Grandes
Construcoes CONSTRUÇÃO, INFRAESTRUTURA, CONCESSÕES E SUSTENTABILIDADE
Nº 7 - Agosto/2010 - www.grandesconstrucoes.com.br - R$ 15,00
PETROBRAS
2010-2014
Plano de Negócios indica novo ciclo de desenvolvimento para o Brasil
Comprometida com o desenvolvimento do nosso país O Grupo Sany é um dos maiores fabricantes de máquinas para engenharia do mundo, com faturamento de R$ 8,2 bilhões em 2009. Além de equipamentos para concretagem, escavação, elevação, pavimentação, perfuração e sondagem, movimentação de cargas portuárias, mineração e energia eólica, a Sany possui outros equipamentos para promover o desenvolvimento e crescimento do Brasil.
A Sany possui a filosofia de valorizar seus clientes, agregando valores através de um posicionamento estratégico de mercado, aliando produtos de alta qualidade a preços competitivos. Na última decada, a Sany tem crescido 50% anualmente sobre o seu volume de vendas. Seus produtos são líderes de vendas em mais de 110 países.
Em Fevereiro de 2010, a Sany assinou um acordo de investimento de US$ 200 milhões com o Governo do Estado de São Paulo para a instalação de uma unidade fabril, a pioneira no Brasil. Com isso, a Sany visa desenvolver novos produtos de alta qualidade, com grande capacidade de contribuir com o desenvolvimento do país, buscando suprir as necessidades do mercado da construção civil no Brasil.
Contato: (11) 5102.3508 / (11) 7011.2996 www.sanydobrasil.com
ÍNDICE EDITORIAL________________________________________ 5 Associação Brasileira de Tecnologia para Equipamentos e Manutenção Diretoria Executiva e Endereço para correspondência:
Av. Francisco Matarazzo, 404, cj. 401 – Água Branca São Paulo (SP) – CEP 05001-000 Tel.: (55 11) 3662-4159 – Fax: (55 11) 3662-2192
Conselho de Administração
Presidente: Mário Humberto Marques Vice-Presidente: Afonso Celso Legaspe Mamede Vice-Presidente: Carlos Fugazzola Pimenta Vice-Presidente: Eurimilson João Daniel Vice-Presidente: Jader Fraga dos Santos Vice-Presidente: Juan Manuel Altstadt Vice-Presidente: Mário Sussumu Hamaoka Vice-Presidente: Múcio Aurélio Pereira de Mattos Vice-Presidente: Octávio Carvalho Lacombe Vice-Presidente: Paulo Oscar Auler Neto Vice-Presidente: Silvimar Fernandes Reis
Diretor Executivo Paulo Lancerotti
Conselho Fiscal
Álvaro Marques Jr. - Carlos Arasanz Loeches - Dionísio Covolo Jr. - Marcos Bardella - Permínio Alves Maia de Amorim Neto - Rissaldo Laurenti Jr.
Diretoria Técnica
Alcides Cavalcanti (Iveco) - André G. Freire (Terex) - Ângelo Cerutti Navarro (U&M) - Augusto Paes de Azevedo (Caterpillar) - Benito Francisco Bottino (Odebrecht) - Blás Bermudez Cabrera (Serveng Civilsan) - Carlos Hernandez (JCB) - Célio Neto Ribeiro (Auxter) - Clauci Mortari (Ciber) - Cláudio Afonso Schmidt (Odebrecht) - Edson Reis Del Moro (Yamana Mineração) - Eduardo Martins de Oliveira (Santiago & Cintra) - Euclydes Coelho (Mercedes-Benz) - Felipe Sica Soares Cavalieri (BMC) - Gilberto Leal Costa (Odebrecht) - Gino Raniero Cucchiari (CNH) - Ivan Montenegro de Menezes (Vale) - João Lázaro Maldi Jr. (Camargo Corrêa) - João Miguel Capussi (Scania) - Jorge Glória (Doosan) - José Carlos Marques Rosa (Carioca Christiani-Nielsen) - José Germano Silveira (Sotreq) José Ricardo Alouche (MAN Latin America) - Lédio Augusto Vidotti (GTM) - Luis Afonso D. Pasquotto (Cummins) - Luiz Carlos de Andrade Furtado (CR Almeida) - Luiz Gustavo R. de Magalhães Pereira (Tracbel) - Maurício Briard (Loctrator) Paulo Almeida (Atlas Copco) - Ramon Nunes Vazquez (Mills) - Ricardo Pagliarini Zurita (Liebherr) - Sérgio Barreto da Silva (GDK) - Sergio Pompeo (Bosch) Valdemar Suguri (Komatsu) - Yoshio Kawakami (Volvo)
Diretoria Regional
Ameríco Renê Giannetti Neto (MG) Construtora Barbosa Mello Ariel Fonseca Rego (RJ / ES) Sobratema José Demes Diógenes (CE / PI / RN) EIT José Luiz P. Vicentini (BA / SE) Terrabrás Terraplenagens Laércio de Figueiredo Aguiar (PE / PB / AL) Construtora Queiróz Galvão Rui Toniolo (RS / SC) Toniolo, Busnello Wilson de Andrade Meister (PR) Ivaí Engenharia
O pré-sal e o desafio à indústria nacional
JOGO RÁPIDO_____________________________________ 6 ENTREVISTA_ _____________________________________ 14 Celso Cavalcanti de Andrade, superintendente da ARG, e Feliciano Penna Chaves, diretor executivo da Civilport Empresas se unem para construir liderança no setor portuário
ESPECIAL PETRÓLEO E GÁS__________________________ 22 Pré-sal começa a produzir e Petrobras revê metas até 2014
COMPERJ______________________________________ 28 Canteiro de obras começa a tomar forma Contratos do Comperj agitam o mercado
CENPES_ ______________________________________ 38 Petrobras terá maior “Centro Verde” de pesquisas do mundo
ARTIGO_ ______________________________________ 42 O projeto do Cenpes, por Siegbert Zanettini
INDÚSTRIA NAVAL_______________________________ 46 Indústria naval levanta âncoras com Promef
AMAZÔNIA AZUL________________________________ 50 O novo território marítimo
TECNOLOGIA___________________________________ 54 Empresa nacional desenvolve sistema que facilita a instalação de dutos pela Petrobras
BIOCOMBUSTÍVEL__________________________________ 58 Usina produzirá 127 milhões de litros de biodiesel por ano no Paraná
MÉTRICA INDUSTRIAL ______________________________ 60 Muito além da camada asfáltica
AGENDA _________________________________________ 64
Grandes
Construcoes Diretor Executivo: Hugo Ribas Editor: Paulo Espírito Santo Redação: Mariuza Rodrigues Publicidade: Carlos Giovanetti (gerente comercial), Maria de Lourdes e José Roberto R. Santos Operação e Circulação: Evandro Risério Muniz Produção Gráfica & Internet Diagrama Marketing Editorial
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Produtor: Miguel de Oliveira Projeto Gráfico e Diagramação: Anete Garcia Neves Ilustração: Juscelino Paiva Internet: Adriano Kasai Revisão: Dinho Vasconcelos
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“Grandes Construções” é uma publicação mensal, de circulação nacional, sobre obras de Infraestrutura (Transporte, Energia, Saneamento, Habitação Social, Rodovias e Ferrovias); Construção Industrial (Petróleo, Papel e Celulose, Indústria Automobilística, Mineração e Siderurgia); Telecomunicações; Tecnologia da Informação; Construção Imobiliária (Sistemas Construtivos, Programas de Habitação Popular); Reciclagem de Materiais e Sustentabilidade, entre outros.
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Plano de de deseNegócios indica nvolvim ento pa novo ciclo ra o Br asil
Tiragem: 12.500 exemplares Impressão: Parma
Capa: Layout de Juscelino Paiva Foto: Obras de expansão do Cenpes, o "cérebro" do programa de crescimento da Petrobras, no Rio de Janeiro Filiado à:
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EDITORIAL
O pré-sal e o desafio à indústria nacional Grandes Construções publica nesta edição matéria especial sobre o novo ciclo de desenvolvimento que se inicia no Brasil, impulsionado pelo grande volume de negócios a ser gerado pela exploração das reservas de petróleo e gás, descobertas na camada do pré-sal, e pelos projetos de crescimento da Petrobras. A perspectiva é de grandes obras de infraestrutura, construção de novas refinarias, gasodutos e estaleiros, montagem de navios e plataformas, além do fornecimento de peças, equipamentos e insumos para a produção, refino e distribuição do petróleo e seus derivados. A expectativa é que seja um ciclo de desenvolvimento duradouro, permitindo que o Brasil passe a figurar entre os maiores produtores de petróleo do mundo. Serão nada menos que US$ 224 bilhões a serem aplicados nos próximos quatro anos, pela Petrobras, para viabilizar seu crescimento sustentável no mercado nacional e internacional. Tal volume de recursos resulta em uma possibilidade infinita de contratações no mercado nacional, com base na taxa de conteúdo local ainda não definida, mas que deve ser superior a 65%, aplicada em toda a compra de peças, componentes, equipamentos e máquinas, necessários à cadeia de extração, produção e refino do petróleo e gás. Embora não haja ainda um número consolidado sobre geração de riqueza e de empregos, as estimativas são as mais positivas. De acordo com um estudo realizado pelo Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), cada ponto percentual de nacionalização dos investimentos feitos na indústria de petróleo representa milhões de reais em produção e milhares de empregos no país. Se o índice de nacionalização dos investimentos no upstream aumentasse dos níveis atuais para o seu máximo (100%), um adicional de cerca de 100 mil empregos diretos e indiretos poderia ser criado. Entretanto, para maximizar os impactos positivos desse programa de investimentos para o Brasil, é fundamental que a indústria passe a contar com uma política setorial marcada por ações em várias frentes, capazes de reduzir as desvantagens competitivas das empresas locais em relação aos concorrentes estran-
geiros. Temos o duplo desafio de aprofundar o processo de nacionalização da produção de insumos para o setor e de garantir alto padrão de qualidade para a mão de obra. É importante, por exemplo, que o governo dê prioridade à redefinição de uma política tributária que desonere excessivamente a indústria nacional, que compete em desvantagem com concorrentes de outros países, principalmente do Sudeste Asiático, que tem mais facilidades para obter financiamento e opera com uma carga tributária menor. Essa seria a maior dentre várias outras fragilidades sistêmicas que constituem o chamado “Custo Brasil”. Outra prioridade é a criação de mecanismos que reduzam o risco dos fornecedores, através de seguros e da abertura de linhas de financiamentos capazes de estimular o aumento da capacidade de produção. Essas iniciativas teriam que caminhar paralelamente à implantação de programas de qualificação dos fornecedores locais, para que possam construir vantagens competitivas de forma sustentável. Em agosto, a Petrobras promoveu uma reunião com representantes do setor de bens de capital para dar início às negociações sobre o conteúdo nacional nos projetos para exploração do pré-sal e propor a criação de uma rede de melhoria de gestão da sua cadeia de fornecedores de bens e serviços. É fundamental que essas discussões avancem rapidamente, que haja a articulação entre as entidades representantes das empresas, e que seja elaborado um diagnóstico das principais deficiências, de forma a permitir a elaboração de projetos voltados às soluções dos problemas. A indústria do petróleo tem que ser tratado como estratégica para o desenvolvimento do País e para o povo brasileiro. Hoje o setor corresponde a 10% do Produto Interno Bruto (PIB), contra cerca de 2,8% em 1997. Com o pré-sal, poderá chegar a 20% do PIB em 2020. Não podemos perder essa oportunidade. Mário Humberto Marques Presidente da Sobratema Agosto 2010 / 5
JOGO RÁPIDO ESPAÇO SOBRATEMA A Sobratema é uma entidade voltada aos usuários de equipamentos que atuam nos segmentos de construção e mineração e sua missão é democratizar o conhecimento sobre tecnologia para equipamentos e manutenção entre seus associados, através de programas que incentivem a troca de experiências e promovam o setor. Conheça os programas da Sobratema: M&T EXPO A maior feira do setor de equipamentos para Construção e Mineração da América Latina. M&T EXPO PEÇAS E SERVIÇOS A 1ª edição acontecerá em 2011 com fabricantes de peças das marcas mundiais instaladas no Brasil. Trará componentes de trens de força, de vedações, transmissões, suspensões e molas, sistemas hidráulicos, eletrônicos, material rodante, lubrificação e ferramentas de penetração. www.mtexpops.com.br REVISTA M&T Publicação técnica direcionada a executivos responsáveis pela gestão e manutenção de frotas para construção, mineração, siderurgia, papel e celulose. INSTITUTO OPUS Programa dedicado à formação, atualização e licenciamento de operadores e supervisores de equipamentos. RELAÇÕES INTERNACIONAIS A Sobratema organiza Missões Técnicas para os profissionais da construção e mineração, com visitas aos eventos mundiais mais importantes. TABELA CUSTO-HORÁRIO O associado Sobratema tem à sua disposição recursos para cálculos de custo/horário de diversos equipamentos em diferentes aplicações. ESTUDO DE MERCADO Análises do comportamento dos mercados brasileiro e mundial de equipamentos para a construção pesada. ANUÁRIO DE EQUIPAMENTOS Anuário brasileiro de equipamentos para construção, com especificação técnica das máquinas para as diversas aplicações. Para associar-se acesse WWW.SOBRATEMA.ORG.BR www.grandesconstrucoes.com.br 6 / Grandes Construções
Obras do Arena Recife começam em setembro Até o início de setembro deverão ser iniciadas as obras do novo estádio Arena Recife, localizado em São Lourenço da Mata, na região metropolitana da capital pernambucana. Com custo estimado em R$ 450 milhões e capacidade para 46 mil lugares, o estádio, que será construído pela Odebrecht, contempla, já na sua concepção, todos os itens exigidos pela Fifa e os mais rigorosos padrões internacionais, como visibilidade, conforto, segurança e modernidade. O projeto arquitetônico é de Daniel Fernandes, responsável pela concepção de estádios como a nova arena da Ponte Preta, em Campinas, e o do Grêmio, em Porto Alegre, além do novo projeto de reforma do Maracanã (RJ). A expectativa é de que as obras
sejam concluídas ao final de 2012. Uma das preocupações do projeto é que todos os torcedores tenham uma visão perfeita do campo, sem os conhecidos pontos-cegos. Outro destaque do empreendimento é o compromisso com a sustentabilidade, com o uso de energia solar, soluções de ventilação, reaproveitamento de água, tratamento do esgoto e iluminação natural. O projeto também leva em consideração o pós-Copa, com a utilização das instalações para shows de grande porte, por exemplo. O Arena Recife será construído em uma área com grande apelo natural, sem um entorno urbanizado. Nas suas cercanias será implantada a Cidade da Copa, onde serão construídas 9 mil unidades habitacionais.
INVESTIMENTO NO PORTO DO PECÉM Até o final de 2010, o Porto do Pecém receberá investimentos no valor de R$ 571,5 milhões, sendo R$ 410 milhões desse orçamento para a conclusão das obras do Terminal de Múltiplo Uso – Tmut, parceria do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico – Bndes e o Governo do Estado do Ceará. Outros
R$ 150 milhões serão investidos na construção e montagem da correia transportadora; R$ 7 milhões para projetos diversos de ampliação do Porto, e R$ 4,5 milhões na construção do bloco de utilidades, que tem a finalidade de reunir num mesmo espaço serviços como agência bancária, correios, restaurante, entre outros.
JOGO RÁPIDO
CAMARGO CORRÊA TERÁ FÁBRICAS DE CIMENTO NO PARAGUAI E EM ANGOLA
SS Fábrica de cimento da Camargo Corrêa, em Pedro Lafaiete (MG)
A Camargo Corrêa Cimentos anunciou oficialmente a construção de duas fábricas fora do Brasil: uma no Paraguai e outra em Angola. A unidade do Paraguai (Cimentos Yguazú) ficará localizada na cidade de Villa Hayes, a cerca de 30 quilômetros de Assunção, e xigirá investimentos da ordem de US$ 100 milhões. Esse será o maior investimento externo direto já realizado por uma companhia internacional naquele país. A fábrica terá capacidade de produzir 400 mil toneladas/ano do produto e tem previsão de início de produção em 2012. Durante a construção, a unidade vai gerar cerca de 1.000 empregos diretos, e a companhia vai priorizar
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a contratação de mão de obra local. Após o início da operação, a empresa deverá gerar outros 300 postos de trabalho. Já a fábrica de Angola terá um aporte de cerca de US$ 400 milhões e será sediada em Lobito, na província de Benguela. Sua capacidade instalada será de 1,6 milhão de toneladas de cimento por ano, gerando cerca de 500 empregos diretos. A Camargo Corrêa Cimentos vai operar no mercado angolano com a marca Cimento Palanca, já a partir de 2013, quando a unidade entrar em operação. Nos dois casos, a Camargo Corrêa contará com a participação de sócios locais, mas deterá controle sobre a gestão dos negócios.
DNIT: Viaduto é construído em 48 horas no RS Usando o que há de mais moderno em termos de métodos construtivos, aliado a um planejamento detalhado, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) do Rio Grande do Sul construiu, no km 260 da BR-116, entre Canoas e Esteio, naquele estado, um viaduto inteiramente novo, em apenas dois dias, um trabalho que levaria cerca de seis meses, caso tivessem sido usados os métodos tradicionais. A obra de arte é uma estrutura em metal de 240 toneladas que sustenta quatro módulos. Sobre eles há duas pistas de tráfego de 3,6 metros com acostamento externo de 2,5 metros e barreira lateral de proteção. O investimento foi de R$ 6,8 milhões e o novo viaduto substituiu outro, com mais de 50 anos de construído, que teve de ser demolido. A operação começou na noite de sexta-feira, 30 de julho, quando o viaduto antigo começou a ser demolido. Para isso, os técnicos não puderam usar explosivos, já
que se localizava em frente à Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), da Petrobras. O tráfego de veículos foi totalmente interditado para a demolição. Já no sábado (31/07), foi iniciada a construção da nova estrutura e na manhã desta segundafeira (02/08), o tráfego na rodovia foi liberado, com o novo viaduto instalado em seu lugar. A nova estrutura foi levada para o local, dividida em quatro módulos pré-fabricados, de 11 x 15 metros e 60 toneladas cada, com a ajuda de um guindaste de 500 toneladas. Esses módulos formaram a pista com duas faixas de tráfego para cada sentido A partir de então começou a montagem, como em um quebra-cabeça gigante, tentando evitar interferências no intenso tráfego da rodovia na região metropolitana de Porto Alegre. Antes da operação, o Dnit realizou a recuperação das fundações e dos pilares da obra de arte especial antiga, que foram aproveitados.
JOGO RÁPIDO
Cargas superpesadas
NOVE TRENS NOVOS PARA A CPTM A Alstom venceu a licitação para o fornecimento de nove trens novos para a Linha 11 – Coral (Luz – Estudantes) da Companhia Paulista de Trens metropolitanos (CPTM). Os trens do tipo gangway (com passagem livre entre os carros) terão oito carros cada, com a mesma qualidade dos trens do Metrô, e circularão no trecho entre a Luz e Guaianazes. A aquisição dos trens faz parte do projeto de modernização da Linha 11, com um financiamento adicional ao projeto São Paulo Trens e Sinalização, em parte bancado pelo Banco Mundial. A Alstom apresentou o menor preço na concorrência e foi classificada em primeiro lugar, seguida pelo consórcio CoralTrem, composto pela CAF Brasil e CAF espanhola; e pelo consórcio Trends-CMC-CNRCRC, que tem como membros Trends, China National Machinery Import & Export Corporation (CMC) e Changchun Railway Vehicle. A decisão cabe recurso.
O Grupo Irga, líder do segmento de transportes de cargas superpesadas na América Latina, fez investimentos na casa dos R$ 10 milhões para aquisição de equipamentos como cavalos mecânicos, novas linhas de eixo e pórticos para transporte e movimentação de cargas. “Deveremos realizar ainda mais investimentos, tendo em vista que o setor está em expansão e já superou os problemas econômicos do primeiro semestre”, afirma o presidente da Irga, Lupercio Torres Neto. Recentemente, a empresa fechou dois importantes
contratos: um de transporte de motores de termoelétricas e um na área de energia eólica, e ainda está disputando outros contratos para prestação de serviços a refinarias, o que permite prever um segundo semestre muito bom para a companhia, de acordo com o presidente. No início do ano, a IRGA já havia adquirido 48 linhas de eixo da fabricante francesa Nicolas, num investimento de R$ 8 milhões, tornando-se a organização com a maior capacidade para transporte de cargas superpesadas do continente. Para 2010, a IRGA prevê um faturamento de R$ 180 milhões.
Case: Nova escavadeiras de 47 toneladas A Case Construction ampliou sua linha de produtos no Brasil lançando em julho a escavadeira CX470B, de 47 toneladas, voltada principalmente para a mineração e construção pesada, atividades que exigem grandes esforços de desagregação e movimentação de carga. Segundo o fabricante, a máquina possui as mesmas características do modelo CX350B, com motor ISUZU de 6 cilindros, design inovador e avançados conceitos de en-
genharia, motor com potência adicional de 17%, reduzido consumo de combustível e ciclos de trabalho mais rápidos, além de ser de fácil manutenção e ter maior durabilidade. “A Case está se consolidando como uma provedora completa de escavadeiras. Agora temos sete modelos, entre 130 e 470 toneladas, usados nos mais diversos tipos de obras e aplicações”, explica o gerente de Marketing do Produto, Edmar de Paula.
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JOGO RÁPIDO
Parque Eólico de Gargaú Continua chegando em São Francisco de Itabapoana, no norte do estado do Rio de Janeiro, as carretas com materiais para a construção do Parque Eólico de Gargaú. Em sua maioria, os veículos chegam transportando as pás com cerca de 40 metros de comprimento, que compões as torres de captação dos ventos. Com investimento em torno de R$ 130 milhões, o parque de energia eólica terá 17 aerogeradores de 1,65 MW cada, somando uma potência total de 28 MW, o suficiente para abastecer uma cidade de 80 mil habitantes. Os aerogeradores são
fabricados pela empresa dinamarquesa Western. Cada aerogerador tem 120 metros: 80 metros de altura da torre, mais 40 metros da pá da hélice, altura equivalente a um prédio de 40 andares. O empreendimento é da empresa brasileira Ecopart Ltda e faz parte do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa). Para que o projeto fosse implantado, um estudo de aproximadamente um ano e meio foi realizado para verificação da capacidade e do perfil dos ventos em todas as estações. Os especia-
MILLS CELEBRA RECEITA HISTÓRICA EM 2010 A Mills, uma das líderes nacionais em soluções para engenharia, alcançou receita histórica no primeiro semestre de 2010: R$ 246,8 milhões, número 32,0% superior ao mesmo período do ano anterior. O lucro líquido e o EBITDA também atingiram patamares recordes, respectivamente R$ 44,8 milhões e R$ 93,2 milhões – 39,6% e 25,3% superiores ao primeiro semestre de 2009. De acordo com o presidente da empresa, Ramon Vazquez, este resultado é uma prova da gestão sólida, apoiada em um plano agressivo de investimentos e participação em importantes obras e empreendimentos. Em sinergia com o aquecimento de importantes setores econômicos nacionais, como os de óleo e gás e o residencial, a empresa investirá R$ 1,1 bilhão no seu crescimento orgânico por meio da abertura de filiais e na ampliação, inovação e compra de equipamentos nos próximos três anos. A Mills já atua hoje em projetos importantes como o Minha Casa Minha Vida, PAC – Programa de Aceleração do Crescimento e grandes obras de infraestrutura do país. Dentro das perspectivas da empresa estão a participação em grandes projetos para a Copa do Mundo 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. O investimento total no primeiro semestre foi de R$ 148,7 milhões. Isso representa quase duas vezes mais que o investimento de todo o ano de 2009. Todas as 4 unidades de negócio tiveram faturamento recorde de locação no 2º trimestre de 2010.
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listas chegaram à conclusão de que o litoral de São Francisco é propício para geração de energia eólica devido à existência de vento constante durante todo ano.
R$ 8 BILHÕES PARA O PORTO MARAVILHA O Prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, assinou no dia 29 de julho decreto que integra o projeto de revitalização da zona portuária do Rio de Janeiro ao Plano Municipal de Parcerias Público-Privadas (PPPs). Foi lançado também o edital para as obras de revitalização da área localizada às margens da baía de Guanabara. As empresas que vencerem a licitação terão o compromisso de investir no projeto urbanístico da área, incluindo pavimentação e arborização de ruas e melhorando a iluminação e o saneamento básico até 2016, ano das Olimpíadas na capital carioca. O projeto também inclui a transformação da Av. Rodrigues Alves, que margeia o porto, em via expressa. Também serão construídos uma ciclovia e um VLT (Veículo Leve sobre Trilho). O projeto está orçado em R$ 8 bilhões.
JOGO RÁPIDO
UHE SANTO ANTÔNIO: 32% DAS OBRAS CIVIS JÁ FORAM EXECUTADAS Prosseguem em ritmo acelerado as obras da Usina Hidrelétrica Santo Antônio, localizada no Rio Madeira, em Porto Velho (RO), que terá potência instalada de 3.150,4 megawatts. Cerca de 32% das obras civis e 6% da montagem das unidades geradoras já foram realizadas.
Aproximadamente 11 mil trabalhadores estão empenhados nas obras, boa parte dos quais na construção do vertedouro e da casa de força, onde serão instaladas oito das 44 turbinas – cada uma com capacidade instalada de 71,6MW. A conclusão desta etapa possibilitará a antecipação do início
TERMINAL DE PASSAGEIROS PARA MUCURIPE
Companhia Docas do Ceará (CDC) e Secretaria Especial de Portos (SEP) do Estado preparam licitação para o projeto básico do terminal de passageiros do Porto do Mucuripe, com previsão de início das obras em 2011. O empreendimento, com previsão de conclusão em dois anos, está ligado
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as ações a serem desenvolvidas para a Copa do Mundo de 2014. O investimento estimado pela Secretaria Especial de Portos gira em torno de R$ 98 milhões e envolve a construção do terminal, um cais de atracação, estacionamento e a pavimentação e urbanização da área do Porto do Mucuripe.
de geração de energia em um ano, prevista para dezembro de 2011. A conclusão da obra, com o funcionamento da última turbina, tem previsão para 2015. Até o fim dos trabalhos, serão utilizadas 800 mil toneladas de cimento e 138 milhões de toneladas de aço.
Grupo CCR compra a Rodovias Integradas do Oeste O Grupo CCR, um dos maiores grupos privados de concessões de infraestrutura do País e um dos cinco mais representativos do mundo, adquiriu, através da sua controlada Companhia de Participações em Concessões (CPC), o controle acionário (73,45% do capital social) da concessionária Rodovias Integradas do Oeste S/A. A operação envolveu o montante de cerca de R$ 947,2 milhões.
JOGO RÁPIDO
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ENTREVISTA
Empresas se unem para construir liderança no setor portuário Começaram no final do primeiro semestre as obras de construção do Super Porto Sudeste, mais um grande empreendimento da LLX, braço de logística do Grupo EBX, do empresário Eike Batista 14 / Grandes Construções
WW Imagem digitalizada da área de atracação dos navios no Super Porto Sudeste
ARG/Civilport: contratos celebrados no Porto Sudeste Obras civis de infraestrutura de perfuração de túnel em rocha: Túnel com 1.721 m para 100 MTPA. Preço global: R$ 89.303.607,75 Prazo: 360 dias Obras civis de terraplenagem dos pátios: Nova estrada de acesso à Praia do Limão Dois viadutos sobre trecho de futura pêra ferroviária Pátio de estocagem de minério na cota + 6. Está prevista a execução de 22.000 colunas de brita,14.500 m2. de paredes diafragmas para permitir escavar os viradores de vagão. Preço global: R$ 191.597.095,45 Prazo: 540 dias
Trata-se de um terminal portuário de uso misto, que será mais uma alternativa para o escoamento para o exterior do minério produzido no Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais. Com profundidade de 20 metros e retroárea de 521 mil m2, o Porto Sudeste poderá receber alguns dos maiores navios existentes no mundo, e terá capacidade de exportar, numa primeira fase, cerca de 50 milhões de toneladas de minério por ano, podendo dobrar essa capacidade com algumas expansões e operando com equipamentos que representam o estado da arte do setor em todo o mundo. O custo global do projeto: nada menos que R$ 1,8 bilhão. À frente das obras das etapas mais im-
portantes desse empreendimento estão duas grandes empresas brasileiras que descobriram o “caminho das pedras” para uma atuação bem sucedida no setor de obras e infraestrutura portuárias. São elas a ARG e a Civilport, parceiras também na maior parte das obras de outro mega-empreendimento de Eike Batista, o Porto de Açu. Nesta entrevista, Celso Cavalcanti de Andrade, superintendente da ARG, e Feliciano Penna Chaves, diretor Executivo da Civilport, fazem um balanço das obras executadas no Porto de Açu, falam do que ainda está por fazer nesse empreendimento, e do novo desafio: construir um novo porto, o Sudeste, em um prazo de apenas um ano e meio.
Obras civis de estruturas de concreto: Dois viradores de vagões com 26.000m3 Preço global: R$ 34.191.203,54 Prazo: 240 dias Obras civis de Infraestrutura Terrestres e Marítimas: Execução de obras civis desde o desemboque do túnel até a área de atracação dos navios, compreendendo os acessos; a plataforma de transição, com 1.000 m2; as plataformas de acesso, com 2.298 m2; as pontes marítimas, com 672 m; e o píer, com 765 m. Preço global: R$ 170.091.774,67 Prazo: 480 dias Fonte: Consórcio ARG/Civilport
Agosto 2010 / 15
ENTREVISTA
A SS Fábrica de pré-moldados em concreto, instalada no canteiro de obras do Porto de Açu, cujo modelo será repetido em Itaguaí (A/B )
Revista Grandes Construções – Há vários anos a ARG e a Civilport vêm atuando em parcerias, no mercado brasileiro, no segmento portuário, com projetos bem sucedidos. São empresas independentes, com seus ativos particulares e autonomias administrativas, mas que viram nesse modelo um caminho para crescerem juntas, sem necessidade de fusões, aquisições, participações acionárias etc. Os senhores acham que essa pode ser uma tendência hoje, nesse mercado cada vez mais competitivo? Celso Cavalcanti – Essa parceria já dura vários anos, em uma constante troca de experiências. Nós, da ARG, entramos com nossa expertise no segmento de construção rodoviária e infraestrutura e a Civilport, com sua longa experiência no setor portuário. Mas o que de melhor nós temos agregado nessa associação é uma grande amizade. Essa não é uma relação puramente comercial. Nós somos amigos há 10 anos. Nos conhecemos na primeira tentativa de ganhar uma obra. Daí pra frente cresceu uma confiança mútua e uma troca de experiência profissional que deram muito certo. Mas vemos isso como uma tendência. Hoje há grandes empresas que estão se associando, principalmente para fazer grandes obras. Mas o sucesso dessas parcerias depende muito desse relacionamento.
16 / Grandes Construções
XX Feliciano Penna Chaves (esquerda) e Celso Cavalcanti
Feliciano Penna Chaves – Eu creio que uma parceria com base em interesses exclusivamente comerciais nem sempre tem o mesmo sucesso. A amizade e o respeito mútuo é o que mais nos une. Ao longo desses 10 anos, nossas empresas trabalharam juntas
“A ARG/Civilport é o grupo que está mais equipado a trabalhar em obras portuárias no Brasil. Além da grande quantidade e da qualidade, nossa frota se caracteriza por só contar com equipamentos de elevada capacidade. Nós temos o top de qualidade de toda a linha de equipamentos para o setor. E isso nos diferencia no mercado.“
nas obras do terminal de desembarque de eucalipto, em Barra do Riacho, no Espírito Santo, para a Aracruz Celulose; do terminal de embarque de eucalipto, em Caravelas, no sul da Bahia, também para a Aracruz; do terminal de desembarque de celulose da Veracel Celulose, em Barra do Riacho; depois veio a construção do Porto de Açu, no norte fluminense; e agora as obras do Super Porto Sudeste, em Itaguaí, também no Rio de Janeiro. GC – Esse setor portuário sofre de uma grande demanda reprimida de investimentos há muitos anos, tanto por parte do setor público quanto do setor privado, e que, portanto, deverá oferecer grandes oportunidades de negócios, nos próximos anos, tanto em novos portos quanto na modernização da estrutura existente. A estratégia é garantir uma posição privilegiada neste setor? Celso Cavalcanti – Nós estamos visando exatamente esse mercado, onde existem obras de grande porte e de muita sofisticação técnica no processo de implantação. Estamos nos especializando e nos dedicando muito a ele.
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Feliciano Penna Chaves – Mas isso não quer dizer que não estejamos prontos a fazer obras rodoviárias, ferroviárias e até entrar em concessões, se houver oportunidade. GC – Qual o andamento das obras do Porto de Açu, a quarta obra tocada por essa parceria ARG/Civilport? Celso Cavalcanti – Nós já terminamos, com uma antecipação de três meses, a construção da ponte de acesso aos píers, com cerca de 3 km de extensão e concluímos, também antecipadamente, o píer dos rebocadores, com cerca de 168 metros de extensão e 50 metros de largura. A construção do píer de minérios, por sua vez, já foi iniciada. Estamos muito avançados na produção dos pré-moldados que irão constituir sua estrutura, e todas as estacas da ponte desse píer já foram fabricadas, na mesma fábrica instalada no canteiro de obras, usada para a produção dos prémoldados da ponte de acesso. Esse píer terá 442 metros. Nesse momento, iniciamos o lançamento das rochas que irão compor o quebra-mar. Esse lançamento está sendo feito por duas barcaças autopropelidas, adquiridas na China, com capacidade de transporte de 1.200 m3 de rocha, descarregadas através de um fundo basculante (split barge). Feliciano Penna Chaves – Também foram concluídas as obras de 74 km de vias asfaltadas, que dão acesso ao porto, inclusive com a construção de um viaduto sobre a rodovia BR-101. GC -- Quando o porto entra em operação? Feliciano Penna Chaves – Nossa parte do contrato fica pronta ao final de 2011. Mas para o porto entrar em operação será necessário, ainda, a montagem de uma rede de correias transportadoras, é preciso que a mina esteja produzindo, que o mineroduto, que fará o transporte do minério até o porto, seja concluído, para que o conjunto entre em operação. E nada disso está no escopo do nosso contrato. Celso Cavalcanti – O que se sabe é que a LLX dará início à operação do porto ao final de 2012. Além dos contratos a que nos referimos, a ARG, isoladamente, tem o contrato para a execução das obras de terraplanagem e infraestrutura, onde será construída a unidade de beneficiamento do minério, que será transportado pelo mineroduto até o porto. Essa unidade fica na cidade de Conceição do Mato Dentro, em Minas Gerais.
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ENTREVISTA GC – Mas sabemos que ainda está para ser construído um grande pátio para estocagem de minério, que faz parte da infraestrutura do porto. Celso Cavalcanti – Sim, mas estas obras ainda estão em fase de contratação. Nós estamos participando dos processos de construção das diversas obras dessa infraestrutura portuária. Entre elas destacam-se um grande pátio de logística da LLX, e os pátios de estocagem de minério. O Porto de Açu é um empreendimento muito grande, com obras para atender a vários segmentos. No local serão instaladas duas siderúrgicas, duas usinas termelétricas, duas indústrias cimenteiras, etc. Nós esperamos ter ainda muito trabalho por lá. GC – No Porto Sudeste, vocês farão um trabalho parecido ao que foi feito no Porto de Açu, em menores proporções? Celso Cavalcanti – É diferente, porque o Porto Sudeste será construído em águas abrigadas, ao contrário do Açu, que fica em local de mar aberto. No Porto Sudeste nós temos quatro grandes obras. A primeira delas é o Pátio 6, para estocagem de minério. Esse projeto demanda uma metodologia especial de fundação, devido às condições do solo no local destinado à instalação das pilhas de minério. Nós vamos executar, no local, cerca de 270 mil metros de estacas de brita, com diâmetro de um metro. O reforço do solo se faz necessário face à baixa resistência de suporte do solo existente, para receber a carga das pilhas de minério. Sobre esse solo tratado e estabilizado será executado um aterro compactado para atingir a cota +6. Feliciano Penna Chaves – Nesse processo, o ponto final da cravação é monitorado por um computador que fica na cabine do operador. Esse sistema digital informa,
XX Maquete eletrônica do Pátio de estocagem de minérios, com rede de correia transportadora
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através de um gráfico de resistência, quando está na hora de parar a perfuração. Celso Cavalcanti – Na área do projeto tem uma estrada que está sendo deslocada para a construção do pátio. Essa via dá acesso à comunidade da Ilha da Madeira, nas proximidades. O desvio dessa estrada, bem como a construção de dois viadutos sobre a futura pêra ferroviária, também fazem parte do escopo desta obra. A segunda grande obra prevê a construção de um túnel com aproximadamente 1.800 metros de extensão, todo em rocha, que fará a ligação entre os pátios de estocagem de minério de ferro e o terminal marítimo. O túnel exigirá a retirada de 365 mil m3 de rocha e terá uma seção de 210 m2. Os pátios de armazenagem serão abastecidos por trens que trarão o minério das minas. O projeto prevê a construção de um ramal ferroviário ligando os pátios às linhas da operadora MRS. Haverá ainda uma pêra ferroviária. Assim, os trens chegarão carregados de minério, entrarão no ramal, seguirão até a pêra, que circundará os pátios, onde, por fim, os vagões são descarregados por dois viradores de vagão, a serem construídos, formando as pilhas de minério. A construção destes viradores de vagão também está a cargo do consórcio ARG-Civilport, sendo a terceira grande obra que faz parte do empreendimento do Porto Sudeste. A quarta grande obra é a construção do Terminal Marítimo. No escopo está prevista a construção de uma ponte e um píer com
a extensão aproximada de 1.500 metros e quatro plataformas. Serão cravadas cerca de 700 estacas de concreto. Feliciano Penna Chaves – Essas estacas, de concreto armado protendido, terão um diâmetro excepcional, em relação ao que é comumente praticado. Elas terão 90 cm, quando o comum são estacas de até 80 cm, pesando 50 toneladas. Quanto maior o diâmetro, mais carga ela absorve. Elas serão cravadas com martelo hidráulico com pilão de 20 toneladas. GC – Essas estacas serão fabricadas no próprio canteiro? Feliciano Penna Chaves – Sim, vamos montar uma unidade fabricante de estacas e vigas de concreto, a exemplo do que fizemos no canteiro do Porto de Açu. Já está sendo montado um canteiro para a fabricação de pré-moldados. Será preciso montar uma logística para a retirada das peças das formas, transporte dessas peças para a área de estocagem, e para levá-las para o local da construção, no porto. Serão necessários, ainda equipamentos muito poderosos, com muita capacidade, porque os pesos são muito grandes. Depois de retiradas das formas, essas estacas são transportadas para o local da montagem através de grandes flutuantes. CG – Então, o método construtivo a ser adotado nesse porto será bem diferente do empregado no Porto de Açu? Celso Cavalcanti – Exatamente. A ponte de acesso aos piers em Açu foi montada pelo processo de Cantitreveller. Nesse
WW Obras de terraplanagem e emboque do túnel ligando o pátio de estocagem de minérios ao terminal marítimo
a perfuração. Parte das estacas de brita do pátio já foram cravadas.
caso estamos adotando a metodologia de montagem através de guindastes apoiados sobre flutuantes. Isso porque se trata de uma área de águas abrigadas. Dá para trabalhar sobre flutuantes tranquilamente. Em Açu trabalhamos em mar aberto, com ondas de mais de 4 metros de altura, em média. Não havia estabilidade para trabalhar sobre flutuantes. Feliciano Penna Chaves – No caso atual, nós vamos empregar um flutuante de dimensões excepcionais, de 44 metros de comprimento por 20 de largura, equipado com um guindaste de 300 toneladas, e as estacas vão ser cravadas através de uma guia de movimentação hidráulica, cujo projeto foi desenvolvido especialmente para nós. Celso Cavalcanti – E por último, dentre as grandes obras que temos que executar, estão os dois viradores de vagões, que exigirão escavações com 20 metros de profundidade, em uma região muito difícil, em termos de topografia, com uma forte presença d’água, exigindo a utilização de tecnologia avançada no rebaixamento do lençol freático e a construção de paredes diafragmas. GC – Todos esses equipamentos são alugados ou são de frota própria? Feliciano Penna Chaves – É tudo frota própria. A guia é de projeto próprio e está em fabricação, o martelo foi importado da Inglaterra e o guindaste, mandamos buscar nos Estados Unidos. Ambos já estão chegando no Porto do Rio. GC – Hoje há uma tendência muito forte, por parte das grandes construtoras, de trabalhar com uma parte expressiva de
equipamentos locados, como forma de reduzir custos, acelerar processo, evitar a imobilização de ativos. Os senhores não aderiram a essa tendência? Celso Cavalcanti – Não. Pelo contrário, achamos que este é um dos nossos grandes diferenciais. Em quase todas as obras, a ARG trabalha com equipamentos próprios. Acreditamos que isso nos confere uma agilidade maior, temos os equipamentos à nossa disposição no momento em que necessitamos, e conseguimos ser mais competitivos, com custos menores . Feliciano Penna Chaves – Eu afirmo que graças a isso a ARG/Civilport é o grupo que está mais equipado a trabalhar em obras portuárias no Brasil. Além da grande quantidade e da qualidade, nossa frota se caracteriza por só contar com equipamentos de elevada capacidade. Nós temos o top de qualidade de toda a linha de equipamentos para o setor. E isso nos diferencia no mercado. Hoje em dia não adianta ser bom. Tem que ser o melhor. Celso Cavalcanti – Hoje nós estamos capacitados para as maiores obras portuárias que o mercado possa oferecer, e estamos fazendo pesados investimentos nas mudanças tecnológicas necessárias, para aprimorarmos a nossa capacitação e atendermos às exigências deste nicho de mercado. GC – E qual é o status dessas obras do Porto Sudeste? Elas já começaram? Celso Cavalcanti – Todas as obras começaram em julho. Elas estão sendo tocadas simultaneamente, foram começadas em conjunto e nós temos agora aproximadamente um mês e meio de obras em andamento. Nesse momento estamos preparando o emboque do túnel, para iniciar
GC – Qual o volume de mão de obra a ser gerado por essas obras? Celso Cavalcanti – Serão empregados cerca de 1.500 operários no momento de pico das obras, que deverá ocorrer por volta de novembro, quando deveremos iniciar a cravação das estacas para a estrutura da ponte e do píer do terminal marítimo. Também nesta fase já estará em grande desenvolvimento os serviços de terraplanagem do pátio, e o túnel com a escavação avançada. GC – A brita a ser consumida nesta obra é comprada de quem? Celso Cavalcanti – Também a exemplo do que houve no Porto de Açu, ela é de responsabilidade do cliente e produzida numa pedreira localizada nas proximidades, que foi adquirida pela LLX – a antiga Pedreira Sepetiba. GC – Qual o volume de brita a ser produzida para o projeto e de que forma ela será transportada para o canteiro? Qual a logística empregada? Celso Cavalcanti – O volume de brita é da ordem de 300.000 m3. É bom lembrar que as distâncias lá são diferentes das do Porto de Açu, onde a pedreira ficava a 70 km de distância do canteiro. No Sudeste, a distância é de apenas 2 km. Por isso, é necessário uma frota menor, com caminhões menores, não serão necessários os caminhões rodotrens que usamos no Açu. Aqui estamos usando caminhões trucados, frota própria adquirida especialmente para este empreendimento. Feliciano Penna Chaves – Além dos caminhões, compramos pás carregadeiras, guindastes e dois equipamentos Jumbos de Perfuração, dotados de três braços articulados, com rompedores nas pontas, para a perfuração do túnel.
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ENTREVISTA
GC – Quem fabrica os Jumbos? Feliciano Penna Chaves – Um foi fabricado pela Sandvik e o outro pela Atlas Copco. GC – Qual será a capacidade do porto? Celso Cavalcanti – O cais terá profundidade de 20 metros na zona de atracação e terá capacidade para receber navios de grande porte, como graneleiros tipo capesize até 220 mil toneladas. A capacidade de movimentação de carga será inicialmente 50 milhões de toneladas/ano, podendo chegar a 100 milhões com suas expansões. GC – Quais os volumes de concreto e aço a serem consumidos no empreendimento? Celso Cavalcanti – Serão 20 mil toneladas de aço, a serem fornecidas pela Gerdau, e cerca de 90 mil m3 de concreto, a serem produzidos por nós, em usina que estamos instalando no canteiro. O cimento será fornecido pela Holcin. GC – O concreto terá alguma especificação especial? Feliciano Penna Chaves – Todo concreto para aplicação portuária tem que ter uma especificação especial por causa da agressividade do mar. Ele tem que ser impermeável, com muita quantidade de cimento, muito resistente à água salgada. Ele tem que ser muito aditivado e de altíssima resistência. Nesse caso, não podemos esperar o tempo normal de pega dos pré-moldados, até a retirada das formas e retirada para o estoque, senão seria necessária uma quantidade enorme de formas. Então, para acelerar esse processo, temos que aditivar o concreto, para que ele adquira uma resistência muito alta, em um prazo bem menor, em poucas horas. Assim, as peças podem ser retiradas das formas bem rapidamente. GC – Na opinião dos senhores, qual será o principal desafio desse empreendimento? Celso Cavalcanti – Por mais complexo e desafiador que ele seja, em todas as suas etapas, em minha opinião o grande desafio deste empreendimento é a execução das obras num prazo de 18 meses. Mas estamos tranqüilos, pois temos tecnologia, estamos aparelhados e dispomos de pessoas, da nossa capacidade de inovação e de ousadia, empenhados em cumprir este objetivo.
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QUEM SÃO A ARG E A CIVILPORT CIVILPORT ENGENHARIA LTDA Fundada em 1986, no Rio de Janeiro, a Civilport vem executando obras e projetos de engenharia em todo o Brasil, tornando-se referência em obras portuárias. A empresa expandiu sua atuação para o setor industrial, atendendo, há mais de 20 anos, às necessidades de empresas públicas e privadas. Hoje figuram em seu portfólio de clientes empresas dos setores de celulose, mineração, siderurgia, petróleo, metal-mecânica e serviços. Entre os portos em cujas obras a Civilport atuou estão os das empresas CSN, Libra, Cadam, Caravelas, Jarí Celulose, Barra do Riacho, etc. GRUPO ARG O Grupo mineiro ARG foi fundado em 1978, passando a ser reconhecido internacionalmente pela excelência na execução de obras de grande porte, com destaque no mercado de construção e obras especiais. Atua na construção de portos, pontes e viadutos, implantação de áreas industriais, construção civil e de gasodutos, construção e restauração de rodovias, entre outras. Com sede em Belo Horizonte e presença em todo território nacional, o Grupo é um dos mais consolidados do País, tendo já planejado e executado mais de 120 obras grandiosas. Além das obras dos portos de Açu e Sudeste, da LLX, a AGC tem em carteira, nesse momento, um contrato, no valor de R$ 150 milhões, com a Anglo American, para a terraplanagem e infraestrutura das unidades de beneficiamento do minério, extraído da mina de Conceição do Mato
Dentro (MG). É esse minério que é misturado à água e enviado pelo mineroduto para o Porto de Açu, para exportação. Essa obra tem um volume de 8 milhões de m3 a ser removido, entre rocha e terra, para a definição dos platôs onde acontecerão as atividades de britagem e beneficiamento do minério. Esta obra deverá ser concluída em um prazo de 8 meses e gerará empregos para cerca de 900 pessoas, no pico. A ARG também tem uma carreira internacional de destaque, iniciada com a execução de obras rodoviárias no Paraguai e na Bolívia. No Paraguai foram construídos 180 km de estradas pavimentadas em CBUQ, com cerca de 20 obras de arte especiais. As obras foram contratadas pelo Ministério de Obras Públicas com financiamento pelo BNDES. Na Bolívia, foram construídos 250 km de estradas em pavimento de concreto, para o Serviço Nacional de Caminhos. Essa obra foi muito elogiada, tanto pelos bolivianos quanto pelo pessoal da ABCP, que esteve realizando uma visita técnica no local. Nesse momento, a empresa está com várias frentes no continente africano, desenvolvendo projetos de engenharia rodoviária e de infraestrutura. A empresa trabalha na região há mais de cinco anos, já tendo executado mais de 120 km de rodovias em pistas duplas. Hoje, a ARG figura entre as 20 maiores da construção no Brasil, graças a um faturamento, em 2009, superior a R$ 682 milhões (em setembro de 2009), que inclui as atividades no Brasil (60%) e exterior (40%).
ESPECIAL PETRÓLEO E GÁS
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Foto: divulgação Agência Petrobras de Notícias
PRÉ-SAL COMEÇA A PRODUZIR E PETROBRAS REVÊ METAS ATÉ 2014 Empresa quer conquistar autossuficiência no Brasil e maior presença no cenário internacional
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S$ 224 bilhões. Essa é a estimativa dos investimentos a serem realizados nos próximos quatro anos, pela Petrobras, visando uma atuação crescente e sustentável no mercado nacional e internacional. O valor está previsto na revisão do Plano de Negócios da empresa considerando o período 2010-2014, e representa um crescimento de 28% em relação ao plano anterior, que contemplava um cenário de investimentos de 2009 a 2013, com recursos da ordem de US$ 174,4 bilhões. A nova estimativa prevê uma média de investimentos da ordem de US$ 44,8 bilhões por ano. De acordo com estimativas da Agência Internacional de Energia (AIE), o Brasil deverá atingir o maior aumento individual na produção de petróleo em 2011, passando de cerca de 210 mil barris diários, para 2,4 milhões de barris/dia, em média. O Governo Federal aponta o mercado de petróleo e gás como a chave para a independência econômica do Brasil, impulsionando tamWW Plataforma tipo FPSO São Vicente, durante os testes de longa duração no pré-sal, no Campo de Baleia Franca, litoral capixaba
bém o setor de bens de capital. Novos campos petrolíferos estão sendo localizados, tanto em terra quanto em mar, em águas rasas, profundas e ultra-profundas, contendo óleo leve e pesado e gás não associado. Para o mercado brasileiro, a revisão do Plano de Negócios da estatal, divulgada no final de junho, chegou como uma boa notícia, já que, do total, nada menos que 95% (US$ 212,3 bilhões) serão aplicados no Brasil. Isso gera expectativas de grande volume de contratações no mercado nacional, com base na taxa de conteúdo local de 67%, aplicada em toda a compra de peças, componentes, equipamentos e máquinas necessárias à cadeia de extração, produção e refino de petróleo e gás. Isso seria o equivalente a um nível de contratação anual, no País, de cerca de US$ 28,4 bilhões. Do volume total dos investimentos previstos, US$ 31,6 bilhões serão destinados a novos projetos. A perspectiva de investimentos milionários a serem feitos pela estatal brasileira criou forte expectativa não só no mercado brasileiro, como nas empresas que atuam no setor em todo o mundo. As principais companhias de petróleo do mundo já manifestaram interesse na licitação
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ESPECIAL PETRÓLEO E GÁS
XX Parque nacional de refinarias será modernizado e serão construídas cinco novas unidades
dos novos blocos do pré-sal, a despeito das críticas ao modelo regulatório para a exploração, definido pelo governo. Toda a cadeia de produção de peças, equipamentos e componentes para o setor, em escala mundial, também monitora, atenta, cada passo dado pela Petrobras. Prova disso é a realização, no final de setembro, em Singapura, do 11o Congresso Anual de FPSO, que reunirá representantes das mais importantes indústrias fabricantes de plataformas de petróleo e toda a sua cadeia de fornecedores, tendo como foco principal a demanda gerada pela promessa brasileira do pré-sal. Pelo novo Plano de Negócios, a produção de petróleo tem como meta 3,9 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boe) em 2014, e projeção de 5,4 milhões de boe em 2020. Essa projeção de produção para o final do período (2014) aponta para uma redução de 318 mil boe, em comparação com a do plano anterior. Isso se deve à revisão das metas internacionais, em função da revisão dos investimentos futuros para adequação à atual estratégia de Exploração e Produção da Petrobras. De acordo com o documento, a companhia leva em consideração uma geração de fluxo de caixa operacional baseada em um preço médio do petróleo de US$ 80 para o período 2010-2014, abaixo da média das projeções do mercado. O Pla24 / Grandes Construções
no de Negócios considera, também, o preço médio do Brent de US$ 76 o barril em 2010, e para o período 2010-2014, ao preço médio de US$ 82 o barril, bem acima da projeção anterior, para o período 2009-2013, que era de US$ 61. (N.R.: Brent é um petróleo de alta qualidade, caracterizado por ser “leve” e “doce”, com pequena quantidade de compostos de enxofre e odor agradável, ao contrário do petróleo “acre” ou “ácido”).
Pré-sal: iniciada a produção
A divulgação do novo Plano de Negócios da Petrobras coincidiu com o início da produção comercial de petróleo do pré-sal brasileiro, nos campos de Baleia Franca e Cachalote. Ambos estão localizados no litoral sul do Espírito Santo, na província petrolífera batizada de Parque das Baleias, dentro da Bacia de Campos. Foi lá que a Petrobrás iniciou os testes de produção do pré-sal, por meio da plataforma P-34, no campo de Jubarte. A operação, no entanto, é encarada como um teste pela Petrobrás. Trata-se do primeiro projeto de produção do pré-sal em escala comercial no País, já desenhado a partir dos testes de produção anteriores. A produção está sendo feita por meio da plataforma FPSO Capixaba, um tipo de plataforma que produz, processa, ar-
mazena e escoa petróleo. A expectativa é de que até o fim do ano os volumes produzidos no pré-sal atinjam o patamar de 40 mil barris por dia. O projeto faz parte de um programa de investimentos que deve elevar a produção capixaba a 400 mil barris de petróleo por dia em 2015, duplicando o volume atual. Desse total, 60% virão de campos do pós-sal e o restante, do pré-sal, segundo o gerente executivo da unidade de operações da Petrobrás no Espírito Santo, Robério Silva. O Estado tem outros dois pólos de produção, um em terra, na divisa com a Bahia, e outro no litoral norte, onde estão os campos de Golfinho e Camarupim. Silva diz que a empresa tem esperança de encontrar reservas abaixo do sal no litoral norte, que hoje está fora da área delimitada pelo governo como pré-sal. A FPSO Capixaba deve atingir sua capacidade máxima de 100 mil barris por dia, ainda este ano. Metade da produção virá de reservatórios abaixo da camada de sal. O gás será escoado para unidade de tratamento no município de Anchieta. Ainda este ano, além da FPSO Capixaba, o Parque das Baleias receberá, as plataformas Cidade de Anchieta, no campo de Baleia Azul; a P-58, na porção norte da província; a P-34, que hoje está em Jubarte, mas que será deslocada em 2015, para produzir óleo do pós-sal de Baleia
ESPECIAL PETRÓLEO E GÁS Azul; e a plataforma P-57, em obras no estaleiro Brasfels, de Angra dos Reis. O Parque das Baleias fica no extremo norte da região delimitada pelo governo como área do pré-sal, que vai de Santa Catarina ao litoral sul capixaba. Ao lado da concessão, estão descobertas do pré-sal da Shell, em província conhecida como Parque das Conchas, e da americana Anadarko, conhecida como Wahoo. Rogério Silva disse que a estatal ainda não perfurou poços de pré-sal mais ao norte, já na Bacia do Espírito Santo, mas pretende fazê-lo para testar a existência de pré-sal. O gerente da Petrobrás para o Espírito Santo informou que a empresa vem retomando a produção de gás no Estado, que ficou em marcha lenta por causa da baixa demanda pelo combustível após a crise econômica. Hoje, a produção está em torno de 5 milhões de m3/dia. Parte desse volume é exportada para o Nordeste por meio do Gasoduto Sudeste Nordeste, inaugurado este ano. A companhia fez nova descoberta de gás no norte do Estado, próxima ao campo de Camarupim Norte, em área onde tem parceria com a americana Unocal.
Partilha dos recursos
Dos US$ 224 bilhões previstos pelo Plano de Negócios da Petrobras 2010-2014, a maior parte (53%), equivalente a US$ 118,8 bilhões, será destinada ao segmento de Exploração e Produção. Os números apontam para um incremento da ordem de 14% em relação ao previsto para o segmento nas metas de investimentos elaboradas anteriormente. O montante inclui os recursos necessários para a exploração e desenvolvimento das descobertas no pré-sal, maximização do aproveitamento do óleo e gás nas concessões em produção, além do desenvolvimento da produção do pré-sal da Bacia de Santos. Também com este orçamento a Petrobras pretende intensificar as explorações em outras áreas do pré-sal e em novas fronteiras, no Brasil e no exterior. O segundo segmento, em termos de destinação de investimentos, é o de Refino, Transporte e Comercialização, com preXX Área de Exploração e Produção receberá investimentos da ordem de US$ 118,8 bilhões, nos próximos quatro anos
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visão de recursos da ordem de US$ 73,6 bilhões, ou 33% do total. Do total dos recursos previstos para esta área, metade será aplicada na ampliação do parque de refino; 29% serão investidos na melhoria da qualidade para atendimento do mercado interno; 11% irão para a melhoria operacional; 6% para ampliação da frota de distribuição; 35% para destinação do óleo nacional e 15% para programas internacionais. O segmento de Gás e Energia aparece em terceiro lugar nas prioridades de investimentos (8% do total), com investimentos da ordem US$ 17,8 bilhões. O montante será direcionado para consolidar a liderança da empresa no mercado brasileiro de gás natural, assegurando flexibilidade para comercialização nos mercados termelétrico e não termelétrico. Serão, também, realizados investimentos para a transformação química do gás natural, aumentando a flexibilidade da cadeia do produto e da geração de energia elétrica. Está prevista a construção de três novas plantas fertilizantes para a produção de nitrogenados (Amônia e Uréia) em sinergia com outros ativos da Petrobras. Já os investimentos em Petroquímica somam US$ 5,1 bilhões, equivalendo a 2% do total. As ações estarão focadas na ampliação da produção de petroquímicos e de biopolímeros, preferencialmente através de participações societárias, principalmente no Brasil, de forma integrada com os outros segmentos da companhia. O segmento de Biocombustíveis, em quinto lugar nas prioridades, foi contemplado com US$ 3,5 bilhões, atuando na produção, logística e comercialização dos biocombustíveis e participando da cadeia de valor no Brasil e no exterior, de forma integrada. A estratégia no segmento de etanol foi redirecionada para a aquisição
de participações com o objetivo de se tornar um importante player no mercado, assegurando o domínio tecnológico para a produção sustentável de biocombustíveis. O negócio da Distribuição contará com US$ 2,5 bilhões, visando garantir a liderança na distribuição nacional, com meta de 40% de participação no mercado nacional em 2014, e atuação na distribuição de derivados no exterior. Para as áreas da Segurança, Meio Ambiente e Saúde (SMS), a Petrobras destinou US$ 3,3 bilhões. Outros US$ 2,9 bilhões irão para Tecnologia da Informação e Telecomunicações (TIC); e US$ 5,2 bilhões em Pesquisa e Desenvolvimento, totalizando US$ 11,4 bilhões.
Refino: a meta é a autossuficiência
Expandir a capacidade de refino do País, assegurando autossuficiência no abastecimento nacional e a liderança na distribuição, desenvolvendo mercados de exportação de derivados, com ênfase na Bacia do Atlântico. Essas são as metas da Petrobras, ao definir, para os próximos quatro anos, investimentos da ordem de US$ 73,6 bilhões para as áreas de Refino, Transporte e Comercialização. Foi, portanto, mantida a estratégia de adequar a capacidade de refino ao potencial de crescimento da produção nacional de petróleo, ampliando e requalificando o parque nacional de refinarias para atender às exigências de qualidade de produtos requeridos pelos mercados interno e externo. A empresa prevê investimentos na construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco; Clara Camarão, no Rio Grande do Norte; Premium I, no Maranhão e
PLANO DE NEGÓCIOS 2010-2014: PARTILHA DE RECURSOS
Premium II, no Ceará; Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) e Complexo Petroquímico de Suape, em Pernambuco, bem como uma nova unidade de fertilizantes nitrogenados. A refinaria Abreu e Lima, em fase de construção, resultado de parceira com a venezuelana PDVSA, adicionará mais 200 mil barris diários à capacidade de refino da Petrobras. Clara Camarão, por sua vez, contribuirá com 30 mil barris/dia. As refinarias Premium I e II terão capacidade para 600 mil e 300 mil barris/dia, respectivamente. O Comperj terá capacidade para refinar 165 mil barris/dia. Também estão previstos investimentos em obras de conversão e qualidade de produtos nas refinarias existentes, com destaque para as metas de produção de diesel e gasolina com menor teor de enxofre, além de ampliações em dutos e terminais. Mais adiantada entre os projetos das novas unidades, a refinaria Abreu e Lima só deverá ser inaugurada em 2013 e não mais em 2012, como havia sido anunciado anteriormente. Já foram realizados 20% da construção do empreendimento, com foco nas obras de terraplenagem. O empreendimento enfrentou dificuldades burocráticas, na liberação das licenças ambientais para início das obras e suspeitas de superfaturamento. Teve também entraves na formação da sociedade que iria geri-lo. A PDVSA, que ficou de arcar com parte dos investimentos,
recuou várias vezes antes de firmar a parceria com a Petrobras, gerando um clima de constrangimento e insegurança que só foram apaziguados após a petrolífera brasileira informar que arcaria com os custos da indústria mesmo que de forma isolada. Como se tais problemas não bastassem, o Tribunal de Contas da União (TCU) chegou a apontar indícios de superfaturamento na terraplenagem e chegou a propor a paralisação das obras. Foi preciso o Governo Federal intervir e determinar que o projeto fosse tocado em nome dos “ganhos” que traria para o Estado. A Refinaria Abreu e Lima é a obra mais cara da história de Pernambuco, alcançando a cifra dos R$ 23 bilhões. Também começa a sair do papel o projeto da Refinaria Premium I, no Maranhão. Em julho, a Petrobras assinou contrato com o consórcio formado pelas empresas Galvão Engenharia, Serveng e Fidens, para serviços de terraplenagem, drenagem e obras de acesso na área da refinaria. O contrato tem prazo de 960 dias e visa preparar a área para receber as unidades de processamento principais, auxiliares e de utilidades. No pico da obra a previsão é de cerca de 3.500 trabalhadores contratados, só na terraplenagem. A Refinaria Premium I será implantada no município de Bacabeira (Maranhão), a 60 km de São Luís, e vai processar 600 mil barris de petróleo por dia. Agosto 2010 / 27
COMPERJ
CANTEIRO DE OBRAS COMEÇA A TOMAR FORMA As obras de terraplenagem do maior empreendimento na história da Petrobras entram na reta final e começam a ser definidos os consórcios que executarão as principais etapas do projeto Considerado o maior empreendimento individual da história da Petrobras, o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro exigirá um investimento de cerca de R$ 15 bilhões, recursos suficientes para construir três refinarias do porte da Duque de Caxias (Reduc). Para se ter uma idéia de suas dimensões, todo o complexo ocupará uma área equivalente a mais de cinco mil gramados do Maracanã. O empreendimento se propõe a reunir no mesmo sítio, de maneira integrada, refinaria, central petroquímica e empresas produtoras de resinas termoplásticas, além de uma central de utilidades para a geração de energia elétrica e vapor, e para tratamento de água e efluentes. Os projetos de engenharia básica de todas as unidades de processos, bem como dos off sides, utilidades e extra muros, já estão prontos ou em fase de finali-
zação. O empreendimento marca, ainda, a retomada da companhia no setor. Com a meta de refinar 165 mil barris diários de petróleo pesado proveniente da Bacia de Campos (Marlim), o Comperj está previsto para entrar em operação em 2012. Estima-se que ele deva gerar para o país uma economia de divisas superior a R$ 4 bilhões por ano, em decorrência da redução da importação de fontes de matéria prima petroquímica. Esses resultados podem ser ainda mais significativos caso a Petrobras inclua um módulo, atualmente em avaliação, que poderá dobrar a capacidade de processamento da refinaria. Com isso, o empreendimento vai produzir a mesma quantidade de petroquímicos que estava planejada, além de combustíveis de alta qualidade. A decisão de reavaliar o projeto teve como base as transformações no mercado de derivados de petróleo, que resultou num aumento da demanda de diesel e querosene de aviação. Na visão do diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, o
mais importante na nova configuração do Comperj é que a Petrobras não desistiu de produzir nem vai reduzir a produção petroquímica. Ele garante que a proposição inicial de agregar valor ao petróleo pesado continua: dos 14 bilhões do total de reservas atuais da Petrobras, 60% são de petróleo pesado. Assim o Comperj será a primeira unidade petroquímica do Brasil e do mundo a utilizar petróleo pesado como matéria prima. Atualmente, a produção de petroquímicos é feita através do processamento da nafta, que é um derivado de petróleo obtido nas refinarias, e do gás natural. A expectativa é que o processo industrial a ser implantado no Complexo valorize ainda mais o petróleo pesado de produção nacional, que hoje é exportado com deságio em relação ao petróleo leve. O Complexo está posicionado em um centro geográfico, no município de Itaboraí, que tem condição de atender o Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo e Espírito Santo. Construído em uma área de 45 milhões de m2, contará com facilidades
TT Imagem digitalizada do complexo petroquímico, em Itaguaí (RJ)
28 / Grandes Construções
WW Obras de terraplenagem registram avanço de 70%
de logística para acesso às principais rodovias do Sudeste e portos da região. Para isso, estão sendo construídas estradas de acesso principal e secundário, além de uma via de acesso alternativo para a chegada dos grandes equipamentos. Localizado próximo aos Portos de Itaguaí (103 km) e Rio de Janeiro, aos terminais de Angra dos Reis (157 km), Ilhas d’Água e Redonda (30 km), o município de Itaboraí é atendido por rodovias e ferrovias. Além disso, tem como vizinhos a Refinaria Duque de Caxias – Reduc (50 km), as plantas petroquímicas da Rio Polímeros e da Suzano (50 km) e o Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello - Cenpes (38 km).
Impacto econômico
Um estudo realizado pela Fundação Ge-
túlio Vargas sobre o Comperj prevê que o pólo deve atrair 724 indústrias - a maior parte (cerca de 90%) micro e pequenas empresas, atraídas pela disponibilidade de matéria-prima. A expectativa, segundo a FGV, é que, caso todas as estimativas se concretizem, o Comperj signifique, entre hoje e 2015, um crescimento de 39% do PIB da região de influência direta. O levantamento destaca ainda que mesmo os municípios que em tese receberão menos investimentos passarão por um salto econômico, como nos casos de Tanguá (35% do PIB) e Guapimirim (29%). Em relação ao ambiente sócio-econômico, a pesquisa da Fundação mostra que os investimentos do Comperj, tanto em máquinas e equipamentos como em projeto e construção, irão resultar em atividades econômicas no Brasil e no Estado
do Rio de Janeiro. O levantamento observa também que, na etapa de construção, 40% do valor orçado para compra de máquinas e equipamentos deverá vir de fornecedores externos. Dos 60% restantes, apenas 12% ficará no Estado do Rio de Janeiro.
Integração industrial
Para a Petrobras, a implantação do Comperj reforça o processo de integração com a petroquímica, interrompido na década de 90. A companhia ambiciona tornar ainda mais completa a transformação industrial do petróleo ao permitir a produção - diretamente e em um único local - de combustíveis, resinas plásticas e outros produtos de uso variado e de grande utilidade. No local funcionarão uma unidade de
PRODUTOS DO PÓLO PETROQUÍMICO PRODUTOS PETROQUÍMICOS BÁSICOS (Primeira Geração)
PRODUTO
NÚMERO
QUANTIDADE
ETENO
1.300 mil
t / ano
PROPENO
880 mil
t / ano
BENZENO
608 mil
t / ano
PARA –XILENO
700 mil
t / ano
PRODUTOS DE SEGUNDA GERAÇÃO PRODUTO
NÚMERO
QUANTIDADE
POLIETILENOS
800 mil
t / ano
ETILENOGLICOL
600 mil
t / ano
POLIPROPILENO
850 mil
t / ano
ESTIRENO
500 mil
t / ano
Agosto 2010 / 29
COMPERJ WW Presidente Lula em cima de trator de esteira, durante a inauguração das obras de terraplenagem
o Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (Prominp), implantado pelo Governo Federal, com coordenação da Petrobras.
Início das obras
refino de primeira geração para a produção de petroquímicos básicos - que irá refinar petróleo pesado e produzir eteno, benzeno, p-xileno e propeno - e um conjunto de unidades de segunda geração. Nesse conjunto, petroquímicos básicos serão transformados em produtos petroquímicos como estireno, etileno-glicol, polietileno, polipropileno e PTA/PET. Além disso, indústrias de terceira geração, que deverão se instalar nos municípios vizinhos ao Complexo, serão responsáveis pela transformação desses produtos em bens de consumo. Isso será feito por meio de processos de sopro, injeção e extrusão, que originarão de copos e sacos plásticos a componentes para indústrias montadoras de automóveis e linha branca, como eletrodomésticos.
Geração de empregos
O empreendimento prevê a geração de mais de 200 mil empregos diretos e
30 / Grandes Construções
indiretos durante os cinco anos da obra e após a entrada em operação, todos em escala nacional. Na fase de implantação, o pico de geração de postos de trabalho está previsto para o ano de 2011, quando o Comperj deverá estar em fase de finalização. Atualmente cerca de 3.500 pessoas estão mobilizadas nas obras de implantação do Complexo. Desse total, 29% correspondem à construção civil e 71% à construção e montagem. Com o objetivo de investir na qualificação de cerca de 30 mil profissionais nos 11 municípios situados na área de influência do empreendimento (Itaboraí, São Gonçalo, Cachoeiras de Macacu, Casimiro de Abreu, Guapimirim, Niterói, Maricá, Magé, Rio Bonito, Silva Jardim e Tanguá), a Petrobras criou o Centro de Integração do Comperj. O Centro tem capacidade para atender 370 alunos em até três turnos e integra
O primeiro grande contrato para a execução de obras do empreendimento foi assinado com o Consórcio Terraplanagem Comperj (CTC), formado pela Andrade Gutierrez/Odebretch/Queiroz Galvão. Seu objeto é a execução da terraplenagem de toda a área do complexo. As obras foram iniciadas em abril de 2008. Com custo aproximado de R$ 820 milhões, a execução da terraplenagem deve movimentar 45 milhões de m3 de terra no Comperj, que equivalem a 12 Maracanãs repletos de terra, mobilizando mais de 600 equipamentos. O prazo da obra é de 440 dias corridos mas sofreu atrasos, causados pelas intensas chuvas que se abateram sobre a região entre o final de 2009 e início de 2010. Até agora só 70% deste serviço foi realizado. No ano passado, o Tribunal de Contas da União (TCU) levantou suspeita de irregularidades no pagamento das empresas executoras da terraplenagem. Isso porque a Petrobras efetuou o pagamento mesmo considerando os dias parados por causa das chuvas. A estatal negou o pagamento além do devido, refutando ainda as suspeitas de superfaturamento da obra. A alegação foi a de que estavam sendo usadas pelo TCU, para o acompanhamento das obras, tabelas de referência utilizadas para o monitoramento de obras rodoviárias, o que teria gerado distorção. Como a preocupação com o meio ambiente é um compromisso assumido pela Petrobras nesse projeto, desde o início da terraplenagem foi construída uma Estação de Tratamento de Água de lavagem (ETAL), que separa água, óleo e areia. A água tratada nesse sistema é reutilizada na lavagem de máquinas e caminhões. Além disso, o complexo também terá, na sua fase de construção e montagem, um sistema de tratamento que fará o reaproveitamento de efluentes tratados, como água de reuso.
COMPERJ XX Ruínas do Mosteiro de São Boaventura, construído no Século XVII, descobertas no local das obras, serão preservadas
Outros dois contratos de grande porte foram assinados em março deste ano, para a construção, em regime de EPC, das unidades de Destilação Atmosférica a Vácuo (DAV), com custo estimado em R$ 1,1 bilhão, e de Hidrocraqueamento Catalítico (HCC), orçado em R$ 1,46 bilhão. A DAV será construída pelo consórcio liderado pela Skanska/Promon/Engevix, e a UHC, pela Alusa. A planta terá capacidade para processar 53 mil barris/ dia de petróleo e sua construção vai gerar cerca de 2 mil postos de trabalho. A unidade será a primeira do tipo no Brasil, destinada à produção de frações leves a partir de óleo pesado. No mesmo mês de março foi firmado aditivo contratual com a Cedae e acordo de cooperação entre o Ministério das Cidades, o Ministério de Minas e Energia, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a Caixa Econômica Federal (CEF) e a Petrobras. Com a empresa estadual de águas, o aditivo contratual – no valor de R$ 56 milhões -, tem como objetivo a construção de adutora pela Petrobras, tendo como contrapartida o fornecimento de água tratada pela Cedae para as obras do Complexo Petroquímico. De acordo com o aditivo, a Petrobras construirá todas as facilidades para o atendimento de água ao Comperj. Com a obra concluída, o suprimento de água potável será disponibilizado para a região de Itaboraí. Também no mês de abril foi fechado contrato para a execução de serviços de projeto de detalhamento, fornecimento de equipamentos e materiais, constru32 / Grandes Construções
ção e montagem da Unidade de Coqueamento Retardado (UCR) - uma das mais importantes unidades do processo de produção de petroquímicos a partir de petróleo pesado. O consórcio Techint e Andrade Gutierrez foi o vencedor da disputa, fechando o contrato no valor final de R$ 1,890 bilhão. A relação entre o tipo do petróleo e os rendimentos dos derivados obtidos é direta. Um petróleo leve tem maior rendimento de produtos leves, como GLP, nafta, óleo diesel, e menos rendimento de produtos pesados, como óleos combustíveis e asfalto. A instalação de unidades de conversão, que transformam frações pesadas em partes mais leves, pode atenuar essa diferença. A destilação atmosférica é um processo em que o óleo bruto é separado em diversas frações sob pressão atmosférica. Já o processo de hidrocraqueamento catalítico é apoiado pela presença de uma elevada pressão parcial de gás hidrogênio. Uma unidade de Coqueamento Retardado (UCR), do tipo a ser construída no Comperj, é uma forma mais severa de craqueamento térmico, que transforma resíduo de vácuo em produtos mais leves, produzindo adicionalmente coque, um tipo de combustível derivado do carvão betuminoso. Essa unidade é capaz de produzir um material chamado coque verde de petróleo, que pode ser usado em várias outras aplicações como: pastilha de freio automotivo, sapatas ferroviárias, alimentação de fornos refratários e colorização de vidros. Em abril do corrente ano a Petrobras,
por intermédio de sua subsidiária integral Comperj Participações S.A., assinou contrato com a SMU Energia e Serviços de Utilidades Ltda, para a criação da Companhia de Desenvolvimento de Plantas de Utilidades – CDPU. A nova empresa terá como objetivo analisar a execução do projeto da Central de Utilidades do Comperj. A CDPU terá 20% de participação da Comperj Participações e 80% da SMU, empresa brasileira com participação da Sembcorp Utilities PTE Ltd (Cingapura), através de sua subsidiária integral Sembcorp Utilities (BVI) Pte Ltd, Mitsui & Co. Ltd. ( Japão) e Utilitas Participações S.A. (Brasil). O projeto da Central de Utilidades compreende as unidades de fornecimento de energia elétrica, fornecimento de vapor, tratamento de água e efluentes e fornecimento de hidrogênio para o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro. A disputa mais recente por um grande contrato do Comperj aconteceu em agosto, envolvendo os consórcios formados pela Santa Barbara/Multitek/Mana e seu concorrente, composto pelas empresas Delta/TKK/Projectus. O objeto foi a construção de uma Unidade de Hidrotratamento (HDT) e uma Unidade de Recuperação de Enxofre (URE) para o complexo. Venceu a disputa o primeiro grupo, que apresentou o valor de R$ 258,3 milhões, contra R$ 271,7 milhões proposto pelo concorrente. O Comperj iniciará sua operação produzindo combustíveis derivados de petróleo na primeira refinaria, com 165 mil barris/dia, possivelmente em 2013, sendo que a produção de petroquímicos básicos está prevista para o final de 2015. Já a segunda refinaria, com mais 165 mil barris/dia, deverá iniciar a operação em 2017, o que configura uma capacidade total de 330 mil barris de petróleo pesado.
Empresas
A Petrobras constituiu seis sociedades anônimas no Rio de Janeiro, subsidiárias integrais, destinadas à implantação do Comperj: Comperj Participações S.A.: Sociedade de Propósito Específico que deterá as participações da Petrobras nas socieda-
COMPERJ des produtoras do Comperj; Comperj Petroquímicos Básicos S.A.: Sociedade produtora de petroquímicos básicos; Comperj PET S.A.: Sociedade produtora de PTA/PET; Comperj Estirênicos S.A.: Sociedade produtora de estireno; Comperj MEG S.A.: Sociedade produtora de etilenoglicol e óxido de eteno; e a Comperj Poliolefinas S.A.: Sociedade produtora de poliolefinas (PP/PE). Em um primeiro momento, a Petrobras deterá 100% do capital total votante dessas companhias, quando será feita a implantação do modelo de integração e relacionamento das empresas do Comperj. A partir dessa constituição, a Petrobras iniciará a fase de preparação do projeto para a entrada de potenciais sócios. Além das corporações que estarão diretamente envolvidas na construção do empreendimento, estudos da Fundação Getúlio Vargas indicam que cerca de 720 empresas poderão se instalar na região até 2015, na indústria de transformação, para produzir plásticos a partir dos produtos do Comperj. O que resultará, na visão da Petrobras, num efeito de encadeamento econômico que beneficiará intensa e diretamente os municípios vizinhos, indiretamente todo o estado e, também, a economia nacional como um todo. Por outro lado, a fim de promover a inserção competitiva e sustentável das micro e pequenas empresas na cadeia produtiva de petróleo, gás natural, petroquímica e energia nos onze municípios de influência do Comperj, a Petrobras assinou, em julho de 2009, um convênio com o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Estado do Rio de Janeiro - Sebrae/RJ.
Preservação Ambiental
Considerando que a planta industrial ocupará apenas parte do terreno e que a área está em franca degradação, de acordo com o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) do Complexo, foi desenvolvido o projeto do Corredor Ecológico. A meta é recuperar a flora nativa e conectar o manguezal à Mata Atlântica da região onde o empreendimento está inserido. Para isso, a Petrobras prevê a plantação de quatro milhões de mudas de árvores, assim como a criação de um berçário florestal na Fazenda Viveiros, localizada em Itaboraí, com capa34 / Grandes Construções
SS Animais e plantas da região estão sendo recolhidos e transportados para locais seguros
cidade de produção anual de 300 mil mudas de espécies da Mata Atlântica. Até o momento, cerca de 4.300 animais, entre cobras, tatus, micos, gaviões e capivaras, foram resgatados na área das obras do Comperj, desde o seu início. A grande maioria deles é devolvida ao seu habitat natural, em outras áreas. Outros, antes de serem soltos, passam pela análise de biólogos e veterinários da Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e tecnológica da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Esses profissionais são os responsáveis pela execução do programa de preservação da fauna da região, promovido pela Petrobras e pela análise dos impactos ambientais do projeto. Os técnicos observaram, por exemplo, o aumento da população de roedores, como preás, na região. Para eles, isso se deu como conseqüência da diminuição da caça na região. Nessa empreitada, a Petrobras conta com três parceiros. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) que, por intermédio da Fundação Johanna Döbereiner, desenhou o projeto conceitual do Corredor; a OSCIP Innatus (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público), que já capacitou cerca de 400 pessoas da comunidade em práticas de silvicultura, e com a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), responsável pela elaboração de programas para a recuperação das áreas degradadas.
Plano Ambiental de Construção
De acordo com orientações do Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), os canteiros de apoio às obras deverão ser localizados em áreas afastadas tanto quanto possível do traçado das águas de chuva no terreno. Para atenuar o impacto da limpeza do terreno e da movimentação de terras, o Relatório chama atenção para as escavações e movimentações de terras, que deverão ser realizadas com o mínimo tempo de exposição do solo e do subsolo. Além disso, deverão ser construídos para chuvas intensas, para segurar o material escoado (mineral orgânico). Já os locais alterados, sobretudo os inclinados, deverão ser recuperados e recobertos por vegetação, utilizando técnicas que promovam o rápido desenvolvimento de vegetação rasteira. Para a terraplenagem e instalação da infraestrutura, devem ser observados os seguintes itens, entre outros: o corte de vegetação nativa, inclusive para abertura ou reabertura de caminhos, que será autorizado depois de um estudo detalhado dessa vegetação; nenhum rio será utilizado pelo pessoal de obras; nenhum canteiro de obras será mantido para pernoite ou apoio aos trabalhos; as empreiteiras serão responsáveis pela coleta e retirada de resíduos da obra; qualquer material escavado, antes de ser novamente aterra-
do, será mantido coberto, para evitar o entupimento dos rios. Após as obras de terraplenagem e de infra-estrutura, inicia-se o processo de recuperação da área, inclusive com o replantio da vegetação secundária retirada; as sobras de material serão utilizadas para fabricação do solo-cimento das obras de drenagem. Caso ainda haja material excedente, será destinado a aterro licenciado pelas autoridades ambientais. Deverão ser realizadas ainda análises periódicas da qualidade da água dos rios, para identificação e correção de falhas de procedimentos.
Educação Ambiental
Com o objetivo de sensibilizar os operários sobre os benefícios da proteção da vegetação e dos animais na área do Comperj, a Petrobras criou um programa de educação ambiental. As ações do projeto deverão ser conduzidas pelas empresas contratadas para as obras, sob supervisão da companhia. A iniciativa prevê a realização de atividades de treinamento e palestras, envolvendo quatro temas: Normas de Conduta, Segurança, Meio Ambiente e Saúde.
Gerenciamento de Riscos
Entre os programas que deverão ser implementados no Complexo estão ainda o de Gerenciamento de Riscos e o de Controle e Acompanhamento de Ruídos. O primeiro, de responsabilidade das empresas contratadas, prevê a execução e manutenção de medidas preventivas e de controle, segundo a legislação ambiental e de acordo com as normas da Petrobras. As hipóteses acidentais de maior probabilidade de acidentes são derramamento de óleos combustíveis e lubrificantes; colisões de veículos ou máquinas; e atropelamentos de pessoas. O segundo visa atenuar os efeitos dos ruídos gerados pelas atividades de construção por meio de medidas como o uso de proteção auricular pelos trabalhadores do empreendimento e de equipamentos motorizados que possuam exaustores com silenciadores. Agosto 2010 / 35
COMPERJ
CONTRATOS DO COMPERJ AGITAM O MERCADO Com os maiores investimentos da história do país anunciados no setor de Óleo & Gás, o Comperj representa grande oportunidade de crescimento para várias empresas brasileiras. Uma delas é a EPC - Engenharia Projeto Consultoria S/A, que assinou dois contratos para o desenvolvimento de projetos no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). A empresa irá desenvolver para a Alusa Engenharia o projeto de detalhamento da unidade de Hidrocraqueamento Catalítico (HCC) do Comperj, além de desenvolver o projeto em regime “turnkey” de distribuição de energia elétrica para a Gel Engenharia, que é responsável pelo abastecimento de água e pela distribuição de energia elétrica do complexo. A EPC está fornecendo projeto de engenharia multidisciplinar detalhada, gerenciamento de serviços de engenharia, assistência técnica à obra e à montagem e comissionamento da Unidade de HCC, que será a primeira unidade do país a realizar o processo químico de quebra de petróleo usando hidrogênio em alta pressão. Esse procedimento garante produtos finais mais nobres e diversificados do que os obtidos por meio da quebra do petróleo com altas temperaturas, sistema utilizado atualmente no Brasil. De acordo com o vice-presidente Comercial de Marketing da 36 / Grandes Construções
EPC, Dhenisvan Costa, por ser uma planta inédita no país, será um grande desafio para a EPC, para a Alusa e para a Petrobras.” O trabalho em equipe vai ser fundamental para o bom desempenho desse empreendimento”, explicou. A Petrobras também firmou contrato com a SMU Energia e Serviços de Utilidades para a criação de uma nova empresa destinada a analisar a viabilidade de execução do projeto da Central de Utilidade do Comperj. A SMU é composta pela japonesa Mitsui, a Sembcorp de Cingapura e a brasileira Utilitas. Firmado por intermédio da subsidiária integral Comperj Participações, o projeto prevê a criação da Companhia de Desenvolvimento de Plantas de Utilidades (CDPU), a quem caberá avaliar a execução do projeto da Central de Utilidades. Segundo a Petrobras, a CDPU terá 20% da Comperj Participações e 80% da SMU, empresa brasileira com participação da Sembcorp Utilities PTE (de Cingapura). O projeto da Central de Utilidades inclui as unidades de fornecimento de energia elétrica, fornecimento de vapor, tratamento de água e efluentes e fornecimento de hidrogênio para o Complexo Petroquímico do Rio.
CENPES
PETROBRAS TERÁ MAIOR “CENTRO VERDE” DE PESQUISAS DO MUNDO Com ampliação do Cenpes, Petrobrás terá um dos maiores centros de pesquisa do mundo projetado sob os princípios ecológicos 38 / Grandes Construções
TT Obras de expansão do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes) prosseguem em ritmo acelerado
Prosseguem em ritmo acelerado as obras de ampliação que deverão transformar o Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes), da Petrobras, em um dos maiores complexos de pesquisa aplicada da área de petróleo e gás do mundo. A área ocupada, na Ilha do Fundão, no Rio de Janeiro, irá passar de 122 mil m2 para 305 mil m2. Ao todo, serão 227 laboratórios dedicados aos diversos segmentos da indústria do petróleo e energia, divididos em 23 prédios e aumentando a pesquisa em biotecnologia e meio ambiente. O empreendimento irá possibilitar a concentração, em um mesmo lugar, das centrais de processamento, hoje espalhadas em cinco localidades do Rio de Janeiro. O projeto foi totalmente elaborado dando continuidade ao conceito de ecoeficiência, adotado na primeira etapa. Inclui processo de captação, tratamento e reuso da água de forma automatizada, bem como o máximo aproveitamento da iluminação e da ventilação natural. Dentre as instalações inovadoras está a construção de um Núcleo de Visualização Colaborativo (NVC), onde serão criados ambientes para desenvolvimento de estudos, projetos e pesquisas com simulação tridimensional. Os pesquisadores poderão trabalhar conectados remotamente a outros locais da companhia. O projeto inclui, ainda, um amplo Centro de Convenções, que permitirá a realização no Rio de Janeiro de grandes eventos nacionais e internacionais. Para aumentar os níveis de segurança, a companhia contratou uma consultoria para definir os procedimentos de acesso às novas instalações do Centro Integrado de Processamento de Dados, que deve utilizar a biometria (método de autenticação que verifica características pessoais únicas, como íris, digitais ou voz).
a maior empresa brasileira e a 15ª do mundo, de acordo com os critérios da publicação Petroleum Intelligence Weekly (PIW). Com mais de 1 500 empregados distribuídos em uma área de 122 mil m2, o Cenpes conta com 30 unidades-piloto e 137 laboratórios que atendem aos órgãos da Companhia. As tecnologias desenvolvidas no Cenpes resultaram em 950 pedidos de patentes internacionais e 500 patentes nacionais, além de um considerável número de marcas registradas. Atualmente, a cada ano, o trabalho dos pesquisadores do Centro – 22% dos quais com graus de mestre e de doutor – tem resultado em, pelo menos, 50 patentes no Brasil e dez nos Estados Unidos. Cerca de 500 novos projetos de pesquisa e desenvolvimento estão em andamento, número em constante ascensão, e que deverá aumentar significativamente a partir da expansão de suas instalações. O novo Centro deverá ser, ainda, referência da Petrobras nos mais avançados métodos de desempenho ambiental e de economia de energia.
Em harmonia com o meio ambiente
O empreendimento foi concebido dentro dos mais modernos conceitos mundiais de arquitetura. O projeto escolhido em concurso, de autoria do arquiteto brasileiro
Tecnologia é a base para o crescimento
O objetivo do Cenpes é atender às demandas tecnológicas que impulsionam a Petrobras. Uma de suas principais áreas, a tecnologia é a base para a consolidação e a expansão da Petrobras no cenário da energia mundial. Como resultado das pesquisas realizadas, a Companhia domina, atualmente, inúmeras tecnologias, fazendo dela Agosto 2010 / 39
CENPES
Siegbert Zanettini, prevê a harmonização da área construída com espaços verdes entre as edificações, laboratórios e jardins internos nos prédios, para estimular a integração do ser humano com a natureza no local de trabalho ao recriar um ambiente que favoreça a criatividade e inovação, motivando a produtividade do pesquisador. Os conceitos de ecoeficiência buscam o maior aproveitamento possível de áreas de sombra e ventilação, para menor consumo de energia elétrica e de carga de ar condicionado. No teto, aberturas translúcidas e venezianas direcionais em cada dependência, com inclinação calculada, permitem a captação da luz solar e a ventilação natural. Quando alcançado o nível ideal de iluminação natural internamente, apagam-se automaticamente as luzes artificiais, mantendo-se o mesmo padrão de claridade. A ge-
ração energética é 40% independente contando com uma usina de cogeração de energia a gás natural, cuja capacidade final será de 15 megawatts. A água da chuva recolhida dos telhados e da pavimentação será reaproveitada. E o esgoto passará por um tratamento físico-químico, resultando em um aproveitamento da água tratada na proporção de 100%, que reduz para cerca de 40% a utilização do sistema público de águas. A água tratada será reaproveitada no sistema de refrigeração da Central de Utilidades e a água da chuva reaproveitada para irrigação e sanitários. As estruturas foram projetadas para não produzir resíduos: são de aço e com sistemas modulares previamente programados para não haver cortes e descartes. As eventuais sobras de materiais, como concreto e chapas, serão aproveitadas na própria obra.
DIFERENCIAIS ECOSSUSTENTÁVEIS • DISPOSITIVOS E TECNOLOGIAS ECONOMIZADORAS DE ÁGUA (TORNEIRAS E SANITÁRIOS); • PROJETO DE ILUMINAÇÃO INTELIGENTE: LUMINÁRIAS EFICIENTES, SETORIZAÇÃO, DIMERIZAÇÃO, ILUMINAÇÃO POR TAREFA;
• APROVEITAMENTO DO CALOR RESULTANTE DA GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA PARA GERAÇÃO DE FRIO E VAPOR; • POSTO ECOTECNOLÓGICO PARA ABASTECIMENTO DE COMBUSTÍVEIS ALTERNATIVOS;
• CONTROLABILIDADE SETORIZADA DE ILUMINAÇÃO E TEMPERATURA AMBIENTE;
• USO DE FONTE RENOVÁVEL DE ENERGIA – SISTEMA SOLAR FOTOVOLTAICO INTEGRADO À EDIFICAÇÃO;
• CAPTAÇÃO DA ÁGUA DE CHUVA DE TELHADOS E ESTACIONAMENTOS PARA USO EM IRRIGAÇÃO E VASOS SANITÁRIOS;
• MENSURAÇÃO PARA COMPROVAÇÃO DE ECONOMIA DOS SISTEMAS;
• ESPECIFICAÇÃO DE MATERIAIS E SISTEMAS CONSTRUTIVOS QUE PERMITAM REUTILIZAÇÃO (ESTRUTURA METÁLICA APARAFUSADA E BLOCOS DE CONCRETO PRÉ-MOLDADO)
40 / Grandes Construções
• ESPECIFICAÇÃO DE MATERIAIS /PRODUTOS QUE POSSAM SER PRODUZIDOS REGIONALMENTE (<800 KM); • MATERIAIS DE REVESTIMENTO EM CORES CLARAS COM ALTA REFLETIVIDADE.
ARTIGO
O PROJETO DO CENPES, POR SIEGBERT ZANETTINI
SS Para Zanettini, projeto integra arquitetura, paisagismo, eficiência energética, comunicação visual e planejamento, entre outros fatores
“A arquitetura proposta, em co-autoria com José Wagner Garcia, para a extensão do Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes) constitui-se conceitualmente em novo paradigma para a arquitetura brasileira, possibilitado pela postura pioneira dessa empresa que já na estruturação do edital do concurso incluiu questões sobre ecoeficiência, sustentabilidade, utilização de condições ambientais naturais, incorporação de novas formas de energia e interação com os ecossistemas natural e construído. Essa abordagem veio na esteira de várias experiências por nós efetuadas, no tocante ao uso de tecnologias limpas em projetos realizados e que encontraram nesta oportunidade as condições propícias para uma ocorrência global dos fundamentos que defini42 / Grandes Construções
mos como arquitetura contemporânea e ecossistêmica. Em todos os aspectos do projeto ele é inovador, tanto no seu todo como em suas partes: integra e coordena arquitetura, estrutura, sistemas de ecoeficiência, paisagismo, recuperação da paisagem, comunicação visual, economia, planejamento e organização da obra. Neste projeto não existe o complementar: todas as disciplinas criaram, inovaram e comprovaram sua influência no resultado final da arquitetura. Esta atitude perante o projeto envolvendo 140 especialistas num corpo sistêmico com contribuições de avanço em todas as áreas do projeto, incluindo a preocupação construtiva, resultou num processo sistêmico claro e estruturado, que será transferido para outros projetos da Petrobras e a seus
parceiros, e fica como uma nova forma integrada de metodologia de projeto para a cadeia produtiva da construção.
O partido adotado
A proposta surge como decorrência do conjunto de conceitos expostos e da metodologia projetual, que envolveu todas as disciplinas constituintes do projeto, atribuindo o mesmo peso às disciplinas científicas e à criatividade na estruturação do projeto. A implantação da ampliação do Cenpes surge claramente de uma conjunção de inúmeras variáveis e como extensão natural do Cenpes existente, articulando-se com ele ambiental e energeticamente, unindo centros de energia, de controle e de computação (CIPD – RIO ), e através dos fluxos de pedestres, para a seqüência lógica das ativi-
dades culturais, sociais, de produção científica e de apoio. A circulação de veículos complementa esta integração, contemplando, inclusive, a ampliação do estacionamento de veículos e de ônibus, tanto para ampliação quanto para o site atual. Como decorrência, o Centro de Convenções - com o Auditório do Cenpes, salas de reuniões, lanchonete e área de eventos - se situa no local mais próximo possível do Cenpes atual, na extremidade oposta da Passagem Subterrânea e constitui o portal de entrada do Cenpes ampliado para o público que a ele se dirige, possibilitando seu uso para as mais diversas atividades culturais e educativas, sem que elas interfiram na vida científica deste novo Centro – importante equipamento para todo o complexo , inclusive do CIPD-RIO. Sua localização também foi definida em função da proximidade da vegetação à mata envoltória, possibilitada pelo espaço existente e complementação do plantio. Os estacionamentos frontal e lateral posteriormente anexados foram locados de modo a ocupar os espaços vazios de vegetação da melhor forma possível e receberão igual cuidado ambiental e paisagístico, com marcante sombreamento de espécies vegetais adequadas. Do Centro de Convenções parte o eixo Norte-Sul principal, coluna vertebral de articulação de todas as atividades de produção científica, dos laboratórios e escritórios no pavimento térreo; dos escritórios nos dois pavimentos superiores, que exploram a visual marinha; e das salas de visualização do CRV, do CIC e Biblioteca no 1º pavimento, e ao bloco separado do CRV (Holospace e Cave), articulados por um eixo central de circulação de usuários internos e externos. Na extremidade norte deste eixo, estão situados o Restaurante Central e o Orquidário, que finalizam este bloco central com o primeiro voltando-se para o mar, ocupando uma posição privilegiada junto ao CIPD-RIO. Ao lado, encontra-se o espaço destinado ao Posto Eco-Tecnológico, comple-
SS Arquiteto Siegbert Zanettini
tando esta trama espacial. Sua locação mantém sua independência funcional, abrindo-se para o exterior do terreno pela Avenida Jequitibá. Este eixo articula também todo o sistema de energia, através de um Piperack, originário da Central de Utilidades, de onde partem, em mesma cota, um Pipe-rack principal que ocupa o primeiro pavimento do Prédio Central, que se liga ortogonalmente aos pipe-racks que atendem às Alas dos Laboratórios e Planta Piloto, conectando-se no extremo sul ao armário de instalações da Passagem Subterrânea até o edifício atual do Cenpes, aos edifícios da Empreiteirópolis, Almoxarifado e Oficinas, através de tubovia. O pipe-rack possui, ao longo de toda sua extensão dentro da projeção do Prédio Central, salas de painéis e equipamentos, além de casas de máquinas, baterias e no-break, e centrais setoriais de ar condicionado, definindo o Primeiro Pavimento como uma grande área técnica. O sistema viário foi definido de modo que todos os espaços de trabalho sejam atendidos por circulações de serviço, permitindo a circula-
ção de veículos necessários para a operação dos edifícios, bem como para alterações ou ampliações dos mesmos. Este sistema viário conecta também os vários blocos de apoio às áreas da Empreiterópolis, Oficinas, Almoxarifado e RSUD com suas docas de acesso voltadas para uma via secundária externa. Os estacionamentos de veículos ocupam estrategicamente os espaços vazios, distribuídos em função de cada área de trabalho. O estacionamento de ônibus concentra-se de forma ordenada em área reservada na via lateral exterior, com acesso pela avenida, de forma a facilitar a entrada e saída dos veículos. Foi previsto também estacionamento para 150 bicicletas. O partido adotado reflete também a condição de “obra aberta”, que entende o espaço relativizado no tempo em função da evolução das necessidades, imprimindo às soluções grande flexibilidade para ampliações e reformulações, de acordo com novos usos. Vale ressaltar que todas as soluções adotadas apoiam-se em bases científicas, no que diz respeito a urbanização, arquitetura e arquitetura de interiores, aos sistemas de conforto ambiental e eficiência energética, aos sistemas prediais de utilidades, aos sistemas construtivos e estruturais e à recomposição dos ecossistemas naturais.
Arquitetura Ecossistêmica e Sustentável
A arquitetura presente no projeto de ampliação do Centro de Pesquisas da Petrobras constitui-se conceitualmente num novo paradigma para a Arquitetura Brasileira, possibilitado pela postura pioneira dessa empresa que incluiu questões sobre ecoeficiência, sustentabilidade, utilização de condições ambientais naturais, incorporação de novas formas de energia e interação com o ecossistema natural e o construído. Essa abordagem veio ao encontro das várias experiências por nós efetuadas no tocante ao uso de tecnologias limpas em projetos realizados, e que encontra nesta oportunidade as condições propícias para uma ocorrência Agosto 2010 / 43
ARTIGO WW O projeto encara o desafio de minimizar os impactos ambientais da construção, criando ambientes externos e internos que garantam o conforto ambiental do usuário e eficiência energética
global dos fundamentos daquilo que definimos como arquitetura ecossistêmica e sustentável.
Padrões éticos e eqüidade social
A contribuição deste projeto na produção e transmissão de conhecimento e tecnologia é notável ao interagir com outras instituições, tais como universidades, escolas, outros centros de pesquisas e mais diretamente na UFRJ em cujo campus se situa. Nesse sentido foi de transcendental importância a inserção no projeto de um Centro de Convenções, com auditório, salas múltiplas de reuniões, áreas para eventos e exposições abertas ao público interno e externo, e também como local de congregação do público universitário e da própria Petrobras. Este novo espaço abre oportunidades e cria condições favoráveis ao desenvolvimento de programas sociais junto à comunidade envolvente da baixada fluminense, alguns já em
44 / Grandes Construções
andamento. Pelo fato da Petrobras ser o maior incentivador público no Brasil na participação e no patrocínio de programas culturais, esportivos e sociais, certamente irá contribuir, especificamente com este projeto, ainda mais na renovação e no desenvolvimento de idéias e como centro de referência na arquitetura brasileira, atendendo aos usuários com alto grau de satisfação e de segurança, assegurados em todos os quesitos do projeto e da obra pela aplicação de normas técnicas nacionais, internacionais e da própria Petrobras.
Qualidade Ecológica e Conservação de Energia
A proposta aborda o desafio de minimizar o impacto ambiental da construção, ou seja, da ecoeficiência, criando ambientes externos e internos que garantam o conforto ambiental do usuário, a eficiência energética dos edifícios, a possibilidade de geração de energia limpa e o aproveitamento
da paisagem natural na composição dos espaços. Assim, ventos e vegetação, somados à vista privilegiada do mar, fazem parte do projeto do novo centro de pesquisa. Como um recurso de valorização da arquitetura, tais elementos estão presentes em todas as edificações e espaços do complexo: espaços fechados, abertos e de transição. As condições do clima local foram tomadas como fatores determinantes para os critérios de projeto, desde a etapa de implantação do novo conjunto, até a arquitetura dos edifícios, definida por um partido predominantemente horizontal que propõe cheios construídos (os edifícios), intercalados por espaços abertos, incluindo áreas cobertas e descobertas enriquecidas ambientalmente pela inserção de vegetação e pela conseqüente formação de espaços sombreados. O diagnóstico das condições climáticas locais destaca a importância de estratégias de sombreamento e ventilação, como meios passivos para o conforto ambiental nos espaços internos e externos do conjunto. Estruturas envoltórias e de coberturas assumem um papel de referência na concepção tanto dos espaços abertos como dos edificados. Envoltórias e membranas protetoras atuam na mediação climática entre o meio externo e os espaços internos, protegendo os edifícios do sol e da chuva, e mantendo o aproveitamento da ventilação e iluminação naturais. No que tange ao interior dos edifícios, a proposta é marcada pela maximização do uso de estratégias passivas para a climatização nos períodos de condições externas favoráveis, enquanto que nos períodos de necessidade do ar condicionado a proteção dada aos edifícios cumpre com a função de minimizar o consumo de energia.
Quanto aos materiais, a predominância do aço traz vantagens no que diz respeito às questões de impacto ambiental global das construções. Isto porque o tempo superior de vida útil da estrutura em aço, em comparação às soluções alternativas, somado às possibilidades de reutilização e reciclagem, minimiza o impacto ambiental de sua energia incorporada. Considerando as vedações das edificações, os painéis pré-moldados de concreto como fechamento externo, os painéis duplos de drywall com manta sintética interna nas vedações internas e as coberturas protegidas por placas sanduíche de alumínio pré-pintado em cores claras, preenchidas com material de proteção térmica, foram especificados com base em seu desempenho térmico e sua compatibilidade com o sistema estrutural. Os ganhos no conforto interno e na economia de energia pela redução do uso de ar condicionado é mais uma vantagem ambiental desses materiais.
Desempenho econômico e compatibilidade Esse esforço de projeto integrado e inovador refletir-se-á numa obra exemplar no tocante ao seu tempo de construção, racionalidade produtiva, usando tecnologia limpa e segura na sua produção e no seu uso, sem desperdício de energia e de materiais, que preserva e recupera seu contexto ambiental. Todo esse complexo foi concebido com a preocupação de desenvolver tecnologias, utilizando materiais nacionais compatíveis com a realidade econômica brasileira e que superou as expectativas de desempenho econômico tendo em vista a complexidade e o porte desta obra.”
CENPES II – AMPLIAÇÃO DO CENTRO DO CENTRO DE PESQUISA LEOPOLDO A. MIGUEZ DE MELLO
Proprietário/Cliente: Petrobras
quitetura e Construção Ltda
Ilha do Fundão Bairro: Cidade Universitária
Projeto de Fundações: Engenheiros Consulto-
Cidade: Rio de Janeiro Estado: RJ
res Associados Consultrix S/A Ltda.
Data do Projeto: março de 2004 a junho de 2006
Comunicação Visual: Epigram Comunicação
Data de execução: outubro 2005 a 2010 (pre-
Ltda / Oswaldo Mellone Desenho Industrial S/C
visão de entrega)
Ltda - MHO Design Projetos
Área do Terreno: 189.604,27m²
Orçamento: Controltec Engenharia Ltda.
Área Total Construída: 124.368,58 m²
Terraplenagem : Mesure Engenharia Ltda. / Kanji
Equipe técnica projeto de arquitetura
Projeto de Luminotécnica: Esther Stiller Con-
Projeto arquitetônico: Siegbert Zanettini Co-autor: José Wagner Garcia Arquiteto responsável: Siegbert Zanettini Arquitetos colaboradores: Érika di Giamo Bataglia Thaís Barzocchini Miriam Haddad Sayeg Barbara Kelch Monteiro Clara Sato Fausto Slhiguemitsu Natsui Alexandre Barone Guilherme Margara Flávio Hayato Ikeda Maria Fabiana Janaina F. Prado Valéria Luppi Ál-
sultoria S/C Ltda Projeto de Impermeabilização: Proassp Assessoria Projetos e Comércio Ltda Projeto de Paisagismo: Benedito Abbud - Arquitetura da Paisagem Ltda Consultoria Soluções em proteção passiva contra fogo: PCF Soluções Structural Protection Specialist: Fábio D. Pannoni
varo Luiz Ikuno Camila Chaves Garcez Camila Faccioni
Consultoria em Pavimentação: Monobeton –
Mendes Karina Carvalho Bachiega Ana Marconato
Soluções Tecnológicas Ltda.
Fernanda Braga R. Teixeira Camila de Souza Noguei-
Pesquisa e Consultoria de Eco Eficiência: Fu-
ra Silva Eduardo Luiz Teixeira Dornelas Tatiana Xavier
pam – Fundação para pesquisa Ambiental da Fau
de Barros Paola B. T. Iezzi Alessandra Cagnani Salado
– Usp / Labaut
Elson Matos Cerqueira
Consultoria e projeto de acústica: Sresnewsy
Equipe Técnica Projetos Complementares Gerenciamento dos Projetos: Zanettini Arquitetura Planejamento Consultoria Ltda Projeto de estrutural concreto: Companhia de Projetos Ltda Projeto de estrutural metálica: Companhia de Projetos Ltda Consultoria e projeto de tenso-estruturas: Prof. Ruy Marcelo de Oliveira Pauletti Estruturas metálicas das portarias: HR Projetos Estrutura do orquidário: Kurkdjian & Fruchtengarten Engenheiros Associados S/C Ltda
Engenharia Ltda. Consultoria dispersão de Gases: Chemtech – Serviços de Engenharia e Software ltda. Consultoria em Câmaras Frigoríficas: São Rafael Câmaras Frigoríficas Projeto de restaurantes e Cozinhas: Precx Consultoria em Alimentação Ltda Quantificação geral: Control Tec Engenharia Ltda Consultoria CRV: Absolut Technologies Projetos e Consultoria Ltda Consultoria em espaço cênico: Espaço Cenográfico Arq. Associados
Consultoria de Estruturas de Concreto e
Espelhos d’água: Kolorines Tecnology
Metálica: Eng. Augusto Carlos Vasconcelos e Eng.
Consórcio Novo Cenpes: Construtora OAS Ltda.;
Natan Jacobsohn Levental
Construbase Engenharia Ltda; Carioca Christiani-
Projeto de Instalações: MHA Engenharia Ltda
Nielsen Engenharia S.A.; Schahin Engenharia S.A.;
Projeto de Esquadrias: Aec Consultores de Ar-
Construcap – CCPS Engenharia e Comércio S.A.
Agosto 2010 / 45
INDÚSTRIA NAVAL WW Navio petroleiro Celso Furtado, produzido no Estaleiro Mauá, no Rio de Janeiro, exemplo do novo ciclo de desenvolvimento da indústria naval brasileira
Depois de um ciclo de 14 anos sem a construção de grandes embarcações no País, a indústria naval brasileira volta a levantar âncoras, impulsionada pelo Pré-Sal e pela cadeia de produtos e serviços para a exploração e produção de petróleo e gás. O ponto alto desse novo ciclo de desenvolvimento da construção naval aconteceu no dia 7 de maio, com o lançamento oficial da primeira de uma série de 49 embarcações encomendadas pela Transpetro, como parte da segunda etapa do Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef). O navio petroleiro João Cândido foi construído no Estaleiro Atlântico Sul (EAS), em Suape, em Pernambuco e é o primeiro de outros 22 navios petroleiros encomendados ao estaleiro. No dia 24 de junho, foi a vez do petroleiro Celso Furtado ganhar o mar. O segundo 46 / Grandes Construções
navio do Promef II foi construído no Estaleiro Mauá (RJ) e abriu uma série de quatro embarcações encomendadas ao estaleiro, que está localizado na Ponta D’Areia, em Niterói. Batizado em homenagem ao líder da Revolta das Chibatas, movimento de resistência aos maus tratos e castigos físicos degradantes, impostos aos marinheiros, em 1919, o João Cândido é uma embarcação do tipo Suezmax, com 274,2 metros de comprimento e capacidade para transportar um milhão de barris de petróleo. Já o Celso Furtado, assim chamado em homenagem ao economista paraibano que criou a Sudene e lançou os fundamentos do moderno desenvolvimento do País, é uma embarcação para transporte de derivados claros de petróleo, com capacidade para 48,3 mil toneladas de porte bruto e
182 metros de comprimento. Euforias à parte, o lançamento dos primeiros navios previsto no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal, colocou em xeque a eficiência tecnológica da indústria naval brasileira, que já foi a segunda maior do mundo, na década de 1970, até cair em uma profunda crise e praticamente desaparecer do mapa. Na construção dos dois navios ficou evidente que é necessário encurtar o tempo de produção e os custos praticados. Para se ter uma idéia, o João Cândido, por exemplo, teve preço 51,6% superior ao valor médio previsto para as dez primeiras embarcações do Promef. Segundo o presidente do EAS, Angelo Bellelis, o navio custou US$ 182 milhões, enquanto o valor estimado era de US$ 120 milhões. Como uma das primeiras medidas
Foto: divulgação, Agência Petrobrás de Notícias
INDÚSTRIA NAVAL LEVANTA ÂNCORAS COM PROMEF
a serem adotadas, para ganhar eficiência, o setor precisará diminuir o número de horas trabalhadas na fabricação dos navios. O Estaleiro Atlântico Sul possui mão de obra com pouca experiência. Dos 3,7 mil funcionários, a maioria não tem histórico no setor industrial. Donas de casa, cortadores de cana, garçons e comerciários foram arregimentados e treinados em pouco tempo para serem transformados em trabalhadores da construção naval. Outro desafio enfrentado foi concluir a construção do próprio estaleiro simultaneamente à montagem do navio. À medida que eram erguidos os galpões, começavam a ser cortadas as primeiras chapas de aço para a embarcação. O desafio da construção do navio ficou a cargo do consórcio liderado pela Carmargo Correa. Outra dificuldade enfrentada foi a aquisição dos equipamentos para o estaleiro, durante o período de aquecimento do mercado mundial da construção, em 2008. Exemplo disso foi a compra dos Goliaths (guindastes gigantes que movimentam grandes blocos do navio para dentro do dique seco). Os equipamentos foram encomendados à empresa chinesa Wuxi, que faliu e não honrou o compromisso. A saída foi contratar a compra junto à companhia coreana WIA, o que provocou um atraso de oito meses no cronograma. Enquanto esperava a chegada dos megaguindastes, o estaleiro teve que montar o navio a partir de pequenos blocos colocados dentro do dique seco. Foi um total de 214 blocos. Para a segunda embarcação a ser construída no EAS, a expectativa é que o número de blocos caia para 58 e, no seguinte, para 11. Isso vai garantir velocidade à construção. Puxado por quatro rebocadores, o navio foi levado até o Cais de Acabamento do EAS, onde passou pela montagem final, testes e provas, até ser entregue ao armador. Com todas essas etapas, o João Cân-
dido totalizou um tempo de produção de quase dois anos. Para se ter uma idéia, na Coréia do Sul a montagem de embarcação do mesmo porte é concluída em até 8 meses. Para 2011 e 2012 serão quatro embarcações a cada ano. A idéia é que o tempo médio de construção de cada uma delas caia para 18 meses.
Rio de Janeiro na frente
A expectativa é de que o Promef II dê novo alento para o setor, com a modernização dos estaleiros e surgimento de novas unidades de produção. Hoje, cinco anos após o lançamento do programa, o Brasil já possui a quarta maior carteira mundial de encomendas de petroleiros. Em todo o País, a construção dos novos navios da Transpetro vai gerar cerca de 200 mil empregos, entre diretos e indiretos. Do total previsto, já foram licitadas 46 embarcações, com 38 contratadas. Os últimos três navios do programa estão em fase final de licitação. O Rio de Janeiro, maior e mais tradicional pólo naval do país, já conta com 16 navios encomendados pelo Promef, com previsão de R$ 2,2 bilhões em investimentos. O programa vai reavivar essa que é uma das maiores vocações econômicas do estado, criando pelo menos 50 mil empregos no Estado, sendo 10 mil diretos e 40 mil indiretos. A indústria naval fluminense tem fortalecido sua posição no cenário nacional graças à mão de obra qualificada de que dispõe, que lhe confere competitividade. Pesquisas do Sindicato Nacional da Indústria de Construção e Reparo Naval e Offshore (Sinaval) mostram que o Rio de Janeiro concentra mais de 50% do total da capacidade produtiva do País, com habilidade para processar 288 mil toneladas de aço/ano. Mais de 40% do total de empregos diretos gerados no setor estão no estado, que conta hoje com quase 25 mil trabalhadores. A indústria brasileira de construção naval emprega diretamente mais de
46 mil pessoas. Há 16 estaleiros em atividade no Estado do Rio de Janeiro: Eisa, Superpesa, SRD, CBO, Sermetal e Rio Nave, na cidade do Rio de Janeiro; Enavi-Renave, Mauá, STX, Aliança, São Miguel, UTC, Setal e MacLaren Oil, em Niterói; Cassinu, em São Gonçalo; e BrasFels, em Angra dos Reis. Ao todo, são 13 carreiras e 12 diques secos disponíveis para construção de embarcações em uma área de 1,8 milhão de m² ocupada pelas empresas. Esses números serão ampliados com a reativação do antigo Estaleiro Ishibrás, na cidade do Rio de Janeiro.
Promef II
A segunda fase do Programa de Modernização e Expansão da Frota foi lançada no dia 26 de maio de 2008. Os navios previstos para esta etapa do programa terão capacidade de transportar 1,3 milhão de toneladas de porte bruto (TPB) e deverão demandar cerca de 250 mil toneladas de aço durante o período de construção. São quatro Suezmax DP, três Aframax DP, oito de Produtos, cinco Gaseiros (gás liquefeito de petróleo - GLP) e 3 de Bunker (transporte de combustível para outros navios). Dez navios já estão contratados, sete deles, construídos pela primeira vez no Brasil, são aliviadores de posicionamento dinâmico de última geração e com sistema de carregamento pela proa. Sua finalidade é aliviar as plataformas de produção de petróleo. Outros três petroleiros são para transporte de bunker. O Promef (I e II) é um dos mais importantes projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), e deverá gerar aproximadamente 40 mil empregos no País até 2015. As premissas do Promef são de que os navios sejam construídos no Brasil, com a garantia de um índice de nacionalização de 65% no Promef I e de 70% no Promef II, e que os estaleiros sejam competitivos internacionalmente. Agosto 2010 / 47
INDÚSTRIA NAVAL
A
experiência é inédita para a construtora Norberto Odebrecht, que tem larga experiência em construção civil, dentro e fora dos limites do País. Mas é “marinheiro de primeira viagem”, nesta área. A empresa aliou-se à Queiroz Galvão e à UTC para formar, com participações iguais, o consórcio Rio Paraguaçu. O objetivo: construir simultaneamente, para a Petrobras, duas plataformas auto-elevatórias (jackup), a P-59 e P-60, modelo Super 116-E, para perfuração offshore, em lâminas d’água rasa, de até 110 m. Com cascos flutuantes, cada uma delas pesando 11 mil t, as plataformas são dotadas de pernas retráteis, que podem ser abaixadas ao leito do mar para elevar a estrutura do casco acima do nível da água. Esse modelo de plataforma é capaz de perfurar em condições de alta pressão e alta temperatura e não era construído no Brasil há cerca de 30 anos. As duas novas unidades servirão para renovar e aumentar a frota da Petrobras desse tipo de plataforma. O contrato já prevê a opção da montagem de uma terceira plataforma, o que será decidido pela Petrobras futuramente, em função do comportamento do mercado. Um ano após do início da empreitada, completados em junho deste ano, quase 7 mil toneladas de aço já foram processadas no canteiro de obras, localizado às margens do Rio Paraguaçu, em São Roque, no município de Maragojipe, no recôncavo baiano. O local não foi exatamente uma escolha das empresas. Foi, na verdade, uma exigência do contratante, com o objetivo de reativar um antigo estaleiro desativado na região, estimulando, desta forma, o renascimento deste esquecido pólo da indústria naval no País. O grande volume de aço foi consumido na montagem dos cascos das plataformas, das pernas, nos spud cans (pés das plataformas) e em outras estruturas que permitirão o funcionamento das unidades de perfuração. Nesse momento, o casco da P-59 está quase concluído e foi iniciada a montagem de equipamentos como o sistema autoelevatório, guindastes e bombas de lama. Já para a P-60, cuja montagem foi iniciada quatro meses depois, foi concluída a mon-
SS Montagem de plataforma em estaleiro em São Roque do Paraguaçu, na Bahia
NA BAHIA INDÚSTRIA RENASCE ÀS MARGENS DO PARAGUAÇU tagem do fundo duplo e 40% de toda a estrutura foi realizada. A construção das pernas, que serão montadas nas unidades, segue equiparada, com 15 tramos, de um total de 42, para cada uma delas. O contrato, em regime de EPC, orçado em cerca de US$ 700 milhões, prevê a entrega das unidades entre 2011 e 2012. Para a P-59, o prazo de execução é de 1.020 dias, e para a P-60, o prazo é de 1.140 dias. É um prazo apertado. Mas de acordo com representantes do consórcio, as obras seguem de acordo com o cronograma firmado. O consórcio contratou a empresa americana Letourneau Offshore Products, uma das maiores especialistas do mundo em construção de plataformas, para o fornecimento do projeto de engenharia, a partir dos parâmetros fornecidos pela Petrobras. A Letourneau forneceu ainda os equipamentos de perfuração para as unidades. Tudo ao custo de US$ 185
milhões. O detalhamento do projeto de engenharia básica ficou a cargo da brasileira Projemar.
Modernizando as instalações
Montar as plataformas em São Roque do Paraguaçu tem sido um grande desafio para o consórcio, já que o estaleiro, desativado, não dispunha da infraestrutura necessária. No local já existia calado de cerca de 10 metros, possibilitando o atracamento de navios e balsas de grande porte. Mas as instalações eram precárias. Foram aproveitados os galpões existentes, mas foram instaladas linhas de painéis para fabricação de blocos, equipamentos como pórticos e pontes rolantes, um guindaste de 700 toneladas e feitas adaptações na carreira de embarque. O consórcio adquiriu, ainda, máquinas de corte a plasma e tem desenvolvido um drive de comunicação que possibilita a transmissão de dados diretamente
Pl
Matriz:
48 / Grandes Construções
de energia e vias de acesso para grandes veículos, entre outros itens. Além de tudo isso, São Roque está localizado nas proximidades da Baía de Todos os Santos. O litoral da Bahia concentra as estratégias da Petrobras no Nordeste. Na Bahia, a companhia pretende aplicar recursos em perfuração de poços, desenvolvimento da produção e implantação de instalações de produção nas Bacias Recôncavo, Tucano e Bahia Sul. Além disso, as operações do Campo de Manati devem ser ampliadas.
Pode sair mais um estaleiro
do programa de modelagem 3D para as máquinas de corte. A alta tecnologia deu eficácia e agilidade aos processos. As adaptações levaram oito meses. Os investimentos no estaleiro serão ressarcidos, ao final do contrato, pela Petrobras, dona do canteiro São Roque, que soma 400 mil m2 e área. Base de apoio à frota de balsas da Petrobras, São Roque é usado ainda como área de transbordo de cargas e equipamentos. Há no local um heliporto, armazéns, almoxarifados, espaço a céu aberto, estação de armazenamento de óleo, estações
Por todas essas vantagens, Odebrecht, OAS e UTC já pensam em instalar no local uma unidade própria, para continuar atuando no setor da construção naval. O Estaleiro Enseada do Paraguaçu deverá ser instalado com o principal objetivo de permitir às parceiras participar do processo de licitações bilionárias, a serem lançadas pela Petrobras, para a construção de um conjunto de sondas de perfuração de poços de petróleo. Os sócios do projeto apresentaram propostas para construir navios sonda para a estatal no novo estaleiro, que vai situar-se próximo à foz do rio Paraguaçu, também no município de Maragogipe. A Odebrecht tem 50% do projeto e os outros dois acionistas 25% cada um. Os acionistas do estaleiro compraram 160 hectares em Maragogipe, às margens do rio Paraguaçu, perto do canteiro
de obras de São Roque do Paraguaçu, usado pela Petrobras para a construção das plataformas. O projeto deve custar cerca de R$ 2 bilhões, dos quais R$ 1,7 bilhão financiados pelo Fundo da Marinha Mercante (FMM). A unidade terá capacidade de processar 60 mil toneladas de aço por ano e a previsão é de que as obras sejam executadas em 24 meses. Seis meses antes do término do empreendimento, porém, o estaleiro começaria a processar aço. A exemplo do que ocorreu no Estaleiro Atlântico Sul (EAS), em Suape, o desafio desta unidade, caso o consórcio ganhe a encomenda da Petrobras, será erguer suas instalações ao mesmo tempo em que constrói os navios sonda. A proposta de Odebrecht, OAS e UTC para a construção dos navios sondas considera o projeto da norueguesa LMG. E a proposta também conta com a Aker Stord como estaleiro consultor. As sondas encomendadas pela Petrobras destinam-se a operar em lâmina d´água de três mil metros. Se não ganhar ao menos parte das encomendas, o estaleiro deve começar com um projeto menos ambicioso e desenvolver o negócio em módulos, inicialmente fazendo a montagem de “topsides” (unidades que equipam as plataformas) para cascos já licitados pela estatal. Em fases seguintes, o estaleiro poderia ser expandido e chegar à capacidade de processamento de 140 mil toneladas de aço por ano.
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AMAZÔNIA AZUL
O NOVO TERRITÓRIO MARÍTIMO Marinha Brasileira dá pontapé inicial para a construção de submarino nuclear, com vistas à proteção da costa brasileira e do pré-sal Pré-sal, recursos minerais, busca de novas fontes de energia e de água doce são hoje os principais focos da estratégia de defesa do governo brasileiro, que pleiteia aumento da faixa marítima junto à ONU, vislumbrando o risco de assédio internacional via mar. O potencial mineral e aporte de investimento do pré-sal é apenas um dos motivos pelo qual o governo brasileiro adotou uma significativa mudança em sua política territorial, passando a ver o mar com novos olhos e em um diferente contexto geopolítico. Consta nas motivações citadas a apreensão de um navio estrangeiro que “roubava” água da foz de um rio através do mar. Esses são alguns dos motivos alinhavados pela Marinha Brasileira, que empreende agora um ambicioso programa de submarino nuclear, o Prosub. O valor previsto para o Programa Reaparelhamento e Adequação da MB em 2010 é o maior valor destinado à Marinha nos últimos anos, chegando a R$ 2,314 bilhões, segundo a Lei Orçamentária Anual 2010, e atinge a cifra de R$ 18,7 bilhões até 2024. O orçamento global do Prosub prevê a construção de quatro submarinos convencionais e de um submarino de propulsão nuclear, além da construção de um estaleiro e de uma base naval para os submarinos. Atualmente, a Marinha do Brasil possui cinco submarinos convencionais. O estaleiro será construído na baía de Sepetiba, Rio de Janeiro, próximo às principais plataformas petrolíferas da Petrobrás em atividade e deverá atender aos requisitos tecnológicos e ambientais impostos por um submarino de propulsão nuclear. Nenhum dos estaleiros hoje existentes no País atende a tais requisitos. O primeiro submarino deve ter sua construção iniciada em 2011, quando se inicia também a construção do estaleiro. Ocorre que os dois primeiros anos da 50 / Grandes Construções
construção do submarino ficam a cargo da Nuclebrás Equipamentos Pesados S.A (Nuclep), com a montagem das cavernas, dobramento de chapas e, finalmente, a construção das seções cilíndricas do casco. Depois disso é que se passará a fase de “extensão do estaleiro”. Trata-se de uma instalação construída em área cedida à Marinha pela Nuclep, destinada à complementação das seções cilíndricas mencionadas, mediante a instalação de apêndices de grande porte, que dependem de solda pesada. Somente depois disso é que as seções são transportadas para o estaleiro para acabamento final e montagem do submarino. Nessa fase, ainda que não totalmente pronto para a construção do submarino de propulsão nuclear, o estaleiro já terá condições de construir o submarino convencional. A cada dois anos será iniciada a construção de um submarino, até o início do submarino de propulsão nuclear, em 2016, com previsão de conclusão 2022.
O programa ainda tem como ponto alto a transferência de tecnologia do Projeto de Submarinos. Está previsto o envio à França de alguns projetistas navais, os quais, juntamente com os franceses, introduzirão ajustes no projeto do submarino convencional brasileiro (S-BR), versão nacional do modelo Scorpene francês, para que este venha a atender a determinados requisitos operacionais da MB, como a maior autonomia e a maiores intervalos entre os períodos de manutenção. Isso tornará suas características mais compatíveis com as vastidões do Atlântico Sul.
Ampliação do território marítimo
Os limites marítimos do Brasil entraram na ordem do dia desde que foi descoberto petróleo no pré-sal. Mas antes disso, o governo brasileiro já estava preocupado em demarcar suas fronteiras no mar com a chamada Amazônia Azul, que abarcaria suas águas territoriais (12
milhas a partir da costa), a Zona Econômica Exclusiva (200 milhas a partir da costa) e ainda 960 mil km2 da plataforma continental. Em 2004, o Brasil encaminhou à Comissão de Limites da Plataforma Continental (CLPC) – organismo criado por força das disposições da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM) - sua proposta de limite exterior da plataforma continental, além das 200 milhas. Após cerca de três anos de exame, em 2007 a CLPC encaminhou ao Governo brasileiro suas recomendações relativas à nossa proposta. Tais recomendações, embora tenham sido favoráveis cerca de 85% à proposta brasileira, não satisfizeram integralmente o governo brasileiro. Assim sendo, o governo brasileiro prepara outra proposta a ser encaminhada à CLPC, oportunamente. Nessa proposta, o Brasil deverá insistir nos limites exteriores inicialmente propostos.
AMAZÔNIA AZUL No ano passado, o Brasil deu início à coleta de novos dados oceanográficos ao longo de toda a margem continental brasileira, que deverá subsidiar a conceituação da proposta a ser encaminhada à CLPC. A área do pré-sal, pelo menos até agora, se encontra num espaço marítimo que envolve o platô de São Paulo e áreas oceânicas adjacentes, região em que a CLPC não colocou qualquer dificuldade para aceitar os limites exteriores propostos pelo Brasil. Sendo assim, os reservatórios de óleo e gás da área do pré-sal estão todos localizados dentro do limite das nossas 200 milhas.
Submarino nuclear
O programa de transferência tecnológica terá início com o envio de engenheiros naviais brasileiros à França, que farão cursos de 18 meses de projeto, culminando com um trabalho constituído de um projeto real de submarino convencional, depois de retornarem ao Brasil. Um pequeno grupo de engenheiros fará estágios de três anos na Empresa Thales, fabricante do sistema de combate do submarino (sonares, direção de tiro, etc.), onde receberão toda a tecnologia necessária ao desenvolvimento e manutenção do sistema. Da mesma maneira, engenheiros permanecerão dois anos na fábrica de torpedos, para absorção de tecnologia de projeto, e depois do segundo grupo (alínea b), engenheiros e técnicos franceses permanecerão no Brasil por cinco anos, participando do desenvolvimento do projeto do primeiro submarino nuclear brasileiro. A parte referente ao reator nuclear e seu compartimento fica sob responsabilidade do Brasil. O submarino é construído em 4 seções. A primeira seção do primeiro submarino será construída no estaleiro de Cherbourg, na França, com a participação da equipe de construção de submarinos do AMRJ, que absorverá os métodos, as normas e processos franceses de construção, algo diferente do sistema alemão, a que já estão acostumados. De volta ao Brasil, esse grupo formará o núcleo de transferência de tecnologia para a Sociedade de Propósito Específico (SPE), que será constituída para operar o novo estaleiro para a fabricação dos novos
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submarinos. E depois dessa fase, o grupo atuará, pela MB, como fiscal das obras e garantidor do controle de qualidade. Haverá a transferência de tecnologia mediante a nacionalização. Cerca de 20% de todo material a ser empregado nos submarinos será produzido no Brasil, inclusive sistemas complexos. São cerca de 36 mil itens a serem fabricados aqui. Ficou acertado que tudo que possa ser produzido no Brasil, a custo equivalente ou inferior ao da França, será fabricado aqui. Caso o produto já seja comercializado, deverá ser simplesmente adquirido e incorporado ao conjunto de materiais. Do contrário, a tecnologia será transferida à empresa selecionada, que então o fabricará. Desde o início, a MB adotou a postura de não indicar qualquer empresa. Caberia aos franceses selecioná-las, de acordo com critérios próprios, qualificá-las e homologá-las. De um universo inicial de mais de 200 empresas, a França já selecionou e está negociando com mais de 30, e há outras dezenas de candidatas. No caso dos novos submarinos, inclusive os nucleares, a produção ocorrerá em um novo estaleiro dedicado a isso, atendendo a todos os requisitos ambientais e de controle de qualidade para a construção de um submarino nuclear, como é prática entre os poucos países que os fabricam. A operação desse estaleiro ficará a cargo de uma Sociedade de Propósito Específico (SPE), formada pelo Consórcio Construtor, isto é, as Empresas “Direction des Constructions Navales
Services” (DCNS) e Odebrecht (parceira selecionada pela DCNS) e o Governo Federal, representado pela Marinha, que possuirá uma ação, no valor simbólico de 1% que, no entanto, constituirá uma “Golden Share”, conferindo-lhe o poder de veto sobre eventuais decisões com as quais não esteja de acordo.
UMA QUESTÃO DE SOBERANIA Das plataformas localizadas na ZEE, e, portanto, na Amazônia Azul, são extraídos 88% da produção brasileira de petróleo, cerca de 2 milhões de barris/ dia. Outra atividade importante é a pesqueira, que cuja produtividade precisa ser melhorada, evitando-se ainda a exploração por outros países, segundo convenção internacional. O potencial econômico da Amazônia Azul inclui ainda recursos biotecnológicos presentes nos organismos marinhos, a navegação de cabotagem, o turismo marítimo, os esportes náuticos, e, no futuro, a exploração dos nódulos polimetálicos existentes no leito do mar. Outra Convenção Internacional, também ratificada pelo Brasil, indica que o País tem o compromisso de realizar operações de busca e salvamento em uma extensa área marítima, que avança pelo oceano Atlântico, ultrapassando os limites da Amazônia Azul, como ocorreu com o resgate do avião da Air France.
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TECNOLOGIA
EMPRESA NACIONAL DESENVOLVE SISTEMA QUE FACILITA A INSTALAÇÃO DE DUTOS PELA PETROBRAS
No momento em que o programa de fornecedores da Petrobras para estimular a compra de produtos e serviços nacionais encontra dificuldade de expansão por conta da falta de tecnologia dos fabricantes, e deficiência na capacidade de produção em escala, uma empresa genuinamente brasileira vem se destacando como fornecedora de tecnologia para a companhia. A Liderroll, fundada há apenas três anos, é voltada para o desenvolvimento de soluções de engenharia na área de petróleo e gás, detendo tecnologia na área de proteção de juntas e soldas para tubulações enterradas ou submersas. A empresa desenvolveu um sistema de roletes motri54 / Grandes Construções
zes, produzidos com plásticos de alta performance, que permitem o lançamento de dutos de quaisquer diâmetros, em ambientes confinados, como túneis. Patenteado em 55 países, o sistema foi empregado recentemente na obra do Gasoduto Gasduc III, recém inaugurado, e será instalado, em outra versão, no gasoduto do Gastau (que ligará Taubaté a Caraguatatuba). Foram lançados em 4 km de dutos do Gasduc III, no túnel sob a Serra dos Gaviões, no Rio de Janeiro. Equipados com motores transversais, os roletes motrizes serão instalados em 5 km do gasoduto do Gastau, com apenas 5 m de diâmetro. A empresa detém ainda outras patentes
registradas: a de roletes de plásticos para dutos de todos os diâmetros de alta performance; as abraçadeiras de campo para revestimentos de soldas em tubulações de qualquer diâmetro para tubos lançados em mar e os roletes de plástico especial de alta performance para equipar stingers que lançam dutos de grandes diâmetros em mar aberto, os quais estão sendo equipados na Balsa BGL 1, da Petrobrás.
Sistema alivia carga sobre ponte
A empresa forneceu para a Petrobrás uma partida de roletes que têm como objetivo aliviar a carga sobre a ponte
Crédito: divulgação
SS Gasduc II: gasoduto instalado sobre roletes motrizes desenvolvidos pela Liderroll (no detalhe)
que dá suporte aos dutos que ligam dois terminais de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), localizados no Rio de Janeiro. O Terminal Aquaviário da Ilha Comprida e o Terminal Aquaviário da Ilha Redonda, ambos posicionados na Baía de Guanabara, ampliam a capacidade de escoamento do GLP processado na Refinaria de Duque de Caxias (Reduc). Os dutos que vêm da unidade estão instalados sobre uma
ponte que liga os dois terminais. A Galvão Engenharia foi contratada para construir e adaptar a ponte que atualmente sustenta quatro linhas de dutos e em breve receberá mais outras duas. No futuro, algumas linhas do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) também passarão pelo local. Quando o gás passa pelos dutos instalados sobre a ponte, o calor faz com que os tubos de aço se expandam lateralmente, forçando a estrutura de concreto da ponte. Com a possível ampliação do número de linhas no local, poderia haver a necessidade de se reforçar a fundação da ponte. “Uma estrutura nova poderia estar sendo construída em seu limite máximo de utilização”, ressaltou o presidente da Liderroll, Paulo Fernandes. O rolete convencional da empresa possibilita que a linha se mova frontalmente, mas não lateralmente. A Liderroll teve de fabricar uma peça específica, já existente em catálogo, mas que nunca tinha sido comercializada, que permite também o movimento lateral das linhas. A empresa já fabricou 430 roletes, dos quais 90 são bi-direcionais, especificamente para o projeto. A Liderroll foi contratada em dezembro e para conseguir atender à demanda contratou férias coletivas de seus fornecedores. A fábrica da empresa, no Rio de Janeiro, trabalhou em três turnos para entregar antes do prazo todas as peças. Inicialmente, os equipamentos seriam entregues em 15 de março, mas agora Fernandes garante a entrega com 15 dias de antecedência. “Nós já tínhamos os roletes bi-direcionais em catálogo, mas nunca havia tido demanda para eles. Sabíamos que cedo ou tarde eles teriam de ser utilizados em algum projeto”. Toda a estrutura da Liderroll está voltada para cumprir este contrato. A empresa realizou a instalação de seus roletes motrizes (motorizados) no túnel do Gasduc III, gasoduto da Petrobras que liga o município de Macaé a Duque de Caxias, responsável pelo envio do gás retirado da bacia de Campos à Reduc. A linha teve de passar, através de um
túnel, sob a Serra de Santana no município de Cachoeiras de Macacu (RJ) e os roletes motrizes permitiram que as partes que compõem o duto fossem soldadas fora do túnel, fato que proporcionou muita agilidade à obra. Além do Gasduc III, a Liderroll já forneceu roletes para o Terminal Marítimo de Ilha Grande, (Tebig), no Rio; o Terminal Marítimo de São Sebastião (Tebar), em São Paulo; e o Terminal de GNL de Pecém, no Ceará. A empresa já foi procurada por outras companhias de petróleo e montou um escritório em Houston, nos Estados Unidos, para atender a um potencial crescimento. Segundo Paulo Fernandes, a prioridade da empresa é atender a demanda da Petrobras, mas há negociações com a Anglo American, que está em vias de construir de 12 a 15 minerodutos no Chile. “Ainda não expandimos nossa atuação internacional de forma agressiva, por acreditarmos que ainda temos que nos consolidar aqui para depois abrirmos mercado lá fora. Mesmo assim, não descartamos negócios no exterior”, afirmou Fernandes.
Gasduc: obra contou com primeiro túnel para passagem de dutos
Concluído no início do ano, o gasoduto Cabiúnas-Reduc III (Gasduc III), empreendimento do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), é o maior gasoduto em diâmetro da América do Sul, com 38 polegadas (equivalente a 96,5 cm). Tem a maior capacidade de transporte (40 milhões de m³/dia) entre os gasodutos brasileiros. Nessas características (diâmetro e capacidade), supera o Gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol), que tem 32 polegadas (81,3 cm) e capacidade de transportar 30 milhões de m³/dia de gás natural. O Gasduc III aumenta a flexibilidade na oferta e a capacidade de transporte para atender o mercado do Sudeste, região de maior consumo de gás natural do país. Estrategicamente localizado entre Macaé e Duque de Caxias (RJ), o Gasduc III amplia a capacidade de Agosto 2010 / 55
TECNOLOGIA transporte neste trecho de 16 milhões m³/dia para 40 milhões m³/dia. O gasoduto pode transportar o gás natural produzido nas bacias de Campos e Espírito Santo; o gás importado da Bolívia, que chega ao estado fluminense por meio dos gasodutos Campinas-Rio e do Japeri-Reduc; e o gás proveniente do Terminal de Regaseificação de GNL (gás natural liquefeito) da Baía de Guanabara. Com a conclusão do gasoduto Caraguatatuba-Taubaté (Gastau), ainda neste ano, o Gasduc III poderá receber o gás procedente da Bacia de Santos. Com alta complexidade construtiva e 179 km de extensão, a obra do Gasduc III, representou um marco na engenharia nacional ao contar, pela primeira vez, com a construção de um túnel para a passagem de dutos. Construído sob a Serra de Santana no município de Cachoeiras de Macacu (RJ), na Área de Proteção Ambiental Bacia do Rio São João/Mico Leão Dourado, o túnel do Gasduc III tem 3.758 metros de extensão, 6,2m de altura e 7,2m de largura. Em extensão é maior do que o túnel Rebouças, no Rio de Janeiro, que tem 2.840 metros. A obra evitou a supressão vegetal de uma área de 125,4 mil m² de Mata Atlântica, e o material retirado foi empregado na recuperação de áreas degradas. A linha-tronco do Gasduc III atravessa oito municípios do Rio de Janeiro (Macaé, Rio das Ostras, Casimiro de Abreu, Silva Jardim, Cachoeiras de Macacu, Guapimirim, Magé e Duque de Caxias), passando por áreas urbanas de alguns deles. Para sua construção, foram realizadas 73 travessias de rios, córregos e similares, dois furos direcionais e 56 cruzamentos de estradas, rodovias, ferrovias e faixas de dutos existentes. 56 / Grandes Construções
ELE NÃO VIROU SUCO, MAS PROFESSOR PARDAL WW Paulo Fernandes, presidente da Liderroll
O empresário Paulo Fernandes, nascido no bairro de São Cristóvão, freqüentou a escola técnica federal Cefet-RJ, passou em concurso e foi trabalhar na Petrobrás na década de 1980. Passou pelas áreas de produção, sendo um dos primeiros a trabalhar na Bacia de Campos, quando a operação chegava à profundidade máxima de 110 m – hoje é de 2000 mil m, em média. Foi transferido para o Departamento Industrial, que agrega a operação das refinarias, chegando posteriormente ao departamento de Serviços de Engenharia. Depois de 20 anos, resolveu montar o próprio negócio, testando alguns mercados, sem no entanto alcançar bom resultado. Foi quando voltou-se para a atividade-fim da Petrobrás, e a que conhecia de perto, buscando na equação de problemas do dia-a-dia uma inspiração para o desenvolvimento de soluções. A idéia de empregar roletes para o transporte e movimentação de peças de grande porte podia até não ser uma grande novidade, mas inexistiam peças ou sistemas com geometrias apropriadas, nas dimensões adequadas ou mesmo produzidas de modo a assegurar resistência e segurança à operação.
Fernandes empregou dinheiro do próprio bolso para adquirir os polímeros a base de fibras de carbono, material que só existia na Alemanha; gastou sola de sapato e lábia para conseguir uma fábrica para produzir a primeira peça – uma vez que, sem contrato de fornecimento e sem escala, a proposta não era atrativa – e por fim convenceu a Petrobrás a abrir uma janela para testar a peça em uma de suas operações. “Foram sete anos de testes e análises diversas pela Petrobrás até o produto ser aprovado pelo controle de qualidade da empresa”, lembra Fernandes, que credita à companhia o mérito de abrir espaço para a aplicação de novos produtos. Para moldar o primeiro jogo de roletes, o empresário inspirou-se no conceito aeroviário, pautado no uso de materiais de alta resistência, com baixo peso e estruturas delgadas. “É buscar novas soluções para velhos problemas”, diz, destacando que o conjunto testado pela Petrobrás ainda hoje está em operação. Com o sistema aprovado pela companhia, Fernandes de imediato patenteou a solução não somente no Brasil, mas em outros países, e hoje colhe o resultado do sucesso, com o assédio quase diário de outras companhias que oferecem parcerias ou fazem proposta pela compra da Liderrol. Com apenas três anos, o faturamento da empresa saiu de R$ 2 mi para R$ 160 mi, o número de funcionários pulou de 20 para 90, e foi aberto outro escritório, em Houston, Estados Unidos. A empresa tem atendido diversas consultas e convites para dar conta de demandas específicas no exterior. Paulo Fernandes fala com entusiasmo, mas com cautela. “Foi uma trajetória muito rápida. Muitas empresas estrangeiras me procuram para sociedade, mas é preciso levar em conta muita coisa, meus funcionários, por exemplo. As empresas de fora não entendem isso”, diz ele, que faz questão de reforçar sua origem carioca, de São Cristóvão, quando alguém lhe pergunta se é de São Paulo. “São Paulo tem muita coisa. Mas é hora do Rio de Janeiro mostrar seu valor também e acho que estamos fazendo nossa parte”.
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BIOCOMBUSTÍVEL
USINA PRODUZIRÁ 127 MILHÕES DE LITROS DE BIODIESEL POR ANO NO PARANÁ
SS Usina de biodiesel de Marialva, no norte do Paraná, criará 120 empregos diretos na área industrial
A Petrobras Biocombustível e a BSBIOS inauguraram no dia 14 de maio a usina de biodiesel de Marialva, no norte do Paraná, na qual cada uma das empresas detém 50% de participação. A unidade tem capacidade de produção de 127 milhões de litros de biodiesel por ano e exigiu investimento total de R$ 100 milhões. De acordo com Miguel Rossetto, presidente da Petrobras Biocombustível, o empreendimento é resultado de um grande trabalho em conjunto. “Esta unidade promete ser referência em gestão operacional e qualidade dos biocombustíveis.” Segundo ele, para a Petrobras a atuação no sul do Brasil é estratégica para a companhia, uma vez que oferece a produção de oleaginosas e abastecimento de um mercado promissor, além de colaborar com a qualificação da matriz energética do País. Com a nova unidade, a Petrobras Biocombustível passa a atuar no Sul do País, o que permite uma logística mais eficiente no atendimento aos mercados do Sul e de São Paulo. Além disso, amplia sua capacidade 58 / Grandes Construções
de produção de biodiesel de 326 milhões de litros/ano – somando suas três usinas em operação em Candeias (BA), Quixadá (CE) e Montes Claros (MG) – para 389 milhões de litros/ano, considerando 50% da produção de Marialva. O estado do Paraná é o terceiro maior consumidor de diesel do País e está próximo do primeiro consumidor, que é o Estado de São Paulo, além de ser o segundo maior produtor de oleaginosas do Brasil, com grande presença da agricultura familiar. Com o início das atividades da usina, o estado caminha para se tornar autossuficiente em biodiesel, que atualmente vem de outras regiões. Miguel Rossetto disse ainda que faz parte da cultura gerencial da Petrobras contribuir para o desenvolvimento das regiões onde atua. “Queremos gerar emprego e renda nessa região, incentivando cada vez mais a agricultura familiar, de forma que esta receba todo nosso apoio para produzir cada vez mais.”
Incentivo à agricultura familiar Para o fornecimento de matériaprima para produção de biodiesel serão envolvidos cerca de 7 mil agricultores familiares da região. Para isso, a empresa mantém parceria com cooperativas e instituições de assistência técnica agrícola e de pesquisas com o objetivo de viabilizar a diversificação e a produção de oleaginosas, principalmente, a canola e a soja. A intenção da Petrobras é tornar esta uma unidade completa de produção. “A usina dispõe de uma das melhores tecnologias mundiais de produção de biodiesel dentro das normas nacionais e internacionais de especificação do produto. Além disso, possui flexibilidade na utilização de matéria-prima”, destaca Erasmo Carlos Battistella, diretor Superintendente da BSBIOS. A usina criará 120 empregos diretos na área industrial. Durante as obras, 300 trabalhadores participaram da construção.
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MÉTRICA INDUSTRIAL - PAVIMENTAÇÃO
Muito além da
camada Pesquisas recentes indicam que é possível adotar novos parâmetros para a construção de estradas no Brasil
O
Brasil vai ter que investir pesado para manter o projeto de ser o país do futuro. Isso significa pavimentar – literalmente – o caminho do desenvolvimento. De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), somente as rodovias federais necessitariam de R$ 180 bilhões para atender as deman-
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das atuais, dos quais R$ 144 milhões deveriam ser investidos em obras de recuperação, adequação e duplicação de uma malha de 71 mil km de rodovias que pertencem ao Governo Federal. Apenas 7% da demanda de recursos é coberto pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Resultado: 75% da rede federal foi classificada como deficiente ou péssima.
As rodovias sob concessão, embora estejam presentes em partes importantes do Brasil, ainda respondem por somente 7% da malha brasileira. O quadro complexo apontado acima pautou o Métrica Industrial a avaliar tecnologias capazes de atender às demandas de pavimentação com menor custo e qualidade elevada, considerando ainda práticas ambientalmente corretas que visam reduzir a emissão de gases poluentes e de
descarte de materiais nocivos ao planeta na manipulação de insumos e até mesmo na aplicação da malha asfáltica. Acompanhe essas métricas. Métrica 1: as normas sobre espessura precisam ser revistas O primeiro dos trabalhos selecionados mostra que os métodos de dimensionamento da espessura de pavimentos flexíveis atualmente adotados no Brasil não são exatamente ideais
e, mais do que isso, precisam ser revistos em função da possibilidade de investimentos oriundos do PAC. João Rodrigo Mattos, Klaus Theisen e João Albano, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e José Antônio Echeverria, do DNIT/RS, avaliaram que a normatização brasileira sobre dimensionamento de pavimentação não apresentou evolução desde que o engenheiro Murillo Lopes de Souza desenvolveu uma meto-
asfáltica dologia baseada no Índice de Suporte Califórnia (CBR) em 1966. Os quatro pesquisadores acreditam que as espessuras vigentes para pavimentos flexíveis são insuficientes para rodovias de alto tráfego. Para chegar a essa conclusão eles fizeram ensaios tomando como norma o Método de Dimensionamento Mecanístico de Pavimentos da República Sul-Africana (SAMDM), considerada uma das mais avançadas do mundo, e utiliza-
Avaliação do Ipea
• 75% das rodovias federais foram classificadas como ruins ou péssimos • Rodovias federais necessitariam de investimentos de R$ 180 bilhões • R$ 144 bilhões seriam somente para obras de recuperação • PAC cobre apenas 7% da demanda
ram o software de mecânica de pavimentos Everstress 5.0. Para a simulação, eles consideraram um pavimento em quatro camadas: revestimento com concreto asfáltico (CBUQ), base de brita graduada (BG), sub-base de macadame seco (MS) e subleito de solo coesivo. De acordo com o estudo, as espessuras do Método de Pro-
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MÉTRICA INDUSTRIAL - PAVIMENTAÇÃO
Normatização brasileira para dimensionamento de pavimentos 1966: Método adaptado
pelo engenheiro Murillo Lopes de Souza, baseado no CBR, do Corpo de Engenheiros do Exército Norte-americano
1981: Método de Projeto de
Pavimentos Flexíveis (MPPF), elaborado pelo extinto DNER
…2010: Não houve novas normatizações
jeto de Pavimentos Flexíveis (MPPF) são insuficientes para avaliar a fadiga na camada asfática adotada na simulação. Ou seja, as estradas brasileiras que estão sendo construídas agora precisam considerar normas mais rígidas. Métrica 2: efeito do teor e do tipo de ligante A deformação permanente de rodovias de alto tráfego como a Presidente Dutra foi o tema do levantamento dos pesquisadores Rosângela Motta, Edson de Moura e Liedi Bernucci, da USP, e Valéria de Faria e Décio de Souza, do Grupo CCR. Eles consideram o efeito e o teor de ligantes convencionais como CAP 30-45 e CAP 50-70 sobre a deformação permanente de estradas. Outros dois ligantes foram estudados para a comparação: asfalto modificado por borracha (AMB) e asfalto modificado por polímero (SBS). Os testes foram feitos no laboratório da Escola Politécnica da USP usando o simulador de tráfego LCPC. O que os especialistas queriam avaliar era como a camada asfáltica pode contribuir para os afundamentos em trilha de roda. Eles ressaltaram que os
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ligantes não são os únicos fatores que definem a deformação permanente. Itens como a seleção de agregados, incluindo a composição da granulometria, estão entre os parâmetros a serem considerados. Os resultados da pesquisa indicaram que as misturas usando ligante convencional apresentaram afundamento da trilha de roda inferior ao limite de 5% após 30 mil ciclos. Cada ciclo computa o contato do pneu sobre a placa de asfalto (para cada mistura foram elaboradas duas placas, com diâmetros de 12,5 mm e de 19 mm) num movimento de ida e volta, a uma freqüência de 1 Hz. A pesquisa indicou também que pequenas variações acima do teor de projeto Marshall (método de avaliação adotado nesses casos) podem comprometer o comportamento das rodovias quanto à deformação. As misturas com AMB e asfalto modificado por polímero (SBS) mostraram-se mais resisten-
Os dados sobre espessura • Nenhuma das misturas com ligantes convencionais apresentaram afundamento da trilha de roda inferior ao limite de 5% após 30 mil ciclos • Variações dentro do permitido em usinas (até mais de 0,3% de ligante) mostram-se prejudiciais, caso sejam aplicadas em vias de tráfego pesado • Não foi possível estabelecer uma superioridade entre misturas asfálticas com 19 mm sobre as de 12,5 mm de diâmetro máximo
tes ao afundamento em trilha da roda. Recomenda-se ainda maior energia de compactação para pavimentos asfálticos em rodovias de grande tráfego. Não ficou evidenciado pelos dados do estudo que o uso de materiais mais ou menos viscosos trariam vantagens quanto à deformação permanente. Ou seja, a comparação entre os ligantes convencionais não agregou dados definitivos nesse sentido. A variação de diâmetros também não mostrou superioridade entre 12,5 mm e 19 mm. Métrica 3: Temperaturas de preparação de asfaltos As misturas asfálticas produzidas a quente são conseguidas em processos cuja temperatura varia entre 140 C e 170 C, enquanto as misturas a frio ocorrem em temperaturas ambientes, o que pode representar um gradiente entre 20 C e 50 C. Pois cinco pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) propuseram um meio termo: a adoção de temperaturas entre 105 C e 135 C, consideradas mornas. A iniciativa dos especialistas gaúchos foi uma tentativa de validar, em condições brasileiras, a tecnologia conhecida como Mistura Asfáltica Morna ou WMA, sigla em inglês de Warm Mix Asphalt. Segundo Luciana Rohde, Jorge Ceratti, Washington Nunez, Diego Treichel e Thiago Rozek, a aplicação do WMA tem sido estudada em países como França, Estados Unidos e Inglaterra, mas a primeira implementação significativa em rodovias públicas aconteceu em 1999, na Alemanha. Cinco anos depois, os norte-americanos executaram trechos de estradas na Flórida, seguidos de novas pavimentações na Carolina do Norte. A WMA vem sendo adotada fora do Brasil e pode ser uma solução também viável por aqui. Além de reduzir a emissão de gases poluentes, as temperaturas “mornas” na produção de asfaltos levam à redução do consumo de energia. Outra vantagem é que elas podem permitir a abertura do tráfego
mais rapidamente e permitir melhores condições de trabalho nas usinas e nos canteiros de obras. O trabalho dos especialistas da UFRGS cita cinco métodos de produção de misturas asfálticas mornas: a adição de zeólitas sintéticas ou na-
Vantagens do asfalto “morno” (temperatura média de 100 C°) • Consumo energético pode ser reduzido em até 50% • Emulsão asfáltica modificada pode permitir produção de concreto asfáltico com redução de até 38C, o que reduziria o consumo energético em 55%, gerando uma diminuição de até 45% na emissão de dióxidos de carbono e dióxidos de enxofre. • Eurovia aplicou 50 mil t de concreto asfáltico com adição de zeólita até 2005 • Teores de aditivos orgânicos redutores de viscosidade têm variado entre 0,8% e 4% da massa do ligante asfáltico turais, que criam um efeito de espuma no ligante, a inclusão de aditivos orgânicos como cera parafínica, que reduzem a viscosidade do ligante, e um sistema composto por dois ligantes, que introduz um ligante de menor rigidez e uma espuma de ligante mais rígida em diferentes estágios durante
a usinagem do concreto asfáltico. Aos três sistemas os pesquisadores acrescentam a produção de concreto asfáltico com uma emulsão especial modificada com aditivo a base de enxofre e a produção com secagem parcial dos agregados, processo conhecido como EBE ou asfalto de baixa energia. Foram exatamente essas duas últimas as tecnologias de WMA avaliadas no Brasil. A experiência teve como meta desenvolver técnicas de dosagem para a formulação e utilização de misturas asfálticas em temperaturas intermediárias, de aproximadamente 100 C. O experimento avaliou ainda a adição de 0,3% de uma zeólita natural sobre o peso total de ligante mais agregado e com temperaturas de mistura entre 100 C e 120 C e de compactação entre 80 C e 100 C. Como agregado, a pesquisa adotou rocha basáltica geralmente usada em pavimentações no Rio Grande do Sul e areia de rio e cal hidratada. Os ligantes incluíram o CAP 50/70 e uma emulsão asfáltica. Os resultados do trabalho dos cinco especialistas indicaram que as técnicas avaliadas por eles permitem adotar o WMA com temperaturas intermediárias ao redor de 100 C, tendo como produto final misturas asfálticas com características mecânicas compatíveis com as observadas para a mistura asfáltica a quente. O que pensa o mercado As três métricas destacadas nessa coluna foram apresentadas por especialistas do setor de pavimentação no segundo semestre do ano passado, durante o 6° Congresso Brasileiro de Rodovias e Concessões, promovido pela Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABC&R). Mas, apesar das vantagens apresentadas nos testes, as tecnologias seriam atrativas para os empreiteiros, concessionários e fabricantes de equipamentos do setor? Essa é a questão que o Métrica Industrial abordará na próxima edição.
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AGENDA 2010
SOBRATEMA FÓRUM
BRASIL INFRAESTRUTURA DIMENSÕES E OPORTUNIDADES, NA VISÃO DE ESPECIALISTAS DA ECONOMIA E CONSTRUÇÃO Acontece dia 14 de outubro, no Fecomércio, em São Paulo, o Sobratema Fórum Brasil Infraestrutura, que tem o objetivo de mostrar as dimensões e oportunidades do mercado, em vista do alinhamento de eventos esportivos de grande porte, como a Copa do Mundo 2014 e os Jogos Olímpicos de 2010, além da exploração das reservas da camada do Pré-Sal, pela Petrobras, e da continuidade do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal. Na ocasião, a Sobratema apresentará a pesquisa Principais Investimentos nas Áreas de Infraestrutura e Indústria previstos no Brasil até 2016, que analisou recentemente mais de 9 mil obras, e atuará como importante ferramenta para o planejamento da cadeia produtiva ligada à construção civil.
A grade de palestras abordará os temas Transportes, Energia, Pré-Sal, Mundial de Futebol 2014, Olimpíadas 2016, e Conjuntura Macroeconômica Brasileira. O evento pretende reunir importantes nomes da economia e da construção e atende aos anseios de dirigentes e profissionais, ciosos por traçar seu planejamento para os próximos 10 anos. Haverá ainda uma exposição de sistemas e produtos direcionados ao setor da construção. O Sobratema Fórum foi concebido sob formato moderno para estimular o intercâmbio entre os participantes, a partir do aproveitamento das áreas de convivência, connect point e loung integrados. O Fecomércio fica na Rua Doutor Plínio Barreto, 285 – Bela Vista, São Paulo (SP). Mais informações no site www.acquacon.com.br/sobratemaforum/index.html
BRASIL Setembro GESTÃO DE CONTRATOS NA ÁREA DA ENGENHARIA E CONSTRUÇÃO – Conheça o reflexo dos riscos na estruturação jurídica do projeto e as principais formas de garantia dos contratos em projetos de construção e engenharia. De 13 a 14 de setembro. Promoção: IIR Training. INFO Site: http://www.informagroup.com.br/ pt/event/show/id/1195/evento/HL0351410
WORLDCUP INFRASTRUCTURE SUMMIT 2 – Fórum para o desenvolvimento da Infraestrutura das Cidades-Sede na Copa do Mundo de 2014. Dias 21 e 22 de setembro, no Blue Tree Towers Morumbi, em São Paulo (SP). O evento é uma organização da Viex Américas. O Blue Tree Towers Morumbi fica na Avenida Roque Petroni Junior, 1000 – Brooklin. CEP: 04707-000 São Paulo – SP. INFO Tel.: (11) 5051.6535 Fax: (11) 3889-8100
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E-mail: atendimento@viex-americas. com.br Site: www.viex-americas.com.br/ copadomundo
RIO OIL & GÁS – CONFERÊNCIA E EXPOSIÇÃO – De 13 a 16 de setembro, no Centro de Convenções do Riocentro, Rio de Janeiro (RJ). Principal evento de Petróleo e Gás da América Latina, a Rio Oil & Gas Expo and Conference é realizada a cada dois anos. Desde sua primeira edição, em 1982, a feira e a conferência vêm colaborando na consolidação do Rio de Janeiro como “capital do petróleo”, já que o estado concentra 80% de todo o óleo produzido no País, além de 50% da produção de gás. A exposição é uma importante vitrine para as empresas nacionais e estrangeiras apresentarem seus produtos e serviços. A conferência dá a oportunidade de discussão sobre os principais temas relativos às inovações tecnológicas. Promoção: Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP). INFO Tel.: (21) 2112-9000 E-mails: congressos@ibp.org.br
riooil2010@ibp.org.br eventos@ibp.org.br_ patrocinios@ibp.org.br_ press@ibp.org.br Site: www.ibp.org.br
EXPO CONSTRUIR MINAS 2010 – FEIRA INTERNACIONAL DA CONSTRUÇÃO – De 13 a 17 de setembro de 2010, em Belo Horizonte (MG). Promoção e organização: Fagga Eventos. Realização: Câmara da Indústria da Construção da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais. INFO Tel.: (21) 3035-3100 Site: www.feiraconstruir.com.br/mg
FICONS – VII FEIRA INTERNACIONAL DE MATERIAIS, EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS DA CONSTRUÇÃO – De 14 a 18 de setembro, no Centro de Convenções de Pernambuco. Realização: Sinduscon-PE. INFO Tel.: (81) 3423-1300 E-mail: ficons@assessor.com.br
AGENDA 2010
Outubro 19º CONGRESSO E EXPOSIÇÃO INTERNACIONAIS DE TECNOLOGIA DA MOBILIDADE - SAE BRASIL 2010 – De 05 a 07 de outubro, no Expo Center Norte - Pavilhão Azul, São Paulo, SP. Organização: SAE Brasil. INFO Tel.: (11) 3287-2033 Site: www.saebrasil.org.br
EXPO ESTÁDIO 2010 / EXPO URBANO 2010 – De 6 a 8 de outubro de 2010, no Centro de Convenções Sul América, na Avenida Paulo de Frontin, Cidade Nova, Rio de Janeiro (RJ). INFO Tel.: (21) 2233 3684 Fax: (21) 2516 1761 E-mail: info@real-alliance.com Site: www.expoestadio.com.br
3º SIMPÓSIO SOBRE OBRAS RODOVIÁRIAS – Dias 20 e 21 de outubro na
FEIRA NEGÓCIOS NOS TRILHOS 2010 – De 09 a 11 de novembro, no Expo
Universidade Anhembi Morumbi, em São Paulo (SP). Promoção: ABGE (Associação Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental).
Center Norte – Pavilhão Vermelho, São Paulo (SP). Organização: Revista Ferroviária.
INFO Tel/fax.: (11) 3768 7325 E-mail: abms@abms.com.br Site: www.abms.com.br
Novembro CONGRESSO DA INDÚSTRIA 2010 – Dia 08 de outubro, no Word Trade Center-WTC - Nações Unidas – São Paulo (SP). Organização: FIESP/CIESP/SESI/SENAI/IRS INFO Tel: (11) 3549-4499 E-mail: relacionamento@fiesp.org.br Website: http://www.fiesp.com.br/congressoindustria
INFO Tel: (11) 3884-0757 / (11) 3884-0580 E-mails: david@revistaferroviaria.com.br Site: http://revistaferroviaria.com.br/nt/ index.php/2010
IMPACTO RIO – Os desafios tecnológicos da engenharia para integrar as favelas à vida na cidade. Dias 17 e 18 de novembro, no Centro de Convenções RB1 (Sala Mauá): Av. Rio Branco, nº01 - Centro, Rio de Janeiro (RJ). Realização: Associação das Empresas de Engenharia do Rio de Janeiro (AEERJ). INFO Tel.: (21) 2262-9401 | 2215-2245 e-mail: comercial@planejabrasil.com.br
INTERNACIONAL Setembro THE 11TH ANNUAL FPSO CONGRESS 2010 – O evento reunirá representantes das mais importantes indústrias fabricantes de plataformas de petróleo e toda a sua cadeia de produção. A grande expectativa é com relação à promessa brasileira do Pré-sal. Dias 28 e 29 de setembro, no Marina Bay Sands, em Singapura. INFO Tel.: +65 6722 9388 E-mail enquiry@iqpc.com.sg Site: www.iqpc.com/Event. aspx?id=258438
Outubro
INFO Tel.: +44 1206 796351 E-mail: sales@portland-services. com Site: www.weftec.org
Novembro XXXII CONGRESSO INTERAMERICANO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL. De 7 a 11 de novembro, em Punta Cana, República Dominicana. Promoção: Associação Interamericana de Engenharia Sanitária e Ambiental. INFO Tel.: (11) 3812-4080 Fax: (11) 3814-2441 E-mail: aidis@aidis.org.br Site: www.aidis.org.br/htm/esp_htm/xxxii_congresso.html
83ª WEFTEC 2010 – FEIRA E CONFERÊNCIA MUNDIAL SOBRE A QUALIDADE DA ÁGUA. De 2 a 6 de outubro, no
BAUMA CHINA 2010 – De 23 a 29 de
Ernest N. Morial Convention Center, em Nova Orleans, Louisiana, U.S.A. O evento será uma oportunidade de apresentação ao mercado do que há de mais moderno em tecnologia para saneamento e investigação da qualidade da água.
novembro, em Shangai, China. No total, 1.608 expositores de 30 países participaram da última versão do evento, em 2008, apresentando ampla gama de máquinas e materiais para construção e mineração, em 210.000 m2 de área de
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exposição. A Bauma China é a principal porta de entrada para um dos mercados mais fortes e mais interessantes dessa indústria, no momento. INFO Messe München GmbH Bauma China Exhibition Management Messegelaende 81823, Munique, Alemanha Tel.: (+49 89) 949 2025 / Fax: (+49 89) 949 2025 9 Site: http://www.bauma-china.com
MISSÃO TÉCNICA SOBRATEMA BAUMA CHINA 2010 – SHANGHAI. De 23 a 26 de Novembro. A Sobratema, em parceria com a Trend Operadora, está organizando mais uma missão técnica para visitar o evento, oferecendo seu já tradicional acompanhamento técnico. As vagas são limitadas. INFO Informações e reservas pelo Tel. (55) 11 3123-8555, ramal 1178. Contato com Jane Mendes pelo e-mail jmendes@trendoperadora.com.br, ou pelo site www.trendoperadora.com.br