53ª Divulga Escritor: Revista Literária da Lusofonia

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Sumário ENTREVISTAS Brasil Edson Martins...................................................................................................39 Fabiana Ballet....................................................................................................44 Helton Timóteo..................................................................................................50 João Ferreira Santiago......................................................................................56 Maria Viana.......................................................................................................68 Sergio Casella....................................................................................................77 Uranio Bonoldi.................................................................................................80 Victor Garcia Preto..........................................................................................89

PARTICIPAÇÃO ESPECIAL Claudia Coelho Projeto Brasil e Brasileiros conhecer para amar e respeitar

Pág.18

Marisa Luciana Alves..................................................................................38 Eduardo Maciel.........................................................................................41 Cândido Rodriguez....................................................................................42 Lilian Pedro................................................................................................43 Lorena Zago...............................................................................................46 Mirian Menezes de Oliveira.....................................................................47 Marta Maria Niemeyer..............................................................................48 Hélder Moura............................................................................................53 Dimas Oliveira..........................................................................................54 Rosa Maria Santos....................................................................................59 Osame Kinouchi........................................................................................64 Fernando Jacques – JAX...........................................................................70 Tito Mellão Laraya....................................................................................83 Flavio Joppert..............................................................................................92 QUEMP - Desenvolvimento Empreendedor elevado à máxima potência......................................................................................................94

COLUNAS Solar de Poetas......................................................................................39 Poetas Poveiros – parte 1 – Homenagem ao dia dos Pais..................74 Poetas Poveiros – parte 2 – Homenagem ao dia dos Pais..................78


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Shirley M. Cavalcante

Editora e Coordenadora do projeto Divulga Escritor

Revista Divulga Escritor Revista Literária da Lusofonia Ano VII Nº 53 Edição junho de 2022 Publicação Bimestral Editora Responsável: Shirley M. Cavalcante DRT: 2664 Diagramação: EstampaPB Para Anunciar smccomunicacao@ hotmail.com 55 – 83 – 9 9121-4094 Para ler edições anteriores acesse www.divulgaescritor.com Os artigos de opinião são de inteira responsabilidade dos colunistas que os assinam, não expressando necessariamente o pensamento da Divulga Escritor. ISSN 2358-0119

Com sucesso, chegamos à 53ª edição, da Divulga Escritor: Revista Literária da Lusofonia. Nesta edição, Claudia Coelho apresenta: Projeto Brasil e Brasileiros Conhecer para amar e respeitar, temos muitas homenagens aos papais, uma bela edição que vai te conquistar. Composta por mais de 30 escritores contemporâneos, divulgando os seus livros, por meio de entrevistas, textos em prosa e em versos... LITERATURA! Hoje, a revista Divulga Escritor é uma das principais revistas literárias da lusofonia, com conteúdo exclusivamente literário. O editorial se destaca por sua qualidade e profissionalismo. Distribuída gratuitamente para todos que acessam a internet, a revista tem alcançado um público leitor cada vez maior. Consolidada, vamos rumo a edição 54. Juntos, vamos ler e divulgar a revista literária da lusofonia e apoiar nossos escritores contemporâneos. Muito obrigada, equipe Divulga Escritor, e administradores dos grupos: Obrigada, José Sepúlveda, apoio em Portugal. Obrigada, Amy Dine, apoio em Portugal. Obrigada, Rosa Maria Santos, apoio em Portugal. Obrigada, Manso Preto, director do Minho Digital, apoio em Portugal Obrigada, Ilka Cristina, apoio no Brasil. Obrigada, Nell Morato, apoio no Brasil. Obrigada, Evandro, do Blog Atraentemente, apoio no Brasil. Obrigada a cada um dos escritores que participam contribuindo com suas maravilhosas trajetórias literárias, apresentadas nas entrevistas. Obrigada, a todos participantes, que mantêm o projeto vivo! Muito obrigada por estarmos juntos divulgando literatura, e juntos podermos dizer ao mundo: EU SOU ESCRITOR, EU ESTOU AQUI. Divulga Escritor: Revista Literária da Lusofonia, uma revista, colaborativa, elaborada por escritores, com distribuição gratuita, para leitores de todo o mundo. Boa leitura!


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Divulga Escritor Por Shirley Cavalcante (SMC)

Você Escritor Que pensa em publicar Não importa em que área atue Editor no momento de selecionar Vai escolher os livros melhores De comercializar. Leve em consideração que o Editor Na hora de editar Vai escolher os autores Que divulgam melhor o seu trabalho Para então os seus livros, A publicação financiar.

O gestor de uma empresa, Na hora de aceitar, O convite do escritor Para o seu livro apoiar, Os colaboradores comprar, Vai logo no Google, facebook, Informações do escritor coletar. Por isso escritor, Quanto mais e melhor divulgar, O seu trabalho literário, Maior chance de sucesso terás, E a sua carreira literária alavancar.

Você Escritor, Não deixe de divulgar, Entrevistas, resenhas, Artigos, textos, apresentações... Divulgar, divulgar, divulgar... Mais uma dica Literária, Agora vamos lhe dá, Ter foco no público-alvo, É sempre um bom caminho, a realizar, Pois, assim selecionarás empresas, eventos... Identificarás os gestores, Com foco e determinação, O apoio você irá encontrar, Com palestras o livro apresentar.

Vem para o projeto Divulga Escritor O seu livro divulgar, Entrevistas realizar, Textos apresentar, Amigos novos encontrar. Te esperamos para juntos Cada vitória comemorar! Vem com a Equipe Divulga Escritor, Que estará sempre por aqui, para juntos te divulgar!


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Sobre a “Divulga Escritor – Revista Literária da Lusofonia” por Dra. Alexandra Vieira de Almeida

Alexandra Vieira de Almeida Escritora e Doutora em Literatura Comparada (UERJ) Link para acesso a edição da revista com destaque para matéria de capa com a Dra. Alexandra https://issuu.com/smc5/docs/40_divulga_ escritor_revista_literar

O que dizer de uma revista que tem poucos anos de vida e já é um sucesso, tanto nacional quanto internacionalmente? Estamos falando da Divulga Escritor, uma Revista que enobrece a literatura lusófona. Nascida em 2013, tendo Shirley M. Cavalcante como jornalista e coordenadora deste projeto múltiplo e eficaz, o periódico tem se destacado por seu estilo ímpar e inovador. Prezando a qualidade e o profissionalismo, a Revista é um polo aglutinador que se expande para novos horizontes, trazendo à tona novos talentos e projetos voltados para o mercado editorial.

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O que dizer de uma revista que tem poucos anos de vida e já é um sucesso, tanto nacional quanto internacionalmente? Estamos falando da Divulga Escritor, uma Revista que enobrece a literatura lusófona. Nascida em 2013, tendo Shirley M. Cavalcante como jornalista e coordenadora deste projeto múltiplo e eficaz, o periódico tem se destacado por seu estilo ímpar e inovador. Prezando a qualidade e o profissionalismo, a Revista é um polo aglutinador que se expande para novos horizontes, trazendo à tona novos talentos e projetos voltados para o mercado editorial. A Revista desde seu nascimento preza pela elaboração de entrevistas especializadas, tendo como princípio conhecer, de antemão, o perfil do entrevistado. Assim, se torna mais pleno o domínio do foco almejado, com entrevistas bem elaboradas e questionadoras que revelam a beleza e especificidade do escritor divulgado. O foco divulgacional de cada profissional apresentado é conduzido com mestria pelas mãos eficientes de Shirley M Cavalcante, que com seu dom criativo e reflexivo, leva os entrevistados a se adentrarem no terreno de sua própria obra de modo magistral. A jornalista conhece como ninguém o domínio da palavra exata e essencial, não deixando nada a desejar aos grandes entrevistadores da grande mídia. Mas não só de entrevistas que a Revista se vale para divulgar a verdadeira literatura. A Revista também divulga textos literários, tanto no gênero prosa, como no gênero da poesia. Assim, podemos encontrar um leque diversificado de textos, como artigos, contos, crônicas, e poemas, sendo apresentados em todas as edições da Revista. Ela não tem patrocínio. Como então ela sobrevive em meio às dificuldades e crises em que vivemos, sem nenhum apoio das grandes empresas ou veículos de divulgação ou do próprio Estado? Ela se vivifica por um retorno colaborativo, pela união, pela fraternidade entre os participantes da revista. Todos colaboram para que a revista aconteça e apareça na mídia, com grande sucesso. E qual o grande retorno disto? A Revista é inteiramente gratuita. Isso mesmo. Para todos que acessam a internet, ela está disponível e bela como sempre, enobrecendo o trabalho destes profissionais admiráveis com grande destreza e importância. A Revista tem ampla divulgação em várias mídias, além de diversos apoios quando se fala em trabalhos personalizados por edição. Todas as edições da Divulga Escritor podem ser acessadas de forma gratuita. Este é o grande diferencial do periódico, uma publicação que se vale de sua maior importância em toda a lusofonia. Portanto, Shirley M. Cavalcante é uma desbravadora de mares infinitos, trazendo à público a força e a garra de uma mulher que não para e oferece um trabalho de extrema qualidade e confiança. A jornalista é um exemplo para todos aqueles que querem alcançar o reconhecimento de um trabalho perfeito e inigualável. A Revista Divulga Escritor tem verdadeiramente uma máxima importância, sendo a maior revista literária da lusofonia, divulgada e apreciada amplamente, tendo muitos seguidores. Vivas à Shirley M Cavalvante e seu trabalho esplendoroso.

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Link para última edição da revista, a de N.46 no ISSUU https://issuu.com/smc5/docs/46__divulga_escritor_revista_literaria_da_lusofoni Outras edições no ISSUU https://issuu.com/smc5 Serviços Links para acesso gratuito a todas edições publicadas Revista: Site da Revista http://www.divulgaescritor.com/revista/ Recanto das Letras - em PDF http://www.recantodasletras.com.br/ autor_textos.php?id=185182&categoria=M&lista=ultimas Almanaque Literário http://www.almanaqueliterario.com/revista-literaria-da-lusofonia Quem desejar participar é só encaminhar email para nosso editorial informando o que deseja divulgar na revista, apresentaremos proposta. smccomunicacao@hotmail.com Não temos a revista impressa. Valores para participar da Revista • Valor da página para PF - 50 reais ou 13 Euros (publicação de textos em versos e em prosa, como conto, crônicas.) • Valor da página para PJ - 300 reais ou 70 Euros • Valor para publicação de entrevista - 100 reais ou 25 Euros • Capa - Negociação individual. Promoção Divulgação de livro, sinopse, juntamente com imagem de capa do livro, R$30,00(trinta reais). Aguardamos seu contato!


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Homenagem a Isidro Sousa – In Memoriam “Com o avanço das tecnologias, passamos a conhecer muitas pessoas de forma virtual, e principalmente a tê-los como amigos. Isidro Sousa é uma destas pessoas, que mesmo sem conhecê-lo pessoalmente marcou, deixou saudades... obrigada por todo o apoio e amizade. Saudades eternas.” Shirley Cavalcante Editora Divulga Escritor: Revista Literária da Lusofonia.


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Homenagem a Margot Weide - In Memoriam “Descobri tardiamente que tinha nos deixado, linda Margot. Agradecemos por todo o seu apoio e participação. Agradecemos por seu legado literário, que fica para gerações. . Saudades eternas.” Shirley Cavalcante Editora Divulga Escritor: Revista Literária da Lusofonia.


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Claudia Coelho

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Projeto Brasil e Brasileiros conhecer para amar e respeitar

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Entrevista com a autora

Cláudia Coelho Entre os seus livros publicados algum te cativa de forma especial? Cláudia Coelho - Acredito que não tenha um filho preferido para cada mãe, todos são filhos e são muito amados, cada livro que escrevo é como um filho que nasce, e sou completamente apaixonada por todos. O que me causou mais emoção em sua chegada foi o “Memórias de Mão de Pemba”, por ser o primeiro, por ser o portador da notícia de que os sonhos são possíveis. “Potiara” tem um magnetismo especial, por ser o livro infantil que mais trabalhei, mesmo depois de ter lançado mais três livros diferentes depois do seu “nascimento”. Até hoje ele faz parte das contações de história que levo para escolas e teatros. Em todos os meus livros eu procuro tratar o texto com muito cuidado e trazer um tema que considero importante. No processo de criação, o que considera mais difícil: determinar os rumos da história, escrever o texto de forma clara ou apresentar as personagens com concisão e profundidade? Cláudia Coelho - Quando inicio um livro, a história está praticamente delineada em minha mente. Basicamente como um sonho, ou até mesmo em um sonho. Já sonhei com o livro inteiro, do início ao fim, e ao acordar foi só escrever o que vi. Já em outros, a história vai acontecendo e as próprias personagens vão me guiando pelo caminho. É um processo divertido e emocionante. Não costumo modificar o que escrevo da primeira vez, raramente reescrevo uma frase, gosto delas assim: nascidas e pronto. É como se respeitasse aquela fala que a inspiração trouxe. Claro que, a correção e a atenção gramatical também entram em jogo. No projeto BRASIL E BRASILEIROS – CONHECER PARA AMAR E RESPEITAR, com os livros “Potiara” e “Akuan o Peixinho curioso”, você abordou a questão do meio ambiente e da poluição dos mares e o fez com muita sensibilidade. Como foi o processo de construção dessas histórias? Cláudia Coelho - Há vários motivos para a criação desses dois livros, e a cada dia aparecem mais detalhes e percepções do quão abrangentes eles são. As duas histórias trabalham valores que acho importantes, que estamos de certa forma perdendo ou nos esquecendo. O amor à natureza, o cuidado com a pessoas, a empatia,


DIVULGA ESCRITOR a cooperação mútua. A natureza passa hoje por um grande risco. Cada vez mais a ganância do homem avança, como se toda a floresta não tivesse fim. O que importa é desmatar e abrir espaço para outras produções de consumo. Assim, a Terra sofre, o clima muda e no final das contas todos nós sofreremos. O mesmo ocorre com os mares. A poluição produzida pelo homem, a devastação do ambiente subaquático, e muitos outros fatores que envolvem geralmente a Economia e o consumo sem responsabilidade. A esperança que tenho é que as próximas gerações que chegam possam de alguma forma enxergar e modificar essa ação. Para isso, precisam ser estimuladas e começarem a pensar desde pequenas sobre assuntos que farão parte de suas vidas no futuro. Acredito que para podermos escrever termos que ficar atentos ao mundo ao nosso redor. As histórias acontecem em nosso entorno, precisamos saber reconhecê-las. E precisamos incentivar os pequenos leitores. Na sua opinião, qual a importância das ilustrações nos livros infantis? Cláudia Coelho - É imensa. Quando eu era mais jovem, visitava uns parentes de minha avó materna, lá havia um quarto cheio de livros, esses livros continham histórias e as ilustrações eram feitas com bonecos, um trabalho artístico incrível, eu amava ler e ver. Se naquela época as ilustrações faziam tudo ter mais sentido, hoje, que estamos nessa corrida tecnológica desenfreada, e onde o visual chama muito mais atenção nós percebemos que a literatura infantil nos dias de hoje é formada por dois textos: o verbal e o visual. Eles se complementam, contam histórias paralelas que se juntam e compõem um terceiro texto, que é o que chega até as crianças. Como você vê o investimento na literatura nacional? Cláudia Coelho - Se compararmos com o que tínhamos há muitos anos, percebemos que há investimento em livros. Eles chegam nas escolas, o cenário pode ser bastante positivo. Mas precisaríamos cuidar melhor da Educação. O estímulo e a valorização dos professores são cruciais para a formação de novos leitores. As escolas precisam aproveitar sua autonomia para investirem em ações literárias. Trazer mais arte e mais cultura para dentro da escola.

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O hábito de leitura se cria com mediação competente. Depende de uma união estrutural, desde os gestores dos Estados e Municípios até os professores. Para isso precisamos formar melhores professores, melhorar os seus salários, valorizar o profissional que lida com as crianças. Precisamos de oportunidades para que o livro entre na escola e na vida dessas crianças. O projeto que estamos desenvolvendo levou três mil livros para as crianças e escolas em Teresópolis. É apenas uma gota minúscula em um oceano de mais de dezesseis mil alunos (só da rede pública municipal) Não foi apenas uma entrega para ficar guardada na biblioteca, no projeto, trabalhamos o livro junto com os professores e coma a comunidade escolar, elas tiveram acesso a contação de histórias, a entrar no universo próprio de cada uma das histórias que trabalhamos, com todas as formas lúdicas possíveis. Trabalhamos com música, movimento, fantoches e após cada apresentação, os alunos confeccionavam seus painéis recontando aquela história, com dobraduras, colagens desenho e pintura, estimulando a criatividade, o reconto de acordo com o que cada um apreendeu daquele momento, e ao final, cada aluno ganhou seu próprio livro autografado com uma mensagem especial. Assim, eles puderam levar para dentro de suas casas toda a magia que vivenciaram naquele dia. Já em casa, recontaram e pediram para que seus familiares relessem com eles, ou leram para os vizinhos e colegas. Tivemos muitos relatos emocionantes dessas ações pós apresentação. Estivemos também em associações de moradores, em praças, onde as famílias levaram seus filhos, e fizeram um dia mais que especial. Com o projeto chegamos em regiões que não tinham incentivo à cultura, a não ser o das escolas públicas. A região agrícola da cidade foi abraçada com muito carinho pelo projeto. E se fizemos tudo isso com apenas três mil livros, imagine se tivéssemos mais apoio? Cláudia, favor deixar uma mensagem aos jovens escritores. Cláudia Coelho - Leiam muito. Treinem a escrita, aproveitem sua inspiração. Ela pode vir de várias formas. Um escritor aproveita os momentos mesmo que cotidianos. Não sabe por onde começar? Conte o que vê através de sua janela... Leia mais, muito, sempre. Leia diversos autores, principalmente os nacionais. E treine bastante. Nunca desista dos seus sonhos. Vá aos poucos, um passo de cada vez, não pense na distância que tem que percorrer, mas apenas no passo seguinte.


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OS CAMINHOS DO PROJETO: BRASIL A EQUIPE E BRASILEIROS – CONHECER PARA Autora: Cláudia Coelho de Meneses AMAR E RESPEITAR Este projeto começou há sete anos, quando a ideia de levar a literatura infantil para crianças carentes e crianças da região agrícola da cidade surgiu. Como a falta de informação e o incentivo a projetos é escasso em nossa cidade, (ou pelo menos era), demoramos muito a tomar conhecimento da Lei de Incentivo Fiscal, a Lei Rouanet. E entre muito estudo e questionamentos, montamos o projeto e colocamos para rodar. Não foi nada fácil. A cidade não estava aberta a esse tipo de atuação. Os empresários eram de pouco ou nenhum acesso, e os primeiros três anos de tentativa foram para o ralo. Refizemos o projeto, reestruturamos e recomeçamos a saga. As equipes se refizeram, e algumas pessoas desistiram pelo caminho. Não era fácil. Por muitas vezes tivemos que nadar conta a corrente. Foram muitas lágrimas. E depois de um tempo, quase um milagre, conhecemos pessoas que acreditaram no projeto e então uma nova fase se abriu. Foram mais de três anos para captar o equivalente a metade do valor previsto no projeto. E assim, tivemos o consentimento para a execução. Com muita pesquisa e priorizando os artistas locais, o comércio local e os serviços locais, conseguimos produzir o suficiente para iniciarmos as apresentações. Segundo o projeto, inicialmente, seriam atendidas 500 crianças para as oficinas de contação de histórias, e o recebimento dos livros, e os outros livros seriam distribuídos para as bibliotecas e escolas, mas sem as oficinas. Conseguimos bater a meta das 500 crianças no primeiro mês e dobramos esse número, graças a dedicação e muito voluntariado da equipe. Atualmente, mais de mil crianças foram atendidas, e no fim de julho teremos a distribuição para as bibliotecas das escolas, entidades filantrópicas e outros. O projeto também contou com livros em Braille e Áudio book que também serão distribuídos. O projeto termina sua execução na data limite, 30 de julho, onde contará com a última apresentação aberta a comunidade, na Casa de Cultura Adolpho Bloch, será certamente um sábado de muita emoção. Também estarão presentes os intérpretes de Libras, completando assim a acessibilidade e o cuidado com portadores de necessidades especiais.

Professora com 28 anos de magistério, atriz, escritora com livros publicados desde 2004. Também atua com produção cultural, como feiras de artes e festivais. Formada em Letras, na modalidade português - inglês e suas literaturas, na UNIVERSO e com cursos de especialização em áreas da Educação e da Produção Cultural, Doutora Honoris Causa pela FEBRAICA. Faz parte da ATL - Academia Teresopolitana de Letras (Teresópolis - RJ), onde é Presidente neste biênio (julho 2022 à julho 2024), faz parte da ABARS - Academia de Belas Artes do Rio Grande do Sul, da Academia de Letras de São Pedro da Aldeia-RJ e do Núcleo Accademico Italiano di Scienze, Lettere e Arti. E ocupa atualmente a vice-presidência do Fórum de Cultura de Teresópolis. Tem sete livros publicados e participações em algumas antologias e coletâneas pelo Brasil. Dirige o Jornal Alecrim, veiculado na Região Serrana do Rio de Janeiro em formato impresso e online, é apresentadora do programa de TV – VITRINE – veiculado na Teresópolis TV e na Nossa TV, exibidos em Teresópolis e região. Premiada em editais de Cultura no município de Teresópolis e no Estado do Rio de Janeiro, com contação de histórias e literatura infantil, e aprovada em leis de incentivo estaduais e federais.

Ilustração: Cláudia Coelho e Bianca Mattos Nas ilustrações utilizamos uma forma diferente para cada livro. No livro Potiara, utilizamos os desenhos da autora e os leitores podem colorir as imagens, o que abriu possibilidades para que os professores das escolas pudessem também trabalhar com o livro em sala de aula, abordando não só o tema da história, mas também a criatividade e coordenação motora dos alunos; Já no livro Akuan o Peixinho Curioso, o livro foi colorido, e as personagens confeccionadas em feltro pela artesã Bianca Mattos, um trabalho de fotografia realizado por Cláudia Coelho e Taiane Pinheiro que resultou na valorização do artesanato local e na criação de um livro muito especial.

Impressão e Revisão: Jornal Alecrim Em um trabalho conjunto e personalizado com a autora, ilustradora e equipe, o Jornal e Editora Alecrim assumiu a produção dos três mil livros, após muita pesquisa de preço e negociação, pois ficou claro que, com o valor captado não conseguiríamos cumprir 100% do objeto. Contudo, após muitas reuniões e pesquisas com diversos fornecedores, conseguimos produzir 100% do total previsto, alcançando a meta do projeto. Foi um conjunto de voluntariado e de muita


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boa vontade em realizar o projeto, mesmo que para isso, os valores praticados fossem abaixo das tabelas.

Fotografia, filmagem, divulgação: Daniel Firme, Taiane Pinheiro, Ramon Pozes e Vyctor Dias

Livros em Braille:

Uma equipe que reuniu vários talentos, e que, por conta da baixa captação, não poderíamos contratar muitas pessoas diferentes, essa equipe deu o máximo de si, independente de verba ou contratação de serviços, o que também ocorreu com todos que trabalharam no projeto. E através do site criado para divulgar os resultados e ações, o instagram da autora que também foi usado para a divulgação do projeto e as demais redes sociais, o projeto foi amplamente trabalhado e divulgado com mais de duas mil fotos e filmagens diversas, onde foram alocadas na TV loca, Teresópolis TV, em parceria com a autora, totalizando três meses de divulgação e trabalho intenso.

O único material que não conseguimos produzir com fornecedores da cidade, pois não existia esse serviço em Teresópolis, conseguimos em uma empresa em São Paulo, que nos forneceu com muito capricho e carinho os livros para que pudéssemos atender às crianças com necessidades visuais.

Intérpretes de Libras: Instituto Adapt O instituto Adapt nos forneceu os intérpretes de Libras que acompanharam as apresentações na Casa de Cultura, nas oficinas de contação que aconteceram lá. Com muito carinho e engajamento, fizeram um ótimo trabalho e estarão presentes na apresentação final.

Áudio book: Álan Magalhães Produzido pelo Álan Barbosa Magalhães, o áudio book ganhou roupagem e musicalização, o que foi um ganho a mais para o projeto. Incluído na equipe o músico Álan Magalhães trouxe seu talento e sua colaboração, doando músicas para a história do Akuan, o peixinho curioso, juntamente com Vanessa Oliveira que também doou composições para a história. A dupla veio acrescentar e colorir ainda mais a contação de histórias. Foram produzidos cerca de 100CDs de áudio book distribuídos nas escolas e comunidades da região.

Oficinas de contação de história: Sandra Souza Dias e Bianca Mattos Além das Oficineiras Regentes, Sandra Dias e Bianca Mattos, o projeto contou com um trabalho conjunto e colaborativo onde todos os participantes da equipe trabalharam juntos: A autora Cláudia Coelho narrou as histórias, as auxiliares de produção e secretaria, Vanessa Oliveira, Jessica Arita e Marlene Macedo auxiliaram as oficineiras Sandra e Bianca, na apresentação com fantoches e na atividade artística com os alunos, Álan Magalhães participou com a musicalidade e as canções que abrilhantaram as apresentações e Vitor Dias e Ramon Pozes ficaram com a filmagem e fotografia. Nos Bastidores Daniel Firme e Taiane Pinheiro cuidaram da parte virtual, mídias de internet e propaganda auxiliando os assessores de imprensa que fizeram com que notícias sobre o projeto chegasse a outras cidades e até países como Portugal, por exemplo. Na Coordenação, a autora Cláudia Coelho fez os trâmites e a Produtora Sandra Dias cuidou dos demais detalhes técnicos.

Contabilidade: CUPT CONTABILIDADE Com muito carinho e muita atenção a equipe da Cupt Contabilidade nos prestou o serviço de assistência e regularização de pagamentos e notas fiscais, para que tudo possa ter transparência e seriedade.

Assistência Jurídica: Guilherme Maia O Dr. Guilherme Maia ficou responsável pela análise dos contratos e demais segmentos necessários ao bom andamento do projeto. Nesse sentido, só temos a agradecer aos doadores que contribuíram para a realização do projeto, e ao Regina Supermercados pelo patrocínio, agradecer a todos que auxiliaram o desenvolvimento de cada etapa, desde a sua construção. Fica a esperança de podermos continuar com o projeto, já que pretendemos refazer o pedido através da Lei de Incentivo, contudo, a resistência dos empresários ainda é grande e esperamos que com todo esse movimento eles possam se sensibilizar e abraçar mais os projetos culturais. Sem a ajuda e a participação dos empresários fica cada vez mais difícil levar a cultura aos locais mais distantes e que precisam de atenção. No mais, agradecemos a todos que acreditaram nesse processo.

Saiba mais através das nossas redes: INSTAGRAM: @claudiacoelhoautora instagram.com/ claudiacoelhoautora FACEBOOK: https://www.facebook.com/claudiamenesesautora SITES: https://projetoculturalclaudiacoelho.blogspot.com/ https://www.jornalalecrim.com/ EMAIL: claudinhacmeneses@yahoo.com.br


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José Sepúlveda

Poetas Poveiros e Amigos da Póvoa, de Portugal, especial, em homenagem ao Dia dos Pais Meu pai Sonhei contigo, ó pai, vi te sorrir Feliz, contente, alegre em teu viver E ao ver-te assim não pude resistir E agradecer ao mais sublime Ser Depois, ao te abraçar, vivi em mim Aqueles dias cheios de esperança E vi brilhar o teu sorriso assim Num cândido sorriso de criança E quando despertei do sonho lindo Permaneceu o teu olhar infindo Num manancial de vida e de emoção E agora sinto ainda o teu abraço A viajar sem tempo e sem espaço, No afago do meu frágil coração José Sepúlveda

Saudades, pai Espera, pai, é longa a madrugada E a noite ainda tarda a cá chegar, De resto, o que aí vem não vale nada E não sei bem o tempo a esperar. Há tanta flor à espera no jardim Que quer beijar a tua face linda! A rosa, o malmequer, o alecrim, E hortênsias a florir, há tanta, ainda! Saudades, pai, espera mais um dia, Quero sentir a tua companhia, Espera até que chegue um novo Abril. Mantém em mim fé e a confiança, E cantaremos hinos de esperança Até que volte um dia ao teu ao teu redil. José Sepúlveda

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Pai

“Meu Pai”

O teu olhar transparece Quando lembro o meu passado Minha alma rejuvenesce Quando me sinto a teu lado…

Se a saudade tivesse voz meu pai Ias ouvir os meus suspiros no céu Mas hoje pai, o meu amor pr’a ti vai Assim como o teu sempre foi meu!

Teus braços me abraçavam Quando muito medo tinha, Teus ouvidos escutavam As perguntas de menina.

Pai herói

Quando olho o teu retrato querido pai Sente tremenda dor este meu coração Junto com as saudades um abraço vai Com o maior amor do mundo em oração…

Foste o meu porto de abrigo Em tempos de tempestade, E pude contar contigo Em nossa cumplicidade.

Estás já com tanta idade, Cabelo a voar ao vento O teu olhar, felicidade, É meu terno pensamento.

Teu rosto, macio, belo, Ora cansado pelo tempo, Me lembram o alvo cabelo Que via dançando ao vento Meu querido pai amado, Presente do coração, És um ser abençoado Dentro do meu coração. Rosa Maria Santos

Quando criança, brincavas Ao chegar, mesmo cansado E para o ar me lançavas Quando sentada a teu lado. O tempo passou, meu pai, Fui conquistar meu futuro E ele, efémero, se esvai Num ápice, te asseguro.

Sinto que ainda me guias no meu caminho Também eu te levo guardado no coração Meu paizinho sei que não estás sozinho Porque Deus está contigo com devoção… Pai eu continuo a amar-te como sempre Vives no centro da minha alma e coração Foste um pai na minha vida bem presente Para a eternidade serás a minha devoção… Maria José

Meu pai, qual terna lembrança, Presente em meu coração Uma réstia de esperança Que me enche de emoção.

A ti Pai

És o leal companheiro Que sempre me dá guarida E vais ser sempre o primeiro Na tela da minha vida.

Mal te conheci meu saudoso pai deixaste-me de repente bem sei, não lembro bem a memória me trai desde que partiste sempre te amei.

Rosa Maria Santos

Sabes pai, a minha idade faz-me voar na asa do tempo p’ra perto de ti, quando te encontrar quero te abraçar recuperar o tempo que eu perdi. Perdi teu carinho, Deus te levou pela tua bondade Ele te chamou, dois anos, tinha eu, dizia minha mãe… Gostaria pai, de te ter mais tempo chorei no silêncio este lamento, Foi, minha doce mãe, meu pai também… José Carlos Moutinho


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PARTICIPAÇÃO ESPECIAL COM

A ESCRITORA MARISA LUCIANA ALVES Marisa Luciana Alves nasceu em 1976, em Vinhais (Bragança, Portugal). Professora desde 1999, é licenciada em Português-Inglês e Mestre em Literatura Portuguesa. Associada da Academia de Letras de Trás-os-Montes desde 2018, foi a vencedora do 3.º Concurso Literário “Receitas Secretas” da Papel D’Arroz Editora (2014), do qual surgiu a publicação do livro A tua receita, meu amor!. Descobriu a escrita casualmente, apesar de escrever, desde tenra idade, nos papéis mais improváveis. Escreveu, de 2002 a 2004, para a revista UNEARTA (União dos Escritores e Artistas Transmontanos e Altodurienses), com textos de cariz cultural. Gosta de estar rodeada de Natureza, a sua grande inspiração na escrita. É autora de 6 livros e coautora de 40 coletâneas. Participa em revistas digitais com os seus textos (poemas, ensaios, contos e crítica literária) e orienta sessões de escrita criativa nas escolas onde leciona. Dedica grande parte do seu tempo ao público infantil, realizando apresentações dos seus contos nas escolas.

Feita de palavras Ando distraída. A vida passa num sopro, a uma velocidade estonteante. Absorta nas minhas inquietações e medos, sou incompreendida pelos que me rodeiam e não veem nem sentem as palavras como eu. Porém, para mim, as palavras fazem cada vez mais sentido. Confesso, apesar de ser a muito custo, que não consigo identificar o dia em que passei a perceber a minha relação com elas, principalmente com a palavra escrita. Estaria já quiçá no meu ADN. Dizem os mais velhos da família que o meu avô materno, de seu nome João, gostava imenso de escrever e o seu irmão Virgílio era eloquente na arte de falar. Talvez daí venha a minha veia de escritora. Apesar de bem cedo me sentir à vontade com a escrita, só tarde na vida adulta percebi que era a escrever que me sentia realmente EU. Foi na passagem do tempo que percebi que encontrara ali o lugar que sempre procurara. Afinal, ela morava dentro de mim. E dela faço constância todos os dias. Rodeada de montanhas que me abraçam com afago, envolvida na Natureza, que a cada estação muda de cor e feitio, encontro-me com o meu verdadeiro EU. É nos cheiros das flores e árvores, nos sons das aves e nas águas do rio que me sinto bem. De ventos frios

e águas turbulentas se faz a minha escrita, mas também de horizontes e trilhos que percorro sem fim. Nunca quis ter uma rota definida para a minha vida. De que me servia tê-la se a cada esquina, a cada caminho trilhado surgem desafios e lutas que deitam os nossos sonhos abaixo? Não. Preferi a dada altura da minha vida apenas aceitar e contemplar o que o destino me punha no caminho. Um Carpe Diem constante, qual Ricardo Reis a contemplar o rio com a sua Lídia. Por vezes perguntam-me por que razão escrevo. Porque sim. Porque as palavras vagueiam na minha mente, deambulando sem destino e gritando “tira-me daqui!”. Escrevo porque é a escrever que acalmo esta inquietude que me assola o peito e a mente. Tenho dias em que pareço as ondas do mar, abraçando a areia e fugindo novamente. Também eu abraço as palavras que ouço dentro de mim, mas não as retenho a todas. Algumas parecem beijos roubados, dos quais nem me quero lembrar. Já outras ficam em mim regamboleando até deixarem de ser sons e passarem a fazer parte de um registo escrito. Mas tanto as que fogem como as que ficam são importantes para o meu crescimento enquanto escritora.

As palavras são, quais notas de rodapé ou legendas de um filme, o que dá sentido à minha vida. A cada texto escrito, um novo surge a desafiar-me, porque as palavras são imensas, na sua compleição e sentido. Poderia eu ser diferente se não acarinhasse as palavras como faço? Seria eu mais feliz se não prestasse atenção ao que elas me dizem ou querem que eu reflicta? Não creio. Em mim processam-se catarses quando escrevo. Por vezes penso no propósito da minha presença neste mundo. Sei o que quero. Quero ser EU, junto das palavras, pelas palavras, nas palavras. A cada roupagem que dou às palavras que me inundam, sofro uma nova metamorfose e, qual Fénix, voo no meu subconsciente e renasço, feita de palavras. Numa viagem constante ao meu interior, sinto as palavras: as que voam, as que permanecem, as que morrem e as que renascem. Alcançando o meu interior, cheguei ao meu destino. Eu sou as palavras que penso, que escrevo… O que seria eu sem elas se eu sou Palavra?


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Entrevista com o Escritor

Edson Martins

Edson Martins, natural de Farol, um pequeno município do interior do Paraná, do qual foi prefeito por dois mandatos (1997/2000 – 2001/2004), é professor especialista e advogado. Graduado em Letras Anglo Portuguesa, cursou Pós-Graduação em Estrutura do Ensino da Língua Portuguesa. Publicou as obras de literatura infantojuvenil “Tulipo, o fantasminha apaixonado” e “Pequerrucha , uma garotinha”. Com a publicação de “Palmeiras do Éden” faz sua estreia como romancista.

Boa leitura!

Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

O “Palmeiras do Éden” é uma obra que aborda a pluralidade humana, os desafios e a capacidade de enfrentá-los. O protagonista é o personagem Jonathan, um rapaz negro, belo e homossexual. Órfão, é adotado pelo presidente da “Aguiar Cosméticos”, João Carlos Aguiar.”

Escritor Edson Martins, é um prazer contarmos com a sua participação na Divulga Escritor: Revista Literária da Lusofonia. Conte-nos, o que o inspirou a escrever “Palmeiras do Éden”? Edson – Sinto-me honrado e muito grato pelo convite da Revista Literária Lusofonia. O que me inspirou a escrever o “Palmeiras do Éden” foi a leitura do livro-reportagem da jornalista Daniela Arbex, “Holocausto Brasileiro”, que relata os maus-tratos ocorridos no Hospital Colônia de Barbacena através de funcionários e pessoas que tiveram ligação com o local. Enquanto lia o livro ficava imaginando as muitas histórias de sofrimento, abuso e humilhações sofridas pelos internos naquele lugar. Resolvi colocar no papel as situações imaginadas, e surgiu o “Palmeiras do Éden”, que marca minha estreia como romancista. Após inspiração, quanto tempo levou para escrita, até a publicação do livro? Edson - Da escrita à publicação foram quase três anos. Um processo inteiramente prazeroso em todos os momentos. Amei escrever cada linha do “Palmeiras do Éden”. Quanto a Drago Editorial e sua equipe, a parceria é gratificante. Você se sente em casa com o apoio e atenção recebidos. Apresente-nos a obra? Edson - Com prazer! O “Palmeiras do Éden” é uma obra que aborda a pluralidade humana, os desafios e a capacidade de enfrentá-los. O protagonista é o personagem Jonathan, um rapaz


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novo romance, “A Lágrima do Girassol”, que planejo concluir até o final do ano. É uma narrativa com os elementos que mais agradam ao leitor, como encontros e desencontros amorosos, oportunismo, máscaras sociais, opressão e exploração da pessoa humana, coragem e luta para não sucumbir a armadilhas que estão sempre à espreita.

negro, belo e homossexual. Órfão, é adotado pelo presidente da “Aguiar Cosméticos”, João Carlos Aguiar. Morto o pai adotivo, Germana, a madrasta, decide livrar-se do rapaz, acusando-o de atentar contra a vida dela, num surto psicótico, e interna-o no “Palmeiras do Éden”. No pseudo Centro de Assistência Psiquiátrica, Jonathan conhece outros internos com quem faz amizade, e experimenta os métodos nada convencionais do médico Matheus Garrido, que usa os pacientes para satisfazer suas taras e fantasias sexuais. Torna-se imperiosa para Jonathan uma fuga para que desmascarando a madrasta, volte a escrever sua história de vida. Quais temáticas estão sendo abordadas? Edson - A temática central é a ambição desmedida por dinheiro e poder, o que numa sociedade capitalista, é bastante comum. Circundando a temática central, questões como o preconceito racial, a homofobia, a população de rua, os efeitos nefastos do uso de drogas, os maus tratos à pessoa idosa. A necessidade de se olhar a criança órfã entregue a abrigos, como uma possibilidade de realizar o sonho da maternidade/paternidade também provocam uma importante reflexão. Qual a mensagem que deseja transmitir ao leitor por meio da leitura de “Palmeiras do Éden”? Edson - A mensagem que desejo transmitir ao leitor por meio da leitura do “Palmeiras do Éden” é que as ações mesquinhas desencadeadas contra o semelhante por mentes maldosas podem ser derrotadas quando se encontra grandes e raros amigos pelos tortuosos e incertos caminhos da vida. Ser feliz, viver a vida plenamente é direito de todos que não pode ser submetido a regras e convenções sociais pensadas para privilegiar alguns poucos em detrimento de muitos.

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O que mais o atrai no enredo que compõe a trama? Edson - A história de vida de cada personagem é bastante atraente. Se a história de dor e sofrimento do protagonista Jonathan é comovente, comovem igualmente as histórias de Elton, Rebeca e Guilhermina, uma senhora idosa. Impossível não se emocionar com a generosidade da moradora de rua Baronesa, com a doçura do garoto favelado Ly, mandado para um abrigo. A vilã, Germana, tem maldade e charme na medida certa para ser odiada, e de repente até admirada. Logo, o que mais me atrai é a galeria de personagens que bem representa pessoas que o leitor vai perceber que existem, e até conhece alguns na vida real. Onde podemos comprar o seu livro? Edson - O livro já pode ser adquirido na Amazon, e para quem tem o Kindle Unlimited, o acesso é imediato para leitura. Na loja online da Drago Editorial também pode ser adquirido, e nos próximos dias em outros canais parceiros da editora. Quais os seus próximos projetos literários? Edson - Já estou trabalhando num

Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista. Muito bom conhecer melhor o escritor Edson Martins. Agradecemos sua participação na Divulga Escritor: Revista Literária da Lusofonia. Que mensagem você deixa para nossos leitores? Edson – Foi um enorme prazer participar do Divulga Escritor: Revista Literária da Lusofonia. A mensagem que gostaria de deixar é que, apesar de tudo que temos visto e vivido, especialmente no Brasil, ainda é possível seguir lutando por um mundo mais solidário, uma sociedade mais igualitária em que as pessoas sejam valorizadas e respeitadas pelo universo singular que representam, e não julgadas pela cor da pele, orientação sexual, religião, aparência física e/ou condições socioeconômicas. A arte, especialmente a literatura, continua tendo um papel primordial na transformação de mentes para que alcancemos patamares cada vez mais elevados de justiça social. Leitura como entretenimento, sim, e leitura como ferramenta de combate a ações que visem atacar a dignidade humana, sempre. Muito obrigado!

Divulga Escritor, unindo você ao mundo através da literatura Quer ser entrevistado? Entre em contato com nosso editorial, apresentaremos proposta. Contato: smccomunicacao@hotmail.com


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PARTICIPAÇÃO ESPECIAL COM

O ESCRITOR EDUARDO MACIEL

Sobre Eduardo: Eduardo Maciel é gestor cultural e um artista plural. Cantor, compositor, intérprete de samba-enredo, artista circense com malabares de fita, fotógrafo, diretor de fotografia, fiscal de set de filmagem audiovisual (locações externas), escritor contista e poeta sonetista. Também colunista das revistas Kuruma’tá e The Wolf Bard. Além disso, Eduardo Maciel é dramaturgo e roteirista de teatro.

Maior sonetista da atualidade publica conto bem-humorado sobre esoterismo O ano é de 1985, direto para 2022, a ideia é juntar autores que elaborem contos com a mesma base: Estados Unidos, noite de Halloween, um parque itinerante e uma cartomante. Assim nasceu a Antologia Noturno, sob o selo da Lura Editorial, tendo por organização a escritora JC Gray. Nesta obra, jogando com as cenas, como só um bom roteirista e cineasta sabe fazer, com suspense e humor, o maior contista e sonetista da atualidade, Eduardo Maciel, sai de sua zona de conforto e entrega um conto deliciosamente leve. Tendo por título “Defumador” o conto apresenta a viagem, nada simples, para os Estados Unidos, de Seu Osmar e sua família. Ele, um cara místico daqueles, vive peripécias inimagináveis em certa noite de Halloween, em 1985. “Supersticioso como poucos, Seu Osmar cismou de se consultar lá com a tal Madame Gris, cujo nome o rapaz não cessava de repetir, com aquele sotaque estranho, meio forçado. Apesar da insistência de Tia Célia e Tainá para que ele desistisse da ideia, ele pagou adiantado para o tal rapazinho da porta e foi lá se consultar. Sozinho, porque mesmo em inglês ninguém poderia ficar sabendo de suas intimidades espirituais.” Sempre em busca de novos desafios, Eduardo, artista incrivelmente multiverso, aproveita para experimentar toda sua criatividade. “Sempre me senti atraído pelo mundo do esoterismo. E achei nessa antologia a oportunidade perfeita para adentrar o tema, com uma pegada satírica e uma pitada de humor.” Explica. A obra pode ser adquirida através das mídias @eduardomacielartes www.eduardomacielartes.com.br


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PARTICIPAÇÃO ESPECIAL COM

O ESCRITOR CÂNDIDO RODRIGUEZ

Sobre o autor: Candido Rodriguez é formado em Filosofia, apaixonado por Astronomia e Ufologia. Começou a questionar este mundo ainda muito jovem. Escolheu a Filosofia Estóica como princípio de vida. Começou a escrever após uma forte experiência espiritual, onde em sonhos lúcidos, foi levado por mentores extra físicos a viver situações e locais, onde pode vislumbrar uma pequenina amostra da dinâmica desta vida e seus reais objetivos. Tags sugeridas: #CandidoRodriguez #Filosofia #Espiritualidade #Ufologia #Astronomia #Literatura #Lançamento #Gaiasscomunicação #LeiturandocomChris @candido.filo @ leiturandocomchris @ gaiasscomunicacao

Livro sobre consciência evolutiva é lançado em São Paulo A obra apresenta questionamentos que interligam astronomia, seres de outros planetas e de outros planos Em maio o autor Candido Rodriguez apresentou ao público e aos amantes da literatura seu livro “Brevidade: a evolução é uma fatalidade”. Em sua obra de estreia, o filósofo usa o poder do pensamento lógico para traçar um mapa intrincado sobre as relações entre questões humanas e espirituais latentes em todo ser que caminha sobre o que conhecemos como o Planeta Terra. Produzido em crônica, o texto foi criado com o intuito de provocar pensamentos mais complexos sobre grandes e pequenas coisas, para despertar a consciência da realidade macro do universo, ao mesmo tempo que indica que o caminho segue através da sensibilidade da observância nas pequenas coisas. Sem o intuito de levantar qualquer tipo de bandeira religiosa, o enredo espiritualista e filosófico, traça uma reflexão simples e poderosa sobre viver ao máximo a experiência da evolução humana.

Talvez tenhamos que conhecer o oposto da bondade para alcançarmos a consciência da evolução sobre a ignorância e começarmos a pensar nessa inteligência cósmica que governa este Universo. (página 26) Tendo como marca uma escrita fluida e direta, o autor começou a escrever em 2015 após uma experiência espiritualista que mudou radicalmente sua trajetória de vida: “Minhas histórias são baseadas e inspiradas em experiências de sonhos lúcidos espiritualistas e ufologia. A ideia desta obra, em específico, surgiu depois de um dos muitos sonhos lúcidos que vivenciei e de experiências espiritualistas e ufológicas pessoais.” Explica. O livro “Brevidade: a evolução é uma fatalidade” está à venda em formato físico pelo site da Editora Albatroz: https://loja.editoraalbatroz.com.br/brevidade-a-evolucao-e-uma-fatalidade E em ebook Amazon: https://amzn.to/3PFIO0Z


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PARTICIPAÇÃO ESPECIAL COM A ESCRITORA LILIAN PEDRO

Sobre Lilian Pedro Lilian Pedro da Silva Bastos é professora formada em Português/ Literatura, viúva, tia de Louíse Pedro Barros e Pedro da Costa Lima. Os seus primeiros poemas foram escritos na adolescência e guardados até bem pouco tempo. Todavia a prática da leitura e do encantamento pela poesia se intensificou durante o curso de licenciatura onde ficava embevecida com os poemas de Fernando Pessoa. Aprovada em concurso público por três vezes. Em 1992 ingressou na rede Estadual de Educação. Pósgraduada em psicopedagogia pode, ainda mais, elaborar projetos que incentivariam o prazer pela leitura. Um destes projetos foi colocado em prática no ano de 2000, no colégio Stella Maris, onde trabalhou por sete anos, estendendo-se ao Colégio Estadual André Maurrois, onde trabalhou por mais de 20 anos. Neste projeto o mais interessante era o clímax, que se transformava em um Sarau, atividade artística e cultural muito vivenciada no passado, e que os alunos adoravam, porque não havia a obrigatoriedade em ler uma obra para serem avaliados com nota e sim envolvimento no processo de criação de músicas, poemas, coreografias após meses de pesquisas direcionada por ela.

Poetisa Lilian Pedro lança seu primeiro livro de poemas No dia 11 de junho, às 16h, a professora Lilian Pedro recebeu seus amigos, leitores e familiares para o lançamento do livro de poemas “Suspiros de Mulher”, publicado sob o selo da Editora Proverbo. O evento aconteceu no bar Cordillera, no Cittá América. A viúva Lilian Pedro, que é formada em Português/Literatura e professora concursada da rede Estadual de Ensino, lança seu primeiro livro nesta data. “Acredito que todo sonho pode e deve virar realidade! Por isso minha felicidade é gigantesca ao realizar este sonho incrível que é lançar meu livro.” Explica ela. O poeta reflete sua alma no papel que recebe o texto, e assim são os poemas de Lilian: marcados pelos acontecimentos vividos, trazem o tom de uma caminhada deliciosamente experimentada e bem-vivida. A obra também está a disposição em ebook kindle. Tempo Quem és tu? Longo, curto ou médio Quiçá, sabedor de tudo, De todos resolve! Apaga, a ti nos rendemos. És tu, força maior. Independente de nós, O tempo és... A obra pode, também, ser adquirida através do instagram @suspirosdemulher.livro. O Cordillera fica na Avenida das Américas 700 bl 8 lj 107 B/C


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Entrevista com a Escritora

Fabiana Ballet

Fabiana Ballete é paulistana, graduada em Odontologia pela Universidade de São Paulo (USP), Mestre e Doutora em Odontologia pela Universidade Estadual Paulista (UNESP), pós-graduanda em Escrita Criativa pelo NESPE e Membro Honorário da Academia de Letras de Trás-os-Montes (Portugal). Seu livro de estréia “O Silêncio Guardado nas Horas” foi vencedor, na categoria melhor romance, do Prêmio da Lusofonia Professor Adriano Moreira.

Boa leitura!

A primeira inspiração veio a partir de uma reflexão sobre a influência do tempo na vida das pessoas, mas não foi só isso. O Silêncio Guardado nas Horas é o resultado de inspirações acumuladas ao longo de uma vida de muitas leituras.“

Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Fabiana Ballete, é um prazer contarmos com a sua participação na Divulga Escritor: Revista Literária da Lusofonia. Conte-nos, o que mais a atrai nos romances históricos? Fabiana Ballete - Eu adoro divagar por épocas passadas. Considero os romances históricos um meio eficaz para aliviar-me da pressão imposta pela contemporaneidade. O que a inspirou a escrever “O Silêncio Guardado nas Horas”? Fabiana Ballete - A primeira inspiração veio a partir de uma reflexão sobre a influência do tempo na vida das pessoas, mas não foi só isso. O Silêncio Guardado nas Horas é o resultado de inspirações acumuladas ao longo de uma vida de muitas leituras. José Lins do Rêgo, Graciliano Ramos, Monteiro Lobato, Jane Austen e Rosamunde Pilcher são alguns dos autores que muito me influenciaram. Quais critérios foram utilizados para escolha do título? Fabiana Ballete - O título O Silêncio Guardado nas Horas tem íntima relação com a trama da história, uma narrativa arraigadas aos segredos determinantes dos destinos de três gerações de uma mesma família. Apresente-nos a obra Fabiana Ballete - A alma do Engenho Macaúbas reside no corpo de seu dono, um coronel nonagenário e irremediavelmente preso às convenções da consangüinidade. Em suas terras, vive Aurélia, uma professora que sonha encontrar um


DIVULGA ESCRITOR amor feito o dos livros que tanto gosta de ler, porém, a chegada dos primeiros trabalhadores da estrada de ferro ao vilarejo de Alteiros de Santana traz uma revelação capaz de virar a vida de Aurélia e as terras do coronel de pernas para o ar. Ameaçada pelo chefe de obras da Gretoeste, Aurélia decide aceitar o pedido de casamento do bisneto do coronel e aliar-se à desafeta mãe do rapaz, como forma de evitar a ruína do engenho e de todos aqueles que nele vivem. Determinada a calar um nefasto segredo, Aurélia depara-se com as memórias de Angélica: relatos trancafiados há mais de cinqüenta anos que a conduzem pela história do engenho e de seus moradores, ao mesmo passo que a tornam guardiã de silêncios suscitadores de muitos destinos, inclusive o seu. A narrativa, arraigada aos meandros do final do século XIX e metade do século XX, mescla figuras reais e fictícias para contar a saga de três gerações de uma mesma família, marcada por segredos e mazelas determinantes da trama. A prosa, estendida ao longo de cinqüenta anos de história, acompanha o trajeto de seus personagens por diferentes paisagens e acontecimentos: a aridez do sertão cearense, a fertilidade do engenho de açúcar, a instalação da estrada de ferro no agreste, o burburinho da sociedade efervescente de Fortaleza, a precariedade de suas periferias, a travessia do Atlântico e uma pitada de ares europeus são alguns dos cenários por onde os personagens criam uma história de amor, superação, intrigas e silêncios, ao mesmo tempo em que o sonho de Aurélia pode se tornar realidade, apesar de tudo parecer conspirar contra seu favor. Conte-nos, como foi o período para escrita da obra. Conciliação do tempo para escrita e outras atividades, inspiração, publicação do livro em Portugal...

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Fabiana Ballete - O livro foi escrito durante dois anos. No primeiro ano, praticamente estudei sobre o coronelismo no Brasil, a estrutura dos engenhos açucareiros e os costumes das pessoas nos primeiros anos do século XX, notadamente da sociedade fortalezense entre os anos 20 e 50. Depois do embasamento histórico, mergulhei na narrativa, propriamente dita, e aqui, eu abro um adendo: encontrar tempo para a escrita não é algo fácil. Há necessidade de concessões para que façamos da escrita um exercício diário de entrega. Uma vez pronta a obra, eu a enviei para o concurso Prémio Literário da Lusofonia Professor Adriano Moreira, onde ela foi escolhida como melhor romance, entre os demais, escritos por autores dos países lusófonos. O que mais a atrai na leitura de “O Silêncio Guardado nas Horas”? Fabiana Ballete - A esta pergunta respondo com o comentário de um dos jurados do concurso, com quem tive a oportunidade de conversar no dia da premiação: “A obra conta com uma narrativa fluida, intrigante, que instiga no leitor o desejo de saber o que se desenrolará nas próximas páginas.” Onde podemos comprar o seu livro? Fabiana Ballete - Por enquanto, o livro estará disponível apenas em Portugal. No Site da Editora Âncora e nas livrarias como a FENAC e Bertrand. Quais os seus próximos projetos literários? Fabiana Ballete - Sou aluna de pós-graduação em Escrita Criativa e,

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como parte do curso, estou trabalhando num outro romance. Uma narrativa desenvolvida em São Paulo nos anos 50, onde o protagonista da história é um ex- combatente da Força Expedicionária Brasileira, desprovido de suas memórias após um grave ferimento sofrido durante uma batalha em Montese, Itália, no final da Segunda Grande Guerra. Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista. Muito bom conhecer melhor a escritora Fabiana Ballete. Agradecemos sua participação na Divulga Escritor: Revista Literária da Lusofonia. Que mensagem você deixa para nossos leitores? Fabiana Ballete - Citando Jerome David Salinger, “bom mesmo é o livro que quando a gente acaba de ler fica querendo ser um grande amigo do escritor, para poder telefonar para ele toda vez que der vontade.” Espero que a leitura de O Silêncio Guardado nas Horas desperte essa vontade em seus leitores. Além disso, gostaria de deixar meu apelo para que os leitores não desviem seus olhos da literatura Nacional: o Brasil tem excelentes autores à espera de uma chance para contar suas histórias. Um abraço a todos!

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PARTICIPAÇÃO ESPECIAL COM A ESCRITORA LORENA ZAGO

Margarida Lorena Zago Presidente da Academia de Letras do Brasil Santa Catarina Presidente Getúlio, Membro do Conselho Estadual da ALBSC, Membro do Conselho Superior Brasileiro da Academia de Letras do Brasil, Imortal da Academia de Letras do Brasil/ Rio Grande do Sul, ALB/ RS, Embaixadora Imortal da Paz da Organização Mundial dos Defensores dos Direitos Humanos OMDDH –. Comendadora da Academia de Letras do Brasil/Suiça, Comendadora da Justiça e da Paz, outorgada pelo presidente da OMDDH – Imortal da Academia Luso-Brasileira de Letras do Rio Grande do Sul, Comendadora Mérito Literário Gonçalves Dias, é Pedagoga, Pós Graduada em Psicomotricidade, Psicopedagogia, Parapsicóloga e Mestranda em Educação. Autora de 10 (dez) livros solo: A Borboleta Encantada no Jardim Secreto, Canoa de Coqueiro, Tomy e a Princesa do Mar, Um Segredo Muito Sigiloso, Um Natal de Esplendor, O Acampamento, A Lenda da Cabra D’Água, Na Casa de Vovó Margheritte, Poemas, Contos & Encantos, Poemas, Contos & Encantos II em três idiomas. Coordenadora dos livros Joias Getulienses I, II, III, e Escritores Aprendizes – A caminho do saber, da ALBSC de Presidente Getúlio. Participação em inúmeras Coletâneas e Antologias Catarinenses e Brasileiras.

A Brisa Sopra de Leve! A brisa sopra de leve, Acariciando os seres carentes, Com a beleza que se projeta, Nos jardins e prados verdejantes, Contrastam com os beija-flores em festa, Mesclam-se à cores, modestas e exuberantes, Compondo um quadro de admirável esplendor! Nuances de prata, nuances de luz, de esperança e espera, Em alegria se traduz. O poeta se encanta! Em sonhos, abandona-se a refletir, Quanta beleza a emanar da natureza? Serão sonhos de luzes que se traduzem? Em seu cérebro a fantasiar? Mesclam-se fulgores, Aos toques suaves das asas das borboletas, Tão frágeis, tão ágeis, suas cores a deslumbrar, Suas danças serenas, Tão leves e pequenas, Tranqüilizam o olhar. Suavizam os jardins, as flores e o luar! Serenas, amenas, pequenas, artísticas, Sensivelmente esculpidas, Pelo Arquiteto Maior ao Universo idealizar! Lorena Zago – Presidente Getúlio - SC

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PARTICIPAÇÃO ESPECIAL COM

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A ESCRITORA MIRIAN MENEZES DE OLIVEIRA

SINOPSE

TEMPO DE RECOLHER AS FOLHAS é um livro resiliente, emergido em período de pandemia de COVID 19. Esta singela obra pode ser classificada como uma Antologia Reversa: vários textos da autora, montados em quebra-cabeça. A ordem dos textos não obedece a uma sequência cronológica crescente ou decrescente, entretanto destaque seja dado à CARTA AO ANJO DA GUARDA, um dos textos mais recentes, escrito no auge do confinamento. Os demais textos, em formato de poemas, são oriundos dos mais diversos contextos de produção. O título possui sentido ambivalente: folhas de árvores e folhas de papel (rascunhos, rabiscos, textos revisados, esquecidos e/ou publicados) Apesar do processo intimista de organização, TEMPO DE RECOLHER AS FOLHAS não é autobiográfico, não possui fins “utilitários” e não é de autoajuda... É, somente, um livro de Poesia. Justiça seja feita à Literatura: Arte responsável por recriar a realidade, ressignificá-la e redimensioná-la! Literatura é VIDA, ARTE e gênero de primeira necessidade!


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PARTICIPAÇÃO ESPECIAL COM

A ESCRITORA MARTA MARIA NIEMEYER

ABRIL ABRIU Meia noite a porta do tempo abriu, novo dia, novo mês. Abril se abriu. Abrem-se portas e janelas, lá fora a natureza se abre. Um melodioso gorjeio dos Pássaros saúda o despertar. Ouça aí o bem-te-vi, Mais uma porta se abre, a sábia sabiá vem assoviar. Pássaros felizes com esperança do equilíbrio Sentiam falta da umidade. A porta do céu se abriu. Uma revoada em festa Há uma fragrância no ar. Um doce toque em minha pele, temperatura Com frescor de ternura. Mais um canto bem distante O velho companheiro, amigo cão nosso do dia a dia. Trazendo-me alegria o Sorriso ele me abriu.

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Entrevista com o Escritor

Helton Timoteo

Helton Timoteo é Especialista em Teoria da Literatura/ Produção Textual e Mestre em Linguística Aplicada (UERJ). Professor de Língua Portuguesa e Literatura do Ensino Médio (Estado) e de Linguística, no Superior. É membro do Conselho Científico da Revista Traduzir-se da Faculdade FEUC. Publicou Réquiem para Lavine (2015), Maçã Atirada sem Força (2017) e o romance A Canção de Variata (um dos vencedores, em 2020, do Prêmio Digital da Biblioteca Pública do Paraná, a nível nacional, lançado em fevereiro de 2022 pela Penalux, como os dois anteriores). Foi um dos vencedores do Prêmio Off Flip de Literatura (poema), e do XV Prêmio Literário da Fundação CEPERJ (conto), ambos em 2014. Foi semifinalista do 1º Prémio Internacional Pena de Ouro, em 2020 (conto Lídia), e finalista do mesmo prêmio, em 2021 (conto Os Olhos do Poeta).

Boa leitura!

Na ilha, conhece Variata, a menininha cor de rosa, de cerca de 7 anos, com quem começa a interagir a partir do Capítulo VII. Aliás, o número sete vai perpassar toda a obra, simbolizando plenitude, perfeição, união dos dois mundos, o sobrenatural e o natural, o espiritual e o físico, o intelectivo e o intuitivo.”

Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Escritor Helton Timoteo, é um prazer contarmos com a sua participação na Divulga Escritor: Revista Literária da Lusofonia. Conte-nos, o que o motivou a escrever um romance? Helton Timoteo - Comecei minha carreira literária como poeta. Depois de algum tempo, me aventurei na prosa, escrevendo principalmente contos e crônicas esparsas. Em 1990, nasceu minha filha Iasmim Martins. Ela era muito lourinha, cabelos cacheados e olhos muito azuis. Desde muito cedo, demonstrou muito sagacidade para perceber a realidade a sua volta e uma grande capacidade expressiva. Decidi, então, escrever um livro em sua homenagem. Assim, iniciei a primeira versão do romance A Canção de Variata, o qual mantive na gaveta por muitos anos, até decidir retomá-lo em 2017, a fim de compor melhor a narrativa, tornando-a mais robusta, mais consistente, tanto do ponto de vista estilístico e temático, quanto da sua própria estrutura, já que a questão crucial para mim não é apenas o que se escreve, mas como se escreve. Quais critérios foram utilizados para escolha do título “A Canção de Variata”? Helton Timoteo - O título se refere a uma canção de despedida, mas também de redenção e restauração, cantada por Variata


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(esse nome significa Vento do Norte, numa língua indígena norte-americana e variedade, em latim), a menininha cor de rosa, uma das principais personagens do livro, ao lado de João Pescador. Esse é também o título de um dos últimos capítulos da Segunda Parte do livro (Reflexões e Destruições). A menina é uma espécie de aparição ou segunda consciência do Pescador (ou ainda uma espécie de anjo da anunciação) e o seu nome e o epíteto acima foram dados por ele, um homem de aproximadamente setenta anos, que vive exilado numa choupana em uma ilha com poucos habitantes.

de algumas personagens, o que conduz diferentes leitores a fazerem diferentes leituras da obra, ampliando sua significação e complexidade. A carga psicológica e mesmo psicanalista que atravessa as interações dialógicas das personagens, especialmente João e Variata, contribuindo decididamente para as suas constituições subjetivas. A aura de mistério e mistificação que envolve a menininha cor de rosa, o que lhe confere uma tal indefinição e dimensão, que conduz os leitores a inúmeras possibilidades de interpretação desse pequeno ser. A valorização da vida simples, livre das amarras da sociedade do espetáculo e narcisista.

Apresente-nos a obra Helton Timoteo - A obra narra a história de João Pescador, um senhor de 70 anos que — farto da cidade grande — exila-se numa ilha distante, habitada por alguns pescadores, comerciantes, entre outros, com o objetivo de purgar suas antigas dores, mágoas, rancores e refletir sobre sua própria vida, em particular, e a existência humana, como um todo. Na ilha, conhece Variata, a menininha cor de rosa, de cerca de 7 anos, com quem começa a interagir a partir do Capítulo VII. Aliás, o número sete vai perpassar toda a obra, simbolizando plenitude, perfeição, união dos dois mundos, o sobrenatural e o natural, o espiritual e o físico, o intelectivo e o intuitivo. Antônio dos Raios (outra personagem importante) terá 7 filhos (seis natimortos e um que morre aos sete anos); a ilha será devastada por sete pragas; sete crianças de sete anos cada uma vão perecer durante a catástrofe; sete são as entidades sobrenaturais; sete são as personagens mais importantes; etc.

Comente sobre o momento de criação da obra, como se deu a escrita, relação com a família, com o seu dia-a-dia. Helton Timoteo - Iniciei a construção do romance em 1990/1992, respectivamente, anos de nascimentos das minhas duas filhas. A primeira versão constituiu-se de quase 40 capítulos, que encerram praticamente toda a essência da obra. Apesar disso, julguei que ainda não era digno de publicação, pois apresentava algumas falhas de composição, isto é, em função da nova constituição familiar, eu o havia produzido de uma forma um tanto apressada. Como sou, em relação ao estilo, muito perfeccionista, submeti-o a um estado de maturidade. Em 2016, perdi o rim e o ureter esquerdos para o câncer. Como estivesse à beira de uma depressão, decidi reescrever o livro, para tentar manter distraída a mente. O que foi ótimo, tanto do ponto de vista psíquico, quanto literário. O resultado me agradou muito.

O que mais o atrai neste romance? Helton Timoteo - Muitas coisas me atraem. A forma como o livro está estruturado. A linguagem poética e filosófica que perpassa toda a narrativa. A plurissignificação do enredo e

O que o inspirou nos nomes, criação dos principais personagens de “A Canção de Variata? Helton Timoteo - João Pescador: O nome João tem origem no hebraico Yehokhanan, Iohanan, composto pela união dos elementos Yah, que signifi-

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ca “Javé, Jeová, Deus”, e hannah, que quer dizer “graça”. Significa “Deus é gracioso, agraciado por Deus, a graça e misericórdia de Deus, Deus perdoa”, segundo um dicionário online. Pescador, porque ele pesca não apenas peixes para sobreviver, mas tudo aquilo que é capaz de lhe preencher a alma. Variata já foi explicado acima. Manoel Manco: por ter um defeito em uma perna e em razão do seu mau caráter. Zé do Trabuco: por andar sempre armado e pelas possíveis desgraças que poderiam advir disso. Antônio dos Raios: por ter perdido um filho atingido por um raio, o que o levou à loucura e a correr pela praia, alertando as pessoas contra os raios, mesmo em dias de céu completamente sem nuvens. Além de “A Canção de Variata” você tem outros livros publicados. Apresente-nos. Helton Timoteo - Sim. Réquiem para Lavine (2015, Penalux). Coletânea de poemas, escritos durante mais de dez anos. O título é em homenagem a minha cachorra, que morreu em 2014. Há, inclusive, um poema com esse título no livro. E Maçã Atirada sem Força (2017, Penalux). Outra coletânea de poemas, escritos ao longo de vinte e sete anos (de 1985 a 2017). O título desse livro, que é também o título de um poema, é um fragmento de uma frase do A Metamorfose, de Kafka. São poemas em que eu reflito sobre várias questões da existência, como nossa fragilidade, como a fugacidade de tudo, sobre o próprio processo poético, sobre o amor e a morte, entre muitos outros temas ligados à nossa condição existencial. E alguns com certas críticas à sociedade de consumo e à vulgaridade humana. Onde podemos comprar o seu livro? Helton Timoteo - Meu livro pode ser adquirido nos seguintes sites: https://www.editorapenalux.com.br/ loja/a-cancao-de-variata


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h t t p s : / / w w w. a m a z o n . c o m . b r / s?k=9786558622369 https://www.submarino.com.br/busca/9786558622369 https://www.americanas.com.br/busca/9786558622369 Para obterem maiores informações sobre o livro, basta acessar os links das lives e da entrevista: https://youtu.be/LeLY7cruLMA (Live de lançamento - Canal da Editora Penalux). https://youtu.be/fFdscybTyQY (Live Articulações filosóficas entre o exílio, o trágico e os eventos notáveis - Canal Conversações Filosóficas). https://fb.watch/cpyQKFDhDi/ (Live no Programa Nossa Pauta da Rádio Mundial News, transmitida para todo o Brasil e para Roma, Itália, em 15/04/2022). Fernando Andrade entrevista o escritor Helton Timoteo - Literatura & Fechadura - revista de literatura contemporânea e arte (literaturaefechadura.com.br) Quais os seus próximos projetos literários? Helton Timoteo - Estou com um novo livro de poemas, intitulado A

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Última Flor, pronto para ser publicado. Nele faço uma profunda reflexão sobre a morte e todas as suas implicações. O livro está estruturado em três partes. Na primeira, os poemas foram construídos com um maior rigor formal e uma maior densidade no uso da linguagem. Na segunda, algum rigor formal ainda é mantido, mas o conteúdo temático é versado com mais suavidade e leveza. Já na terceira parte, em que os poemas são bem menores, ocorre um total rompimento com o rigor formal e há uma pluralidade temática bastante vasta, embora dois ou três poemas mantenham a temática da morte, mas de uma forma bastante distanciada da configuração discursiva dos poemas da primeira e segunda partes. Também estou finalizando o livro de contos Interpretação do Vidro. Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista. Muito bom conhecer melhor o escritor Helton Timoteo. Agradecemos sua participação na Divulga Escritor: Revista Literária da Lusofonia. Que mensagem você deixa para nossos leitores? Helton Timoteo - Agradeço a entrevista. Gostaria que todos lessem o

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livro e ajudassem a divulgá-lo. Creio que assistir às lives e ler a entrevista supracitadas, bem como esta entrevista, contribuirá sobremodo para a compreensão mais aprofundada da obra. Mas é claro que cada leitor pode (e deve) colocar em prática seu próprio percurso de leitura. Talvez se possa pensar que eu dê spoiler demais nesses canais. Mas penso também que, numa obra literária, não só o que acontece (seu enredo, seu conteúdo temático) é importante. É igualmente fundamental a forma como a configuração narrativa se estrutura; seu plano global (ou forma composicional); o estilo usado; a força expressiva da linguagem, entre outros aspectos. Do contrário, todos poderiam ser escritores; afinal, todos têm histórias para contar. Não é mesmo? Além disso, cada leitor experencia a leitura de uma forma bem peculiar, bem específica.

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PARTICIPAÇÃO ESPECIAL COM O ESCRITOR HÉLDER MOURA

Hélder Moura lança novo livro "Veredas" em Curitiba “Veredas da melancolia na criação literária – Em nome de Rosa”. Este o novo livro do escritor Hélder Moura, apresentado em pré-lançamento pela editora Appris, neste final de semana, em Curitiba (PR). Após a apresentação em Curitiba, “Veredas” será lançado em João Pessoa e há a previsão de distribuição nacional, pela rede de livrarias parceiras da Appris, segundo Ana Carolina Castelli, supervisora de Produção da editora. “Foi muito honroso para nossa editora publicar este livro do Hélder, um texto raro, que mostra a precisão de sua pesquisa e oferece luzes, para todos que adoram a literatura e podem, através deste trabalho, conhecer um pouco mais do mistério fascinante da criação literária, com foco na obra de Guimarães Rosa”, acrescentou Ana. Segundo Hélder Moura, apesar do livro ter sido resultado de sua dissertação de mestrado na UFPB, não é direcionado necessariamente ao público acadêmico: “Veredas, obviamente, será distribuído para os cursos de Letras e Psicanálise, dentro da estratégia da editora de que possa ser adotado pelas universidades, mas se destina, na verdade, a todos que amam as letras.” Livros – Membro da Academia Paraibana de Letras, da Academia Cabedelense de Letras, além de presidir a Confraria Sol das Letras, Hélder Moura tem vários livros publicados. São eles: “Coração de cedro” (poesias), “O Incrível testamento de Dom Agápito” (romance) em 4ª edição e já traduzido para inglês, espanhol e italiano, além de “Inventário das pequenas coisas” (contos) e “Princípio da Diversidade e outros anarquismos – Textos pandemônicos” (ensaios).

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PARTICIPAÇÃO ESPECIAL COM O ESCRITOR DIMAS OLIVEIRA

Livro “80 Anos do Rotary Clube de Feira de Santana” preserva memória O livro “80 Anos do Rotary Clube de Feira de Santana”, autoria de Alpiniano Reis Oliveira Filho e Dazio Brasileiro Filho, com lançamento em 24 de maio, trata sobre o primeiro clube de serviços da cidade. A publicação tem o memorialista Dimas Oliveira assinando o prefácio, denominado “Que os pósteros continuem preservando a memória”. Eis o conteúdo: Há 30 anos, o jornalista e rotariano Egberto Tavares Costa fez a imortalização cinquentenária com o livro “50 Anos do Rotary Clube de Feira de Santana”. A história do primeiro Clube de Rotary de Feira de Santana ganhou mais registro cobrindo um período de dez anos com o livro “Caminhando e Servindo”, lavra do mesmo Egberto Costa, retratando os anos rotários de 1991-1992 a 2000-2001. Já foi dito que memória é o meio de rever o pretérito no presente. É o propósito deste livro trazer à tona registros que contam fatos históricos do Rotary Club de Feira de Santana, que vão servir até para reflexão sobre o passado.

Neste livro que marca os 80 anos, os autores Alpiniano Reis Oliveira Filho e Dazio Brasileiro Filho, em sete capítulos, relembram as publicações anteriores com reedições selecionadas, destacando os primeiros documentos da história do Clube. Eles fazem reconhecimentos a figuras como Tom J. Davis, presidente de Rotary International em 1941, ano de fundação do Clube feirense; Plínio Leite, governador do Distrito 27; governadores Jonathas Telles de Carvalho, Antonio Manoel de Araújo e Hugo da Cruz Dórea; Maria Izabel Brandão de Souza, a primeira mulher associada; mais Egberto Tavares Costa, que historiou a existência do primeiro Clube de Rotary em Feira de Santana. Na obra, de fôlego, o registro de realizações do clube de serviço, incluindo o Colégio Rotary, o primeiro monumento, o monumento a Maria Quitéria e a odisseia do Relógio Rotary. Sete companheiros, dos mais longevos, são destacados pela persistência e estímulo. São exemplos de prestação de serviço e companheirismo, inspiração para os novos companheiros. Os companheiros que presidiram o Clube nos anos rotários 2001-2002 a 2020-2021 têm suas ações registradas. Ainda, um arquivo fotográfico. Os autores também se preocuparam em lembrar fatos ocorridos em companheirismos realizados pelo Clube e fatos curiosos envolvendo companheiros. Que os pósteros continuem preservando a memória do Rotary Club de Feira de Santana, que é parte da memória feirense! Dimas Oliveira, memorialista, é rotariano há 38 anos,


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EM DESTAQUE, “A DECLARAÇÃO DE AMOR DO MENINO NEGRO” DO AUTOR AFONSO NILSON

A declaração de amor do menino negro é um texto teatral para quatro atores, e aborda algumas das questões mais urgentes e sintomáticas do cotidiano de violência estatal e preconceito religioso que fazem do Brasil um dos países que mais mata jovens negros, homossexuais e pobres do mundo. Uma visão sensível e pungente das violências que permeiam o tecido social brasileiro com a ascensão do fascismo e da desinformação de massa. Uma reflexão necessária e urgente num dos períodos mais controversos da história brasileira contemporânea. Link para compra: www.afonsonilson.com

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Entrevista com o Escritor

João Ferreira Santiago

João Ferreira Santiago, 60 anos, Poeta, Teólogo e Professor de Teologia na Faculdade Unina em Curitiba. É cearense, nascido no município de Campos Sales e hoje município de Salitre, de cuja Câmara de Vereadores recebeu o título de Cidadão Salitrense, em 2009. Casado com a Teóloga Francisca Neta Virgínio Santiago, com quem tem três filhos e quatro netos. É Bacharel e Mestre em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná, onde é Doutorando em Teologia atualmente. É Especialista em Assessoria Bíblica pela Escola Superior de Teologia – EST – em São Leopoldo-RS. Tem sete livros publicados e é membro e assessor das Comunidades Eclesiais de Base – CEBs e do Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos – CEBI no Estado do Paraná.

Boa leitura!

Parto para isto do reconhecimento da importância da Igreja dentro do contexto do mundo contemporâneo, reconhecendo o que ela faz, mas indicando o que ela poderia fazer a mais, descentralizando o poder e assumindo a sinodalidade.”

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DIVULGA ESCRITOR Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Escritor João Ferreira Santiago, é um prazer contarmos com a sua participação na Divulga Escritor: Revista Literária da Lusofonia. Conte-nos, o que o inspirou a escrever “Teologia Pastoral - A Arte do Seguimento e do Discipulado de Leigos e Leigas”? João Santiago - É um prazer fazer parte da belíssima história desta Revista. Este é o meu primeiro livro de Teologia. Já contribuí em outros livros com artigos e capítulos, mas neste livro a minha inspiração é a Atualização Teológica e Pastoral da Igreja, especialmente do Laicato. A minha tese principal é que, embora as Diversas Pastorais tenham uma grande importância na acolhida e no cuidado dos caídos e das caídas á beira do caminho, ou nas calçadas dos templos, nós não temos ainda uma Teologia Pastoral. O que nós temos é apenas uma concessão da Teologia Clerical. De modo que, tanto as Pastorais, como as próprias Comunidades Eclesiais de Base, só fazem aquilo que o Clero manda ou deixa fazer. O clericalismo centraliza o poder. Quais temáticas estão sendo abordadas? João Santiago - Veja: o livro faz uma apresentação apaixonada das Pastorais, especialmente o que conhecemos como Pastorais Sociais. Elas são o rosto mais familiar da Igreja Povo de Deus, nascida no Concílio Vaticano II (1962-1965) e batizada em Medelín (1968). A Teologia da Libertação e a Espiritualidade Libertadora que lhe deram identidade profética, são temas latentes neste livro. Assim como a Igreja em Saída ricamente anunciada pela Teologia do Encontro do Papa Francisco. O Ensino Social da Igreja é uma fonte privilegiada desta obra que denuncia o pouco co-

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nhecimento existente sobre ela e propõe como forma de aumentar esse conhecimento um encontro dos fiéis com a Palavra. Apresente-nos a obra João Santiago - O livro Teologia Pastoral – A Arte do Seguimento e do Discipulado de Leigos e Leigas, é o lugar de fala e de ação de um Teólogo Leigo que vive intensa e amorosamente a fé cristã, na Igreja Católica e Apostólica Romana. Não é um Tratado de Teologia – estes já existem e com muita qualidade -, mas é uma reflexão teológica-pastoral, com linguagem e conteúdo pastorais, que se propõe ser uma ponte que liga a Fé professada à ação profética. Uma ponte que liga o antigo (velho?) jeito de ser da Igreja, para o outro lado de um novo tempo que nos exige ser uma Igreja que caminha junto. Qual a mensagem que deseja transmitir ao leitor por meio da leitura desta obra literária? João Santiago - Busco trazer presente as consequências ou as exigências contidas no batismo. Especialmente busco denunciar o que chamo de infantilização do laicato por parte do clero – com certo consentimento daquele - e anunciar o exercício da maturidade cristã. E para se chegar à estas conquistas, é fundamental que se tenha formação bíblica-teológica-pastoral sistemática e de forma permanente. Parto para isto do reconhecimento da importância da Igreja dentro do contexto do mundo contemporâneo, reconhecendo o que ela faz, mas indicando o que ela poderia fazer a mais, descentralizando o poder e assumindo a sinodalidade. O seu livro “Teologia Pastoral - A Arte do Seguimento e do Discipulado de Leigos e Leigas” tem uma mensagem forte, polêmica, conte-nos como vem sendo o feedback dos leitores.

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João Santiago - Este vem sendo o ponto alto deste livro. Em primeiro lugar, o livro tem me proporcionado muitas aberturas de diálogos férteis e com diversos setores da Igreja. Inclusive de outras Igrejas Cristãs que também constatam situações semelhantes. O clericalismo não é exclusividade da Igreja Católica, me dizem. Ouço que o livro projetou luz em um ponto cego, escuro e pouco falado: o papel dos leigos na Igreja. Recebo muitas mensagens dizendo: você foi no ponto certo, teólogo, e você tem uma linguagem acessível. O debate entre a Igreja-Poder e a Igreja-Serviço vem sendo um importante feedback para mim e também certo reconhecimento. Onde podemos comprar o seu livro? João Santiago - Esta é uma questão importante. Explico-me: quando eu estava organizando o livro escrevendo o texto final e definindo o título final, eu enviei o texto para alguns amigos, professores e mestres. Recebi um feedback muito parecido de cada um. Elogios ao texto e a ressalva de que, embora o texto fosse relevante e atual, encontraria dificuldades para ser publicado nas editoras católicas tradicionais. E recebi algumas sugestões para publicá-lo mesmo que em forma de produção independente. E assim o fiz. O livro é vendido diretamente comigo. Custa R$ 35,00 e com o frete, chega a qualquer lugar do Brasil por R$ 42,00. Tenho envaido-o pelo correio para diversos Estados do Brasil. Recebo pedidos pelo WhatsApp (41) 99865-7349 e pelo e-mail, poesiaemilitancia@yahoo.com.br e pagamento via PIX. Além de “Teologia Pastoral - A Arte do Seguimento e do Discipulado de Leigos e Leigas” você tem outras obras publicadas. Apresente-nos os títulos


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João Santiago - Iniciei a minha caminhada de escritor em 2005, com o livro Militância e Poesia; este foi seguido pelo livro, “Vida e Poesia” 2007. Em 2008, “Chuvas de Prata – Reflexões de um poeta”; a vez de “O Menino do Cariri – O Poeta do Brasil” foi 2009; em 2013 publiquei “Gamela de Pedra”; em 2018, “Entre o Sol e a Lua – Um Eclipse de Amor e Poesia; e em 2020, “Teologia Pastoral – A Arte do Seguimento e do Discipulado de Leigos e Leigas”. Ainda tenho outros cinco livros publicados em forma digital pela editora da Faculdade Unina. “Introdução à Teologia”,2020; Ecumenismo e Diálogo Inter-religioso, 2020; “Teologia Prática”, e “Místicas e Espiritualidades”, 2021; e Missiologia e Evangelismo, 2022”. Quais os seus próximos projetos literários? João Santiago - Atualmente, estou focado no Doutorado em Teologia. Este é o meu principal projeto. Porém, a vida acadêmica exige muitas ações simultâneas de produção e publicação e estou me preparando para publicar um livro sobre a Sinodalidade na Igreja, como uma exigência contemporânea. A necessidade de uma Igreja que sabe caminhar junto, ser solidária e tem relações horizontais. Defendo a tese que a construção de uma Teologia Leiga, que reflita as realidades da Igreja Doméstica é conditio “Sine qua non” para a existência de uma Igreja sinodal. E este é um chamado a todo o laicato para escrever e produzir esta teologia que será sua. A Teologia do Laicato. Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista. Muito bom conhecer melhor o escritor João Ferreira Santiago. Agradecemos sua participação na Divulga Escritor: Revista Literária da Lusofonia. Que mensagem você deixa para nossos leitores? João Santiago - As perguntas fundamentais à vida, que tratam do sentido da vida, como o grande tema da exis-

tência humana, são feitas, consciente ou inconscientemente para a Teologia. É importante, por isso, estudar Teologia e conhecer um pouco que seja do grande acervo construído por grandes Teólogos, biblistas e exegetas no decorrer dos últimos dois milênios, mas, sobretudo no último século. Além do mais, a Teologia ocupa um espaço de destaque tanto na Academia, quanto na Igreja e também na Sociedade. Espero encontrar vocês nesta aventura indescritível que é a vida vivida a partir da fé e cantada

pela Poesia, a linguagem preferida de Deus. A Teologia vem se libertando dos muros clericais e ganha destaque a cada dia como a Ciência da Vida em sua pluralidade e dialogando com as outras ciências. Divulga Escritor, unindo você ao mundo através da literatura Quer ser entrevistado? Entre em contato com nosso editorial, apresentaremos proposta. Contato: smccomunicacao@hotmail.com


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PARTICIPAÇÃO ESPECIAL COM

A ESCRITORA ROSA MARIA SANTOS

As belas histórias da Avó Francisca - Avó Francisca, conta-me uma história - pedia a pequena Maria, enquanto afagava as mãos da idosa senhora. - Hoje não pode ser - respondia a velhinha com carinho, e aquele olhar vazio que na frente de Maria raramente acontecia. Quando se apercebia, a criança logo adivinhava que a avó estivesse a passar por algum problema, fosse ele qual fosse. – Sabes, avó? Não gosto desse teu olhar tão triste e apagado, gosto de ver esses teus olhos negros e brilhantes, mesmo percebendo que nada vês. Como era bom poder sentir um pouco do que sentes, para que te pudesse ajudar! Deve ser muito triste não veres as cores do arco-íris, as maravilhas da natureza, o pôr do sol, o céu azul, mesmo até as chorosas nuvens que por vezes se assemelham ao vulto de animais em constante movimento. - Sabes, minha neta? Houve tempos em que também eu olhava com magia essas nuvens irrequietas e corria pelos campos como que a persegui-las. Mas a partir daquele dia, sem que nada o fizes-

se prever, de repente, deixei de ver a natureza e todo o colorido que nos oferece, de fazer tudo aquilo que até então podia fazer. - Não sei bem como, avó, mas tenho a sensação de agora para ti é sempre noite - dizia Maria com a voz mais doce e carinhosa que podia, enquanto uma peregrina lagrima escorria pelo rosto desses seus olhinhos lindos cor de avelã. - A vida é mesmo assim, Maria, já me acostumei. Deixa as tristezas para se algum dia elas te bateram à porta. Por agora, vive os teus dias com essa alegria imensa que te vai no coração. Por momentos, Maria ficou silenciosa, sem nada dizer, enquanto os seus olhos se fixavam naquele olhar triste da avá. - Vá lá, o que se passa Maria? Porquê este silêncio repentino? Logo tu, que o que mais gostas é de estar aqui a tagarelar comigo. Arrebita, miúda! - Estou a pensar, avozinha, apenas isso. E se no momento não te apetece contar uma historinha, respeito o teu estado de espírito, afinal, tão semelhante a este dia chuvoso de outono em que, apesar de tudo, o sol brilha, como os teus olhos negros de

que tanto gosto. O que sugeres fazer? - Há tanta coisa que se pode fazer, Maria! - Vamos quantificar: Não posso ir brincar no jardim, está a chover. Não posso ir à escola, Hoje não há. Não posso brincar com os meus amigos, estão longe… O que vamos fazer hoje? Por isso te pedi para me contares uma história, daquelas que só tu sabes imaginar. Depois, se resolveres contar-me, vais ver que essa tua tristeza vai passar num instante e, sabe-se lá, acabamos as duas a cantar para aqui – riu. - Está bem, convenceste-me. Senta-te aí e vamos lá à história. - Que bom, avó – disse, enlaçando-a num delicado abraço – Obrigada, eu sabia que ias fazer-me a vontade. E vais ver que tenho razão. Quando terminares, o teu sorriso vai ser o mais belo de todo o povoado e esses olhos negros hão de brilhar como nunca. - Tens cada uma, miúda! Como pode ser lindo o meu sorriso? Como podem brilhar os meus frágeis olhos? Só mesmo de ti – disse, retribuindo o sorriso - Senta-te aqui juntinho a mim e vamos ver o que consigo en-


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PARTICIPAÇÃO ESPECIAL COM

A ESCRITORA ROSA MARIA SANTOS

gendrar hoje. Mas por favor não interrompas, ou perco o fio à meada e lá se vai a historinha! – pediu com uma gargalhada surda. - Era uma vez, uma aldeia muito distante. Quem lá vivia, eram todos gente muito pequena, mais novos ou mais velhos. Olimpia, uma belíssima criança, tinha a cara toda sarapintada com sardas encarnadas. As suas tranças ruivas estendiam-se pelos ombros. O nariz era um pouco arrebitado, o que lhe conferia uma graça inusitada. E falava, falava… ai se falava! Quando não tinha outras pessoas, falava com as plantas, com os animais, e imagina lá, até com as pedras, era na verdade uma menina muito especial. . Já algum dia ouviste o teu professor dizer que há pedras que falam? Pois é, um famoso escritor português escreveu até um livro a que chamou Pedras que falam. O seu nome era António Campos Júnior. E narrava as visitas de estudo dum velho professor com os seus alunos em que ele, na presença dessas pedras, fazia com que elas falassem e contassem histórias de encantar. Mas vamos voltar à história: Em certa noite de invernia, o vento uivava forte, o mar estava revolto, as árvores agitavam-se revoltadas, pois adivinhavam que ele as iria deixar completamente nuas. E foi mesmo assim. Por mais que as árvores suplicassem, lhe quisessem mostrar o quanto as suas folhas eram necessárias para proteger os ninhos das aves que ali procuravam refúgio, nada o demovia dos seus intentos de destruição. Soprou, soprou, soprou, e num instante, todas as árvores da-

quele povoado estavam desprovidas de qualquer folhagem. – Oh, coitadas das avezinhas! - Os pobres passarinhos, com os ninhos destruídos, viam agora as suas crias caídas no chão, umas que não paravam de piar com medo, outras feridas e algumas, até, já sem vida, sem que as pobres mães nada pudessem fazer. Olimpia - como te disse, era assim que se chamava a pequenina anã – logo que despertou, alarmada pelo vento, veio espreitar à janela e deparou-se com toda aquela destruição. Sem pensar duas vezes, vestiu-se e correu por ali fora ajudar as pobres aves a recomporem no que era possível os seus ninhos. A tarefa não era fácil, pois as árvores estavam desprovidas de folhas. Foi então que pensou colocar como pode cada qual no lugar de origem e quando isso não era possível, tentar coloca-los entre as sebes dos jardins, na presença das pobres mães. Mas logo o vento se insinuou de novo, irritado com o que estava a ver. Dirigiu a sua fúria para Olímpia, que se equilibrava sobre uma enorme folha e levantou-a no ar, arrastando a folha e menina que se viam agora cruzando os céus e ultrapassando as nuvens que, agitadas pelo vento, estavam agora envoltas num bailado incessante e até perturbador. Olimpia nem sabia se devia estar assustada ou maravilhada ao assistir àquelas cenas. Foi então que decidiu pedir ajuda a um desses animais fantásticos formados pelas nuvens. Era o Urso Panda. - Ursinho, meu amigo, ajuda-me, por favor!

Por muito que olhasse ao redor, o animal não enxergava coisa alguma, nem percebia bem de onde vinha aquela voz delicada de Olímpia. - Estou aqui, amiguinho, aqui mesmo à tua direita. Preciso que me ajudes. Posso saltar para o teu dorso? - Claro que podes, salta. E com um salto, ei-la no dorso do Panda. Foi então que lhe relatou tudo o que tinha sucedido. - Vou ajudar-te, prometo. Não só a ti como também à tua aldeia. Vou levar-te até lá e quando chegares, vais colocar as folhas das árvores todas alinhadas no chão. Depois, apanhas os ninhos e convidas as aves a dirigirem-se contigo para tua casa. Então, permanecem todos ali e depois, é connosco, nós as nuvens vamos ajudar-te a regenerar as arvores e a recolocar os ninhos nos devidos lugares, para que os passarinhos possam ali ficar sãos e salvos. Feliz da vida e com o reconhecimento nos olhos, Olimpia assim fez. Regressou a casa, recolheu as folhas que pode, convidou as mães aves e cada qual levou os ninhos para dentro da casa de Olimpia. Quando estava terminada a tarefa, fechou a porta e aguardou junto à janela o que se haveria de passar. E eis que avistou ao longo um manto de nuvens que se dirigia para a aldeia. Logo, uma forte chuvada se fez sentir. Ó que liquido precioso aquele! Rapidamente, novas folhas começaram a brotar em cada árvore e gradualmente iam chegando bandos de novas aves-nuvens que num labor incessante ajudaram a reconstruir os


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ninhos que houveram sido destruídos. Logo, as pequeninas crias albergadas em casa de Olimpia começaram a regressar aos ninhos, mesmo as que ficaram feridas, se encontravam agora cheias de vigor. E no pequeno povoado a vida regressou a ser como dantes, o vento soprou sereno, o era agora uma imensa lagoa que convidava a momentos de lazer junto das suas suaves águas, o sol brilhou de novo. E Olimpia, sorridente e feliz, acenava para o alto, num gesto de agradecimento às suas amigas nuvens. De novo, a harmonia regressou à pequena aldeia. Quanto a Olimpia, era vê-la agora a correr e a sorrir contente ao longo dos jardins, parando aqui e ali para conversar com as plantas e os animais, acenando às nuvens que do alto pareciam sorrir-lhe, deixando tombar sobre o seu pequenino rosto uma ou outra fresca gota de água, como se fora um sinal do seu pacto de amizade. O vento soprava agora ameno, agitando as folhas suavemente, como que num murmúrio gentil junto de cada árvore, à laia de qualquer devida desculpa pelas suas traquinices que tanto haviam perturbado todo o jardim. O povoado estava de novo em festa e soava pelo ar uma linda melodia como se fora um canto ao renascer da vida.

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No jardim a velha giesta Amarela e tão cheirosa Quis também entrar na festa Junto do cravo e da rosa. As aves junto a seus ninhos, Cada qual com sua cria, Afagavam os filhinhos Agora em paz e harmonia. O vento no seu bailado Por ali permanecia, O mar parecia um lago Pela tarde desse dia. Tudo era natural E o Urso Panda a acenar Com um gesto especial Protegia esse lugar. - Que lindo brilho o dos teus olhos, minha avó! Eu sentia que isso viesse a acontecer. São tão belas as histórias que trazes para mim! Como gosto de ti! És melhor avó do mundo. - Eu sei, eu sei. Não precisas de bajular, menina traquina. – sorriu – O certo é que me convenceste a contar-te uma história. E pensando bem, acho que não correu nada mal, sinto-me mais feliz. E só peço a Deus que me preserve por aqui durante muito tempo para que possa ainda contar-te muitas histórias. - Que bom, avó! Vamos a outra? Ah ah ah ah!

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EM DESTAQUE LIVRO “PÉTALAS DE AZUL” – ROSA MARIA SANTOS

Pétalas de Azul, um livro de pequenos contos, onde o retorno à magia da fábula se faz sentir a cada instante. O imaginativo da criança que sempre permanece no âmago do peito da autora: Como ela mesmo afirma: “Penso de noite, construo de dia” e “Se deixar de sonhar, deixo de existir”. Pétalas de Azul, transporta-nos ao imaginário de um outro tempo, onde as coisas e os animais ganham vida, num ambiente de mistério, a fantasia. O livro é constituído por onze pequenos contos infantojuvenis, escrito num misto de prosa e poesia, proporcionando uma leitura que tenta despertar no leitor o seu lado infantil, explorando através de cada narração o lado positivo da vida, soltando as amarras que em cada momento nos prendem. Pétalas de Azul, um e-book de contos cheios de magia, onde não falta imaginação e criatividade que vos irá deleitar até à última palavra e vos fará viver de novo os tempos de criança.

Rosa Maria Santos Link para acesso gratuito para leitura https://issuu.com/rosammrs/docs/p_talas-de-azul-ebook..._d655d4817a6844

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PARTICIPAÇÃO ESPECIAL COM

O ESCRITOR OSAME KINOUCHI

Jedaísmos

Nome: B. B. Jenitez (pseudônimo de Osame Kinouchi) Osame Kinouchi é professor no Departamento de Física da FFCLRP – USP. ​Publicou O Beijo de Juliana (2014), Projeto Mulah de Tróia (2016), Demiurgo (2020) e Projeto Mulah de Tróia 2 (2020). Participou das antologias​​: FCdoB-2010/2011, Solarium 3, Galáxias Ocultas, Teslapunk 3, O ​E​spantoso ​ M​undo da Antecipação, Asimoviana, O Livro da Ficção Científica Brasileira e Ano Zero.

Contato: okinouchi@gmail.com WhattsApp: 16 988405444

B. B. Jenitez O Jedaísmo tornou-se uma religião oficial no final dos anos vinte do século XXI. Desde então, os círculos Jedi se espalharam pelas maiores cidades da Terra. Quando a COVID-35, com alta taxa de mortalidade entre crianças, jovens e adultos, eliminou dois terços da população mundial, desestruturando a civilização industrial, o Jedaísmo ascendeu como uma das grandes religiões universais, com seus seguidores formando cerca de vinte por cento da população mundial. Em 2038, porém, ocorreu o grande cisma Jedi: de uma lado os Jedi Theravada, adeptos dos exercícios espirituais para o fortalecimento da Força, e que levavam uma vida em mosteiros com abstinência sexual que os ajudava a prevenir a COVID-35; de outro lado, os Jedi Mahayana, que propunham um Jedaísmo popular, de massas, onde o simples fã de Star Wars já contaria como membro da religião. Isso aconteceu depois de outro cisma menor, em 2030. É que muitos dos que se declaravam Jedaístas nos censos religiosos eram na verdade ateus, agnósticos ou humanistas seculares. Se declarar um Jedaísta seria uma brincadeira

ou ironia. Porém a associação ateísta mundial recomendou que ateus e humanistas se declarassem sem religião nos censos populacionais, para evitar uma sub-representação. A partir daí, a população autodeclarada Jedaísta caiu pela metade, mas se recuperou rapidamente pois o crescimento do Jedaísmo como religião era exponencial. A diferença entre Jedis Theravada e Mahayana não era apenas de disciplina espiritual, mas também de posicionamento político: Theravadas eram conservadores e, em geral, pendiam à direita; já os Mahayanas apoiavam a social-democracia e eram politicamente progressistas. Assim, após 2038, havia dois grandes ramos no Jedaísmo mundial, e várias ramos menores dissidentes. Mas daqui para frente falarei apenas dos Jedi Mahayanas, pois foram eles que, aliados aos Trekers (uma seita humanista), ateus, católicos, evangélicos, islamistas e budistas progressistas, se empenharam em recuperar a sociedade humana de seus destroços. Tudo começou com as novas máquinas a vapor. Com os recursos disponíveis na época, em meados da década de 40, eram mais fáceis de


DIVULGA ESCRITOR construir do que geradores elétricos. Todo Jedaísta Mahayana era educado não apenas na tradição Jedi e no cânone de Star Wars, mas também em uma literatura mais vasta de ficção científica que incluía o Steampunk, o Teslapunk, o Dieselpunk, o Atompunk, o Solarpunk etc. Assim, foi natural pensar que o primeiro passo na recuperação da economia mundial seria construir uma sociedade Steampunk. Isso foi feito nas décadas seguintes. Por volta de 2060, dois bilhões de humanos habitavam cidades e vilas agrícolas razoavelmente confortáveis, todas movidas a vapor. Não que fosse uma sociedade sem problemas, dado que a poluição causada pelo uso do carvão não era desprezível e as greves dos mineiros pipocavam frequentemente. Mas havia certo conformismo porque as pessoas já sabiam o que as esperava nas próximas décadas. Primeiro uma sociedade Teslapunk eletrificada, depois uma fase Dieselpunk, e após uma era Atompunk, se alcançaria uma sociedade sustentável Ecopunk. Em 100 anos a Humanidade estaria restaurada, a menos que uma nova epidemia mortal surgisse. Foi nesse contexto de uma sociedade Steampunk que uma reação conservadora, capitaneada pelos Jedi Theravada, surgiu e se espalhou pelo mundo, e cujo alvo principal era os Jedi Mahayana. O choque central pode ser ilustrado pelo enfrentamento entre o Mestre Jedi Ki-Adi Naro e a Mestra Jedi Luminara Unduli, que recentemente havia se mudado para a Amazônia brasileira. oooOOOooo — Mestre Naro — interpelou mestre Mace Windu em um concílio do Círculo Jedi Theravada de Brasília — precisamos de uma vez por todas eliminar a influência de Mestra Luminara Unduli. Ela representa o grande foco de resistência dos Jedi Mahayana. Embora tanto Jedaístas quanto Budistas Mahayanas ainda sejam maioria, e embora os Mahayanas

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têm afinidades com os cristãos progressistas, a liderança político-espiritual deles passou do Papa Francisco II para a mestra Luminara. — Concordo inteiramente, mestre Windu — assentiu Mestre Naro. — Porém precisamos tomar cuidado. As investigações do cancelamento de Francisco II levaram ao núcleo central da Opus Dei e também a alguns membros da Associação Integralista Brasileira. Isso poderia ser fonte de uma grande comoção na opinião pública. — Que seja, mas as investigações não chegaram aos verdadeiros mandantes, o Círculo Theravada de Roma. — Mas poderia ter chegado. O Círculo de Roma foi precipitado e não consultou o Supremo Círculo Theravada Mundial aqui em Brasília. Os Jedi Mahayana desconfiaram do modus operandi do cancelamento. Apenas não conseguiram provas suficientes — refletiu Naro. Mestre Pong Krell se interpôs: — Mestre Naro, creio que mestre Windu está correto. Precisamos avançar em nosso grande movimento contra o Esquerdismo Mundial e o Marxismo Cultural. Já eliminamos os traços esquerdistas-marxistas do cânone de filmes, livros e jogos de Star Wars. Lançamos o movimento bem-sucedido Star Wars sem Partido, e nossos aliados Trekers também lançaram o Star Trek sem Partido (com menor sucesso, reconheço). Mas precisamos de algo mais forte, não apenas um cancelamento de líderes Mahayana nas redes sociais. Precisamos de algo mais físico, mais emblemático! — Sim, gritaram outros mestres do Círculo — Luminara precisa ser cancelada, presencialmente se necessário. Cancelamento era um neologismo para a destruição total da reputação de um inimigo. Cancelamento presencial era um eufemismo para assassinato.

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oooOOOooo Como se poderia fazer um cancelamento presencial sem deixar vestígios? O ponto central é este “sem deixar vestígios”, pensava Mestre Naro durante seus exercícios de Yoga Jedi. Então, lembrou-se da Mestra Jedi Theravada Saramaira Summer, especialista em cancelamentos virtuais. Pelo que ele se lembrava, a filha de Summer era uma famosa bióloga geneticista e poderia ter algumas ideias. Entrou em contato com Saramaira pelo GM+: —Summer, espero que eu a esteja encontrando com boa saúde! — saudou Naro, lembrando-se na verdade que Saramaira estava com câncer terminal. — Ah, Naro, que agradável surpresa. Sim, mesmo estando acamada, nada me impede de militar contra esses esquerdistas! Hoje mesmo cancelei aquele vira-casacas do Olavo de Carvalho Neto. — Sim, imagino que ele merecia isso. Mas, Summer, o que me traz aqui é sobre sua filha. Como posso contatá-la? — Eu posso chamá-la agora, imediatamente. Do que se trata? — Bom, acho que não precisa ser um segredo para você. O Círculo Jedi de Brasília finalmente decidiu cancelar presencialmente Luminara Unduli que, como você bem sabe, está morando na Amazônia Brasileira. — Sim, aquela vaca esquerdopata ecológica. Não era sem tempo! — Summer bufou vermelha de raiva. — Exato, mas o serviço não pode deixar nenhum indício que nos ligue ao acontecimento — murmurou Naro, coçando a barbicha em tranças no estilo Theravada. Saramaiara ligou para sua filha, Michele Summer, que atendeu prontamente, aparecendo em uma janela do GM+. Ela estava trabalhando em seu laboratório. — Filha, Ki-Adi Naro, Grão-Mestre Jedi do Círculo de Brasília, gostaria de falar com você.


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PARTICIPAÇÃO ESPECIAL COM

O ESCRITOR OSAME KINOUCHI

Michele olhou para a tela e fez uma reverência. — Minha cara Michele — sorriu Naro — preciso de sua consultoria. Vamos pensar em uma situação hipotética: suponha que precisemos cancelar presencialmente uma mulher, possivelmente por meios biológicos, sem deixar vestígios. O que você sugeriria? — Essa mulher se chamaria Luminara? — também sorriu Michele. Bom, como o senhor talvez saiba, eu tenho estudado o Sars-Cov-3 já há muito tempo. Estudo, em particular, a interação entre o vírus e o DNA da pessoa, e como isso pode prever se esta irá morrer ou não. — Luminara sobreviveu à grande pandemia de 35 e às outras ondas que se seguiram — começou a dizer Naro. — Eu estava pensando em algo mais específico — disse Michele — Por exemplo, eu poderia sintetizar uma cepa de Coronavírus especial, mortal para quem tiver certos trechos do DNA de Luminara. Entretanto, a intervenção no vírus seria tal que, se examinado, ninguém poderia provar que houve algo mais que uma simples mutação natural. — Isso já foi feito? — perguntou Naro, que nunca soubera de nada parecido. — Não, não foi feito. Mas se o senhor me ceder quinhentos milhões, eu posso fazer isto em meu laboratório. — Quinhentos milhões de Reais! — surpreendeu-se Mundi. — De Euros, Mestre Mundi, de Euros — sorriu Michele Summer. oooOOOooo A Irmandade Mundial dos

Jedi Theravada tinha os recursos, que foram direcionados para o Círculo Jedi de Brasília. Mas Michele Summer precisava também de uma amostra do DNA de Mestra Luminara e foi o próprio Mestre Naro que conseguiu isso. Pediu uma reunião com Luminara, na própria casa dela na Amazônia, onde estaria segura. Afirmou que a Guerra Fria entre os Theravada e Mahayanas prejudicava a ambos e que ele queria propor um plano de distensão que precisava ser discutido presencialmente por causa das evidentes possibilidades de interceptação. Luminara pediu um tempo para refletir, e acabou aceitando. O encontro foi feito na maloca onde Luminara morava, situada em terras indígenas Yanomami perto do Pico da Neblina. Ali, ela treinava os filhos de Yanomamis que quisessem se tornar Padawans. Era muito respeitada, não só por sua luta pela biodiversidade e defesa das Terras Indígenas, mas por sua habilidade com a katana e outros poderes da Força. Os Yanomami a aceitavam de bom grado, pois sabiam que precisavam de toda a ajuda possível para sobreviver frente aos Jedi Theravada, que queriam liberar suas terras para mineração. — Mestra Unduli! — exclamou Naro, ao iniciar as conversações. — Não sabe há quanto tempo gostaria de ter consigo esta conversa... — Notou que Luminara estava cercada de jovens Padwans bem armados. — Sim, imagino — disse Luminara — Desde o impeachment de Francisco II, suponho. — Ah, uma grande infelicidade para o Catolicismo — concordou hi-

pocritamente Naro. — Mas não é isso que me traz aqui. Gostaria de iniciar conversações de paz, tentar dar uma basta nesta grande Guerra Fria Jedi. — E o que o Mestre Naro propõe? — Proponho, primeiro, uma grande moratória dos cancelamentos virtuais. — Nós não fazemos cancelamentos virtuais, Mestre Naro! — Sim, sim, esse será o nosso lado do compromisso. De sua parte, pedimos uma moratória nos atentados que os Antifas têm feito aos círculos Jedi Theravada. — Não sei se temos tanta autoridade sobre os Antifas, Mestre Naro. — Não têm, mas podem ter. Peço que Mestra Unduli faça um pronunciamento mundial sobre nosso acordo de moratória, com um pedido expresso aos Antifas. Nossa moratória de cancelamentos virtuais vai se estender a eles. Este seria o primeiro passo do processo de distensão. Luminara pensou que a proposta era razoável. Afinal, ela nunca aprovara os atentados à bomba, feitos por Antifas desesperados frente ao domínio total dos Theravada. O terrorismo às vezes poderia ser moralmente justificado, como o foi no caso da Resistência Francesa durante o regime Nazista, mas sempre ficava a um fio de cabelo da Ética Jedi, pois civis inocentes podiam sofrer. Luminara disse que iria levar os termos do acordo para os Círculos Mahayana. Mestre Naro pareceu estar satisfeito e, então, subiu em sua carroça a vapor que o levaria à estação de trem à cinquenta quilômetros da aldeia.


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oooOOOooo Autômatos a vapor são em geral bastante grandes, pois têm que possuir uma caldeira e outros mecanismos. Já um autômato à corda pode ser pequeno e, se devidamente programado, pode fazer coisas bastante complexas. Mestre Naro, sentado em seu vagão especial, brincava satisfeito com o pequeno besouro autômato camuflado de verde. O besouro andara pacientemente até a cadeira de Mestra Unduli, subira por detrás do encosto e cortara a ponta de um único fio de cabelo sem que Luminara percebesse. Esse fio de cabelo agora estava protegido em um pequeno receptáculo de vidro dentro do besouro autômato que Naro agora examinava. A viagem até Brasília foi cansativa pois as locomotivas a vapor ainda não estavam devidamente otimizadas para a geografia brasileira, mas no dia seguinte Mestre Mundi chegou às portas do laboratório de Michele Summer. Os milhões de Euros claramente estavam fazendo diferença, pois grandes equipamentos estavam chegando carregados por caminhões à vapor. Michele estava esperando-o na porta: — Fez boa viagem, Mestre Naro? — perguntou, com uma ponta de ironia. — Pois é, não fez nada bem para minhas costas, mas tive sucesso — respondeu Naro mostrando-lhe o besouro — Vejo que anda bastante ocupada... — Como o Mestre deve saber, os equipamentos que preciso são caros porque pertencem à era da Genômica, antes de 2040. De lá para cá, não se tem construído mais desses equipamentos.

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— OK, os equipamentos são velhos de mais de vinte anos... Funcionarão? — Claro que sim, não se preocupe. O importante é quem os maneja, no caso eu — observou Michele Summer, com imodesta autoconfiança. — Então aqui está — disse Mundi, lhe entregando o autômato besouro e sua preciosa carga. oooOOOooo Depois de um mês, Michele conversou com Mestre Naro em uma chamada GM+ privada: — Finalmente está pronto, Grão-Mestre. O vírus já pode ser usado. — Ótimo. Os Mahayanas e os Antifas aceitaram nossa proposta de moratória. Está na hora de uma nova visita à Mestra Unduli. — Mestre Naro, antes tenho um pedido a lhe fazer. Peço que libere Mestre Windu de seus votos de castidade — disse Michele, encarando-o com olhos brilhantes. — O jovem Mestre Windu... — se surpreendeu Mundi. — Sim, acho que já desconfiava que ele é meu amante — falou Michele, sem baixar a vista. — Na verdade não, senhorita Summer, mas... me lembro que foi ele quem insistiu pela eliminação de Mestra Unduli. Parece ser um jovem de visão e com grande potencial. Sim, pode comunicar a ele que os votos de castidade não são mais válidos. Pretendem se casar? — Assim que minha mãe melhorar. O Mestre sabe que o quadro dela está evoluindo muito bem, não? — Não sabia, faz tempo que não falo com sua mãe. Ligarei para ela amanhã mesmo.

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— Faça isto. Eu lhe desejo sucesso em sua próxima viagem para a Amazônia. — Agradeço — e Mestre Naro finalizou a chamada. Teve a sensação de que algo estava lhe escapando da situação toda, mas isso durou apenas um minuto. Agora, toda a sua intuição Jedi estava focada na missão de levar o besouro autômato que iria liberar o vírus mortal na presença de Greta Thumberg Luminara Unduli. oooOOOooo Mestra Saramaira Summer se recuperou do câncer graças às novas técnicas físico-médicas desenvolvidas por sua filha Michele com o dinheiro cedido por Mestre Naro. Não é difícil adivinhar que o plano para conseguir esse dinheiro teve início com Michele convencendo Mace Windu a participar do conluio. Mestre Naro morreu no trem em sua viagem de ida para a Amazônia e nunca chegou a rever Mestra Unduli. Foi vítima de um vírus especialmente desenhado para responder ao seu DNA. Não era conveniente que os dois maiores Jedi do mundo morressem ao mesmo tempo de Coronavírus mutados, isso levantaria suspeitas. Assim, Michele Summer fez uma escolha entre os dois. Mestra Greta Thumberg Luminara Unduli viveu muito tempo depois disso. Foi ela que liderou a resistência contra a nova Grã-Mestra dos Jedi Theravada, Saramaira Summer. Essa resistência foi enfim vitoriosa em 2075, e uma nova era progressista e ecológica, com a extrema-direita derrotada, se iniciou em um clima civilizatório Amazofuturista.


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Entrevista com a Escritora

Maria Viana

“Eu me considero uma eterna caipira nasci em Pitangueiras Município de Rolândia, filha de agricultores, meus pais, em busca de melhorias, mudamos para Curitiba, aqui me casei e criei meus três filhos, trabalhei como técnica de enfermagem, mas, sempre quis ser escritora, até que larguei a insegurança e deixei a minha imaginação fluir. Leitora fiel na adolescência de Júlia e Bianca, e hoje leio muito sylvia day, sempre escrevi, mas, nunca publiquei nada, me lembro que criança pegava um carvão e escrevia pelas paredes da minha casa. Hoje, vejo muitos filmes de romance como uma boa sagitariana escrevi “Tudo por ele nada sem ela”, é um romance muito envolvente o meu Zueni é prova disto um homem que sabe como conquistar e como seduzir uma mulher, Zueni é o homem que nós mulheres apaixonadas esperamos encontrar, quem sabe, podemos esbarrar com ele na nossa imaginação e neste livro.”

Boa leitura!

A União de um povo o cuidado e o amor que une o ser humano com a natureza e o respeito pela grande mãe, principalmente a união do grande elo chamado família.”

Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Escritora Maria Viana, é um prazer contarmos com a sua participação na Divulga Escritor: Revista Literária da Lusofonia. Conte-nos, como se deu o início e desenvolvimento da escrita em sua carreira literária? Maria Viana - Eu escrevo a muitos anos, comecei pelo meu diário, lá eu escrevia tudo o que acontecia na minha vida. Em 2004 eu fui trabalhar em Portugal e lá comecei a escrever, mas, nunca publiquei, e assim foi indo, escrevia muito, mas não tinha coragem de publicar me sentia insegura. Até que comecei a escrever “Tudo por ele nada sem ela” algo mudou dentro de mim. Foi ai que eu percebi que eu precisava publicar, percebi que o meu livro, a minha história era muito Boa.


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compra: https://www.dragoeditorial.com/p/tudo-por-ele-nada-sem-ela-maria-viana-16x23-238-paginas/ O que deseja alcançar por meio da escrita literária? Maria Viana - Primeiro quero que a minha mãe e os meus filhos tenham orgulho de mim. Depois quero ter muito sucesso, poi,s só assim saberei que muitos leitores estão lendo o meu livro.

O que a inspirou a escrever “Tudo Por Ele Nada Sem Ela”? Maria Viana - Eu sou uma eterna romântica, vivo no mundo da lua, estou sempre imaginando histórias, anoto tudo. Este livro, em especial saiu da minha mente em uma manhã fria e chuvosa, eu estava sentada no ônibus indo para o meu trabalho , quando surgiu toda a história. Foi algo mágico, não sei como explicar. Em que momento se sentiu preparada para escrever e publicar o livro? Maria Viana - Eu já havia escrito este livro a cinco anos atrás. Sempre estive preparada para escrever. Mas sempre me senti insegura para publicar sei lá achava que o meu livro não era bom o bastante para publicar. Até que um dia eu falei pra mim mesma, chega, eu vou enviar, entrei no Google e digitei, como fazer para publicar o meu livro, e do nada surgiu a editora Drago e cá estou. Apresente-nos a obra Maria Viana - Sarah estava de plantão naquele dia o hospital, estava um caos no corredor ficou sabendo do massacre que havia ocorrido com os índios da tribo das montanhas, ao entrar na enfermaria se depara com o índio mais bonito que ela já havia visto. Bastou um aperto de mão para uma corrente elétrica percorrer todo o corpo dela, meu nome é Zueni disse ele mas Sarah já não ouvia mais estava totalmente envolvida na energia daquele indio estava envolvida na áurea daquele homem. um ser envolvente sedutor de olhar penetrante Sarah sentiu no mesmo instante que a sua vida jamais seria a mesma, a atra-

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Quais os seus próximos projetos literários? Maria Viana - Quero seguir escrevendo muito, quero extrair toda a imaginação que circulam dentro do meu cérebro. Tenho muitas histórias imaginárias pra contar pra vocês leitores, aguardem. ção foi imediata sua mente, seu corpo, sua alma, precisavam dele. zueni tinha algo a mais uma áurea mágica que envolvia fazendo com que Sarah mudasse totalmente a sua vida partindo para viver ao lado deste homem deste ser, deixando para trás a médica Sarah se tornando jaci a esposa do cacique da tribo das montanhas. No decorrer da escrita do livro, qual o momento mais marcante da história? Foi o encontro de Sarah com a matriarca da tribo vó Ceci. Este foi o momento em que Sarah passa a entender do elo que une este povo. O que mais chama a atenção em “Tudo Por Ele Nada Sem Ela”? Maria Viana - A União de um povo o cuidado e o amor que une o ser humano com a natureza e o respeito pela grande mãe, principalmente a união do grande elo chamado família.

Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista. Muito bom conhecer melhor a escritora Maria Viana. Agradecemos sua participação na Divulga Escritor: Revista Literária da Lusofonia. Que mensagem você deixa para a os leitores ? Maria Viana - Façam dos seus sonhos pequenos balões e soltem no ar, deixem explodir a sua imaginação, corra atrás dos seus sonhos, porque o impossível não existe.

Divulga Escritor, unindo você ao mundo através da literatura Quer ser entrevistado? Entre em contato com nosso editorial, Onde podemos comprar o seu liapresentaremos proposta. vro? Contato: smccomunicacao@hotmail.com Maria Viana - Abaixo link para


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PARTICIPAÇÃO ESPECIAL COM

O ESCRITOR FERNANDO JACQUES – JAX

FERNANDO JACQUES DE MAGALHÃES PIMENTA (JAX) Nascido no Rio de Janeiro, 2/6/1952 Bacharel em Direito (UFRJ), diplomata aposentado. Mestrado em Ciência Política, Universidade George Washington, EUA Autor de Traços e Troças (2015); Ibitinema e Outras Histórias (2016); No Ritmo do JAX (2019), ed. Lamparina Luminosa, S. Bernardo do Campo, SP; Afinal de Contos... (2019), ed. Illuminare, Torres, RS; Microcontos, Mini-Poemas, Curtas Reflexões para uma Vida Breve (2020), ed. Assis, Uberlândia, MG; Para um Menino, Nada É Difícil?, ed. Flamingo, Lisboa/SP (2021). Participou de antologias das editoras Assis, Illuminare, Sol, Palavra é Arte, Piracicaba, Recanto das Letras, Chiado Books, Scortecci e do Círculo Literário do Clube Naval.

PRAXEDES E O INSETO NÃO-IDENTIFICADO O sempre metódico Praxedes surpreendeu-se na primeira vez em que notou o minúsculo inseto na pia de seu banheiro, no cair da tarde. Seria uma formiga daquelas cujo tamanho é inversamente proporcional aos transtornos que ocasionam em um lar? Ou seria daqueles mosquitinhos atraídos por bananas e outras frutas expostas? Embora julgasse preferível a segunda hipótese, decerto menos nociva, o sexagenário não quis perder tempo com a questiúncula e foi tratar de assunto mais premente. De noite, minutos antes de recolher-se ao leito, avista o diminuto ser novamente a circular no canto direito da pia, praticamente no mesmo local em que o vira à tarde. Olha o intruso o mais próximo que pode, mas permanece em dúvida se o bicho voa ou se é mero andarilho. Não lhe parece tratar-se de uma formiga, em todo caso. O impulso de

liquidar o inseto contém-se ante a curiosidade de identificá-lo primeiro. Resolve dormir e, no dia seguinte, caso o visitante desconhecido ainda lá esteja, a lupa que guarda na mesa do escritório assegurará a devida identificação. Praxedes somente volta a encontrar o ser indefinido de noite. Observa que ele continua, solitário, a zanzar no canto da pia e em volta da torneira de água fria. Irrita-se por haver esquecido de apanhar a lupa, logo ele cultor da extrema organização em seu dia-a-dia*. Não se sabe se por desejo de autoflagelo, ante sua falha organizacional, ou se por pura preguiça de ir até o escritório e voltar, o fato é que o homem decide desfazer-se do inseto, jogando-lhe um pouco d’água que o leva ralo adentro. Satisfeito em livrar-se do incômodo invasor de seu lar, vai para a cama tirar o sono dos justos.


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Mesmo pessoas organizadas e metódicas não estão imunes a dúvidas, porém. Já na manhã seguinte, Praxedes questiona-se sobre a decisão da véspera. Será que fez bem ao eliminar a minúscula criatura? Por um lado, quer crer que sim. O fato de o bicho não ter voado ao sentir o toque da água praticamente confirma a suspeita de que não se tratava de mosquitinho banal, mas sim de uma formiga ou outro ser pedestre igualmente mal-vindo. Por outro lado, receia a possível crueldade do seu ato, pois poderia estar diante de algo totalmente inofensivo, que não requeria tamanha punição. Como bom apreciador de contos de ficção científica, aflige-lhe, especialmente, a ideia de que o inseto não-identificado pudesse ser um alienígena, em mera visita de reconhecimento ao planeta. No intuito de apaziguar sua consciência, reflete que algum bom amigo talvez viesse a ponderar-lhe de imediato que semelhante visita se destinava a preparar a invasão da Terra. Praxedes, no entanto, descrê das persistentes cantilenas em torno dos propósitos agressivos de eventuais

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nações extraterrestres. A sede de conquista constitui mania dos terráqueos, na verdade, ou pelo menos de boa parte deles, que tendem a extrapolá-la e a estendê-la a terceiros de maneira mecânica. Do alto da experiência de seus mais de sessenta anos, o esforçado adepto de um humanismo crescente recrimina-se pelo cômodo gesto de simplesmente eliminar o objeto de dúvida. Deveria haver buscado a lupa naquele instante ou aguardar o dia seguinte para melhor averiguação. Tudo bem que a hipótese de encontro de terceiro grau se reveste de elevado grau de fantasia. Alguém experimentado como ele não pode deixar-se enveredar por esse tipo de conjecturas, com grande probabilidade de serem infundadas. De concreto, resta a circunstância de que perdeu oportunidade para exame e avaliação do pequenino ser de modo mais aprofundado. Nem tudo está perdido, entretanto. Sua biblioteca, cuja variedade de temas muito o orgulha, possui farta informação sobre coleópteros e bicharada afim. Põe-se a folhear seus livros queridos, na expectativa de que solucionem o mistério.

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Após horas de aprazível leitura, mas nenhum resultado, Praxedes depara-se com sinal de traça no último volume pesquisado e chega à conclusão magistral, fruto da razão e da racionalidade, de que mais vale ocupar-se do inseto sobejamente conhecido do que continuar a despender energia com o não-identificado. *Quem quiser conferir essa mania de organização, pode ler “Praxedes, sua empregada e a ordem suprema” na Revista Literária da Lusofonia, n. 27, junho-julho 2017.


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Entrevista com o Escritor

Sergio Casella

Sergio Casella é natural de Belém do Pará, nascido em 28 de fevereiro de 1987. Gosta de música clássica, blues, jazz, e um bom rock n’ roll. Começou a se interessar por literatura aos doze anos, quando teve contato com contos de Machado de Assis, romances de José de Alencar, Bernardo Guimarães, Luís Fernando Veríssimo, Nelson Rodrigues e poucos anos mais tarde com aquele que viria a ser o seu autor brasileiro favorito: Rubem Fonseca. Sua primeira experiência com a escrita ocorreu quando se apaixonou por uma enferrujada máquina de escrever que seu pai usava para preencher documentos de compra e venda, e desde então tem escrito contos que nunca ousou tentar publicar. As coisas mudaram com o início da pandemia e o confinamento, quando foi possível colocar no papel um antigo romance que tinha na cabeça desde o início de 2017.

Boa leitura!

Aos leitores, peço que leiam o livro e espero que a experiência humana dos personagens os envolva, cative e emocione. O objetivo é provocar reflexões sobre os temas abordados, e principalmente, fortes emoções.”

Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Escritor Sergio Casella, é um prazer contarmos com a sua participação na Divulga Escritor: Revista Literária da Lusofonia. Conte-nos, o que o motivou a escrever, abordando um tema tão polêmico como o estupro? Sergio Casella - O prazer é todo meu e agradeço pela oportunidade de fazer esta entrevista. O tema central não é o estupro, apesar de a estória começar justamente com esse trágico acontecimento. Se trata de uma narrativa que tem como foco principal a vida de uma personagem que é membro de uma família de classe alta, que começa a ser contada na década de 1970, em Belém do Pará, escancarando as pressões e intrigas que eram comuns à época. A intenção é mostrar um pouco do drama humano, apresentando não julgamen-

tos pessoais, mas os diferentes aspectos que moldaram a personalidade de cada um dos personagens envolvidos na trama. Ninguém é totalmente mau, nem totalmente bom, portanto, há a possibilidade de se amar um personagem no início, somente para odiá-lo em seguida. É este tipo de complexidade que pretendo destrinchar durante minha escrita. Comecei a escrever em março de 2020, após uma reunião de trabalho, onde meu chefe global de qualidade disse coisas que me levaram a refletir sobre o que eu estava fazendo da vida e o que pretendia para o futuro. As partes um e dois do primeiro capítulo foram escritas de um só fôlego após essa epifania. Assim que terminei, li e achei que seria interessante continuar, portanto, o fiz.


DIVULGA ESCRITOR Como foi surgindo o enredo que deu origem ao seu livro “Lili”? Sergio Casella - O enredo surgiu em uma conversa com a minha esposa em fevereiro de 2017, quando fomos de férias ao Brasil. Estávamos comendo no Burger King do aeroporto de Dublin quando começamos a conversar sobre algumas experiências de amigos e conhecidos, e em dado momento, enquanto relatava algumas dessas coisas, minha esposa comentou que aquilo daria um bom livro. Foi aí que surgiu o personagem da Lilian, a “Lili”, com a ideia central do que viria a ser o início da estória, e a partir disso fui imaginando como as diferentes personalidades que criei reagiriam diante de cada uma das situações que surgiam. Foi assim que o enredo se desenvolveu. Qual o momento, enquanto escrevia o enredo que compõe a obra, que mais chamou a sua atenção? Sergio Casella - Posso dizer que achei especialmente interessantes os momentos da Lili com a sua avó materna, a Elsa. Foram diálogos que surgiram muito naturalmente, e creio ter conseguido através deles mostrar experiências de conexão genuína entre estes dois personagens. A personalidade sagaz e lúcida intelectualmente da avó me fez sorrir muitas vezes. Era como se ouvisse a voz dela me dizendo o que escrever. É um dos personagens mais interessantes que já criei e que tive muito prazer em desenvolver. Apresente-nos a obra? Sergio Casella - Lili, uma adolescente ingênua que sonha em se tornar pesquisadora, vivendo em meados da década de 70, e acostumada a andar nos meios da alta sociedade, tem sua vida transfigurada após um violento estupro. Lili, que além de ter que lidar com as marcas físicas e mentais causadas pela violência, é obrigada a encarar os padrões sociais da época, cheios de preconceitos enraizados, que tentavam esmagar seus planos.

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Um estupro. Uma família. Um amor. Os desdobramentos envolvem pessoas poderosas, e o momento é o do período mais duro do regime militar. Quanto sangue será derramado? Será que Lili, espremida no meio desse turbilhão de emoções e reações, conseguirá superar os traumas dessa violência? Quanto esse fato mudará sua personalidade? Quais são as possíveis consequências das ações das pessoas na vida dela? A quem indica leitura? Sergio Casella - A todo ser humano maior de idade, mas creio que o livro dialoga bem com os problemas cotidianos das mulheres em vários níveis, portanto, creio ser potencialmente mais interessante para elas. Qual a mensagem que deseja transmitir ao leitor por meio da leitura de “Lili”? Sergio Casella - A principal mensagem é a do cuidado com as nossas ações, pois elas refletem na vida alheia de forma imprevisível, transformando as pessoas de maneira positiva ou negativa. O livro procura mostrar a intensidade de tais experiências, e como cada ação é sentida por cada personagem dentro da sua própria cosmovisão. Traumas, tragédias, insanidades e depressões podem surgir a partir disso, portanto, temos que ter responsabilidade na relação com os outros. Onde podemos comprar o seu livro? Sergio Casella - As cópias físicas estão disponíveis para compra na livraria virtual da Drago Editorial e na Amazon Brasil.

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Quais os seus próximos projetos literários? Sergio Casella - A “Lili” é uma trilogia. Estou neste momento tratando de escrever a parte dois e já tem mais de cento e vinte páginas escritas. Espero publicar em 2023 também pela Drago Editorial. Já tenho previsto em seguida um livro de contos que está iniciado, mas em espera. Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista. Muito bom conhecer melhor o escritor Sergio Casella. Agradecemos sua participação na Divulga Escritor: Revista Literária da Lusofonia. Que mensagem você deixa para nossos leitores? Sergio Casella - Primeiramente agradeço pela oportunidade de ter feito esta entrevista. Aos leitores, peço que leiam o livro e espero que a experiência humana dos personagens os envolva, cative e emocione. O objetivo é provocar reflexões sobre os temas abordados, e principalmente, fortes emoções. O texto foi escrito em tom propositalmente sinestésico para que fosse possível combinar as sensações e fazer com que o leitor seja imerso na trama vivendo cada decisão, cada raiva, cada amor, cada exasperação, etc. Foi com muito carinho, dedicação e colaboração de muitas pessoas, dentre elas minha esposa, que escrevi esta obra e espero que caia no gosto do público. Um enorme abraço a todos. Divulga Escritor, unindo você ao mundo através da literatura Quer ser entrevistado? Entre em contato com nosso editorial, apresentaremos proposta. Contato: smccomunicacao@hotmail.com


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José Sepúlveda

Carta de Amor Encanto de minha alma, em cada instante Tu nasces e renasces no meu peito, Tu és a minha amada, eterna amante E, envolto nos teus braços, me deleito

Rosas

Ai, doce companheira, doravante, Proclamarei o amor e o respeito Que sinto por te amar e nesse canto Serás no meu jardim o amor-perfeito

Aqui te envio rosas, minha amada… São rosas que eu espalho à tua frente Para que possa ter-te bem presente, Bem perto de minha alma apaixonada…

Vem, dá-me o teu abraço, o teu carinho, Ensina-me a trilhar esse caminho Que um dia prometemos caminhar,

E quando, pela alta madrugada, Tu fazes parte do meu corpo e mente Me sinto como vão delinquente Vagueando tão sozinho nessa estrada

Quando surgirem pedras de tropeço, Galgá-las-emos sempre, a qualquer preço, Sorrindo, de mãos dadas, a cantar! José Sepúlveda

São rosas de toucar que eu algum dia, Seguindo para alem da fantasia, Hei de entregar-te em suave amanhecer… E quando as minhas rosas te entregar Descobrirei, por fim, como encontrar, De novo essa alegria de viver José Sepúlveda

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Eu sei... A mutação de humor que existe em ti Às vezes surpreende e entristece Mas penso no que sinto e já vivi E a minha vida em ti se fortalece. Às vezes, se caminho em sobressalto E cheio de incertezas, de temor, Meu coração transpõe-se salto a salto E faz sentir o teu imenso amor. Nosso caminho faz-se caminhando E mesmo quando triste ou navegando Nas ondas desta nossa caminhada Eu sei, mesmo no túnel mais escuro Existe ao fundo a luz que em ti procuro E há de iluminar a nossa estrada! José Sepúlveda

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O teu olhar O teu formoso olhar, Lírio do Campo, Dá brilho e luz a todo o meu viver, Pureza e majestade, o doce encanto Que me visita em cada alvorecer. Quero senti-lo sempre bem presente E à tua frente, olhando o teu olhar, Sentir o grande amor que em ti se sente Nesta diferente forma de te amar. Olhando o teu olhar, eu sinto o brilho Da extremosa mãe que ao ter um filho Levanta o seu olhar e olhando o céu, Procura no olhar do Criador O mesmo olhar que agora com amor Me trazes e me entregas porque é teu! José Sepúlveda

Ilusão Vento Afago em teus cabelos de oiro fino E sinto-me a bailar entre esse mar E quando nessas ondas, peregrino, Eu sonho nesse nosso imenso amar Navego apaixonado, qual menino, Entre marés imensas, a cantar, E sigo sem ter rumo, sem destino, Ao leme desse teu suave olhar Que lindo esse ondular tão doce e belo, Suave o teu perfume, quando anelo Eu sinto nesse grande amor por ti E ao som do marulhar silente, infindo, Resguardo teu encanto puro e lindo E canto porque a vida nos sorri… José Sepúlveda

Que ventania, amor, é forte o vento Que sopra impiedoso sobre o mar Varrendo num instante o pensamento De dias tão felizes a cantar. Olhando para trás, num só momento Vivido na esperança de te amar, Ficou cá dentro um triste sentimento De frustração e medo a torturar Agora, quando olho em teu olhar, Procuro nos teus olhos encontrar As manchas de tristeza, angústia e dor… E nesta nostalgia hei de ficar Na esperança de um dia despertar Teu coração para este imenso amor… José Sepúlveda

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LIVRO EM DESTAQUE – DELÃES, QUANDO EU ERA MENINO – JOSÉ SEPÚLVEDA

Delães, quando eu era menino Neste pequeno grupo de textos a que decidi chamar de “Delães, quando eu era menino”, mergulho numa viagem de regresso à minha aldeia, onde vivi até aos dez anos, e vou descrevendo em verso ou prosa memórias dessa infância farta e feliz: a família, as tradições, os pregoeiros, os fatos mais salientes do que consegui gravar… Começo com um resumo da minha história em verso, compilada numa publicação a que chamei “Josíadas”, e vou relatando os momentos mais salientes vividos ao longo desses fartos anos. Vamos à história. https://issuu.com/correiasepulveda

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José Sepúlveda

Pai Pai, é um Ser de quem nos orgulhamos Também é o que mais respeitamos É o companheiro que desejamos É aquele que nós mais amamos. Pai, é o nosso porto seguro Que em dias de tempestade Ou quando estamos em apuros Com ele nos sentimos à vontade. Pai, é tudo o que há de melhor Numa emoção nunca esquecida Ele também é o herói maior Do filme da nossa vida. Pai, é o Ser humano perfeito Aquele que pelos filhos tudo dá Também é um amigo do peito Que ao seu lado sempre está. Pai, são três letras apenas Presença, respeito e educação Amor, são todas palavras pequenas Identidade, guardada no coração. Pai, é aquele que nos ama Que nos repreende e ensina Que nos aconchega na cama É a nossa inspiração Divina. António Oliveira

Ó MEU QUERIDO PAI Ó meu querido pai quando eu morrer para onde se vai só eu sei o que foste entretanto sempre te julguei um Santo olha por mim até eu ir ter contigo serás o meu grande porto de abrigo livra-me de quaisqueres tormentos és o juiz para meus julgamentos só acima de ti quem governa é Deus guiai todos os caminhos meus Não me deixeis cair em tentação entregai firme o meu coração estais sempre na minha mente confio em vós porque sou crente minha alma está nas vossas mãos e todos os povos sejamos irmãos. António Rodrigues Gonçalves

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SER PAI

Pai nunca te esqueci

Ser pai é... Presença constante Vigília permanente, Cuidar a todo instante Amar eternamente!

Pai quem me dera ainda por ti chamar partiste tão cedo, e com muita dor, deixaste os teus filhos por criar levaste contigo essa mágoa e o teu amor

Ser pai... É ser companheiro, É ser amigo, É estar presente Mesmo na ausência, É afago, é carinho, Cuidado redobrado Doar sem nada pedir Velar, qual ave no ninho O crescer do ente amado. Ser pai... É perene devoção É entrega plena É amigo, conselheiro, É ombro confiável É a palavra serena Que te presta atenção, É a palavra amável Dum amigo verdadeiro! Ser pai... É amor, é amigo, É deixar de viver, P’ra passar A viver contigo. Luís Filipe Coimbra

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Mas teus filhos mesmo sentindo a tua falta foram crescendo, e da mãe tiveram amor amor e lágrimas misturadas, no seu rosto, sofreu para todos criar, e com grande desgosto A dor de te ter perdido, e sozinha nos criou ela vivia ela sofria, porque ela muito nos amou e assim seus filhos foram crescendo com amor muito sofreu minha mãe, hoje eu lhe dou tanto valor, O tempo passa, e a mãe também já deste mundo partiu, já são longos anos passados, e teus filhos, netos têm, mas que o pai só do céu os viu. e hoje tens a companhia da mãe, para nos guiarem na terra também Joana Rodrigues

Querido pai… Foste sempre, pai presente Rígido em nossa educação E mesmo quando ausente Estavas sempre com atenção Não foste um pai carinhoso Mas um grande educador À nossa vida, sempre atencioso Sendo isso, grande prova de amor… T e agradeço tudo o que sou Me educaste com dignidade Hoje…um grande beijo te dou Com ternura e muita saudade! Te amo querido paizinho De ti não estou esquecida É com todo o meu carinho Que te desejo muita vida! Teresa Costa

Pai Querido!... Sabes, pai já faz Muitos anos que partiste, E, o tempo me traz Grande lembrança Que apesar de criança, Ainda me deixa triste. Nem sempre estiveste Presente em nossa vida, E muitas lágrimas Me fizeste chorar…. Mas, eu nunca deixei De te amar! A saudade dilacera O coração…. E faz –me lembrar… O sofrimento de então. No teu leito te acompanhei Nunca te abandonei. No meu regaço a saudade Pelo tanto que te amei Pai Querido, De Verdade !.... Maria de Lurdes Cunha


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Entrevista com o Escritor e palestrante

Uranio Bonoldi

Uranio Bonoldi, é mentor e consultor em gestão e governança corporativa e estratégia empresarial. Palestrante no tema de processos de tomada de decisão, influência e poder. Atua também como professor do Executive MBA da Fundação Dom Cabral, onde leciona sobre “Poder e Tomada de Decisão”. Trabalhou como diretor e presidente em médias e grandes empresas durante mais de 30 anos, dentre as quais, atuou como CEO da Fundação Butantan em São Paulo. Graduou-se e pós graduou-se em administração de empresas pela FGV-SP. No colégio, foi educado no método Waldorf. Mora em São Paulo com sua esposa e é pai de dois filhos. Autor da saga de livros de ficção A Contrapartida.

Boa leitura!

O que a metodologia oferece é o que devemos perguntar a nós mesmos e que devemos responder para nós mesmos e mais ninguém. Portanto, não se trata de lista de o que fazer, mas o que se perguntar para si mesmo e responder com integridade.”

Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Escritor Uranio Bonoldi, é um prazer contarmos com a sua participação na Divulga Escritor: Revista Literária da Lusofonia. Conte-nos, o que o motivou a escrever “Decisões de Alto Impacto”? Uranio Bonoldi - A motivação surgiu da observação de como as pessoas tem dificuldade em fazer escolhas, consideradas difíceis e de alto impacto em nossas vidas e nas vidas dos outros, trazendo angústia e aquela sensação ou dúvida ao agente decisor: “será que fiz o certo?”, “será que o outro caminho poderia ter sido melhor?”. Recentemente, um casal me procurou para relatar quão difícil estava sendo para eles decidir se mudavam de apartamento ou se deviam permanecer no mesmo e reformá-lo. Para eles, se tratava de uma decisão angustiante, pois continha inúmeras variáveis. Através da metodologia que apresento no livro, ela ajudou-os a separar as variáveis e identificar o que estava, de fato, no centro daquela decisão que deveria se basear, fundamentalmente, em autoconhecimento e valores. Pois bem, decidiram firmes, conscientes e seguros. É gratificante verificar esse resultado que o livro pode proporcionar.


DIVULGA ESCRITOR Qual a mensagem que deseja transmitir ao leitor por meio da leitura desta obra literária? Uranio Bonoldi - A mensagem central é de que não existe nada mais importante no mundo do que decidir bem ao longo de nossas vidas. Seja na vida pessoal, em função de nossos propósitos e carreira, bem como líderes empresariais. Explico lembrando de um enunciado de Jean-Paul Sartre: “Não importa o que a vida fez de você, mas o que você fez com o que a vida fez de você”. Veja o quão importante é decidirmos conscientes e seguros. A vida é um mar de incertezas, do imponderável, de incidentes, acidentes e por aí vai. Porém, existe um milissegundo em que temos algum controle. Pois bem, é naquele momento que decidimos e podemos fazer toda diferença e, mais uma vez, logo em seguida, entraremos no campo das incertezas e no modo “o que a vida irá me trazer agora?” Em seguida, decidiremos de novo. Por isso, o mundo das escolhas e das decisões seguras e conscientes acaba tendo importância capital em nossas vidas. Essa é a mensagem que desejo transmitir. Apresente-nos as principais temáticas abordadas na obra por meio do Sumário. Uranio Bonoldi - As principais temáticas abordadas são autoconhecimento e valores. É entendermos que, diferentes dos animais, o homem deve sempre isolar as emoções no processo decisório e buscar o uso da razão, da sua intuição, - daquilo que é do homem e não do animal. O homem deve buscar em suas virtudes, valores e sabedoria, seus guias pra orientar suas escolhas, decidir e agir! Saber reconhecer que existe o medo (emoção) e como devemos enfrenta-lo, é fator que devemos buscar, do contrário, estaremos agindo como os animais: buscando segurança que não existe, atender a desejos que se esvaem, a buscar o prazer que se torna imediato ou a certeza que também não existe. Estes

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pontos são apresentados no livro permeados de casos e, em paralelo, a metodologia é apresentada de forma que o leitor irá incorporar o processo de forma natural. A partir daí, é só aplicar e sentir seus efeitos ao longo da vida. Apresente-nos a obra Uranio Bonoldi - O livro traz uma reflexão importante ao defender que uma decisão só deva ser tomada se o agente decisor puder pensar ou falar sobre ela sem constrangimentos (Kant). Seu conteúdo está alinhado a uma valorização crescente da ética nos negócios, de melhor governança corporativa e do foco no impacto das decisões em pessoas, sociedade e meio-ambiente. Também bastante funcional e útil: o leitor terá acesso a uma metodologia de tomada de decisão que produz resultados bastante consistentes. Vários casos, situações e experiências reais serão apresentados ao leitor. A metodologia proposta no livro foi construída a partir de minha longa experiência como executivo de grandes e médias empresas e como professor do Executive MBA da Fundação Dom Cabral, onde leciono sobre “Poder e Tomada de Decisão”. Outro diferencial importante da obra é tratar no mesmo volume tanto de decisões de carreira como de decisões voltadas aos negócios das empresas. Importante destacar que não se trata de uma obra de autoajuda e sim de autoconhecimento. O processo de tomada de decisão bem posicionada aos nossos valores, passa pelo SER de cada um de nós. O que a metodologia oferece é o que devemos perguntar a nós mesmos e que devemos responder para nós mesmos e mais ninguém. Portanto, não se trata de lista de o que fazer, mas o que se perguntar para si mesmo e responder com integridade.

Onde podemos comprar o seu livro? Uranio Bonoldi - O livro está presente em todas livrarias e redes do país, bem como nos principais marketplaces. Além de “Decisões de Alto Impacto” você tem outras obras publicadas, apresente-nos. Uranio Bonoldi - Tenho muito prazer em escrever ficção e, para tratar o tema de escolhas e decisões de forma lúdica, nasceu a saga “A Contrapartida” pela editora Valentina. A história apresenta um personagem, que quando ainda adolescente, precisou tomar uma decisão de grande impacto, mas cujo caminho feria seus valores e questões éticas. Ainda que grande parte da trama se passe em São Paulo, a obra, como pano de fundo traz a cultura indígena brasileira, a Amazonia e personagens ímpares como a índia Iaúna, além do personagem principal, Octávio. O primeiro livro foi de grade sucesso, tendo atingido primeiro lugar em vendas na Amazon, ainda no primeiro ano


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de seu lançamento. O segundo em seis meses de venda já está entre os cem livros mais vendidos na categoria Thriller. Até o fim deste ano sairá o terceiro livro que comporá os cinco volumes da saga. Quais temáticas são abordadas em suas palestras? Uranio Bonoldi - Ministro palestra e workshops de questões ligadas à liderança, com foco no processo de tomada de decisão. Em alguns casos também já fui chamado para falar sobre novas carreiras, - como endereçar esse chamado ou como pivotar uma carreira. Isso acontece pelo fato que tendo sido executivo por longos anos, há curiosidade em saber como foi a minha experiência e passagem para o universo literário, sem ter abandonado o mundo corporativo. Quem desejar como deve fazer para contratar? Uranio Bonoldi - Pode fazê-lo através do meu site: www.uraniobonoldi. com.br e também através do LinkedIn: Uranio Bonoldi. Estou também presente no Instagram, @uranio_bonoldi, e no YouTube no Canal Influência e Poder. Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista. Muito bom conhecer melhor o escritor Uranio Bonoldi. Agradecemos sua participação na Divulga Escritor: Revista Literária da Lusofonia. Que mensagem você deixa para nossos leitores? Uranio Bonoldi - Em primeiro lugar desejo agradecer a oportunidade de divulgar minha obra através da Revista Divulga Escritor, - referência no mercado editorial brasileiro. Foi um enorme prazer estar com vocês, canal de maravilhosa ligação entre os autores e público leitor. Como mensagem final gostaria de reforçar o aspecto fundamental do processo de escolha e tomada de decisão em nossas vidas. Da mesma forma, de como exercemos nosso poder e

liderança e orientamos pessoas com relação ao que deve ser feito. Não importa se homens ou mulheres, qual cargo ocupam ou tamanho da empresa, se empreendedores, se conselheiros de administração, bem como profissionais liberais e autônomos, pais e educadores, há sempre como melhorar a forma de como escolhemos e decidimos e de como orientamos aos outros. Ficaria eternamente feliz se a obra Decisões de Alto Im-

pacto vier a contribuir na melhoria desse processo, conferindo maior segurança e consciência aos leitores.

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PARTICIPAÇÃO ESPECIAL COM

O ESCRITOR TITO MELLÃO LARAYA

O NÃO SER Será que existe só verdade? Pois até mentindo temos que viver Existe os dilemas da senilidade. O dia a dia nos leva a ter. E ainda queremos apenas ser Quando trabalhamos com as inverdades O dia a dia do viver E os sonhos que temos da realidade O não ser não é a negação do ser Mas a antítese da mediocridade Que nos leva a ilusões do querer ter E sabemos que não é só de inverdades Os sonhos que nos cansamos de ter Mas uma forma de realidade É tão fácil falar essas mediocridades Pois até rimando sei escrever Mas tem o dia a dia da senilidade As ilusões que queremos ter Os sonhos da pouca idade E a vontade que queremos ter De um dia apenas ser Por isso o não ser É um retrato da realidade EXPLICAÇÃO

Os meus textos não terão uma sequência lógica no tema, isto porque meu livro se chama: Eu sou assim... Nós somos três coisas: o que verdadeiramente somos, que vamos tentar descobrir, o que os outros acham de mim, e o que eu acho que sou. Vou procurar suprir esta desigualdade com textos diferentes, em sequência lógica, espero que apreciem. Isto é o escrever impressionista, nunca uso o preto nos meus raciocínios da certeza final, mas as cores que levam a sensibilidade e discussão. Obrigado TITO Freud já dizia que o melhor personagem de um escritor é ele mesmo, então cada livro que escrevo e que escrevi, há um pouco de mim, ou muito conforme a leitura de quem o faz. Esse livro é então um resumo, sem o ser de tudo que fui, sou e do que serei. As dúvidas são para mim, elementos de criação. O meu escrever nasce na dúvida e se desenrola numa incansável busca pela certeza e a verdade. Vou escrevendo, pondo no papel pedaços de mim numa incansável procura pela verdade absoluta, é o que minha alma atormentada por dúvida pede. E vou divagando, pensando, e preencho folhas de ilusão e algumas verdades meramente transitórias. Aí descubro que a única verdade absoluta é a existência de Deus, o resto todo é transitório. Um homem descobriu que da ponta dos seus dedos nascia a vida.


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PARTICIPAÇÃO ESPECIAL COM

O ESCRITOR TITO MELLÃO LARAYA

Ele para pensar muito para descobrir isto, e viu que seu coração nascia nas coisas que criava, sejam elas pinturas, poesia, enfim tudo o que criava, aí descobriu a magia da criação, por a alma em tudo o que se faz. No começo sofreu muito pois as críticas a sua arte, soavam lhe como uma crítica a si mesmo. Depois tornou se feliz, porque podia ser verdadeiramente ele nos momentos de sua vida e criar uma continuação de si mesmo. Ai se eu tivesse um desejo nesta noite de verão, de mulheres, carinho, compreensão ou dinheiro, ai se eu tivesse um desejo, penso não só em uma, mas todas as coisas do mundo, pois desejo não posso ter, pois não é verão. As noites não são mais mornas, pois não é verão, são frescas como as noites de outono são. Não tenho mais desejos e frustrações pelo não ter, mas calma e tranquilidade, tenho só desejo de escrever, não de frustrações, mas do escrever por escrever. O meu escrever estava calado há tanto tempo, que agora se desembestou a falar, e a ideia de todo falar da frustração que não existe, mas da minha vontade de me comunicar flui como um vulcão a soltar fogo, este fogo que me consome algumas vezes, agora me ajuda a criar. Pois me sinto realizado e isto basta, como as noites que não são mornas e mal dormidas, mas frescas e descansadas e do meu ser brota uma alegria enorme, pensando no dia que vai nascer de novo, e transbordar de alegria.

Não penso em chorar, ou qualquer forma destrutiva ao ser, mas em rezar e agradecer a Deus pela minha existência, por mais um dia, enfim pela vida. Tanta gente que sofre sem razão, já fui assim, hoje apenas agradeço e valorizo os dons recebidos. Amém Hoje me perguntaram sobre o que são minhas novas linhas, ainda não sei; pois apenas escrevo o que meu coração manda. Não tenho intenção de argumentar, nem de provar nada, mas espero que quem leia o que escrevo, veja e sinta que a felicidade é possível, basta querer e basta lutar para isso acontecer. O médico contou-me hoje que tenho muitos anos de vida, muitas páginas para preencher com ideias, muitas horas para me divertir refletindo. Bem vinda a vida, meus pesadelos acabaram-se. Encaro com alegria as folhas em branco na minha frente, é como minha vida se apresenta agora, muitas folhas em branco para viver com palavras minhas. O dia nasce na minha janela, e a vida flui nas minhas veias, a frase “já não quero mais a morte, tenho muito o que viver” ecoa dentro de mim. Quem sabe... o futuro a Deus pertence, mas estamos nós a plantar no presente os alicerces do futuro. Queria contar a alegre notícia a meus pais, mas eles morreram, mas hoje ao caminhar de manhã depois de cumprimentar o dia, o cosmo

com uma atitude de respeito a todos fez com que ele brilhasse, minha respiração vai ser inspirar amor e esperança, e deixar a vida fluir no meu corpo. Bom dia O dia morre, hoje é sexta feira, termina uma semana de vitórias pessoais que ninguém vai ver, só eu vou me sentir melhor, e isso para mim basta. Há muitas lutas ingratas que são só para os outros satisfação. Estas páginas são vitórias minhas neste dia de outono, são pedras com as quais vou construindo meu castelo mental, meu livro. Há tantos que lutam para ser ou parecer ser o que não são, e tem satisfação com isso. Eu vou vendo, meditando e escrevendo, do fruto do meu raciocínio algo, nascerá mais um livro, que talvez ninguém leia, mas construí algo, criei um livro e isso me alegra. Alguns lerão, entenderão as palavras e acharão que é fácil faze o, depois darão desculpas porque não o fazem. Eu, mudo no meu canto vou preenchendo folhas de papel, que talvez daí nasça outro livro, e isso me satisfaz. Acordo de madrugada, neste outono, com as janelas entreabertas da minha sala, vejo as primeiras luzes do sol virem brincar com o meu escrever. É o dia que nasce para mim e me transborda de alegria. A cidade acorda preguiçosa, aos poucos, e eu esfuziante de alegria, ponho-me a escrever essas linhas. Quem nunca viu o nascer do dia não sabe da beleza que o mundo guarda para si, e que Deus nos mostra todo dia.


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Quero cumprimentar a todos, mas dormem, pois meu ser transborda de alegria com a beleza do mundo. Só sei fazer o sinal da cruz, agradecer e escrever. Bom dia a todos. Há pessoas que não veem beleza no nascer ou pôr do sol, apenas acham graça na cor do dinheiro, não amam a Deus nos seus grandes feitos que é a vida, depois criticam aos outros por ter fé e amor a Deus e a vida. O formalismo da lei esquecendo os ensinamentos de Jesus e utilizando palavras do Mestre para justificar apenas os lucros, são a sua solução de vida. Cada um é cada um eu sou feliz porque consigo ver a beleza da vida, já os outros se pensam diferente de mim eu entendo, não existem dois dedos iguais na mesma mão. Eu escrevo, o que eles fazem é problema deles. Comecei a pensar assim quando vi que a morte é certa como a vida também. Quando morrer terei deixado páginas de palavras que tem vida e não morte. O dia repousa nas palavras que eu escrevo, já é noite. Dormi um pouco e agora escrevo para voltar a descansar. Junto com o dia que repousa, todas as expectativas do dia que se foi repousam juntos, esperando o grande milagre do amanhecer, onde volto a escrever sobre o dia de domingo que acorda e deixo para trás as frustrações e provocações do sábado que se foi. Boa noite

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Bom dia, dia, hoje você nasceu mais belo e antes, neste dia de outono. Deus mostra para mim sua face, sempre. Alguns querem ver outros desprezam, eu sou feliz porque vejo a beleza da vida e posso dizer: Bom dia. Escrever páginas que talvez ninguém leia, mas é aonde sou mais verdadeiro. Como é bom não importar com os outros algum tempo e expor isso. Nem que sejam palavras escritas. Sou um derrotado, mas não me sinto assim, tenho paz. As dificuldades que vierem vamos enfrentar, nem que seja para perder de novo e o lucro seja apenas palavras escritas. Bom dia: dia. Não sou ninguém, a única certeza comigo é de ser ninguém, e trago comigo todos os sonhos que existem no mundo. Por isso escrevo, por que preencher com uma caneta folhas de papel, não precisa de muito, e posso contar o meu amanhecer, e a tristeza do meu anoitecer, como faço agora, e é destas folhas, lotadas de ideias e de palavras que pretendo ser alguém. Esta é a razão do meu escrever. Foi no banco da faculdade de direito, que aprendi a escrever, e caminhando por seus corredores que aprendi a pensar da forma que me deu inspiração. O que me deu inspiração, um dia crítica e hoje me garante o nome de poeta. Devo a minha sensibilidade e as críticas ao meu ser, sempre pensativo, às vezes escrevendo, sorvendo tudo o que há nesta vida, e transmitindo em palavras escritas, todo o meu ser.

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Bom dia: dia, hoje ao acordar não vi uma luz no céu, só a noite escura da madrugada mostrava me uma visão do mundo, nenhuma luz, nenhuma esperança só a madrugada escura adentrava minha sala, fui parabenizado ontem por ser o sucessor da literatura na minha faculdade, me disseram que eu escrevi sobre tudo, hoje escrevo ao nascer e amanhecer do dia. O mistério do dia guarda em si revelações, então vamos a elas durante o dia. Agora descanso mais um pouco com café da manhã tomado, esperando o correr do dia, que apenas me transborde de inspiração. Na fazenda era nessa hora que se ordenhava as vacas, e eu ia à mangueira com a minha caneca tomar meu leite, esta é a razão de que acordo cedo, e me alimento de madrugada, força do hábito. Foi aí que aprendi ver a beleza do nascer do dia, não é só no parto que a vida nasce, mas todo dia Deus reserva este milagre e espetáculo para nós. Por que escrevo sobre o nascer do dia e o anoitecer, é como o milagre da vida brota em mim, talvez uma fotografia mostre o que vejo melhor, mas não o que sinto. Confio na minha caneta e no meu escrever para traçar um retrato da minha alma, sou escritor, não fotógrafo. Talvez ao lerem minhas palavras cada um lusco fusco diferente, e distinto do meu. Esta é a magia de minhas palavras, ao descrever a vida, crio uma nova existência para quem me lê. Por isso sou poeta, com os pés no chão e a cabeça cheia de sonhos e recordações. Este sou eu!


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PARTICIPAÇÃO ESPECIAL COM

O ESCRITOR TITO MELLÃO LARAYA

Onde o torpor e a alegria do amanhecer me acompanham todo o dia, e com a alegria da madrugada vou vivendo o dia. Não uma euforia, mas uma alegria maior, existencial de caminho percorrido, de dia feito e cheio de esperança para o futuro vindouro. Da janela da minha sala, aonde nasce o dia para mim, ficava imaginando o mundo na rua, como as pessoas se portavam ao nascer e pôr do sol, se para elas tinha a mesma importância que tinha para mim, nisso o interfone toca. É o rapaz da portaria me avisando que minhas compras haviam chegado. Desci, só vi as compras e a portaria, o entregador já tinha ido. Meu mundo, como desde o começo da pandemia se resume aos limites de onde moro, nada mais! A minha caneta e o meu papel é o meu vínculo com o mundo, tanto o exterior como o interior; e destes escritos vou construindo a minha realidade; esta de ideias que estampo no papel e que afugentam a minha solidão. É a tênue linha entre a loucura e o equilíbrio, e é nela que me seguro todos os dias com muita força. Já sei pelos jornais que não sou só, mas em muitos lares, em muitos países vive se a mesma situação. A minha vida me sorri, espero que a de todos seja igual, guardando suas características. É no outono e inverno que nasce a literatura, por causa do isolamento, e como as estações mudam conforme os países, temos produção sempre. Hoje estamos em um dia quente de outono, guardo comigo a frustação de não ter dado certo, meus so-

nhos são o contrário disto. Vamos ver se ainda acredito em sonhos. Vamos continuar fazendo o que sei fazer que é escrever. Quem sabe alguém leia minhas palavras um dia. Segundo o diretor da minha faculdade eu já sou reconhecido, mas faz ressalvas. Ser verdadeiro leva a ressalvas. Vou descansar mais cedo hoje, e amanhã acordarei melhor quem sabe... Ontem sonhei com um dia melhor que viria, mas foi sonho por hora, resta me lutar para transforma o em realidade. Hoje acordei com a disposição e vontade de lutar, já é um bom começo, e acreditar em um mundo melhor, isto é fé. Os planos do passado transformar em realidade para o futuro. Não existe solução mágica sem luta, para o que queremos temos que lutar, assim venceremos. Eu hoje fui cumprimentado que eu havia conseguido a imortalidade pelas coisas que eu fiz, que eu escrevi, eu havia conseguido isto. Havia sonhado com isso esta madrugada antes disto acontecer e estar eufórico a escrever estas linhas, para guardar sempre este momento. Ontem me deram tâmaras, vieram sem as sementes, quem me deu achou estava me dando um presente maior, mas olhei aquelas frutas frustrado pois o fascínio de procurar um ozinho em cada semente se perdeu. Aprendi desde cedo que na fuga de Jesus para o Egito, junto com Nossa Senhora e São José, encontraram em um oásis uma tamareira carregada o que Maria exclama ó, e marcou a

partir daquela data todas sementes de tâmara com um pequeno ó Desde pequeno conheço esta história e desde pouca idade procuro a marca nas sementes, e sempre acho para me fascinar. A alegria da vida está nas pequenas coisas, não no dinheiro, ou isto que pregam ser bom, mas uma recordação infantil traz-nos muitas alegrias. E o sonho de ver um milagre, também! Os milagres da vida estão aí, em qualquer canto basta observar, ter sonhos que irá encontra os. Na minha sala sempre tem uma flor, é uma promessa de vida nova que olho todo dia, e a flor marca, como a história que contei me marcou, por isso cultivo a beleza, e a alegria, me faz bem, me tira da matéria, me transporta para o espiritual que também sou eu. Escrevo tudo isso depois do almoço, no outono, Mario Vargas Llosa disse que é necessário haver o inverno para ter literatura, e a mim é necessário haver esperança para as palavras brotarem, e os primeiros raios de sol batem em minha mesa, trazendo o sonho de um mundo melhor. Carreguei muito tempo a pecha de louco ser por escrever, prefiro ser e ser feliz e deixar meus filhos, meus livros, que me conduzirão para a eternidade. Freud dizia que o homem tem filhos na procura de ser imortal, eu escrevo, e é assim que sou. Meus pais me fizeram sensível, e não sabiam, que era um presente de Deus, e eu agradeço todo dia isto. Sou feliz, não sorridente, mas feliz, e isto é que importa. Me perguntaram se eu estava me


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sentindo bem, e apenas disse: Voltei a escrever, estou bem. Voltei a escrever, depois de muito tempo parado, estou feliz! Assim como uma criança precisa de nove meses de gestação, meus livros são escritos todos a mão e passam por uma longa gestação, e a alegria que a mãe tem após o parto, sinto a cada página escrita, por isso os tenho como meus e sinto ciúmes deles. É um trabalho artesanal! Tudo o que vale a pena na vida é construído aos poucos, com capricho, com sangue, suor e lágrimas, para valer a pena, como foi a Inglaterra após a guerra. A felicidade também é assim, não a euforia de algum tempo, felicidade é mais profunda é razão de vida, é argumento final existencial. Escrevo para ser feliz, vem da alma. Comecei a escrever este livro há cinquenta anos atrás, o escrevi por partes e o reescrevi por inteiro agora, ou melhor ainda estou reescrevendo.

1 Meus heróis eram diferentes, como Fernando Pessoa e José Régio, alvo de críticas e até hoje são grandes, assim sou eu, mais um átomo que se animou a ler os dos e resolver a escrever. Tenho livros em várias bibliotecas no mundo, mas sou eu o Tito, que escreve no Brasil, e está em Portugal e resto do mundo, posso andar na rua incólume, sou pobre e apenas um escritor, a antítese dos valores de hoje, qual é minha fonte de inspiração: Jesus Cristo.

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Não ser é a história do ante herói, não do comum, mas daquele que acreditou em si, a duras penas.

2 Eu nasci para ser o que sou, escritor. Fui fazer Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, porque lá era berço dos escritores, e eu queria ser um. Quando Cervantes escreveu um livro sobre seu anti-herói, D. Quixote de La Mancha, não esperava as punições e perseguições, mas o livro mais lido no mundo depois da Bíblia é este. A figura do anti-herói perdedor acompanha a imaginação como exemplo de vida, mas todos preferem o outro lado da moeda. Religiões foram criadas, ideologias também na tentativa de distorcer a sabedoria do ser, e criar uma interpretação mais amena sobre a história, conforme o gosto da época, e de quem criou. Um dia, e já era noite, chegando a casa dos meus pais, onde eu vivia, vejo uma luz no jardim, e uma voz que me chamava pelo nome: TITO. Olhei eu havia voltado de uma internação por dar uma interpretação diferente do julgamento de Jesus, e vejo a imagem de Jesus Cristo que brilhava, e me convida a pregar. Eu pensei, não Senhor não posso pregar, meu sistema nervoso não me ajuda, e já não tenho mais crédito. Então escreva disse-me Ele, e eu comecei a escrever os meus livros, e divulga-los pelo mundo, não tinha dinheiro e minhas edições foram pe-

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quenas, e as editoras, assim que esgotassem, punham a máquina para rodar e faziam mais livros. Assim me tornei escritor do que escrevo. Sabia desde o começo que não ia ser fácil, e hoje tenho livros no mundo inteiro, que logicamente não me deram dinheiro, mas acho que cumpri a minha missão, mas só resolvi contar a história, neste meu derradeiro livro, que comecei naquela época. Muitos não gostaram e me puniram, mas já estava esperando por isso. Resolvi, então contar o fato neste livro, entre outras coisas, agora está feito.

3 A humanidade respeita aqueles que lutaram por um ideal, admira as pessoas que foram anti-heróis, pois guardaram em si a beleza de ser homem, de ser o que são. Espero ter honrado a Deus e a mim ao escrever essas linhas, que foram escritas em um dia. Partilho o meu segredo com todos, sem medo, com um pouco de receio, mas já está feito. A única coisa que não me tiraram foi a arte de escrever, o que agora faço, esperando o pior. A visão me pediu para ser um pregador, eu acho que sou um pregador, pois meus livros estão distribuídos em bibliotecas do mundo inteiro; e as coisas de Deus devem se revestir da gratuidade, assim qualquer um pode ter acesso.


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PARTICIPAÇÃO ESPECIAL COM

O ESCRITOR TITO MELLÃO LARAYA

Opiniões sobre o texto: “Com características autobiográficas, o texto de temática religiosa e filosófica, propõe questionamentos e reflexões, sobre a busca do conhecimento de si mesmo, a busca pela verdade absoluta e a busca pela felicidade. Transitando entre a poesia e a prosa poética, entre a linguagem intimista e a linguagem argumentativa, numa simbiose que oscila entre a realidade e a ficção, ocorre a inserção de um narrador-personagem que reflete sobre a sua arte de escrever e a sua missão como escritor. Texto de rara beleza poética e profundidade, propoēm-se a questionamentos sobre o ter e o ser, o ser e o não ser, o não ser e a mediocridade, sonhos e ilusões e a realidade, a verdade e as inverdades, utilizando-se da antítese, como recurso estilístico bastante eficaz, aproximando palavras e pensamentos de sentido opostos e de grande valia para a lógica dissertativa. Utiliza-se esse narrador que é também personagem, de linguagem com forte poder de persuasão, comportando-se como um pregador no púlpito em sua missão de convencimento, acompanhando seu “discípulo”, até o final da “pregação”. Adotando, no texto, um rito semelhante ao do pregador no templo quando, como se sua escrita fosse um Sermão, “ora e prega”, com a missão de conduzir e convencer os seus leitores a receber e semear a palavra de Deus. Nesse raciocínio lógico-argumentativo aproximase do padre Antonio Vieira em seus “Sermões”, com o intuito de exaltar a importância da pregação, utilizando-se de recursos metalinguísticos, como no “Sermão da Sexagésima”; onde questiona a frutificação da palavra de Deus e argumenta sobre a eficácia da mensagem do pregador. Recorrendo também o narrador-personagem, em seu texto, à metalinguagem, quando explica a construção do texto, as partes em que se dividem, e os questionamentos que serão objeto de reflexão. No texto, a alternância de estilos se equilibra entre o estilo confessional, quando o narrador e personagem fala de si e se expressa como se estivesse em momento de confissão, e o estilo lógico-argumentativo, quando aproxima a missão do escritor à missão do pregador, justificando desse modo a sua vocação como “escritorpregador” na condução de seus “discípulos”.

Na condição de narrador-personagem, revela seus sentimentos mais profundos, quando se compara a personagens, como Cervantes, na sua dor pela incompreensão do seu trabalho como escritor, ao anti-herói, Dom Quixote de La Mancha, em sua busca por um ideal, e a Fernando Pessoa e José Régio, como seus heróis. Sentindose abençoado quando em sua visão da imagem de Jesus, é convidado a pregar. Reconhecendo como pregador, abençoado em sua missão exitosa como escritor, que sua arte de pregar faz parte de sua arte de escrever.” Marli Teixeira da Silva “Tua grande sensibilidade influencia seu existir e te força a escrever, como que num desabafo existencial.” Francisco Carlos collet e Silva Olá, Tito! Parabéns pelo texto que, imagino, seja o esboço de um novo livro. Não sou crítico literário, nem leitor apurado de literatura. Além disso, sou suspeito para opinar, por ser teu colega. Mas o trabalho me pareceu muito bom. Se você espera que os leitores vejam e sintam “que a felicidade é possível”, da leitura fica claríssimo que você está muito feliz com o oficio de escritor. Abraço. Celso campilingo Bom dia Mellão! Li o seu texto...muito intenso...nos faz refletir sobre nosso relacionamento com a natureza, sociedade e Deus a única eternidade que você expõem como garantida... além das obras que você deixar e que vão perdurar e instigar os leitores a refletir sobre o “EU” por muuuuuuito tempo! Roberto sliepen O Não Ser. Parabéns, Tito. Bárbaro. Eduardo Augusto Boa noite Tito, demorei pra responder pois li um pouco do seu livro o qual você mandou nesse link. Parabéns meu querido você é um escritor e tanto!!! Quanta doçura, sensibilidade e pureza nas suas palavras. Lindo, lindo, lindo. Me emocionei. Claudia Rita Montini Texto bonito e sensível, que flui como um rio. Parabéns, Tito! Bj Helena cravo roxo


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Entrevista com o Escritor

Victor Garcia Preto

Meu nome é Victor Fabrício dos Santos Garcia, nascido na cidade paulista de Ribeirão Preto no ano de 1989, local onde residi durante toda a vida. Sou formado em administração e ciências contábeis e a literatura se tornou uma atividade paralela que sempre me deu muito prazer. Atualmente trabalho nas áreas administrativas e contábeis, porém, cada vez mais focado em desenvolver projetos literários.

Boa leitura!

Eu procuro passar minha visão de mundo no que escrevo. Algumas vezes propor reflexões, em outras apenas entreter. O importante é todos valorizarem a leitura, e que novos escritores sempre tenham oportunidades.”

Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Escritor Victor Garcia Preto, é um prazer contarmos com a sua participação na Divulga Escritor: Revista Literária da Lusofonia. Conte-nos, como se deu o início e desenvolvimento da escrita em sua carreira literária? Victor Garcia - O prazer é todo meu na participação. Eu sempre gostei do processo criativo. Desde criança, porém, não era tão ligado a literatura. Lia poucos livros, na infância praticamente só li gibis e três ou quatro livros. Na adolescência continuei lendo pouco, mas já escrevia bastante. Na escola eu e alguns amigos fazíamos letras de rap ou espécie de paródias com os amigos. Com o passar do tempo fui desenvolvendo poesias, tentativas de letras de músicas em outros estilos. Com o tempo fui me aprimorando e me dedicando cada vez mais a leitura e a escrita.


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O que o inspirou a escrever “Os Brasucas e Outras Aventuras”? Victor Garcia - Por ser um livro de contos, posso dizer que cada obra teve uma inspiração própria. Eu não tinha o hábito de escrever histórias curtas, sempre gostei mais de romances, de obras extensas. Porém a leitura, a imersão do universo da literatura me fez naturalmente aprimorar outras formas de escrever. Em resumo, a ideia de contos se iniciou entre o final de 2019 e início de 2020. Admiro muito os contos de Machado de Assis, e me instigou a escrever contos. Obviamente não me julgo no mesmo nível, mas é interessante lembrar que foram suas obras primas que me despertaram o desejo dos contos. Timidamente iniciei o processo de escrita. “A Modelo Perfeita” foi o primeiro conto do livro que inicie a escrita e um dos últimos a finalizar. Esse conto, por exemplo, veio do desejo de expor os bastidores da vida de uma pessoa que supostamente possui tudo que os demais desejam. As pessoas se espelham nela, mas não imaginam os problemas que possui. Com o tempo fui desenvolvendo os demais contos. Após inspiração quanto tempo levou para escrita e publicação da obra? Victor Garcia - Quando a pandemia se iniciou, com mais tempo em casa, naturalmente meu processo criativo se desenvolveu. Algumas ideias pouco amadurecidas na mente se materializaram e em três meses escrevi 80% da obra. Escrevi as primeiras frases do que viria a ser o conto em janeiro de 2020, escrevi a maior parte entre março/maio, e conclui a obra em setembro de 2020. Em julho de 2021 trabalhei na revisão e para aparar lapidar alguns pontos. Em novembro do mesmo ano mandei para editora e no final do ano já estava pronto, mas por uma série de questões o lançamento oficial da obra

ocorreu em maio de 2022. Foi um processo mais rápido do que o normal do meu modo de escrever. Então, entre o início do pro processo e seu lançamento oficial, foi menos de dois anos e meio. Apresente-nos “Os Brasucas e Outras Aventuras” Victor Garcia - Os Brasucas e outras aventuras reúne vários contos, com perspectivas diversas, e tendo histó-

rias narradas em primeira e terceira pessoa, contadas por vozes narrativas masculina e feminina. Enredos ocorridos no passado, presente, futuro e em período indefinido. Obras próximas ao realismo e outras ao surreal. Histórias árduas, reflexivas, introspectivas, que misturam ficção com realidade, e verdadeiras aventuras de fantasia. De pré-adolescentes alienados no celular e redes sociais, aos que vivem uma aventura em uma


DIVULGA ESCRITOR construção abandonada, muito pela fértil mente nessa idade. Em “A Modelo Perfeita”, o drama de uma pessoa com a vida supostamente que todos sonham. Em “Em Monique à Deriva”, a imersão em uma menina com problemas de saúde em meio à paralisação da Policia Militar do Espírito Santo. EM “A Cidade Acolhedora”, o mito da formação da cidade de Ribeirão Preto. Através de “Zelinha, A Espiã” e “Apenas mais uma Versão de Romeu e Julieta”, um pouco da vida da pequena cidade fictícia de “Velha Menina”. Em “Os Sete Pecados Capitais”, um mergulho em história de fantasia. No conto “OS Brasucas”, iniciando com seu prólogo, um conto em versos, conhecendo um pouco a jornada dos heróis denominados “Picuricos” e acompanhados por milhares de heróis e heroínas, nas batalhas do cotidiano, dos problemas sociais, das mais diversas criaturas do folclore brasileiro, mencionando os mais diferentes elementos culturais e suas figuras. O que mais o atrai no enredo que compõe a obra? Victor Garcia - O que mais de fascina em uma obra de contos, é a possibilidade de vários cenários, não necessariamente conectados, na mesma obra. Gosto dos estilos diferentes, de narradores variados. Gosto de poder trabalhar enredos totalmente ficcionais, em cenários fictícios ou mesmo surreais, em paralelo a histórias em locais reais, como situações totalmente comuns. No geral, em cada conto há uma peculiaridade. Um aspecto que me agrada. Qual as principais temáticas abordadas na obra? Victor Garcia - Há grande amplitude, por cada conto ter um tema. “Os Brasucas” tem um foco em uma jornada épica, envolve os mais diversos elementos da cultura brasileira e do seu

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folclore. “Cidade Acolhedora” conta de maneira mística o surgimento de minha cidade, Ribeirão Preto. “Pânico em 2100” é uma obra futurista, porém, fora do convencional para esse tema. “Monique à Deriva”, é ambientada na cidade de Vitória conta a história de uma menina com problemas psicológicos em meio a paralização da polícia militar do Espírito Santo ocorrida em 2017, agravado pela impossibilidade de seus pais conseguirem remédios para ela, pois postos de saúde e farmácia estavam fechados como consequência da paralização. “Apenas uma versão de Romeu e Julieta”, conta uma versão do conto de Romeu e Julieta, se passando no interior de São Paulo. Entre outros contos com temas variados. Além de “Os Brasucas e Outras Aventuras” você tem outras obras publicadas, apresente-nos. Victor Garcia - Em 2019 publiquei um e-book na Amazon chamado “O Luau do Silêncio” que se trata de um compilado de textos que escrevi em momentos diferentes da vida, com as mais diversas estruturas. De poemas a crônicas. Está disponível apenas na versão digital, mas é interessante para conhecer um pouco minha forma de escrever e enxergar o mundo. Em 2020 publiquei meu primeiro romance e meu primeiro livro físico, “Come-Fogo, o Maior Clássico – Era pra ser um ano comum”. O livro é narrado em primeira pessoa por um jornalista esportivo da cidade de Ribeirão Preto, focado em suas atividades profissionais, juntamente com sua relação com o avô – apaixonado por futebol – e a ansiedade para o casamento, após muitos anos de noivado. O foco principal está em eventos fictícios envolvendo os dois principais clubes de futebol da cidade, o Botafogo e o Comercial, que fazem um confronto apelidado de “Come-Fogo”, mas também explora outros clubes da região,

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como o Sertãozinho, e outros clubes do interior paulista, como Ponte Preta e Guarani. Além de espaço para outras modalidades esportivas, como vôlei, basquete e o futebol feminino. E em 2022 o segundo livro físico. Os Brasucas e Outras Aventuras. Onde podemos comprar os seus livros? Victor Garcia - Pelo site da editora: https://www.editorafrutificando. com.br/os-brasucas-e-outras-aventuras Quais os seus próximos projetos literários? Victor Garcia - Tenho muito conteúdo anotado. Provavelmente a próxima obra será um romance. Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista. Muito bom conhecer melhor o escritor Victor Garcia Preto. Agradecemos sua participação na Divulga Escritor: Revista Literária da Lusofonia. Que mensagem você deixa para nossos leitores? Victor Garcia - Também gostei da entrevista. Agradeço a vocês pela atenção. Eu procuro passar minha visão de mundo no que escrevo. Algumas vezes propor reflexões, em outras apenas entreter. O importante é todos valorizarem a leitura, e que novos escritores sempre tenham oportunidades. Espero ajudar a construir um mundo com mais leitores e mais escritores.

Divulga Escritor, unindo você ao mundo através da literatura Quer ser entrevistado? Entre em contato com nosso editorial, apresentaremos proposta. Contato: smccomunicacao@hotmail.com


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PARTICIPAÇÃO ESPECIAL COM O ESCRITOR FLAVIO JOPPERT

Ponderações a cerca da Bioética Retornar as origens dos significados é uma arte que pode desfazer equívocos. Não que os significados não possam evoluir. “Lembro-me dos anos de faculdade em que bioética seria o estudo da moral no lidar com os animais.” Depois: “tentei revolucionar com um artigo de bioética e cinema publicado na Venezuela; em que abordava a criação da atmosfera moral da empatia”. Se “posso dedicar algum tempo à bioética que seja agora para uma desambiguação do termo e uma explicação de uma vez por todas”. Podemos entender a bioética como o estudo da moral da vida, mas esse termo surge entre os germânicos, no perídio de entre guerras, caracterizado por uma miséria extrema e um forte sentimento de humanização e higiene. Esse termo se referia a forma como lidar com bichos. É num livro pouco conhecido, em que

o pastor vai recriar a moral mosaica em se relacionar com os bichos. Mas o termo é bem conhecido, e ainda causa polêmica. Se referindo a o contato humano com animais, se indaga o do porque precisar legislar sobre o tema, já que os animais não são detentores de foro jurídico. Nisso surge uma linha de debate que vai definir aspectos como aborto. “Nosso” primeiro esclarecimento será sobre esse tema. Pode-se discutir o aborto na bioética? Acredita-se que seja pouco recomendado. O aborto é um ato da grávida remover o feto. Não a mãe, porque uma mãe nunca abortaria o filho por livre e espontânea vontade, o que já é um aspecto da moral. O feto não é um animal, é um ser humano em formação que se relaciona com uma mãe que vai aceita-lo ou com uma grávida que pode rejeitá-lo. Discutir se o feto é um parasita, que não tem direito,

é um aspecto da filosofia artificial que pensa coisas inexistentes – um trabalho subjetivo. Se for abordado sob o aspecto do feto ser um parasita, o aborto é bioética, mas se o feto é um parasita não possui laços afetivos com a mãe. Sendo esses laços afetivos que impedem o aborto. Se o feto é um ser humano, o tema é ética, e o aborto só pode ser praticado conforme a lei. Há a relação afetiva do feto mãe na ética, o que não se daria na bioética. Discutir se uma gravidez deve ser levada a diante ou mesmo se uma menina de 10 anos pode ou não ser mãe não é o tema analisável pela bioética. Conforme “tentamos” demonstrar. Mas podemos entender com que idade uma menina deva receber um coelhinho de estimação para aprender a desenvolver seus instintos maternais já seja um caso de bioética. As interferências no genoma, outro aspecto da biologia, seriam


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definidos como bioética? Pode-se responder que não, quando se lida apenas como genoma humano a definição seria apenas moral e respaldada pela lei. Se envolver a hibridização entre humanos e animais, o aspecto já passa a ser analisado pela ótica da bioética, conforme foi dito: a bioética é uma análise das relações entre humanos e animais, principalmente no ambiente profissional. A questão do estudo moral das relações humanas com animais foi muito forte nas décadas de 19801990, quando no Benelux surgiram legislações que proibiam o uso de cobaias e experimentos com animais. Aspecto crucial, que por ser lei régia, gerou foro de direito no mundo inteiro. Não se aceitava mais o uso de animais para teste de cosméticos. É, isso era a própria bioética nua e crua. É claro que a indústria farmacêutica foi gravemente atingida. Surgiam os “direitos dos animais”, as implicações burocráticas de autorização para utilizar material biológico em pesquisas, exatamente para controlar os abusos e crueldades que eram praticados em centro de pesquisas e universitários. Os acadêmicos agora estavam limitados. A pesquisa era controla-

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da, e além das legislações que surgiam para proteger a vida silvestre do abate científico a cobaia estava protegida pelos abusos. Infelizmente foi no sistema fascista que médicos com ótimos currículos e inteligência inegável, como o Dr. Menguele, com uma vida acadêmica brilhante no campo da antropologia e genética, cometeram barbaridades contra prisioneiros. Essas monstruosidades não são bioética, e sim ética por se tratar do aspecto humano. Mas o tema é perfeitamente discutível junto com o aborto para de comum acordo criar as atmosferas de ética e bioética e o que de conjunto intercessão possuem entre si. Dentro desse escopo podemos definir a ética como uma relação horizontal entre humanos, e a bioética como uma relação vertical entre humanos e animais. Talvez melhor definição que essa para o campo legal ainda não tenha surgido. Retornando ao conjunto intercessão ética/bioética a monstruosidade é o que choca e ativa a compaixão humana. Tanto os excessos nas relações humanas, ou humanas e animais sempre vão gerar a necessidade de que haja legislação para controlar. As questões morais vão necessitar de leis, e de uma das

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maiores catástrofes da história da humanidade (1945) surgiu pela ética a necessidade de que em menos de um século depois (ou por volta de meio século) a bioética ganhe-se leis para num instinto moral não praticar contra animais, a cadeia de horrores que não se desejava ver um ser humano submetido. Conclui-se esse texto com as questões de que a ética é o estudo da moral, a moral integra a lei e o bom senso. Por isso mesmo a bioética seria exclusivamente a moral e bom senso quando relacionados aos animais. Há uma zona de intercessão que permite abordar além dos limites acadêmicos quesitos legais de outra natureza. A interface humanidade/vida animal é muito mais delicada quanto mais se descobre nas relações evolutivas. Chegou ao ponto mesmo que “dar um pontapé num gato pode dar cadeia”. Toda a definição legal de que só o ser humano era o objeto legal, caiu por terra quando o arcabouço legal passou a definir animais como objetivo. Legislar sobre animais realmente começou com Moises. Num aspecto bem diferente hoje em dias a falta de higiene e a crueldade, não são mais um aspecto impuro da moral. Se tornaram passivos legais pela dedução lógica de uma bioética.


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Projeto Individual 3 horas

Em uma sessão damos a devolutiva e analisamos seu QEMP para que você possa iniciar o desenvolvimento de algumas competências.

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Projeto Processual - 6 encontros de 2h

Após entendimento de suas necessidades definimos a frequência dos encontros. Iniciamos o projeto com a devolutiva e a análise do seu QEMP dando sequência o desenvolvimento de competências técnicas e comportamentais .

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Sou um Mentor Certificado!

Gustavo Lintz

Meu propósito é a transcendência do ser humano. Já fui um tronco rígido, duro, e muitas vezes seco. Já fui uma copa e cada conexão de seus galhos representam minha consciência. Hoje sou raiz, pois estudo e trabalho meu subconsciente e inconsciente para reforçar meu propósito ajudando pessoas e empresas a colocarem em ação seus sonhos e objetivos que estão guardados em alguma gaveta da sua mente ou coração. Sou Dentista de formação e Coach de coração. Sou mentor de projetos complexos. Sou solidário, amoroso, otimista, especialista em metodologias ativas, na Teoria DISC, em PNL e Hipnose. Ajudo você a tirar seu sonho do papel e colocá-lo em ação, porque produto você leva na caixa, na mala e transporta. Serviço você leva na mente e no coração!!! Estou sempre perseverante com ações voltadas para uma “Nova Educação” através das metodologias ativas e ferramentas lúdicas para o aprofundamento do processo de geração do conhecimento. Sou Gustavo Lintz, mentor, apresentador e escritor. Torcedor do Guarani de Campinas, marido da Cintia, pai do Vítor e do Henrique. Um forte abraço. Até breve.

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