Estudo Sobratema do Mercado Brasileiro de Equipamentos para Construção - Edição 2011

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Estudo Sobratema do Mercado Brasileiro de Equipamentos para Construção – 2011-16

Parte A (pág. 2-20)  O mercado mundial de equipamentos de construção  Pesquisa Sobratema 2011-2012  Sondagem dos compradores Brian Nicholson, MiniMax Editora Especializada Ltda, Consultor da Sobratema

Parte B (pág. 21 – 70)  Comentários econômicos  Projeções para o mercado de equipamentos de construção até 2016 Rubens Sawaya, Insight Consultoria Econômica, Consultor da Sobratema

As opiniões refletidas nos comentários não representam, necessariamente, a posição da Sobratema.

Dezembro, 2011

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Metodologia do Estudo Sobratema Agora no seu quinto ano, o Estudo Sobratema do Mercado Brasileiro de Equipamentos para Construção visa oferecer aos setores público e privado, à mídia e ao público em geral uma visão melhor do tamanho, importância e perspectivas de um segmento essencial da economia. Não se trata de uma simples contabilização da produção – o Brasil é produtor e exportador tradicional de algumas categorias de equipamento – mas sim uma estimativa da demanda interna. Ou seja: Produção nacional, menos exportação, mais importação. Importante também notar que o Estudo Sobratema abrange mais que a chamada “linha amarela” de equipamentos de movimentação de terra; inclui também outros itens de peso nas compras do setor de construção como equipamentos de manuseio, guindastes e telehandlers. Contempla ainda as compras de equipamentos de construção pelos setores de mineração e agricultura, mas sem somar os equipamentos específicos destes setores, por exemplo, colheitadeiras. Também inclui uma estimativa da demanda, somente pelo setor de construção, de caminhões rodoviários – principal, mas não somente basculantes pesados e semi-pesados usados para transportar pedra e terra. Conduzido anualmente, o Estudo Sobratema recebe informações de várias fontes, e todas as informações quantitativas e qualitativas fornecidas pelas empresas são mantidas em sigilo. Assim, o Estudo calcula e divulga somente dados agregados, nunca market share. Além de oferecer um raio-x anual do setor, o Estudo Sobratema apresenta estimativas para o próximo ano, e projeções para crescimento ao longo dos próximos cinco anos, bem como uma estimativa do crescimento da frota, e uma ampla análise dos drivers econômicos relevantes. O Estudo Sobratema conta com a participação de muitas empresas atuantes no Brasil – fabricantes, importadoras e distribuidoras de equipamentos – bem como várias construtoras, mineradoras e empresas de rental. Também recebe a colaboração de associados individuais, e o apoio valioso dos diretores regionais.

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Estrutura institucional do Estudo O Estudo Sobratema do Mercado Brasileiro de Equipamentos para Construção é conduzido para a Associação por consultores externos, sob a supervisão do Grupo de Apoio Sobratema (GAS). Este grupo é composto de diretores da Sobratema que também são executivos em empresas de construção e outras ligadas ao setor, com larga experiência na área de equipamentos. É relevante observar que os dados individuais das empresas não são repassados ao GAS, que recebe e avalia somente os dados agregados.

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O mercado mundial Uma função do Estudo Sobratema é de situar o mercado brasileiro de equipamentos para construção dentro do contexto internacional. Isso oferece parâmetros importantes para as empresas, o governo e a mídia, e se tornou anda mais importante com o crescimento do mercado brasileiro e a crise internacional. O gráfico, que focaliza principalmente equipamentos da linha amarela, mostra como a demanda total global caiu do seu pico de um milhão de unidades em 2007 para 600 mil em 2009, e agora vem se recuperando, com volume total estimado em 810 mil em 2011. A previsão – da consultoria britânica Off-Highway Research (OHR) – é que a demanda global volte ao seu nível pré-crise em 2014. Ou seja, o setor perdeu sete anos.

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Velocidade da recuperação mundial É interessante observar que a recuperação do mercado mundial vem acontecendo mais rapidamente do que era previsto. As colunas verdes no gráfico indicam as previsões feitas em 2010, pela OHR; enquanto as barras vermelhas são as previsões feitas em 2011. A razão principal para este desempenho melhor que o esperado vem das grandes economias emergentes, lideradas obviamente pela China.

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Raio-x mundial Os 810 mil equipamentos vendidos ao redor do mundo em 2011 (estimativa preliminar) representam um valor total de US$ 82 bilhões, o que daria uma média de aproximadamente US$100 mil cada. É interessante observar que essa média internacional é algo como 50% a 60% do preço médio no Brasil. Pesam os encargos maiores no Brasil, mas também o preço muito menor na China, que corresponde a quase a metade da demanda global, e eventuais variações na composição do perfil de demanda em países diferentes. Um fator que pesa sobre a recuperação do mercado é a grande população de máquinas quase novas, consequência natural das fortes vendas até a crise.

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O Brasil e as grandes economias mundiais Para contextualizar o mercado brasileiro no mundo, é interessante ver a dinâmica muito diferente das respectivas economias. O mercado de automóveis novos não espelha o mercado de equipamentos de construção – os drivers são bem diferentes – mas as vendas de automóveis novos é talvez o melhor termômetro da saúde geral das economias. Isso porque, para adquirir um automóvel novo, o comprador comum precisa normalmente de três coisas: crédito, salário, e a confiança de que não vai perder o emprego. O gráfico a seguir traça as vendas mensais de automóveis e veículos leves novos no Brasil, nos Estados Unidos e na União Europeia (15 países), igualando os três mercados em forma de índice e usando as vendas médias de 2006 com uma base. As vendas são sempre a média móvel dos últimos 12 meses, para eliminar as grandes variações sazonais. Por que 2006? Porque 2006 era o último ano completo antes da crise. Podemos ver que os EUA já estavam com vendas em processo de enfraquecimento antes da crise; caíram 60% do seu nível pré-crise durante 2009 e desde então vem ensaiando uma recuperação lenta. Enquanto isso as vendas na Europa resistiram mais; nunca caíram tanto quanto nos EUA, mas a recuperação iniciada em 2009 logo murchou, e entraram de novo em lenta queda. É o espelho exato dos problemas econômicos daquele bloco. O Brasil, por sua vez, veio crescendo bem até quase o final de 2008. A economia então quase parou de repente como reflexo da crise internacional. Mas o baque era de curta duração, porque a economia nacional e o setor financeiro estavam basicamente saudáveis e governo federal rapidamente tomou medidas de estímulo, e o mercado vem crescendo desde então. Assim, o Brasil no final de 2011 tem um mercado quase duas vezes o tamanho de 2006, enquanto os Estados Unidos e a Europa continuam bem abaixo.

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O que aconteceu em 2011 Os mesmos dados do gráfico anterior escondem um fato interessante. Ao selecionar somente os dados para 2011, e colocar estes numa base de 2010, podemos ver que de fato as vendas de automóveis em 2011 crescerem mais rapidamente nos EUA que no Brasil, embora sempre com a ressalva de que o setor nos EUA vem se recuperando de um nível muito baixo. O seja, existem sinais de vida na economia americana. Mas, as previsões para o crescimento geral da economia nos EUA e no Brasil são o inverso – nos EUA o PIB talvez cresça 1,5% em 2011, e no Brasil 3%. E isso joga uma luz importante na diferença entre as duas economias. A recuperação nos EUA é tímida, e não vem sendo acompanhada por investimentos no setor de construção e infraestrutura num nível que puxaria a demanda para equipamentos de construção. Reflete a falta de maiores gastos de estímulo, por parte do governo americano.

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Construção continua fraca nos EUA A recuperação lenta da economia norte-americana, mostrada no gráfico anterior, não atinge todos os setores, como pode ser visto nos dados para o setor de construção. Nas três grandes áreas de construção – comercial/industrial, residencial e infraestrutura – o valor dos projetos iniciados até setembro em 2011 foi aquém dos valores correspondentes em 2010. Quem acompanha a política norte-americana sabe do receio de vários legisladores de aprovar gastos adicionais para estimular a economia, e da situação ainda problemática do setor residencial, onde ainda há muitos leilões de casas em execução hipotecária.

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Na Europa, gastos na infraestrutura em queda A situação na Europa não inspira muito otimismo. Euroconstruct, entidade que reúne institutos de pesquisa do setor em 19 países da Europa ocidental e central/oriental, projeta crescimento moderado na construção residencial em 2012, mas retração nos segmentos de construção comercial/industrial e infraestrutura. E a construção residencial, além de demandar normalmente menos intensidade de equipamentos da linha amarela, representa menos de um terço do setor, em termos de valor total de projetos. Nas suas previsões mais recentes, a entidade prevê contração geral do setor de 0,6% em termos de volume em 2012, nos 19 países monitorados, com o setor voltando aos níveis dos anos 2000 somente no final de 2014, na melhor das hipóteses.

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Na Europa oriental, mais otimismo As perspectivas são bastante diferentes na Europa ocidental e oriental. Naquela, as economias mais tradicionais e maiores do bloco devem enfrentar um período prolongado de crescimento econômico morno, com reflexos inevitáveis no setor de construção – e por tabela, na demanda para equipamentos. Segundo a Euroconstruct, o setor não cresce mais de 1,3% ao ano até 2020 na Europa ocidental. Enquanto isso, na Europa central, onde os países são em geral mais pobres e ainda numa fase de construção ou reconstrução da infraestrutura, as perspectivas são melhores. Mais uma vez, porém, é importante observar que essas previsões da Euroconstruct antecedem a pior fase da crise da Zona do Euro. Há um grande grau de incerteza quanto o andamento da economia europeia nos próximos anos, e a probabilidade maior é que qualquer viés seja para baixo, tanto no crescimento das economias, tanto na recuperação do setor de construção.

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No cenário mundial, a vez dos ‘BIC’s As mudanças e tendências acima resumidas, nas economias do mundo e seus setores de construção, geraram uma enorme redistribuição no mercado global para equipamentos de construção. Como mostra o gráfico de composição percentual, o mercado mundial de equipamentos de construção se transformou nos últimos anos. Em 2004 as duas maiores praças no Primeiro Mundo – Europa e América do Norte – somavam 51% da demanda global, enquanto os três grandes emergentes – Brasil, Índia e China – totalizavam 23%. Passada uma década, a situação mais ou menos se inverteu. Europa e América do Norte terão 26% juntos, contra 60% dos três recém-chegados. O Brasil, especificamente, saiu de pouco mais de 1% para em torno de 4%. Este realinhamento do mercado global já estava acontecendo de forma lenta mas natural e inevitável, devido ao crescimento das economias emergentes, principalmente os bem-conhecidos BRICs – Brasil, Rússia, Índia e China. Mas a crise nas economias mais ricas, junto com o impacto bem menor nos grandes emergentes – com exceção da Rússia, que sofreu bastante – foi como um choque sísmico no mercado global de equipamentos. E foi igualmente rápido. No gráfico, fica claro que o peso das mudanças aconteceu num curto espaço de tempo, entre 2007 e 2010, seguido por um processo não de restauração da situação anterior, mas de consolidação da situação nova. É só bater olho nessa redistribuição definitiva do mercado mundial de equipamentos de construção para entender os investimentos em novas fábricas no Brasil, tanto pelas fabricantes de equipamentos aqui instaladas há tempo, tanto por players novos, e também a enxurrada de importações havida no setor.

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Após a explosão de 2010, um crescimento confortável A tabela mostra os grandes resultados do Estudo Sobratema do Mercado Brasileiro de Equipamentos para Construção para 2011, com previsões para 2012. As projeções até 2016 aparecem no final da Parte B, após a análise econômica. Os números chaves são aqueles em vermelho – crescimento estimado de 9% na demanda para equipamentos da linha amarela em 2011, com mais 10% esperado para 2012. Na definição abrangente de equipamentos usados pelo Estudo Sobratema, incluindo não somente linha amarela mas também compressores e equipamentos de manuseio, e também os caminhões rodoviários e tratores de pneu adquiridos pelo setor, o crescimento em 2011 foi estimado em 18%. Mas é importante notar que os dados são bastante influenciados pela venda atípica dos caminhões. De longe o maior segmento contemplado no Estudo, os caminhões experimentaram vendas excepcionalmente fortes em 2011 devido à antecipação das compras para evitar os preços maiores esperados em 2012, quando entrar em vigor a nova regra ambiental Euro-5 (Proconve-7). Como corolário, o Estudo prevê zero de crescimento neste segmento em 2012. Outros resultados interessantes incluem o forte crescimento nos equipamentos menores – miniescavadeiras, skid steers e telehandlers. Representa a continuação de uma tendência, muito ligada à modernização do setor de construção no Brasil. Podemos observar ainda o desempenho mais fraco das pás carregadeiras e motoniveladoras, reflexo com certeza dos investimentos abaixo do esperado na construção rodoviária em 2011.

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Importações talvez no seu ponto máximo Uma inovação no Estudo Sobratema do Mercado Brasileiro de Equipamentos para Construção este ano foi de estimar a penetração no mercado brasileiro de equipamentos importados, especificamente na linha amarela. Como mostra a tabela a seguir, foram 8.724 equipamentos importados, o que representa uma penetração geral de 29%. Por segmento, os importados dominam desde 7% do mercado brasileiro, no caso das retroescavadeiras, até 100%, no caso das mini-escavadeiras hidráulicas, que simplesmente não têm fabricação nacional. Estes dados precisam ser colocados em contexto. Primeiro, muitas importações são feitas por empresas que têm fábricas no Brasil. Importam alguns modelos, que não são aqui fabricados, enquanto exportam outros. É parecido com o que acontece no setor automobilístico, e sinaliza a consolidação do Brasil dentro de sistemas de fornecimento internacional. As estimativas sugerem que, mesmo com importações neste nível, o Brasil continua a ser um exportador líquido na linha amarela, em termos de volume. Ou seja, em 2011 exportou mais equipamentos de que importou. O último ponto é talvez o mais importante. Muitas importações em 2011 foram feitas por empresas que já anunciaram planos de construir fábricas no país. Ou seja, importavam para testar o mercado, estabelecer uma infraestrutura de distribuição e suporte, e agora estão partindo para a produção local, eventualmente com planos de usar o Brasil como base para suprir outros países. Nem todas as fábricas novas vão alcançar plena capacidade em 2012, mas a lógica sugere que as importações na linha amarela devem começar a diminuir, sendo substituído pela produção local dos mesmos equipamentos. Devem continuar as importações de alguns modelos feitas por empresas com fábricas no Brasil, e também importações feitas por players menores, mas equipamento de construção é um setor que exige certo tamanho para justificar a estrutura de suporte pós-vendas necessário. Isso milita contra uma grande penetração de pequenas e/ou eventuais importadoras.

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A sondagem das compradoras

Na reta final do Estudo Sobratema do Mercado Brasileiro de Equipamentos para Construção – 2011-16, foram ouvidas duas dúzias de empresas que compram equipamentos, na sua maioria construtoras, mas também algumas empresas de rental. A sondagem incluiu empresas sediadas em várias capitais – Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre – e com perfis e tamanhos bastante diferentes. Embora limitada, estatisticamente, pelo tamanho da amostra, a sondagem oferece informações interessantes sobre o ânimo e expectativas do setor, e seus principais problemas. A seguir, os resultados completos, com comentários.

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Um ano difícil, mas não ruim Importante observar a forma da pergunta. Não perguntamos: “Como foi o ano de 2011?” e sim como foi o ano, comparado com suas expectativas iniciais. Devemos lembrar que, no Estudo Sobratema do Mercado Brasileiro de Equipamentos para Construção do ano passado, uma sondagem parecida revelava as empresas compradoras de equipamentos bastante otimistas quanto às perspectivas para 2011, prevendo demandar um volume de equipamento bem maior que em 2010, enquanto os fabricantes adotavam uma postura mais cautelosa, prevendo crescimento entre 0% e 10% nas vendas gerais de equipamentos de construção no país. Naquele momento, ao fechar as previsões para 2011, a avaliação do Grupo de Apoio da Sobratema foi de que o setor de construção como um todo estava sendo otimista demais, e que a tendência mais provável para a demanda de equipamentos em 2011 seria de uma consolidação após o crescimento explosivo de 2010, embora com algum avanço moderado. De fato, o ano de 2011 foi em geral aquém das expectativas das construtoras, mas melhor do que o esperado por vários fabricantes. Certamente, não foi um ano ruim. Houve atraso em obras, sendo algumas das razões apontadas e comentadas nas próximas perguntas.

Pergunta: Em termos de volume de business, para sua empresa o 2011 foi: Muito melhor que esperado Melhor que esperado Mais ou menos como esperado Pior de que esperado Muito pior de que esperado 0

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O gargalo da mão-de-obra Interessante o destaque dado à falta de mão de obra especializada. Não é fenômeno novo no setor, mas sem dúvida é problema crescente. Pensando na prevista expansão da frota nacional, e a rotatividade normal da profissão, podemos dizer com segurança que o Brasil precisa treinar pelo menos 30 mil operadores por ano, só na linha amarela – e isso sem contar pessoal de suporte, manutenção, e assim vai. À medida que muitas obras vêm trabalhando em dois ou até três turnos – como, por exemplo, o Estádio de Itaquera, em São Paulo – cresce de forma correspondente o número necessário de operadores. A Sobratema tem o Instituto Opus, que oferece um treinamento de excelente nível para operadores de equipamentos. Seu certificado é benchmark no mercado. Opus faz cursos para várias das maiores construtoras, e o Exército Brasileiro, e até ganhou uma concorrência internacional para montar um curso de treinamento na África. Mas seu volume está longe de atender a demanda do setor no Brasil. Formou em 2011 pouco mais de mil operadores, dos quais somente 30% da linha amarela. Um dos gargalos é definir quem pague o custo, que no Opus pode ser de R$ 1.200 até R$ 2.500, a depender da complexidade do equipamento e do nível de experiência prévia do operador. Muitas empresas formam operadores internamente, com níveis diferentes de êxito, mas relutam em investir em cursos externos com medo de em seguida perder o funcionário bem qualificado para um concorrente. Um operador “comum” de escavadeira hidráulica ganha hoje entre R$ 1.200 e R$ 2.000, enquanto um craque na motoniveladora ganha até R$ 5 ou R$ 6 mil por mês. No topo da pirâmide, o operador especializado nos mais modernos, maiores e complexos guindastes pode receber R$ 15 mil/mês. Pensando no tamanho do país, na dispersão geográfica das obras, e em todos os fatores econômicos e sociais que impactam o setor, parece razoável supor que treinamento de mão de obra especializada não terá uma só solução, mas várias, envolvendo fabricantes, usuários, instituições e o governo, e que será uma questão que vai precisar de atenção constante. É natural que a falta de mão de obra treinada, junto com os aumentos reais para o salário mínimo e o bom momento da economia, vão continuar puxando o custo do empregado; nada, porém, custa mais que colocar em cima de uma nova e caríssima máquina um operador mal preparado.

Pergunta: Principais problemas em 2011: Falta de crédito para compra de equipamentos Falta de mão de obra especializada Custo de mão de obra Atraso em obras Nada importante 0

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Atrasos têm causas evitáveis Como pode ser visto nas respostas à pergunta anterior, muitas empresas reclamaram de atraso em obras. E de longe, a razão principal citada para tal demora foi o atraso nos processos de licenciamento ambiental. Mais uma vez, trata-se de problema antigo, e recorrente, e um que o governo já prometeu resolver ou pelo menos minimizar. Além disso, as construtoras reclamam de atraso em licitações e liberação de verba – mais dois problemas que se resumem principalmente numa questão de eficiência e organização do setor público. A reclamação quanto “liberação de verba” é interessante. A linha oficial durante 2011 foi no sentido de que os recursos do PAC-2 não sofreriam nenhum contingenciamento, mesmo dentro do cenário maior de austeridade. Mas na prática, várias empresas relataram casos de verba programada que simplesmente não chegou.

Pergunta: Caso houve atraso significativo em obras, quais as razões principais? Liberação de verba Injunções Licenciamento Licitação 0

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Em 2012, demanda um pouco mais alta? Neste quesito, perguntamos às empresas quanto a sua estimativa de demanda para equipamentos adicionais em 2012, independente de estes serem comprados ou alugados. Uma simples soma das respostas, sem ponderação por tamanho de empresa, indica uma pequena tendência de expansão de demanda, comparada com 2011. As empresas também foram convidadas a estimar este diferencial de demanda, em termos de porcentagem, comparado com o volume demandado em 2011. Uma média aritmética simples, e mais uma vez sem ponderação pelo tamanho das diferentes empresas, indicou uma demanda 5% maior que em 2011. Trata-se de uma expectativa um pouco abaixo da projeção indicada no Estudo de Mercado da Sobratema, que é baseada principalmente em previsões de fabricantes e hipóteses de desempenho da economia.

Pergunta: Comparado com 2011, sua empresa deve comprar/alugar mais ou menos equipamentos em 2012?

Menos Igual ou não sei Mais 0

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Como podemos melhorar? Mais uma vez, o grande gargalo previsto é na área de falta de mão de obra especializada. Os comentários anteriores são relevantes.

Pergunta: Qual a dificuldade maior que sua empresa imagina enfrentar em 2012 Falta de equipamentos Falta de crédito para compra de equipamentos Falta de mão de obra especializada Custo de mão de obra Atraso em obras Nada importante 0

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Mas, as empresas também foram sondadas quanto “a reforma ou mudança mais importante que o Brasil precisa hoje, para melhorar o nível de atividade no setor de construção em geral?” Entre as muitas sugestões, alguns destaques: •

Mais velocidade, clareza e objetividade na avaliação dos impactos ambientais – menos burocracia.

Reformar/simplificar/agilizar procedimentos para processos licitatórios.

Mais treinamento para o pessoal do Ministério Público, visando maior bom senso na aplicação das normas de segurança e ambientais.

Melhoria na qualidade dos projetos apresentados.

Melhoria na educação e saúde da população; mais ensino técnico.

Especificamente com referência aos procedimentos de avaliação dos impactos ambientais, e a fiscalização das normas de segurança no trabalho, é importante sublinhar que nenhuma empresa pleiteou relaxamento das regras ambientais ou de segurança. O que o setor quer, isso sim, é que as regras existentes sejam aplicadas mais rapidamente, com menos burocracia, mais transparência e maior bom senso.

Rental: estabilidade? Perguntamos às construtoras sobre sua utilização de rental – especificamente, sobre a porcentagem da sua necessidade total de equipamentos que foi atendida pelo rental em 2011, e a expectativa para o ano que vem. Em ambos os casos, a média simples das repostas foi em torno de 25%.

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Parte B Comentários econômicos Projeções para o mercado de equipamentos de construção até 2016

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Parte B: Sumário 1.

Introdução ........................................................................................................... 23

2.

O mercado de máquinas da construção ................................................................. 25

2.1.

O mercado brasileiro

2.2.

Produção nacional e importações

3.

Crise internacional e o mercado de máquinas ........................................................ 29

3.1.

A crise na Europa e EUA

3.2.

A economia chinesa

3.3.

Tendências internacionais para próximos anos

3.4.

O Brasil e a crise mundial

4.

Conjuntura nacional ............................................................................................. 36

4.1.

PIB e produção industrial

4.2.

Emprego e renda

4.3.

Crédito

4.4.

Setor externo

4.5.

Conjuntura nacional - desafios

5.

Análise dos principais mercados para máquinas .................................................... 49

5.1.

Infraestrutura

5.1.1. Desembolsos BNDES 5.1.2. PAC II 5.1.3. Copa do Mundo 5.1.4. Olimpíadas 5.1.5.

Infraestrutura – problemas e desafios

5.2.

Construção civil

5.2.1. Construção civil em geral 5.2.2. Minha Casa Minha Vida 5.2.3. Problemas e desafios para a construção civil 5.3.

Mineração

5.4.

Agricultura 4

6.

Projeções 2012-2016 ............................................................................................ 68

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1. Introdução Em 2011, apesar das políticas econômicas negativas à continuidade do crescimento de 2010, o mercado de máquinas sofreu um desaquecimento em suas vendas, mas foi surpreendido pela elevação da participação de máquinas importadas. As empresas compraram máquinas à espera da necessária infraestrutura que deveria ser implantada, mas que, em parte, ficou para os próximos anos. A pressão do mercado financeiro por políticas antiinflacionárias prejudicou os investimentos previstos tanto por parte do Estado como das empresas privadas envolvidas com as obras. Após uma forte expansão da economia brasileira em 2010 que se refletiu de forma extremamente positiva no mercado de máquinas para a construção pesada, puxando o crescimento das vendas para 70% sobre 2009, no final do ano iniciou-se uma ofensiva contra a continuidade do crescimento que invadiu a imprensa sob o argumento de possibilidade de explosão inflacionária. Vale lembrar que esse forte crescimento de 2010 ainda era reflexo das políticas contra os efeitos da crise de 2009. A pressão massiva, vinda principalmente dos economistas de bancos, forçou o novo governo que assumia no início de 2011 a fazer uma série de políticas preventivas de cortes nos gastos públicos e elevação das taxas de juros com objetivo de frear o crescimento econômico. Assim, iniciamos 2011 com uma forte tendência contracionista da economia que se manifestou em desaceleração na produção industrial ainda no primeiro semestre. Os empresários investidores perceberam a situação como uma sinalização de que deveriam colocar o pé no freio. Se de um lado a pressão por elevação de juros e corte nos gastos públicos tinha como objetivo desacelerar a demanda, principalmente por bens de consumo e assim diminuir a pressão inflacionária, seu resultado foi muito mais forte sobre a decisão de investimento produtivo dos empresários. A política teve muito mais impacto sobre a oferta do que sobre a demanda, o que piorava o cenário. A demanda continuou relativamente forte apesar da elevação das taxas de juros e do corte no crédito. Diante de taxas de câmbio extremamente valorizadas, os agentes econômicos passaram a trocar produção interna por importações, criando mais problemas do que resolvendo. Não só a oferta interna estava em queda como estava sendo substituída por importações diante de uma demanda ainda aquecida. Os impactos inflacionários foram até arrefecidos por tal política, mas esta colocou a economia brasileira em uma profunda desaceleração, principalmente na produção industrial e nos investimentos. Os cortes nos gastos públicos e a criação de um cenário de desaceleração macroeconômica tiveram impacto negativo sobre o setor de máquinas da construção pesada. Investimentos que estavam previstos no PAC foram atrasados ou não foram levados adiante. Apenas foram preservadas as operações do Programa Minha Casa Minha Vida, bem como os investimentos no segmento de energia, alguns ligados a decisões de investimento da Petrobrás que impactam muito pouco o setor de máquinas da construção pesada, embora outros ligados a grandes obras de geração de energia hidráulica. A crise internacional acrescentou perspectiva negativa sobre a economia brasileira. Agravou ainda mais a desaceleração provocada pela política econômica contracionista interna. Por outro lado, no segundo semestre, o agravamento da situação internacional acabou sendo positivo para a economia brasileira na medida em que possibilitou ao Governo mudar as políticas econômicas, embora já tarde demais para modificar as tendências que resultaram das medidas restritivas do início do ano. Mas é interessante notar que, mesmo diante de cenário de desaceleração da economia brasileira, as vendas de máquinas ainda foram positivas e mantiveram-se dentro do previsto em 2010. As vendas do segmento de linha amarela chegaram a 9,2%. Quando são incorporados outros equipamentos atingiram 12,4%. Apenas destoam quando se inclui caminhões por questões específicas. O principal motivo para o mercado de máquinas da construção pesada se manter relativamente aquecido diante de diminuições do crescimento mais acentuadas em outros segmentos da indústria foi a necessidade 23 Copyright © Sobratema 2007-2012


conhecida de obras de infraestrutura para os próximos anos. Outra razão é o fato de os setores de construção civil e pesada serem lentos tanto na desaceleração como na aceleração, dada que funcionam em uma perspectiva de mais longo prazo. De forma positiva, a desaceleração internacional permitiu uma mudança de rota na política econômica brasileira. O Governo vem dando sinais de reação. Baixou as taxas de juros e permitiu uma desvalorização da moeda nacional. Ambas as mediadas têm o objetivo de não deixar a economia desacelerar. A seqüência que normal seria reativar as obras de infraestrutura com impacto positivo sobre o setor de máquinas da construção pesada.

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2. O mercado de máquinas da construção Neste ano de 2011, o mercado de máquinas no Brasil foi surpreendido pela elevação das máquinas importadas, principalmente asiáticas. Isso não ocorreu por falta de competitividade ou incapacidade de oferta por parte das indústrias de máquinas aqui instaladas. Foi o resultado de uma taxa de câmbio extremamente valorizada que tornou o produto importado muito barato, em conjunto com um excesso de oferta mundial dado o tamanho que a indústria adquiriu, principalmente no extremo oriente. Assim, se de um lado os produtores nacionais sofreram com a concorrência externa, de outro lado, os fabricantes que não possuem instalações no Brasil tiveram a possibilidade de sentir e estudar esse mercado. Com isso, prometem montar estruturas produtivas no Brasil e anunciam seus investimentos.

2.1. O mercado brasileiro É importante notar que mesmo em um ano de desaceleração do crescimento com forte queda na produção industrial em diversos setores, o segmento de máquinas para construção ainda apresentou um bom desempenho. As construtoras e locadores ainda compraram máquinas diante das necessidades esperadas de projetos de infraestrutura programados pelos eventos que o Brasil sediará como Copa do Mundo e Olimpíadas. Pesa ainda a favor as reais necessidades de infraestrutura no Brasil que geram um sentimento otimista no mercado, alimentado pela posição favorável do Governo pelo crescimento econômico, apesar de constantemente bombardeado pelos defensores das políticas restritivas antiinflacionárias. As obras em andamento mantiveram seu cronograma, garantindo um crescimento razoável. De qualquer forma, depois do forte crescimento das vendas nos últimos anos, não era de se esperar que o setor permanecesse em tal trajetória. Ainda mais diante das pressões por desaceleração da economia e pelo agravamento da crise mundial. O atraso nos investimentos públicos principalmente na infraestrutura e a realização de políticas econômicas contracionistas provocaram uma desaceleração nas vendas de máquinas em relação aos anos anteriores. As vendas de máquinas e equipamentos apenas na linha amarela cresceram 9,2%, enquanto haviam crescido mais de 80% em 2010 contra 2009. Quando consideradas todas as máquinas e equipamentos consideradas na pesquisa, o crescimento em 2011 sobre 2010 foi de 18%. É importante frisar que esse crescimento em grande parte deve-se ao parque de caminhões utilizados na construção. A nova legislação ambiental e o crédito farto provocaram uma enorme elevação nas vendas desses equipamentos, distorcendo os dados gerais. Assim, se considerarmos os equipamentos acompanhados pela pesquisa sem considerar os caminhões, o crescimento atinge 12% em 2011 sobre 2010.

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Nesse cenário de corte de gastos públicos, as vendas para o segmento de infraestrutura de fato tiveram uma desaceleração como já era esperado no final do ano passado. Os investimentos necessários para fazer frente às necessidades das Olimpíadas e Copa do Mundo estão relativamente atrasados. As vendas de máquinas e equipamentos para o segmento de infraestrutura elevaram-se em 15%, mas esse percentual é distorcido pela enorme venda de caminhões. Por outro lado, o segmento de construção civil teve um desempenho melhor do que o esperado. A manutenção dos gastos com o programa Minha Casa Minha Vida, o único gasto público, hoje incluído no PAC, que não teve redução relativa, além dos investimentos em energia e petróleo. Os investimentos na construção civil em geral apenas mantiveram-se por conta das obras já iniciadas em 2010 que não podiam ser desaceleradas ou interrompidas. O elevado preço dos imóveis garantiu alguma continuidade dos investimentos no segmento. Já no segmento de mineração, as exportações para a China se mantiveram elevadas, garantindo a produção nacional. Os preços ainda muito elevados também permitiram a exploração lucrativa em diversas minas. Assim também esse setor manteve uma trajetória de crescimento em sua demanda de máquinas e equipamento da construção. A demanda por máquinas da construção no segmento agrícola cresceu menos em relação aos outros segmentos. Problemas de diminuição da produção de cana-de-açúcar bem como desaceleração na produção do setor de grãos implicaram em um crescimento de 9,9% em relação a 2010.

2.2. Produção nacional e importações A produção de máquinas e equipamentos da construção pesada no Brasil observou um crescimento de 14,6% quando comparado o período de janeiro a setembro de 2011 contra 2010. Quase a totalidade desse crescimento deveu-se ao primeiro semestre. Na segunda metade do ano a produção apresentou queda gradativa observando uma perda de 7% em setembro de 2011 quando comparado ao mesmo mês de 2010. Parte de crescimento observado deveu-se às necessidades do mercado interno e à estratégia das empresas em não deixar brechas para os novos concorrentes importadores. Também pesou positivamente ao longo do ano, as vendas de máquinas e equipamentos para os mercados latino-americanos. O Brasil é um importante fornecedor para esses mercados, em parte para as próprias 26 Copyright © Sobratema 2007-2012


construtoras nacionais que realizam obras de infraestrutura na América Latina. De outro lado, pesou também o forte crescimento da economia Argentina.

Mas, o que mais surpreendeu este ano foi a elevação na participação de equipamentos importados. Realizamos uma pesquisa especial sobre a entrada de equipamentos importados no Brasil, dado a importância que vêm adquirindo nos últimos anos. As vendas de equipamentos importados já vêm crescendo desde 2009. Estima-se que entre janeiro e setembro de 2010 em relação a 2009, as vendas cresceram mais de 60%. Realizando-se a mesma comparação tomando-se 2011 e 2010, o crescimento chegou a quase 40%. As vendas exclusivamente de equipamentos fabricados no Brasil cresceram apenas 4% no mesmo período.

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Isso implica no crescimento da participação de máquinas e equipamentos importados no mercado nacional, tradicionalmente suprido em seus principais equipamentos por fabricantes instalados no Brasil. Estima-se que essa participação na linha amarela tenha atingido algo próximo de 30%. O Brasil continua a ser exportador de máquinas e equipamentos da construção, principalmente para a América Latina, mas também outros países.

O impacto das importações em 2011 Estimativas de importados - 2011 Tratores de esteira Retroescavadeiras Pás carregadeiras Escavadeiras hidráulicas (excluindo mini) Mini-escavadeiras (< 12 toneladas) Caminhões fora de estrada Motoniveladoras Rolos compactadores (> 10 toneladas) Minicarregadeiras (skid steers) Total

Total 1.200 8.150 5.225 6.300 850 170 2.300 2.200 3.300 29.695

Importados 200 562 1.425 2.873 850 70 320 700 1.724 8.724

% 17 7 27 46 100 41 14 32 52 29

De um lado, essa elevação nas importações deve-se principalmente à taxa de câmbio brasileira extremamente valorizada. Mas de outro, e mais importante, serviu para as empresas que não fabricam equipamentos no Brasil testarem o mercado. Criaram estruturas de assistência técnica e fornecimento de peças em várias partes do Brasil. Assim, por este motivo, os fabricantes que hoje elevam as importações estão com projetos para fabricar no Brasil. Além de sua percepção sobre o tamanho do mercado brasileiro bem como seu potencial diante dos investimentos e programas de governo anunciados, essas novas empresas visam, fabricando no Brasil, se beneficiar das linhas de crédito Finame do BNDES. Nos próximos anos provavelmente novos fabricantes de equipamentos estarão instalados no Brasil, elevando a oferta. A crise na zona do Euro e o baixo crescimento dos EUA pode ainda acelerar esse processo diante da perspectiva de continuidade do crescimento econômico brasileiro, mas principalmente, da decisão política de dar continuidade aos investimentos em infraestrutura.

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3. Crise internacional e o mercado de máquinas Se de um lado o agravamento da crise internacional, principalmente na Europa, representa um risco de desaceleração para a economia brasileira na opinião de alguns economistas – principalmente se essa desaceleração atingir a economia chinesa – de outro, pode-se ver a crise como uma oportunidade para o Brasil alterar sua política econômica no sentido de promover o crescimento interno. O Brasil possui um mercado interno muito dinâmico. Além disso, há necessidades enormes de investimentos na área de infraestrutura e construção civil. A crise internacional retira o debate da questão inflacionária e recoloca a possibilidade, como em 2009, de alterar a pauta para promover políticas de crescimento. A aceleração do PAC aparece então como meta central. As políticas recessivas antiinflacionárias podem perder espaço. Assim, ao contrário do que se poderia imaginar, a crise mundial pode ser transformada em uma perspectiva positiva para o segmento de máquinas e equipamentos para a construção. Talvez leve algum tempo até se conseguir uma re-aceleração dos programas, impactando a demanda apenas em meados de 2012.

3.1. A crise na Europa e EUA A crise mundial iniciou nos EUA atinge agora a Europa. As perspectivas para os países envolvidos ainda é sombria e incerta, principalmente pelo debate que se trava entre os economistas para as possíveis soluções, enquanto o tempo passa e a situação agrava-se. A crise tem suas origens na perda de competitividade das economias periféricas da Europa e da própria economia dos EUA em relação à invasão de produtos produzidos na China por empresas multinacionais européias e norte-americanas, muitas vezes em parceria com empresas chinesas, muitas delas estatais. A crise aparece como financeira, mas tem fortes origens estruturais. Isso significa que esses países dificilmente sairão da situação em que se encontram sem fazer uma política ativa de recuperação da competitividade de suas empresas em seu território. A tendência é de piora da situação européia diante da aparente vitória, pelo menos no momento, dos economistas que estiveram no poder e em parte são responsáveis pela crise. Esses economistas defendem o impossível: cortes nos gastos dos governos, principalmente em políticas sociais e em investimentos públicos. Medidas desse tipo prometem colocar a Europa em profunda recessão nos próximos anos. Há outros economistas dos governos que tentam mudar os rumos do debate defendendo políticas mais heterodoxas de promoção da recuperação produtiva dos países, mas estão à margem. Como uma empresa, há diferentes maneiras de resolver problemas com dívidas acumuladas: eleva-se a receita ou cortam-se despesas. O problema é que os cortes nos gastos com investimento há anos foram feitos nas economias periféricas da Europa e, ao contrário do que aparece, geraram perda de competitividade estrutural desses países. O resultado é a incapacidade deles de saírem via competitividade produtiva da situação em que se encontram. Cortar gastos sociais e investimentos públicos é o mesmo que terminar definitivamente com o mercado consumidor que ainda lhes resta. A proposta dos economistas mais voltados ao crescimento econômico é recuperar gastos estratégicos, principalmente em infraestrutura e nos setores tecnologicamente mais avançados para recuperar a capacidade competitiva dos países em situação crítica. Para isso é necessário mais gasto público e não menos. Os economistas que defendem cortes nos gastos estão apenas preocupados com o pagamento das dívidas. Esquecem-se que não se paga dívidas sem produção. Conforme dados do quadro abaixo, elaborado pelo FMI, a Europa mergulha em uma forte desaceleração neste ano, situação que pelas razões acima apontadas, pode se manter pelos próximos anos.

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PIB Mundial Economias Avançadas Estados Unidos Área do Euro Alemanha França Itália Espanha Japão Reino Unido Canadá Asiáticos em Desenv. China Índia Brasil México

Variações do PIB e Projeções de 2010 à 2016 2009 2010 2011 2012 2013 -0,663 5,11 3,955 3,997 4,466 -3,717 3,072 1,613 1,923 2,381 -3,486 3,03 1,527 1,782 2,538 -4,252 1,786 1,62 1,086 1,531 -5,078 3,562 2,725 1,273 1,502 -2,632 1,384 1,652 1,399 1,867 -5,217 1,296 0,639 0,323 0,54 -3,722 -0,147 0,775 1,123 1,769 -6,283 3,963 -0,468 2,302 2,04 -4,875 1,354 1,137 1,576 2,369 -2,77 3,215 2,08 1,905 2,506 7,174 9,46 8,216 7,986 8,445 9,22 10,328 9,473 9,04 9,487 6,771 10,094 7,839 7,533 8,102 -0,645 7,49 3,769 3,625 4,152 -6,161 5,416 3,79 3,605 3,698

2014 4,69 2,626 3,077 1,692 1,499 2,099 0,8 1,863 1,997 2,612 2,456 8,502 9,455 8,148 4,16 3,822

2015 4,799 2,714 3,425 1,713 1,295 2,062 1,14 1,945 1,466 2,651 2,388 8,555 9,485 8,128 4,16 3,385

2016 4,858 2,695 3,394 1,724 1,293 2,081 1,24 1,845 1,348 2,731 2,219 8,569 9,488 8,14 4,16 3,205

Fonte: FM I

A economia dos EUA que havia crescido no primeiro trimestre de 2011 apenas 1,3% apresentando um viés recessivo melhorou um pouco no segundo trimestre projetando um crescimento para este ano da ordem de 1,5%, segundo dados do FMI. Esse é um percentual muito baixo e que não permite ainda que se fale em tendência de recuperação.

O fato é que o presidente dos EUA tem tido muita dificuldade em modificar o sentido da política econômica. Os economistas que assessoram o presidente, muitos deles com fortes ligações com bancos e corretoras, são contrários à medidas heterodoxas e defendem, como os europeus apenas os cortes nos gastos públicos para liberar recursos em garantia aos pagamentos de dívidas públicas ao sistema bancário. Assim, está difícil uma recuperação da economia no médio prazo.

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Conforme o gráfico abaixo, o desemprego nos EUA continua em alta e estável nesse nível. Não há perspectivas de melhora. No final do ano economia desse país mostrou alguma recuperação, mas muito lenta.

Apenas uma política fiscal ativa poderá tirar as economias do EUA e Europa da situação em que se encontram.

3.2. A economia chinesa A produção industrial chinesa já mostra alguma desaceleração em virtude da queda nas exportações para a Europa e EUA. Como compensação, o Governo desse país anunciou medidas para evitar a desaceleração. Há alguns anos a China incentiva o crescimento de seu mercado interno. Teve que acelerar essa estratégia a partir de 2008 e agora age novamente. Diante de sua estratégia de crescimento no mundo, principalmente no sentido de ocupar os espaços relevantes, bem como de realizar uma política de inclusão de seus recursos humanos em sua estrutura produtiva, dificilmente a China deixará sua economia diminuir o crescimento. Muitos analistas apontavam para um risco de superaquecimento da economia chinesa por conta de ameaças inflacionárias. O governo chinês respondeu não com controle de demanda, mas com aceleração estratégica de oferta em alguns setores onde havia gargalos. Ainda há recursos disponíveis na China que podem ser utilizados nesse sentido. Recentemente, com o agravamento da crise Européia, o governo chinês voltou atrás nas medidas de corte no crédito e promete incentivar a economia. Parece saber que os problemas de oferta e demanda internos são questões de desproporções nos níveis de crescimento entre setores. Assim, estrategicamente, incentiva aqueles que parecem estar em situação de falta de oferta, enquanto freia aqueles que parecem ter excesso. Portanto, a economia chinesa continuará sua trajetória de crescimento, talvez um pouco inferior aos históricos 9% ao ano. Seus dirigentes sabem que é preciso ainda muitos avanços em infraestrutura e nos

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setores tecnologicamente mais avançados. Não perderá a oportunidade de ocupar os espaços deixados pelos países mais desenvolvidos na economia mundial pela crise. Assim, a tendência de crescimento deste país deve continuar, talvez com uma queda para algo em torno de 8% ou 8,5% pelo menos para o ano que vem, a depender do resultado de sua estratégia.

Em 2011 em comparação com 2010 o consumo interno na China cresceu 9,5%, um sinal claro de que a estratégia agora é elevar o crescimento para dentro. De outro lado, busca novos mercados na periferia do sistema que não está em crise. O Brasil é um dos mais importantes. A taxa de investimento neste país vem se mantendo em 48% do PIB, um percentual surpreendente diante de nossos parcos 17%. Tem por objetivo elevar a oferta para fazer frente à demanda. Os custos com trabalho ainda são baixos e em elevação para criar de fato um mercado interno. Também é necessário incluir mais trabalhadores nesse mercado para dar continuidade ao crescimento. Assim, as perspectivas são de continuidade do crescimento chinês. Deve permanecer como locomotiva do mundo, ocupando mais e mais espaço, aproveitando-se da crise dos países do centro do sistema.

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3.3. Tendências internacionais para próximos anos China •

Ligeira queda Crescimento Chinês 8,5-9%

Governo promete manter a economia em crescimento

Exportação de bens de elevado conteúdo tecnológico

Mercado interno em crescimento (elevação salários)

Europa •

Jogo de forças: “mercado financeiro” tem sido vitorioso

Eleva perspectiva de corte de gastos públicos  situação se agrava

Periferia em moratória

Periferia problema estrutural

EUA •

Economia Americana estagnada

Impasse político agrava a situação  erro estratégia econômica

Expectativa de baixo crescimento  entre 1,5% e 2,0% em 2011

Conclusão 

Economia mundial com crescimento baixo próximos anos

A China ainda deve sustentar o crescimento global, cada vez mais ocupando o espaço deixado em aberto pela Europa e EUA como resultado da crise.

3.4. O Brasil e a crise mundial Ao contrário do que o senso comum possa pensar, o Brasil como a China pode se sair fortalecido da crise. Como apontado acima, a China não perderá a chance de elevar sua participação na economia mundial. O Brasil pode usar de forma estratégica essa situação também para realizar uma política de crescimento. Como em 2008, os primeiros sintomas da crise resultaram em desaceleração da economia brasileira. De fato o primeiro impacto das crises é criar expectativas negativas entre os empresários, freando os investimentos diante da incerteza quanto ao que irá ocorrer. É nesse sentido, como ocorrido em 2009 (e, novamente, como a China fará), que o Estado adquire um papel importante em reverter essas expectativas a fim de não permitir uma desaceleração da economia. Em 2009 os investimentos do PAC foram utilizados nesse sentido. Ainda mais importante, é o fato de que a crise internacional atual contribuiu para retirar da agenda brasileira as políticas recessivas de corte de gastos e elevação das taxas de juros. Abriu espaço para a redução dos juros, movimento que já vem ocorrendo, bem como para que o Governo propusesse novas políticas de incentivos ao crescimento como a redução de impostos sobre alguns bens duráveis de consumo. A retomada dos investimentos públicos e do crédito também vem sendo mecanismos apontados que podem permitir a reativação do PAC. Como será abaixo demonstrado, os investimentos em infraestrutura foram os que mais sofreram com as políticas de cunho recessivo do início do ano de 2011. 33 Copyright © Sobratema 2007-2012


De outro lado, como pode ser visto na tabela abaixo, hoje a economia brasileira está muito mais ligada à economia chinesa e às economias Latino-Americanas, principalmente à Argentina, do que aos EUA e Europa.

Exportações - Principais Países - Jan-set/2011 País China Estados Unidos Argentina Países Baixos Alemanha Japão Itália Chile Rússia, Federação da Reino Unido Espanha França Coréia, República da Venezuela México Bélgica Índia

US$ milhões 33.570 18.560 16.890 10.381 6.780 6.703 4.126 3.925 3.744 3.738 3.548 3.361 3.242 3.013 2.976 2.928 2.637

% 17,67 9,77 8,89 5,46 3,57 3,53 2,17 2,07 1,97 1,97 1,87 1,77 1,71 1,59 1,57 1,54 1,39

Das exportações totais, apenas a Argentina compra 9%, quase o mesmo que os 10% do total exportado que se destina aos EUA. Em termos de qualidade das exportações a América Latina ganha. Hoje, 44% das exportações do Brasil em produtos manufaturados é feita para a América Latina. As exportações desses produtos para os EUA alcançam 12,3%; para a União Européia 19%. De outro lado, para o bem ou para o mal, as exportações de commodities são a principal fonte de receitas do exterior para o Brasil. Do total exportado pelo Brasil US$190 bilhões, 7,6% está concentrado em minério cujo destina é a China e 5,1% em soja, também para este país. Assim, 12,7% do total das exportações brasileiras são apenas minério de ferro e soja para a China. Assim, o problema de superar os impactos da crise internacional encontra-se muito mais em nossas mãos dado hoje nossa ligação mais forte com outras economias que não estão no epicentro da crise. Conseguir fazer uma política de crescimento estratégica nesse momento é fundamental. Indo um pouco mais além, outro impacto da crise na Europa e EUA sobre o Brasil é o excesso de recursos financeiros especulativos que têm entrado em nossa economia. Seu principal impacto negativo é a valorização cambial que torna nossas exportações mais caras no exterior, provocando uma perda aos exportadores. Esse excesso de recursos especulativos também obriga o Banco Central a constantemente adquirir moeda estrangeira no mercado para diminuir o impacto da valorização. O problema é o custo elevado dessa política, apesar de o dinheiro acabar engordando nossas reservas.

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A redução das taxas de juros tende a diminuir esse problema da atração de recursos estrangeiros especulativos. Tende a diminuir a tendência de valorização da moeda nacional neste ano, o que é bastante positivo para o crescimento da economia nacional. Conclusão: Impacto no Brasil •

Relações Brasil-China hoje são mais importantes  commodities

Exportações de manufaturados concentrados na América Latina (44%)

Grandes multinacionais estão ganhando no Brasil

Bancos Brasileiros não entraram na especulação

Empresas que haviam entrado na especulação já se organizaram

Impacto nas Bolsas  dinheiro para salvar os bancos europeus e norte-americanos veio para Brasil. A tendência é diminuir esse volume.

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4. Conjuntura nacional Desde o final de 2010 a economia brasileira vinha sofrendo com uma enorme campanha que invadiu os jornais e acuou o governo a fim de provocar uma forte desaceleração do crescimento econômico. A perspectiva de o monstro inflacionário adormecido acordar parecia amedrontar diversos setores da economia, mas principalmente os economistas ligados aos bancos e corretoras de valores. Assim, no início do ano foi imposta à economia brasileira, de um lado, uma forte elevação nas taxas de juros. De outro, cortes expressivos nos gastos públicos, a despeito de as contas públicas apresentarem um histórico superávit primário (receitas operacionais superiores aos gastos), bem como a relação dívida pública PIB mostrar-se cadente nos últimos anos (diminuição do grau de endividamento). A política recessiva conseguiu de fato colocar a economia brasileira de joelhos. Passou-se de um crescimento de 7,5% em 2010 para uma perspectiva de crescimento de 3% neste ano, uma queda brutal para menos da metade. O impacto sobre as vendas de máquinas e equipamentos não poderia deixar de ser sentido. Apenas não erramos as tendências em relação ao previsto no ano passado por conta do fato de que essas políticas recessivas já estavam postas no final do ano de 2010 quando já prevíamos um crescimento para o setor da ordem de 10%.

4.1. PIB e produção industrial Muito mais do que a crise internacional, as políticas contracionistas do início do ano deram um golpe duro na economia brasileira. Ao longo do ano, o PIB veio se reduzindo a cada trimestre. Se no primeiro trimestre o crescimento anualizado ainda alcançava 4%, no segundo trimestre esse percentual caiu para 3,1%. A tendência de desaceleração pode ser vista na comparação do segundo trimestre com o primeiro, observado um crescimento praticamente nulo de 0,8%, contra 1,3% na comparação do primeiro trimestre com o quarto de 2010.

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A questão mais dramática foi que essa queda no PIB não foi resultado de uma queda no consumo interno, mas uma queda forte nos investimentos. Assim o impacto foi muito maior sobre a oferta do que sobre a demanda. A formação bruta de capital, o principal indicador do investimento, cresceu 7,3% no primeiro semestre de 2011 contra 2010, e 5,9% no segundo trimestre ante o segundo trimestre de 2010. Nessa tendência, a expectativa para o ano é que a taxa de investimento caia 0,9% no terceiro trimestre em comparação ao segundo. Com isso, o investimento sobre o PIB que era de 18,4% no primeiro período, caiu para 17,8% no segundo trimestre. Conforme pode ser visto no gráfico abaixo, a queda nos investimentos já era tendência desde o terceiro trimestre do ano passado, quando iniciou no Brasil a pressão por políticas recessivas.

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Embora ainda não tenham sido divulgados dados do ano, a perspectiva é de continuidade de queda, projetando um nível de investimento inferior a 2010. As políticas de reversão da tendência ainda não tiveram impacto necessário. Os agentes privados demoram a rever suas posições cautelosas a espera que uma nova tendência se restabeleça. A queda no investimento é reflexo direto da queda na produção industrial. Entre janeiro e setembro de 2011, a produção industrial apresentou um pífio crescimento de apenas 1,1% contra o mesmo período de 2010. Quando comparados setembro de 2011 com agosto, apresenta uma queda de 1,9%. A tendência é de declínio ainda para este ano, apesar do período de natal. Em outubro dados preliminares apontam queda de 0,6%.

Como apontado acima, esse movimento reflete as política recessivas, bem como a extrema valorização cambial. A crise européia impactou a decisão de produzir da indústria apenas a partir de julho, contribuindo para agravar a situação. A baixa utilização da capacidade instalada demonstra que ainda não há motivos para os empresários investirem. Essa baixa utilização reflete que parte do consumo, que não caiu na mesma proporção da produção, está sendo abastecido com produtos importados. Muitas fábricas optaram por não produzir internamente e importar seus próprios produtos. A utilização da capacidade instalada na indústria, após uma queda entre dezembro e fevereiro por conta da queda na produção, vem se mantendo baixa e estável em torno de 84%. Vale dizer que sem se elevar no sentido dos 89-90% dificilmente haverá incentivos a novos investimentos.

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A ausência de investimentos na indústria se reflete diretamente na construção civil, especificamente na construção de novos galpões industriais e de escritórios. Não há perspectivas de no curto prazo esse tipo de obra ser retomada. Com a reversão das políticas recessivas uma nova sinalização é lançada sobre o setor produtivo. Se esse movimento se configurar com uma tendência, talvez em março ou abril de 2012 os reflexos em elevação da produção comecem a aparecer de forma mais clara. As taxas de juros são elemento crucial hoje. A simples sinalização de queda já resulta em incentivo para novos investimentos, dada a expectativa positiva que cria. O Governo vem trabalhando neste sentido. Isso sem contar o fato de que uma diminuição das taxas de juros possui um impacto bastante positivo sobre as contas públicas, liberando recursos para novos investimentos por parte do Governo, principalmente para o PAC.

4.2. Emprego e renda A queda na produção industrial se reflete no emprego. Vale lembrar a importância da preservação do emprego e renda para a construção civil, principalmente residencial. Esse segmento é depende do crédito e do nível de renda da população. Uma perspectiva perda de emprego freia tanto o fornecimento de crédito como a capacidade de pagamento dos agentes. O segmento de construção civil sentiu o impacto. Como pode ser visto no gráfico abaixo, a queda na produção industrial parou o crescimento do emprego. A criação de empregos vem desacelerando, enquanto os desligamentos, ao contrário, aceleram-se. Em setembro o emprego líquido criado alcançou apenas 5 mil pessoas.

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Assim, a taxa de desocupação, depois de ainda elevar-se no início do ano, estabilizou-se em um nível mais baixo, demonstrando a desaceleração no mercado de trabalho. Isso se reflete na queda do rendimento médio, variável central para o desempenho do segmento da construção civil. O rendimento médio do trabalho, apesar de ligeiramente superior a 2010 com um valor de R$ 1.607,60, foi 1,8% inferior em setembro ante o de valor de agosto. Vale destacar que no acumulado do ano, o rendimento médio está no mesmo nível de 2010. 40 Copyright © Sobratema 2007-2012


Assim, como pode ser visto pelos dados acima, a economia brasileira apresentou forte desaceleração ao longo de 2011. Isso se refletiu na produção industrial, no emprego e no rendimento do trabalho. O maior impacto dessa tendência se deu sobre a construção civil. Seu desempenho deixou a desejar ao longo desse ano.

4.3. Crédito Não foi por falta de crédito que a economia brasileira entrou em desaceleração. Ao contrário, quando se olha o volume de crédito como um todo, este continua apresentando crescimento. Isso se deve em grande parte à preservação do nível de consumo interno que, como apontado, não diminuiu. A oferta interna foi suprida por produtos importados, por isso não está em contradição com a queda na produção industrial. Assim, pode ser visto no gráfico abaixo um crescimento dos volumes de crédito tanto público como privado, apesar de sua estabilidade com relação ao PIB. Na média de janeiro a setembro de 2011 contra 2010, tanto o crédito público como privado expandiram-se em cerca de 20%.

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De outro lado, quando se olha o volume de desembolsos do BNDE, fica claro que a elevação do crédito acima não tem relação com os investimentos de fato na economia, como bem demonstrou a queda na produção industrial. O total de desembolsos do BNDES apresentou uma queda de 28% até setembro de 2011 contra o mesmo período de 2010. Se o Banco tinha um orçamento para este ano para liberar R$140 bilhões, dificilmente esse valor se concretizará como desembolsos. Até setembro, apenas R$ 91 bilhões haviam sido desembolsados, apresentado uma queda de 28% quando comparado ao mesmo período de 2010. Isso reflete a falta de tomadores, algo diretamente ligado à queda na produção industrial.

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Tomando o Finame como indicador, a estabilidade do volume de desembolsos em R$39 bilhões em relação a 2010 poderia indicar que a economia continuaria bem. Mas, tomando-se os dados de desembolsos para máquinas e equipamentos, estes apresentaram queda de 33% entre janeiro e setembro de 2011 contra o mesmo período de 2010. Os desembolsos Finame apenas não foram negativos por conta do financiamento de caminhões. Uma mudança na legislação ambiental fez com que as empresas que utilizam esse equipamento antecipassem a compra, distorcendo os dados. Note-se que R$23 bilhões dos R$39 desembolsados nessa rubrica referemse ao segmento de material de transporte que envolve principalmente ônibus e caminhões. 43 Copyright © Sobratema 2007-2012


Olhando-se por área de desembolsos Finame, envolvendo-se agricultura, indústria e infraestrutura, nota-se uma queda generalizada nos desembolsos entre janeiro e setembro de 2011 contra o mesmo período do ano passado. A queda de 5,8% no acumulado de janeiro a setembro de 2011 sobre o mesmo período de 2010 nos desembolsos Finame para área de infraestrutura reflete diretamente o setor de máquinas para construção. Será comentado mais à frente, mas já se pode adiantar que isso é reflexo do baixo crescimento das vendas de fabricantes sediados no Brasil. A queda de 4,4% nos desembolsos Finame para o segmento industrial reflete exatamente a acima referida queda no investimento produtivo da indústria e sua substituição por produção importada. Já a queda de 6,8% nos financiamentos de máquinas e equipamentos para agricultura, reflete os problemas que também esse segmento enfrentou ao longo de 2011. Também serão comentados mais à frente.

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Dessa forma, como visto acima, o crédito reflete o desaquecimento da economia brasileira em 2011. O BNDES é o maior fornecedor de crédito à produção e ao investimento produtivo. Também tem, junto com a Caixa Econômica, se destacado no crédito à infraestrutura. Há recursos disponíveis para a promoção do crescimento. A questão central em 2011 foi a falta de tomadores para o crédito devido a desaceleração da economia.

4.4. Setor externo Preços elevados e a continuidade do crescimento chinês vêm garantindo o saldo positivo na balança comercial brasileira. Tanto as exportações de soja como as vendas de minério de ferro mantém-se como principais produtos exportados para esses destinos. Vale destacar que esses segmentos da agricultura são também compradores de máquinas da construção. Em termos de exportação de manufaturados, o Brasil continua se beneficiando do crescimento econômico argentino, o principal comprador de produtos brasileiros na América Latina. Comparando-se o período de janeiro a setembro de 2011 com o mesmo período de 2010, enquanto as exportações cresceram 31%, as importações elevaram-se 26%, mantendo a relação ainda favorável ao Brasil. No caso das exportações, a elevação do valor exportado está muito mais relacionada a preços elevados e não à quantidade. A China é responsável por 17% do valor total exportado pelo Brasil que alcançou US$ 190 bilhões no acumulado até setembro.

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Nos últimos anos, os produtos básicos vêm ocupando gradativamente uma participação maior. Vale lembrar que nos anos de 1980, mais de 60% da pauta de exportações brasileiras era de manufaturados. Hoje os produtos básicos são responsáveis por 57% da pauta total de exportação, divididos em 28% alimentos, 17% minérios e 12% petróleo e derivados. As exportações de alimentos e minérios elevaram-se ao longo do ano em valor. E a exportação de produtos básicos (commodities) é o que mais cresce. No acumulado de janeiro a setembro, a exportação desses produtos elevaram-se 41%. O principal destino foi a China. No que tange às exportações de manufaturados, o principal destino é a América Latina. Assim, as exportações de semimanufaturados e de manufaturados cresceram 35% e 19% respectivamente. O crescimento Argentino tem sido central.

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Esses dados são extremamente importantes para deixar claro que o setor externo brasileiro depende muito mais hoje do que acontece na China e na América Latina. Assim, o Brasil está muito menos conectado com as economias dos EUA e da Europa do que já esteve no passado. Por esse motivo, pela mudança nos destinos das exportações é que o Brasil se vê menos vulnerável à crise internacional dado que hoje seus principais mercados estão fora do epicentro da crise. Talvez sofra um pouco se a economia chinesa apresentar uma queda em seu crescimento. Mas como foi apontado antes, parece que o Governo chinês está cuidando para que isso não ocorra. O que vem prejudicando o Brasil, tanto suas exportações de commodities e manufaturados como a produção interna mais especificamente de manufaturados é a ainda valorizada taxa de câmbio. Grande parte do ano, a taxa de câmbio brasileira da ordem de R$1,6 por dólar foi extremamente prejudicial para o crescimento econômico. Não fosse a elevação dos preços das commodities, o Balanço Comercial brasileiro apresentaria déficit. Recentemente, por um lado devido à queda nas taxas de juros (diminuição da atratividade da economia brasileira para o dinheiro de especuladores no mundo) e, de outro, por conta da crise de liquidez européia, a taxa de câmbio apresentou desvalorização nos últimos meses, passando para R$1,8 por dólar.

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A desvalorização cambial já demonstra alguns sinais positivos. Fortalece a produção nacional, promovendo o retorno ao crescimento da renda e do emprego. Da mesma forma incentiva a exportação de manufaturados. Ainda é muito cedo para dizer, mas, mantida essa tendência, as empresas industriais voltam gradativamente a produzir internamente e os investimentos produtivos industriais podem ser retomados.

4.5. Conjuntura nacional - desafios Problemas •

Crise mundial + ação tímida do Governo = expectativas negativas

Necessidade de retomar investimento público  PAC

Sustentabilidade emprego/renda Longo Prazo

Queda nas taxas de juros ainda não tem resultado (11%) •

Indústria ainda em desaceleração

Depende da sensação de consolidação de expectativas positivas

Impacto positivo para 2º semestre 2012

Desvalorização Cambial tímida •

Déficit Conta Transações Correntes (US$36 bilhões jan-set2011)

Balanço de Pagamentos compensado preço commodities/capitais

Desindustrialização (queda produção industrial e emprego)

Conclusão: •

Situação melhor para 2012  governo esboça reação

Há espaço para política anticrise como 2009-2010  elevação gastos do PAC

Dificuldade: reverter as expectativas  impacto políticas início do ano 48

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5. Análise dos principais mercados para máquinas 5.1. Infraestrutura O pacote de austeridade e corte dos gastos do início do ano acabou por reduzir os investimentos em infraestrutura. Apesar de o Governo anunciar que não cortaria investimentos do PAC, o simples atraso em liberações das verbas foi suficiente para diminuir os desembolsos. A liberação de crédito pelo BNDES para infraestrutura também aponta a tendência à diminuição dos investimentos. Isso demonstra a queda nas expectativas dos investidores privados que sempre foram incentivados a partir dos grandes investimentos públicos. Problemas políticos nos ministérios, justamente naqueles ligados à infraestrutura, também contribuíram para o atraso ou para que obras previstas não ocorressem. No segundo semestre do ano já não se imaginava que algo novo acontecesse. A aproximação do fim do ano, época das chuvas, tira qualquer possibilidade de recuperação ou aceleração nas vendas de máquinas e equipamentos para esse segmento. Assim, as perspectivas ficam para os próximos anos. As obras necessárias ligadas ao PAC estão atrasadas, bem como aquelas para a Copa do Mundo e Olimpíadas. Do PAC, os maiores gastos estiveram os ligados ao programa Minha Casa Minha Vida, agora integrado ao Programa, bem como os gastos com petróleo e energia, ligados aos grandes projetos da Petrobrás. No final do ano, as expectativas começaram a se modificar diante da sinalização do Governo em retomar as obras em atraso. Isso se tornou possível dada a necessidade de novamente, como em 2009, acelerar o crescimento econômico para minimizar o impacto do agravamento da crise européia sobre o Brasil. O problema é que essa decisão de modificar a trajetória da economia ocorreu tarde demais para salvar este ano. Apenas no ano que vem o impacto positivo poderá ser sentido nos investimentos em infraestrutura. O governo anunciou que está estudando uma forma de passar os recursos orçamentários deste ano que não foram utilizados para projetos do ano que vem. Eram previstos no orçamento R$69 bilhões para investimentos públicos em 2011. De janeiro a outubro foram gastos apenas R$10, 3 bilhões.

5.1.1. Desembolsos BNDES Os desembolsos totais do BNDES entre janeiro e setembro de 2011 caíram 28,5% em relação ao mesmo período do ano passado. Como já apontado acima, a maior parte da queda se deve a desaceleração na indústria em geral. Tomando-se os desembolsos especificamente para infraestrutura, estes se mantiveram nos níveis de 2010, com um total de R$35 bilhões em 2011 contra R$33 bilhões daquele ano. Como 2010 foi um ano de fortes investimentos, é possível dizer que este ano também foi relativamente bom.

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Por outro lado, quando se analisa os dados em aberto, verifica-se que os desembolsos para infraestrutura de transporte observaram queda em termos reais, ou um crescimento nominal de apenas 0,6%. No mesmo sentido, mas com uma queda ainda maior está o segmento de saneamento básico, apresentando uma queda nominal de 9% (em termos reais seria muito maior). De outro lado, o segmento de eletricidade e gás cresceu quase 27%, com desembolso de R$ 10 bilhões em 2011, demonstrando que foram as obras ligadas aos projetos Petrobras e de outras obras como as grandes barragens como Belo Monte que puxaram os desembolsos.

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Assim, o BNDES continuou sendo o principal fornecedor de recursos para projetos de longa maturação na área de infraestrutura. A existência de recursos disponíveis, a experiência do BNDES, as necessidades de infraestrutura e a decisão política de retomar o crescimento, devem colocar o banco novamente, a exemplo de 2009, como um importante agente acelerador do processo nos próximos anos.

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5.1.2. PAC II Logo no início do ano, o Governo negou que iria fazer cortes nos investimentos, principalmente aqueles ligados ao PAC. De fato, não houve notícia de corte e nem medidas específicas para tal. Mas, analisando-se os resultados divulgados do programa é possível dizer que as ações executadas estiveram muito abaixo daquelas de anos anteriores. São previstos para o Programa valores da ordem de R$708 bilhões até 2014 e outros R$247 bilhões após, num total de R$955 bilhões em obras concluídas. Segundo dados apresentados pelo Governo, até setembro de 2011 haviam sido executados apenas 15% do total de recursos, ou R$143,6 bilhões. Não é possível dizer que o valor tenha ficado abaixo do previsto porque não há previsões anuais.

Execução Global do PAC 2 R$ bilhões Estatal Setor Privado Financiamneto Setor Público Financiamento habitacional OGU Fiscal e Seguridade Minha Casa, Minha Vida Contrapartida de Est. E Mun. Total Geral

Até jun/2011 Até set/2011 24,4 41,4 13,4 25,6 1,2 2,0 35,0 55,2 9,0 13,2 3,0 5,4 0,4 0,7 86,5 143,6

Fonte: 2º Balanço PAC 2

De qualquer forma, olhando-se para o quadro acima, é possível notar que entre junho e setembro de 2011 foram executados quase o dobro dos recursos relativamente ao primeiro semestre. Pode-se inferir disto que houve nos últimos meses uma forte aceleração do programa em relação ao início do ano. Isso significa de outro lado que de fato o PAC, apesar de haver cortes de recursos, não foi muito ativo nos primeiros meses do ano. Realizando-se uma comparação do PAC II com o PAC I no que se refere às Ações Concluídas ou obras entregues, pode-se ver que de fato o ritmo caiu bastante no PAC II relativamente. Apenas para efeitos comparativos, quando se toma as médias mensais do PAC I, que alcançaram R$9,6 bilhões, em relação ao PAC II com seus R$8,9 bilhões, nota-se que a diferença é relativamente pequena, ou uma queda nas ações concluídas de apenas 7%.

Ações Concluídas R$ bilhões Jan-set/2011 Média mensal PAC 2 Média mensal PAC 1 Transportes Energia Cidade Melhor Minha Casa, Minha Vida Água e luz para todos Total

1,60 16,10 0,04 60,70 1,80 80,24

0,18 1,79 0,00 6,74 0,20 8,92

1,42 3,23 0,07 4,72 0,22 9,65

Fonte: Governo Federal

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Mas, apesar de pequena essa diferença no total, deve-se notar que a grande diminuição nas médias de ações concluídas mensais esteve no setor de transportes (de R$1,42 para R$0,18 bilhão) com uma queda de 87%. Isso significa que esse segmento do PAC é o que mais sofreu. Esse dado vem a corroborar com o crescimento baixo das máquinas de construção e movimentação de terra: zero no caso das Motoniveladoras e negativo de Rolos Compactadores. Os problemas políticos enfrentados pela queda de ministros pode ser uma das explicações. Também se pode notar a queda nas ações concluídas na área de energia que apresentou uma queda de 44,5% quando consideradas as médias mensais. De outro lado, pode-se notar que o programa Minha Casa Minha Vida, hoje muito importante para a indústria da construção civil, teve elevada suas ações concluídas, compensando a queda nas outras rubricas. Isso demonstra que esse programa não apenas foi mantido como elevado. Para os próximos anos o governo vem anunciando elevação dos gastos públicos em infraestrutura por meio dos seus programas. O FGTS Administrado pela Caixa Econômica Federal terá R$44 bi à disposição em 2012 para investir em habitação, saneamento e infraestrutura urbana. O montante é 11,42% maior que os R$ 39,4 bilhões aprovados para o orçamento deste ano. Também não se deve esquecer que 2012 será ano eleitoral. Assim muitas obras de infraestrutura poderão ser realizadas. Em diversos momentos, o governo tem afirmado sua disposição em recriar um ambiente favorável a investimento privado por gastos com infraestrutura, a exemplo de 2009. Resta os defensores de taxas de juros altas e cortes em gastos públicos deixarem.

5.1.3. Copa do Mundo Apesar dos problemas enfrentados no Ministério dos Transportes, segundo as informações dispersas que se dispõe, após o atraso inicial parece que as obras relacionadas à Copa do Mundo estão em andamento. Segundo entrevistas e informações à imprensa, dos 12 estádios que serão reformados ou construídos, todos estão com obras em andamento e 9 deles serão concluídos até 2012, enquanto os outros três em 2013. Os valares envolvidos elevaram-se para R$6,7 bilhões previstos. Quanto aos 13 aeroportos envolvidos totalizando um valor revisto de R$6,5 bilhões, 8 iniciaram as obras, sendo que Viracopos teve sua ampliação e reforma concluídas.

Investimento Infraestrutura Copa 2014 Infraestrutura Civil Portos Aeroportos Estádios Mobilidade Urbana Total

Em R$ bilhões 0,9 6,3 6,7 12,2 26,1

Quanto às obras de mobilidade urbana, a maioria delas está dentro das contas do PAC II. São obras que no geral estão sob responsabilidade das cidades.

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Portos - Copa 2014 Cidade Fortaleza Manaus Natal Recife Rio de Janeiro Salvador São Paulo

R$ milhões Conclusão 149,0 nov/13 89,4 dez/13 53,7 mai/13 21,8 jun/13 314,0 nov/13 36,0 jul/13 235,0 jul/13

Aeroportos - Copa 2014 Cidade R$ milhões Conclusão Belo Horizonte 508,6 out/13 Brasília 864,6 nov/13 Cuiabá 90,4 jul/13 Curitiba 90,6 jul/13 Fortaleza 279,5 jun/13 Manaus 327,4 dez/13 Natal 576,9 abr/14 Porto alegre 646,2 dez/13 Recife 19,8 abr/12 Rio de Janeiro 844,6 out/13 Salvador 45,1 mar/13 São Paulo 1.961,4 nov/13

Estádios - Copa 2014 Cidade Belo Horizonte Brasília Cuiabá Curitiba Fortaleza Manaus Natal Porto alegre Recife Rio de Janeiro Salvador São Paulo

R$ milhões Conclusão 695,0 dez/12 688,3 dez/12 518,9 dez/12 234,0 dez/12 518,6 dez/12 532,2 jun/13 417,0 dez/13 290,0 dez/12 500,2 dez/12 883,5 fev/13 597,0 dez/12 820,0 dez/13

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Mobilidade Urbana Cidade Nº de obras R$ milhões Conclusão total Belo Horizonte 8 1.388,8 nov/13 Brasília 2 380,3 dez/13 Cuiabá 3 1.438,6 jan/14 Curitiba 9 452,9 abr/14 Fortaleza 7 410,4 ago/13 Manaus 2 1.844,9 mai/14 Natal 2 411,1 out/13 Porto alegre 10 560,4 dez/13 Recife 5 991,3 set/13 Rio de Janeiro 1 1.883,6 nov/13 Salvador 1 567,7 fev/14 São Paulo 1 1.881,5 mai/14 Total 51 12.211,5 mai/14

Como pode ser visto nos quadros acima, segundo anunciado pelo governo, grande parte das obras estarão concluídas a tempo. Não se sabe ao certo o real andamento dos projetos. De qualquer forma, pode-se inferir que se as obras estão em andamento, a demanda de máquinas da construção pesada não deve ser explosiva, parte delas já tendo sido adquiridas. Assim, devem ainda puxar as vendas em 2012 e 2013.

5.1.4. Olimpíadas Não há dados novos disponíveis, mas segundo informações do governo do Rio de Janeiro, as obras estão em andamento tanto na Vila Olímpica como no entorno e obras de infraestrutura urbana. As obras de revitalização do porto do Centro do Rio também estão iniciadas, assim como as reformas de vias urbanas. Estão previstos gastos da ordem de R$12 bilhões. Em comparação com os gastos de outros países pode parecer baixo. A China anuncia ter gasto o equivalente a R$114 bilhões em Pequim. Londres e Atenas afirmam terem gasto o equivalente a R$19 e R$17 bilhões.

Investimentos Previstos no Dossiê de Candidatura do Rio de Janeiro (R$ milhões) Área

Investimento Público

Acomodações

Investimento COJO *

Total

%

2.590

0

2.590

21

Instalações Esportivas

953

565

1.518

12

Segurança

472

0

472

4

Tecnologia

406

72

477

4

Transportes Total %

7.460

0

7.460

60

11.882

637

12.518

100

95

5

100

Fonte: Portal da Transparência - CGU

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Como pode ser visto na tabela acima, a maior parte dos gastos será realizada com transportes. O quadro abaixo detalha esses gastos. Haverá uma grande reestruturação no sistema viário da cidade do Rio de Janeiro envolvendo inclusive a reurbanização do Porto.

Olimpíadas 2016 Investimento Rio de Janeiro - Transporte Projeto Extensão Orçamento R$ bi Conclusão BRT Transcarioca 39 km 1,88 out/13 BRT Transoeste 56 km 1,27 jun/12 BRT Transolímpica 26 km 1,60 dez/15 BRT Transbrasil 40 km Indefinido (projeto) abr/2012 Metrô Linha 4 6 estações 5,00 dez/15 Fonte: Portal 2014 BRT (Bus Rapid Transit) Corredor de ônibus

Nesse sentido, pode-se dizer que pelo menos em parte, obras para as Olimpíadas do Rio de Janeiro estão em andamento, mas ainda em seu início. Isso significa que ainda haverá, tanto pelas obras em si, como por seu entorno, ainda uma forte demanda de máquinas nos próximos anos.

5.1.5. Infraestrutura – problemas e desafios •

Investimentos Governo Federal •

1,2% do PIB (R$42 bilhões) 2010

Orçado para 2011: R$ 69 bilhões

Realizado janeiro a outubro de 2011: R$10,3 bilhões

Investimento em infraestrutura de janeiro a agosto: R$ 6,7 bilhões

Desembolsos do BNDES em R$35 bi (6% superior 2010)

FGTS (Caixa Federal): recursos da ordem de R$44 bilhões para infraestrutura

Desaceleração do PAC II: transporte terrestre e saneamento – os que menos cresceram

Copa e Olimpíadas: obras em andamento

Problemas políticos: quedas sucessivas de ministros Conclusão

Há muito a fazer em infraestrutura no país

Depende de decisões políticas – Gasto público em relação à Políticas antiinflacionárias

Com crescimento econômico não há problemas de recursos

BNDES está com recursos financeiros ocioso

2012: Necessidade de maior ação política para retomada de parte dos investimentos

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5.2. Construção civil 5.2.1. Construção civil em geral O segmento de construção civil residencial e comercial (escritórios e galpões industriais) foi um dos que sofreu ao longo do ano com a desaceleração da economia. Foi pego no contrapé pelas políticas contracionistas do final do ano passado e início deste ano após um enorme boom de crescimento. Vários empreendimentos que haviam sido iniciados ano passado, em meio ao boom, tiveram problemas para serem vendidos neste ano. Enquanto o lançamento de novos imóveis cresceu 14% entre janeiro e agosto de 2011, as vendas caíram 28% no mesmo período.

Assim o estoque de imóveis cresceu em 33% no período de janeiro a setembro de 2011 quando comparado a 2010, principalmente em São Paulo. Esse volume veio se acelerando ao longo do ano e atingiu um crescimento de 84% em agosto contra o mesmo mês de 2010.

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Algumas construtoras que avançaram em novos investimentos passaram a ter problemas temporários de liquidez. De qualquer forma, dado o nível de preços que o mercado passou a praticar nos últimos anos, muitas construtoras foram, ao contrário, beneficiadas. É importante destacar que entre janeiro de 2008 e outubro de 2011 os imóveis valorizaram-se em 132%, praticamente 1,9% ao mês nos mercados de São Paulo e Rio de Janeiro. Como pode ser visto no gráfico abaixo, essa foi também uma tendência nacional. De outro lado, o INCC – índice de preços da construção civil – elevou-se apenas 0,85% ao mês, o que demonstra que há muita gordura para as construtoras ainda trabalharem. A tendência é de os preços estabilizarem-se ou até baixarem, a depender do ritmo da retomada da economia.

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Essa desaceleração ao longo do ano se reflete no PIB da construção civil que observava até o segundo trimestre deste ano um crescimento de apenas 2,1% sobre o mesmo período de 2010. Apesar disso, esse segundo trimestre ainda representou um crescimento do PIB da construção razoável de 4,7% sobre trimestre anterior. Isso significa uma ligeira recuperação, mas que ainda não é possível definir como tendência. Esse movimento de desaceleração do crescimento é também demonstrado pelas vendas de insumos para a construção que se elevaram em 3,8% quando comparado o período de janeiro a setembro de 2011 com 59 Copyright © Sobratema 2007-2012


2010. Vale destacar uma elevação na participação de insumos importados. A importação desses produtos cresceu 16% segundo a Abramat, refletindo certamente a valorização cambial.

Do lado do crédito, é importante ainda destacar o crescimento de 5,6% nos valores financiados até o terceiro trimestre de 2011 contra 2010 pela Caixa Econômica Federal. Esse percentual reflete certa preservação do volume financiado em relação a 2010, demonstrando que o segmento desacelerou, mas não chegou a diminuir sua atividade em 2011. Vale lembrar que a Caixa Econômica Federal ainda é responsável por mais de 70% do financiamento habitacional.

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A construção de galpões industriais sofreu um pouco mais devido, principalmente, a desaceleração ou adiamento de novos investimentos por parte da indústria. Assim, esse segmento da construção civil deixou a desejar e talvez tenha sido mais afetado do que a construção residencial. De qualquer forma, é possível afirmar que o segmento teve um ano em compasso de espera, no qual a oferta vinda de 2010 demorou a desacelerar, mas foi pega pela falta de demanda. A preservação dos preços altos dos últimos anos demonstra isso. Desacelerou, mas de forma lenta. A reversão das políticas contracionistas agora no final do ano talvez permitam ao segmento retornar a trajetória anterior, mas sem novas elevações de preços. As perspectivas para os próximos anos são promissoras e o mercado pode se recuperar desde que a economia volte à sua trajetória de crescimento. Quanto mais rápido isso ocorrer, menos a crise de 2011 será sentida, e é possível que o segmento de construção civil veja este como um curto período de desaceleração.

5.2.2. Minha Casa Minha Vida O programa Minha Casa Minha Vida, como demonstrado acima pelos dados do PAC, foi o programa de governo mais preservado. A razão talvez seja por conta de que seus recursos têm origem em crédito, principalmente fundos da Caixa Econômica Federal. Além disso, como é característica da construção civil, as obras possuem ciclos mais longos (de 2 ou 3 anos) de maturação. Assim, projetos em andamento não pararam. Ainda de sua primeira fase, o programa que já havia contratado um milhão de moradias como previsto, entregou até outubro de 2011 mais de 438 mil unidades habitacionais, ou 43% do total contratado. A perspectiva do Governo é que o restante deva ser entregue até o final de 2012. Para a segunda fase do programa iniciada em Janeiro de 2011 está prometida a entrega de dois milhões de moradias populares até 2014. Segundo o Governo, até setembro foram contratadas 265 mil e entregues 115 mil casas até outubro, referentes a esta fase.

Contratações Área do Imóvel Subsídio total Fase Período ( em milhões) (em m²) (R$ bilhões) Minha Casa 1 abr/09 a dez/10 1,0 35 34,0 Minha Casa 2 jan/11 a dez/14 2,0 39 72,6 Fonte: Ministério das Cidades e Caixa Econômica Federal

Contratações PMCMV em 2011 - Em unidades Faixa 1- (até R$ Faixa 2 - (De R$ Faixa 3 - (De R$ Total 1,6 mil) 1,6 mil a 3,1 mil) 3,1 a R$ 5 mil) Total 18.782 186.916 55.107 260.805 % da Meta 1,6 31,2 27,6 13,0 Fonte: Caixa Econômica Federal Dados até 19/09/2011

Somando as duas fases do programa, foram contratadas pela Caixa Econômica Federal, 1.265.933 habitações até setembro num total R$ 72,6 bilhões de investimentos. Desse total 553 mil foram entregues. 61 Copyright © Sobratema 2007-2012


Demonstrando claro interesse em acelerar o programa, o governo recentemente elevou o teto de valor dos imóveis de R$75 mil para R$85 mil, apartamentos a receber benefício fiscal no regime especial de tributação. As perspectivas são que o programa continue caminhando de forma acelerada. Seu mecanismo de funcionamento parece ter encontrado, sob a administração na Caixa Econômica Federal, certo grau de eficiência que permite essa aceleração. Em se tratando de uma estratégia política de aceleração do crescimento econômico para os próximos anos, certamente o programa será central, dado o efeito multiplicador que possui sobre a renda da economia.

5.2.3. Problemas e desafios para a construção civil Tendências •

Desaceleração da Economia impactou negativamente o segmento de construção civil.

Em 2011 observou-se uma desaceleração do crescimento, mas sem tempo de provocar uma queda como ocorreu com a indústria manufatureira.

Os preços depois de forte aceleração estagnaram em alta, podendo decrescer.

Há muito espaço para crescer, basta reverter o sinal da economia como um todo.

Desafios •

Retomada do crescimento econômico (emprego e renda)

Risco crise: só afastado se elevar renda/emprego

Manutenção da política de investimentos públicos

Conclusão Com a retomada do crescimento econômico, bem como com a utilização do segmento da construção civil como instrumento para essa retomada, os próximos anos poderão voltar a ser promissores.

5.3. Mineração O segmento de mineração é fortemente ligado à exportação, principalmente para a China. Diante da continuidade do crescimento daquele país – conforme antes apontado – e dos elevados preços praticados, esse segmento vem sentindo pouco a crise econômica, tanto a provocada pelas políticas econômicas contracionistas internas como a mundial que se desenrola na Europa e EUA. Quando se fala em queda no crescimento chinês, refere-se para uma variação do PIB ainda superior a 8%, o que é suficiente para manter o volume exportado para aquele país. A produção de aço chinesa continua em crescimento, passando de 1,7 milhão de toneladas diárias em 2010 para 1,9 milhão em 2011. De qualquer forma, o governo da China vem reiteradamente apontando que não deixará a economia diminuir o ritmo. Há muito mercado interno a ser ocupado, além do mercado nos países periféricos da Ásia, Brasil e África.

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Por esses motivos, a previsão é de crescimento na produção de minério de ferro em 16% ao ano em média para os próximos 4 anos. Assim, a produção passaria das 416 milhões de toneladas em 2011 para 772 milhões em 2015, conforme projeções do IBRAM. Os preços elevados têm garantido a rentabilidade das empresas. A recente queda dos preços pouco influência dado o nível alto em que se encontram.

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Isso significa que esse segmento continuará sendo comprador de máquinas e equipamentos da construção para infraestrutura de suas minas nos próximos anos. Um risco a considerar para o segmento é a preservação dos preços nos patamares atuais. Como já apontado em anos anteriores, a China está buscando novas fontes de minério para serem exploradas por companhias chinesas. Assim, esse país, apesar de ser o maior comprador de minério, não consegue negociar preços melhores, mas poderá pressioná-los para baixo no futuro.

Mineração – Conclusão •

Preservação das exportações para China

Crise européia não afetou o setor

Preços podem diminuir no longo prazo

Desvalorização cambial: compensa a queda preços

Desafios •

Crise mundial pode afetar preços para baixo

China diversifica seus fornecedores (investimentos África)

Tendência •

Continuidade do crescimento sem forte aceleração

5.4. Agricultura O segmento de cana de açúcar foi o que mais sofreu com a crise mundial. Recentemente internacionalizado, encontra não apenas problemas em relação aos mercados mundiais de açúcar como, de outro lado, de queda na produtividade nacional devido à idade dos canaviais segundo a UNICA. Se de um lado, a idade dos canaviais prejudica o desempenho do segmento, de outro aponta para a necessidade de investimentos em reformas que podem resultar em uma elevação da demanda de máquinas da construção pesada como tratores de esteira ou até motoniveladoras para os próximos anos. O problema é as empresas terem recursos financeiros para tamanho investimento. Para alguns analistas, o problema do segmento é interno e não uma questão de demanda. A demanda de etanol, por exemplo, vem crescendo em 13%, assim como a demanda de açúcar, sem contar o atual recrudescimento da crise européia. Por esses motivos, a produção de cana de açúcar apresentou uma queda de 9,4% na safra de 2011 em relação a 2010. Espera-se que a próxima safra de cana de açúcar de 2011/12 no centro sul deva alcançar 450 milhões de toneladas, um volume ainda inferior aos 568,5 milhões de toneladas previstos. Segundo a UNICA, o etanol hidratado terá queda de 19,68% na produção.

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De outro lado, a produção de soja manteve uma trajetória de crescimento com uma evolução de 9% na safra de 2010 sobre 2011. As exportações de soja brasileiras devem atingir 38 milhões de toneladas na safra 2011/12. O Brasil é líder mundial em exportações de soja tendo os EUA como segundo colocado. Estima-se que as exportações de soja brasileiras tenham rendido ao país 35% mais do que no ano passado. Esse movimento do segmento deve-se principalmente ao mercado chinês. Estima-se que as importações mundiais de soja pela China apresentem um crescimento de 11,8% na safra 2011/12 contra 2010/11, passando de 52,3 milhões de toneladas para 58,5 milhões.

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Dessa forma, pode-se dizer que junto com o segmento de minério de ferro, a soja é o outro produto que vem há tempos se beneficiando do crescente mercado chinês. Com a continuidade do crescimento daquele país, não há perspectivas de queda no curto prazo. Assim como o minério de ferro, mesmo que haja uma queda nos preços da commoditie, ainda se mantém uma atividade promissora e rentável dado os valores alcançados nos últimos anos. Por esses motivos, esse segmento agrícola deve continuar sua trajetória de crescimento e, assim manter algum nível de demanda por equipamentos. Deve-se lembrar, no entanto, que o segmento agrícola não é necessariamente um comprador de equipamentos novos. Diante da elevada população de equipamentos que hoje estão em funcionamento no mercado, grande parte com menos de 5 anos de uso, esse segmento pode absorver aqueles que serão vendidos no mercado secundário. Outro segmento também importante na análise da demanda de máquinas da construção pesada, silvicultura, não vem apresentando um desempenho razoável. Dependente da cadeia da produção de papel e celulose, responde ao baixo crescimento desses segmentos de apenas 1,1% comparando-se o acumulado de janeiro a setembro de 2011 contra o mesmo período de 2010. Esse baixo desempenho é resultado, de um lado, do baixo crescimento da demanda mundial devido a crise internacional. O Brasil é um importante exportador de papel de fibra curta para Europa e EUA. De outro lado, seu baixo crescimento está relacionado também a desaceleração da economia nacional. O segmento de papel está fortemente atrelado à produção industrial entrando na cadeia pelo setor de embalagens. Assim, o segmento de silvicultura em sua parte que depende do mercado interno, pode apresentar nos próximos anos um desempenho positivo diante da possibilidade de retomada do crescimento nacional. No que se refere ao mercado internacional, não se deve esperar algo muito promissor.

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Conclusões e Tendências Agricultura •

Preservação das exportações para oriente

Crise européia não afetou o setor de soja

O segmento de silvicultura e açúcar e álcool sofrem mais com a crise

Desafios •

Desvalorização cambial ajuda o segmento

Problemas financeiros para produtores de cana de açúcar

Necessidade de novos investimentos em canaviais

China diversifica seus fornecedores (investimentos África)

Tendência •

Continuidade do crescimento sem forte aceleração

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6. Projeções 2012-2016 Desde o final de 2010 era esperado um ano ruim para o setor de máquinas e equipamentos da construção pesada. O resultado foi de fato como previsto muito fraco. Diante da força com a qual a política de desaceleração atingiu a economia brasileira ajudada ainda pelo agravamento da crise internacional, é até possível dizer que o ano não foi tão ruim assim para o setor. Outros segmentos da indústria nacional sofreram muito mais. Para 2012 nossas projeções ainda indicam um ano não muito promissor. Projetamos um crescimento de apenas 5% para todas as categorias. Esse percentual se deve em grande parte a desaceleração das vendas de caminhões que este ano surpreenderam, mas por fatores que não dizem respeito diretamente ao mercado. No próximo ano, espera-se ainda um primeiro semestre de recuperação das vendas, podendo crescer mais em meados do ano. Uma das razões para esse crescimento relativamente lento é o fato de que muitas construtoras compraram máquinas este ano à espera de obras previstas, mas que não ocorreram. Estão com população de máquinas em compasso de espera. O mesmo ocorreu com os locadores. Diversas novas empresas entraram no mercado, adquiriram máquinas para estarem à frente de seus concorrentes e não deixar escapar negócios. A desaceleração ao longo do ano deixou-as com máquinas no pátio à espera dos projetos de engenharia que não saíram por conta de restrições em gastos. Dessa forma, como pode ser visto nos quadros abaixo, a população de máquinas à espera de uso está elevada. Por isso a retomada das vendas no ano que vem deve ser lenta. As vendas também dependerão da rapidez em que a economia responderá aos incentivos do governo. Medidas como queda nas taxas de juros e o anúncio de retomada dos investimentos públicos do PAC devem acelerar as vendas ao longo de 2012. O Governo está anunciando medidas para transpor os recursos orçamentários que deveriam ser gastos este ano para o próximo. Isso deve alavancar os projetos. Da mesma forma, a Copa do Mundo está se aproximando e ainda há muito a ser feito. Em seguida as Olimpíadas, apesar de algo mais restrito ao Rio de Janeiro, também devem contribuir para puxar as vendas. Além disso, convém lembrar que o ano que vem é eleitoral. Prefeitos entrarão em campanha, o que pode acelerar as vendas de máquinas antes, logo no primeiro semestre. Pelos motivos acima elencados, é possível que nossas projeções estejam subestimadas, mas é importante assinalar que a população de máquinas esperando uso intensivo é grande devido aos volumes vendidos nos últimos anos. Pesam ainda positivamente a possibilidade de um retorno à trajetória de crescimento da construção civil residencial e industrial. Se de fato a economia retomar um trajetória no sentido de uma elevação de 5% no PIB, certamente geraria um cenário positivo que faria com que as famílias retomassem o projeto de compra de casa própria. Concorre para retardar também a aceleração do segmento imobiliário o volume de unidades que não conseguiram ser vendidas este ano, referentes ainda aos lançamentos de projetos iniciados em 2010. Mas na segunda metade do ano, novos projetos de obras poderão sair do papel. De outro lado, tanto o mercado de máquinas da construção pesada para mineração como em especial para algumas áreas do segmento agrícola como soja continuam promissores. Vale lembrar que os principais mercados desses produtos não são as economias que estão em crise. O segmento de cana de açúcar pode ainda atrasar mais um pouco suas compras, apesar das necessidades anunciadas de reformas dos canaviais. Mas o segmento ainda se encontra enredado em problemas financeiros. 68 Copyright © Sobratema 2007-2012


Dessa forma, as vendas de máquinas da construção pesada devem mover-se ainda lentamente em 2012, mas, pelos motivos acima apontados, podem retomar uma trajetória de crescimento mais acelerado a partir de 2013. Não imaginamos que o setor retomará taxas de crescimento entre 40% e 80% como observado em alguns dos últimos anos. Deve ser lembrado que essas taxas são típicas de uma economia que passou 20-25 anos com baixo crescimento e sem renovação de seu parque de máquinas, sem grandes obras ou sem qualquer projeto. Nos últimos anos o país retomou o caminho do desenvolvimento, mas está com um parque de máquinas relativamente novo o que deve fazer com que as vendas permaneçam em patamares mais modestos, variando em torno dos 10% ao ano. Apesar disso, podemos sempre ser surpreendidos por crescimentos elevados inesperados. Ainda estamos muito abaixo das taxas chinesas de vendas de máquinas, mas temos uma necessidade de infraestrutura hoje similar. Resumo – tendências 2016 Fatores Positivos •

Política Econômica mais expansionista  Câmbio/Juros

Provável aceleração do PAC – Copa/ Olimpíadas

Crédito não falta

Manutenção do nível de financiamento atual BNDES

Novos recursos do Pré-sal a partir 2012-13

Retomada do crescimento construção civil (renda/emprego)

Manutenção do Crescimento Chinês: •

Gradativa substituição mercado externo por interno

Mercado de Commodities agrícolas e minérios

Desafios •

Elevada população de equipamentos novos

desvalorizar mais o Câmbio/ baixar mais os Juros

Incentivar investimento/produção industrial

Preservar empregos/renda em crescimento

Elevação das taxas de crescimento para 4,5% a.a. •

Embate político  mais favorável ao crescimento

Elevar o investimento público

Garantir emprego/renda – evitar inadimplência

Evitar bolha imobiliária com crescimento emprego/renda

China diversifica fornecedores commodities – longo prazo

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Projeção do Mercado de Equipamentos da Construção - Unidades Mil 2010

2011

2012

2013

2014

2015

2016

Infraestrutura

31

36

39

42

46

51

55

Construção civil

26

32

33

36

39

43

47

Mineração

10

12

13

14

15

17

18

Agricultura

3

4

4

4

5

5

6

71

84

89

96

106

116

126

Total

Projeção do Mercado de Equipamentos da Construção - Taxas de Variação % aa 2011

2012

2013

2014

2015

2016

Infraestrutura

15,9

7,3

7,4

10,7

9,7

8,3

Construção civil

21,8

1,9

9,3

10,7

9,7

8,3

Mineração

19,8

5,2

7,4

10,7

10,0

8,4

Agricultura

9,9

11,0

6,7

10,8

9,7

7,9

18,3

5,1

8,1

10,7

9,7

8,3

Total Fonte Insight

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