AGOSTO DE 2020 CARTA DE CONJUNTURA
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CENÁRIO SANITÁRIO E ECONÔMICO SE AGRAVAM E RECESSÃO PODE SER MAIOR NO BRASIL
INDÚSTRIA DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS
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PRODUÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS TEM QUEDA NO 1° SEMESTRE, MAS VENDAS CRESCEM
CONSTRUÇÃO
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IMPACTO DA COVID-19 SOBRE O SETOR DA CONSTRUÇÃO É DISTINTO POR SEGMENTO
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO
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PRODUÇÃO DE ASFALTO REGISTRA EXPANSÃO NO ANO
MINERAÇÃO
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FABRICAÇÃO DE PRODUTOS MINERAIS NÃO-METÁLICOS E DE INSUMOS PARA CONSTRUÇÃO CAI EM 2020, ATÉ JUNHO
AGRICULTURA
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SAFRA RECORDE DE GRÃOS EM 2020 REVISADA PARA CIMA
SERVIÇOS DE INFRAESTRUTURA
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SETOR ELÉTRICO, DE TELECOMUNICAÇÕES E DE TRANSPORTES REGISTRAM QUEDA DE ATIVIDADE EM 2020
CRÉDITO
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CONDIÇÕES DE CRÉDITO PARA A CONSTRUÇÃO SE DETERIORAM NOS ÚLTIMOS TRÊS MESES
PERSPECTIVAS 2020 10
Realização:
INFRAESTRUTURA DEVE TER DESEMPENHO PIOR EM 2020 COM REFLEXOS SOBRE INVESTIMENTOS Produção:
CARTA DE CONJUNTURA CRESCIMENTO EXPLOSIVO DO CORONAVÍRUS
A evolução da economia brasileira foi profundamente marcada pelos efeitos da pandemia que assola o mundo desde o início do ano. No último Boletim de Mercado Sobratema, publicado em abril deste ano, o país contabilizava 36,6 mil casos confirmados e 2,3 mil óbitos (dados de 19 de abril). Cerca de três meses depois, em 19 de julho, o número de casos ultrapassava 2 milhões e o de mortes se aproximava de 79 mil. As taxas de expansão da doença nesses três meses falam por si só: o aumento do número de pessoas contaminadas foi de 4,5% ao dia, em média, e a de mortes, de 3,9% ao dia! O fato que ameniza esse quadro é o crescimento do número de pessoas recuperadas, o que deve promover a estabilização do número de mortes diárias pela doença.
2ª MAIOR POPULAÇÃO COM O VÍRUS
Esse quadro levou o país a uma posição muito pouco confortável com relação à doença e que potencialmente trará impactos econômicos ainda maiores. Atualmente, o Brasil concentra a segunda maior população de pessoas contaminadas com o coronavírus no mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Em termos relativos, o país ocupava a 13ª pior marca em meados de julho, com mais de 9 mil contaminados por milhão de habitantes. O resultado deriva diretamente da falta de coordenação das políticas de saúde, da carência de infraestrutura (saneamento, em especial) e de fatores culturais e políticos que levaram ao negacionismo e à desinformação.
ESTRATÉGIAS E RESULTADOS
O ritmo de contágio ainda é extremamente elevado e particularmente preocupante num momento em que várias cidades buscam retomar as atividades econômicas, relaxando as medidas de distanciamento social. O gráfico na página seguinte mostra o número de casos novos por milhão de pessoas em quatro países. Ao contrário dos países europeus, que adotaram políticas rígidas de lockdown logo no início da crise sanitária e reduziram os níveis de novos casos por milhão de habitantes para patamares bem reduzidos, os Estados Unidos e o Brasil observaram aumentos dos patamares de contágio nos últimos meses, mantendo o processo de disseminação da doença em ritmo acelerado.
MEDIDAS ECONÔMICAS
Como dito no último Boletim de Mercado Sobratema, a evolução da economia dependeria fortemente de medidas para mitigar os efeitos decorrentes da conjuntura sanitária atual. Essas medidas incluíam: (i) o suporte de liquidez e de capital ao sistema financeiro dos respectivos países por parte dos diversos bancos centrais, (ii) transferências monetárias diretas às parcelas mais vulneráveis da população, notadamente para aqueles trabalhadores informais cuja fonte de renda foi suspensa com a paralisação de diversas atividades econômicas, (iii) apoio aos governos regionais e locais para compensar o aumento das despesas com o sistema de saúde e a perda de arrecadação decorrente da queda de atividade, (iv) medidas junto ao setor privado para a manutenção do nível de emprego, (v) apoio às empresas, particularmente por meio de linhas de crédito, que passaram a ter problemas de caixa como resultado da queda de demanda ou pelo próprio fechamento do negócio, e (vi) medidas para garantir o pleno funcionamento do mercado de crédito, principalmente em uma conjuntura de aumento do risco de inadimplência.
IMPACTO DA CRISE
O Brasil avançou nesse sentido, mas de maneira pouco agressiva e efetiva em algumas áreas. Isso acabou comprometendo o poder de mitigação da crise econômica decorrente da pandemia. Segundo estimativas próprias feitas pela Ex Ante Consultoria Econômica, que levavam em consideração que as restrições à mobilidade (quarentena, confinamento) prevaleceriam por 60 a 90 dias ao longo de 2020, previu-se uma queda de PIB de 5,7% este ano. Se as medidas de política econômica tivessem sido adotadas de forma mais rápida e efetiva, e se o ritmo de contaminação do coronavírus tivesse sido contido, o PIB declinaria apenas 3,6%, com retração da renda per capita de 4,4%.
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PIORA DO CENÁRIO
Esse cenário melhor para 2020 já está descartado e uma eventual continuidade dos níveis de contaminação e de segundas ondas nas grandes cidades brasileiras deverá trazer impactos econômicos ainda mais severos. Segundo dados da PNAD-Covid do IBGE, o número de funcionários trabalhando de forma remota na economia brasileira passou de 19,8 milhões no início de maio para 12,5 milhões na semana entre 21 e 27 de junho e deve ficar abaixo de 10 milhões no final de julho, o que deve reduzir de forma ainda mais efetiva o distanciamento social, com consequências no ritmo de contaminação. Vale mencionar, contudo, que ainda há tempo para encontrar um meio termo entre a queda de 5,7% do PIB e um cenário melhor, com retração de 3,6%.Isso depende apenas da adoção de mais medidas de estímulo à economia que não requeiram uma reversão drástica das políticas de afastamento social
DESEMPREGO E FALÊNCIAS
Além do crescimento do desemprego da mão de obra, que afeta severamente a demanda, houve um número recorde de encerramentos de atividade econômica. A Pesquisa Pulso Empresa, também do IBGE, desde o início da crise até a primeira quinzena de junho, 523 mil encerraram suas atividades por causa da pandemia. A imensa maioria dessas empresas era de pequeno porte (até 49 empregados) e sofreu com a falta de crédito. Em termos setoriais, houve o encerramento de 258,5 mil (49,5%) no setor de serviços, 192,0 mil (36,7%) no comércio, 38,4 mil (7,4%) na construção civil e 33,7 mil (6,4%) na indústria de transformação.
Número de novos casos diários de Covid-19 por milhão de habitantes, média móvel semanal, países selecionados, 01-03-2020 a 19-07-2020 250
200
200
158
150
100
50 23 2020-03-01
3 2020-03-31 Brasil
2020-04-30 Itália
2020-05-30 Espanha
2020-06-29 Estado Unidos
Fonte: Organização Mundial da Saúde
3
Gráfico 1 Produção de máquinas e equipamentos para a construção e mineração, índice base 2012 = 100 120,0
100,0
80,0
Produção
60,0
40,0
20,0
-
2012
2013
2014
Fonte: IBGE. (*) projeção.
2015
2016
2017
2018
2019
2020*
Gráfico 2 Emprego na indústria de máquinas e equipamentos para a construção e mineração, em pessoas
16.000
8.000
4.000
2012
2013
2014
2015
2016
Fonte: Ministério da Economia. (*) projeção.
2017
2018
2019
2020*
Gráfico 3 Exportações de máquinas e equipamentos para a construção e mineração, em US$ milhões 5.000 4.500 4.000 3.500 3.000 2.500 2.000 1.500 1.000 500 0
Em 2020, o desempenho da produção da indústria de máquinas e equipamentos para a construção civil e mineração, a qual inclui a produção de tratores de esteira e retroescavadeiras, já se apresentava negativo antes dos efeitos das medidas de combate à pandemia da covid-19. O declínio se acentuou a partir de abril, de maneira que, no acumulado entre janeiro e junho, a produção do setor registrou retração de 23,6% na comparação com o mesmo período de 2019.Tal quadro contrasta com a evolução das vendas, as quais avançaram mais de 30% no primeiro semestre do ano, com as vendas de retroescavadeiras crescendo 33,0% segundo dados daAnfavea no acumulado no período. Emprego
12.000
-
INDÚSTRIA DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS
2012
2013
2014
2015
2016
Fonte: Ministério da Economia. (*) projeção.
2017
2018
2019
2020*
O fraco desempenho da produção do setor até maio teve reflexos sobre o nível médio do emprego formal na indústria de máquinas e equipamentos para a construção. Após três anos consecutivos de crescimento, o emprego para o conjunto de segmentos dessa indústria registra queda de 1,8% no acumulado entre janeiro e maio, resultado largamente influenciado pela retração de 5,4% do emprego no segmento de tratores (não agrícolas). Por outro lado, no caso do segmento de máquinas e equipamentos para terraplenagem, pavimentação e construção, houve uma modesta expansão do emprego, de 1,9%, no mesmo período. Exportações As exportações do setor encerraram o primeiro semestre do ano com uma queda acumulada de 41,8% frente ao mesmo período do ano passado, taxa esta que superou o resultado do primeiro quadrimestre (34,7%). Dentre os três segmentos de produtos, o destaque negativo nos seis primeiros meses do ano foram as exportações de máquinas de terraplanagem e de perfuração, as quais declinaram 50,0%, seguidas das vendas externas de máquinas e aparelhos de elevação de carga e descarga, com queda de 26,1%. As exportações de tratores, que registraram crescimento acumulado até abril, fecharam o semestre com retração de 17,8%.
4
Gráfico 4 Emprego na construção, incorporações e edificação, médias anuais, em pessoas
CONSTRUÇÃO
1.400.000
Edificações
1.200.000 1.000.000 800.000 600.000 400.000 200.000 0
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020*
Fonte: Ministério da Economia. (*) projeção.
Gráfico 5 Emprego na construção, obras de infraestrutura, médias anuais, em pessoas
700.000 600.000 500.000 400.000 300.000 200.000 100.000
0
2012
2013
2014
2015
2016
Fonte: Ministério da Economia. (*) projeção.
2017
2018
2019
2020*
Gráfico 6 Emprego na construção, serviços de apoio à construção, médias anuais, em pessoas 160.000 140.000 120.000 100.000 80.000 60.000 40.000 20.000
2012
2013
2014
2015
2016
Fonte: Ministério da Economia. (*) projeção.
2017
2018
2019
Obras de infraestrutura Após ficar estável em 2019 na sequência de cinco anos consecutivos de retração, o nível médio do emprego com carteira assinada em obras de infraestrutura começou o ano em expansão. Até março, o nível médio do emprego no setor registrava crescimento acumulado de 4,8%. Com a adoção das medidas para conter a disseminação da covid-19, houve uma desaceleração, com essa taxa passando para 3,2% no acumulado até maio. Dentre os segmentos, o destaque foram as obras de urbanização (ruas, praças e calçadas), com variação de 8,3% do nível médio do pessoal empregado, o segmento de rodovias e ferrovias, com alta de 4,0% do emprego, nos cinco primeiros meses do ano. Serviços de apoio à construção Considerando todos os segmentos da construção, as empresas que prestam serviços de base, como aluguel de máquinas e equipamentos, demolição e preparação de canteiros, perfurações e sondagens e obras de terraplenagem, tiveram uma evolução relativamente melhor do emprego formal em 2019. Essa diferença relativa se manteve no primeiro trimestre do ano, quando o nível médio do emprego para o conjunto desses serviços avançou 8,0%. Desde então, houve desaceleração dessa taxa, a qual passou para 6,6% no período entre janeiro e maio. O destaque positivo nesse período foi o segmento de obras de terraplenagem, com crescimento de 6,9% do emprego até maio.
180.000
0
Diferentemente do observado em 2019, quando o nível médio do emprego formal no segmento de incorporação e construção de edifícios declinou 0,4%, houve expansão do emprego nesse setor no primeiro trimestre do ano. Com as medidas de isolamento social adotadas a partir de março no país, o nível de atividade do setor foi atingido diretamente, comprometendo a evolução do emprego. Como resultado, entre janeiro e maio, o nível médio do pessoal empregado declinou 0,9%, com os seguintes resultados por segmento no mesmo período: -2,2% para incorporação de imóveis e -0,7% para construção de edifícios.
2020*
5
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO
Gráfico 7 Produção de materiais de construção, índice base 2012=100
120,0
100,0
Produção
80,0
60,0
40,0
20,0
-
2012
2013
2014
2015
Fonte: IBGE. (*) projeção.
2016
2017
2018
2019
2020*
Gráfico 8 Vendas de materiais de construção, índice base 2012=100
Comércio Varejista
120,0
As vendas do comércio varejista de materiais de construção encerraram o primeiro bimestre com crescimento, ainda que em ritmo inferior ao apresentado ao longo de 2019. Com as restrições impostas aos setores de comércio e serviços, que visavam conter a disseminação da covid-19, as vendas de materiais se retraíram nos meses de março e abril, segundo dados do IBGE, mostrando alguma recuperação em maio, descontados os fatores sazonais. Como resultado, a queda acumulada no ano passou de -7,1% até abril para -6,7% até maio.
100,0
80,0
60,0
40,0
20,0
-
Desde o início de 2020, a produção física de materiais de construção apresentava desempenho negativo, contrastando com o crescimento registrado em 2018 e 2019 de 1,1% e 1,6%, respectivamente. No acumulado no primeiro trimestre do ano, a produção desses bens teve queda de 1,9% frente ao mesmo período de 2019. A partir de abril, quando as medidas de contenção da covid-19 se ampliaram no país, o declínio da produção se acentuou, de forma que entre janeiro e junho, a retração da produção de materiais atingiu 10,7%.
2012
2013
2014
Fonte: IBGE. (*) projeção.
2015
2016
2017
2018
2019
2020*
Asfalto A produção nacional de asfalto segue em forte expansão 2020, contrastando com os três anos consecutivos de declínio (2017 a 2019). Segundo informações da ANP, entre janeiro e maio, a produção de asfalto avançou 34,0% em relação ao mesmo período do ano passado, passando de uma produção média mensal de 112,9 mil metros cúbicos nos cinco primeiros meses de 2019 para uma média mensal de 151,3 mil metros cúbicos no mesmo período do corrente ano.
Gráfico 9 Produção de asfalto, total do ano, em m³ 3.500.000 3.000.000 2.500.000 2.000.000 1.500.000 1.000.000 500.000 -
2012
2013
Fonte: ANP. (*) projeção.
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020*
6
MINERAÇÃO
Gráfico 10 Emprego na indústria de extração de areia, pedra e argila, em pessoas 80.000 70.000 60.000
Indústria extrativa
50.000 40.000 30.000 20.000 10.000 -
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020*
Fonte: Ministério da Economia. (*) projeção.
Gráfico 11 Produção de produtos de minerais não-metálicos, índice base 2012 = 100
120,0
80,0
60,0
40,0
20,0
2012
2013
2014
Fonte: IBGE. (*) projeção.
2015
2016
2017
2018
2019
2020*
Gráfico 12 Produção de produtos de minerais não-metálicos, por segmento, variação acumulada no ano*, 2020 10,0% 4,2%
5,0% 0,0% -5,0%
-7,2%
-10,0%
-11,9%
-15,0% -20,0% -25,0% -27,7%
-30,0% -35,0% -40,0%
Produtos minerais não-metálicos A retração observada no primeiro trimestre do ano de 4,8% da fabricação de produtos minerais não metálicos – que engloba as indústrias de vidro, cimento, artefatos de concreto e fibrocimento, produtos cerâmicos e aparelhamento de pedras – intensificou-se nos três meses seguintes. Como resultado, entre janeiro e junho, a produção do conjunto desses produtos apresentou queda de 13,7% na comparação com os primeiros seis meses de 2019, enquanto que o nível médio do emprego declinou 0,8% no mesmo período.
100,0
-
A expansão do emprego formal no segmento de extração de pedra, areia e argila começou o ano em um ritmo superior ao crescimento registrado em 2019 (0,3%). Entre janeiro e março, o nível médio do emprego formal avançou 1,1%. Nos meses de abril e maio, no entanto, houve perda líquida de postos, reduzindo a expansão acumulada do nível médio do emprego até maio para 0,6%. Em linha com essa desaceleração, arrecadação da CFEM declinou 6,8%, em termos nominais, no acumulado no mesmo período, ainda que no acumulado até junho, a alta seja 1,3%, indicando alguma recuperação na margem.
Segmentos industriais Ao fim do primeiro trimestre de 2020, os cinco segmentos da indústria de produtos minerais não metálicos registravam queda de produção, com destaque para a retração de 11,6% para a fabricação de produtos cerâmicos. Com a ampliação das medidas de contenção da covid-19, essa queda ficou mais pronunciada para quatro dos cinco segmentos. Assim, no acumulado entre janeiro e junho, foram registradas as seguintes variações em relação ao mesmo período de 2019: vidro (-34,5%), produtos cerâmicos (-27,7%), aparelhamento de pedras (-11,9 %) e artefatos de concreto e fibrocimento (-7,2%). O destaque positivo foi a produção de cimento, com crescimento acumulado de 4,2% até junho.
-34,5% Vidro
Cimento
Fonte: IBGE.(*) até junho.
Artefatos de concreto e fibrocimento
Produtos cerâmicos
Aparelhamento de pedras
7
AGRICULTURA
Gráfico 13 Área lavoura plantada, variação entre as safras de 2020 e 2019, (%) 4,0%
3,0%
2,0%
1,8%
Área de lavoura e produção agrícola
2,9%
2,8%
2,0% 1,4%
1,0% 0,6% 0,1%
0,0%
Fonte: IBGE.
Gráfico 14 Produção de bens agroindustriais**, índice base 2012 = 100
Agroindústria
140,0 120,0 100,0
80,0 60,0 40,0 20,0 -
2012
2013
2014
2015
2016
2017
De acordo com o último levantamento do IBGE, a área plantada na safra de 2020 deve ter expansão de 1,8% em relação à anterior, chegando a 80,647 milhões de hectares. Em termos de lavouras, os destaques são a soja, com alta de 2,9% da área plantada, e o milho - 1ª Safra (2,8%) Com respeito à produção prevista para 2020, a previsão de uma nova safra recorde se mantém, com uma estimativa de 247,416 milhões de toneladas de cereais, leguminosas e oleaginosas, correspondendo a um crescimento de 2,5% ante a safra de 2019. A expansão da soja, com alta de 5,6% da produção, seguida pela laranja (4,1%) e milho – 1ª Safra (2,8%) são os destaques.
2018
2019
2020*
Fonte: IBGE. (*) projeção. (**) Inclui a fabricação de óleos vegetais, o refino de açúcar e a produção de celulose e biocombustíveis.
Gráfico 15 Exportações da agroindústria*, em US$ milhões 70.000 60.000 50.000 40.000 30.000 20.000
Após três anos consecutivos de crescimento, a produção do segmento industrial de produtos da agroindústria – que inclui as indústrias de óleos vegetais, a fabricação e refino de açúcar e a produção de celulose e biocombustíveis – segue em expansão em 2020. No acumulado entre janeiro e maio, na comparação com o mesmo período do ano passado, houve aumento de produção em todos os setores desse segmento, com a produção do conjunto avançando 5,5% nesse período. Os destaques foram a fabricação e refino de açúcar (40,3%) e a fabricação de celulose e outras pastas para a fabricação de papel (4,6%). Exportações Entre janeiro e junho de 2020, as exportações da agroindústria tiveram alta de 18,4% frente às vendas do primeiro semestre do ano passado, totalizando até junho US$ 32,366 bilhões. Tal desempenho positivo se dá após o resultado negativo de 2019, quando as vendas externas do setor tiveram queda de 17,1% frente a 2018. No primeiro semestre de 2020, os destaques positivos foram as vendas de açúcar e álcool (alta de 45,4%) e do complexo soja (28,7%), enquanto que o destaque negativo foi o segmento de papel e celulose, com queda de 24,8% das exportações.
10.000 0
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020*
Fonte: Ministério da Economia. (*) Inclui as exportações de açúcar, álcool, papel, celulose, soja (inclusive óleo) e suco de laranja
8
SERVIÇOS DE INFRAESTRUTURA
Gráfico 16 Consumo de energia elétrica, em TWh 400,0 350,0 300,0
Energia elétrica
250,0 200,0 150,0 100,0 50,0 0,0
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020*
Fonte: ANEEL. (*) projeção.
Gráfico 17 Volume de serviços de transportes, índice base 2012 = 100
Entre janeiro e abril de 2020, o consumo de energia elétrica no país declinou 4,0% em relação ao primeiro quadrimestre de 2019, de acordo com dados da ANEEL. Tal desempenho se deve, em larga medida, às medidas de isolamento social e de restrição a atividades econômicas não essenciais tomadas para conter a disseminação da covid-19, adotadas a partir de meados de março. Como resultado, o faturamento do setor em termos nominais teve retração de 1,5% no mesmo período de comparação - queda inferior à do consumo em decorrência da elevação de 2,6% da tarifa média de fornecimento.
120,0
Transportes
100,0
Da mesma forma, a evolução do volume de serviços do setor de transportes até maio de 2020 foi afetada negativamente pelas medidas de contenção da covid19. Com as medidas de isolamento social implementadas a partir da segunda quinzena de março, houve uma retração substancial dos serviços de transportes, com queda acumulada entre janeiro e maio da ordem de 8,0% do volume e de 6,9% do faturamento nominal do setor, de acordo com informações do IBGE. No período, o destaque negativo foi a retração do segmento de transportes aéreos, com queda de 30,4% do volume e de 30,6% do faturamento nos cinco primeiros meses do ano.
80,0
60,0
40,0
20,0
0,0
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020*
Fonte: IBGE. (*) projeção.
Gráfico 18 Volume de serviços de telecomunicações, índice base 2012 = 100
Telecomunicações O volume de serviços do setor de telecomunicações, por sua vez, vem apresentando desempenho negativo desde o início do ano, na sequência da queda registrada no ano passado, de 0,9%. No contexto das medidas para conter a pandemia, houve um declínio mais acentuado a partir de março. Com isso, a variação acumulada passou de -3,2% no primeiro bimestre do ano para -3,9% no acumulado entre janeiro e maio na comparação com o mesmo período do ano passado.
120,0
100,0
80,0
60,0
40,0
20,0
0,0
2012
2013
2014
Fonte: IBGE. (*) projeção.
2015
2016
2017
2018
2019
2020*
9
CRÉDITO E INGRESSO DE CAPITAIS
Gráfico 19 Financiamento habitacional em R$ bilhão** 200
Imobiliário
150
100
50
0
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020*
Fonte: ABECIP e Caixa Econômica Federal. (*) projeção. (**) a preços constantes, inclui SBPE e FGTS, média dos últimos 36 meses.
Gráfico 20 Valor dos projetos na área de infraestrutura em consulta no BNDES, R$ bilhões** 300,000
250,000
200,000
150,000
100,000
50,000
0,000
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020*
Fonte: BNDES. (*) projeção. (**) Valores correntes, média dos últimos 36 meses.
Gráfico 21 Créditos concedidos do FGTS para o financiamento da infraestrutura urbana, em R$ bilhões** 30,000
25,000
20,000
15,000
10,000
5,000
0,000
2012
2013
2014
2015
2016
2017
Fonte: Caixa Econômica Federal. (*) projeção. (**) Valores correntes, média dos últimos 36 meses.
2018
2019
2020*
Em 2020, a carteira de imóveis residenciais financiados pelo SBPE e pelo FGTS nos últimos 36 meses avançou 9,7% em relação a 2019. Esse resultado se deveu à evolução positiva das operações no âmbito do SBPE. Em termos de valores de financiamento, estima-se que as carteiras do SBPE e do FGTS de crédito concedido nos últimos 36 meses atinjam R$ 380 bilhões bilhões em 2020, montante 9,3% superior ao de 2019 em termos reais. O desempenho nos últimos três meses de 2020, contudo, é alarmante. BNDES O volume de consultas de empréstimos ao BNDES de empresas da área de infraestrutura teve retração de 24,9% no acumulado nos últimos 12 meses até março deste ano, segundo as últimas informações divulgadas pelo banco. Vale destacar que, em 2019, as consultas para o segmento da infraestrutura registraram queda de 36,8% em relação ao ano anterior. Tomando um horizonte mais longo, de 36 meses, o montante dos projetos de infraestrutura em consulta no banco ao longo dos 36 meses anteriores atingiu R$ 155,986 bilhões em 2017 em valores correntes, declinando para R$ 119,587 bilhões ao final de 2018 e para R$ 103,342 bilhões em 2019. Com base no resultado do primeiro trimestre, o montante em 2020 deve ficar pouco abaixo dos R$ 90,0 bilhões em consulta nos 36 meses anteriores. FGTS infraestrutura urbana A indicação de crescimento, dada pela expansão em 2019 de 14,1% dos valores de créditos concedidos do FGTS para o financiamento da infraestrutura urbana nos últimos 36 meses, foi revertida no primeiro semestre do ano. Essa reversão se deveu à queda acentuada de 38,9% dos empréstimos para saneamento nos primeiros seis meses de 2020 na comparação com o mesmo período do ano passado. Por outro lado, no caso dos empréstimos para mobilidade urbana, houve um crescimento de 8,3% no primeiro semestre do ano. Como resultado, o total de financiamento para infraestrutura urbana declinou 23,8% no acumulado entre janeiro e junho, fazendo com nos últimos 36 meses até junho de 2020 se registrasse uma queda de 18,7% nesses financiamentos.
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Gráfico 22 Crescimento, inflação e câmbio
5,252
6,0%
3,8%
4,0% 2,0%
4,3%
3,654
4,000
Macroeconomia
2,0%
1,3% 1,1%
0,0% -2,0% -4,0% -6,0%
-5,7%
-8,0%
Crescimento econômico
Inflação
2018
Câmbio
2019
2020
Fonte: Ex Ante Consultoria Econômica.
Gráfico 23 Nível de atividades nos serviços de infraestrutura, taxa de crescimento (%) 2,0%
1,1%
0,0% -0,7%
-2,0% -2,6%
-4,0%
-3,9%
-6,0%
-5,6%
-10,0% -12,0% -12,4% Energia elétrica
Transportes 2019
Fonte: Ex Ante Consultoria Econômica.
Telecomunicações 2020
Gráfico 24 Investimentos em construção, por segmento, em R$ bilhões 180,000 160,000 140,000 120,000 100,000 80,000 60,000 40,000 20,000 Habitação
Em termos de inflação, espera-se que o custo de vida tenha um crescimento menor. O câmbio deve se desvalorizar ligeiramente, passando do patamar de R$ 4,00 por US$ na média de 2018 para R$ 5,25 por US$ em 2020.
Infraestrutura urbana 2019
Fonte: Ex Ante Consultoria Econômica.
Para 2020, em razão da crise, espera-se queda da demanda por serviços de infraestrutura. O consumo de energia elétrica deverá cair 5,6% em razão da retração da demanda dos setores industrial e de serviços. O setor de serviços de transportes deve sofrer retração de demanda de 12,4%, e o de serviços de telecomunicações, de 3,9%. Essas quedas provocarão forte retração da capacidade de investir desses setores nos próximos dois a três anos. Investimentos em obras
200,000
-
Como discutido na Carta de Conjuntura desta publicação, o quadro econômico e sanitário se agravaram nos últimos três meses. Essa evolução desfavorável aponta para uma queda do PIB da economia brasileira de 5,7% em 2020, uma situação que ainda pode ser evitada, mas que para tanto requer ações mais contundentes dos governos. A queda virá em razão da retração do consumo das famílias, das exportações e dos investimentos. Os dados de desemprego da mão de obra, de queda da renda das famílias e de fechamento de empresas observados de março a junho de 2020 reforçam esse cenário ruim. Note-se, contudo, que um agravamento do quadro sanitário pode piorar ainda mais o cenário recessivo.
Serviços de infraestrutura
-8,0%
-14,0%
PERSPECTIVAS 2020
2020
Energia, telecom e transportes
Em termos de investimentos em novas moradias e reformas, espera-se redução 6,8% para 2020 em relação a 2019. Essa retração é resultado do volume menor de contratações realizadas em 2018 e 2019 e que estarão em fase de edificação neste ano e da falta de crédito e renda para a venda de materiais de construção no comércio varejista. Os investimentos em infraestrutura urbana apontam tendência de retração de 16,2% este ano e os dispêndios de capital nos setores de transportes, energia e telecomunicações devem cair 4,9%. Com isso, os investimentos em obras devem retroceder 6,4% em 2020, com impactos em toda a cadeia produtiva da construção.
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