Grandes
Construcoes construção, infraestrutura, concessões e sustentabilidade
Nº 1 - Janeiro / Fevereiro 2010 - www.grandesconstrucoes.com.br
green building Nova sede da Teckma sintetiza conceitos de sustentabilidade indústria offshore UTC investe R$ 12 milhões em unidade para produção de plataformas de petróleo petróleo & gás Petrobras assina contratos com oito construtoras para Refinaria Abreu e Lima
entrevista Ministro dos Esportes Orlando Silva declara guerra à burocracia cidade administrativa Engenharia brasileira realiza novo sonho de Niemeyer
Olimpíadas 2016 Vila Olímpica conciliará tecnologia, planejamento urbano e respeito ao meio ambiente
porto de açu Obras da ponte de acesso entram na reta final
Editorial
Por mais agilidade em licitações e contratos públicos Esta é a edição número 1 da revista Grandes Construções, publicação que nasce com a missão de tornar-se leitura obrigatória para o setor da construção no Brasil – empresários e executivos das grandes construtoras e empresas de engenharia, concessionárias de infraestrutura; investidores, formadores de opinião, responsáveis por compra de equipamentos e contratação de serviços; representantes do poder público e dos segmentos da indústria, entre outros. Sempre atenta às novidades e aos fatos relevantes do mercado, Grandes Construções informará aos seus leitores, de forma simples e direta, sobre grandes projetos em desenvolvimento no mundo, novos métodos construtivos, tendências, tecnologias e equipamentos, estreitando vínculo entre engenheiros, técnicos e compradores em potencial com as modernas tecnologias e seus principais fornecedores. Nessa edição de estreia, publicamos entrevista concedida pelo ministro dos Esportes, Orlando Silva, ao final de 2009, que aborda uma questão polêmica e de grande interesse do setor: a burocracia estatal como um dos maiores entraves à execução de grandes obras de infraestrutura e, por conseguinte, ao desenvolvimento do País. Orlando Silva teme que a pesada máquina administrativa atrapalhe o cronograma das obras para a Copa 2014 e Jogos Olímpicos de 2016. E recomenda que sejam adotadas mudanças urgentes na legislação em vigor, nas normas e no modelo de gestão, para que se tenha um sistema mais ágil de processamento de licitações e contratos públicos. O objetivo é garantir que os prazos das obras sejam obedecidos. A discussão não é exatamente nova. O que chama a atenção é o fato de um representante do mais alto escalão do governo vir a público propor a união dos diversos setores produtivos, admitindo que somente ela poderá mudar essa realidade. Os entraves causados pela burocracia não são observados apenas no Brasil. O Relatório Internacional de Empresas (IBR) – avaliação anual do ponto de vista dos executivos das principais empresas privadas de capital fechado, em nível global –, divulgado recentemente pela Grant Thornton International, apontou o excesso de burocracia e regulamentos como maior fonte de frustração das empresas. E, de acordo com 60% dos entrevistados, o Brasil é o campeão em carga burocrática. Em segundo lugar vem a Rússia (na opinião de 59% dos executivos), seguida da Polônia (55%) e da Grécia (52%). A situação é crítica, principalmente para os países emergentes, pressionados pelos investidores internacionais a ofe-
recer garantias e marcos regulatórios ágeis, capazes de atrair, junto à iniciativa privada, os recursos necessários aos projetos de infraestrutura. Ninguém discorda de que o Estado necessite de mecanismos para coibir desvios, principalmente quando se trata do dinheiro público. Mas o excesso de burocracia, e por vezes o mau uso político de instituições que deveriam estar a serviço do País, são os maiores responsáveis pela lentidão das obras e pela liberação das verbas a “conta-gotas” quando não a paralisação de obras essenciais. Estruturas pesadas, criadas por órgãos de licenciamento para proteção do meio ambiente, do patrimônio histórico, das reservas indígenas e do uso e da ocupação do solo, entre outros, bem como de órgãos de controle externo, como Tribunais de Contas e Controladorias, transformam a tarefa de construir em uma corrida de obstáculos. Estudo elaborado pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP) mostra que um projeto habitacional, por exemplo, leva, em média, do estudo de viabilidade até a legalização para comércio e ocupação, nada menos que três anos e meio para obtenção das licenças ambientais, urbanísticas e fiscais. O aceitável, em outros países, é a concessão dessas licenças em cerca de oito meses. O momento é de mudança. A grande quantidade de obras a serem executadas – dentro de prazos inadiáveis, envolvendo grande volume de recursos – poderá oferecer o ambiente favorável às reformas estruturais. O segmento da construção, como um dos principais envolvidos nesse esforço, não pode perder a oportunidade de assegurar sua participação nesse processo. Ele deve atuar junto ao Poder Legislativo e aos comitês organizadores dos eventos desportivos, propondo reformas nas leis existentes e sugerindo a criação de novos canais de negociação direta entre os atores econômicos, de forma a reduzir os obstáculos. É possível dar agilidade aos processos de análise e aprovação dos projetos, sem abrir mão do rigor e da transparência inerentes à administração dos recursos públicos. Como disse o ministro Orlando Silva, é hora de dar um “xeque-mate” na burocracia. Boa leitura.
Mário Humberto Marques Presidente da Sobratema
Fevereiro 2010 / 3
Índice
Editorial
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Por mais agilidade nas licitações e contratos públicos Associação Brasileira de Tecnologia para Equipamentos e Manutenção Diretoria Executiva e Endereço para correspondência:
Av. Francisco Matarazzo, 404, cj. 401 – Água Branca São Paulo (SP) – CEP 05001-000 Tel.: (55 11) 3662-4159 – Fax: (55 11) 3662-2192
Jogo Rápido
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Agenda
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Entrevista
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Conselho de Administração
Presidente: Mário Humberto Marques Vice-Presidente: Afonso Celso Legaspe Mamede Vice-Presidente: Carlos Fugazzola Pimenta Vice-Presidente: Eurimilson João Daniel Vice-Presidente: Jader Fraga dos Santos Vice-Presidente: Juan Manuel Altstadt Vice-Presidente: Mário Sussumu Hamaoka Vice-Presidente: Múcio Aurélio Pereira de Mattos Vice-Presidente: Octávio Carvalho Lacombe Vice-Presidente: Paulo Oscar Auler Neto Vice-Presidente: Silvimar Fernandes Reis
Diretor Executivo Paulo Lancerotti
Orlando Silva, ministro dos Esportes
2016
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A capital do sonho olímpico
Copa 2014
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Obras para o Maracanã
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Conselho Fiscal
Álvaro Marques Jr. - Carlos Arasanz Loeches - Dionísio Covolo Jr. - Marcos Bardella - Permínio Alves Maia de Amorim Neto - Risssaldo Laurenti Jr.
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Diretoria Técnica
André G. Freire (Terex) - Augusto Paes de Azevedo (Caterpillar) - Benito Francisco Bottino (Odebrecht) - Cláudio Afonso Schmidt (Odebrecht) - Edson R. Del Moro (Yamana Mineração) - Eduardo M. Oliveira (Santiago & Cintra) Felipe Sica Soares Cavalieri (BMC - Brasil Máquinas de Construção) - Gilberto Leal Costa (Odebrecht) - Gino Ranieri Cucchiari (CNH) - João Lázaro Maldi Jr. (Camargo Corrêa) - João Miguel Capussi (Scania) - José Germano Silveira (Sotreq) - Lédio Augusto Vidotti (GTM Máquinas e Equipamentos) - Luis Afonso Pasquotto (Cummins) - Luiz Carlos de Andrade Furtado (CR Almeida) - Luiz Gustavo Rocha de Magalhães Pereira (Tracbel) - Nathanael P. Ribeiro Jr. (Auxter) - Ramon Nunes Vasquez (Mills) - Ricardo Pagliarini Zurita (Liebherr) Roberto Mazzutti (BMC - Brasil Máquinas de Construção) - Sérgio Barreto da Silva (GDK) - Valdemar Suguri (Komatsu) - Yoshio Kawakami (Volvo)
Diretoria Regional
Américo Rene Gianetti (MG) Construtora Barbosa Mello José Demes Diógenes (CE / PI / RN) EIT – Empresa Industrial Técnica S/A José Luiz P. Vicentini (BA / SE) Terrabrás Terraplenagens do Brasil S/A Laércio de Figueiredo Aguiar (PE / PB / AL) Construtora Queiróz Galvão S/A Rui Toniolo (RS / SC) Toniolo, Busnello S/A Wilson de Andrade Meister (PR) Ivaí Engenharia de Obras S/A Ariel Fonseca Rego (RJ / ES)
Grandes
Construcoes Diretor Executivo: Hugo Ribas Editor: Paulo Espírito Santo Publicidade: Carlos Giovanetti (gerente comercial), Maria de Lourdes e José Roberto R. Santos
Porto de Açu
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Avançam as obras da estrutura que mudará o conceito de operação portuária no Brasil
Cidade Administrativa
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Certificação de Oficina Odebrecht
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Estudo Sobratema
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Construção Sustentável
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Diagrama Marketing Editorial
Produtor: Miguel de Oliveira Projeto Gráfico: Anete Garcia Neves Diagramação: Aline Poletto, Felipe Escosteguy, Rodrigo Clemente Internet: Adriano Kasai Revisão: Luci Kasai “Grandes Construções” é uma publicação mensal, de circulação nacional, sobre obras de Infraestrutura (Transporte, Energia, Saneamento, Habitação Social, Rodovias e Ferrovias); Construção Industrial (Petróleo, Papel e Celulose, Indústria Automobilística, Mineração e Siderurgia); Telecomunicações; Tecnologia da Informação; Construção Imobiliária (Sistemas Construtivos, Programas de Habitação Popular); Reciclagem de Materiais e Sustentabilidade, entre outros.
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Prédios verdes brotam no Brasil e no mundo
Petróleo e Gás - UTC
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CoGnrsatnrdues coes const
rução , infra
estrutura,
Nº 1 -
Membro da Anatec
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Petrobras fecha contratos para obras na refinaria Abreu e Lima concessõe
Jane iro
Tirageml: 12 mil exemplares Impressão: Parma
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Um prédio feito de sonhos, metal e concreto
Construção Sustentável Produção Gráfica & Internet
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Novo projeto de Niemeyer ganha o mundo real
/ Feve
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reiro 2010
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www.grandesconstrucoes.com.br
Capa: criação de Felipe Escosteguy sobre foto Guto lima
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4 / Grandes Construções
Jogo Rápido
Fotos: Divulgação
Obras na BR-116
SS Rolo em operação na BR-116, entre Picada Café e Nova Petrópolis (RS)
Dois rolos da marca Hamm, comercializados pela Ciber, de Porto Alegre, estão operando na revitalização da BR-116, no Rio Grande do Sul. Os modelos HD90 e GRW 18 estão sendo utilizados para a recuperação da via, englobando fresagem e compactação de asfalto, reformas em viadutos e pontes, construção de novos acessos e renovação de toda a sinalização viária. Entre outras características, o rolo HD90 oferece visibilidade total dos cilindros compactadores e do sistema de aspersão de água e o GRW18 possui dirigibilidade bastante suave, pois possibilita ao operador a direção pelos dois lados do rolo. Isso permite um acompanhamento eficaz do acabamento do asfalto. A obra integra o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal, com previsão para ser concluída neste ano e é executada pela Sultepa Construções e Comércio Ltda.
Novo fora de estrada Caterpillar A Sotreq, revendedora autorizada de produtos, sistemas e serviços Caterpillar, lançou o caminhão fora de estrada 770. Direcionado para os mercados de construção, mineração e pedreira, o veículo foi dimensionado para oferecer elevado desempenho com custos mais baixos por tonelada. De
Usina de biomassa inaugurada em Campos Entrou em operação, no final de 2009, a nova usina de biomassa Canabrava, em Campos, no norte fluminense. O empreendimento compreende uma destilaria de álcool (etanol) e uma unidade de produção de energia elétrica e foi instalado no município, atraído por recursos do Fundo de Desenvolvimento de Campos (Fundecam) e pelos incentivos fiscais da Lei 4.533/05, que reduz o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) de 18% para 2%. Com a entrada em operação da Usina Canabrava na próxima safra, o município de Campos vai dar fôlego novo à cultura da cana-de-açúcar, uma vocação do município há cerca de 400 anos, e agregar valor à economia com a geração de renda a partir do bagaço e da palha da cana-de-açúcar, que tornará possível a produção de biomassa, uma iniciativa pioneira na região.
acordo com a Sotreq, o 770 possui uma estrutura robusta, para atender às mais diversas aplicações e tipos de terrenos. Um dos destaques desse equipamento é em relação aos procedimentos de manutenção, fáceis e que garantem uma longevidade com baixos custos. A Sotreq se diferencia no mercado pelo suporte especializado em equipamentos Caterpillar, pela preocupação em aumentar a produtividade e reduzir custos operacionais. A empresa realiza para seus clientes estudos de seleção, dimensionamento de frotas e configuração de máquinas para que o cliente obtenha o melhor custo-benefício de seu investimento. www.grandesconstrucoes.com.br
6 / Grandes Construções
Jogo Rápido
Novas opções em motoniveladoras A linha de motoniveladoras da Case Construction Equipment aumentou para três modelos. Agora, além da 845, disponível desde 2001, o mercado conta também com a 865 e a 885, lançadas no final de 2009. As máquinas são produzidas na planta industrial de Contagem (MG). Do total fabricado em 2009, 40% ficaram no mercado brasileiro e 60% foram exportados para países da América Latina, América do Norte e Ásia. As motoniveladoras Case série 800 vêm equipadas com motor turboalimentado de alto desempenho. O modelo 845 possui motor emissionado de 140 hp líquidos, com certificação de emissão de poluentes Tier I. Os modelos 865 e 885, com mo-
tores de 155 hp líquidos, possuem motor opcional de 170 hp e 200 hp, respectivamente, emissionado e com certificação Tier II. A transmissão é do tipo Direct Drive, Powershift, com controle eletrônico de marchas, oito velocidades para frente e quatro para trás, pedal modulador para avance progressivo para os modelos 865 e 885. A Case informa que essa transmissão garante total aproveitamento das potências do motor, baixo consumo de combustível, grande eficiência e precisão dos trabalhos, que exigem grande habilidade do operador, como o nivelamento do solo. Além disso, é comandada por uma única alavanca, que assegura simplicidade e comodidade às operações.
Chegam equipamentos para maior parque eólico do País Foram desembarcados no porto de Suape (PE) 92 aerogeradores para o parque eólico de Alegria, que será o maior do País, localizado em Guamaré (RN). Os equipamentos foram comprados da Vestas, empresa dinamarquesa líder mundial em tecnologia para geração de energia eólica. O parque será composto por duas usinas – Alegria I e Alegria II. Dos aerogeradores importados, 31 são para Alegria I e 61 para Alegria II. O empreendimento é controlado pela Multiner, companhia nacional de geração de energia, que também tem projetos de origem hidráulica e térmica. Em outubro, a New Energy Options, subsidiária da Multiner, assinou com o Banco do Nordeste Brasileiro (BNB) financiamento de R$ 250 milhões para a Usina Eólica de Alegria I. O valor total do investimento dessa etapa é de cerca de R$ 293 milhões. A usina terá capacidade de geração de 51 MW, suficiente para o abastecimento de 70 mil moradias, e o início da operação está previsto para agosto de 2010. O financiamento de R$ 398 milhões para Alegria II já se encontra também em estágio avançado de negociação com o BNB. As duas usinas terão capacidade total de geração de 151,8 MW, podendo abastecer 200 mil residências e evitar a emissão de 120 mil toneladas/ano de CO2 na atmosfera. Fevereiro 2010 / 7
Jogo Rápido
S.O.S. Angra dos Reis
Rio poderá ter centro de inteligência em energia
Gerdau I A Gerdau instalou sua primeira unidade industrial no estado de Rondônia, voltada para o corte e dobra de aço – a planta recebe os vergalhões prontos e os entrega nas quantidades, formatos e tamanhos necessários para a obra, de acordo com o projeto do cliente. Instalada na capital, Porto Velho, a unidade deverá atender à expansão de demanda pelo vergalhão cortado e dobrado no estado, que neste ano deve crescer mais que a média brasileira, segundo a expectativa do governo local. O principal objetivo é atender aos diversos empreendimentos imobiliários que vêm sendo construídos na região.
8 / Grandes Construções
O governo federal, por meio do Ministério da Integração Nacional, vai liberar, em caráter emergencial, R$ 80 milhões para obras no município de Angra dos Reis, no litoral sul fluminense. O dinheiro será usado para reconstruir casas destruídas pelos deslizamentos de terra ocorridos na virada do ano, para realocar famílias que vivem em áreas consideradas de risco e recuperar encostas nas áreas mais afetadas, onde morreram pelo menos 52 pessoas. O Ministério das Cidades também já se comprometeu a analisar os projetos que serão levados pelo governo do Rio de Janeiro, no sentido de incluir no projeto Minha Casa, Minha Vida soluções ainda mais abrangentes para as questões das moradias na região. O governo do estado, por sua vez, anunciou que está finalizando um relatório, a ser apresentado ao governo federal, propondo um conjunto de ações tanto para Angra dos Reis como para a Baixada Fluminense, também castigada pelas chuvas. Foto: Roosewelt Pinheiro/ABr
O governo do estado e a prefeitura do Rio de Janeiro vão trabalhar juntos para a criação, em 2010, de um centro de inteligência em energia na cidade do Rio de Janeiro, e pelo desenvolvimento da marca “Rio, capital da energia”. A parceria foi fechada durante seminário do projeto Rio Além do Petróleo, realização do Instituto de Estudos de Trabalho e Sociedade (IETS) e do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), na Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). O centro seria fundamental para o desenvolvimento de políticas públicas visando à qualificação de mão de obra e à realização de parcerias envolvendo o poder público, a academia e o setor privado. A meta é transformar o Rio de Janeiro em um player internacional no mercado de energia. Hoje, o estado produz 85% do petróleo nacional, tem o maior parque térmico do País, conta com duas usinas nucleares (Angra 1 e 2) – em breve, terá Angra 3 –, sedia a grande maioria das empresas do setor petrolífero, além de centros de pesquisa, e tem dois projetos de geração eólica em andamento.
SS Bombeiros e policiais militares acompanham o trabalho de demolição de 3 mil casas no município, construídas em área de risco
Gerdau II A Gerdau já entregou 2,02 mil toneladas de vergalhões de aço para a expansão da Linha 2 (Verde) e construção da Linha 4 (Amarela) do metrô de São Paulo, que vem recebendo investimentos de R$ 20 bilhões do governo do estado. Os vergalhões foram entregues tanto soltos como já cortados e dobrados ou montados em armaduras, prontas para utilização – a Gerdau é pioneira no fornecimento desse tipo de produto, que proporciona uma redução de até 15% no consumo de aço e aumenta a velocidade da obra em até 70%. A previsão é de que as primeiras estações nas duas linhas sejam entregues em março de 2010.
Jogo Rápido
MMX fecha acordo para usar porto da CSN A MMX Mineração e Metálicos S.A., empresa do Grupo EBX, do mega-empresário Eike Batista, assinou contrato comercial e de uso de serviços portuários com a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). Pelo acordo, a MMX terá espaço para exportar 1 milhão de toneladas de minério de ferro em 2010 pelo Terminal de Carga do Porto de Itaguaí no Rio de Janeiro. Em contrapartida, a CSN se compromete a adquirir no mínimo 1,5 milhão de toneladas de minério de ferro da MMX. Desta forma, a MMX garante SS Porto de Itaguaí: terminal de cargas será usado pela o acesso ao mercado internacional de minério de MMX para exportar minério ferro e o fornecimento aos seus clientes fora do Brasil, consolidando sua posição no mercado doméstico. Em 22 de dezembro de 2008, a MMX anunciou que havia vencido a concorrência privada promovida pela CSN para uso de serviços portuários do Terminal de Cargas do Porto de Itaguaí, no Rio de Janeiro. O contrato previa embarques de 1,2 milhão de toneladas de minério de ferro em 2009 e 2 milhões de toneladas em cada um dos dois anos subsequentes, 2010 e 2011.
Ibama autoriza obras na BR-163 O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) concedeu licença ambiental para mais um trecho da BR-163, rodovia que liga Cuiabá (MT) a Santarém (PA). A licença de instalação autoriza o Departamento Nacional de Infraestrutura (DNIT) a começar as obras de pavimentação do lote Tapajós III, com 83,9 quilômetros de extensão, entre os municípios paraenses de Rurópolis e Santarém. A previsão é de que o trecho esteja concluído até dezembro de 2011, de acordo com o balanço mais recente do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Até o fim de 2010, o investimento do governo em toda a rodovia deve chegar a R$ 1 bilhão. A região da BR-163 é um dos principais focos de desmatamento na Amazônia, principalmente pelo avanço da pecuária. Após o anúncio do asfaltamento da rodovia, em 2002, o desmatamento na região teve um aumento de 500%, o que levou o governo a elaborar um plano de desenvolvimento sustentável para o empreendimento.
Petrobras contrata a construção de novas embarcações A Petrobras assinou, no final de dezembro, três contratos para construção de embarcações para afretamento por período (Time Charter Party) com empresas brasileiras de navegação. A contratação inicial é de nove navios por um período de 15 anos e as embarcações deverão entrar em operação entre 2011 e 2014. Nessa etapa, são três navios para transporte de bunker (combustível marítimo) de aproximadamente 4.500 TPB (Toneladas de Porte Bruto), contratados à Navegação São Miguel Ltda., outros três, também para transporte de bunker, de aproximadamente 2.500 TPB, contratados à Delima Comércio e Navegação Ltda., além de três embarcações para transporte de produtos claros, de aproximadamente 45.000 TPB, contratadas junto à Global Transporte Oceânico S.A. As encomendas fazem parte do Programa de Modernização e Expansão da Frota, da Transpetro. A ação pretende ainda reduzir a dependência do mercado externo de fretes marítimos e gerar empregos. Os navios precisam ter bandeira e tripulação brasileiras e serão construídos em estaleiros do Brasil, para estimular o desenvolvimento da indústria naval brasileira. No início do ano, 40 empresas formalizaram o interesse em participar do processo licitatório. Foram apresentadas 35 propostas. Dos navios restantes para atingir os 19 previstos no programa, três deles, gaseiros, estão em fase adiantada de negociações. Os outros sete ainda têm preços negociados pela Petrobras. www.grandesconstrucoes.com.br
10 / Grandes Construções
www ACONTECEU NA REDE
Site se consolida como porta-voz
do setor da Construção
Desde seu lançamento, em 11 de novembro, o site da revista Grandes Construções (www. grandesconstrucoes.com.br) vem obtendo um crescimento acelerado no número de visitantes, tendo registrado, no mês de janeiro, surpreendentes 30 mil visitantes únicos. De acordo com estatísticas fornecidas pelo Google, mais de 50% desses internautas já haviam visitado o site pelo menos uma vez, o que comprova a satisfação desses leitores com o conteúdo disponibilizado. De novembro a janeiro foram disparadas 10 newsletters, para um mailling altamente qualificado, de aproximadamente 100 mil nomes, que resultaram em um aproveitamento em torno de 30%, um índice considerado excelente para esse tipo de mídia eletrônica. Os números são o resultado de um trabalho cuidadoso, com o objetivo de oferecer ao mercado informação altamente qualificada. São notícias “quentes”, artigos técnicos, comentários etc. colhidos junto aos veículos de comunicação de maior credibilidade de todo o País, ou gerados com exclusividade pela equipe de jornalismo de Grandes Construções, que refletem o grande fôlego e potencial de crescimento da construção e da engenharia no Brasil. Ao longo desses três meses, acompanhamos questões de grande interesse para o setor, tais como o processo de licenciamento para a construção da hidrelétrica de Belo Monte; a aquisição do controle da Quattor pela Braskem; a grande demanda por mão de obra qualificada na construção e o risco do “apagão de talentos”; e as negociações da Camargo Corrêa Investimentos para deixar a sociedade dona da usina hidrelétrica de Jirau, no rio Madeira, entre outras. Esse trabalho tem sido recompensado pelo leitor, que já identifica o site como um dos principais canais de acesso à informação do seu interesse. Além do grande número de leitores do Brasil,
localizados, em sua maioria, nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, visitantes dos Estados Unidos, Inglaterra, França, Portugal, Canadá e Japão, entre outros países, têm mostrado grande interesse no conteúdo do site, o que comprova o interesse de investidores internacionais no mercado que hoje é reconhecido mundialmente como “a bola da vez”, em termos de oportunidades de negócios. A expectativa da equipe de Grandes Construções é aumentar ainda mais esse fluxo de visitantes, tornando o site mais interativo e interessante, renovando o conteúdo diariamente, criando novas seções e incrementado outras existentes, como as galerias de fotos e vídeo. Outra meta é a valorização da opinião do leitor, dando mais destaque às críticas e sugestões recebidas. Visite nosso site (www.grandesconstrucoes.com.br). Informe-se, dê sugestões, critique. Participe do processo de consolidação desse novo canal de informações da comunidade da construção e engenharia no Brasil.
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matérias mais lidas em janeiro.
Odebrecht e Petrobras fecham acordo Camargo ainda negocia saída da usina de Jirau Odebrecht e Camargo Corrêa se unem para disputar Belo Monte Petrobras em busca de mão de obra País vai finalmente construir Belo Monte Brasil deve considerar possibilidade de fortes terremotos, diz geólogo Entidade faz campanha para atrair jovens para a engenharia Odebrecht vence na Colômbia
Espaço Sobratema A Sobratema é uma entidade voltada aos usuários de equipamentos que atuam nos segmentos de construção e mineração e sua missão é difundir o conhecimento. M&T Expo A maior feira do setor de equipamentos para Construção e Mineração da América Latina. Revista M&T Publicação técnica direcionada a executivos responsáveis pela gestão e manutenção de frotas para construção, mineração, siderurgia, papel e celulose. Workshop O 1º encontro de 2010 será sobre Financiamentos & Seguros. Será realizado dia 24 de março. Mais informações: www.acquacon.com.br/ workshopsobratema Instituto OPUS Programa dedicado à formação, atualização e licenciamento de operadores e supervisores de equipamentos. Relações Internacionais A Sobratema organiza Missões Técnicas para os profissionais da construção e mineração, com visitas aos eventos mundiais mais importantes. Tabela Custo-Horário O associado Sobratema tem a sua disposição recursos para cálculos de custo/horário de diversos equipamentos em diferentes aplicações. Estudo de mercado Análises do comportamento dos mercados brasileiro e mundial de equipamentos para a construção pesada. Anuário de Equipamentos Anuário brasileiro de equipamentos para construção, com especificação técnica das máquinas para as diversas aplicações.
Construção civil será a maior vedete do emprego em 2010
Conheça os programas para difusão de conhecimento da Sobratema e associe-se.
Assinado contrato de hidrelétrica no Peru de US$ 607,7 mi
WWW.sobratema.org.br
Fevereiro 2010 / 11
Jogo Rápido
Tecnometal fecha fornecimento para a Petrobras A Tecnometal Engenharia firmou um contrato para fornecimento de duas torres de acesso a navios (Gang Way), que serão instaladas no Terminal Aquaviário de Barra do Riacho, em Aracruz (ES). O cliente é a Mendes Júnior Trading e Engenharia S/A, que está construindo o terminal para a Petrobras. O contrato consolida a posição da Tecnometal como fabricante de soluções, também para o segmento de óleo e gás. É a primeira vez que torres desse tipo são produzidas no Brasil. O projeto está sendo desenvolvido pela área de engenharia (mecânica e elétrica) da empresa, que está nacionalizando o produto. O escopo do fornecimento abrange desenvolvimento do projeto, fabricação, pré-montagem, testes e assistência técnica durante o período de montagem na obra. O contrato foi assinado em 3 de setembro, com entrega prevista para 180 dias.
SS Terminal de Barra do Riacho
12 / Grandes Construções
Petrobras confirma potencial de Iara A Petrobras concluiu os testes de formação no poço 1-BRSA-618RJS (1-RJS-656), na área informalmente denominada de Iara, no bloco BM-S-11. Os testes comprovaram o potencial exploratório da área com produção de óleo leve, de aproximadamente 28° API. Esses testes de formação permitiram manter a estimativa de volume recuperável na área de Iara de 3 a 4 bilhões de barris de petróleo leve e gás natural, anunciada após a perfuração, concluída em setembro de 2008. O poço testado está localizado em profundidade de água de 2.230 metros, a 230 km da costa do estado do Rio de Janeiro. Devido à necessidade de realocação da sonda, estão previstos para 2010 novos testes em outro poço dessa mesma área.
O consórcio formado pela Petrobras (65% Operadora), BG Group (25%) e Galp (10%) dará continuidade às atividades exploratórias realizando os investimentos necessários para a avaliação da jazida, de acordo com o Plano de Avaliação aprovado pela ANP.
Setor de locação lança guia do mercado e se estrutura A Associação Brasileira de Empresas Locadoras de Bens Móveis (Alec), entidade que congrega cerca de 300 associados em todo o Brasil, do setor de locação de máquinas e equipamentos, fez o lançamento, no dia 3 de dezembro, do Guia Alec 2010. Com tiragem de 15 mil exemplares e circulação nacional, dirigida a profissionais e empresas, indústrias e prestadores de serviços do segmento da construção civil, o guia, em sua 12ª edição, traz matérias técnicas e um levantamento atualizado das principais empresas de locação e fabricantes de máquinas, equipamentos e acessórios ligados ao segmento em todo o País. A publicação traz, ainda, um resumo de dois estudos de mercado, apoiados pela Alec, que permitem aos associados da entidade terem uma ampla visão das tendências e dos números do setor. Para o presidente da Alec, Expedito Eloel Arena, no momento que o Brasil entra em um novo ciclo de desenvolvimento, tendo a construção civil como um dos motores da economia, é fundamental que os empresários do setor de locação de máquinas atuem nesse mercado de forma profissional, organizada, com foco na qualidade dos produtos e serviços. “É urgente olhar para o futuro e estruturar melhor as empresas. Precisamos olhar para o nosso negócio como uma empresa moderna, sustentável, facilitadora de trabalho, que emprega e dá lucros”, afirmou. Ele conclamou as empresas do setor a se unirem em torno das discussões de normas, na reivindicação de políticas para a compra de peças e máquinas junto aos fabricantes, na formação e capacitação de mão de obra, entre outras questões.
AGENDA 2010
Engenheiros e arquitetos discutirão
sustentabilidade em Recife
O Citaes terá três enfoques básicos:
De 6 a 9 de abril será realizado no Centro de Convenções de Recife (PE) a segunda edição do Congresso Internacional de Tecnologia Aplicada para a Arquitetura & Engenharia Sustentável – Citaes 2010. Promovido pela Regional Pernambuco do Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva (Sinaenco), o evento, que é bienal, terá nessa edição, como tema principal, “Conforto, Segurança e Economia em Edificações”. De acordo com o Sinaenco, o evento foi concebido com a proposta de ter amplo impacto na sociedade, não só pela sua formatação e pela divulgação de tecnologias a serviço da sociedade, mas, sobretudo, por ter como foco a sustentabilidade e seus reflexos sobre a sociedade. O evento contará com a participação de representantes de entidades que produzem soluções
inteligentes em arquitetura e engenharia no Brasil, tais como empresas que prestam serviços de planejamento, elaboram estudos, planos, pesquisas e projetos afinados com os conceitos de sustentabilidade. Também estarão presentes representantes de órgãos de controle, gerenciamento, supervisão técnica, inspeção, diligenciamento e fiscalização de empreendimentos relativos à arquitetura e à engenharia. O encontro deverá se constituir em um fórum de esclarecimento acerca de tecnologias sustentáveis, de arquitetura e engenharia, para a solução de problemas da sociedade, inclusive de imediata aplicabilidade, abrindo espaço para apresentação de tecnologias novas, ou já existentes, utilizadas de forma inovadora, em benefício da qualidade de vida das pessoas. Paralelamente ao congresso acontecerá a Feira Tecnológica Temática.
• Tendências – As novas tecnologias que estão sendo desenvolvidas nos centros de pesquisas e/ou universidades, mesmo sem aplicação imediata, mas que se apresentam promissoras para a sociedade, em seu desenvolvimento sustentável; • Atualidades – As tecnologias e soluções aplicáveis, disponíveis no mercado, mas cuja divulgação e aplicabilidade precisam ser mais bem explicadas à sociedade; • Resgates – As antigas tecnologias que, com adaptação, têm boa aplicabilidade, com economicidade, para problemas atuais. O público - alvo direto do Citaes é composto por estudantes, profissionais e empreendedores da Arquitetura e Engenharia, enquanto o público - alvo indireto é a sociedade em geral, interessada em encontrar soluções sustentáveis para seus problemas do dia a dia. info Bureau de Eventos Tel.: (81) 3463 0206 / 3463 0729 / 9952 0367 / Fax: (81) 3327 3068 E-mail: citaes@bureaudeeventos.com.br Site: www.citaes.com.br.
14 / Grandes Construções
BRASIL Março 8º Fórum Internacional de Arquitetura e Construção/Expo Revestir 2010. De 9 a 12 de março, no Transamérica Expo Center, em São Paulo (SP). Promoção: Associação Nacional de Fabricantes de Cerâmica para Revestimento (Anfacer). info Tel.: (11) 4613 2000 / Fax: (11) 4613 2033 E-mail: info@exporevestir.com.br Site: www.exporevestir.com.br
Abril 18ª Feira Internacional da Indústria da Construção – Feicon Batimat. De 6 a 10 de abril, no Pavilhão de Exposições do Anhembi em São Paulo (SP). O evento reunirá engenheiros, arquitetos e construtores, entre outros profissionais, para o lançamento de produtos de vários setores da construção e apresentação de tendências e soluções para atender esse mercado. Organização e promoção: Reed Exhibitions/Alcântara Machado. info Tel.: (11) 3060 5000 E-mail: info@reedalcantara.com.br Site: www.feicon.com.br
Conferência Internacional sobre Saúde, Segurança e Meio AMBIENTE na Exploração de Petróleo e Produção de Gás (SPE). De 12 a 14 abril, no Rio de Janeiro (RJ). Promoção: Society of Petroleum Engineers (SPE) e Petrobras. Informações por correio: 222 Palisades Creek Dr., Richardson, TX 75080 E.U.A. info Fax: +1.972.852.9292. E-mail: registration@spe.org Site: www.spe.org/events/hse
Ambiental Expo. 2a Feira Internacional de Equipamentos e Soluções para o Meio Ambiente. De 27 a 29 de abril, no Pavilhão de Exposições do Anhembi, em São Paulo. Organização e promoção: Reed Exhibitions/Alcântara Machado, em parceria com a ABDIB – Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústrias de Base. info Tel.: (11) 3060 5000 / Fax: (11) 3060 5001 E-mail: info@reedalcantara.com.br Site: www.ambientalexpo.com.br
Julho IV Congresso Brasileiro de MND – Métodos Não Destrutivos e II NO – Dig – Edição Latino Americana. De 20 e 21 de julho, no Centro Fecomércio de Eventos, em São Paulo (SP). O encontro irá mostrar que graças à tecnologia não destrutiva é possível realizar obras no subsolo,
como instalação, manutenção e reparação de cabos de telefonia, eletricidade, água e gás, por meio de perfuração subterrânea, sem a necessidade de abertura de valas e buracos em vias públicas. Promoção da Associação Brasileira de Tecnologia Não Destrutiva (Abratt) e International Society for Trenchless Technology (ISTT). Apoio: Sobratema, Associação Brasileira de Tubos Poliolefínicos e Sistemas (ABPE) e Associação dos Engenheiros da Sabesp (Aesabesp). info Secretaria Executiva da Acqua Consultoria Tel/Fax: (11) 3871 3626 E-mail: mnd2010@acquacon.com.br Site: www.acquacon.com.br/mnd2010
7ª Feiccad 2010. Feira do Imóvel, Construção Civil, Condomínios, Arquitetura e Decoração. De 22 a 25 de julho, no Maxi Shopping Jundiaí – Piso G3, em Jundiaí (SP). info Tel.: (11) 4526 2637 Sites: www.feiccad.com.br - www.adelsoneventos.com.br
Solutec 2010. Feira Nacional de Soluções Tecnológicas. De 24 a 27 de março, no Riocentro, Rio de Janeiro (RJ). A feira tem o objetivo de promover a interação, a troca de experiência e a transferência de tecnologia nos setores de Energia Solar, Meio Ambiente, Geração de Fontes Alternativas, Nanotecnologia, Tecnologia da Informação e Indústria Automobilística, entre outras. Promoção: Diretriz Feiras e Eventos Ltda. info Tel.: (41) 3075 1100 E-mails: cvendas@diretriz.com.br - diretriz@diretriz.com.br Site: www.feirasolutec.com.br
Agosto Expo Construir Bahia 2010. Feira Internacional da Construção. De 17 a 21 de agosto, no Centro de Convenções de Salvador (BA). A Expo Construir Bahia conta com uma série de eventos paralelos. São espaços exclusivos para produtos e serviços para o setor da construção e também fóruns que reúnem grandes nomes do setor em palestras e debates. Promoção e organização: Fagga Eventos. Realização: Sinduscon-BA. info Tel.: (21) 3035 3100 Site: www.feiraconstruir.com.br/ba/
Concreteshow 2010. De 25 a 27 de agosto, no Transamérica Expo Center. Ponto de encontro internacional dos principais players da cadeia da construção civil sul-americana. O evento apresenta inovações e tendências mundiais em sistemas e métodos construtivos à base de concreto, trazendo soluções e aumentando a produtividade, qualidade e velocidade na execução da obra. O evento é focado exclusivamente na utilização e na promoção da cadeia do concreto. Realização: Sienna Interlink. info Tel.: (11) 4689 1935 / Fax: (11) 4689 1926 Site: www.concreteshow.com.br
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AGENDA 2010
Setembro
Março
Rio Oil & Gás – Conferência e Exposição. De 13 a 16 de setembro, no Centro de Convenções do Riocentro, Rio de Janeiro (RJ).ACONTECEU Principal evento de Petróleo e Gás da América Latina, a RioNA OilREDE & Gas Expo and Conference é realizada a cada dois anos. Desde sua primeira edição, em 1982, a feira e conferência vêm colaborando na consolidação do Rio de Janeiro como “capital do petróleo”, já que o estado concentra 80% de todo o óleo produzido no País, além de 50% da produção de gás. A exposição é uma importante vitrine para as empresas nacionais e estrangeiras apresentarem seus produtos e serviços. A conferência dá a oportunidade de discussão sobre os principais temas relativos às inovações tecnológicas. Promoção: Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP).
Fecons 2010 – Feria Internacional de la Construccion. De 30 de março a 3 de abril, em Havana, Cuba. Promovido pelo Ministério da Construção da República de Cuba e União Nacional de Arquitetos e Engenheiros da Construção de Cuba (Unaicc). Tema central: “Por uma elevada qualidade e desempenho das construções”. Paralelamente acontece a VIII Conferência Científico-Técnica da Construção, que terá como objetivos principais impulsionar o desenvolvimento científico-técnico, estimular o trabalho dos pesquisadores e especialistas da construção, propiciar o confronto de critérios e intercâmbio de experiências sobre os problemas mais relevantes da construção em Cuba.
info Tel.: (+55 21) 2112 9000 E-mails: congressos@ibp.org.br - riooil2010@ibp.org.br eventos@ibp.org.br - patrocinios@ibp.org.br - press@ibp.org.br Site: www.ibp.org.br
Expo Construir Minas 2010. Feira Internacional da Construção. De 13 a 17 de setembro de 2010, em Belo Horizonte (MG). Promoção e organização: Fagga Eventos. Realização: Câmara da Indústria da Construção da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais. info Tel.: (21) 3035 3100 Site: www.feiraconstruir.com.br/mg/
Ficons - VII Feira Internacional de Materiais, Equipamentos e Serviços da Construção. De 14 a 18 de setembro, no Centro de Convenções de Pernambuco. Realização: Sinduscon-PE. info Tel.: (81) 3423 1300 E-mail: ficons@assessor.com.br Site: www.ficons.com.br
INTERNACIONAL Fevereiro World of Concrete. De 5 a 10 de fevereiro, no Las Vegas Convention Center, Las Vegas – Nevada (EUA). A feira reúne cerca de 1500 expositores que mostrarão as últimas novidades em produtos e tecnologias para o concreto. Estarão presentes fornecedores, fabricantes de equipamentos e construtores de diversos países. Paralelamente, entre os dias 1 e 5, acontecem seminários sobre temas ligados ao evento, além de fóruns onde serão discutidas soluções e inovações para o material. info Site: www.worldofconcrete.com
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info Site: http://fecons.netcons.com.cu
Abril BAUMA 2010. De 19 a 25 de abril, em Munique, na Alemanha. Uma das mais importantes feiras do mundo em equipamentos para a construção civil e mineração, a Bauma 2010 vai premiar as melhores inovações tecnológicas. O evento, que ocorre a cada três anos, é uma iniciativa da MMI (Messe München International) em parceria com a VDMA (Conselho da Associação dos Fabricantes de Máquinas, Equipamentos e Materiais de Construção da Alemanha) e CECE (Comitê Europeu de Equipamento de Construção). info Site: www.bauma-innovation-award.com
Agosto 11ª Conferencia Internacional sobre Pavimentos de Asfalto. De 1 a 6 de agosto, em Nagoya, Japão. Tema: “Desenvolvimento global sustentável”. Promoção: Japan Road Association ( JRA) e International Society for Asphalt Pavements (ISAP). info Japan Road Association ISAP NAGOYA 2010 Local Committee Secretariat 3-3-1 Kasumigaseki Chiyoda-ku Tokyo 100-8955, Japan Fax.: +81-3-3581 2232 E-mail:info@isap-nagoya2010.jp; pelo Site: www.isap-nagoya2010.jp
Novembro Bauma China 2010. De 23 a 29 de novembro, em Shangai, China. No total, 1.608 expositores de 30 países participaram da última versão do evento, em 2008, apresentando ampla gama de máquinas e materiais para construção e mineração, em 210.000 m2 de área de exposição. A Bauma China é a principal porta de entrada para um dos mercados mais fortes e mais interessantes dessa indústria, no momento. info Messe München GmbH Bauma China Exhibition Management Messegelaende 81823, Munique, Alemanha Tel.: (+49 89) 949 2025 / Fax: (+49 89) 949 2025 9 Site: http://www.bauma-china.com
TT Orlando Silva, ministro dos Esportes
Fotos: Divulgação
entrevista
O
presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro do Esporte, Orlando Silva, prefeitos, governadores e proprietários dos estádios, localizados nas 12 cidades-sede dos jogos da Copa 2014, participaram, no dia 13 de janeiro, da cerimônia de assinatura da Matriz de Responsabilidades para a Copa. Trata-se de um pacto de cooperação que define quais serão os encargos e os cronogramas de cada ente federativo e da iniciativa privada, para a realização das obras de mobilidade urbana, reforma e modernização dos estádios, urbanização do entorno das arenas desportivas, capacitação de aeroportos e terminais portuários, para o mundial de 2014. Outra providência do governo federal, para agilizar o programa de intervenções necessárias para garantir o sucesso dos grandes eventos desportivos, foi a elaboração de um projeto de lei para a concessão de isenção tributária a empresas que forneçam produtos e serviços na organização e realização da Copa das Confederações de 2013 e do Mundial de 2014. O projeto foi apresentado pelo ministro Orlando Silva, no início de janeiro, ao secretário-geral da Fifa, Jerome Valcke, e ao presidente do Comitê Organizador Local da Copa 2014, Ricardo Teixeira, e será encaminhada ao Congresso Nacional em fevereiro.
Copa 2014 e Jogos de 2016 darão um xeque-mate na burocracia
A isenção fiscal foi uma das 11 garantias oferecidas pelo Brasil à Fifa e é uma exigência feita a todos os países que sediam Copas do Mundo de Futebol. “Nós cumprimos o compromisso que o presidente Lula assinou em 2007 de dar um tratamento tributário diferenciado à Fifa”, ressaltou Orlando Silva.
Corte no orçamento O ministro Orlando Silva admitiu estar frustrado e preocupado com a redução
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TT Aeroportos saturados ou inadequados poderão se constituir em um gargalo para a circulação do grande público envolvido nos eventos desportivos
de parcela do Orçamento de 2010 destinada ao ministério, o que poderá prejudicar a preparação para os Jogos Olímpicos de 2016, a serem realizados no Rio de Janeiro. Segundo o ministro, o orçamento da pasta foi quase “zerado”, já que a proposta orçamentária enviada pelo governo ao Congresso Nacional destinava R$ 200 milhões a obras de infraestrutura esportiva, parte dos quais destinados a projetos relativos aos Jogos de 2016. Com o corte, o total desses recursos caiu para R$ 8 milhões. “Aos 47 minutos do segundo tempo, o Con-
gresso Nacional retirou cerca de R$ 200 milhões que seriam investidos em infraestrutura esportiva e na preparação de atletas para os Jogos Olímpicos”, afirmou Silva. O Orçamento 2010 foi votado na madrugada do dia 23 de dezembro, depois de um acordo feito entre governo e oposição para retirar emendas do relator e alocar como emendas de bancada. O ministro adiantou que em março deverá ser constituída a Autoridade Pública Olímpica, uma espécie de comitê que ficará responsável pelo gerenciamento de todas as ações relativas às Olimpíadas de 2016. O comitê terá a participação de representantes dos governos federal, estadual e municipal do Rio de Janeiro. Mas não só o corte no orçamento preocupa o ministro Orlando Silva. Ele teme que a pesada burocracia estatal interfira nos prazos para licenciamento ambiental, licitação, contratação e execução do conjunto de obras necessárias, tanto para a infraestrutura urbana e de transporte quanto para os estádios e praças desportivas. “São eventos com data e hora marcados para começar, o que exigirá de nós outra dinâmica na resposta desses desafios, caso contrário correremos o risco de expor o
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entrevista nosso País a um colapso na realização desses eventos.” A declaração foi feita pelo ministro durante o 8º ConstruBusiness – Congresso Brasileiro da Construção promovido pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), em 30 de novembro. De acordo com estudo feito pela Fundação Getúlio Vargas e a Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), os trâmites de aprovação de um projeto habitacional, por exem-
XX Capacitação da mão de obra da rede hoteleira e dos parques desportivos exigirá investimentos imediatos
plo, levam em média de 60 a 90 dias. Para começar a obra, no entanto, é necessário também o alvará de execução, que pode leva mais 120 dias. As maiores exigências da legislação ambiental é fator que tem contribuído para a extensão dos prazos, pois em geral envolvem também a análise do projeto por órgãos estaduais. Durante o congresso, o ministro avaliou os impactos econômicos que a preparação e realização da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016 terão sobre a cadeia da construção; listou os principais investimentos a serem realizados e os respectivos volumes de recursos previstos. Segundo Orlando Silva, o desenvolvimento será proporcional aos investimentos. “Obras de infraestrutura relevantes para a região-sede e para todo o País serão antecipadas, assim como a modernização de portos, aeroportos, estádios, e da rede hoteleira do País”, afirmou. Ele destacou que os benefícios executados nas cidades-sede exercerão influência direta nas áreas geograficamente próximas, gerando empregos e investimentos. A seguir, os principais trechos da entrevista coletiva concedida pelo ministro durante o 8º ConstruBusiness.
O desafio da exposição mundial “Eu acredito que o Brasil inteiro celebrou as conquistas recentes, que são sediar os Jogos Mundiais Militares de 2011, evento que, embora menos conhecido, terá grande magnitude, contando com a participação de 6 mil atletas de 110 países; a Copa das Confederações da Fifa, em 2013, um eventoteste importante para o mundial de 2014; a Copa do Mundo de 2014 e, finalmente, os Jogos Olímpicos de 2016, a serem realizados pela primeira vez na América do Sul.
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Essas conquistas permitirão ao País viver, pelos próximos 10 anos, no centro da agenda dos grandes eventos esportivos internacionais, e são frutos do trabalho de gerações de abnegados que atuaram no esporte, e também da participação ativa do presidente da República, do governador do Rio de Janeiro e do prefeito do Rio de Janeiro, apenas para falar de alguns personagens. Mas esses eventos trazem uma série de desafios. O primeiro deles é o de explorar essa plataforma de exposição na mídia, para a promoção do Brasil diante do mundo. Nosso país terá uma chance de mostrar-se ao mundo como nação democrática, com estabilidade econômica e política, que busca o seu desenvolvimento, dona de um parque industrial e tecnológico complexo e sofisticado, apta a receber investimentos internacionais. Trata-se da face moderna de um país emergente, que terá um papel central no cenário político e econômico no planeta, no século XXI. Além disso, será uma chance única para modernizar e qualificar a infraestrutura do País, aperfeiçoar sua logística e criar melhores condições de infraestrutura urbana, repercutindo na vida das pessoas que habitam nas cidades que receberão esses eventos. Esse será um grande desafio que teremos de enfrentar. Outro desafio importante será a qualificação dos serviços, que gerará impactos importantes. Um dos aspectos desse desafio é a qualificação dos recursos humanos, com reflexos em toda a cadeia produtiva da economia brasileira. Talvez o segmento da hospitalidade seja o que sofrerá impactos mais evidentes neste processo, tendo em vista o fluxo intenso de visitantes que teremos ao longo desse período. O quarto desafio e oportunidade
entrevista
Burocracia em xeque “As questões ligadas à infraestrutura serão o maior desafio que enfrentaremos, na preparação do Brasil para esses grandes eventos desportivos. E eu tenho certeza que a Copa 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016 significarão um xeque-mate na estrutura burocrática no nosso país. São eventos com data e hora marcados para começar, o que exigirá de nós outra dinâmica na resposta desses desafios, caso contrário correremos o risco de expor o nosso País a um colapso na realização desses eventos. Não dá pra falar na realização desses eventos sem falar no sistema aeroportuário brasileiro. Para falar apenas de São Paulo, sabemos, por exemplo, que o Aeroporto de Congonhas está operando no seu limite, bem como Viracopos e Guarulhos. E, levando em conta a expectativa de demanda, as taxas de crescimento projetadas para o nosso país, e a Copa de 2014, mesmo que sejam realizados os investimentos projetados para esses três aeroportos, que formam a base central do sistema aeroportuário, eles permitirão operar esses aeroportos no limite. Creio que teremos de implementar mudanças na gestão, mas principalmente mudanças nas normas, na legislação, de modo a definir um sistema mais ágil de processamento de contratos públicos, de modo a garantir que os prazos sejam cumpridos. Governo e Parlamento terão que empenhar esforços conjuntos para viabilizar as condições institucionais, de forma que os eventos aconteçam sem sobressaltos. E acredito que as entidades ligadas à Construção Civil, com o peso político que têm, devam somar forças para viabilizar as condições institucionais necessárias ao cumprimento desses objetivos.”
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Previsão de investimentos “Somente nos 16 aeroportos das 12 cidades-sedes da Copa, o conjunto de intervenções necessárias exigirá investimentos de cerca de R$ 6 bilhões. Isso significará ampliar a capacidade dos terminais de passageiros, e de pousos e decolagens. Mas é certo que esses recursos terão impactos na geração de empregos. Outra área que exigirá fortes investimentos é a da mobilidade urbana, tanto nas cidades onde acontecerão os jogos da Copa quanto no Rio de Janeiro, para as Olimpíadas de 2016. Uma série de diálogos foi realizada entre as administrações dessas cidades e o governo federal, o que resultou na seleção de 64 intervenções, levando em conta a conexão entre as áreas onde se realizarão as competições, rede hoteleira, aeroportos, rodoviárias, portos e a facilitação da circulação nesses pontos. Foram considerados os prazos de maturação de cada um desses investimentos e, é claro, as escolhas mais eficientes do ponto de vista da utilização dos recursos públicos
Foto: Arquivo Grandes Construções
que se cria é o da qualificação da infraestrutura desportiva do País, que, por sua vez, vai elevar o padrão da preparação dos nossos atletas, propiciando frutos muitos bons para o futuro.”
e da articulação dos diferentes modos de transporte dessas cidades. Para as 64 intervenções selecionadas, estão previstos investimentos da ordem de R$ 13 bilhões. Mais uma vez, voltando ao exemplo de São Paulo, um consórcio entre os três níveis de governo -- municipal, estadual e federal – viabilizará a conexão do aeroporto de Congonhas ao sistema metroviário, em três pontos distintos, através de um Veículo Leve sobre Trilhos
SS Terminais marítimos de passageiros: governo prevê investimentos de R$ 500 milhões
TT Transporte urbano, caótico na maior parte das grandes cidades brasileiras, é outro desafio a ser enfrentado, com investimentos governamentais da ordem de R$ 13 bilhões
(VLT), que se conectará também com a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), de modo a dinamizar a circulação na Região Metropolitana de São Paulo. Este será o principal investimento para mobilidade da região, avaliado em R$ 3,5 bilhões, que terá impactos muito positivos na circulação na cidade de São Paulo. O tema hotelaria é outro tema muito sensível. Sabe-se que há um alto grau de informalidade nesse setor e que é preciso avançar na sua formalização. Mesmo assim, o BNDES, articulado com o Ministério do Turismo, está preparando uma linha de financiamento visando à expansão e, sobretudo, à qualificação da rede hoteleira no País. Ainda não há um número definitivo de recursos a serem oferecidos. Mas, seguramente, isso gerará um impacto muito positivo para a hospitalidade, que também se refletirá na indústria da construção civil. Um quarto tema a ser avaliado diz respeito ao sistema portuário brasileiro. Nessa área, a previsão de investimentos é de R$ 500 milhões para a construção ou qualificação de terminais de passageiros. Essa ação central irá permitir atender a uma demanda de leitos temporários (Nota da Redação: a serem ofertados em navios de passageiros que transportarão os visitantes durante os eventos esportivos). Ao mesmo tempo, esses investimentos deixarão um legado nas cidades portuárias, para que possam receber permanentemente navios e embarcações de passageiros, de forma mais confortável. O quinto foco dos investimentos, que terá forte impacto na Construção Civil, leva em conta as instalações esportivas. Só para a Copa do Mundo, o BNDES autorizou uma linha de financia-
mento da ordem de R$ 4,8 bilhões. O montante disponibilizado deverá permitir a construção de estádios adaptados às necessidades da sociedade, evitando-se os elefantes brancos. A partir de análises de caso de copas e jogos anteriormente realizados na Europa, no Japão, na Coreia e na China, nós construímos a memória de cálculo e definimos um teto de financiamento capaz de atender às necessidades do evento, levando em conta os padrões mínimos de qualidade estabelecidos pela Fifa, de modo a oferecer instalações confortáveis e seguras, mas sem gigantismos. Esses financiamentos incluem facilitações para o entorno dos estádios, benfeitorias próximas às instalações, de modo a permitir a acessibilidade desses equipamentos.”
Impactos na construção civil “A construção civil será, seguramente, o setor mais beneficiado pelos investimentos na infraestrutura para os jogos. Fizemos um estudo de impactos socioeconômicos, em parceria com a Fundação do Instituto de Administração (FIA) da Universidade do Estado de São Paulo, e este estudo indicou que, para a preparação dos Jogos Olímpicos de 2016, cerca de 10,5% do efeito econômico total se dará na cadeia produtiva da construção civil. Se fizermos a mesma análise para a Copa do Mundo de 2014, muito provavelmente os números serão parecidos, como foram parecidos também os números relacionados à preparação para os Jogos Pan-americanos do Rio de Janeiro, quando houve uma forte mobilização da indústria do setor e geração de empregos diretos e diretos. O estudo da FIA nos mostrou ainda que 53% dos empregos gerados se darão fora das fronteiras do estado do Rio de Janeiro. São Paulo, por exemplo, terá participação muito grande, proporcional à sua importância na economia nacional. Mesmo os Jogos Olímpicos, localizados no Rio de Janeiro, serão um fator de indução do crescimento econômico nacional, geração de empregos e oportunidade de negócios. Por tudo isso, eu acredito que esses presentes que o Brasil recebeu de, por 10 anos, estar no centro dos acontecimentos esportivos mundiais, vão permitir, não só à construção civil, como também a outros setores da economia, viver momentos virtuosos, com impactos muito positivos no desenvolvimento e na economia do País.”
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Imagens: Comite Olimpico Brasileiro (COB)
Cidade Olímpica
capital do sonho olímpico
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XX Área de convivência da Vila Olímpica, a ser construída na Barra da Tijuca
WW Maquete virtual do Estádio de Remo da Lagoa Rodrigo de Freitas, com as adaptações necessárias às competições dos Jogos Olímpicos de 2016
assada a ressaca das comemorações pela indicação do Rio de Janeiro para sede das Olimpíadas de 2016, é hora de arregaçar as mangas e começar a trabalhar duro, com planejamento, transparência, dedicação, investimentos pesados e força de vontade. Há muito que fazer. Além de construir várias arenas desportivas, adequando as existentes ao padrão estabelecido pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), será preciso melhorar a infraestrutura do transporte público, de portos e aeroportos da cidade e cuidar da segurança, sem falar na capacitação e ampliação do complexo hoteleiro. Tudo isso para criar, nos próximos seis anos, uma nova cidade dentro daquela que sediará um dos maiores eventos esportivos mundiais: a Cidade Olímpica. A nova estrutura a ser criada terá de abrigar cerca de 18 mil pessoas, entre atletas e comissões técnicas, de forma impecável, já que jornalistas do mundo inteiro estarão atentos ao menor deslize. Funcional, segura, confortável, dotada do que há de mais moderno em tecnologia de comunicação, a estrutura a ser criada terá ainda de estar em harmonia com a natureza, no belo cenário da Cidade Maravilhosa. A esta altura, o Rio já deverá estar livre da poluição da Baía de Guanabara, dos tiroteios e guerras entre quadrilhas de traficantes de drogas, dos engarrafamentos e outras mazelas que a enfeiam e subtraem a qualidade de vida dos seus habitantes. Sonho ou realidade? Só os próximos anos poderão responder a essa questão. A capital carioca já conta com 18 instalações para as competições de 2016. Quase todas, no entanto, terão de sofrer intervenções para que se tornem compatíveis com os padrões do COI. Entre elas estão os estádios do
Maracanã, palco das cerimônias de abertura e encerramento dos jogos; o João Havelange (Engenhão), onde serão disputadas as partidas de futebol; o Maracanãzinho, onde acontecerão os jogos de vôlei; a Marina da Glória, cenário das competições de iatismo; e o Sambódromo, onde acontecerão a partida e a chegada da Maratona e as competições de Arco e flexa. Há ainda o Parque Aquático Maria Lenk, o Estádio de Remo da Lagoa Rodrigo de Freitas, e o Autódromo de Jacarepaguá, que será adaptado para tornarse o Centro Olímpico de Treinamento (COT) e onde serão construídas instalações para a disputa de 12 modalidades esportivas, como basquete, judô, handebol e taekwondo.
projeto residencial de alta qualidade, a ser desenvolvido numa das regiões mais bonitas e que mais cresce na cidade, a Barra da Tijuca, o coração dos Jogos. Imediatamente ao lado da Vila, e podendo ser alcançados pé, estarão localizados os Núcleos do Parque Olímpico do Rio e do Riocentro. Haverá ainda uma área de treinamento muito próxima da Vila com infraestrutura para 11 esportes olímpicos e oito esportes paraolímpicos. Com financiamento para a construção totalmente garantido pelo governo federal, a Vila, concebida dentro dos mais modernos conceitos de sustentabilidade ambiental, oferecerá acomodações com segurança e conforto para todos os atletas e oficiais técnicos das delega-
Considerado um dos maiores legados para a cidade, após os jogos de 2016, o COT terá como destino tornar-se o principal centro de referência do País na formação de atletas e no desenvolvimento dos esportes. Além dessas, será necessário construir mais 15 instalações, sendo nove definitivas e seis provisórias, distribuídas em diferentes regiões da cidade. Um dos maiores desafios, no entanto, será a construção da Vila Olímpica e Paraolímpica, um
ções, além de árbitros adicionais credenciados, de todas as partes do mundo. O projeto deverá atender, e, em alguns casos, superar os requisitos estabelecidos pelo COI e as expectativas das delegações. No detalhamento dos projetos, o Comitê Organizador Rio 2016 irá envolver o COI, o Comitê Paraolímpico Internacional – IPC, os Comitês Olímpicos Nacionais – CONs e os Comitês Paraolímpicos Nacionais – CPNs para garantir a melhor estrutura possível
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Cidade Olímpica na Vila para atletas e membros das delegações. Um grupo de consultoria formal será montado com os construtores do empreendimento, sob a tutela do Comitê Organizador Rio 2016. Representantes de CONs e CPNs de várias partes do mundo serão convidados para compor esse grupo de consultoria, sujeitos à aprovação do COI e do IPC, com o objetivo de colocar questões relevantes ao desenvolvimento dos projetos. A área residencial, com cerca de 48 hectares, terá 34 edifícios residenciais, além dos de serviços e operacionais. Cada edifício residencial terá apartamentos de alto padrão, com três e quatro quartos, sempre com varandas e sala de estar. As tradicionais adaptações, que transformam cozinhas e salas de jantar em dormitórios, não serão necessárias para acomodar os residentes. Além das mais de 17.700 camas, 74% dos apartamentos terão um quarto extra (com 6m2) que pode ser utilizado pelos CONs/CPNs como quarto adicional ou convertido em escritório ou depósito. Todos os apartamentos respeitarão uma proporção máxima de dois residentes para cada banheiro, com os serviços de água quente e infraestrutura sanitária especificados para atender aos requisitos dos Jogos e também de legado à sociedade. O terreno onde a Vila Olímpica será construída é de propriedade da construtora Carvalho Hosken, especializada em projetos residenciais de alto padrão e com diversos empreendimentos bem-sucedidos na Barra da Tijuca. A localização é estratégica. Para os Jogos Olímpicos, 46% dos atletas ficarão hospedados a menos de 10 minutos das suas instalações de treinamento e competição e 73% deles, a menos de 25 minutos. O tempo máximo de viagem da Vila para qualquer atleta olímpico será de 50 minutos. Nos Jogos Paraolímpicos, 65% das modalidades esportivas terão lugar 26 / Grandes Construções
em instalações de competição localizadas a menos de 10 minutos da Vila. Uma rede de Faixas Olímpicas – vias segregadas exclusivamente para o deslocamento das comitivas – irá conectar a Vila a todas as instalações das competições.
Espírito carioca
O local da Vila é de impressionante beleza natural, cercada pela Lagoa de Jacarepaguá e emoldurada pelas montanhas do Parque Nacional da Pedra Branca, criando uma integração total com a natureza. O projeto prevê que todos os quartos tenham vista para a lagoa, para a praia da Barra ou para o Parque. O projeto privilegia ainda a convivência entre as pessoas. Para isso será construída a Rua Carioca. Situada no coração da Vila, essa será uma via exclusiva de pedestres com cafés, restaurantes, lojas, as
bém na Rua Carioca ficará a Zona Internacional, o Refeitório Principal e o Terminal de Transportes.
Layout
A Vila Olímpica foi concebida também dentro de um conceito de zoneamento eficiente, com uma clara separação das áreas residencial e de operação. A ideia básica é posicionar todos os prédios residenciais em frente ao empreendimento e as áreas de operação e serviços, em especial as entradas de veículos, nos fundos. Além de proporcionar a melhor vista para os residentes, essa iniciativa irá reduzir o tráfego de veículos operacionais e ônibus perto dos prédios residenciais. Uma grande reforma na infraestrutura viária já está planejada pela prefeitura do Rio e será implan-
Outras características do projeto da Vila Olímpica Todos os apartamentos terão varandas mobiliadas e espaço de descanso ao ar livre. Oferta de apartamentos totalmente adaptados nos modos olímpico e paraolímpico. Áreas comuns com mobiliário de alta qualidade e várias opções de entretenimento. Um Centro para Residentes a cada dois prédios, distribuídos de forma que nenhum atleta caminhe mais de 90 m para alcançá-los. Mais de 17.700 camas, superando as necessidades de 16.000 para os Jogos Olímpicos e 8.000 para os Jogos Paraolímpicos. Grandes instalações administrativas, médicas e de reunião para os CONs/CPNs a serem definidas após a divisão das delegações e os requisitos finais.
tradicionais casas de sucos e sorveterias cariocas, além de espaços para convivência e descanso. Para a diversão das delegações, haverá uma programação de atividades artísticas e culturais ao ar livre. Com uma atmosfera tipicamente carioca, a rua irá ligar todas as áreas da Vila, oferecendo uma amostra do estilo de vida da cidade praiana. Um bom observador poderá notar nela um clima parecido com Búzios, na Região dos Lagos fluminense. Tam-
TT A Vila Olímpica ficará em área de beleza natural privilegiada, entre o mar, a Lagoa de Jacarepaguá e o Parque Nacional da Pedra Branca
tada para facilitar a movimentação de veículos operacionais. Uma via circular percorrerá todo o perímetro, permitindo a circulação do transporte interno dos atletas e facilitando a prestação de serviços aos residentes. A disposição dos edifícios se dará de forma totalmente funcional, com o auxílio de uma vasta sinalização horizontal e vertical. O Centro de BoasVindas (Welcome Center), utilizado exclusivamente para chegadas e partidas dos atletas, ficará localizado no limite da Zona Residencial, separado de todas as demais entradas de veículos. O Centro de Serviços aos CONs, a Policlínica e o Centro de Entretenimento ficarão localizados na Rua Carioca, ao lado do refeitório principal. O Terminal, convenientemente localizado para atender às necessidades de locomoção de atletas e delegações, terá 45 baias de ônibus com linhas diretas para todas as instalações. A Zona Internacional, com oito hectares, ficará localizada ao norte da Zona Residencial, diretamente ligada à entrada principal da Vila, onde haverá um estacionamento para 250 veículos. A maior parte das atividades comerciais estará localizada dentro da Zona Internacional, bem como a Praça das Ceri-
mônias de Boas-Vindas, situada em um lago e oferecendo diversas atividades de entretenimento durante todo o período dos Jogos. Além do Museu Olímpico, dentro do Refeitório Principal, outro espaço de exposições ficará localizado na Zona Internacional. Apesar de poder ser acessada diretamente da Zona Residencial, as movimentações da Zona Internacional não terão impacto na atmosfera de tranquilidade dos residentes da Vila. A Zona Operacional, com 13 hectares, ficará localizada na parte norte do empreendimento, e também estará diretamente ligada às principais instalações da Vila, como o refeitório principal e a Zona Internacional. Todos os serviços de operação da Vila, incluindo logística, alimentação, serviços de governança e de limpeza, e administração de lixo ficarão localizados na Zona Operacional.
Conexão com o mundo
Os prédios residenciais estarão integralmente conectados à rede de fibra ótica. Cada quarto de cada apartamento, além de todas as áreas administrativas e médicas dos CONs/CPNs, e os Centros de Residentes e os Business Centers, estarão conectados às redes locais sem
fio, mantidas e gerenciadas pelo Comitê Organizador Rio 2016. Essa estrutura estará disponível para todos os atletas e oficiais técnicos das delegações para fornecer links de voz, dados e vídeo. Os apartamentos contarão também com serviço de TV a cabo, recebendo o sinal de canais de TV convencionais e também da Emissora Anfitriã, além das emissoras locais, detentoras de direitos de transmissão dos Jogos. Tudo disponibilizado e custeado pelo Comitê Organizador Rio 2016.
Praia particular
Um ônibus dedicado da Estação de Transportes levará os residentes à Praia Olímpica na Barra. Ela será uma praia particular totalmente segura, operando dia e noite e incluindo um live site que oferecerá cobertura completa dos Jogos e um palco para shows durante todo o período de competições. Um acesso seguro, através de uma ponte, ligará a Vila ao Parque da Vila Olímpica, localizado às margens da Lagoa de Jacarepaguá. Esse local terá instalações recreativas, incluindo quadras de tênis e voleibol e campos de futebol, além de atividades aquáticas como caiaque e windsurfe.
Fevereiro 2010 / 27
Foto: Divulgação
COPA 2014
Maracanã:
obras começam em março
F
oi apresentado oficialmente, em 17 de dezembro, pela Secretaria de Turismo, Esporte e Lazer do Governo do Estado do Rio de Janeiro, o projeto básico de modernização do estádio do Maracanã, para capacitá-lo para os jogos da Copa 2014. Com custo estimado em R$ 500 milhões, o projeto prevê a redução de 5 mil lugares. Assim, o estádio passará dos atuais 86.700 lugares (lotação oficial, segundo a Superintendência de Desportos do Estado do Rio de Janeiro), para 81.700. Em compensação, as novas instalações terão mais conforto, acessibilidade e visibilidade, adequando-se às exigências do Caderno de Encargos da Federação Internacional de Futebol (Fifa). As obras deverão ser executadas em dois anos e meio, a partir de março deste ano. A fachada, tombada pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), será con-
28 / Grandes Construções
SS Maracanã: reforma está avaliada em R$ 500 milhões
servada. Apenas a cor azul atual mudará, voltando ao mesmo tom do projeto original. As mudanças de peso acontecerão apenas internamente. A mais visível delas será a instalação de uma marquise maior, cobrindo todos os lugares do público. Serão construídos novos camarotes – em menor número que os atuais, porém mais modernos e confortáveis. A parte inferior das arquibancadas superiores e as cadeiras da parte inferior ganharão mais visibilidade do campo. Nos subterrâneos do estádio será criada uma nova área de hospitalidade para atletas, imprensa e convidados. Serão construídos quatro vestiários com acesso exclusivo para jogadores e árbitros. O espaço reservado à imprensa terá auditório para entrevista coletiva e uma área de circulação que se conectará com uma área mista para entrevistas com os jogadores.
A Tribuna da Imprensa ficará no alto da arquibancada, no lado oeste, com capacidade para 3 mil lugares. Abaixo dela ficará a Tribuna de Honra, sob a qual serão construídos 88 camarotes de luxo, com 50 m2 cada, e capacidade para 30 pessoas. Toda area em torno do estádio será reurbanizada e uma passarela fará a ligação com a Quinta da Boa Vista. A acessibilidade será garantida por novas escadas rolantes e elevadores, pela ampliação dos túneis de acesso ao campo e às arquibancadas. Quatro novas rampas de acesso serão construídas e duas rampas monumentais – a do Bellini e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), – hoje desativadas, serão recuperadas. Para criar 16 mil vagas de estacionamento, o projeto aproveitará áreas disponíveis num raio de 1,5 km em volta do estádio.
Fotos: Guto Lima
PORTO DE AÇU
Avançam as obras da estrutura que mudará o conceito de operação portuária no Brasil Paulo Espírito Santo
30 / Grandes Construções
SS Foto aérea da ponte de acesso aos píeres do Porto de Açu, com obras em fase de conclusão
Fevereiro 2010 / 31
PORTO DE AÇU
P
rojetado dentro do conceito de porto-indústria, o Porto de Açu, em construção desde outubro de 2007, no município de São João da Barra (RJ), com início de operação previsto para o primeiro semestre de 2012, deverá criar novos paradigmas para a operação portuária no Brasil. Com custo estimado em US$ 1,6 bilhão, o empreendimento da LLX Logística S.A., braço logístico do Grupo EBX, do empresário Eike Batista, abrigará em sua retroárea, de mais de 100 km² (equivalente a quase ¼ de toda a área do município, de 431 km²), um complexo industrial onde serão instalados uma siderúrgica, duas cimenteiras, um polo metal-mecânico, uma usina termelétrica e
pelo menos quatro usinas para pelotização de minério. Além dessas, várias outras indústrias e empresas de serviços deverão se instalar na região, atraídas pelas facilidades logísticas proporcionadas pela integração do porto com as infraestruturas rodoviária e ferroviária existentes. Até o momento, a LLX possui 66 memorandos de intenção, assinados com empresas que querem construir plantas industriais ou movimentar cargas no Porto de Açu. Em agosto do ano passado, a empresa recebeu a Licença Prévia para construção de um pátio logístico, com área superior a 600 hectares, que possibilitará o armazenamento e a movimentação de cargas diversas. O pátio, cujas obras serão iniciadas ainda no primeiro semestre deste ano,
com conclusão prevista para início de 2012, terá acesso ferroviário e será equipado com sistema de correias transportadoras, dutovia e modernos equipamentos para movimentação de contêineres. Um terminal de granéis líquidos permitirá a movimentação de 4 milhões de m³ ao ano de gás natural liquefeito (GNL). O porto terá condição, ainda, de atender às necessidades de logística e suprimento das atividades de exploração e produção de óleo e gás na Bacia de Campos. O Porto de Açu será, também, parte integrante da cadeia logística do chamado Projeto MinasRio, concebido para viabilizar a exportação do minério de ferro produzido em Conceição do Mato Dentro e Alvorada de Minas (MG). Nessa cadeia, o porto esta-
SS Guindaste de 300 toneladas e 60 metros de lança, usado nas operações de içamento de vigas e estacas da estrutura da ponte
32 / Grandes Construções
WW Para a execução da obra, o consórcio mobilizou equipamentos de grande porte, como um Cantitraveller
rá integrado a um mineroduto de 525 km. (Ver boxe nesta edição) Todos esses fatores, conjugados, prometem promover na região, um desenvolvimento econômico jamais visto. A estimativa é que o Porto do Açu irá atrair investimentos da ordem de US$ 36 bilhões. Quando todo o complexo portuário estiver funcionando plenamente, a previsão é que sejam gerados cerca de 50 mil postos de trabalho diretos. Mas, antes mesmo de concluído, o Porto de Açu já revolucionou a vida econômica em São João da Barra e municípios vizinhos. Suas obras geram hoje cerca de 2.600 empregos diretos, a maioria para pessoas residentes em Campos ou em São João da Barra.
Modelo de primeiro mundo
O Porto de Açu foi projetado para ser o mais moderno terminal portuário privativo de uso misto do Brasil e a principal alternativa para o escoamento da produção dos estados do centro-oeste e sudeste do País, que atualmente sofrem com a falta de acessos logísticos. Com profundidade de 18,5 metros (prevendo posterior expansão para 21 metros), ele terá
capacidade para receber navios de grande porte, como graneleiros tipo capesize até 220.000 t, bem como a nova geração de superconteineiros, com capacidade de até 11.000 TEUs (220 mil toneladas). E ainda assim praticando fretes mais competitivos. A previsão é que sejam movimentadas, no porto, a cada ano, 63,3 milhões de toneladas de minério de ferro; 10 milhões de toneladas de produtos siderúrgicos; 15 milhões de toneladas de carvão; 5 milhões de toneladas de granéis sólidos e 7,5 milhões de toneladas de carga geral.
que ligará a costa aos 10 berços para atracação dos navios, com completa estrutura offshore. O avanço físico da obra é, atualmente, de 95 % (2,75 km). A estrutura avança, em média, dois vãos por semana, o que corresponde a um avanço médio de 36 metros, semanalmente. A previsão é que somente na construção da ponte e do píer serão consumidos 100 mil m³ de concreto e 16 mil toneladas de aço. As obras acontecem simultaneamente à dragagem para aprofundamento do canal de acesso e da bacia de atracação de navios.
A estrutura avança, em média, dois vãos por semana, o que corresponde a cerca de 36 metros. Ponte de acesso na reta final
A parte mais importante da estrutura portuária já se encontra em fase final de construção, com obras a serem concluídas ao final de março. Trata-se da ponte de acesso aos píeres, uma gigantesca estrutura de concreto e aço, com 2,9 km de extensão e 26,6 metros de largura,
Essa etapa apresenta hoje 83% de avanço executado. No total, serão removidos 18 milhões m³ de areia. Iniciadas em setembro de 2007, as obras da ponte de acesso estão a cargo do consórcio ARG-Civilport. A ARG é a líder, do consórcio, com 80% de participação. A Civilport é a parceira com expertise em projetos portuários. O projeto básico
Fevereiro 2010 / 33
PORTO DE AÇU
WW Usina de concreto instalada no canteiro de obras, com capacidade para produção de 60 m³/hora
de engenharia foi fornecido pela LLX, com detalhamento e projeto executivo elaborados pelo Consórcio por meio da Projetista Tecton Engenharia. Para a supervisão das obras, a LLX contratou a empresa Logos Engenharia, que é responsável também pelo acompanhamento de todos os processos construtivos e de controle de qualidade. Nesse momento as atividades estão sendo executadas em três turnos de trabalho, 24 horas por dia, todos os dias da semana, sobre um trecho de 14 m de lâmina d’água. Os trabalhos só são interrompidos, na extremidade da ponte sobre o mar, quando os ventos atingem velocidade superior aos 50 km/h. Nessas condições, as operações de içamento e cravamento das estacas não são consideradas seguras. A expectativa do consórcio responsável pela obra é de que até o final da construção serão instaladas cerca de 1.600 vigas de concreto e cravadas aproximadamente 1.100 estacas, com 80 cm de diâmetro. Devido às diversas características geotécnicas encontradas no trecho onde a ponte está sendo erguida, estão sendo utilizadas estacas de diferentes tipos – metálicas tubulares, de concreto e mistas
34 / Grandes Construções
– com variados tamanhos. As mais longas, com até 96 metros, do tipo tubular, preenchidas internamente por concretagem submersa, foram usadas em trecho de solo onde foi encontrada grossa camada de argila mole. Elas tiveram de ser alongadas justamente para que pudessem atravessar a camada de argila, até atingir solo consistente. Na construção da estrutura estão sendo usadas estacas pré-tensionadas, fabricadas com concreto
de alta resistência, fck = 50 Mpa, a 500 kg por cm². O diâmetro interno das estacas (50 cm) é definido a partir da utilização de formas colapsíveis e nas armações é usado aço CA 50 (fornecido pela Gerdau), soldado por caldeamento. Para garantir a estabilidade da estrutura da ponte, para cada cinco estacas cravadas para a sustentação de cada vão de 18 m, três são verticais e duas inclinadas, nas extremidades. Isso serve
Porto é parte de logística integrada Uma vez concluído, o Porto de Açu integrará uma complexa cadeia logística, da qual faz parte ainda um mineroduto com 525 km, passando por 32 municípios de Minas Gerais e Rio de Janeiro. O objetivo é beneficiar e exportar 26,5 milhões de toneladas de minério de ferro a partir de 2014 e a previsão é de chegar a 80 milhões de toneladas em 2015. O minério é extraído nas minas de Conceição do Mato Dentro e Alvorada de Minas (MG), de propriedade da Anglo Ferrous Brazil. O projeto prevê investimentos de mais de R$ 8,2 bilhões, dos quais mais de R$ 5,5 bilhões já foram compromissados e mais de R$ 2 bilhões já foram executados. Na saída da mina, o minério é moído, separado das impurezas e misturado à água, numa unidade de beneficiamento, até virar um concentrado de forma pastosa, como uma lama.
Nesse estado, ele é lançado no mineroduto, onde se desloca em velocidade controlada por um sistema de bombeamento. Da origem ao porto fluminense, o transporte é feito em três dias e meio. Ao chegar à unidade de tratamento no porto, o minério é novamente concentrado, ficando no formato e tamanho semelhantes aos de bolas de gude, sob o qual é exportado. O mineroduto terá o diâmetro de 26” até o km 314; 24” do km 314 até km 480; 26” do km 480 até km 525. Está prevista a instalação de duas estações de bombeamento (EB) e uma estação de Válvulas (EV). A EB1 será localizada no km 0; a EB2 no km 239; e a EV no km 347. A vazão de bombeamento será de 1.826 m³/h com 68,0% de sólidos em peso. A velocidade da polpa na tubulação será de 1,6 m/s, com pressão na saída da EB1: 186 kgf/cm² e pressão na saída da EB2: 210 kgf/cm².
PORTO DE AÇU para evitar o balanço lateral da estrutura. E, para conter o balanço longitudinal, a cada conjunto de oito vãos a sustentação muda para seis estacas, sendo duas inclinadas, no centro, em sentido longitudinal à ponte.
Usina de concreto no canteiro
Todo o concreto usado para a fabricação das estacas e vigas que compõem a ponte é produzido em uma usina instalada no próprio canteiro de obras. A unidade tem capacidade para produção de 60 m³ de concreto por hora e alimenta uma fábrica de prémoldados em linha, com capacidade para produção completa de um vão de ponte, composto de estacas e vigas pré-moldadas. As peças são concretadas, desformadas e transportadas em ciclos compatíveis com as necessidades do cronograma. Para acelerar o processo de construção, foi adicionado ao concreto de alta performance um aditivo especial, que permite atingir, ao final de 12 horas, a resistência necessária aos esforços de manuseio das peças pré-moldadas no canteiro. As atividades na fábrica de pré-moldado ganharam um ritmo acelerado com a utilização de modernas técnicas espe-
SS Construção do quebra-mar provisório
cialmente desenvolvidas pelo Consórcio para as necessidades desse projeto . Para a execução da obra, o Consórcio ARG-Civilport mobilizou equipamentos de grande porte, de sua propriedade, tais como um Cantitraveller, equipamento que avança sobre a estrutura em construção, apoiado sobre as estacas já cravadas por ele, para executar o crava-
mento das estacas seguintes. Considerado um dos maiores do gênero no Brasil, o equipamento possui largura de cerca de 27 metros e foi projetado e desenvolvido sob medida para o projeto, pesando cerca de 1.100 t. Outros equipamentos de grande porte são pórticos com capacidade de 40 ton, responsáveis pela movimentação das esta-
Porto de Açu em números DESCRIÇÃO
UNID
QUANT
ÁREA TOTAL DO EMPREENDIMENTO
km²
100
CUSTO ESTIMADO
US$
1,6 bilhão
COMPRIMENTO TOTAL DA PONTE DE ACESSO AOS PÍERES
m
2.898,0
EMPREGOS DIRETOS (DURANTE AS OBRAS DA PONTE)
homens
2.600
CONCRETO fck = 50 Mpa
m³
77.200,0
AÇO CA 50 PARA ARMAÇÕES
t
16.700,0
ESTACAS METÁLICAS DIAM. 800 MM
m
12.486,0
COMPRIMENTO ESTACAS DE CONCRETO DIAM. 800 MM
m
38.211,0
LARGURA DA PONTE DE ACESSO AOS PÍERES
m
26,6
COMPRIMENTO DO PÍER DE REBOCADORES
m
165,0
COMPRIMENTO DO PÍER Nº 1 (MINÉRIOS)
m
440,0
COMPRIMENTO TOTAL CONSTRUÍDO DA ESTRADA DE ACESSO PEDREIRA RETROPORTO
km
34,0
PONTE DE ACESSO AO EMBARCADOURO PROVISÓRIO
m
264,0
ROCHAS PARA QUEBRA - MAR DEFINITIVO
m³
3.300.000,0
36 / Grandes Construções
PORTO DE AÇU cas e vigas, e o guindaste Manitowok de 300 t e 60 metros de lança.
Quebra-mar
TT Flagrante de cravação de estacas para construção de nova seção da ponte
38 / Grandes Construções
Por estar localizado em região de mar aberto, o Porto de Açu exigirá, para a operação segura das embarcações, de um quebra-mar de proporções compatíveis com o seu tamanho, na forma de “L”. Ele terá dois seguimentos: o primeiro com 1.300 m (direção Norte-Sul) e o segundo com 925 m (direção Leste-Oeste). Para sua construção, é prevista a utilização de cerca de 2.100.000 m³ de rocha e será aplicada pela primeira vez no Brasil a tecnologia de blocos de concreto tipo Core-Loc, que permitirá uma economia substancial na utilização de rochas, fator hoje preponderante visando a provocar o menor impacto ambiental possível. O quebra-mar se desenvolverá a partir da profundidade média de –14,0 m, com seções correntes atingindo uma cota na crista de coroamento de + 9,60 m. Todo o material está sendo extraído de uma pedreira no
município de Campos dos Goitacazes, distante cerca de 70 km do Porto de Açu. A pedreira fornece ainda a pedra britada para a execução de peças de concreto pré-moldado e das obras de melhoria das estradas de acesso até o local do porto. O transporte das pedras é feito por 50 cavalos mecânicos, fabricados pela Mercedes-Benz, tracionando carretas do tipo rodo-trens, produzidas pela Pastre. Trata-se de frota própria projetada e adquirida pelo consórcio especialmente para o empreendimento. Também foram adquiridas duas barcaças especiais, tipo “Split barge”, com 60 m de comprimento e capacidade para transportar 1.250 m³ de pedras cada. As embarcações, que já se encontram na costa brasileira e estão prontas para entrar em operação, são carregadas pela parte superior e descarregam pelo fundo, através de alçapões nos seus cascos, fazendo o lançamento das rochas nos locais predeterminados do quebra-mar.
Para permitir a operação das barcaças foi concluído um embarcadouro provisório composto de uma ponte de 264 m de extensão, um quebra-mar e um pequeno píer. Uma vez concluídas as instalações definitivas, essa estrutura poderá ser utilizadas para operações de apoio, com pequenas embarcações.
Vias de acesso Fora das instalações do porto, o consórcio ARG/Civilport está finalizando a execução das obras de todo o sistema de acesso, o que inclui 38 km de vias, 26 km dos quais ligando o porto à rodovia BR-356 (Campos - São João da Barra). Os 12 km restantes permitem o acesso à pedreira, de onde são retiradas as rochas usadas na construção do quebra-mar. Esse trecho inclui a construção de seis trevos e um viaduto, que corta a BR-101. Para a construção das vias de acesso, foi instalada no canteiro uma usina de pavimento asfáltico.
SS Filhote de tartaruga marinha, devolvido ao mar na Praia de Açu
Principais fornecedores Cimento
Holcin
Vergalhões
Gerdau
Aditivos para concreto Cavalos mecânicos Carretas bi-trens
Chryso e Hagen do Brasil Mercedes-Benz Pastre
Fonte: ARG
Minimizando os impactos socioambientais A LLX desenvolve cerca de 40 programas ambientais e sociais na região de implantação do Complexo do Açu, com o objetivo de minimizar os impactos socioambientais da implantação do empreendimento. As iniciativas vão desde a recuperação de áreas degradadas e gestão de resíduos e efluentes até programas de monitoramento de desova de tartaruga marinha e pesca do camarão. A empresa apoia ainda projetos ligados à saúde das comunidades locais, por meio de investimentos para a melhoria de postos de saúde das comunidades de São João da Barra. Um exemplo de iniciativa para redução dos impactos ambientais foi a assinatura de convênio, entre a prefeitura de São João da Barra, a LLX, a MPX e a Anglo Ferrous, no valor de R$ 2,8 milhões, para a construção de um entreposto pesqueiro na Praia de Atafona, distrito de São João da Barra. O entreposto, que vai oferecer infraestrutura e suporte às atividades pesqueiras, contempla a compra do terreno, a construção da estrutura e a aquisição de equipamentos para o funcionamento da primeira fase do projeto. As fases seguintes serão custeadas pela prefeitura. Com o entreposto os donos do empreendimento do complexo esperam
compensar eventuais prejuízos causados à comunidade local que vive da pesca. O outro convênio diz respeito à drenagem do município e à reforma e ampliação de uma usina de reciclagem de lixo. No total, serão investidos R$ 4,5 milhões. Vão ser realizadas drenagens em aproximadamente 3 km de canais da cidade, que têm influência direta nas enchentes. A usina de lixo será reformada, ampliada e adaptada para coleta seletiva e processamento. Buscando preservar as tartarugas marinhas, que usam a praia de Açu como local de desova, a LLX firmou parceria com o Projeto Tamar. Em fevereiro de 2009, ambos promoveram a soltura de 150 a 200 filhotes de tartarugas marinhas na praia do Açu, próximo às obras do porto . A preservação das tartarugas marinhas pelo Porto de Açu vai além da soltura de animais. Há mais de um ano, o projeto monitora ocorrências de tartarugas em 62 km do litoral, de Atafona a Barra do Furado. O objetivo é ampliar o conhecimento sobre a interação desses animais com o meio em que vivem. A ação cumpre uma condicionante ambiental do licenciamento do porto e tem o objetivo de comparar os resultados obtidos antes, durante e após a conclusão da obra.
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Fotos: Divulgação CODEMIG
Cidade ADMINISTRATIVA
NOVO
projeto de Niemeyer ganha o mundo real
A
s intensas chuvas que caíram durante todo o mês de dezembro podem ter atrapalhado os planos do governador de Minas Gerais, Aécio Neves, de fazer a inauguração em janeiro. Mas agora está quase tudo pronto. É uma questão de dias. Os milhares de funcionários públicos do Estado já começam a arrumar suas gavetas para a mudança para aquela que já é considerada o mais novo cartão-postal da capital mineira e marco urbanístico e arquitetônico do Brasil: a Cidade Administrativa Tancredo Neves, que concentrará toda a estrutura de administração do governo do Estado de Minas Gerais. Concebido pelo genial Oscar Niemeyer, 102 anos, o projeto combina beleza, leveza, funcionalidade e sustentabilidade. No conjunto arquitetônico é possível reconhecer o já célebre culto aos espaços vazios, marca da arquitetura de Brasília. Para tornar real esse novo sonho do arquiteto, foi empregado o que há de mais moderno em tecnologia, métodos construtivos e materiais. Estimado originalmente em R$ 500 milhões pelo governo do estado, as obras custaram, no final das contas, cerca de R$ 1,2 bilhão. São cinco edificações principais – Palácio do Governo, dois prédios onde ficarão as secretarias de Estado, centro de convivência e auditório – além de unidades de apoio para equipamentos, estacionamentos e dois lagos artificiais. No total, são 804 mil m² de área total e mais de 310 mil m² de área construída. 40 / Grandes Construções
SS Palácio do Governo: projeto arrojado, com vão livre de 147 m, suspenso por tirantes
Com a ida de órgãos públicos e entidades para a Cidade Administrativa, o governo fará uma economia de R$ 80 milhões por ano, com aluguéis, serviços de recepção e vigilância. Os edifícios terão sistemas inteligentes para economizar recursos naturais. A energia elétrica e o ar-condicionado, por exemplo, serão controlados por um sistema central que evita que ambientes desocupados sejam refrigerados ou recebam iluminação desnecessariamente. As fachadas inteiramente envidraçadas, tanto da sede de governo quanto das secretarias, que permitem a entrada de luz natural durante todo o dia, são outro fator de redução do consumo de energia elétrica. O esgotamento sanitário a vácuo possibilitará uma redução de 90% do consumo de água em relação à descarga convencional. Uma rede extra de água vai permitir que os prédios utilizem água reciclada. O projeto também prevê a revitalização de espaços que se encontram degradados atualmente e a recuperação da vegetação. Em torno da cidade administrativa foi criado o Parque Estadual Serra Verde, um cinturão verde de cerca de 142 hectares, o segundo maior de Belo Horizonte, uma região de transição entre os biomas Cerrado e Mata Atlântica. Para efeito de execução, o empreendimento foi dividido em três lotes, cujas obras ficaram sob a responsabilidade de três consórcios, constituídos por nove construtoras, sob a coordenação da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig). O Lote 1, formado pelas empresas Camargo Corrêa, Santa Bárbara e Mendes Júnior, ficou com a tarefa de construir toda a infraestrutura, como terraplanagem, drenagem superficial, irrigação, redes externas e pavimentação, além da Praça Cívica e do auditório com 4 mil m² e capacidade para 490 pessoas. O prédio principal desse lote é o Palácio do Governo, composto por quatro pavimentos, subsolo, cobertura e heliponto, medindo 147,5 m x 26,60 m, totalizando 21 mil m². O projeto é arrojado e foi considerado um desafio em termos de cálculo estrutural, já que foi concebido pelo mestre
SS Prédios gêmeos das secretarias, com 15 andares mais cobertura, de volumetria curva e fachada envidraçada, para o aproveitamento máximo da luz natural
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Cidade ADMINISTRATIVA Niemeyer com um vão-livre de 147 m, suspensos por tirantes protendidos, o que faz dele o maior vão-livre do mundo, em obra do gênero. O Lote 2, que inclui um dos prédios das secretarias, ficou sob a responsabilidade do consórcio composto pela Queiroz Galvão, OAS e Norberto Odebrecht. O projeto do prédio, de volumetria curva, tem 15 andares mais cobertura, com extensão de 240 m no eixo médio e largura de 25 m nas extremidades a 32 m no eixo central. As construtoras Andrade Gutierrez, Via Engenharia e Barbosa Mello constituem o terceiro consórcio, responsável pelas obras do Lote 3. Nele estão o segundo prédio das secretarias, com projeto idêntico ao do Lote 2, e o centro de convivência. Situado entre os dois prédios das secretarias. O centro, com três pavimentos, terá 4,5 mil m² de área, onde serão instalados um posto de abastecimento integrado ao cidadão, posto médico, postos bancários, agência dos Correios, lanchonetes e lojas de conveniência.
Desafio à Engenharia
No Brasil, algumas obras se notabilizaram, entre tantas outras, por se constituírem em marcos da engenharia e por desafiarem o cálculo estrutural. Entre eles estão o Museu de Arte de São Paulo (Masp), com seu vão-livre de 74 metros, e a ponte Octávio Frias de Oliveira, ambos em São Paulo; a ponte Hercílio Luz, em Florianópolis (SC); e a Ponte Rio-Niterói (RJ). O novo prédio da sede de governo do estado de Minas Gerais veio se juntar a esse seleto grupo. Para sua construção, foi adotado um processo no qual escoras metálicas provisórias desempenharam a função de pilares sob pilotis. Posteriormente, após a construção da primeira laje, o prédio foi erguido com pilares vazados de maneira que permitem a passagem das cordoalhas de aço. Nesses andares foram utilizadas vigas protendidas e lajes nervuradas. O partido estrutural está calcado em dois grandes pórticos, estruturalmente concebidos em concreto protendido, dispostos paralelamente nas fachadas longitudinais, que sustentam as vigas transversais da cobertura, nas quais se apoiam os tirantes. Erguido todo o edifício, passadas as
42 / Grandes Construções
NÚMEROS DO EMPREENDIMENTO CIDADE ADMINISTRATIVA Área total de terreno
804 mil m²
Área construída
310 mil m² 16 mil servidores e 10 mil visitantes/dia
População
100 mil m²
Quantidade de vidro utilizado
13 mil toneladas
Volume de aço consumido
100 mil m³
Volume de concreto consumido
7 mil empregos diretos, indiretos e induzidos
Geração de empregos
INFRAESTRUTURA Volume de concreto consumido
9,9 mil m³
Terraplanagem/ aterros
500 mil m³
Terraplanagem de escavação
751 mil m³ 7 mil m
Drenagem pluvial Pavimentação
180 mil m²
Cabeamento estruturado
32,5 mil m
Rede de dutos elétricos
80,7 mil m
Revestimento de grama
133,5 mil m² 4,5 mil
Árvores diversas
PALÁCIO DE GOVERNO 13,8 mil m³
Volume de concreto consumido
148 m
Vão-livre em concreto suspenso
21,5 mil m²
Área construída
9
Elevadores
6,6 mil m²
Esquadrias de vidro
AUDITÓRIO 4,8 mil m³
Volume de concreto consumido
490 pessoas
Capacidade
4,3 mil m²
Área construída
2
Elevadores
SECRETARIAS (cada prédio) Área construída total
116,2 m²
Área construída por andar
7 mil m² 14 (sendo o nono com varanda) e cobertura
Pavimentos Helipontos
3
Elevadores
30
Secretarias de Estado
18
Outros órgãos de administração direta e indireta
33
CENTRO DE CONVIVÊNCIA Área construída Volume de concreto consumido Elevadores
7,5 mil m² 2,5 m³ 6
Cidade ADMINISTRATIVA cordoalhas com função de tirantes, iniciou-se o processo de protensão gradativa desses elementos. Após identificar que as tensões nos apoios metálicos passaram a ser nulas, iniciou-se a retirada dos pilares metálicos provisórios, concluindo-se assim o maior vão predial suspenso do mundo. No total foram utilizados 30 tirantes metálicos e 1.080 cabos que estão presos em 15 vigas transversais de concreto, de 20 metros de comprimento e 3,4 metros de altura, localizadas na parte superior e apoiadas nos grandes pórticos paralelos de concreto armado. A estrutura do prédio foi concebida para suportar cargas em torno de 34 mil toneladas. Na fabricação dos tirantes foi utilizado aço do tipo CP-190RB, da Arcelor Mittal.
SS Um sistema inteligente controlará o fornecimento de energia elétrica e ar-refrigerado para o conjunto arquitetônico
O prédio, cujo cálculo estrutural foi feito pelo engenheiro José Carlos Sussekind, ficou totalmente solto dos quatro pilares postiços que o sustentam, podendo-se observar a laje do pavimento térreo, em sua projeção, sem qualquer obstáculo. “Essa é uma obra que honra o Brasil e coroa grandemente a carreira do meu mestre Oscar Niemeyer. Foram precisos 70 anos de trabalho, de experiência dele,
passo a passo, audácia após audácia, e por ter ousado tanto, para ser capaz de chegar a esse ponto. Não é trivial um prédio com 148 metros de comprimento, com quatro andares, todo envidraçado, sem nenhum apoio, suspenso ao teto. E esse teto vence um vão expressivo e vem se apoiar nas duas passadas, em apenas duas colunas; tendo ainda um vão central de 80 metros e duas balanças de 35 metros. É recorde em cima de recorde”, afirmou Sussekind.
Dificuldades e soluções De acordo com engenheiros do consórcio responsável pelo Lote 1, o de execução mais complexa, o primeiro desafio enfrentado foi o da mobilização imediata para a contratação de mão de obra, compra de materiais e contratação de serviços. Por ser responsável pela infraestrutura total do empreendimento, o consórcio teve de criar condições de trabalho para as edificações dos demais lotes. Para ganhar tempo, garantir a estabilidade dos taludes, onde se aplica a grama em placas, foram implantadas canaletas, não previstas no projeto original. Com o início das obras para a construção do Palácio do Governo, outros desafios técnicos surgiram, como o vão-livre, o formato extremamente complexo dos pilares; da Circulação Vertical (em forma trapezoidal) e do heliponto (no final de um cilindro possui um alargamento excêntrico da estrutura, para permitir o pouso das aeronaves). Nesse último caso, foi adotada uma solução criativa: a substituição da forma do cilindro, de forma convencional, para forma deslizante. Já no caso do auditório, seu formato curvo dificultou a execução das formas e o cimbramento. O consórcio teve de fazer um estudo do concreto para que ele se ajustasse ao formato (auto-adensável). Na casca superior do auditório foi necessário desenvolver uma técnica especial, nas três últimas etapas, devido à inclinação que não permitia uso de formas dos dois lados. O uso de forma foi suprido com a utilização de malha de aço e alteração do sentido de lançamento do concreto, o que reduziu o prazo de execução do projeto.
PRINCIPAIS FORNECEDORES Concreto estrutural Aço estrutural Formas e escoramentos Sistemas de ar-condicionado e ventilação Serviços de instalações elétricas e hidrossanitárias Sistema de automação predial Cabeamento estruturado Guindastes
44 / Grandes Construções
Supermix e Holcim Arcelor Mittal Rohr e Peri Consórcio JAM / TUMA Planem Engenharia Somitec Experti Construservice
CERTIFICAÇÃO
Oficina de equipamentos
A oficina de equipamentos da Construtora Norberto Odebrecht – Odebrecht Equipamentos (ODEq) –, responsável pela manutenção da frota de veículos pesados da empresa, localizada em Guarulhos (SP), recebeu, no dia 14 de dezembro, certificação com selo técnico de qualidade e selo verde, que atesta que as instalações possuem políticas ambientais corretas, em conformidade com a legislação em vigor. As certificações foram concedidas pelo Cesvi Brasil/IQA. O Cesvi Brasil (Centro de Experimentação e Segurança Viária) é o único centro de pesquisa do País, e primeiro da América Latina, dedicado ao estudo da reparação automotiva. Já o IQA (Instituto da Qualidade Automotiva) é um organismo de certificação especializado no setor automotivo, criado por Anfavea, Sindipeças e outras entidades. Parceiro de organismos internacionais e acreditado pelo Inmetro, atua nas áreas de certificação de serviços automotivos, produtos, sistemas de gestão, publicações e cursos. Com a obtenção das certificações, a Odebrecht tornar-se a primeira empresa no ramo da construção civil no Brasil a ter uma oficina que atende aos requisitos técnicos e ambientais, culminando com a excelência de seus serviços. Na cerimônia de entrega das certificações, Sérgio Ricardo Fabiano, superintendente da Cesvi Brasil, destacou que a ODEq é a primeira oficina de equipamentos pesados a conquistar a certificação ambiental. Além disso, a unidade conseguiu cumprir em apenas três meses 100% das metas estabelecidas, de acordo com os critérios de avaliação. “O envolvimento nos esforços para a conquista da certificação foi completo, do mais alto escalão da empresa até o mais humilde colaborador. Estão todos de parabéns.” Ele explica que a certificação é uma ferramenta importante para a evolução da oficina em diversos aspectos e para se diferenciar dentro de um mercado extremamente competitivo. “Mas a vantagem não é apenas melhorar a visibilidade diante do mercado. Um trabalho que opere sob as condições padronizadas de uma certificação se prova mais sistêmico e, com isso, mais bem pla-
46 / Grandes Construções
Fotos: Arquivo Revista M&T
certificada
SS Oficina de equipamentos da Odebrecht, em Guarulhos, é a primeira no setor a obter certificação de qualidade e selo verde
nejado e organizado. Contribui, assim, para que as empresas reavaliem seus processos, passem a conhecê-los a fundo, identifiquem seus desperdícios e não conformidades, e descubram como corrigi-los. Ou seja, possibilitam uma atuação de forma mais eficiente, produtiva e rentável”, assegura Fabiano. Para Afonso Mamede, diretor da área de Equipamentos na Construtora Norberto Odebrecht, a conquista das certificações está coerente com a meta da empresa de tornar-se uma referência mundial em qualidade, segurança, e meio ambiente. Ele garante que quem mais tem a ganhar com as conquistas são os funcionários da unidade, que passam no local boa parte dos seus dias.
SS Afonso Mamede: “estamos evoluindo junto com nossos funcionários”
“Nossos funcionários ganham em qualidade de vida e saúde. Passam a ter um ferramental mais qualificado, já que, para a certificação, nós substituímos parte dos equipamentos. Na câmara de pintura, por exemplo, nós colocamos equipamentos para a eliminação da névoa, a cabine foi fechada, tudo para agregar qualidade de vida para o profissional de pintura. Com isso, nossos funcionários passam até mesmo a serem mais valorizados no mercado. Eles passam a ser referências no seu setor de atuação. E é essa referência que nós estamos levando para os nossos contratos. Com iniciativas como a certificação, nós estamos evoluindo junto com nossos funcionários”, afirma Mamede. Paulo Oscar Auler Neto, superintendente de Aquisição de Equipamentos da Construtora Norberto Odebrecht, conta que muitos fornecedores e clientes, diretores de empresas do mundo inteiro, que conhecem as atuais instalações da oficina acabam voltando, trazendo colaboradores de suas empresas. “Esse passou a ser o nosso cartão de visitas. Nossos clientes e fornecedores estão usando a ODEq como exemplo do que desejam implantar em termos de organização e limpeza, em suas empresas. Muitos comentam que não conhecem, em todo o mundo, outra oficina de uma construtora com esse padrão”, afirma o superintendente, orgulhoso.
Estudo Sobratema
Indústria de máquinas para construção espera forte
Foto: Divulgação
crescimento em 2010 Passado o pior da crise que abalou
da para equipamentos novos no mer-
teira, guindastes, gruas e plataformas
os alicerces da economia mundial, é
cado interno, sejam eles de fabricação
aéreas, entre outros), o Brasil obteve a
possível afirmar que o Brasil escapou
nacional ou importados.
marca positiva de 10%.
com poucos arranhões e ainda saiu for-
Segundo a pesquisa, os resultados
Para 2009, cujos números ainda não
talecido da turbulência. Sobretudo no
verificados no Brasil, em 2008 (50.930
estão fechados, a expectativa é de cer-
setor da construção, o País passou bem
unidades vendidas), fizeram com que
ca de 38.670 unidades vendidas, com
pelo teste de resistência. Os números
aquele período se situasse muito acima
projeções, para 2010, de retomada do
da indústria de máquinas e equipa-
da média, superando até mesmo as ex-
crescimento, já que as análises das
mentos para construção são um bom
pectativas mais otimistas. Enquanto a
tendências do mercado apontam para
termômetro da vitalidade deste setor
demanda global caiu em torno de 20%,
uma demanda de aproximadamente
e fazem parte do estudo do mercado
as vendas no Brasil continuaram em
48.000 máquinas novas. Isso repre-
brasileiro de equipamentos para cons-
alta, atingindo crescimento de 46% em
sentará um incremento de 24,1% em
trução e mineração, realizado, pelo ter-
relação a 2007.
relação a 2009.
ceiro ano consecutivo, pela Associação
Os dados coletados demonstram
As informações foram obtidas junto
Brasileira de Tecnologia para Equipa-
ainda que nos últimos dois anos, en-
aos fabricantes, importadores, constru-
mentos e Manutenção (Sobratema).
quanto o mundo registrou uma queda
toras, associações e entidades do setor,
Divulgado no início de novembro, o
de 46% na venda de equipamentos da
como a Andrade Gutierrez, Camargo
estudo contém um comparativo entre
chamada linha amarela (que inclui es-
Correa, Galvão Engenharia, Norberto
os reflexos da crise e os prognósticos
cavadeiras hidráulicas, retroescavadei-
Odebrecht, o dealer Atlas Copco e a
do setor até 2014, medindo a deman-
ras, pás carregadeiras, tratores de es-
locadora de equipamentos Escad.
Estudo realizado pela Sobratema estima, para 2010, a demanda de 48.000 máquinas novas para a construção pesada
48 / Grandes Construções
Sobe e desce dos números
tando maior crescimento econômi-
De acordo com o economista Ru-
co nos últimos anos, foi registrada
bens Sawaya, professor da PUC de
queda inversamente proporcional ao
São Paulo, Ph.D em economia e dire-
crescimento brasileiro.
tor da Insight Consultoria Econômica,
“Atravessar o conturbado ano de
uma das empresas que assina o estu-
2009 ileso certamente não seria pos-
do, o aquecimento, nos últimos anos,
sível para nenhum setor da economia
no mercado de máquinas para a
e para o de equipamentos e máquinas
construção, deveu-se ao fato de que
não foi diferente – como já previam
o setor vinha de um longo período de
as projeções apresentadas pelo estu-
estagnação, com baixíssima deman-
do da Sobratema em 2008. Contudo,
da interna por falta de investimentos
os resultados surpreendem, não pelos
consistentes em obras de infraestru-
números, que obviamente são infe-
tura. “Para atender à demanda ge-
riores ao espetacular crescimento de
rada pelas obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal, por exemplo, as empresas foram obrigadas a atualizar e ampliar suas frotas, dando prioridade à aquisição de um mix de produtos de alta performance e baixa manutenção. Isso provocou uma corrida às compras em 2008”, analisa Sawaya. Em 2009, no entanto, os números despencaram, o que não chegou a surpreender, já que, além do impacto gerado pela crise mundial, que trouxe queda de vendas em todo o mundo, era esperado, no mercado brasileiro, um certo ajuste ou acomodação, pois boa parte das empresas já haviam atualizado suas frotas no ano anterior. Surpresa, mesmo, foi a velocidade e a força com que o mercado se recuperou, já a partir da segunda metade do ano, quando o resto do mundo ainda amargava o pior da crise econômica. Tanto que o setor prevê encerrar 2009 como seu melhor ano na história, se for levado em conta apenas o mercado interno, já que as exportações murcharam. Enquanto isso, os dois mercados do primeiro mundo (americano e britânico) permanecem atolados, com quedas dramáticas nas vendas de máquinas e equipamentos para o setor. Nos dois países, a redução foi da ordem de 60%. Mesmo na China, país emergente, que vem apresen-
Exportações continuarão em baixa Ainda como uma tendência, identificada pelo estudo da Sobratema, continua em queda o ritmo das exportações dos equipamentos para construção. Segundo dados preliminares da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, os tratores e máquinas para terraplanagem lideraram a queda nas exportações brasileiras de manufaturados, no período janeiro/ setembro deste ano. Caíram 69,7% e 67,5%, respectivamente, em comparação com os mesmos nove meses de 2008, frente a uma queda geral de 31,2% nas exportações de manufaturados. Para um setor que em 2008 exportou 45% da sua produção, trata-se de um revés acentuado.
2008, mas principalmente pela velocidade e força com que o mercado se recuperou, se projetando entre as principais economias mundiais”, diz Afonso Mamede, diretor de Equipamentos da Construtora Norberto Odebrecht, que respondia pela presidência da Sobratema no período em que a pesquisa foi realizada.
Aumentando a marcha As previsões para 2010, que apontam para um crescimento das vendas acima de 24%, decorrem principalmente da necessidade de ampliação das frotas, principalmente em função da continuidade dos programas governamentais de recuperação da infraestrutura e da habitação popular, previstos no PAC. A esses catalisadores deverão se somar as obras de preparação da infraestrutura para a Copa 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, além da exploração das reservas de petróleo e gás do pré-sal. “Isso deve deixar o Brasil atrás apenas da Índia que, de acordo com dados da Off-Highway Research (OHR), deve atingir um crescimento em torno de 27%. Já a China e os EUA apontam um crescimento menor, de aproximadamente 7%, enquanto os países do mercado comum europeu não registram crescimento, mas sim uma estagnação econômica”, afirma Sawaya. Outro fator a ser considerado como provável indutor de aquecimento do
Fevereiro 2010 / 49
Estudo Sobratema mercado é a manutenção do crédito ba-
manipulador telescópico. Ele é utilizado
rato e das políticas de incentivo para a
para movimentação e levantamento de
construção de habitações populares, foco do programa Minha Casa, Minha Vida,
carga, podendo ser adaptado a diversas ...
ferramentas de trabalho, como caçam-
também do governo federal. A retomada
bas, garfos (pallets), cesto de operação,
dos investimentos nesse segmento deve
entre outros. O telehander foi a única
estimular o crescimento da indústria da
categoria a registrar números positivos
construção e de outros segmentos, a
de vendas em 2009, atingindo a marca
criação de novos postos de empregos e o
de 350 equipamentos vendidos.
retorno das taxas de crescimento do PIB.
Quem é a Sobratema
Telehander na lista dos pesquisados
presenta o setor de máquinas e equipa-
Todos os anos, a pesquisa de mercado
mentos para obras de construção e mi-
realizada pela Sobratema leva em conta
neração. No seu quadro de associados
as vendas de escavadeiras, carregadeiras,
estão usuários e fabricantes de equipa-
retro-escavadeiras, tratores de esteira,
mentos para construção e mineração,
motoniveladoras e caminhões fora-de-
como grandes construtoras, locadoras,
estrada, caminhões rodoviários, tratores
empreiteiras e prestadores de serviço,
de pneus pesados, compressores, gruas,
além dos profissionais da área (pes-
guindastes e plataformas aéreas. Na
soas físicas).
Há mais de 20 anos a Sobratema re-
última pesquisa, que contou com a con-
Entre os fabricantes, fazem parte do
sultoria do economista Brian Nicholson,
quadro de associados da Sobratema em-
da MiniMax Editora Especializada Ltda.,
presas como Volvo, Caterpillar, Komatsu,
foi incluído mais um equipamento, relati-
Case, JCB, Liebherr, Atlas Copco, Haulotte,
vamente novo no mercado brasileiro – o
Metso Minerals, Dynapac, New Holland,
telehander –, também conhecido como
Ciber, Terex, Hyundai, entre outras.
Cresce frota de equipamentos novos A partir das informações colhidas por meio de entrevistas, o Estudo do Mercado de Equipamentos no Brasil, realizado pela Sobratema, concluiu uma análise da frota nacional de máquinas, buscando a influência do parque existente nas futuras decisões de compra. Uma das constatações da análise foi a de que os principais compradores de máquinas novas, principalmente da linha amarela, são as grandes construtoras. Essas empresas adquirem os equipamentos em primeira mão, normalmente quando sua frota em uso atinge o limite de sua “primeira vida” (em média, de três a quatro anos, para a maioria dos equipamentos; de seis a sete anos para caminhões) em geral, em duas condições: quando do advento de novas obras e não dispõem de equipamentos ainda em sua primeira vida sendo liberados;
50 / Grandes Construções
quando da reposição de equipamentos finda sua primeira vida em obras em andamento. O conceito de “primeira vida” do equipamento refere-se, em termos gerais, a gastos com manutenção, preço de venda do equipamento usado e preço de compra do novo. Há empresas que se utilizam de equipamentos locados ainda como forma de administrar esse fluxo de compras de novas máquinas em relação às obras em andamento e novas obras. A preferência das grandes empresas por equipamentos novos deve-se ao seu posicionamento no mercado e às exigências de produtividade em relação aos custos operacionais das máquinas que ultrapassam sua segunda vida. Em geral as máquinas mais comuns (linha amarela) têm uma vida útil de 10 anos, prazo
em que podem trocar de mãos, conforme o volume de negócios, saindo das construtoras maiores ao final de sua primeira vida, quando são vendidas para construtoras menores e locadores menores. Nesse sentido, grande parte dos equipamentos novos vendidos, mercado foco do estudo, encontra-se nas mãos de grandes construtores que necessitam do máximo de produtividade (mínimo de horas paradas para manutenção) e o melhor serviço de pós-venda (para rapidez de manutenção e reposição de peças). A opção por compra de equipamentos novos nacionais deve-se tanto ao serviço de pós-venda como ao crédito, importantes fatores diferenciadores dos fabricantes nacionais, principalmente aqueles que possuem um volume de vendas que cobre o território nacional.
Construção Sustentável
Um prédio feito de
sonhos, metal e concreto
52 / Grandes Construções
Fotos: Divulgação
WW Nova sede da Teckma, construída dentro dos mais modernos conceitos de sustentabilidade
aquisição de áreas onde antes pelas mãos de uma arquiteta, Teckma Enhavia velhas casas que tiveram Andréa Gonzaga. genharia é um de ser demolidas. O primeiro conceito defiexemplo de que Enquanto se buscava o terrenido por Barione era garantir, uma trajetória de no ideal, os estudos do projeto para si e para os 70 funcionários sucesso se constrói com muito iam evoluindo. “Foi quase um da empresa, um espaço confortrabalho e conhecimento técano de estudos. Já na primeira tável, agradável e funcional. nico, mas também com uma reunião, deixei claro que que“Passamos a maior parte dos boa dose de sonhos. Com 17 ria um projeto que identificasdias em nossos locais de traanos de atuação, marcados por se o prédio como sede de uma balho. Por isso, é fundamental, um crescimento expressivo, empresa de engenharia, sem para mantermos qualidade de a empresa, especializada em que precisássemos colocar um vida, que esse local seja bonito, montagem industrial, com logotipo na fachada. Eu queagradável e acolhedor”, define o ênfase em sistemas elétriria pisos grandes com muitos engenheiro. A partir dessa precos, mecânicos, controle de vãos-livres, queria um projemissa básica, Andréa Gonzaga incêndio, automação e insto que me permitisse trabatinha como desafio elaborar um talações prediais, passou, de lhar com as luzes apagadas na projeto que assegurasse menor R$ 2,3 milhões em contramaior parte do dia, e que não custo de construção e manutos, em 2001, para R$ 44,5 me tornasse dependente do tenção, aliando a isso bem-esmilhões em 2006, crescenar-condicionado, em dias não tar, conforto térmico, lumínico do para R$ 77,3 milhões em muito quentes. Queria, ainda, e acústico. Seu projeto deveria, 2007, e R$ 108,4 milhões, em um prédio bonito e diferente, por fim, colaborar com a pre2008. Para 2010, a expectativa e um ambiente silencioso para servação do meio ambiente, da Teckma é de um incremento trabalhar. A ideia era aproveideixando como legado às futuda ordem de 40% no volume de tar todos os conceitos de green ras gerações um exemplo de vacontratos, e de 45% para 2011, building que a gente conhece, lorização dos aspectos culturais o que significará dobrar de tae, é lógico, tentar agregar o brasileiros e de uma convivênmanho nos próximos dois anos. máximo de valor sem assumir cia mais harmônica do homem Foi justamente com essas custos extremamente elevanas grandes cidades. matérias-primas – trabalho, dos. A solução para isso era Nascido e criado na Mooca, competência e sonhos – que usar toda a tecnologia que a Barione queria, mais que tudo, a Teckma construiu sua nova gente conhecia. Eu cuidei pespermanecer no bairro, onde sede. Trata-se de um prédio soalmente do projetado a partir de desenvolvimenmodernos conceitos “A estrutura metálica me permitiu agregar to do projeto”, de sustentabilidade e redução dos impactos tecnologia e modernidade à construção, e conta Barione, com orgulho. ambientais e sociais, essa era uma mensagem que eu A primeira ocupando terreno de queria passar.” definição, em 1000 m² na Avenida termos de méPaes de Barros, no todos construtivos, foi a da nasceu também sua empresa. Parque da Mooca, Zona Leste utilização de estruturas meIsso se configurou no primeiro de São Paulo (SP). O edifício, tálicas. Barione explica que, desafio do projeto: encontrar com cinco pavimentos e dois embora isso representasse um terreno disponível, nas prosubsolos, foi concebido seinvestimento inicial maior, em porções desejadas. Não conguindo um caminho inverso da relação à estrutura convencioseguiu. O projeto, concebido maioria dos prédios conceitunal, em concreto, a opção pelas inicialmente para uma área de ais: nasceu dos sonhos de um estruturas metálicas assegurou 1.500 m², teve que ser adapengenheiro, Fábio Barione, 40 rapidez na execução da obra, o tado para 1.000 m², adquirianos, diretor e fundador da Teque se traduziu em economia. dos com muito esforço, com a ckma, e ganhou o mundo real
Fevereiro 2010 / 53
Construção Sustentável Muita luz natural e pouco calor
SS Acabamento do interior simula, com materiais sintéticos, a utilização de madeira
“Para se ter uma ideia, nós levantamos toda a estrutura do prédio em 40 dias. De fato, a partir do momento em que as casas que ocupavam o terreno foram demolidas e o terreno foi limpo, toda a obra foi executada em apenas 10 meses”, calcula. Além da economia de tempo a estrutura metálica evitou o corte de mais de 50 árvores, que forneceriam madeira para as formas de concreto. Ao longo da construção, técnicas de pré-fabricação e construção industrializada geraram redução de mais de 50 t de entulho. Havia ainda uma razão conceitual para a escolha: “A estrutura metálica me permitiu agregar tecnologia e modernidade à construção e essa era uma mensagem que eu queria passar com a imagem do prédio”, admite Barione. Ele optou por manter as vigas metálicas aparentes, tanto na fachada quanto no interior do prédio, obedecendo à orientação de ter todas as instalações visíveis, dentro do conceito de um prédio de engenharia. “Esse foi um dos conceitos do projeto de arquitetura e todo mundo teve de se adaptar a ele. Isso se aplicou também às lajes pré-fabricadas. Eu queria que aparecessem os frisos das lajes. O pessoal da construtora está acostumado a fazer, mas sem se preocupar se os frisos vão ficar alinhados. Eu exigi que as barras fossem montadas com medidor de nível a laser”.
54 / Grandes Construções
Apesar da aparência esbelta, o prédio, cujo cálculo estrutural foi feito pelo engenheiro Júlio Kurkdjian, professor da Universidade de São Paulo (USP), foi projetado para crescer mais três andares. “Nós temos ainda algumas etapas do projeto que não foram implantadas, mas que vão ser realizadas gradativamente, ao longo do tempo, como a instalação de uma academia de ginástica e um auditório para 100 pessoas, para os quais ainda não conseguimos autorização da prefeitura”, revela o engenheiro e empresário. “Com o ambiente que nós temos hoje, sem quebrar nenhum conceito, esse prédio está dimensionado para 200 pessoas. Hoje nós temos aqui 70 pessoas. Há várias áreas de expansão. No departamento comercial, por exemplo, eu tenho 16 pessoas instaladas. É uma estrutura que atende às minhas necessidades, hoje, mas tenho área sobrando igual à área ocupada. Posso crescer mesmo sem precisar aumentar os três níveis para cima”, diz Barione. Ele conta que o calculista Júlio Kurkdjian fez um estudo detalhado, projetando vigas de bitola mais estreitas, vigas secundárias e contraventagem. Isso deu muita leveza à fachada. Essa sensação de leveza foi reforçada pela utilização do vidro como revestimento principal do edifício, uma sugestão do consultor especialista em fachada, André Meyer. Optou-se pela utilização de vidros especiais, do tipo SunGuard, produzidos pela Guardian, da Carolina do Norte, Estados Unidos. Fabricado com tecnologia de última geração, que inclui a aplicação de camadas ultrafinas de metais, com Silacoat Process, esse vidro assegura isolamento térmico, superior qualidade óptica, durabilidade mecânica e química e alta transmissão luminosa. Na prática isso significa o bloqueio de mais de 65% do calor externo sem perda da qualidade óptica, economia de 40% nos gastos de energia com ar-condicionado e mais 20% de aproveitamento da luz natural, o que pode
SS Fachada em vidro especial permite a captação de luz natural, filtrando o calor
resultar em economia de 1.200 KWH de energia elétrica por ano, ou o equivalente a R$ 50 mil/ano. Totalmente translúcido, o vidro SunGuard age, ainda, como filtro dos raios ultravioleta que danificam acabamentos e mobiliários internos. Essa solução de arquitetura permite ainda tirar partido de uma vista privilegiada de uma grande área verde vizinha, com cerca de 80 mil m², no Parque da Mooca, onde está instalada a sede social do tradicional Clube Atlético Juventus. TT Todas as instalações são aparentes
da um sistema de captação e filtragem de águas de chuva, que abastece um reservatório de 50m3 instalado no subsolo. Apenas uma hora de chuva média fornece água por 10 dias para as descargas nos banheiros e os serviços de limpeza e jardinagem. Buscando tornar o ambiente ainda mais agradável e, ao mesmo tempo, permitir o contato com um pouco da flora brasileira, Fábio Barione determinou que o paisagismo fosse elaborado tendo como referência espécies de árvores nativas, raras nas grandes cidades, como o pau-brasil, ipê roxo e ipê amarelo, entre outros. André Meyer recomendou ainda a instalação de brises. “Na face norte do prédio, onde bate o sol da manhã, eu queria garantir a entrada de claridade, mas não queria que os raios do sol entrassem direto, nem queria usar cortina. Para isso o André Meyer projetou os brises, que são essas pranchas fixadas nas laterais do prédio, que permitem a entrada de 100% de luz. Controladores da incidência de raios solares, eles aumentam o conforto e diminuem em 10% a necessidade de ar-condicionado. Placas de poliestireno expandido, instaladas na cobertura, impedem que a radiação do calor da laje do último piso passe para o interior do edifício, evitando ainda mais o consumo de energia elétrica para resfriamento dos ambientes. Para aumentar ainda mais a eficiência energética, foram adotados lâmpadas e reatores com alto fator de rendimento, 20% mais eficientes que as lâmpadas fluorescentes comuns, que geram economia de 30.000 KWH de energia elétrica por ano. Foram instaladas também lâmpadas LED nos balizamentos, que permitem economizar 20.000 KWH de energia elétrica por ano. Os sistemas principais de iluminação e ar-condicionado são acionados automaticamente. Todas as informações de consumo são enviadas a uma central, que monitora a eficiência das instalações para evitar desperdício e melhorar as condições ambientais. Foram projetadas escadas com dimensões amplas, de fácil acesso, para desestimular o uso de elevadores. E para incentivar o uso de bicicletas pelos funcionários, no prédio há espaço reservado para elas, no estacionamento. O projeto previu ain-
Política de boa vizinhança
O engenheiro conta que a construção correu sem grandes problemas. “Embora esse seja um prédio conceitual, ele é também muito simples. É basicamente a estrutura metálica, as lajes e paredes de drywall. O resto é detalhe de acabamento.” A dificuldade surgiu mesmo durante as escavações. Como teve de adaptar o projeto às menores dimensões do terreno, Barione se viu obrigado a aproveitar 100% da sua propriedade, escavando até o limite dos terrenos vizinhos. “Eu tenho vizinhos muito próximos, meu terreno é muito estreito, e sem espaço para movimentação de caminhão. Isso exigiu o máximo de cuidado para não comprometer as estruturas das casas ao meu lado, que são muito antigas. Além disso, nós temos aqui dois subsolos, o que significa que afundamos cerca de oito metros, em relação ao nível da Av. Paes de Barros.
Para enfrentar o problema das escavações, o diretor da Teckma contratou a Geometral, empresa projetista especializada em consultoria de solos. Paralelamente ao trabalho de consultoria, antes de começar as obras, Fábio promoveu um encontro com os vizinhos, foi na casa de cada um, se apresentou, levando flores e apresentando um pedido de desculpas antecipado, pelos transtornos inevitáveis que as obras causariam à comunidade. “Isso acabou ganhando a simpatia da vizinhança. Eu tive o mínimo de problema, como quebrar uma telha, causar uma rachadura numa parede, mas o pessoal me ligava com tranquilidade, eu mandava um engenheiro da obra ver do que se tratava e a gente corrigia o problema. Mas foram coisas pequenas”, diz Barione. O prédio não tem certificação green building. Mas bem que poderia ter. Barione explica que não se preocupou com isso, até porque não desenvolveu o projeto pensando no marketing, nem em atender às exigências de clientes ou de entidades certificadoras. “Eu fiz isso pra mim, mesmo. E me preocupei, de verdade, com o custo da operação. Cada item do projeto foi analisado sob o ponto de vista funcional e de redução de custos. Teve coisa que eu não consegui fazer, mas porque me convenci de que não era viável financeiramente, e que não era fundamental para a conclusão do projeto”, afirma. Apesar disso, ele reconhece, orgulhoso, que o empreendimento qualifica a Teckma para desenvolvimento de outros projetos com o mesmo foco na sustentabilidade, para clientes. TT Na recepção, árvores da flora nativa, como o pau-brasil, integram o paisagismo
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Prédios
verdes
brotam no Brasil e no mundo
SS Swiss Re Tower, ícone da moderna arquitetura, com seu corpo cilíndrico, erguido no centro financeiro de Londres
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Fotos: Arquivo Grandes Construções
Construção Sustentável
s primeiros sinais da aplicação da chamada arquitetura sustentável surgiram na década de 1970, em cidades dos Estados Unidos e em países da Europa. Os principais conceitos que nortearam essa tendência derivaram da crise energética e dos altos preços do petróleo no mercado internacional. Surgia, assim, a necessidade de repensar a construção, a partir de parâmetros de eficiência energética e da utilização de fontes alternativas de geração de energia. As questões ligadas ao respeito ao meio ambiente vieram como consequência dessa necessidade. No Brasil, os prédios green building só figuraram na pauta das construtoras muito recen-
temente, depois que elas descobriram que o engajamento nessas causas faz bem não só para sua imagem junto à opinião pública, como também para seus bolsos. Os índices Dow Jones de Sustentabilidade (Dow Jones Sustainability Indexes) mostram que empresas com responsabilidade ambiental estão se diferenciando no mercado de ações. Em outubro de 2008, foi assinado, em São Paulo, o Protocolo da Construção Civil Sustentável, prevendo a unificação dos processos de licenciamento ambiental para empreendimentos na área da construção. O documento estabelece também a cooperação técnica e institucional, entre entes públicos e privados, para a adoção de um con-
junto de ações voltadas para o desenvolvimento sustentável. Os signatários do protocolo se comprometeram a conscientizar e educar seus associados de modo a incentivá-los às práticas sustentáveis em cinco pontos primordiais: projeto e desempenho, insumos, resíduos, desenvolvimento urbano e relacionamento. As partes, que aderiram voluntariamente ao protocolo, também se comprometeram a orientar os empreendedores a cumprirem a legislação ambiental e a introduzirem critérios socioambientais em suas atividades, visando a minimizar os impactos ao meio ambiente. Conheça a seguir alguns edifícios modernos, que se destacam pela utilização de conceitos de construção sustentável.
Edifício Cidade Nova Com certificação Leed (Leadership in Energy and Environmental Design), pelo United States Green Building Council, o Edifício Cidade Nova, no Centro do Rio de Janeiro, é um marco do processo de revitalização por que passa o tradicional bairro da Cidade Nova. Com nove andares, 52 mil m² de área construída e capacidade para abrigar simultaneamente 4 mil pessoas, o prédio abriga a nova sede da Universidade Petrobras, órgão da área de Recursos Humanos, responsável por disponibilizar as soluções educacionais corporativas da estatal. Idealizado pelo arquiteto carioca Ruy Rezende, o prédio foi classificado pelo órgão certificador como 100% sustentável, tanto em sua obra, que primou pela utilização de materiais reciclados ou recicláveis, quanto pelo projeto, como pelas atividades diárias. Durante a construção, foi utilizada exclusivamente madeira certificada, tinta de baixa emissão de gases corrosivos e insumos reciclados. O projeto incluiu a captação e o reúso hidráulico, com a coleta de água de chuva e de condensação do sistema de ar-condicionado, para, depois serem aproveitadas na irrigação de jardins, lavagens e nas descargas de vasos sanitários, atendendo a 40% do consumo diário previsto. Além disso, torneiras temporizadas contribuem para a redução no consumo. A construção horizontalizada é composta por três blocos com lajes interligadas, seis fachadas externas e quatro internas, voltadas para um átrio. As fachadas mesclam panos de vidro e superfícies de alvenaria. Nas grandes áreas envidraçadas são utilizados vidros isotérmicos de baixa emissividade, que permitem o aproveitamento da luz natural e barram o calor nos ambientes internos, garantindo a eficiência energética da edificação, proporcionando iluminação e conforto ambiental, com baixo consumo de energia elétrica. O
SS Edifício Cidade Nova, no Rio de Janeiro: claraboia com 900m² protegida por persianas motorizadas
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Construção Sustentável
prédio possui ainda uma ampla claraboia, de 900 m², protegida por persianas motorizadas. A claraboia funciona como uma imensa bolha de ar quente, forçando o ar frio a descer e refrescar o ambiente. Durante a noite, quando o arcondicionado é desligado, o ar frio que vem de fora também ajuda a reduzir a temperatura interna. Durante o dia, a claraboia permite a visão do céu e a entrada da luz natural em todo o átrio. Quando há necessidade de sombreamento, uma persiana é acionada por sistema automatizado. A claraboia tem 28 m de vãolivre, 31 m de comprimento e 3 m de flecha de arco.
O desenho escalonado das fachadas também colabora com o sombreamento e o conforto ambiental. No total, o edifício tem cerca de 10 mil m2 quadrados de áreas envidraçadas. As fachadas duplas foram instaladas nas grandes áreas dos escritórios voltadas para o Norte e o Oeste, submetidas a intensa insolação. A face externa é uma pele de vidro, enquanto a interna é entre vãos. Igor Alvim, da QMD Consultoria, responsável pelo projeto das fachadas, explica que os arquitetos desejavam luz natural nos interiores, mas com vidros que não tivessem reflexão
luminosa, não fossem escuros e apresentassem elevado coeficiente de sombreamento. Com o afastamento de 60 centímetros entre os dois componentes da dupla pele, obtém-se o efeito chaminé: o calor que atravessa a primeira fachada sobe e se dissipa na atmosfera, antes de passar para o interior do edifício. O sistema reduz em quase 50% os gastos com ar-condicionado, economia que em quatro anos pagará o investimento com a fachada dupla. Também há ganhos em isolamento acústico, devido à barreira extra de vidro. A face externa tem laminados de 10 mm e a interna, de 8 mm.
Condé Nast Building Construído também em 1999, o Condé Nast Building, localizado em Nova Iorque (EUA), é considerado o primeiro arranha-céu “verde” do planeta (247 metros de altura) e peça central do plano diretor de reordenamento urbano do tradicional centro de Manhattan. Nele, parte da energia elétrica consumida nos 48 andares de escritório é gerada por duas células movidas a hidrogênio, instaladas na cobertura. Células fotoelétricas transformam luz do sol em eletricidade. Toda a energia elétrica usada à noite é produzida no próprio edifício e o sistema de aquecimento de água é a gás natural. No fim do mês, a economia média chega a 40%. O prédio é revestido por vidros especiais que permitem a entrada de luz natural ao longo de todo o dia, filtrando os raios ultravioletas do sol e a entrada de calor nos escritórios. Isso resulta em significativa redução do consumo de energia elétrica para ativar a iluminação artificial e o sistema de refrigeração do ar. O “projeto ambiental conscien-
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te”, premiado pelo Instituto Nacional Americano de Arquitetos e pelo AIA New York, prevê a circulação, pelo edifício, de um volume de ar 50% maior do que o exigido por lei. Projetado pela Fox & Fowle, o Condé Nast Building possui duas fachadas. Cada uma teve um tratamento arquitetônico diferenciado. A face voltada para a Times Square, mais moderna, incorpora a agitação e movimento da área. A outra, na 42th Street, é mais sóbria e se aproxima da estética dos edifícios de Midtown. Durante sua construção, rigorosas análises foram realizadas quanto aos métodos construtivos, insumos adotados, impactos ambientais, preservação da saúde e segurança dos operários, eficiência energética e até mesmo quanto à sustentabilidade na fabricação de máquinas e equipamentos. Para completar, todos os inquilinos do prédio têm de se comprometer com normas de procedimento “ambientalmente corretas”. Até mesmo os produtos de limpeza usados na manutenção do prédio têm de ser atóxicos.
TT O Condé Building, em Nova Iorque, gera parte da energia que consome, graças a células fotoelétricas que transformam luz do sol em eletricidade
Rochaverá Corporate Towers O conjunto de torres Rochaverá Corporate Towers, desenhado pelo escritório Aflalo & Gasperini Arquitetos, reúne o que há de mais moderno em tecnologia da construção sustentável, aliado a um paisagismo diferenciado, constituído por áreas verdes e praças arborizadas, privilegiando o convívio e o bem-estar de seus ocupantes e frequentadores. As duas primeiras das quatro torres do conjunto, projetado para abrigar escritórios de alto padrão, já foram concluídas e receberam, no mês de agosto, certificação Green Building, na categoria Gold. A certificação foi concedida dentro do conceito Leadership in Energy and Environmental Design (LEED), pelo U.S. Green Building Council, dos Estados Unidos. Localizado na Avenida das Nações Unidas, no bairro de Pinheiros, na capital paulista, o conjunto foi projetado pela Aflalo & Gasperini Arquitetos, com construção a cargo da Método Engenharia e projeto de sustentabilidade sob a responsabilidade do Grupo SustentaX. Todo o projeto foi concebido dentro de quatro premissas: redução do consumo de energia e dos custos operacionais e de manutenção; diminuição do uso de recursos ambientais não renováveis; melhora da qualidade do ar interno do edifício; e ganhos de qualidade de vida
SS Rochaverá: certificação Green Building na categoria Gold
e da saúde dos usuários, otimizando a qualidade do ambiente construído. Ao todo, o Rochaverá está recebendo investimentos da ordem de R$ 600 milhões. As duas primeiras torres, idênticas, com 17 andares, somam 113 mil m² construídos, 58 mil m² desses locáveis. A área de laje dos prédios cresce a cada pavimento, começando com 1.642 m² no primeiro andar até 1.976 m² no 16o. As duas torres se destacam pela inclinação de nove graus de uma das fachadas, o que resultou na projeção de 12 m, criando um efeito estético arrojado. Os edifícios têm andares com pédireito de 2,8 ms e um vão-livre entre 11,5 m, além de mais de 20 m em torno de um núcleo de serviços, proporcionando áreas totais de 1,6 mil a 2 mil m².
O ar-condicionado, com volume de ar variável (VAV), permitirá a adequação da temperatura aos diversos pontos dos andares. Os elevadores, com antecipação de chamada nos andares, indicarão ao usuário qual a cabine a ser utilizada. O projeto prevê o reúso de águas pluviais para irrigação dos jardins. O destaque, no entanto, fica por conta do sistema próprio de co-geração de energia elétrica, capaz de atender a 100% da carga de todo o complexo, de forma ininterrupta. A operação integrada e o gerenciamento dos sistemas técnicos – como ar-condicionado, elevadores, telecomunicações e proteção contra incêndio – permitem que o empreendimento tenha o melhor aproveitamento de recursos.
Edifício Malecon
lecon é resultado do trabalho conjunto do escritório norte-americano HOK International, autor do projeto, e do escritório argentino Aisenson, de Buenos Aires, que viabilizou a realização do empreendimento. Implantado no extremo sul de Puerto Madero, de frente para os diques que conformam o centro do porto, o edifício tem ampla frente urbana. A localização proeminente, visível tanto da cidade quanto do rio da Prata, confere-lhe a condição de importante marco do local. A estratégia do projeto foi criar duas faces opostas, em curva: uma, ao Norte,
TT Edifício Malecon, construído sobre fundações de um antigo armazém de século XIX
Localizado em Buenos Aires, na Argentina, o Edifício Malecon foi construído em 1999, aproveitando as fundações remanescentes de um antigo armazém do século XIX, para instalação da garagem. O prédio foi projetado para impedir a entrada excessiva de calor e, assim, otimizar o uso do ar-condicionado, reduzindo o consumo de energia. Premiado pelo Conselho de Arquitetura e pela Sociedade Central de Arquitetos de Buenos Aires como o melhor projeto de prédio de escritórios, o Ma-
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Construção Sustentável
cuja base completa a geometria retangular dos diques; a outra, ao Sul, que cria um ambiente de jardins para as áreas comerciais e de escritórios. A forma do edifício foi desenhada para tirar partido das excelentes vistas que o local oferece e, também, para melhor captar a luz solar em todos os seus ambientes. Com 12 pavimentos, a torre foi projetada sobre um embasamento comercial de 8 m de altura, sustentada por colunas que circundam o lobby de pédireito duplo. Na face voltada para o Norte, o embasamento está dividido no centro, de maneira a criar um pátio de entrada para o lobby do edifício de escritórios. Sobre o lobby, utilizado também para eventos
Swiss Re Tower A torre de escritórios da Swiss Re, localizada no centro financeiro de Londres, na Inglaterra, com cerca de 180 m de altura, divididos em 40 andares, tornou-se um dos ícones da arquitetura moderna. Não só pela audácia estética do seu corpo cilíndrico, como pela adoção de soluções de vanguarda, do ponto de vista ambiental, que asseguram uma redução de 50% no consumo de energia, em comparação a outros prédios convencionais, do mesmo tamanho O prédio, construído em 2004, possui sensores de tempo, temperatura exterior, velocidade do vento e nível de luz do sol, que permitem a abertura de painéis e janelas automaticamente, conforme a necessidade interna. Quando as condições atmosféricas externas não são hostis, o sistema abre gradualmente as janelas, permitindo que o ar fresco (ou ventilação natural) percorra os ambientes interiores. As janelas podem ser controladas diretamente pelos usuários, a partir de seus postos de trabalho, quando o sistema está desativado. O projeto estrutural, desenvolvido pelo escritório Ove Arup and Partners, concebeu um sofisticado sistema de fachada dupla
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e exposições, fica o primeiro piso de escritórios, circundado pelas colunas da base do edifício. O núcleo de elevadores e escadas foi implantado junto à fachada sul, o que permitiu maior flexibilidade no planejamento das plantas dos escritórios, favorecendo a circulação vertical. Esse núcleo é formado por uma torre de tijolos de vidro que abriga as escadas e outra de concreto, revestida de metal, para os elevadores. Na torre, as janelas são protegidas por brises apoiados em um sistema de cabos cujas técnicas remetem às empregadas pela indústria naval. O edifício dispõe de sistema de ar-condicionado individual, proteção contra incêndio e circuito fechado de televisão.
ventilada, entremeada por átrios, batizados de poços de luz. Eles percorrem, em espiral, o interior da torre, criando um sistema de ventilação natural e de captação da luz, da base ao topo do edifício, permitindo a troca de ar nos ambientes internos. Pontos de entrada de ar na fachada externa, espaço para troca de ar dentro de câmaras e persianas motorizadas na fachada interna também fazem parte da complexa pele do edifício. A fachada externa, composta por cerca de 5.500 painéis móveis de vidros planos, de alto desempenho para controle solar, assemelha-se a uma lente prismática. Com microperfurações, como os poros de uma pele, esse revestimento permite que o edifício “respire”.
O esqueleto que sustenta a torre é composto por uma estrutura diagonal construída com perfis metálicos de aço de alta resistência, tendo como base uma malha triangular. A estrutura metálica periférica, em espiral, resiste às cargas horizontais, enquanto a estrutura do núcleo sustenta as cargas verticais. No térreo, a circularidade estimulou a criação de áreas abertas ao público, com árvores e muros baixos de pedra integrando os espaços público e privado. No topo do prédio foi instalado um bar, totalmente protegido por fechamento de vidro, com vista de 360 graus para Londres e algumas de suas principais referências, como o rio Tâmisa, o museu Tate Modern e a catedral de Saint Paul.
TT Masdar City Center: cidade construída dentro do conceito “Zero Carbono”, no meio do deserto de Abu Dhabi
Masdar City Center O projeto empreendimento sustentável de maior escala do mundo é o projeto Masdar Zero Carbon and Zero-Waste City, uma cidade murada com seis milhões m², e ecologicamente correta, da fundação do terreno ao telhado das construções, em Abu Dhabi, o maior dos sete emirados árabes. Concebido pelo premiado escritório de arquitetura inglês Foster + Partners, ao custo de U$ 5 bilhões, o projeto é financiado pela Abu Dhabi Future Energy, empresa que estuda novas fontes de energia e pertence à Mubadala Investment, a companhia de investimentos da família real de Abu Dhabi. A empresa dispõe de US$ 200 bilhões para aplicar em pesquisas para a utilização de fontes de energia inteligentes, nos próximos dez anos. Projetada para ser um paradigma em cidade sustentável, Masdar foi planejada em cada detalhe, inclusive na destinação de cada área para diferentes tipos de ocupação: 30% da área será destinada às residências, 13% comercial, 6% universidades, 8% cultural, 19% serviços e 24% a uma zona econômica especial (uma espécie de zona franca árabe, criada para atrair 1,5 mil empresas privadas). Em Masdar, todas as fontes de energia existentes no planeta estão sendo testadas. Haverá campos de painéis fotovoltaicos para absorver a energia solar e, nos prédios, o sol servirá como fonte de iluminação. Turbinas eólicas, cultivo de três espécies de plantas que geram biocombustíveis, sistema geotermal, que transforma o calor do solo em energia, completam a matriz energética da cidade, onde toda a água usada será tratada e reciclada. O projeto estimula, ainda, as pessoas a caminharem a pé.
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PETRÓLEO E GÁS
Fotos: Agência Petrobrás
Petrobras fecha contratos
para obras na refinaria Abreu e Lima
Oito construtoras, organizadas em cinco consórcios, ficaram responsáveis pelas obras, avaliadas em R$ 8,9 bilhões
A
Petrobras assinou, no dia 2 de dezembro, cinco contratos, no valor global de R$ 8,9 bilhões, para a implantação da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, também conhecida como Refinaria do Nordeste. O maior dos contratos, no valor de R$ 3,4 bilhões, se refere à construção das Unidades de Coqueamento Retardado – UCR (U-21 e U-22), incluindo subestações, Casas de Controle e as Seções de Tratamento Cáustico Regenerativo (U-26 e U-27). Para os serviços, foi contratado o Consórcio Camargo Corrêa – CNEC, constituído pelas empresas Construções e Comércio Camargo Correa S.A. e CNEC Engenharia S.A. Também foi assinado o contrato para a implementação das Unidades de Hidrotratamento de Diesel (U-31, 62 / Grandes Construções
U-32), de Hidrotratamento de Nafta (U33 e U-34) e Unidades de Geração de Hidrogênio (U-35 e U-36). O contrato foi firmado com o Consórcio Conest-UHDT, formado pelas empresas Odebrecht Plantas Industriais e Participações S.A. e Construtora OAS Ltda. O custo do empreendimento é de R$ 3,19 bilhões. O terceiro contrato, em valor de investimento (R$ 1,48 bilhão), refere-se à construção das Unidades de Destilação Atmosférica – UDA (U-11 e U-12). A tarefa foi confiada ao Consórcio RNEST - Conest, constituído pela Odebrecht Plantas Industriais e Participações S.A. e Construtora OAS Ltda. O escopo desses três contratos inclui o fornecimento de materiais, fornecimento parcial de equipamentos,
construção civil, montagem eletromecânica, preservação, condicionamento, testes, pré-operação, partida (início das operações), assistência à operação, assistência técnica e treinamentos. Além destes, também foi assinado o contrato para a implantação dos dutos de recebimento e expedição de produtos da refinaria, que compreende os serviços de análise de consistência do projeto básico, projeto executivo, fornecimento de materiais e equipamentos, construção civil, instalações elétricas, montagem eletromecânica, preservação, condicionamento, testes, apoio à pré-operação e operação assistida. O contrato foi firmado com o Consórcio Conduto – Egesa (Conduto - Companhia Nacional de Dutos e Egesa Engenharia S.A.), no valor de R$ 649 milhões.
O quinto contrato refere-se aos serviços de infraestrutura civil, e compreende o sistema de drenagem pluvial limpo, pontilhões de concreto, arruamento e pavimentação, áreas de armazenagem e portarias. Esse serviço será executado pelo consórcio Construcap - Progen (Construcap CCPS Engenharia e Comércio S.A. e Progen Projetos Gerenciamento e Engenharia Ltda.), com orçamento de R$ 120 milhões.
Definida parceria com a PDVSA
No final de outubro, a Petrobras e a Petróleo de Venezuela S.A. (PDVSA), estatal petrolífera da Venezuela, concluíram as negociações para a constituição da empresa que vai construir e operar a Refinaria Abreu e Lima. A composição acionária será de 60% para Petrobras e 40% para PDVSA. A refinaria terá capacidade de processamento de 230 mil barris de petróleo pesado por dia, a ser fornecido em partes iguais pela Petrobras e PDVSA, e terá como principal produto óleo diesel com baixo teor de enxofre. De acordo com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, os contratos assinados representam mais de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) do estado. Para ele, o empreendimento será importante para uma série de cadeias produtivas, como a cadeia têxtil. “Depois de 27 anos, estamos fazendo uma refinaria no ‘estado da arte’, com forte preocupação ambiental e com desenvolvimento de tecnologia brasileira”, lembrou, frisando que parte do desenvolvimento tecnológico é realizado no Centro de Pesquisas (Cenpes) da Petrobras. Na avaliação do presidente da Petrobras,
José Sergio Gabrielli de Azevedo, o empreendimento terá papel importante na redefinição da economia regional. “Esse impacto vai ser muito forte em Pernambuco, mas não será apenas no estado. Vamos viabilizar um empreendimento estruturante, de longo prazo, que vai permitir uma expansão ainda maior da economia nordestina”, previu.
Diminuindo custos
O diretor de Abastecimento da estatal brasileira, Paulo Roberto Costa, anunciou que a Petrobras obteve economia de custo no projeto. “Esses BID e REBIDs (relicitações) significam redução no investimento de R$ 6,7 bilhões, em comparação com os valores do início de 2008”, assegurou. Desde o início de 2008, as obras da Refinaria Abreu e Lima estão sob investigação do Tribunal de Contas da União (TCU), por suspeitas de superfaturamento, sobrepreço ou “jogo de planilha”, nas obras da primeira etapa. A direção da empresa afirma, no entanto, que antes mesmo do início do processo de fiscalização do TCU, a Petrobras já havia iniciado a reavaliação de custos e renegociação de preços com os fornecedores de equipamentos e serviços. Para isso foi constituída uma Comissão de Negociação, cuja meta é obter as condições técnicas e soluções que permitam a redução orçamentária do empreendimento. Em janeiro de 2009, durante entrevista coletiva para detalhamento do Plano de Negócios 2009-2013, Sergio Gabrielli anunciou um conjunto de ações com esse objetivo, com ênfase na renegociação de contratos vigentes.
TT Desembarque, no Porto de Suape, dos dessalgadores para a refinaria
Chegam os primeiros equipamentos Com a terraplanagem quase concluída, começa a mudar a paisagem do terreno da refinaria Abreu e Lima. Essa mudança de cenário é acentuada pela chegada de oito dessalgadoras que irão desidratar e dessalinizar o petróleo pesado a ser refinado. Os primeiros grandes equipamentos foram recebidos pela Petrobras no final de setembro, no porto de Suape. Os equipamentos, que partiram do Porto de Houston (Texas, Estados Unidos), irão compor a Unidade de Destilação Atmosférica (UDA). Cada peça pesa 130 t com dimensões de 4 m de diâmetro por 32 m de comprimento. As dessalgadoras serão armazenadas em área previamente preparada no terreno da refinaria e instaladas no próximo ano. “A entrega destes equipamentos marca o início de uma nova fase para o empreendimento e reflete o sucesso do trabalho de todas as pessoas envolvidas no projeto”, disse Fernando Viegas, gerente de Suprimentos da Engenharia da Refinaria. Com a fase final da terraplanagem, as obras passam a ter nova configuração. Onde havia apenas tratores, retro-escavadeiras e um terreno plano, haverá agora movimentação de guinchos, içamentos e a necessidade de operações de logística, transporte e armazenagem específicas. As dessalgadoras têm como função “lavar” o petróleo, sob condições controladas, para dissolver sais, diluir a água residual que vem das unidades de produção e remover parte das impurezas insolúveis em água, por arraste (separação de um componente de uma mistura por meio de uma corrente de fluido) na fase aquosa.
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Fotos: Agência Petrobrás
PETRÓLEO E GÁS
SS Plataforma P-51, primeira semi-submersível, de grandes proporções, construída no Brasil, cujo projeto foi “clonado” para a P-56
Pronta para a expansão do mercado offshore
A
UTC Engenharia concluiu a montagem e fez a entrega à Petrobras, na primeira semana de janeiro, de dois módulos de geração de energia elétrica que irão compor a plataforma de petróleo P-56, em fase de construção, e que será instalada no campo de Marlim Sul, na Bacia de Campos (RJ). O contrato foi assinado em novembro de 2007 e a montagem concluída em 26 meses. Uma vez finalizada a montagem, realizada na Unidade de Construção Offshore da UTC em Niterói (RJ), os dois módulos, pesando juntos cerca de 2,4 mil t, foram transportados em barcaças até o estaleiro Keppels Fels, em Angra dos Reis, onde se encontra o canteiro de integração. Os módulos foram montados a partir de quatro conjuntos geradores movidos a gás natural, com turbo geradores fabricados pela empresa inglesa Rolls-Royce, parceira da UTC nesse contrato, firmado em regime de EPC. Juntos, os dois módulos terão capacidade de geração de um 64 / Grandes Construções
total de 100 MW – cada conjunto gerador com capacidade de 25 MW cada. Com essa potência, é possível suprir a demanda por energia de uma cidade com 230 mil habitantes. A P-56 será uma plataforma do tipo semis-submersível e ficará posicionada em águas de cerca de 1.700 metros de profundidade, e a uma distância de 124 km do litoral. Com capacidade para processar e tratar diariamente cerca de 170 mil barris de líquidos e 100 mil barris de petróleo de 16o API, além de 6 milhões de m3 de gás natural, e de injetar aproximadamente 280 mil barris de água no reservatório, a P-56 vai operar ligada a 22 poços, sendo 11 produtores de petróleo e gás e 11 para injeção de água. Cópia idêntica de outra plataforma – a P-51, primeira desse tipo inteiramente construída no Brasil –, já em operação no Campo de Marlim, a nova unidade, uma vez concluída, pesará 50 mil t, terá 110 m² e 125 metros de altura. As plataformas “gêmeas” estão entre as maiores do mundo,
nesse porte, e foram dimensionadas para terem uma vida útil de 25 anos. Para a montagem da P-56, a Petrobras contratou o consórcio FSTP, formado pelas empresas Keppels Fels e Technip. O contrato, no valor de R$ 1,2 bilhão, incluiu serviços de engenharia, suprimento, construção e montagem (casco e planta de processo). Ainda para complementação, foram contratadas a Nuovo Pignone, para o fornecimento e a montagem dos módulos de compressão de gás, no valor de US$ 141,4 milhões; e o consórcio Rolls-Royce Energy Systems/UTC Engenharia, para fornecimento, montagem, operação e manutenção dos módulos de geração elétrica, no valor de US$ 139,7 milhões. De acordo com Ricardo Flores, gestor de Planejamento da UTC, por força de contrato, a Petrobras exige, para a montagem de plataformas, um percentual mínimo de conteúdo nacional. “No que diz respeito à nossa participação nesse contrato, esse percentual foi de quase 100%.” Ele explica que os dois módulos, juntos, pesam 2,4 mil t. Cada módulo é composto por dois conjuntos geradores, de 25 MW. O peso de cada máquina é de cerca de 200 t. A esse peso soma-se o dos seus respectivos sistemas de ar, combustão e descarga, o que eleva o peso final de cada unidade para 300 t. A
estrutura metálica, por sua vez, pesa mais 1,1 mil toneladas, e os sistemas auxiliares – parte elétrica, cablagem, instrumentação, isolamento, etc.– mais 100 t. O projeto básico dos módulos de geração de energia foi fornecido pela Petrobras. O gerenciamento ficou a cargo da própria UTC, que usou o software Microsoft Project. Para a execução da montagem, a empresa utilizou 1.100 t de aço estrutural, fornecido pela Metasa. Ainda segundo Ricardo Flores, o estaleiro Keppels Fels, em Angra dos Reis, recebe seções do casco, fabricadas na Nuclep, bem como os dois módulos de geração, construídos pela UTC, e os dois módulos de compressão, fabricados pela Nuovo Pignone. Essas partes serão integradas aos demais módulos, que estão sendo produzidos por eles mesmos, em Angra dos Reis. Geralmente, nesse tipo de fornecimento, a UTC não sofre, no seu cronograma, impactos de eventuais atrasos no andamento da montagem do casco da plataforma. Nesse contrato, no entanto, a montagem dos módulos de geração de energia acabou sofrendo um atraso de dois meses, em relação à previsão inicial, causada pela dificuldade na entrega dos equipamentos por parte da Rolls-Royce. A situação se agravou ao final de 2008, período em que o mercado se encontrava muito aquecido, por se tra-
tar de equipamentos produzidos sob encomenda, especificamente para esse projeto, e, portanto, não disponíveis “em prateleira”. “O nosso maior desafio, nesse contrato, foi justamente o prazo para a sua execução, tendo que minimizar os impactos causados pela falta de equipamentos no mercado. Outro diferencial, nesse contrato, foi que nós nos propusemos a entregar os módulos de energia prontos, certificados aqui na base, sem transferir pendências para o canteiro de integração, sem permitir que isso impactasse o prazo de conclusão”, explica Ricardo Flores. A entrega dos turbo-geradores acabou se efetivando em julho do ano passado, quando a montagem dos módulos atingiu seu pico. O engenheiro explica que a UTC trabalhou, nesse contrato, com um nível elevado de prémontagem. Mas que havia uma série de etapas que só poderiam ser iniciadas após a chegada das máquinas. Para garantir uma redução significativa nos prazos, a UTC contratou com a Metasa o fornecimento do aço estrutural já na segunda demão de tinta. Isso evitou a execução dessa etapa do trabalho no canteiro, em Niterói. “Apesar das dificuldades, tínhamos a nosso favor o estadoda-arte em tecnologia do setor, além do know how acumulado pela UTC”, afirma Flores.
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PETRÓLEO E GÁS
Aumentando a capacidade,
de olho no pré-sal
A
tualmente, a unidade de Construção Offshore da UTC em Niterói tem capacidade instalada para produzir 14 módulos simultaneamente. Para aumentar essa capacidade, com o objetivo de chegar ao final de 2010 produzindo 20 módulos simultaneamente, a UTC está implementando um grande programa de expansão que envolve investimentos superiores a R$ 12 milhões. O programa é continuidade de um plano de investimentos mais amplo, que já direcionou para a base de Niterói um volume de investimentos dez aproximadamente R$ 40 milhões, nos últimos quatro anos. De acordo com Mauro Lopes Cruz, líder operacional de Contratos da UTC, a proposta é criar as condições necessárias para atender ao crescimento da demanda por equipamentos para a cadeia produtiva de petróleo e gás no Brasil, estimulada pelas atividades na província do pré-sal. O programa de investimentos possibilitará o aumento da capacidade produtiva da unidade, localizada numa párea de 112.000 m², por meio de ampliação da área física, da aquisição de equipamentos de última geração e capacitação da mão de obra. Para o crescimento da infrestrutura, a UTC adquiriu um terreno ao lado das instalações atuais, com 30 mil m², onde existia uma fábrica de sardinha em lata, desativada. Com o aterro que agregou outros 12 mil m² à base, em 2006, haverá um incremento de 70% da área de montagem, que alcançará 36 mil m². Esse projeto permitirá um incremento da área fabril em cerca de 30%, possibilitando um aumento da capacidade produtiva de 220 t/mês para 400 t/mês. O ponto principal do novo lay out é a construção de uma nova fábrica de tubulações, cujas obras estão em andamento. A atual oficina, que ocupa um galpão de 2.400 m², será transferida para a nova fábrica, que terá uma área construída de 3.000 m², destinada à fabricação das
66 / Grandes Construções
tubulações e estruturas metálicas de pequeno porte. Será destinada uma área de 1.000 m² para serviços de pintura; e outra de aproximadamente 10.000 m² para a estocagem. A desativação da oficina atual permitirá a liberação dessa área para a montagem de grandes estruturas e módulos. Com os novos equipamentos, cuja aquisição está programada, será possível executar todo tipo de fabricação de estruturas, em qualquer tipo de aço, com mais agilidade, confiabilidade e segurança. A estimativa é encurtar os prazos de execução de módulos em cerca de 10% e reduzir custos em torno de 30%. Serão adquiridas seis pontes rolantes, duas das quais de maior capacidade, podendo içar blocos de até 350 t; máquinas de corte semi-automáticas, com capacidade de corte de tubulações com 24 polegadas de diâmetro; e equipamentos automáticos e semi-automáticos de soldagem. Na unidade de Niterói já está operando uma recém-comprada máquina de pintura para jatos automatizada, que elevou a capacidade da unidade de pintura
para a produção de 400 t/mês. Nas instalações há ainda um escritório de engenharia dimensionado para 100 projetistas, desenhistas e engenheiros, além de um setor de suprimentos. Em sua estrutura, a base já conta com um cais com 7 metros de calado e um entreposto aduaneiro, para recebimento de equipamentos importados. Reconhecida pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), essa área portuária está certificada junto à Receita Federal desde 2006, mas só começou a operar a partir das demandas das plataformas. “Este é um grande diferencial da empresa e da própria base no mercado de construção offshore” garante Mauro Lopes Cruz. Entre os contratos de grande porte, para o setor de petróleo e gás, a unidade tem em andamento os das montagens das plataformas P-55, do tipo semis-submersível, em regime de EPC, tendo como cliente a Petrobras; e da P-57, do tipo FPSO, como subcontratada da Single Buoy Mooring (SBM). Ambas terão capacidade para produzir 180 mil barris diários.