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A Lavoura DIRETOR RESPONSÁVEL

Antonio Mello Alvarenga Neto EDITORA

Cristina Baran editoria@sna.agr.br ENDEREÇO

Av. General Justo, 171 - 7º andar 20021-130 - Rio de Janeiro - RJ Tel.: (21) 3231-6350 Fax: (21) 2240-4189 ENDEREÇO ELETRÔNICO

www.sna.agr.br e-mails: alavoura@sna.agr.br redacao.alavoura@sna.agr.br

DIAGRAMAÇÃO / EDITORAÇÃO ELETRÔNICA Paulo Américo Magalhães Tel: (21) 2580-1235 / 8126-5837 e-mail: pm5propaganda@terra.com.br COLABORADORES DESTA EDIÇÃO:

Adilson Rodrigues Antonio Marcos da Costa Bruno Zamora Teoro Caio Rodrigo Albuquerque Carla Gomes Cesário Ramalho da Silva Eduardo Pinho Rodrigues Fernanda Diniz Gildo José Faria Ibsen de Gusmão Câmara Jacira Collaço Joana Silva José de Sampaio Góes José Eudes de Moraes Oliveira Joseani M. Antunes Laila Muniz Liliane Castelões Luís Alexandre Louzada Marcelino Ribeiro Márcia Brandão Marília Saveri Paulo A. Schwab Paulo de Castro Marques Raimundo Estevam Rubens Neiva Tânia Maria Leal

É proibida a reprodução parcial ou total de qualquer forma, incluindo os meios eletrônicos, sem prévia autorização do editor. ISSN 0023-9135

ANO 114 - N O 684

TECNOLOGIA Uva: manejo de pragas com feromônio

O uso da técnica resultou na redução drástica da população do inseto nas áreas pesquisadas sem qualquer dose de insumos químicos

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PECUÁRIA DE CORTE Pecuarista precisa entender o seu papel na produção de carne de qualidade

A produção de carne de qualidade independe da raça, mas é preciso extrair o melhor de cada uma delas, com seleção genética constante

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INOVAÇÃO Biotecnologia a favor do meio ambiente

Técnicas inovadoras têm procurado eliminar componentes tóxicos de áreas agrícolas

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SANIDADE VEGETAL Adubação parcelada para a cultura da batata

Capa: Murilo Goes / Dorper

Campo Verde Site: www.dorpercampoverde.com.br

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CAPA Ovinocultura na mira de investidores

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Como antecipar o primeiro cio pós-parto em ovelhas Santa Inês

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PESQUISA Mercado é desafio do programa de melhoramento de soja

Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva de seus autores, não traduzindo necessariamente a opinião da revista A Lavoura e/ou da Sociedade Nacional de Agricultura

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A Lavoura

BOVINOS Pneumonia bovina no inverno

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APICULTURA Como promover a sustentabilidade com a criação de abelhas

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SNA 114 ANOS

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PANORAMA

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SOBRAPA

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BIOTECNOLOGIA

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SOCIEDADE RURAL BRASILEIRA - SRB

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ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO

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ORGANICSNET

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EMPRESAS

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DIRETORIA GERAL

DIRETORES

PRESIDENTE

FRANCISCO JOSÉ VILELA SANTOS HÉLIO MEIRELLES CARDOSO JOSÉ CARLOS AZEVEDO DE MENEZES LUIZ MARCUS SUPLICY HAFERS RONALDO DE ALBUQUERQUE SÉRGIO G OMES M ALTA

A N T O N I O M E L L O A LVA R E N G A N E T O 1° VICE-PRESIDENTE

ALMIRANTE IBSEN

DE

GUSMÃO CÂMARA

2° VICE-PRESIDENTE

OSANÁ S ÓCRATES

DE

ARAÚJO ALMEIDA

3° VICE-PRESIDENTE

COMISSÃO FISCAL

JOEL NAEGELE

ROBERTO PARAÍSO ROCHA CLAUDINE BICHARA DE OLIVEIRA PLÁCIDO MARCHON LEÃO

4° VICE-PRESIDENTE

TITO BRUNO BANDEIRA RYFF

FUNDADOR

Academia Nacional de Agricultura

E

DIRETORIA TÉCNICA LEOPOLDO GARCIA BRANDÃO R O B E R T O F E R R E I R A D A S I LVA P I N T O M A R I A B E AT R I Z B L E Y M A R T I N S C O S TA ROSINA VILLEMOR CORDEIRO GUERRA S Y LV I A W A C H S N E R S Y LV I A D E B O T T O N B R A U T I G A M JOHN RICHARD LEWIS THOMPSON ALBERTO WERNECK DE FIGUEIREDO MA R I A H E L E N A M A R T I N S F U R TA D O JAIME ROTSTEIN JOSÉ CARLOS DA FONSECA A N T Ô N I O D E A R A Ú J O F R E I TA S J R .

P AT R O N O : O C TAV I O M E L L O A LVA R E N G A

CADEIRA

PATRONO

TITULAR

01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41

E NNES DE S OUZA M OURA B RASIL C AMPOS DA P AZ B ARÃO DE C APANEMA A NTONINO F IALHO W ENCESLÁO B ELLO S YLVIO R ANGEL P ACHECO L EÃO L AURO M ULLER M IGUEL C ALMON L YRA C ASTRO A UGUSTO R AMOS S IMÕES L OPES E DUARDO C OTRIM P EDRO O SÓRIO T RAJANO DE M EDEIROS P AULINO F ERNANDES F ERNANDO C OSTA S ÉRGIO DE C ARVALHO G USTAVO D UTRA J OSÉ A UGUSTO T RINDADE I GNÁCIO T OSTA J OSÉ S ATURNINO B RITO J OSÉ B ONIFÁCIO L UIZ DE Q UEIROZ C ARLOS M OREIRA A LBERTO S AMPAIO E PAMINONDAS DE S OUZA A LBERTO T ORRES C ARLOS P EREIRA DE S Á F ORTES T HEODORO P ECKOLT R ICARDO DE C ARVALHO B ARBOSA R ODRIGUES G ONZAGA DE C AMPOS A MÉRICO B RAGA N AVARRO DE A NDRADE M ELLO L EITÃO A RISTIDES C AIRE V ITAL B RASIL G ETÚLIO V ARGAS E DGARD T EIXEIRA L EITE

R OBERTO F ERREIRA DA S ILVA P INTO J AIME R OTSTEIN E DUARDO E UGÊNIO G OUVÊA V IEIRA F RANCELINO P EREIRA L UIZ M ARCUS S UPLICY H AFERS R ONALDO DE A LBUQUERQUE T ITO B RUNO B ANDEIRA R YFF F LÁVIO M IRAGAIA P ERRI J OEL N AEGELE M ARCUS V INÍCIUS P RATINI DE M ORAES R OBERTO P AULO C ÉZAR DE A NDRADE R UBENS R ICUPERO P IERRE L ANDOLT A NTONIO E RMÍRIO DE M ORAES I SRAEL K LABIN

S YLVIA W ACHSNER A NTONIO D ELFIM N ETTO R OBERTO P ARAÍSO R OCHA J OÃO C ARLOS F AVERET P ORTO

A NTONIO C ABRERA M ANO F ILHO J ÓRIO D AUSTER A NTONIO C ARREIRA A NTONIO M ELLO A LVARENGA N ETO I BSEN DE G USMÃO C ÂMARA JOHN RICHARD LEWIS THOMPSON J OSÉ C ARLOS A ZEVEDO DE M ENEZES A FONSO A RINOS DE M ELLO F RANCO R OBERTO R ODRIGUES J OÃO C ARLOS DE S OUZA M EIRELLES F ÁBIO DE S ALLES M EIRELLES L EOPOLDO G ARCIA B RANDÃO A LYSSON P AOLINELLI O SANÁ S ÓCRATES DE A RAÚJO A LMEIDA D ENISE F ROSSARD E DMUNDO B ARBOSA DA S ILVA E RLING S. L ORENTZEN

SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA · Fundada em 16 de janeiro de 1897 · Reconhecida de Utilidade Pública pela Lei nº 3.459 de 16/10/1918 Av. General Justo, 171 - 7º andar · Tel. (21) 3231-6350 · Fax: (21) 2240-4189 · Caixa Postal 1245 · CEP 20021-130 · Rio de Janeiro - Brasil e-mail: sna@sna.agr.br · http://www.sna.agr.br ESCOLA WENCESLÁO BELLO / FAGRAM · Av. Brasil, 9727 - Penha CEP: 21030-000 - Rio de Janeiro / RJ · Tel. (21) 3977-9979

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S NA

Carta da

Firme no leme

N A

presidente Dilma Roussef tem demonstrado uma inegável capacidade gerencial, profundo conhecimento dos problemas brasileiros, além de vasta experiência política. No entanto, notamos que o país atravessa um momento de grande incerteza, em parte decorrente das turbulências internacionais, mas que também tem fundamentos em nossas instabilidades internas. Estamos otimistas com o futuro do país, mas ao mesmo tempo preocupados com a insegurança causada por declarações contraditórias e indefinições dos responsáveis pela condução de nossa política econômica. Como o governo pretende combater a inflação mantendo acelerado o crescimento econômico e o nível de emprego? Quando e como será implementada uma necessária reforma fiscal? Nestas e em outras questões importantes da política econômica parecem-nos faltar mais unidade e clareza de propósitos. Assistimos recentemente às interferências governamentais na Petrobras e na Vale. Vimos como elas assustaram os investidores. Desde que o governo lançou a Petrobras no projeto do pré-sal as ações da empresa caíram mais de 40%. Por outro lado, a forçada troca do comando da Vale fez suas ações despencarem 20%. São exemplos flagrantes de destruição de valor causadas pela insegurança. No caso do agronegócio, além das indefinições macro-econômicas, temos as questões específicas do setor, como é o caso do Código Florestal (que até o fechamento dessa edição ainda não havia

sido votado, após três tentativas frustradas). Também contribuem para a insegurança do agronegócio as contradições jurídicas dos instrumentos de venda de terras para estrangeiros. Neste último caso, a SNA apresentará em breve um estudo, elaborado em conjunto com a Comissão de Direito Agrário do Instituto dos Advogados Brasileiros, contendo uma análise isenta sobre o assunto e propondo a elaboração de uma nova lei para regular o tema. A insegurança é um dos maiores entraves para a manutenção de um saudável desenvolvimento econômico e social. O país necessita de mais segurança e estabilidade econômica. Os produtores precisam de mais tranquilidade no agronegócio. Confiamos na presidente Dilma. Temos a certeza que ela, com sua experiência e bom senso, saberá superar as indefinições típicas de inicio de governo. Firme no leme, presidente Dilma.

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Nesta edição de A Lavoura trazemos boas reportagens sobre a criação de ovinos, uma atividade que tem grande potencial de crescimento país. Também há diversas matérias com foco em tecnologia além das demais seções habituais de nossa revista. Boa leitura!

Antonio Mello Alvarenga Neto

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O ministro Wagner Rossi conversou com o presidente da SNA durante o evento, antes da reunião que realizou com os ministros da Agricultura da Argentina, Uruguai, Paraguai, Bolívia e Chile

controle remoto e munidas de sensores e câmeras que identificam a umidade relativa do ar, a temperatura, a velocidade do vento e executam

serviços muito mais precisos e econômicos. Segundo Antonio Alvarenga, a Agrishow reflete a exuberância do

DIVULGAÇÃO

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presidente da Sociedade Nacional de Agricultura, Antonio Alvarenga, compareceu à solenidade de inauguração da 18ª edição da Agrishow - Feira Internacional da Tecnologia Agrícola, em Ribeirão Preto (SP), que neste ano apresentou um incremento de 15% na área de exposições. A mostra ocupou 18 hectares destinados aos estandes e 100 hectares para as demonstrações de campo, com apresentação de 765 empresas. Durante o evento, o presidente da SNA conheceu os últimos avanços da agricultura brasileira, inclusive as novidades na área da agricultura de precisão. Modernas máquinas dotadas de ar condicionado, acopladas a GPS, tornaram-se lugar comum na feira, assim como plantadeiras capazes de semear 150 hectares de grãos por dia. E surgem máquinas cada vez mais “inteligentes”, operadas por

CRISTINA BARAN

SNA participa da Agrishow, em Ribeirão Preto

Roberto Rodrigues: “Caminhando contra o vento”

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urante a abertura da 18ª Agrishow, o ex-ministro Roberto Rodrigues lançou seu mais recente livro, “Caminhando contra o vento”. A obra é uma coletânea de artigos e trabalhos produzidos nos últimos 30 meses e que foram publicados em diversos veículos de comunicação. Além de reunir comentários acerca de temas e questões que interessam ao homem do campo, o autor também dedica um capítulo às histórias (ou “causos”), colhidos em suas andanças pelo interior do Brasil. É um retrato fiel da realidade rural, com o tempero da cultura genuinamente brasileira.

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Roberto Rodrigues autografa um exemplar do livro para a biblioteca da SNA, a pedido da editora de A Lavoura, Cristina Baran

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Vera, a senadora Kátia Abreu, presidente da Confederação Nacional de Agricultura (CNA), além de diversos representantes de entidades empresariais e técnicas ligadas ao agronegócio. Na ocasião, o governador Alckmin e a prefeita Dárcy Vera firmaram convênio assegurando a permanência da mostra na cidade pelos próximos 30 anos. Também estiveram presentes os

ministros de Agricultura que formam o Conselho Agropecuário do Sul (CAS); ministros da Agricultura da Argentina, Julian Dominguez, e do Uruguai, Tabaré Aguerre; a ministra do Desenvolvimento Rural e Terras da Bolívia, Nemesia Achacollo; o vice-ministro da Agricultura do Paraguai, Armin Hamann, e o diretor do Ministério da Agricultura do Chile, Gustavo Rojas.

CRISTINA BARAN

CRISTINA BARAN

agronegócio brasileiro. “A boa safra de 2011 e os elevados preços das commodities no mercado internacional vão impulsionar as vendas de equipamentos e insumos, contribuindo para o aumento da produtividade do setor”. Participaram da abertura da feira o ministro Wagner Rossi, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, a prefeita de Ribeirão Preto, Dárcy

A área de exposição da Agrishow 2011 teve incremento de 15%

Ministro do Trabalho defende qualificação profissional

DIVULGAÇÃO

A senadora Kátia Abreu, presidente da CNA, e Antonio Alvarenga, presidente da SNA, na abertura da Agrishow 2011

E

m reunião promovida pelo professor Candido Mendes, presidente do Fórum de Reitores do Rio de Janeiro, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi apresentou os projetos educacionais do Ministério do Trabalho e o Pronatec - Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e ao Emprego, que visa à qualificação profissional dos trabalhadores. O ministro demonstrou sua preocupação em relação à falta de mão de obra qualificada no país, e conclamou os reitores das universidades e demais instituições de ensino, públicas e privadas, a participarem de um esforço concentrado para proporcionar treinamento a oito milhões de pessoas até 2014. Durante o encontro, realizado na sede da Universidade Candido Mendes, o presidente da SNA, Antonio Alvarenga mencionou as atividades que são desenvolvidas pela instituição em seu campus educacional e ambiental na avenida Brasil, no Rio de Janeiro, destacando o trabalho promovido pela

Antonio Alvarenga e o ministro Carlos Lupi conversaram sobre os problemas da qualificação de mão de obra do agronegócio

Escola Wenscesláo Bello, com seus cursos práticos de curta duração, bem como a graduação em Medicina Veterinária, mantida em parceria com a Universidade Castelo Branco.

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Oitava estimativa da produção no ciclo 2010/2011 confirma maior valor da história, com 10 milhões de toneladas a mais que o colhido na safra anterior. Algodão, feijão e soja terão maior crescimento no período A safra de grãos do Brasil, no período 2010/2011, deve ser de 159,5 milhões de toneladas. O valor confirma recorde na produção, de acordo com oitavo levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado em meados de maio. Segundo estimativa da Conab, a safra de grãos terá aumento de 6,9% ou cerca de 10,3 milhões de toneladas a mais que a safra passada, quando foram colhidas 149,2 milhões de toneladas. Na comparação com o último levantamento, realizado em março, a produção cresceu 1,3% ou o equivalente a 2,1 milhões de toneladas. A área cultivada também cresceu, com ganho de 3,9%, atingindo 49,3 milhões de hectares (1,84 milhão de ha a mais que o utilizado no ciclo 2009/2010). O crescimento se deve à ampliação de áreas de cultivo do algodão, do feijão 1ª e 2ª safras, da soja e do arroz. A boa influência do clima sobre o desenvolvimento das plantas foi também responsável pelo resultado. O algodão apresenta-se com o maior aumento percentual em área, com cerca de 65,9% a mais que no ano passado (835,7 mil ha). Esse crescimento pode le-

JOHN DEERE/NILSON KONRAD

Safra de grãos terá aumento de 6,9%

var a uma produção de 2 milhões de toneladas de pluma, o que representa 843,7 mil t a mais. O número registrado na safra Safra de grãos 2010/2011 tem novo recorde anterior foi de 1,2 milhão de toneladas de pluma. das. A safra anterior foi de 11,7 milhões Feijão é destaque de toneladas. Outro destaque é o feijão. A área deNo milho total, a produção deverá ser verá crescer 5%, chegando a 3,8 milhões de 56 milhões de toneladas, semelhante de hectares. Em relação à safra passada, à da safra passada, quando atingiu 56,2 a produção eleva-se em 14,3%, podendo milhões de toneladas. Para o milho 2ª saalcançar 3,8 milhões de toneladas. A área fra, a estimativa é semear 5,7 milhões de da 1ª safra é de 1,4 milhão de hectares, ha, ou seja, um aumento de 8,3%, devenenquanto a da 2ª safra deverá atingir 1,6 do, produzir 21,6 milhões de toneladas. milhão de hectares e a da 3ª safra, 0,8 mil Há expectativa quanto ao comportamenhectares. to do clima para o milho 2ª safra, uma vez No caso da soja, houve uma ampliaque boa parte da lavoura foi semeada ção da área de 2,9%, alcançando 24,1 fora do período recomendado. milhões de hectares. A produção cresceu A pesquisa foi realizada por técnicos, 7,2%, alcançando 73,6 milhões de toneno período de 25 a 28 de abril, quando ladas. A colheita do grão está praticamenforam consultados representantes de te finalizada. Para o arroz, o aumento da cooperativas e sindicatos rurais, de órárea foi de 3,7%, elevando-se para 2,88 migãos públicos e privados nas regiões Sul, lhões de hectares, assim como a produSudeste, Centro-Oeste e Nordeste, além ção que deve apresentar um aumento de de parte da região Norte. 19,2%, atingindo 13,9 milhões de tonelaANTÔNIO MARCOS DA COSTA/CONAB

Extinto ICMS sobre frete de produtos agropecuários exportados Os produtos agropecuários matogrossenses destinados exclusivamente à exportação estão definitivamente isentos de recolher o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Produtos) sobre o frete. A decisão é do TJMT (Tribunal de Justiça de Mato Grosso) e foi publicada no Diário Oficial do dia 25/04. De acordo com o Núcleo Jurídico do Sistema Famato, a justiça já havia suspendido a cobrança por parte do Estado, de 17% de ICMS, por força de um Mandado de Segurança Coletivo ingressado pela entidade, em 2005. Da iniciativa resultou uma liminar favorável ao setor produtivo que suspendeu por força da lei esta cobrança. Como ainda não havia uma decisão definitiva os produtores do Estado corriam o risco de ver a determinação alterada. Se isto acontecesse teriam que devolver

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o valor do imposto dos últimos seis anos. Para o presidente do Sistema Famato, Rui Prado, a sentença definitiva traz mais tranquilidade aos produtores de Mato Grosso, principalmente de soja e algodão, setores em que mais praticam a comercialização direta. “Agora temos o respaldo definitivo da justiça. O mais importante é que todos os produtores de Mato Grosso foram beneficiados com a conclusão deste processo acompanhado pela Famato”. A questão Tributária é um dos temas transversais que o Sistema Famato acompanha e atua em defesa aos direitos da classe. Isto porque a carga tributária brasileira é uma das mais altas do mundo. E no mesmo ritmo segue o frete mato-grossense por conta da posição geográfica e outros obstáculos como a precariedade da infraestrutura e logística. Por isso, a

exclusão do imposto assegura a competitividade da produção perante outros estados mais próximos aos portos. “Estamos distantes mais de 2 mil Km dos portos. Agora temos a segurança de que esses recursos serão destinados a produção agropecuária, o que resultará em mais renda, emprego, investimentos e ganhos para a sociedade”, comenta Rui Prado. Para a modalidade de exportação direta, praticada na maioria por grupos de produtores, a dispensa do tributo sobre o frete é determinante para o sucesso da operação. De acordo com informações do CentroGrãos, centro comercialização ligado ao Sistema Famato, o preço do frete de Sorriso (MT) ao porto de Santos (SP), por exemplo, gira em torno de R$ 210,00 por tonelada (t). Se fosse cobrado o ICMS, o valor chegaria a R$ 245,00/t. Num comparativo por saca o produtor desembolsaria com o imposto embutido no frete R$ 14,7, o que representa quase a metade dos R$ 35,40 cotados nesta quarta-feira pelo Imea.

A Lavoura

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IAC

IAC lançou na Agrishow 2011 dez novos materiais de milho, feijão, café, arroz e aveia O Instituto Agronômico (IAC), da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, participou da Agrishow a fim de se aproximar dos usuários das tecnologias agrícolas geradas pelo IAC, sediado em Campinas. Agricultores e demais profissionais das cadeias de produção do agronegócio brasileiro tiveram a oportunidade de conhecer parte dos resultados científicos desenvolvidos no IAC, que em junho deste ano irá completar 124 anos de pesquisa.

Respostas tecnológicas Por meio dos contatos realizados durante a Agrishow, o IAC mostrou dezenas de respostas tecnológicas já geradas, capazes de aperfeiçoar as atividades agrícolas nos diversos campos. A interação ainda é importante para orientar a programação científica do Instituto, que também se baseia nas demandas do setor para organizar o planejamento de suas pesquisas. Foram 12 novidades, entre variedades de plantas e tecnologia de aplicação de agrotóxico. MILHO: os híbridos IAC 3330 e IAC 8390 e a variedade IAC Airan apresentam os melhores custo-benefício entre os similares comerciais. O IAC 3330 apresenta a mesma resistência com e sem fungicidas. É ideal para a safrinha, pois dispensa custos com a proteção preventiva. FEIJÃO: Redução de 30% na aplicação de defensivos e alta produtividade são atrativos para produtores. Menor tempo de cozimento e alto valor protéico agradam os consumidores finais. CAFÉ: Três novas cultivares IAC de café tipo arábica com alta produtividade, porte baixo, maturação precoce e qualidade da bebida consideradas excelente, ótima e boa. São elas a Tupi RN IAC 1669-13, Ouro Verde IAC H 50105 e Obatã Amarelo IAC 4739. Duas delas, a Tupi RN IAC 1669-13 e Obatã Amarelo IAC 4739, são resistentes à principal doença do café, a ferrugem, característica que reduz em cerca de 10% a aplicação de defensivos agrícolas. ARROZ: IAC 203 e a IAC 204 possuem, respectivamente, 71% e 72% maior rendimento em teste industrial. São adequadas para o cultivo em terras altas, ou em condições de sequeiro.

Variedade IAC Formoso lançado na Agrishow 2011

Tecnologia de aplicação de agrotóxicos A avaliação de pulverizadores — uma das atividades do Programa Aplique Bem —, desenvolvido pelo Instituto Agronômico (IAC), dará origem a um banco de dados específico e inédito sobre qualidade de pulverizadores no Brasil. O Programa reuniu informações sobre 700 máquinas, aproximadamente, avaliadas em três anos e meio de atividades do Programa.

EPI na agricultura IAC firmou também parceria por meio do Programa IAC de Qualidade em Equipamentos de Proteção Individual na Agricultura (QUEPIA) com a ANDEF (Associação Nacional de Defesa Vegetal), ANDAV (Associação Nacional dos Distribuidores de Insumos Agrícolas e Veterinários) e OCESP (Organização das Cooperativas do Estado de São Paulo)/ SESCOOP (Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo no Estado de São Paulo) com o objetivo de ampliar a ação do QUEPIA nas atividades de controle de qualidade dos equipamentos de proteção individual (EPI) na agricultura. Protocolo foi assinado na Agrishow.

Frutas Também estiveram no plot do IAC as fruteiras: goiaba, acerola, uva, maçã, atemóia e os abacaxis IAC Gomo de Mel, que não requer descasca, e IAC Fantástico, que não tem espinhos na coroa, facilitando o manejo. Os dois são bastante doces e de polpa amarelo intenso. A revista A Lavoura trará em suas próximas edições, informações mais detalhadas sobre o manejo de cultura dos novos materiais lançados pelo IAC na Agrishow. CARLA GOMES - IAC

Milho: nova classificação é boa para os produtores A FAEP e a Ocepar obtiveram, no final de abril, em reunião com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em Brasília, ótimos resultados para o novo padrão oficial de classificação do milho que beneficiará os produtores rurais. Participaram da reunião 43 representantes dos produtores, a Comissão de Cereais da FAEP, além de exportadores e representantes da indústria. O Mapa apresentou um projeto com padrões extremamente rígidos, se considerado o perfil do milho produzido

pelo Paraná, maior produtor do país. “Corríamos o risco de deixar fora dos padrões imaginados pelo MAPA entre 30% e 70% da produção paranaense”, disse o economista Pedro Loyola, coordenador do Departamento Técnico Econômico da FAEP e representante da entidade na consulta pública. Agora as decisões serão compiladas e publicadas oficialmente pelo Mapa. O novo padrão oficial do milho entrará em vigor em julho de 2012, junto com os do trigo. Os atuais padrões datam de 1976.

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s números da comercialização de sêmen bovino (corte e leite) de 2010 anunciados no final do mês de março de 2011, pela Associação Brasileira de Inseminação Artificial, trazem uma agradável e positiva constatação: o pecuarista está, sim, empenhado em melhorar sua base genética e dar sua contribuição para o aumento da oferta de carne bovina de qualidade superior. Essa comprovação está nos números das duas raças bovinas mais utilizadas pelos produtores no país. O Nelore continua na liderança, com cerca de 2,9 milhões de doses ou perto de 30% de todo o volume de sêmen (10,45 milhões de doses) vendido no ano passado. Na segunda posição e cada vez mais consolidado,

vem o Angus, com 17,2% do total. Brahman, Guzerá, Hereford, Simental, Senepol, Tabapuã e Braford também aparecem bem no levantamento. Sob os olhos do mundo, a preferência dos pecuaristas brasileiros por Nelore e Angus mostra o fortalecimento do cruzamento industrial. O choque sanguíneo entre os machos zebuínos e as fêmeas taurinas é a combinação mais indicada para a produção de animais precoces, com excelente ganho de peso e bom acabamento de carcaça. Em outras palavras, está aí o foco da atividade na busca de melhor carne. O histórico recente da venda de sêmen também depõe a favor do Angus, raça tida como a produtora

DAVID BERTIOLI

O

Biotecnologia do amendoim é discutida pela primeira vez no País A Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia vai sediar a Quinta Conferência Internacional da Comunidade Científica de Amendoim no período de 13 a 16 de junho de 2011. Essa é a primeira vez que este evento é realizado no Brasil e na América do Sul e vai reunir cerca de 100 especialistas de mais de 10 países, como Brasil, Argentina, China, Nigéria, Senegal, Estados Unidos, Índia e Mali, entre outros, para discutir a importância de ferramentas modernas como biotecnologia e genômica para aumentar a produtividade, a qualidade e a segurança das pesquisas com amendoim. A Conferência é voltada a pesquisadores, estudantes e outros profissionais que trabalhem com a cultura de amendoim, com foco em genômica e biotecnologia como ferramentas capazes de gerar variedades mais nutritivas, produtivas e resistentes a doenças e estresses ambientais. Além da importância de receber um evento deste porte pela primeira vez no Brasil, a Quinta Conferência tem outro predicado muito especial, como explica uma das coordenadoras e pesquisadora da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Soraya Bertioli. “O amendoim é uma leguminosa de grande importância na alimentação humana e o gênero é originário do Brasil. Por isso, a realização desse evento no país marca uma espécie de volta às ori10

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gens. Tem realmente um significado muito especial para nós, cientistas”, comemora. A Conferência é resultado de uma iniciativa denominada Avanços em Arachis através de Genômica e Biotecnologia (AAGB), promovida pela comunidade científica internacional para facilitar a comunicação entre cientistas e indústria no desenvolvimento de novas variedades de amendoim com maior qualidade e aceitação pelo consumidor.

Amendoim: importância nutricional e social O amendoim é uma das leguminosas produtoras de grãos mais plantadas em todo o mundo devido ao seu alto conteúdo de proteína e óleos insaturados. É extremamente importante na alimentação dos povos de alguns países da América Latina, da África e Ásia. Tem um importante papel social, na segurança nutricional e na sustentabilidade da agricultura em áreas áridas e semiáridas de diversos países dos cinco continentes. Segundo Bertioli, apesar de ser uma cultura muito importante do ponto de vista econômico, as informações sobre o cultivo de amendoim estavam muito dispersas no mundo. Por isso, a iniciativa de criar a AAGB foi determinante, pois vem possibilitando a troca de experiências entre os países em relação às pesquisas de amendoim, com foco em biotecnologia e genômica. Essas ferramentas são fundamentais

O amendoim é uma das leguminosas mais plantadas no mundo

para tornar a cultura do amendoim mais competitiva em vista dos desafios crescentes de aumento de pressão demográfica e escassez de recursos naturais. A biotecnologia e a genômica podem contribuir significativamente para sustentar o aumento da demanda de produtividade por hectare, sem ampliar a fronteira agrícola. Uma nova estratégia, como explica a pesquisadora, é ampliar a base genética da cultura de amendoim, que é bastante estreita, através do cruzamento com parentes silvestres a partir de ferramentas moleculares.

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TEXTO ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO

Venda de sêmen bovino aumenta com foco na eficiência produtiva

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FERNANDA DINIZ


da melhor carne no mundo. Nos últimos seis anos, a comercialização de genética da raça triplicou, chegando agora a 1,79 milhão de doses em 2010. Outro dado importante no relatório da Asbia passa pelo aumento dos negócios com sêmen de maneira geral. Tomando como exemplo as raças bovinas de corte, o total comercializado no ano passado aumentou 15,6% sobre os números do ano anterior. Esse avanço da venda de genética retrata o cenário atual motivador da pecuária nacional. A produtividade aumenta a olhos vistos nas fazendas, com redução da idade das vacas ao primeiro parto, aumento do desfrute (percentual do rebanho abatido por ano) e evo-

lução do peso médio dos bovinos aos 24 meses de idade. Mais do que sinais, esses sintomas saltam aos olhos não apenas do pecuarista, mas dos frigoríficos, que podem contar com carne de melhor qualidade – e em maior quantidade – para vender no exterior, e dos próprios consumidores, que podem ter no seu prato produto de padrão superior. Embora os preços na ponta ainda estejam elevados, é indiscutível que a cadeia produtiva está fazendo a sua parte para elevar o status da atividade. Sem perder esse foco, o pecuarista precisa apenas olhar com um pouco mais de atenção para a genética melhoradora produzida no Brasil. Nos números da raça Angus, por exemplo, apenas 1/3 do total de sêmen saíram de fazendas nacionais. PAULO DE CASTRO MARQUES Presidente da Associação Brasileira de Angus (ABA)

A inseminação artificial multiplica o aproveitamento de uma genética superior

Congresso Brasileiro de Algodão discute evolução da cadeia para os próximos anos CARLOS RUDINEY

Acontece em São Paulo, de 19 a 22 de setembro de 2011, o principal encontro do setor algodoeiro nacional, o 8º Congresso Brasileiro de Algodão (CBA) e o Cotton Expo 2011, promovidos pela Associação Brasileira dos Pro- Beneficiamento do algodão dutores de Algodão - ABRAPA e realizado pela Associação Paulista dos Produtores de Algodão - APPA. Trata-se de um dos mais conceituados eventos em agronegócios por reunir os maiores produtores de algodão do Brasil (que também cultivam soja e milho), assim como especialistas na cadeia do algodão nacionais e internacionais e expositores. A “Evolução da Cadeia para Construção de um Setor Forte” será o tema que permeará as palestras, artigos ci-

entíficos apresentados e a exposição de produtos e novas tecnologias que acontecerão nos quatro dias do encontro. São mais de 100 palestrantes que promoverão uma ampla discussão entre todos os elos da cadeia econômica dentro de uma fazenda como forma sustentável de promover o desenvolvimento do setor algodoeiro. Serão abordados avanços das pesquisas, técnicas de manejo, combate a pragas, assim como análise das melhores estruturas, tecnologia no suporte ao plantio, colheita, movimentação, armazenagem e comercialização. Segundo Sérgio De Marco, presidente da ABRAPA, trata-se de um momento para ponderar como está a cadeia nacional de produçao do algodão e criar artifí-

cios para o seu crescimento. “Estamos envolvidos em uma cadeia e como tal queremos analisar todos os agentes inseridos no processo para que possamos realizar uma evolução sustentável. Nesse tipo de relação não há o crescimento isolado, se a produção cresce, o mercado também deve crescer, equalizando oferta e demanda. Indústria, serviços e logística devem crescer na mesma ordem, tornando-se ao mesmo tempo agentes e beneficiários da evolução em cadeia”, explica o presidente da ABRAPA. A importância do congresso e da feira Cotton Expo, que acontecerá simultaneamente, é também reflexo do momento atravessado pela cotonicultura no cenário mundial. O Brasil alcança, hoje, uma posição de destaque entre países produtores, como Estados Unidos e a Índia, com um crescimento de 90% nos últimos 10 anos. Segundo informações da ABRAPA, o setor tem como meta exportar mais de 700 mil toneladas em 2011. “Este encontro irá demonstrar a grandiosidade do setor frente ao mercado internacional e como o Brasil poderá avançar mais. Trará diretrizes, pesquisas e estudos sobre a cadeia produtiva para os empresários, os pesquisadores e os fornecedores. Os anos de 2010 e 2011 são um marco do setor algodoeiro no Brasil”, complementa Sérgio De Marco. Inscrições e informações: www.cba2011sp.com.br / contato@cba2011sp.com.br Telefone: (11) 5084-1383

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ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO / MINISTÉRIO DA AGRICULTURA

Valor da produção agrícola será recorde

Colheita de algodão, cuja produção deverá crescer 55,4% em 2011

Biofiltro de baixo custo

sentam quase a metade do VBP deste ano. “Dos 20 produtos analisados pelo Ministério da Agricultura, 13 terão aumento no valor da produção”, informa o coordenador de Planejamento Estratégico e responsável pelo estudo realizado desde 1997, José Garcia Gasques. “Bons preços e previsão de safra recorde são os fatores que estão influenciando o valor da renda agrícola”, explica Gasques. De acordo com o coordenador, até o fim do ano, a perspectiva é que o VBP possa ser ainda maior, já que os preços permanecem valorizados nos mercados interno e externo. Cebola, batata-inglesa, cacau, canade-açúcar, tomate, trigo e banana são os produtos que devem ter diminuição no valor da produção de 2011. LUIZ GUILHERME WADT

Estudo do Ministério da Agricultura mostra que o Valor Bruto da Produção (VBP) de 2011 será recorde. O faturamento das 20 maiores lavouras do país deve chegar a R$ 193,2 bilhões, 7,3% a mais que o registrado no ano passado. O valor é calculado a partir dos resultados da safra de grãos e preços recebidos pelos produtores. O desempenho é puxado principalmente pelo valor da produção do algodão que deve crescer 55,4% em 2011, aproximando-se de R$ 5 bilhões. A uva também apresenta aumento expressivo, passando de R$ 3 bilhões para R$ 4,5 bilhões. Além do algodão e da uva, o VBP do café em grão, do milho e da soja vão contribuir consideravelmente para o resultado. Juntos os três produtos repre-

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m biofiltro eficaz, de baixo custo de construção e manutenção para tratamento da água utilizada na criação de peixes foi apresentado pela Embrapa Meio Ambiente, na 18ª edição da Agrishow. O sistema, composto de quatro caixas, que podem ser de PVC ou fibrocimento, blocos de argila e plantas aquáticas, funciona pelo processo de recirculação da água. O analista Luiz Guilherme Rebello Wadt, explica que a primeira caixa recebe a água a ser tratada; a segunda é preenchida com blocos de argila, sem as plantas, para facilitar a lavagem; a segunda, com blocos de argila e plantas aquáticas, como a Vetiver, também conhecida como Patchouli, que tem grande capacidade de produzir biomassa radicular e ainda libera um complexo

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Biofiltro melhora qualidade da água

de enzimas que aceleram o processo de degradação de contaminantes da água. A terceira caixa é composta do mesmo material e tem a mesma função. A água da primeira caixa ou reservatório fica circulando pelo processo até zerar os contaminantes e estar pronta para ser reutilizada ou liberada no meio ambiente. “Além da eficácia e baixo custo de construção e manutenção, essa tecnologia é perfeitamente adaptável para outras escalas de aplicação, como na recirculação e tratamento da água no

Dados regionais As regiões Sul, Nordeste e Centro-Oeste terão valor da produção neste ano superiores ao verificado em 2010. Com VBP previsto de R$ 52 bilhões, o Centro-Oeste passará a ser a segunda região brasileira com maior valor da produção agrícola, ultrapassando o Sul. Em comparação com o ano passado, o resultado dos estados do centro do país será 38% maior em 2011. O Sul, com ganho de 5,61%, deve alcançar VBP de R$ 50 bilhões, e o Nordeste, com aumento estimado de 11,4%, pode chegar a R$ 20 bilhões. A região Sudeste, apesar da redução de 2,4% no VBP, ainda permanece com o maior valor do Brasil – R$ 53,1 bilhões. Entenda melhor Elaborado pela Assessoria de Gestão Estratégica desde 1997, o Valor Bruto da Produção é calculado com base na produção e nos preços de mercado das 20 maiores lavouras do Brasil. Para realizar o estudo, são utilizados dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O VBP é correspondente à renda dentro da propriedade e considera as plantações de soja, cana-de-açúcar, uva, amendoim, milho, café, arroz, algodão, banana, batata-inglesa, cebola, feijão, fumo, mandioca, pimenta-do-reino, trigo, tomate, cacau, laranja e mamona. Mensalmente, o Ministério da Agricultura divulga a estimativa do valor da produção agrícola para o ano corrente. Esse valor pode ser corrigido, de acordo com as alterações de preço e a previsão de safra anunciados ao longo do ano. LAILA MUNIZ - MINISTÉRIO DA AGRICULTURA

cultivo de organismos aquáticos, com a finalidade de melhorar a qualidade da água sem a necessidade de renovação”, afirma o analista. Os experimentos com peixes em laboratório são realizados com hormônios para a sexagem, crescimento e desenvolvimento, mas o próprio peixe também produz uréia e outros detritos. A água com esses contaminantes prejudicam o meio ambiente se for liberada sem tratamento. Com esse sistema modular de biofiltro da Embrapa Meio Ambiente, que o próprio produtor pode construir, a água pode retornar a natureza sem afetar o ambiente. Wadt lembra que os experimentos realizados em laboratório comprovaram a eficiência e eficácia do sistema. “As análises mostraram que o percentual de contaminante foi zerado, depois de passar algumas vezes por todo o processo”, afirma. JOANA SILVA - EMBRAPA INSTRUMENTAÇÃO AGROPECUÁRIA

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JOHN DEERE

Safra de cana será de 642 milhões de toneladas

Uso de bagaço de cana para geração de energia elétrica

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energia elétrica gerada com a queimado bagaço de cana produzido pelas usinas de açúcar e de álcool é o tema do mais recente estudo publicado pela Conab, após análise dos dados da safra 2009/2010, realizada pelo técnico da empresa, Ângelo Bressan Filho. “A Geração Termoelétrica com a Queima do Bagaço de Cana-de-açúcar no Brasil”, título do estudo, que foi distribuído em Ribeirão Preto/SP, durante a Agrishow. O objetivo da publicação, segundo Bressan, “é trazer um pouco de luz para uma questão estratégica para qualquer país: a geração e a distribuição de energia elétrica, com foco na utilização do bagaço no período de safra, mas que somente nos anos recentes tem conhecido algum desenvolvimento”.

Fonte energética Cana: produção será quase 3% superior à registrada no ciclo 2010/2011

A produção nacional de cana-de-açúcar a ser moída pela indústria sucroalcooleira na safra 2011/2012 deve chegar a 642 milhões de toneladas. O número é recorde nacional e representa um aumento de 2,9% na produção total, em relação ao ciclo 2010/2011. O resultado faz parte do primeiro levantamento do ciclo, divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O aumento da produção se deve, principalmente, ao crescimento de área e à produtividade dos canaviais das novas usinas, que entraram em operação nas últimas safras. Por outro lado, a produtividade média deve ser 1,8% menor que a da safra anterior, passando a 76,04 toneladas por hectare. O motivo é a estiagem nas áreas produtivas da região Centro-Sul, de abril a novembro de 2010. Na maioria das usinas, houve atraso no início das atividades, devido aos fatores climáticos do ano anterior, que prejudicaram o desenvolvimento dos canaviais. Do total de cana a ser esmagada, 51,89% (333,1 milhões t) são destinados à produção de 27,01 bilhões de litros de etanol. Deste volume, 18,38 bilhões de litros são do tipo hidratado e 8,71 bilhões do anidro. Os 48,11% (308,9 mil t) restantes vão para a produção de 40,94 milhões t de açúcar, bem acima da safra passada, quando foram produzidas 38,17 milhões t.

Área No que se refere à área destinada ao setor, a pesquisa indica 8,44 milhões de hectares, o equivalente a 4,8% a mais que a safra anterior. O estado de São Paulo ocupa a maior parte, com 4,46 milhões de hectares ou 52,8% do total nacional. Em seguida, vêm Minas Gerais (740,15 mil ha), Goiás (673,38 mil ha), Paraná (619,36 mil ha), Mato Grosso do Sul (480,86 mil ha), Alagoas (450,75 mil ha) e Pernambuco (324,03 mil ha). A pesquisa de campo foi realizada por 42 técnicos, que visitaram 411 usinas, além de contatos com representantes de entidades de classe, associações e cooperativas em todos os estados produtores.

Para Bressan, há pouca participação desta fonte energética no total do país, em parte devido ao pouco prestígio junto aos profissionais do assunto e também à indecisão dos donos de unidades industriais, que teriam que redimensionar seus equipamentos e melhorar a eficiência no aproveitamento energético do ‘agrocombustível’, fato que permitiria a venda da energia excedente para terceiros, por meio da rede elétrica nacional. A troca das caldeiras, turbinas e geradores por outros de maior capacidade, segundo o técnico, poderia aumentar a quantidade média de energia dos atuais 85,8 kilowatts para 188,2 kilowatts por tonelada de bagaço queimado. “Como essa é uma fonte limpa e renovável, traria também inegáveis ganhos ambientais ao país”, avalia.

Próximos 10 anos O estudo também projeta para os próximos 10 anos o comportamento dos mercados do açúcar e do álcool etílico; estima a quantidade de cana-de-açúcar necessária para atender as demandas doméstica e internacional desses produtos e dimensiona a quantidade anual de bagaço que estará disponível para ser destinada à geração elétrica até o ano de 2020. O enorme potencial de geração ainda inexplorado e o esperado crescimento das safras de cana nos próximos anos, com a consequente expansão na disponibilidade de bagaço, fazem com que a ‘agroeletricidade’ seja o mais novo e promissor produto do agronegócio brasileiro, acredita Bressan. RAIMUNDO ESTEVAM - CONAB

ANTÔNIO MARCOS DA COSTA - CONAB

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CIRO SCARANARI

Produtores buscam cultivares de pêssego da Embrapa Os interessados em cultivar variedades de pêssego da Embrapa devem se apressar. Apesar de o plantio da fruta começar apenas em setembro na maioria das áreas produtoras, os viveiristas licenciados pela Empresa já estão com todo o seu estoque de mudas reservado, principalmente das cultivares de mesa BRS Kampai e BRS Rubimel, as mais procuradas pelos produtores gaúchos e paulistas. Outras cultivares, como a BRS Âmbar, a BRS Libra e a BRS Bonão, também foram desenvolvidas pela Embrapa Clima Temperado, Unidade da Empresa localizada em Pelotas (RS), e são comercializadas pela Embrapa Transferência de Tecnologia. Por apresentar baixa exigência de frio, a BRS Kampai se adapta bem a regiões subtropicais, desde a Região Sudeste até o Rio Grande do Sul. Ela é a primeira cultivar de pessegueiro a receber certificado de proteção no Brasil, o que garante ao produtor a origem genética da planta. A cultivar alia beleza ao bom sabor das frutas, mesmo com a precocidade de maturação, o que a transforma em alternativa a outras cultivares disponíveis no mercado. Industrialização Diferentemente da BRS Kampai, que é classificada como fruta de mesa, a BRS Âmbar é indicada para industrialização. Entre as vantagens da cultivar estão a maior tolerância à bacteriose e boa qualidade de frutos, como excelente tamanho, coloração e menor escurecimento de polpa, além de ótimo sabor. Já a BRS Libra é considerada uma cultivar de duplo propósito, pois serve tanto para industrialização quanto para o consu-

BRS Sinuelo CL: inovação em arroz

A nova variedade de arroz tem produtividade média de 8,3 mil kg/ha

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mo de mesa. Foi a segunda cultivar a receber certificado de proteção no Brasil e apresenta frutos médios, de pele amarela e polpa não fundente. Seu ciclo é precoce, com baixa necessidade de frio hibernal. A BRS Rubimel foi lançada em 2007 e amadurece no Brasil de meados de outubro (regiões mais quentes) até o início de novembro (regiões mais frias). Classificados como de mesa, seus frutos são doces e têm tamanho de médio a grande, com polpa do tipo fundente, firme e amarela. Estima-se a necessidade de frio entre 200 e 300 horas. As plantas da BRS Bonão também adaptam-se em áreas com cerca de 200 horas de frio hibernal e amadurecem no fim de outubro no sul do Brasil. Testes de enlatamento dos frutos resultaram em um produto de muito boa qualidade. Devido à época de maturação, a cultivar exige poucos tratamentos fitossanitários. EDUARDO PINHO RODRIGUES - EMBRAPA TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA

A cultivar é o primeiro produto desenvolvido pela Embrapa destinado ao sistema Clearfield. Neste modelo, o arroz está preparado para receber doses do herbicida Only, que ataca a praga conhecida como arroz vermelho e preserva as plantas produtoras. Lacuna “A BRS Sinuelo vem da busca por preencher a lacuna existente no setor arrozeiro de haver poucas variedades disponíveis para o sistema Clearfield, que, além de tudo, ainda não contava com uma variedade de ciclo médio”, esclareceu o

EMBRAPA CLIMA TEMPERADO

A Embrapa Clima Temperado lançou a cultivar de arroz BRS Sinuelo CL, primeira variedade desenvolvida pela empresa resistente ao herbicida Only, o que garante o controle da praga do arroz vermelho, uma das principais preocupações dos arrozeiros gaúchos. A BRS Sinuelo CL é fruto de dez anos de pesquisa e é especialmente adaptada às regiões orizícolas do Rio Grande do Sul.

A variedade BRS Bonão se adaptou bem ao Sul do Brasil

pesquisador Ariano Magalhães Jr., responsável pela apresentação da cultivar. A variedade possui ciclo de 130 dias – contra cerca de 115 nas de ciclo precoce – , o que resulta em melhores afinamento, produtividade e capacidade de recuperação. Resistente ao degrane natural, a BRS Sinuelo CL também ganha destaque por apresentar alta qualidade culinária, reação à toxidez de ferro e porte moderno e ereto chegando a estatura de 96cm. Na questão da produtividade, os testes de campo feitos nas seis principais regiões orizícolas do Rio Grande do Sul apontam para uma média de 8,3 mil kg/ha. Airton Leites, gerente de projetos da BASF, “o momento é de colheita do fruto da parceria entre BASF e Embrapa. Isto mostra que uma parceria público-privada pode acontecer sim, e com ganhos para a cadeia do arroz”. A BRS Sinuelo CL vai estar disponível para os produtores rurais já na safra 2011-2012. Atualmente, 13 parceiros licenciados pela Embrapa estão produzindo as sementes da cultivar em uma área total de 800 hectares. Arroz Vermelho O arroz vermelho é uma planta da mesma espécie do arroz tradicional, com coloração avermelhada e sem valores culinários. Ao se reproduzir dentro de uma lavoura de arroz tradicional, ela afeta a produtividade da área, tornando-se uma praga com alto nível de proliferação. BRUNO ZAMORA TEORO - EMBRAPA CLIMA TEMPERADO

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anidade vegetal

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Adubação parcelada para a cultura da batata recomendação adequada para posterior sucesso da lavoura.

GILDO J OSÉ FARIA MEMBRO DA DIRETORIA DE PROJETOS DA AGROPLAN-UFV EMPRESA JÚNIOR DE AGRONOMIA

Adubação nitrogenada

AGROPLAN – UFV

Planejamento e diagnóstico da área de cultivo são fundamentais para reduzir custos e perdas

Lavoura de batata após receber a última parcela de adubação... e a resposta da folha à adubação nitrogenada (detalhe)

É de fundamental importância o parcelamento da adubação nitrogenada e potássica na cultura da batata, já que essa prática é vantajosa por evitar perdas por lixiviação e volatilização, reduz o efeito salino que pode causar injúria na batata-semente e prejudicar o seu desenvolvimento. A sugestão é que se aplique 2,4tha do formulado 4-14-8, distribuindo pelo sulco de plantio e sendo misturado ao solo evitando o contato direto, que pode ocasionar em queima da batata-semente. Passados 15 dias da primeira adubação, deve-se fazer uma nova aplicação de 1,1t/ha, pois após esse período a batata já nasceu. A adubação de cobertura deve ser feita no inicio da formação dos tubérculos, aproximadamente aos 30-35 dias do plantio, aplicando-se 400 kg/ ha do formulado 12-6-12, lateralmente às fileiras das plantas. Essa aplicação deve ser feita antes da amontoa.

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utilização de fertilizantes químicos é primordial para uma alta produtividade na cultura da batata, a prática de manejo utilizado de forma adequada pode alcançar produtividades de 30 a 50 t/ha. Anualmente 15% do custo total da produção são destinados aos fertilizantes, assim a adubação parcelada proporciona menores custos, maior eficiência e principalmente menores perdas. Para obter uma adubação eficiente é necessária uma diagnose correta sobre a fertilidade natural da área plantada, uma análise foliar e um histórico do local. Portanto a partir dessas características pode-se fazer uma

AGROPLAN – UFV

FONTE: PORTAL DIA DE CAMPO

Produto pronto para comercialização

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Ovinocultura na mira de investidores

MURILO GÓES

O maior interesse do brasileiro pelo consumo de carne de cordeiro, aliado à baixa nas importações uruguaias e à falta do produto nas gôndolas, vem estimulando a ovinocultura em todo País. Com a elevação dos preços pagos pelo quilo do animal, observa-se certa movimentação no mercado, com criadores consolidando projetos para se tornarem mais rentáveis

Fazendas no Amazonas, São Paulo e Goiás investem na criação de ovinos, que mostra demanda crescente de mercado

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Brasil concentra um reba nho de 16 milhões de ovinos, mas, segundo o IBGE, a quantidade é insuficiente para atender o consumo interno. Até pouco tempo, os produtores enfrentavam amarga concorrência externa, principalmente do Uruguai, de onde era importada mais de 80% da carne de cordeiro consumida no Brasil. Depois que

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conquistou mercados de melhor remuneração, o país vizinho redirecionou grande parte de sua produção, abrindo uma enorme lacuna no mercado brasileiro. Para se ter ideia do potencial da ovinocultura, o Brasil precisaria chegar a 100 milhões de cabeças para tentar se aproximar do que é hoje a bovinocultura de corte, produção que

sustentaria um consumo de forma regular o ano todo, sem sobressaltos, como informa Paulo Schwab, presidente da Associação Brasileira de Criadores de Ovinos (ARCO). Já Lucas Heymeyer, da Dorper Campo Verde, de Jarinu (SP), estima que o consumo per capita de carne de cordeiro gira em torno de 400 gramas por habitante, estatística que poderia seria bem

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C diferente se houvesse produção em escala. “Hoje há uma agitação no mercado do cordeiro, algo facilmente observado nos preços pagos pela indústria em todo o país. Os produtores estão experimentando preços nunca vistos, o que deve estimular a produção em escala e a organização da cadeia produtiva, dando início a uma fase de transformação na ovinocultura brasileira”, avalia o gerente.

Grande demanda

midades, como a resistência à verminose e a pododermatite. Esta última é uma doença infecciosa e contagiosa, que afeta os cascos dos animais, causa estresse e emagrecimento progressivo. “Também fornecemos material genético a pequenos produtores para que consigam produzir com o mesmo padrão de qualidade. Além disso, almejamos o mercado externo, com negociações na Venezuela e Colômbia, pela logística privilegiada, com acesso rodoviário pelo Amazonas e Roraima”, esclarece Renato Júnior. A ovinocultura é uma ótima opção de investimento no Estado, principalmente devido às novas leis ambientais que determinam a preservação de 80% das áreas destinadas à atividade, que são pequenas, e não há incentivo para a bovinocultura de corte. Em breve a região contará com um frigorífico especializado no abate de ovinos, que espera por aprovação de verbas.

Criadores em busca de mais rentabilidade Com um plantel de 1.500 animais, a Campo Verde mira seus investimen-

PEC PRESS – IMPRENSA AGROPECUÁRIA

Observando este cenário, produtores de todo país tentam se estruturar para atender à grande demanda. No Amazonas, por exemplo, projetos como o da Amazônia Ovinos, do criador Demilço Valdemar Vivian, em Manaus (AM), estão investindo na ampliação e na qualidade do rebanho. “Quando o Uruguai dominava a maior parte desse mercado, tínhamos de ser competitivos, algo impraticável pela diferença dos custos de produção entre os dois países. O cenário está se modificando aos poucos, inclusive aqui no Amazonas, devido à grande demanda de consumidores”, afirma Renato Rigoni Júnior, médico-veteri-

nário e gerente da propriedade. Em um primeiro instante, a Amazônia Ovinos pretende abocanhar uma fatia desse mercado com produção in natura, tendo em vista que toda a carne que vem de fora é congelada. “Estamos montando uma boa base genética, com foco na fertilidade, habilidade materna e precocidade para fazer bons produtos de origem amazonense. A carne de cordeiro tem excelente aceitação, principalmente por causa da migração de muitos nordestinos para o Estado, que têm o hábito de consumir cordeiro e seus subprodutos, como a famosa “buchada”. Temos de oferecer carne resfriada, mais natural possível, algo impossível para nossos vizinhos fornecerem”, explica o médico veterinário Renato Rigoni Júnior. A propriedade concentra um rebanho de 900 animais das raças Dorper e Santa Inês, projeto que deve se estabilizar com 1.200 matrizes até o final de 2012. os produtores buscam constantemente animais melhoradores e investem no manejo sanitário do rebanho para evitar possíveis enfer-

Mercado favorável pode estimular produção em escala comercial

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tos no mercado genético, com um programa de seleção dedicado aos ovinos sul-africanos Dorper e White Dorper. Segundo Heymeyer, esses animais atendem ao mercado, principalmente se tratando de rusticidade, conversão alimentar, rendimento de carcaça, ganho de peso, fertilidade e precocidade. A propriedade iniciou suas atividades em 2006 e hoje detém a maior reserva genética dessas raças no País, com mais de 5.000 embriões importados. “O Dorper e o White Dorper respondem muito bem às condições de criação no Brasil. Existe forte demanda para essas raças, com grande valorização para animais de elite e também reprodutores e matrizes comerciais”, relata.

Novas áreas começam a aderir à atividade Criador de ovinos de corte há três anos, com propriedade em Santa Salete (SP), Sebastião Pires Cunha recentemente deu início a um projeto inovador para aumentar a oferta de animais para abate, que prevê a concentração de 200 matrizes na propriedade. Quando iniciou sua criação, tinha pouco conhecimento sobre as exigências dos ovinos: simplesmente os comprava e soltava no pasto sem nenhum controle. Hoje sua realidade é muito diferente. “Com apoio de empresas já consolidadas, me profissionalizei e passei a investir em genética e em tecnologias para agregar valor ao produto final”, explica Cunha, ressaltando que deveria existir uma diferenciação de preço para animais de qualidade superior. “Hoje, muita gente vende animais velhos como se fossem cordeiros”, complementa. Em busca de maior lucratividade, o criador está investindo na formação de um confinamento para 1.200 animais. Até mesmo em regiões tipicamente dedicadas a outras atividades pecuárias, como a bovinocultura de corte, a ovinocultura vem se firmando como empreendimento. Em Goiás, por exemplo, a Cava Cordeiro vem desenvolvendo um projeto audacioso para fornecer carne de qualidade ao mercado. A empresa processa e comercializa a própria produção no varejo, oferecendo 20 cortes especiais, além 18

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de peças temperadas e embutidos, como linguiça e hambúrguer. “Em Goiás não existia uma cadeia produtiva, então tivemos de criar nossa própria indústria para sobreviver na atividade”, afirma André Luís Rocha, técnico da Cava Cordeiro. A empresa trabalha em parceria com outros criadores da região em busca de maior produção, que recebem os mesmos preços de São Paulo, um dos mais altos em todas as praças. O projeto visa à produção de cordeiros precoces, com rendimento de carcaça superior a 48%, provenientes de acasalamentos com reprodutores Dorper e White Dorper, abatidos ainda jovens, com até 6 meses de idade, e média de 35 quilos de peso vivo. “Hoje, muitos criadores até têm volume, mas falta qualidade. Essa é uma de nossas principais preocupações dentro do processo de criação. A falta de mão-de-obra especializada e tecnificação por parte de muitos criadores, aliado ao amadorismo, são alguns dos principais entraves que impedem o desenvolvimento da ovinocultura de corte”, lamenta Rocha. A propriedade também está prosperando na seleção genética, uma das pontas do projeto, ofertando animais de maior carga genética. Até o final de 2012 a propriedade deve chegar a 1.200 matrizes de corte.

Paladar sofisticado Atuando em outra faceta do mercado da ovinocultura, Leandro Motta, o dono de uma rotisserie em Itatiba (SP), relata que muitas pessoas que tinham resistência à carne de cordeiro estão se surpreendendo com seu sabor acentuado. Em seu estabelecimento, incluiu no cardápio receitas sofisticadas à base de cordeiro, mas não tem conseguido dar conta da demanda. “Algumas vezes até deixamos de vender por falta de matéria-prima”, relata Motta. Para atender aos padrões de qualidade dos clientes, toda a carne comercializada em seu estabelecimento provém de um frigorífico homologado com o selo do Serviço de Inspeção Federal (SIF), onde são obtidos somente animais de fazendas que trabalham com a raça Dorper. ADILSON RODRIGUES

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Abate Clandestino. Até Quando? P AULO A. S CHWAB PRESIDENTE DA ARCO-ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CRIADORES DE OVINOS

Várias doenças podem acometer os seres humanos pela ingestão de carnes não inspecionadas que sejam portadoras de doenças

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oventa por cento dos abates de ovinos são feitos sem fiscalização sanitária. Esse número não está em nenhuma estatística oficial. É uma estimativa, um sentimento de todos que atuam no setor. Um número destes ou mesmo próximo é assustador para quem quer estabelecer um processo contínuo de produção de carne e também atender a um mercado consumidor em crescimento. É um número alarmante porque mostra o quanto as estruturas oficiais de fiscalização estão longe de conseguir terminar com este problema, ou mesmo controlá-lo a ponto de diminuir sua incidência. E o mais chocante é que este é um problema de alcance nacional. Sabemos que é uma luta difícil, de grande trabalho para todos. Até porque, às vezes, o processo começa no momento da comercialização do produto. Frequentemente, o produtor de cordeiro recebe oferta para seu produto com valor bem superior ao do frigorífico, com pagamento à vista, não importando se serão dez ou cinco animais. O abatedouro, com todas as suas responsabilidades e custos, não consegue competir em preço neste mercado, gerando, então, este problema do abate clandestino. Um cenário que precisamos mudar, de qualquer jeito.


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C ARCO

Novas tecnologias para coleta de embriões em caprinos e ovinos

EMBRAPA GADO DE LEITE

Equipamentos desenvolvidos dispensam intervenção cirúrgica no processo de coleta

Circuito que trabalha junto com a sonda para coletar embriões em pequenos ruminantes

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A inspeção sanitária é essencial para comercialização da carne de cordeiro

Consequências à saúde humana Dentre as consequências do abate clandestino estão os riscos à saúde humana. Uma das principais enfermidades dos animais domésticos encontradas pela inspeção sanitária em matadouros, é a tuberculose, uma doença bacteriana que pode ser transmitida pela ingestão de carnes. Existem ainda as doenças parasitárias, como as cisticercoses, que podem transmitir as tênias para o ser humano e, também, cisticercos que se alojam no músculo e órgãos. Outras enfermidades são transmissíveis ao homem via animais como as toxi-infecções e a hidatidose. Todas são evitadas quando a fiscalização detecta o problema dentro dos frigoríficos e abatedouros com inspeção sanitária oficial. A Associação Brasileira de Criadores de Ovinos-ARCO é uma entidade

que busca de várias formas organizar a cadeia produtiva da ovinocultura e luta por este objetivo. Devemos ter claro quais são os principais entraves que impedem o crescimento sustentado do setor. Sabemos que o abate clandestino é uma destas barreiras. Ele afeta também a cadeia bovina é responsável por graves prejuízos para todos. O complicador desta questão é que ela é uma atividade silenciosa, onde nem sempre se consegue encontrar os causadores. Mas acredito que já é hora de realmente discutirmos com seriedade este problema, com todas as forças da sociedade. Porque, isoladamente, não vamos longe. Precisamos definir as soluções práticas existentes e, realmente, passarmos a agir para resolver o abate clandestino, de uma vez por todas. Já não dá mais para protelar. A hora é agora!

ois novos equipamentos para coletar embriões em pequenos ruminantes foram desenvolvidas pela Embrapa Caprinos e Ovinos em parceria com a Embrapa Gado de Leite. Os equipamentos são um circuito e uma sonda que trabalham em conjunto na coleta de embriões pela via transcervical de caprinos e ovinos. O pesquisador Jeferson Ferreira da Fonseca, um dos inventores dos equipamentos, explica que o circuito e a sonda tornarão mais eficaz a coleta de embriões pela via transcervical. Neste método, os animais não passam por intervenção cirúrgica, o que ocorre nos métodos tradicionais.

Características anatômicas O circuito e a sonda foram desenvolvidos respeitando as características anatômicas de pequenos ruminantes, especialmente cabras e ovelhas. “Além de promover maior bem estar, evitando sequelas físicas para os animais, o processo permite o aumento na taxa de recuperação de embriões, além de maior eficiência, controle e segurança na coleta”, diz Fonseca. Segundo o pesquisador, a caprinocultura e ovinocultura brasileira passam por um sensível crescimento. No entanto, o mercado carece de produtos tecnológicos para aprimorar a produção animal. Atualmente a coleta de embriões nestes animais utiliza materiais adaptados de outras espécies. “Equipamentos específicos para as características anatômicas de pequenos ruminantes podem consolidar a coleta de embriões pela via transervical. Este é um mercado promissor a ser explorado”, afirma Fonseca. Os dois equipamentos já estão protegidos pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Agora, o objetivo da Embrapa é atrair empresas do ramo de insumos para reprodução interessadas em produzir e comercializar estes equipamentos. Outras informações sobre as tecnologias podem ser obtidas junto à Embrapa por meio dos e-mails: negocios@cnpgl.embrapa.br ou chtt@cnpc.embrapa.br. RUBENS NEIVA - EMBRAPA GADO DE LEITE

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Uva: manejo de pragas com feromônio

EMBRAPA SEMIÁRIDO

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Técnica provoca drástica redução de inseticidas em parreirais de vinho

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ara conter a proliferação da praga Traça-dos-cachos em parreirais de uva vinífera no submédio do vale do rio São Francisco, os pesquisadores da Embrapa e da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) recorreram a artimanhas sexuais a fim de frustrar a procriação da espécie. Fizeram isso espalhando na área cultivada um produto que sintetiza o odor do hormônio feminino (feromônio), chamado tecnicamente de “Splat Crypto”. Aplicado em pontos diversos do pomar como pistas falsas da presença da fêmea, o produto induz tal confusão sexual que os insetos machos passam a voar desnorteados pelo pomar saturado com o cheiro do que poderia ser uma parceira. Desta forma não há acasalamento e a fêmea passa seu ciclo de vida sem se reproduzir. Inseto no cacho de uva: manejo reduz população na cultura da uva

Redução

EMBRAPA SEMIARIDO

Quando começou a executar o projeto “Estratégias para o manejo integrado da traça-dos-cachos da videira”, em janeiro de 2009, o engenheiro agrônomo José Eudes de Morais Oliveira, pesquisador da Embrapa Semiárido, garantiu que em armadilhas colocadas nas áreas infestadas podia-se contar até 700 desses in-

setos. Ao final do projeto, neste início de 2011, as quantidades encontradas caíram drasticamente para cerca de 4-5. Um resultado dessa dimensão, embora não garanta a extinção da praga, assegura a manutenção da população do inseto em níveis tão reduzidos que não afetam a produtividade do parreiral. O manejo pesquisado no projeto praticamente abre espaço para inverter a tendência registrada nos últimos anos da constante presença dessa praga – uma espécie de lagarta - e que tanto prejuízo tem causado às vinícolas. A redução drástica da população do inseto nas áreas pesquisadas foi obtida sem o recurso de qualquer dose de insumos químicos. “A técnica empregada foi bem mais sutil e sem qualquer dano para o meio ambiente ou de risco de resíduos nas frutas que podem prejudicar a qualidade do vinho e a saúde humana”, esclarece Eudes. A forma de aplicação é curiosa: o pesquisador adaptou uma pistola de vacinar gado. Após carregá-la com o produto, que tem a consistência pastosa e é de cor acinzentada, é feito um disparo no tronco da videira para deixar fixado o feromônio sintético. “É tecnologia muito eficiente e que descarta a necessidade da aplicação de insumos químicos no parreiral”, explica o técnico da Embrapa.

Protegido

Aplicação do feromônio do parreiral

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A opção dos pesquisadores pela estratégia de saturar a área de plantio com o odor da fêmea e embaralhar a percepção sexual do inseto macho tem razões econômicas, ambientais, sociais, e, também, de ordem muito prática. Como no manejo das plantas viníferas não é feito

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T o raleio do cacho, as bagas ficam muito compactadas e formam um ambiente para os insetos da traça se alojarem, protegidos do alcance dos inseticidas. De acordo com Eudes, é expressivo o gasto com pulverizações de defensivos agrícolas nas vinícolas para controle dessa praga. Durante a execução do projeto da Embrapa, ele chegou a constatar aplicação desses produtos em intervalos semanais. “Nesse ritmo, chega-se a fazer, em média, até dezoito pulverizações por ciclo (fase da poda à colheita) e trinta e seis por ano”, revela. E nem assim se conseguiu evitar perdas, que variaram entre 40 e 60% dos frutos. Em alguns casos, onde a infestação foi mais intensa, toda a produção foi perdida. – As lagartas, ao se alimentarem dos cachos, provocam lesões nas bagas que favorecem o aparecimento de fungos que, por sua vez, causam doenças e inviabilizam a utilização dos frutos para processamento ou consumo in natura, ensina o pesquisador. Quando o ataque da lagarta ocorre próximo à colheita, as bagas se rompem e extravasam suco onde vão proliferar bactérias que provocam a doença conhecida

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como podridão ácida. A consequência é a redução da qualidade dos vinhos ou depreciação dos cachos para o comércio in natura. A tática recorrente entre os agricultores, o uso intenso de produtos químicos, alegando a adoção do controle “preventivo” da praga, não deu bons resultados, garante Eudes.

Nacional Embora a pesquisa tenha sido realizada no submédio do vale do São Francisco, em um ambiente de clima tropical semiárido, o pesquisador acredita que seus resultados podem ser empregados para orientar o manejo e controle da praga em outras regiões vinícolas do país, como o Rio Grande do Sul. O projeto “Estratégias para o manejo integrado da traça-dos-cachos da videira” foi financiado pela Fundação de Amparo a Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco – FACEPE em parceria com a Universidade Federal Rural de Pernambuco e Embrapa Uva e Vinho. MARCELINO RIBEIRO - EMBRAPA SEMIÁRIDO

Tecnologia de feromônios também controla percevejos-praga da soja reduzindo o uso de inseticidas químicos. CLÁUDIO BEZERRA

A Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia também dispõe de um produto para controle biológico de percevejos-praga da soja, com base em estudos de comunicação entre os insetos. Na natureza, os percevejos se comunicam através de feromônios, principalmente cheiros, para se acasalar, demarcar território, avisar sobre a presença de predadores etc. Observando o comportamento desses insetos na natureza, os cientistas da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia conseguiram isolar esses feromônios em laboratório e inseri-los em pastilhas para serem usadas nas lavouras de soja. As pastilhas, que simulam a liberação de feromônios, são colocadas em armadilhas (que podem ser garrafas pet) nas culturas de soja, onde podem ficar por até 30 dias consecutivos. O objetivo é confundir os insetos e interromper a sua reprodução. Dessa forma, os produtores podem monitorar e controlar as populações de percevejos,

Principais pragas na mira dos feromônios As armadilhas são muito eficientes no controle do complexo de percevejos-praga, que inclui o percevejo marrom da soja (Euschistus heros) e o percevejo verde ou Maria fedida (Nezara viridula), entre outras espécies. Controlam também mariposas (Spodoptera spp e Elasmopalpus lignosselus) e coleópteros, como os popularmente conhecidos como cascudinho da cama de frango (Alphitobius diaperinus ) e bicheira da raiz (Oryzophagus oryzae).

Controle biológico de pragas: sustentabilidade e economia O controle biológico de pragas contribui para a redução de defensivos químicos e aumento da produtividade das culturas agrícolas. O Brasil está entre os maiores produtores e exportadores de grãos no mundo e, por isso, é fundamental que esteja atento às demandas de mercado por produtos mais saudáveis e seguros. A tecnologia de feromônios para o controle biológico de pragas já está pronta. A Embrapa está selecionando parceiros para desenvolver produtos com perfil e características adequadas às demandas do mercado. Liberação de feromônios em armadilhas

FERNANDA DINIZ - EMBRAPA RECURSOS GENÉTICOS E BIOTECNOLOGIA

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EMBRAPA CERRADOS

esquisa

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Mercado é desafio do programa de melhoramento de soja

Soja: Cerrado favoreceu a expansão da cultura

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umentar nos próximos anos a oferta de cultivares superiores de soja ao mercado brasileiro é uma das metas do programa de melhoramento genético de soja, desenvolvido pela Embrapa Cerrados (Planaltina-DF), Embrapa Soja (Londrina-PR) e Embrapa Transferência de Tecnologia (SNT), unidades da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). “Temos que aumentar a oferta de cultivares de soja geneticamente superiores para o mercado a fim de atender às necessidades dos agricultores e colaborar com a sustentabilidade do agronegócio brasileiro”, afirma o pesquisador Sebastião Pedro da Silva Neto, coordenador do programa na Embrapa Cerrados. O programa de melhoramento é conduzido em par-

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A aposta para aumentar a participação no mercado tem sido o melhoramento participativo com os parceiros sementeiros ceria com a iniciativa privada, por meio das Fundações Cerrados e Bahia, que financiam parte dos experimentos e fazem a conexão do programa de melhoramento com o mercado. Em contrapartida, os produtores de sementes e os colaboradores das fun-

dações, têm a exclusividade de explorar as cultivares lançadas por um período de 10 anos. Em média, o lançamento de uma cultivar demanda 12 anos de pesquisas. Embora a Embrapa tenha lançado cerca de 50 variedades de soja importantes para o desenvolvimento da agricultura do Cerrado nos últimos 30 anos, a situação atual exige novas estratégias. A sojicultura brasileira avançou para a região do Cerrado e abriu possibilidades para a produção de outras espécies vegetais e proteínas animais nesse bioma, tornando aquela região berço de uma agricultura altamente produtiva. Atualmente, a cultura da soja é mola propulsora de altos índices de desenvolvimento humano e econômico na região, que é responsável por mais de 60% da produção de alimentos no Brasil.

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esquisa

P Modificações nos cenários econômicos nacional e internacional, bem como no ambiente agrícola, têm feito com que os produtores necessitem, a cada ano, de novas cultivares de soja com maior teto de produtividade, com resistência a doenças, entre as quais, a ferrugem asiática, o mofo branco e também aos nematoides. “Novos eventos de biotecnologia têm sido, da mesma forma, requeridos visando facilitar o controle de ervas daninhas e insetos praga nas lavouras de soja. Para isso, a Embrapa tem incorporado novas técnicas de melhoramento genético e diferentes formas de financiamento de pesquisas”, explica Sebastião Pedro. A aposta para aumentar a participação no mercado tem sido o melhoramento participativo com os parceiros sementeiros. Um exemplo é o que vem ocorrendo no oeste baiano, em que 20 variedades foram avaliadas recentemente pelo setor privado. Na 13ª edição da “Passarela da Soja”, realizada em São Desidério (BA), em março passado, produtores parceiros das funda-

ções conheceram linhagens de soja que estão em fase de pré-lançamento. O objetivo dessa apresentação foi permitir uma maior participação dos produtores na escolha das variedades a serem lançadas.

Melhoramento genético No atual ano agrícola, a Embrapa Cerrados, em parceria com as fundações Cerrados e Bahia, conta com 63 ensaios de melhoramento. Nos ensaios preliminares e finais são selecionadas as cultivares conforme os critérios de produtividade e de resistência a doenças, como ferrugem asiática, mofo branco, fusariose e nematoides (Heterodera glycines, Meloidogyne incognita e M. javanica e Pratylenchus spp). Além dos experimentos na Embrapa Cerrados, as cultivares são testadas em 22 locais localizados em regiões edafoclimáticas representativas nos estados do Mato Grosso, Bahia, Goiás, Minas Gerais e Tocantins. Nos ensaios finais, as cultivares são testadas estatisticamente e comparadas com as melhores cultivares comerciais existentes no mercado. Somente após este processo, as

novas cultivares podem ser registradas e protegidas junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, para que possam ser comercializadas e receberem as taxas tecnológicas correspondentes. A pesquisadora Claudete Teixeira explica que, para lançar um novo material, é preciso o registro para dar entrada no sistema de produção de sementes e o teste de DHE (Distinguibilidade, Homogeneidade e Estabilidade) para proteger a cultivar. “Para que a Embrapa tenha o direito sobre o material que vai passar para os parceiros, precisa mostrar que é a obtentora”, acrescenta a pesquisadora, que é responsável pela produção de sementes do melhorista – fase que antecede a entrada da nova cultivar no sistema brasileiro de produção de sementes. A multiplicação de sementes é feita tanto para as cultivares a serem lançadas, quanto para a manutenção de sementes de categorias superiores das cultivares já foram lançados anteriormente no mercado. LILIANE CASTELÕES - EMBRAPA CERRADOS

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cultivar de soja BRS Estância RR é a última novidade da Embrapa. A cultivar é resultado de oito anos de pesquisa com soja na Região Sul.

EMBRAPA TRIGO

Nova cultivar de soja: precocidade e produtividade

A cultivar BRS Estância RR apresenta como principais características precocidade, produtividade e sanidade, com resistência ao acamamento, múltiplas resistências a doenças e boa capacidade produtiva. Esta é a cultivar de soja mais precoce já lançada pela Embrapa, com grupo de maturidade 6.1. Conforme o pesquisador da Embrapa Trigo, Paulo Bertagnolli, o desafio da Embrapa foi desenvolver uma cultivar capaz de aliar precocidade com resistência a doenças e alto rendimento. Na safra de verão, a produtividade média nas lavouras gaúchas atingiu 70 sacos por hectare. BRS Estância RR está indicada para cultivo também em Santa Catarina, parte do Paraná e São Paulo. A BRS Estância RR foi desenvolvida através da parceria Embrapa Trigo, Embrapa Transferência de Tecnologia de Passo Fundo e Fundação Pró-sementes de Apoio à Pesquisa.

A variedade BRS Estância RR é a mais precoce já lançada

JOSEANE ANTUNES - EMBRAPA TRIGO

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ovinos

Pneumonia bovina no inverno

OUROFINO AGRONEGÓCIOS

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Pecuarista deve evitar aglomerações de animais

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Animais adultos Em animais adultos, a pneumonia pode ser acompanhada por uma inflamação dos bronquíolos, resultando em broncopneumonia. As manifestações clínicas são: aumento da frequência respiratória, tosse, sons respiratórios anormais e, nos casos de infecções bacterianas, evidências de excesso de toxinas e febre. A pneumonia causada por vermes é mais comum em animais cri24

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Vaca com problemas respiratórios OUROFINO AGRONEGÓCIOS

om a chegada do inverno, com clima frio e seco, os animais também ficam mais suscetíveis a problemas de saúde, como a pneumonia. Para controlar a doença, especialistas alertam para a importância do isolamento dos animais acometidos. “Grandes aglomerações de animais predispõem à ocorrência da doença, devido a um maior contato entre eles. A condição dos animais que chegam ao confinamento, às vezes enfraquecidos e estressados, associada ao manejo e ao clima de inverno, contribui para a ocorrência da pneumonia”, explica o médico veterinário da Ourofino, Jean Perícole. Segundo ele, são vários os tipos de pneumonias em bovinos e elas podem ser causadas por vírus, bactérias, uma combinação de ambos, verminose e fungos. Os sinais comuns são febre, falta de apetite, secreção nasal, ruídos pulmonares e diarreia. A pneumonia enzoótica acomete bezerros com menos de seis meses de idade, podendo ocorrer em animais de até um ano. “Geralmente tem ligação direta com fatores estressantes como temperatura, lotação, desmame e transporte, que reduzem a imunidade dos animais e facilitam a infecção viral e depois uma bacteriana”, explica o veterinário.

A pneumonia enzoótica acomete bezerros com menos de 6 meses de idade

ados a pasto, principalmente os mais jovens e de origem europeia, porém, surtos graves da forma aguda da doença são mais comuns em animais adultos. Segundo Perícole, os sinais da pneumonia verminótica incluem respiração rápida e superficial, tosse constante, secreção nasal e temperatura elevada. “O animal apresenta-se ativo, contudo, mostra dificuldade em se alimentar, devido aos distúrbios respiratórios. A evolução da doença é rápida e dentro de 24 horas, a dificuldade respiratória se torna muito evidente”, diz o especialista.

Tratamento O tratamento vai depender da causa da doença. “Para as pneumonias de origem viral, é utilizada a vacinação do rebanho como medida preventiva. Nas bacterianas, o uso de antimicrobianos é de extrema importância. Na parasitária o uso de sulfóxido e albendazol tem mostrado excelentes resultados, podendo também ser usadas as ivermectinas. Em casos mais graves e com comprometimento do estado geral do animal, deve-se se fazer um tratamento auxiliar com a utilização de soros, antipiréticos e anti-inflamatórios”, conclui o veterinário.

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MARÍLIA SAVERI


Carta da S O B R A P A

S O C I E D A D E B R A S I L E I R A D E P R O T E Ç Ã O A M B I E N TAL

O grande dilema energético A

voracidade de nossa civilização no que se refere ao consumo de energia elétrica só pode ser mitigada de forma ampla mediante três modalidades de geração: (1) usinas hidrelétricas, (2) usinas térmicas queimando combustíveis fósseis, e (3) térmicas nucleares. Devido a limitações intrínsecas e incontornáveis, as demais fontes energéticas ditas “alternativas” – principalmente solar, eólica e queima de biomassa – só podem ser consideradas complementares e jamais serão suficientes, isoladamente ou em conjunto, para atender às insaciáveis necessidades correntes e futuras, a não ser que ocorra uma radical e improvável mudança no modo de viver da sociedade. Das três modalidades principais acima indicadas, a hidrelétrica é inevitavelmente condicionada à existência de desníveis naturais no curso dos rios, e todos os possíveis aproveitamentos economicamente viáveis já se encontram efetivados em vastas regiões do globo, a exemplo da Europa e dos EUA. O Brasil ainda dispõe de considerável potencial hídrico não aproveitado, mas em sua maior parte ele se encontra na Amazônia, a grandes distâncias dos centros consumidores, e sua utilização redunda em impactos expressivos no meio ambiente que geram pesadas pressões contra sua concretização, como vem há longo tempo ocorrendo com o projeto da usina de Belo Monte. Por outro lado, embora considerada “limpa”, a hidreletricidade é altamente danosa aos ecossistemas fluviais, por alterar o leito e o fluxo dos rios, degradar sua biota e, quando implantada em áreas antes florestadas, gerar por muitos anos maciças quantidades de metano, um poderoso gás do efeito estufa, tal como se constata hoje na barragem de Tucuruí ou na usina de Balbina. As usinas térmicas que queimam combustíveis fósseis – carvão mineral, petróleo ou gás natural – produzem a maior parte da eletricidade consumida no mundo, mas constituem terríveis fontes de dióxido de carbono (CO2), o principal gás do efeito estufa, acarretam a maior parcela do aquecimento global e, consequentemente, são responsáveis pela enorme ameaça que as mudanças climáticas significam para a humanidade e demais seres vivos. Todas as tentativas de dar um destino seguro às colossais quantidades de CO2 emitidas permanentemente têm apresentado dificuldades técnicas de muito difícil solução. O único meio prático de reduzirem-se os impactos climáticos seria reduzir a utilização dessas usinas. Por tal razão e em face do crescimento das preocupações com o clima, o mundo vem assistindo a uma tendência renovada de construção de mais usinas nucleares, especialmente na China, Índia, Coréia do

Sul e Leste da Europa, mas também em menor escala na América do Norte, Europa Ocidental e Japão. O Brasil pensa em construir mais quatro, além de Angra III. Esta tendência, porém, acaba de sofrer um forte impacto com a catástrofe decorrente do maremoto recentemente ocorrido no Japão e suas conseqüências sobre os reatores nucleares da usina de Fukushima. Ainda que estas instalações fossem antiquadas e os graves problemas de contaminação radioativa houvessem tido origem em um evento geológico de proporções inusitadas e numa falha de projeto que levou à desastrosa perda do sistema de refrigeração dos reatores, o uso da energia nuclear está sofrendo o abalo de uma generalizada queda de confiança. Embora os novos reatores em construção sejam muito mais seguros e confiáveis do que os de Fukushima, as reações da opinião pública mundial ao evento constituirão um pesado obstáculo à continuidade da tendência antes constatada e os planos de construção de novas usinas sem dúvida serão todos eles reexaminados. Estamos, pois, frente a um dramático dilema, aparentemente insolúvel. A tragédia de Fukushima mostrou que as usinas nucleares, ainda que geralmente muito confiáveis, a exemplo de mais de quatro centenas delas em funcionamento contínuo no mundo, estão sempre sujeitas a acidentes imprevistos, ainda que raros e muito improváveis. Nenhum produto da mente humana é totalmente imune a falhas e, quando elas ocorrem, no caso das usinas nucleares, amplas áreas geográficas podem ser contaminadas por isótopos radioativos durante décadas ou séculos. Mesmo considerando ser a contaminação sempre limitada sob o aspecto geográfico, ela constitui um fato de enorme gravidade. Por outro lado, sem o alarde mundial provocado por qualquer acidente nuclear, as usinas térmicas a combustíveis fósseis, diariamente e em silêncio, despejam na atmosfera quantidades gigantescas de gases do efeito estufa, com consequências de abrangência global que irão gerar no espaço de poucas décadas mudanças climáticas devastadoras e irreversíveis, atingindo toda a humanidade. Fica, portanto, posto o perverso dilema: risco permanente de acidentes nas usinas nucleares com possíveis contaminações radioativas regionais graves e duradouras, ou mudanças climáticas gradativas com efeitos sociais e biológicos danosos de enormes dimensões dentro de algumas décadas. Ao leitor cabe a escolha do que for pior.

Ibsen de Gusmão Câmara Presidente A Lavoura

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SOBRAPA

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Citações O famoso antropólogo, professor e filósofo francês Claude Lèvi-Strauss, aos 97 anos e pouco antes de falecer, deixou-nos o seguinte pensamento:” “Meu único desejo é um pouco mais de respeito para o mundo, que começou sem o ser humano e vai terminar sem ele; isto é algo que sempre deveríamos ter presente.” Tinha plena razão o eminente filósofo. Comparada à imensidão da idade do planeta, a existência da espécie humana tem sido e, muito provavelmente, terminará sendo efêmera. Seja qual for o destino da humanidade, ela certamente chegará ao fim muito antes do da Terra, causado pelo inexorável e já previsível destino do Sol. E constituirá um amargo paradoxo se o ser mais inteligente gerado pela Evolução, ao desaparecer, deixar o mundo em ruínas.

Natureza em perigo Provavelmente o maior besouro do planeta se encontra em parcelas residuais da devastada Mata Atlântica, entre o sul da Bahia e o Espírito Santo ou, talvez, no Rio de Janeiro. É o denominado “besouro-de-chifre”, aliás, como também outros diferentes o são. Seu nome científico é Dynastes hercules paschoali, descrito pela Ciência apenas em 1991, embora certamente conhecido antes pelo seu inusitado tamanho que nos machos pode atingir entre 6,8 a 14 centímetros. Outras subespécies de Dynastes hercules também ocorrem em outras regiões do Brasil. Há evidências de que a distribuição do inseto se estendia a Pernambuco, pelo menos nos tempos coloniais. A coloração e o aspecto de D.h. pascholis são bem característicos. Os machos exibem cornos na cabeça e no tórax, estes situados em posição horizontal e podendo ultrapassar o da cabeça; a cor da cabeça e do protórax é negra e os élitros (as “asas” duras que recobrem as verdadeiras asas) são amarelados, com manchas negras e reflexos azulados ou esverdeados. As fêmeas são menos “escandalosas”, com o corpo negro exceto na parte apical dos élitros, de cor amarela. Nada se sabe sobre o ciclo larval do inseto, mas provavelmente se assemelha ao das demais subspécies de D. hercules, passado em troncos apodrecidos e úmidos. Esse inseto extraordinário encontra-se ameaçado de extinção devido ao desmatamento e à fragmentação de seu hábitat. A subspécie não consta das relações da IUCN, mas no Brasil é considerado na categoria Vulnerável, na lista organizada pela Fundação Biodiversitas. Sua presença é tida como existente nas Reservas Biológicas de Sooretama (ES) e de Una (BA), e nos Parques Nacionais do Desenvolvimento (BA) e do Pau Brasil (BA), além da Reserva Natural da Companhia Vale do Rio Doce (ES).

tinuado desmatamento, as florestas ainda ocupam 31% das terras do planeta, contêm 80% da biomassa terrestre e fornecem abrigo e sustento para pelo menos 300 milhões de pessoas. Mas, a cada ano, desaparecem cerca de 13 milhões de hectares de matas no mundo, o que, segundo a FAO, responde por 20% das emissões totais de CO2. A ONU pretende mostrar que a exploração não-sustentável das florestas, dentre outros malefícios, (1) causa perda acentuada de biodiversidade, (2) agrava os problemas climáticos, (3) incentiva as atividades ilegais, tais como, dentre outras, a caça de espécies ameaçadas, (4) estimula os assentamentos clandestinos e, finalmente, (5) ameaça a própria humanidade. No evento, a ONU apresentou a lista dos dez hotspots mundiais de biodiversidade, áreas de extrema riqueza biológica e com elevado número de espécies endêmicas altamente ameaçadas. O Brasil, em extensão de florestas, fica apenas atrás da Rússia, que se situa em primeiro lugar com sua colossal floresta boreal. A Floresta Amazônica que, lembre-se, não é apenas nossa caracteriza-se por sua enorme biodiversidade e é considerada a quinta sob maior risco no mundo. O Ministério do Meio Ambiente prepara agenda para destacar o AIF, mas este poderá ser tristemente “comemorado” com a aprovação do novo Código Florestal, uma enorme ameaça para as nossas florestas.

Proposta de legislação para proteger os tubarões Conforme já acentuado em edição anterior deste informativo, as diferentes espécies de tubarões se encontram em acentuado declínio, em razão da pesca predatória e descontrolada. Avalia-se que, no mundo, sejam capturados anualmente cerca de 70 milhões desses peixes que, por ocuparem o topo da cadeia alimentar dos mares, são essenciais para a higidez dos ecossistemas marinhos. A razão principal dessa hecatombe é o chamado finning, ou seja, a retirada, muitas vezes em vida, das suas nadadeiras para atender às exigências do mercado, com vistas à famosa “sopa de barbatanas de tubarão”, uma iguaria altamente apreciada no Extremo Oriente. O Instituto Ecológico Aqualung lançou um abaixo-assinado apoiando a criação de legislação federal específica exigindo que todos os tubarões capturados em águas jurisdicionais brasileiras o sejam com nadadeiras íntegras e no corpo, e que haja maior controle da pesca, exigindo-se também que todas as carcaças sejam identificadas e seus nomes populares e científicos constem de formulários próprios fornecidos pelo IBAMA, com a finalidade de acompanhamento do que possa estar ocorrendo em nossas águas com as diferentes espécies.

2011, Ano Internacional das Florestas

Enorme ameaça ao sistema nacional de áreas naturais protegidas

No início do ano, a Assembleia Geral da ONU lançou oficialmente o Ano Internacional das Florestas (AIF), destinado a acentuar a enorme importância de sua utilização ser efetuada sempre de forma sustentável. Apesar de con-

Encontram-se no Congresso 17 projetos de lei visando extinguir, reduzir ou flexibilizar o uso de duas dezenas de unidades de conservação já existentes no País. Essas porções do território nacional, estabelecidas e definidas por

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S O C I E D A D E B R A S I L E I R A D E P R O T E Ç Ã O A M B I E N TAL

legislação específica, destinam-se a preservar para sempre pelo menos parte da nossa enorme riqueza biológica e constituem a maneira reconhecidamente mais eficaz de fazêlo. De acordo com a Constituição Federal, após legalmente criadas, elas só poderão ser modificadas ou suprimidas mediante lei. Um dos projetos citados, caso aprovado, eliminaria seis unidades de conservação no Pará, numa extensão total equivalente ao estado de Santa Catarina. Dentre os demais, um pretende cortar pela metade um parque em Rondônia. Outro, visa à reduzir o Parque Nacional da Serra da Canastra, em Minas Gerais, criado com 200.000 ha, subtraindo-lhe 129.000 ha para uso em agricultura e mineração. Tais projetos demonstram total insensibilidade para a proteção de nosso patrimônio biológica e evidenciam-se em completa oposição ao compromisso assumido pelo País na recente Conferência de Nagoya, segundo o qual aceitamos ampliar para 17% do território nacional as áreas naturais protegidas na sua parte continental, e para 10% as situadas em ambientes marinhos.

um século. Obviamente, se as tendências atuais persistirem, o tigre se extinguirá na natureza em futuro não distante. Hoje em dia, o número de tigres em cativeiro no mundo já excede largamente o dos existentes em liberdade. O tigre (Panthera tigris) é uma espécie composta de várias subespécies distintas, adaptadas a ambientes diversos, desde as selvas tropicais do sul da Ásia até as frias florestas boreais do leste da Sibéria e do norte da China, onde o soberbo tigre-siberiano, o maior dos felinos hoje existentes, sobrevive precariamente devido à caça e à destruição de seu hábitat. Algumas das subespécies já estão extintas, a exemplo do tigre-do-cáspio ou o da ilha de Bali, e outras estão reduzidas a poucos exemplares, como a de Sumatra. Além da destruição continuada de seu ambiente nativo e da difícil convivência com as populações humanas, a situação precária dos tigres selvagens é também agravada pela caça ilegal motivada pelo valioso comércio de partes de seu organismo, utilizadas na medicina popular do leste asiático, sem qualquer valor terapêutico efetivo.

Alguns números significativos referentes à Bacia Amazônica

Desequilíbrio nos mares da Ásia

Entre 1999 e 2009, mais de 1.200 novas espécies de plantas e animais vertebrados foram identificadas nos diferentes biomas amazônicos espalhados em oito países e na Guiana Francesa, englobando 637 de plantas, 257 de peixes, 55 de répteis, 16 aves e 39 mamíferos. Não estão incluídos nesse montante de descobertas milhares de invertebrados, também identificados nesse período. A região já abarca cerca de 10% da biodiversidade conhecida no mundo e, sem dúvida, muitas novas espécies aguardam o descobrimento. Até 2005, identificaram-se no bioma mais de 40.000 espécies de plantas, 427 mamíferos, 378 répteis, cerca de 1300 aves e mais de 400 anfíbios e 3.000 peixes. Os diferentes tipos de florestas amazônicas constituem, em conjunto, a maior floresta tropical contínua do mundo, e avalia-se que retenham entre 90 a 140 bilhões de toneladas de carbono, números que bem indicam sua importância na questão das mudanças climáticas. A descarga dos rios da Bacia Amazônica no Atlântico atinge, em média, 219.000 metros cúbicos de água por segundo, 15 a 16% do fluxo total de todos cursos d’água do mundo, e é de longe a maior de todas. .

Esforço internacional para salvar os tigres da extinção na natureza Os chefes de estado dos países que possuem tigres em sua fauna estão com encontro marcado, a convite do Primeiro Ministro Putin, da Rússia, para decidirem sobre a sorte desse animal carismático. É a primeira vez que um encontro deste nível se realiza para salvar uma espécie. Os tigres, outrora abundantes em vasta região da Ásia, estão reduzidos a cerca de 3.200 exemplares, distribuídos em populações residuais disjuntas, totalizando uma população equivalente a apenas 3% da que existia há apenas

Embora eventuais aumentos exagerados da ocorrência de medusas não sejam desconhecidos em distintos mares do globo, aparentemente eles estão se tornando mais freqüentes ao redor do mundo. E isto vem se mostrando particularmente comum no Mar do Japão e no Mar Amarelo, a leste da China. Maciças concentrações da medusa-de-nomura (Nemopilema nomurai), que pode medir dois metros de diâmetro e pesar 200 quilogramas, estão acontecendo em quase todos os verões, provocando prejuízos de bilhões de dólares à indústria de pesca. Em 2005, estimou-se que 20 bilhões dessas enormes medusas atulharam o Mar do Japão e dificultaram as operações pesqueiras. O enorme custo dessas proliferações gerou o Projeto China Jellyfish para estudar o complicado e misterioso ciclo vital desses animais. O principal objetivo é desvendar as razões dessas súbitas concentrações, mas suspeita-se que a principal delas seja a sobrepesca. Os peixes são predadores naturais das medusas e a diminuição das suas populações devido à pesca propicia um aumento do número de presas. Por outro lado, as medusas também se alimentam dos ovos de peixes e das suas larvas, estabelecendo-se assim um círculo vicioso favorável ao aumento de número das medusas. Outra possibilidade é a eutroficação dos mares, decorrente do excesso de uso dos fertilizantes, levando ao aumento da biomassa de fitoplancto e, este, à proliferação das medusas. O acréscimo da temperatura do mar também é um possível fator do desequilíbrio. Seja como for, parece que nos mares da China está próximo um ponto de não-retorno, além do qual as dizimadas populações de peixes se tornam incapazes de manter o equilíbrio do ecossistema e impedir a proliferação permanente das medusas. Em 2009, as capturas de uma só espécie de peixe no Mar Amarelo decresceram 20 vezes e 95%

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do conteúdo das capturas nas redes eram constituídos de medusas. Este é mais um exemplo do que a utilização não-sustentável dos recursos marinhos pode resultar. Fonte: Science, 10-12-2010.

Os botos-vermelhos sofrem com as capturas ilegais O boto-vermelho (Inia geoffrencis) é um golfinho exclusivamente fluvial endêmico da Bacia Amazônica, cuja captura ou molestamento intencional são proibidos por lei, como ocorre com todos os demais cetáceos nas águas jurisdicionais brasileiras. Não obstante, em face da quase completa ausência de fiscalização e de punição em caso de desobediência à legislação, os botos-vermelhos estão sofrendo pesadamente as conseqüências do descaso. Segundo a pesquisadora Nívia do Carmo, participante do Projeto Boto do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, a população de botos-vermelhos nas proximidades de Tefé, estado do Amazonas, caiu 10% somente na última década. A espécie é estudada desde 1993 na Reserva de Desenvolvimento Sustentável de Mamirauá e, em 2010, os pesquisadores percorreram as comunidades ribeirinhas nas proximidades de Tefé, constatando que, embora conhecedores da legislação, os moradores capturam os botos constantemente e sem se importarem de estar cometendo um crime ambiental. A razão das capturas ilegais, efetuadas com esta naturalidade ilícita, parece ser o uso dos animais mortos como isca na pesca da pirapitinga, um peixe abundante na região amazônica, que se alimenta de carniça. Geralmente rejeitado para alimentação pelos moradores locais, é apreciado na Colômbia, para onde vem sendo exportado o resultado das capturas. Caso providências das autoridades responsáveis não sejam tomadas com a necessária energia, teme-se que a prática predatória se perpetue e expanda, pondo em sério risco as populações de botos-vermelhos.

Hibridação no Ártico A redução do gelo nas regiões árticas devido às mudanças climáticas está restringindo ou eliminando hábitats necessários à fauna regional, com diminuição gradativa de muitas de suas populações. Uma das conseqüências indesejáveis é a hibridação de espécies aparentadas, forçada pela dispersão de seus indivíduos. Na medida em que indivíduos isolados de diferentes espécies entram em contato, surgem cruzamentos que poderão levar as espécies raras à extinção. Nas últimas décadas, foram constatados híbridos de baleias-francas e baleias-francas-da-Groenlândia, de espécies diferentes de focas e de golfinhos, e de ursos-polares e ursos-pardos. Ao todo, já foram identificadas pelo menos 34 possíveis híbridos de mamíferos aquáticos no Ártico e Sub-Ártico. Das 22 espécies envolvidas, 14 são consideradas ameaçadas, ou candidatas a sê-lo. Nem todos os cruzamentos interespecíficos podem pro28

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duzir híbridos viáveis. Mesmo quando eles o são, a mistura de genomas, além de descaracterizar as espécies, tende a provocar a perda de capacidade adaptativa nos seus descendentes e os torna vulneráveis às pressões ambientais. A situação está a exigir monitoramento constante das populações sujeitas e este tipo de risco genético. Fonte: Nature, 16-12-2010

A ONU cria órgão para monitorar a biodiversidade Em 20 de dezembro último a Assembleia Geral das Nações Unidas concordou com a criação de um órgão destinado a monitorar as condições da biodiversidade em escala mundial, com a denominação complicada de Plataforma Intergovernamental para Políticas Científicas sobre Biodiversidade e Serviços Ambientais, instituição mais conhecida pela sigla IPBES. Embora o órgão até agora não disponha de sede, orçamento e pessoal, o Conselho Governamental do Programa das Nações Unidas para O Meio Ambiente (PNUMA) já aprovou a realização da primeira reunião plenária do IPBES, prevista para o próximo mês de outubro, esperando-se para o primeiro semestre de 2012 seu efetivo funcionamento. O IPBES não deverá operar como o Painel Intergovernamental para as Mudanças Climáticas, que tem calcado sua atividade principal na previsão de cenários. Esperase que possa considerar o avanço do conhecimento científico em prol de políticas que viabilizem minorar os efeitos da perda de biodiversidade no mundo.

SOBRAPA Sociedade Brasileira de Proteção Ambiental CONSELHO DIRETOR PRESIDENTE Ibsen de Gusmão Câmara DIRETORES Maria Colares Felipe da Conceição Olympio Faissol Pinto Cecília Beatriz Veiga Soares Malena Barreto Flávio Miragaia Perri Elton Leme Filho Rogério Marinho CONSELHO FISCAL Luiz Carlos dos Santos Ricardo Cravo Albin SUPLENTES Jonathas do Rego Monteiro Luiz Felipe Carvalho Pedro Augusto Graña Drummond

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POR

JACIRA S. C OLLAÇO

Biorreator para clonagem de plantas

O pesquisador João Batista Teixeira trabalha no equipamento

produção monitorada, com condições de cultivo controladas e com menor mani-

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aprovada pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio). Além dela, foram liberadas para comercialização no Brasil oito variedades de algodão, cinco de soja, 15 de milho e uma levedura para produção de biocombustível, como informa o Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB).

vacina procura combater duas graves enfermidades de aves, que trazem muitos prejuízos aos produtores, com alta letalidade dos animais: a doença de Marek, que provoca paralisia e tumores em diferentes regiões do corpo, e a laringotraqueíte infecciosa, uma doença respiratória aguda. Esta é a 12ª vacina geneticamente modificada (GM) de uso animal

Fonte: Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB)

www.internetveteriner.com

China testa produção de leite humano em vacas geneticamente modificadas

A raça bovina leiteira escolhida pelos pesquisadores chineses foi a Holstein

neticamente modificados e seus efeitos sobre a saúde do próprio gado. Já o principal autor do estudo, o diretor do Laboratório State Key para Agro-

Fonte: MAPA, com informações da Embrapa

www.lookfordiagnosis.com

CTNBio libera comercialmente nova vacina recombinante para aves

Segundo o jornal científico online Plos One, pesquisadores chineses teriam introduzido genes humanos em 300 vacas, que passaram a produzir leite com nutrientes essenciais para o sistema imunológico dos bebês. A intenção dos cientistas é oferecer uma alternativa ao leite em pó, muitas vezes criticado como sendo um substituto inferior para os bebês. Além disso, afirmam que o desenvolvimento de fontes alternativas às proteínas do leite materno seria benéfico para a saúde infantil, como no caso de haver problemas com a lactação das mães. Embora o jornal inglês The Telegraph afirme que a pesquisa tem o apoio de uma grande empresa de biotecnologia, a pesquisa sofre críticas de grupos de proteção aos animais, que questionam a segurança do leite de animais ge-

pulação das culturas. “O biorreator representa uma ótima opção para as empresas de fruticultura, produção de plantas ornamentais, reflorestamento, papel e celulose e madeireiras”, afirma Teixeira. Apresentado ao público em uma feira em Goiás, em abril, o equipamento apresenta ainda outras vantagens em relação aos métodos tradicionais de produção de mudas, como adaptabilidade a diversas espécies vegetais; uniformização da produção; simplicidade de montagem; geração de produtos isentos de pragas e doenças e redução do custo total por unidade produzida.

CLÁUDIO BEZERRA

Desenvolvido e já patenteado pela Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, o equipamento é capaz de multiplicar mudas de plantas com higiene, segurança e economia. O biorreator funciona a partir de um sistema de frascos de vidro interligados por tubos de borracha flexível, pelos quais as plantas recebem ar e solução nutritiva por aspersão ou borbulhamento. Ele pode reproduzir elementos diferentes, como células, tecidos ou órgãos, que ficam armazenados no biorreator. Como explica o pesquisador responsável, João Batista Teixeira, o instrumento reduz significativamente os custos com mão-de-obra, além de acelerar o ciclo de produção e aumentar a produtividade. Isso porque possibilita uma

Uma das formas da doença de Marek ataca íris e causa cegueira nas aves

biotecnologia da Universidade Agrícola da China, Li Ning, ressaltou que o leite materno contém todos os nutrientes que uma criança necessita – o que não ocorre com o leite de vaca, que não é tão facilmente digerido ou absorvido. “Fazer o leite de vaca mais humano poderia dar um impulso aos laticínios nutricionais”, afirmou. O processo utilizou métodos de clonagem para introduzir genes humanos ao DNA de vacas leiteiras da raça Holstein. Os embriões modificados se desenvolveram e os adultos produziram leite com uma proteína humana chamada lisozima, um antimicrobiano natural. Contudo, isso só foi possível devido às leis chinesas, mais flexíveis sobre modificações genéticas do que na Europa. O diretor tem a expectativa de comercializar outras pesquisas genéticas em três anos, mas estima que ainda serão necessários 10 anos ou mais para que o “leite de vaca humano” chegue ao consumidor. Fonte: The Telegraph

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Sonho verde Produtor rural vive do meio ambiente e dos recursos naturais e é o maior interessado em sua defesa C ESÁRIO R AMALHO

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PRESIDENTE DA SOCIEDADE RURAL BRASILEIRA

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Código Florestal O Código Florestal vigente criou as Áreas de Preservação Permanente (APPs), que devem permanecer intocadas. São APPs os topos de morro, encostas, margens dos rios, várzeas, etc. O código criou também as Reservas Legais. Cada propriedade rural deve ter, além das APPs, reservas florestais em 20%, 35%, 50% ou 80% de sua área, conforme a região. A área agrícola corresponde a 33% e os outros 4% são cidades, estradas, fábricas, represas, etc. Para cumprir o código em vigor, teríamos que reflorestar dezenas de milhões de hectares de áreas agrícolas cultivadas há séculos. O produtor teria que fazer o reflorestamento só com recursos pró-

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prios. Difícil precisar quanta área seria reflorestada. Cada fiscal define morro e topo de morro de uma forma. Mesmo o pessoal especializado, os geômetras, não têm consenso. A largura das margens dos rios também é controversa. Alguns enchem e esvaziam e outros são intermitentes, o que dificulta o cálculo. Eficiente, o agronegócio responde por 24% do Produto Interno Bruto (PIB) e por um terço dos empregos. O mundo depende do Brasil, 2º maior exportador de alimentos, atrás apenas dos Estados Unidos. Sem as exportações do agronegócio, o equilíbrio da política econômica se desfaz, o que inviabiliza os programas sociais. O agronegócio é super competitivo. Cada produtor tem seis milhões ANA MAIO/EMBRAPA PANTANAL

s problemas ambientais se concentram nas cidades. Faltam áreas verdes, saneamento, transporte público, etc. Sobram lixo, enchentes, poluição, trânsito e milhões de pessoas morando em áreas de proteção de mananciais ou de risco. Os acordos internacionais relativos às mudanças climáticas falharam. A substituição do petróleo e carvão depende de novas tecnologias e de profundas alterações na economia. O petróleo do pré-sal emitirá mais gases de efeito estufa do que se todas as florestas brasileiras fossem queimadas. O Brasil tem 63% do seu território com florestas e vegetação natural sob a forma de parques, estações ecológicas, reservas indígenas e propriedades rurais. Somos o campeão mundial da preservação. O produtor rural vive do meio ambiente e dos recursos naturais e é o maior interessado em sua defesa.

de concorrentes. As margens de lucro são estreitas e a necessidade de investimento e de novas tecnologias é constante. Na concepção do código em vigor houve um problema de escala. Foi concebido na escala de um para seis milhões. Em um gabinete de Brasília para seis milhões de agricultores cumprirem. A escala de um para um é a da realidade. Quando o produtor aplica o código no dia a dia, ele verifica que não tem os recursos necessários e que a redução da área plantada levará a perdas de produção, renda e emprego. Observa que as APPs, como foram definidas, são incompatíveis com a estrutura de produção existente, constata que os benefícios ambientais pretendidos não serão alcançados e que áreas destinadas às Reservas Legais serão abandonadas. Na escala do um para um, o sonho verde vira pesadelo. Só reformando o Código Florestal atual, democraticamente, no Congresso Nacional, vamos proteger agricultura e meio ambiente.

Mata ciliar: área de preservação permanente (APP)

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Especialista refuta tese do aquecimento global Terra não está sofrendo um processo de aquecimento fruto de emissões antrópicas, ou seja, produzidas como resultado da ação humana. Na verdade, o planeta está na antessala de uma nova era de resfriamento.

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terra não está sofrendo um processo de aquecimento fruto de emissões antrópicas, ou seja, produzidas como resultado da ação humana. Na verdade, o planeta está na antessala de uma nova era de resfriamento. Foi o que destacou o professor-doutor em Meteorologia e Proteção Ambiental pela Universidade de Wisconsin (EUA), Luiz Carlos Baldicero Molion, na palestra “Agropecuária e Mudanças Climáticas”, realizada recentemente na Sociedade Rural Brasileira. Bacharel em Física pela USP, Molion tem mais de 30 artigos publicados em revistas e livros estrangeiros e mais de 80 artigos em revistas nacionais. Foi cientista-chefe nacional de dois experimentos com a NASA sobre a Amazônia e atualmente é professor associado e diretor do Instituto de Ciências Atmosféricas (ICAT) na Universidade Federal de Alagoas. A partir de imagens por satélites e gráficos de diversas fontes científicas relacionadas ao tema, como, por exemplo, a Nasa, Molion assinala que o clima global varia naturalmente e já esteve mais quente no passado. Segundo ele, não existe comprovação científica de aquecimento nos últimos dez anos, acrescentando que os dados extraídos de termômetros em solo sofrem do efeito de “ilha de calor urbana” e “ajustes”. Para o professor, não há mudança climática, mas sim uma maior vulnerabilidade social devido ao aumento da população no mundo, transformação esta que coloca a conservação ambiental como imperativa para sobrevivência da espécie humana. Molion diz que existem interesses econômicos por trás dos estudos sobre o aquecimento global. De acordo com ele, cientistas estão de olho nos bilhões de dólares destinados às pesquisas sobre o clima. Ao subsidiar sua tese de resfriamento, Molion argumenta que o sol e o oceano pacífico estão entrando, respectivamente, em fase de baixa atividade e diminuição do calor das águas, período que irá se esten-

Luiz Carlos Molion: “não existe comprovação científica de aquecimento nos últimos dez anos”

der até meados de 2030. Segundo ele, tratam-se de fenômenos cíclicos naturais que ao longo de milhares de anos interferem no clima global.

Gases Com relação à emissão de gases, o professor refuta a tese de que o gás carbônico é responsável pelo aquecimento da Terra. De acordo com Molion, o CO2 não controla o clima global e mesmo se tivesse influência, as emissões antrópicas são ínfimas se comparadas às de origem natural, como, por exemplo, oceanos e solos. No tocante ao metano, o professor assinala que encontra-se estável na atmosfera há aproximadamente 20 anos. Neste aspecto, Molion rechaça a associação entre animais ruminantes (gado, por exemplo) e a concentração do gás na atmosfera, já que o número de animais aumenta desde 2003 e o de metano permanece estagnado.

Mares O professor pontua que o nível dos mares é influenciado por ciclos lunares de aproximadamente 18 anos. De acordo com Molion, o nível médio dos mares subiu quatro centímetros entre 1993 e 2010. Segundo ele, trata-se de um “aparente aumento” que está dentro de uma variação natural de cerca de seis centímetros. Para o professor, o IPCC (sigla em inglês para Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, maior autoridade mundial no tema), não faz previsões. Molion é contundente ao afirmar que o IPCC usa cenários fictícios e baseia suas projeções em modelos que não representam os processos físicos responsáveis pelo controle do clima.

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Agrishow pode mostrar a grandeza do agro para as cidades

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CRISTINA BARAN

ela amplitude e força adquirida 2009 aumentou ainda mais, obtenAproximar o público no decorrer dos anos, a Agrishow do um incremento anual de 5,39%. urbano do setor rural é também pode “vender a grandeza” do “Precisamos comunicar isso, que a questão de sobrevivência tecnologia revolucionou o agronegóagronegócio para o meio urbano, afirma o presidente da cio brasileiro, fazenSociedade Rural Brado com que produzíssileira, Cesário Rasemos mais em memalho da Silva, que nos área.” durante três anos siRamalho observa multaneamente preque as cidades depensidiu a feira. dem do campo, mas Para Ramalho, pouco valorizam o apesar de avanços que vem da terra. significativos nos úl“Temos que mostrar, timos anos, ainda por exemplo, a gama existe uma visão nede benefícios econôbulosa nas cidades do micos, sociais e ambique exatamente é o entais que o agro agro. Parcelas da jugera para toda a poventude e segmentos pulação.” do tecido social com A Feira pouca identificação e A Agrishow 2011 conhecimento do seatingiu um volume tor rural, diz ele, re- Cesário Ramalho, presidente da SRB e da Agrishow, discursa na solenidade de de negócios de R$ 1,7 plicam um conjunto abertura, que foi prestigiada por diversas autoridades bilhão, 52% acima do de informações disano passado, e recetorcidas desfavorábeu mais de 146 mil veis à imagem e revisitantes do Brasil e putação do agronegóde aproximadamente cio. 50 países. De acordo com o A presença de mipresidente da Rural, nistros, governadoaproximar o público res, deputados, senaurbano do setor rural dores, prefeitos, veé questão de sobrevireadores, líderes sevência, porque opinitoriais e empresários ões formadas nas cimais uma vez valoridades guiam decisões zou de sobremaneira de políticas públicas a feira. e de negócios. Entre as autoridaSegundo Ramades, a Agrishow foi lho, mais de 600 jorprestigiada, por exemnalistas nacionais e plo, pelo governador internacionais cobride São Paulo, Geraldo ram a Agrishow. “E a Alckmin, os ministros mídia é um agente Wagner Rossi (Agrique, bem e eticamencultura), Afonso Flote abastecida de boa rence (DesenvolviO volume de negócios chegou a R$ 1,7 bilhão nesta edição da Agrishow informação, pode comento Agrário), Ferlaborar para melhonando Bezerra Coelho rar a relação do agro com as cidades.” (Integração Nacional) e cinco minisral, mas menos do que deveria. Na avaliação do presidente da tros da Agricultura do Cone Sul – ArPor exemplo, ressalta ele, de Rural, hoje, a sociedade urbana sabe gentina, Bolívia, Chile, Paraguai e 1975 a 2009, a produtividade do agro mais do que sabia sobre o setor ruUruguai. cresceu 3,57% ao ano e de 2000 a 32

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Rumo à sociedade sustentável J OSÉ

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S AMPAIO G ÓES

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resolução dos problemas ambientais advindos da intensificação agrícola e industrial é de suma importância para o futuro. A intensificação da agricultura tem causado: perdas por erosão; contaminação da água e do ar por pesticidas e nutrientes; resistência de insetos, ervas daninhas e patógenos aos métodos químicos de controle e desaparecimento de espécies e habitats naturais. A agricultura tem sido prejudicada pelo impacto da contínua intensificação industrial e urbana. Estes efeitos já se notam em muitas regiões por meio da contaminação de alimentos por metais pesados. O desenvolvimento dos combustíveis fósseis deu à humanidade a ilusória sensação de que o crescimento econômico era ilimitado. Até agora nossa sociedade tem trabalhado segundo este modelo, o que nos colocou, atualmente, face a face com os limites de exaustão do sistema vital planetário. Na agricultura o ponto nevrálgico é o uso do nitrogênio. Ele é um dos mais importantes insumos usado nos modernos sistemas de produção agrícola. Mas também é nosso “calcanhar de Aquiles”. Seu uso tem causado a contaminação do ar e da água, além de sua produção e distribuição depender das reservas não renováveis de combustíveis fósseis. Desenvolvimento sustentado implica num redirecionamento do progresso tecnológico, precisamos obter mais bens e serviços por unidade de recursos utilizada. Assim

PAULO KURTZ / EMBRAPA TRIGO

DIRETOR DE MEIO AMBIENTE DA SOCIEDADE RURAL BRASILEIRA

Perdas por erosão é uma das consequências da intensificação agrícola

seremos mais eficientes, não estaremos sacrificando os recursos naturais, e, se necessário, sacrificaremos capital produtivo e trabalho. Produtividade agrícola Precisamos encontrar níveis de produção nos quais o fator produtivo utilizado seja eficientemente empregado. Quando analisamos a utilização de um fator de produção e sua influência na produtividade agrícola, vemos que a curva que caracteriza seu uso é a dos aumentos não proporcionais. Assim, ao aumentarmos a utilização do fator, os aumentos marginais de produção são cada vez menores. Exemplificando: os modernos métodos de produção agrícola utilizam doses de 120 kg de nitrogênio por hectare. Sabemos que para doses de até 60 kg de nitrogênio por hectare, temos resposta de aumento de produtividade para 90% do nitrogênio utilizado. Ou seja, 120 kg de N/ha

aumenta a produtividade, mas não de maneira efetiva. Vemos, portanto, que é preciso analisar a produtividade sob a óptica da sustentabilidade. Grandes produções por unidade de área não bastam se, para alcançá-las, devemos empregar recursos não renováveis de modo inadequado e métodos de produção agressivos ao meio ambiente. A escassez e o mau uso da água doce é uma séria ameaça ao desenvolvimento sustentado e à proteção ambiental. A saúde, o bem estar e a segurança alimentar da humanidade, além dos ecossistemas dos quais tudo isto depende, correm sérios riscos, a não ser que os recursos hídricos e os solos agrícolas sejam manejados de maneira mais apropriada. Os ciclos de produção envolvendo matérias-primas essenciais e elementos de degradação lenta deverão ser os mais fechados possíveis, a

fim de permitirem sua melhor conservação e prevenir que substâncias tóxicas não entrem nas cadeias alimentares. Agricultura sustentada Uma forma de agricultura sustentada era o sistema utilizado no Ocidente até o fim da 2a Grande Guerra. A integração entre agricultura e produção animal permitia a utilização do esterco para fertilizar o solo e empregava animais como tração, precisando então de pouca energia complementar. Analisando as projeções para a 3º e 4º décadas deste século, de acordo com as taxas de crescimento populacional atuais e o consumo per capita de bens e serviços, vemos que a tarefa de resolver os problemas ambientais será extremamente difícil. Nenhum dos sistemas, que são sustentáveis sob condições de baixo crescimento e demanda, têm capacidade de responder às necessidades de uma população que dobra a cada geração. A teoria econômica diz que se o preço de um recurso for mal avaliado, certamente ele será mal utilizado. Isto é verdade e acaba impondo um grande custo ambiental. Vemos então que a sociedade sustentável necessita de uma teoria econômica que leve em conta os aspectos ambientais. Não podemos continuar utilizando bens e serviços ambientais sem atribuirlhes o devido valor, incluindo sua depreciação. Apesar de todos parecerem concordar que o problema ambiental é político, social e econômico, esquecemos disto e tentamos resolvê-lo apenas tecnicamente. Precisamos modificar esta postura, pois só resta a coexistência com a natureza ou a não existência.

Sociedade Rural Brasileira Rua Formosa, 367, 19º andar – Anhangabaú - Centro CEP 01049-000- São Paulo – SP Tel: (11) 3222-0666 – Fax: (11) 3223-1780 www.srb.org.br

Jornalista Responsável: Ronaldo Luiz – ronaldo@srb.org.br Co-redador: Renato Ponzio

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Como promover a sustentabilidade com a criação de abelhas

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picultura

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egundo levantamento do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), as exportações de mel renderam ao País uma receita de US$5,53 milhões. Só em dezembro de 2010 houve aumento de 48,3% no volume produzido (1650 mil toneladas). O preço médio de comercialização do produto chegou a US$3,35 o quilo, gerando um crescimento de 28% em comparação ao mesmo período do ano anterior. Entre os principais compradores estão Estados Unidos, Alemanha e Reino Unido. Além de elevar a renda e ser uma fonte riquíssima em proteínas, vitaminas e minerais, a criação de abelhas pode ser uma grande aliada para a preservação da natureza. Esses insetos são responsáveis pela reprodução de 40 a 90% dos vegetais devido ao processo de polinização, ou seja, cuidam do transporte de pólen de uma flor para outra, de acordo com Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA). Pensando em contribuir com o meio ambiente, José Augusto Martins, morador da zona Oeste de São Paulo, tomou a decisão de ser apicultor há 18 anos ao ver um apiário abandonado cheio de traças de cera (inseto que causa danos à colmeia).

Sucesso

LINK PORTAL DA COMUNICAÇÃO

Após extrair mel deste primeiro local, Martins o distribuiu para os amigos, que logo começaram a pedir mais. Com o sucesso, ele resolveu abrir mais um apiário com produção de 300 caixas, contando com 100 mil abelhas e um aparelho de centrifugação para retirada do mel. Para garantir a qualidade de seu trabalho, o produtor rural faz

Manuseio de colmeia com a vestimenta adequada

parte da Associação dos Criadores de Abelhas Melíferas (APACAME). “Percebi que as pessoas preferem esse nobre alimento direto de um produtor que conheçam, por ser mais confiável”, diz. “Se pudesse, só viveria da renda da comercialização do que eu produzo”, completa o também dono de uma empresa de autopeças. O contato com a natureza e a paixão pela criação de abelhas foi decisivo para que o apicultor realizasse uma dissertação chamada “A geometria no mundo das abelhas” na USP – Universidade de São Paulo. “As abelhas, com uma proeminente sabedoria milenar, dão ao homem um verdadeiro exemplo de trabalho comunitário e sustentável. Sem apego algum ao individualismo, pois tudo é comunitário, elas usufruem dos valores dados pela natureza e contribuem para o seu equilíbrio. Em troca de néctar das flores que a natureza lhes oferece, elas retribuem com sua ação polinizadora para multiplicar e enriquecer o reino vegetal, animal e humano com sementes e frutas”, afirma Martins.

Meio ambiente

Ao retirar o pólen das flores, as abelhas são responsáveis por sua reprodução

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Segundo ele, a troca periódica de ceras, o cuidado para evitar traças, a manutenção de espaço interno adequado para suas atividades as auxilia na sua reprodução e é uma forma de ajudá-las a contribuir com meio ambiente. “As abelhas são um exemplo de sustentabilidade. Ao mesmo tempo em que tiram matéria-prima da natureza, elas devolvem em polinização, um serviço que fazem de modo inigualável”, assegura. “Assim, criá-las nos proporciona um nível de consciência maior, pois é exemplar sua cuidadosa e desprendida organização social, e a sua eficiência e perfeição na ocupação do espaço físico nos encanta”, acrescenta. Atualmente José Augusto produz quatro toneladas de mel por ano, além de produtos como própolis, pólen, balas, sachê, favos com moldura hexagonal ou retangular. O material também é comercializado em exposições ou em entrepostos. O processo de extração do mel é realizado na zona rural da cidade de Casa Branca ou em São Lourenço da Serra, interior de São Paulo, onde Martins possui uma casa de campo. O envase do mel e a embalagem dos demais são realizados em espaço apropriado, na própria residência. MÁRCIA BRANDÃO

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Como antecipar o primeiro cio pós-parto em ovelhas Santa Inês TÂNIA M ARIA L EAL

EMBRAPA MEIO-NORTE

PESQUISADORA DA EMBRAPA MEIO-NORTE

A raça Santa Inês pode ter boa rusticidade, mas sua produção cai sem alimentação adequada

A suplementação alimentar no pós-parto e a substituição do sistema de amamentação contínua, favorecem a antecipação de uma nova concepção, reduzindo o intervalo de partos, permitindo que a ovelha possa produzir um maior número de crias/ano A Lavoura JUNHO/2011

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Um longo período de amamentação atrasa o retorno ao cio

Uma nutrição adequada é fundamental para o reinício da atividade ovariana pós-parto. As fêmeas devem estar bem nutridas no final da prenhez e no pós-parto (fases de maior EMBRAPA MEIO-NORTE

ausência de atividade sexual, caracterizada pela não manifestação de estro ou cio, é denominada anestro pós-parto. Esse é um mecanismo fisiológico e não uma doença, mas passa a ser considerado um problema quando o anestro pósparto se prolonga por muito tempo, prejudicando a fertilidade. A produtividade de um rebanho ovino pode ser expressa pelo aumento da eficiência reprodutiva que está diretamente ligada à duração do período de anestro pós-parto e, consequentemente, do intervalo entre partos, que permite um maior número de crias nascidas por ovelha/ano, proporcionando, desta forma, uma maior lucratividade ao sistema de produção. Em ovelhas, a duração do anestro varia geralmente de acordo com o nível nutricional e a frequência de amamentação. A Embrapa Meio-Norte realizou pesquisas para avaliar o efeito da suplementação alimentar e da frequência de amamentação no retorno ao cio pós-parto em ovelhas da raça Santa Inês. A maioria dos rebanhos ovinos da região Nordeste apresenta um nível nutricional inadequado, mesmo aqueles menos exigentes do ponto de vista genético.

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Animais bem nutridos no pré e pós-parto produzem mais leite para suas crias

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demanda nutricional), para que possam reduzir o período de anestro após o parto. Quanto maior for a perda de peso no início do pós-parto e quanto menor for a reserva corporal, mais tempo o organismo levará para apresentar cio. Uma nutrição adequada, de forma que a ovelha consiga parir com uma boa condição corporal e mantenha esta condição durante o pós-parto, permite um maior aporte de leite para suas crias, acarretando um maior desempenho dos cordeiros e um retorno precoce à atividade reprodutiva. O estímulo mamário decorrente da amamentação altera a função ovariana levando a um atraso no restabelecimento da atividade reprodutiva após o parto. A intensidade e frequência de amamentação podem retardar o aparecimento do cio pós-parto. A amamentação leva a alterações em diversos hormônios que exercem efeitos inibidores sobre a atividade ovariana contribuindo para um prolongamento do anestro pós-parto. Como estratégias para melhoria do desempenho dos sistemas de produção, as práticas associadas ao manejo reprodutivo são de fundamental

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importância. Para atender à demanda crescente do mercado por carne ovina é necessário aumentar o nascimento de cordeiros, o que pode ser conseguido através da redução do intervalo de partos. Essa redução depende obviamente da utilização de técnicas apropriadas de manejo, como a amamentação controlada, que visa diminuir o efeito acumulado da frequência e intensidade da amamentação e a suplementação alimentar da ovelha no pós-parto, que objetiva suprir as exigências nutricionais que são aumentadas devido à lactação. Após o parto ocorre um aumento na demanda nutricional da ovelha que, se não for atendida, passará a usar suas reservas corporais, ocasionando uma perda de peso e consequente atraso na atividade reprodutiva. Sendo assim, a suplementação alimentar após o parto é necessária para garantir um bom desempenho reprodutivo posterior. Práticas de manejo que contribuem para antecipar o cio após o parto:

Amamentação controlada A amamentação controlada consiste em separar as crias das mães, a partir do 15º dia de vida da cria, e colocá-las para mamar apenas duas vezes ao dia, pela manhã e a tarde,

EMBRAPA MEIO-NORTE

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Sem um suplemento alimentar, as mães novas perdem peso

durante 30 minutos de cada vez. Logo no início desta separação é importante oferecer forragem e uma pequena quantidade de concentrado para as crias (1% peso vivo) para promover o desenvolvimento ruminal e

melhorar o desenvolvimento ponderal das crias. Desta forma, a amamentação controlada proporciona às ovelhas um retorno ao cio pós-parto mais precoce, melhorando a eficiência reprodutiva e produtiva dos ovinos.

EMBRAPA MEIO-NORTE

Suplementação alimentar no pós-parto Existem diversas forma de reduzir as perdas verificadas no pós-parto. Dentre estas, merecem destaque a suplementação alimentar, que pode ser feita através do fornecimento de feno, silagem e concentrados proteicos e energéticos, além do cultivo de forrageiras que podem ser utilizadas como banco de proteína. Desta forma, a suplementação alimentar no pós-parto e a substituição do sistema de amamentação contínua pela amamentação controlada favorecem a antecipação de uma nova concepção, reduzindo o intervalo de partos, permitindo que a ovelha possa produzir um maior número de crias/ ano e, consequentemente, melhorando a eficiência reprodutiva e produtiva dos ovinos. Esse manejo deve ser adotado pelos produtores que visam uma melhor produtividade dos seus rebanhos. Exame em uma fêmea prenhe

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TOTAL ALIMENTOS

Qual é a solução quando há problemas com o leite materno?

Uma ninhada de muitos filhotes pode impossibilitar a mãe de atender a todos

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odos sabemos que nada é melhor que o leite materno. Entretanto, em algumas situações adversas, os filhotes podem ficar sem o leite da mãe. Imagine se sua cachorrinho ou gata gera uma ninhada numerosa e não consegue amamentar todos os filhotes satisfatoriamente. O que fazer? E se os filhotes infelizmente ficarem órfãos, como alimentá-los? Quando a cadela gera um filhote menor e mais fraco que os outros, que precisa de atenção especial, como é possível ajudar? Às vezes a cadela não forma o bico nas tetinhas e os filhotes não conseguem mamar na mãe ou então a anestesia da cesariana retarda o aparecimento do leite materno – qual seria, em todos estes casos, uma solução possível? Foi pensando em todas estas questões que a Total Alimentos lançou o novo Big Boss Milk, para cães com até quatro semanas de vida (gatos com até oito) e a Papinha Desmame, para cães de três a oito semanas de idade. Bom uso Os probióticos, presentes nos dois produtos, são microorganismos vivos que, ao serem adicionados ao alimento dos filhotes, trazem benefícios para o desenvolvimento da flora microbiana intestinal, favorecendo a absorção

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de nutrientes pelos cães e gatos. O sódio e o potássio equilibram os líquidos corporais e participam do processo de produção de energia, além de também serem fundamentais para a absorção de nutrientes. Para fazer um bom uso do produto, é necessário prestar atenção à temperatura da água que será adicionada ao pó. Ela deve ser fervida e depois deixada para resfriar até aproximadamente 40 graus (não use água morna) e a diluição deve ser feita dentro da própria mamadeira para uma melhor homogeneização do produto. Gatos Ana Cláudia Andrade, do Gatil Legato, diz que até mesmo seus gatos adultos gostam do leite de substituição e não ficam com diarreia, o que acontece se tomarem leite de vaca. “O leite de substituição é mais seguro e muito mais prático do que os leites de substituição caseiros”, diz a criadora que também é estudante de medicina veterinária. Paula Vasconcellos, médica veterinária e proprietária do canil Grand Thunder Kennel, em São Paulo, dá assistência a vários canis e afirma que sempre utiliza o leite da Total quando necessário. “O lei-

te da Total Alimentos foi uns dos primeiros a aparecer no mercado. Eu usei a primeira vez, gostei e continuei usando sempre o mesmo. Gosto do resultado e acho que o filhote se adapta bem, sem apresentar problemas de vômito e diarreia. É um produto que corresponde bem às necessidades dos filhotes e auxilia o desenvolvimento”, conta a doutora. “Até podemos fazer um leite de substituição caseiro, mas ele nunca seria completo ou seguro. É importante lembrar também que alimentar os filhotes com leite de vaca, algo que muita gente ainda insiste em fazer, pode causar diarreias muito fortes e até mesmo levar os neonatos a óbito”, explica. Robson Bunn, do canil Love Dog’s, agradece a Total Alimentos por oferecer um produto tão prático e útil. Ele acaba de salvar a vida de um filhote de Yorkshire que não tinha força suficiente para mamar na mãe. “O leite foi de extrema importância para conseguirmos salvar este filhote. Ela está crescendo perfeitamente agora. O produto é excelente, pois é muito prático e de fácil manuseio. Não sei o que utilizaríamos se não tivéssemos esta opção”, diz ele.

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Removedor de odores e manchas PET SOCIETY

O produto vem O Magic Taem um blister com blets® foi desendois tabletes, renvolvido a partir de dendo um litro, ingredientes nãocerca de 700 aplicatóxicos e seguros ções de três borri(bicarbonato de fadas. “O objetivo sódio, ácido cítrida Pet Society é co, oxidantes) lançar produtos para os animais de Embalagem do produto, concentrados com estimação, seus que é biodegradável máxima eficiência. donos e o planeta, Afinal, a água está disponível além disso, é totalmente bioem qualquer lugar, ou seja, os degradável. consumidores não precisam Eficácia garantida comprar água, compram apePor não utilizar enzimas ou nas o produto concentrado”, bactérias em sua formulação, explica Cleiser Kurashima, suo efeito do Magic Tablets® é pervisora do departamento de imediato e definitivo. Isso porpesquisa e desenvolvimento, que utiliza uma mistura de da empresa. agentes concentrados para criA tecnologia Eco-Friendly ar uma detergência inigualáestá presente também no vel, além de eliminar quimicaMagic Tablets®, pois não são mente as bactérias responsáutilizados ingredientes como veis pelo odor. “A poderosa ação amônia, cloro, soda cáustica ou do CO 2 faz com que o ácido hidróxido de potássio, comuúrico normalmente insolúvel mente encontrados nos produna urina torna-se solúvel, retos de limpeza e que são nocimovendo-o completamente da vos ao meio-ambiente, bem superfície e evitando o retorcomo à saúde do consumidor e no das bactérias”, explica à de seus pets. Cleiser.

Dicas para remoção de determinados tipos de odores e manchas Urina Seque levemente a urina em excesso com uma toalha de papel. Tenha cuidado para não pressionar a superfície com demasiada força ou a urina irá escoar para as fibras tornando muito mais difícil de limpar.

Fezes/Diarreia Se a matéria fecal é seca, remova-a e descarte. Em seguida, proceda com as instruções normais de uso do Magic Tablets®. Já no caso de fezes soltas ou diarreia, o melhor é limpar suavemente a quantidade em excesso com uma toalha de papel e esperar o restante secar. Parece horrível, mas paciência é a chave aqui. É muito mais fácil e menos susceptível de causar danos ao seu tapete/tecido quando você os limpar depois de seco. Feito isso, proceda com as instruções normais de uso do Magic Tablets®.

Vômito A mancha e o odor de vômito são facilmente removidos com Magic Tablets®, a menos que o alimento não digerido contenha corante vermelho. Vermelho 40 é um corante alimentar comumente encontrado em alimentos industrializados como sucos, balas, recheios, gelatinas, também nas rações para cães e gatos. Se este for o caso, você deve retirar ao máximo o excesso de vômito da superfície e depois proceder com os mesmos passos da fezes e diarreia. Você pode colocar bicarbonato de sódio sobre a mancha para neutralizar o odor durante a secagem. Quando estiver seco, raspar o máximo possível e retirar as partículas. Após isso, siga o procedimento de uso normal de Magic Tablets®.

O produto repõe eletrólitos perdidos durante exercícios físicos, acelerando a recuperação após a atividade física

VETNIL

A

cena é comum. Todas as manhãs e no final da tarde, em parques e nas calçadas, é possível ver uma legião de homens e mulheres tentando manter a forma, praticando caminhadas ou jogging, muito deles acompanhados de seus cães. Ao final do exercício, esses atletas amadores procuram repor os líquidos e sais minerais perdidos no suor com a ingestão de isotônicos. Mas e os cães, como é que ficam? Durante a prática de atividades físicas, os animais também perdem água e alguns sais minerais importantes para a saúde do organismo, como sódio e potássio. O Eletrolítico Pet, da Vetnil, é a O produto deve solução ideal para reser dissolvido em por essas perdas. Por água filtrada

possuir uma composição reidratante equilibrada, o produto ajuda a restaurar rapidamente o meio interno e acelerar a recuperação após o exercício físico. “Com a reposição dos sais minerais, o rendimento do animal tende a se manter o melhor possível, evitando o desequilíbrio hidroeletrolítico”, explica o veterinário Gustavo Bezzuoli Mano, co-responsável técnico da Vetnil. Eletrolítico Pet é um grande aliado dos proprietários de animais atletas ou que realizam muitas atividades físicas, uma vez que a perda de eletrólitos pode causar prejuízo na performance. “Desequilíbrios nas concentrações de água e sais minerais no organismo acarretam em desordens gerais nas mais variadas funções dos órgãos, que comprometem muito o desempenho atlético do animal”, alerta o veterinário. Reforço energético Além disso, Eletrolítico Pet é um reforço energético, uma vez que possui Maltodextrina, um polímero da glicose, que não é irritante para o trato gastrintestinal e fornece energia por tempo prolongado. O produto

CRISTINA BARAN

Suplemento para cães que praticam exercícios

Após uma corrida, o cão também perde sais minerais

também é eficiente em casos em que uma restauração do equilíbrio hidro-eletrolítico seja necessária, como durante e após transportes e viagens prolongadas. O modo correto de administrar o produto é através da diluição em água filtrada. Eletrolítico Pet pode ser encontrado em saches de 10g, sendo também indicado para gatos, aves, roedores, entre outros animais. Mais informações no site www.vetnil.com ou pelo SAC: 0800 109 197

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TEXTO ASSESSORIA

ecuária de corte

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Pecuarista precisa entender o seu papel na produção de carne de qualidade Rebanho da raça Angus

PAULO

DE

CASTRO MARQUES

PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ANGUS (ABA), EMPRESÁRIO E PECUARISTA, PROPRIETÁRIO DA CASA BRANCA AGROPASTORIL, ESPECIALIZADA NA CRIAÇÃO DE GADO ANGUS, BRAHMAN E SIMENTAL SUL-AFRICANO

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Associação Brasileira de Angus tem parceria com frigoríficos de incentivo à produção de carne bovina de qualidade. A Associação Brasileira de Hereford e Braford também tem. A Associação dos Criadores de Nelore do Brasil criou há vários anos o projeto Nelore Natural, com objetivos semelhantes. Mesmo a pouco

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conhecida raça Rubia Galega tem trabalho conjunto com uma rede de supermercados. Em regra, essas quatro iniciativas envolvem a premiação dos pecuaristas que fornecem para o abate animais jovens com peso, conformação e percentual de gordura ideais. Quando se enquadram em determinados

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ecuária de corte

P padrões, o gado recebe bonificação especial no preço. Há outros projetos com características parecidas e que também defendem a bandeira da carne bovina diferenciada, mais macia e suculenta e, por consequência, preferida por quem valoriza a qualidade. E isso é bom para todos os elos envolvidos. O pecuarista é melhor remunerado; o frigorífico paga um pouco mais porém recebe um produto nobre e o comercializa por preço superior; a imagem da pecuária brasileira melhora. Por trás dessas excelentes ideias há um processo em consolidação. O pecuarista brasileiro já sabe que somente tem retorno econômico se for profissional. E por isso se entenda investir em genética melhoradora, a base de todo o resultado em termos de produtividade, teor de gordura, idade ao abate, ganho de peso e outros indicadores que fazem parte há muito tempo do manual da produção correta. Há no Brasil algumas dezenas de raças bovinas voltadas à produção de carne bovina. Devido à diversidade territorial e climática, umas se adaptam melhor a determinadas regiões e, portanto, acabam merecendo a preferência dos pecuaristas.

Não há raças ruins

TEXTO ASSESSORIA

O fato é que não há raças ruins, mas é preciso que elas sejam utilizadas corretamente. A seleção dos me-

lhores animais é essencial para promover as boas características da opção genética. A multiplicação de bovinos de baixa qualidade colabora para destruir a credibilidade da raça. Infelizmente há mais de um caso na história da pecuária brasileira para provar essa tese. Mesmo o cruzamento industrial já teve os seus dias ruins. Essa prática, que consiste no acasalamento de vacas de origem zebuína com touros de origem europeia, hoje é aclamada como o caminho para a produção de carne bovina de qualidade. Porém, quando surgiu com grande força, no final da década de 80 e início da 90, foi alvo de exageros de alguns que, interessados em ganhos rápidos e sem escrúpulos, vendiam machos de baixa qualidade genética como reprodutores. Resultado: a técnica caiu em descrédito e perdeu espaço. Somente nos últimos anos é que o cruzamento industrial venceu os céticos e conseguiu se impor como método genético comprovadamente viável economicamente, reduzindo a idade de abate em até um ano, melhorando a qualidade da carcaça e proporcionando outros benefícios para o pecuarista, o frigorífico e o consumidor final. Tudo isso porque está baseado em um princípio simples: a produção de carne de qualidade independe da raça. Mas é preciso extrair o melhor de cada uma delas, com seleção genética constante.

Linha de abate bovino na indústria

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POR

JACIRA S . COLLAÇO MÉDICA VETERINÁRIA

Produção de cítricos em destaque

NOVO CITRUS

Desde 1996 a agroindústria familiar Novo Citrus se dedica ao “mundo orgânico”, produzindo laranjas, tangerinas e limões. Mas há 13 anos a empresa atingiu um estágio mais avançado em sua história, investindo em alimentos orgânicos processados, como sucos de diversas frutas, doces e geleias. Atualmente, a empresa conta com a parceria de 30 agricultores familiares de outras culturas e fornecedores de insumos para processamento na agroindústria. O diretor comercial da Novo Citrus, Willian Rada da Rocha, conversou com A Lavoura sobre a trajetória e os planos da empresa, que já fornece sua produção aos mercados do Distrito Federal, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro.

Foto aérea da área da Novo Citrus, no estado do Rio Grande do Sul

Como nasceu a Novo Citrus? A empresa surgiu a partir de uma pequena produção artesanal de sucos e geleias iniciada em 1996. Atualmente somos dois sócios: Maria Helena da Rocha e eu. Onde estão localizadas as áreas de produção? No município de Pareci Novo, na região do Vale do Rio Caí, no Rio Grande do Sul, a 80 km de Porto Alegre. Por que a decisão de começar a atuar no sistema orgânico? Antes de sermos produtores orgânicos, éramos consumidores de produtos orgânicos desde 1986. Deste modo, quando começamos a produzir, em 1993, já havia acúmulo de informações 42

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e vontade a respeito. Puderam comparar vantagens ou desvantagens desse sistema frente à cultura convencional de cítricos? Quais fatores pesaram em favor da opção orgânica? Na época em que começamos, comparamos questões relacionadas à saúde, tanto de quem produz como de quem consome, e observamos vantagens para o sistema orgânico em relação também ao meio ambiente e comercialização. Esta última como forma de viabilizar a propriedade. Você observa se tem havido expansão das práticas orgânicas em sua região? Sim, lentamente.

Em sua opinião, é possível que pequenos/médios produtores apliquem técnicas mais ecológicas sem perder sua lucratividade? Considerando o binômio produção/ comercialização, é perfeitamente possível aumentar a lucratividade na produção. Não adianta produzir bem e vender mal, nem vice-versa. Como avalia a capacitação e conhecimento técnico dos produtores? Infelizmente os órgãos públicos que sustentamos com nossos impostos não estão preocupados com esta questão. Desde que começamos, em 1993, apenas um governante do RS, em uma gestão de quatro anos, se preocupou

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NOVO CITRUS

NOVO CITRUS

NOVO CITRUS

com os orgânicos. Os demais Em se tratando de sugovernos só querem saber permercados, há uma grando agronegócio. Falam e de variação de comportausam a agricultura familiar mento dos compradores. em seus discursos, mas na Alguns valorizam mais os prática nada fazem. A produtos orgânicos, outros capacitação se dá por esfortratam como se fossem ço e interesse dos próprios commodities, o que é um agricultores, porém são pouerro. Na prática se percebe cos que têm esta iniciativa. um interesse maior em funContudo, quero fazer ção da pressão dos consujustiça a alguns bravos técmidores e da própria connicos da Emater que, tamcorrência entre os superbém pelo esforço pessoal, mercados. Há um discurso trabalham esta questão com de sustentabilidade que os agricultores. Esperamos permeia, porém na prática que o governante recémo que vale mesmo é a quesempossado dê a merecida tão comercial. Nas feiras o valorização aos orgânicos. contato direto com os conTangerinas colhidas pela empresa, fruta que na região Sul é comumente chamada de bergamota Explique um pouco o sumidores sempre é boa e processo de parceria: saudável, porém há limitacomo chegam a um “denominador ções de espaço para incluir mais procomum” entre os diferentes anseios dutores e também para escoamento de dos produtores? maiores volumes de produção. Não existe parceria se não for bom Como avalia a participação da para todos. Sempre procuramos chegar Novo Citrus em eventos do agronea um termo que contemple a todos. Fagócio? zemos contatos com os produtores As feiras de agronegócio estão peratravés de visitas, não apenas pela cebendo que é interessante trazer requestão comercial, mas principalmenpresentantes da agricultura familiar e te para orientação e troca de experiênorgânicos. Contudo, há que se filtrar cias. Além disso, em se tratando da as feiras que realmente são interesAssociação Companheiros da Naturesantes e possam dar retorno. za, da qual somos sócios-fundadores, Como percebem a reação dos as reuniões são mensais, onde todos os Garrafas de suco em estoque, prontas para consumidores aos produtos e às noserem rotuladas assuntos são discutidos e deliberados. vidades da empresa? Por que investir no processaPercebemos pelo contato direto nas mento local de certas matérias-prifeiras ecológicas semanais que particimas? Qual (is) foi (foram) os invespamos. Também temos contato via timentos mais pesados que a Novo internet e telefone. Em geral, os retorCitrus (e/ou seus parceiros) teve nos são muito bons, mas em caso conque realizar? trário procuramos sempre identificar e O investimento tem que ser local solucionar as demandas. porque a proximidade com as fontes de O que pode ser feito para aumatéria-prima reduz custos e viabiliza mentar o consumo de orgânicos no a atividade. Os investimentos em insBrasil? Em sua opinião, quais são talações, câmaras frigoríficas e equipaos principais obstáculos atuais? mentos para produção primária e na O consumo de orgânicos vem num agroindústria são necessários e caros. crescente, porém ainda se percebe muiPara alguns destes equipamentos se ta desinformação. Os ministérios ligaconseguem financiamentos de linhas dos à agricultura (MAPA e MDA) podede crédito federais, porém muitos são riam investir um pouco mais em mídia comprados com capital próprio. para mostrar as diferenças entre orgâQual o volume de produção nicos, hidropônicos, os produtos ditos Duas versões da embalagem do suco processado na agroindústria da própria empresa atual? A Novo Citus tem projetos “naturais”, convencionais e transgênide expansão? cos – o problema é que isto esbarra em Nossa produção gira em torno de com qualidades organolépticas supeinteresses econômicos diversos. 200.000 litros de sucos diversos e Qual é a meta da Novo Citrus riores, além de serem orgânicos. O 20.000 kg de doces e geleias. Estamos para 2011? consumidor está cada vez mais exiinvestindo em máquinas e instalações A meta para 2011 é a preparação gente e sabendo diferenciar, não lepara aumentar esta produção. para exportação. Estamos em contato vando em conta apenas o preço. Como enfrentam a concorrência com compradores dos Estados Unidos Quais as dificuldades/diferendos produtos convencionais? e Canadá e buscando adequação às leças das estratégias para fornecer Enfrentamos oferecendo produtos a supermercados e feiras? gislações destes países.

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novação

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ART COM ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO

Biotecnologia a favor do ambiente Inovação Tecnológica: Pesquisas aplicando biorremediação e fitorremediação buscam eliminar componentes tóxicos de áreas agrícolas

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A produtividade das culturas, como a do tomate, cai à medida que metais pesados se concentram no solo

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contaminação do ambiente por elementos tóxicos torna-se uma ameaça tanto para o homem quanto para a biosfera, fator que impede o desenvolvimento da agricultura e prejudica a saúde de ecossistemas. Em nações desenvolvidas, este problema está sendo resolvido com biorremediação e fitorremediação, ou seja, o uso de microorganismos e de plantas tolerantes especializadas na limpeza de solos contaminados. “É essencial investigar e entender como esses indivíduos funcionam e quais caminhos metabólicos estão envolvidos no processo. Entretanto, estratégias para produzir plantas geneticamente alteradas para remoção, destruição ou sequestro de substâncias tóxicas do ambiente e suas implicações devem ser cuidadosamente investigadas”, afirma Ricardo Antunes de Azevedo, professor do departamento de Genética da ESALQ e coordenador do laboratório de Genética e Bioquímica de Plantas. Estudos com microrganismos visando à biorremediação são direcionados em duas linhas dentro do laboratório, observando a ação de pesticidas e de metais pesados. “A poluição ambiental por esses contaminantes tem aumentado substancialmente durante as últimas décadas, acompanhando as mudanças ocorridas no cenário mundial, como intensificação nas práticas agrícolas e a revolução industrial”, conta a bióloga Paula Fabiane Martins. Inicialmente, estes microrganismos são submetidos à contaminação destes poluentes e toda parte bioquímica e fisiológica é avaliada, a fim de compreen-

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novação

PRISCILA LUPINO GRATÃO

CRISTINA BARAN

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Metais em excesso também são tóxicos aos humanos

Microtomateiro (Micro-Tom) submetido a duas concentrações de metal por 40 dias. A imagem da esquerda representa uma planta que não recebeu o metal (controle) e as demais, doses de: 0,2 mM de cádmio e 1,0 mM de cádmio PRISCILA LUPINO GRATÃO

der de uma forma cada vez mais completa as vias de desintoxicação. “Os estudos mostram que existe uma resposta diferencial dos microrganismos na presença de herbicida, o que pode estar relacionada a uma possível adaptação ao contaminante”, explica a pesquisadora Paula, que atualmente desenvolve análise molecular de expressão gênica dos microorganismos expostos ao pesticida metolachlor, utilizado em culturas de soja, milho e cana.

Metais pesados De acordo com a Agency for Toxic Substances and Disease Registry e Environmental Protection Agency, dos EUA, das 20 substâncias tóxicas com maior risco aos seres humanos, cinco são metais, incluindo os três primeiros da lista. A importância de se estudar os metais pesados deve-se aos seus intensos efeitos tóxicos ao homem e outros seres vivos, associados à ampla liberação no ambiente de alguns deles. Nessa vertente de pesquisa, Priscila Lupino Gratão, também bióloga, trabalha com tomates, analisando todo o sistema antioxidante da planta mediante a ação de componentes tóxicos, no caso o cádmio (Cd). Observando a resposta da planta e os pontos de acúmulo do metal, a pesquisadora destaca que o uso de plantas que naturalmente acumulam estes elementos tóxicos e a aplicação da engenharia genética aceleraria o processo de transferência de toda esta tecnologia do laboratório para programas de fitorremediação. “Identificadas essas vias, torna-se possível o delineamento de novas estratégias em programas de melhoramento e no uso da técnica”, explica

Produtividade (frutos) de Microtomateiro (Micro-Tom) submetido a duas concentrações de metal por 40 dias. A imagem da esquerda representa uma planta que não recebeu o metal (controle) e as demais, doses de: 0,2 mM de cádmio e 1,0 mM de cádmio

Priscila. Na prática, a pesquisadora submete os tomates a doses gradativas do metal na solução nutritiva a ser absorvida pela planta. O estudo simula como se o tomate estivesse recebendo constantemente o Cd. “Pense em uma plantação próxima a uma indústria que despeja esse poluente de forma contínua no solo. Dessa forma, toda semana são aplicadas quantidades significativas do elemento químico e, a partir de cada coleta, o material é analisado”, relata Priscila. Como resultado principal, constatouse que há um grande acúmulo do metal no fruto, informação que está diretamente relacionada ao consumidor. “Há que se atentar para o risco da população estar consumindo até altas dosagens desse produto. Um fitorremediador teria que estar acumulando esse poluente em partes não

comestíveis. Em outras palavras, para ser um bioacumulador eficaz, ele não poderia acumular o contaminante no fruto, descartando a possibilidade de utilizá-lo como alimento”, comenta Priscila. A partir do momento que o solo está contaminado, as pesquisadoras lembram que há um custo alto para retirar esse material. Deixar ali inviabiliza novas culturas agrícolas. Incinerar não é uma solução barata. “A cultura científica, aliada à mentalidade industrial, trabalha com projetos buscando aumentar e melhorar a produtividade agrícola, mas deixa de lado o tratamento dos resíduos gerados pela produção. Há que pensar nesse material excedente, que poderá ficar por décadas contaminando o ambiente”, lembra Paula Fabiane Martins. CAIO RODRIGO ALBUQUERQUE – ESALQ/USP

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forma, a Kuhn oferece o misturador de quatro metros cúbicos de capacidade com sem-fim vertical. Isso possibilita a adição de fardos cilíndricos inteiros na dieta nutricional do rebanho. Apesar de ser um misturador para pequenas propriedades, o equipamento mantém o mesmo padrão de qualidade da mistura nutricional dos demais implementos desta linha, esclarece a empresa.

Kunh apresenta quatro novidades na Agrishow 2011

ELIANA HERRERA

A Kuhn apresentou na Agrishow o seu conceito de recolhimento da palha, por meio da Enfardadora LSB 1290. O equipamento tem uma capacidade de recolher cerca de 180 toneladas de palha por dia. Além disso, a enfardadora é um grande benefício de transporte. A alta densidade proporcionada pelo enfardamento reduz o custo logístico da palha até a caldeira da usina, segundo o fabricante.

Forrageira de Precisão – MC A Forrageira de Precisão MC 90 é a evolução do equipamento criado em 1970 e que até hoje serve como referência para este tipo de implemento. A Kuhn adquiriu a fábrica holandesa que revolucionou o mercado mundial e agora deixa o equipamento ainda melhor, oferecendo mais capacidade e rendimento na lavoura.

Espalhadores de descarga traseira – PS A empresa também apresentou um novo modelo de espalhador orgânico de descarga traseira, o PS 150. Este implemento é destinado a produtores com grande rebanho leiteiro ou de corte. Esse novo modelo para distribuição de esterco serve para contribuir com o produtor rural que sabe da importância da reciclagem dos nutrientes contidos nos resíduos orgânicos, além de contribuir com a redução da poluição do meio ambiente. Ele também melhora as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo.

Misturados para nutrição animal - PROFILE Outro lançamento da Kuhn é o Misturador de Ração Ver tical PROFILE 470. O equipamento visa suprir uma demanda do mercado nacional envolvendo os pequenos produtores de leite que necessitavam de um implemento de menor dimensão. Dessa

Enfardadora em exposição na Agrishow 2011

Novo Atomizador Costal Motorizado para diversas culturas

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cado pela IPARC (International Pesticide Application Research Consortium) da Inglaterra e ENAMA (Ente Nazionale Per La Meccanizzazione Agricola) da Itália, o novo produto com selo CE (Comunidade Europeia), oferece motor potente de alta performance e com baixo consumo, ideal para atomizar, polvilhar, varrer e semear cultivos de café, cacau, banana, citros, algodão, tabaco, abacaxi, chá, hortaliças e frutíferas em geral. Ele ganha outra função com o Bocal Soprovarredor, acessório que garante a limpeza de folhas caídas, restos de papel e sujeiras em geral. Além disso o bocal para varredura (café, etc), através de forte corrente de ar e ponteira especial, otimiza ainda mais o custobenefício desta máquina. GUARANY INDÚSTRIA E COMÉRCIO

A Guarany Indústria e Comércio, tradicional fabricante de máquinas para aplicação de defensivos agrícolas, e de equipamentos tanto para o combate aos vetores de endemias, como para incêndios florestais, levou para a 18ª edição da Agrishow sua linha completa de equipamentos para o setor agrícola, com destaque para Atomizador Costal Motorizado de 11 litros, que vem completar a linha de Atomizadores da Guarany de 6 e 18 litros. Entre as novidades estão também o Protetor tipo “Chapéu de Napoleão”, e o Bocal Soprovarredor, indispensável para garantir a limpeza perfeita nos mais variados ambientes. Os equipamentos da Guarany reforçam um novo conceito, que visa integrar a máquina ao homem e o homem ao campo, apresentando inovações tanto no design quanto no funcionamento para as mais diversas aplicações, e tendo também como prioridade a segurança do agricultor e a preservação do meio ambiente. Com essas características o novo Atomizador Costal Motorizado de 11 litros, apresenta soluções inéditas tanto no comando unificado (joystick) como no mecanismo de aplicação de granulados. Certifi-

Atomizador Costal Motorizado de11 litros

A Lavoura

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Cana-de-açúcar: colhedora com esteiras SYNGENTA

SANTAL EQUIPAMENTOS S/A

A Santal Equipamentos S/A , com sede em Ribeirão Preto (SP), conhecida por ser a única do setor a oferecer a colhedora de cana-de-açúcar com sistema de pneus com eixo Tandem de tração 6 x 4, fez dois lançamentos durante a Agrishow 2011: a colhedora de cana S5010 e a nova versão do veículo de transbordo VT 10. De acordo com Arnaldo Adams Ribeiro Pinto, presidente da empresa, com a colhedora de esteira, a Santal quer oferecer uma opção a mais para os seus clientes. “Sabemos que atualmente 95% do mercado de colhedoras de cana é formado por vendas com esteiras metálicas. Para atender a necessidade dos clientes que preferem este tipo de máquina, desenvolvemos esta nova colhedora. A máquina, que tem um conjunto de esteiras que em testes de campo já demonstrou ter de 20 a 40% mais vida útil que as atuais do mercado, conta com projeto inovador e capacidade de colheita em

Novidade no segmento de cana-de-açúcar

Colhedora de cana S5010

todo tipo de canavial, tem vários diferenciais como: cabine segura e confor tável, caixa principal com 5 saídas e motor diesel 12 litros @1800rpm (o mais econômico da categoria). A colhedora oferece um opcional específico para a colheita de mudas: o kit mudas. Através de fácil substituição, é possível transformar o equipamento para colheita de muda ou colheita industrial. O kit mudas é um sistema patenteado no qual todos os pontos de contato da cana com a máquina são protegidos por borracha, minimizando o atrito e aumentando a proteção às gemas.

A John Deere expôs na Agrishow 2011 a mais completa linha de sistemas mecanizados para os agricultores brasileiros. Em um estande com estrutura especial, produtores de grãos, cana, frutas, pecuaristas, com diferentes tamanhos de propriedades e níveis variados de tecnologia puderam encontrar os equipamentos mais adequados e produtivos para cada uma de suas atividades.

JOHN DEERE

Colhedora de algodão: maior produtividade

Destaques 2011 A nova colhedora 7760, que muda o conceito da colheita do algodão, foi um dos destaques da empresa. O equipamento proporciona um grande aumento na produtividade ao enfardar o produto enquanto colhe e entregá-lo em fardos redondos, prontos para serem transportados para a algodoeira. O enfardamento pela própria colhedora oferece grandes vantagens em relação ao sistema tradicional de colheita, no qual o algodão colhido é descarregado em um veículo de transbordo e levado para

Colhedora 7760, é destaque na Agrishow

uma prensa onde é prensado e enfardado. No novo processo, a colhedora pode empregar cerca de 92% do tempo de trabalho na atividade da colheita, enquanto na tecnologia convencional o tempo que o equipamento dedica à colheita fica em torno de 70%. A 7760 também proporciona economia de combustível e melhor aproveitamento de mão-de-obra.

Tecnologia Plene: toletes de cana de 4 cm

Os participantes da 18ª edição da Agrishow, tiveram a oportunidade de conhecer o Plene, a inovadora tecnologia de plantio de cana desenvolvido pela Syngenta que irá substituir os tradicionais toletes de cana com 40 cm por mudas de apenas 4 cm. As mudas são originadas de viveiros da própria Syngenta e são protegidas por tratamento industrial contra os principais fungos e pragas de solo que prejudicam a planta em estágios iniciais de desenvolvimento, proporcionando mais vigor de crescimento e tornando o plantio muito mais simples. Desta forma, as usinas reduzem as operações relacionadas ao plantio e cultivo dos viveiros, com economia em insumos, operações e mão-de-obra. E o desenvolvimento da Greensystem PP1102 potencializa algumas das vantagens da tecnologia Plene, como a utilização de equipamentos menores, o que reduz a compactação do solo, o consumo de combustível e a emissão de dióxido de carbono.

A Lavoura

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AGRALE

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Andef leva inovação e boas práticas à Agrishow

BARA

A Iveco, a FPT Industrial, a Bosch e a Raízen apresentaram na 18a Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação (Agrishow 2011), o Iveco Trakker BiFuel Ethanol-Diesel, protótipo dotado de nova tecnologia que permite redução no consumo do óleo diesel pela adoção do etanol, ao mesmo tempo em que eleva o ganho econômico dos operadores do setor canavieiro. Isso quer dizer que há economia no custo de combustível por quilômetro rodado, uma novidade entre todas as tecnologias de combustíveis alternativos para caminhões, que em suas melhores aplicações apresentam custos no máximo similares aqueles do diesel. Outra vantagem é que o motor pode ser 100% reversível ao diesel, o que aumenta o valor de revenda do caminhão. O protótipo do Iveco Trakker Bi-Fuel é cavalo mecânico com tração 6x4 para até 63 toneladas de peso bruto total combinado (PBTC), que pode ser utilizado em várias aplicações do setor canavieiro, como transporte de vinhaça, por exemplo. O veículo será agora submetido a testes de campo realizados em parceria com a Raízen, joint-venture entre Shell e Cosan, que vai utilizá-lo engatado a um implemento bi-trem para transpor te de vinhaça durante a safra de 2011. O teste será realizado na Usina da Barra, localizada em Barra Bonita (SP), e contará com um time de engenharia dedicado formado por profissionais da Raízen e Iveco.

TINA

Iveco Trakker Bi-Fuel Ethanol-Diesel

Com foco na modernização da agricultura brasileira e no aumento de produtividade, a Agrale exibiu na Agrishow 2011 diversos tratores da linha 6000 com equipamentos para atender à agricultura de precisão. Os modelos têm, como opcionais, controles de monitoramento, sistema GPS e piloto automático. Novidade em trator da Agrale Outra novidade é uma versão do trator BX 6180 específico para a operação de transbordo da colheita da cana-de-açúcar. Equipado com levante hidráulico, o modelo conta com sistema de freio a ar e válvula de transbordo para “puxar” as carretas que vão ao lado das colheitadeiras. A Agrale também apresentou o modelo 6110 com nova cabine e com novo sistema de rodado duplo. A nova cabine, desenvolvida para todos os tratores da Linha 6000, é mais confortável, ergonômica e moderna. Já o novo sistema de rodado duplo, com tirantes, é mais leve e torna mais ágil a operação de retirada do pneu externo, facilitando o dia a dia do agricultor/operador.

CRIS

IVECO

Redução no uso de combustível fóssil

Tratores equipados para a agricultura de precisão

A Andef apresentou inovações na Agrishow. Tradicionalmente realizada na semana entre os últimos dias de abril e início de maio – período em que os produtores de grãos estão terminando a colheita e se preparam para a próxima a safra –, neste ano a Agrishow aconteceu entre 2 e 6 de maio. “A Andef levou aos cerca de 150 mil agricultores que visitaram a feira sua mensagem institucional sustentada nos valores do tripé da Ciência, Educação e Sustentabilidade”, destacou Eduardo Daher, diretor executivo da entidade. Sediada em Ribeirão Preto há 18 anos, a feira se consagrou também como o segundo maior evento do agribusiness mundial. Com área total de 250 hectares, a fazenda onde se realiza a Agrishow pertence à Secretaria Estadual da Agricultura de São Paulo. Inovações e educação no campo A Agrishow inovou as feiras agropecuárias no país ao adotar o conceito de demonstrações dinâmicas: são apresentadas em ação tecnologias em tratadores, pulverizadores, colheitadeiras, irrigação, pecuária e armazenagem, entre outras. Ainda foram destaques os segmentos da pesquisa, representados por instituições como Embrapa, IAC de Campinas e faculdades de Ciências Agrárias de todo o país. Órgãos gover-

Publicações da Andef distribuídas em seu estande

namentais, como o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, MAPA e secretarias de agricultura de diversos estados também marcaram presença. “A Andef reforçou junto a produtores rurais, entidades do agronegócio, instituições acadêmicas e órgãos governamentais sua inequívoca defesa, juntamente com suas empresas associadas, das boas práticas agrícolas”, explicou o diretor Eduardo Daher. “Ao mesmo tempo, reafirmamos nossa missão da proteção vegetal com base na tecnologia moderna e eficiente de defensivos agrícola como garantia da produtividade. Interação com os visitantes O estante da Andef na Agrishow, com 450m², teve diversas formas de interação com o público visitante. A programação aconteceu em três ambientes que identificaram os temas estratégicos da entidade: Espaço Ciência, Espaço Educação e Espaço Sustentabilidade.

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