Edição Maio/Junho 2018 - Órgão Oficial da Sociedade de Medicina e Cirurgia de Campinas
Entrevista
Felipe Bronze O mago agora é brasa! Chefe de cozinha esteve em Campinas especial
Cerimônia no Clube de Campo revelou vencedores dos Prêmios Científicos 2018 Entrega do Prêmio Paes Leme com muita emoção destaque
Ação “Salvando Vidas” atinge milhares de pessoas em Campinas
Acadêmicos discutem suicídio entre estudantes de Medicina APM INAUGURA NOVO PRÉDIO EM SÃO PAULO
sumário EDITORIAL
03 Um ano de grandes transformações A Presidente da SMCC comenta as ações de reestruturação da entidade
OPINIÃO
04 Coluna – Destaque Científico Avaliação da Tireoide, pelo Endocrinologista Danilo Villagelin
Edição maio | junho/2018
05 Departamento Jurídico / Defesa Profissional A Relação Médico-Paciente
06 Coluna – Medicina Baseada em Evidências Níveis de Evidência e Graus de Recomendação
MEMÓRIAS SMCC
07 A Fundação da SMCC SMCC ACONTECE
08 e 09 Confira os eventos realizados pela SMCC e parceiros CLUBE DE CAMPO
10 11 12 e 13 Noite de Emoções Cerimônia no Clube de Campo premia estudos e entrega Paes Leme 2018
SMCC ENTREVISTA
16 e 17 Felipe Bronze conversou com MedicAção Chefe de cozinha com 2 estrelas Michelin esteve em Campinas para uma aula show
destaque
18 Maio Amarelo – “Salvando Vidas” Ação apoiada pela SMCC atingiu 5 mil pessoas em Campinas
5° DISTRITAL
19 Inauguração do novo prédio da APM em São Paulo é destaque ESPAÇO colaboradores
20 Conheça nossa Equipe Nesta edição: o Departamento Científico
espaço acadêmico
21 Reportagem aborda o suicídio entre os estudantes de Medicina enoturismo
22 Compre vinhos do Mundo todo sem sair da cidade AGENDA SMCC & CLASSIMED 23 Confira Eventos e os Classificados disponíveis
02 | Revista Medicação | maio/junho 2018
Fundada em 1º de Dezembro de 1925 Filiada à Associação Paulista de Medicina Órgão de Utilidade Pública: Lei Municipal 04966/1979 Lei Estadual nº 6/1981 Rua Delfino Cintra, 63 • Centro • 13013-055 Campinas, SP • Fone/Fax: (19) 3231-2811 smcc@smcc.com.br | www.smcc.com.br sociedademedicinacirurgiacampinas Diretores Presidente Dra. Fátima Maria Ap. F. Bastos | 1º Vice Presidente Dr. José Roberto Franchi Amade | 2º Vice Presidente Dr. Waldir Favarin Murari | Secretário Geral Dr. Carlos Augusto Reis Oliveira 1º Secretário Dr. Sergio Masini Alarcon | Dir. de Finanças e Patrimônio Dr. Walter Maleronka | Dir. de Finanças e Patrimônio Adj. Dr. Luiz Inácio Quaglia Passos | Dir. Científico Dr. Julio Cesar Narciso Gomes | Dir. Científico Adj. Dr. Jorge Carlos Machado Curi | Dir. Eventos Dra. Carmen Sylvia Ribeiro | Dir. Eventos Adj. Dr. Irineu Francisco Debastiani | Dir. Administrativo Dr. Marco Aurélio Bussacarini | Dir. Administrativo Adj. Dr. Antonio Cesar Antoniazzi | Dir. Comunicação e Marketing Dr. Marcelo Amade Camargo | Dir. Comunicação e Marketing Adj. Dra. Andrea Dias T. Momente Dir. Defesa Profissional Dr. Flavio Leite Aranha Junior Dir. Defesa Profissional Adj. Dr. Ricardo Antônio Araújo Dir. Sede de Campo Dr. Donizete Cesar Honorato Dir. Sede de Campo Adj. Dr. Silvio Luis de Oliveira Delegados APM Dr. Francisco A. Fernandes Neto | Dr. Mauro Duarte Caron Dr. Sandor Dosa Acras | Dra. Silvia Helena R. Mateus Conselho Fiscal Dr. José Jorge Facure | Dr. José Martins Filho | Dr. Antonio Vanderlei Ortenzi | Dr. Arlindo N. de Lemos Junior | Dr. Eugênio Sergio Riani Casanova | Dr. Marco Antonio Beluzzo Comissão Editorial Dr. Marcelo A. Camargo | Dra. Fátima Maria Ap. F. Bastos | Dra. Carmen Sylvia Ribeiro | Dr. Julio Cesar Narciso Gomes | Carolina Rodrigues Stela Maia | Branca Braga Editor-Chefe: Dr. Marcelo A. Camargo Jornalista Responsável: Carolina Rodrigues (MTB 44791/SP) Fotos: Branca Braga Assistente de Comunicação: Branca Braga Projeto Gráfico: Skanner Projetos Gráficos Tiragem: 3.000 exemplares Periodicidade: Bimestral A revista não se responsabiliza pelo conteúdo das matérias assinadas, entrevistas e nem pelos anúncios veiculados.
Editorial
Um ano de grandes transformações
P
rezados Colegas,
Desde que assumi como presidente a direção da SMCC, há um ano, já vivemos transformações que em décadas não foram possíveis em nossa entidade. Não por falta de esforço dos dirigentes e diretores, mas por que ainda estávamos num processo de recuperação financeira e, depois, de obras em nosso Clube de Campo para viabilizá-lo como fonte de renda para a entidade. Foram somente nestes últimos meses que conseguimos, com a participação de muitos associados e junto com toda a Diretoria, alcançar o ponto que considero mais importante em todo o planejamento da reestruturação: implantar uma nova gestão. Melhorar o atendimento ao associado na Sede Social, ter o Clube de Campo como uma real opção de lazer retomando os encontros sociais e ao mesmo tempo uma opção a mais para realização de Eventos, se tornar referência nos eventos médico-científicos e ampliar os serviços dependia exclusivamente de uma reorganização na casa. Desde o ano passado criamos atividades com os funcionários, contratamos prestadores de serviços e viabilizamos uma série de medidas. Entre elas: workshops sobre Gestão, incentivos em campanhas e datas comemorativas, como no Natal e agora treinamentos em grupo. Isso tudo serve de base para criação de planos de cargos, salários e bônus aos colaboradores. As medidas buscam profissionalizar a entidade. Um dos treinamentos busca engajar os profissionais a trabalharem por resultados para a empresa, no caso a entidade (Sociedade de Medicina e Cirurgia de Campinas) e assim, melhorar o atendimento e serviços aos associados. A Diretoria da SMCC tem trabalhado muito! Ampliou os serviços para Eventos com um novo Departamento específico, aumentando também a atuação dos Departamentos Científicos e de Comunicação. Os Departamentos e Comitês Científicos estão vindo junto, trazendo novas ideias sobre temas que estão diretamente ligados as necessidades de atualização e debate entre os médicos. Os primeiros resultados? Um recorde de inscritos nos prêmios científicos, a criação de um projeto para uma Pinacoteca, a participação protagonista da SMCC na Campanha Maio Amarelo, o aumento das atividades com médicos jovens, criação de campanhas institucionais, parcerias importantes com APM e distritais. Resultados que mostram que quando bem administrado o dinheiro viabiliza investimento e que, quando se tem planejamento é possível apresentar projetos; viabilizar parcerias e concretizar obras e ações. E vem muito mais para os próximos meses! Estamos planejando o maior evento em comemoração ao Dia do Médico que a Sociedade já fez. Uma festa todos os médicos, associados, familiares de todas as idades. Queremos todos vocês lá!
Dra. Fátima Bastos Presidente da SMCC
maio/junho2018 | Revista Medicação | 03
Coluna Destaque Científico
Exames para Avaliação da Tireoide – Update Dr. Danilo G. P. Villagelin Neto Atualmente o número de pacientes com doenças da tireoide vem aumentando significativamente, dentre os fatores que influenciam este aumento da incidência está o envelhecimento da população. Estudos nacionais e internacionais descrevem que cerca de 11 -15% dos idosos apresentarão hipotireoidismo (subclínico ou manifesto), sendo as mulheres especialmente acometidas. Quanto a presença de nódulos tireoidianos a incidência é ainda maior, a incidência de nódulos aumenta com a idade e em indivíduos acima de 80 anos é superior a 60%. Outros fatores como aperfeiçoamento dos testes diagnósticos e os mesmos sendo realizados mais frequentemente também contribuem para este aumento. Exames para avaliar a Função Tireoidiana (Hipotireoidismo e Hipertireoidismo) Existem ao menos 5 exames em relação a função tireoidiana disponíveis atualmente, são eles: TSH, T4 livre, T4 Total, T3 Livre e T3 Total. A dosagem do TSH é o melhor método para triagem de disfunções tireoidianas, deve ser realizada como triagem em indivíduos com idade igual ou superior a 35 anos sem fatores de risco ou queixas/ sintomas a cada cinco anos. Em pacientes com fatores de risco, desejo de gestação ou quando indivíduos apresentarem queixas ou sintomas relacionados ao hipotireoidismo ou hipertireoidismo, esta triagem deve ser realizada com idade inferior. Caso esteja alterado na triagem, deve-se confirmar a elevação de TSH, repetindo sua dosagem usualmente em 1 a 6 meses, antes de iniciar a reposição com hormônio tireoidiano (levotiroxina). O TSH é o melhor método para monitoramento dos pacientes em tratamento do hipotireoidismo, sendo bom indicador da dose de reposição de levotiroxina. O T4 Livre é utilizado de rotina na avaliação da função tireoidiana (aqueles pacientes que apresentam alteração do TSH) e no seguimento do tratamento do hipertireoidismo e do hipotireoidismo. O T4 total deve ser avaliado apenas quando há discordância entre TSH e T4 Livre ou em gestantes. Não existe indicação de uso rotineiro da dosagem do T3 (livre ou total) sérico no diagnóstico e seguimento do paciente com hipotireoidismo. O T3 reverso tem sua origem pela degradação dos hormônios tireoidianos através da enzima deiodinase. NÃO deve ser realizado rotineiramente sua dosagem, em alguns casos pode 04 | Revista Medicação | Maio/junho 2018
estar elevado em pacientes eutireoidianos com outras doenças não tireoidianas. Seu uso para diferenciar o paciente com outras doenças não tireoidianas com ou sem hipotireoidismo é controverso. Anticorpos Existem três anticorpos tireoidianos principais: Anti Tireoperoxidase e Anti Tireoglobulina (relacionados a tireoidite auto imune ou tireoidite de Hashimoto) e TRAb (relacionado a Doença de Graves. O anticorpo anti Tireoperoxidase é o teste mais sensível para detectar doença autoimune da tireoide e deve ser associado a dosagens do TSH e T4L, sendo mais sensível do que o anticorpo anti Tireoglobulina. Não há indicação de monitorizar os níveis dos anticorpos antitireoidianos durante o curso do tratamento do hipotireoidismo, uma vez positivos já temos o diagnóstico de doença auto imune confirmado. O anticorpo anti Tireoglobulina deve ser dosado em conjunto com a tireoglobulina, e está relacionado ao seguimento de pacientes com câncer diferenciado de tireoide. O TRAb pode auxiliar no diagnóstico diferencial da etiologia do hipertireoidismo e no seguimento de indivíduos com o diagnóstico da Doença de Graves, quando na decisão de suspender o uso de droga anti tireoideana após um período de tratamento. Ultra Som de Tireoide O ultra som de tireoide é o método diagnóstico mais utilizado para avaliação do morfologia da glândula tireoide. Não existe indicação de realização de triagem ou screening utilizando o ultra som em uma população assintomática, inclusive o uso indiscriminado é constantemente criticado por várias sociedades nacionais e internacionais. Algumas indicações para a realização do exame são: avaliação e seguimento de bócio uninodular ou multinodular, linfonodomegalia cervical de origem não determinada, seguimento do paciente com câncer de tireoide, na investigação diagnóstica da etiologia do hipertireoidismo e avaliação de massas cervicais. Dr. Danilo Glauco Pereira Villagelin Neto - Doutor em Clinica Médica pela Unicamp. Professor da disciplina de Endocrinologia e Metabologia da Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Presidente da COREME – Hospital PUCCampinas. Diretor do Centro de Pesquisa Clínicas São Lucas – Hospital PUCCampinas Referências: 2015 American Thyroid Association Management Guidelines for Adult Patients with Thyroid Nodules and Differentiated Thyroid Cancer: The American Thyroid Association Guidelines 2016 American Thyroid Association Guidelines for Diagnosis and Management of Hyperthyroidism and Other Causes of Thyrotoxicosis. Clinical practice guidelines for hypothyroidism in adults: cosponsored by the American Association of Clinical Endocrinologists and the American Thyroid Association. The Brazilian consensus for the clinical approach and treatment of subclinical hypothyroidism in adults: recommendations of the thyroid Department of the Brazilian Society of Endocrinology and Metabolism.
Departamento Jurídico / Defesa Profissional
A Relação Médico-Paciente
Márcia Conceição Pardal Côrtes Lucas Selingardi Com frequência nos deparamos com os questionamentos acerca da relação médico-paciente, especialmente com os casos de quebra desta relação. São inúmeros desencontros que podem atingir qualquer um dos envolvidos. Os sujeitos deste cenário possuem expectativas e obrigações distintas, sendo que o médico procura, na medida do possível e diante da estrutura em que está submetido, fazer o atendimento ideal e, por outro lado, o paciente com suas queixas anseia pela resolução imediata de seu problema. Assim, a comunicação adequada é a responsável pela construção de uma relação duradoura. Ocorre que nem sempre é possível manter uma adequada relação, visto que há inúmeros questionamentos sobre tal situação. Na verdade, na maioria das vezes, o paciente se mostra insatisfeito ou revoltado com o posicionamento do médico ou até mesmo demonstra uma postura totalmente equivocada diante de seu diagnóstico ou forma de tratamento, o que faz surgir um desconforto. Com a ocorrência de um evento adverso na relação cabe ao médico diante de sua autonomia e sensatez sopesar a continuidade do tratamento ou o direcionamento à outro profissional. Importante é mencionar que se a confiança entre os partícipes estiver abalada, o rompimento deverá
ser praticado, exceto em casos de urgência e emergência. Tal prerrogativa é conferida ao médico através do exposto no artigo 36, §1º do Código de Ética Médica que dispõe: “Art. 36. §1º - Ocorrendo fatos que, a seu critério, prejudiquem o bom relacionamento com o paciente ou o pleno desenvolvimento profissional, o médico tem o direito de renunciar ao atendimento, desde que comunique previamente ao paciente ou a seu representante legal, assegurando-se da continuidade dos cuidados e fornecendo todas as informações necessárias ao médico que lhe suceder.” Assim, diante da situação vivenciada, da liberdade profissional e prerrogativa acima mencionada o médico pode renunciar ao atendimento. Além de que, em alguns casos, é necessário que o médico adote outras medidas, como fazer anotações em prontuário médico ou registrar um boletim de ocorrência. Em que pese ser a quebra da relação uma situação delicada, em muitas das vezes é necessária para a preservação dos envolvidos. Na verdade, a perda de confiança mútua traz prejuízos à ambas as partes e podem resultar em processos judiciais e, portanto, o rompimento de uma forma ética e condizente com a legislação pertinente é uma decisão prudente. Márcia Conceição Pardal Côrtes | Lucas Selingardi Advogados SMCC maio/junho 2018 | Revista Medicação | 05
Medicina Baseada em Evidências
Níveis de Evidência e Graus de Recomendação Dr. Milton Roberto Marchi Oliveira Nos últimos anos tem se tornado comum a citação dos Níveis de Evidência para a classificação de publicações científicas. As diretrizes (ou “guidelines”) elaboradas por inúmeras entidades, com destaque para as sociedades de especialistas, costumam definir, para cada artigo que utilizaram na elaboração daqueles documentos, sua posição hierárquica em termos de evidência científica. Inúmeras escalas já foram elaboradas e ainda estão em uso, cada qual com suas qualidades, limitações e especificidades. Uma das primeiras a serem desenvolvidas - já com a concepção mais próxima das atuais - foi publicada em 1999 pelo JAMA (Jornal da Associação Médica Americana). O serviço pago UpToDate, da editora Wolters Kluwer, também possui a sua própria, em adaptação de outra: a escala GRADE (abreviação de “Grading of Recommendations Assessment, Development and Evaluation”). Esta última surgiu no ano 2000, fruto da colaboração informal de um grupo de profissionais interessados em abordar as deficiências dos sistemas de classificação nos cuidados de saúde. O grupo desenvolveu uma abordagem para classificar a qualidade (ou grau de certeza) das evidências científicas. Hoje, esta escala é considera padrão no desenvolvimento de diretrizes em várias instituições pelo mundo. Em nossa coluna anterior, citamos rapidamente a escala do Centro para Medicina Baseada em Evidências (CMBE) da Universidade de Oxford, também uma das mais utilizadas em todo o mundo. Um resumo dos diversos Níveis de Evidência (numerados de 1 a 5), pode ser observado a seguir: NÍVEL
Melhores Publicações (para tratamento, prevenção, etiologia ou dano)
1a 1b 1c 2a 2b 2c 3a 3b 4 5
Revisões Sistemáticas de Ensaios Clínicos / Metanálise de Ensaios Clínicos Ensaios Clínicos Randomizados com intervalo de confiança estreito Estudos com resultados do tipo “tudo ou nada” Revisões Sistemáticas de Estudos de Coorte Estudos de Coorte Individuais / Ensaios Clínicos de baixa qualidade Outcomes Research / Estudos Ecológicos Revisões Sistemáticas de Estudos Caso-Controle Estudo Individual de Caso-Controle Série de Casos / Estudos de Coorte e de Caso-Controle de baixa qualidade Opinião de experts
em ordem decrescente de nível de evidência
06 | Revista Medicação | mAIO/JUNHO 2018
As separações em níveis de evidências é que orientam a elaboração dos GRAUS DE RECOMENDAÇÃO de condutas médicas e refletem o nível de certeza e clareza das publicações e seu poder de modificar e orientar a tomada de decisão final na prática clínica. Graus de Recomendação (segundo o CMBE):
Graus de Recomendação (segundo o CMBE)
A
Inclui estudos de nível 1 (a, b, c). Estudo com forte recomendação na escolha; são excelentes os níveis de evidência para recomendar rotineiramente a conduta. Os benefícios possuem peso maior que o dano. Há boas evidências para apoiar a recomendação.
B
Consiste em estudos do nível 2 (a, b, c) e 3 (a, b) ou generalização de estudos de nível 1. Estudo que recomenda a ação; são encontradas evidências importantes no desfecho, e a conclusão é de que há benefício na escolha da ação em relação aos riscos do dano. Há evidências razoáveis para apoiar a recomendação.
C
Consiste em estudos de nível 4 ou generalização de estudos de nível 2 (a, b, c) ou 3 (a, b). Encontra mínimas evidências satisfatórias na análise dos desfechos, mas conclui que os benefícios e os riscos do procedimento não justificam a generalização da recomendação. Há evidências insuficientes, contra ou a favor.
D
Consiste em estudos de nível 5 ou qualquer estudo inconclusivo. Estudos com pobre qualidade. Há evidências para descartar a recomendação.
Deve-se ter especial atenção para não se confundir escala de evidência com grau de recomendação. O grau de recomendação refere-se a um tratamento e não a um estudo. O estudo é nível 1, 2… o tratamento tem grau de recomendação A, B … conforme o seu embasamento. Muitas vezes um estudo nível 1 determina que um tratamento não deve ser feito, ou seja, o estudo é nível 1, porém o grau de recomendação é baixo. As escalas de evidência são muito úteis para clarearmos os artigos que nos ajudam definir conduta terapêutica. Cada revista científica usa uma escala específica, até mesmo além das anteriormente citadas. Em geral, a escala adotada é apresentada junto com as normas de publicação. Apesar das inúmeras escalas o conceito é o mesmo e ele é que deve ser entendido. Até a próxima! Dr. Milton Roberto Marchi de Oliveira Médico anestesiologista, com graduação e especialização em Anestesiologia pela Unicamp. Foi Diretor de Comunicação da SMCC. Colaborador do Centro de Ensino e Treinamento (SBA) em Anestesiologia da Casa de Saúde Campinas. Possui interesse por temas relacionados à Saúde Baseada em Evidências
Memórias SMCC
A Fundação da SMCC
N
o dia 1° de dezembro de 1925 foi criada a Sociedade de Medicina e Cirurgia de Campinas. A fundação ocorreu após um período de crise na saúde pública. Os traumas foram deixados pela febre amarela, no final do século 19, e pela gripe espanhola, que também deixou um rastro de medo e insegurança entre 1918 e 1919. Ainda houve a epidemia de varíola. Por estas experiências vividas, Campinas acabou acumulando uma trajetória importante em termos de estruturação de um sistema de atendimento à saúde, como um dos reflexos da cidade que cada vez mais se destacava no cenário nacional. O pioneirismo em atender pacientes destas moléstias serviu de exemplo para o restante do país no combate e bloqueio as epidemias. Porém, ainda assim não havia uma instituição que reunisse médicos, fortalecendo a atuação ou proporcionando avanços em estudos e pesquisas, atualizando conhecimentos dos profissionais do setor que atuavam na cidade. A SMCC foi constituída de um grupo de 40 profissionais, correspondendo quase à totalidade dos médicos atuantes na cidade na época. O modelo foi inspirado nas entidades que existiam nas capitais São Paulo e Rio de Janeiro. Os primeiros encontros aconteciam no Salão nobre do Centro de Ciências, Letras e Artes (CCLA). O local era estratégico. Ficava na Rua Conceição, esquina com a Avenida Francisco Glicério. A sede do CCLA era um casarão imponente, remanescente da era de ouro do café. A reunião presidida por Miguel de Barros Penteado, teve como convidados os médicos Betim Paes Leme e João Penido Burnier que compuseram a mesa. Foi aprovada uma comissão para redigir o estatuto da futura instituição. Na lista de sócios-fundadores foram registrados 30 nomes. Entre os outros desta lista que expressaram apoio estavam Mário Gatti, Armando da Rocha Brito, Azael Lobo e Clemente de Toffoli. Neste tempo, Campinas tinha 120 mil moradores. Eram inaugurados o Clube Campineiro (1925) e o Cine República (1926), além da pedra fundamental do Hospital Irmãos Penteado. *Trechos do artigo foram extraídos do Livro “SMCC 90 anos na história da saúde em Campinas: memórias e legados” de 2015, autoria de José Pedro Martins, coautor Paulo Cesar Nascimento.
Sede do CCLA, palco dos encontros preparatórios para criação da Sociedade. Acervo MIS-Campinas/ColeçãoBMC.
Lista de presença da 1° Reunião da SMCC Miguel de Barros Penteado
Olympio Dias Porto
Francisco Betim Paes Leme
Nestor de Oliveira
Penido Burnier
Alcides Garcia
Francisco Bellizzi
J. Pagano Brundo
Affonso Ferreira
Guilherme Bolliger
Belfort de Mattos
Carlos Stevenson
Vicente Baptista
A. Baldassari
Falcão de Miranda
Arlindo de Lemos Júnior
José Augusto Bastos
Luiz Vianna Barbosa
Antonio Martins Valverde
Manuel Marcondes Machado
José Pinto de Moura
Francisco de Arruda Roso
Antonio Fessel
Celso da Silveira Rezende
Hermas de Carvalho Braga
Arnaldo de Campos
Clovis Peixoto
Marcos Lindemberg
Benedicto da Cunha Campos
J. Rollemberg Sampaio
maIO/JUNHO 2018 | Revista Medicação | 07
SMCC acontece
Primeiro evento de um Departamento Científico é realizado no Clube de Campo O primeiro evento científico após as obras para instalação do novo Centro de Eventos no Clube de Campo foi realizado no dia 23/06 pelo Departamento Científico de Clínica Médica. O Workshop “Conversas com a Morte” reuniu 50 pessoas. A condução foi feita pela médica formada e com residência em Geriatria e Gerontologia na FMUSP, Dra. Ana Claudia de Lima Quintana Arantes, conhecida por publicações sobre o tema da morte, luto e espiritualidade. Com esse evento, as áreas das novas salas no Clube de Campo passaram pelos testes finais nas instalações. Os Departamentos e Comitês Científicos da SMCC já podem agendar eventos de pequeno e médio porte no local. Quanto à locação para eventos Comerciais e de maior porte, estes integram a próxima fase das instalações, com expectativa para liberação em breve.
Previdência Social: O que o médico precisa saber
No dia 09/06 a sede social da SMCC recebeu o evento dos Departamentos de Medicina Legal/Perícias Médicas e Medicina do Trabalho. Foram discutidos temas importantes presentes na rotina médica como os avanços da Previdência Social em sistemas informatizados de requerimento de benefícios e agendamentos e os convênios com diversos segmentos representativos da sociedade como empresas, sindicatos, associações de classes profissionais e empresariais. O evento integra o PEP - Programa de Educação Previdenciária. Organizador do evento, Dr. Waldir Favarin Murari – Coordenador do DC Medicina Legal e Pericias Médicas – comentou que o tema é desconhecido dos médicos quanto aos benefícios e doenças. O relacionamento entre médicos do trabalho, peritos e os diversos segmentos da Previdência Social também foi discutido.
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Stop The Bleed: Curso inovador para leigos lota salas da SMCC O curso “Stop The Bleed”, inédito em Campinas, superou as expectativas dos participantes e da organização. As duas turmas atingiram o número máximo de participantes. O curso integrou as ações do Movimento Maio Amarelo e aconteceu no dia 21/05, na SMCC e ensinou leigos sobre como agir corretamente frente a uma pessoa com hemorragia por um acidente. As orientações foram dadas por profissionais da Disciplina do Trauma da UNICAMP, com base na iniciativa do Comitê do American College of Surgeons e do Consenso de Hartford de 2013, para capacitar médicos, profissionais de saúde e leigos para atuar de forma imediata em situações de trauma envolvendo sangramentos. O Coordenador das ações da campanha do Maio Amarelo em Campinas, o cirurgião do Trauma, Dr. Thiago Calderan, comentou que o curso pretende corrigir um fato já sabido entre os profissionais que não há conhecimento adequado sobre primeiros socorros no Brasil. Alguns cidadãos desconhecem até mesmo o telefone de emergência (!).
SMCC acontece
“Como Evitar Processos” é tema de aulas da Superliga de Cirurgia da SMCC Prevenir desde a graduação foi a principal recomendação dada durante aula da Superliga de Cirurgia no dia 08/05 pelos advogados da SMCC, Dra. Márcia Pardal Cortes e Dr. Lucas Selingardi. Os advogados falaram para mais de cinquenta “ligantes” das três faculdades de Campinas que compareceram à SMCC em busca de orientação a respeito da prevenção. Alguns levantamentos mostram que mais de 95% dos processos ocorreram porque o paciente não foi bem atendido; existindo algum conflito entre a família, o paciente e o médico. Durante o evento outro ponto comentado entre os participantes e palestrantes foi o convívio atual com as tecnologias. Esta rotina causa muitas dúvidas e problemas. A mesma aula foi apresentada no dia 06/06, para os ligantes que participam da Superliga de Cirurgia na Faculdade de Medicina de Jundiaí, reforçando a atenção ao termo de consentimento informado e a importância do preenchimento correto e preciso do prontuário médico. Foram citados exemplos de casos para os estudantes, mostrando maneiras de se evitar processos. As aulas da Superliga de Cirurgia continuam no segundo semestre com os temas previstos: “Atendimento a Queimados” (07/08), “Hérnias Complexas (18/09)” e “Damage Control (06/11)”.
Campanha do Agasalho na SMCC A SMCC foi um dos pontos oficiais de arrecadação da edição 2018 da Campanha do Agasalho “Todos contra o Frio”, promovida pela Prefeitura de Campinas, de 05 de maio a 30 de julho. As doações encheram uma grande caixa deixada na recepção da entidade e contaram com a participação entusiasmada dos colaboradores da entidade. A representante do Departamento de Eventos da SMCC, Raquel Steffen, foi uma das colaboradoras que mais doaram para a campanha. “Faz parte da minha criação e, assim estou criando meus filhos a nos preocuparmos em ajudar o próximo. Muita gente não tem nem uma cama para dormir. E sempre que podemos fazemos parte de alguma ação social. Fico feliz em fazer parte da SMCC que apoia e incentiva esse tipo de ação”.
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capa
A
Edição 2018 dos Prêmios Científicos foi a mais concorrida da história
edição 2018 dos prêmios Mérito Acadêmico e Mérito Científico da SMCC recebeu a inscrição de 48 trabalhos de 20 especialidades diferentes e mais de 13 trabalhos de acadêmicos. Um recorde! Estes já são os maiores prêmios médico científico e acadêmico oferecido por uma associação médica no interior de São Paulo. Os vencedores dos prêmios foram conhecidos durante cerimônia no Clube de Campo no dia 16 de junho, onde puderam junto com convidados e familiares interagir nas novas instalações do Casarão e áreas externas como a piscina, decorada com pequenos lounges. Alguns dos trabalhos premiados foram indicados como recomendação para serviços de saúde brasileiros e, em um dos casos, será política adotada pelo Ministério da Saúde. O professor Maurice Youssef Franciss, da FM São Leopoldo Mandic, presente na cerimônia elogiou a organização “A premiação incentiva os residentes a iniciação científica e a busca pela excelência na saúde e no mérito acadêmico”. Dr. José Dirceu, um dos ganhadores da noite já se animou para a próxima edição: “Ano que vem vamos trazer mais. Este ano foi um recorde e o ano que vem será maior ainda. Isso que é bonito! Concorrer, trazer trabalhos, propiciando aos alunos e colegas a trazer mais trabalhos científicos para a sociedade ver o que estamos produzindo.”
“Esse trabalho foi muito importante por que conseguimos desenvolver uma curva de crescimento da Síndrome de Down brasileira que não existia.” Dr. Gil Guerra Júnior
“Um evento que teve recorde de concorrentes mostra a qualidade. Quanto maior a qualidade, maior o prestígio de quem recebe o prêmio. Isso é maravilhoso!” Dr. Fábio Trindade Maranhão Costa
“A Sociedade (SMCC) tem feito um trabalho maravilhoso que é premiar pesquisa; que no nosso país está tão sofrida, tão difícil! Então, ter o reconhecimento dos colegas é um privilégio, um motivo de orgulho, de satisfação e de fazer melhor; de fazer cada vez mais para a pesquisa do Brasil.” Dr. José Dirceu Ribeiro
Ganhadores Grande Prêmio Mérito Científico 2018 Dr. Fábio Trindade Maranhão Costa Dr. José Dirceu Ribeiro Dr. Gil Guerra Junior
GANHADORES PRÊMIO MÉRITO ACADÊMICO 2018 Leandro Minatel Vidal Negreiros Larissa Estela Ferreira Jacó de Menezes Fernanda de Souza Martins Colauto
10 | Revista Medicação | maio/junho 2018
capa
Fundadores de serviços de saúde foram homenageados com o Prêmio Paes Leme 2018 Familiares e amigos compareceram para ver as homenagens ao médico Dr. Roberto Silveira Pinto de Moura, pioneiro do Departamento de Psicologia Médica da Faculdade de Ciências Médicas (UNICAMP) e Dr. Rubens Marcondes Pereira, médico que ajudou a fundar o Serviço de Radiologia da FCM, em 1968. Já o Instituto SER, com quase 30 anos de atuação no diagnóstico do espectro autista, foi a instituição homenageada deste ano.
maio/junho 2018 | Revista Medicação | 11
capa A SMCC aproveitou o evento para prestar homenagem aos seus novos associados jubilados, com idade acima dos 70 anos, que receberam o título vitalício.
12 | Revista Medicação | maio/junho 2018
capa
maio/junho 2018 | Revista Medicação | 13
Entrevista
O chefe dos extremos Entrevista com Felipe Bronze Da cozinha técnica com conhecimentos de química para o calor da brasa em uma culinária mais criativa com gostinho de comida da vovó . Saiba como um dos mais famosos chefes brasileiros fez esta transição na carreira. Ele esteve em Campinas para mais um dos eventos de gastronomia que tem participado pelo Brasil
N
o cardápio dele já teve brigadeiro congelado em nitrogênio líquido com forminha comestível e água de coco com efeito de espuma da água do mar. Felipe Bronze transitou pela química e praticou o que ele mesmo se nega a compreender como cozinha molecular. O fato é que ele se especializou, foi muito além na tecnicidade ou seria da alquimia da cozinha? Felipe gosta de dizer que faz experiências gastronômicas. Cozinhou todos os tradicionais pratos nacionais. Foi chamado pela televisão de o “mago da cozinha”. Conseguiu obter texturas diferentes dos mesmos ingredientes usando tecnologia. Uma delas o termocirculador que permite um cozimento lento, de 50 horas para que um pato, por exemplo, não perca a água natural da carne. E o gelo seco a 70 graus negativos foi usado para dar aquele efeito visual que só uma sobremesa de um “mago” poderia ter. Mas, Felipe que esteve em Campinas para a inauguração de um novo Hortifruti em um Shopping, agora tem nas mãos um maçarico. Quando não está nos estúdios ele também o usa em casa. Tudo tem fogo, brasa, calor e criatividade. Você teve em casa alguém que cozinhava ou te inspirou para a profissão? Nossa! Então… sempre ouço, principalmente, os franceses falando: Ah! Eu sinto muita saudades da torta de maçã da casa da minha avó… Hummm aquele cheiro de café da manhã… Aí eu falo que na minha casa eu não tive nada disso. Eu não tenho essa referência. Ninguém cozinhava, então não tenho esta memória afetiva. Eu me interessei sozinho mesmo pela cozinha. Não é uma questão familiar ou emotiva. Você ganhou duas estrelas Michelin, o guia francês mais importante da gastronomia. Como foi receber esta notícia? É difícil até para mim - que gosto de falar - explicar direito como foi ganhar estes prêmios porque a gente não esperava ganhar. Ainda mais no Rio de Janeiro. Um restaurante descentralizado como o “Oro”. Foi uma honraria espetacular. Muita pouca gente tem estrelas Michelin. Tem três restaurantes no Brasil que tem. Em Portugal, apenas um restaurante conseguiu em todo o país. E ganhar para nós foi uma indicação que estamos no caminho certo como time. É um trabalho de equipe. Eu acho que não foi de
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agora. Me perguntaram o que eu tinha feito de diferente. Eu não acho que ganhamos de um ano para o outro. Foram 20 anos de trabalho em equipe. É a trajetória! É uma maneira de fazer. Eu trabalho com gente muito boa, fazendo tudo nos resuaurantes; então é um prêmio coletivo mesmo. Não consigo colocar (o prêmio) debaixo do braço e me sentir. Sou apenas um capitão do time. O time funciona brilhantemente. É gente muito boa e jovem! O programa “Perto do Fogo” (CANAL GNT) tem muitas polêmicas e o uso do fogo para todos os pratos chega a causar estranheza. Dúvidas sobre o sabor, inclusive. Como você recebe algumas críticas sobre mudar pratos ou sabores de ingredientes com o tom forte do cozimento em brasa? A parte boa de você ser brasileiro e um chefe de cozinha é que aqui (no Brasil) não se tem uma tradição de agredir realmente os chefes que mudam muito os ingredientes ou pratos tradicionais. Diferente de outros países pelo mundo. Se eu nascesse francês ou italiano e fizesse o que eu faço no Brasil de dar outra interpretação para os clássicos, ía virar uma religião você ter que me ofender. Então, quando penso no prato, penso nos sabores e vou para outro universo mesmo. E para mim é divertido fazer isso na brasa. E a gente leva ao extremo no “Oro”. Por que eu não faço
nada que não seja interligado. É uma linha de pensar. O programa retroalimenta o restaurante. A gente quer fazer coisas que a gente seja criativo, se divirta; que possa tirar este peso. Quando que você foi capaz de se desprender da cozinha mais técnica? Tem um ponto bem específico de virada disso. Eu trabalhava no restaurante “Oro” que tem oito anos, mas até julho de 2015 o restaurante era de um investidor. Era meu parceiro, mas o negócio era dele. Eu que dei o nome, fiz toda a linha de gastronomia, mas eu trabalhava para ele. Foi quando eu resolvi fazer sozinho. Fiquei seis meses procurando um ponto comercial para abrir. Foi então que eu montei o restaurante com a minha cara e tudo, mas eu não era mais o mesmo. Queria fazer uma coisa diferente. Quis trazer o início da minha carreira quando eu trabalhava em um restaurante que só servia na brasa, o “Zuca” no Rio que está lá até hoje. Um restaurante super legal! Na minha casa eu só cozinho na brasa no final de semana. Eu amo cozinhar na brasa. O programa “Perto do Fogo” surgiu disso. A ideia veio quando eu estava fazendo vídeo na rede social com o meu celular , na churrasqueira da minha casa. Eu pensei, isso dá um programa lindo. Fogo é muito sedutor para comer. Você vê aquela transformação a cada segundo da comida. Resolvi trazer isso para a minha cozinha. Eu acho que estava faltando esta emoção. A gente estava técnico demais, estava meticuloso demais. Eu estava correto demais. Estava faltando um pouco de anarquia. Mas a técnica não é fascinante? É super, mas estava faltando este tempero. A gente foi para o extremo de técnica e a gente usa essa técnica. Não é que a gente abandonou isso. Técnica a gente não abandona nunca mais. Técnica é precisão. Mas estava faltando essa coisa, estava faltando fogo e, aí a gente trouxe esse fogo para dentro.
Você entende que fazia cozinha molecular ou química? Cozinha molecular é um negócio que eu tenho dificuldade para entender o conceito porque na verdade, pra mim, eu entendo cozinha molecular como uma caixa de ferramenta: são técnicas. E por incrível que pareça foram técnicas relativamente recentes. Mas, as técnicas mesmo de cozinha são as mesmas há séculos. A gente teve umas ténicas mais modernas usadas de um tempo para cá. E eu me interesso por aprender tudo que envolve minha profissão. Pra mim é tudo de alguma maneira técnica, então é uma caixa de ferramentas que eu uso em tudo que der para usar.
“Eu trabalho com gente muito boa, fazendo tudo nos restaurantes; então é um prêmio coletivo mesmo. Não consigo colocar debaixo do braço e me sentir, sou apenas um capitão do time. O time funciona brilhantemente. É gente muito boa e jovem!”
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destaque
Ação “Salvando Vidas” apoiada pela SMCC atinge 5 mil pessoas em Campinas
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omo parte do Movimento Maio Amarelo em Campinas, a Sociedade de Medicina e Cirurgia de Campinas (SMCC), a Liga do Trauma da UNICAMP e a EMDEC promoveram em conjunto a ação “Salvando Vidas” no dia 16/05, no Largo do Rosário. O evento contou com o apoio do Instituto Terzius, SBAIT e CoBRALT e participação de residente e alunos voluntários de Medicina e Enfermagem da UNICAMP e PUC Campinas. Houve grande repercussão na mídia com 12 inserções em veículos de comunicação (jornal, TV, rádio e internet) com abrangência de até seis milhões de pessoas na região de Campinas. Cinco mil pessoas foram abordadas e receberam panfletos com orientações para prevenção aos eventos de trânsito durante a ação na praça. Mais de 300 pessoas foram treinadas para agir em uma situação de Parada Cardiorrespiratória, através de noções das técnicas de Reanimação Cardio-Pulmonar (RCP). O Coordenador da Campanha Maio Amarelo em Campinas, Dr. Thiago Rodrigues A. Calderan, membro da SMCC e SBAIT (Sociedade Brasileira de Atendimento Integrado ao Traumatizado), comentou que a atividade comprovou a importância do treinamento para leigos. “As pessoas leigas mesmo sem conhecimentos mais profundos de primeiros socorros conseguem fazer as manobras de reanimação. Com poucas informações é possível salvar uma vida!”. O acadêmico de medicina do 4º ano, Guilherme Santos gostou da experiência que a Campanha promove de estar em contato com a população. “Se conectar à comunidade é sempre muito revigorante. O fluxo de conhecimento parte dos dois lados e isso possibilita um amadurecimento muito grande. Do nosso lado, transformar o conhecimento técnico numa linguagem acessível
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é fundamental. E sentir o aprendizado, o interesse e o retorno a todos quem ensinamos foi sensacional. É o nosso conhecimento para além dos muros da universidade.” A residente de cirurgia do Trauma Fernanda de Freitas também participou do evento . “A experiência de trabalhar com os alunos e com a população foi demais! Curti muito poder atuar na prevenção do trauma” contou.
5ª DISTRITAL
APM inaugura novo prédio em São Paulo
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presidente da SMCC, Dra Fátima Bastos e o Diretor da 5º Distrital, Dr Clovis Machado, estiveram presentes na inauguração do novo prédio da APM em São Paulo, na noite de 8 de junho, junto com diretores da Associação e outras lideranças médicas. O novo prédio foi construído no terreno onde havia um estacionamento ao lado do imóvel antigo. O objetivo do empreendimento é contribuir com a autossustentabilidade da Associação Paulista de Medicina. A renda dos imóveis será revertida para a manutenção da entidade. O novo prédio recebe o nome de Florisval Meinão em homenagem ao ex-presidente da APM (2011-2014 e 2014-2017). O atual presidente, José Luiz Gomes do Amaral, comentou a respeito do investimento. “Estamos vivendo um momento particularmente marcante para a história da Associação Paulista de Medicina. A construção deste edifício só foi um sonho tornado realidade em função da dedicação, sensibilidade e capacidade de decisão de uma diretoria coesa e muito bem coordenada pelo Dr. Florisval Meinão”.
O novo prédio em números Segundo informações da própria entidade, o prédio com 22 andares construídos, possui dois subsolos e mais sete andares para 107 vagas de garagem, um andar térreo com amplo salão, apartamentos residenciais que vão do 8º ao 20º piso (de 30 a 40 metros quadrados) e área de cobertura com piscina, academia e salão de festa, além da casa de máquinas. Todos os apartamentos têm ar-condicionado e fogão cooktop instalados, 67 imóveis estão prontos para locação, com mobiliários de quarto e cozinha, gabinete de banheiro e piso instalado. Destes, dez estão com eletrodomésticos, televisão, geladeira, micro-ondas, cama e banquetas de cozinha e cinco ainda possuem enxoval completo.
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Espaço Colaboradores A SMCC reconhece a dedicação e o trabalho de seus colaboradores. Por isso, reserva aqui um espaço para o associado conhecer cada um dos profissionais ligados direta ou indiretamente ao atendimento. Nesta edição conheça a profissional responsável pelo Departamento Científico.
Samara Nobre Formada em publicidade e propaganda pela UNIP está com 29 anos. Há quatro anos trabalha na SMCC. Entrou como recepcionista e responsável pelo convênio Unimed oferecido pela entidade aos seus associados. Perfeccionista e dedicada ao atendimento aos Departamentos e Comitês Científicos entende que é um desafio trabalhar com tantos médicos e eventos de diferentes perfis. Nas horas vagas faz desenhos a mão livre, hobby que tem desde criança.
VOCÊ SABIA? Os colaboradores da SMCC estão passando por treinamentos práticos e centrados na mudança de comportamento necessária para a transformação e ações para atingir os resultados e metas. As atividades fazem parte do planejamento de reestruturação e nova gestão que a entidade vem fazendo no último ano. Tanto o operacional, como estagiários, parceiros e até a Gestão (Diretoria), atingindo todos os níveis de liderança, estão participando dos eventos.
Os temas trabalhados nos treinamentos já realizados trataram de confiança, conflito, compromisso, responsabilidade e resultados. O próximo passo com os funcionários e parceiros será trabalhar os temas: planejamento estratégico, trabalho em equipe, vendas e relacionamento, comunicação, produtividade e rentabilidade gestão da mudança e liderança.
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espaço departamento acadêmico
O suicídio entre estudantes de Medicina
E
studos científicos mostram um número assustador: a média de suicídios entre quem ainda está cursando medicina e quem acabou de concluir o curso é quatro a cinco vezes maior que a da população em geral em todo o mundo. Outro dado é que um em cada quatro tem sintomas depressivos. Os números conhecidos no último Congresso Brasileiro de Educação Médica (COBEM são sentidos pelos jovens nas notícias que surgem Brasil a fora. Única pesquisa no Brasil com este recorte foi feita entre os anos de 2000 a 2009. A fragilidade da saúde mental da classe médica fica evidente no levantamento feito pela UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo), UFPR (Universidade Federal do Paraná) e Uniad (Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas), com o apoio do CREMESP (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo). O levantamento mostrou que 1,7% das causas morte dos médicos paulistas no período foi por suicídio. Já nos dados coletados e apresentados pelo psiquiatra Guilherme Spadini, em evento na Associação Paulista de Medicina (APM) a prevalência de ideação suicida varia de 8% a 13% na população em geral. Casos entre estudantes de Medicina na Faculdade de Minas (FAMINAS) e na FMUSP ultrapassam as estatísticas nacionais. Presidente do Diretório Acadêmico da FAMINAS, Ayrton Paschke, comentou os casos. Em 2017, em quatro meses, cinco alunos da instituição tentaram suicídio. Desses, dois morreram. “Fazemos mais de uma prova por dia. Como é um curso caro, temos que nos esforçar muito para não repetir matérias. Cada disciplina em que somos reprovados adiciona pelo menos R$ 1,2 mil na mensalidade do próximo ano”.
Em Campinas, o Sistema de Notificação da Prefeitura, já identificou o suicídio como quarto tipo de morte violenta na cidade. O número entre os mais jovens está aumentando, na faixa etária dos 19 anos. Porém, a estatística não revela quantos ou qual percentual é de estudantes de medicina. Apoio psicológico A pressão, responsabilidade e o medo do fracasso são elencados como principais fatores para desencadear o pensamento suicida. Alguns estão fora da cidade de origem, longe das famílias e ficam nos apartamentos ou casas sozinhos sem lazer ou convício social durante fins de semana ou feriados inteiros. Enquanto estudantes, não acham que precisem de ajuda e, sim, de fazer o que for possível para atingir os resultados. Quando já médico tem dificuldade de ver o próprio sofrimento, não se vê como paciente. Para alguns estudantes de Campinas ouvidos pela reportagem o interessante era ter na Faculdade um acompanhamento psicológico. “A pressão do curso é muito grande! A faculdade não auxilia com um apoio profissional. Muitos estudantes acabam não conseguindo lidar com a pressão”, contou a estudante Isabela Aoki que integra o Departamento Acadêmico da SMCC.
Causas do Suicídio üEsgotamento üAnsiedade üDepressão üInternações psiquiátricas üUso de álcool e droga
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enoturismo
Não deu para viajar? Isso já não é desculpa para conhecer vinhos do mundo todo
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m tempos de crise econômica, as viagens para as regiões produtoras de vinho são, para alguns, apenas sonhos ou tema para uma boa leitura. Mas, se você aprecia um bom vinho e se encontra nesta situação, a redação preparou para a coluna desta edição um breve guia de onde você pode adquirir vinhos dos cinco continentes sem ter que sair da cidade. Com milhares de rótulos a disposição no mercado nacional, há também várias formas e locais de compra cada vez mais interessantes. Os supermercados são os principais pontos de venda no mundo todo, em especial porque ao comprar grandes quantidades conseguem praticar um preço mais atraente. Mas atenção! Como as garrafas ficam em ambiente não climatizado e quase sempre na posição vertical por muito tempo, o ideal no supermercado é buscar vinhos de bom giro, para consumo rápido, e não os de “guarda”. E verifique sempre o estado do rótulo e da garrafa, pois eles denunciam como o vinho foi tratado até chegar as suas mãos. Já as lojas especializadas e as importadoras são os locais preferidos pelos enófilos (quem gosta e estuda o vinho). Nestes locais os atendentes são especializados e o ambiente ideal para o armazenamento dos vinhos. Algumas ainda oferecem opção de petiscos e até um pequeno bistrô, onde é possível degustar sua escolha pelo preço da prateleira. Outra atração são os eventos especiais que envolvem degustações e até mesmo palestras de produtores e enólogos (quem faz o vinho). A compra de vinhos pela internet, assim como quase tudo, é algo que já faz parte do cotidiano de muita gente. Para quem entende um pouco do assunto, a sensação é a de estar numa imensa loja, com uma infinidade de marcas, tipos, uvas e tudo isso com a conveniência de não sair de casa. Além disso, estas lojas conseguem praticar preços competitivos, justamente por ter menos custos envolvidos. Praticamente todas as vinícolas, as importadoras e as grandes lojas já possuem sua loja virtual. Além disso, há sites no estilo “clube do vinho” e lojas virtuais superespecializadas. Basta uma busca pela internet para conhecer e identificar as maiores e mais famosas. Uma dica é ler as avaliações e rankings feitos por revistas especializadas.
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Alguns cuidados básicos servem para compras de todo o tipo como acessar apenas sites oficiais e ler os comentários das páginas de clientes relatando experiências com a marca. Mas, como saber se o site de fato é legítimo? Um olhar atento pode revelar alguns detalhes. O rodapé sempre deve conter endereço e contato por telefone. Na dúvida, é interessante ligar para confirmar a veracidade da loja. Outra dica é, nos comentários, ao passar com o mouse, é possível ver se a pessoa ali presente realmente tem uma conta nas redes sociais. Ao verificar o perfil de algum deles já é possível comprovar a participação. Precisando de uma ajudinha extra? A ABS-Campinas (Associação Brasileira de Sommeliers) tem cursos do básico ao avançado, confrarias, agenda de eventos e até viagens monitoradas. O endereço é o abs-campinas.com.br. Boa busca e até a próxima!
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II FÓRUM IDEOLOGIA DE GÊNERO: ISSO NÃO É ASSUNTO PARA CRIANÇA Público Alvo: médicos, acadêmicos e profissionais de todas as áreas da saúde. Data: 04/08/2018 Horário: 8h30 às 12h30 Local: Sede Social da SMCC Inscrições Associados: gratuitas Não associados: R$ 45 Acadêmicos: R$ 25
VI DOAÇÃO DE SANGUE - HEMOCENTRO UNICAMP Data: 5/09/2018 Horário: 8h30 às 12h Local: Sede Social da SMCC
Clube de Benefícios SMCC A SMCC faz parcerias com empresas de qualidade, para facilitar sua vida profissional e oferecer vantagens para você e sua família
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