TI Verde: Sustentabilidade na Era da Informação

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UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCE CURSO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO Cristiane Mendes Netto (Organizadora)

TI VERDE: Sustentabilidade na Era da Informação

GOVERNADOR VALADARES-MG 2016


“Se você tem metas para um ano. Plante arroz... Se você tem metas para 10 anos. Plante uma árvore... Se você tem metas para 100 anos então eduque uma criança... Se você tem metas para 1000 anos, então preserve o meio ambiente. ” Confúncio


SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ............................................................................................................ 05 Cristiane Mendes Netto Capítulo 1 ......................................................................................................................... 07 TI VERDE: TENDÊNCIA OU ATITUDE? Débora Borges de Sousa, Jonatas Sellos, Marcelo Barbosa, Paulo Santoro Capítulo 2 ......................................................................................................................... 12 REAPROVEITAMENTO DE COMPONENTES ELETRÔNICOS Elves M. Rodrigues, Kevin V. G. Guimarães, Maurício E. D. Silva, Yuri C. Chaves Capítulo 3 ......................................................................................................................... 18 DESAFIOS DA ATUALIDADE: DESCARTES DE HARDWARES Allice Luana G. Barros, Israel Z. Dos Santos, João V. Louzada, Maressa J. Aguiar Capítulo 4 ......................................................................................................................... 26 DESCARTE IRREGULAR DE LIXO ELETRÔNICO Bryan França, Charles Andrade, Carlos Deodoro da Fonseca Capítulo 5 ......................................................................................................................... 30 INDÚSTRIA ELETRÔNICA CAUSANDO DANOS A SAÚDE E AO MEIO AMBIENTE Farley S. Rufino, Guilherme Vieira Mendes, Jhonatan Kaizer, Nicole A. D. Simões, Paulo Henrique Ferreira de Souza Capítulo 6 ......................................................................................................................... 34 OBSOLESCÊNCIA PROGRAMADA Hugo L. Silva, Kelvin S. Neves e Silva, Thulio de C. Soares, Walberth da Cruz Capítulo 7 ......................................................................................................................... 41 ANÁLISE DE CONSUMO E EFICIÊNCIA DOS MONITORES CRT NOS LABORATÓRIOS DE INFORMÁTICA DA UNIVALE Alan Brum, Aleff G. Quintino, Cosmil Santos, Wemerson Ferreira Capítulo 8 ......................................................................................................................... 50 PRINCIPAIS TEMAS DE PESQUISAS SOBRE COMPUTAÇÃO VERDE Wanderson P. Souza


APRESENTAÇÃO Cristiane Mendes Netto cristiane.netto@univale.br

Este e-book, na forma de coletânea, resulta das atividades desenvolvidas pelos alunos da disciplina de Metodologia Científica, ofertada no curso de Sistemas de Informação,, durante o segundo semestre de 2016, na Universidade Vale do Rio Doce (UNIVALE). A motivação para o desenvolvimento deste trabalho foi proporcionar aos estudantes uma experiência de escrita acadêmica baseada em resultados de um estudo bibliográfico, fundamentado nos princípios da metodologia científica, dentro da temática Tecnologia da Informação Verde (TI Verde). Além disso, considerou-se a importância que o tema tem na sociedade atual e a importância da compreensão do assunto pelos alunos, durante a sua formação científica e tecnológica, dada a necessidade de se pensar em desenvolvimento sustentável para a humanidade. O e-book está organizado em oito capítulos, cada um versando sobre uma temática derivada do assunto TI Verde, desenvolvidos de forma individual ou por grupos de alunos, sob a orientação da professora da disciplina. O primeiro capítulo apresenta o tema para compreensão de uma perspectiva histórica e de tendência de adoção por empresas e toda sociedade, tanto na expectativa de redução de custos, quanto na necessidade de adoção de uma postura sustentável. O segundo capítulo discorre sobre o reaproveitamento de componentes eletrônicos, avaliando os benefícios gerados pela implantação dos processos de logística reversa nas empresas fabricantes de componentes eletrônicos, tanto na questão da preservação ambiental quanto nas questões econômicas e de imagem pública. O terceiro capítulo trata do descarte consciente de lixo eletrônico e quais as consequências eles podem causar quando descartados de forma incorreta. Mostra a importância da adoção de medidas de sustentabilidade tanto para os donos de indústrias quanto para os usuários de tecnologia, visando a preservação da saúde e do meio ambiente. O quarto capítulo destaca os tipos de substâncias que são encontrados nos materiais eletrônicos e os danos que o descarte irregular de materiais eletrônicos pode trazer à saúde e ao meio ambiente. O quinto capítulo traz um panorama da TI Verde, perpassando pela conceituação do tema, a política ambiental e os danos causados ao meio ambiente, pela contaminação humana e ambiental advinda dos componentes utilizados nos materiais eletrônicos. TI Verde: Sustentabilidade na Era da Informação 5


O sexto capítulo explora a prática de obsolescência programada, como uma das causas do acúmulo do lixo eletrônico, abordando o contexto histórico em que ela se deu, seu conceito e evolução na sociedade. O sétimo capítulo apresenta o resultado de um estudo empírico, além do conteúdo de fundamentação teórica. O estudo foi desenvolvido com base na observação e comparação dos dados referentes a quantidade de monitores utilizados nos laboratórios de informática da UNIVALE, analisando o consumo e a eficiência dos monitores do tipo CRT, LCD e LED. O oitavo capítulo e último capítulo oferece uma visão dos principais temas de pesquisa sobre TI Verde, mediante análise de uma revisão de literatura, mostrando que os estudos envolvem tanto a descoberta de novos meios e tecnologias sustentáveis, quanto a adoção práticas de conscientização das pessoas sobre o tema. Visto como um todo, ou mesmo em partes de acordo com interesses específicos de assunto, este ebook constitui uma leitura recomendada para diversos públicos e uma contribuição para difusão do conhecimento e de práticas de sustentabilidade em uma sociedade que faz uso crescente de recursos eletrônicos e digitais.

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CAPÍTULO 1 - TI VERDE: TENDÊNCIA OU ATITUDE? Débora Borges de Sousa, Jonatas Sellos, Marcelo Barbosa, Paulo Santoro deboraborges18@hotmail.com, jonatas@sellos.com.br, marcelobarbosadg87@gmail.com, voxlex@gmail.com

1 Introdução TI Verde, Green IT, ou Tecnologia da Informação Verde são os nomes dados a uma nova tendência mundial adotada por empresas, devido a evolução da tecnologia e seu impacto ao meio ambiente, tanto pela demanda de energia elétrica, quanto pela de fabricação do hardware, pensando sempre na facilidade de descarte e a possibilidade de reutilização dos materiais. Surgiu diante de uma necessidade de controle aos impactos causado pelo consumo da tecnologia da informação por empresas, indústrias e pela sociedade em geral. Contudo, em paralelo a esse grande consumo de tecnologia, existe a preocupação com os impactos que ela pode causar ao meio ambiente. Devido ao crescimento constante de utilização da tecnologia no século passado, no início dos anos 2000 aconteceu os primeiros descartes em grande quantidade de produtos eletrônicos. Essa tendência chamada TI Verde foi adotada no século XXI onde o mundo corporativo começa a criar ações para atender a necessidade de um negócio sustentável. Tais fatores impulsionam a adoção desta proposta. As empresas que adotam essa prática possuem vantagens e créditos de uma imagem melhor em frente à sociedade. A TI Verde, quando bem utilizada, traz vantagens a grandes empresas e principalmente a pequenas, diminuindo custos, aumentando a produtividade e melhorando a qualidade dos serviços. TI Verde, que antes era considerada uma obrigação, agora é considerada uma estratégia de desenvolvimento. Com isso as empresas economizam em todos os recursos que antes eram utilizados para execução dos seus processos. Segundo Murugesan (2009) TI Verde corresponde à soma da economia de energia com gestão de recursos desde as cadeias produtivas e todo o ciclo que vai da extração de matéria-prima até o final da vida útil do equipamento, incluindo seu descarte. Para a

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Infamicro (2010), a TI Verde busca reduzir o desperdício e aumentar a eficiência de todos os processos e fenômenos do uso de recursos computacionais. 2 Surgimento da TI Verde Teve início em 2005, sendo um termo mais recente que o conceito de sustentabilidade, sendo usado primeiro em 1972 e espalhado pela ONU em 1985. (BRAYNER et al, 2013) Com o crescimento da tecnologia, a cada dia os aparelhos se tornam ultrapassados em pouco tempo de uso, com isso vem a preocupação com o que será feito com esses equipamentos. Observa-se que muitos aparelhos vão para lixos comuns, onde podem eliminar várias substâncias tóxicas e com isso agredir ao nosso meio ambiente prejudicando cada dia mais, tanto a saúde humana como a sobrevivência de outros seres. Outra forma de descarte é a incineração, mas a fumaça que é ali produzida prejudica a atmosfera com substâncias inadequadas para a natureza, por esses e vários motivos, surgiu o conceito TI Verde que são práticas que são capazes de amenizar e garantir que a atividade de uma empresa atinja o menor impacto ambiental possível, gerando gastos menores e economia de recursos e matéria-prima. Mesmo que essa prática ainda não seja adotada por todos, é de grande importância a sua compreensão, pois a sustentabilidade vem sendo uma preocupação constante. É preciso que todas as empresas trabalhem de forma sustentável devido à preocupação ambiental ser um assunto recorrente. 3 Um novo foco em Sistemas de Informação De acordo com um estudo da Consultoria Gartner (2007), os equipamentos de informática são responsáveis por 2% das emissões de CO2 em todo mundo, o que corresponde à quantidade emitida por todos os aviões existentes. Os datacenters são responsáveis por 23% da emissão de gases de toda TI, enquanto os PCs e os monitores atingem 40%. Outro problema que começa a preocupar tanto empresas quanto a sociedade é o descarte de equipamentos eletroeletrônicos obsoletos. Em 2010, foram vendidos 13,7 milhões de computadores no Brasil, que passou a ocupar a quarta posição no ranking mundial dos países que mais vendem PCs (IDC, 2011). A preocupação passa a ser para onde irão todos esses equipamentos daqui a dez anos. Boa parte deles utiliza substâncias tóxicas em sua fabricação, como chumbo e mercúrio, que podem contaminar o solo ou os lençóis freáticos. Incinerar todo esse lixo também não é uma boa saída, pois os gases eliminados na incineração são altamente tóxicos e cancerígenos (SILVA, 2009). TI Verde: Sustentabilidade na Era da Informação 8


Essas estáticas demonstram como o relacionamento entre o uso da TI e as suas consequências ao meio ambiente deve ser discutidos por todos os públicos. Nesse contexto, a TI Verde desponta como a mais recente manifestação de práticas de negócio sustentáveis (BROOKS, WANG e SARKER, 2010), sendo usada como um termo genérico para medidas e atividades relacionadas a TI que buscam contribuir com os objetivos orientados ambientalmente de sustentabilidade corporativa e responsabilidade social (CHEN, BOUDREAU e WATSON, 2008). A TI Verde não tem um conceito bem definido e não é bem aceito seu conjunto de práticas, sendo associadas na maioria das vezes a tecnologias e iniciativas para reduzir custos, o que tem feito que os pesquisadores estejam propondo a necessidade de uma nova subárea de SI, denominada Energy Informatics (WATSON, BOUDREAU e CHEN, 2010).

Isso

tem

refletido

em

grandes

fornecedores

de

tecnologia

que

têm

continuadamente proposto incentivos para sempre melhorar o desempenho de seus projetos. Mesmo havendo muita atenção a TI Verde na literatura comercial, ressalta-se que esse foco exclusivo na TI (Tecnologia da Informação) é restrito, onde deveria ser estendido e definido como um conjunto integrado para suportar objetivos individuais, organizacionais e da sociedade. Nesse sentido, Murugesan (2009) define TI Verde como o estudo e a prática de projetar, produzir, utilizar e descartar computadores, servidores e subsistemas associados – tais como monitores, impressoras, periféricos de armazenamento e sistemas de rede e comunicação – eficiente e eficazmente com o mínimo ou sem impacto ao meio ambiente. Segundo Molla et al (2008) encontra-se quatro tópicos que precisam ser considerados na definição de Ti Verde: 1) o direcionamento aos desafios em torno da infraestrutura de TI; 2) as contribuições da TI para reduzir os impactos ambientais causados pelas atividades de TI; 3) o suporte da TI às práticas de negócios sustentáveis ambientalmente; e 4) o papel da TI na economia de baixa emissão de gases. Sendo assim para entender, estudar e analisar a Ti Verde é necessário considerar vários fatos citados. 4 Hábito Verde Diante da necessidade de compra de produtos eletrônicos, deve-se ter a consciência de aplicar normas corretas de compra, seja em ações para uso profissional, como também para usos pessoais.

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Diante de todo tipo de negócio, sendo grandes ou pequenas empresas, sempre existe a necessidade de adquirir novos aparelhos. O hábito comum é realizar a compra com qualidade, buscando um produto que atinja a necessidade e orçamento. No entanto, muitos produtos podem conter substâncias que afetam o meio ambiente e que não são levadas em consideração no momento de aquisição, por desconhecimento dos consumidores. Nesse contexto, dentre as atitudes de TI Verde deve-se praticar a conscientização e os cuidados necessários ao efetuar a compra de um novo aparelho eletrônico. É que preciso que seja analisado não apenas os requisitos técnicos e funcionais, mas também as substâncias químicas que nele contém. Levando em conta a forma que será feito o descarte desse objeto quando não houver mais utilidade. A maioria de grandes fornecedores já respeita as leis e já realizam o descarte ecológico dos seus produtos fabricados. O selo verde é apenas um rótulo colocado nos produtos, trazendo informações que o produto foi feito de forma consciente, sem causar nenhum impacto ao meio ambiente. É importante lembrar que o maior impacto ambiental no uso de computadores é o consumo de energia, podemos ficar atentos a: refrigeração interna, fonte de alimentação, nível de desempenho e o tempo de permanência ligado. Sendo que esses quatros tópicos quando estão em mau funcionamento, aumentam o consumo de energia. Dentre os fatos que afetam a aplicabilidade total da Ti Verde, tem-se: Resistência à mudanças; Falta de planejamento (estratégico) para TI e visão sistêmica; Prioridade na solução dos problemas e não nas causas; Ausência de uma cultura voltada para a excelência; Adequação superficial às inovações. 5 Conclusão A TI Verde é uma proposta de mudança para atual situação do consumo agravado dos recursos naturais, que vem ganhando grande repercussão e aceitação por parte da sociedade e empresas. Diante de uma sociedade capitalista, qualquer atitude sustentável traz consigo novos olhares, e é nesse contexto que as empresas estão investindo. Vários outros fatores se interligam com a TI Verde como é o caso da reciclagem dos resíduos produzidos pelos descartes do TI, que causa grande problema para sociedade e o meio ambiente, devido sua composição e duração para decomposição.

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Para implantação de alternativas para redução de tal impacto podem ser realizados projetos que preveem a reciclagem dos hardwares e a implementação de placas solares. Com essas ações, muitas empresas, além de diminuir o consumo de energia e a degradação do meio ambiente, ainda ganha uma nova postura sustentável. Referências BROOKS, S.; WANG, X.; SARKER, S. Unpacking Green IT: A Review of the Existing Literature. AMCIS 2010 Proceedings, 2010. CHEN, A.; BOUDREAU, M.; WATSON, R. Information systems and ecological sustainability. Journal of Systems and Information Technology, Sustainability and Information Systems, v. 10, n. 3, 2008, p. 186-201. GARTNER. Gartner: Data Centres Account for 23% of Global ICT C02 Emissions. 2007. Disponível em: http://www.gartner.com/it. Acessado em: 15/10/2016. IDC. Brasil comercializa 13,7 milhões de computadores em 2010 e passa a ocupar a quarta posição no ranking mundial dos países que mais vendem PCs, revela estudo da IDC. Fev 2011. Disponível em: http://www.idclatin.com/news.asp?ctr=bra&id_release=1918. Acessado em: 20/10/2016. Inframicro Advanced Technologies (2010). TI Verde: Boas práticas. 3 páginas. MOLLA, A. Organizational Motivations for Green IT: Exploring Green IT Matrix and Motivation Models. PACIS 2009 Proceedings, 2009. MURUGESAN, S. H.(2008). Green IT: Principles and Practices. Em IT Pro January/February, IEEE Computer Society, páginas 24-33. SILVA, T. TI Verde – um estudo de aplicações e impactos. Monografia de conclusão de curso de Tecnólogo em Informática para Gestão de Negócios, Faculdade de Tecnologia da Zona Leste, São Paulo, SP, Brasil.

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CAPÍTULO 2 - REAPROVEITAMENTO DE COMPONENTES ELETRÔNICOS Elves M. Rodrigues, Kevin V. G. Guimarães, Maurício E. D. Silva, Yuri C. Chaves elvesmateusrodrigues@outlook.com, kevinfk2910@hotmail.com,maurx.dev@gmail.com,yuricoelho197@gmail.com.

1 Introdução Apesar dos inegáveis avanços para a humanidade, o advento da indústria de eletrônicos abriu precedentes para uma grande questão para o homem contemporâneo e do futuro: a relação entre o descarte de tais produtos e o meio ambiente. O conceito de sustentabilidade era inexistente ou incipiente na época do surgimento de tais indústrias, sendo pouco aplicado nos projetos. Devido a esse fenômeno, ao se passar de algumas décadas, os impactos de tais atos foi sentido, obrigando governos, empresas e sociedade a repensar suas ações, criando novas leis ou exigências – por parte dos civis – e produtos projetados priorizando a relação com o meio ambiente, pelas indústrias. Os dispositivos eletrônicos possuem em seus circuitos variados elementos químicos, muitos dos quais são tóxicos ou nocivos ao meio ambiente. Assim, além da poluição envolvida na extração desses minérios, uma vez que nesse processo também é necessário o uso de outros elementos e recursos poluidores, o descarte, uso ou extração indiscriminada de tais elementos pode estar se tornando um dos grandes vetores da piora da qualidade de vida atual e uma grande ameaça para a das futuras gerações, e, levando em conta a rápida obsolescência desses produtos, a situação torna-se ainda mais grave. Porém, nos últimos anos, seja por legislações mais rígidas, pressão do mercado consumidor

ou

simplesmente

consciência

ambiental

ou

mesmo

financeira,

as

organizações estão sendo obrigadas a repensar seus processos a fim de torná-los mais atuais e coerentes com as exigências externas. Não obstante, esse mesmo fenômeno, antes mal visto pelas empresas, por questões financeiras, tornou-se um atrativo para as mesmas, visto que com conceitos e princípios sustentáveis, as organizações podem ganhar vantagem competitiva ante ao mercado, reaproveitando seus resíduos provenientes do processo de produção ou reutilizando a matéria-prima obtida dos dispositivos descartados, diminuindo custos.

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2 Questões ambientais Os equipamentos eletrônicos tornam-se obsoletos, em média, em 3 anos ou menos(LAVEZ; LEITE; SOUZA, 2011), além disso, os computadores são vendidos em grande volume pelas indústrias, acarretando em custos ambientais elevados, visto que a natureza é degradada tanto na obtenção da matéria-prima quanto ao fim do ciclo do produto, quando ele é devolvido ao meio ambiente de forma inapropriada. Segundo Xavier et al. (2010), o lixo tecnológico, ou e-lixo, apresenta em sua composição elementos nocivos ao meio ambiente como: chumbo – muito utilizado nas telas de tubo –, cádmio, berílio, mercúrio, paládio, entre outros. Em complemento, segundo a Environmental Protection Administration (1995, apud ACOSTA; WEGNER; PADULA, 2008) os produtos químicos utilizados em maior quantidade na fabricação de computadores são acetona, amoníaco, diclorometano, éter de glicol, metanol, metil etil cetona, freon 113, ácido sulfúrico, tolueno, tricloroetileno e xileno. Esses elementos quando entram em contato com o solo o contamina, atingindo também os lençóis freáticos e tornando a água imprópria para o consumo tanto dos animais quanto para o ecossistema aquático envolvido. São necessários cerca de 1500 litros de água para se criar um único computador, 240 kg de combustíveis fósseis e 22 kg de produtos químicos (MACOHIN apud XAVIER et al., 2010). Esses dados, baseados nos dados da Universidade das Nações Unidas de 2007, revelam a necessidade de se repensar o processo de fabricação dos eletrônicos, e da busca por meios mais limpos de manufatura. Uma das maneiras de realizar esse processo é a reutilização dos componentes, ou a transformação dos mesmos em matériaprima, o que reduziria custos energéticos e, consequentemente, ambientais. 3 A logística reversa Logística reversa pode ser entendida como o processo de planejamento, implantação e controle da eficiência, do custo efetivo do fluxo de matérias-primas, estoques em processo, produtos acabados e informações relacionadas ao ponto de consumo e ao ponto de origem, com objetivo de re-agregar valor ou efetuar o descarte adequadamente (CLM apud LAVEZ; LEITE; SOUZA, 2011). Esse processo consiste, basicamente, no ato de um produto, seja ele defasado ou danificado, retornar ao seu fabricante, onde ele dará o devido fim ao mesmo.

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Segundo Xavier et al. (2010), algumas empresas fabricantes de eletrônicos possuem contratos com demais empresas que necessitam de seus equipamentos, a fim de que esta mantenha suas ferramentas de trabalho atualizadas, e, ao fim do tempo determinado, esses componentes eletrônicos, já defasados, são devolvidos à fabricante. Ambas ganham nesse processo, pois a fabricante avalia os eletrônicos e, caso estejam em boas condições, revende-os para outras empresas ou usuários finais que não necessitem de equipamentos tão atuais ou capazes. Porém, caso haja algum problema que inviabilize a revenda desses produtos, a fabricante pode revender apenas os componentes que estão em bom estado, e então os demais são triturados e vendidos ao exterior para serem processados. Esta é uma das formas tradicionais, mas há empresas especializadas que realizam esse processo, então, as fabricantes podem terceirizar sua responsabilidade (MENDONÇA; MIGUEZ; VALLE, 2009). Normalmente, as empresas que realizam este trabalho assinam um contrato que determina que os equipamentos, independente de como estejam, sejam triturados. Esse processo evita que os dispositivos entrem no mercado negro, diminuindo a concorrência para as fabricantes. O processo de logística reversa entre empresa-empresa é facilitado, pois há contratos legais envolvidos e já se sabe a localização dos equipamentos, a quantidade e o tempo certo para que se ocorra a busca. Porém, no que se refere a logística reversa voltada ao consumidor final, a situação é mais difícil, afinal, a pequena quantidade inviabiliza o transporte até um centro de reaproveitamento, pois é alto o custo para um produto de baixo valor agregado, por isso a necessidade de que se haja volume. Além da questão da necessidade de determinado volume que compense o preço do transporte, não há uma relação determinada entre governo-empresa-consumidor, como uma rede(LAVEZ; LEITE; SOUZA, 2011), fazendo surgir facetas capazes de dificultar o devido tratamento dos equipamentos descartados. Não obstante, há ainda a conhecida questão cultural dos brasileiros, que, por falta de consciência ou conscientização, simplesmente jogam seus equipamentos defasados ou danificados junto ao lixo comum. 4 Questões econômicas Em algumas situações, a logística reversa pode demandar muitos recursos financeiros. No entanto, ao se tratar de reaproveitamento de recursos, esse processo pode ser de TI Verde: Sustentabilidade na Era da Informação 14


grande vantagem, visto que, alguns dos componentes de computadores são raros e caros e, sendo reutilizados como matéria-prima virgem, o mesmo componente pode ser recriado com um valor bem inferior ao da forma tradicional (MENDONÇA; MIGUEZ; VALLE, 2009), garantindo vantagem competitiva. O eletrônico pode prover lucro de diversas formas. Ele pode ser revendido ou reutilizado, sendo considerada as suas condições. Pode ser consertado e ter sua aparência incrementada, sendo depois vendido. Seus componentes podem ser reutilizados em outra máquina e/ou, em conjunto, criar uma nova, sendo ofertada ao mercado. (MENDONÇA; MIGUEZ; VALLE, 2009). Em último caso, o menos ideal, os componentes podem ser incinerados e jogados num aterro. Esse tipo de descarte pode ser reconsiderado, afinal, há organizações que trituram tais componentes e revendem os substratos para empresas do exterior que possuem tecnologia capaz de manipular o resíduo a fim de fazê-lo tornar-se novamente matéria-prima. O processo de logística reversa ou de destinação dos equipamentos defasados pode ser uma grande oportunidade de negócio. Alguns fabricantes não veem grandes vantagens em manter processo pós-consumo interno, então, algumas empresas foram criadas para atender esse nicho de mercado. Todo o processo de logística reversa pode ser terceirizado, mas com a gerência e determinações da contratante.(MENDONÇA; MIGUEZ; VALLE, 2009) Desse modo, a empresa contratada recebe recursos das fabricantes para realizar sua tarefa como também pode gerar recursos advindos da comercialização dos componentes. Reservando a responsabilidade de preservar e manter a imagem da fabricante perante a sociedade, além de seguir as legislações vigentes. 5 Imagem pública Tempos atrás, a imagem de uma organização não era algo levado tão a sério pelos consumidores, porém, nos dias atuais, a exigência dos consumidores tem aumentado o suficiente para que as organizações sejam impelidas a demonstrar-se íntegras e preocupadas com a questão ambiental. Assim, essa necessidade vem obrigando grandes empresas a investirem cada vez mais em soluções sustentáveis, pensadas para que no final da vida útil, os componentes possam ser reusados ou menos nocivos. Não é diferente para as empresas de tecnologia, que vem buscando cada vez mais melhorar seus processos a fim de tanto reduzir seus custos de produção quanto TI Verde: Sustentabilidade na Era da Informação 15


ambiental, além de ter como objetivo transpassar a imagem de uma companhia preocupada com as questões sociais. A DELL, por exemplo, apoia e realiza campanhas de conscientização e incentivo a doação de eletrônicos no intuito de contribuir para comunidades e projetos de ajuda às pessoas carentes (XAVIER et al., 2010). Não obstante, o governo brasileiro criou em 2004 algo relevante nesse mesmo sentido, o Projeto Computadores para a Inclusão, que buscou democratizar e difundir a inclusão digital para escolas, bibliotecas e nos telecentros. O notável é que os computadores proviam de apreensões e doações dos próprios órgãos do governo (XAVIER et al., 2010), ou seja, ao invés desses computadores terem um destino incerto, os mesmos puderam disponibilizar acesso digital e conhecimento a um grande número de pessoas. 6 Legislação No Brasil, os equipamentos eletrônicos são tratados com base na Lei Federal 12.350, de 2 de agosto de 2010, sendo considerado, portanto, resíduos sólidos, concernindo aos fabricantes, importadores, comerciantes e distribuidores, no artigo 33, a responsabilidade pela implantação de um sistema de logística reversa (BRASIL apud CELINSK et al., 2011). Ou seja, é de responsabilidade dos agentes de produção o ciclo reverso do produto pósconsumo, assim como ocorre em relação aos lubrificantes automotivos. No exterior, Leis mais rígidas e impactantes foram criadas tendo como principal objetivo a sustentabilidade, entre elas a Waste, Electrical and Electronic Equipment (WEEE), aprovada pelo parlamento europeu em 2002, que estabelece quotas de recuperação de produtos e redução na quantidade de lixo eletrônico que chega aos aterros (XAVIER et al., 2010). Essa legislação é importante justamente por limitar a quantidade de lixo nos aterros e, além disso, obriga as empresas a recuperarem seus produtos. No entanto, há relatórios que indicam que empresas inseridas nessa legislação têm levado seus equipamentos para países africanos com argumento de levarem tecnologia de ponta a eles, porém ¾ desses produtos são lixo (MENDONÇA; MIGUEZ; VALLE, 2009), sendo responsável por poluir a natureza dos países do continente referido, pois não possuem tecnologia para tratamento. Entrou em vigor também, em 2006, o Restriction on the use of Hazardous Substances (ROHS), que busca diminuir ou evitar a quantidade de produtos tóxicos e metais pesados que ingressam na União Europeia (LEITE apud XAVIER et al., 2010). Ou seja, dessa forma, a UE, sendo um grande e importante mercado, buscou incentivar que o TI Verde: Sustentabilidade na Era da Informação 16


mundo como um todo passe a buscar alternativas menos nocivas no processo de manufatura 7 Conclusão O reaproveitamento de componentes eletrônicos hoje é um fator que contribui para a sustentabilidade e para a redução da poluição. A criação de políticas e a prática de atividades voltadas para este segmento devem ser melhoradas para que se possa tornar o reaproveitamento mais viável reduzindo custos e aprimorando as técnicas para este processo. O pensamento sobre a sustentabilidade e sobre as práticas verdes pelas empresas se tornaram um fator de compromisso com os consumidores e com o futuro do planeta em geral, e com passar do tempo organizações serão cobradas cada vez mais pelo consumidor e pelos governos mundiais. Referências ACOSTA, Byron; WEGNER, Douglas; PADULA, Antônio Domingos. “Logística reversa como mecanismo para redução do impacto ambiental originado pelo lixo informático”. Disponível em: <https://www.researchgate.net/profile/Douglas_Wegner/publication/49603065_LOGISTICA _REVERSA_COMO_MECANISMO_PARA_REDUCAO_DO_IMPACTO_AMBIENTAL_ORI GINADO_PELO_LIXO_INFORMATICO_doi_105329RECADM20080701002/links/02e7e5 3aa0b08eb3c6000000.pdf>. Acesso em: 21/09/2016. CELINSKI, Tatiana Montes; CELINSKI, Victor George; REZENDE, Henrique Ghizzi; FERREIRA, Juliana Stavasz. “Perspectivas para reuso e reciclagem do lixo eletrônico”. Disponível em: <http://limpezapublica.com.br/textos/iii-020_1.pdf>. Acesso em: 22/09/2016 LAVEZ, Natálie; LEITE, Paulo Roberto. Souza; vivian mansano; “O papel da logística reversa no reaproveitamento do ‘lixo eletrônico’ - um estudo no setor de computadores”. Disponível em <http://web-resol.org/textos/263-1161-1-pb.pdf>. Acesso em: 21/09/2016. MENDOÇA, Fabrício Molica; MIGUEZ, Eduardo Correia; VALLE, Rogério de Aragão Bastos. “Os benefícios ambientais e econômico-financeiros de políticas de logística reversa de produtos eletrônicos no Brasil”. Disponível em:<http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2009_TN_STO_099_668_13761.pdf>. Acesso em: 21/09/2016 XAVIER, Lúcia Helena; LUCENA, Lêda Christiane; COSTA, Magdalena Duarte; XAVIER, Victor de Almeida; CARDOSO, Raquel S. “Gestão de resíduos eletroeletrônicos: mapeamento da logística reversa de computadores e componentes no Brasil”. Disponível em: <http://www.webresol.org/textos/gestao_de_residuos_electroelectronicos_mapeamento_da_logistica_rever sa_de_computadores_e_componenetes_no_brasil.pdf>. Acesso em: 22/09/2016

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CAPÍTULO 3 - DESAFIOS DA ATUALIDADE: DESCARTES DE HARDWARES Allice Luana G. Barros, Israel Z. Dos Santos, João V. Louzada, Maressa J. Aguiar alliceluana@hotmail.com,israelzequinelli@hotmail.com, silvalouzada@gmail.com, maressa_jpag@outlook.com

1 Introdução Atualmente equipamentos na área da Tecnologia da Informação (TI) tem tido um aumento de produção considerável. O que hoje é de alta tecnologia, amanhã já está em desuso. Assim, o descarte incorreto de lixo eletrônico se tornou uma grande ameaça ao meio ambiente. Dentre os exemplos de lixo eletrônico, tem-se: baterias velhas de celular, monitores, celulares velhos, pilhas, dentre outros. Neste trabalho apresenta-se algumas iniciativas de empresas e ONG’s, que visam orientar o consumidor sobre o destino correto desses materiais. São compartilhadas algumas maneiras de como descartar corretamente estes materiais sem agredir o meio ambiente. Dentro dessa perspectiva, essa chamada TI Verde pode-se apresentar através de ações simples e sustentáveis para contribuir para a preservação do meio ambiente. 2 Desenvolvimento A crescente produção de equipamentos na área da Tecnologia da Informação (TI), se apresenta como uns dos fatores preocupantes na preservação do meio ambiente. A evolução tecnológica avança trazendo consigo seus pontos positivos, como por exemplo, sua praticidade nas empresas e vida pessoal. Mas, por outro lado, tem um ponto negativo preocupante, pois o que é moderno hoje, amanhã pode ser considerado ultrapassado e jogado no lixo, e isso na verdade é um grande problema porque são toneladas de lixos eletrônicos sendo despejados nos lixões. (APARECIDA, 2013). O agravante é que esse lixos eletrônicos são descartados, jogados de formas indevidas nos lixões ou aterros, se tornando uma ameaça ao meio ambiente, pois sabe-se que eles são compostos de materiais altamente tóxicos e nocivos ao solo, ao lençol freático e se queimados, poluem o ar. Um único monitor colorido de computador ou televisor pode conter até três quilos e meio de chumbo (ROSA, 2012). Esses equipamentos podem ser reutilizados em novos equipamentos, ou se transformar em outros através de uma reciclagem. Mas isso não e um processo fácil. Fazse necessário refletir com responsabilidade e consciência sobre o assunto, pois a

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realidade é que a forma como a reciclagem se processa hoje, tem na verdade, como o objetivo mais fins lucrativos do que sustentáveis. Quase 80% dos resíduos tecnológicos dos EUA são enviados para o terceiro mundo, para a separação de componentes que contém metais nobres. E a maior parte que sobra ainda é desperdiçada, pois se mistura à montanha de lixo não tratado que fica exposto em lixões, ainda com o agravante de expor “trabalhadores da reciclagem” em contato com resíduos químicos que podem causar sérios danos à saúde. (APARECIDA, 2013). O lixo hoje na sociedade contemporânea representa um grave problema na visão dos ambientalistas, enfrentados por todos os agentes sociais e políticos, porque o seu consumo tem sido extremamente excessivo. Toda essa problemática surge em função da insensibilidade social em cuidar do descarte dos resíduos que geram. (FIGUEIREDO, 1995). De acordo com Figueiredo (1995) é de suma importância a conscientização do ser humano de se adotar atitudes sustentáveis a despeito da não degradação do meio ambiente. Essa conscientização tem que partir tantos dos donos de industrias quantos dos usuários de tecnologia, devendo ser levado em consideração a necessidade de inclusão digital e diminuição do lixo eletrônico. Não se pode contemplar o aspecto tecnológico apenas como um ponto positivo é preciso pensar de uma forma consciente quanto ao seu consumo, para que o consumismo exagerado de equipamentos eletrônicos não seja tão nocivo à sociedade, comprometendo a saúde e o bem estar das pessoas e para que o habitat do ser humano seja preservado para próximas gerações. Os eletrônicos descartados de forma incorreta representa o tipo de resíduo sólido que mais cresce no mundo, e um dos grandes problemas dessa variação de resíduos é justamente as substâncias tóxicas não biodegradáveis em sua composição, que aumenta a responsabilidade de um correto descarte. Todos os anos a evolução e o desenvolvimento tecnológico e o grande consumo e trocas frequentes desses equipamentos, agravam a questão do lixo eletrônico no mundo, até 2020 haverá um aumento considerável desses materiais, podendo chegar a 500%, em diversos países, incluindo o Brasil (Jornal Do Comércio, 2010.). Ele produz 2,6 Kg de lixo eletrônico por habitante, o equivalente menos 1% da produção mundial de resíduos, mas a indústria eletrônica continua em expansão. No Brasil são fabricados 10 milhões de computadores por ano e quase nada está sendo reciclado. Só de celulares e as baterias que são fabricados através de componentes tóxicos são 150 milhões. Entrarão no mercado

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anualmente mais de 80 milhões de celulares, mas somente 2% serão descartados de forma correta. Os outros 98% serão simplesmente guardados em casa ou despejado comum causando mas impacto ambiental segundo (SINHASIQUE, 2010). Para ter uma ideia do tamanho do problema, a ONU fez um relatório cobrando a criação de sistemas de coletas e gestão do lixo eletrônico, já que há previsão de que a venda de tais produtos aumente significativamente no mundo e, mais ainda, em países da América Latina, África, China e Índia (O Globo, 2010). 3 Descarte do lixo eletrônico Para evitar e não provocar a contaminação do solo, água e do meio ambiente, o correto é descartar o lixo eletrônico em locais apropriados como, por exemplo, cooperativas ou empresas que atuam na área da reciclagem, celulares, pilhas e baterias podem ser devolvidas nas empresas de telefonia celular. Onde elas enviam para a fábrica, onde elas reciclam ou fazem o correto descarte de forma a não provocar danos ao meio ambiente. Outra boa opção e fazer a doação de equipamentos em boas condições, que não está mais sendo usados, para entidades sociais ou ONGs, que atuam na área de inclusão digital, além de não está jogando fora e contribuindo para a contaminação do meio ambiente está ajudando a pessoas que necessitam. Reciclar hoje e a alternativa viável para o lixo eletrônico, onde consiste em separar os materiais que faz parte ou compõem um objeto e prepará-lo para ser reaproveitado, ou utilizado novamente como matéria-prima dentro do processo de fabricação. Nem sempre a reciclagem se resume a reinserção dentro dos mesmos ciclos de produção. Por exemplo um computador reciclado pode gerar materiais que serão utilizados em outras industrias, e os materiais não aproveitados e mandado para o lugares que se desfazem dos equipamentos que não serviu para ser aproveitado ou reutilizado, sem causar danos ao meio ambiente e a população. Além do uso excessivo dos aparelhos eletrônicos, o alto consumo de matériaprima (na sua maioria recursos não renováveis) e energia, o que sobra do seu processo e seu descarte final causam um impacto potencial em proporções ilimitadas, haja vista a falta de um gerenciamento adequado. Conforme Lima (2007) constata em seu estudo, existe uma lacuna no que diz respeito ao pós-consumo dos resíduos eletroeletrônicos no Brasil. Observou-se uma grande carência de empresas especializadas no gerenciamento desses resíduos, além de um desinteresse do mercado secundário de materiais para os resíduos eletrônicos (sucatas), tendo como consequência o descarte inadequado desses TI Verde: Sustentabilidade na Era da Informação 20


resíduos nos locais de destinação de resíduos domiciliares. Carpanez (2007) afirma que o lixo eletrônico é enviado para países em desenvolvimento (China, Índia, Paquistão), onde serão “tratados” da maneira que melhor lhes convier. Segundo o autor, 50 a 80% do resíduo eletrônico coletado para ser reciclado nos países desenvolvidos é simplesmente enviado em navios containers para países em desenvolvimento, onde o custo de processamento é bem menor. Por exemplo, o custo para se reciclar o resíduo eletrônico nos Estados Unidos é dez vezes maior que na Índia. Por outro lado, algumas empresas, tais como a Nokia e a Siemens, têm tomado iniciativas importantes para minimizar os impactos do resíduo eletroeletrônico. A Nokia há mais de 2 anos desenvolve programas socioambientais onde procura informar o consumidor do destino correto que deve dar à bateria do seu celular ao ser inutilizado. Suas baterias podem ser entregues em seus próprios postos de coletas. A empresa declara que após coleta, as baterias são enviadas para destinos corretos de aproveitamento de seus componentes. Por sua vez, a Siemens e a HP possuem sistemas de gestão ambiental focada no desenvolvimento sustentável e no reaproveitamento de seu próprio resíduo. Outras alternativas de minimização dos REEs são as empresas especializadas em seu reaproveitamento. Estas empresas são focadas na compra de materiais eletrônicos descartados principalmente por órgãos públicos e demais empresas, onde fazem os reparos necessários para que voltem a funcionar. Quando isto não é possível, desmontam e reaproveitam suas sucatas. Segundo dados da CEMPRE (2010), existem hoje no Brasil, 29 recicladoras de resíduos eletroeletrônicos no Brasil: 1 Rio Grande do Sul, 2 no Paraná, 4 em Santa Catarina e as demais em São Paulo, especializadas em materiais específicos como lâmpadas, produtos eletroeletrônicos (celulares, eletrodomésticos, impressoras, etc.), pilhas e baterias. Wiersma (2011) declarou se a reciclagem e a valorização dos resíduos eletrônicos na Índia muito ultrapassadas e perigosas, causando graves riscos ambientais e ocupacionais, necessitando desta forma adaptarem-se e se inspirarem nos modelos europeus de destinação desse tipo de resíduos. O que se faz na Índia até o momento é a super valorização do resíduo eletrônico, onde se espera o pagamento pelo resíduo, diferentemente do que ocorre na Europa onde se paga para eliminar os resíduos eletrônicos. Diante deste cenário, esforços no sentido de minimização dos impactos causados pelos resíduos sólidos tem sido realizado também pelo poder público, o que resultou na recente Política Nacional de Resíduos Sólidos. O projeto apresentado em 1989, somente foi aprovado pelo congresso brasileiro em julho de 2010 e sancionado em agosto do mesmo ano. Em geral, o projeto estabelece a “responsabilidade compartilhada” entre governo, indústria, comércio e consumidor final no gerenciamento e na gestão dos TI Verde: Sustentabilidade na Era da Informação 21


resíduos sólidos. A nova lei menciona a “logística reversa”, que obriga fabricantes, importadores, distribuidores e vendedores a criar mecanismos para recolher as embalagens após o uso. A medida valeria para o setor de agrotóxicos, pilhas e baterias, pneus, óleos lubrificantes, eletroeletrônicos e para todos os tipos de lâmpadas. Depois de usados pelo consumidor final, os itens anteriormente mencionados, além dos produtos eletroeletrônicos e seus componentes, deverão retornar para as empresas, que darão a destinação ambiental adequada. Conforme a lei, a destinação final ambientalmente adequada seria a reutilização, reciclagem, compostagem, recuperação e aproveitamento energético ou outras destinações admitidas pelos órgãos competentes. A preocupação com os resíduos eletroeletrônicos é mundial. Nos trabalhos de Goodman (2008) e de Yang (2008) são apresentados o que países como Estados Unidos e China tem feito em termos de políticas públicas que principalmente controlem o uso de determinadas substâncias causadoras de impacto ambiental. As principais substâncias restringidas ao uso em eletroeletrônicos nos Estados Unidos são os retardadores de chama bromados, cádmio, chumbo e seus compostos, cromo hexavalente dentre outros. Já na China o que se tem visto em termos de políticas públicas são o apoio ao desenvolvimento de formas apropriadas de coleta e disposição do lixo eletrônico, o controle da importação ilegal do lixo eletrônico e uma regulamentação mais abrangente em termos mundiais para o lixo eletrônico. Segundo Carpanez (2008) existem algumas empresas de tecnologia que aderiram a iniciativas em relação ao E-lixo sendo essas: • Claro: a empresa recolhe em 140 lojas telefones celulares, baterias e acessórios de qualquer fabricante. • Dell: entre os três principais fabricantes de computador no país, essa é uma que apoia uma política de coleta de computadores usados. “Temos a estratégia global de nos tornarmos a empresa de tecnologia mais verde do mundo, e o programa de reciclagem faz parte dessa meta”, além de buscar economia no consumo de eletricidade e diminuição na emissão de carbono e estar em breve disponibilizando um sistema de coleta que vai até a casa do consumidor para retirar a máquina usada. • Motorola: os clientes dessa empresa podem devolver seus aparelhos e baterias em assistências técnicas autorizadas.

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• Nokia: os usuários de telefones dessa fabricante podem entregar seus telefones, baterias e acessórios para as assistências técnicas listadas aqui. Na seção de reciclagem de seu site, a empresa afirma que 80% de um telefone celular podem ser reciclados. • Sony Ericsson: empresa de tecnologia mais verde, segundo o ranking do Greenpeace, a Sony Ericsson recolhe telefones celulares em grandes magazines ou assistências técnicas autorizadas. Alguns Estados (São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraná) têm também o programa Papa-Pilhas, que deve ser expandido para o resto do Brasil até o final do ano. Desenvolvido em parceria com o Banco Real, ele é mais abrangente: aceita também pilhas, telefones sem fio e laptops, além dos outros itens já citados. Com o ritmo de crescimento das vendas de produtos eletrônicos, não há ainda legislação nacional que estabeleça o destino correto para o lixo eletrônico ou entre em concordância passando a responsabilidade aos fabricantes ao descartar equipamentos fabricados por eles. A despeito do meio ambiente, a sustentabilidade da TI Verde, mostra de modo impactante que através de comportamentos sustentáveis simples, pode-se também contribuir para sua preservação. Ela orienta

como se deve

comprar

produtos

eletrônicos, para consumir de forma consciente, ou seja, atentando-se às práticas dos fabricantes e guias de referência em TI Verde, de modo a optar por equipamentos que estejam de acordo com processos de fabricação que não inflijam o meio ambiente e economize recursos naturais, sendo assim, que contemplem normas de redução de substâncias químicas, que consumam menos energia, que respeite direitos humanos, e ofereça meios eficientes para o descarte ao final da vida útil do equipamento.

4 Conclusão É possível perceber que políticas para o descarte correto existem, porém falta mais conhecimento da própria população quanto a isso. Por parte das empresas existem e são uma forma de política ambiental da empresa, que gera benefícios para os mesmos, já para a população o benefício que gera seria a preservação do meio ambiente que é muito importante, porém, por ser a longo prazo muitos nem se preocupam e acabam que deixando isso de lado. Visando que isso irá melhorar a qualidade de vida para nossos filhos e netos de forma drástica, então devemos estar cientes de que essas políticas não são só necessárias porém deveriam ser obrigatórias, já que a prática do descarte feita incorretamente pode acarretar em poluição futura e tornar que um solo seja infértil, um rio TI Verde: Sustentabilidade na Era da Informação 23


não abrigue peixes e mil outros fatores como a contaminação dos lençóis freáticos, tornando uma reserva enorme de água impropria para o consumo. Ao realizar qualquer tipo de ação com a "alma verde" embargada, as empresas de certo modo fazem a sua parte para a preservação do meio ambiente, já que uma empresa de TI diz que é ecologicamente correta porque a fabricação de seus produtos é com plástico reciclável e livre de chumbo, quando o certo seria fazer produtos mais duráveis, para serem descartados em um tempo mais longo criando então uma necessidade menor de grandes produções sem a menor necessidade do produto, e aí sim tendo consciência de poupar e saber utilizar de maneira certa a tecnologia para que possa nos ajudar a evoluir com uma boa preservação do meio ambiente. O pensamento de uma maneira social correto seria o de inventar uma nova fabricação, com a criação de uma indústria de TI com consciência de longo tempo.

Referências APARECIDA; GONÇALVES; CRISTINA; OLIVEIRA; – Equipamentos eletrônicos: Compra, uso e descarte consciente, Revista Meio Ambiente e Sustentabilidade – I ENINED Encontro Nacional de Informática e Educação ISSN 2316-2856, p.131-168, 2013.) CARPANEZ, J, 2010. 'Dez mandamentos' reduzem lixo eletrônico; Disponível em: <http://g1.globo.com/Noticias/Tecnologia/0,,MUL87082-6174,00.html> Acesso em: 06 de nov.2016. CARPANEZ, J; 2008; Saiba o que fazer na hora de descartar seu eletrônico usado; Disponível em: <http://g1.globo.com/Noticias/Tecnologia/0,,MUL615099-6174,00SAIBA+O+QUE+FAZER+NA+HORA+DE+DESCARTAR+SEU+ELETRONICO+USADO.ht ml> Acesso em: 06 de nov.2016. CEMPRE - Compromisso Empresarial para Reciclagem. Disponível em: < http://www.cempre.org.br/serv_eletroeletronicos> Acessado em: 10.Nov.2016 FIGUEIREDO, PAULO J. MORAES. A Sociedade do Lixo – Os Resíduos, a Questão Energética e a Crise Ambiental. 2ª Ed., Piracicaba – SP., Ed. UNIMEP; p. 35,36,37,38,39,40 1995). GOODMAN, PAUL, 2008. Current and Future Hazardous Substance Legislation Affecting Electrical and Electronic Equipment. Review of European Community and international environmental law. 17 (3). JORNAL DO COMERCIO; E-lixo abre oportunidades de negócio; 10.maio.2010 Disponível em: <http://jcam.com.br/noticias_detalhe.asp?n=24967&IdCad=1&IdSubCad=13&tit=Elixo%20abre%20oportunidades%20de%20neg%F3cio> Acesso em: 10. Nov.2016

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LIMS; MONTEIRO; ALMEIDA; FERREIRA; PORTUGAL; (Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos de Equipamentos Elétricos e Eletrônicos; Belo Horizonte, p.19,20,21,22,23,24,25,26,27; 2009.) NANI, EVERTON LUÍS; Meio Ambiente e Reciclagem - Um Caminho a ser Seguido; Ed. Juruá; Curitiba p.11;12;13;15;17;2007.) O Globo; População mundial vai crescer 53% e chegar a 11,2 bilhões em 2100, diz relatório da ONU; 29.Julho.2015; Disponível em: <http://oglobo.globo.com/sociedade/sustentabilidade/populacao-mundial-vai-crescer-53chegar-112-bilhoes-em-2100-diz-relatorio-da-onu-17003177> Acesso em: 10.nov.2016. PORTAL EXAME; Brasil produz muito lixo eletrônico, diz Onu. Portal da Revista Exame,2010, Disponível em: < http://exame.abril.com.br/mundo/brasil-emergente-maisproduz-lixo-eletronico-diz-onu-535153/> Acesso em: 07.nov.2016. ROSA, A. H.; FRACETO, L. F.; MOSCHINI-CARLOS, V. (Org.). Meio ambiente e sustentabilidade. Porto Alegre: Bookman, p. 346-355, (2012.) SINHASIQUE; Eliane; Lixo eletrônico; Jornal Agazeta; 12.Março.2010 Disponível em: <http://agazetadoacre.com/lixo-eletronico/> Acesso em: 07.nov.2016 WIERSMA; Revista Monitoramento e Avaliação Ambiental; (2011). YANG, Wanhua, Regulating Electrical and Electronic Wastes in China. Review of European Community and international environmental law. 17 (3). (2008.)

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CAPÍTULO 4 - DESCARTE IRREGULAR DE LIXO ELETRÔNICO Bryan França, Charles Andrade, Carlos Deodoro da Fonseca

bryanfranca2@hotmail.com, charles-j-1@hotmail.com, carlinhosdeodoro@gmail.com

1 Introdução O cenário atual mostra a grande preocupação com os recursos naturais do planeta, visto que um dia podem se extinguir. Busca-se diversas formas de diminuir os danos ao meio ambiente, que a anos vem sido degradado devido a falta de conscientização que ainda existe. O termo de sustentabilidade surgiu em 1987 a partir de uma manifestação crítica da ONU sobre o rumo predatório do modelo de desenvolvimento econômico. Nos dias de hoje, todos devem pensar em meios que não prejudiquem o meio ambiente, pois, se o ambiente em que se vive for prejudicado, todos serão. A falta de cuidado com o meio ambiente pode causar doenças em animais e seres humanos e esses problemas podem ser gerados de lixo jogado em lugares inapropriados, o desmatamento para cultivo de plantações e gado e desmatamentos para venda de madeira, que na maioria das vezes e ilegal. Com o avanço da tecnologia, os produtos eletrônicos se tornam cada vez mais úteis e acabam facilitando a vida de cada um. É crescente o número de pessoas com uso de aparelhos eletrônicos mais novos e melhores e descartando de forma inapropriada os anteriores, por desconhecer onde se deve descartar e também por não pensar no prejuízo ambiental que pode causar. É preciso que seja considerado o descarte correto de lixo eletrônico, pois o descarte incorreto desse material, não causa apenas acúmulo de lixo, mas também pode trazer também danos ao meio ambiente e à saúde, por exemplo, caso seja descartado algum material eletrônico próximo a uma lagoa, onde os materiais podem se dissolver e contaminar a água. No caso de descartes a céu aberto sobre o solo, os materiais podem se dissolver na chuva e se infiltrar na terra, atingindo lençóis subterrâneos, que é o caso de lixões. Segundo o Centro de Tecnologia Mineral (CETEM), cerca de 70% dos metais pesados encontrados nesses locais são de equipamentos eletrônicos.

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2 Substâncias e danos

É importante conhecer as substâncias que podem ser encontradas em sucatas eletrônicas e os danos que o contato com as mesmas pode causar. A Tabela 1 apresenta os valores de metais encontrados em sucata eletrônica mista, Tabela 1.

Tabela1. Composição da sucata eletrônica mista. Ferro

Entre 35% e 40%

Cobre

17%

Chumbo

Entre 2% e 3 %

Alumínio

7%

Zinco

4% - 5%

Ouro

200 a 300 gramas

Prata

300 a 1000 gramas

Fibras de Plástico

15%

Papel e Embalagens

5%

Resíduos não recicláveis

Entre 3% e 5%

Fonte: Cimélia (2010)

Tabela 2. Classificação de materiais cancerígenos pela IARC Grupo 1

Carcinogênico para humanos;

Grupo 2A

Provável carcinogênico;

Grupo 2B

Possível carcinogênico;

Grupo 3

Não classificável como carcinogênico;

Grupo 4

Provável não carcinogênico;

Fonte: Agência Internacional de Pesquisa do Câncer - (IARC)

Abaixo algumas substâncias usadas na fabricação de componentes eletrônicos, e os danos que causam à saúde: Alumínio. Pode causar coma e convulsões, e no caso de uma intoxicação mais forte, pode causar uma disfunção neurológica, atrapalhando a coordenação motora. Cancerígeno na bexiga e pulmão (Grupo 1). TI Verde: Sustentabilidade na Era da Informação 27


Chumbo. Pode causar perda de peso, anemia e dano a sistemas respiratório, digestivo e sanguíneo. Cancerígeno para os rins e sistema nervoso (Grupo 2A). Níquel. Causa conjuntivite, pneumonia, asma e sinusite Cancerígeno para pulmão e seios paranasais (Grupo 1). Cobre. Pode causar a Doença de Wilson, uma doença degenerativa que ataca o sistema nervoso e o fígado. Cancerígeno ao sistema nervoso (Grupo 2A).

3 Formas de Intoxicação Um exemplo de como pode ocorrer esses danos à saúde é caso de um filhote de cachorro que ingeriu uma pilha, o que pode ser comum, caso a pilha seja descartada em qualquer lugar, o cachorro apresentou sinais como vômito e salivação excessiva, e também sinais de anemia, o acontecimento foi tema de um artigo publicado em uma revista eletrônica de medicina veterinária. E como já foi citado anteriormente, esses materiais podem se dissolver e se espalhar na água e no solo, afetando animais, que são intoxicados ao beberem da água, ou as plantas, que podem ser afetadas pelo solo e pela água.

4 Conclusão É preciso que sejam buscadas formas de reaproveitar esse material, já que cerca de 80% de um material eletrônico é reciclável, mesmo assim, em países que são destaque na questão de resíduos eletrônicos, apenas cerca de 30% desses materiais são aproveitados A entidade StEP, uma entidade internacional preocupada com o lixo eletrônico, dispõe de um mapa com dados sobre produção e consumo de materiais eletrônicos, com ele pode se ter uma melhor noção de como reciclar o lixo eletrônico ou reutilizar ele e importante.

4. Referências CARVALHO, A. P. (2009) Sustentabilidade em T.I.: Indo Além da "T.I. Verde". Disponível em: <https://www.profissionaisti.com.br/2009/01/sustentabilidade-em-ti-indo-alem-da-ti-verde/> Acessado em 01 de novembro de 2016. ECYCLE, Conheça todos os componentes tóxicos presentes nos aparelhos eletrônicos e os riscos que eles trazem à saúde. Disponível em: <http://www.ecycle.com.br/component/content/article/67-dia-a-dia/1830-conheca-todos-os-

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componentes-toxicos-presentes-nos-aparelhos-eletronicos.html> Acessado em 01 de novembro de 2016. SILVA,Esdras,SOPHIA, Rennani, LAMARTA, Eduarda, CARVALHO, Larissa, PONTES, Aliny (2013), Revista cientifica eletrônica de medicina veterinária. Disponível em: <http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/vgi1ZW6NAvUln2T_2013-6-20-1758-25.pdf> Acessado em 28 de outubro de 2016.

CIMELIA, (2010) Recuperação de Recursos. Disponível em: <http://www.cimeliaglobal.com/global_outlook_in_e-waste.html> Acessado em 2 de novembro de 2016. IARC (2016), Agência Internacional de Pesquisa do Câncer. Disponível em: <http://monographs.iarc.fr/ENG/Classification/index.php> Acessado em 1 de novembro de 2016.

LOOP, Logística Reversa (2014), Entenda mais sobre os riscos causados pelo descarte incorreto de eletrônicos. Disponível em: < http://looplogistica.com.br/coleta-para-pessoasfisicas/como-funciona/entenda-mais-sobre-os-riscos-causados-pelo-descarte-incorreto-deeletronicos/> Acessado em 28 de outubro de 2016.

BALDÉ, C.P., WANG, F., KUERH, R., HUISMAN, J. (2014), The Global E-Waste Monitor. Disponível em: <http://www.step-initiative.org/step-e-waste-world-map.html> Acessado em 05 de novembro de 2016.

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CAPÍTULO 5 - INDÚSTRIA ELETRÔNICA CAUSANDO DANOS A SAÚDE E AO MEIO AMBIENTE Farley S. Rufino, Guilherme Vieira Mendes, Jhonatan Kaizer, Nicole A. D. Simões, Paulo Henrique Ferreira de Souza farley.t.i@hotmail.com,guilhermegv33@hotmail.com,jhonatan.kaizer@hotmail.com, nicole_simoes@hotmail.com, phferreirasouza106@gmail.com

1 Introdução

A TI Verde pode ser definido como o conjunto e práticas sustentáveis que deixam menos prejudicial o uso da computação (HESS, 2009). A expressão que tem sido utilizada pelo setor de tecnologia para incorporar a preocupação com o meio ambiente e a sustentabilidade. Apesar das discussões recentes sobre o assunto abordarem de forma predominante o consumo eficiente de energia, a análise sobre o tema pode ser ampliada. Engloba, portanto, muito mais que a simples economia de energia - muito embora esta economia também seja de grande importância - somando-se a ela a gestão de recursos e o impacto nas cadeias produtivas, bem como o ciclo que vai da extração de matéria-prima para a produção de um equipamento até a destinação ambientalmente adequada destes materiais, ao final de sua vida útil, considerando também a responsabilidade do usuário no momento da escolha, aquisição e descarte adequado de produtos. O principal fator na indústria eletrônica que causa dano são os resíduos dispensados pelos metais pesados como, o chumbo, cádmio e mercúrio, entre outros tóxicos, pois eles não descartado da maneira correta irá ocasionar problemas a saúde. Dentro da concepção de TI Verde considera-se possível implementar práticas sustentáveis por todas as empresas, independente de porte, pois pode-se ter consumo de energia elevado devido ao mau uso dos materiais de informática. O descarte incorreto dos resíduos, ou seja, o não envio para a reciclagem ou um aterro irá provocar a contaminação a partir de um processo chamado dissolução de metais e compostos tóxicos que acontece a partir de soluções ácidas. A contaminação ocorre quando a água que for um pouco ácida, entrar em contato com os equipamentos eletrônicos e acaba dissolvendo os metais pesados e elementos tóxicos dentro dele. O ser humano entra em contato com esses equipamentos quando os componentes estão despejados em locais inadequados como lixões, o correto a se fazer é de forma alguma o ser humano não se aproximar dos equipamentos.

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2 Política Ambiental A quantidade de produtos eletrônicos descartados pela sociedade vem aumentando a cada ano, no entanto, o fluxo reverso de produtos que podem ser reaproveitados ou retrabalhados para se transformar em matéria-prima novamente, vem sendo aproveitado apenas pela indústria em quantidades ainda pequenas frente ao potencial existente. De acordo com a IDG NOW (2008), o projeto de Lei 2061/07 transita na Câmara para estabelecer critérios de coleta, reciclagem e descarte de aparelhos eletrodomésticos, eletroeletrônicos e componentes que não são mais úteis. Ressalta que a proposta é, que fabricantes ou importadores assumam a responsabilidade da vida útil dos equipamentos até o final. Devem ser criados postos de coleta nas lojas, onde os clientes possam depositar os materiais em desuso, e sucessivamente, os distribuidores recolherão a sucata periodicamente. Algumas empresas, de atividades e tamanhos diferentes têm integrado

o

meio

ambiente

como

uma

oportunidade

em

sua

estratégia

de

desenvolvimento.

3 Metodologia Na metodologia utilizada para desenvolvimento deste trabalho foram realizadas pesquisas bibliográficas em sites, artigos e revistas pela internet, utilizando-se da ferramenta Google Acadêmico. Caracteriza-se o presente estudo como uma pesquisa bibliográfica, que teve como finalidade compreender o assunto através da análise e reflexão de outros trabalhos já publicados sobre o assunto. Para a análise e interpretação dos dados, consideraram-se essencialmente as propostas para pratica de implantação, os benefícios alcançados e as dificuldades enfrentadas, buscando compreender como esses diferentes componentes influenciam a forma como as organizações têm abordado a sustentabilidade na área de TI.

4 A T.I Verde e a questão Ambiental

A questão do Lixo Eletrônico, ou seja, todo resíduo material produzido pelo descarte de equipamentos eletrônicos tem sido de grande preocupação ambiental. Com o elevado uso de equipamentos eletrônicos no mundo moderno, este tipo de lixo tem se tornado um grande problema ambiental quando não descartado em locais adequados. Dentre os exemplos de lixos eletrônicos tem-se: monitores de computadores, telefones celulares e baterias, computadores, televisores, câmeras fotográficas, etc. TI Verde: Sustentabilidade na Era da Informação 31


Para o descarte adequado do lixo eletrônico deve-se entrar em contato com empresas e cooperativas que atuam na área de reciclagem. Celulares e suas baterias podem ser entregues nas empresas de telefonia celular. Elas encaminham estes resíduos de forma a não provocar danos ao meio ambiente. Com o avanço do mercado tecnológico, diversos são os problemas causados ao meio ambiente, as pessoas tendem a ter um número com um volume expressivo de descarte de produtos e acessórios relacionados à telefonia móvel, fotografia digital, impressão, computação pessoal, identificação por rádio frequência (RFID, dentre outros. A contaminação do ser humano se dá pelo contato com esses componentes perigosos, por exemplo, as pessoas que tem um contato direto com placas eletrônicas entre outros resíduos, até mesmo nos lixões. Os resíduos eletrônicos deixados em locais inapropriados e os componentes tóxicos contaminam o solo e os lençóis freáticos, contaminando também a água. (MOREIRA, 2007). O lixo eletrônico é considerado um grave problema para o ambiente e para a saúde, desde sua produção até o seu descarte, pois são constituídos por materiais que possuem metais pesados altamente tóxicos, denominados vilões silenciosos, como o mercúrio, cádmio, níquel e o chumbo. (AMBIENTE BRASIL, 2011). O Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas (SBR) (2008) mostrou os metais pesados incluídos na fabricação de um computador e celulares e as doenças causadas por contato com alguns componentes, conforme demonstrado na Tabela 1.

Tabela 1 – Metais contidos no computador e celulares

Metais Pesados Chumbo

Cádmio

Níquel

Doenças Causadas Prejudicial ao Cérebro e ao sistema nervoso. Afeta sangue, ruins, sistema digestivo e reprodutor. O chumbo se acumula no meio ambiente e tem efeitos tóxicos agudos e crônicos nas plantas, animais e microrganismos. Agente cancerígeno. Acumula-se nos rins, no fígado e nos ossos, o que pode causar osteoporose, irritação nos pulmões, distúrbios neurológicos e redução imunológica. Causa irritação nos pulmões, bronquite crônica, reações alérgicas, ataques asmáticos e problemas no fígado e no sangue.

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Mercúrio

Zinco

Prejudica o fígado e causa distúrbios neurológicos, como tremores, vertigens, irritabilidade e depressão. Produz secura na garganta, tosse, fraqueza, dor generalizada, arrepios, febre, náusea e vômito

Fonte: SBR(2008)

5 Considerações finais É importante preocupar-se com os detritos elétricos e eletrônicos, pois estes estão entre as categorias de lixo de mais alto crescimento no mundo, e em breve, deve atingir a marca dos 40 milhões de toneladas anuais, o suficiente para encher uma fileira de caminhões de lixo que se estenderia por metade do planeta. A logística reversa tende a ser uma solução para este problema, visando à preservação do meio ambiente, o desenvolvimento sustentável, o planejamento eficiente das empresas, e também da sociedade como um todo. A implementação das práticas do TI Verde, possibilita obter economia e ao mesmo tempo contribuir com o meio ambiente, mesmo se forem implementadas em uma empresa de pequeno porte. Se a implementação for a longo prazo, as chances dos benefícios serão ainda maiores.

Referências HESS, Pablo. “O que é TI Verde”. HSM. 22 set 2009. Disponível em: . http://www.hsm.com.br/editoriais/o-que-e-ti-verde>. Acesso em: (12 nov. 2011). MOREIRA, Daniela. “Lixo eletrônico tem substâncias perigosas para a saúde humana”. IDG NOW. (26 abr. 2007). Disponível em: . http://idgnow.uol.com.br/computacao_pessoal/2007/04/26/idgnoticia.2007-0425.3237126805/. Acesso em: (12 nov. 2011). IDG NOW. Câmara analisa “Projeto com regras para descarte de lixo eletrônico”. (2008). Disponível em: <http://idgnow.uol.com.br/computacao_pessoal/2008/01/29/camaraanalisa-projeto-com-regras-para-descarte-de-lixo-eletrônico/>. Acesso em: (09 nov. 2011). AMBIENTE BRASIL. “Metais pesados”. Disponível em: . http://ambientes.ambientebrasil.com.br/residuos/artigos/metais_pesados.html>. Acesso em: (19 out. 2011).

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CAPÍTULO 6 - OBSOLESCÊNCIA PROGRAMADA Hugo L. Silva, Kelvin S. Neves e Silva, Thulio de C. Soares, Walberth da Cruz hugoita18@gmail.com, kelvinshammai@gmail.com, thulliocastros@gmail.com, walberthh2@yahoo.com.br

1 Introdução É possível perceber a importância que os dispositivos tecnológicos possuem na sociedade. A aquisição de produtos como computadores, tabletes, celulares e outros se amplia cada vez mais. Segundo dados da Anatel (2016) – Agência Nacional de Telecomunicações – em janeiro de 2016 o Brasil registrou 257, 25 milhões de linhas telefônicas móveis, sendo que, de acordo com dados do IBGE (2016) o país possui em média 206 milhões de habitantes. Com esses dados tem-se a média de 125,31 celulares a cada 100 habitantes. Os materiais utilizados na fabricação dos equipamentos eletrônicos são recursos não renováveis, e como é destacado por Silva (2010) são acompanhados de substâncias químicas com alto teor tóxico como o mercúrio, arsênio, cobre, chumbo, alumínio, plástico, entre outros. Quando descartamos esses itens junto ao lixo comum – que são enviados para aterros sanitários – essas substâncias são liberadas e podem contaminar o ar e o solo, além de atingir os lençóis freáticos. Informações da ONUBR (2015) revelam que a indústria eletrônica mundial pode chegar a gerar até 50 milhões de toneladas de lixo em 2017. Neste trabalho aborda-se uma das possíveis causas para esse acúmulo de lixo eletrônico: a Obsolescência Programada, além de definir o conceito e divulgar dados do acumulo de lixo eletrônico. 2 Contexto: A Grande Depressão Antes de abordar a obsolescência programada, é importante entender em que contexto essa prática teve surgimento. Cotrim (2009) afirma que com o fim da Primeira Guerra Mundial, em 1918, os Estados Unidos tornou-se a mais poderosa economia do mundo. Em 1920 era responsável por cerca de 50% da produção industrial mundial. Nesse

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período, surgiu o American Way of Life (modo de vida americano, em tradução literal), onde viver bem era sinônimo de consumir mais. Os Estados Unidos apresentava um notável crescimento econômico, exportando para países europeus alimentos, combustível, armas, máquinas e outros itens até por volta de 1925. Conforme países europeus como Inglaterra, Alemanha e França eram reconstruídos foram adotadas medidas para modernizar seus processos produtivos e posteriormente medidas protecionistas que visavam reduzir importação dos norteamericanos. Por outro lado, o progresso tecnológico dos Estados Unidos favorecia o crescimento da economia e a década de 20, ou os chamados “anos felizes” (COTRIM, 2009, p. 435), foram marcados pela prosperidade e euforia, com isso, o ritmo da produção agrícola e industrial crescia. A soma desses fatores levou a um crescimento que ultrapassou a necessidade interna e externa. Os preços caíram, mas não foi o suficiente para conquistar clientes. O “desencadeamento oficial da Grande Depressão” (GAZIER, 2009, p. 6) aconteceu de fato em 1929, no dia 24 de outubro, com uma repentina queda na bolsa de valores de Nova York. Esse dia ficou conhecido como “Quinta- Feira Negra” (GAZIER, 2009, p. 6) data em que cerca de 13 milhões de ações trocaram de mãos, enquanto o volume usual de transações não passavam de 4 milhões. Banqueiros que se passavam por compradores fizeram intervenções maciças, elevando as cotações e limitando a duração do pânico ao turno da manhã. Pânico que se tornou irremediável no dia 29 de outubro de 1929, ou “Terça-Feira Negra” (Gazier, 2009, p 7). O Estado Americano tomou medidas para tentar conter a crise nos primeiros anos de governo do novo presidente eleito, Franklin Delano Roosevelt. Surge então o New Deal (Novo Acordo, em tradução literal). De acordo com Cotrim (2009) esse plano era inspirado nos ideais do economista inglês Jonh Keynes (1883-1946). As ideias presente no New Deal procuravam conciliar as leis de mercado e o respeito pela iniciativa privada com a intervenção do estado no mais diversos setores da economia. O conceito da obsolescência programada surge pela primeira vez na década de 30 como forma de solucionar o alto nível de desemprego e enfrentar a grave crise econômica. 3 Obsolescência Programada A obsolescência programada acontece quando o fabricante interrompe intencionalmente a vida útil de um produto com o objetivo de intensificar o consumo. TI Verde: Sustentabilidade na Era da Informação 35


A definição dessa prática tem surgimento com London (1932) em seu folheto Ending the Depression Through Planned Obsolescence. Neste folheto ele afirmava que a tecnologia adquirida na época havia aumentado a produtividade das empresas e consequentemente a qualidade de seus produtos. Assustadas com o momento em que viviam, as pessoas usavam tudo o que possuíam por mais tempo, fato que prolongava a crise. Analisando essa situação, London (1932), propõem que o governo estipulasse um prazo de vida para os produtos, dessa forma o consumidor compraria já sabendo quanto tempo o produto iria durar. Após esse prazo de validade os mesmos seriam considerados mercadorias mortas e deveriam ser devolvidas ao governo que emitiria um cupom como forma de ajudar na aquisição de outro produto. O vendedor utilizaria esse cupom em troca de impostos devidos ao governo federal. London pensava que se sua ideia fosse colocada em prática as fábricas continuariam a produzir e a indústria continuaria a gerar emprego e renda para a população. Além dessa teoria, ele chegou a propor uma multa sobre todas as pessoas que continuassem utilizando produtos com o prazo de validade expirado. Suas ideias não foram aprovadas. A partir da década de 50 essa prática recebe um novo aliado, a publicidade. Os meios de comunicação começam a ser utilizados para atrair clientes mostrando produtos com novas funções e design. É possível perceber que nesse contexto não havia preocupação com a geração de lixo, os fabricantes tinham foco na produção e no consumo desses produtos. O sistema capitalista apenas se preocupa com o consumo e o produto; as pessoas e o ambiente são apenas um detalhe que só entram no projeto como consumidores e fornecedores de matériaprima, intensificando ainda mais o mercado – esta é a lógica do capital. (CONCEIÇÃO; CONCEIÇÃO; ARAÚJO, 2014, p. 93) A publicidade consegue alcançar vários clientes em potencial através de propagandas de nível global, assim o consumidor é induzido a ter um sentimento de insatisfação com o produto que já possui, levando o mesmo a comprar o novo mesmo que o antigo esteja funcionando. Nos últimos anos as novidades tecnológicas são lançadas em períodos cada vez mais curtos, os consumidores desejam ser os primeiros a ter o produto, não sendo tão relevante o que o produto realmente pode oferecer para ele. Na última década, a tecnologia assumiu características antes só vistas na indústria da moda. As pessoas querem ser as primeiras a TI Verde: Sustentabilidade na Era da Informação 36


terem um iPhone, assim como desejam ter o último modelo da bolsa Prada. A funcionalidade é menos importante do que mostrar ao mundo que você tem determinado produto. (DHAR, 2007, Veja, p. 90) 4 Lixo Eletrônico: definição a dimensão do problema A lei n° 13.576, de 06 de julho de 2009 considera como lixo tecnológico: Os aparelhos eletrodomésticos e os equipamentos e componentes eletroeletrônicos de uso doméstico, industrial, comercial ou no setor de serviços que estejam em desuso e sujeitos à disposição final, tais como: I - componentes e periféricos de computadores; II monitores e televisores; III - acumuladores de energia (baterias e pilhas); IV - produtos magnetizados. (BRASIL, 2009) Além dessa definição nacional, o lixo eletrônico é considerado pelo Parlamento europeu como equipamentos que para funcionar dependem de correntes elétricas ou campos eletromagnéticos. Fazendo parte desse conjunto os equipamentos para geração, transferência e medição dessas correntes, assim como aqueles com uma tensão nominal não superior a 1.000 V para corrente alternada e 1.500 V para corrente contínua. (PARLAMENTO EUROPEU, 2003, p. 2.) O contato do meio ambiente e do ser humano com esse tipo de lixo é prejudicial, segundo o químico do Laboratório de Química Analítica Ambiental da Universidade Federal de Brasília, Antônio Guarita (G1, 2007) “As consequências vão desde simples dor de cabeça e vômito até complicações mais sérias, como comprometimento do sistema nervoso e surgimento de cânceres”. Substâncias como cádmio, mercúrio, níquel, zinco, arsênio, manganês, chumbo, cobalto e bário fazem parte desse tipo de produto e quando absorvidas pelo ser humano causam malefícios diversos à sua saúde física e mental. Algumas das doenças causadas pelo contato com essas substâncias são: osteoporose (que está associada ao acúmulo de cádmio nos rins, fígados e ossos), bronquite crônica, ataques asmáticos (níquel), doenças cardiovasculares (bário) e outras. O contato o mercúrio em altos teores pode prejudicar o cérebro, o fígado, o desenvolvimento de feitos além de causar diversos distúrbios neuropsiquiátricos. O chumbo é o metal pesado mais encontrado na crosta terrestre e contamina o solo de forma cumulativa durante os anos, essa substância pode ser prejudicial para as funções psicomotoras e neuromusculares,

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tendo como consequência: irritabilidade, cefaleia e até mesmo alucinações. (SILVA, 2010, p. 6-8). Relatórios da GSMA feito em parceria com a Universidade das Nações Unidas mostram que a América Latina, em 2014, foi responsável por 9% do lixo eletrônico mundial, o que seria equivalente a 3,9 mil quilo toneladas (GSMA1, 2015). O Brasil foi responsável por 1.412 quilos toneladas (GSMA2, 2015, p. 18), cerca de 36%, alcançando também uma média de 7 kg de lixo eletrônico per capita (GSMA2, 2015, p. 19). Além de mostrar dados referentes ao acúmulo de lixo eletrônico o relatório relaciona um conjunto de princípios para orientar o desenvolvimento de políticas públicas que visam à sustentabilidade: Criar campanhas de sensibilização dirigidas por meio das entidades públicas, com o apoio de fabricantes, prestadores de serviços, varejistas e conselhos locais, a fim de educar os consumidores sobre o seu papel fundamental na cadeia de reciclagem; Garantir o acesso confiável a matérias-primas para permitir o acesso futuro a metais essenciais e eficácia por meio da cadeia de reciclagem; Organizar a coleta seletiva de telefones celulares como o primeiro passo, fundamental na cadeia de reciclagem. No entanto, os benefícios sociais da reciclagem do lixo eletrônico (celular especialmente) só podem ser alcançados se todo o lixo eletrônico coletado for canalizado para as melhores opções de tratamento; Viabilizar eficiência no processo de recuperação e em todas as etapas da cadeia de reciclagem, o que é particularmente importante para metais amplamente usados em equipamentos eletrônicos modernos; Fomentar a criação de infraestrutura de gestão de lixo eletrônico e reciclagem e instalações de processamento que possam permitir novas oportunidades empresariais no setor de gestão de lixo e gerar novas oportunidades de emprego, especialmente nas economias em crescimento;

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Reconhecer o princípio da responsabilidade estendida do produtor (EPR), por meio de um processo coordenado com fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes e empresas de gestão de lixo eletrônico, com base em modelos ambientais e economicamente sustentáveis. (GSMA1, 2015) 5 Considerações Finais Este artigo apresentou como a obsolescência programada está diretamente associada com o acumulo de lixo eletrônico, onde o objetivo das empresas de vender cada vez mais em um curto período de tempo, mas suas atenções não estão sempre voltadas para os malefícios que isso pode trazer. Desde a década de 30 a preocupação está em produzir e consumir. Talvez para amenizar o problema seja necessário investir, da mesma que forma que é feita no marketing dos produtos, em métodos de incentivar o consumidor e os próprios fabricantes a entenderem seu papel fundamental nessa causa: Reduzir, reciclar e reutilizar. Referências ANATEL. Brasil fecha janeiro de 2016 com 257,25 milhões de acessos móveis. 2016. Disponível em: <http://www.anatel.gov.br/institucional/noticias/1021-brasil-fecha-janeiro-de-2016com-257-25-milhoes-de-acessos-moveis>. Acesso em: 28 out. 2016. BERNARD, London. Ending the depression through planned obsolescence. 1932. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:London_(1932)_Ending_the_depression_through_planne d_obsolescence.pdf >. Acesso em: 09 de nov. 2016. BRASIL, Institui normas e procedimentos para a reciclagem, gerenciamento e destinação final de lixo tecnológico. Disponível em: <http://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/lei/2009/lei-13576-06.07.2009.html>. Acesso em: 09 de nov. 2016. CONCEIÇÃO, Joelma; CONCEIÇÃO, Márcio; ARAÚJO, Paulo. Obsolescência Programada – Tecnologia a serviço do capital. 2014. Disponível em: <http://revistaseletronicas.fmu.br/index.php/inovae/article/view/386/548>. Acesso em: 22 de out. 2016. COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral. Vol. Único. Saraiva, 2005. 608p.

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G1. 'Dez mandamentos' reduzem lixo eletrônico. 2007. Disponível em: <http://g1.globo.com/Noticias/Tecnologia/0,,MUL87082-6174,00DEZ+MANDAMENTOS+REDUZEM+LIXO+ELETRONICO.html>. Acesso em: 10 de nov. 2016. GAZIER, Bernard. A Crise de 1929. Disponível em: <http://lelivros.me/book/download-a-crise-de1929-bernard-gazier-em-epub-mobi-e-pdf/>. Acesso em: 06 de nov. 2016. GSMA1. Novo relatório da GSMA e Universidade das Nações Unidas revela impacto do lixo eletrônico na América Latina. 2015. Disponível em: <http://www.gsma.com/latinamerica/ptbr/relatorio-universidade-nacoes-unidas-lixo-eletronico>. Acesso em: 10 de nov. 2016. GSMA2. EWast in Latin America: Statical analysis and policy recommendation. 2015. Disponível em: <http://www.gsma.com/latinamerica/wp-content/uploads/2015/11/gsma-unuewaste2015-eng.pdf>. Acesso em: 10 de nov. 2016. IBGE. Projeção da população do Brasil e das Unidades da Federação. 2016. Disponível em <http://www.ibge.gov.br/apps/populacao/projecao/>. Acesso em 09 de nov. 2016. ONUBR. ONU prevê que mundo terá 50 milhões de toneladas de lixo eletrônico em 2017. 2015. Disponível em: <https://nacoesunidas.org/onu-preve-que-mundo-tera-50-milhoes-detoneladas-de-lixo-eletronico-em-2017/>. Acesso em: 09 de nov. 2016. PARLAMENTO EUROPEU. RoHs. Directiva 2002/95/CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 27 de janeiro de 2003: relativa à restrição do uso de determinadas substâncias perigosas em equipamentos eléctricos e electrónicos. 2003. Disponível em: <http://eurlex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri=OJ:L:2003:037:0019:0023:PT:PDF>. Acesso em 09 de nov. 2016. SILVA, Janari. Lixo Eletrônico: Um Estudo de Responsabilidade Ambiental no Contexto do Instituto de Educação Ciência e Tecnologia do Amazonas – IFAM Campus Manaus Centro. 2010. Disponível em: <http://www.ibeas.org.br/congresso/Trabalhos2010/III-009.pdf>. Acesso em: 10 de nov. 2016. VEJA. Tanta novidade até confunde. ed. 2016, 2007. Disponível em: <https://acervo.veja.abril.com.br/#/edition/32467>. Acesso em: 09 de nov. 2016.

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CAPÍTULO 7 - ANÁLISE DE CONSUMO E EFICIÊNCIA DOS MONITORES CRT NOS LABORATÓRIOS DE INFORMÁTICA DA UNIVALE Alan Brum, Aleff G. Quintino, Cosmil Santos, Wemerson Ferreira alanbrum311@gmail.com, aleffagp@gmail.com, cosmilsantos@gmail.com, djwemerson@hotmail.com

1 Introdução Com a preocupação crescente das organizações em reduzir gastos, economizar recursos e contribuir para a preservação ambiental, foi pensada uma solução para os laboratórios de informática da Universidade que vise atingir esses três fatores de forma viável simples e com fundamentação teórica. A Universidade Vale do Rio Doce utiliza-se de poucos recursos baseados em TI verde (Tecnologia da Informação Verde), o projeto visa analisar o consumo gerado pelos monitores CRT 1 , e fazer uma comparação de consumo e eficiência entre os monitores CRT, LCD2 e os monitores de LED3. O artigo foi desenvolvido com base na observação e comparação dos dados referentes a quantidade de monitores utilizados nos laboratórios de informática da UNIVALE, foi utilizado tabelas e gráficos que mostram dados de consumo de energia e a durabilidade de cada equipamento. A seguir apresentaremos o estudo que fizemos sobre o consumo e a eficiência dos monitores CRT, LCD e LED.

2 Referencial Teórico Para Kirner (2004, apud GRABRIEL et al., 2012), Monitor é um dispositivo de saída do computador, cuja função é transmitir informação ao utilizador através de imagem, estimulando assim a visão. Os monitores são classificados de acordo com a tecnologia de amostragem de vídeo utilizada na formação da imagem. CRT é um acrônimo para a expressão inglesa cathode ray tube, que em português significa “tubo de raios catódicos”, também conhecido como cinescópio. É um monitor cuja tela é repetidamente atingida por um feixe de elétron, que atuam no material fosforescente que a reveste, assim formando as imagens. Foi inventado por Karl 1

CRT é uma sigla para cathode ray tube ou em português tubos de raios catódicos. LCD sigla para liquid Crystal display ou display de cristal líquido. 3 LED light Emitting Diode ou em português diodo emissor de luz. 2

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Ferdinand Braum no ano de 1897, sua tela era a mesma para monitores de PC, Televisores (cinescópio de deflexão eletromagnética) e Osciloscópios (cinescópios de deflexão eletrostática). (KIRNER, 2004 apud GABRIEL et al., 2012). A cerca de tecnologia da informação verde (TI Verde), foi utilizada a seguinte definição para o trabalho: A TI Verde não é um conceito bem definido, nem um conjunto de práticas uniformemente aceitas. Na linguagem dos executivos, a TI Verde tem sido associada na maioria das vezes às tecnologias e iniciativas para reduzir os custos de energia, refrigeração e estado real com as operações de TI (RASMUSSEN, 2011 apud LUNARDI; FRIO; BRUM, 2011)

3 Metodologia O trabalho foi desenvolvido com base em pesquisa bibliográfica onde foi consultado trabalhos científicos nessa área, a saber: artigos, dissertações, teses, livros e outras informações fornecidas no site da empresa fabricante dos monitores Phillips e AOC, informações referentes ao preço da energia elétrica obtidos através do site da concessionária de energia CEMIG (Companhia Energética de Minas Gerais), que atendam à necessidade de informações necessárias para responder os objetivos deste trabalho. Para a coleta dos dados referentes a quantidade de monitores foi elaborada uma pesquisa do tipo entrevista com o responsável pelos laboratórios de informática da Universidade Vale do Rio Doce. Segundo Cervo, Bervian e da Silva (2007, p. 50) “ A entrevista não é uma simples conversa. É uma conversa orientada para um objetivo definido: recolher, por meio do interrogatório do informante, dados para a pesquisa”. Onde foi perguntado qual a quantidade de monitores existentes nos laboratórios de informática e a especificação de cada um dos equipamentos.

4 Resultados Para a elaboração do trabalho foi solicitado as informações da quantidade de monitores utilizados em todos os laboratórios de informática da UNIVALE ao responsável, e as informações coletadas foram: 

98 monitores CRT

145 monitores de LCD

Aproximadamente 40,3% dos monitores dos computadores são CRT, fator que contribui para o desperdício de recursos energéticos e consequentemente financeiros na TI Verde: Sustentabilidade na Era da Informação 42


Universidade. Pensando na melhoria do ambiente e na sustentabilidade, a proposta é reduzir o impacto causado por estes equipamentos ao ambiente propondo a substituição por produtos mais eficientes como monitores de LED e LCD. O gráfico 1 a seguir, demonstra o consumo de energia em Watts dos diferentes tipos de monitores.

Gráfico 1 - Consumo de energia dos monitores

Fonte: Autoria própria

A partir do gráfico acima, observa-se que o monitor CRT apresenta um maior consumo de energia, consumindo 75 Watts, e em segundo está o monitor LCD, consumindo 31 Watts, e por último o monitor LED, consumindo 15 Watts, sendo este o mais econômico. Isso significa que quanto menor o consumo do equipamento, menor será o gasto mensal com energia elétrica, além de reduzir o desperdício dos recursos energéticos, o que significa uma menor agressão ao meio ambiente. O gráfico 2 apresenta a durabilidade média em horas dos diferentes tipos de monitores. Gráfico 2 - Durabilidade média dos monitores

Fonte: Autoria própria

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De acordo com o gráfico 2, verifica-se que os monitores LCD e LED apresentam uma durabilidade média de 50.000 horas, já o monitor CRT, possui uma durabilidade média de 20.000 horas. Portanto, quanto maior for a durabilidade maior será a vida útil do equipamento.

4.1 Simulação de consumo de energia dos monitores CRT dos laboratórios Baseado no consumo máximo de energia de cada monitor CRT, foi feito o cálculo para simular o gasto mensal de energia através da seguinte fórmula:

Considerando que o mês tem 30 dias e possui 22 dias úteis e considerando que os laboratórios ficam em média 8 horas em funcionamento, fez-se o cálculo:

4.2 Cálculo para 1 monitor por mês: Consumo do monitor CRT 17” → 75W Tempo que permanecem ligados → 8h (aproximadamente)

Tem-se como resultado que o gasto médio para um monitor por mês é de aproximadamente 13,2 KW/h, agora aplica-se esse valor para todos os monitores dos laboratórios:

E se têm o resultado de 1293,6 KW/h, que se for multiplicado pelo preço atual de cada KW/h fornecido pela concessionária de energia CEMIG4 e tarifado de acordo com a tarifa convencional para média/alta tensão com a bandeira verde, cujo preço é de R$0,35104 5, obtém-se:

Cerca de R$454,10 mensais, isso somente com os gastos dos monitores fora o consumo dos CPUs. 4

Companhia Energética de Minas Gerais CEMIG. Valores de tarifa e serviços, 2016. Disponível em: <http://www.cemig.com.br/ptbr/atendimento/Paginas/valores_de_tarifa_e_servicos.aspx>. Acesso em: 15 Out. 2016 5

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4.3 Simulação do consumo de energia para monitores LCD Para monitores LCD 17” → 31W

4.3.1 Cálculo para 1 monitor por mês:

Multiplicando pelo número de monitores CRT dos laboratórios;

E multiplicando-o pelo valor do KW/h;

O consumo seria aproximadamente 58,67% menor, comparado com o consumo dos monitores CRT.

4.4 Simulação do consumo de energia para monitores LED Para monitores LED 18,5” → 15W

4.4.1 Cálculo para 1 monitor por mês:

Multiplicando pelo número de monitores CRT dos laboratórios;

E multiplicando-o pelo valor do KW/h;

O consumo seria 80% menor, comparado com o consumo dos monitores CRT.

4.5 Descrição técnica do sistema em desenvolvimento Na tabela 1 a seguir, é apresentado o consumo de energia dos monitores CRT e LCD, com base nos dados fornecidos pelo fabricante Phillips.

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Tabela 1 - Dados de Consumo de energia com base na quantidade de monitores utilizados nos laboratórios

MODELO

CONSUMO DE CADA MONITOR (Watts)

QUANTIDADE DE MONITORES NOS LABORATÓRIOS

CONSUMO DE ENERGIA TOTAL (KW/h)

Monitor Philips CRT 107E63 17” SXGA

75

98

7,350

Monitor Philips LCD 17", SXGA 170C7FS/78

31

145

4,495

Fonte: Autoria própria

Para a tabela 1 foi utilizado como referência a quantidade de monitores em uso nos laboratórios da Universidade, para calcular o consumo total de energia dos equipamentos foi multiplicado o consumo de cada unidade em KW pela quantidade total de monitores nos laboratórios, assim é possível saber quanto de energia é necessário para suprir os equipamentos. A seguir, o cálculo na tabela 2 refere-se ao valor financeiro que o consumo de energia pode impactar por mês à instituição. A referência de valor do KW/h é de R$0,35104 encontrado no site da concessionária de energia CEMIG, o consumo mensal utilizado é com base em 8 horas diárias, 5 dias semanais e um total de 22 dias mensais

Tabela 2 - Quantidade de monitores, consumo de energia e valor total da energia QUANTIDADE DE CONSUMO CONSUMO CONSUMO MONITODE CADA DE ENERMENSAL VALOR MODELO RES MONITOR GIA DE ENER- (R$ KW/h) NOS LA(Watts) (Watts) GIA (KW/h) BORATÓRIOS Monitor Philips CRT 107E63 17” SXGA

75

98

7350

1293,6

454,10

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Monitor Philips LCD 17" SXGA 170C7FS/7 8

31

145

4495

791,12

277,71

Monitor AOC LED 18,5” E970SWNL

15

243 (Substituição Total)

3645

641,52

225,19

Fonte: Autoria própria

O valor gasto mensalmente pelos 98 monitores CRT é 38,85% maior em relação ao valor gasto pelos 145 monitores LCD e 50,41% maior em relação ao valor gasto pelos 243 monitores LED, considerando que seja feita a substituição de todos monitores existentes nos laboratórios de informática pelos de LED. Com o cálculo da tabela anterior pode-se observar que os monitores de LED são os mais econômicos energeticamente, visto que foi utilizada a substituição total de todos os monitores dos laboratórios, tanto CRT, quanto LCD, e que se mostrou o mais econômico das simulações. A maior vantagem ocasionada pela substituição seria a economia de energia propriamente dita e uma maior vida útil dos monitores, pelo fato de possuírem uma tecnologia mais avançada em relação ao CRT.

5 Descarte dos monitores CRT Com a substituição dos monitores CRT pelos de LCD ou de LED, deve-se tomar medidas para o descarte apropriado desse tipo de material. No interior dos cinescópios há uma grande quantidade de fósforo e chumbo, que é um metal altamente perigoso, a inalação dos gases do interior do tubo pode causar intoxicação e os fragmentos em contato com o solo pode provocar a contaminação do meio ambiente. A reciclagem desses monitores depende de um tratamento específico, dessa forma ela é feita somente por empresas especializadas com esse tipo de material. Pelo fato de existirem poucos locais de coleta para esse material no Brasil, grande parte das pessoas descartam os monitores no lixo, pondo em risco a saúde de catadores de reciclados. Para contornar o problema, deverá ser realizada uma pesquisa para localizar empresas de reciclagem especializadas na região, depois de localizadas e contatadas os monitores deverão ser encaminhados as mesmas para que deste modo tenham seu devido fim. Outra forma seria a doação dos

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monitores para instituições de caridade, funcionaria como uma espécie de empréstimo e que ao final da vida útil dos mesmos, viessem a retornar para a Universidade e desse modo serem encaminhados para reciclagem.

6 Considerações finais O artigo considerou os principais tipos de monitores existentes no mercado a partir do qual definiu-se a proposta, com os respectivos estudos, para substituição dos monitores CRT visando à eficiência energética. As simulações evidenciaram o quanto de energia é consumido pelos diferentes tipos de monitores e os que se mostraram mais econômicos energeticamente foram os monitores de LED e LCD. Portanto o trabalho propõe a Universidade a implementação da ideia apresentada em seus laboratórios de informática, possibilitando também a implementação deste projeto em outros setores da UNIVALE, tendo como temática a eficiência energética.

Referências AOC INTERNATIONAL. Monitor 18,5’’ 47 cm LED Widescreen (E970SWNL), 2013. Disponível em: <http://www.aoc.com.br/noticia/1009/aoc-apresenta-nova-linha-de-monitores-profissionais-ledfull-hd-para-sinalizacao-digital>. Acesso em: 15 Out. 2016. ATIVA - Reciclagem de Materiais Ltda. O Perigo dos Monitores e TVs. Web designer: Studio M Designer, 2000. Disponível em: <http://www.ativareciclagem.com.br/perigoscrt.htm>. Acesso em: 15 Out. 2016.

CEMIG. Valores de tarifa e serviços, 2016. Disponível em: <http://www.cemig.com.br/ptbr/atendimento/Paginas/valores_de_tarifa_e_servicos.aspx>. Acesso em: 15 Out. 2016. CERVO, Amado L.; BERVIAN, Pedro Alcino; DA SILVA, Roberto. Metodologia Científica. 6. ed. São Paulo: Pearson, 2007. GABRIEL, Adjanara P. et al. Reciclagem mecânica de computadores de tubos de raios catódicos. In: 3º Congresso Internacional de Tecnologias Para o Meio Ambiente, 3. 2012, Bento Gonçalves. Disponível em: <http://www.proamb.com.br/downloads/zvucoq.pdf>. Acesso em: 20 Out. 2016.

GUTIERREZ, R. M. V.; FILHA, D. C. M.; KAUSS, I. F.; OLIVEIRA, M. J. Complexo eletrônico: displays e nanotecnologia. BNDES, Rio de Janeiro, n. 23, p. 27-84, mar. 2006. Disponível em:

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CAPÍTULO 8 - PRINCIPAIS TEMAS DE PESQUISAS SOBRE TI VERDE Wanderson P. Souza wanderson.p.souza@gmail.com

1 Introdução A Tecnologia de Informação Verde (TI Verde) abrange várias praticas que tem como objetivo diminuir o impacto ambiental causado pela utilização de equipamentos de TI. O objetivo deste artigo é fazer um levantamento de alguns dos principais temas de pesquisa sobre TI Verde. Foi feito uma pesquisa no Google Acadêmico (https://scholar.google.com.br) com as

palavras

chaves:

computação

verde,

"ti

verde"

onde

foram

encontrados

aproximadamente 233 resultados em que foram analisados os primeiros 16 artigos em ordem de relevância das palavras chaves pesquisadas. Foi possível identificar 3 (três) aéreas de pesquisas sobre o tema “computação verde”, sendo elas, Conscientização, Adoção, e Economia de energia.

2 Conscientização

Foi encontrado pesquisas sobre a conscientização das praticas de TI Verde na edução escolar. Segundo a pesquisa realizada por Bezerra (2010), ela afirma que “A educação com base na formação de cidadãos conscientes sobre a importância de se preservar o meio ambiente é essencial, principalmente no que concerne ao uso das novas tecnologias, através da interdisciplinaridade e da contextualização do ensino voltado para esta área ”. Zaina e Faceli (2011) realizaram uma pesquisa sobre a experiência de adicionar o tema Computação Verde como componente curricular no curso de bacharel em ciência de computação na Universidade Federal de São Carlos, campus de Sorocaba.

3 Adoção

Cavalcante (2012) realizou uma pesquisa que teve como objetivo saber ate que ponto as empresas estão aderindo à praticas de “TI Verde”, onde realizou um estudo de caso com algumas instituições da cidade de Fortaleza.

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Pereira (2019) realizou uma dissertação baseado em estudo de caso em indústrias de computadores e têxtil no Estado do Rio Grande do Norte, visando descrever as praticas de “TI Verde” adotadas por essas empresas. Salles (2013), realizou pesquisa baseado em mini casos, tendo como objetivo principal examinar, mais especificamente, os motivos de adoção, das práticas de computação verde aplicadas na área de TI.

4 Economia de Energia

Algumas das pesquisas estão voltadas especificamente para a economia de energia. Nesta área foram encontradas pesquisas como a de Silva (2011), que teve como objetivo analisar um projeto de sustentabilidade focado em virtualização, estimando a economia que a empresa teria. Richter (2012) realizou uma investigação sobre a relação de sustentabilidade e a computação em nuvens, concluído que além de reduzir o consumo de energia e emissão de gases poluentes, também melhoram o desempenho. Soldati (2011) afirma que a facilidade de manutenção e administração e a grande queda no impacto ambiental do servidor são algumas das várias vantagens em se trabalhar com servidores virtualizados Em dissertação, França (2014) propõe a implementação de um algoritmo heurístico no ambiente de grades computacionais objetivando a redução do consumo de energia.

5 Conclusão Conclui-se que as pesquisas voltadas para a “Computação verde” abrangem tanto a descoberta de novos meios e tecnologias para a sua prática, como também verificar a adoção e a conscientização das pessoas sobre o tema.

Referências

Cavalcante V. M. R. Monteiro et al. “TI Verde: Estudo Conceitual e Analise das Iniciativas de TI Verde nas Empresas de Fortaleza,” VII CONNEPI Disponível em: <http://propi.ifto.edu.br/ocs/index.php/connepi/vii/paper/viewFile/3689/967> Acesso em 08 de novembro de 2016 França J. Carias, “Método GRASP Baseado em Computação Verde Aplicado ao Escalonamento de Recursos e Tarefas em Grades Computacionais”, Dissertação (Pós graduação em Ciência da

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Computação) Universidade do Estado do Rio Grande do Norte / Universidade Federal Rural do Semiárido, Disponível em: <http://ppgcc.ufersa.edu.br/wp-content/uploads/sites/42/2014/09/joaocarias-de-franca.pdf> Acesso: em 08 de novembro de 2016. Pereira C. R. Barbosa, “Práticas da TI Verde que Contribuem para o Desenvolvimento Sustentável: um Estudo de Caso em Indústrias do RN”, Dissertação Disponível em: <https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/12129> Acesso em: 08 de novembro de 2016. Ramalho A. Bezerra,“TI Verde: a Tecnologia da informação no campo da Sustentabilidade”, Periódico Científico e Cultural da Faculdade 7 de Setembro Número 7 Vol. 2 Pag. 109, Disponível em: <http://parati.fa7.edu.br/recursos/imagens/File/Revista%20FA7/Revista2010_1_linkcerto.pdf#page =109> Acesso: em 08 de novembro de 2016. Richter R. Mauro, “TI Verde: Sustentabilidade por meio da Computação em Nuvem”, Artigo, Disponível em; <http://www.cps.sp.gov.br/pos-graduacao/workshop-de-pos-graduacao-epesquisa/007-workshop-2012/workshop/trabalhos/desenvgestti/ti-verde-sustentabilidade.pdf> Acesso: em 08 de novembro de 2016. Salles A. Carolina et al, “Adoção de Práticas de TI Verde nas Organizações: Um Estudo Baseado em Mini Casos”. IV Encontro de administração da informação bento Gonçalves /RS 19 a 21 de maio de 2013. Disponível em: <http://repositorio.furg.br/bitstream/handle/1/5373/2013_EnADI145.pdf?sequence=1> Acesso em: 08 de novembro de 2016. Silva A. Henrique e Carvalho R. A. Motta., “Uma Análise de um Projeto de Sustentabilidade Focado em Virtualização”. Artigo FaSCi-Tech v.1, n5 (2011) Disponível em: <http://www.fatecsaocaetano.edu.br/fascitech/index.php/fascitech/article/view/43> Acesso: em 08 de novembro de 2016 Soldati M. Knoll, “TI Verde – Virtualização de Servidores”, Artigo FATEC-São Caetano do Sul, São Caetano do Sul, v. 1, n. 5, Out/Dez 2011, p. 97 a 104, Disponível em: <http://fatecsaocaetano.edu.br/fascitech/index.php/fascitech/article/view/51/50> Acesso: em 08 de novembro de 2016. Zaina Luciana A. M. e Faceli K., “A Sustentabilidade como Componente Curricular do Curso de Bacharelado em Ciência da Computação”, Artigo Disponível em: <http://www.dimap.ufrn.br/csbc2011/anais/eventos/contents/WEI/Wei_Secao_3_Artigo_4_Zaina.pd f> Acesso :em 08 de novembro de 2016.

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