MAIO DE 2020 CARTA DE CONJUNTURA
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MEDIDAS DE COMBATE À COVID-19 DEVEM PROVOCAR RECESSÃO PROFUNDA EM 2020
INDÚSTRIA DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS
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PRODUÇÃO DE MÁQUINAS PARA CONSTRUÇÃO REGISTRA QUEDA NO 1° TRIMESTRE DO ANO
CONSTRUÇÃO
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CRISE DA COVID-19 DEVE PROVOCAR RECESSÃO NO SETOR DA CONSTRUÇÃO
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO
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PRODUÇÃO DE ASFALTO CRESCE NO 1° TRIMESTRE DO ANO
MINERAÇÃO
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FABRICAÇÃO DE PRODUTOS MINERAIS NÃO-METÁLICOS E DE INSUMOS PARA CONSTRUÇÃO CAI NO 1° TRIMESTRE
AGRICULTURA
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ESPERA-SE NOVA SAFRA RECORDE DE GRÃOS PARA 2020
SERVIÇOS DE INFRAESTRUTURA
CRÉDITO
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PERSPECTIVAS 2020 10 Realização:
SETOR ELÉTRICO E DE TELECOMUNICAÇÕES TEM FRACO DESEMPENHO, O DE TRANSPORTES TEM RECUPERAÇÃO EM 2020 CRÉDITO PARA CONSTRUÇÃO SE RECUPERA EM 2019 IMPULSIONADO PELAS OPERAÇÕES DO SBPE INFLAÇÃO DEVE FICAR ABAIXO DA META E CÂMBIO DEVE FICAR PRESSIONADO NO CURTO PRAZO Produção:
CARTA DE CONJUNTURA NOVO CORONAVÍRUS
A propagação por todas as regiões do planeta do novo coronavírus, causador da covid-19, a partir de fins de dezembro de 2019 na China, tem sido não apenas uma questão de saúde pública global, mas também uma questão econômica. Isso se deve ao impacto das medidas de contenção da disseminação do vírus tomadas pelos diversos países, as quais têm incluído o reforço dos sistemas de saúde dos respectivos países, decretação de confinamento e quarentena da população, dependendo da região, com a interrupção do comércio e da prestação de diversos serviços. Nesse contexto, os países, em graus distintos, têm se deparado com um choque de oferta, pela interrupção do fornecimento de insumos e restrição da disponibilidade de mão de obra, combinado com um choque de demanda, decorrente das medidas que reduzem a circulação das pessoas e da queda de renda derivada da interrupção de inúmeras atividades econômicas.
MEDIDAS ECONÔMICAS
Como resultado das medidas de natureza sanitária tomadas para lidar com o que evoluiu para uma pandemia, medidas de caráter econômico têm sido igualmente adotadas para mitigar os efeitos econômicos decorrentes da conjuntura atual. Essas incluem (i) suporte de liquidez e de capital ao sistema financeiro dos respectivos países por parte dos diversos bancos centrais, (ii) transferências monetárias diretas às parcelas mais vulneráveis da população, notadamente para aqueles trabalhadores informais cuja fonte de renda foi suspensa com a paralisação de diversas atividades econômicas, (iii) apoio aos governos regionais e locais para compensar o aumento das despesas com o sistema de saúde e a perda de arrecadação decorrente da queda de atividade, (iv) medidas junto ao setor privado para a manutenção do nível de emprego, (v) apoio às empresas, particularmente por meio de linhas de crédito, que passaram a ter problemas de caixa como resultado da queda de demanda ou pelo próprio fechamento do negócio, e (vi) medidas para garantir o pleno funcionamento do mercado de crédito, principalmente em uma conjuntura de aumento do risco de inadimplência.
NÚMERO DE CASOS
De acordo com informações do Ministério da Saúde, no Brasil o primeiro caso da Covid-19 foi registrado no dia 26 de fevereiro e o primeiro óbito, no dia 17 de março. No último dia 21 de abril, com base ainda em dados do ministério, o país contabilizava 43.079 casos confirmados e 2.741 óbitos.
ISOLAMENTO SOCIAL
Nesse contexto e com base nas recomendações da Organização Mundial da Saúde e na experiência de outros países, diversas Unidades da Federação do país adotaram a partir de meados de março medidas para restringir a circulação das pessoas e, com isso, retardar a disseminação da doença. Tais medidas tiveram efeitos econômicos imediatos, com impactos não apenas sobre a atividade econômica nos respectivos Estados como sobre as expectativas dos diversos atores econômicos.
IMPACTO DA CRISE
No curto prazo, o impacto dessa paralisação econômica se concentra fortemente no setor de serviços da economia, com efeitos secundários sobre alguns setores industriais. Deve-se notar igualmente que atividades e serviços essenciais como geração e distribuição de energia elétrica, transporte de carga, produção e abastecimento de alimentos e combustíveis, dentre outros, seguiram em funcionamento. Tais aspectos têm sido incorporados aos diversos cenários econômicos, todos condicionados à duração, intensidade e abrangência das restrições, bem como à possibilidade da adoção de novas medidas restritivas no médio prazo, decorrentes de uma segunda onda de disseminação da doença. Como já indicado por diversas instituições, como o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial, a economia global deve enfrentar uma recessão econômica em 2020 como resultado do combate à pandemia do novo coronavírus, com a retração podendo alcançar 3,0% de acordo com as últimas estimativas do Fundo.
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RETRAÇÃO DO PIB MUNDIAL
Segundo estimativas próprias e levando em conta a hipótese de que as restrições à mobilidade (quarentena, confinamento) prevaleçam por 60 a 90 dias ao longo de 2020, de que afetem a totalidade dos países e de que estes adotem integralmente as medidas compensatórias anunciadas, a queda do PIB mundial deve ser de 3,7% este ano na comparação com 2019. Sem essas medidas compensatórias, a retração do PIB mundial poderia chegar a 6,0%.
RETRAÇÃO DO PIB BRASILEIRO
No caso do Brasil, o impacto das medidas de combate à pandemia deve fazer com que o PIB decline 3,6%, com retração da renda per capita de 4,4%, considerando que as medidas vigorem entre 60 e 90 dias ao longo do ano corrente e com a implementação das diversas ações econômicas compensatórias já anunciadas pelas diversas esferas de governo. Na ausência dessas medidas, o PIB brasileiro poderia declinar cerca de 5,7% em 2020. Espera-se igualmente uma retração expressiva do investimento agregado, dado o aumento da incerteza relativo ao horizonte de atuação e planejamento dos agentes econômicos, expectativa de redução da demanda das empresas, bem como do impacto da queda da atividade sobre as condições financeiras destas e, portanto, sobre o espaço para o investimento.
AUMENTO DO ENDIVIDAMENTO
Para fazer frente aos impactos econômicos, haverá um expressivo aumento do endividamento do setor público brasileiro, por meio do Tesouro Nacional, com impacto sobre a relação dívida pública - PIB. Além disso, o déficit primário do Governo Federal deve passar de 5% do PIB em fins de 2020. Com a demanda deprimida pela queda da renda, pelo aumento do desemprego e pelo quadro de incerteza relacionado à própria evolução da pandemia, as taxas de inflação devem ficar em 2020 abaixo do observado nos anos recentes no país, inclusive do centro da meta de inflação (4,0%). Com a saída observada de capitais estrangeiros, queda do preço das commodities e aversão internacional ao risco, o câmbio Real-Dólar deve seguir pressionado no curto prazo.
RECONSTRUÇÃO
Por fim, após o período mais crítico de combate à covid-19, quando o relaxamento das medidas de isolamento e de contenção da circulação das pessoas, o país terá que se voltar para a reconstrução da economia. Tal processo exigirá planejamento, identificação adequada das prioridades, ação coordenada entre as diversas esferas do setor público e mesmo entre este e o setor privado. Nesse contexto, a manutenção do programa de concessões na área de infraestrutura, como forma de sustentar o investimento agregado e a recuperação do nível de emprego, e a manutenção de políticas de sustentação da renda e da atividade deverão fazer parte do conjunto de opções. A retomada do processo de reformas econômicas, notadamente a tributária e a administrativa, deve ser igualmente considerada.
INCERTEZA
O nível de incerteza neste momento, em meio ainda à disseminação da doença em território nacional e às medidas de contenção, é muito elevado. Os diversos cenários econômicos, portanto, ainda refletem esse quadro e apresentam grande dispersão, mas os impactos sobre a economia brasileira não deixarão de ser severos, com possibilidade de afetar o desempenho econômico também em 2021. Segue desse cenário a necessidade de um plano de reconstrução, com o médio e o longo prazos como horizontes relevantes.
3
Gráfico 1 Produção de máquinas e equipamentos para a construção e mineração, índice base 2012 = 100 120,0
100,0
80,0
Produção
60,0
40,0
20,0
-
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020*
Fonte: IBGE. (*) projeção.
Gráfico 2 Emprego na indústria de máquinas e equipamentos para a construção e mineração, em pessoas
16.000
8.000
4.000
2012
2013
2014
2015
2016
Fonte: Ministério da Economia. (*) projeção.
2017
2018
2019
2020*
Gráfico 3 Exportações de máquinas e equipamentos para a construção e mineração, em US$ milhões
5.000
O nível médio do emprego formal na indústria de máquinas e equipamentos para a construção teve expansão de 4,5% em 2019, configurando o terceiro ano consecutivo de crescimento, ainda que em um ritmo inferior ao de 2018, quando foi registrada uma alta de 14,2%. Desagregando os números da indústria, o emprego com carteira assinada no segmento de tratores (não agrícolas) avançou 4,4% no ano passado, desacelerando frente ao resultado de 2018 (22,4%), enquanto que para o segmento de máquinas e equipamentos para terraplenagem, pavimentação e construção, a expansão do emprego foi de 4,6% em 2019, pouco abaixo da taxa do ano anterior (6,8%). Exportações
4.500 4.000 3.500 3.000 2.500 2.000 1.500 1.000 500 0
A produção da indústria de máquinas e equipamentos para a construção civil e mineração, que considera adicionalmente a produção de tratores de esteira e retroescavadeiras, registrou crescimento de 10,3% em 2019 na comparação com o ano anterior. Ainda que esta variação tenha ficado abaixo da observada em 2018 (23,9%), este foi o terceiro resultado anual positivo consecutivo. Com respeito a 2020, foi registrada uma queda de produção de 5,5% no acumulado no primeiro trimestre frente ao mesmo período de 2019, com retração de 4,2% da produção de máquinas e equipamentos para a construção civil e mineração e de 10,5% da produção de tratores de esteira e de retroescavadeiras. Emprego
12.000
-
INDÚSTRIA DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS
2012
2013
2014
2015
2016
Fonte: Ministério da Economia. (*) projeção.
2017
2018
2019
2020*
Após a retração observada em 2019 das exportações do setor, quando declinaram 22,5%, as vendas externas voltaram a registrar queda no primeiro quadrimestre de 2020. O conjunto das exportações teve retração de 34,7% no acumulado nos quatro primeiros meses do ano na comparação com o mesmo período do ano passado, resultado largamente influenciado pelo declínio de 44,5% das exportações de máquinas de terraplanagem e de perfuração e da queda de 15,0% das vendas de máquinas e aparelhos de elevação de carga e descarga. Por outro lado, as exportações de tratores avançaram 2,6% na mesma base de comparação.
4
Gráfico 4 Emprego na construção, incorporações e edificação, médias anuais, em pessoas
CONSTRUÇÃO
1.400.000
Edificações
1.200.000 1.000.000 800.000 600.000 400.000 200.000 0
2012
2013
2014
2015
2016
Fonte: Ministério da Economia. (*) projeção.
2017
2018
2019
2020*
Gráfico 5 Emprego na construção, obras de infraestrutura, médias anuais, em pessoas 700.000 600.000 500.000 400.000 300.000 200.000 100.000 0
2012
2013
2014
2015
2016
Fonte: Ministério da Economia. (*) projeção.
2017
2018
2019
2020*
Gráfico 6 Emprego na construção, serviços de apoio à construção, médias anuais, em pessoas
180.000 160.000 140.000 120.000 100.000
80.000 60.000 40.000 20.000 0
2012
2013
2014
2015
2016
Fonte: Ministério da Economia. (*) projeção.
2017
2018
2019
2020*
O segmento de incorporação e construção de edifícios encerrou 2019 com retração de 0,4% do nível médio do emprego com carteia assinada, indicando que o ritmo de crescimento do setor ainda segue historicamente baixo, embora essa queda do emprego tenha sido a menor desde 2014, ano que marcou o início do período recente de forte retração da atividade do setor. Em termos mais desagregados, o emprego formal no segmento de construção de edifícios ficou praticamente estável no ano passado, com queda de apenas 0,1%, enquanto que o do segmento de incorporação de imóveis teve queda de 1,8%. Apesar de as construções em andamento terem mantido seu ritmo em 2020, as obras de reformas devem apresentar forte retração. Obras de infraestrutura O nível médio do emprego com carteira assinada em obras de infraestrutura ficou estável na passagem de 2018 para 2019 após cinco anos consecutivos de queda. Determinante para esse resultado agregado foi a expansão do emprego nos segmentos de obras para a geração e distribuição de energia elétrica e para telecomunicações (alta de 3,6%) e de obras de urbanização (5,5%). Os destaques negativos foram os segmentos de construção de rodovias e ferrovias e o de construção de obras de arte, com retração do emprego formal de -4,4% e -3,3%, respectivamente, no ano passado. Serviços de apoio à construção As empresas da construção que prestam serviços de base, como aluguel de máquinas e equipamentos, demolição e preparação de canteiros, perfurações e sondagens e obras de terraplenagem, tiveram em 2019 um desempenho relativamente melhor considerando a evolução do emprego formal. Apesar do desempenho dessas empresas estar associado, em algum grau, ao ritmo de crescimento dos setores de edificações e de obras de infraestrutura, ainda em recuperação moderada, o emprego no conjunto de serviços de apoio à construção cresceu 3,7% em 2019, primeira variação anual positiva desde 2014. Os segmentos de aluguel de máquinas e equipamentos e o de obras de terraplenagem, com alta do emprego de 6,3% e de 0,7%, respectivamente, contribuíram largamente para o resultado agregado, dada a elevada participação de ambos no total do emprego do setor.
5
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO
Gráfico 7 Produção de materiais de construção, índice base 2012=100
120,0
100,0
Produção
80,0
60,0
40,0
20,0
-
2012
2013
2014
2015
Fonte: IBGE. (*) projeção.
2016
2017
2018
2019
2020*
Gráfico 8 Vendas de materiais de construção, índice base 2012=100
Comércio Varejista As vendas do comércio varejista de materiais de construção tiveram em 2019 o terceiro ano consecutivo de crescimento, com alta de 4,3%, taxa esta que superou a do ano anterior (3,5%). Com esse desempenho desde 2017, as vendas desses produtos se encontram 3,6% abaixo do nível de 2014, de patamar máximo histórico. Com respeito a 2020, no acumulado no primeiro bimestre do ano as vendas desses produtos mostraram uma expansão mais modesta, de apenas 0,2% na comparação com o mesmo período de 2018.
120,0
100,0
80,0
60,0
40,0
20,0
-
Em 2019, a produção física de materiais de construção registrou o segundo ano consecutivo de crescimento, com alta de 1,6%, superando a variação observada no ano anterior (1,0%). Apesar de tal desempenho, o nível de produção médio no ano passado ainda ficou 27,4% abaixo do nível médio de 2013, quando foi observado o maior patamar histórico de produção. No primeiro trimestre de 2020, houve perda de ritmo, com a variação acumulada de -2,1% da produção física desses bens.
Asfalto 2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020*
Fonte: IBGE. (*) projeção.
Gráfico 9 Produção de asfalto, total do ano, em m³ 3.500.000 3.000.000
A produção nacional de asfalto registrou em 2019 a terceira retração anual consecutiva, com declínio de 9,4%, superando tanto o resultado de 2018 (-2,8%) como o de 2017 (-9,1%), de acordo com informações da ANP. No acumulado primeiro trimestre de 2020, porém, a produção desse insumo apresentou crescimento de 31,5% na comparação com o mesmo período do ano passado.
2.500.000 2.000.000 1.500.000 1.000.000 500.000 -
2012
2013
Fonte: ANP. (*) projeção.
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020*
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MINERAÇÃO
Gráfico 10 Emprego na indústria de extração de areia, pedra e argila, em pessoas
80.000
60.000
Indústria extrativa
40.000
20.000
-
2012
2013
2014
2015
2016
Fonte: Ministério da Economia. (*) projeção.
2017
2018
2019*
Gráfico 11 Produção de produtos de minerais não-metálicos, índice base 2012 = 100
120,0
80,0
60,0
40,0
20,0
2012
2013
2014
Fonte: IBGE. (*) projeção.
2015
2016
2017
2018
2019
2020*
Gráfico 12 Produção de produtos de minerais não-metálicos, por segmento, variação acumulada no ano*, 2020 0,0%
-0,3% -2,0%
-1,9%
-4,0%
-3,8%
-6,0% -8,0%
-7,4%
-10,0% -12,0% -14,0%
Produtos minerais não-metálicos A fabricação de produtos minerais não metálicos – que engloba as indústrias de vidro, cimento, artefatos de concreto e fibrocimento, produtos cerâmicos e aparelhamento de pedras – encerrou o ano de 2019 com crescimento de 1,1% frente a 2018, superando o desempenho do ano anterior (0,5%) e configurando o segundo ano consecutivo de expansão. Apesar de tais resultados, ao fim de 2019 a produção dessas indústrias ainda se encontrava 20% abaixo do registrado em 2013, ano recorde de atividades. No acumulado do primeiro trimestre de 2020, no entanto, a produção desses insumos declinou 4,8% na comparação com o mesmo período de 2019.
100,0
-
Em linha com a moderada recuperação da construção civil, o emprego no segmento de extração de areia registrou crescimento de 0,3% em 2019, interrompendo quatro anos consecutivos de queda. No início de 2020, a indicação foi de continuidade dessa trajetória, visto que a renda desse segmento do setor mineral, a qual pode ser aproximada pelo volume arrecadado de CFEM por parte do governo federal, cresceu 24,0% em termos nominais no acumulado no primeiro quadrimestre do ano em relação ao mesmo período de 2019.
-11,9%
Vidro
Cimento
Fonte: IBGE.(*) até março.
Artefatos de concreto e fibrocimento
Produtos cerâmicos
Segmentos industriais Considerando os cinco segmentos da indústria de produtos minerais não metálicos, dois deles encerraram 2019 com queda de produção - o de vidro (10,8%) e o de aparelhamento de pedras (-5,6%), enquanto que os outros três registraram crescimento, inclusive com desempenho superior ao de 2018, sendo eles o setor produtor de cimento (3,0%), de produtos cerâmicos (1,2%) e o de fabricação e artefatos de concreto e fibrocimento (6,6%). No acumulado no primeiro trimestre de 2020, todos os segmentos apresentaram resultado negativo: vidro (-7,4%), cimento (-0,3%), artefatos de concreto e fibrocimento 3,8%), produtos cerâmicos (-11,9%) e aparelhamento de pedras (-1,9%).
Aparelhamento de pedras
7
AGRICULTURA
Gráfico 13 Área lavoura plantada, variação entre as safras de 2020 e 2019, (%) 3,0%
2,6%
2,6%
Área de lavoura e produção agrícola
2,0% 1,6% 1,3% 0,9%
1,0%
0,1% 0,0%
-0,7%
-1,0%
Fonte: IBGE.
Gráfico 14 Produção de bens agroindustriais**, índice base 2012 = 100
140,0
Aárea plantada na safra de 2020 deve crescer 1,3% em relação à de 2019, atingindo 80,279 milhões de hectares, de acordo com as últimas estimativas do IBGE. Desagregando esse número por lavoura, os destaques são cereais, leguminosas e oleaginosas, com expansão prevista da área de 1,6%, a soja (2,6%) e milho - 1ª Safra (2,6%). Com respeito à produção prevista para 2020, a safra deve ser novamente recorde, com 245,2 milhões de toneladas de cereais, leguminosas e oleaginosas, correspondendo a um crescimento de 1,5% ante a safra anterior, sendo o maior destaque a expansão da soja, com alta de 6,4% da produção, seguida pela laranja (4,4%) e milho – 1ª Safra (1,4%). Agroindústria
120,0 100,0 80,0 60,0 40,0 20,0 -
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020*
Fonte: IBGE. (*) projeção. (**) Inclui a fabricação de óleos vegetais, o refino de açúcar e a produção de celulose e biocombustíveis.
Gráfico 15 Exportações da agroindústria*, em US$ milhões
70.000
Exportações As exportações da agroindústria registraram no primeiro quadrimestre de 2020 um crescimento de 11,8% na comparação com o mesmo período do ano passado, totalizando nos quatro primeiros meses do ano US$ 18,457 bilhões. Vale registrar que as vendas externas da agroindústria declinaram 17,1% em 2019 frente a 2018, após três anos consecutivos de crescimento. Diferentemente do ano passado, até abril deste ano as exportações do complexo soja são o destaque positivo, com alta de 22,6%. O destaque negativo ficou por contas das vendas externas de papel e celulose, com retração de 26,3% no quadrimestre.
60.000 50.000 40.000 30.000 20.000 10.000 0
A produção do segmento industrial de produtos da agroindústria – que inclui as indústrias de óleos vegetais, a fabricação e refino de açúcar e a produção de celulose e biocombustíveis – registrou em 2019 o terceiro ano consecutivo de expansão, com alta de 0,9% frente a 2018. No acumulado entre janeiro e março de 2020, na comparação com o mesmo período do ano passado, todos os setores desse segmento apresentaram crescimento, com exceção da fabricação de óleos vegetais. Com o conjunto dos setores registrando aumento de 7,3% da produção nesses três meses, os destaques positivos foram a fabricação e refino de açúcar (26,7%) e a fabricação de biocombustíveis (13,2%).
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020*
Fonte: Ministério da Economia. (*) Inclui as exportações de açúcar, álcool, papel, celulose, soja (inclusive óleo) e suco de laranja
8
SERVIÇOS DE INFRAESTRUTURA
Gráfico 16 Consumo de energia elétrica, em TWh 400,0 350,0 300,0
Energia elétrica
250,0 200,0 150,0 100,0 50,0 0,0
2012
2013
2014
Fonte: ANEEL. (*) projeção.
2015
2016
2017
2018
2019
2020*
Gráfico 17 Volume de serviços de transportes, índice base 2012 = 100 120,0
100,0
80,0
60,0
40,0
20,0
0,0
2012
2013
2014
Fonte: IBGE. (*) projeção.
2015
2016
2017
2018
2019
2020*
Gráfico 18 Volume de serviços de telecomunicações, índice base 2012 = 100
O volume de serviços do setor de transportes fechou 2019 com uma queda de 2,5%, de acordo com a Pesquisa Mensal de Serviços do IBGE, interrompendo dois anos consecutivos de crescimento (2,2% em 2017 e 1,2% em 2018). Por outro lado, o faturamento nominal do setor teve expansão de 3,9% em 2019, terceiro resultado anual positivo, ainda que a variação tenha ficado abaixo dos anos anteriores (8,7% em 2017 e 5,8% em 2018). No primeiro bimestre de 2020, o volume de serviços do setor teve alta acumulada de 1,4% frente ao mesmo período de 2019, com o faturamento nominal avançando 5,0% na mesma base de comparação. Telecomunicações
120,0
Segundo dados do IBGE, o volume de serviços do setor de telecomunicações teve retração de -0,9% em 2019 na comparação com 2018, o quinto resultado anual negativo consecutivo. No entanto, essa retração foi a menor desde 2016. Da mesma forma, o faturamento nominal do setor declinou 0,2% no ano passado, melhor desempenho desde 2015, quando foi iniciada a sequência corrente de retração anual. Nos dois primeiros meses de 2020, o setor voltou a registrar resultados negativos, com queda de 3,2% no volume e de 2,1% do faturamento nominal na comparação com o primeiro bimestre de 2019.
100,0
80,0
60,0
40,0
20,0
0,0
O consumo de energia elétrica cresceu 1,2% no país em 2019 na comparação com o ano anterior, revertendo o resultado negativo de 2018 (-0,3%), atingindo 316,4 TWh, segundo informações da ANEEL. Cabe registrar que esse patamar de consumo ainda ficou 8,4% abaixo do montante observado em 2014, ano que marcou o nível máximo recente de consumo. O faturamento do setor elétrico em termos nominais também encerrou 2019 em expansão (9,0%), resultado em parte da alta de 7,6% da tarifa média no ano. Quanto a 2020, no primeiro bimestre o consumo declinou 3,6% em relação ao mesmo período de 2019, enquanto que o faturamento do setor seguiu em alta, com crescimento de 0,4% na mesma base de comparação. Transportes
2012
2013
2014
Fonte: IBGE. (*) projeção.
2015
2016
2017
2018
2019
2020*
9
CRÉDITO E INGRESSO DE CAPITAIS
Gráfico 19 Financiamento habitacional em R$ bilhão**
250
200
Imobiliário
150
100
50
0
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020*
Fonte: ABECIP e Caixa Econômica Federal. (*) projeção. (**) a preços constantes, inclui SBPE e FGTS, média dos últimos 36 meses.
Gráfico 20 Saldo do investimento direto estrangeiro no Brasil, US$ bilhões 300,000
250,000
Investimento direto estrangeiro
200,000
150,000
100,000
50,000
0,000
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020*
Fonte: Banco Central do Brasil. (*) projeção.
Gráfico 21 Créditos concedidos do FGTS para o financiamento da infraestrutura urbana, em R$ bilhões** 30,000
O ano de 2019 foi mais um ano de retração do volume de consultas de empréstimos ao BNDES de empresas da área de infraestrutura. Como mencionado em boletins anteriores, tomando o valor consolidado de 2016 como referência, o montante dos projetos de infraestrutura em consulta no banco ao longo dos 36 meses anteriores somou R$ 217,134 em valores correntes, declinando para R$ 155,986 bilhões em 2017, para R$ 119,587 bilhões em 2018 e, finalmente, para R$ 103,342 bilhões ao final de 2019 em consulta nos 36 meses anteriores. Com isso, a retração em 2019 foi de 13,6% nessa base de comparação de 36 meses móveis. FGTS infraestrutura urbana
25,000
20,000
15,000
10,000
5,000
0,000
Em 2019, a carteira de imóveis residenciais financiados pelo SBPE e pelo FGTS avançou em termos nominais 6,5% em relação a igual período do ano anterior. Esse resultado se deveu à evolução positiva das operações no âmbito do SBPE, as quais, segundo as estimativas, cresceram 37,1% no ano passado, refletindo o aumento dos depósitos nas cadernetas de poupança. Quanto ao FGTS, o valor financiado teve elevação de apenas 6,9% em 2019. Em termos de valores de financiamento, estima-se que as carteiras do SBPE e do FGTS de crédito concedido nos últimos 36 meses atingiram R$ 184,5 bilhões em 2019, montante 7,6% menor que o de 2018 (queda a preços constantes). O desempenho nos três primeiros meses de 2020, contudo, é alarmante: a queda no valor financiado no primeiro trimestre foi de quase 24,5%. Isso indica que 2020 deve fechar com forte queda.
2012
2013
2014
2015
2016
2017
Fonte: Caixa Econômica Federal. (*) projeção. (**) Valores correntes, média dos últimos 36 meses.
2018
2019
2020*
Os valores de créditos concedidos do FGTS para o financiamento da infraestrutura urbana nos últimos 36 meses somaram uma carteira de R$ 9,648 bilhões em 2019. Esse valor foi 14,1% maior que o verificado em 2018, indicando tendência de crescimento. O aumento se deveu ao desempenho bom dos empréstimos para mobilidade urbana. Os investimentos em saneamento tiveram queda de 11,7%. O primeiro trimestre de 2020, contudo, registrou uma expansão considerável de crédito para o setor de saneamento com uma operação de R$ 754 milhões em março deste ano, quase a metade do despendido em todo primeiro semestre de 2019.
10
Gráfico 22 Crescimento, inflação e câmbio 6,0%
5,024 3,654
3,7% 3,5%
4,0%
4,000
Macroeconomia
2,1%
2,0%
1,3%
0,9% -
0,0%
-
-2,0% -4,0% -6,0%
-5,7%
-8,0%
Crescimento econômico
Inflação
2018
Câmbio
2019
2020
Fonte: Ex Ante Consultoria Econômica.
Gráfico 23 Nível de atividades nos serviços de infraestrutura, taxa de crescimento (%) 2,0%
1,1%
0,0% -0,7%
-2,0%
-0,5%
-2,6% -4,0% -6,0% -8,0% -10,0% -10,6% Energia elétrica
Transportes 2019
Fonte: Ex Ante Consultoria Econômica.
Telecomunicações 2020
Gráfico 24 Investimentos em construção, por segmento, em R$ bilhões
180,000 160,000 140,000 120,000 100,000 80,000 60,000 40,000 20,000 Habitação
Infraestrutura urbana 2019
Fonte: Ex Ante Consultoria Econômica.
Para 2020, em razão da crise, espera-se queda da demanda por serviços de infraestrutura. O consumo de energia elétrica deverá cair mais de 5,6%, o de serviços de transportes, 10,6%, e o de serviços de telecomunicações, 0,5%. Essas quedas provocarão forte retração da capacidade de investir desses setores nos próximos dois a três anos. Investimentos em obras
200,000
-
Desde a publicação do último boletim, em janeiro de 2020, o cenário macroeconômico para 2020 sofreu alteração profunda em razão da crise sanitária e das consequentes restrições à produção por ela impostas. A estimativa de taxa de crescimento econômico, que apontava para uma expansão potencial do PIB de 2,2% em 2020 no primeiro boletim deste ano, foi revista para uma queda de 5,7%. A queda virá em razão da retração do consumo das famílias, das exportações e dos investimentos. Em parte, esses movimentos serão compensados pelos gastos do governo, com reflexos fiscais severos. Em termos de inflação, espera-se que o custo de vida tenha um crescimento menor, de apenas 2,1%. Isso permitirá a manutenção dos juros reais, que devem se manter em torno de 2,5% a 3,0% ao ano, cenário que somente será alterado em caso de uma pressão fiscal incontrolável. O câmbio deve se desvalorizar ligeiramente, passando do patamar de R$ 4,00 por US$ na média de 2018 para R$ 5,00 por US$ em 2020. Serviços de infraestrutura
-5,6%
-12,0%
PERSPECTIVAS 2020
Energia, telecom e transportes
Em termos de investimentos em novas moradias, espera-se redução 0,6% para 2020 em relação a 2019. Essa retração é resultado do volume menor de contratações realizadas em 2018 e 2019 e que estarão em fase de edificação neste ano. Mas também pesa a retenção de crédito no âmbito do FGTS observada em 2020, que deverá ter fluxo negativo em seu caixa em razão da crise. Ainda está incerto o que deve ocorrer com os investimentos em infraestrutura. Isso se deve à profunda retração das intenções de investimento observadas nos últimos anos causada pelas incertezas relativas ao cenário político e institucional do país, que se agravou enormemente nos últimos ano.
2020
11