CURSO DE TEOLOGIA PARA LEIGOS (Arquidiocese de São Paulo)
ESCATOLOGIA COORDENAÇÃO: Pe. Marcelo Monge (Paróquia São João Batista do Brás) TESOURARIA: Silvia Carnevalli e Maria Lúcia Alvarenga SECRETÁRIA: Ir. Leonice Neves AMBIENTAÇÃO E CAFÉ: Cleusa Maria de Jesus e Walter Ceccheti PROJETO GRÁFICO E PRÉ-IMPRESSÃO: Silvio Vivian
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Esperança para um mundo melhor O projeto de Deus Qual é o último destino da minha vida, da história? Qual é o projeto de Deus para este mundo? Da mesma forma que o povo tem o direito a ter bons médicos, tem o direito de ter agentes de pastoral capazes de responder a essas dúvidas a essas questões... caso contrário irão procurar essas respostas em outros lugares... A teologia cristã católica estuda essas questões de maneira profunda, baseada nas escrituras, na revelação de Jesus Cristo e na tradição e no magistério da Igreja. Escatologia do mundo O mundo melhor é possível. Que realmente virá! Será melhor porque o projeto que Deus tem com esse mundo é um projeto para um mundo melhor e para um cosmos melhor! Nós todos fazemos parte desse projeto. Somos convidados a fazer parte da construção desse projeto. Mas, de onde retiramos essa esperança de que o mundo se tornará um mundo melhor? 1. A imagem de Deus, comum aos cristãos Deus tem para esse mundo e com esse mundo um projeto melhor. Apenas através da compreensão de quem é Deus e como ele age é que se pode formular essa esperança da qual o nosso povo tem tanta necessidade, principalmente nos dias atuais. A comum imagem de Deus dos cristãos: Deus é onipotente, onisciente, eterno, infinito, santo, Senhor, uma luz inacessível... São as características presentes em primeiro lugar, que aparecem no Credo... Essas características são certas. Deus é tudo isso! Não temos dúvida alguma. Mas foi essa a imagem de Deus que Jesus Cristo quis nos revelar?
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A questão é: Quando olho para essas características, que em nada são especificamente cristãs: o hinduísmo diz isso, o xintoísmo, as religiões da antiguidade, etc. Não é exclusivamente cristão, nem é exclusivamente bíblico... Os filósofos gregos: Platão, Zaratustra... Possuem grandes textos mostrando a onipotência e a onisciência de Deus. O que é que é especificamente cristão? Qual é o problema que confrontamos? Essas características são de Deus... Mas quando olhamos a História da Revelação, Jesus Cristo, vemos que Deus não está interessado em ser conhecido dessa maneira. Essas características não são as principais para Ele. No início da história de Deus com os homens (Genesis, Êxodo), aparece um Deus totalmente diferente de todos os deuses da época. A revelação judaica apresenta outras características que não encontram em nenhuma outra religião da mesopotâmia. Nos textos da Revelação: A. A grande novidade com a qual a Revelação do Deus verdadeiro começou: • Deus tem poder, mas não se situa ao lado do poder. Os deuses da Mesopotâmia (terra “prometida”) se colocam ao lado do poder e sustentam o poder políticoeconômico e social da época... Na revelação judaica é diferente, Deus se situa de antemão ao lado do grupo sem poder, de seminômades, pessoas insignificantes... • Deus não se fixa num lugar. Nas outras religiões da Mesopotâmia os deuses se situavam em determinado lugar. Para tal, se a pessoa quisesse algo da divindade, teria de se deslocar até o local onde a divindade se encontrava que permanecia fixa. O deus judaico é um Deus que se desloca, vai ao encontro do lugar onde o grupo se encontra. Deus vai ao encontro dos homens. Diferentemente de todas as outras religiões. • Deus não exige um CULTO. O Deus que aparece nos textos arcaicos da revelação é um Deus que não se interessa que se faça em torno dele nenhuma cerimônia cúltica.
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Essas 3 características desapareceram da consciência da grande maioria dos cristãos. É preciso recuperar isso... É assim que começa a grande novidade! Desde o início o texto Bíblico continha essa grande novidade! Deus se situa ao lado dos coitados, dos fracos, daqueles que precisam de ajuda...
Esse Deus não exige nada! Ele tem outras preferências! Em toda a história de Israel há constantemente essa tensão entre os que buscam o poder e os pobres... A crítica da concepção, na linha profética... Crítica da estrutura religiosa da sua época... Muitos deturparam essa imagem de Deus. Na época de Jesus, a estrutura religiosa de Israel nada se distingue da estrutura religiosa de todas as outras religiões: templo, culto, exigências, etc. Neste contexto chega Jesus, o Deus encarnado. Se queremos saber como Deus é temos que olhar para Jesus, pois Jesus é Deus. Olhando para Jesus eu posso saber como Deus é... Jesus se apresenta desde o início como alguém que tem poder: o poder de curar... Mas não se situa em nenhum momento ao lado do poder... Jesus não se fixa num lugar! Toda a história da religião cristã é marcada por essa imensa tensão dialética: as vozes que buscam voltar ao que realmente é Jesus e de outro lado a busca de manter o poder... Esse é um dos sinais de que a Igreja é realmente guiada pelo Espírito Santo: Essa verdade nunca se perdeu, sempre voltou, mesmo quando foi abafada, eliminada... como nos Séculos. X e XI a igreja é o poder político. Mas nesse momento irrompe na história a grande figura profética que é São Francisco... De igual forma, no século XX temos o CV-II e as grandes Conferências episcopais. O objetivo do curso de Escatologia Cristã é fundamentar a esperança: Justamente por que, com Jesus Cristo, surge a esperança de que o mundo pode ser melhor: nos textos bíblicos tiramos a convicção de que Deus está do nosso lado.
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Exemplo: Por que Jesus não se tornou homem como um general, como um grande artista? Deus deve ter pensado em algo antes de se encarnar... Por que ele decidiu encarnar-se na pessoa de alguém sem importância nenhuma, na periferia da Palestina? E não num palácio, na figura do sumo-sacerdote? Deve existir uma razão! Por quê? Essa questão é importante! Encontramos a resposta: Ele queria ser conhecido assim! Ele não estava interessado em ser reconhecido como todo-poderoso antes de tudo... Ele manifestou-se da forma como quer ser reconhecido! Encarnou-se na pessoa humilde e simples de Jesus porque estava interessado em transmitir a nós a verdade de que Ele é humilde, simples, amigo de cada um de nós... Com essa forma de ser de Jesus, cai toda a “ideologia do poder” instituída na Palestina. . Se Deus quisesse ser venerado como imperador teria se revelado dessa forma... Isso não significa que não seja, mas que não é assim que quer ser reconhecido. Quer ser reconhecido como o humilde que lava os pés dos outros.
Jesus o “Bom Pastor” O ícone nas Catacumbas em Roma e tantos outros lugares é sempre o do Bom Pastor. No séc. IV essa imagem desaparece e é substituída pelo ícone do “Pantocrator”, do imperador do Cosmo... O problema não é Teológico, afinal Ele o é! O problema é ideológico: Vejamos os ditadores do mundo que usaram Deus nos seus discursos: como exemplo Pinochet, ditador terrível do Chile, analisando seus discursos se percebe que ele falava muito de Deus, mas nunca do Deus Bom Pastor, do Deus interessado no bem estar dos fracos, do deus que serve... Mas sempre do Deus todopoderoso, que pune os pecadores, etc. Historicamente a imagem do Bom Pastor desaparece no momento em que a Igreja se liga ao Império Bizantino-Romano. Para esse poder não interessa ser reconhecido dessa forma de pastor, não justificaria o poder do imperador... Se o nosso deus surge na figura de um imperador do Cosmo, então justifica-se o poder do imperador.
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Da mesma maneira que Cristo reina sobre o Cosmo eu reino sobre o império, tenho aí a justificação do poder! O absolutismo do sec. XVI até sec. XIX justifica o poder com essa imagem...
A história tenta nos fazer esquecer o que é importante para Deus: não ser reconhecido a partir de suas características de poder, mas de suas características de humildade, de que lava os pés das pessoas... O fato de Deus ser assim se torna o grande motivo de esperança. Se Deus é assim... Se Deus está ao nosso lado, quem será contra nós. Se Ele está ao nosso lado podemos ter a esperança de que tudo vai melhorar! Essa ideia é a base de toda a esperança escatológica. É um Deus que assume a perspectiva dos humildes, dos pobres... Encontram em Deus o seu grande motivo de esperança: Deus sempre esteve ao lado deles!
2. Deus no Antigo Testamento • Age na história • É fiel àqueles que estão em baixo, os rejeitados, os pecadores, os excluídos, os marginalizados... • É GO’EL – defensor daqueles que não tem defensor: viúvos, órfãos, estrangeiros... • Criador da VIDA. Quer que os homens tenham VIDA. Deus é contra a opressão, injustiça, a favor dos injustiçados, etc. Em Jesus a ação de Deus na história se torna visível. Deus se situa ao lado daqueles que o sistema político havia eliminado. Deus assume a defesa daqueles que não tem defensor nenhum, que na época de Jesus mais de 2/3 da população eram excluídos por razões religiosas. Dizia-se que quem é pecador está fora da graça... Ninguém os defendia. Jesus se situa ao lado daqueles que ninguém mais defendia. Jesus mostra que se interessa
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por eles e não os deixa cair fora da revelação. Jesus vem para que os excluídos da Vida, tenham a vida em abundância. Muitos cristãos esqueceram. Precisamos recuperar essas características para que se tornem o grande impulso de esperança, como o foram para Israel. Essas características específicas se tornaram o grande impulso de esperança para a história (o mesmo vale para hoje, pois estamos numa situação onde o povo perdeu a esperança). A. O “problema” do nome de Deus A questão dos nomes e seus significados na Bíblia, particularmente os nomes de Deus no AT é muito importante para chegarmos a consciência de Deus que Jesus revela. Inicialmente é preciso destacar que o propósito fundamental das Escrituras é revelar Deus ao ser humano. Portanto, os nomes de Deus na Bíblia têm a finalidade de revelar-nos o caráter e os atributos do próprio Deus. Cada nome divino revela-nos como Deus deseja ser conhecido por aquele povo que o cultuava dessa maneira. É por este motivo que Deus aparece com vários nomes nas páginas sagradas. Cada um desses nomes revela uma característica específica de Deus. Portanto, os nomes divinos não são “varas de condão” ou “fórmulas mágicas”. Acreditar que o simples “pronunciar” de um nome divino “libera” alguma energia espiritual poderosa. Nada pode estar mais longe da verdade. O nome divino tem real valor por causa do próprio Deus. A visão que a Bíblia nos fornece não é absolutamente o pensamento mágico. Isso é o pensamento pagão que acreditava no poder da palavra mágica. A idéia pagã é que o mundo é regido por forças e poderes ocultos que podem ser domesticados por quem descobre certas fórmulas ocultas. Esta é a idéia do “abracadabra” e do “abre-te-sésamo”. No pensamento bíblico é Deus quem age, e não o homem que o controla por meio de fórmulas. O uso mágico do nome de Deus ou de Jesus não funciona, como não funcionou no caso dos filhos de Ceva (At 19.14-16).
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Talvez a maior confusão na prática esteja no mau uso da frase “o que vocês pedirem em meu nome, eu farei” (Jo 14.14). A palavra de Jesus não significa que basta mencionarmos o seu nome, e tudo acontecerá automaticamente. Pedir alguma coisa “em nome de Jesus” significa pedir alguma coisa segundo a vontade de Deus (1Jo 5.14). Pedir em nome de Jesus é pedir o que Jesus pediria. Pedir em seu nome é como “agir por procuração”: não é a minha vontade que será feita por meio de Jesus, mas sim a vontade Dele que se realizará por meio da minha oração.
Deus é descrito de maneira específica por diversos nomes hebraicos no Antigo Testamento. Entre eles merecem especial destaque os termos Elohim, Javé e Adonai. Elohim (e El) é o nome hebraico genérico para Deus. Seu significado etimológico é “força, poder”, e refere-se a Deus como criador, como ser transcendente e como Deus acima de todos os outros. Uma curiosidade interessante sobre o nome Elohim é que se trata de um substantivo em forma plural no hebraico; todavia o verbo que o acompanha na frase aparece no singular. Já o nome El é usado para compor outros nomes divinos (como El Shadai) e também para formar nomes hebraicos comuns como Daniel e Samuel. Já o nome Adonai refere-se ao senhorio de Deus. O significado literal é senhor, mas nunca é usado para se referir ao homem. Adonai destaca a soberania também a plena soberania de Deus. Não há dúvida de que o nome que mais define o próprio Deus é Javé. O termo hebraico seria YHWH. Os judeus deixaram de pronunciar o nome divino por respeito, e a pronúncia perfeita se perdeu. Por esta razão as consoantes do nome YHWH receberam as vogais de Adonai, o que veio a gerar o nome Yehowah, conhecido em português como Jeová. Todavia, os estudiosos hoje concordam, principalmente com base nas antigas transliterações gregas, que o nome divino seria Yaweh, ou seja, Javé em português. Infelizmente nossa tradição consagrou o SENHOR como tradução de um nome tão específico e particular de Deus.
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O significado de Javé é “Eu Sou” ou “Sempre estarei sendo”, ou como gostam os judeus “o Eterno”. A forma é uma abreviação do “Eu sou o que sou” dito por Deus a Moisés em Êxodo 3.13,14. Javé é o nome pessoal do Deus vivo que age na história de seu povo. É o Deus da aliança com o povo que sai do Egito, destacando a imanência divina. Por isso destaca-se em Javé o seu amor e a sua fidelidade para com o seu povo. Até hoje os judeus evitam pronunciar o nome mais sagrado de Deus para não usá-lo em vão. Podemos imaginar a dificuldade dos mesmos diante da declaração de Jesus em João 8.58 que afirmou “Eu sou”. A identificação de Jesus com Javé ficou mais do que clara.
• Elohim (Gn 1.1) Deus usado 2.570 vezes, se refere a força e ao poder de Deus • El ‘Elyon (Gn 14.17-20) Deus Altíssimo Deus é criador do céu e da terra • El Shaddai (Gn 49.25) Deus das montanhas Deus é todopoderoso • El Olam (Is 40.28) Deus Eterno Temos segurança porque Deus vive! • Iahweh (YHWH, Javé) (Gn 2.4) “Sou quem eu sou” É o nome próprio e mais comum de • Deus, aparecendo 6.823 vezes • Iahweh-Nissi (Ex 17.15) O Senhor é o meu estandarte Deus dá a vitória • Iahweh-Shalom (Jz 6.24) O Senhor é Paz Deus traz harmonia e paz, interior e para a comunidade • Iahweh-Tsidkenu (Jr 23.6) O Senhor é nossa justiça O Justo justifica o seu povo • Adonai (Sl 2.4) O Senhor absoluto Deus tem total autoridade
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• Theos ho Pater (Ef 3.14) Deus o Pai Deus cuida amorosamente dos seus filhos B. Para Israel, as características de Deus se tornam o grande impulso de Esperança para a história. Promessas: Base e fundamento da esperança em Israel. Deus formulou promessas. Deus promete algo. Promessas que sempre visam o futuro. Quando essas promessas estão sendo formuladas, qualquer pessoa sensata diria tratar-se de uma bobagem, a promessa soa a princípio absurda, impossível de ser realizada: 1ª promessa- Ter um lugar pra viver Abraão – DT 26,5 (país onde corre leite e mel) 2ª promessa- Ter prole – Gn 12,2: “Farei de ti um grande povo”. Homem velho, mulher estéril... 3ª promessa- Libertação político-social – Moisés – Ex 3, 6-10 – Olhando o fato histórico tem-se a impressão que você pode escapar de qualquer país exceto do Egito. Na época da Ramsés II o Egito tinha construído toda a sua economia sobre a escravidão e tinha toda uma estrutura que impedia a fuga. E apesar disso surge essa convicção. A promessa soa assim absurda. 4ª promessa – Ter um relacionamento especial com Deus. Ex 19, 5-6 5ª promessa - Ter um rei que estabelece o reino da paz – 2 Sam 7, 8-10
O objetivo da escatologia Cristã é recuperar essa esperança. Ela se perdeu.
Começa um movimento em direção do cumprimento dessas promessas. Movimento que se baseia numa esperança específica, muito concreta. A esperança que se forma no início da história de Israel. Essa esperança se torna o grande motor para a história. Escatologia
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Quando olhamos essas promessas, percebemos que são a base do que chamaremos esperança escatológica, que se baseia nas promessas de Deus. Portanto, se Deus é assim, essas promessas podem ser realizadas. Para fundamentar essa perspectiva, devemos estudar três características chaves das promessas de Deus: 1. Gratuidade – Não é algo merecido. Deus não cobra. Não é uma ação humana a partir da qual se encontre um merecimento. O contrário da Teoria da Prosperidade. Deus dá de graça. 2. Sem limites – não são pequenas, transbordam tudo aquilo que em termos humanos se poderia imaginar. Abre novos horizontes que parecem completamente impossíveis. 3. Surpresa – contém novidades que naquela época ninguém poderia imaginar. Promessas para esperar um futuro além de todos os limites. Sobre essa concepção de Deus é que se formam a Esperança. A esperança no Deus fiel se torna impulso para AGIR, apesar de que, em certos momentos da história, nada indique que tal agir possa ter sucesso. Esse impulso permanece. Apesar de soarem impossíveis. O povo realiza aquilo que Deus prometeu. A esperança é ativa, torna-se o motor para o AGIR. Através de seu agir o povo realiza aquilo que Deus prometeu. Hoje esperar se tornou um esperar passivo para que Deus aja de maneira miraculosa. Esperar passivamente confiando que Deus vai agir. Nós temos que agir, a partir de nosso pedido. Deus não faz cair cestas básicas do céu. Deus age através de nós. Nós pedimos e temos plena esperança que Deus vai atender nossos pedidos. Esperança não é passividade, mas voltar a dinâmica bíblica de um agir próprio. Através do nosso agir vamos transformar uma situação. Um agir que se deixa inspirar e incentivar pela esperança em Deus. Agir através do qual transformamos a situação conforme a vontade de Deus. Que sejamos um fermento, uma força transformadora dentro da história. Em cima dessa esperança é que Israel se tornou aquilo que foi. Escatologia
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O problema da atualidade é que essa concepção se perdeu. Uma esperança estéril tomou lugar. Se tornou um esperar passivo, para que Deus aja de maneira miraculosa. É preciso realizar projetos. Essa decisão de cada um de nós, de cada comunidade, da Igreja. Que deve começar a agir de forma a transformar o mundo da forma como Deus quer. Temos na América latina tantos bons impulsos... para surgir uma nova dinâmica. É preciso recuperar a Esperança Bíblica. A dinâmica da esperança que marca todo Israel. Do povo que conseguiu realizar elementos que antes pareciam impossíveis de serem realizados. Para a maioria dos cristãos essa dinâmica esta muito longe. Tarefa de recuperar o que é a esperança bíblica, a sua dinâmica bíblico-escatológica. Esta atitude marca a concepção escatológica da época profética. C. A Teologia Escatológica dos profetas (Séc. IX – VI a.C, antes do exílio – 587 a.C) Com os profetas inicia-se uma nova teologia. Deus age na história, produzindo uma nova situação. Mas o faz com a colaboração do povo e se realiza sem a destruição do mundo!
É dentro do processo histórico que Deus vai realizar o projeto histórico que produz uma Plenificação. Essa transformação da história rumo a uma Plenificação necessita da colaboração do povo. Dentro dessa concepção da história, nunca se fala de um fim... De destruição do mundo. O que marca essa época é a expectativa da plenificação da história, porque este é o plano, o projeto de Deus. A história vai chegar a essa plenificação através do agir de Deus, para o qual é essencial a colaboração do povo. Os que se opõem a Deus, chamados ímpios: haverá um momento em que o próprio Deus vai acabar com aqueles que se opõem à realização desse projeto. Essa idéia de juízo é que se transformará mais tarde na idéia de um juízo final. Teoria prémessiânica. Essa é a primeira Teologia escatológica, numa época
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histórica precisa onde se desenvolve a idéia de que Deus está agindo da história e a encaminha rumo a uma plenificação. A. Deus tem com este mundo um PROJETO ESCATOLÓGICO Este mundo não é uma aglomeração de acasos, de fatos sem nexo. Essa história é algo dentro do qual Deus realiza o seu projeto. Este projeto é um projeto escatológico. Escaton= Plenificação final, para o mundo inteiro: país onde corre de leite e mel, na época dos profetas essa visão é ampliada: o projeto de Deus é para o mundo inteiro, essa situação significa muito mais, uma situação plena para o mundo inteiro. A época profética traz assim uma ampliação do projeto, por isso chamado de projeto escatológico. 1) Deus conduzirá esta história rumo a uma plenificação final, a algo bom. Plenitude onde tudo fica inimaginavelmente melhor. 2) A realização deste projeto de plenificação se faz no decorrer do processo histórico. Isso não se faz de maneira mágica. São os profetas que começam assim com esse pensamento processual. O pensamento mágico nunca pensa em processos, pensa em atos súbitos. O pensamento bíblico não é mágico, embora tenha também elementos mágicos... A superação dessa religiosidade mágica por uma concepção processual. Teologia profética compreende o agir de Deus como um processo dentro da história. 3) O seu progresso (esse processo histórico) depende também da colaboração do povo! O povo é um fator determinante dentro desse processo. Podemos recusar e com isso parar o processo. O projeto pára por sua decisão do povo. O projeto de Deus só vai para frente na medida em que o povo colabora, ou então vai numa outra direção. 4) O fim do processo é UMA SITUAÇÃO, onde, DEUS REINARÁ DE MANEIRA PLENA E TOTAL (= plenificação). O que significa para Israel, para a Bíblia, que Deus reina? Nós pensamos de forma hierárquica, onde reinar significa mandar. Em Isaías fica claro: situação onde Deus reina = as concepções, as Escatologia
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idéias, os projetos de Deus estão sendo plenamente seguidos. Onde todos agem de acordo com o que Deus propõe, então Deus pode reinar. Os seres humanos possibilitam que Deus reine na medida em que as pessoas comecem a agir como Deus propõe. O papel do povo é decisivo. É pelo agir humano que Deus age e reina. A esperança se reforça e começa uma outra Teologia. B. A realização do projeto escatológico de Deus não é: • Um processo linear. É um processo dialético. Apesar de todos os progressos e regressos nós vamos chegar... Essa é a esperança! Um exemplo disso é a história da Igreja. (Temos que redescobrir a felicidade de fazer parte da Igreja). • Um processo predeterminado. (Diferente do que a Teoria Apocalíptica diz. Essa é a diferença entre e teoria apocalíptica e a profética). O Projeto de Deus se realiza na medida em que o povo realiza este projeto. Concepção processual muito moderna. A História é um processo que depende da colaboração de elementos estruturais: o povo. O projeto histórico de Deus não é um projeto que vai se realizar passo por passo. Pode acontecer mudanças desse processo por causa do agir humano, grupos diferentes podem interferir neste processo puxando o processo na direção prevista ou não. O processo pode ser freado, parado, desviado, etc. A realização do projeto escatológico de Deus depende da colaboração do homem.
• Os planos de Deus podem ser mudados por causa do agir humano! A história pode mudar! Papel do profeta: A. O profeta anuncia o projeto. B. Denuncia que se desviou a direção original. C. O profeta chama à conversão
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As denúncias de Jesus não são em primeiro lugar contra o império, mas contra o sistema religioso de sua época. O problema maior para Jesus não era o império, mas o sistema religioso. E isso questiona a todos nós. Será que nós realmente estamos na direção certa? Será que nos desviamos? O chamado à conversão é sempre presente, é sempre possível... Esse processo histórico, teológico anda na direção certa até que começam as crises. A crise histórica que provoca a crise da Teologia Profética - Sec. VI a.C A situação histórica se torna cada vez mais caótica, assim como a econômica e a política. Uma crise histórica que tem como conseqüência uma crise teológica. Será que essa Teologia é realmente correta? Será que estamos andando na direção correta? O Egito busca conquistar toda a Mesopotâmia. Os grandes impérios da Mesopotâmia (Babilônia) começam a invadir a Palestina. O Império Babilônico tem um projeto de conquista que está sendo propagado em nome de um deus. Crise teológica: Será que Javé ainda dirige os fatos? Será que Javé tem mesmo poder? Há pessoas que dizem que Javé não pode fazer nem bem nem mal. Será que este reino de javé realmente pode ser realizado? Cada vez mais os indícios parecem dizer que não... Crise Teológica hoje também... Não parece com a situação atual? Essa mensagem de que Deus pode reinar parece cada vez menos possível? O neoliberalismo conquistou o mundo inteiro: futuro escatológico do mundo... “O manifesto consumista”. Está se formulando uma linguagem teológica em torno de outro projeto. Quem acredita ainda hoje na proposta da religião cristã: que estamos num processo de transformação desse mundo rumo ao Reino de Deus? Os cristãos não estão se concentrando em si mesmos? Não adianta engajar-se na construção de algo, que é o projeto de Deus, porque de todo jeito não será possível, então é melhor cuidar da nossa própria santificação. É a mesma postura do povo nessa época frente ao avanço do Projeto Babilônico. Escatologia
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Surge assim essa crise: será que Deus Javé realmente está agindo na história? Será que Javé tem poder? Será que o deus dos babilônios, Balduc, não tem mais poder? Uma crise muito mais profunda do que se pensa deixa seus vestígios: Sofonias 1,12: “Javé não pode fazer nem o bem nem o mal”. É nesta situação de dúvida que eclode a grande catástrofe histórica de 587 a.C. Catástrofe histórica para Israel, e também catástrofe teológica: destruição de Jerusalém e destruição do Templo – 587 a.C – Exílio, escravidão. Naquele momento parece que tudo está perdido e que o deus babilônico é mais forte. Via-se essa conquista, não como uma conquista militar qualquer, mas como uma conquista do deus Balduc que faz crescer o seu reino... Frente a essa crise vem a grande questão: Todas as promessas já realizadas se perderam: Prole, terra, paz, liberdade, aliança... Tudo parece ridículo! Jerusalém destruída. O Templo em ruínas. O povo escravizado. O país devastado. Agrava-se assim o questionamento teológico. Questionamento pela fidelidade e pelo poder de Javé. Será que a gente se enganou? Questionam os fundamentos, as bases da Teologia de 4 séculos. O fracasso histórico revela a falsidade das projeções históricas da Teologia! Fica evidente, que o futuro reinado de Deus na terra, não pode ser identificado com o reino de Davi e de seus sucessores. Parece que o futuro reinado de Deus na terra, não será assim como os profetas esperavam...
Como manter a fé? Como manter a esperança de que apesar de todos esses fracassos a nossa fé vai se realizar? Como é que se pode manter a esperança no poder de Javé? Na sua fidelidade? A esperança de que Ele vai conseguir aquilo que prometeu, quando tudo o que se vê são sinais que indicam o contrário? Em meio a essa situação desesperadora se forma um novo discurso dentro da perspectiva profética. Palavra chave: ESPERANÇA, num Deus que não abandona o seu povo! (Ez 26,25) sempre dizendo que haverá algo novo, haverá um NOVO FUTURO ( Ez
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37). Esse novo futuro está sendo visto dentro do parâmetro histórico. Dentro da história acontecerá esse novo. Esse novo futuro não mais está sendo visto dentro de uma visão processual, contínua. É a primeira vez que se fala de uma descontinuidade, de ruptura, de novo começo. Há uma mudança de perspectiva: de processual, que de maneira dinâmica vai em direção daquilo que está previsto. Essa concepção está sendo substituída pela concepção de ruptura: o novo não é a continuação. O novo acontece dentro da história sim, mas é um novo começo, vai numa outra direção. Essa ideia da ruptura é um primeiro passo rumo ao pensamento apocalíptico. Essa ideia é preparada dentro da ideia profética do tempo do exílio. Deus realiza algo completamente novo, Deus recomeça a história. Deus é fiel a seu povo e recomeçará a história! Assim a teologia profética consegue manter a esperança, mas no fundo não convence. Passo por passo vêm à tona essas projeções e esse novo futuro não se realiza. Onde é esse novo futuro? Essa escatologia pós-exílica não convence mais. Não é mais possível imaginar que os planos de Deus se realizem dentro da história. Nem Javé consegue mais realizar os seus planos (vide livro de Esdras). Por causa disso só há uma solução: essa ruptura passa a ser vista de forma muito mais radical do que os profetas haviam falado. Mas: Deus é fiel! Ele mantém a promessa! No sec. IV a.C começa assim o modelo apocalíptico. Uma nova concepção da história: a ruptura é total. Deus vai acabar com toda essa história, vai chegar ao seu fim. Deus recomeça. (sec. III – I a.C. – APOCALIPSE). A Esperança religiosa se exprimiu dessa nova maneira no judaísmo tardio. É essa a concepção da história com a qual começou a Teologia escatológica. Em Is 2,6 / Ez 37, 1-14; 20,32ss / Is 43, 22-28 / Dt 30,19, percebese que os textos são escritos a partir de um certo pretexto, de uma intenção. Comparando com textos extra bíblicos aparece essa desesperança. Os textos bíblicos tem o interesse de manter a fé em Javé. Mas o povo que vivia todas essas desgraças a partir da destruição de sua casa, da morte de seus filhos, do estupro de suEscatologia
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as filhas... Mostra a situação bem mais caótica. Apesar disso, se conseguia recuperar a esperança em alguns grupos, apesar da maioria estar desesperada. De tal maneira a história continuou, indicando que a crise era muito mais profunda. Na busca de um caminho de possibilidade de reagrupar essa esperança, adotou-se da Pérsia um outro modelo da história: Apocalipse. No caos da época pós-exílio, o modelo processual dos profetas não mais pode ser mantido: Mas, se forma uma nova base para a esperança: Deus, Ele mesmo, destruirá o mundo corrupto e construirá um mundo novo e melhor! Essa é a visão dos Apocalipses! Análise estrutural de toda uma época. Para que essa concepção escatológica seja compreendida é necessária essa análise.
Teologia da história Em toda a época profética, nunca se fala em fim de mundo, pelo contrário, sempre se vê essa história como um processo. Precisamos recuperar: por quê? No processo histórico como é compreendido hoje, o único modelo que as pessoas conhecem é o apocalíptico, de fim de mundo. Acentua-se a ideia de que este mundo vai acabar. Se este mundo vai ser destruído, nós não precisamos nos engajar para melhorar esse mundo... O pentecostalismo moderno e o fundamentalismo americano propagam isso... Por que trabalhar para este mundo melhorar? Contra tal perspectiva pessimista nós temos que lembrar que a Bíblia conhece outro modelo de história, que é o modelo profético e que não fala nisso... Jesus não continua com o pensamento apocalíptico, ele não se encaixa nesse pensamento, apesar de viver numa época totalmente “apocaliptizada”. Apesar disso Jesus nunca, jamais fala de um fim de mundo, ao invés disso ele volta a falar em Reino de Deus e recupera a concepção escatológica dos profetas. Tudo isso se perdeu da consciência religiosa. Vamos estudar os elementos apocalípticos para compreender essa passagem da proposta... Escatologia
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A teologia persa é totalmente apocalíptica. Quando o império persa começa a dominar, eliminando o babilônico... 3º Período (sec. IV - I aC) – Os Apocalipses – Esperança apesar de tudo. Após o impacto do Exílio, a escatologia Profética está sendo substituída pela escatologia Apocalíptica. A introdução do pensamento apocalíptico trouxe uma mudança acentuada da compreensão de Deus. Conforme a concepção de Deus muda-se a estrutura do sistema religioso. Dentro da concepção apocalíptica, Deus é sempre compreendido como um Deus agindo dentro da história com o objetivo de realizar o seu grande projeto do Reinado de Deus (que age sozinho, sem a participação das pessoas). Toda a história é compreendida a partir dessa perspectiva. Atrás da concepção apocalíptica há uma outra concepção de Deus: Deus não age através do povo, mas age sozinho. Deus age, Ele mesmo, e num certo momento vai destruir o mundo e reconstruí-lo depois. Deus vai realizar uma segunda criação. Diante de tudo isso, o povo não tem mais nada a fazer. Consequência sócioreligiosa da passagem da perspectiva profética à apocalíptica Os Apocalipses são textos para manter a esperança. Mas, esperança para que? Para os oprimidos e não para os opressores. História = Processo de construção do Reino de Deus tendo o povo como colaborador (concepção profética), ou para um mundo que será destruído por Deus, que faz tudo sozinho (concepção apocalíptica).
São imensas as consequências estruturais para o sistema religioso!
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O que significa servir a Deus? Passa, na perspectiva profética: de “ser instrumento para transformar o mundo” para, na perspectiva apocalíptica, “venerar a Deus no CULTO” (Templo). Consequência psico-religiosa = mudança profunda no sistema religioso. Deus recorre ao povo como instrumento Dele, para realizar aquilo que Deus quer. Não precisa mais agir na história, Deus faz tudo sozinho. Mas um deus que não se fixa num lugar, não exige culto. Durante 7 séculos foi assim.
Após o Exílio, surge o movimento de adaptar o sistema religioso aos outros sistemas. Um deus que se fixa num lugar: templo de Jerusalém. Um deus que exige culto. Neste contexto é que vem Jesus. Esse Deus verdadeiro não se situa no lado do poder, não se fixa num lugar, não exige culto: São as três características estruturais do sistema religioso, iniciados com Abraão. Apocalipse – pulso de mudança do sistema religioso que é criticado por Jesus. Acentua-se a necessidade do culto num certo lugar.
Consequências sócioreligiosas estruturais: tentativa de substituir a perspectiva profética. 1. O Contexto histórico do surgimento dos Apocalipses – Frente aos impactos dos contínuos fracassos históricos a partir do séc 3 aC. 2. O futuro reinado de Deus não mais pode ser imaginado como resultado de um processo contínuo dentro da história. 3. Desde 323 aC (morte de Alexandre Magno) inicia-se uma nova cultura mundial: O HELENISMO, a partir dos sirácidas (que é a primeira experiência de uma globalização, a partir dos objetivos do sistema econômico-social dos sucessores do Escatologia
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império persa, os sirácidas). Não se interessa pela vida religiosa. 4. O neoliberalismo tem como projeto a realização desse mundo globalizado. Que dizem ser o último projeto escatológico da história, a perspectiva é a mesma. O helenismo não trás somente um sistema econômico, mas uma cosmo-visão nova. Uma nova concepção do mundo. O novo mundo do futuro é o mundo helenizado, conforme os moldes do helenismo. Quem impõe isso ao mundo judeu é Antíoco III (a partir de 198 aC, palestina sob o seu poder). Tenta implantar essa concepção helênica, fazer destruir as resistências e provoca crises dentro do judaísmo. Entre 200 aC – 100 aC, ocorre uma época de crise do judaísmo, profundo pessimismo e resignação! Forte tendência de helenização do judaísmo. As fronteiras entre Jerusalém e o paganismo helênico começam a desaparecer. É bom lembrar que o helenismo tinha alta atratividade para muitas pessoas. A partir de 175 a C, inicia-se o reinado de Antíoco IV Epífanes. Conflito com a Comunidade crítica de Jerusalém (167 aC): profanação do templo (se torna o santuário de Zeus), Religião judaica proibida, Revolta dos Macabeus que fracassou, perseguições e opressão sangrenta. É dentro deste contexto que surge a literatura apocalíptica (livro de Daniel – 168-154 aC). O livro de Daniel é o cume da crise, para qual esse livro tenta dar uma resposta. Nesse momento a Teologia da história dos profetas quase desaparece. Ela está sendo substituída pela Teologia dos Apocalipses. Surge uma nova interpretação da esperança escatológica. Deus, Senhor da história: Ele deixará correr esta história na sua destruição total, mas, depois ele criará um novo mundo renovado. Deus havia previsto isso. Deus permite isso, de certa maneira se retira da história (muito similar ao que se encontra hoje em certos grupos evangélicos). Mantém a convicção de que Deus é aquele que dirige a história. Não são os mecanismos econômicos helenistas, mas Javé é o senhor da história.
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Teologia Profética: Novo futuro de Deus construído com a colaboração do homem, sem a destruição do mundo. O novo futuro se constrói COM a colaboração do homem. Essa Teologia já fala de um juízo, que acontece dentro da história, concepção essa que favorece a adaptação do modelo persa de história que se junta neste ponto. Este juízo que os profetas compreenderam como evento dentro da história, vai acontecer quando Deus acabar com esse mundo. Teologia Apocalíptica: tem a sua raiz na religião de Zaratustra, na Pérsia, onde se fala de tal concepção da história – destruição e reconstrução do mundo. O novo futuro de Deus é obra exclusiva de Deus, só é possível sob a destruição do mundo antigo. Esse futuro não é um processo. Pensa a história com uma ruptura total: Assim como é agora, não pode continuar. Num certo momento Deus vai mostrar que Ele é o Senhor da história e colocar um fim a tudo isso. Recomeço: Um novo mundo, conforme Deus imaginou. O novo mundo é obra exclusiva de Deus. Deus mostra que é senhor da história através do seu agir, destruindo a história. Dessa forma é possível manter a esperança. Percebe-se em Mc 13,14, certos indícios apocalípticos. Os textos sinóticos surgiram num contexto marcado por essa Teologia apocalíptica. Mas Jesus nunca falou de fim do mundo. Marcos assumiu uma profecia originária em Calígula, abominação da profanação do templo. Enfoques da TEOLOGIA APOCALÍPTICA a) Apocalipses – Ruptura total com a concepção dos profetas. A compreensão da história dos apocalipses é “inconciliável com a concepção dos profetas” – posição extremada. b) Apocalipses – continuação total com a concepção dos profetas. “A apocalíptica vincula-se a tradição profética, da qual constitui-se um desenvolvimento particular”. Como é que podemos conciliar essas 2 posições? Os 2 tem um pouco de razão. Há ruptura, mas há também continuação. • Ruptura – Os Apocalipses se baseiam num estrito determinismo histórico. Essa predeterminação que distingue o pensaEscatologia
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mento apocalíptico do pensamento profético, que não fala disso. Esdras 3, 37 – um dos grandes livros apocalípticos que assim influenciaram em Israel. Tudo está previsto de antemão! E Deus não muda nada. A situação histórica se pode apresentar como quiser. Deus já de antemão previu que salvará seu povo! Deus já previu que as desgraças vão acabar! Mantém assim a esperança. O povo pode manter a confiança em Deus. É uma teologia da esperança, mas uma esperança APESAR DE TUDO, apesar de todas as atuais desgraças. Na concepção profética o futuro depende da realização do povo, não é predeterminado. • Continuidade entre profetas e apocalipses: DEUS FARÁ ALGO TOTALMENTE NOVO! Para a teologia profética, o totalmente novo se realizará como processo, dentro da história concreta. Para a teologia apocalíptica, o totalmente novo se realizará após o fim da história concreta atual (haverá a destruição do mundo atual – ruptura), que é típico do pensamento persa. Perspectiva arcaica (também do nosso subconsciente): para que diante da situação algo novo possa surgir, tem que acabar com a situação atual, no lugar dela pode surgir algo novo. O antigo está num processo e de alguma forma se transformando no novo. A teologia profética pensa em termos de transformação do antigo no novo. A Teologia Apocalíptica. pensa em substituição do antigo pelo novo. Ambas falam que algo totalmente novo vai surgir, a diferença é COMO. Na visão Apocalíptica – O tempo não é linear, perde-se a causalidade. No pensamento apocalíptico há uma ruptura. Uma época começa e termina, ponto final e começa-se uma outra. Cada uma é um fenômeno em si e não tem anda a ver um com o outro. Há uma outra concepção de tempo. Usam épocas do passado como exemplo para manter a esperança no momento atual. Não há uma causalidade temporal. Atrás também haviam desgraças, que foram superadas com o agir de Deus, da mesma forma as desgraças de hoje serão superadas. Essa argumentação é que está inclusa dentro do pensamento apocalíptico. Assim, a literatura apocalíptica é uma literatura de esperança, consegue manter a esperança em épocas desesperadas, relembrando que Escatologia
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no passado o mesmo aconteceu. Há um pensamento de justaposição de épocas. Cada uma dessas épocas é um “aión”. Quando um aión chega a um fim haverá catástrofes, que anunciam e marcam o fim. Sendo o aión o mundo, se pode dizer que é o fim desse mundo, dessa forma se pode falar em FIM DO MUNDO. Depois há um novo começo, um novo aión. E assim sucessivamente: aión A, aión B, aión C... Fim do mundo B e recomeço do C, com as mesmas catástrofes que se anunciam. Na maneira como nós compreendemos a história, com causalidade... Aqui se pensa em sucessão de épocas fechadas em si, “aionés”. Características chaves do pensamento apocalíptico A concepção apocalíptica do tempo – Tempo não é linear, mas contingente, isto é, a justaposição de acontecimentos não significa uma causalidade temporal, mas: É paradigma para o agir histórico de Deus. Experiências históricas do passado ajudam a ter uma expectativa de um presente e um futuro problemático. Esse aión se chama milênio. Um aión = um milênio. Surge assim a noção de milênio = uma época histórica. Dentro do pensamento apocalíptico, um aión pode ter 200 ou 2000 ou 5000 ou 475 anos, não se sabe, é uma época histórica. Com a passagem do tempo se perdeu essa noção de que milênio era uma época histórica e se formou a noção de que milênio são 1000 anos, formando-se assim o milenarismo, que começou a calcular quando é que vamos chegar ao FIM. Quantos 1000 anos vão passar até se chegar ao fim do mundo. No sec. XVII se fazem cálculos que em 7000 anos tudo vai acabar. No sec. XI e XII chegam a conclusão de que ... o mundo vai acabar. Neste significado vem até hoje. Para o pensamento apocalíptico, “milênio” não tem nada a ver com o número 1000 é apenas uma época histórica. Ex: Livro de Daniel – escrito no séc. II, e que projeta os acontecimentos daquela época para uma época anterior. No pensamento apocalíptico quando se usa o número 1000, cabalísticamente significa “um número fixado”, as pessoas vão dizer assim “viveu 1000 anos”, significado de uma plenitude, viveu uma vida plena, se desenvolveu e chegou ao fim pleno, não tem nada a ver com o número em si. Escatologia
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Perdeu-se esse significado apocalítico e se começou a interpretar isso com o valor numérico, daí surge o milenarismo, que por uma interpretação numérica chega a uma série de previsões. Nasce da não compreensão dessa visão de tempo na perspectiva apocalíptica. Há mesmo traduções falsas: texto grego – fim do aión, traduzido como fim do mundo. Na verdade o significado é o fim do aión, de um mundo, mas um mundo fechado em si e que depois vem outro. Se não se conhecem esse fatos, de antemão interpreta-se os fatos de maneira errada. No pensamento apocalíptico, persa, grego e depois também hebraico, começa-se a dizer que cada uma dessas épocas tem 1000 anos, que não tem significado numérico. Milênio não é 1000 anos!! Milenarismo = A expectativa de que tal período chegaria ao seu fim. O milenarismo espera um fim definitivo. Na mitologia grega: 4 milênios – ferro, cobre, prata e ouro. O pensamento apocalíptico judaico reduz essa perspectiva de milênios a 2, o segundo é o definitivo. Permite manter a esperança! Olha o passado, Deus já previu, também essas desgraças de hoje acabarão. Em cima dessa argumentação de catástrofe se mantém a esperança. • A Apocalíptica apresenta o processo histórico como LUTA DIALÉTICA ENTRE O BEM E O MAL. È um pensamento dualista, pois nasceu na Pérsia, Zaratrustra (570 – 500 aC): dualismo cosmológico, a história é a luta entre o bem e o mal, o juízo é visto como o holocausto cósmico, ressurreição dos bons (Não foi o ambiente judaico que criou isso, 200 anos antes, na Pérsia, já se fala de ressurreição dos mortos, desde o sec. IV AC). Desenvolve-se esse pensamento dualista – que marca o pensamento apocalíptico. Na adaptação judaica o êxito final desta luta já é determinado: Deus vencerá, consolo e reforço na crise. Fundamentalismo americano – 30 milhões de pessoas nos EUA compreendem o mundo dentro dessa perspectiva. Escatologia
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Problema de hoje: No decorrer da história, o discurso apocalíptico mudou de enfoque. Na concepção apocalíptica original = visão de esperança: Um novo mundo. Fim do mundo antigo e chegada do novo futuro de Deus, obra exclusiva dEle. Para que este novo mundo chegue é necessário que o antigo termine. O interesse se concentra neste novo mundo, neste novo futuro de Deus. Há algo melhor que vai chegar! Tem-se esperança! No decorrer da história esse enfoque mudou. Hoje: A maioria dos cristãos só conhece um enfoque milenarista (pessimista) do PENSAMENTO APOCALÍPTICO, concentrado no final do mundo, na catástrofe total do fim. Descreve-se pouco a esperança do NOVO MUNDO, NOVO FUTURO DE DEUS, que se torna secundária. Se tenho a esperança do novo mundo, sou otimista. Se permaneço na expectativa da catástrofe = sou pessimista. Hoje evento apocalíptico é sinônimo de coisa ruim. A palavra “apocalíptico” cria uma expectativa negativa, também dentro da expectativa religiosa. Sinais disso: pestes, terremotos, catástrofes, etc. Historicamente se observa uma mudança na interpretação deste FIM: Fim da situação histórica opressiva. Fim do mundo = Fim do medo. Motivo de esperança para todos aqueles que viviam estas desgraças. Na medida em que essa expectativa de fim muda de conteúdo = fim do mundo como um todo. Na medida em que este fim do mundo é descrito como terrível catástrofe, o medo aumenta, gera medo, algo ameaçador. Nesse contexto, a Igreja passa a ser um refúgio. Não se busca fazer algo bom desse mundo, mas busca-se garantir a salvação dessa desgraça. Quer-se a garantia de não ser destruído. Surge a Igreja e a prática religiosa como salvação. Surge assim a concepção do pentecostalismo evangélico. Cria-se um ambiente fechado onde posso receber o Batismo no Espírito Santo, que se torna a garantia de que você vai passar por essa desgraça. Para que se preocupar em melhorar algo? O mundo vai acabar de qualquer forma... A questão é garantir a minha salvação e dos meus.... Escatologia
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O pensamento apocalíptico que mudou de enfoque: que se tornou um motivo de medo. Esperança = sustentar os oprimidos para que eles não percam a esperança. Apocalipse = Teologia da Esperança! Esperança para que? Objetivo original: Manter a esperança dos oprimidos que se encontram numa situação desesperada. Mantenham a esperança: a atual tribulação terá um fim! Esperança para os oprimidos! Com a mudança da situação histórica, quando desaparece a situação de opressão, a ameaça de fim do mundo permanece. A destruição exterior do mundo se acrescenta ainda a expectativa de um JUIZO FINAL, como um dia de ira e da vingança do Senhor. O medo continua também nos antes oprimidos, mesmo depois do desaparecimento da situação de opressão externa. Acrescenta-se um medo terrível de um juízo ameaçador. A apocalíptica cria assim um medo: mais do que o fim do mundo exterior, um medo religioso ameaçador. Em cima disso surge o movimento do Pentecostalismo, sobre esse pano de fundo. Mas quem está na expectativa de um FIM DO MUNDO, não tem muito motivo para comprometer-se para que este mundo se torne melhor. Perde-se a dimensão histórica! Passividade! Atitude oposta àquela do Islã. Desafio: Recuperar a dinâmica transformadora da ESPERANÇA. Para a maioria dos cristãos essa consciência de que nós somos os instrumentos através do qual Deus quer melhorar o mundo se perdeu. Surge a religião: Islã, que é a religião que mais cresce no mundo. Os adeptos do Islã acreditam ser os instrumentos pelos quais Alá vai mudar o mundo. Milenarismo • O pensamento Milenarista • O milenarismo como tentativa fracassada de manter a esperança.Pergunta chave: Quando, enfim, a situação de desEscatologia
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graça vai acabar? Quando enfim o Reino de deus vai começar? O livro de Daniel é o primeiro a dar uma resposta direta a tais indagações (Dn 9,24ss). O Milenarismo apocalíptico reduz o potencial transformador a uma passiva expectativa de um FIM DO MUNDO. Como será esse fim? E sobretudo QUANDO será esse fim? Esse pensamento marca o séc. I dC até o séc. XII e volta no séc. XVII até os nossos dias. O livro de Daniel Resposta de esperança numa situação desesperada. Ocupação pelos sirácidas, luta contra o helenismo... Quando enfim este Deus vai agir? O livro de Daniel tenta dar uma resposta apresentando os pensamentos típicos do apocalipse, como: Dualismo, Reino de Animais, em oposição a ele será o Reino de Deus. A ocupação dos selêucidas, helenização forçada, templo profanado pelo culto a Deus – Tudo isso Daniel chama de Reino de Animais. Mostra todas as situações que foram superadas: época A, B, C... Diz assim: mantenham a esperança, a tribulação vai desaparecer. Apresenta uma proposta alternativa: O Reino dos Animais atual vai desaparecer porque vai surgir o Filho do Homem, que vai estabelecer o reino de Deus, que é a grande alternativa ao Reino dos Animais. Aparece o conceito de Filho de Homem. Reinos de Deus como uma oposição alternativa, apresenta as características desse Reino de Deus: Reino da Justiça, da Paz, do Amor, de verdade e não de mentira. São essas as grandes características do Reino de Deus. Jesus fala de si como o Filho de Homem = A maioria dos títulos pós-pascais, exceto esse, Jesus fala de si dessa forma, aceito pela maioria dos exegetas. Quando Jesus fala de si, os autores dos Evangelhos atestam esse título a Jesus. Jesus é o Filho do Homem Escatologia
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do qual o livro de Daniel falou. Jesus começa assim esse Reino alternativo que o livro de Daniel promete. Esse é o sentido de usar esse título, essa é a intenção, este Jesus É aquele que estabelece a grande alternativa contra os Reinos dos Animais. Elementos que sustentam a esperança: • Os mortos vão ressuscitar (séc. II aC). Esperança essa que já existia na Pérsia. Mas aqui nasce de forma mais concreta entre os judeus. • Indica a data para o início do reinado de Deus. É o primeiro livro judaico, bíblico onde se indica datas. E com isso começa o movimento milenarista que concentra toda a sua atenção neste fim do mundo atual e na preocupação do QUANDO este fim do mundo vai acontecer. No livro de Daniel encontramos: Reino de Deus não exprime uma realidade abstrata - Significa realidade histórica, concreta, na qual se interligam o agir humano e o agir salvífico de Deus. Reino de Deus: projeto dinâmico de esperança dentro da história, contra os projetos históricos dos “animais”, contra as expectativas pessimistas de um holocausto cósmico. O livro de Daniel é o primeiro livro Bíblico que fala de Reino de Deus. Este reino é concreto, histórico, é um projeto de esperança dentro da história, contra os projetos históricos dos animais. Não se promete um holocausto cósmico, como mais tarde a concepção milenarista vai fazer. Coloca o fim deste mundo, deste Reino de Animais que será substituído pelo Reino de Deus. O livro de Daniel significa também o início do Milenarismo Judaico. Como é que estas datas foram apresentadas? O Livro de Daniel apresenta 3 datas para o fim do mundo: Dn 9, 24ss – 70 semanas até o início do Reino de Deus. A partir do decreto sobre a restauração de Jerusalém (515 aC), decreto de Ciro. Estas 70 semanas devem ser compreendidas a partir, com referência a Jr 25, 12; 29,10; (70 dias = 70 anos) – “para Deus um dia Escatologia
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é como um ano” – 70 semanas = 70 semanas de anos = 70 X 7 = 490 anos. A partir deste calculo que se estabelece toda a expectativa que marca a época de Jesus. 515 – 490 = Época de Jesus. Daí a exagerada expectativa apocalíptica que marca a época de Jesus. Na época todo mundo sabia que os 490 anos já haviam passado. O Reino de Deus está próximo! A expectativa messiânica foi concentrada neste elemento: Quando o fim do mundo se aproximar, Deus vai mandar um Enviado, que vai anunciar o Fim do Mundo. Será que Jesus é o Messias ou não? Jesus e a sua pregação do Reino. Por isso João manda seus discípulos: será que é você ou temos que esperar um outro? Acabou o tempo... Convertam-se. A perspectiva do Batista está claramente dentro deste contexto: o tempo anunciado pelo livro de Daniel, passou. Essa indicação de datas tinha uma imensa influencia na época de Jesus. O livro de Daniel ainda indica outras datas Expectativa Milenarista dentro da Igreja Primitiva Pré-Milenarismo = séc. I e II dC. Os seguidores de Jesus pensam de maneira milenarista. Criase uma expectativa da segunda vinda de Jesus. Uma expectativa iminente da segunda vinda de Jesus, no primeiro século. Os seguidores de Jesus interligam a expectativa com a figura de Jesus. Jesus vai voltar como um grande Juiz. Primeiro haverá a 2ª vinda de Jesus, depois começa um reino messiânico de 1000 anos (cf. Lc 1, 32; Mt 28, 20-30; At 6,7). Tal expectativa também está presente no pensamento fundamentalista americano do séc. 20. Expectativa milenarista que ficam subjacentes também nos séculos seguintes. Mas, a partir do séc. III se Escatologia
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formula o AMILENARISMO – Agostinho combate a idéia de que depois de 1000 anos acontecerá a 2ª vinda de Jesus. Mas eles falam ainda de um fim, mas sem fixar datas. Dizem que a Parusia não acontece quando o Milenarismo falou, mas vem depois de um milênio, o que acaba por ajudar a expectativa de que a Parusia acontecerá depois de 1000 anos e de que no ano 1000 dC iria acontecer o fim. A partir do séc 17 – o PÓS-MILENARISMO – antes da Parusia haverá um milênio de lutas e guerras entre o cristo e o anti-cristo, assim como descreve o apocalipse de João. Quando este milênio acabar acontecerá a 2ª vinda do Senhor. O elemento novo é a luta dialética entre 2 forças opostas: o anti-cristo e o cristo. Quem são as forças do anti-cristo? Onde elas estão? Abrem-se portas para interpretação de todas as formas. Outro exemplo: Um arcebispo americano Ussher, séc. 17 – criação aconteceu em 4004 aC – 4 milênios já passaram. Em torno do ano 2000 deve acontecer o final do mundo. O fim do mundo está próximo. Nesta concepção se baseiam quase todos os movimentos pentecostais evangélicos, até os católicos, sobretudo o Fundamentalismo americano, que justifica aqui toda a sua concepção. Expectativa milenarista presente também de várias formas: • Em certos círculos marianos. Ex: Fátima, Akita, Medjugorje. Muitas profecias mariânicas, de que o séc. 20 é uma época final e decisiva. Com ameaças: “se vocês não...” Nas milhares de mensagens mariânicas, desde meados do séc. 19, se encontra uma idéia central claramente apocalíptica. • Algumas declarações de João Paulo II: “luta final entre Igreja e a anti-Igreja, evangelho e anti-evangelho” • Novo catecismo n. 676, um pano de fundo apocalíptico milenarista está presente até nele.
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Milenarismo e Pentecostalismo • O Fundamentalismo Americano - Princípio chave: Interpretação textual da Bíblia. Por causa disso não se pode falar da Teoria da Evolução, mas se deve ensinar aquilo que está na Bíblia. Idéias Básicas: Estamos nos aproximando do último milênio. A volta de Jesus acontecerá logo. A Parusia é breve. A volta e a parusia são um único acontecimento, interligados. Aqueles que nascem de novo pelo Batismo do Espírito Santo serão arrebatados corporalmente para o encontro com Jesus. Daí a importância do Batismo pelo Espírito Santo, que é a garantia de que passará por essa tribulação e será arrebatado junto com Jesus. Em companhia com outros “salvos”, assistirão ao espetáculo do holocausto (do fim do mundo). Especificamente para o fundamentalismo americano, temos ainda que: • Este holocausto acontecerá por uma combinação de desastre militar-nuclear, social e ecológico. • Aqueles que passaram pelo Batismo do Espírito Santo, receberão então o status de “elite”, no Reino de Jesus. • Este reinado a partir de Jerusalém, durará até o Juízo Final. (demorará 1000 anos até o Juízo Final. Eles distinguem o Fim do Mundo e Juízo Final por um período de 1000 anos). Com tal consciência, temos como conseqüência dessa concepção: • Trabalhar por uma reforma social é inútil! • O que importa é a conversão individual. • Através dela o indivíduo se prepara para vencer o mal e chegar ao Fim. • O mal pode ser identificado na figura de SATANÁS, um ser sobrenatural. Escatologia
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No fundamentalismo americano há ainda outras manifestações de Satã que são bem acentuadas. As manifestações de Satanás se encontram: No Comunismo, no Islamismo (que é atualmente a grande personificação do mal no fundamentalismo americano. Cruzada contra o mal = Cruzada contra o Islamismo.), no Feminismo, na Nova Era, na Teologia da Libertação (opinião acentuada no Fundamentalismo Americano). Neste discurso sobre Satanás, o Fundamentalismo reativa uma Chamanismo latente em muitas culturas da AL. Demônio não tem nada a ver com Satã e (que na tradução para o grego é: Diabo). Demônio não é um ser pessoal, mas uma energia maléfica apessoal. Satã é pessoal e tenta explicar a origem do mal. No Neo-pentecostalismo essas ideias se misturam. Na Babilônia há uma acentuada demonologia, que entraram nos textos bíblicos. Crítica a partir do paradigma escatológico. Crítica ao Milenarismo: O grande objetivo do pensamento escatológico não é falar de fim do mundo, mas o objetivo da Teologia Apocalíptica é a reflexão de qual é o projeto que Deus tem com relação a esse mundo. Escatologia não é um itinerário apocalíptico. Não é uma reportagem sobre acontecimentos de um futuro predeterminado por Deus. A escatologia se interessa pelo presente a partir do futuro. Escatologia cristã: • Reflexão sobre o futuro a partir de JC e a partir das experiências históricas que o povo de Israel fez com Deus. • Tentativa de interpretar a partir destas experiências o presente. • Tentativa de formular impulsos para a transformação deste presente a partir do Projeto de Deus (Que é o Reino de Deus). • O Projeto de Deus visa a SALVAÇÃO e não a destruição do mundo! Escatologia
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Como transformar esse mundo para que se torne o Reino de Deus? Essa é a questão... A interpretação milenarista da Apocalíptica falsifica o seu caráter utópico e transformador. O papel verdadeiro dos apocalipses não é indicar datas e contar anos! Os apocalipses tem um caráter utópico e transformador. O seu papel é: • Reconstruir a consciência do povo. • Desmascarar a realidade (“chama o império de ‘besta’ e trata Roma como ‘meretriz’) • Manter viva a utopia de todos aqueles que lutam contra qualquer tipo de idolatria e a opressão. • Manter viva a esperança num deus que destrói os impérios e entrega o poder ao povo. • Manter viva a utopia de todos os pobres e oprimidos, de que será possível restaurar s ordem de Deus, contra a ordem dos “animais”. Todas essas dimensões utópicas estão sendo neutralizadas ou falsificadas pelo MILENARISMO! Não se tem um verdadeiro pensamento apocalíptico ou escatológico, está assim se perdendo o fogo transformador: o pensamento utópico! É preciso conscientizar para recuperar essa força transformadora! O período a partir de Jesus Cristo: REINO DE DEUS - A grande proposta alternativa Jesus fala constantemente de Reino de Deus. E nós? Quantas vezes falamos de Reino de Deus? O que é Reino de Deus em Jesus Cristo? Desafio para hoje: Contra o reducionismo de um milenarismo apocalíptico, devemos recuperar o SIGNIFICADO ORIGINAL do projeto histórico do REINO DE DEUS.
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Para muitos o Reino de Deus começa depois da morte. Não sabem que Reino dos Céus e Reino de Deus é a mesma coisa. Mateus escreveu o seu evangelho para comunidades judaicas, no judaísmo não era mais costume naquela época, nem se pode pronunciar o nome Deus. Em vez de dizer Reino de Deus, Mateus usa Reino dos Céus, que é exatamente a mesma coisa que marcos e Lucas chamam de Reino de Deus. Depois da morte entramos no Reino de Deus, separando completamente deste mundo – outra inverdade. É preciso superar essas concepções falsas. As pessoas frustradas de hoje precisam mais do que nunca de esperança: Espaço para falar de REINO DE DEUS, uma situação conforme os critérios humanos de Deus. Perdemos as utopias, o único que ainda formula alguma utopia é o neo-liberalismo. Estamos diante de um vácuo de utopias. Momento mais adequado para falar de Reino de Deus. Reino de Deus: • Utopia e mais do que uma utopia! Utopia é um projeto histórico para um futuro melhor, projeto que é formulado por um grupo ou pessoa, tem origem humana. No projeto de Reino de Deus é Deus quem está por trás desse projeto, que contém as dimensões utópicas. • Antropocêntrica, mas vai além de todo antropocentrismo. Quer construir um futuro para as pessoas humanas. O Reino de Deus não termina com o futuro melhor para os homens, mas o último fim desse projeto é Deus Ele mesmo. Deus é o fim da história. Ampliase a perspectiva para a dimensão transcendente sem esquecer a história concreta. Reino de Deus une assim: mantém aberta a perspectiva do transcendente, mas mantém viva a consciência de que o projeto de Deus se realiza dentro da realidade concreta, perspectiva esta que pode abrir novos horizontes de esperança. • Abre o olhar para uma dimensão transcendente, sem esquecer a realidade histórica concreta. Escatologia
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A mensagem do Reino de Deus pode abrir novos horizontes de esperança. Reino de Deus: uma grande utopia num mundo que perdeu as utopias. Jurgen Molttman – Reino de Deus não é uma ideia afastada do mundo, mas uma esperança para o futuro da Terra. Ela se opõe de maneira polêmica a todas aquelas forças que agora lutam pelo poder sobe o mundo oprimindo a maneira de “animais” todo o humanismo. Perguntas que seriam feitas numa prova.... 1) Em que sentido, uma escatologia milenarista apocalíptica contém o perigo de se tornar alienante? O perigo reside no fato de criar uma expectativa de uma consumação, juízo final desconsiderando que o Reino não é algo que chegará num escaton, mas uma realidade que deve ser construída pelos homens. Torna-se inútil, na escatologia milenarista o trabalho social, o importante é a conversão pessoal, cria-se uma idéia de destino previamente traçado. 2) Em que consiste a escatologia apocalíptica? Quais as conseqüências históricas? Escatologia Apocalíptica: O novo futuro de Deus é obra exclusiva de Deus, que só é possível sob a destruição do mundo atual, o totalmente novo se realizará após o fim da história concreta atual. Esse futuro não é um processo, pensa a história com uma ruptura total. Na concepção profética o futuro depende da realização do povo, não é predeterminado, o que favorece um engajamento social uma busca pela transformação da sociedade, ao passo que a concepção apocalíptica leva a uma alienação: mudar para quê se tudo vai acabar? 3) Quais são as conseqüências no nível psico-religioso, da passagem de um modelo escatológico profético, para o modelo apocalíptico? Ambas as teologias conseguem manter viva a esperança e a confiança em Deus. Uma esperança APESAR DE TUDO, apesar de todas as atuais desgraças: A teologia profética pensa em termos Escatologia
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de transformação do antigo no novo. A Teol. Apoc. pensa em substituição do antigo pelo novo. Ambas falam que algo totalmente novo vai surgir, a diferença é COMO. Porém na passagem para o modelo apocalíptico uma diferente concepção de Deus é criada: um Deus intervencionista, que age na história sozinho, sem necessidade da colaboração humana, aliena o homem que não se interessa mais pelas transformações sociais. Os Apocalipses se baseiam num estrito determinismo histórico. Tudo está previsto de antemão! Reino de Deus na concepção de Jesus: A grande alternativa de esperança, contra a teologia restrita e legalista do templo. A concepção jesuânica de Reino, revela um caráter alternativo, uma possibilidade diferente frente as expectativas vigentes na sua época. Sua concepção é original. Jesus não se encaixa nas concepções de Reino de Deus de sua época, que eram: • Apocalíptica – de fim do mundo • Templo • Essênios • Profética A expectativa apocalíptica: • Transformação escatológica = FIM DO MUNDO. • Esse fim é eminente. • Depois desse fim surgirá o Reino de Deus. (o fim do mundo é précondição para o Reino começar). • Esse Reino é obra exclusiva de Deus. (4Esdras 4,35 Dn 8,13; Ap 6,10) Jesus não entra na perspectiva apocalíptico-milenarista de Reino de Deus. Jesus diz: • O Reino de Deus já começou. Coloca-se assim em oposição total a expectativa milenarista de reino de Deus, onde o Reino só Escatologia
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podia começar após o fim do mundo. Tempo é uma justaposição de épocas, para uma época começar a anterior precisa terminar. Jesus não entra nessa perspectiva e diz que já começou, sem a prévia destruição do mundo, eliminando assim esse elemento chave da perspectiva milenarista. • Homens e mulheres estão sendo chamados para colaborar na construção do Reino. (“Vem e segue-me!”) • De Fim do mundo nem fala. Que é um tema central da Teologia apocalíptico-milenarista. Simplesmente não é tema para Jesus. Frente ao modelo apocalíptico, Jesus não se encaixa neste modelo e volta ao modelo escatológico dos profetas, mas sem medo e sem cobranças legalistas! O Templo no tempo de Jesus: • O reino de Deus vem pela observância escrupulosa da lei. Antes do Reino começar todos devem observar a Lei, que é pré-condição para a vinda do Reino. Quem não observa a Lei se torna assim um obstáculo à vinda do Reino de Deus. Um legalismo acentuado. Atrás desta convicção da observância restrita da Lei vem esse pensamento de précondição... • Jesus ao contrário acentua a misericórdia, e não os sacrifícios (que são a conseqüência direta da não observância da lei, os sacrifícios são os meios para retornar ao estado de graça. Jesus coloca de lado toda essa concepção.). • A vida do homem, para Jesus está acima da lei. Está no centro para Jesus, a vida do ser humano e não a Lei. Jesus não observa a lei em muitas ocasiões, tornando-se assim aos olhos dessas pessoas um obstáculo à vinda do Reino. Jesus não observa uma das mais importantes leis: a lei do sábado. Jesus cura no sábado, anda mais do que 1999 passos ... Em resumo: Jesus não se encaixa na perspectiva legalista do Templo.
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Expectativa política: • Reino = Expulsão dos Romanos = Restauração da Independência. • Jesus não é o messias político que os essênios esperavam. Expectativa escatológica dos Profetas: • O Reino (de paz e justiça) vem depois do JULGAMENTO SOBRE OS ÍMPIOS E INFIÉIS. (Is 61,2...) • Acentuação da expectativa de um Messias. • Este Messias perde progressivamente as características de poderoso, e se aproxima do humilde, do servo, do pobre. (Zc 9,9 = O Messias vem como pobre montado num jumento). Mq 5,1-5; Ez 34,23s; Sf 1, 14-18;2,1-3;11,20; Is 2,4;11,6ss;25,8; 61,2;65,17). • Identificação da Mensagem de Jesus pelo menos parcial com a concepção profética. Jesus fala também de um juízo, mas não de um juízo final (veremos isso posteriormente). Na sua concepção de Reino de Deus Jesus não fala de um fim do mundo, como catástrofe cósmica, não entra nessa perspectiva apocalíptica de destruição do mundo. O grande tema de Jesus é o reino de Deus, não incentiva para esperarem uma destruição apocalíptica. Jesus nunca indica datas. Ao contrário, tem uma visão processual da história, no decorrer do qual o Reino de Deus está se formando, através de uma contínua conversão. Jesus modifica o modelo profético eliminando a ameaça de um juízo. “Dia da ira e da vingança de Yahweh”. Juízo dentro da história, sobre os ímpios... Em Jesus nunca encontramos essa concepção... Teologia profética sempre fala de algo no futuro: virá! No futuro reinado de Deus! Jesus não fala de futuro. Jesus diz: O Reino de Deus já começou! O Reino já está presente! Jesus vai assim além da expectativa profética e supera a expectativa apocalíptica (onde o Reino só começará após destruição desse mundo).
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O Reino de Deus é um processo dinâmico e dialético dentro da história (Jesus volta a essa idéia profética). Esse processo é conflitivo, há forças opostas, que se contrapõem, mas apesar disso o processo vai pra frente: • Grãos que germinam e crescem (Mc 4,26; 4,30; Lc 13, 18; Mt 13,24ss) • Fermento que transforma a massa • Uma propriedade, onde servos devem fazer render dinheiro Já é um processo presente dentro da história, já começou! Características básicas do Reino de Deus em Jesus (no seu agir e nas suas palavras): • Jesus = Deus • O agir de Deus = O agir de Jesus. No agir de Jesus se revela aquilo que é Reino de Deus. • Ali onde Deus age é REINO DE DEUS. Se em Jesus encontramos Deus agindo. No agir desse Deus encarnado se realiza o Reino de Deus, cf. Lc 11,20 – Se expulso os demônios pelos dedos de Deus, é que chegou o Reino de Deus até vós. No agir de Jesus se destacam 4 campos de ação (4 níveis estruturais do agir de Jesus): • Cura doentes • O perdão dos pecados • O agir em favor dos pobres • A ressurreição dos mortos Deus age na história de modo bem determinado: TRANSFORMANDO SITUAÇÕES DE MORTE EM SITUAÇÕES DE VIDA! Um doente está em situação de morte: psicológico, espiritual... Impuro... Quando cura, transforma a situação de morte em situação de vida.
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Os pobres na Teologia do Templo são pecadores, mortos aos olhos de Deus. Jesus se situa ao lado dos pobres, opta pelos pobres. Demonstra de maneira palpável e vivível que a concepção do templo é falsa. Jesus é o Deus encarnado, situa-se ao lado do pobre, mostrando que Deus se interessa pelo pobre, que são os Bem-Aventurados. No agir de Jesus se tornam realidade as antigas profecias sobre o Reino de Deus! Confirmando assim que é o Messias. Ao mesmo tempo revela o Reino de Deus. Quando Jesus fala da vida ele fala da vida como um TODO! Vida se vê de forma circular, com suas várias dimensões e nenhuma delas tem mais valor que a outra. Vida é o conjunto dessas dimensões sem hierarquização. Mt 11 e Lc 4 - Será que você é o Messias? Jesus recorre ao texto messiânico de Isaías que profetizou como será a situação quando Deus reina. Com Jesus todas as profecias se tornaram realidade! Jesus é o Messias! O Reino de Deus já começou! Comparar Mt 11, 3-5 e Lc 4, 13 – 19: • Em Mt os cegos recuperam a vista, os coxos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam, aos pobres é anunciada a Boa Nova. (cf. Isaías 29,18; 35,5ss – Colocam na boca de Jesus esse texto que tem 2 significados: quando tudo isso acontece, então o reinado de Deus começou, o Messias chegou). Quando o Reino realmente começa vai além de todas as expectativas, até da expectativa do profeta, supera toda a expectativa: acontecem coisas que nem o profeta Isaías poderia imaginar. É tão grandioso que nem Isaías inclui isso. O Reino de Deus de verdade começa em Jesus. Jesus concretiza as profecias sobre o Reino, e as supera. • Em Lc a proclamação da libertação dos cativos, aos cegos a recuperação da vista, liberdade os oprimidos, proclama um ano de graça do Senhor. (cf. Is 61, 1-4). Jesus faz tudo isso. Jesus concretiza as profecias sobre o Reino. Jesus vai aqui também além das expectativas proféticas. Jesus deixa de lado o 5º versículo, que fala da ira de Javé. Só fala do elemento positivo, o elemento negativo Jesus deixa de lado.
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O profeta anuncia os sinais do Reino. Uma absoluta minoria dos judeus acreditou nisso. O sistema dominante não aceitou. Se você aceita que Jesus é o Messias, converte-se, mude de concepção. Paulo chama de cegueira coletiva, chama os judeus de cegos: vocês vêem e não vêem... A característica estrutural de reino de Deus Jesus é DEUS ENCARNADO, no agir da Jesus acontece o Reino de Deus. No agir de Jesus situações de morte são transformadas em mais vida. Jesus não fala da ira e da vingança de JAVÉ. Vem e segue-me (Mc 1, 17; 2,14; 10, 21) = Vem e faça o mesmo que eu faço, ajam também dessa maneira. Jesus convida para imitar o seu próprio agir. Reino de Deus não acontece só no agir de Jesus. Reino de Deus acontece também quando homens e mulheres agem assim, como Jesus agiu: situações de morte transformadas em situações de vida. Seguir Jesus= trabalhar para que o Reino de Deus comece já, aqui e agora. O reino de Deus como Jesus explica: • Supera toda opressão; da doença, o povo estava oprimido pela lei proclamada pelo templo em nome de Javé. • Começar a agir no concreto. O Reino de Deus começa na situação concreta, não é algo que começa no futuro, mas sim hoje, no concreto do agora. Esse começar do Reino de Deus abre para novos horizontes de vida, principalmente para aqueles cuja vida estava restrita, os pobres. Abre-se um novo horizonte para essa imensa categoria de pobres. a teologia do templo dizia que esse pobre é que impediam a vinda do Reino de Deus, porque não conseguiam observar a lei. Jesus abre ai nova dimensão de vida para esses pobres. • Abrir novos horizontes de vida A Torah A Torah é uma abertura, abre-se para mais VIDA. Mas na época de Jesus está sendo interpretada pela Halaká (a interpretação da lei). Às vezes a Torah é chamada de LEI, as vezes a haEscatologia
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laká é chamada A LEI, as vezes as duas. Jesus refere-se à Torah. Jesus nunca transgride a Torah, mas em várias ocasiões ele transgride a Halaká, que possui 613 leis. Quem transgride a Halaká é considerado morto aos olhos de Deus. A lei, na época de Jesus era um sistema que oprimia o povo. Quando olhamos as transcrições da Halaká, Jesus transgride em pontos onde ela se torna especialmente opressiva, Claro exemplo: não se pode curar no sábado. Quando olhamos como Jesus faz acontecer o Reino de Deus encontramos sempre de novo estes valores acima da Halaká: • Justiça • Amor • Fraternidade • Verdade • Paz • Misericórdia Que são os 6 grandes valores do Reino de Deus (já presentes no livro de Daniel). Sinal da presença do Reino de Deus, é uma convivência social, marcada por mecanismos e estruturas com esses 6 grandes valores. Sacrifício, tal como visto no tempo de Jesus é consequência do legalismo. A transgressão da lei exige o sacrifício para voltar ao estado de graça. Misericórdia é o que Jesus prega. Na mensagem da proximidade do Reino de Jesus retoma e radicaliza a mensagem profética sobre o paralelismo entre: • Honrar a Deus / justiça frente ao irmão. • Reino de Deus em plenitude / Reino se antecipa na solidariedade incondicional com o outro, de maneira especial: pobre, oprimido, excluído, pecador. Jesus radicaliza a mensagem profética, sobretudo no aspecto de dar honra a Deus no momento em que se constrói a justiça Escatologia
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frente ao irmão. Na parábola do Bom Samaritano se fala da importância de cuidar do irmão. A parábola mostra qual é o verdadeiro serviço (sacrifício) que agrada a Deus. Vale relembrá-la! (Lc 10,25) Levantou-se um doutor da lei e, para pô-lo à prova, perguntou: Mestre, que devo fazer para possuir a vida eterna? Disse-lhe Jesus: Que está escrito na lei? Como é que lês? Respondeu ele: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu pensamento (Dt 6,5); e a teu próximo como a ti mesmo (Lv 19,18). Falou-lhe Jesus: Respondeste bem; faze isto e viverás. Mas ele, querendo justificar-se, perguntou a Jesus: E quem é o meu próximo? Jesus então contou: Um homem descia de Jerusalém a Jericó, e caiu nas mãos de ladrões, que o despojaram; e depois de o terem maltratado com muitos ferimentos, retiraram-se, deixando-o meio morto. Por acaso desceu pelo mesmo caminho um sacerdote, viu-o e passou adiante. Igualmente um levita, chegando àquele lugar, viu-o e passou também adiante. Mas um samaritano que viajava, chegando àquele lugar, viu-o e moveu-se de compaixão. Aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando nelas azeite e vinho; colocou-o sobre a sua própria montaria e levou-o a uma hospedaria e tratou dele. No dia seguinte, tirou dois denários e deu-os ao hospedeiro, dizendo-lhe: Trata dele e, quanto gastares a mais, na volta to pagarei.
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Qual destes três parece ter sido o próximo daquele que caiu nas mãos dos ladrões? Respondeu o doutor: Aquele que usou de misericórdia para com ele. Então Jesus lhe disse: Vai, e faze tu o mesmo. Vem o sacerdote, que serve a Deus no templo, não tem o coração duro, está frente ao dilema: se toco a pessoa com sangue, torno-me impuro frente a Deus – não posso mais entrar no templo, não posso mais servir a Javé no Templo. O que é mais importante: servir a Deus no Templo ou servir a esse samaritano? Por isso ele vai embora. O levita (povo sacerdotal) é a mesma coisa. A mensagem: o verdadeiro serviço a Deus não é o serviço ao templo, mas servir a esse irmão. O reino de Deus não se manifesta no futuro, mas na realização frente ao seu irmão e a sua irmã. O reino de Deus se realiza na ação de Jesus, numa solidariedade incondicional frente ao outro, frente aquele que precisa dessa solidariedade. Todo agir de Jesus se situa dentro do meio de pobre, oprimidos, excluídos, pecadores. Aí é que se realiza o Reino de Deus. A pregação jesuana do Reino está ligada a uma dupla CONVERSÃO: O Reino de Deus está próximo – CONVERTAM-SE! (Mc 1, 14-15). 121 vezes nos sinóticos. Chamado a conversão: nós sempre compreendemos esse termo, em termos morais. O lado individual, moral da conversão. Jesus fala neste sentido, mas também em termos estruturais. O chamado a conversão, se dirige também as expectativas falsas daquilo que é Reino de Deus. Convertam-se! Mudem de concepção! Compreendam que Reino de Deus não é assim, como vocês imaginavam! Mudem as falsas concepções de Deus! Mudem falsas mentalidades religiosas que estão restringindo a religião na dimensão espiritual! Ex: A primeira característica que o povo coloca em Deus é que é todo-poderoso. É verdadeiro, mas Deus não está interessado em ser conhecido, sobretudo dessa forma. Essa característica da onipotência foi acentuada em primeiro lugar durante séculos. Deus tem uma infinidade de características e revela algumas a nós. Quando Deus se revela a nós da forma mais clara, em Jesus Cristo, Ele não se revela a partir da caEscatologia
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racterística do poder, Deus opta por ser conhecido, se revela, como humilde, um Deus que se coloca a serviço, que se situa ao lado do homem. Essas características são assim também características de Deus. Durante séculos isso foi ignorado, não foi negado, mas preferiu-se omitir esses aspectos. Falar de um Deus que lava os pés de seus seguidores, falar de um Deus humilde, isso incomoda muito, pois isso também nós podemos fazer. Podemos justificar toda e qualquer atitude de poder. Deus quer ser conhecido da maneira como ele se mostra a nós em Jesus Cristo. A Igreja que segue a Jesus Cristo, é uma Igreja que serve, lava os pés de seus integrantes. Jesus nos chama a repensar as nossas estruturas e quando as estruturas não correspondem aos 6 valores – convertam-se! Na sua concepção de reino de Deus, Jesus apresenta uma alternativa contra as especulações de Sua época sobre de um FIM DE MUNDO: O reino de Deus está próximo. Não temporal, Mas espacial! A proximidade do reino de Deus, porém , é uma última oferta de salvação por parte de Deus. Há uma diferença fundamental entre João Batista (o profeta da penitência e da ira eminente de Javé- anuncia o fim e a irrupção do juízo, como dia da ira de Javé) e Jesus (o profeta da esperança – Anuncia que a proximidade do Reino é uma última e decisiva oferta de salvação que nos vem por parte de Deus.) Somos chamados a recuperar essa concepção, pois dentro da conjuntura atual acontece uma volta à perspectiva de João Batista, uma mensagem de penitência, de medo. A mensagem de Jesus é uma mensagem de salvação. O chamado de Jesus é viver conforme as opções deste Reino de Deus, apresenta uma maneira de viver alternativa à maneira dos Reinos dos Animais. (cf. Daniel) • Nesta maneira de viver se tornam visíveis, características do projeto histórico de Deus. Escatologia
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• Os cristãos são chamados a começar já a viver conforme essas características. • Nisso se acende a esperança transformadora. Em Jesus ela volta dentro de uma perspectiva escatológica de Reino de Deus. Essa esperança é transformadora. Ou “CONVERSÃO” na linguagem utilizada... Alternativa do Reino se torna concreta, se torna ativa na atitude de Jesus frente às estruturas religiosas de sua época. Jesus recupera o SISTEMA RELIGIOSO DA GRATUIDADE, ofuscado pelo paradigma sacerdotal do templo, que era marcado pelo legalismo, ritualismo, atitude de dever... Deus era apresentado como um Deus frente ao qual o ser humano tem deveres. Frente a esse sistema Jesus apresenta uma concepção religiosa alternativa: Misericórdia quero e não sacrifícios. Frente a esse ritualismo, de uma ideologia da pureza, que exigia a observância escrupulosa de tantos rituais.... Jesus não observa esses rituais de pureza. Jesus apresenta um Deus que não cobra, mas se oferece como dom e graça. A palavra chave é a gratuidade de Deus. Jesus recupera o tema da gratuidade (que marca todo o deuteronômio). O caráter alternativo do reino se torna ativo a partir das 5 opções de vida de Jesus Nestas opções de VIDA vemos o Reino de Deus acontecer: • Opção preferencial pelos pobres – Jesus nasce, vive e morre pobre. 80% da população eram pobres na época de Jesus por causa da excessiva tributação. O Templo tem o papel de arrecadar os tributos: 46% para os romanos, 10% para a casa de Herodes, 14% de tributo para o Templo. Para poder arrecadar isso desenvolve toda uma argumentação teológica: o homem frente a Deus tem deveres, tem obrigações – uma delas é pagar o tributo, que é assim um dos elementos que oprimem o povo. Os pobres não conseguem pagar o imposto. Eles se tornam pobres por causa dos excessivos tributos. Havia assim cada vez mais profissionais do sexo (prostitutas). O templo desenvolve uma teologia que diz que quem é pecador está fora da graça de Deus, está morto aos olhos Escatologia
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de Deus. Os pobres não conseguem pagar os impostos, não conseguem corresponder a seu dever, são pecadores, e como tais estão mortos aos olhos de Deus. Como pecadores estão excluídos – é dentro deste contexto que temos que ver a opção pelos pobres no agir de Jesus. “Bem aventurados os pobres – é de vocês os reino de Deus” – para a época, e para os fariseus e Saduceus, isso era um escândalo, porque contradiz de maneira frontal a teologia do sistema religioso da época, que dizia que a pré-condição para o Reino é a observância escrupulosa da Lei. Logo, os pobres por não conseguirem fazê-lo, impedem a vinda do Reino. Jesus vem e diz o contrário, mostra uma perspectiva diferente: Quando Deus reina ele está ao lado dos pobres: Reino de Deus é ausência de exclusão. • Opção pelo serviço e contra o poder. – Essa teologia é o princípio latino-americano que influencia a Teologia da Igreja mundialmente. Quando Deus reina o que vale é o serviço e não o poder. Valor do lava-pés (segunda mais chocante revelação de Deus! – Deus que lava os pés de seus seguidores). Quem quiser ser grande, então se torne um servidor de todos. Essa palavra questiona toda a estrutura de poder. O que vale no Reino de Deus é o serviço, incitado pelo Amor, pela misericórdia, pelo olhar constante sobre o próximo. Isso vale em todos os níveis. • Opção pela misericórdia e contra o legalismo religioso. – Misericórdia quero e não sacrifício. O Reino de Deus se realiza no agir de Jesus. O agir de Jesus se manifesta na misericórdia, que é a grande alternativa contra uma atitude religiosa, político, social, legalista. Por causa do legalismo se pisa em cima do coração das pessoas. • Opção pela justiça e contra toda e qualquer opressão. – Onde Deus reina, não existe opressão. Ao ser questionada Sta Teresinha: podemos ter esperança de que ninguém esteja no inferno? Sim, como possibilidade existe! A grande reflexão teológica dos últimos 20 anos é essa esperança de que talvez ninguém esteja numa tal situação que chamamos de inferno. A Teologia fundamental uma lista de argumentos para fundamentar essa esperança. Se um único homem vai ao inferno – Paulo diz que Deus então fracassou no seu projeto. Será que Deus se deixa fracassar? A Teologia desenvolveu todo um raciocínio sobe isso. Os piedosos estão preocupaEscatologia
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dos com onde está a justiça – parábola dos trabalhadores que no final recebem a mesma paga. Sabedoria divina – ciúmes porque eu sou bom? A questão não é justiça retributiva como o nosso sistema, a questão é o amor! Não posso fazer com o que é meu aquilo que quero? Você não recebeu o que foi combinado? Você está no céu! Então porque reclama porque eu sou bom? “fazer justiça significa defender o indefeso contra o seu perseguidor”. Onde essa justiça se realiza, aí o Reino de Deus começa. • Opção pela VIDA integral do homem. – “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” – Jesus fala da vida como um todo e não apenas da vida espiritual. A vida em todos os seus aspectos. O caráter alternativo do Reino se torna proposta de uma sociedade alternativa, onde reinem: justiça, amor, verdade, fraternidade, paz e misericórdia. Onde reina a verdade, se realiza o Reino de Deus.... e assim por diante... Jesus não propõe uma revolução violenta, diferentemente dos essênios de sua época. Jesus nunca entra nessa linha. “Todos os que usam a espada, vão pela espada morrer.”(Mt 26, 52). “Entre vocês não seja assim...” (Mt 10, 42 – 45. Também: Mt 23,11. Mc 9, 35; Lc 22, 25-26.) Uma sociedade desejada por Jesus deve ser baseada no serviço e na caridade. A Igreja do Brasil está seguindo este caminho de uma forma muito acentuada. Pois na nossa Igreja nós fazemos a experiência do servir. Por isso a Igreja Latino-americana se torna tão atrativa... Nós estamos no caminho! Quais são as atitudes alternativas? • Solidariedade incondicional vivida num mundo de competição e luta de poder. • Inversão total de valores dessa sociedade competitiva. Os últimos serão os primeiros. A perspectiva de Deus é a partir de baixo, a partir dos perdedores. (Mt 19, 30; 20,16; Mc 9,35; 10, 31) • Renunciar a dominação de homens sobre homens. (Mt 10, 43) • Subsitituir o poder pelo serviço. (Jo 13, 13-16)
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• Superação de todas as fronteiras sociais e classistas. (1 Pe 3, 8-9) A sociedade deve necessariamente ser uma sociedade igualitária, de irmãos e irmãs. • Uma sociedade igualitária, num mundo marcado pela luta de poder e prestígio. (At 2, 42; 4, 32) • O primeiro sujeito referencial são aqueles que a sociedade em geral exclui, reprime, rejeita. (Mt 25) • Uma convivência sem mentiras. • Misericórdia ali onde em geral está reinando a lei. • Não pode haver condenação, se antes, cada um não pergunta, se ele mesmo não tem pecado. (Mulher adúltera – os que têm as pedras na mão são os que se consideram piedosos. Estão convencidos de que jogando a pedra, fazem a vontade de Deus.) Só Jesus não, ele poderia... Aquele que não tem pecado, não joga, não condena, mas perdoa. Esta é a boa nova do Reino de Deus. •
Não existe culpa nenhuma, que não seja perdoada.
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Compartilhar tudo é a atitude normal.
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Um carrega os fardos do outro.
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Cada um pensa a partir do outro, não de si mesmo.
Onde e como estas propostas poderiam ser concretizadas? Os seguidores de Jesus investem em macro-estruturas. Toda macro-estrutura desenvolve poder. Desde o séc. IV, quando a religião se liga ao império, a religião investe em macro-estruturas. Por que nós queremos ser mais inteligentes do que Deus? Como é que Deus agiu? Deus investiu em micro-estruturas, desde o início – pequenos grupos que se espalham, que ficam pequenos e que agem dentro dessa sociedade. Micro-estruturas = pequenas comunidades agindo dentro deste mundo como fermento. As pessoas não vão mais atrás da Igreja, a Igreja tem que correr atrás das pessoas – esse é o princípio fundamental para toda ação evangelizadora. Temos que ir Escatologia
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onde estão as pessoas. Aí as pessoas tem que encontrar uma micro-estrutura de Igreja. Princípio da ação evangelizadora: voltar as micro-estruturas. Dinâmica dialética de um processo histórico que se realiza dentro do mundo. O Reino começa pelo esforço humano, pela colaboração do povo. “Vem e segue-me” = Faça acontecer o Reino de Deus. Nenhum esforço humano pode realizar Reino de Deus em plenitude. A plenificação do reino de Deu sé obra de Deus! Deus plenifica aquilo que nós começamos! Exemplo de que o agir começa no nível humano, mas é plenificado por Deus: Na missa, na Eucaristia, temos tantas dimensões de nossa fé. Dimensão escatológica da missa. A missa contém o agir humano e a plenificação por parte de Deus. Na 1 ª parte – preparação do pão e vinho (esforço humano). Chegamos, porém, a um limite: mais do que pão e vinho não podemos fazer. Mas se não fazemos isso, não há missa. Deus faz algo que vai muito além do que qualquer esforço humano poderia realizar. Isso é plenificação do que fizemos! Deus age em cima do que conseguimos, acolhe o fruto do nosso trabalho e o transforma em algo que vai muito além, plenifica assim o que fizemos. Na missa temos um 3º momento: Deus não transforma o pão para demonstrar o seu poder, ele o faz para devolver isso para nós: Comam e bebam! Essa plenificação que Deus realiza tem como objetivo: devolver a nós! Deus devolve esse mundo plenificado para nós, para que vivamos neste mundo totalmente transformado. Neste sentido a missa contém os 3 elementos da história do mundo. Dimensão escatológica da missa que se torna o grande sinal, o grande símbolo da história escatológica do mundo. Sendo assim, o Reino fundamenta 3 dimensões de esperança: • Dimensão individual – a conversão individual faz parte do que é formação do Reino de Deus. Os indivíduos começam a agir diferentemente, transformam legalismo em misericórdia, etc. O Reino
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de Deus começa pela conversão dos indivíduos. Mas vai além, o Reino tem uma dimensão social, existem muitas estruturas sociais. • Dimensão histórica • Dimensão social – Reino de Deus implica também a conversão dessas dimensões sociais. Dimensão estrutural do pecado que deve ser convertido, superado. Precisamos lembrar que por causa de uma catequese baseada no Concílio de Trento, toda conversão era centrada no indivíduo, se perdeu totalmente a dimensão de pecado social. (Em Aparecida – “estruturas de pecado”). Além do pecado individual estamos confrontados com pecados que vão além do indivíduo, ligados à estrutura de pecado. A dimensão estrutural também deve ser convertida, transformada. Isso também faz parte da construção de Reino de Deus. Reino de Deus é um processo – Jesus dá várias imagens que nos permitem melhor compreender essa dimensão processual: “O Reino de Deus é como fermento que se mexe na massa” – o resultado só vem em função do tempo. No tempo a massa cresce. O reino de Deus cresce! Não surge num dia, num mês... está crescendo e esse processo vai demorar ainda muitos e muitos séculos. A mostarda - espalha-se de maneira subterrânea, surge do sub-solo, uma vez que a semente pegou, é impossível de arrancar... Assim pode compreender! O Reino de Deus uma vez que “pegou”, é impossível de arrancar! Quando Jesus fala de Reino de Deus, fala sempre de conversão. “Convertam-se, o Reino de Deus está próximo!”. Converter tudo aquilo que é oposto: superar egoísmo, individualismo, recuperar atitudes de solidariedade, de amor... A dimensão individual da conversão faz parte da construção do Reino de Deus. Mas implica também essa dimensão estrutural: converter as estruturas político-econômicas. Superar estruturas de dominação, transformar estruturas de morte em estruturas de vida. Este chamado à conversão implica também as estruturas religiosas. Também somos chamados a uma constante transformação, nas estruturas religiosas, eclesiais... Onde também encontramos elementos Escatologia
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que não correspondem aos valores do Reino: Somos santos e pecadores. Naquilo que ainda é pecado, somos chamados a transformar. Ex: espiritualidades egoístas, onde me preocupo apenas com o EU, superar uma religiosidade alienante, que só se concentra nas coisas espirituais, do além... Que não estabelece ligação entre o projeto de Deus e as situações concretas onde as pessoas vivem. Onde tudo gira em torno de uma perspectiva cúltica, e não uma perspectiva de vida! Ampliar a perspectiva de vida das pessoas é a finalidade da vinda de Jesus (Jo 10,10). Jesus foi combatido sobretudo, e em primeiro lugar pela instituição religiosa. Através de uma linguagem religiosa se combate Reino de Deus, em nome de um falso deus se combate o Reino de Deus (RD). Neoliberalismo e seus 3 grande eixos para superar as frustrações: Consumo, sexo e religião. Propaga um certo tipo de religião, onde se busca o conforto espiritual, que produz fortes emoções! Exorcismos, manifestações, etc. Tudo isso para não conscientizar sobre o objetivo da religião que é transformar esse mundo conforme os critérios de Deus. Linguagem religiosa que tudo faz para desviar a atenção do objetivo de Jesus que é a construção do Reino. Ex: busca do lucro, do prazer, das “vantagens” a toda prova... Constantemente há esse conflito. É preciso constantemente discernir esses espíritos. Apesar de todo esse processo conflitivo: O processo de construção do Reino está em andamento. Vive-se a realização progressiva e processual do Reino, dentro da história! • Processo dialético conflitivo. • O reino pode ser combatido também com argumentos religiosos • Apesar de tudo, reino é a grande proposta alternativa de Jesus (“entre vocês não seja assim”) Mc 10,42 – 45; Mt 23,11; Mc 9,35; Lc 22, 25-26. • Reino, a grande sigla de esperança dentro da história (Quando Deus reina, tudo é possível!). Se Deus reina.... o impossível é possível. Nós somos capazes de realizar o impossível porque Deus está conosco! Escatologia
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A HISTÓRIA DO NOVO TESTAMENTO Da criação do mundo ao nascimento de Jesus A história do Novo Testamento começou muito tempo antes do nascimento de Jesus. Em realidade, só podemos entender bem muitos dos incidentes narrados no NT quando conhecemos esta longa história. Ela começa com a criação do mundo – incluindo Adão e Eva. Havendo eles pecado e desobedecido à ordem de Deus, deteriorou-se o meio ambiente perfeito em que foram criados. E assim tem início a história da redenção humana, operada por Deus - que culminou na vida, morte e ressurreição de Jesus. A história continua com Deus chamando a Abraão por volta do ano 2000 aC. Deus chamou Abraão para deixar o lar, dirigir-se a uma nova terra, e tornar-se o pai de “uma grande nação” (Gn 12.2-3) – Israel. Num período de tempo relativamente curto, os descendentes de Abraão acharam-se no Egito. Logo o número desses descendentes tornou-se uma ameaça a faraó – o governante do Egito - e ele ordenou que fossem escravizados. Foi nessa época que Moisés recebeu o chamado para tirar Israel da escravidão do Egito e conduzi-lo à terra Prometida de Canaã. Em seguida ao êxodo do Egito (cerca de 1450 aC) Israel recebeu a Lei – as leis e as instituições sociais que a nova nação devia observar, incluindo os Dez mandamentos. Recusando-se os temerosos israelitas a entrar na Terra Prometida conforme Deus ordenara, o Senhor os condenou a peregrinar no deserto, ao sul de Canaã, por mais de 40 anos. Josué, sucessor de Moisés, foi quem introduziu Israel na Terra Prometida. Esta conquista se fez com violência (o livro de Josué conta a história). Após a morte de Josué, “...cada uma fazia o que achava mais reto” (Jz 21.25), e foi necessário que Deus suscitasse juízes. Eles chamaram o povo ao arrependimento e derrotaram os opressores de Israel (o livro de Juízes narra a história). Monarquia em Israel Saul foi o primeiro rei de Israel. Davi, seu sucessor, escolheu Jerusalém como capital, fazendo-a ao mesmo tempo o centro político e espiritual da nação. Salomão o sucedeu; este consolidou o reino recebido de seu pai e construiu o grande templo de JeruEscatologia
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salém. Conhecido por sua sabedoria, foi também um dirigente insensato; seu amor ao luxo, às mulheres bonitas e às alianças políticas, tiveram efeito desastroso pra a nação. Após a morte de Salomão seguiu-se uma guerra civil sangrenta, e a nação dividiu-se em Israel ao norte e Judá ao Sul. Elas caíram na idolatria e no pecado, e Deus suscitou profetas – homens que declaravam a vontade do Senhor ao seu povo – para chamá-los ao arrependimento. Ambas as nações ignoraram as advertências dos profetas, e finalmente os inimigos destruíram ambas (Israel foi destruída pela Assíria em 723 aC e Judá pela Babilônia em 586 aC. Os seus dirigentes foram tomados cativos e enviados ao exílio). Mais tarde, muitos descendentes dos exilados regressaram à Palestina. Um grupo retornou em 538 aC e reconstruiu o templo; outro voltou em 444 aC e reconstruiu os muros de Jerusalém sob a liderança de Esdras e Neemias. Israel voltou à velha prática do pecado e da indiferença; e com o término do Período do Antigo Testamento, ouvimos a voz do profeta Malaquias condenando os caminhos pecaminosos do povo. Período Intertestamentário Os 400 anos decorridos desde a profecia de Malaquias até à vinda de Cristo são conhecidos como Período Intertestamentário. Os livros de Macabeus, que descrevem a revolta macabéia e o caos na Palestina, e os escritos de Josefo, historiador do primeiro século da era cristã, são as principais fontes de informação sobre esse período. O livro de Daniel deu uma visão prévia desses anos. Através dos olhos da profecia Daniel esboçou os principais acontecimentos políticos dessa época. Daniel viveu durante a ascensão da Babilônia como potência mundial. Ele viu o reino desaparecer e ser substituído pelo governo medo-persa. Em sua visão profética Daniel viu, portanto, a ascensão de outras grandes forças que dominariam o período intermediário dos Testamentos: Alexandre, os Ptolomeus do Egito, os Selêucidas da Síria, os Macabeus e os Romanos.
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A. O Último Período Persa ( até 331 aC). O AT encerra-se com o Império Persa ainda no poder. Ciro havia permitido aos judeus voltar à terra para reconstruir o templo (538 aC). Ester, judia, havia ascendido à proeminência no palácio do rei persa (470 aC). Esdras (456 aC) e Neemias (443 aC) haviam voltado ao país e instituído reformas. Nada aconteceu na Palestina de muito interesse internacional no restante do governo persa. O sumo sacerdote judeu governava o país e o ofício passou a ser altamente cobiçado. Ocorreram diversas disputas infames pelo posto. Numa ocasião um sumo sacerdote matou o irmão quando este buscava o posto para si. O governador persa ficou tão estarrecido por este ato que impôs uma pesada multa sobre a população. B. O Período de Alexandre Magno (335-323 aC). Ao governo persa seguiu-se a ascensão de Alexandre, o grande, ao poder sobre um vasto império, incluindo a Palestina. Filipe da Macedônia, seu pai, havia estendido o governo sobre toda a Grécia e se preparava para uma grande guerra com a Pérsia, quando foi assassinado. Sucedeu-o seu filho Alexandre então com apenas 20 anos de idade, e dentro de pouco tempo acabou com o poder da Pérsia. Em 335 aC Alexandre deu início a seu memorável reinado de doze anos. Depois de consolidar o governo em sua terra natal, ele rumou para o leste conquistando a Síria, a Palestina, o Egito e, finalmente, a própria Pérsia. Ele buscou conquistar terras mais ao leste, porém suas tropas se recusaram a faze-lo. Morreu na Babilônia em 323 aC. Em seus trinta e três anos de vida ele deixou um marco indelével na história. C. A Era dos Ptolomeus (323-204 aC). Ninguém sucedeu a Alexandre. Finalmente, quatro de seus generais dividiram o império. Dois deles, Ptolomeu e Seleuco I, envolver-se-iam no governo da Palestina. Depois de algumas lutas entre esses generais, o Egito caiu nas mãos de Ptolomeu Sóter. A PalestiEscatologia
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na também foi acrescentada ao seu quinhão. No início ele foi duro com os judeus. Mais tarde ele os empregou em várias partes de seu reino, muitas vezes em altos postos. Seu sucessor, Ptolomeu Filadelfo, foi um dos mais eminentes deles. Amável para com os judeus, promoveu as artes e desenvolveu o império em todos os aspectos. As Escrituras Hebraicas fora traduzidas para o grego durante o seu reinado na cidade egípcia de Alexandria. A Septuaginta, como se denominou essa versão, podia ser lida, em todo o império. Com o passar do tempo, cresceram as rivalidades entre os reis do Egito (Ptolomeus) e os reis da Síria (Selêucidas). A rivalidade atingiu o clímax nos reinados de Ptolomeu Filópater (222-204 aC) e de Antíoco o Grande, da Síria (223-187 aC). Filópater venceu a Antíoco numa batalha nas proximidades de Gaza. Em sua volta da batalha, Filópater visitou Jerusalém e decidiu entra no Santo dos Santos no templo. Embora o sumo sacerdote tentasse dissuadi-lo, ele fez a tentativa. Relata Josefo que ao aproximar-se do Santo Lugar, foi tomado de tal terror que saiu do templo. Visto que os judeus lhe faziam oposição, Filópaper retirou-lhes os privilégios, multou-os, e começou a persegui-los. Capturando em Alexandria todos os judeus que pôde, trancafiou-nos num hipódromo cheio de elefantes embriagados. Esperava que os elefantes caíssem sobre os judeus, esmagando-os. Não foi o que aconteceu. Enfurecidos, os elefantes escaparam, matando muitos dos espectadores. Filópater interpretou isso como um sinal de Deus a favor dos judeus e parou de persegui-los. Ao morrer, em 204 aC, sucedeu-o seu filho Ptolomeu Epifânio, com apenas cinco anos de idade. Antíoco o Grande, da Síria, aproveitou a oportunidade para arrebatar do Egito o controle da Palestina. D. O Período Sírio (204-166 aC) Os egípcios enviaram uma embaixada a Roma pedindo-lhe ajuda contra Antíoco. Acedendo ao pedido, Roma mandou um exército, que a principio não obteve êxito. Finalmente, porém, eles obrigaram Antíoco a evacuar toda a região ao ocidente e ao norte das montanhas do Taurus. Numa incursão ao oriente para fi-
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nanciar a guerra, Antíoco foi morto pelos habitantes da província de Elimais enquanto saqueava um templo de Júpiter. O reinado de seu sucessor Seleuco Filópater não apresentou nenhum fato de relevo. Mas com a ascensão de Antíoco Epifânio (“a manifestação de Deus”), teve início uma das mais sombrias épocas da história judaica. Onias, exercia o sacerdócio em Jerusalém quando Epifânio começou a reinar. Visto que os gregos desejavam helenizar os judeus, Epifânio vendeu o cargo de sumo sacerdote ao irmão de Onias, por trezentos e sessenta talentos. Onias fugiu da cidade. O usurpador mudou de nome; de Jesus passou a chamar-se Jasão, colaborando dessa maneira com Antíoco em seu esforço de impor a cultura e religião grega aos judeus. Os velhos costumes hebreus e suas práticas religiosas foram desestimulados; judeus foram enviados a Tiro a fim de tomar parte nos jogos em homenagem ao deus pagão Hércules, e em seu altar eram oferecidos sacrifícios. Finalmente, Menelau, outro irmão, fez oferta maior que a de Jasão pelo sacerdócio e intensificou o ataque ao judaísmo. Com a ida de Antíoco Epifânio ao Egito para sufocar o levante, correu o boato de que ele fora morto e os judeus começaram a celebrar o fato com grande alegria. Sabedor disso, ele voltou a Jerusalém, sitiou e tomou a cidade, e massacrou quarenta mil judeus. Para mostrar seu desprezo pela religião judaica, entrou no Santo dos Santos, sacrificou uma porca sobre o altar, e espargiu o sangue sobre o edifício. Por sua ordem o templo passou a ser templo do Zeus Olímpio; proibiram-se culto e os sacrifícios judaicos que foram substituídos pelos ritos pagãos. Proibiu-se a circuncisão, e a mera posse de uma cópia da Lei se tornou ofensa punível com a morte. Os judeus resistiram. Um homem chamado Eleazar, idoso escriba de elevada posição, foi morto porque se recusou a comer carne de porco. Um após outro, a mãe e seus sete filhos tiveram a língua cortada, os dedos das mãos e dos pés amputados, e lançados num tacho fervente. Um grupo de resistentes, em número aproximado de mil pessoas, foi atacado no sábado. Recusandose a quebrar as proibições sabáticas, foram mortos sem luta. Uma família de classe sacerdotal, chamada asmoneus, resistiu vigorosamente aos éditos. Escatologia
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Quando os emissários da Síria tentaram fazer cumprir os decretos de Epifânio, Matatias, pai da família chamada macabeus, recusou-se a adorar os deuses pagãos. Havendo-se apresentado outro cidadão para oferecer sacrifício no altar aos deuses pagãos. Matatias matou-o então ele conduziu um bando à região desértica onde Davi havia, por tantos anos, eludido a Saul. Aos poucos cresceu o número dos que se puseram ao lado dos macabeus. Os Sírios laçaram três campanhas contra esses fiéis judeus, uma pelo próprio Antíoco Epifânio; mas nenhuma teve êxito. Algum tempo depois morreu Epifânio e irrompeu a guerra civil. Judas Macabeu, que sucedera a seu pai Matatias, estendeu seu controle sobre grande parte da palestina, incluindo partes de Jerusalém. Três anos após o dia de sua profanação, o templo foi purificado e os sírios estabeleceram a paz com os judeus. E. A Era Macabéia (166-37 aC) Judas Macabeu não gozou de paz por muito tempo, e sem mais delongas apelou para os romanos, pedindo assistência contra a Síria. Judas morreu em combate antes de chegar ajuda, seu irmão Jônatas tomou-lhe o lugar. Por causa da fraqueza da Síria, Jônatas tornou-se o comandante da Judéia. Ao morrer foi sucedido por outro irmão, Simão, que também apelou para Roma em busca de socorro. Os romanos fizeram Simão governador da Judéia, e seu trono passou a ser hereditário. Por esse tempo os partidos dos fariseus e dos saduceus eram rivais. Simão teve como sucessor seu filho João Hircano, que primeiro se filiou a uma e depois a outra das seitas oponentes. Não demorou o estouro da guerra civil quando seus dois netos, Hircano e Aristóbulo, lutavam pelo trono vago por sua morte. Os romanos preferiram Hircano, e Pompeu, general romano, tomou Jerusalém de Aristóbulo. Os cercos, as batalhas, os homicídios e os massacres que se seguiram marcam um período de turbulência na história judaica. Embora presenteados com a oportunidade de restaurar Israel e uma posição de grande poder e influência, desperdiçaram-na com lutas entre famílias.
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F. A Dominação Romana (37 aC até o período do NT) Pompeu, Crasso e Júlio César reinaram sobre Roma como o primeiro triunvirato, mas Júlio César logo se tornou o governador único. Ele recolocou Hircano no trono em Jerusalém e nomeou a Antípatro, cidadão da Iduméia, como proucurador sob as ordens de Hircano. Os dois filhos de Antípatro, Faselo e Herodes tornaramse governadores da Judéia e da Galiléia. No ano seguinte Antípatro foi envenenado; três anos mais tarde Júlio César foi assassinado em Roma. Um novo triunvirato - Otávio (sobrinho de César), Marco Antonio e Lépido - passou a governar Roma. Antonio governava a Síria e o Oriente. Favoreceu a Herodes, e esta amizade levou essa família edomita à ascensão ao poder. Herodes casou-se com Mariana, neta de Hircano, e tornou-se parte da família macabéia. Mais ou menos por esse tempo surgiu um novo distúrbio no país. Antígono, filho de Aristóbulo, conquistou sucesso passageiro ao cortar as orelhas de Hircano, o sumo sacerdote, impossibilitando-o de exercer o ofício. Na luta seguinte Herodes foi pressionado por Antígono, e teve de fugir para a fortaleza chamada Masada em busca de segurança. Depois ele foi a Roma, descreveu aos romanos a desordem dominante, e foi nomeado rei. Antígono foi morto, e isso acabou para sempre com o governo dos macabeus ou asmoneus. Pouco tempo depois do suicídio de Antonio no Egito, Herodes estendeu seu poder na Judéia. Vivia sob o pavor de que um descendente dos macabeus subisse em poder para tomar-lhe o trono. Tendo Aristóbulo, irmão de Mariana, sido nomeado sumo sacerdote, sua popularidade fez com que Herodes mandasse afogá-lo. Mariana ficou enfurecida, e Herodes mandou executá-la. Nos anos seguintes ele tornou-se cada vez mais vingativo, e seus atos sangrentos provocaram a ira dos judeus. Para acalmar a hostilidade dos Judeus, ele deu início a um programa de obras públicas. Seu principal empreendimento foi a reconstrução do templo. Mas com isso não terminaram os problemas de Herodes, nem os da nação. Ele estava cercado por um grupo de homens que exploravam sua paranóia. Seus dois filhos, à semelhança de sua mãe Mariana, vítima da ira paterna, forma esEscatologia
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trangulados. Em certa ocasião um grande número de fariseus tiveram o mesmo destino. Outros atos igualmente sangrentos continuaram durante o seu reinado. Perto do fim da vida, esse governante dominado pelo medo ordenou o massacre dos infantes em Belém quando nasceu Jesus, o rival Rei dos judeus. Os governantes. Período 4 aC a 70 dC Os romanos permaneceram como governantes supremos da Palestina durante os tempos do Novo Testamento. A família de Herodes, juntamente com os procuradores romanos nomeados, governava sob a autoridade de Roma. O Novo Testamento inicia-se com o nascimento de Jesus. Herodes o Grande era rei, mas seu governo aproximava-se do fim. Os últimos anos de seu reinado foram cheios de conspiração e contra conspiração enquanto os membros de sua família disputava o poder. Poucos antes do nascimento de Jesus ele havia executado os dois filhos que tivera com Mariana. Outro filho, Antípatro, conspirou contra Herodes e foi executado apenas cinco dias antes da morte do pai, no ano 4 aC. Para os romanos Herodes foi um rei vassalo digno de confiança e capaz, mas para os judeus ele foi um tirano egoísta. Sucederam-no seus filhos. Arquelau (4aC - 6 dC) governou na Judéia. O menos estimado dos filhos de Herodes, ele foi cruel e despótico. As queixas dos Judeus contra ele finalmente o levaram ao exílio. Herodes Antipas (4 aC - 39 dC) foi nomeado tetrarca da Galiléia e da Peréia. Este orgulhoso e hábil governante foi menos brutal que Arquelau, mas assassinou João Batista que denunciara seu casamento com Herodias. Favorecido pelo imperador romano Tibério (14 - 37 dC), foi exilado no ano 39 dC por ordem de Calígula (37 - 41 dC). Filipe (4 aC - 34 dC), terceiro filho de Herodes, foi tetrarca das regiões da Ituréia e Traconites (Lc 3.1). Filipe parece ter sido um governante relativamente justo e benevolente. Sua capital era Cesaréia de Filipe (Mt 16.13; Mc 8.27), e as moedas que ele cunhou foram as primeiras moedas judaicas a trazer a efígie humana Escatologia
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(a de Augusto ou de Tibério). Morreu no ano 34 dC e seu território foi afinal acrescentado ao de Herodes Agripa I. Após o exílio de Arquelau, sua tetrarquia (Judéia, Samaria e Iduméia) foi governada por procuradores romanos (6 - 41 dC) Quirino, governador da Síria, chegou à Judéia no ano 6 dC a fim de alistar o povo para efeitos de tributação. Este ato provocou os patriotas da Judéia, mas as autoridades judaicas os acalmaram por algum tempo. Contudo, Judas, o galileu, liderou o povo na revolta contra os romanos e contra Herodes. Logo foi morto (At 5.37) é possível que seus seguidores constituíssem o partido dos Zelotes (Lc 6.15; At 1.13). Os procuradores da Judéia eram diretamente responsáveis perante Roma. Morando em Cesaréia, eles vinham a Jerusalém em ocasiões especiais, como as festas anuais. Augusto dava aos seus procuradores prazos curtos, mas Tibério os deixava no cargo por mais tempo, para que o povo não fosse explorado com tanta freqüência pelos recém-chegados. Pilatos foi o quinto procurador e também o mais conhecido por causa da crucificação de Jesus. Governante inflexível e severo, ele foi brutal para os judeus. Seu massacre sem justificativa dos adoradores samaritanos e outras execuções causaram-lhe a queda em 36 dC. Herodes Agripa I alcançou a proeminência em 37-44 dC e despojou os procuradores de seus poderes. Como herdeiro da família dos macabeus, ou asmoneus, e em virtude de sua observância da Lei, ele era estimado entre os fariseus. Esta estima ou popularidade era por sua hostilidade aos cristãos (At 12). Morreu repentinamente no ano de 44 dC, e seu reino voltou a ser governado pelos procuradores. As condições pioraram sob os procuradores até que precipitaram a rebelião judaica contra o governo romano em 66-70 dC. Fadus (44-46 dC) Cometeu o engano de reclamar a custódia das vestes dos sumos sacerdotes, o que resultou num breve levante. As vestes estiveram nas mãos dos romanos desde 6-36 dC, mas haviam estado nas mãos dos judeus desde 36 dC até o tempo de Fadus. Alexandre (46-48 dC) Crucificou os dois filhos de Judas, o galileu, Tiago e Simão, por se haverem rebelado.
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Cumanus (48-52 dC) Governou uma era até mais tumultuosa. Havendo um soldado romano feito um gesto indecente durante a Páscoa, irromperam levantes e diversas pessoas foram mortas. Noutra ocasião, um soldado fez em pedaços um rolo da Lei e Cumanus foi obrigado a executá-lo depois que uma multidão de judeus chegou a Cesaréia para protestar. Tais incidentes levaramno, afinal ao exílio. Félix (52-60 dC) Era francamente hostil aos judeus, e suas ações finalmente degeneraram em guerra. Suas drásticas providências para frear os zelotes, um grupo de patriotas judeus favoráveis à guerra contra os romanos, não fizeram outra coisa senão aumentar a popularidade do grupo entre o povo. Foi dentre eles que surgiram os sicários, ou assassinos. Esses judeus fanáticos assassinaram muita gente, incluindo o sumo sacerdote Jônatas. O Método de Félix de governar pelo terror e assassínio uniu os fanáticos com as massas e isto fez com que fosse chamado de volta a Roma. Festo (60-62 dC) Herdou uma situação descontrolada. Ele tentou pacificar o interior, a zona rural, mas o fervor dos fanáticos religiosos e políticos crescia. Festo morreu durante seu mandato, e em Jerusalém a anarquia predominou por completo. Foi nessa ocasião que mataram Tiago, irmão de Jesus. Levantaram-se sumos sacerdotes rivais, competindo pela autoridade; e seus adeptos travaram batalhas campais nas ruas. Albino (62-64 dC) Quando ele chegou a Jerusalém, deliberadamente agravou o problema para promover-se a si próprio em vez de tentar restaurar a ordem. Prendeu muitos, mas pôs em liberdade os que lhe dessem suborno bastante grande. Floro ( 64-66 dC) Relata Josefo que era tão mau e violento que fazia Albino parecer um benfeitor público. Floro saqueava cidades inteiras. Permitia aos ladrões que pagassem suborno para o livre exercício de sua profissão. Por conseguinte, a nação judaica caiu numa situação intolerável. Desde 68 até 70 dC eles travaram uma guerra heróica que terminou em trágica derrota em 70 dC, quando a cidade de Jerusalém e o templo foram invadidos e destruídos, conforme anunciado por Jesus.
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BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
BLANK, Renold. Deus na história. Editora Paulinas, 2005. BLANK, Renold. Escatologia do mundo. Editora Paulus, 2008. KEHL, Medart. O que vem depois do fim? Editora Loyola, 2001. RATZINGER, Joseph. Jesus de Nazaré. Da entrada em Jerusalém até a Ressureição. Editora Planeta, 2011. RATZINGER, Joseph. Jesus de Nazaré. Editora Planeta, 2007.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR SUGERIDA
B. MIEN, Aleksandr. Jesus, Mestre de Nazare. Editora Cidade Nova, 1998. MESTERS, Carlos. Paraiso Terrestre - Saudade ou Esperança. Editora Vozes, 1971.
B.M.M.C QUEIRUGA, A.T. Do terror de Isaac ao Abbá de Jesus. Editora Paulinas, 2001 Escatologia
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