Livro: Tantas horas, tantos dias by Silene Velasco

Tantashoras Tantosdias Tantosanos ...

...

Por

...

Maria Helena Salerno

T antas horas ...Tantos dias ...

Tantas horas, Tantos dias

Pré escolar... Entre cinco e seis anos me lembro em nossa casa na Penha ... Eu correndo de minha mãe para não apanhar e meu avô me acolhendo Em seu quarto fechando a porta na cara dela. Me levava para a sua pequena cozinha improvisada no pequeno escritório da oﬁcina de serralheria de meu pai e logo me fazia um café para acalmar meu choro. Foi ele quem me ensinou a adorar café Depois ﬁcava um tempão sem falar com minha mãe! Meu querido avô Zeca O sonho dele era poder me levar a escola quando fosse época, mas o destino não deixou e ele morreu antes disso! Até hoje sinto tanta falta dele! Tinha o Nelson, meu irmão 2 anos mais novo, mas a preferida mesmo era eu! Ele morava conosco, pois não tinha ninguém , separado da minha Avó

Maria, que os abandonou quando meu Pai ainda era muito pequeno que acabou sendo criado pelo Avô Zeca e uma tia , que dedicou parte de sua vida para cuidar dele e de meu Avô também. O amor que sentíamos um pelo outro era muito grande ! Vovô Zeca era muito engraçado . Tinha um humor tipo debochado, a começar pelo nome de seu Cachorro: Seu Nome. Não tenho essa memória, pois era muito pequena. Mas meu pai mais tarde sempre me falaria sobre ele. Com esse nome do cachorro , quando alguém perguntava , sempre gerava Uma polêmica . Mas todos por ali naquele bairro, gostavam muito dele. xxxxxx foto 1

Tantas horas, Tantos dias

Eu tão pequena , já percebia que algo grave estava acontecendo com ele . Meu pai sempre o levando pro Hospital , ouvia os cochichos entre ele e minha mãe , meu Avô sempre apertando e massageando o estômago , mas pra mim , se fazendo de durão . Tenho na memória , sempre vendo meu pai aplicando injeções nele . Que depois ﬁquei sabendo , ser morﬁna . Ele tinha contraído uma úlcera Que se transformaria em câncer. Eu chorava muito ... Algo me dizia que ele estava perto pra morrer. E assim foi .... Não podia acreditar que nunca mais iria vê-lo. Lembro-me daquela noite , de sua morte , eles , os homens o preparando para colocá-lo no caixão ... Eu olha-

va pela fresta da porta do quarto, e na minha inocência me desesperava com medo de que o machucassem. Seguindo em frente ... Meus dias ﬁcaram muito tristes sem meu Avô Zeca. Mas ele tinha me ensinado a fazer café, foi o que e confortou. Parecia uma espécie de herança. Quando acordava mais cedo que todos, ia rápido pra cozinha, subia num banquinho, colocava água na chaleira, depois álcool na Espiriteira, uma peça antiga que Tinha uma só boca, pegava o fósforo e acendia, botava então a chaleira pra ferver a água. Enquanto esperava, corria a sentar na minha cadeirinha de balanço

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Feita pelo meu Avô. A água fervendo, punha o pó de café num coador grande, e assim passava o café. Enquanto isso, todos dormiam ainda. Eu tinha entre seis a Sete anos. Porém um dia, ao fazer todo esse processo, algo saiu errado, e o álcool aceso, se derramou todo sobre meu braço esquerdo. Comecei a gritar, e com um pano tentar Amenizar a queimadura. Meu Pai me socorreu, me levou a farmácia para fazer curativo. Doía muito ...não deixaram mais fazer o café. As cicatrizes dessa queimadura, me acompanharam até a minha adolescência. Depois disso sumiu quase totalmente, ainda tem uma pequena manchinha para me lembrar.

Sobre a minha Avó Maria Quando soube do meu nascimento, reapareceu para Indignação de todos. Mas não sei dizer como foi que aconteceu , mas acabou me Batizando , juntamente com o Avó Zeca , que tinha sido seu Marido . Me paparicava, me dava presentes me levava pra casa dela onde morava no Pari , com um senhor bem mais velho que ela . Meu Avô é claro não gostava nem um pouco disso, eu sabia. Passei a gostar dela Poucos anos depois morei com ela o tempo de me preparar para a primeira comunhão, onde ela com muito tato para conseguir dinheiro com o “ português “ pão duro como eles chamava me custeou toda a vestimenta e aﬁns para realizar a primeira comunhão!

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Lembranças Acho que foi uma coisa muito boa que se dedicou fazer . Se não fosse eu acho que nunca teria ocorrido. Além de me levar quase todos os dias para aprender o catecismo, ainda me levava a passear sempre depois do almoço, a visitar locais turísticos, locais sacros, como Igrejas, Conventos. Andávamos muito, muito mesmo, do bairro do Pari até o Bairro da Luz, sempre. Mas eu nunca reclamava No máximo me comprava alguma coisinha para comer. Porque eu como criança, tinha fome, tinha vontades .. Á noite também, sempre inventava algo para fazer ... Geralmente íamos ao cinema, Cine Rialto, junto com o Português. Era até engraçado, porque não podia menor de idade ﬁ-

car em lugares Público depois das 22:00 horas. No caso do cinema , entrava de repente Fiscais do Juizado de Menores , e se via jovens com menos de 14 anos Mandavam sair ... Minha Avó , quando acontecia isso , me escondia embaixo da poltrona Dela e me cobria com a saia , e assim o Fiscal não me via . Xxxxxxxx fotos 2 Lembranças .. A vida estava seguindo ....muita festa na Oﬁcina de serralheria de meu Pai ,Seu Lindolpho, bandas de música, bailes , todos paparicando meu Pai e eu também , para frequentar essas tais festas, porque muitos namoros

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acontecia na ocasião dos Bailes. Ele era muito festeiro . As máquinas eram empurradas num canto e cobertas com uma lona, o chão lavado, e assim o baile começava, ao som de muitos Boleros. Na verdade, desde muito pequena, acordava todos os dias. Ao som de boleros. Ou era programa de rádio, ou era a vitrola... Acordava assim ao som daquela música sempre alta. Ah... Mas eu gostava muito, será que é por Conta disso que gosto tanto de música ??? Aos domingos à tarde também a Oﬁcina, que era bem grande, era frequentada por músicos que acabavam dando verdadeiros shows, com seus instrumentos de sopro e

cordas. A lotação era completa .. Nesse particular ,acho que meu pai era um homem à frente do seu tempo , realizando Verdadeiros festivais . Eu estranhava aquelas músicas , acostumada a boleros , mas depois de de muito tempo , acabei sabendo ser , Blues , Jazz .... Lembro-me bem , certa vez , com os olhos pregados nos músicos com Saxofone , de um deles , começou a escorrer sangue pelo canto da Boca . Fiquei bastante impressionada, mas depois ﬁquei sabendo que com tanto esforço, as vezes acontecia isso mesmo. Xxxxxxxx foto 3

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Tenho muita saudade, pois era um tempo bom, onde eu brincava bastante na rua. Brincadeira gostosa de criança, brincar de roda, brincar de cantar todas as noite na varanda da casa . Como eu era muito loirinha. me chamavam de “ alemoa “ era quando eu partia pra briga . pois detestava esse apelido !quase sempre , durante a semana á noite a Tia Wanda que era irmã de minha mãe e meu Tio Lori , vinham nos visitar com os primos, Quirinha e Flávio ... Ai que bom... Brincávamos sem parar ... Algumas vezes também , eles me levavam pra casa deles. Eu adorava passar uns dias por lá. Tomávamos banho no tanque , fazíamos muita bagunça , minha tia Wanda, mulher doce tranquila , dedicada , bem mais tarde , descobri uma mulher muito

romântica e vaidosa também , me deixava bem à vontade e me tratava muito bem. Fico contente que ela tenha feito parte da minha vida . Pois gostava bastante dela . Não parávamos nenhum minuto ... Tb tinha o “ chico “ na casa deles macaquinho prego , pra lá de semvergonha !! Não sei como , mas de vez em quando, ele conseguia fugir, causando terror naquela rua ! Pois ele atacava mesmo . Sumia todo mundo, era até engraçado . Assim eu passava aqueles dias tranquilos com muita alegria e diversão . Nessa época também meu Pai compraria uma televisão . A primeira naquele bairro onde morávamos. Minha casa passou a ser quase pública.

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Pois todos os dias Quando iniciava a programação , no ﬁm da tarde, apareciam um bando de crianças, muitas que eu até nem conhecia, para assistir desenhos e outras programações , que meu pai acabava por dispensar todos para termos um pouco de sossego , Pois até nas janelas que davam pra sala , tinha adultos também assistindo, aquela tevê , uma grande novidade da época ,a televisão brasileira foi inaugurada em 1950. Os canais de televisão eram .. Canal 7 , Tv Record , Tv Tupi canal 3 e mais tarde a Tv Paulista canal 5 A Programação era escassa e bem rudimentar .. Os comercias eram feitos por “ garotas Propagandas “ ao vivo sempre . Tinha canais de Tv , que nem tinham

programação para o dia seguinte. Mas nós , crianças , nos divertíamos com o Palhaço Carequinha , Palhaço Arrelia e Pimentinha ( Circo do Arrelia ) Pica-Pau , Circo Bombril ... e outros Tinhamos um vida normal, adorava quando estava chegando o natal, pois a ansiedade da chegada do Papai Noel , quando ele traria presentes, a árvore de natal, natural e bem enfeitada com a nossa ajuda , clima muito gostoso impossível de esquecer ... Foi uma pena em que um dia de nossas brincadeiras de esconde-esconde , com os primos Quirinha e Flávio , Descobrimos atrás do guarda-roupas os presentes que iríamos ganhar . Na nossa inocência, tínhamos a certeza de que era dado pelo Papai Noel . Mesmo assim , o dia de Natal era

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muito feliz. Quando estava se aproximando essa data , íamos a noite pro centro da Cidade , pra comprarmos roupas que seria usada naquela ocasião . Eram compradas nas lojas mais chiques da época , que eram : Lojas Clipper, Mappin , Lojas Sears , Pirani ..eram lojas de departamentos , e era muito bom, pois Ali se comprava toda a vestimenta , até sapatos . A minha mãe, Dna. Lolinha tinha , nesses tempos , muito bom gosto , os vestidos Dela eram sempre lindos , ainda me lembro . Quando eles queriam comprar os brinquedos .. Nós ainda nem Desconﬁávamos , nos deixavam na casa da Vovó Clarisse .

Como nosso terreno era bem grande, meu Pai , que gostava bastante de promover eventos, na época das Festas Juninas,convidava os vizinhos, fazia uma enorme fogueira, enfeitava o espaço com Bandeirinhas, tinha brincadeiras também, como corrida de sacos, mitos fogos, muito quentão, pipoca, batata doce... As festas avançavam na madrugada. Me lembro de que no dia seguinte, pela manhã , eu e meus amigos íamos até a fogueira já em cinzas, e vasculhar se encontrava Batatas doces. Acontecia mesmo, e elas estavam deliciosas. Circundando nosso terreno também, tinha o Rio. Exatamente onde tínha-

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mos as nossas casas, ele fazia uma curva, ver sempre aquele rio, nos agradava muito, mesmo que tivéssemos Que conviver com alguns sapos, rãs e as vezes cobras também. Na época seca ele reduzia bastante seu volume, era quando nós, eu e amiguinhos descíamos para dentro dele, Para pegar com nossas latinhas, girinos, alguns peixinhos ... ﬁcávamos bastante tempo brincando. As águas eram límpidas, sem sujeiras, nossos Pais não se importavam com essa nossa brincadeira. Quando chegava a época da cheia, ﬁcávamos na Pontinha de Pedestre, observando a correnteza, e vendo o que passava pelo leito: galhos , algum lixo, pequenos animais Mortos.

Foi quando que certa vez, vimos passar algo que nos chamou bastante atenção ... Parecia uma boneca bem grande . Fomos todos correndo acompanhando o rio para ver se conseguiríamos pegar. Foi ai que notamos que várias pessoas também estavam fazendo a mesma coisa, correndo junto ao rio. Mais ou menos uns cem metros depois ele fazia uma curva, e ali eram represados alguns objetos. As pessoas pularam ali, e pegaram aquela boneca. Mas foi com muito espanto e tristeza, que vimos não ser uma boneca e sim uma pequena menina ser retirada e já morta. Testemunhamos o sofrimento da Mãe, os gritos, o desespero dela em

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Lar, doce lar tentar chamar de volta a vida naquele pequeno corpinho. Devia ter seus quatro anos. A dor que ela estava sentindo foi compartilhada com todos. Nós também choramos muito. Ficamos sabendo que a Mãe trabalhava em uma casa, distante da nossa, uns cem metros. Enquanto ela estava ocupada, sua filha e o menino, filho da Patroa, sentaram no muro que cercava o rio. Em algum momento, ela caiu. Não se sabia se desequilibrou, ou o menino a empurrou por brincadeira. Depois disso, perdemos a amizade com o “ nosso “ rio , não suportamos a crueldade daquele fato . Não descemos mais pra brincar. Nossos Pais também ficaram apreensivos.

Lar , doce Lar ... Nossa casa era muito boa e gostosa de se viver. Os vizinhos ﬁcavam mais afastados ,era um Bairro ainda em formação . Logo na entrada tinha muitas roseiras plantadas .. Tinha também um arco no portão em que as rosinhas faziam um lindo arranjo na primavera . Tinha também o alpendre ... Que era o “ palco “ de shows nas noites de cantoria com as crianças . O chão sempre brilhando , pois eu com minhas Amiguinhas brincávamos de nos arrastar em um tapete de lã , que dava aquele brilho no piso de tacos . Lembro-me da penteadeira , quase todas as casas tinham , no quarto, que era um móvel com um enorme

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Amarguras espelho e um banquinho pra sentar . E ali as Mulheres se arrumavam. Na nossa penteadeira tinha um monte de perfumes com borrifadores, creme Pond’s , creme Rugol , Creme de Alface ...tudo o que elas usavam naquela Época . Na maquiagem, pó-de-arroz, rouge e baton . Não tinha mais que Isso . Eu sempre estava lá passando os cremes , os perfumes ... mas acabava levando uma bronca. Minha mãe era muito bonita, e também muito vaidosa. No ano seguinte a morte de meu Avô eu iniciaria o primeiro ano do curso primário, e minha Mãe esperava seu terceiro ﬁlho.

Xxxxxxxx foto 5 Amarguras Porém ai a vida começava a complicar .... Negócios mal feitos, dinheiro gasto demais .... Não entendia bem dessas coisas , mas meu pai perderia tudo . Ou seja, a Oﬁcina, a nossa casa e mais 3 casas pequenas e mais uma bem maior e bem feita , casa boa . Imóveis que eles , meu pai e meu avô tinham feito com suas próprias mãos e com muito sacrifício, sem ajuda de ninguém. Nem com a mão-de-obra e nem com o dinheiro. Pois segundo o meu pai, passaram muita fome e necessidades outras para esse objetivo .Meu Pai dizia que por isso o Avô Zeca acabou contraindo a doença que o levou a morte . Eu tinha apenas 7 anos , mas ﬁquei

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muito amargurada ao sair daquela casa que eu tinha nascido e amava tanto . Meus laços afetivos com ela eram muito grandes. Mas tinha também coisas boas que curtia, por exemplo. Aos domingos reuníamos na casa da Vovó Clarisse , mãe da minha mãe , para almoçar . Eu não via a hora do domingo chegar ... Pois encontrava com meus primos, Quirinha e Flávio, é claro. Por termos idades próximas, sempre nos entendemos bem. fazíamos muita travessuras. Íamos pra rua e apertávamos as campainhas dos vizinhos, O predileto era a casa do “ Seu Vicente “ um Homem muito chato e ranzinza, que morava lá com a mulher e um único ﬁlho.

Espirrávamos agua lá da janela na cabeça das pessoas que passavam ... O que dava muita confusão, pois as pessoas nervosas, tiravam satisfação com nossos Pais e avós, ficávamos de castigo , mas só nas risadas . Meu avô se pudesse, nos esganava . Jurávamos que nunca mais faríamos essas coisas, hummm, que nada . Era só nos encontramos lá. Que tudo de novo iríamos fazer . As primas pequenas , Valéria, filha da Tia Celina , Suzana, filha de Tio Roberto, ambos irmãos da minha Mãe . Elas brincavam entre si, na maior inocência .. como era bom o encontro com a Vovó ....ao chegar lá , ela sempre dizia pra mim .. “ ochê veio ??? “ palavreado de criança , eu adorava ...ela já corria a preparar um café muito , mas muito gostoso, que colocava

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numa garrafa térmica fechada com uma rolha , isso não esqueço ..tomar o cafezinho delicioso, e com o amor da minha Vovó , era bom demais .. Comer a sua comida simples, mas maravilhosa . pois as ﬁlhas dela, nossas mães, nenhuma tinham esse dom , o de cozinhar . Nenhuma . A sala lá era bem grande ... Mas todos gostavam de ﬁcar na cozinha , que era muito pequena . Era até engraçado ...xx Já era 1956 e nascia David Eu acabei sendo reprovada no meu primeiro ano do Primário.

tinha experiência no ramo , e tentava, tentava, começou a comprar leite para incrementar as vendas e para isso acordava eu e meu irmão Nelson , logo antes de clarear o dia , para ajudar a buscar as caixas de leite que o caminhão entregava no alto do Cangaiba , um bairro , signiﬁcava subir um morro enorme até chegar lá ! Meu pai e minha mãe carregavam uma caixa enquanto eu e meu irmão outra .. Nossas mãos até sangravam, pois eram garrafas de vidro e cheias , o peso era enorme ! Mas esse sacrifício todo , não ajudou nada a melhorar os lucros.

Outra etapa.... Com o pouco que sobrou , meu pai comprou um Bar, ali perto, mas não

Ainda assim ele gastava dinheiro indo com todos nós para a Aparecida do Norte ! Sempre fomos ... E passá-

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vamos pelo menos 3 a 4 dias por lá, em Hotel, David foi batizado lá . xxxxxx foto Tudo indicava que não daria certo, e não deu mesmo . O Bar tb foi perdido . Muita coisa do mobiliário foi vendido .. Inclusive a televisão . Não tendo mais nada, Vovó Clarisse nos estendeu a mão , e sugeriu que morássemos lá na casa dela, até resolver aquela situação .. E assim foi .. mudamos para o bairro do Brás . Lá morava tb meu Tio, que era solteiro, Tio Jairo . Na verdade foi quase um acampamento . Tudo amontoado, Vovô Venâncio reclamava muito, dizia que não queria saber de netos , só

os ﬁlhos é que importava para ele ! Se fazia de bravo mas tinha um bom coração . Vivíamos com aﬂição, pois tínhamos medo dele. Eu tentava ao máximo agradá-lo . Mas o David acabou sendo o seu xodó . David era muito pequeno e fazia suas gracinhas, e Vovô se divertia muito com isso . Era um bom homem . Nem ele sabia disso, tenho certeza . Acompanhei a interessante rotina de meu avô. Todos os dias ... Ele era Dentista. Durante a manhã , o trabalho dele era montar os moldes , preparar pivôs Dentaduras .. Fazia o trabalho de um protético . # Depois enquanto almoçava , minha Avó já colocava a calça dele

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numa tábua de passar roupa e molhava um paninho com Benzina e ia limpando as pequenas manchinhas .. logo em seguida delicadamente passava . Ele então começava a se vestir ...era um verdadeiro ritual .. A calça com suspensórios , a camisa impecável , o Paletó , minha avó sempre Ajudando .. Depois o chapéu , o guarda chuvas enﬁm a maleta bem grande Que estava cheia dos trabalhos da manhã . Andava mais ou menos 20 minutos até a estação de trem do Brás, pegava o trem até Sto. André, depois um ônibus até o Parque Novo Mundo , chegando ﬁnalmente ao seu Consultório. Na volta é claro, a mesma coisa , e só

chegava em casa , por volta de 22:00 horas . Sempre admirei essa disposição dele , já que tinha idade avançada , Chegando a essa hora , ainda iria jantar . Todos os dias , essa rotina, sempre igual . com chuva, com frio, com calor... Xxxxxxxx. foto 6 Meu pai acabou por alugar uma casinha, bem ali, perto dos meus avós, como não arrumava emprego fixo, passou a fazer “ bicos “em vendas. mas não dava pra nada . Eu enquanto isso fui ficando, ficando .. Na casa de Minha avó . Me apeguei demais a ela . Tinha muito carinho mútuo , ela era uma pessoa pra lá de especial . Praticamente já morava com eles

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...Vovô e Vovó. Nesse tempo .. Novamente mais um irmão nasceu . Ivo . Meu desânimo estava começando ...como é que na situação tão difícil ainda botavam mais filho no mundo ??? Eu era bem novinha, mas já entendia dessas coisas .. Não conseguiram pagar o aluguel e mais uma vez .. Mudaram! A dois quarteirões dali . Digo mudaram , porque eu acabei ficando na casa da Vovó , que era bem perto . Cada vez mais difícil, minha avó sempre mandava comida, compras , para suprir um pouco das necessidades . Eu fui ficando com ela . Mas um dia, meu Pai muito nervoso, foi me buscar , já era noite e muito frio . Minha avó Clarisse tentou conven-

ce-lo a me deixar com ela. Mas ele irredutível praticamente me arrastou . Naquela noite chorei tanto, tanto , ao ponto de revoltada. Subir no telhado , que não era alto e tinha acesso, e passar quase a noite toda lá ... Chorando . No dia seguinte ele se rendeu e me devolveu pra minha avó . Que alegria . Xx Vó Clarisse costumava me levar em um cinema no Bairro do Pari, o cinema pertencia a Igreja Santo Antonio . Acontecia a sessão uma vez por semana . E eu adorava . Me lembro que uma certa vez , no dia do cinema , eu estava chateada Com as roupas que tinha .. Estavam gastas , feias .. Ah ! Mas a Vovó nem pensou ... Tinha lá um tecido guardado, a muito tempo . Pois ela traçou um molde e

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começou a cortar e depois costurar um vestido , que chamávamos de jumper , uma coisa mais fácil de fazer . Fiquei tão contente , que peguei uma cadeira e sentei ali , bem pertinho Dela até que terminasse . Com o vestido pronto , ela passou , eu vesti com muita alegria , e fomos Pro cinema . Sensacional O que me deixava também contente nessa época, era ir na Loja Pirani . Uma loja de departamentos , muito grande , que tirávamos foto com um preço bem baratinho ... Tia Celina também levava a Valéria . Eram fotos tocando pianinho , acordeom , etc ..tinha até ﬁla de crianças , Pena que essas fotos acabaram se perdendo e essa recordação não te-

nho mais .. Como era perto , íamos sempre as tardes . Tinha vários andares , onde podíamos nos espalhar ... Era uma delícia mesmo . Eu também sempre passava alguns dias em casa de Tia Celina . ,pois tinha a priminha Valéria. Ainda pequena, e eu gostava bastante de ﬁcar com ela , apesar dela sempre me morder muito.. Coisas de criança . Fábio , seu irmão ainda nem era nascido . Ficava ansiosa esperando a tarde chegar e Tia Celina ligar a televisão para Assistirmos a sessão Zás Trás , Pulman Jr , e vermos os desenhos animados... Pica-Pau era o mais engraçado .. A televisão já estava mais

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avançada , mas a programação só começava à tarde .. Vovó Maria , também aparecia algumas vezes para me buscar e passar Alguns dias com ela . Eu ia , mas não era muito o que gostava de fazer. Ja tinha 1 anos sem escola.. Nem eu nem meu irmão . David ainda era pequeno e Ivo bebê. Da mesma forma. Nessa outra casa Tb ﬁcou difícil , pois o aluguel atrasando , sem trabalho, sem dinheiro .. Meu pai então arranjou uma empreitada em S.J.C , seria a obra da General Motors que começava mais uma unidade naquela cidade . Ficava por lá durante a semana e voltava nos ﬁnais de semana . Durou alguns meses ... Até que alu-

gou uma casinha por lá . No inverno de 57 mudamos .... Ao chegar lá ... Sentia uma tristeza imensa !! Separar de minha avó. Como não bastasse, a pequena casa de 3 cômodos estava imunda ! A rua não era asfaltada e assim a poeira dentro dela era insuportável , o chão nem se conseguia ver . Chorei ... Minha mãe não parecia preocupada com nada . eu tinha então 9 anos ... pedi ao meu pai pra comprar pelo menos uma vassoura , e ele comprou , comecei a lavar a lavar ... Mas não tinha o rôdo, o que tornou o trabalho muito mais duro ! Eu tão pequena , mas tentava com o pouco que tinha de experiência e força tornar a nossa moradia mais habitável , mas era

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difícil . O que meu pai ganhava, era muito pouco, é claro que não daria para ter uma vida com pelo menos um pouquinho de conforto ! Não daria mesmo. E para piorar um frio insuportável, SJC uma cidade alta no vale do Paraíba era ideal para tratamento de tuberculosos. Era o que mais se via nessa cidade ! Doentes em tratamento . Mas para piorar meu pai acabou saindo do emprego, ou término da obra . Não me lembro bem ... Sem conhecimento pela cidade, não conseguia de modo algum achar um emprego, estávamos por ali muito há pouco tempo . Sem parentes por perto , sem amizades, eu pelo menos sentia completa-

mente no desamparo. Ele saia atrás de trabalho, eu esperava no portão ansiosa pela sua volta com boas notícias .. Mas nada. O desânimo era grande. A comida ﬁcou escassa , tinha muita pena de meus irmãos , mas eu era pequena e nada podia fazer . Sentia fome e uma enorme vontade de tomar café. Percebia que a casa vizinha, geminada , tinha um cheiro forte de café á tarde, o que aumentava meu desejo . criei coragem , como sabia que tinha crianças, fui até lá, perguntei se não podia passar as roupinhas das crianças pra dona da casa. Ela pareceu estranhar, mas mesmo assim gostou da ideia, e passei a passar a roupa pra ela exatamente na hora do café , onde ela não poderia deixar de me oferecer. nossa ... Consegui ... Pelo menos café .

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Como passava muito tempo fora da casa , sentadinha no muro ... Acabei por fazer amizade com as crianças dali. Brinquei bastante. Comecei a fazer muitas travessuras, e , para fugir de minha mãe me bater, me escondia no meu refúgio predileto ! Tinha tres árvores bem grandes , bem na frente da casa ! Subia em uma delas e ﬁcava ali , o tempo que fosse preciso, escondida. Quando meu pai voltava de sua busca por emprego, minha mãe contava o que eu tinha feito... Meu pai saia na rua, assobiava, e eu humildemente descia de minha árvore e entrava em casa para apanhar . Tornou- se uma rotina . Criatividade necessária ... Meu pai começou novamente a fazer

alguns “ bicos “ mas não dava mesmo pra nada . Comecei a ter ideias ..... Como eu tinha umas duas bonecas, sugeria as minhas amiguinhas , fazer aniversário, batizado, etc ... Das bonecas ! Das delas e das minhas . Então sugeri catarmos latas pelas ruas , e vender no ferro- velho ali perto, com o dinheiro comprarmos biscoitos , refrigerantes , para comemorarmos ! E deu certo . As mães faziam bolos, comprávamos o que faltava, e assim Meus irmãos também podiam também matar a sua fome. de vez em quando , repetia esse evento. Nessa época , naquela cidade, era comum o uso de charretes . Eram usadas como taxi . Como morávamos perto de um dono de uma dessas frotas de charretes, os cavalos eram

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levados para se alimentar nos pastos que tinha por ali perto . Eu e uma amiguinha nos oferecemos pra ir buscar os cavalos depois de alimentados. O dono aceitou . E lá iamos toda a tarde buscá-los . E ele nos pagava uma miséria, mas assim mesmo não desistimos. Enquanto isso ... Eu e meu irmão Nelson continuávamos sem escola.! Eu todo dia cobrava de meu pai . Todos amigos que tinha frequentava escola . Me sentia muito excluída , Aﬁnal já iria fazer 10 anos . Nesse ano de 1958 , houve a Copa do Mundo. Na Suécia. Passei alguns dias felizes ao lado de meus avós , foi quando ela foi Passear por lá , em São José dos

Campos, e me levou pra casa dela . Com a festa que foi a Copa, ah, não teve coisa melhor ... Ainda mais que o Brasil se saiu Campeão . Foi nessa ocasião de volta pra casa , que o pequeno Ivo ficou gravemente doente. Ainda não tinha um ano e com a falta de cuidados , acabou por contrair desidratação... Sem atendimento , ficou ali, na cama agonizando ... Impossível esquecer essa cena . Não conseguia sair se perto dele , com os olhinhos já sem brilho e parados ... Até que finalmente esse sofrimento acabaria, com a morte dele, durante a madrugada. Me lembro de sair pela manhã com minhas amigas , para pedir flores, nas casas que tinham

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jardim, para poder enfeitar seu caixãozinho . Nunca mais saiu da minha cabeça a tristeza da sua morte .Minha Mãe chorava, mas sem convencer. Não parava de dizer que nunca mais teria filhos. a situação financeira ficava cada vez mais complicada .... Chegou a um ponto que seria o pior dia das nossas vidas. A energia foi cortada, então não tinha mais luz. Chegou a noite. Naquela escuridão tínhamos que comer .. mas só tinha arroz ... O gás acabou . Meu pai então improvisou com latinhas de massa de tomate e com álcool, conseguiu um fogo para cozinhar aquele arroz .... Só que não conseguiu pois o álcool também acabou ...

Foi uma choradeira de David pois estava com fome e o arroz estava cru. Não tive dúvidas .... Naquele frio intenso da noite sai e fui procurar na rua gravetos para podermos de novo acender um fogo e terminar de cozinhar aquele arroz . Uma amiga me viu e perguntou o que eu estava fazendo .... Disse que queríamos fazer uma fogueirinha no quintal para aquecer do frio . Chorei muito naquela noite. Pensei ... Será que merecíamos tudo aquilo que estávamos passando ??? Assim os dias foram passando ... Minha avó sempre nos visitava, e com certeza, trazia ajuda! Era sempre meu dia feliz. Não me lembro de como chegava a informação de que

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Aprendi o valor de uma Amizade ela viria, pois não tínhamos telefone . Acho que era feito por carta ... Não saia do portão a espera dela. E quando ia embora eu chorava muito.

enorme. A Lurdinha percebia a nossa situação , tínhamos a mesma idade, mas ela era muito esperta .

Aprendi o valor de uma amizade .. (foto Ludinha )

Ela propôs que aos domingos sairmos com um carrinho de mão do pai dela , e vender bananas pelos bairros mais afastados de SJC . Enchíamos o carrinho de mão e lá íamos nós! Andávamos muito, muito mesmo. Ora ela empurrava o carrinho, ora eu. O calor nessa época era insuportável . Em São José dos Campos era assim ... ou era muito frio, ou era muito calor. mas acabávamos sempre vendendo quase ou todas as bananas. sempre que íamos dividir o dinheiro , achava que ela deveria receber mais, pois as bananas eram dela ! Mas para minha

Acabei fazendo amizade com a Lurdinha , que morava bem perto da nossa casa ! Na casa dela tinha um enorme pomar ..? Abacate, manga. Laranja. Goiaba ... Como eu gostava de ir pra casa dela e subirmos no pé de goiaba, e lá comendo goiabas, ﬁcavamos por um tempão ali conversando ... A mãe dela sempre preparava um lanchinho pra nós. Família simples, mas com dignidade. A casa sempre muito limpa e cheirosa me dava um conforto

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surpresa ela não queria, não adiantava insistir. Depois de alguns anos, eu sempre pensava naquilo, e cheguei a simples conclusão ...Lurdinha não precisava, mas sabia que eu sim . Então foi uma maneira que ela achou para me ajudar, sem me humilhar. Todo o esforço dela, o cansaço tinha esse objetivo. Uma criança como eu, tendo uma atitude tão altruísta . Gostaria muito de saber como ela está, de poder revê-la. Ela sem dúvida, foi minha melhor amiga . foto 7 Esperanças .. Mas as coisas começaram a melhorar Meu Pai conseguiu emprego ﬁxo na General Motors ! Finalmente . Imediatamente mudamos de casa ,

Esperanças

ali na mesma rua . A casa era bem maior, tinha 2 quartos , uma cozinha grande , uma sala boa ! Uma verdadeira mansão pra nós.! Até me lembro do preço do aluguel ... $ 4.000 cruzeiros ...um valor que ainda não tínhamos alcançado. Ja podíamos fazer compras de mês no mercadinho .... Caderneta na quitanda, caderneta na Padaria.... JÁ podia relaxar um pouco ! brincávamos toda a noite na rua, pois ainda não tínhamos mais televisão, até as 22:00 hrs, pois meu pai assobiava e tínhamos que entrar ! Tinha uma turminha bem grande de crianças. Fui enﬁm , matriculada na escola, para ﬁnalmente continuar o meu primário, e ja estava ai com 11 ano. É vergonhoso dizer mas estava matriculada do segundo ano do primário .

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Sofri nesse ano. Pois todos gozavam de mim, porque era muito “ velha “ para esse ano..Era a ultima da ﬁla. E meu apelido ... girafa. Pois era a maior da classe.. Mas foram acostumando comigo e as coisas se ajeitando . A professora , Dna . Maria do Carmo , gostava bastante de mim , assim como a diretora. Que até me deu um livro com dedicatória. Dna. Dirce Catena Campos ! Esse era seu nome . Muito querida por mim. A ﬁlha da Professora Dna . Maria do Carmo , também estava Na mesma classe .. Então me chamava pra fazer as lições juntas , o que eu adorava .. Pois a empregada dela sempre fazia Rabanadas pra nós .. Deliciosas .

Novamente minha Mãe estava grávida . Embora tivesse jurado não querer mais ﬁlhos ... Nasceria então uma menina , que foi dado o nome de Lucy, com certeza eu ﬁcaria novamente preocupada. Pois é claro que ela não tinha condições de ser Mãe. Como foi da outra vez .... Lucy contraiu desidratação, novamente por falta de cuidados . E como constataram que tinha problemas no coraçãozinho , não aguentou e com 3 meses, também morreu. Eu estava na casa de minha avó, nesses dias E não pude acompanhar. Seus últimos momentos de vida ... Era mais uma perda.

Um ano se passou ... Era então 1959

Mas para descontrair, tínhamos na-

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quele Bairro , Jardim Maringá , uma Igrejinha exatamente no final da nossa Rua .. E atrás dela um anexo , que foi transformado em cinema ..bem rústico , com bancos de madeira , uma tela de Pano , um som com bastante chiado ... Ah .... Mas era uma delícia ... No sistema de alto-falante da igrejinha, colocavam uma música de abertura bem alta, e em seguida , uma voz , anunciava a programação do cinema .. Primeiro passaria uma série de suspense ..tipo : O Segredo da Aranha ... Não me lembro bem. E depois o filme principal. Apesar da precariedade, os filmes eram ótimos ...sempre dramas , e que Fazia sempre todos chorarem .. Essas seções de filmes , somente uma

No inverno de 1960 nasceria o Paulo vez por semana . Eu ﬁcava guardando um dinheirinho para poder ir .. Mas era muito Baratinho o ingresso . Chamava-se Cine Serimbura. Nome estranho .. Mas era o nome daquela rua . Pouco tempo depois ... Muito rapidamente ela engravidou de novo Eu ﬁcava transtornada quando via as mudanças no corpo dela , pois sabia que de novo estava grávida ! Essa seria a quinta gravidez . No inverno de 1960 nasceria o Paulo Ela sentiria como sempre poucas dores... e ia buscar a parteira. Quando ela chegava. Em alguns minutos ja se ouvia o choro do bebê. Eu en-

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No inverno de 1960 eu faria 12 anos tão com 12 anos iria comprar frango para fazer canja para ela. Essa cena sempre igual . Minha mãe brigava muito com meu pai . Pois queria voltar pra SP, eram brigas horríveis. Onde passei a ser a pessoa em que meu pai fazia suas conﬁdências, para desabafar .... Mesmo assim eu continuava fazendo minhas “ artes “ e apanhava . Ia buscá-lo no ponto do ónibus na volta do trabalho, vinha de mãos dadas com ele, conversando para conquistá -lo..... Mas não tinha jeito !!! Qdo ela contava pra ele o que eu tinha feito ... Eu apanhava, sempre digo que apanhava todos os dias ás 17:30 hrs. Mas isso nunca me magoou . Assim era que as coisas funcionavam naquela época mesmo . Pagava pelas travessuras .....

Para espanto nosso , Nelson, que sempre fora um problema a mais , também deu sua contribuição para ganhar algum dinheiro .. Começou a vender pirulitos , feito por uma senhora vizinha . Saia com um tabuleiro com os pirulitos ﬁncados nos buraquinhos desse tabuleiro , era uma moda esses pirulitos , todos compravam . Depois também passou a ser engraxate , tinha seu material , e desta vez , também não teve vergonha em sair pelas ruas oferecendo esse serviço . Nesse mesmo 1960 eu faria 12 anos ... Década de 60 ,época muito marcante em nosso País e em nossas vidas

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apareceria uma Banda inglesa e que seu sucesso perduraria Por muitas décadas .. The Beatles. Uma sensação ... Outra banda também ﬁcou famosa .. The Rolling Stone , também inglesa Mas a preferencia maior ainda seria dos Beatles . .. Na nossa Política, foi também um ano complicado, pois com a renúncia de Jânio Quadros, em 1961, já havia um prenúncio de que algo estava acontecendo . Seu mandato Só durou 7 meses. E a frase que ele sempre declarou .... “FORÇAS ESTRANHAS SE LEVANTARAM CONTRA MIM “ Esse jargão o acompanhou sempre quando pediam explicações sobre a sua meteórica carreira, como Presi-

dente. Mas não dá pra falar de Jânio Quadros, sem entender seu sucesso. _Era desajeitado _ Não era rico, não tinha Padrinhos. _Não era bonito, nem ao menos simpático. _Passou de vereador a Presidente da República. Lembro-me bem, meu Pai me levando à noite pro centro de São Paulo, para junto de uma enorme multidão, assistir ao seu caloroso Comício, com todas as pessoas Levantando vassourinhas, que foi o símbolo da campanha. Os Janistas, como meu Pai, tinham até um brochinho na lapela do Paletó, com essa vassourinha. Dentre as polêmicas medidas adotadas por ele na Presidência, foram :

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_Proibiu o uso de biquínis em concurso de Miss, _Proibiu o uso de lança-perfumes em bailes de carnaval _Proibiu a Rinha de Galos Todos criticavam, porque eram assuntos que não cabiam a um Presidente, tão superﬁciais que eram. Por mais que hilárias que eram essas proibições, até hoje estão em vigor. Tive a oportunidade de ﬁcar bem perto dessa pessoa, pra se dizer o mínimo “ Carismática “, quando ele e sua mulher Dna. Eloá, foram Padrinhos de um casamento Em que estive. Não conseguia tirar os olhos dele . pensava , como aquela pessoa magrinha, frágil mesmo, com aquele ar inocente, causou tanta polêmica, quando esteve várias vezes no poder em nosso País.

Lembro-me que nesse dia, da Renúncia, fomos dispensados da aula, eram tanques de guerra, perﬁlados próximos à Estação de Trem, e também no CTA , Centro Técnico da Aeronáutica , Aeroporto Militar. Pessoas inseguras na rua, sem entender o que estava acontecendo, ou o que iria acontecer. E foi assim que em primeiro de Abril de 1964 foi instaurada a Ditadura Militar, com o Presidente Jango deposto. Com promessas de que seria Uma breve intervenção, mas que duraria até 1985. Seu primeiro Presidente, Humberto de Alencar Castelo Branco.

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A Ditadura ( 64 ) a repressão , a censura .. Por mais que naquela época fossemos reféns desse regime austero demais, não tínhamos violência urbana. Mas tinha seu preço, vivíamos assombrados com a guerrilha armada. Onde existiam demasiados assaltos a Bancos, dinheiro que era captado para a compras de armas para essa guerrilha . Muitos de seus líderes foram executados, como exemplo, Lamarca, Marighella. Na ditadura, pensar em direitos humanos, era apenas um sonho. Época que foi enorme a censura sob as produções culturais. Nesses dias também a liberdade das pessoas eram cerceadas. A Censura proibia qualquer tipo de Mídia ou pessoa, falar contra o Governo.

Pessoas “ suspeitas” de envolvimento com os movimentos de esquerda, eram torturados pelo Governo. Foi assim que aconteceu com nosso amigo do trabalho Antonio. Particularmente eu era a mais amiga dele e da esposa. Era uma pessoa muito inteligente, culto, esclarecido, lia muito, e por isso sabia muito sobre o que acontecia também. Muita coisa aprendi com ele. Demonstrava sua revolta com o Sistema, com todas suas forças. Porém, ninguém o levava a sério, já que tinha uma aparência escrachada, modos simplórios, tinha um cargo simples. Parecia bem inofensivo politicamente. Mesmo assim, certo dia, pessoas apareceram por lá, no escritório, e co-

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Elena e Alcides

municaram ao nosso Chefe (Depto. Pessoal), que vieram buscar Antonio, para esclarecimentos. Conferiram os documentos e o levaram. Eram agentes do DOPS. Ficamos um tempão sem ação, sem saber o que fazer, o que falar, pois sabíamos o que iria acontecer. No ﬁnal do expediente, fomos até a casa dele, onde morava Com a mulher. Vimos então com o desespero dela, a destruição que ﬁzeram para achar livros ou qualquer coisa comprometedora. Nosso chefe passou a acompanhar diariamente a mulher dele por todos os lugares possíveis, para encontrá-lo ... tudo em vão. Até que depois de 15 dias, o devolveram, mas com a sequela de uma surdez em um dos ouvidos, pela tortura

que sofreu. A nossa dúvida, sempre foi: Como chegaram até ele (interrogação) Era assim ..... Elena e Alcides foto 8 Fizemos amizade com nossos vizinhos Helena e Alcides . Ela gostava tanto de mim, que “ quase “ me adotou, de tantos carinhos, ensinamentos, conselhos que me dava . Principalmente noções de higiene . que nunca tido nenhuma orientação . Era um casal jovem e sem ﬁlhos . Me levavam ao cinema, festas juninas, passeios de moto . E ainda me levavam pra SP em Osasco na casa da família deles. Passava uns dias , passeando, visitando os familiares ..Eu gostava bastante deles também.

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Quando Alcides viajava eu sempre dormia lá , para fazer companhia a ela. E com toda essa dedicação acabaram por batizar o pequeno Paulo, que se tornaria Paulinho para nos. Horas Difíceis .... De novo .... Paulinho tb acabaria contraindo desidratação, inacreditável . De novo, falta de cuidados e higiene. A situação dele ﬁcou insustentável e gravíssima, não me lembro o porque, mas o Hospital mandou ele embora, dizendo que não tinha mais jeito, desenganado, como diziam. Eu estava de novo revendo a situação do Ivo ... Olhinhos parados e sem brilho ... Cor pálida a beira da morte mesmo. O Médico então receitou um soro para ser administrado via oral , que

teria que ser administrado a cada 5 minutos , mas a esperança de sobrevivência , era pouca . Helena, Agora Madrinha , tomou a frente da situação . Ela e eu ﬁcamos revezando sem sair do quarto, e a cada 5 minutos derramávamos com uma colherinha o soro pela sua boquinha . Ele nem se mexia .. O líquido simplesmente caia pela garganta adentro . Isso durou pelo menos 2 dias. Mesmo assim não desistimos pois já tinha a aparência de morto. Mas como um milagre, o brilho dos olhos foi voltando, a cor melhorando, já se mexendo ... Era muito pequeno , devia ter uns 5 meses, não tenho certeza . Finalmente estava curado . Um sobrevivente . infelizmente , não me lembro de minha Mãe ter assumido

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um pouco dessa responsabilidade . Por esses tantos motivos , passamos a brigar muito .. Nunca tivemos nenhum contato físico , nenhum abraço , nenhum beijo. Só me lembro de segurar a minha mão quando atravessava a rua ... E só Já meu Pai era melhor , pois me lembro, quando pequena me chamava de Princesinha , cuidava de mim, me levava para passear ..quando ﬁcava doente, era ele quem me levava ao Médico e cuidava de mim. Paulinho foi crescendo ... Tornouse uma criança saudável , bonito de cabelos claros e cacheados, chamava a atenção de todos. Eu ﬁcava de olho nele, com medo que adoecesse de novo . Quando completou 1 ano, a Madrinha maravilhosa, Helena ,

encomendou um bolo enorme com formato de coelho, que fez o maior sucesso . Fizemos docinhos ... Convidamos então tios, tias, vovô, vovó, vindos de São Paulo, e ﬁzemos uma festinha gostosa. Paulinho já tinha por volta de 2 anos , meu Pai tinha então comprado uma bicicleta usada , em que eu ia pra escola , no centro de São José dos Campos. Instituto de Educação Cel. João Cursino . Eu adorava essa escola ... participava de todos os eventos feitos por ela. Nas datas comemorativas , preparavam verdadeiros shows. Certa vez, disse que Sabia dançar o Frevo, e sabia mesmo. A professora logo mandou fazer

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Acabei me tornando uma Irmãe

pra mim, a roupa usada nessa dança. Como gostaram muito, eu participava também nas festas dos cursos mais adiantados. Também cantava no orfeon , participava do Jogral e ainda tocava na Bandinha. E quando eu voltava à tarde, Paulinho já estava me esperando, para que eu o levasse a passear na bicicleta , com uma cadeirinha adaptada que tínhamos comprado .. Quando eu abria a porta, ele corria a mostrar a tal cadeirinha para levá-lo. Ele mal falava ainda ...era todos os dias .. Eu largava o material, e ia levá-lo a passear. Acabei me tornando uma Irmãe ( foto Paulinho e David )

E os dias continuavam passando , passando .. Helena e Alcides acabaram se mudando para São Paulo, pois a Mãe de Helena tinha morrido, e foram morar com o Pai. Acabamos perdendo o contato.. enviava cartas para eles, mas foi rareando, rareando ..fomos absorvidos pelo cotidiano, e nos perdemos. Eu então já com 11 anos , Ouvia todos os domingos a Radio Clube SJC, onde tinha pela manhã um programa chamado : Clube Mirim. Onde crianças e adolescentes cantavam .... Nem pensei ... criei coragem , fui até lá me informar e acabei no mesmo dia , sábado, ensaiando .... Passei a cantar nessa Rádio quase todos os domingos ! O bairro inteiro ouvia ,

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com o rádio bem alto .Eu Ficava orgulhosa, pois na escola, onde também tinha algumas colegas que também cantavam, e entre os vizinhos, vinham dar sugestões de Músicas para eu cantar. Quando o programa começava, ﬁcávamos todos juntos, como um coral, e cantávamos o Jingle de abertura . Depois cada um cantava a sua música escolhida, com os músicos acompanhando. Eu adorava. Televisão ainda era coisa rara , poucas pessoas tinham , mas o Rádio ainda tinha bastante valor ...Acho que cantava bem bonitinho.. Participava também dos eventos da igreja São Dimas . Na verdade frequentava bastante , como ensinar o catecismo , no preparo de procissões

, em todas as liturgias e inclusive ajudava na missa, toda ela em latim , que eu sabia na ponta da língua . Essa dedicação me fazia muito bem . E participava também comigo dessas atividades a minha amiga Lurdinha. Em casa a situação com minha mãe ﬁcava insuportável . Ela quase não fazia nada, em relação aos ﬁlhos e nem a casa . Passou a me obrigar a fazer o almoço antes de ir para a escola, Senão nada de escola ! Eu mal tinha tempo para fazer as lições de casa . Pois fazia o almoço e também o jantar . E tinha também que fazer as compras para cozinhar . eu tinha responsabilidade , e fazia tudo direitinho. Com apenas 12 anos passei a cuidar de tudo em casa . Comida, compras,

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limpar, dar banho nos irmãos, sempre com ela resmungando . O que tornava a situação mais difícil . Eu porém fazia tudo sempre cantando... Dois anos depois do nascimento de Paulinho .... Novamente grávida . Eu mais uma vez indignada . A mesma coisa ... Ela Sentia dores leves, e lá ia eu novamente buscar a Parteira . Isso porque , repito , ela jurou não querer mais ter ﬁlhos . No início do Outono Nascia então a Gloria Era mais uma criança que vinha. Já éramos 7 . Vivos 5 . Como minha Mãe continuava a brigar com meu Pai sem parar, um tormento , ele acabou por pedir que o demitisse do emprego . Fez alguns

bicos em casa, na sua proﬁssão , que era de Serralheiro Artístico , como chamavam . Eram janelas, portões de ferro. Isso porque o desejo de minha mãe , era que ele ﬁcasse por perto , fazendo os caprichos dela. Pra mim , não é nada confortável. Não gostaria de falar assim da própria Mãe , uma tristeza mesmo . Nesse ano , também foi morar conosco a Avó Maria ,o Português com quem ela morou por muitos anos, morreu . E o que ela pensou sempre , era que quando isso acontecesse ela naturalmente seria a dona de tudo o que ele possuía .. Terrível decepção .... A família dele deu um prazo , e a expulsou da casa . Nenhum tostão ... Mãos abanando ...

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E pensar que aquela família parecia Ter o maior carinho por ela .. Mas é claro ... Foi na verdade uma cuidadora dele , eles não tiveram nenhum Trabalho com ele, uma injustiça mesmo. Mas foi um verdadeiro terror ... Ela tinha algo de ruim ... Já tinha sido demonstrado antes , lá na frente, aonde ﬁz a minha primeira comunhão , eu era pequena , mas percebia a maldade dela Para com os vizinhos, no mesmo quintal , ela se sentia a dona de tudo , Pois o Português era o dono daquelas pequenas casas , um cortiço . Tinha uns olhos verdes lindos , po-

rém , neles tinham algo de penetrante, que Causava aflição e até medo. Ela naquela época já tinha um vício , que até é desculpável , pois era doença . Roubava objetos nas casas em que visitava, inclusive na casa da Avó Clarisse , quando ela fazia visita por lá , a gente não deixava ela sozinha E percebíamos que ela ficava muito nervosa .. Pois queria roubar . Porém o que roubava , não ficava com ela ... Passava pra outras pessoas Como presentes. Era mesmo uma doença ... O nome era Cleptomania Pouca gente conhecia ... Pois pra mim , não tive problemas com ela , me tratava bem , sempre me tratou assim . Mas não podia deixar de ficar triste com essa situação .

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Morando conosco , a mesma coisa acontecia com os nossos vizinhos . Mas ninguém queria saber Se era doença não ! Ficavam indignados , e gerava muita discussão entre meu Pai e ela. Ela fazia fofocas sobre nós , caluniava todo mundo , jogava uns contra os outros . Meu pai que já não gostava dela , ﬁcava uma fera .Ela acabou indo Embora pra São Paulo, disse que arrumou um trabalho para ser “ dama de companhia “ de uma senhora e não tivemos mais notícias ! Tempos pra frente Acabou nos visitando e disse que estava morando em uma clínica de Idosos ... Passado um tempo , ﬁcamos sabendo que tinha morrido ! Uma pena ,

pois poderia ser tão diferente . Eu tinha completado 14 anos .. Com o pouco de dinheiro que tínhamos. Acabamos voltando p/ SP, uma vitória pra minha mãe . Em 1962 mudamos de novo pra nossa cidade .. Eu já era uma menina-moça , como diziam naquela época .. Mais uma casa de 3 cômodos no Bairro do Ipiranga . Mas desta vez, embora pequena , a casa era mais confortável. A sexta mudança . Continuava do mesmo jeito . Eu fazia toda a comida, lustrava o chão com o pé. Cuidava dos irmãos . David como era maiorzinho brincava na rua o dia todo. David era muito

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bonito , atraia atenções para ele, mas também muito bravo, não aceitava ordens. Quando o chamava para tomar banho, virava fera. Mas eu dava muita risada com isso ...ainda mais que queria beijá-lo ... Paulinho e Glorinha ainda eram pequenos ... Começamos perceber que o Nelson, era realmente diferente de todos nós . Tinha problemas sérios de relacionamento , ninguém gostava dele . Nem família, e nem amigos ele tinha . Era muito chato , muito agressivo . Passou a ser um problema. A convivência com ele se tornou muito difícil. Sempre ouvia lamentos de minha mãe por não ter mais ﬁlhos . Ela praticamente brincava com bonecas

da Glorinha, para substituir nenéns uma coisa pra se pensar , pois com o descaso com os filhos, não dava pra entender. Também nesses dias , meu pai arranjaria um emprego em uma fábrica de cofres, finalmente . Conseguiu vagas também pro Nelson, pro meu tio Jairo. Ficou comigo, como sempre, a missão de fazer o almoço pra eles, já que vinham almoçar em casa . Tinha que fazer das tripas coração, como se diz , para tornar esse almoço satisfatório, pois a comida era bem escassa . Como Eles estavam cansados do trajeto até a casa , e passei a levar o almoço pra eles. Tinha que andar bastante . Meu Pai então me matriculou em uma escola particular , que significava pagar mensalidades , um curso de

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Prático de Comércio , Que daria condições para trabalhar em Escritórios ... Claro, foi muito bom, até que fui chamada na secretaria, pois ele não estava pagando a mensalidade ... E assim tive que sair do curso . Além de envergonhada, tb ﬁquei muito triste ..pois não tinha adiantado nada , sem concluir o curso. Já estava fazendo 15 anos Eu tinha feito amizade com uma garota como eu , muito bacana que morava tb ali perto , A Neide . Chegamos à conclusão que deveríamos trabalhar fora , e ganhar nosso dinheiro. Quando dei a notícia em casa , o mundo caiu . Minha mãe ﬁcou completamente

desestabilizada e muito brava. Não queria de jeito nenhum, pois é claro , acabaria a folga que vinha tendo a anos. Com muito custo, consegui que ela deixasse desde que arranjasse alguém pra fazer o serviço em casa . Acabei arrumando uma menina com mais ou menos a minha idade . E fui com a Neide atrás de trabalho . Conseguimos em uma pequena fábrica de plásticos, que fazia chupetas , pentes .... O dono da fábrica era uma pessoa muito desagradável e bruta . Gritava o tempo todo conosco. Vivia com mulheres em seu escritório, nos tratava como escravas ... Já em casa, a menina que tinha arranjado para ajudar, não fazia nada, e como dormia em casa em um sofázinho, ainda por cima fazia todo dia

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Descontração

xixi na cama. Não teve jeito senão mandá-la embora . Eu e a Neide resolvemos sair dessa fábriquinha e parar de sofrer com os maus tratos daquele homem. Arranjamos novo trabalho em uma tecelagem, ali mesmo no Bairro. Novo tormento ... O barulho insuportável das máquinas, a agressividade novamente dos mestres. Nós voltávamos pra casa, chorando no caminho, os ouvidos zumbindo . Mas precisávamos do dinheiro . Fomos ﬁcando cada vez mais desanimadas cansadas pelo abuso em nos fazer trabalhar mais do que poderíamos aguentar. De novo saímos desse trabalho . De volta a procurar novo trabalho.

Eu e a Neide íamos batendo de porta em porta de fábricas , pois não tínhamos nenhuma escolaridade, nenhuma especialidade em nada . Descontração .. Tio Jairo, que trabalhava numa empresa de Cigarros, nos convidava , eu e Quirinha a participar das festividades do grêmio da Empresa, ou seja, muitos pic-nics , excursões e bailes na sede do Grêmio. Uma vez por mês , tinha o Baile. Como eu era muito desprovida de roupas, pois o meu salário continuava indo pro meu Pai, a Quirinha que na época fazia o curso de corte e costura, felizmente fazia vestidos pra mim. Ficavam muito bonitos. E assim eu não passava vergonha, agradeço

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muito a ela por isso; Época gostosa. Apesar de tudo, divertíamos muito com nosso tio. Ele tinha feito um curso de dança por correspondência, como podia ser isso .. Então lá no Baile, ele ﬁcava muito inseguro para tirar as moças para dançar. Nós então nos revezávamos e dançávamos com ele. Mais seguro , ai sim começava a tirar as garotas , e assim continuava. Meu primeiro namorado, foi lá que conheci. Dancei a noite toda com ele, até o baile acabar ... Mas esse namoro durou só um encontro. Quanto aos pic-nics, praia e outros passeios ﬁcaram gravados na memória.

Sempre nós três .. Tio Jairo, Quirinha e Eu. As vezes também o Flávio. Eu e a Prima Quirinha ..sempre juntas . Sobre Tio Jairo Tio Jairo era uma pessoa com muitos complexos, timidez, e manias exacerbados. Tinha também muitas diﬁculdades de relacionamento. Não tinha amigos, nem namoradas. O que causava tormento em nossa Avó. Ao ponto de ela tentar arrumar namoradas pra ele. Quando ela conhecia alguma moça interessante, achava um jeito de convidá-la para uma visita, visando assim uma aproximação com ele. Testemunhei várias vezes esse fato. Ela me arrastava pra cozinha com a desculpa de fazer um café, para deixar que os dois se entendessem. Ele

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Era assim ... percebia tudo isso e Ficava bravo, o que até piorava a situação. Mas conosco, sobrinhos, era muito agradável. Eu sempre sentia uma ponta de ciúmes, pois achava que ele gostava mais do Flávio e da Quirinha. Com eles sempre sempre Inventava brincadeiras , escondia dinheiro e pedia pra eles acharem... Dinheiro nessa fase de criança em geral, era um fascínio , queríamos sempre comprar balas, sorvetes, doces. Então quando aparecia algum parente nos visitando, Atormentávamos pedindo dinheiro. Era assim ... Quando, aos ﬁns de semana não estávamos na casa dela, íamos passear no Museu do Ipiranga, a paquera lá

era forte . Fazíamos muito sucesso. Era natural curtir essa paquera, os rapazes, sempre em duplas, e em seus carros (geralmente dos Pais) Nos rodiavam até que parávamos pra conversar ... Nesses tempos também, apareceria uma jovem cantora Italiana, que seria a sensação da juventude, Rita Pavone. Quase menina Que causou um furor danado, com seu jeito de vestir, dançar, seu modo frenético e despojado. Quando esteve no Brasil foi pleno o seu sucesso. Ah ...todas as garotas queriam imitá -la. Nós também. A Quirinha foi logo fazendo pra nós, a saia que ela lançou... Curta e com suspensórios, nos das de hoje, seria de mal gosto. Também

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tinha a botinha, meio cano, que era sensacional. Acabamos comprando também, e lá íamos pela rua, felizes com aqueles modelitos. E fazendo sucesso ... ALEGRIA DA JUVENTUDE ... Acabei conhecendo ali no Bairro , a Zuleide, a Rosa, a Janete ...uma turminha que já era formada. Todos os ﬁnais de semana eram organizados bailinhos ao som de vitrolas ou do conjunto ‘”os Hippies “formado por Heleno, Evaldo Luque ,China, Roberto ..eram realizados cada vez em uma casa. Os Pais não se importavam, embora tivessem que arrastar alguns moveis para isso. Não ofereciam nenhuma comida ou bebida. Más não precisava, pois só queríamos dançar. Mas acabei tendo um namorinho

com Heleno, rapaz sério, dedicado, responsável. Uma espécie de mentor do conjunto, já que também se apresentavam em Festivais de Bandas. Dançávamos juntos o tempo todo, mas não acabou em namoro sério, pois Heleno tinha um foco: A Medicina. E acabou conseguindo seu objetivo, se dedicando totalmente. Apesar da Ditadura militar ( 64 ) , que duraria até o ano de 85 .. Foram décadas Muito produtiva culturalmente em todos os seus segmentos . Apareceram talentos , como Elis Regina , Chico Buarque , Jair Rodrigues , .. E tantos .. Talentos revelados pelos festivais de Músicas , lançados em 1965 .Esses festivais cairiam muito

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No gosto dos Brasileiros .. Chico Buarque, me lembro, foi um dos artista brasileiro , mais perseguido Durante o Regime Militar , com suas composições provocativas , como Cálice, Apesar de você ... e outras . essas canções tinha um alvo . Todos sabiam .... era Castelo Branco. Chico Buarque se auto exilou na Itália, com sua Mulher Marieta Severo e suas ﬁlhas De 69 a 70 , não foi muito tempo. Mas causou bastante alarde. O gosto pelas músicas italianas, também foi muito forte na preferência de todos. Nas paradas de sucessos .. Só dava essas músicas, pelo romantismo que elas passavam ! Nesse ano de 65 , tb tinha uma nova

sensação .... A jovem Guarda . Comandada pelo seu principal astro , Roberto carlos ! Foi um furor para nós jovens, tínhamos então um Ídolo nacional, embora estigmatizado de alienado. Roberto Carlos que tornou-se um ícone a partir de seu Programa criado, por Paulo Machado de Carvalho , então na época , dono da TV Record . Astuto Empresário, que naquele tempo mantinha o poder absoluto nos meios de comunicação , soube muito bem manipular aqueles “ anos dourados “ Todas as tardes de domingo, ninguém perdia o programa . Com a Jovem Guarda , houve também , uma mudança no modo de vestir dos jovens . Sempre copiados

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dos cantores e cantoras dos Programas .. Até nos penteados havia muita criatividade, que nos dava muito prazer. Foi muito bom ser uma jovem , produto dessa década . Paulo Machado de Carvalho realmente foi feliz nessa empreitada !! Nessa e em outras ... Pois também criou o Fino da Bossa , O Bossaudades , o Show do dia 7 , maior sucesso em que comemorava o aniversário da Record . Programas de qualidade que caiu no gosto popular. Nesses tempos o Brasil vivia entre o Tropicalismo e a Jovem Guarda. Situações bem diferentes culturalmente. Um dos irmãos de nossa amiga , a Rosa , fazia parte de um conjunto ( era assim que se falava na época )

que tocava no Jovem Guarda , The Jet Blacks , numa dessas tardes do domingo Sergio , levou toda turma para assistir o programa ,.. Mas eu , infelizmente perdi , pois tinha ido visitar a minha Avó , puxa que pena . Nunca mais apareceu tal oportunidade ... Mas eu tinha alegria; Alegria de ser jovem, de ter saúde , de ter disposição para passar as dificuldades que apareciam pela frente . Achamos, Neide e eu, novamente um trabalho em uma fábrica de meias e Beneficiamento de fios. . Uma fábrica bem maior, e familiar, ou seja, dirigida totalmente por filhos e netos do dono. O dono que era bem velhinho, era

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muito malcriado e tratava todas nós muito mal . Gritava a todo momento . Naquela época , não seria diferente em quase nenhum lugar ... As pessoas eram muito maltratadas em seus trabalhos ... A maioria que trabalhavam lá, eram mulheres , e menores de idade , o que era meu caso e da Neide . Um dos netos , Dario , me paquerava , mas quando chegava sexta-feira, o Velhinho mandava varrer toda a área externa da fábrica , na base do revesamento . Sempre em 2 garotas . Eu morria de vergonha , porque esse neto passava toda hora por lá . Terrível . O local não era muito longe da minha casa , então , para parar de levar marmita , pq ﬁcavam olhando que não tinha quase nada , passei a almo-

çar em casa . Mas a comida horrível que a minha mãe fazia me desanimava, além de Ser muito escassa ... O pior era quando chovia , pois aquele bairro Vila carioca alagava demais , mesmo Assim eu enfrentava ... As pessoas seguram umas nas mãos das outras e atravessávamos a ponte do rio , na Rua do Grito . Voltava pra trabalhar com os sapatos encharcados . E assim ﬁcava até o ﬁnal do expediente . Colocava jornal para absorver a umidade . Com todo esse esforço , ainda tinha que dar o envelope de pagamento inteirinho pro meu Pai . Mas como era uma fábrica de meias , comprei uma caixa de presente pro Vovô Venâncio , que depois descon-

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tavam no pagamento. Fiquei toda orgulhosa, pois pude fazer esse agrado pra ele, com meu primeiro pagamento. Mas depois de 2 anos , com a maioridade , fomos demitidas . Mesmo assim, chorei .... Foi mais um período que se foi .. Passava muito tempo tb na casa da minha avó Clarisse . E ela sempre visitando as ﬁlhas , lá ia eu junto. Numa dessas vezes fomos na casa da Tia wanda, com o Jipe de Tio Bastião casado com a Tia Celina, tb foram os primos, Valéria e Fábio . chegando lá , encontramos a Prima Quirinha se contorcendo de dores nas costas ... Minha avó não teve dúvidas ... disse que iria levá-la pra sua casa para ir com ela ao Médico , fomos todos

no jipe com muito aperto . No dia seguinte , fomos com ela para a consulta . como sempre , Vovó era o Anjo que aparecia sempre nas horas difíceis em nossas vidas , tomando atitudes certas para ajudar a todos . Já resolvido o problema, ela também ficou morando por lá . Arrumou emprego de bordadeira no vizinho “ aquele que tocávamos a companhia da casa dele “ que tinha essa oficina de bordados esportivos, morou por muito tempo lá . Nos finais de semana ia encontrar com ela , Quirinha , lá na nossa Avó e íamos pra Guarulhos pra casa dela. Tudo era muito simples, aliás era uma outra casa que eles foram morar , um bairro mais distante de Guarulhos .. Lembrava mais um

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Sítio . Lugar tranquilo demais ..mas nos divertíamos mesmo assim. Tia Wanda , sempre de prontidão para nos atender . Só ficava brava se reclamasse contra o seu “ Quinzinho “ ( Ribamar ) como ela o chamava, irmão mais novo da Prima Quirinha, que me atormentava com seus beliscões , chutes e outras traquinagens .. Com a nossa juventude, tudo era engraçado, era bom, era animado ... De novo ... Neide e eu na jornada por emprego Conseguimos. Depois de muitos dias , muita canseira , um novo trabalho . Uma empresa de fabricação de meias e beneficiamento de fios . No mesmo bairro , Ipiranga. Fizemos todos os exames de admissão , mas Neide tinha um problema

, que apareceu na radiograﬁa , de um problema na coluna , e não foi admitida. Me senti muito, mas muito triste , pois tínhamos sido companheiras a bastante tempo na luta por emprego . Enﬁm ... A empresa de médio porte , me senti muito bem por lá . Trabalhava no setor de repasse de meias , tipo controle de Qualidade . Tinha feito nos primeiros dias de trabalho , dezoito anos , Era uma jovem bem apresentável . Me achavam bonita e com um corpo Bem feito , pois era bem magra . Mas algo me parecia estranho ... Todos os dias , um diretor da empresa , um italiano com seus 60 anos ...

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Sempre vestido com um terno muito bem cortado e perfeito. Subia até esse local , quase no fim do expediente , para dar uma vistoria e sempre olhava demais .. Para mim . eu olhava pra ele também pois me chamava a atenção . Inocentemente Pensava .... Porque ele me olha tanto ? Isso tornou uma rotina .. Passado um tempo, ele mandou me chamar pra sala dele . Minhas colegas de trabalho ficaram aflitas e temerosas por mim. Fui escoltada pelo chefe do depto . Pessoal . Me senti bastante envergonhada e nervosa , pois todos no escritório pararam pra me olhar ... Não sabia o que pensavam , mas eu

sabia que algo estava errado , que levaria alguma bronca , quando entrei em sua sala ... Gelei ... Um olhar penetrante , um olhar arrogante e poderoso ...com olhos azuis . Fiquei bastante temerosa , nunca tinha passado por isso .. ,mas ao contrário disso , me mandou sentar e começou a me questionar sobre a minha vida , Meus anseios , minha condição .... Mas eu não estava entendendo nada . Foi ai que me disse , que gostaria de pagar estudos pra mim , me dar um conforto .... Comecei a entender , apesar de com meus 18 anos , ser muito ingênua , o que ele realmente Queria ... Comecei a desconversar, a me fechar ... Ele com certeza se decepcionou,

Tantas horas, Tantos dias

disse que eu podia ir , e depois disso , nunca mais foi lá na seção . Meu medo é que me mandasse embora . Felizmente isso não ocorreu . Fiz amizades com uma moça da minha idade , que descobri que morávamos perto , e assim pegávamos o ônibus de manhã , mas a tarde sempre voltávamos á pé . E era bem longe da Vila Carioca onde morávamos, ela se chamava Patrocínia , mas para amenizar , o pessoal do escritório a chamava de Pat , o que ela adorava , pois não suportava o seu nome . Pat trabalhava como Telefonista. Ela, como eu tínhamos a mesma condição , sem dinheiro pra nada . Infelizmente , mais pra frente , essa amiga que trabalhava comigo e mo-

rávamos perto , acabou cedendo a outro italiano, também Diretor, tornando-se amante dele . Não ganhando nada com isso, tornou-se uma pessoa vulgar , com roupas indiscretas , exageradas .. E acabou na prostituição . Uma pena , pois era uma excelente pessoa ,eu gostava bastante dela, muito vigiada pela Mãe , que não a deixava fazer nada , se divertir , passear .. Passava os ﬁnais de semana debruçada no muro de sua casa , observando a movimentação . Quando eu a chamava para ir conosco nos bailinhos , a Mãe dela além de não deixar , ainda me olhava como se eu fosse uma perdida . Impressionante a ignorância dela .se soube no que se tornou a ﬁlha dela ... Deve ter sofrido muito. Mas acho que uma grande

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parte , foi culpa dela mesmo , impedindo que a ﬁlha tivesse uma vida de acordo com a sua idade. Como ainda meu Pai levava todo o meu salário , não me vestia bem , sempre com roupas que a Quirinha passava pra mim , meus sapatos estavam furados.. Até que me apresentaram uma senhora que morava em frente a fábrica , que vendia sapatos a prestação, que sorte .tb acabei conhecendo uma mulher que vendia roupas p/ crianças , e assim tb comprava para meus irmãos , Paulinho, David e Glorinha , como tinha que pagar mensalmente ... Meu Pai não tinha o que fazer .. Assim as coisas estavam indo ... Passados alguns meses , no Verão de

66 , comecei a me sentir muito mal no trabalho .. Tinha febre , dores no corpo , até que depois de uns 3 dias me sentindo assim , não consegui mais ir trabalhar . Meu Pai então me levou a um Médico, pois eu estava realmente me sentindo muito mal . O Médico me receitou vitaminas injetáveis, analgésicos , coisas assim .. Mas não passava ... Então depois de uma semana na cama , era um sábado, pedi ao meu Pai que chamasse um serviço de Ambulâncias , chamadas na época de SANDÚ . Eu estva ﬁcando desesperada ... Logo eles chegaram , me examinaram, e constataram que estava com TIFO , Uma doença altamente contagiosa e perigosa , com risco de vida . E eu

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me sentia cada vez mais , muito mal . Imediatamente me levaram p/ o Hospital Emílio Ribas , onde ﬁcaria internada Por 25 dias . No mesmo dia em que fui pra lá , tb chegaram mas 2 garotas e um rapaz , onde chegaram à conclusão de ser uma epidemia naquele Bairro. Cada dia chegavam novos pacientes com a doença , pois aquele bairro tinha problemas de saneamento , esgoto a céu aberto. Diziam os Mēdicos pra nós , que estávamos nos tornando famosas pois estávamos em todos noticiários , só para descontrair .. Foi muito sofrimento nos primeiros dias no hospital . Eu e as duas vizinhas que não tinha conhecido ainda . As duas tinham a mesma idade

que eu. Ou seja 18 anos . Nós três compartilhávamos o mesmo quarto, sentíamos os mesmos sintomas ... Franqueza , falta de apetite , enjoos. Diarreia ... Nos primeiros dias , a gente nem conversava , pois nem tínhamos força pra falar . Passados os dias de internamento e mais alguns dias ainda em casa , voltei ao trabalho Mas a surpresa foi boa .... Me transferiram p/ a lojinha da fábrica, onde já estava lá a outra companheira , chamada Estrela, uma espanhola muito séria , com cara de brava .Estrela era Uma moça sofrida, pois vivia atormentada por ter um Pai neurótico de guerra, muito violento. Mas fomos nos conhecendo e passamos a nos dar muito bem ! o trabalho por lá , era realmente mui-

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Tantos dias ...

to mais prazeroso . A novidade foi que novamente “ aquele “ Diretor passou a ir todos os dias à tarde por lá , com a desculpa de saber como iam as vendas .... Tantos dias .... Quando chegava a época do natal a empresa realizava a festa p/ os funcionários , e distribuia brinquedos . Eu ajudava a empacotar até uma certa hora da noite , com a condição de ganhar para meus irmãos os brinquedos, eles ﬁcavam muito contentes. E tb participavam da festa. O natal para nós era como um dia comum . Nada acontecia . Não tinha comemoração , não tinha presentes .... Nessa empresa. Fiz bastante amiza-

de com a enfermeira que cuidava do nosso posto de enfermagem a Aracy. Ela sabendo como eu ﬁcava triste , nessa época de festas, pelo motivo já mencionado , me convidou pra passar o reveilon na casa dela. Que era uma pensão, comandada por ela . Pensei .... Claro , poderia me divertir e tb levar meus irmãos ... La fomos , a casa era no bairro do ipiranga , perto de onde trabalhávamos .. Chegando lá , ja me bateu o arrependimento . Não tinha crianças, os pensionistas eram pessoas estranhas ... Não tinha absolutamente nada pra comer , apenas alguns salgadinhos de pacote . Meus irmãos Paulinho e David com fome. Eu também . Não podia voltar pra casa , pois era longe e já muito tarde da noite ...

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Fiquei desolada ... Aracy era uma ótima pessoa , mas não teve noção para preparar uma comemoração dessa . Sem contar que não gostou nenhum pouquinho de eu ter levado meus irmãos . Finalmente chegou a hora de dormir.... Todo mundo deitado em colchões no chão ... Meu irmão Paulinho agarrado em mim , não conseguia dormir , tremia demais ... Tinha medo, eu tb não dormia , David acabou dormindo ... Eu me sentia uma irresponsável por tê-los envolvidos nessa situação desastrosa . O ano era 1968 Paulinho teria 8 anos, David um pouco mais ... Saímos logo cedo .... Não via a hora de ir embora com eles . Paramos numa padaria e tomamos um café

bem gostoso pra compensar e matar a fome que estávamos . Vida que seguia ... Também tinham os bailes de formaturas, que na época faziam muito sucesso, achávamos carona, e lá íamos .... Era simplesmente, uma delícia . Certa vez, queria muito ir em um destes bailes. E tinha arranjado os convites, Difíceis de conseguir, pois eram muito requisitados ..esse seria no Clube Pinheiros , um salão de festas muito bonito, era dos mais requisitados. Quirinha não estava com vontade de ir , e arrumou uma porção de desculpas.. Estava trabalhando e não tinha tempo de arrumar e bordar seu vestido , não tinha como arrumar o cabelo ...

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Enfim ... Minha vontade em ir era tanto que fui até o Brás, onde ela ainda morava com nossa Avó , peguei o vestido, ainda tinha alguns dias pro baile, e bordei com pedrarias, como se usava, marquei a cabelereira pra ela , e deu tudo certo . Aproveitamos bastante aquele Baile. Porém a volta foi bem complicada, pois não tínhamos como voltar. Por fim conseguimos, e deu tudo certo enfim. Tristesa e Decepção Mas em casa , as coisas não iam bem . Minha Mãe arrumou uma amizade no mínimo estranha ... Era uma mulher , muito feia, esquisita .. uma figura bizarra. Era solteira, e nem sei como come-

çou essa amizade . Todos os domingos as duas acordavam muito cedo, e lá iam para o programa de Silvio Santos ! Todos os domingos .. As duas combinavam muito bem , mas não era difícil explicar o porque . Ela não saía da minha casa . Eu ﬁcava fora o dia todo , para mim , tudo bem , Mas ela passou a frequentar tb á noite . Mas teve um dia que a situação passou dos limites. Eu preparando o jantar ,porque minha Mãe como já disse , não cozinhava ..mas elas ﬁcavam sentadas ali, na cozinha. Essa mulher e minha Mãe eram tão esquisitas, que incitavam a minha irmã Glorinha, pequena ainda , a me provocar , falar um monte de bestei-

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Meu porto seguro

ras pra mim, E as duas morriam de rir . E ainda peguei a amiga fazendo caretas nas minhas costas . Meu Pai percebia, mas não fazia nada. Foi a gota d’agua .... Aquela noite chorei, chorei muito , nem dormi ... Mas tomei uma decisão .. Arrumei algumas coisas , antes de ir trabalhar no dia seguinte, e não voltei pra casa . Respeito ... Depois do trabalho Fui direto pra casa dos meus avós . Expliquei a eles o que estava acontecendo , ﬁcaram Indignados e disseram que ﬁz bem

em pedir ajuda a eles e Que eu ﬁcasse por lá . Mas como havia previsto , naquela noite , meu pai apareceu por lá para me buscar . Meus avós me mandaram esconder no banheiro , depois mandaram Que ele entrasse .. De lá escutei o que eles diziam . Passaram a maior bronca nele Em deixar que essa situação acontecesse , e disseram que eu não Iria com ele até que resolvesse o problema. Naquela noite , senti muito orgulho deles . Meu porto seguro Com certeza passaria dias muito felizes na casa da Vovó .

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Ja moravam lá , Tio Jairo , Amador , afilhado deles, Quirinha e eu . Vovó preparava marmitas para todos nós , menos pra Quirinha que trabalhava ao lado . Comidinha bem simples , mas deliciosa . Não via a hora do almoço chegar ... Á noite , reuníamos todos na pequena cozinha e ficávamos lá conversando, conversando ... Até que de repente a luz se apagava . e lá vinha um “ fantasma “ todo de branco para nos assustar .. Tio Jairo descia as escadas , desligava o relógio de energia Colocava um lençol branco e uivava para nos assustar , naquela escuridão .. Quase todos os dias fazia isso . Fingíamos morrer de medo , ele ficava

todo feliz ..ríamos muito . Quando era mais ou menos 22:00 , estava chegando Vovô Venâncio . Ficávamos em silencio, pois ele vinha mal humorado pelo dia Cansativo que tinha tido. Jantava ... E ia até a sala , pegava o rádio e colocava no programa de contos de terror e suspense . Ouvíamos em silencio e até com medo. Pronto, seu mau humor já tinha acabado . Passava então a contar seus “ causos “ lá da terrinha deles, Minas Gerais. Esses causos sempre envolvia também assombrações, mistérios. Etc.. Era sensacional . Nós todos gostávamos muito . Tinha a televisão , mas ﬁcava lá na sala desligada . Queríamos mesmo era ouvir os contos do Vovô . Antes de meia noite , não

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As garotas dormíamos .. Quando chegava o fim de semana , ia junto com a Quirinha pra casa dela. Eram fins de semana bem tranquilos , cuidávamos da pele, das unhas dos cabelos ... Por nossa conta .., onde também andávamos de moto com o primo Flávio. Até que um dia, cai de lado ao passar em uma valeta e vi o chão passar bem perto de meu rosto , com medo , não quis mais a moto . Flávio prestava seu serviço militar em Piquet , e vinha passar seus fins de semana em casa . Ficava todo convencido , pois o fato de vestir farda , causava sensação entre As garotas . Era engraçado , pois ensinávamos

ele a dançar , a se vestir se pentear mais moderno ,já que ele usava um topete a la Elvis Presley . Depois de todos esses comandos , lá ia ele , cheiroso e todo feliz , para encontrar as suas conquistas . Nós também tínhamos nossas paqueras , lá em Guarulhos , sempre saíamos juntas . Quando uma terminava aquele namorico, a outra também fazia o mesmo . Era a irreverência da juventude . Porém as regras eram bem rígidas em casa. Quando saíamos , tínhamos que voltar até as 22:00 hrs. Se passasse dai da próxima vez , nada de sair ... Assim que funcionava . Quando passávamos o ﬁnal de sema-

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Refém do próprio destino

na na Vovó, era mais difícil, pois o Vovô Venâncio nos controlava demais .. Tinha ciúmes, com certeza. Vovó Clarisse é quem sempre contornava a situação. Refém do Próprio Destino Depois de alguns meses , meu Pai apareceu por lá dizendo que já tinha resolvido aquela situação , que aquela mulher tinha se afastado de casa. Então voltei pra casa, não por querer, mas por dever. Sempre pensava , como estavam meus irmãos , se tomavam banho , se comiam ... Porém , minha mãe ﬁcou mais reservada . Mesmo assim , nos ﬁnais de semana , para sair , frequentar os bailinhos .. Só depois de fazer o jantar .

Não tinha mais o que fazer ... Tinha que aceitar mesmo a situação . Em seguida mudaria pra casa da Vovó também , Tio Roberto ( irmão de Minha mãe ) e Tia Elza com suas três ﬁlhas : Suzana , Neuza e Tânia . Não sei bem qual o motivo , mas sei que precisavam , por algum tempo . Durou pelo menos alguns meses . Sairiam então a Quirinha , o Amador também . Amador , que morou com eles muito tempo , se formou em Economia, conseguiu um ótimo emprego e foi morar sozinho , assim se fechava um ciclo de muita dedicação também a esse aﬁlhado .

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As três meninas nossas primas , eram muito graciosas , espertas e inteligentes , Tia Elza uma mulher bem agradável para mim , tinha uma beleza natural . Frequentávamos bastante a casa em que eles moravam . Muito almoços de domingos , muitas festinhas .. Tio Roberto era muito festeiro , Tia Elza cozinhava maravilhosamente .. Gostava muito de passar os domingos com eles e as meninas .. Lembro-me que quando íamos almoçar lá , isso queria dizer todos da família , Tio Roberto sempre colocava discos na vitrola era Neil Sedaka, Paul Anka, Brenda Lee, Elvis Presley ....e gostava de ver como eu e Quirinha dançávamos Rock, e dançávamos muito bem.

ﬁcávamos até a noite, quando Então em frente a casa deles , alguém passava sempre desenhos no paredão bem branco que era sensacional ! Muita gente ia pra lá para Assistir com as crianças, o tamanho era de uma tela de cinema Vovô Venâncio teve seu consultório montado lá, na casa deles por muito tempo. A sala da frente foi isolada da casa, para esse ﬁm. Mas Tio Roberto com a sua família já tinham se mudado de volta par casa deles. Ainda com dezoito anos .. Nesse mesmo ano faríamos uma nova mudança. Ali mesmo no Bairro .

r ? Tantas horas, Tantos dias

Em um sábado , fui pela manhã , visitar meus Avós. Quando lá cheguei , encontrei a porta aberta . Estranhei . Subindo as escadas fui chamando por eles , porque tinham deixado a porta aberta. Mas encontrei todos no quarto deles , ai vi .... Meu Avô na sua cama morto . Foi um choque muito grande ..... Fiquei sem ação , muda , não podendo acreditar no que via . Comecei a soluçar , sofrendo tanto e inconformada . Ele sempre se queixava de pedras nos rins , e outras coisinhas .. mas nunca pensávamos que morreria de um Ataque Cardíaco . Era mais uma triste perda .. Nessa hora pensei nos fragmentos de um ser em toda a sua essência...

inteligente, austero, sempre Querendo impor sua autoridade, talvez em conﬂito com ele mesmo, em não mostrar suas emoções , suas Fraquezas ...porque não dizer, seu romantismo. Será que ele se permitiu ser feliz (INTERROGAÇÃO ) Vovô morreu em pleno Sábado de Aleluia ! Desolada , Vovó mudou-se com Tio Jairo para a casa de Tia Wanda. Já que ela dispunha de cômodos separados da casa e comportava muito bem os dois. Como já tinha passado alguns meses desde nossa ultima mudança Problemas “ de novo “ com falta de

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pagamento , Vovó Clarisse então ofereceu a sua casa vazia, para morarmos , já que o alugue era menor, O sobrado era maior , meu Pai aceitou imediatamente , e pra lá mudamos. Lá , na minha turminha , fizeram um bailinho de despedida pra mim . Heleno ficou bem desolado . E quis continuar me encontrando lá no Brás, o que aconteceu algum tempo, mas o foco na Medicina foi mais forte . Conseguindo seu objetivo, ficou mais difícil manter esse namoro . Nunca mais vi Heleno, nunca mais vi minhas amigas, começava no Brás pra mim, um novo ciclo, uma pena, mas aquele Tempo ficou lá atrás.

Morando por lá , ﬁcaria mais longe do meu trabalho , ainda mais que vinha almoçar em casa. Porém gostava daquele sobrado, que me trazia boas recordações . Minha amizade com a Prima Valéria , ﬁcou mais forte e mais próxima. Demos um jeito de comprar título do clube Corinthians , e assim Podíamos levar nossos irmãos , David , Paulinho e Fábio. Também costumávamos levá-los pro Parque do Ibirapuera , Aeroporto, outros tantos passeios ..será que eles se lembram disso ? Com muito pouco dinheiro , não podia comprar lanches , sorvetes , doces pra eles . Tive uma ideia ... As sextas-feiras ,na

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David e Paulinho

empresa que trabalhava, eu bolava uma rifa de um perfume , Rastro , famoso naquela época , que todos gostavam ,essa rifa era bem aceita , todos Compravam ,virou rotina, pois era um preço baixo. Quando não saia pra ninguém , melhor ainda , o lucro era de 100% Então o ﬁm-de-semana estava garantido. Direto pra Hamburgueria “ Robot “ que eles adoravam . David e Paulinho David tinha 11 anos , Paulinho 7 Os dois resolveram ganhar algum dinheiro também . Passaram a fazer um trabalho de dobradura em caixinhas de remédios , que uma senhora

ali na nossa rua terceirizava . Assim faziam centenas de caixinhas depois da escola , deixando de brincar com outras crianças na rua. Certo dia, estava eu de Férias , e da janela , vi que os dois iriam entregar o lote pronto .. Mas um fato me chamou a atenção .. Ao sair na rua , David viu que o cabelo de Paulinho estava desarrumado. colocou as caixinhas em cima das dele , e com as mãos ajeitou o cabelo desarrumado de Paulinho . Fiquei emocionada com esse gesto , ao mesmo tempo achei muito engraçada aquela atitude. Mas voltaram chorando ... Quis saber o porque .. Me disseram que a mulher não pagou tudo o que eles produziram , dando uma desculpa esfarrapada de que eles ﬁzeram

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mal feito. Não tive dúvidas .. Levei os dois até lá, e ameacei denunciá-la por exploração de menor, se não pagasse direitinho o que eles mereciam. Ela pagou ... Mas eles deixaram esse trabalho . Eu continuava a dar banhos neles quando chegava do trabalho. Até que um dia , David se sentiu com vergonha , pois estava quase adolescente , passou então tomar seu banho sozinho. Restou então Paulinho e Glorinha. Ja tinha feito então 19 anos já era 1967 Começava então uma mudança de valores , de preferencias musicais, de ritmos diferentes, a Tropicália, criada

pelos cantores Baianos Gilberto Gil e Caetano Veloso Até que se exilaram, indo pra Londres. A censura fazia suas vítimas.. Um slogan muito usado durante esses anos de Chumbo , como era chamado, “ BRASIL, AME-O, OU DEIXE-O . Tempos de novidades também ... Revolução Sexual, Movimento Hippie, e , romanticamente “Ano Dourados “. Conheci então um rapaz que morava em frente a nossa casa . Tito era seu nome . Muito bonito, educado , esforçado .. Começamos a namorar ... Gostava muito dele , mas Tito era realmente apaixonado por mim . Mesmo sem poder , me enchia de

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presentes , tratava muito bem meus irmãos .. David gostava bastante dele. Nesse ano em julho , morreria de um acidente aéreo o General da Ditadura , Humberto de Alencar Castelo Branco. Acidente mal explicado , já que o avião em que viajava foi atingido na asa por uma caça da FAB . Castelo Branco tinha acabado de terminar seu mandato. Nesse dia, as empresas e escolas, dispensaram seus funcionários e alunos por Luto . Peguei meus irmãos, e fomos pro Clube aproveitar o dia, por conta de Castelo Branco. Também nesse ano seria realizado o

primeiro transplante de coração Pelo Médico Sul Africano , Christian Bernard, na Africa do Sul. Che Guevara também terminaria morto em outubro. Já nas artes , o sucesso seria o ﬁlme estrelado por de Catherine Deneuve , onde ela fazia a Pura Perversa “ Bela da Tarde “ . Meus 20 anos ... Com muita esperança e otimismo na vida , seguia em meu trabalho , Ainda trabalhando na lojinha , depois do expediente , seguia pro escritório para fazer horas extras , em qualquer que fosse o departamento, com isso , aprendi a lidar com vários segmentos administrativos , o que foi muito bom pra seguir em

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20 anos

frente proﬁssionalmente . Porém , como sempre , quando chegava em casa , além de dar o banho nas crianças , ainda tinha que providenciar o jantar . 20 anos ... Foi com alegria que com a chegada do dia de meu aniversário , a Quirinha me proporcionou uma bela surpresa, fazendo uma festa pra comemorar , Lá na casa dela . Só pra nós, familiares. Me fez também um lindo vestido azul com uma faixa preta . Mas Tito também foi convidado , e se sentiu todo Importante com isso . Na verdade uma proximidade da família . Sempre fui agradecida por esse cari-

nho dela . Quirinha ja estava namorando aquele que seria seu Marido. Já não podíamos estar mais muito juntas em passeios . Valéria se tornou pra mim , uma ﬁel companheira ... era muito Amiga , conﬁdente,. Estávamos sempre juntas . Apesar de ser mais velha que ela , nos entendíamos perfeitamente. Mas nesse ano conheceria o Paulo . Novo funcionário admitido na Fábrica . Paulo me chamou a atenção, e a recíproca também foi verdadeira .. Devagar fomos nos aproximando , e começamos a namorar . O mais triste dessa história , foi um

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drama ... Como terminar o namoro com o Tito , Já que tinha o maior carinho por ele , mas estava se Tornando apenas amigo pra mim . Sofri , com a amargura sentida por ele ! David não se conformava. Mas assim foi .. Paulo tinha lá na Fábrica, o Status de chefe do Departamento Têxtil. E ainda estava cursando na USP, Economia . Tínhamos a mesma idade. infelizmente, a lojinha que trabalhava acabou sendo fechada e fui transferida internamente , para o Depto. de malharia . Estrela foi efetivada no setor de contabilidade, e gostou muito. Passei a desﬁlar os modelos para

compradores , era bem magra e ﬁcava bem em qualquer modelo . O bom era que as peças piloto vindas da Itália , ﬁcavam pra mim . Eram contratados três estilistas , uma Francesa e dois Argentinos . Era um empresa do grupo Matarazzo , de porte médio . Não aguentaram esses Status e acabaram fechando esse setor , Malharia . Me encaminharam pro Escritório, onde passei a cobrir férias dos funcionários. Foi um período bem difícil .. Já que estava sem perspectivas pro futuro . Meu apelido por lá , passou a ser “ coringa”. Até que substitui a Secretária do Depto. Jurídico, e quando ela voltou, pediu demissão . Como o Advogado tinha gostado de meu

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O Advogado, Dr. Sergio trabalho, me chamou pro cargo . Nesse meio tempo , eu tinha terminado O curso de Secretariado , o que ajudou muito ! O Advogado , Dr. Sergio Existem pessoas que passam por nossas vidas , e deixam sua marca de forma indelével... Assim foi Dr. Sergio . Como eu tinha 20 anos , o achava maduro , pois ele tinha 35 . Era um homem de uma beleza exuberante , ﬁsicamente também . Mas de uma personalidade seriamente alterada . Casado com uma mulher rica e muito bonita , tinha dois ﬁlhos pequenos. Mas isso não o contentava .. vivia en-

volvido com muitas mulheres , que não davam tréguas em persegui-lo . Telefonavam direto pra lá . Vivia pedindo dinheiro emprestado , fazia trambiques com bebidas Importadas, com dólares .. Um dia estava muito nervoso , noutro muito amável .. Um bipolar Mesmo. Sua mulher vivia aparecendo lá , no escritório, e me indagava bastante se tinha alguma mulher atrás dele .. Eu ﬁcava bastante desanimada com essa situação , pois eles brigavam muito. Mas também tinha um bom coração , sabia das minhas necessidades ﬁnanceiras , e fazia de tudo pra me ajudar . Até me emprestava dinheiro.

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David Também nesse ano , David começaria a trabalhar com o Patrão da Quirinha , tipo ofﬁce-boy . Tinha então, seus treze anos .. David andava o dia todo , com uma pequena pastinha debaixo do braço para fazer serviços de Banco , Contabilidade .... Sr, Vicente era uma pessoa se trato difícil , quase agressivo . Eu Achava que explorava o David , que era bem magrinho e pequeno, pagando um Mínimo de salário . Tinha muita pena dele. David tinha terminado o Ginásio , e não queria mais estudar . Foi Difícil fazê-lo mudar de ideia .. Mas por ﬁm começou a fazer o curso Técnico de Contabilidade , o que foi

muito bom pra ele. Paulinho ainda cursava o Ginásio, gostava de jogar futebol de Salão, voleibol na escola . Glorinha com toda a diﬁculdade da sua situação , tentava se alfabetizar. 1969 ano marcante de novidades... Em vinte de julho desse ano de 1969 , o homem pisaria pela primeira vez na Lua . Um marco na história de nosso planeta, abrindo portas para o progresso da ciência. Lançamento da Revista “ O Pasquim “ de Millôr Fernandes. Início do Jornal Nacional, da Rede Globo Lançamento do ﬁlme “ 1969 , O ano

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Carnaval de 69 que mudou as nossas vidas “ uma afirmação das mudanças desse ano. Carnaval de 69 Nessa data apareceria uma oportunidade de ir até Santos para passar o Carnaval . Uma amiga da Quirinha convidou .. Pensei logo .. Ah... Vou levar meus irmãos .. Eles sabendo , ficaram ouriçados com a ideia , pois não conheciam o Mar . Convidei então o Paulo, que prontamente aceitou .. Quando foi me buscar para a viagem, viu que cheguei com Paulinho e David .. A cara que fez , não foi nada boa . Mas enfim .. Lá fomos Paulo não curtia meus irmãos .

Como ainda o pessoal não tinha chegado , fomos para a Praia . Por acaso, encontramos um colega de trabalho, que estava hospedado A um quarteirão de onde ficaríamos, nos acompanhou até a Praia também. Mas certo momento , David pediu ao Paulo a chave do carro , pra pegar algo , mas o azar foi tanto, que ele deixou que a chave caísse na areia, sendo engolida por ela , náo achamos mais .. Paulo ficou irritadíssimo , pois estava com pouco dinheiro , e o chaveiro levou quase tudo que ele tinha .. Fiquei muito penalizada com isso . Para piorar , a Dona da casa , quando viu Paulo , não aceitou que ele ficasse na Casa . Ai , que situação ..

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Paulo chegou a discutir com ela, que só piorou pro lado dele. Fiquei chateada mas não pude fazer nada. Ainda bem que nosso colega , o convidou para dormir lá . Me deixou mais tranquila. Paulo foi embora , no dia seguinte pela manhã . Me abalou profundamente. Porque sem maldade, fui a causadora de todo esse transtorno. Pois queria que todos Se divertissem , mas não contava com essa reação da dona da casa. Fui na verdade muito inocente. Mas , relaxei e começamos a nos divertir nesse carnaval .. Meus irmãos foram muito bem trata-

dos , e isso foi o que importou. Porem , eu sem preparo , deixei que eles tomassem muito sol, o que resultou muita queimadura nas costas deles..mesmo assim eles adoraram esse passeio. Aproveitaram o máximo. Pra voltar complicou mais ainda , pois eles sendo menores de idade, sem autorização do Juizado de menores , não ´pudemos voltar de ônibus ... ﬁquei desesperada.. Mas me indicaram uma possibildade.... O trem . E assim voltamos .. De volta ao trabalho .. Paulo ﬁcaria vários dias sem falar comigo. Mas a acabamos voltando ao namoro . Mas não demorou muito para que terminássemos . Ele saiu da Fábrica para um emprego mais im-

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portante e um futuro melhor . Paulo era uma pessoa arrogante e egoista . Eu via , mas não queria enxergar . Paulo tinha planos para o futuro, e eu certamente não me encaixava , pela minha condição social . Nosso namoro durou cerca de dois anos, com idas e vinda . Fiquei muito tempo sofrendo com o rompimento. A surpresa foi que um certo dia. Descobri que o aluguel dessa nossa casa estava muito atrasado . Vi uma correspondência . Depois de uma conversa com meu Pai , parti pra tomar providências . Conhecia lá , no meu trabalho , uma senhora que emprestava dinheiro. Dr. Sergio me indicou e ela me em-

prestou o valor que daria para pagar os aluguéis atrasados . Mas com juros enormes .... Não tive opção e aceitei . O Banco não podia me financiar , pois meu salário não dava pra essa cobertura . Lá na Fábrica fiquei desanimada , pois Dr. Sergio , acabou ficando sócio de uma grande empreiteira e saiu de lá . No lugar dele , uma pessoa desagradável, pouco preparado para o cargo ... Enfim náo nos entendendo , pedi para que me mandassem embora . Foi o que aconteceu . Mas quando fui receber meus direitos no Sindicato , a surpresa é que apareceu por lá Dna, Encarnação , a mesma que tinha me emprestado aquele dinheiro .

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Queria receber tudo . Fiquei indignada , pois estava pagando juros altos e continuaria a pagar em prestações .. Quando disse isso a ela , ﬁcou uma fera . Mas insisti que seria assim e tem mais , absolutamente indignada , Não pagaria mais os juros abusivos que ela impôs . todos os meses restantes , aos sábados ia com David até o Ipiranga na casa dela para pagar parcelas do combinado . Fazia um recibo , que ela assinava , e esperava David a um quarteirão dali , pois não queria Vê-la. E assim , paguei tudo direitinho . Mas o pior estava por vir .. Meu Pai , usou todo o dinheiro, sem pagar os alugueis atrasados . Não acreditava que ele tinha feito isso comigo .como pode ?? deveria eu mesma ter

pago , evitando essa situação , pois tivemos que nos mudar, por despejo. Ele apenas lamentou ...Minha Avó, com certeza , ﬁcaria bem triste com isso . Coisas do Destino .. Assim nos mudamos , ali perto no mesmo bairro do Brás , um sobrado bem velhinho. Comecei então uma busca por emprego . Logo consegui . Um importante Banco de Financiamentos , no Edifício Italia , um lugar muito movimentado onde se via pessoas bonitas , bem vestidas , enﬁm local agradável. Mas fui logo querendo saber quem emprestava dinheiro por lá . E descobri ... E fui logo buscando

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Chegou o ano de 1971 emprestar . Mas não ﬁcaria muito tempo por lá . O Banco iria se mudar de lá , então acabaram por reduzir o número de funcionários . Eles se mudaram mesmo pro Edifício Joelma , que pegou fogo depois em 1974 , causando centenas de mortes . Talvez o destino não tenha permitido que eu lá estivesse, pois perdi vários amigos nessa grande tragédia. Em seguida consegui um outro trabalho , mas ali , perto de casa . Uma empresa de Móveis de Aço, bem tradicional e antiga . Com o cargo de Secretária de RH , ou seja era secretária do Chefe do Departamento Pessoal . Logo fui atrás de fazer horas extras ,

principalmente aos domingos , onde o lucro era de 100% ! para aumentar meu ganho, pois em casa , a situação não melhorava . Fiquei vários anos nessa Fábrica, ﬁz muitos amigos, e adorava meu trabalho. A mesma coisa ... Quando chegava o Natal , ajudava a embalar brinquedos, para que meus irmãos também ganhassem . Chegou o ano de 1971 Já era fevereiro de 1971 , e Quirinha se casava . Mas ainda uma nova mudança de casa . Mais uma ... Então , em um Sábado , ﬁquei muito mal .... Febre , dores no corpo ,

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Tantas horas, Tantos dias

Alegrias

manchas vermelhas pela pele .. Estava largada na cama , sem que ninguém ligasse pra isso . Então chegou a minha Avó Clarisse . Como sempre , o Anjo da Guarda Que aparecia providencialmente .Ela não teve dúvidas .. me levou , de ônibus , até o Hospital de tinha o convênio , que signiﬁcava dois ônibus ,. . Fui diagnosticada com Rubéola . Voltamos pra casa , ela pegou algumas roupas pra mim , e me levou pra casa de Tia Wanda , onde morava . Com muito carinho como sempre , cuidou de mim , por uma semana. A Rubéola tinha atacado muito forte e tinha se complicado.

Uma mulher doce, calma , talvez por sua Mineirisse, nunca ouvi o Tom da sua voz soar mais alto . Presente em todos os momentos Que sua presença fosse necessária . Também não me lembro que Fosse uma mulher de afagos .. Talvez porque as coisas eram assim Naquele tempo . Nós , Netos e Netas , nunca soubemos quem era da preferência dela. Vovó ...se eu pudesse voltar no tempo agora, eu diria ... me perdoe Se algum momento, involuntariamente, não correspondi com suas expectativas. Como gostaria agora de pedir sua benção e te dizer “ Te amarei para sempre “ .

Sobre Vovó Clarisse ..

Alegrias ...

Tantas horas, Tantos dias

Nova Virada

Porém algo sinalizava que as coisas poderiam melhorar na saga de mudanças .. Meu Pai acabou descobrindo um bom negócio .. Começou a comprar contas da antiga Eletrobrás , que tinham usado um tipo de empréstimo compulsório dos usuários . O que ele tinha Que fazer, era resgatar esses empréstimos .. Uma espécie de corretagem. Rendeu bastante .. Até que ele acabou Comprando , verdade , comprando um sobrado bem gostoso e grande , ali perto . Com muita alegria nos mudamos para lá . Nova Virada

Os negócios antes com sucesso, feitos pelo meu pai, durou pouco tempo, infelizmente. Não Alcancei o real motivo, mas de novo na estaca zero. O sobrado estava perdido, pois só foram pagas poucas parcelas. Tentei pedir um empréstimo para Resgatar essa dívida, mas de novo a tentativa foi em vão . Sendo assim ... tivemos que sair de novo . Mas nesses meados desses anos setenta, Tia Elza ﬁcaria gravemente doente, mas essa agonia não durou muito, felizmente , quando Ela se foi. As meninas , suas ﬁlhas , eram muito jovens e teriam que ter alguém , além do Pai, que as ajudasse a seguir em frente, na vida e no cotidiano.

Tantas horas, Tantos dias

E assim mais uma vez, Vovó Clarisse seguiu para mais essa missão, que duraria até que cada uma seguisse seu destino. Acabei conhecendo em um dos cursos que fazia , um professor de matemática , que ﬁcamos sabendo , morávamos bem perto . Ficamos encantados um pelo outro ... Ele tinha todos adjetivos para agradar uma mulher . Bonito , educado Sensível ... Terminada a aula, ele me esperava , e vínhamos juntos para casa ..assim fomos nos conhecendo melhor, e começamos a namorar . Até que me convidou para almoçar na casa dele, pra conhecer a sua família.

Reticências de uma história de vida Me receberam bem , mas sendo ele de uma família de classe Média tradicional , ﬁquei apreensiva , pois minhas condições sociais, não era das melhores ... Enﬁm ... José Antonio , depois de quatro anos de namoro , e então já formando em Engenharia , essa era a condição imposta pela sua Família ... Seria meu Marido .

Reticências de uma história de vida .. Meus irmãos estavam crescidos . David então começava a trabalhar em um Banco de credibilidade forte e importante , e ajudava bastante nas despesas .

Tantas horas, Tantos dias

Paulinho também estava trabalhando em um Banco de Porte . Mas depois de iniciar o curso de Engenharia, mudou-se para Taubaté, e usava o Crédito Educativo, que era pago depois de formado. Período difícil pra ele. Para se sustentar ... dava aulas, tocava em Barzinhos... Já formado e com emprego, também passaria ajudar muito ﬁnanceiramente.

“ bicos “ , mas não sabíamos o que era . Sabia o Ofício do Pai , mas não gostava .. Achava muito pesado pra ele. Dinheiro nunca aparecia . Era sempre muito nervoso em casa com todos nós . Minha Mãe continuava indolente . Quando chegava o ﬁnal de semana , eu me dispunha a deixar a casa em ordem , cuidando da limpeza e da alimentação .

A vida estava seguindo como o destino queria Eu , David e Paulinho. Fizemos tudo o que podíamos pra tentar amenizar uma situação de difícil resolução .

Glorinha se conﬁrmou como Especial . Pelo menos conseguiu se alfabetizar . Nelson , continuava a ser um problema a mais . Dizia procurar emprego , então fazia

Tantas horas, tantos dias ...

Tantas horas, Tantos dias

Todos temos relatos e história de vida para contar. Só de fatos bons, ou ruins , ou tristes .. Resolvi contar como foi a minha, a nossa, sem meias palavras. Não são de lamentos, não são de revoltas ... São só relatos. O Destino nos deixou um legado, que tivemos que cumprir. Coragem nunca nos faltou. Nossa vida não foi só afetada por problemas materiais. E sim por falta de um alicerce forte, de afetos, de exemplos, De conﬁança no Futuro.

r Diagramação Silene Velasco Impressão Cinelândia Graﬁca e Editora

Maria Helena Salerno, dividiu nesse livro de memórias, histórias e fatos vividos por ela, em seu ambiente familiar, social e cotidiano Com pessoas que de alguma forma fizeram e fazem parte de sua vida. Encarou o desafio de contar uma mistura vivida por vitórias e derrotas Surpresas e decepções, em um relato franco e corajoso.