NOVEMBRO DE 2020 CARTA DE CONJUNTURA
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APESAR DA RECESSÃO, CENÁRIO É BOM, COM DESTAQUE PARA O AGRONEGÓCIO E O SANEAMENTO
INDÚSTRIA DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS
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PRODUÇÃO DE MÁQUINAS PARA CONSTRUÇÃO NÃO SE RECUPERA MAS AS VENDAS SEGUEM POSITIVAS
CONSTRUÇÃO
6
PERSPECTIVA DE RECUPERAÇÃO DE SEGMENTOS DO SETOR DA CONSTRUÇÃO
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO
7
PRODUÇÃO DE ASFALTO SEGUE COM FORTE CRESCIMENTO NO ANO
MINERAÇÃO
8
FABRICAÇÃO DE PRODUTOS MINERAIS NÃO-METÁLICOS E DE INSUMOS PARA CONSTRUÇÃO AINDA EM CAMPO NEGATIVO
AGRICULTURA
9
SAFRA RECORDE DE GRÃOS DE 2020 CONTINUA EM ALTA
SERVIÇOS DE 10 INFRAESTRUTURA
CRÉDITO 11
PERSPECTIVAS 2020 12
Realização:
SETOR ELÉTRICO, DE TELECOMUNICAÇÕES E DE TRANSPORTES AINDA APRESENTAM DESEMPENHO NEGATIVO OPERAÇÕES DO SBPE SEGUEM SUSTENTANDO O CRÉDITO IMOBILIÁRIO EM 2020 PERSPECTIVA DE RECESSÃO MENOR DO QUE O ESPERADO PARA 2020 Produção:
CARTA DE CONJUNTURA RECUPERAÇÃO ECONÔMICA
A atividade econômica no país no segundo semestre do ano evolui ainda com a pandemia da covid-19 como pano de fundo. Diferentemente da primeira metade do ano, no entanto, quando os efeitos das medidas de contenção da pandemia foram mais pronunciados, com isolamento social e interrupção da atividade de muitos setores econômicos, o quadro no segundo semestre tem a recuperação econômica como destaque. Como resultado dessa recuperação, ilustrada pela trajetória positiva de vários indicadores mensais nos últimos meses, a queda esperada para o PIB de 2020 foi revisada de -5,7% para 5,3%. No próximo ano, a expectativa é de que o PIB volte a ter variação positiva, por volta de 3,0%, ainda que tal crescimento seja insuficiente para compensar a queda prevista para o ano corrente.
DETERIORAÇÃO FISCAL
Cabe destacar que o horizonte ainda carrega um elevado grau de incertezas, o que pode afetar o ritmo da recuperação econômica no fim do ano e nos trimestres iniciais de 2021. O quadro de deterioração fiscal do setor público brasileiro, em seus três níveis, e o encaminhamento de ações para reverter essa trajetória é atualmente a principal fonte de incerteza. Como a economia reagirá ao encerramento, no fim de 2020, dos diversos programas do governo federal de apoio a empresas, famílias e governos subnacionais, por conta da pandemia, representa outra fonte. A própria evolução da pandemia da covid-19 no país continuará sendo um fator crítico, até que uma vacina segura e eficaz se apresente como alternativa. Por fim, a indefinição quanto às reformas, em particular a administrativa e a tributária, é outro aspecto a considerar.
INCERTEZAS
Apesar de tais incertezas, há fatores que sustentam o cenário de continuidade da recuperação em 2021. A perspectiva de que o custo de capital permaneça historicamente baixo dá suporte ao segmento da construção residencial, por meio principalmente da ampliação do crédito imobiliário.
AGROPECUÁRIA
A agropecuária é outro setor que tem contribuído largamente para a recuperação da economia, contribuição que deve seguir positiva no próximo ano. Espera-se que a agropecuária seja o único dos três grandes setores de atividade a registrar expansão em 2020, em oposição à queda prevista para a indústria e para o setor de serviços. Após dois anos de safras recordes, 2018/2019 e 2019/2020, e de preços elevados ao longo de 2020, a agricultura brasileira começa o ciclo da próxima safra capitalizada. Com isso, a expectativa é de nova safra recorde em 2021, com a produção apresentando crescimento superior a 4,0%, de acordo com a previsão inicial da Companhia Nacional deAbastecimento (Conab) para a safra 2020/2021.
NOVA SAFRA RECORDE
Vale ainda destacar a contribuição positiva da agropecuária nos últimos anos, inclusive em 2015, primeiro ano do biênio recessivo da economia brasileira, quando o valor adicionado (ou PIB) do setor cresceu 3,3%. Apenas em 2016 a contribuição do setor foi negativa. Entre 2017 e 2019, quando o PIB do país teve crescimento anual em torno de 1,3%, o valor adicionado da agropecuária avançou 14,2% em 2017, 1,4% em 2018 e 1,3% em 2019. Além do impulso dado pelo comércio internacional para a pecuária brasileira, com exportações crescentes de carne, a expansão da produtividade da agricultura brasileira tem contribuído de forma relevante para o crescimento do setor com um todo. Por meio do uso mais intensivo de máquinas e equipamentos e de fertilizantes, adubos e defensivos, o crescimento das safras anuais de grãos tem superado em larga medida a expansão da área plantada. Considerando um período mais longo, de 2009 a 2019, a produção
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DESTAQUE PARA O MILHO E A SOJA
agrícola teve crescimento médio anual de 6,2% ao ano, enquanto que a área plantada teve variação mais modesta, de 2,9% ao ano no mesmo intervalo de tempo, fazendo com que a produtividade crescesse 3,2% ao ano, de acordo com as séries históricas da Conab. Dentre as lavouras, os destaques foram o milho, cuja produção nacional cresceu 7,0% ao ano em média entre 2009 e 2019, e a soja, com crescimento médio anual de 7,7% ao ano no mesmo período. Com respeito à produtividade, a do milho teve expansão média anual de 4,7%, superando a média nacional, enquanto a da soja teve alta de 2,4% ao ano entre 2009 e 2019.
PRODUTIVIDADE
Para se ter uma ideia da evolução da produtividade agrícola, o quadro a seguir traz a produção por tonelada (total de grãos) por hectare - uma medida da produtividade agrícola - por município brasileiro para os anos 2009 e 2019. Com base nessa comparação, é possível observar o crescimento da produtividade tanto em termos quantitativos como em termos geográficos, com destaque, nesse caso, para a expansão relativamente maior da produtividade nas regiões Centro-Oeste e Sul do país e em partes dos Estados de Minas Gerais e São Paulo entre os anos selecionados. Considerando que, em 2019, de acordo ainda com dados da Conab, a produtividade da agricultura brasileira como um todo foi de 3,9 toneladas por hectare, os ganhos de produtividade nos municípios em tons mais escuros de azul foram expressivos. Produtividade agrícola (grãos) por município, tonelada por hectare, 2009 a 2019 NA
2009
Fonte: IBGE.
2019 3
SANEAMENTO
Os programas de privatização e parcerias na área de saneamento avançaram de forma expressiva em 2020. Este ano, tiveram destaque as concessões em Alagoas, mato Grosso do Sul e Espírito Santo. EmAlagoas, a BRKAmbiental venceu o leilão de saneamento com oferta de R$ 2,9 bilhões, uma proposta que ficou mais de R$ 1 bilhão acima das demais. Além da outorga de R$ 2 bilhões, que deverá ser paga ao estado a partir do próximo ano, estão programados R$ 2,6 bilhões de investimentos na estrutura para universalizar os serviços de abastecimento de água e de coleta e tratamento de esgoto. O projeto de Parceria Público-Privada (PPP) do esgotamento sanitário da Sanesul, companhia estatal do mato Grosso do Sul, foi leiloado em outurbo, tendo como vencedora a empresa Aegea Saneamento e Participações S.A. A parceira vai promover obras nas 128 municípios e possibilitará a universalização da coleta e tratamento de esgoto. Com essa PPP, o estado do Mato Grosso do Sul poderá se tornar a primeira unidade da Federação a ter os dois serviços universalizados. Também em outubro, a Companhia Espírito Santense de Saneamento (Cesan) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) realizaram a licitação do sistema das cidades de Cariacica e Viana na região metropolitana da Grande Vitória. Foram entregues sete propostas de consórcios interessados no projeto de parceria público-privada (PPP) de esgotamento sanitário. O objetivo da concessão é a universalização do acesso à rede de esgotamento até o décimo ano de contrato com 423 mil habitantes beneficiados pelo projeto. Atualmente, 48,3% da população têm coleta de esgoto nessas cidades. O projeto prevê o investimento de R$ 580 milhões em infraestrutura de saneamento básico ao longo dos 30 anos de contrato, sendo que R$ 180 milhões desse total deve ser aplicado nos primeiros cinco anos.
BNDES
Atualmente, a carteira do BNDES já possui projetos para melhoria na prestação de serviços de água e esgoto em pelo menos nove estados brasileiros, entre eles o Acre, o Amapá, o Ceará e o Rio de Janeiro. Os investimentos previstos serão na ordem de R$ 50 bilhões, com benefício direto a mais de 30 milhões de brasileiros. Em 2021, o Banco deve licitar a operação e expansão de 48 municípios da Cedae no Rio de Janeiro. Após o Rio, devem ganhar mercado os projetos também do Acre, Rio Grande do Sul e Ceará, além de Rondônia e Paraíba.
4
Gráfico 1 Produção de máquinas e equipamentos para a construção e mineração, índice base 2012 = 100 120,0
100,0
80,0
Produção
60,0
40,0
20,0
-
2012
2013
2014
Fonte: IBGE. (*) projeção.
2015
2016
2017
2018
2019
2020*
Gráfico 2 Emprego na indústria de máquinas e equipamentos para a construção e mineração, em pessoas
16.000
8.000
4.000
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020*
Fonte: Ministério da Economia. (*) projeção.
Gráfico 3 Exportações de máquinas e equipamentos para a construção e mineração, em US$ milhões 5.000 4.500
A trajetória da produção do setor em 2020 continua afetando negativamente o nível médio do emprego formal na indústria de máquinas e equipamentos para a construção. Como registrado em boletins anteriores, na sequência de três anos consecutivos de crescimento, o emprego para o conjunto de segmentos do setor apresenta retração no ano, com queda de 2,9% até agosto. Determinante para tal resultado é a queda de 6,0% do emprego no segmento de tratores (não agrícolas) no período, em contraste com a modesta expansão de 0,4% do emprego no segmento de máquinas e equipamentos para terraplenagem, pavimentação e construção. Exportações A queda de 41,8% das exportações do setor no acumulado no primeiro semestre do ano desacelerou um pouco no terceiro trimestre, com a retração acumulada no ano até setembro chegando a 37,5%. O destaque negativo voltou a ser as vendas externas de máquinas de terraplanagem e de perfuração, com declínio de 48,5% nos nove primeiros meses, seguidas das vendas de máquinas e aparelhos de elevação de carga e descarga, com queda de 26,7%. Por fim, as exportações de tratores apresentaram retração mais modesta no mesmo período, de 5,4%.
4.000 3.500 3.000 2.500 2.000 1.500 1.000 500 0
O declínio da produção da indústria de máquinas e equipamentos para a construção civil e mineração, que considera também a produção de tratores de esteira e retroescavadeiras, observado no primeiro semestre do ano se manteve nos meses de julho e agosto, com a queda acumulada nos oito primeiros meses do ano chegando a 22,7%, pouco abaixo do registrado até junho (-23,4%). O contraste observado até junho em relação à expansão das vendas voltou a ser registrado. Segundo dados da Anfavea, o volume de vendas internas de tratores de esteira e de retroescavadeiras, cresceu 33,8% até agosto, desacelerando um pouco no acumulado até setembro (29,1%). Emprego
12.000
-
INDÚSTRIA DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS
2012
2013
2014
2015
2016
Fonte: Ministério da Economia. (*) projeção.
2017
2018
2019
2020*
5
Gráfico 4 Emprego na construção, incorporações e edificação, médias anuais, em pessoas
CONSTRUÇÃO
1.400.000
Edificações
1.200.000 1.000.000 800.000 600.000 400.000 200.000 0
2012
2013
2014
2015
2016
Fonte: Ministério da Economia. (*) projeção.
2017
2018
2019
2020*
Gráfico 5 Emprego na construção, obras de infraestrutura, médias anuais, em pessoas
700.000 600.000 500.000 400.000 300.000 200.000 100.000
0
2012
2013
2014
2015
2016
Fonte: Ministério da Economia. (*) projeção.
2017
2018
2019
2020*
Gráfico 6 Emprego na construção, serviços de apoio à construção, médias anuais, em pessoas
Entre janeiro e maio deste ano, o nível médio do pessoal empregado formalmente no segmento de incorporação e construção de edifícios declinou 1,5%, resultado em grande medida das medidas de isolamento social decorrentes da pandemia da covid19. Apesar da flexibilização dessas medidas desde então e da retomada do nível de atividade do setor, o emprego formal não reagiu na mesma medida, mantendo a retração de 1,5%, no acumulado até agosto em relação ao mesmo período de 2019. Por segmento, a queda do emprego foi de 2,8% para incorporação de imóveis e de 1,3% para construção de edifícios. Obras de infraestrutura Após a expansão de 3,1% do nível médio do emprego com carteira assinada em obras de infraestrutura no acumulado no ano até maio, a expansão do emprego nesse segmento da construção prosseguiu no trimestre seguinte, ainda que tenha mostrado certa desaceleração, com crescimento de 2,3% no acumulado até agosto. Em termos do emprego nos setores da infraestrutura, os destaques positivos nesta mesma base de comparação (janeiro-agosto) foram: construção de obras de arte especiais (alta de 6,9%), obras de urbanização (6,1%) e construção de rodovias e ferrovias (3,4%). A retração de 4,8% no emprego na obras portuárias, marítimas e fluviais foi o destaque negativo. Serviços de apoio à construção Dentre os todos os segmentos da construção, o de serviços de apoio, que reúnem as empresas que prestam serviços de base, como aluguel de máquinas e equipamentos, demolição e preparação de canteiros, perfurações e sondagens e obras de terraplenagem, continua sendo o destaque em termos do emprego em 2020. Entre janeiro e agosto, houve um crescimento de 5,4% do nível médio do emprego para o conjunto do segmento. Desagregando por componente, é possível destacar a evolução do emprego nos segmentos de obras de terraplenagem, com alta de 6,0% até agosto, e de aluguel de máquinas e equipamentos para construção sem operador, com expansão de 3,8%.
180.000 160.000 140.000 120.000 100.000
80.000 60.000 40.000 20.000 0
2012
2013
2014
2015
2016
Fonte: Ministério da Economia. (*) projeção.
2017
2018
2019
2020*
6
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO
Gráfico 7 Produção de materiais de construção, índice base 2012=100
120,0
100,0
Produção
80,0
60,0
40,0
20,0
-
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020*
Fonte: IBGE. (*) projeção.
Gráfico 8 Vendas de materiais de construção, índice base 2012=100
A produção física de materiais de construção segue com desempenho negativo no ano, ainda que em um ritmo inferior ao observado entre março e junho. No primeiro semestre de 2020, a produção desses bens registrou queda acumulada de 10,6%. Com o relaxamento das medidas de combate da covid-19 a partir de maio-junho e com a decorrente reorganização das cadeias produtivas, após as paradas das indústrias entre março e abril, a produção de materiais mostra certa recuperação, com a retração acumulada até agosto ficando em 6,8%. Comércio Varejista
120,0
Por conta das ações de contenção da covid-19, que afetaram particularmente os setores de comércio e serviços, as vendas do comércio varejista de materiais de construção fecharam o primeiro semestre do ano com retração de 2,0%, de acordo com o IBGE. Com a flexibilização dessas ações e com o suporte à demanda pelo auxílio emergencial do governo federal, a venda de materiais começou a apresentar desde maio forte recuperação em base mensal, fazendo com que no acumulado até agosto, essas vendas tivessem expansão de 4,9%.
100,0
80,0
60,0
40,0
20,0
-
2012
2013
2014
Fonte: IBGE. (*) projeção.
2015
2016
2017
2018
2019
2020*
Gráfico 9 Produção de asfalto, total do ano, em m³
Asfalto O forte crescimento da produção nacional de asfalto registrado até maio, com alta de 34,0%, teve sequência, ainda que com uma perda discreta de ritmo, nos meses seguintes. Entre janeiro e setembro, a produção de asfalto avançou 28,3% na comparação com o mesmo período do ano passado, com uma produção média mensal de 181,2 mil metros cúbicos ante 141,2 mil nos primeiros nove meses de 2019, de acordo com dados daANP.
3.500.000 3.000.000 2.500.000 2.000.000 1.500.000 1.000.000 500.000 -
2012
2013
Fonte: ANP. (*) projeção.
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020*
7
MINERAÇÃO
Gráfico 10 Emprego na indústria de extração de areia, pedra e argila, em pessoas 80.000 70.000 60.000
Indústria extrativa
50.000 40.000 30.000 20.000 10.000 -
2012
2013
2014
2015
2016
Fonte: Ministério da Economia. (*) projeção.
2017
2018
2019
2020*
Gráfico 11 Produção de produtos de minerais não-metálicos, índice base 2012 = 100
120,0
100,0
80,0
60,0
40,0
20,0
-
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020*
Fonte: IBGE. (*) projeção.
Gráfico 12 Produção de produtos de minerais não-metálicos, por segmento, variação acumulada no ano*, 2020 15,0% 8,4%
10,0% 5,0% 0,0% -5,0%
-5,6%
-10,0%
-8,2%
-15,0% -20,0%
-20,2%
-25,0% -30,0% -35,0%
O crescimento do emprego formal no segmento de extração de pedra, areia e argila segue em ritmo bastante moderado, em linha com o observado no ano passado (0,3%), com o nível médio do emprego formal nesse segmento registrando alta de 0,4% no acumulado no ano até agosto. Em contrapartida, a arrecadação da CFEM é positiva até setembro, com alta de 9,3% em relação ao mesmo período do ano passado, por conta principalmente da elevação recente do preço do minério de ferro. Produtos minerais não-metálicos Entre janeiro e maio deste ano, a fabricação de produtos minerais não metálicos – que reúne as indústrias de vidro, cimento, artefatos de concreto e fibrocimento, produtos cerâmicos e aparelhamento de pedras – teve retração de 17,3% frente ao mesmo período de 2019, resultado em larga medida da paralisação das atividades em meio às medidas de combate à covid-19. A partir de junho, a produção do conjunto dessas indústrias mostra recuperação, com redução da queda acumulada no ano (-9,6% até agosto) e com a primeira variação positiva (3,6% em agosto) na comparação com o mesmo mês do ano anterior. Segmentos industriais A produção dos cinco segmentos da indústria de produtos minerais não metálicos, com exceção da fabricação de cimento, sofreu quedas acentuadas com por conta das paralisações decorrentes das ações de contenção da covid-19, particularmente na base de comparação com idêntico mês de 2019. Com a flexibilização dessas medidas, a retração acumulada no ano vem sendo revertida para quatro dos cinco segmentos, visto que a produção de cimento já apresenta crescimento relativamente vigoroso de 8,4% até agosto. Assim, nos oito primeiros meses do ano, o desempenho da produção foi: vidro (-30,1%), produtos cerâmicos (-20,2%), aparelhamento de pedras (-8,2 %) e artefatos de concreto e fibrocimento (-5,6%).
-30,1% Vidro
Cimento
Fonte: IBGE.(*) até agosto.
Artefatos de concreto e fibrocimento
Produtos cerâmicos
Aparelhamento de pedras
8
AGRICULTURA
Gráfico 13 Área lavoura plantada, variação entre as safras de 2020 e 2019, (%) 4,0%
3,3%
3,5%
2,9%
3,0%
Área de lavoura e produção agrícola
2,4%
2,0% 1,2% 0,8%
1,0% 0,0% -1,0%
-1,5%
-2,0%
Fonte: IBGE.
Gráfico 14 Produção de bens agroindustriais**, índice base 2012 = 100
A área plantada da safra de 2020, segundo levantamento do IBGE, deve ser concluída com crescimento de 2,4% em relação à safra passada, atingindo 81,187 milhões de hectares, tendo a soja, com expansão de 3,5% da área plantada, e o milho - 2ª Safra, com alta de 3,3% da área, como destaques. A safra recorde para 2020 prevista pelo levantamento anterior do IBGE foi revista para cima, com uma estimativa de 251,993 milhões de toneladas de cereais, leguminosas e oleaginosas produzidas, correspondendo a uma expansão de 4,4% ante a safra anterior. O crescimento da produção de soja de 7,0% foi o principal responsável por esse resultado. Agroindústria
125,0
A expansão da produção da agroindústria – que agrupa as indústrias de óleos vegetais, a fabricação e refino de açúcar e a produção de celulose e biocombustíveis – perdeu ritmo, com o crescimento no acumulado no ano passando de 5,2% até maio para 0,1% até agosto. A queda de 7,7% até agosto da fabricação de biocombustíveis, segmento com maior peso no total, foi crítica para o resultado geral. Os demais segmentos seguiram com produção em alta até agosto, com destaque para: fabricação e refino de açúcar (28,7%) e a fabricação de celulose e outras pastas para a fabricação de papel (8,0%).
120,0 115,0 110,0 105,0 100,0 95,0 90,0
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020*
Fonte: IBGE. (*) projeção. (**) Inclui a fabricação de óleos vegetais, o refino de açúcar e a produção de celulose e biocombustíveis.
Gráfico 15 Exportações da agroindústria*, em US$ milhões 70.000 60.000 50.000 40.000 30.000 20.000
Exportações As exportações da agroindústria mantiveram o ritmo de crescimento observado até junho no trimestre seguinte, registrando expansão de 16,3% no acumulado até setembro em relação ao mesmo período de 2019 e totalizando US$ 45,951 bilhões. Como destacado em boletins anteriores, o resultado positivo esperado para 2020 deve reverter a queda de 17,1% registrada no ano passado. Como registrado até junho, os destaques positivos até setembro foram as exportações de açúcar e álcool (alta de 54,1%) e do complexo soja (23,3%), com o segmento de papel e celulose, com queda de 23,5%, seguindo como destaque negativo.
10.000 0
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020*
Fonte: Ministério da Economia. (*) Inclui as exportações de açúcar, álcool, papel, celulose, soja (inclusive óleo) e suco de laranja
9
SERVIÇOS DE INFRAESTRUTURA
Gráfico 16 Consumo de energia elétrica, em TWh 400,0 350,0 300,0
Energia elétrica
250,0 200,0 150,0 100,0 50,0 0,0
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020*
Fonte: ANEEL. (*) projeção.
Gráfico 17 Volume de serviços de transportes, índice base 2012 = 100
Entre janeiro e setembro, o consumo de energia elétrica, considerando o conjunto dos mercados cativo e do livre, teve queda de 2,7% frente ao mesmo período do ano passado, segundo dados da EPE. Vale destacar que o ritmo de queda vem desacelerando desde junho, quando foi apurada uma retração de 4,4% no acumulado até aquele mês. Assim, tomando apenas o mercado cativo das distribuidoras, o faturamento do setor em termos nominais recuou 5,0% entre janeiro e julho, de acordo com a ANEEL, variação próxima à da queda do consumo para esse mercado (-5,5%) visto que a tarifa média teve alta de 0,5% no mesmo período.
120,0
Transportes
100,0
A partir da flexibilização das medidas de combate à covid-19 em fins do segundo trimestre, o volume de serviços do setor de transportes começou a apresentar recuperação na margem, em base mensal. Apesar disso, ainda em decorrência da forte retração registrada nos meses de março e abril, esse segmento do setor de serviços ainda registra uma queda acumulada de 8,9% entre janeiro e agosto de volume e de 9,8% do faturamento nominal, segundo o IBGE. O destaque negativo continua sendo o segmento de transportes aéreos, com queda de 37,9% do volume e de 48,0% do faturamento no mesmo período.
80,0
60,0
40,0
20,0
0,0
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020*
Fonte: IBGE. (*) projeção.
Telecomunicações
Gráfico 18 Volume de serviços de telecomunicações, índice base 2012 = 100
O volume de serviços do setor de telecomunicações não tem mostrado clara recuperação após o início da flexibilização das medidas de contenção da covid-19. No acumulado entre janeiro e agosto, o volume desses serviços registra queda de 3,8%, em linha com a retração de 3,9% apurada nos cinco primeiros meses do ano. O faturamento nominal apresentou declínio de 2,6% até agosto, variação idêntica à observada no acumulado entre janeiro e maio.
120,0
100,0
80,0
60,0
40,0
20,0
0,0
2012
2013
2014
Fonte: IBGE. (*) projeção.
2015
2016
2017
2018
2019
2020*
10
CRÉDITO E INGRESSO DE CAPITAIS
Gráfico 19 Financiamento habitacional em R$ bilhão**
600
500
Imobiliário 400
Em 2020, a carteira de imóveis residenciais financiados pelo SBPE e pelo FGTS nos últimos 36 meses avançou 11,4% em relação a 2019. Esse resultado se deveu à evolução positiva das operações no âmbito do SBPE. Em termos de valores de financiamento, estima-se que as carteiras do SBPE e do FGTS de crédito concedido nos últimos 36 meses atinjam R$ 390 bilhões em 2020, montante 12,5% superior ao de 2019 em termos reais.
300
200
100
0
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020*
Fonte: ABECIP e Caixa Econômica Federal. (*) projeção. (**) a preços constantes, inclui SBPE e FGTS, média dos últimos 36 meses.
Gráfico 20 Valor dos projetos na área de infraestrutura em consulta no BNDES, R$ bilhões** 300,000
250,000
200,000
150,000
100,000
50,000
0,000
BNDES O volume de consultas ao BNDES de empresas da área de infraestrutura registrou crescimento nominal de 48,2% entre janeiro e junho de 2020, em contraste com o resultado do fechamento de 2019, quando foi apurada uma queda de 36,8% desse volume. Os segmentos de energia elétrica e telecomunicações foram os principais responsáveis pelo resultado positivo do primeiro semestre, com alta de 69,2%. Considerando um período mais longo, a evolução das consultas é ainda negativa. O montante dos projetos de infraestrutura em consulta ao longo dos 36 meses anteriores somou R$ 119,587 bilhões ao final de 2018, R$ 103,342 bilhões em 2019 e R$ 94,675 bilhões até junho de 2020, em valores correntes. FGTS Infraestrutura Urbana
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020*
Fonte: BNDES. (*) projeção. (**) Valores correntes, média dos últimos 36 meses.
Gráfico 21 Créditos concedidos do FGTS para o financiamento da infraestrutura urbana, em R$ bilhões** 30,000
25,000
20,000
15,000
10,000
Os valores dos créditos concedidos pelo FGTS para o financiamento de infraestrutura urbana, considerando o resultado dos últimos 36 meses, acumulam queda nominal de 19,2% até setembro do corrente ano, revertendo o crescimento de 14,1% registrado quando do fechamento de 2019. Essa trajetória recente se deve em grande medida à retração de 38,1% apurada entre janeiro e setembro de 2020 dos empréstimos para saneamento, visto que o crédito para mobilidade urbana avançou 2,3% no mesmo período. No seu conjunto, o crédito com recursos do FGTS para infraestrutura urbana declinou 26,3% nos primeiros nove meses do ano, contribuindo para a reversão do resultado dos últimos 36 meses até setembro.
5,000
0,000
2012
2013
2014
2015
2016
2017
Fonte: Caixa Econômica Federal. (*) projeção. (**) Valores correntes, média dos últimos 36 meses.
2018
2019
2020*
11
Gráfico 22 Crescimento, inflação e câmbio 6,0%
3,8%
4,0%
5,279
4,3%
3,654
2,8% 2,0%
4,000
Macroeconomia
1,3% 1,1%
0,0%
-2,0%
-4,0% -5,3%
-6,0%
Crescimento econômico
Inflação
2018
Câmbio
2019
2020
Fonte: Ex Ante Consultoria Econômica.
Gráfico 23 Nível de atividades nos serviços de infraestrutura, taxa de crescimento (%) 2,0%
1,1%
0,0% -0,7%
-2,0%
-2,6%
-2,6% -4,0% -6,0%
-10,0%
-9,8%
Energia elétrica
Transportes 2019
Fonte: Ex Ante Consultoria Econômica.
Telecomunicações 2020
Gráfico 24 Investimentos em construção, por segmento, em R$ bilhões 180,000 160,000 140,000 120,000 100,000 80,000 60,000 40,000 20,000 Habitação
Infraestrutura urbana 2019
Fonte: Ex Ante Consultoria Econômica.
A perspectiva quanto à evolução da demanda por serviços de infraestrutura segue negativa. Por conta da recessão, em 2020, o consumo de energia elétrica deverá ter queda de 5,5%, o de serviços de transportes, de 9,8%, e o de serviços de telecomunicações, de 2,6%. Tal resultado deve levar à retração da capacidade de investir desses setores nos próximos dois a três anos. Investimentos em obras
200,000
-
A crise sanitária decorrente da pandemia da covid-19 no país, bem como os efeitos sobre a atividade econômica das medidas de combate à disseminação da doença, terá como herança uma recessão econômica em 2020. Com a flexibilização dessas medidas e os programas de apoio do governo federal a empresas e famílias, a economia começou a se recuperar. O ritmo dessa recuperação no terceiro trimestre fez com a magnitude da recessão esperada fosse revisada, passando de -5,7% no boletim anterior para -5,3%. A retração do consumo das famílias, das exportações e dos investimentos sustenta essa perspectiva, ainda que parte da queda esperada do PIB deva ser compensada pelos gastos do governo, com impacto fiscal expressivo. Com respeito à inflação, a projeção para o ano foi revisada de 2,1% para 2,8%. A expectativa para o câmbio médio do ano foi também ajustada, incorporando uma maior desvalorização em relação ao observado em 2019, passando de R$ 5,00 por US$ para US$ 5,28 em 2020. Serviços de infraestrutura
-5,5%
-8,0%
-12,0%
PERSPECTIVAS 2020
Energia, telecom e transportes
Em termos de investimentos em novas moradias e reformas, espera-se crescimento de 3,5% para 2020 em relação a 2019. Essa retração é resultado do volume menor de contratações realizadas em 2018 e 2019 e que estarão em fase de edificação neste ano e da falta de crédito e renda para a venda de materiais de construção no comércio varejista. Os investimentos em infraestrutura urbana apontam tendência de retração de 19,2% este ano e os dispêndios de capital nos setores de transportes, energia e telecomunicações devem cair 4,9%. Com isso, os investimentos em obras devem ficar no mesmo patamar de 2019, com gastos de R$ 290 bilhões aproximadamente.
2020
12