Grandes
Construcoes CONSTRUÇÃO, INFRAESTRUTURA, CONCESSÕES E SUSTENTABILIDADE
Nº 6 - Julho/2010 - www.grandesconstrucoes.com.br - R$ 15,00
A HORA E A VEZ DOS MORROS Obras estruturais devolvem cidadania a favelas cariocas
CONCRETE SHOW 2010
Brasil!
A Sany está chegando! Comprometida com o desenvolvimento do nosso país w w w. s e j a u m d e a l e r s a n y. c o m . b r O Grupo Sany é um dos maiores fabricantes de máquinas para engenharia do mundo, com faturamento de R$ 8,2 bilhões em 2009. Além de equipamentos para concretagem, escavação, elevação, pavimentação, perfuração e sondagem, movimentação de cargas portuárias, mineração e energia eólica, a Sany possui outros equipamentos para promover o desenvolvimento e crescimento do Brasil.
A Sany possui a filosofia de valorizar seus clientes, agregando valores através de um posicionamento estratégico de mercado, aliando produtos de alta qualidade a preços competitivos. Na última decada, a Sany tem crescido 50% anualmente sobre o seu volume de vendas. Seus produtos são líderes de vendas em mais de 110 países.
Em Fevereiro de 2010, a Sany assinou um acordo de investimento de US$ 200 milhões com o Governo do Estado de São Paulo para a instalação de uma unidade fabril, a pioneira no Brasil. Com isso, a Sany visa desenvolver novos produtos de alta qualidade, com grande capacidade de contribuir com o desenvolvimento do país, buscando suprir as necessidades do mercado da construção civil no Brasil.
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ÍNDICE Editorial_ ________________________________________ 5 Associação Brasileira de Tecnologia para Equipamentos e Manutenção Diretoria Executiva e Endereço para correspondência:
Av. Francisco Matarazzo, 404, cj. 401 – Água Branca São Paulo (SP) – CEP 05001-000 Tel.: (55 11) 3662-4159 – Fax: (55 11) 3662-2192
Conselho de Administração
Presidente: Mário Humberto Marques Vice-Presidente: Afonso Celso Legaspe Mamede Vice-Presidente: Carlos Fugazzola Pimenta Vice-Presidente: Eurimilson João Daniel Vice-Presidente: Jader Fraga dos Santos Vice-Presidente: Juan Manuel Altstadt Vice-Presidente: Mário Sussumu Hamaoka Vice-Presidente: Múcio Aurélio Pereira de Mattos Vice-Presidente: Octávio Carvalho Lacombe Vice-Presidente: Paulo Oscar Auler Neto Vice-Presidente: Silvimar Fernandes Reis
PAC Favelas: inclusão social ou “obras para inglês ver”?
Jogo Rápido_ _____________________________________ 6 Urbanização de Favelas_____________________________ 14 No céu do Alemão
Entrevista________________________________________ 26 Ícaro Moreno - A inclusão das favelas
Perfil____________________________________________ 32 Pioneiro do Concreto no Brasil
Concrete Show 2010_ ______________________________ 38
Diretor Executivo
Novas tecnologias para atender a um mercado aquecido
Conselho Fiscal
Métrica Industral __________________________________ 46
Paulo Lancerotti
Álvaro Marques Jr. - Carlos Arasanz Loeches - Dionísio Covolo Jr. - Marcos Bardella - Permínio Alves Maia de Amorim Neto - Rissaldo Laurenti Jr.
Diretoria Técnica
Alcides Cavalcanti (Iveco) - André G. Freire (Terex) - Ângelo Cerutti Navarro (U&M) - Augusto Paes de Azevedo (Caterpillar) - Benito Francisco Bottino (Odebrecht) - Blás Bermudez Cabrera (Serveng Civilsan) - Carlos Hernandez (JCB) - Célio Neto Ribeiro (Auxter) - Clauci Mortari (Ciber) - Cláudio Afonso Schmidt (Odebrecht) - Edson Reis Del Moro (Yamana Mineração) - Eduardo Martins de Oliveira (Santiago & Cintra) - Euclydes Coelho (Mercedes-Benz) - Felipe Sica Soares Cavalieri (BMC) - Gilberto Leal Costa (Odebrecht) - Gino Raniero Cucchiari (CNH) - Ivan Montenegro de Menezes (Vale) - João Lázaro Maldi Jr. (Camargo Corrêa) - João Miguel Capussi (Scania) - Jorge Glória (Doosan) - José Carlos Marques Rosa (Carioca Christiani-Nielsen) - José Germano Silveira (Sotreq) José Ricardo Alouche (MAN Latin America) - Lédio Augusto Vidotti (GTM) - Luis Afonso D. Pasquotto (Cummins) - Luiz Carlos de Andrade Furtado (CR Almeida) - Luiz Gustavo R. de Magalhães Pereira (Tracbel) - Maurício Briard (Loctrator) Paulo Almeida (Atlas Copco) - Ramon Nunes Vazquez (Mills) - Ricardo Pagliarini Zurita (Liebherr) - Sérgio Barreto da Silva (GDK) - Sergio Pompeo (Bosch) Valdemar Suguri (Komatsu) - Yoshio Kawakami (Volvo)
Diretoria Regional
Ameríco Renê Giannetti Neto (MG) Construtora Barbosa Mello Ariel Fonseca Rego (RJ / ES) Sobratema José Demes Diógenes (CE / PI / RN) EIT José Luiz P. Vicentini (BA / SE) Terrabrás Terraplenagens Laércio de Figueiredo Aguiar (PE / PB / AL) Construtora Queiróz Galvão Rui Toniolo (RS / SC) Toniolo, Busnello Wilson de Andrade Meister (PR) Ivaí Engenharia
Pré-fabricado de concreto: um mercado sólido
Artigo_ __________________________________________ 50 Empreendedores, sustentabilidade e pré fabricados em concreto
Energia __________________________________________ 56 Hidrelétrica Serra do Facão entra em operação
Saneamento I_____________________________________ 62 Saneamento em Paranaguá (PR) é exemplo de parceria com setor privado
Saneamento II_ ___________________________________ 66 Prazo curto e canteiros avançados
Máquinas e Equipamentos_ _________________________ 70 Nova filial reforça importância de Minas Gerais na estratégia da Trimak e da Terex
Agenda__________________________________________ 72
Grandes
Construcoes Diretor Executivo: Hugo Ribas Editor: Paulo Espírito Santo Redação: Mariuza Rodrigues Publicidade: Carlos Giovanetti (gerente comercial), Maria de Lourdes e José Roberto R. Santos Operação e Circulação: Evandro Risério Muniz Produção Gráfica & Internet
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Diagrama Marketing Editorial
Produtor: Miguel de Oliveira Projeto Gráfico e Diagramação: Anete Garcia Neves Internet: Adriano Kasai Revisão: Luci Kasai
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ESSÕES
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“Grandes Construções” é uma publicação mensal, de circulação nacional, sobre obras de Infraestrutura (Transporte, Energia, Saneamento, Habitação Social, Rodovias e Ferrovias); Construção Industrial (Petróleo, Papel e Celulose, Indústria Automobilística, Mineração e Siderurgia); Telecomunicações; Tecnologia da Informação; Construção Imobiliária (Sistemas Construtivos, Programas de Habitação Popular); Reciclagem de Materiais e Sustentabilidade, entre outros. Tiragem: 13.500 exemplares Impressão: Parma
Capa: Fusão de maquete digital de estação do teleférico sobre foto aérea do Complexo do Alemão. Capa: Juscelino Paiva Imagens: divulgação Consórcio Rio Melhor
Filiado à:
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A HOR DOS MA E A VEZ
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EDITORIAL
PAC Favelas: inclusão social ou “obras para inglês ver”? A reportagem da revista Grandes Construções subiu o Morro do Alemão, parte de um dos maiores complexos de favelas do Rio de Janeiro, para mostrar aos seus leitores como estão sendo executadas as obras do PAC Favelas. Trata-se de um conjunto de obras estruturais, financiadas em grande parte pelo governo federal, com a proposta de urbanizar grandes bolsões de pobreza, abandonados pelo poder público desde sempre, e adotados pelo poder paralelo do tráfico de drogas. O programa surpreende tanto pelo volume e extensão das obras quanto pelos recursos envolvidos – R$ 1,14 bilhão na primeira fase, com perspectiva de mobilizar mais R$ 1,2 bilhão numa segunda etapa. A princípio, o PAC Favelas é uma oportunidade rara de derrubar as barreiras que separam, isolam e transformam as favelas cariocas em guetos, tornando o Rio de Janeiro uma cidade partida ao meio. Mas o programa está longe de atingir o consenso – político e técnico. Pelo contrário, ressuscita a velha discussão sobre que destino se dar às favelas em todo o País. O principal argumento dos críticos do PAC Favelas é que não se trata de uma política de governo de longo prazo para as favelas brasileiras, com o objetivo de promover a reparação de injustiças sociais, mas de um conjunto de obras de caráter paternalista e clientelista, visando principalmente atender às exigências dos comitês internacionais, organizadores da Copa de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016. De outro lado estão os que reconhecem o que é aparentemente óbvio, mas que nunca virou uma prática dos nossos gover-
nantes: favela é parte indivisível da cidade e qualquer programa de urbanização que venha a ser implementado nela não é mais do que o reconhecimento disso. Vários tratados internacionais, dos quais o Brasil é signatário, reconhecem a necessidade e firmam compromissos de investimentos em obras estruturantes em favelas, em sua maioria com foco na acessibilidade. Numa posição mais extrema, ainda, estão os que advogam com veemência a remoção de favelas, por considerá-las um estorvo para as cidades, estigma que, no período sombrio dos anos 60, justificou a retirada compulsória de mais de 175 mil pessoas das suas moradias, sem nenhuma consulta prévia, para locais estabelecidos pelas autoridades militares da época. No meio dessa polêmica, uma coisa parece certa: transformar esse pacote de intervenções urbanas em um legado real para as próximas gerações, favelados ou não, vai depender acima de tudo da forma como as comunidades carentes vão se apropriar dessa infraestrutura que agora está sendo disponibilizada, como instrumento de reconstrução de cidadania, fortalecimento de auto estima e da vontade coletiva de reescrever suas histórias. Somente isso, associado a uma estratégia permanente de ocupação social dos territórios de exclusão, hoje dominado pelo tráfico de drogas, vai assegurar que as obras do PAC Favelas não entrem para a história como “obras para inglês ver”, caras e ineficazes. Isso só o tempo dirá. Mário Humberto Marques Presidente da Sobratema
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Jogo Rápido ESPAÇO SOBRATEMA A Sobratema é uma entidade voltada aos usuários de equipamentos que atuam nos segmentos de construção e mineração e sua missão é democratizar o conhecimento sobre tecnologia para equipamentos e manutenção entre seus associados, através de programas que incentivem a troca de experiências e promovam o setor. Conheça os programas da Sobratema:
CONSÓRCIO MAG INICIA ESTUDO DE PROJETO PARA A AMPLIAÇÃO DO AEROPORTO DE CUMBICA
M&T EXPO A maior feira do setor de equipamentos para Construção e Mineração da América Latina. M&T EXPO PEÇAS E SERVIÇOS A 1ª edição acontecerá em 2011 com fabricantes de peças das marcas mundiais instaladas no Brasil. Trará componentes de trens de força, de vedações, transmissões, suspensões e molas, sistemas hidráulicos, eletrônicos, material rodante, lubrificação e ferramentas de penetração. www.mtexpops.com.br REVISTA M&T Publicação técnica direcionada a executivos responsáveis pela gestão e manutenção de frotas para construção, mineração, siderurgia, papel e celulose. INSTITUTO OPUS Programa dedicado à formação, atualização e licenciamento de operadores e supervisores de equipamentos. RELAÇÕES INTERNACIONAIS A Sobratema organiza Missões Técnicas para os profissionais da construção e mineração, com visitas aos eventos mundiais mais importantes. TABELA CUSTO-HORÁRIO O associado Sobratema tem à sua disposição recursos para cálculos de custo/horário de diversos equipamentos em diferentes aplicações. ESTUDO DE MERCADO Análises do comportamento dos mercados brasileiro e mundial de equipamentos para a construção pesada. ANUÁRIO DE EQUIPAMENTOS Anuário brasileiro de equipamentos para construção, com especificação técnica das máquinas para as diversas aplicações. Para associar-se acesse WWW.SOBRATEMA.ORG.BR
O consórcio MAG, liderado pelo escritório Biselli & Katchborian Arquitetos Associados, sediado em São Paulo, venceu licitação internacional para a execução do projeto do terceiro terminal de passageiros do Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, na Região Metropolitana de São Paulo. O contrato de R$ 22,6 milhões foi assinado com a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero). A obra faz parte das ampliações aeroportuárias destinadas principalmente a atender os eventos da Copa do Mundo e das Olimpíadas, que irão se realizar em 2014 e 2016, respectivamente. Os estudos preliminares e o projeto básico e executivo ficarão prontos num prazo de 23 meses e incluem o saguão de passageiros, construção do viário www.grandesconstrucoes.com.br
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de acesso, pátio de estacionamento de aeronaves, instalação da rede de queroduto (dutos para o transporte de querosene de aviação), além de obras complementares. Esse projeto subsidiará o edital para a construção do terceiro terminal. O projeto arquitetônico fica a cargo da Biselli & Katchborian (nome fantasia do Gabinete de Projetação Arquitetônica Ltda.), que já atuou nos projetos de ampliação do Aeroporto de Florianópolis e o Teatro de Natal. Compõem ainda o consórcio vencedor a PJJ Malucelli Arquitetura e Construção Ltda. e a Andrade e Rezende Engenharia de Projetos S.S. Ltda., ambas situadas em Curitiba, que respondem pelos projetos complementares (instalações hidráulicas, elétricas e de informática).
Jogo Rápido
ESCOLA LIEBHERR DE OPERADORES DE GRUAS
SS Simulador instalado no centro de treinamento reproduz situações reais, vividas nos canteiros de obras
A Liebherr criou a Escola de Operadores em sua fábrica de Guaratinguetá, no estado de São Paulo. A empresa tomou essa decisão devido à escassez dos recursos necessários para treinar e requalificar operadores de acordo com as normas para operação segura e correta de guindastes de torre, que são um dos principais equipamentos da indústria da construção. Por ser amplamente usado na indústria da construção, a operação correta desse tipo de equipamento é um diferencial para empresas que buscam melhores níveis de produtividade e que precisam cumprir prazos contratuais. A nova Escola de Operadores de Guindastes de Torre da Liebherr oferece dois programas de cursos, que podem durar uma ou duas semanas. A carga horária oferecida é a mínima necessária para habilitar os participantes a operar esse tipo de
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equipamento de forma correta e segura. Os programas de cursos oferecidos são baseados em programas semelhantes, aplicados pelo Ministério do Trabalho Alemão, bem como na NR-18, com foco na operação correta e segura de guindastes de torre. A nova escola possui a infraestrutura necessária para o ensino teórico e prático de operadores em cursos de treinamento e requalificação, bem como para a certificação deles. Um simulador foi instalado para a prática, em condições reais, daquilo ensinado na teoria, em sala de aula. Um guindaste de torre Liebherr também foi instalado no pátio da empresa, para treinamento prático. O equipamento é um modelo 110EC-B, com 26,1 m de altura livre de gancho e 40 m de alcance. Os participantes dos cursos têm a oportunidade de aprimorar seus conhecimentos teóricos e práticos.
LLX contrata obras e equipamento para Porto Sudeste A LLX, empresa de logística do Grupo EBX, assinou os contratos para a implementação do Porto Sudeste, em Itaguaí (RJ). As obras civis, que incluem a construção do pátio de estocagem de minério de ferro, túnel de ligação entre o pátio de estocagem e os píeres e estrutura offshore, serão realizadas pelo consórcio ARG-Civilport. Elas serão desenvolvidas simultaneamente, com prazo de conclusão previsto para o final de 2011. A LLX também contratou a aquisição dos principais equipamentos utilizados na operação do terminal. Foram adquiridos dois viradores duplos de vagões com a Thyssen Krupp e dois carregadores de navio com a ZPMC, empresa chinesa líder no segmento de equipamentos portuários. Os equipamentos importados deverão ser financiados por agências de crédito de exportação. Os equipamentos já adquiridos, e os outros em fase de contratação, possuem cronograma de entrega compatível com o término das obras civis. As aquisições estão dentro do orçamento de R$ 1,8 bilhão previsto para o Porto Sudeste.
Jogo Rápido
CASE CRIA SERVIÇO DE GERENCIAMENTO DE FROTA VIA WEB treinamento virtual no futuro. “Este tipo de metodologia permite a prática exaustiva, a redução do custo de treinamento, acelerando a capacitação, diminuindo o número de máquinas reais envolvidas e minimizando o risco de acidentes”, esclarece Beilke. O monitoramento Systemgard consiste em um programa de análise de fluidos baseado na tendência dos resultados ou histórico, que pode revelar variadas fontes de contaminação, desgaste anormal do equipamento e proteger a integridade do fluido utilizado. Previne danos maiores ao equipamento que opera em condições anormais de aplicação e operação. Permite monitorar níveis de contaminação, elementos de desgaste, níveis de aditivação do óleo, onde são testados mais de 20 elementos químicos. Os resultados são emitidos eletronicamente com precisão, dando recomendações com foco na solução do problema e, caso seja identificado uma falha grave, será emitido um torpedo via SMS para o responsável pela obra. Já o sistema via satélite Globaltracs é um programa com tecnologia avançada de transmissão de informações via celular e satélite que disponibiliza informações em tempo real, como localização, delimitação geográfica, leitura de horímetro, mapas de operação, códigos de anormalidades, telemetria do equipamento, consumo de combustível e informações relativas à operação do equipamento.
Foto: Divulgação
A Case Construction disponibiliza um serviço de monitoramento e gerenciamento da frota de máquinas pela internet, exclusivo aos seus clientes, que pode ser acessado pelo endereço www.casecare.com.br. “O portal tem como foco principal acompanhar históricos de manutenções, monitoramento de fluidos, telemetria via satélite, catálogo de peças, periodicidade de manutenção e, principalmente, disponibilizar um treinamento com realidade virtual para operadores via web”, explica o engenheiro Ricardo Beilke Neto, consultor de Suporte ao Cliente. Segundo Beilke, os recursos contribuem para o aumento da vida útil dos componentes, reduzindo a ocorrência de falhas, eliminação das paradas não programadas e redução de erros de operação, tendo como resultado final a redução do custo de manutenção. “O dono da máquina pode verificar o local exato onde seu equipamento está operando; se está sendo desviado para outras atividades; quanto tempo está sendo utilizado por dia. Enfim, pode fazer o monitoramento completo da máquina.” O programa de Suporte ao Cliente oferece ainda treinamento teórico e prático aos operadores. Por enquanto, o treinamento prático é feito com realidade virtual, em máquinas instaladas nas unidades do Serviço Nacional da Indústria (Senai), mas a empresa pretende que toda a rede de concessionários conte com um simulador de
WW Treinamento de operação de máquina feito em simulador, em unidade do Senai
New Holland fornece 124 máquinas ao governo de Minas A New Holland forneceu 124 máquinas ao governo de Minas Gerais, por meio do Programa Novo Somma Maq, uma linha de financiamento com recursos próprios do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais – BDMG para fornecimento de máquinas aos municípios mineiros. Ao todo, 149 cidades participam do programa, cujo objetivo é modernizar a frota de máquinas das prefeituras do Estado. Parte das máquinas foi entregue em cerimônia pública realizada na Cidade Administrativa do Governo de Minas, em Belo Horizonte, com presença do Governador do estado de Minas Gerais, Antonio Anastasia, e dos prefeitos dos municípios beneficiados. A compra dos equipamentos foi feita por meio de licitação (em pregão eletrônico). Das 124 máquinas, 66 são motoniveladoras modelos RG 140.B, 21 são pás-carregadeiras modelos 12C e sete são tratores de esteira modelo 7D. Tais modelos são empregados na construção e manutenção de estradas e em outros diversos serviços de construção e transporte de materiais. Essa não foi a única compra do atual governo de Minas. Entre 2005 e 2008, mais de 100 equipamentos de construção foram entregues ao Estado pela New Holland, grande parte através do Programa Fundomaq – Fundo Máquinas para o Desenvolvimento.
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Jogo Rápido
Santa Bárbara executará obras de novo hospital em BH A região do Barreiro, em Belo Horizonte, vai abrigar um novo Hospital Metropolitano da prefeitura de BH. A Santa Bárbara Engenharia foi a empresa escolhida para executar a primeira fase do projeto, que consiste na terraplenagem, contenções e estrutura do prédio em concreto armado. Um dos diferenciais da obra é a utilização da laje plana protendida na estrutura do prédio. Na composição do material utilizado há uma redução de aproximadamente 20% no uso de madeira. Este é um método novo e sustentável. Além de a laje plana protendida ter uma execução mais
simples, ela melhora a produtividade. No pico da obra, 350 colaboradores da empresa e terceiros irão atuar no projeto. A expectativa é de que o hospital seja referência para os casos de urgência e emergência na região, dando nova ordenação ao atendimento hospitalar de Belo Horizonte. O novo Hospital Metropolitano atenderá toda a região do Barreiro, que comporta cerca de 80 bairros e 270 mil moradores, além de parte da região oeste da capital e municípios vizinhos. O empreendimento será realizado com recursos dos governos municipal e estadual, com a primeira parte entregue no primeiro
Eletrobras internacional Está em estudo o projeto de uma nova usina hidrelétrica binacional, a ser construída na Argentina, numa parceria entre a Eletrobras e a estatal daquele país Ebisa,segundo informou o superintendente de Operações Internacionais da holding, Sinval Gama. A usina teria 2 mil MW e faz parte do plano estratégico de internacionalização da companhia, que tem como meta elevar para 10% até 2010 a participação dos projetos internacionais nas suas receitas. Além da UHE na Argentina, a empresa possui projetos na Nicarágua, Colômbia, Peru, Guiana, Uruguai e EUA. No Uruguai, está sendo cons10 / Grandes Construções
truída linha de transmissão de 400 km, que liga Candiota (RS) a Punta del’Este. Na Colômbia, o interesse é pela geração hidrelétrica. A companhia está hoje pré-qualificada no leilão que negocia novos empreendimentos hídricos no país. Na Nicarágua, por sua vez, a Eletrobras prevê iniciar no último trimestre deste ano a construção de uma hidrelétrica de 220 MW. Ao todo, serão investidos US$ 600 milhões no projeto, numa parceria com a Queiroz Galvão. No Peru, a companhia está em fase de conclusão do inventário de duas UHEs. A empresa também analisa projetos de transmissão e usinas eólicas nos EUA.
semestre de 2011 e a obra completa deve ser finalizada até 2012. Com 42,3 mil m² de área construída, serão oferecidos inicialmente 240 leitos hospitalares, mas já há a previsão de ampliação para 480. Serão leitos de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), CTI, Unidade de Cuidados Intermediários (UCI) e de observação do pronto-socorro. Os 13 andares do complexo vão abrigar ainda 12 salas de cirurgia, além de área para cirurgia ambulatorial. Todos os atendimentos serão realizados via convênio com o Sistema Único de Saúde (SUS). Será possível receber até 500 pacientes por dia, realizar cerca de 1 mil internações por mês e 50 cirurgias diariamente.
RECONHECIMENTO E GRATIDÃO
(Carta enviada à redação de Grandes Construções pelo calculista José Carlos Sussekind, a propósito da entrevista concedida à jornalista Mariuza Rodrigues, sobre o arquiteto Oscar Niemeyer, na edição de junho.)
Mariuza Rodrigues, Acho que de todas as entrevistas que já dei sobre o Dr. Oscar (Niemeyer) ao longo de quase 40 anos a sua foi a de que mais gostei. E você fez um texto primoroso, cuidadoso, impecável. Tudo o que eu tinha a dizer, por estes 40 anos de trabalho e relação pessoal tão próxima com meu amigo, está dito no seu texto. Nada tenho a acrescentar. Muito, muito obrigado. José Carlos Sussekind
Jogo Rápido
Perdendo a corrida contra o tempo Segundo levantamento realizado pelo Portal 2014, em nove das 12 cidades-sede do Mundial no Brasil, os investimentos da Infraero em aeroportos foram adiados. O valor chega a R$ 3 bilhões, 68% do que será investido na modernização ou ampliação de terminais de passageiros ou na infraestrutura para pouso e decolagem de aeronaves nas capitais da Copa. Números do Ministério do Esporte indicam que 600 mil turistas estrangeiros e 3,1milhões de brasileiros circularão no País durante o Mundial. A questão dos aeroportos é a principal preocupação da Fifa e do Comitê Organizador Local (COL), considerada a principal deficiência do País em termos
de infraestrutura, com constantes atrasos e adiamentos. As três sedes que disputam a abertura do Mundial também não escaparam dos adiamentos. Os aeroportos internacionais de Belo Horizonte (Confins), Brasília (Juscelino Kubitschek) e São Paulo (Guarulhos/Cumbica), que concentrarão a maior parte do embarque e desembarque de turistas ao longo da Copa, têm obras atrasadas. Os aeroportos de Manaus, Curitiba, Cuiabá, Fortaleza, Porto Alegre e Campinas também enfrentam problemas para tocar as obras. Apenas Salvador, Rio de Janeiro (Galeão), Recife e Natal (S. Gonçalo do Amarante) estão em dia com as datas fixadas pela Infraero.
SS Aeroporto Internacional Pinto Martins, em Fortaleza, um dos que estão com obras atrasadas
ANDRADE E VIA VENCEM LICITAÇÃO DO ESTÁDIO DE BRASÍLIA
O consórcio formado pelas construtoras Andrade Gutierrez e Via Engenharia venceu a concorrência para construção do Estádio Nacional de Brasília, que substituirá o Mané Garrincha e receberá jogos da Copa 2014 na capital federal. As empresas apresentaram o menor preço para o empreendimento,
R$ 696 milhões, superando a proposta da Odebrecht e da OAS. O edital estipulava teto de R$ 702 milhões. Ainda há prazo para recursos, mas a Novacap (Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil), empresa distrital responsável pela licitação, acredita que isso não ocorrerá.
PETROBRAS E GE ASSINAM CONTRATO DE US$ 160 MILHÕES A GE Oil & Gas assinou com a PNBV – Petrobras Netherlands BV, subsidiária da Petrobras, um contrato de US$ 160 milhões para o fornecimento de turbinas a gás para geração de energia e equipamentos de compressão. Os equipamentos serão instalados em duas plataformas FPSO no mar do Brasil, ao norte do campo de Parque das Baleias, no Espírito Santo, e no campo de Roncador, na Bacia de Campos. Juntos, contribuirão para a produção de 360 mil barris de petróleo por dia, com início previsto para 2013. Pelo contrato, a GE Oil & Gas deverá fornecer oito conjuntos geradores compostos de
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turbinas a gás 31.1 MW PGT25+ e 12 conjuntos de motocompressores (LP ou HP) para as duas plataformas com uma pressão de descarga de 200 bar para reinjeção de gás natural. A GE Oil & Gas irá fornecer geradores e motores elétricos para os projetos P58 & P62, ambos fabricados no mercado brasileiro, contribuindo para o conteúdo local
dos projetos. Além disso, a empresa prestará supervisão técnica para a instalação, início das operações e treinamento de suporte para as plataformas. Os equipamentos serão fabricados em Florença, na Itália, sendo que todos os testes de plena carga e de desempenho serão realizados no centro de produção da GE em Florença e Massa, ambos na Itália. TT Plataforma tipo FPSO: contrato com a GE Oil & Gás permitirá a montagem de duas unidades
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URBANIZAÇÃO DE FAVELAS
NO CÉU DO ALEMÃO
Implantação de sistema de teleférico em favela carioca é campo experimental para o uso de novo sistema de transporte coletivo, abrindo caminho para intervenções sociais numa das áreas mais violentas do
Rio de Janeiro
Mariuza Rodrigues A montagem do sistema de teleférico ligando cinco morros do Complexo de Favelas do Alemão, no subúrbio do Rio de Janeiro está praticamente concluída, com finalização do cabeamento. A instalação das cabines e o início da fase de testes deverão acontecer em setembro. São 3,4 km de extensão de linhas e seis estações, com integração
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com o sistema ferroviário na estação de Bonsucesso, ligando-a aos morros do Adeus, da Baiana, do Alemão, Itararé e Fazendinha. O percurso, que quando feito a pé é coberto em 1 hora e meia, de um extremo ao outro, passará a ser feito em apenas 20 minutos. O serviço será realizado por 152, atendendo a aproximadamente 30 mil pessoas/dia.
(Emop). O censo revelou que apenas 29,9% dos moradores têm acesso a sua casa por rua onde passam automóveis. O acesso através de rua onde passam apenas pedestres é a realidade de 25,7% dos moradores, outros 22,9% precisam subir escadarias e 16,9% passam por becos. A preocupação em ouvir e entender a cultura dos habitantes revela-se no desenvolvimento dos projetos arquitetônicos: os conjuntos habitacionais procuraram reproduzir a cultura de moradia local, em termos de divisão dos espaços e até mesmo de elementos decorativos. O trabalho dividiu-se em duas etapas principais. Primeiro a gestão de impactos das intervenções, que tinha como objetivo reduzir os impactos negativos junto à população, causados pelos transtornos das obras, a interrupção temporária de serviços e às realocações. Em segundo, a ampliação ao máximo os impactos positivos, como a educação ambiental, a geração de trabalho e renda, e os efeitos da melhoria infraestrutura e nos serviços aos cidadãos. E por fim, o estímulo ao processo de desenvolvimento sustentável, com o propósito de criar condições de mobilização e organização, a partir da gestão compartilhada e de um plano de ações, entre outras iniciativas. Ao entrar no segundo semestre do ano, a maior parte das obras está pronta, ou em fase final. No caso do teleférico, falta ainda a conclusão de alguns sistemas de cabeamento, e do próprio acabamento de algumas estações, para dar início à fase de testes operacionais até setembro. O objetivo é que até o final do ano, ele seja inaugurado e colocado finalmente à prova. Fotos: Sérgio Cardoso
Imagem: Divulgação
SS Maquete eletrônica de estação de embarque do sistema de teleférico, eu serve ainda de base para a oferta de diversos serviços públicos
Executada com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a obra está a cargo do consórcio Rio Melhor, liderado pela construtora Norberto Odebrecht, e que inclui ainda as empresas OAS e Delta. O sistema deverá ser operado pela Supervia, concessionária dos trens metropolitanos do Rio de Janeiro, e que deverá manter uma tarifa social. As estações terão bilheteria, roletas e funcionários para apoiar o embarque, já que as cabines não chegam a parar nos pontos. Quando chegam à estação, elas mantêm a velocidade reduzida e passam bem devagar. Cada cabine têm capacidade para 10 pessoas: oito sentadas e duas em pé. As cabines circularão com velocidade de 5m/s numa altura média de 30 metros, equivalente a um prédio de 10 andares. Todo o sistema é sustentado por 49 torres de concreto, distribuídas ao longo do percurso com alturas entre 12 m e 40 m de altura. Apesar da altitude, o transporte é considerado seguro e só é paralisado em casos de condições climáticas desfavoráveis, como ventos fortes e tempestade. O projeto do teleférico faz parte de modelo global de intervenção social apelidado de PAC Favelas. Como parte deste programa, já foram entregues 728 unidades habitacionais, um Complexo de Atendimento à Saúde (CAS), uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) 24 h, áreas de lazer e esportiva, o Centro de Educação Tecnológica e Profissionalizante (Cetep). Também foram concluídas as obras do Colégio Estadual Jornalista Tim Lopes, uma homenagem ao repórter investigativo assassinado por traficantes de drogas, na Vila Cruzeiro, uma das 16 favelas integrantes do Complexo do Alemão, em 2 de junho de 2002. O projeto inclui ainda obras de drenagem e pavimentação e, por fim, a recuperação ambiental na Serra da Misericórdia, com o intuito de transformá-la em uma área de lazer e de preservação ambiental. Considerando todos os investimentos federais, estaduais e municipais, a soma de investimentos no Complexo do Alemão chega a R$ 601,7 milhões, algo inédito no País até aqui. As obras estruturais são vistas como oportunidade para a transformação da realidade do Complexo. A redução dos problemas de acessibilidade, mobilidade e integração territorial aliam-se a ações de apoio à geração de trabalho e renda, ações de capacitação profissional, melhorias educacionais e incentivo ao empreendedorismo. Para determinar essas demandas, o projeto calcou-se inicialmente na realização de um censo comunitário, que definiu os perfis-econômicos dos moradores locais, realizado pela Empresa de Obras Públicas do Estado do Rio de Janeiro
SS Eduardo Poley Peçanha, gerente de Engenharia do Consórcio Rio Melhor
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URBANIZAÇÃO DE FAVELAS WW Obras de instalação de parte das 49 torres de concreto que dão sustentação aos cabos do teleférico
Todo o sistema dos teleféricos é fornecido pela empresa francesa Pomagalski (Poma). Mas o modelo de implantação, e principalmente, a experiência de implantar um sistema de transporte de massa deste tipo numa comunidade carente e violenta, a partir desse conjunto de intervenções, veio de Medellin, na Colômbia. A inovação brasileira, entretanto, está na dimensão do sistema, 3,4km implantados de uma só vez, com trajeto em curva e a integração a estação ferroviária de Bonsucesso. Além de reduzir em ¾ o tempo para o vencimento do trajeto,– o sistema permitirá maior integração dessas comunidades, que por si só já é um fator de maior desenvolvimento social.
Obra de arte em meio a casebres
Como ainda não está em funcionamento, a primeira coisa que chama a atenção são as estações, em meio à paisagem típi-
16 / Grandes Construções
ca das favelas. Junto a elas estão circunscritas diversas outras construções, como conjuntos habitacionais, escolas, unidades de atendimento médico, biblioteca, áreas de lazer. As estações servirão como base para a oferta de serviços públicos, como atendimento jurídico, biblioteca, atendimento de saúde, áreas de lazer, orientação profissional, qualificação, geração de renda. Por isso são estruturas de porte considerável e quando se olha em volta e vê-se a inexistência de acessos pavimentados que levassem até essas edificações – a não ser pela única e recente via que para isso foi construída – aí sim, é possível se dar conta do desafio das construtoras em montar o quebra-cabeça do sistema de teleférico do Complexo do Alemão, uma “cidade” de mais de 300 mil habitantes, distribuídos por 16 comunidades. Eduardo Poley Peçanha, gerente de en-
genharia do Consórcio Rio Melhor, que reúne as construtoras Odebrecht, OAS e Delta Construção, diz que, ao contrário do que ocorre normalmente em uma obra, quando se tem as informações ou buscam-se as informações referentes ao solo, ali isso não foi possível de ser feito, mas somente à medida que casas eram desapropriadas e demolidas. “Nós tínhamos que esperar a abertura de brechas na comunidade. Isso ia acontecendo somente aos poucos, em pontos espaçados. Quando conseguíamos, aí sim, era colocado ali um ponto de sondagem para o estudo e mapeamento do solo. No entanto, não era na velocidade que precisávamos. Assim, esse trabalho ia sendo feito em etapas, sem muita conexão um com ou outro, até que pudéssemos juntar o conjunto de informações num corpo só”, diz Poley. Ele lembra ainda da necessidade de adaptar ao cenário local, buscando soluções até então inusitadas como contar com o calculista no próprio campo, que ia fazendo os trabalhos de cálculo in loco, na medida em que se “ganhava” literalmente terreno. “Foi uma engenharia feita muitas vezes no próprio campo, que precisou ser acompanhada de perto. Realmente, foi um desafio para todos nós”. Isso era somente o início das dificuldades. O outro seria a própria logística de transporte de materiais, pois não dava para esperar até que fosse possível fazer a abertura na favela para a construção das vias até as cumeeiras dos morros. Assim, foram buscadas as indicações da própria comunidade, que orientavam quando ao melhor trajeto a ser realizado. Até onde era possível, eram empregados caminhões de pequeno porte. Noutras circunstâncias, só era possível subir o material utilizando uma retroescavadeira. E em outras, o transporte teve de ser feito pelos próprios trabalhadores. Na estação da Fazendinha, por exemplo, dada a impossibilidade de subir o caminhão betoneira, optou-se por executar o concreto no próprio local.
URBANIZAÇÃO DE FAVELAS XX Instalação do sistema de roldanas do teleférico, com tecnologia francesa
Marcos Vidigal do Amaral , gerente de Contratos da Odebrecht, reconhece que um grande desafio do empreendimento tem sido a logística difícil da região e a atuação em locais praticamente inacessíveis. “É um caso único, não existe modelo a ser copiado. Isso faz com que as equipes exercitem ao máximo as questões relativas ao planejamento e aos suprimentos de mão de obra, materiais e equipamentos nas diversas frentes de serviços instaladas.” Ele lembra ainda que a quantidade e diversidade de interlocutores (governos Federal e Estadual, Ministério das Cidades, Caixa Econômica Federal, Órgãos de Controle externo, prefeitura secretarias de estado, concessionárias de Serviços Públicos, etc) faz com que os procedimentos ficarem lentos, ampliando em muito a necessidade de se antecipar aos fatos. “Podemos dizer que o sucesso deste empreendimento deve-se ao engajamento de todas as equipes envolvidas, sejam públicas ou privadas.”
Um sistema viário 0 km
Ao todo foram construídos 30 km de vias. No Morro do Adeus, houve a continuação da rua Pedro Avelino até alcançar a estação do teleférico. No Morro da Baiana, a rua Itajubara foi alargada dando abertura até a estação. Duas novas grandes avenidas deverão surgir no Morro do Alemão, a Avenida Central e a rua Floresta. A comunidade do Itararé ganhou uma nova rua e melhorias em outras quatro. “Em termos de tecnologia, não há surpresas. A questão foi realmente abrir espaço dentro dessas comunidades para dar andamento a essas obras”, relembra Poley. A construção do teleférico do Alemão, por sua vez, contou com a experiência da Odebrecht em Caracas, onde também foi construído um sistema de 1.700 m na comunidade de San Augustin. Mas as dimensões no Alemão são bem maiores. As estações distribuem-se em duas estruturas autônomas, a de sustentação do teleférico, com 25 pilares de concreto, além das res18 / Grandes Construções
SUMÁRIO EXECUTIVO DO COMPLEXO DO ALEMÃO Contratante: Empresa de Obras Públicas do Rio de Janeiro (Emop) Consórcio Rio Melhor: Construtora Norberto Odebrecht, Delta e OAS, gerenciamento Concremat Localização: XXIX Região Administrativa do Município do Rio de Janeiro. Bairros do Entorno: Ramos, Inhaúma, Bonsucesso, Olaria, Engenho da Rainha, Del Castilho. Ocupa a porção Leste da Serra da Misericórdia sendo constituído por 12 comunidades: Morro do Alemão, Adeus, Baiana, Grota, Nova Brasília, Alvorada/Cruzeiro, Itararé, Mineiros, Pedra do Sapo, Joaquim de Queiroz, Palmeiras e Alto Florestal. Objeto do Contrato: Projeto Executivo; Execução de obras, reformas e urbanização integrada; Trabalho Social; Regularização Fundiária. Valor: R$ 493.333.505,49 População atingida: Aproximadamente 120 mil habitantes do Complexo Empregos diretos gerados: 3.500 Área de Intervenção: 1.813.210 m² Sistema de telérico: 6 estações, sendo uma intermodal integrada aos sistemas ferroviário e rodoviário; 3,5 km de extensão integrando o Complexo; capacidade de transporte de 3 mil passagei-
ros/hora a velocidade de 5m/s; tempo de percurso de aproximadamente 15 min; 152 gôndolas com capacidade de 10 passageiros. Unidades Habitacionais: construção de 920 Compras assistidas de residências: viabilização de 862 Construção equipamentos comunitários Escola de Ensino Médio e Referência: 4.998,26 m²; Centro de Referência da Juventude: 1.636,73 m²; Centro Integrado de Apoio à Saúde: 6.774,17 m²; Centro de Geração de Renda: 507,74 m²; Área de Apoio Esportivo: 87,05 m²; Centro de Apoio Jurídico: 542,42 m²; Centro de Serviços: 191,00 m²; Biblioteca: 1.185,00 m²; Prédio da Administração do Parque da Serra da Misericórdia: 167,37 m². Recuperação Ambiental da Serra da Misericórdia Obras de Infraestrutura: Sistema de Esgoto Sanitário, Sistema de Água Potável, Redes de Drenagem, Redes de Iluminação Pública e Pavimentação de Vias Arteriais, Locais, de Serviço e Passeios.
ponsáveis pela estação propriamente dita. Essas torres têm como principal diferencial pilares circulares, que contaram com a utilização de um conjunto especial de formas. Construídas parte em concreto e parte em estrutura metálica, medem entre 12 m e 40 m de altura. Para sua execução, foram desenvolvidas um tipo de fôrma para atender aos diâmetros de 2,5, e 2,8 m dos pilares. Essas estruturas apresentam dimensões variadas em torno de 60 m³ de concreto e 10 t de aço, com estacas de 5 a 20 m de profundidade. Para sua execução foram empregados estacas raiz para solicitações diversas de tração, compressão, torção e flexão. Já as torres variam de 8 a 37 m a parte metálica, que empregou aço patinável, com peso médio de 18 t por torre. A parte em concreto dessas torres chega a 5 m e em alguns casos em 13 m. O engenheiro Poley conta que uma preocupação foi realizar a compatibilidade estrutural dessa estrutura com a estrutura própria do teleférico, a fim de se alcançar a cota correta. “Alguns momentos, e esforços transferidos para o solo, eram de ordem de grandeza nunca antes praticados pelos nossos parceiros projetistas. Isso assustou um pouco num primeiro momento. Por isso, fizemos algo que já é comum, como a contratação de uma consultoria externa para fazer a verificação dos cálculos. Mas em paralelo, como o fornecedor das cargas era a empresa que forneceu o teleférico, francesa, e nem teríamos como condições avaliar esses valores aqui no Brasil, contratamos uma consultoria francesa especialista em engenharia de cabos para fazer essa checagem e todos os dados de entrada. Ou seja, tivemos o maior cuidado possível na execução dessa estrutura e o resultado pode ser considerado excelente, de alta segurança. Os cabeamentos já estão concluídos e paralelamente ao cabo-guia foram colocados fios ópticos, que vão repassar dados entre as estações e permitir que o sistema funcione sem falhas, além de representar uma conectividade inexistente para aquela região. As 152 cabines começaram a acopladas aos cabos.
Conjuntos habitacionais em 45 dias
Uma das questões fundamentais era oferecer a solução rápida para os moradores que estavam sendo retirados de
suas habitações, numa matemática exata, para evitar ao máximo possível reclamações e a oposição da população local. Um dos últimos conjuntos concluídos no Alemão, na 1ª etapa do PAC está na antiga fábrica da Poesi, em que se aperfeiçoou o projeto dos conjuntos, com maior ênfase em paisagismo e áreas livres. No local, toneladas de lixo foram retiradas, até chegar-se ao solo. Só que, num dia tirava-se todo o lixo, e no outro, a população já tinha depositado o lixo, novamente. Ao lado está construído uma escola e uma Unidade de Atendimento Emergencial de Saúde (UPA), instalações que dificilmente seriam associados à paisagem da favela. Mas é. Estão tão entranhadas na favela que nem dá para colocar ali moradores que não sejam de lá, conhecidos e conhecedores da realidade local. Ainda com as melhorias viárias, e redes de coleta de esgoto e de serviço de água, somam-se assim um universo de quase 6 mil residências diretamente atingidas pelas obras. Assim, um dos maiores problemas da comunidade, que residia na coleta do lixo, poderá ser solucionado. Sem serviços municipais, a população acaba fazendo lixões em qualquer parte.
Métodos construtivos Tendo em vista o curto tempo, o consórcio buscou sistemas construtivos que permitissem a execução das obras dos conjuntos com qualidade e velocidade. A decisão, no caso do Alemão, foi pelo emprego do sistema de montagem por paredes de concreto com formas de alumínio, que já havia sido desenvolvido e empregado pela empresa Bairro Novo, do grupo Odebrecht. O método de construção não exige trabalhadores especializados e ainda oferece baixa geração de resíduos. Entre o início da montagem e o término da obra, levava-se 45 dias, destaca Poley. “Uma vez montadas as estruturas, era só entrar com as instalações elétricas e dar o acabamento final. Além disso, as formas de alumínio podiam ser reaproveitadas em outros empreendimentos. E o resultado ficou excelente, um apartamento de um bom padrão de qualidade”, destaca o engenheiro. Julho 2010 / 19
URBANIZAÇÃO DE FAVELAS
ENGENHARIA SOBE OS MORROS DO RIO PARA RECONSTRUIR CIDADANIA Obras de reurbanização de favelas no Rio é vitrine do PAC O conjunto de obras no Complexo do Alemão é parte de um programa ainda maior, que se convencionou chamar de PAC Favelas. Trata-se do maior programa de intervenção urbanística em curso no Brasil, com investimentos totais da ordem de R$1,14 bilhão, sendo 75% em recursos do governo federal, 20,5% do governo do estado do Rio de Janeiro e 4,5% da prefeitura. Do ponto de vista político, esta é a principal vitrine social do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal, tendo como meta a urbanização, o saneamento e a concessão de moradias dignas para os habitantes de regiões antes abandonadas pelo poder público, com elevado índice de pobreza e violência. Para se ter uma ideia, somente no Rio de Janeiro, o valor total do programa é quase o dobro do que o governo do estado colocou na despoluição da Baía de Guanabara (R$ 632 milhões), ao longo de 13 anos. Cinco favelas cariocas de grande porte e visibilidade – Complexo do Alemão, Manguinhos, Borel, Rocinha e Pavão/Pavãozinho, foram contempladas com o conjunto de intervenções. Outras três comunidades carentes, de menor porte, mas vizinhas a regiões valorizadas, de classe média, também foram escolhidas para receber obras de infraestrutura. São elas a Vila Rica de Irajá (Acari), Parque João Paulo II e Parque JK (Andaraí). Numa segunda etapa, outras oito comunidades carentes serão beneficiadas com obras estruturais, em projetos que somam cerca de R$ 1,2 bilhão. O conjunto de obras está sendo apelidado de PAC Favelas 2. São elas o Complexo da Penha, Jacarezinho, Kelson, e morros da Mangueira, Borel, Coroa, Andaraí e Chapéu Mangueira. 20 / Grandes Construções
Complexo do Alemão, projeto exemplar
De todos esses projetos em andamento, o mais relevante, tanto em termos de alcance social quanto em volume de recursos é o Projeto de Urbanização Integrada do Complexo do Alemão, com orçamento de R$ 601,7 milhões e previsão de conclusão no segundo semestre de 2010. As obras estão a cargo do Consórcio Rio Melhor, composto pelas construtoras Norberto Odebrecht, OAS e delta. O projeto, desenvolvido pelo arquiteto Hamilton Cazé, tem como meta a construção, regularização e reforma de 8,6 mil unidades habitacionais, instalação de rede de saneamento básico, drenagem de águas pluviais, contenção de encostas para evitar deslizamentos, construção ou alargamento de sistema viário,
construção de escolas, postos de saúde e complexos esportivos e de lazer e instalação de sistema de coleta de resíduos sólidos. No local conhecido como Serra da Misericórdia será construído um parque público com quatro quadras poliesportivas, um campo de grama sintética e duas pistas de skate. Mais de 1 milhão de mudas de vegetação nativa serão plantadas e será construído um lago artificial de 77 mil m². A área que passará por recuperação ambiental é de três milhões de metros quadrados. Serão construídos dois edifícios para administração do parque e um centro de reciclagem. Tais intervenções deverão melhorar os padrões de vida dos cerca de 300 mil habitantes do complexo, segundo estimativas do IBGE. Para se ter uma ideia
TT Imagem digitalizada das novas vias de acesso e unidades habitacionais do Morro do Alemão
do que isso significa, basta comparar essa população com os 160 mil moradores da Rocinha, que por muito tempo foi considerada a maior favela da América Latina. Um terço desses moradores tem renda menor que um salário mínimo. A cereja do bolo é a construção de uma rede de teleférico com de 2,9 km de extensão, seis estações e capacidade para transportar 30 mil pessoas por dia, aproximando a favela do asfalto. Projetado pelo arquiteto Jorge Mario Jáuregui, o sistema é inspirado no existente em Medellín, na Colômbia, criado para interligar a comunidade carente de Santo Domingo ao centro da cidade, e deve absorver cerca de 25% do orçamento. O sistema terá um terminal de integração ligado à estação ferroviária de Bonsucesso, operado pela concessionária SuperVia.
Faixa de Gaza Carioca
Constituído por um conjunto de 16 favelas, o complexo é considerado um dos maiores focos de violência da cidade. Registros policiais dão conta de que a região concentra cerca de 40% dos crimes cometidos na capital carioca. O índice lhe valeu o apelido de Faixa de Gaza Carioca, numa referência ao território onde ocorrem frequentes conflitos entre israelenses e palestinos, no Oriente Médio.
PAC 2: obras orçadas em R$ 1,2 bilhão beneficiarão mais oito comunidades Complexo da Penha, Jacarezinho, Kelson, Mangueira, Borel, Coroa, Andaraí e Chapéu Mangueira são as próximas comunidades do Rio de Janeiro que ganharão obras de infraestrutura e urbanização. As obras seguirão o modelo das que já estão sendo executadas, dentro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal. Entre as obras, orçadas em cerca de R$ 1,2 bilhão, está prevista a implantação de mais dois teleféricos – um no complexo da Penha e outro na Mangueira. Segundo a Secretaria Estadual de Obras, os primeiros projetos dessa segunda etapa já foram finalizados e apresentados ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. As favelas também receberão obras de infraestrutura, como tratamento de lixo, água e esgoto e drenagem. No Borel, por exemplo, as obras deverão priorizar a drenagem do Rio Maracanã, que há anos causa transtornos à comunidade. Já na Mangueira estão previstos a implantação de rede de esgoto e novos acessos à comunidade, na Rua Visconde de Niterói. O teleférico da Mangueira terá três estações, e o da Penha, cinco. Lá, o sistema de bondinhos passará pelo Parque Ari Barroso e se integrará ao teleférico do Complexo do Alemão, através do Parque da Serra da Misericórdia. A segunda etapa do programa continuará cadastrando moradores das comunidades para trabalhar nas obras. O treinamento de mão de obra, através do Programa Canteiro-Escola, também será mantido, já que a capacitação e geração de empregos é uma vertente muito forte do PAC.
WW Passarela de pedestre da Favela da Rocinha, com projeto assinado pelo arquiteto Oscar Niemeyer
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URBANIZAÇÃO DE FAVELAS Compõem o complexo o Morro do Alemão, da Baiana, Alvorada, Matinha, Morro dos Mineiros, Nova Brasília, Pedra do Sapo, Palmeiras, Fazendinha, Grota, Chatuba, Caracol, Favelinha, Vila Cruzeiro, Caixa d´Água e Morro do Adeus. Desde o início das obras no complexo, há cerca de dois anos, já foram feitas mais de 2,9 mil desapropriações e entregues 728 apartamentos, além de uma Unidade de Saúde de Pronto Atendimento (UPA) 24 Horas. Das unidades habitacionais entregues, 384 apartamentos fazem parte do PAC Favelas. As outras 291 unidades foram erguidas dentro do programa Minha Casa Minha Vida.
Manguinhos, uma comunidade cortada ao meio
O segundo projeto, em volume de recursos, é o Programa de Urbanização do Complexo Residencial de Manguinhos. Nele está prevista a construção de 1.800 novas casas, regularização e reforma de outras 1.125 residências, instalação de rede de água, esgoto e drenagem. Também consta do projeto a construção de cinco creches, duas escolas de ensino médio, uma de ensino profissionalizante, uma biblioteca de referência, com área de estudo, complexo esportivo, centro médico e áreas de lazer. Essas últimas instalações contarão com ciclovia, um anfiteatro e centros de comércio popular. Na criação dos centros esportivos, serão disponibilizados para a comunidade um campo de futebol, uma quadra poliesportiva, uma piscina, duas pistas de skate, dois vestiários e seis praças. O projeto, que está sendo executado pelo Consórcio Manguinhos, que conta com a participação da Andrade Gutierrez, EIT e Camter Construções, tem como meta global melhorar
XX Quadra Poliesportiva do Morro do Cantagalo e início das obras de saneamento na Comunidade CHP2, no Complexo de Manguinhos
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a vida de 46 mil moradores do complexo de favelas, e está orçado em R$ 328,4 milhões – recursos federais com contrapartida financeira do estado e município. Compõem o Complexo de Manguinhos as comunidades de CHP2, Vila Turismo, Parque João Goulart, Vila União, Mandela de Pedra, Nelson Mandela e Samora Machel. Serão construídas duas unidades de atenção à saúde: uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) 24 horas, e um CAPS (Centro de Apoio Psiquiátrico), destinado a fazer o atendimento intensivo e semi-intensivo de pacientes com
transtornos mentais. O programa de obras para Manguinhos prevê ainda a elevação de 2 km da via férrea que, segundo o arquiteto Mário Jáuregui, responsável pelo desenvolvimento do projeto, divide a comunidade ao meio. Esta é a obra mais custosa do programa, prevendo a construção de uma estação intermodal com três pavimentos – uma plataforma de embarque, uma de acesso a bilheterias e sanitários e outra com comércio. Próximo à área da estação, está prevista a construção do Parque Metropolitano, com ciclovia, anfiteatro,
XX No morro do PavãoPavãozinho, as primeiras unidades habitacionais já foram entregues. Embaixo, o complexo esportivo e de lazer da Rocinha
comércio popular e quiosques de alimentação. Há também a promessa de melhorias na rede de drenagem pluvial. Estão previstos ainda a pavimentação de 240 mil m² de vias e a recuperação das margens dos rios Jacaré e Faria Timbó. Um dos compromissos que norteiam o empreendimento é de que a mão de obra empregada nas obras seja da própria localidade. Há ainda a promessa de construção de um centro para geração de trabalho e renda e agências de micro crédito, além da construção de um Centro de Referência da Juventude, com salas de informática e curso pré-vestibular. Dentro dos parâmetros da lei, os moradores de Manguinhos terão direito ao título de propriedade de sua moradia. Para facilitar esse processo, será oferecido às comunidades atendimento jurídico para a regularização da documentação necessária.
Rocinha tem passarela assinada por Niemeyer
Em março deste ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou da cerimônia de entrega das primeiras obras do PAC na Rocinha, bolsão de pobreza espremido entre os bairros de classe média alta da Gávea e São Conrado, na Zona Sul carioca. Com investimento de R$ 231,2 milhões, foram entregues um centro esportivo e um Complexo de Atendimento à Saúde (CAS), que irá abrigar uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) 24 horas, um Centro de Saúde da Família e um Centro de Atenção Psicossocial. Os projetos beneficiarão cerca de 100 mil moradores. Outros R$ 180,2 milhões serão gastos no Programa de Urbanização da Favela da Rocinha, onde estão sendo
construídas 424 novas unidades habitacionais e reformadas 5 mil outras, instalado sistema de saneamento básico – redes de água, esgoto e drenagem. As novas unidades habitacionais a serem construídas servirão para abrigar as famílias removidas pelas obras de urbanização ou porque vivem em áreas de risco, como encostas. Ações de regularização fundiária vão beneficiar
as 30 mil famílias. As obras estão a cargo do Consórcio Novos Tempos, integrado pela Queiroz Galvão, Carenge e Carioca Engenharia e deverão beneficiar cerca de 30 mil famílias. Para melhorar a mobilidade dentro da Rocinha, novas ruas serão construídas e várias existentes serão alargadas. O destaque será o anel rodoviário de 3,4 mil m em torno da comunidade.
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URBANIZAÇÃO DE FAVELAS
SS Construção da primeira lage de concreto para os prédios do Morro do Cantagalo e flagrante da inauguração das novas unidades habitacionais
O projeto também prevê a construção de uma creche-modelo e de um centro pré-hospitalar capaz de atender toda a comunidade e desafogar a emergência do hospital Miguel Couto, um dos principais do Rio. Um complexo esportivo será construído, com piscina olímpica e quadra esportiva coberta. Um centro de integração terá restaurante e usina de reciclagem. Cerca de 70 mil m² de áreas degradadas serão reflorestadas. Os toques de capricho do projeto ficaram por conta de um elevador em plano inclinado, que vai ligar o pé do morro à Via Sul, um dos novos acessos, e da passarela para pedestres, ligando um dos principais acessos ao morro a uma das mais concorridas vias de acesso ao rico bairro de São Conrado. Adornada com um sugestivo arco desenhado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, inspirado nas curvas femininas, a passarela, que custou cerca de R$ 15 milhões, tem 60 m de extensão e conta com três rampas em curva. O projeto foi doado por Niemeyer. Um centro de integração terá restaurante e usina de reciclagem. Cerca de 70 mil m2 de áreas degradadas serão reflorestadas.
XX Primeiras moradias populares construídas no Morro da Baiana, no Complexo do Alemão
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Do total dos investimentos exigidos para o programa de obras, R$ 141 milhões serão de recursos federais e o restante, em contrapartida do estado.
Pavão/Pavãozinho e Cantagalo: engenharia derrota a violência
Cerca de 4,2 mil famílias serão beneficiadas pelo pacote de obras de saneamento e urbanização do complexo de favelas Pavão/Pavãozinho e Cantagalo, localizadas na divisa dos bairros de Copacabana e Ipanema, no coração da Zona Saul do Rio. Com orçamento de R$ 35,2 milhões, sendo R$ 26,4 milhões repassados pelo governo federal, o projeto prevê a implantação e ampliação dos sistemas de água, esgoto e drenagem, além de recuperação ambiental de áreas degradadas, reforma e construção de vias internas, 206 moradias, creche comunitária e um elevador ligando a Rua Teixeira de Melo ao
alto do Cantagalo, como uma forma alternativa de acesso à estação do metrô. Entre as ações previstas estão ainda a reforma e criação de áreas de lazer, urbanização da Rua Saint Roman e melhorias no acesso da Rua Sá Ferreira. Também serão construídos 2 km de vias de acesso interno. Para os moradores, a melhoria da qualidade de vida no local e a manifestação da presença do poder público serão a melhor arma na luta contra o tráfico de drogas na região. As obras no complexo de favelas de Copacabana e Ipanema já sofreram pelo menos cinco interrupções. Mas não foi por falta de verba. O motivo foi a violência. Trocas de tiros entre traficantes de facções rivais e com forças policiais levaram os operários a abandonar os canteiros de obras e buscar refúgios seguros. Apesar disso, as obras estão dentro do cronograma.
ENTREVISTA
SS Com gôndolas se deslocando a 5m/s, o sistema de teleférico terá capacidade para transportar 3 mil passageiros por hora
A inclusão das favelas Com investimentos federais e estaduais, finalmente o poder do Estado chega às favelas cariocas e transforma a vida de suas comunidades
A Empresa de Obras Públicas (Emop), do Estado do Rio de Janeiro, sob a presidência de Ícaro Moreno, está à frente do PAC Favela, principal programa de obras urbanísticas realizado no estado nos últimos 50 anos. O conjunto de intervenções inclui a implantação de um sistema de transporte por teleférico para o Complexo
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do Alemão, a elevação da via férrea na favela de Manguinhos e melhorias diversas na Rocinha. Por trás disso, 1.800 famílias foram retiradas dessas áreas. Conjuntos habitacionais foram construídos, assim como escolas, unidades de atendimento médico, e complexos esportivos. Locais sem qualquer
acesso de automóvel agora contam com ruas pavimentadas e serviço de água, esgoto e recolhimento de lixo. Com certeza, ainda em capacidade muito abaixo das dimensões dessas comunidades. Mas para quem nunca teve nada, o que está sendo feito soa como grande conquista. “Desafio” é como Ítalo Moreno
WW Ícaro Moreno: empreendimento representou uma série de desafios e quebrou inúmeros paradigmas
sintetiza os quatro anos que vem completando à frente do PAC Favela. Engenheiro civil formado pela Uerj em 1980, ele integra o quadro do Instituto dos Engenheiros do Estado. Já comandou empresas públicas como Rioluz e Riourbe, da prefeitura, além de passar pela Secretaria do Estado do Ambiente do Governo Estadual. Durante sua gestão na Riorbu, o órgão foi a única empresa pública nacional a receber o certificado ISO 9002, da BVQI (Bureau Verity Quality International), em Planejamento e Gerenciamentos de Obras. Mas para “tocar” em frente o volume de obras do PAC Favela, foi preciso algo mais: “determinação”, revela ele, como palavra-chave, ao lado de um time de colaboradores, das empreiteiras responsáveis e, sobretudo, do compromisso “visceral” dos governos estadual e federal para quem o PAC Favela deverá transformar o Rio de Janeiro em uma vitrine de mudanças sociais. GC – O Emop está à frente das principais intervenções urbanas na cidade do Rio de Janeiro, que de alguma maneira se inserem no panorama da realização dos
"Na Rocinha foi outro desafio, uma mudança de paradigma. Lá as ruas são denominadas por 1, 2, 3... e a Rua 4 foi identificada como a que tinha o maior índice de tuberculose do Rio de Janeiro. Por quê? Porque as casas não tinham ventilação, não tinham iluminação. A rua tinha menos de 60 cm de largura, com prédios e casas de um lado e de outro. Só quem morava pelo quarto ou quinto andar podia respirar um pouco. Nós abrimos essa rua de 60 cm para 6 m."
futuros eventos da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos. Ícaro Moreno - Empreendemos um grande programa de revitalização na favela da Rocinha e construímos o melhor conjunto poliesportivo já feito no Rio de Janeiro para as classes baixa e média, que inclui todas as modalidades esportivas que se possa imaginar para o treinamento das crianças. Isso já é uma ação para os Jogos Olímpicos e para a Copa do Mundo. É algo extraordinário. Todos os dias as crianças estão lá de manhã, à tarde e à noite, treinando. Também estamos fazendo muitas obras em hospitais, melhorias diversas em escolas. E no Maracanã, estamos à frente de toda a reforma intramuros. Trabalhamos em conjunto com a prefeitura nas intervenções extramuros, na interface com a Quinta da Boa Vista, a Passarela. O projeto contempla todo o complexo esportivo, a passarela de acesso à Quinta da Boa Vista e de integração com metrô e ferrovia e de urbanização do entorno. Mas o que eu posso dizer sobre as obras do Complexo do Alemão, Manguinhos, Rocinha, enfim, que fazem parte do PAC Favela, se resume em uma palavra: desafio. GC – Como teve início esse projeto? I M - Ele começou como um desafio, desde o primeiro minuto, quando o governador me mandou ir até Medellin, na Colômbia. E vi o que representava um teleférico para a comunidade, quer local, do bairro, e do próprio País. Hoje a Colômbia está implantando o quinto teleférico e isso mudou a lógica das comunidades de lá, mudou o paradigma da região, que passou a ser visitada por turistas do mundo todo. Porque o teleférico traz a acessibilidade, que por sua vez deve ser integrada a outros meios de transporte convencionais.
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ENTREVISTA
SS Construção da estação de integração do teleférico com o sistema de trens de subúrbio, em Bonsucesso.
Implantar esse sistema numa comunidade carente representa uma abertura para o exterior, que até então não existia. O teleférico só assume essa identidade quando Medellin descobre esse ovo de Colombo. Até então o sistema era empregado em todo o mundo apenas em áreas turísticas, como nos Alpes suíços. Mas ao ser utilizado como um meio de transporte de massa para a comunidade carente, integrada a outros modais, o sistema passa a ter outra conotação. Entretanto é algo tão novo para o Brasil que não há legislação sobre o assunto. Por isso estamos apresentando um projeto de lei que permita essa operacionalização, para que seja feita uma concessão pública com a Supervia, para o gerenciamento do sistema. GC – Tudo nesse projeto é inovador, partindo-se do pressuposto do volume de intervenção feita em favelas e da criação de um meio de transporte local, como será o teleférico. Este foi o desafio? I M - Houve um desafio na concepção do programa, mas sobretudo o desafio maior foi do dia a dia das obras. Fazemos reuniões toda terçafeira, com todos os setores para avaliar os avanços, o desempenho. Já desapropriamos cerca de 1.800 famílias só para a implantação do teleférico. Tem planejamento específico só para os pilares. Como nós não íamos conseguir avançar se não realocássemos esses moradores, criamos mecanis-
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mos que permitissem essa realocação com velocidade, com mais de uma alternativa para as pessoas atingidas. No início, as pessoas reclamavam muito, muito mais do que hoje. Elas diziam: “Por que vou sair da minha casa, se estou aqui há 30 anos?”. Agora já é diferente. Muitos já falam: “Eu queria que minha casa fosse contemplada”. Ou seja, mudamos a lógica da oposição à presença do Estado. Esse era sem dúvida o principal caminho crítico a se vencer. Imagine acordar alguém e falar que irá passar um teleférico pela casa dele, que terá um pilar no meio de sua sala e que esse morador vai ter de sair. Não foi fácil. GC – Principalmente por causa do descrédito por conta da inovação do projeto? I M - Havia sim o descrédito. Já no último conjunto entregue, foi diferente porque as pessoas queriam ir para lá. Então foram vários desafios – o da desapropriação de vários imóveis, da realocação desses moradores, o desafio de implantar essa tecnologia, que é de uma empresa francesa, a Pomagalski. Não há na América um teleférico desse porte, com 3.400 km. Inovamos ao implantá-lo com curva, pois em Medellin, que foi precursor do sistema, era operado apenas em linha reta. Só depois que iniciamos este é que eles também avançaram nesse sentido. As estações são implantadas nos morros, dentro das favelas. É como um metrô, só que, ao invés de ser no
subsolo, ele vai pelo alto. Nós implantamos as estações nas principais cumeeiras dentro do complexo: Adeus, Baiana, Alemão, Itararé e Fazendinha, chegando à estação de Bonsucesso, onde terá a integração com o sistema de trens. Da Fazendinha até a Baiana, percurso em que se demora 40 minutos de van, será feito em cerca de 10 minutos. E aproveitamos as estações para inserir equipamentos públicos, como bibliotecas, escola, atendimento social. Tudo é novo, ousado e desafiador. Inclusive a operação e a manutenção do sistema. GC – Como será essa operação? I M - Uma ideia é que a Supervia faça a operação, já que ela faz a dos trens. Mas como ela não detém essa tecnologia, estamos contratando uma equipe de profissionais de Medellin, que dará uma assistência técnica na operação. Será o único sistema deste tipo no Brasil, o maior da América do sul, e integrado ao sistema de trem. Também será preciso treinar a população para o seu uso. Os moradores dessas áreas precisarão entender que tudo isso é um bem da comunidade, não pode depreciar. Tem que funcionar como um relógio. Não pode dar chute numa cabine, subir, pular. O teleférico terá uma função educativa, no sentido de inserir essas comunidades num universo de serviços públicos, e isso poderá influenciar no seu desenvolvimento. Nossa ideia é que o teleférico sirva
SS Sistema de teleférico terá operação monitorada por técnicos trazidos da Colômbia
de exemplo para o País, seja um modelo de transporte de massa possível de ser adotado, principalmente em áreas carentes, como, por exemplo, a cidade de Salvador. Ou mesmo em comunidades em áreas planas., porque ele tem velocidade, é limpo, é um transporte de massa que atende ao princípio da sustentabilidade, pois não gera poluição. Como subproduto, permite a presença permanente do Estado, porque à medida em que coloca um posto de saúde, uma escola nessas áreas, o poder público fica também mais visível, mais exposto, e com certeza passa a ser mais cobrado. Não adianta esconder as mazelas da comunidade, porque elas também estarão mais expostas. GC - O montante de recursos aplicado é vultuso, algo jamais documentado em termos de intervenção em favelas ou áreas carentes. I M - Foi um alto investimento. Foi caro, para mostrar que o poder público quer entender que as favelas fazem parte do cotidiano do Brasi e do Rio de Janeiro. Tem uma característica que não dá para desprezar: se é área de risco é preciso remover. Mas não dá para remover uma favela. Ela faz parte do cotidiano nosso, e as pessoas não estão lá porque quiseram. O Brasil não tinha até aqui financiamento, facilidades para comprar casa. A maioria
dessas casas em área de risco foi construída por grileiro. Nosso levantamento mostrou isso. Esses moradores pagaram R$ 5 mil, R$ 10 mil para comprar aquela casa numa área de risco. Não foram elas que construíram. Não tinha controle, nem a presença do Estado, nem financiamento. Foram habitando aqueles lugares, “sobe ladeira, desce ladeira, vem chuva, mas vamos à luta”, e foram assim modificando o ecossistema local. Não dá mais para reverter. Mais do que uma obra pura e simples, esses investimentos têm a finalidade intrínseca de modificar a face de uma das áreas mais violentas da cidade, como o complexo do Alemão. Essa obra como um todo tem um forte viés político. O objetivo é que a presença do estado possa modificar essa região. Não colocou recursos pingados aqui e ali, como se fazia antes. Ao contrário, concentrou-se quase R$ 700 milhões na construção de escolas, de uma UPA, que é a maior clínica de emergência já construída, novas áreas culturais. Enfim, estamos criando uma nova centralidade a partir das estações, criando uma nova dinâmica para essas comunidades, aliado à maior integração entre comunidades. Compramos fábricas que foram embora por conta da violência, como a fábrica da Poesi,
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ENTREVISTA e criamos loteamentos de muito boa qualidade. Tudo isso está mudando os entornos desses locais. Por outro lado, essas obras geraram empregos para os moradores, criaram renda. Será necessária a preparação de técnicos para fazer a operação da linha. Já se pensa em cursos de qualificação nesse sentido para eletromecânicos, mecânicos, seguranças. Calcula-se que será preciso contratar uns 300 ou 400 funcionários. GC – Isso mostra que é possível revitalizar, sim, uma região. I M - Com certeza. As soluções tecnológicas já existem, não é nada incomum. Fizemos infraestrutura de água, esgoto, onde não existia nada. Tinha um local aqui chamado Vila Paloma, um dos piores lugares que eu conheci, onde tinha um lixão. Quando chovia, o chorume passava por dentro das casas. Removemos o lixo todo, urbanizamos, demolimos casas para fazer a drenagem. Para todas as estações foi construída uma boa pista pavimentada, algo que era impensável e inacessível a automóvel até então. Isso mostra que valeu a pena. A gente sente nas pessoas um novo entusiasmo para viver. As pessoas passaram a ter estímulo de estudar, de se capacitar. Não era mais aquilo que se via, onde não tinha um dono. É como se falasse: “o dono é o Estado. Ele está presente, ele vai te ajudar, venha para esse lado”. GC – Esse conjunto de intervenções no Alemão, Rocinha e Manguinhos pode significar a inclusão deste “território” à cidade legal, urbanizada, em desenvolvimento, mais confortável do ponto de vista dos serviços públicos, não é isso? I M - Sem dúvida. O conjunto de intervenções na Rocinha também foi muito
XX Quando for inevitável, moradores em áreas de risco serão removidos e reassentados em outros locais
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forte. Em Manguinhos, está sendo feita a elevação da via férrea. Essa será outra mudança de paradigma. Porque a linha férrea é um divisor dos bairros. Sempre há um lado que se desenvolve mais do que outro. Cria-se fronteiras dentro da cidade. Conforme a obra avança, vamos modificando essa realidade também. Já mudamos a cara da estação de trem tanto em Manguinhos como em Bonsucesso. Não chega a ser o metrô, mas não mais é aquela estação de trem do passado. Melhorou-se o padrão. GC – Havia uma situação grave de insalubridade das ocupações. Em Manguinhos. I M - Por lá também compramos área, como a antiga fábrica da Embratel, para fazer loteamentos. Encontramos no local 1.700 famílias vivendo em condições totalmente degradadas. As pessoas conviviam com ratos dentro de casa. Hoje estamos construindo um tremendo conjunto habitacional, dentro de um padrão excelente. Dentro de um novo conceito habitacional, de maior racionalidade e humanidade, desenvolvemos núcleos menores, em células de habitação. E trabalhamos forte na urbanização. Não tem um fio aparecendo, pois a fiação é toda embutida. Levamos campo de futebol, área esportiva.
GC – Este é um diferencial em termos de conjuntos para baixa renda. I M - Só na Poesi, no Alemão, foram plantados 30 mil m2 de grama, mais de 700 árvores. Hoje o pulmão daquela região é a Poesi. No Rio de Janeiro não se tem essa prática de entrar com essa parte de urbanização, reflorestamento de condomínio. Tanto que tem vindo pessoas de todo o País aqui ver e falam: “O que é isso, que transformação é essa?”. Mas forçamos mesmo a mão na questão do paisagismo. Na Rocinha foi outro desafio, uma mudança de paradigma. Lá as ruas são denominadas por 1, 2, 3... e a Rua 4 foi identificada como a que tinha o maior índice de tuberculose do Rio de Janeiro. Por quê? Porque as casas não tinham ventilação, não tinham iluminação. A rua tinha menos 60 cm de largura, com prédios e casas de um lado e de outro. Só quem morava pelo quarto ou quinto andar podia respirar um pouco. Nós abrimos essa rua de 60 cm para 6 m. Tivemos de fazer a realocação de 298 apartamentos ou famílias. Não adianta tirar uma família. Só depois de conseguir tirar todos os moradores é que podemos finalmente demolir o prédio. O desafio foi tão grande que eu não acreditava. Mas Deus é grande, e conseguimos. Estamos lá com a rua aberta, não está pronto mas já dá para sentir a diferença. GC – O senhor fala sobre ações que do ponto de vista técnico são simples. I M - Com certeza, algo tecnicamente simples. Mas chegar lá, negociar com essas famílias é que era o problema. Cada uma dessas comunidades tem padrão de vida e lógicas diferentes. Uma não é igual à outra. Na Rocinha, o morador tem um padrão melhor. Tem um sentido cultural e político muito maior que em outras comunidades, como o Alemão, porque ela possui um intercâmbio maior com a Zona Sul. As famílias de lá trabalham em São Conrado, Ipanema, Leblon. Esse convívio traz cultura. Há diferenças em abordagem desse morador. Por isso, se o plane-
WW Retroescavadeira abre caminho entre barracos no complexo de Manguinhos
de uma via férrea que teve de tirar muita gente em torno dela. Por isso, foi preciso capacitar os profissionais. GC – As faculdades não formam esse profissional? I M - Não existia ou existe essa visão ainda nas universidades. Tanto que, como sou coordenador de Engenharia da Universidade Veiga de Almeida, eu estou propondo a criação de uma disciplina nessa linha. O brasileiro tem essa capacidade de dialogar, de se entrosar. As tecnologias nós detemos. Mas para fazer esse tipo de obra é preciso algo mais: determinação. Nós chegávamos e dizíamos: “Vamos negociar com a senhora, temos três opções e até alguma margem em torno de cada uma, mas no final das contas, a senhora terá de sair. Não há outra alternativa”. Então isso representava um forte impacto, sem dúvida, para esse morador. Era difícil. Daí a necessidade de avançarmos também para minimizar esse sofrimento, a partir da execução das novas moradias, ou das outras soluções.
jamento no Alemão foi excelente, teve de ser ainda melhor na Rocinha. GC – A partir daí, o senhor acredita em novo conceito de intervenção social, diferente do que foi praticado no passado, quando não se procurava ouvir essas comunidades? I M - Essas obras aqui foram um desafio e um aprendizado. Posso dizer que no Rio de Janeiro desapropriamos 5.500 casas, ou famílias, da Rocinha, Manguinhos e Alemão. Isso em dois anos e meio, porque um ano foi de preparação. A gente tem uma equipe por atrás, ela foi vitoriosa. Foi uma experiência que
nunca houve em outro país. Eu sempre alertava aqui as pessoas, os engenheiros, principalmente, no sentido de ele se transformar num “engenheiro social”. Ele tinha que ir lá em campo, conhecer a comunidade, tomar cafezinho. E o que percebemos é que, quanto mais tempo de formado tinha o profissional mais dificuldade ele tinha para entender e assimilar essa lógica. No entanto, não dá para fazer obras nessas comunidades se não for um “engenheiro social”. É preciso ter essa capacidade de diálogo com a comunidade. Senão, não dá para fazer uma obra como essa, dentro da favela, uma obra de um teleférico, a elevação
GC – O programa está quase chegando ao fim, nessa etapa. Qual sua conclusão? I M - Me sinto muito satisfeito, depois desses três anos e meio. No início tudo era um ponto de interrogação. Não sou só eu, é claro, tem toda a equipe do Emop por trás desse trabalho, tem as equipes do consórcio, grandes empresas que tiveram de se capacitar para isso, Odebrecht, Delta, OAS, Andrade Gutierrez, enfim. Foi um desafio desapropriar 1.800 casas em três anos. Em Medellin foram 70. Nesse período muitos colaboradores saíram da minha equipe e dos consórcios também. O grau de dificuldade era enorme. Então eu só posso parabenizar essas empresas. Foi um desafio muito grande, mas valeu a pena.
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PERFIL
XX Foto histórica da construção de uma das abóbodas do Congresso Nacional, em Brasília, em Concreto
PIONEIRO DO CONCRETO NO BRASIL “Professor” Mauro Viegas, fundador da Concremat, dedicou sua vida à pesquisa que ajudou a consolidar a tecnologia no País Nos idos de 1950, o elevado número de quedas de marquises suscitava a curiosidade dos estudantes de arquitetura e engenharia da época. Foi instado por eles, que o jovem professor Mauro Ribeiro Viegas, formado pela primeira turma da Faculdade de Arquitetura, passou a visitar as ocorrências a fim de descobrir a causa do problema. “A ganância do homem faz com que ele se esqueça de sua responsabilidade”, disse ao constatar o 32 / Grandes Construções
uso de areia de praia e pedra britada sem conhecimento de origem. Decidido a estudar a questão, abandonou o escritório de arquitetura que mantinha e abriu o Escritório Técnico Professor Mauro Ribeiro Viegas – Controle de Concreto/ Ensaios de Materiais, que seria embrião da futura Concremat. Na ocasião, ele passou então a colher amostras dos materiais – areia, brita, cimento – levando-as a ensaios de resistência, de
acordo com as normas técnicas existentes na época, a maior parte não nacionalizadas. “Mauro, você vai morrer de fome com essa ideia de criar esse tipo de firma”, dizia seu amigo João Carlos Vital, que viria a ser prefeito do Rio de Janeiro. Então, o uso do concreto no Brasil algo recente e os serviços de controle e análise, praticamente inexistentes. O professor Mauro, como é chamado ainda hoje, apresentava-se às construtoras
e descrevia as vantagens técnicas e econômicas de realizar o controle prévio dos materiais. Enquanto o Instituto Nacional de Tecnologia (INT) demorava 15 dias para apresentar o resultado, acarretando a interrupção da obra, o escritório de Mauro levava de cinco a sete dias para entregálo. “Eu vou lhe dar a composição exata necessária dos materiais de construção e você economizará” dizia ele aos construtores. Em 1958 transformou a firma em Sociedade Civil de Controle de Concreto e Ensaios de Materiais no primeiro escritório técnico no País a obter a licença para esse tipo de trabalho. Foi com esse espírito que o professor Mauro decidiu aventurar-se na construção da nova capital. Todos os insumos eram importados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, exigindo análises para garantia da qualidade. No entanto, havia poucas empresas ou profissionais capazes de prestar esse tipo de serviço. E a maioria não queria ir até a nova capital. “Eu me aventurei a montar um laboratório em Brasília, transportando-o de avião. O cerrado era uma área totalmente nova e desconhecia-se os tipos de solos presentes ali. Eu descia numa cadeirinha 20 m abaixo do solo para coletar as amostras. Não havia muita segurança. No final do dia, ficávamos todos com as roupas impregnadas de pó”, relembra. As abóbodas da Câmara e do Senado eram verdadeiras “cascas” de concreto, obrigando a manutenção de uma prensa no canteiro de obras para acompanhamento diário das concretagens. Ele trabalhou intensamente em Brasília durante dois anos. Em 21 de abril de 1960, com a inauguração da nova capital, o professor passou o laboratório para seu engenheiro auxiliar e encerrou suas atividades em Brasília. Apesar de ter elevado seu prestígio profissional, também contraiu uma hepatite, que exigiu repouso e medicamentos para ser curada.
vez que o professor Mauro notabilizouse na área acadêmica, com pesquisas e interesse na área do concreto, além de ter atuado diretamente nas principais intervenções urbanas do Rio de Janeiro, entre as décadas de 1950 e 1970, passando pela área de parques e jardins, saneamento e habitação. O ponto comum dessa trajetória é que, a cada experiência profissional, Mauro inspirava-se a desenvolver novas competências dentro da Concremat, que hoje destaca-se por sua excelência na área de engenharia e meio ambiente. Certa vez Mauro Viegas foi chamado para fazer um laudo para a Secretaria de Viação e Obras Públicas da Prefeitura do Distrito Federal (no Rio de Janeiro). Ficou preocupado, pois seu laudo seria confrontado com o realizado pelo próprio secretário. Mesmo assim, não se intimidou em relatar o que tinha visto. Ao entregar o relatório, não somente foi elogiado como convidado a ser o novo adjunto. Quando o então prefeito João Carlos Vital tomou posse, à frente da prefeitura do Rio de Janeiro, convidou-o a ocupar o cargo de chefe de serviço do Departamento de Parques e Jardins. Na ocasião ele espantou-se: “Mas eu não entendo nada de plantas!”. “Mas vai entender”, respondeu o político. Participou do desenvolvimento do Plano Integrado da cidade, com base no
Plano 1000, onde constavam soluções urbanísticas como a construção do Metropolitano, da adultora do Guandu; o desmonte do Morro de Santo Antonio; construção das avenidas Radial-Oeste; Perimetral Norte-Sul; abertura dos Túneis Rebouças e Uruguai-Gávea; implantação dos serviços de trólebus; conclusão das avenidas Brasil e Bandeiras e duplicação da avenida Grajaú-Jacarepaguá, entre outras ações. Essa atuação na área de parques motivou o professor Mauro a estudar paisagismo, levando a conhecer os jardins de Paris, da França. Trouxe de lá ideias, como a criação do guarda de jardim, para preservar as áreas da depredação. Em 1952, ele assumiria a Direção do Departamento de Parques e Jardins da cidade, ocasião em que procurou adquirir elevadores importados para realizar a poda das árvores. No subúrbio, promoveu o paisagismo em terrenos abandonados para evitar que fossem transformados em lixões. Enfrentou pela primeira vez na cidade o comércio de rua, que, além de sujar as áreas públicas, colocava em risco a vida com ligações elétricas irregulares e produtos mal acondicionados. Em 1954, o prefeito coronel Dulcídio do Espírito Santo Cardoso optou por mantê-lo no cargo, e lhe pediu uma proposta de arborização da avenida Presidente Vargas - destinada por Getúlio
Currículo amplo
Estes e mais “causos” da vida do fundador da Concremat estão retratados no livro Mauro Ribeiro Viegas, a construção de uma vida, da arquiteta e escritora Lilian Fontes. E sua leitura serve como uma aula sobre políticas públicas, uma
WW Professor Mauro Viegas: uma vida dedicada à engenharia e à pesquisa da tecnologia do concreto
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PERFIL a desfiles militares. O prefeito teria perguntado quanto custaria. “Nada, podemos plantar pelo Departamento de Parques e Jardins”. Ouviu então a seguinte resposta: “Mas seu antecessor me disse que custava milhões!”. Em 10 dias, tudo tinha sido plantado.
A serviço público
Devido ao bom trabalho na gestão do prefeito José Joaquim de Sá Freire Alvim (1958-1960), ele foi nomeado Secretário Geral de Viação e Obras Públicas do Distrito Federal, contemporâneo aos arquitetos Affonso Reydy e Oliveira Reis. Nesse papel, passou a conviver com outros departamentos, como edificações, obras viárias, transporte, saneamento, esgoto, concessões, parques e jardins, chegando a defender a construção do metrô. Mas dessa vez ele perdeu a batalha. Na mesma ocasião assumiu a presidência da 5ª região do Crea, constatando irregularidades e até demitindo pessoas, o que lhe provocou ameaças de morte. Certo dia recebeu a visita do senador Arnon de Mello. “Boa coisa não é”, pensou o professor diante do homem que estava construindo um shopping center na rua Siqueira Campos, o primeiro da cidade. A obra estava embargada por estar acima do gabarito. Sem se abater, o professor disse delicadamente ao empresário: “Talvez o senhor não saiba, mas devem ser demolidos os dois pavimentos para que eu permita a continuação da obra”.
Com o crescimento da população carioca, que em uma década passou de 1.750.000 para 2.350.000 de habitantes, a cidade sofria com a falta de água, principalmente durante a época de estiagem dos mananciais. Chamado a falar sobre o problema de enchentes na Câmara do Distrito Federal, abordou questões relativas às canalizações pluviais e presença de favelas, que ampliavam o acúmulo de lixo nas ruas. “É indispensável o início das obras que solucionem de vez o problema das enchentes”, informando que tinha levado ao prefeito um plano de obras de drenagem de execução imediata. Surgia assim o Sistema Guandu, um sistema misto de adução que começava na estação do Guandu, que propunha a travessia por meio de um túnelcanal o maciço rochoso do Marapicu e, após vencer, em túnel sobre pressão, a baixada do Guandu Mirim, penetrava novamente em túnel-canal no âmago da extensa cadeia montanhosa que se desenvolve de Santíssimo até o Engenho Novo, com uma pequena descontinuidade em Jacarepaguá. O projeto foi realizado pelos engenheiros Ataulpho Coutinho e Marcelo Brandão – do departamento de Águas da Secretaria dirigida pelo arquiteto Mauro Viegas, e aprovado pelo prefeito Negrão de Lima. Ao assumir o governo, Carlos Lacerda chegou a pedir novos estudos. Mas no final das contas seus técnicos admitiram que aquela era a melhor solução.
Construção de conjuntos habitacionais
Em 1966, Mauro Viegas assumiria o cargo de diretor técnico da Companhia de Habitação do Estado da Guanabara (Cohab), na gestão do governador Negrão de Lima, com a missão de conter a ocupação irregular, principalmente em áreas de risco. A empresa tinha sido criada na gestão de Carlos Lacerda. O primeiro problema a ser enfrentado era a ocupação nas encostas dos morros, com materiais muito frágeis em áreas sujeitas a desabamento. Numa noite de chuvas intensas, Mauro passaria uma noite inteira no Cantagalo, tentando convencer os moradores de que poderiam morrer. Um parecer técnico do Instituto de Geotécnica condenava radicalmente as áreas devido à presença de pedras que aumentavam a chance de deslizamento. Foram removidos 80 barracos e ele chegou a ser ameaçado por uma moradora com uma tesoura. A gestão anterior, do governador Lacerda, já tinha buscado uma saída para a questão habitacional, nos moldes do que tinha sido feito na Europa e Estados Unidos, com conjuntos residenciais para a população de baixa renda localizada na periferia da cidade. Havia inclusive um convênio com a United States Agency for International Development para o financiamento de conjuntos, dando vida à Vila Kenedy, em Senador Camará, a Vila Aliança, em Ban-
BRASÍLIA, LABORATÓRIO PARA CONSOLIDAÇÃO DA TECNOLOGIA DO CONCRETO
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gu, e a Vila Esperança, em Vigário Geral, além da Cidade de Deus, em Jacarepaguá, que sozinha recebeu 63 favelas extintas. A erradicação das favelas era considerada a melhor solução na época, em vista do risco e da insegurança que geravam. Quando Mauro assumiu a presidência da Cohab, esse planejamento já estava em prática. Ele acompanhou de perto a construção da Cidade de Deus, próximo a Jacarepaguá, projetada dentro dos padrões convencionais de moradia, com condições de higiene mais adequadas em comparação com as da favela. No entanto, alguns problemas se revelariam. Muitos moradores se ressentiram pela distância de sua nova moradia em relação ao trabalho. Além disso, muitos não sabiam usar os equipamentos sanitários, arrancando os para vender ou até utilizando como ornamentos. “O homem, para ser feliz, precisa de trabalho, teto e transporte. A função da Cohab era dar o teto e nós demos. Mas infelizmente a cidade não investiu no transporte de massa, acarretando um problema seríssimo”, diria Mauro Viegas. Depois dessa vivência, Mauro se conscientizou de que o problema não era a favela em si, mas a carência habitacional e de infraestrutura como todo. Sugeriu ao então governador Negrão de Lima a elaboração de um Plano Diretor que integrasse os diversos órgãos envolvidos, como saneamento e transporte, além de dar voz também ao próprio morador da favela. Pensando nesse plano diretor, ele reformulou o projeto da Cidade de Deus e chegou a implantar um cinema, posto médico, creche e sede administrativa, além de área de lazer e praças ajardinadas. Mas, em 1968, ele entregou o seu cargo, encerrando sua passagem pela vida pública, após ter sofrido até ameaças.
Foco em tecnologia
Voltando-se para sua empresa, a Concremat, sigla criada apenas em 1972, focou o desenvolvimento da área de tecnologia na área do concreto. No início da década, ela fora chamada para analisar o concreto utilizado no elevado Paulo de Frontin, no Rio de Janeiro, que desabou antes de ser concluído. Depois de estudos, chegou ao emprego de resinas sintéticas, segundo a
proposta do engenheiro francês Freyssinet. O engenheiro então exigiu o acompanhamento da Concremat nos trabalhos de reparo. Mais tarde seria criada a Concremat Engenharia e Tecnologia, atuando também na área de gerenciamento. Já em 1978, ela foi convidada a participar do debate em torno da recuperação da Ponte de Bertioga, que balançava. Após a conclusão dos ensaios, a empresa descartou a necessidade de nova construção, sendo possível a recuperação, contrariando diversas opiniões. A empresa foi convidada a realizar o serviço, apesar de nunca ter feito isso antes. “Realizávamos a concretagem durante a madrugada para endurecer rápido, pois no dia seguinte a pista tinha de ser liberada”, lembra. Pela primeira vez utilizava-se cabos esternos para reforço de ponte. Assim surgiu a Concrejato, criada para atuar na área de patologias do concreto. Na área de mineração, participou do projeto Ferro-Carajás, desenvolveu um plano de desenvolvimento sustentável dialogando com a comunidade local. Hoje o escopo técnico da Concremat passa por engenharia, inspeções, laboratórios, obras e geotécnica, além do meioambiente. Aplicou esse know-how no trabalho de remoção da população nas obras do Trecho Sul do Rodoanel, em São Paulo, assim como atuou no gerenciamento nas obras do PAC Alemão. Em 1984, aos 65 anos, Mauro Viegas passou o controle da empresa ao filho Mauro, a fim de dedicar-se as questões ambientais, sua paixão desde que começou a atuar na área de parques. Engajou se nos movimentos de preservação dos recursos hídricos, atuando em organismos do terceiro setor e conselhos ambientais, destacando seu empenho pela preservação do rio Paraíba do Sul, o que levou à criação do Comitê de Estudos Integrados do Vale do Paraíba do Sul. Aos 96 anos, o professor Mauro não se cansa. Continua indo à sede da Concremat, ainda frequenta o universo acadêmico, e mantém o interesse no futuro do País. “O Brasil é muito rico, mas, para conseguirmos avançar, é preciso dar condições de educação para a população, principalmente os jovens, que representam o futuro da nação”.
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CONCRETE SHOW 2010 XX Cerca de 19 mil visitantes e 400 expositores são esperados na Concrete Show 2010, o que representará um crescimento de 28% em relação ao ano passado
NOVAS TECNOLOGIAS PARA ATENDER A UM MERCADO AQUECIDO EM SUA 4ª EDIÇÃO, FEIRA SE CONSOLIDA COMO MAIOR EVENTO DO SEGMENTO NA AMÉRICA LATINA
Reconhecido como o mais importante evento sobre tecnologia na cadeia do concreto para a construção civil da América Latina, a Concrete se fortalece ano após ano, chegando à sua quarta edição com incremento de 203% em relação à sua estreia, em 2007. Se for levado em conta o evento do ano passado, o crescimento esperado para este ano é de 28%. Este resultado está sendo considerado com base na expectativa de reunir cerca de 400 expositores, em uma área total de 33 m² de exposição indoor e outdoor, e nada menos que 19 mil visitantes de todo o Brasil e países vizinhos. A feira, que acontecerá de 25 a 27 de agosto, no Transamérica Expo Center, em São Paulo, é uma iniciativa da Associação 38 / Grandes Construções
Brasileira de Cimento Portland (ABCP) e da Associação Brasileira das Empresas de Serviço de Concretagem (Abesc), em parceria com o Ficem (Federación Interamericana del Cemento) e FIHP (Federación Iberoamericana del Hormigon Premesclado), que englobam países como Argentina, Uruguai, Peru, Chile, Colômbia, Venezuela, entre outros. Além do compromisso já consolidado pelos seus organizadores, de promoverem a transferência de conhecimento, tecnologia e informação para o setor, de forma a atender à demanda do mercado aquecido por soluções tecnológicas, desta vez é grande a expectativa com relação a novas soluções para obras de infraestrutura e
instalações esportivas. Essa expectativa é gerada, naturalmente, pela grande demanda de obras para as cidades que vão sediar os jogos da Copa 2014 e as Olimpíadas de 2016. Parte integrante do encontro, o Concrecopa terá temas como “Brasil dos Esportes, “Controle de qualidade/laboratórios”; “Retrofit – Demolição – Reciclagem”; “Capacitação e mão de obra” (o grande gargalo do setor); “Industrialização das edificações” (tornando o setor
Convicta Bombas – O Grupo Convicta, que atua no segmento de fabricação e locação de equipamentos para produção, dosagem, transporte e bombeamento de concreto, apresenta a Convicta Everdigm, bomba lança para concreto de 28 a 54 m.
Hilti – Os novos rompedores Hilti TE 1000 e TE 1500 serão os destaques a serem apresentados pela empresa. Eles possuem sistema AVR, no qual o conceito de sub chassis permite o isolamento das peças e do motor do invólucro exterior. O resultado é o baixo nível de vibração. O motor SR (sem escova de carvão), disponível nos dois produtos, proporciona alto desempenho, menor custo de manutenção e maior vida útil.
mais rápido, formal e profissional); e “Construção Sustentável”. A direção do evento promete apresentar tecnologias para obrasde-arte (pontes e viadutos), estádios, fundações, saneamento, edificações residenciais, comerciais e industriais, acabamentos e revestimentos à base de concreto, mobiliário urbano à base de cimento, estradas, ruas e aeroportos (pavimentação) e barragens. Nas próximas páginas, antecipamos um pouco do que se espera encontrar na feira.
Hard – A empresa exporá seu chumbador químico testado em concreto fissurado. Desenvolvido para ancoragens de barras roscadas e vergalhões em concreto e alvenaria, o PE1000 da Hard é um adesivo epóxi estrutural, bicomponente, tixotrópico e de alta performance, testado em concreto fissurado e resistente a cargas sísmicas. Incotep – Será apresentada oficialmente durante a Concrete Show a nova linha de tirantes Threadbolt, com barras de aços laminadas a quente com ressaltos em forma de rosca helicoidal e de passo amplo. Suas composições químicas e as propriedades mecânicas cumprem a norma ASTM A615 Grau 75 e ASTM A615m-96A.
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CONCRETE SHOW 2010
Andaime Metax – A Metax traz para o Brasil, com exclusividade, as Formas Metálicas EFCO para moldagem de concreto in loco. O fabricante promete oferecer o melhor custobenefício, grande produtividade e segurança na execução da obra. TGM – A TGM apresentará na Concrete Show 2010 grandes novidades em máquinas e equipamentos. Destacam-se o FLY, Distribuidor de Concreto, a nova geração de Fôrmas Metálicas e de Recicladores de Concreto. Anchortec – A empresa apresenta
a Linha Galvashield para controle de corrosão. Trata-se de um sistema de proteção galvânica, desenvolvido no Canadá, que consiste em pequenas pastilhas (ânodo de proteção catódica), barras de revestimento e folhas adesivas de zinco, entre outros produtos, a serem aplicados em estruturas de concreto armado sujeitas a ações corrosivas, como as de obras portuárias e edificações próximas à orla marítima. A garantia é de 15 anos de durabilidade. Outro lançamento da Anchortec na Concrete Show é a argamassa Anchormassa S90, com inibidor de corrosão integrado. O novo produto foi desenvolvido para permitir reparos estruturais com argamassas que resultem na elevada durabilidade, mesmo sob a ação de cloretos.
Bibko System – A empresa apresentará equipamentos para plantas recicladoras de concreto fresco e água residual que possibilitará a eliminação de resíduos nas usinas e nas obras. CZM – O destaque no estande CZM será o seu novo equipamento para perfuração em hélice contínua. Trata-se da EM1000/32, capaz de atingir 32 m de profundidade e 1000 mm de diâmetro e pesando apenas 70 t.
Brasil Máquinas – Distribuidora exclusiva dos produtos Hyundai e Zoomlion no Brasil, a empresa levará para a Concrete Show 2010 as linhas de bomba de concreto Zoomlion. Os produtos a serem expostos são reconhecidos pela robustez na construção mecânica, propiciando, segundo seus distribuidores, confiabilidade, excelente desempenho e baixo custo de manutenção. Entre as soluções que serão apresentadas pela Brasil Máquinas para aumentar a produtividade, qualidade e velocidade na execução de obras, estão a Linha Estacionária Zoomlion (Trailer) e a Linha Auto Bomba Zoomlion para montagem sobre chassi, que podem alcançar bombeamentos em pequenas, médias e grandes distâncias horizontais e verticais, proporcionando agilidade, praticidade e aumento de produtividade para todas as obras.
Betomaq – Lançamento exclusivo da empresa, a removedora de faixas de trânsito/sinalização Betomaq tem um sistema de cabeçote triplo que permite o corte simultâneo na vertical e horizontal da faixa de trânsito deixando um acabamento liso, natural e livre de ranhuras/ângulos.
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Copex – A Copex vai expor suas centrais móveis de concreto 4 x 4, que funcionam completas e independentes e permitem o atendimento a obras e construções de difícil acesso. Especialmente recomendada para construção de pavimentos de concreto, obras de saneamento, calçadas e meio-fio, a caçamba betoneira da Copex pode ser acoplada a retro escavadeiras, pá e mini pá carregadeira e escavadeiras hidráulicas de qualquer marca e modelo. CPI Engenharia – Os visitantes do estande da empresa terão informações cobre sua nova unidade de produção no Rio de Janeiro, que já se encontra em operação executando obras para conjuntos habitacionais, sendo uma delas para a Aeronáutica, com 67 prédios e outra para a Marinha.
Denver – A Denver, empresa especializada em sistemas de proteção ao concreto, apresentará várias novidades. Entre elas está o Denvertinta Anti-pichação, um sistema de proteção às edificações contra esse tipo de vandalismo.
C3 Equipamentos – Com um sistema exclusivo de proteção para a rosca, as escoras metálicas da C3 Equipamentos permitem longa vida útil, praticidade e agilidade em obras, assegurando produtividade e reduzindo os desperdícios de materiais.
Geosinter – Dona de uma ampla linha de serras de corte de concreto, a empresa apresentará esses produtos, disponíveis nos diâmetros 250, 300, 350, 450, 500, 600, 700, 800, 1.000 e 1.200 mm, com aplicações destinadas ao corte de piso, parede e estruturas pré-fabricadas em concreto armado, verde ou curado. Liftcom – A Liftcom traz para a feira sua mais nova linha de equipamentos para compactação de solos e pavimentação. Entre os mais de 375 modelos fabricados nos EUA, estão placas vibratórias, rolos compactados, alisadoras e serras de pavimentos. Todos desenvolvidos para serem produtivos, confiáveis, fáceis de operar e de manutenção simples.
CONCRETE SHOW 2010 Oeste Formas – A empresa
apresentará sua forma de alumínio, ideal para construção de casas e prédios com parede de concreto. A empresa vai mostrar, entre outras soluções, as formas metálicas para construção de casas populares. E traz também sua nova parceira em escoramento, a Titan Formwork, uma das maiores do ramo nos Estados Unidos.
Mills – A Divisão Jahu da empresa apresentará dois dos seus mais recentes lançamentos: o Easy Set Mills e o Mills Deck. O primeiro é um sistema de formas modulares com painéis leves de alumínio para paredes estruturais de concreto armado moldadas na obra. O sistema, além de prático, é socialmente correto, pois dispensa o uso da madeira e elimina despercídios em obra. Tem custo competitivo e oferece grande produtividade em relação à alvenaria convencional. Formas com o equivalente a 400 m² (2 apartamentos tipo ou meio pavimento) podem ser construídas em um dia, com paredes e lajes, e desforma no dia seguinte. O Mills Deck, por sua vez, é relançado com mais flexibilidade e uma versão mais leve para o mercado residencial. Sistema de formas para aplicações em lajes lisas, o Mills Deck tornou-se mais versátil, podendo atingir os dois tipos de obras com o mesmo sistema de painéis. Outra novidade da Mills é um Sistema de Escorões de Alumínio que será apresentado pela sua divisão Construção. De tecnologia da alemã Nöe, trata-se de uma nova alternativa para os escoramentos de maior altura, podendo substituir em muitos casos as escoras de aço e as torres de escoramento tradicionais. O sistema permite formar torres com diversas larguras e alturas quando contra ventadas (ligadas) por treliças, podendo ser içadas e transportadas a outras frentes de obra sem a necessidade de desmontagem do conjunto. As novidades por parte da divisão Rental são o novo modelo de plataforma aérea, a S-65Trax, da Genie, e um novo implemento para Manipuladores Telescópicos, o Concrete Bucket. A Genie® S-65 Trax, que possui altura de trabalho de 22 m, é utilizada em obras com terrenos muito acidentados devido ao seu sistema exclusivo de quatro esteiras direcionáveis e sua tração 4x4x4. Ao compensar as irregularidades do terreno, a Genie® S-65 Trax permanece estável e nivelada, garantindo total segurança ao operador. Reis e Reis – A Reis e Reis apresentará dois lançamentos: Reis Flex MS-30 Polímero, um selante híbrido de cura neutra, inodoro, que não contém solvente e pode ser utilizado em superfícies úmidas; e o RRO9100, um silicone de baixo módulo que resiste às intempéries e aos raios ultravioletas por ser 100% silicone.
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MAC Protensão – A empresa lançará a sua nova linha de ancoragens para aplicação em pontes estaiadas e usinas hidrelétricas. Metroform – A Metroform lança a Europrop A3, uma escora inovadora de múltiplas funcionalidades; o MecanoFlex, novo sistema de escoramento para lajes de concreto aparente, e o Alucubetas, sistema de escoramento recuperável que permite fazer lajes nervuradas bidirecionadas com cubetas reutilizáveis.
SH Formas – Uma das líderes no fornecimento de formas, andaimes e escoramentos metálicos para o mercado de construção civil no Brasil, a empresa apresenta dois lançamentos: a Modex SH Super e as Escoras Lume SH. A Modex SH Super é uma torre de carga que suporta até 16 t por poste. Ideal para obras pesadas onde é necessário escorar cargas altas em pequenas áreas. Os componentes são fabricados em aço galvanizado e a montagem é feita através do encaixe de garras e cunhas, que dispensam ferramentas especiais e mão de obra especializada. Já as Escoras Lume SH são fabricadas em alumínio e indicadas para obras com cargas altas em alturas entre 4 e 6 m e reescoramento em pé-direito duplo. Com apenas 22,90 kg, suporta até 70 kN. Além dos lançamentos, a empresa apresentará o Lumiform SH®, sistema de formas para paredes de concreto composto por painéis, fabricado com perfis especiais de alumínio e forrados com placas de alumínio. Duráveis e leves, não possuem rebites, emendas ou marcas na face que faz contato com o concreto, o que garante um acabamento perfeito. Os painéis apresentam furações apenas nas laterais, onde é encaixado o espaçador que, além de espaçar as formas, suporta as cargas atuantes do empuxo. Pode ser aplicado nos mais variados tipos de projetos, como construção de casas, sobrados e edifícios, com qualidade e ganhos significativos de produtividade.
CONCRETE SHOW 2010
Teka – Uma das líderes mundiais em misturadores de alta performance, a Teka vai apresentar sua nova subsidiária no Brasil, a Tekbra, e uma linha de equipamentos que podem ser instalados em qualquer central de concreto para produção de vários artefatos (pré-moldados, bloquetes, blocos, tubos etc).
Sany - Mastro Separado (Placing Boom) - Este equipamento foi projetado para trabalhar em conjunto com uma bomba de concreto, ele facilita e otimiza os trabalho de distribuição do concreto em altura. O modelo HGR 28 possui 4 braços articulados, projetados em aço de alta resistência fixados em uma plataforma de trabalho sustentada por tubos pode subir ou descer de acordo com a necessidade. Bomba Rebocável (Trailer Pump) modelo HBT 80 com produção de 90 metros cubicos por hora. O equipamento possui duas patolas hidráulicas, pode trabalhar em alta ou baixa pressão sendo selecionado o modo de trabalho pelo painel elétrico, O equipamento acompanha 150 metros de tubulação de saída DN 125 incluindo acoplamentos, curvas e mangote final. Auto Bomba (City Pump) para 90 metros cubicos hora, para ser adaptada sobre caminhão.
Via Trade – Importadora e distribuidora exclusiva das ferramentas elétricas Baier (Alemanha) e Macroza (Espanha), a Via Trade apresenta a decapadora de paredes BFF222. Utilizada em áreas internas e externas para remoção de rebocos, pintura, restos de adesivo ou cola, fachadas, concreto e outros, a máquina remove 1 m² de reboco em menos de 2 minutos. Vortex Hydra – A Vortex Hydra do Brasil,
especializada na produção de equipamentos para fabricação de telhas de concreto coloridas, traz algumas novidades, inclusive, uma tecnologia exclusiva no mercado mundial. Trata-se de máquinas que permitem produzir, no mesmo equipamento, sem necessidade de alteração de peças, telhas de tamanho convencional (42 x 33cm) e também modelo telhão (56 x 33cm), somente com mudanças na regulagem, dispensando alteração no sistema impulsão. O telhão de concreto colorido é uma novidade do mercado e agrega mais benefícios à obra, uma vez que permite ainda mais a racionalização no madeiramento e redução no tempo de colocação, somando aos valores já conhecidos alta durabilidade, maior resistência aos efeitos da natureza, dispensa de manutenção, baixa condutividade térmica, encaixe perfeito e menor pegada ecológica.
SDLG – A empresa, através do seu representante Tracbraz, exibirá sua linha de pás-carregadeiras. Os destaques são os modelos LG 918 e LG 936. “A presença nesta feira é essencial para mostrarmos ao mercado as nossas soluções e também para entrarmos em contato com as demais tecnologias voltadas para o segmento de construção civil”, diz Antônio Rosa, diretor da Tracbraz. Serão demonstradas as aplicabilidades das pás-carregadeiras, máquinas baseadas no conceito simple tech, de fácil operação, boa produtividade, boa relação custo benefício e manutenção simples.
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TPREX – A empresa fará o lançamento do Retornador de Pallets, desenvolvido com o objetivo de facilitar a movimentação no processo produtivo, economizar na mão de obra e aumentar a rapidez no sistema de cubagem e a durabilidade dos pallets. Rampf – O novo sistema Flexway, de molde inteligente, será o destaque da Rampf Molds na feira. Ele se adapta a todo o tipo de formas para pisos, protege as sapatas, as colmeias contra desgaste, aumenta o número dos ciclos e reduz os desperdícios, além de ser de fácil instalação e durável. Tecnilaser – Especializada na comercialização de níveis a laser no Brasil, a Tecnilaser, agora com marca própria, traz com exclusividade 25 produtos de altíssima qualidade para controle e execução de obras de concreto, pisos e lajes. T&A Estacas Centrifugadas - Uma das maiores indústrias de pré-fabricados de concreto no Brasil, a T&A traz para a Concrete Show as Estacas Centrifugadas, que possibilitam construções mais industrializadas, econômicas e ágeis. Weiler – O Misturador Planetário 2250L da Weiler, primeiro feito no Brasil e um dos mais avançados de sua categoria, será apresentado na feira. Dentre os seus vários diferenciais destaca-se a capacidade de carga de 2.250 litros e lançamento de até 60 m3/h. Esse rendimento é atingido utilizando-se um único motor de 75 CV em conjunto com dois planetários de três pás cada.
MÉTRICA INDUSTRIAL - PRÉ-FABRICADO ABCIC
Pré-fabricado d
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o de concreto:
um mercado sólido
S
omente as associadas da ABCIC devem produzir um volume de cerca de 2 milhões de m³ em peças pré-fabricadas de concreto, o que somaria R$ 5,5 bilhões em receitas. O mercado, como um todo, pode ter o dobro desse tamanho. A construção civil cresceu 15% no primeiro trimestre de 2010 comparado ao mesmo período do ano passado. As informações são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e indicam que o setor opera acima do Produto Interno Bruto brasileiro (PIB), que apresentou um incremento de cerca de 9%, também de janeiro a março deste ano. Há estados que mostram um diferencial ainda maior, caso de Pernambuco, onde o PIB do primeiro trimestre foi 8% maior do que em 2009, enquanto a construção civil apresentou um incremento de 18%. Especialistas acreditam que o cenário não deva ser diferente nos próximos anos, com o setor sendo impulsionado pelas demandas de infraestrutura. É o caso da construção industrializada de concreto, de acordo com o levantamento realizado
pelo Métrica Industrial, que ouviu a Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto (ABCIC) e 13 empresas do setor, que representam cerca de 25% da produção reali-
Mercado de pré-fabricados de concreto no Brasil em 2010 R$ 5,5 bilhões é o total de receitas na construção de prédios verticais e horizontais - Produção de 2 milhões m3 Fonte: ABCIC, considerando empresas com fábricas constituídas e associadas à instituição.
zada em fábricas consolidadas. Segundo a ABCIC, a pré-fabricação de edifícios verticais e horizontais deve gerar receitas superiores a R$ 5,5 bilhões em 2010, com a produção acima de 2 milhões m3 de concreto. O montante diz respeito somente às empresas do setor com fábricas instituídas e associadas
à ABCIC. A estimativa da entidade é de que o universo de 50 associadas represente cerca de 90% das empresas instituídas com fábricas completas. Outro universo, constituído por empreiteiras que realizam a pré-fabricação no próprio canteiro de obras e até mesmo por pequenas indústrias de pré-fabricado de concreto não mapeadas pela ABCIC, pode gerar uma receita similar aos já estimados R$ 5,5 bilhões da cadeia mapeada, o que significa que estamos falando de um mercado de R$ 11 bilhões em 2010. Os 13 entrevistados pelo Métrica Industrial representam um quarto das empresas associadas pela ABCIC e mais de 25% da produção oficial das empresas ligadas à instituição. O universo de entrevistados, ouvidos com exclusividade para esse levantamento, confirma o cenário de crescimento. Para a maioria deles (61%), o setor cresce até 15% em 2010. Para um terço delas, o ano será fechado com um incremento superior a 15%. Apenas 8% avaliam uma melhoria de apenas 5%. Como a pesquisa foi realizada em junho desse ano, pode-se afirmar que os percentuais são bem realistas para o fechamento de 2010 e indicam um
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MÉTRICA INDUSTRIAL - PRÉ-FABRICADO ABCIC
Crescimento em 2010: 61% dos entrevistados aposta em até 15% de incremento da produção movimento positivo, considerando os dois anos anteriores. Para os mesmos empresários foi questionado qual seria a estimativa de crescimento para o período de 2011-12. Novamente as avaliações confirmam as análises de expansão. Para 54% deles, o setor crescerá acima de 15%. Outros 30,5% apostam num crescimento entre 10% e 15%, enquanto 8% avaliam que o segmento cresce entre 5% e 10%. Os 7,5% restantes acreditam que o mercado apresenta uma retração inferior a 2%. Prova de que as empresas acreditam nos números indicados são os investimentos realizados para ampliar e/ou otimizar suas operações industriais entre 2008 e 2009. O maior foco foram
mas mesmo assim, 70% das empresas entrevistadas fez algum tipo de ampliação no biênio 2008-09. Considerando apenas a ampliação dos galpões de produção e de estocagem, 84,6% das empresas fez algum tipo de ampliação entre 2007 e junho de 2010. Para um terço delas, a ampliação foi entre 1 mil m² e 7 mil m² de área adicional. Outras 46% indicam que essa ampliação superou os 12 mil m². Em 8%, a área ampliada superou os 60 mil m².
Mercados de atuação Além de um panorama do setor em relação à receita e investimentos, o levantamento do Métrica Industrial buscou entender também os nichos de atuação das empresas produtoras de pré-fabricados de concreto. Uma informação importante é que apenas 23% delas executam o pré-moldado no próprio canteiro. E mesmo assim, as que executam indicam que tal atividade não representa 10% do seu
Produção e faturamento médio dos entrevistados em 2009 Média de produção entre os entrevistados foi de 47 mil m³ em 2009 38,5% deles tiveram faturamento entre R$ 30 milhões e R$ 100 milhões as formas especiais, citadas por 92,3% das empresas. As pontes rolantes e pórticos e as pistas de pretensão e prótensão formam o conjunto de equipamentos e soluções imediatamente atrás das formas, sendo relacionados por 84% dos pesquisados. Em 77% das empresas, a ampliação dos galpões de estocagem também foi objeto de obras de expansão ou otimização. O galpão de produção foi o item menos focado,
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receitas de até R$ 30 milhões em 2009. Para 23%, o faturamento foi entre R$ 31 milhões e R$ 60 milhões, enquanto 15,5% apresentaram receitas entre R$ 61 milhões e R$ 100 milhões. Uma parcela de 7,5% indicou faturamento entre R$ 101 milhões e R$ 150 milhões, enquanto 15,5% superaram a casa dos R$ 150 milhões em receitas. E mais: para 54% delas, o faturamento de 2009 foi superior ao de 2008, enquanto 15% indicaram que as receitas foram as mesmas. Já para 30%, o faturamento apresentou uma retração em relação a 2008.
Outro indicativo de crescimento é a própria produção das empresas em 2009, quando comparado ao ano anterior. A média de fabricação entre 11 empresas que informaram seus dados é de 47 mil m² de concreto. Os valores individuais indicam desde um grupo de grandes produtores, com números superiores a 100 mil m³ em 2009, até pequenas empresas com, uma produção inferior a 10 mil m³ no ano passado. Inclui ainda um grupo de fabricantes médios, cuja produção em 2009 esteve entre 20 mil m³ e 40 mil m³. Em termos de faturamento, 38,5% das empresas ouvidas apresentaram
Mercados de atuação
ída superou os 30 mil m². Trinta por cento delas (30%) produziram materiais para um total entre 10 mil m² e 30 mil m² de obras construídas em 2009. Um terço das obras compreende edifícios entre 5 e 15 pavimentos e um quinto indica que os prédios construídos apresentaram mais de 20 pavimentos. No caso dos galpões, a predominância é do setor industrial: as fábricas representam 50% das citações de tipo de obras entre as empresas entrevistadas. Os centros de distribuição e logística representam 25% das citações e foram o segundo grupo mais indicado em termos de construção usando pré-fabricados de concreto. As transportadoras, por sua vez, tiveram 12,5% das citações. Entre os demais segmentos aparecem os setores mineral, siderúrgico e os supermercados. Em termos de metragem, 40% são construções com entre 3 mil e 7 mil m².
77% das empresas não executa pré-moldado nos canteiros 60% atuaram em prédios residenciais em 2009 45% dos prédios residenciais são de padrão C 23% não executou obras de prédios comerciais faturamento e está focada em obras específicas como a construção ou ampliação de estádios de futebol. Para a maioria delas, a produção de pré-fabricados deve ser feita em sua planta industrial, em função do maior controle produtivo. Além da perda de qualidade, as empresas fazem questão de ressaltar que a atividade que exercem é industrial. Para essas empresas, o conceito que tem de si mesmas é de uma indústria e não de uma construtora. A aplicação de pré-fabricados em prédios residenciais é uma experiência real para mais da metade das empresas pesquisadas e 60% delas executou obras que totalizaram, em média, entre 5 mil m² e 10 mil m² por empresa em 2009. Um terço das que têm experiência nessa área forneceu produtos para construções que somaram entre 20 mil e 30 mil m² no ano passado, enquanto um dos entrevistados destaca obras que superaram 130 mil m². Dos empreendimentos citados, 45% são prédios de médio padrão, direcionados para a classe média. Apenas 10% são edifícios de alto padrão, enquanto os 45% restantes estão distribuídos entre prédios residenciais direcionados para as classes D e E. O perfil dos edifícios construídos está dividido entre prédios com até 5 pavimentos e edifícios entre 5 e 10 pavimentos. Já as
casas populares são um mercado ainda em ascensão, de acordo com os pesquisados. A ABCIC destaca que os programas habitacionais dos governos são alvo do setor de pré-fabricado de concreto e, embora não sejam todas as empresas interessadas, seis companhias com tradição no mercado integram o comitê habitacional da associação e possuem projetos específicos, direcionados para esse mercado. Diferentemente das casas populares, os prédios comerciais representam um mercado potencial para o setor de pré-fabricados de concreto. Das empresas ouvidas pelo Métrica Industrial, 77% delas já executou obras no segmento e 40% delas indica que a metragem total constru-
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ARTIGO
EMPREENDEDORES, SUSTENTABILIDADE E PRÉ FABRICADOS EM CONCRETO
O
ROBERTO JOSÉ FALCÃO BAUER*
REMO CIMINO**
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novo paradigma da civilização é, sem dúvida, a sustentabilidade. Chegamos a um momento em que é necessário reinterpretar o conceito de desenvolvimento, contemplando maior harmonia e equilíbrio do ser humano com o próprio ser humano e a natureza, entre o todo e as partes, e combinar os processos econômicos, sociais, culturais e políticos para que os recursos naturais das gerações futuras não sejam comprometidos. Hoje, corremos o risco do efeito estufa – aumento da temperatura nas camadas mais baixas da atmosfera como resultado do acúmulo de gases como vapor d´água, dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), óxido de nitrogênio (N2O), clorofluorcarbonos (CFCs) e ozônio (O3). Estes gases, conhecidos como gases de efeito estufa, funcionam como o vidro que cobre uma estufa: permitem a entrada dos raios solares e impedem a saída de calor. Esse processo mantém a temperatura na superfície da Terra equilibrada e favorece a existência da vida como conhecemos – sem o efeito estufa,
a temperatura média do planeta seria de -18ºC. O relatório do desenvolvimento humano publicado em 1998 pelo PNUD assinala que: “O consumo contribui claramente para o desenvolvimento humano quando aumenta as suas capacidades, sem afetar adversamente o bem-estar coletivo, quando é tão favorável para as gerações futuras como para as presentes, quando respeita a capacidade de suporte do planeta e quando encoraja a emergência de comunidades dinâmicas e criativas”. Essas necessidades de mudanças têm, na última década, mobilizado o Brasil, a sociedade civil, investidores, financiadores e consumidores (clientes), que passaram a exigir responsabilidades das empresas com relação ao impacto ambiental de suas atividades. No setor da construção, estas exigências têm se acentuado devido ao alto impacto ambiental e social das atividades de fabricação de materiais, projeto de arquitetura e engenharia, construção, uso e operação de empreendimentos que envolvem as edificações e infraestrutura.
CICLO DE VIDA DE UM PROJETO (EMPREENDIMENTO) Projetos são empreendimentos únicos e envolvem, portanto, um certo grau de incerteza e riscos e cada fase (ou estágio) do ciclo de evolução do projeto compreendendo contextos bem definidos, a fim de facilitar o seu controle de gerenciamento e estabelecer vínculos bem claros com os interessados envolvidos no projeto, dentro e fora da organização da empresa. Intenção é o primeiro passo (muita intuição e na maioria das vezes pouca razão) para se colocar em jogo a intenção de se criar ou desenvolver um projeto (empreendimento). Avaliação é o passo da razão, isto é, todos os setores-chave da empresa (interessados internos e externos) e consultores passam a detalhar e expor suas convicções na formulação do plano do projeto (empreendimento) e concluírem sobre: aspectos políticos, investimentos, rentabilidade do projeto, ações de marketing, definições técnicas: - projetos de arquitetura e engenharia - e custos de implantação e operacionais, procedimentos organizacionais, principais parceiros, ações do meio ambiente, etc. Consolidação é o passo em que se consolida o plano operacional do projeto e realiza-se o detalhamento dos processos operacionais de implantação, projetos executivos de arquitetura e engenharia e operação do projeto. Implantação-Construção envolve todos os interessados nas áreas: econômica – financeira; construção, instalações físicas, fornecimento e montagem dos equipamentos do processo de produção até momento da realização dos testes e treinamento da entrada em operação.
ENTRADA Matérias-primas, energia, água e solo
SAÍDA Emissões atmosféricas, resíduos sólidos e efluentes líquidos
• Extração de matéria-prima: Aplicação, demolição, depósito de aterros, entre outros. • Construção: Manutenção, desmonte e reutilização. • Manufatura de produtos
Operação envolve o pessoal operacional do projeto que começa a produzir os produtos compactuados com o projeto, atuar junto aos seus fornecedores e clientes, portanto devem conhecer todo o sistema da cadeia produtiva. EXPECTATIVA E VISÃO DO EMPREENDEDOR E DO CLIENTE
Modelo de negócio • Marketing: antes das decisões deve-se ter o pleno conhecimento da situação, através da análise de fatos e dados, fundamentados na realidade do mercado atual, futuro e a vontade e motivação da equipe. • Capacitação técnica e econômica: modelo de negócio visando o lucro e a sua inovação. • Implantação: preço, qualidade, prazo de execução e compatíveis com o negócio. • Operação e manutenção: adequados à realidade do projeto (empreendimento). • Disponibilidade e custos de: reposição, manutenção, assistência técnica e serviços pós-venda; compatíveis com a vida útil do projeto (empreendimento). • Persistência para criação de novos mercados e negócios.
Implantação e operação do empreendimento (projeto) • Implantação do empreendimento • Investimentos consistentes e que não sofram alterações consideráveis para a implantação do empreendimento. • Qualidade técnica dos serviços baseada em custos competitivos. • Qualidade técnica e custos competitivos para a prevenção e mitigação do impacto sobre o meio ambiente.
• Operação (uso) do empreendimento. • Investimento que esteja em conformidade com as diretrizes gerais da estratégia do programa das intervenções, do controle e acompanhamento do gerenciamento dos recursos humanos, da disponibilização de equipamentos, materiais de consumo para a realização das atividades de operação, conservação e manutenção, e também a durabilidade das estruturas conforme previstas nos estudos de viabilidade técnica-econômica do empreendimento.
Sustentabilidade Construção sustentável e viabilização • Planejamento sustentável é a mais importante etapa da obra amiga do meio ambiente. A partir dele serão decididas todas as intervenções que poderão integrar a obra ao meio ambiente ou resultar em danos em curto, médio e longo prazos (No Brasil estima-se que a construção civil: edificações, saneamento, rodovias, ferrovias, barragens, prédios administrativos, entre outros, sua manutenção e a cadeia produtiva dos bens, tais como: cimento, cerâmica, madeira, aço, água, entre outros tantos consomem cerca de 75% dos recursos naturais) • Qualidade de um sistema sustentável; que tem a capacidade de se manter em seu estado atual durante um tempo indefinido, principalmente devido à baixa variação em seus níveis de matéria e energia, desta forma não esgotando os recursos de que necessita. • Utilização de ecoprodutos (materiais) e soluções inteligentes, que promovam
a redução da poluição, o bom uso e economia da água e de energia, seja no processo de implantação do projeto (construção), ocupação (manutenção e operação), gerando conforto aos usuários, ocasionando o menor impacto da edificação ao meio ambiente, durante sua utilização e desmonte pós-uso (A cadeia produtiva da construção contribui para a poluição, inclusive na liberação de gases do efeito estufa). • Dar ênfase na mudança cultural e amadurecimento sustentável, levando em consideração: introduções de inovações tecnológicas referentes às construções sustentáveis; gestão de: resíduos, coleta de água de chuva, segurança, saúde, coleta seletiva de lixo, compras de produtos sustentáveis, transporte sustentável. • Integração entre soluções de projeto e sustentabilidade focando: a perturbação social, perigo aos transeuntes, perturbação da fauna, emissão de material pulverulento, emprego de materiais ecológicos, redução do consumo de energia, reaproveitamento de materiais das sobras (resíduos) de construção, redução de ruídos, entre outros. • Dar atenção especial ao destino sanitário das águas servidas e fluentes sólidos, tendo em vista o problema a ser evitado de contaminação direta ou indireta da população vizinha, podendo tornar crítica a execução de um projeto. • Dar atenção na utilização de madeira extraída ilegalmente, além de comprometer a sustentabilidade das florestas representa séria ameaça ao equilíbrio ecossistêmico. • Em síntese o Empreendedor exige um crescimento sustentável de forma que o indivíduo, a sociedade e a natureza não sejam agredidos, possibilitando uma evolução para todos no sentido da sustentabilidade. Passivo ambiental Dar ênfase ao passivo ambiental, principalmente quando atravessam ou interferem com áreas sensíveis e protegidas. Requisitos e indicadores de desempenho ambiental
*Roberto José Falcão Bauer é engenheiro civil e presidente do Instituto Falcão Bauer de Qualidade **Remo Cimino é engenheiro civil, consultor, superintendente de empresas e autor do livro "Planejar para Construir"
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ARTIGO Estabelecer os requisitos e indicadores de desempenho e as influências de cada fase do processo construtivo e de operação, com relação ao meio ambiente. Oportunidades e clientes Na confecção do projeto arquitetônico e de engenharia estabelecer os diferenciais competitivos, redução de custos, melhoria nos níveis de eficiência e desempenho, visando: Conquista e fidelização de clientes, ambiente de trabalho positivo, controle de redução de custos, acesso ao mercado externo, acesso ao crédito etc. Ambiente global Estar atento para os critérios de qualidade do ar, da água e do solo, inclusive com relação ao aquecimento global, à camada de ozônio, alterações no ecossistema, consumo de recursos naturais, emissão de gases com efeito estufa, poluentes aéreos e descarga de resíduos. Energético Utilização de máquinas e equipamentos altamente eficientes energeticamente – elétrico, combustíveis fósseis e gás natural. Ambiente em torno da obra • Interferência ao redor do empreendimento que, segundo os requisitos do plano urbanístico e arquitetônico, implicam custos adicionais que exigem uma análise cuidadosa. • Análise das contaminações e alterações que possam afetar o ar, solo, água e bens públicos e privados. • Passivo ambiental ao redor do empreendimento.
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Gerenciamento e monitoramento DURABILIDADE E DESEMPENHO DA ESTRUTURA • A durabilidade da estrutura de concreto do empreendimento depende da qualidade de fabricação das peças pré-moldadas, dos materiais utilizados, equipamentos de confecção e da mão de obra especializada. • Depende também da construção, exatidão da obra, principalmente dos elementos de ligação das peças pré-fabricadas. • Os outros cuidados que se deve ter com as estruturas pré-fabricadas são os mesmos de qualquer estrutura convencional; requer uma boa manutenção preventiva. • Capacidade de resistir à ação de in-
tempéries, ataque químico, abrasão ou qualquer outro processo de deterioração (ACI 201). • Um concreto durável preservará sua forma, qualidade e capacidade de usos originais, quando exposto ao ambiente para o qual foi projetado. • As estruturas de concreto devem ser projetadas, construídas e utilizadas de modo que, sob as condições ambientais previstas em projeto e respeitadas às condições de manutenção preventiva especificada em projeto, conservem sua segurança, estabilidade, aptidão de serviço e aparência, durante período pré-fixado, sem exigir medidas extras de manutenção e reparo. RESPONSÁVEIS PELA GARANTIA DA QUALIDADE E DURABILIDADE DA ESTRUTURA A garantia da qualidade identifica-se com a gestão da qualidade, e corresponde à execução das atividades da qualidade planejada(s) e que a empresa tem como objetivos: • a utilização de todos os processos necessários para atender aos requisitos da qualidade; • que os padrões de qualidade sejam alcançados; • um conjunto de medidas orientadas para atingir a qualidade, em outras palavras, evitar ou detectar erros em todas as fases do processo construtivo; • um conjunto de processos para a resolução de problemas ou de correções de defeitos, com abordagem consistente e rigorosa que assegure que eles sejam cor-
rigidos de maneira eficiente; • referência à demonstração documentada de que foram efetuados os pertinentes controles da qualidade; • estabelecer os critérios de desempenho do projeto, visando a assegurar que o processo está funcionando e que o projeto irá atender aos padrões estabelecidos no planejamento da qualidade VIDA ÚTIL DO PROJETO E DOS MATERIAIS Vida útil do projeto • Período de tempo durante no qual as estruturas de concreto mantêm características conforme estabelecido em projeto; • Pode ser aplicado à estrutura como um todo ou às suas partes; • Após entrega existem responsabilidades sobre seu correto funcionamento, incluindo a eficiência na sua operação e manutenção, que representam um custo muito superior ao da execução. Vida útil dos materiais • Nenhum material é propriamente perene. Como resultado de interações ambientais, a microestrutura e, consequentemente, suas propriedades mudam com o tempo. • Mesmo estruturas bem calculadas, bem executadas e muito bem utilizadas sofrem desgaste natural e necessitam de manutenção.
• Um material atinge o fim de sua vida útil quando suas propriedades, sob determinadas condições de uso, tiverem se deteriorado de tal forma que a sua utilização se torna insegura e antieconômica.
PROCEDIMENTOS PARA A EXECUÇÃO DOS PROJETOS DE ARQUITETURA E ENGENHARIA Os principais critérios para a utilização de peças pré-fabricadas de concreto de uma maneira geral são os “Conhecimentos do processo operacional e a garantia da qualidade”, visando às ações mecânicas, físicas, químicas e biológicas. PROJETO BÁSICO / EXECUTIVOPROCESSOS O desafio para qualquer projetista é encontrar o equilíbrio, a combinação perfeita que leve em consideração aspectos como a durabilidade, o tempo de construção, a funcionalidade, a segurança, entre outros. Processos diretamente relacionados à geração de valor agregado para os clientes internos e externos, associados à prestação de serviços e criação de produtos necessários para atender às necessidades dos empreendedores, clientes e da sociedade, compreendem, normalmente: • processos de projeto de arquitetura / designer; • processos de produção (fabricação de bens ou prestação de serviços);
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ARTIGO • Utilização racional das dimensões dos equipamentos; • Evitam o congestionamento dos equipamentos; • Facilidade de acesso às redes de energia elétrica, ar comprimido, água, drenagem etc; • Balanceamento das áreas de acordo com a demanda do produto; • Racionalização da movimentação e estocagem das peças em função do suprimento; • Facilidade para percorrer as áreas de serviço; • Incremento e velocidade do processo construtivo; • Implementam a segurança e saúde, reduzindo ao máximo as atividades no canteiro de obras; • Reduzem os resíduos de construção; • Aumentam a eficiência energética; • Reduzem o nível de ruídos na construção; • Estabilizam ou reduzem os custos de construção e operação; • Reduzem os custos de manutenção preventiva; • Incentivam, valorizam a pré-fabricação industrial, visando reduzir os defeitos de execução e desperdícios; • Modificam a opinião pública aumentando a qualidade do produto no mercado consumidor; • Menos improvisação no canteiro. • processos de execução e de entrega (expedição, transporte e distribuição de bens ou conclusão de um serviço) do produto; • processos de operação; • processos de assistência técnica e/ou pós-entrega; • satisfação dos clientes internos e externos; • no serviço público, são também conhecidos como processos-fim. PROCEDIMENTOS PARA A PRODUÇÃO E APLICAÇÃO DE PEÇAS PRÉ-FABRICADAS Organização do trabalho na produção das peças pré-fabricadas, vantagens e facilidades. • Definição precisa dos métodos de execução e dos modos operacionais, permitindo colocar em prática técnicas modernas de construção e equipamentos de alto rendimento; • Escolha em quantidade e qualidade do
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pessoal para a execução dos serviços, de tal forma que se tenha a racionalização do ciclo de trabalho; • Formação adequada das equipes de trabalho, coordenando e distribuindo de forma equilibrada a concentração de pessoal especializado; • Continuidade na execução dos serviços, procurando-se evitar picos desnecessários de trabalho; • Coordenação de atividades para se obter eficaz e economicamente a execução de um serviço, ou seja, pesquisa de uma maior eficiência na ordenação do trabalho; • Organização do trabalho na aplicação das peças pré-fabricadas, vantagens e facilidades; Apresentam as seguintes vantagens e facilidades, entre outras: • Mobilidade total para a utilização de equipamentos;
CONCLUSÃO Os Empreendedores de todo Brasil caminham a passo largos para agregarem valores aos seus empreendimentos, considerando a sustentabilidade das construções, saúde e segurança no trabalho, qualificação profissional, trabalho justo, entre outros, o desenvolvimento de projetos que visam à certificação ambiental do empreendimento e contemplam a redução dos impactos e a qualidade da implantação das construções, economia de água, eficiência energética, redução do uso de recursos não renováveis, especificação de materiais sustentáveis, industrialização da construção, melhoria da qualidade do ambiente construído, uso e operação do empreendimento e com adoção de indicadores de desempenho do empreendimento em relação à sustentabilidade.
Cofac
ENERGIA
TT Empreendimento exigiu investimentos de R$ 1,063 bilhão e tem potência total instalada de 210 MW
HIDRELÉTRICA SERRA DO FACÃO ENTRA EM OPERAÇÃO Entrou em operação comercial, no dia 13 de julho, a Usina Hidrelétrica Serra do Facão, no rio São Marcos, entre os municípios de Catalão e Davinópolis, na divisa dos estados de Goiás e Minas Gerais. Equipada com duas turbinas geradoras Francis, com capacidade unitária de 108 MW, a hidrelétrica tem potência total instalada de 210 MW, suficiente para atender uma cidade com 1,2 milhão de habitantes. O empreendimento exigiu investimentos da ordem de R$ 1,063 bilhão e está sob a responsabilidade da Sociedade de Propósito Específico (SPE) Serra do Facão Energia S.A. (Sefac), formada por Furnas Centrais Elétricas S.A. (49,47%), Alcoa Alumínio S.A. (34,97%), DME Energética (10,09%) e Camargo Corrêa Ener-
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gia (5,47%). A SPE foi constituída com a finalidade de construção e operação da hidrelétrica. O Consórcio de Empresas Fornecedoras de Serra do Facão (Cofac) foi o responsável pela execução do empreendimento. A Construções e Comércio Camargo Corrêa S.A., cabeça do consórcio, ficou responsável pelas obras civis; a Voith Siemens foi a fornecedora de equipamentos e da montagem eletromecânica; e a CNEC, pela elaboração do projeto executivo. Foram três anos de obras, que chegaram a gerar 4.800 empregos, sendo 1.600 diretos e 3.200 indiretos. A energia produzida pela usina será incorporada ao SIN-Sistema Interligado Nacional de Transmissão de Energia, distribuída para
todo o território nacional e utilizada pelos consorciados, se necessário. Serra do Facão tem barragem de concreto compactado com rolo (CCR) e ombreiras em enrocamento, com núcleo de argila. O reservatório possui área com 227 km2, com cota máxima de inundação de 256 km2 abrangendo parcialmente áreas de cinco municípios goianos: (Catalão, com 72,8%; Campo Alegre de Goiás, com 22,4%; Cristalina, com 0,6%; Davinópolis, com 0,4%; e Ipameri, com 0,1%) e um de Minas Gerais (Paracatu, com 3,7%). Da área total do reservatório, 155 km2 correspondem à calha natural do rio. O vertedouro tem duas comportas, com largura total de 33,90 m. A tomada de água tem duas unidades de captação,
que levam água do reservatório até as duas unidades de geração, por meio de dois condutos forçados, com 78 m de comprimento e 6 m de diâmetro. A região tem topografia acidentada, que favorece a vazão da água. Para a execução das obras, a Camargo Corrêa Energia instalou no local sua maior instalação industrial da América Latina, com capacidade para produzir 450 t/hora de agregados para concreto. Uma usina de concreto exclusiva para o projeto produziu, em média, 200 m3/h de concreto compactado com rolo e 65 m3/h de concreto convencional.
Desvio do rio foi marco definitivo
O desvio do rio aconteceu em fevereiro de 2009 e o enchimento do reservatório, nove meses depois, em 19 de novembro. Por volta das 10 horas, as duas comportas do túnel de desvio do rio São Marcos foram fechadas e, a partir desse momento, iniciou-se o processo de formação do lago. As obras de desvio foram executadas em duas etapas básicas. A primeira fase iniciouse pelo alargamento da calha do rio pela margem direita. Na sequência, foi construída uma ensecadeira, para a fase de construção. Na segunda fase foi construído um túnel escavado na ombreira esquerda, cuja capacidade de descarga durante a construção correspondeu às cheias de 50 anos de período de recorrência com a ensecadeira de montante, com crista na cota 694 m, e a ensecadeira de jusante com crista na cota 679 m.
O circuito hidráulico compreende a estrutura da tomada d’água com duas passagens independentes, dois condutos forçados blindados, casa de força, externa e abrigada, com duas unidades geradoras e área de montagem, e Canal de Fuga escavado em rocha, de pequena extensão, restituindo as vazões turbinadas ao rio. A subestação de 138 kV associada à UHE Serra do Facão está localizada na ombreira esquerda e será reconectada à subestação de Catalão de 138 kV, por uma linha de circuito duplo com cabo Grosbeak e estrutura metálica. Os trabalhos de implantação da linha de transmissão, com 32,5 km de extensão, responsável por levar a energia gerada pela hidrelétrica até a subestação da Celg (Centrais Elétricas de Goiás), no município de Catalão, foram concluídos em fevereiro de 2010. A faixa de servidão, que é a área necessária para a instalação, operação e manutenção da linha de transmissão em condições de segurança, tem 26 m de largura e passa por 72 propriedades. Todos os imóveis foram indenizados pela restrição de uso da área ocupada pela faixa de servidão.
Impactos socioambientais
Para a implantação da Linha de Transmissão, a Sefac recebeu licença de instalação em dezembro de 2008. Os serviços foram iniciados em junho de 2009. Todo o trabalho de supressão de vegetação foi acompanhado pela Agência Goiana de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, ór-
TT Construção da Casa de Força da Hidrelétrica Serra do Facão, localizada em nível inferior à tomada d'água (cerca de 80 m), onde são processadas as transformações de energia
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ENERGIA
WW A Alcoa, sócia no empreendimento, tem opção preferencial de consumo da energia gerada por Serra do Facão. O excedente entra para o sistema nacional
gão ambiental do estado de Goiás. Ao todo 75 profissionais da área de meio ambiente monitoraram os impactos gerados pelo empreendimento. Biólogos e auxiliares acompanham o enchimento do reservatório e realizam, quando necessário, o resgate de animais ilhados ou incapacitados de se locomover. Várias equipes cuidaram do monitoramento do rio, à jusante da barragem, para resgatar peixes nativos, posteriormente reinseridos no reservatório, como o jaú, o pintado, o surubim e o dourado. Paralelamente aos trabalhos realizados no canteiro de obras, foram feitos outros serviços, como aquisição de propriedades, realocação de 400 famílias da população local, e execução da infraestrutura na área do reservatório da usina, como a construção e elevação de pontes e relocação de estradas, além da realização de atividades programadas para os diversos projetos ambientais. O projeto Serra do Facão foi apresentado e amplamente debatido em diversas audiências públicas, realizadas em todas as comunidades nos municípios da área de abrangência do empreendimento. Como resultado, essas audiências apontaram um conjunto de melhorias e compromissos que foram incorporados ao Estudo de Impacto Ambiental (EIA), possibilitando a obtenção da Licença Prévia em abril de 2002, documento que atesta a viabilidade ambiental do projeto. Em setembro de 2006 o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) renovou a Licença de Instalação, permitindo a construção da Usina de Serra do Facão. Em novembro de 2009 o órgão concedeu a Li58 / Grandes Construções
cença de Operação, possibilitando o início do funcionamento e, consequentemente, a geração de energia. A concessão de uso para a exploração da usina foi adquirida por meio de leilão realizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), em 12 de Julho de 2002, na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro.
Participação estratégica A participação da Alcoa na empresa Serra do Facão Energia S.A. (Sefac) é estratégica, já que a empresa tem a opção preferencial na utilização gerada pela hidrelétrica no seu processo produtivo. A energia é fundamental na produção de alumínio, pois possibilita a transformação da alumina em metal. Com a UHE de Serra do Facão, a Alcoa busca a autossuficiência em suas operações. “A fonte de energia mais competitiva utilizada pela Alcoa ainda é a hidrelétrica – limpa e de fonte renovável – e acreditamos que é possível construir usinas com responsabilidade socioambiental e de forma a desenvolver as regiões que as recebem”, diz Franklin L. Feder, presidente da Alcoa América Latina e Caribe. Além da Usina Serra do Facão, a empresa participa de consórcios nas hidrelétricas de Barra Grande e Machadinho, no sul do Brasil; e também de Estreito, em construção, na divisa do Tocantins e Maranhão. Serra do Facão fica a montante de outra barragem, a da hidrelétrica de Emborcação, instalada no rio Paranaíba, em Araguari, com 1.192 MW de potência instalada, cujo início de operação ocorreu em 1982.
DADOS DA UHE DE SERRA DO FACÃO Localização: a Hidrelétrica Serra do Facão está localizada no rio São Marcos, sub-bacia do rio Paranaíba, bacia do rio Paraná Distância da foz do rio Paranaíba: 55 km Municípios da margem direita: Catalão, Campo Alegre de Goiás, Ipameri e Cristalina, todos no estado de Goiás Municípios da margem esquerda: Davinópolis e Catalão, ambos em Goiás; e Paracatu, em Minas Gerais Início das obras: 15 de fevereiro de 2007 Reservatório Extensão: 60 km em linha reta Perímetro: 1.357 km Volume do reservatório: 5.277.000.000 m3 Profundidade média: 24 m Período de enchimento: 1 ano N.A. de montante: 756 m N.A. de jusante: 675,81 m Áreas inundadas: 218,84 km2 Vida útil: 100 anos Barragem Tipo de estrutura/Material: CCRConcreto Compactado a Rolo e enrocamento com núcleo de argila Comprimento total da crista: 600 m Altura máxima: 87 m Sistema extravasor Tipo: Vertedouro de superfície Vazão do projeto: 2.684 m3 por segundo Número de vãos: 2 Comportas: tipo segmento Largura das comportas:11,20 m Altura das comportas: 15 m Sistema adutor Tomada de água: tipo gravidade por condutos forçados Comportas: vagão Largura das comportas: 5,5 m Altura das comportas: 6,5 m Energia Potência da usina: 210 MW Energia firme (assegurada): 182,4 MW médios Queda bruta máxima: 81,93 m
ENERGIA
INICIADA INSTALAÇÃO DE TURBINAS NA UH DE ESTREITO HIDRELÉTRICA RECEBERÁ OITO TURBINAS DO TIPO KAPLAN, CONSIDERADAS AS MAIORES JÁ PRODUZIDAS NO BRASIL A Voith Hydro-Brasil deu início, em maio, à instalação da primeira de uma série de oito turbinas Kaplan, fabricadas pela própria empresa, na unidade geradora de energia elétrica da Usina Hidrelétrica de Estreito. As oito turbinas Kaplan são as maiores já produzidas no Brasil. Até o começo de 2011, essa primeira unidade da UHE de Estreito deve entrar em operação comercial no sistema elétrico 60 / Grandes Construções
brasileiro. As sete demais máquinas funcionarão nos 14 meses subsequentes. Líder do Consórcio Fornecedor Eletromecânico (Ceme) da UHE de Estreito, a Voith Hydro é responsável por dois terços do fornecimento do Ceme, sendo que um terço do investimento total da obra foi destinado ao consórcio (aproximadamente R$ 1 bilhão). Estreito é considerado um dos três maio-
XX Usina Hidrelétrica de Estreito, cujas obras foram iniciadas em fevereiro de 2007, com início de operação comercial prevista para início de 2011. No detalhe, uma das oito turbinas tipo Kaplan, entre as maiores produzidas no País, fornecidas pela Voith Hydro-Brasil
anos a Voith Hydro foi responsável pelo fornecimento e montagem de quatro hidrelétricas na região, agregando cada vez mais experiência ao desenvolvimento de equipamentos para hidrelétricas e trazendo o beneficio da energia limpa para o País”, acrescenta Gabelini.
Projetos Voith Hydro no rio Tocantins
A Voith Hydro forneceu também equipamentos para a Usina de Lajeado, de Peixe Angical e de Cana Brava, todas localizadas no rio Tocantins. A Usina de Lajeado tem uma potência de geração elétrica de 902,5 MW, entrou em operação em dezembro de 2001 e, em 2002, atingiu sua condição de geração plena. Já a Usina de Peixe Angical tem potência de geração elétrica de 452 MW e entrou em operação total em setembro de 2006. A Usina Cana Brava, do tipo Francis, com capacidade de 456 MW, entrou em operação em 2002.
Voith Hydro
res projetos geradores de energia em curso no Brasil. A hidrelétrica tem capacidade instalada de 1.087 MW e energia assegurada de 584,9 MW. A usina está localizada na região norte do Brasil, no rio Tocantins, entre os estados do Tocantins e Maranhão, abrangendo os municípios de Estreito (MA), Aguiarnópolis (TO) e Palmeiras do Tocantins (TO). Além das turbinas Kaplan, a Voith Hydro fornecerá automação das turbinas, sistemas de proteção, sistemas auxiliares mecânicos, reguladores de velocidade, transformadores, elevadores, disjuntores e sistemas de teleco-
municação e vigilância. A automação da usina terá a qualidade Voith e a hidrelétrica poderá ser operada a distância. A garantia será de três anos a partir da entrada em operação de cada produto. Atualmente, cerca de 75% do escopo de fornecimento já foi entregue pelo Ceme. Em aproximadamente nove meses, 100% dos produtos estarão prontos para montagem. De acordo com o diretor do Projeto Estreito da Voith Hydro-Brasil, engenheiro Luiz Gabelini, esse é o quarto projeto da marca Voith no rio Tocantins, três do tipo Kaplan e uma do tipo Francis. “Em um período de 12
A Voith Hydro é uma divisão do grupo Voith que conta atualmente com aproximadamente 4.681 colaboradores e movimentou mais de 1,085 milhão de euros no último ano fiscal (2008/2009). A empresa é líder no fornecimento de tecnologia hidrelétrica no mundo. O Grupo Voith atua nos mercados de máquinas de fabricação de papel, acionamentos mecânicos, soluções completas para usinas hidrelétricas e serviços industriais. A empresa foi fundada em 1867 e conta hoje com cerca de 39 mil colaboradores e mais de 280 filiais em todo o mundo, movimentando cerca de 5,1 bilhões de euros em vendas. A Voith é uma das maiores empresas familiares da Europa. Julho 2010 / 61
SANEAMENTO
SS Paranaguá: cerca 50% dos 133,5 mil habitantes contam com esgotos tratados
SANEAMENTO EM PARANAGUÁ (PR) É EXEMPLO DE PARCERIA COM SETOR PRIVADO A cidade de Paranaguá, principal referência litorânea do estado do Paraná, tanto pela importância do porto, principal elo na cadeia de exportação da soja no Brasil, quanto seu belo conjunto arquitetônico colonial, está se tornando mais uma referência no País, desta vez no âmbito do saneamento básico. Cerca de 50% de toda a população do município – de 133.559 habitantes, segundo contagem do IBGE/2007 – já conta com sistema de esgotos tratado. E a meta da prefeitura é chegar a 2012 com pelo menos 80% de coleta e tratamento de esgoto na cidade. São índices raros no Brasil, onde o percentual médio de tratamento de esgoto é de 45%. Pata atingir esta meta outras cinco novas estações de tratamento serão instaladas em Paranaguá até 2012.
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A posição privilegiada de Paranaguá avançou mais um passo com a inauguração, em 1 de julho, de mais uma estação de tratamento de esgoto (ETE) localizada no Jardim Samambaia às margens da BR-277. Totalmente informatizada, a nova unidade exigiu investimentos da ordem de R$ 1,2 milhão e beneficiará mais de 4.500 moradores dos bairros Jardim Samambaia, Jardim Ipê e Casa da Família (Conjunto Serra do Mar). E foi a segunda do gênero, instalada a partir de uma parceria bemsucedida entre a prefeitura e a concessionária CAB Águas de Paranaguá. A primeira, a ETE Emboguaçu, foi inaugurada em 2001 Nas duas estações, a concessionária adota um sistema de tratamento até então inédito no Brasil e considera-
do o estado da arte do setor em todo o mundo. A CAB Águas de Paranaguá adotou o processo biológico de lodo ativado. A engenheira química Ludimila Teixeira, coordenadora de Tratamento de Água e Esgoto da concessionária, explica que o processo, desenvolvido na Alemanha, se baseia na oxidação da matéria orgânica, por bactérias aeróbias, controlada pelo excesso de oxigênio em tanques de aeração e posteriormente direcionado aos decantadores. Durante o processo, que é 100% biológico, o esgoto afluente, na presença de oxigênio dissolvido, através de agitação mecânica e pelo crescimento e atuação de microorganismos específicos, forma flocos. Essa fase sólida é separada da fase líquida em outra unidade operacional,
durante um processo de decantação em que é removida a matéria orgânica biodegradável presente nos esgotos. Após esse processo, o lodo ativado separado retorna para o processo ou é retirado para tratamento específico ou destino final. O lodo decantado nos decantadores retorna ao tanque de aeração como forma de reativação da população de bactérias no tanque de aeração. Este retorno se dá na entrada do tanque onde o lodo, em fase endógena, se mistura ao efluente rico em poluente, aumentando assim a eficiência do processo. É fundamental que a água a ser tratada não possua outros componentes que prejudiquem a vida de tais bactérias. As condições adequadas para o tratamento, tais como a concentração de oxigênio dissolvido, pH e a velocidade da água, são essenciais ao perfeito funcionamento desse processo. Boa parte do lodo gerado no processo é desidratado e enviado para aterros sanitários Classe 2. Mário Müller, diretor geral da CAB Águas de Paranaguá, afirma que a tecnologia permite excelente desempenho e alto rendimento. Edson Pedro da Veiga, diretor presidente da Companhia de Água e Esgoto de Paranaguá (Cagepar), lembrou que a parceria com a iniciativa privada permitiu que Paranaguá se tornasse uma referência em tratamento de esgoto no Paraná. A capacidade da ETE Samambaia é suficiente para coletar e tratar uma vazão de 16,5 litros de esgoto por segundo e permite devolver aos rios a água livre de matéria orgânica e de microorganismos que causam doenças.
dos bairros Nilson Neves, Jardim Yamaguchi, Conjunto Costa Sul e Caic. Ainda em 2010, está previsto o início das obras da ETE Costeira, projetada para atender 20 mil moradores da Costeira, Centro e Centro Histórico, além de bairros como Oceania, João Gualberto, Campo Grande, Alto São Sebastião, Raia e Tuiuti, além de parte do Jardim Alvorada. Em 2011, será construída a ETE Itiberê, projetada para atender 10 mil parnanguaras que moram em bairros como Parque São João, Vila Divinéia e Labra. Em 2012 será construída a ETE Rocio para tratar o esgoto de 10 mil moradores dos bairros Rocio, Vila Alboit, Industrial, 29 de Julho, Leblon, Bockmann, Dom Pedro II e parte dos bairros Vila Paranaguá, Serraria do Rocha e Alvorada. Para todo o programa de saneamento, a previsão de orçamento é de R$ 35 milhões, com financiamento do BNDES de R$ 35 milhões para pagamento em 10 anos.
Concessão plena e PPP
Criada em 2006, por acionistas da Galvão Engenharia S.A., a CAB Ambiental tem sua trajetória marcada pelo pioneirismo. A empresa foi uma das primeiras do setor privado a assumir uma concessão plena dos serviços públicos de água e esgoto, no caso do município de Palestina (SP), com 9 mil habitantes. Trata-se da Empresa de Saneamentos de Palestina (Esap). Responsável pelo tratamento e abas-
tecimento de água e pela coleta e tratamento de esgoto em toda a cidade de Palestina, incluindo os distritos de Boturuna, Duplo Céu e Jurupeba, a Esap assumiu integralmente a manutenção do sistema de saneamento básico e do atendimento de qualidade ao público. Responde por toda a gestão comercial que compreende a leitura do consumo, entrega das contas de água e a comercialização de serviços aos usuários. Cerca de 100% do abastecimento de Palestina é feito com água subterrânea, cuja captação é realizada em 15 poços com profundidade média de 100 m, localizados no Aquífero Bauru. Com um total de sete reservatórios, Palestina tem capacidade de armazenamento de aproximadamente 870 mil litros de água. A ESAP possui equipamentos de última geração, que possibilitam o monitoramento diário da qualidade da água. Com essa tecnologia é possível verificar toda a distribuição, além de controlar os produtos químicos utilizados no tratamento da água. O laboratório realiza 1.745 análises mensais para atestar a qualidade da água, rigorosamente dentro das normas do Ministério da Saúde. Palestina trata atualmente 100% dos 84% do esgoto coletado. Após a coleta, o esgoto é enviado até a Estação de Tratamento de Esgoto, localizada na Barra do Abelha, onde passa por um processo de retirada de dejetos e impurezas antes de voltar aos rios e córregos. A meta da
Obras avançam
Das cinco novas ETEs a serem inauguradas, a primeira será a Nilson Neves, cujas obras estão avançadas, com previsão de conclusão ao final de agosto. Ela terá capacidade para tratar 20 litros de esgoto por segundo e vai beneficiar 5.800 moradores
XX Estação de tratamento de esgotos de Samambaia, utilizando o inovador sistema de lodo ativado
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SANEAMENTO Esap é coletar e tratar 100% do esgoto. Para isso, será necessário construir mais redes coletoras e novas estações de tratamento, para atender os distritos de Duplo Céu, Boturuna e Jurupeba. Em 2009, a Esap investiu no processo de automatização de todo o sistema por meio de equipamento de rádio e comunicação via internet, para monitorar os principais pontos de abastecimento de água e operar seu funcionamento a distância. A modernização do sistema permite rapidez no atendimento de qualquer problema. Para tornar o sistema mais confiável, seguro e se adequar à padronização exigida pela NR18 (norma de segurança do trabalho), a empresa trocou todos os quadros de entrada e os quadros de comando de energia elétrica, minimizando possíveis interrupções no fornecimento de água. Outro modelo de participação da iniciativa privada na operação de saneamento básico é através da Participação Público-Privada (PPP). A PPP administrativa entre a CAB Spat e a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) visa a ampliar a Estação de Tratamento de Água (ETA) de Taiaçupeba, permitindo quase dobrar a capacidade de atendimento da unidade, de 3,5 milhões para 5 milhões, nos próximos dois anos. Isso corresponderá a 15% da população da Região Me-
tropolitana do estado de São Paulo. O contrato da PPP, de 15 anos, prevê melhorias nas instalações da ETA, que incluem obras como a construção de 17,7 km de adutoras de 400 a 1.800 mm, quatro reservatórios com capacidade total de 70 milhões de litros, tratamento e disposição final do lodo dos decantadores, manutenção eletromecânica, manutenção de barragens e serviços auxiliares de adução. Para tanto, serão feitos investimentos de R$ 300 milhões. Se hoje o Sistema Integrado da Região Metropolitana produz 68 m³/s de água, estima-se que, em 2025, será necessário produzir um mínimo de 80,8 m³/s para atender à demanda da população. Prevendo o aumento substancial do consumo médio de água no futuro, o Plano Diretor de Abastecimento de Água da Região Metropolitana recomendou a ampliação da ETA Taiaçupeba. Nove municípios da Região Metropolitana serão beneficiados pela ampliação na ETA de Taiaçupeba: Arujá, Biritiba-Mirim, Ferraz de Vasconcelos, Itaquaquecetuba, Mogi das Cruzes, Poá, Salesópolis, Suzano e São Paulo (Zona Leste). Atualmente, a ETA recebe água das cinco represas que integram o Sistema Produtor do Alto Tietê: Paraitinga, Ponte Nova, Biritiba-Mirim, Jundiaí e Taiaçupeba, que juntas exibem um total de capacidade de reservação de 513 milhões m³.
A ETA Taiaçupeba começou a operar em março de 1992, quando sua capacidade nominal era de 5 m³/s. Em linhas gerais, o complexo da ETA Taiaçupeba é hoje constituído pelas seguintes unidades: • Captação e estação elevatória de água bruta • Adutoras de água bruta e chaminés de equilíbrio • Medição de vazão afluente • Estrutura de chegada de água bruta e mistura rápida auxiliar • Mistura rápida principal e canal de água coagulada • Floculadores e galerias de serviço • Decantadores e galerias de serviços • Canais de água decantada e mistura intermediária • Filtros e galerias de serviços • Canais de água filtrada, mistura final e canal efluente de água tratada • Reservatório de água tratada • Estação elevatória de água tratada • Adutora de água tratada e tanque de alimentação unidireciona • Medição de vazão efluente de água tratada • Estação elevatória, adutora e reservatório de água de lavagem • Estação elevatória, adutora e tanques do sistema de recuperação dos efluentes de lavagem dos filtros • Lagoas emergenciais para lodo • Sistema para o adensamento e desidratação de lodo • Casa de química, controle, utilidades e galerias de serviços • Recebimento e estocagem de produtos químicos, como coagulante, ácido fluossilícico, cal, carvão, permanganato de potássio e cloro • Balança e sala para motoristas • Oficinas e administração • Restaurante • Portaria
WW Estação de tratamento de esgoto de Emboguaçu, inaugurada em 2001
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SANEAMENTO
PRAZO CURTO E_ CANTEIROS AVANÇADOS Galvão Engenharia executa as obras de ampliação da ETA de Taiaçupeba, com a construção de nova rede de adução em quatro municípios da Grande São Paulo, com prazo final até fevereiro de 2011
A primeira obra da Sabesp no modelo de Parceria Público Privada (PPP) é também um dos maiores investimentos em saneamento urbano no Brasil. A ampliação da estação de tratamento de água (ETA), de Taiaçubepa, em Suzano, vai permitir que a capacidade daquela unida-
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de seja incrementada em 50%, passando de 10 m3/s para 15 m3/s. A obra inclui ainda uma rede de adução, ou seja, de distribuição da água tratada, que parte da ETA e atravessa as cidades de Poá, Mogi das Cruzes e chega à zona oeste da capital paulista. Quatro reservatórios, estações
elevatórias e obras acessórias fecham o escopo do contrato. Quando o projeto de ampliação for finalizado, 5 milhões de pessoas passam a ser beneficiadas com a disposição do serviço, ampliando em 30% a população coberta. A CAB spat, responsável pelo projeto, é
uma SPE (Sociedade de Propósito Específico) formada para a parceria com a Sabesp. A SPE é parte obrigatória do modelo PPP e coube a ela a contratação da Galvão Engenharia para a execução das obras. Serão R$ 300 milhões cobrindo um período de dois anos, que se encerra em fevereiro de 2011. Outros 13 anos fazem parte do contrato e incluem intervenções de manutenção do que foi construído. A operação do complexo nas mãos da Sabesp, exceto as atividades de adensamento, desidratação e disposição de lodo, processos que passam a ser de responsabilidade total da CAB spat. Com 23 frentes de trabalho, o projeto deve representar um investimento superior a R$ 1 bilhão nos 15 anos de vigência do contrato. O volume de dinheiro não é a única estatística que impressiona. “O prazo de execução é pequeno e para isso tivemos que começar o planejamento pelo menos seis meses antes do início efetivo das obras”, explica Júlio César Peixoto dos Santos, gerente de Contrato da Galvão. O desafio da Galvão pode ser dividido em duas etapas, que estão sendo tocadas simultaneamente. Uma delas são as 11 frentes de trabalho na própria ETA e que acontecem com a unidade operando normalmente, apesar da grande movimentação de terraplenagem e de concreto. A outra é a rede de distribuição, que vem sendo instalada numa área de grande densidade populacional nos municípios já citados e que vai integrar o sistema de abastecimento de água Alto Tietê ao Cantareira. De acordo com Julio Santos, gerente de Projeto da Galvão Engenharia, as frentes que envolvem maior atenção são as de ampliação do sistema de filtragem, pois apresentam obras civis complexas, além da importação de blocos de filtragem e suprimento do meio filtrante em areia especial. “Na chamada casa de química há também uma forte demanda, com a compra de equipamentos importados de aplicação específica em tratamento de água”, explica o executivo. A montagem eletromecânica é um capítulo especial da obra, uma vez que a Galvão precisa integrar os atuais equipamentos ativos aos novos, prioritariamente sem paradas na operação diária. O planejamento da construtora é rigoroso, segundo o executivo, e cada atividade tem sido acompanhada pela fiscalização da Sabesp, que também responde por avaliar se a operação continua normal após cada integração. A complexidade da montagem eletromecânica pode ainda ser medida pela importância dos equipamentos e materiais elétricos, que representam dois terços do contrato. “Para a gestão desses suprimentos foi necessário um trabalho integrado entre a Galvão, projetistas e a fiscalização”, detalha Santos. “Dessa forma, conseguimos definir as prioridades e garantir a entrega em obra sem o comprometimento do cronograma contratual”, completa. No rol de equipamentos e matérias adquiridos, a construtora destaca as bombas de 3.000 CV, o transformador elétrico de 12,5 MVA, válvulas especiais de grandes diâmetros, inversores de frequência para bombas de 1500 CV, grandes quantidades de tubos de aço carbono entre 28 polegadas a 100 polegadas e equipamentos
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SANEAMENTO para preparo e dosagem de produtos químicos. De acordo com a Galvão, eles têm em comum especificações técnicas, prazo de entrega e logística de armazenamento complexos, que mereceram um cuidado especial. A bomba de 3000 CV é o melhor exemplo. Duas delas serão ativadas na ETA: uma na captação de água bruta e outra na elevatória de água tratada. São equipamentos robustos e com um prazo de fabricação longo: 16 meses. A possibilidade de serem incompatíveis com os outros cinco conjuntos de bombas em funcionamento seria um desastre. Para evitar qualquer erro, a fábrica inglesa desenvolveu modelos reduzidos, validando a integração com a base instalada atual. São essas duas bombas, que somadas às atuais vão permitir o salto na vazão de tratamento de 10 para 15 m3/s na ETA. Se não bastasse a complexidade nos canteiros em Suzano, a outra etapa da obra envolve a construção de uma rede adutora de 17,7 km de tubulações em aço, com diâmetros variáveis entre 400 mm e 1.800 mm, cruzando não só Suzano como Mogi das Cruzes, Poá e a zona oeste de São Paulo. Elas formam 12 frentes de escavação, quatro frentes de travessia, duas de pavimentação e recomposição e seis frentes de montagem mecânica. As intervenções envolvem tanto os processos destrutivos como os não destrutivos. No primeiro caso, a Galvão emprega escavadeiras associadas a caminhões, retroescavadeiras e escoramentos metálicos, entre os principais recursos. Os métodos não destrutivos (MND) utilizados incluem os furos direcionais e NATM (New Austrian Tunneling Method). A frota mobilizada pela construtora envolve cerca de 120 equipamentos e máquinas e outros 60 veículos leves, que são apoiados pela oficina central de manutenção de equipamentos, a qual, afortunadamente, é vizinha do canteiro de obras da ETA. Localizada em Arujá, a oficina centraliza as operações de manutenção, geralmente feitas a cada 10 mil km rodados, no caso dos caminhões, e a cada 250 horas de operação, no caso das máquinas. Somente aquelas que apresentam um des-
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locamento mais complexo é que sofrem a manutenção no próprio canteiro, caso das escavadeiras hidráulicas. Aliás, a gestão ambiental de resíduos recebe um cuidado especial nesse canteiro. A utilização de madeiras é um exemplo. Os resíduos coletados nas frentes de serviço e carpintaria são armazenados temporariamente até que esgotem sua utilização em campo. Na obra da Sabesp, 30% das formas utilizadas na ampliação da ETA são fabricadas em madeira, que depois de reutilizadas seguem para doação. Cada resíduo tem um acompanhamento específico, conforme determina a legislação e as 23 frentes têm ainda uma baia específica para a coleta seletiva.
SS Santos, da Galvão: planejamento antecipado
O FUNCIONAMENTO DA ETA DE TAIAÇUPEBA
SS Captação da água in natura inicia processo na ETA
Após captação da água in natura da represa de Taiaçupeba, ocorre a adição de coagulantes como o sulfato de alumínio e o cloreto férrico, com a água percorrendo o canal de coagulação para que tenha um tempo de contato adequado com as substâncias. Após a coagulação, a água passa pelo processo de floculação, no qual as impurezas se chocam umas às outras, por meio do movimento provocado pelas pás, e aderem a outras partículas sólidas em suspensão, formando os flocos. Feita a floculação, a água segue para os decantadores, onde permanece tempo suficiente para sedimentação dos flocos, que serão posteriormente removidos do
fundo do decantador e enviados para o sistema de adensamento e desidratação do lodo. A água coletada pelas canaletas, na parte superior dos decantadores, flui para os filtros, onde são removidas as impurezas menores. Após todo o processo de tratamento e da adição de cloro para desinfecção, a água é encaminhada para o reservatório localizado na estação, cuja capacidade é de 22 mil m³, saindo por gravidade através de adutoras que alimentam a Estação Elevatória de Água Tratada e o Reservatório de Distribuição, localizado a 6 km da ETA. Desse último, ela é distribuída aos reservatórios dos bairros e chega, finalmente, às residências.
CAB SPAT ASSUME A OPERAÇÃO DO SISTEMA DE LODO SS Sistema de lodo: operação assumida integralmente pela CAB spat
Em fevereiro de 2009, a CAB spat assumiu a operação total do sistema de lodo com produção proporcional à etapa anterior da obra, ou seja 10 m3/s, envolvendo as atividades de adensamento, desidratação e disposição do material. “O principal desafio é realizar melhorias nas instalações do processo de tratamento e disposição final de todo resíduo gerado pela ETA”, explica o gerente do Contrato. Ele avalia que o objetivo deve ser conseguido com uso de novas tecnologias aplicadas ao transporte, secagem e disposição final do lodo. Com o aumento de produção da ETA em 50% a partir de fevereiro de 2011, a geração de sólidos secos por dia passará dos atuais 18 t para 27 t. Em função desse incremento, a CAB spat vai implantar uma série de mudanças na infraestrutura do processo, nos aterros e nos sistemas de secagem, além de ações de meio ambiente. As mudanças em infraestrutura englo-
bam alterações na estrutura de chegada do lodo oriundo dos decantadores, o que permitirá o aperfeiçoamento da homogeneização do efluente. Outra iniciativa é a construção de um novo tanque de equalização de lodo bruto, com volume útil de aproximadamente 5 mil m³. O aumento de produção também será atendido com a transformação e ampliação do atual tanque de equalização de lodo bruto em tanque de espera, empregando o processamento do lodo em batelada para adensamento. Duas revisões importantes serão realizadas: a das condições atuais da mistura do tanque de lodo bruto, que permitirá a equalização das concentrações de sólidos anteriormente ao adensamento, e a do sistema de adensamento mecanizado, com a desativação das atuais mesas desaguadoras do tipo tela fixa, que apresentam baixo desempenho. O rol de mudanças inclui ainda a instalação de mais dois tanques
de lodo adensado, cada um com volume útil de 250 m³. No caso dos aterros, a SPE vai construir três células novas, dotadas de impermeabilização com mantas geomembranas, e totalizando um volume útil de 325 mil m³, com drenagem das águas e reenvio para o sistema de tratamento. Já o processo de secagem terá uma área coberta de 20 mil m² para o processamento do lodo. A construção vai evitar que o material fique exposto a intempéries, possibilitando uma secagem e disposição final programada e planejada, segundo a CAB spat. Para fechar as ações, a SPE vai reforçar as medidas ambientais. O sistema de adensamento e desidratação do lodo terá uma proteção que impossibilita lançamentos de efluentes diretamente na represa Taiaçupeba. Eles passam a ser encaminhados para o início do processo, num circuito fechado.
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MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS
XX Equipamentos da linha de Roadbuilding da Terex/Trimak
NOVA FILIAL REFORÇA IMPORTÂNCIA DE MINAS GERAIS NA ESTRATÉGIA DA TRIMAK E DA TEREX Um incremento no faturamento em 20% no prazo de um ano. Essa é a expectativa da Trimak com a inauguração, no final de junho, da filial da Trimak Terex na cidade de Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. O início das atividades em Minas Gerais faz parte da estratégia da empresa pelo posicionamento do estado que é forte candidato a receber, nos próximos anos, boa parte dos investimentos governamentais para melhoria de sua malha viária e infraestrutura, aliado também à retomada de crescimento do segmento da mineração e siderurgia. Com a nova filial, a Trimak quer melhorar, também, a sinergia de atuação das demais unidades – que ficam no Rio de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo –, já que no mercado mineiro há forte presença de empreiteiras de construção rodoviária e pavimentação
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com atuação em obras em todo o território nacional. O gerente regional da filial São Paulo da Trimak, Armando Nassif, afirma que a nova filial disponibilizará toda a linha da Terex Roadbuilding, destacando o conceito da solução completa, com venda e locação de máquinas, assistência técnica e peças originais. Nassif afirma que 2010 será um ano de consolidação da operação da empresa, com os novos produtos introduzidos na frota de locação e fortalecimento do corpo técnico e operacional, além dos investimentos previstos na instalação da filial de Minas Gerais e nas obras das novas sedes das filiais de Serra (ES) e Caieiras (SP). “Estamos atravessando um ano eleitoral e existem muitos projetos em andamento, ou em fase de implantação, que devem demandar a necessidade de equipamentos em diversas localidades,
exigindo da Trimak maior presença em novos territórios”, afirma Nassif. O diretor de Marketing da Terex Roadbuilding, Gilvan Medeiros Pereira, reforça também a importância de Minas Gerais, considerado um mercado fundamental. Por esse motivo, a empresa decidiu realizar uma mudança estratégica, alterando o distribuidor local do estado para que pudesse atender às necessidades de um mercado formado por empresas exigentes e acostumadas a níveis elevados de qualidades de produtos, serviços e soluções. “Resumidamente pode-se dizer que nosso principal objetivo foi ampliar e qualificar o leque de serviços e soluções que oferecemos aos nossos clientes, posicionando a Terex como uma referência no setor de equipamentos e serviços para construção e manutenção de estradas, e a Trimak
SS João Alberto Darwich, diretor da Trimak
mostrou-se a escolha ideal”, afirma o diretor Gilvan Pereira. Segundo o diretor da Trimak, o engenheiro João Alberto Darwich, a estratégia de abrir filiais em locais como Minas Gerais deve-se ao fato de a empresa sempre estar atenta às necessidades e demandas dos diversos mercados onde atua, buscando atender os seus clientes com equipamentos novos e assistência técnica qualificada. “Acreditamos que o mercado passará a avaliar seus parceiros através da verificação da qualidade de seus produtos, da atualização tecnológica de suas máquinas e do suporte de pós venda, ou pronto atendimento ao equipamento locado. Estamos cientes de que para atender a estes compromissos teremos que manter nossos investimentos buscando o justo reconhecimento do mercado”, observa Darwich. A Trimak Terex está instalada em uma área de 7 mil m², oferecendo venda de equipamentos, venda de peças, serviços e aquele que é considerado um dos grandes diferenciais, a locação de equipamentos, que hoje inclui vibroacabadoras, recicladoras e usinas de asfalto. “Trata-se de uma companhia que atua no segmento de construção de estradas há mais de 30 anos, e que conhece as necessidades de nossos clientes. Com base na estrutura do negócio, que como se pode ver é grande, e no conhecimento do segmento de atuação a Trimak oferecerá uma cobertura de mercado diferenciada, atendendo todas as regiões do estado com rapidez e agilidade, além de ser a única empresa no segmento capaz de atender a todas as necessidades dos
clientes, o que com certeza se constituirá em importante diferencial competitivo e aproximará a empresa de seus clientes ainda mais”, reforça Pereira. O diretor da Terex afirma que, por sua atuação global, a empresa possui posição de liderança nos principais mercados em que atua, que são as Américas e a África. Com uma atuação tão ampla, a empresa convive com distintas realidades econômico-regionais, com mercados importantes praticamente estagnados, como é o caso da Venezuela, e de mercados vivendo seu melhor momento histórico, caso do Brasil. “Este cenário mostra o acerto da estratégia da empresa de ter uma atuação ampla e não depender de apenas um mercado, assegurando a estabilidade dos negócios e dos investimentos”, diz. As perspectivas para os mercados emergentes, nos quais a Terex atua, continuam, segundo Pereira, extremamente positivas para os próximos anos. “Prova disto é o grande investimento que estamos atualmente realizando na construção de nossa nova fábrica em Guaíba, no Rio Grande do Sul, com uma área de 500 mil m²e investimentos totais de R$ 150 milhões nos próximos cinco anos. A nova fábrica nos permitirá continuar ampliando nosso negócio ao longo dos próximos anos, aproveitando o crescimento dos mercados onde atuamos e consolidando nossas posição de liderança nestes mercados, além de permitir que a Terex fabrique, no Brasil, produtos de outras divisões, o que com certeza reforçará nosso relacionamento com os clientes e ampliará os negócios da companhia na região”.
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M CO
AGENDA 2010
BRASIL Agosto 11O ENCONTRO INTERNACIONAL DE ENERGIA – Dias 9 e 10 de agosto, das 8 às 18 h, no Centro de Convenções do Hotel Unique, em São Paulo (SP). Na pauta, Energia Elétrica, Aperfeiçoamento Regulatório, Petróleo e Gás, Planejamento Energético, Fontes Renováveis e Complementares, Eficiência Energética e Biocombustíveis. Promoção: Fiesp/Ciesp.
WORLDCUP INFRASTRUCTURE SUMMIT 2 Fórum para o desenvolvimento da Infraestrutura das Cidades-Sede na Copa do Mundo de 2014. Dias 21 e 22 de setembro, no Blue Tree Towers Morumbi, em São Paulo (SP). O evento reunirá mais de 50 palestrantes líderes de mercado e contará com presença de representantes das principais entidades de regulação e controle. As palestras terão profundo conteúdo econômico e técnico. A expectativa é de que o evento se converta em oportunidade de negócios e networking com tomadores de decisão. A segunda edição do World Cup Infrastructure Summit terá como objetivo continuar as discussões e os debates do primeiro encontro, realizado em 2009, criando um ambiente de alto nível onde sejam examinadas as oportunidades decorrentes da criação ou renovação da infraestrutura necessária à realização da Copa do Mundo de 2014 e Jogos Olímpicos de 2016. Além destes temas serão discutidos o cumprimento do cronograma das obras e as reais necessidades para o Brasil em suas mais
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expressivas áreas: transporte, saneamento, edificações de estádios, empreendimentos de hotelaria e investimento em cada cidade-sede. O projeto contempla o envolvimento de autoridades dos comitês de cada cidadesede, entidades esportivas, empresas investidoras e pesquisadores, de forma a garantir que os temas expostos e discutidos durante a série de eventos sejam contemplados pelas esferas públicas e também privadas quando na definição de regras, prioridades, cronograma e investimentos. O evento é uma organização da Viex Américas e o Blue Tree Towers Morumbi fica na Avenida Roque Petroni Junior, 1.000. Brooklin. CEP: 04707-000 São Paulo – SP. INFO Tel.: (11) 5051-6535 Fax: (11) 3889-8100 E-mail: atendimento@viex-americas.com.br Site: www.viex-americas.com.br/copadomundo
INFO Tel.: (11) 3055-4700 Fax: (11) 3889-8100 E-mail: rsvp@fiesp.org.br Site: www.fiesp.com.br/energia/telas/programa.asp
NAVALSHORE 2010 – VII Feira e Conferência da Indústria Naval e Offshore. De 11 a 13 de agosto, Centro de Convenções Sul América, no Rio de Janeiro (RJ). Realização de Revista Portos e Navios. Patrocínio: Petrobras/Transpetro. INFO Tel.: (21) 2283-1407 Site: www.navalshore.com.br
COBRAMSEG 2010 – Congresso LusoBrasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica. De 17 a 22 de agosto, no Hotel Serrano, Gramado (RS). Promoção da Associação Brasileira de Mecânica dos Solos (ABMS) em parceria com a Sociedade Portuguesa de Geotecnia (SPG). O encontro tem como objetivo abordar os principais desafios da engenharia necessários ao desenvolvimento e à sustentabilidade, abrangendo as seguintes áreas: desafios e inovações na exploração de recursos offshore; Fundações: tendências e inovações; Infraestrutura em obras civis; Geotecnia para prevenção de desastres naturais; Engenharia de Pavimentos; Tratamento de solos em obras de infraestrutura; Mecânica de solos, rochas brandas, rochas duras e maciços rochosos, entre outras. INFO Office Marketing Eventos Tel.: (51) 2108-3170 Fax: (51) 2108-3100 e-mail: cobramseg2010@officemarketing.com.br
Site: www.cobramseg2010.com.br
EXPO CONSTRUIR BAHIA 2010 – Feira Internacional da Construção – De 17 a 21 de agosto, no Centro de Convenções de Salvador (BA). A Expo Construir Bahia conta com uma série de eventos paralelos. São espaços exclusivos
para produtos e serviços para o setor da construção e também fóruns que reúnem grandes nomes do setor em palestras e debates. Promoção e organização: Fagga Eventos. Realização: Sinduscon-BA. INFO Tel.: (21) 3035-3100 Site: www.feiraconstruir.com.br/ba
1º EXPO PREDIALTEC 2010 / HABITAR 2010 – Feira com as mais novas tecnologias para edificações e equipamentos para casas e prédios inteligentes. Dias 18 e 19 de agosto, no Centro de Exposições Imigrantes – São Paulo (SP). Promoção e Organização: Editora WP e Aureside. INFO Tel.: (21) 3035-3100 / (11) 9141-9664 e (11) 3259-714 Site: www.gruposustentax.com.br www.predialtec.com
SIACS 2010 1º SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE ARQUITETURA E CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL. ORGANIZADO PELA
VJ MARKETING, COMUNICAÇÃO E EVENTOS – VJMCE em parceria com o Comitê Brasileiro de Iluminação – CIE BR D4, em duas etapas: a primeira em Salvador, realizada no dia 20 de agosto na Feira Construir 2010; e a segunda em Belo Horizonte, realizada entre os dias 23 e 25 de Agosto, no Centro de Convenções Minas Centro. INFO Tel.: (11) 46175114/7288399 E-mail: eleamotta@vjmce.com.br Site: www.siacs.com.br
CONCRETE SHOW 2010 / CONCRECOPA – De 25 a 27 de agosto, no Transamérica Expo Center. Ponto de encontro internacional dos principais players da cadeia da construção civil sul-americana. O evento apresenta inovações e tendências mundiais em sistemas e métodos construtivos à base de concreto, trazendo soluções e aumentando a produtividade, qualidade e velocidade na execução da obra. O evento é focado exclusivamente na utilização e na promoção da cadeia do concreto. Realização: Sienna Interlink.
INFO Tel.: (11) 4689-1935 Fax: (11) 4689-1926
CONSTRUMETAL 2010 – Congresso Latino-Americano da Construção Metálica – De 31 de agosto a 2 de setembro, no Frei Caneca Shopping & Convention Center, São Paulo. Organização: Associação Brasileira da Construção Metálica (ABCEM). O Construmetal 2010 conta com o apoio da Associação do Aço do Rio Grande do Sul (AARS), do Centro Brasileiro da Construção do Aço (CBCA), do Instituto Aço Brasil (antigo IBS), do Instituto Latinoamericano del Fierro y el Acero (ILAFA), do American Institute of Steel Construction (AISC) e do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (INDA). INFO Tel.: (11) 2601-7369 E-mail: imprensa_construmetal@ibradep.com.br Sites: www.construmetal.com.br www.abcem.org.br
AGENDA 2010
Setembro RIO OIL & GÁS – CONFERÊNCIA E EXPOSIÇÃO – De 13 a 16 de setembro, no Centro de Convenções do Riocentro, Rio de Janeiro (RJ). Principal evento de Petróleo e Gás da América Latina, a Rio Oil & Gas Expo and Conference é realizada a cada dois anos. Desde sua primeira edição, em 1982, a feira e conferência vêm colaborando na consolidação do Rio de Janeiro como “capital do petróleo”, já que o estado concentra 80% de todo o óleo produzido no País, além de 50% da produção de gás. A exposição é uma importante vitrine para as empresas nacionais e estrangeiras apresentarem seus produtos e serviços. A conferência dá a oportunidade de discussão sobre os principais temas relativos às inovações tecnológicas. Promoção: Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP). INFO Tel.: (21) 2112-9000 E-mails: congressos@ibp.org.br riooil2010@ibp.org.br eventos@ibp.org.br patrocinios@ibp.org.br press@ibp.org.br Site: www.ibp.org.br
EXPO CONSTRUIR MINAS 2010 – Feira Internacional da Construção – De 13 a
17 de setembro de 2010, em Belo Horizonte (MG). Promoção e organização: Fagga Eventos. Realização: Câmara da Indústria da Construção da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais. INFO Tel.: (21) 3035-3100 Site: www.feiraconstruir.com.br/mg
FICONS – VII Feira Internacional de Materiais, Equipamentos e Serviços da Construção – De 14 a 18 de setembro, no Centro de Convenções de Pernambuco. Realização: Sinduscon-PE. INFO Tel.: (81) 3423-1300 E-mail: ficons@assessor.com.br
Outubro EXPO ESTÁDIO 2010 / EXPO URBANO 2010 – De 6 a 8 de outubro de 2010, no Centro de Convenções Sul América, na Avenida Paulo de Frontin, Cidade Nova, Rio de Janeiro (RJ), acontecerá o Expo Estádio 2010, evento 100% focado em infraestrutura e equipamentos para estádios e instalações esportivas. O objetivo é reunir pessoas e empresas responsáveis pelos investimentos a serem feitos para a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 no Brasil. O evento, que acontecerá
paralelamente ao Expo Urbano – exposição e conferências voltadas para a busca de soluções para a melhoria dos espaços urbanos no Brasil – será realizado no rastro do sucesso da o Expo Estádio 2009, que reuniu cerca de 100 expositores de 15 países, em São Paulo. A exposição e as conferências englobam planejamento e projeto, construção, equipamentos, manutenção e gestão necessários para se obter o desejado espaço urbano. O Expo Urbano visa às empresas que oferecem produtos e serviços nessas áreas e os profissionais envolvidos no processo de decisão de compra e está focado em áreas externas, tais como ruas, praças, parques, jardins, playgrounds, instalações esportivas, praias, áreas recreativas e estacionamentos. INFO Tel.: (21) 2233-3684 Fax: (21) 2516-1761 E-mail: info@real-alliance.com Site: www.expoestadio.com.br
SOBRATEMA FÓRUM 2010 – Brasil Infraestrutura. Dia 14 de outubro, na Fecomércio, Rua Doutor Plínio Barreto, 285 – Bela Vista, São Paulo (SP). Promoção: Sobratema. INFO Tel.: (11) 3871-3626 E-mail: info@acquacon.com.br Site: http://www.acquacon.com.br/
INTERNACIONAL Agosto 11ª CONFERÊNCIA INTERNACIONAL SOBRE PAVIMENTOS DE ASFALTO – De 1 a 6 de agosto, em Nagoya, Japão. Tema: “Desenvolvimento global sustentável”. Promoção: Japan Road Association (JRA) e International Society for Asphalt Pavements (ISAP). INFO Japan Road Association ISAP NAGOYA 2010 Local Committee Secretariat 3-3-1 Kasumigaseki Chiyodaku Tokyo 100-8955, Japan Fax.: +81 3 3581 2232 E-mail: info@isap-nagoya2010.jp Site: www.isap-nagoya2010.jp
Outubro 83ª WEFTEC 2010 – Feira e conferência mundial sobre a qualidade da água. De 2 a
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6 de outubro, no Ernest N. Morial Convention Center, em Nova Orleans, Louisiana, U.S.A. O evento será uma oportunidade de apresentação ao mercado do que há de mais moderno em tecnologia para saneamento e investigação da qualidade da água. INFO Tel.: +44 1206 796351 E-mail: sales@portland-services. com Site: www.weftec.org
Novembro XXXII CONGRESSO INTERAMERICANO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL – De 7 a 11 de novembro, em Punta Cana, República Dominicana. Promoção: Associação Interamericana de Engenharia Sanitária e Ambiental. INFO Tel.: (11) 3812-4080
Fax: (11) 3814-2441 E-mail: aidis@aidis.org.br Site: www.aidis.org.br/htm/esp_htm/xxxii_ congresso.html
BAUMA CHINA 2010 – De 23 a 29 de novembro, em Shangai, China. No total, 1.608 expositores de 30 países participaram da última versão do evento, em 2008, apresentando ampla gama de máquinas e materiais para construção e mineração, em 210 mil m2 de área de exposição. A Bauma China é a principal porta de entrada para um dos mercados mais fortes e mais interessantes dessa indústria, no momento. INFO Messe München GmbH Bauma China Exhibition Management Messegelaende 81823, Munique, Alemanha Tel.: (+49 89) 949 2025 Fax: (+49 89) 949 2025 9 Site: http://www.bauma-china.com