Grandes Construções - Ed. 04 - Maio 2010

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Grandes

Construcoes CONSTRUÇÃO, INFRAESTRUTURA, CONCESSÕES E SUSTENTABILIDADE

Nº 4 - Maio 2010 - www.grandesconstrucoes.com.br - R$ 15,00

DESLIZAMENTOS DE ENCOSTAS Tragédias anunciadas chegam com as chuvas COPA 2014: Obras dos estádios seguem atrasadas

THYSSENKRUPP CSA Prioridade agora é a construção da coqueria

PAULO MENDES DA ROCHA: a Arquitetura torna a natureza habitável

PONTE ESTAIADA SOBRE O RIO NEGRO dá passagem ao progresso sustentável no Amazonas

BAUMA 2010 O otimismo está de volta


Foto: Consórcio Rio Negro/Antonio Neto

A Labormix é uma empresa voltada para a prestação de ser viços em grandes e médias obras no segmento de fornecimento de concreto. Estamos preparados para atuar em todo o território nacional, utlizando usinas dosadoras ou misturadoras, caminhões betoneiras, bombas lança e bombas estacionárias, sendo todos os equipamentos novos e de última geração. A Labormix oferece parcerias inteligentes, diferenciadas, oferecendo profissionais capacitados para garantir a eficiência e produtividade de acordo com as necessidades de seus clientes.

A Ponte Estaiada sobre o Rio Negro, uma das maiores do país, começa a fazer parte da paisagem amazonense, integrando os projetos de milhares de pessoas da Região Metropolitana Manaus ansiosas por encurtar as distâncias para o progresso. A obra, executada pela Camargo Corrêa, avança sobre o Rio Negro e consolida seu pioneirismo e ousadia, capaz de reunir num mesmo projeto o que existe de mais moderno em tecnologia e equipamentos, contribuindo para o desenvolvimento da Amazônia.

Cleuma Lima Assessoria de Comunicação Consórcio Rio Negro

Antonio Carlos Mendes - 55 (099) 8148-0274 Marcos Alberto Hares Nascimento - 55 (099) 8148-0275 labormix.concreto@labormix.com.br labormix.concreto@hotmail.com

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EDITORIAL

O déficit habitacional e as moradias em áreas de risco Nessa edição, Grandes Construções aborda uma questão tão grave quanto dramática: os escorregamentos em encostas densamente ocupadas pela população pobre de grandes e médias cidades brasileiras, como Rio de Janeiro, Petrópolis, Nova Friburgo, Angra dos Reis, Belo Horizonte, Salvador e Recife, entre outras. São tragédias anunciadas que tantas vítimas e prejuízos materiais têm causado, em épocas de chuvas intensas. Especialistas analisam o problema e apresentam alternativas, do ponto de vista técnico, para minimizá-lo, como a elaboração e consulta constante, de Cartas Geotécnicas e Cartas de Risco, indispensáveis para uma correta gestão do uso do solo urbano. Acreditamos, no entanto, que por mais que os gestores públicos estaduais e municipais melhorem sua eficiência técnica e passem a agir de forma mais responsável na gestão das áreas de risco, isso não será suficiente para por fim às centenas de vidas perdidas sob toneladas de lama e lixo, toda vez que cai uma chova forte e prolongada. A questão também remete à necessidade de programas habitacionais mais ousados, capazes de oferecer à população de baixa renda moradias próprias, na mesma faixa de custos em que ela encontra hoje, nas situações de risco geológico. Mesmo os mais severos críticos do atual governo federal admitem que há muitos anos não se tem no País um programa habitacional como o “Minha Casa, Minha Vida”, que se propõe a investir R$ 34 bilhões para a construção de 1 milhão casas para famílias com renda de até 10 salários mínimos, até o fim de 2010. Mas o próprio governo admite que o déficit habitacional no Brasil é superior a 7 milhões de moradias. Ou seja: por mais que o programa governamental seja cumprido, o problema persistirá em larga escala. Dinheiro para atender a essa demanda existe e em quantidade suficiente, já que os recursos

provenientes do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), administrado pela Caixa Econômica Federal, são para esta finalidade. No México, por exemplo, com um modelo semelhante, o Instituto del Fondo Nacional de la Vivienda para los Trabajadores (Infonavit) produz, há anos, mais de 750 mil residências por ano, número bem superior ao produzido no Brasil. O problema da moradia popular é, antes de tudo, um problema político, pois envolve a vontade dos governantes em propor soluções que de fato o resolvam em definitivo. E as soluções mais adequadas podem, às vezes, ser as mais simples e baratas. Esses programas habitacionais poderiam adotar, por exemplo, dois modelos de comprovado sucesso: o lote urbanizado e a autoconstrução tecnicamente assistida. A auto-construção foi o método construtivo espontaneamente adotado pela própria população de baixa renda e que maior sucesso alcançou no atendimento de suas carências habitacionais, mesmo sem assistência técnica alguma ou qualquer outro tipo de apoio. Hoje, as periferias de nossas grandes cidades são verdadeiros oceanos de auto-construções. Com certeza, um programa desse tipo, diferentemente dos programas mais clássicos, seria capaz de atender com habitações dignas e fora de áreas de risco, com razoável rapidez, centenas de milhares de famílias de baixa renda em todo o País O governo federal dispõe das condições necessárias. Basta que se organize e tenha a vontade política necessária, para que centenas de vidas de brasileiros sejam poupadas, e que milhões de outros vivam com mais qualidade.

Mário Humberto Marques Presidente da Sobratema

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ÍNDICE

Associação Brasileira de Tecnologia para Equipamentos e Manutenção Diretoria Executiva e Endereço para correspondência:

Editorial_ ________________________________________ 3 O déficit habitacional e as moradias em áreas de risco

Jogo Rápido_ _____________________________________ 6

Av. Francisco Matarazzo, 404, cj. 401 – Água Branca São Paulo (SP) – CEP 05001-000 Tel.: (55 11) 3662-4159 – Fax: (55 11) 3662-2192

Entrevista________________________________________ 14

Conselho de Administração

Contenção de encostas _____________________________ 22

Presidente: Mário Humberto Marques Vice-Presidente: Afonso Celso Legaspe Mamede Vice-Presidente: Carlos Fugazzola Pimenta Vice-Presidente: Eurimilson João Daniel Vice-Presidente: Jader Fraga dos Santos Vice-Presidente: Juan Manuel Altstadt Vice-Presidente: Mário Sussumu Hamaoka Vice-Presidente: Múcio Aurélio Pereira de Mattos Vice-Presidente: Octávio Carvalho Lacombe Vice-Presidente: Paulo Oscar Auler Neto Vice-Presidente: Silvimar Fernandes Reis

Diretor Executivo Paulo Lancerotti

Conselho Fiscal

Álvaro Marques Jr. - Carlos Arasanz Loeches - Dionísio Covolo Jr. - Marcos Bardella - Permínio Alves Maia de Amorim Neto - Risssaldo Laurenti Jr.

Diretoria Técnica

Alcides Cavalcanti (Iveco) - André G. Freire (Terex) - Ângelo Cerutti Navarro (U&M) - Augusto Paes de Azevedo (Caterpillar) - Benito Francisco Bottino (Odebrecht) - Blás Bermudez Cabrera (Serveng Civilsan) - Carlos Hernandez (JCB) - Célio Neto Ribeiro (Auxter) - Clauci Mortari (Ciber) - Cláudio Afonso Schmidt (Odebrecht) - Edson Reis Del Moro (Yamana Mineração) - Eduardo Martins de Oliveira (Santiago & Cintra) - Euclydes Coelho (Mercedes-Benz) - Felipe Sica Soares Cavalieri (BMC) - Gilberto Leal Costa (Odebrecht) - Gino Raniero Cucchiari (CNH) - Ivan Montenegro de Menezes (Vale) - João Lázaro Maldi Jr. (Camargo Corrêa) - João Miguel Capussi (Scania) - Jorge Glória (Doosan) - José Carlos Marques Rosa (Carioca Christiani-Nielsen) - José Germano Silveira (Sotreq) José Ricardo Alouche (MAN Latin America) - Lédio Augusto Vidotti (GTM) - Luis Afonso D. Pasquotto (Cummins) - Luiz Carlos de Andrade Furtado (CR Almeida) - Luiz Gustavo R. de Magalhães Pereira (Tracbel) - Maurício Briard (Loctrator) Paulo Almeida (Atlas Copco) - Ramon Nunes Vazquez (Mills) - Ricardo Pagliarini Zurita (Liebherr) - Sérgio Barreto da Silva (GDK) - Sergio Pompeo (Bosch) Valdemar Suguri (Komatsu) - Yoshio Kawakami (Volvo)

Cais das Artes, na Baía de Vitória (ES)

Tragédias anunciadas que chegam com as chuvas

Artigo ___________________________________________ 28 Ações para evitar novas tragédias

Copa 2014________________________________________ 30 Obras da Copa 2014: Brasil criticado por jogar na retranca

Artigo Jurídico_ ___________________________________ 30 A locação de bens móveis e o ISS

Cobertura Bauma 2010_ ____________________________ 36 Bauma 2010: o otimismo está de volta

Ponte do Rio Negro________________________________ 46 Ponte estaiada na Amazônia

Métrica Industrial - Impermeabilização________________ 58 Um perfil dos principais fabricantes que atuam no setor

Siderurgia________________________________________ 62 CSA pode entrar em operação em julho

Construção Industrial_______________________________ 78 Tuper investe em linha de galvanização e nova formadora de tubos

Agenda__________________________________________ 80

Diretoria Regional

Américo Rene Gianetti (MG) Construtora Barbosa Mello Ariel Fonseca Rego (RJ / ES) Sobratema José Demes Diógenes (CE / PI / RN) EIT José Luiz P. Vicentini (BA / SE) Terrabrás Terraplenagens Laércio de Figueiredo Aguiar (PE / PB / AL) Construtora Queiróz Galvão Rui Toniolo (RS / SC) Toniolo, Busnello Wilson de Andrade Meister (PR) Ivaí Engenharia

Grandes

Construcoes Diretor Executivo: Hugo Ribas Editor: Paulo Espírito Santo Redação: Mariuza Rodrigues Publicidade: Carlos Giovanetti (gerente comercial), Maria de Lourdes e José Roberto R. Santos Operação e Circulação: Evandro Risério Muniz Produção Gráfica & Internet Diagrama Marketing Editorial

CoGnrsatnrdues coes

Produtor: Miguel de Oliveira Projeto Gráfico e Diagramação: Anete Garcia Neves Internet: Adriano Kasai Revisão: Luci Kasai “Grandes Construções” é uma publicação mensal, de circulação nacional, sobre obras de Infraestrutura (Transporte, Energia, Saneamento, Habitação Social, Rodovias e Ferrovias); Construção Industrial (Petróleo, Papel e Celulose, Indústria Automobilística, Mineração e Siderurgia); Telecomunicações; Tecnologia da Informação; Construção Imobiliária (Sistemas Construtivos, Programas de Habitação Popular); Reciclagem de Materiais e Sustentabilidade, entre outros. Tiragem: 13.500 exemplares Impressão: Parma

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Construção do tabuleiro na margem esquerda (Manaus), da ponte estaiada sobre o Rio Negro, no Amazonas.

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Capa: Felipe Escosteguy Foto de divulgação: Labromix PON TE E STAIA RE O DA RIO dá passa NEGRO gem ao

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A Sobratema é uma entidade voltada aos usuários de equipamentos que atuam nos segmentos de construção e mineração e sua missão é democratizar o conhecimento sobre tecnologia para equipamentos e manutenção entre seus associados, através de programas que incentivem a troca de experiências e promovam o setor. Conheça os programas da Sobratema:

Nova maneira de perfurar Fotos: Divulgação

ESPAÇO SOBRATEMA

M&T EXPO A maior feira do setor de equipamentos para Construção e Mineração da América Latina. M&T EXPO PEÇAS E SERVIÇOS A 1ª edição acontecerá em 2011 com fabricantes de peças das marcas mundiais instaladas no Brasil. Trará componentes de trens de força, de vedações, transmissões, suspensões e molas, sistemas hidráulicos, eletrônicos, material rodante, lubrificação, ferramentas de penetração. www.mtexpops.com.br REVISTA M&T Publicação técnica direcionada a executivos responsáveis pela gestão e manutenção de frotas para construção, mineração, siderurgia, papel e celulose. INSTITUTO OPUS Programa dedicado à formação, atualização e licenciamento de operadores e supervisores de equipamentos. RELAÇÕES INTERNACIONAIS A Sobratema organiza Missões Técnicas para os profissionais da construção e mineração, com visitas aos eventos mundiais mais importantes. TABELA CUSTO-HORÁRIO O associado Sobratema tem a sua disposição recursos para cálculos de custo/horário de diversos equipamentos em diferentes aplicações. ESTUDO DE MERCADO Análises do comportamento dos mercados brasileiro e mundial de equipamentos para a construção pesada. ANUÁRIO DE EQUIPAMENTOS Anuário brasileiro de equipamentos para construção, com especificação técnica das máquinas para as diversas aplicações. Para associar-se acesse WWW.SOBRATEMA.ORG.BR

A Atlas Copco está lançando a nova linha de coroas diamantadas Excore, que oferece maior rapidez na perfuração e uma vida útil do bit significativamente maior. Resultado da combinação da experiência global, pesquisas científicas e os mais recentes avanços em perfuração com coroas diamantadas, a nova linha foi desenvolvida para cobrir uma maior gama de aplicações, em comparação com suas antecessoras. Os novos produtos foram intensi-

BR ASSINA PROTOCOLO PARA A VENDA DE LUBRIFICANTES EM PORTAL DA ABIMAQ A Petrobras Distribuidora assinou, no dia 11 de maio, protocolo com a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), prevendo o desenvolvimento de projeto em conjunto para a comercialização de lubrificantes e graxas por meio da loja virtual do portal da associação (www. b2babimaq.com.br). “É uma grande conquista para a BR, pois nos permitirá atingir diretamenwww.grandesconstrucoes.com.br

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vamente testados, nos últimos dois anos, em quatro continentes, sob condições variadas e por diferentes clientes. Os resultados foram unânimes e mostraram uma melhoria significativa em performance e vida útil. Segundo o fabricante, os clientes poderão perfurar com mais rapidez e em maiores profundidades, e ainda gastar menos tempo na troca das coroas, aumentando a performance, o que melhora a produtividade e o fluxo de caixa simultaneamente.

te as indústrias de pequeno e médio porte. Além disso, essa parceria com a Abimaq nos aproxima de empresas de grande reputação no segmento industrial, o que nos possibilitará ampliar a comercialização no portal também para outros produtos no futuro. Em suma, sairemos fortalecidos perante o consumidor final”, disse Antônio Carlos Caldeira, titular da Gerência de Grandes Consumidores (GGC) da BR Distribuidora.


Jogo Rápido

PARANÁ TEM NOVA FÁBRICA DE CORREIAS TRANSPORTADORAS A divisão ContiTech, do grupo Continental, inaugurou novo complexo industrial em Ponta Grossa (PR) dedicado à produção de correias transportadoras de lona e de cabo de aço. A empresa investiu mais de 10 milhões de euros, por meio de sua unidade de negócios Conveyor Belt Group. A capacidade da planta é de 300 km de correias/ano, fortalecendo a presen-

ça do grupo no Brasil, que há anos já produzia os sistemas de mangueiras Technology, correias de acionamento Power Transmission e sistemas de apoio de motores Vibration Control. Inicialmente, o objetivo é atender ao setor de mineração, além de fornecer para outros segmentos como siderúrgico, cimenteiro e grãos. Segundo o diretor geral da Conveyor Belt

Groupex, Hans-Jargen Duensing, o Brasil desponta como principal consumidor do produto na América do Sul, detendo 50% do volume instalado na região. Isso explica a instalação da nova fábrica. “Ficamos mais presentes no mercado sul-americano, próximos aos clientes e aptos a atender um segmento com significativo potencial de crescimento.”

Consórcio Camargo Corrêa/Promon conquista certificação no setor de óleo e gás des de Coqueamento Retardado, de Manuseio de Coque, de Recuperação de Enxofre, de Tratamento de Gases Residuais e de Tratamento de Águas Ácidas e Subestações, em Araucária, no Paraná. O projeto teve início em julho de 2008 e será concluído em fevereiro de 2012. Atualmente, emprega 3.800 trabalhadores e está com 45% das atividades concluídas. Foto: Agência Petrobras de Notícias

O consórcio formado pela Camargo Corrêa e a Promon Engenharia acaba de conquistar a certificação ISO/TS 29001:2008, específica para o setor de óleo e gás, da Fundação Carlos Alberto Vanzolini, pelas obras de ampliação da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), de Araucária (PR). É a primeira vez no Brasil que uma obra em refinaria recebe essa certificação. A norma ISO/TS 29001:2008 é exclusiva para fornecedores do setor de petróleo e gás. Tem como base a ISO 9001:2008 e está relacionada à capacidade das empresas em projetar, produzir e inspecionar sistematicamente produtos e obras segundo normas específicas da Petrobras. A conquista da ISO/TS 29001:2008 foi uma decorrência natural das práticas e normatizações já praticadas pela Camargo Corrêa e a Promon Engenharia. “Tivemos de realizar algumas adaptações e ampliações de nossos processos internos para atender às exigências da norma”, afirma Silvio Luiz Zen, diretor do contrato. Não é a primeira vez que a Camargo Corrêa conquista normatizações inéditas da Fundação Carlos Alberto Vanzolini. A construtora é uma das poucas empresas brasileiras a possuir obras com as quatro certificações de excelência – ISO 9001 (qualidade), ISO 14001 (meio ambiente), OHSAS 18001 (saúde e segurança ocupacional) e NBR 16001 (responsabilidade social) – e recebeu, no ano passado, homenagem exclusiva da Fundação por esse feito. As obras na Repar visam à construção das novas UnidaXX Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar)

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Jogo Rápido

HYUNDAI ADQUIRE PARTICIPAÇÃO ACIONÁRIA DA OSX CONSTRUÇÃO NAVAL A Hyundai Heavy Industries, com forte atuação na construção naval, adquiriu 10% do capital social votante e total da OSX Construção Naval (antes OSX Estaleiros), com direito a ocupar uma cadeira no Conselho de Administração. A OSX está implantando uma unidade de construção naval na Cidade de Biguaçu (SC), com processo de licenciamento ambiental em andamento. E a parceria permitirá à Hyundai transferir tecnologia e know-how para o projeto. A unidade deverá suprir a demanda nacional por equipamentos navais, destinados às áreas de petróleo e gás. Em março, a OSX captou recursos na ordem de R$ 2,5 bilhões em sua oferta pública de ações.

DUPLICAÇÃO DA ESTRADA DE FERRO CARAJÁS COMEÇA EM JUNHO

Espírito Santo investe R$ 30 milhões em máquinas para construção

O governo do estado do Espírito Santo investiu cerca de R$ 30 milhões na aquisição de 110 equipamentos para construção – 33 retroescavadeiras, 18 motoniveladoras, 20 basculantes, 28 pás carregadeiras, sete caminhõespipa, e quatro rolo-compactadores. O maquinário vai ser usado na construção de infraestrutura, como estradas vicinais e caixas secas, para evitar que os rios sejam assoreados por resíduos e pela terra. As caixas secas que serão feitas ao longo dos 300 km das vias rurais são escavações, feitas com a finalidade de captar a água das chuvas, aumentar a reserva no solo e evitar a erosão e o assorea-

8 / Grandes Construções

mento dos rios. As barragens serão construídas pelo governo do estado na Bacia do Rio Santa Maria do Doce, nos municípios de Santa Teresa e São Roque do Canaã; Bacia do Rio São João Pequeno, município de Colatina; Bacia do Córrego Lage, em Baixo Guandu e Itaguaçu. As regiões foram selecionadas pelas comissões municipais de gestão de recursos hídricos. Outra comissão, formada por representantes de várias secretarias, como da Agricultura e do Meio Ambiente, além de órgãos ligados a esses setores, escolherão os locais onde serão construídas as 11 barragens coletivas de múltiplo uso.

A Vale está iniciando oficialmente as obras de duplicação da Estrada de Ferro Carajás. O projeto está no papel desde 2007, mas foi engavetado até o reaquecimento do mercado de minério, agora em 2010, e o esgotamento da capacidade da ferrovia. Em 2009, a estrada de ferro movimentou 96,3 milhões t, quase atingindo o limite da sua capacidade instalada, de 100 milhões t. A duplicação aumenta a capacidade da ferrovia para escoar o minério de Carajás (PA) e a torna capaz de receber o minério ainda não explorado de Serra Sul, no município de Canaã dos Carajás, que contém uma reserva maior ainda do que a de Carajás. A duplicação estava inicialmente prevista para 560 km dos 892 km da ferrovia, entre São Luís (MA) e Carajás. Mas agora chega a 604 km. É o suficiente para inteligar os 56 pátios de cruzamento ao longo de toda a ferrovia, criando uma segunda linha em toda a extensão. A exceção são as obras-de-arte – como a ponte sobre o Rio Tocantins, com 2.340 m de extensão –, que conservarão via singela.



Jogo Rápido

Nova máquina para compactação de solos

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projetada para o menor número possível de paradas para manutenção, proporcionando menor custo de manutenção e menor tempo de parada para revisão. A cabine do operador proporciona alto padrão de conforto, é espaçosa e ergonômica, com dois assentos individuais e baixíssimos níveis de ruído e de vibração para o operador. O novo modelo já está disponível em todas as regiões brasileiras, por meio dos distribuidores JCB. “Acreditamos que este lançamento é uma opção diferenciada em um mercado que apresenta poucas opções de rolos compactadores. Graças ao seu design e desempenho, o rolo compactador VMT 860 tem tudo para agradar nosso público-alvo”, afirma Nei Hamilton Martins, diretor comercial da JCB do Brasil.

Crédito: Guto Lima

A JCB está aumentando seu portfólio de rolos compactadores com o lançamento do modelo VMT 860, equipado com o motor JCB Dieselmax de 85 hp, que otimiza a potência da máquina e proporciona maior eficiência e confiabilidade, com níveis de ruído reduzidos. De acordo com o fabricante, o rolo compactador VMT 860 é uma ótima combinação de força centrífuga, frequência, amplitude e velocidade, o que faz com que a máquina seja robusta e durável, ideal para aplicações em grandes superfícies de asfalto, principalmente em áreas como estradas, rodovias, ruas, estacionamentos e aeroportos. Outro diferencial do novo rolo compactador, segundo a JCB, é o fato de a máquina ter sido

LLX INICIA CONSTRUÇÃO DO PORTO SUDESTE

SS Construção da ponte de acesso ao píer do Porto de Açu

A LLX Minas-Rio, braço de logística do grupo EBX, do empresário Eike Batista, finalizou a construção da ponte de acesso ao píer do porto de Açu, em São João da Barra (RJ), com 2,9 km de extensão. Agora, a companhia está trabalhando na construção de quebra-mar, em forma de “L”, de 1.300 m por 925 m. O investimento total estimado para o porto é de R$ 4,3 bilhões. No início de março, a LLX Sudeste obteve autorização da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) para construir e explorar outro terminal portuário, o Porto Sudeste. Localizada na baía de Sepetiba, em Itaguaí (RJ), a estrutura atuará como um terminal privativo de uso misto, dedicado prioritariamente à movimentação de minério de ferro, movimentando 50 milhões t/ano de minério na primeira fase, com possível expansão para 100 milhões t/ano. Instalado em área de 52 hectares, terá profundidade de 21 m e estrutura offshore, com dois berços para atracação de navios. As obras estão divididas em três frentes: onshore (pátios de estocagem), túnel e estrutura offshore, com previsão de término até o final de 2011. No total devem ser aplicados R$ 1,8 bilhão na sua construção. De 2007 até o primeiro trimestre deste ano, a LLX já investiu R$ 1,4 bilhão em obras portuárias, segundo balanço trimestral divulgado pela empresa. Ela está concluindo o Superporto do Açu (RJ).



Jogo Rápido

Maior guindaste telescópico do mundo, agora no Brasil

A Makro Engenharia, especializada no desenvolvimento de soluções para o mercado de engenharia de movimento, está oferecendo ao mercado da América do Sul o maior guindaste telescópico do mundo, com capacidade de 1.200 t. O guindaste móvel sobre pneus da Liebherr, modelo LTM 11200-9.1, é hoje o guindaste de maior capacidade dessa categoria, com a maior lança telescópica no mercado (100 metros + JIB). Destaque para a lança com oito elementos telescópicos, que é estendida

de forma totalmente automática até o comprimento desejado, e o sistema de travamento por pino, que contribui efetivamente para a segurança da operação. O guindaste LTM 11200-9.1 foi desenvolvido com foco nos projetos de implantação de parques eólicos, otimizado de forma que proporcione praticidade e agilidade na movimentação de cargas nesse tipo de projeto. Os diversos acessórios e prolongamentos treliçados existentes o tornam extremamente versátil, permitindo

obter consideráveis incrementos na capacidade de carga da lança telescópica. Apesar das suas grandes dimensões e peso, é um equipamento de fácil mobilidade de tráfego, podendo atingir velocidade de até 75 km/h, e boa dirigibilidade, pois nos nove eixos do chassi está integrada a direção ativa do eixo traseiro em dependência da velocidade. Nas aplicações em que a movimentação da máquina entre os locais de içamento é constante, seu tempo de montagem e desmontagem é muito curto quando comparado com máquinas treliçadas. Outro aspecto é o da largura dos caminhos para deslocamento da máquina no site, que tem alto impacto no custo final da obra. Para o engenheiro David Rodrigues, diretor comercial da Makro Engenharia, os investidores não terão que fazer terraplanagem de vias de acesso e vias internas dos sites, pois o guindaste utiliza apenas 5 m de largura de estradas.

Equipamentos da Lonking chegam ao Brasil com a Meggadig Numa parceria inédita com a Lonking Holdings Limited, grande fabricante de máquinas e equipamentos da China, a importadora de máquinas e ferramentas Megga passa a atender também ao segmento de equipamentos de grande porte, destinados à construção civil pesada, por meio da criação da Meggadig. O objetivo inicial é abastecer as construtoras brasileiras com escavadeiras, pás carregadeiras e rolos compressores. As primeiras unidades foram apresentadas em um Open House no dia 8 de junho, na cidade de Cabreúva (SP). Entre elas a escavadeira hidráulica CDM 6225, de 21 t.

12 / Grandes Construções

“É uma máquina de alta qualidade, com o melhor custo-benefício”, afirma o engenheiro Geraldo Tadeu Buonicore, superintendente da Meggadig. Também foram apresentadas as pás carregadeiras de 5.300 kg – inéditas no Brasil devido às suas dimensões menores. O modelo CDM 816 é equipado com uma caçamba de 1,2 m³. Outro tipo de pá carregadeira disponível é o modelo CDM 835 E de 11.600 kg, com uma caçamba de 1,8 m³. As máquinas da Lonking são equipadas com componentes internacionais fabricados nos Estados Unidos, Europa e Japão. As escavadeiras têm motor Cummins e o comando é da japonesa Kawasaki. As pás

carregadeiras foram idealizadas com a tecnologia Rops/Fops contra tombamentos. “Essa tecnologia protege o operador de eventuais tombamentos da máquina, aumentando a segurança da operação”, afirma o superintendente da Meggadig.


Jogo Rápido

BNDES pode financiar trem-bala em condições especiais O BNDES está disposto a financiar, em condições especiais, o projeto do trem de alta velocidade que ligará o Rio de Janeiro a São Paulo, com custo estimado em R$ 30 bilhões. A notícia despertou o interesse de investidores privados, como a holding Invepar, que reúne os fundos de pensão Previ (Banco do Brasil), Funcef (Caixa Econômica Federal), Petros (Petrobras) e a construtora OAS. O grupo retomou negociações para a formação de um consórcio para disputar a obra e enviou representantes à Coreia do Sul e ao Japão (a convite da Mitsui), para conhecer as tecnologias disponíveis. Outra missão da holding deverá conhecer também as alternativas de trem rápido ofertada pelos chineses. A holding tem larga experiência na gestão de infraestrutura de transporte. No Rio, administra a Linha Amarela e o Metrô; em São Paulo, o Corredor Raposo Tavares, e na Bahia, a CLN (estrada que liga Salvador a Sergipe) e a BA-093 (rodovia na região metropolitana de Salvador).

PETROBRAS INAUGURA TERMELÉTRICA NA BAHIA

A Petrobras inaugurou oficialmente, no dia 12 de maio, a Usina Termelétrica (UTE) Arembepe, resultado da parceria com a Nova Cibe Energia (Bertin Ltda., Grupo Equipav e FI-FGTS da Caixa Econômica Federal). O projeto foi vencedor do leilão A-3 de 2006, no qual vendeu 101 MW médios, energia entregue ao Sistema Interligado Nacional. Obra integrante do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a usina tem capacidade instalada de 150 MW, suficiente para abastecer uma cidade de 500 mil habitantes, e entrou em operação comercial em 30 de março de 2010. Com investimento total de R$ 334 milhões, as obras foram iniciadas em fevereiro de 2008 e concluídas em março de 2010. Foram gerados 800 empregos diretos e 1.500 indiretos, nos quais se destaca grande aproveitamento de mão de obra local. Mais de 90% desses trabalhadores foram recrutados na região. Movido a óleo combustível, o empreendimento aumenta a oferta

de energia ao Sistema Interligado Nacional (SIN) e à segurança elétrica no estado da Bahia. A usina está localizada no Polo Petroquímico Camaçari. Com 240 mil habitantes, Camaçari faz parte da Região Metropolitana de Salvador, que tem demanda diária de cerca de 2.100 MW médios. A usina está conectada à rede básica (230 kV), através da Sub-estação Polo. O presidente da Petrobras, Sergio Gabrielli, destacou a integração do sistema elétrico nacional e a flexibilidade da usina, que pode ser utilizada em etapas, caso sua carga máxima não seja necessária. “Hoje o nosso sistema elétrico tem uma fortaleza. Essa usina será importante para dar estabilidade quando eventualmente tivermos problemas, principalmente na geração hidrelétrica”, disse. A UTE Arembepe tem 60 motogeradores de 2,5 MW, modelo 9H25/33 da Hyundai, consumo de óleo combustível de 816 m³/dia (a plena carga) e um heat rate de 8,6 MM btu/MWh.

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ENTREVISTA

Cais das Artes,

na Baía de Vitória (ES) MARIUZA RODRIGUES

O arquiteto Paulo Mendes da Rocha é o autor do projeto do Cais das Artes, conjunto arquitetônico que começou a ser construído na Baía de Vitória, no Espírito Santo, composto por museu, teatro e área livre para eventos. Pela concepção dos edifícios – em escala monumental na enseada do Suá, o mu-

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seu com vão-livre de mais de 150 m, o teatro que avança sobre o mar, e a harmonia à estética natural e construída do lugar –, o projeto já está sendo considerado uma das grandes obras que marcarão esta e as décadas futuras. Nesta entrevista o arquiteto fala dos diversos estímulos que deram

rumo à concepção do projeto, e a relação entre arquitetura e arte. Relembra também as sensações afetivas de sua infância, marcada pela visão daquela enseada como paraíso a ser preservado, os aromas, a natureza e a dinâmica do porto, numa harmonia que não poderia ser quebrada pelo seu projeto.


Fotos: Marcelo Vigneron

WW Paulo Mendes da Rocha, único brasileiro, além de Oscar Niemeyer, a receber o Pritzker Prize, considerado o Prêmio Oscar da Arquitetura

SS Maquete eletrônica do complexo do Cais das Artes, em Vitória (ES), concepção do arquiteto Paulo Mendes da Rocha, em harmonia com a natureza exuberante da Enseada do Suá

Grandes Construções – O governo do Espírito Santo acaba de dar a largada para a construção do projeto Cais das Artes. Qual a importância desse projeto para o estado? Paulo Mendes da Rocha – Este momento, em que a obra é iniciada, é muito interessante porque se parte para a efetiva construção do projeto. É no momento em que se assina o contrato e uma concorrência é concluída que o projeto começa a acontecer do ponto de vista da construção. Este é o momento supremo de uma realização porque a ideia de fato irá se realizar. Por outro lado, a questão da cultura, seja um museu de arte moderna, ou contemporânea, que se distingue do modelo tradicional de museu que acumula tesouros, enfim, seja como for, um museu tem sempre um sentido educativo muito grande, principalmente associado ao teatro, que é um amplo espaço para o desenvolvimento de arte cênica, música e todo tipo de expressão que possa se desenvolver nesse recinto. Para uma cidade, inaugurar um espaço assim, principalmente do ponto de vista da geografia – uma vez que a instalação está associada fortemente à entrada da barra do porto, local onde se exibe toda a atividade da cidade –, tem um forte sentido educativo para a população. Revela a consciência sobre o valor daquilo que já

“A essência de um projeto como esse, sem dúvida, é uma essência política. Destinar uma área de 70 m por 300 m, de frente para o mar, lindeira a uma avenida central, é muito interessante. Reservar essa área, valiosíssima, para este destino, um equipamento voltado para a cultura, é uma decisão com muita força para a educação.” Maio 2010 / 15


ENTREVISTA está ali e que, se pode dizer, é a própria razão da cidade. Esta é a hora em que se reúnem claramente os objetivos da arte, da ciência e da técnica. GC – Um projeto desse porte, e com este perfil cultural, depende de uma forte vontade política... Paulo Mendes da Rocha – A essência de um projeto como este, sem dúvida, é uma essência política. Destinar uma área de 70 m por 300 m de frente para o mar, por outro lado, lindeira a uma avenida central, é muito interessante. Reservar essa área, valiosíssima, para esse destino, um equipamento voltado para a cultura, é uma decisão com muita força para a educação. Ninguém pode fazer isso assim, sem mais. Não há como surgir um empreendimento desse porte sem que haja o governo. Sim, é preciso considerar a força do governo Paulo Hartung, e do estado do Espírito Santo, pequeno mas muito rico, que destinou essa área para essa finalidade, através de sua Secretaria de Cultura, dirigida por Dayse Lemos. As políticas de governo são no fundo a âncora e a força que desencadeiam tais ações, mesmo em cidades como Rio de Janeiro, São Paulo, mais ricas ou independentes. Por exemplo, o Parque do Ibirapuera , o pavilhão onde se instala a Bienal de São Paulo. O que seria da cidade sem aquilo? Mesmo a Pinacoteca do Estado, construída no final do século XIX, e agora restaurada. São empreendimentos que exigem uma clara e nítida consciência sobre o que seja uma política de educação, cultura e construção da própria cidade. GC – Nesse sentido, lembro de um projeto de grande porte, a Cidade da Música, no Rio de Janeiro, que teve a obra paralisada. Paulo Mendes da Rocha – Eu não sei a opinião dos meus colegas, mas esse tipo de concentração eu não acho interessante para a vida da cidade. Isso de centro cultural, centro para tudo, como se costumou fazer. O melhor seria ter orquestra sinfônica, teatros, cinemas, museus, bibliotecas conforme o porte da ci-

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dade, não concentrados. O ideal é haver contrapontos, vários grupos de dança. A opção de concentrar, a mim, parece uma ideia fascista, de querer controlar a vida das pessoas, de determinar o movimento da população, de monitorar, cria equipamentos artificiais, sem a essência da vida e da dinâmica real. Por que uma praça de alimentação? Porque isso não pode se distribuir como ocorre naturalmente nas cidades? GC – No caso do Cais das Artes, qual foi seu ponto de inspiração, além dessa visão de vida urbana? Paulo Mendes da Rocha – A localização foi, sem dúvida, fundamental nesse caso. A frente do mar, com esse espetáculo diário da entrada dos navios, das manobras do porto, agrega ao recinto uma beleza e dinâmica muito interessante. É trabalho e vida. Veja o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, por exemplo, do arquiteto Affonso Reidy. Trata-se de um equipamento que se descortina no Aterro do Flamengo, na boca da Avenida Rio Branco, em harmonia com a visão da orla e os morros ao fundo. O projeto do Cais das Artes, nome muito feliz por sinal, trata-se de um con-

junto instalado junto ao mar. A própria implantação, praticamente, obriga o edifício a se levantar do chão. O museu estará suspenso, e a praça toda, inclusive a grande área coberta pelo próprio museu, se tornarão recintos museológicos para eventos e exposições, ou espetáculos que possam se realizar ao ar livre. Trata-se de uma visão de adequação à implantação, de relação intrigante de arquitetura entre a face interna e a externa, o que ocorre dentro ou fora dele. A área externa, a praça e a visão da atividade portuária serão integrantes do conjunto, elementos da arquitetura. O teatro está ao lado. Não imaginamos nunca fazê-los juntos no mesmo edifício, pelo próprio arranjo do recinto da praça. O edifício do teatro, que, por razão de acústica e outras exigências, tem um porte diferente, uma forma mais quadrada. Enquanto o museu longilíneo tem cerca de 30 m por 150 m, o teatro tem cerca de 60 m por 60 m. Entre os dois, constitui-se uma pequena praça de acesso e serviços. GC – O senhor é natural do Espírito Santo. Que memórias influenciaram seu trabalho nesse projeto? Paulo Mendes da Rocha – Para mim,


SS Pinacoteca de São Paulo: projeto de readequação valeu a Paulo Mendes da Rocha o Mies van der Rohe de Arquitetura LatinoAmericana, no ano 2000 TT Para Mendes da Rocha, a falta da Arquitetura propicia o mal aproveitamento dos espaços urbanos no Brasil

que fui tirado de lá com três anos, mas voltava para passar férias, aquilo era o verdadeiro paraíso. As praias, as mangueiras, as jaqueiras, a sombra do lugar. É diferente para quem vem morar em São Paulo. Essa visão de lugar encantador com certeza determinou certa reverência à natureza local, ao que já estava ali construído e consolidado, que nada mais é do que a própria beleza e essência de sua existência. É o que poderia se chamar de estímulo. O que acontece é que surge na imaginação uma questão a ser enfrentada: o contraponto entre natureza e construção. O objetivo intrínseco do homem é sempre destruir a natureza. Mas para o arquiteto, posta a mão do homem, é quando a natureza se torna habitável e preservada. Isso nos remete aos desastres da cidade, dessa contradição entre áreas supostamente bem tratadas e as favelas. É justamente a falta da arquitetura, de intervenção que propicia isso, o espaço sem aproveitamento adequado. As favelas não estão ali por acaso, pois a especulação conta com ela. É a lógica da Casa Grande e Senzala (tratado sociológico de Gilberto Freyre sobre a constituição da

sociedade brasileira). E é essa questão que terá de ser enfrentada um dia, a de tornar a natureza habitável, para todos. Ao mesmo tempo, o que se vê são os centros das grandes cidades abandonados. Áreas riquíssimas, de valor histórico, de equipamentos, de instalações, que deviam estar ocupadas pela população. Por que as pessoas têm de ir cada vez mais para longe? Há um interesse nessa divisão da sociedade. É interessante para a especulação.

FICHA TÉCNICA DO CAIS DAS ARTES Projeto de arquitetura: Paulo Mendes da Rocha e Metro Arquitetos Associados: Anna Ferrari, Gustavo Cedroni e Martin Corullon Colaboradores: Miki Itabashi, Márcia Terazaki, Flávio Rogozinski, Paloma Delgado, Paula Mendonça, Carolina Leonelli, Fernanda Vida, Larissa Guelman Previsão de inauguração: 2011 Área do terreno: 20.050 m² Área construída: 30.000 m² Estrutura: Kurkdjian & Fruchtengarten Engenhieros Associados – Eng. Jorge Zaven Kurkdjian Instalações elétricas, hidráulicas e complementares: ETIP Projetos de Engenharia – Eng. Airton Vianna Consultoria hidráulica e drenagem: Eng. Júlio Cerqueira César Projeto de automação e segurança: HOS Projetos Climatização: Thermoplan Engenharia Térmica – Eng. Eizo Kosai Acústica e cenotécnica: Acústica & Sonica Consultores – Arq. José Augusto Nepomuceno Luminotécnica: Ricardo Heder Projetos de pisos especiais: LPE Engenharia e Consultoria – Eng. Sílvia Maria Botacini Projetos de impermeabilização: Proassp Assessoria e Projetos

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ENTREVISTA GC – Em São Paulo essas questões urbanas são bem visíveis. Paulo Mendes da Rocha – Fala-se tanto de revitalizar o centro de São Paulo. Ora, ele nunca deixou de se autorrevitalizar. O que não resolve é impor modelos centralizadores que não funcionam, como o que pretendem fazer no bairro da Luz. É tirar aquele pessoal de lá (dependentes químicos) e eles vão para outro lugar. Hoje em dia se pensa em centralização como a solução para tudo: centro disso, daquilo, praça de alimentação... Não existe nada mais vivo, dinâmico, revitalizador do que deixar a cidade ter o seu ciclo de vida natural. A arquitetura pode contribuir à medida que atua para aperfeiçoar esses arranjos. Mas a natureza real do que existe sempre se impõe. A mão do homem, a arquitetura é que torna essa realidade viável sob o ponto de vista da harmonia. GC – No caso da cultura, o senhor acha que essa natureza real também se impõe? No Cais das Artes, haverá espaço para a cultura popular? Paulo Mendes da Rocha – Uma das mais ricas conversas do homem é este diálogo entre popular e erudito na cultura. O erudito não existe sem a instigação do popular. Em minha opinião, o que existe é mais uma intriga entre o erudito e o popular. Um dia eu fui visitar um projeto social numa favela e conheci uma moradora que pediu para instalarem uma porta de geladeira como porta de sua casa. Para entrar, a gente tem que se abaixar, como naqueles submarinos. É pura arte. É o que Duchamp fez ao colocar uma privada como elemento de museu. Então, o que é erudito e o que é popular? GC – Eu gostaria que o senhor fizesse um paralelo entre o projeto do Cais das Artes e a Pinacoteca de São Paulo. Paulo Mendes da Rocha – No caso da Pinacoteca, lá existia um edifício de 160 anos, um Paládio, construído pelo arquiteto Ramos de Azevedo. Aquilo já estava pronto. No caso do projeto do Cais, é a mesma coisa. É como se existisse lá tam-

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bém um Paládio: uma frente retificada, uma muralha construída, um aterramento para serviço dos navios, rebocadores. E do outro lado o convento da Penha, tudo compondo uma paisagem. Aí vem a arquitetura e a transforma. Por mais que eu carregue a minha memória, era preciso depositar ali o outro, usar a fantasia de ser o outro. Isso não significa não ter vaidade. A vaidade não precisa ser algo negativo. Ela se manifesta na consciência do papel exercido pela arquitetura, de representar o outro. GC – O senhor acha que projeto poderá influenciar outros semelhantes, de remodelação de portos, que estão parados?

“A Arquitetura sempre deve imaginar o amparo ao futuro. Não podemos apenas funcionar com a lógica do presente, da ordem do dia.”

Paulo Mendes da Rocha – Eu acho que não existe realmente projeto, ou planejamento, ou uma diretriz que seja para essas áreas. Estas são regiões privilegiadas. São áreas de passagem com áreas frontais lineares, ociosas. Se nada é feito é porque não há projetos. O que tem lá, alguns armazéns? O que é preciso fazer, demolir? Não há dificuldade nisso. O problema é que não há uma visão clara dos governos sobre o que fazer com essas áreas, que projetos implantar, que utilizações ou funcionalidade poderiam ter. GC – Seria preciso verificar as demandas da cidade para definir uma ocupação? Paulo Mendes da Rocha – A arquitetura sempre deve imaginar o amparo ao futuro. Não podemos apenas funcionar com a lógica do presente, da ordem do dia. Imagina o prédio da Pinacoteca, quando construído, era para uma utilização. Mais de 100 anos depois, a função mudou, mas o edifício continua atual. Não dá para pensar somente no presente. No dia a dia, no cotidiano. É preciso pensar a construção de espaços amplos que possam sobreviver ao tempo, que sejam eternos, para sempre, que sejam um presente de uma geração para as demais, uma herança a ser deixada para o futuro. Esse é o papel da arquitetura.


SS Enseada do Suá: as memórias afetivas do arquiteto, nascido no Espírito Santo, influenciaram a reverência que o projeto faz à beleza do local

Espírito Santo:

inserção no universo cultural do País

O governo estadual do Espírito Santo está investindo R$ 115,5 milhões, por meio do Instituto de Obras Públicas do Espírito Santo (Iopes), na construção do Cais das Artes, seu novo centro cultural. Os recursos estão assegurados no orçamento do Estado, com previsão de construção em 18 meses e entrega marcada para outubro de 2011. O conjunto caracteriza-se por dois edifícios que abrigarão biblioteca, museu e um auditório de 1,5 mil espectadores, localizados em 20 mil m da Enseada de Suá, na entrada da baía da cidade. No local já estava implantada uma escultura em aço do artista plástico mineiro Amilcar de Castro, falecido em 2002, conhecido como Portal das Artes. O projeto reflete, nas palavras da secretária de Cultura Dayse Lemos, o atual momento de desenvolvimento do Espírito Santo. “A instalação do museu de ópera e de um museu de elevado padrão artístico tem como objetivo inserir o estado do Espírito Santo no circuito nacional e internacional das grandes exposições e espetáculos. É um espaço que fará com que o Estado abra caminhos para o intercâmbio de ideias, influências e criações com o Brasil e o mundo.” O teatro terá capacidade para receber de concertos de

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ENTREVISTA

música acústica ou amplificada a óperas, danças ou peças teatrais. Comportará 1.300 pessoas e contará com um palco de aproximadamente 600 m2 e com um vão-livre com mais de 25 m de altura até o teto. As instalações poderão utilizar desde pequenos recintos, para obras que requerem ambientes controlados, a salões com altura livre de até 12 m, para exposições de grande porte. Essas áreas são atendidas por áreas de serviços, que vão permitir o desenvolvimento de pesquisas, palestras e ações educativas. Completam o projeto do museu um auditório com capacidade de 225 lugares, uma biblioteca e um café.

Marco para a Santa Bárbara “A primeira coisa que fiz, ao saber que vencemos a licitação, foi telefonar para o arquiteto Paulo Mendes da Rocha, para falar sobre nossa grande satisfação ao sermos escolhidos para executar este projeto. Será um grande marco na nossa expertise em engenharia, mas, principalmente, um orgulho em nos associar ao trabalho deste grande arquiteto.” Assim o diretor da Santa Bárbara Antonio Diniz expressou a visão da construtora ao ser escolhida para executar as obras do museu e do teatro do Cais das Artes.

Para gerenciar a obra, a construtora trouxe dois profissionais que atuaram na obra da Cidade Administrativa de Belo Horizonte, do arquiteto Oscar Niemeyer. São eles os engenheiros Elcio da Silva, gerente de Contrato, e Eduardo Vilela, gerente de Obra. A fase atual concentrase na execução das fundações em solo, nas quais estão sendo empregadas o estaqueamento metálico ou estacas escavadas, atingindo profundidades entre 25 m a 35 m. A construtora se prepara para a execução das fundações diretas no mar, seguidas pela execução dos blocos e cintas de fundação, em que contará com o apoio de barcaças, passando à execução das armações e concretagem de pilares, vigas e lajes. Diniz destaca que a concepção do projeto já indica seu grau de complexidade – são 30 m de largura por 150 m de comprimento, com dois vãos-livres de 54 m e dois balanços de 18 m. “Vamos utilizar toda nossa expertise de 40 anos”, destaca Diniz. Para executar as estruturas e fachadas do teatro, que avança sobre o mar, será utilizado o apoio de barcaças. A empresa participou recentemente da construção da Cidade Administrativa, em Belo Horizonte, atuando na execução de um dos maiores vãos-livres já fei-

tos no País, assim como executou uma das pontes sobre a via Marginal, em São Paulo, empregando o maior guindaste em operação na América Latina. Essas obras mostram o avanço da Santa Bárbara, que planeja, segundo Diniz, incluir-se entre as 10 maiores do setor de infraestrutura até 2015, elevando o faturamento para a casa do R$ 1 bilhão, incursionando nas áreas de petróleo, gás e mineração.

REENCONTRO

Eu e o fotógrafo Marcelo Vigneron encontramos Paulo Mendes da Rocha em seu escritório, localizado em um dos andares do ed-

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ifício sede do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), em São Paulo, bem no centro da cidade. Lembrei que eu estava presente na entrega do Prêmio Mies van der Rohe de Arquitetura Latino-Americana, pela Fundação Mies van der Rohe, em Barcelona, no ano de 2000, por seu projeto de readequação da Pinacoteca do Estado. E como isso havia sido uma grande emoção para mim. Ele disse ter ficado surpreso por ter sido “lem-

brado” pela fundação. Seis anos depois, Rocha seria “relembrado” e escolhido pela Fundação Hyatt, de Chicago, Estados Unidos, para receber o prêmio Pritzker Prize, considerado Nobel da arquitetura, transformando-se no segundo brasileiro a receber o prêmio, depois de Oscar Niemeyer em 1988, que o dividiu com o arquiteto norte-americano Gordon Bunshaft. (MR)


SS Muneu de Arte Moderna (MAM), do Rio de Janeiro, projeto do arquiteto Affonso Reidy, exemplo de harmonia com a natureza e o entorno

Memória arquitetônica Não é à toa que o arquiteto Paulo Mendes da Rocha menciona o projeto do Museu de Arte Moderna no Rio de Janeiro (MAM), construído dentro do programa de urbanização do Aterro do Flamengo. Foi uma das maiores intervenções urbanísticas no Rio de Janeiro, realizado entre as décadas de 1920 e 1940. Modificou o desenho da orla carioca e criou novas circulações dentro da cidade, a partir do desmonte de morros e remoção de populações. O projeto público do Flamengo foi desenvolvido pelo arquiteto Affonso Eduardo Reidy com paisagismo de Roberto Burle Marx. O edifício do MAM, concluído em 1948, fez parte deste programa destacando-se como um dos principais projetos de Reidy pelo emprego de estruturas vazadas, amplos vãos livres e valorização da paisagem permitida por amplas áreas envidraçadas. Além da inovação arquitetônica, o MAM consolidou-se como um dos mais importantes palcos da vanguarda artística do País. Criado pela iniciativa de um grupo de empresários, foi contemporâneo ao Museu de Arte de São Paulo (Masp) e ao Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP), seguindo os moldes do Museu de Arte Moderna de Nova Iorque, adepto ao modelo de museu vivo, de vocação didática. Depois de um incêndio que destruiu 90% de seu acervo, o museu foi restaurado e hoje possui uma coleção de 11 mil objetos, grande parte proveniente da Coleção Gilberto Chateaubriand, depositada em regime de comodato no museu em 1993.

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CONTENÇÃO DE ENCOSTAS

TRAGÉDIAS ANUNCIADAS QUE CHEGAM COM AS CHUVAS Estado de Santa Catarina, final de 2008. Três meses de chuvas, quase que diárias causam enchentes e deslizamentos de terra, deixando um saldo de 135 mortos em 16 municípios. Mais de 80 mil pessoas ficaram desabrigadas ou desalojadas. Município de Angra dos Reis, Região dos Lagos (RJ), virada do ano 2009/2010. Uma avalanche de lama e rocha matou pelo menos 33 pessoas. No resto do estado, o total de mortes

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decorrentes das chuvas chegou a 153, após um temporal que bateu recordes históricos. Foram 48 vítimas fatais na capital, 85 em Niterói, 16 em São Gonçalo, 1 em Nilópolis, 1 em Paracambi, 1 em Magé e 1 em Petrópolis. Maio de 2010. A Defesa Civil do Rio de Janeiro contabiliza 253 mortos em virtude do pior temporal que se abateu sobre a região metropolitana nos últimos 44 anos. Os municípios mais atingi-

dos foram Niterói (167 vítimas), Rio (66), São Gonçalo (16), Magé (1), Nilópolis (1) e Petrópolis (1). Janeiro de 2010. O município de São Luiz do Paraitinga (SP) decretou estado de calamidade pública. Mais de 2 mil moradores perderam suas casas depois que o rio, que corta a cidade, subiu mais de 3,5 m acima do nível normal, inundando ruas do centro histórico. Todos os anos, durante os períodos de chuvas mais intensas,


Foto: Roosewelt Pinheiro

SS Cenário de destruição no Morro do Estado, em Angra dos Reis (RJ), onde deslizamentos e terra causaram a morte de 33 pessoas, na virada do ano

principalmente no verão, centenas de pessoas morrem ou perdem tudo o que possuem, vítimas de enchentes, deslizamentos de terra e quedas de encostas. Cidades inteiras têm seus equipamentos urbanos destruídos e suas atividades interrompidas, acumulando prejuízos gigantescos. Tais acontecimentos são desastres naturais inevitáveis ou tragédias anunciadas, que poderiam ser impedidas, ou pelo menos minimizadas, com uma ação contínua e eficaz do poder público, utilizando os recursos técnicos e os conhecimentos disponíveis? Se considerarmos que tais desastres são consequência de uma série de fatores, como ausência de

obras de drenagem e contenção de encostas; ocupações irregulares em áreas de risco, como morros, lixões e proximidades a córregos e rios; falta de uma política competente de ocupação do solo urbano e de legislação específica para armazenamento e retenção de águas pluviais, certamente concordaremos com a segunda alternativa. As tragédias repetitivas resultam da combinação da chuva excessiva com anos de descaso do poder público, justamente com a população mais pobre e vulnerável. Mas o que fazer para reduzir a ocorrência de tanta tragédia, evitando tanta dor e o sofrimento? Para o engenheiro Fernando Kertzman, presidente da Associação Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental (ABGE), os problemas de deslizamentos, em última instância, decorrem da ausência da aplicação da engenharia civil geotécnica. “A natureza é dinâmica. Sempre teremos chuvas fortes, por estarmos em um país tropical, onde chuvas de 50 mm ou 100 mm em um dia ocorrem com certa frequência. Assim como chuvas de 200 mm a 300 mm em dois dias. E essas chuvas têm a capacidade de encharcar o solo, causando deslizamentos se esse solo estiver em regiões de encostas. Mas o que costumamos fazer é comparar esses fenômenos com um terremoto. Um tremor de terra numa magnitude elevada, no Haiti, demoliu o país e matou 200 mil pessoas. Ao passo que um terremoto na mesma dimensão, no Chile, afetou uma região que está sendo reconstruída rapidamente, e matou 2 mil pessoas.” Por que isso? Porque o Chile está muito bem preparado para esse tipo de ocorrência. Um país com chuvas tropicais violentas e com encostas ocupadas sem preparação vai registrar grande número de deslizamentos e mortes sempre. “O que não dá para aceitar é colocar essas tragédias na mão de Deus, culpar a natureza, ou afirmar que isso tudo faz parte da vida. Na minha opinião isso tudo é culpa dos governos, culpa do homem”, afirma Fernando Kertzman. O engenheiro crê que o homem tem que procurar entender o meio onde vive e se adaptar a ele. Ele lembra que há entidades como a Georio, no Rio de Janeiro, e o IPT, em São Paulo, trabalhando permanentemente com estudos e análises das questões ligadas à geologia nas suas regiões; que existe o site da ABGE com um banco de dados de cartas geotécnicas já realizadas e que há no Brasil pelo menos 300 pessoas trabalhando em pesquisas nessa área. Além disso, em todos os lugares onde estão acontecendo deslizamentos significativos existem laudos geológicos e geotécnicos já realizados, prevendo esses acontecimentos. “Portanto, existe conhecimento técnico, banco de informações consolidadas e equipamentos para fazer todo o tipo de análises preventivas. O que falta é uma política de governo perma-

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CONTENÇÃO DE ENCOSTAS

SS Escorregamento de encosta junto a rodovia na região do Cunha, no Vale do Paraitinha (SP) WW Morro do Bumba, em Niterói (RJ), onde havia um lixão abandonado: pelo menos 46 mortes confirmadas e vários desaparecido, em deslizamentos ocorridos em maio deste ano

nente, que leve em conta essas análises na definição das áreas a serem ocupadas por habitações. Também não há continuidade desse trabalho de pesquisa e análise”, conclui o engenheiro. Ele lamenta que esse trabalho só apareça durante as chuvas intensas ou quando acontecem as catástrofes. Depois que cessam as chuvas esse trabalho termina e as pessoas continuam invadindo os morros. De acordo com Mário Hernanzes Losano, engenheiro civil e mestre em Engenharia Geotécnica pelo departamento de Estruturas e Fundações da Escola Politécnica da Universida24 / Grandes Construções

de de São Paulo (USP), o Brasil dispõe de engenheiros e geólogos dotados de conhecimento técnico, acadêmico e de prática, além de empresas com potencial de execução de projetos e de obras, capazes de atender a esse tipo de demanda. Apesar disso, cidades, estradas, indústrias e outros empreendimentos são implantados sem um projeto geotécnico, ou então, suprimindo o indispensável apoio técnico às obras (ATO) aos empreendimentos de engenharia civil em geral. “Isso priva essas obras da aplicação das boas práticas disponíveis e dos conhecimentos científicos existentes; ou, em

outras palavras: sem a aplicação adequada da engenharia civil geotécnica”, lamenta. Fernando Kertzman, observa, no entanto, que os municípios brasileiros, em sua maior parte, não contam com equipes técnicas capacitadas para definir parâmetros de ocupação do solo urbano, levando em conta as áreas de risco. “A ABGE oferece periodicamente cursos de formação para engenheiros desses municípios”, afirma. Mas ele lembra que todos os municípios dispõem de legislação que permite esse tipo de controle. “A legislação de uso e ocupação do solo e o plano diretor são


instrumentos que todos os municípios têm. Até porque há meio que um padrão, adaptado de um município para outro. A legislação fala que, quando se vai urbanizar uma área, fazer um loteamento, por exemplo, deve-se reservar 20% da área verde institucional, a ser doada para a prefeitura. Mas as prefeituras não ocupam essas áreas com praças ou áreas de lazer. Isso vira área de ninguém, que frequentemente é invadida por habitações irregulares. É assim que surgem as áreas de risco. É, obviamente, dever dos prefeitos e administradores públicos cuidar dos seus municípios. Isso está na legislação. Não há como fugir disso. Um prefeito pode ser facilmente condenado pela existência de áreas de risco em seu município”, alerta Kertzman.

devida documentação perante CREA e ART) com ênfase nas recomendações de caráter objetivo, em primeiro lugar em relação às vidas humanas eventualmente envolvidas e, a seguir, quanto à provável remoção de bens materiais.” Para ele, esse trabalho técnico não pode, ainda, prescindir da recomendação de atitudes relativas a drenagens (provisórias e/ou permanentes) a serem providenciadas em caráter de emergência, ou então com prazos exequíveis em consonância com os interesses e necessidades do proprietário da obra e seu executor. “Também deverão constar do trabalho recomendações técnicas sobre os serviços complementares de tratamentos específicos, impermeabilizações e proteções superficiais, quando se aplicarem. São necessárias, ainda, que as providências quanto à drenagem e proteção superficial sejam apresentadas em forma de texto e devidamente ilustradas por desenhos esquemáticos”, recomenda o engenheiro. Não bastassem todos esses cuidados e providências, esse trabalho do engenheiro ou geólogo de engenharia ainda deve conter recomendações e instruções relativas ao monitoramento dos deslocamentos, sempre procurando maneiras simples de aplicação imediata das soluções propostas, e – se for o caso – outras mais complexas que demandarão, evidentemente, maiores custos e/ou tempo de execução.

Déficit habitacional

Pessimista ou realista, Fernando Kertzman admite que, na sua opinião, o problema não terá solução se for deixado exclusivamente nas mãos dos governan-

TT Sobreviventes tentam retirar seus pertences em áreas de risco no Morro do Borel, na Tijuca, Zona Norte do Rio

Mitigando os impactos das tragédias

Mário Losano ressalta que, apesar da falha representada pela omissão da aplicação adequada da engenharia, grande parte das consequências dos deslizamentos são contornáveis ou mitigados (ou ainda, postergados), com a adoção – efetiva e eficaz – de uma drenagem superficial. “A observação dos deslocamentos (mediante monitoramento) são também elementos, muitas vezes, imprescindíveis para o enfrentamento dos problemas de deslizamentos. As visitas de inspeção realizadas por engenheiros civis geotécnicos e geólogos de engenharia civil devem ser complementadas por relatório técnico de parecer do profissional (acompanhado da Maio 2010 / 25


CONTENÇÃO DE ENCOSTAS tes. “A solução que nós vemos para isso seria a participação da sociedade, inclusive com uma forte atuação da iniciativa privada – grandes construtoras, fornecedoras de equipamentos, etc. – criando instrumentos de pressão. No fundo, a raiz desse problema é o déficit de habitação no País. Se as pessoas tivessem onde morar, mesmo que fosse em apartamentos ou casas populares, em regiões menos favorecidas, elas não morariam no morro. Ninguém mora em uma área de risco porque quer. Se o governo tivesse um amplo programa habitacional para o

País, como ele afirma que tem, capaz de gerar 10 milhões de moradias, o problema estaria resolvido. Toda a sociedade – políticos, empresários, sociedade civil, entidades, universidade – tem que se mobilizar para que o Brasil avance, nesta área, como avançou nas áreas de telefonia, energia, transporte”, conclui o presidente da ABGE.

Carta aberta

Reunidos em duas entidades técnicas e científicas de âmbito nacional, engenhei-

ros geotécnicos e geólogos de engenharia propõem cinco medidas principais para evitar que tragédias geotécnicas, como as ocorridas recentemente, voltem a produzir novas vítimas em 2011. O documento conjunto, intitulado “Carta aberta às autoridades – Para que em 2011 as tragédias não se repitam”, é assinado pelo engenheiro geotécnico Jarbas Milititsky, presidente da Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica (ABMS), e pelo geólogo Fernando Kertzman, presidente da ABGE. Veja a seguir a carta na íntegra.

CARTA ABERTA ÀS AUTORIDADES PÚBLICAS Para que as tragédias não se repitam “A perda anual de centenas de vidas humanas em tragédias geotécnicas recorrentes traz consigo um profundo sentiwmento de tristeza e indignação por se constituírem em fatos que poderiam ser minimizados ou evitados. Por décadas temos presenciado um acúmulo de erros e descasos na gestão do crescimento urbano de nossas cidades com relação às características geológicas e geotécnicas dos terrenos ocupados. Estes erros estão na origem comum e onipresente dos deslizamentos e enchentes que vêm crescentemente vitimando a sociedade brasileira, seja em vidas perdidas, patrimônios destruídos ou transtornos graves de toda a espécie. Os prejuízos totais à economia privada e aos recursos públicos são incalculáveis. Paradoxalmente, o meio técnico brasileiro já produziu todo um ferramental tecnológico e gerencial que, se utilizado de forma adequada, evitaria ou reduziria a um mínimo socialmente aceitável a frequência e a dimensão desses desastres. Entre esse ferramental encontram-se os instrumentos próprios de uma ação preventiva e de planejamento, destinada a interromper o avassalador fluxo de produção de novas situações de riscos geotécnicos, bem como aqueles instrumentos mais próprios de ações imediatas e emergenciais, em uma abordagem de Defesa Civil, destinados à correção de todo um passivo de riscos já profu-

26 / Grandes Construções

SS Fernando Kertzman, presidente da ABGE

samente instalados em grande parte das cidades brasileiras. A elaboração de Cartas Geotécnicas e Cartas de Riscos destacam-se entre esses instrumentos. São documentos cartográficos indispensáveis a uma correta e eficiente gestão do uso do solo pelos municípios. A elaboração desses documentos é o passo obrigatório para que em 2011 já se consiga reduzir substancialmente o caráter trágico desses acontecimentos. O contínuo monitoramento das áreas de risco, a remoção de moradias instáveis, a capacitação de técnicos municipais e estaduais (ou do poder público de uma forma geral) e o treinamento das comunidades são atividades que devem ser mantidas o ano todo, e não apenas nas épocas de chuvas e emergências. Para tanto, urge que haja agilidade na

decisão das autoridades públicas federais, estaduais e municipais, responsáveis pela provisão dos recursos necessários e pela contratação dos referidos serviços. A elaboração desses documentos cartográficos e de monitoramento demanda alguns meses de trabalho de equipes multidisciplinares, mas seria possível que no início do próximo semestre os municípios mais críticos já tenham esses instrumentos de gestão disponíveis, de modo que as medidas de antecipação ao próximo período chuvoso possam ser implementadas eficientemente. A ausência destes instrumentos faz com que hoje grande parte do esforço e dos recursos despendidos concentre-se nas ações imediatas e emergenciais de atendimento pós-desastre, sobrecarregando os órgãos da Defesa Civil. A prevenção é possível, eficiente e mais barata que a remediação. A ABMS e a ABGE, entidades representativas dos engenheiros geotécnicos e dos geólogos de engenharia brasileiros, colocam-se inteiramente à disposição das autoridades públicas brasileiras para apoio à implementação das providências indicadas.” Jarbas Milititsky Presidente da ABMS Fernando F. Kertzman Presidente da ABGE Associação Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental



ARTIGO

AÇÕES PARA EVITAR NOVAS TRAGÉDIAS ENGENHARIA BRASILEIRA TEM CONHECIMENTOS TÉCNICOS PARA PROPOR SOLUÇÕES QUE EVITEM OU MINIMIZEM TRAGÉDIAS MARCIO AMORIM*

A

população do Rio de Janeiro

execução de ações preventivas, que incluem

mas não justificam a passividade diante do

sofreu com os problemas pro-

estudos e levantamentos sobre as áreas de

inevitável acontecimento de novas tragédias,

vocados pela maior chuva já

risco e as destinadas a evitar enchentes,

caso nada seja feito.

ocorrida em um único dia: 288

a elaboração de projetos de qualidade e

Não há acidentes desse tipo que não en-

mm registrados em 24 horas pela Defesa Ci-

abrangentes para embasar a realização de

volvam diversos fatores: ocupação irregular

vil Municipal, no dia 6 de abril. Mais de 200

obras eficazes e duradouras.

de encostas, morros e áreas de risco próxi-

mortes e cerca de 14 mil desabrigados se de-

Evidentemente, seria leviano e irrespon-

mas de córregos e rios; ausência de obras de

veram a deslizamentos de terra e enchentes,

sável apontar os atuais administradores

drenagem e contenção de encostas; falta de

segundo informações divulgadas pelas autori-

públicos nas três esferas como os únicos res-

legislação específica para armazenamento e

dades municipais. A grande questão colocada

ponsáveis pela ocorrência de tragédias como

retenção de águas pluviais em residências,

por mais essa tragédia é como evitá-las ou

a que se abateu sobre a capital fluminense,

condomínios, áreas públicas, calçadas, in-

minimizá-las ao máximo – porque não só o

resultantes de décadas de descaso para com

dústrias e demais edificações urbanas; au-

Rio de Janeiro, mas a maioria das cidades bra-

essa questão. Mas também seria irresponsá-

sência de política adequada de recolhimento

sileiras se ressente da falta de planejamento e

vel postergar as ações necessárias à preven-

de resíduos sólidos, tanto residencial como

de ações que impeçam sua repetição na pro-

ção de enchentes e deslizamentos de terra,

de outras áreas, como a construção civil,

porção frequentemente observada em nosso

que sempre trazem consequências trágicas

por exemplo, e de legislação e políticas de

país, especialmente nas áreas de risco.

para as populações atingidas.

estímulo à reciclagem do lixo; entre diversas

A engenharia brasileira especializada em

Após a ocorrência de desastres seme-

projetos e obras de saneamento detém co-

lhantes, repetem-se os mesmos discursos

nhecimentos técnicos suficientes para pro-

das autoridades, em geral atribuindo-os a

Os conhecimentos técnicos acumulados há

por soluções para evitar ou minimizar tra-

ocupações irregulares de encostas e morros,

décadas pela engenharia brasileira permitem

gédias do gênero. É necessário, porém, que

falta de colaboração da população com o

o planejamento integrado das ações necessá-

os administradores públicos – municipais,

saneamento e destino do lixo e demais resí-

rias, precedidos pelos estudos e levantamen-

estaduais e federais – ligados a essa área,

duos sólidos, entre outros. Esses argumentos

tos requeridos; o desenvolvimento de projetos

desenvolvam um planejamento sério para a

são verdadeiros, se olhados isoladamente,

de qualidade, que observem e previnam os

Rua de Itajaí, em Santa Catarina, alagada durante as enchentes de 2008

28 / Grandes Construções

outras necessárias à prevenção de acidentes por desastres da natureza.

Busca por corpos em desabamentos no Morro dos Prazeres, Centro do Rio de Janeiro: 14 pessoas morreram soterradas


principais fatores de risco; e o desenvolvimento das obras de acordo com um cronograma factível e compatível com a prevenção, visando especialmente aos períodos de maior ocorrência de chuvas. É preciso ressaltar também que as mudanças climáticas do planeta provocam alterações radicais no regime de chuvas em todo o mundo, como alertam especialistas internacionais. Assim, os critérios até hoje utilizados na elaboração de projetos de manejo de águas pluviais terão de ser revistos. A maior intensidade das chuvas e a frequência cada vez maior exigirão projetos mais complexos. A nova Política Nacional de Saneamento Básico (Lei n. 11.445/07) preconiza que os municípios brasileiros elaborem seus planos municipais de saneamento de acordo com os preceitos técnicos recomendados pela literatura internacional, o que propiciará programas de curto, médio e longo prazo para os quatro vetores do saneamento básico: água, esgoto, manejo de águas pluviais e resíduos sólidos. É preciso correr contra o tempo e executá-los. Por que, passados mais de três anos da promulgação da lei, a maioria dos municípios brasileiros ainda não possui seu plano? É preciso também lembrar que recentemente tivemos a aprovação da lei que dispõe sobre a política nacional de resíduos sólidos. Suas disposições também ficarão dormentes, em vez de ser implementadas? Nada disso, porém, será levado à prática se as autoridades, em todos os níveis, não se conscientizarem de que a prevenção dessas ocorrências tem caráter metropolitano, envolve diversas pastas (Planejamento, Saneamento, Habitação, Obras, Transporte, Energia e Meio Ambiente, para citar as mais importantes) e exige planejamento e ações integradas em todas as esferas. Requer ainda o desenvolvimento de campanhas de esclarecimento da população por intermédio dos meios de comunicação de massa (televisão, rádio e internet, fundamentalmente), sem os quais não se pode esperar a adesão dos cidadãos a essas necessárias ações. E a alocação de verbas, de forma regular e inseridas nas previsões orçamentárias de municípios, estados e ministérios envolvidos, com definição de responsabilidades e cronogramas de forma clara para sua implementação. Se não, estaremos condenados a mais uma vez ouvir as mesmas desculpas, atribuindo à inclemência da natureza e aos erros da população a responsabilidade por deslizamentos e enchentes e pela trágica perda de importantes vidas humanas. E de moradias e bens, em geral daqueles que menos têm condições de repô-las. O Brasil dispõe de tecnologia adequada para implementar o planejamento, o projeto e as obras necessárias à prevenção de desastres naturais. As cerca de 18 mil empresas de arquitetura e engenharia de projetos distribuídas pelo País e representadas pelo Sinaenco podem colaborar tecnicamente para a viabilização dessas ações, que devem começar a ser planejadas e implementadas imediatamente, em benefício da sociedade. (*) Marcio Amorim é engenheiro e presidente do Sinaenco/RJ (Sindicato da Arquitetura e Engenharia – Rio de Janeiro).

Maio 2010 / 29


COPA 2014

SS Maquete eletrônica do novo estádio Beira Rio, em Porto Alegre (RS): iniciadas obras de drenagem, mas faltam recursos para as intervenções mais importantes

OBRAS DA COPA 2014: BRASIL CRITICADO POR JOGAR NA RETRANCA OBRAS DE AMPLIAÇÃO E RENOVAÇÃO DOS ESTÁDIOS SEQUER COMEÇARAM EM METADE DAS CIDADES-SEDE O sonho começa a virar pesadelo e a Federação Internacional de Futebol (Fifa) ligou o alarme: passados quase dois anos e meio do anúncio do Brasil como sede da Copa 2014 e quase um ano da escolha das 12 cidades-sede, há poucos sinais de obras dos futuros estádios para o mundial de futebol. A situação é tão alarmante que, no dia 3 de maio, esgotado o prazo para o início das obras nos estádios, o secretário-geral da Fifa, Jerome Valcke, criticou duramente a organização brasileira para o evento, salientando que as obras deveriam ter começado em janeiro. A entidade alertou o País para a existência de

30 / Grandes Construções

um “plano B”, que implicaria na transferência dos jogos para outro país, já pronto para recebêlos, como a Inglaterra, por exemplo. Levantamento sobre a situação de cada um dos estádios, realizado pelo Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva (Sinaenco), indica que a situação mais grave é a do Rio de Janeiro, onde o projeto de remodelação, orçado em cerca de R$ 600 milhões, foi rejeitado pela Federação Internacional de Futebol (Fifa). O lançamento do edital para a contratação das obras estava marcado para 16 de Maio, mas


o processo foi interrompido pela federação, que exigiu mudanças no projeto. Representantes do Comitê Organizador Local (COL) e da Secretaria de Obras do Estado se reuniram, no início de maio, para discutir as modificações de itens como a urbanização no entorno do estádio, visibilidade e drenagem do campo, cuja deficiência ficou evidenciada durante as fortes chuvas que ocorreram no dia 26 de Maio, no jogo das oitavas de final da Copa Libertadores, entre Flamengo e Corinthians, alagando o campo. A Fifa exige, ainda, mudanças na inclinação da arquibancada inferior e na área de hospitalidade, além da ampliação das vias de acesso e de circulação. A situação é grave também no Recife (PE), onde o processo de licitação foi paralisado por recurso impetrado por um dos consórcios – formado pelas construtoras Andrade Gutierrez e OAS –, interessado na construção do novo estádio, o Arena Capibaribe. Desclassificado

durante o estágio de avaliação técnica, o consórcio sustou o processo licitatório, atrasando as obras que deveriam ter sido iniciadas em 10 de maio, para serem concluídas em dezembro de 2012. Permanece na disputa apenas um consórcio, liderado pela construtora Norberto Odebrecht. O projeto, orçado em R$ 472 milhões, será viabilizado por uma parceria público-privada (PPP). O consórcio vencedor terá até R$ 400 milhões de empréstimo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Natal (RN) também não publicou seu edital para a seleção das construtoras que executarão as intervenções no estádio Arena das Dunas. O processo está na fase de consulta pública, a ser concluída até o final de maio. Mas nem todas as notícias são ruins. O que está rigorosamente dentro dos prazos em Natal são os projetos de mobilidade urbana. Com a autorização da Assembleia Legislativa, o governo

estadual providenciou a papelada para receber o empréstimo de R$ 77 milhões da Caixa Econômica, necessários para a viabilidade dos cinco projetos – no universo de 16 projetos – de mobilidade urbana e infraestrutura de trânsito, de responsabilidade estadual. Estão na pauta das obras as três intervenções na Estrada de Ponta Negra, inclusive, com a construção de um viaduto ligando a Avenida à Via Costeira; finalização do prolongamento da Avenida Prudente de Morais até o Aeroporto Augusto Severo, em Parnamirim (obras já iniciadas); e construção da via que liga o novo aeroporto de São Gonçalo ao Estádio das Dunas. A expectativa é para que já na próxima semana sejam lançados os editais para essas obras. Para não perder mais tempo, enquanto não escolhe as construtoras que se responsabilizarão pelas obras do estádio, o governo do estado do Rio Grande do Norte determinou o início das obras secundárias do Maio 2010 / 31


COPA 2014 COPA 2014: BALANÇO DAS OBRAS CIDADE

ESTÁDIO

Belo Horizonte

Mineirão

Brasília

Estádio Nacional

Cuiabá

Verdão

Fortaleza

Castelão

Manaus

Vivaldo Lima/Arena Amazônia

Natal

Arena das Dunas

Recife

Arena Capibaribe

Rio de Janeiro

Maracanã

Salvador

Fonte Nova

Curitiba

Arena da Baixada

Porto Alegre

Beira-Rio

São Paulo

Morumbi

Fonte: Portal 2014

SITUAÇÃO ESTÁDIOS PÚBLICOS Obras iniciadas. Acertou o modelo de gestão do estádio, em parceria com a iniciativa privada. Vai licitar a terceira etapa de obras, orçada em R$ 607 milhões. Aguarda liberação do Tribunal de Contas do Distrito Federal para abertura dos envelopes da concorrência pública para as obras. Obras iniciadas. Já há tapumes em volta da área do estádio e cadeiras já estão sendo removidas. Aguarda resultado da licitação. Dois consórcios seguem na disputa pelas obras do estádio. Obras iniciadas. Desmonte do estádio já foi iniciado, com o fechamento do local e a remoção de cadeiras. Mas a Justiça questiona as obras. Edital de licitação foi lançado em 15 de Maio. Obras devem começar em junho. Questionamento judicial paralisa processo. Reiniciou a licitação das obras após o Ministério Público Federal (MPF) contestar o edital. Está em fase final. Aguarda aprovação do projeto pela Fifa. Aguardando definição do Iphan para iniciar a demolição do estádio antigo. Iniciadas as obras secundárias. ESTÁDIOS PRIVADOS Busca recursos para continuar a obra. Por já ter o estádio praticamente pronto, o Atlético-PR tenta adiar os próximos passos das obras para depois da Copa-2010. Inter já iniciou algumas obras de reparo no estádio, como a instalação de novo sistema de drenagem. Reformas principais não começaram. Busca recursos para continuar a obra. Fifa ainda não aprovou o projeto de modernização do estádio, mas algumas obras secundárias já começaram.

complexo desportivo. Elas incluem terraplanagem de uma área adjacente ao estádio Machadão e ginásio Machadinho, localizada na entrada do Centro Administrativo, além da demolição do pórtico dessa entrada e de todo o seu entorno. “São obras necessárias para que se possa realizar a segunda etapa, que é a demolição do Machadão e a construção propriamente dita do Estádio das Dunas/Novo Machadão”, esclareceu Fernando Fernandes, secretário da Secopa, nova pasta recentemente criada pelo governo estadual para discutir, executar e fiscalizar as ações de preparação do mundial. Segundo Fernandes, depois de discutido o projeto do novo estádio com a sociedade, há um prazo de até 30 dias para que o edital possa ser publicado.

PPP em Salvador

A capital baiana foi uma das primeiras a realizar a licitação para as obras do novo estádio de futebol, mas terá que aguardar o julgamento da ação civil pública impetrada pelo Ministério Público Federal (MPF), que solicitou do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) explicações sobre o processo de tombamento do velho estádio da Fonte Nova. “Estamos esperando o parecer do Iphan e a liberação da Justiça. Enquanto isso, vamos iniciar a implantação do can-

WW Estádio do Maracanã (RJ): FIFA exigiu mudanças no projeto de modernização elaborado pela Secretaria Estadual de Esportes

32 / Grandes Construções


SS Velho estádio da Fonte Nova, em Salvador: Iphan impediu demolição

teiro de obras, que implica em uma série de intervenções físicas”, afirma Nilton Vasconcelos, secretário do Trabalho e Esporte do governo do estado. As intervenções iniciais, realizadas pelo Consórcio Fonte Nova Negócios e Participações S/A, vão desde a fixação de tapumes até a montagem de pré-moldados, implantação de usina de processamento e a instalação de equipamentos necessários para o processo de demolição. “Vamos deixar tudo pronto para não atrasar o cronograma”, disse o secretário. O contrato para construção do novo estádio da Fonte Nova foi assinado pelos representantes do governo da Bahia e do consórcio Fonte Nova Negócios e Participações S/A, formado pelas construtoras OAS e Odebrecht, em 21 de janeiro. O consórcio foi o único a participar da licitação que estabelece a concessão de parceria público-privada (PPP) de construção e operação do estádio durante 35 anos. Segundo determina o contrato, a nova arena multiuso ocupará uma área de 121.189 m2, terá capacidade para 50 mil pessoas, em três níveis de arquibancada e 50 camarotes. Terá 46 bares, restaurante panorâmico, museu do futebol e 2 mil vagas de estacionamento. A obra deveria ter sido iniciada em Maio deste ano, após liberação dos licenciamentos. A demolição seria executada por empresas especializadas, em cerca de 90 dias, gerando cerca de 40 mil m³ de entulho. A construção do novo estádio estava prevista para começar em julho e ser concluída

no final de 2012. O valor estimado da nova arena é de R$ 591,07 milhões. Deste valor, R$ 400 milhões serão financiados pelo governo federal, por meio do BNDES. A parte final desse orçamento está sendo negociada com agentes financeiros, entre eles o Banco do Nordeste do Brasil (BNB). O equivalente a 10% do total será aplicado pelo próprio consórcio, conforme determina o contrato.

Falta dinheiro e projetos

Relatório publicado no dia 27 de Maio pelo Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) mostra que Brasília não terá verba suficiente, neste ano, para a construção do Estádio Nacional, um dos palcos da Copa 2014 e que disputa com o Morumbi a abertura do torneio. O documento também aponta falhas no edital de concorrência do estádio, como a ausência de projeto básico. Mesmo assim, o tribunal autorizou o início da licitação da obra, estimada em R$ 740 milhões e alvo de suspeitas de superfaturamento levantadas pelos próprios membros do órgão. Nos bastidores, a pressa do tribunal em lançar a concorrência mesmo tendo identificado falhas no documento é considerada uma resposta às pressões da Fifa. Segundo o TCDF, faltam R$ 23 milhões para a obra que deverá custar R$ 103 milhões só neste ano. No planejamento enviado pela Novacap, empresa do governo distrital responsável pela licitação, o novo estádio custaria, em 2010, R$ 80 milhões. No

entanto, o relatório do Tribunal aponta que a obra, neste ano, custaria cerca de R$ 83 milhões, mas, considerados os gastos indiretos, o valor aumentaria em cerca de R$ 20 milhões. A Novacap informou ao TCDF que a verba restante viria de um convênio com a Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap). O governo distrital ainda esbarra na legislação que impede o aumento do orçamento em ano eleitoral. A licitação ficou parada por quase dois meses no TCDF sob alegação de que havia irregularidades no edital, como inexistência de orçamento detalhado dos custos unitários da obra; não definição dos serviços passíveis de subcontratação; ausência de projeto básico do empreendimento, incluindo os projetos arquitetônicos, de estrutura e de instalações; além da exigência de um visto do Conselho Regional de Engenharia de Arquitetura do DF. O Estádio Nacional de Brasília será construído no centro da capital federal, no mesmo terreno do Mané Garrincha, que será demolido. O projeto prevê capacidade de 71 mil lugares. Enquanto isso, o governo do estado de São Paulo e o Morumbi seguem às voltas com as críticas da Fifa ao projeto de remodelação do estádio e aguarda a avaliação da entidade às últimas modificações propostas pelo São Paulo Futebol Clube. Em Curitiba, o Atlético Paranaense recebe sinais de que o governo do estado poderá aportar recursos públicos na renovação da Arena da Baixada. E, por fim, Porto Alegre, onde o Internacional recusa-se a recorrer ao financiamento do BNDES, mas não conseguiu, até agora, tocar as obras com suas próprias pernas. O pontapé inicial para as obras foi dado apenas em Belo Horizonte, Manaus e Cuiabá. A capital mineira disputa a abertura da competição com Brasília e São Paulo, e segue à risca um cronograma próprio acordado com a Fifa. Já as sedes da “Amazônia” e do “Pantanal” fizeram a lição de casa e começaram a desmontar as estruturas de seus antigos estádios antes de estourar o prazo da Fifa.

Maio 2010 / 33


COPA 2014

ESTÁDIOS SUL-AFRICANOS

CUSTARAM O DOBRO DO PREVISTO

GREVES, DESASTRES NATURAIS E DESVALORIZAÇÃO DA MOEDA LOCAL SÃO APONTADOS COMO FATORES PARA O AUMENTO DOS CUSTOS

SS Estádio Nelson Mandela Bay, orçado inicialmente no equivalente a R$ 228 milhões, acabou custando mais que o dobro (R$ 538 milhões)

34 / Grandes Construções

O Portal 2014 (www.copa2014. org.br), concebido pela Mandarim Comunicação, com apoio do Sinaenco, publicou, em 26 de Maio, um balanço dos custos dos estádios da África do Sul. De acordo com a reportagem, o orçamento divulgado pelo governo sul-africano de 8,4 bilhões de rands (cerca de R$ 2,15 bilhões) sofreu um incremento para cerca de 16 bilhões de rands (R$ 4,15 bilhões), segundo números oficiais das províncias que sediarão a Copa. Os cinco estádios construídos especialmente para o Mundial foram os principais responsáveis pelo estouro, já que seus custos corresponderam a 75% do total investido nas arenas. Para efeito de comparação, na Alemanha, a proposta do Mundial de 2006 previa gastos de 940 milhões de euros (R$ 2,215 bilhões) para os 12 estádios na ocasião. Mas, ao final das obras, as despesas aumentaram 50% e totalizaram 1,41 bilhão de euros (R$ 3,32 bilhões). Para 2014, o

governo brasileiro formalizou o orçamento dos 12 palcos da Copa: a conta começa em R$ 5,342 bilhões.

Maiores variações de custos

O líder de custo dos estádios sul-africanos foi o Green Point, da Cidade do Cabo. Com orçamento inicial de 1,2 bilhão de rands (R$ 307 milhões), o palco de oito jogos do Mundial foi finalizado com 4,5 bilhões de rands (R$ 1,15 bilhão), quase quatro vezes mais caro que o previsto. O membro do conselho técnico municipal das obras do Mundial, Dave Hugo, revelou que os números começaram a crescer quando moradores do bairro de Green Point reclamaram dos possíveis impactos ambientais da construção. Assim, materiais para atenuar o barulho durante jogos, além de medidas para assegurar a proteção sísmica local, contribuíram sozinhos para aumentar os gastos em 1 bilhão de rands (R$ 250 mi-

lhões) logo no começo. “Isso sem contar as flutuações cambiais do rand, a inflação em alta e a escassez de materiais. Fomos afetados por um inesperado e extraordinário aumento de preços com a crise mundial”, acrescentou Hugo. Em Porto Elizabeth, o estádio Nelson Mandela Bay, inicialmente orçado em 890 milhões de rands (R$ 228 milhões), terminou custando 2,1 bilhões de rands (R$ 538 milhões) na conta final. Com capacidade para 46.082 torcedores, as obras no complexo esportivo sofreram principalmente com a desvalorização do rand durante a crise financeira global, o que aumentou o preço da importação de materiais, como as 36 vigas de sustentação produzidas no Kuwait e a membrana do telhado feita no Japão. “A maioria dos preços teve acréscimo de 28% em relação ao esperado”, explicou o diretor do projeto, Errol Heynes. O suntuoso Moses Mabhida, em Durban, foi construído com


ARTIGO 3,1 bilhões de rands (R$ 795 milhões), quase 65% a mais que os 1,9 bilhão de rands (R$ 487 milhões) previstos originalmente. A construção, que abrigará 69.957 espectadores, teve problemas principalmente com a alta do preço do aço, uma vez que foram utilizadas 10 mil t desse material. “A chuva e o vento causaram muitos atrasos, além das duas greves que nos prejudicaram bastante. A desvalorização do rand e a escalada astronômica nos preços do aço foram cruéis”, disse o coordenador do projeto, Julie-May Ellingson, em entrevista na inauguração do estádio, em dezembro passado. De acordo com Ellingson, o governo nacional desembolsou 76% dos custos, enquanto o governo da província de KwaZulu-Natal (13%) e a prefeitura (10%) financiaram o restante. Os outros dois estádios construídos especialmente para a Copa do Mundo não apresentaram variação de custo tão alta. O Peter Mokaba, em Polokwane, custou cerca de 200 milhões de rands a mais que o previsto. Foi finalizado com 1,5 bilhão de rands (R$ 385 milhões). O Mbombela, em Nelspruit, alcançou 1,05 bilhão de rands (R$ 269 milhões), após orçamento inicial de 870 milhões de rands (R$ 223 milhões). Entre os palcos do Mundial que passaram por reformas, poucas mudanças foram feitas. Exceção ao Soccer City, que apresentou a maior variação de custos. Local da partida de abertura e da final do torneio, com capacidade para 88.460 torcedores, o principal estádio da África do Sul começou com um orçamento de 1,9 bilhão de rands (R$ 487 milhões) e terminou com 3,3 bilhões de rands (R$ 846 milhões), aumento de quase 75%. Erguido em 1987 próximo ao bairro Soweto, o antigo estádio foi praticamente reconstruído. Depois das obras, que consumiram 80 mil m3 de concreto e 11 milhões de tijolos, o novo Soccer City ganhou um design inspirado no vaso de cabaça, um dos símbolos da cultura do continente africano. Assim como nas outras obras da Copa, o arquiteto responsável pela obra, Bob van Bebber, atribui a diferença de custos ao aumento do preço dos materiais diante da crise econômica mundial.

Maio 2010 / 35

JURÍDICO

A locação de bens móveis e o ISS Marcio Recco Sócio Fundador e responsável pela supervisão contenciosa da Recco Advogados, é membro da Comissão Examinadora do Exame de Ordem da OAB/SP. Colaboração do Dr. Jorge Lucchese Neto.

E

xiste um provérbio Americano que diz:“Nothing is certain but death and tax", ou seja nada é tão certo do que a morte e o pagamento dos impostos. Para um deles, já existe uma saída para as empresas brasileiras locadoras de bens móveis, pelo menos com relação ao Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza. O ISS, de competência dos Municípios e do Distrito Federal, tem como fato gerador a prestação de serviços constantes da lista anexa a Lei Complementar nº 116/2003. Não consta na referida lista a locação de bens imóveis ou móveis como prestação de serviços. É certo que a locação de bens móveis até iria fazer parte da lista, no seu item 3.01 (Locação de bens móveis), no entanto foi vetada pelo Presidente da República justamente porque“veicula indevida incidência do imposto sob locação de bens móveis". Essa questão não é nova, pois o Supremo Tribunal Federal, ao julgar o leading case que envolvia uma empresa de locação de guindastes, já havia decidido, em 2005, que a locação

“É inconstitucional a incidência do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza.” de bens móveis não estaria sujeita ao pagamento do ISS. Entretanto, nós advogados reivindicávamos há tempos a edição de uma súmula vinculante que tratasse da não incidência do ISS sobre a locação de bens móveis. Esse ano, finalmente, a reivindicação foi acolhida pelo Supremo Tribunal Federal, que aprovou a Súmula Vinculante nº 31, a saber: “É inconstitucional a incidência do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza”. Dessa forma a locação de imóveis, locação de carros, máquinas e outros bens não têm a incidência do ISS por não caracterizar serviço e não ter previsão de incidência em Lei. Apesar de já ter sido julgada inconstitucional pela mais alta Corte do país, muito municípios brasileiros ainda insistem em sua cobrança. Para receber de volta os valores pagos indevidamente, as empresas devem ingressar com ações na justiça, visando preservar seus direitos e evitar o pagamento de valores descabidos. É importante mencionar que, as empresas que ingressarem com as ações até final de junho de 2010, poderão receber de volta os valores pagos dos últimos 10 anos. Após essa data, em virtude da edição da Lei Complementar nº 108, de 2005, que reduziu o prazo prescricional para as repetição de indébito, que seria de 10 (dez) anos, para 5 (cinco) anos, só poderão pleitear os valores pagos referentes aos últimos 5 anos. Vale esclarecer que, se a empresa locar máquinas com operador, haverá a incidência do ISS, mas somente sobre esta parcela de prestação de serviço.


BAUMA 2010

Nem mesmo a erupção do vulcão na Islândia – cuja nuvem de cinzas cobriu o céu de boa parte da Europa, comprometendo o tráfego aéreo e a circulação de passageiros em todo o continente – tirou o brilho da 29a edição da Bauma. A Feira Internacional de Máquinas para a Construção Civil, Materiais de Construção e de Aparelhos, Veículos e Máquinas para a Indústria Mineira, realizada de 19 a 25 de abril, em Munique, na Alemanha, foi marcada, mais uma vez, pela elevada qualidade tecnológica dos equipamentos apresentados, pelo grande número de lançamentos da indústria mundial e pela elevada qualificação do público presente – 415 mil visitantes das mais diversas origens. Com todas as dificuldades de acesso, o público presente foi apenas 17% inferior ao da edição anterior, em 2007. Estavam representados nos 555 mil m2 da feira nada menos que 3.150 expositores de 53 países. Grandes fabricantes de máquinas e equipamentos ficaram frente a frente com os maiores fornecedores mundiais, propiciando o fechamento de negócios. Os organizadores do evento não revelaram os números, mas admitiram que o volume de vendas superou as expectativas, ultrapassando o recorde de negócios da edição anterior. Para os principais analistas do setor, esse foi um claro sinal do início da recuperação do mercado mundial da construção e mineração. Do volume total do espaço disponível, cerca de 60% foi ocupado por expositores estrangeiros. A Sobratema, por intermédio de seu programa Missões Técnicas, levou para o evento aproximadamente 200 empresários brasileiros. Em seu estande institucional, a entidade divulgou as feiras M&T Expo 2012 e o lançamento da M&T Expo Peças e Serviços, além de suas duas revistas (Grandes Construções e Revista M&T). “Por meio desses intercâmbios organizados pela associação, proporcionamos condições de incentivo à participação de nossos profissionais em eventos de repercussão mundial”, diz Mário Humberto Marques, presidente da Sobratema. Responsável por promover o evento no Brasil, a entidade organizou o único pavilhão de expositores brasileiros na Bauma. Em conferência para a imprensa in-

36 / Grandes Construções

TT A 29a edição da Bauma contou com 3.150 expositores de 53 países, distribuídos em uma área de 555 mil m2

BAUMA 2010:

O OTIMISMO ESTÁ DE VOLTA ternacional, a Sobratema apresentou um panorama detalhado do setor de construção e mineração no Brasil e das oportunidades de negócios no País.

O mundo em Munique Nos primeiros dias do evento, não houve como não notar a ausência dos visitantes procedentes das Américas e da Ásia, impedidos de chegar por causa das restrições para os voos internacionais. Mas, à medida que os dias avançavam, a frequência desse público cresceu. Apesar de terem aproveitado plenamente só a metade do tempo útil, muitos expositores admitiram terem fechado mais negócios do que esperavam. Dos 415 mil visitantes contabilizados, espalhados pelas “ruas” de Bauma, cerca de 65% eram da Alemanha. O restante era do exterior. A título de comparação, dos 500 mil visitantes da edição de 2007, calcula-se que 70% eram alemães. Quanto aos expositores, observou-se um importante incremento de participan-

tes de diferentes partes do mundo. Além dos representantes de empresas da Europa, já considerados “cativos” de Bauma, foram somados sete procedentes do Brasil; 71 da China; 35 da Índia e cinco da Rússia, entre tantos outros. A crescente internacionalização do evento se deve, em parte, ao maior número de pavilhões internacionais, como o dos Estados Unidos, Espanha, Coreia, XX Unidade hidráulica compacta Atlas Copco


Grã-Bretanha, França, China, Canadá, República Checa e, é claro, do Brasil. A próxima Bauma já tem data marcada. Será entre 15 e 21 de abril de 2013. Veja a seguir um pouco do que foi exposto este ano.

Geração 2010 de unidades hidráulicas Atlas Copco A Atlas Copco expôs a nova linha de unidades hidráulicas, com novo design que permite uma boa cobertura do motor pela tampa superior. Esta pode ser aberta facilmente para permitir acesso aos componentes, bem como aos filtros de ar e óleo, minimizando os tempos de manutenção. A localização dos comandos e ligações no painel dianteiro também facilita o acesso do operador. A variada gama Atlas Copco inclui unidades hidráulicas compactas e portáteis a gasolina ou diesel, entre 9 cv e 18 cv, e elétricas, entre 5 kW e 11 kW. As unidades hidráulicas da geração 2010, a começar pela introdução dos modelos LP 18-30 PE e LP 18-40 PE a gasolina, ideais para aplicações em interiores, são a fonte de alimentação ideal para um vasto conjunto de aplicações na gama 20-40 rpm. As unidades hidráulicas estão equipadas com um sistema de arranque elétrico e manual, para além de um radiador de óleo controlado por termostato que permite um aquecimento rápido e evita o sobreaquecimento do óleo hidráulico. O radiador e a ventoinha de grandes dimensões,

montados na parte dianteira, contribuem para uma refrigeração eficiente do sistema hidráulico e do motor em climas quentes. Leves e compactas, as unidades hidráulicas são fáceis de armazenar e transportar. Uma estrutura robusta, rodas grandes e pegas dobráveis proporcionam um transporte fácil e asseguram o trabalho em locais difíceis. A Atlas Copco lançou também uma nova ventilação do martelo integrada na máquina portadora, para utilização na construção de túneis. O sistema de ventilação, que se encarrega do abastecimento de ar adicional, é fácil de montar e minimiza o risco de um desgaste excessivo de martelos hidráulicos.

Novidades em compactação de solos e asfalto Outra novidade apresentada na Bauma foi a linha de equipamentos de compactação de solos e asfalto da Bomag. O destaque ficou por conta do rolo compactador híbrido diesel-elétrico, desenvolvido a partir do modelo BW174AP. Equipado com motor 56 kW da Deutz, emissionado no Tier 4/Stage IIIB, o rolo compactador híbrido atende à faixa operacional de 9,8 t, superior ao modelo convencional da marca, que possui 9,5 t. Segundo o fabricante, a combinação entre um motor menor e a utilização da unidade híbrida acarretará em uma redução no consumo de combustível e diminuirá os índices de emissão.

Também foi exposto ao público o BW 332, o maior rolo compactador de um cilindro do mundo. Com peso operacional de 32 t, é equipado com cilindro poligonal de 2,40 m de largura ampliada, o que, segundo o fabricante, aumenta a produção em 15%. A força centrífuga de 750 kN e uma amplitude de 3,3 mm proporcionam ainda um desempenho global 50% superior em relação ao seu modelo anterior, o BW 226.

Pesos pesados Case Para cobrir a demanda do mercado por equipamentos para operações pesadas, a Case Construction Equipment redimensionou sua escavadeira CX700B, que atende à faixa operacional de 700 t e possui braço de escavação de 2,9 mil mm. O equipamento, com profundidade máxima de escavação de 7,080 mm, foi lançado com alterações na geometria de sua lança, para proporcionar 19% mais força na escavação, atingindo 281 kN no modo de funcionamento normal, e 307 N em Power Boost. O modelo CX700B é equipado com motor 463 HP. A Case também levou novidades em sua linha de carregadeiras de rodas com braço monoboom. Trata-se de um monobloco que dá maior visibilidade ao operador. Esses modelos compactos, com peso operacional de 4,92 t, oferecem uma versão de alta velocidade dotada do sistema de transmissão (HTS). Segundo o fabricante, essa maior velocidade reduzirá

TT Escavadeira CX700B, da Case

XX Equipamento de compactação de solo e asfalto Bomag

Março 2010 / 37


BAUMA 2010

WW Escavadeira hidráulica CAT 336E

o tempo de viagem e, consequentemente, aumentará a produtividade.

De olho nas normas internacionais

TT Sistemas hidromecânicos variáveis de transmissão Dana/Bosch

XX Escavadeira sobre esteira Doosan

Adequando-se às normais internacionais de emissão, a Caterpillar levou a escavadeira hidráulica CAT 336E, uma das primeiras máquinas da empresa a atender o Stage IIIB/ Tier-4. O modelo, que chega para substituir a escavadeira 336D, também cumpre todas as regulamentações sonoras e pré-requisitos de segurança para visibilidade, incluindo a ISO (International Standards Organization). Equipado com um motor mais potente, que cobre a faixa de 236 kW (317 cv), o CAT 336E registra 18% a mais de potência em relação ao modelo anterior, o que proporciona ganhos na escavação e maiores ciclos de carregamento para uma produção adicional. Com mais de 9 mil horas de testes, o novo modelo atende à faixa operacional de 36 t. Além disso, a CAT incrementou sua fresadora PM 200 Cold Planer. O modelo, antes disponibilizado apenas com tambor de fresagem com largura de corte de 2 m, agora poderá ser encontrado com tambor de 2,2 m de largura. As novas medidas reduzirão as passadas durante as aplicações, aumentando a produtividade e diminuindo o consumo de combustível. Durante a feira, a Caterpillar anunciou mudanças em seu sistema de monitoramento eletrônico dos equipamentos. O funcionamento atual do CAT Product Link se dá a partir de um hardware, que, por meio de satélite, transmite os dados a partir (e para) a máquina. A nova geração do Product Link terá a capacidade de se comunicar na rede celular (GSM).

Dana: novidades nos sistemas de transmissão A Dana Holding e a Bosch Rexroth anunciaram um acordo de entendimento para firmar uma joint-venture. O principal objetivo é o desenvolvimento conjunto e a fabricação de sistemas hidromecânicos variáveis de

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transmissão powersplit (HVT) para o mercado global de equipamentos fora de estrada. Pelo acordo, cada uma das parceiras deterá 50% do capital social da nova companhia, que deverá operar em Arco, na Itália. “Juntas, Dana e Bosch Rexroth oferecem uma ampla variedade de conjuntos de habilidades complementares. Com isso, a joint-venture entregará um único conjunto de soluções avançadas de transmissão para o mercado fora de estrada”, afirma George Constand, diretor técnico da Dana. Nesse contexto, a Dana apresentou na Bauma o sistema de transmissão híbrido Spicer TE-15HX, que, após uma série de simulações, apresenta um aumento substancial na produção. Tratase de um sistema híbrido elétrico que trabalha em paralelo com o sistema de controle de transmissão. Esse conceito é indicado para aplicações cíclicas, que fazem parte da rotina de carregadeiras e empilhadeiras, por exemplo. Nessa área ainda, a Dana oferece uma sistema de transmissão indicado para pá carregadeira frontal de 16 t. Dois motores hidrostáticos, que atendem a aplicações que requerem potência de 104 kW a 164 kW (140 cv a 220 cv), estão localizados um em cada lado do equipamento, o que proporciona uma maior otimização do raio de giro.

Doosan se reestrutura para o mercado global A Doosan aproveitou a Bauma para anunciar a fusão da Doosan Construction Equipment (DI CE) com a Infracore Doosan International (DII), que detinha as marcas Bobcat, Portable Power, Montabert e Ingersoll Rand. Além da reestruturação organizacional, a empresa apresentou toda a sua linha de equipamentos, com destaque para a escavadeira sobre esteiras DX700LC, com peso operacional de 71,5 t, indicada para aplicações severas. A máquina oferece uma profundidade de escavação máxima de 7,7 m, uma altura máxima de escavação de 12 m, um alcance máximo de escavação na faixa de 12 m, além de uma altura de 8,1 m de despejo. O raio de rotação



BAUMA 2010 TT Rolo compactador CC 384 HF, da Dynapac

mínima é de 4 m. A máquina é equipada com motor seis cilindros common rail AHIsuzu 6WG1X turbo diesel, com potência de 345 kW (463 HP). A empresa lançou ainda quatro novos modelos de manipuladores telescópicos com alta capacidade. Os dois maiores, o DT160 e o DT210, possuem altura máxima de 10,2 m e um alcance horizontal de 5,15 m. As máquinas, com capacidade de elevação máxima de 16 t e 21 t, respectivamente, são equipadas com motor diesel Perkins 1106DETA, com potência de 146 kW a 2.200 rpm.

Soluções para operações asfálticas A Dynapac apresentou na Bauma o rolo compactador vibratório tandem CC 384 HF, com largura de compactação na faixa de 1.730 mm e capacidade para produzir acabamentos de superfície de alta qualidade. Com peso operacional na faixa 10,7 t, carga linear de 27,2 kg/cm, força centrífuga de 75 kN a 90 kN e amplitude de 0,3 mm a 0,7 mm, o equipamento opera com frequência que varia entre 48 Hz e 67 Hz, o que permite dosar a relação frequência x força na operação. Segundo o fabricante, o novo modelo está apto para trabalhar com camadas finas e de grande espessura, além de se “ambientar” com qualquer mistura asfáltica. Outro lançamento Dynapac foi o sistema manual de controle de compactação, denominado CompLogger, que proporciona uma imagem em tempo real da compactação sobre uma superfície a ser trabalhada. As pavimentadoras da Série SD também receberam novos modelos. Indicadas para obras urbanas, os modelos SD 115C e SD 135C, com largura de mesa de 2,55 m a 3 m, podendo chegar a 10 m quando equipadas com argamassas hidráulicas e caixas de extensão, apresentam produção de até 750 t/h. Os novos modelos são equipados com motor diesel da Deutz, que atentem à faixa de potência entre 120 kW e 140 kW (155 cv e 187 cv, respectivamente).

XX Equipamento para demolição da Hyundai

TT Retroescavadeira da JCB, com sistema EcoDig

TT Plataforma telescópica JLG

Hyundai no mercado de demolição Escavadeiras para construção, mineração e pedreiras, que atendem à faixa operacional de 1,6 t a 52 t. Essa foi a principal proposta da Hyundai na Bauma com o lançamento da nova Série 9. Destaque para o mode-

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lo R520LC-9 DM, ideal para aplicações de demolição. O equipamento é baseado na escavadeira de 52 t, mas, quando equipado com quatro braços especiais de alto alcance, pode operar com peso que varia entre 58 t e 59 t. O equipamento possui um sistema retrátil de largura, que fornece uma quantidade máxima de funcionamento global, no caso 3,54 m, mas que pode ser recolhido a 3 m para aplicações com menores exigências. A “peso pesado”, que possui alcance máximo de 26,15 m, é equipada com motor Cummins QSM11 motor Tier III, com potência de 255 kW (357 HP). A Hyundai apresentou ainda outras novidades, como miniescavadeiras (que atendem à faixa operacional entre 2,7 t e 3,5 t), pás carregadeiras e minicarregadeiras.

JCB: mais rendimento, menor consumo A JCB lançou as retroescavadeiras 3CX e 4CX. Uma das novidades dos novos modelos é o sistema EcoDig, que agora incorpora três em vez de duas bombas hidráulicas, permitindo as mesmas pressões hidráulicas, mas com um menor giro de motor. A consequência é uma economia de combustível de até 16%, com ganho de potência. As novas retroescavadeiras são equipadas, ainda, com os sistemas Smooth Ride System (SRS) e TorqueLock, que melhoram o rendimento, com redução de consumo, durante operações que exijam alta velocidade. Outra novidade da empresa inglesa ficou por conta do manipulador telescópico Loadall. O novo modelo 515-40 permite operar cargas de 1,5 t a uma altura de elevação de 4 m. Com 1,8 m de altura, 2,97 m de comprimento e peso operacional de 3,5 t, o equipamento é indicado para operações com espaço limitado e de difíceis condições do solo.

Plataformas com lança telescópica A JLG apresentou novidades em sua linha E300 de plataformas de elevação com lança telescópica. Os modelos E300AJ e E300AJP possuem uma lança telescópica articulada, o que proporciona aos equipamentos uma elevação a maiores alturas. O E300AJ, por exemplo, pode trabalhar em uma altura de 9,19 m, enquanto o modelo E300AJP alcança 8,97 m. Outra novidade é o reposicio-



BAUMA 2010

TT Trator Komatsu D375A-6

namento das barras de proteção. A linha E300 Series apresenta maiores facilidades para enfrentar rampas íngremes e outras aplicações severas, gerando uma produtividade 25% superior em seu alcance. Com capacidade para carregar 230 kg, a linha E300 Series é equipada com um motor elétrico a bateria, indicado para trabalhos em pisos internos e pavimentados. Segundo a fabricante, essas baterias renovadas aumentam a produtividade dos modelos E300AJ e E300AJP, que, apesar de serem compactos (305 a/h), poderão atingir alturas maiores em até 20%.

Inovações da Komatsu XX Guindaste sobre esteira LR 1300, da Liebherr

TT Liugong diversificando linha de produtos

A Komatsu apresentou o seu novo trator, modelo D375A – 6. Com peso operacional de 71 t, o equipamento possui um sistema de transmissão automática de marchas e um conversor de torque automático, o que proporciona maior rendimento nas operações, além de reduzir em 10% o consumo de combustível. A primeira escavadeira híbrida do mundo foi introduzida no mercado japonês pela Komatsu, em junho de 2008. A combinação entre a inovação apresentada pela empresa japonesa e a grande demanda, resultante do aquecimento do mercado na ocasião, acelerou a comercialização do equipamento para a China e os Estados Unidos. Agora, a Komatsu apresentou o modelo PC200LC-8 para o mercado europeu. Disponíveis em modelos de 20 t a 22 t de peso operacional, as escavadeiras são equipadas com motores Komatsu SAA4D107E-1, com potência de 138 HP. Em testes, a escavadeira híbrida PC200LC-8 registra uma redução de combustível de 25% a 40% se comparado ao modelo hidráulico.

Liebherr: mercado de gigantes A Liebherr levou à Bauma mais de 60 equipamentos em toda a sua linha para movimentação de solos, concretagem e movimentação de cargas. A estrela da marca foi o maior guindaste sobre esteiras do mundo, o LR 1300, com capacidade de elevação máxima de 3 mil t a 12 m de extensão. O novo guindaste fornece um sistema de comprimento máximo de 246 m, resultado da combinação entre a lança

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principal de 120 m e 126 m de luffing. No segmento de caminhões, outra grande novidade chamou a atenção dos visitantes. Com capacidade para 400 t de carga, o modelo T 282 C é indicado para operações com alto volume de produção, que demandam elevada produtividade. A Vale adquiriu 14 caminhões desse modelo para a operação em Carajás, em um investimento de mais de US$ 100 milhões. Disponível com duas opções de motores – MTU 20V4000 DD (20 cilindros, com 2.800 kW / 3.755 HP de potência) ou Cummins QSK 78 (18 cilindros, com 2,610 kW / 3.500 HP de potência) –, o gigante apresenta velocidade máxima de 64 hm/h (40 mph).

Liugong revela planos para o mercado A LiuGong revelou, na Bauma, seus planos para introduzir novos modelos no mercado. David Beatenbough, vicepresidente da empresa, disse ela está desenvolvendo novos rolos, uma gama completa de tratores e uma motoniveladora nova. A empresa também está fazendo upgrade de uma pavimentadora para exportação, contemplando grandes escavadoras e sublinhando a importância de guindastes móveis, tendo acabado de abrir uma fábrica nova de grua. A empresa planeja, ainda, construir uma planta nova para produção de miniescavadeira, em Changzhou, província de Jiangsu, a 250 km de Xangai. O investimento é de 74,5 milhões de euros e prevê-se que a fábrica irá produzir 10 mil unidades/ano.

New Holland lança nova Série WE A New Holland lançou três novos modelos da sua gama de escavadoras sobre pneus: WE150, WE170 e WE190. Com peso operacional variando de 15 t a 20,4 t, os novos modelos cobrem os segmentos que juntos representam 75% do mercado europeu, agregando, segundo o fabricante, mais confiabilidade, desempenho e estabilidade. Os novos equipamentos podem ser controlados com eficiência apenas graças à nova geração de joysticks. Eles apresentam um curso mais longo, o que aumenta significativamente a contro-


TT Escavadeira WE 170, da New Holland

labilidade e o bom funcionamento. Outra novidade é o aumento do conforto e da segurança nas cabines de comando, graças ao novo design ergonômico, que permite maior tempo de trabalho com fadiga muito reduzida.

Novo guindaste Sany A Sany lançou na Bauma um novo guindaste. O SRC50 RT de 55 t possui uma lança de quatro seções, totalizando 34,5 m, com dois guinchos. O patolamento completo é de 7,2 m. Quando retraídas as patolas, o guindaste fica com 3,1 m de largura. O motor é o Cummins QSB6.7 Diesel, 6 cilindros refrigerado a água. O SRC50 RT possui sistema LMI (Indicador do Momento de Carga) com um grande visor LCD que indica raio, ângulo, altura e peso.

Terex demonstra aplicação de 50 máquinas Com mais de 50 máquinas em exposição, a Terex brindou os visitantes da Bauma com demonstrações ao vivo de novos produtos em vários segmentos: plataformas aéreas, construção, gruas e processamento de materiais. Entre os equipamentos expostos mereceram destaque as plataformas articuladas e o empilhador telescópico Genie; plataforma telescópica S-65 Trax e plataforma elevatória tipo tesoura compacta GS-1932; plataforma elevatória tipo tesoura para terreno acidentado GS-4390RT; nova pá carregadeira de rodas TL310; novos caminhões articulados TA300 e TA400; caminhão de estaleiro TA3.5SH; mini pá carregadeira de rastos PT100 e a escavadora de rodas TW110; novas gruas todo-oterreno AC 100/4 L e AC 1000; grua para terreno acidentado RT 100 e um novo modelo de grua torre com lança móvel; britador Powerscreen Pegson XR400 S; e britador de impacto Powerscreen Pegson XH320 SR.

Volvo provedora de soluções A Volvo Construction Equipment apresentou na Bauma 2010 os seus mais recentes e avançados produtos.

Foram mais de 60 máquinas, além de ampla gama de serviços, que consolidam a empresa como provedora de soluções totais em escala mundial. Um dos destaques na marca foi para a tecnologia de economia de combustível OptiShift, que equipa as novas escavadoras de rodas de maior porte L150F, L180F e L220F. A Volvo expôs quatro novas escavadoras compactas EC na classe de 1,5 t a 2 t, duas novas carregadoras de rodas compactas, L20F e L25F, novos modelos de pavimentadoras e duas novas compactadoras de solo com um tambor. A equipe da Volvo foi treinada para demonstrar todas as formas como os concessionários da marca podem colaborar com os seus clientes no sentido de aumentar a produtividade, maximizar a utilização das máquinas, reduzir os riscos e conter os custos. Foi dado destaque para a grande variedade de contratos de assistência, serviços de análise, implementos, acoplamentos rápidos, peças remanufaturadas de fábrica, equipamento usado com garantia e condições de venda (juros e serviços) fornecidos pela Volvo Financial Services.

XX Empilhador telescópico Genie

Grupo Wirtgen mostra novidades Mineradora de superfície para obras de grande porte; rolos compactadores com visibilidade superior e conceito de manobrabilidade; vibroacabadora compacta para estradas, ciclovias e até projetos de paisagismo. Estas foram algumas das novidades apresentadas durante a feira pelo Grupo Wirtgen, líder mundial no segmento de equipamentos móveis para construção e recuperação de rodovias e formado pela Wirtgen, Vögele, Hamm, Kleemann e Ciber. Foram expostos 75 equipamentos num estande de 9.080 m2. A Wirtgen GmbH, especializada no desenvolvimento e na comercialização de máquinas para extração de matérias-primas minerais, apresentou a mineradora de superfície modelo 4200 SM, ideal para obras de grande porte a céu aberto, com capacidade produtiva de 100 t/h a 3.000 t/h.

TT Linha de equipamentos compactos Volvo

Março 2010 / 43


BAUMA 2010 A Hamm AG, que desenvolve mais de 90 modelos para compactação e investe nas tecnologias exclusivas, como a de compactação por oscilação, levou para o estande 18 novos rolos compactadores. O novo compactador de pneus GRW 280, cujo peso pode variar entre 10 t e 28 t, destaca-se por sua visibilidade superior e conceito de manobrabilidade de compactadores de pneus totalmente inovador. A cabine do controle garante alta visibilidade e conforto ao operador. Para pavimentação asfáltica, a Vögele mostrou a vibroacabadora compacta Super 700, que permite aplicação em obras de médio e pequeno portes, como estradas, ciclovias e até projetos de paisagismo. A Super 700 atende até 3,2 m de largura de pavimentação e seu motor tem 45 kW de potência.

SS Recicladora a frio para pavimentos rodoviários da Wirtgen

TT Guindaste sobre pneus All Terrain da XCMG

Nova linha de guindastes XCMG A XCMG, maior fabricante chinesa de equipamentos de construção e presente no Brasil desde 2005, apresentou seu guindaste sobre pneus All Terrain de 240 t. Esse modelo será o primeiro dessa capacidade que a XCMG estará disponibilizando no Brasil já a partir de maio de 2010, por meio de seu distribuidor oficial GTM Máquinas e Equipamentos. O modelo QAY240 tem lança de 67 m fabricada em aço Weldox 1100, mais 20 m de jib, totalizando 87 m de extensão. É montado sobre seis eixos com peso de 72 t em ordem de marcha, é equipado com motor Mercedes-Benz de 562 HP no carro inferior e motor Volvo de 260 HP no carro superior, transmissão automática ZF, bombas, guinchos e sistema hidráulico BoshRexroth e sistema de controle e limitador de carga PAT Hirschmann. Com a novidade, a XCMG passa a disponibilizar no mercado brasileiro sua nova linha de guindastes tipo All Terrain que são fabricados nas capacidades de 160 t a 500 t, todos equipados com componentes importados e de classe mundial.

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TT Cerca de 200 empresários brasileiros conheceram as novidades em equipamentos da Bauma 2010



PONTE SOBRE O RIO NEGRO

PONTE ESTAIADA NA AMAZÔNIA É A MAIOR DO PAÍS EM ÁGUA DOCE

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TT Construção do mastro central da ponte sobre o Rio Negro, com 185 metros de altura, equivalente a um prédio de 60 andares

A

imponente estrutura se ergue das águas do Rio Negro, no estado do Amazonas, podendo ser vista a uma distância de 30 km. Projetada para promover a ligação de Manaus a Iranduba, na região metropolitana, quando pronta, a ponte vai medir 3.595 m, o que faz com que seja reconhecida como a maior do Brasil, em ambiente de água doce, e a segunda maior do mundo neste segmento, perdendo apenas para a Ciudad Bolivar, que cruza o rio Orinoco, na Venezuela, com 3.600 m. A ponte é construída pelo Consórcio Rio Negro, formado pelas construtoras Camargo Corrêa e Construbase. Em toda a estrutura, com 73 vãos, estão sendo colocadas 246 estacas escavadas e 213 vigas pré-moldadas. Para a construção da parte submersa da ponte foi consumido um volume de concreto equivalente ao estádio do Maracanã. O mesmo volume de concreto foi destinado para a parte sobre as águas do rio. A extensão do trecho estaiado, no vão central, será de 400 m, dividido em duas seções de 200 m, com vão-livre de 55 m de altura, uma de cada lado do mastro principal, concebido para segurar os estais. Esse mastro, por sua vez, terá 185 m de altura (equivalente a um prédio de 60 andares) a partir do nível de água. Esse trecho central será sustentado por 104 estatais, em formato de diamante. Independentemente da cheia ou vazante do rio, o vão-livre central foi projetado para permitir o fluxo de transatlânticos, navios de grande porte que, passando sob a ponte, possam chegar até o arquipélago das Anavilhanas ou outro destino qualquer, sem nenhuma preocupação. Essa cota poderia ser bem menor, reduzindo consideravelmente o custo da obra, mas, por determinação do governo do estado do Amazonas, ela foi mantida para garantir total navegabilidade em direção às cabeceiras do rio. Na vazante, o vão aumenta. Na hipótese de que o rio tenha uma vazante de 10 m, por exemplo, esse número subirá para 65 m. Uma pessoa que se posicionar no ponto mais alto do mastro principal Maio 2010 / 47


PONTE SOBRE O RIO NEGRO

TT Construção do tabuleiro da ponte, na margem direita, em Iranduba

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terá uma visão bem abrangente do cenário local, podendo vislumbrar, de um lado, o Arquipélago das Anavilhanas, paraíso ecológico a 50 km de Manaus, e do outro, o Encontro das Águas, a jusante. A largura total da ponte será de 20,70 m, onde serão dispostas quatro faixas de tráfego – duas em cada pista –, além de faixa de passeio para pedestres em ambos os lados da pista. Justamente no trecho estaiado, a largura será um pouco menor – da ordem de 20,60 m – por conta da colocação dos estais. Os locais de acesso à ponte, tanto do lado de Manaus quanto em Iranduba, foram escolhidos para permitir uma inclinação mínima da rampa de 3,01%, no máximo. Isso permitirá o tráfego de carros e cargas de qualquer porte, sem os problemas verificados atualmente, quando do desembarque das balsas, cuja inclinação não é a ideal para vários tipos de carga.

Situação atual

Os números dão a dimensão da importância do projeto. A estrutura absorveu 138 mil m³ de concreto estrutural e 12.300 t de aço CA 50. O custo do projeto é de R$ 574 milhões, sendo 70% financiada pelo BNDES e 30% bancada pelo governo do estado do Amazonas. No valor estão relacionados os custos de desapropriação e de urbanização dos acessos, nas duas margens. A construção da ponte é hoje o empreendimento que mais emprega mão de obra em Manaus. No pico das obras, no mês de janeiro deste ano, foram gerados cerca de 3.300 empregos diretos. Atualmente, com cerca de 90% de avanço físico, a obra conta com 2.575 colaboradores diretos e gera aproximadamente 8 mil empregos indiretos. As obras avançam em ritmo acelerado e têm conclusão prevista para novembro de 2010. Em janeiro deste ano foi cravada a última das 246 estacas que sustentam a cons-

trução, algumas das quais, de camisas metálicas, medindo até 70 m. Atualmente, os trabalhos se concentram principalmente na concretagem do tabuleiro e na conclusão do mastro principal, que sustentará os estais. Na margem esquerda do rio, onde fica Manaus, já foram concluídos 25 vãos, totalizando 1.125 m de tabuleiro. Também neste trecho avança o trabalho de lançamento de vigas longarinas, para posterior conclusão de toda a concretagem do tabuleiro do lado de Manaus. No apoio central da ponte, foi concluída em janeiro a concretagem da laje de travamento, que servirá de suporte para o mastro central, de onde se originará o tabuleiro que sustentará os dois vãos centrais de 200 m cada um. Já foi iniciada a concretagem da primeira camada para construção do mastro central, que mede 103 m. Na margem direita do Rio Negro, em Iranduba, a 25 km da capital, as atividades se


MILLS


PONTE SOBRE O RIO NEGRO

WW Balsa ADL II, equipada com perfuratriz, em operação de perfuração de rocha no fundo do Rio Negro

concentram na parte viária e na cravação, escavação e concretagem de estacas com camisas metálicas e construção de pilares. Neste trecho já estão prontos 14 pilares. Em cada uma das margens foi instalado um canteiro de obras. Para acelerar os trabalhos, um terceiro canteiro, flutuante, foi instalado ao longo do traçado da ponte, sobre cerca de 50 balsas. No canteiro da margem esquerda foi instalada uma fábrica de pré-moldados, onde são produzidas as vigas longarinas e as pré-lajes ou vigas PI necessárias para a obra. A capacidade de produção da unidade é de aproximadamente 12 vigas longarinas/mês e 380 pré-lajes/mês. Na margem direita serão também fabricadas as vigas longarinas. As camisas metálicas para a estacas são produzidas na margem direita. Atualmente, a travessia do Rio Negro para Manaus é feita por balsas que levam até 40 50 / Grandes Construções

minutos para cruzar de uma margem a outra. Com a ponte, o trajeto levará menos de 10 minutos. A projeção é que a construção receba um fluxo semanal próximo dos 15 mil veículos. No entanto, como a construção foi planejada para suportar o crescimento da região até 2060, seu projeto pode receber o dobro do fluxo de veículos esperado em sua inauguração.

Métodos construtivos

Para acelerar a construção dos pilares da ponte foi adotado o sistema de Formas Deslizantes. A Fordenge foi uma das fornecedoras, disponibilizando formas e realizando o deslizamento de 75 pilares, com alturas variando entre 12 m e 54 m. A concretagem foi executada com uma velocidade média de 25 cm por hora, chegando a 7 m deslizados em um período de 24 horas. Nesse caso, foram empregadas formas metálicas com dimensões retangulares de 7,50 x 3,50 m,

e altura de 1 m, para os pilares do trecho corrente (vãos de 45 m entre eles) e de 5 m de diâmetro e mesma altura para os quatro pilares do trecho estaiado (vãos de 200 m). O Rio Negro, pela sua dimensão, exigiu estratégias de engenharia diferenciadas para a realização da obra. De acordo com o engenheiro Valter Cruz, da gerência de produção da obra e porta-voz do Consórcio Rio Negro, um dos grandes desafios foi o desconhecimento geológico, geotécnico e hidrológico do rio, que resultou em grandes surpresas durante a etapa de fundações. Descobriu-se, por exemplo, que, durante a fase de sondagem, as amostras recolhidas não eram significativas da complexidade do trecho, que alterna camadas de sedimento muito fraco e de baixa resistência com outras onde há ocorrência de arenito, material rígido e de difícil perfuração. Essa constatação exigiu a aquisição, em caráter de urgên-


PROTENSÃO E MOVIMENTAÇÃO EM OBRAS DE GRANDES ESTRUTURAS

Ponte sobre o Rio Negro

Rodoanel Sul – Lote 5 (Consorcio OAS X Mendes Junior X Carioca Eng.)

Fabrica de Papel (Votorantim X International Paper) Construtora Camargo Correa

BARRAGENS: Ijuí Energia S.A. Construtora: Alusa Engenharia

ESTAIS

Rodoanel Sul – Lote 2 – Arcosul (Consorcio Odebrecht X Constran)

MATERIAIS E EQUIPAMENTOS DE FABRICAÇÃO PRÓPRIA

Ancoragens

Ancoragens

Bainha

Bomba Hidráulica

Cunha

Macaco de Protensão

PREPRON – SISTEMA DE PROTENSÃO DESENVOLVIDO NO BRASIL Rua Virgilia Maria de Oliveira Freita, 110 | CEP 19570-000 - Regente Feijó - SP Tel. 18 3279.8220 - Fax: 19 3279.8220 | prepron@prepron.com.br


PONTE SOBRE O RIO NEGRO

XX Secretário René Levy: desconhecimento das correntes e características do leito do rio foi um complicador importante

INVESTIGAÇÕES GEOLÓGICO / GEOTÉCNICAS Empresa Com mais de 10 anos de experiência e uma equipe formada por profissionais capacitados e qualificados, executa serviços de Geologia / Geotecnia em todo território nacional. Tendo como principal objetivo a busca constante da qualidade e o atendimento personalizado a cada cliente, a Geopress conquistou ao longo de sua trajetória não apenas clientes, mas também parceiros de negócios.

PROVA DE CARGA ESTÁTICA

A Geopress possui experiência para a execução dos seus trabalhos, tendo como resultado para o cliente o melhor Custo x Benefício.

ATIVIDADES SONDAGEM ROTATIVA MISTA SOBRE BALSA PARA PROJETO DE FUNDAÇÃO DA PONTE MANAUS – IRANDUBA (RIO NEGRO-AM)

SONDAGEM DE SIMPLES ECONHECIMENTO (BARRAGEM ECLUSA DE LAJEADO – TOCANTINS – TO)

• Sondagens de Simples Reconhecimento em Terra e Mar: • A Trado, Percussão e Rotativa Mista; • Coleta de Amostras Indeformadas para fins Ambientais • Controle Tecnológico de Obras; • Laboratório de Solo e Concreto; • Ensaios Geotécnicos de Laboratório; • Ensaios Geotécnicos e Geomecânicos de Campo São Paulo - SP (11) 2671.7108 / 2672.2285 www.geopress.com.br geopress@terra.com.br

PROVA DE CARGA SOBRE PLACA

ENSAIO SPT-T (TORQUE) - RIO NEGRO - AM


AM

cia, de equipamentos especiais para perfuração e cravamento de estacas em situações mais severas, o que elevou os custos do projeto e ainda impactou seu cronograma original. Durante esse processo, foram escavadas estacas com os mais diversos. Outra dificuldade foi trabalhar sobre a lâmina do rio que, embora não seja muito caudaloso, apresenta grande profundidade, atingindo mais de 80 m em alguns trechos. Para acelerar o processo, foram instalados dois grandes canteiros de obras – um em cada margem –, além de dezenas de canteiros móveis, instalados sobre uma frota de aproximadamente 50 balsas. Sobre as embarcações foram instalados equipamentos como caminhõesbetoneiras, perfuratrizes e guindastes – um deles de grande capacidade, para 300 t.

Nos dois canteiros principais, localizados em terra firme, foram instalados uma usina de concreto, um pátio de fabricação de vigas e duas fábricas de camisas metálicas. A obra exigiu camisas metálicas de grandes proporções. “Nós temos a menor delas em torno de 2 m e 20 cm de diâmetro e a maior, de 2 m e meio de diâmetro. Elas estão cravadas num leito absolutamente desconhecido e com uma força d’água respeitável. Tínhamos pouco conhecimento da corrente e das profundidades variáveis do rio. Isso torna a obra um desafio diário e exige novidades tecnológicas, como a aplicação de blocos de coroamento em casca para suportar a força do Rio Negro e suas cheias”, conta René Levy, secretário da Região Metropolitana de Manaus. O engenheiro Valter Cruz reve-


PONTE SOBRE O RIO NEGRO FICHA TÉCNICA Construção: Consórcio Rio Negro, formado pelas empresas Camargo Corrêa e Construbase Projeto básico: Geométrica Engenharia Projeto detalhado: Enescil Engenharia Gerenciamento e fiscalização: Vetec Engenharia Subempreiteiras Consarg Construtora e Comércio (beneficiamento e aplicação de aço de construção) Prepron Industrial (protensão) Fundesp Fundações Especiais (estacas escavadas de grande diâmetro) Costa Fortuna Fundações e Construções (estacas escavadas de grande diâmetro) Labormix Comércio, Usinagem e Prestação de Serviços (fabricação de concreto) Memps Montagem Eletromecânica e Manutenção (fabricação de tubos – camisas metálicas – para as estacas escavadas Mills Estruturas e serviços de Engenharia (locação de material de cimbramento) Fordenge Formas Deslizantes (fornecimento, montagem e operação das formas deslizantes dos pilares do trecho corrente) Geofort Fundações Ltda. (sondagem em água de grande profundidade) Geopress Sondagens e Serviços (sondagem em água de grande profundidade) Tecnosonda S.A. (sondagem em água de grande profundidade) In Shore Mergulho Profissional (apoio de mergulho) Tecomat Tecnologia da Construção e Materiais (controle de qualidade) Construtora Etam Ltda. (terraplanagem) Instalações provisórias de canteiro: J. Nasser Engenharia (construção civil dos canteiros) e Inhterfasse Ltda. (instalação do canteiro de obras) CSM – Formas e máquinas – fornecimento de formas metálicas para a produção das vigas de concreto. Locação de equipamentos Locar, Topmiasi Transpsortes, Entec Comercial Importadora e Exportadora, CNA Companhia de Navegação da Amazônia, Galo da Serra Navegação (locação de balsas) e Navegação Pimentel (também locação de balsas) Principais fornecedores de equipamentos e materiais Itautinga Agro Industrial (cimento Nassau), Gerdau (aço CA 50 fornecido por meio da empresa Hyssa Abraim e Cia. Ltda.), Bentonita União Nordeste Industrial e Comércio (fornecimento de betonita), Sika S.A. (aditivo para concreto) e Usiminas Siderúrgica de MG/Arcelor Mital Brasil S.A. (bobinas de aço). O concreto é usinado na obra com emprego de duas centrais de concreto de 80- m¢ de capacidade contratadas pela Labormix.

54 / Grandes Construções

SS Flagrante de cravação de estaca no leito do rio

la ainda que, em função dos grandes volumes de concreto necessários para fazer a concretagem das fundações – que às vezes alcançam mais de 90 m de comprimento, demorando cerca de 10 horas para conclusão da operação –, o consórcio Rio Negro optou pela técnica de resfriamento do concreto. A técnica consiste em reduzir a temperatura do material lançado, através da adição de gelo à mistura, em substituição total ou parcial da água da dosagem. A adição do gelo tem como objetivo

principal a redução das tensões térmicas, pela diminuição do calor de hidratação nas primeiras horas. Esse procedimento, além de evitar fissuras, mantém por mais tempo a trabalhabilidade do concreto, gerando uma melhor evolução da resistência à compressão. A técnica permite uma cura homogênea e evita a formação de áreas de fragilidade. O concreto é usinado na obra com emprego de duas centrais de concreto de 80- m¢ de capacidade contratadas pela Labormix.


CSM: FORMAS METÁLICAS PARA A CONSTRUÇÃO PESADA

A construção da ponte sobre o Rio Negro utilizou formas metálicas para a produção das vigas de concreto fabricadas pela CSM, de Santa Catarina. A empresa possui uma ampla linha de produtos, incluindo formas para estruturas pré-moldadas; para vigas e pilares de pontes e viadutos; formas para múltiplas estruturas de concreto para prédios in-

dustriais, comerciais, residenciais e casas; formas para aplicação em estádios poliesportivos; para galerias, dormentes, estacas, aduelas, postes de eletrificação; além de sistemas de produção de lajes alveolares protendidas; centrais de concreto; silos para armazenagem de cimento; máquinas para construção e equipamentos de movimentação. Entre outras grandes obras das quais a empresa participou destacam-se a construção da Arena da Baixada, em Curitiba, na qual foram utilizadas suas formas para a moldagem das arquibancadas; e a obra do estádio João Havelange, o Engenhão, que foi totalmente construído com formas para concreto pré-moldado da CSM. Por meio de sua unidade de movimentação, a CSM-KRAUPP, a empresa também atendeu a outros projetos muito importantes, como a construção da Linha Amarela do Metrô de São Paulo. Para esse contrato foram feitos cerca de 20 equipamentos, entre pontes e pórticos rolantes de diversas capacidades e complexidades. A CSM-KRAUPP acaba de fornecer uma ponte rolante com capacidade de elevação de 90 t e três pórticos, com capacidades entre 10 t e 16 t, para uma hidrelétrica do Panamá (América Central), projetada para resistir a abalos sísmicos de até 6,8 na escala Richter.

A Fordenge Formas Deslizantes, fundada em 1987, foi responsável pelo fornecimento das formas e deslizamento de 75 pilares da Ponte Estaiada sobre o Rio Negro, com alturas variando entre 12,00m e 54,00m. A concretagem foi executada com uma velocidade média de 25,0cm por hora, chegando a 7,00m deslizados em um período de 24 horas. Utilizamos Formas Metálicas com dimensões retangulares de 7,50 x 3,50m e altura de 1,00m para os pilares do trecho corrente (vãos de 45m entre eles) e de 5,00m de diâmetro e mesma altura para os 4 pilares do trecho estaiado (vãos de 200m). Estamos, em breve, terminando este desafio com sucesso e agradecemos a todos que participaram de mais uma etapa de nossa história.

Fordenge Formas Deslizantes Rua Vigário Tenório, 105 – sala 202 – Recife – PE Fone/Fax: 81.3224-0654/81.3224-8369 E-mail: fordenge@fordenge.com.br Site: www.fordenge.com.br


PONTE SOBRE O RIO NEGRO

SS Ponte permitirá levar benefícios da Zona Franca de Manaus a outros municípios da Região Metropolitana

56 / Grandes Construções

A PONTE PARA O FUTURO Mais do que uma obra de engenharia, a ponte sobre o Rio Negro é reconhecida como uma passagem para o futuro e um potencial indutor de desenvolvimento econômico e social. É assim que pensa René Levy, secretário da Região Metropolitana de Manaus. Para ele, a obra fará a economia da região dar um salto. “A ponte modificará a economia no entorno de Manaus. Os 30 municípios vizinhos da capital poderão compartilhar de todos os benefícios que decorrem do projeto da Zona Franca de Manaus, permitindo a geração de emprego e renda para milhares de pessoas. Hoje a área do Polo Industrial de Manaus (PIM) é de 10 mil m2. Com a expansão, esse território passaria para 101 mil m2. O grande ganho seria a oportunidade que as empresas teriam de se instalar nesses municípios, recebendo os mesmos incentivos fiscais que Manaus recebe, assim como já acontece com o município de Iranduba, onde já existem duas fábricas funcionando”, comenta Levy. Além disso, a obra-de-arte tirará a região do isolamento. Ao norte, a ponte facilitará a conexão com Roraima e com os países caribenhos. Ao sul, permitirá a ligação com a BR-319 e o

restante do País por rodovia”, explica. A ligação rodoviária permitirá a integração regional, facilitando o escoamento da produção, otimizando serviços e servindo de incremento para o programa Zona Franca Verde, garantindo assim o desenvolvimento do estado como um todo. A obra viabilizará, ainda, a execução de outros empreendimentos necessários ao desenvolvimento da região, como a construção de dois portos, sendo um em Itacoatiara e outro em Manacapuru. Os dois empreendimentos devem ser os responsáveis pelo ‘desafogamento’ do Porto Privatizado de Manaus. Também está prevista a duplicação das rodovias AM-010 (que liga Manaus a Itacoatiara) e AM-070 (que liga Iranduba a Manacapuru). Com a ponte, os planos com a RMM são ainda mais abrangentes. O secretário explica que também está nos planos a construção de um distrito naval fora da orla de Manaus, com o objetivo de requalificação da orla. “Com isso, estaremos valorizando a orla da cidade, que tem um dos cenários mais feios, em meio ao emaranhado de embarcações desordenadas”, enfatiza.



MÉTRICA INDUSTRIAL - IMPERMEABILIZAÇÃO

Impermea b 58 / Grandes Construções


Métrica industrial Na edição passada, o Métrica Industrial abordou o segmento de impermeabilização no Brasil, descrevendo seu principal mercado – a construção imobiliária – e como os atores envolvidos avaliavam os desafios de crescimento em sua indústria. Nessa parte final, falamos sobre os fabricantes de produtos de impermeabilização, ouvidos pelo Métrica Industrial numa série de entrevistas jornalísticas ao longo do ano passado. A idéia é ampliar a discussão iniciada na edição anterior. Para isso, o primeiro passo é saber como a indústria da construção estima o crescimento para os próximos anos.

Um perfil dos principais fabricantes que atuam no setor

D

e acordo com o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP), os investimentos em construção e engenharia crescerão de R$ 476 bilhões para R$ 625 bilhões em 2010. Somente no setor imobiliário, os recursos em novas obras passariam de R$ 170 bilhões (2009) para R$ 202 bilhões. Como esses dados influem no mercado discreto de impermeabilização, uma área pouco conhecida – e divulgada? Segundo o Instituto Brasileiro de Impermeabilização (IBI), entidade de classe do setor, os reflexos da crise mundial não poderiam ser avaliados no final de 2009 e os resultados

de 2008 são reflexos dos anos anteriores. Ou seja, podemos ter um 2010 com crescimento bem diferente dos dois dígitos apresentados por alguns fabricantes ouvidos pela Métrica Industrial nos últimos dois anos. Sérgio Pousa, diretor da Proiso, e ex-presidente do IBI, acredita que o segmento imobiliário seja o maior comprador de produtos de impermeabilização, seguido pela área de construção industrial, na qual podemos alocar ainda projetos como os de edificação de grandes hipermercados e shopping centers. Em termos de distribuição de mercado, o próprio IBI reconhece uma divisão entre players mais concentrados na área técnica ou profissional e outros focados no varejo. O li-

a bilização

Maio 2010 / 59


MÉTRICA INDUSTRIAL - IMPERMEABILIZAÇÃO mite não é tão forte que não possa haver mudanças. É o caso da Viapol, um dos grandes fabricantes do setor, fundada em 1990 e que entrou no mercado de varejo no começo do ano 2000. Segundo o gerente de marketing Henrique Justi, atender às demandas do consumidor final exige um planejamento bem detalhado, principalmente pelo crescimento médio de 20% ao ano. O mesmo processo foi realizado pela Denver, segundo o diretor Sérgio Guerra. A decisão de abrir o leque de atuação para o mercado do consumidor final aconteceu a partir de 2005. Segundo ele, esse segmento ajudou a Denver a consolidar um crescimento anual entre 20% e 25% em 2008, o que ele considera o melhor ano para o setor de impermeabilização há décadas. A Lwart, com a marca Ciplak, é outro player do setor técnico que migrou para o varejo. O diretor da empresa, Ernesto Monte Neto, lembra que a migração aconteceu depois de longa pesquisa, no final de 2005, mas deu certo. A empresa estima que a área tenha apresentado incríveis 75% de crescimento em 2008, com avanço mais tímido no ano seguinte. A Betumat, atuante na Região Nordeste com produtos impermeabilizantes para o mercado técnico, segue com o projeto de consolidação da sua marca no mercado nacional, implantando recentemente seu moderno Centro de Distribuição no Estado de São Paulo. De acordo com o engenheiro Elton Góes, responsável pelo setor técnico, a necessidade de uma empresa extremamente atuante no mercado técnico impulsionou as vendas na Região Sudeste, forçando a implantação de um centro de distribuição e proporcionando mais capilaridade à distribuição. Também com foco regional e atuação em âmbito nacional, a Reis e Reis promete manter taxas de crescimento de 7% a 10%. Localizada na região do Vale do Paraíba, a empresa otimiza sua distribuição e logística para garantir o market share entre as 10 maiores do 60 / Grandes Construções

País, nos segmentos técnicos e de varejo, como afirma o diretor de Negócios, Marcelo Reis. Em 2010, a empresa deve investir R$ 2 milhões para ampliar seu armazém, dobrar de tamanho e ampliar a carteira de clientes, que atualmente conta com 1.200 nomes. Do outro lado do mercado, a Otto Baumgart sempre marcou presença pela atuação no varejo, segmento em que se define como líder, segundo seu diretor Alexandre Baumgart. A empresa cresceu 17% em 2008. Outro fato marcante foram os investimentos em expansão da planta de Salvador. Baumgart destaca que os estados do Nordeste têm crescido em média 3% acima do índice nacional. O executivo lembra que o varejo tem características de distribuição e marketing que são bastante diferenciadas e que levam tempo para ser aprendidas, o que daria à Otto Baumgart uma vantagem competitiva, estimando seu market share em aproximadamente 65%. A Sika, também tradicional no varejo, destaca outra forma de competitividade: a diferenciação. De acordo com o consultor da empresa, Wadson Marques, o fato de possuir em seu portfólio produtos como adesivos de poliuretano e mantas de PVC permite que a multinacional suíça atenda desde uma impermeabilização residencial a uma estrutura de grande porte de construtoras como a Camargo Corrêa. Tal escopo de atuação tem reflexo nas vendas, que na América Latina cresceram 9,6% no primeiro semestre de 2009, impulsionadas pelo mercado brasileiro. Marques cita como exemplo a impermeabilização do Centro de Convenções do Anhembi, cobrindo uma área de 11 mil m² com mantas de PVC. Especialistas ouvidos pelo Métrica Industrial indicam que a divisão de mercado é mais ou menos tácita: Denver, Viapol, Betumat e Lwart concentrariam o maior bolo no mercado profissional, enquanto Otto Baumgart, Sika e Lwart (Ciplak) seriam os líderes no segmento de varejo. Outros

modelos de ocupação aconteceriam regionalmente, caso da Betumat, mais concentrada no Nordeste, e Dryko, no interior de estados emergentes. Os fabricantes de produtos específicos, caso dos impermeabilizantes acrílicos, ocupariam outro espaço

NICHOS ESPECIALIZADOS Ao contrário dos grandes players, algumas empresas acabaram especializando-se em outros nichos. É o caso da Icoper, cujo maior faturamento vem do mercado técnico, com destaque para grandes construtoras e o setor público, segundo Eduardo Siqueira, responsável pela área técnica da empresa. Fabricante de impermeabilizante acrílico líquido, com solvente à base de água, a companhia vende um produto com vaPRODUTOS MAIS UTILIZADOS MANTA ASFÁLTICA Produção estimada de 22 milhões m² por ano (2008) Crescimento médio em 2008: 8% a 10% Crescimento médio estimado para 2009: 5% FITAS ASFÁLTICAS Mercado potencial consumidor: residencial, principalmente Estimativa do mercado: 1% do total de mantas asfáticas produzidas MEMBRANAS IMPERMEABILIZANTES SINTÉTICAS Produção brasileira: 22 milhões m² por ano Estimativa de crescimento: 8% a 10% MEMBRANAS ACRÍLICAS Produção anual estimada: 720 mil t/ano MEMBRANAS DE POLIURETANO Mercado potencial: edificações mistas Construção civil responde por 70% Indústria aplica 30% EMULSÃO ASFÁLTICA Mercado brasileiro: estável, utilizado em edifícios residenciais e comerciais Potencial de mercado: 15% de crescimento (2009)


lor acima dos tradicionais de mercado. Com planta na Itália, a Icoper defende sua diferenciação pela qualidade. A Effectus, por sua vez, produz membranas líquidas, com maior quantidade de cargas, diferentemente de produtos comuns. O material apresenta a vantagem de economia em face de sua proteção mecânica superior às mantas asfálticas, que são opção às membranas quando a questão é preço. “Devemos entrar também no mercado de mantas asfálticas”, adianta Fábio Luiz Giannattasio, diretor de Negócios, informando que a mudança no modelo de negócios aconteceu em função dos pedidos de seus clientes. Para Paulo Colombo, diretor de engenharia da Quimicryl, a segmentação é uma estratégia importante. A empresa claramente tem um foco no mercado profissional, no qual distribui resinas acrílicas para construção civil, baseadas em aditivação de argamassa. Suas resinas têm um teor de sólidos de 50%, o que conferiria mais qualidade e economia. Os clientes típicos são construtoras que têm a preocupação de evitar futuras patologias de impermeabilização em suas obras, o que leva a demandas judiciais pela responsabilidade civil de quem constrói. Na Faber, o diretor técnico George Miguel de Castro Almeida, acredita na diversificação de mercados: a empresa mantém um equilíbrio entre o segmento profissional e o de varejo (60%), com oferta de produtos com embalagens de 1 kg a 200 kg. O forte da empresa são as membranas impermeabilizantes acrílicas, segmento no qual se posicionaria entre os três maiores do setor.

ATUAÇÃO REGIONAL, MAS DE OLHO EM SÃO PAULO A Betumat, segundo o gerente técnico Élton Goés, é forte no Nordeste, mas o mercado paulista já ocupa mais de 30% do seu faturamento. Atuando tanto no varejo como no setor técnico, a empresa construiu um modelo com lojas diferenciadas, focadas

em consultoria especializada para o mercado profissional. O especialista mantém o otimismo apesar da freada observada a partir de 2008, com reflexos em 2009. Para o especialista, os impermeabilizantes cimentícios e emulsões/ soluções asfálticas com propriedades elastoméricas especiais têm se destacado no mercado. Contudo a praticidade e confiabilidade das mantas asfálticas garatem a continuidade de sua liderança.

REVOLUÇÃO ACONTECEU NA ÚLTIMA DÉCADA Sérgio Pousa se classifica como projetista de impermeabilização, especialização que no Brasil não ultrapassa uma dezena de profissionais. Além de ex-presidente do IBI, ele tem convivido diariamente com projetos e especificação de materiais de impermeabilização, o que permite indicar que estamos vivendo outro marco de mudanças: se há 20 anos as mantas

de EPDM Butil – caras e pouco flexíveis, que precisavam ser moldadas in loco – foram substituídas pelas mantas asfálticas, agora a disputa aumentou. “Embora sejam predominantes, as mantas asfálticas estão sofrendo a concorrência de produtos cimentícios e acrílicos, além de materiais como poliuretano”, explica. Segundo ele, a maior diversificação de produtos também adiciona possibilidades de uso. É o caso das resinas acrílicas que podem ser aplicadas a frio, o que facilita o processo industrial das construções imobiliárias, mantendo cronogramas em dia. A diversificação tem sido acompanhada pelas inovações da indústria nacional, que desde a era Collor tem acrescentado novos produtos, o que desestimulou a intenção de players internacionais de se instalar no País, estratégia que há dez anos parecia ser uma ameaça clara. “Seria difícil concorrer com o cenário de evolução das empresas já implantadas”, finaliza.

OS PRODUTOS MAIS USADOS

Os produtos mais usados 81% usam

62% usam

61% usam 53,5% usam 15% usam

Fita asfáltica Membrana anti-corrosiva a base de poliuretano Membrana impermeabilizante Manta asfáltica

Impermeabilizante acrílicos

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SIDERURGIA

CSA PODE ENTRAR EM OPERAÇÃO EM JULHO COM A CONCLUSÃO DAS OBRAS DOS ALTO-FORNOS, A PRIORIDADE AGORA É A CONSTRUÇÃO DA COQUERIA Reconhecido como o maior investimento privado no setor de siderurgia, no Brasil, com custo estimado em 5,2 bilhões de euros (US$ 7,39 bilhões), a Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), projeto da ThyssenKrupp, em parceria com a Vale – com participações

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de 73,13% e 26,87%, respectivamente –, avança em direção à reta final, com entrada em operação da primeira etapa prevista para julho deste ano. Em maio foi registrado um importante passo nesse sentido, com a conclusão das obras dos dois altos-fornos, considerados

o coração do complexo siderúrgico. Cada alto-forno tem volume interno de 3.300 m3 e capacidade de produção de 5,3 milhões t/ano de ferro gusa e 1,4 milhão t de escória. A montagem foi executada quase que integralmente pela UTC. A CSA está sendo construída em


Fotos: UTC Engenharia/ Divulgação TKCSA

área de 9 km2, no Distrito Industrial de Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio de Janeiro (RJ). A primeira etapa do empreendimento a ser concluída foi o terminal portuário exclusivo, na Baía de Sepetiba, dimensionado receber 4 milhões t/ano de carvão mineral, matéria-prima para a fabricação do aço e para o escoamento de 5 milhões t/ano de produtos siderúrgicos. O porto está sendo usado para receber os equipamentos empregados no transporte de insumos para a produção de aço. A primeira movimentação aconteceu em agosto de 2009, com a chegada de 1.400 t em equipamentos, entre eles três carros-plataformas, cada um com 25 m de comprimento e 150 t, utilizados na transferência do ferro-gusa do alto-forno até a aciaria. Também no ano passado aconteceu no porto a primeira movimentação de insumos, com o desembarque de carvão metalúrgico e carvão térmico para forrar o pátio de armazenamento

SS Construção da coqueria, com capacidade para produção de 2 milhões de toneladas de coque por ano, ocupando área de 370 mil m2

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SIDERURGIA de matérias-primas. Do complexo fazem parte, ainda, uma unidade de aciaria e lingotamento, equipada com dois conversores de 330 t; instalações de metalurgia secundária para a produção de aço de alta qualidade e duas máquinas de lingotamento contínuo; uma coqueria tipo heat recovery, com capacidade para 2 milhões t de coque; e uma unidade de sinterização, dimensionada para produzir 5,7 milhões t de sinter. A estrutura contará também com 20 km de correias transportadoras, que ligarão o porto aos pátios de armazenamento de carvão e minérios e deles às unidades de produção. O sistema de manuseio e transporte da siderúrgica é composto ainda um conjunto de Jetty Conveyors, composto por cinco máquinas Stackers/Reclaimers nos pátios de estocagem de carvão, minérios e aditivos. Também faz parte da estrutura de logística da CSA um ramal ferroviário, ligado às linhas da MRS Logística, por onde chegará o minério, equipada com um virador de vagões. Para gerar a energia necessária para mover esse complexo, está sendo instalada na planta uma usina termelétrica, com capacidade para 490 MW, utilizando basicamente gases de processo – vapor da coqueria e gás da aciaria – para a geração de energia. Quando concluído, o complexo siderúrgico precisará de 3.500 empregados diretos, gerando outros 10 mil postos de trabalho indiretos. Nesse momento, as obras de maior vulto estão concentradas na construção da coqueria, onde cerca de 2 mil homens estão trabalhando sob o comando da UTC. Para a execução das obras da sinterização, altos-fornos, acia64 / Grandes Construções

ria e lingotamento contínuo, a ThyssenKrupp CSA adquiriu tecnologia e equipamentos diretamente dos seus fabricantes, contratando separadamente os serviços de construção civil e montagem. Já para a coqueria foi adotada a modalidade de EPC turnkey. Entre as tecnologias disponíveis, a ThyssenKrupp CSA escolheu a chinesa, do SPCDI, que foi ofertada pelo grupo Citic.

Coqueria produzirá 2 milhões t/ano

Atualmente, a etapa da execução do projeto da CSA que exige maior atenção é a construção da coqueria, onde o carvão mineral é “cozido”, e fornos para perder impurezas e alguns componentes químicos. Nesse processo formam-se os blocos de coque, que depois são queimados a quase 2 mil graus, nos dois altos-fornos, para derreter o minério de ferro. O resultado

SS Cerca de 2 mil homens trabalham em ritmo intenso para permitir que a primeira etapa do complexo da TKCSA entre em operação em julho deste ano



SIDERURGIA é o gusa, que na etapa seguinte será transformado em placas de aço, na aciaria. A ThyssenKrupp optou por adquirir os equipamentos da coqueria junto à Citic International Corporation Co. Ltd., um dos maiores grupos empresariais da China, responsável pela construção do estádio olímpico Ninho do Pássaro, para as Olimpíadas de Pequim. Com capacidade para produzir cerca de 2 milhões t de coque por ano, a planta ocupará área total de 370 mil m2. O projeto prevê a execução de obras civis; execução de fundações dos fornos de coque; fundações e superestruturas de três torres de apagamento (h = 60 m); fundações e superestruturas de seis chaminés (h = 60 m); execução de dois tanques de decantação; fundações e estruturas de duas rampas de coque. Prevê ainda a execução de galerias de transportadores de coque; fundações para trilhos dos carros empurradores; fundações para trilhos dos carros recebedores/apagadores, fundações de transporta-

SS Terminal portuário privativo, dimensionado para receber 4 milhões de toneladas/ano de carvão mineral e exportar 5 milhões de toneladas/ ano de produtos siderúrgicos

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dores de correia; fundações de casas de transferências; e fundações de subestações. Cerca de 1.800 profissionais estão trabalhando na construção da coqueria, incluindo mão de obra dos subempreiteiros. As obras civis foram executadas pela Planar. O cálculo estrutural e a montagem eletromecânica estavam a cargo da Citic. Mas a ThyssenKrupp rompeu o contrato com a empresa chinesa, entregando a obra a empresas brasileiras, alegando atrasos no cronograma de instalação das três baterias de coque e o não cumprimento dos padrões de qualidade requeridos. O projeto foi dividido em três baterias. Cada uma delas tem oito blocos com 18 fornos e 144 câmaras que se situam – de quatro em quatro – debaixo do forno e emitem calor para cozinhar o carvão até virar coque. Todo o material da coqueria – tijolo e argamassa refratários – é importado da China. A ThyssenKrupp já comprou 170 mil t de tijolo refratário para montar fornos e câmaras. Os tijo-

los são numerados para facilitar a montagem da coqueria. A UTC ficou com a bateria e a Teckma ficou responsável pela bateria B. A terceira bateria , e a. Até o final da obra está previsto o consumo de aproximadamente 65 mil m³ de concreto, destinado à construção de fundações de fornos, paredes de contenção e ventilação para 24 unidades; fundações para seis unidades de torres de carvão; fundações e superestrutura para três unidades de torres de apagamento com 60 m de altura; fundações e superestruturas de seis unidades de chaminés com 60 m de altura em concreto armado; duas unidades de subestações de distribuição elétrica; 8.200 m de fundações para os carros empurradores e puxadores de carvão e coque; e fundações para uma unidade misturadora de carvão e periféricos. A execução deve ser concluída em 12 meses e o orçamento para o conjunto de obras é de R$ 106.307.664,91.

Estacas especiais

Para a construção das supe-


restruturas da coqueria (torres de resfriamento e chaminés) estão sendo utilizadas formas deslizantes. E para vencer as condições adversas do terreno – solo de mangue, com pouca estabilidade –, a Planar optou por fazer escavações profundas com o emprego de estacas prancha metálicas, formas industrializadas, corte de armação com equipamentos de última geração, pré-montagem e montagem da armação no campo, com auxílio de guindastes de médio porte. A Franki Fundações e Construção Civil é a responsável pela execução do cravamento especial. O processo construtivo que utiliza estacas prancha metálicas é especialmente recomendado para a execução em solos de baixa consistência. A principal diferença dessa tecnologia em relação às estacas pré-moldadas é a existência de uma base alargada que aumenta consideravelmente a capacidade de carga da estaca, permitindo obter uma mesma capacidade de resistência com profundidades muito menores. No cravamento da coqueria da CSA foram usadas estacas prancha metálicas com base alargada com cerca de 28 m a 30 m de

profundidade. Se fossem usadas estacas convencionais, seria necessário atingir profundidades de cerca de 40 m. A dosagem do concreto utilizado nas estacas prancha metálicas varia de 300 kg a 450 kg de cimento por m3. O adesamento desse concreto por apiloamento enérgico resulta em uma estrutura mais compacta e homogênea, de elevada resistência à compressão, sempre acima de 200 kg/cm². Para a construção da coqueria da CSA, todo o concreto é fabricado no próprio canteiro, em duas centrais. O lançamento é feito por meio de betoneira de 8 m³ e bombas de concreto acopladas em caminhões com lança. Para o estaqueamento da coqueria serão necessários 45 mil m3 de concreto. Cerca de 6.500 estacas foram utilizadas somente na área da coqueria. Se enfileiradas uma atrás da outra, elas atingiriam 265 km de extensão. Além disso, estão sendo colocados 1,2 milhão de tijolos, suficientes para construir 1,6 mil casas populares.


SIDERURGIA

XX Obras do sinterizador, capaz de produzir 5,7 milhões de toneladas de sinter

TECKMA INSTALA SISTEMAS E PARTE DA COQUERIA DA CSA A parceria da Teckma com a ThyssenKrupp-CSA começou em 2008. Entre os diversos contratos firmados, e vejam que já foram mais de 20, alguns merecem destaque, como o implantação do sistema de detecção e combate a incêndio em praticamente todos os prédios do complexo siderúrgico, com foco maior nas subestações elétricas. A detecção é feita por modernos sistemas eletrônicos e por aspiração. O combate é feito por água e por gás inerte (argônio), este último utilizados nas salas elétricas. Todo o sistema segue os princípios das normas VDS e ABNT. Com isto, a ThyssenKrupp-CSA certamente terá a garantia da preservação de seus prédios e a segurança para seus colaboradores. Outro contrato importante sob a responsabilidade da Teckma refere-se às Interligações de Águas Gelada e Potável em vários prédios do complexo. Essa obra tem o objetivo de viabilizar a operação do site como um todo, pois

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os principais prédios (administrativos e operacionais) dependem de água gelada para sistema de ar condicionado e água potável para consumo e operação de sanitários. Neste site, como se já não bastasse a alta temperatura média da região (Rio de Janeiro-RJ), muito prédios receberão caloria do processo fabril do aço. Por isso o sistema de ar condicionado deixa de ser conforto para se tornar condição de trabalho. A Teckma responde ainda pelas instalações elétricas do Slab Yard, considerado o berçário da fábrica. Este é o local aonde chega o produto final. Toda a produção da fábrica irá para o Slab Yard, onde ocorrerá toda a logística de distribuição e/ou armazenamento. Esse contrato contempla todas as instalações elétricas, como: montagem das subestações, montagem eletromecânica de toda a área, inclusive das pontes rolantes, alimentações elétricas das cargas de potência, iluminação e uso geral, e ainda

toda a área de implantação e acesso. MONTAGEM MECÂNICA DA BATERIA B – COQUERIA Em 2010, a ThyssenKrupp-CSA abriu a oportunidade para seus principais parceiros participarem do plano de ação da finalização/construção da coqueria. A Teckma aproveitou a oportunidade, tornando-se responsável pela montagem mecânica da “Bateria B”. Trata-se de aproximadamente 5.500 t de montagem entre estruturas metálicas, dutos e tubulações de grandes diâmetros que farão parte do forno de coque – linha B. “Encaramos o desafio e, com o habitual comprometimento de toda a nossa equipe, estamos trabalhando com total entrosamento entre a engenharia, planejamento e a produção. Assim, estamos atendendo todas as expectativas”, afirma o engenheiro, José Emílio Almeida, gerente geral de Construção da Teckma, responsável pelo site da CSA.


Obras do porto em área de mangue

O terminal portuário exclusivo do complexo siderúrgico foi projetado com dois berços de atracação e um píer, com capacidade para receber navios de até 150 mil DWT. Um dos berços é destinado ao recebimento de carvão mineral e o outro, ao escoamento de placas de aço. Avançando sobre a Baía de Sepetiba, o terminal tem uma ponte de acesso com 3.800 m de extensão e 20 m de largura. Sobre ela foram construídas duas pistas de rolamento para a circulação dos caminhões que transportarão até os navios as placas produzidas na siderúrgica, e uma faixa para o sistema de correias transportadoras que levarão os insumos que chegarão também por navios até os pátios de estocagem. O píer de atracação é situado sobre uma plataforma de 700 m de extensão por 40 m de largura, sobre lâmina d´água de 16 m. XX Gasômetro alimentará usina termelétrica própria, com capacidade para 490 MW, utilizando basicamente gases de processo (vapor da coqueria e gás da aciaria)


SIDERURGIA O consórcio Carioca-Andrade Gutierrez foi responsável, ainda, pela construção dos prédios das estruturas de apoio em terra, formados por escritórios, alfândega, oficinas, almoxarifado, vestiários e cantina.

Sistema de armazenamento e mistura de gases

SS Montagem do Cable Túnel e Cable Rack, para a distribuição da energia consumida no complexo

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As obras, concluídas no início de 2009 pelo consórcio formado pela Carioca Engenharia e Andrade Gutierrez, se constituíram em um grande desafio: vencer as condições adversas da geologia local, já que o terminal portuário, bem como boa parte do complexo, se situa em área de mangue, com terreno de baixa compactação e alagadiço. Com vãos de 17 m de extensão, a ponte de acesso foi projetada com vigas transversais apoiadas sobre três estacas cilíndricas pré-moldadas em concreto protendido, com diâmetro externo de 80 cm e interno de 50 cm, com comprimento médio de 45 m, solidarizadas por uma laje de concreto armado. As estacas foram produzidas em uma fábrica de pré-moldados instalada no próprio canteiro de obras, em área próxima ao local de construção do porto. Em função das características do terreno e das profundidades da lâmina d´água nos locais de implantação das obras, foram empregados dois sistemas construtivos. Como os primeiros mil metros da ponte de acesso estão sobre área de mangue, em terreno sem capacidade de suporte para operação de equipamentos, e a lâmina d´água varia de +1 m a –1,50 m (zona de variação da maré), impedindo a operação de qualquer equipamento flutuante de porte, a opção foi a adoção de construção com Cantitraveller, utilizando guindaste de 300 t de capacidade de carga. Já nos trechos da ponte onde a lâmina d´água permitia a operação de equipamentos flutuantes, o consórcio optou pelo uso de dois bate-estacas flutuantes de grande porte, capazes de cravar estacas de até 62 m de comprimento.

Outra etapa do projeto também concluída foi a do sistema de armazenamento e mistura de gases, a serem consumidos na usina termelétrica, que totalizam uma área concretada de aproximadamente 6.500 m2. Para essa parte do empreendimento, a Delta Construção executou a fundação do pipe rack. Os trabalhos incluíram as escavações manuais e mecanizadas, arrasamento de estacas, execução de formas, fornecimento, corte e dobra de aço CA-50, locação e instalação de chumbadores, aterro até a cota da superfície dos blocos para a construção de blocos e cintas de concreto armado que compõem a estrutura de sustentação do pipe rack com uma extensão de 4.960 m. Foi executada ainda a fundação do Gas Holders (BOF/BFG) & Gas Mixing Station, o que implicou nas escavações manuais e mecanizadas, arrasamento de estacas, execução de formas, fornecimento, corte e dobra de aço CA-50, locação e instalação de chumbadores, aterro até a cota da superfície para a construção de blocos de coroamento e lajes circulares de 62,50 m de diâmetro e 40 cm de espessura de concreto armado. Foram construídas as canaletas de drenagem que circundam as bases dos Gas Holders, fornecimento e instalação de grade selmec sobre as canaletas. Para as fundações do Hot Metal Transport Road foram feitas as escavações mecanizadas, acerto manual do terreno, arrasamento de estacas, execução de formas, fornecimento, corte e dobra de aço CA-50, fornecimento e instalação de juntas de expansão Jeene para a construção de laje com 12.792,67 m2

SODECOIN/SCAC MONTA FÁBRICA DE ESTACAS CENTRIFUGADAS NO CANTEIRO Foram 18 meses desde a primeira estaca cravada dentro da área da ThyssenKrupp CSA em Santa Cruz. Uma jornada de cerca 800 mil m estaqueados que exigiram da Sodecoin a mobilização de todos os recursos disponíveis no mercado para a realização desta façanha. Para garantir uma parceria bem-sucedida com o cliente, em um empreendimento de tanta importância, a empresa buscou a melhor relação custo-benefício, que mais se adequou às características do solo da região. A melhor alternativa foi a adoção das estacas SCAC, que, com sua vasta experiência em obras por todo o Brasil, passou a exercer uma função fundamental na realização das fundações deste empreendimento. Para atender aos grandes volumes demandados pelo empreendimento, a Sodecoin, em parceria com a SCAC, montou uma unidade de produção no canteiro para a fabricação de estacas centrifugadas, produto em que a SCAC é pioneira, a maior especialista no Brasil e uma das mais especialistas no mundo. Milhares de metros de perfis e tubos metálicos foram usados nas fundações do complexo siderúrgico.



SIDERURGIA

XX Sistema interno de movimentação de matéria prima e produtos siderúrgicos, composto por 20 km de correias transportadoras

FÔRMAS DESLIZANTES GARANTEM REDUÇÃO DE CUSTO E DE TEMPO A Brasilos, especialista na execução de grandes estruturas pelo processo de fôrmas deslizantes, executou, em parceria com a Mascarenhas Barbosa Roscoe, uma bateria de silos para a TKCSA. Com a conclusão e sucesso desse contrato, a empresa colaborou com a Planar Engenharia S/A na execução de seis chaminés tronco-cônicas, além de mais três torres de extinção retangulares. As estruturas foram deslizadas com uma precisão que só poderia ser alcançada por uma empresa com tantos anos de experiência como a Brasilos, presente no cenário brasileiro da construção há

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35 anos. Outra participação importante da Brasilos no complexo siderúrgico foi a da execução de um silo de cal retangular, em colaboração com a Crater Engenharia. Neste momento, a empresa está realizando o deslizamento de um silo multicâmara para a Serpal Engenharia. A Brasilos foi uma das pioneiras no Brasil, na introdução desta tecnologia, que assegura redução de tempo e de custos. Ao longo de seus 35 anos de experiência, acumula mais de 1.100 obras executadas, que vão desde reservatórios a grandes barragens.

e 90 cm de espessura em concreto armado. Para a construção da planta de sinterização, a Delta executou as escavações manuais e mecanizadas, escoramento e contraventamento metálico, execução de formas, fornecimento, corte e dobra de aço CA-50, locação e instalação de chumbadores, aterro até a cota da superfície para a construção de blocos e cintas de concreto armado. A planta ocupa uma área total de 4.500 m2. Em abril de 2009, dentro dos prazos combinados com o cliente, a construtora concluiu as obras de dois blocos administrativos, um restaurante, um prédio que abrigou a cozinha industrial, os edifícios Fire Fighting & First Aid e Main Access Control, as fundações para o Hot Metal Transport Road, do Sinter Plant, Pipe Rack e Gás Holders. E tam-

bém construiu os prédios das Subestações B36, B38, B39, B40 e do Central Control Building, laboratório e acessos. Durante as intervenções foram contratados em torno de 1.100 empregados diretos e 500 indiretos. De acordo com a equipe técnica da Delta, os principais desafios do contrato foram relativos às precisões milimétricas existentes nos projetos de montagem mecânica e que foram exigidas nas obras civis, onde os materiais e as técnicas construtivas não permitem alcançar essas precisões. Eles contam que para a execução do projeto foi necessária a adoção de soluções criativas. Uma delas foi o desenvolvimento de um processo para a fixação dos chumbadores nas bases de concreto, utilizando fases de concretagens e materiais da própria obra, o que permitiu manter sua posição dentro das variações máximas permitidas.



SIDERURGIA

XX Fase final da montagem das instalações da Aciaria (dois convertedores) e Lingotamento Continuo de Placas, realizada pela Enesa

Altos-fornos: o coração do complexo

Sob a responsabilidade da UTC, a construção dos altosfornos foi o maior contrato entre os que compõem o complexo, equivalendo a 40% de todo o empreendimento, exigindo a montagem de 24 mil t de estruturas, com 1 milhão m de cabos, 2,5 mil t de tubulação e 20 mil t de equipamentos. Com 95 m de altura, equivalente a um prédio de 30 andares, cada um deles tem capacidade de produção de 7.500 t/dia de ferro gusa. Pela primeira vez foram construídos no Brasil, simultaneamente, dois altos-fornos em uma siderúrgica. Isso exigiu uma logística complexa, tanto de mobilização de máquinas quanto de mão de obra, principalmente pelo fato de o pico da obra ter acontecido em um período em que o mercado de construção no Brasil estava extremamente aquecido, com forte demanda por equipamentos e recursos humanos. A UTC Engenharia assumiu o contrato para a montagem dos altos-fornos em setembro de 2008, quando as obras registravam cerca de 20% de avanço físico, mas encontravam-se muito atrasadas em relação ao cronograma firmado pelo cliente. O principal desafio era recuperar o tempo perdido. O escopo remanescente do

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contrato previa a montagem de 24 mil t de estruturas, com 1 milhão m de cabos, 2,5 mil t de tubulação e 20 mil t de equipamentos. Para ganhar tempo, a UTC elaborou um diagnóstico do status da obra, identificando os motivos do atraso do cronograma, para efetivamente dar início aos trabalhos em novembro de 2008. As análises indicavam a necessidade de uma mudança radical no planejamento e na estratégia de execução da obra. Observou-se, por exemplo, que a mão de obra direta empregada até então não era devidamente qualificada. Trocar todos os empregados – cerca de 3 mil homens –, no entanto, não era a melhor solução. Não havia tempo hábil para isso. A solução foi aproveitar a maior parte daquela mão de obra direta, oferecendo cursos de qualificação, para, gradativamente, ir inserindo nossos profissionais já qualificados. Cerca de 500 profissionais dos quadros da UTC foram acionados como reforço para os recursos humanos encontrados. Essa estratégia deu bons resultados. Ao final do processo, aproximadamente mil homens, remanescente dos 3 mil originais, encontrados no canteiro, foram requalificados e absorvidos pela UTC. Outra preocupação da UTC foi promover a substituição gradual dos fornecedores já

contratados anteriormente, exigindo sua adequação às necessidades do cronograma. Isso demandou uma reengenharia no planejamento da obra. Iniciada essa substituição, a UTC deu continuidade à montagem da estrutura do alto-forno 1, já iniciada, e começou a montar dois blocos do alto-forno 2. A primeira providência foi fazer reparos de soldas antigas, cujos testes com ultrassom apontaram falhas. Com o içamento do último grande conjunto – a galeria 5 do transportador principal, pesando 210 t – no dia 10 de julho de 2009, a UTC antecipou em quase três meses a data da desmobilização do maior guindaste da obra, um Liebherr LR 1800, com capacidade para 800 t e lança de 119 m. Isso permitiu o início das atividades de mecânica do topo do forno, tubulação, hidráulica, elétrica e instrumentação. Outro desafio importante nesse contrato foi a montagem dos regeneradores. Nela foram montadas cerca de 2 mil t de caldeiraria pesada. A estrutura demandou mais de 600 peças de chapas planas de aço, importadas, que foram curvadas e soldadas no Brasil, formando anéis, antes de serem montadas na obra. Para garantir baixos índices de reparos e ganhos de produtividade, durante a finalização de mon-



SIDERURGIA tagem e os testes pneumáticos, foi necessário um complexo trabalho de logística, mudanças nos procedimentos de soldagem e aquecimento. Foram executados cerca de 11 mil m lineares de solda, com espessura média de 22 mm. Os domos que fazem o fechamento dos seis regeneradores, cada um pesando 150 t, foram construídos em uma área de pré-montagem, transportados em linhas de eixo até a área da montagem e içados após a conclusão da montagem das duas câmaras que compõem cada regenerador. A operação foi realizada com um guindaste Liebherr LR 1800. Após os testes de praxe, os seis regeneradores foram liberados para os trabalhos de revestimento refratário.

20 km de correias transportdoras

A MIP foi a empresa contratada pela ThyssenKrupp CSA para a montagem eletromecânica do sistema de transporte interno completo e Jetty Conveyors, para a movimentação dos insumos e produtos siderúrgicos do complexo de Santa Cruz. O sistema é composto por cinco máquinas empilhadeiras/retomadoras (stackers/ reclaimers); pátios para carvão, minérios e aditivos; e 39 correias transportadoras que totalizam mais de 20 km de extensão. Além disso, a empresa montou uma completa rede de utilidades que servirá ao sistema de transporte dos insumos da siderúrgica; instalou a rede transportadora interligando os silos e a torre de transferência; e realocou uma torre de amostragem. O contrato resultou na montagem de 17.826 t de estruturas e equipamentos. Além

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disso, a empresa executou a montagem de seis subestações elétricas, seus painéis, bandejas, eletrodutos e cabos, superando 1.130 t. O trabalho exigiu a mobilização de até 1.300 profissionais, entre mão de obra direta e indireta. O prazo apertado para a conclusão das obras foi considerado a maior dificuldade enfrentada pela empresa. Some-se a isso a dificuldade de mobilização de equipamentos, de mão de obra, por conta do aquecimento do mercado. A grande incidência de chuva na região, durante boa parte de 2008, foi outro complicador. Grande parte da área em torno dos inúmeros canteiros de obras foi transformada em lamaçal, dificultando o acesso de veículos que faziam o transporte de máquinas, equipamentos, materiais e operários. O agravamento das condições adversas do solo, em área de mangue, exigiu reforços para a construção das instalações industriais e a montagem dos equipamentos do sistema de transporte interno. A solução adotada pela MIP foi acelerar o processo de pré-montagem dos equipamentos, a fim de transportálos, em módulos, para as áreas de montagem, na medida em que as obras civis avançavam. A estratégia foi bem-sucedida. As obras foram concluídas antes do previsto, em 31 de agosto de 2009. O êxito foi tanto que a ThyssenKrupp CSA contratou a MIP para a instalação de parte do sistema de umectação dos pátios de estocagem de carvão. O sistema é composto por uma rede de 1.300 m de tubulação de aspersão das pilhas de minério. Com o acréscimo, o contrato foi estendido até 31 de outubro de 2009.

ALTOS-FORNOS EM NÚMEROS

54 mil m² de área reservada à construção dos altos-fornos, equivalente a seis campos de futebol oficiais 3.800 trabalhadores envolvidos 40 mil documentos cadastrados no sistema (desenhos, especificações, procedimentos manuais, etc.) 6 mil refeições diárias 6 mil kVA de potência elétrica instalada para as atividades de montagem, dos dois altos-fornos, o suficiente para iluminar uma cidade de 10 mil habitantes 1.100.00 m de cabos elétricos utilizados para 82 mil ligações e cerca de 11 mil testes elétricos 2.500 equipamentos 20 t de consumíveis de solda/mês 13 mil peças de consumíveis abrasivos/mês 38 mil t de montagem eletromecânica 11 mil t de material refratário Guindastes configurados com lanças de até 130 m 280 t foi a estrutura içada mais pesada, relativa ao painel da estrutura inferior do alto-forno, equivalente ao peso de 350 carros populares 325 km lineares de andaimes, quase a distância entre Aracaju (SE) e Salvador (BA)

SS Complexo é reconhecido como maior empreendimento siderúrgico privado do Brasil, nos últimos tempos, exigindo investimentos da ordem de 5,2 bilhões de euros



SIDERURGIA II

TUPER INVESTE EM LINHA DE GALVANIZAÇÃO E NOVA FORMADORA DE TUBOS

XX Vista aérea das unidades Tubos, Peças e Componentes e Telhas e Perfis

A

Tuper S/A, empresa especializada na fabricação de perfis e tubos em aço galvanizado, para aplicação na construção civil, indústria automobilística e tubos de aço carbono com ou sem costura, está iniciando as operações da linha de galvanização e ampliando a fábrica de tubos de aço, instaladas no seu parque industrial localizado em São Bento do Sul, Santa Catarina, onde fabrica uma variada gama de produtos em aço, como tubos com costura, tubos trefilados, telhas metálicas, perfis estruturais, componentes automotivos e sistema de exaustão veicular. As duas novas linhas exigiram a aplicação de R$ 35 milhões, completando um ciclo de investimentos de R$ 72 milhões, realizados pela Tuper nos últimos dois anos, em suas linhas produtivas. Ambas aumentarão significativamente a presença da companhia catarinense nos diversos mercados onde atua, em todo o País, com a oferta de produtos de alta tecnologia

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e qualidade para os segmentos petroquímico, sucroenergético, automotivo – incluindo também máquinas e implementos rodoviários e agrícolas – e, em especial, o da construção civil, para o qual passa a oferecer tubos estruturais e tubos de condução galvanizados e eletrodutos. A Galvanização, cujos investimentos somaram R$ 20 milhões, tem capacidade instalada para processar 32 mil t/ano de tubos fabricados pela Tuper. Sua estrutura interna é composta por equipamentos de última geração, que lhe capacitam fornecer tubos galvanizados a fogo com tecnologia de sopro para garantir a uniformidade do revestimento e o atendimento às normas. O sistema é complementado por equipamentos integrados para realização de identificação, biselamento, rosqueamento, aplicação de luvas e protetores de rosca, além de embalagem. De ponta a ponta, todo o processo é automatizado. A tecnologia utilizada na unidade foi desenvolvida, em parte, pela pró-


pria Tuper e também adquirida do exterior – Alemanha e Itália. Com a entrada no campo da galvanização, a Tuper estima conquistar, nos próximos dois anos, uma fatia de 20% desse mercado nacional, avaliado em 160 mil t/ano. Os investimentos na nova Formadora de tubos, orçados em R$ 15 milhões, elevarão em 25% a capacidade instalada de produção de tubos da Tuper, que passará de 192 mil t para 240 mil t anuais, o que deverá aumentar de 11% para 15% sua participação no mercado doméstico de tubos de aço. O projeto e o desenvolvimento tecnológico empregados na Formadora foram realizados predominantemente pela empresa. Todos os processos das novas linhas estão certificados pelas normas ISO 9001:2008, ISO 14001:2004 e ISO TS 16949:2009. Os produtos são certificados com as normas ABNT/Inmetro e têm a homologação do CRCC Petrobras e aprovação das principais montadoras automotivas. As duas novas linhas compartilham suas instalações, em terrenos que totalizam 250 mil m2, com as unidades de negócios Tubos, Tubos Especiais e Componentes, Sistemas Construtivos, Tuper Escapamentos e Tuper Exhaust Systems, que, somadas, perfazem cerca de 70 mil m2 de áreas construídas em São Bento do Sul. No município catarinense de Xanxerê, a empresa mantém mais uma unidade industrial de escapamentos e, em Curitiba, outra de artefatos de plástico. Todas as unidades atendem plenamente a severas normas ambientais internas e no entorno de suas instalações. A empresa emprega atualmente 1.778 profissionais, dos quais 65 admitidos recentemente, para complementar o quadro

de colaboradores da Galvanização e da linha de Tubos. A expectativa de faturamento da Tuper, para 2010, é ultrapassar a casa do R$ 1 bilhão. Desenvolver soluções construtivas em aço, fornecendo qualidade, segurança, estética e conforto, também é prática da Tuper. Criteriosa com os padrões de qualidade, a empresa investe em tecnologia aplicada ao produto e conta com modernas perfiladeiras e máquinas para acabamento. Com uma equipe de engenheiros própria, esta unidade também oferece uma maior diversidade de soluções e elabora projetos personalizados, que têm por finalidade garantir a aplicação correta e adequada do produto. A empresa atende às solicitações de engenheiros, arquitetos e decoradores, gerando melhores resultados ao empreendimento futuro.

PRINCIPAIS PRODUTOS Sistemas de coberturas metálicas em aço: Telhas em galvalume®, galvanizadas, térmicas, acústicas, pré e pós-pintadas, decorativas, multidobras, calandradas e perfuradas Perfis estruturais metálicos Peças especiais e complementares, como rufos, cantos, arremates e lanternins Avaliação de projetos e esquemas de montagem Chapas e blanks Os sistemas de coberturas, fachadas ou fechamentos laterais em aço apresentam um conjunto de benefícios à obra, tais como: Versatilidade Agilidade na instalação Excelente resistência estrutural e mecânica Acabamento diferenciado à obra, Beleza Confiabilidade

REOCUPAÇÃO AMBIENTAL

Instalada em meio ao verde da Mata Atlântida e em área urbana, a Tuper tem a preocupação de manter um ambiente em desenvolvimento ecologicamente estável. A empresa possui certificações e conceitos ambientais, como a ISO 14001, que se traduzem nas seguintes práticas: A implantação de uma cisterna permite armazenar 700 mil litros de águas pluviais, que são tratados e utilizados nos processos industriais, deixando, dessa forma, de consumir grande volume de água das reservas do município. Toda a água utilizada nos processos industriais é tratada para ser reaproveitada ou para retornar à natureza corrigida em seu PH, sem nenhum prejuízo ao meio ambiente. Os resíduos gerados nos processos produtivos têm destino adequado, com encaminhamento dos materiais para aterros industriais ou empresas de reciclagem. O processo de vistoria do órgão ambiental responsável é utilizado como ferramenta de melhoria, desencadeando ações preventivas dentro e fora das instalações da empresa. A redução da emissão de gases poluentes e o respeito ao nível de ruído são motivos que influenciam o desenvolvimento tecnológico da produção de sistemas de exaustão. A conscientização ambiental faz parte do dia a dia de cada colaborador e acontece por meio de palestras, informativos e processo de reciclagem.

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AGENDA 2010

DE OLHO NA COPA 2014 E NAS OLIMPÍADAS DE 2016

De 6 a 8 de outubro de 2010 acontecerá no Centro de Convenções SulAmérica, na Avenida Paulo de Frontin, Cidade Nova, Rio de Janeiro (RJ), o Expo Estádio 2010, evento 100% focado em infraestrutura e equipamentos para estádios e instalações esportivas. O objetivo é reunir pessoas e empresas responsáveis pelos investimentos a serem feitos para a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 no Brasil. O evento, que acontecerá paralelamente ao Expo Urbano – exposição e conferências voltadas para a busca de soluções para a melhoria dos espaços urbanos no Brasil – será realizado no rastro do sucesso da o Expo Estádio 2009, que reuniu cerca de 100 expositores de 15 países, em São Paulo. As conferências programadas para o Expo Urbano abordará temas como: Estética, Conforto, Segurança e Bem-estar. A exposição e as conferências englobam planejamento e projeto, construção, equipamentos, manutenção e gestão necessários para se obter o desejado espaço urbano. O Expo Urbano visa às empresas que oferecem produtos e serviços nessas áreas e os profissionais envolvidos no processo de decisão de compra e está focado em áreas externas, tais como ruas, praças,

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parques, jardins, playgrounds, instalações esportivas, praias, áreas recreativas e estacionamentos. O Brasil é sem dúvida o país com as melhores oportunidades para empresas do setor de infraestrutura esportiva nos próximos anos, pelos enormes os investimentos que demandará em construção, tecnologia e equipamentos para instalações esportivas. Além disso, o País exibe uma economia em crescimento e uma população bastante jovem – 62% dos brasileiros têm menos de 29 anos. Esportes e bem-estar físico são elementos muito importantes da cultura brasileira e uma das prioridades do governo. O Brasil é o país com o maior número de quadras esportivas em cidades, parques, condomínios e universidades. Após um turbulento 2009, quando várias empresas adiaram seus investimentos, as previsões para o Brasil em 2010 parecem melhores do que nunca. Com a expectativa de modernização e expansão da infraestrutura de transporte, necessária para o crescimento econômico, o País guarda enormes oportunidades para as empresas do setor. info Tel.: (21) 2233 3684 Fax: (21) 2516 1761 E-mail: info@real-alliance.com Site: www.expoestadio.com.br

BRASIL Site:

www.abes-rs.org.br/qualidade

Junho 19º CONGRESSO BRASILEIRO DE ARQUITETOS – ARQUITETURA EM TRANSIÇÃO. – De 1 a 4 de junho, no Centro de Convenções de Pernambuco, no Recife (PE). Promoção do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) e do Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento de Pernambuco (IAB-PE). INFO Tel.: (81) 3222 1576 E-mail: contato@iabpe.org.br Site: www.19cba.com.br

SEMINÁRIO PATOLOGIAS NA CONSTRUÇÃO – COMO PREVENIR, DETECTAR E REDUZIR GASTOS COM REPAROS. Dia 8 de junho, no Milenium Centro de Convenções, em São Paulo. O seminário tem a proposta de estudar e conhecer as manifestações patológicas na construção civil com origem nas fases de planejamento, projeto, especificação e execução das obras. Busca ainda apresentar e discutir, de maneira prática e objetiva, as causas e as decorrências de patologias a partir de casos reais. Promoção: PiniWeb. INFO Tel.: (11) 2173 2474 / 2173 2465 E-mail: eventos@pini.com.br Site: www.piniweb.com/seminariopatologias

Julho IV CONGRESSO BRASILEIRO DE MND – MÉTODOS NÃO DESTRUTIVOS E II NO. DIG – EDIÇÃO LATINO AMERICANA. Dias 20 e 21 de julho, no Centro


Fecomércio de Eventos, na Rua Dr. Plínio Barreto, 285 – São Paulo. Promoção da Abratt (Associação Brasileira de Tecnologia Não Destrutiva). O encontro irá mostrar que graças à tecnologia não destrutiva é possível realizar obras no subsolo, como instalação, manutenção e reparação de cabos de telefonia, eletricidade, água e gás, por meio de perfuração subterrânea, sem a necessidade de abertura de valas e buracos em vias públicas. A utilização do Método Não Destrutivo tem se consolidado a cada dia nos grandes centros urbanos e a expectativa é de crescimento significativo para os próximos anos. O IV Congresso Brasileiro de MND tem apoio da Sobratema, da Associação Brasileira de Tubos Poliolefínicos e Sistemas (ABPE) e Associação dos Engenheiros da Sabesp (Aesabesp) e acontecerá Hotel Transamérica, localizado na Avenida Nações Unidas, 18.591, Zona Sul de São Paulo. INFO Tel.: (11) 38713626 E-mail: mnd2010@acquacon.com.br Site: www.acquacon.com.br/mnd2010www.19cba.com.br

7ª FEICCAD 2010 – FEIRA DO IMÓVEL, CONSTRUÇÃO CIVIL, CONDOMÍNIOS, ARQUITETURA E DECORAÇÃO – De 22 a 25 de julho, no Maxi Shopping Jundiaí Piso G3, em Jundiaí (SP). INFO Tel.: (11) 4526-2637 Sites: www.feiccad.com.br www.adelsoneventos.com.br

Agosto EXPO CONSTRUIR BAHIA 2010 – FEIRA INTERNACIONAL DA CONSTRUÇÃO – De 17 a 21 de agosto, no Centro de Convenções de Salvador (BA). A Expo Construir Bahia conta com uma série de eventos paralelos. São espaços exclusivos para produtos e serviços para o setor da construção e também fóruns que reúnem grandes nomes do setor em palestras e debates. Promoção e organização: Fagga Eventos. Realização: Sinduscon-BA. INFO Tel.: (21) 3035-3100 Site: www.feiraconstruir.com.br/ba

CONCRETESHOW 2010 – De 25 a 27 de agosto, no Transamérica Expo Center. Ponto de encontro internacional dos principais players da cadeia da construção civil sul-americana. O evento apresenta inovações e tendências mundiais em sistemas e métodos construtivos à base de concreto, trazendo soluções e aumentando a produtividade, qualidade e velocidade na execução da obra. O evento é focado exclusivamente na utilização e na promoção da cadeia do concreto. Realização: Sienna Interlink. INFO Tel.: (11) 4689-1935/Fax: (11) 4689-1926

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AGENDA 2010 CONSTRUMETAL 2010 – CONGRESSO LATINO-AMERICANO DA CONSTRUÇÃO METÁLICA – De 31 de agosto a 2 de setembro, no Frei Caneca Shopping & Convention Center, São Paulo. Organização: Associação Brasileira da Construção Metálica (ABCEM). O Construmetal 2010 conta com o apoio da Associação do Aço do Rio Grande do Sul (AARS), do Centro Brasileiro da Construção do Aço (CBCA), do Instituto Aço Brasil (antigo IBS), do Instituto Latinoamericano del Fierro y el Acero (ILAFA), do American Institute of Steel Construction (AISC ) e do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (INDA). INFO Tel.: (11) 2601 7369 E-mail: imprensa_construmetal@ibradep.com.br Sites: www.construmetal.com.br – www.abcem.org.br

SETEMBRO RIO OIL & GÁS – CONFERÊNCIA E EXPOSIÇÃO – De 13 a 16 de setembro, no Centro de Convenções do Riocentro, Rio de Janeiro (RJ). Principal evento de Petróleo e Gás da América Latina, a Rio Oil & Gas Expo and Conference é realizada a cada dois anos. Desde sua primeira edição, em 1982, a feira e conferência vêm colaborando na consolidação do Rio de Janeiro como “capital do petróleo”, já que o estado concentra 80% de todo o óleo produzido no País, além de 50% da produção de gás. A exposição é uma importante vitrine para as empresas nacionais e estrangeiras apresentarem seus produtos e serviços. A conferência dá a oportunidade de discussão sobre os principais temas relativos às inovações tecnológicas. Promoção: Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP). INFO Tel.: (21) 2112-9000 E-mails: congressos@ibp.org.br riooil2010@ibp.org.br eventos@ibp.org.br_ patrocinios@ibp.org.br_ press@ibp.org.br Site: www.ibp.org.br

EXPO CONSTRUIR MINAS 2010 – FEIRA INTERNACIONAL DA CONSTRUÇÃO – De 13 a 17 de setembro de 2010, em Belo Horizonte (MG). Promoção e organização: Fagga Eventos. Realização: Câmara da Indústria da Construção da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais. INFO Tel.: (21) 3035-3100 Site: www.feiraconstruir.com.br/mg

FICONS – VII FEIRA INTERNACIONAL DE MATERIAIS, EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS DA CONSTRUÇÃO – De

INTERNACIONAL

Junho AQUATECH CHINA 2010/ WORLD EXPO. De 2 a 4 de junho, em Shangai, China. Terceira edição da maior feira de tecnologia da água na China, realizada simultaneamente com a Expo Mundial. Apresenta as melhores oportunidades para se entrar no mercado chinês ou para expandir negócios na China. Promoção e Organização: Amsterdam RAI em parceria com o Ministério Chinês da Habitação e Desenvolvimento Urbano e Rural. INFO Tel.: +86 21 62 70 67 17 Fax.: +86 21 62 70 67 20 E-mail : info@aquatechchina.com Site: http://china.aquatechtrade.com

Agosto 11ª CONFERÊNCIA INTERNACIONAL SOBRE PAVIMENTOS DE ASFALTO. De 1 a 6 de agosto, em Nagoya, Japão. Tema: “Desenvolvimento global sustentável”. Promoção: Japan Road Association (JRA) e International Society for Asphalt Pavements (ISAP). INFO Japan Road Association ISAP NAGOYA 2010 Local Committee Secretariat 3-3-1 Kasumigaseki Chiyoda-ku Tokyo 100-8955, Japan Fax.: +81 3 3581 2232 E-mail: info@isap-nagoya2010.jp; Site: www.isap-nagoya2010.jp

14 a 18 de setembro, no Centro de Convenções de Pernambuco. Realização: Sinduscon-PE.

Outubro

INFO Tel.: (81) 3423-1300 E-mail: ficons@assessor.com.br Site: www.ficons.com.br

e conferência mundial sobre a qualidade da água. De 2 a 6 de outubro, no Ernest N. Morial Convention Center, em Nova

82 / Grandes Construções

83ª WEFTEC 2010. Feira

Orleans, Louisiana, U.S.A. O evento será uma oportunidade de apresentação ao mercado do que há de mais moderno em tecnologia para saneamento e investigação da qualidade da água. INFO Tel.: +44 1206 796351 E-mail: sales@portland-services. com Site: www.weftec.org

Novembro XXXII CONGRESSO INTERAMERICANO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL. De 7 a 11 de novembro, em Punta Cana, República Dominicana. Promoção: Associação Interamericana de Engenharia Sanitária e Ambiental. INFO Tel.: (11) 3812-4080 Fax: (11) 3814-2441 E-mail: aidis@aidis.org.br Site: www.aidis.org.br/htm/esp_ htm/xxxii_congresso.html

BAUMA

CHINA

2010.

De 23 a 29 de novembro, em Shangai, China. No total, 1.608 expositores de 30 países participaram da última versão do evento, em 2008, apresentando ampla gama de máquinas e materiais para construção e mineração, em 210.000 m2 de área de exposição. A Bauma China é a principal porta de entrada para um dos mercados mais fortes e mais interessantes dessa indústria, no momento. INFO Messe München GmbH Bauma China Exhibition Management Messegelaende 81823, Munique, Alemanha Tel.: (+49 89) 949 2025 / Fax: (+49 89) 949 2025 9 Site: http://www.bauma-china.com


STA BARBARA


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