Revista Bahia Indústria - março 2012 - Ano XVII nº 219

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ISSN 1679-2645

Soluções técnicas para a indústria Com uma equipe qualificada, SENAI destaca-se na oferta de serviços tecnológicos


Bahia Indústria


EDITORIAL

O ano de 2011 fechou com um quadro pouco otimista para a indústria de transformação nacional, e, em especial, a baiana, que registrou o quarto pior resultado no ranking dos 13 estados que participam da PIMPF-R, acima apenas do Ceará, Espírito Santo e Santa Catarina. Na comparação com dezembro de 2010, a produção física apresentou queda de 4,7%, maior que a média nacional de -1,4%. É neste cenário de desaceleração da produção que os representantes da indústria nacional dão partida a uma mobilização pelo fim da concessão de incentivos fiscais à importação, prática que se revela perniciosa à economia brasileira, pois exporta empregos e estimula a desindustrialização. A despeito da sua inconstitucionalidade, a medida é adotada de forma institucionalizada por dez estados da federação e encontra defensores no Congresso Nacional, onde, desde 2010, tramita o Projeto de Resolução do Senado nº 72/2010, que pretende por um fim à prática, sem grandes avanços. Somando prejuízos e desequilíbrios à balança comercial dos estados e do país, pelo estímulo artificial das importações, com a retração na oferta de empregos, a conta acaba saindo extremamente cara ao país. Estudo da Fiesp mostra que o Brasil deixou de gerar cerca de 800 mil empregos nos últimos dez anos em razão da guerra dos portos e o Produto Interno Bruto que deixou de ser gerado equivale ao da cidade de Camaçari, que abriga o principal distrito industrial do estado. Se a medida por si só gera distorções, pelo desequilíbrio nas contas internas, seus efeitos podem ser ainda mais desastrosos no longo prazo. Em um país onde a política cambial onera o setor produtivo e os juros são os mais elevados do mundo, o favorecimento às importações de bens e produtos, vendidos a preços mais baixos que o seu equivalente nacional, somente vem acentuar ainda mais o desestímulo à atividade industrial. O que se tem é um país dividido – com dez das suas unidades federativas voltadas para os interesses individuais –, refém da aprovação de uma medida que assegura isonomia fiscal no plano nacional. Até quando o país vai fechar os olhos para esta guerra que afeta o emprego do trabalhador e compromete o desenvolvimento da indústria nacional? Com a resposta, o Congresso.

joão alvarez

Uma guerra fiscal que desequilibra a balança

Navio de carga na Baía de Todos os Santos: portos baianos não estão entre os que concedem benefícios à importação

A despeito da sua inconstitucionalidade, a guerra dos portos é adotada de forma institucionalizada por dez estados da federação


Unidades do Sistema FIEB Para informações sobre a atuação e os serviços oferecidos pelas entidades do Sistema FIEB, entre em contato SESI – Serviço Social da Indústria Sede: 3343-1301

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SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

FIEB

lhistas Homero Ruben Rocha Arandas; Comitê de

Presidente José de Freitas Mascarenhas. 1º Vice-

Portos Reinaldo Dantas Sampaio

Bahia

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CIEB

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Diretor-Presidente José de Freitas Mascarenhas. Vice-Presidentes José Carlos Boulhosa Baqueiro;

Irundi Sampaio Edelweiss; Marco Aurélio Luiz Martins. Diretores Titulares Carlos Antônio Borges Cohim Silva; Clovis Torres Junior; Fernando Elias Salamoni Cassis; João de Teive e Argollo; Luís Fernando Galvão de Almeida; Luiz Antunes Athayde Andrade Nery; Marconi Andraos Oliveira; Roberto Fiamenghi; Rogelio Golfarb; Ronaldo Marquez Alcântara; Diretores Suplentes Davidson de Magalhães Santos; Erwin Reis Coelho de Araujo; Givaldo Alves Sobrinho; Heitor Morais Lima; Jorge Robledo de Oliveira Chiachio; José Luiz Poças Leitão Filho; Mauricio Lassmann Diretor regional oeste Pedro Ovídio Tassi

SESI conselhos

Presidente do Conselho e Diretor Regional José

Conselho de Economia e desenvolvimento in-

de Freitas Mascarenhas. Superintendente José Wagner Fernandes

dustrial Antônio Sérgio Alípio; Conselho para o

Desenvolvimento

Empresarial

Estratégico

Clóvis Torres Júnior; Conselho de Assuntos Fiscais e Tributários Cláudio Murilo Micheli Xavier; Conselho de Comércio Exterior Reinaldo Dantas Sampaio; Conselho da Micro e Pequena Empresa Industrial Carlos Henrique Jorge Gantois; Conselho de Infraestrutura Marcos Galindo Pereira Lopes; Conselho de Meio Ambiente Irundi Sampaio Edelweiss; Comitê de Petróleo e Gás Eduardo Rappel; Conselho de inovação e Tecnologia José Luís Gonçalves de Almeida; Conselho de Responsabilidade Social Empresarial Marconi Andraos Oliveira; Conselho de Relações Traba-

SENAI

Editada pela Superintendência de Comunicação Institucional do Sistema Fieb Conselho Editorial Irundi Edelweiss, Maurício Castro, Cleber Borges e Mônica Mello. Editor Cleber Borges. Estagiário Fábio Araujo. Projeto Gráfico e Diagramação Ana Clélia Rebouças. Ilustração e Infografia Bamboo Editora. Tratamento de imagem Marcelo Campos. Impressão Stilo Gráfica e Editora

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sistema fieb nas mídias sociais

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sumário fev/mar 2012 joão alvarez

18 Serviços SENAI Reconhecido pelo seu relevante papel na preparação de mão de obra especializada para a indústria, o SENAI também atua oferecendo serviços qualificados e soluções técnicas

Foto de João Alvarez

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fotos joão alvarez

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Guerra dos portos: uma ameaça ao desenvolvimento

Cultura e arte

Grandes estaleiros inscrevem novo ciclo para o setor naval

Pronatec inscreve

FIEB adere à mobilização nacional pelo fim da concessão de incentivos à importação, praticada por dez estados, que está tirando empregos do país e promovendo a desindustrialização

Teatro do SESI comemora 15 anos como espaço de cultura alternativo e descolado

Implantação de estaleiro de grande porte no Recôncavo estimula a formação de nova cadeia de fornecedores e o desenvolvimento da indústria metal-mecânica no estado

SENAI oferece 1.760 vagas para beneficiários de programas sociais


Mobilização N contra a guerra dos portos A CNI coordena mobilização nacional contra a concessão de incentivos às importações praticadas por dez estados por Patrícia Moreira

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Foto João Alvarez

os últimos cinco anos, a indústria brasileira perdeu a capacidade de gerar 771 mil empregos e o Produto Interno Bruto (PIB) deixou de crescer entre 0,5% e 0,7%, o que corresponde a algo em torno de R$ 18,7 bilhões, o equivalente ao PIB de Camaçari e ao de estados como Alagoas e Sergipe. As perdas são atribuídas aos incentivos fiscais à importação, concedidos por dez estados brasileiros, prática que ficou mais conhecida como guerra dos portos e que está promovendo a desindustrialização do país. A medida, considerada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e condenada pelo Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), é alvo do Projeto de Resolução do Senado nº 72/2010, de autoria de Romero Jucá (PMDBRR), que tramita no Congresso. A

proposta de Jucá reduz e uniformiza a alíquota de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) nas operações interestaduais com produtos importados, mas enfrenta resistência da bancada dos estados interessados na manutenção da prática fiscal lesiva. Caso a situação perdure, a expectativa para os próximos cinco anos é que a indústria nacional deixará de produzir, direta e indiretamente, o equivalente a R$ 61,8 bilhões e de gerar 859 mil empregos. O cálculo dos prejuízos e as projeções fazem parte de um estudo elaborado pela Federação das Indústrias de Estado de São Paulo (Fiesp), para o período entre 2001 e 2010, divulgado em março de 2011. Ele serve de base para a mobilização liderada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) para sensibilizar o Senado para a urgên-


>Prejuízos

R$

18,7 bilhões É o valor estimado de quanto as isenções às importações deixaram de gerar em riqueza para o país

cia de se dar um fim à guerra dos portos. Uma destas ações foi a publicação, dia 1º de março, de um comunicado, assinado por federações de indústrias, incluindo a FIEB. O estudo da Fiesp também revelou que a política fiscal de importação praticada por dez estados – Santa Catarina, Pernambuco, Paraná, Goiás, Tocantins, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Sergipe, Espírito Santo e Alagoas – também gera desequilíbrios. Os estados que adotaram uma tarifação diferenciada, importaram 411% a mais entre 2001 e 2010, o que representa um aumento de 9,8 pontos percentuais da participação destes estados no total de importação de industrializados no Brasil, contra um aumento de 192% de volume importado pelos estados que não adotam a medida. A tendência à desindustriali-

zação nacional, mostra o levantamento, é agravada também por outros fatores como a política cambial, que mantém o dólar baixo, a elevada carga tributária sobre os manufaturados, a alta taxa de juros, que juntos desestimulam a modernização e expansão industrial. Além disso, no mercado, o produto industrial nacional perde espaço para o importado, que chega ao consumidor com preços mais baixos, provocando ainda uma redução da arrecadação.

Bahia Na avaliação do coordenador de acompanhamento conjuntural da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais (SEI), Luiz Mário Vieira, a política predatória afeta a economia baiana indiretamente. Segundo Luiz Mário, o setor industrial mais atingido é o de

Os portos baianos não aderiram à concessão de isenção às importações, considerada lesiva ao país

mecanismo Empresas chegam a pagar 3% de ICMS sobre o valor da operação na importação, em vez da alíquota base, que é de 18%. Esta mesma mercadoria, quando destinada a outro estado, como São Paulo, ela se credita de 12%. Assim, o produto importado paga apenas 3% de ICMS e é revendido com crédito de 12%, tornando-se mais barato que o produto nacional concorrente.

transformação de bens duráveis, que é incipiente no estado: “O que é mais prejudicial à Bahia são as limitações ao desenvolvimento de parque industrial de transformação. Produtos dessa natureza são transportados à Bahia a preços baixos, tornando pouco competitiva iniciativa de fortalecimento deste segmento industrial no estado”, explica o coordenador da SEI. [bi] Bahia Indústria


Entrevista  Reinaldo Sampaio

“Falta uma política de desenvolvimento regional” Coordenador do Comitê de Portos do Sistema FIEB acredita que a regulamentação de uma política regional poderá sanar estas distorções Como se explica a prática conhecida como guerra dos portos? É preciso compreender a guerra dos portos como uma deformação ainda maior – dentro da chamada política de atração de investimentos dos estados brasileiros – da própria guerra fiscal. E como esta disputa entre os estados surgiu no Brasil? Historicamente, a questão nasce com a Constituição de 1988, que deu aos estados a possibilidade de legislar sobre suas receitas com maior autonomia do que antes. E os estados, principalmente aqueles que buscavam atrair investimentos e que não tinham as condições – digamos: a competitividade sistêmica, uma logística moderna, uma base industrial mais ampla que por si atraísse novos empreendimentos –, buscaram a atração de investimentos por meio de renúncias fiscais. E chegou um momento em que praticamente todos os estados a praticaram. Por que este conceito de guerra? Porque era uma prática de conflito de interesses em que os estados renunciavam a futuras receitas o que, a meu ver, não traz necessariamente benefícios à economia nem ao país. E diria mais, isso tudo justificou-se numa falácia de que o investidor decide seu local de interesse de investimento motivado por essas vantagens transitórias de natureza fiscal. Isto é uma negação da lógica capitalista. O investimento decorre da expectativa   Bahia Indústria

de lucro, que é assegurada pela competitividade, que por sua vez, decorre da capacidade de gestão, inovação e de condições infraestruturais favoráveis. Os alegados benefícios desta política não se confirmaram? Há uma simplificação quando se diz que o estado não perdeu nada porque renunciou ao que não tinha. Do ponto de vista da lógica dos estados, das obrigações, este raciocínio é simplório porque, quando as estruturas produtivas se instalam, elas requerem mais estrutura, mais educação, saúde, enfim, os estados precisam de receitas. E eu diria que a guerra fiscal existe porque inexiste a política nacional de desenvolvimento regional, que ordene o processo de desenvolvimento do país.

É preciso compreender a guerra dos portos como uma deformação ainda maior da própria guerra fiscal

Como o senhor classifica esta anomalia? É uma anomalia cruel, porque a guerra fiscal tradicional, de alguma forma, preserva a produção e o emprego do país e esta chamada guerra dos portos, que é um estímulo à importação, cria um adicional fator de inibição da competitividade da empresa brasileira, que já enfrenta juros elevados, câmbio sobrevalorizado e infraestrutura insuficiente. Quando os estados oferecem os produtos importados – e aí são produtos de toda a cadeia produtiva: matérias-primas, bens intermediários e produtos finais – esta guerra fiscal traz um fator adicional, que é a desoneração fiscal do produto importado, dando a este uma condição que não é concedida aos bens produzidos no nosso país. Com isto, inibe-se a inovação, o investimento, porque em uma competição desigual, um bem produzido aqui com a mesma eficiência, produtividade e performance, tem uma tributação interna que hoje é superior ao desses importados nestas áreas e nestes estados que criaram mecanismos de apoio à importação. Quais os efeitos práticos da guerra dos portos para o país? No fundo, o que ocorre é que se está estimulando a preservação do emprego e da produção nos outros países, através de uma desoneração, não isonômica, em relação ao produto nacional, em prejuízo da indústria nacional e do emprego para a sociedade. [bi]


circuito

por cleber borges e Patrícia Moreira

Concorrência desleal

Déficit no segmento químico

A guerra fiscal dos portos traz más notícias para a economia baiana. A Paranapanema, indústria de cobre baseada em Dias D’Ávila, está enxugando o quadro de funcionários para se adaptar à competição desleal do produto importado, que chega pagando menos ICMS. Enquanto ela recolhe 12% de imposto, no cobre que chega por portos de estados como Espírito Santo, Santa Catarina e Pernambuco incide apenas 1,2% de ICMS.

Infraestrutura precária, juros altos e carga tributária elevada continuam a fazer estragos na área química/petroquímica. O déficit na balança comercial de produtos químicos atingiu US$ 26,5 bilhões em 2011. É o maior já registrado na história do segmento e 28% maior que o verificado em 2010. Segundo a Abiquim, nos últimos anos, a demanda interna por produtos químicos aumentou, mas é atendida por importações que chegam ao país com preços competitivos.

Exportações crescem 35% Apesar da crise financeira na Europa, das restrições impostas às importações na Argentina e da volatilidade do câmbio, as exportações baianas cresceram 35,3% e atingiram US$ 813,5 milhões, em janeiro. Os segmentos de derivados de petróleo (127,2%), produtos metalúrgicos (109,4%), metais preciosos (198%) e algodão (145%) foram os que registraram maior volume embarcado, respondendo por 50% do total das receitas de exportação do mês. As importações também cresceram 19,5%, ante janeiro de 2011.

Inovação para mais produtividade

“Um especulador é alguém que corre riscos dos quais ele está ciente e um investidor é alguém que corre riscos dos quais ele não está ciente.” John Maynard Keynes, economista britânico (18831946) cujas ideias serviram de base para a macroeconomia moderna. Defendeu um Estado capaz de adotar medidas fiscais e monetárias para controlar os ciclos econômicos

Excesso de feriados afeta produtividade Em 2012, a economia brasileira pode deixar de produzir até 4,4% do seu PIB industrial por causa do excesso de feriados em dias úteis, em especial às terças e quintas-feiras, originando pontos facultativos ou “enforcamentos”, conforme a nota técnica O Custo Econômico dos Feriados, divulgada pela FIRJAN. Os prejuízos correspondem a R$ 44,9 bilhões, valor 21% maior do que o estimado para 2011. A solução apontada pelo estudo para reduzir os custos da paralisação é adiantar para as segundas-feiras os feriados que caírem nos demais dias da semana, conforme o projeto de Lei Federal nº 2.257 de 2011. Para a Bahia a projeção é um prejuízo de R$ 1,8 bilhão.

O Instituto Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou o estudo Produtividade no Brasil nos anos 2000-2009: análise das Contas Nacionais, no início do mês, que revela um dado preocupante. A falta de inovação tecnológica foi considerada a grande responsável por frear a produtividade da economia brasileira, que ficou estabilizada em 0,9% ao ano, entre 2000 e 2009. E as perspectivas no longo prazo não são nada animadoras, diante do cenário de desaceleração da economia mundial. Os setores que puxaram a melhoria da produtividade foram agropecuária (4,3%) e indústria extrativa (1,8%). A indústria de transformação registrou resultado negativo, com queda de 0,9% anual no período analisado. Mas apesar da queda de produtividade da indústria, não houve desindustrialização, do ponto de vista do número de empregados na atividade.

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sindicatos Curso para arquitetos e engenheiros

divulgação

Perspectiva do prédio, concebido a partir de parâmetros de sustentabilidade

O Sinduscon-BA promove entre 27 e 30 de março o curso Planejamento de Obras e Controle da Produção, que vai tratar dos principais conceitos e aplicações das mais novas técnicas de planejamento e controle de obras, com uma abordagem prática e de fácil aplicação. A ideia é possibilitar o uso das técnicas sem a necessidade de softwares específicos. O curso destina-se a engenheiros e arquitetos, empresários da construção civil, além de estudantes. O custo é de R$ 600 para associados e de R$ 900, para não-associados. As inscrições devem ser feitas, após comprovação do pagamento, pelo e-mail camila@sinduscon-ba.com.br ou fax (71) 3616-6001.

Sinduscon-BA construirá nova sede

Sindvest oferece cursos de especialização

Fundado há 60 anos, o Sindicato da Indústria da Construção do Estado da Bahia (Sinduscon-BA) vai marcar a data, em abril, com uma grande comemoração e o início da construção de uma nova sede. Com os projetos concluídos e os alvarás de construção em mãos, a expectativa é que em março seja liberado o financiamento da Caixa Econômica Federal. O novo prédio seguirá os conceitos de sustentabilidade com a escolha integrada dos processos e materiais construtivos e o uso de sistemas de redução de resíduos. Além disso, a relação harmônica do edifício com o seu entorno será respeitada. “A nova sede do Sindicato servirá de exemplo para todo Brasil, já que vai refletir o engajamento do segmento com o crescimento sustentável”, afirma o presidente da entidade, Carlos Alberto Vieira Lima. O ano de 2012 também será de desafios, em particular no que diz respeito à melhoria da competitividade das empresas com o aperfeiçoamento da gestão e a adoção de técnicas e materiais pelo critério da sustentabilidade. Também há a expectativa de que o governo invista mais em qualificação e também nas políticas de fomento por meio de programas como o Minha Casa Minha Vida. O ano começa com a apreensão do cenário da economia internacional, que é sombrio, e dificilmente repetirá o crescimento obtido até 2010, da ordem de 12%. Se repetir os 6% registrados em 2011, o setor estará bem, avalia a direção do Sinduscon.

Com o objetivo de incrementar a oferta de cursos de capacitação visando ao desenvolvimento da cadeia produtiva da indústria do vestuário da Bahia, o Sindicato da Indústria do Vestuário (Sindvest), em convênio com o SENAI-BA e o SENAI CETIQT do Rio de Janeiro, está oferecendo aos seus associados e aos interessados em geral, o curso a distância de Design de Moda e o MBA em Gestão Estratégica de Vendas para os mercados de moda e têxtil. Para obter mais informações, basta acessar o site www.cetiqt.senai.br.

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Valter Pontes

Oficina dá instrumentos para uma boa negociação

Simagran marca presença na Feira Revestir Um grupo de dez empresas associadas ao Simagran participaram de missão empresarial para conhecer as novidades apresentadas durante a Feira Revestir, que aconteceu de 6 a 9 março, no Expocenter Transamérica, em São Paulo. A Revestir é a maior feira de revestimento do país, uma oportunidade de conhecer as novas tendências no segmento de revestimento, incluindo mármores, granitos e similares. As empresas também vão em busca de realização de negócios no médio prazo e já têm encontros agendados com compradores de grandes redes. “A expectativa é que o volume de negócios gere em torno dos R$ 600 mil”, explica o presidente do Simagran, Marcos Régis, que anunciou o planejamento de uma outra missão comercial do setor para participar da Feira Marmomacc, em Verona, na Itália, no mês de outubro. “Estamos tentando subsídio para levar pelo menos 15 empresários para o evento, observa Régis.

Marcos Régis também trabalha para levar 15 empresários baianos para Verona

Oferecer ao líder empresarial sindical condições de aperfeiçoamento da capacidade de negociação. Este foi o objetivo da Oficina Negociação Sindical, realizada pela FIEB em parceria com a CNI, no dia 14 de março, no âmbito do Programa de Desenvolvimento Associativo (PDA). Conduzida pela advogada trabalhista especialista em gestão empresarial, Maria Inez Medeiros, a oficina teve como focos os princípios e estratégias de uma boa negociação, além da apresentação de informações técnicas, a exemplo de instrumentos normativos que expressam as vontades pactuadas entre as partes (capital e trabalho). “Erros elementares cometidos por falta de conhecimento podem comprometer os resultados de um processo de negociação, por isso é fundamental que os líderes se preparem para esta atuação”, afirmou Maria Inez. Interessados podem entrar em contato pelo email pdacapacitacao@cni.org.br. joão alvarez

Sindicato inicia programa de interiorização A nova diretoria do Simagran, liderada pelo presidente Marcos Régis Andrade, realizou, em 29 de fevereiro, na cidade de Ourolândia, também conhecida como a capital do granito Bege Bahia, a primeira reunião itinerante do sindicato no interior do estado. A expansão das ações do sindicato para o interior alinha-se com a visão do Sistema FIEB quanto ao projeto de interiorização e fortalecimento das indústrias nos municípios mais distantes da Região Metropolitana do Salvador. A reunião aconteceu na sede da Assobege e bateu recorde de presenças, conforme observou o presidente da associação Múcio Azevedo. Nesta reunião, foi firmado um convênio que possibilitou a captação de mais de 40 novas empresas associadas. O Simagran agora prepara novo roteiro para o dia 11 de abril com o objetivo de estabelecer novas parcerias, desta vez, com as indústrias do extremo-sul baiano.

A advogada trabalhista Maria Inez Medeiros ressaltou importância de conhecimento técnico

Bahia Indústria  11


Quinze anos de cultura e

arte Teatro do SESI chega ao 15º aniversário com trajetória de encher os olhos por Larissa cortizo

É

fotos joão alvarez

com a benção de Iemanjá, que “mora” ao lado, e com uma trajetória marcada pela divulgação de talentos, exibição de espetáculos locais consagrados, e promoção da cultura baiana, que o Teatro SESI Rio Vermelho comemora 15 anos, em 6 de março. Para marcar a data, foi elaborada uma programação especial para todo o mês de março, com a realização de semanas temáticas e que conta com oficinas, mesas redondas, espetáculos e mais. Atualmente, o teatro faz parte do Centro Cultural SESI Rio Vermelho, que engloba, ainda, a Varanda do SESI e coordena ações culturais voltadas para os trabalhadores da indústria baiana. Aconchegante e intimista, com capacidade para cem pessoas, o 12  Bahia Indústria

Teatro SESI possui infraestrutura para receber diferentes tipos de espetáculos. Acontecem em média 357 apresentações por ano, acolhendo um público de cerca de 40 mil espectadores. Por lá, já passaram artistas como Beth Goulart, com o espetáculo Pierrot Marie, além de Wagner Moura, Marcos Machado, Vladimir Brichta e João Miguel, entre outros. O local ganhou destaque por abrigar apresentações locais como Abismo de Rosas, Acho que te Amava, Clarices, Os Saltimbancos e Bispo. Nos bastidores, está uma equipe composta por técnicos de iluminação e sonorização, produtores culturais, gestores e profissionais de apoio. Rosa Vilas Boas, gerente do teatro desde a sua fundação,

O Teatro do SESI é uma pérola pequena de frente para o mar. Foi tão importante para mim fazer Abismo de Rosas ali. Eu chegava cedo e ficava olhando o mar, pedindo axé a Iemanjá. Nós o inauguramos com Abismo e toda vez que eu passo ali com alguém que não sabe, eu digo isso com o maior orgulho. É um teatro pequeno, só 100 lugares, um tamanho especial para espetáculos especiais, gostoso, acolhedor, no meio da boemia do Rio Vermelho e que já se tornou uma referência para o teatro da Bahia. Que o tenhamos por muitos anos, com a benção de Iemanjá.” Wagner Moura, ator


Cena de Abismo de Rosas, peça de Fernando Guerreiro com Wagner Moura no elenco (D); Oficina de Bonecos, uma das atividades oferecidas pela unidade; Aroldo Macêdo se apresenta na Varanda do SESI, espaço alternativo do Rio Vermelho Manu Dias/Divulgação

comenta que a inauguração teve grande impacto no desenvolvimento da cultura local. “O Teatro SESI inaugurou a criação de teatros nos bairros, fora do centro cultural Campo Grande/Vitória. Hoje é uma referência para o SESI Nacional, com seu modelo de gestão divulgado para todos os departamentos regionais em que o órgão está presente”. Para o futuro, ela revela que o objetivo é ampliar a participação do trabalhador da indústria. A gerente do Centro Cultural SESI Rio Vermelho, Angélica Ribeiro, ressalta a versatilidade do local. “Somos referência nacional em otimização do uso das instalações, pois funcionamos todos os dias da semana com uma programação intensa de mais de um espetáculo por dia”. Para o diretor

teatral Fernando Guerreiro, o teatro possui um porte interessante, intimista, além de ser tecnicamente bem cuidado e equipado. “Surgiu como um alento, num momento em que precisávamos de mais espaços”, observa.

Sede do Centro Cultural, uma casa para as artes em meio ao charme boêmio do Rio Vermelho

Histórico Foi em uma época muito produtiva para a cena cultural baiana e, ao mesmo tempo, permeada pela falta de espaços para dar visibilidade a estes talentos que o Teatro SESI Rio Vermelho abriu suas portas pela primeira vez. A inauguração devolveu ao boêmio e cultural bairro do Rio Vermelho um teatro, depois de, quatro anos antes, o Teatro Maria Bethânia ter sido transformado em um bingo. Fazia parte do que se chamava, Bahia Indústria  13


Considero Abismo de Rosas, que inaugurou a programação do teatro, como um dos melhores que dirigi até hoje. Só aconteceu como aconteceu, porque foi no Teatro SESI. Foi um acerto na minha carreira. No ano seguinte, Wagner Moura, um dos atores da peça, ganhou o prêmio Braskem de ator revelação.” Fernando Guerreiro, diretor de teatro

anos atrás, de teatro de bolso, por ser pequeno, mas ao mesmo tempo aconchegante. O show de inauguração foi O Canto das Sereias, protagonizado por Marilda Santana, Guida Moira, Mariela Santiago e Ana Paula Barreiro. Mesmo contando com problemas técnicos, as “sereias” encheram o ambiente de harmonia. Já a programação teatral foi inaugurada pelo espetáculo Abismo de Rosas, trama policial dirigida por Guerreiro, com texto de Cláudio Simões, com Wagner Moura no elenco. Ele que, no ano seguinte, ganhou o prêmio Braskem de ator revelação. O espetáculo ficou em cartaz por três meses. No casarão tombado, do século XIX, funcionavam, desde 1982, as oficinas de artesanato do SESI. A obra de construção do teatro, orçada em R$ 200 mil, demorou um ano e meio. Hoje, o equipamento é reconhecido pela programação, que agrega artistas renomados e novos, valorizando a diversidade cultural baiana. 14  Bahia Indústria

Paulo Henrique Alcântara , dramaturgo

Deborah Moreira , atriz e dramaturga

George Mascarenhas, ator e diretor teatral

“Os anos 1990 foram muito produtivos para o teatro baiano. Tivemos a sorte de encontrar o Teatro SESI nessa mesma época, local que serviu de palco para muitos espetáculos importantes. Tem a característica de ser um local muito democrático, acessível. Os espetáculos que acontecem lá hoje demonstram que essa característica permanece como diferencial da casa. Além do que, está localizado no coração do Rio Vermelho, local privilegiado e que facilita o acesso do público e enche os nossos olhos com a beleza do lugar”.

“Lembro do primeiro dia em que entrei no teatro. Eu e Maria Marighella encenávamos juntas e chegamos ao local carregando uma estrutura pesadíssima para ser montada no palco. Bastaram alguns segundos para que funcionários do teatro aparecessem de todos os cantos para nos ajudar. Todos com vontade de ver aquele lugar crescer. Gosto muito de estar em cartaz ali. Considero o local como uma extensão da minha casa”.

“A chegada do Teatro SESI foi um alento, uma luz, um novo local vindo em um momento de muita produção teatral e sem espaço para exibir tantos talentos. Um momento marcante foi um espetáculo especial que fizemos para industriários e idosos. Era um espetáculo que precisava de troca entre público e atores e a estrutura intimista do teatro possibilitou que esse encontro fosse possível, verdadeiro. Desejamos que continue por outros 15 anos e mais, contribuindo para o movimento cultural dessa cidade e revelação de talentos”.

Centro Cultural SESI Rio Vermelho - No ano de 1998, o casarão ganhou dois novos espaços – Varanda e Café Teatro – e passou a ser o Centro Cultural SESI Rio Vermelho. Além da gestão dos espaços, o Centro Cultural tem entre suas finalidades, desenvolver projetos de formação de plateia, cursos, oficinas e estimular o acesso à cultura entre os trabalhadores da indústria baiana. Projetos consagrados, desenvolvidos pelo Centro são o festival SESI Música e o concurso SESI Poesia, que premiam trabalhadores e funcionam como oportunidades para despertar e formar talentos musicais dentro da indústria. A Varanda do SESI é conhecida por apoiar a música independente, promover novos artistas e divulgar a música autoral. Abriga por ano cerca de 40 produções independentes da música baiana. Com programação de segunda a sábado, possui capacidade para receber 120 pessoas e funciona na área externa do teatro. As segundas-feiras são conhecidas por serem o Dia de Chorinho, um dos mais procurados da casa, que fica sempre lotada. [bi]


João Alvarez

Inovação para todos Workshops do IEL mostram que investir em novos processos é viável para micro e pequenos empresários

Litelton Pires explica que a primeira etapa do projeto começou em novembro do ano passado

H

á 11 anos à frente da Dika Móveis, Valdir Silva tocava a empresa sem ver o negócio prosperar, até que decidiu investir em mudanças na administração. Sistematizou a contabilidade e melhorou as condições de trabalho de seus 24 funcionários. O resultado veio em forma de crescimento e o empresário de Eunápolis já comemora a abertura de uma nova loja no centro da cidade. “Abandonei vícios de gestão e hoje tenho uma nova visão do negócio”, conta. A transformação operada na empresa de Silva aconteceu depois que ele conheceu o projeto Gestão da Inovação na Indústria, iniciativa da CNI que, na Bahia, é realizada pelo Instituto Euvaldo Lodi (IEL), em parceria com a Secretaria de Ciência e Tecnologia (Secti), Fapesb e Sebrae nacional e regional. O objetivo é fomentar a implantação de planos de gestão da inovação por meio de ações de capacitação e assessoria, de forma a promover o aumento da competitividade nas micro e pequenas empresas industriais. A primeira etapa do projeto, a de sensibilização dos empresários, vem sendo realizada desde novembro do ano passado, por meio de workshops. “Nestes encontros, apresentamos os conceitos de inovação e casos de sucesso. Em seguida, abrimos espaço para perguntas e respostas”, explica o analista de inovação do IEL, Litelton Pires. Pires afirma que este tipo de contato é fundamental para desconstruir a ideia de que inovação está associada somente a empresas com grande capital para investir em tecnologia. “Por falta de conhecimento, a maioria dos empreendedores de pequeno porte acredita que inovar não é para eles”, diz. No mês de fevereiro, os workshops foram realizados em Eunápolis, Teixeira de Freitas e Vitória da Conquista. O gerente administrativo da TTR Serviços

divulgação

Workshop realizado em Eunápolis durante o mês de fevereiro

Agro Florestais, Igor Carpegianni, que participou do evento em Teixeira de Freitas, elogia a iniciativa. “É uma ação muito importante, pois mostra que inovação não é só a compra de novos equipamentos, é investir em soluções que aumentam a rentabilidade e até o porte do negócio”, diz. Carpegianni, que falou de práticas bem sucedidas no workshop, conta que a empresa baiana de corte e entrega de eucaliptos em que trabalha executou mudanças metodológicas na escala dos empregados e, sem precisar contratar novos funcionários ou adquirir novas máquinas, fez uma economia de R$ 800 mil em um ano. De acordo com o gerente administrativo, a TTR também investiu em novos produtos, como o extintor de incêndio com um novo modelo de bico, que evitaram perdas patrimoniais. [bi] Bahia Indústria  15


Expertise SESI-BA coordena capacitação de empresas fornecedoras da Engenharia da Petrobras

E

m março, o SESI-BA iniciou as atividades do Programa de Desenvolvimento de Fornecedores da Engenharia da Petrobras, que tem como meta melhorar a gestão e os sistemas de prevenção em saúde, meio ambiente e segurança (SMS) das empresas, além de aumentar a competitividade nas licitações da estatal. Por meio de cursos de capacitação, 185 empresas que integram o cadastro corporativo da petrolífera poderão se qualificar para atender às normas exigidas nas concorrências realizadas pela transnacional. De acordo com o técnico de gestão da Engenharia da Petrobras, André Luiz Wandemberg, as empresas identificadas têm, muitas vezes, alta pontuação técnica – referente à capacidade de construir dutos, pontes, caldeiras, por exemplo –, mas possuem pontos insuficientes na avaliação das práticas de sustentabilidade ambiental e segurança ocupacional. “Como a Petrobras quer ser referência em SMS, precisa trabalhar com uma cadeia de fornecedoras que atendam às exigências nesta área”, explica o técnico. A capacitação também irá “oxigenar” as licitações realizadas pela transnacional, permitindo que outras empresas participem das concorrências. “As maiores e mais bem estruturadas acabam vencendo, queremos que outras fornecedoras façam parte do processo”, diz Wandemberg. A proposta da qualificação, baseada principalmente nas práticas de gestão de SMS, foi a que mais se adaptou às necessidades da Petrobras, entre as oferecidas à estatal. “Idealizamos uma capacitação 16  Bahia Indústria

Por Carolina Mendonça Foto João Alvarez

Idealizamos uma capacitação que sensibilize e provoque atitude. Queremos efetividade, mudança de comportamento Katyana Menescal, especialista em Qualidade de Vida do SESI

que sensibilize e provoque atitude, pois o que queremos é efetividade, mudança de comportamento”, afirmou a especialista da gerência de Qualidade de Vida do SESI, Katyana Aragão Menescal. Com duração de nove meses (360 horas), em 2012, os cursos serão oferecidos em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, além da Bahia, onde a primeira turma do programa já está formada. No estado, 20 empresas apresentam potencial técnico para participar da qualificação, de acordo com a Petrobras. Empresas de outros estados e que estejam no cadastro também poderão participar.

O acompanhamento da capacitação ficará a cargo de representantes do Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (Prominp), coordenado pelo Ministério de Minas e Energia. “Uma das nossas funções é identificar demandas e, principalmente, depois das descobertas do pré-sal, a Petrobras mostrou que precisará ampliar a cartela de fornecedores”, diz o consultor do Prominp, Marco Ferreira. Além das aulas e atividades, estão previstas visitas de técnicos do SESI e da Petrobras às empresas participantes da capacitação, a fim de se verificar se o conteúdo


dos cursos está sendo posto em prática. “São as chamadas tutorias presenciais, uma forma de atestar a participação e o envolvimento das empresas com a gestão de SMS”, afirma Katyana Aragão Menescal. A avaliação deste envolvimento e efetividade das práticas é fundamental para que as empresas possam fazer parte da cartela de fornecedores da Petrobras, já que o não cumprimento das normas pode ter consequências graves para a petrolífera. “Contratar uma empresa que não cuida do SMS faz com que a Petrobras possa vir a ser co-partícipe de acidentes de trabalho”, enfatiza o técnico de gestão

da Engenharia da transnacional, André Luiz Wandemberg. O investimento para cada aluno é de R$ 10.476,00, sendo que metade deste valor é pago pelo Prominp. A outra metade será paga pelas empresas interessadas em qualificar um ou dois funcionários, número máximo de participantes por organização. No entanto, os empregadores têm que custear os gastos com a logística e o transporte dos técnicos das tutorias presenciais.

EXPERIÊNCIA Pioneiro em consultoria em Sistema de Gestão Integrada (SGI)

Programa de Desenvolvimento de Fornecedores da Engenharia da Petrobras tem como meta aumentar a competitividade nas licitações da estatal

em SMS, o SESI Bahia tem experiência em capacitação na área desde 2004. No ano passado, ficou pronto o Manual SESI para SGI em Saúde, Meio Ambiente e Saúde Ocupacional, utilizado por mais de 200 empresas baianas. “Nossa missão é contribuir para que as empresas alcancem os níveis de segurança e saúde no trabalho dos melhores padrões mundiais”, garante Katyana Aragão Menescal. Informações sobre o Programa de Desenvolvimento de Fornecedores da Engenharia da Petrobras podem ser obtidas pelo e-mail prominp@petrobras.com.br. [bi] Bahia Indústria  17


Serviços tecnológicos para o mercado SENAI oferece soluções de alta qualidade para atender às demandas da indústria POR carolina Mendonça FOTOS joão alvarez

om quase 70 anos de experiência em educação para a indústria, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial da Bahia é uma referência nesta área, consolidada no mercado e junto à sociedade. O que muita gente ainda desconhece é um eixo de atuação do SENAI tão importante para o setor industrial quanto o da formação e da qualificação profissional: a oferta de Serviços Técnicos e Tecnológicos (STT). Oferecidos pela instituição desde a segunda metade dos anos 1990, atualmente são cerca de 400 serviços disponibilizados pelo SENAI para a Bahia e outros estados brasileiros, divididos principalmente entre operacionais; consultorias em processo produtivo e de meio ambiente; serviços metrológicos: ensaios, calibração, ensaios de proficiência e materiais de referência; certificação de processos e produtos; inovação de produto e de processo; certificados conforme a norma ISO 9001:2008. No caso dos laboratórios, estes são certificados pela norma ISO 17.025.

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Profissional executa processo de calibragem gráfica, uma das especialidades dos Serviços Técnicos e Tecnológicos

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“O objetivo é oferecer conhecimento e ferramentas para aumentar a produtividade da indústria em todos os segmentos, beneficiando as empresas com diferentes níveis de soluções. Dessa forma, o SENAI não só transfere tecnologia, mas garante qualidade em diversos processos e incentiva a inovação”, explica o diretor regional do SENAI, Leone Peter. Em 2011, mais de 700 empresas foram atendidas com estes serviços, coordenados pelos Centros Tecnológicos das unidades Cetind, Cimatec e Dendezeiros, em Salvador. O número de ensaios realizados, por exemplo, chegou a 110 mil. Como resultado de projetos desenvolvidos para atender demandas da indústria, foram registrados 16 pedidos de patentes e sete de licenciamento de tecnologia. “Os números atestam que existe a demanda da indústria baiana por todo o portfólio de serviços ofertados pelo SENAI, mas ainda há falta de conhecimento por parte do setor, o que, por vezes, leva as indústrias a buscarem soluções fora do Estado, trazendo como consequência o aumento dos seus custos, perda na agilidade da solução, além de não permitir o desenvolvimento de fornecedores locais”, afirma o gerente do Cimatec e do centro tecnológico da unidade, Daniel Motta.

hidroelétrica Por outro lado, as empresas que buscam soluções junto às equipes técnicas do SENAI vêm aprovando a qualidade dos serviços realizados. Um dos casos de sucesso é o Programa de Monitoramento de Processos Erosivos na Pequena Central Hidroelétrica (PCH) Sítio Grande, no município de São Desidério, na região Oeste da Bahia. Para atender a uma condicionante ambiental da licença de instalação do empreendimento, a empresa responsável pelo projeto, a Bahia PCH, do Grupo Neoenergia, apostou na experiência dos profissionais da Área de Meio Ambiente do Cetind, que levantaram informações sobre as condições do terreno e traçaram um plano de controle dos focos de erosão. “Realizamos o mapeamento digital da área e projetamos as etapas de acompanhamento, o que minimizou os danos ambientais e, consequentemente, vai aumentar o tempo útil de vida da hidrelétrica”, explica o analista de meio ambiente do Cetind, Renato Reis. O monitoramento iniciado em 2009 e as ações de mitigação, como o plantio de vegetação, têm garantido o equilíbrio do solo. Até o fim do contrato de cinco 20  Bahia Indústria

Patrícia Evangelista e Daniel Motta apontam que há demanda pelos serviços ofertados e uma equipe qualificada para atendê-los

anos, serão realizadas campanhas anuais “para identificar as intervenções necessárias à manutenção e ou recuperação das áreas utilizadas”, de acordo com a especialista em meio ambiente do Grupo Neoenergia, Valéria Ladeira. Outra experiência bem sucedida é a da Cerealista Polisul, que cultiva e beneficia arroz no Rio Grande do Sul, estado de maior produção do grão no país. Interessada em dar um destino aos milhões de toneladas da casca do cereal, que representa o maior volume (22%) entre os subprodutos obtidos a partir do beneficiamento do arroz, a empresa gaúcha procurou o Cimatec. “Por indicação de um dos nossos fornecedores, fomos conhecer a equipe e as instalações em Salvador e pudemos ver de perto o alto nível técnico do centro. A parceria resultou na produção da madeira plástica com utilização da fibra da casca do arroz”, conta o diretor-técnico da Polisul, Luiz Angelo Cunha. O produto, de alto valor agregado, comercializado


há um ano e meio, é utilizado em decks e móveis para jardins e piscinas, mas há um amplo potencial de aplicação na construção civil, em brinquedos, tacos e assoalhos. A engenheira de materiais Zora Ionara dos Santos, que coordena o projeto no Cimatec, explica que a madeira plástica resiste a cupim e não racha, apresentando alta resistência. Além disso, utiliza na composição 65% de um produto que seria jogado fora, fazendo o custo final cair drasticamente. “Agora, estamos realizando ensaios preliminares sobre a aplicação de aditivos protetores, para aumentar a durabilidade frente à ação do sol”, conta Zora.

patentes A área de alimentos e bebidas do SENAI Dendezeiros, por exemplo, vem desenvolvendo produtos que já resultaram em pedidos de proteção junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), a exemplo do Soro de Leite de Cabra em Pó –, que pode ser usado na fabricação de bebidas lácteas, sorvetes e produtos panificáveis –, e da Bebida Energética à Base de Própolis, cuja patente já foi requerida. Com tecnologia inovadora e de alta qualidade, o produto é fruto de mais uma parceria entre a equipe do SENAI Dendezeiros e a empresa Apis Jordans, que comercializa mel, geleia real, cera, pólen e própolis. A bebida ainda aguarda uma nova pesquisa de mercado para ser lançada, mas o seu desenvolvimento apresentou incrementos ao negócio de Luiz Jordans, localizado em Barra do Choça, a cerca de 540 quilômetros de Salvador. “A análise dos ingredientes e o estudo do aproveitamento dos subprodutos feitos pela instituição já nos trouxe ganhos de qualidade”, elogia Jordans, que contratou também outros SST do SENAI, como a Análise de Perigo de Controle Crítico (APCC) e a implantação do Sistema de Qualidade de Boas Práticas de Fabrico, os quais gabaritam o apiário para exportar seus produtos. “Temos como ponto forte o intercâmbio entre o conhecimento aprofundado de nossos especialistas e a vivência prática na indústria. Após diversos atendimentos de sucesso realizados temos um balanço muito positivo, com retorno extremamente satisfatório por parte dos empresários atendidos”, reitera a gerente do SENAI Dendezeiros, Patrícia Evangelista. Um dos STT oferecidos pela instituição, os serviços metrológicos – medições para os diversos setores produtivos –, são executados em laboratórios próprios de ensaios e de calibração, que contam com ins-

As unidades Dendezeiros, Cimatec e Cetind oferecem soluções e serviços nas mais diversas especialidades: metrologia, segurança, construção civil, alimentos, dentre outros

Bahia Indústria  21


cumpram exigências legais e sociais. “No mundo atual, onde o ambiente externo às organizações muda a toda hora, seja em razão das necessidades dos clientes, do lançamento de produtos substitutos, do aparecimento de novos concorrentes, do surgimento de tecnologias ou da maior conscientização da sociedade para exigir os seus direitos, os centros tecnológicos têm um papel fundamental para aumentar a competitividade das empresas”, opina.

Parcerias

Serviços de metrologia e precisão fazem parte das atividades oferecidas ao público externo pelas unidades do SENAI

talações e equipamentos de última geração. Parte desses laboratórios integra a Rede Brasileira de Laboratórios de Ensaio (RBLE) e a Rede Brasileira de Calibração (RBC). Já as medições são acreditadas junto ao Inmetro, segundo a Norma ABNT NBR ISO/IEC 17025. Jicarla Rebouças, gerente da área de Metrologia Química e Volumétrica do Cetind, que abrange dez laboratórios, conta que os resultados das pesquisas de satisfação dos clientes são excelentes. Em 2011, a área que ela coordena, 22  Bahia Indústria

por exemplo, ficou com média de avaliação positiva de 93,4%. “Hoje, a indústria tem no SENAI Bahia um grande parceiro nos processos de controle de qualidade”, afirma. Para João Fonseca, gerente do centro tecnológico do Cetind, unidade com expertise nas áreas de meio ambiente, tecnologia da informação, processos produtivos e petróleo e gás, além dos ensaios laboratoriais químicos e biológicos, os STT oferecem soluções eficientes para que as indústrias

A participação em programas e redes de cooperação com instituições de ensino, pesquisa e desenvolvimento é fundamental para garantir a qualidade dos serviços Por esta razão, as equipes técnicas do SENAI-BA participam periodicamente de encontros com parceiros nacionais e internacionais, apresentando resultados e buscando a reciclagem de conhecimentos e experiências. Alguns dos parceiros mais importantes são o Serviço Brasileiro de Apoio as Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), o Instituto Euvaldo Lodi (IEL) e as instituições realizadoras de testes Pearson Vue, Prometric e Poli-Design. Para a realização de pesquisa, desenvolvimento e inovação, o SENAI mantém cooperação com as universidades de São Paulo (USP), Federal de Santa Catarina (UFSC), Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Federal de Campina Grande (UFCG), além do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), o Institute für Bildsame Formgebung da Universidade Técnica da Renânica Vestfálica (RHTW/Aachen) e Institutos Fraunhofer: ICT Química e IML, da Alemanha. [bi]


José Mascarenhas, Reinaldo Sampaio e o engenheiro Fernando Lapa em visita à área do Enseada do Paraguaçu

Recôncavo atrai indústria naval A implantação de novo estaleiro em Maragojipe deverá funcionar como polo de atração de uma nova cadeia de fornecedores ligada à indústria metal-mecânica POR Patrícia moreira FOTOS joão alvarez

A

Petrobras anunciou a contratação das empresas Sete Brasil e Ocean Rig para a construção e operação de 26 sondas de perfuração para exploração do pré-sal, das quais seis deverão ser construídas na Bahia, no município de Maragojipe. O serviço ficará a cargo do Estaleiro Enseada do Paraguaçu (EEP), que já deu início às obras de construção civil. O equipamento, ao lado do Estaleiro São Roque do Paraguaçu, vai inscrever um novo capítulo na história da indústria naval da Bahia. Otimista com a consolidação de um polo naval de alta complexidade no Recôncavo, e a consequente atração de uma cadeia de fornecedores no entorno

destas plantas, o presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), José de Freitas Mascarenhas, foi conhecer as instalações do Estaleiro São Roque e a área onde será construído o Enseada do Paraguaçu. O EEP, que integra o consórcio formado pela Sete Brasil, contou com a colaboração do Sistema FIEB, por meio do Instituto Euvaldo Lodi (IEL Bahia), na elaboração de estudos técnicos e de licenciamento ambiental da área onde está sendo implantado. A parceria é uma das ações do Projeto Aliança, que o IEL desenvolve com a Petrobras, e prevê a qualificação de fornecedores na região, incluindo, além do Recôncavo, a região de Feira de Santana. “No âmbito do Projeto Aliança, Bahia Indústria  23


elaboramos o documento Política Industrial da Bahia: Estratégias e Proposições, que aponta ações para a indústria naval, entre elas, a necessidade de adensamento da cadeia a partir de um programa de qualificação, formação e atração dos fornecedores locais”, explica o superintendente do IEL, Armando Neto. O presidente da FIEB aposta no estudo da cadeia de fornecedores para subsidiar a atração de novos empreendimentos e com isso conformar uma indústria mecânica de maior porte na Bahia. “Temos o principal, que é a capacidade instalada de engenharia e potencial intelectual para tirar proveito dessa indústria naval de grande porte, que é algo novo no estado”, afirma o presidente da FIEB, acrescentando que o IEL deverá contribuir para melhorar a matriz da cadeia metal-mecânica. Mascarenhas ressalta, no entanto, que, para atender à necessidade da Petrobras de contratar um grande volume de embarcaçõessondas e plataformas para o présal, a Bahia precisa estar preparada. “A Bahia tem que se capacitar mais, pois, à medida que o estado mostrar seu potencial de realização, a Petrobras entenderá que tem um centro de apoio ao programa dela e isso irá atrair novos contratos”, explica. Durante a visita, o presidente da FIEB foi recebido pelos gestores do Estaleiro São Roque, reativado em 2005 para a construção da plataforma PRA-1. Lá, estão sendo montadas, desde setembro de 2008, ao custo individual de R$ 370 milhões, as plataformas autoelevatórias P-59 e P-60 para a Petrobras. O canteiro reúne cerca de 1.700 trabalhadores e a obra está a 24  Bahia Indústria

cargo do Consórcio Rio Paraguaçu, formado pela Odebrecht, Queiroz Galvão e UTC Engenharia. Durante a visita, o presidente da FIEB foi recebido pelo diretor do Consórcio, José Luís Coutinho de Faria, e pelo engenheiro Antonio Cesar de Oliveira Pinheiro, da Petrobras, que fez uma explanação sobre as soluções de engenharia e de tecnologia implementadas para viabilizar a construção das plataformas; entre elas, um novo método de lançamento de plataformas ao mar, que está sendo patenteado pelo seu ineditismo.

OBRAS José Mascarenhas também visitou o canteiro do Estaleiro Enseada do Paraguaçu, que representará investimentos de R$ 2 bilhões, realizados pelo consórcio que reúne Odebrecht Participações e Investimentos, OAS Investimentos e UTC Participações. Também voltado para atender às demandas da Petrobras, o EEP foi projetado com capacidade para construir seis sondas do tipo Floating Production Storage and Offloading – FPSO, na sigla em inglês. Mas também estará habilitado para produzir jack-ups, plataformas de produção de petróleo, embarcações de apoio de alta complexidade, embarcações militares, navios graneleiros e porta-conteineres. O EEP ocupará uma área de 1,6 milhão de metros quadrados, sendo 1,3 milhão de área construída e o restante destinado a reserva ambiental. O estaleiro corresponde a quatro vezes o tamanho do canteiro São Roque. Quando estiver em operação, poderá para empregar 7 mil trabalhadores, sendo que durante as obras serão contratados entre 2.000 a 2.500 operários.

A equipe da FIEB no Estaleiro São Roque, que constrói plataformas petrolíferas


Temos o principal, que é a capacidade instalada de engenharia e potencial intelectual para tirar proveito dessa indústria naval de grande porte, que é algo novo no estado José de Freitas Mascarenhas, presidente do Sistema FIEB

A previsão é que comece a operar após 18 meses do início das obras, conforme informou o engenheiro Fernando Lapa, gerente de produção da obra.

INFRAESTRUTURA Durante a visita, veio à tona a urgência de medidas para modernização dos portos baianos. “Consideramos o porto inimigo número 1 da Bahia. No momento, estamos querendo uma mudança simples: um porto de padrão internacional, já que isso está prejudicando o desenvolvimento do estado”, alertou o presidente da FIEB, José Mascarenhas. “O desenvolvimento de uma indústria naval de grande envergadura é indutora da atração de novos investimentos e esta possibilidade de desenvolvimento industrial tem na questão portuária um obstáculo, porque há uma indiscutível carência de estrutura”, acrescenta o vice-presidente da FIEB e coordenador do Comitê de Portos, Reinaldo Sampaio. A logística para a implantação do EEP em São Roque é outra questão de suma importância para viabilizar o investimento. Para isto, o estado se comprometeu, por intermédio do Derba, a construir estradas que assegurem o acesso de caminhões de carga até as áreas de implantação do equipamento. Ricardo Vieira, diretor de Desenvolvimento da Secretaria da Indústria, Comércio e Mineração (SICM), que também integrou a comitiva da visita, explica que os canteiros São Roque e Enseada do Paraguaçu representam a retomada da indústria naval no estado. “A Bahia agora parte para outra escala para atender à demanda por grandes embarcações pelo maior orçamento do país que é o da Petrobras”, reforça Vieira, observando, ainda, que a expectativa é a atração de novos investimentos para o estado com a vinda de novas indústrias e de maior geração de emprego e renda para a região. [bi] Bahia Indústria  25


indicadores  Números da Indústria

Indústria baiana fecha 2011 em desaceleração Na comparação com dezembro de 2010, a produção física da indústria de transformação apresentou queda de 4,7%, maior que a média nacional de -1,4%

E

m dezembro, a taxa anualizada da produção física da indústria de transformação da Bahia alcançou -4,5%, mantendo a trajetória descendente iniciada no último trimestre do ano passado, fechando o ano de 2011 com o quarto pior resultado no ranking dos treze estados que participam da PIMPF-R, acima do Ceará, Espírito Santo e Santa Catarina. A queda (que contrasta com a alta de 0,2% da média nacional) reflete principalmente a interrupção do fornecimento de energia elétrica que atingiu o Nordeste no início de fevereiro, com maior impacto sobre o Polo Industrial de Camaçari. Tal resultado pode ser atribuído à retração de cinco dos oito segmentos pesquisados: Metalurgia Básica (-10,7%), Refino de Petróleo e Prod. de Álcool (-9,6%), Produtos 26  Bahia Indústria


bahia: pim-pf de dezembro 2011 Estados

Variação (%)

Dez11/Dez10 Jan11-Dez11/ Jan10-Dez10

Químicos/Petroquímicos (-7,5%), Veículos Automotores (-6,9%) e Celulose e Papel (-1,1%). Por outro lado, os segmentos de Alimentos e Bebidas (7,7%), Minerais nãometálicos (5,1%) e Borracha e Plástico (4,6%) apresentaram resultados positivos. Na comparação de dezembro de 2011 com igual mês do ano anterior, a produção física da indústria de transformação baiana apresentou queda de 4,7% (contra uma queda de 1,4% da média nacional). Apenas três dos oito segmentos da Indústria de Transformação registraram queda da atividade, como segue: Refino de Petróleo e Prod. de Álcool (-24,1%, influenciado em grande parte pela paralisação técnica parcial em unidade produtiva do setor, com impactos sobre a produção de óleo diesel, gasolina automotiva, nafta petroquímica e gás liquefeito de petróleo, GLP), Veículos Automotores (-15,3%, redução da produção de automóveis) e Produtos Químicos/Petroquímicos (-0,3%, influenciado pela menor

Indústria de Transformação (1) Refino de Petróleo e Produção de Álcool Produtos Químicos/ Petroquímicos Veículos Automotores Alimentos e Bebidas Celulose e Papel Metalurgia Básica Borracha e Plástico Minerais não-metálicos Extrativa Mineral (2)

-4,7

-4,5

-24,1

-9,6

-0,3 -15,3 9,8 1,3 1,7 6,9 0,4 -8,7

-7,5 -6,9 7,7 -1,1 -10,7 4,6 5,1 -2,3

produção de sulfato de amônia, polietileno de alta densidade, e adubos e fertilizantes).

MELHORES DESEMPENHOS Por outro lado, cinco segmentos registraram crescimento: Alimentos e Bebidas (9,8%, em função da maior produção de cervejas, chope e refrigerantes), Borracha e Plástico (6,9%), Metalurgia Básica (1,7%), Celulose e Papel (1,3%), e Minerais não-metálicos (0,4%). A queda na produção de petroquímicos, em virtude principalmente da interrupção do fornecimento de energia elétrica verificada em fevereiro, foi o principal fator responsável pelo desempenho negativo da indústria de transformação baiana em 2011. As quedas nos segmentos de Metalurgia Básica e Veículos Automotores também foram determinantes para a retração da produção industrial do Estado. Por outro lado, os segmentos produtores de bens de consumo permaneceram aquecidos, refletindo o aumento do poder de compra da população. [bi]

produção física por estados: indústria de transformação Estados

Variação (%)

Dez11/Dez10 Jan11-Dez11/ Jan10-Dez10

São Paulo Minas Gerais Rio de Janeiro Paraná Rio Grande do Sul Bahia Santa Catarina Amazonas Espírito Santo Pará Goiás Pernambuco Ceará Brasil

-3,2 -2,4 -0,4 23,5 3,2 -4,7 -10,9 3,7 -6,5 1,4 6,3 3,8 -7,4 -1,4

0,2 0,0 2,6 7,0 1,9 -4,5 -5,1 4,1 -5,2 -1,6 6,6 0,0 -11,7 0,2

Fonte IBGE; elaboração Fieb/SDI

BAHIA - PRODUÇÃO FÍSICA DA INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO (2009 - 2011) 140 135 2010

130 125 120

2011

115

2009

110 105 100

DEZ

NOV

OUT

SET

AGO

JUL

JUN

MAI

ABR

MAR

FEV

JAN

95

Fonte: IBGE; elaboração Fieb/SDI. Nota: Exclusive a indústria extrativa mineral (CNAE 10, 11, 13 e 14); base = 100 (média 2002)

Bahia Indústria  27


SENAI oferece 1.760 vagas do Pronatec

O público-alvo da iniciativa são os beneficiários de programas sociais POR carolina mendonça FOTOS joão alvarez

O

Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI-BA) iniciou em março cursos do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) em Salvador e Camaçari. Na capital baiana, foram oferecidas mil vagas, distribuídas em 22 turmas. Já no município da RMS, foram disponibilizadas 760 vagas em 19 turmas. O público-alvo são os beneficiários de programas de

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transferência de renda com idades entre 18 e 59 anos. “Nossa expectativa é grande em contribuir com este programa, que vai qualificar profissionais para o mercado de trabalho e contribuir para a geração de renda atendendo, principalmente, as demandas da indústria baiana”, disse a coordenadora do Pronatec no SENAI, Rosângela Costa. Em Salvador, além do SENAI, o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) também

Alunos em aula do curso de montador de veículos no laboratório automotivo

vão realizar ações de qualificação profissional. As atividades foram apresentadas no fim de janeiro pelo secretário municipal do Trabalho, Assistência Social e Direitos do Cidadão (Setad), Oscimar Torres, durante coletiva de imprensa. “O objetivo da prefeitura é incluir nos cursos parte dos 147 mil moradores de Salvador que têm renda abaixo de R$ 70, de acordo com dados do IBGE”, afirmou Torres. O titular da Setad garantiu que todos os alunos do Pronatec da capital serão cadastrados no Serviço Municipal de Intermediação de


Mão de Obra (Simm), aumentando as chances de empregabilidade. Para o secretário de Cidadania e Inclusão de Camaçari, Carlos Silveira, esta é uma oportunidade de inserção social para as famílias beneficiárias dos programas de transferência de renda. “São cursos de alto nível, ministrados por instituições reconhecidas, que vão qualificar estas pessoas para o trabalho. Dessa forma, não se dá somente o peixe, se ensina a pescar”, defende.

Cursos oferecidos na Região Metropolitana Salvador > Ajustador mecânico > Caldeireiro > Mecânico de manutenção de

Combate à evasão Em Salvador, os cursos do SENAI serão oferecidos nas unidades Dendezeiros, na Cidade Baixa, e Cimatec, em Piatã. Já em Camaçari, as aulas serão ministradas no antigo Laboratório Técnico Automotivo (LTA). Além disso, outros locais foram identificados e disponibilizados, nos dois municípios, para que os alunos matriculados consigam manter a frequência às aulas. “Foram feitas parcerias para garantir espaços mais próximos da população-perfil, como colégios da rede pública, centros sociais e associações de bairros”, disse o gerente do SENAI Cetind, Alex Santiago, que afirmou ainda que a instituição investiu também na contratação de profissionais e adquiriu novos equipamentos para atender às turmas do Pronatec. “O acesso às aulas é fundamental para manter a presença dos alunos nos cursos e evitar a evasão”, explica a gerente da Escola Técnica do CIMATEC, Greta Moreira. Por isso, está prevista pelo programa assistência estudantil para contribuir com as despesas de transporte e lanche. O valor vai depender da quantidade de horas e da frequência dos participantes.

Alunos no laboratório de computação gráfica

Atividades complementares De acordo com a prefeitura de Salvador, parcerias serão firmadas para dar um incentivo a mais aos participantes: os alunos vão receber assistência em acuidade visual e ter acesso a atendimento odontológico. “Esses apoios serão importantes porque boa parte desta população já deixou a escola há algum tempo e precisa de estímulos para voltar a estudar. Para muitos, é preciso mais do que a possibilidade de incrementar a renda, seja como empregado ou prestador de serviços”, pontua o secretário Oscimar Torres. Os interessados nestes cursos de qualificação do Pronatec, que terão outras vagas abertas na capital e outros municípios, devem ter o perfil (de idade e condição social-econômica) determinado pelo programa. Além disso, é exigido o Ensino Fundamental incompleto para todas as turmas, e outros graus de escolaridade, a depender da área de conhecimento de cada curso. [bi]

refrigeração e climatização doméstica > Eletricista instalador predial de baixa tensão > Mecânico de manutenção em Máquinas Industriais > Auxiliar de operações logísticas > Costureiro industrial do vestuário > Pedreiro de alvenaria > Operador de editoração eletrônica > Modelista > Auxiliar de transporte, movimentação e distribuição de cargas > Carpinteiro de obras > Marceneiro

Camaçari > Almoxarife > Auxiliar de operações logísticas > Montador de andaimes > Padeiro > Pedreiro de alvenaria > Eletricista instalador predial de baixa tensão > Montagem e manutenção de computadores > Operador de processos químicos industrial > Eletricista industrial, caldeireiro > Costureiro industrial do vestuário > Modelista e mecânico de manutenção em transmissão manual automotiva Informações pelo telefone

(71) 3534-8090

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painel Alberto Coutinho/Secom

Palestra na Politécnica

O sisal pode ter aproveitamento de maior valor agregado, com a incorporação de novos usos. Por exemplo, como xampu anticaspa, remédio para doenças de pele e acaricidas. A Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti) desenvolve um projeto em parceria com instituições, como o SENAI Cimatec e Embrapa, para reestruturar a cadeia produtiva do sisal. Na Bahia, o produto é encontrado em 75 municípios, que concentram 95% da produção nacional. A fibra crua de sisal é obtida por desfibramento. O resíduo da operação contém suco, mucilagem e bucha. A fibra acabada de sisal representa somente 4% do peso da folha desfibrada. Portanto, mais de 95% do peso geralmente é descartado. Para aproveitar o resíduo, a Secti encomendou estudo que comprovou a eficácia de novos usos de produtos de sisal em aplicações diversas. A pesquisa indicou o uso potencial do suco do sisal como fungicida, inseticida, carrapaticida e antioxidante para alimentos e cosméticos.

O presidente da FIEB, José Mascarenhas, ressaltou a importância do engenheiro para o desenvolvimento das economias industrializadas ao proferir palestra, no dia 14 de março, como parte das comemorações pelos 115 anos da Escola Politécnica da Ufba. Mascarenhas pontuou que a engenharia moderna converge para a aplicação generalizada de conhecimentos científicos para a solução de problemas da indústria e da sociedade. “O engenheiro é o portador das chaves para o planejamento industrial, novos investimentos, produtividade e inovação”, disse o presidente, que é engenheiro civil. Ele lembrou que há uma crescente demanda por estes profissionais no Brasil e disse que a Federação está empenhada em contribuir para a superação do déficit.

Jovens aprendizes participam de ambientação

FIEB congratula Sebrae

No início de março, 24 jovens com idades entre 12 e 14 anos participaram do evento de ambientação de contratação no programa Jovens Aprendizes, realizado no auditório do SESI Retiro. Os novos contratados são oriundos do projeto Vira Vida do SESI, que busca promover a elevação da autoestima e da escolaridade dos participantes. A partir de agora, além da escola regular, eles farão o Curso de Aprendizagem Básica para Auxiliar de Rotinas Administrativas Industriais, ministrado pelo SENAI. No entanto, o processo de formação dos jovens compreende ainda aulas práticas e teóricas sobre empreendedorismo, cooperativismo, qualidade de vida, além de atendimento psicossocial. A previsão é que o grupo se forme em dezembro de 2013. Com a iniciativa, o Sistema FIEB cumpre a Lei 10.097/00, regulamentada pelo Decreto n° 5.598, que determina que as empresas devem contratar jovens aprendizes atendendo a uma cota mínima de 5% e máxima de 15% calculada sobre o total de empregados cujas funções demandem formação profissional. A formação técnico-profissional deve ser compatível com o desenvolvimento físico, moral, psicológico e social do jovem.

A Feira do Empreendedor 2011, realizada pelo Sebrae da Bahia, foi eleita pela 3ª vez consecutiva a melhor do circuito nacional. A FIEB, que teve uma maior participação no evento do ano passado, parabeniza a iniciativa voltada para micro e pequenos empresários e comemora o estreitamento da parceria com o Sebrae.

Proposta é aproveitar o resíduo da extração da fibra de sisal para criar novos produtos

Sisal pode ser usado como fungicida e xampu

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Valter Pontes

Atletas participaram de corrida na abertura do festival, que reuniu o SESI Simões Filho e Federação Baiana de Atletismo

Festival de Atletismo reúne competidores Foi realizado no dia 11 de fevereiro o festival de Abertura FBA 2012, promovido pela Federação Bahiana de Atletismo, em parceria com o SESI Simões Filho. Cerca de 30 atletas participaram de provas como salto em distância, salto em altura e corrida (100, 400 e 1.500 metros rasos) masculinos e femininos. Serão realizadas 11 competições em 2012. O SESI Simões Filho é hoje o palco principal das competições do calendário oficial do atletismo baiano. A pista da unidade, inaugurada em maio do ano passado, integra o seleto grupo das 11 pistas do Brasil certificadas pela IAAF, associação internacional que congrega federações da modalidade. As competições são um aquecimento para os Jogos do SESI 2012, que serão iniciados em março. A primeira fase, municipal, é o passo inicial para quem deseja chegar ao nacional ou mesmo se credenciar para etapas internacionais. Como novidade, o SESI vai organizar oficinas e treinamentos, visando a uma melhor preparação dos trabalhadores-atletas. Este ano, os jogos serão classificatórios para os Jogos Nacionais do SESI de 2013, que acontecerão no Rio de Janeiro. Divulgação

EJA vai além da sala de aula Visitas a museus, exposições, cinema e pontos turísticos fazem parte da programação escolar dos trabalhadores-alunos das turmas de Educação de Jovens e Adultos (EJA) do Serviço Social da Indústria – SESI. Os alunos, que cursam a alfabetização, o ensino fundamental e o médio, têm ainda a oportunidade de sair da sala de aula e complementar seus estudos com conhecimento cultural e artístico. A programação é desenvolvida por meio do projeto de Enriquecimento do Capital Cultural do SESI, que tem o propósito de despertar o interesse dos trabalhadores e seus dependentes pelas linguagens artísticas. São oferecidos ingressos, lanche e transporte aos locais visitados. Além disso, os alunos trabalham nas disciplinas os conteúdos abordados no passeio. Para levar o programa para a sua empresa, entre em contato com a unidade do SESI mais próxima.

Trabalhadores-alunos do EJA da Cyrella foram ao cinema

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Cimatec ganhará novas unidades Unidades 3 e 4 do Cimatec vão abrigar centros nacionais de logística e conformação mecânica João Alvarez

O que já é referência hoje, tem um futuro ainda melhor”, anunciou o presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), José Mascarenhas, durante a assinatura de contrato com a GPO-GMEC Projetos e Obras para a construção dos Cimatec 3 e 4. Os novos prédios do Centro Integrado de Manufatura e Tecnologia do SENAI-BA, onde funcionarão um núcleo de modelagem computacional e dois centros nacionais de tecnologia, um de logística e outro de conformação mecânica, serão espaços de pesquisa e formação profissional, voltados para as demandas da indústria brasileira. Orçada em R$ 78 milhões, a ampliação do Cimatec vai expandir a capacidade de atendimento ao setor. “Em relação à capacitação profissional, por exemplo, o número de alunos dos cursos presenciais, que atualmente está em oito mil, vai dobrar, podendo chegar a cerca de 20 mil ao ano. Isso sem contar com a atuação educacional nas empresas”, explicou o superintendente do SENAI-BA, Leone Peter. O Cimatec 3 terá um núcleo de Modelagem Computacional e Realidade Virtual, que vai possibilitar o aumento da produtividade com menos custos e riscos para as empresas. Já no Cimatec 4 vão 32  Bahia Indústria

José Mascarenhas e José Bonifácio Pinto Jr., da GPO-GMEC Projetos e Obras, assinam contrato

funcionar um centro de referência em logística, onde serão realizadas pesquisas em desenvolvimento e gestão de produtos, além do centro de conformação mecânica e fundição, em que serão produzidas peças de metal robustas (como equipamentos para navios) e também peças de acabamentos mais fino, feitas pelo processo de estampagem, a exemplo das carrocerias de automóveis. A concepção do projeto e a capacitação das equipes são fruto de parcerias firmadas com a Universidade de Aachen e o Instituto Fraunhofer IML, da Alemanha, instituições de referência internacional em tecnologia nas áreasfoco das novas unidades do Cimatec. “Os centros serão os primeiros

do Brasil e os maiores da América Latina. Nossos esforços e investimentos têm como objetivo apoiar a indústria mecânica na Bahia”, afirmou o presidente da FIEB, José Mascarenhas. As obras de edificação das novas unidades, que devem durar 14 meses, foram iniciadas um mês antes de o Cimatec completar uma década de vida. Inaugurado em 20 de março de 2002, o Centro Integrado de Manufatura e Tecnologia do SENAI-BA oferece, atualmente, formação profissional e serviços tecnológicos em diversas áreas de competência, como automação e produção industrial, energia e microeletrônica. Para o mês comemorativo, estão previstos eventos com a presença de autoridades. [bi]


ideias

O mal-estar metropolitano por Reinaldo Sampaio

No Brasil, as populações metropolitanas estão se tornando, involuntariamente, menos produtivas e mais infelizes, por conta da desestruturação física das cidades e da imobilidade do tráfego urbano. O excesso de tempo dispendido para locomover-se é um crime contra a produtividade e o desenvolvimento, por consumir de modo inútil o tempo de trabalho e de realização dos indivíduos e é também um crime contra as pessoas, por acabar com o seu tempo de existência. Esse “mal-estar metropolitano” decorre de decisões políticas que preterem o planejamento de longo prazo em favor do atendimento de questões tópicas; fragmentos de uma totalidade não percebida. Salvador, infelizmente, faz parte dessa realidade. O planejamento da metrópole deve estar subordinado a uma forma de análise sistêmica da realidade global; isto é, a uma compreensão das realidades presentes, de que modo refletem o período histórico atual e suas repercussões sobre a sociedade e o espaço territorial. Como afirmava Milton Santos “a questão urbana é uma totalidade menor, dentro de uma totalidade maior; a lógica nacional e global”. Planejar Salvador exige saber como lidar com antigas tendências que parecem incompreendidas por sucessivos gestores: a mais óbvia é a macrourbanização; a metrópole não é uma unidade, mas um conjunto de municípios que interagem social e economicamente, tendo

a própria metrópole como núcleo; outro desafio, da Bahia e do Nordeste em geral, é a concentração da população e da pobreza na Região Metropolitana. Tal fenômeno decorre da rarefação da população rural, liberada pelo avanço técnico-científico das atividades rurais e que, na ausência de cidades médias dotadas de infraestruturas adequadas, seu destino é a Capital, onde grande parte dessa população não é absorvida pelas atividades modernas e tende à exclusão ou a reproduzir formas econômicas atrasadas, perpetuadoras das desigualdades. Nas economias avançadas, observa-se o fenômeno da “desmetropolização”; a redução do papel relativo da metrópole, através da reprodução nas cidades médias, das chamadas hegemonias metropolitanas, permitindo absorver e requalificar a força de trabalho liberada do campo. No nosso caso, o que observamos é a “involução metropolitana”, a desestruturação física da cidade, a imobilidade improdutiva e o aumento da pobreza. Lembremos os ensinamentos do Mestre Milton Santos sobre a questão urbana: de que não é possível compreendê-la isoladamente nem subordiná-la a um planejamento limitado e restritivo. A antevisão do futuro é que permite planejar a modernização dos sistemas de engenharia e dos sistemas sociais transformadores da realidade, cujos respectivos níveis de complexidade, tecnicidade e capitalização definem em que medida o território e a sociedade estão aptos para incorporar e reproduzir

O mal-estar metropolitano decorre de decisões políticas que preterem o planejamento de longo prazo, em favor do atendimento de questões tópicas

Reinaldo Sampaio é vicepresidente da FIEB e coordena o Comitê de Portos e o Conselho de Comércio Exterior da FIEB

as formas contemporâneas de desenvolvimento. O que caracteriza a atual civilização, nos seus últimos 40 anos, é o incessante desenvolvimento e difusão da ciência e da técnica, que intensifica a divisão social do trabalho, através da crescente especialização das pessoas, das empresas e dos territórios. O processo de desenvolvimento, somente é possível ocorrer, nos espaços territoriais nos quais a sociedade e os atores econômicos dispõem da produção e da fluidez da tecnologia, da educação, da informação, das finanças e da mobilidade dos fatores produtivos e das pessoas, em condições eficientes e competitivas. Atender a esses imperativos é pré-condição para o desenvolvimento. No caso de Salvador, a cidade social e a cidade econômica precisam conduzir a sua relação dialética em favor de mútuos interesses; uma Cidade Global, atrativa aos externos e acolhedora e humana com os seus, precisa dispor das condições fundamentais promotoras do desenvolvimento. Essa é a questão política fundamental que deveria nortear o diálogo da sociedade com os pretendentes a gestor da Metrópole. [bi] Bahia Indústria  33


leitura&entretenimento divulgação

teatro Festival de uma Cia Só – Commedia Dell´Arte A Commedia Dell´Arte, vertente do teatro italiano que se caracteriza pela prática do improviso, inspira esta produção, que a cada noite oferece ao público um espetáculo diferente. As apresentações são criadas a partir de roteiros do século XVII, num show de improvisação protagionizado por uma única companhia de atores. Os roteiros possuem argumento, tradução e adaptação do diretor Marcus Villa Góis, que desenvolve pesquisa de doutorado na qual estuda a dramaturgia na Commedia Dell´Arte. A companhia é formada por sete atores, que se revezam nos diversos papéis.

não perca Teatro SESI, qua e qui., às 20 horas, até dia 20.4. R$ 20 (inteira) e R$10 (meia). Gratuito para industriários e dependentes divulgação

A Filha do Meio Ganhador do Prêmio Yanka Rudzka, da Funceb, A Filha do Meio é um espetáculo de dança/teatro com um toque musical, que tem concepção artística e direção de Leila Gomes. A montagem apresenta a primeira dança-novela de palco, com todos os dramas e personagens que permeiam uma grande trama novelística, com direito a cenas dos próximos capítulos e intervalos comerciais. O espetáculo contempla várias expressões artísticas, como: dança, teatro, música, recursos de áudio, cenografia, dentre outras, para tentar transpor para o palco toda a agilidade, carga dramática e expectativa de um novo capítulo que só uma novela pode oferecer. não perca Teatro SESI, sab e dom., às 20 horas, até dia 29.4. R$ 20 (inteira) e R$10 (meia). Mais informações: (71) 3616-7060

livros O X da questão

O X da Questão Psicologia para Administradores – Integrando teoria e prática Eike Batista, Editora Sextante / Gmt, 160p. R$ 23,80

O “x” presente no nome de cada uma das empresas de Eike Batista, ícone do sucesso no mundo dos negócios, é símbolo da multiplicação de riqueza, ousadia, criatividade e capacidade de execução. Em O X da Questão, o maior empreendedor brasileiro narra suas aventuras de desbravador, desde os maiores sucessos até as experiências que não deram certo e os erros cometidos. Eike Batista expõe ainda o arsenal teórico que está na origem de tantos negócios bem-sucedidos.

Problemas? Oba! O profissional que quer fazer sucesso tem que adorar resolver os problemas dos outros. A empresa que quiser crescer tem que resolver os problemas de seus clientes melhor do que os concorrentes. Problemas? Oba! - A A obra tem como objetivo ajudar as Revolução para Você pessoas a perceberem que um problema é Vencer no Mundo dos um grande oportunidade de crescer. Negócios Roberto Shinyashiki, Resolver um problema é aproveitar a Editora Gente, 164p. chance de mostrar sua competência no R$ 24,90 trabalho, seu valor como profissional e também de ganhar mais dinheiro.

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