Guia do consumidor orgânico

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Moacir Roberto Darolt

1ª Edição Rio de Janeiro Sociedade Nacional de Agricultura 2015

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O Centro de Inteligência em Orgânicos – CI Orgânicos - é um projeto realizado pela SNA e conta com o apoio do Sebrae. Seu objetivo principal é contribuir para o fortalecimento da cadeia produtiva de alimentos e produtos orgânicos no Brasil por meio da integração e difusão de informação e conhecimentos. www.ciorganicos.com.br © 2015, Sociedade Nacional de Agricultura Todos os direitos reservados A reprodução não autorizada desta publicação no todo ou em parte constitui violação dos direitos autorais (Lei no. 9.610) ISBN 978-85-69308-03-4 Informações e contato Sociedade Nacional de Agricultura Presidente: Antonio Mello Alvarenga Neto Av. General Justo 171, 7° andar, Centro 20021-130. Rio de Janeiro, RJ. Brasil +55 (21) 3231-6350 Internet: www.sna.agr.br Email: sna@sna.agr.br As opiniões expressas nesta publicação são de responsabilidade do autor.

Coordenação, organização: Sylvia Wachsner Maria Chan Revisão: Maria Chan Capa, projeto gráfico e direção de arte: Ana Cristina A. Woellner

Ficha Catalográfica Darolt, Moacir. Guia do Consumidor Orgânico. Como reconhecer, escolher e consumir alimentos saudáveis – Rio de Janeiro: Sociedade Nacional de Agricultura; Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas; Centro de Inteligência em Orgânicos, 2015. 72 p.: il. (Série Capacitação Técnica). ISBN 978-85-69308-03-4 1. Agricultura orgânica. 2. Consumo responsável. 3. produção orgânica. 4. Sustentabilidade. I.. Título. II. Série. CDD 334.09 CDU 334.6

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Série Capacitação Técnica

Moacir Roberto Darolt - Engenheiro Agrônomo, Dr. em Meio Ambiente e Desenvolvimento Rural, foi Presidente da Associação de Consumidores de Produtos Orgânicos do Paraná – ACOPA. - Analista em C&T do Instituto Agronômico do Paraná – IAPAR e Professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR)

Junho de 2015

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PREFÁCIO O ​mundo em que vivemos permite aos consumidores ampla possibilidade n​ a​escolha de sua alimentação, conforme suas preferências pessoais e perfil socioeconômico. ​ Este guia foi desenvolvido com o objetivo de levar ao grande público informações s​ obre os ​alimentos orgânicos, c​ om orientações precisas sobre ​suas​​características e ​formas de produção​. Trata-se de um nicho de mercado que tem merecido ampla divulgação, mobilizando a atenção de significativo número de pessoas, e que tem mostrado forte expansão no consumo nos últimos anos, em praticamente todos os países. A publicação ​ressalta as características dos​consumidor​es, bem como a​ importância do conhecimento da cadeia alimentar​e​d ​ a manutenção dos hábitos saudáveis de alimentação​, destacando ainda a cultura e a tradição alimentar. O leitor poderá encontrar informações que possibilitam o reconhecimento e​a escolha ​ dos alimentos em harmonia com os ciclos da natureza, além de uma abordagem sobre os princípios da produção orgânica e seus reflexos sociais e ambientais.

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A elaboração do presente guia integra um amplo conjunto de ações que vêm sendo realizadas pelo Centro de Inteligência em Orgânicos, implementado pela Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), com apoio do Sebrae, para o fortalecimento do setor de orgânicos. Agradecemos a Moacir Darolt do Iapar e à Itaipu Binacional, nossos parceiros neste projeto, e que tornaram possível esta publicação.

Antonio Mello Alvarenga

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Sumário APRESENTAÇÃO..........................................................................................................................................9

O QUE É UMA ALIMENTAÇÃO CONSCIENTE?..............................................................................11

O QUE É UM ALIMENTO ORGÂNICO?............................................................................................. 16

Quando podemos dizer que um produto alimentar é orgânico?.................................. 18

Qual é a garantia que o produto é orgânico?...................................................................... 19

O que significa um alimento certificado?............................................................................. 20

Em que a preparação do alimento orgânico é diferente?................................................22

O MERCADO DE ORGÂNICOS............................................................................................................23

QUEM É O CONSUMIDOR DE ORGÂNICOS..................................................................................26

COMO DIFERENCIAR AS FORMAS DE PRODUÇÃO DE ALIMENTOS...................................28

10 MANDAMENTOS DE RESPEITO À NATUREZA........................................................................... 31

ENFOQUE SISTÊMICO DA PRODUÇÃO ORGÂNICA...................................................................32

Agricultura verdadeiramente sustentável.............................................................................32

Bem-estar animal: harmonia com o ambiente......................................................................33

Consciência ecológica: ética e respeito pela vida............................................................. 34

Conhecimento científico x saber tradicional...................................................................... 34

POR QUE CONSUMIR ORGÂNICOS?................................................................................................ 35

Saúde: menor risco de contaminação.....................................................................................36

Meio ambiente preservado.........................................................................................................38

Melhor sabor e maior durabilidade..........................................................................................39

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VERDADES E MITOS SOBRE AGRICULTURA ORGÂNICA...........................................................40

E SE NÃO FOR POSSÍVEL CONSUMIR ORGÂNICOS?.................................................................47

Como reduzir os resíduos de agrotóxicos nos alimentos convencionais...................47

Como escolher hortaliças e frutas com menos agrotóxicos........................................ 51

A MELHOR ÉPOCA PARA CONSUMIR HORTALIÇAS E FRUTAS

CALENDÁRIO DA SAÚDE...................................................................................................................... 53

VOCABULÁRIO DA SAÚDE ALIMENTAR..........................................................................................58

POR DENTRO DOS ORGÂNICOS: Saiba Como se Faz................................................................. 61

Cosméticos orgânicos.................................................................................................................. 61

Roupas Orgânicas...........................................................................................................................65

Vinhos Orgânicos...........................................................................................................................67

Pães Orgânicos............................................................................................................................... 70

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ORGÂNICOS NA INTERNET.................................................................................................................. 71


APRESENTAÇÃO Este guia foi produzido pela Sociedade Nacional de Agricultura (SNA) para orientar o consumidor a escolher de forma consciente o que vai levar à mesa. Nós somos o quê e como comemos. Uma escolha alimentar baseada em aspectos ecológicos e éticos costuma ser também mais saudável para o consumidor e para o planeta. Este guia apresenta informações para reconhecer, escolher e consumir em harmonia com os ciclos da natureza, destacando os princípios da produção orgânica, dando dicas práticas de como escolher alimentos com menos agrotóxicos, sugestões para uma alimentação saudável, além de um calendário com a melhor época para consumir alimentos mais frescos e mais saborosos.

O consumidor cidadão tem hoje um papel importante como agente de transformação social e política. Comer com conhecimento do processo que vai do plantio até o alimento chegar à sua mesa torna a experiência mais completa.

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Escolher um produto orgânico tem reflexos socioambientais importantes. Ao fazer essa opção, você ajuda na melhoria da qualidade de vida e saúde de muitas famílias de agricultores orgânicos, ao mesmo tempo em que contribui para a manutenção da biodiversidade, melhoria da qualidade da água e preservação ambiental. Esta publicação foi feita para você que acredita que uma alimentação de qualidade não só previne doenças, como é um poderoso recurso terapêutico. Saúde não é só ausência de doença, mas principalmente um estado de equilíbrio entre o homem e a natureza.

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O QUE É UMA ALIMENTAÇÃO CONSCIENTE? Uma alimentação consciente tem relação direta com o conhecimento da cadeia alimentar, com hábitos saudáveis de alimentação e com o consumo responsável que valoriza a história, a cultura e a tradição alimentar.

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A alimentação consciente busca mais do que uma alimentação isenta de aditivos químicos. Ela procura observar técnicas de plantio sustentáveis e preocupa-se com a questão dos agrotóxicos, dos produtos transgênicos e das irradiações ionizantes. Observa com atenção os rótulos de produtos industrializados, preocupa-se com a forma de conservação dos alimentos, enfatiza a importância da hora das refeições e da criatividade na elaboração do prato.

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Em suma, a alimentação consciente preocupa-se com o alimento desde a sua produção até o momento de ser consumido. Neste sentido, alguns pontos podem ser destacados:

Procure conhecer a origem do alimento que está sendo levado à mesa. Prefira os orgânicos e da sua região;

Sempre que puder, evite os alimentos industrializados e embutidos. A quantidade de corantes e conservantes artificiais é usualmente exagerada;

A diversificação de alimentos é uma estratégia interessante. Além de proporcionar a ingestão de diferentes nutrientes e antioxidantes, possibilita diminuir riscos de contaminações, exercita a criatividade visual e acrescenta novos sabores à dieta;

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Prefira alimentos em estado natural, como saladas e frutas, com o mínimo possível de sal, óleo ou açúcar; No caso de óleos utilizados na cozinha, se puder, prefira os óleos virgens extraídos a frio por métodos físicos. De todos os óleos de origem vegetal, o mais saudável é o azeite de oliva (extra virgem);

14 14

Alimentos altamente refinados também podem ser evitados, pois o refinamento normalmente é realizado por meio de processos químicos que retiram nutrientes. Portanto, quando for comprar açúcar, por exemplo, dê preferência para o mascavo ou o cristalizado. No caso do sal, prefira o sal marinho sem refinamento;

Prefira a cocção a vapor, na qual o alimento mantém as características nutricionais, conservando o sabor, cor e consistência, pois não entra em contato com gorduras vegetal ou animal;


Cozinhar é mais do que o simples preparo de alimentos, é um momento de interação e prazer. Cozinhar para si e para a família é uma maneira segura de alimentação consciente;

A hora das refeições deve ser a mais agradável possível, num espírito de gratidão pelo alimento. As preocupações e tensões não devem ter lugar à mesa. Assim, a digestão será melhor. Coma devagar e dê mais atenção ao seu alimento. As refeições em casa, normalmente, tendem a ser mais saudáveis que na rua;

Hábitos alimentares aprendidos quando criança podem influenciar, em grande parte, o que se comerá na vida adulta. O paladar de muitas crianças está viciado com a comida artificial e industrializada. O desafio da alimentação consciente começa em casa comendo comida de verdade, de preferência orgânica.

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O QUE É UM ALIMENTO ORGÂNICO? A produção orgânica privilegia a

Trata-se do alimento produzido

preservação da saúde do homem,

num sistema sem utilização de

dos animais e do meio ambiente, com

agrotóxicos (inseticidas, herbicidas, fungicidas, acaricidas, nematicidas) e outros insumos artificiais tóxicos (adubos químicos altamente solúveis), organismos geneticamente modificados - OGM/transgênicos ou radiações ionizantes. Esses elementos são excluídos da cadeia produtiva.

respeito ao trabalho humano e à biodiversidade. Nossa alimentação e nosso sistema de produção de alimentos repercutem sobre a biodiversidade. No mundo, cerca de 25% das espécies de mamíferos, 12% dos pássaros, 30% dos peixes e cerca de 50% de plantas e insetos estão ameaçadas de extinção1. O alimento orgânico é produzido preservando a qualidade do solo e da água. Diversas pesquisas têm mostrado a redução da quantidade de nitratos, agrotóxicos, antibióticos e outros poluentes no sistema orgânico2.

1

16

2

www.wwf.org.br (World Wildlife Fund – Fundo Mundial da Natureza) www.ifoam.bio


Já existe no Brasil a Lei N. 10.831, de 23 de dezembro de 2003, que estabelece as normas de produção, embalagem, distribuição e rotulagem para os produtos orgânicos de origem animal e vegetal.

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QUANDO PODEMOS DIZER QUE UM PRODUTO ALIMENTAR É ORGÂNICO?

mais de

95%

Considera-se produto da agricultura orgânica, seja in natura ou processado, todo aquele obtido respeitando os princípios e as normas específicas da produção agropecuária ou industrial orgânica.

Para um alimento processado ser considerado “orgânico” e poder utilizar o selo de

menos de

70%

Produtos com menos de 70% de ingredientes orgânicos NÃO são

certificação (Orgânico Brasil) é

considerados produtos

preciso que contenha mais de

orgânicos.

95% de ingredientes de origem da agricultura orgânica.

70 a 95%

de acordo com as normas de produção orgânicas, o termo “orgânico” pode

Quando o produto tiver 70 a 95%

ser complementado pelas

de ingredientes orgânicos, o rótulo

expressões: ecológico,

pode identificá-lo como “produto

biodinâmico, da agricultura

com ingredientes orgânicos”. Nesse

natural, biológico, agroecológico,

caso, deve constar no rótulo os

permacultura ou extrativismo

ingredientes não-orgânicos. Todavia,

sustentável.

não se utiliza o selo. 18

Quando o produto estiver


Qual é a garantia que o produto é orgânico?

A partir de janeiro de 2011, todos os produtos orgânicos precisam ser identificados por um Selo do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica (SisOrg) ou por uma Declaração de Cadastro, no caso de venda direta em feiras, que demostra que o produtor familiar está cadastrado no Ministério da Agricultura (MAPA). Na venda direta, como em feiras ou programas governamentais, essa declaração deve ser apresentada sempre que o consumidor ou a fiscalização solicitar. Produtos orgânicos vendidos em supermercados, lojas e outros estabelecimentos devem estampar o selo do SisOrg em seus rótulos. Os restaurantes, lanchonetes e hotéis que servem pratos orgânicos ou com ingredientes orgânicos devem manter listas dos ingredientes orgânicos e fornecedores à disposição dos consumidores e da fiscalização. Quem vai dar a garantia e dizer se o produto pode levar o selo ou não são as instituições certificadoras, responsáveis pela avaliação, acompanhamento e fiscalização da produção. As certificadoras devem estar credenciadas no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

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O que significa um alimento certificado?

A certificação é um processo de inspeção das propriedades agrícolas, que é realizado com uma periodicidade que pode variar de dois a seis meses, para verificar se o alimento orgânico está sendo cultivado e processado de acordo com as normas

de produção orgânica. O foco da inspeção não é o produto, mas a terra e o processo de produção. Assim, uma vez credenciada, a propriedade pode gerar vários produtos certificados, que irão receber um selo de qualidade.

A certificação é uma garantia para o consumidor!

1. Certificação por Auditoria

No Brasil a certificação da

por uma certificadora, pública ou privada, que é credenciada junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e

qualidade orgânica pode ser realizada de três maneiras:

A certificação é feita

Abastecimento (MAPA), e sem qualquer vínculo com os produtores. A certificadora deve fazer uma avaliação isenta do processo produtivo, avaliando se o produto pode ou não levar o Selo Orgânico Brasil.

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2. Sistema Participativo de Garantia

Aqui a responsabilidade pelo selo de garantia é de um grupo constituído legalmente formado

3.

Neste caso, a garantia de

Organização

ser orgânico é

de Controle

dada por uma

Social (OCS)

associação,

de agricultores,

cooperativa

consumidores,

ou grupo de

técnicos e organizações sociais. É preciso

agricultores familiares que formam o que

haver participação, comprometimento,

se chama de OCS, também credenciada

transparência e confiança nesse sistema. Esse

no Ministério da Agricultura (MAPA).

grupo precisa estar credenciado no Ministério

Essa modalidade é exclusiva para

da Agricultura para emitir o Selo Orgânico

produtores que fazem venda direta em

Brasil.

feiras, entregas de cestas ou programas de governo (alimentação escolar e CONAB). Nesses casos de venda direta, não é exigido o Selo, porém os produtos podem ser chamados de orgânicos, pois seguem as normas. A comprovação é feita por meio de uma Declaração de

O consumidor pode verificar os selos

Cadastro, documento emitido pelo

ou a Declaração de Cadastro nos

MAPA ao produtor que atesta ser um

locais de compra. Também tem o

“Produto orgânico para venda direta por

direito de saber quem produziu, o que

agricultores familiares organizados não

está comprando e mesmo de solicitar

sujeito à certificação de acordo com a Lei

uma visita às propriedades orgânicas.

N. 10.831 de 23 de dezembro de 2003”.

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Em que a preparação do alimento orgânico é diferente? O termo “orgânico” faz referência ao modo como o produto foi cultivado, processado, armazenado e comercializado. Por exemplo, para se fazer um suco de laranja orgânico, é preciso utilizar laranjas que foram produzidas de acordo com as normas de produção orgânica. Em seguida, no processamento não é permitido utilizar nenhum tipo de estabilizante, corante ou conservante no processamento, devendo conter mais de 95% de ingredientes orgânicos. O transporte deve ser separado do similar convencional para evitar mistura de produtos de aparência similar, sobretudo a granel. Até mesmo na gôndola do supermercado, o produto deve estar separado e bem identificado como “Orgânicos” ou “Produtos orgânicos”.

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O MERCADO DE ORGÂNICOS

Você sabia ?

O mercado de alimentos orgânicos é um dos que mais cresce em âmbito mundial, comparando-se ao crescimento da indústria da informática.

A maioria dos governos da Europa já divulgou sua intenção de

No mundo, cerca de

converter entre 10% e

Existem dois

170 países possuem

20% da área agrícola para

milhões de

áreas certificadas

a produção orgânica até

produtores

como orgânicas3 e

2020.

orgânicos no

metade já possui uma

mundo.

legislação com normas bem definidas.

WILLER,H. and LERNOUD, J (Eds) (2015). The World of Organic Agriculture. Statistics and Emerging Trends 2015.FiBLIFOAM Report. Research Institute of Organic Agriculture (FiBL), Frick and IFOAM – Organics International, Bonn. 3

23


Você sabia ? No Brasil são produzidos mais de 30 tipos de produtos orgânicos, sendo que os principais estados produtores e seus produtos são:

Bahia cacau;

Amazonas guaraná;

São Paulo suco de laranja, açúcar, frutas secas, hortaliças;

Nordeste castanha de caju, óleo de babaçu e dendê, frutas tropicais;

Mato Grosso carne bovina, soja;

Minas Gerais café;

Pará óleo de palma, açaí;

Paraná soja, açúcar mascavo, erva-mate, hortaliças;

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Rio Grande do Sul e Santa Catarina arroz, vinho, frutas temperadas, hortigranjeiros.

A parte da produção orgânica brasileira

A maior parte da produção orgânica para

que é exportada é produzida sobretudo

o mercado interno é proveniente de

em médias e grandes propriedades.

pequenas propriedades familiares.


Você sabia ? Locais de compra de orgânicos dos brasileiros

As regiões metropolitanas são potencialmente grandes

Cerca de 70% dos consumidores brasileiros compram orgânicos em supermercados; 41% complementam em lojas especializadas e

consumidoras de alimentos orgânicos e a demanda é crescente e superior à oferta.

35% em feiras4.

70%

Supermercados

41%

Lojas especializadas

35% Feiras

Uma parte muito pequena dos brasileiros (< 5%) pode ser considerada

Já existem mais de 400 feiras

como “consumidores

orgânicas em 130 cidades

conscientes”6 e nesse

brasileiras5 (23 estados +

grupo encontram-se os

Distrito Federal) e 49 grupos

consumidores orgânicos.

de consumo responsável.

As feiras orgânicas detêm alto índice de satisfação dos clientes.

KLUTH, B.; BOCCHI JR., U.; CENSKOWSKY, U. Pesquisa sobre o comportamento e a percepção do consumidor de alimentos orgânicos no Brasil – 2010. München: Organic Services/ Jundiaí: Vitalfood, 2010. 38 p. 5 Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor – IDEC (feirasorganicas.idec.org.br) 6 www.akatu.org.br 4

25


QUEM É O CONSUMIDOR DE ORGÂNICOS7 É considerado um consumidor mais consciente, cujos cuidados vão além da questão alimentar, como meio ambiente, lixo, água, energia, transporte.

26

7

Pesquisas realizadas em várias capitais brasileiras mostram tendências e padrões semelhantes (Darolt, 2012).


Profissional liberal e/ou

Idade média

Consumidor fiel: a maior

funcionário público;

(31 a 50 anos);

parte faz compras de orgânicos pelo menos 1 vez por semana, dando preferência para feiras;

Pessoas bem A maioria do sexo feminino;

informadas com nível de instrução superior,

A maioria de

na maioria;

classe média;

Casado com um ou

A maioria tem hábito

dois filhos, em média

de praticar esportes;

(família pequena);

Pessoas não são necessariamente vegetarianas. A maioria come carne, porém em quantidades menores;

Estilo de vida: contato

Pessoas que comumente

Usuários de

com natureza. A maioria

fazem uso de terapias

internet;

frequenta bosques,

alternativas (fitoterapia,

parques e áreas verdes;

homeopatia, acupuntura).

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COMO DIFERENCIAR AS FORMAS DE PRODUÇÃO DE ALIMENTOS

Sistema de Produção* Características

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Convencional

Hidropônico

Orgânico

Preparo do solo

Uso intensivo do solo: o solo é visto como um suporte para as plantas

Utiliza apenas água: as plantas não têm contato com o solo

Desejável pouco revolvimento do solo: o solo é um organismo vivo

Adubação

Uso de adubos químicos altamente solúveis: ureia, NPK etc.

Uso de adubos químicos altamente solúveis

Uso de adubos orgânicos de baixa solubilidade

Controle de pragas e doenças

Uso de produtos químicos: inseticidas e fungicidas

Uso de produtos químicos, sobretudo fungicidas, em função da alta umidade.

Controle com medidas preventivas, biológicas e produtos naturais


Sistema de Produção* Características

Convencional

Hidropônico

Orgânico

Controle do mato

O mato é considerado uma erva daninha e deve ser eliminado. Uso de herbicidas, controle mecânico ou manual

Não existe o problema, pois o ambiente é controlado em estufas plásticas

O mato faz parte do sistema. Pode ser usado como cobertura de solo e abrigo para insetos. O controle é preventivo: manual e mecânico (roçadas)

Níveis de resíduos químicos nos alimentos**

Médio/Alto

Médio/Alto

Baixo

(resultado de adubações pesadas e uso excessivo de agrotóxicos)

(resultado de adubações líquidas, sobretudo nitrogênio e uso de fungicidas)**

(resultado do manejo agroecológico e proibição de adubos químicos e agrotóxicos)

Sabor, cor, textura e cheiro dos alimentos

Pode interferir nas características naturais de sabor, cheiro e durabilidade dos alimentos

Pode interferir nas características naturais de sabor, cheiro e durabilidade dos alimentos

Mantém as características naturais de sabor, brilho e textura, mantendo a qualidade nutricional.

*Tomando como exemplo as hortaliças. **Excesso de nitrogênio pode causar problemas para a saúde e meio ambiente.

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EXCESSO DE NITROGÊNIO NOS SISTEMAS CONVENCIONAIS: PROBLEMAS PARA A SAÚDE E MEIO AMBIENTE

Os adubos químicos nitrogenados são utilizados para aumentar rapidamente a produtividade de hortaliças de folhas como a alface, couve, agrião, chicória etc. Porém, o uso excessivo desse fertilizante, associado à irrigação frequente, faz com que ocorra acúmulo de nitrato (NO3-) e

nitrito (NO2-) nos tecidos das plantas. O nitrato ingerido passa à corrente sanguínea dos mamíferos, podendo, então, reduzir-se a nitritos. Estes sim podem fazer mal à saúde, muito mais que os nitratos. Tornam-se mais perigosos quando combinados com aminas, formando as nitrosaminas, substâncias potencialmente cancerígenas. Tal reação pode realizar-se especialmente em meio ácido do suco gástrico no estômago8.

MENOS NITRATO NA ALIMENTAÇÃO ORGÂNICA

Vários estudos comparativos9 entre a produção convencional e orgânica foram realizados no mundo, mostrando uma acumulação de nitratos nas hortaliças em geral. Os resultados comparativos apontam para uma média de redução global nos teores de nitratos

em torno de 50% no caso da produção orgânica. Isso se explica pois a fertilização com matéria orgânica reduz significativamente os teores de nitratos quando comparado aos adubos nitrogenados sintéticos (como a ureia, por exemplo), já que o nitrogênio na forma de moléculas orgânicas é degradado por bactérias do solo antes de ser absorvido pelas raízes das plantas.

MIYAZAWA, M.; KHATOUNIAN, C. A. & ODENATH-PENHA, L.A. Teor de nitrato nas folhas de alface produzida em cultivo convencional, orgânico e hidropônico. Agroecologia Hoje. Ano II, N. 7, Fev./Mar. 2001, p. 23. 9 AUBERT, C.; LAIRON,D.; LEFEBVRE,A. Manger Bio c´est mieux! Nouvelles preuves scientifiques à l´appui…Terre Vivante, Mens, France. 2013.150p. 8

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10 MANDAMENTOS DE RESPEITO À NATUREZA As práticas utilizadas nas propriedades

A agricultura orgânica procura um equilíbrio nas técnicas de produção para chegar o mais próximo possível do que acontece na natureza.

orgânicas apontam para o convívio inteligente com a natureza, tendo em conta os seguintes princípios: 1. 2. 3. 4. 5.

Respeito ao ciclo das estações do ano e às características da região; Solo tratado como um organismo vivo (solo sadio, planta sadia, pessoa sadia); Proteção e diversificação da fauna e da flora; Colheita de vegetais na época de maturação, sem processos de indução artificial; Rotação e consorciação de culturas, para minimizar doenças e pragas;

6. Uso de adubos orgânicos e reciclagem de materiais na propriedade; 7. Tratamentos naturais contra pragas e doenças dos vegetais; 8. Plantas invasoras (mato) manejadas sem herbicidas; 9. Bem-estar dos animais com acesso a pastagens em piquetes abertos; 10. Alimentação orgânica e uso de práticas terapêuticas para os animais.

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ENFOQUE SISTÊMICO DA PRODUÇÃO ORGÂNICA

Agricultura verdadeiramente sustentável

Os agricultores orgânicos não usam agrotóxicos e adubos químicos de alta solubilidade que desequilibram o ecossistema, degradam o solo, contaminam a água e provocam a perda da biodiversidade. Os chamados fertilizantes sintéticos são obtidos a partir de rochas naturais

tratadas quimicamente para disponibilizar rapidamente os nutrientes para as plantas. Isso é proibido na agricultura orgânica, pois costuma desequilibrar e acidificar o solo. Atentos para melhorar e manter a fertilidade do solo ao longo do tempo, os produtores orgânicos praticam rotação e consorciação de culturas, trabalham com estercos, adubos verdes, compostos orgânicos e rochas naturais moídas. Para evitar as pragas, doenças e plantas invasoras, os produtores trabalham com medidas preventivas e meios naturais de controle que empregam normalmente uma quantidade maior de mão de obra.

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Bem-estar animal: harmonia com o ambiente Os pecuaristas orgânicos tratam seus animais essencialmente com pastagens e alimentos orgânicos. Devem assegurar instalações adequadas para o bem-estar dos animais e acesso a pastos. A manutenção de estruturas limpas e adequadas para os animais contribui para prevenir doenças e evitar o uso de antibióticos. A homeopatia e a fitoterapia são frequentemente utilizadas para substituir os antibióticos.

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Consciência ecológica: ética e respeito pela vida

O interesse pela agricultura orgânica tem sido crescente em função da preocupação em preservar a saúde do agricultor, do consumidor e do meio ambiente. Trata-se de um novo conceito para o planeta com menor impacto ambiental que contribui

para a segurança alimentar e nutricional das gerações presentes e futuras. As práticas utilizadas protegem os ecossistemas e sua biodiversidade, são aceitáveis culturalmente, economicamente viáveis e socialmente justas. Os desafios são a multiplicação dessas iniciativas pelos produtores e a conscientização dos consumidores.

A prática da agricultura orgânica traz

Conhecimento científico x saber tradicional

ensinamentos de povos tradicionais, mas requer ao mesmo tempo técnicas e conhecimentos modernos, pois muda o enfoque de produtos para o enfoque de processos.

De forma geral, os agricultores orgânicos apresentam melhor nível de formação e têm maior participação da mulher e dos filhos no gerenciamento da propriedade10. Na maioria dos casos, estão organizados em associações, cooperativas ou empresas familiares.

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10

DAROLT,M.R. Conexão Ecológica: novas relações entre agricultores e consumidores. Londrina: IAPAR, 2012. 162p.


POR QUE CONSUMIR ORGÂNICOS? Afinal, o que tem levado mais e mais consumidores a aderirem ao consumo de produtos orgânicos? Pesquisas realizadas em várias partes do mundo apontam para três motivos principais.

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A preocupação com a saúde é a principal

Saúde: menor risco de contaminação

motivação dos consumidores de produtos orgânicos. Eles aspiram por uma alimentação mais saudável, natural e equilibrada. Você sabia que durante a existência de uma pessoa (com média de 70 anos) transitam

pelo sistema digestivo cerca de 25 toneladas de alimento? Mesmo que contaminados com teores baixos de agentes químicos, pode ocorrer alguma intoxicação em determinado período de vida. Um dos problemas no diagnóstico é que não existem sintomas característicos da epidemia de intoxicação subclínica por agrotóxico. Nenhum medicamento pode agir adequadamente em pacientes com acúmulo de agrotóxicos em seu organismo11. O Instituto Nacional de Câncer (INCA)12 alertou que “as intoxicações crônicas podem afetar toda a população, pois são decorrentes da exposição múltipla aos agrotóxicos, isto é, da presença de resíduos de agrotóxicos em alimentos e no ambiente, geralmente em doses baixas. Os efeitos adversos decorrentes da exposição crônica aos agrotóxicos podem aparecer muito tempo após a exposição, dificultando a correlação com o agente. Dentre os efeitos associados à exposição crônica a ingredientes ativos de agrotóxicos podem ser citados infertilidade, impotência, abortos, malformações, neurotoxicidade, desregulação hormonal, efeitos sobre o sistema imunológico e câncer”.

HIGASHI, T. Agrotóxicos e a saúde humana. Agroecologia Hoje. Ano II, N. 12, Dezembro 2001 – Janeiro 2002. p. 5-8 www.inca.gov.br . Posicionamento do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva acerca dos agrotóxicos, nota N. 010, 2015. 11

12

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O INCA ressalta ainda que “a presença de resíduos de agrotóxicos não ocorre apenas em alimentos in natura, mas também em muitos produtos alimentícios processados pela indústria, como biscoitos, salgadinhos, pães, cereais matinais, lasanhas, pizzas e outros que têm como ingredientes o trigo, o milho e a soja, por exemplo. Ainda podem estar presentes nas carnes e leites de animais que se alimentam de ração com traços de agrotóxicos, devido ao processo de bioacumulação. Portanto, a preocupação com os agrotóxicos não pode significar a redução do consumo de frutas, legumes e verduras, que são alimentos fundamentais em uma alimentação saudável e de grande importância na prevenção do câncer. O foco essencial está no combate ao uso dos agrotóxicos, que contamina todas as fontes de recursos vitais, incluindo alimentos, solos, águas, leite materno e ar”. Ademais, concluem que modos de produção como a agricultura orgânica produzem frutas, legumes e verduras com maior potencial anticancerígeno. Do lado dos agricultores, a mudança para o sistema orgânico diminui os riscos de contaminação pelos agrotóxicos e aumenta a diversificação das lavouras. A diversificação da paisagem agrícola leva também à diversificação da dieta, o que é um ponto positivo para a saúde. Apesar de não existirem estudos epidemiológicos com humanos, algumas pesquisas em animais13, comparando dietas orgânicas com convencionais, apontam para pontos positivos em relação à saúde: aumento da imunidade (maior resistência contra enfermidades); melhor atividade metabólica (sono melhor); índices de reprodução mais favoráveis; menor acumulação de tecido adiposo.

KAMIHIRO,S.; STERGIADIS,S.; LEIFERT,C.; EYRE,M.; BUTLER,G. Meat quality and health implications of organic and conventional beef production. Meet science, 2015, 100, 306-318.

13

37


O Brasil é atualmente o maior consumidor de

Meio ambiente preservado

agrotóxicos do mundo (5,2 litros de agrotóxico/ habitante).14 As sociedades do hemisfério norte, mais informadas, têm rejeitado alguns agrotóxicos e os transgênicos na alimentação. Produtos e processos agrícolas que esgotam os recursos naturais e

contaminam o meio ambiente começam a ser questionados pelos consumidores. De outro lado, ganham espaços sistemas que utilizam princípios agroecológicos, apoiados por movimentos, como o slow food, que buscam um alimento bom (para ser saboreado com calma e saudável), limpo (sem prejudicar o meio ambiente) e justo (produzido por produtores locais ou redes certificadas, com transparência e honestidade social).

Associação Brasileira de Saúde Coletiva. Dossiê ABRASCO – Um alerta sobre os impactos dos agrotóxicos na saúde. Parte 1 - Agrotóxicos, Segurança Alimentar e Nutricional e Saúde. Carneiro, F. F.; Pignati, W.; Rigotto, R, M.; Augusto, L. G. S.; Rizzolo, A.; Faria, N. M. X.; Alexandre, V. P.; Friedrich, K.; Mello, M. S. C. Rio de Janeiro: ABRASCO, 2012.

14

38


Ganham visibilidade também os alimentos “km zero” que implica em apoiar uma agricultura local, de proximidade, ecológica, da estação, familiar, resgatar variedades antigas que estão desaparecendo, comprar diretamente do pequeno produtor e recuperar a nossa gastronomia. Os sistemas orgânicos têm potencial para restabelecer a heterogeneidade dos habitats agrícolas, reforçando a biodiversidade agrícola. Ademais, são mais eficientes em termos energéticos e produzem uma menor quantidade de gases de efeito estufa15.

Melhor sabor e maior durabilidade Encontrar o gosto autêntico dos alimentos no sabor das frutas, dos legumes e nas carnes provenientes de animais criados soltos é uma preocupação constante. Não é por acaso, que os principais chefs de cozinha preferem produtos orgânicos. A educação para o gosto, o conhecimento das tradições e da cultura alimentar, apontam para novos caminhos que ligam a gastronomia com princípios agroecológicos. Pesquisas de análise sensorial comparando sabor, cor, brilho, textura e durabilidade entre alimentos orgânicos e convencionais ainda estão em estágio inicial porém, para determinados produtos como hortaliças e frutas, percebe-se que o sabor dos orgânicos é realçado, sobretudo em preparo ao vapor.16

AUBERT, C.; LAIRON,D.; LEFEBVRE,A. Manger Bio c´est mieux! Nouvelles preuves scientifiques à l´appui…Terre Vivante, Mens, France. 2013.150p. 16 FSA. Comparison of composition (nutrients and other substances) of organically and conventionally produced foodstuffs: a systematic review of available literature. FSA, 2009, 31 p. (www.food.gov.uk). 15

39


VERDADES E MITOS SOBRE AGRICULTURA ORGÂNICA

40


Os vegetais produzidos organicamente tendem a ter um conjunto de características que se refletem num valor

Os alimentos produzidos organicamente têm melhor valor nutricional.

nutricional mais equilibrado, muito influenciado pela melhor qualidade do solo em sistemas orgânicos. Um solo bem nutrido produz uma planta mais equilibrada e isso reflete numa pessoa mais saudável. Algumas pesquisas17 mostram tendências positivas para teores de vitamina C, maior teor de matéria seca, maior teor de fitoquímicos

VERDADE.

- como carotenoides e polifenóis - (que os vegetais produzem para se defender de pragas e doenças e são responsáveis pela proteção do organismo), além de menor quantidade de nitratos e resíduos químicos em geral. Por não serem adubadas com fertilizantes sintéticos e pulverizadas com agrotóxicos as plantas cultivadas organicamente tendem a produzir mais compostos (fitoquímicos) benéficos à saúde humana.

Nem todo alimento integral é

Alimento integral é o mesmo que orgânico.

produzido de maneira orgânica. O arroz integral, por exemplo, é produzido na maioria das vezes por produtores

MITO.

convencionais, com o uso de agrotóxicos. Assim, o ideal é escolher um alimento integral e orgânico!

17 PAVIE, P. & MOUTSIE. Manger BIO Pourquoi? Comment? Le guide du consommateur éco-responsable. Collection Le Choix Durable. Édisud, 2008. 143p.

41


Um alimento produzido organicamente vai além do não uso de agrotóxicos. A

Alimento cultivado sem uso de agrotóxico é sempre orgânico.

propriedade que recebe o selo orgânico deve respeitar aspectos ambientais (uso de água de qualidade, por exemplo); respeitar aspectos humanos (não exploração de mão de obra infantil e escrava, por exemplo);

MITO.

respeitar a qualidade de vida dos animais (boas instalações, liberdade para pastar e tomar sol, por exemplo), entre outros.

Verdura hidropônica é a mesma coisa que orgânica.

A verdura hidropônica não usa terra, apenas água para ser produzida. Os fertilizantes altamente solúveis (proibidos pela agricultura orgânica),

MITO.

como a ureia, por exemplo, são diluídos na água. Nesse caso, a planta recebe “fertilizante na veia”, tem um teor maior de nitrato (produto potencialmente cancerígeno) e apresenta menor durabilidade.

42


O período de conversão é o mais difícil para os

A conversão de uma propriedade convencional para orgânica pode levar até quatro anos.

agricultores. É como abandonar um vício. Num primeiro momento, a planta não responde sem o apoio químico. Solo e meio ambiente estão debilitados, dificultando a nutrição e defesa natural da planta. A conversão é importante para que a terra recupere seu equilíbrio e volte a ter

VERDADE.

boa produtividade. As certificadoras concedem prazo máximo de quatro anos para a conversão.

Como não são usados agrotóxicos, os vegetais podem ser afetados por pragas e doenças. Às vezes podem

As verduras orgânicas são menores, mais feias e caras.

aparecer furos e larvas, o que é um bom sinal! Em verdade, os produtos têm o tamanho e aspecto normais. Os vegetais convencionais, muitas vezes, são maiores devido ao uso excessivo de fertilizantes. Quanto ao preço, os orgânicos ainda são mais caros, sobretudo

MITO.

nos supermercados. Na venda direta em feiras e cestas, os preços costumam ser mais acessíveis com menor diferença de preço entre orgânicos e convencionais. Por isso, sempre que possível, vá à feira, pois também é um lugar educativo e cultural!

43


Por que os produtos orgânicos são mais caros? As causas são múltiplas: 1) a produção orgânica exige mais mão de obra, sobretudo para o controle do mato, pois não é permitido o uso de herbicidas; 2) os rendimentos em termos produtivos são geralmente menores quando comparados aos convencionais, pois ainda faltam tecnologias apropriadas (sementes adaptadas, fertilizantes orgânicos de fácil utilização, maquinários adaptados a pequenas áreas e outros insumos que facilitem a vida do agricultor); 3) existem custos adicionais de certificação que é obrigatória; 4) os custos de transporte e distribuição são maiores pela baixa escala de produção dos orgânicos.

O custo “escondido” dos alimentos convencionais! O preço dos alimentos convencionais não reflete o custo real, pois não é considerado o gasto que o poder público terá para despoluir as águas contaminadas por agrotóxicos, a queda da fertilidade dos solos e a perda da biodiversidade (fauna e flora). Além disso, não se consideram os gastos com saúde da população relacionadas ao tratamento posterior de doenças crônicas associadas ao consumo de alimentos com agrotóxicos.

Apesar de se desejar coerência entre a

A embalagem de um produto orgânico deve ser de origem orgânica.

MITO.

embalagem e o produto, não existe uma exigência legal. Todavia, começam a surgir no mercado materiais recicláveis a partir de fécula de mandioca e amido de milho, além de opções de materiais sintéticos biodegradáveis. Para compra de produtos a granel, como em feiras, prefira usar carrinhos, cestas, sacolas recicláveis e embalagens retornáveis.

44


Um frango caipira não é necessariamente orgânico. Apesar

Frango caipira e frango orgânico são idênticos.

de o frango caipira poder ciscar e pastar em espaços abertos e ter controle no uso de quimioterápicos, a propriedade pode cultivar de forma convencional os grãos e vegetais, por exemplo. Assim, a principal diferença está na alimentação. No caso do frango orgânico, a dieta é composta unicamente de grãos e vegetais cultivados em

MITO.

sistema orgânico certificado (sem fertilizantes químicos, agrotóxicos ou milho transgênico). Toda a propriedade, nesse caso, precisa ser certificada e o abate é feito separadamente dos frangos convencionais.

Produto orgânico tem maior risco de contaminação alimentar.

MITO.

Não existe maior risco de contaminação patogênica em orgânicos. Tanto na agricultura convencional como na orgânica se utilizam estercos de animais, por exemplo. No caso dos orgânicos, as normas são rígidas e demandam uma compostagem anterior (6 meses) que permite uma degradação térmica dos agentes patogênicos. No caso do convencional não há regras. Portanto, independente de ser convencional ou orgânico, os alimentos in natura devem ser corretamente higienizados antes do consumo.

45


Um produto orgânico pode eventualmente ser contaminado por produtos químicos.

Não existe risco zero de contaminação num ambiente onde a maioria das propriedades agrícolas usa agrotóxicos. Mesmo que em proporções mínimas, podem ocorrer contaminações pela água, solo e ar a partir de propriedades vizinhas, por exemplo. Nesse caso, se a taxa de contaminação

VERDADE.

do alimento for superior a que é estabelecida em normas, o produto e a propriedade podem perder o selo de certificação.

Um terço dos alimentos consumidos cotidianamente no Brasil está contaminado por agrotóxicos, segundo

Resíduos de agrotóxicos em alimentos convencionais podem estar fora de limites de segurança.

análise realizada pelo Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA). Relatórios divulgados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)18 apontaram a presença de agrotóxicos não autorizados para o uso em determinada cultura ou em concentração acima do permitido em 36% das amostras

VERDADE.

de frutas, legumes e verduras (alface, arroz, cenoura, feijão, mamão, pepino, pimentão, tomate e uva) analisadas em 2011 e 29% das amostras (abacaxi, arroz, cenoura, laranja, maçã, morango e pepino) verificadas em 2012.

46

18

http://portal.anvisa.gov.br (Ver Relatório do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA)


E SE NÃO FOR POSSÍVEL CONSUMIR ORGÂNICOS?

Como reduzir os resíduos de agrotóxicos nos alimentos convencionais

Dê preferência às frutas e verduras da

Quando você não encontrar tomate,

época. No período de safra, as frutas têm

cebola ou outros produtos na feira

melhor qualidade nutricional, são mais

orgânica, é porque não está na época

frescas, têm mais sabor e são mais baratas.

deles. Escolha outro produto que os

Fora da estação adequada, é quase certo

substitua em termos nutricionais;

que uma fruta, verdura ou legume tenham recebido cargas maiores de agrotóxicos.

47


Como ainda são poucas as frutas produzidas organicamente, procure sempre descascar as frutas, em especial frutas como pêssegos, nectarinas, peras e maçãs. Alguns resíduos de agrotóxicos ficam depositados nas cascas; Lave bem as frutas e verduras em água corrente e coloque-as numa solução com vinagre (4 colheres de sopa de vinagre para 1 litro de água), durante 20 minutos, ou numa solução com bicarbonato de sódio (1 colher de sopa de bicarbonato para 1 litro de água) por 20 a 30 minutos. Esses procedimentos podem reduzir, sobretudo, contaminações microbiológicas e uma pequena parte dos agrotóxicos de contato (que estão na casca). Todavia, não há comprovação científica que esses procedimentos eliminem os resíduos de agrotóxicos.

Atenção 1: Como a maior

Atenção 2: Plantas como

parte dos agrotóxicos é de ação

tomate e morango apresentam

sistêmica, ou seja, quando aplicados

frutos verdes e maduros no mesmo

nas plantas circulam através

pé. Isso significa que, quando o

da seiva por todos os tecidos,

agrotóxico é aplicado, fica difícil

descascar e lavar frutas não

respeitar o período de carência

garantem a eliminação total dos

que é o tempo requerido entre

resíduos de agrotóxicos.

a aplicação do agrotóxico e a colheita do produto.

Resultado: você pode estar comprando um produto recém-pulverizado no mercado convencional.

48


Sugestão: no caso do tomate, compre produtos mais verdes e deixe amadurecer em casa, buscando aumentar o prazo de carência do agrotóxico. Prefira variedades mais rústicas, como o tomate cereja.

Alerta! No Brasil, as amostras de morango e tomate são as que, sucessivamente, apresentam algum grau de contaminação com agrotóxicos19.

Retire as folhas externas das verduras que, em geral, concentram mais agrotóxicos (ação de contato); Retire a gordura das carnes e peles de frango: algumas substâncias tóxicas se acumulam em tecidos adiposos; Diversifique nas hortaliças e frutas. Além de propiciar boa variedade de nutrientes e antioxidantes, reduz a chance de exposição a um mesmo agrotóxico;

19

http://portal.anvisa.gov.br (Programa de Análise de Resíduo de Agrotóxicos em Alimentos)

49


Experimente plantas alimentícias não convencionais (PANC)20: beldroega, bertalha, capuchinha, ora-pro-nobis, serralha, inhame, cará, taioba, dente-de-leão, caruru, vinagreira, mangarito, guandu, além de frutas como bacupari, mangaba, butiá, umbu, cajá, sapoti, tamarindo, murici, entre tantas da flora brasileira; Muitas plantas alimentícias não convencionais nascem espontaneamente em terrenos, jardins e espaços públicos, são naturalmente ecológicas, adaptadas e podem ir para a mesa. Apesar de pouco conhecidas, essas plantas possuem grande potencial nutricional e substituem em sabor, hortaliças e frutas tradicionais. Alguns exemplos: língua-de-vaca, mestruz, serralha, dente-de-leão, capuchinha, almeirão-do-campo, caruru, buva, erva-gorda, tansagem, picão, entre outras; Dê preferência aos produtos nacionais e de sua região. Alimentos que percorrem longas distâncias, como os importados de outros países ou de regiões distantes do país, além do gasto energético em combustíveis, normalmente são pulverizados pós-colheita e possuem maior nível de contaminação por agrotóxicos.

KINUPP, V.F; LORENZI, H. Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC) no Brasil: guia de identificação, aspectos nutricionais e receitas ilustradas. 1 ed. Nova Odessa: Plantarum, 2014. 768p.

20

50


Como escolher hortaliças e frutas com menos agrotóxicos

1. Folhosas (alface, almeirão,

Atenção: a alface, por ser consumida em grande escala

agrião, rúcula, couve manteiga,

e cultivada de forma intensiva, recebe um número maior

cheiro-verde). Apresentam

de pulverizações. Por isso, prefira as orgânicas.

ciclo curto e são os vegetais que recebem o menor número de pulverizações com agrotóxicos.

Alternativa: prefira folhosas mais rústicas como as chicórias, almeirão, espinafre, couve, consumindo em épocas de clima mais ameno (primavera e outono).

Atenção: A batata e a cebola, produzidas em maior escala, normalmente são as plantas de raiz que recebem 2. Plantas de raiz, bulbo, tuberosas (beterraba, cenoura, cebola, alho, batata). O seu ciclo de vida é intermediário e, dessa forma, recebem um número de pulverizações um pouco maior que as folhosas.

um número maior de pulverizações com agrotóxicos. Alternativa: A mandioca, sendo uma planta bem adaptada e nativa do Brasil, é produzida de forma mais ecológica. Consuma também seus subprodutos (tapioca, farinha, polvilho, beiju). Na época de outono e inverno no Sul e Sudeste do Brasil, quando a mandioca finaliza o primeiro ciclo, as raízes são mais tenras e cozinham melhor quando comparadas aquelas de segundo ciclo colhidas na primavera e no verão. 51


3. Plantas de frutos/legumes

Atenção: o tomate é a hortaliça de fruto mais

(tomate, pimentão, berinjela,

consumida no Brasil, campeão de vendas, também

pepino, abobrinha). São as mais

é campeão em resíduos: pode receber entre 30 e

delicadas para produzir. Com

40 pulverizações com agrotóxicos durante o ciclo.

ciclo mais longo e crescendo no período de verão, ficam mais sujeitas ao ataque de pragas e doenças.

Alternativa: o tomate cereja é uma espécie mais rústica, resistente a pragas e doenças. Você pode inclusive produzir no seu jardim.

Frutas. Por terem um ciclo ainda

Frutas com médio risco de contaminação:

mais longo, a maioria com frutos no

abacaxi, laranja, maçã*, mamão formosa,

período de verão, recebem um número

manga, maracujá, melancia;

maior de pulverizações. Entretanto, é possível selecionar as frutas, conforme o grau de contaminação por agrotóxicos: Frutas com baixo risco de contaminação: abacate, acerola, banana, caqui, coco, jabuticaba, mexerica, tangerina, kiwi, nêspera e outras frutas nativas (pitanga, fruta do conde, amora, carambola, butiá);

Frutas com alto risco de contaminação: morango, uva, pêssego, mamão papaia, goiaba, figo, pera, melão.

*Nota: A maçã em sistema de Produção Integrada de Maçã (PIM) permite que a fruta receba um selo de certificação. Isso não quer dizer “orgânico”, mas são estabelecidos limites para uso de agroquímicos nos pomares. Portanto, frutas provenientes de produção integrada têm maior credibilidade!

52


A MELHOR ÉPOCA PARA CONSUMIR HORTALIÇAS E FRUTAS (CALENDÁRIO DA SAÚDE)

No período normal de desenvolvimento das culturas, os alimentos são mais frescos, com melhor sabor e aroma, ricos em nutrientes e antioxidantes, pois acompanham o ritmo das estações do ano em harmonia com a natureza. Fora dessa época, os preços são maiores, pois os produtos são importados de outras regiões, estados e países ou são produzidos em condições controladas que não acompanham o ritmo da natureza. Neste caso, você encontrará produtos que ficaram em câmaras frias por longos períodos, sofreram aplicações de agrotóxicos em doses superiores (o que pode trazer resíduos acima de limites permitidos) ou outras formas de conservação pós-colheita que, normalmente, diminuem a qualidade biológica do alimento. Lembre-se que o ideal é buscar alimentos orgânicos e provenientes de locais mais próximos. Pergunte sempre a origem do produto!

CALENDÁRIO MAIS ADAPTADO PARA REGIÕES SUL E SUDESTE do Brasil

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HORTALIÇAS Folhas hastes flores

Meses do ano J F M A M J J A S O N D

Almeirão x x x x x x Alface x x x x x x x x Agrião x x x x x x Alho porro

x

x

x

x

x

x

x

Salsa/cebolinha x x x x x x x x Couve manteiga x x x x x x x x Couve-flor x x x x Espinafre x x x x x x x Repolho x x x x x x x x Rúcula x x x x x x P.S.1: Hortaliças de folhas preferem clima ameno (outono e primavera)

54


HORTALIÇAS Raízes Meses do ano bulbos J F M A M J J A S O N D tubérculos Alho x x x x

Batata doce x x x x x

Batata

Batata salsa x x x x x

Beterraba x x x x

Cebola

Cenoura x x x x x

Gengibre x x x x

Mandioca/aipim x x x x x x

Nabo x x x x x x x

Rabanete x x x x x x

P.S.2: Outono e inverno são épocas ideais para consumo de raízes frescas

x x x x x x x x

x

x

x

x

55


HORTALIÇAS Frutos/legumes

Meses do ano J F M A M J J A S O N D

Abóbora seca x x x x x Abóbora moranga x x x x x Abobrinha

x x x x x x x x

Berinjela

x x x x x

Chuchu x x x x Ervilha x x x Jiló

x x x x x

Milho verde

x x x x

Pepino

x x x x x

Pimentão

x x x x x

Quiabo

x x x x

Tomate

x x x x x

Vagem

x x x x x x

P.S.3: Hortaliças de frutos preferem clima mais quente (final de primavera e verão)

56


Meses do ano FRUTAS

J F M A M J J A S O N D

Abacate x x x x x x Acerola x x x x Abacaxi

x x x x x

Ameixa

x x x

Banana

x x x x x x x x

Caju x x x x Caqui x x x x Carambola x x x x Coco verde x x x x x x Figo

x x x x x

Goiaba

x x x x

Jabuticaba x x x x Kiwi x x x x Laranja x x x x x x x Limão x x x x x x x x x x Maçã

x x x x x

Mamão

x x x x x x x x

Manga

x x x x

Maracujá x x x x x Melancia x x x x Melão

x x x x

Morango x x x x Nectarina x x Nêspera x x x Pera

x x x x

Pêssego

x x x

Tangerina x x x x x Uva

x x x

P.S..4: O verão é a época de maior disponibilidade de frutas 57


VOCABULÁRIO DA SAÚDE ALIMENTAR

Alimentos funcionais

Alimentos integrais

Alimentos diet

Alimentos orgânicos

Alimentos naturais

58


Alimentos funcionais

Também conhecidos como nutracêuticos, agem diretamente sobre funções do organismo e, por isso, previnem doenças degenerativas, crônicas, cardiovasculares (infarto e derrame) e câncer. O tomate,

por exemplo, é um desses alimentos. Devido à ação do licopeno, pode oferecer proteção contra o câncer de próstata. Para o alimento ter atuação benéfica de forma plena, sugerese que seja produzido organicamente, no intuito de minimizar possíveis resíduos químicos indesejáveis.

Provêm de fontes originais da natureza. Não foram produzidos em laboratórios, não possuem sabores e corantes artificiais de frutas, verduras, leite e outros químicos. Entretanto, podem ter sido produzidos com

Alimentos naturais

agrotóxicos e transgênicos. Portanto, “natural” não é a mesma coisa que orgânico.

Produzidos num sistema isento de insumos de

Alimentos orgânicos

síntese química. Estes produtos não utilizam os chamados “venenos” com química artificial, adubos com alta solubilidade, sementes transgênicas e radiações ionizantes.

59


Alimentos integrais

Mantêm, ao serem consumidos, todos integrantes nutricionais básicos. Exemplo: a farinha de trigo integral gera um produto com a totalidade dos ingredientes básicos para um pão nutritivo. Entretanto, normalmente o trigo utilizado é produzido no sistema convencional. Um alimento integral produzido organicamente seria o ideal para o consumo.

Modificados para atender a uma determinada finalidade: sem açúcar para o diabético, sem gordura para os que necessitam de baixa ingestão de gorduras e sem sal para

Alimentos diet

hipertensos. Esse tipo de alimento não necessita ter redução calórica. Por esse motivo, se um alimento contiver a quantidade de algum elemento abaixo do limite estabelecido em legislação, seja açúcar, sódio, colesterol, aminoácidos ou proteínas, ele pode ser classificado comercialmente como diet. Sendo assim, um alimento que não contém açúcar, mas que apresenta grande quantidade de gorduras é considerado diet, mesmo tendo uma quantidade de calorias semelhante ao seu similar não diet (em função da grande quantidade de gorduras).

Alimentos light

Abrandados ou diminuídos em um ou mais de seus nutrientes, com redução calórica de no mínimo 25% em relação ao seu similar. Pode ou não ser orgânico (verificar o selo orgânico).

60


POR DENTRO DOS ORGÂNICOS

Saiba Como se Faz

Cosméticos Orgânicos Um cosmético combina basicamente três ingredientes: uma base (óleos, água, outros); princípio ativo (contém o produto específico que vai atuar na pele) e aditivos (conservantes, antioxidantes, colorantes, perfumes). No caso de um cosmético orgânico, a fórmula é a mesma, mas os ingredientes naturais de origem vegetal devem ser provenientes da produção orgânica, bem como os óleos essenciais e vegetais (girassol, palma, abacate, jojoba, babosa) do princípio ativo. Além disso, os aditivos não podem utilizar produtos químicos proibidos, somente ingredientes autorizados pela legislação.

61


Em cosméticos orgânicos estão proibidos: ingredientes provenientes da petroquímica como óleos minerais (vaselina, parafina, silicone, glicerina sintética) ou de origem animal; perfumes e corantes sintéticos; alumínio (muito comum em desodorantes); conservantes prejudiciais à saúde como:

- Parabeno (usado em shampoos, desodorantes, protetores solares - pode

provocar distúrbios hormonais);

- Oxibenzona (utilizado em protetores solares, pode causar alterações

hormonais);

- Paba (ácido paraminobenzoico – presente em protetores solares);

- Propilenoglicol (encontrado em cremes e maquiagem – pode causar alergias

e irritações);

- Formaldeído (presente nos esmaltes – podem causar alergias diversas);

Ftalatos (agentes fixadores - tóxicos para o aparelho reprodutor); Ingredientes transgênicos e irradiados; Ingredientes de origem animal (que não sejam orgânicos).

62


Em cosméticos considerados naturais e orgânicos: Mais de 95% dos ingredientes vegetais Mais de 95% dos ingredientes totais utilizados na formulação

utilizados devem ser certificados como orgânicos;

são de origem natural (não provenientes de petroquímica);

Ingredientes de origem conhecida e rastreada, livres de petroquímicos, agrotóxicos e fertilizantes sintéticos;

Aromatização com puro óleo essencial;

O produto final (considerando a base, os princípios ativos e os aditivos) deve conter no mínimo 10% de ingredientes orgânicos sobre o total dos ingredientes (água e sal não são considerados ingredientes

Embalagens biodegradáveis ou recicláveis.

orgânicos e não podem ser certificados);

63


Exemplo da composição de um shampoo natural e orgânico* Água potável: 53,7% Água floral orgânica: 15% Conservante: 0,3% (síntese), desde que permitido pela legislação Hidrolisado de proteínas vegetais: 6% (40% de proteínas vegetais orgânicas + 59,8% água potável + 0,2 % conservante) Tensoativo: 12% (100% éter: 40% açúcar vegetal e 60% álcool gorduroso de origem natural) Tensoativo: 13% (65% ácido gorduroso de origem natural + 15% acetato (síntese química) + 20% amina (síntese química);

*Ingredientes como água, sal e minerais são muito comuns em cosméticos, apesar de naturais não são considerados pelas certificadoras como ingredientes orgânicos. No caso do exemplo acima, o shampoo apresenta mais de 10% de ingredientes orgânicos na fórmula. Um óleo essencial que não contém água pode ter até 100% de ingredientes orgânicos21. Atenção!! Certos produtos de beleza ditos “naturais” incluem muitos ingredientes que não são naturais. Ainda não existe uma legislação específica para os cosméticos orgânicos, que são regidos pelas mesmas normas dos cosméticos clássicos. Por isso, deve-se ler atentamente os rótulos e verificar a presença e as porcentagens de produtos orgânicos no produto, bem como o selo de certificação. A certificação é a única garantia que o cosmético é orgânico! No rótulo dos produtos os ingredientes da agricultura orgânica são marcados com um asterisco (*).

64

21 ECOCERT. Referencial Ecocert: Cosméticos naturais e orgânicos. Maio, 2012, v.2. 41 p. Disponível em www.brazil.ecocert.com. Acesso em ago/2015.


Roupas Orgânicas As roupas orgânicas são feitas de materiais naturais e não sintéticos e uma porcentagem (verificar na etiqueta) do material usado vem da agricultura orgânica certificada. Os tecidos orgânicos mais comuns são o algodão, o linho, a lã, a seda, o cânhamo e o bambu. A certificação orgânica costuma acompanhar apenas o processo de produção desses vegetais. Ainda não existe uma legislação específica para o processo de tingimento, branqueamento e transformação das fibras, mas cada certificadora garante práticas orgânicas e eticamente corretas (sem produtos químicos ou metais pesados). O algodão orgânico é o material mais usado, desde artigos pessoais até produtos sanitários, panos de chão, fraldas para bebês, artigos de cama, mesa e banho. Outros materiais renováveis como a fibra do bambu são muito utilizados em roupas esportivas por suas propriedades naturais anti-bactericidas e absorventes, além de uma textura macia. São consideradas roupas sustentáveis! Todavia, ainda não existe um tecido certificado 100% orgânico! O que pode aparecer na etiqueta de um tecido orgânico:

Abaixo de 70 % de algodão orgânico não pode aparecer nenhuma menção de têxtil orgânico.

“Algodão orgânico” ou “algodão da agricultura orgânica” Se tiver pelo menos 95% de algodão de origem orgânica.

Feito com X % de algodão orgânico Se tiver entre 70 e 95% de algodão orgânico. 65


Você sabia ...

• a pele pode absorver produtos químicos • o algodão é a fibra

utilizados nos tecidos,

têxtil mais cultivada

com riscos de alergias

no mundo e a que mais

para pessoas com

utiliza agrotóxicos (cerca

sensibilidade;

de 1 kg de agrotóxicos/ hectare de algodão cultivado); • os têxteis orgânicos são mais suaves, confortáveis e agradáveis para usar,

Atenção!!

Até o momento, o

consumidor não deve encontrar “camisa 100% orgânica”, visto que ainda não existe regulamentação para transformação de fibras e produção têxtil de orgânicos.

66

em função do não uso de tratamentos químicos;


Vinhos Orgânicos

O vinho orgânico utiliza uvas produzidas sem o uso de inseticidas, herbicidas, fungicidas e adubos químicos nas videiras. Os solos são tratados com materiais orgânicos, pragas e doenças são controladas por meio de controle biológico, produtos naturais e alguns produtos permitidos pelas certificadoras (como enxofre e calda bordalesa, por exemplo, usados no controle de fungos).

No processamento são evitados processos de vinificação que não sejam naturais da uva, evitando-se leveduras de laboratório, corretores de acidez, clarificantes e conservantes como o anidrido sulfuroso (SO2), comum em vinhos convencionais. No caso dos orgânicos, o uso de SO2 é mínimo ou inexistente. O processo orgânico permite preservar a pureza e a intensidade do caráter da uva. São considerados vinhos sem maquiagem.

67


Vinhos biodinâmicos são ainda mais sofisticados no processo de produção, pois acompanham um calendário lunar e cósmico no tratamento das plantas e utilizam preparados biodinâmicos (um tipo de homeopatia) que promove a energização e revitalização do vinhedo. É um estágio mais avançado na produção de vinhos. O processamento também é realizado por métodos naturais da uva. Por isso, são considerados verdadeiramente autênticos e originais, acentuando a característica de cada videira.

O grau de exigência para produção de um vinho orgânico e biodinâmico é muito grande. Entretanto, é difícil notar a diferença de um vinho orgânico para um convencional em termos de sabor, cheiro, cor e textura. Por isso, para ter certeza se são orgânicos e biodinâmicos, observe no rótulo o selo de certificação.

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No caso dos vinhos convencionais parte deles busca aumentar as percepções de aromas e gostos (amadeirado, frutado) de forma artificial, perdendo, em alguns casos, a identidade local.

Na sua fabricação, são utilizadas uvas produzidas de forma convencional, normalmente tratadas com inseticidas para o controle de pragas, herbicidas no controle do mato e fungicidas químicos para controle de doenças (fungos como oídio e míldio, por exemplo). Ademais, podem sofrer correções de mosto na adega, entre outras técnicas e utilização de conservantes como o anidrido sulfuroso (SO2). Ao ser adicionado ao mosto logo após o esmagamento das uvas, o sulfuroso elimina bactérias e as leveduras mais frágeis e indesejáveis.

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Pães Orgânicos

Um pão é, antes de tudo, uma farinha que vem do trigo. Normalmente, são selecionadas farinhas tradicionais de alta qualidade e sem aditivos para produção de pães orgânicos.

No pão orgânico, o trigo e todos os outros cereais que podem ser utilizados (centeio, aveia, linhaça, girassol, gergelim, soja, milho) e complementos (abóbora, batata, cenoura, castanhas e outras frutas) devem ser produzidos seguindo as normas de produção orgânica. O fermento utilizado deve ser de levedura natural e os outros possíveis ingredientes também orgânicos (azeite, açúcar, leite). Não podem conter os químicos propinato de cálcio, nem antimofo, nem todos os conservantes e corantes encontrados em pães industriais.

Os pães orgânicos mais elaborados trabalham com farinhas integrais, normalmente moídas em moinho de pedra.

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Para receber a certificação o produto final deve contar mais de 95% de ingredientes orgânicos.


ORGÂNICOS NA INTERNET Agence Française pour le Développement el la Promotion de l’Agriculture Biologique http://www.agencebio.org Articulação Nacional de Agroecologia http://www.agroecologia.org.br Associação de Agricultores Biológicos do Estado do Rio de Janeiro http://www.abio.org.br Associação de Agricultura Orgânica http://www.aao.org.br Associação de Agricultura Natural de Campinas e Região http://www.anc.org.br Associação Biodinâmica http://www.biodinamica.org.br/ Associação Brasileira de Agroecologia http://www.aba-agroecologia.org.br Associação dos Consumidores de Produtos Orgânicos do Paraná http://www.acopa.tk

Associations pour le maintien d’une agriculture paysanne http://www.reseau-amap.org Bio Cohérence http://www.biocoherence.fr Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos - Ministério da Agricultura http://www.agricultura.gov.br/ desenvolvimento-sustentavel/organicos/ cadastro-nacional Centro de Inteligência em Orgânicos http://www.ciorganicos.com.br Centro Ecológico http://www.centroecologico.org.br Centro Paranaense de Referência em Agroecologia http://www.cpra.pr.gov.br Ecocert http://www.brazil.ecocert.com/ IBD Certificações http://www.ibd.com.br

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IFOAM - Organics International http://www.ifoam.bio

Organic Consumers Association www.organicconsumers.com

IMO Control http://imo-la.com/

Organic World http://www.organic-world.net

Instituto Chão Vivo http://www.institutochaovivo.com.br/

Planeta Orgânico http://www.planetaorganico.com.br

INT Certificação https://www.int.gov.br/certificacao

Portal Orgânico http://www.portalorganico.com.br

Local Harvest http://www.localharvest.org

Rede de Agroecologia Ecovida http://www.ecovida.org.br/

Mapa de Feiras Orgânicas http://www.idec.org.br/feirasorganicas

Sítio A Boa Terra http://www.aboaterra.com.br

OIA Brasil http://www.oiabrasil.com.br/

Sítio do Moinho http://www.sitiodomoinho.com.br

Orgânicos - Ministério da Agricultura http://www.agricultura.gov.br/ desenvolvimento-sustentavel/organicos

Slow Food Brasil http://www.slowfoodbrasil.com

Organics Brasil http://www.organicsbrasil.org Organicsnet http://www.organicsnet.com.br Organic http://www.organic.org

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Soil Association http://www.soilassociation.org Tecpar Certificações http://www.tecparcert.com.br/lp_ org.htm Urgenci www.urgenci.net Vila Yamaguishi http://www.yamaguishi.com.br/




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