ter o horário de verão, por menor que seja a redução de consumo, apesar do sacrifício da população, que muitas vezes acaba acordando mais cedo. A Bahia é menor que o Sul e o Centro-Oeste, mas, por menor que seja o percentual de redução de consumo, sempre vale a pena ter qualquer ação que contribua para esta redução. A Coelba prevê investimento em outras

Fazemos parte do Neoenergia, maior grupo de energia do Brasil em número de consumidores, com atuação e distribuição na Bahia, Pernambuco e Rio Grande do Norte e geração em quase todas as regiões do país

fontes de energia renováveis? Não. A Coelba só pode investir na distribuição de energia. Ou seja, eu compro energia e vendo no varejo. Já a Neoenergia, dona da Coelba, pode e está investindo em outras fontes de energia renováveis. Recentemente, na Bahia, ela participou de um leilão e vai construir uma usina eólica no oeste do estado e concluiu a instalação da usina hidroelétrica também no oeste. A experiência da Coelba com energia renovável está voltada para domicílios da zona rural, muito isolados, ao colocar placa solar, inicialmente para iluminação, embora estejamos testando com as geladeiras de consumo mais baixo. Vamos observar se é compatível o

consumo com essas placas solares, uma experiência para atender ao nosso programa de eletrificação rural. E o setor industrial deve se preocupar com as demandas de expansão de energia? Os industriais podem ficar despreocupados com relação à disponibilidade de energia para o atendimento das suas atuais e futuras unidades. Fazemos parte do Neoenergia, maior grupo de energia do Brasil em número de consumidores, com atuação e distribuição na Bahia, Pernambuco e Rio Grande do Norte, com geração em quase todas as regiões do país e capacidade de investimento para qualquer necessidade. Em relação à preocupação bem legítima na demanda da tarifa, o nosso grupo tem uma série de produtos que podem ajudar os industriais a terem a melhor tarifa possível. Temos um grupo de técnicos e engenheiros, pessoas preparadas para dar consultoria e suporte à indústria e ajudá-la a encontrar a tarifa adequada de acordo com o negócio. Para assegurar a qualidade do fornecimento, estamos investindo e parte dessas obras é para melhorar a confiabilidade, trazendo novas tecnologias, investindo em automação e buscando melhorar a qualidade. Estamos à disposição do setor industrial para buscar soluções de acordo com a necessidade específica de cada um. [bi] Bahia Indústria


sindicatos haroldo abrantes

Os resultados de uma pesquisa realizada pela Vox Populi contradizem a posição da Anvisa sobre a proibição do uso de aditivos e flavorizantes na produção de cigarrilhas. A agência alega que as substâncias de aroma e sabor incentivam o consumo de cigarros entre os jovens. Dados da pesquisa mostram que na região Nordeste apenas 1,5% dos entrevistados consome cigarrilhas aromatizadas. Contradições à parte, o presidente do Sindicato das Indústrias de Tabaco do Estado da Bahia, Ricardo Becker, está preocupado com o impacto que a medida da Anvisa trará para as indústrias do setor.

Sindicato de papel sob nova direção “Um novo momento”. É desta forma que Jorge Cajazeira define os próximos quatro anos que estará à frente da gestão do Sindicato das Indústrias do Papel, Celulose, Papelão, Pasta de Madeira de Papel e Artefatos de papel e papelão do Estado da Bahia (Sindpacel). A atenção às questões ambientais, com o incentivo ao plantio responsável e à preservação das florestas nativas, está na lista de prioridades do novo presidente. Neste período (2011-2015), Cajazeira promete buscar o equilíbrio entre desenvolvimento e meio ambiente, buscando soluções para problemas que afetam o segmento industrial, como o furto de madeira, a atuação de empresas clandestinas e a utilização de mão de obra ilegal. Aproximar as empresas do setor e o poder público é também uma das metas da sua gestão. O setor de papel e celulose tem expressiva representatividade econômica no estado. Entre as dez maiores empresas exportadoras do setor, três estão localizadas na Bahia.

Saúde e prevenção no Sindvest O Sesi está estendendo a oferta dos seus serviços de saúde e segurança no trabalho às empresas do setor do vestuário. Um convênio firmado entre a entidade do Sistema Fieb e o Sindicato das Indústrias do Vestuário - Sindvest vai viabilizar a realização nas empresas associadas dos Programas de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) e de Condições e Meio Ambiente de Trabalho (PCMAT). Para Eunice Habibe, presidente do Sindvest, a ação irá contribuir para a saúde e melhoria da qualidade de vida dos colaboradores deste segmento industrial.

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Bahia Indústria

Cigarrilhas aromatizadas

Jorge Cajazeira, do Sindpacel: prioridade para as questões ambientais

Linhas de crédito para indústrias de cimento Empresas associadas ao Sindicato da Indústria de Produtos de Cimento no Estado da Bahia – Sinprocim podem contar com as linhas de crédito da Agência de Fomento do Estado da Bahia. O presidente da Desenbahia, Luiz Alberto Petitinga, comprometeuse em apoiar as empresas deste segmento e buscar linhas com ações para atender às especificidades do setor.

O futuro das fibras Wilson Andrade, presidente do Sindifibras, participou no mês de março do encontro mundial de fibras naturais promovido pela International Natural Fibres Association, na Malásia. No encontro, que reuniu produtores e consumidores de fibras de todo o mundo, foram discutidos temas como a sustentabilidade das fibras naturais nos próximos 20 anos.


circuito

por cleber borges

Petrobras amplia oferta de gás natural Distante do posicionamento de quatro anos atrás, quando chegou a inibir o consumo de gás natural, a Petrobras pensa em criar novos mercados para a oferta excedente de 20 milhões de m³/dia, que será gerada este ano. Entre as medidas em estudo para equilibrar oferta e demanda, está a redução do volume importado da Bolívia e a suspensão de importações de gás natural liquefeito (GNL). A diretora de Gás e Energia da Petrobras, Graça Foster, revela que a oferta de gás nacional em 2011 deverá saltar para até 49 milhões de m³/dia, ante os 29 milhões de m³/dia médios de 2010, devido, principalmente, à entrada em produção do Sistema de Mexilhão, na Bacia de Santos, e do vizinho Uruguá-Tambaú. “Demanda, a gente vai criar”, diz a diretora. No ano passado, o gás nacional participou com 46,4% da oferta de 61,5 milhões de m 3 diários.

“O problema com esse país é que há muitas pessoas dizendo: “O problema com esse país é...” Sinclair Lewis (18851951), escritor e crítico social norte-americano, em referência ao seu país que pode se aplicar ao Brasil

Nota técnica sobre tarifa de energia elétrica

Governo muda local do Porto Sul

A elevada carga tributária é o fator que mais contribui para o alto custo da energia elétrica no Brasil. Face à relevância do tema, a Superintendência de Desenvolvimento Industrial do Sistema Fieb elaborou nota técnica baseada em informações de tarifas residenciais, onde verifica que a Coelba pratica tarifas intermediárias superiores às da Celpe (PE) e CPFL (SP), mas inferiores às da Coelce (CE) e Cemig (MG). Quanto à carga tributária, incidem na conta de energia 23 tipos de impostos e 13 tipos de encargos que significavam, em 2002, quase 36% da tarifa de energia elétrica no país e 45% em 2008. O Sistema Fieb defende, no âmbito da CNI, medidas de desoneração da conta de energia , a exemplo da exclusão do PIS/Pasep e da Cofins e redução gradual do ICMS.

O governo do estado decidiu mudar o local de implantação do Porto Sul, que continuará no município de Ilhéus, por conta do principal entrave para o início das obras de construção: a licença ambiental. O Diário Oficial de 12 de abril contém o decreto de desapropriação da nova área, com 48 milhões de metros quadrados, na localidade de Aritaguá, à margem litorânea da BA-001. O governo aponta um “aprofundamento dos estudos de impacto ambiental” como principal motivo da mudança que, em tese, demandará menor desmatamento da floresta nativa e melhor preservação do ecossistema litorâneo. A mudança não deverá trazer alterações significativas para o projeto da Ferrovia Oeste-Leste, pois o novo porto ficará a menos de 10 quilômetros do local anterior.

Irregularidades nos bens chineses Para driblar o controle brasileiro de defesa comercial, que avalia práticas ilegais em importados, produtos originários da China entram no Brasil por triangulação, envolvendo países como Vietnã e Filipinas. Isso afeta o trabalho dos fiscais, que, no Brasil, são em pequeno número. O principal canal de entrada de bens chineses no Brasil é o porto de Santos. Em 2010, de US$ 25,6 bilhões em importações daquele país, 28% entraram pelo complexo santista, 10,4% pelo aeroporto de Viracopos e 10% pelo porto de Itajaí. Segundo o inspetor da alfândega do porto de Santos, José Antonio Mendes, as principais irregularidades verificadas nos produtos da China são o subfaturamento e a contrafação (pirataria).

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De volta ao futuro Decisão do IBAMA abre caminho para a retomada das obras de ampliação que vão transformar o Cimatec, até 2013, em um centro de referência internacional Por Emília valente Fotos haroldo abrantes

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quipamentos de última geração, técnicos e profissionais qualificados, um portfólio amplo de cursos e serviços voltados para atender às demandas da indústria. Tudo isso já faz do Senai Cimatec hoje um dos mais importantes centros tecnológicos e de qualificação profissional do país. Nos próximos meses, porém, a Fieb planeja dar o pontapé inicial para a retomada de um projeto de ampliação que irá permitir à unidade alcançar um patamar de excelência ainda mais avançado. Resultado de investimentos estimados inicialmente em R$ 53 milhões, as obras de expansão vão transformar o Cimatec, até 2013, em um centro de referência de porte internacional. O passo decisivo para esta guinada em direção ao futuro foi dado no último mês de abril, com a decisão da Superintendência na Bahia do Ibama – Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis de suspender o embargo 12  Bahia Indústria

Nossa expectativa em relação à ampliação do Cimatec é grande. Teremos mais conforto e espaço para as atividades, o que vai beneficiar muito os alunos.” Camila Oliveira é aluna do curso superior tecnológico em Processos Gerenciais

que mantinha as obras de ampliação do Cimatec paralisadas desde fevereiro de 2009. Os serviços no terreno da Av. Orlando Gomes, no bairro de Piatã, em Salvador, haviam sido iniciados em maio de 2008, com o aval dos diversos órgãos municipais competentes: Sucom, Superintendência de Meio Ambiente (SMA) e Superintendência de Parques e Jardins (SPJ). Mesmo assim, nove meses depois o Ibama optou por embargar a obra, o que gerou um prejuízo estimado em R$ 5 milhões. Agora, a suspensão do embargo representa um sinal verde para o reinício dos serviços. O primeiro passo será a realização de um Plano de Recuperação de Área Degradada numa área de bota-fora vizinha ao Cimatec que, com a paralisação, ficou exposta ao sol e à chuva por dois anos. Além disso, a retomada das obras de terraplenagem aguarda a renovação da autorização pela Sucom - Superintendência de Controle e Ordenamento


do Uso do Solo do Município As perspectivas em relação à iniciativa são promissoras. “O projeto de expansão vai intensificar a nossa atuação em duas áreas de grande impacto para a atividade do Senai: a Conformação Mecânica e a Logística”, informa o diretor regional do Senai Bahia Gustavo Sales. “O projeto representa um crescimento não só em termos quantitativos; ele vai nos oferecer condições para atender melhor às demandas das várias cadeias produtivas, com soluções globais mais sistêmicas e integradas”, completa o gerente do Cimatec, Leone Peter Correia Andrade. Único do gênero na América Latina, o Centro de Tecnologias em Conformação Mecânica irá reunir todos os processos de transformação de metais realizados

pela indústria em um só local. O projeto foi elaborado em parceria com a Universidade de Aachen, na Alemanha, e com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS) – respectivamente, as duas instituições de ensino superior

Maquete com os novos prédios do Cimatec

e pesquisa que são hoje referência nesta área no Brasil e no mundo. Além de fortalecer a oferta local de mão de obra especializada, o novo centro irá desenvolver produtos e soluções com impacto em praticamente todos os setores industriais,

A expansão vai nos possibilitar atender à demanda crescente pela formação profissional que oferecemos à sociedade, pautada pela qualidade e atualizada com as tendências do mercado de trabalho.” Camila de Sousa Pereira Guizzo é professora de Relações Humanas no Trabalho Bahia Indústria  13


o cimatec hoje e em 2013 área construída (em m2)

16.350 

38.107

número de alunos por ano

12.000

É muito bom ver a instituição onde estudamos ampliar sua área de atuação e ganhar reconhecimento. Tudo isso nos torna mais valorizados no mercado de trabalho.”

18.000

número de colaboradores

373 

480

número de laboratórios

56 

82

Daniel Carlos Oliveira de Jesus cursa o 5º semestre do curso de graduação em Logística

Espero que este projeto não só favoreça o desenvolvimento de novas pesquisas como incentive pessoas a obter formação profissional, principalmente na área de Conformação Mecânica.” Helaine Pereira Neves é professora de Conformação Mecânica

14  Bahia Indústria

da indústria automotiva à de componentes para computador. “Com este perfil, a existência do centro vai se transformar num interessante argumento para atrair novas indústrias para a Bahia”, acredita Gustavo Sales. Já o Centro de Tecnologias em Logística e Gestão da Produção será implantado no novo Cimatec a partir de uma parceria com o instituto de pesquisas Fraunhofer IML, de Dortmund, na Alemanha. Ali poderão ser encontradas as mais avançadas tecnologias na área de Logística em ambientes que permitirão ao estudante vivenciar na prática a realidade de um ambiente industrial. Instalado em um grande galpão, o Laboratório de Movimentação e Armazenagem de Materiais, por exemplo, terá empilhadeiras, paleteiras e os mais di-

versos equipamentos encontrados em um moderno almoxarifado. Tanto o Centro de Logística como o de Conformação Mecânica vão ocupar um prédio de mais de 5 mil metros quadrados. Além dele, as obras de ampliação prevêem a construção de um segundo prédio, com mais de 11.500 metros quadrados, onde funcionarão ambientes como biblioteca, auditório, uma praça de alimentação, salas para educação à distância e um espaço que irá qualificar Salvador a sediar feiras, congressos e outros eventos de natureza técnica. Para completar, as obras prevêem ainda a ampliação da Central de Utilidades e iniciativas que vão oferecer mais conforto e facilitar o dia-a-dia da comunidade do Cimatec como a construção de um estacionamento com edifício-garagem. [bi]


Comitê tem como foco a modernização dos portos Com a iniciativa, o Sistema Fieb posiciona-se como interlocutor privilegiado das melhorias para um sistema logístico portuário eficiente Artur Ikishima

O

cenário atual do comércio exterior baiano é preocupante. Isso porque os portos baianos apresentam altos índices de ineficiência – o de Salvador foi escolhido como o pior do país em pesquisa do Instituto de Logística e Supply Chain (Ilos) –, além da ausência de investimentos de longo prazo em infraestrutura; aspectos que juntos comprometem a competitividade da economia local. Ciente deste quadro, o Sistema Fieb recriou o Comitê de Portos, com o objetivo de desenvolver ações voltadas à melhoria do sistema portuário baiano. Para o presidente do Comitê, Reinaldo Sampaio, vice-presidente do Sistema Fieb, um programa de investimentos em modernização da infraestrutura portuária e a celeridade na concessão de prestação de serviços portuários para a iniciativa privada são prioridades na atuação do órgão. “O país continua com taxa de crescimento elevada. O comércio exterior baiano tem mantido performances significativas. Trata-se, portanto, de um quadro no qual a melhoria da infraestrutura e serviços portuários é uma questão crucial”, afirma. O comitê é composto por representantes do setor industrial (institucional e empresarial) que tenham uma visão estratégica da

logística portuária e de organismos dos governos estadual e federal de diversas instâncias que tenham atuação junto aos portos. A recriação do comitê coloca o Sistema Fieb como interlocutor privilegiado das melhorias necessárias a um sistema logístico portuário eficiente. Reinaldo Sampaio lembra que no ano 2000 aconteceu a última concessão feita na Bahia para a implantação de um terminal de contêineres, que “já nasceu com dimensões insuficientes de área, berço e calado”. O Comitê de Modernização dos Portos do Sistema Fieb teve uma atuação destacada na década

Para Reinaldo Sampaio, melhoria da infraestrutura é crucial

de 1990. Graças às suas ações, a Bahia foi pioneira na implantação das novas práticas que a Lei de Modernização de Portos determinava. Havia, em meados dos anos 1990, práticas nas relações trabalhistas incompatíveis com os mínimos princípios de produtividade e competitividade. Com a criação do Órgão Gestor da Mão de Obra (Ogmo), previsto na Lei, o Comitê conseguiu romper, por exemplo, com a composição de equipes com muito mais trabalhadores do que o necessário para a tarefa a ser realizada, o que geraria um impacto negativo no custo dos serviços portuários do estado. [bi] Bahia Indústria  15


Carência de profissionais qualificados é hoje um dos maiores desafios do setor de Petróleo e Gás, que deve receber investimentos elevados nos próximos anos Por Emília Valente e Mônica Mello

iracema chequer

Procura-se mão de obra

O

momento é de expansão para o setor de Petróleo e Gás. Na esteira da descoberta das reservas da camada pré-sal – uma faixa que se estende por 800 quilômetros do Espírito Santos a Santa Catarina – os anúncios de investimentos no setor alcançaram cifras elevadas. Em seu último Plano de Negócio, divulgado em 2010, a Petrobras informava a intenção de, em cinco anos, elevar as suas reservas de 15 para 36 bilhões de barris, com investimentos da ordem de US$ 250 bilhões. O crescimento traz desafios quase tão gigantescos quanto o volume estimado das reservas. É preciso, por exemplo, buscar soluções tecnológicas economicamente viáveis e de baixo impacto ambiental. Mas a questão que deve mobilizar a atenção do setor nos próximos anos pode ser resumida em poucas palavras: falta de pessoal qualificado. “Calcula-se que haja uma carência de 212 mil trabalhadores no Brasil para fazer frente aos investimentos previstos para o setor até 2014”, informa o gerente da área de Petróleo e Gás do Senai Cetind, Marcelo Fábio Gomes Soares. A mão de obra mais cobiçada é formada por profissionais de nível médio: técnicos em petróleo e gás, plataformistas, operadores de sonda, técnicos em mecânica e eletromecânica, caldeireiros, pintores e uma variedade de trabalhadores especializados na construção e montagem de plataformas e equipamentos industriais. “Por muito

Na Sonda Escola, Senai Cetind forma equipes para serviços de exploração e produção 16  Bahia Indústria


Haroldo abrantes

tempo, houve uma estagnação dos investimentos no setor e o resultado é que hoje boa parte dos profissionais com experiência está aposentado ou se aposentando”, explica. Os números citados por Marcelo Fábio são de um levantamento elaborado pelo Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (Prominp). O programa criado pelo governo Lula em 2003 já qualificou 78 mil pessoas em 15 estados brasileiros, a grande maioria delas em parce-

Calcula-se que haja uma carência de 212 mil trabalhadores no Brasil para fazer frente aos investimentos previstos para o setor até 2014

Marcelo Soares, gerente da área de Petróleo e Gás do Senai Cetind

ria com o Senai. Neste cenário, a Bahia tem uma participação significativa. “Nos cursos para operador de sonda do programa, por exemplo, somos hoje o estado com o maior número de vagas, com 600”, conta Marcelo Fábio. Além dos cursos do Promimp, o Senai/ Cetind oferece uma gama ampla de treinamentos para profissionais do setor de Petróleo e Gás, já tendo qualificado mais de 1.500 pessoas em Salvador e no interior do estado. Uma das vertentes importantes da atuação da entidade é a qualificação de pessoal para o setor de Exploração e Produção na Sonda Escola, um centro de treinamento montado em parceria com a Petrobras onde podem ser encontrados equipamentos como uma sonda didática e até uma torre para trabalhos de resgate. Apesar de não contar com reservas do pré-sal em seu território, a Bahia, como pioneira na produção e extração de petróleo no Brasil, tem uma tradição de fornecer profissionais para o setor. “Muitos trabalhadores que hoje atuam na Bacia de Campos e em outras áreas de produção do sudeste vieram daqui”, revela. Além disso, os investimentos previstos para a nossa região também não são desprezíveis. Em uma visita a Salvador, no último mês de março, o presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli confirmou que a estatal pretende direcionar para a Bahia cerca de US$ 5 bilhões (R$ 8,5 bilhões) até 2014. Entre as iniciativas previstas, estão a modernização da Refinaria Landulpho Alves (Rlam), o desenvolvimento de produção em campos terrestres e no mar e a montagem de atividades de construção naval.

Jéssica Souza, da Perbras: quebrando paradigmas

Presença feminina nas plataformas As mulheres estão ganhando espaço no setor de petróleo e gás. Com mais de 30 anos no mercado de sondas de produção on shore e off shore, a empresa Perbras, sediada em Catu, na Bahia, formou – a partir de uma parceria com o Senai Cetind – uma turma de auxiliares de operação em sonda de perfuração formada exclusivamente por mulheres. A iniciativa surgiu em razão do desempenho de duas pioneiras. Formadas pelo Senai Cetind e efetivadas pela empresa, Jéssica Souza e Ana Paula Portugal quebraram o paradigma de que a atividade era domínio do sexo masculino. Segundo o gerente da Perbras, Marcílio Dantas, a presença das jovens levou a melhorias na comunicação e relações interpessoais das equipes. “Enfrentei muito preconceito dos rapazes. Hoje, me olham diferente, com respeito”, comenta Ana Paula. Do início como auxiliar de operadora de sonda, ela passou a plataformista, mas quer ir muito mais longe. Quer chegar a supervisora. “Minha mãe diz que eu sou ‘retada’. Eu digo que sou decidida. Vou chegar lá”, garante. Alguém duvida? [bi]

iracema chequer

Bahia Indústria  17


O interior na rota do

crescimento 18  Bahia IndĂşstria


Decidida a somar esforços rumo ao desenvolvimento sustentável, Fieb lança no oeste baiano o seu Programa de Interiorização da Indústria Por cleber borges FOTOS CLÁUDIO FOLETO

política de atração de investimentos para a Bahia foi relativamente bem sucedida nas últimas décadas. Mesmo sem alterar fortemente a histórica concentração da indústria nos segmentos petroquímico e de refino, houve uma relativa diversificação setorial, com a instalação do complexo automotivo Ford, de fábricas de celulose, calçados e bebidas. Além disso, fo-

ram registrados avanços importantes rumo à distribuição espacial da produção industrial, mas não na intensidade necessária à criação de riqueza para parcelas importantes da população baiana. A forte concentração espacial da indústria impede a dinamização de economias em boa parte do território baiano. A título de comparação, a Região Metropolitana de Salvador e o Recôncavo detêm, juntos, 60% do PIB indus-

Bahia Indústria  19


Equipe da Fieb no encontro com empresários de Luis Eduardo Magalhães. Ao centro (camisa rosa), prefeito Humberto Santa Cruz

trial do estado. Enquanto isso, a região oeste, que abrange 23 municípios e ocupa 20% do território baiano, responde por apenas 5,4% do PIB. Isso significa que regiões como o oeste não conseguem ter suas potencialidades plenamente exploradas o que atrapalha o desenvolvimento de centros urbanos de médio porte, capazes de frear o fluxo migratório para a capital e seu entorno. O crescimento assimétrico entre RMS/Recôncavo e as demais regiões é um dos principais desafios ao desenvolvimento sustentável da Bahia. Por essa razão, o Sistema Federação das Indústrias do Estado da Bahia formatou e lançou o Programa de Interiorização da Indústria, uma iniciativa que vem para somar esforços rumo ao desenvolvimento sustentável. O lançamento aconteceu no dia 14 de abril, nos municípios de Barreiras e Luis Eduardo Magalhães, durante encontro do presidente do Sistema Fieb, José de Freitas Mascarenhas, e de executivos da instituição com lideranças locais do 20  Bahia Indústria

empresariado e do meio político. “Fomos muito bem recebidos. Levamos os principais executivos do Sistema para prestigiar os empresários de uma área que cresce muito rapidamente”, afirmou Mascarenhas. Nos próximos meses, o programa será lançado nos municípios de Ilhéus e de Feira de Santana. Em relação a este último, a Federação das Indústrias já contratou especialista renomado para avaliar formas de aumentar a sustentabilidade do Pólo de Informática, o que acontecerá no âmbito do Projeto Decas (de estímulo ao adensamento de cadeias produtivas). O Programa de Interiorização da Indústria tem a finalidade de contribuir para melhorar as condições de atratividade e competitividade de regiões estra-

Nos próximos meses, o programa será lançado também nos municípios de Ilhéus e Feira de Santana. Uma das metas da iniciativa é ampliar o índice de cobertura dos serviços prestados às empresas locais pelo Senai, Sesi e IEL

tégicas da Bahia, estimulando, por conseguinte, a permanência e perpetuidade das indústrias nelas instaladas. Dessa forma, ao estimular o processo de descentralização industrial, com a exploração de vantagens comparativas, pretende elevar o emprego e o nível de renda das regiões. Na visão do Sistema Fieb, o processo de interiorização da indústria exige ações que extrapolam seu campo de atuação. São ações típicas do setor público, como prover infraestrutura, conceder incentivos fiscais e doar terrenos. Por essa razão, conclui, um projeto dessa natureza requer o esforço conjunto da iniciativa privada, do governo do estado (principal protagonista) e prefeituras.

METAS Com a implantação do programa, será possível alcançar duas metas estabelecidas pelo Sistema Federação das Indústrias do Estado da Bahia para estender de forma consistente sua atuação no interior do Estado. A primeira delas


é o crescimento do Valor Adicionado Bruto da Indústria (VAB – Indústria) das regiões selecionadas acima da média da Bahia, a partir do final de 2012, tendo como submeta a ampliação do emprego formal das indústrias nelas sediadas, também acima da média estadual no mesmo horizonte de trabalho. A segunda meta é alcançar, a partir do final de 2012, os percentuais projetados de atendimento às empresas das três regiões, via serviços do Serviço Social da Indústria (Sesi), Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e Instituto Euvaldo Lodi (IEL). O indicador consiste em: ampliar de 1% para 10% o índice de cobertura de serviços nas empresas instaladas na região oeste; dos atuais 12% para 20%, na região de Feira de Santana; e de 20% para 50%, na região de Ilhéus. Paralelamente, o programa espera obter um nível de satisfação de 80% em relação à ação institucional do Sistema Fieb e elevar para 15% o percentual mínimo de empresas associadas das três regiões. Para que possa atingir as metas a que se propõe, o Sistema Fieb entende que a gestão do Programa de Interiorização deve ser compartilhada entre empresários e setor público, com foco em três dimensões da competitividade: empresarial, relativo aos fatores internos da empresa (organização, planejamento e execução) que asseguram a eficácia operacional; estrutural, relativo aos aspectos do entorno da atividade empresarial (fornecedores, mão de obra qualificada, clientes qualificados, mercados, logística, meio ambiente etc), considerados determinantes para a atração e expansão de atividades industriais em uma

números das três regiões prioritárias

População (1) PIB (R$ milhões) (2) Nº de indústrias Empregos industriais

Oeste Ilhéus (23 municípios)

(3)

568.322 6.544 185 5.657

184.231 1.633 97 3.818

Feira de Santana

556.756 5.263 631 24.679

Fontes: (1) Censo IBGE 2010; (2) IBGE – 2008; (3) Guia Industrial Fieb/2010

A prefeita de Barreiras Jusmari Oliveira está otimista com o programa

região determinada; e sistêmico, que diz respeito a aspectos legais e regulatórios, dentre outros, que exercem um papel de grande influência no desempenho de uma empresa, mas que fogem a seu raio de influência. O foco de atuação nos pontos acima se desdobra em três níveis. O primeiro é a agenda de defesa de interesses, com o Sistema Fieb utilizando sua representatividade para influenciar em questões administrativas e judiciais, por exemplo, com vistas à sustentabilidade industrial, valendo-se, para tanto, de seus conselhos temáticos e da Superintendência de Relações Institucionais. Um segundo é a melhoria do

ambiente de negócios, com estímulo ao associativismo e investimentos em unidades de serviços. No caso de Ilhéus, será contratado um estudo da cadeia de informática, com a finalidade de garantir sua sustentabilidade, hoje ameaçada por incentivos que podem vir a beneficiar a Zona Franca de Manaus. Finalmente, há o nível de assistência à atividade empresarial, que contempla a implantação de ações e projetos a partir do portfólio de competências do Sesi, Senai e IEL, que visam à melhoria da produtividade e da gestão dos negócios, o que inclui a qualificação profissional, melhoria da qualidade de vida, responsabilidade socioambiental e apoio à inovação.

Bahia Indústria  21


Lançamento em uma das regiões que mais crescem Barreiras e Luis Eduardo Magalhães não foram escolhidas por acaso, pelo Sistema Fieb, para o lançamento do Programa de Interiorização da Indústria. Neste último município, por exemplo, a demanda de novas empresas industriais por terrenos é tanta que o prefeito Humberto Santa Cruz anunciou ao presidente da Fieb, José Mascarenhas, a ampliação, em 100 hectares, da área física do Distrito Industrial local. Sabe-se que 20 indústrias estão na fila à espera de terreno onde possam se implantar. Nos dois municípios, serão implantadas unidades integradas do Sesi, Senai e IEL para atender às indústrias locais nas áreas de qualificação profissional, educação de jovens e adultos, saúde e segurança no trabalho, intermediação de estágio e apoio à inovação, com mais de 4 mil m² de área construída, em terrenos com mais de 8 mil m², projetadas para futuras ampliações. Elas irão substituir os atuais núcleos. Em Barreiras, o terreno foi doado por descendentes de Antonio Balbino (1912-1992), ex-governador e senador baiano, filho ilustre daquele município. Já em Luis Eduardo Magalhães (LEM), o térreo foi doado pelo prefeito Humberto Santa Cruz. Ambos bem localizados. “Começamos pelo oeste em razão do crescimento e também 22  Bahia Indústria

de iniciativas no âmbito do poder municipal, a exemplo do Plano Diretor de Luis Eduardo Magalhães”, afirmou José Mascarenhas, durante visita àquele município, quando adiantou que a intenção é ampliar na região os serviços do Sesi, Senai e IEL, mas também defender de forma consistente os empresários em suas demandas, inclusive junto ao governo. Nesse aspecto, irá contar com o apoio do empresário Paulo Tassi, formalizado na ocasião como diretor regional do Centro das Indústrias do Estado da Bahia no oeste Cidade planejada, Luis Eduardo Magalhães tem a economia baseada nas culturas de soja e algodão,

A vinda da Fieb e sua estrutura traz boas expectativas, especialmente quanto à qualificação Neiva Jasakelski, empresária de Barreiras

totalizando 1,2 milhão de hectares plantados, cuja safra 2011 tem valor estimado de R$ 6 bilhões. Ela dispõe de atrativos, a exemplo de 6 milhões de hectares de terras intocadas, condições climáticas ideais para plantio de grãos e espaço com infraestrutura para a implantação de indústrias processadoras. Mas convive com problemas como a má qualidade da energia e limitações na área de comunicações. Essas são as principais queixas dos empresários no oeste. O presidente do Sistema Fieb disse estar acompanhando os dois assuntos e citou a garantia que lhe foi dada pela direção da Coelba, de aplicar na região R$ 68 milhões para ampliar a oferta de energia. “Não pretendemos trazer soluções prontas. Vamos atuar com flexibilidade e em parceria com o empresariado local. O futuro é de quem se mostrar competente. E estamos juntos para o futuro”, afirmou Mascarenhas.

QUALIFICAÇÃO Um dos focos da atuação do Sistema Fieb na região é a qualificação de trabalhadores para atender à crescente demanda industrial nessa área. “Empresas competitivas têm como base trabalhadores qualificados”, afirma o diretor do Cieb, Paulo Tassi. Desde 2007, o Senai treinou 750 trabalhadores na região e a meta é expandir mui-


to esse serviço. Afinal, como lembrou José Mascarenhas, “onde o empresário encontra um ambiente adequado ele tende a se implantar.” Empresários do oeste que participaram do lançamento do Programa de Interiorização demonstraram otimismo. Em Barreiras, o casal de empresários Neiva Beatriz e Mário Jasakelski, sócios da empresa de alimentos Tio Mário, já teve uma experiência positiva com o Sistema Fieb. Beatriz participou do programa Bolsas Bitec

Unidades integradas do Sesi, Senai e IEL serão construídas em terrenos de mais de 8 mil metros quadrados. O staff da Fieb visitou o terreno de Luis Eduardo Magalhães

e disse ter tido um “excelente retorno”, com uma nova visão sobre a importância da inovação. “A vinda da Fieb e sua estrutura traz boas expectativas, especialmente quanto à qualificação.” Por seu turno, o empresário Rubens de Sá, da Têxtil Santa Clara (Tescla), afirmou estar “muito gratificado” com a iniciativa da Fieb de interiorizar suas atividades. “Nosso município precisa deste apoio e o poder publico acolheu a idéia, doando o espaço para construção da unidade. Já participei do programa PEIEX, através do IEL, e identificamos demandas que precisam dos serviços do Sesi e do Senai . A disponibilidade de meios que qualifiquem o trabalhador e melhorem sua qualidade de vida é um dos requisitos analisados pelas indústrias que pretendem se instalar na região.” Lideranças políticas dos dois municípios mostram-se otimistas. “Agradeço á deferência da Federação das Indústrias em trazer seu principal staff e estou otimista com o futuro, pois nossa principal dificuldade é a capacitação de trabalhadores”, afirmou a prefeita de Barreiras, Jusmari Oliveira (PR). Por sua vez, Humberto Santa Cruz, prefeito de LEM, agradeceu a José Mascarenhas, pois, como observou, “é a primeira vez que vemos aqui a direção da Fieb com seu primeiro time.” [bi] Bahia Indústria  23


painel

haroldo abrantes

Adiado encontro do Comitê Brasil-Japão

Lançamento do PNSST marcou Dia Mundial de Segurança e Saúde no Trabalho

Segurança para a construção civil A construção civil é um dos setores que mais cresce no país. Atualmente, representa 5,1% do PIB, empregando mais de 2,6 milhões de trabalhadores. Ao mesmo tempo, convive com algumas das piores estatísticas em segurança: são 18,6 milhões de mortes para cada 100 mil trabalhadores homem. Ajudar a mudar estes números é a meta do Programa Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho (PNSST) que o Sesi lançou em 28 de abril, Dia Mundial de Segurança e Saúde no Trabalho, durante evento na Sede da Fieb. A idéia do projeto – que foi formatado na Bahia e será adotado por 25 estados – é disseminar informação e transferir tecnologias, métodos e soluções inovadoras para empresas e canteiros de obras. “O que estamos fazendo aqui é usar o planejamento e a inteligência para proteger vidas”, completou o presidente da Fieb, José de Freitas Mascarenhas.

Por uma Bahia mais competitiva A Fieb está abrindo um canal de comunicação independente com os parlamentares baianos em Brasília para propor uma agenda positiva em prol do aumento da competitividade do Estado. No dia 8 de abril, a senadora Lídice da Mata (PSB) e os deputados federais Antonio Imbassahy (PSDB), Rui Costa (PT) e João Bacelar (PR) estiveram na sede do Sistema Fieb, em Salvador, para um encontro com o presidente da entidade, José de Freitas Mascarenhas. Em pauta, dados e estatísticas sobre o desempenho do Estado em áreas como Educação, Infraestutura e Desenvolvimento Econômico. Os parlamentares saíram do evento com a promessa de um esforço pluripartidário para atender às demandas da indústria.

24  Bahia Indústria

Em razão do agravamento da crise em que está mergulhado, o Japão adiou para o segundo semestre, em data a ser definida, a realização do encontro do Comitê de Cooperação BrasilJapão, inicialmente previsto para meados de maio, em Salvador. O adiamento foi comunicado formalmente ao presidente da Fieb e do Comitê pelo lado brasileiro, José de Freitas Mascarenhas, responsável por trazer o encontro para a capital baiana. Nas versões anteriores, ele foi realizado em São Paulo. Do Japão, virão empresas representadas pelo Nippon Keidanren, associação que reúne quase 1.300 indústrias de médio e grande portes daquele país. haroldo abrantes

Parlamentares baianos com o presidente da Fieb: diálogo em prol do Estado


nonononono

João Marcelo na SDI

Luciano Coutinho, do BNDES: R$ 1,5 bilhão em financiamento para o Senai Nacional

Cimatec é modelo, diz presidente do BNDES Um bilhão e meio de reais é o valor do financiamento que o BNDES estuda liberar para o Senai Nacional. Os recursos seriam destinados à implantação de 20 centros de alta performance e à reforma de 50 centros do Senai em todo o país. Os centros de alta performance teriam como referência o Cimatec, unidade do Senai Bahia inaugurada em 2002. Em recente reunião do Fórum Nacional da Indústria, em São Paulo, o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, destacou o Cimatec como um dos principais centros tecnológicos do país.

Secretário elogia pista de atletismo

Conexão Itália-Bahia

Bahiaminas no Café Empresarial

A pista de atletismo – em fase de requalificação – e as instalações do Sesi Simões Filho impressionaram o secretário estadual do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte, Nilton Vasconcelos, que visitou a unidade. De acordo com o secretário, a pista do Sesi – que é a única do estado certificada pela International Association of Athletics Federations (IAAF) por possuir medidas oficiais, piso sintético e zona de saltos e arremessos possibilitará a atração de eventos nacionais e internacionais, além de parcerias com instituições esportivas.

Jovens empresários italianos visitaram o Sistema Fieb, no mês de março, para conhecer as oportunidades de negócios da Bahia. No encontro, promovido pela Câmara de Comércio de Milão em parceria com o Centro Internacional de Negócios do Sistema Fieb, o Superintendente de Desenvolvimento Industrial, João Marcelo, apresentou o panorama econômico industrial do estado, com informações sobre os setores automotivo, petroquímico e de mineração.

A Bahiaminas foi a convidada da primeira edição 2011 do projeto Café Empresarial. No dia 19 de abril, a empresa apresentou os seus critérios de contratação para fornecedores de produtos e serviços em um evento no Fiesta Convention Center, em Salvador. O alvo do Café Empresarial é apresentar aos fornecedores demandas de produtos e serviços das empresasâncora que integram o Programa de Qualificação de Fornecedores (PQF), desenvolvido pelo IEL/BA e Sebrae.

A Superintendência de Desenvolvimento Industrial (SDI) do Sistema Fieb tem novo superintendente: João Marcelo Alves, economista pós-graduado em Finanças Estratégicas, pela New York University, com mestrado em Administração, pela Ufba, e oito anos de experiência no mercado financeiro. A mudança de conceito em curso na área, sob sua gestão, levará à ampliação do papel da superintendência frente aos mantenedores da organização. Além disso, a SDI concentrará o foco nas demandas da indústria e atuará pautando o debate sobre questões técnicas e econômicas que envolvem a indústria baiana.

Bahia sedia Jogos Nacionais Trabalhadores e dirigentes de indústrias de todo o país participam, de 25 a 28 de maio, da 7ª edição dos Jogos Nacionais do Sesi 2011, no Sesi Unidade Simões Filho. Realizado pela primeira vez na Bahia, o evento esportivo reunirá 1.250 competidores de todo o país, classificados nas etapas regionais dos jogos em 2010. Os atletastrabalhadores disputarão partidas de futebol, futebol sete máster, futsal, vôlei, vôlei de praia, xadrez, natação, atletismo, tênis de campo e tênis de mesa.

Bahia Indústria  25


indicadores  Números da Indústria

Crescimento de 2,3% na produção baiana Incremento em fevereiro ficou muito abaixo do verificado em janeiro (4,2%), confirmando trajetória descendente

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m fevereiro, a taxa anualizada da produção física da indústria de transformação da Bahia cresceu 2,3%, bem abaixo da registrada em janeiro (4,2%), confirmando a trajetória descendente iniciada depois de outubro de 2010 (quando alcançou o pico de 11%), situando a Bahia no penúltimo lugar do ranking dos 13 estados que participam da pesquisa mensal do IBGE. Tal resultado pode ser atribuído ao crescimento de sete dos oito segmentos pesquisados: Refino de Petróleo (17,1%), Alimentos e Bebidas (11,3%), Veículos Automotores (10,9%), Minerais não-metálicos (10,8%), Borracha e Plástico (10,5%), Celulose e Papel (4,3%), e Metalurgia Básica (1,7%). Por outro lado, o segmento de Produtos Químicos/Petroquímicos apresentou resultado negativo (-13,2%). Na comparação do 1º bimestre de 2011 com igual período do ano anterior, a produção física da indústria de transformação baiana registrou queda de 13,2% (contra uma alta de 4,6% da média nacional), refletindo, principalmente, a interrupção do fornecimento de energia elé-

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trica, que atingiu oito estados do nordeste entre 3 e 4 de fevereiro, com maior impacto no Pólo Petroquímico de Camaçari, cujo fornecimento de matérias-primas só foi restabelecido em 13 de fevereiro. Apresentaram resultados negativos três dos oito segmentos pesquisados: Produtos Químicos/ Petroquímicos (-37,7%, menor fabricação de etileno não-saturado e polietileno de alta e baixa densidade), Refino de Petróleo (13,6%, menor fabricação de óleo diesel e nafta petroquímica) e Metalurgia Básica (-11,3%, queda na produção de alumínio não ligado em formas brutas, por conta do fechamento da planta da Novelis no final de 2010, e ouro em barras). Por outro lado, cinco segmentos registraram resultados positivos: Veículos Automotores (31,5%, expansão sobre uma base de comparação deprimida, já que foram concedidas férias coletivas entre 10 e 24 de fevereiro de 2010), Alimentos e Bebidas (15%, maior fabricação de chopes, cervejas, refrigerantes e óleo de soja em

bruto), Borracha e Plástico (11,7%), Minerais não-metálicos (10,3%) e Celulose e Papel (7,6%). Na comparação de fevereiro de 2010 com igual mês do ano anterior, a produção física da indústria de transformação baiana registrou queda acentuada de 16,8% (contra uma expansão de 7% da média nacional), explicada pontualmen-

produção física por estados: indústria de transformação Estados

Variação (%)

Fev11/ Jan-Fev11/ Fev10 Jan-fev10

São Paulo Minas Gerais Rio de Janeiro Paraná Rio Grande do Sul Bahia Santa Catarina Amazonas Espírito Santo Pará Goiás Pernambuco Ceará Brasil

6,8 8,0 11,4 9,4 7,9 -16,8 4,1 11,2 2,3 -4,0 -2,8 -3,4 -1,6 7,0

Fonte IBGE; elaboração Fieb/SDI

5,1 4,7 7,6 13,8 2,0 -13,2 3,3 5,7 -1,1 -0,1 -1,6 -3,7 -6,0 4,6

mar10-fev11/ mar09-fev10

8,2 9,9 10,2 15,3 5,0 2,3 5,4 13,2 5,8 1,8 13,1 7,4 5,5 8,5

te pelo desligamento do sistema elétrico do Nordeste. Registraram quedas os segmentos: Produtos Químicos/Petroquímicos (-48%, redução na produção de etileno não-saturado, polietileno linear e de alta e baixa densidade, policloreto de vinila, e propeno não-saturado), Metalurgia Básica (-19,8%, queda na produção de alumínio não-ligado em formas brutas e ouros em barras), e Refino de Petróleo (-12,7%, em virtude da menor fabricação de óleo diesel e nafta petroquímica). Dentre os segmentos que registraram expansão, destaca-se o de Veículos Automotores (168,9%), cujo forte incremento deve-se principalmente à baixa base de comparação. A expectativa é de que o resultado da produção da indústria de transformação baiana de março apresente recuperação em relação ao verificado em fevereiro, em função da plena retomada da produção do Pólo Petroquímico de Camaçari, após a interrupção do fornecimento de energia elétrica verificada em fevereiro. [bi]

Bahia Indústria  27


Empresários alemães em sintonia com a Bahia Iniciativa da Fieb e Ministério da Economia de Baden-Württenberg, rodada de negócios abre oportunidades de parceria entre empresários

E

mpresas alemães hi-tech, líderes em qualidade nos seus respectivos setores, realizaram, em Salvador, rodadas de negócios com empresários baianos. Os alemães estão em busca de empresas locais para que possam desenvolver parcerias estratégicas, não apenas para a venda de produtos, mas também para a produção em conjunto, ou para que possam, em parceria, oferecer um serviço de alta qualidade. As reuniões aconteceram dentro da 2ª Rodada Internacional de Negócios Bahia e Baden-Württemberg (estado alemão), organizada pelo Centro Internacional de Negócios (CIN) da Fieb, em parceria com o Ministério da Economia do estado alemão. O presidente do Sistema Fieb, José de Freitas Mascarenhas, lembrou, na ocasião, as parcerias que

estão em andamento entre o estado alemão e o Senai. “Em parceria com a Tecnaro, o Cimatec lidera o projeto de desenvolvimento de compósitos de polímeros com fibras naturais, a exemplo de coco, casca de arroz, pó de madeira e bagaço de cana. Outra área de colaboração é por meio do TheoPrax, que consiste na implantação em até três anos da metodologia educacional desenvolvida por pesquisadores do Instituto Fraunhofer ICT, no ensino técnico e superior do Senai. A expectativa é que novas e produtivas parcerias sejam efetivadas”, observou. Esta é a segunda vez que uma missão de Baden-Württemberg vem à Bahia. A primeira foi em 2007, com foco predominante na cadeia automotiva. O sucesso do primeiro encontro gerou o interesse

Evento trouxe a Salvador representantes de 16 empresas alemães

Artur Ikishima

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do estado alemão em realizar uma segunda missão. “Estes encontros são exemplos concretos de como a Fieb vem se posicionando como um parceiro estratégico para organizações internacionais na realização de ações de promoção de negócios e de comércio”, avalia a gerente do CIN Fieb, Daniella Cunha. Nesta segunda edição, a delegação alemã foi coordenada pelo ministro da Economia de BadenWürttenberg, Richard Drautz, sendo composta por mais de 30 integrantes, dentre os quais representantes de 16 empresas alemãs. Além da rodada de negócios, foram promovidas apresentações sobre a indústria baiana, sobre Baden-Wurttemberg e Secopa, uma visita técnica ao Senai Cimatec e reuniões com representantes da Secretaria de Indústria, Comércio e Mineração do Estado e do Detran. “Compreendemos que uma cooperação internacional não se resume apenas a comprar e vender, mas a uma parceria mais profunda e estratégica. E nós desejamos alcançar situações em que ambos parceiros estejam satisfeitos e tenham sucesso”, informou Richard Drautz. Durante a rodada de negócios, foram identificadas 41 possibilidades de futuros negócios e 13 possibilidades de ampliação de transações já existentes. [bi]


Nos trilhos do desenvolvimento Projeto da Ferrovia Oeste-Leste promete dinamizar o transporte de cargas na região

O

transporte de grãos, álcool, açúcar, minérios de ferro e outros produtos do oeste baiano vai trilhar novos rumos. A construção da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL) promete ser o principal agente desta transformação. Com 1.537 km de extensão, a malha ferroviária irá interligar os municípios de Ilhéus, Caetité e Barreiras, estendendo-se até a cidade de Figueiropólis, divisa com o estado de Tocantins. Em abril, o Ministério Público protocolou uma ação civil solicitando a suspensão das obras do projeto no trecho entre Barreiras e Ilhéus até a conclusão dos procedimentos de licenciamento ambiental do Porto Sul. O motivo: a decisão do governo estadual de mudar a localização do complexo portuário, que servirá de terminal marítimo para a ferrovia. Até o momento do fechamento desta edição, no entanto, as obras pros-

seguiam a todo vapor. Segundo Mauro Augusto Ramos, superintendente comercial da Valec-Engenharia, responsável pela construção da ferrovia, cerca de 2% das obras já foram realizadas. O objetivo da ferrovia é dinamizar o transporte de cargas entre as regiões do oeste e leste baianos. De acordo com informações da Valec, o redesenho da malha ferroviária brasileira irá dar suporte a um estruturado sistema de alta capacidade para o transporte de cargas e irá atender aos novos fluxos de transporte decorrentes da atividade econômica brasileira. Até 2010, a concessionária investiu R$ 671,2 milhões para a instalação da ferrovia e há previsão de que até a conclusão das obras sejam gastos aproximadamente R$ 4,80 bilhões. O primeiro trecho da ferrovia compreende os 537 km que separam as cidades de Ilhéus e

Caetité. Já o segundo trecho tem 482 km de distância, cobrindo o percurso de Caetité a Barreiras. Seu prazo de conclusão é julho de 2012. De acordo com a Valec, para a execução das obras neste espaço é aguardada licença de instalação. Já a última trama da ferrovia referente ao trecho BarreirasFigueiropólis, em Tocantins, está em fase de planejamento. A nova infraestrutura de transporte prevista no Plano Nacional de Logística de Transporte, que prevê a implantação da Ferrovia, prenuncia desenvolvimento econômico e uma nova era para a condução de cargas no país. Além de melhorias para o meio ambiente, da instalação ao funcionamento, os centros de transferência de carga e serviços logísticos serão responsáveis pela geração de emprego e renda nas localidades cortadas pela ferrovia. Os pátios ferroviários irão gerar serviços que vão do fornecimento à comercialização. Mauro Augusto Ramos destaca o grande volume de mão de obra que a instalação da ferrovia irá agregar. “Temos muitas contratações de pessoal para atuar nos pátios e canteiros de obra. Isso acaba movimentando e fortalecendo a economia”, conclui. O inicio da operação da ferrovia está previsto para 2013. [bi] Bahia Indústria  29


A hora da

virada Projeto ViraVida leva jovens vítimas de exploração sexual a ingressar no mundo do trabalho após um ano de atendimento socioeducativo Por Bárbara Assis Foto Haroldo Abrantes

30  Bahia Indústria

A

determinação dos jovens participantes da primeira turma do Projeto ViraVida na Bahia se reflete nos bons resultados do programa de combate à exploração sexual desenvolvido pelo Conselho Nacional do Sesi. Lançado há um ano em Salvador com a proposta de elevar a autoestima e a escolaridade de jovens em risco social, o projeto já transformou a realidade de 120 adolescentes selecionados por instituições que atuam no apoio a vítimas de exploração sexual. O grupo é formado por pessoas que buscavam alternativas de melhoria de vida e não encontravam na sociedade opções de escolha. Seu acesso ao mundo do trabalho é o grande diferencial do projeto, que conta com o apoio de instituições públicas e privadas. Sheila Silva Santos, aluna da primeira turma do projeto ViraVida, está contente com as mudanças ocorridas em sua vida, em pouco tempo. O curso de auxiliar administrativo foi o passaporte para resgate da cidadania e qualificação profissional. “O início de uma viagem ao mundo das oportunidades”, diz. Aos 20 anos, a jovem conquistou, com a primeira assinatura oficial da carteira de trabalho, além dos direitos trabalhistas, a sensação de cidadania. “Tudo mudou em minha vida desde que entrei no ViraVida, descobri novos horizontes e hoje eu penso em estudar e realizar meus sonhos, antes destruídos” , relata. Idealizado pelo presidente do Conselho Nacional do Sesi, Jair Meneguelli, o ViraVida conta com a par-

ceria de instituições do Sistema S (Senai, Sebrae, Senac, Sesc). Além da formação profissional, oferecida a partir do estudo da demanda de mercado, os jovens recebem acompanhamento psicossocial, de saúde e apoio familiar.

ADESÃO O número de empresas apoiadoras do projeto tem sido crescente. Na Bahia, dos 120 jovens matriculados nas duas primeiras turmas iniciadas em 2010, 26 estão contratados e 49 em fase de contratação. As vagas estão distribuídas entre instituições públicas e mais dez indústrias que aderiram ao projeto na Bahia. “A participação dos empresários completa a proposta do projeto ao inserir os jovens no mercado de trabalho e, a partir da parceria com o Ministério do Trabalho/ Superintendência Regional do Trabalho e Emprego, houve um aumento na inserção produtiva no Programa Jovem Aprendiz”, comenta Meneguelli. Nilza Mendonça, gerente de


atendimento da agência Graça da Caixa Econômica ,elogia a ação do Sesi na oferta de conhecimento e formação dos jovens e ratifica a importância do apoio de instituições públicas como a Caixa Econômica, na admissão dos cursistas. “O projeto é bom e inclui os jovens aprendizes na convivência com o novo, de acordo com o objetivo do programa. Percebi um grande potencial nos jovens selecionados em Salvador”, declara a gerente. Sem estudar há mais de um ano, Andaiara de Jesus Santos participou do processo seletivo do projeto, resgatou a vontade de viver e deu a virada necessária para planejar um futuro melhor. O emprego e a autoestima que a acompanham são sinônimos de superação. “Estava no fundo do poço e agora consigo enxergar a vida de outra forma. Esse projeto salvou a vida de muita gente, em todos os sentidos”, afirma a aprendiz.

Twitter contra o abuso sexual

Jovem do projeto em serviço: mais autoestima

O gesto do abraço é o pedido de atenção para a questão da exploração sexual no Brasil. Uma das ações do projeto ViraVida, a campanha Carinho de Verdade tem por objetivo mobilizar a sociedade para combater o abuso sexual no país. As redes sociais têm sido ferramentas importantes na propagação da campanha, fundamentada na necessidade de integrar a sociedade na erradicação da exploração sexual de crianças e adolescentes. A participação da sociedade na campanha é visível. No microblog Twitter foram publicados mais de 50 mil tweets contra a exploração sexual. Bahia Indústria  31


SESI lança rede para trabalhador da indústria Site vai contribuir para elevar a escolaridade de terceirizados que atuam no pólo industrial de Camaçari

E

m sua trajetória profissional, a gerente de recursos humanos da Rip Serviços Industriais, Christianne Pamplona, já chegou a receber currículos de candidatos a vagas de emprego escritos em embalagens de pão. Hoje, as novas tecnologias da informação são uma aliada cada vez mais importante para preparar os profissionais e ajudá-los a garantir mais espaço no mercado de trabalho. É nessa tendência que aposta a Rede Interorganizacional de Educação do Trabalhador (Reiet), um site lançado pelo Sesi Bahia com o objetivo de contribuir para elevar a escolaridade e a qualificação do trabalhador da indústria, em especial os do pólo industrial de Camaçari.

A ideia da iniciativa surgiu a partir de um estudo que identificou a necessidade educacional e de qualificação profissional dos trabalhadores terceirizados que atuam em empresas daquele pólo. No site, estão disponíveis informações sobre cursos, vagas de emprego, programação de eventos e ficha de cadastro de currículo. “Para mim, a Reiet é um marco”, comenta Pamplona. De acordo com o superintendente de comunicação do Comitê de Fomento Industrial de Camaçari - Cofic, Érico Oliveira, há no Pólo Industrial de Camaçari 45 mil pessoas trabalhando. Deste universo, 30 mil são empregados indiretos de empresas parceiras e contratadas. “O Cofic considera a Reiet de

Solange Novis, do Sesi: descompasso entre a escolaridade do trabalhador e a demanda das empresas

haroldo abrantes

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extrema relevância para os profissionais de baixa escolaridade; pessoas que têm habilidades técnicas, mas cuja formação escolar não acompanha a competência”, conclui Oliveira. Para estruturar as ações da Reiet, serão promovidas reuniões sistemáticas com o Núcleo Estratégico da rede. O comitê é formado por representantes de 16 instituições, dentre as quais o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), Cofic, Instituto Federal da Bahia, Secretaria de Educação do Estado da Bahia, secretarias de Educação e Desenvolvimento de Camaçari, Candeias, Dias D’Ávila e Simões Filho, e RIP. O secretário de educação do município de Camaçari, Luiz Valter Lima, define a rede como uma ferramenta de extrema importância para a articulação entre o poder público e empresas privadas. A pesquisa diagnóstica da oferta e demanda em educação de jovens e adultos na região de abrangência do pólo industrial de Camaçari alimentará o banco de dados da Reiet. Solange Novis, coordenadora do Núcleo de Educação do Trabalhador da Indústria do Sesi e idealizadora da Reiet, enfatiza os resultados do estudo que demonstrou o descompasso entre o grau de escolaridade do trabalhador e a real necessidade das empresas de Camaçari. [bi]


leitura&entretenimento João Millet Meirelles / divulgação

teatro Com as bençãos do Bando A peça ainda não começou, mas a ação já está em andamento. A platéia vai se acomodando enquanto os atores, no tablado, cantam e tocam tambores e atabaques. Nos telões, imagens de atores negros que começaram a atuar antes de 1990, ano de surgimento do Bando de Teatro Olodum. É Bença, o espetáculo que marca os 20 anos do grupo. Com linguagem contemporânea e não linear, a peça concebida e encena por Márcio Meirelles fala da passagem do tempo e do respeito aos mais velhos, valorizando a memória cultural da população afro-brasileira. Em cena, 17 atores e dois músicos contracenam com depoimentos em vídeo.

não perca Teatro Vila Velha, no Passeio Público, até 29/5, às sextas e sábados, às 20h, e aos domingos, às 17h. Ingressos a R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia) divulgação

exposição Krajcberg em defesa do planeta Antigas e atuais criações de um artista plástico que fez da sua obra um poderoso apelo em defesa da preservação do planeta. Assim é a exposição Grito! Ano Mundial da Árvore, de Frans Krajcberg. Iniciativa da Secretaria de Cultura do Estado, por meio da Diretoria de Museus do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Secult/Dimus/Ipac), a mostra integra as comemorações dos 90 anos do artista polonês que mora desde os anos 70 no município baiano de Nova Viçosa. Em destaque, obras construídas com materiais como cipó e troncos de madeiras extraídos de florestas devastadas. não perca Até o final de julho, no Palacete das Artes Rodin Bahia, na Graça, sempre de terça a domingo, das 10h às 18h

livros

A Grande Transformação Ambiental Marcel Bursztyn e Marcelo Persegona. Editora Garamond Universitária, 407 p. R$ 52

Transformação ambiental

E-mail com etiqueta

O livro reúne mais de 1.500 verbetes sobre fatos e eventos essenciais para a compreensão das relações entre o homem e a natureza no Brasil e no mundo. Em destaque, fatos históricos e acidentes ambientais de grande repercussão e uma cronologia dos avanços na legislação sobre o tema, além de dados sobre ações do governo e de ONGs, empresas e movimentos sociais que serviram de motivação para a criação de políticas de desenvolvimento sustentável.

Ser o “guia essencial de como usar o email com inteligência e elegância” é a proposta do livro Enviar, ou, Send, em inglês. De autoria de David Shipley, editor do New York Times, e Will Schwalbe, exvice-presidente e editor-chefe da Hyperion Books, a publicação aborda de forma didática questões fundamentais para quem deseja se aperfeiçoar na arte de enviar ou não um e-mail. A Biblioteca da Sede do Sistema Fieb possui um exemplar para empréstimo ou consulta.

Enviar – o guia de como usar o e-mail com inteligência e elegância David Shipley e Will Schwable. Editora Sextante, 192 p. R$ 24,90

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ideias

Falsa dicotomia: meio ambiente x desenvolvimento por Célio Costa Pinto

Em 2012, o Brasil sediará a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), após 20 anos da Rio92, momento em que políticos, cientistas, ambientalistas, empresários e sociedade civil discutirão os rumos do planeta, o modelo de desenvolvimento e o futuro das próximas gerações. É necessário mobilizar os brasileiros para este debate, haja vista a urgência que a humanidade tem em encontrar o caminho do equilíbrio, do desenvolvimento sustentável. Em 2012, diferentemente de 1992, o cenário para o debate é melhor, a temática ambiental cresceu de importância em todos os setores, bem como o Brasil vem crescendo a taxas anuais acima de 5%. Hoje, o tema meio ambiente constitui preocupação central, pois os efeitos das ações humanas na Terra já ultrapassaram os muros da academia e são perceptíveis ao cidadão comum. No entanto, em nosso país, ainda persiste o falso dilema: meio ambiente x desenvolvimento. Falso porque o desenvolvimento é necessário para melhorar a qualidade de vida de milhões de brasileiros, visando a geração de emprego e renda, que favorecerá a erradicação da pobreza, mas precisa estar em sintonia com a política nacional de meio ambiente, com a necessária lucidez de que compartilhamos o planeta com cerca de 10 a 100 milhões de espécies vivas distintas, entre plantas, animais e bactérias, das quais somente uma parte foi 34  Bahia Indústria

identificada e classificada pelos cientistas. Temos uma legislação ambiental muito abrangente e que contempla aspectos específicos do saber ambiental, tais como: SISNAMA – Sistema Nacional do Meio Ambiente (1981), instrumentos consagrados na Constituição Federal (1988), Lei das Águas (1997), Lei dos Crimes Ambientais (1998), Lei da Educação Ambiental (1999), das Unidades de Conservação (2000), da Mata Atlântica (2006), da Gestão de Florestas Públicas (2006), da criação do Instituto Chico Mendes (2007), das Mudanças Climáticas (2009) e dos Resíduos Sólidos (2010). Assim, podemos olhar para trás e ver como a legislação ambiental avançou no Brasil, embora exista a necessidade de modernizar alguns de seus aspectos. Destaque para competências claras dos órgãos ambientais dos entes da federação (União, estados, Distrito Federal e municípios), para o financiamento do SISNAMA (ICMS e IPTU ecológico, TCFA compartilhada etc.), para o planejamento territorial com participação social, pesquisa científica e aplicação de conhecimento técnico de ponta, fazendo-se o casamento com outras políticas específicas e demonstrando-se que é possível compatibilizar o que aparentemente é contraditório: desenvolver e conservar o meio ambiente. Campeão mundial em biodiversidade, o Brasil tem papel de destaque nessa discussão. Para alcançar o desenvolvimento sustentável, o meio ambiente tem de ser, cada vez mais, tratado como tema transversal e incorporado em todos os

Célio Costa Pinto, é analista ambiental, superintendente do Ibama no Estado da Bahia celio.pinto@ ibama.gov.br

programas e projetos governamentais e privados. Afinal, sairá mais barato e seguro, no futuro, uma intervenção cautelosa e embasada na melhor técnica disponível: elevar o grau de educação ambiental da população e fazer com que a legislação ambiental seja respeitada por todos; aumentar investimentos em manutenção da biodiversidade e geração de energia limpa; planejar e utilizar o patrimônio natural de forma igualitária e para os fins mais nobres de desenvolvimento; possuir órgãos ambientais capacitados e eficientes na fiscalização de infrações e crimes ambientais; e licenciar obras e empreendimentos com qualidade técnica e prazo reduzido. Assim, alcançaremos também justiça ambiental. Quando os desastres ambientais acontecem, eles afetam milhares de pessoas, causam dor e sofrimento, além de sangrar os cofres públicos na remediação de intervenções inadequadas no meio ambiente. Na Rio+20, o tema mudanças climáticas estará, mais uma vez, em evidência, mas repartindo as atenções com a perda de biodiversidade e os incentivos econômicos ambientais. No Brasil, já se discute o pagamento por serviços ambientais, valorização da função ecológica da floresta, dos recursos hídricos etc., assunto que se encontra em pauta no Congresso Nacinoal. Portanto, todos nós devemos levantar uma discussão séria, ética e oportuna: acabar com a falsa dicotomia entre desenvolvimento e meio ambiente e mostrar ao mundo, na Rio+20, que isso é possível. [bi]


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