ANO 2050 – Um dia na escola Mais uma segunda mais uma semana – dizia sempre a mesma frase ao acordar nas segundas-feiras. Como de costume o meu holograma acordou-me com o som mais estridente possível de modo a começar o dia com os tímpanos perfurados. Prossegui na rotina: fazer a cama, vestir o meu holofato sintético adaptável para qualquer situação ou como a moda de 2015 ditava, branco em tudo, e comer o meu muito diversificado pequeno-almoço: comprimidos de energia com comprimidos de energia e estranhamente, naquele dia, o sabor a urânio e níquel estava quase irreconhecível. Passado um pequeno-almoço a ouvir dos meus pais o quanto eles esperam de mim, saí da cozinha ainda com menos vontade de ir à escola, mas espera, isso seria impossível, já que eu estou apenas na melhor escola da Pangeia. Ao sair de casa, vesti a minha máscara para respirar debaixo de água (talvez máscara não seja a palavra indicada já que “a máscara” é como se fosse uma espécie de tampões para os ouvidos mas para as narinas); quem olha não sabe se está ou não a usar, sendo que tudo isto era necessário já que as inteligências das gerações anteriores tiveram a ideia de usar combustíveis fósseis que aumentaram as temperaturas e em resultado disso, agora, vivemos debaixo de água. À porta da minha casa já estavam os meus dois melhores amigos: todos os dias iam comigo de mini sub elétrico, (porque sim, em 2050, mesmo que vivamos debaixo de água tudo é elétrico e ecológico, para não cairmos nos erros de certas e determinadas gerações) uma espécie de submarino pequeno que todos querem ter. Então íamos para a escola, embora ficasse a 30 Km das nossas casas, chegávamos lá em menos de 5 minutos. Uma das melhores características da Pangeia International School era o facto do último andar estar à superfície onde se pode ver o céu azul e o mar e há quem diga que se se olhar com binóculos se consegue ver ainda algo da terra, das montanhas. Era um dos edifícios mais altos do mundo. Ao chegar à escola, estacionei o minibus e entrei. Ao entrar passei o meu chip eletromagnético no sensor para assim o sistema saber que eu estou na escola; fazia sempre cócegas, visto que o chip estava embutido na minha pele (é como se fosse o primeiro presente de aniversário de qualquer pessoa nascida a partir de 2035). A primeira aula do dia ia ser arquitetura hídrica, que nos ensina a forma de desenhar, projetar e desenvolver edifícios hídricos ou seja que por fora são cobertos de água e tem de resistir à turbulência e ondulação da Pantalassa mas, por dentro, devido às cortinas hídricas (uma espécie de barreira por onde a água