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Curiosidades (Dr. Luís Montenegro / Dr. Rui Mota / Andrea Neves) 327 Preview
from Cão Sem Segredos
Nos tempos que são os nossos as famílias são cada vez mais pequeninas. Por razões óbvias. Muitas vezes só têm um filho. Quando assim é, esta criança corre o risco de se tornar
Rei e Senhor de tudo. É o centro de todas as atenções, correndo o risco de se transformar num ser caprichoso e egoísta. É muito bem cuidado mas não “aprende” … a cuidar. Cuidar, mais do que tratar, é muito difícil, (digo eu como profissional) mas é das coisas mais importantes durante toda a vida. Esta forma de “solidão” pode ser quebrada pela vinda de um animalzinho de estimação lá para casa. Não importa se tem pelo, carapaça, penas ou escamas. É um ser vivo que, de um modo ou outro, transmite e reforça afetos e ensina as crianças a serem responsáveis pela sua alimentação, pelo seu bem19 -estar e pela compreensão, por parte da criança, que ele cresce e se transforma. Como nós! Claro que há sempre um dia triste. Quando morrem antes de nós, o que não é nada bem aceite por ninguém e é incompreensível para as crianças. Mas até isso as ensina a crescer e a aprender devagarinho que a morte é uma realidade. Estimula a imaginação dos pais a explicar-lhes que o mais importante é que, enquanto viveram, as pessoas e os animais que nos foram queridos foram felizes. Para crescerem bem e serem adultos felizes e responsáveis, as crianças precisam de regras, normas e rituais. Os animais também. Quando as crianças aprendem a ensinar aos animais estes princípios, percebem melhor a aceitar mais facilmente que os Pais também exijam o mesmo deles (a outros níveis, claro). Ter um animal em casa é bom. Não podemos é esquecer que cada animal, para ser feliz, não só precisa de afeto, mas de um Preview
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espaço próprio que responda às suas necessidades (também elas próprias). Quem resolve “viver” com um animal tem de pensar bem nisto antes de o trazer para casa. Muitos não o fazem e por isso os abandonam na primeira esquina. Não deixa de ser uma forma grave de crueldade. É evidente que há algumas contraindicações para “adotar” animais. Particularmente cães e gatos. Antes de o fazerem, em particular se os pais são portadores de doenças alérgicas do foro respiratório, asma ou rinite alérgica, devem fazer testes para excluir a possibilidade de serem alérgicos ao pelo destes animais. Se o forem, a probabilidade de os seus filhos também o serem é elevada e será sensato escolherem outro tipo de animal para terem em casa. Em relação a tudo o resto, mas em 20 especial ao facto de os cães e gatos poderem eliminar alguns parasitas que podem infetar as crianças, a solução é simples. Os animais merecem consultas regulares praticadas por Médicos Veterinários que se encarregarão facilmente de resolver este problema. Estou a falar de alguns tipos de ténias e “lombrigas”. As carraças também podem transmitir doenças às crianças e adultos, particularmente nas regiões do Douro e Alentejo. São fáceis de detetar e facilmente erradicáveis. Embora a vacinação contra a raiva continue a ser obrigatória, o facto é que esta doença, também ela grave, é considerada erradicada no nosso país. A mulher grávida deverá ter cuidado de seguir os protocolos em vigência para o controlo da gravidez. Se for infetada pela Toxoplasmose deverá seguir com rigor o tratamento indicado para impedir a infeção e as suas consequências no feto. Preview
Só mais duas notas: as crianças e adultos com animais em casa devem ter o cuidado de lavar as mãos ainda mais frequentemente e não oferecerem carne não cozinhada aos animais. Quando saem, particularmente com cães, nunca se esqueçam do saquinho de plástico para recolher os dejetos dos animais. A incúria dos adultos que não o fazem é uma autêntica Vergonha Nacional e reveladora de um grau civilizacional muito baixo.
Nota: agradeço aos meus Netos Tomás e Manuel a colaboração prestada.
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CAPÍTULO 3
Dra. Maria João Ribeiro
RELATOS DE UMA TUTORA
23 O envelhecimento é uma situação inevitável e irreversível e os nossos cães não são exceção. Pode afetar o sistema respiratório, cardíaco, digestivo, urinário, nervoso, imunitário, ósseo, entre outros, e trazer também algumas alterações comportamentais. A esperança média de vida dos nossos fiéis amigos tem Preview
aumentado bastante, podendo chegar até aos 18 anos nas raças mais pequenas e nem sempre estamos preparados para acompanhar um animal sénior prestando-lhe todo o cuidado e atenção que merece, especialmente na última fase da sua vida. Temos de estar conscientes que o nosso animal não vai durar para sempre e que, nesta fase, não estará certamente tão ativo como antes, mas nunca devemos deixar de lhe prestar todos os cuidados necessários, sempre com muita dedicação, amor e carinho, para que a sua velhice seja passada da melhor forma possível. De facto, o papel e a presença do tutor do animal, quer pela ligação afetiva que os une, quer pelo conhecimento do animal que só o tutor possui, é tão importante quanto os cuidados médico-veterinários que lhe sejam prestados. Um bom tutor, atento aos 24 pequenos sinais de alterações físicas e comportamentais no seu animal, pode auxiliar muito o médico-veterinário, facilitando um diagnóstico precoce de doenças e prolongando a esperança de vida do cão. O animal não fala e tem tendência a esconder o seu mau estar. É o instinto a funcionar para o proteger de predadores (especialmente nos gatos), pelo que, muitas vezes, quando damos conta que alguma coisa vai mal, a situação já está num estado muito avançado. Como podemos, nós tutores, ajudar um cão com dificuldades em locomover-se, um cão cego ou que perdeu o sentido de audição, um cão diabético ou que perdeu algumas das suas funções cognitivas, para além de lhe facultar o acesso aos cuidados médico-veterinários necessários? Animais mais velhos têm necessidades diferentes dos mais novos e é muito importante que os donos consigam entender essas diferenças. Para Preview
além de todo o amor e carinho que nós, tutores, devemos prestar ao nosso animal, é fundamental tomarmos conhecimento do problema que o afeta, dos sintomas e dos possíveis tratamentos, lendo, informando-nos junto do médico-veterinário como poderemos proporcionar mais conforto ao animal em casa, estando atentos a quaisquer sinais de mudança tais como letargia, perda de apetite, beber demasiada água, desequilíbrio ou agressividade, e sobretudo acompanhar o nosso animal em permanência, não só em casa, mas também nas consultas e internamentos. Temos de nos lembrar que um cão não consegue perceber porque razão tem de ficar internado num local que não lhe é familiar e que a nossa presença é importante para que se sinta seguro. Nunca devemos ignorar qualquer mudança de compor25 tamento do nosso cão. O nosso animal, nesta fase, necessitará de muita paciência e dedicação e também que algumas rotinas sejam adaptadas às suas novas limitações. Um animal com dificuldades em locomoção equilibra-se melhor numa superfície em alcatifa do que em tijoleira ou soalho, um animal surdo não deverá nunca andar na rua sem trela, um animal com o seu metabolismo reduzido deverá seguir uma dieta ajustada, o exercício num cão geriátrico terá de ser mais limitado, enfim, consoante o problema em causa há uma série de pequenos ajustes às rotinas diárias e ao ambiente que podem e devem ser feitos para melhorar a qualidade de vida dos nossos animais. Em termos de prevenção, uma palpação periódica desde a cabeça até às patas pode servir para detetar precocemente algum tumor. Há também pequenos cuidados médico-veterinários que podem ser realizados em casa pelos tutores, evitando Preview