3º prémio sec.Letícia Thomaz

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Viagem

O meu nome é Laura. Tenho 16 anos, longos e lisos cabelos cor de caramelo, olhos azuis, lábios rosados e sou uma rapariga normal. Bem, mais ou menos normal… Sempre sonhei poder viajar até ao Egipto, e no ano passado esse sonho concretizou-se. Era Domingo e estava uma linda manhã de primavera. O sol brilhava, os pássaros cantavam e sentia-se um agradável aroma a flores. Ai, como adoro a primavera! De repente o telemóvel tocou. – Olá Laura! Lembras-te daquele concurso, em que participámos, cujo prémio era uma viagem ao Egito? – perguntou-me a Mariana – Há pouco recebi um telefonema e, acredites ou não, nestas férias já temos o que fazer! – Estás a dizer que ganhámos o concurso?! – Exatamente! E o melhor de tudo é que vamos passar duas semanas num hotel de cinco estrelas! Mal acabámos de falar, fui logo contar à minha mãe e preparar tudo. No dia seguinte a Mariana veio a minha casa buscar-me e os pais dela levaram-nos até ao aeroporto. Esperámos mais ou menos uma hora pelo avião, mas não nos importámos pois a mais extraordinária aventura das nossas vidas estava prestes a começar. No avião, os nossos lugares situavam-se ao lado de dois rapazes da nossa idade, lindos e que não tardaram a tornarem-se nossos amigos. Como eles também tinham ganho o concurso, decidimos passar aquelas duas semanas juntos. O hotel, em Hurghada, era esplêndido: janelas enormes sendo todas elas em vidro, imensos jardins com palmeiras, várias piscinas interiores e exteriores, e suites tão luxuosas como todo o hotel. Deitámo-nos os quatro a apreciar o céu estrelado e, devido ao sono provocado pelo cansaço, adormecemos. Logo de manhãzinha, o Daniel acordou-nos: – Bom dia meninas! Peço desculpa acordar-vos tão cedo, mas de certeza que não vieram ao Egito sem a intenção de visitar o famoso túmulo de Tutankhamón. Mas se preferirem ficar aqui a dormir, nós podemos ir sozinhos.


Levantámo-nos de um pulo dizendo em uníssono:– Está claro que vamos convosco! E assim partimos em busca de aventura. Atravessámos o rio Nilo e uma parte do deserto, para chegarmos ao Vale dos Reis, onde muitos reis egípcios estão sepultados. Ao entrarmos no túmulo de Tutankhamón, a porta fechou-se atrás de nós fazendo com que as chamas das tochas que estavam nas paredes se apagassem e o medo invadiu os nossos corações. – Ainda bem que trouxe uma lanterna. – Disse o Bernardo sorrindo – Não se afastem de nós, podem perder-se. Descemos o resto dos degraus e continuámos a andar em frente. – Olhem o que eu encontrei! – exclamei – Acho que é uma safira azul. – Tens razão Laura. – disse o Daniel observando-a melhor. Subitamente a pedra iluminou-se e esse brilho aumentou rapidamente até que fomos obrigados a fechar os olhos, caso contrário teríamos cegado. Quando voltámos a abri-los, as paredes estavam novas e ao olharmos para trás, reparámos que a porta do túmulo estava aberta. – Será que o tempo voltou atrás e estamos no antigo Egito?! – Que parvoíce Laura! – respondeu a Mariana. – Talvez não seja uma parvoíce, talvez ela tenha razão. – disse o Daniel, em minha defesa – caso contrário, como é que explicarias o facto de as paredes parecerem que foram construídas há uma semana? Decidimos sair daquele sítio. Ao chegarmos à porta, reparámos num palácio magnífico a uma distância que devia ser uns quinhentos metros. Estava um calor abrasador, tanto que pensávamos que nunca chegaríamos vivos, mas felizmente conseguimos. Nunca víramos coisas tão belas! No interior daquele palácio, podíamos contemplar vasos, retratos, esculturas, entre muitas outras obras de arte. Um rapaz de seus dezassete anos estava sentado no trono. Certamente que era Tutankhamon. – Majestade, o meu nome é Daniel. Nós estamos muito longe de casa. Será possível passarmos a noite aqui? – Sim, mas há uma condição. Há muito tempo que anseio possuir a Pérola do Nilo, uma flor branca que cresce na margem oeste do rio Nilo. Só existe uma dessas


flores em todo o mundo e, segundo a lenda, tem poderes mágicos. Ao pôr-do-sol o seu brilho é imenso. Se não a retirarem da terra antes que anoiteça, ela desaparece e só voltará a crescer outra daqui a um século. Tragam-ma e os vossos desejos serão realizados. Partimos em busca da tal flor. O sol estava quase a pôr-se por isso apressámonos. Depressa avistámos o brilho da flor, e depois a própria flor. Corremos até ela, mas no momento em que nos preparávamos para a apanhar, uma menina muito pequenina e com asas de borboleta, que presumimos ser uma fada, saiu de entre as pétalas desta e falou-nos: – Com que então querem a Pérola do Nilo? Se assim é muito bem, mas terão de me provar que a merecem. – E o que temos que fazer? – É simples. Terão de me mostrar que têm um dom que eu aprecio muito e que é raro: a música. Se na vossa melodia estiverem expressos os vossos sentimentos em estado puro, o brilho da Pérola será ainda mais intenso e poderão levá-la. Lembrei-me de uma canção que eu tinha escrito na noite anterior, quando acordei por estar a ter um pesadelo, olhei para o Daniel que dormia ao meu lado e apercebi-me de que estava perdidamente apaixonada por ele. Comecei a cantar, e à medida que pronunciava cada palavra, o brilho da flor começou a aumentar e a fadinha desapareceu. Colhemos a flor e regressámos ao palácio. O rei ficou muitíssimo contente e deixou-nos passar lá a noite conforme o prometido. Eu não quis deitar-me logo e fui para a varanda. – Laura, que fazes aqui? - Perguntou-me o Daniel que viera ter comigo. – Não me apeteceu deitar-me logo e decidi ficar a ver a paisagem. – Importas-te que te faça companhia? – Não me importo. – Amo-te. – Sussurrou ao meu ouvido. – Também te amo. Ele aproximou-se ainda mais de mim. Os seus lábios tocaram os meus num beijo que parecia interminável. Pela primeira vez senti o verdadeiro amor. Quando acordei, ainda sentia o sabor dele na minha boca.


– Estás preparada para voltarmos para o futuro? - disse o Daniel entrando no meu quarto. – Mas como? – Lembras-te da safira que encontraste no túmulo? Há pouco uma criada do rei ouviu eu e o Bernardo a conversar acerca do sucedido. Ela chegou-se a nós e disse que aquela safira é na verdade uma Chave do Tempo. Segundo a lenda, quem a encontrar pode viajar no tempo, tanto para o passado como para o futuro. – Para regressar ao tempo real, basta colocar a pedra no local onde estávamos quando o tempo mudou. – Completou o Bernardo. – Então de que estamos à espera? Procedemos tal como ele nos dissera e, pelos vistos, não era só uma lenda. A safira azul começou a reluzir novamente e, esse brilho aumentou gradualmente, tal como na primeira vez e regressámos ao “nosso tempo”. Já no hotel, fomos passear à beira-mar. – Será que não passou tudo de um sonho? O Daniel pegou na minha mão, deu-me um beijo e disse: – Não meu amor, se tudo não tivesse passado de um sonho, o meu coração já não palpitaria por ti, nem desejava poder estar ao teu lado para sempre… Respondi-lhe com um sorriso, visto que não existem palavras que possam descrever o quão feliz e comovida me sentia naquele momento. E foi assim que vivi um verdadeiro conto de fadas.

Letícia Thomaz- 10º C, nº 11 3º Prémio - Ensino Secundário ESPAMOL


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